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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM E SUAS IMPLICAÇÕES NO
PROCESSO ESCOLAR, E O FRACASSO É DE QUEM?
POR: LUCIANA PEREIRA
ORIENTADORA:
PROF: SOLANGE MONTEIRO
NITERÓI
2014
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM E SUAS
IMPLICAÇÕES NO PROCESSO ESCOLAR, E O
FRACASSO É DE QUEM?
Esta publicação atende a complementação didático-
pedagógica da disciplina de metodologia pesquisa e
a produção e desenvolvimento de monografia para
os cursos de pós-graduação lato e stricto sensu.
3
EPÍGRAFE
A criança é feita de cem.
A criança tem cem mãos, cem pensamentos,
Cem modos de pensar, de jogar e de falar.
Cem sempre cem modos de escutar as maravilhas de amar.
Cem alegrias para cantar e compreender.
Cem mundos para descobrir.
Cem mundos para inventar.
Cem mundos para sonhar.
A criança possui cem linguagens (e depois cem, cem, cem).
Mas roubaram-lhe noventa e nove.
A escola e a cultura lhe separam a cabeça do corpo.
Dizem-lhe de pensar sem as mãos
De fazer sem a cabeça
De escutar e não falar
De compreender sem alegrias
De amar e maravilhar-se
só na Páscoa e no Natal
Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe.
E de cem roubaram-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe que o jogo e o trabalho,
A realidade e a fantasia
A ciência e a imaginação
O céu e a terra
A razão e o sonho
São coisas que não estão juntas
Dizem-lhe que as cem não existem.
A criança diz
Ao contrário, as cem existem.
Lóris MALAGUZZI
4
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus que me
concebeu plena de capacidade para
buscar um caminho no acadêmico.
Agradeço á minha família,
especialmente as filhas: Raisa,
Rebecca e Victória pela compreensão,
pelo carinho, pela presença constante
em minha vida.
A todos os amigos que me apoiaram.
E ao meu amor-companheiro: Cosme
Luiz que me considerou capaz de
realizar esse projeto de estudo.
5
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho primeiramente a
Deus.
E a minha família, especialmente às
minhas filhas: Raisa, Rebecca e Victória.
E a ele meu grande companheiro de
todas as horas: Cosme Luiz.
Aos amigos de trabalho do CEN e da E.
M. Padre Leonel Franca.
A todos os meus professores que
contribuíram para esse momento de
realização acadêmica.
6
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo a investigação a respeito das
Dificuldades de Aprendizagem e suas Implicações no Processo Escolar O
Fracasso é de Quem? Com essa pesquisa buscou-se esclarecer como se
processa a aprendizagem e como as dificuldades, transtornos e síndromes
aparecem no contexto escolar e de que modo interferem no processo de
desenvolvimento cognitivo do indivíduo que está em formação. E com isso,
busca-se saber de quem é o fracasso escolar e quem o produz, a escola, o
professor ou o aluno? E quais as consequências que isso pode gerar para a
nossa sociedade, sendo que esta parcela da população se mantém refém
dessa condição social e cultural imposta por quem deveria possibilitar a
"liberdade" intelectual dos alunos, considerados muitas vezes incapazes de
"pensar", além de qualquer limitação cognitiva. Quando deveríamos produzir
uma educação libertadora que favorecesse a plena formação cultural e ética
dos cidadãos, sem marginalizar quem deve ser acolhido e libertado de suas
amarras impeditivas, que sejamos capazes de produzir: Asas e Raízes em
nossos alunos.
7
METODOLOGIA
A presente Monografia é resultado de uma abordagem de pesquisa e
observação, buscando-se o embasamento teórico-científico pela leitura e
pesquisa em livros, revistas, artigos que se referem à temática: Dificuldade de
Aprendizagem e suas implicações no processo escolar e o fracasso é de
quem? Nessa pesquisa a abordagem será pela observação em sala de aula,
tendo como objetivo saber conhecer e saber fazer na prática pedagógica e
como implica no processo de formação dos alunos e como as dificuldades de
aprendizagens interferem no cotidiano escolar de cada aluno.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I -
APRENDIZAGEM 13
CAPÍTULO II -
FRACASSO ESCOLAR 46
CAPÍTULO III -
IMPLICAÇÕES POLÍTICAS E SOCIAIS NA EDUCAÇÃO 58
CONCLUSÃO 72
BIBLIOGRAFIA 75
ANEXOS 76
ÍNDICE 80
9
INTRODUÇÃO:
Ao realizar esta pesquisa o objetivo é possibilitar a observação diante da
temática e do conceito de dificuldade de aprendizagem e suas implicações no
processo escolar, por ser uma temática de grande relevância, para a prática
pedagógica como o desenvolvimento cognitivo como um processo que envolve
muito mais que o domínio de métodos e técnicas de ensino e que devem
alavancar o processo da aprendizagem e, portanto um condicionante para a
aquisição de informações diversificadas que contribuam para a construção do
conhecimento e suas implicações no processo escolar.
1- O que é aprendizagem?
A aprendizagem ocorre intra e inter sensorialmente, verbal e não
verbalmente, em termos de informações significativas e sem sentido, bem
como em termos de processos de processos de recepção e expressão, nas
crianças ditas "normais", todas as funções e todos os processos estão
essencialmente inter-relacionados, as informações e a aprendizagem de um
tipo são convertidas ou traduzidas em outros tipos espontaneamente e sem
treinamento, portanto, estudos de tais crianças "normais" comprovam utilizando
a técnica de intercorrelação revelam associações entre funções e relações para
a aprendizagem normal.
Em contrapartida, uma disfunção cerebral causa um obstáculo afetando
um ou mais de um desses processos e que por sua vez, isso ocasiona uma
modificação, caracterizada por um padrão de aprendizagem em que as
capacidades e os processos se desenvolvem isoladamente, embora, uma
determinada capacidade como a memória auditiva ou visual possa ser
deficiente, ou ser elevada ao nível médio por meio de terapias, essa
capacidade não é espontaneamente convertida em outros tipos de
10
funcionamento. E, portanto, a capacidade não está disponível para que a
criança possa aprender da maneira que apresentam os processos
neuropsicológicos nas crianças "normais".
E com isso, as implicações para o processo de aprendizagem são bem
numerosas, sendo necessário levantar hipóteses diferentes em relação às
crianças com distúrbios de aprendizagem. Em comparação com as crianças
normais, elas precisam ser encaradas como portadoras de deficiências (NEES)
e integridades, mas com nenhum deles estando necessariamente inter-
relacionados psicologicamente da maneira que é característica nas crianças
"normais".
2- Qual o conceito de dificuldade de aprendizagem?
O termo "problema de aprendizagem" designa dificuldade na aquisição
da matéria teórica, embora às vezes apresentem inteligência normal. Segundo
essa definição, as crianças portadoras de distúrbios de aprendizagem não são
incapazes de aprender, pois o distúrbio não é uma deficiência irreversível, mas
uma forma de imaturidade que requer atenção e métodos de ensino
apropriados.
Os distúrbios de aprendizagem não devem ser confundidos com
deficiência mental, sendo necessário afastar, para o tratamento do problema de
aprendizagem, a hipótese de doenças provenientes do sistema neurológico ou
uma patologia congênita ou adquirida e para tanto o médico encaminhará o
paciente para tratamento especializado na área adequada. Geralmente o
problema de aprendizagem é transitório, ou seja, em que a pessoa apresenta
deficiência ou incapacidade de ordem física (expressão), sensorial ou mental.
Comumente, reversíveis quando sujeitas a terapias especializadas (médicas,
pedagógicas, psicológicas, psicopedagógicas, fonoaudiológicas, terapia
ocupacional, entre outras).
11
A instituição escolar e seus métodos e técnicas de ensino interferem no
processo de aprendizagem? Assim, o educador tem pela frente uma tarefa
desafiante, mas também uma oportunidade, ele precisa propiciar situações de
aprendizagens que não só permitam o desenvolvimento de áreas deficientes
de funcionamento como também desenvolva a associação normal de
experiências, portanto, deve educar de modo que possibilite à criança (NEES)
tornar-se um sujeito sadio e integrado ao mundo nos aspectos sociais e
culturais.
Refletindo sobre o comportamento do professor e dos alunos em sala de
aula, será que a relação de afeto e respeito influência no processo de
desenvolvimento dos alunos?
O professor precisa conhecer e planejar bem sua prática pedagógica, a
rotina de sala de aula, pois o fundamental na aprendizagem é mostrar ao aluno
que é construtor do próprio saber, levando-o a refletir sobre o objeto de
aquisição que é o conhecimento.
Este texto não tem a pretensão de abordar em sua totalidade os
desafios da pedagogia no seu trabalho de intervenção, mas sim um pequeno
recorte sobre uma realidade, levando em conta as mudanças de
comportamento pessoal, atitudes e valores da cidadania que podem ter fortes
consequências no processo de aprendizagem da criança, acrescentando
informações que levem professores/educadores, frente a essas crianças
(NEES) com dificuldades de aprendizagem ou que apresentam um baixo
rendimento escolar, através de questionamentos realizados com os pais e
professores, buscando igualmente soluções para contornar o desinteresse ou
as dificuldades dos alunos. E porque não dizer, também dificuldades
enfrentadas pelos professores com métodos e técnicas de ensino que por
vezes não contribuem com uma aprendizagem de qualidade e significativa para
os alunos.
12
Diante disto surgiu a polêmica que neste trabalho tentaremos entender
quais as consequências das relações familiares no processo de aprendizagem
dos alunos.
Para analisar a família e o relacionamento entre seus membros é uma
atividade complexa, que requer uma minuciosa observação, uma vez que a
rede familiar está inserida num contexto sócio-histórico e sofre influências de
problemas oriundos do ambiente externo, que influem direta ou indiretamente
na rotina da família e transparecem na relação com os filhos, podendo assim
aliviar tensões ou ampliá-las.
A família que participa do processo e da rotina escolar contribui para o
pleno desenvolvimento dos seus filhos ou sua ausência não interfere na rotina
e desenvolvimento escolar?
13
CAPÍTULO I
APRENDIZAGEM
Para Relvas (2012), a maior parte dos estudos sobre o assunto a
aprendizagem pode ser definida como um processo que se cumpre no sistema
nervoso central (SNC), em que se produzem modificações mais ou menos
permanentes que se traduzem por modificação funcional ou conductual,
permitindo uma maior adaptação do sujeito ao ambiente como uma resposta a
uma solicitação interna ou externa, ou podemos dizer que quando um estímulo
já é conhecido do SNC, desencadeia uma lembrança; quando o estímulo é
novo, desencadeia uma mudança.
Cujo funcionamento pode ser entendido de muitas formas ou níveis,
começando pelo nível anatômico ou estrutural, do macroscópico ao
microscópio, como o da organização dos tecidos; pelo nível histológico das
células e organelas subcelulares, nível celular e por todas as estruturas
menores, como as moleculares que constituem o nível molecular, o processo
bioquímico.
Então, segundo estudos desde o século XVIII, a aprendizagem é um
conjunto de conhecimentos e/ou experiências vividas por um sujeito, e que
estas experiências podem ou não ser comportamentalizadas pelo sujeito, ou
seja, grande parte do comportamento humano ocorre em função da
aprendizagem, tanto nos aspectos sociais, culturais.
No entanto, no que se refere à natureza dos processos e mecanismos
do desenvolvimento da aprendizagem, é durante essa fase que há o
estabelecimento e conservação das informações, pesquisas e formulação da
construção do conhecimento em si, o modo como cada um aprende.
14
Ou seja, a estrutura cognitiva e emocional de cada indivíduo começa a
ser formada desde a vida uterina, perpassando por toda a sua existência e com
isso, toda criança precisa de muitos cuidados desde o seu primeiro dia de vida,
caso contrário poderá acontecer traumas, transtornos que afetaram sua vida,
sua rotina em qualquer fase de sua vida e por diversos motivos.
O processo de aprendizagem inscreve-se numa dinâmica de
transmissão da cultura, que constitui a definição da palavra educação, sendo
está definida por quatro funções interdependentes: função mantenedora da
educação, função socializadora da educação, função repressora da educação
e função transformadora da educação.
1.1 - Como se processa a aprendizagem
Por que algumas crianças aprendem a ler com mais facilidade do que outras?
E por que algumas crianças apresentam dificuldades no aprendizado, em
diferentes áreas, mesmo tendo por vezes inteligência acima da média? Sabe-
se que aprendizagem Para entendermos um pouco mais sobre essas
questões, nos informa Olivier (2011), que antes de falarmos sobre problemas,
dificuldades ou distúrbios é necessário entendermos o que é a aprendizagem,
que ocorre basicamente em três estágios:
a) Subaprendizagem: Entrou em contato com o assunto, mas não prestou atenção,
portanto não assimilou.
b) Aprendizagem simples: Entrou em contato com o assunto, prestou atenção, mas
não memorizou.
c) Superaprendizagem ou aprendizagem ideal: Entrou em contato com o assunto,
prestou atenção, assimilou e memorizou.
Nos casos acima, citados os dois primeiros necessitam de investigação
e análise (exames, testes) para melhor encaminhamento.
As dificuldades, os problemas e os distúrbios podem ocorrer basicamente de
três formas:
15
a) Causas psicológicas: Traumas, problemas familiares, problemas financeiros,
etc.
b) Causas orgânicas: Desnutrição, anemia ou distúrbios, como dislexia,
disgrafia, etc.
c) Causas do sistema: Inadequação dos métodos aplicados em aprendizagem,
despreparo dos professores, etc.
Dificuldades de Aprendizagem
Dificuldades de aprendizagem: referem-se aquelas experimentas por
todos nós em alguma disciplina ou momento da vida. E elas podem ser
Naturais ou Secundárias.
As causas Naturais estão relacionadas à aspectos evolutivos; estilos de
aprendizagem; problemas na proposta pedagógica; exigências da escola; falta
de assiduidade ou conflitos pessoais e familiares.
As causas Secundárias podem ser classificadas como outros quadros
diagnósticos, isto é, problemas primários que podem causar dificuldades na
aprendizagem.
Podem ser Secundárias as:
Alterações Perceptivas
Alterações Psicomotoras
Alterações da Atenção
Alterações de Memória
Alterações da Linguagem
Quadros Neurológicos
Transtornos do Desenvolvimento Mental
- Transtornos
Transtorno: esse termo é usado para evitar termos como "doença" ou como
"enfermidade", indica que o indivíduo apresenta um conjunto de Sintomas
clinicamente reconhecível associado a sofrimentos e que interferem nas
funções pessoais e no seu cotidiano.
16
- Distúrbios e Alterações
Distúrbios ou Alterações: são apenas nomenclaturas diferenciadas, utilizadas
para classificar os mesmos sintomas de menor intensidade ou prejuízo.
- Transtornos das Habilidades Escolares
CID 10- F81.8 - Transtornos das Habilidades Escolares: "são diagnosticados
quando os resultados em testes padronizados e individualmente administrados
de Leitura, Matemática e Escrita estão substancialmente abaixo da média,
interferindo no rendimento escolar ou nas AVD's que exijam estas habilidades"
(DSM IV-TR).
Transtornos das Habilidades Escolares, especificamente referem-se a três
tipos de transtornos de aprendizagem:
CID 10 - F81.0 Transtorno da Leitura (dislexia)
Leitua: Dificuldades significativas no reconhecimento das letras, palavras e
compreensão do que se lê.
CID 10 - F81.1 Transtorno da Escrita (Disgrafia))
Escrita: Comprometimentos das habilidades para escrever ortograficamente e
produzir textos.
CID 10 - F81.2 Transtorno da Matemática (Discalculia)
Matemática: Dificuldades na realização de operações aritméticas e resolução
de problemas.
- Transtorno de Desenvolvimento
O Transtorno do Desenvolvimento, não apresenta uma etiologia definida, a
origem é orgânica, sem marcadores biológicos com causas multifatoriais,
podem iniciar tanto na infância quanto na adolescência, sem cura conhecida
até o momento.
Intensidade dos sintomas.
Persistência mesmo com terapêutica adequada.
Prejuízo nas diversas áreas de funcionamento.
Como a educação e a saúde estão muito interligadas é de suma
importância que os profissionais da educação conheçam os processos e os
17
níveis em que acontece o desenvolvimento do aprendizado, por isso, essa
pesquisa tem se mostrado tão relevante e contribuirá cada vez mais, na minha
prática pedagógica.
- Retardo Mental
Retardo Mental: Está classificado como Transtorno do Desenvolvimento
Mental, referindo-se ao funcionamento intelectivo significativamente inferior à
média, considerando idade e escolaridade, acompanhada de limitações das
funções adaptativas.
Funções Adaptativas: Trata-se da organização dos estímulos, da percepção
das relações, da capacidade analítica e de síntese (ajustes sensoriomotores,
visiomotores, praxias, gnosias, capacidade de adaptação a problemas
simples).
1.2 - Problemas de Aprendizagem
Com isso, problemas de aprendizagem é um termo geralmente usado
para se referir a um grupo heterogêneo de ordens manifestadas por
dificuldades significativas no processo de aquisição e utilização do sistema
auditivo, da fala, da leitura e da escrita e do raciocínio matemático. O sujeito
apresenta essas desordens intrinsecamente, podendo ser consideradas como
uma disfunção do sistema nervoso central (SNC), o que acontecer a qualquer
momento e com qualquer de nós, principalmente por traumas entre outras
mudanças que estamos sujeitos no decorrer de nossas vidas.
A questão da não aprendizagem é muito mais ampla do que
inicialmente considerei e, portanto, será preciso uma análise ampla nos
aspectos: familiar, institucional e do próprio aluno em questão, pois, indivíduos
que apresentam determinados problemas na auto regulação do
comportamento, na percepção social e na interação social podem existir com
os problemas de aprendizagem. Apesar dos problemas de aprendizagem
18
ocorrerem com outras deficiências (por exemplo, deficiência sensorial,
deficiência mental, distúrbios socioemocionais) ou com influências extrínsecas
(por exemplo, diferenças culturais, insuficiente ou inapropriada instrução, etc.),
elas não são o resultado dessas condições.
A definição de problemas de aprendizagem se torna muito complexa
quando o separamos do contexto sócio cultural de cada ambiente escolar.
Onde o que pode vir a ocasionar obstáculos ou problemas para aprendizagem
num dado local, pode não vir a ocasionar em outro. Ou seja, podemos definir
problemas de aprendizagem como todas e quaisquer variáveis que podem vir a
bloquear ou dificultar o processo natural de aprendizagem. Percebo isso
claramente nas atividades mais lúdicas como: educação física, arte, sala de
leitura e informática e por mais que exijam algum tipo de saber esses
indivíduos conseguem acessar jogos e a própria internet.
Evidentemente cada indivíduo é único e, assim, enquanto alguns
apresentam maiores dificuldades em algum nível, outros passam direto do
primeiro nível para o último, tudo é uma questão individual de aprendizagem e
de oportunidades de vivências, experiências significativas que possibilitem
aquisição de aprendizagens na vida desse sujeito em formação.
Tal observação da alteração na área emocional (autoestima, ansiedade,
depressão, hiperatividade, dificuldade de comunicação) é de extrema
importância para o diagnóstico, capacitando o professor a notar as reais
necessidades das crianças portadoras dessas dificuldades.
De acordo com Sara Pain (2002), uma pessoa que não aprende, não se
socializa, não sofre a repressão necessária para se adaptar à vida em
sociedade, não passa pela experiência transformadora da educação, que é
importantíssima para a criação da própria identidade. Mas, com o processo de
inclusão dos NEES nas escolas regulares, há uma certa interação entre as
crianças ditas "normais" e as crianças com algumas particularidades especiais,
19
envolvidas no processo de escolarização e socialização, sendo necessário
ainda muito estudo para realmente afirmarmos isso ou aquilo, diante de um
tema tão complexo quanto a aprendizagem humana em todos os seus
aspectos relevantes.
Segundo a Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas relacionados à Saúde, CID 10 - Código Internacional de Doenças
(2000), encontramos uma definição para os problemas de aprendizagem, onde
se encontra no capítulo intitulado Transtorno de Desenvolvimento das
Habilidades Escolares: Os transtornos nos quais as modalidades habituais de
aprendizado estão alteradas desde as primeiras etapas do desenvolvimento. O
comportamento não é somente a consequência da falta de oportunidades de
aprendizagem ou de um retardo mental, e ele não se deve a traumatismo ou
doenças cerebrais. Uma pessoa pode apresentar um problema reativo (reação
ao meio) ou problema-sintoma (aprisionamento da inteligência).
A definição de problemas de aprendizagem se torna muito complexa
quando o separamos do contexto sócio cultural de cada ambiente escolar.
Onde o que pode vir a ocasionar obstáculos ou problemas para aprendizagem
num dado local, pode não vir a ocasionar em outro. Ou seja, podemos definir
problemas de aprendizagem como todas e quaisquer variáveis que podem vir a
bloquear ou dificultar o processo natural de aprendizagem. Percebo isso
claramente nas atividades mais lúdicas como: educação física, arte, sala de
leitura e informática e por mais que exijam algum tipo de saber esses
indivíduos conseguem acessar jogos e a própria internet.
No entanto, para MODESTO (1996), os problemas de aprendizagem
podem ser de ordem sintomática ou reativa. Os de ordem sintomática são as
inibições e, para entendê-las, é necessário descobrir a história familiar do
sujeito, utilizar um tratamento psicopedagógico clínico que liberte a inteligência
e mobilize a circulação patológica do conhecimento em seu grupo familiar. Os
problemas reativos afetam o sujeito sem afetar a inteligência - os bloqueios,
20
que podem acontecer devido a um choque entre o aluno e a sua instituição
educativa. O que também poderia ser traduzido por um desinteresse do aluno
diante de uma aula descontextualizada e sem significado para sua
aprendizagem.
1.3 – Fatores que causam dificuldades de aprendizagem
Desde o século XVIII, médicos, psiquiatras e filósofos do Iluminismo já
se preocupavam com a questão da origem dos problemas de aprendizagem,
inicialmente atribuíam-lhe uma visão organicista, esse pensamento permeou
até os dias atuais para alguns leigos, porém no final do XIX, educadores,
psiquiatras e neuropsiquiatras começaram a ser preocupar com os aspectos
que interferiam na aprendizagem e passaram estudar e organizar métodos
para educação.
Neste contexto histórico, que as crianças e jovens foram separadas de
suas famílias para aprenderem com professores, seguindo metodologias,
currículos comuns que surge a educação sistematizada. Porém essa nova
modalidade de ensino apresentou novas situações, ou seja, problemas. Os
alunos por estarem juntos aprendendo as mesmas atividades com os mesmos
professores, percebeu-se com isso que cada aluno aprendia no seu tempo ou
ritmo e que nem todos aprendem com a mesma rapidez, e por isso as
dificuldades de aprendizagem passaram a ser o foco de atenção e a Medicina
passou a estudar as causas desses problemas e suas soluções.
21
Considero fundamental conhecer os distúrbios, síndromes ou problemas
que causam tais impedimentos no processo de desenvolvimento educacional
dos alunos e para tanto, devo me apropriar deste conhecimento que se
apresentam de variada forma como as que seguiram:
- TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade)
Origem do Problema: Segundo OLIVIER (2011, p 75) baseando-se em
pesquisas e práticas, percebeu-se que o a DDA pode vir a ser causada por
Anoxia Perinatal entre outros fatores que provocam uma enorme descarga
elétrica no cérebro. O indivíduo com DDA apresenta desenvolvimento normal e
QI de médio a superior, mesmo assim apresenta baixo desempenho escolar,
não fixar o que aprende e em casos mais graves, nem chega aprender. Em
alguns casos pode até aprender satisfatoriamente, mas ser disperso ou
desatento, hiperativo ou extremamente tímido ou então alterna hiperatividade e
retração.
Principais Sintomas: Os sintomas relatados não são cópias fiéis do DSM
(Diagnostic And Statiscal Manual), são adaptados à realidade dos casos
atendidos, respeitando-se a diferença entre DDA e TDAH. 1 - Parece não ouvir ou não entender o que ouve.
22
2 - Não consegue terminar uma tarefa, inicia uma atividade e logo passa para
outra, sem terminar nada do que começa.
3 - Tem dificuldade em seguir regras, esperar sua vez no grupo. Não lê nem
ouve uma pergunta antes de respondê-la.
4 - Não consegue brincar sozinho e, em grupo, pode tornar-se agressivo.
5 - Perde ou esconde materiais e instrumentos importantes para a realização
das atividades.
6 - Não mantém amizades por muito tempo ou não chega a iniciá-las.
7 - Tem dificuldade em aceitar a perda (em jogos, brincadeiras e etc.) e não
consegue pensar em longo prazo.
8 - Durante os primeiros anos escolares, não consegue permanecer ocupado
com sua tarefa por, ao menos uma hora.
9 - Pode passar horas diante de uma tarefa sem conseguir completá-la.
10 - Distrai-se com qualquer acontecimento alheio às suas atividades.
Se o indivíduo apresentar oito destes sintomas, então tem fortes
características da DDA e precisa encaminhado para uma avaliação e exames
com especialistas.
Sugestão de tratamentos entre outras atividades: jogos de memória,
xadrez, ditados aliados a objetos, nunca só auditivos. O tratamento clínico é
multidisciplinar e dependendo da gravidade poderá ser medicamentoso.
- Discalculia
Origem do Problema: Segundo Olivier (2011, p.89) a discalculia é mais um
distúrbio que pode ser causado por Aoxia Perinatal, distúrbio neurológico,
lesões no Lobo Parietal Inferior, região vinculada à visualização espacial
mental, e no Lobo Temporal, causas diversas ou acidentes como AVC (popular
derrame), traumatismo craniencefálico podem afetar o funcionamento normal
do cérebro.
Principais Sintomas: A discalculia é um distúrbio neurológico que afeta a
habilidade como números. È problema de aprendizado independente, todavia
pode estar associado à dislexia.Tal distúrbio faz com a pessoa se confunda em
operações matemáticas, conceitos matemáticos, fórmulas, sequência
23
numéricas, formas geométricas, ao realizar contagens, sinais numéricos e até
na utilização da Matemática no cotidiano. Não confundir a dificuldade no
aprendizado matemático, que afeta a maioria dos estudantes com a deficiência
do próprio sistema de ensino. Para a criança os números é apenas um
conjunto de símbolos numéricos, totalmente abstrato, no fundo ela não entende
o porquê desta conta, não entende “o que” é 4 ou 3 ou 7, não sabe quantas
unidades estão dentro dos números 4, 3, 7... Uma forma de fazer a criança assimilar as operações é tornar tudo o mais real
possível, trazer para o concreto.
1 – Dificuldade de passar do para linguagem matemática.
2 – Falta de vivências concretas.
3 – Inadequação dos temas com o desenvolvimento.
“Problemas” de Matemática vêm sempre carregados de emoção
negativa, pois, sempre que os adultos referem-se aos problemas, é com um
significado de algo “ruim”, difícil de resolver e que precisa ser eliminado, para
crianças que não aprendem Matemática por problemas psicológicos, basta
mudar o nome do “problema” para: “Vamos descobrir o resultado” ou algo
assim. Apesar de simples, esta estratégia melhora sensivelmente o
aprendizado. Isto aliado à Matemática concreta descrita anteriormente, melhora
em muito o aprendizado da Matemática.
4 – Parece não reconhecer números nem distingui-los.
5 – Confunde-se, achando que todos os números são iguais.
6 – Não consegue dizer com exatidão quantos anos tem, nem mesmo
mostrando nos dedos.
7 – Não sabe distinguir o número de sua residência nem a data de seu
aniversário.
8 – Não consegue contar em sequência lógica.
9 – Não consegue fazer contas básicas, mesmo usando objetos concretos.
10 – Não reconhece símbolos matemáticos.
11 – Não consegue “escrever” os números.
12 – Demonstra nervosismo, quando exposto às aulas de Matemática.
São muitas as técnicas que podem ser adotadas para resolver as falhas no
ensino da Matemática “abstrata” das escolas. Com um pouco de criatividade, o
24
professor encontrará inúmeras formas de ensinar e despertar na criança o
interesse pelos números, facilitando assim o aprendizado da Matemática, de
uma forma lúdica e concreta.
- TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo)
Origem do Problema: Segundo Olivier, (2011, p.105), pode-se definir o TOC
como um transtorno que faz o emocional sobrepor-se à razão. Também pode
haver, três tipos de TOC: só Obsessivo, só Compulsivo ou, o mais comum,
Obsessivo-Compulsivo. Ainda é difícil diagnosticar as verdadeiras causas de
TOC/Tourette, pensa-se em aspectos genéticos, neuroquímica, lesões ou
infecções cerebrais ou após traumatismos ou podem ser desencadeado pelo
uso de drogas e/ou álcool durante muito tempo e de forma excessiva. Estudos de neuroimagem demonstram alterações na assimetria do
núcleo caudado (TOC) e do putâmen (ST). Singer, Reiss, Brown 24L
24L.,1993) (Peterson, Riddle, Cohen 24L 24L.,1993), núcleo caudado e
putânem são alguns dos principais componentes dos glânglios da base que,
por sua vez, são parte dos hemisférios cerebrais.
Em alguns casos, o TOC pode estar associado à síndrome de Tourette
(transtorno de tiques, ST) e também pode estar associada ao Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade (THDA).
Principais Sintomas: Entenda-se por obsessão uma ideia fixa, mania e por
compulsão algo a que se obriga a fazer de forma contínua, uma espécie de
ritual, para melhor esclarecer pode-se resumir a compulsão como sendo uma
consequência da obsessão. Pode-se detectar o TOC por atitudes consideradas
“manias” excessivas nas seguintes situações: colecionar ou acumular coisas,
limpar ou lavar (mãos, objetos e etc.), contar ou repetir (atitudes, superstições e
etc.), questionar ou verificar (portas, luzes e etc.), arranjar ou organizar
(armários todos os dias nos mesmos horários, por exemplo).
1- Passar a vida toda armazenando revistas, jornais, papéis, enfim, algo do
gênero, sem nenhum tipo de arquivamento, provavelmente será
diagnosticado como TOC.
25
2- Fechar a porta de casa e voltar para verificar se a porta está mesmo
trancada por inúmeras vezes, indo e voltando à porta até perder a hora de
ir para o trabalho, será considerado como TOC.
3– Associada à outras síndromes, os pacientes apresentam maior dificuldade em controlar a agressividade, ainda mais associada à ST.
- Hiperlexia
Origem do Problema: De acordo com OLIVIER, (2011, p.95) a Hiperlexia é um
dos mais complexos distúrbios, não só pela variação dos sintomas e
características, mas pela dificuldade no diagnóstico, devido a pouca literatura,
há uma certa tendência em generalizar o distúrbio em alguns aspectos, como:
“Desordem de Linguagem com preciosa habilidade para a leitura”. O indivíduo
pode apresentar uma enorme capacidade para o aprendizado, mas com
grandes dificuldades para a linguagem escrita ou falada, pode ser classificada
apenas como Distúrbio de Linguagem. Para alguns estudiosos a Hiperlexia
aspectos integrantes do quadro de Transtornos Invasivos do Desenvolvimento
(TID) ou uma subcategoria da Desordem Profunda do Desenvolvimento, o que
de certa forma os iguala nos aspectos Autistas e aos portadores de síndromes
como Rett e Asperger.
Geralmente crianças com essas características apresentam facilidade no
aprendizado sinestésico (experimentação), podem ser autodidatas, possuem
excelente memória e capacidade para cálculos complicados, podem aprender
vários idiomas sem sequer estudá-los, por vezes são consideradas “gênios”.
No entanto, quase sempre são hiperativas, têm dificuldades de
relacionamentos, abandonam a escola tradicional muito cedo, por não se
adaptarem aos métodos utilizados, fazem cursos de adultos queimando etapas
que lhes farão falta cedo ou tarde.
Principais Sintomas:
1 – Aprendizado precoce da leitura e da escrita (antes dos cinco anos e sem
nenhum estímulo aparente).
26
2 – Alterações em um ou mais processos básicos, tais como: sociais, motores,
cognitivos, afetivos ou de linguagem.
3– Dificuldades em associações (uso indevido de regras pragmáticas,
semânticas, e sintáticas)
4– facilidade para receber e armazenar quantidades isoladas de informações
de maneira mecânica, mas com dificuldades em organizar e/ou utilizar a
informação de forma útil.
5– Uso de muitas gírias ou jargões, não por vício de linguagem, mas por não
conseguir construir frases perfeitas ou até mesmo para substituir um discurso.
6 – Ecolalia, que pode, com o passar do tempo, ser espaçada, amenizada ou
eliminada.
7 – Também se consideram característica da Hiperlexia crianças que
aprendem a ler e a escrever precocemente, mas falam tardiamente, com o
desenvolvimento da linguagem falada, passa a ter fluência. Neste caso, a
linguagem segue as descrições atribuídas à Síndrome de Asperger. (A
característica básica desta síndrome, além da fala tardia, mas fluente, é o
monólogo e não um diálogo, como se espera do indivíduo que desenvolve uma
conversa).
8 – Grande habilidade e necessidade de ler tudo o que encontra, desde
outdoors, placas, até revistas e jornais. Mas, em muitas vezes, sem entender o
significado do que lê e /ou se escreve, o que caracteriza um distúrbio de
aprendizagem.
9 – Uma característica bastante interessante e própria de muitos hiperléxicos é
que eles aprendem a ler em jornais, somente conseguem ler e escrever em
letras de imprensa; se aprendem ler em letras de forma somente leem e
reproduzem letras maiúsculas e assim por diante. Demoram muito para
assimilar outros tipos de letras.
10 – Superioridade da linguagem escrita em relação à oral.
11 – Fascínio por televisão ou computador ou algum jogo solitário, o que acaba
colaborando para o isolamento e, consequentemente, dificuldade em
estabelecer amizades, até porque o indivíduo hiperléxico não sabe mesmo lidar
com as brincadeiras em grupo. Pode até ficar agressivo e machucar colegas e
27
amigos na intenção apenas de brincar, o que pode ser chamado de
Comportamento Autista.
12 – Pode apresentar boa memória auditiva para música, artes em geral,
alfabeto e números.
13– Hipersensibilidade diante de sons e barulhos específicos ou não, sendo
notado por volta dos dois anos de idade.
14– Aprendizado muito acelerado, passando por várias etapas do ensino,
chegando muito cedo à faculdade ou parando de estudar logo no início do
aprendizado, por julgar que “já aprendeu tudo”, ninguém mais tem algo de útil a
lhe ensinar.
15 – pode apresentar excelente memória para idiomas, podendo tornar-se
facilmente poliglota.
16 – Extrema capacidade para cálculos matemáticos, inclusive resolvendo
soluções complicadas “de cabeça”, sem recurso da escrita ou de calculadoras.
Mesmo um indivíduo apresentando mais de 10 critérios deve-se avaliar
mais profundamente, pois determinadas síndromes estão de alguma forma
muito interligadas, por isso, toda atenção deve ser necessária por parte de
todos os envolvidos no tratamento, sendo uma equipe responsável e coesa o
quanto possível.
- Disortografia
Origem do Problema: Segundo Olivier (2011, p. 41) Disortografia é a
dificuldade na expressão da linguagem escrita, revelada por fraseologia
incorretamente construída e/ou por palavras escritas de forma errada,
associada geralmente a atrasos na compreensão e/ou na expressão da
linguagem escrita. A disortografia mais complexa necessita de exames e de
testes específicos para detectar a causa e os melhores tratamentos. Vale
lembrar que antes, de qualquer teste ou exame, é preciso analisar a classe
social e a forma como o indivíduo foi ou está sendo educado, pois o meio social
influi, em uma casa onde todos pronunciam e escrevem incorretamente as
palavras, é muito difícil a criança aprender de forma correta na escola.
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Principais Sintomas: Os indivíduos que apresentam letra feia ou de médico, na
verdade trata-se de algo mais complexo do que apenas letra feia.
- Limitrofia (Limitação de Autonomia Psicossoambiental)
Origem do Problema: De acordo com Olivier (2011, p.41), É uma anomalia do
sistema nervoso causada por Anoxia Perinatal ou síndromes não identificadas.
Limitrofia é classificado como uma tendência autística, pode ser Limitrofia,
termo utilizado para definir o limítrofe, um grau leve de autismo, podendo ser
temporário, diferente do autismo que é permanente.
Principais Sintomas: As principais características são dificuldades de
concentração, falta equilíbrio e/ou coordenação motora, problemas de
articulação para fala e dificuldades na aquisição de leitura.
Apresenta certa alienação e por vezes o indivíduo parece bastar-se a si
mesmo, não se relaciona com colegas, brincando sozinho e tem dificuldade em
expressar-se.
- Asperger (TID-Transtornos Invasivos do Desenvolvimento)
Origem do Problema: Segundo, Olivier (2013, p.74), a categoria “transtorno
invasivo do desenvolvimento” (TID), inclui o autismo, a síndrome de Asperger,
a síndrome de Rett, o transtorno desintegrativo da infância e uma categoria
residual denominada transtornos invasivos do desenvolvimento sem outra
especificação.
Principais Sintomas: Os transtornos invasivos do desenvolvimento afetam a
comunicação e as competências sociais, bem como as competências
cognitivas e comportamentais.
Os indivíduos com essa síndrome apresentam comportamentos
considerados estranhos, eles possuem as dificuldades ou falhas na tríade do
autismo, mesmo apresentando atraso significativo na fala ou no cognitivo.
29
Por vezes alguns indivíduos podem apresentar um bom vocabulário e
gramática, mas de forma monótona e repetitiva, sem emoção os diálogos giram
em torno do ego, geralmente os indivíduos com síndrome de Asperger podem
apresentar dislexia e problemas de escrita, discalculia ou dificuldade com
matemática, falta de senso, preferência pelo pensamento concreto em
detrimento do abstrato.
- S.Tourette
Origem do Problema: Síndrome de Tourette (Transtorno de Tiques, ST), que
pode estar associada ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
(THDA) e por ser ainda difícil de diagnosticar as verdadeiras causas de
TOC/Tourette, pensa-se em aspectos genéticos, neuroquímica, lesões ou
infecções cerebrais, após traumatismos ou podem ser desencadeados pelo uso
de drogas e/ou álcool durante muito tempo e de forma excessiva, pensa-se
também nos aspectos genéticos, neuroquímica cerebral, lesões ou infecções
cerebrais, envolvendo as dificuldades de aprendizagem. Estudos de
neuroimagem demonstram alterações na assimetria do núcleo caudado (TOC)
e do putâmen (ST). Singer, Reiss, Brown 29L 29L.,1993) (Peterson, Riddle,
Cohen 29L 29L.,1993), núcleo caudado e putânem são alguns dos principais
componentes dos glânglios da base que, por sua vez, são parte dos
hemisférios cerebrais.
Principais Sintomas: Os indivíduos que apresentam características de tiques
(ST), agressividade, as alterações de humor/movimento, a “mania” de roer
unhas e cutículas até o sangramento e/ou destruição da pele. Dificuldades em
controlar a agressividade, estando associada à ST.
- Autismo
Origem do Problema: De acordo, com Olivier (2011, p.111) Autismo pode ser
definido como uma alteração cerebral, um distúrbio que pode variar do grau
leve ao severo, afetando a comunicação do indivíduo com o meio externo, isso
30
atrapalha e impede a capacidade de estabelecer relacionamentos, reconhecer
pessoas e/ou objetos, tornando o sujeito alienado em relação ao ambiente.
Alguns autistas podem apresentar normalidade na inteligência e na fala,
enquanto outros apresentam retardo mental, mutismo, ou outros retardos no
desenvolvimento da linguagem.
Podem ainda ser fechados e distantes, presos a comportamentos
restritos e a rígidos padrões de comportamento, às vezes, podem desenvolver
rituais em outros distúrbios, como balançar-se, agitar as mãos e os braços,
entre outros.
Assim como há casos raros de autistas com inteligência extrema,
geralmente para cálculos matemáticos ou rápida memorização de muitas
informações, mas isso ocorre de forma mecânica, ou seja, apenas decoram ou
desenvolvem mecanicamente essas habilidades, não tendo uma real
compreensão do que relatam. Atualmente, sabe-se que o autismo pode estar
associado a diversas síndromes, portanto, deve-se ter cuidado com as
características e diagnósticos que podem ser mascarados por falsas
semelhanças. Por isso, o autismo é considerado uma síndrome complexa.
Principais Sintomas: O Autismo apresenta uma tríade é reconhecida por falhas
ou dificuldade (qualitativas) na comunicação, na interação social e na
imaginação e, como consequência, vêm as dificuldades comportamentais.
Como Falha e Dificuldade Qualitativa da Comunicação: Pode-se dizer que é a
dificuldade em utilizar, com sentido, todos os aspectos da comunicação verbal
e não verbal (isto inclui gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e
modulação na linguagem verbal).
Dentro da grande variação neste transtorno, podem-se encontrar
autistas sem linguagem verbal e com dificuldades na comunicação (ausência
ou falha de uso de gestos, ausência de expressão facial, entre outros), assim
como podemos encontrar autistas com linguagem verbal, mas sem fluência ou
então, de forma repetitiva e/ou não comunicativa ou ainda, apenas repetindo o
que lhes foi dito, o que é conhecido como Ecolalia Imediata, ou podem também
31
repetir frases ouvidas em momentos anteriores (horas ou dias), o que é
chamado Ecolalia Tardia.
Como Falha e Dificuldade Qualitativa na Sociabilização: São os pontos cruciais
no autismo, pode-se estar sujeito a gerar falsas interpretações. A falha ou
dificuldade está na relação com outras pessoas, na incapacidade do autista de
compartilhar sentimentos, emoções, gestos, gostos e em não conseguir
diferenciar as pessoas uma das outras e, em alguns caos, pessoas de objetos.
Após um longo período de tratamento e de terapia alguns autistas podem até
ficar mais receptivos e demonstrar em diferentes graus, carinho e algum
sentimento.
Como Falhas e Dificuldades Qualitativas na Imaginação: Caracterizam-se por
rigidez e inflexibilidade, estendendo-se às várias áreas do pensamento, da
linguagem e do comportamento autista, podendo apresentar comportamentos
obsessivos e ritualísticos (o que o assemelha ao TOC), incompreensão ou
pouca compreensão da linguagem, irritabilidade diante de mudanças desde as
mais simples até as mais severas e falhas ou dificuldades em processos
criativos.
1 – Olhos inexpressivos, parece não enxergar ou não conseguir fazer nenhum
contato com o meio exterior por meio dos olhos.
2– Age como surdo parece não ouvir nada e pode gritar inesperadamente.
3– Não aprende a falar, chega aos cinco ou seis anos se conseguir expressar-
se verbalmente ou, então, pode começar a desenvolver a linguagem falada,
mas há uma interrupção desse processo sem nenhum motivo aparente, e a
linguagem adquirida parece apagada irreversivelmente.
4– Age de forma alienada ou desatenta, parece não ver nem sentir nada e age
sem demonstrar interesse pelo que acontece à sua volta, com ele mesmo ou
com os outros.
5– Pode tornar-se agressivo, inclusive atacando e/ou ferindo a si mesmo ou a
outras pessoas, sem nenhum motivo aparente.
32
6 – Não responde a nenhum estímulo e é inacessível diante de tentativas de
comunicação das outras pessoas, mesmo sendo seus pais ou parentes muito
próximos.
7 – Costuma passar longos períodos parado ou fixando o olhar em um
determinado ponto ou, no máximo, fixando-se em poucos pontos e não como,
normalmente as crianças fazem, querendo tocar e conhecer tudo à sua volta.
8 – Como já disse, parece desenvolver alguns rituais que repete
constantemente, principalmente o mais característico que é o gesto de balança
as mãos e os braços ou balançar-se.
9 – Ao invés de reconhecer e brincar de reconhecer e brincar com seus
brinquedos, geralmente os lambe, cheiro, morde ou os atira longe se quer ver o
que são.
10 – Parece insensível á dor pode até ferir-se de forma intencional e até
constante.
Alguns autistas apresentam certo comportamento de autoflagelo,
mutilação.
- Hiperatividade-Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade –TDAH
Origem do Problema: O Transtorno do Déficit da Atenção com Hiperatividade
(TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na
infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se
caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele pode
ser chamado de DDA (Distúrbios do Déficit de Atenção). Acredita-se que possa
ser genético/hereditário, ou seja, por alterações nos neurotransmissores,
afetando atenção e a coordenação motora. Podendo ser definido como
transtorno multifatorial associado a fatores ambientais e genéticos.
Principais Sintomas: A Hiperatividade em si não é uma doença e sim um
sintoma de algum distúrbio, principalmente a Depressão Infantil, como as
crianças não conseguem expressar de forma esclarecedora quanto aos seus
reais sentimentos e pensamentos, passam a expressar-se de forma agitada,
muito ativa com isso, tornando-se incontrolavelmente hiperativa. Os sintomas
33
relatados não são cópias fiéis do DSM (Diagnostic And Statiscal Manual), são
adaptados à realidade dos casos atendidos, respeitando-se a diferença entre
DDA e TDAH, (Olivier, 2013, p.95).
1 – Parece não ouvir ou não entender o que ouve.
2 – Não consegue terminar uma tarefa, inicia uma atividade e logo passa para
outra, sem terminar nada do que começa.
3– Tem dificuldade em seguir regras, esperar sua vez no grupo. Não lê nem
ouve uma pergunta antes de respondê-la.
4– Não consegue brincar sozinha e, em grupo, pode tornar-se agressiva.
5– Perde ou esconde materiais e instrumentos importantes para a realização
das atividades.
6 – Não mantém amizades por muito tempo ou não chega a iniciá-las.
7 – Tem dificuldade em aceitar a perda (em jogos, brincadeiras e etc.) e não
consegue pensar em longo prazo.
8 – Durante os primeiros anos escolares, não consegue permanecer ocupada
com sua tarefa por, ao menos uma hora.
9 – Pode passar horas diante de uma tarefa sem conseguir completá-la.
10 – Distrai-se com qualquer acontecimento alheio às suas atividades.
Antes de rotular uma criança como Hiperativa, deve-se entender que
hiperatividade é caracterizada por atividade ininterrupta, ou seja, uma pessoa
que está ativa por 24horas por dia, até mesmo dormindo (com sono agitado) ou
períodos de insônia e sua atividade chega à exaustão, mesmo estando exausta
ainda apresenta a necessidade de continuar em atividade.
- Dislexia
Origem do Problema: Para melhor entender a origem da palavra Dislexia em
grego que significa (dis – dificuldade e lexia – palavra), portanto, dislexia é
dificuldade de aquisição da linguagem. A dislexia é uma desordem cognitiva
específica na aquisição de leitura e que podem ter origens genéticas e
neurológicas. A dislexia seria uma dificuldade de entender o conjunto de
palavras que compõem um idioma, sendo um dos distúrbios mais complexos e
que necessita de outras tantas definições. Em estudos recentes declararam o
cerebelo como a principal fonte de disfunção da Dislexia e que se encontram
34
alterados os processamentos periférico e central. Segundo a visão da
Neuropsicologia, todas as Dislexias, assim como outros distúrbios de
aprendizagem, partem de uma lesão, sendo cada um em um ponto do cérebro
e, portanto, o tratamento consiste em controlar as lesões, (Olivier, 2011).
- Dislexias Centrais
Dislexia de Superfície: Basicamente caracteriza-se pela falha de leitura de
palavras irregulares, em um comprometimento da via lexical.
Dislexia Fonológica: Incapacidade para a leitura de “não palavras” e
habilidade para leitura de palavras reais, sugerindo danos ou lesões na via de
conversão de grafema para fonema.
Dislexia Profunda: Assemelha-se à Dislexia Fonológica, com igual bloqueio
para leitura de não palavras, mas a diferença é que, nesta Dislexia, há
presença de Paralexias Semânticas e maior facilidade em leitura de palavras
concretas e frequentes.
- Dislexias Periféricas
Dislexia Atencional: O indivíduo lê palavras isoladas, mas encontra dificuldade
ou barreiras para ler várias palavras simultaneamente. Esse tipo de dislexia foi
encontrado em pacientes com lesões no Lobo Parietal Esquerdo.
Dislexia por Negligência: É atribuída à lesão na região da artéria cerebral
média do hemisfério direito (Lobos Frontal, Parietal e Temporal) e caracteriza-
se por ausência ou dificuldade de leitura no campo visual contralateral à lesão
cerebral.
Dislexia Literal ou Pura: O indivíduo consegue ler letras individuais, mas
apresenta dificuldade em ler palavras (subentendido). Esta Dislexia está
relacionada a lesões Occipitais Inferiores Extensas à Esquerda.
Já dentro da visão Psipedagógica, os três tipos básicos são:
Dislexia Congênita ou Inata: É dislexia que nasce com o indivíduo. Pode ter as
mais variadas causas e características próprias, como comprovada alteração
hemisférica cerebral, onde os hemisférios encontram-se invertidos ou em
35
igualdade ou uma alteração de alguns cromossomos, como consequência o
indivíduo disléxico tem pouca ou nenhuma habilidade para aquisição de leitura
e de escrita, não conseguindo ser alfabetizado, e quando o é, não consegue ler
e escrever por muito tempo e quando termina já não se lembra de mais nada.
Dislexia Adquirida: Esta dislexia é adquirida por meio de qualquer acidente,
como Anoxia Perinatal, Afogamentos, Acidente Vascular entre outros acidentes
ou distúrbios que possam causar a Dislexia Adquirida.
Dislexia Ocasional: É a dislexia causada por fatores externos e que aparece
ocasionalmente. Pode ser por esgotamento do Sistema Nervoso/estresse,
excesso de atividades e, em alguns casos, considerados raros, por
TPM/Hipertensão. Se este tipo de dislexia for diagnosticado, não haverá a
necessidade de tratamento, nesse caso, apenas, repouso ou férias.
Características disléxicas: É quando o indivíduo tem algumas características
consideradas próprias da dislexia, mas que isoladamente nada significam ou
podem ser causadas por outros distúrbios, mais fácil de serem tratados.
Principais sintomas:
A – Alterações nos cromossomos 6 e 15 - A dislexia caracteriza-se como
distúrbio que também pode ser causado por células fora do lugar, células com
funções diferentes ou má-formação no arranjo dos neurônios, ou alterações
nos hemisférios cerebrais.
B – Distúrbio hereditário e incurável – Sem ligação com causas intelectuais,
emocionais, nem culturais. Apresenta alterações no Lobo Temporal Direito, que
é maior que o esquerdo, quando o normal é o inverso.
C – Fatores orgânicos – Como a Anoxia (Perinatal/Afogamento, Etc.), que
apresenta como sequelas as dificuldades de aprendizagem.
D – Há quem levante a hipótese de que a dislexia é a junção de vários fatores
assim como há quem defenda que a dislexia é meramente consequência de
problemas emocionais. O conjunto de todos esses fatores poderia de fato
ocasionar um enorme dano no cérebro de qualquer indivíduo, no entanto,
parece meio ilógico, e as causas emocionais seriam separadamente muito
simples para definir um distúrbio tão significativo de aprendizagem. As causas
psicológicas estão associadas com outros fatores e nunca de forma isolada.
36
Singular/Primária: Apresenta desde a primeira infância, um certo atraso no
desenvolvimento da fala e da linguagem e/ou no desenvolvimento visual.
Dificuldade em aprender canções, versinhos e pequenas histórias ou imediato
esquecimento após ouvi-los, problemas de coordenação motora.
Comum/Correlatada: Apresenta problemas de linguagem (articulação e
memória verbal a curto e longo prazo). Problemas com a lateralidade (confusão
entre o lado direito e esquerdo). Pode ser qualquer dislexia ou outro distúrbio
mencionado.
Específica/Secundária: Caracteriza-se pelo baixo desempenho em
compreensão na leitura, dificuldade ou ausência de alfabetização, não
identificação de letras, números e soletração. Diferença no movimento dos
olhos durante a tentativa de leitura, geralmente caracteriza a Dislexia
Congênita ou Inata.
Como já vimos a Dislexia pode ter várias causas de forma independente
da outra, o indivíduo apresenta dificuldade acentuada no processo de leitura e
de escrita, podendo apresentar alterações nos hemisférios cerebrais, nos
cromossomos e fazendo sobressair o hemisfério direito (da criatividade) em
prejuízo do esquerdo (do raciocínio lógico).
- Dislalia
Origem do Problema: Segundo, OLIVIER (2011, p.42), a Dislalia é a má
pronuncia das palavras, omitindo ou acrescentando fonemas, trocando um
fonema por outro, distorcendo-os, ou ainda trocando por sílabas, por outro
lado, há certas Dislalias que são causadas por enfermidades do sistema
nervoso central e ainda pode haver outras causas como malformações ou
alterações na boca, na língua e no palato. (malformações congênitas ou como
consequência de traumatismos dos órgãos fonadores). A hereditariedade,
imitação ou alterações emocionais também podem ser as causas.
Principais Sintomas: Omissão, substituição, acréscimo ou deformação dos
fonemas.
37
Distúrbio de Formação e Sintaxe:
Disposição incorreta das palavras na frase e das frases no discurso.
1 – O indivíduo não tem organização de pensamento, não o controla. Está tudo
“gravado” na mente, mas o “filme” corre fora de ordem.
2 – Ou então só grava o visual e não grava a palavra correspondente à imagem
visual, portanto, não forma frases completas.
3– Pode ter a fala construída no pensamento, mas este é tão rápido que o
indivíduo não consegue “brecá-lo para passar para o papel, portanto omite
(come) palavras”. Exemplo: “Saí passeio mamãe compramos aí no cinema a
bela fera e sorvete...” Crianças com perdas auditivas leves ou moderadas
também costumam trocar e confundir fonemas, especialmente, “t” por “d”, “f”
por “v”, “p” por “b”, “q” por “g”, quando falam ou escrevem, especialmente no
processo de alfabetização, estar atento para não confundir com Dislexia.
- Epilepsia
Origem do Problema: A Comissão de Classificação da Liga Internacional
Contra a Epilepsia (ILAE) desenvolveu um esquema com base no padrão
fisiológico das descargas epilépticas, especificamente se a crise inicia
simultaneamente no cérebro todo (generalizada) ou se acontecem em uma
pequena parte do cérebro (parcial, focal ou localizada). A classificação das
crises epilépticas e das Epilepsias sofreu modificações ao longo do tempo,
foram sistematizadas conforme a observação clínica da crise, em seus
aspectos neurofisiológicos, a história familiar, a idade do paciente para o
melhor prognóstico, e os tratamentos mais adequados ao paciente. Por isso, a
importância do diagnóstico correto durante as crises epilépticas.
Crises epilépticas são eventos clínicos que refletem disfunção
temporária de uma pequena temporária de uma pequena área de cérebro ou
de área extensa envolvendo os dois hemisférios cerebrais. O episódio é
causado por descarga anormal, excessiva e transitória das células nervosas.
Com isso, os indivíduos epilépticos apresentam alterações nas funções
cerebrais que desencadeiam eventos também recorrentes enquanto as
alterações persistirem, a Epilepsia é a recorrência dessas crises. A
38
Classificação Internacional das Epilepsias e Síndromes Epilépticas de 1989
(Commission on Classification and Terminology of the ILAE, 1989) considera
quatro grupos de epilepsias:
1. Epilepsias e síndromes relacionadas à localização, parciais ou focais
- idiopáticas
- sintomáticas
- criptogênicas
2. Epilepsias e síndromes generalizadas
- idiopáticas
- criptogênicas ou sintomáticas
- sintomáticas
- etiologias não específicas
- etiologias específicas
3. Epilepsias e síndromes indeterminadas se focais ou generalizadas
- com sinais e sintomas de crises generalizadas e focais
- sem sinais inequívocos de crises generalizadas ou focais
4. Síndromes especiais
- crises relacionadas a situações
- crises febris
- crise ou estado epiléptico isolado
- crise precipitada por álcool ou drogas, hiperglicemia
Classificação das Crises Epilépticas:
1 Crises autolimitadas
Crises generalizadas
Crises focais
2 Crises contínuas
Status epilepticus generalizado
Status epilepticus focal
3 Fatores precipitantes envolvidos nas crises reflexas
Crises generalizadas
- Crises tônico-clônicas (incluindo as iniciadas com fase clônica ou mioclônica)
39
- Crises clônicas (com e sem manifestações tônicas)
- Crises tônicas
- Crises de ausências típicas
- Crises de ausências atípicas
- Crises de ausências mioclônicas
- Espasmos
- Crises mioclônicas
- Mioclonias palpebrais (com e sem ausências)
- Crises mioclono-atônicas
- Mioclonias negativas
- Crises atônicas
- Crises reflexas nas síndromes de epilepsias generalizadas
Crises focais
- Crises neonatais
- Crises focais sensitivo-sensoriais
- com sintomas sensitivo-sensoriais elementares
- com sintomas experienciais
- Crises motoras focais
- com sinais motores elementares clônicos
- com sinais motores tônicos assimétricos
- crises com automatismos típicos do lobo temporal
- crises com automatismos hipercinéticos
- crises com mioclonias negativas focais
- crises motoras inibitórias
- Crises gelásticas
- Crises hemiclônicas
- Crises secundariamente generalizadas
- Crises reflexas em síndromes de epilepsias focais
Crises contínuas
- Status epilepticus generalizado
- Status epilepticus tônico-clônico
40
- Status epilepticus clônico
- Status epilepticus de ausência
- Status epilepticus tônico
- Status epilepticus mioclônico
- Status epilepticus focal
- Epilepsia partialis contínua de Kojevnikov
- Aura contínua
- Status epilepticus límbico (status psicomotor)
- Status hemiconvulsivo com hemiparesia
Estímulos precipitantes de crises reflexas
- Estímulos visuais
- Luz intermitente
- Padrões
- Outros estímulos visuais
- Pensamento
- Música
- Alimentação
- Praxia
- Estímulos sensitivo-sensoriais
- Estímulos proprioceptivos
- Leitura
- Água quente
- Sobressalto
Classificação das Síndromes Epilépticas (ILAE, 2001)
Grupos de Síndromes Específicas: Epilepsias focais idiopáticas
Crises neonatais benignas (não familiares) do lactente e da criança
Epilepsia benigna da infância com descargas centrotemporais
Epilepsia benigna da infância com paroxismos
41
Occipitais de início precoce (tipo Panayiotopoulos)
Epilepsia com paroxismos occipitais de início tardio (tipo Gastaut)
Epilepsias focais familiares Crises neonatais benignas familiares
(autossômicas dominantes)
Crises benignas familiares do lactente
Epilepsia do lobo frontal autossômica dominante noturna
Epilepsia do lobo temporal familiar
Epilepsia focal familiar com focos variáveis
Epilepsias focais sintomáticas
Epilepsias límbicas (ou provavelmente sintomáticas)
Epilepsia mesial do lobo temporal com esclerose hipocampal
• Epilepsia mesial do lobo temporal definida por etiologias específicas
• Outros tipos definidos segundo a localização e etiologia
Epilepsias neocorticais
• Síndrome de Rasmussen
• Síndrome de hemiconvulsão-hemiplegia
• Outros tipos definidos segundo a localização e etiologia
• Crises parciais migratórias da infância precoce
Epilepsias generalizadas Epilepsia mioclônica benigna do lactente
idiopáticas Epilepsia com crises mioclono-astáticas
Epilepsia ausência da infância
Epilepsia com ausências mioclônicas
Epilepsias generalizadas idiopáticas com fenótipos variáveis
• Epilepsia ausência juvenil
• Epilepsia mioclônica juvenil
Epilepsia com crises generalizadas tônico-clônicas
No último grupo aparece ainda o novo conceito de:
Epilepsias provavelmente sintomáticas – que substitui o termo criptogênico da
classificação hoje utilizada. Todas as formas de epilepsias reflexas, tanto focais
como generalizadas, aparecem agrupadas.
Encefalopatias epilépticas – representadas por formas de epilepsia que se
instalam em geral em crianças previamente normais e que cursam com
42
deterioração cognitiva e déficits neurológicos progressivos. Nelas, acredita-se
que a anormalidade persistente da atividade elétrica cerebral ao promover
modificações sinápticas seja responsável por alterações permanentes nos
circuitos cerebrais. Finalmente, foram agrupados os fenômenos epilépticos que
não obrigam o diagnóstico de epilepsia como as crises febris (termo que
substitui convulsão, termo leigo não específico por vezes aplicado de forma
inapropriada na descrição da fenomenologia crítica nesta situação).
Classificação das Síndromes Epilépticas (Epilepsy Classification Working
Group, 1999).
Epilepsias focais idiopáticas do lactente e da criança
Crises neonatais benignas não familiares
• Também denominadas crises neonatais benignas idiopáticas ou crises do
quinto dia.
• Crises clônicas focais breves, autolimitadas, focais, multifocais ou com caráter
migratório.
• Ocorre em neonatos normais.
• EEG interictal normal; em alguns casos, presença de ritmo teta pontiagudo
alternante.
• EEG ictal: descargas na região centrotemporal.
• Etiologia desconhecida.
• Ausência de sequelas ou epilepsia após o período neonatal.
Epilepsia benigna da infância com descargas centrotemporais
Grupos de síndromes específicas:
- Epilepsias reflexas
- Epilepsia idiopática do lobo occipital fotossensível
- Outras epilepsias sensíveis a estímulos visuais
- Epilepsia primária da leitura
- Epilepsia do sobressalto
- Encefalopatias epilépticas Encefalopatia mioclônica precoce
- Síndrome de Ohtahara
43
- Síndrome de West
- Síndrome de Dravet (previamente conhecida como epilepsia mioclônica
severa da infância)
- Status mioclônico nas encefalopatias não progressivas
- Síndrome de Lennox-Gastaut
- Síndrome de Landau-Kleffner
- Epilepsia com ponta-onda contínua durante sono lento
- Epilepsias mioclônicas progressivas
- Doenças específicas
- Crises que não exigem
- Crises neonatais benignas
- Crises febris de epilepsia
- Crises reflexas
- Crises da retirada do álcool
- Outras crises induzidas por drogas ou substâncias químicas
- Crises pós-traumáticas imediatas ou precoces
- Crises únicas ou grupos isolados de crises
- Crises de repetição rara (oligoepilepsias)
- Síndromes em desenvolvimento
Ver. Neurociências 10(2): 49-65, 2002
Proposta de Classificação das Crises e Síndromes Epilépticas. Correlação
Videoeletroencefalográfico.
- Disgrafia (Desordem de Integração Visual-Motora)
Origem do Problema: De acordo com OLIVIER (2011, p. 39), DISGRAFIA é a
dificuldade ou a ausência na aquisição da escrita, está ligada a distúrbios
neurológicos. O indivíduo fala de forma normal, em muitos casos consegue ler,
mas não consegue transmitir informações visuais ao sistema motor. E,
possivelmente apresenta graves problemas motores e de equilíbrio, ao
contrário do que muito afirmam, não é apenas uma questão de letra feia ou
letra de médico.
44
Principais Sintomas:
1– O indivíduo não possui dificuldades visuais nem motoras, mas não
consegue transmitir as informações visuais ao sistema motor. Deficiência de
“transmissão”.
2– Fala e lê, mas não encontra padrões motores para a escrita de letras,
números e palavras.3
3– Não possui senso de direção, falta-lhe equilíbrio.
4– Pode apresentar traços pouco precisos e incontrolados.
5– Grafismos não diferenciados nem na forma nem no tamanho.
6– Escrita desorganizada em partes ou no todo.
7– Realização incorreta de movimentos de base, especialmente em ligação
com problemas de orientação espacial etc.
8– Pode soletrar oralmente, mas não consegue expressar ideias por meio de
símbolos visuais, pois não consegue escrever ou se escreve, não reproduz
letras ou palavras coerentes.
Resumindo, o indivíduo lê, mas, em muitos casos não escreve ou
escreve de forma desordenada, irregular ou ilegível. Necessitando de avaliação
multidisciplinar e acompanhamentos com especialistas.
- DDA
Origem do Problema: Segundo OLIVIER (2011, p 75) baseando-se em
pesquisas e práticas, percebeu-se que a DDA pode vir a ser causada por
Anoxia Perinatal entre outros fatores que provocam uma enorme descarga
elétrica no cérebro. O indivíduo com DDA apresenta desenvolvimento normal e
QI de médio a superior, mesmo assim apresenta baixo desempenho escolar,
não fixa o que aprende e em casos mais graves, nem chega a aprender. Em
alguns casos pode até aprender satisfatoriamente, mas ser disperso ou
desatento, hiperativo ou extremamente tímido ou então alterna hiperatividade e
retração.
Principais Sintomas: Os sintomas relatados não são cópia fiel do DSM
(Diagnostic And Statiscal Manual), são adaptados a realidade dos casos
atendidos, respeitando-se a diferença entre DDA e TDAH.
45
1 - Parece não ouvir ou não entender o que ouve.
2 - Não consegue terminar uma tarefa, inicia uma atividade e logo passa para
outra, sem terminar nada do que começa.
3 - Tem dificuldade em seguir regras, esperar sua vez no grupo. Não lê, nem
ouve uma pergunta antes de respondê-la.
4 - Não consegue brincar sozinho e, em grupo, pode tornar-se agressivo.
5 - Perde ou esconde materiais e instrumentos importantes para a realização
das atividades.
6 - Não mantém amizades por muito tempo ou não chega a iniciá-las.
7 - Tem dificuldade em aceitar a perda (em jogos, brincadeiras, etc.) e não
consegue pensar em longo prazo.
8 - Durante os primeiros anos escolares, não consegue permanecer ocupado
com sua tarefa por, ao menos uma hora.
9 - Pode passar horas diante de uma tarefa sem conseguir completá-la.
10 - Distrai-se com qualquer acontecimento alheio às suas atividades.
Se o indivíduo apresentar oito destes sintomas, então tem fortes
características da DDA e precisa ser encaminhado para uma avaliação e
exames com especialistas.
Sugestão de tratamentos entre outras atividades: jogos de memória,
xadrez, ditados aliados a objetos nunca, só auditivos. O tratamento clínico é
multidisciplinar e dependendo da gravidade poderá ser medicamentoso.
Neste capítulo procurou-se abordar questões que são relevantes para
identificar Dificuldades, Distúrbios e Transtornos que geram por si mesmos ou
associados a outros tantos que podem influenciar e interferir no processo de
aprendizagem, com isso, causando variadas dificuldades de aprendizagens. E,
portanto, sendo necessário conhecer melhor as classificações já citadas de:
(Síndromes, Transtornos, Problemas e Dificuldades), para diagnosticar e tratar
devidamente ou para se fazer os encaminhamentos necessários à uma equipe
multidisciplinar.
46
CAPÍTULO II
FRACASSO ESCOLAR
Ao abordar esse tema, partimos da premissa que a própria escola, exclui
o aluno por ela considerado como "fraquinho" ou o que é "risco social" como se
a Educação para os menos favorecidos pudesse ser de baixa qualidade, por
eles não almejarem um futuro melhor que poderá vir pela via da Educação de
qualidade e contextualizada com a realidade daquele alunado.
No fundo, o essencial nas relações entre educador e educando, entre autoridade e liberdades, entre pais, mães, filhos e filhas é a reinvenção do ser humano no aprendizado de sua autonomia. Me movo como educador porque, me movo como gente. Posso saber pedagogia, biologia como astronomia, posso cuidar da terra como posso navegar. Sou gente. Sei que ignoro e sei que sei. Por isso, tanto posso saber o que ainda não sei como posso saber melhor o que já sei. E saberei tão melhor e mais autenticamente quanto mais eficazmente construa minha autonomia em respeito à dos outros. (FREIRE, 1996).
A palavra cidadania está em voga, porém, está longe de ser alcançada e
praticada, pois contempla necessariamente a tensão entre Direitos e Deveres,
e observando o cenário das políticas nacionais, não é estranho perceber o
quanto estamos falando de uma Utopia, a cidadania real está longe de ser
vivenciada em nosso país, onde ainda é marcado por profundas diferenças e
desigualdades sociais.
Então, a função escolar deveria ultrapassar meros conteúdos,
disciplinas, muros, barreiras ou quaisquer outros impeditivos e que quase são
inumeráveis, diante da realidade atual nas Escolas Públicas ou Privadas, que
tipo de aluno nossas Escolas estão produzindo, pessoas que somente visam
ranking do ENEM e tantas outras questões ou que estão produzindo uma
47
formação mais Humana voltada para Ética de si mesmo e da sociedade na
qual está inserido.
A realidade de muitos alunos que são Moradores de Comunidades de
Risco Social, que a própria família não é alfabetizada e que seus heróis são as
pessoas que praticam uma profissão ilegal, onde "ganham" muito dinheiro sem
esforço da conquista, sem cidadania, sem objetivos que os façam permanecer
na Escola.
Então, com isso quem se apresenta como o grande vilão é o: Fracasso
Escolar que é produzido pela própria Escola Burocrática que deveria aceitar,
respeitar e acolher esse aluno, com uma "proposta de trabalho" ou "contrato
escolar" firmado em sala pelo professor com seus alunos numa interação que
haja possibilidade de diálogos entre as partes envolvidas no processo de
ensino-aprendizagem, onde se possa estabelecer metas, objetivos,
procedimentos educacionais e as consequências de tal acordo escolar, nessa
relação direta, de respeito mútuo, onde o aluno saiba que pode contar com o
apoio do professor.
A escola pública falha na sua tarefa de Alfabetização das crianças das
camadas populares ou menos favorecidas socialmente, excluindo-as por meio
de um mecanismo que opera duplamente com a não aceitação da criança do
jeito que ela é e a criança rejeita a escola da forma que ela se apresenta.
Considerando, que a Instituição/Escola no seu papel máximo deveria ser quem
acolhe e luta por sua cidadania e pelo seu pleno desenvolvimento cognitivo,
cultural e social.
Hoje cerca de mais de sete milhões de alunos são reprovados nas
escolas brasileiras ou considerados incapazes de seguir para outra série, ou
seja, sendo obrigados a frequentar a mesma série no outro ano.
Em torno de 20% dos alunos que frequentam o ensino fundamental são
48
reprovados, outros 4,5% engrossam a estatística dos que abandonam a escola
(Revista Nova Escola - Nov 2000).
Muito pouco tem sido feito para que ocorra uma reversão destes
números no Brasil. Em países desenvolvidos como Alemanha, França e
Inglaterra, praticamente erradicaram a palavra repetência em relação ao
ensino.
Em pesquisa realizada pela Revista Nova Escola, foi perguntado quem
era o responsável pelo fracasso do ensino no Brasil, obtendo-se o seguinte
resultado:
Quem é o responsável pelo fracasso do ensino
1º lugar O sistema escolar 55%
2º lugar O Professor 24%
3º lugar O aluno 11%
4º lugar A família 10%
Fonte: Revista Nova Escola Nº 133/2000
Verificou-se que o sistema escolar é o maior responsável pelo fracasso
do ensino, conforme respostas dos entrevistados. Em alguns estados vem
sendo aplicado o sistema de ciclos, porém este sistema não é defendido por
todos os educadores.
O processo de aprendizagem inscreve-se numa dinâmica de
transmissão da cultura que constitui a definição da palavra educação, sendo
esta definida por quatro funções interdependentes: função mantenedora da
educação, função socializadora da educação, função repressora da educação
e função transformadora da educação. Se o professor souber compreender o
progresso de cada aluno, estará o entendimento que o produto escolar é o
conhecimento, resultado do esforço coletivo da humanidade e não mero
49
conjunto de métodos e técnicas que os sujeitos simplesmente reproduzem
enquanto a construção do conhecimento é uma tarefa mútua professor-aluno.
Se o professor souber compreender o processo pelo qual cada aluno
estará assimilando que o conhecimento não se processa da mesma maneira
para todos, entretanto se soubessem que o gostar e o conhecer determinam-se
mutuamente, o gostar determina o conhecer, assim como o conhecer
determina o gostar. O saber e sabor são as faces do desenvolvimento humano,
cognitivo e afetivo e no espaço que é considerado ideal como a sala de aula
muitas vezes o gosto, o prazer, o sabor, o afeto enfim é "sacrificado em nome
do conhecimento, do saber e da ciência".
2.1 – O Conceito de Fracasso Escolar
O fracasso escolar deixou de ser um problema isolado e passou a ser
uma verdadeira "catástrofe" para todos os envolvidos no processo escolar e
que a ser evitado a qualquer custo (custo, mesmo, uma vez que as Escolas
perdem pontos na classificação da rede ou ranking, como melhor quiser se
referir), sem exagero podemos afirmar que é "pesadelo" que ronda a prática
docente, a instituição escolar e a sociedade como um todo.
Segundo Patto (1996), o processo social de produção do fracasso
escolar se realiza no cotidiano da escola e é o resultado de um sistema
educacional congenitamente gerador de obstáculos à realização de seus
objetivos. Onde as relações hierárquicas de poder, a segmentação e a
burocratização do trabalho pedagógico criam condições institucionais para a
adesão dos educadores a simular idade, a uma prática motivada, acima de
tudo, por interesses particulares, a um comportamento caracterizado pelo
descompromisso social e cultural na formação da cidadania desses indivíduos.
50
A UNESCO tem se posicionado com bastante firmeza e presença cada
vez maior em relação ao Fracasso Escolar, inclusive, tem proposto ano a ano
que os países se mobilizem para combater e erradicar tal problemática. Pois,
conforme ela, mesmo que o número de pessoas que têm acesso à educação
aumente sem cessar nos próximos anos, ainda haveria um déficit no mundo de
mais 75 milhões de crianças fora da escola e 774 milhões de jovens e adultos
analfabetos.
Em relação ao Brasil, isso, quer dizer que os números de analfabetos
continuam inaceitáveis, pois indica que o País continua a fabricá-los, onde
menos se espera que é a Escola.
De acordo com os dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios), de 2008, ainda há no Brasil quase 500mil crianças analfabetos (de
10 a 14 anos). O analfabetismo atinge 2,8% desta faixa etária. Isso significa
que, a cada mil crianças brasileiras, 28 são analfabetas.
WEISS (2003) considera que o fracasso escolar ocorre quando a
resposta apresentada pelo aluno é insuficiente a uma exigência ou demanda
da escola e que a não aprendizagem na escola é uma das causas do fracasso
escolar. Segundo a autora o fracasso escolar pode ser analisado por diferentes
perspectivas: a da sociedade, a da escola e a do aluno.
BOSSA (2002) lança um olhar psicopedagógico sobre o fracasso
escolar, considerando-o um sintoma escolar que ainda se impõe de forma
alarmante e persistente no sistema escolar brasileiro, apesar do muito que já
foi discutido e estudado. Considera que o sistema escolar ampliou o número de
vagas, mas não desenvolveu uma ação que o tornasse eficiente e garantisse o
cumprimento daquilo a que se propõe, ou seja, que desse acesso à cidadania.
51
2.2 - A Escola
As escolas passam por uma crise generalizada e acentuada pelas
injustiças sociais, e em virtude disso, medidas político-administrativas têm sido
tomadas no Brasil, num tentativa de solucionar à assustadora quantidade de
pessoas que ainda estão fora da Escola, seja por dificuldade de ingresso ou
evasão e repetência. Como exemplo, temos a atual Bolsa Família projeto do
Governo Federal e que também instituiu por meio do Decreto n° 6.094, de 24
de abril de 2007, o plano de metas intitulado de "Compromisso Todos Pela
Educação", onde pretende cumprir cinco metas audaciosas até o ano de 2022,
quando será a comemoração do Bicentenário da nossa "Independência".
A escola pública falha na sua tarefa de Alfabetização das crianças das
camadas populares ou menos favorecidas socialmente, excluindo-as por meio
de um mecanismo que opera duplamente com a não aceitação da criança do
jeito que ela é, e a criança rejeita a escola da forma que ela se apresenta.
Considerando, que a Instituição/Escola no seu papel máximo deveria ser quem
acolhe e luta por sua cidadania e pelo seu pleno desenvolvimento cognitivo,
cultural e social.
E, portanto, as maiores vítimas desse processo de produção do fracasso
escolar são os alunos de classes sociais menos favorecidos em todos os
aspectos. A Escola Pública por sua vez, instituída nos padrões da classe
dominante, parte do pressuposto de que todas as crianças têm idêntico
desenvolvimento linguístico e semelhante exposição à escrita no período da
educação infantil. Então, a Escola que deveria perceber e se conscientizar das
diferenças profundas em relação a estes fatores, não revê sua postura "a
Escola não se modifica, é a criança que deve adaptar-se e atribui à criança o
problema do fracasso na aprendizagem".
Portanto, cabe à Escola, mostrar para esses alunos que existem outras
possibilidades e oportunidades na vida e que devemos lutar por nossos
52
objetivos e que esses "heróis do tráfico" são os pessoas que optaram em
praticar uma profissão ilegal, onde podem até "ganhar" muito dinheiro, sem o
esforço da conquista, sem cidadania sem objetivos que os façam permanecer
na Escola.
Então, com isso quem se apresenta como o grande vilão é o: Fracasso
Escolar que é produzido pela própria Escola Burocrática que deveria aceitar,
respeitar e acolher esse aluno como ele é, com uma "proposta de trabalho" ou
"contrato escolar" firmado em sala pelo professor com seus alunos num
interação que haja possibilidade de diálogos entre as partes envolvidas no
processo de ensino-aprendizagem, onde se possa estabelecer metas,
objetivos, procedimentos educacionais e as consequências de tal acordo
escolar, nessa relação direta, de respeito mútuo, onde o aluno saiba que pode
contar com o apoio do professor onde menos se espera que é na Escola .
2.3. – As relações familiares e os vínculos sociais
Os primeiros vínculos afetivos entre mãe e bebê permitem que este se
sinta acolhido, cuidado, merecedor desse amor, e, portanto, possuidor de valor.
No momento em que há uma ruptura drástica desse vínculo, a criança vivencia
rejeição e culpa. Ela cresce com sentimentos de autopiedade e tendência a
vincular-se de maneira dependente, podendo desenvolver uma identidade
vitimizada, ou seja, apresentando uma baixa autoestima.
E no Artigo 4° - "É dever da família, da comunidade, da sociedade em
geral e do poder público de assegurar com absoluta prioridade, a efetivação
dos direitos referentes à vida, saúde, alimentação, educação, ao esporte, lazer,
a profissionalização, a cultura, dignidade, ao respeito, a liberdade e convivência
familiar". E.C.A. (8069, 13/06/90, P. 12).
O ser humano é um ser social, sua identidade resulta das relações com
53
os outros, ou seja, essa identidade começa a ser construída durante a nossa
infância, a partir dos primeiros vínculos formados em nossa família.
É sempre um vinculo social, mesmo sendo com uma só pessoa: através da relação com essa pessoa repete-se uma história de vínculos em um tempo e em espaços determinados. Por essa razão, o vínculo se relaciona com a noção de papel, status e comunicação. (PICHON-RIVIERE, 2001, p.81).
O conhecimento social, a forma de conhecimento criada na interação
entre as pessoas, é construída pelas crianças a partir de suas relações sociais
e familiares. Diante disso, percebe-se a necessidade de o aluno estabelecer
vínculos com o seu grupo de iguais, por isso, a importância para criança
frequentar a educação infantil, pois estará no meio social pertinente e favorável
em todos os aspectos onde poderá estabelecer suas relações sociais e
culturais.
VYGOTSKY (1987, p.64) formulou a Lei de Dupla formação, em que
considera que no desenvolvimento da criança, todas as funções aparecem
duas vezes: primeiro no nível social e depois no nível individual: segundo entre
as pessoas (interpsicológico) e depois no interior da criança (intrapsicológico),
quando a esta apropria do conhecimento. Afirma ainda que a internalização é a
reconstrução interna de uma operação externa, não uma cópia desta.
Para VYGOTSKY essa lei é a mais importante no desenvolvimento do
psiquismo, pois considera que o desenvolvimento do indivíduo tem lugar
quando a regulação interpsicológica se transforma em regulação
intrapsicológica, onde essa interação é a origem e o motor da aprendizagem e
do desenvolvimento intelectual.
Os pais também devem exercer a função educadora, ensinando as
regras necessárias ao convívio social, entretanto a família é a chave principal
do desenvolvimento pleno do ser humano. É na família que está o segredo do
sucesso, então cabe à ela exerce seu papel, junto à outras instituições com
parceria buscando alcançar plenamente os objetivos de formação do cidadão.
54
É na família que se espera seja o meio mais adequado para que criança se
desenvolva em todos os aspectos. A criança precisa além do limite e do
carinho de seus familiares, ela precisa se saber amada pelos seus para crescer
se sentindo segura, uma criança que vive num meio instável e desfavorável
encontrará muitas dificuldades, sendo que essa família deveria por sua própria
natureza ser a grande incentivadora e mantenedora.
2.4 - O Professor
No atual momento político, social e cultural o professor passa por uma
completa desvalorização em todos os níveis da sua função, e mesmo heróicos
sobreviventes da classe, precisam superar baixos salários, condições de
trabalho precárias e ainda assim e Ensinar exige respeito aos saberes dos
educandos, exige ética, rigorosidade metodológica, criticidade, riscos,
aceitação do novo e rejeição de qualquer forma de discriminação. O que
precisamos perceber é que a rigorosidade dos saberes que compete ao
professor não é incompatível com a sua amorosidade e afabilidade necessárias
às relações educativas, isso não vai diminuí-lo perante os alunos ao contrário,
vai permitir que os alunos sintam-se acolhidos. Essa postura ajuda a construir o
ambiente favorável à produção de conhecimento.
Não se trata de atribuir, ao professor a responsabilidade e a culpa
isolada pelo fracasso escolar, entretanto, há razões maiores (externas à
escola) que causam ou sustentam o insucesso escolar do aluno de classes
menos favorecidos.
Se com isso, o professor souber compreender o processo
desenvolvimento de cada aluno estará respeitando o aluno assimilando que o
conhecimento não se processa da mesma maneira para todos. O professor
deve saber que o desenvolvimento e a aprendizagem não são resultados
apenas do meio externo nem somente das capacidades do ser humano, mas
sim da articulação e a interação Homem-Mundo.
55
Seria injusto acreditar que somente ao professor cabe a responsabilidade
pelas dificuldades de aprendizagens dos alunos, as adversidades encontradas
em sala de aula muitas vezes deixam profundamente no professor um
sentimento de impotência e solidão, diante de um quadro que parece sem
perspectivas de melhoras sociais e culturais.
Então, é preciso ser coerente e competente em sua prática cotidiana
pedagógica, de nada adianta o discurso competente se a ação pedagógica é
impermeável a mudanças, senão o discurso fica vazio. Mas, um professor que
seja consciente, dinâmico, criativo, observador, capaz de improvisar e criar em
cima do inesperado e não apenas sendo mero reprodutor e que desempenhe a
sua função com muito amor e respeito por seus alunos.
Assim sendo, é necessário saber ser, saber conhecer, saber fazer e o
saber mais necessário que é ter humildade para reconhecer que não sabemos
tudo e que nem temos varinhas mágicas solucionarmos todas as questões
inerentes aos alunos e suas peculiaridades. De modo que o professor
compreenda a existência do sujeito vinculada às suas relações, que este
estabelece com as outras instituições as quais também pertence como a
família e a sociedade.
No entanto, um professor bem posicionado pedagogicamente e
politicamente faz toda a diferença na aprendizagem e porque não dizer na vida
dos alunos. Estar bem posicionado politicamente significa que esse professor
sabe que a Educação não é uma ação neutra, ou seja, está impregnada de
intenções e que esses saberes necessários contribuíram de forma a dar
qualidade no processo educativo de cada aluno. A intencionalidade ao escolher
os materiais e/ou livros didáticos, os conteúdos, tudo isto e muito mais, o
professor é convidado a fazer escolhas e para fazê-las, é preciso ter clareza do
vale a pena para o contexto e para vida dos alunos. Este professor sabe que
sua tarefa contém implicações políticas, sociais e culturais e que estas
56
implicações direcionadas para uma educação de qualidade e uma formação
capaz de preparar o sujeito em todos os aspectos.
Então, ser professor/educador comprometido com a Educação nesse
país é lutar diariamente contra gigantes de todas as naturezas e sem sabermos
se ao final teremos algum valor real, pois, por mais que busquemos uma
formação contínua, ainda assim, não se tem salários dignos e nem boas
condições de trabalho.
Assim exige-se que o profissional da educação seja além de habilitado,
feliz e satisfeito com a profissão escolhida para que possa desenvolvê-la com
muito amor, pois seus alunos merecem se sentir amados por seus professores.
2.5 - O Aluno
A criança quando chega à Escola ela pensa encontrar um mundo
mágico, cheio de alegrias e fantasias e que aos poucos ou até mesmo de
forma abrupta ela descobre que a escola e os professores não são como ela
esperava e muitas vezes essa criança ao se sentir de alguma forma rejeitada,
também passa a rejeita essa instituição.
A criança nos desafia porque ela tem uma lógica que é toda sua, ela
procura maneiras peculiares de se expressar, pois a criança é capaz de viver
em um mundo do seu através do brinquedo, do sonho e da fantasia. As
crianças nos fazem enfrentar outro desafio constante que é perceber o quanto
são diferentes e que esta diferença não deve ser desprezada e muito menos
desvalorizá-las pela desigualdade que estes apresentam.
Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo é um grande desafio que a Educação e de seus profissionais. Embora os conhecimentos derivados da psicologia, antropologia, sociologia, medicina etc., possam ser de grande valia para desvelar o universo infantil
57
apontando algumas características comuns do ser criança, elas permanecem únicas em suas individualidades e diferenças. (Referencial Curricular para a educação infantil, 1998, p.22).
Em relação aos alunos os professores se queixam da indisciplina e o
quanto encontram dificuldade em despertar seu interesse, porque não
percebem que os tais conteúdos estão defasados em relação ao contexto que
estão inseridos na vida.
58
CAPÍTULO III
IMPLICAÇÕES POLÍTICAS E SOCIAIS NA EDUCAÇÃO
Dentre os problemas da educação no Brasil, os referentes ao fracasso
escolar estão entre os mais persistentes e, segundo o senso comum refere-se
à má qualidade da escola pública Brasil, expressos nos mais altos índices de
repetência, no analfabetismo, na baixa proficiência dos alunos, em suas
instalações precárias, na ausência de bibliotecas.
Também são recorrentes: a desqualificação dos professores,
desvalorização salarial, suas práticas autoritárias preconceituosas e
descontextualizadas com a realidade do aluno e sua atual perspectiva de vida.
Assim concebido, o fracasso escolar apresenta-se como problema
inerente ao sistema público brasileiro de ensino, cujos indicadores parecem
referir-se a problemas naturais.
O Brasil deveria ter a Educação como a grande aliada, mas ao contrário,
a Educação é considerada um dos principais obstáculos para o
desenvolvimento do país. Tem sido recorrentes a adoção de medidas, pactos e
reformas educacionais voltados ao compromisso de todos com a Educação e a
mobilização popular cuja reivindicação é por uma Educação de qualidade e que
esteja comprometida com a transformação que deve ocorrer no sujeito que
consegue alcançar sua autonomia e cidadania plena.
Atualmente está em curso em nosso país, por exemplo, o movimento
“Compromisso Todos pela Educação” com o qual se pretende até 2022, ano do
bicentenário da Independência do Brasil, que todas as crianças e jovens
tenham conseguido acesso à educação básica de qualidade, isto é, que
59
tenham sido garantidas às crianças e jovens brasileiros as condições de
acesso, permanência, sucesso escolar e a consequente conclusão de sua
escolarização básica.
O fracasso escolar tem data para ser superado: 2022. Nesse campo, no
entanto, muitas datas já foram estabelecidas com o mesmo fim, como a
erradicação do analfabetismo, nos anos de 1970, quando foi implantado, pelo
governo militar, o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral); a
universalização até o ano 2000 da educação básica de qualidade, para
crianças, jovens e adultos, conforme recomendações da Conferência Mundial
de Educação para Todos, realizada em Jomtien, Tailândia, em 1990.
A princípio, o Brasil parece caminhar para tal superação, especialmente
quando considerados os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios de 2006 (PNAD/2006) que indicam a melhoria da educação no
Brasil na maioria dos aspectos pesquisados. A taxa de escolarização
apresentava sensível melhora: do total aproximado de 173 milhões de pessoas
com mais de cinco anos de idade, 32% encontravam-se na escola. O maior
número de estudantes situava-se na faixa etária de sete a quatorze anos, 32,5
milhões de alunos, cuja taxa de escolarização era de 97,6%, embora, em
certas regiões, esse dado já indicasse quase 100% de escolarização; nas
regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a frequência à escola era em torno de
98%; na região Norte, 96% e, no Nordeste, era de 96,9%.
Entretanto, a média brasileira de escolarização era, em relação à faixa
etária de cinco a sete anos, de 84,6% e à faixa de 15 a 17 anos, de 82,2%.
Destaque-se que, em todas as faixas de idade, a mulher tem marcado maior
presença na escola.
Havia, no país, 14,9 milhões de brasileiros, com mais de dez anos, que
eram analfabetos, número expressivo, mas já indicando melhora, pois, em
60
2006, esses representavam 9,6% da população com mais de dez anos contra
os 10,2% de 2005.
Considerando as desigualdades regionais, as taxas de analfabetismo
referentes a essa população eram de 18,9% no Nordeste, de 10,3% na região
Norte, de 5,2% no Sul e de 5,5% no Sudeste, encontrando-se, em todas as
regiões, maior número de analfabetos entre os homens, exceto na região
Centro-Oeste, na qual a taxa de analfabetismo foi a mesma para ambos os
sexos: 7,5%. Foi constatada, também, de 2005 para 2006, redução mais
significativa das taxas de analfabetismo no Norte e no Nordeste, de 29,7% para
28,5% e de 37,5% para 35,5%, respectivamente. Merece destaque o fato de
que, em todo o Brasil, cerca de 90% dos analfabetos têm acima de 25 anos. Os
dados da PNAD/2006 indicavam, ainda, que o tempo médio de estudo no Brasil
era de 6,8 anos, 3% a mais do que em 2005, sendo que, na região Norte, esse
indicador era de 6,2 anos; no Nordeste de 5,6 anos; no Sudeste era de 7,5 e na
região Sul, de 7,2 anos. No Brasil, as mulheres tinham, em média, sete anos de
estudo e os homens, 6,6 anos.
Para a realização da PNAD/2006, foram entrevistadas 410.241 pessoas
em 145.547 municípios em todo o Brasil, por amostra probabilística de
domicílios.
Graves são os problemas de Educação que permanece em nosso país,
de acordo com a PNAD/2006, dentre outros estão os indícios de:
a) A redução da taxa de matrícula no sistema público de ensino: em 2006, a
rede pública de ensino teve 311 mil alunos a menos do que em 2005,
representando redução de 0,7%, ao passo que a rede privada teve acréscimo
de 263 mil novos alunos;
b) A permanência no Nordeste de grande número de analfabetos, 18,9%, e a
existência ainda de 23,6% de analfabetos funcionais no Brasil;
c) A taxa de defasagem idade/série, baseada no número de crianças com
idade no mínimo dois anos superior à recomendada para cada série, era maior
61
nas quatro séries finais do ensino fundamental, 31,4%, contra os 20,7% das
quatro séries iniciais;
d) A baixa proficiência dos alunos, conforme tem indicado o sistema de
avaliação do ensino básico.
e) Dentre os aspectos investigados na PNAD/2006, porém, as taxas de
analfabetismo, analfabetismo funcional e frequência escolar expressavam
diferenças significativas em relação à distribuição por grupos étnicos e raciais:
no ano de 2006, entre cerca de 14,9 milhões de analfabetos brasileiros, mais
de 10 milhões eram pretos e pardos, enquanto, para a população de 15 anos
ou mais, as taxas foram de 6,5% para brancos e de 14% para pretos e pardos.
Esse grupo populacional apresentava taxa de analfabetismo funcional de
27,5% para pretos, 28,6% para pardos e 16,4% para brancos. Também em
relação à média de estudos, os brancos apresentavam tempo de estudo de 8,1
anos e os pretos e pardos, uma média de 6,2 anos.
Mesmo considerando o nível de escolarização, os rendimentos dos
brancos eram, em média, 40% mais elevados que os dos negros e pardos.
Essa desigualdade também foi constatada em relação à participação na
apropriação da renda nacional.
De acordo com o IBGE, são analfabetos funcionais, as pessoas maiores
de 10 anos que não completaram quatro anos de estudos e que não
conseguem ler sozinhas ou interpretar algum tipo de informação recebido.
Apesar de suas profundas desigualdades, o país ainda foi incluído no
grupo de países com desenvolvimento humano elevado, apresentando o Índice
GINI de 55,905. Mas a melhoria destes indicadores em um país em que as
desigualdades sociais são imensas requer análise e compreensão numa
perspectiva histórica: de acordo com a PNAD/2006, o número de pessoas em
condições de extrema pobreza era de 21,7 milhões em todo o Brasil 34,5
milhões de pessoas não tinham acesso à coleta de esgotos nas áreas urbanas,
62
sendo que apenas um terço do esgoto coletado recebia algum tipo de
tratamento.
Também aqui, os dados da PNAD/2006 indicam, ainda, que as
desigualdades sociais são mais intensas em relação aos negros: 18,7% de
brancos não têm serviço simultâneo de água, esgoto e coleta de resíduos e,
entre os negros, esse índice sobe para 35,9%. Apesar de alguma melhoria, os
dados também indicam maior taxa de desemprego e informalidade entre os
negros.
Assim, a "universalização" do acesso ao ensino fundamental ocorre sob
condições históricas específicas, resultando em outros processos
reciprocamente determinados de inclusão e de exclusão que se repõem em
patamares cada vez mais sutis, mas sempre referidos às classes populares,
isto é, aos alunos cujas famílias apresentam níveis de consumo próximos aos
mínimos socialmente necessários para a subsistência. Num país como o Brasil,
a universalização da educação ainda é promessa à medida que as
desigualdades sociais ainda impõem limites ao acesso, à permanência e à
qualidade da Educação.
As desigualdades sociais expressam-se nas desigualdades escolares e
estas naquelas, na medida em que a escola vincula-se intrinsecamente à
sociedade. E nessa perspectiva, adota-se como pressuposto que o fracasso
escolar é uma produção social referida à sociedade de classes antagônicas, tal
como no trabalho de (PATTO 1993).
São considerados de extrema pobreza os indivíduos que sobrevivem
com renda familiar per capita inferior a um quarto do salário mínimo,
enfatizando-se que, se fossem retirados da renda familiar os benefícios da
previdência e da assistência, o número dos extremamente pobres subiria para
38,9 milhões (IBGE, 2007). De acordo com o Relatório de Desenvolvimento
Humano (2007/2008) publicado para o Programa das Nações Unidas para o
63
Desenvolvimento (PNUD), quanto maior o índice de GINI, menor é a
capacidade de consumo, na medida em que tal índice abarca a relação entre
desigualdade no rendimento e consumo. Apenas a título de comparação, o
índice de GINI da Dinamarca é o melhor do mundo: 24,7. Na América Latina o
melhor índice é do Uruguai, 44,9, melhor que o dos Estados Unidos da América
que é de 46,6.
Atualmente, o Brasil é o 10° em analfabetismo, o que significa que ainda
seja necessário empreender grandes esforços para se alcançar os avanços
que o país deseja até 2022.
3.1 – Implicações e Perspectivas no Processo Escolar
As implicações que as dificuldades de aprendizagens trazem para o
indivíduo são inúmeras e muitas não são superáveis e esse indivíduo terá que
aprender a conviver com suas dificuldades e limitações, através de tratamento.
É preciso considerar que as possibilidades de aprendizagem, caso estejam
apresentando alterações por questões emocionais, retardo mental, deficiência
visual ou auditiva ou por uma disfunção cerebral e que por vezes essas
disfunções cerebrais são tão sutis que afetam somente um determinado
processo de aprendizagem sem reduzir ou modificar a capacidade intelectual
dos indivíduos.
A concentração de esforços em torno das crianças com dificuldades de
aprendizagem tem implicações de longo alcance para o desenvolvimento de
melhores programas de educacionais para todas as crianças. Como dito
anteriormente, vários são os profissionais e áreas voltados para estudos
buscando descobrir o modo como as crianças aprendem e as razões pelas
quais algumas não aprendem estando no mesmo contexto escolar e muitas
vezes familiar.
64
O impacto que uma criança com distúrbio de aprendizagem, isto é, nos
aspectos da comunicação, socialização, autoajuda, ocupação, locomoção e
auto direção influi na sua educação profundamente, tanto para ela quanto para
a família e o seu meio social, em sentido geral, o problema dessa criança
apresenta um novo desafio, para a família e a escola e que deve compelir
todos em aprender e descobrir meios que favoreçam o processo de ensino
aprendizagem.
Considerando, então que sejam necessários programas, propostas e
porque não dizer tratamentos mais eficazes que possam contribuir com as
conquistas educacionais e que, portanto, contemplem o desenvolvimento
global das aprendizagens possibilitando assim o sujeito adquirir um mínimo de
autonomia e cidadania para uma vida com perspectivas sociais e culturais para
o indivíduo.
Há muitas implicações para os diagnósticos e tratamentos correto,
implicam para a melhoria dos quadros e com isso, exigindo cada vez mais que
os profissionais da educação e saúde, estejam bem preparados e habilitados,
nesse caso, sendo necessário se especializar e estar atento para minimizar os
possíveis erros advindos de uma avaliação sem critérios rigorosos. As crianças
que são encaminhadas para o processo de avaliação e que começam o
tratamento antes da educação infantil conseguem maior êxito na sua
escolaridade.
3.2 – As Implicações da Afetividade na Aprendizagem
Mas será que vocês não percebem que essas coisas que se chamam "disciplina", e que vocês devem nada mais são que taças multiformes coloridas, que devem estar cheias de alegria? Pois o que vocês ensinam não é um deleite para a alma? Se não fosse, vocês não deveriam ensinar. E se é, então é preciso que aqueles que recebem seus alunos, sintam prazer igual ao que vocês sentem. Se isso não acontecer, vocês terão fracassado na sua missão, como a cozinheira que queria oferecer prazer, mas a comida saiu salgada e queimada. O mestre nasce da exuberância da felicidade. E, por isso mesmo, quando perguntados sobre a sua profissão, os
65
professores deveriam ter coragem para dar a absurda resposta: "Sou um pastor da alegria..." Mas, é claro que somente os seus alunos poderão contestar da verdade da sua declaração (HESSE, 1996).
O aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento
intelectual, podendo acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento,
determinando inclusive sobre que conteúdos a atividade intelectual se
concentrará. Na teoria de Piaget (1987), o desenvolvimento intelectual é
considerado como tendo dois componentes: um cognitivo e outro afetivo. Onde
paralelo ao desenvolvimento cognitivo se encontra o desenvolvimento afetivo.
Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e
emoções em geral, o afeto apresenta várias dimensões, incluindo os
sentimentos subjetivos (amor, raiva, depressão) e aspectos expressivos
(sorrisos, gritos, lágrimas). Na visão de Piaget, o afeto se desenvolve no
mesmo sentido que a cognição ou inteligência. E é a responsável pela ativação
da atividade intelectual.
Piaget em seus vários livros descreveu cuidadosamente o
desenvolvimento afetivo e cognitivo do nascimento até a vida adulta,
centrando-se na infância, com suas capacidades e habilidades afetivas e
cognitivas expandidas através da contínua construção, as crianças tornam-se
capazes de investir no afeto e terem sentimentos validados nelas mesmas.
Neste aspecto, a autoestima mantém uma estreita relação com a motivação ou
interesse da criança para aprender e cabe também à família e a escola manter
e fazer com que a criança não perca o foco do seu interesse.
O afeto é o princípio norteador da autoestima, a criança após ter
desenvolvido o vínculo afetivo, a aprendizagem, a motivação e a disciplina
passa a ser um 'meio' para conseguir o autocontrole pessoal e seu bem estar.
Segundo BOSSA (2002), busca-se melhorar a escola introduzindo no
ideário pedagógico a noção de afetividade, onde segundo a autora a
66
afetividade sempre esteve e estará presente na relação pedagógica, pois não
há relacionamento humano em que não esteja presente essa dimensão do ser.
As novas Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental apontam
para a importância do professor, considerar o aluno em sua dimensão afetiva,
onde no seu capítulo III diz que:
As escolas deverão reconhecer que as aprendizagens são constituídas pela interação dos processos de conhecimento com os de linguagem e os afetivos, em consequência das relações entre as distintas identidades dos vários participantes do contexto escolarizado: as diversas experiências de vida de alunos, professores e demais participantes do ambiente escolar, expressas através de múltiplas formas de diálogo, devem contribuir para a constituição de identidades afirmativas, persistentes e capazes de protagonizar ações autônomas e solidárias em relação a conhecimento e valores indispensáveis à vida cidadã.
Para WALLON (1992), a afetividade não é apenas uma das dimensões
da pessoa, mas também uma fase do desenvolvimento. Ele considera que, no
início da vida, a afetividade e a inteligência estão misturadas. Ao longo do
processo elas alteram preponderância, isto é, a afetividade reflui para dar
espaço à atividade cognitiva. A construção do sujeito e a do objeto alimentam-
se mutuamente, ou seja, a elaboração do conhecimento depende da
construção do sujeito. As emoções têm papel preponderante no
desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus
desejos e suas vontades. Em geral são manifestações que expressam um
universo importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos
tradicionais de ensino. As transformações fisiológicas de uma criança (ou, nas
palavras de WALLON, no seu sistema neurovegetativo) revelam traços
importantes de caráter e personalidade.
3.3 – Implicações do Fracasso Escolar
As dificuldades de aprendizagens que aparecem na infância são mais
que uma ferida aberta para a família, pode ser um sintoma. “As crianças
67
precisam pedir auxílio de alguma forma, e é como se gritassem: socorro, eu
estou aqui, me ajudem”! Além de carências afetivas e emocionais, alunos com
baixo rendimento escolar não raramente apresentam problemas
comportamentais e no relacionamento social. Separação dos pais ou
nascimento de um irmãozinho são situações que podem gerar insegurança.
Meninos e meninas que passam por abalos psicológicos quase sempre
demonstram menor interesse ou rendimento nos estudos.
Após uma anamnese — entrevista inicial com os pais, ou mesmo com
crianças maiores, que busca fazer um levantamento da vida do paciente —
costumeiramente comprova problemas emocionais e entraves em crianças com
dificuldades de aprendizagem.
Em muitos casos, aponta-se o aluno como tendo dificuldades na
aprendizagem simplesmente porque os seus processos de aprendizagem são
considerados como se fossem iguais aos do professor, e na verdade não o
são. Assim, as situações criadas para a construção do conhecimento não são
adequadas e nem promovem conflitos cognitivos capazes de fazer o aluno
evoluir em seus conhecimentos. Geralmente, se na avaliação final ele não vai
bem, se ele não corresponde às expectativas gerais, é porque tem problemas.
Falta de concentração, hiperatividade, agressividade ou lentidão são algumas
das características dos alunos apontados como portadores de Dificuldades de
Aprendizagem (DA). As dificuldades com a aprendizagem podem decorrer de
diversas causas, e os sintomas que aparecem, quase sempre, estão ligados ao
uso do instrumental simbólico, cujo domínio nos permite aprender todos os
conhecimentos do mundo – a linguagem escrita, oral, corporal, cartográfica,
matemática, visual, informática etc.
Estas dificuldades, na maioria das vezes, não são dificuldades que se
localizam dentro de um sujeito, e sim na relação entre ele e o conhecimento ou
entre ele e aqueles que ensinam.
68
Muitas vezes, estas dificuldades interferem de tal forma na vida de uma
pessoa que ela necessita de um apoio para poder enfrentar tais situações de
dificuldade. Geralmente, se na avaliação final ele não vai bem, se ele não
corresponde às expectativas gerais, é porque tem problemas. Falta de
concentração, hiperatividade, agressividade ou lentidão são algumas das
características dos alunos apontados como portadores de Dificuldades de
Aprendizagem (DA).
As dificuldades com a aprendizagem podem decorrer de diversas
causas, e os sintomas que aparecem, quase sempre, estão ligados ao uso do
instrumental simbólico, cujo domínio nos permite aprender todos os
conhecimentos do mundo – a linguagem escrita, oral, corporal, cartográfica,
matemática, visual, informática, etc. Estas dificuldades, na maioria das vezes,
não são dificuldades que se localizam dentro de um sujeito, e sim na relação
entre ele e o conhecimento ou entre ele e aqueles que ensinam.
Muitas vezes, estas dificuldades interferem de tal forma na vida de uma pessoa
que ela necessita de um apoio para poder enfrentar tais situações de
dificuldade.
Um grito de socorro. Assim pode ser definida a dificuldade de aprendizagem na infância, que atinge cerca de 10% das crianças na idade escolar, conforme indicam estudos científicos. Associadas a problemas psicológicos, cognitivos, familiares ou neurológicos próprios da criança, as barreiras no processo de aquisição do conhecimento, cada vez mais, são também atribuídas por educadores e psicopedagogos às causas externas, no âmbito da escola e das condições socioeconômicas dos estudantes. Independente de conceituações, o fracasso nos estudos é uma chaga pela forma como atinge a autoestima de meninos e meninas e pela exclusão social que projeta na vida adulta. Fonte ainda de sofrimento e apreensão para pais preocupados com o futuro dos filhos, os entraves à assimilação de conteúdos ministrados em sala de aula despontam como uma das maiores causas da repetência e evasão. Ir mal na escola, é uma situação comum em alunos desestruturados emocionalmente e que desejam chamar atenção sobre si, nos alertam (WEYNE e AGRELLO).
Ao se analisar as concepções do fracasso escolar de forma aprofundada
e as implicações que produz na vida das crianças em idade escolar das
69
classes populares. Trata-se de compreender como o discurso do fracasso
escolar, assim concebido, contribuiria para a persistência das polarizações ou
de uma circularidade das explicações, que tendem a restringir-se à busca de
suas causas e das alternativas de sua superação. Embora estas questões
sejam necessárias, ao serem enfatizadas, tendem a reforçar a tese de que o
fracasso escolar pode ser efetivamente superado nessa particularidade
histórica, o que não é possível, sobretudo devido às intensas desigualdades
sociais no Brasil.
Além disso, contribuem para legitimar os princípios liberais que mantêm
a sociedade vigente. Assim, a princípio, a discussão acerca da desigualdade
social no âmbito da sociedade de classes e suas implicações para a educação
dos alunos das classes populares seriam os elementos básicos desta
pesquisa. Entretanto, ao longo do tempo a questão da desigualdade social foi
perdendo espaço à medida que a pesquisa indicava que as relações entre
fracasso escolar e cultura tornavam-se mais evidentes do que as relações
entre fracasso escolar e desigualdades sociais.
É necessário explicitar que o estabelecimento de relações entre fracasso
escolar e cultura não é novo no Brasil, mas, ao contrário, está na origem do
discurso acerca do fracasso da escola pública brasileira.
Então, estudos e pesquisas foram demandados no sentido de entender
a dicotomia entre Escola e Cultura, estudo exaustivo da cultura, isto é, das
tradições, das instituições, dos costumes, das crenças e aptidões do campo
investigado, buscando alternativas realistas aos problemas sociais e escolares,
os pesquisadores incomodados com os altos índices de evasão e reprovação
assim como a suposta democratização do ensino, elaborando um discurso
contraditório, à medida que a democratização do ensino e da igualdade de
oportunidades educacionais surgiam.
70
Essa problemática levantada pelo discurso do fracasso da escola pública
no Brasil indica que as causas do fracasso escolar estariam, sobretudo, na
própria escola, embora não desconsideram a responsabilidade do aluno pelo
fracasso escolar.
As implicações do fracasso da Escola Pública estão na sua ineficiência
e inadequação em servir à comunidade numa relação cultural e social que as
aproxime nas inter-relações necessárias aos saberes, onde se possam
desenvolver as relações culturais e sociais que implicariam nas altas taxas de
evasão e repetência escolar que ocorre no país inteiro, variando de região para
região.
Nessa perspectiva identificada pelo indivíduo que o fracasso escolar
estaria superado à medida que o foco da escola se fizesse presente nos
estudos preparatórios e de formação dos docentes e demais envolvidos no
processo escolar, pois, com docentes qualificados adequadamente, muitos
desses problemas escolares seriam eliminados com boas estratégias na
prática pedagógica cotidiana de ensino-aprendizagem.
Embora sejam questões necessárias, ao serem enfatizadas, tendem a
reforçar a tese de que o fracasso escolar pode ser efetivamente superado
nessa particularidade histórica, o que não é possível, sobretudo devido às
intensas desigualdades sociais no Brasil. Além disso, contribuem para que os
processos que mantêm a escola no campo dos interesses dominantes, tanto da
sociedade dominante, como daqueles que dominam os saberes exercendo
igualmente a força da dominação: Professor x Aluno, mantendo-se assim,
arraigados esse tipo de relação entre os dominantes e os dominados. De modo
que, possa parecer não haver outra opção para o indivíduo. Além disso,
contribuem para legitimar os princípios liberais que mantêm a sociedade
vigente.
71
É necessário explicitar que o estabelecimento das relações entre
fracasso escolar e cultura não é novo no Brasil. Ao contrário, está na origem do
discurso acerca do fracasso da escola pública brasileira, mas a problemática é
abordada por intermédio de questões referentes à repetência, evasão,
defasagem entre idade e série, analfabetismo, avaliação, currículo,
construtivismo, questões relacionadas às políticas educacionais, como
regularização do fluxo escolar, escola em ciclos, promoção automática, além
de temáticas relacionadas à própria concepção de escola e de sociedade,
como democratização, exclusão/inclusão e escola para classes populares.
Então, para que haja uma Educação de qualidade e qualificada
precisamos ter uma formação coerente com as necessidades contemporâneas
da sociedade e sermos capazes de desenvolver cidadãos plenos que possam
atuar juntos à essa mesma sociedade de forma ética e justa para com todos.
72
CONCLUSÃO
O objetivo desta pesquisa foi buscar o aprofundamento de como se
originam e processam as dificuldades de aprendizagens e suas implicações no
processo escolar e como influenciam o desenvolvimento cognitivo, social e
cultural dos indivíduos no contexto escolar.
Com essa pesquisa, percebemos que ainda há a grande dificuldade por
parte de todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, há uma
dificuldade real de como fazer aquele aluno que exige uma demanda seja para
entender a proposta dada, seja no tempo maior que irá necessitar para concluir
suas atividades, uma vez que "todos e cada um" têm seu próprio tempo
aprender e amadurecer nos aspectos emocionais e cognitivos e até nas
relações sociais.
Portanto, ficou claramente visível que nem sempre a Escola irá dar conta
de todas as demandas de determinados alunos, sendo necessário haver uma
articulação entre todas as equipes pedagógicas e de assistências/especialistas,
pois, o tripé: família/escola/sociedade deveriam garantir além da construção
dos conhecimentos e a formação da cidadania, seria formar, preparar,
qualificar para o saber conhecer, saber fazer, adaptados e contextualizados
com a vida e as transformações que estão ocorrendo no planeta.
A Educação precisa garantir os direitos de aprendizagens, de modo que
todos os envolvidos no processo sejam parceiros em busca dessa qualidade
permanente e irrevogável.
Inclusive, o grau de esforços a serem mobilizados, articulados na
política, demonstra o quanto todas as instâncias, Municipal, Estadual e Federal,
por meio de suas secretarias e Conselhos de Educação devem assumir cada
vez mais a responsabilidade de articular e coordenar junto a outras secretarias
73
de Saúde, Assistências, Trabalho e Justiça e para tanto é preciso que haja um
permanente diálogo as instâncias citadas, e que precisam promover bem estar
e qualidade de vida a essa parcela da sociedade, que ainda estão sob a tutela
tanto das famílias quanto do Estado.
Entretanto, os esforços a ser mobilizados exige a presença de uma
Escola que assuma seu papel de articulação entre os Saberes Culturais e
Sociais de cada aluno, aceitando esse aluno como ele está e o quanto
podemos "fazer" por ele, estabelecendo um permanente diálogo entre as
partes envolvidas no processo de desenvolvimento das aprendizagens de
forma coesa e não dicotomizada, entre o aluno ideal e o real, numa prática
pedagógica responsável e ética.
Com isso, deve-se fazer implementações de diversas formas de
investimentos que possibilitem a melhor formação e qualificação dos docentes
que irão atuar diretamente com esses alunos, e cabendo a estes, o papel maior
que é promover, articular e garantir todos os esforços que forem necessários
para que haja uma educação de qualidade para todos os alunos, independente
das dificuldades, problemas, transtornos ou síndromes que possam afetar de
alguma forma a aprendizagem desses alunos.
Sendo possível, ao longo do processo superar as "dificuldades de
aprendizagem", promovendo avanços consideráveis em todos os níveis
educacionais quando se trabalha com uma proposta fundamentada
teoricamente com embasamentos capazes de possibilitar à aprendizagem tanto
ao professor quanto ao aluno, numa relação que exige um professor
comprometido com sua prática e sua busca por novas estratégias que
promovam o saber, a ética e construção do conhecimento daquele indivíduo
em pleno cidadão do amanhã.
As concepções pedagógicas implementadas no cotidiano escolar,
devem estar contextualizadas com a realidade dos alunos, os professores
74
precisam promover o ensino-aprendizagem de uma forma que atinjam mais
intrinsecamente os alunos, que alegria de ensinar encontre com a alegria de
aprender de cada aluno, independente das dificuldades de apresentadas por
eles.
Assim, percebemos o quanto depende de nós e o quanto depende do
outro, mas, sobretudo, não podemos nos deixar engessar pelo descaso do
"Poder", que visa exatamente que o "Pobre continue recebendo uma educação
pobre", para que continue marginalizado socialmente e culturalmente, sem
perspectivas de sucesso escolar, garantindo, assim a cultura do fracasso
escolar de forma cada vez mais permanente, tirando assim a chance do país
crescer, além das suas de suas fronteiras.
75
BIBLIOGRAFIA
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de Janeiro: WAK, 2011.
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edição. Rio de Janeiro: WAK, 2013.
Sampaio, SIMAIA. Dificuldades de Aprendizagem, a Psicopedagogia na
relação sujeito, família e escola. 3ª edição. Rio de Janeiro: WAK, 2011.
Weiss, Maria Lúcia LEMME. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica
dos Problemas de Aprendizagem Escolar. 14ª edição. Rio de Janeiro:
Lamparina, 2012.
Relvas, Marta Pires, (Org.). Que Cérebro é esse que chegou à Escola. 1ª
edição. Rio de Janeiro: WAK, 2012.
Relvas, Marta Pires. Neurociência e Transtornos de Aprendizagem, As
Múltiplas Eficiências para uma Educação Inclusiva. 5ª edição. Rio de Janeiro:
WAK, 2011.
Relvas, Marta Pires. Neurociência na Prática Pedagógica. 1ª edição. Rio de
Janeiro: WAK, 2012.
Bossa, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática.
4ª edição. Rio de Janeiro: WAK, 2011.
Campos, Maria CELIA Rabello Malta, (Org.). Atuação em Psicopedagogia
Institucional: brincar, criar, e aprender em diferentes idades. 1ª edição. Rio de
Janeiro: WAK, 2012.
Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia, Saberes Necessários à Prática
Educativa. 35ª edição. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
Antunes, Celso. A Linguagem do Afeto: Como Ensinar Virtudes e Transmitir
Valores. 3ª edição. Campinas/SP: PAPIRUS, 2005.
76
ANEXOS
ESTUDO DE CASO
Este trabalho é fruto de uma experiência na área de pedagogia que se
realizou em uma escola pública de Niterói/RJ, Escola Municipal Padre Leonel
Franca situada no Pólo de Niterói/RJ que se localiza na rua: Santos Moreira,
dentro de um prédio, que possui o mesmo nome, localizado no bairro de Santa
Rosa,Niterói/RJ.
Onde foi realizado e idealizado como um instrumento de
compreensão/reflexão sobre a atuação do professor na instituição escolar,
tendo o aluno como fruto dessa relação teoria x prática. Tendo como objetivo
identificar as diferenças e dificuldades de aprendizagem nas etapas do
desenvolvimento cognitivo, bem como pesquisar a importância da afetividade e
das relações familiares no processo de aprendizagem, a fim de poder
compreender o que ocorria com as crianças atendidas nesse Pólo de
atendimento educacional, por apresentarem algum tipo de dificuldade na
aquisição de conhecimentos educacionais no seu dia a dia dentro da sala de
aula.
Foi então, que me encaminharam uma aluna da classe de alfabetização,
2º ciclo, com idade de oito anos, do próprio colégio, que ainda não estava
sendo atendida pela Educação Especial, e que vinha apresentando muita
dificuldade no processo ensino-aprendizagem; Amanda (nome fictício) foi
encaminhada por sua professora, que definiu a mesma como uma aluna muito
distraída, que faltava muito as aulas e que tinha muita dificuldade em organizar
o seu processo de escrita e de leitura. Em certos momentos, na classe,
mostrava-se agressiva com os colegas, batendo, beliscando e empurrando.
Sentia muita dificuldade em copiar lições e recados da lousa.
77
Para o atendimento da Amanda utilizei os argumentos de dois teóricos
da área de Psicopedagogia: Jorge VISCA e WEISS.
WEISS define que o objetivo básico do diagnóstico psicopedagógico é
identificar os desvios e os obstáculos básicos no Modelo de Aprendizagem do
sujeito que o impedem de crescer na aprendizagem dentro do esperado pelo
meio social (2003, p. 32).
O compromisso da psicopedagogia é buscar a compreensão do
processo de aprendizagem, identificando fatores que facilitem transpor
obstáculos que comprometam esse processo. Uma vez identificados através do
diagnóstico psicopedagógico, a intervenção se dá com foco na qualidade da
relação professor-aluno no processo de aprendizagem.
O diagnóstico possui uma grande relevância tanto quanto o tratamento,
pois ele mexe de tal forma com o paciente e sua família que, por muitas vezes,
chegam a acreditar que o sujeito teve uma melhora ou tornou-se agressivo e
agitado no decorrer do trabalho diagnóstico. O diagnóstico deve ser realizado
com muito cuidado observando o comportamento e mudanças que isto pode
acarretar no sujeito.
Antes de se iniciar as sessões com Amanda, fez-se necessária uma
entrevista de reminiscência com a mãe (Anamnese), objetivando colher
informações como:
- Identificação da criança: nome, filiação, data de nascimento, endereço, nome
da pessoa que cuida da criança, escola que frequenta, série, turma, horário,
nome da professora, irmãos, escolaridades dos irmãos, idade dos irmãos.
- Motivo da consulta.
- Procura do Psicopedagogo: indicação.
- Atendimento anterior.
- Expectativa da família e da criança.
- O relacionamento familiar entre os pais e os filhos.
78
- Esclarecimento sobre o trabalho psicopedagógico.
- Definição de local, data e horário para a realização das sessões e honorários.
VISCA sugere o seguinte esquema sequencial proposto pela epistemologia
convergente:
1. Entrevista inicial de contrato com os responsáveis;
2. Realização da E.O.C.A. (Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem)
com o sujeito;
3. Aplicação das provas operatórias de Piaget e provas projetivas
psicopedagógicas;
4. Anamnese com os pais ou responsáveis;
5. Entrevista, com o sujeito e os responsáveis, para devolução e
encaminhamento.
Os pais projetam em seus filhos, muitas vezes, seus desejos de acertos,
sucesso e de promissão, gerando com isso uma carga muito grande de
ansiedade. Esperam que os filhos superem tudo com muita facilidade.
Os pais, invariavelmente ainda que com intensidades diferentes, durante a anamnese tentam impor sua opinião, sua ótica, consciente ou inconscientemente. Isto impede que o agente corretor se aproxime ‘ingenuamente’ do paciente para vê-lo tal como ele é, para descobri-lo (Id. Ibid., 1987, p. 70).
Os profissionais que optam pela linha da Epistemologia Convergente
realizam a anamnese após as provas para que não haja "contaminação" pelo
bombardeio de informações trazidas pela família, o que acabaria distorcendo o
olhar sobre aquela criança e influenciando no resultado do diagnóstico.
Porém, alguns profissionais iniciam o diagnóstico com a anamnese. É o caso
de Weiss. Esta diferença entre os autores não altera o resultado do
diagnóstico.
No caso de Amanda, resolvi iniciar com a Anamnese, pois assim estaria
colhendo maiores informações a respeito da criança, que pudessem orientar
79
qual o tipo de sessão que deveria ser aplicada com a paciente. Buscando
maiores informações sobre o seu histórico familiar, escolar e clínico.
Onde ao final da entrevista constatei que, a família de Rebeca e de uma classe
social muito pobre e carente, onde a mesma tem que dividir um pequeno
cômodo com mais de 10 pessoas.
Sua família não possui instrução e, no caso da mãe, a mesma não
possui nem o nível fundamental e não tem como ajudar a filha no processo de
aquisição do conhecimento, e apesar de seus pais serem casados, a figura
paterna era totalmente omissa e ausente na vida de Amanda. Tampouco
contribuindo, sequer com estímulos ou elogios para que a menina alcançasse
algum sucesso escolar.
A mãe fez crítica negativa sobre a menina, elogiando a irmã mais nova,
que também estuda no mesmo colégio e que está na sua mesma classe, já que
Rebeca está atrasada em relação a sua idade.
No que diz respeito ao trato verificou-se que a menina frequentemente
chega suja ao colégio, não tendo por parte de sua mãe grande zelo pelo seu
uniforme de colégio. A mãe não estabeleceu um vínculo de afeto com essa
filha e não consegue fazer uma relação positiva, o que se traduz no seu baixo
desempenho escolar, falta de interesse e motivação.
80
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
EPÍGRAFE 3
AGRADECIMENTOS 4
DEDICATÓRIA 5
RESUMO 6
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I
APRENDIZAGEM 13
1.1 COMO SE PROCESSA A APRENDIZAGEM 14
1.2 PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM 17
1.3 FATORES QUE CAUSAM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 20
CAPÍTULO II
FRACASSO ESCOLAR 46
2.1 O CONCEITO DO FRACASSO ESCOLAR 49
2.2 A ESCOLA 51
2.3 AS RELAÇÕES FAMILIARES E OS VÍNCULOS SOCIAIS 52
2.4 O PROFESSOR 54
2.5 O ALUNO 56
CAPÍTULO III
IMPLICAÇÕES POLÍTICAS E SOCIAIS NA EDUCAÇÃO 58
3.1 IMPLICAÇÕES E PERSPECTIVA NO PROCESSO ESCOLAR 63
3.2 AS IMPLICAÇÕES DA AFETIVIDADE NA APRENDIZAGEM 64