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UNIVE PÓS- AVM O M Por Profª. E 1 ERSIDADE CANDIDO MENDE -GRADUAÇÃO “LATO SENSU M FACULDADE INTEGRADA MUNDO DOS CONTOS DE FADAS DAWN CIMENA BRATHWAITE Orientador EDLA LUCIA TROCOLI XAVIER DA SIL Rio de Janeiro 2016 ES U” A S LVA DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · contos de fadas, suas características e objetivos, destacando como parte fundamental para o desenvolvimento das estórias, a magia

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UNIVER

PÓS-

AVM

O MU

Por

Profª. ED

1

NIVERSIDADE CANDIDO MENDES

-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O MUNDO DOS CONTOS DE FADAS

DAWN CIMENA BRATHWAITE

Orientador

EDLA LUCIA TROCOLI XAVIER DA SILV

Rio de Janeiro

2016

NDES

NSU”

DA

DAS

SILVA

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EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O MUNDO DOS CONTOS DE FADAS

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em EDUCAÇÃO

INFANTIL E DESENVOLVIMENTO.

DAWN CIMENA BRATHWAITE

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me auxiliado

em todos os momentos desse trabalho,

dando-me tranqüilidade, persistência e força

para que conseguisse elaborar a minha

monografia.

Seria imperdoável de minha parte,

deixar de agradecer àqueles que

colaboraram, direta ou indiretamente comigo,

para a realização desse trabalho. Ao meu

esposo, Carlos Eduardo, que nos momentos

que precisava ler, estudar, escrever, cuidou

de nossa filha Ellis, suprindo (quase) todas as

suas necessidades e fazendo o possível para

não precisar recorrer ao meu auxílio pois

sabia o quanto era importante eu me isolar no

silêncio para fazer a monografia. À

professora, Edla Trocoli, não somente por ter

me orientado mas especialmente pelo

carinho que teve comigo durante o curso.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu esposo

Carlos Eduardo, a minha filha Ellis, aos meus

pais Glauce e Antonio e a minha irmã

Gwendolyn.

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RESUMO

Proporcionar uma análise sobre o universo dos contos de fadas, com as

suas principais características e objetivos e,principalmente, conseguir entender

como e por que esse gênero literário exerce forte fascínio no infância,

podendo auxiliar significativamente na aprendizagem dos alunos da educação

infantil, .

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METODOLOGIA

O trabalho de monografia foi embasado através do uso de teorias e seus

teóricos do conhecimento da psicologia que pesquisaram os principais

símbolos, representações dos Contos de Fadas, e ratificando que esses

conteúdos fazem parte do desenvolvimento humano, desde a infância até a

velhice.

A teoria de Bruno Bettelheim, explicitada em seu livro A psicanálise dos

contos de fadas, utilizou os contos de fadas como ferramenta de trabalho,

tendo fundamental importância para o embasamento teórico dessa

monografia.

Outros autores acrescentaram à pesquisa, tais como Nelly Novaes

Coelho e Nazira Salem. Estes também trabalharam de forma objetiva os

Contos de Fadas, com a finalidade de atuar com crianças, disponibilizando,

assim, de técnicas conhecidas e outras para auxiliar no processo de

compreensão dos conflitos humanos que surgem na infância.

No decorrer do trabalho, é percebido como os Contos de Fadas podem

ajudar no processo de inclusão e as dificuldades encontradas em escolas

regulares. O uso criativo dessa ferramenta, acrescida dos conhecimentos

teóricos disponíveis, promove a integração grupal de forma significativa.

Cabe ressaltar que, os projetos e atividades de leitura, objetivando o

hábito e o prazer, devem ser um convite à imaginação, algo que desenvolva a

leitura e a escrita. Levar para a sala de aula os mais variados contos e histórias

infantis de domínio popular, deixar que as crianças manuseiem os livros,

observem as gravuras, falem do que mais gostaram e do que não gostaram no

livro que escolheram, estas são atividades importantes para o desenvolvimento

da leitura.

Atividades previamente elaboradas e discutidas na sala de aula com os

alunos são de fundamental importância quando se quer incentivar e despertar

para a leitura. Neste caso o professor deve orientar as crianças para que

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escolham, para um determinado dia, uma história que será lida pelo professor

ou por um aluno. Reunir as crianças em círculo e contar a história escolhida.

Deixar que as crianças observem os personagens que aparecem na referida

história. Conversar com os alunos sobre a época e o lugar em que se passa a

história, sobre o papel de cada personagem. Analisar, juntamente com as

crianças, semelhanças e diferenças com a vida real. Pedir às crianças que

façam desenhos dos personagens, observando o espaço em que a história

acontece, respeitando paisagens e figurinos. Adaptar (o professor ou os

alunos) histórias contadas e escolhidas pelos alunos para fazerem a leitura

dramática.

Fazer um trabalho minucioso com as crianças, apontando ou levando-as

a descobrir elementos técnicos que fazem progredir a ação ou que explicam

espaço, tempo, características das personagens etc., aprofundará a leitura da

imagem e da narrativa e estará, ao mesmo tempo, desenvolvendo a

capacidade de observação, análise, comparação, classificação, levantamento

de hipóteses, síntese e raciocínio

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I PRIMÓRDIOS DOS CONTOS DE FADAS

CAPÍTULO II - DEFINIÇÃO E ESTRUTURA DOS CONTOS DE FADAS

CAPÍTULO III – A IMPORTÂNCIA E OBJETIVOS DOS CONTOS DE FADAS

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho de monografia é evidenciar a importância dos

contos de fadas, suas características e objetivos, destacando como parte

fundamental para o desenvolvimento das estórias, a magia.

Os contos de fadas apresentam um universo repleto de magias, reis,

rainhas, príncipes, princesas, castelos, florestas, feiticeiras e bruxas que

fascina o universo infantil.

Com o auxílio dessas estórias as crianças começam a distinguir o bem

do mal, o errado do certo, desenvolvendo aos poucos os aspecto éticos e

morais que tanto a sociedade impõem na fase adulta.

É necessária uma análise mais profunda desse gênero literário para

compreender que a fantasia, magia, por meio da qual o feio se transforma em

belo, os animais se transformam em príncipes ou princesas e que as estórias

terminam com um final feliz através do processo conhecido como redenção,

não possuem significados isolados.

Os contos de fadas estão envolvidos em um deslumbramento ou

sensação de profundo encantamento, partindo sempre de uma situação real e

passando para fora dos limites do tempo e do espaço, local este onde todos os

seres humanos imaginaram estar.

A linguagem é de fácil entendimento possibilitando a comunicação

rápida com o pensamento natural das crianças..

Nos primórdios, sabe-se que o público alvo dessa literatura eram os

adultos e não as crianças. Através desse fato, posteriormente, haverá a

explicação dessa transição e os motivos que acarretaram a mudança de

público.

No livro A psicanálise dos contos de fadas o autor Bettelheim mostrou

que os contos de fadas são ímpares, não só como uma forma de literatura,

mas como obra de arte integralmente compreensível para a criança, como

nenhuma outra forma de arte o é. O autor afirma que o significado mais

profundo dos contos de fadas será diferente para cada pessoa e diferente para

a mesma pessoa em vários momentos de sua vida.

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No primeiro capítulo foi relatada a origem dos contos de fadas.

No segundo capítulo houve a definição do gênero literário estudado,

assim como a sua estrutura e características. Os contos por possuírem

estrutura simples permitem às crianças não se perderem na estória, auxiliando

no entendimento do enredo.

No terceiro capítulo, foi demonstrada a relevância e os principais

objetivos dos contos de fadas, como por exemplo, auxiliar os pequenos

leitores na formação da sua personalidade e conceitos morais e éticos.

Entender os contos de fadas como um excelente recurso de

entretenimento, que amplia o universo criativo das crianças através da magia

presente nesse tipo de literatura, tem como conseqüência significativa o

despertar do interesse pela leitura.

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CAPÍTULO I

PRIMÓRDIOS DOS CONTOS DE FADAS

Com o crescimento da burguesia na sociedade européia durante o

século XVIII, o aumento de sua capacidade econômica e, consequentemente, a

conquista de mais poder político, resultaram em uma nova ordem social e

cultural, em que os valores da classe emergente se impunham. Para ocupar

um lugar nesse contexto, o indivíduo precisava estar apto para exercer o seu

trabalho com eficiência e dele obter lucros. Logo, passou-se investir na

educação como uma forma de preservá-lo para a vida adulta.

A partir dessa época, a infância passa a ser o centro das atenções,

condicionando a criança a desempenhar o seu novo papel na sociedade.

A autora Nazira Salem destaca:

“No século XIX, a criança começa a ser

considerada pelas ciências – psicológica ,sociológica e educacional – como um

ser diferente do adulto com capacidade e necessidades próprias ao seu

gradativo desenvolvimento.”1

Segundo ela, somente na segunda metade do século XIX, se

caracterizou a literatura infantil sem preocupação didática, despertando o

interesse e prendendo a atenção das crianças.

No século XX ocorreu a expansão da literatura infantil.

Para atingir os objetivos citados acima, os autores infantis, tão is como

Perrault e os Irmãos Grimm, introduziram os contos infantis o elemento

encantado,o fantástico, o maravilhoso.

A história dos contos de fadas e as teorias das diferentes escolas e sua

literatura evidenciam a trajetória do mundo mágico dos contos.

__________________ 1SALEM,1970, p.31

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Pelos escritos de Platão sabe-se que as mulheres mais velhas contavam às

crianças, histórias simbólicas, na maioria das vezes, mitos. Desde então, os

contos de fadas estão vinculados à educação de crianças

Existe uma informação ainda mais antiga que revela que os contos de

fadas foram encontrados nas colunas e manuscritos egípcios , sendo um dos

mais famosos a dos irmãos Anubis e Bata.

Entre os séculos XVII e XVIII, os contos de fadas eram contatos tanto

para adultos quanto para as crianças, nos centros de civilização primitivos e

remotos. Na Europa, eles costumavam ser a forma principal de entretenimento

para as populações agrícolas na época do inverno.

Ao longo da sua história, o homem vem sendo seduzido pelas narrativas

que, de maneira simbólica ou realista, direta ou indiretamente, relatam a vida a

ser vivida ou a própria condição humana, seja relacionada aos deuses, seja

limitada aos próprios homens. Portanto é possível perceber que desde os

primórdios os contos de fadas encantam e reencantam.

1.1 Charles Perrault (1628- 1703)

Charles Perrault nasceu em doze de janeiro de 1628. Sempre figurou

como o primeiro e mais famoso narrador de contos de fadas, mas foi apenas

um escritor entre outros escritores da época.

Iniciou-se na poesia burlesca (cômica), escrevendo nesse gênero: “Os

muros de Tróia ou As origens o burlesco”. Ainda criança, Perrault parodiou,

sem êxito, o livro VI da “Eneidas”. Estreou com sucesso como advogado, nos

tribunais de Paris, em 1961.

Eleito para Academia Francesa de Letras no ano de 1671, como poeta

clássico, tornou-se mundialmente conhecido como autor de uma literatura para

crianças – o gênero literatura infantil era inexistente e ele mesmo não

escreveu seus contos para elas: o conto de origem popular não contava com

prestígio algum, escrevê-los era tomar atitude contrária à estética da França

Iluminista.

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Perrault escreveu uma coletânea de contos do folclore, mas na época

em que foram escritos não deu tanta importância. Depois desses contos, ainda

escreveu muitos poemas, todos sem especial repercussão. Morreu em 1703,

sem assistir as glórias que seus contos lhe consagrariam.

Somente em fins do século XIX, quando surgiu a literatura infantil os

autores foram procurar o material literário escrito por Perrault e seus contos

foram consagrados. E, isto ocorreu , desaparecido os personagens a que seus

contos se referiam e o significado implícito que continham, eles foram

adaptados como histórias infantis.

Segundo Nazira Salem, os contos de Charles Perrault encantaram

adultos e crianças de todo o mundo. Atravessaram fronteiras do espaço e

tempo e ainda hoje, as crianças de todos os países e de todas as etnias vibram

com os contos pois foram traduzidos para todas as línguas e adaptados ao

cinema. O Gato de Botas, A Bela Adormecida, A Pele de Asno, O Barba Azul,

dentre outros, transmitem ainda hoje para as pessoas que os lêem, alegria,

magia, fantasia e despertando o imaginário.

Perrault foi um colecionador de contos com símbolos mitológicos; isto

porque na sua infância ele estudou os gregos e latinos. Traduzia o latim com

paixão e apreciava, particularmente, o tratado de Turtuliano – “vestimenta das

mulheres”, que iria lhe inspirar o conto Pele de Asno.

Interessante lembrar que a expressão “contes de fadas” é um rótulo

francês utilizado até os dias de hoje para apontar os “contos maravilhosos” de

modo genérico. Porém na metade dos contos presentes no livro de Perrault

não possuem fadas. O que está presente no final de todas as narrativas , é a

marca da moral iluminista, escrita em versos, apresentando seu caráter

extremamente utilitário.

A intenção de Perrault era significativamente realizar um trabalho de

redescoberta e recriação do maravilhoso popular.

A maioria de suas histórias ainda hoje são editadas, traduzidas e

distribuídas em diversos meios de comunicação, e adaptadas para várias

formas de expressões, como o teatro, o cinema e a televisão, tanto em formato

de animação como de ação viva.

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1.2 Os Irmãos Grimm

Seguindo o exemplo de Perraut, no início do século XIX, os alemães

Wihelm (1786- 1863) e Jacob (1785 – 1863) Grimm começaram a recolher

contos de fadas tradicionais junto aos familiares e amigos.

Dorothea Viehmann, uma excelente narradora, contribuiu com muitas

histórias, inclusive “Os doze irmão”(semelhante a “Irmã desconhecida”, que faz

parte desse livro). Os contos de fadas coletados pelos Irmãos Grimm, logo

penetraram nos lares europeus e conquistaram o coração das crianças em

todo o continentes.

O sucesso dos Irmãos Grimm incentivou outros pesquisadores a

preservar a riqueza do folclore mundial.

Eles escreveram os contos de fadas literalmente como eram contados

pelas pessoas das redondezas, mas mesmo eles não resistiram algumas vezes

em misturar um pouco as versões, mas foram honestos em mencionar isso em

notas de rodapé de algumas histórias.

Os Irmãos Grimm tinham dois objetivos básicos como pesquisa:

a) Levantamento de elementos lingüísticos para fundamentação dos

estudos filosóficos da língua alemã;

b) Fixação dos textos do folclore literário germânico, expressão

autêntica do espírito de raça.

Nas obras deles existiam:

a) CONTOS DE ENCANTAMENTO: histórias que apresentam

metamorfoses ou transformações por encantamento , na maioria das

vezes.

b) CONTOS MARAVILHOSOS: apresentam o elemento mágico,

sobrenatural, integrados naturalmente nas situações apresentadas;

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c) FÀBULAS: histórias vividas por animais, por exemplo;

d) LENDAS: histórias ligadas ao princípio dos tempos ou da

comunidade, no qual o mágico aparece como “milagre” ligado a

uma divindade;

e) CONTOS JOCOSOS: humorísticos ou divertidos.

Influenciados pelo romantismo, reuniram cerca de 200 contos e lendas

populares que publicaram sob o título de Kinder-und Hausmärchen (1812-

1815), o Contos de fadas para crianças, uma obra que alcançou sucesso

mundial e foi seguida de um trabalho de características semelhantes, Deutsche

Sagen(1816-1818), o Lendas alemãs

Paralelamente desenvolviam estudos lingüísticos que levaram a

elaboração da grandiosa gramática alemã Deutsche Grammatik (1819-1837),

na qual enunciou a lei de Grimm, que estabelecia o princípio da regularidade

das leis fonéticas. Também descobriram a metafonia, sobre a palatização das

vogais, e a apofonia, explicação das estruturas verbais a partir das variações

vocálicas, temas fundamentais para o desenvolvimento do alemão moderno.

Jacob e Wilhejm eram reconhecidos pelas numerosas publicações, mas

viviam com o pequeno salário do irmão mais novo e moravam juntos. Foi

somente em abril de 1816, que Jacob conseguiu o emprego de segundo

bibliotecário, ao lado do irmão, que até então já trabalhava há 2 anos como

secretário, com já mencionamos. Jacob, como segundo bibliotecário

emprestava, procurava e classificava as obras da biblioteca. Estava no lugar

que desejava. Nas horas de pouco movimento, realizava suas pesquisas. Estas

foram reconhecidas e condecoradas em 1819, através do recebimento

do doutorado honoris causa da Universidade de Marbourg, na qual estudara

Direito. A pesquisa dos Irmãos Grimm continuava, focando a literatura popular.

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Os dois irmãos eram alunos aplicados e ávidos por boas leituras e bons

livros. Atento a isto, seu professor,Sr. Friedrich Carl von Savigny, jurista que,

na época, descobriu textos muito antigos, os quais muito contribuíram para a

sua formação científica. O professor os convidou para frequentar sua biblioteca

particular. Também conheceram e trocaram idéias com o filósofo Johann

Gottfried, precursor do Romantismo Alemão e conhecido por afirmar, como

Brentano, que a cultura popular dos antepassados é a autêntica expressão do

espírito e da história do povo alemão.

Nomeados professores e bibliotecários da Universidade de Göttingen

(1829), foram demitidos (1837) por terem assinado o protesto dos sete de

Göttingen, dirigido contra o rei de Hanôver, por desrespeito deste a

constituição. Depois moraram em Kassel (1837-1840) até se mudarem para

Berlim, onde permaneceram trabalhando na construção de um dicionário, até

suas respectivas mortes.

Um dos maiores méritos dos Irmãos Grimm foi de levantar os perfis

culturais, em um tempo, de um determinado povo, respeitando a originalidade

sem pré conceitos, a simplicidade e a espontaneidade da fala natural das

histórias. Não distorciam “ou “mascaravam” as tradições, mesmo que estas

depusessem contra as “verdades“ de seu tempo contemporâneo.

Os dois irmãos defendiam apaixonadamente o seu método contra

aqueles que os criticavam e até os acusavam de tirar vantagens através de

seus contos e histórias. Jacob afirmava que a beleza imaculada

do “Naturliteratur” estava na pureza e transcendia o divino, o que não acontecia

com a “Kunstliteratur”, ou literatura artística. Afirmavam que a História

contemporânea descende diretamente da antiga mitologia, desconsiderada até

então.

A seguir será explicitado, separadamente, vida e obra dos Irmãos

Grimm.

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1.2.1 Wilhelm Karl Grimm ( Guilherme Carlos Grimm)

Nasceu em Hanau, em 1786. Como seu irmão Jacob Luiz, formou-se em

Direito na Universidade de Marburgo. De saúde delicada, não pode, durante

muitos anos, mesmo após a sua formatura, entregar-se a um trabalho regular.

A partir de 1814, seguiu os mesmos passos de seu irmão e foi ao

mesmo tempo que ele nomeado membro da Academia de Berlim. Os dois

irmãos colecionaram os Contos Populares (1812-1815), cuja edição definitiva

foi entregue inteiramente aos cuidados de Guilherme Carlos. No terceiro

volume, Grimm estudou as origens dos contos da Coleção, e é considerado o

fundados do Folclore. São eles: “As lendas alemães”(1816-1818), “A lenda

heróica alemã”(1829), e numerosas edições de textos do velho alemão.

Os contos dos Irmãos Grimm: Branca de Neve e os Sete Anões, João e

Maria, Mata-Sete, O Pássaro de Ouro, O Rei Corvo, etc, são conhecidos

mundialmente e foram traduzidos em todos os idiomas cultos.

Wilhelm morreu em 16 de dezembro de 1859, na academia de Berlim

fizeram uma homenagem a ele e seu irmão escrevendo em janeiro de 1860:

"No dia 16 do último mês faleceu Wilhelm Grimm,

membro da Academia, que fez brilhar seu nome à designação de linguista

alemão e coletor de lendas e poemas.”

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1.2.2 Jacob Ludwig Karl Grimm ( Jacob Luís Carlos Grimm)

Filólogo alemão, nasceu em Hanau e 1785 e morreu em Berlim, em

1863. Órfão de pouca idade, teve uma infância perturbada. Formou-se em

Direito em Maevurgo. De 1808 a 1814 desempenhou diversas funções em

Cassel, entre outras a de bibliotecário do rei Jerônimo.

Depois da queda do reino de Westphalia praticou algum tempo na

diplomacia russa, sendo nomeado bibliotecário em Cassel ( 1816). Demitido

em 1837, devido ao seu protesto contra o golpe do Estado do rei de Hanôver,

voltou a Cassel e viveu a partir de 1841 em Berlim, onde foi nomeado

membro da Academia de Ciências.

Foi o fundador da filologia germânica. Começou por publicar com seu

irmão algumas obras antigas da literatura alemã: O canto de Hildebrand, a

Súplica de Weissenbrunn (1812), O pobre Henrique (1815), Contos Populares

(1812-1815), Lendas Alemãs (1816-1818).

Dedicou-se, profundamente, aos estudos filológicos e linguístico e, de

1852 a 1858, trabalhou com seu irmão na composição do Grande Dicionário

Alemão, completado depois da morte de ambos, por um grupo de sábios.

Em 2004, a Alemanha propôs a Unesco que as histórias dos Grimm

virassem patrimônio histórico da humanidade.

Em 2005 foi lançado um filme sobre os dois irmãos, "Irmãos Grimm".

Diferentemente da vida real, no filme os irmãos acabam se envolvendo com

uma maldição verdadeira e acabam tendo que lutar contra bruxas de verdade.

Os Irmãos Grimm na verdade tornaram a fantasia acessível para as

crianças.

Um exemplo, no conto original da Chapeuzinho Vermelho, a avó da

menina acabava sendo devorada pelo lobo, mas os Irmãos

Grimm transformaram essa versão trágica em uma mais bela e agradável para

as crianças.

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CAPÍTULO II

DEFINIÇÃO E ESTRUTURA DOS CONTOS DE FADAS

Contar histórias é uma atividade privilegiada na transmissão de

conhecimentos e valores. Essa atividade tão simples quanto fundamental, pode

representar um momento de excepcional importância na vida de uma criança.

Os contos de fadas caracterizam-se pela presença do elemento “fada”,

que etmologicamente, a palavra deriva do latim fatum que significa destino,

fatalidade, oráculo. Para Bruno Bettlheim2: “Ao contos de fadas são ímpares,

não só como forma de literatura, mas como obras integralmente

compreensíveis para a criança como nenhuma outra forma de arte o é.”

Salienta que os contos de fadas incentivam a criança a desenvolver a

imaginação e organizam a realidade através da fantasia. Enquanto diverte a

criança, o conto esclarece sobre si mesma e favorece o desenvolvimento de

sua personalidade.

Geralmente é uma narrativa curta cuja história se reproduz a partir de

um motivo principal para transmitir conhecimento e valores culturais de geração

para geração, transmitida oralmente, onde o herói ou heroína tem de enfrentar

grandes obstáculos antes de vencer o mal. O leitor encontra personagens e

situações que fazem parte do seu cotidiano e do seu universo individual, com

conflitos, medos e sonhos. A rivalidade de gerações, a convivência de crianças

e adultos, as etapas da vida (nascimento, amadurecimento, velhice e morte),

bem como sentimentos que fazem parte de cada um (amor, ódio, inveja e

amizade) são apresentados para oferecer uma explicação do mundo que nos

rodeia e nos permite criar formas de lidar com isso.

Esse gênero literário possui uma estrutura simples cujo enredo a criança

consegue não somente acompanhar, como viver a história juntamente com as

personagens.

Os contos de fadas são considerados modelos de narrativas porque

apresenta uma situação inicial e evoluem para um conflito que exige um

_____________________

2BETTELHEIM, 1980, p.20

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processo de solução para, enfim, chegar a um sucesso final.

A estrutura básica dos contos de fadas apresenta-se sob uma forma

simples:

a) Início: nele aparece o herói (ou heroína) e sua dificuldade ou restrição.

Problemas vinculados à realidade, como estados de carência, penúria,

conflitos, que desequilibram a tranqüilidade inicial;

b) Ruptura: ocorre quando o herói se de desliga de sua vida concreto, sai

da proteção e mergulha no completo desconhecido;

c) Confronto e superação de obstáculo e perigos: busca de soluções no

plano da fantasia com a introdução de elementos imaginários;

d) Restauração: início do processo de descobrir o novo, possibilidade,

potencialidade e polaridades opostas;

e) Desfecho: volta à realidade. União de opostos, florescimento, colheita e

transcendência. Esse desfecho é caracterizado como sucesso final.

Os contos de fadas apresentam a mesma estrutura e temática. Giram

em torno de herói ou heroína, que vivem sempre em dificuldades grandes e

chegam a um momento de impasse tal, quando alguma “coisa” extraordinária

precisa acontecer para que haja uma solução satisfatória. Para chegar a essa

solução, os autores dos contos de fadas utilizam-se dos poderes naturais e

sobrenaturais da magia , da fantasia, para que, ao final,seja feita a

justiça,voltando a paz, à harmonia pois nesse estilo literário, o bem deve

vencer o mal.

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Essa estrutura auxilia a criança a compor uma visão sobre a vida e

como os contos de fadas utilizam-se da fantasia e é através desta que o

pequeno leitor organiza suas percepções e resolve as emoções que lhe

pareçam complexas e de difícil compreensão.

3Para que uma história realmente prenda a atenção

da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer

sua vida deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto

e a tornar claras suas emoções: estar harmonizadas com suas ansiedades e

aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e ao mesmo tempo,

sugerir soluções para os problemas que a perturbam. Resumindo, deve de uma

só vez relacionar-se com todos os aspectos de sua personalidade-e isso sem

nunca menosprezar a criança, buscando dar inteiro crédito a seus

predicamentos e, simultaneamente, promovendo a confiança nela mesma e no

seu futuro.

Os contos de fadas são apresentados de forma comum, algo que

poderia acontecer com qualquer pessoa, apresenta histórias otimistas. Diante

deste fato, torna-se evidente que, crianças se espelham e tentam seguir os

comportamentos dos heróis.

A permanência da fantasia na literatura infantil e a freqüência com que

os autores se valem dela na composição de suas obras devem-se de fato,

como Bettelheim explicitou em seus livros, da necessidade de atender aos

anseios do leitor infantil.

Originalmente concebidos como entretenimento para adultos, os contos

de fadas eram contados em reuniões sociais, nas salas de fiar, nos campos e

em outros ambientes onde os adultos se reuniam. Muitos dos primeiros contos

de fada incluíam exibicionismo, estupro e voyeurismo. Em uma das versões de

Chapeuzinho Vermelho, a heroína faz um striptease para o lobo, antes de pular

na cama com ele. Numa das primeiras interpretações de A Bela Adormecida, o

____________________ 3BETTELHEIM, 1978, p.20

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príncipe abusa da princesa em seu sono e depois parte, deixando-a grávida. E

no conto A Princesa que não conseguia rir, a heroína é condenada a uma vida

de solidão porque, inadvertidamente, viu determinadas partes do corpo de uma

bruxa.

Nesse momento cabe ressaltar as principais características dos contos

de fadas:

a) Oralidade: os contos de fadas são representantes legítimos da cultura

de povo através da tradição oral. Como antigamente havia muitos iletrados

vivendo em distantes zonas rurais ou vilarejos, a transmissão das histórias

era oral. Com o surgimento das escolas abertas a todos e a transferência de

um número maior de famílias para os centros urbanos, o velho hábito se

contar histórias correu o sério risco de desaparecer. Coube então aos

escritores coletar as narrativas orais e transpô-las para o papel para que não

se perdessem.

b) Antiguidade: os contos têm se perpetuado há milênio, atravessando

todas as geografias, mostrando toda a força e a eternidade do folclore dos

povos. Há contos de fadas no mundo inteiro e, segundo Neil Philip, um

papiro datado de aproximadamente 1700 a.C. revela que Faraó Quéops,

construtor da Grande Pirâmide, adorava contos de fadas.

c) Anonimato: a presença do anonimato ocorreu devido ao fato das

histórias serem transmitidas, na época, através da tradição oral. Os mais

velho0s contavam-nas aos mais novos, com o propósito de distração e,

consequentemente, eles absorviam toda a moral presente nelas e isto

colaborava para fortalecer e a aumentar a personalidade assim como o

imaginário das crianças.

d) Fantasia: os contos falam diretamente ao coração daqueles que leem.

Quando as crianças assim como os adultos, interagem com os contos de

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fadas, todo o seu imaginário, fantasia, são exteriorizados. As conseqüências

dessa interação são facilmente percebidas pelo prazer que esse tipo de

literatura causa. Quem nunca sonhou em ser uma princesa, rainha ou fada?

Ser rei ou herói? Logo, quando esses personagens , que fazem parte do

mundo arquetípico( seres criados) são evidenciados, o imaginário trabalha

com a fantasia, relacionando o real e o irreal, e, é neste círculo que a magia ,

o encantamento se mantém intocável. Um aspecto essencial da mente da

criança é a imaginação e é através dela que sua consciência elabora, em

um primeiro momento, os dados da realidade que a rodeia. A criança

compreende a vida através do imaginário.

e) Maniqueísmo: devido à dicotomia presente nas histórias dos contos de

fadas, as personagens têm características marcantes e são divididas entre:

boas e más; belas ou feias;poderosas ou fracas;etc. Tem como propósito

facilitar a compreensão de certos valores básicos.

f) Tempo e o espaço: as histórias podem acontecer a qualquer hora e em

qualquer lugar, com total independência, bastando simplesmente iniciá-las

no clima do “Era uma vez...”. Ora as personagens estão vivendo em

momento de pura luz, alegria e magia e um “piscar de olhos”, o tempo e o

espaço das histórias mudam, refletindo profunda tristeza, solidão e choro.

g) Ambientes medievais: a presença de castelos , reis e príncipes passa a

ser associada ao reino do inconsciente ou ao poder autoritário que deve ser

desmascarado. Esse ambiente é importante para a construção do mundo

imaginário da criança.

h) Elementos simbólicos: o mundo mágico dos contos de fadas é formado

pelas fadas e outras criaturas extraordinárias, como duendes

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presentes no folclore de muitos países,a bruxa, princesas encantadas, ogros,

animais que falam assim como objetos, instrumentos de magias, amuletos,

dentre outros. Todos esses recursos são utilizados para despertar o interesse

do leitor e de seu imaginário.

i) Ausência de nomes próprios: é importante ressaltar que, os personagens

dos contos de fadas às vezes não têm nome próprio mas sim nomes que são

ligados às suas características físicas e emocionais. Branca de Neve, por

exemplo, tem esse nome porque sua pele é branca como a neve. Pele de

Asno, a personagem recebe esse nome pois a maior parte da narrativa sua

principal vestimenta é a pele. Essa ausência de nomes próprios convencionais,

faz com que identifiquemos os personagens com maior facilidade.

Todo conto de fada em sua essência traz na história um final feliz, que

consequentemente para todos os que leem é uma forma de alívio. É comum

após vários obstáculos, a personagem principal do conto ser recompensada

por todos os sofrimentos que teve que enfrentar.

Se no mundo real vivido pela humanidade, o justo e a felicidade não é

sempre proliferado, nos contos de fadas há generosas recompensas para os

bons e severos castigos para os malvados.

Bettelheim afirma que os contos de fadas garantem um final feliz para

que as crianças não necessitem temer o desfecho pois qualquer que seja a

descoberta ou reviravolta, a personagem principal viverá feliz para sempre.

Os motivos de Redenção possibilita o happy end citado anteriormente,

mas para que seja possível entender esse conceito, é necessário dissociarmos

o mesmo da religião. A redenção refere-se especificadamente a uma condição

em que alguém foi amaldiçoado ou enfeitiçado e é redimido através de certos

acontecimentos ou eventos da história.

Os contos de fadas deixam lacunas para serem preenchidas pelos

leitores. As histórias têm sabores, cores e cheiros. São na verdade um fábrica

de sentidos que não cabem no espaço limitado do texto. Cabe ao leitor, tornar-

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se cúmplice, capaz de provocar na sua leitura um processo de comunicação

em que a reflexão e a crítica estejam presentes.

Entende-se então a literatura infantil como uma arte, um fenômeno de

criatividade, representando o mundo, o homem e a vida através de palavras. A

literatura representa para crianças e adultos, o mágico, a fantasia, sendo a

comunicação real para o mundo imaginário.

Diante desta arte, temos os contos de fadas considerados literaturas

antigas que cumprem a função de expor a criança a situações que provocam

desejos, curiosidades e medos, possibilitando que as crianças participem de

problemas vinculados a realidade, como: conflitos entre mães e filhos, carência

afetiva e entre outros. Seu desenvolvimento em busca de soluções acontece

ao desfecho de uma narrativa.

Para que o aprendizado ocorra é necessário que os contos tenham

algum valor significativo para as crianças, fazendo com que elas reconheçam

suas dificuldades e ao mesmo tempo sugerindo soluções para seus problemas

internos.

O conto para prender a atenção, deve despertar curiosidade, sendo algo

significativo para ela, pois assim estará proporcionando o desenvolvimento de

seu intelecto, organização de suas emoções e ansiedades, contribuindo para a

construção do reconhecimento de suas dificuldades e ao mesmo tempo sugerir

soluções para seus problemas interiores

É de muita importância para a criança dar sentido coerente aos seus

sentimentos, por isso precisa de ajuda e ideia de como colocar em ordem seus

sentimentos e sua educação deve partir de conceitos significativos. Esse tipo

de significado, ela encontra ao ser ouvinte ou ao ter contatos com os contos de

fadas.

Uma história quando contada tem o poder de encantar aquele que ouve.

De acordo com Bruno Bettelheim:

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4Para atingir integralmente suas

propensões consoladoras, seus significados simbólicos e, acima de tudo seus

significados interpessoais, o conto de fadas deveria ser contado em vez de lido.

Se ele é lido, deve ser lido com um envolvimento emocional na estória e na

criança, com empatia pelo que a estória pode significar para ela. Contar é

preferível a ler porque permite uma maior flexibilidade.

Sabe-se como é importante despertar nas crianças a fantasia, a

imaginação, levando ao mundo mágico de encantamento e magia.

As histórias podem ser um grande aliado ao educador, pois o contar de

histórias pode divertir, estimular o imaginário, quando bem contada e ainda

proporciona à criança uma atividade sadia, enriquecendo seu vocabulário e

contribuindo ao desenvolvimento da imaginação e adaptação no contexto

social.

Além de estimular a imaginação e contribuir para o enriquecimento do

vocabulário, a criança com o conto, pode também desenvolver e alcançar

diversos objetivos, como: expansão da linguagem infantil, facilitando a

expressão corporal; estimulo à inteligência; socialização; formação de hábitos

e atitudes sociais e morais, através da imitação as crianças podem construir

bons exemplos e situações decorrentes das histórias; cultivo da memória e da

atenção, despertando interesse e gosto pela leitura.

De acordo com o que foi citado nesse capítulo, conclui-se que os contos

de fadas são uma porta de entrada para o mundo da fantasia e a porta de

saída para a vida real. Entretanto, devem ser lidos criticamente pois somente

desta forma o leitor poderá avaliar as atitudes das personagens e confrontá-las

com as situações da vida cotidiana.

_____________________ 4BETTELHEIM, 2007, p.27

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CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA E OBJETIVOS DOS CONTOS DE FADAS

Uma parcela da população tem a necessidade de acreditar em forças

mágicas para poder explicar o que acontece na vida, no seu interior. É nesse

sentido que os contos de fadas contemplam essa busca, respondendo aos

questionamentos levantados de forma singela.

Os contos de fadas, além de serem um excelente recurso de

entretenimento, podem ser decisivos para a formação da criança em relação a

si mesma e ao mundo a sua volta. Eles auxiliam na compreensão de valores

básicos da conduta humana ou convívio social. A dicotomia dos valores é

ratificada através dos próprios personagens, que se dividem em bons e maus,

belos ou feios, poderosos ou fracos, certo e errados, dentre outros valores.

5Enquanto diverte a criança, o conto de fadas a

esclarece sobre si mesma, e favorece o desenvolvimento de sua

personalidade. Oferece significado em tantos níveis diferentes, e enriquece a

existência da criança de tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça à

multidão e diversidade de contribuições que esses contos dão à vida da

criança.

O universo do mundo mágico, presente nos contos de fadas desenvolve

nas crianças a capacidade de pensar, sentir e ser curiosa. Neste clima de

afetividade, prazer e curiosidade as crianças nos primeiros anos de vida

integram-se ao universo das várias leituras pela voz, entonação, significações e

recursos desenvolvidos pelo contador de histórias com as quais, em geral, as

crianças se identificam. Através dos contos de fadas abrem-se canais para

trabalhar questões que normalmente são esquecidas em uma rotina escolar e

familiar, pois é no mínimo o tempo dedicado para que a criança fale de seus

_____________________ 5BETTELHEIM, 2004, p.20

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medos, fantasias, desejos ou sentimentos que a angustia, como o ciúme, ira e

o egoísmo, enfim, para que a criança exponha seu lado oculto ou obscuro do

seu ser.

Quando ouvimos uma história, nos envolvemos com ela, e a criança, a

partir deste momento, inicia um processo de identificação com alguns

personagens. Isso faz com que ela viva um jogo ficcional, projetando-se na

trama.

A história proporciona à criança o viver além de sua vida imediata,

vivenciar outra experiência. Por isso seduz, encanta e embriaga.

Segundo Ana Maria Machado:

6“Ler uma narrativa literária é um fenômeno de

outra espécie. Muito mais sutil e delicioso. Vai muito além de juntar letras,

formar sílabas, compor palavras e frases, decifrar seu significado de acordo

com o dicionário. É um transporte para outro universo, onde o leitor se

transforma em parte da vida de um outro, e passa a ser alguém que ele não é

no mundo quotidiano.”

Por isso, faz-se importante e necessário, mesmo na educação infantil,

uma discussão à respeito da diversidade que constitui a nossa sociedade, sem

com isso acabar com a possibilidade de fantasiar, proporcionada pelos Contos

de Fadas

Os contos abrem espaços para que as crianças deixem fluir o

imaginário e despertem a curiosidade, que logo é respondida no seu decorrer.

É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses,

das soluções que todos vivem e atravessam, de um jeito ou de outro, através

dos problemas que vão sendo defrontados, enfrentados e resolvidos pelos

personagens. A solução geralmente encontrada na história e quase sempre

leva a um final feliz, indica a forma de se construir um relacionamento

satisfatório com as pessoas ao redor.

____________________________ 6ANA MARIA MACHADO,2002,p.77

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Por esse motivo, os contos de fadas eram dirigidos especialmente aos

adultos. Devido a esse fato, algumas versões originais apresentam um tom

assustador. É necessário explicar que, houve uma transferência dos contos de

fadas do universo adulto para o infantil. Até o século XVII, a criança não era

percebida como um ser socialmente distinto do adulto. Ela compartilhava com

este, as roupas, os cômodos, o trabalho e os ambientes. Assim, circulando

entre adultos, as crianças , ao entrarem em contrato com os contos de fadas,

inevitavelmente se sentiam atraídas pelo universo do imaginário.

A partir de meados do século XVII e, gradativamente, até o século XIX, a

Revolução Industrial, a diminuição do trabalho infantil e o aumento da

expectativa de vida contribuíram para o desenvolvimento da noção social de

infância. Uma vez moldada com os critérios da sociedade da época, a Igreja,

os pedagogos e outros, começaram a perceber o potencial educativo os

contos. e disciplinador dos contos. É por essa razão, que até hoje, os contos

de fadas são vistos, por muitos, como um instrumento pedagógico mais do que

como uma arte literária.

Bettelheim, em seu livro salienta o que foi citado acima através do

seguinte fragmento:

7Esta literatura tradicional alimentava a imaginação e

estimulava as fantasias. Simultaneamente, como essas histórias respondiam

às questões mais importantes da criança, eram um agente de sua

socialização.

Ao ler a criança tem capacidade criativa de se transportar para um

universo mágico, se misturando entre os personagens, vivendo suas

experiências, reescrevendo histórias. È desta forma lúdica, divertida, que a

criança o conto, internalizando as regras de conduta e desenvolvendo sistema

_____________________ 7 BETTELHEIM,1980,p.32

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de valores. Faz-se necessário salientar que, a literatura é uma forma de arte,

primeiramente, tendo como coadjuvante a formação de valores.

BETTELHEIM (1979) afirma que, a habilidade da leitura fica destituída

de valor significativo quando o que se aprendeu a ler não acrescentou nada de

importante à vida do leitor. A leitura torna-se cansativa, mecânica, sem

fantasias e sem prazer. Entretanto, quando a criança é introduzida num mundo

rico de simbolizações, as histórias podem auxiliar no seu processo de

aprendizagem da leitura e da escrita. Ao ouvir uma história ou lê-la, a criança

aprende a imaginar o que as palavras evocam e, aos poucos, internaliza seu

enredo podendo recontá-lo a outras pessoas, como em casa quando é

solicitada pelos pais sobre o que aprendeu na escola.

Na Idade Média, a função dos contos de fadas era de expressar de

forma simbólica os conflitos dos camponeses – camada inferior explorada-

com os senhores feudais,que eram donos da terra e viviam como reis naquele

tempo.Mas à medida que a sociedade ia se transformando e surgia uma nova

classe social, a burguesia urbana, os contos de fadas começaram a ser

(re)contados para as crianças das novas famílias. Aos poucos eles foram

sofrendo várias adaptações e, as mais conhecidas são as de Charles Perrault (

Contos da Mamãe Gansa, 1967), na França e as dos Irmãos Grimm(Contos,

1812), na Alemanha. Esses contos passaram a ser conhecidos como

maravilhoso.

Consideram-se maravilhoso todas as situações que ocorreram fora da

dicotomia espaço/tempo, vividas em local vago ou indeterminado na terra. Tais

fenômenos não obedeceram as leis naturais de conhecimento da sociedade.

O maravilhoso é um dos elementos mais importantes na literatura

destinada às crianças. Através do prazer ou das emoções que as histórias lhes

proporcionam, o convívio com o universo mágico, sobrenatural do simbolismo

que está implícito nas tramas e personagens agindo sobre o inconsciente, é

possível criar alternativas capazes de ajuda resolver conflitos interiores ,

normais nessa fase da vida.

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A magia e encantamento que esse tipo de literatura transmite, estão no

fato de que não falam da vida real mas a vida como ela pode ser vivida,

apresentando situações humanas possíveis e imagináveis.

Outro aspecto relevante na compreensão da importância e dos objetivos

que os contos de fadas evidenciam, é a temática. Por intermédio desta é que o

maravilhoso e a fantasia podem concretizar-se .

A temática envolvida deve de imediato despertar o interesse do pequeno

(em faixa etária), público leitor e a estrutura dos contos de fadas são aliadas à

compreensão das histórias. Bettelheim salienta:

8 Os temas dos contos de fadas não são fenômenos

neuróticos (...), são vivenciados como maravilhas porque a criança se sente

entendida e apreciada bem no fundo de seus sentimentos, esperança e

ansiedades(...)

Considerando esses critérios, encontramos histórias do cotidiano que

envolvem problemas comuns do dia a dia infantil, de aventuras com desfechos

e descobertas, de sentimentos infantis como o medo, a insegurança, a

curiosidade,relações familiares , problemas existenciais que são resolvidos

com o auxílio do elemento mágico. Os problemas citados acima,

encontrados nos contos de fadas, são encenados de forma simbólica,

sugerindo soluções simples e promovendo o desenvolvimento de recursos para

que a criança possa enfrentar as dificuldades da vida envolvidas em seu

crescimento.

Os contos de fadas são um sistema relativamente fechado, composto

por um significado psicológico essencial, expresso em uma série de figuras e

eventos simbólicos.

Centralizando o olhar para os principais objetivos desse tipo de

literatura infantil, destacam-se os seguintes aspectos:

___________________ 8BETTELHEIM,2007, p.2

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• Trabalhar o psicológico e cognitivo, auxiliando a criança na elaboração

dos seus conflitos;

• Estimular a imaginação, a memória e a criatividade;

• Trabalhar várias histórias e personagens;

• Realizar brincadeiras para que as crianças possam desenvolver a

capacidade de pensar, trabalhar a afetividade, companheirismo e despertar o

gosto pela leitura.

Além da perspectiva formativa, os contos de fadas poderão auxiliar o

educador na apresentação da leitura para as crianças da Educação Infantil

porque o texto ficcional amplia e mobiliza os limites do imaginário pessoal e

coletivo. Enquanto alguém lê ou conta histórias, nós nos reportamos ao

ambiente em que acontece o fato narrado e participamos do enredo. Através

da utilização dos contos, os pequenos aprendem sobre problemas internos dos

seres humanos e sobre suas soluções e também é através deles que o legado

cultural é informado às crianças, tendo uma grande contribuição para sua

educação moral.

9 “Esta é exatamente a mensagem que os contos de

fada transmitem à criança de forma múltipla: que uma luta contra dificuldades

graves na vida é inevitável, é parte intrínseca da existência humana - mas que

se a pessoa não se intimida, mas se defronta de modo firme com as opressões

inesperadas e muitas vezes injustas ela dominará todos os obstáculos e, ao

fim, emergirá vitoriosa.”

Ao trabalhar com Contos de Fadas com os alunos pode-se desenvolver

relações que estimulem o interesse destes aproveitando as questões

pertinentes ao crescimento de cada faixa etária, considerando-os como sujeitos

_____________________ 9BETTELHEIM, 1980, p.14

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no processo educativo. Ao incluir a fantasia e o respeito as emoções afloradas

a partir das histórias no processo de desenvolvimento e construção do

conhecimento, a criança irá sentir-se respeitada e terá condições de ingressar

na sociedade como sujeito responsável pelos seus atos de forma consciente.

A utilização dos Contos de Fadas podem ser de um valor muito mais

significativo do que aprender nos antigos modelos presos a cartilhas que,

muitas das vezes, estão longe das questões do cotidiano da criança, não

apresentando nenhuma significação. Não, com isto, esquecendo-me do imenso

valor das mulheres que por todo o Brasil se esforçam para ensinar através

destas cartilhas as nossas crianças.

O compromisso do professor deve levar em conta a flexibilidade, a

diversidade e a variedade que há no mundo das relações sociais e, nos

interesses dos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, colocando

como meta da educação o pensamento de forma crítica

Os Contos de Fadas podem ser um importante instrumento de ensino,

pois além de uma função emotiva, os contos também têm uma função

formativa, pois auxiliam na construção do imaginário. Ao resgatar o

maravilhoso, o aspecto lúdico, tanto nos contos tradicionais quanto em novas

histórias presentes no cotidiano das escolas, oferece aos educandos

inúmeras possibilidades de se construir uma ponte entre o mundo inconsciente

e a realidade externa, uma vez que há nestas histórias uma linguagem

simbólica que comunica-se diretamente com o inconsciente. Estas histórias

estimulam a leitura que pode se dar a partir do contato com histórias ouvidas

desde a mais tenra idade, ajudam na formação e organização do pensamento

do ser humano, enquanto impulsionam o crescimento auxiliando na construção

da identidade da criança

Desta forma, ao considerar que os Contos de Fadas são manifestações

de uma cultura e com o passar do tempo sofre adaptações, sem que, com isto,

perca sua essência – os conflitos existenciais - vê-se a importância de ter

contato com os novos contos. Diversas releituras foram feitas dos contos

tradicionais trazendo-os para um cenário contemporâneo, continuando a

fornecer a fantasia e o aspecto lúdico da história

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Os contos de fadas fazem parte da literatura infantil, e através de suas

narrações possibilitam que os pequenos ouvintes criem interesses pela leitura.

É importante que ao realizar uma contação de histórias o objetivo principal

seja o de levar as crianças a desenvolverem a sua própria expressividade

verbal ou sua criatividade latente, e conseqüentemente haverá uma

dinamização na sua capacidade de observação e reflexão em face do mundo

que o rodeia. Eles tornam as crianças conscientes da complexa realidade em

transformação que é a sociedade .

Como foi abordado nesse capitulo, os contos de fadas passaram por

varias etapas e agora tem uma função muito importante que é a de contribuir

para formação da criança.

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CONCLUSÃO

Longe de buscar o ineditismo no assunto e na utilização de fontes, esse

estudo monográfico houve grandes expectativas em relação ao tema escolhido

e foi possível perceber que falar sobre a literatura infantil, principalmente dos

contos de fadas, exige responsabilidade, leitura e muito compromisso.

Esse trabalho foi construído com uma abordagem de referencial teórico,

e procurou destacar as principais fontes sobre a origem, o desenvolvimento e

a contribuição dos contos de fadas para a formação da criança ao longo dos

séculos.

Buscou-se explicar de maneira breve, a contextualização histórica, dos

contos de fadas onde e como surgiram, quais os principais autores e

inicialmente a quem se destinavam. E foi possível compreender que os contos

não nasceram voltados para as crianças e sim ao longo dos séculos tornara-se

literatura voltada para a criança.

Os Contos de Fadas surgiram há milhares de anos advindos de uma

tradição oral sendo recontados de geração em geração e ganhando novas

fronteiras. Apesar de enfrentarem algumas mudanças culturais referentes ao

tempo/espaço preservaram sua essência, a caracterização de um Conto de

Fadas: os problemas existenciais universal, mostrando o porquê de suas

narrativas serem tão cativantes e entendidas por diversas gerações em

diferentes contextos

A pesquisa permitiu compreender que contar histórias não é apenas

abrir um livro e ler um monte de palavras ou mostrar várias figuras as crianças

e sim despertar sua curiosidade, estimular sua imaginação, desenvolver seu

intelecto e suas habilidades, porque enquanto diverte a criança, o conto de

fadas favorece o desenvolvimento de sua personalidade.

Foi possível entender que nas histórias o encantamento não vem do

significado psicológico de um conto, ou seja, uma moral subentendida, mas de

suas qualidades literárias, pois o próprio conto em si pode ser considerado uma

obra de arte que pode ter um significado distinto em cada criança.

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Outro aspecto bastante relevante identificado no decorrer da pesquisa é

que as crianças se encantam pelos contos de fadas porque eles lhes dirigem

para a descoberta de sua identidade e comunicação e também sugerem as

experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais a formação do

caráter.

Com base em todas as discussões realizadas no contexto teórico deste

trabalho, tornou-se claro que os contos de fadas contribuem significativamente

para o desenvolvimento das crianças, considerando o aspecto cognitivo e da

construção da personalidade.

Como a introdução ao tema, buscou-se explanar de maneira breve, sua

contextualização histórica, ou seja, onde e como surgiram, seus principais

escritores De acordo com a finalização da pesquisa foi possível analisar a

estrutura narrativa dos Contos de Fada, e chegar à compreensão de que há

sempre uma sucessão de acontecimentos organizados segundo uma ordem

cronológica em torno de uma eterna, busca sendo assim o estado inicial em

que se situam o espaço, o tempo e os personagens da história e o começo de

um aprendizado, porque há uma ruptura, um desequilíbrio gerado por um

problema que desestrutura a tranqüilidade inicial, colocando o protagonista

diante de uma complicação e assim há uma resolução, superação e solução

dos problemas vivenciados, recuperando-se, assim, o equilíbrio e a harmonias

iniciais.

Sendo assim, o professor pode fazer a contação de história em sala de

aula de uma forma lúdica, contribuindo significativamente para o

desenvolvimento da criança. Foi possível compreender que o trabalhar com a

fantasia dos contos de fadas, é algo de fundamental importância no processo

do desenvolvimento da aprendizagem das crianças, porque favorece a

socialização e o desenvolvimento das habilidades. Os contos proporcionam a

oportunidade de a criança utilizar seu inconsciente, condição básica para se

conhecer o significado profundo da vida.

Como proposta para a Educação, visa um novo olhar sobre as diversas

possibilidades de interpretação dos Contos de Fadas tanto dos tradicionais

como de suas releituras em filmes e contos modernos. Dirigindo-se a

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educadores e sua formação propõe-se um olhar sobre a criança de forma

plena, considerando não só seu lado cognitivo mas sua afetividade e sua

importância na construção de um relacionamento de ensino-aprendizagem

entre educador e educandos.

Faz-se necessário salientar que, o processo de leitura deveria ser um

direito e, não um dever, de todo cidadão, que deveria ter a sua disposição

obras variadas com qualidade e quantidade para que desta forma pudesse ter

um grande acervo à sua escolha. Entretanto, é comum ver o contrário no

cenário escolar. Professores, muitas vezes, obrigam os alunos a lerem certos

livros com o intuito de realizar provas e tarefas, muitas delas desinteressantes.

Assim, os alunos podem ser sentir afastados do mundo da leitura ao invés de

sentirem-se descobrindo novos mundos escondidos nas histórias. A leitura

espontânea, por prazer, por indicação de amigos não é prática muito comum

no universo escolar. É claro que há exceções: professores que conseguem

fazer do espaço escolar um lugar onde seus alunos possam adquirir o gosto

pela literatura. E estes professores tem muito a ensinar.

Ninguém tem que ser obrigado a ler nada. Ler é um direito de cada

cidadão, não é um dever.

Desenvolver esse pequeno trabalho de conclusão do curso de Pós

Graduação, foi enriquecedor e prazeroso, pois através das pesquisas e leituras

feitas, ampliei significativamente os meus conhecimentos.

Conclui que, através da leitura, tanto as crianças como os adultos

podem separar a escuridão, do conhecimento. Ao ler um conto a criança tem

capacidade criativa de se transportar para aquele universo, misturando-se aos

personagens, vivendo suas experiências, experimentando os vários papéis e

assim, reescrevendo a história. É desta forma lúdica que a criança lê e

compreende o conto de fadas, internaliza regras de conduta e desenvolve

sistemas de valores.

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BIBLIOGRAFIA

BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos contos de fadas. RJ, Paz e

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COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: Teoria, análise, didática. Ática,1991

(Série Princípios)

SALEM, Nazira. História da Literatura Infantil. SP,Ed Mestre Jou, 1970

Page 39: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · contos de fadas, suas características e objetivos, destacando como parte fundamental para o desenvolvimento das estórias, a magia

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ÍNDICE

Agradecimento .............................................................................. 3

Dedicatória..................................................................................... 4

Resumo........................................................................................... 5

Metodologia.................................................................................... 6

Sumário........................................................................................... 8

Introdução....................................................................................... 9

Capítulo I

Primórdios dos contos de fadas.................................................11

Capítulo II

Definição e estrutura dos contos de fadas................................19

Capítulo III

A importância e objetivos dos contos de fadas........................ 27

Conclusão..................................................................................... 35

Bibliografia.................................................................................... 38