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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
AUTOR
SILVANIA PESSANHA DE ARAUJO
ORIENTADOR
PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO
RIO DE JANEIRO 2013
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2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes – AVM Faculdade Integrada, como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Direito e Processo do Trabalho. Por: Silvania Pessanha de Araujo.
3
Agradeço a Deus, pois sem ele eu não teria forças para essa jornada, agradeço aos meus professores e aos meus colegas que me ajudaram na conclusão desta monografia.
4
Dedico esta monografia a minha família, em especial a minha filha Samantha A. Britto, pela fé e confiança demonstrada. Aos professores e orientadores pelo simples fato de estarem dispostos a ensinar e pela paciência demonstrada no decorrer do trabalho. Enfim, a todos que de alguma forma tornaram este caminho mais fácil de ser percorrido.
5
RESUMO
A extinção ou cessação do contrato de trabalho se dá quando deixa de existir o vínculo que une o empregado ao empregador, porém, existem determinadas situações que, embora não dissolvam essa relação, implicam a paralisação total ou parcial do contrato, isto é, embora o contrato continue a existir, todas ou algumas de suas cláusulas deixam de surtir efeito temporariamente. Quando ocorre a paralisação total do contrato, podemos dizer que há uma suspensão do contrato de trabalho, e quando a paralisação é parcial, isto é, quando somente uma ou algumas das cláusulas do contrato deixam de vigorar, podemos dizer que há uma interrupção do contrato de trabalho. A suspensão e interrupção do contrato de trabalho estão previstas na CLT nos artigos 471 a 476.
6
METODOLOGIA
O estudo aqui proposto foi levado a efeito a partir da pesquisa
bibliográfica, em que se buscou o conhecimento em diversos tipos de publicação,
como os livros, site de internet e outros periódicos especializados, além de
publicações oficiais de legislações e da jurisprudência.
Por outro lado, a pesquisa foi empreendida também através do método
dogmático positivista, porque o que se pretendeu foi apenas se identificar as
diversas formas em que se apresentou o fenômeno-tema na realidade brasileira e
o tratamento conferido a cada uma delas pelo ordenamento jurídico regional, sob
o ponto de vista específico do direito positivo brasileiro e com fundamento
exclusivo na dogmática desenvolvida pelos estudiosos que já se debruçaram
sobre o tema anteriormente.
Tratou-se, ainda, de uma pesquisa aplicada, porque visou a produção
do conhecimento para a aplicação prática, mas também qualitativa, pois procurou
a entender a realidade a partir da interpretação e qualificação dos fenômenos
estudados; e descritiva, porque visará a obtenção de um resultado puramente
descritivo, sem a pretensão de uma análise critica do tema.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................................... 9
CAPÍTULO I
INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.......................................... 12
1.1 – CONCEITO DE INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.......... 13
1.2 – CARACTERISTICAS DA INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO.....................................................................................................16
1.3 – DENOMINAÇÃO DA INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO...........................................................................................................17
1.4 – NATUREZA JURÍDICA DA INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO.......................................................................................................... 18
1.4.1 – NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO DE TRABALHO......................19
CAPÍTULO II
SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO................................................. 21
2.1 – CONCEITO DE SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO...............21
2.2 – CARACTERISTICAS DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO..........................................................................................................25
2.3 – DENOMINAÇÃO DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.....26
2.4 – NATUREZA JURIDICA DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO...........................................................................................................27
8
2.5 – EXCEÇÕES DE SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO..............27
2.6 – DISTINÇÃO ENTRE INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO ..........................................................................................................29
CAPÍTULO III
HIPÓTESES DE INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO E SEUS EFEITOS........................................................................... 31
3.1 - HIPOTESES DE INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO..........31
3.1.1 - EFEITOS DA INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO............34
3.1.2 – PRAZO PARA RETORNO APÓS A INTERRUPÇÃO..............................35
3.2 – HIPOTESES DE SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.............36
3.2.1– EFEITOS DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO................38
3.2.2 – PRAZO PARA RETORNO APÓS A SUSPENSÃO ................................39
CONCLUSÃO...................................................................................................... 42
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................... 44
9
INTRODUÇÃO
O presente trabalho é um estudo sobre a interrupção e suspensão do
contrato de trabalho. Nesse contexto, a pesquisa dedica-se em fazer entender
por completo o significado da interrupção e suspensão do contrato de trabalho. O
contrato de trabalho de acordo com o artigo 442 da CLT, nada mais é que o
acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego, segundo,
André Horta Moreno Veneziano, diríamos, portanto, que o contrato de trabalho,
também caracterizado na doutrina como contrato-realidade, seria a prestação de
serviços que atendesse aos “pressupostos fáticos da configuração do vinculo
empregatício”, quais sejam: a prestação de serviços por pessoa física, com
pessoalidade, não eventualidade, subordinação e onerosidade. É de suma
importância, dentro do direito do trabalho, em ter um entendimento específico de
cada item escolhido no tema, assim como suas diferenças e semelhanças ;
dedica-se, ainda, a identificar todas as possíveis hipóteses de suspensão e
interrupção do contrato de trabalho, pois são inumeras, as hipóteses legalmente
prevista na CLT.
Adicionalmente, o presente estudo apresenta os efeitos da interrupção
e suspensão do contrato de trabalho, como se disse, na suspensão do contrato
de trabalho todas as suas clausulas deixam de vigorar, e o seu principal efeito,
desta situação, é que durante esse tempo o empregado não presta serviço e por
sua vez o empregador também não deposita o seu salário, porém, o seu posto de
trabalho fica reservado por um determinado período, e na interrupção, a
paralisação do contrato é parcial, isto é, embora continue a existir, o contrato não
se opera em sua plenitude, desta forma, há uma simples interrupção da prestação
de serviços por parte do empregado, prevalecendo para o empregador a
obrigatoriedade de pagar os salários, no todo ou em parte.
O estudo do tema e das questões analisadas em torno do mesmo
justifica-se pelo fato de que é importante apresentar o conceito, as diferenças, as
semelhanças e os efeitos específicos da interrupção e suspensão do contrato de
trabalho. Este estudo tem como objeto demonstrar as causas de suspensão e
10
interrupção do contrato de trabalho, e, sobretudo, quais as consequências que
produziram para o empregado e o empregador, ou seja, os seus efeitos.
A pesquisa que precedeu esta monografia teve como ponto de partida
o pressuposto de que, Segundo, Sergio Pinto Martins, haverá interrupção quando
o empregado deva ser remunerado normalmente e ocorrerá a suspensão quando
o empregado fica afastado, não recebendo o salário, nem é contado o seu tempo
ou serviço, havendo cessação temporária e total dos efeitos do contrato de
trabalho.
Diante deste quadro, a interrupção é caracterizada pela não prestação
de serviço do empregado, porém continua recebendo o salário, contando o tempo
de serviço e tendo os efeitos totais do contrato de trabalho, já na suspensão
ocorre é que o empregado não presta o serviço, mas também não recebe salario,
não conta tempo de serviço e há uma cessação temporária e total dos efeitos do
contrato de trabalho.
Visando um trabalho objetivo, cujo objeto de estudo seja bem
delineado e especificado, a presente monografia dedica-se, especificamente, às
questões relativas ao direito do trabalho brasileiro e da Justiça do Trabalho
brasileira, limitando-se à região do Estado do Rio de Janeiro, e também aos dias
atuais, as compreensões jurídicas que atualmente regem o direito do trabalho.
Este trabalho esta dividido em três capítulos. No primeiro, far - se- á,
um conceito doutrina sobre a interrupção do contrato de trabalho, sua natureza
jurídica, suas características.
No segundo capítulo, aborda-se a suspensão do contrato de trabalho,
que também será informado o conceito doutrina sobre o tema, assim como sua
natureza jurídica e as características.
No terceiro capitulo já há a demonstração das hipóteses de suspensão
e interrupção do contrato de trabalho, tendo como exemplos as hipóteses de
interrupção, que são: acidente de trabalho, representação sindical, férias e outras.
Já como exemplo de suspensão do contrato de trabalho temos: aposentadoria por
11
invalidez, greve, inquérito de apuração de falta grave e outras mais. Concluindo a
pesquisa com os efeitos no contrato de trabalho, ou seja, os efeitos para o
empregado e empregador.
12
CAPÍTULO I
INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Neste capitulo dispor-se o conceito, características, denominação e
natureza jurídica, da interrupção do contrato de trabalho.
É indispensável abordar a definição da interrupção e da suspensão do
contrato de trabalho, sem ter um breve comentário sobre o contrato individual do
trabalho e sua natureza jurídica.
O contrato de trabalho está previsto na CLT no artigo 422, caput:
“contrato individual do trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à
relação de emprego”.
O contrato de trabalho é a prestação do serviço realizado por pessoa
física, através de um contrato com o empregador, que por sua vez, obriga-se a
realizar o pagamento pelas prestações realizadas, conforme André Horta Moreno
Veneziano1,
O contrato de trabalho seria a prestação de serviços que atendesse os pressupostos fáticos da configuração do vínculo empregatício, quais sejam: a prestação se serviços por pessoa física, com pessoalidade, não eventualidade, subordinação e onerosidade, no entanto, o contrato de trabalho é um instituto originado do direito civil, que exige para sua validade (para que provoque efeitos jurídicos), a observância também dos pressupostos jurídicos: capacidade do agente, objeto lícito, vontade sem vícios, forma prescrita ou não defesa em lei, ou seja, se uma pessoa presta serviços pessoais, habituais, subordinados e onerosos a outrem, mas o objeto da prestação é ilícito (jogo do bicho, por exemplo), não haverá relação de emprego.
Diante deste conceito, podemos verificar que para obter-se o contrato de trabalho a prestação de serviço terá que atender os pressupostos fáticos da configuração do vínculo empregatício, também para que o contrato de trabalho seja valido, os requisitos de um contrato civil também deverão estar presentes.
1 VENEZIANO, André Horta Moreno. Direito e processo do trabalho, 3º edição, revista e atualizada, São Paulo, Saraiva, 2010. (Coleção OAB nacional. Primeira Fase).
13
O contrato de trabalho, é um acordo firmado entre a pessoa física
(empregado) e o empregador, sendo um negocio jurídico bilateral, ou seja, as
vontades de ambos terão que estarem presentes, seguindo o entendimento de
Alice Monteiro de Barros2:
O contrato de trabalho é um acordo expresso (escrito ou verbal) ou tácito firmado entre pessoa física ( empregado) e outra pessoa física, jurídica ou entidade ( empregador), por meio do qual o primeiro se compromete a executar, pessoalmente, em favor do segundo um serviço de natureza não eventual, mediante salário e subordinação jurídica. Sua nota típica é a subordinação jurídica. O contrato de trabalho é, portanto, um negócio jurídico bilateral em que os interesses contrapostos se acham presentes com mais intensidade do que em que outros contratos, dependendo da categoria profissional e econômica a que pertençam os contratantes.
Conclui-se que o contrato de trabalho é o acordo no qual as partes
ajustam direitos e obrigações recíprocas, onde uma pessoa física( empregado) se
compromete a prestar pessoalmente serviços subordinados, não eventuais a
outrem (empregador), mediante o pagamento de salário.
O contrato de trabalho é um ato jurídico, tácito ou expresso que cria a
relação de emprego, gerando, desde o momento de sua celebração, direito e
obrigações para ambas as partes. Nele, o empregado presta serviços
subordinados mediante salário.
1.1 – CONCEITO DE INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
A interrupção do contrato de trabalho ocorre quando o empregado não
presta os serviços por algum determinado motivo, e continua recebendo sua
remuneração, como decorre Mauricio Godinho Delgado.3
2 BARROS, Alice Monteiro. Curso de Direito do Trabalho. 7º Edição, São Paulo, LTR, 2011.
3 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 11º Edição, São Paulo, LTR, 2012.
14
A interrupção contratual é a sustação temporária da principal obrigação do empregado no contrato de trabalho (prestação de trabalho e disponibilidade perante o empregador), em virtude de um fato juridicamente relevante, mantidas em vigor todas as demais clausulas contratuais. Como se vê, é a interrupção a sustação restrita e unilateral de efeitos contratuais.
Seguindo o mesmo raciocínio, temos o esclarecimento de
DOMINGUES, “ A interrupção é a paralisação da prestação de serviço com a
continuidade da obrigação do empregador de pagar o salário”. Visto, que a
interrupção da prestação do serviço não desfaz o contrato de trabalho, ele é
apenas interrompido nos casos previstos em lei, mantendo para o seu
empregador seus deveres e obrigações como se o empregado estivesse em
serviço, todavia, exclui o empregado a prestar os serviços.
Na interrupção do contrato de trabalho, o empregado recebe o seu
salário, e tem direito as suas vantagens de sua categoria, garantido é o seu
retorno ao trabalho, assim como o período da interrupção contado como tempo de
serviço.
Orlando Gomes observa que as interrupções “São referidas pela
necessidade de assegurar ao empregado a percepção do salário e evitar, por
outro lado, a aplicação da pena disciplinar, dado que a assiduidade é um de seus
deveres elementares”. Mesmo não trabalhando, o empregado, garante o seu
direito de receber salário, com esse mesmo nome, pois na interrupção do contrato
de trabalho, não é admitido outra natureza jurídica para o valor pago pelo o
empregador.
A interrupção do contrato de trabalho ocorre nos primeiros 15 dias
consecutivos de afastamento de sua atividade, pois a cláusula contratual que
obriga o empregado a prestar serviços fica paralisada, isto é, embora continue
existindo, o contrato de trabalho não é operado plenamente. Nesta hipótese,
incumbe ao empregador pagar o seu salário (art. 60, paragrafo 3º, da lei nº
8.213/91), o empregador fica obrigado a pagar o salário do período e também faz
jus ás demais verbas trabalhistas, tais como 13º salario, férias e FGTS. O
empregado interrompe a sua prestação de serviços, porém, ao empregador,
permanece a obrigatoriedade de pagar os salários, na sua totalidade ou não,
15
conforme o caso concreto. Permanecendo o pagamento dos salários,
automaticamente está garantido ao empregado todas as vantagens atribuídas à
categoria na empresa, incluindo, como principal, em relação à alteração salarial.
O período de interrupção do contrato é computado no tempo de serviço do
empregado para todos os efeitos legais, contudo, como a cessação parcial e
provisória do contrato de trabalho, continua a contar o tempo de serviço e
percebendo a remuneração.
O conceito puro de interrupção de contrato de trabalho é no sentido da
ausência provisória da prestação de serviço, mas sendo devido o salário, bem
como computando-se o período no tempo de serviço do empregado.
A consolidação das leis trabalhistas, no artigo 473, prescreve as
hipóteses em que o empregado poderá faltar ao serviço, sem o desconto em seu
salário, ou seja: “O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem
prejuízo do salário”.
A saber: “Até dois dias consecutivos, no caso de falecimento de
cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que viva sob sua
dependência econômica; até três dias consecutivos, em virtude de casamento;
por um dia, em caso de nascimento de filho, no decorrer da primeira semana; por
cinco dias, para pai, no caso de nascimento de filho; por um dia em cada 12
meses de trabalho, para doação voluntária de sangue, devidamente comprovada;
até dois dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos termos da
lei respectiva; no período de tempo em que tiver que cumprir as exigências do
serviço militar referidas no artigo 65, na letra c, da lei 4.375, de 17 de agosto de
1964 ( lei do serviço militar); nos dias em que tiver comprovadamente realizados
provas de exames vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino
superior; pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a
juízo; pelo tempo que fizer necessário, quando, na qualidade de representante de
entidade sindical, estiver participando de reunião oficial de organismo
internacional do qual o Brasil seja membro”.
16
As interrupções também ocorrem nos casos em que houver
convocação do empregado para manobras militares, dada a ocorrência de motivo
relevante de interesse para a segurança nacional; para o exercício de encargos
público em que o empregador continue obrigado a pagar os salários (ex: serviço
eleitoral, serviços a justiça); quando o empregado exercer mandato sindical e o
empregador estiver obrigado a remunerar lhe; nos casos de greve, quando por
acordo coletivo, sentença arbitral ou decisão normativa da justiça do trabalho
determinar o pagamento total ou parcial dos salários ou recuperação total ou
parcial das horas perdidas e cômputo do período como tempo de serviço.
É recomendável que, no retorno do empregado ao trabalho, sempre
que possível, seja exigida a comprovação, por parte do empregado, da cessação
do motivo que determinou a interrupção do contrato de trabalho, como, por
exemplo, a respectiva baixa no caso de término da prestação do serviço militar
obrigatório.
1.2 – CARACTERISTICAS DA INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO
A interrupção do contrato de trabalho, a presente figura celetista traduz
a sustação temporária lícita da clausula de prestação de serviço e disponibilidade
obreira no contrato empregatício. O contrato continua vigente, em plena
execução, exceto pela prestação e disponibilidade dos serviços obreiros. Por este
motivo que Orlando Gomes fala sobre em suspensão parcial e efeitos contratuais.
A interrupção é pois, a sustação restrita e unilateral de efeitos contratuais,
abrangendo essencialmente apenas a prestação laborativa e disponibilidade
obreira perante o empregador.
17
A sustação provisória atende apenas a prestação de serviço, mantendo
todas as clausulas contratuais afirmadas no acordo empregatício, mesmo sem a
prestação laboral. De acordo com o entendimento de Delgado4,
Insista-se que a sustação provisória atende apenas a clausula de prestação obreira de serviços (e, ainda, disponibilidade de emprego perante a empresa), mantidas em vigências as demais clausulas contratuais. Desse modo, não se presta trabalho (nem se fica a disposição), mas se computa o tempo de serviço e paga-se o salário. Isso significa que as obrigações do empregador mantêm plena e rigorosa eficácia, o que não acontece com a principal obrigação do empregado. Também não se torna possível a resilição unilateral do contrato por parte do empregador durante o período interruptivo ( art. 471, CLT).
1.3 – DENOMINAÇÃO DA INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Para Mauricio Godinho Delgado,“ A doutrina aponta certas variedades
de denominações no que tange a essa figura trabalhista. É comum chamar-se a
interrupção contratual de mera interrupção da prestação de serviços”.
Conforme esta afirmativa, as denominações variantes justificam-se
pelo fato de a sustação de efeitos incidir apenas sobre a prestação laborativa (e
disponibilidade obreira, é claro), mantendo incólumes as demais cláusulas
contratuais.
Já existem preferencias sobre a denominação variante, quando é
chamado a interrupção do contrato de trabalho de execução incompleta, como
explica Délio Maranhão5
No direito do trabalho costuma-se falar, entre nós, em interrupção do contrato de trabalho nos casos em que o empregador é obrigado a pagar os salários, embora esteja o
4 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 11º Edição, São Paulo, LTR, 2012.
5 MARANHÃO, Délio. Direito do trabalho. São Paulo, FGV, 1993.
18
empregado desobrigado da prestação de serviço. Mais apropriado seria, falar-se em execução incompleta. Na verdade, se, ainda que parcialmente, o contrato se executa, não estará suspenso. E o que se interrompe, no caso de suspensão não é o contrato de trabalho, mas a sua execução. Assim, no contrato de trabalho, quando ocorre a hipótese de execução incompleta, verifica-se a interrupção da prestação de serviço: o contrato, este continua em plena vigência. Dai não acarretar tal interrupção prejuízo salarial, nem impedir o cômputo do respectivo período no tempo de serviço.
Conclui Delgado que: “A expressão interrupção contratual merece, de
fato, outras objeções, já que ela escapa ao sentido clássico que a palavra
interrupção tende a assumir no direito em geral”.
1.4 – NATUREZA JURÍDICA DA INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO
Por se tratar de período de tempo em que o empregado não presta
serviços, mas recebe salário e permanece vigorando o pacto laboral, o repouso
semanal remunerado, feriados e etc., por exemplo, possuem a natureza jurídica
de interrupção do contrato de trabalho. De acordo com Mauricio Delgado6,
A natureza jurídica da remuneração paga no período em que o empregado, por algum motivo, não está prestando seus serviços ao empregador, é chamada de natureza salarial, a tipologia construída de acordo com a natureza jurídica, é de natureza indenizatória (que são do tipo de indenizações por despesas reais, já feitas ou a fazer, porém sempre em função do cumprimento do contrato de trabalho), parcelas de natureza meramente instrumental, ou seja, o empregado não presta o serviço, mas continua recebendo o salário devido e mais a contagem do tempo de serviço.
6 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 11º Edição, São Paulo, LTR, 2012.
19
1.4.1 – NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO DE TRABALHO
Consequentemente, como se foi relatado o conceito do contrato de
trabalho, se faz necessário indagar sobre a natureza jurídica do contrato de
trabalho.
O contrato de trabalho é originado do direito civil, porém, não podemos
comparar todos os contratos civis no direito civil, ao contrato individual de trabalho
no direito trabalhista, por esse parâmetro nos indaga Renato Saraiva7,
Várias teorias surgiram relacionando a natureza
jurídica do contrato de trabalho aos contratos típicos do direito civil, como o contrato de compra e venda, o arrendamento, a empreitada, a locação de serviços, a sociedade, o mandato, a parceria e etc., o que não foi aceito pelos os operadores de direito, uma vez que as características do contrato de trabalho não se compatibilizam com os diplomas civilistas acima relacionados.
Outras teorias isoladas e não relacionadas com o direito civil surgiram
com o firme propósito de definir a natureza jurídica do contrato de trabalho, como
veremos a seguir:
Teoria Acontratualista: Negava a natureza jurídica do contrato de
trabalho, negando a manifestação de vontade do empregado, esta teoria não
progrediu, pois desconsidera a vontade das partes, essencial para o contrato de
trabalho.
Teoria Institucionalista: Esta teoria aceita a manifestação de vontade,
embora não lhe de muita importância. Existe uma situação externa que obriga o
empregado a laborar para o empregador. A própria sociedade cobraria a atividade
produtiva do empregado e do empregador.
7 SARAIVA, Renato. Direito do trabalho para concursos públicos. 10º Edição, São Paulo, Método,
2009.
20
Compreende-se a empresa como uma instituição que se impõe
objetivamente a certo conjunto de pessoas e cuja a permanência e
desenvolvimento não se submetem a vontade particular de seus membros
componentes. Esta teoria não foi aceita em virtude da liberdade contratual de que
as partes depõem.
Teoria Neocontratualista: Nos dias atuais, prevalece a teoria
neocontratualista, em que a natureza jurídica do contrato de trabalho é contratual,
de direito privado.
O Estado intervém apenas para regular e normatizar algumas
condições básicas com o objetivo de resguardar os direitos mínimos dos
trabalhadores nos pactos laborais (principio do dirigismo estatal básico).
A teoria Neocontratualista considera a relação entre empregado e
empregador em um contrato, porque decorre de acordo com a vontade das
partes, devendo este ser escrito. Por outro lado, a teoria institucionalista entende
que o empregador é uma instituição na qual uma situação estatutária e não
contratual, onde as condições de trabalho demonstram uma subordinação do
empregado pelo empregador, podendo ser um acordo verbal.
21
CAPÍTULO II
SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Neste capitulo dispor-se o conceito, características, denominação,
natureza jurídica e exceções da suspensão do contrato de trabalho e as
distinções entre a suspensão e a interrupção do contrato de trabalho.
2.1 – CONCEITO DE SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Na suspensão do contrato de trabalho, não há prestação de serviço,
nem remuneração, mas o contrato de trabalho continua vigendo, ou seja, não há
rompimento do vínculo empregatício entre as partes, o empregado e o
empregador, e também não há a dissolução do respectivo vínculo contratual que
lhe formou, porém as obrigações principais não são exigíveis na suspensão.
O contrato de trabalho fica suspenso quando, por força de lei ou de
outra fonte de direito, determinado fato gera a paralisação temporária da sua
execução. Nem o empregado presta serviços, e nem o empregador lhe paga
salários. Não há contagem do tempo de serviço, exceto nas hipóteses do
paragrafo único do artigo 4º, da CLT. É também chamada de suspensão total do
contrato de trabalho. Conforme ensina Arnaldo Sussekind8,
A suspensão do contrato de trabalho pode ser total ou parcial. Sendo total quando o empregador e empregado ficam desobrigados a, transitoriamente, do cumprimento das obrigações pertinentes ao contrato, e é parcial, a suspensão, quando o empregador deve remunerar o empregado sem que lhe preste o serviço.
Nesta hipótese a primeira chama-se suspensão, enquanto na segunda,
conceitua-se o legislador como interrupção.
8 SUSSEKIND Arnaldo. Curso de direito do trabalho, 2ª Edição, São Paulo, Renovar, 2004.
22
Nesta matéria tratar-se-à da suspensão, que será analisada nos seus
aspectos legais e doutrinários.
Em igual pensamento, com a classificação de Arnaldo Sussekind, está
Orlando Gomes, afirmando que a suspensão total tem-se “quando as duas
obrigações fundamentais, a de prestar serviço e da outra que é de pagar salário,
se tornam reciprocamente inexigíveis”.
A suspensão não acarreta rescisão ou cessação do contrato de
trabalho, mas sim uma paralisação temporária da execução do contrato de
trabalho, tendo na temporariedade sua característica principal. A suspensão não
acarreta qualquer efeito sobre o contrato de trabalho, de acordo com a opnião de
Orlando Gomes, o período em que o empregado se afastou do serviço não se
incorpora ao seu tempo de serviço, exceto se a lei estabelecer o contrário.
A suspensão do contrato de trabalho é possível ocorrer por diversas
causas, estabelecidas por força da lei; por fato alheio à vontade do empregado;
por ato volitivo do empregado em comum acordo com o empregador ou por fato
imputável ao empregado. Assim para André Horta Moreno Veneziano9
A extinção ou cessação total do contrato de trabalho se dá quando deixa de existir o vínculo que une o empregado e empregador. Todavia, existem, determinadas situações que, embora não dissolvam essa relação, implicam a paralisação total ou parcial do contrato de trabalho, isto é, embora o contrato de trabalho continue a existir, todas ou algumas de suas cláusulas deixam de surtir efeito temporariamente. Quando ocorre a paralisação total do contrato de trabalho, diz-se que há suspensão.
Suspensão é considerada, no caso do contrato de trabalho, o
afastamento das atividades laborais, por quer que seja o motivo, a partir do
décimo sexto dia de afastamento, isto é, a partir do décimo sexto dia de
9 VENEZIANO, André Horta Moreno. Direito e processo do trabalho, 3ª Edição revista e atualizada,
São Paulo, Saraiva, 2010. (Coleção OAB nacional. Primeira Fase).
23
afastamento, enquanto o empregado estiver recebendo o benefício previdenciário
do auxílio-doença e não retornar ao serviço, suspensão do contrato de trabalho.
Dentro do período de suspensão do contrato de trabalho, todas as
cláusulas deixam de vigorar, sendo que o empregador não paga os devidos
salários e consequentemente o empregado não prestará seus serviços.
Ao término do período de suspensão, ou seja, quando cessar o período
de suspensão, o contrato de trabalho volta a vigorar normalmente, sendo
assegurado ao empregado, o retorno ao cargo que execia na época da
suspensão, garantindo todas as vantagens que, durante sua ausência, tenham
sido atribuídas à categoria a que pertencia o trabalhador.
Entretanto, em relação ao tempo de serviço do empregado, o período
em que seu contrato esteve suspenso não é computado.
Da mesma forma que na interrupção do contrato de trabalho,
recomenda-se a comprovação do motivo que determinou essa interrupção do
contrato de trabalho. Se faz recomendável que, também, na suspensão do
contrato de trabalho, no retorno do empregado ao trabalho, sempre que possível,
seja exigida prova da cessação do motivo da suspensão, como por exemplo,
atestado de alta médica.
A cessação provisória e total do contrato de trabalho, pois na
suspensão o contrato de trabalho continua em pleno vigor, mas não conta tempo
de serviço e não há remuneração.
O empregado também pode ter suspenso o seu contrato de trabalho
para o exercício de encargo público ou função equiparada, desde que o
empregador não esteja obrigado a pagar-lhe os salários, como era no
desempenho das funções de juiz classistas na Justiça do Trabalho, membro de
conselhos previdenciários e titular de mandato eletivo de senador, deputado
federal, deputado estadual ou vereador.
24
A suspensão do contrato de trabalho também se dá por motivo de
saúde, nos casos em que o empregado necessitar afastar-se do serviço por mais
de quinze dias, os efeitos do seu contrato de trabalho são suspensos. O
empregado, durante esse período em que estiver afastado do serviço, receberá
um auxílio-doença da previdência social. Conforme Sussekind: “enquanto durar o
benefício previdenciário, perdurá a inexecução contratual”.
Outra causa de suspensão do contrato de trabalho é a aposentadoria
por invalidez ( artigo 475, caput, da CLT). Todavia, a lei 8.213/1991 estabelece
que tal suspensão persistirá até que o empregado complete cinco anos
recebendo o respectivo benefício, após esse prazo o empregado é aposentado
definitivamente, caso tenha alcançado a idade ou ainda existiam os motivos que
ensejaram a aposentadoria por invalidez. Caso contrário, voltará, ele, a ativa, sem
contudo, ter as garantias advindas da suspensão do contrato de trabalho, pois o
contrato se extingue, seja com aposentadoria definitiva, seja após o lapso de
cinco anos da aposentadoria por invalidez.
Na hipótese de acidente no trabalho o empregador é afastado de suas
funções, quando os efeitos do acidente assim o exijam. Fica, ainda assim, o
empregador obrigado a pagar-lhe os primeiros quinze dias de afastamento, após
esse período, o empregado passará a receber o benefício previdenciário,
operando-se, a partir do recebimento deste, a suspensão do contrato de trabalho.
A medida provisória 1.719 de 1998, suas reedições e alterações,
estabeleceram o que os doutrinadores passaram a chamar de: “suspensão
bilateral do contrato de trabalho”, por Sussekind, ou “suspensão bilateral do
contrato de trabalho” atualizado por Orlando Gomes.
Segundo Orlando Gomes, o que a referida medida provisória “autoriza
é um ajuste de vontades, no sentido de paralisar, por espaço determinado de
tempo, a execução do contrato individual de emprego, proporcionando ao
empregado, em troca, a participação em curso ou programa de qualificação
profissional de responsabilidade do empregador”.
25
Conforme Arnaldo Sussekind anota que tal medida provisória
possibilita a “suspensão provisória do contrato de trabalho que vier a ser prevista
em convenção ou acordo coletivo, mediante aquiescência formal do empregado”.
A medida provisória citada prevê a possibilidade de suspensão do
contrato de trabalho para a capacitação do empregado, valendo ainda observar
que o período de suspensão variará de dois a cinco meses e durante o mesmo, o
empregado poderá receber uma ajuda financeira do empregador, o que na opnião
de Arnaldo Sussekind, não tem natureza salarial.
2.2 – CARACTERISTICAS DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
A suspensão do contrato de trabalho traduz a sustação da execução do
contrato de trabalho, em suas diversas cláusulas, permanecendo, em vigor o
contrato de trabalho. Corresponde à sustação ampla e bilateral de efeitos do
contrato empregatício, que preserva, porém, sua vigência. Assim afirma Mauricio
Godinho Delgado10,
Em principio, praticamente todas as clausulas contratuais não se aplicam durante a suspensão: não se presta serviço, não se paga salário, não se computa tempo de serviço, não se produzem recolhimentos vinculados ao contrato, etc. No período suspensivo, empregado e empregador, tem, desse modo, a ampla maioria de suas respectivas prestações contratuais sem eficácia. Embora seja comum referir-se, no tocante a suspensão, a sustação plena e absoluta de todas as clausulas expressas e implícitas no contrato, há que se ressaltar que persistem em vigência algumas poucas clausulas mínimas do pacto empregatício. Trata-se, principalmente, de clausulas que dizem respeito a condutas omissivas das partes. Por exemplo, não perdem plena eficácia as regras impositivas de condutas omissivas obreiras vinculadas aos deveres de lealdade e fidelidade contratual ( as condutas de não violação do segredo de empresa ou de concorrência desleal – art. 482, “c” e “g”, CLT). Também não perdem plena eficácia as regras impositivas de certas condutas omissivas ao empregador (com, por exemplo, as condutas de respeito à integridade física e moral do obreiro – art. 482, “e” e “f”, CLT – e de não denuncia vazia do contrato de trabalho – art. 471, CLT).
10 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 11º Edição, São Paulo, LTR, 2012.
26
Diante desta afirmativa, podemos destacar que durante a sustação, as
clausulas contratuais não se aplicam, pois não se paga salario, não se presta
serviço, não se computa tempo de serviço, não produz recolhimento e outros.
Tendo em vista não serem devidos salários, não há necessidade de recolhimento
previdenciário e nem obrigação de depositar o FGTS.
Quando cessar o período de suspensão, o contrato de trabalho volta a
vigorar normalmente. É assegurado ao empregado, o retorno ao cargo que
exercia na época da suspensão, garantindo todas as vantagens que, durante a
sua ausência, tenham sido atribuídas à categoria a que pertencia o trabalhador.
2.3 – DENOMINAÇÕES DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Existem duas espécies de denominação da suspensão do contrato de
trabalho, conforme ensina Mauricio Godinho Delgado: “A doutrina aponta certa
variedades de dominações a essas figuras. Distinguir-se entre suspensão total e
suspensão parcial, a primeira a suspensão propriamente dita, e a outra, à
interrupção contratual”.
Ocorrem outros entendimentos sobre a questão, suspensão parcial e
suspensão total, diferente de Delgado, esclarece Elson Gottshalk11:
As duas variantes ( suspensão parcial e suspensão total) são definidas assim: A suspensão pode ser total e parcial, da-se, totalmente, quando as duas obrigações fundamentais, a de prestar serviço e a de pagar salário, se tornam reciprocamente inexigíveis. Há suspensão parcial quando o empregado não trabalha e, no obstante, faz jus ao salário.
Neste entendimento, tem-se a suspensão total, quando não se tem a
prestação de serviços e por sua vez, não há o pagamento do salario, e quando
não há a prestação de serviço e tem-se o salario é caso de suspensão parcial.
11 GOMES, Orlando e Elson Gottschalk. Curso de direito do trabalho, 19ª Edição, São Paulo,
Forense, 2011.
27
2.4 – NATUREZA JURÍDICA DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Para analise da suspensão do contrato de trabalho, podemos dizer que
a alma da suspensão negociada começa a ter consistência no Direito Coletivo e
completa-se no Direito Individual – e só o amalgama desses dois tipos distintos de
vontade lhe dará existência efetiva.
A definição de natureza jurídica da suspensão do contrato de trabalho
nos fornece, por si só, os elementos para situa-la na estrutura sistemática no
Direito do trabalho, ou seja, fazer-lhe a taxionomia. Em razão do hibridismo
inevitável de sua natureza, deva ela sua analise ser desenvolvida na área de
divisão interna no Direito de Trabalho corresponde a cada parte da composição
de sua substância.
No tocante ao seu pré-requisito existencial, que é a instrumentação da
vontade coletiva, seu encarte deve dar-se no Direito Coletivo, do mesmo modo
que, no tocante ao seu objeto final, que só pode instrumentar-se pela via da
vontade individual dos sujeitos da relação do emprego, seu encarte se dá no
campo especulativo do Direito Individual, incorporando-se à própria disciplina
geral da suspensão do contrato individual do trabalho
2.5 – EXCEÇÕES DE SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Temos exceções de suspensão do contrato de trabalho, ou seja, são
exemplos de que tem-se a suspensão e mais na realidade passa a ser caso de
interrupção, como ensina Sussekind12
Tratando-se de fato alheio à vontade do empregado, tem-se a suspensão por ocasião da prestação do serviço militar obrigatório, onde o contrato de trabalho é suspenso.
12 SUSSEKIND Arnaldo. Curso de direito do trabalho, 2ª Edição, São Paulo, Renovar, 2004.
28
Se o empregado não permanece à disposição do empregador, não executa qualquer das obrigações que decorrem de seu contrato, nem recebe, total ou parcialmente prestação de natureza salarial, é evidente que a relação jurídica de emprego está suspensa.
Porém, neste caso concreto, a lei estabelece que o período em que o
empregado prestou serviço militar, deve ser computado para efeito de
indenização e estabilidade. Essa é uma exceção à regra geral que prevê a não
contagem do tempo de serviço nos casos de suspensão total do contrato de
trabalho. Não se trata aqui do que dispõe o artigo 472, paragrafo 3º, da CLT, onde
textualmente a lei diz não haver suspensão do contrato de trabalho, nos casos de
convocação quando ocorrer motivo relevantemente de interesse para a segurança
nacional. Aqui o empregador continuará pagando os salários do empregado.
Segundo Orlando Lopes, “verifica-se uma suspensão dos efeitos do
contrato de trabalho no afastamento em virtude das exigências do serviço militar
obrigatório, suspendendo-se as obrigações recíprocas”.
Para o exercício de mandato sindical a execução do contrato de
trabalho é também suspensa, equiparando-se à licença não remunerada,
segundo pré-seleciona Sussekind. Todavia, caracteriza-se como interrupção, se o
empregador estiver obrigado ao pagamento dos salários.
No uso disciplinar o empregador também pode suspender o contrato de
trabalho do empregado que houver praticado ato faltoso. Essa suspensão
disciplinar não pode exceder a 30(trinta) dias, sob pena de transformar-se em
rescisão do contrato de trabalho. Esta suspensão visa disciplinar, resgatar o
comportamento do empregado conforme as exigências da empresa. Ela pode
ocorrer após advertências ou até após o cometimento de uma falta. Esta falta terá
que ser bastante grave, pois haverá prejuízo ao empregador e ao empregado.
A greve também suspende o contrato de trabalho, conforme o artigo 7º,
caput, da lei 7.783/1989. Desta forma, o empregado não presta serviço e o
empregador não está obrigado a pagar-lhe os salários, mas mantém-se o vínculo
contratual. Porém, se no acordo coletivo, tiver uma cláusula que disponha que o
29
pagamento do salário, naqueles dias específicos de greve, terá que ser efetuado,
torna-se interrupção do contrato de trabalho.
2.6 – DISTINÇÕES ENTRE INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO
DE TRABALHO
Analisando-se os elementos dos conceitos reproduzidos, é possível
chegar a distinção ente interrupção e suspensão do contrato de trabalho.
Havendo interrupção quando o empregado deva ser remunerado normalmente,
embora não preste serviço, contando-se também o seu tempo de serviço,
mostrando a existência de uma cessação provisória e parcial do contrato. Na
suspensão, o empregado fica afastado, não recebendo salário, nem seu tempo de
serviço será computado, havendo a cessação provisória ou total do contrato de
trabalho.
A interrupção e a suspensão contratual são duas anormalidades na
relação de emprego. Em ambos os casos, o contrato de trabalho continua vigente,
sem perda de direitos aos trabalhadores, eles simplesmente são suspensos, total
ou parcialmente.
A principal diferença entre interrupção e suspensão do contrato de
trabalho é que na interrupção, o salario não deixa deser pago, enquanto que na
suspensão a necessidade de pagamento do salario deixa de existir.
As obrigações acessórias permanecem nas duas modalidades, e, se
violadas, poderão levar a rescisão do contrato de trabalho por culpa da parte. É o
caso da obrigação do empregado não revelar segredo da empresa, não lhe fazer
concorrência e as demais, como agressão física ou moral ao empregado ou ao
superior no mau procedimento que afeta o ambiente ou nome da empresa.
O afastamento por período inferior a 15 dias configura interrupção,
mantendo-se as obrigações trabalhista devidas pelo empregador. Somente a
partir do décimo sexto dia, o afastamento se transforma em suspensão do
30
contrato de trabalho, quando o ônus pela remuneração do emprego recai sobre a
Previdência Social.
A interrupção e a suspensão são dois institutos que inviabilizam a
extinção do contrato de trabalho.
No caso da interrupção do contrato de trabalho, a empresa continua
pagando salários ao empregado e o período será computado como tempo de
serviço. Interrompem o contrato de trabalho.
Já na suspensão do contrato de trabalho, o empregado não recebe
pelo tempo inativo e tal período não conta como tempo de serviço. Acarretem a
suspensão do contrato de trabalho a falta injustificada, o período de greve, etc.
Portanto, de forma bem objetiva e sucinta, o contrato de trabalho será
suspenso quando as obrigações pactuadas entre as partes não acontecerem,
qual seja, o empregado não trabalha, porém não aufere rendimentos. Todavia,
haverá interrupção do contrato de trabalho quando o trabalhador muito embora
não desempenhe suas atividades, perceba o salário correspondente a sua
ausência.
31
CAPÍTULO III
HIPÓTESES DE INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO
DE TRABALHO E SEUS EFEITOS
3.1 – HIPOTESES DE INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Para justificar uma interrupção de contrato de trabalho, se faz
necessário ter um dos requisitos da interrupção contratual, ou seja, terá que ser
um dos exemplos especificados neste capitulo, conforme ensina Mauricio
Godinho13,
São inúmeros os fatores eleitos pela ordem jurídica como hábeis a ensejar a interrupção contratual (ou a interrupção da prestação de serviços ou, ainda, suspensão parcial do contrato de trabalho). Tais fatores estão arrolados, em grande parte, no artigo 473 da CLT. Entretanto há outras diversas situações de afastamento remunerado obreiro previsto na CLT, que se enquadram, pois, na figura da interrupção contratual. Ressalte-se que até mesmo a legislação não trabalhista alinhava certas situações de sustação remunerada da prestação laborativa, as quais, coerentemente, ingressam no largo rol de casos de interrupção do contrato de trabalho.
São hipoteses de interrupção do contrato de trabalho:
1 – Ausências legais: são computadas como tempo de serviço efetivo, sendo
devidos, também, os salários respectivos.
O artigo 473 da CLT disciplina as hipóteses de falta de serviço, sem
prejuízo de salário, conforme segue:
13 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 11º Edição, São Paulo, LTR, 2012.
32
A – Até dois dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente,
descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e
previdência social, viva sob dependência econômica;
B – Até três dias consecutivos, em virtude de casamento;
C – Por um dia, em caso de nascimento de filho no decorrer da primeira semana.
Esse direito foi ampliado para cinco dias, nos termos do artigo 10, paragrafo 1º,
do ADCT, até que o artigo 7, XIX, da CF(licença-paternidade) seja
regulamentado;
D - Por um dia, em cada doze meses de trabalho, em caso de doação voluntária
de sangue, devidamente comprovada;
E – Até dois dias consecutivos, ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos termos
da lei específica;
F – No período de tempo que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar;
G – Nos dias em que tiver comprovadamente, realizando provas de exame
vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior;
H – Pelo tempo em que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo;
De acordo com Godinho, “em cargos públicos específicos (em geral, de curta ou
curtíssima duração). Citem-se em primeiro lugar, os encargos efetivamente
obrigatórios: comparecimento judicial como jurado (artigo 430, código penal) ou
como testemunha (artigo 822, da CLT), citem-se em segundo lugar, até mesmo
alguns encargos públicos não efetivamente obrigatório, como, por exemplo, o
comparecimento judicial da própria parte (Enunciado n. 155, TST); nesta linha
recente Lei 9.853/99 ( artigo 473, VIII, CLT)”.
I – Pelo tempo em que se fizer necessário, quando, na qualidade de
representante de entidade sindical, estiver participando de reunião oficial de
organismo internacional do qual o Brasil seja membro;
33
J – Lock out: é a paralisação das atividades, por iniciativas do empregador, com o
objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento das reinvindicações
dos empregados. Caso, isso ocorra. Os trabalhadores têm direito à percepção
dos salários durante o período da paralisação (artigo 17, da lei n. 7.783/1989).
2 – Outras hipóteses não previstas no artigo 473, da CLT:
A – Ausência por motivo de doença ou acidente de trabalho até o décimo quinto
dia: tais ausências são computadas o tempo de serviço, devendo ser pago os
respectivos salários, de acordo com a lei 8213/1991, artigo 60, paragrafo 3º.
B – Repouso semanal remunerado: computa-se o tempo de serviço, devendo ser
paga a remuneração correspondente, com fulcro no artigo 7 da Constituição
Federal;
C – Feriados: conforme dispõe a lei 605/1949, artigo 1º;
D – Intervalos intrajornadas remunerados;
E – Férias: O período é computado como de serviço efetivo, devendo ser pagos
os salário correspondentes, conforme artigo 7, XVII, da Constituição Federal;
F – Licença remunerada;
G – Período em que não houver serviço na empresa por culpa ou
responsabilidade do empregador: os salários correspondentes deverão ser pagos,
e o período computado no tempo de serviço;
H – Licença gestante: Durante esse período são assegurados à empregada o
emprego, os salários correspondentes e o cômputo de respectivo período no
tempo de serviço, com base no artigo 7, XVIII, da Constituição Federal, c/c artigo
71 da lei 8213/1991. Deve-se lembrar que a lei nº 11.770/2008 instituiu o
34
programa Empresa-Cidadã, destinado a prorrogar por mais 60 dias a duração da
licença-maternidade.
I – Aborto: Se o aborto não for criminoso, a empregada terá o direito a duas
semanas de descanso, com base no artigo 395 de CLT;
J – Suspensão do empregado estável por motivo de ajuizamento de inquérito para
apuração de faltas grave, quando a ação for julgada improcedente: esse período
é computado no tempo de serviço do empregado, sendo devidos os respectivos
salários;
L – Ausências consideradas justificadas pelo empregador, quando concorda em
pagar os respectivos salários.
3.1.1– EFEITOS DA INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Os efeitos da interrupção do contrato de trabalho é parcial, pois, não há
a prestação de serviço, porem, o empregador paga a remuneração devida, De
acordo com André Veneziano, “A paralisação do contrato é parcial, isto é, embora
continue a existir, há uma simples interrupção na prestação de serviços,
prevalecendo para o empregador a obrigatoriedade de pagar os salários, no todo
ou em parte.”
Porém, temos um outro efeito na interrupção do contrato de trabalho,
que é a garantia de que o contrato de trabalho ainda existe, ou seja, ainda
prevalece tudo que antes foi assinado no acordo entre empregado e empregador,
conforme ensina Godinho14
O principal efeito da interrupção contratual é, a sustação das obrigações contratuais mais relevantes do
14 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 11º Edição, São Paulo, LTR, 2012.
35
empregado durante o período interruptivo. Essencialmente sustem-se as obrigações obreiras de prestação laborativa e de disponibilidade perante ao empregador. Desse modo, caracteriza a interrupção a continuidade de vigência de todas as obrigações contratuais, excetuadas, as principais obrigações obreiras: prestações de serviços e disponibilidade perante ao empregador. Mantém-se, pois, em vigência a plenitude da obrigações empresariais.
“Outro efeito relevante é a garantia de retorno do empregado ao cargo
ocupado no instante de inicio da causa interruptiva” (artigo 471 da CLT). É
também consequência da figura interruptiva a garantia de percepção pelo
trabalhador, no instante do seu retorno, do patamar salarial e de seus direitos
alcançados em face das alterações normativas havidas (isto é, garantia de
absorção das vantagens genéricas oriundas próprias da legislação geral ou da
normatização específica da categoria) – artigo 471 da CLT.
Resulta, ainda, da interrupção contratual a inviabilidade jurídica da
dispensa desmotivada obreira – resilição unilateral do contrato por ato do
empregador (art. 471, CLT).
Conforme dito anteriormente, o principal efeito da interrupção é a
sustação restrita das obrigações contratuais (prestar serviço e disponibilidade
perante o empregador). Outros efeitos são as garantias, tais como: retorno do
empregado ao cargo ocupado após o fim da causa interruptiva (artigo 471 CLT)
garantia de recebimento pelo empregado do salário e direitos alcançados ao
retornar as atividades laborais.
3.1.2 – PRAZO PARA RETORNO APÓS A INTERRUPÇÃO
O prazo para retorno após a interrupção, é imediata, não devendo
ultrapassar o limite de 30 dias, pois se não há a interrupção, ou seja, o
empregado já pode voltar ao trabalho que seja feito imediatamente, como ensina
Mauricio Godinho15,
15 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 11º Edição, São Paulo, LTR, 2012.
36
A interrupção é instituto trabalhista largamente favorável ao obreiro, por sustar as principais obrigações do empregado em contexto de manutenção de todas as obrigações da contraparte contratual. Já dotado de forte assincronia entre obrigações e vantagens contratuais, o instituto, por isso mesmo, não pode ser interpretativamente ampliado. Deve-se, assim, compreender que o prazo obreiro para retorno a suas obrigações bilaterais do contrato é, em síntese, imediato. “Não há como estender-se, aqui, o prazo de 30 dias aplicável ao retorno em situações de suspensão do contrato de trabalho.
Portanto, a regra geral é que o retorno do empregado ao serviço deve
ser imediato, tão logo desaparecida a causa interruptiva. As vantagens
exponenciais da interrupção em benefício do empregado não permitem ampliar tal
prazo em detrimento da contraparte contratual, o empregador.
3.2 – HIPOTESES DE SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Suspensão do contrato de trabalho = a paralisação total do contrato de
trabalho, sem o rompimento da relação de emprego.
Temos os seguintes casos de suspensão do contrato de trabalho:
1 - Acidente de trabalho ou doença após o 15º dia de afastamento do trabalho é
considerado suspensão, uma vez que o obreiro entra em gozo de auxilio-doença,
pago pela previdência social (lei 8213/1991, artigo 59);
2 – Durante a prestação do serviço militar obrigatório, o contrato de trabalho do
empregado também fica suspenso, nos termos do artigo 472 CLT;
Obs: Frisa-se que em caso de acidente de trabalho e durante a prestação de
serviço militar, embora sejam casos de suspensão, há contagem do tempo de
serviço, com a continuidade de recolhimento do FGTS, conforme previsão no
artigo 4º, paragrafo único, da CLT c/c o Decreto 99.684/1990.
3 – A greve é um direito assegurado no artigo 9º da CF, regulamentado pela lei
7.783/1989. No entanto, o movimento de paralisação dos serviços pelos
37
trabalhadores é considerado pelo artigo 7º da lei de greve, como sendo
suspensão do contrato de trabalho;
4 – O empregado eleito diretor de S.A. tem seu contrato de emprego suspenso,
salvo se permanecer a subordinação jurídica inerente a relação de emprego,
hipótese em que o contrato de trabalho continuará produzindo seus regulares
efeitos, conforme entendimento consubstanciado na sumula 269 do TST;
5 – Qualquer espécie de licença não remunerada, constitui modalidade de
suspensão de contrato de trabalho;
6 – Afastamento do empregado em caso de prisão;
7 – Aposentadoria por invalidez – estabelece o artigo 475 da CLT que se o
empregado for aposentado por invalidez terá suspenso o contrato de trabalho
durante o prazo fixado pela lei da previdência social para a efetivação do
beneficio ( que atualmente é de cinco anos).
Em relação a aposentadoria por invalidez, o STF e o TST divergem sobre até que
momento o trabalhador aposentado por invalidez poderia, recuperando sua
capacidade laborativa, retornar ao emprego. Vejamos:
“Sumula 217 do STF – Aposentadoria - readmissão . Tem o direito de
retornar ao emprego, ou ser indenizado em caso de recusa do empregador, o
aposentado que recuperar a capacidade de trabalho dentro de cinco anos a
contar da aposentadoria, que se torna definitiva após esse prazo”.
“Sumula 160 do TST – Aposentadoria por invalidez – cancelada a
aposentadoria por invalidez, mesmo após cinco anos, o trabalhador terá direito de
retornar ao emprego, facultado, porem, ao empregador, indeniza-lo na forma da
lei”.
8 – O afastamento do obreiro para participar de curso de qualificação profissional,
pelo período de 2 a 5 meses, nos termos do artigo 476-A da CLT, consiste em
hipótese de suspensão contratual;
38
9 – A suspensão disciplinar prevista no artigo 474 da CLT, ressaltando-se que a
suspensão disciplinar não poderá exceder de 30 dias, sob pena de caracterizar a
dispensa imotivada ou rescisão injusta do contrato de trabalho;
10 – O empregado estável (artigo 492 da CLT) somente poderá ser dispensável
se cometer falta grave, previamente apurada por ação judicial denominada
inquérito para apuração de falta grave (artigo 494 c/c art. 853 da CLT), podendo o
empregado ser suspenso de suas funções durante o tramite do inquérito;
11 – As faltas injustificadas ao serviço configuram hipótese de suspensão do
contrato de trabalho, não fazendo jus o obreiro a remuneração do dia da ausência
como também perdendo a remuneração do repouso semanal;
12 – O afastamento do empregado para exercício de encargos públicos, como o
de ministro, secretario de estado, senador, deputado federal e etc., nos termos do
artigo 472 da CLT, não constitui motivo para rescisão do contrato de trabalho para
o empregador, caracterizando-se hipótese de suspensão de contrato de trabalho;
13 – Quando do retorno do empregado afastado do emprego, serão asseguradas
ao obreiro todas as vantagens que, na ausência, tenham sido atribuídas a
categoria a que pertencia na empresa ( artigo 471 da CLT).
3.2.1– EFEITOS DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
O efeito da suspensão será a ampla sustação das reciprocas
obrigações contratuais durante o período suspensivo. De acordo com Godinho,16
A sustação ampla dos efeitos contratuais apenas não ocorre em poucos casos suspensivos excepcionados pela ordem jurídica, nos quais se mantem a produção de certas especificas e delimitadas repercussões contratuais em favor do obreiro submetido a suspensão contratual. É o que se passa, como examinado, com os casos de suspensão de acidente de trabalho ou prestação de serviço militar, e o caso de suspensão por acidente ou simples doença ( em que se preservam efeitos na
16 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 11º Edição, São Paulo, LTR, 2012.
39
contagem do período aquisitivo de férias, se afastamento não for superior a seis meses).
Efeito importante da suspensão contratual é a garantia de retorno
obreiro ao cargo anteriormente ocupado, após desaparecida a causa suspensiva
(art. 471 da CLT). Na mesma linha, a garantia de percepção, no instante do
retorno, do patamar salarial e de direitos alcançados em face das alterações
normativas havidas (o que significa a absorção das vantagens genéricas oriundas
próprias da legislação geral ou normatização da categoria) – artigo 471 da CLT”,
conforme André Horta,17
Na suspensão todas as clausulas deixam de vigorar. Assim, o principal efeito dessa situação é o de que, durante esse período, o empregador não paga salario e o empregado não presta serviços, mas seu posto de trabalho fica reservado por determinado período de tempo.
Deixando de existir o motivo que determinou a suspensão do contrato,
é assegurado ao empregado o retorno ao cargo que exercia na empresa
anteriormente, e, ainda, são –lhe garantidas todas as vantagens que, durante sua
ausência, tenham sido atribuídas a categoria a que pertencia na empresa. Assim,
se durante a suspensão do contrato surgirem novas vantagens a categoria do
empregado decorrentes de lei, acordo ou convenção coletivas, sentença
normativa ou, até mesmo, por espontaneidade do empregador, o empregado será
beneficiado, da mesma forma, a partir do dia em que, cessada a causa do
afastamento, retornar ao serviço.
3.2.2 – PRAZO PARA RETORNO APÓS A SUSPENSÃO
Após sustada a causa suspensiva do contrato de trabalho, deve o
empregador representar-se ao serviço, retornando a continuidade do contrato de
17 VENEZIANO, André Horta Moreno. Direito e processo do trabalho, 3ª Edição revista e
atualizada, São Paulo, Saraiva, 2010. (Coleção OAB nacional. Primeira Fase).
40
trabalho em todas as suas clausulas. A injustificada omissão do trabalhador em
proceder a essa representação resulta na incidência da figura da justa causa por
abandono de emprego”. (artigo 482, i, CLT). Conforme entendimento de Mauricio
Godinho18
O retorno obreiro deve se efetuar imediatamente. Porém, inexistindo qualquer convocação empresarial expressa e não havendo circunstâncias ou regras especiais atuando sobre o caso concreto, cabe indagar-se sobre o prazo máximo aberto ao trabalhador para efetuar seu retorno. A lei não traz dispositivo transparente a esse respeito, cabendo inferir-se tal prazo a partir do conjunto da ordem jurídica.
Pode-se considerar 30 (trinta) dias após o desaparecimento da causa
suspensiva como o prazo máximo padrão para representação obreira em seguida
a suspensão do contrato, sob pena de abandono de emprego. Tal prazo infere-se
da leitura que a jurisprudência faz da ordem jus trabalhista”.
O enunciado nº 32 do TST considera configurado o abandono de
emprego se ultrapassado esse prazo após a cessação do beneficio previdenciário
suspensivo do contrato, sem que o trabalhador retorne ao serviço ou justifique
sua omissão.
Tal prazo ( 30 dias) esta no artigo 472. Paragrafo 1º, da CLT: Este
empregador, de sua intenção de retorno ao serviço, remetida tal notificação
preceito menciona a necessidade de notificação, pelo obreiro ao em 30 dias da
“baixa” obreira no serviço militar ou do término do encargo publico a que estava
vinculado. É bem verdade que aqui o prazo legal se refere a remessa da
notificação extrajudicial, sendo que o artigo 132 da CLT aventa prazo mais amplo
para o efetivo comparecimento em casos de prestação de serviço militar noventa
dias após a “baixa” do encargo militar(pelo menos para fins de computo como
período aquisitivo de férias do lapso temporal de prestação laborativa anterior ao
cumprimento do serviço militar).
De tal modo, excluídos os casos do artigo 472, paragrafo 1º , da CLT,
(encargo público, inclusive serviço militar), em que o prazo trintidial é
18 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 11º Edição, São Paulo, LTR, 2012.
41
essencialmente para a notificação informativa do interesse de retorno, pode-se
considerar como prazo genérico incidente as demais situações de suspensão
contratual 30 dias do final do fator suspensivo do contrato de trabalho ( Enunciado
nº 32, TST).
42
CONCLUSÃO
A elaboração da presente monografia analisou o conceito,
características, denominação e natureza jurídica da interrupção e da suspensão
do contrato de trabalho, foi comentado também, sobre o conceito e natureza
jurídica do contrato de trabalho individual, que é simplesmente um complemento
do tema escolhido para a presente monografia, não seria possível se falar sobre
interrupção e suspensão do contrato de trabalho puramente, sem especificar o
conteúdo do contrato de trabalho individual, pois é a partir de um contrato de
trabalho individual que gera a interrupção ou a suspensão do contrato de trabalho.
Este estudo foi concedido, sempre de acordo com as perspectivas e informações
contidas nas doutrinas e legislação brasileiras.
No primeiro capítulo, abordou-se uma breve explicação sobre o
conceito e a natureza jurídica do contrato de trabalho individual, sendo de suma
importância para a introdução e iniciação do tema escolhido na respectiva
monografia, pois a explicação do que é o contrato de trabalho e sua natureza
jurídica é simplesmente um complemento e uma condição para a existência da
interrupção e a suspensão do contrato de trabalho. O contrato de trabalho já esta
inserido no tema e por isso temos aqui a importância em destacar o seu conceito
e a sua natureza jurídica.
Logo em seguida, dentro do primeiro capitulo, temos o conceito,
características, denominação e a natureza jurídica da interrupção do contrato de
trabalho, aqui, já estamos dentro do tema específico, já é um dos objetivos da
monografia. Analisar a interrupção do contrato de trabalho é um dos
pressupostos importantes que foi levantado para o estudo desta monografia,
explicar o seu significado e sua importância dentro do direito do trabalho e assim
como, também, dentro do próprio contrato de trabalho, foi o primeiro objetivo a
estudar. Este estudo foi elaborado com muita pesquisa em doutrinas,
jurisprudências e legislações brasileiras, para que não seja esquecido qualquer
43
detalhe no entendimento do tema, preocupação inicial que foi elaborada nesta
monografia.
No segundo capítulo, foi apresentada a suspensão do contrato de
trabalho, sendo indicado também, o seu conceito, características, denominações
e natureza jurídicas, que são assuntos importantes para a elaboração do tema da
monografia, pois para se explicar a suspensão do contrato de trabalho, não
podemos deixar de destacar esses assuntos que especificam com detalhes o
significado da suspensão contratual. Temos logo em seguida outra dois temas de
grande importância para a suspensão do contrato de trabalho, que são: o
primeiro, as exceções de suspensão do contrato de trabalho e o segundo que é a
distinção entre interrupção e suspensão do contrato de trabalho.
No primeiro item, que é as exceções de suspensão do contrato de
trabalho, o assunto estudado, significa dizer que, existem hipóteses dentro da
suspensão do contrato de trabalho, que tem características de suspensão
contratual, mas na verdade, trata-se de interrupção do contrato de trabalho, não
podendo deixar de ser comentado, pois o objetivo central desta monografia seria
de esclarecer todas as duvidas existentes sobre o tema, interrupção e suspensão
do contrato de trabalho.
No segundo item, o assunto em questão, trata-se de distinção entre
interrupção e suspensão do contrato de trabalho, outro tema bastante
esclarecedor para o objetivo central da monografia.
No terceiro e último capitulo da atual monografia, foi indicado as
hipóteses e efeitos da interrupção e suspensão do contrato de trabalho, dentro
deste capitulo, foi apresentado caso por caso, item por item, juntamente com suas
legislações específicas da interrupção e suspensão do contrato de trabalho.
Foram explicados também os efeitos, o que acontece quando se tem a
interrupção ou a suspensão dentro do contrato de trabalho. Não deixemos de
abordar sobre o retorno ao trabalho do obreiro, quando se termina o prazo de
interrupção e suspensão contratual e como fica o seu contrato de trabalho, temas
também de suma importância para o objetivo da monografia.
44
BIBLIOGRAFIA
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ampliada, São Paulo, Saraiva, 2008.
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revista atualizada e ampliada, São Paulo, Método, 2013.
45
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Paulo, Método, 2009.
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revista e atualizada, São Paulo, Saraiva, 2010. (Coleção OAB nacional. Primeira
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BRASIL. Lei nº 605, de 05 de janeiro de 1949. Dispõe sobre o repouso semanal
remunerado.
BRASIL. Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964. Dispõe sobre o serviço militar.
BRASIL. Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989. Dispõe sobre a lei da greve.
BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os regulamentos do
beneficio da previdência social.
BRASIL. Lei nº 9.853, de 27 de outubro de 1999. Acrescenta o artigo 473 da CLT,
permitindo ao empregado faltar o serviço na hipótese que especifica.
BRASIL. Lei nº 11.770, de 09 de setembro de 2008. Dispõe sobre a licença
maternidade.
BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação
das Leis do Trabalho – CLT. Atualizado até a Lei nº 12.619, de 30 de abril de
2012.
BRASIL. Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal.
Atualizado até a Lei nº 12.403, de 05 de maio de 2011.
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TST. Enunciado nº 155.
TST. http://www.tst.jus.br. Link: Consultas/Jurisprudência. Acesso em 05/05/2013.
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ÍNDICE
RESUMO............................................................................................................... 5
METODOLOGIA.................................................................................................... 6
SUMÁRIO.............................................................................................................. 7
INTRODUÇÃO....................................................................................................... 9
CAPÍTULO I
INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO............................................. 12
1.1 – CONCEITO DE INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.......... 13
1.2 – CARACTERISTICAS DA INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO.......................................................................................................... 16
1.3 – DENOMINAÇÃO DA INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. 17
1.4 – NATUREZA JURIDICA DA INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO.......................................................................................................... 18
1.4.1 – NATUREZA JURIDICA DO CONTRATO DE TRABALHO......................19
CAPÍTULO II
SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO................................................. 21
2.1 – CONCEITO DE SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ..............21
2.2 – CARACTERISTICAS DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO.....................................................................................................25
2.3 – DENOMINAÇÃO DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO .....26
2.4 – NATUREZA JURIDICA DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO.....................................................................................................27
2.5 – EXCEÇÕES DE SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO .............27
2.6 - DISTINÇÃO ENTRE INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO ....................................................................................................29
CAPÍTULO III
HIPOTESES DE INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO E SEUS EFEITOS .......................................................................... 31
3.1 – HIPOTESES DE INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ........31
3.1.1 – EFEITOS DA INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ..........34
3.1.2 – PRAZO PARA RETORNO APÓS A INTERRUPÇÃO .............................35
3.2 – HIPOTESES DE SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ............36
48
3.2.1 – EFEITOS DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ..............38
3.2.2 – PRAZO PARA RETORNO APÓS A SUSPENSÃO .................................39
CONCLUSÃO...................................................................................................... 42
BIBLIOGRAFIA................................................................................................... 44