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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE COMPETÊNCIAS E SABERES PEDAGÓGICOS DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO Por: Marta Justino do Nascimento Orientador Prof.º Vilson Sérgio Recife, junho de 2012 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

COMPETÊNCIAS E SABERES PEDAGÓGICOS DO PROFESSOR

UNIVERSITÁRIO

Por: Marta Justino do Nascimento

Orientador

Prof.º Vilson Sérgio

Recife, junho de 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO: SABERES NECESSÁRIOS E

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO DOCENTE UNIVERSITÁRIO

Apresentação da monografia á Universidade

Cândido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de Especialista em

Docência do Ensino Superior.

Recife, junho de 2013

Ao Senhor meu Deus por que Dele e

por Ele, e para Ele, são todas as coisas.

(Romanos 11:36)

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, fonte de Amor e Sabedoria, pelo presente da vida,

por ser meu refúgio e minha força, por ser Luz em meu caminho e por estar presente

em cada momento de minha vida. Obrigada Senhor!

A minha filha Ana Tainã, por sua paciência e compreensão.

A professora Maristela Moura e a minha amiga Andréa Carina por ter me incentivado

e me ajudado a concluir mais essa etapa da minha vida.

A professora e orientadora Ana Paula Oliveira, por me orientar e por sua paciência.

E por fim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização desde

trabalho.

A principal meta da educação é criar

homens que sejam capazes de fazer coisas

novas, não simplesmente repetir o que

outras gerações já fizeram. Homens que

sejam criadores, inventores, descobridores.

A segunda meta da educação é formar

mentes que estejam em condições de

criticar, verificar e não aceitar tudo que a

eles se propõe. Jean Piaget

RESUMO

Este estudo tem o objetivo de investigar e analisar o perfil do docente para a

docência do ensino superior, o que se espera dele e quais os saberes necessário

ele necessita para uma prática pedagógica significativa. Hoje em dia fala-se muito

sobre formação pedagógica para o docente do ensino superior, questão que vem

sendo alvo de grandes reflexões teóricas e bibliográficas especializadas, pois os

novos paradigmas curriculares e a exigência de uma formação com outras atitudes

competências e posturas, levam a refletir sobre as práticas pedagógicas inovadoras

para o docente no ensino superior. Porém, nem sempre foi assim, durante muito

tempo exigiu-se do professor universitário apenas um diploma de curso superior e

um domínio razoável dos conteúdos a serem ministrados, mas, com a crescente

demanda de oferta e procura dos cursos de pós-graduação Stricto Sensu, as

exigências para a docência universitária passaram a ser mais rigorosa, pois além da

graduação os professores também devem ser mestres e doutores, principalmente

nas redes públicas de ensino. É importante salientar que não apenas os cursos de

graduações, especializações e pós-graduações Stricto Sensu, dão subsídios para o

exercício do magistério superior, é importante refletir sobre a Formação Pedagógica

do docente durante toda sua vida acadêmica. Vivemos em constantes

transformações e para tal é necessário está sempre se reciclando em uma formação

continua e interdisciplinar, acompanhando os novos paradigmas curriculares de

educação. É necessário também, que o docente esteja disposto a inovar e

pesquisar, buscando uma nova aprendizagem, investigando como se aprende a ser

docente e compreender os processos de como se constrói o conhecimento.

Palavras - chave: Formação continuada, Prática docente, Saberes e Competências.

ABSTRACT

This study aims to investigate and analyze the profile of teachers for teaching in

higher education, what is expected of him and what he needs knowledge necessary

for a meaningful pedagogical practice. Nowadays there is much talk about

pedagogical training for faculty in higher education, an issue that has been the

subject of great theoretical reflections and specialized bibliographic because new

paradigms and curricular requirement for training skills and attitudes with other

postures lead to reflect on innovative teaching practices for teaching in higher

education. But it was not always so, for a long time was required only one university

teacher college degree and a domain of reasonable content to be taught, but with the

increasing demand of supply and demand of post-graduate studies , requirements for

university teaching have become more rigorous, because in addition to

undergraduate teachers should also be teachers and doctors, especially in public

schools. Importantly, not only of graduate courses, specializations and postgraduate

Sensu stricto, give subsidies to the exercise of superior teaching, it is important to

reflect on the Pedagogical Training of teachers throughout their academic life. We

live in constant change and this requires recycling is always in a continuous training

and interdisciplinary, accompanying the new paradigms education curriculum. It is

also necessary that the teacher is willing to innovate and search, looking for a new

learning, investigating how one learns to be a teacher and understand the processes

of how knowledge is constructed.

Words- Tags: Continuing Education, Teaching Practice, Knowledge and Skills.

METODOLOGIA DA PESQUISA

O presente estudo bibliográfico fundamenta-se nas contribuições teóricas de

vários autores que desenvolveram artigos, dissertações e tese sobre as teorias e

práticas pedagógicas do docente universitário, e, tem como objetivos conhecer e

analisar a evolução da educação brasileira e o ensino superior; refletir sobre a

formação pedagógica continuada do docente universitário, identificar qual o perfil

desejado para este docente, suas competências e habilidades e quais saberes

necessários ele necessita adquirir para uma prática pedagógica significativa.

Os principais autores contribuintes deste estudo foram Pilletti que relata a

história da educação e do ensino superior brasileiro; Masetto que enfatiza a

necessidade de discutir a competência pedagógica do docente; Pimenta que aborda

em suas pesquisas subsídios formativo para a formação pedagógica, analisando o

ensino superior no contexto atual, discutindo também a identidade do professor;

entre outros, como Freire e Saviani. Também foram consultados a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Superior, Lei 5.540/68 e web grafias.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................... 10 Capítulo I - Abordagem histórica da educação e do ensino superior brasileiro.........................................................................................................

12

Capítulo II - Docência universitária................................................................

20

2.1 Saberes, Competências e Formação Continuada...................................

21

Capítulo III – Tecnologia, Educação e Sociedade.........................................

27

3.1 Novas tecnologias e suas contribuições na educação............................

30

CONCLUSÃO................................................................................................

34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................

35

10

INTRODUÇÃO

Atualmente discutem-se muito sobre formação continuada pedagógica para

o docente universitário, refletindo sobre suas competências e habilidades. Estas

são questões que vem sendo alvo de grandes reflexões teóricas e bibliográficas

especializadas, pois os novos paradigmas curriculares e a exigência de uma

formação com outras atitudes competências e posturas, levam a refletir sobre as

práticas pedagógicas inovadoras para o docente no ensino superior.

Portanto, o objetivo desta pesquisa bibliográfica é refletir sobre as

principais competências e os saberes necessários para atuar no ensino superior,

enfatizando que não apenas os cursos de graduações, especializações e pós-

graduações Stricto Sensu, dão subsídios para o exercício do magistério superior,

pois é importante refletir sobre a Formação Pedagógica e continuada do docente

durante toda sua vida acadêmica.

O primeiro capítulo traz uma abordagem histórica sobre a evolução da

educação brasileira e o ensino superior, os demais trazem várias referências

sobre os saberes e competências necessárias para o exercício da docência

universitária, além de enfatizar o uso da tecnologia e suas implicações

pedagógicas no ensino superior.

Vivemos em constantes transformações e para tal é necessário está

sempre se reciclando em uma formação continua e interdisciplinar,

acompanhando os novos paradigmas curriculares de educação. É necessário que

o docente esteja disposto a inovar e pesquisar, buscando uma nova

aprendizagem, investigando como se aprende a ser docente e compreender os

processos de como se constrói o conhecimento. Nesta perspectiva podemos

afirmar que para o exercício da docência universitária, o profissional deve ser

habilitado e capacitado para uma docência voltada a incentivar o aluno ao uso do

conhecimento da ciência e da tecnologia para o bem e melhoria da vida na

sociedade em que será inserido profissionalmente.

11

Como já foi mencionado, não basta apenas ter uma graduação,

especialização ou pós Stricto Sensu, mas saber contextualizar as informações,

teorias, conceitos e princípios, pesquisar novas informações incentivando a

criticidade nos educandos, e ainda, desenvolver novas habilidades para o uso das

tecnologias da informação, utilizando-as como um caminho para um novo

conhecimento.

12

CAPITULO I

ABORDAGEM HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO

SUPERIOR BRASILEIRO

Diferentemente das Américas Espanhola e Inglesa, que durante o período

colonial tiveram acesso ao ensino superior, o Brasil teve que esperar o final do

século XIX para ver surgir às primeiras instituições culturais e científicas deste

nível, uma vez que a resistência da coroa portuguesa a emancipação cultural

brasileira, impediu durante todo o período colonial a criação de instituições de

ensino. Pois na realidade os objetivos de Portugal nas terras brasileiras eram

apenas a fiscalização e a defesa.

Durante muitos anos as iniciativas para a educação foram dos jesuítas, e

esta era voltada para a religião. No século XVI eles tentaram estruturar uma

instituição de ensino superior e foi negada pela coroa portuguesa. O ensino formal

esteve a cargo da companhia de Jesus, tendo como objetivo a unificação cultural

do Império português. Os jesuítas dedicavam-se a cristianização dos índios

organizados em aldeias, a formação do clero, em seminários teológicos. Quanto à

educação dos filhos da classe dominante dos colégios reais, era oferecida uma

educação medieval latina, preparando-os pra frequentar as Universidades de

Coimbra. Ainda durante o período colonial tivemos uma segunda tentativa de criar

uma Universidade no Brasil, idealizada nos planos da inconfidência mineira, mas

que também fracassou. Diante dessa situação e segundo Azevedo (1976) a única

solução para a elite, os altos funcionários da Igreja e da Coroa e os filhos dos

grandes latifundiários, era complementar seus estudos nas Universidades de

Coimbra, para assim ostentar seus diplomas de formação superior. No século

XVII, algumas iniciativas isoladas, como o curso superior de Engenharia Militar no

Rio de Janeiro, não pode ser consideradas como o ingresso do Brasil no ensino

superior, por se tratar de um estabelecimento português.

Em 1808, para escapar das tropas napoleônicas que havia invadido

Portugal a família real fugiu de Lisboa e veio para o Brasil. Foi então que surgiu o

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primeiro interesse de se criar escolas médicas e em fevereiro de 1808 surge o

Colégio Médico-Cirúrgico da Bahia. Durante um longo período foram criados

outros cursos como: Agricultura, Química, Desenho Industrial, e a cadeira de

Ciência Econômica instituída pelo Decreto de 23/2/1808, ainda no mesmo

período, com a transferência da corte para o Rio de Janeiro, foi criada no Hospital

Militar a cadeira de Anatomia. Em 1810, o Príncipe Regente assinou a carta de

Lei de 4 de dezembro, criando a Academia Real Militar da Corte, que anos mais

tarde se converteria na Escola Politécnica; e o Decreto de 12/10/1820, que

organizou a Real Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura Civil,

depois convertida em Academia das Artes. Ainda foram criados o Museu Nacional

o Jardim Botânico e a Biblioteca Nacional.

Podemos dizer que a vinda da Família Real para o Brasil, e a consequente

independência, exigiu uma maior preocupação por parte do estado, haja vista que

agora se fazia imperativo definir uma postura de governo, poder e administração

voltada para o futuro. O Brasil tornou-se centro político da realeza não podia ser

visto como lugar primitivo e atrasado. Fazia-se necessário construir ares, de um

pais moderno, sobretudo, para que a própria Europa passasse a respeitar a nova

sede do governo. Mas o que fomentava essa nova visão educacional era a

burguesia que necessitava de pessoas instruídas para assumir o seu ideário de

qualificação, de comércio e produção. Para tanto, inseria-se um novo estereotipo

econômico que não podia permitir mão de obra desqualificada, sendo preciso

adequar à relação de poder na construção do estado moderno à relação de

intelecto e letramento.

A indústria crescente em todo mundo, embora insignificante no Brasil,

elencará a elite numa dimensão futurista de produção de bens e consumo dantes

nunca visto na humanidade. Isso determinará que os governos adéquem os seus

sistemas educacionais a essas novas tecnologias afloradas pela fábrica, pelo

capital e pelo trabalho operariado. Ora, a própria Inglaterra, berço da revolução

industrial, tinha interesses eminentes que as colônias espanholas e portuguesas

fossem livres para poder torná-las mercados consumidores. Desta feita, a própria

nuance da indústria impulsiona aos interesses desde novo mundo.

14

Segundo Carneiro (2004 p 19):

Estabeleceu um mecanismo natural de direcionamento do currículo

pré-universitário... a escola visava à preparação dos alunos para o

ensino superior... o que por si só representava uma elitização da

escola, dado que somente famílias de posse poderiam custear os

estudos... Incorporou-se a implantação de colégios e universidades

ao conjunto dos direitos civis e políticos.

Durante todo esse período e também no império a educação superior no

Brasil é marcada por escolas isoladas e profissionalizantes, além de ser elitista,

que atendiam aos filhos da elite, pois estes não podiam mais estudar na Europa,

por conta do bloqueio de Napoleão. Segundo Pimenta (2012), este modelo

franco-napoleônico, caracterizava-se por uma organização não universitária

fragmentada e centrada na formação de burocratas para o desempenho das

funções do estado, visando impossibilitar e dificultar processos divergentes de

pensamento, criando uma unidade impositiva que até hoje tem dificuldades em se

atualizar. Eis ai um fato que explica muitas distorções ainda vividas em nosso

sistema, os cursos eram voltados para a prática, ou seja, apenas para

qualificação profissional, atendendo prioritariamente a elite. Ainda no período

imperial, houve algumas tentativas de criar uma universidade, até o Imperador

propôs a criação de duas universidades, uma no sul e outra no norte do país, mas

não houve êxito, no final do império existiam apenas seis estabelecimentos civis

de ensino superior, mas nenhuma universidade.

Em 1822, o Brasil tornou-se independente, e o Imperador Dom Pedro I, da

Família Real portuguesa, assumiu o poder, porém mais tarde renunciou ao trono

brasileiro, pois assumiu como Dom Pedro IV, o reino de Portugal. Em seu lugar

ficou o seu primogênito ainda menor de idade Dom Pedro de 11 anos.

Chegamos ao período Imperial, e a educação começa a ser estruturada

para uma visão de um país independente, mas existe um imenso abandono dos

menos favorecidos. Embora a Constituição de 1824 determinasse que a instrução

primária fosse “gratuita a todos os cidadãos” (Artigo 179). A lei não refletia os

anseios populares, muito menos havia cobranças para que fosse cumprida. Ela

15

apenas estabelecia que se criassem escolas de primeiras letras em todas as

cidades, vilas, lugarejos, bem como escolas de meninas nas cidades mais

populosas. É importante salientar que os baixos orçamentos das províncias foram

cruciais para o esquecimento da educação primária, além disso, não era exigido

tal nível para ingressar no secundário que tinha caráter acadêmico e formador da

elite. Em contra partida as demais parcelas da sociedade eram compostas por

negros e pobres e o governo não via com bons olhos gerir recursos e

preocupações com essa parte da sociedade, ficando assim, esquecido o ensino

primário e técnico profissional.

Outro fato que marcou esse período foi a grande dificuldade de letramento,

pois há uma ausência de políticas públicas que efetive formação primorosa a

docência. Sem professor não há educação e durante o império os profissionais

do ensino foram relegados ao descaso e esquecimento, uma vez que, o estado

exigia que os professores custeassem o seu próprio aperfeiçoamento. Para tentar

amenizar a ausência de profissionais qualificados na educação, o governo, criou o

método Lancaster, também chamado de método de ensino mútuo, sua

funcionalidade era a ação de um aluno mais capacitado monitorar um grupo de

dez alunos. Assim o governo tenta resolver algo deficiente no sistema

educacional. Sendo assim um paliativo para justificar sua incompetência na

formação de docentes e na responsabilidade com a educação. (NEVES, 2003)

Durante o período Regencial, foram criados em 1827, dois cursos de

Direito, um em Olinda na região nordeste, e outro em São Paulo na região

sudeste, também foi criada a Escola de Minas, na cidade de Ouro Preto. As

primeiras faculdades brasileiras, Medicina, Direito e Politécnica eram

independentes umas das outras e localizavam-se em cidades diferentes e

importantes, pois possuíam uma educação e orientação profissional elitista.

Apesar de várias propostas apresentadas não foi criada uma Universidade no

Brasil, isso se dava ao fato do alto conceito da Universidade de Coimbra,

dificultando assim a sua substituição por uma instituição do jovem país. Anísio

Teixeira fala de 24 projetos de universidade apresentados durante o período de

1808 a 1889. Podemos destacar o projeto de 1843 que visava criar a

Universidade de Dom Pedro II, e o de 1847 para a criação do Visconde de

16

Goiânia, mas que não saiu do papel. Durante quase meio século de reinado do

segundo imperador não foram criadas nenhuma nova faculdade. (PILETTI, 1996)

Chega o fim do Império, a república chega ao Brasil, o estado brasileiro

toma uma dimensão positivista, conforme o modelo vigente nas modernas

repúblicas européias. Com a república e o regime presidencialista, o estado se

torna laico, separado da religiosidade católica a educação passa a ser vista como

uma forma de emergir no mundo capitalista industrial. A partir daí, inicia-se um

processo de mudança na mentalidade pedagógica, rompendo com o caráter

literário na formação educacional para um caráter cientifico. Ora, o mundo

positivista era construído sobre a égide da técnica, da ciência, da ordem, do

progresso e, sobretudo, do capital e do intelecto. Para tanto, a educação deveria

promover ás necessidades inerente ao sistema político e se integrar de forma

simbiótica as nuances econômicas (LIBÂNEO, 2003).

Mesmo com a chegada da república, o governo omite-se em relação ao

compromisso com as universidades devido a Constituição de 1891. Em 1912

surge a primeira universidade brasileira, no estado do Paraná, e que infelizmente

só durou três anos. Após cinco anos surge a Universidade do Rio de Janeiro, hoje

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Esta instituição reunia a Escola

Politécnica, A Faculdade de Medicina e a Faculdade de Direito, que surgiram a

partir da fusão da Faculdade Livre de Direito e da Faculdade de Ciências

Jurídicas e Sociais, oficializada pelo decreto de nº 14.343, de 7 de setembro de

1920. Estes cursos eram unidos pela Reitoria e o Conselho Universitário como

tem muito hoje em dia, universidades formadas por uma reunião de cursos

isolados, ligados apenas por uma Reitoria. Em 1932, após a Revolução

Constitucionalista em São Paulo a USP foi à exceção, reuniu todos os cursos

superiores do estado, tendo como enlace as Faculdades de Filosofia e Letras,

pois estas seriam a instituição do saber fundamental de base comum e integrante

para todas as outras áreas do conhecimento humano. Além disso, a USP tinha

como base principal três características de universidade moderna, que é o ensino,

pesquisa e extensão.

17

Entre as décadas de 50 e 70 surgiram várias universidades federais na

grande maioria dos estados brasileiros, inclusive universidade estaduais,

municipais e particulares.

Segundo Saviani (1998), o período de 1946 a 1964, foi o da construção da

escola idealista, do processo de aprendizagem e da relação que a escola deve ter

com a cidadania e com a formação da identidade do Brasil. Começando a pensar

em uma escola popular e acessível a todos. Ainda neste período os teóricos se

dedicaram a ampliação da educação e melhoria no atendimento escolar, os

próprios ideais e as várias teorias educacionais deste período consolidavam os

princípios de valorização da escola, e legava a educação o papel incomensurável

de definidora da qualidade de vida e bem estar da sociedade. A responsabilidade

das universidades neste período era elevar seus padrões de ensino promovendo

o desenvolvimento da ciência. Ocorreu neste período uma expansão do ensino

médio e consequentemente, o aumento da demanda pelo ensino superior que foi

respondida pelo governo, ocorrida de três formas: criação de novas faculdades,

gratuidade de fato para os cursos das instituições federais de ensino superior, a

federalização das faculdades estaduais e privadas. (CUNHA 2000)

Não podemos deixar de falar de um fato muito importante e que marcou a

história da educação superior brasileira, a reforma do ensino superior, que se dá

através da Lei 5.540, de 28 de fevereiro de 1968, ela acaba com a cátedra; unifica

o vestibular, passando a ser classificatório, eliminando desta forma a nota

mínima, de modo que só seriam aprovados a quantidade de vagas existentes,

deixando de existir os excedentes; uni as faculdades em universidades; cria o

sistema de crédito, em que permite a matricula por disciplina;permite que

qualquer pessoa de prestigio da vida pública ou empresarial possa ser nomeada

como reitores e diretores, entre outras características que foram

revogadas.Segundo Piletti (1996), os estudantes não lutavam apenas por

aumento das vagas nas escolas superiores, ampliação do corpo docente, criação

de cursos básicos para integração de toda a universidade, por um fim na tirania

da cátedra e instaurar os departamentos com seus colegiados, o que eles

queriam mesmo era acabar com a universidade elitista e de classe, e lutavam por

uma universidade crítica, livre e aberta.

18

Porém só nos anos 70 é que houve um grande avanço no ensino superior

brasileiro. Foi nesta década que os números de matriculados aumentaram. Este

avanço se deu por conta da urbanização e exigência de mão de obra qualificada

para o trabalho industrial, obrigando assim o governo a aumentar o número de

vagas, foi necessário a aberturas de mais cursos, o governo também modificou o

processo de seleção, e as provas dissertativas e orais passaram a ser de

múltiplas escolhas, como acontece até hoje. Porém esse crescimento

descontrolado trouxe um problema que se estende até hoje, a queda na qualidade

da educação e a imagem mercantilista e negativa da iniciativa privada,

contrariando o que prega a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Superior, de

1968 (Lei nº 5.540/68).

De acordo com Masetto (2012), podemos afirmar que até a década de 70

as faculdades criadas e instaladas no Brasil, estavam voltadas a formação de

profissionais que exerciam determinadas profissões, e para tal eram exigidos do

candidato a docente apenas o ensino superior.

De acordo com Pimenta (2012), as diretrizes contidas na Lei nº 5.540/68,

referentes ao ensino superior, vigoraram até 1996, quando a atual Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, foi assinada, ela enfatiza

que a docência para o ensino superior se dará preferencialmente nos cursos e

programas de pós-graduação stricto sensu.Embora a competência docente seja

mensurada pelos resultados do provão, Pimenta (2012), afirma ainda que os

programas de mestrados e doutorados em áreas divergentes da educação são

voltados para a formação de pesquisadores em seus campos específicos, sem

nenhuma formação de professores, portanto a formação inicial e continuada para

a docência universitária fica a cargo de iniciativas individuais e institucionais

bastante esparsas. Tais fatores predominam currículos organizados por

justaposição de disciplinas e figuras do professor mero transmissor de conteúdo

curricular fragmentado e desarticulado sem nenhum significado para o aluno.

Segundo Pimenta (2012), nos dias de hoje, ainda perdura metodologias

jesuítas do modelo organizacional francês, e na maioria das vezes impede que a

universidade cumpra o seu papel, que é o da construção de um conhecimento

19

significativo, que instrumentalize o educando para que ele atue na sociedade de

forma critica, ajudando a melhorar e facilitar o modo de vida das pessoas.

20

CAPÍTULO II

DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA

A docência universitária é algo desafiador e vem sendo nos últimos tempos

alvo de grandes estudos, mostrando a necessidade de estabelecer a identidade

do professor na pesquisa, no ensino e na extensão. Esta identidade não é um

dado imutável e nem externo que possa ser vestido como uma vestimenta, ela se

dá num processo histórico, em respostas as necessidades apresentadas pela

sociedade. Uma identidade profissional se constrói levando em consideração a

sua significação social. (PIMENTA 2010)

Percebe-se nos professores a compreensão de que o papel de uma

instituição escolar é o da mediação reflexiva, em que se faz necessário a

investigação pelo conhecimento. Esta mediação reflexiva é complexa por exigir

conhecimento, e neste contexto, a identidade do professor constitui um processo

epistemológico que reconhece a docência como campo de conhecimentos

específicos configurados nas diversas áreas do saber, bem como: das ciências

humanas, ciências naturais, cultura, artes, e do ensino; os conteúdos didáticos e

pedagógicos devem ser diretamente relacionados ao campo da atividade

profissional e mais amplos no campo teórico da pratica educacional, os conteúdos

ligados a explicitação do sentido da existência humana individual, com

sensibilidade pessoal e social. Esses são saberes que devem ser mobilizados

articuladamente nos percursos de formação inicial e continua. Conforme Pimenta

(2010) para ser professor supõe que o mesmo domine os saberes do seu campo,

mas não basta, é necessário que ele busque o significado destes conhecimentos

indagando qual sua importância na vida do aluno e na sociedade.

Ainda segundo Pimenta (2010 p. 215)

O papel do professor será, então, de desafiar, estimular, ajudar os alunos

na construção de uma relação com o objeto de aprendizagem que, em

algum nível, atenda a uma necessidade deles, auxiliando-os na tomada de

consciência das necessidades apresentadas socialmente a uma formação

21

universitária. Isso só se fará num clima favorável à interação, ao

questionamento, à divergência, adequado para processos de pensamentos

críticos e construtivos.

2.1 Saberes, Competências e Formação Continuada

Segundo Masetto (2012) alguns professores questionam o porquê de

explicitar a necessidade e a atualidade de discutir a competência pedagógica e a

docência universitária, visto que os mesmos se consideram profissionais bem

sucedidos, pois possuem uma vasta experiência como professores que ensinam

bem suas matérias. Ele apresenta três considerações sobre esta questão, à

primeira é referente à reflexão sobre a estrutura organizacional do ensino superior

no Brasil, que deste o seu início privilegiou o domínio de conhecimentos e

experiência como requisitos para a docência nos cursos superiores.Pois sabe-se

bem que no Brasil inicialmente, as faculdades que foram criadas e instaladas,

tinham seu objetivos voltados para formação profissional, os currículos seriados,

com programas e disciplinas voltados para o exercício imediato de determinada

função. A segunda consideração é o impacto das tecnologias de informação e

comunicação sobre a produção e socialização do conhecimento e sobre a

formação de profissionais com o surgimento da Sociedade do Conhecimento ou

da Aprendizagem, ou seja, a universidade não é mais o grande e privilegiado

locus de pesquisa e produção científica, as investigações e produções de

conhecimentos partem hoje em dia de outros espaços não vinculados as

universidade e faculdades, ou seja, a produção de conhecimento pode acontecer

num escritório de atividades profissionais, em bancas domiciliares etc.

Segundo Masetto (2012 p 16):

Por causa do desenvolvimento do conhecimento e sua produção, as

áreas da ciência se aproximaram: os fenômenos a serem explicados e

compreendidos exigem mais do que apenas uma abordagem, um

especialista, uma explicação. A multidisciplinaridade e a

interdisciplinaridade são chamadas para trazer sua contribuição ao

desenvolvimento da ciência. A interação entre as ciências exatas e

22

humanas torna-se uma exigência para o desenvolvimento do mundo e

da comunidade humana.

A terceira consideração diz respeito à carreira profissional, que vem sendo

revisada baseada nas mudanças e necessidades da sociedade, busca-se hoje,

um profissional que seja capaz de buscar novas informações e que saibam

trabalhar com elas, que tenham competência para intercomunicar-se nacional e

internacionalmente por meio dos recursos mais modernos da informática, além de

mostrarem capacidade para produzir conhecimentos e tecnologia, ou seja,

preparados para desempenhar sua profissão de forma contextualizada e

interdisciplinar. Diante de tais considerações levantadas, percebe-se que há uma

necessidade de debater sim, sobre as novas exigências ou possíveis

modificações na sua atuação docente. O ensino superior dever rever seus

currículos e adequá-los de acordo com as necessidades da sociedade, e

compatíveis com os princípios educacionais, resumindo o docente de ensino

superior dever estar comprometido em ensinar seus educandos a aprender e a

tomar iniciativas, a se tornarem cidadãos críticos e participativos. Para tal, faz-se

necessário que o docente busque e pesquise, esteja sempre atualizando e

melhorando suas habilidades pedagógicas por meio de programas apropriados ao

desenvolvimento de pessoal.

Masetto (2012) aborda que o processo de ensino, o incentivo a pesquisa, a

parceria e co-participação entre professor e aluno no processo de aprendizagem

e o perfil do docente são os principais pontos que marcaram as mudanças no

ensino superior desde o início do século XXI. No processo de ensino e

aprendizagem podemos perceber que se superou a formação voltada para o

cognitivo, o que se pretende agora é formar em cursos superiores, cidadãos

competentes e com habilidades para desempenhar sua profissão ajudando sua

comunidade. Já o incentivo a pesquisa surgiu na década de 1930 quando a USP,

busca mudar os paradigmas dos cursos superiores, com a integração das

diferentes áreas do saber, e a produção de pesquisas pelos alunos. Para a USP,

não bastava apenas continuar formando profissionais, mas fazia-se necessário

que os professores e alunos produzissem conhecimentos. Diante de algumas

mudanças necessárias para o aprendizado no decorrer dos anos, o docente

23

universitário precisa rever o seu perfil, ele deixa de ser apenas um especialista

para ser um mediador na aprendizagem. Desta forma exige-se mais pesquisa e

produção de conhecimento, além de atualização e especializações para que

possa também dar incentivos aos educados.

Segundo Masetto (2012 p. 29)

A atitude do professor está mudando: do especialista que ensina ao

profissional da aprendizagem, que incentiva e motiva o aprendiz, se

apresenta com a disposição de ser uma ponte entre o aprendiz e sua

aprendizagem – não uma ponte estática, mas uma ponte “rolante”, que

ativamente colabora para que o aprendiz chegue a seus objetivos.

Nesta perspectiva, o professor do ensino superior passa a explorar novos

ambientes, técnicas e recursos para a aprendizagem, reorganizando também o

processo como um elemento motivador, oferecendo um feedback continuo para

que o educando tenha suas respostas ainda durante o percurso da disciplina.

Diante de tantas mudanças passou-se a questionar que o professor

universitário necessita ter competências próprias para o exercício de sua

docência.

Segundo Perrenoud et al., (2002 p. 19)

Define-se uma competência como a aptidão para enfrentar um conjunto de

situações análogas, mobilizando de uma forma correta, rápida, pertinente e

criativo múltiplos recursos cognitiva: saberes, capacidade, micro

competências, informações, valores, atitudes, esquemas de percepção, de

avaliação e de raciocínio.

Diante das necessidades, muitas são as competências que se exige do

docente universitário, destacamos três competências principais. A primeira diz

que o docente dever ser competente em determinada área do conhecimento, ou

seja, um domínio dos conhecimentos básicos, bem como experiência profissional

de campo adquiridos nos cursos de bacharelado, mas não basta. Para quem quer

atuar na docência é necessário que seus conhecimentos e suas práticas sejam

24

sempre atualizados, através dos cursos de aperfeiçoamento, especializações,

participações em congressos, pesquisa entre outros. Outra competência de suma

importância para a docência universitária é o domínio na área pedagógica,

consideramos que esse é um ponto mais critico dos professores do ensino

superior. Como se percebe o objetivo da docência é a aprendizagem do

educando, então se faz necessário saber qual é o significado de aprender e de

como ocorre esse processo de aprendizagem, aprender quais os princípios

básicos da aprendizagem, como construir uma aprendizagem significativa,

Pimenta (2012) afirma que ao discutir a docência universitária, percebe-se a

necessidade de compreensão dos processos de aprendizagem, mas infelizmente

alguns docentes consideram este conhecimento como algo supérfluo e

desnecessário para a sua docência. O domínio na área pedagógica é muito

abrangente, esta competência está intrinsecamente ligada aos saberes

necessário para o docente universitário, que são os conceitos de ensino-

aprendizagem, como já mencionado, a concepção e gestão do currículo,

integração das disciplinas como componentes curriculares, compreensão da

relação professor-aluno e aluno-aluno, teoria e prática da tecnologia educacional,

a concepção do processo avaliativo e suas técnicas para o feedback e

planejamento como atividade educacional e política.

De acordo com Masetto (2012) a terceira competência diz “A dimensão

política é imprescindível no exercício da docência universitária”. Pois o professor

é um cidadão, mesmo quando esta dentro da sala de aula ministrando sua

disciplina, ele pertence á sociedade, e é atuante no seu meio.

Masetto (2012 p. 39) afirma ainda que:

Ele tem uma visão de homem, de mundo, de sociedade, de cultura, de

educação que dirige suas opções e suas ações mais ou menos

conscientemente com seu tempo, sua civilização e sua comunidade, e isso

não se desprega de sua pele no instante em que entra em sala deaula.

Pode até querer omitir tal aspecto em nome da ciência que ele deve

transmitir. Talvez, ingenuamente, entenda que possa fazê-lo de forma

neutra. Mas o professor continua cidadão e político, e como profissional da

docência não pode deixar de sê-lo.

25

Diante das mudanças e das exigências de competências e saberes para o

docente universitário, faz-se necessário mencionar a necessidade da formação

continuada. Desde o movimento de transformação do ensino superior brasileiro, a

formação continuada tem sido alvo de grandes discussões. Durante décadas

perdurou um modelo arcaico e incoerente na construção do conhecimento, não

despertando o interesse do discente. Nos dias atuais esperam-se professores e

educadores qualificados, competentes e comprometidos com sua prática docente,

capazes de garantir uma aprendizagem agradável e satisfatória.

A formação do docente requer bastante atenção, o professor necessita

esta sempre inovando, a LDB assegura e rege que o professor deve esta em

constante aperfeiçoamento profissional, o Art. 66 (LDB nº 9.393/96), confirma a

preocupação com a qualificação do docente do nível superior, ela define que a

qualificação para o nível superior se de em cursos de pós-graduação,

prioritariamente em programas de mestrado e doutorado.

É necessário discutir a importância de novos paradigmas educacionais

para a formação do docente, compreendendo a realidade atual e conscientizando-

se da necessidade e importância da formação. Nesta perspectiva podemos formar

docentes críticos e reflexivos na sua forma de conduzir o aprendizado, pois é

importante refletir sobre o novo prisma, o exercício da docência do ensino

superior, e estar apto para fazer uso de novas técnicas e métodos, buscando

sempre relacionar à teoria-prática no processo de ensino-aprendizagem,

correspondendo à formação que o cidadão necessita.

O professor é um dos agentes principais do processo educativo, sua

principal função é, não só ensinar, mas também produzir conhecimento, numa

sociedade em constantes transformações, ele deve fazer da investigação um

princípio educativo, aliando a este a criatividade e o questionamento, visando a

autonomia intelectual.

É necessário que o docente tenha uma postura filosófica - hermenêutica

diante do conhecimento, da cultura e da sociedade, ou seja, amor, sabedoria e a

capacidade de interpretação do conhecimento, tanto na sua área de atuação,

26

quanto no sentido amplo, interpretação da cultura e da sociedade em que vive.

Ele deve ser um apaixonado e um entusiasta do conhecimento. (SANTOS 2004)

27

CAPÍTULO III

TECNOLOGIA EDUCAÇÃO E SOCIEDADE

É importante iniciar falando um pouco de como aconteceu o avanço da

tecnologia no Brasil, tudo começou com a chegada dos jesuítas na Bahia em

1572, onde se inicia o ensino Superior no Colégio de Jesus, tido então como

Colégio Real. Mas só mais tarde em 1808 é que de fato se iniciaria um avanço

educacional com a chegada do rei D. João VI juntamente com a corte portuguesa,

nesta ocasião foram criados vários cursos superiores como o de Direito, Medicina

Farmácia e Engenharia, estes cursos apenas supriam a necessidade de formar

burocratas para atender ao Estado. Inicialmente os professores foram trazidos da

Europa, mas com a crescente demanda da procura pelos cursos aumentou o

número de alunos, então o corpo docente também foi expandido com

profissionais recém formados e reconhecidos. (PILLETTI 1996)

Ao longo dos anos, vem acontecendo uma mudança paradigmática na

educação, atingindo todas as instituições, e em especial a educação e o ensino

nos diversos níveis, inclusive a universitária, exigindo da população uma

constante aprendizagem, há uma mudança no direcionamento do ensino que era

voltado para o âmbito profissionalizante, agora é voltado também e

principalmente, para a produção e pesquisa cientifica, cultural e tecnológica, o

ensino mudou deixou de ser repassado para o aluno, agora ele é construído com

o aluno em sala de aula, há uma socialização do conhecimento, o professor deixa

de ser o detentor do saber para ser mediador de forma interdisciplinar,

incentivando o aluno a ser questionador, ativo e participante. (BEHERENS 2012)

Chegamos ao século XXI e o crescimento das novas ferramentas

tecnológicas vem aumentado a cada dia e trazendo múltiplos benefícios para a

sociedade. Como podemos perceber este século está sendo marcado pelo

aceleramento da tecnologia eletrônica, com atenção especial para a informática, o

computador e a Internet. Pois, o meio em que vivemos está rodeado pelo uso de

técnicas e recursos tecnológicos, fazendo do computador uma ferramenta que

28

vem auxiliar o processo ensino e aprendizagem nas questões do cotidiano

trazidas até a sala de aula, ou seja, é uma ferramenta que ganha força facilitando

o processo de ensino e aprendizagem. Embora, bem sabemos que ela sozinha

não irá acabar com todos os problemas educacionais existente no Brasil, mas na

medida em que é utilizada e explorada adequadamente, pelo docente, ajuda no

desenvolvimento do educando, fazendo as aulas ficarem mais dinâmicas.

(MASETTO 2000).

Os recursos tecnológicos devem ser usados num sentido construtivo deste

a infância, uma vez que são considerados uma extensão humana. Pode-se

perceber que o rádio, a TV, o DVD e vários outros equipamentos, fazem parte da

bagagem instrumental da Tecnologia Educativa. O grande desafio do século XXI

no campo educacional é conciliar o uso de novas tecnologias com o processo de

ensino-aprendizagem. Os professores de licenciatura são os principais alvos do

uso dessas novas ferramentas. Embora a educação venha fazendo uso da

tecnologia a passos lentos, ela vem adquirindo novos olhares sobre a

aproximação aluno – professor e profesor – aluno. Mas a simples tecnologia por

sí só não modifica o mundo e nem a educação, faz-se necessário o incentivo ao

uso consciente, para tal , o docente precisa ter consciencia do que pretente no

aluno, quais os seus objetivos, adequando a tecnologia utilizada para atingi-los. É

importante que docente e discente aprendam a selecionar as informações

apropriadas, verificando e identificando qual a sua colaboração no seu contexto,

relacionando teoria e prática, proporcionando uma nova forma de pensar, e de

agir no mundo globalizado em que vivemos. (BEHERENS 2012)

“A acelerada mudança em todos os níveis, leva a ponderar sobre uma

educação planetária, mundial e Globalizante”. Beherens (2012), ou seja, para

educar neste tempo de globalização é necessária a reflexão sobre os processos

de mundialização que passaram a interferir nos sistemas financeiros econômicos,

políticos e sociais. Tornando as nações cada vez mais interdependentes e inter-

relacionadas.

29

Beherens (2012) afirma que as exigências de uma economia globalizada

afetam diretamente a formação de profissionais de todas as áreas, exigindo deste

profissional uma formação qualitativa diferenciada para que ele possa atuar na

sociedade contemporânea. Em 1996 O Fórum dos Pró-Reitores de Graduação

das Universidades Brasileiras, construiu O Plano Nacional de Graduação e alerta

que o papel da universidade quanto à formação profissional, necessita de uma

redefinição que possibilite acompanhar a evolução tecnológica que define os

contornos do exercício profissional contemporâneo, ou seja, é necessário

reformular os currículos e considerando a formação acadêmica como tarefa que

se realiza, necessariamente, em tempo diferente daquele em que acontecem as

inovações, então se percebe que, não se concebe mais um exercício profissional

homogêneo durante o período de vida útil. É neste sentido que se torna

necessário que as universidades ofereçam uma formação inicial e continuada de

qualidade.

O não investimento na capacitação docente é um dos fatores pelo qual a

aprendizagem tem sido ineficaz na sala de aula. Não adianta investir em

equipamentos de última geração e não levar em consideração o capital humano.

Somente unindo a tecnologia e o docente em prol do uso pedagógico desta

ferramenta é que se abrirão portas para a aquisição de novos conhecimentos pelo

aluno. No meio acadêmico, se questiona muito sobre o fato do professor ser

conteúdista, ou seja, sabe muito conteúdo, mas não sabe como mediar para os

alunos, por outro lado, pode-se dizer que alguns têm tentado incentivar a

aprendizagem, utilizando os equipamentos multimídia, como o data show, e-mail,

vídeos, facebook, filmes e etc.

É inevitável que com a aceleração da evolução tecnológica, se faça

necessário que os docentes unam a tecnologia com o ensino tradicional, não

esquecendo que as ferramentas tecnológicas são mais um recurso para viabilizar

a aprendizagem, instigando o aluno a se tornar um cidadão crítico, consciente e

atuante na sociedade.

30

Moran (2012) aponta alguns tipos de docente como orientador/mediador de

aprendizagem, que são: o orientador/mediador intelectual, o orientador/mediador

emocional, o orientador/mediador gerencial e comunicacional e o orientador ético,

cada um desses colabora com um pequeno espaço, “uma pedra na construção

dinâmica do ‘mosaico’ sesorial-intelectual-emocional-etico de cada aluno”.

O docente deve esta preparado e disposto a pesquisar as novas formas de

uso da tecnologia, ele deve estar atendo para o uso significativo dos recursos

tecnológicos, chegar a sala de aula e colocar um filme só por colocar sem debater

e contextualizar, não é pedagógico. Os docentes e as faculdades estão se

adaptando com o novo contexto tecnológico, as faculdades que resistirem fica

fora do mercado. O professor por sua vez tem que se adaptar, buscando inovar

sua prática pedagógica.

3.1 Novas Tecnologias e suas Contribuições na Educação

Masetto (2012) aborda sobre mediação pedagógica, entendendo que é a

“atitude, o comportamento do professor que se coloca como facilitador e

incentivador ou motivador da aprendizagem”. Ou seja, tem a atitude de ser uma

ponte “rolante” e não estática. Mas para que esta mediação aconteça de forma

significativa e prazerosa, se faz necessário que o docente pesquise buscando

aperfeiçoar sua prática, utilizando com consciência os recursos tecnológicos

disponíveis.

São denominados de novas tecnologias aquele vinculados ao uso do

computador, à informática, à telemática e à educação a distância, estas exporam

o uso da imagem, som, e movimento simultaneamente, colocam professores e

alunos discutindo, debatendo e pesquisando à distância. Alguns autores dividem

as novas tecnologias em recursos físicos que são os palpaveis e virtuais que são

os canais de comunicação online e que é intermediado por um recurso físico, o

computador. Porém vale resaltar que, para que haja de fato um benefício de cada

uma dessas ferramentas faz-se necessário a assertividade em converter seus

31

objetivos na correta utilização. É necessário que os docentes entendam de fato a

importância de utilizar essas novas tecnologias de comunicação em sala de aula.

Abaixo segue alguns dos principais recursos físicos e virtuais mediadores e

facilitadores da aprendizagem.

Recursos Físicos

Data show - É uma técnica que integra imagem, luz, som, texto, movimento,

pesquisa, busca, links já organizados neles próprios ou com possibilidade de

tornálos presentes através de acesso à Internet. Com ele, o aluno aprende

através de todos os sentidos e com inúmeros incentivos para a reflexão e a

compreensão do assunto abordado durante as aulas.

TV/DVD - ferramentas didáticas que exercem influência na vida do aluno.

Promovendo a leitura da realidade. Estes recursos potencializam o processo de

ensino/aprendizagem quando utilizados com finalidades didáticas.

Quadro digital – É uma tela sensível ao toque, em que são projetadas imagens

enviadas por um projetor multimídia, conectado a um computador. Seu benefício

em relação a outras tecnologias é que ela incorpora as funções desses recursos

e, por isso, aproxima a linguagem audiovisual dos processos desenvolvidos. Este

recurso pode ser considerado tanto físico quanto virtual, reunindo as duas

características.

Recursos virtuais

Internet - A Internet é um recurso dinâmico, atraente, atualizadíssimo, de fácil

acesso, que possibilita o ingresso a um número ilimitado de informações,

disponibiliza os mais diversos centros de pesquisa, os próprios pesquisadores e

especialistas nacionais e internacionais. É um grande recurso de aprendizagem

múltipla. Esta rede incorpora todos os demais recursos virtuais, pois são

dependentes da Internet para serem utilizados.

32

Fórum – Chats – Este serve para que as pessoas exponham suas manifestações

sobre determinado assunto ou tema. Nele pode-se preparar uma discussão mais

consistente, motivar um grupo para um assunto, criar ambiente de grande

liberdade de expressão. Normalmente esta técnica envolve muito os participantes

e a velocidade com que acontecem as contribuições é surpreendente, exigindo

um acompanhamento muito atento por parte do professor, este é muito utilizado

nos cusos EAD.

E-mail – É um recurso que favorece uma interação entre aluno - professor e

aluno - aluno ajudando no processo de aprendizagem. Também é um dos

recursos que coloca os alunos e professores em contato imediato, favorecendo a

interaprendizagem, a troca de materiais e a produção de textos em conjunto.

Ambiente Virtual e Ensino e Aprendizagem: Moodle – Esta é uma ferramenta

de comunicação projetada para mediar o processo de aprendizagem, é o mais

utilizado nos cusos EAD. É um ambiente em que a aprendizagem é socializada de

forma colaborativa e continua.

Google Docs – documentos online - É uma boa ferramenta para produção de

texto e apresentações temáticas, elaborados de forma individual ou colaborativa,

funciona totalmente on-line e atualmente compõem-se de editores de texto,

apresentações, planilhas, formulários e desenhos.

Redes Sociais – As redes sociais ou de relacionamentos são ferramentas que

possuem como principal objetivo a criação de uma comunidade virtual, permitindo

o desenvolvimento de tarefas em grupos, a comunicação e a organização da

informação, o compartilhamento das ideias, o debate e a negogiação das

diferenças entre outros. A utilização das redes sociais na educação está cada vez

mais apropriada para a melhoria no desenvolvimento da escrita e envolvimento

entre educadores e alunos.

Além dessas novas tecnologias citadas, também se destacam algumas

atividades que são facilitadoras no processos de aprendizagem a distância, que

são as listas e os grupos de discussão, a elaboração de relatórios de pesquisa, a

sala de bate papo, os fóruns de discussões, o mural, a biblioteca virtual, o

33

portfólio, ou seja, há uma infinidades de ferramentas em que sua finalidade é

facilitar a troca de informações e trabalhos a distância e num tempo de grande

velocidade, é a possibilidade de buscar dados nos mais diversos centros de

pesquisa através da Internet.

Para educar, na sociedade da informação, exige-se dos educadores uma

prédisposição para conhecer e utilizar as novas tecnologias em sala de aula, pois

se faz necessário ter dominio e manejo além de capacitação. Espera-se do

educado uma atitude ética e bem fundamentada, em que o mesmo considere um

leque de aspectos relativos a tecnologia de informação e comunicação. A função

do docente do século XXI é dominar as ferramentas e se adapatar as novas

tecnologias, estimular a aprendizagem para o futuro, a pesquisa, a reflexão, o

censo crítico e construir um cidadão autonômo com consciência global, tarefa

essa mais dificil, mas o uso das ferramentas tecnologicas dão subsidios para uma

aprendizagem significativa.

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CONCLUSÃO

Durante todo o estudo bibliográfico se percebe a necessidade da formação

continuada, não apenas no Ensino superior, mas em todos os níveis de

escolaridade, a formação inicial não é mais suficiente para uma prática

pedagógica significativa e eficiente, faz-se necessário uma formação continua, ou

seja, não basta apenas ser graduado, especialista, mestre ou doutor, mas, sim

estar disposto a adquirir novas técnicas e métodos de como se constrói o

conhecimento e saber fazer uso dos recursos tecnológicos com responsabilidade

em prol de um ensino de qualidade.

Ao analisamos sobre a história da educação e o ensino superior no Brasil,

percebe-se que com a evolução cultural, histórica, sócio-econômica..., ouve uma

mudança no ensino universitário, e os novos paradigmas curriculares requer dos

docentes novas competências e habilidades, com posturas que levem a refletir

sobre suas práticas.

As transformações que vivenciamos nos dias atuais nos levam a refletir

sobre a necessidade da busca de um novo saber, de inovar e investigar os

processos de ensino e aprendizagem, e para termos acesso a este novo é preciso

que o docente tenha disponibilidade e esteja disposto, para uma formação

continua e interdisciplinar, acompanhando os novos paradigmas curriculares de

educação.

Conclui-se que, o exercício do docente universitário deve ser pautado nas

habilidades e competências que incentivem no aluno o uso do conhecimento da

ciência e da tecnologia para melhorar a qualidade de vida da sociedade na qual

esta inserida.

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