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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
OS EFEITOS DA DESCRIMINALIZAÇÃO DA MACONHA NA SOCIEDADE CIVIL BRASILEIRA
Por: Marcelo de Carvalho Velloso
Orientador
Prof. Jean Alves
Rio de Janeiro
2014
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
OS EFEITOS DA DESCRIMINALIZAÇÃO DA MACONHA NA SOCIEDADE CIVIL BRASILEIRA
Apresentação de monografia a
AVM Faculdade Integrada como
requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Direito
Penal e Direito Processual Penal.
Por: Marcelo de Carvalho Velloso
3
AGRADECIMENTOS
...aos professores, aos meus pais
e minha namorada...
4
DEDICATÓRIA
...dedica-se aos meus pais e a
minha namorada que é minha
parceira, amiga e meu grande
amor...
5
RESUMO
O presente estudo tem a finalidade de se aprofundar no debate sobre os
reais efeitos e benefícios da descriminalização das substancias entorpecentes,
especificamente a cannabis sativa na sociedade brasileira atual.
Palavras-chave: descriminalização, maconha, cannabis sativa,
legalização.
6
METODOLOGIA
Natureza da pesquisa
Trata-se de uma pesquisa de opinião, pois deriva do estudo da atual lei
de drogas, com o surgimento da ideia de descriminalizar a maconha. Requer
pesquisa bibliográfica e demonstração de possíveis problemas que poderão
surgir com a possível legalização do uso da droga ilícita denominada maconha.
Quanto à forma de abordagem
A forma de abordagem da pesquisa é estritamente bibliográfica, através
de textos, livros e artigos.
Coleta de Dados
A coleta de dados foi extraída através de artigos de internet, livros e
dispositivos legislativos. livros de direito Penal, livro de lei de drogas
comentada, livro de Direito Constitucional, além da Constituição Federativa do
Brasil.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A Maconha 12
CAPÍTULO II - Descriminalização 15
CAPÍTULO III – A Descriminalização em outras realidades 22
CONCLUSÃO 33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37
ÍNDICE 41
8
INTRODUÇÃO
O efeito da legalização da maconha em nossa sociedade
A Droga existe desde os primórdios da humanidade. Não se sabe
exatamente porque as pessoas fazem uso dessas substâncias, mas se sabe
que há muitos motivos para o ser humano usar a droga em algum momento da
sua vida, entre eles uma forma de aliviar as frustações do dia a dia, as
angústias, as ansiedades. (SILVA, 2007)
Usada como medicamento, a maconha tem benefícios e contra
indicações, mas por seu uso abusivo e descontrolado acaba por impedir o
usufruto de suas finalidades terapêuticas.
O objetivo geral dessa pesquisa é levantar os efeitos na sociedade civil
da descriminalização da maconha no Brasil.
Os objetivos específicos consistem em avaliar o entendimento atual da
descriminalização da maconha em nossa sociedade civil.
A motivação para investigar este tema de pesquisa surgiu da
constatação de uma crescente mobilização social e da abertura do debate
jurídico sobre a descriminalização de drogas ilícitas em nosso país desde a
promulgação da Lei Antidrogas 11.343 de 23 de agosto de 2006.
9
JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
A relevância deste estudo, na Pós Graduação em Direito Penal e
Processo Penal encontra fundamento na Lei 11.343 de 23 de agosto de 2006 e
na critica de diversos domínios da sociedade à eficácia da legislação nacional
antidrogas.
Não há dúvidas que atual Lei Antidrogas (Lei nº 11.343/2006) derrubou
antigos paradigmas, principalmente no tocante à forma de lidar com usuário de
drogas.
No Brasil, três projetos que propõem a regulamentação do uso de
maconha – para fins medicinais, recreativos e industriais – tramitam no
Congresso Nacional. Um deles, de iniciativa popular, recebeu o apoio de 20 mil
assinaturas e está sendo analisado pela Comissão de Direitos Humanos do
Senado Federal. Outros dois, os projetos de lei 7187/2014 e 7270/2014, foram
apresentados e serão discutidos na Câmara dos Deputados.
Estas iniciativas decorrem de uma mobilização da sociedade civil por
ampliação do debate a respeito da descriminalização. Entretanto, uma
pesquisa nacional recente feita pelo órgão da Secretaria de Pesquisa e Opinião
do Senado Federal, Data Senado (2012 p.4), por telefone com 1.232 cidadãos
de 119 municípios, incluindo todas as capitais, demonstra que, para 89% da
população brasileira, a lei deve proibir que uma pessoa pudesse produzir e
guardar drogas para consumo próprio.
A pesquisa revela, ainda, que a maioria dos que são favoráveis à
liberação do uso de drogas para consumo próprio pertencem à região Sul do
país e, daqueles 9% favoráveis à discriminação, 72% dizem que concordam
apenas em relação ao uso da maconha, sendo a minoria (22%) os que
aprovam a liberação para as demais substâncias entorpecentes.
A validade social da presente pesquisa tem suas bases na discussão
das tentativas fracassadas pautadas no proibicionismo tendo como meta a
10
erradicação do uso de drogas ilícitas. Se por um lado houve durante um tempo
prolongado a demonização da cannabis sativa hoje se entende que o problema
do consumo de entorpecentes é muito mais complexo exigindo assim, que tal
questão seja abordada de forma clara, sem ingenuidade nem simplismo.
11
HIPÓTESE
Existe nos discursos atuais referentes à descriminalização da
maconha, uma incerteza quanto ao “melhor“ método de se alcançar
normas mais eficazes na atuação contra o avanço das drogas no País.
12
CAPITULO I
A MACONHA
... Uma erva natural não pode te prejudicar.
Legalize Já – Planet Hemp
A maconha é uma erva cujo nome científico é cannabis sativa. Em latim
cannabis significa cânhamo, que denomina o gênero da família da planta, e
sativa diz respeito à cultura de como é plantada ou semeada, e indica a
espécie e a natureza do desenvolvimento da planta. É uma planta originária da
Ásia Central, com extrema adaptabilidade no que se refere ao clima, altitude,
solo, apesar de haver uma variação quanto à conservação das suas
propriedades psicoativas, pois essa requer clima quente e seco e umidade
adequada do solo (COUTINHO; ARAUJO; GONTIÉS, 2004).
Segundo o DSM-IV (2000 p.375) a maconha é a substância ilícita mais
consumida no mundo e vem sendo consumido desde a antiguidade, por seus
efeitos psicoativos, e como remédios por uma sucessão de condições médicas.
Ela está entre as primeiras drogas experimentadas pelos jovens geralmente na
adolescência. Como ocorrem com a maioria das outras drogas seus
transtornos ocorrem mais frequentemente em homens, ocorrendo à maior
prevalência entre os 18 e 30 anos de idade.
Três são as espécies de maconha, a mais comum, que é a cannabis
sativa, assume diferentes formas e é cultivada em quase todo o mundo, a
cannabis índica apresenta baixo teor de substância psicoativa (THC), a
cannabis ruderalis, arbusto curto da cannabis, não possui ingredientes
psicoativos (INAVA; COHEN, 1991; PATRÍCIO, 1997 apud COUTINHO,
ARAÚJO, GONTIÉS, 2004).
O THC é um dos 60 canabinóides presentes na maconha e é o
responsável pelos efeitos psicoativos. É a concentração do THC que determina
a potência dos seus efeitos. A sua absorção é rapidamente feita pelos pulmões
13
para a corrente sanguínea, onde atinge um pico de concentração 10 minutos
após ter sido inalada (FIGLIE; BORDIN; LARANJEIRA, 2004 p.107-108).
O seu declínio é igualmente rápido ficando muito baixo o nível de
concentração após uma hora de uso, devido ao rápido metabolismo e a
distribuição no cérebro e as outras estruturas do organismo. Já se tivesse
ingerido oralmente seus efeitos poderia durar uma hora ou mais e permanecer
por até cinco horas (FIGLIE; BORDIN; LARANJEIRA, 2004 p.109-110).
Desta forma, a maconha tem sido usada para finalidades religiosas,
artísticas e recreativas em diferentes tempos e culturas. Seus efeitos mentais,
embora não sejam normalmente estudados pelo valor clínico; produzem
estados de relaxamento físico e psíquico. No entanto, os canabinóides
presentes na maconha alteram a percepção sensorial e temporal, tornam o
raciocínio veloz e prejudicam o processamento da memória de curto prazo.
Todos esses efeitos parecem ser transitórios, desaparecendo com a
descontinuação do uso da droga (MALCHER-LOPES; RIBEIRO, 2008 p.102).
O principal motivo do uso indiscriminado da maconha é a sensação que
ela proporciona aos seus usuários como; estado alterado de consciência,
euforia, disforia, alteração na percepção do tempo, perda de controle motor,
alteração nas funções sensoriais simples, como comer, ver TV, e ter relações
sexuais. Porém, nem todos os seus efeitos são agradáveis podendo causar
crises de ansiedade, ataque de pânico e alucinação ate mesmo em usuários
mais experientes (FIGLIE; BORDIN; LARANJEIRA, 2004 p.111).
De acordo com os autores supracitados, além dos efeitos psicológicos
temos também os efeitos físicos decorrente do uso da maconha. Existem
evidencias de que a maconha possa ser altamente carcinogênica. Os
canabinóides prejudicam a imunidade das células e as outras substâncias
prejudicam os alvéolos. O uso da maconha aumenta bastante o trabalho
cardiovascular de indivíduos normais induzindo-os a taquicardias e isso pode
causar vários problemas cardiovasculares. Por outro lado no sistema
respiratório tem efeitos positivos e negativos, o THC age como um bronco
dilatador e por esta razão alivia os sintomas em indivíduos com asma, porém
seu uso crônico diminui o tamanho da passagem de ar nos pulmões causando
asma. No sistema reprodutor a maconha aumenta a vaso dilatação nos genitais
14
e retarda a ejaculação. Além disso, ingerida em altas doses leva a diminuição
da libido e a impotência, possivelmente em decorrência da diminuição da
testosterona.
Nos últimos anos o consumo de drogas tem aumentado muito entre a
população jovem brasileira. A precoce relação do jovem com as drogas pode
ser constada em diversos trabalhos registrados na literatura. Os vários fatores
que apontam para o aumento da distribuição e do consumo em nosso país
encontrem um quadro psicossocial do jovem, que busca fugir da realidade, em
busca do prazer rápido e fácil.
15
CAPITULO II
DESCRIMINALIZAÇÃO
... Get up, stand up!
Stand up for your rights! Get up, stand up!
Don't give up the fight! (Life is your right!)
Get up, stand up! (So we can't give up the fight!)
Stand up for your rights!
Get up, stand up! (Keep on struggling on!)
Don't give up the fight!
We sick an' tired of-a your ism-skism game -
Dyin' 'n' goin' to heaven in-a Jesus' name, Lord.
We know when we understand:
Almighty God is a living man.
You can fool some people sometimes,
But you can't fool all the people all the time.
So now we see the light (What you gonna do?),
We gonna stand up for our rights!
Get Up Stand Up – Bob Marley
O tema das drogas ganha cada vez mais espaço nos debates públicos.
Pois sempre as drogas estiveram presentes na historia da humanidade, sendo
licitas em alguns momentos e ilícitas em outros, esses períodos podem ser
considerados como ciclo da droga, conceituado como período sócio-histórico,
tempo-dependente, no qual uma nova droga ou um modo ‘inovador’ de
utilização de uma droga é introduzido e adotado por grande número de
pessoas. Seu uso institucionaliza-se em certos segmentos da população
(FERREIRA,1994).
Atualmente diferentes tipos de drogas psicoativas vêm sendo utilizadas
dentro de uma gama de finalidades desde um uso lúcido com fins prazerosos
16
até o desencadeamento do estado de êxtase, uso místico ou curativo ou no
contexto científico na atualidade. O experimento e o uso dessas substâncias
crescem de forma desordenada em todos os segmentos no país (SENAD,
SENASP, 2008).
De acordo com dados levantados pelo Escritório das Nações Unidas
Contra Drogas e Crime (UNODC, 2009), apontam que, no mundo todo, cerca
de 200 milhões de pessoas quase 5% da população entre 15 e 64 anos
consome drogas ilícitas pelo menos uma vez no ano. Dentre as mesmas, a
mais consumida é a maconha.
Deste modo o abuso de drogas vem conquistando cada dia mais a
atenção das pessoas, porque é um problema disseminado mundialmente e que
começa a preocupar e a atingir a todos de modo tanto direto quanto
indiretamente. Hoje em dia é comum a discussão do tema em reunião de pais e
educadores, entre os profissionais da área da saúde e mesmo na imprensa em
geral. Uma das questões mais preocupantes no que diz respeito ao abuso de
drogas é o fato de estar atingindo progressivamente as camadas mais jovens
da população. Embora o problema exista também entre os adultos e seja,
também neste caso, alarmante, preocupa por interferir no desenvolvimento
físico e psicológico do individuo (PALMA, 1988).
Com a polêmica que o debate sobre as drogas causam poderíamos
imaginar que a sociedade sempre reagiu de uma maneira eficiente ao longo do
tempo. No entanto ao decorrer da história, a sociedade não tem avaliado
corretamente os usos de uma nova droga, ou uma nova maneira de usar a
velha droga (LARANJEIRA, 2007).
Desta forma observa-se um paralelo entre a violação do tabu, expressa
pelo uso de drogas para busca de prazer, e o caráter de exploração recebido
pelo usuário, principalmente ao tornar o uso compulsivo, fazendo a pessoa
sentir-se castigada pela própria droga, como uma forma clara de vingança pela
violação do tabu.
O uso indevido das drogas tem sido tratado, atualmente, como uma
questão de ordem internacional, objeto de mobilização organizada das nações
em todo mundo. Os seus efeitos negativos afetam a estabilidade, ameaçam
valores políticos, humanos, culturais, e sociais e infligem consideráveis
17
prejuízos aos países, contribuindo para o aumento dos gastos com tratamento
médico e internação hospitalar, aumentando o índice de acidentes de trabalho,
de transito, da violência urbana e de mortes prematuras (CARLINI et al, 2001
p.889).
Portanto em nosso país pode se concluir que saúde nunca foi prioridade,
pois o abuso de drogas é também um problema de saúde. E a indiferença com
que à saúde é tratada nos leva a tal constatação (VIZZOLTO, 1992 p.67).
Vimos que a ação policial na repressão, por mais esforços que venham
fazendo, parece fora do alcance de determinadas situações relacionadas ao
trafico. Não queremos nos deter na ação policial nem mesmo nos órgãos
encarregados da fiscalização das drogas, talvez acreditemos que a prevenção
é a estratégia mais eficaz para o problema do abuso e uso indevido de drogas.
Mas também é de suma importância que se faça cumprir a legislação em
relação à produção, á comercialização, ao trafico e é a fiscalização de drogas.
Ao longo dos últimos anos é crescente entre a sociedade civil, meios de
comunicação, política e no âmbito da saúde a reinvindicação do debate sobre a
descriminalização e ou legalização das drogas entorpecentes em nosso país.
Ultimamente, no Brasil, por meio da mobilização social vimos
constantemente manifestações de apoiadores, simpatizantes, e coletivos nas
ruas das principais capitais como a Marcha da Maconha exigindo das
autoridades políticas um debate sobre este assunto. Estas manifestações
podem diferir individualmente quanto as suas intenções, tais como uso
medicinal da cannabis, autonomia para indivíduos que fazem uso recreativo,
bem como combate a violência e o tráfico, mas é unânime ao exigir que este
assunto seja discutido mais amplamente. Antes tida como tabu, essa discussão
hoje se faz necessária.
Frente a essa organização da massa este mesmo assunto tem sido para
muitos um slogan bastante atrativo em suas campanhas políticas. Discursos
destituídos de seriedade e aprofundamento da questão são vistos com
facilidade pautando campanhas eleitorais ou eleitoreiras.
Diante do exposto a quem serve o modelo atual de repressão as
drogas? A quem servirá a descriminalização?
18
Países como Portugal, Inglaterra, Holanda, e ultimamente o Uruguai e os
EUA vivem experiências de descriminalização.
Segundo Marcelo Niel o Brasil em 2006, [...] aprovou a Lei no 11.343,
que promoveu diversas mudanças nas políticas públicas relacionadas às
drogas, o que foi considerado um avanço no cenário nacional e mundial,
porque descriminalizou “parcialmente” o uso das drogas, como uma forma de
discriminar aquele que é usuário de drogas, seja ele dependente ou não do
traficante, deixando o usuário a cargo do sistema de saúde, sendo
encaminhado para orientação e tratamento, enquanto a Justiça se encarrega
do traficante.
O ordenamento jurídico brasileiro inovou o tratamento aos usuários e
dependentes de drogas com a criação da Lei 11.343 de 23 de agosto de 2006,
revogando leis anteriores relacionadas às drogas, como as leis 6368/76 e
10.409/02.
No que se refere ao traficante de drogas o seu tratamento criminal se
tornou mais rigoroso, já no tocante ao usuário e dependente de drogas a lei
buscou uma forma de resgate, propiciando tratamento terapêutico ao usuário e
ao dependente.
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS Art. 3o O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as atividades relacionadas com: I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas; II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. § 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
19
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. § 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. § 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses. § 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. § 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: I - admoestação verbal; II - multa. § 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado.
Conforme, o ensinamento de Andreucci (2010, p.643-644):
A Organização Mundial da Saúde adotou, segundo informes contidos em
publicação da Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD (Um guia para a
família), a seguinte terminologia, no que se refere a drogas: Experimentador:
pessoa que experimenta droga, levada geralmente por curiosidade. Aquele que
prova a droga uma ou algumas vezes e em seguida perde o interesse em
repetir a experiência. Usuário ocasional: pessoa que utiliza uma ou várias
drogas quando disponíveis ou em ambiente favorável, sem rupturas (distúrbios)
afetiva, social ou profissional. Usuário habitual: pessoa que faz uso frequente,
porém sem que haja ruptura afetiva, social ou profissional, nem perda de
controle. Usuário dependente: pessoa que usa a droga de forma frequente e
exagerada, com rupturas dos vínculos afetivos e sociais. Não consegue parar
quando quer (grifo acrescentado).
A descriminalização é um tema que envolve questões referentes à
saúde e segurança e estudos mais recentes do Escritório das Nações Unidas
20
sobre Drogas e Crime como o documento “da coerção à coesão: tratamento da
dependência de drogas por meios de cuidados em saúde e não da punição”
indica que o modelo opressor tem pouco ou nenhum resultado sobre a redução
do uso de entorpecentes e no caso do Brasil ainda leva o aumento da
população carcerária.
“Este documento descreve um modelo de referência que sai do sistema de justiça penal para o sistema de tratamento e que seja mais eficaz do que o tratamento compulsório, o que resulta em menos restrição da liberdade, é menos estigmatizante e oferece melhores perspectivas para o futuro do indivíduo e da sociedade”. (UNODC,2009, p.4)
Diante do exposto cabe-nos definir alguns conceitos utilizados na
discussão da descriminalização de drogas ilícitas:
Entende-se por descriminalização como a exclusão do caráter de
infração penal da conduta considerada como crime, ou seja, uma conduta tida
na lei penal como crime deixa de ser considerada delituosa.
A legalização da droga viabiliza a venda lícita da substância
entorpecente, isto é, a venda controlada e a permissão para o cultivo
doméstico.
Em uma simplificação a descriminalização trata de um comportamento
individual com consequências no âmbito social. Já a legalização trata da droga
em si.
Parece fácil a solução, então: tratemos as drogas como tratamos o
álcool. Há muita pessoas que acreditam nesse ponto de vista dentre eles
economistas, médicos, políticos. Mas, para cada defensor, existe uma opinião
contrária. Afinal, ninguém sabe exatamente quais os efeitos da legalização: ela
jamais foi plenamente colocada em prática. Quais drogas poderiam ser
liberadas? O crime organizado e o tráfico perderiam força? O consumo
aumentaria? Como isso afetaria a sociedade?
Legalizar é, portanto, uma ideia tão sedutora quanto polêmica - existem
incertezas entre a nossa realidade e todos os benefícios que ela promete. Mas,
quando se discute drogas, há duas questões bem distintas. Uma coisa é o
debate sobre a proibição da venda. Outra coisa é condenar quem compra.
21
Principais argumentos para proibição:
a) Consumidores de substâncias psicoativas podem causar danos e
sofrimento a outras pessoas;
b) O uso das drogas provoca aumento nos gastos com a saúde pública;
c) Os usuários de drogas são menos produtivos e têm maior chance de
morte prematura;
d) Os usuários de substâncias devem ser protegidos contra eles
mesmos, à medida que eles atuam de forma autodestrutiva;
e) O consumo das drogas é “contagioso”, ou seja, indivíduos usuários
podem “convencer” outros a experimentá-las.
Principais argumentos para legalização:
Segundo os defensores da legalização, algumas das consequências
abaixo seriam possíveis:
a) Reduzir a população penitenciária;
b) Prevenir muitos crimes relacionados ao consumo de substâncias, tais
como roubos, furtos e tráfico;
c) Desorganizar um dos principais pilares do crime organizado;
d) Redirecionar os esforços dos policiais no combate ao crime.
22
CAPÍTULO III
A DESCRIMINALIZAÇÃO EM OUTRAS REALIDADES
Um fato a ser considerado quando se trata da descriminalização é de
que quase a totalidade das discussões sobre qual politica de drogas é a melhor
para ser adotada oscilou entre a defesa de políticas e leis de proibição total e a
legalização da maconha ou de outras drogas, muitas vezes, discutindo esses
conceitos sem referi-los a dados e informações de experiências concretas que,
eventualmente, poderiam ser classificadas em um ou outro tipo ideal. Isso, por
vezes, possibilita interpretações ambíguas sobre os diversos termos usados
nesses debates e demonstra uma preocupante falta de informação sobre a
realidade desses fenômenos, ocupando um espaço público que poderia ser
usado para debater políticas e estratégias mais adequadas a diferentes
realidades de consumo de drogas e suas especificidades.
23
UMA ANÁLISE DE DUAS REALIDADES
BRASIL E HOLANDA
Em meio às polêmicas discussões sobre a legalização da maconha no
nosso país, nada mais interessante que apresentar a experiência de uma
sociedade cuja realidade, quanto aos efeitos e fatores que englobam esta
temática, é diferente da nossa.
Na década de 70, mais precisamente em 1976 a Holanda foi um dos
países precursores na tolerância do uso da maconha e outras drogas leves,
permitindo a venda e o uso destas drogas em lugares autorizados pelo
governo, conhecidos como “coffeshops” e clubes jovens.
De fato os holandeses não legalizaram a maconha, o que se passa é
que o governo passou a fazer a distinção dos entorpecentes em drogas leves
como a maconha e o haxixe e drogas pesadas como a cocaína, crack e
heroína. Admitindo a compra e o consumo das drogas ditas mais leves, por
pessoas maiores de 18 anos, onde não existem pena para os que compram até
5 gramas de maconha por dia em lugares preestabelecido os “coffeshops”,
criando uma pouco definida, na qual o usuário embora compre a droga em um
estabelecimento lícito não pode consumi-la em lugares públicos ou em
qualquer outro local, que não os permitidos pelo governo, nem muito menos
serem responsável pelo plantio da erva Cannabis Sativa.
A teoria do degrau foi rejeitada pela Holanda, pois foi por conta dessa
rejeição que o país tolerou o uso da maconha. Pois tal teoria entende que o
consumo de drogas leves serve de trampolim para que o usuário passe a
consumir drogas mais pesadas como, por exemplo, a cocaína, heroína e crack.
Diferente da Holanda, o Brasil acredita na teoria do degrau.
O governo holandês ao implementar esta política de controle das
drogas, ainda assim, não impediu que o tráfico existisse, sendo movimentado
pelas drogas pesadas, como a heroína e a cocaína, cujo comércio continua
proibido.
24
Com essa facilidade de acesso à compra e ao consumo da droga, a
Holanda recebe “10 milhões de turistas que gastam 2,45 bilhões de euros.
Segundo uma agência europeia (...) a Cannabis, incluídos os derivados,
movimenta anualmente no mercado europeu de 12 a 24 bilhões de euros”.
Não foge do comum a circulação de pessoas tomadas pelos efeitos
alucinógenos das drogas na Holanda, porém estas pessoas não apresentam
nenhum risco, não abordando as demais, isto porque o governo investe em um
sistema de segurança com fiscalização, policiamento e sanções coercitivas,
como multas e recolhimentos, para usuários que extrapolem os limites da
conveniência. Ademais, conta com um sistema de saúde pública eficiente que
da assistência a quase toda população, e se necessário promove internações
obrigatórias em clinicas de reabilitação.
O Brasil possui uma extensão de 9.372,614 km², chegando a ser quase
do tamanho de toda a Europa, além de possuir uma população de 190.755.799
de habitantes, de acordo com o Censo Demográfico do IBGE elaborado em
2010. O Brasil possui uma grande extensão territorial, o que logo de início
compromete comparações com o território holandês, pois o menor estado
brasileiro é bem maior que a Holanda, sem esquecer as peculiaridades e falta
de controle das fronteiras brasileiras, onde os traficantes bolivianos e
colombianos encontram facilidades de entrar com a droga no Brasil, devido a
enorme extensão da fronteira. Para se ter uma ideia, a falta de fiscalização do
nosso governo, o desmatamento da Floresta Amazônica, é motivo de
preocupação de todos ambientalistas, uma vez que temos 333 mil km2
desmatados, que significa 11 Bélgicas, e dois territórios iguais ao Reino Unido.
A Holanda possui uma economia extremamente forte, onde diversos
setores contribuem para o fortalecimento desta economia, como exemplo os
setores da pesca, transporte, comércio, bancos. O porto de Roterdã é
considerado o maior porto do mundo, além de ser um fácil acesso aos enormes
mercados da Alemanha e do Reino Unido. Possui também uma taxa de
desemprego com 3,7% de pessoas ativas fora do mercado de trabalho, sendo
amais baixa taxa entre os Estados membros da União Europeia.
Cabe aqui então um questionamento quanto ao preparo econômico do
Estado brasileiro que parece não estar apto a disponibilizar igualmente a todos
25
os estados da Federação, técnicas de “fiscalização para plantio e venda da
droga”, como acreditam os que são a favor da legalização da maconha. O
problema não se resume na forma como se rege este assunto e na sua
descriminalização. Mas também, se há previsão legal para que as redes de
saúde pública assistam os dependentes químicos, forneça-lhes remédios,
implante casas de acolhimentos e invista em postos de saúde e
acompanhamento profissional.
Mesmo com todo o desenvolvimento econômico e cultural a Holanda
pensa em rever essa liberação, pois de acordo com pesquisas, metade dos
crimes ocorridos no país tem ligação com os entorpecentes, e o número de
presos triplicou nos últimos dez anos.
26
A QUESTÃO DO URUGUAI
O Uruguai é o primeiro país do mundo a ter a maconha no mercado legal
de compra e venda. Neste país o uso da cannabis sativa se dá sem muita
cerimônia, pois o mesmo nunca foi criminalizado, porém, agora com nova lei e
a liberação, o usuário deverá realizar um cadastro, exigido pelo governo, para a
compra e/ou cultivo da droga e esse é o ponto mais polêmico dessa lei.
Segundo Julio Calzada, secretário-geral da Junta de Drogas esse
cadastro é completamente sigiloso, protegido por uma lei já existente de dados
sensíveis, mas as pessoas não sabem e informá-las sobre isso é um dos
nossos desafios.
Os detalhes sobre o funcionamento da carteirinha ainda não estão
regulamentados, mas a ideia é que ela seja usada para controlar a compra de
maconha na farmácia, legalmente.
Nesta nova etapa na qual o país se lançou os usuários uruguaios terão
duas opções para comprar a droga, a primeira opção é a mais comum, adquirir
através dos traficantes, a segunda opção é a realização do cadastro de forma
gratuita no Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (Ircca) e adquirir a
droga de forma legal, nas farmácias e sem necessidade de receita. A receita só
os usuários medicinais precisarão possuir. O usuário poderá adquirir qualquer
quantidade da droga dentro do limite permitido por lei, que são 40 gramas por
mês, e quem não tiver a carteirinha, menores de idade e turistas, não terão
acesso ao comércio legal. A outra possibilidade que o usuário uruguaio terá é o
cultivo, e há também limite imposto pela lei, o usuário poderá cultivar até 6
plantas por vez, em cada casa.
O governo comercializará uma maconha diferente do mercado negro,
terá em torno de 5 variedades com concentração de THC semelhante à que os
uruguaios estão acostumados, que é de 5% e terá a sua produção com
controle de qualidade, provavelmente orgânica, muito diferente da maconha do
mercado negro, que chega do Paraguai prensada e com mofo. O Uruguai será
o primeiro país no mundo a ter um mercado legal para a produção, a
distribuição e o comércio da maconha e essa reviravolta se deu no meio de
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uma onda inédita de violência, pois várias execuções ocorridas estavam
ligadas a disputas por pontos de venda de droga ou a dívida entre traficantes.
O motivo mais comum eram os “ajustes de cuentas”. Apesar de o país ter o
segundo menor índice de homicídios do continente, só perde para o Chile,
esses casos criavam uma sensação de insegurança muito grande no país. O
governo tinha que tomar uma medida drástica para conter essa onda de
violência, mas ninguém imaginava que a solução ousada encontrada pelo
presidente José “Pepe” Mujica seria a convocação de uma coletiva de
imprensa anunciando que o Poder Executivo encaminharia ao Congresso um
projeto para regulamentar a maconha e diminuir o poder do tráfico, que tem a
maconha como o seu principal fonte de receita.
“Havia um consenso de que a guerra às drogas adotadas em outros
países é um fracasso. Se queríamos diminuir o uso de drogas e combater o
tráfico de modo eficaz, precisávamos de outra estratégia”. Diz Diego Cánepa,
prosecretário da presidência da República Oriental do Uruguai, braço direito de
Mujica e espécie de chefe da Casa Civil.
Houve muita crítica, óbvio. O consumo vai aumentar, a percepção de
risco vai diminuir o tráfico não vai acabar, a maconha legalizada vai parar na
mão de menores e turistas e o pior foi a pesquisa de opinião realizada, que
mostrou que a maioria da população era contra o projeto de lei, mas o governo
estava decidido e foi mantido o processo.
Outra questão a ser combatida no Uruguai é o uso da pasta base de
cocaína, cujo uso dobrou entre 2005 e 2006. No país não existem cracolândias,
mas mesmo assim encontram-se jovens fumando a droga. Nessa região
violenta devido ao tráfico de drogas não existe favela, são conjuntos
habitacionais como os “pombais” do Brasil “los palomares”. Ao longo da década
de 2000, a disputa entre os cartéis mexicanos por rotas de drogas para os EUA
se acirrou, os traficantes colombianos passaram então a diversificar suas rotas
de distribuição da América do Sul, para fazer a cocaína chegar à Europa. A
passagem e o consumo de derivados de coca aumentaram em todo o
continente, inclusive no Uruguai.
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Daí surgiu os “ajustes de cuentas”, com execuções à luz do dia. A
novidade assusta os pacatos uruguaios, que antes só viam coisas assim nos
jornais brasileiros. O aumento desse tipo de violência está associado ao tráfico,
que rompeu códigos existentes dentro da própria criminalidade e a repressão
não solucionou esse problema em vários países.
Em diversos aspectos o problema é parecido com o do Brasil, como nas
cidades do Rio de Janeiro e São Paulo nos anos 80 e 90, quando houve o
surgimento das facções criminosas, Comando Vermelho e o Primeiro Comando
da Capital. A diferença está na solução proposta para o problema.
Enfraquecer os traficantes é um dos objetivos da lei, mas não é só isso,
a lei também pretende reduzir os danos associados ao consumo, e terá como
exemplo a separação no mercado da maconha e da pasta base, este que é
muito mais nocivo e viciante.
A lei também cria uma disciplina nas escolas, de educação sobre as
drogas, e prevê que o lucro obtido com o comércio legal seja usado em
campanhas de prevenção e educação, todas as cidades com mais de 10 mil
habitantes deverão ter centros de informação sobre drogas e assistência para
dependentes e, além disso, a regulamentação da maconha faz parte de um
conjunto de medidas polêmicas que o governo de Mujica colocou em prática
para ampliar as liberdades civis, como a legalização do aborto e do casamento
gay.
Um ponto crucial para a implantação dessa nova lei no Uruguai foi a
realização de vários debates e pesquisas. O governo organizou conferências
com especialistas em direito, política, economia e saúde de diversos países.
O Uruguai NÃO entrou na onda do “liberou geral”, a lei prevê que o
mercado legal da maconha não seja controlado por megacorporações
multinacionais, ao contrário, somente empresas uruguaias poderão explorar e
produção e a distribuição da droga 8e pelo menos uma dezena de licenças de
produção devem ser concedidas, para descentralizar a safra e o poder
econômico dos beneficiados, portanto o (Ircca) assessorará o Poder Executivo
e este irá controlar toda a cadeia produtiva, inclusive o preço, diferentemente
das pessoas que achavam que seria um livre empreendedorismo que costuma
atrair investidores bilionários e é a marca da legalização nos EUA
29
A LIBERAÇÃO NOS EUA
Esta já é uma realidade nos Estados do Colorado e Washington e
o que impulsionou essa mudança de opinião pública em relação a cannabis foi
a aprovação do uso medicinal da droga, que emplacou em 19 Estados e no
distrito federal, começando pela Califórnia. Nos EUA não havia uma crise de
segurança como a que motivou a regulação no Uruguai, o tráfico de maconha e
de outras drogas, faz vítimas fora do país, no México, principalmente, então
para os ativistas o que mudou o ponto de vista das pessoas foi essa
aprovação.
Nos EUA, o processo que levou à legalização foi o oposto do que
aconteceu no Uruguai. No país latino-americano, a política mudou por iniciativa
do governo federal e contra a maioria da opinião pública. Nos dois Estados
norte-americanos as leis foram criadas por vontade popular. Ativistas redigiram
projetos de lei e recolheram as assinaturas necessárias para levá-los à votação
por plebiscito. E conseguiram aprová-lo com muito trabalho e graças a uma
mudança e tanto no ponto de vista da população de todo o país sobre a
maconha. Nos anos 80, o apoio público à legalização nos EUA era cerca de
20%, segundo o instituto de pesquisa Gallup. Em 2012, ano da eleição, o apoio
nacional à medida já era de 48% e, no ano passado, esse índice chegou ao
auge de 58%.
O uso medicinal afetou especialmente a saúde e a opinião dos
eleitores mais velhos. Muitos deles passaram a tratar dores e doenças com
maconha, e o medo e a incompreensão associados à droga começaram a
desaparecer.
Vale lembrar que os EUA são os pioneiros da demonização da
cannabis. O governo federal a colocou na ilegalidade com o Ato da Taxa da
Maconha, em 1937, um ano depois do icônico Reefer Madness mostrar nos
cinemas como a erva levava a uma espiral de crimes, violência e loucura.
Desde então, as campanhas antidrogas em escolas tratam a droga como uma
substância tão pesada quanto a heroína e a cocaína e essa percepção persiste
em grande parte da sociedade.
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Mesmo com corações mais abertos pelo uso medicinal, era
preciso convencer as pessoas, racionalmente, de que valia a pena regular a
maconha da mesma forma que o álcool e o tabaco. As diferenças de
abordagem entre campanhas dos dois Estados mostram que não existe uma
regra de ouro, mas é preciso bastante trabalho e um bocado de dinheiro para
investir em publicidade.
Mas o principal mote das campanhas foi mesmo econômico,
alardear que a legalização daria uma levantada nas contas. A lei aprovada em
Washington prevê impostos de 75% sobre a venda e a produção da maconha,
no Colorado ela será de 25%, o governo estima que a venda de maconha vá
lhe render US$ 400 milhões por ano em novos impostos, fora uma economia
de até US$ 60 milhões com segurança. Dá para bancar todas as despesas
anuais do Estado com o poder judiciário (US$ 300 milhões) e com o legislativo
(US$ 155 milhões).
Acima das diferenças, a experiência dos dois Estados tem em
comum seu potencial para colocar a guerra às drogas em xeque dentro do
próprio país que a fundou. Em 2012, 750 mil pessoas foram presas por
maconha e mais um outro montante foi assassinada pelo mesmo motivo. Tudo
porque é um negócio ilegal, com a esperança de que a política mude seu foco
sobre a repressão para o tratamento.
A batalha ainda não está vencida e promete ser longa, a maior
preocupação diz respeito ao consumo, especialmente entre jovens, se ele
aumentar muito a lei pode perder apoio entre camadas importantes da
população. A crise entre a lei federal e a lei estadual também atrapalha os
negócios, pois não há regras claras para atender o setor.
Enquanto essas coisas não se resolvem, e antes mesmo de ver
os resultados de Washington e Colorado, outros Estados já se mexem para
seguir o exemplo. Uma iniciativa similar foi criada no Alasca, foi angariado 45
mil assinaturas, 15 mil a mais que o necessário, para ser votada nas eleições
locais. Outros ativistas de outras seis unidades da federação também redigem
projetos de lei, planejando levar seus plebiscitos às urnas em 2016. Aos
poucos, a autonomia dos Estados pode acabar com a proibição nos EUA.
Jurisprudência não falta. A proibição foi instalada assim. Em 1911,
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Massachusetts baniu a maconha, e foi seguido por diversos Estados, até o
governo central fazer o mesmo em 1937, seguindo a tendência. Foram 26 anos
de intervalo. Agora o processo reverso poder ter começado, se ele se
completar, será uma verdadeira implosão da guerra às drogas.
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NOS QUATRO CANTOS DO MUNDO
Apesar proibida há mais de 50 anos, a maconha é produzida e
consumida em quase todo o mundo, cerca de 180 milhões de pessoas usam
maconha ou haxixe a cada ano, segundo a ONU, e essa conta deve ser ainda
maior, porque se sabe que parte dos usuários não admite o que consome nas
pesquisas sobre o consumo dessa droga e de outras. Como ela é proibida,
muita gente prefere não arriscar a falar a verdade, mesmo sob promessa de
confidencialidade dos entrevistadores.
Em 2009, a ONU estimou a produção global entre 13 e 61 mil
toneladas, na realidade um chute de tão impreciso. A margem de erro grande
tem dois motivos principais: um é a variação de produtividade, dependendo do
clima e das técnicas de produção, a colheita varia de 5 a 17.500 quilos por
hectare. O outro motivo é o fato de a maconha se produzida em qualquer lugar
habitado do mundo, ao contrário da cocaína e do ópio. Hoje é possível plantá-
la indoor até na Antártica, basta ter eletricidade para ligar uma lâmpada. Não é
por acaso que 172 países e territórios plantam maconha, de um total de 197.
Sobre os outros não há dados.
A onipresença das plantações de maconha explica por que ela não é tão
importante para o tráfico internacional, na maioria das regiões, o risco de
atravessar uma fronteira com a erva não compensa, já que os vizinhos
geralmente plantam a sua.
De acordo com a UNODC (2009) a maconha é a droga mais utilizada no
mundo, com cerca de 180 milhões de usuários, seguido pelas anfetaminas,
com 34 milhões, em seguida os opioides, com 32 milhões, o Ecstasy com 19
milhões e por último a cocaína, o crack e os opiáceos, como 17 milhões de
usuários.
33
CONCLUSÃO
“... os limites entre drogas lícitas e ilícitas não são absolutos, mas flutuantes e sujeitos à relatividade cultural e histórica” (Richard Bucher – “Drogas e Drogadição no Brasil”)
O consumo de substâncias psicoativas sempre esteve presente na
história da humanidade e substâncias que anteriormente foram lícitas hoje
figuram como ilícitas, ao mesmo tempo em que substâncias ilícitas em alguns
países são totalmente toleradas em outros.
Desta forma, o uso de drogas é um fenômeno global e a droga ilícita
mais amplamente consumida atualmente no mundo é a cannabis da qual é
usada a erva (maconha).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde 10% das populações
que vivem em centros urbanos de todo o mundo consomem abusivamente
substâncias psicoativas, trazendo consequências graves para a saúde pública.
Da mesma forma que uma pesquisa realizada pelo (CEBRID) Centro de
Informações sobre Drogas Psicotrópicas, há uma tendência mundial que
aponta para o uso cada vez mais precoce de substâncias psicoativas,
sendo que tal uso ocorre de forma cada vez mais pesada.
A UNODC, (2009) demonstra que os principais problemas relacionados
ao uso de drogas são: a demanda por tratamento a dependentes; as
emergências, principalmente devido à overdose; incidência de doenças como
AIDS, hepatite, etc.; além da mortalidade causada pelo crime e pela violência
relacionados ao tráfico.
Diante desta realidade entra em cena a questão da legalização ou
não da maconha. Esta discussão toma importância no cenário nacional uma
vez que vem colaborar com estratégias na construção e políticas públicas.
A realidade contemporânea tem colocado novos desafios no modo
como certos temas vêm sendo abordados, especialmente no campo da
saúde. A construção de normas para a saúde deve ser coletiva. Os
34
modelos assistenciais devem ser revistos com o objetivo de suprir as reais
necessidades da população.
Até o momento, a quase totalidade das discussões sobre qual política de
drogas é a melhor para ser adotada oscilou entre a defesa de políticas e leis de
proibição total e a legalização da maconha ou de outras drogas, muitas vezes,
discutindo esses conceitos sem referi-los a dados e informações de
experiências concretas que, eventualmente, poderiam ser classificadas em um
ou outro tipo ideal. Isso, por vezes, possibilita interpretações ambíguas sobre
os diversos termos usados nesses debates e demonstra uma preocupante falta
de informação sobre a realidade desses fenômenos, ocupando um espaço
público que poderia ser usado para debater políticas e estratégias mais
adequadas das diferentes realidades de consumo de drogas e suas
especificidades. A princípio, esse fato poderia nos fazer imaginar uma ausência
de dados ou de pesquisas científicas que sugerissem outras formas de
controles dos eventuais riscos e danos causados pelo uso de maconha ou que,
ao menos, revelassem informações sobre as consequências das experiências
que utilizaram políticas de proibição total. No entanto, a profusão de relatórios,
produzidos por equipes multidisciplinares sob encomenda de governos
democraticamente eleitos, que são ignorados na elaboração das políticas
públicas sobre a matéria, torna esse caminho de análise muito difícil.
Cabe aqui nos perguntarmos qual o verdadeiro relacionamento entre o
consumo de substâncias psicoativas como a cannabis sativa e a criminalidade
em um universo com graves problemas sociais como no caso do Brasil?
Em um país que tem uma das piores distribuições de renda do mundo
vivencia-se estereótipos e mantém a exclusão, usuário de drogas, delinquente
apenado, entre outros, tais aspectos são agravados pela falta de investimento
em políticas públicas e pelo desrespeito aos direitos humanos dos cidadãos.
É comum que a violência produza efeitos de horror ou fascínio, porém
necessário se faz que esses fatos sejam assumidos como questão pública,
precisa-se revisitar e redefinir responsabilidade compartilhada, risco,
segurança, controle, redução de danos, leis antiproibicionistas e tráfico, entre
35
outros. Estender essa reflexão para as políticas de tolerância zero no combate
à criminalidade ou em relação ao uso de drogas seria uma forma de não fazer
diferença entre o que pode ser um simples apelo de reconhecimento social
voltado à alteridade e o que realmente expõe ao risco.
Proibir com radicalismo não resolve o problema, aí está o maior dos
erros, diante de tanta complexidade, a proibição ultrarradical mais atrapalha do
que ajuda. Ela não impede que as pessoas usem drogas, porque é impossível
vigiar todo mundo o tempo todo. Por outro lado, cria uma infinidade de efeitos
colaterais indesejados. Por causa da proibição da maconha, surgiram
“inovações” no mundo das drogas, como o crack, desenvolvido por traficantes
em busca de substâncias mais discretas e com margem de lucro maior.
Também por causa dela a pesquisa tornou-se quase impossível e a ciência
parou de avançar, prejudicando muita gente. Deixamos de aprender com os
nossos erros, enquanto permitimos que criminosos enriquecessem com aquilo
que o Estado deixou de controlar. A proibição ultrarradical não apenas não
resolve o problema, ela cria vários novos problemas.
Hoje em 2014, está bem claro que fomos ingênuos nos últimos 40
anos. Ao contrário do que se supunha, a história não era simples, era
imensamente complexa, e não há soluções simples para problemas
complexos.
Segundo ensinam os especialistas nas ciências da complexidade,
o único jeito de controlar um sistema complexo é espalhar a inteligência pelo
sistema todo, em vez de acumulá-la no centro. Em outras palavras, jamais dará
certo um sistema inteiramente comandado pela ONU, com regras rígidas que
devem ser aplicadas de maneira idêntica no mundo todo, por meio dos seus
governos nacionais, pois cada país tem a sua própria realidade.
Os males causados pela maconha só serão diminuídos se cada
região do mundo aplicar em encontrar saídas locais para problemas locais.
Cada usuário precisa ser parte da solução. O governo federal não tem a
capacidade de proteger cada pessoa de cada possível mal que possa vir a ser
causado por cada variedade de maconha. Em vez disso, na Califórnia, por
exemplo, maconha é vendida com um rótulo bem detalhado, de maneira a
permitir que cada um proteja a si próprio.
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Aquela história simples na qual tanta gente acreditava quatro décadas
atrás desmoronou. E, em 2014, começaram a entrar em vigor no Uruguai e nos
Estados Unidos os primeiros sistemas realmente complexos para lidar com
essa questão complexa. Juntamente com as soluções que surgiram nos
últimos anos em lugares como a Holanda, a Espanha ou Portugal, esses novos
modelos se propõem a olhar para a questão de frente. É uma nova era
começando.
Tratar situações diferentes de forma diferente evita os equívocos que levam a
um destino fechado, tanto mais fixo quanto maior a falha nas abordagens e na
escuta das instâncias legais e de saúde, bem como do suporte de uma rede
Inter setorial, trânsitos que podem servir de apoio quando outras instâncias
estão fragilizadas.
A correlação drogas/prisão, pela inexistência de acesso dos apenados a
abordagens terapêuticas, aposta na ideia de que o aprisionamento é uma
solução. Retomar tais aspectos na prisão, considerando que o tratamento
penal deveria ter como princípio o respeito aos direitos humanos e de saúde,
significa trabalhar, com as equipes, o desenvolvimento de atividades
incorporadas ao cotidiano, que visem à autoestima, à redução de danos e a
autonomia.
Portanto, não há uma resposta simples para a questão da
descriminalização da maconha no Brasil. O debate está caminhando mas, é
necessária a aproximação das categorias em seus discursos.
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41
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
A Maconha 12
CAPÍTULO II
Descriminalização 15
CAPÍTULO III
A Descriminalização em outras realidades 22
CONCLUSÃO 33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37
ÍNDICE 41