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1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
O CÉREBRO E A AFETIVIDADE E O PROCESSO DE
APRENDIZAGEM
Beatriz Lopes Da Silva
ORIENTADOR:
Prof. Marta Pires Relvas
Rio de Janeiro 2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Neurociência pedagógica. Por: Beatriz Lopes da Silva Moreth.
O CÉREBRO E A AFETIVIDADE E O PROCESSO DE
APRENDIZAGEM
Rio de Janeiro 2015
3
AGRADECIMENTOS
À Instituição pelo ambiente criativo е
amigável qυе proporciona.
Agradeço а todos оs professores pоr mе
proporcionar о conhecimento nãо apenas
racional, mаs а manifestação dо caráter е
afetividade dа educação nо processo dе formação
profissional, pоr tanto qυе sе dedicaram а mim,
nãо somente pоr terem mе ensinado, mаs por
terem mе feito aprender. А palavra mestre, nunca
fará justiça аоs professores dedicados аоs quais
sеm nominar terão оs meus eternos
agradecimentos.
4
DEDICATÓRIA
Primeiramente а Deus qυе permitiu qυе
tudo isso acontecesse, ао longo dе minha vida, е
nãо somente nestes anos como universitária, mаs
que еm todos оs momentos é o maior mestre qυе
alguém pode conhecer. À minha família, pоr sua
capacidade dе acreditar еm mіm е investir еm
mim. Mãe, sеυ cuidado е dedicação fоі que
deram, еm alguns momentos, а esperança pаrа
seguir. As minhas filhas Barbara e Bethina que
foram muitas vezes a razão para que eu não
desistisse de tudo. A minha querida irmã Suzana
por todo apoio e ao meu amado irmão Sandro
pela companhia durante as madrugadas solitárias.
.
5
RESUMO
Este estudo tem como foco um diálogo necessário entre a
Neurociência Pedagógica e o processo ensino-aprendizagem, mas
especificadamente o estudo do cérebro e a afetividade no processo de
aprendizagem, enquanto possibilita diálogos e desenvolvimento de uma
prática mais reflexiva capaz de contextualizar os conteúdos cerebrais.
Palavras chaves: Cérebro, afetividade e aprendizagem.
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a realização do referido trabalho de
pesquisa foi de caráter bibliográfico abrangendo a leitura de livros e artigos
sérios e estudos randomizados de teóricos clássicos e contemporâneos como
Vygotsky, Consenza, Relvas, Piaget, Comenius e Damásio entre outros
visando estabelecer um plano de leitura atenta e sistematizada que se fez
acompanhar de anotações, fichamento e pesquisas virtuais que serviram para
a fundamentação teórica do referido trabalho.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Primeiras discussões sobre a afetividade 10
CAPÍTULO II
Teorias da aprendizagem 21
CAPÍTULO III
A afetividade na aprendizagem 31
CONCLUSÃO 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 45
WEBGRAFIA 47
ÍNDICE 48
8
INTRODUÇÃO
Segundo Relvas (2010) “Aprendemos com a cognição, mas sem
dúvida alguma, aprendemos pela emoção, o desafio é unir conteúdos
coerentes, desejos, curiosidades e afetos para uma prazerosa aprendizagem.”
Levando-se em consideração que a emoção está profundamente
atrelada às questões ativas do dia-a-dia do ser humano, este trabalho almeja
pesquisar como o processo emocional interfere na aprendizagem do educando
em relação ao desenvolvimento cognitivo de uma mente sadia ou não e como o
educador possa beneficiar os alunos para que acionem a motivação com a
expectativa de unir o interesse a partir das emoções à proposta de trabalho a
ser desenvolvida pelo discente.
O tema em assunto fora escolhido necessitado às dificuldades
enfrentadas em sala de aula por falta de compreensão em saber de que forma
agir quando uma criança está totalmente desinteressada e desmotivada
perante os desafios do aprender.
Acredita-se ser um campo amplo em termos de conhecimento e o
que se almeja através deste trabalho é que novos horizontes se abram com o
desígnio de auxiliar na formação de cidadãos que, juntamente com o grupo
escolar, possam superar dificuldades de aprendizagem aliadas à emoção.
A pesquisa aqui apresentada torna de essencial importância, pois, a
emoção possui relação direta com a aprendizagem, bem como, com a não
aprendizagem e, por isso, merece a carecida atenção por parte de profissionais
engajados com as questões referentes a esses processos.
Objetiva-se no referido estudo compreender de que maneira se
processa a aprendizagem aliada à emoção e como se consolidar os conteúdos
apresentados como alvo de estudos e assimilação das áreas de conhecimento,
pressupondo, que a apropriação das ciências acontece a partir da associação
da vivência do individuo com aquilo que se pretende aprender.
Sendo assim, a proposta aqui exposta é que com o estudo
aprofundado das emoções na aprendizagem possa-se aperfeiçoar o processo
educacional do individuo aproximando-o cada vez mais do ajustamento de
9
suas necessidades básicas de vivência daquilo que apetece enquanto fator
integrante no processo de desenvolvimento de seu espaço seja ele ambiental
ou escolar.
Sabe-se que somente compreender como o cérebro funciona não é
suficientemente satisfatório para saber como o aluno poderá absorver mais
perfeitamente os conteúdos, sabe-se, portanto, que o funcionamento do
cérebro se molda e adapta-se aos estímulos do ambiente agindo favorável ou
negativamente a serviço da aprendizagem e memorização.
Então, questiona-se: qual o julgamento que se tem sobre emoção e
aprendizagem; como se dá o funcionamento do cérebro mediante o aprender;
como a questão emocional se torna relevante no processo ensino-
aprendizagem e de que forma trabalhar o emocional daquele que aprende; até
que ponto a ação emocional intervém a favor ou contra a absorção dos
conhecimentos; e na relação entre professor e aluno, como a emoção pode
estar integrada à aprendizagem.
Espera-se que, ao contentar o saber sobre tais questões de
profissionais na área da educação, seja possível aprimorar os conhecimentos
além de auxiliá-los na práxis do cotidiano.
A referida pesquisa debate da aprendizagem no âmbito bem familiar
dos educadores; a aprendizagem realizada na escola. Assim, ressalta-se a
gravidade do professor na mediação entre o processo de ensino e
aprendizagem enfatizando os modos particulares que cada indivíduo apropria-
se do conhecimento.
“Por tudo isso, as emoções precisam ser consideradas nos processos educacionais. Logo, é importante que o ambiente escolar seja planejado de forma a mobilizar as emoções positivas (entusiasmo, curiosidade, envolvimento, desafio), enquanto as negativas (ansiedade, apatia, medo, frustração) devem ser evitadas para que não perturbem a aprendizagem.
(Consenza, Ramon M. 2011. P.84)
10
CAPÍTULO I ALGUNS ASPECTOS DA AFETIVIDADE DISCUTIDOS NOS SÉCULOS XVII E XVIII
A afetividade não é uma temática contemporânea, mas histórica.
Diante dessa afirmação torna-se preponderante discutir e elencar reflexões de
teóricos que buscam em suas discussões apresentar a questão da afetividade
e da moral. Dentre os teóricos que abordam a questão da afetividade,
destacam-se Comenius e Rousseau.
Comenius (2002, p.85) refere-se ao cérebro na idade infantil como
úmido, tenro, pronto para receber todas as imagens que lhe chegam,
apreendendo rapidamente o que lhes é ensinado. No cérebro do homem, é
sólido e duradouro apenas o que foi absorvido na primeira idade.
Segundo ele, o homem para ser homem, criatura racional, deve
ser instruído nas letras, nas virtudes e na religião, tornando-se capaz de levar a
vida presente de modo útil e de preparar-se dignamente para a vida futura.
Todos devem aprender a conhecer os fundamentos, as razões, os fins de todas
as coisas mais importantes, para que ninguém no mundo se depare com
alguma coisa que lhe seja tão desconhecida que não consiga sobre ela emitir
um juízo moderado ou dela fazer um uso adequado.
Diante disso, Comenius (2002, p.109) propõe uma educação
escolar na qual:
Toda a juventude nela seja educada (exceto aqueles aos quais
Deus negou inteligência). II. Seja educada em todas as coisas que
podem tornar o homem sábio, honesto e piedoso. III. Essa
formação, que é a preparação para a vida, seja concluída antes da
vida adulta. IV. E seja tal que se desenvolva sem severidade e
sem pancadas, sem nenhuma coarctação, com a máxima
delicadeza e suavidade, quase de modo espontâneo (assim como
um corpo vivo aumenta lentamente sua estatura, sem que seja
preciso esticar e distender seus membros, visto que, alimentado
com prudência, assistido e exercitado, o corpo, quase sem
aperceber-se, adquire altura e robudez); da mesma forma, os
alimentos, os nutrimentos, os exercícios se convertem no espírito
em sabedoria, virtude e piedade. (COMENIUS, 2002, p.109).
11
Segundo seu pensamento, a escola necessitava de princípios
fundamentais de reforma, em que seu novo método consiste no aspecto do
homem, por natureza, estar pronto para aprender todas as coisas. Isso porque
“As sementes da moral e da piedade são por natureza inerentes a todos os
homens (com exceção dos monstros humanos, segue-se necessariamente que
precisam apenas de um pequeníssimo estimulo e de sabia orientação”
(COMENIUS, 2002, p. 113).
Seguindo a visão comeniana, Lopes (2003, p.93) afirma que,
naquele momento da história, se preconizava a necessidade de mudança da
instituição escolar; ele criticava a maneira como ela estava funcionando. A seu
ver a escola era enfadonha, severa e a disciplina exercida a pancadas.
O homem, ainda que a corrupção procure cegar-lhe o
entendimento, jamais pode extinguir de si o anelo pelo
conhecimento e pela sabedoria. Assim sendo, depende de nos
reavivar a mente humana de tal modo que os homens se
beneficiem com uma educação correta. Isso esta ao nosso
alcance, na visão de Comenius (LOPES, 2003, p.98).
Lopes (2003, p. 115) constata que, numa concepção comeniana,
a profissão do professor deve possuir características próprias, como ser uma
pessoa escolhida, de exímia inteligência e integridade moral, dedicado
exclusivamente ao ensino, pois o pressuposto da questão moral consiste no
exemplo da vida.
Do mesmo modo como Comenius, em pleno século XVII, fala da
necessidade de uma educação não cansativa, em que o professor tenha o
papel de ensinar e não de maltratar os seus alunos, Rousseau, no século XVIII,
também descreve as ações e condutas que um preceptor deve ter diante de
seus alunos.
O ponto fundamental é a relação que o professor deve ter com o
aluno:
12
O aluno deve sobretudo ser amado, e que meios tem um
governante de se fazer amar por uma criança a quem ele nunca
tem a propor senão ocupações contrarias ao seu gosto, se não
tiver, por outro, poder para conceder-lhe esporadicamente
pequenos agrados que quase nada custam em despesas ou perda
de tempo, e que não deixam, se oportunamente proporcionados,
de causar profunda impressão numa criança, e de ligá-la bastante
ao seu mestre. (ROUSSEAU, 1994, p.23-24).
O sucesso da educação deve ser medido pelo grau com que o
professor é amado, respeitado e estimado por seus alunos. O objetivo da
educação de uma criança propõe a formação do coração, do juízo e do
espírito.
Rousseau (1994, p. 63) entende que um bom professor não deve
sobrecarregar seus alunos com trabalhos difíceis, mostrando-se apenas severo
e zangado, construindo assim a reputação de um homem rigoroso e rude.
O professor deve participar dos divertimentos de seus alunos,
fornecendo atividades que os agradem e exerçam sua curiosidade, de modo
que se sintam melhor ali do que em qualquer outro lugar, mais também
fazendo com que o aluno busque a aprendizagem e o interesse pelos estudos
por seu próprio impulso.
Segundo Cerizara (1990, p.82), Rousseau pensava a infância
como um período necessário à formação do homem. Era preciso observar
atentamente o aluno antes de dirigir-lhes a palavra, não exercendo coerção
sobre ele. Pois, assim como cada etapa do desenvolvimento do homem requer
uma educação particular, também é preciso levar em conta as diferenças de
temperamento de cada criança.
Rousseau (apud CERIZARA, 1990, p. 101) diz que a observação
é um instrumento indispensável para o trabalho do professor no conhecimento
das particularidades de seu aluno. Tendo por finalidade a educação segundo a
idade e a educação segundo o caráter, ao passo que o educador deve
conhecer as características gerais da infância e as peculiaridades de cada
criança. Cerizara ressalta:
13
Como a proposta da educação rousseauniana pauta-se por
uma relação contratual entre a criança e o governante, ela
pressupõe igualdade de direitos e deveres, embora distintos entre
cada um. Pressupõe, principalmente, a garantia de respeito
mútuo, do direito ao erro e do dever de reparação. Nada é
predeterminado, tudo é construído numa tentativa pedagógica de
harmonizar a especificidade da criança com as influências do
meio, com as generalidades do desenvolvimento humano (1990,
p.108).
De acordo com Cerizara (1990, p.166), a educação deve ser um
meio de construir um novo individuo para viver em uma nova sociedade,
estando apto a enfrentar a realidade tal como ela é, de modo a fazer uso tanto
da razão quanto do sentimento, conhecendo a si próprio e a seus semelhantes.
Isso se dá pelo fato da criança não ser capaz de assumir-se como ser moral,
precisando do adulto para orientá-la em busca da independência e autonomia.
1.2. O CÉREBRO NA APRENDIZAGEM
A aprendizagem é um processo contínuo, que opera sobre todos os
dados que alcançam um umbral de significação, dependendo, essencialmente,
da memória e da atenção. A capacidade de especialização cerebral em
armazenar dados ('engramas') para a sua utilização posterior permite,
mediante a memória, codificar e decodificar informação; existem vários tipos de
memória (sensorial, curto prazo ou de trabalho, e longo prazo) que podem
trabalhar, não só sequencialmente, mas também em paralelo, dependente
basicamente da plasticidade sináptica. Atenção permite focalizar atividades
conscientes dependentes de sistemas e subsistemas anátomo-funcionais, que
trabalham como redes em paralelo, permitindo uma atuação simultânea e
interativa nas tarefas cognitivas.
Os transtornos de aprendizagem representam a consequência de um
transtorno na organização funcional do sistema nervoso central, em geral de
caráter leve, mas com consequências de considerável importância para o
futuro social da criança, já que perturbam a conduta pedagógica esperada de
acordo com sua inteligência normal. Desde o ponto de vista etiopatogênico,
14
estes transtornos se inserem dentro das alterações funcionais (disfunções),
porém sua base é evidentemente orgânica.
Dificuldades, transtornos, distúrbios e problemas de aprendizagem são
expressões muito usadas para se referir às alterações que muitas crianças
apresentam na aquisição de conhecimentos, de habilidades motoras e
psicomotoras, no desenvolvimento afetivo e outras.
Há alunos com dificuldades para aprender, cuja afecção mais evidente
é a deficiência de aprendizagem, apesar de adequadas inteligência, visão,
audição, capacidade motora e equilíbrio emocional. Estudos sobre a
neuropsicologia da aprendizagem demonstram que, nesse grupo, a
generalizada integridade orgânica convive com a deficiência na aprendizagem.
Esta pode se manifestar como dificuldades motoras ou psicomotoras, de
atenção, memorização, compreensão, desinteresse, escassa participação e
problemas de comportamento.
A noção de maturação nervosa é uma das mais fundamentais para se
explicar o processo de aprendizagem. Psicólogos acreditam que os
comportamentos não podem ser externados até que seu mecanismo neural
tenha se desenvolvido.
1.2.1. EMOÇÃO, MOTIVAÇÃO E APRENDIZAGEM
Em sala de aula é possível perceber alunos que por falta de interesse
abandonam o espaço escolar no sentido intelectual permanecendo nesse
espaço apenas o corpo e a má vontade em executar as atividades propostas.
Entende-se que existem várias intempéries que ocorram para que o aluno se
encontre totalmente desmotivado e, de certa forma, todos estão interligados
aos assuntos emocionais, dessa forma, infelizmente, ocorre a auto exclusão
por parte do aluno no ambiente educacional por apresentar limitações até
mesmo por questões socioeconômicas, questões de gêneros e até por
dificuldades motoras.
Sabe-se que a motivação pode ser trabalhada, porém, compreende-se
que seja necessário o envolvimento espontâneo do individuo a qual se deseja
alcançar avanços, pois, ao participar de qualquer atividade com satisfação
ocorre a liberação de glutamato1 que, através desse, acessa uma rede inteira
15
de neurônios juntando as partículas de memórias e promovendo a
aprendizagem.
Para Robert M. Sapolsky (1984) as sinapses glutamergicas tem duas
propriedades essenciais para a memória:
No primeiro caso, a função das sinapses glitamergicas apresentam
função não linear. Isso quer dizer que, uma pequena quantidade de
neurotransmissor em um primeiro neurônio produz excitação no segundo, e
assim por diante. Assim, a motivação vai se processando gradativamente
tornando-se essencial para a aprendizagem.
Já no segundo caso, quando uma sinapse tem uma quantidade
elevada de glutamato, os neurônios são liberados e o nível de excitação é o
suficiente para que o nível motivacional alcance o cume da aquisição da
aprendizagem esperada nesse determinado tempo, a aprender é fortalecido,
daí por diante basta um sinal pra recordar a memória.
Na esfera social da motivação, para Vygotsky a aprendizagem está
intrinsecamente ligada às relações que uma pessoas possui com as outras,
nesse sentido, não há aprendizagem sem tal interação.
À partir daí o indivíduo passa perceber o mundo à sua volta e
apreender os significados existentes em diversos ambientes. Para ele, não
existe um caminho traçado dentro de cada ser que vais se desenrolando com o
tempo e sim um caminho a ser construído envolvendo diversos atores. (BOCK,
1999, p. 124). Conclui-se, então, que a aprendizagem ocorre de fora para
dentro sendo influenciado pelo meio e compreender como funcionam os
mecanismos mentais que permitem a construção dos conceitos e que se
modificam em função do desenvolvimento é de fundamental importância.
(VYGOSTSKY, 1991, p. 2)
Pode-se afirmar que a aprendizagem esta abarcada no desejo de
fazer, de compreender os processos pelos quais é possível realizar
determinadas tarefas imbuídos de afetividade, relação e motivação. A
motivação deve existir de forma intensa aliada a objetivos pré estabelecidos
para que haja, de fato, a assimilação dos processos de execução e conclusão
de atividades. Em situações escolares, o envolvimento mútuo entre alunos e
16
professores e a motivação é indispensável para que o aluno tenha interesse
em apropriar-se do conhecimento.
A motivação promove a atenção e a concentração oportunizando ao
aluno a predisposição em aprender, mesmo conteúdos considerados por ele de
difícil assimilação, mas, é através da motivação que despertará a satisfação em
romper barreiras e dasafiar-se a si próprio a adiquirir conhecimentos outrora
considerado por ele impossíveis.
1.2.2. Sentimento, emoção e afeto.
A pesquisa sobre as expressões faciais e o processo emocional teve
grande impacto sobre a investigação da atividade do sistema nervoso
autônomo. As pesquisas empíricas nesse campo foram muito influenciadas
pela teoria da emoção de Willian James (1884/1997, 1893/1987). Antes de
James, o processo emocional era descrito da seguinte maneira: a percepção
de um evento evoca a emoção, em seguida ocorre a experiência de emoção
(sentimento) e finalmente nós observamos expressões físicas e orgânicas da
emoção (palpitação, tornar-se pálido, calafrio e a garganta seca) (Vygotsky,
1987).
A teoria de James rejeita essa sequencia de “percepção-
sentimentoexpressão” e discute que a percepção imediata de um evento
ocasiona a manifestação de mudanças orgânicas. De acordo com essa teoria,
a consciência de uma emoção é a percepção das mudanças no sistema
nervoso autônomo, os quais ocorrem simultaneamente à percepção de algum
estímulo externo. A percepção das mudanças constitui a própria consciência da
emoção. Sua teoria fundamentalmente estabelece a existência de um
mecanismo básico, inflexível e congênito, que ao ser excitado por
determinados estímulos produz um padrão específico de reação corporal.
James foi bastante criticado por ter atribuído pouca ou nenhuma
importância ao processo de avaliação mental da situação que provoca a
emoção. Foi também criticado por não ter estabelecido, em sua teoria, um
mecanismo para criar o sentimento correspondente a uma emoção, além de
não tecer comentário quanto às possíveis funções da emoção no processo da
cognição ou no comportamento. Entretanto, estabeleceu uma base para
pesquisas sobre o fundamento neural da emoção.
17
É apoiado nessa teoria que António Damásio (1996) elabora sua
pesquisa sobre a base neural das emoções. Para Damásio, o sentimento
emocional é a percepção, no neocórtex, das respostas corporais aos estímulos
imediatos, através dos centros cerebrais inferiores. No entanto, o autor
promove uma ampla análise sobre os aspectos que permaneceram obscuros
no trabalho de James.
Segundo Damásio, a análise das emoções e sentimentos reflete dois
conjuntos distintos de fenômenos. O termo “sentimento” é utilizado para a
experiência mental de uma emoção, enquanto o termo “emoção” é usado para
o conjunto de reações aos estímulos externos, muitas delas publicamente
observáveis. Para tratar a base neural desses eventos, o autor distingue três
etapas de processamento que fazem parte de um contínuo: “Um estado de
emoção, que pode ser desencadeado e executado inconscientemente; um
estado de sentimento, que pode ser representado inconscientemente, e um
estado de sentimento tornado consciente, isto é, que é conhecido pelo
organismo que está tendo emoção e sentimento” (Damásio, 2000, p. 57).
A distinção dessas etapas tem, segundo o autor, a finalidade de
possibilitar a investigação minuciosa do mecanismo emocional. Da mesma
maneira, a distinção entre sentimento (experiência mental da emoção) e
emoção (conjunto de reações orgânicas) objetiva estabelecer os fundamentos
biológicos que ligam sentimento e consciência. Na prática, essa distinção
significa que não podemos observar um sentimento em outra pessoa, apesar
de podermos observar alguns aspectos das emoções que originam esses
sentimentos. Na etapa atual de nossa evolução e na vida adulta, as emoções
ocorrem em um contexto de consciência. Podemos observar um sentimento em
nós mesmos, sentirmos nossas emoções e sabermos que a sentimos. “A trama
de nossa mente e de nosso comportamento é tecida ao redor de ciclos
sucessivos de emoções seguidas por sentimentos, que se tornam conhecidos e
geram novas emoções, numa polifonia contínua que sublinha e pontua
pensamentos específicos em nossa mente e ações do nosso comportamento”
(Damásio, 2000, p. 64)
Essa distinção entre emoção e sentimento emocional é importante.
Outro termo que devemos precisar é afeto, que é usado frequentemente como
18
sinônimo de humor ou emoção. Neste texto, entretanto, utilizaremos a palavra
afeto de uma maneira genérica, podendo designar emoções, humores,
sentimentos. Segundo Damásio, “afeto é aquilo que você manifesta (exprime)
ou experimenta (sente) em relação a um objeto ou situação, em qualquer dia
de sua vida”.
1.2.3. Emoção e afetividade.
Possivelmente o único aspecto consensual entre as diferentes
abordagens que investigam o fenômeno emocional é o reconhecimento do
valor adaptativo das emoções e de sua função na interação social. A
interferência dos aspectos emocionais nas aulas e nos processo de
significação vem sendo realizada em nossos trabalhos em termos das
emoções básicas que são vivenciadas pela professora e pelos estudantes e em
relação às emoções de fundo que vão sendo construídas ao longo do tempo,
no ambiente das salas de aula (Santos, 1997, Santos e Mortimer, 1998, 2003).
Os eventos emocionais nas interações em aula contribuem para
constituir o que Damásio denomina “sentimento de fundo”, clima, ou humor nas
salas de aula. Efetivamente, esse clima ou humor é determinado pela
permanência de certas formas de interação, principalmente pelas emoções
básicas e de fundo que passaremos a analisar.
Emoções básicas e o processo interativo: as emoções que foram
denominadas básicas envolvem principalmente aquelas que foram tratadas nos
trabalhos realizados dentro da tradição da pesquisa emocional apresentada
anteriormente. Essas emoções básicas - alegria, tristeza, medo, raiva, surpresa
e repugnância - são consideradas universais nos aspectos da expressão facial
e da possibilidade de reconhecimento de sua manifestação, como mostraram
os trabalhos realizados nos séculos XIX e XX (Damásio, 2000, p. 361).
Certamente, essas emoções básicas não correspondem a toda a gama
de comportamentos emocionais verificados nos seres humanos. Além disso, na
maior parte do tempo, não experimentamos os sentimentos relacionados a
essas emoções básicas. Não permanecemos em um estado prolongado de
alegria, tristeza, nojo ou medo, exceto em determinadas patologias psico-sócio-
comportamentais. Nós experimentamos, normalmente, outros tipos de
sentimentos como bem-estar, calma, tensão, irritação etc. Damásio (1996,
19
2000) os denomina “sentimentos de fundo” e afirma que eles estão associados
às emoções de fundo. São esses sentimentos de fundo que ajudam a definir
nosso estado mental, muito mais do que as emoções básicas. No entanto, não
podemos desconhecer que a existência recorrente de certas emoções básicas
num espaço interativo contribui para definir esses sentimentos.
As emoções básicas são geradas por situações extremas. É possível
identificar, em determinadas condições, a ocorrência de emoções como alegria,
tristeza, medo, raiva, surpresa e repugnância, ou emoções derivadas tais como
descontentamento, irritação, impaciência etc. Outra característica importante
das emoções básicas é o contágio dessas emoções entre os membros de um
grupo. No entanto, como apontamos essas emoções básicas, apesar do efeito
devastador que podem ter sobre o processo interativo, não permanecem por
muito tempo, uma vez que elas dão lugar a sentimentos de fundo que definem
o clima ou atmosfera das aulas.
Emoções de Fundo: as emoções de fundo não são tratadas pelas
abordagens tradicionais sobre a emoção, que centraram seus estudos sobre os
tipos de emoções estudadas por Darwin. Damásio (2000, p. 76) descreve as
emoções de fundo em termos de “tensão, irritação, desânimo, entusiasmo,
abatimento ou animação sem que nenhuma palavra tenha sido dita para
traduzir qualquer um desses possíveis estados”. Percebemos as emoções de
fundo por meio de detalhes sutis, como a postura do corpo, a velocidade e o
contorno dos movimentos, mudanças mínimas na quantidade e na velocidade
dos movimentos oculares e no grau de contração da musculatura facial. Os
elementos que induzem uma emoção de fundo são geralmente internos. Os
próprios processos de regulação da vida podem causar emoções de fundo,
mas essas também podem ter como causa processos contínuos de conflito
mental, explícitos ou velados, na medida em que esses processos acarretam a
satisfação ou a inibição constante de impulsos e motivações. Por exemplo,
emoções de fundo podem ser causadas por um esforço físico prolongado, pelo
stress ou excesso de trabalho ou por grandes períodos de pressão.
Em suma, certas condições de estado interno engendradas por
processos físicos contínuos ou por interações do organismo com o meio, ou
ainda por ambas as coisas, causam reações que constituem emoções de
20
fundo. Essas emoções permitem que tenhamos, entre outros, os sentimentos
de fundo de tensão ou relaxamento, fadiga ou energia, bem-estar ou mal-estar,
ansiedade ou apreensão.
Após longos períodos, estados emocionais tendem a se tornarem
razoavelmente frequentes ou mesmo contínuos. Nesses casos, Damásio
sugere que é melhor referir-se a eles como humores em vez de emoções. Uma
emoção de fundo, mantida por longo tempo, gera um humor. Damásio (2000, p.
362) destaca alguns dos sentimentos de fundo: “fadiga, energia, excitação,
bem-estar, mal-estar, tensão, descontração, arrebatamento, desinteresse,
estabilidade, instabilidade, equilíbrio, desequilíbrio, harmonia, discórdia”. Esses
diferentes humores constituem o clima das aulas, que pode ser amigável e
acolhedor ou conflituoso e turbulento.
21
CAPÍTULO II
ALGUMAS TEORIAS DA APRENDIZAGEM
2.1. A teoria cognitiva
Nesta teoria a aprendizagem combina com o raciocínio ou a solução de
problemas, que é feita em seis passos sendo eles: noção de um problema,
esclarecimento do problema, aparecimento das hipóteses, seleção da hipótese
mais provável, verificação das hipóteses e generalização.
Com o intuito de estimular a solução de problemas, a escola deve
aproximar o ensino da vida real, deixar margem para a independência,
apresentar o conteúdo em forma de problema, fazer o uso de uma linguagem
acessível, estimular a participação dos alunos e favorecer o trabalho em grupo.
2.2. As teorias construtivistas de piaget
Na concepção Construtivista a aprendizagem se define como um
processo de troca recíproca entre o meio e o indivíduo, tendo o outro como
mediador. O sujeito é um elemento ativo que age e constrói sua aprendizagem.
Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo se dá por meio da
assimilação e acomodação. Quando o organismo assimila, ele incorpora a
realidade a seus esquemas de ação, impondo-se ao meio, e no processo de
assimilação o organismo (a mente) não se modifica. Quando a pessoa não
consegue assimilar determinada situação, o organismo (a mente) desiste ou se
modifica. Se modificar, ocorre a acomodação, levando a construção de novos
esquemas de assimilação e resultando no desenvolvimento cognitivo. Na teoria
de Piaget, só há aprendizagem quando o esquema de assimilação sofre
acomodação.
Para os pesquisadores da teoria Jean Piaget, o conhecimento é
suscitado através de uma interação do sujeito com seu meio, a partir de
estruturas existentes no sujeito. Assim sendo, a obtenção de conhecimentos
depende tanto de sua relação com o objeto como das estruturas cognitivas do
sujeito.
Segundo a teoria Construtivista de Piaget, o papel do professor é criar
situações apropriadas ao nível de desenvolvimento do individuo, provocar o
22
desequilíbrio no organismo (mente) para que o indivíduo, buscando o
reequilíbrio e tendo a oportunidade de agir e interagir (trabalho práticos), se
reestruture e aprenda. O aluno tem papel ativo.
Para Piaget, o desenvolvimento humano obedece a certos estágios
hierárquicos, que decorrem do nascimento até se concretizarem por volta dos
16 anos. A ordem destes estágios seria invariável, embora os intervalos de
tempo de cada um deles não sejam fixos, podendo variar em função do
indivíduo, do ambiente e da cultura. São eles: Estágio sensório-motor (do
nascimento aos dois anos) - a criança desenvolve um conjunto de "esquemas
de ação" sobre o objeto, que lhe permitem construir um conhecimento físico da
realidade. Nesta etapa desenvolve o conceito de permanência do objeto,
constrói esquemas sensórios-motores e é capaz de fazer imitações, iniciando a
construir representações mentais. Estágio pré-operatório (dos dois aos seis
anos) - a criança inicia a construção da relação de causa e efeito, bem como
das simbolizações. É a chamada idade dos porquês e do faz-de-conta. Estágio
operatório-concreto (dos sete aos onze anos) - a criança começa a construir
conceitos através de estruturas lógicas, consolida a observação de quantidade
e constrói o conceito de número. Seu pensamento, apesar de lógico, ainda está
centrado nos conceitos do mundo físico, onde abstrações lógicas-matemáticas
são incipientes. Estágio operatório-formal (dos onze aos dezesseis anos) - fase
em que o adolescente constrói o pensamento proposicional, conseguindo ter
em conta as hipóteses possíveis, os diferentes pontos de vista, e sendo capaz
de pensar cientificamente.
Na concepção piagetiana, a aprendizagem só ocorre mediante a
consolidação das estruturas de pensamento, portanto a aprendizagem sempre
se dá após a consolidação do esquema que a suporta, da mesma forma a
passagem de um estágio a outro estaria dependente da consolidação e
superação do anterior.
Na perspectiva de Piaget, para que ocorra a construção de um novo
conhecimento, é preciso que se estabeleça um desequilíbrio nas estruturas
mentais, isto é, os conceitos já assimilados necessitam passar por um
processo de desorganização para que possam novamente, a partir de uma
perturbação se reorganizarem, estabelecendo um novo conhecimento. Este
23
mecanismo pode ser denominado de equilibração das estruturas mentais, ou
seja, a transformação de um conhecimento prévio em um novo.
2.3. Sócio-interacionista de vigotsky
Já os estudos de Lév Vygotsky postulam uma dialética das interações
com o outro e com o meio, como desencadeador do desenvolvimento. Nesta
teoria o desenvolvimento cognitivo se dá por meio da interação social, em que,
no mínimo, duas pessoas estão envolvidas ativamente trocando experiência e
ideias, gerando novas experiências e conhecimento. É a teoria sócio-
interacionista.
Um ponto central da teoria Vygotskyana é o conceito de ZDP (zona de
desenvolvimento proximal), que afirma que a aprendizagem acontece no
intervalo entre o conhecimento real e o conhecimento potencial. A ZDP é a
distância existente entre o que o sujeito já sabe e aquilo que ele tem
potencialidade de aprender.
Seria neste campo que a educação atuaria, estimulando a aquisição do
potencial, partindo do conhecimento da ZDP do aprendiz, para assim intervir. O
conhecimento potencial, ao ser alcançado, passa a ser o conhecimento real e a
ZDP redefinida a partir do que seria o novo potencial.
Para Vygotsky, a aprendizagem na sala de aula é resultado de
atividades que proporcionam interação, cooperação social, atividades
instrumentais e práticas.
Essa teoria também permite trabalhar com grupos e técnicas para
motivar, facilitar a aprendizagem e diminuir a sensação de solidão do aluno.
Eles acreditam que a estrutura dos estágios descrita por Piaget seja
correta, porém diferem na concepção de sua dinâmica evolutiva. Enquanto
Piaget defende que a estruturação do organismo precede o
desenvolvimento, para Vygotsky é o próprio processo de aprendizagem que
gera e promove o desenvolvimento das estruturas mentais superiores.
No campo da educação a interação, que é um dos conceitos
fundamentais da teoria de Vygotsky, encaixa-se na concepção de escola que
se pretende efetivar no sistema brasileiro de ensino. E neste caso, o professor
e o aluno passam a ter um papel essencial no processo de ensino e
24
aprendizagem. Dessa forma é possível desenvolver tanto os conceitos de ZDP
quanto a relação existente entre pensamento, linguagem e intervenção no
âmbito da escola, possibilitando assim um maior nível de aprendizagem.
O professor deve medir á aprendizagem utilizando estratégias que
levem o aluno a torna-se independente, preparando-os um espaço de dialogo e
interação.
O condicionamento clássico de Palov é um processo que descreve a
gênese e a modificação de alguns comportamentos com base nos efeitos do
binômio estímulo-resposta sobre o sistema nervoso central dos seres vivos. O
termo condicionamento clássico encontra-se historicamente vinculado à
"psicologia da aprendizagem" ou ao "comportamentalismo" (Behaviorismo) de
John B. Watson, Ivan Pavlov e Burrhus Frederic Skinner, também conhecido
como sistema de punição e recompensa.
2.4. Gestalt.
Segundo a Gestalt os conceitos de aprendizagem enfatizam a percepção ao invés da resposta, como ocorre nas teorias vistas em geral. A resposta é considerada como um sinal de que a aprendizagem ocorreu e não como uma parte integral do processo. Ela não enfatiza a sequência estímulo resposta, mas o contexto ou campo no qual o estímulo ocorre; e o insight derivado da relação entre estímulo e o campo perceebido pelo aprendiz. Neste estudo, percebe-se que a Gestalt determina as condições de uma melhor estrutura na percepção e nas leis de sua transformação que refere à participação do sujeito e do objeto na significação da aprendizagem.
2.5. Motivação
“A motivação é encarada como uma espécie de força interna que
emerge, regula e sustenta todas as nossas ações mais importantes. Contudo, é
evidente que motivação é uma experiência interna que não pode ser estudada
diretamente”. Motivação: o termo geral que descreve o comportamento
regulado por necessidade e instinto com respeito a objetivos.
2.2.1. A importância dos conhecimentos neurobiológicos na formação do
profissional de educação.
25
Ainda que seja uma utopia,os sistemas de ensino devem organizar as
condições de acesso aos espaços, aos recursos pedagógicos e à formação
dos professores, objetivando favorecer a promoção da aprendizagem e a
valorização das diferenças, de forma a atender as necessidades educacionais
de todos os alunos.
Diante deste cenário educacional, nós educadores, temos em mãos
grandes desafios: Como fazer esta inclusão? Será que estamos preparados?
Como receber em nossas salas essa diversidade tão heterogênea de alunos?
Será que a formação profissional dos educadores permite esse desafio?
Para autores e pesquisadores em neurociências como Relvas (2009),
novos tempos exigem o uso de conceitos e conhecimentos renovados. Nos
últimos anos os estudos do campo das neurociências e de suas subáreas têm
contribuído muito para melhor entendermos essa diversidade cerebral. O
professor precisa compreender que existe uma biologia, uma anatomia e uma
fisiologia neste cérebro que aprende, tornado-se necessário, portanto, que o
professor entenda o funcionamento do substrato neurobiológico para que
possa ressignificar sua prática pedagógica.
O objetivo maior deste artigo não consiste em detalhar essas bases
neurobiológicas da aprendizagem, mas fazer uma reflexão com os profissionais
ligados à educação e à aprendizagem em geral, sobre a importância de se
conhecer essas bases como interfaces da aprendizagem, afinal, o cérebro, é,
por excelência, o órgão onde se forma a cognição, o órgão mais organizado do
nosso organismo. (MORIN,1996).
Relvas (2009) alerta para a importância, por parte do educador , acerca
do conhecimento das estruturas cerebrais como “interfaces” da aprendizagem
para a ininterrupção do desenvolvimento também biológico. E, de como, este
conhecimento dos estudos da neurobiologia vêm contribuindo para as práxis
em sala de aula, na compreensão das dimensões cognitivas, motoras, afetivas
e sociais, no redimensionamento do sujeito aprendente e nas suas formas de
interferir nos ambientes pelos quais perpassa.
Bartoszeck (2009) afirma que o professor utiliza rotineiramente
estratégias pedagógicas no processo de ensino e aprendizagem de sua
disciplina. Todavia, embora atue nas transformações neurobiológicas que
26
produzem a aprendizagem e fixação do conhecimento na estrutura cognitiva da
mente, em geral desconhece como o cérebro e o sistema nervoso como um
todo funciona na esfera educacional. O autor faz referência a algumas dessas
estratégias , com base em estudos de Rutson & Larkin, estabelecendo uma
relação entre os princípios da neurociência sobre como o cérebro aprende e as
estratégias que podem ser criadas no ambiente de sala de aula, especificando-
as:
* Aprendizagem e memória e emoções ficam interligadas quando
ativadas pelo processo de aprendizagem. A aprendizagem sendo atividade
social, alunos precisam de oportunidades para discutir tópicos. Ambiente
tranqüilo encoraja o estudante a expor seus sentimentos e idéias.
* O cérebro se modifica aos poucos fisiológica e estruturalmente como
resultado da experiência. Aulas práticas/exercícios físicos com envolvimento
ativo dos participantes fazem associações entre experiências prévias com o
entendimento atual.
* O cérebro mostra períodos ótimos (períodos sensíveis) para certos
tipos de aprendizagem, que não se esgotam mesmo na idade adulta. Ajuste
de expectativas e padrões de desempenho às características etárias
específicas dos alunos, uso de unidades temáticas integradoras.
* O cérebro mostra plasticidade neuronal (sinaptogênese), mas maior
densidade sináptica não prevê maior capacidade generalizada de aprender. Os
estudantes precisam sentir-se “detentores” das atividades e temas que são
relevantes para suas vidas. Atividades pré-selecionadas com possibilidade de
escolha das tarefas aumentam a responsabilidade do aluno no seu
aprendizado.
* Inúmeras áreas do córtex cerebral são simultaneamente ativadas no
transcurso de nova experiência de aprendizagem. Situações que reflitam o
contexto da vida real, de forma que a informação nova se “ancore” na
compreensão anterior.
* O cérebro foi evolutivamente concebido para perceber e gerar
padrões quando testa hipóteses. Promover situações em que se aceite
tentativas e aproximações ao gerar hipóteses e apresentação de evidências.
Uso de resolução de “casos” e simulações.
27
* O cérebro responde, devido a herança primitiva, às gravuras,
imagens e símbolos. Propiciar ocasiões para alunos expressarem
conhecimento através das artes visuais, música e dramatizações.
Segundo Bartoszeck (2009) com base nestes princípios, podemos
afirmar que conhecer as bases neurobiológicas do processo de aprendizagem
torna-se crucial para o ato pedagógico, surgindo a necessidade de
aprofundamento sobre esse novo saber disciplinar ainda tão desconhecido pela
maioria dos professores. Por outro lado, os cursos de Pedagogia no Brasil não
incluem no seu rol de disciplinas, Biologia Educacional ou Neurobiologia da
Aprendizagem, com raras exceções (SCALDAFERRI; GUERRA,2002). Há
preocupação no sentido de oferecer opções de curso de extensão sobre o
tema aos profissionais da educação já no exercício de suas atividades.
(GUERRA et al.,2004).
Diante do exposto, Scaldaferri e Guerra, (2002) relatam que o que se
observa no cenário educacional atual de atenção às diversidades, de inclusão
de alunos com necessidades educacionais especiais em classes regulares, é
que os professores, sobretudo aqueles da rede pública, não obstante as
condições de trabalho desfavoráveis, muitas vezes conseguem perceber que o
aluno apresenta algum tipo de problema de aprendizagem , porém, se vêem
perdidos, do ponto de vista metodológico, por não terem tido formação
específica de cunho neurocientífico para lidar com esses alunos.
2.2.2. A neurociência aliada a educação
Para Relvas (2009), estes cenários revelam uma relação entre
educação e saúde que tem sido, portanto, mediada pela neurociência. Mas o
que é neurociência? De que maneira ela vem contribuindo para a educação no
processo de aprendizagem? Como o professor pode traduzir esses
conhecimentos aplicando-os no contexto escolar.
A neurociência é uma ciência recente que estuda o sistema nervoso
central bem como sua complexidade, através de bases científicas, dialogando
também com a educação, através de uma nova subárea, a neurodidática ou
neuroeducação. Este ramo novo da ciência estuda educação e cérebro,
28
entendendo este último como um órgão “social”, passível de ser modificado
pela prática pedagógica. (RELVAS, 2009).
Várias disciplinas contribuem para o avanço do conhecimento. A
neurociência cognitiva é a mais recentemente estabelecida, e provavelmente a
mais importante.(OCDE-2002).
Técnicas como neuroimagem, incluindo tanto a Ressonância
Magnética da Imagem funcional (IRMf) e Tomografia de Emissão Pósitron
(PET), juntamente com a Simulação Magnética Transcraniana (TMS) e a
Estretroscopia Infravermelha Próxima (NIRS), estão permitindo os cientistas
compreenderem mais claramente os trabalhos do cérebro e a natureza da
mente. Em particular, tais técnicas podem começar a iluminar velhas questões
sobre o aprendizado humano e sugerir caminhos pelos quais a provisão
educacional e a prática do ensino podem melhor ajudar os aprendizes jovens e
adultos.(OCDE-2002).
Estas poderosas ferramentas de imagem funcional do cérebro aliadas
à integração de diversas disciplinas que investigam a aprendizagem humana e
desenvolvimento a fim de reunir educação, biologia e ciência cognitiva, terão
forte impacto na profissão da educação.
Os professores devem começar imediatamente a explorar quais as
formas mais indicadas de responder a toda essa revolução que dominará o
cenário educacional no próximo milênio.Será que a metodologia educacional
do século XXI está se contrapondo à forma do cérebro de aprender? (OCDE-
2002).
A promoção de estratégias pedagógicas realizadas com o objetivo de
atuarem no sistema nervoso, deveria requerer o conhecimento de como
funciona este cérebro, objeto de estudo da neurobiologia. A educação,
portanto, teria que ter como uma das áreas fundamentais para o seu
desenvolvimento, tais conhecimentos, afinal o cérebro é o órgão principal da
aprendizagem.(GUERRA,2004).
Mas, como foi citado anteriormente, os pedagogos não possuem a
formação específica para lidar com alunos com necessidades educacionais
especiais, e hoje, a escola está repleta de alunos com tais necessidades.
Hoje sabemos que o sucesso do indivíduo está ligado ao bom desempenho
29
escolar, por isso, um número cada vez maior de crianças são atendidas por
neuropediatras, psicólogos, psicopedagogos e fonoaudiólogos.
Relvas (2010) afirma que utilizados como “distúrbios, dificuldades,
transtornos, discapacidades, problemas”, são encontrados na literatura e,
muitas vezes, são empregados de forma inadequada, porque a presença de
uma dificuldade de aprendizagem não implica necessariamente um transtorno.
Uma dificuldade pode ser transitória, não ligada a uma alteração funcional do
sistema nervoso, como por exemplo, uma inadequação pedagógica, um
problema emocional da criança, enfim, dificuldades que a criança passa em
algum momento de sua vida, passível de ser superado.
A expressão transtorno de aprendizagem deve ser reservada para
dificuldades primárias ou específicas, que se deve a alterações do sistema
nervoso central. No sistema nervoso central ocorrem modificações funcionais e
de condutas, que dependem dos contingentes genéticos de cada um,
associados ao ambiente onde está inserido, sendo este responsável pelo
aporte sensitivo-sensorial, que vem por meio da substância reticular ativada
pelo sistema límbico, que contribui com os aspectos afetivo-emocionais da
aprendizagem.
Relvas (2010), descreve, passo a passo o caminho desses estímulos,
relatando aspectos importantes e desconhecidos totalmente pelos professores,
são eles:.
* Córtex cerebral, nas áreas do lobo temporal, recebe, integra e organiza as
percepções auditivas;
* Nas áreas do lobo occipital, recebe, integra e organiza as percepções visuais;
* As áreas temporais e occipital se ligam às áreas motoras do lobo frontal,
situadas na terceira circunvolução frontal, responsável pela articulação das
palavras. A circunvolução frontal ascendente é responsável pela expressão da
escrita (grafia);
* A área parietotemporoccipital é responsável pela integração gnósica, e as
30
áreas pré-frontais, pela integração práxica, desde que essas funções sejam
moduladas pelo afeto e pelas condições cognitivas de cada um.
Segundo Relvas (2010), essa complexa rede de funções sensitivo-
motora, motora-práxica, controlada pelo afeto e pela cognição, deve ser
associada à função do cerebelo na coordenação, não só das funções
perceptivas e motoras, mas também das funções cognitivas do ato de
aprender. As alterações funcionais e neuroquímicas envolvidas produzem
modificações mais ou menos permanentes no sistema nervoso central, isso é
aprendizagem. Portanto, o ato de aprender é um ato de plasticidade cerebral,
modulado por fatores intrínsecos (genéticos) e extrínsecos (experiências).
Sendo assim, dificuldades para a aprendizagem seriam resultados de algumas
falhas intrínsecas ou extrínsecas desse processo.
31
CAPÍTULO III
A AFETIVIDADE E A APRENDIZAGEM
As crianças no final dos anos iniciais do ensino fundamental, como
discutido anteriormente, necessitam de uma aproximação com o adulto. Diante
dessa perspectiva, o professor se torna fundamental para a aprendizagem dos
alunos, sendo a afetividade um dos elementos que influenciam esse processo.
A afetividade, de acordo com Antunes (2006, p.5) é:
Um conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a
forma de emoções que provocam sentimentos. A afetividade se
encontra “escrita” na história genética da pessoa humana e deve-
se a evolução biológica da espécie. Como o ser humano nasce
extremamente imaturo, sua sobrevivência requer a necessidade
do outro, e essa necessidade se traduz em amor.
Para esse mesmo autor, a aprendizagem é uma mudança
comportamental que resulta da experiência, é, portanto, uma forma de
adaptação ao ambiente.
Do mesmo modo que Antunes reflete sobre a necessidade do amor,
Maldonado (1994, p.39) aborda o medo e a desconfiança como fatores que
dificultam o relacionamento interpessoal, assinalando que o amor pode estar
escondido sob camadas de mágoa, medo, tristeza, ressentimento, decepção,
vergonha e raiva. Em que:
Atitudes ríspidas, grosseiras e agressivas expressam, com
frequência, a necessidade de formar uma carapuça protetora
contra o medo de ser rejeitado, contra sentimentos de
inadequação (“já que sou mesmo incompetente para tantas
coisas, por aí eu me destaco”) e contra a dor do desamor
(“ninguém gosta de mim mesmo, quero mais é explodir o mundo”)
(MALDONADO, 1994, p.39)
O professor precisa estar atento às reações de seus alunos, pois as
situações assinaladas anteriormente podem acontecer nas relações
32
interpessoais em sala de aula. Normalmente atitudes inadequadas como gritos,
atitudes ríspidas, grosserias, palavrões, empurrões, podem revelar problemas
com a auto-estima. Assim, se o professor não tiver sensibilidade para perceber
esse problema e disponibilidade para ajudar esse aluno com tais problemas,
ele pode sentir-se não 25 merecedor de estima e de consideração.
Para Maldonado (1994, p.42), o professor pode reconhecer quando um
processo de construção do conhecimento está sendo efetivo, quando o mesmo
se permite sentir o processo. Assim como sente quando está havendo
aprendizagem, se o clima em sala de aula é desagradável ou rico e construtivo.
Nesse sentido, Woolfolk (2000, p.46) acrescenta que o fato do
professor ser, muitas vezes, incapaz de conhecer a dinâmica do
comportamento humano, faz com que tenha interpretações equivocadas
quanto a seus alunos. Esses comportamentos internos (emoções, sentimentos,
valores, pensamentos) e de movimento acabam sendo observados e
confundidos como indisciplina. Essas situações provocam nos alunos as
emoções de medo, de tristeza, de mágoa, de raiva e de insegurança
Desse modo:
Os professores são a melhor fonte de ajuda para os alunos que
enfrentam problemas emocionais ou interpessoais. Quando os
alunos têm uma vida familiar caótica e imprevisível, eles precisam
de uma estrutura firme e atenta na escola. Eles precisam de
professores que estabeleçam limites claros, sejam consistentes,
apliquem as regras firme, mas não punitivamente, respeitem os
alunos e mostrem uma preocupação genuína com o seu bemestar.
Como professor, você pode estar disponível para conversar sobre
problemas pessoais sem exigir que seus alunos o façam
(WOOLFOLK, 2000, p.47).
Ainda sobre a mesma abordagem, segundo Rodrigues (1976, p.173),
os motivos humanos para aprender qualquer coisa são profundamente
interiores. A criança deseja aprender quando há em si motivos profundamente
humanos que desencadeiem tais aprendizagens. Sendo que:
A aprendizagem escolar depende, basicamente, dos motivos
intrínsecos: uma criança aprende melhor e mais depressa quando
33
sente-se querida, está segura de si e é tratada como um ser
singular (...). Se a tarefa escolar atender aos seus impulsos para a
exploração e a descoberta, se o tédio e a monotonia forem
banidos da escola, se o professor, além de falar, souber ouvir e se
propiciar experiências diversas, a aprendizagem infantil será
melhor, mais rápida e mais persistente. Os motivos da criança
para aprender são os mesmos motivos que ela tem para viver.
Eles não se dissociam de suas características físicas, motoras,
afetivas e psicológicas do desenvolvimento (RODRIGUES, 1976,
p.174).
Para ele, a criança, aos oito e nove anos, precisa de aprovação,
liberdade e valorização. O ensino não deve ser triste, restrito, autoritário e
vulgar, 26 mas sim objetivo e dinâmico, e o professor deve ser sensível,
conhecer a criança, corresponder a sua confiança. Assim, a motivação escolar
depende da intenção que o aluno tem para aprender e, do conceito sobre si, o
professor e o ensino. O autor destaca:
As situações de ensino agradáveis suscitam no aluno um desejo
de repetir e renovar a aprendizagem. Quando, por infelicidade, o
contrário acontece, o aluno tende a rejeitar não só a disciplina que
não consegue aprender, mas também tudo quanto a ela se refira,
inclusive o mestre e ate a própria escola. Se a situação de
aprendizagem é gratificante e agradável, o aprendizado tende a se
dinamizar, a extrapolar-se para situações novas e similares e, por
fim, a inspirar novas aprendizagens (RODRIGUES, 1976, p.179).
Como apontado anteriormente por outros pesquisadores, também
Fernández (1991, p. 47) entende que toda aprendizagem está impregnada de
afetividade, já que ocorre a partir das interações sociais, num processo
vinculador. Na aprendizagem escolar, a relação entre alunos, professores,
conteúdo escolar, livros e escrita, não se dá puramente no campo cognitivo,
existe uma base afetiva permeando essas relações, visto que, para aprender é
necessário um vínculo de confiança entre quem ensina e quem aprende.
Corroborando esta afirmação, Vygotsky (1994, p.54) destaca a
importância das interações sociais, ressaltando a ideia da mediação e da
34
internalização como aspectos fundamentais para a aprendizagem e,
defendendo que a construção do conhecimento ocorre a partir de um intenso
processo de interação entre as pessoas. Portanto, é a partir de sua inserção na
cultura que a criança, através da interação social com as pessoas que a
rodeiam, vai se desenvolvendo na constituição do seu eu.
Apropriando-se das práticas culturalmente estabelecidas, ela vai
evoluindo das formas elementares de pensamento para formas mais abstratas,
que a ajudarão a conhecer e controlar a realidade. Nesse sentido, Vygotsky
(1994, p. 55) destaca a importância do outro no processo não só de construção
do conhecimento, mas também de constituição do próprio sujeito e de suas
formas de agir.
Cabe mencionar que, para Vygotsky (apud Rego, 1995, p. 102), a
escola desempenha um importante papel no desenvolvimento intelectual e
conceitual das crianças, pois é ela que se apropria da experiência
culturalmente 27 acumulada, desenvolvendo o pensamento conceitual e a
construção dos novos conhecimentos. Isso faz com que a escola deva partir do
que a criança já sabe para, então, ampliar os seus conhecimentos. Nessa
perspectiva, construir conhecimentos implica uma ação partilhada, em que:
As interações sociais (entre alunos e professores) no contexto
escolar passam a ser entendidas como condição necessária para
a produção de conhecimentos por parte dos alunos,
particularmente aquelas que permitem o diálogo, a cooperação e
troca de informações mútuas, o confronto de pontos de vista
divergentes e que implicam na divisão de tarefas onde cada um
tem uma responsabilidade que, somadas, resultarão no alcance
de um objeto comum. Cabe, portanto, ao professor não somente
permitir que elas ocorram, como também promovê-las no cotidiano
das salas de aula. (VYGOTSKY apud REGO, 1995, p.110).
Considerando a importância das interações sociais no contexto da
educação, Oliveira (1999, p.11), baseando-se em uma perspectiva
vygostskiana, diz que o indivíduo internaliza o conhecimento através da
interação com outros indivíduos e objetos existentes no seu ambiente sócio-
histórico. Ressalta a importância da mediação como condição necessária no
35
processo de ensino e aprendizagem. A criança adquire as habilidades
essenciais para sua sobrevivência na interação afetiva com as pessoas de seu
contexto sócio-cultural, demonstrando assim, a importância da afetividade na
aprendizagem geral.
Este mesmo autor entende que o professor deve ter empatia,
sensibilidade para perceber qual é a atividade mais adequada àquele momento
e à realidade do aluno. Além disso, o sucesso do encontro exige motivação das
partes envolvidas, requer momento e local favoráveis e que o assunto a ser
abordado seja condizente com pelo ritmo individual de cada aluno.
Seguindo a mesma perspectiva, Dantas (1994, p.79) enfatiza que é
preciso haver empatia entre professor e aluno, pois isso favorece o
aparecimento de uma simpatia mútua entre ambos. O professor deve ter claro
que o processo de ensino e aprendizagem é uma via de mão dupla, um vai-e-
vem dele para o aluno e do aluno para ele. Ele ensina, porém seu aluno
também possui saberes que o professor nem sempre possui. Fica assim
caracterizado o movimento da troca.
Buscar, portanto, uma maior aproximação afetiva com o aluno,
também através do diálogo e até mesmo, citando seu nome algumas vezes e
fazendo perguntas, entre outras manifestações de interesse, mostra uma
atitude 28 afetiva para com ele, o que, de certa forma, faz o aluno se sentir
motivado para realizar as atividades escolares.
Dantas (1994, p.65) também ressalta que a afetividade influencia na
construção do conhecimento, pois o tempo, no qual a aprendizagem de
conteúdos se processa, depende do clima afetivo na sala de aula. O professor
deve se relacionar afetivamente com seus alunos para que não se sintam
desmotivados, dificultando assim a aprendizagem do mesmo.
Dando ênfase ao importante papel desempenhado pela escola no
desenvolvimento das crianças, Wadsworth (1997, p.65) assinala que Piaget
refere-se ao importante papel do afeto no desenvolvimento intelectual, uma vez
que, paralelamente ao desenvolvimento cognitivo, acontece o desenvolvimento
afetivo. É impossível encontrar aspectos do desenvolvimento que sejam
apenas cognitivos ou apenas afetivos, pois todo comportamento apresenta os
dois elementos.
36
Diante disso, as crianças assimilam as experiências aos esquemas
afetivos, do mesmo modo que assimilam as experiências às estruturas
cognitivas. Piaget apud Wadsworth (1997) ressalta:
Ninguém é movido a fazer algo se não houver um pouco de
motivação que origina esforço para desenvolver determinada
atividade intelectual. O interesse é um exemplo de como são
selecionados as atividades intelectuais. Esta seleção é provocada
pela afetividade e não pelas atividades cognitivas. Portanto, faz-se
necessário pensar em afeto como sentimentos, desejos,
interesses, valores e todo tipo de emoção (p.70).
Ainda vale a pena assinalar que Wadsworth, apoiado na teoria
piagetiana, resume as características de uma criança no desenvolvimento das
operações concretas (7-11 anos), no âmbito da afetividade, da seguinte
maneira:
À medida que as crianças se desenvolvem afetivamente,
mudanças paralelas podem ser observadas em seus julgamentos
morais. O desenvolvimento do afeto normativo, da vontade e do
raciocínio autônomo influencia a moral e a vida afetiva da criança
operacional concreta. As crianças desenvolvem a capacidade de
perceber o ponto de vista dos outros, de considerar as intenções e
de melhor se adaptarem ao mundo social (WADSWORTH, 1997
p.74).
Como mencionado por Wadsworth, à afetividade é pensada como
sentimentos, desejos, interesses e emoções, uma vez que tanto os aspectos
afetivos 29 quanto os aspectos cognitivos participam no desenvolvimento
intelectual da criança. Para corroborar com esta discussão e com as reflexões
anteriormente discutidas, convém buscar em artigos disponíveis em meio
eletrônico contribuições mais atualizadas.
Ao destacar a escola como ambiente relevante para o
desenvolvimento cognitivo e afetivo, Capelatto (p.8) diz que a afetividade é a
37
dinâmica mais profunda na qual o ser humano pode participar, e que se inicia
no momento em que um sujeito se liga a outro por amor.
A escola tem como função proporcionar aos alunos oportunidades de
evoluir como seres humanos; o trabalho pedagógico deve fazer com que os
alunos cumpram regras, impondo-se limites. Desse modo:
Algumas escolas preocupam-se apenas com a
quantidade de informações que transmitem por meio de
competição e do uso de modernas tecnologias, de
forma meramente burocrática e mercadológica.
Afastam-se assim do “ser humano”, tratando os alunos
apenas como numero de registro. Com isso, apesar de
dispor de um grande espaço onde os jovens passam
metade do seu dia durante duzentos dias por ano,
acabam por perder a oportunidade de ajudá-los a
desenvolver a afetividade. (CAPELATTO, p. 14)
Nesse sentido, a escola não deve ser só um lugar onde aconteça a
aprendizagem intelectual, mas um ambiente no qual se fale de amizade, da
importância do grupo e de questões afetivas. Desse modo, “os momentos de
afetividade vividos na escola são fundamentais para a formação de
personalidades sadias e capazes de aprender” (CAPELATTO, p.14).
Pelo fato da escola não ser apenas um ambiente de aprendizagem 30
Ainda vale a pena ressaltar que numa perspectiva piagetiana, o
desenvolvimento da criança é inseparável do conjunto dos relacionamentos
afetivos, sociais e morais que constituem a vida na escola. Como o aspecto
afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual, ele
pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento da criança.
Sobre a mesma preocupação, segundo Ribeiro e Jutras (2006), a
dimensão afetiva contribui para a aquisição de atitudes positivas em relação a
professores, às disciplinas por eles ministradas e para a aprendizagem
cognitiva dos alunos em sala de aula. A afetividade é, na verdade, importante
38
porque contribui para o processo de ensino e aprendizagem, na criação de um
clima de compreensão, confiança, respeito mútuo e motivação. Sendo que:
Os resultados positivos de uma relação educativa movida pela
afetividade opõem–se àqueles apresentados em situações em que
existe carência desse componente. Assim, num ambiente afetivo,
seguro, os alunos mostram–se calmos e tranquilos, constroem
uma autoimagem positiva, participam efetivamente das atividades
propostas e contribuem para o atendimento dos objetivos
educativos. No caso contrário, o aluno rejeita o professor e a
disciplina por ele ministrada, perde o interesse em frequentar a
escola, contribuindo para seu fracasso escolar. O professor que
possui a competência afetiva é humano, percebe seu aluno em
suas múltiplas dimensões, complexidade e totalidade (RIBEIRO e
JUTRAS, 2006).
O professor afetivo é aquele que desenvolve estratégias pedagógicas,
educativas, dinâmicas e criativas, demonstra prazer em ensinar, estimulando
os alunos e envolvendo-os nas decisões e nos trabalhos do grupo. O professor
deve estar centrado na pessoa do aluno, compreendendo suas principais
necessidades e incluindo-as no planejamento do ensino.
A afetividade é importante para que “se estabeleça uma melhor relação
educativa entre professores e alunos, favorável, consequentemente, a
aprendizagem dos conteúdos escolares” (RIBEIRO e JUTRAS).
Pelas discussões que se sustentam acerca deste tema, a afetividade é
realmente um aspecto importante no processo de aprendizagem das crianças
nos anos iniciais do ensino fundamental, porque fundamenta a relação entre o
professor e o aluno. Ela não deve ser pensada como o único meio de atingir a
aprendizagem, mas deve ser considerada como um dos elementos
influenciadores do processo de ensino e aprendizagem.
No que diz respeito à influência da afetividade no final dos anos 31
iniciais do ensino fundamental, pode-se perceber que o professor desempenha
um papel de grande relevância no processo de aprendizagem, uma vez que a
escola deve promover um espaço no qual as crianças possam se expressar e
dialogar com os colegas e com os professores.
39
Por meio das discussões em torno da afetividade, torna-se
preponderante assinalar que muitos foram os autores e artigos dos quais se
teve contato durante o trabalho. Porém, de acordo com a natureza do trabalho,
foi preciso atentar-se para os que viessem corroborar diretamente com a
problemática dessa pesquisa.
3.1. As emoções como reguladores das interações sociais
As emoções e os sentimentos são aspectos das interações aos quais
não tem sido dada suficiente ênfase na pesquisa em Ensino de Ciências 2 ,
apesar de tacitamente todos reconhecerem a importância das emoções na
interação social.
Segundo António Damásio as emoções têm função social e papel
decisivo no processo da interação. As emoções são adaptações singulares que
integram o mecanismo com o qual os organismos regulam sua sobrevivência
orgânica e social. Em um nível básico, as emoções são partes da regulação
homeostática e constituem-se como um poderoso mecanismo de
aprendizagem. Ao longo do desenvolvimento, “as emoções acabam por ajudar
a ligar a regulação homeostática e os ‘valores’ de sobrevivência a muitos
eventos e objetos de nossa experiência autobiográfica” (Damásio, 2000, p. 80).
As emoções fornecem aos indivíduos comportamentos voltados para a
sobrevivência e são inseparáveis de nossas ideias e sentimentos relacionados
a recompensa ou punição, prazer ou dor, aproximação ou afastamento,
vantagem ou desvantagem pessoal etc.
No entanto, definir o que são as emoções não é uma tarefa simples.
As dificuldades nascem da diversidade dos tipos de manifestações emocionais
e da diversidade de teorias divergentes nos vários domínios da pesquisa
psicológica que, a partir de estudos experimentais, enfocam o tema das
emoções. Griffithis (1997) considera que um conceito geral de emoção não tem
nenhum papel no futuro da psicologia, pois seriam necessários pelo menos
dois conceitos mais específicos. Além disso, uma conceituação específica não
necessariamente implica que o conceito cotidiano de emoção possa
desaparecer do nosso pensamento. Essa conclusão elaborada após uma
40
meticulosa e interessante análise sobre os vários programas de pesquisa que
têm investigado o fenômeno emocional.
Griffithis discute as abordagens que sustentam que as emoções são
tipos de eventos psicológicos e analisa abordagens antigas que tratam as
emoções como experiências introspectivas, caracterizadas pela qualidade e
intensidade da sensação, em que o inerente prazer ou desprazer provocado
por essas qualidades leva a pessoa a agir de maneira característica. Discute
também abordagens que dependem do contraste entre pensamento e emoção.
Entretanto, suas análises se sustentam principalmente na abordagem
naturalista, denominada “affect program”, que é baseada na teoria
evolucionária e na etologia humana, e tornou-se a abordagem dominante na
Psicologia. Os experimentos sobre a expressão facial, elaborados a partir do
trabalho de Darwin sobre emoção, principalmente os realizados por Paul
Ekman, são fundamentais para o “affect program”. A ideia central da teoria é
que as reações emocionais são complexas, coordenadas e automáticas. Elas
normalmente envolvem mudanças corporais internas e externas no indivíduo.
Griffithis descreve ainda a abordagem da construção social da emoção,
avalia diferentes concepções de “construção social” e discute a visão de que há
várias respostas emocionais, e sua ocorrência depende da existência de
modelos culturais. Essas respostas são interpretadas pelos sujeitos de uma
sociedade como naturais e voluntárias, quando na verdade elas são produzidas
em conformidade com as normas culturais locais. Em alguns casos, a produção
de uma resposta emocional pode envolver um planejamento subconsciente em
conformidade com esse modelo. Em outros casos, o modelo cultural pode
reforçar certos comportamentos reconhecidos como adequados.
A diversidade de teorias que sustentam os diferentes conceitos de
emoção utilizados na Psicologia resulta em caloroso debate filosófico,
metodológico e de categorias psicológicas. Evitaremos essa polêmica, que
foge aos objetivos deste trabalho, lançando mão de uma conceituação
tradicional que descreveremos a seguir.
No século XIX, Darwin (1872/1965) propôs um poderoso modelo de
explicação “histórico-adaptativa” para a emoção ao estabelecer uma descrição
anatômica da expressão facial humana. Suas investigações produziram a
41
descrição dos detalhes da expressão facial e muscular que acompanham
várias emoções. Ele sugeriu homologias para reações em diferentes espécies
e possíveis funções da expressão, hoje e no passado evolucionário. Assim, a
expressão da emoção seria um vestígio das reações em espécies ancestrais.
Ekman e Friesen (1971, 1978), ao realizarem uma série de replicações
dos experimentos de Darwin sobre as expressões faciais, chegaram a um
padrão morfológico de cada emoção. Os estudos de Ekman incluem
experimentos com diferentes culturas e com outros elementos da reação
emocional e seus trabalhos, assim como os de Darwin tratam de emoções
básicas como medo, surpresa, raiva, nojo, tristeza/pesar e felicidade/alegria.
Segundo Griffithis (1997, p. 77), para Ekman e seus seguidores as
reações emocionais são complexas porque envolvem muitos elementos. Elas
normalmente incluem mudanças faciais expressivas, reações músculo-
esqueléticas, mudanças vocais, mudanças no sistema endócrino e,
consequentemente, mudanças no nível hormonal e no sistema nervoso
autônomo.
As emoções são coordenadas: vários elementos ocorrem
conjuntamente em padrões ou sequencias reconhecíveis. Elas são tratadas
como síndromes, isto é, elas têm muitos elementos, e um elemento isolado não
constitui a essência da emoção. As emoções frequentemente envolvem
estados qualitativos de consciência, mas esses estados não são mais centrais
para a identificação das emoções do que as características das expressões
faciais. A teoria da evolução das emoções é concebida como um modelo de
respostas envolvendo a atividade de vários sistemas corporais e cognitivos. As
emoções consistem em reações automáticas.
O fluxo da informação perceptual para os mecanismos controladores
das reações emocionais está separado do fluxo de informação e percepção
para os processos cognitivos superiores, responsáveis pela ação intencional.
Segundo Griffithis (1997, p. 97), há um sistema modular que é o gatilho da
emoção e que é influenciado pelo mecanismo de aprendizagem. O sistema de
gatilho não está completamente isolado dos processos cognitivos superiores.
Esses processos cognitivos podem afetar a manifestação das emoções de
várias maneiras. O trabalho de Ekman e Frietzen (1971, p.128), sobre as
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regras utilizadas culturalmente, sugere que os processos cognitivos podem
bloquear e ativar reações emocionais automáticas.
Apesar das várias críticas dirigidas ao “affect program” novos
experimentos têm sido realizados. Os trabalhos mais recentes sobre a
expressão facial realizam testes de julgamento em culturas alfabetizadas e
entre culturas alfabetizadas e analfabetas; analisa os componentes de
expressões faciais espontâneas e expressões faciais de crianças cegas de
nascença (Griffithis,1997,p.50).
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CONCLUSÃO
A preocupação quanto a questão da afetividade não fundamentou-se
em discutir os aspectos afetivos como determinantes no processo de
aprendizagem, mas como um fator facilitador em como trabalhar com a
interação entre professor e aluno, buscando contribuições para que a escola
seja um ambiente de relações mais agradáveis.
Para que o professor conheça bem seus alunos, é necessário que não
negligenciem os aspectos afetivos. É importante refletir sobre a importância da
afetividade em uma sala de aula nos anos iniciais do ensino fundamental, de
modo que os alunos possam ser compreendidos, aceitos e respeitados, de
modo que os professores possam entender seus sentimentos. É preciso ter
sensibilidade para ouvi-los, dialogar com eles e apoiá-los para que busquem
superar as suas dificuldades.
Por meio dos aspectos fundamentados nas discussões dos autores e
na pesquisa, conclui-se que a afetividade manifestada na relação entre
professor e aluno constitui elemento inseparável no processo de construção do
conhecimento, uma vez que a qualidade da interação pedagógica vai conferir
um sentido afetivo para o objeto de conhecimento.
As emoções podem facilitar a aprendizagem, mas o estresse tem efeito
contrário, o ambiente escolar deve ser planejado para evitar as emoções
negativas. É aconselhável criar condições que levem a um maior
autoconhecimento emocional e orientem para uma adequada manifestação das
respostas emocionais nas interações sociais.
A aprendizagem é um fenômeno extremamente complexo, envolvendo
aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. A
aprendizagem é resultante do desenvolvimento de aptidões e de
conhecimentos, bem como da transferência destes para novas situações.
A estrutura cognitiva do aluno tem que ser levada em conta no
processo de aprendizagem. Os conhecimentos que o aluno apresenta e que
correspondem a um percurso de aprendizagem contínuo são fundamentais na
aprendizagem de novos conhecimentos.
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São os conhecimentos que o aluno já possui que influenciam o comportamento
do aluno em cada momento, uma vez que disponibiliza os recursos para a
aptidão.
É necessário refletir sobre o que é o conhecimento e perceber que é
algo de complexo que deve ser entendido como um processo de construção e
não como um espelho que reflete a realidade exterior.
O professor deve utilizar as estratégias que permitam ao aluno integrar
conhecimentos novos, utilizando para tal métodos adequados e um currículo
bem estruturado, não esquecendo do papel fundamental que a motivação
apresenta neste processo.
As técnicas de incentivo que buscam os motivos para o aluno se tornar
motivado, proporcionam uma aula mais efetiva por parte do docente, pois
ensinar está relacionado à comunicação.
O ensino só tem sentido quando implica na aprendizagem, por isso é
necessário conhecer como o professor ensina e entender como o aluno
aprende, só assim o processo educativo poderá acontecer e o aluno
conseguirá aprender a pensar, a sentir e a agir.
Não há aprendizagem sem motivação, assim um aluno está motivado
quando sente necessidade de aprender o que está sendo tratado. Por meio
dessa necessidade, o aluno se dedica às tarefas inerentes até se sentir
satisfeito.
“É bom estar atento não só as emoções dos alunos, mas também às próprias emoções. A linguagem emocional é corporal antes de ser verbal, e muitas vezes a postura, as atitudes e o comportamento do educador assumem uma importância da qual não damos conta. Por causa desses fatores, o que é transmitido pode ser bem diferente do que se pretendia ensinar”
(CONSENZA, 2011, p. 84)
45
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Desenvolvimento-Da-Aprendizagem/52983029.html. Acesso em 03 fev
2016.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 01 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I Alguns aspectos da afetividade discutidos nos séculos XVII E XVIII 10 1.2. O cérebro na aprendizagem 13 1.2.1. Emoção, motivação e aprendizagem 14 1.2.2. Sentimento, emoção e afeto 16 1.2.3. Emoção e afetividade 18 CAPÍTULO II Algumas teorias da aprendizagem 21 2.1. Teoria cognitiva 21 2.2. As teorias construtivistas de Piaget 21 2.3. sócio-interacionista de Vigotsky 23 2.4. Gestat 24 2.5. Motivação 24 2.2.1. A importância dos conhecimentos neurobiológicos na formação do profissional de educação 24 2.2.2. A neurociência aliada a educação 27 CAPÍTULO III A afetividade e a aprendizagem 31 3.1. As emoções como reguladores das interações sociais 39 CONCLUSÃO 43 BIBLIOGRAFIA 45 WEBGRAFIA 47 ÍNDICE 48