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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU O ASSÉDIO MORAL E SEUS IMPACTOS NA GESTÃO DE EQUIPES DO SETOR BANCÁRIO. Meri Ellen Gomes Neves Sampaio ORIENTADOR: Prof. Antônio Medina Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · incentivo, amor e compreensão. 4 DEDICATÓRIA A Deus, por tudo em minha vida. Ao meu amado esposo, pelo incentivo, amor e compreensão

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

O ASSÉDIO MORAL E SEUS IMPACTOS NA GESTÃO DE

EQUIPES DO SETOR BANCÁRIO.

Meri Ellen Gomes Neves Sampaio

ORIENTADOR: Prof. Antônio Medina

Rio de Janeiro 2016

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em gestão empresarial. Por: Meri Ellen Gomes Neves Sampaio

O ASSÉDIO MORAL E SEUS IMPACTOS NA GESTÃO DE

EQUIPES DO SETOR BANCÁRIO.

Rio de Janeiro 2016

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a Deus pelo privilégio de concluir esta especialização, e a Ele concedo toda honra e glória. Aos meus queridos pais, Fátima e Luiz Cláudio, por todo amor e dedicação, pelo bom direcionamento e pela educação que sempre priorizaram. Ao meu querido marido, Gustavo Sampaio, pelo incentivo, amor e compreensão.

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DEDICATÓRIA

A Deus, por tudo em minha vida. Ao meu amado esposo, pelo incentivo, amor e compreensão.

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RESUMO

Desde a década de 1970, o setor bancário, no Brasil e no mundo,

vem se reestruturando. Observa-se uma onda de privatizações, terceirizações,

entrada de bancos estrangeiros no país e fusões.

Possuímos um número pequeno de grandes instituições dividindo o

mercado brasileiro, porém com o lucro crescente. O novo modelo de gestão

baseia-se no estabelecimento de metas desafiadoras com foco no

reconhecimento no desempenho individual, porém os objetivos estabelecidos

nem sempre são atingíveis e levam a jornadas extensas, concorrência,

estresse continuo, entre outras doenças ocasionadas pelo trabalho e pelo

modelo de gestão apresentado, pois muitos gestores, visando a conquista dos

objetivos propostos apelam para práticas abusivas.

A informatização do segmento trouxe evolução no que se refere a

redução de custos e aceleração dos processos, mas gerou a extinção de

diversos postos de trabalho, cominando em um assédio mais forte nas relações

entre funcionários e gestores de equipes devido a pressão pelo cumprimento

pontual das metas.

Além de expor as responsabilidades civil e penal no que diz respeito

a prática do assédio moral, este projeto visa esclarecer os seus impactos no

clima organizacional, assim como estabelecer diretrizes para formação de

líderes capazes de formar e gerir equipes de alta performance.

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METODOLOGIA

Este estudo tem como base uma ampla pesquisa bibliográfica quanto

à problemática do assédio moral em instituições bancárias, tanto no que diz

respeito aos aspectos jurídicos baseados no Código do Processo Civil e Penal,

quanto às práticas expostas nos processos trabalhistas oriundas por

instituições do setor, assim como, também elucidadas por artigos expostos em

jornais e sites dos sindicatos do segmento.

Visando propor diretrizes para redução do assédio moral em

instituições bancárias, há, também, uma ampla pesquisa no que diz respeito a

práticas de gestão e desenvolvimento de líderes e equipes.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Análise Conceitual e Responsabilidade Civil e Penal 09 1.1. Breve histórico 09 1.2. Análise conceitual 10 1.3. Responsabilidade Civil e Penal 13 1.3.1. Responsabilidade Civil 13 1.3.2. Responsabilidade Penal 17

CAPÍTULO II

Assédio Moral em Bancos 21

2.1. Tipos de assédio moral e perfil dos agressores 24

CAPÍTULO III

Desenvolvendo Equipes 26

3.1. Formação e desenvolvimento de equipes 26 3.2. Equipes de alto desempenho 30 3.3. O que diferencia as equipes de alto desempenho 31

CONCLUSÃO 35

BIBLIOGRAFIA 36

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INTRODUÇÃO

Este estudo tem por objetivo analisar os impactos do assedio moral

nas equipes do setor bancário brasileiro.

Assedio Moral é uma forma de violência no ambiente de trabalho por

meio da exposição de trabalhadores a situações humilhantes e

constrangedoras, durante a jornada de trabalho, ocorre de forma prolongada e

repetida, por chefias, colegas ou, mais raramente, por subordinados.

A prática do assédio moral é frequente em diversas instituições e é

possível mensurar os seus impactos no resultado das organizações por meio

da contabilização dos custos dos processos trabalhistas. Mas não é possível

estimar, de igual modo, os seus impactos no clima organizacional, assim como,

no âmbito psicológico e na produtividade das equipes.

O estudo será realizado com foco no setor bancário, pois as

instituições do setor financeiro, de modo geral, são alvo de processos

relacionados a causas trabalhistas, assim como, os sindicatos, em negociações

de processos de dissídios, denunciam e incentivam a redução de práticas

relacionadas ao assédio moral. Essas instituições exigem formação superior de

seus funcionários, visam alavancar a lucratividade por meio de metas, mas

nem sempre fornecem o ambiente adequado.

Este projeto visa expor os possíveis impactos no clima organizacional

e propor alternativas para o desenvolvimento de líderes capazes de gerir

profissionais e equipes de alto desempenho.

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CAPÍTULO I

ANÁLISE CONCEITUAL E RESPONSABILIDADE CIVIL E

PENAL

1. Breve histórico

A expressão “assédio moral” apareceu pela primeira vez nos Estados

Unidos da América, na década de 70. Até então, não se falava em assédio

moral. Falava-se de exploração, de opressão e de pressão dos chefes em cima

dos trabalhadores.

Pouco a pouco, os países industrializados da Europa passaram a

falar sobre o assunto. Mas foi nos anos 90 que a expressão passou a ser mais

conhecida por todos. Hoje, o termo assédio moral traduz a velha exploração e

opressão do trabalho, mas adaptada e, infelizmente, aumentada, devido à nova

realidade do mundo do trabalho.

Segundo Tony José Vieitas, no final dos séculos XX, o mundo foi

varrido por um vendaval: neoliberalismo. Esta filosofia política passou a

dominar quase todos os países e impôs novas formas de exploração e

opressão. Sua concretização se dá através da privatização de empresas

estatais e na retirada do Estado do seu dever, imposto por décadas de lutas

dos trabalhadores, de oferecer serviços públicos gratuitos (2014. p,5).

A partir da metade dos anos 70, o capitalismo mundial entrou numa

longa crise. Os lucros das empresas começaram a baixar e elas resolveram

garantir sua lucratividade aumentando a exploração e a opressão sobre os

trabalhadores. É aqui que entra a chamada “reestruturação produtiva”. Tudo

mudou nas empresas e nas relações entre o capital e o trabalho.

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A partir desta busca desesperada por altos lucros, o sistema

econômico procurou diminuir seus custos, gerando milhões de desempregados

e a retirada de muitos direitos antigos dos trabalhadores.

Ainda de acordo com o pensamento de Tony José Vieitas, este

aumento pela produtividade, aumentou fortemente a pressão sobre os

trabalhadores. Pressão para trabalhar mais, para render mais e, com isso,

gerar mais lucros. Dessas premissas, nasceu a expressão “assédio moral”.

Assédio moral é, então, uma novidade que nasceu velha, é a velha opressão

sobre os trabalhadores, renovada e aumentada (2014. p,5).

O motivo geral do assédio moral não é só a maldade psicológica de

um chefe ou outro. A raiz do assédio moral é a necessidade do capital de

aumentar seus lucros e vencer seus concorrentes. A pressão, ou seja, o

assédio moral é parte desta política das empresas de diminuição dos custos de

trabalho, para isso, as empresas precisam de trabalhadores submissos,

assustados e obedientes.

Precisam da adesão e da obediência coletiva de todos os

trabalhadores. Pouco importa se assim eles vão se matar de tanto trabalhar. A

palavra de ordem, hoje, é “atingir as metas”.

1.2. Análise conceitual

O assédio moral, cada vez mais, cresce neste mundo

contemporâneo, em especial nos grandes centros urbanos, com o fenômeno

da degradação dos valores éticos e morais, as pessoas passaram a sofrer

diferentes tipos de violência. A história nos ensina que a violência sempre

esteve presente na sociedade, a ponto de Durkheim afirmar que “o crime é um

fenômeno social normal e necessário ao próprio desenvolvimento da

sociedade” (2003. p, 82). No entanto, vivemos a era da banalização dos

sentimentos humanos, produto de um mundo individualista, narcisista e

materialista.

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A busca desenfreada pelo poder, sucesso e bens materiais gerou

uma sociedade sem limites éticos, onde o semelhante é visto apenas como

objeto a ser manipulado em direção ao objetivo a ser alcançado.

Essa busca, muitas vezes, gera violência, agressão verbal, do

superior ao inferior hierárquico, ou entre colegas de trabalho que competem

com o intuito de crescer na organização, onde um precisa se destacar mais do

que o outro, com isso, as pessoas se tornam, a cada dia, mais individualistas,

pois cedem as pressões do trabalho, ao estresse e a busca pelo profissional

“perfeito”, produtivo e submisso. Essas pressões impactam a sociedade, pois

tem se tornado “doente” física e psicologicamente.

De acordo com Jorge Luiz de Oliveira da Silva,

Portanto, a violência empregada como assédio moral, trás ao

trabalhador doenças incalculáveis e muitas vezes incuráveis. Esta monografia

ter por objetivo expor tais práticas, as suas consequências, assim como, as

medidas de prevenção.

Mauro Azevedo de Moura, afirma que:

O assédio moral, conhecido como “violência perversa e silenciosa do cotidiano” ou psicoterror, nada mais é do que a submissão do trabalhador a situações vexaminosas, constrangedoras e humilhantes, de maneira reiterada e prolongada, durante a jornada de trabalho ou mesmo fora dela, em razão das funções que exerce; determinando com tal prática um verdadeiro terror psicológico que irá resultar na degradação do ambiente de trabalho, na vulnerabilidade e desequilíbrio da vítima, estabelecendo sérios riscos à saúde física e psicológica do trabalhador e às estruturas da empresa e do Estado. Certo é que o assédio moral poderá se caracterizar em outras relações, que não as trabalhista (pais e filhos, entre casais etc.), em relações educacionais (professores/ diretores e alunos) e outras que ensejam determinado grau de verticalidade entre seus integrantes (2012. p,24).

A deliberada degradação das condições de trabalho através do estabelecimento de comunicações não éticas (abusivas) que se caracterizam pela repetição por longo tempo de duração de um comportamento hostil que um superior ou colega(s) desenvolve(m) contra um indivíduo que apresenta, como reação, um quadro de miséria física, psicológica e social duradoura.

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Estamos falando de violência empregada dentro das empresas, em

que os superiores têm de aumentar sua produtividade para alcançar metas

absurdas, que enlouquecem a todos no ambiente, transformando a instituição

em um campo de batalhas, onde só sobrevive quem supera as metas. Os

superiores visando “estimular” a produtividade usam um o temível bordão “se

você não produzir, entregar os objetivos propostos, vai ter que sair e emprego

lá fora está difícil, a concorrência é grande”, amedrontando os subordinados.

A humilhação é um risco invisível, porém muito real, à saúde dos

trabalhadores e revela uma das formas de violência mais poderosas e sutis nas

relações de trabalho, atingindo, sobretudo, as mulheres e os adoecidos, que

costumam ser vítimas contumazes dos assediadores. A violência se concretiza

por meio de práticas perversas e arrogantes, típicas das relações autoritárias

das empresas, onde predominam o desprezo e a indiferença pelo sofrimento

dos funcionários.

Os trabalhadores doentes ou que se recuperam de problemas de

saúde também sofrem com essa realidade nos locais de trabalho. Quem se

afasta para tratamento de saúde dificilmente poderá retomar suas tarefas como

o mesmo ritmo e desenvoltura com que as realizava antes do afastamento. É o

caso das lesões por esforço repetitivo (LER). É preciso respeitar os limites de

quem se encontra nessa situação, não sendo possível cobrar produtividade

idêntica a dos demais.

Apesar de ser um risco invisível, o assédio moral tem impactado, de

forma severa, funcionários de diversas organizações, instituições de portes e

segmentos diferentes, que atuam no setor público ou privado, algumas

empresas incentivam tais práticas, pois visam o aumento da produtividade,

mas negligenciam as consequências das atitudes dos assediadores,

principalmente no que diz respeito à saúde do trabalhador.

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1.3. Responsabilidade Civil e Penal

1.3.1. Responsabilidade civil

O nosso ordenamento jurídico possui dispositivos que se adéquam a

questão do assédio moral, conforme estabelecido na lei n° 10.406, de 10 de

janeiro de 2002 do Código Civil.

A consequência da produção de um dano é a obrigatoriedade de

ressarcir aquele que o suportou, concordando com o pensamento de Jorge

Luiz de Oliveira da Silva, a conduta (ação ou omissão) à sua respectiva

consequência (o dano). Ocorre que nem todo dano é indenizável, uma vez que,

para isto, se faz necessário à presença de três elementos essenciais, quais

sejam: conduta (ação ou omissão), a consequência (o dano) e a relação de

causalidade, que vem a ser o ponto de ligação entre conduta e consequência.

Nossa legislação adotou como regra a Teoria da Responsabilidade Civil

Subjetiva, exigindo um quarto elemento incidente sobre a conduta, qual seja a

culpabilidade (no sentido amplo). Assim, como regra geral, o dano somente

será indenizável ser for produzido por uma conduta de dolo (intenção) quanto o

de culpa (negligência, imprudência ou imperícia). No entanto, em algumas

hipóteses, em razão do risco inerente ao empreendimento que se desenvolve,

é admitida a responsabilidade civil objetiva (independente de culpa), conforme

já consolidado entendimento relacionado à responsabilidade do empregador

pelos atos praticados por seus empregados ou prepostos ou, ainda, a

responsabilidade civil direcionada à Administração Pública, conforme previsão

do §6° do art.37 da Constituição Federal (2012. p,58).

O alicerce da responsabilidade civil em decorrência do processo de

assédio moral reside nos seguintes artigos do Código Civil, perfeitamente

aplicáveis às hipóteses relacionadas aos contratos de trabalhos, em virtude da

permissiva no art.8°da Consolidação das Leis do Trabalho.

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1. O art.186 do Código Civil define o ato ilícito, inclusive quando o

dano provocado for exclusivamente moral:

Art.186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar e causar dano a outrem, ainda que

exclusivamente moral, comete ato ilícito.

2. O art.187 versa sobre a extensão do conceito de ato ilícito:

Art.187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao

exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim

econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

3. O art. 389 faz previsão da responsabilidade civil contratual, que

segundo Sérgio Cavalieri Filho está relacionado à violação de um

dever jurídico que tem “como fonte uma relação jurídica obrigacional

preexistente, isto é, um dever oriundo de contrato”(1998. p, 40).

Art. 389.Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e

danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficias

regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

4. O art.422 consagra o Princípio da Eticidade em relação aos

contratos, tendo como base nos Princípios da Probidade e Boa- Fé:

Art.422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na

conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de

probidade e boa fé.

5. O art. 927 introduz a obrigação de reparação do dano produzido

pelo ato ilícito, ressalvando, inclusive, em seu parágrafo único, a

responsabilidade civil objetiva:

Art.922. Aquele que, por ato ilícito (arts.186 e187), causar dano a

outrem ,é obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,

independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou

quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano

implicar por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

6. O inc.III do art.932 e o art.933 estabelecem a responsabilidade do

empregador pelos atos praticados por seus respectivos empregados,

no exercício do trabalhado ou em razão deste. Estes dispositivos

apresentam uma especial relevância em relação à responsabilidade

civil pelos danos provocados pelo processo de assédio moral, visto

que destina a responsabilidade civil objetiva em relação ao

empregador. Assim, ainda que não tenha conhecimento dos fatos,

caso um integrante da equipe de trabalho esteja implementando um

processo de assédio moral (agindo este com culpa, por óbvio), será o

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empregador responsável pela reparação civil dos danos causados.

Logo, a vítima poderá ajuizar ação indenizatória contra o empregador,

em função do disposto nos referidos artigos.

Em relação a estes aspectos, ressalte-se o entendimento de Sílvio de

Salvo Venosa que:

Nos modernos julgados, geralmente nem mais se discute a natureza

desse vínculo sem rebuços, tanto que hoje se encara essa

responsabilidade como objetiva, o que foi consagrado pelo art.933 do

novo Código Civil. Restará ao empregador provar que o causador do

dano não é seu empregado ou preposto ou que o dano não foi

causado no exercício do trabalho ou em razão dele. Provados o nexo

causal e a autoria, surgirá o dever de indenizar desses terceiros. É

claro que também poderá ser provocado que a conduta do

empregado não configurou um ato ilícito, isto é, que não houve culpa

por parte do defensor. Não se discute também se o empregado

abusou ou não da sua função (2014, p.68).

Neta linha de entendimento, o Acórdão n° 2003.0361740, do Tribunal

Regional do Trabalho da 2° Região, julgou:

-------

BRASIL, Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região.Relator: Desembargador Esequias de

Oliveira: disponível em:<www.trt02.jus.br:8035/020030361740.html>. Acesso em 05 ago.2016.

ASSÉDIO MORAL E A REPONSABILIBADE CIVIL DO EMPREGADOR. 1. O DANO MORAL ESTÁ PRESENTE QUANDO SE TEM A OFENSA AO PATRIMÔNIO IDEAL DO TRABALHADOR, TAIS COMO: A HONRA, A LIBERDADE, A IMAGEM, O NOME ETC. NÃO HÁ DÚVIDAS DE QUE O DANO MORAL DEVE SER RESSARCIDO (ART.5°,V E X, CF). O QUE JUSTIFICA O DANO MORAL, NOS MOLDES DA EXORDIAL, É O ASSÉDIO MORAL. 2. O ASSÉDIO MORAL É A EXPOSIÇÃO DO TRABALHADOR A SITUAÇÕES HUMILHANTES E CONSTRANGEDORAS, REPETITIVAS E PROLONGADAS DURANTE A JORNADA DE TRABALHO E NO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES. 3. O EMPREGADOR, PELA CULPA NA ESCOLHA E NA FISCALIZAÇÃO, TORNA-SE RESPONSÁVEL PELOS ATOS DE SEUS PREPOSTOS (SÚMULA N.341 STF). A RESPONSABILIDADE É OBJETIVA DO EMPREGADOR. CONTUDO, TORNA-SE NECESSÁRIA A PROVA DO PREPOSTO, LOGO, TEMOS O FATOR DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA, PELA MODALIDADE EXTRACONTRATUAL (ART.159, CÓDIGO CIVIL DE 1916, ATUAL 186, CÓDIGO CIVIL DE 2002). OS REQUISITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVAS SÃO: A) ATO COMISSIVO; B) DANO MORAL; C) NEXO CAUSAL; D) CULPA EM SENTIDO AMPLO (DOLO) OU RESTRITO (NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA, OU IMPERÍCIA).

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Ainda no mesmo sentido, o Acórdão n° 085510/2011, da 5° Turma do

Tribunal Regional do Trabalho da 5° Região, cujo relator foi o Desembargador

Esequias de Oliveira:

Os dispositivos pertinentes são os seguintes:

Art. 932 CC. São também responsáveis pela reparação civil:

III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais

e prepostos, no exercício do trabalho que lhe competir, ou em razão

dele;

Art. 933 CC. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo

antecedente , ainda que não haja culpa de sua parte responderão

pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

Art. 934 CC. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode

reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o

causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente

incapaz.

Na linha de pensamento de Paulo Nader escreve que a relação à

responsabilidade civil em razão dos danos acarretados pelo assédio moral,

restaria apenas se discutir o valor das indenizações. Por óbvio que, em razão

da complexidade do fenômeno, aliada aos efeitos dilaceradores, não seria

basilar a construção de um sistema de tabelamento de indenizações, conforme

já foi tendência de nossos tribunais em relação ao dano moral. O sempre

salutar combate ao enriquecimento sem causa deve estar presente nesta

discussão. Portanto, se faz necessário a ponderação dos efetivos prejuízos que

ASSÉDIO MORAL. CUMPRE AO EMPREGADOR ZELAR PELA HIGIDEZ DO AMBIENTE DE TRABALHO, FISCALIZANDO A ATUAÇÃO DE SEUS PREPOSTOS PARA QUE SEUS ATOS NO EXERCÍCIO DE ATRIBUIÇÕES FUNCIONAIS NÃO DECORRAM PREJUÍZOS A TERCEIROS, SOB PENA DE RESPONSABILIDADE EM VIRTUDE DE SUA CULPA IN ELEGENDO OU IN VIGILANDO . NESSE SENTIR, CONSTATADA A OMISSÃO DO RECORRENTE A PARTIR DA DEMONSTRAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL PRATICADO COTIDIANAMENTE POR SEUS PREPOSTOS, CUMPRE-NOS REGISTRAR O ACERTO DA DECISÃO QUE LHE CONDENOU AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. RECURSO ORDINÁRIO A QUE SE DÁ PROVIMENTO.

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recaiam sobre a vítima, para que a mesma seja ressarcida efetivamente pelos

danos suportados (2012. p, 518).

1.3.2. Responsabilidade Penal

A responsabilidade penal é muito importante para o assédio moral,

pois gera responsabilidade ao causador de tais práticas. Não obstante a

tramitação de Projeto de Lei a uma tutela adequada ao assédio moral,

dependendo das táticas utilizadas no processo e das consequências dele

oriundas. Neste contexto, deve ficar bem evidenciado que a incidência em

qualquer dos dispositivos penais citados, por si só, não constitui

necessariamente assédio moral. Para assim ser enquadrada, a conduta deverá

ser parte integrante de uma série de outras condutas que identificam,

conjuntamente, o processo de assédio moral.

Assim, é possível responsabilizar penalmente o assediador moral

pela morte da vítima de suas ações, caso fique comprovado que o agente

sabia de alguma peculiaridade envolvendo a saúde da vítima e mesmo assim

deu prosseguimento às perseguições. É o caso, por exemplo, de um

trabalhador que sofra de uma cardiopatia cujo assediador tenha conhecimento

e este prossiga na perseguição desenfreada caracterizadora do psicoterror

laboral. É possível enquadra-lo nas penas do art.121 Código Penal, senão por

dolo direto, ao mesmo por dolo eventual. Desta forma é possível atribuir

responsabilidade ao assediador pelo crime capitulado do art.122 do Código

Penal, qual seja auxílio, induzimento ou instigação ao suicídio. Na hipótese da

vítima ser uma gestante, sendo esta situação de conhecimento do algoz, pode

ele ser responsabilizado penalmente pelas modalidades de aborto prevista nos

artigos125 e 127 do Código Penal.

O art.129 do Código Penal trata do direito de lesão corporal. Um dos

mais preciosos artigos para enquadramento do assediador moral, em razão

das características apresentadas pelos danos provocados à saúde do

trabalhador vitimado. Isto porque a lesão corporal, segundo Cesar Roberto

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Bitencourt “consiste em todo e qualquer dano produzido por alguém, sem

animus necandi, à normalidade funcional do organismo humano, tanto do ponto

de vista anatômico quanto do fisiológico ou psíquico” (2001. p, 174). Assim, as

consequências do processo de assédio moral, em relação aos danos à saúde

da vítima, enquadram-se perfeitamente na descrição do tipo penal.

O art. 132 do Código Penal pode ser aplicado de forma subsidiária às

hipóteses de assédio moral, quando a conduta não puder ser enquadrada em

outro tipo penal mais específico, tratando tal dispositivo das condutas que, de

uma forma geral, possuem potencialidade para causar riscos à vida ou à saúde

do indivíduo.

Em se tratando de assédio moral, muitas das táticas utilizadas pelo

ofensor residem na prática de condutas afrontes à honra da vítima, podendo

haver o enquadramento, conforme a hipótese, nos delitos previstos nos artigos

138 (Calúnia), 139 (Difamação) e 140 e seus parágrafos (Injúria), que

constituem a previsão geral, alocada no Código Penal, relacionada aos crimes

contra a honra.

Os artigos 146 (Constrangimento Ilegal) e 147 (Ameaça), ambos do

Código Penal brasileiro, também podem servir de base à responsabilização

penal do assediador, sendo viável a concretização dos citados tipos penais em

relação a algumas táticas de assédio moral.

O art.149 do Código Penal, com redação dada pela Lei n°10.803, de

11.12.2003, faz previsão do delito de Redução à Condição Análoga a de

Escravo, constituindo-se em importante dispositivo a ser aplicado em algumas

hipóteses de assédio moral. Basta verificar as condutas ali descritas para se

constatar a proximidade com algumas ações que possam vir a integrar o

processo de assédio moral.

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Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga á de escravo, quer

submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer

sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo,

por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com

o empregador ou preposto:

Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena

correspondente à violência.

§ 1º Nas mesmas penais incorre quem:

I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do

trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho;

II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se opera de

documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo

no local de trabalho.

§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:

I – contra criança ou adolescente;

II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.

Segundo Jorge Luiz de Oliveira da Silva, “o Título IV da Parte

Especial do Código Penal pátrio faz previsão dos Crimes Contra a Organização

do Trabalho. Alguns dispositivos contidos neste Título possuem ampla conexão

com as condutas que integram o processo de assédio moral” (2012. p, 181).

Podemos citar o art.197, inciso I, que se refere ao atentado contra liberdade de

trabalho, quando é implementado o constrangimento, mediante violência ou

grave ameaça, para que a vítima exerça ou não exerça arte,ofício, profissão ou

indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em

determinados dias.

O art. 199 do Código Penal faz previsão do delito de atentado contra

liberdade de associação.

Art.199 § parágrafo único – Constranger alguém, mediante violência

ou grave ameaça, a participar de determinado sindicato ou

associação profissional.

Pena- detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa, além da pena

correspondente à violência.

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O art. 203 e seus incisos do Código Penal estabelecem a

responsabilidade penal daquele que, mediante fraude ou violência, frustra

direito assegurado por lei trabalhista. Portanto, dependendo da tática utilizada

pelo assediador e das oportunidades por este vislumbradas, durante o

processo de agressão psicológica, é possível que umas das citadas condutas

proibidas possam ser praticadas, ensejando a responsabilização penal do

agente por tal fato considerado atentatório à organização do trabalho.

O assédio moral também pode ser responsabilizado penalmente pela

lei castrense. A estrutura militar, incisivamente verticalizada e fundada no

binômio constitucional hierarquia e disciplina, cria ambiente propício ao

desenvolvimento de processos de assédio psicológico. Aliado a este fato vigora

amplamente, no meio militar brasileiro, premissas derivadas da milenar cultura

militar, onde a Instituição é postada integralmente acima da pessoa humana,

conforme se consta da análise de frases muito comuns em nossos quartéis,

tais como: “O militar é superior ao tempo” ( não importa se haja chuva ou sol, a

missão deve ser cumprida); “militar é militar vinte e quatro horas por dia, a

saída após o termino do expediente é uma concessão do comandante”; “o

superior sempre tem a razão”. Neste contexto, não se deve confundir o

exercício legal do poder de comando, ungido com rigidez natural que exige da

relação militar, como a prática do psicoterror.

A luta contra o assédio moral é a luta pela preservação dos direitos

humanos relacionados à questão. Dignidade, intimidade e ambiente de trabalho

saudável, são direitos básicos que devem ser direcionados e garantidos a

todos, porém, infelizmente, esse mal não pode ser erradicado, pois é próprio da

sociedade moderna, competitiva e discriminadora. No entanto, ele pode ser

contido, pode ser penalizado, possibilitando à vitima a justa reparação de todo

o mal que sustentou.

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CAPÍTULO II

Assédio Moral em Bancos

O setor bancário no Brasil e no mundo vem passando por uma

reestruturação produtiva e se internacionalizando desde a década de 1970.

Mesmo considerando que o sistema financeiro do país não foi atingido de

forma severa pela crise internacional deflagrada em 2008, se compararmos

com outras nações, ainda assim, observa-se uma aceleração das tendências

de reestruturação. No Brasil, após a reforma da moeda, com a adoção do Real,

e a abertura do mercado, observou-se uma onde de privatizações,

terceirizações, entrada de bancos estrangeiros no país e fusões. De acordo

uma pesquisa efetuada pelo Departamento Intersindical de Estatística e

Estudos Socioeconômicos (DIEESE) em 2011, o lucro líquido dos maiores

bancos cresceu quase 500% em dez anos; de R$ 8,09 bilhões em 2001 para

R$ 48,41 bilhões em 2010, com somente sete grandes empesas dividindo o

mercado entre si. Ao mesmo tempo, mudanças na estrutura social brasileira

possibilitaram o acesso aos serviços financeiros de novos grupos sociais e

mudanças nos mercados financeiros globais levaram a uma diversificação de

produtos e clientes.

Os anos de 1990 trouxeram novas formas de gestão do trabalho no

setor. De 1999 a 2010, o processo de terceirização acentuou-se, ao passo que

o investimento dos bancos em serviços de terceiros aumentou em 368%,

atingindo R$ 10,5 bilhões. Ao mesmo tempo, novos modelos de gerenciamento

e controle de qualidade total foram introduzidos.

Modelos que funcionam com base no estabelecimento de metas

desafiadoras, em diversas situações difíceis, ou até mesmo, inatingíveis e que

levam a jornadas extensas, concorrência, estresse continuo e individualização

dos trabalhos. As metas criam sentimentos de injustiça no empregado em

casos de imprevistos como falhas de equipamentos ou reclamações de

clientes, pois dificultam a entrega dos resultados, assim como, também

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incentivam práticas inadequadas e condenadas pela legislação vigente, como

por exemplo a venda casada de produtos e serviços financeiros. Tais práticas,

além de comprometer a imagem das instituições, também geram prejuízos

financeiros

.

O advento da tecnologia e a consequente informatização dos

serviços bancários fizeram com que os serviços que antes eram manuais

passassem a ser feitos digitalmente, necessitando assim de pessoal qualificado

que atendesse novas demandas do mercado. Fazendo com que houvesse uma

desconfiguração da carreira bancária, tendo em vista a concepção de novos e

modernos processos no que diz respeito as operações bancárias, suprindo a

necessidade de especialistas nas áreas e acarretando uma constante

qualificação dos que já trabalham no banco, esses trabalhadores muitas vezes

com uma metodologia de trabalho defasada e muitas vezes não

acompanhando as evoluções, ora, se a informatização já atinge parte

majoritária da população não é difícil encontrar profissionais mais novos e mais

qualificados que possam cumprir as metas em tempo hábil, além de suportar

jornadas de trabalho mais longas. Essa rotatividade no que tange as relações

de trabalho faz com que o assedio moral seja ainda mais insidioso nas relações

s bancárias.

Segundo Nertz e Mendes apud Marcia Reis e Rubens Teixeira et al.

(2010; 3-4)

“... pontuam que as pressões para o cumprimento de metas, o

excesso de atividades, agencias lotadas, o barulho, o clima de

tensão, as reclamações das chefias e dos clientes, o medo de

assaltos e, principalmente, o medo do desemprego, são situações

que agora fazem parte do cotidiano do trabalhador bancário. Essas

situações costumam vir acompanhadas de aumento de horas extras,

dobras de turno e mais e mais pressão. As metas, em sua maioria,

são descritas como inatingíveis, muito além dos limites físicos e

psicológicos do trabalhador. Há ainda, um estimulo exagerado a

competitividade entre os colegas e grandes exigências quanto a

qualificação profissional.

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Além dos perigos que circundam a profissão de bancário, a ganancia

por lucros acrescentada da ocorrência inerente das atividades

bancárias deixam ainda mais penosa a execução de tal atividade

profissional.”

O uso de informatização nas agencias bancárias trouxe várias

consequências, como a redução de custos, a celeridade na execução das

operações, além da extinção de milhares de postos de trabalhos, dessa forma,

a pressão pelo cumprimento pontual das metas, o aumento da jornada de

trabalho e de horas extras cominaram na existência de um assedio ainda mais

forte nas relações bancárias.

As novas tendências implicam não apenas na qualificação técnica,

mas exige do profissional certos padrões de comportamento, como estar

sempre disposto a vender, ser amável, comunicativo, equilibrado, fidelizar os

clientes, ser capaz de adaptar-se as rápidas mudanças e ao intenso ritmo de

trabalho e tolerar a pressão e o estresse da profissão.

Em conformidade com as diversas formas de deteriorização da

capacidade de produção do trabalhador, entra em cena a possibilidade de

ganho salarial através de abonos e vantagens que seriam ganhos com

treinamentos, cursos qualificadores que são indispensáveis para a manutenção

de cargo dando ao que seria um estimulo extra para a execução da jornada de

trabalho.

Os efeitos psicossomáticos trazem influencia na saúde mental e

física do agente que sofre assedio moral, a mente influencia o corpo e o

mesmo exterioriza todos os fluidos negativos (estresse, pressão, assedio

moral) através de doenças, algumas delas como ulcera, asma, problemas de

circulação todas causadas pela pressão que sofrem no ambiente de trabalho e

que causa desdobramentos no âmbito medicinal.

Segundo levantamento do Ministério Público do Trabalho, das três

mil denuncias realizadas em 2013, 30% foram de bancos. De 2012 para 2013,

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o numero de acusações aumentou 7,4%, porém segundo a Confederação

Nacional dos Bancários, esse número pode ser maior, pois segundo a

entidade, em 2011, 29% dos trabalhadores do setor pediram o fim do assédio

moral. Em 2012, o número aumentou para 31%. Em 2013, para 58% de um

total de 37 mil entrevistados, ou seja, o índice dobrou em dois anos.

Paralelamente a cobrança por metas, o setor bancário extinguiu dez mil postos

de trabalho em 2013, segundo estudo do Departamento Intersindical de

Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).

Apesar do enxugamento no quadro de funcionários, o lucro líquido

dos bancos cresceu R$ 1 bilhão em relação a 2012 atingindo R$ 60,6 bilhões

informa o Banco Central.

2.1. Tipos de assédio moral e perfil dos agressores

Existem várias modalidades de assédio moral, dentre as quais

podemos destacar o assédio descendente que é o mais comum, onde o chefe

persegue o subordinado, objetivando o descontrole emocional do empregado,

expondo o mesmo a situações humilhantes.

O assedio ascendente é mais incomum de se observar, pois o assédio

é praticado dos subordinados em relação ao chefe, normalmente em grupos e

tendem a boicotar o trabalho do chefe, ora pela insatisfação no ambiente de

trabalho, ora por objetivos pessoais.

Há ainda a existência de uma terceira modalidade, que é o assédio

horizontal ou paritário em que um grupo isola um membro, acontece de colega

para colega que estão na mesma escala hierárquica, em regra acontece pela

inveja existente no ambiente de trabalho em relação ao colega que está tendo

destaque na empresa.

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As modalidades de assédio moral evidenciam a constante busca do

homem por afirmação no seu ambiente de trabalho, e as diversas formas de

conseguir destaque dentro da empresa. Dentre as modalidades ora

apresentadas o assedio descendente é o que tem maior destaque, até mesmo

pela histórica relação chefe subordinado.

O desgaste nas relações hierárquicas e o reconhecimento dos

empregados dos seus direitos fazem crescer a busca dos trabalhadores aos

seus direitos no que tange a um melhor ambiente de trabalho, impulsionando

tanto o Estado a legislar sobre o tema, quanto os estudiosos na discussão do

assunto. Tendo em vista tais estudos e o desenvolvimento de novos conceitos

e modalidades a cerca do assédio moral e seu principais sujeitos (agressor,

agredido, nexo causal, ambiente de trabalho) dentre outros fatores inerentes ao

assédio moral e seus desdobramentos na empresa, foi realizado um estudo

com vistas a classificar e expor novos conceitos e perspectivas a cerca do

tema.

Em sua obra, O assédio Moral no Direito do Trabalho, Marta H.

F.M. Schimdt apud Silva (2002; 8-9) enumera características que definem o

perfil do assediador:

“1 – Profeta – Considera que sua missão é demitir indiscriminadamente os

trabalhadores para tomar a maquina a mais enxuta possível.

2 – Pit-bull – Humilha os subordinados por prazer, é agressivo, violento e até

perverso no que fala em suas ações.

3 – Troglodita – É aquele que sempre tem razão. As normas são implantadas

sem que ninguém seja consultado, pois acha que os subordinados devem

obedecer sem reclamar.

4 – Tigrão – Quer ser temido para esconder sua incapacidade. Tem atitudes

grosseiras e necessita de publico para conferi-las, sentindo se assim

respeitado.”

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CAPÍTULO III

Desenvolvendo equipes

Diversos gestores de agências bancárias ainda utilizam o seguinte

principio: “Manda quem pode e obedece quem tem juízo”. Acreditam que

devem apenas estipular metas e exigir o cumprimento, focam apenas em

objetivos individuais, promovem competições, reconhecem, também, o

desempenho individual e anulam o potencial da equipe. Não inspiram, não

direcionam, não contribuem para a formação das pessoas, não incentivam o

trabalho em equipe. Quando apenas o trabalho individual é valorizado, a

equipe perde o foco e a organização perde em resultado. O grande erro das

instituições financeiras é não investir na formação de líderes, pois promovem a

gestores, gerentes com resultados individuais acima da média, mas não

avaliam a capacidade de gerir pessoas e formar equipes.

3.1. Formação e desenvolvimento de equipes

As organizações enfrentam inúmeros e crescentes desafios, entre

eles a necessidade de satisfazer plenamente seus clientes, manter e

conquistar novos mercados, acompanhar o desenvolvimento tecnológico,

apresentar um diferencial competitivo e sobreviver em um mundo globalizado.

Isso exige que sejam flexíveis em suas ações, rápidas e altamente

competentes no que fazem. Esse cenário tem feito com que busquem

estruturas de trabalho mais eficazes para alcançarem metas e objetivos e as

equipes de trabalho têm aparecido como alternativas promissoras nesse

sentido.

A criação e o desenvolvimento de equipes de trabalho têm exigido

grande esforço, principalmente porque as instituições financeiras investiram

muito em metas e processos de incentivos individuais, ou seja, os profissionais

foram direcionados a focar em responsabilidades e a serem medidos de forma

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individual, o que dificulta tanto o reconhecimento da necessidade de se

trabalhar em equipe, quanto a manifestação das atitudes e habilidades

necessárias para esse trabalho.

De um lado, o trabalho isolado ainda é muito valorizado por quem o

executa, por ser, talvez, a única forma de trabalhar que tenha aprendido. Por

outro lado, constata-se que as coisas extraordinárias, esperadas de qualquer

organização comum, não podem ficar restritas a indivíduos trabalhando de

forma segmentada, e dependem da ação conjunta de pessoas unidas em uma

única direção. Hoje, dificilmente alguém consegue dominar todo o

conhecimento de sua área, por mais estudioso que seja. Entretanto, tal domínio

é possível em equipe.

Para manter diferencial competitivo, a organização precisará

descobrir como manter a adesão das pessoas e fazer com que se disponham a

aprender e a mudar conforme as exigências do contexto. Nenhuma equipe de

trabalho nasce pronta; ela aprende e se desenvolve continuamente.

No tocante às características do contexto, a condição básica para o

surgimento de uma equipe é a existência de um desafio significativo para todos

os seus integrantes, algo que desperte o potencial que existe em cada pessoa

e multiplique suas emoções e competências em um sentido desejado. É de

preferencia que esse desafio esteja relacionado com inovação e oportunidades.

A mudança é a origem da inovação, e os exploradores de

oportunidades sabem que o futuro, com as suas mudanças, oferecem desafios

e oportunidades. As pessoas podem desenvolver hábitos e condutas que

estimulam a capacidade de buscar desafios e de inovar como, por exemplo,

procurar a companhia de pessoas estimulantes, destemidas e criativas. Ter

liberdade para trabalhar em áreas de interesse também poderá estimular

comportamentos voltados para a criação e a inovação no trabalho.

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Também são importantes a clareza dos objetivos, a comunicação

aberta e o comportamento transparente, a busca de metas significativas, a

informação clara e a exigência no cumprimento dos padrões acertados, o

direcionamento dos esforços de todos para os objetivos, a confiança recíproca

e a cooperação mútua, o compartilhamento de oportunidades e

responsabilidades, a disposição para estabelecer alianças, o respeito às

pessoas e a interação sinérgica fazem com que as equipes se tornem coesas e

fortes. Um elemento destacado na formação e efetividade da equipe é o

conhecimento do mercado em que a empresa ou organização atua.

É a posse desse conhecimento que levará as equipes a atuar com foco nos

clientes e gerar aprendizagem organizacional sobre o negócio.

O desenvolvimento de equipe diz respeito aos gestores, que tem o

importante papel de estimular o desenvolvimento das pessoas com quem

trabalham, em particular as suas equipes. Se no passado era importante que

as equipes estivessem empenhadas em melhorar sempre o seu desempenho,

hoje, mais do que nunca, é exigido que aprendam e se desenvolvam

continuamente. O trabalhador contemporâneo precisa renovar a cada três ou

quatro anos toda a massa de conhecimento que utiliza como profissional,

cabendo os gestores criar o suporte organizacional necessário para que

indivíduos e equipes de trabalho se mantenham atualizados e continuamente

desafiados a aprender mais.

De uma forma geral, as equipes são influenciadas por variáveis

estruturais e organizacionais, tais como:

- Tamanho da equipe: Diz respeito ao número de membros que integram a

equipe, que deve ser suficientemente grande para permitir a realização das

atividades necessárias à consecução dos objetivos e suficientemente pequeno

para garantir a comunicação, a participação e o desenvolvimento de todos, e

para facilitar a tomada de decisão;

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- Organização: Diz respeito às relações de dependência necessárias para a

realização das tarefas e a sua distribuição entre os integrantes da equipe;

- Interações entre os integrantes: Diz respeito aos processos de

comunicação tendo como base as posições individuais dos membros da equipe

e suas ligações intra e interequipes de trabalho;

- Coesão grupal: Refere-se à força de atração exigente e intraequipe, que

resulta em estimulo para a permanência dos membros da equipe;

- Competências: Diz respeito ao conjunto de competências presentes na

equipe, que idealmente deve permitir o cumprimento total dos propósitos e

objetivos da equipe e da organização;

- Estrutura da tarefa: Diz respeito à forma como as tarefas guardam relação

com a missão e os objetivos da organização, como são elencadas e

distribuídas entre os participantes, e com que clareza isso é realizado;

- Políticas de valorização e recompensa: Refere-se à forma como a

organização valoriza e recompensa o desempenho apresentado pelos

integrantes da equipe e pela equipe como um todo;

- Recursos disponíveis: Diz respeito aos recursos físicos, materiais,

financeiros e tecnológicos disponibilizados para a equipe, de forma a permitir

que realizem o trabalho dentro de condições desejáveis.

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3.2. Equipes de alto desempenho

São aquelas que superam os padrões e limites convencionais e

surpreendem pelos resultados que conseguem obter. Partem de expectativas

elevadas, que funcionam como estímulos poderosos para a motivação que

possuem e servem como balizadores da performance que apresentam.

Perseguem padrões de desempenho extraordinariamente elevados, por essa

razão precisam de conhecimentos, habilidades e atitudes apropriados e

relevantes para o trabalho que realizam. Nem sempre possuem todas as

condições ambientais de que precisam, mais ainda conseguem realizar muito.

O perfil da equipe de alto desempenho faz com que geralmente supere todas

as dificuldades ambientais.

As pessoas que integram essas equipes tem clara noção do

potencial que possuem e buscam desenvolvimento em todas as dimensões

humanas: racional, sensorial, emocional, cultural e espiritual. Distinguem-se

pelo grau e pela profundidade de compromisso de cada um com o seu próprio

desenvolvimento e com o sucesso dos demais membros da equipe. Cada um é

elemento estimulador de desempenho dos demais, e deles recebe o estimulo

de que precisa para também continuar a ser desenvolver e apresentar

desempenhos significativos.

As equipes verdadeiras conhecem muito bem o negócio no qual

estão, fato que lhes permite modelar os cenários presentes e projetar os

cenários futuros e, consequentemente, romper e ultrapassar limites atingidos e

ousar em áreas ainda não exploradas. Além disso, colocam em primeiro plano

os interesses dos clientes para as quais trabalham, sejam eles externos,

aqueles que são o alvo ultimo da organização; sejam internos, os que fazem as

coisas acontecerem para que a organização cumpra suas finalidades e

objetivos.

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3.3. O que diferencia as equipes de alto desempenho

Pessoas altamente produtivas tem expectativas altas em relação a si

mesma e aos demais, principalmente em relação aqueles com quem trabalham

diretamente. O ambiente ideal para a formação de uma equipe é aquela onde

existe um clima de forte expectativa em relação ao desempenho das pessoas e

há confiança em que todos estarão empenhados nos mesmos objetivos. O

comprometimento acentuado dos elementos da equipe com seus pares é uma

característica que diferencia as equipes de alta performance das demais

equipes.

As diferenças entre a equipe comum e a de alto desempenho está

relacionada à intensidade das relações realizadas e às atitudes e habilidades

nos membros da equipe, das quais resulta maior confiança existente entre eles,

maior disposição para ultrapassar marcos estabelecidos e realizar mais e

melhores condições para enfrentar os desafios que recebem. A equipe de alto

desempenho é continuamente aperfeiçoada, o que pressupõe vigília constante

para garantir a curva ascendente do desempenho e evitar o risco da simples

manutenção do bom desempenho já alcançado. O time que joga bem e faz gol

precisa ser continuamente aperfeiçoado para continuar a apresentar jogo

sempre melhor e fazer gols diferenciados e em maior número.

Nas equipes de alto desempenho existe um senso mais profundo de

proposito, as metas são mais ambiciosas, há uma perfeita troca de boas

práticas e complementaridade de conhecimentos e habilidades. Nelas, as

pessoas sentem competentes e valorizadas pelo que fazem e isso funciona

como disparador de energias para a produção de resultados extraordinários. As

pessoas agem como um todo, atuam de forma integrada, mais conservam e

valorizam as características de cada parte, de cada integrante da equipe.

Assim, conseguem reunir conhecimentos, experiências e emoções que se

completam, impossíveis de serem encontrados todos em uma só pessoa. Essa

é a razão pela qual o desempenho da equipe ultrapassa a soma dos

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desempenhos individuais e oferece à organização condições melhores para

atender aos múltiplos desafios contemporâneos.

Equipes de alto desempenho são construídas deliberadamente por

pessoas que querem e a elas pertencer. A adesão e o comprometimento das

pessoas são consequências da vontade de aderir, de pertencer à equipe.

Existe um forte sentimento de inclusão; todos se sentem participes e se

mostram fieis aos princípios e valores que permeiam a equipe. Todos se

empenham para o sucesso coletivo. Cada individuo é alvo e merecedor da

atenção e ajuda de todos e, em contrapartida, é responsável pelo sucesso de

cada um dos demais.

As equipes de alto desempenho experimentam e cultivam

sentimentos de lealdade e solidariedade, mantem clima de abertura e

transparecia de propósitos e praticam a amizade. Utilizam a critica como

instrumento para correção de erros e ajuda mutua; promove o aperfeiçoamento

individual e grupal; valorizam o esforço realizado na direção dos objetivos e

festejam amplamente quando eles são conquistados; impulsionam uns aos

outros com palavras, gestos ou premiações; destacam e reforçam os que

obtém sucesso, reconhecem e divulgam os êxitos alcançados, incentivam cada

um a persistir sempre, a superar-se, a tornar-se um vitorioso. Todos alimentam

a auto estima dos outros e fazem com que se sintam fortes e competentes;

mostram-se compromissados entre si e têm claro que a maturidade das

equipes decorre do trabalho coletivo e do empenho individual.

Embora cada um tenha a sua parte da responsabilidade, todos são

responsáveis pelo projeto na sua globalidade. Quando alguém se atrasa, outro

vem em seu auxilio; quando um não pode continuar, outro assume a

responsabilidade pela realização da tarefa inconclusa. Nessas equipes, o

trabalho é sinérgico, ou seja, o resultado final apresenta um diferencial a mais

sobre o total da soma do trabalho realizado pelas partes. Nelas, a

aprendizagem é constante, a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento

com extrema frequência, as pessoas estão sempre se atualizando e mantem o

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estado de alta competência. Investimentos no desenvolvimento do processos

no nível da equipe deverão ser compensados com esforços para dar suporte

ao desenvolvimento de competências e habilidades no nível individual, pois a

equipe de alto desempenho tem na sua estrutura indivíduos solidamente

formados e aptos a assumir posições ativas nas equipes à qual pertencem.

Atitudes que deverão ser desenvolvidas pelo líder da equipe 1 – Criar um sistema que possa atribuir a todas as pessoas metas que sejam críveis e desafiadoras. 2 – Promover o domínio do método pela equipe com crescimento constante nas técnicas e recursos de análise, bem como, num perfeito gerenciamento da rotina. 3 – Promover aquisição de conhecimento técnico pela equipe. 4 – Garantir o estabelecimento e melhoria contínua de um sistema de recrutamento e seleção (padronizar o processo). Participar do recrutamento e seleção da equipe. Selecionar, entre os recrutados, pessoas excepcionais e garantir um crescimento mais rápido para estes como permitido por seu potencial mental. 5 – Participar das várias formas de treinamento da equipe exercendo a função de professor em alguns casos. Estabelecer e melhorar continuamente um treinamento especial para pessoas excepcionais, estas pessoas são imperdíveis e podem mudar a história de uma organização. É fundamental entender que o aprendizado de uma empresa é o somatório do aprendizado das pessoas e que o aprendizado deve ser um exercício contínuo. 6 – Inspirar pessoas. As pessoas não trabalham apenas visando o dinheiro, mas desejam realizar sonhos. O líder deve promover o sonho e inspirar pessoas. 7 – Fazer coaching. Supervisionar a maneira de trabalhar da equipe e aconselhar, fazendo ajuste de procedimento. O coaching é um treinamento no trabalho. 8 – Promover a meritocracia. Garantir o estabelecimento e melhoria continua de um sistema de avaliação do desempenho. Promover uma avaliação do desempenho no seu time de forma honesta e construtiva, dando feedback contínuo. 9 – Alinhar os interesses das pessoas com os da organização por meio de um sistema de incentivos.

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10 – Cuidar da cultura predominante na organização, trabalhando no sentido de fixar valores que garantirão o seu futuro. 11 – Promover a cultura de tomar decisões com base em fatos e dados. Incentivar a prática da análise e da síntese como elemento principal do planejamento e fundamental no processo de aprendizado. 12 – Promover uma cultura de enfrentamento dos fatos que valoriza a verdade e não tem medo de ver os fatos como realmente são. É a cultura onde se espera que os gerentes comuniquem, para o time e para cima, não somente os bons resultados mas também o que não está indo bem e precisa ser encarado como é, de tal modo que possa ser corrigido. Uma cultura onde se valoriza a busca de fatos e dados para analisar eventos e não somente opinião e intuição. As instituições financeiras deveriam investir na formação de líderes capazes de formar e gerir equipes de modo a reconhecer os desempenhos individuais, mas intensificar a troca de boas práticas e criar um ambiente competitivo, mas propício ao trabalho em equipe.

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CONCLUSÃO

Apesar do grande volume de processos e de diversos impactos negativos nas imagens das instituições financeiras brasileiras, as mesmas insistem em operar com modelos de gestão que valorizam o desempenho individual, ou seja, estabelecem objetivos, que nem sempre são atingíveis, e exercem, por meio dos gestores das agências bancárias, uma forte pressão para o seu cumprimento. Tais pressões geram inúmeros danos na saúde do trabalhador e no clima organizacional das instituições. As organizações, de um modo geral, não investem na formação de líderes capazes de formar equipes de alto desempenho, simplesmente reconhecem o desempenho individual com remunerações extras e, com base em seus planos de cargos e salários, promovem os seus funcionários a posições superiores, assim sendo, um bom vendedor poderá ocupar uma posição de liderança sem treinamento prévio. Ao ser promovido, o novo gestor terá como referencia o histórico dos seus últimos gestores e tenderá a manter as mesmas ações, ou seja, a prática do assédio moral poderá ser mantida nas relações trabalhistas dessas instituições. Nem sempre um bom vendedor será um bom gestor, o foco que é direcionado para o indivíduo deveria ser apontado para o grupo. As instituições financeiras deveriam investir na formação de líderes capazes reconhecer, motivar e reter talentos, ou seja, o individual deve ser analisado, mas um único talento não será capaz de produzir o equivalente a uma equipe motivada e engajada a uma causa. Quando o foco é direcionado para a equipe, um colaborador será capaz de cobrir a deficiência de outro em um determinado aspecto, os membros serão capazes de se complementarem e o grupo sairá vitorioso.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Análise Conceitual e Responsabilidade Civil e Penal 09

1.1. Breve histórico 09

1.2. Análise conceitual 10

1.3. Responsabilidade Civil e Penal 13

1.3.1.Responsabilidade Civil 13

1.3.2. Responsabilidade Penal 17

CAPÍTULO II

Assédio Moral nos Bancos 21

2.1.Tipos de assédio moral e perfil dos agressores 24

CAPÍTULO III

Desenvolvendo equipes 26

3.1. Formação e desenvolvimento de equipes 26

3.2. Equipes de alto desempenho 30

3.3. O que diferencia as equipes de alto desempenho 31

CONCLUSÃO 35 BIBLIOGRAFIA 36 ÍNDICE 38

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