60
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU CRITÉRIOS DE QUALIDADE APLICADOS ÀS NOTAÇÕES: UMA ANÁLISE DAS CLASSIFICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS Roberta Caiado Gomes ORIENTADOR: Prof. Nelsom Magalhães Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

1

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

CRITÉRIOS DE QUALIDADE APLICADOS ÀS NOTAÇÕES:

UMA ANÁLISE DAS CLASSIFICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

Roberta Caiado Gomes

ORIENTADOR: Prof. Nelsom Magalhães

Rio de Janeiro 2016

DOCUMENTO P

ROTEGID

O PELA

LEID

E DIR

EITO A

UTORAL

Page 2: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Administração da Qualidade. Por: Roberta Caiado Gomes.

CRITÉRIOS DE QUALIDADE APLICADOS ÀS NOTAÇÕES:

UMA ANÁLISE DAS CLASSIFICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

Rio de Janeiro 2016

Page 3: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família pelo apoio, amparo,

incentivo e compreensão dos dias de ausência.

Aos meus amigos de classe, de trabalho e de

vida, pela troca de experiências, aprendizados,

gargalhadas e conversas, por tornarem mais leve

a correria do dia-a-dia.

Aos meus professores, por todo o ensinamento e

contribuições na minha vida acadêmica, que se

tornaram experiências fora da sala de aula.

Agradecimento especial ao meu marido, pelo

apoio incondicional, incentivo, compreensão,

paciência, amor e amizade diante de qualquer

situação.

E por fim, mas não menos importante, agradeço a

Deus por me permitir concluir mais esta etapa.

Page 4: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus avós,

Jurandyr e Maria da Glória.

Page 5: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

5

RESUMO

O presente trabalho aborda os sistemas de classificação, ou linguagens

documentárias notacionais, que são instrumentos que cumprem o duplo papel

de organizar sistematicamente o conhecimento e de organizar tematicamente

acervos documentais. Estuda a organização do conhecimento por meio de

notações classificatórias, responsáveis pela representação dos conceitos dos

assuntos. Apresenta teóricos, abordagens e conceitos sobre qualidade. Analisa

a qualidade em notações classificatórias através dos critérios de simplicidade,

brevidade, memorabilidade, hospitalidade, flexibilidade, expressividade e

especificidade, segundo definição de Foskett (1973) e Piedade (1977).

Page 6: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

6

METODOLOGIA

A metodologia utilizada no presente trabalho pautou-se em uma

análise bibliográfica sobre os assuntos de qualidade, classificação bibliográfica

e, mais especificamente, notações. Entre os principais autores citados estão

Piedade e Foskett, os quais deram especial atenção ao estudo do assunto em

tema.

Page 7: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Biblioteconomia e a classificação de assuntos 10

CAPÍTULO II

Notações 34

CAPÍTULO III

Qualidade: conceitos e teorias 38

CAPÍTULO IV

Critérios de qualidade 47

CONCLUSÃO 55

BIBLIOGRAFIA 57

WEBGRAFIA 59

ÍNDICE 60

Page 8: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

8

INTRODUÇÃO

A organização da informação, enquanto espaço investigativo que integra

o universo biblioteconômico ocupa lugar central no desenvolvimento teórico e

prático da área, na medida em que desempenha a função de intermediação

entre os contextos de produção e de uso da informação.

Esse espaço investigativo está dividido em pelo menos duas dimensões:

a dimensão descritiva, que se ocupa da representação formal, ou física, da

informação e, a dimensão temática, preocupada com a representação dos

assuntos contidos nos conteúdos informacionais. Tradicionalmente, na

Biblioteconomia a dimensão descritiva é estudada nas disciplinas relativas à

catalogação, ao passo que a dimensão temática é foco das disciplinas voltadas

à classificação e indexação.

No que se refere à dimensão temática, denominada por Foskett (1973)

de Tratamento Temático da Informação, os sistemas de organização do

conhecimento figuram como instrumentos fundamentais para a representação

de assuntos de documentos. Os sistemas de classificação, também chamados

de esquemas ou tabelas de classificação, ou ainda, mais recentemente, de

linguagens documentárias notacionais, são instrumentos que cumprem o duplo

papel de organizar sistematicamente o conhecimento e de organizar

tematicamente acervos documentais.

Organizar sistematicamente o conhecimento é, grosso modo, formalizar

as relações que existem entre os conceitos de cada área de assunto. Nos

sistemas de classificação essa formalização é realizada por meio de

codificações classificatórias, que proporcionam os chamados arranjos

sistemáticos. Diferentemente dos arranjos alfabéticos, comuns nas linguagens

documentárias verbais, como vocabulários controlados, listas de cabeçalhos de

assuntos e tesauros, os conceitos nos arranjos sistemáticos são representados

e ordenados por códigos que, sintetizados posteriormente, dão origem às

notações classificatórias.

As notações devem representar os assuntos definidos nos esquemas de

classificação e, simultaneamente, conceder uma ordenação lógica às coleções

de documentos. E para que suas finalidades sejam atendidas com qualidade, é

Page 9: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

9

necessária uma avaliação dos sistemas de classificação existentes e sua real

adequação a política e missão da instituição, para assim verificar a

possibilidade de uso de um esquema já existente ou criação de um novo

sistema que melhor atenda as necessidades institucionais.

Para tanto, definiu-se como aspecto de comparação a notação

classificatória de alguns esquemas já reconhecidos, uma vez que são elas as

responsáveis pela representação dos assuntos nos sistemas de classificação.

Serão utilizados os critérios de qualidade segundo Foskett (1973) e Piedade

(1977).

O presente trabalho foi conceitualmente amparado pela literatura da

área e respaldado empiricamente pela observação investigativa.

Estruturalmente, este relato de pesquisa está organizado por esta introdução,

pelo Capítulo 1, dedicado às classificações bibliográficas decimais, mais

especificamente, a Classificação Decimal de Dewey, a Classificação Decimal

Universal e a Classificação Decimal de Direito; Capítulo 2, que versa a respeito

das notações classificatórias; o Capítulo 3 que expõe conceitos, abordagens e

teóricos de qualidade e; pelo Capítulo 4 que apresenta os critérios de qualidade

das notações. Por fim, seguem-se as considerações finais e as referências que

embasaram o presente trabalho.

Page 10: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

10

CAPÍTULO I

BIBLIOTECONOMIA E A CLASSIFICAÇÃO DE ASSUNTOS

1.1. Sistemas de classificação

Ao se pensar em classificação para bibliotecas faz-se referência a

localização dos livros nas estantes e é esta sua finalidade; porém trata-se de

um processo muito mais complexo que envolve também a organização do

conhecimento de seu acervo. Mas antes de se alcançar eficiência na

recuperação de informações, esse processo deve ser pensado e analisado de

acordo com as necessidades e objetivos da biblioteca em que o sistema de

classificação será implantado.

Muito antes do ato de classificar ser utilizado em bibliotecas, a

classificação já fazia parte do cotidiano humano e social como forma de

organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na

acepção mais simples do termo, é reunir coisas ou ideias que sejam

semelhantes entre si, e separar as que apresentam diferenças”. Ou seja, é o

estabelecimento de critérios a fim de ordenar e agrupar conceitos de objetos. A

própria organização da sociedade exige do ser humano diferentes tipos de

classificações que podem variar do simples ao complexo. Entretanto, a escolha

da classificação está diretamente ligada a um propósito.

Para Dahlberg (1979, p. 353), a “arte de elaborar sistemas, com alguma

ideia intuitiva sobre divisões, prioridades no arranjo – primeiramente

hierarquias e subordinações e finalmente ‘auxiliares’ – era tida como teoria da

classificação”. Conforme entendido por Piedade (1983, p. 29), “é um conjunto

de classes apresentado em ordem sistemática. É uma distribuição de um

conjunto de ideias por um certo número de conjuntos parciais, coordenados e

subordinados”. Segundo a autora, os sistemas de classificação podem ser

divididos sob três aspectos: segundo a característica, segundo a finalidade e

segundo o campo de conhecimento que abrange.

Quanto à característica, pode ser natural – quando provém de uma

aplicação natural regida pelo objeto, ou; artificial – quando provém de uma

Page 11: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

11

aplicação de característica mutável. Quanto à finalidade, pode ser filosófica –

como aquelas criadas pelos filósofos com a finalidade de definir, esquematizar

e hierarquizar o conhecimento, de acordo com a ordem das ciências e das

coisas, ou; bibliográficas – servindo de base a organização de documentos. Já

o sistema de classificação quanto ao conhecimento, pode ser dividido em geral

– ordenação de todo o conhecimento humano, ou; especializado – ocupam-se

de um ramo deste conhecimento (PIEDADE, 1983).

A seguir, o sistema de classificação bibliográfico será detalhado, a fim de

melhor compreender a divisão do conhecimento e seu reflexo na organização

das coleções de bibliotecas.

1.2. Classificações bibliográficas

Enquanto a classificação filosófica tem como finalidade definir,

esquematizar e hierarquizar o conhecimento, a classificação bibliográfica se

preocupa, basicamente, com assuntos de documentos e em facilitar sua

localização, estabelecendo relação conceitual entre os documentos. Através da

análise dos assuntos, esse tipo de classificação se preocupa em estabelecer

relações entre os documentos, além de relacionar os assuntos contidos no

acervo das bibliotecas.

A classificação bibliográfica permite relacionar os instrumentos de busca,

como catálogos e inventários, com o documento propriamente dito. As

finalidades dessa classificação, segundo Piedade (1983, p. 57) é “a ordenação

dos documentos nas estantes ou nos arquivos e; a ordenação das referências

nas bibliografias ou das fichas nos catálogos”. Por representar o assunto dos

documentos, torna-se evidente a necessidade de os esquemas de classificação

bibliográfica acompanharem a evolução dos conhecimentos, entretanto, apesar

de tais investidas, quando um esquema de classificação descritivo é concluído

e publicado, pode já apresentar desatualizações no que se refere aos

relacionamentos dos assuntos, especialmente os assuntos dos campos de

conhecimento que se expandem e se atualizam rapidamente.

Page 12: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

12

Quando se pensa em classificação bibliográfica subentende-se a

classificação dos assuntos, pois é o modo como é visto em várias bibliotecas.

Segundo Ranganathan (1967), toda classificação para bibliotecas é,

essencialmente, uma classificação de assuntos. Porém, os documentos podem

ser ordenados das mais variadas formas e de acordo com o propósito de quem

está classificando. Pode ser organizado pelas cores, tamanho, suporte, dentre

outros. Mas, além de localizar documentos, a classificação tem como função,

também, auxiliar a recuperação de informações contidas em documentos.

A classificação bibliográfica pode ser dividida, ainda, em classificações

utilitárias (utilitaristas) ou classificações com base filosófica. As classificações

com base filosófica se espelham e se estruturam de acordo com a classificação

do conhecimento (filosófico e científico). Dentre suas características, destaca-

se a idealização de possibilitar o uso da mesma notação para o mesmo

assunto em qualquer biblioteca de qualquer parte do mundo. A Classificação

Decimal de Dewey (CDD) e a Classificação Decimal Universal (CDU) são

exemplos de classificações bibliográficas com base filosófica. Já a classificação

utilitária é a que apresenta particularidades que a torna independente e distante

das classificações do conhecimento. É um tipo de classificação que se adapta

ao contexto em que a biblioteca ou centro de informação está inserido, as suas

necessidades locais e de seus usuários, enfim, se assentam em um propósito

particular, não considerando as classificações gerais de outras bibliotecas.

Pode-se representar os assuntos dos documentos por meio das mais

variadas codificações ou, ainda, ordenar arbitrariamente as coleções por meio

dos mais variados critérios, desde cor e tamanho até ordem alfabética ou

numérica. O que importa é cumprir o objetivo proposto de colocar documentos

nos lugares corretos e recuperá-los posteriormente. A Biblioteca do Congresso

Americano desenvolveu e utiliza classificação utilitária para organização de seu

acervo. A Classificação da Library of Congress é o maior exemplo de

classificação do tipo utilitarista que vingou no universo das bibliotecas, e

continua sendo aplicada até hoje.

Relativo à necessidade ou não de uma base filosófica para a construção

de classificações de bibliotecas, observa-se algumas divergências nas opiniões

dos especialistas da área. Normalmente, os ingleses defendem a ideia de que

Page 13: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

13

a classificação necessariamente deve possuir uma base teórica, capaz de lhe

assegurar vida longa; para eles, a classificação filosófica, acrescida de

particularidades como notação e índice, deveria ser a base de qualquer

classificação bibliográfica. Outros acreditam que classificação filosófica e

bibliográfica são totalmente diferentes uma da outra, apresentando argumentos

como: livros interessam a vários setores de uma classificação, ou, então, que

classificação do conhecimento é mais subdividida do que as necessidades

bibliográficas. Enfim, argumentos e opiniões não faltam para ambos, porém,

neste trabalho optou-se em seguir a concepção que afirma que o melhor

pensamento atualmente acredita que uma classificação bibliográfica é idêntica

a uma classificação do conhecimento, com alguns ajustes, devido ao modo

pelo qual os assuntos são apresentados em livros, mas considera que

devemos procurar outros princípios, além daqueles próprios das classificações

científicas e lógicas, pois classificações científicas de fenômenos naturais,

baseadas em relações gênero/espécie é só uma parte da classificação

bibliográfica. Há muitas outras relações nos assuntos dos documentos,

relações da parte com o todo, da propriedade com seu possuidor, da ação com

seu paciente ou agente, e assim por diante. (LANGRIDGE, 1977 apud

PIEDADE, 1983, p. 66).

Diversos sistemas de classificação bibliográfica surgiram ao longo dos

anos, na tentativa de melhor representar os documentos e organizá-los nas

estantes. Para citar alguns estão a Classificação Decimal de Dewey; a

Expensive Classification, de Cutter; a Classificação Decimal Universal, de Paul

Otlet; a Classificação Bibliográfica, de Bliss; a Classificação da Library of

Congress e; a Colon Classification, de Ranganathan.

Dentre os diferentes sistemas (ou esquemas) de classificação, cabe

ressaltar duas classificações, bem como seus respectivos criadores, que, de

certa forma modificaram a história da classificação – a Classificação Decimal

de Dewey e a Colon Classification de Ranganathan – o primeiro por seu

pragmatismo e o segundo por seus ensinamentos teóricos.

A Classificação Decimal de Dewey (CDD) trouxe novidades para a

época que são fundamentais até os dias de hoje, tais como: a localização

relativa, ou seja, a numeração nos livros e não mais nas estantes; a

Page 14: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

14

especificação detalhada, isto é, tabelas de subdivisões mais detalhadas que,

devido à praticidade da localização relativa, propiciou maior especificação dos

assuntos, e; o índice relativo em ordem alfabética, já contido de código de

classificação, sem necessidade de consultar sempre a tabela. É uma

classificação geral que abrange todas as áreas do conhecimento humano e,

apesar de ultrapassada no que se refere a determinados assuntos de rápida

atualização, ainda é muito utilizada devido a sua praticidade e abrangência.

Personagem importante, Ranganathan, que, segundo Dahlberg (1979), é

considerado o pai da moderna teoria da classificação, criou diferentes novos

conceitos para a área. Apesar de seu complexo sistema de classificação

(Colon Classification), dotado também de fórmulas matemáticas qualitativas, ter

sido pouco utilizado, devido a dificuldade de sua aplicação, o bibliotecário

indiano trouxe uma nova visão sobre a área.

Como a primeira das contribuições fundamentais de Ranganathan para

o universo da classificação, pode-se destacar a atenção dada aos três níveis

básicos do trabalho de classificadores e classificacionistas, o plano ideacional,

o plano verbal e o plano notacional. Esses níveis tornaram mais claros o objeto

da ciência da classificação, que, segundo Dahlberg (1979, p. 356), é “o

conceito único e sua capacidade de combinação para representar o

conhecimento”. A segunda contribuição é a abordagem analítico-sintética para

a identificação dos assuntos, que permite a síntese em expressões

combinatórias. E a terceira contribuição são seus 18 princípios para sequência

útil, que servem como instrumentos para avaliação de sistemas de

classificação. Antes de Ranganathan, os esquemas de classificação eram mais

estáticos, e foi ele quem possibilitou maior dinamismo e facilidade para a

identificação e acomodação de novos assuntos, para dessa forma, atualizar os

sistemas de acordo com a evolução da sociedade.

1.3. Classificações decimais: CDD, CDU e CDDIR

Classificações decimais, como o próprio nome diz, são esquemas de

classificação cujas representações de seus assuntos são realizadas por meio

Page 15: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

15

de números decimais. Porém, como apresentado anteriormente, os esquemas

de classificação decimal também podem apresentar diferenças tipológicas e ou

de bases teóricas.

1.3.1. CLASSIFICAÇÃO DECIMAL DE DEWEY

A Classificação Decimal de Dewey (CDD) é uma classificação

bibliográfica enciclopédica com base filosófica, ou seja, é uma classificação

geral, pois pretende abranger todas as áreas do conhecimento e, busca

relacionar seus assuntos com base em uma lógica científica ou filosófica. Do

ponto de vista da distinção ranganathiana, tem base teórica descritiva,

caracterizando-se como um esquema quase-enumerativo, pois possui tabelas

para os assuntos principais e algumas tabelas de subdivisões. Dentre os

pontos mais característicos e fundamentais desse sistema, segundo Foskett

(1974), estão a localização relativa (numeração nos livros), a especificação

detalhada (tabela de subdivisões) e, o índice relativo (em ordem alfabética já

incluindo o código de classificação).

Criada pelo bibliotecário norteamericano Melvil Dewey (1851-1931) e

publicada primeiramente em 1876, a CDD foi pensada especificamente para a

utilização em bibliotecas. Apesar de insuficiente em certos aspectos para as

exigências atuais, devido à falta de hospitalidade para acomodação de novos

assuntos, este sistema ainda tem ampla aceitação por causa de sua simples

notação.

A CDD é basicamente um sistema de assuntos relacionados

hierarquicamente, rígido por se basear na teoria descritiva. Sua única

flexibilidade é em relação à especificidade. A CDD tem possibilidade de ser

específica ou mais geral, devido às subdivisões de suas classes principais,

porém não acomoda dois ou mais assuntos principais distintos. Como

característica dos esquemas construídos com base teórica descritiva a CDD

apresenta grande dificuldades para se adequar a evolução e atualização dos

assuntos no universo do conhecimento.

O ponto (.) contido em sua notação é utilizado apenas para separar as

três primeiras casas decimais das demais, proporcionando maior clareza à

Page 16: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

16

leitura dos códigos. Chamado de dígito vazio, não tem valor significativo para a

notação. A notação decimal também permite uma localização mais rápida.

Além da notação decimal e do fato desse sistema ser um dos primeiros

a buscar uma classificação (bibliográfica) do conhecimento universal, vale

ressaltar algumas características e inovações essenciais para a área, que são:

a localização relativa, maior especificação e índice relativo. Tais características

possibilitaram um progresso para a classificação.

No que tange à localização relativa, refere-se a época em que a CDD foi

criada, na qual utilizava-se a localização fixa dos acervos. Fixa no que diz

respeito a indicação de prateleira, posição exata e definitiva. Logo, algum livro

novo que precisasse ser classificado e guardado nas estantes ia para o fim da

sequência, ou era necessário reclassificar a cada crescimento da coleção. Com

a criação da localização relativa, ocorreu uma mudança considerável. Tornou-

se possível que livros com os mesmos assuntos fossem inseridos no meio de

uma sequência já existente, independente da época de sua aquisição, visto

que a partir disto os livros seriam classificados definitivamente. Outro fator que

influenciou esse novo tipo de arquivamento foi a introdução de notações

decimais (números) para ordenar e classificar os assuntos. No entanto, a

dificuldade que não foi prevista se refere a dificuldade de síntese e

relacionamento dos assuntos. Porém, deve-se levar em conta, que na época os

assuntos não eram tão complexos, portanto, atendendo as necessidades do

conhecimento neste momento histórico.

Outro ponto fundamental para a classificação pensada por Dewey foi a

especificação detalhada. Após a organização relativa, ficou mais fácil e viável

especificar os assuntos. Antes eram grupos maiores de assunto, pois não era

viável deixar estantes vazias para caso tivesse mais livros sobre determinado

assunto. Enfim, a organização relativa influenciou a maior especificação dos

assuntos para a época. Como dito por Foskett (1973, p. 205), a história da

classificação, geralmente, tem sido a “provisão de um número cada vez maior

de detalhes a fim de atender as necessidades de documentos que tratam de

áreas de conhecimento cada vez mais restritas”.

A terceira característica essencial foi a criação do índice relativo. Devido

o maior detalhamento dos assuntos, encontrar determinado assunto neste

Page 17: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

17

complexo arranjo tornou-se uma tarefa árdua e trabalhosa. Por isso, foi

necessária a criação de um índice relativo. Trata-se de uma lista para indicar a

localização de determinado tópico ou mesmo para relacionar sinônimos. Este

fator foi fundamental para o sucesso e aceitação desse esquema de

classificação.

Ao se tratar do sistema em si, Dewey tinha como plano dividir o

conhecimento em 10 classes principais, dividindo cada uma delas em mais 10

subdivisões e depois cada uma das subdivisões em 10 seções. Devido a sua

devoção a prática ao invés da teoria, pouco se tem registrado sobre a teoria ou

os fundamentos desta sequência estabelecida em seu esquema. O que se

sabe é que as classes principais foram organizadas seguindo esse

pensamento:

O homem começou a pensar e a procurar uma explicação para sua

existência, e assim surgiu a FILOSOFIA; incapaz de desvendar o

mistério imaginou a existência de um ser supremo que o havia criado,

surge a RELIGIÃO; multiplicando-se o homem passa a viver em

sociedade e vêm as CIÊNCIAS SOCIAIS; sente necessidade de se

comunicar com os companheiros e criar as LÍNGUAS; passa então a

investigar os segredos da natureza e temos as CIÊNCIAS PURAS; de

posse destes conhecimentos procura deles tirar proveito, aparecendo

as CIÊNCIAS APLICADAS; e, agora, já se sentindo capaz de criar, dá

origem às ARTES E À LITERATURA; finalmente encontramos a

HISTÓRIA que conta como tudo se passou. (PIEDADE, 1983, p. 89)

A partir desse pensamento narrativo, as classes principais estão assim

esquematizadas:

000 Generalidades

100 Filosofia e displinas afins

200 Religião

300 Ciências sociais

400 Linguística

500 Ciências puras

600 Tecnologia (ciências aplicadas)

700 artes

Page 18: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

18

800 Literatura (belas-artes)

900 geografia geral e história

A CDD encontra-se em sua 23ª edição. A partir da segunda edição,

Dewey percebeu que se em cada nova edição o sistema sofresse mudanças

substancias, o esquema não seria aceito devido ao retrabalho que os

bibliotecários teriam, reclassificando, alterando as notações e realocando os

livros nas estantes. Com esse pensamento, a partir da segunda edição a

estrutura básica foi mantida, e as expansões seriam feitas conforme a

necessidade, sem alterar a arquitetura básica. Esse sucesso do esquema, de

não alterar a estrutura básica, tem um contraponto ao longo do tempo, que é a

dificuldade de acompanhar o crescimento e desenvolvimento das áreas do

conhecimento, ou seja, em acomodar novos assuntos.

Com a preocupação de tornar-se obsoleta ao longo do tempo, a CDD

possui seu método de revisão através de novas edições, aproximadamente, a

cada sete anos, e os novos aperfeiçoamentos são informados aos usuários

através da publicação do DC & Decimal Classification: Additions, Notes and

Decisions. Tal publicação também divulga edições passíveis de controvérsias

antes da edição final, para dessa forma os usuários informarem suas opiniões

e sugestões.

Apesar de críticas em relação a limitações desse sistema, como Foskett

(1973) chama atenção, Melvil Dewey e sua classificação decimal teve grande

contribuição para a história da classificação bibliográfica e da abordagem

sistemática. E até os dias atuais, é um dos sistemas de classificação mais

utilizados em todo o mundo.

1.3.2. CLASSIFICAÇÃO DECIMAL UNIVERSAL

A Classificação Decimal Universal (CDU) é, a exemplo da CDD, uma

classificação bibliográfica enciclopédica, cujos desdobramentos dos assuntos

principais e auxiliares foram baseados na classificação de Dewey. Desse

modo, herdou de sua antecessora os aspectos de uma classificação de base

teórica descritiva. Para Silva e Ganim (1994, p.4), a CDU “é um sistema de

Page 19: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

19

conceitos hierarquicamente estruturado em grandes classes, destinado à

classificação do conhecimento e dos suportes físicos de seu registro”.

Caracteriza-se como um esquema semifacetado, pois possui tabelas de

assuntos principais, acompanhadas por tabelas de subdivisões comuns e

subdivisões especiais. Utiliza sinais gráficos para associação de assuntos de

classes diferentes. Por ser mais minuciosa que os esquemas existentes até

então, não tardou a ser adotada por bibliotecas especializadas, especialmente

na Europa.

A CDU foi idealizada para dar conta das especificidades dos assuntos

de documentos de um centro de documentação, por isso a necessidade de um

maior detalhamento, devido a heterogeneidade da natureza dos documentos

presentes em um centro de documentação. Diferentemente da CDD, que foi

idealizada para bibliotecas, a CDU surgiu como resultado de uma prática de

classificação de assuntos de documentos contidos no repertório bibliográfico do

Instituto Internacional de Bibliografia (IIB), guiada por modificações e

adequações feitas sobre a própria CDD.

Em 1894, os belgas Paul Otlet e Henri La Fontaine conceberam a ideia

de um índice universal do saber registrado, voltando suas atenções para um

arranjo sistemático (em detrimento do arranjo alfabético), a fim de organizar e

controlar o tão almejado repertório bibliográfico universal, idealizado por Otlet e

La Fontaine. O arranjo alfabético estava fora de cogitação, devido ao tamanho

do empreendimento, que demandaria uma rede de relacionamentos impossível

de ser realizada por meio do recurso puramente alfabético. Logo, adotaram os

números arábicos, por se tratar de uma codificação reconhecível

internacionalmente e por ter como base um sistema que já vinha dando certo, a

CDD, que nesta época estava em sua 5ª edição. Assim, a criação da CDU foi

um projeto que expandiu e adaptou a classificação bibliográfica de Dewey para

a realidade de um repertório bibliográfico de um imenso centro de

documentação (BARBOSA, 1968; FOSKETT, 1973; PIEDADE, 1983).

O projeto foi feito para ser apresentado na primeira Conferência

Internacional de Bibliografia. A ideia deste índice foi aprovada e, com isso,

criado o Institut de La Bibliographie (IIB), entidade responsável pelo índice, que

posteriormente passou a chamar Fedération International de Documentation

Page 20: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

20

(FID). Esta organização possui uma Comissão Internacional sobre

Classificação Universal e, as atividades rotineiras são competência da

Comissão Central de Classificação (CCC). Além dessa comissão geral, cada

país tem uma entidade como sua representante junto a FID, no Brasil é o

Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT).

A primeira edição da CDU foi publicada em 1905, com o nome de

Manuell Du Répertoire Bibliographique. Em 1925 surgiu sua segunda edição já

com o nome de Classification Decimale Universelle. A última edição completa

foi a 3ª, finalizada em 1953.

Por se tratar de um sistema de classificação bastante minucioso e

consistir em extensas tabelas, sua publicação nunca foi algo simples, sendo

uma das maiores reclamações por parte dos usuários. As tabelas completas

encontram-se em fichas na sede da FID. Segundo Foskett (1973, p. 235), “a

falta de tabelas completas tem sido, entretanto, mais ou menos remediada com

a publicação de edições abreviadas, que já existem em, aproximadamente, 16

línguas”.

Outro aspecto importante que cabe ressaltar se refere às revisões da

CDU. Funciona basicamente assim: as sugestões de revisão partem dos

usuários, quando os mesmos entendem que as tabelas já não atendem mais

as necessidades específicas do assunto. Tais sugestões são enviadas as

comissões nacionais e se aprovadas, encaminhadas a CCC. Atendendo as

exigências predeterminadas, criam-se as P-notes que são alterações

provisórias que ficam abertas a discussão durante quatro meses. Para só

então, depois das discussões cabíveis, modificar ou acrescentar tal sugestão a

CDU. A confusão acontece pois as P-notes podem ser divulgadas em inglês,

francês ou alemão, não havendo tal padronização cabe ao usuário ser trilíngue.

A política de inanição é outra característica importante da CDU. Essa

política significa que um número que ficar sem uso durante dez anos pode

voltar a ser usado com um significado diferente ao fim desse período, ou seja,

ocorre a reclassificação do respectivo número. Faz-se uma nova tabela

elaborada pelo usuário e analisada por um especialista da área, porém trata-se

de um processo lento, sendo dois anos o tempo mínimo. Porém tal política não

deve ser aplicada as humanidades e/ou ciências sociais, que são áreas mais

Page 21: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

21

conservadoras, empregam-se a assuntos com significativas transformações e

em constante atualização.

Baseada originalmente na 5ª edição da CDD, algumas mudanças do

esquema citado ocorreram na criação da CDU, porém de forma lenta para não

perder sua popularidade. Com a percepção das características básicas do

esquema de Dewey – linguagem universal dos números arábicos e

representação da estrutura hierárquica do conhecimento – a grande inovação

da CDU “foi a introdução do conceito de relação e dos recursos para

representa-la através da síntese, que permite a formação de notações

compostas para representar conceitos novos não previstos no sistema”;

possibilitando que uma hierarquia rígida tivesse maior detalhamento de

assuntos devido ao recurso da síntese. Foi uma forma de o esquema evoluir,

não sendo completamente ultrapassado pelos acontecimentos. (SILVA e

GANIM, 1994, p. 6)

A Classificação Decimal Universal detalhou as subdivisões dos assuntos

e alterou a notação, que passou a ser mista, ou seja, composta de números

decimais, sinais gráficos e letras ou palavras. Segundo Foskett (1973, p. 240),

“a estrutura geral das tabelas é similar à da CDD, mas a notação é um pouco

diferente e a disposição gráfica é bem menos satisfatória. Na CDU não existe o

mínimo de 3 números”. Se ao tratar da disposição gráfica e tabelas principais a

CDD é mais eficiente, são os auxiliares que proporcionam o recurso da síntese

a CDU, diferença essencial entre esses sistemas de classificação.

Além do recurso da síntese e da possibilidade de relacionar assuntos de

classes diferentes, cabe ressaltar as características fundamentais desse

sistema de classificação, que segundo Silva e Ganim (1994, p. 8), são

decimalidade, universalidade e caráter hierárquico. A decimalidade no que se

refere a subdivisão dos assuntos em classes; a universalidade ao se tratar do

relacionamento entre os assuntos, nos símbolos para representar a totalidade

do conhecimento existente, além da utilização de números por ser uma

linguagem universal. E como terceira grande característica, o caráter

hierárquico.

Para Piedade (1983, p. 124), “classificar um assunto pela CDU consiste,

inicialmente, em localizar seu assunto na tabela principal e atribuir-lhe o

Page 22: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

22

símbolo reservado pelo sistema para o assunto”. A tabela dos assuntos

principais é dividida em 10 classes. Cada uma das classes principais é

subdivida em 10 classes. Em seguidas, são subdividas novamente em 9

classes específicas e assim sucessivamente. A CDU também possui um índice

alfabético relativo para acesso aos conceitos. Em geral, a notação é expressiva

e reflete a estrutura das tabelas.

Tabela principal

0 generalidades

1 filosofia, metafísica, psicologia, lógica, ética e moral.

2 religião e teologia

3 ciências sociais, economia, direito, governo e educação

4 classe vaga

5 matemática e ciências naturais

6 ciências aplicadas, medicina e tecnologia.

7 artes, recreação, esportes

8 literatura, filologia, linguística, línguas

9 geografia, biografia e história.

Até 1964 existia a classe 4, que representada a filologia, mas a partir

dessa data a FID determinou sua transferência para a classe 8, reunindo-a a

literatura, tornando a classe 4 uma classe vaga, para posterior utilização,

acomodando uma nova classe que viesse a surgir.

Como apresentado anteriormente, o grande diferencial da CDU foi a

possibilidade de descrever assuntos compostos ou complexos. Esta síntese foi

possível, principalmente, pela utilização de sinais gráficos utilizados como meio

de unir símbolos de diferentes conceitos. Abaixo serão apresentados os sinais

presentes na CDU e seus significados na notação; na descrição dos assuntos,

conforme Piedade (1983) e Silva e Ganim (1994).

+ sinal de adição: ligar a notação de dois assuntos que são comumente

associados, mas que se acham separados pelo esquema. Não se relacionam.

Page 23: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

23

Ou seja, dois assuntos numa mesma obra, porém tratados de forma

independente.

Ex.: 51+53 Matemática e Física

/ barra oblíqua: usada para ligar números consecutivos, a fim de indicar um

cabeçalho mais genérico. Ideia de sequência. Por exemplo, para evitar a

repetição 51:52:53:54 usa-se 51/54, continuando com o mesmo significado

para representar Matemática, Astronomia, Física e Química.

: dois pontos: são os mais usados para a síntese; relação de reciprocidade.

Quando um documento trata do relacionamento entre dois ou mais conceitos.

Os dois pontos permite ao classificador fazer entradas múltiplas de maneira

bastante simples mediante a alternação e daí sua popularidade. Deve-se

alertar para sua ampla utilização, mas que carece de precisão e, com isso, a

CDU pode vim a ser usada como um sistema mecanizado de dois pontos.

Ex.: 51:52 Aplicações da matemática na astronomia

:: dois pontos duplos: é empregado para fixação da ordem. Tem a mesma

finalidade dos dois pontos, porém não permite que haja inversão entre as

notações dos assuntos relacionados, inversão esta na ordem de citação.

Dependendo da biblioteca e de seus objetivos, o assunto colocado primeiro

numa citação realmente seja mais relevante do que o secundário, apesar de no

documento não haver tal diferenciação.

[ ] colchetes: utiliza-se para eliminar ambiguidade. Com a mesma função de

uma fórmula matemática, facilita o entendimento e torna mais clara a notação.

Subagrupamento.

= igual: auxiliar comum de língua, idioma em que o documento foi escrito.

Refere-se a parte da descrição ao invés do assunto em si.

(0...) parêntese zero: auxiliar comum de forma. Detalhamento das formas

bibliográficas.

Page 24: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

24

( ) parêntese: auxiliar comum de lugar. Contém as divisões políticas usuais

além de diversas subfacetas de lugar. Relações entre países utilizam-se os

dois pontos dentro do parêntese.

(=...) parêntese igual: auxiliar comum de raça e nacionalidade. Pode ser

desenvolvida a partir da tabela principal de linguística acrescentando parêntese

igual a notação do assunto principal.

“...” aspas: auxiliar comum de tempo. A flexibilidade da faceta de tempo é útil,

sendo superior a de qualquer outro esquema.

.00... ponto zero zero: auxiliar comum de ponto de vista.

* asteristico: servem para indicar símbolos locais, que não pertencem a tabela

da CDU. O que tiver após o asteristico é de responsabilidade do classificador.

Minimiza, dessa forma, a falta de hospitalidade.

Por exemplo: Estrôncio 90 é representado por 546.42*90

Outro recurso da CDU é a subdivisão alfabética e numérica (não

decimal), ou seja, nomes de pessoas ou números podem ser inseridos no meio

de um número de classificação, caso seja conveniente. É útil para relacionar

indivíduos ou arrolar itens designados por números. Deve-se ter cuidado para

distinguir os números das subdivisões comuns. Por exemplo, ao classificar

obras filosóficas de Arthur Schopenhauer,, pode-se colocar 19 Schopenhauer,

caso sua biblioteca seja voltada para a área de filosofia, tal descrição por ser

bastante útil.

. ponto: é utilizado para separar os números de classificação em grupos de três

algarismo. Sem falar significativo para a notação. Recurso visual.

Os sinais gráficos, apresentados anteriormente, compõem as tabelas de

auxiliares da CDU. São os auxiliares que permitem fazer a síntese onde a

notação mais restrita da CDD não permite. Esses auxiliares são de dois tipos:

os auxiliares comuns que podem ser usados em qualquer lugar das tabelas

Page 25: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

25

principais e, os auxiliares especiais que têm diferentes significados conforme o

contexto onde se encontrem.

No que se refere aos auxiliares comuns, esses têm os mesmos

significados em qualquer lugar das tabelas principais e da notação em si. São

também conhecidos como auxiliares comuns independentes porque os

conceitos representados ocorrem independentemente de um assunto principal.

Essa tabela de auxiliares comuns limitam os assuntos quanto o ponto de vista,

lugar, raça, tempo, forma e língua. Segue abaixo uma breve explicação sobre

tais auxiliares.

- ponto de vista: representado por .00 e mais um ou mais algarismos. Aspecto

sob o qual foi estudado determinado assunto. Ex.:

.001 ponto de vista teórico

.002 ponto de vista prático

.003 ponto de vista econômico

- lugar: âmbito geográfico do assunto principal. São representados por números

entre ().

Por ex. (81) Brasil

Obs.: os estados, municípios que não possuem símbolo próprio podem ser

indicados pelo acréscimo do seu nome ao símbolo da divisão geográfica. Por

ex. (816.12 Campinas)

- raça: representado por parêntese igual. (=...) designar raça e nacionalidade.

Porém nacionalidade é representada por (=1 mais o símbolo geográfico)

- tempo: representado pelas aspas pode descrever século, década, estação do

ano.

Ex. Sec. 2 primeiros algarismos. Década, três primeiros. Ano os quatro

algarismos. Dia: aaaa.mm.dd.

- forma: a forma que o documento foi representado. O tipo de documento.

Representados por parêntese zero (0...)

Page 26: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

26

Por ex. (05) periódicos ; (038) dicionário especializados.

- língua: a língua ou idioma em que o documento foi escrito independente do

assunto principal. Representado pelo =

Ao se tratar de tradução usa-se o auxiliar =03 seguido do símbolo da língua

original.

Quanto aos auxiliares especiais, segundo Foskett (1973), os auxiliares

comuns podem ser acrescentados a qualquer número principal, pois terão

sempre o mesmo significado; além disso, há três outros indicadores de facetas

que formam as subdivisões especiais (auxiliares) e que têm diferentes

sentidos, variando de acordo com o seu contexto. Trata-se do hífen, apóstrofo

e o .0 para indicar facetas peculiares a uma determinada classe básica.

O apóstrofo ‘ é empregado como sinal de concentração ou fusão de

ideias. É restrito a alguns pontos do sistema como as classes 329, 546, 547.

Permite a supressão de caracteres comuns a dois símbolos que não são

consecutivos.

Por exemplo: ao invés de colocar 329.11 e 329.21 para representar Partido

Político com Tendências Conservadoras e Monarquistas, o apóstrofo permite

que a notação seja descrita dessa forma: 329.11’21.

Quanto ao hífen e .0 há uma tabela de analíticas especiais para indicar seus

significados. Esses sinais se encontram no fim do símbolo de classificação.

-1/-9 são empregados para simbolizar elementos, componentes, propriedades

e outros detalhes, quando necessário.

.01/.09 representam aspectos, atividades, processos, operações, instalações,

equipamentos.

Apesar dos auxiliares comuns poderem ser usados em qualquer lugar

das tabelas principais, a CDU apresenta três mecanismos básicos: síntese,

ordem de citação e ordem de arquivamento. Tais mecanismos servem para

solucionar e/ou evitar problemas como multiplicidade de aspectos relacionados

ao assunto principal; diferentes relações entre os assuntos; ordenação

Page 27: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

27

hierárquica e sequência dos símbolos; determinação física de cada documento,

dentre outros. (SILVA e GANIM, 1994, p. 18)

A síntese é utilizada para a classificação de assuntos compostos e

complexos, mediante a criação de notações apropriadas para sua

representação. Os sinais gráficos auxiliam na síntese e indicam o

relacionamento entre os assuntos.

A CDU apresenta a ordem de citação também chamada de ordem

horizontal para unir símbolos principais e auxiliares de modo padronizado no

acervo em questão. A ordem de citação é de uso opcional, e serve para o

“estabelecimento de uma ordem-padrão de prioridade”. (SILVA e GANIM, 1994,

p. 20) Trata os assuntos a partir do âmbito mais específico para o mais geral.

Entretanto, também existe uma ordem vertical ou ordem de

arquivamento que é mais utilizada para classificar. Por apresentar os assuntos

e seus descritores auxiliares do genérico para o mais específico. Para Silva e

Ganim (1994, p. 20), a ordem de arquivamento se “preocupa com a amplitude

maior ou menor dos conceitos na estrutura hierárquica do sistema”. Essa

ordem é utilizada para organização e ordenação de documentos nas estantes,

em virtude da necessidade de padronização.

Abaixo, serão apresentadas a ordem de citação e a ordem de arquivamento,

em que sua única diferença é a inversão na ordem da tabela de auxiliares

comuns. (PIEDADE, 1983)

Ordem de citação = ordem horizontal (mais específico para o mais geral)

- Assunto Principal

- Ponto de vista

- Lugar

- Raça

- Tempo

- Forma

- Língua

Ordem de arquivamento = ordem vertical (do geral para o específico)

- Assunto Principal

Page 28: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

28

- Língua

- Forma

- Tempo

- Raça

- Lugar

- Ponto de vista

A ordem de intercalação baseia-se na ordem vertical ou ordem de

arquivamento, ou seja, do geral para o mais específico. É utilizada para

identificar a sequência em que os sinais gráficos devem ser arquivados.

+

/

Nº simples

: ou ::

[ ]

=...

(0...)

“...”

(=...)

(1/9)

.00

Após um maior detalhamento desse sistema de classificação, deve-se

salientar a importância de sua atualização para acompanhar a expansão do

conhecimento. Por se tratar de um esquema semifacetado, ainda é muito

limitada a hospitalidade de novos assuntos, porém, os recursos de síntese dos

sinais gráficos auxiliam a amenizar tais deficiências. Sua notação extensa

torna-se inevitável devido ao fato da CDU procurar apresentar uma

especificação detalhada de assuntos.

A fim de buscar atualização e correção, foi criado o Guide to the

Universal Decimal Classification como instrumento auxiliar para o usuário.

Segundo Foskett (1973, p. 247), “o principal problema do ponto de vista do

usuário – a ausência de regras no corpo do esquema -, somente em certa

Page 29: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

29

medida é atenuado por esses instrumentos auxiliares”. Já se disse que esta

flexibilidade é uma vantagem, pelo fato de o usuário poder escolher por si

mesmo a maneira como usará o esquema em qualquer classe básica, mas não

há dúvida de que ao mesmo tempo isso é uma fonte de risco. Nenhum

esquema de classificação pode funcionar sem regras; se estas não se acham

incluídas no esquema, deverão ser acrescentadas pelo classificador, pois do

contrário resultarão incoerências. Enquanto que para Piedade (1983, p. 119),

“o maior problema dos usuários do sistema é a aquisição de tabelas,

geralmente esgotadas, e sua atualização, devido à dificuldade de obtenção das

publicações necessárias”.

Segundo Kaula (1982, p. 10), “apesar do detalhamento do esquema e do

uso de notação mista com bom número de dígitos indicadores e, inúmeros

esquemas auxiliares, o esquema carece de uma teoria básica proposta por

seus criadores originais”. Apesar de algumas críticas, considerando, entretanto,

a data de sua criação, a CDU apresenta defeitos de estrutura, métodos de

publicação e atualização, que devem ser superados. Porém, ainda hoje, a CDU

continua sendo um esquema internacional importante, devido a seu alto grau

de detalhamento e síntese. Com o emprego de computador para ajudar a

superar esses defeitos, existe também a possibilidade de utilizar a CDU como

uma concordância internacional para sistemas de recuperação de informações.

1.3.3. CLASSIFICAÇÃO DECIMAL DE DIREITO

A Classificação Decimal de Direito (CDDir) é uma classificação bibliográfica

especializada, de base teórica descritiva. Baseada na CDD, a CDDir foi criada

no âmbito do Governo Federal Brasileiro para o tratamento e recuperação da

informação jurídica, específica para obras jurídicas nacionais. Também é

conhecida como Classificação Decimal de Doris ou Classificação de Doris.

(CARVALHO, 2002)

Em 1948, a bibliotecária e bacharela em Direito Dóris de Queiroz

Carvalho, funcionária da biblioteca do Ministério da Fazenda, constatou a

necessidade de detalhar e expandir a classe 340, referente a direito, da

Page 30: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

30

Classificação Decimal de Dewey. A CDD, como apresentado anteriormente,

também serviu de base para o surgimento da CDU. Na época, Dóris de

Carvalho era funcionária da biblioteca do Ministério da Fazenda, e a CDDir

primeiramente foi criada para uso interno. Sua primeira edição foi publicada em

1948, em 1953 a segunda e, somente em 1977 saiu sua terceira edição.

Passados 25 anos de sua última edição, em 2002 a Subchefia para Assuntos

Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República, juntamente com a Dra.

Doris de Queiroz Carvalho, realizou a atualização da Classificação Decimal de

Direito, devido à necessidade de atualização da obra a fim de incorporar novas

áreas do Direito que se desenvolveram nesse período. A CDDir está

disponível, para livre acesso na rede mundial de computadores, na página do

Planalto Federal. (CARVALHO, 2002)

Específica para a área do Direito, a CDDir é mais abrangente, mais detalhada,

mais profunda nas subclasses do que qualquer outro sistema ou metodologia

existente para língua portuguesa destinada aos sistemas jurídicos. Por isso sua

enorme aceitação e utilização por parte das principais bibliotecas jurídicas

especializadas brasileiras. Não é incompatível o uso desta classificação com a

"Classificação Decimal de Dewey", simultaneamente, por bibliotecas

multidisciplinares desde que para a área de Direito (Classe 340) se faça uso

apenas da "Classificação de Dóris" e de outra para as demais disciplinas ou

campos do conhecimento.

Algumas bibliotecas da administração pública utilizam esta classificação

decimal, dentre elas pode-se citar: Presidência da República, Ministério da

Justiça, Ministério do Trabalho, Senado Federal, Supremo Tribunal Federal,

dentre outras. Incluse, a Universidade Federal Fluminense que utiliza a CDD

em sua rede de bibliotecas, na biblioteca especializada em direito a CDDir é o

sistema de classificação adotado a fim de maior aprofundamento das obras; e

conforme mencionado, por ser tratar de uma subdivisão da classe 340, não

impede de utilizar simultaneamente com a CDD.

A CDDir tem como objetivo auxiliar na melhor organização dos

repositórios jurídicos, com a consequente facilitação do acesso às obras do

Direito.

Page 31: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

31

Tendo como base a CDD, a classe 340 referente a Direito pertence a classe

principal 300 relacionada a Ciências Sociais. Será a classe 340 o foco deste

sistema de classificação, classificando essa área do conhecimento em suas

grandes divisões. (CARVALHO, 2002). As classes principais foram assim

divididas:

341 - Direito Público

342 - Direito Privado

343 - Direito Canônico

344 - Direito Romano

Uma característica fundamental da CDDir para auxiliar na identificação e

detalhamento dos documentos é o número de forma. Os números de forma, ou

divisões de forma, são adotados para agrupar, dentro de uma classe geral ou

subdivisão, o material bibliográfico que apresenta certas características

especiais na maneira em que o assunto é tratado. Como por exemplo, em

forma de dicionário, em verbetes, em coletâneas de trabalhos esparsos ou em

outras formas. (CARVALLHO, 2002). Os número de forma são:

01 - Teoria, filosofia

Assuntos expostos do ponto de vista teórico ou Filosófico.

02 - Compêndios.

Assuntos apresentados em forma resumida, geralmente para utilização no

ensino.

03 - Dicionários e enciclopédias

Assunto tratado, geralmente, em verbetes, dando somente o significado dos

termos, no caso dos dicionários, ou mais longamente, o caso das

enciclopédias.

04 - Discursos, ensaios, conferências

Quando o material apresentado sob essas formas trata de um assunto

específico.

Page 32: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

32

05 - Periódicos

Publicações em série, sobre determinado assunto, apresentadas em fascículos

numerados, com duração indeterminada.

O6 – Sociedades

Publicações oficiais de sociedades eruditas: atas, relatórios, anuários.

07 - Estudo e Ensino

A didática de um determinado assunto.

08 - Coleções, poligrafia

Coletâneas de trabalhos diversos sobre um assunto, do mesmo ou de vários

autores.

09 - A história de um assunto ou sua divisão por países.

Deve-se lembrar que quando o zero estiver usado como subdivisão de assunto,

os números de forma devem ser indicados com dois zeros (00).

Como por exemplo: periódicos de direito 340.04.

A CDDir chama a atenção para o uso indiscriminado dos números de

forma, ressaltando que seu emprego deve ser feito quando for indispensável.

Primeiramente, deve-se classificar o assunto de que trata e, quando for o caso,

acrescentar o número de subdivisão, indicando forma, ponto de vista, história,

entre outros.

Após a apresentação da estrutura do sistema de classificação, faz-se

necessário a criação de um índice visando auxiliar o usuário na utilização da

CDDir. Nesta última edição, apresenta-se um índice desenvolvido, com

emprego de larga sinonímia, com a finalidade de facilitar a rápida localização

do assunto de interesse.

Page 33: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

33

Os termos são indicados sob diferentes aspectos ou enfoques. Porém a

utilização do índice não significa suprimir as consultas às tabelas, a fim de não

induzir o classificador ao erro.

Direito Desportivo, por exemplo, não consta na ultima atualização da

CDDir, levada a cabo em 2002. Por se tratar de um projeto bem sucedido e

amplamente aceito na área jurídica nacional, com livre acesso para os

interessados, evidencia-se a importância da constante atualização desse

instrumento fundamental para os classificadores dessa área do conhecimento.

Page 34: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

34

CAPÍTULO II

NOTAÇÕES

Notação, segundo Piedade (1977, p. 29), é entendida como o “conjunto

de símbolos destinados a representar os termos da classificação, traduzindo

em linguagem codificada o assunto dos documentos”. A linguagem codificada é

o ponto chave para a qualidade de uma notação e, consequentemente, para

um sistema de classificação consistente, que deve, por sua vez, permitir ao

usuário o acesso aos documentos. Portanto, além de representar os assuntos

definidos nos esquemas de classificação, as notações devem,

simultaneamente, conceder uma ordenação lógica às coleções de documentos.

A notação deve representar não apenas o assunto dos documentos,

como também a particularidade do universo dos assuntos, o que significa ter

uma visão geral sobre o todo organizado, incluindo sua ordem lógica e

hierárquica. E nesse sentido, Foskett (1973) afirma que a notação é algo

acrescentado às tabelas e, a sua ordem deve ser clara e evidente. Quando o

autor ressalta a questão de que a notação é algo acrescentado às tabelas,

refere-se que antes da criação da notação já exista o arranjo sistemático, ou

seja, a notação é feita a partir de um arranjo sistemático, com o intuito de ser

um espelho desse arranjo. Porém, deve-se atentar para o fato de que uma

notação deficiente pode prejudicar uma tabela boa, pois a “notação não faz a

classificação, embora possa arruiná-la” (BLISS, 1939 apud FOSKETT, 1973).

Essa afirmação demonstra que uma boa notação não salva um esquema

ruim, porém a má notação estraga um esquema bom, visto que a estrutura do

esquema não estará refletida corretamente, o que faz com que o esquema não

seja colocado em prática como planejado. Refletir a estrutura do esquema,

assim como outros critérios referentes à notação, é assunto que será

detalhadamente abordado mais a diante. O segundo ponto ressaltado por

Foskett (1973), refere-se à necessidade da notação ter uma ordem evidente

por si própria, a fim de alcançar seu propósito de facilitar a localização nas

estantes; além de que o sistema de notação deve evidenciar de maneira clara

e lógica a estrutura proposta.

Page 35: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

35

Como afirmado anteriormente, a notação é a codificação dos assuntos

ou a tradução desses em linguagem codificada. Sua concretização é realizada

por meio de caracteres, símbolos e sínteses. Entende-se caractere, ou dígito,

cada número, letra ou sinal gráfico empregado na notação. Símbolos são os

conjuntos formados pela união de caracteres; esses já possuem significado e

representam os assuntos num sistema de classificação. Já a síntese é a

combinação de símbolos de várias tabelas (principais e auxiliares), a fim de

representar assuntos compostos e complexos. A síntese também auxilia na

diminuição da extensão das tabelas de classificação além de oferecer maior

detalhamento ao esquema em sua representação. (PIEDADE, 1977)

Percebe-se a importância da notação em um sistema de classificação e,

portanto, faz-se necessário a sua análise para maior entendimento, assim

como a apresentação dos critérios de qualidade a serem utilizados em sua

avaliação. A seguir, os tipos de notação e suas finalidades.

2.1. Tipos de notações

Como visto, notações em sistemas de classificação bibliográfica são

representações dos assuntos dos documentos e o reflexo da estrutura lógica

do arranjo sistemático. Entretanto, isso não significa que todos os sistemas de

classificação se beneficiem dos mesmos tipos de representações e, logo, das

mesmas notações. Relativo às características gerais, dividem-se em dois tipos

de notações: puras e mistas.

Primeiramente, devem-se citar os caracteres de uma notação, pois é

neste aspecto que se diferenciam. Como entendido por Piedade (1977, p. 31),

base da notação é “o conjunto de caracteres empregados na formação dos

símbolos de classificação”; e tais caracteres podem ser números (ordem

decimal ou aritmética), letras (maiúsculas e minúsculas) e sinais gráficos

(ponto, vírgula, aspas, apóstrofe). Notações puras empregam um único

conjunto de símbolos ou caracteres de um único tipo. Já as notações mistas

empregam caracteres de mais de um tipo. Dentro dessas tipologias,

encontram-se denominações mais específicas, como as notações

Page 36: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

36

alfanuméricas constituídas por letras e números, numéricas, que contêm

apenas números e alfabéticas, constituídas somente por letras. Cada tipo de

notação possui suas qualidades. A notação pura proporciona a ordem evidente

por si mesma, porém a perda de uniformidade pode ser justificada quando se

busca um maior detalhamento na síntese do assunto. Essas, dentre outras

questões serão abordadas no item sobre critérios para a qualidade de uma

notação.

A escolha do tipo de notação é feita pelo bibliotecário classificacionista a

fim de melhor atender suas necessidades. Porém, um aspecto básico é levado

em consideração nessa escolha, que é o amplo reconhecimento desses

símbolos, de modo a alcançar a ordem clara e evidente. Existem dois conjuntos

de símbolos amplamente reconhecidos, os números arábicos e o alfabeto

romano. Deve-se atentar para o fato de que combinações de letras têm

conteúdo semântico. (FOSKETT, 1973)

Como exemplos de classificações puras, pode-se citar a Classificação

Decimal de Dewey e a Classificação Decimal de Direito, visto que o ponto (.) só

serve para facilitar a leitura, chamado de dígito vazio. Já a notação da

Classificação Decimal Universal é de característica mista, pois possui

algarismos decimais, sinais gráficos, e às vezes, letras e palavras.

2.2. Finalidades das notações

Ao perceber a influência da notação ao sistema de classificação e ao

arranjo sistemático em si, torna-se evidente a atenção que deve ser dada à

escolha da notação e/ou do tipo de sistema de classificação a ser utilizado em

determinado acervo, a fim de melhor atender os objetivos e missões de cada

instituição.

Entretanto, independentemente dessa escolha institucional, a notação

por si só possui suas finalidades. Em outras palavras, a notação possui suas

características próprias (vantajosas ou insuficientes).

Dentre as finalidades da notação estão: traduzir em símbolos os

assuntos; localizar o assunto no acervo ou catálogo; permitir a síntese; mostrar

Page 37: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

37

a hierarquia e a estrutura do esquema; remeter o índice as tabelas de

classificação. Em que sua função ou finalidade principal continua a ser a

localização e organização dos documentos e assuntos na coleção, atentando

para o arquivamento dos documentos, visto que tal recuperação só será

possível se forem ordenados de acordo com os símbolos correspondentes aos

assuntos. (PIEDADE, 1977) Ou seja, a notação exerce a função de

endereçamento de cada documento dentro da coleção, permitindo a

correspondência entre o índice alfabético e o arranjo sistemático.

Page 38: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

38

CAPÍTULO III

QUALIDADE: CONCEITOS E TEORIAS

Qualidade trata-se de um termo de domínio público, que faz parte do

senso comum das pessoas, ou seja, não é um termo técnico exclusivo, usado

apenas por “entendidos” no assunto. Para Paladini (2009, p. 11), isso implica

dizer

que não se pode definir qualidade de qualquer modo, na certeza de

que as pessoas acreditarão ser este seu significado, porque o termo é

conhecido no dia a dia delas. E até como decorrência do uso comum,

fica claro que qualidade não é um termo empregado em contextos bem

definidos, situações bem particularizadas ou momentos próprios. Ao

contrário disso, qualidade faz parte do cotidiano das pessoas e, por

isso, é empregada nas mais variadas situações.

Devido ao senso comum do termo qualidade, como citado no parágrafo

anterior, estudar teorias e conceitos já reconhecidos torna-se essencial para o

embasamento do presente trabalho.

Para Garvin (2002; p. 59 – 60), o conceito de qualidade pode ser

desdobrado em elementos básicos, como:

▪ Desempenho: refere-se às características operacionais básicas do produto;

▪ Características: funções secundárias do produto, que suplementam seu

funcionamento básico;

▪ Confiabilidade: reflete a probabilidade de mau funcionamento de um produto;

▪ Conformidade: refere-se ao grau em que o projeto e as características

operacionais de um produto estão de acordo com padrões preestabelecidos;

▪ Durabilidade: refere-se à vida útil de um produto, considerando suas

dimensões econômicas e técnicas;

▪ Atendimento: refere-se à rapidez, à cortesia, à facilidade de reparo ou

substituição;

▪ Estética: refere-se ao julgamento pessoal e ao reflexo das preferências

individuais;

Page 39: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

39

▪ Qualidade percebida: refere-se à opinião subjetiva do usuário acerca do

produto.

Realizando um paralelo entre as notações e os elementos básicos

elencados por Garvin, pode-se observar que os critérios de: desempenho,

características, confiabilidade, conformidade, durabilidade e atendimento

devem estar presentes também em uma notação de qualidade. Ainda que os

critérios apresentados por autores da área de Biblioteconomia tenham outras

nomenclaturas, percebe-se a semelhança entre os conceitos.

Quanto a definição de qualidade, existem cinco abordagens principais:

transcendental, baseada no produto, baseada no usuário, baseada na

produção e baseada no valor. (GARVIN apud MARSHALL JR; 2010, p. 35). As

abordagens serão detalhadas a seguir, mas cabe ressaltar que as notações em

um sistema de classificação, além de terem a função de representar o universo

dos assuntos, elas buscam a qualidade baseada no usuário, em suas

necessidades e sua forma de ver a organização do conhecimento.

Transcendental

Definição: qualidade é sinônimo de excelência inata. É absoluta e

universalmente reconhecível.

Dificuldade: pouca orientação prática.

Referenciais teóricos:

Uma condição de excelência que implica ótima qualidade, distinta da má

qualidade [...] qualidade é atingir ou buscar o padrão mais alto em vez de

se contentar com o malfeito ou fraudulento. (TUCHMAN apud MARSHALL

JR; 2010, p. 35).

Qualidade não é uma ideia ou uma coisa concreta, mas uma terceira

entidade independente das duas [...] embora não se possa definir

qualidade, sabe-se o que ela é. (PIRSIG apud MARSHALL JR; 2010, p.

35).

Page 40: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

40

Baseada no produto

Definição: qualidade é uma variável precisa e mensurável, oriunda

dos atributos do produto.

Proposição: melhor qualidade só com maior custo.

Dificuldade: nem sempre existe uma correspondência nítida entre os

atributos do produto e a qualidade.

Referenciais teóricos:

Diferenças de qualidade correspondem a diferenças de quantidade de

algum ingrediente ou atributo desejado. (ABBOTT apud MARSHALL

JR; 2010, p. 35).

Qualidade refere-se às quantidades de atributos sem preço presentes

em cada unidade do atributo com preço. (LEFFLER apud MARSHALL

JR; 2010, p. 36).

Baseada no usuário

Definição: qualidade é uma variável subjetiva. Produtos de melhor

qualidade atendem melhor aos desejos do consumidor.

Dificuldade: agregar preferências e distinguir atributos que

maximizam a satisfação.

Referenciais teóricos:

Qualidade consiste na capacidade de satisfazer desejos. (EDWARDS

apud MARSHALL JR; 2010, p. 36).

Na análise final de mercado, a qualidade de um produto depende de

até que ponto ele se ajusta aos padrões de preferências do

consumidor. (KUEHN e DAY apud MARSHALL JR; 2010, p. 36).

Qualidade é adequação ao uso. (JURAN apud MARSHALL JR; 2010,

p. 36).

Baseada na produção

Definição: qualidade é uma variável precisa e mensurável, oriunda do

grau de conformidade do planejado com o executado. Esta

abordagem dá ênfase a ferramentas estatísticas (controle do

processo).

Page 41: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

41

Ponto fraco: foco na eficiência, não na eficácia.

Referenciais teóricos:

Qualidade [quer dizer] conformidade com as exigências. (CROSBY

apud MARSHALL JR; 2010, p. 36).

Qualidade é o grau em que o produto específico está de acordo com o

projeto ou especificação. (GILMORE apud MARSHALL JR; 2010, p.

36).

Baseada no valor

Definição: abordagem de difícil aplicação, pois mistura dois conceitos

distintos: excelência e valor, destacando os trade-off qualidade x

preço. Esta abordagem dá ênfase à Engenharia/Análise de Valor-

EAV.

Referenciais teóricos:

Qualidade é o grau de excelência a um preço aceitável e o controle da

variabilidade a um custo aceitável. (BROH apud MARSHALL JR; 2010,

p. 36).

Qualidade quer dizer o melhor para certas condições do cliente. Essas

condições são: a) o verdadeiro uso; b) o preço de venda do produto.

(FEIGENBAUM apud MARSHALL JR; 2010, p. 36).

Ballestero-Alvarez em sua obra “Gestão de qualidade, produção e

operações” (2012) apresenta um resumo da evolução do conceito de qualidade

ao longo do tempo e a abordagem teórica dos principais precursores da escola

da qualidade, transcritos nas tabelas a seguir.

Page 42: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

42

Tabela 1: Resumo da evolução do conceito de qualidade ao longo do tempo. (BALLESTERO-ALVAREZ, 2012, p. 98)

ÉPOCA FOCO FATO GERADOR

QUALIDADE ÊNFASE INSTRUMENTOS

1950 PADRÃO Produção em massa

Atendimento aos padrões estabelecidos no projeto do produto.

Interna, dentro da empresa; importância dada aos interesses do fabricante e produtor.

● Padronização ● Inspeção ● Controle estatístico do processo

1960 USO Consumidor Atendimento do uso que o

consumidor pretende para o

produto oferecido.

Externa, o cliente é o mais importante; deve

atender os interesses do consumidor.

● Pesquisa de mercado ● Análise de tendências ● Início do envolvimento interfuncional na empresa ● Estrutura matricial

1970 CUSTO Crise do petróleo

Atendimento do mercado consumidor com custos de produção mais baixos.

Interna, dentro da empresa; início do controle do processo.

● Controle total de qualidade ● Círculos de controle de qualidade ● Novas práticas de qualidade

1980 DESEJO Mudanças sociais e políticas

Antecipar-se às necessidades do cliente.

Externa, o cliente é o mais importante; integração; competição.

● Gestão do processo ● Sondagens de mercado ● Controle da qualidade gerencial ● Novas aplicações ● Novas formas de estruturas organizacionais

1990 INVESTIDOR Globalização Reconhecimento do valor do produto.

Mista: interna, dentro da empresa; externa, a economia global.

● Todas as anteriores ● Análise global ● Decisões estratégicas ● Importância das

Page 43: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

43

pessoas ● Preocupação ambiental ● Quebra de paradigmas

2000 STAKEHOLDER Organização que aprende

Foco no funcionário. Foco no cliente.

Mista: interna, dentro da empresa; externa, a economia global; ambiental e a responsabilidade social.

● Todas as anteriores ● Gestão de consórcios de empresas ● Produção enxuta ● Seis sigma

Tabela 2: Síntese das abordagens teóricas dos principais precursores da escola da qualidade.

(BALLESTERO-ALVAREZ, 2012, p. 105)

VISÃO QUALIDADE SER HUMANO DE SISTEMA GERÊNCIA APOIO

Feigenbaum

▪ Clientes exigem; ▪ Espelhada nas especificações de todas as etapas; ▪ Processos compatíveis às exigências.

Conscientização da contribuição individual para o resultado final da qualidade.

Forte estrutura técnica e administrativa. Procedimentos detalhados.

Gerência de especialistas, responsáveis pela qualidade alcançada.

Sistema de qualidade estruturado.

Deming

▪ Entender perfeitamente as necessidades do cliente; ▪ buscar resultados homogêneos; ▪ buscar medidas de previsão que eliminem as variações.

▪Comprometimento e conscientização. ▪Motivação via integração. ▪ Identidade de objetivos entre a empresa e o funcionário.

▪ Definição das necessidades do cliente. ▪Aprimoramento dos processos. ▪ Melhoria contínua. ▪ Transferência dos resultados aos clientes.

Responsável pela liderança e coordenação de esforços.

Controle estatístico do processo.

▪ Percepção adequada das necessidades

Comprometimento com a qualidade

▪ Características do produto para satisfação do

Responsável

Metodologia

Page 44: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

44

Juran

do cliente. ▪ Melhorias efetuadas a partir dos níveis já alcançados.

em todos os níveis. Total envolvimento.

cliente. ▪ Aprimoramento constante. ▪ Equipes interfuncionais. ▪ Compromisso com os níveis de qualidade já atingidos.

pelo planejamento, controle e melhoria da qualidade.

para solução de problemas.

Ishikawa

▪ Percepção das necessidades do mercado. ▪ Satisfação total dessas necessidades. ▪ Adequação dos produtos. ▪ Resultados homogêneos.

▪ Valorização total do ser humano. ▪ Qualidade é inerente ao ser humano. ▪Comprometimento com a qualidade de vida tanto individual quanto social.

▪ Inicia com o projeto do produto. ▪Desenvolvimento de novos produtos. ▪Aperfeiçoamento contínuo com o uso de relações. ▪ Garantia de qualidade ao cliente.

Orientar e ensinar as pessoas que trabalham ao seu redor.

Sete ferramentas básicas.

Taguchi

▪ Desde o momento do design do produto. ▪ Reconhece a qualidade como um assunto social e não apenas da empresa

Considerada uma abordagem fraca no que diz respeito ao ser humano.

Difícil de efetuar o controle de sistema quando se refere a intangíveis, como serviços.

Controle desenvolvido por especialistas, em vez dos gerentes ou operários.

Controle estatístico do processo.

Crosby

▪ Satisfação do cliente define as especificações do produto. ▪ Cumprimento total das especificações.

Comprometimento, conscientização, comunicação e motivação conseguidas através de recompensas diversas.

▪ Envolvimento de toda a empresa. ▪ Metas de qualidade estabelecidas e com avaliações frequentes. ▪ Custos são o elemento chave para definir áreas com problemas

Responsável pela disseminação das metas de qualidade e do controle.

Planejamento e controle da qualidade. Sistema de comunicação.

Page 45: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

45

Tabela 3: Análise das forças e fraquezas das abordagens da qualidade. (BALLESTERO-ALVAREZ, 2012, p. 106)

AUTOR PONTOS FORTES PONTOS FRACOS

FEIGENBAUM

● Fornece abordagem

total ao controle de

qualidade.

● Enfatiza a importância

da administração.

● Inclui ideias de

sistemas sociotécnicos.

● Promove a

participação de todos os

funcionários.

● Não diferencia os diversos contextos da qualidade. ● Não reúne as diferentes abordagens administrativas.

DEMING

● Fornece lógica sistemática e funcional que identifica estágios de melhoria da qualidade. ● Enfatiza que a administração antecede a tecnologia. ● Liderança e motivação são vistas com importância acentuada. ● Valoriza os métodos estatísticos e quantitativos. ● Diferencia cultura oriental da ocidental.

● Plano metodológico e princípios de ação vagos. ● Abordagem de liderança e motivação é vista como personalizada. ● Não trata situações políticas ou coercitivas.

JURAN

● Enfatiza necessidade de abandonar a euforia exagerada e os slogans. ● Destaca a importância do papel do consumidor interno e do externo. ● Destaca a importância do envolvimento e comprometimento da administração. ● Forte em sistemas de controle.

● Não se relaciona com outras teorias de liderança ● Rejeita iniciativas participativas. ● Fraco nas dimensões humanas nas empresas.

ISHIKAWA ● Ênfase na importância ● Método de solução de

Page 46: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

46

Após o levantamento bibliográfico apresentado, percebe-se que há um

elemento comum em todos os aspectos analisados; trata-se da busca pela

melhoria, da ênfase na inovação e da prioridade à evolução.

O caminho mais seguro para se definir qualidade é através da política de

qualidade, que deverá estar de acordo com a missão, visão e objetivos da

empresa e/ou instituição. Tal política pode incluir mais de uma das abordagens

indicadas, ou no caso das classificações bibliográficas, focar em mais de um

dos critérios de qualidade.

da participação das pessoas para solucionar problemas. ● Composto de técnicas estatísticas e de orientação para as pessoas. ● Inicia a ideia dos círculos de controle de qualidade.

problemas visto como simplista. ● Transposição de ideias para ação pelos círculos de qualidade inadequada

TAGUCHI

● Qualidade desde o design. ● Qualidade é tema social e não apenas organizacional. ● Métodos desenvolvidos por engenheiros práticos e não apenas por teóricos. ● Forte em controle do processo.

● Difícil aplicar quando desempenho é difícil de medir, como no caso de serviços. ● Controle feito por especialistas. ● Fraco para motivar e administrar pessoas.

CROSBY

● Método claro e fácil de seguir. ● Participação do trabalhador é vista como fundamental. ● Convincente ao explicar a realidade e motivar as pessoas a iniciarem os projetos de qualidade.

● Culpa os trabalhadores pelos problemas. ● Enfatiza o óbvio. ● Desconhece dificuldades. ● Evita riscos.

Page 47: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

47

CAPÍTULO IV

CRITÉRIOS DE QUALIDADE

O ponto decisório na escolha do sistema de classificação é atender da

melhor forma as necessidades dos usuários, a fim de cumprir os objetivos da

instituição. Para isso, opta-se por um sistema que facilite a recuperação e

organização dos documentos. Entretanto, qual sistema utilizar? Quais os

critérios devem ser considerados nessa escolha?

Na tentativa de responder tais questões, pode-se pensar nos objetivos e

missão da instituição, necessidades e tipos de usuários, tipo do acervo e os

suportes encontrados, dentre outros fatores. No entanto, como citado

anteriormente, uma “notação não faz a classificação, embora possa arruiná-la”

(BLISS, 1939 apud FOSKETT, 1973). A partir desse aspecto, deve-se

direcionar atenção também para a escolha de um sistema de classificação.

A seguir serão apresentados os critérios estabelecidos por Foskett

(1973) e Piedade (1977) para uma notação de qualidade e, com isso, torna-se

possível analisar as classificações bibliográficas.

Tais critérios buscam alcançar determinadas qualidades, a fim de evitar

os ruídos na recuperação de informações. Dentre essas qualidades estão: a

ordem evidente dos assuntos, de forma clara e automática; permitir revelar

integralmente o assunto do documento; ser hospitaleira; ser flexível em sua

estrutura; ser expressiva; ser mnemônica e; ser breve e simples.

Essas são algumas das qualidades que uma notação deve possuir, e

com base nelas, os critérios foram desenvolvidos para garantir uma notação

que reflita da melhor maneira o arranjo sistemático.

4.1. Simplicidade

Como primeira qualidade a ser estudada está a simplicidade, que

segundo Foskett (1973) significa ser de fácil apreensão pela mente. Tal

qualidade independe da extensão ou caracteres utilizados na notação,

Page 48: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

48

referindo-se apenas a facilidade em apreender os símbolos. Com definição

semelhante, Piedade (1977) utiliza o termo facilidade como uma qualidade que

se refere a ser fácil de lembrar, falar ou escrever. Na presente análise entende-

se simplicidade e facilidade como termos sinônimos e complementares, visto

que por ser fácil de lembrar, falar ou escrever torna a notação de fácil

apreensão pela mente.

4.2. Brevidade

A segunda qualidade é a brevidade, referindo-se diretamente a extensão

da notação. Piedade (1977) e Foskett (1973) concordam ao ressaltar a estreita

relação da brevidade com a simplicidade, apesar de chamar atenção para suas

diferenças, ao analisar que em igualdade de condições, uma notação breve é

mais fácil de ser apreendida do que uma extensa; entretanto, ambas as

características não são dependentes entre si. Para que a notação de um

sistema de classificação alcance a brevidade, primeiramente, depende de dois

fatores que são: a base da notação e a distribuição dos assuntos. No que diz

respeito à base da notação está na razão inversa a sua extensão, ou seja,

quanto maior a base menor será a notação. E quanto à distribuição dos

assuntos se faz referência aos assuntos estáticos e dinâmicos, visto que ao se

criar um sistema de classificação deve-se prever ou ao menos tentar

acompanhar o surgimento de novos assuntos e com isso, pelo menos a

princípio, proporcionará uma notação extensa, o que com o passar dos anos,

continuará a se desenvolver apenas para os assuntos dinâmicos.

Outro ponto que afeta a brevidade é a síntese da notação, ou seja,

combinações para especificar um assunto composto. Pode-se perceber

claramente este fator através da CDU, por exemplo, em que para se alcançar

uma classificação detalhada, formam-se extensas notações, que por sua vez

dificultam a memorização. Como afirmado por Foskett (1973, p. 127), a “CDU é

o único esquema suficientemente minucioso” para sintetizar assuntos

compostos, entretanto cabe a cada instituição escolher as características das

Page 49: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

49

notações mais relevantes para o acervo e seus usuários, visto que ao detalhar

a notação, a brevidade será eliminada.

4.3. Memorabilidade

Ao abordar o fato que extensas notações, geralmente, dificultam a

memorização alcançamos a terceira qualidade importante para um sistema de

classificação, que é a memorabilidade e os meios mnemônicos. A mnemômica

diz respeito à associação de ideias, a memorização dos símbolos da notação, e

é dividida em dois tipos: sistemáticas e literais.

Os recursos mnemônicos sistemáticos, segundo Piedade (1977, p. 42),

dizem respeito ao mesmo símbolo ser “utilizado para representar ideias iguais

ou semelhantes, que, pela associação, facilitam guardar e compreender”. Ou

seja, refere-se a mesma notação, como o mesmo significado, independente de

onde ocorra. Na CDU pode-se encontrar esse recurso na classe de História,

por exemplo, utilizando o auxiliar geográfico: (81) significa o auxiliar de lugar

Brasil, ao se acrescentar o número 9 torna 981 que significa História do Brasil,

e se acrescentar 91, o 9181 refere-se a Geografia do Brasil, ou seja, através

desse recurso mnemônico, o símbolo 81 nos exemplos sempre faz referência

ao Brasil.

Por sua vez, as mnemônicas literais são recursos utilizados em

classificações alfabéticas, que segue a teoria de que ao utilizar as letras iniciais

dos termos na notação de um assunto, torna-se um fator que auxilia na

memória e associação de símbolos. Entretanto, cabe ressaltar, a especificidade

do idioma, visto que tal ajuda na memorização só terá real significado nos

lugares em que se fala a língua utilizada no sistema de classificação; para

qualquer outro país será apenas mais um símbolo, não servindo para o

propósito primário desta qualidade. (FOSKETT, 1973 ; PIEDADE, 1977)

Os recursos para se alcançar a memorabilidade, apesar de serem

aspectos consideráveis na notação, têm um valor duvidoso ao analisar a

prática de recuperação das informações, visto que para um usuário que não

frequente assiduamente a biblioteca dificilmente irá perceber tal ajuda ou até

Page 50: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

50

mesmo fazer associações ao ter em mãos a notação do assunto de interesse,

enquanto que um classificador ou bibliotecário, por exemplo, recordam grande

parte das notações, independentes de serem mnemônicas, devido o uso

constante. (FOSKETT, 1973)

No entanto, apesar deste contraponto, devem-se pesar os fatores que

contribuem para a memorabilidade e na medida do possível buscar alcançar

essa qualidade, uma vez que um sistema simples e de fácil apreensão é mais

bem aceito e reconhecido; porém, salientando o fato de se observar as

qualidades desejadas no sistema de classificação antes de se iniciar quaisquer

modificações nas tabelas.

4.4. Hospitalidade

Considerada por Foskett (1973) como a qualidade mais importante para

uma notação, a hospitalidade é entendida como a acomodação ou acréscimo

de novos assuntos em qualquer ponto da tabela que se julgar necessário, de

forma a não interferir na estrutura lógica do sistema de classificação ou em sua

ordem geral.

Ser hospitaleira é vista como uma qualidade essencial devido ao próprio

conhecimento que as notações representam, que não são estáticos, mas sim

dinâmicos. Permite-se tal inclusão na tentativa de acompanhar a evolução do

conhecimento e, com isso, atualizar os sistemas de classificação já existentes.

Outro ponto a ser destacado refere-se a inserção desses novos assuntos na

posição correta do esquema, a fim de não interferir em sua expressividade,

qualidade esta que será melhor examinada no item 4.6.

A fim de alcançar a hospitalidade da notação, Foskett (1973) apresenta

como uma solução a inclusão de intervalos ao longo do esquema, ainda na

fase inicial de sua elaboração, o que, no entanto, só adiará o dia em que se

esgotarão esses locais. E outra questão ao se deixar tais intervalos é a

dificuldade de prever em quais áreas do conhecimento surgirão novos assuntos

e, consequentemente, em quais partes da tabela esses assuntos serão

inseridos, o que não necessariamente coincidirá com os intervalos deixados a

Page 51: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

51

priori. Essa situação ainda pode ocasionar que assuntos sejam inseridos nos

intervalos e não nas posições corretas das tabelas sistemáticas dos esquemas

de classificação, distorcendo a ordem evidente necessária a esses esquemas.

Foskett (1973) ressalta a facilidade proporcionada pela utilização de

números decimais ao se incluir novos assuntos em qualquer ponto do

esquema, apoiando a hospitalidade do esquema. Também afirma que os

números decimais são os responsáveis pela aceitação dos esquemas mais

adotados, como por exemplo, a CDD. Entretanto, pode-se perceber que o

aspecto decimal da notação não é suficiente para garantir sucesso e alcance

dessa qualidade.

Após a apresentação anterior, baseada nas ideias de Foskett (1973)

depara-se com uma divergência conceitual ao se examinar Piedade (1977, p.

34), que entende hospitalidade como “a capacidade de permitir as divisões

necessárias”. Ou seja, enquanto Foskett (1973) defende a ideia de inclusão de

novos assuntos, na posição correta na tabela; Piedade (1977), por sua vez,

entende apenas como uma forma de subdividir as classes quando necessário,

com o foco na estrutura da tabela e, em nenhum momento, ressaltando para a

inserção de assuntos novos, até porque Piedade (1977) define esta qualidade

como flexibilidade, que será examinada com mais atenção no item 4.5.

Apesar de conceituações contraditórias quanto à definição de

hospitalidade, ambos os autores conversam ao apresentar dois tipos de

hospitalidade, que são em série e em cadeia. A hospitalidade em cadeia diz

respeito à subdivisão do mais geral para o mais específico; enquanto que a

hospitalidade em série ou em fileira refere-se à representação de assuntos

correlatos ou os vários focos de uma mesma faceta. Na prática, pode-se

entender que a hospitalidade em série permite o aumento quantitativo, no

entanto, perde-se expressividade. Enquanto que hospitalidade em cadeia

valoriza a hierarquia do esquema. (FOSKETT, 1973 ; PIEDADE, 1977).

4.5. Flexibilidade

Page 52: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

52

Outra qualidade importante para uma notação classificatória, a

flexibilidade é entendida como a possibilidade de alterar a ordem de citação e

de intercalação, a fim de melhor adaptar o arranjo sistemático a cada

necessidade. (FOSKETT, 1973)

Entende-se ordem de citação como a própria sequência já

preestabelecida e arbitrária indicadas pelos sistemas de classificação para se

montar a notação de um assunto; enquanto que a ordem de intercalação é a

inversão da ordem de citação, a fim de indicar o ponto mais relevante do

assunto, colocando-o no início da notação, o que se deve ter cuidado para

evitar ambiguidade ou até mesmo fazer referência para um assunto já existente

que não seja o escolhido. Ressalta-se, porém, que uma vez feita determinada

escolha, deve-se eliminar as demais alternativas (FOSKETT, 1973).

Semelhante ao que foi observado no item anterior, no que se refere à

flexibilidade, Piedade (1977) também apresenta ideia diferente da de Foskett

(1973). Para Piedade (1973, p. 37), flexibilidade ou expansibilidade é a

“capacidade da notação de permitir a inserção de novos assuntos nos pontos

adequados, sem alterar a ordem existente”. A autora ainda classifica dois tipos

de flexibilidade, que são: a extrapolação, ou seja, quando a inclusão de novos

assuntos ocorre no início ou no fim de uma determinada sequência, e;

interpolação, quando exige-se a inclusão no meio da sequência.

Visando a alcançar maior flexibilidade, Piedade (1977) apresenta duas

formas comumente utilizadas, que são: deixar símbolos vagos ao longo do

esquema de classificação e a utilização de novos tipos de caracteres. Também

ressalta o uso de indicadores de facetas, como os sinais gráficos da CDU, para

representar as subdivisões de assunto segundo determinada característica,

como tempo e lugar, por exemplo.

Observa-se que, apesar de denominar contrariamente os termos,

Foskett (1973) e Piedade (1977) apenas invertem as definições e explicações

de flexibilidade e hospitalidade. Ambos têm ideias semelhantes e

complementares, porém se utilizam de nomenclaturas divergentes na

denominação das qualidades.

Ao se deparar com tal situação, vê-se a necessidade da utilização de

definição em cada conceito, assim como, deixar claro sob qual ponto de vista a

Page 53: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

53

presente análise será realizada, a fim de evitar dificuldades no entendimento e

aplicação das qualidades na análise das notações.

4.6. Expressividade

A expressividade é a qualidade referente à estrutura do esquema, ou

seja, para que uma notação seja expressiva esta deve refletir a estrutura do

esquema, a subordinação e o relacionamento entre os assuntos. Esta

qualidade, também conhecida como estrutural ou hierárquica, auxilia o usuário

a se localizar na ordem sistemática do sistema de classificação. (FOSKETT,

1973 ; PIEDADE, 1977).

Ao se estudar as qualidades aqui apresentadas, entende-se que quanto

mais qualidades uma notação contemplar, mais eficiente será a representação

dos assuntos do sistema de classificação .

Cabe destacar a necessidade de sempre considerar o aspecto temporal

e até mesmo cultural do momento da criação de um sistema, antes de se

criticar ou mesmo julgar o valor intelectual do esquema em questão. Afinal,

qualquer arranjo sistemático exigirá revisão com o passar dos anos, a fim de se

manter a par do aumento dos conhecimentos, e pode muito bem acontecer que

em certas áreas o conhecimento cresça tão rapidamente que não possamos ter

a esperança de acompanhá-lo e ainda conservar uma notação conveniente

(FOSKETT, 1973, p. 126).

De qualquer forma, manter a estrutura do universo dos assuntos refletida

e representada corretamente num esquema de classificação torna-se uma

tarefa árdua ao se incluir novos assuntos com o passar do tempo. No entanto,

esta atualização é vital para o sucesso do esquema e, segundo Foskett (1973,

p. 132), a “hospitalidade é mais importante que a expressividade”. Porém, na

tentativa de amenizar esse problema e manter refletida a estrutura, existem

dois dispositivos que buscam alcançar a expressividade do esquema.

O primeiro é o dispositivo de setor, que consiste em repetir o dígito final

da base da notação, além de permitir fazer acréscimo no fim do conjunto de

classe, mas não no meio. E o segundo dispositivo é a notação em grupo ou

Page 54: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

54

notação centesimal, em que se acrescentam dois dígitos, ao invés de um dígito

do primeiro dispositivo, proporcionando uma base mais extensa no início.

Esses dispositivos permitem “indicar um número muito maior de tópicos como

sendo de categorias equivalentes” (FOSKETT, 1973, p. 133). Entretanto, tais

dispositivos também têm suas limitações, visto que esses acréscimos só

podem ser feitos se o esquema dispuser de lacunas nos lugares apropriados.

Apesar do possível conflito com a hospitalidade explicado anteriormente,

os argumentos a favor da expressividade se referem ao fato de que refletir a

estrutura ajuda o usuário a se localizar no arranjo sistemático, indicando a

ordem dentro da sequência. E optar por uma ou outra qualidade e julgar sua

relevância são decisões de cada instituição e seus objetivos.

4.7. Especificidade

A especificidade, como o próprio nome diz, refere-se a uma notação

exclusiva para cada assunto, representando através de símbolos próprios e

inconfundíveis tanto os conceitos simples, quanto os compostos e complexos

(PIEDADE, 1977).

Tal qualidade não é abordada diretamente por Foskett (1973), entretanto

ao dissertar sobre a síntese como fator que influencia na extensão dos

símbolos, o autor complementa esta qualidade apresentada por Piedade (1977)

ao tratar sobre ambiguidade, que neste caso diz respeito à mesma notação

significar mais de um assunto, ou seja, não ser específica.

Foskett (1973, p. 137) argumenta que para eliminar a ambiguidade “o

que temos de fazer é rotular não só os focos dentro de uma faceta, mas

também a própria faceta”. Uma forma de exemplificar tal afirmativa é através

dos indicadores de faceta da CDU, pois mesmo que seja um emprego arbitrário

dos sinais gráficos, tal solução além de evitar ambiguidade, também ajuda a

obter uma classificação mais detalhada e, logo, mais específica.

Page 55: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

55

CONCLUSÃO

Dissertar sobre classificações bibliográficas e critérios de qualidade para

as notações classificatórias, em meio a um cenário de avanço tecnológico e

suposições sobre o fim do livro, pode parecer, em princípio, um tanto

conservador ou alheio a quaisquer mudanças nas atividades biblioteconômicas.

Entretanto, aborda-se uma questão conceitual maior, trata-se da representação

do universo de assuntos, necessária a qualquer tentativa de organização da

informação, independente do suporte informacional.

Ao longo da pesquisa, observou-se que uma das maiores dificuldades

das classificações bibliográficas é acompanhar a evolução do conhecimento,

de forma a interferir minimamente na estrutura do esquema. Portanto, ao inserir

os códigos de assuntos na tabela sistemática, a intenção é de garantir a

permanência de uma ordem evidente e fiel ao esquema sistemático. Tais

pontos são essenciais para o sucesso de qualquer sistema de classificação.

A notação foi o fator escolhido para o estudo de qualidade dos sistemas

de classificação. Os critérios utilizados foram os de Foskett (1973) e Piedade

(1977), entretanto, pôde-se perceber, a partir de um levantamento bibliográfico

previamente realizado, a escassez de material de referência no que se refere a

critérios de qualidade ou formas de avaliação de sistemas de classificação e,

mais especificamente, de suas notações. Critérios de avaliação são

necessários em qualquer atividade, a fim de verificar se os objetivos propostos

estão sendo alcançados, além de identificar quais melhorias e alterações

precisam ser realizadas.

Conforme constatado, CDD, CDU e CDDir, apresentam, sim,

preocupações relacionadas à atualização de suas edições, de modo a atender

a demanda informacional dos utilizadores das classificações. No entanto,

pensar apenas na inserção e/ou extinção e/ou realocação de assuntos, sem se

preocupar com a representação do universo de assuntos, pode ser prejudicial à

estrutura e à ordenação do esquema sistemático, consequentemente, suas

notações estarão comprometidas e a organização lógica dos assuntos e

disposição física dos documentos serão afetadas negativamente.

Page 56: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

56

Os sistemas analisados apresentam pouca ou nenhuma hospitalidade,

que permita a inserção de novos assuntos ou notações. No entanto, são

esquemas reconhecidos e utilizados por diversas bibliotecas e centros de

documentação. Talvez por praticidade, expressividade ou especificidade, estes

sistemas ainda atendem as necessidades de organização informacional.

Não coube, neste trabalho, o julgamento de cada um dos sistemas de

classificação, com a finalidade de sugerir preferências de um com relação ao

outro. O propósito deste estudo foi elucidar alguns aspectos importantes

relativos à forma com que os esquemas de classificação representam seus

assuntos. Pesquisas desta natureza podem ser aplicadas a outros sistemas de

classificação ou a campos e classes de assuntos, de modo a contribuir para o

conhecimento que se tem sobre a classificação de assuntos especializados.

Além da análise das notações classificatórias, aspectos como eficiência

na recuperação da informação, usabilidade do sistema por parte dos usuários

ou relevância dos assuntos abordados, podem ser aspectos fundamentais para

os estudos de caráter avaliativo das atividades biblioteconômicas, sobretudo,

em investigações sobre classificações de assuntos. A tarefa do bibliotecário e

documentalista é expandir a compreensão da classificação e aprender a usá-la

mais eficazmente na comunicação da informação registrada. Ele deve valorizar

a classificação não como um instrumento, mas como uma disciplina na qual se

estude a reação da resposta de uma mente viva para o registro produzido por

uma mente distante e geralmente desconhecida; uma disciplina que busca

alcançar uma compreensão melhor dos padrões em mudança do pensamento

e os pontos de contato em que eles se relacionam com unidades específicas

de informação registrada.

Por isso, divulgar esta forma de avaliação, apresentando critérios de

qualidade essenciais para uma notação classificatória, por meio da aplicação

desses critérios e comparação da representação dos assuntos de uma dada

área (em diferentes sistemas de classificação), pode se configurar como um

eficiente estudo à área da organização da informação.

Page 57: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

57

BIBLIOGRAFIA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023 – Informação e documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002. 24 p. ______. NBR 6024 – Informação e documentação – Numeração progressiva das seções de um documento escrito – Apresentação. Rio de Janeiro, 2003. 3 p. ______. NBR 6027 – Informação e documentação – Sumário – Apresentação. Rio de Janeiro, 2003. 2 p. ______. NBR 6028 - Informação e documentação: resumo – apresentação. Rio de Janeiro, 2003. 2 p. ______. NBR 10520 – Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação. Rio de Janeiro, 2002. 7 p. ______. NBR 14724 – Informação e documentação – Trabalhos Acadêmicos – Apresentação. Rio de Janeiro, 2011. 15 p. ARANALDE, M. M. Reflexões sobre os esquemas categoriais de Aristóteles, Kant e Ranganathan. Ci. Inf., Brasília, v. 38, n. 1, p. 86-108, jan./abr. 2009. BALLESTERO-ALVAREZ, María Esmeralda. Gestão de qualidade, produção e operações. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2012. BURKE, P. Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Tradução de Plínio Dentzein. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2003. CAMPOS, Maria Luiza de Almeida. Linguagem Documentária: teorias que fundamentam sua elaboração. Niterói: EdUFF, 2001. CARVALHO, Marly Monteiro (coord.); PALADINI, Edson Pacheco (coord.). Gestão da qualidade: teoria e casos. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. FOSKETT, A. C. Abordagem temática da informação. São Paulo: Polígono, 1973. GARVIN, David A. Gerenciando a qualidade: a visão estratégica e competitiva. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. GUARIDO, Maura Duarte Moreira. Como usar e aplicar a CDD 22ª edição. Marília: Fundepe; São Paulo: Coordenadoria Geral de Bibliotecas da UNESP, 2008.

Page 58: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

58

HÖFFE, O. Aristóteles. Tradução de Roberto Hofmeister Pich. Porto Alegre: Artmed, 2008. LANGRIDGE, D. Classificação: abordagem para estudantes de biblioteconomia. Tradução Rosali P. Fernandez. Rio de Janeiro: Interciência, 1977. MATA, J. V. T. da. Introdução às categorias. In: Aristóteles. Categorias. 2 ed. Tradução [do grego clássico] de José Veríssimo Teixeira da Mata. São Paulo: Martim Claret, 2010. (Coleção a obra prima de cada autor, 305). p. 11-66. MARSHALL JUNIOR, Isnard [et. al.]. Gestão da qualidade. 10.ed. Rio de Janeiro: FGV, 2010. (Série Gestão Empresarial).

PALADINI, Edson Pacheco. Gestão estratégica da qualidade: princípios, métodos e processos. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2009. PIEDADE, M. A. Requião. Introdução à teoria da classificação. Rio de Janeiro: Interciência, 1977. PIEDADE, M. A. Requião. Introdução à teoria da classificação. 2. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 1983. RANGANATHAN, S. R. Prolegomena to library classification. 3. ed. Bombay, Asia Publ. House, 1967. SILVA, Odilon Pereira da; GANIM, Fátima. Manual da CDU. Brasíllia: Briquet de Lemos/Livros, 1994. VICKERY, B. C. Classificação e indexação nas ciências. Rio de Janeiro: BNG/Brasilart, 1980.

Page 59: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

59

WEBGRAFIA CARVALHO, Dóris de Queiroz. Classificação Decimal de Direito. 4. ed. Brasília: Presidência da República, 2002. Disponível em <http://www4.planalto.gov.br/centrodeestudos/assuntos/classificacao-decimal-de-direito/classif-decimal.pdf > Acesso em 16 out. 2016.

DAHLBERG, I. Teoria da classificação, ontem e hoje. Tradução do inglês por Henry B. Cox. BITI: Biblioteconomia, Informação & Tecnologia da Informação. Rio de Janeiro, 2004. Palestra apresentada à Conferência Brasileira de Classificação Bibliográfica, Rio de Janeiro, 12-17 de setembro de 1972. Anais. Brasilia, IBICT/ABDF, 1979. v. 1, p. 352-370. Disponível em: <http://www.conexaorio.com/biti/dahlbergteoria/dahlberg_teoria.htm> Acesso em 13 out. 2016.

KAULA, Prithvi N. Repensando os conceitos no estudo de classificação. (Baseado no artigo submetido à 4. Conferência sobre Pesquisa em Classificação, Asburg, Alemanha Ocidental, de 20 de junho a 2 de julho de 1982) Disponível em < http://www.conexaorio.com/biti/kaula/index.htm> Acesso em: 10 out. 2016.

SCHREINER, Heloisa Benetti. Considerações históricas acerca do valor das classificações bibliográficas. Conferência Brasileira de Classificação Bibliográfica. Anais, v. 1. Rio de Janeiro, IBICT/ABDF, 1979, p. 190-207. Disponível em <http://www.conexaorio.com/biti/schreiner/> Acesso em 10 out. 2016. SHERA, Jesse H. Padrão, estrutura e conceituação na classificação. Tradução de Hagar Espanha Gomes. BITI: Biblioteconomia, Informação & Tecnologia da Informação. Rio de Janeiro, 2004. Publicado originalmente em 1957. Disponível em: < http://www.conexaorio.com/biti/shera/index.htm >. Acesso em: 13 out. 2016.

Page 60: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL · organizar ideias e pensamentos. Segundo Vickery (1980, p. 23), “classificar, na acepção mais simples do termo, é reunir coisas

60

ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Biblioteconomia e a classificação de assuntos 10

1.1. Sistemas de classificação 10

1.2. Classificações bibliográficas 11

1.3. Classificações decimais 14

1.3.1. Classificação Decimal de Dewey 15

1.3.2. Classificação Decimal Universal 18

1.3.3. Classificação Decimal de Direito 29

CAPÍTULO II

Notações 34

2.1. Tipos de notações 35

2.2. Finalidades das notações 36

CAPÍTULO III

Qualidade: conceitos e teorias 38

CAPÍTULO IV

Critérios de qualidade 47

4.1. Simplicidade 47

4.2. Brevidade 48

4.3. Memorabilidade 49

4.4. Hospitalidade 50

4.5. Flexibilidade 51

4.6. Expressividade 53

4.7. Especificidade 54

CONCLUSÃO 55 BIBLIOGRAFIA 57 WEBGRAFIA 59