Upload
buidiep
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
QUANDO „CAI A FICHA‟ - O AUDIOVISUAL COMO NOVA
FERRAMENTA NA MEDIAÇÃO DOS CONFLITOS DE FAMÍLIA.
Por: Márcia Pereira Lara Campos
Orientador
Prof. William Rocha
Rio de Janeiro - RJ
2016 DOCUMENTO P
ROTEGID
O PELA
LEID
E DIR
EITO A
UTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
QUANDO „CAI A FICHA‟ - O AUDIOVISUAL COMO NOVA
FERRAMENTA NA MEDIAÇÃO DOS CONFLITOS DE FAMÍLIA.
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como condição prévia para a
conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato
Sensu” em Mediação de Conflitos com ênfase em
Família. São os objetivos da monografia perante o
curso e não os objetivos do aluno.
Por: Márcia Pereira Lara Campos.
3
AGRADECIMENTOS
....à família incentivadora; aos amigos
mediadores, parceiros nesta função devocional de
mediar conflitos; às amigas Rosemary Felix e Márcia
Grillo por me abrirem um mundo novo, aos ilustres e
dedicados mestres que me contagiaram com o amor
pela causa da pacificação social e por fim, aos
autores que generosamente eternizaram suas
experiências e sabedoria em livros, possibilitando a
consulta e o estudo e, por fim, à todos que de
alguma forma contribuíram para este trabalho.
5
RESUMO
Percebe-se atualmente na prática da Mediação nos casos de Família
que o eficiente método promove grande melhora na comunicação e no
relacionamento entre os mediandos (termo usado para definir os que procuram
a Mediação para solucionar conflitos). Porém, quanto ao processo de
conscientização, traduzido na expressão coloquial „CAIR A FICHA‟,
fundamental para a transformação positiva do protagonismo destes pares
parentais em conflito, este ainda se revela lento e difícil, geralmente
impossibilitando o consenso final sobre as questões trazidas, tendo várias
destas que ser remetidas ao judiciário para solução final. Este trabalho vem
propor o uso de novas ferramentas, especificamente as visuais e audiovisuais,
para se atingir uma eficácia completa no procedimento, com mais eficiência.
No campo da Pedagogia, a hipótese já é comprovada, sendo patente o
entendimento sobre o quão eficazes se revelam estas ferramentas para o
aprendizado e para a transformação pessoal por ampliação da consciência.
Assim, trazendo-se luz a autores diversos pertinentes ao tema, conclui-se por
comparação, a total pertinência da inclusão dessas ferramentas no
procedimento mediativo, para tornar mais fácil e direto ou mais leve e lúdico, o
caminho para a construção de consenso na Mediação nos casos de família.
6
METODOLOGIA
Os métodos utilizados são leitura de diversos autores, pesquisas na
Internet (anexas) e dados de pesquisa realizada no Tribunal de Justiça, pelo
Centro Judiciário de Solução de Conflitos – CEJUSC, de Jacarepaguá,
gentilmente cedidos por sua coordenadora Vanja Borges (também anexo ao
final).
A premissa da necessidade de se incluir novos métodos que auxiliem no
aspecto pedagógico e conscientizador do procedimento medianeiro, nasce da
lida diária em mediação de conflitos de família, das dificuldades durante as
reuniões, da observação dos mediandos em atendimento de Mediação nos
Tribunais antes citados, desde 2012 e do resultado de pesquisas, como citado
acima. A confirmação dos benefícios se dá por lógica e comparação ao uso
desses métodos tanto na área da Pedagogia, quanto nas Oficinas de
Parentalidade e Convivência, ou Oficina de Pais, oferecidas nos tribunais
brasileiros (tipos de reuniões em grandes grupos para assistir vídeos e
palestra, no intuito de sensibilizar e conscientizar os pares parentais quanto a
necessidade de se extinguir o clima conflituoso e atingir o consenso sobre os
impasses relacionados tanto aos mesmos, quanto a seus filhos para que
possam prosseguir em paz e harmonia no novo formato de convivência
familiar.
Assim vai-se costurando o raciocínio, a princípio resumindo-se um
entendimento teórico sobre Conflito e Mediação. A seguir partindo-se para a
questão central: como atingir maior eficácia na Mediação nos casos de família,
buscando apresentar um conhecimento detalhado sobre eficácia,
conscientização e sobre as ferramentas de que dispõe hoje o mediador de
conflitos. Ao final, apresenta-se a conclusão de todo o exposto.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
CONFLITO E MEDIAÇÃO.
Relembrando conceitos e propósitos. 11
CAPÍTULO II
EFICÁCIA, EFICIÊNCIA, CONSCIENTIZAÇÃO,
PEDAGOGIA. O que isto tudo quer dizer? 24
CAPÍTULO III
COMO TORNAR MAIS EFICAZES E EFICIENTES,
A CONSCIENTIZAÇÃO E A PEDAGOGIA NA
MEDIAÇÃO DOS CONFLITOS DE FAMÍLIA? 41
CONCLUSÃO 53
ANEXOS 54
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E/OU CITADA 92
TEXTOS OBTIDOS NA INTERNET 93
ÍNDICE 95
FOLHA DE AVALIAÇÃO 97
8
INTRODUÇÃO
Desde Aristóteles, no século III, seguindo-se por Augusto Comte, no
século XVIII, até os atuais pensadores da Sociologia, todos em uníssono
definem o homem como UM SER SOCIAL. Há no ser humano a semelhante
característica de se relacionar com outros seres humanos (ou socializar-se),
uma necessidade de pertencer a um grupo para sustentação mútua,
preservação e desenvolvimento. Porém esta característica não extingue outra
tão evidente em nós, que é a de sermos seres únicos, pensarmos e
percebermos o mundo que nos cerca de maneira própria, original e diferente
entre nós. É dentro desta dicotomia que se desenrola o desafio do progresso
da humanidade.
Desta atração mútua surgem, desde as famílias primitivas até as mais
contemporâneas, de desenhos tão peculiares, assim como os grupos e
sociedades organizadas ou não. Também é desta atração mútua, da
necessidade de pertencimento, em face das originalidades pessoais que se
revelam como fortes diferenças, que surgem os atritos, os “CONFLITOS”,
sendo estes, portanto, natural consequência da vida em sociedade.
No intuito de oferecer regramento que auxilie a organização desta
vivência em grupo ou sociedade e solucionar os conflitos, o Estado exerce sua
função legislando e aplicando as leis através do judiciário, diante das
demandas dos cidadãos, nunca, portanto, conseguindo alcançar a rapidez ou
dinamismo com que a sociedade se redesenha e transforma suas demandas,
muito menos alcançando a profundidade revelada em determinados casos.
É neste contexto que, há algumas décadas, surge a Mediação de
Conflitos como método alternativo à aplicação da lei pelo Estado-Juiz, nos
casos onde se demonstre ser necessário tratamento jurisdicional “mais
adequado”. Isto se dá primeiro pela característica da convivência continuada
9
dos envolvidos; segundo pela possibilidade de a questão transcender à
limitação do texto legal, onde há apenas as figuras do vencedor e do perdedor
da demanda, minimizando o entendimento sobre elas, como se somente
houvesse estas duas perspectivas na vida, principalmente na vida em família.
Em terceiro lugar, surge este método cuidando da limitação do paradigma do
poder exercido pela imposição, do terceiro julgador com poder de decidir a
vida dos jurisdicionados, ao proporcionar outro, onde as partes são igualmente
empoderadas (termo usado em Mediação para equilíbrio de poder entre as
partes) para protagonizar a solução pacífica e consensual de seu próprio
conflito, de suas demandas, com o auxílio de facilitadores de diálogo – os
mediadores.
Pode-se dizer que surge a Mediação de Conflitos, como uma
oxigenação na justiça brasileira, tanto no tocante à visão paradigmática,
quanto à visão da adequabilidade dos tratamentos aos tipos de demandas e
conflitos, estendendo-se também ao âmbito privado. Surge este método
baseado unicamente na comunicação, baseado na facilitação do diálogo entre
as partes envolvidas pelos facilitadores, ou mediadores. Surge amparada
numa única ferramenta- a fala, o diálogo. E sabe-se o quanto é doloroso
perceber-se como protagonista no fomento de situação sofrida ou conflituosa.
É comum do ser humano ter dificuldade em perceber-se, uma vez que a
maioria das pessoas entende o erro e o conflito como negativos, numa
sociedade que castiga, pune quem comete erros.
Sendo o diálogo a ferramenta pedagógica usual no procedimento da
Mediação, para facilitar a conscientização dos pares parentais quanto as suas
participações implicativas no conflito familiar, ocorre que se torna um
procedimento lento e, via de regra, delicado, para não dizer sofrido, apesar de
muito satisfatório em seus resultados ao final.
Já os recursos audiovisuais e dinâmicos têm suas excelentes eficácia e
eficiência comprovadas na Pedagogia em geral, como será apresentado e,
10
inclusive, no judiciário já são usados como ferramenta pedagógica e
promovedora de consciência nas Oficinas de Pais do Judiciário com sucesso.
As Oficinas de Pais são espaços nos quais as partes têm a oportunidade de
repensar seus papéis e expor suas expectativas relacionadas aos seus novos
contextos. Elas foram criadas no âmbito do judiciário com o objetivo de
promover a reflexão acerca da nova configuração familiar e dos papéis
parentais em famílias separadas e acontecem em grupos, com data e hora
determinada.
É natural que estas ferramentas auxiliares possam passar a integrar a
rotina das mediações de família, tanto âmbito judicial quanto no privado,
trazendo mais leveza, até ludicidade, celeridade e mais eficácia no
procedimento de conscientização.
Quando “cai a ficha”- O audiovisual como nova ferramenta auxiliar na
Mediação de família, é um trabalho que vem buscar introduzir novas
ferramentas na “caixa de ferramentas” (termo sacramentado por Tania Almeida
em seu livro Caixa de Ferramentas em Mediação - aportes práticos e teóricos,
Dash, SP, 2013) do mediador de família. Defende-se, portanto, a eficácia da
utilização de ferramentas audiovisuais e dinâmicas como elementos
pedagógicos no processo de conscientização, na Mediação de Família, desta
forma, tornando mais suave, célere e eficaz o processo de conscientização
dos pares parentais sobre seu protagonismo quanto aos conflitos manifestos.
11
CAPÍTULO I
CONFLITO E MEDIAÇÃO
Relembrando conceitos e propósitos.
1.1 - CONFLITO:
1.1.1 – Conceito:
Conforme Berg (2012), a palavra conflito vem do latim conflictus, que
significa choque entre duas coisas, embate de pessoas, ou grupos opostos
que lutam entre si, ou seja, é um embate entre duas forças contrárias. Algo
ruim, sofrido e violento, depreende-se.
Seguindo-se esta linha de raciocínio ainda com um tom de negatividade,
porém mais atenuada, destaca-se a visão sobre o conflito, de Etelman, (2005),
‖uma relação será de conflito quando os atores perseguirem metas e objetivos
incompatíveis ou algum deles assim o perceber. Pode ser concreto, simbólico
ou transcendente‖.
Assim, durante muito tempo a conduta assumida pelo Estado para
organizar e resolver os conflitos advindos das relações dos cidadãos envolveu
a punição ao criador do conflito, a partir da litigância no âmbito judiciário,
tendo o Estado-juiz que decidir o destino das pessoas baseado num elenco de
normas que definem o que é considerado certo ou errado, lícito ou ilícito,
aceitável ou condenável, normas estas quase nunca revistas para atualizarem-
se às constantes mudanças da sociedade.
Neste formato confrontador, os envolvidos diretos no conflito não falam,
sendo suas vontades e necessidades interpretadas e apresentadas pelo
advogado, ou seja, em resumo, um estranho aos acontecimentos fala e outro
decide. Mesmo quando se trabalha um acordo, este é também limitado pelos
dispositivos legais e negociado pelo advogado, num sistema de “cada um cede
12
um pouco”, ou de convencimento – vê-se nesta última palavra o termo
„vencido‟, perdedor.
Modernamente resgatou-se a visão antiga oriental (os ideogramas
chineses para „conflito‟ são os mesmos para „crise‟, que traduzidos querem
dizer „oportunidade‟), presente na definição de Burbridge; Burbridge (2012) em
que define como sendo naturais e em muitos casos necessários os conflitos ao
desenvolvimento social humano. Segundo eles, ―são o motor que impulsiona
as mudanças.‖
Nesta esteira, a percepção contemporânea vai além e coloca o conceito
de conflito como fato neutro e, dependendo da forma como se lidará com ele,
poderá restar como fato positivo, agregador ou negativo, desagregador,
dependendo da conduta adotada pelos envolvidos, que poderá ser de evitar,
aceitar, ceder, competir, transformar-se, comprometer-se, colaborar
empaticamente com criatividade, pensar em soluções que atendam as
necessidades dos envolvidos etc.
Portanto, sabendo-se que os conflitos possuem escopo muito mais
amplo do que o elenco de leis é capaz de tutelar, consequentemente
distinguindo-se aquilo que é trazido ao judiciário enquadrado no rol legal, do
que efetivamente é interesse das partes, fez-se mister uma outra forma mais
atualizada e adequada, flexível e abrangente, para lidar com as demandas
que chegavam ao judiciário, que pudesse melhor atender às necessidades das
partes dentro de um novo paradigma de percepção do conflito - como um
potencial de transformação positiva.
Esta percepção do conflito como fato neutro a ser corretamente
„manuseado‟ para traduzir-se em oportunidade de mudança para melhor, que
pacifica, agrega e transforma tanto os envolvidos diretamente, quanto os
envolvidos indiretamente e as situações vividas fez renascer de maneira
adaptada à realidade atual, a prática da mediação de conflitos no mundo
ocidental.
13
1.1.2 – Propósito:
A impossibilidade de sempre a originalidade de um indivíduo, em
constante transformação, coincidir com a originalidade de outro indivíduo,
também em constante transformação gera a possibilidade de surgir conflito de
ideias e interesses. O conflito causa desordem na ordem estabelecida, tanto
interna, como da relação dos sujeitos e dos grupos gerando desde desconforto
até um mal estar que torna insustentáveis as relações, podendo chegar às
raias da violência.
A necessidade de se restabelecer o senso comum, a sintonia, a
concordância ou a tolerância, gerando bem estar e trazendo paz e fluidez para
as pessoas e grupos em suas relações, ainda que em novo nível de
entendimento, desvela uma evolução social, cultural, científica etc.
Deduz-se assim, terem os conflitos um propósito disparador da evolução
humana, se bem manejados.
1.2 – MEDIAÇÃO:
1.2.1 – História:
De acordo com Barbosa (2015): “A mediação tem tradição milenar entre
povos antigos. Entre os judeus, chineses e japoneses, a mediação faz parte da
cultura, dos usos e costumes, muitas vezes integrando rituais religiosos...”
(BARBOSA, 2015).
Consequentemente, também a figura do Mediador, seja por talentos
pessoais, tradição e/ou consideração e legitimidade para tal, tem tradição
milenar e a prática continua ocorrendo naturalmente no mundo atual. Um
membro de uma família pode atuar como polo neutralizador ou mediador dos
14
conflitos deste núcleo, um sacerdote de qualquer religião e, até mesmo entre a
marginalidade pode haver um mediador, uma mediação costumeira.
Contudo, a Mediação de Conflitos de que aqui se fala, é aquela
reconhecida e adotada profissionalmente, no âmbito privado ou por
voluntariado (no âmbito do judiciário) no mundo ocidental, que apesar de
mostrar singelas diferenças entre países, segue um eixo único de princípios,
procedimentos, métodos, ferramentas, características e propósitos. Este
instituto há algumas décadas somente, por volta dos anos 40, apresenta-se e
instala-se, sendo hoje praticado cotidianamente em diversos países de todo o
mundo.
No Brasil, apesar de introduzida timidamente em torno de vinte anos
atrás, somente agora, no final de 2015 vige pleno o marco legal da mediação
brasileira– Lei 13.140, de 2015, complementado e orientado pelo novo CPC,
Lei 13.105/2015, em vigor desde março de 2016. Um instituto ideal, um método
correto e adequado de manuseio de conflitos, que tenham como característica
a convivência continuada de seus participantes. Este recorte deve-se ao fato
de que conflitos pontuais entre pessoas que não tem convivência continuada,
podem ser resolvidos sem a necessidade de resgate do canal de
comunicação, do vínculo social e manutenção de alguma mínima qualidade de
convivência, produtiva e pacífica. A Mediação de Conflitos tem este escopo
fundamental (dados colhidos no Manual de Mediação Judicial – CNJ-2015).
1.2.2 – Conceito:
Existem diversas definições de mediação de conflitos por parte dos
autores. A psicóloga Stella Breitman e a advogada Alice Porto, no livro
Mediação Familiar – uma intervenção em busca da Paz (Ed. Criação Humana-
2001, p.46), apresentam como sendo uma das definições mais abrangentes a
de Tânia Almeida, pesquisadora, autora, consultora e mestra em Mediação de
Conflitos, a seguir transcrita:
15
A mediação é um processo orientado a conferir às pessoas nele envolvidas a
autoria de suas próprias decisões, convidando-as à reflexão e ampliando
alternativas. É um processo não-adversarial dirigido à desconstrução dos
impasses que imobilizam a negociação, transformando um contexto de
confronto em contexto colaborativo. É um processo confidencial e voluntário
no qual um terceiro imparcial facilita a negociação entre duas ou mais partes
onde um acordo mutuamente aceitável pode ser um dos desfechos possíveis.
1.2.3 – Princípios:
A Mediação é orientada por princípios basilares:
a) Voluntariedade – a liberdade das partes em participar ou não.
b) Confidencialidade – o que é dito em reunião é confidencial e não
pode ser usado em processo judicial.
c) Informalidade - não segue ritos e documentos como os do judiciário.
d) Isonomia – não há diferença de posto ou poder entre os
participantes, não há a figura do melhor ou do pior, o certo ou o errado, o
ganhador ou o perdedor. As partes são igualmente empoderadas.
e) Autonomia das decisões, ou auto composição - as próprias partes
decidem em como será dali para frente, ética e empaticamente e, o Juiz ratifica
o termo do consenso, homologando-o, sem imposição da decisão sobre as
partes como nas sentenças.
f) Decisão informada – as partes podem e devem se informar com
profissionais sobre qualquer aspecto (jurídico, psicológico etc) antes de suas
decisões e comprometimentos.
g) Não competitividade – é um procedimento colaborativo com decisões
por consenso, que satisfaça a todos.
16
Destaque-se que isonomia, auto composição empática, resolução de
conflitos por consenso e espírito colaborativo não fazem parte do paradigma
geral dos brasileiros, ainda arcaico. Trata-se de um pensar/agir
contemporâneo, mais amadurecido - um paradigma novo para a nossa
sociedade, alinhado com a ideia de construção conjunta e colaborativa de um
mundo melhor, uma sociedade mais pacificada e feliz. Por isso mesmo
demanda uma reflexão profunda dos participantes sobre valores, visão de si
mesmos e do mundo que se quer construir, em contraste com o que se
apresenta.
1.2.4 – Características:
Trata-se de procedimento multidisciplinar, podendo atender à diversas
áreas, tais como empresarial, consumerista, comunitária, escolar, criminal
(Juizados Especiais) e, familiar - ênfase deste trabalho.
A principal característica da Mediação é chegar à solução do conflito
resgatando e/ou mantendo o vínculo social, o vínculo de comunicação e a
confiança entre os envolvidos para a continuidade da convivência social num
novo sistema ou desenho. Outra importante é ter o diálogo como processo.
Assim sendo, dialogam as partes entre si auxiliadas pelos mediadores,
podendo ou não os advogados ficar assistindo, à disposição para consultas e
orientações jurídicas sobre o que se define em consenso pelos protagonistas
como sendo o plano de convivência dali por diante.
Outras características se confundem com os benefícios deste instituto:
como a de restauração do canal e da qualidade da comunicação e da
confiança e, com isto, o espírito colaborativo fundamental para que haja o
consenso e, para que este reflita solução que realmente atenda às
necessidades de todos os envolvidos, num sistema ganha/ganha, ao invés do
ganha/perde da litigância tradicional. Também as características da
17
informalidade, pela ausência dos ritos processuais e, a da celeridade, que
comparadas ao procedimento jurídico, tornam a Mediação muito mais ágil e
produtiva. A Mediação também se enquadra em característica, como um
espaço de criatividade pessoal e social, um acesso à cidadania.
1.2.5 – Estilos:
Percebe-se por parte dos doutrinadores, estilos ou tipos distintos de
mediação, conformando três escolas clássicas: a) a Linear; b) a Circular
Narrativa; c) a Transformativa.
a) O modelo Linear ou de Harvard, adotado oficialmente no judiciário
brasileiro, como mencionado no Manual de Mediação Judicial (2015), tem
como base a mediação passiva, ou seja, não existe a intervenção direta do
mediador, que apenas exercerá o papel de facilitador do diálogo entre as
partes, utilizando-se de técnicas para alcançar o objetivo principal desta linha,
que é a construção do acordo. Revela-se mais negocial e bem adequado à
mediação empresarial e consumerista.
Acentua Eliana Riberti Nazareth: ―Tende a focalizar questões mais
aparentes dos conflitos e buscar soluções práticas. As questões de ordem
subjetivas e emocionais não costumam ser abordadas. (Nazareth,2009, p.66)‖.
Segue seu relato como segue:
Desenvolve-se em cinco estágios: contracting (o mediador estabelece o
contato entre os interessados, explica as regras, parâmetros e limites do
procedimento, traz segurança e esclarecimento sobre as vantagens e
desvantagens de se trabalhar em uma via diversa da judicial); developing
issues (através da escuta ativa, a identificação das questões, interesses e
necessidades que importam às partes); looping (o mediador faz uma série de
perguntas às partes e parafraseia até que o próprio interessado consiga
externar seu verdadeiro propósito); brainstorming (chuva de ideias e
18
alternativas razoáveis à solução da controvérsia); drafting the agrément
(construção e celebração do acordo).
b) O modelo Circular Narrativo, de Sarah Cobb, mediadora americana,visa
também a construção do acordo, mas em paralelo cuida da relação social dos
envolvidos e inclui suas redes de pertinência, numa visão sistêmica do caso.
Para tal se fundamenta na psicologia do ―eu‖ reforçada nos participantes pelos
mediadores, priorizando a narrativa do envolvido, de si, ao invés de colocar
sua opinião sobre o outro; reformula, afirmar com outras palavras,
parafraseando positivamente o que foi dito pela parte; legitima e estimula a
pessoa a entender a relação de causalidade (causa/efeito), mostrando a
possibilidade de transformação da situação a partir da mudança para uma
narrativa re-significada para melhor.
c) O modelo Transformativo, de Bush; Folger (2004), autores do livro ‗A
Promessa da Mediação: uma abordagem transformativa do conflito‘, cuja
proposta fundou escola e reuniu seguidores.
O modelo Transformativo não apenas visa o consenso e a transformação do
conflito manifestado, mas principalmente visa que os próprios envolvidos se
transformem. Verifica-se que, transformando-se pela empatia e
conscientização, aprendendo a se comunicarem de forma mais produtiva,
empoderados (termo usado em Mediação para contrapor a posição de não
protagonismo de um ou ambos mediandos) de forma isonômica e estimulados
a refletir sobre suas reais necessidades para atender aos seus sentimentos,
estimulados à geração de novas alternativas, distintas das posições iniciais
engessadas, que considerem o todo da situação e as necessidades de todos
os envolvidos, torna as pessoas capazes de agir de forma colaborativa tanto
na atualidade, quanto nos futuros possíveis conflitos que venham a surgir. Em
síntese, trabalha o conflito na sua integralidade, ou seja; o aspecto emocional,
afetivo, relacional, financeiro, psicológico e legal.
Dentro desta ótica, a mediação transformativa mostra-se principalmente
adequada aos conflitos de família, onde esse cuidado com os aspectos
subjetivos, sentimentais, psicológicos, tem enorme peso atuando
positivamente não só nos envolvidos diretos, os ex-cônjuges, como sobre os
indiretamente envolvidos (rede de pertinência), principalmente os filhos, que
tanto sofrem sob a dinâmica destrutiva do conflito escalado pelos pais. Sua
meta basilar: a transformação dos sujeitos, sendo o aspecto negocial e o
19
acordo formal, uma mera consequência disso, podendo ser dispensável ao
procedimento.
1.2.6 – Mediação nos Casos de Família:
Conforme anunciado pelo „ Grande Dicionário Houaiss‟, em sua próxima
edição, constará uma nova definição para a palavra Família, que será muito
mais abrangente e próxima da realidade: "Núcleo social de pessoas unidas por
laços afetivos, que geralmente compartilham o mesmo espaço e mantém entre
si uma relação solidária".
A própria ONU vive batalha diplomática pela definição de “família”,
segundo Jamil Chade, correspondente do jornal Estadão na Europa. O
problema: o que é uma família numa entidade com 193 países, dezenas de
culturas, religiões e regimes políticos? Como resolver a questão da existência
de diferentes formas de família, como entre parceiros do mesmo sexo em
algumas culturas, ou os casamentos forçados de outras culturas?
Para fins da Mediação nos casos de família, vale a relação de vínculo
afetivo especial e relação solidária diferente da simples amizade. Não importa
a relação de sangue, ou a heterossexualidade, ou mesmo a descendência ou
ascendência direta. O que vale é a escolha. Assim, pessoas do mesmo sexo
podem ser pais, avós podem ser pais, além dos adotivos. Todos tem a mesma
responsabilidade na relação conjugal e/ou parental, quando houver filhos
incluídos na relação familiar. Se o relacionamento social já é sujeito à conflitos,
mais ainda quando a convivência é tão estreita como em família, com toda a
sorte de dificuldades que se enfrenta hoje em dia para o sustento, proteção,
cuidados com a família e educação dos filhos. Quando acontece a separação,
a dificuldade se agrava bastante.
Assim ressalta Lenita P. L. Duarte, em seu livro Mediando na Alienação
Parental: reflexões psicanalíticas e jurídicas (Lumenjuris, RJ, 2016- pg. 45):
20
Nos processos de separação e divórcios litigiosos depara-se com os mais
variados conflitos entre ex-cônjuges, principalmente quando também estão em
jogo os filhos oriundos dessa união, com seus anseios, desejos e fantasias. A
frustração e o sofrimento que emergem durante tal processo podem levar o
ex-casal e seus filhos a reagirem subjetivamente de diversas maneiras, seja
enfrentando-o, seja negando-o ou fugindo de realidades que se apresentam
muito dolorosas, nas quais se incluem não apenas a subtração dos bens
materiais, mas também perdas emocionais e afetivas.
Sabe-se na prática, que as questões que mais surgem nas mesas de
Mediação em forma de conflito, são:
a) a definição da Guarda – se unilateral (as decisões sobre a vida dos
filhos cabem a um só dos pais); alternada (parte do tempo um dos pais e parte
do tempo o outro, com sistemas de convívio diferentes); ou compartilhada
(consenso sobre as decisões sobre a vida dos filhos e sistemas de convivência
e educação, modo adotado em regra no nosso judiciário).
b) Convivência dos pais separados com os filhos – para que possam ter
o direito de conviver com amos os pais, mas sem ficarem desarmonizados com
as idas e vindas, de um lar para o outro. Incluindo a combinação sobre
aniversários, férias, feriados, viagens.
c) Alimentos - a combinação sobre o custeio ou rateio do sustento,
educação acadêmica, extracurricular e moradia dos filhos.
d) Alegações de possível Alienação Parental por parte do par parental
(quando um dos pais dificulta ou impede a convivência dos filhos com o outro
genitor, sem razão comprovada, assim como quando denigre sua imagem de
forma a causar constrangimento aos filhos).
e) Alegações de possíveis abusos físicos e/ou psicológicos de um dos
pais em relação ao filho ou filhos. Incomum, mas existem esses casos.
21
Em todos os casos, geralmente há mistura de emoções negativas
relativas às experiências da vida conjugal falida, misturadas ao papel de pais.
Na obra de Lenita P. L. Duarte, Mediando na Alienação Parental:
reflexões psicanalíticas e jurídicas, no subcapítulo: Os Filhos diante dos Pais
em Litígio (p. 48):
As vivências inerentes ao processo de separação desencadeiam muitas
mudanças a nível objetivo e subjetivo, produzindo efeitos nos filhos,
principalmente nas crianças mais novas, que ainda não têm condições
emocionais, vocabulário prévio e maturidade para discernir e entender o que
está acontecendo entre os pais. Dessa forma se tornam, muitas vezes,
objetos de vingança, punição e de disputa de guarda, entre os pais. A
situação se complica entre os ex-cônjuges quando cada um deles dá um novo
rumo a sua vida, da qual participa a criança e o adolescente, que precisam
acompanhar as escolhas do genitor guardião. Diante desses episódios,
somente cabe às crianças ‗se conformarem‘ com as decisões de seus pais e
as da Justiça, embora possam, muitas vezes rebelar-se e ‗falar‘ através de
angústia e variados sintomas, por exemplo, medos, tristeza, dispersão,
somatizações, instabilidade emocional, fobias, agressividade, entre outros.
Frequentemente são usados como moeda de troca, nota promissória,
fantoches e bolas de gude nos conflitos inflamados e infindáveis entre os pais,
assim como também representam um ‗prêmio‘, um objeto a ser conquistado na
disputa de desejos e direitos.
Apesar da rigidez das posições assumidas, devido ao enorme
sofrimento gerado pelo litígio, geralmente anseiam pelo resultado rápido e
satisfatório para o conflito. Porém, há aqueles que se enredam na síndrome do
divórcio interminável, como bem analisa Ricardo Vainer, em sua obra intitulada
„Anatomia de um Divórcio Interminável – O litígio como forma de vínculo. Uma
abordagem interdisciplinar‟ (Casa do Psicólogo, SP, 1999).
1.2.7 - Propósito:
Pode-se extrair pelo até aqui exposto, que a mediação de conflitos tem
como propósito formal, bem manejar os conflitos que surgem naturalmente das
relações sociais, devido às singularidades/diferenças e constantes
22
transformações na maneira de pensar, sentir e agir do ser humano e, como
propósito essencial e tradução deste „bem manejar‟, negociar-se e atingir-se o
consenso entre estas diferenças, de forma satisfatória para ambos, sobre
como a relação social se dará dali por diante - a pacificação social. O conceito
de „bem manejar‟ envolve uma negociação isonômica, empática e colaborativa.
Na Mediação dos conflitos de família há um propósito a mais, que é a
transformação dos sujeitos. Logra-se tal transformação subjetiva somente ao
conseguir-se tocar a „alma‟ humana, ou seja, a partir da uma ampliação de
consciência para que, „caindo a ficha‟ sobre seus protagonismos tanto na
construção, quanto na escalada dos conflitos (incluindo a percepção dos
enormes sofrimentos gerados para si e principalmente para seus filhos),
possam também conscientizar-se da possibilidade de serem os protagonistas
da construção inversa positiva, na reversão deste processo, transformando
esta interação conflituosa em uma relação empática, consensual, colaborativa.
Somente conhecendo melhor a si mesmos e uns aos outros, se percebem
capazes de redesenhar uma relação melhorada, satisfatória para todos direta
e indiretamente envolvidos. Neste sentido, como bem salienta Barbosa (2006),
“a mediação encontra-se num plano que aproxima, sem confundir, e distingue,
sem separar.”
Isto se dá primordialmente através do aspecto pedagógico da Mediação,
o aprendizado, por exemplo, da técnica de comunicação não-violenta,
fundamental para a reconstrução do canal de diálogo e, em sequencia, advém
das conscientizações, hoje colhidas por meio desta única ferramenta – o
diálogo, ferramenta esta eficaz, mas nem sempre eficiente e efetiva, pelo
menos no tempo que a Mediação se propões para atingir o objetivo.
Às vezes, este instrumento dialógico não basta para amaciar escudos
psicológicos tão arraigados pelas dores dos embates, pelos preconceitos
culturais, pela insegurança que traz enorme necessidade de controle e poder
sobre a situação e sobre o outro. Torna-se necessário a implementação de
23
outras opções, de novas ferramentas que possam auxiliar neste processo,
tornando-o mais célere, completamente eficaz, mais eficiente e efetivo.
Fica então a pergunta que configura a questão central deste trabalho:
Como tornar mais eficazes e eficientes, a pedagogia, a conscientização e o
caráter informativo da mediação de conflitos nos casos de família, de maneira
que isto se dê de forma suave, menos sofrida e mais célere? No entanto, antes
de discorrer-se sobre o „como‟, mostra-se indispensável a melhor
compreensão sobre o significado de alguns dos vocábulos desta pergunta.
24
CAPÍTULO II
EFICÁCIA, EFICIÊNCIA, CONSCIENTIZAÇÃO,
PEDAGOGIA. O QUE SÃO E COMO SE APLICAM À
MEDIAÇÃO.
2.1- EFICÁCIA E EFICIÊNCIA:
Consta no Site „Dicionário Informal‟ (Internet), por Alfredo Garcia
Carrilho (SP):
EFICÁCIA é alcançar os resultados planejados, alcançar os objetivos,
alcançar a meta. Por exemplo: Fulano é eficaz em seu trabalho. Ou seja:
Fulano conseguiu realizar todos os trabalhos que estavam planejados.
EFICIÊNCIA é o alcance da eficácia com o menor recurso possível. Só tem
sentido falar de eficiência se a eficácia foi alcançada. Por exemplo: ‗João e
Maria precisavam comprar 4 tipos de frutas na feira. João gastou R$ 5,00;
Maria gastou R$ 4,00. Ambos foram eficazes; mas Maria foi mais eficiente que
João (utilizou menos recursos para alcançar a eficácia).
No entanto, encontra-se no Blog „Ceviu‟ (Internet), o seguinte artigo
esclarecedor sobre os vocábulos:
Você sabe a diferença entre eficiência, eficácia e efetividade? Se você não
sabe o que é, vamos tentar explicar da forma mais clara e objetiva possível, se
sabe, contribua com comentários que enriqueçam este conteúdo.
De acordo com alguns autores de livros sobre administração, economia e
comunicação, a eficiência consiste em fazer alguma coisa da maneira certa.
Ter um dever ou obrigação e fazê-lo da forma correta. Uma pessoa eficiente é
uma pessoa que, diante de uma determinada circunstância, é capaz de
exercer aquilo que lhe é proposto.
Já a eficácia diz respeito a coisa certa a ser feita. A eficácia está relacionada
ao processo de escolha, de tomada de decisão. Enquanto a eficiência está
ligada em como as coisas devem ser feitas, a eficácia refere-se ao resultado
deste processo. Segundo Paulo Sandroni, mestre em economia e professor
25
da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas e da Faculdade de
Economia e Administração da PUC-SP, ―Fazer a coisa certa de forma certa é
a melhor definição de trabalho eficiente e eficaz‖. Uma pessoa eficaz é aquela
que não só faz algo da maneira certa, mas se preocupa com os resultados,
independente do esforço e tempo que isso pode levar.
Continuam o artigo, falando sobre o significado de EFETIVIDADE, como
segue:
Depois de entender o significado e a relação existente entre eficiência e
eficácia, fica mais fácil falar sobre efetividade, o que não quer dizer que seja
um conceito simples. Entre eficiência, eficácia e efetividade, o último dos três
termos é o mais complexo. Enquanto a eficiência consiste na condição e
aptidão para a realização de uma tarefa, a eficácia em alcançar os objetivos, a
efetividade é a satisfação, o sucesso na prática do que é feito. Simplificando,
ser efetivo é realizar aquilo que foi feito (eficiência) da maneira certa (eficácia).
O que se pode considerar como sendo uma mediação eficaz, eficiente e
efetiva? Para tal torna-se necessário relembrar os objetivos do procedimento
e pensar nos métodos de se comparar e auferir estes objetivos em relação aos
casos atendidos.
Verifica-se que os autores são quase unânimes ao afirmar que o
sucesso da Mediação de Conflitos dos casos de família não envolve a
produção do acordo, mais ainda, a Mediação não deve visar o acordo. Bom
exemplo é o trecho extraído da obra “Mediação Familiar Interdisciplinar”, de
Barbosa ( 2015):
Primeiramente impõe-se afastar a ideia de que a mediação é um mecanismo
que se presta a resolver ou solucionar conflitos, assim como um meio de
desafogar o Judiciário. Em contrapartida, é assertivo dizer que a mediação é
uma ferramenta capaz de promover a transformação do conflito, assim como
proporcionar o aperfeiçoamento do acesso à justiça, por meio do uso de
linguagem própria, em decorrência do conceito a ser alinhavado a partir da
ética da discussão. Portanto, a partir desse diapasão, a leitura dos ensaios
legislativos deve discriminar que conciliação não é sinônimo de mediação, e
celebrar acordo não é objeto desta prática (grifo nosso), que se propõe a
promover a conscientização de que mediação familiar interdisciplinar
expressa-se a partir de valores éticos e de moral universal e que vão muito
além de uma mera atividade conciliatória.
26
A mesma autora acrescenta mais além, no ítem 3.7 da mesma obra:
Ora, definir a mediação como resolução de conflitos é reduzi-la a uma função
que a enquadra numa relação com o conflito, quando, na verdade, a natureza
da mediação é relacional, destinando-se a estabelecer comunicação entre
pessoas ou grupos, construída por uma imaginação criativa.
Apesar de referir-se à “Mediação Familiar Integrativa”, este conceito é
uníssono entre os autores, sobre a Mediação de Conflitos em geral.
Resta a questão sobre para que se destina a construção ou
reconstrução dessa comunicação criativa entre os mediandos? Não seria este
objetivo o de aprender e perceber-se em condições de uma
relação/comunicação tal que permita não só desconstruir o conflito que
originou a procura do procedimento da Mediação, além de quaisquer outros
que possivelmente venham a surgir justamente para ser capaz de com isto
combinar consensualmente como a relação social se dará dali por diante, ou
seja, o acordo?
Defendem os estudiosos que o procedimento de Mediação não deve
forçar o acordo formal - perfeito! Também, não deve visar o acordo em
detrimento da anterior transformação dos envolvidos e isto se revela algo da
maior verdade e importância, claro. Porém evoluir-se este raciocínio para a
conclusão que em as mediações terminarem sem acordo, atingiu-se sua
efetividade, desde que as partes tenham sido minimamente tocadas pelas
reflexões e retomado um mínimo de diálogo, incorre-se em enorme equívoco,
perde-se o sentido e o propósito maior do procedimento, o “pra que”, o
propósito de atingir-se tal nível e qualidade de comunicação.
Desta forma, resgatando a boa comunicação entre os envolvidos,
demonstra-se a enorme importância do método, a eficácia parcial, mas talvez
não a eficiência e a efetividade. Para tal, precisa-se que os mediandos, com o
canal relacional resgatado e com a comunicação criativa desenvolvida, sejam
capazes de concluir o procedimento atingindo o objetivo de procurarem o
27
recurso da Mediação, ou seja, chegar-se a um denominador satisfatório para
as partes, o combinado em consenso, o acordo, ainda que verbal, evitando a
manutenção do impasse que os levou à presença dos mediadores, por assim
evitar-se o acordo produzido sem a devida conscientização/transformação,
sem a oportunidade da experiência pedagógica produzindo decisões bem
informadas, ou com enfoque apenas legal (da Conciliação, nos Juizados
Especiais e dos advogados), ou o encaminhamento para decisão judicial, que
além de limitar à Lei, coloca nas mãos de um terceiro o poder de decidir e
mantém o paradigma do litígio, do embate, do certo e errado). Percebe-se,
então, a confusão de entendimentos a este respeito.
No caso de mediação no Judiciário torna-se mais flagrante o conceito
de real efetividade somente ao atingir-se o acordo em Mediação, inclusive
promovendo-se estatísticas sobre os resultados das Mediações, pois a ideia é
evitar-se o paradigma litigioso, ainda que em parte, evitar-se a continuação do
processo para decisão final pelo terceiro, o Juiz, e não pelas próprias partes
num paradigma novo, de empatia, de consenso e auto-empoderamento,
apesar de alguns entenderem este movimento como simples preocupação de o
judiciário se desafogar da quantidade de processos. Esta quantidade
monumental de processos traz uma mensagem. Nos fala das características
culturais e paradigmáticas dessa população.
2.1.1 – ESTATÍSTICAS:
Analisando-se os dados estatísticos do Centro Judiciário de Solução de
Conflitos e Cidadania- CEJUSC do Fórum Regional de Jacarepaguá,
apresentados por Vanja Borges (Coordenadora), na formação teórica em
Mediação de Conflitos do Instituto Mediare, em 2015, nota-se que no período
de abril de 2009 à junho de 2015, de um total de 340 processos encaminhados
do JECRIM (Juizado Especial Criminal) à Mediação para solução consensual,
os resultados apontaram para um sucesso de 90% dos casos, sendo a
28
distribuição dos casos, a seguinte: casos de vizinhança, 60% de acordos;
casos envolvendo familiares próximos e parentes, somente 30% de acordos.
No mesmo período, somente 31 casos foram encaminhados pelas Varas de
Família sendo que destes, somente 8% chegaram ao acordo.
Ainda que haja melhora, fato é que a maioria das questões de família
são reencaminhadas e realmente resolvidas pela tutela jurisdicional, podendo
não refletir a melhor opção para os envolvidos, uma vez que se limita à lei, a
um sistema ditatorial, impositivo, em que só há duas opções: autor e réu, o
certo e o errado, o vencedor ou o perdedor da causa, de acordo com o
disposto pelos legisladores nas leis. Na verdade sabe-se que a vida contempla
milhares de tons entre o preto e o branco, existem mais lugares, como diz o
trecho do poema de Jalal ud-Din Rumi, poeta e teólogo Sufi (Turquia, século
XIII):
Além das ideias de certo e errado, há um campo. Eu lhe encontrarei lá.
Quando a alma se deita naquela grama, o mundo está preenchido demais
para que falemos dele. Ideias, linguagem, e mesmo a frase ―cada um‖ não
fazem mais nenhum sentido.
Daí a necessidade de se desenvolver mais e melhores ferramentas que
auxiliem na integralidade e na culminância do procedimento.
2.2 – CONSCIENTIZAÇÃO:
No dicionário on line, define-se como:
Substantivo feminino. Ato ou efeito de trazer (algo) ao consciente. É o ato de
estar ciente, isto é, ter conhecimento sobre algo e a partir daí, passar a refletir,
julgando o que está certo ou errado em suas atitudes de tal forma que seu
objetivo passe a ser a transformação de si mesmo e depois, da sociedade que
o cerca como um todo.
Como se pode perceber na definição, ainda que se esteja falando sobre
consciência, nossa cultura insiste em aliá-la ao conceito de „julgamento‟ e ao
29
de „certo e errado‟, engessando uma ideia ampla dentro de outra limitada. Agir
com consciência, ou conscientizar-se sobre algo, é um conceito que talvez se
encaixe melhor com as palavras „perceber‟ e „melhor a fazer‟. Conscientizar-se
é algo que vem de fora para dentro, pode apenas ser estimulado o que já está
adormecido em nós. Por isso é tão difícil. Inclusive, agir com consciência
envolve muitas vezes agir contrariando um conceito de certo e errado
estabelecido.
Na época da escravidão, quando a alguém percebeu pela primeira vez o
sofrimento dos escravos como inadmissível e agiu em prol do abolicionismo,
agiu com base na consciência e não, com base no conceito de certo da época,
causando, com o tempo, um realinhamento dos conceitos estabelecidos
externamente.
Outra conceituação, também encontrada „on line‘ , no Site Significados,
parece mais adequada:
O que é Consciência:
Consciência é o termo que significa conhecimento, percepção, honestidade.
Também pode revelar a noção dos estímulos à volta de um indivíduo que
confirmam a sua existência. Por esse motivo se costuma dizer que quem está
desmaiado ou em coma está inconsciente.
A consciência também está relacionada com o sentido de moralidade e de
dever, pois é a noção das próprias ações ou sentimentos internos no
momento em que essas ações são executadas. A consciência pode ser
relativa a uma experiência, problemas, experiências ou situações. Por
exemplo: Ele estava completamente viciado, mas não tinha consciência disso.
O conceito de consciência está intimamente relacionado com termos como
"eu", existência", "pessoa", revelando uma conexão existente entre
consciência e a consciência moral. Em várias situações, pode ser o oposto da
autoconsciência, onde o "eu" é o objeto de reflexão e da consciência moral.
É possível verificar que ao longo do tempo a filosofia abordou a consciência
em duas vertentes: consciência intencional ou não intencional. De acordo com
Edmund Husserl (fundador da fenomenologia), a consciência é uma atividade
direcionada para alguma coisa da qual há consciência. A não intencional
consiste a um mero reflexo da realidade que é apresentada.
30
Segundo Descartes, pensar e pensar que pensamos são coisas iguais
(Penso, logo existo).
Kant fez a distinção entre a consciência empírica, que faz parte do universo
dos fenômenos e a consciência transcendental, que capacita a associação de
todo o conhecimento com a consciência empírica.
Hegel aborda a consciência como um crescimento dialético, que atinge um
nível transcendente, alcançando a sua superação. Faz também a distinção
entre consciência empírica, racional e teórica.
É também importante referir que a filosofia contemporânea dá muita
importância à vertente de ato da consciência, dando-lhe uma conotação mais
funcional.
Consciência é o sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano
vivenciar, experimentar ou compreender aspectos na totalidade de seu mundo
interior. Disponível em: <http://www.significados.com.br/consciencia/>
Barbosa, na mesma obra mencionada em capítulo anterior, afirma:
Remontando-se à história do pensamento psicológico, dos primeiros
postulados na ética filosófica ancestral, iniciada no Ocidente com Anaxímenes
e Anaxágoras, percorrendo todos os períodos históricos até a formação
organicista, na segunda metade do séc. XIX e, prosseguindo pelas várias
escolas: freudiana, junguiana, adleriana, ampliada em seguida nas
concepções humanista, comportamentalista e psicanalítica, a definição de
―consciência‖ e de ―conscientização‖ muitas vezes redesenhou-se,
principalmente em função dos muitos tipos de abordagens e usos do vocábulo
(autoconscientização, a social e política, moral, espiritual, ambiental, etc.).
(...)Quanto à Mediação, refere-se a um processo de descoberta a respeito de
si, do outro e da situação, mais amplo e interdependente do que pensava-se
anteriormente. Pode significar perceber-se protagonista de pensamentos,
emoções e ações que causam sofrimento a si e aos outros. Como bem o diz
Jean-François Six―, em sua obra Le Temps des médiateurs‖ (normandie:Seuil,
1990 – p.161), Águida Arruda, em Mediação Familiar Interdisciplinar, , p.81):
(...) a mediação deve provocar em cada mediando um choque que o faz
pensar que, provavelmente, ele não detém toda a verdade, porque o outro
tem uma parte dela. O primeiro benefício de uma verdadeira mediação é
comunicar a cada um que o isolamento em si mesmo é nefasto, que uma
abertura vale mais.
31
Sobre a verdade, cabe abrir parêntesis e mencionar a definição de Reis
(2015), extraída da obra „Gente Inteligente Sabe se Relacionar‟: “(...)
Genericamente falando, verdade é a qualidade pela qual um dado conteúdo cognitivo
qualquer (mental, linguístico, fático ou comportamental) torna-se eficaz e consegue
êxito.‖
Resumidamente, Reis afirma que há verdade quando há relação daquilo
que se pensa com aquilo que se vê como resultado. Daí o uso das
competências conversacionais (quais são meus juízos, o que foi pedido e não
atendido, etc.) para entender o que tal ocorrência tem a ver comigo e como
revela minha dinâmica relacional, para ser capaz de ver com maturidade para
gerar formas alternativas e modificar-se a partir do que se observa e ele
conclui, que „é quando a ficha cai‟, quando se constrói a possibilidade da ação
ética. O mesmo exemplifica mais adiante, na mesma obra:
Dou-me conta que fui orgulhoso, ou não coloquei limites, ou que me
desrespeitei. (...) Cada uma dessas possibilidades engatilha novas conversas
com novas ações envolvendo outros. Ora, se percebo o que devo fazer
porque foi algo que aprendi, mas não faço, continuando a produzir os modelos
relacionais que geraram as coisas indesejáveis e, se aprendi e atuo no
sentido do aprendido gerando um fato novo desejável, esse ciclo chama-se
Maturidade Relacional.
A Mediação de Conflitos não se propõe a tratar os indivíduos, algo que
demanda especialização na área psicológica para trabalhar nos pacientes o
autoconhecimento e a conscientização, num sentido mais amplo e profundo,
de forma bastante longa no tempo, dissolvendo assim os conflitos internos dos
pacientes, suas feridas emocionais, patologias psicológicas, o inconsciente,
subconsciente e etc.
Embora a Mediação tenha leve ação terapêutica, não é terapia. Sua
ação restringe-se a cuidar do conflito, de forma célere, atuando sobre a razão
e a emoção dos sujeitos, através do diálogo. Bom seria se se pudesse acolher
as partes envolvidas num conflito, com uma ação multidisciplinar paralela mais
ampla, como defende Barbosa. Contudo, não funciona assim em geral,
32
podendo-se apenas indicar que as partes procurem consultar-se em outras
áreas para informação e tratamento.
Para a conscientização, cabe aos mediadores usarem junto aos
mediandos as ferramentas dialogais e sabe-se, que “conversas difíceis são
aquelas que causam desconforto”, como afirmam Stone; Patton; Heen (2011)
em seu livro Conversas Difíceis – como argumentar sobre questões
importantes. (Prefácio).
(...) tanto nas negociações, quanto no nosso dia a dia, por bons ou maus
motivos, geralmente não conversamos uns com os outros e não queremos
fazê-lo. Algumas vezes que conversamos, as coisas ficam ainda piores. Os
sentimentos - raiva, culpa, mágoa aumentam. Cada vez mais temos convicção
de que estamos certos, o que também acontece com quem discordamos.
Dependendo do indivíduo, este desconforto pode levar à desistência ou
interrupção do procedimento, inviabilizando chegar-se ao objetivo final
completo do procedimento. Tornam-se, pois, muito bem-vindas novas
ferramentas que tornem a Mediação de Conflitos nos casos de família mais
célere, eficaz e transformativa, com isto, aumentando o índice de consenso
total, de famílias satisfeitas e sujeitos educados para a paz, com aprendizado
de como manejar bem novos impasses que possam surgir.
2.3 – PEDAGOGIA:
2.3.1- Definição:
Segundo consta no site Significados (Internet) :
―Pedagogia é um conjunto de técnicas, princípios, métodos e estratégias da
educação e do ensino, relacionados à administração de escolas e à condução
dos assuntos educacionais em um determinado contexto. A Pedagogia estuda
os ideais de educação, segundo uma determinada concepção de vida, e dos
processos e técnicas mais eficientes para realizá-los, visando aperfeiçoar e
estimular a capacidade das pessoas, seguindo objetivos definidos.‖
33
Outro Site, o „Sua Pesquisa‟, sob o título O que é Pedagogia?, nos fala
sobre a história da Pedagogia e complementa a definição, como segue:
Uma ciência ou disciplina do ensino que começou a se desenvolver no século
XIX. A pedagogia estuda diversos temas relacionados à educação, tanto no
aspecto teórico quanto no prático.
A pedagogia tem como objetivo principal a melhoria no processo de
aprendizagem dos indivíduos, através da reflexão, sistematização e produção
de conhecimentos. Como ciência social, a pedagogia esta conectada com os
aspectos da sociedade e também com as normas educacionais do país.
Os Temas abordados pela Pedagogia são: o aprendizado de conhecimentos,
métodos e sistemas pedagógicos e dificuldades de aprendizado.
2.3.2. Métodos:
Sobre métodos, destaca-se trecho do texto publicado no „Almanaque
Abril 2012‟, adaptado para ser postado por Leopoldo Costa, publicado no Blog
„Revista Stravaganza‟, extraído da Internet, intitulado MÉTODOS
PEDAGÓGICOS USADOS NO BRASIL:
O método pedagógico é o caminho que o professor segue para educar os
alunos. Todo método é construído sobre teorias da aprendizagem e leva em
conta o objetivo do ensino. (...) No decorrer da história, formalizaram-se
diversas teorias de aprendizagem e, por consequência, variados métodos de
ensino. Atualmente, a maioria das escolas não segue um único método, mas,
sim, uma mescla de ideias. Veja alguns dos principais métodos pedagógicos
em uso no Brasil.
ENSINO TRADICIONAL- Herança das escolas públicas francesas do período
iluminista, no século XVIII, as escolas que seguem o ensino tradicional
costumam ter um currículo com ênfase no conteúdo. O professor está no
centro do processo como o grande transmissor de informações.
MÉTODO CONSTRUTIVISTA- Método de aprendizagem baseado na teoria
desenvolvida pelo psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980). No
construtivismo, o aluno está no centro do processo de aprendizagem. Cabe ao
docente pôr os alunos diante de situações variadas de modo que eles próprios
busquem soluções e construam o conhecimento com base em suas
experiências pessoais. O professor deve estimular nos estudantes a
34
curiosidade rumo à descoberta de novos conceitos, respeitando o
desenvolvimento e o amadurecimento de cada um.
MÉTODO MONTESSORI- Desenvolvido pela médica italiana Maria Montessori
(1870-1952), era destinado originalmente à educação de crianças portadoras
de deficiências mentais. Depois, foi estendido a qualquer criança. Pretende
estimular o espírito de iniciativa e a responsabilidade da criança sobre o
próprio aprendizado. Por intermédio da autoeducação, ela deve alcançar
maior domínio sobre seu corpo e sobre o meio em que vive.
Materiais didáticos variados, criados pela própria autora, ativam as
percepções sensoriais e motoras do aluno.
MÉTODO PAULO FREIRE - Processo de alfabetização de adultos
desenvolvido pelo educador pernambucano Paulo Freire (1921-1997). Para
Freire, o domínio da leitura e da escrita é uma forma de conscientização,
participação e superação de situações de opressão social. O objetivo, então, é
fazer com que os adultos aprendam a ler e a escrever de forma, critica e
contextualizada, e não mecânica. O método Paulo Freire está associado ao
movimento de educação popular e aos centros de cultura popular que se
formam no inicio da década de 1960, principalmente nas regiões mais pobres
do país, e tem como base os trabalhos e as discussões em grupo. A fase
inicial é o levantamento do universo vocabular - palavras e expressões típicas
ligadas ao trabalho de cada integrante e com significado e sentido emocional
no contexto do grupo. Desse conjunto são selecionadas palavras geradoras,
que, decompostas em seus elementos silábicos, permitem a construção de
novas palavras.
MÉTODO WALDORF - Baseado na antroposofia, doutrina criada pelo
pesquisador austríaco Rudolf Steiner (1861-1925), o método pretende obter o
desenvolvimento harmonioso do ser humano, integrando os aspectos físico,
emocional e espiritual. Foi empregado pela primeira vez com filhos dos
operários da fábrica Waldorf-Astoria, na Alemanha. Nas escolas que seguem
o método, os alunos são agrupados por faixa etária, e não por série,
respeitando as diferentes etapas do desenvolvimento biológico durante o
processo de aprendizagem. O professor acompanha a mesma turma do início
dos estudos até os 14 anos. A alfabetização completa-se na segunda ou
terceira série. Valoriza, além das disciplinas convencionais, a formação ética e
estética: os estudantes têm aulas de música, trabalhos artesanais e teatro.
2.3.3. Recursos Pedagógicos:
35
Dependendo do método pedagógico utilizado, como se pode perceber,
diferentes recursos, ou ferramentas, são utilizados para aplicar melhor o
método. O mais tradicional envolve a fala do professor, lições apontadas no
quadro negro e leitura de livros. Outros criam seus próprios objetos
pedagógicos, incluem arte, artesanato e os mais modernos passaram a utilizar
áudio-vídeo e equipamentos tecnológicos.
Segundo Godinho (2010), em seu artigo intitulado „O Ser Humano é um
Ser Altamente Social‟, publicado na Internet (que consta em seu livro
„Introdução aos Novos Media‟ – Faculdade de Letras de Coimbra), em
17/03/2010:
O ser humano é um ser altamente social. Uma prova disso é a sua constante
necessidade de comunicar. Um dia, inventou a escrita. Noutro dia, inventou o
telefone. (…) A partir do telefone, surgiu o telemóvel, que continua a sofrer
inúmeras alterações e que, para além do serviço de chamadas, possui o
serviço de mensagens escritas, de internet, jogos,…
Agora podemos fazer do nosso telemóvel um computador, comunicar através
de redes sociais como o Messenger, o Facebook, o Twitter,… e aceder a
conteúdos digitais onde e quando quisermos. A ideia de que os média são
uma extensão do ser humano está aqui presente, assim como o conceito de
aldeia global de Marshall McLuhan. ―A tecnologia permitiu a interligação e a
intercomunicação com o mundo.
Atente-se ao sem número de possibilidades de formações acadêmicas,
pós-graduações, mestrados on-line, ou seja, através do audiovisual, em tempo
real ou não.
Há que se ressaltar não só o fenômeno da utilização do veículo
tecnológico, mas principalmente o efeito que as produções audiovisuais
causam nas pessoas. Produções televisivas sejam jornais, programas
humorísticos ou novelas vêm transformando os hábitos da sociedade, seja no
vestuário, na mobilização para campanhas de caridade, na forma de falar
usando jargões e até sobre o elenco de assuntos das conversas. Por vezes
com adoração, outras com indignação, mas sempre confirmando o poder do
36
audiovisual de tocar a alma e causar transformações rápidas e profundas nos
sujeitos, na sociedade.
Natural compreender-se esta tendência mais visual, ao relembrar-se o
hábito brasileiro de chamar a atenção de alguém sobre o que se quer falar
dizendo: “olha só!” Seja relativo a algo que se pretende que seja visto, ouvido
ou até cheirado, ou desejando que se preste bem atenção, como por exemplo:
“olha só que delícia o aroma deste perfume!” Ou, “olha só, você precisa
estudar mais!”.
Nada mais patente sobre o entendimento que as imagens comunicam
melhor, do que a expressão não muito delicada: „entendeu ou quer que eu
desenhe?‟, confirmando a sabedoria popular que afirma que “uma imagem fala
mais que mil palavras”.
Bem explica este processo visual ligado à área da Pedagogia, o trecho
do trabalho de Pires, Heloisa (2010), extraído da Internet, sob o título „A
experiência Audiovisual nos Espaços Educativos - A linguagem videográfica, O
Audiovisual nos processos pedagógicos e comunicação, Educação e
Pesquisa”, São Paulo, v. 36, n.1,p.281-295, jan./abr. 2010:
A dimensão social do conhecimento ocorre na interação do sujeito com os
objetos e com outros sujeitos, no confronto, na troca de concepções, ideias,
teorias, sentimentos e desejos. Essa interação social, geradora de cultura
(conhecimento), torna-se possível por intermédio da linguagem: ―A cultura,
que é característica da sociedade humana, é organizada/organizadora via o
veículo cognitivo que é a linguagem‖ (Morin, 1992, p. 17). Transformamos o
invisível em visível por meio da linguagem, que constrói uma visão tátil, um
pensamento visível. A palavra transforma-se em ato. Revelamos o mundo e
nos revelamos para o mundo. O homem cria a si próprio e o mundo em que
vive, tornando-se sujeito na linguagem. Ocupa um lugar determinado no
espaço e revela o seu modo de ver o outro e o mundo físico que o envolve.
Assim, a palavra (pensamento) e o olhar (imaginário) constituem o sentido que
conferimos à experiência de estar no mundo.
A cultura grega, acentuadamente plástica, não separava o ver do pensar.
Eidos, forma ou figura, é termo afim de idea. Em latim, video (eu vejo) e idea .
Para os gregos, o conceito de téchne se relacionava ao fazer criativo —
37
poiesis — do homem. Ao contrário do pensamento moderno, homem e
tecnologia não eram reconhecidos como opostos (grifo nosso), não havendo a
possibilidade de conceber o ser humano cindido em sujeito e objeto do
conhecimento, como se estivesse retalhado em diferentes componentes de si
mesmo. A visão dicotomizada da realidade produzida pela epistemologia
clássica afetou nossa sensibilidade teórica e cristalizou alguns conceitos que
se formaram a partir da construção de uma espacialidade que determinou o
―dentro‖ e o ―fora‖ no ser. Com o racionalismo mutilador da modernidade,
emergem as dualidades mente e corpo, dentro e fora, pensamento e
imaginário.
Nos dias atuais, os meios híbridos possibilitaram a criação de imagens
falantes e em movimento. Os elementos da linguagem verbal e da linguagem
visual podem hoje coexistir num mesmo espaço (grifo nosso). (...) O
surgimento do vídeo nos anos 1960 provocou uma ruptura sem precedentes
no universo das imagens técnicas pelas experimentações e formas de
apropriação que esse meio possibilitou.
A escrita eletrônica do vídeo instaurou novas formas de linguagens, estéticas
próprias das imagens híbridas, pós-cinematográficas (eletrônicas e digitais).
Trata-se de uma imagem tecnológica que sempre teve problemas de
identidade, pois surge entre o cinema e a imagem infográfica, transitória e
marginal entre universos de imagens fortes e bem definidas. Movimenta-se
entre a ficção e o real, o filme e a televisão, a arte e a comunicação. Foi mais
explorado em suas formas pelos artistas (videoarte) e no espaço doméstico
vídeo familiar privado, documentário etc. estando entre as esferas artística e
midiática. Ele é objeto e processo, público e privado, pintura e televisão, sem
ser um nem outro, ou sendo ambos, com um senso constante do ensaio, da
pesquisa, da experimentação, da inovação. Os modos de criação videográfica
relativizaram o modelo narrativo, desenvolvendo uma linguagem, ou estética
particular (mas não exclusiva), que põe em jogo questões diferentes daquelas
já expostas pelo cinema e, ao mesmo tempo, constituem uma forma que
pensa, um estado da imagem. O vídeo pensa o que as imagens (todas e
quaisquer) são, fazem ou criam: O vídeo é o material formal e intelectual no
qual se processa a reflexão sobre a, da ou com a televisão. Ou, melhor
dizendo, que gera, que inventa, que lhe dá corpo e ideias. Há uma espécie de
―potência de pensamento‖ na e pela imagem que me parece existir no coração
da forma vídeo. O ―vídeo‖ seria então, neste sentido e literalmente uma forma
que pensa. Um pensamento da imagem em geral – e não apenas da
televisão. (Dubois, 2004, p. 113).
(...) Produzido e difundido fora do circuito televisual, pode investir no
aprofundamento da função cultural da televisão, avançando de um lado, na
38
experimentação da linguagem eletrônica, e buscando exprimir, de outro, as
inquietações mais agudas dos homens do nosso tempo (grifo nosso).
(...) Educação midiática e cidadania, Benjamin (1996), afirma que, nos
espaços históricos de tempo e da existência da coletividade humana,
modificam-se o modo e a maneira da percepção sensorial, o que, segundo
Martin-Barbero (2000), remete-nos a transformações na maneira de nos
relacionarmos, de nos reconhecermos e de nos juntarmos. É o que
experimentam os mais jovens quando se apropriam das novas linguagens,
uma vivência desvalorizada por muitos adultos. O vídeo constitui uma
ferramenta e um dispositivo pedagógico importante (grifo nosso) para os
adolescentes por sua capacidade de visualizar os próprios conflitos e o dos
outros, por sua ludicidade e tecnicidade e por permitir a participação de todos,
ainda que alguns se situem atrás da câmera, protegidos da emoção ou do
choque de um confronto direto com o outro e/ou com a sua cultura (grifo
nosso).
Por mais paradoxal que isso possa parecer, é também uma situação que pode
se transformar numa abertura em direção ao outro, ou seja, dentro de uma
relação dialógica, o eu e o outro veem o mundo de perspectivas diferentes.
Isso não significa que estão incomunicáveis, mas em uma experiência
audiovisual, de lugares diferentes, uma negociação permanente de produção
de linguagem torna-se possível com a mediação da câmera. Em uma reflexão
ampliada, podemos perceber que o cenário em que se constituem e se
movimentam os sujeitos sociais é um espaço midiatizado, em que as relações,
os valores e a consciência se deparam com uma nova ordem cultural, na qual
as mídias eletrônicas constituem, segundo Sodré (2002), um novo bios, um
novo modo de presença do homem no mundo. A cultura, resultante de um
complexo ecossistema comunicativo, atua na construção da realidade social.
A mídia é, então, estruturadora de percepções e cognições, atuando sobre as
identidades culturais, a educação, o mundo do trabalho, o exercício de
cidadania e a percepção do tempo.
(...) Nesse contexto, à educação atribui-se o desafio não só de explorar as
possibilidades que as novas tecnologias criaram, mas, parafraseando Paulo
Freire, de reconhecer , no universo cultural dos jovens e nas telas
audiovisuais que fazem parte do seu cotidiano, novos modos de ler (conhecer)
o mundo e de escrevê-lo (transformá-lo).
Em complemento, reproduz-se a seguir, alguns trechos do trabalho
“Educação Popular e Coletivos de Vídeos: diálogos e ações”, postado pelo
autor: „diegoya‟, em 21 de dezembro de 2009, na Internet:
39
O presente artigo tem como objetivo traçar um paralelo entre a educação e o
audiovisual em uma perspectiva humanista e transformadora. A educação,
como formação e desenvolvimento físico, intelectual e moral de um ser
humano, supera a ideia da pedagogia didática, ensino. Ela se dá em todos os
ambientes sociais em que nos relacionamos com o outro e com o mundo.
Esta compreensão está presente nas pesquisas de Paulo Freire (2005) que
nos demonstra que a educação é um fenômeno que se constrói no decorrer
do processo histórico através das relações dos seres humanos entre si e com
o mundo. Ou seja, não há um momento em que os processos educativos se
separam da própria vida vivida. Aprende-se vivendo. Da mesma maneira, Fiori
(1986) nos apresenta a educação como um processo contínuo de construção
do ser humano, e este processo, que não se dissocia da conscientização, mas
a acompanha, se dá, também, nas relações entre as pessoas e delas com o
mundo. ―Educação e conscientização se implicam mutuamente‖ (FIORI, 1986,
p. 03).
(...) A conscientização, assim, é parte fundamental na constituição do ser
humano como sujeito histórico e, se a conscientização prefigura a ação
transformadora, podemos dizer que a libertação e a humanização do ser
humano e, por conseguinte, a transformação do mundo em um lugar mais
justo passa pelo processo de conscientização, processo este que está
enraizado na realidade cotidiana, ou seja, não se trata de uma consciência
pura, mas sim de uma aproximação crítica do mundo.
Juntos, consciência e mundo ganham realidade. Um não se perde no outro,
perdendo sua identidade: identificam-se, um através do outro. [...] O mundo é
significado no permanente significar ativo, que não é atividade de uma
consciência pura, mas desenvolvimento dialético da consciência do mundo ou
do mundo consciente. [...] Na medida em que o ser humano dá significados ao
mundo, neste se reencontra, reencontrando, sempre, e cada vez mais, a
verdade de ambos. Neste momento, a conscientização já se prefigura como
ação transformadora e não como visão especular do mundo: refazer-se, com
autenticidade, implica em reconstruir o mundo (FIORI, 1986, p. 04).(grifo
nosso)
40
CAPÍTULO III
COMO TORNAR MAIS EFICAZES E EFICIENTES, A
PEDAGOGIA, A CONSCIENTIZAÇÃO E O CARÁTER
INFORMATIVO DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS NOS
CASOS DE FAMÍLIA?
Na Mediação familiar, a restauração do canal de diálogo e da relação
social do par parental é realmente muito importante, primordial, porém a falta
do combinado final sobre as questões trazidas, construído a partir da visão
empática de um para com o outro, pode gerar prejuízos enormes e definitivos
para os filhos.
Por exemplo, na definição sobre convivência, somente os pais (ou quem
cumpra este papel), bem cientes dos aspectos únicos da psique dos seus
filhos especificamente, depois de desconstruída a prática da competição ou da
desconfiança (que muitas vezes provém de fatos negativos relativos ao papel
de cônjuges e não do de pais), somente eles podem entender a melhor
dinâmica de convivência com seus filhos. O Juiz decidirá de acordo com as
leis, que são abrangentes às características gerais da população, não
específicas de cada caso, uma vez que a comunicação é feita através do
advogado, por meio da colocação dos direitos e deveres de cada um. Neste
caso o conhecimento mais profundo das necessidades específicas dos
envolvidos direta e indiretamente no conflito, ficam prejudicadas em grande
parte.
Para melhor esclarecer esta afirmação, há o clássico exemplo da lógica
da Mediação, de duas pessoas que disputam uma única laranja. Levado o
caso ao Judiciário, o Juiz talvez decidisse pela divisão do bem pela metade
após comprovar direito legítimo de ambas as partes litigantes. Porém, uma das
41
partes precisava do suco da laranja para envasar e a outra parte precisava da
casca para fazer doce. A lei entende que o justo é dividir igualmente o objeto
de disputa, enquanto que o melhor entendimento sobre as necessidades e
interesses de cada parte nos mostra que se um conseguir 100% da casca e o
outro, 100% do suco, atingirão um acordo100% satisfatório para ambos. Só
eles conhecem e entendem profundamente suas necessidades.
Nos casos de conflito de família, portanto, o acordo em Mediação
cumpre o papel de corolário do procedimento, de demonstrativo da efetividade
total do trabalho conjunto e colaborativo das partes, inclusive no tocante à
efetividade no tempo, sento o fruto do consenso e da satisfação dos
envolvidos sobre todos os temas trazidos à mesa de Mediação, esforço
facilitado, de forma pedagógica, expansiva de consciência e transformadora,
pelos mediadores.
Os mediadores contam para este procedimento pedagógico, com uma
„caixa de ferramentas‟, sendo estas essencialmente dialógicas.
3.1. FERRAMENTAS DIALÓGICAS
São muitas as ferramentas usadas em mediação, podendo ser
agrupadas em três blocos: as ligadas às etapas, as procedimentais e as
ferramentas de comunicação.
Elenca-se e transcreve-se a seguir em formato adaptado,
resumidamente, algumas das 24 ferramentas de comunicação usualmente
utilizadas em Mediação, bem apresentadas e organizadas por Almeida (2013)
em sua obra intitulada „Caixa de Ferramentas na Mediação – Aportes Práticos
e Teóricos‟ (capítulo II, pg.239 a 279):
42
a) Escuta ativa – legitimação do interlocutor; perguntas de esclarecimento e
balanceamento da participação de todos. Uma escuta dinâmica, atenta e com
atitude participativa no diálogo.
b) Acolhimento – legitimação como veículo de acolhimento. (...) Se traduz em
um espectro amplo de atitudes e cuidados – desde a atenção com a
ambientação do local onde ocorre a Mediação, até o tratamento respeitoso
dedicado aos mediandos.
c) Validação – intervenções que tentam tornar compreensíveis atitudes dos
mediandos, percebidas como inadequadas.
d) Visitar o lugar do outro – Imaginar-se em situação ou posição semelhante,
no presente ou no futuro; promover reflexão a respeito. O princípio categórico
de Kant – agir de forma a não fazer ao outro o que não aceitaria que a você
fizessem – poderia ser um bom início de conversa para os casos de Mediação
em que a necessidade do outro não é perceptível aos olhos do opositor, e
quando visível não se mostra pertinente ou palatável. No entanto, ao mesmo
tempo em que o imperativo kantiano pode parecer justo aos olhos de alguns,
soa acusatório aos ouvidos, especialmente se sugerido como norteador de
conduta em momentos de desavença. (...) Podemos correr riscos que essa
intervenção oferece, apresentando-a cruamente, ou podemos tê-la como pano
de fundo de algumas perguntas que não impeçam que a reflexão ocorra, ou
seja, barrada pela reatividade.
A forma de troca entre mediadores e partes parentais é em tempo real,
ao vivo. As ferramentas de comunicação, em sentido amplo, englobam os
gestos, o olhar, o volume da fala, o diálogo em si e, dentro do diálogo, as
perguntas são conhecidas como ferramentas dialogais ou dialógicas, também
conhecidas como método de diálogo Socrático, alusivo ao filósofo ateniense
do período clássico da Grécia Antiga e sua forma de dialogar e causar
transformações nos sujeitos através de perguntas.
Dentre os vários tipos de perguntas, existem algumas bastante
utilizadas em Mediação, as quais pode-se conhecer melhor através da
transcrição, abaixo, de trecho do artigo de Sérgio Rodrigues, extraído da
Internet, do Site „Conhecimento e Relação‟:
Fazer uma boa pergunta já é terapêutico e são muito úteis na terapia
enquanto ouvimos o discurso dos clientes. Além das perguntas reflexivas
temos outros tipos de perguntas que vou fazer uma síntese abaixo:
43
PERGUNTAS LINEARES são perguntas para orientar a quem pergunta sobre
a situação e são baseadas nas teorias lineares. A intenção é a investigação,
tendo como perguntas básicas: quem fez o que? Onde? Quando e por quê?
PERGUNTAS CIRCULARES também são formuladas para orientação de
quem pergunta a respeito da situação e são baseadas em teorias circulares. A
intenção é a exploração e as perguntas são formulações para levantar ―os
padrões que conectam‖ pessoas, objetos, ações, percepções, ideias,
sentimentos, eventos, crenças, contextos, etc.
São caracterizadas por uma curiosidade geral sobre a possibilidade de uma
ligação entre os eventos, que inclui o problema, em vez de uma necessidade
de conhecer a origem do problema.
Este tipo de pergunta leva uma pessoa a pensar com a cabeça de outra
pessoa. Ex: Se teu pai estivesse aqui, o que você acha que ele diria sobre,,,
PERGUNTAS REFLEXIVAS têm a intenção de influenciar a quem se pergunta
de uma forma indireta, de ser facilitador e são baseadas em teorias circulares.
Quem pergunta atua como um guia ou um encorajador para que a pessoa a
quem se dirige a pergunta mobilize seus próprios recursos de solução de
problema. O sistema é evolutivo e quem pergunta interage abrindo espaço
para que a pessoa veja novas possibilidades e evolução, no seu próprio ritmo.
Como se percebe claramente, acima, na prática do diálogo,
principalmente as perguntas são importante ferramenta, no entanto, podendo
representar risco de parecer um proceder acusatório.
No capítulo primeiro deste trabalho monográfico, pode-se perceber que
o tipo de conflito influencia na escolha do método de Mediação a ser utilizado
para lidar com os conflitos familiares. Igualmente, se faz necessária uma
adequação do formato do procedimento, como quantidade de reuniões, tempo
de cada reunião, a escolha da dupla de mediadores (se será do mesmo gênero
ou mesclará masculino e feminino), entre outras medidas.
Seguindo-se este raciocínio, também as ferramentas a serem usadas
em mediação pelo mediador, precisam ser adequadas para alcançar o
propósito específico dos casos atendidos, com total ou maior eficiência.
44
Ora, a conscientização é algo que não se impõe de fora para dentro,
pela lei ou pelo convencimento, não se negocia, apenas se consegue ou não
que brote do íntimo do próprio indivíduo através de estímulos à reflexão
eficazes, eficientes e efetivos.
Dylan Evans, neurologista da Universidade de Oxford, na Inglaterra, e
autor da obra „Emotions‘ – The Science of Sentiments (“Emoções – A Ciência
dos Sentimentos”, ainda inédito no Brasil) nos ensina que hoje, os
neurologistas apontam que a área no cérebro chamada córtex pré-frontal, logo
abaixo da testa, tem um papel importante em nossa capacidade de sentir
emoções. Ao perder essa capacidade por dano cerebral, as pessoas tornam-
se mais indiferentes, já que não conseguem mais sentir as emoções
responsáveis por aquele aperto no peito de culpa ou remorso, por exemplo.
Diz Evans: “São esses sentimentos que nos obrigam a repensar atitudes,
mudar, evoluir”.
Aqui está um ponto a se iluminar: através do despertamento de
determinadas emoções, repensa-se atitudes, transforma-se, evolui-se. Logo,
deduz-se que, se a emoção despertada for de medo, o objetivo maior da
Mediação pode ficar prejudicado ou inviabilizado pela interrupção do
procedimento. Por outro lado, se a leveza e extremo cuidado do diálogo não
fizerem “cair a ficha” dos indivíduos, também fica prejudicada a efetividade,
embora sempre se atinja alguma eficácia com o procedimento. No entanto, se
as ferramentas escolhidas forem capazes de despertar emoções confortáveis
que permitam lidar com as ideias, ampliando a consciência dos sujeitos,
através de ferramentas, veículos ou formatos mais agradáveis, leves e ainda
eficazes- Bingo!
Em função da maior complexidade subjetiva dos casos, torna-se mais
difícil chegar a ele com a qualidade e celeridade esperadas, uma vez que é
mais delicado o processo de conscientização (ou centramento) das partes, que
é o que leva ao abandono das posições rígidas e competitivas.
45
Unindo-se em conceito a perspectiva social do ser humano e os
propósitos da Mediação e da Pedagogia, passa-se adiante a emprestar desta
última, especificamente os saberes sobre o uso de áudio-vídeo como
ferramenta facilitadora e incrementadora do processo
pedagógico/reflexivo/formador de consciência, por atingir mais rápida e
eficazmente o campo das emoções e ideias, como comprova-se a seguir.
3.2- O Uso de Audiovídeos, Animações e Imagens em
Mediações nos casos de Família.
Espera-se que a Mediação atue de forma revolucionária em termos de
paradigma, sendo abolicionista do pensamento de soluções impostas, ainda
que dentro do parâmetro legal, frutos da prática jurídica litigante, penalizadora.
A produção audiovisual serve a este objetivo. Em suma, o suporte audiovisual
atua eficazmente sobre os processos de aprendizagem, conscientização,
despertamento criativo e transformativo, resgatando a urbanidade, a
cidadania.
Citando-se novamente a mesma obra de Barbosa, Águida Arruda,
capítulo intitulado Principiologia e Conceito da Mediação, pg. 39:
A comunicação inadequada exalta-se, sobremodo, quando pais separam-se,
principalmente quando a ruptura é litigiosa, pois, enquanto o ex-casal
realimenta inadequadamente o vínculo ―conjugal‖ por meio da comunicação
da linguagem do conflito, os filhos vivem uma situação de abandono diante da
dificuldade de diálogo entre os pais. Muitas vezes, o conflito se mantém ―em
nome‖ da criança, no entanto, os filhos ficam sufocados e sem espaço para
compreender seu efetivo papel na família, a qual foi transformada pela
separação.
Percebe-se que há séria necessidade de se mudar de atitude diante da
vida, abandonando-se posições rígidas, por reflexão e melhor entendimento
das nefastas consequências de escolhas equivocadas. A ferramenta dialógica
46
pode ser amplamente auxiliada, como visto, por diversos vídeos, filmes,
documentários, animações.
Casos que envolvam, por exemplo, possível Alienação Parental, podem
ser percebidos, através de muita conversa ao longo de muito tempo, ou
rapidamente, como uma ficha telefônica que cai permitindo a ligação/conexão,
após visualização de um documentário, mesmo sendo sério e forte como o do
Diretor Alan Minas, intitulado „A Morte Inventada‟, encontrado no Youtube, cuja
sinópse transcrevemos em parte a seguir:
O documentário "A Morte Inventada" tem como objetivo estimular a discussão
sobre a Alienação Parental, nomenclatura pouco conhecida entre nós, mas
que se refere a um comportamento bastante comum.
A Alienação Parental, descrita em meados da década de 80 pelo psiquiatra
infantil norte-americano, Richard Gardner, revela-se como uma situação na
qual um genitor procura afastar seu filho ou filha do outro genitor
intencionalmente. Essa alienação é realizada através de informações
contínuas no intuito de destruir a imagem do genitor alienado na vida da
criança. Na maioria das vezes, a mãe ou o pai que praticam essa alienação,
obtém êxito, e o filho permanece, durante anos, acreditando naquela visão
distorcida. Em alguns casos chega até mesmo a ocorrer a falsa acusação de
abuso sexual como último recurso para romper definitivamente o vínculo entre
o genitor alienado e seu filho. Infelizmente, durante o processo de separação,
os filhos acabam sendo o principal instrumento para agredir o ex-
companheiro. As crianças vítimas da Alienação Parental carregam para
sempre os sinais desse tipo de violência, podendo desenvolver, na fase
adulta, distúrbios psicossociais severos. O documentário "A Morte Inventada"
propõe disseminar o assunto entre pais, psicólogos, advogados, juízes,
promotores, assistentes sociais, pediatras e todos os envolvidos neste drama
familiar. Essa violência tão frenquente e tão pouco conhecida não pode
continuar destruindo a relação entre pais e filhos.
Não tão denso, porém ainda sério e demonstrando-se uma ótima
ferramenta para „cair a ficha‟, quando se lida com realidades de poder e
extremo autocentramento, é o trecho de palestra do filósofo Mário Sérgio
Cortella, intitulada: „Você sabe com quem está falando?‟, disponível no
Youtube, onde o mesmo vem trazendo à consciência da plateia a percepção
do tamanho do nosso planeta em relação ao Universo, ou multiversos, bem
47
como, a quantidade de espécies que vivem no planeta, a quantidade de seres
humanos e o comportamento de alguns, parecendo dar-se muito maior
importância do que todo o resto sistema universal. Excelente vídeo, seríssimo
porém engraçado, tornando a conscientização menos dolorida.
Para a necessidade de atentar-se para o quanto os filhos nos tem como
modelo e a enorme responsabilidade sobre isso, ideal é assistir o vídeo:
“Criança vê, Criança faz”, encontrado no Youtube, com cenas de pais agindo de
formas lamentáveis, violentas e autodestrutivas, e os filhos imitando em paralelo,
os mesmos comportamentos dos pais (fumando, bebendo, gritando, batendo).
Outro ótimo exemplo de audiovídeo sobre mudar de atitude
abandonando-se posições competitivas e entendendo-se melhor as
possibilidades e facilidades de cada um dos envolvidos na competição ou
impasse, é a animação de título „A ponte‟ (The Bridge), postada no Youtube,
exibida nos cursos de formação de mediadores do CNJ, nos Centros de
Mediação – CEJUSC, dos tribunais.
A animação cômica demonstra dois animais grandes, vindo em sentido
contrário, disputando uma única passagem por uma ponte estreita. No élan do
confronto descartam qualquer ajuda ou sugestão e acabam por despencar da
ponte, que é parcialmente cortada, num despenhadeiro. Sobra a espessura
lateral da ponte para os dois pequenos animais passarem, em sentidos
opostos, os mesmos que tentaram sugerir soluções e foram rejeitados de
forma violenta. Começam a caminhada e ao chegarem ao centro da ponte, se
confrontam com a impossibilidade de passarem. Um observa que tem pernas
curtinhas e que o outro é uma lebre, conhecida como ótima saltadora. O de
pernas curtas percebe que lhe é mais fácil abaixar e dobrar-se enquanto que
para a lebre é mais fácil saltar sobre ele. Feito isto, solucionaram o impasse
que parecia impossível, rápido e facilmente. Seguiram contentes seus
caminhos opostos.
48
Seguindo-se este norte, muitos outros filmes, animações, até desenhos,
como o que se mostra abaixo, evidenciando diferentes conclusões sobre o
mesmo fato dependendo do ponto de vista, podem ser utilizados como
ferramenta adicional, no auxílio ao mediador em tornar eficaz seu papel de
facilitador de consenso, promotor de transformação e educador para a paz.
(imagem recebida pelo Whatsap, sem informação sobre o autor)
Para ressaltar como, às vezes, dificultamos as coisas:
(imagem recebida pelo Whatsap, sem informação sobre o autor)
Quanto à violência oculta na comunicação dos envolvidos no conflito e a
necessidade de se usar a comunicação não-violenta como melhor estratégia
para o consenso:
49
(Google imagens – autor desconhecido)
O vídeo „O cara‟ - Faça Mais... (Doing more is in our nature), disponível
no Youtube, mostra o valor da estratégia mais produtiva em face da
improdutiva. As imagens referem-se a um óvulo feminino e milhões de
espermatozóides nadando e tentando penetrar a parede do óvulo. Eis que
surge um determinado espermatozóide com uma rosa vermelha na mão, que o
mesmo oferece ao óvulo, com uma música romântica de fundo criando o clima,
até que diante desse charme o óvulo permite a entrada do espermatozóide.
(Disponível em: < https://youtu.be/FjI0rPhRyGA>)
50
Dinâmicas ou contos podem igualmente ser usados para abrilhantar a
comunicação do mediador junto aos mediandos em sala de Mediação, sempre
com o bom senso primordial à qualquer profissional, de forma a ampliar os
recursos de conscientização e transformação que promovem o objetivo
primordial da Mediação – a paz, obtida com consciência, por compreensão por
escolha informada e ética, aplicados aos casos que assim se demonstrem
indicados. Demonstra-se abaixo um exemplo de texto, seguido de perguntas
que comprovam que muitas certezas conclusões não resistem a um segundo
olhar.
―A HISTÓRIA DA MÁQUINA REGISTRADORA
UM COMERCIANTE ACABA DE ACENDER AS LUZES DE UMA LOJA DE
CALÇADOS, QUANDO SURGE UM HOMEM PEDINDO DINHEIRO. O
PROPRIETÁRIO ABRE UMA MÁQUINA REGISTRADORA. O CONTEÚDO
DA MÁQUINA REGISTRADORA É RETIRADO E O HOMEM CORRE. UM
HOMEM DA POLÍCIA É IMEDIATAMENTE AVISADO.‖
VERDADEIRO, FALSO ou DESCONHECIDO
Um homem apareceu assim que o proprietário acendeu as luzes de sua loja (
)
O ladrão foi um homem ( )
O homem não pediu dinheiro ( )
O homem que abriu a máquina registradora era o proprietário ( )
O proprietário da loja de calçados retirou o conteúdo da máquina registradora
e fugiu ( )
Alguém abriu uma máquina registradora ( )
Embora houvesse dinheiro na máquina registradora, a história não diz a
quantidade ( )
O ladrão pediu dinheiro ao proprietário ( )
A história registra uma série de acontecimentos que envolveu três pessoas: p
proprietário; um homem que pediu dinheiro; um membro da polícia ( )
51
Os seguintes acontecimentos são verdadeiros: alguém pediu dinheiro; uma
máquina registradora foi aberta; seu dinheiro foi retirado. ( )
52
CONCLUSÃO
Por todo o exposto, conclui-se facilmente que incluir na “caixa de
ferramentas” do mediador, ferramentas que ajudem a facilitar o mecanismo de
auto percepção dos protagonistas de um conflito (mormente no âmbito
familiar), ferramentas que conscientizem, informem, esclareçam,
desmistifiquem, ensinem novas e melhores maneiras de conviver, tudo isto de
forma mais célere, mais ou menos contundente, cômica ou sem mal estar nem
desconforto, é exatamente o que busca-se iluminar com este trabalho.
QUANDO “CAI A FICHA”. O AUDIOVISUAL COMO NOVA
FERRAMENTA NA MEDIAÇÃO DOS CONFLITOS DE FAMÍLIA, vem de todas
as formas trazer reflexões sobre a necessidade e a possibilidade de
reinventar-se caminhos para auxiliar as pessoas a reinventar-se, a buscarem
uma vida melhor, utilizando-se novas ferramentas, mesmo as que dialogam
através de imagens e de sons, mostrando que verdades, valores, certezas e
crenças podem ser naturalmente revistas e redesenhadas.
Ao dialogar-se sobre o próprio contexto de vida, é natural se colocar na
defensiva e, no entanto, ao se assistir em tela uma estória/história “de outrem”,
é natural desarmar-se. É neste momento de abertura, é neste lugar amplo, o
espaço/tempo onde os grandes saltos podem dar-se, e o mundo pode ter mais
algumas possibilidades de um dia amanhecer em paz.
53
ANEXO 1
INTERNET
Introdução aos Novos Média –
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
« Era da imprensa – “A Galáxia de Gutenberg” As “e-folhas” »
O ser humano, um ser social
Published 17/03/2010 Teoria dos Média Fechado
O ser humano é um ser altamente social. Uma prova disso é a sua
constante necessidade de comunicar. Um dia, inventou a escrita. Noutro dia,
inventou o telefone…
As mais antigas experiências conhecidas datam de 30000 a.C., sendo
os precursores ou embriões da escrita ilustrações e pinturas em cavernas –
pinturas rupestres -, pedras e pequenos objectos.
Escreveu em argila, papiros, tábuas de madeira, seda e papel. Resolveu
experimentar escrever numa máquina e essa máquina deu então lugar ao
teclado qwerty do computador e alterou completamente o processo da escrita.
A internet, um conglomerado de redes em escala mundial de milhões de
computadores interligados, permitiu o acesso a informações e todo o tipo de
transferência de dados. Contém uma ampla variedade de recursos e serviços
54
como o correio electrónico, a comunicação instantânea e a partilha de
arquivos.
A partir do telefone, surgiu o telemóvel, que continua a sofrer inúmeras
alterações e que, para além do serviço de chamadas, possui o serviço de
mensagens escritas, de internet, jogos,…
Agora podemos fazer do nosso telemóvel um computador, comunicar
através de redes sociais como o Messenger, o Facebook, o Twitter,… e aceder
a conteúdos digitais onde e quando quisermos.
A ideia de que os média são uma extensão do ser humano está aqui
presente, assim como o conceito de aldeia global de Marshall McLuhan. A
tecnologia permitiu a interligação e a intercomunicação com o mundo. Sara
Godinho
55
ANEXO 2
INTERNET
Sociologia do Cotidiano - segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
O Homem como ser Social - A Sociedade dos Indivíduos
O que vem primeiro, o indivíduo ou a sociedade? Os indivíduos moldam
a sociedade ou a sociedade molda os indivíduos?
Em poucas palavras, podemos dizer que indivíduos e sociedade fazem
parte da mesma história, escrita pelas Relações Sociais. Não há separação
entre eles.
O Fato de precisarmos uns dos outros significa que não temos
autonomia? Até que ponto dispomos de liberdade para decidir e agir? Até que
ponto somos condicionados pela sociedade? A sociedade nos obriga a ser o
que não queremos? E nós, podemos mudar a sociedade?
Para estudarmos estas e outras questões analisaremos mais a fundo
essa unidade de nossos estudos. Os indivíduos, sua história e a sociedade.
Nas diversas formas de sociedade percebemos que só na modernidade a
noção de indivíduo ganhou relevância, pouco valor se dava à pessoa única na
antiguidade. A importância do indivíduo estava inserida no grupo a quem
pertencia (família, Estado, clã, etc.), apesar das diferenças naturais entre os
indivíduos, não havia se quer a hipótese de pensar em alguém desvinculado
de seu grupo.
No século XVI, com a Revolução Protestante, o ser humano passa a ter
"domínio e poder" próprio no século XVIII o capitalismo e o pensamento liberal
contribui colocando a felicidade humana no centro das atenções, não se
tratava de felicidade como um todo, mas de sua expressão material (ser
56
proprietário de bens, de dinheiro, ou apenas de seu trabalho).
Mas como indivíduos e sociedade se tornaram uma só engrenagem?
Um conceito importante para investigar essa questão é o Processo de
Socialização, que começa pela família, passa pela escola, passa pelos meios
de comunicação, pelo convívio com a comunidade do bairro, da igreja, do
clube ou das festas populares e etc.
O Homem é um ser social
O homem é um ser social que se encontra inserido em um conjunto de
redes sociais mais amplas (família, amigos, comunidade religiosa, vizinhança,
colegas de trabalho, etc.) Inserido nesses grupos sociais, adquire sua
identidade enquanto ser humano e os meios fundamentais para a sua
sobrevivência.
Postado por Erick Alves às17:15
57
ANEXO 3
INTER
NET
A experiência audiovisual nos espaços educativos -
possíveis interseções entre educação e comunicação –
Eloiza Gurgel Pires - Universidade de Brasília Correspondência: Eloiza
Gurgel Pires - SCRS 502 bl. B apt.118 -70330-520 – Brasília – DF - E-mail:
Resumo
O presente trabalho relaciona os campos da comunicação e da
educação a partir de uma reflexão sobre a experiência audiovisual no contexto
dos espaços educativos. Aponta-se a transversalidade das mídias audiovisuais
como um desafio importante para a escola, considerando-se a complexidade
do momento histórico em que vivemos e seus processos de construção de
subjetividades decorrentes dos novos modos de ler, ver, pensar e aprender.
Procuramos encontrar, nas práticas atuais dos espaços de sala de aula,
fatos que pudessem fornecer subsídios para aprofundar algumas questões
relacionadas ao discurso áudio-imagético dentro de uma perspectiva histórico-
cultural, recolocando a questão das poéticas tecnológicas, inserindo a técnica
no universo da cultura. Nossa preocupação com relação às referências
teóricas para este estudo foi a de não limitar as questões problematizadas
nesta investigação a determinados guetos teóricos, sem que, para isso, o
objeto de pesquisa sofresse diluições. Assim, trabalhamos com autores que
nos ajudaram a transitar por diferentes campos do conhecimento e sabe-res.
Estabelecemos diálogos com o pensamento bakhtiniano; com pesquisadores
que estão refletindo sobre as produções audiovisuais contemporâneas; e com
58
autores como José Luiz Braga e Regina Calazans; Martin-Barbero; e David
Buckingham que nos permitiram uma visão ampliada sobre a
contemporaneidade e as questões significativas dos campos da educação e da
comunicação, especialmente as questões relacionadas aos estudos de
educação para as mídias.
59
ANEXO 4
INTERNET
GESTÃO DE CONFLITOS: TRANSFORMANDO CONFLITOS
ORGANIZACIONAIS EM OPORTUNIDADES
Taíse Lemos Friedrich - Especialista em Gestão de Pessoas e
Marketing, Bacharel em Administração. E-mail: [email protected]
Mara A. Lissarassa Weber - Doutora em Psicologia, docente da
disciplina de Metodologia de Pesquisa. E-mail: [email protected]
14/01/2014
RESUMO
O conflito é natural do ser humano e por isso tão presente no ambiente
empresarial, que é composto por pessoas, das mais diversas opiniões e
personalidades. Nesse artigo é abordada a gestão de conflitos, com ênfase
nos seus impactos e resultados nas organizações. Assim serão apresentados
conceitos, tipos, fatores causadores de conflitos, formas de administrá-los, e
seus efeitos nas organizações, tudo para que se torne mais claro e
compreensível esse assunto tão relevante na atualidade, tanto para as
empresas quanto para seus gestores. Através de pesquisa bibliográfica
apresentou-se os principais tópicos da gestão de conflitos, e se tornou evidente
que se bem administrado pode torna-se um grande aliado ao crescimento e
desenvolvimento, das pessoas e organizações.
Palavras-chave: Gestão de conflitos. Pessoas. Crescimento.
Desenvolvimento.
60
1 INTRODUÇÃO
Os conflitos são presentes em todos os ambientes, organizacionais ou
não, pois sempre que houver a convivência entre um grupo de pessoas,
inevitavelmente haverá divergências de ideias, objetivos, entre outros fatores.
Os gestores geralmente veem os conflitos como sinônimo de problema, mas, é
possível que as divergências tragam benefícios às atividades empresarias?
Diante disso se torna instigante estudar e conhecer melhor o assunto,
que é ainda pouco abordado em trabalhos científicos e nas organizações,
embora seja de suma importância para uma boa gestão de pessoas.
O presente artigo aborda a gestão de conflitos nas organizações, sob a
ótica de que situações conflituosas, se bem administradas, podem apresentar
oportunidades de crescimento e mudanças. Diante disso objetiva-se conceituar
e analisar os conflitos, assim como seus tipos e abordagens, a fim de
identificar seus efeitos nas organizações.
A busca do objetivo deste trabalho realizar-se-á através de pesquisa
bibliográfica, a qual será desenvolvida a partir de materiais já elaborados,
principalmente livros e artigos bibliográficos que tratem do assunto abordado.
2 CONCEITOS DE CONFLITO
Conforme Berg (2012), a palavra conflito vem do latim conflictus, que
significa choque entre duas coisas, embate de pessoas, ou grupos opostos
que lutam entre si, ou seja, é um embate entre duas forças contrárias.
Aplicando à realidade, conflito é um estado antagônico de ideias,
pessoas ou interesses e não passa, basicamente, da existência de opiniões e
de situações divergentes ou incompatíveis. (BERG, 2012)
61
Berg (2012, p.18), afirma ainda que: “O conflito nos tempos atuais é
inevitável e sempre evidente. Entretanto, compreendê-lo, e saber lidar com ele,
é fundamental para o seu sucesso pessoal e profissional”.
Burbridge e Burbridge (2012) defendem que conflitos são naturais e em
muitos casos necessários. São o motor que impulsiona as mudanças. No
entanto muitos conflitos são desnecessários e destroem valores, causando
prejuízo para as empresas e pessoas que nela trabalham. O principal desafio
dos gestores é identificar os conflitos produtivos e contra produtivos e
gerenciá-los.
Já para Chiavenato (2004), conflito ocorre pela diferença de objetivos e
interesses pessoais, e é parte inevitável da natureza humana; constitui o lado
oposto da cooperação e da colaboração, a palavra conflito está ligada a
desacordo, discórdia, etc. Para que haja conflito, além da diferença dos fatores
citados, deve haver uma interferência deliberada de uma das partes
envolvidas, ou seja, quando uma das partes, seja individuo ou grupo, tenta
alcançar seus próprios objetivos interligados com alguma outra parte, a qual
interfere na sua busca de atingir os objetivos.
Desta forma, conforme Chiavenato (2004, p. 416), “o conflito é muito
mais do que um simples acordo ou divergência: constitui uma interferência
ativa ou passiva, mas deliberada para impor um bloqueio sobre a tentativa de
outra parte de alcançar os seus objetivos”.
O conflito pode ocorrer no contexto de relacionamentos entre duas ou
mais partes, podendo ser entre pessoas, grupos ou organizações, assim como
pode ocorrer entre mais de duas partes ao mesmo tempo. Nota-se que maior
parte dos autores concordam sobre a inevitabilidade do conflito, pois é da
natureza humana, e como as pessoas integram as organizações, estas terão
de aprender a lidar com essa realidade.
62
3 TIPOS DE CONFLITOS
Para melhor conhecermos os conflitos é importante que saibamos suas
formas e tipos de ocorrência, de maneira que ao se deparar com uma situação
de atrito possamos identificá-la, para assim buscar a melhor forma de
resolução.
Berg (2012) defende que existem três tipos de conflitos: pessoais,
interpessoais e organizacionais, conforme veremos a seguir. Conflito pessoal:
é como a pessoa lida com si mesma, são inquietações, dissonâncias pessoais
do indivíduo, e reflete num abismo entre o que se diz e faz, ou contraste entre
o que se pensa e como age. Esse tipo de conflito pode levar a determinados
estados de estresse e atrito. Conflito interpessoal: é aquele que ocorre entre
indivíduos, quando duas ou mais pessoas encaram uma situação de maneira
diferente. Embora boa parte dos conflitos sejam causados por processos
organizacionais, a maioria dos atritos e desavenças são, no entanto, de origem
interpessoal, o que torna-as mais difíceis de se lidar. Podem existir ainda
dentro dos conflitos interpessoais, o intragrupal (divergência numa mesma
área, setor, etc.), e intergrupal (dissensão entre áreas, setores diferentes).
Conflito organizacional: esse tipo de conflito não é fundamentado em sistema
de princípios e valores pessoais, e sim do resultado das dinâmicas
organizacionais em constante mudança, muitas delas externas à empresa.
Já para Burbridge e Burbridge (2012), existem dois tipos de conflitos, o
interno e externo. Conflito interno é o que pode ocorrer entre departamentos
ou unidades de negócios, mas sempre tem como raiz o conflito entre pessoas.
Esse tipo é de certa forma o mais complexo, pois as partes conflitantes estão
supostamente do mesmo lado da mesa e a maior parte dos custos é oculta. O
conflito externo em geral é mais facilmente identificado, e tem o custo mais
fácil de ser medido. Nesse caso o conflito pode ocorrer com outra empresa,
com o governo, outra organização ou até com um individuo. Em todos os casos
onde há conflito há pessoas, onde há pessoas há emoções.
63
Para Chiavenato (2004), existem vários tipos de conflitos: o conflito
interno e o conflito externo. O interno, ou intrapessoal, envolve dilemas de
ordem pessoal; o externo envolve vários níveis, como: interpessoal,
intragrupal, intergrupal, intra-organizacional e interorganizacional.
Chiavenato (2004) afirma ainda que o conflito pode ocorrer em vários
níveis de gravidade, conforme segue a seguir. Conflito percebido: é quando as
partes percebem e compreendem que o conflito existe, pois sentem que seus
objetivos são diferentes dos objetivos dos outros e que existem oportunidades
de interferência ou bloqueio. É chamado de conflito latente. Conflito
experienciado: é quando o conflito provoca sentimentos de hostilidade, raiva,
medo, descrédito entre uma parte e outra. É chamado de conflito velado, pois
não é manifestado externamente com clareza. Conflito manifestado: é quando
o conflito é expresso através de comportamento de interferência ativa ou
passiva, por ao menos uma das partes. É chamado conflito aberto.
“O conflito é inevitável, o administrador precisa conhecer a respeito de
suas possíveis soluções ou resoluções. A solução de um conflito passa quase
sempre pelo exame das condições que o provocaram” (CHIAVENATO, 2004,
p. 416).
Conhecendo a natureza e o tipo de conflito, o gestor poderá agir com
mais assertividade, aumentando suas chances de tomar uma decisão que
mantenha o bem estar entre as pessoas ou grupos, sem conivência e
injustiças.
4 FATORES CAUSADORES DE CONFLITOS NAS ORGANIZAÇÕES
Conforme a evolução do tema, verificamos que o conflito é inevitável e
constante nas organizações, porém existem ambientes e situações que
potencializam a ocorrência do mesmo, sendo que uma boa forma de entender
64
e trabalhar um assunto é estudando suas causas. Por isso abordaremos a
seguir alguns fatores causadores de conflitos nas organizações.
As principais causas de conflito organizacional, para Berg (2012), são:
Mudanças: as mudanças ocorrem principalmente por pressão do mercado,
forçando a organização a adaptar-se às novas realidades. Essas alterações
são geralmente de caráter tecnológico, estrutural ou comportamental,
buscando com isso melhorar a eficácia na busca por resultados, aumentar ou
manter lucros, enxugar custos, atualizar a organizações em todos os aspectos,
crescer ou manter-se no mercado. Mudanças organizacionais podem trazer
demissões, reestruturações e espalhar medo e resistência, por isso
representam uma fértil fonte de conflitos. Recursos limitados: a escassez de
recursos, devido a enxugamentos promovidos pelas organizações para
tornarem-se competitivas, são motivo de muitos atritos, pois podem limitar o
desempenho de colaboradores e departamentos. As limitações vão desde
dinheiro até às pessoas, o que gera muitas vezes grandes jornadas de
trabalho objetivando o alcance de metas em detrimento à interação entre
gestores e subordinados, podendo ocasionar cansaço, estresse e
descontentamento geral. Choque entre metas e objetivos: impasses entre
departamentos ou diretorias são comuns atualmente nas organizações, em
função principalmente das metas e objetivos que se chocam, por falta de
comunicação e sintonia entre as áreas. A causa desse fator é geralmente o
planejamento deficiente, que compartimentado, prioriza muitas vezes ações
emergenciais e isoladas de setores distintos, sem dedicar-se a integração de
objetivos e metas da organização como um todo.
Chiavenato (2004) defende que, existem nas organizações certas
condições inerentes à mesma, que tendem a criar percepções entre pessoas e
grupos, predispondo ambientes de conflito. Esse cenário constitui as
condições antecedentes dos conflitos, que conforme o autor dividem-se em
quatro tipos, conforme a seguir: ambiguidade de papel: quando as
expectativas são pouco claras e confusas, além de outras incertezas,
65
aumentando a probabilidade de fazer com que as pessoas sintam que estão
trabalhando para propósitos incompatíveis; objetivos concorrentes: como o
crescimento da organização os grupos e setores se especializam cada vez
mais na busca por seus objetivos. Desta forma cada grupo realiza tarefas
diferentes, focando objetivos diferentes, relaciona-se com partes distintas do
ambiente, ou seja, surge a diferenciação, objetivos e interesses desiguais dos
demais grupos da organização; recursos compartilhados: os recursos
organizacionais são limitados e escassos, e a quantidade disponível precisa
ser distribuída e alocada entre os grupos da empresa, de forma que, se um
grupo aumentar sua quantidade de recursos, outro grupo perderá ou terá de
abrir mão de uma parcela dos seus. Isso provoca a percepção de objetivos e
interesses diferentes e incongruentes; interdependência de atividades: as
pessoas e grupos de uma organização precisam uns dos outros para
desenvolver suas atividades e alcançar os objetivos. Isso ocorre quando um
grupo não pode realizar a sua tarefa e alcançar seu objetivo a não se que
outro grupo realize a sua ou alcance o seu. Quando os grupos são altamente
interdependentes existem oportunidades de que um grupo auxilie ou
prejudique o trabalho dos demais, o que é um potencial conflito.
De acordo com Burbridge e Burbridge (2012), a natureza de um conflito
pode ser vista em três categorias: origem do comportamento humano é a parte
mais complexa e integral de todo o tipo de conflito, pois cada um te seu
universo particular composto de uma matriz de sentimentos, reações e
pensamentos; origem estrutural se refere a normas, politicas e procedimentos,
e particularmente fluxos de informações da própria empresa, podem ser em
parte responsáveis por boa parte dos conflitos desnecessários; origem externa
onde muitos conflitos que vem do mundo externo são necessários e fazem
parte do negócio, como tensões de mercado, e aspectos de entidades públicas
e governo.
Como verificamos são diversas as razões de um conflito, mas é
imprescindível que o gestor faça um diagnóstico do acontecimento para
66
entender sua causa e a partir daí resolver da forma mais adequada. Nem
sempre o fato gerador do conflito poderá ser extinto, mas cabe ao
administrador fazer o possível para que os impactos negativos sejam
minimizados.
5 ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS
Uma vez que conhecidos e identificados os conflitos precisam ser
administrados ou geridos, para que se resolvam da forma mais eficiente e
eficaz.
Quando se estiver administrando um conflito, de acordo com Neto
(2005), é de suma importância que antes de tomar qualquer decisão
investiguem-se os fatos ocorridos, assim como as pessoas envolvidas, suas
condutas, desempenho, entre outros. Tudo para que injustiças não sejam
cometidas e o conflito tenha um final satisfatório para todos.
A respeito da administração de conflitos, Chiavenato (2004, p. 418)
afirma que: “uma qualidade importante no administrador é sua qualidade de
administrar conflitos”.
Para isso, o gestor tem à sua disposição três abordagens para
administrar conflitos, sendo elas, conforme Chiavenato (2004):
a) Abordagem estrutural: o conflito se forma das percepções criadas
pelas condições de diferenciação, recursos limitados e escassos e de
interdependência. Se o gestor agir sobre algum desses elementos geradores,
a situação conflitante poderá ser controlada mais facilmente.
b) Abordagem de processo: essa abordagem procura reduzir conflitos
através da modificação de processos, podendo ser realizada por uma parte do
conflito, por pessoas de fora ou uma terceira parte, e pode ser conduzida de
três formas: a desativação do conflito, onde uma das partes opta pela
67
cooperação promovendo o acordo; reunião de confrontação entre as partes,
em que são abertos os motivos do conflito de maneira mais direta entre os
envolvidos; ou colaboração, que ocorre após passadas as etapas anteriores,
com as duas partes buscando uma resolução vantajosa para todos.
c) Abordagem mista: envolve tanto os aspectos estruturais como os de
processo, e pode ser feita através da adoção de regras para resolução de
conflitos, ou criação de papéis integradores. A adoção de regras se utiliza de
meios estruturais para influenciar no processo de conflito, criando regras e
regulamentos que delimitem a ação das pessoas. Já a criação de papéis
integradores consiste em criar terceiras partes dentro da organização, de
forma que elas estejam sempre disponíveis para auxiliar na busca de soluções
favoráveis dos conflitos que possam surgir.
Para Berg (2012) existem várias maneiras de abordar e administrar
conflitos, porém uma das mais eficazes é denominada de “Estilos de
administração de Conflitos”, método criado por Kenneth Thomas e Ralph
Kilmann, que propõem cinco formas de administrar conflitos, conforme a
seguir:
a) Competição: é uma atitude assertiva e não cooperativa, onde
prevalece o uso do poder. Ao competir o individuo procura atingir seus
próprios interesses em detrimento dos da outra pessoa, é um estilo agressivo
onde o individuo faz uso do poder para vencer.
b) Acomodação: é uma atitude inassertiva, cooperativa e
autossacrificante, o posto da competição, onde ao acomodar-se a pessoa
renuncia aos seus próprios interesses para satisfazer os interesses de outra
parte. É identificada como um comportamento generoso, altruísta, e dócil.
c) Afastamento: é uma atitude inassertiva e não cooperativa, pois ao
afastar-se a pessoa não se empenha em satisfazer os seus interesses e nem
68
tampouco coopera com a outra pessoa. O indivíduo se coloca à margem do
conflito, adiando-o ou recuando perante situações de ameaça.
d) Acordo: é uma posição intermediária entre a assertividade e
cooperação, onde o individuo procura soluções mutuamente aceitáveis, que
satisfaçam parcialmente os dois lados. O acordo significa trocar concessões,
ou então procurar por uma rápida solução de meio termo.
e) Colaboração: é uma atitude tanto assertiva quanto cooperativa, onde
ao colaborar o indivíduo procura trabalhar com a outra pessoa tendo em vista
encontrar uma solução que satisfaça plenamente os interesses das duas
partes.
Berg (2012) afirma ainda que não existe estilo certo ou errado para gerir
conflitos, e que cada um pode ser apropriado e efetivo dependendo da
situação, do assunto a ser resolvido e dos personagens envolvidos. O
importante é conhecer e servir-se das várias opções a nossa disposição para
manejar conflitos e aprender a utilizar suas técnicas.
Nem todo conflito é igual e nem todo conflito deve ser abordado da
mesma forma, conforme Burbridge e Burbridge (2012), por esta razão o gestor
precisa saber como e quando usar cada ferramenta a sua disposição, como:
negociação, poder, litígio, arbitragem, ouvidoria, conciliação, e diversas ouras
ferramentas disponíveis. Portanto o desafio está em saber o que aplicar em
cada ocasião, procurando escolher e aplicar as técnicas de forma inteligente.
Embora os estudos sobre conflitos convirjam para ideia de que estes
são diferentes e devem ser analisados caso a caso, é importante que seja do
conhecimento do gestor as diferentes formas de abordagem dos
desentendimentos, para que ao identificar sua tipicidade, possa aplicar a
ferramenta mais adequada para conclusão da situação conflitante.
69
6 EFEITOS DOS CONFLITOS
Os conflitos podem ter resultados positivos ou negativos, esse resultado
depende de diversos fatores, desde o motivo do conflito até mesmo a forma
como foi tratado.
Chiavenato (2004) destaca alguns efeitos positivos e negativos dos
conflitos, conforme a seguir:
Efeitos positivos: o conflito desperta sentimentos e energia no grupo,
fazendo com que muitas vezes busquem meios mais eficazes de realizar
tarefas e soluções criativas e inovadoras. Também é estimulada a coesão
intragrupal, e por vezes é chamada atenção para problemas existentes, que
sendo tratados de forma eficaz evitam problemas maiores no futuro.
Efeitos negativos: o conflito pode provocar consequências indesejáveis
para o bom funcionamento da organização, como sentimentos de frustação,
hostilidade e tensão nas pessoas, que prejudica tanto o desempenho das
tarefas como o bem-estar das pessoas. Geralmente é desperdiçada muita
energia na resolução de conflitos, o que poderia ser direcionado para o
trabalho, e podem surgir comportamentos que prejudiquem a cooperação e
relacionamentos entre as pessoas do grupo.
De acordo com Burbridge e Burbridge (2012), os conflitos auxiliam no
processo de mudanças necessárias e crescimento das organizações, mas em
contrapartida, geram custos que passam despercebidos, mas que influenciam
no funcionamento da empresa, como a alta taxa de rotatividade, absenteísmo,
motivação reduzida, baixa produtividade, etc.
“O que vai determinar se o conflito é construtivo ou negativo será a
motivação das pessoas envolvidas, sendo que, em qualquer organização, é de
responsabilidade do gestor ou gerente facilitar a gestão desse conflito.”
(McINTYRE, 2007, p. 303).
70
Evidencia-se que os conflitos interferem sim no funcionamento das
organizações, resta então identificar se essa interferência é favorável ou não
às atividades, estimulando as situações onde as discordâncias geram novas
ideias e soluções diferenciadas, e mitigando aquelas onde as consequências
serão restritas aos custos e perdas, tanto na produtividade quanto na
qualidade de relacionamento entre as pessoas.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse artigo foi possível conhecer e explorar o conflito desde seu
conceito até os efeitos gerados por ele nas organizações, tendo em vista
aprimorar práticas e desmistificar o assunto como sendo um problema para o
gestor e as empresas.
A administração de conflitos exige muita habilidade por parte de quem
for tratá-lo, porém nem sempre é ruim, se bem analisado e com o uso das
ferramentas corretas ele pode transformar-se em um aliado do crescimento e
da mudança.
As pessoas têm personalidades e opiniões diferentes, por isso é comum
ter situações divergentes na convivência, tanto em ambientes familiares
quanto empresariais. Mas se a razão do conflito for boa e construtiva, um
simples choque de opiniões pode trazer uma mudança importante e
necessária.
Através do conteúdo apresentado foi possível ter acesso às diferentes
modalidades de resolução de conflitos, e identificado que as situações
conflitantes podem ser encaradas de diversas formas, desde a mais pacífica,
até o embate entre as partes, porém sempre de forma respeitosa e digna, não
deixando as emoções de lado, mas controlando-as para que não gerem
indisposições desnecessárias e sem sentido.
71
O maior desafio então é saber escolher a melhor estratégia de
resolução para cada caso, levando em consideração tudo que for importante,
escutando os envolvidos e buscando aumentar os efeitos construtivos e
minimizar os destrutivos, promovendo o bem estar entre as pessoas e o
desenvolvimento da organização. O que sempre fará a diferença serão as
pessoas, suas intenções e habilidades, por isso são tão importantes nas
organizações, e estudar formas de auxiliar na sua convivência e bem estar se
faz necessário e imprescindível para todo gestor a as organizações que
desejam sucesso.
REFERÊNCIAS
BERG, Ernesto Artur. Administração de conflitos: abordagens práticas
para o dia a dia. 1. ed. Curitiba: Juruá, 2012.
BURBRIDGE, R. Marc; BURBRIDGE, Anna. Gestão de conflitos:
desafios do mundo corporativo. São Paulo: Saraiva, 2012.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: e o novo papel dos
recursos humanos na organização. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p.
415-427.
McINTYRE, Scott Elmes. Como as pessoas gerem o conflito nas
organizações: estratégias individuais negociais. Análise Psicológica, Lisboa, v.
25, n. 2, p. 295-305, jun. 2007.
NETO, Alvaro Francisco Fernandes. Gestão de conflitos. Thesis, São
Paulo, v. 4, p. 1-16, 2º semestre de 2005.
72
ANEXO 5
INTERNET
Educação Popular e Coletivos de Vídeos: diálogos e ações
Postado em 21 de dezembro de 2009 – Autor diegoya Leave a
comment.
O presente artigo tem como objetivo traçar um paralelo entre a
educação e o audiovisual em uma perspectiva humanista e transformadora.
Para isso, o texto está estruturado em três partes. Na primeira parte aponta-se
a concepção de Educação que sustenta as ideias contidas aqui. Na segunda
parte, traça-se um panorama sobre a relação entre a educação e o
audiovisual, mostrando algumas concepções metodológicas ao trabalhar o
audiovisual como processo educativo. Por último, partindo de uma ideia de
educação popular e da inserção da realização audiovisual em grupos
populares, destaca-se a potencialidade da criação audiovisual como processo
de educação transformadora em que o audiovisual esteja integrado no
cotidiano das atividades destes grupos populares.
Educação, conscientização, transformação…
A compreensão de Educação que orienta este artigo parte da ideia de
que ela é um processo que se dá em toda a nossa vida, ou seja, não está
restrita ao espaço escolar, pelo contrário, ela se dá em todos os ambientes
sociais em que nos relacionamos com o outro e com o mundo.
Esta compreensão está presente nas pesquisas de Paulo Freire (2005)
que nos demonstra que a educação é um fenômeno que se constrói no
decorrer do processo histórico através das relações dos seres humanos entre
si e com o mundo. Ou seja, não há um momento em que os processos
73
educativos se separam da própria vida vivida. Aprende-se vivendo. Da mesma
maneira, Fiori (1986) nos apresenta a educação como um processo contínuo
de construção do ser humano, e este processo, que não se dissocia da
conscientização, mas a acompanha, se dá, também, nas relações entre as
pessoas e delas com o mundo. “Educação e conscientização se implicam
mutuamente” (FIORI, 1986, p. 03).
Estas relações entre as pessoas, segundo Freire (2005), nos permitem
vislumbrar duas concepções de educação: uma “bancária”, que atua como
instrumento da opressão; e outra, progressista e libertadora.
Em relação à primeira concepção, de forma sintética podemos afirmar
que há um(a) educador(a) que tudo sabe e um(a) educando(a) que nada sabe,
cabendo àquele(a) a função de “educar” (dentro da perspectiva “bancária”).
Este “educar” parte do pressuposto, portanto, de que há um sujeito que fala o
que sabe, através da narração e um ouvinte passivo a quem cabe apenas o
papel de depositário dos comunicados do(a) educador(a). Nesta perspectiva,
o(a) educando(a) é cercado(a) de um discurso prescrito, onde a realidade é
algo estático, dado, imutável, destruindo, assim, a possibilidade de o(a)
educando(a) se tornar sujeito do processo de construção do conhecimento.
A educação libertadora é aquela em que educador(a) e educando(a)
são sujeitos do processo de formação humana. O(a) educador(a) progressista
pauta seu trabalho em “uma pedagogia fundada na ética, no respeito à
dignidade e à própria autonomia do educando” (FREIRE, 2007, p. 10).
Ainda no sentido de contrapor a educação “bancária” com a educação
libertadora, Freire (2005) vai diferenciar a teoria da ação antidialógica da
teoria da ação dialógica.
Importante destacar que o autor reconhece e enfatiza que teoria e ação
fazem parte de um mesmo processo que é dialético e se constrói na práxis, ou
seja, na articulação constante entre prática e teoria. Na teoria da ação
74
antidialógica, onde se estabelece uma relação de dominação, de opressão, a
alteridade é negada. O outro é visto como objeto da ação de quem domina. O
outro é conquistado, manipulado, invadido culturalmente para que se
mantenha a situação de opressão, evitando, de qualquer maneira, que o
oprimido se reconheça como tal. Por outro lado, na teoria dialógica da ação
“há sujeitos que se encontram para a pronúncia do mundo, para a sua
transformação” (FREIRE, 2005, p. 192). Apenas com a co-laboração,
comunhão e o diálogo intersubjetivo, portanto com o outro, é possível construir
uma consciência crítica sobre a condição de opressão que conduza a ações
que transformem tal condição.
A partir do momento em que o oprimido, inserido criticamente na sua
realidade, conscientiza-se de sua condição de oprimido, construindo, portanto
uma consciência histórica desta situação, é possível entrever a possibilidade
de o oprimido lutar pela sua libertação, pela sua humanização (FREIRE, 1980;
2005).
A conscientização, assim, é parte fundamental na constituição do ser
humano como sujeito histórico e, se a conscientização prefigura a ação
transformadora, podemos dizer que a libertação e a humanização do ser
humano e, por conseguinte, a transformação do mundo em um lugar mais justo
passa pelo processo de conscientização, processo este que está enraizado na
realidade cotidiana, ou seja, não se trata de uma consciência pura, mas sim de
uma aproximação crítica do mundo.
Juntos, consciência e mundo ganham realidade. Um não se perde no
outro, perdendo sua identidade: identificam-se, um através do outro. [...] O
mundo é significado no permanente significar ativo, que não é atividade de
uma consciência pura, mas desenvolvimento dialético da consciência do
mundo ou do mundo consciente. [...] Na medida em que o ser humano dá
significados ao mundo, neste se reencontra, reencontrando, sempre, e cada
vez mais, a verdade de ambos. Neste momento, a conscientização já se
75
prefigura como ação transformadora e não como visão especular do mundo:
refazer-se, com autenticidade, implica em reconstruir o mundo (FIORI, 1986, p.
04).
A tomada de consciência de uma situação de opressão não implica a
transformação desta situação. Estamos no nível da reflexão. Tampouco a
ação, desprovida da reflexão, se constitui em transformação. Contudo, numa
perspectiva dialógica, “os sujeitos se encontram para a transformação do
mundo em co-laboração” (FREIRE, 2005, p. 191).
Este encontro entre os sujeitos que possibilita esta co-laboração se dá
nas práticas sociais que são “as relações que se estabelecem entre pessoas,
pessoas e comunidade na qual se inserem, pessoas e grupos, grupos entre si,
grupos e sociedade mais ampla, num contexto histórico de nação e,
notadamente, em nossos dias, de relações entre nações” (SILVA, et al, 2005,
p. 1).
Educação e criação audiovisual
Após apresentarmos a concepção de educação que orienta este estudo,
traçaremos, agora, um pequeno panorama sobre as várias linhas de pesquisa
que trabalham com a relação entre o audiovisual e a educação1. Estas linhas
podem ser identificadas nos seguintes grupos temáticos: Leituras dos Meios;
Educação a Distância; Tecnologia e Educação Escolar; Educação e Arte;
Criação em Imagens e Sons como Processo Educativo e Outras Temáticas.
No grupo temático denominado Leitura dos Meios, encontram-se
trabalhos que relacionam a leitura crítica dos conteúdos veiculados pelas
mídias com o processo de formação na educação escolar e não escolar, além
de trabalhos que fazem uma leitura crítica dos próprios meios de comunicação,
num sentido mais amplo, relacionando-os com o processo educacional e, por
último, os que sugerem a necessidade da capacitação de professores para
76
trabalharem, de forma crítica, a relação entre mídia e educação e assim por
diante.
Em relação ao grupo Educação a Distância, é possível encontrar textos
que refletem o fenômeno da educação a distância, abordando questões, tais
como: a relação entre professor e estudante no ambiente virtual; processos de
avaliação com mecanismos computacionais; análises de práticas de educação
a distância e a incorporação crítica dos avanços tecnológicos em processos de
educação a distância.
No grupo temático Tecnologia e Educação Escolar são encontrados
textos que abordam a inserção das Tecnologias de Informação e Comunicação
(TIC) no ambiente escolar, implicando mudanças de comportamentos no
processo de ensino-aprendizagem. Há um destaque para a incorporação de
recursos de informática e de produtos audiovisuais (programas de TV, filmes)
e como eles podem ser utilizados no ambiente escolar, propiciando um auxílio
pedagógico em diversas disciplinas curriculares.
No grupo denominado Educação e Arte há a presença de textos que
propõem processos educacionais que trabalham, de forma interdisciplinar, com
aportes advindos do teatro, da dança, da música e do cinema. Os escritos
apontam questões sinestésicas, tais como a sensibilidade visual e auditiva e a
expressão corporal, como formas de auxiliar na construção do conhecimento e
no processo de formação.
No grupo temático Criações em Imagens e Sons como Processo
Educativo há destaque para textos que trabalham a criação em Imagens e
Sons em ambientes escolares e não escolares como prática pedagógica e que
propõem a apropriação das tecnologias de criação e de produção de
mensagens em imagens e sons, a fim de propiciar um ambiente de construção
do conhecimento e formação humana. Sugerem, ainda, uma participação ativa
no processo de construção de conhecimento ao invés da posição passiva de
receptor de mensagens.
77
Os textos que não se relacionam com nenhum eixo temático acima
foram agrupados em um grupo denominado Outras Temáticas, neste grupo
estão incluídos estudos que abordam as seguintes temáticas: a relação entre
educação, comunicação e saúde; a incorporação das novas tecnologias no
cotidiano administrativo das escolas; panoramas históricos de aparatos
audiovisuais e suas implicações nas sociedades; propostas de se trabalhar
com jogos eletrônicos e histórias em quadrinhos dentro da escola; a utilização
de recursos audiovisuais como registro de pesquisa; as contribuições dos
grupos de estudos e pesquisas que trabalham com a interface educação e
comunicação e os avanços no conhecimento que os trabalhos produzidos por
estes grupos proporcionaram.
Estes grupos tem, simplesmente, a função de sistematizar a construção
dos conhecimentos produzidos na interface entre educação e audiovisual.
Obviamente que estes grupos não são estanques, uma vez que os estudos se
relacionam com várias temáticas, todavia podemos encontrar pontos em
comum que permitem estas classificações.
Vamos nos aprofundar mais no grupo temático Criações em Imagens e
Sons como Processo Educativo, pois é este o nosso foco neste momento.
Embora a educação, neste artigo, seja descrita como um processo
contínuo que se dá nas práticas sociais, é importante fazermos um parêntesis
para apontar como se dá a relação entre a educação praticada na escola e o
audiovisual.
Quando pensamos na relação da escola com o audiovisual, logo
pensamos em mecanismos de recepção audiovisual: TV, filme, DVD… Há uma
regra velada que limita o audiovisual a coadjuvante do processo de ensino.
Tanto o corpo docente, quanto o corpo discente se colocam e são colocados
como espectadores, na maioria das vezes, passivos. Ou seja, o audiovisual na
escola se resume a um material de apoio ilustrativo para o conteúdo que já foi
ensinado. Há, é claro, exceções, sobretudo quando o conteúdo audiovisual é
78
quem orienta os planos de ensino, como acontece com alguns programas da
TV Escola, por exemplo. Porém, os envolvidos no processo educacional ainda
se colocam e são colocados como espectadores. É urgente pensarmos a
relação entre o audiovisual e a educação prática na escola para além da
formação de espectadores. Urge que trabalhemos com processos de criação e
realização audiovisual como processo de uma educação mais sintonizada com
as possibilidades advindas das novas tecnologias.
O audiovisual permite a criação de conteúdos pelos próprios
estudantes, professores e demais funcionários. Imagine um vídeo que fale
sobre o ciclo da água realizado pelos próprios estudantes? Imagine um vídeo
que fale sobre a história do bairro em que está inserida a escola? As
possibilidades são muitas… Não se trata de descartar os conteúdos
audiovisuais produzidos por grandes produtoras e redes de televisões, mas
sim de construirmos um diálogo entre estes conteúdos com os conteúdos
gerados em âmbito local por meio da criatividade dos que fazem parte da
escola. Este é um exercício que fortalece as comunidades escolares, uma vez
que ela passa a ser produtora, realizadora, criadora de conteúdos. Dessa
forma, é extremamente necessário que as instituições formadoras de
formadores se dediquem para a implantação e consolidação de um programa
de educação audiovisual que capacite os professores a utilizarem as novas
tecnologias de criação audiovisual como processo pedagógico.
Fechando este longo e importante parêntesis é interessante apontar o
papel formador que a escola tem em nossas vidas, sem, contudo, fecharmos
os olhos para o papel (de)formador das mídias que, assim como a escola, faz
parte do cotidiano das pessoas.
Coletivos de Vídeos Populares
Nos últimos anos, uma das manifestações mais interessantes em
relação ao audiovisual é a constante formação de coletivos de vídeos
populares.
79
O que são esses coletivos? Geralmente são grupos populares de
pessoas que se unem em torno da realização audiovisual e utilizam este meio
para expressarem os anseios das comunidades em que estes grupos estão
inseridos.
Nestas realizações, o audiovisual é articulado com um processo de
conscientização. Por isso que além de ser uma ferramenta de luta, pois
através das imagens e dos sons é possível ampliar as atuações e amplificar as
vozes, o audiovisual também se configura como um processo de construção de
autonomia em relação a comunicação, possibilitando a troca de visões de
mundo e a integração do indivíduo na comunidade em que vive.
Dessa forma é possível que grupos marginalizados pela grande mídia
conquistem/construam redes de parcerias que permitem com que tais grupos,
em contato com o audiovisual, se afirmem como seres humanos e que
promovam seus valores culturais, atuando como comunicadores de uma
grande parte da sociedade que sempre foi silenciada pela mídia hegemônica.
A formação dos Coletivos de Vídeos Populares se intensifica cada vez
mais por conta das facilidades de acesso aos meios de produção e por
iniciativas de cursos de realização audiovisual engajados em proporcionar que
um número maior de pessoas possa ter o conhecimento para se comunicarem
através do audiovisual.
Nestes espaços, o audiovisual é articulado dentro de um processo de
educação popular que concebe a formação humana de forma integrada: saber
ler e escrever está intimamente ligado com o processo de conscientização,
com a formação política.
É muito comum a gente ouvir que o audiovisual é uma ferramenta para a
educação. Mas será que é só isso mesmo? Pode-se dizer que o audiovisual é
mais que uma ferramenta, é um processo.
80
A utilização do audiovisual na educação pode sim ser restringida a uma
ferramenta, caso o audiovisual esteja sendo utilizado em uma proposta de
educação retrógrada, em que o saber está apenas com o professor, a quem os
alunos devem ouvir e decorar, como acontece em uma educação “bancária”
conduzida de forma antidialógica. Pensar o audiovisual como um processo de
educação significa aprender e ensinar através da utilização da linguagem
audiovisual aplicada a criação e realização de conteúdos em imagens e sons.
O audiovisual como um processo de educação coloca educadores e educando
em uma atividade coletiva de criação. Nesta atividade, os saberes são
compartilhados de forma coletiva.
Aí está um desafio para os cursos que formam realizadores
audiovisuais: a formação de profissionais que estejam aptos a trabalharem
com grupos populares e movimentos sociais em uma perspectiva de
transformação por meio de uma educação audiovisual que valorize a
criatividade humana e respeite os saberes dos sujeitos engajados nesta
proposta.
Bibliografia
FIORI, Ernani Maria. Conscientização e Educação. Educação e
Realidade. Porto Alegre: UFRGS. 11(1): 3-10. Jan. jun. (1986).
FREIRE, Paulo. Conscientização. São Paulo: Moraes, 1980.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2007.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2005.
RIBEIRO JUNIOR, Djalma. Criação audiovisual na convivência dialógica
em um grupo de dança de rua como processo de educação humanizadora.
São Carlos: Dissertação (mestrado) UFSCar, 2009.
81
SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e. et al. Práticas sociais, o que
são? (Versão preliminar de artigo). São Carlos. UFSCar/DEME, 2005.
Djalma Ribeiro Junior é graduado em Imagem e Som pela Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar) e atualmente mestre em Educação pela
mesma Universidade.
1 Estas linhas de pesquisa são apontadas na dissertação de mestrado
“Criação audiovisual na convivência dialógica em um grupo de dança de rua
como processo de educação humanizadora” e pode ser acessada em
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp096350.pdf
82
ANEXO 6
INTERNET
OS CONFLITOS FAMILIARES E AS ESCOLAS DE
MEDIAÇÃO
Raquel Nery Cardozo1
RESUMO:
O presente trabalho tem por escopo apresentar a necessidade de se
recorrer aos meios alternativos de resolução do conflitos em decorrência do
processo de transformações sociais e políticas que se iniciaram, com maior
velocidade e intensidade a partir do século XX havendo, inclusive, uma nova
concepção a respeito da família. Em decorrência do aumento dos casos de
conflitos, o Poder Judiciário acabou se mostrando ineficiente diante da
desproporcionalidade entre mão-de-obra especializada e a quantidade de
processos existentes, o que dificulta a qualidade das decisões do julgador e
gera a demora na resolução dos litígios.
Neste aspecto, a mediação tem se mostrado um meio adequado a ser
utilizado, sendo de suma importância conhecer as Escolas de Mediação para
que possa desconstituir o litígio da melhor forma possível.
PALAVRAS-CHAVE: Conflitos Familiares. Globalização. Escolas de
Mediação.
Raquel Nery Cardozo é doutoranda pela Universidade Federal
Fluminense, mestre em Direito pela
83
Universidade Estácio de Sá, graduada pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro,
Professora Assistente da Universidade Federal Fluminense.
84
ANEXO 7
INTERNET
MEMELOG IN PROJECTS
A INSERÇÃO DE OBRAS AUDIOVISUAIS COMO FERRAMENTA
PEDAGÓGICA DE APOIO AO PROFESSOR EM SALA DE AULA
EDUCATION + VIDEO
Tendo como referência um século como o nosso, período que cada vez
mais se utiliza tecnologias de comunicação e informação, o audiovisual sendo
um produto da sociedade moderna pode ser desenvolvido de forma que seja
um modo cada vez mais efetivo de educação. O presente trabalho mostra
através de uma proposta simples que muito se tem a ganhar utilizando-se
ferramentas audiovisuais para a formação do aluno na escola.
O trabalho propôs o desenvolvimento de um vídeo que tem como pretensão,
de funcionar como material de apoio para o educador na sala de aula;
trabalhar filmes não só como uma aula expositiva, mas sim, através da
interdisciplinaridade, fazer com que o aluno possa enxergar sua realidade de
forma crítica, ter uma aula diferente da tradicional e obter um amplo
conhecimento. Para que isso aconteça é preciso que o professor não só
perceba a importância da utilização dessas ferramentas, mas que ele se
capacite para o uso correto de tais ferramentas em sala de aula.
Entendendo que os meios educacionais vêem o audiovisual como um
complemento das atividades educativas, o projeto apresentado, pretende, de
85
forma modesta, considerando inclusive os limites de um trabalho dessa
natureza, contribuir para esse debate ao oferecer um vídeo que diz ser
possível desenvolver aulas utilizando-se obras audiovisuais, de forma que o
aluno entenda o conteúdo. Sabendo ainda que nos países desenvolvidos, por
exemplo, obras audiovisuais são importantes por construir e preservar a
identidade nacional e cultural do país surge então, a reflexão de que ver e
discutir filmes tem sim, uma grande importância para a sociedade.
Bibliografia
FIORI, Ernani Maria. Conscientização e Educação. Educação e Realidade.
Porto Alegre: UFRGS. 11(1): 3-10. Jan. jun. (1986).
FREIRE, Paulo. Conscientização. São Paulo: Moraes, 1980.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
RIBEIRO JUNIOR, Djalma. Criação audiovisual na convivência dialógica em
um grupo de dança de rua como processo de educação humanizadora. São Carlos:
Dissertação (mestrado) UFSCar, 2009.
SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e. et al. Práticas sociais, o que são?
(Versão preliminar de artigo). São Carlos. UFSCar/DEME, 2005.
Djalma Ribeiro Junior é graduado em Imagem e Som pela Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar) e atualmente mestre em Educação pela mesma
Universidade.
Estas linhas de pesquisa são apontadas na dissertação de mestrado “Criação
audiovisual na convivência dialógica em um grupo de dança de rua como processo
de educação humanizadora” e pode ser acessada em
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp096350.pdf
86
ANEXO 8
INTERNET
O QUE É A CONSCIÊNCIA HUMANA?
Como o seu cérebro produz o filme que faz com que você seja você
mesmo?
Edição 240ª- Junho de 2007-Sumário desta edição
Rodrigo Cavalcante
Descartando o argumento religioso – segundo o qual a consciência está
em sua alma (ou espírito) e independe do seu corpo físico – é preciso procurá-
la em seu cérebro, órgão que pesa 1,3 quilo e tem a consistência de um ovo
mole.
Publicidade
A primeira vez que ficou claro na medicina que até a personalidade de
uma pessoa pode mudar por meio de uma mudança física no cérebro foi em
1848, no estado de Vermont, EUA, quando um operário de 25 anos que
trabalhava na construção de ferrovias, chamado Phineas Gage, sofreu um
acidente bizarro. Após uma explosão malsucedida de rochas que estavam no
traçado do trilho, uma barra de ferro em forma de lança atravessou como um
projétil a base do crânio de Gage e saiu pelo topo de sua cabeça. Após cair no
chão e sofrer uma série de convulsões, ele voltou a falar normalmente e, ao
menos aparentemente, recobrou a consciência. O problema é que, após essa
perfuração no cérebro, ele jamais foi o mesmo. De um homem trabalhador e
amigável, Gage havia se transformado, segundo os relatos da época, em um
87
típico cafajeste. Ele havia perdido qualquer censura, tornara-se arrogante e
capaz de qualquer coisa para levar vantagem em tudo. Mas será que um dano
físico no cérebro pode mudar a consciência de uma pessoa?
O papel das emoções
Hoje, os neurologistas sabem que a área afetada no cérebro de Gage
foi o córtex pré-frontal. Parte do cérebro que fica logo abaixo da testa, tem um
papel importante em nossa capacidade de sentir emoções. Ao perder essa
capacidade, as pessoas tornam-se mais indiferentes, já que não conseguem
mais sentir as emoções responsáveis por aquele aperto no peito de culpa ou
remorso, por exemplo. “São esses sentimentos que nos obrigam a repensar
atitudes, mudar, evoluir”, diz Dylan Evans, neurologista da Universidade de
Oxford, na Inglaterra, e autor de Emotions – The Science of Sentiments
(“Emoções – A Ciência dos Sentimentos”, ainda inédito no Brasil).
Do acidente de Phineas Gage para cá, os neurologistas e biólogos
sabem que esse filme que só você assiste – e que reúne a história da sua
vida, preferências, emoções, enfim, a sua identidade – tem origem em uma
série de atividades integradas no seu cérebro. De acordo com eles, a
capacidade de representar o mundo na mente não passa de um traço
evolutivo, assim como a nossa habilidade para a locomoção. Na prática, o que
os cientistas querem dizer com isso é que, de certa forma, outras espécies
também têm consciência. A diferença estaria no grau dela. Enquanto uma
anêmona do mar, por exemplo, se expande ou se contrai diante da presença
da luz solar, o homem tem uma série de instrumentos para representar o
ambiente de uma forma bem mais sofisticada. Diante de um risco de assalto
iminente, por exemplo, sentimos medo, tentamos antecipar visualmente o que
pode acontecer, calculamos a chance de escapar, nos lembramos das pessoas
que amamos, enfim, nosso cérebro realiza simultaneamente uma série de
atividades. E, após essa experiência, esses acontecimentos – assim como os
88
sentimentos envolvidos nele – são registrados para que você se sinta ruim
novamente diante de outra ameaça – e tenha mais chances de sobreviver.
Mas em que momento essas atividades formam aquilo que você chama
de sua consciência? Para Susan Greenfield, pesquisadora da Universidade de
Oxford, a consciência não é um lampejo, mas um contínuo de conexões dos
seus neurônios, que vão ocorrendo do momento em que você nasce até o fim
da sua vida. A cada nova experiência, seu cérebro faz uma representação
mental que é armazenada em sua memória. Ao comer uma comida diferente,
por exemplo, surgiria uma mudança nas conexões do seu cérebro. “Quanto
mais o mundo passa a ter significado para você, mais conexões são feitas em
seu cérebro”, diz Greenfield.
Hoje, ações do nosso cérebro podem ser monitoradas por meio da
técnica de tomografia por emissão de pósitrons, que mede a quantidade de
energia que cada área consome em cada uma dessas atividades. O resultado
dessas pesquisas tem revelado que as diversas atividades responsáveis pela
nossa consciência requerem o casamento de várias regiões. Ou seja: o que
faz de você você é a soma de todas as representações que você faz dos
outros e do seu ambiente, que podem se expandir a cada dia, desde que você
mantenha sua consciência aberta.
Com origem no vocábulo latim conscientĭa (“com conhecimento”), a
consciência é o acto psíquico mediante o qual uma pessoa enxerga a sua
presença no mundo. Por outro lado, a consciência é uma propriedade do
espírito humano que permite reconhecer-se nos atributos essenciais.
Trata-se do conhecimento reflexivo das coisas e da actividade mental
que só é acessível ao próprio sujeito. Por isso, de fora, não se podem
conhecer os detalhes do consciente.
89
A etimologia da palavra indica que a consciência inclui aquilo que o
sujeito conhece. Já, as coisas inconscientes são aquelas que surgem noutro
nível psíquico e que são involuntárias ou incontroláveis para o individuo.
Para a psicologia, a consciência é um estado cognitivo não-abstracto
que permite que a pessoa interaja e interprete os estímulos externos que
constituem aquela que conhecemos como sendo a realidade. Uma pessoa que
não tenha consciência tende a desligar-se da realidade e a não ter noção
daquilo que acontece em sua volta.
A psicologia faz a distinção entre o nível consciente (estabelece as
prioridades), o pré-consciente (depende do objetivo a cumprir) e o inconsciente
(não se racionaliza). A estrutura da consciência prende-se com a relação que
estabelecem estes três níveis.
A filosofia considera que a consciência é a faculdade humana para
decidir ações e se responsabilizar pelas consequências de acordo com a
concepção do bem e do mal. Deste modo, a consciência seria um conceito
moral pertencente ao âmbito da ética.
Leia mais: Conceito de consciência - O que é, Definição e Significado
http://conceito.de/consciencia#ixzz4CEtdks7u
90
BILIOGRAFIA
CONSULTADA / CITADA
Manual de Mediação Judicial 2015 – CNJ, Brasília
REIS, Homero. Gente Inteligente Sabe se Relacionar. Brasília,
Thessaurus, 2015.
ALMEIDA, Tania. Caixa de Ferramentas em Mediação – aportes
práticos e teóricos. São Paulo, Dash, 2013.
BARBOSA, Águida Arruda. Mediação Familiar Interdisciplinar. São Palo,
Atlas, 2015.
FERREIRA, Arthur Arruda Leal. Teoria Ator-Rede & Psicologia. RJ, Nau,
2010.
SANDRI, Jussara Schmitt. Alienação Parental - o uso dos filos como
instrumento de vingança entre os país. Curitiba, Juruá, 2013.
STONE; BRUCE; PATTON. Conversas Difíceis – Como argumentar
sobre questões importantes. Rj, Elsevier, 2011.
BARUCH; FOLGER. A Promessa da Mediação: uma abordagem
transformativa do Conflito. Buenos Aires: Granica, 2008.
DUARTE, Lenita Pacheco Lemos. Mediando na Alienação Parental:
reflexões psicanalíticas e jurídicas. Rio de Janeiro, Ed. Lumen Juris, 2016.
VAINER, Ricardo. Anatomia de um Divórcio Interminável – O litígio
como forma de vínculo. Uma abordagem interdisciplinar (Casa do Psicólogo,
SP, 1999).
91
TEXTOS E VIDEOS OBTIDOS NA INTERNET
BERG, Ernesto Artur. Administração de conflitos: abordagens
práticas para o dia a dia. 1. ed. Curitiba: Juruá, 2012.
ETELMAN, Remo, Teoría de Conflictos: hacia un nuevo paradigma,
Buenos Aires: Gedisa, 2005).
BURBRIDGE, R. Marc; BURBRIDGE, Anna. Gestão de conflitos:
desafios do mundo corporativo. São Paulo: Saraiva, 2012.
BARBOSA, Águida A. Relação de Respeito. Boletim IBDFAM, n. 38,
ano 6, p. 7, maio-jun. 2006. Apoio Cultural- Âmbito Jurídico.com.br - Rio
Grande, 15 de Junho de 2016.
BARBOSA, Águida Arruda. Mediação Familiar Interdisciplinar, São Paulo,
Atlas, 2015, p.8).
POMBO, Olga; GUERREIRO, Antônio, Da Civilização da Palavra à
Civilização da Imagem, Ed. Fim de Século, 2012, 276 pp. Disponível
emwww.academia.edu/.../Olga_Pombo_António_Guerreiro_eds_Da_civiliza
ção_da_palavra_à_civilização_da_imagem_Lisboa_Fim_de_Seculo_...
CARRILLO, Alfredo Silva Garcia (SP). Disponível em
http://www.dicionarioinformal.com.br/efic%C3%A1cia/Alfredo Silva Garcia
Carrilho (SP), postado em 09-12-2009, no Site „Dicionário Informal‟.
Blog CEVIU. Você Sabe a Diferença entre Eficiência, Eficácia e
Efetividade? Disponível em <http://blog.ceviu.com.br/info/artigos/voce-sabe-a-
diferenca-entre-eficiencia-eficacia-e-efetividade/>
Site Significados, disponível em:
<http://www.significados.com.br/pedagogia/>
92
Site „Sua Pesquisa‟, sob o título O que é Pedagogia? Disponível em:
< http://www.suapesquisa.com/o_que_e/pedagogia.htm>
„Revista Stravaganza‟, intitulado MÉTODOS PEDAGÓGICOS USADOS
NO BRASIL: disponível em:
<http://stravaganzastravaganza.blogspot.com.br/2012/09/metodos-pedagogicos-
usados-no-brasil.html>
„A Morte Inventada‟, encontrado no Youtube, em
<https://youtu.be/EExdJlopQgE> e <http://www.amorteinventada.com.br/>,
postado em 1 de mar de 2009.
CORTELLA, Mário Sérgio, Você Sabe com quem está falando? Disponível
em <<https://www.youtube.com/watch?v=P3NpHryB-fQ>
Criança Vê, Criança Faz. Disponível no Youtube em
<https://www.youtube.com/watch?v=5dxj3QQDlVo>,
DI PIETRO, Davi. Animação de título „A ponte‟ (The Bridge), postada
no Youtube, em 23 de março de 2016,
<https://www.youtube.com/watch?v=MUJvq-xPzUM> , acesso em 06/07/2016,
93
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I -
Conflito e Mediação – Relembrando Conceitos e propósitos. 11
1.1- CONFLITO 11
1.1.1 – Conceito 11
1.1.2 - Propósito 13
1.2 - MEDIAÇÃO 13
1.2.1 - História 13
1.2.2 – Conceito 14
1.2.3 – Princípios 15
1.2.4 – Características 16
1.2.5 – Estilos 17
94
1.2.6 – Mediação nos Casos de Família 19
1.2.7- Propósito 21
CAPÍTULO II –
Eficácia, Eficiência, Conscientização, Pedagogia.
O que são e como se aplicam à Mediação. 24
2.1 – Eficácia e Eficiência. 24
2.1.1 – Estatística 24
2.2 – Conscientização 28
2.3 – Pedagogia 32
2.3.1 – Definição 32
2.3.2 – Métodos 33
2.3.3 – Recursos Pedagógicos 34
CAPÍTULO III
Como tornar mais eficazes e eficientes, a pedagogia,
a conscientização e o caráter informativo da mediação
de conflitos nos casos de família? 40
3.1 – Ferramentas Dialógicas 41
3.2 – O Uso de Audiovíeos, Animações e Imagens em
Mediações nos casos de Família 45
CONCLUSÃO 52
95
ANEXOS 53
0IBLIOGRAFIA CONSULTADA / CITADA 90
TEXTOS E VIDEOS OBTIDOS NA INTERNET 91
ÍNDICE 93
FOLHA DE AVALIAÇÃO 96
96
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” - AVM FACULDADE INTEGRADA.
Título da Monografia: QUANDO “CAI A FICHA”- O AUDIOVISUAL
COMO NOVA FERRAMENTA AUXILIAR NA MEDIAÇÃO DE FAMÍLIA.
Autor: MÁRCIA PEREIRA LARA CAMPOS (Matrícula: B004486 -
Turma: B233 - Campus: Barra da Tijuca - Curso Mediação De Conflitos com
Ênfase em Família).
Data da entrega: 19 de agosto de 2016.
Avaliado por: Conceito: