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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL DOPPLERVELOCIMETRIA DA ARTÉRIA OFTÁLMICA EXTERNA E PRESSÃO DE PERFUSÃO OCULAR EM COELHOS HÍGIDOS TRATADOS DE FORMA CRÔNICA COM CITRATO DE SILDENAFIL Ana Paula Araujo Costa Orientadora: Profª. Drª. Naida Cristina Borges GOIÂNIA 2013

DOPPLERVELOCIMETRIA DA ARTÉRIA OFTÁLMICA EXTERNA E … · 2016. 4. 12. · universidade federal de goiÁs escola de veterinÁria e zootecnia programa de pÓs-graduaÇÃo em ciÊncia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

DOPPLERVELOCIMETRIA DA ARTÉRIA OFTÁLMICA EXTERNA E

PRESSÃO DE PERFUSÃO OCULAR EM COELHOS HÍGIDOS

TRATADOS DE FORMA CRÔNICA COM CITRATO DE SILDENAFIL

Ana Paula Araujo Costa

Orientadora: Profª. Drª. Naida Cristina Borges

GOIÂNIA

2013

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ANA PAULA ARAUJO COSTA

DOPPLERVELOCIMETRIA DA ARTÉRIA OFTÁLMICA EXTERNA E

PRESSÃO DE PERFUSÃO OCULAR EM COELHOS HÍGIDOS

TRATADOS DE FORMA CRÔNICA COM CITRATO DE SILDENAFIL

Dissertação apresentada para a obtenção do grau de Mestre em Ciência Animal junto à Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás

Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Linha de pesquisa:

Alterações clínicas, metabólicas e toxêmicas dos animais e meios auxiliares de diagnóstico

Orientadora:

Profª. Drª. Naida Cristina Borges – EVZ/UFG

Comitê de Orientação:

Profa. Dra. Andréia Vitor Couto do Amaral – CAJ/UFG

Profa. Dra. Rosângela de Oliveira Alves Carvalho – EVZ/UFG

GOIÂNIA

2013

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A minha família por sempre me apoiar e acreditar em mim independente de minhas escolhas

Dedico...

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus criador de tudo que conhecemos e em quem

podemos sempre confiar para acalmar nossas angústias e a quem nunca

devemos esquecer de agradecer pelas nossas conquistas.

Aos meus pais, Wagner Leão Costa e Eliane Alves de Araújo, por

estarem sempre presentes, fornecendo um ambiente de carinho e amor, por

sempre me incentivarem a estudar, por fornecerem os meios para que pudesse

fazer a escolha de continuar estudando sem julgá-la, mas sim me incentivando

nesse sentido.

Aos meus irmãos, Wagner Leão Costa Filho e Ana Clara Araújo Costa

e demais familiares, por estarem sempre presentes e por acreditarem em mim e

me apoiarem em toda escolha que fiz sobre minha carreira profissional até o

momento.

À Prof. Dra. Andreia Vitor Couto do Amaral, por me oferecer a

oportunidade e por acreditar que eu seria capaz de colaborar em ambos seus

projetos de pós doutorado; projetos esses que se tornaram minha monografia e

mais recentemente minha dissertação. Agradeço também pela fundamental

participação como co-orientadora, colaborando para a redação dessa dissertação

e pela participação como presidente da banca de defesa.

Agradeço a minha orientadora de Residência, PIVIC, PIBIC, PROBEC,

estágio curricular e Mestrado, Profª. Drª Naida Cristina Borges, por todos os

ensinamentos transmitidos ao logo desses sete anos de convivência, pelo

exemplo de profissional que sempre foi, por acreditar na minha capacidade

profissional e por sempre me incentivar a aprender mais.

A Prof. Dra. Rosângela de Oliveira Alves Carvalho pela participação em

minha equipe de co-orientação e ajuda em meu treinamento com a técnica

Doppler e por sempre ser um exemplo de profissional para mim.

Aos professores doutores José Luiz Laus e Juan Carlos Duque Moreno

pela prontidão em participar da minha banca de defesa de mestrado e cuja

colaboração sei que será fundamental para enriquecer a presente dissertação.

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Aos meus mestres e aos demais médicos veterinários e funcionários do

Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG, pelo conhecimento transmitido durante

a gradução, residência e mestrado.

Aos meus colegas de profissão e amigos Aline Maria Vasconcelos

Lima, Luiz Henrique da Silva, Patrícia de Oliveira Nunes, Nathália Bragato,

Nathália Aparecida de Paula, Aaline Anerelli Araújo e Hozana Ribeiro Nunes pela

ajuda e sem os quais a execução desse projeto não seria possível.

Ao CNPq, órgão financiador do presente estudo e a Capes órgão

financiador da minha bolsa de mestrado.

A Escola de Veterinária e Zootecnia e a Universidade Federal de

Goiás, pelo ensino e infraestrutura de qualidade.

E por último mas não menos importantes, aos coelhinhos que

compuseram o grupo experimental desse estudo.

Muito obrigada!!!

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

2 REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 3

2.1 Imagem Doppler Colorida – Dopplervelocimetria.......................................... 3 2.2 Localização anatômica da artéria oftálmica externa em coelhos .................. 6 2.3 Pressão de perfusão ocular .......................................................................... 7 2.3 Mecanismo de ação e perfil farmacológico do citrato de sildenfil – Tratamento da disfunção erétil ........................................................................... 8 2.4 Efeitos adversos sistêmicos do citrato de sildenafil relacionados ao tratamento da disfunção erétil ........................................................................... 10 2.4.1 Efeitos adversos oculares ........................................................................ 11 2.5 Justificativa e objetivos ............................................................................... 13

3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 14 4 RESULTADOS .................................................................................................. 19

4.1 Dopplervelocimetria .................................................................................... 19 4.2 Pressão de perfusão ocular ........................................................................ 21

5 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 24 6 CONCLUSÕES ................................................................................................. 29 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 30 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 32

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Diagrama ilustrando o mecanismo de ação dos inibidores da

fosfodiesterase tipo 5 (PDE5). ........................................................................ 9

FIGURA 2 - Posicionamento do transdutor linear de 18 MHz, do equipamento

ultrassonográfico My LabTM 30 Vet, sob a superfície corneal de coelho albino,

adulto, macho da raça Nova Zelândia, em posição longitudinal, com a marca

de indicação de posição voltada para pálpebra superior. ............................. 16

FIGURA 3 - Avaliação da pressão arterial média (PAM) e da pressão intra-ocular

(PIO) de coelho albino, adulto, macho da raça Nova Zelândia. (A) Avaliação

da PAM. (B) Avaliação da PIO com de tonômetro de aplanação Tono-Pen

Avia. ........................................................................................................... 17

FIGURA 4 - Imagem Doppler colorida (parte superior da figura) e fluxo pulsado da

artéria oftálmica externa (parte inferior da figura) de coelho albino, adulto,

macho da raça Nova Zelândia, tratado com 10mg de citrato de sildenafil (15º

dia). Fluxo sanguíneo em direção ao transdutor demonstrado em vermelho e

fluxo na direção oposta em azul. A artéria oftálmica externa exibiu fluxo

laminar de padrão intermediário de resistividade com pico sistólico positivo

(A), traçado dicróico, e dois picos de velocidade sistólica (A e B). Nervo

óptico (seta branca)....................................................................................... 20

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Valores médios e desvios-padrão de velocidade do pico sistólico

(VPS), velocidade diastólica final (VDF) e índice de resistência (IR) da artéria

oftálmica externa de coelhos albinos, adultos, machos da raça Nova

Zelândia, tratados (S) e não (C) tratados com 10 mg de citrato de sildenafil

durante 30 dias. ............................................................................................ 21

TABELA 2 - Valores de pressão arterial média (PAM), pressão intra-ocular (PIO)

e pressão de perfusão ocular (PPO) de coelhos Nova Zelândia, machos,

adultos, albinos e hígidos tratados (V) ou não (C) com citrato de sildenafil,

durante 30 dias e submetidos a avaliações semanais (M1, M2, M3, M4 e M5).

Letras iguais correspondem a médias iguais, sendo maiúsculas referentes

aos momentos dentro do mesmo tratamento e minúsculas a comparação de

momentos nos diferentes tratamentos: ......................................................... 23

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LISTA DE ABREVIATURAS

CDI Imagem Doppler Colorida

GMPc Monofosfato cíclico de guanosina

GTP Guanosina trifosfato

IR Índice de resistência

NO Óxido nítrico

PAM Pressão arterial média

PDE Fosfodiesterase

PDE5 Fosfodiesterase tipo 5

PDE6 Fosfodiesterase tipo 6

PIO Pressão intra-ocular

PKG Proteína quinase G

PPO Pressão de perfusão ocular

VDF Velocidade diastólica final

VPS Velocidade de pico sistólico

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RESUMO

Admite-se que o citrato de sildenafil, utilizado originalmente para tratamento de

disfunção erétil dos seres humanos, possa agir inibindo a PDE-5 presente nas

células da musculatura lisa e endotelial da circulação coroidal, retiniana e

retrobulbar, ocasionando alterações na hemodinâmica ocular. Identificar e

quantificar alguma atividade vasodilatadora na circulação retrobulbar, resultante

da ação do citrato de sildenafil, trariam importantes subsídios clínicos, sobretudo

em pacientes portadores de condições de vasoconstrição ocular, tal como ocorre

na hipertensão retiniana gerada pela síndrome glaucomatosa e pela insuficiência

renal em pequenos animais. Levando-se em consideração esse potencial

terapêutico do citrato de sildenafil, propôs-se verificar a ação vasodilatadora do

fármaco sobre a circulação retrobulbar de coelhos hígidos, valendo-se, para tal,

do estudo dopplervelocimétrico da artéria oftálmica externa e cálculo de pressão

de perfusão ocular. Para tanto foram adquiridos 14 coelhos machos, adultos,

albinos, hígidos, da raça Nova Zelândia, peso médio de 2,500 Kg, distribuídos

aleatoriamente em dois grupos: controle (C) (n=7), que receberam, por via oral,

1,5 mL de solução fisiológica; e tratamento (S) (n=7) que receberam, por via oral,

10mg de citrato de sildenafil. As avaliações foram semanais, uma hora após a

administração do fármaco, sendo consideradas como momentos (M) as

avaliações no 10 (M1), 70 (M2), 14º (M3) dias, 21º (M4) e 30º (M5). Foi verificado

que o citrato de sildenafil não alterou as médias dos padrões

dopplerfluxométricos, porém os animais tratados demonstraram tendência a

hipotensão e diminuição da pressão de perfusão ocular, estatisticamente

significativa nos momentos um e cinco, porém sem alterar significativamente a

pressão intra-ocular. Conclui-se a dose de 10mg de citrato de sildenafil

administrada a coelhos hígidos provoca vasodilação sistêmica, redução dos

valores da pressão arterial média e pressão de perfusão ocular e a ação sistêmica

do fármaco não induz alteração na hemodinâmica retrobulbar identificáveis à

avaliação dopplervelocimétrica da artéria oftálmica externa.

Palavras-chave: Viagra, imagem Doppler colorida, pressão intra-ocular, pressão

arterial média

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ABSTRACT

It is assumed that sildenafil citrate, originally used for the treatment of erectile

dysfunction, can act by inhibiting PDE-5 present in smooth muscle and endothelial

cells of the choroidal, retinal and retrobulbar circulation, causing changes in eye

hemodynamics. Identify and quantify any vasodilator activity in retrobulbar

circulation, resulting from the action of sildenafil citrate, can bring important clinical

benefits, especially in patients with ocular vasoconstriction conditions, as occurs in

retinal hypertension generated by glaucomatous syndrome and renal failure in

small animals . Considering the therapeutic potential of sildenafil citrate, this study

proposed to verify the vasodilator action of the drug on retrobulbar circulation of

healthy rabbits, using for this purpose the Doppler velocimetry study of the

external ophthalmic artery and calculation of ocular perfusion pressure. Fourteen

male, adult, healthy, New Zeland rabbits, average weight of 2,500 kg, were

purchased from local suppleirs and randomly allocated into two groups: control (C)

(n = 7) which received orally 1,5 ml of saline solution, and treatment (S) (n = 7)

which received orally 10 mg of sildenafil citrate for 30 days. The evaluations were

weekly, one hour after drug administration, being considered moments (M)

evaluations on day one (M1), seven (M2), 14 (M3) day 21 (M4) and 30 (M5). It

was found that sildenafil citrate did not alter the mean Doppler patterns, but the

treated animals showed a tendency to hypotension and decrease ocular perfusion

pressure, wich was statistically significant in moments one and five, although

without significantly changing the intraocular pressure. It was concluded that 10mg

of sildenafil citrate administered to healthy rabbits causes systemic vasodilation,

reduced values of mean arterial pressure and ocular perfusion pressure and that

the systemic action of the drug does not induce retrobulbar hemodynamic changes

identifiable by Dopplervelocimetric evaluation of the external ophthalmic artery

Keywords: Viagra, color Doppler imaging, intraocular pressure, mean arterial

pressure

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1 INTRODUÇÃO

Os inibidores da fosfodiesterase (PDE) tipo 5, cujo o primeiro

representante a ser administrado aos seres humanos foi o Zaprinast (1,4-

Dihydro-5-(2-propoxyphenyl)-7H-1,2,3-triazolo(4,5-d)pyrimidin-7-one, Sigma-

Aldrich Co. LLC, Estados Unidos), foram desenvolvidos como fármacos

estabilizadoras de mastócitos para o tratamento de processos alérgicos. No

entanto, percebeu-se que os inibidores da PDE5 eram capazes de induzir ao

relaxamento dos músculos lisos da parede dos vasos e, por esse motivo,

passaram a ser estudados para o tratamento de condições cardiovasculares.

Pioneiramente, a Pfizer lançou o citrato de sildenafil e o colocou em teste

clínico para o tratamento da angina (BOSWELL-SMITH, 2006).

Os resultados dos testes clínicos do citrato de sildenafil foram

desapontadores quando comparados com a terapêutica de nitratos já

estabelecida para angina. Entretanto, um dos efeitos colaterais mais relatados

entre os voluntários do teste foi a ereção peniana. A partir de então, passaram-

se a estudar os inibidores da PDE5 para o tratamento da disfunção erétil

(BOSWELL-SMITH, 2006).

Existem hoje três inibidores da PDE5 utilizados via oral para o

tratamento da disfunção erétil dos seres humanos: Viagra (citrato de sildenafil

Pfizer Limited, Sandwich, Kent, Reino Unido), Levitra (vardenafil, Bayer AG,

Leverkusen, Alemanha) e o Cialis (tadalafil, Eli Lilly Nederland B.V., Houten,

Holanda) (WRIGHT, 2006). O citrato de sildenafil foi o primeiro inibidor da

PDE5 a ser liberado para o tratamento da disfunção erétil em 1998 e desde

então se tornou um dos medicamentos mais prescritos mundialmente

(WRIGHT, 2006; KERR & DANESH-MEYER, 2009).

A localização da PDE5 não se restringe ao corpo cavernoso

peniano, encontrando-se nas células do músculo liso de artérias e veias

periféricas, bem como na circulação coronariana e na pulmonar, nas plaquetas

e células endoteliais dos vasos sanguíneos (REFFELMANN & KLONER, 2009).

É admitido, portanto, que fármacos inibidores da PDE5 sejam capazes de

causar alterações hemodinâmicas em sítios em que a PDE5 encontra-se

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presente, ocasionando alterações circulatórias sistêmicas (KERR & DANESH-

MEYER, 2009).

Certificado este efeito vasodilatador em sítios que não o corpo

cavernoso peniano, o citrato de sildenafil e os demais inibidores da PDE5

passaram a ser testados para o tratamento de outras enfermidades

hemodinâmicas como, por exemplo, a hipertensão pulmonar (KIRSCH et al.,

2008). Adicionalmente, seus efeitos potenciais sobre a retina, o coração e a

pressão arterial foram alvo de investigações (UTHAYATHAS et al., 2007). Na

medicina veterinária, os inibidores da PDE5 já foram utilizados para o

tratamento da hipertensão pulmonar em cães, com resultados satisfatórios

(BACH et al., 2006; KELLUN & STEPIEN, 2007).

Foi verificado que o citrato de sildenafil pode ocasionar alterações na

hemodinâmica ocular. Por esta razão, tornou-se objeto de pesquisa de muitos

autores que buscam compreender os efeitos colaterais oculares vivenciados

por alguns usuários do fármaco, como visão nebulosa e aumento da

sensibilidade a luz. No entanto, ainda não há consenso em até que ponto os

inibidores da PDE5 podem alterar a circulação sanguínea retiniana e

retrobulbar (KERR & DANESH-MEYER, 2009).

SIU et al. (2000) não encontraram alterações significativas sobre a

hemodinâmica ocular de pacientes que receberam o fármaco. SPONSEL et al.

(2000) e KURAHASHI et al. (2002) verificaram que o fármaco foi capaz de

causar vasodilatação na circulação ocular. METELITSINA et al. (2005)

ressaltaram a importância de se pesquisar a propriedade vasodilatadora do

citrato de sildenafil sobre a circulação ocular, haja vista que ela pode ser de

grande valia na terapêutica de doenças oclusivas vasculares que

comprometem o influxo sanguíneo para o tecido retiniano, comprometendo sua

funcionalidade.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Imagem Doppler Colorida – Dopplervelocimetria

A ultrassonografia com mapeamento Doppler é empregada

complementarmente ao exame em modo-B. Essa técnica permite o estudo da

vascularização local, determinando a anatomia vascular da região analisada

com grande precisão e, mais importante, de modo não invasivo. Além disso,

permite a identificação de alterações de calibre e trajeto de vasos, além de

determinar parâmetros quantitativos de fluxo sanguíneo e de resistência

vascular (CARVALHO et al., 2009).

O princípio Doppler, descrito por Christian Johann Doppler, diz que

todas as ondas, sejam elas sonoras, luminosas, ou outras, mudam em

comprimento de onda quando ocorre mudança na posição entre a fonte da

onda e o receptor da onda. Aplicando-se esse princípio ao estudo do fluxo

vascular, pode-se dizer que quando as ondas sonoras transmitidas pelo

transdutor do equipamento ultrassonográfico atingem as células sanguíneas

em movimento, a onda que retorna ao transdutor sofre mudanças em sua

frequência. Em outras palavras, células sanguíneas movimentando-se em

direção ou transdutor irão refletir um número maior de ondas e,

consequentemente a frequência da onda recebida pelo transdutor será maior

que a transmitida. Em contrapartida, células sanguíneas movimentando-se na

direção contraria irão diminuir a freqüência das ondas recebidas pelo

transdutor. Essas mudanças de frequência são calculadas (Sinal Doppler –

Doppler shift) e representadas de diferentes formas, espectrais ou coloridas na

tela do equipamento (BOON, 2011).

A técnica Doppler rotineiramente utilizada para avaliação da

irrigação do espaço retrobulbar é a Imagem Doppler Colorida (CDI), também

conhecida como Dopplervelocimetria ou Dopplerfluxometria. Essa técnica

utiliza imagens ultrassonográficas em 2D em conjunto com medidas de

velocidade derivada das mudanças das ondas sonoras (Doppler shift) refletidas

dos eritrócitos circulantes, permitindo o acesso à artéria oftálmica, à artéria

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central da retina e às artérias ciliares posteriores curtas nasal e temporal, nos

seres humanos (DINIZ et al., 2004; STALMANS et al., 2011; SIESKY et al.,

2012).

Em animais experimentais, como o coelho, existem estudos

mostrando a técnica CDI ocular utilizada para avaliação da artéria oftálmica

externa (LUI et al., 2007a; LUI et al., 2007b; YANG et al., 2011a) e artéria

central da retina (YAMADA et al., 1999). No entanto, LUI et al. (2007 a)

relataram dificuldades em identificar a artéria central da retina em coelhos

devido ao seu tamanho reduzido. Relataram, ainda, que os tamanhos e

orientações variados das artérias ciliares posteriores longas tornaram tanto a

identificação quanto a repetibilidade difíceis, fazendo com que eles optassem

por avaliar somente a artéria oftálmica externa, otimizando o tempo

experimental.

Utilizando a técnica Imagem Doppler Colorida (CDI) as informações

de direção de fluxo sanguíneo são traduzidas em escala de cores (Doppler

Colorido) e/ou graficamente (Doppler pulsado) na imagem ultrassonográfica.

Foi convencionado que fluxos que seguem em direção ao transdutor são

demonstrados em vermelho e fluxos que seguem em direção contrária são

representados em azul (STALMANS et al., 2011). Graficamente, os fluxos em

direção ao transdutor aparecem acima da linha de base e os na direção

contrária, abaixo da linha de base (BOON, 2011).

Outra informação que se obtém a partir do espectro do Doppler

pulsado é em relação à quantidade de sangue circulante, já que o brilho do

espectro é diretamente proporcional a essa quantidade. Quanto maior o brilho

do traçado espectral de um local, maior o número de células que passam

àquela velocidade no momento específico da amostragem (CARVALHO et al.,

2009).

A partir do gráfico (Doppler pulsado), o operador é capaz de calcular

os valores de velocidade de pico sistólico (VPS) e da velocidade diastólica final

(VDF). O pico de velocidade sistólica refere-se à mais alta velocidade

sanguínea alcançada na sístole e é calculada posicionando-se o cursor no

ponto de maior amplitude do traçado. A velocidade diastólica final é referida

como a menor velocidade avaliada durante a diástole e, da mesma forma que a

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VPS, é obtida no gráfico do fluxo sanguíneo, posicionando-se o cursor no ponto

de menor amplitude do traçado (STALMANS et al., 2011). Aumentos

simultâneos das velocidades sistólica e diastólica podem refletir aumento no

fluxo volumétrico total do vaso avaliado. O contrario também se aplica quando

se detecta diminuição simultânea de VPS e de VDF (SPENCER at. Al. 1991).

O índice de resistência descrito por Pourcelot é o mais utilizado em

estudos dopplerfluxométricos da circulação retrobulbar. É um índice

adimensional que varia entre o zero e um, onde o zero representa ausência

total de fluxo e um representa um fluxo puramente pulsátil. É obtido pela

subtração dos valores de velocidade do pico sistólico (VPS) e de velocidade

diastólica final (VDF), sobre o valor de VPS (IR=VPS-VDF/VPS) (STALMANS

et. al., 2011).

O estudo dopplervelocimétrico é usado como método de avaliação

da circulação ocular em seres humanos, em casos de glaucoma e em outras

doenças microcirculatórias, como na retinopatia diabética e oclusão da veia

retiniana central (BAYDAR et al., 2007; DIMITROVA & KATO, 2010).

Por possibilitar o acesso ao padrão de perfusão ocular, a

dopplervelocimetria tornou-se fundamental para o diagnóstico, o prognóstico e

a monitoração de afecções que comprometem a vascularização do olho e da

órbita. A identificação precose de alterações no padrão vascular orbital é

importante para escolha de condutas terapêuticas que visam a melhorar a

perfusão sanguínea e a prolongar as funções da retina e do nervo óptico

(CARVALHO et al., 2009).

YANG et al. (2011a) demonstraram, por meio de estudo

doppervelocimétrico, que o glaucoma agudo modifica a hemodinâmica ocular.

Eles verificaram que a capacidade auto regulatória da artéria oftálmica de

coelhos é significativamente limitada quando ocorre aumento de pressão intra-

ocular (PIO) acima de 40mmHg. Nessa condição, há aumento do índice de

resistência da artéria oftálmica, acompanhado da diminuição do fluxo

sanguíneo.

A doppervelocimetria também pode ser utilizada para acessar a

perfusão do tecido retiniano frente às diversas enfermidades que o acometem,

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como doenças vasculares, distróficas e nos descolamentos de retina, como

relatado por DIMITROVA & KATO (2010).

A técnica CDI oferece limitações para a avaliação de vasos cujo

fluxo sanguíneo seja muito baixo, incluindo dependência do ângulo de

insonação e o efeito aliasing, assim como resolução limitada além das paredes

vasculares, o que dificulta a mensuração acurada do diâmetro e,

consequentemente, do cálculo do volume sanguíneo (WILLIAMSON &

HARRIS, 1994). No intuito de se superar tais limitações, foi desenvolvido o

Power Doppler, mais sensível para se detectarem pequenos fluxos,

independente do ângulo de insonação e não susceptível ao aliasing (LIN et al.,

1998). ABDALLAH et al. (2010) empregando o Power Doppler associado ao

Doppler pulsado, para avaliação do segmento posterior do olho de coelhos,

descreveram o acesso à artéria e à veia central da retina,ao ramo da artéria e

da veia da retina, da veia coroidal e da artéria ciliar posterior curta e longa.

2.2 Localização anatômica da artéria oftálmica externa em coelhos

A artéria oftálmica externa constitui o principal suprimento arterial

para os componentes da órbita (DAVIS, 1929). Enquanto nos seres humanos o

maior suprimento sanguíneo para o bulbo do olho provem da artéria carótida

interna, que dá origem à oftálmica (HAYREH, 2006; ERDOGMUS & GOVSA,

2006), nos animais domésticos o suprimento provém da artéria maxilar interna,

ramo da artéria carótida externa, que após passar através do forame alar,

emite a artéria oftálmica externa (GONÇALVES, 2005).

A artéria oftálmica externa passa dorsalmente ao nervo óptico e se

curva sobre ele para formar uma anastomose com um ramo da artéria oftálmica

interna (DAVIS, 1929). As artérias que se originam da artéria oftálmica externa

e da malar (ramo distal menor da artéria maxilar) podem ser divididas em três

grupos: as que irrigam o globo ocular, as dos músculos oculares e as que

abandonam a órbita e irrigam as estruturas adjacentes ao olho. As que irrigam

o globo ocular penetram a esclera para a túnica vascular e a retina, dando

origem aos ramos das artérias, ciliares posteriores curtas, à central da retina,

às ciliares posteriores longas e às ciliares anteriores (DELGADO, 2008).

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Muito do que se conhece hoje sobre a irrigação ocular deve-se a

procedimento invasivos. Métodos não invasivos foram introduzidos, destacam-

se, entre outras, a dopplervelocimetria e angiografia (HARRIS et. al., 1998).

CARVALHO (2009) descreveu que a artéria oftálmica externa, na região

retrobulbar de cães e de gatos, caminha sobre o nervo óptico, com fluxo em

direção ao bulbo do olho, sendo, portando, de coloração vermelha. LUI et. al.

(2007) utilizaram o coelho como unidade experimental para verificar a variação

na resistência da artéria oftálmica externa, provocada pelo Timolol, e

descreveram a localização da artéria como semelhante á encontrada em cães

e em gatos.

2.3 Pressão de perfusão ocular

O funcionamento normal de um tecido depende de adequada

perfusão, com suficiente fluxo sanguíneo, os quais dependem de um balanço

ideal entre as pressões venosa e arterial (LESKE, 2009). A pressão de

perfusão de um órgão pode ser definida como a diferença entre a pressão

venosa e a arterial que o suprem. No olho, a pressão venosa aproxima-se da

pressão intraocular, consequentemente a pressão de perfusão ocular (PPO)

pode ser obtida pela da subtração dos valores de PIO e da pressão arterial

média na artéria oftálmica. Porém, devido à dificuldade em se acessar o valor

da pressão arterial média (PAM) na artéria oftálmica, outra fórmula,

empregando a pressão arterial na artéria braquial, em seres de humanos, foi

desenvolvida (He et al., 2011).

A pressão na artéria oftálmica dos seres humanos foi acessada e

descobriu-se que a pressão sistólica na artéria oftálmica é, aproximadamente,

três quartos da pressão sistólica na artéria braquial, enquanto a pressão

diastólica na artéria oftálmica é, aproximadamente, dois terços dessa na artéria

braquial. Conhecendo-se essas relações entre as pressões na artéria oftálmica

e braquial, chegou-se a fórmula: PPO= 2/3 PAMbraquial PIO. O fator dois terços

da fórmula da PPO corrige a diferença existente a PAM ocular e braquial em

seres humanos. Como os animais experimentais, não primatas, não assumem

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posição ereta, não se faz necessária essa correção e pode-se utilizar a

fórmula: PPO= PAM PIO (He et al., 2011).

Analisando-se os fatores que compõem a fórmula utilizada para o

cálculo da PPO, pode inferir-se que a pressão de perfusão no tecido ocular

pode diminuir na presença de elevação da PIO ou na redução da PAM

(SIESKY et al., 2010). Alterações na pressão de perfusão ocular podem causar

isquemia e/ou irrigação insuficiente do nervo óptico, culminando em efeitos

deletérios (LESKE, 2009). Por esse motivo, o cálculo de pressão de perfusão

passou a fazer parte da avaliação do paciente glaucomatoso ou em risco de

desenvolver glaucoma.

O cálculo da PPO também tem sido utilizado para se verificar a ação

de fármacos sobre a hemodinâmica ocular. Um exemplo, é o estudo de

BOGNER et al. (2010) em que avaliou-se a ação de vasopressina aplicada em

infusão intravenosa lenta ou rápida, sobre a hemodinâmica ocular de coelhos.

Um dos parâmetros utilizados foi o cálculo da PPO.

2.3 Mecanismo de ação e perfil farmacológico do citrato de sildenfil –

Tratamento da disfunção erétil

A PDE5, encontrada em grande quantidade no corpo cavernoso

peniano, é a fosfodiesterase mais abundante nesse tecido, sendo a principal

responsável por regular os níveis locais de monofosfato cíclico de guanosina

(GMPc) por hidrólise. Os níveis de GMPc circulantes modulam a atividade

endógena do óxido nítrico (NO) e, consequentemente, o tônus vascular sendo,

portanto, um alvo para intervenções terapêuticas na disfunção erétil, haja que a

ereção é um processo hemodinâmico (KUKREJA et al., 2005).

O mecanismo fisiológico da ereção peniana envolve a liberação de

óxido nítrico (NO), quando sob estímulo sexual. O NO secretado pelas

terminações nervosas no tecido peniano, assim como pelas células endoteliais

irá ativar a enzima que converte a guanosina trifosfato (GTP) em monofosfato

cíclico de guanosina que por sua vez, irá estimular a proteína quinase G (PKG),

iniciando a cascata de fosforilação protéica (Figura 1) (KUKREJA et al., 2005;

WRIGHT, 2006).

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FIGURA 1 – Diagrama ilustrando o mecanismo de ação dos

inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5). Fonte: adaptado de WRIGHT (2006)

A ativação da cascata de fosforilação protéica irá resultar na

diminuição do nível de íons de cálcio intracelular, levando à dilatação das

artérias que irrigam o pênis, relaxamento do músculo liso do corpo cavernoso

e, consequentemente, a ereção (Figura 1). Os inibidores da PDE5 se

assemelham estruturalmente, a base guanosina do GMPc, ocupando o sítio

ativo da enzima, prevenindo a hidrólise desse segundo mensageiro e, dessa

forma, contribuindo para o aumento dos efeitos vasodilatadores do NO

(KUKREJA et al., 2005; WRIGHT, 2006; UTHAYATHAS et al., 2007).

Todos os inibidores de PDE5 compartilham o mesmo mecanismo

de ação e somente são farmacologicamente ativos quando a síntese de GMPc

é ativada, sendo, portanto, o estímulo sexual necessário. No entanto, apesar

de apresentarem o mesmo mecanismo de ação, os inibidores de PDE5

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possuem diferenças que se traduzem em diferentes efeitos clínicos (WRIGHT,

2006).

Os inibidores de PDE5 disponíveis para uso são o citrato de

sildenafil, o vardenafil e o tadalafil . O citrato de sildenafil e o vardenafil

possuem estruturas moleculares muito semelhantes, em contraste com a

estrutura molecular do tadalafil. Essa diferença estrutural é refletida nas

propriedades farmacocinéticas e seletividade para as isoenzimas da PDE do

tadalafil (SEFTEL, 2004; WRIGHT, 2006).

O citrato de sildenafil, mais conhecido como Viagra, foi o primeiro

inibidor da fosfodiesterase tipo 5 (PDE-5) a ser liberado para tratamento da

disfunção erétil. Desde então, tornou-se um dos medicamentos mais prescritos

mundialmente (WRIGHT, 2006; KERR & DANESH-MEYER, 2009). Para o

tratamento da disfunção erétil, o citrato de sildenafil é utilizado, em humanos,

em doses que variam de 25mg a 100mg, em dose única, sendo rapidamente

absorvido pelo trato gastrointestinal. Ele atinge o pico de concentração

plasmática em aproximadamente, uma hora e sua meia vida é de quatro horas.

A presença de ingesta, principalmente rica em gordura, pode retardar sua

absorção. O citrato de sildenafil, portanto, não age imediatamente à sua

ingestão, demorando em média de 30 a 60 minutos. (CARSON & LUE, 2005;

WRIGHT, 2006; ODRIOZOLA et al., 2007).

Quanto à especificidade, o citrato de sildenafil é de três a sete

vezes mais seletivo pela PDE5 que pela PDE6. O tadalafil, por sua diferença

estrutural, é mais do que 700 vezes mais seletivo pela PDE5, o que anula os

efeitos colaterais de distúrbios na percepção das cores vivenciados por alguns

usuários do citrato de sildenafil. A PDE6 é uma isoenzima da família das

fosfodiesterases existente na retina, que desempenha importante papel na

transdução dos estímulos luminosos em impulsos nervosos. Por ser

estruturalmente semelhante à PDE5, a PDE6 pode ser inibida por fármacos

inibidores de PDE5 (SEFTEL, 2004; WRIGHT, 2006).

2.4 Efeitos adversos sistêmicos do citrato de sildenafil relacionados ao

tratamento da disfunção erétil

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Os efeitos adversos relacionados ao tratamento da disfunção erétil

utilizando inibidores da PDE5 são leves a moderados, existindo uma diferença

mínima entre os fármacos disponíveis. Os eventos mais comumente relatados

estão relacionados à vasodilatação sistêmica e incluem dores de cabeça, rubor

facial, congestão nasal e dispnéia (SEFTEL, 2004; GIULIANO et al., 2010).

Como os inibidores da PDE5 são capazes de induzir leve

vasodilatação sistêmica, a segurança na utilização do fármaco por pacientes

cardiopatas ou com risco cardiovasculares foi, por muito tempo, questionada.

PADMA-NATHAN et al. (2002) e GIULIANO et al. (2010) avaliaram a

segurança do citrato de sildenafil e concluíram que, independentemente de

estarem utilizando o fármaco para tratamento da disfunção erétil, os pacientes

que relataram distúrbios cardíacos possuíam um ou mais riscos

cardiovasculares em função de serem pacientes idosos.

A única contra indicação que PADMA-NATHAN et al. (2002) e

GIULIANO et al. (2010) encontraram, após revisarem uma grande quantidade

de relatos, foi a utilização do citrato de sildenafil concomitantemente com

medicamentos doadores de nitratos, pois isso resultaria em uma exacerbação

da vasodilatação e consequente hipotensão sistêmica.

2.4.1 Efeitos adversos oculares

Sintomas visuais são um dos efeitos adversos reportados por

usuários de inibidores de PDE5. A maioria das alterações são leves e

transitórias. Caracterizando mudanças na visão cromática, como a visibilização

de halos azuis e aumento da sensibilidade ao estímulo luminoso, sem relatos

de cegueira (YANG et al. 2011b; GANI et al., 2012).

No entanto, já está bem estabelecido que essas alterações são

relacionadas à inibição cruzada a PDE6 existentes nos cones e em bastonetes

(YANG et al. 2011b). FORESTA et al. (2008) pesquisaram, à imunistoquímica,

a expressão de PDE5 e PDE6 no globo ocular de dois cadáveres. Os autores

encontraram expressão da enzima PDE6 na camada fotoreceptora de cones e

de bastonetes, onde sabe-se que a PDE6 participa na fototransdução visual.

Vale considerar que a ocorrência de sintomas visuais é dependente

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da concentração sanguínea dos fármacos inibidores da PDE5, aparecendo em

cerca de uma hora após a ingestão desses e cessando de três a quatro horas

depois. Esse sintomas só são observados em 3% dos pacientes medicados

com doses baixas (25-50mmg), mas aumentam para 11% e 50% após a

exposição a doses 100mg e 200mg, respectivamente (YANG et al. 2011b).

FORESTA et al. (2008) demonstraram a localização de PDE5 em

células endoteliais e musculares lisas da parede de vasos retinianos e

coroidais e confirmaram que essa expressão pode estar relacionada à

ocorrência de vasodilatação. O potencial vasodilatador do citrato de sildenafil

foi elemento de pesquisa, demonstrando que se pode aumentar fluxo

sanguíneo coroidal e dilatar a artéria oftálmica, porém ainda com resultados

conflitantes (KERR & DANESH-MEYER, 2009).

KOKSAL et. al. (2005) e DUNDAR et al. (2001) verificaram, por meio

à dopplervelocimetria, o efeito vasodilatador do citrato de sildenafil, em doses

de 100mg e 50mg respectivamente, sobre as artérias oftálmica e ciliares

posteriores de seres humanos. Observaram que, uma hora após a

administração do fármaco, ocorreu aumento significativo da velocidade do pico

sistólico e de velocidade diastólica final. Os estudos de TANER et al. (2005) e

METELITSINA et al. (2006) no entanto, não mostraram mudanças nos fluxos

retrobulbar e coroidal, apesar dos voluntários, humanos, terem apresentado

hipotensão sistêmica após a ingestão do citrato de sildenafil.

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2.5 Justificativa e objetivos

Identificar e quantificar alguma atividade vasodilatadora na

circulação retrobulbar, resultante da ação do citrato de sildenafil trariam

importantes subsídios clínicos, sobretudo em pacientes portadores de

condições de vasoconstrição reflexa ocular, tal como ocorre na hipertensão

retiniana gerada pela síndrome glaucomatosa, pela insuficiência renal e por

quadros de diabetes em seres humanos. Sabe-se que pacientes com

nefropatias crônicas são muito predispostos a quadros hipertensivos que, por

muitas vezes, culminam em descolamento da retina e em perda da percepção

visual. A hipertensão crônica leva a vasoconstrição contínua compensatória

das arteríolas retinianas, suscitando isquemia e degeneração da retina (SILVA,

2002).

Considerando-se o potencial terapêutico do citrato de sildenafil nas

condições de vasoconstrição reflexa da circulação ocular, propôs-se verificar a

ação vasodilatadora do fármaco sobre a circulação retrobulbar de coelhos

hígidos, valendo, para tal, da dopplervelocimetria da artéria oftálmica externa.

Adicionalmente, realizar-se o cálculo da pressão de perfusão ocular, obtida a

partir da subtração dos valores de pressão arterial média e de pressão

intraocular.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no serviço de Diagnóstico por Imagem do

Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade

Federal de Goiás (EVZ/UFG), Campus Samambaia, Goiânia, Goiás, após ser

submetido e aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da UFG, sob

o número 027/12.

Delineamento experimental

Para o experimento, foram avaliados 14 coelhos machos adultos,

albinos, da raça Nova Zelândia, com peso médio inicial de 1,700 Kg e final de

2,500 Kg. Os animais foram selecionados a partir da determinação das

condições de higidez sistêmicas e oftálmicas. Realizou-se, em ambos os olhos,

o teste lacrimal de Schirmer (Ophthalmos, São Paulo, SP), a oftalmoscopia

binocular indireta (Eyetec, São Paulo, SP), a prova do tingimento pela

fluoresceína (Fluoresceína Strips, Ophthalmos, São Paulo, SP) e a

tonometria por aplanação (Tono-Pen Avia, Reichert, New York, USA),

conforme descrito por TALIERI et al. (2006).

Os animais foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos e

alojados em gaiolas individuais com livre acesso à água e à ração. O ambiente

permaneceu com temperatura controlada em 241ºC. Sete coelhos (n=7)

compuseram o grupo controle (C) e foram tratados com 1,5 mL de solução

fisiológica por via oral; outros sete coelhos (n=7) compuseram o grupo

tratamento (S) e foram tratados com 10mg de citrato de sildenafil (Viagra,

Pfizer, Guarulhos, SP), por via oral. A dose de citrato de sildenafil estabelecida

foi adaptada de YAGUAS et al. (2010).

Ambos os grupos foram medicados a cada 24 horas durante 30 dias

consecutivos. Considerando que o pico plasmático do citrato de sildenafil

ocorre, em média, decorrida uma hora da sua ingestão, as avaliações foram

realizadas uma hora após o tratamento nos grupos C e S. As avaliações foram

semanais sendo consideradas como momentos (M) as avaliações no 1º(M1), 7º

(M2), 14º (M3), 21º (M4) e 300 dias (M5).

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Os parâmetros de avaliação adotados foram: dopplervelocimetria,

avaliação da pressão arterial média e da pressão intraocular. Realizou-se o

cálculo da pressão de perfusão ocular. As avaliações foram realizadas, em

triplicata, por um mesmo pesquisador, em estudo cego.

Somente o olho direito de cada animal foi examinado, visando-se

diminuir o tempo de contenção, evitando-se os efeitos do estresse sobre a

circulação retrobulbar, além de otimizar o aproveitamento do tempo de ação do

fármaco. Os animais foram contidos manualmente, com auxílio de toalhas

(Figura 2).

Dopplervelocimetria

A dopplervelocimetria da artéria oftálmica externa foi realizada

empregando-se equipamento ultrassonográfico My LabTM 30 Vet (The Esaote

Group, Genova, Italy) acoplado a transdutor linear de 18 MHz com seleção do

software de ecodoppler.

Previamente ao exame foi realizada anestesia da córnea instilando-

se uma gota de colírio anestésico a base de cloridrato de proparacaína a 0,5%

(Anestalcon, Alcon, São Paulo, SP). Em seguida, uma camada de gel aquoso

estéril foi aplicada sobre a superfície corneal a fim de melhorar o contato entre

o transdutor e a córnea, evitando-se artefatos de reverberação. Posteriormente,

o transdutor foi posicionado suavemente em posição longitudinal, com a marca

de indicação de posição voltado para pálpebra superior (Figura 2).

Em modo bidimensional obteve-se imagem sagital do bulbo do olho

e do nervo óptico. A artéria oftálmica externa foi identificada com o auxílio do

Doppler colorido, a cerca de 2mm da parede posterior do bulbo do olho,

próximo à entrada do nervo óptico. Imediatamente, o cursor do Doppler

pulsado foi posicionado sobre a artéria oftálmica e obteve-se o traçado do fluxo

da mesma. A partir do traçado, utilizando-se o software MyLab Desk, foi

realizada a avaliação das velocidades do pico sistólico (VPS) e diastólica final

(VDF).

O índice de resistência de artéria oftálmica foi obtido valendo-se da

equação: IR= VPS VDF/ VPS, em que IR corresponde ao índice de

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resistência da artéria, VPS ao pico de velocidade do sangue na sístole e VDF a

velocidade diastólica final (POURCELOT, 1974).

FIGURA 2 - Posicionamento do transdutor linear de 18 MHz, do equipamento ultrassonográfico My LabTM 30 Vet, sob a superfície corneal de coelho albino, adulto, macho da raça Nova Zelândia, em posição longitudinal, com a marca de indicação de posição voltada para pálpebra superior.

Pressão de perfusão ocular

A pressão de perfusão ocular (PPO) foi avaliada a partir da

subtração dos valores de pressão arterial média (PAM) e de pressão

intraocular (PIO), como descrito por KIEL & HEUVEN (1995), sendo as

aferições (PAM e PIO) realizadas nos mesmos horários, nos diferentes

momentos, consoante com o ciclo circadiano da PIO.

Para a aferição da PAM, os animais foram submetidos à tricotomia

das orelhas e a artéria central da orelha foi canulada, de forma asséptica, com

cateter 24G (Angiocath – Becton, Dicson Indústrias – Juiz de

Fora – MG). O cateter foi conectado a um sistema preenchido com solução

salina 0,9% heparinizada (Heparin – Cristália Produtos Farmacêuticos Ltda –

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Itapira – SP) 1mL/1000mL. O sistema foi confeccionado a partir de equipos de

silicone semi-rígidos, conectados entre si por torneira de três vias, tendo uma

extremidade conectada ao cateter e outra ao esfigmomanômetro BD

(Esfigmomanômetro BD – Becton Dicson and Company – Franklin Lakes – NJ

– EUA). A interface ar/líquido foi posicionada à altura do átrio direito (Figura 3).

Para aferição da PIO, inicialmente instilou-se colírio a base de

proparacaína à 0,5% (Anestalcon, Alcon, São Paulo, SP). Decorridos cinco

minutos realizaram-se as avaliações, utilizando-se tonômetro de aplanação

Tono-Pen Avia (Reichert, New York, USA) sendo consideradas, as somente

leituras com 95% de confiança (PERREIRA, 2010) (Figura 3).

FIGURA 3 - Avaliação da pressão arterial média (PAM) e da pressão intra-ocular (PIO) de coelho albino, adulto, macho da raça Nova Zelândia. (A) Avaliação da PAM. (B) Avaliação da PIO com de

tonômetro de aplanação Tono-Pen Avia.

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3.3 Análise estatística

O experimento foi inteiramente casualizado em esquema de

parcelas subdivididas 2x5, sendo os tratamentos, as parcelas (com e sem

citrato de sildenafil) e os períodos de avaliação, as subparcelas (M1 – M2 – M3 –

M4 – M5) e cada animal uma unidade experimental. Os dados foram submetidos

à análise de variância e as médias comparadas empregando-se teste de

Tukey, adotando-se nível de significância de 5%. O teste de normalidade

utilizado foi o Shapiro-Wilk. Empregando-se software estatístico R.

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4 RESULTADOS

4.1 Dopplervelocimetria

Ao estudo Doppler colorido, a artéria oftálmica externa, em todos os

momentos, apresentou trajetória sobre o nervo óptico, com o fluxo sanguíneo

em direção ao bulbo ocular, portanto, em direção ao transdutor, sendo assim

observada com coloração vermelha. O traçado espectral exibiu fluxo laminar

em padrão intermediário de resistividade, pico sistólico positivo e traçado

dicróico, com presença de dois picos de velocidade sistólica (Figura 4).

Os valores dopplervelocimétricos de velocidade basais médios

observados na artéria oftálmica externa do olho direito foram de 22,99 cm/s no

pico sistólico (velocidade do pico sistólico - VPS) e 12,29 cm/s no final da

diástole (velocidade diastólica final - VDF), sendo o índice de resistência médio

de 0,53.

Os valores dopplervelocimétricos avaliados encontram-se dispostos

na Tabela 1. O grupo tratado com sildenafil apresentou valores de velocidade

de picos sistólicos superiores aos do grupo controle, em todos os momentos

(p>0,05). Apenas no momento dois (S=32,06cm/s e C=26,55cm/s; p=0,036) foi

verificada diferença estatística entre as médias dos tratamentos (Tabela 1).

As médias de velocidade diastólica final para os grupos controle e

tratamento apresentaram valores muito próximos, sendo maiores no grupo

tratado com sildenafil, no momentos dois (S=17,37cm/s, C=14,05cm/s), três

(S=15,19cm/s, C=14,47cm/s) e quatro (S=15,94cm/s, C=15,53cm/s) e menores

nos momentos um (S=14,64cm/s, C=16,54cm/s) e cinco (S=13,53cm/s,

C=13,56cm/s). Não foi observada diferença estatística entre as médias dessa

variável nos diferentes grupos (p>0,05) (Tabela 1).

Quanto ao índice de resistência, foram observados valores

semelhantes em ambos os tratamentos, durante todos os momentos, sem

diferença estatística (p>0,05) (Tabela 1).

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FIGURA 4 - Imagem Doppler colorida (parte superior da figura) e fluxo pulsado da artéria oftálmica externa (parte inferior da figura) de coelho albino, adulto, macho da raça Nova Zelândia, tratado com 10mg de citrato de sildenafil (15º dia). Fluxo sanguíneo em direção ao transdutor demonstrado em vermelho e fluxo na direção oposta em azul. A artéria oftálmica externa exibiu fluxo laminar de padrão intermediário de resistividade com pico sistólico positivo (A), traçado dicróico, e dois picos de velocidade sistólica (A e B). Nervo óptico (seta branca).

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TABELA 1 - Valores médios e desvios-padrão de velocidade do pico sistólico (VPS), velocidade diastólica final (VDF) e índice de resistência (IR) da artéria oftálmica externa de coelhos albinos, adultos, machos da raça Nova Zelândia, tratados (S) e não (C) tratados com 10 mg de citrato de sildenafil durante 30 dias. Variável M Tratamento T M I

S C P* P** P***

VPS (cm/s)

1 28,92 (1,79)Aa 28,62 (2,06)Aa

0,265

0,126

0,364 2 32,06 (1,79)Ab 26,55 (1,79)Aa

3 29,49 (1,79)Aa 26,30 (2,05)Aa

4 29,26 (1,90)Aa 28,85 (1,79)Aa

5 26,19 (1,79)Aa 25,30 (1,79)Aa Variável M Tratamento T M I

S C P* P** P***

VDF (cm/s)

1 14.64 (1,25) 16,54 (1,44)

0,691

0,177

0,180 2 17,37 (1,25) 14,05 (1,25)

3 15,19 (1,25) 14,47 (1,43)

4 15,94 (1,33) 15,53 (1,25)

5 13,53 (1,25) 13,56 (1,25) Variável M Tratamento T M I

S C P* P** P***

IR

1 0,48 (0,01) 0,47 (0,02)

0,379

0,811

0,540 2 0,46 (0,01) 0,46 (0,01)

3 0,49 (0,01) 0,44 (0,02)

4 0,45 (0,02) 0,46 (0,01)

5 0,48 (0,01) 0,46 (0,01) M= momentos. 1=1

0 dia, 2=7

0 dia, 3=15

0dia, 4=21

0 dia, 5=30

0dia.

P* Tratamento (T); P** Momento (M); P*** Interação (I) Teste de Tukey, adotando-se nível de significância de 5% .Letras iguais correspondem a médias iguais, sendo maiúsculas referentes aos momentos dentro do mesmo tratamento e minúsculas a comparação de momentos nos diferentes tratamentos. Entre parêntesis os erros padrões da média.

4.2 Pressão de perfusão ocular

Os valores médios basais da pressão intra-ocular (PIO), da pressão

arterial média (PAM) e da pressão de perfusão ocular (PPO) foram,

respectivamente, 11,85mmHg, 80,71mmHg e 68,85mmHg.

As médias da PAM do grupo tratado com de citrato de sildenafil

foram menores que as do grupo controle em todos os momentos, sendo as

médias dos grupos diferentes estatisticamente no momento um

(S=71,52mmHg, C=84,76mmHg p=0,0356) e aos 30 dias de tratamento

(S=71,38mHg, C= 85,52mmHg p=0,0252). Não obstante a ausência de

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diferença estatística nos demais momentos, verificou-se tendência à diminuída

da pressão arterial média no grupo tratamento (Tabela 2).

A pressão intra-ocular tendeu a ser maior nos animais tratados com

citrato de sildenafil em todos os momentos, porém não foi observada diferença

estatística quando as média foram comparadas as do grupo controle (p>0,05)

(Tabela 2).

A pressão de perfusão ocular mostrou tendência a diminuição no

grupo tratamento, em relação ao grupo controle, em todos os momentos.

Observou-se diferença significativa entre as médias dos grupos nos momentos

um (S=59,99mmHg, C=74,09mmHg p=0,0323) e cinco (S=58,95mmHg,

C=74,14mmHg, p=0,0216). Assim como observado para a PAM, apesar de nos

momentos dois, três e quatro a diferença entre as médias dos grupos não ter

sido significativa, o grupo tratamento apresentou média de PPO menor que a

do grupo controle (Tabela 2).

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TABELA 2 - Valores de pressão arterial média (PAM), pressão intra-ocular (PIO) e pressão de perfusão ocular (PPO) de coelhos Nova Zelândia, machos, adultos, albinos e hígidos tratados (V) ou não (C) com citrato de sildenafil, durante 30 dias e submetidos a avaliações semanais (M1, M2, M3, M4 e M5). Letras iguais correspondem a médias iguais, sendo maiúsculas referentes aos momentos dentro do mesmo tratamento e minúsculas a comparação de momentos nos diferentes tratamentos: Variável M Tratamento T M I

S C P* P** P***

PAM (mmHg)

1 71,52 (4,32) Ab 84,76 (4,32) Aa

0,0254

0,9604

0,4547 2 74,95 (4,32) Aa 84,85 (4,32) Aa

3 78,71 (4,32) Aa 80,09 (4,32) Aa

4 75,14 (4,32) Aa 78,95 (4,32) Aa

5 71,38 (4,32) Ab 85,52 (4,32) Aa Variável M Tratamento T M I

S C P* P** P***

PIO (mmHg)

1 11,52 (0,79) 10,66 (0,79)

0,0834

0,4102

0,9989 2 13,04 (0,79) 12,04 (0,79)

3 12,24 (0,79) 11,14 (0,79)

4 12,57 (0,79) 11,23 (0,79)

5 12,43 (0,79) 11,38 (0,79) Variável M Tratamento T M I

S C P* P** P***

PPO (mmHg)

1 59,99 (4,52) Ab 74,09 (4,52) Aa

0,0175

0,9744

0,5525 2 61,90 (4,52) Aa 72,81 (4,52) Aa

3 66,47 (4,52) Aa 68,95 (4,52) Aa

4 62,57 (4,52) Aa 67,71 (4,52) Aa

5 58,95 (4,52) Ab 74,14 (4,52) Aa M= momentos. 1=1

0 dia, 2=7

0 dia, 3=15

0dia, 4=21

0 dia, 5=30

0dia.

P* Tratamento (T); P** Momento (M); P*** Interação (I) Teste de Tukey, adotando-se nível de significância de 5% .Letras iguais correspondem a médias iguais, sendo maiúsculas referentes aos momentos dentro do mesmo tratamento e minúsculas a comparação de momentos nos diferentes tratamentos. Entre parêntesis os erros padrões da média.

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5 DISCUSSÃO

O método de contenção utilizando toalhas mostrou-se satisfatório,

pois o animal foi imobilizado a contento, com mínimo estresse. Essas

características foram úteis, pois evitaram a movimentação dos animais durante

as avaliações, eliminando a utilização de fármacos sedativos. Um método de

contenção semelhante encontra-se descrito na literatura por PERREIRA

(2010), que o utilizou para conter coelhos durante aferição da pressão intra-

ocular.

A artéria oftálmica externa apresentou padrão de trajetória sobre o

nervo óptico, com fluxo de coloração vermelha, ou seja, em direção ao bulbo

ocular e ao transdutor, caracterizando, portanto, uma artéria. O traçado

espectral da artéria oftálmica externa apresentou fluxo laminar de padrão

intermediário de resistividade, pico sistólico positivo e traçado dicróico, ou seja,

com presença de dois picos de velocidade sistólica. Achados semelhantes

foram citados para cães e gatos por CARVALHO (2009). CARVALHO et al.

2008 ressaltaram a importância de se reconhecer o traçado característico de

um vaso, um vez que cada vaso possui uma “assinatura” particular, ou seja, um

traçado característico, que permite sua identificação e a observação de

alterações.

LUI et al. (2007a) descreveram o traçado espectral da artéria

oftálmica externa de coelho de forma semelhante. Eles ressaltaram que o

exame do olho direito é mais fácil de ser executado por pessoa destra do que o

do olho esquerdo. Portanto, sendo o avaliador destro, a escolha do olho direito

para avaliação dos animais no presente estudo, além de submeter o animal a

menor tempo de contenção, maximizou a obtenção de imagens de melhor

qualidade.

Os valores dopplervelocimétricos basais médios observados na

artéria oftálmica externa do olho direito foram de 22,99 cm/s, durante a sístole

(VPS) e 12,29 cm/s durante a diástole (VDF), sendo o índice de resistência

médio de 0,53. YANG et al. (2011a) encontraram valores de VPS, de VDF e do

índice de resistência semelhantes na artéria oftálmica de coelhos.

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O grupo tratado com citrato de sildenafil apresentou valores de VPS

superiores aos do grupo controle, em todos os momentos (p>0,05). Porém,

apenas no momento dois (S=32,06cm/s e C=26,55cm/s) verificou-se diferença

estatística entre as médias dos tratamentos (p=0,036). No momento dois

também observou-se média de velocidade diastólica final maior no grupo

tratamento (17,37cm/s) em relação ao grupo controle (14,05cm/s). A porém

diferença, todavia, não foi significativa. O discreto aumento observado nos

valores de VPS e VDF no momento dois pode ser atribuído ao aumento do

fluxo sanguíneo decorrente da vasodilatação suscitada pelo fármaco, porém

não se refletiu no índice de resistência que foi igual para os dois grupos

(S=0,46, C=0,46)

As médias de VDF para os grupos controle e tratamento

apresentaram valores muito próximos, não sendo observada diferença

estatística (p>0,05). Quanto ao índice de resistência, foram observados valores

semelhantes em ambos os grupos, durante todos os momentos, sem diferença

estatística (p>0,05).

Considerando a ressalva de LUI et al. (2007a), de que os valores de

velocidades sistólica e diastólica não são tão confiáveis quanto ao índice de

resistência, vem vez que encontraram coeficientes de replicabilidade muitos

altos para os valores de velocidade, comparados ao coeficiente do IR, pode-se

desconsiderar a diferença estatística encontrada para a VDF no momento dois

e admitir que o citrato de sildenafil não aumentou de forma significativa o fluxo

sanguíneo na artéria oftálmica externa.

Os efeitos do citrato de sildenafil sobre a circulação ocular foram

investigados por diversos pesquisadores, utilizando os mais variados métodos,

com resultados distintos. DUNDAR et al. por exemplo, avaliaram os efeitos do

citrato de sildenafil sobre a artéria oftálmica de humanos sob duas

perspectivas, quais sejam, dose única (2001) e uso contínuo (2006). Para

avaliarem os efeitos da administração de dose única do fármaco eles

estudaram, por dopplervelocimetria ocular, 14 indivíduos uma hora após

receberam 50mg de citrato de sildenafil. Os autores verificaram que, enquanto

os parâmetros dopplervelocimétricos das artérias central da retina e ciliares

posteriores permaneceram inalterados, houve aumento significativo da VPS e

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VDF da artéria oftálmica, ao que eles atribuíram aos efeitos vasodilatadores do

fármaco. Em contrapartida, ao avaliarem os efeitos do uso de 50mg de citrato

de sildenafil, duas vezes por semana, durante 3 meses, em pacientes humanos

com disfunção erétil, DUNDAR et al. (2006) não encontraram diferença entre

os parâmetros dopplervelocimétricos das artérias central da retina, ciliares

posteriores e oftálmica externa, antes e após o uso do fármaco. Concluíram os

autores que o uso crônico do citrato de sildenafil parece não afetar a

hemodinâmica ocular, e que os efeitos vasodilatadores temporários, parecem

não oferecer alterações.

TANER et al. (2005) utilizaram método semelhante ao adotado no

presente estudo, qual seja, a avaliação da pressão sanguínea sistêmica,

velocidade do fluxo sanguíneo retrobulbar, por dopplervelocimetria, e valiação

da pressão intraocular, no intuito de investigarem se o citrato de sildenafil altera

a hemodinâmica ocular de humanos em diferentes variações posturais. Eles

verificaram que as médias dos grupos tratamento e placebo não foram

diferentes, estando os indivíduos em decúbito dorsal ou sentados. Por

conclusão observaram que as doses recomendadas para o tratamento da

disfunção erétil em humanos não altera, não mais que as alterações

fisiológicas posturais, a hemodinâmica retrobulbar, a pressão intraocular e a

pressão sanguínea sistêmica.

Apesar de no presente estudo não terem sido detectadas alterações

nos parâmetros dopplervelocimétricos conclusivos de vasodilatação da artéria

oftálmica externa dos coelhos, verificou-se que o citrato de sildenafil induziu a

diminuição da pressão arterial média e conseqüente diminuição da pressão de

perfusão ocular nos animais tratados. As médias da PAM do grupo tratado

com 10 mg de citrato de sildenafil foram menores que as encontradas no grupo

controle em todos os momentos. Houve diferença significativa no momento um,

o qual corresponde ao primeiro dia, uma hora após administração do citrato de

sildenafil (S=71,52mmHg, C=84,76mmHg p=0,0356) e aos 30 dias de

tratamento (S=71,38mHg, C= 85,52mmHg p=0,0252). Não obstante a ausência

de diferença significativa em M2, M3 e M4, houve tendência à diminuição da

pressão arterial média no grupo tratamento em relação ao grupo controle.

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A pressão intra-ocular tendeu a ser maior nos animais tratados com

citrato de sildenafil em todos os momentos, porém não foi observada diferença

significativa entre as médias, comparativamente ao grupo controle (p>0,05).

Por outro lado, a pressão de perfusão ocular mostriu tendência à diminuição

nos animais tratados com citrato de sildenafil em todos os momentos, sendo a

diferença entre as médias dos grupos significativa nos momentos um e cinco.

METELITSINA et al. (2005) avaliaram os efeitos de um dose única de 100mg

citrato de sildenafil sobre a circulação coroidal foveolar de pacientes humanos

portadores de degeneração macular senil, e verificaram à laser

dopplerfluxometria, que o fármaco não indiziu alterações significativas. Adjunto,

eles avaliaram a pressão arterial média e a pressão intraocular e calcularam a

pressão de perfusão ocular. À semelhança dos resultados obtidos nesse

estudo, eles verificaram que o citrato de sildenafil não alterou significativamente

a pressão intraocular, porém causou hipotensão e diminuição da pressão de

perfusão ocular decorridos 30 minutos da sua administração.

Quanto à pressão intra-ocular existem estudos que relatam que o

citrato de sildenafil não provoca alterações significativas em humanos

normotensos (YAJIMA et al., 2000) ou portadores de glaucoma de ângulo

aberto (GRUWALD et al., 2001). No entanto, pesquisas recentes publicadas

por GEROMETTA et al. (2010) indicaram que o citrato sildenafil é capaz de

aumentar significativamente a pressão intraocular de ovelhas tratadas tanto

com a dose mínima recomendada (50mg), quanto com a dose máxima

(100mg), decorrida uma hora a ingestão do fármaco. E em 2011, realizando

estudos em pacientes humanos, verificaram aumento da pressão intraocular,

uma hora após a ingestão do fármaco, com retorno aos valores basais na

segunda hora. Os mesmos pesquisadores verificaram, em 2012, que o citrato

de sildenafil acelerou a restauração da PIO e, consequentemente, o tempo de

reperfusão da câmara anterior em ovelhas e coelhos submetidos à paracentese

da câmara anterior do olho.

GEROMETTA et al. (2011) avaliaram a pressão arterial sistêmica de

indivíduos da espécie humana após ingestão de dose única do citrato de

sildenafil. Eles reportaram que os pacientes apresentaram diminuição das

pressões sistólica e diastólica, sendo os valores mínimos encontrados aos 90

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minutos da administração. Em contrapartida, não verificaram alterações

significativas da PIO e da pressão arterial sistêmica, quando esses mesmos

pacientes receberam placebo. Baseandos nos resultados, concluíram que o

citrato de sildenafil pode causar aumento transitório da PIO e que tal pode ser

relevante para pacientes tratados cronicamente com o fármaco, como os

portadores de hipertensão pulmonar.

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6 CONCLUSÕES

A dose de 10mg de citrato de sildenafil administrada a coelhos

hígidos provoca vasodilação sistêmica, redução dos valores da pressão arterial

média e pressão de perfusão ocular.

A ação sistêmica do fármaco não induz alteração na hemodinâmica

retrobulbar identificáveis à avaliação dopplervelocimétrica da artéria oftálmica

externa.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse estudo verificou-se que a dose de 10mg de citrato de

sildenafil não aumentou o fluxo sanguíneo na artéria oftálmica externa de

coelhos hígidos tratados durante 30 dias consecutivos. No entanto, esta dose

foi suficiente para aumentar a pressão intra-ocular e reduzir a pressão arterial

média e pressão de perfusão ocular em todos os momentos, uma hora, sete,

14, 21 e 30 após aplicação do medicamento. Baseando-se nestas observações

pode-se supor que a dose utilizada foi capaz de causar alterações na pressão

sanguínea sistêmica, mas insuficiente para alterar a hemodinâmica ocular.

Outra questão que pode ser levantada é em respeito ao tempo de

ação do fármaco. O deliniamento experimental do presente estudo considerou

o tempo de ação do fármaco em seres humanos. Seria o tempo de ação

diferente em coelhos? Para responder essa questão, faz-se necessário mais

estudos em que as avalições, dentro dos diferentes momentos, sejam

realizadas em diferentes períodos, e não somente no tempo de 60min após a

administração do fármaco.

Outra observação interessante foi a inesperada diminuíção da

pressão de perfusão ocular. Tal resultado deve ser avaliado com cautela, haja

vista que baixa perfusão ocular pode configurar em prejuízo à irrigaçào do

nervo óptico e consequentemente à sua funcionalidade. Essa possibilidade

deve ser considerada prinicipalmente em pacientes portadores de hipertensão

pulmonar, e que já apresentam alteração da irrigação do nervo óptico, como os

portadores de glaucoma, e que fazem uso crônico do fármaco.

Apesar de não ter sido encontrada alteração do fluxo ocular à

avaliação dopplervelocimétrica foi possível verificar que é uma técnica que

permite acesso ao padrão de perfusão ocular de modo não invasivo e seguro.

A técnica permitou o acesso à artéria oftálmica externa sem maiores

intercorrências, sendo possível realizar uma avaliação qualitativa, utilizando o

fluxo a cores para verificar a direção do fluxo e quantitativa, calculando a

velocidade do fluxo a partir do traçado do doppler espectral.

Em relação aos artigos consultados, relacionados à ação do citrato

de sildenafil sobre a hemodinâmica ocular dos seres humanos e alguns

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animais experimentais, os resultados são os mais variados e conflitantes,

configurando assim a necessidade de se realizar mais estudos para

compreensão da real ação do citrato de sildenafil sobre a hemodinâmica

ocular, utilizando para isso diferentes doses e tempos experimentais.

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