DOS S I E OLHARES E NARRATIVAS DE FRONTEIRAS: IMAGENS DOS LlMITES TERRITORIAIS E SIMBOLICOS DO BRASIL INTRODUc;:Ao N a sd sob urn teto sossegado Meu sonho era urn pequenino sonho meu Nas dendas do s cuidados fu i treinado Agom entre 0 m eu ser e 0 seraJheio A linha d e f ro n te im serompeu. (Waly Salomao, video de Carlos Nader, 1998). o fio condutor desta dis- cussao e a nocao de fronteira. A palavra e pol is semi ca: po de sig- ni fic ar l imi te pol it ico e j ur idi co entre determinados territories (naciona is , regionais, estaduais, municipais etc), como tambem uma zona imprecisa, uma regiao de hibridismo cultural, lugar As fronteiras sao demarcado- res simb6licos das identidades de distintos grupos etnicos, lin- giiisticos, re igiosos etc. 0 ter- mo pode ser entendido tam em como frentes de expansao (fron- tier) econo i ca sobre de ter mi - LlNDOMAR ALBUQUERQUE* RESUMO o artigo aborda alguns aspectos da forma e do conteudo de documentorios que tr at am da problernot ic o das fronteir as nacionais. 0 objetivo do trabalho e discutir tanto as fronte iras entre os estilo s de docurnentdrios, especialmente os limites entre docurn entdrlo e fio: ;ao, como algum as repr esen tocoe s sobr e asfronteiras nacionais (Iimi tes , traves sia s, hib rid ismo, t erra d e n in qu ern et c) co ns tr uf da s pe lo s cineas tas e atores soc iais. ABSTRACT This article discusses some aspects of the form and content of documentaries that portray the problematic of national frontiers. The objective of this study is to discuss the frontiers between d oc ume nt ary st yle s, s pec ia ll y t he l imi ts be twe en d oc ume nt ary a nd fi ct ion , su ch a s re pre se nta tio ns of na tio na l f ro nt ier s (limits, journeys, hybridism, no man's land, etc.) created by film makers and social act or s. * Do ut or em Sociologia, professor da Universidade Fe de ral de sa o Paulo (UNIFESP).joselindomar 74@yahoo. com.br. nados "espacos vazios" do territ or io nacional. E num sentido metaforico, nos acostu ma mos, ainda, a utili- zar a palavra fronteira como algo que separa e apro- xi ma di fer ent es formas de conhecimento e di st int as expr es soes artist ic as. Re fe ri mo -nos freqiien te me nt e as fronteiras entre a sociologia e 0 senso comu m, 2 0 I R tvsr A 0 E c E N C iA S S O C IA lS entre 0 teatro e 0 ci ne ma ou entre ficcao e realidade. Neste artigo , faco uma breve reflexao sobre as zo- nas fronteiricas a partir de alguns documentaries que tematizam os f uxos huma- nos e as representacoes si m- b6licas de cidades-li mi tes do Brasil. As pequenas cidades de fr ont ei ra s ao ger al ment e vistas como lugares de passa- gem, do comercio ilegal, de exclus ao so ci al , de espera nc a ed mobilidade. Os limites visi ve is, invi siveis e impreci- sos marcam as identidades pessoais, et ni ca s, naci on ais e os rituais das tr av essias clan- destinas em busca do "Eldo- rado" ale m fro nte ira s. As imag ens e aspa la vras desses documenta ies nao s ao si mpl es ment e p ensa das como e xempl os na tura li za- dos sobre as fronteiras ou como substitutos de uma " pe squi sa de campo" que me possibilita est abel ec er a nal ogi as com d et er mi nados ce nar ios f ront ei ri cos , Meu intuit o e perceber os documentaries como ob- jeto de analise, construidos e reconstruidos no movi- mento ince ss ante de produc ao e interpretacao. v.40 n .l 2009
