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DOSSIÊ PERSPECTIVAS HISTÓRICAS DO ORIENTE MÉDIO
Revista Ipsis Libanis http://www.icbl.com.br/ipsislibanis/
Ano 1 Número 4 ISSN:2526-0340 2017
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ENTRE A CIMITARRA E O MACHADO
Pedro Paulo Bodanese Bulcão1
Resumo: O seguinte artigo debaterá a relação entre Vikings e Árabes durante a Idade Média. Seguiremos rotas que nos levaram ao entendimento da aproximação e relação de duas culturas totalmente diferentes, não só no ambiente social como também territorial. A Idade Média é repleta por conflitos simultâneos de características relativas a expansões e conquistas, surgimentos de impérios e unificação de reinos, a diversidade cultural é tão grandiosa que exploraremos os recortes que nos levam aos Vikings e aos Árabes. Palavras-chave: vikings, árabes, expansão, cristianismo, cultura. Abstract: The following article will discuss the relationship between the Vikings and Arabs during the Middle Ages. We will follow routes that have led us to the understanding of the approach and relation of two totally different cultures, not only in the social as well as territorial environment. The Middle Ages are replete with simultaneous conflicts of characteristics regarding expansions and conquests, emergence of empires and unification of kingdoms, cultural diversity is so great that we will explore the cuts that lead us to the Vikings and Arabs. Keywords: vikings, arabs, expansion, christianity, culture. Diferenças Culturais
Durante a Idade Média especificamente durante o final do século VIII,
destacamos o auge das campanhas de invasão Vikingi que se estendem até o século
XI. Os Vikings ficaram conhecidos por lutarem contra os Saxões de Alfredo o, Grandeii;
o reconhecimento que os Vikings tiveram demonstrou pejorativo de grande fama, devido
as suas invasões surpresas, cultura pagã, entre diversos outros aspectos culturais
diferenciados do Cristianismo exercido na região Europeia de Wessex conhecida como
atual Inglaterra.
Outro povo em destaque que apresentava diferenças culturais, sociais e
religiosas do Cristianismo eram os Árabesiii; as campanhas de Expansão Árabe
iniciavam na Península Arábica e se expandiam em direção ao Ocidente. A luta pela
1 Professor e Pós-Graduado em História Contemporânea pela UNIPAR. Francisco Beltrão/PR. [email protected]. http://lattes.cnpq.br/0339959521661636.
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conquista de Jerusalém em anos de conflitos com os Cavaleiros Templários que
levaram a executar o movimento das Guerras Santas (Cruzadas) durante o século XI.
Colocamos a seguinte questão. O que os Vikings dialogam com os Árabes? Uma
vez que os Vikings, vindos do Norte de territórios gélidos como: Noruega, Dinamarca,
Suécia, que tomaram fama em territórios distintos e distantes dos Árabes, estes que
vieram de regiões mais quentes cercadas por desertos. O ponto chave para seguinte
investigação está em relacionar os dois povos, houve relação entre Vikings e Árabes?
Imagem 1- Mapa demonstrando as regiões que os Vikings ocupavam, assim como suas
rotas marítimas e interesses territoriais na Europa.
Fonte: Saber Atualizado. Vikings: Uma avançada Sociedade. Disponível em: <http://www.saberatualizado.com.br/2017/08/a-descoberta-de-mais-uma-fortaleza.html>. Acesso em: 09 de novembro de 2017. Imagem 2- Dimensão da Expansão Islâmica (Árabe) de 632 – 750.
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Fonte: O Nascimento e Expansão do Islã. Disponível em: <http://outlander-viajandonahistoria.blogspot.com.br/2014/02/o-nascimento-e-expansao-doisla_19.html>. Acesso em: 09 de novembro de 2017.
AL-Andaluz, Drakkar
As explorações Vikings no mar eram realizadas sobre os famosos navios
Drakkar que possuíam a ilustre cabeça de dragão, então eram reconhecidos
principalmente por suas navegações que possibilitavam as incursões surpresas. Diante
de tais aventuras como a busca de novos territórios, temos a expressão vinda de Al-
Andaluz Majus para com o contato com os Vikings, denominação essa que se referia
aos piratas nórdicos ou a pagãos adoradores do fogo.
A relação que buscamos sobre Vikings e Árabes está em Al-Andaluziv;
Essas navegações são protagonizadas pelos Vikings, no século IX, foram acontecimentos inesperados para os habitantes e governantes do ocidente ibérico em aqueles momentos e originarão respostas defensivas e de controle da costa que só agora começamos a entender melhor. Na verdade, o conhecimento de algumas fontes
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escritas e os dados provenientes da actividade arqueológica permitem, em conjunto e de forma integrada, conhecer melhor a actividade de navegação e de controle da mesma na costa “portuguesa”. (CORREIA, p.2, 2016).
Tamanha eram as inúmeras incursões Vikings, que logo percebemos que tais
exploradores sempre estavam em busca de novas terras e interagindo com diversas
culturas situadas em diversos lugares, porém os Vikings não serão reconhecidos de
imediato como homens do Norte, segundo o autor:
No ano de 844 (229 da Hégira), o governador omíada da cidade de Lisboa – Wahb Allah ibn Hazm – envia emissários à capital do emirado – Córdova – informando que a cidade fora atacada nesse Verão por navios de majus, nome pelo qual serão identificados nas fontes escritas os Vikings. Esse acontecimento é referido por cronistas como Ibn al-Qutiyya e Ibn Hayyan e essas informações aparecerão em compilações tardias, como as de Ibn Idharí e al-Maqqari. (CORREIA, p.3, 2016).
A Europa Continental durante os séculos VIII e XI presenciaram o auge das
expedições e incursões Vikings, com Al-Andaluz não seria diferente, pois os Vikings não
fariam um único ataque; segundo Reinhart Dozi (1987), citado por Correia (2016, p.3):
No ano de 858- 59/244H., os normandos regressam, causado grande destruição ao longo das costas. Porém, a surpresa não terá sido já total, pois sabe-se que alguns dos bens transportados nos seus barcos terão sido capturados num dos portos da Kūra (ou circunscrição) de Beja, a sul da linha do Tejo.
Percebemos então como refere-se o autor a navegação pelo Tejo que servia de
rota para as invasões Vikings. Também o retorno ocorrido em 858, que já não era algo
totalmente inédito, assim as invasões se tornaram continuas até o século X.
Temos então estabelecida o que colocamos como a primeira relação entre
Vikings e Árabes através das famosas invasões surpresas.
Allah
Para darmos seguimento a segunda parte de nosso trabalho sobre a relação
entre Vikings e Árabes, precisamos estabelecer as bases de critérios religiosos que
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apresentam total diferença cultural para melhor entendimento do assunto, dessa forma
poderemos relacionar o envolvimento dos pagãos com o Islã.
A caracterização de povos ou um povo em especifico, muitas vezes é ligada ao
representante criador dos homens, ou seja, uma divindade responsável pela origem da
vida. A interação do mundo, dos costumes e particularmente da religião atuando na
natureza humana como um foram de justificar origens. Os Vikings, possuíam diversos
tipos de divindades em seu panorama cultural com diversas representações, pois eram
politeístas. Nas coletâneas identificadas como Eddas; temos então a Edda Völuspá –
Profecia do Vidente, a seguinte explicação sobre o mundo nórdico:
“[3] Itv was in the earliest times that Ymir dwelled. Neither sand nor sea, nor cold waves, nor earth were to be found. There was neither heaven above, nor grass anywhere, there was nothing but Ginnungagap. [4] Soon Bur’s sons heaved up the earth. They shaped Midgard, the earth. The sun shone from the south on the stones of the stead, and green leeks grew from the ground.” (CHISHOLM, p.3).
Percebemos que a passagem vinda das Eddas expressa a crença que os Vikings
possivelmente apresentavam como fundamento divino; destacamos a seguinte citação
para completarmos nossa fundamentação, segundo Régis Boyer (1995), citado por
Langer (2005, p.56).
Atualmente as pesquisas acadêmicas indicam que a religião nórdica durante a Escandinávia Viking (séculos VIII a XI d.C.) não possuía centralizações em nível teológico ou organizacional, não tinha templos, dogmas, sacerdotes especializados (sem castas ou iniciações), orações, meditações, reduzindo-se a cultos e tendo a magia como essência.
Os Vikings sofreram forte influência do cristianismo o que defende o ponto de
vista de que tais Homens do Norte não tinham uma fé extrema sobre seus deuses.
Segundo Régis Boyer (1997), citado por Langer (2005, p.56).
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A religiosidade Viking reduzia-se a gestos significativos, com uma segunda intenção muito utilitária que respondia ao “dou para que me dês”, a costumes e práticas imediatamente realizáveis, ou seja, era uma religiosidade extremamente empirista. O escandinavo escolhia um fulltruí (protetor), com quem mantinha relações de tipo muito pouco comum, o chamava de seu amigo querido (kaeri vinr) e até levava um amuleto com sua imagem. O nórdico mantinha relações de tipo pessoal e utilitário com o deus ou deuses que havia decidido reverenciar, uma espécie de contrato. Fora das grandes celebrações dos solstícios, o Viking não era particularmente religioso, tampouco manejava um conjunto de concepções de tipo abstrato com respeito ao divino. Este homem pragmático, realista, não praticava a oração, a meditação, nem a mística.
Diferente dos Vikings os Árabes especificamente islâmicos, carregavam com
sigo a fé em um único Deus que oferecia a salvação a partir do profeta Muhammad,
destacamos para complementar que:
Vale lembrar que o profeta será o defensor da Caaba como um lugar sagrado e do culto ao Deus único e contra adorações e culto às imagens; este já é o primeiro indício de que a tarefa de propagação da religião não será uma coisa fácil para o profeta, pois naquela época era comum a adoração a vários deuses e deusas. (FERREIRA, p.284, 2003).
Através do trecho a cima percebemos que, existe uma real preocupação do
profeta Muhammad em unificar e trazer Deus como um; diferente dos nórdicos que não
possuíam tal centralização pelo motivo de poderem adorar vários deuses. Segundo
Ferreira destacamos ainda que: “Muhammad passa a ser então o Guia. A religião de
Allah trazida por ele acabou ficando conhecida como Islã, o ato de sujeição existencial
que se espera que cada convertido faça a Deus.” (p.285, 2003).
Chegamos então até Allah, o nome de Deus para os islâmicos e o envolvimento
com os Vikings, não é mais surpresa que os povos tiveram envolvimentos como vimos
sobre Al-Andaluz, porém o envolvimento que os piratas Majus tiveram significa que foi
somente algo hostil? Analisemos a seguinte questão: Segundo a revista Aventuras na
História, vestimentas usadas por guerreiros Vikings que tinham como estampa a palavra
Allah.
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Arqueólogos da Universidade de Uppsalla escavaram sepulturas da Era Viking em Birka, Suécia. E se depararam com uma surpresa: as palavras "Allah" e "Ali", em árabe, estavam estampadas em vestes de seda enterradas com seus donos. A revelação, segundo a líder da pesquisa, a arqueóloga têxtil Annika Larsson, indica os vikings podem ter sido influenciados pelo Islã, mesmo se não chegaram a se converter. Eles aceitaram "a ideia de uma vida eterna e paraíso após a morte", afirma. (Na religião nórdica, o mundo não é eterno, mas cíclico, e paraíso é só para os guerreiros.). (LINCOLINS, 2017).
Percebemos então o envolvimento dessa vez religioso desses povos, porém o
fato de existir essa inscrição não significa diretamente que os Vikings se converteram
ao Islã. Esta não é a única aproximação religiosa, no mesmo artigo explica Lincolins
que: “Esta não é a primeira vez que arqueólogos se deparam com algo do tipo. Em
2015, pesquisadores suecos da Universidade de Estocolmo, encontraram anéis vikings
do século 9 com a inscrição "Por Alá" ou "Para Alá".” (LINCOLINS, 2017).
Imagem 3 – Fragmento arqueológico da roupa com a inscrição de Allah.
Fonte: Aventuras na História: Vestimentas vikings tinham estampada a palavra 'Allah', em árabe. Disponível em: < http://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/vestimentas-vikings-tinham-
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estampada-a-palavra-allah-em-arabe.phtml#.WhYXaWhSzIX>. Acesso em: 09 de novembro de 2017.
Finalizamos então a segunda relação entre os Vikings e o Islã, dessa vez
destacando maior proximidade dos povos através da religião.
Ibn Fadlan
Até o momento nossas discussões destacaram a chegada dos Vikings aos
Árabes. Porém no século X, Ahmade Ibne Fadalane ibne al-Abas ibne Raxide ibne
Hamade, viajante e escritor acabou contribuindo com relatos de forma antropológica
sobre sua experiência com os Vikings chegando até eles,
É no observar, registrar e criticar as crenças e rituais politeístas e na forma como Ibn Fadlan os relata, que se encontra o maior valor do seu relato para esta pesquisa, fazendo da risalya um documento precioso para o estudo das tradições politeístas e costumes “pagãos”, raramente registrados. Seu relato lança luz sobre as relações estabelecidas entre povos de diferentes culturas e crenças, assim como sobre os processos de sincretismo cultural e conversão religiosa. Ibn Fadlan encontra em sua viagem muitos povos de diferentes raízes étnicas e culturais, que muitas vezes não são facilmente classificáveis em um ou outro grupo, possuindo aspectos de tribos diversas, em contato mútuo e em constante transformação. (GOULART, p.35, 2013).
Ibn Fadlan teve contato mais direto com os Rus; Os Rus eram povos de origem
escandinava que habitaram a região da atual Rússia e Ucrânia, Ibn Fadlan teve como
papel nessa história levar conhecimento sobre seu único Deus. Essa jornada de Ibn
Fadlan é muito semelhante ao que os padres jesuítas faziam em visitar outros povos e
culturas levando o cristianismo, porém a serviço do Islã. Ibn Fadlan buscava pregar em
suas viagens o seguinte:
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Em sua viagem pelo leste da Europa, Ahmad Ibn Fadlan entra em contato com diversos povos em diferentes momentos do processo de islamização que vinha ocorrendo na região. Os territórios visitados consistem nos limites do império abássida, e, sendo fronteiras, são zonas altamente porosas, onde culturas e costumes contrastantes se encontram e se cruzam. Um dos choques que ocorre se dá entre as antigas crenças pagãs de povos não convertidos e a recém introduzida fé islâmica, trazida da distante Bagdá. O islamismo coloca muita ênfase na religião como característica definidora do ser humano, em vez de questões como raça, nação, cultura etc. A fé e a devoção são as principais características levadas em conta no julgamento do caráter de um ser humano, no islamismo, não sendo, teoricamente, próprio desta religião diferenciar e inferiorizar por conta de raça ou cultura. (GOULART, p.9, 2013).
O manuscrito de Ibn Fadlan tem como papel fundamental a descrição da
proximidade entre os nórdicos; tal importância as descrições que Ibn Fadlan faz sobre
os costumes nórdicos, como a religião baseada em forças da natureza, alimentação e
costumes por bebidas alcoólicas que são coisas totalmente contrarias ao Islã, que
percebemos as riquezas dos detalhes. O manuscrito original de Ibn Fadlan não se
encontra mais em perfeito estado, mesmo assim conseguimos retirar tais informações
sobre ele.
O manuscrito de Ibn Fadlan não serviu somente para a História, o escritor
Michael Crichtonvi publicou em março de 1976 a obra: Eaters of the Dead, conhecida no
Brasil como: Devoradores de Mortos. A obra de Crichton conta de forma literária as
aventuras que Ibn Fadlan teve com os nórdicos, em sua nota introdutória o autor destaca
o seguinte sobre o manuscrito:
O manuscrito de In Fadlan representa o mais antigo relato conhecido de uma testemunha ocular da vida e da sociedade viking. É um documento extraordinário, que descreve em vividos detalhes acontecimentos ocorridos há mais de mil anos. Claro que o manuscrito não sobreviveu incólume a este enorme espaço de tempo. Tem uma história peculiar e exclusiva, tão notável quanto é o próprio texto. (CRICHTON, p.11, 1976).
A história de Ibn Fadlan também foi retratada em 1999 no filmevii: The 13th
Warrior, no Brasil conhecido como: O 13º Guerreiro.
Considerações Finais
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Ao fim, nosso objetivo de estabelecer a relação distinta entre povos que viviam
sob condições de clima, cultura, espaço, conhecimento entre outras características fora
cumprida. Os Vikings famosos por terem desempenhando seu grande papel como
exploradores estabelecendo relações com povo árabe islâmico pela força como vimos
sobre Al-Andaluz. A proximidade dos famosos guerreiros islâmicos ao levar Allah até os
Vikings, também se torna característica central uma vez que Ibn Fadlan desempenhou
a importante função de estabelecer um laço religioso vindo de um único Deus aos
pagãos, incluindo a importante contribuição do manuscrito Fadlan ao documentar as
experiências e costumes ao viver com os Vikings. Não podemos deixar de ressaltar as
contribuições arqueológicas que possibilitaram também a criação de proximidade de
mais um diálogo, seria possível que alguns Vikings tenham se convertido ao Islã? A
cargo de uma continuação deste trabalho voltaremos a ressaltar tal pergunta. No
entanto, percebemos a proximidade entre Vikings e Árabes, como nosso próprio título
sugere Entre a Cimitarra e o Machado.
AGRADECIMENTO A professora Dr. Elaine Cristina Senko, pela revisão, paciência e
incentivo para realização deste trabalho.
i Trata-se de uma nomenclatura bastante genérica, mas que tem seu âmago a ideia de invasores indesejados,
a qual se tornou bastante popular na própria Britânia medieval para caracterizar os piratas nórdicos. É digno
de atenção o fato de alguns estratos de fonte do período, a palavra “Viking” pode ser encontrada com
algumas significações diferentes, sendo uma delas quase sinônima de “mercenário”. (PEREIRA, 2010,
p.19).
ii A importância de Alfred para a história inglesa é vital para compreensão de todo o processo de unificação
do reino, que resulta no nascimento do reino da Inglaterra propriamente dito. (MEDEIROS, p.1, 2008). iii Durante seis séculos (VII-XIII) os árabes estabeleceram um Império que, em seu auge, se estendeu do
continente asiático à Europa, passando pelo norte da África, unindo diversos povos e religiões, os quais
eram governados por uma estrutura política que seguia os preceitos do Corão, o livro sagrado dos islâmicos.
(LANNES, p.17, 2013).
iv O território em causa corresponde à zona costeira ocidental da antiga Lusitânia e, administrativamente,
fazia parte do emirado omíada de Al-Andalus, nome dado aos territórios de matriz cultural e política arábico-islâmica na península Ibérica medieval. (CORREIA, p.2, 2016). v Tradução Nossa: [3] Foi nos primeiros tempos que Ymir habitava. Nem areia nem mar, nem ondas frias,
nem terra foram encontrados. Não havia céu acima, nem grama em qualquer lugar, não havia nada além de
Ginnungagap.
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[4] Logo os filhos de Bur levaram a terra. Eles moldaram Midgard, a terra. O sol brilhava do sul sobre as
pedras do lugar, e os alhos franceses cresciam do chão (CHISHOLM, p.3).
vi Michael Crichton (1942 – 2008) é mundialmente conhecido por suas obras literárias principalmente
Jurassic Park, também conhecida como: O Parque dos Dinossauros 1990. As Obras de Crichton sempre
misturam ciência e literatura.
vii Ibn Fadlan é interpretado por Antonio Bandeiras. Sob direção de John McTiernan. Baseado também na
obra de Michael Crichton Devoradores de Mortos 1976.
Referências bibliográficas
CHISHOLM, J. A. The Eddas: The Keys To The Mysteries Of The North. 2005. Disponivel em: http://www.woodharrow.com/images/ChisholmEdda.pdf (Acesso em 19/11/2017).
CORREIA, F. B. Vikings no Ocidente do Al-Andalus. Alguns tópicos em redor do impacto da sua chegada na costa próxima do Tejo. História vol.35 Franca 2016 Epub Oct 13, 2016.
CRICHTON, M. Devoradores de Mortos. Rio de Janeiro. Editora: Rocco Coleção L&PM POCKET,
vol. 715, 2011.
FERREIRA, F. C. B. Armstrong, Karen. Maomé – uma biografia do profeta, São Paulo, Companhia das Letras, 2002, 335 pp. Revista de Antropologia, São Paulo, USP, 2003, V. 46 Nº 1. GOULART, L. V. A Risalya de Ahmad Ibn Fadlan: O relato da viagem de um muçulmano do
século X ao leste europeu. 2013. (Monografia) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul –
Porto Alegre, 2013.
LANE, K. Vikings In The East: Scandinavian Influence In Kievan Rus. HST 499. 2005.
LANGER, J. Religião e Magia entre os Vikings: Uma Sistematização Historiográfica. Brathair. 2005. LANNES, S. B. A Formação do Império ÁrabeIslâmico: História e Interpretações. UFRJ. 2013.
LINCOLINS, T. Aventuras na História - Vestimentas vikings tinham a palavra
‘Allah’, em árabe. 2017. Disponivel em:
http://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/vestimentas-vikings-tinham-
estampada-a-palavra-allah-em-arabe.phtml#.WhYXaWhSzIX (Acesso em 19/11/2017).
MEDEIROS, E. O. S. O ideal heroico cristão na Inglaterra Anglo-Saxônica. Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom. PEREIRA, M. N. As Bases Legitimadoras da Monarquia Anglo-Saxã sob Alfredo, O Grande (871 – 899). 2010. (Monografia) - Universidade Federal do Paraná - Curitiba, 2010.
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