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DOSSIÊ SOBRE O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA SILVICULTURA NO RIO GRANDE DO SUL (2004 - 2009) O Megaprojeto do Agronegócio Globalizado da Celulose Maria da Conceição de Araújo Carrion Porto Alegre, Dezembro de 2011.

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DOSSIÊ SOBRE O PROCESSO DE

IMPLANTAÇÃO DA SILVICULTURA

NO RIO GRANDE DO SUL

(2004 - 2009)

O Megaprojeto do Agronegócio Globalizado

da Celulose

Maria da Conceição de Araújo Carrion

Porto Alegre, Dezembro de 2011.

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Dossiê sobre o Processo de Implantação da Silvicultura no Rio Grande do Sul

(2004 - 2009) - O Megaprojeto do Agronegócio Globalizado da Celulose

Profa. Maria da Conceição de Araújo Carrion

Este material pode ser reproduzido em parte ou no todo,

desde que respeitados os direitos autorais.

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APRESENTAÇÃO

Este texto foi inicialmente apresentado em 2008, no Núcleo Amigos da Terra Brasil,

quando da primeira apresentação pública e parcial do trabalho.

Posteriormente, foi objeto de exposição em PowerPoint, na sua integralidade, em 07 de

dezembro de 2010, na Terça Ecológica, debate promovido pelo Núcleo de Ecojornalistas do RS

(NEJ-RS). em parceria com o Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente (MOGDeMA),

na Faculdade de Comunicação e Informação da UFRGS (FABICO).

Nesta versão em PDF, mantivemos o conteúdo escrito, sem alterações aos originais

(Sumário, Texto de Caracterização Geral do Problema, Cronograma e Fontes utilizadas). Assim,

consegue-se ter uma visão geral do conteúdo dos seis volumes que compõem o Dossiê sobre o

Processo de Implantação da Silvicultura no RS, acrescentando-se apenas uma galeria ilustrativa de

algumas fotos que constam dos diversos volumes do Dossiê sobre o Processo de Implantação da

Silvicultura no Rio Grande do Sul (2004 - 2009).

Porto Alegre, 01 de Dezembro de 2011.

Profa. Maria da Conceição de Araújo Carrion

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SUMÁRIO

DOSSIÊ SOBRE O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA SILVICULTURA

NO RIO GRANDE DO SUL

(2004 - 2009)

O Megaprojeto do Agronegócio Globalizado da Celulose

Volume I (2004 – 2007)

Implantação e Resistência

- Apresentação

- Introdução

- Cronograma do processo de implantação

- Fontes

- Caracterização geral do Bioma Pampa

A biodiversidade

Um pouco de história

. a gente

. as lutas

. os símbolos

A realidade atual

. o novo retrato do Pampa

- O processo de implantação da silvicultura

a preparação da invasão

. escassez de florestas ameaça o Estado

. Rio Grande sob a ameaça do apagão

a resistência começa a se esboçar

o início do sombreamento

finalmente o ZAS

o desmonte dos órgãos ambientais

. a desmoralização da Fepam

. a guerra das licenças

. a “ dança das cadeiras”

a repressão não tarda...

e a Fepam “libera geral”

. força-tarefa para agilizar novos licenciamentos

a guerra vai para as audiências públicas

a nova investida por parte das empresas

. a intervenção se torna mais eficaz

. menos rigidez das regras ambientais

. ampliação dos investimentos no Estado

a polêmica das licenças recomeça

. Fepam impedida de dar licenças

- Curtas

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Volume II

(2008 – 2009)

A Consolidação do Megaprojeto da Celulose

(2008)

- Da floresta à fábrica

. expansão da Aracruz

. implantação da VCP

. empresas acenam com novos investimentos

- A reação organizada

. mulheres da Via Campesina invadem Fazenda Tarumã

- A derrota do bom senso ou a morte do ZAS

- E o plantio se amplia...

- Aumenta o número de ações judiciais

- O entusiasmo dos Municípios

- Novos grupos se formam

. surge o MOGDeMA

- Campanhas se estruturam

. contra as monoculturas

. contra o “deserto verde”

. outras

- Trabalhadores do campo “não abrem a guarda”

- É necessário expandir as fronteiras...

- Ongs ambientalistas acionam a presidência da Fepam

O Ano das Fusões

(2009)

- A crise atrasa os investimentos e força fusões entre as fábricas de celulose

- Após decisão judicial o ZAS volta ao CONSEMA

. a polêmica se abranda

. governo e empresas são obrigadas a negociar com as ongs ambientalistas

- VCP e Aracruz criam gigante da celulose, em parceria com o banco Safra

- Aracruz amplia demissão de funcionários em Guaíba

- Fábricas de celulose e derivados se instalam no Estado: profusão de siglas

- A turbulência nos mercados e as papeleiras

. freio no florestamento e atraso em novos investimentos

- Como as “conquistas” não são suficientes, a palavra de ordem é flexibilizar a legislação

- E Minc admite flexibilizar o Código Florestal

- Votorantim e Aracruz criam a maior fabricante de celulose do mundo: Fibria

- Stora Enso tem aval para regularizar área florestal

- Grupo chileno (CMPC) compra fábrica da Aracruz em Guaíba

- Novas regras para licenciamento são aprovadas: o ZAS com novas alterações

- CURTAS

- Complementação 2010

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Volume III

- Neste volume, predominam documentos institucionais (instituições públicas e privadas) e de

entidades da sociedade civil organizada, em especial ONGs ambientalistas.

PARTE I

(2006 – 2009)

- Jornais e informativos de ONGs e órgãos públicos diversos

- Documentos burocrático-administrativos das diversas esferas governamentais: Federal, Estadual,

Municipal, do Legislativo e do Judiciário como:

MPF, MPE, IBAMA, INCRA, SEMA, FEPAM, FZB, CONSEMA, CT.BIODIVERSIDADE,

outros.

Ofícios, Portarias, Ordens de Serviços, TACs, Projetos de Lei, PECs, Pareceres Técnicos,

Relatórios de estudos.

- Cópia do documento original do ZAS (2006)

- Cópia do ZAS com as alterações, aprovado em 2008

- Cópia do ZAS com as alterações, aprovadas em 2009

- Notícias, via internet, dos Movimentos Sociais, incluindo ONGs ambientalistas, sindicatos,

diretórios acadêmicos, universidades, outros

- Notícias, via eletrônica, veiculadas por agências de notícias, como:

EcoAgência, Agência Chasque, Envolverde, Ambiente Já, entre outras

- Relatos diversos: panfletos, cartas de apoio ao ZAS, abaixo-assinados

- Relatórios de estudos científicos de Universidades sobre o ZAS; outros

- Trabalhos acadêmicos

Volume IV

- Neste volume, predominam cópias de recortes de revistas e jornais diversos e notícias veiculadas

via internet.

PARTE II

(2007 – 2008)

- “Notícias Ambientais” – síntese de notícias diárias sobre a questão ambiental, organizada pela

FEPAM

- Notícias veiculadas por agências de notícias, como: EcoAgência, Ambiente Já, Carta Maior,

Ambiente Vital, Jornal Já, Governo do Estado do RS, MPE (informativo), outras.

- Informativos de sindicatos (SEMAPI), institutos diversos, de pesquisas, entre outros.

- Notícias veiculadas nas páginas eletrônicas de instituições como: SEMA, FEPAM, SEMAPI,

Correio Brasiliense, Agência de Notícias do MPE/RS, outros.

- Cópias de recortes de jornais, tanto da capital quanto do interior do Estado, tais como : O Sul,

Zero Hora, Correio do Povo, Jornal do Comércio, outros.

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Volume V (ANEXO I)

A Grande Celebração dos Gaúchos

A Festa Farroupilha

(2006 -2009)

- A Semana Farroupilha e o Vinte de Setembro

A preparação, a chama crioula e o acampamento

O grande desfile: a celebração das tradições, dos mitos e dos heróis farroupilhas

Assuntos diversos sob inspiração da cultura gauchesca

- A contribuição da Propaganda

- Fotos e charges: o mesmo orgulho farroupilha

- Reflexão Gaudéria (coletânea de artigos)

- Complementação 2010

Volume VI (ANEXO II)

Material de Apoio ao Dossiê (assuntos correlatos)

(2005- 2009)

- Prospectos de eventos

- Entrevistas/notícias

- Fotos diversas

- Panfletos pró e contra a silvicultura

- Cartilhas

de empresas

propaganda da silvicultura

- O crescimento da indústria do veneno agrícola

- Estudos e recomendações

- Código Florestal

- Material diverso sobre a globalização:

IIRSA

PAC

a fome no planeta

hidrelétricas

agricultura familiar

agronegócio

outros

- Artigos sobre

ZAS

PAMPA

silvicultura

- Do outro lado da fronteira: a mesma luta

- Complementação 2010

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O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DO MEGAPROJETO DA

SILVICULTURA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

I - Abordagem Sócio-Ambiental, Econômica e Geopolítica da Silvicultura

A introdução do eucalipto no Rio Grande do Sul remonta ao final do século XIX, quando

foi plantado o primeiro exemplar desta árvore exótica. Em 29 de Outubro de 1943, foi publicada

matéria no jornal “O 5 de Abril”, de NH, assinada por Leopoldo Petry, com o título

“Reflorestamento”, dando conta de que a introdução do eucaliptos no Vale dos Sinos data de

1911.Tudo indica que, aqui no Estado, a plantação deste tipo de exótica começou a surgir como

um produto promissor, na primeira metade do século XX, sobretudo com a necessidade de lenha

para abastecer a Viação Férrea do Estado. Depois, na segunda metade do século XX, deu-se início

à plantação em larga escala, São Paulo (final dos anos 50).

Ao tomarmos conhecimento da expansão do plantio, em 2004, iniciamos a luta de

resistência, inicialmente muito tímida, para depois se transformar numa campanha pública, como

está acontecendo hoje, não só no nosso Estado, como tendo já assumido um caráter nacional e

internacional (FoE, Via Campesina etc).

Este megaprojeto do setor da celulose faz parte da globalização capitalista que, em escala

mundial, confisca, através das grandes potências, os recursos naturais dos países periféricos,

degradando o meio ambiente, a qualidade de vida das populações e, consequentemente,

aumentando a dependência destes países periféricos. É o caso do nosso continente sul-americano.

Como isso se Concretiza

Eu começaria falando da IIRSA (Iniciativa de Integração da Infraestrutura Regional da

América do Sul), Programa lançado no governo de FHC, em 2002, que reúne 18 países do

continente sul-americano, inclusive o Brasil.

- O que é a IIRSA: Iniciativa de Integração da Infra-Estrutura Regional Sul-Americana

Surgiu na reunião da Cúpula dos Presidentes da América do Sul, em BSB, no ano de 2000,

com o propósito de integração física do continente, através de um processo multi-setorial de

desenvolvimento integrado de três grandes áreas:

TRANSPORTE/ENERGIA/TELECOMUNICAÇÃO, tripé básico para a implementação da

IIRSA.

De forma bem resumida, tem como objetivos:

a) Apoiar a integração dos mercados para melhorar o comércio intrarregional;

b) Alcançar competitividade nos grandes mercados internacionais (apoiando cadeias

produtivas);

c) Reduzir o Custo Sul-América através da criação de uma plataforma logística e inserida

na economia globalizada.

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O continente foi dividido em nove eixos de integração faixas geográficas abrangendo

vários países que concentram ou que possuem potencial para desenvolver bons fluxos comerciais,

visando fornecer cadeias produtivas e assim estimular o desenvolvimento.

Quem financia a IIRSA? O BID, CAF, FONPLAT e BNDES.

No governo brasileiro este Programa se situa na esfera do Ministério do Planejamento.

Algumas das obras mais importantes: as grandes barragens do Rio Uruguai, o Complexo

do Rio Madeira, a Trans-oceânica, o gasoduto Brasil-Bolívia, entre outras.

- PAC: importante instrumento de operacionalização do megaprojeto globalizado,

incluindo aí a celulose.

Lançado em janeiro de 2007 pelo Governo Lula, pode ser considerado a versão nacional da

IIRSA. No site do governo (www.fazenda.gov.br) está escrito que visa a “aceleração do

crescimento econômico, o aumento do emprego e a melhoria das condições de vida da população

brasileira” e ainda: “é um conjunto de medidas destinadas a: incentivar o investimento privado,

aumentar o investimento público em infraestrutura e remover os obstáculos ao crescimento, sendo

eles de ordem: burocrática, administrativa, normativa, jurídica e legislativa”.

Os críticos do PAC (inclusive o nosso colega, o professor P. Brack) dizem que, na

realidade, é um ajuntamento de novas e velhas demandas, tradicionalmente insustentáveis, não

sendo propriamente um programa. Não só atende à demanda de uma maior intervenção por parte

dos nossos grandes financiadores internacionais sobre os recursos naturais, como, ao editar o

PAC, o governo brasileiro estaria prestando contas daquele compromisso assumido para a

implantação da IIRSA no nosso país.

Os recursos são drenados prioritariamente para os mega-projetos como a transposição do

S. Francisco, o Complexo do Rio Madeira, o agronegócio (no caso, o da celulose), além da

implantação do programa dos agrocombustíveis, entre outros.

Dispõe de um total de investimentos na ordem de 3,9 bilhões de reais, para quatro anos,

cujos recursos vêm prioritariamente de bancos públicos (estatais), mas também de bancos

privados.

Para captar recursos de empresas privadas, o governo vai se valer das PPP’s (Parcerias

Público-Privadas), instrumento de execução de serviços públicos por parte de empresas privadas.

Logo, o PAC, feito e imposto de cima para baixo, criado para atender a necessidade do

consumo exagerado dos países ricos, joga o país numa maior dependência deste mercado

internacional, inviabilizando assim a capacidade da população de produzir um desenvolvimento

autônomo, soberano e sustentável.

Chegamos, finalmente, ao que mais nos interessa: o mega-projeto de celulose no Pampa,

que se tornará o maior pólo de celulose no mundo.

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Cenário Internacional

O cenário internacional é favorável ao “setor florestal”. É isto que diz o SBS (Sociedade

Brasileira de Silvicultura). A Rússia aumentou os impostos de exportação de suas matérias-

primas, inclusive a madeira; Japão, Finlândia, Suécia e China provavelmente serão forçados a

reduzir a produção de madeira serrada. A crise imobiliária dos EUA, principal comprador do

Brasil, e a valorização do real frente ao dólar, afetaram a indústria americana. A Stora Enso, por

exemplo, fechou uma fábrica na Europa, onde, lá, a empresa se abastece com madeira de terceiros.

Assim, o custo da celulose brasileira, colocada na Europa, sairá bem mais barata, embora

atualmente o Brasil contribua com 500 mil toneladas de um total de 8 milhões de toneladas. Logo,

o Brasil tem tudo para crescer neste setor e é o que está fazendo com a sua base plantada cada vez

maior, em várias partes do seu território.

Por que o Bioma Pampa?

Aqui foi escolhido o Bioma Pampa, como prioridade, devido às potencialidades que

oferece em termos de água (Aquífero Guarani), qualidade do solo, grandes extensões de terras,

próximo aos países do Cone Sul. Some-se à isto a falta de propostas alternativas econômicas para

a região, por parte do governo. Ou seja: a combinação perfeita para se tornar O MAIOR PÓLO

EXPORTADOR de celulose do mundo! É uma questão de geopolítica e como tal deve ser

monitorada.

Mas o que é esse Bioma tão desprezado e, ao mesmo tempo, tão amado pelos gaúchos

através das suas tradições e hábitos culturais, que daí se originaram?

II - O PAMPA Gaúcho

Caracterização Geral

O único Bioma brasileiro localizado em um só Estado da Federação.

A sua área total ocupa a extensão de 750 mil Km², compartilhado entre Brasil, Argentina e

Uruguai, sendo que dentro do Brasil ele ocupa 176 mil Km² e, portanto, 17,6 milhões de ha, o que

corresponde a 60% da área do Estado do RS. Caracteriza-se pela vegetação campestre e rasteira e por uma vegetação mais densa,

arbustiva e arbórea nas encostas e ao longo dos cursos d’água. Além disso, há a ocorrência de

banhados. Os remanescentes naturais são apenas 39% da sua área total e estão sendo cada vez

mais reduzidos.

A riqueza de sua biodiversidade poderia se traduzir por: 3000 plantas vasculares, 450

espécies de gramíneas, 150 espécies de leguminosas, 385 tipos de aves e 90 tipos de mamíferos

(Professor Nabinger).

Apesar desta importância, só foi reconhecido como bioma brasileiro em 2004, contando

hoje com apenas 17 áreas protegidas, distribuídas entre 6.444 ha ou 3,6% da área total.

Atualmente, o Pampa obteve uma vitória, pelo menos na esfera do COBRAMAB e

apresentada pela Rede Brasileira da Reserva da Biosfera quando, na reunião do Comitê Brasileiro

para o Programa “O Homem e a Biosfera” (MaB) da UNESCO, foi aprovado por unanimidade,

em 28/08/2008, que áreas do Bioma Pampa passem a ser tombadas como patrimônio da

humanidade. Esta medida é importante para a preservação e a proteção do Bioma Pampa.

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A Ocupação Humana

Os primeiros habitantes eram nômades, ocupando a área desde cerca de doze mil anos

atrás, sendo que a ocupação foi iniciada pelos campos, exatamente onde hoje é o Pampa, por

homens da tradição umbu (coletores). Ocorreram diversos outros movimentos de “entradas”,

sobretudo dos povos guaranis que, descendo pelos rios da Amazônia, alcançaram o Rio Uruguai.

Logo, diferentemente do que alguns dizem, quando os europeus aqui chegaram não havia

um “vazio populacional”, pois todos os recantos deste Estado eram habitados por povos indígenas.

Mais precisamente no sul e sudoeste do Estado os habitantes dividiam-se em dois grandes

grupos: CHARRUAS e MINUANOS. Bons cavaleiros que eram, o sangue dos seus remanescentes

se incorporou ao gaúcho do Pampa, como o do Guarani ao gaúcho das Missões e o do Kaigangs ao

gaúcho do Planalto.

Com este resumido histórico, eu quis mostrar que, ao chegar o branco, por aqui, ESTA

TERRA TINHA DONO. A autenticidade do gaúcho e a sua idealização, que fica entre a história e

a ficção, “a gente do Rio Grande fez instintivamente uma seleção de experiências, valores,

modelos e imagens guardadas na memória, construindo em torno do gaúcho a origem deste

sentimento difuso, mas inconfundível de pertencerem a um mesmo grupo. É um mito, e é

exatamente por isso que ele nos une.” (Cláudio Moreno, ZH, setembro de 2007).

Finalizando este panorama geral sobre o Pampa, trago aqui as reflexões de Valter Aragão,

do seu boletim ÁGUA FILOSOFAL, publicação artesanal, deste ano: “...o imaginário pampeano

reúne aspectos libertários, igualitaristas e de dominação social. E os faz a seu modo,

caracterizado em toda a ideologia dos “centauros dos Pampas”, da “democracia de galpão” e

das fronteiras definidas “a golpe de lança e casco de cavalo”, (...) valores que têm a sua base

material aqui, no Bioma Pampa (...)” e prosseguiu dizendo que: “Um teorema marxista clássico é

o de que o capitalismo expande-se às custas da extinção de modos de vida tradicionais. Por vezes

apropriando-se superficialmente de símbolos e valores dos mesmos, mas sempre destruindo as

bases materiais e sociais que os formam”

III- Política de Sedução das Empresas (ou metodologia de abordagem)

Faz parte da estratégia de implantação das empresas o trabalho de cooptação, ou seja,

colocar em prática uma política de sedução de vários setores da sociedade. É uma antiga estratégia

de colonizador: DIVIDIR PARA REINAR. Isso acontecia no Período Colonial e acontece hoje no

nosso rincão. Alguns exemplos:

- Diálogo Florestal: cooptação de ONG’s para um debate inócuo, através do favorecimento

com passagens de avião, hotéis de luxo e não se sabe mais que tipos de benesses estas empresas

oferecem.

- Financiamento de campanhas políticas: temos aqui no Estado parlamentares de vários

partidos que foram beneficiados. Para ilustrar, cito aqui o Promotor João Alves da Silva, da

Promotoria de Justiça de Eunápolis, BA: “uma vez vendido na campanha política, já passa a

integrar o acervo patrimonial destas empresas”.

-Visita de jornalistas à sede das empresas sobre as quais voltam falando bem. No site da

Ageflor, novembro de 2008, encontra-se notícia com o título Almoço na Floresta de Neve, sobre a

visita que jornalistas fizeram à Finlândia, a convite da Stora Enso. Eles voltaram entusiasmados

com os números: assistiram corte de eucaliptos de 80 anos, em apenas 45 segundos, pela máquina

que substitui, no mínimo, 10 homens, aliás, já usada entre nós, em Guaíba. O melhor salmão,

segundo um jornalista da comitiva, é exatamente “aquele criado no lago onde é devolvida a água

devidamente tratada das fábricas de celulose”.

Page 12: Dossie publicacao

- As escolas recebem atenção especial, inclusive com cartilhas, como a da Aracruz, que

tem como título de capa Iara Cruz.

- Patrocínios de praças, de eventos culturais e até o MTG aderiu, como se viu no desfile

Farroupilha, sem falar na instalação de piquete no Acampamento Farroupilha.

IV - ZONEAMENTO AMBIENTAL PARA A ATIVIDADE DE SILVICULTURA

O governo do Estado, em 2004, deu início ao processo de planejamento, visando avaliar e

definir a inserção dos empreendimentos da Silvicultura no contexto das diversas paisagens do Estado do RS.

Este documento foi elaborado pelos técnicos da FZB, DEFAP e FEPAM, que entregaram

ao governo do RS os três volumes que o compõem, em dezembro de 2006, cumprindo assim o

prazo estabelecido pelo MPE.

Traça normas técnicas para regular o plantio de exóticas, tendo como resultado deste

trabalho a classificação de UNIDADES DE PAISAGEM NATURAL (UPN’s) de alta, média e

baixa restrição - graus de restrições à ocupação pela atividade de Silvicultura de acordo com a

vulnerabilidade de cada UPN - compondo o que ficou conhecido como matriz de vulnerabilidade

com as restrições percentuais para a atividade de Silvicultura.

Abrangendo todo o Estado, elas são em número de 45 UPNs, assim classificadas: 18 = alta;

15 = média e 12 = baixa restrição, mais as lagoas e banhados, que são excludentes, perfazendo o

total de 46 UPNs.

O setor empresarial e o governo, juntos, não aceitaram a proposta original do ZAS,

desencadeando um processo muito polêmico entre estes setores e os ambientalistas.

V - OS IMPACTOS SÓCIO-ECONÔMICOS E AMBIENTAIS

1) Uma das maiores concentrações de terra dos últimos tempos, o que tem como

consequência:

- aumento do latifúndio;

- expansão da Monocultura e redução da biodiversidade;

- crescimento do êxodo rural e o conseqüente inchamento das periferias das

cidades, gerando uma maior exclusão social;

- atraso na implementação do programa de Reforma Agrária: no lugar de dividir,

concentra cada vez mais a terra;

- eliminação crescente da agricultura familiar e da agricultura de subsistência, o que

vai contra a questão da soberania alimentar.

2) Aumento do desemprego e geração de pouco emprego: A MÁQUINA FAZ TUDO

3) Especulação do preço da terra.

Page 13: Dossie publicacao

4) Maior dependência do país com relação ao mercado externo (95% da polpa de celulose é

exportada)

5) Geração de problemas sociais graves com a introdução de novos hábitos culturais.

Exemplo: “os filhos da Veracel”, reportagem publicada no Correio Brasiliense, neste ano, sobre o

sul da Bahia.

6) Escassez dos RHs, com elevado consumo de água: pesquisas mostram a grande

capacidade que tem o eucalipto de absorver água. Exemplo: uma árvore consome, por ano, 36,5

mil litros de água. Há diversos exemplos de rios que secaram, como no ES, onde mais de 200

arroios e rios já desapareceram nos últimos 20 anos. Em MG, várias nascentes do rio São

Francisco também já secaram. O nosso vizinho Uruguai é outro exemplo, onde ocorreu este

desastre.

7) Contaminação do solo e da água com venenos agrícolas.

8) Expulsão de quilombolas e indígenas de suas terras: claro atentado aos direitos

humanos.

9) Mudança da matriz econômica da região, o que acarretará também em mudanças

culturais: o mito do gaúcho “centauro dos Pampas” foi forjado nas lides campeiras. Perguntamos o

que será do futuro próximo se a ESTÂNCIA ESTÁ SE TORNANDO EMPRESA.

10) Utilização e desgaste da infra-estrutura pública: estradas, portos, hidrovias, etc.,

tratando-se então de uma questão econômica e de geopolítica.

VI- A Situação Atual

Foi ajuizada uma ação pelo MPE, que obrigou a volta da discussão dos percentuais do

ZAS, ao CONSEMA, através da proposta da FZB. O que mudou com relação à proposta anterior

foi apenas as distâncias e os tamanhos dos maciços. O percentual de ocupação de cada UPN não

foi modificado. Da mesma forma a vulnerabilidade de cada UPN não foi mexida. Os limites

objetivos sofreram alguma flexibilização. No momento, a Câmara Técnica de Biodiversidade

(CTB) do CONSEMA rediscute a referida proposta.

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CRONOGRAMA DEMONSTRATIVO DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DO

MEGA-PROJETO DA CELULOSE NO RS E A LUTA DE RESISTÊNCIA

- 2004 a 2009 -

2004

- Segunda metade de 2004: as primeiras notícias do “Apagão Florestal”.

2005

- O ano de 2005 serve como “preparação” da sociedade gaúcha para a mudança no perfil

da metade sul.

- Ao mesmo tempo em que se esboçam as alianças de setores da classe política e

intelectual, com as empresas, surgem os primeiros sinais de resistência:

27/10/05: I Seminário do NAT sobre “Os Impactos da Expansão das Áreas com

Monocultura de Árvores no RS”. O outro lado responde:

30/11/05: Seminário sobre “Plantações Florestais no RS: Desafios e Oportunidades”.

Realização: “Ambiente Já”, com o apoio do governo do Estado e empresas de

celulose.

2006

- 12/05/06: Assinatura do primeiro TAC entre o MPE e a FEPAM, onde entre outras

cláusulas, determina que a FEPAM finalize o trabalho técnico de Zoneamento Ambiental

para a Atividade da Silvicultura no Estado do Rio Grande do Sul até 31 de dezembro de

2006, tendo por base as Unidades de Paisagem (UPNs) já estabelecidas, bem como as

bacias hidrográficas.

que, findo o trabalho do ZAS, a FEPAM deveria submetê-lo a audiências públicas

(APs) e à aprovação do CONSEMA, até 31 de março de 2007.

simplificou o licenciamento ao permitir que áreas para o plantio, inferiores à mil

hectares, fossem dispensadas do EIA/RIMA, substituindo-o pelo Relatório Ambiental

Simplificado (RAS). A partir daí foram celebrados vários aditamentos ao TAC

original, ou “TAC Padrão” (em 19/06/06 e 03/05/07), bem como alguns TAC’s

celebrados com as empresas de celulose.

- 05/06/06: FEPAM emite portaria (n° 068/2006) dispondo sobre procedimentos

específicos para o licenciamento da silvicultura no RS, introduzindo o licenciamento

integrador.

- As notícias também chegam de fora do Estado:

Setembro de 2006: tupiniquins e guaranis do Espírito Santo derrubam eucaliptos em

protesto contra a demora na demarcação de suas terras. Esta resistência resultou na

Ação Civil Pública do Ministério Público Federal contra a Aracruz, por ter elaborado

propaganda difamatória sobre a população indígena, tanto na sua página eletrônica

quanto em “outdoors”.

- 12/06/06: lançamento da cartilha “O Latifúndio dos Eucaliptos” da Via Campesina, que

prega a expropriação de terras com plantio de celulose em prol da reforma agrária.

A resistência se espalhou pelo Rio Grande:

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- 29/06/06: a Aracruz Celulose faz o anúncio de um dos investimentos mais esperados do

ano, ao lado da governadora, no Palácio Piratini.

- 26/11/06: ONGs ambientalistas protocolam em Brasília dossiê/denúncia de compra de

terras pela empresa sueco-finlandesa Stora Enso na faixa de fronteira. Solicitam, na mesma

ocasião, informações à Presidência da República sobre o avanço da silvicultura na metade

sul do RS: nenhuma resposta.

2007

- Fevereiro de 2007: Diário Oficial do Estado publica a composição do GT da SEMA, que

irá analisar a primeira versão do ZAS: não há nenhuma ONG ambientalista participando

deste GT.

- 07/03/07: ONGs ambientalistas solicitam, através da APEDEMA, entrada no GT

Silvicultura: silêncio total!

- 08/03/07: Diário da Assembléia publica o PL71/2007, do dep. Nelson Härter (PMDB), da

bancada pró-eucalipto, que altera o Código Estadual do Meio Ambiente no que diz

respeito ao EIA-RIMA.

prorroga até 2011 o prazo para a conclusão do ZAS.

- 13/03/07: Diário Oficial do Estado publica a alteração do GT da SEMA, responsável pela

revisão do ZAS. Inclui representante da Frente Parlamentar Pró-Eucalipto, através do Dep.

Berfram Rosado. Foram substituídos os representantes da Secretaria da Ciência e

Tecnologia e da FEPAM. No caso desta última, a representante passa a ser a diretora

técnica, Sra. Maria Elisa Rosa. Os ambientalistas seguem de fora...

- 21/03/07: Audiência Pública na AL/RS para discutir a questão da silvicultura, sob a

presidência do Dep. Nelson Härter.

- 28/03/07: Nova Audiência Pública, chamada pela Comissão de Economia e

Desenvolvimento da AL/RS, presidida pelo Dep. Nelson Härter. Na ocasião, os técnicos

da Fepam, presentes, não puderam apresentar o ZAS, já que foram “desaconselhados” pela

secretária Sra. Vera Callegaro a comparecer.

- 03/04/07: Movimento Ambientalista Gaúcho denuncia, através do manifesto “AS

DEMANDAS DO MEG FRENTE AO COLAPSO DA GESTÃO AMBIENTAL”,

tentativas de fragilização da SEMA.

- 11/04/07: Notícia do envio do ZAS ao CONSEMA se torna pública, passando a ser

considerado documento oficial.

- 19/04/07: Audiência Pública realizada pela Comissão de Agricultura da Assembléia

Legislativa/RS preocupa deputados da bancada de celulose: a resistência organizada

aparece.

- 24/04/07: NAT/BR entrega carta de apoio ao ZAS assinada por vários intelectuais

gaúchos.

- 03/05/07: Aditamento ao TAC/Padrão.

- 05/05/07: Vera Callegaro deixa a Pasta do Meio Ambiente.

- 05/05/07: a Associação do Ministério Público do RS emite nota pública, por ocasião da

indicação do Dr. Otaviano Brenner de Moraes, para a Secretaria do Meio Ambiente

reafirmando a independência do MPE na proteção do meio ambiente, independentemente

de quem esteja à frente da SEMA.

- 09/05/07: Ordem de Serviço da FEPAM disciplina as consultas, manifestações e

audiências públicas referentes ao ZAS (e toma outras providências).

Page 16: Dossie publicacao

- 15/05/07: Diário Oficial publica a nomeação do Dr. Otaviano Brenner de Moraes para a

Pasta do Meio Ambiente.

- 25/05/07: Portaria da FEPAM (N°32/2007) simplifica o licenciamento aproveitando-se

da “brecha” proporcionada pelo TAC: os licenciamentos seriam feitos dentro das normas

legais vigentes, sem necessidade de EIA/RIMA para plantios de até menos de mil hectares.

- 25/05/07: APEDEMA solicita à FEPAM Audiência Pública na capital para discutir o

ZAS: silêncio!...

- 29/05/07: pesquisadores e professores da UFRGS apóiam o ZAS através do documento

“POR QUE RESPEITAR O ZONEAMENTO”.

- 31/05/07: FEPAM emite portaria (N°035/2007) que dispõe sobre procedimentos para

licenciamento da atividade de silvicultura no RS: para áreas de até mil hectares não é

necessário o EIA/RIMA, o RAS basta.

- 05/06/07: FEPAM publica no Diário Oficial portaria disciplinando as consultas e

manifestações escritas e orais, bem como o procedimento das APs referentes ao ZAS

(medidas draconianas!).

- 11/06/07: Começa o ciclo de Audiências Públicas sobre a silvicultura, sendo a primeira

na cidade de Pelotas.

- 13/06/07: A presidente da FEPAM, Sra. Ana Pellini, negou pedido de Audiência Pública,

em Porto Alegre, alegando que uma Audiência Pública na capital seria “um circo”.

- 15/06/07: Resolução n° 001/2007 do Conselho da Administração da FEPAM dispõe

sobre a implementação da Licença Única (LU) para a atividade de silvicultura e Licença

de Instalação e Aprovação (LIO) para atividade de Assentamentos de Reforma Agrária e a

cobrança de ressarcimento dos custos dessas licenças.

- 19/06/07: início de uma série de pedidos de Audiência Pública em Porto Alegre, feitos à

FEPAM, pelas ONGs ambientalistas e setores dos movimentos sociais.

- Junho de 2007: IBAMA emite parecer técnico, elaborado pelo GT Bioma Pampa, em

defesa do ZAS, tendo obtido repercussão nacional.

- 31/06/07: o Governo Estadual monta força-tarefa para agilizar as licenças.

- Julho de 2007: Ação Civil Pública (ACP), ajuizada na 5ª Vara da Fazenda Pública do

Foro Central de Porto Alegre, por ONGs ambientalistas, a fim de impedir os aditamentos

ou manifestações escritas ao ZAS, teve a antecipação de tutela, indeferida.

- 05/07/07: A FEPAM suspende a análise do ZAS nas Câmaras Técnicas do CONSEMA,

enviando o documento para análise por parte da Fundação de Economia e Estatística

(FEE).

- 04/07/07: CUT solicita à SEMA Audiência Pública em Porto Alegre para discussão do

ZAS.

- 11/09/07: APEDEMA envia ofício à Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente,

do MPE solicitando medidas cabíveis no sentido de que as solicitações das ONGs

ambientalistas, bem como da Via Campesina, feitas à FEPAM pela realização de

Audiência Pública em Porto Alegre, sejam atendidas.

- 09/011/07: a FEPAM é impedida pela Justiça Federal de emitir licenças para a

silvicultura. A decisão transfere a responsabilidade para o IBAMA.

- 28/11/07: O TRF da 4ª Região devolve à FEPAM a responsabilidade pela emissão de

licenças para a silvicultura.

2008

- Março de 2008: retomada da discussão sobre a redução da Faixa de Fronteira.

Page 17: Dossie publicacao

- 04/03/08: mulheres da Via Campesina do RS lançam manifesto contra agronegócio; em

defesa da soberania alimentar; contra a redução da Faixa de Fronteira; pela anulação da

compra de terras, realizada ilegalmente pela empresa STORA ENSO; contra o Deserto

Verde, entre outros.

- 18/03/08: discussão final e “aprovação” do relatório do ZAS na CT Biodiversidade e

Política Florestal do CONSEMA (CT Biod.);

- 31/03/08 - convocatória do Ilmo Sr. Presidente do CONSEMA p/ Reunião

Extraordinária, “para fins de deliberação sobre a proposta de zoneamento para a

silvicultura”.

01/04/08: a partir desta data e, em vista do exíguo prazo apresentado pelo

CONSEMA, vários conselheiros ambientalistas, solicitaram adiamento desta reunião

extraordinária, o que lhes foi negado pelo Presidente;

- 04/04/08: Realização da Trigésima Quarta Reunião Extraordinária do CONSEMA, para

deliberação do ZAS;

carta das ONGs ambientalistas com representação na Câmara Técnica de

Biodiversidade e Política Florestal, do CONSEMA, distribuída no Plenário do

Conselho em defesa da proposta original do ZAS: “Por que Defendemos o ZAS”.

na mesma Plenária, a AGAPAN pede “vistas do processo”, relativo à aprovação do

ZAS na CT.Biod, o que gerou muita tensão entre ambientalistas, empresas e seus

aliados, incluindo aí, o governo: a sessão foi transferida;

integrantes da Fundação ZOOBOTÂNICA (FZB) da CT Biod., assim como no

próprio CONSEMA, responsáveis pela elaboração do ZAS, enviam carta ao Sr.

Secretário do Meio Ambiente demonstrando preocupação com os rumos dados ao

processo de reformulação do ZAS. Solicitam que o parecer final, aprovado na

reunião do dia 18/03/08 seja reavaliado, considerando proposta enviada pela FZB.

- Abril de 2008: Fruto da mobilização em torno do ZAS, surge o Movimento Gaúcho em

Defesa do Meio Ambiente (MoGDeMA), composto por ambientalistas, sindicatos,

estudantes, trabalhadores do campo e da cidade, entre outros setores dos movimentos

sociais.

- 09/04/08: discussão do ZAS na Plenária do CONSEMA, em sessão que se prolongou até

a noite, com “vais-e-véns” de liminares, culminando com a aprovação do ZAS pelo

plenário desfalcado do CONSEMA.

- 09/04/08: Resolução CONSEMA n° 187/2008 que aprova o ZAS.

-13/04/08: a EcoAgência retrata em artigo intitulado “UM TRISTE ESPETÁCULO EM

DEZ ATOS”, a sessão plenária do CONSEMA de 09/04/2008, onde se deu a aprovação do

ZAS, sob mandado de segurança, liminares, auditório lotado por políticos, ambientalistas,

sindicalistas, com direito até a “empurra-empurra” e ofensas verbais. Finalmente, depois

de 8 horas de espera, com o auditório já vazio (as ONGs ambientalistas haviam se

retirado), é aprovada a “morte do ZAS”.

- 05/06/08: ONGs da CT Biod. publicam manifesto: “ATÉ QUANDO O VALE TUDO

NA ÁREA AMBIENTAL?”.

- 20/06/08: O MOGDeMA lança: “CARTA PELA MANUTENÇÃO DA FAIXA DE

FRONTEIRA”.

- 02/07/08: a 4ª Vara da Fazenda Pública anunciou a aceitação, por parte da SEMA,

proposta para que o CONSEMA analise, após tramitação nas CTs, as diretrizes para o

licenciamento da silvicultura, entregue pela FZB, em 04/04/08.

na mesma audiência, excluiu quatro UPNs contidas no ZAS, da possibilidade de

terem plantações de eucaliptos, até a nova análise do assunto, pelo CONSEMA.

Page 18: Dossie publicacao

a audiência aconteceu a pedido do MPE, que ajuizou ACP em 18/06/08.

- 23/07/08: O Correio Brasiliense noticia que o IBAMA divulgou nota pública criticando o

ZAS, afirmando que o Zoneamento atende aos interesses das papeleiras.

- 03/07/08: o MPF/BA condena a VERACEL a pagar multa de 20 milhões de reais ao

FDD (Fundo de Direito Difuso), mantido pela União, por danos ambientais causados em

área remanescente de Mata Atlântica, no extremo sul da Bahia.

a mesma ação obriga a VERACEL a retirar a sua floresta de eucaliptos de vários

municípios, tendo que recompor a área com vegetação nativa no prazo de três meses

a um ano.

-07/08/08: a EcoAgência notícia: “Justiça Aceita Ação Civil Pública contra a Presidente da

Fepam”. Na ação as ong’s ambientalistas (Saalve, Agapan, Instituto Biofilia e Mira-Serra)

fazem menção ao ZAS, ao licenciamento da quadruplicação da fábrica da Aracruz

Celulose e à subversão do licenciamento dos EIAs RIMAs do arroio Jaguari e do arroio

Taquarembó, além de pedir o afastamento da Sra Ana Pellini da função, por uma liminar.

- 11/08/08: ONGs ambientalistas da CT Biod. solicitam à Presidência a presença dos

técnicos da FEPAM e da FZB, coordenadores da proposta original do ZAS e excluídos,

compulsoriamente, das discussões.

no mesmo ofício, solicitam que o CONSEMA repasse à CT Biod. informações

referentes aos plantios silviculturais existentes e os seus respectivos percentuais, por

UPN.

- 14/08/08: ONGs ambientalistas (INGÁ/NAT/CEA/ Inst. Biofilia e CURICACA),

solicitam às ONGs que participam dos “Diálogos Florestais” que desistam de discutir o

PAMPA com as empresas de celulose.

- Agosto de 2008: Fusão Votorantim e SAFRA (controle dos ativos da Votorantim e

Aracruz).

- 11/08/08: Via Campesina e MST iniciam campanha internacional de envio de cartas para

a direção da empresa Stora Enso e para os governos da Suécia e da Finlândia, denunciando

suas atividades no Brasil.

- 21/08/08: o “Brasil de Fato” publica: “O MPE, pela promotoria de justiça da Comarca de

Eunápolis, na Bahia, denuncia a Veracel pela ação conjunta de funcionários de órgãos

públicos na liberação de licenças ambientais para plantio de eucaliptos sem realizar os

estudos obrigatórios (promotor João Alves da Silva).

- 2008 (data?): Movimentos sociais (sindical, ambientalista, estudantil...) divulgam Carta

Aberta ao Povo Gaúcho: “POR UMA POLÍTICA AMBIENTALMENTE CORRETA NO

NOSSO RIO GRANDE”.

- 11/09/08: O Secretário Carlos Otaviano B. de Moraes divulga Nota Pública defendendo-

se das acusações de “prática de deslealdade administrativa”, em ação popular movida por

ambientalistas, na Justiça Federal.

- 15/10/08: VCP explica o adiamento do Projeto LOSANGO – construção de uma fábrica

de celulose branqueada de eucalipto no RS, orçada em 1,5 bilhão.

- 22/10/08: TJRS determina que as novas licenças fornecidas pela FEPAM para a

silvicultura no RS deverão obedecer aos critérios gerais propostos por técnicos da FZB.

foi considerada preocupante a ausência de limites objetivos no ZAS, aprovado pelo

CONSEMA.

a decisão terá efeito até que sejam aprovados limites objetivos ao ZAS pelo Plenário

do CONSEMA, ou que a ação seja finalizada.

- 26/10/08: Aracruz pede a bancos para liquidar contratos com taxas cambiais baixas: é a

crise dos “derivativos” (operações no mercado de câmbio) e o início das fusões.

- 14/11/08: “Stora Enso prepara ofertas por fatia da Aracruz na VERACEL”.

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- 25/11/08: A Agência Chasque informa: “Especulação da Aracruz provoca demissões em

Guaíba”.

- 11/12/08: 4º Congresso Internacional de Desenvolvimento Econômico Sustentável da

Indústria de Base Florestal e de Geração de Energia, em Porto Alegre. Na ocasião, o

diretor da Stora Enso, Sr. João Borges, revela que face à indefinição sobre a liberação de

plantio no RS, o projeto florestal da sueco-finlandesa está ameaçado de ser suspenso.

2009

- As entidades patronais, com assento na CT Biod. do CONSEMA, apresentam a

“Proposta de Limites de Ocupação das Bacias Hidrográficas pela Silvicultura no Estado do

Rio Grande do Sul”.

- 25/01/09: “A EcoAgência” divulga: “Com ajuda do BNDES, a Votorantim leva a

Aracruz”. Apesar de ser banco público, o BNDES investe em grandes empresas. O banco

passa a ter 47% das ações da Aracruz.

- 27/03/09: Segundo a Agência Chasque, com isto chegam também as demissões: o

presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Papel, Papelão e Cortiça, de

Guaíba, diz que “as terceirizadas da Aracruz já contabilizaram duas mil demissões”.

- 01/06/09: A CT Biod. se reúne para, entre outros assuntos, discutir as “respostas aos

questionamentos feitos à FZB”.

- Maio de 2009: Avaliação do grupo de entidades patronais, membros da CT Biod., quanto

às respostas de técnicos da FZB aos questionamentos relacionados à proposta de ocupação

do solo, pela silvicultura.

- 20/11/2009: Resolução CONSEMA nº 227/2009 aprova alterações do ZAS, no Rio

Grande do Sul, de que trata a Resolução CONSEMA, nº 187, de 09 de abril de 2008 e dá

outras providências.

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Fontes do Material Utilizado

Foram utilizados: jornais da imprensa tradicional e da imprensa alternativa; revistas de assuntos

gerais, bem como revistas especializadas; informativos de órgãos públicos, de ONGs e demais

entidades da sociedade civil; prospectos de eventos e de propaganda; publicações científicas;

estudos e pareceres técnicos; fotografias; documentos oficiais diversos, tanto de instituições

públicas quanto de entidades da sociedade civil, em particular, ONGs ambientalistas.

VOLUME I

(2004 – 2009)

- Publicações de órgãos do Governo Federal, tais como: Ministério do Meio Ambiente, IBAMA,

INCRA, IBGE, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de

Santa Maria (UFSM), Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), outros.

- “História Ilustrada do Rio Grande do Sul”, Já Editores, com o apoio da CEE/Gov.RS (1998)

- Jornal Zero Hora – Porto Alegre/RS (vários números, dentro do período contemplado)

- Jornal da Universidade – UFRGS (vários números)

- Jornal do Comércio - Porto Alegre/RS (vários números)

- Jornal “Correio do Povo” – Porto Alegre/RS (vários números)

- Portal da UFSM – junho de 2007

- Ageflor: página eletrônica

- Outros.

VOLUME II

(2004 – 2009)

- Jornal Zero Hora – Porto Alegre/RS (vários números dentro do período contemplado)

- Correio do Povo - Porto Alegre/RS (vários números)

- Jornal A Tarde – Salvador/Bahia (2008 e 2009)

- Carta Capital – Brasil (dezembro, 2009)

- Jornal O Sul - Porto Alegre/RS (junho, 2009)

- ADVERSO (Adufrgs) - Porto Alegre/RS (junho, 2009)

OBSERVAÇÃO: Além do material do período de abrangência “padrão” deste trabalho, há a parte

complementar, relativa à 2010.

VOLUME III

PARTE I

(2006 – 2009)

- Amigos da Terra Informa (vários números dentro do período contemplado)

- Ofício da APA de Ibirapuitã (fevereiro, 2006)

- Relatórios de Audiências Públicas sobre o ZAS

- Notícias da AL/RS, via internet

- TAC “padrão”, celebrado entre o MPE/RS e a FEPAM e seus respectivos aditivos

- TACs celebrados entre o MPE/RS e as empresas de celulose

- Vários Projetos de Lei (cópias)

- Estudos, manifestos, carta de apoio ao ZAS...

- Notícias veiculadas por Agências de Notícias, como: EcoAgência, Agência Chasque,

CELEUMA, Assembléia Legislativa/RS, O ECO, entre outras

- Cópia do ZAS, tanto o original (2006) quanto os documentos aprovados com as alterações (2008

e 2009)

Page 21: Dossie publicacao

- Vários documentos tipo “Carta Aberta”, tanto do MPE, através da APEDEMA, quanto de outras

entidades como a SBS, além de manifestações dos próprios técnicos da FZB, FEPAM, IBAMA e

de outras instituições

- Portarias, Ordens de Serviço, Resoluções emitidas pelo CONSEMA, SEMA, FEPAM, relativas à

silvicultura

- Informativo do IBAMA/RS

- Panfletos contra o ZAS de entidades como SEAG e CREA

- Pareceres técnicos do IBAMA, UFRGS, FASE, VIA CAMPESINA, MST e outros, apoiando o

ZAS

- Manifestos da APEDEMA, CUT, Mulheres da Via Campesina, ONGs ambientalistas, além de

outras entidades, em apoio ao ZAS

- Ofícios e circulares da SEMA, FEPAM, Câmara Técnica da Biodiversidade e Política Florestal,

do CONSEMA (CT.Biod.)

- Notícias da AGEFLOR através de seu portal na internet

- Jornal da Ciência (junho, 2008) – notícias via internet

- Carta Manifesto do MOGDeMA em defesa da manutenção da faixa de fronteira

- Site ADITAL (2008). Notícias da Agência de Informação Frei Tito para América Latina, via

internet

- Notícias Ambiente Brasil – Portal internet

- Informativo ON-Line (2008)

- ENVOLVERDE – Revista digital (2008)

- EPTV.com – Programa Terra da Gente (2008)

- Portal da SEMA/RS

- IOB Online – jurídico (2008)

- Revista Eletrônica de Jornalismo Investigativo (2008)

- Proposta de Limites de Ocupação das Bacias Hidrográficas pela Silvicultura no Estado do Rio

Grande do Sul (FIERGS, FARSUL, FETAG, outros)

- Dissertação do PGDR (UFRGS) sobre “Conflitos Ambientais e Silvicultura na Metade Sul do

RS” – 2009 (de Patrícia Binkowski)

- Monografia de Conclusão (Faculdade de Comunicação Social da PUC/RS): “Lavouras de

Florestas: A Percepção dos Leitores de ZH Sobre o Monocultivo de Árvores Exóticas para

Celulose no Estado do RS”- 2009 (de Raíssa Genro)

- Sistema de Transmissão de Matérias do Senado Federal (2006)

- Cópias de vários jornais da imprensa tradicional, já citados

VOLUME IV

PARTE II

(2007 – 2008)

- “Notícias Ambientais”: síntese de notícias, elaborada pela FEPAM ( vários números)

- Agências de notícias como: Ambiente Já, EcoAgência, outros.

- Notícias do SEMAPI/RS, via página eletrônica

- Correio do Povo – Porto Alegre/RS – (vários números)

- Artigo do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (2007)

- Jornal do Comércio – Porto Alegre/RS (vários números)

- Jornal O Sul – Porto Alegre/RS (vários números)

- Jornal Zero Hora – Porto Alegre/RS (vários números)

- Jornal ABC Domingo (2007)

- Página eletrônica do MPE/RS

- Agência de Notícias do Governo do RS

- Agência Carta Maior – 2007 (versão eletrônica)

- Ambiente Já – informativo (vários números)

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- Jornal Já (2007)

- Ambiente Vital (o Direito Ambiental em foco na internet)

- Ageflor – 2007 (notícias via internet)

- SEMA (notícias através de página eletrônica)

- Correio Brasiliense (2008)

- Cópia de recortes de vários jornais, já citados

VOLUME V

ANEXO I

(2006 – 2009)

- Jornal Zero Hora – Porto Alegre/RS (vários números dentro do período contemplado)

- Correio do Povo – Porto Alegre/RS (vários números)

- Publicações da FCG e do MTG (setembro, 2007)

- Jornal O Sul – Porto Alegre/RS

- Adverso (ADUFRGS)

- Jornal da Universidade (UFRGS)

OBSERVAÇÃO: o item “complementação 2010” é composto de material já citado anteriormente,

variando apenas a data da coleta.

VOLUME VI

ANEXO II

(2005 – 2009)

- Prospectos diversos de eventos sobre silvicultura, Bioma Pampa e ZAS

- Revista do CREA (2005)

- Adverso (ADUFRGS) – 2006

- Solidário – O Jornal da Família – Porto Alegre/RS – 2006

- Jornal Já – Porto Alegre/RS – 2006

- Zero Hora – Porto Alegre/RS (vários números)

- Contra Mola – Jornal do DCE da UFRGS (março, 2007)

- O Globo (janeiro, 2008)

- Jornal da Universidade – UFRGS (vários números)

- Cartilhas (Aracruz; Aquífero Guarani – apoio: Stora Enso)

- Panfletos diversos a favor e/ou contra o ZAS

- FOLHA ÚNICA – publicação do SEMAPI/RS

- Informativo IBAMA/RS

- Isto É (2007)

- Notícias da Terra – Incra (2007)

- Revista OBSERVATÓRIO SOCIAL (novembro, 2008)

- Revista Já (2008)

- Folha de São Paulo (2008)

- Imagens/fotos diversas, via serviço de busca da internet

- Estudos sobre o Bioma Pampa (GT IBAMA) MMA/IBAMA – 2008

- Jornal O Globo (2008)

- Jornal do Comércio – Porto Alegre/RS

- “Eucaliptais” – Althen Teixeira Filho (cópia capa do livro), 2008

- Coletânea de artigos de diversos autores (de 2006 à 2009)

- Complementação 2010 (material diverso, já citado anteriormente, variando apenas o ano de

publicação).

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Galeria ilustrativa do material

do Dossiê sobre o Processo de Implantação da Silvicultura

no Rio Grande do Sul (2004 - 2009)

- O Megaprojeto do Agronegócio Globalizado da Celulose –

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