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Douglas Marcus de Oliveira RESÍDUO DE GRANITO COMO SUBSTITUIÇÃO AO CIMENTO EM MATRIZES CIMENTÍCIAS Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Engenharia de Produção Civil Belo Horizonte, dezembro de 2010

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Douglas Marcus de Oliveira

RESÍDUO DE GRANITO COMO SUBSTITUIÇÃO AO

CIMENTO EM MATRIZES CIMENTÍCIAS

Trabalho de Conclusão de Curso

Curso de Engenharia de Produção Civil

Belo Horizonte, dezembro de 2010

RESÍDUO DE GRANITO COMO SUBSTITUIÇÃO AO

CIMENTO EM MATRIZES CIMENTÍCIAS

Trabalho de Conclusão de Curso

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia de Produção Civil como requisito parcial para aprovação na disciplina Projeto de Fim de Curso

Orientador: Prof. Ricardo André Fiorotti Peixoto

Co-Orientador: Tatiana Nunes Oliveira

Belo Horizonte, dezembro de 2010

i

Dedico este trabalho primeiramente a Deus que

possibilitou esta caminhada até aqui. Aos meus

pais e irmão pelo incentivo. A Mariana pelo amor

e compreensão nos momentos difíceis. E a todos

que contribuíram de forma direta ou indireta para

conclusão desta pesquisa.

ii

Agradecimentos

Ao Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais pela

estrutura oferecida durante cinco anos.

Ao professor Ricardo Fiorotti, pela atenção e dedicação em

transmitir parte do seu conhecimento acadêmico.

Ao professor Conrado pela disponibilidade de equipamentos para

ativação mecânica do resíduo de granito.

Ao Grupo de Pesquisa RECICLOS porte cedido seu espaço físico,

equipamentos e toda sua infra-estrutura.

Ao professor José Roberto de Oliveira pela disponibilidade e auxílio

na condução dos experimentos especializados para caracterização do

resíduo de granito.

A Mestranda Tatiana pela atenção, conselhos e pela cessão do

material que foi pesquisado.

A todos os Mestres e Doutores que possibilitaram meu crescimento

profissional e pessoal.

Ao meu pai Antônio por ser o meu maior exemplo de

responsabilidade e honestidade.

A minha mãe Maria por ser o meu maior exemplo de fidelidade e

perseverança.

A Mariana, minha futura esposa, pelo amor dedicado durante estes

cincos de estudo.

A todos os servidores do CEFET, em especial ao Leandro, pela

cordialidade e disponibilidade oferecida durantes os ensaios laboratoriais

A todos que me deram força e me ajudaram de alguma forma,

recebam o meu agradecimento.

iii

“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.”

Albert Einstein.

“Faça as coisas o mais simples que puder, porém não as mais simples.”

Albert Einstein

“A persistência é o caminho do êxito.”

Charles Chaplin.

iv

SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................................... vii

ABSTRACT ...................................................................................................... viii

LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... ix

LISTA DE TABELAS ......................................................................................... xi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................ xii

LISTA DE SÍMBOLOS E UNIDADES ............................................................... xiii

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

1.1. Justificativa ............................................................................................... 2

2. OBJETIVOS ................................................................................................... 3

2.1. Objetivos Gerais ....................................................................................... 3

2.2. Objetivos Específicos ............................................................................... 3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 4

3.1. Rochas Ornamentais ................................................................................ 4

3.1.1. Lavra de Matacões ....................................................................... 7

3.1.2. Lavra de Maciços Rochosos ......................................................... 8

3.1.3. Beneficiamento Primário ............................................................. 10

3.1.3.1. Tear de Lâminas.................................................................... 10

3.1.3.2. Talha-bloco de Discos Diamantados ..................................... 11

3.1.3.3. Fios Diamantados .................................................................. 12

3.1.4. Geração de Resíduos ................................................................. 13

4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................ 15

4.1. Cimento .................................................................................................. 15

4.2. Massa Específica ................................................................................... 15

4.3. Areia ....................................................................................................... 16

4.3.1. Composição Granulométrica ....................................................... 17

4.3.2. Massa Específica ........................................................................ 17

v

4.3.3. Teor de Umidade ........................................................................ 18

4.4. Resíduo de Granito ................................................................................ 18

4.4.1. Ativação Mecânica ...................................................................... 20

4.4.2. Análise Granulométrica ............................................................... 20

4.4.3. Composição Química e Mineralógica .......................................... 21

4.4.4. Massa Específica ........................................................................ 21

4.4.5. Índice de Atividade Pozolânica ................................................... 21

4.5. Matriz Cimentícia .................................................................................... 22

4.5.1. Dosagem .................................................................................... 22

4.5.2. Densidade de Massa no Estado Endurecido ............................... 23

4.5.3. Resistência à Compressão Axial ................................................. 24

4.5.3.1. Moldagem e Preparação dos Corpos-de-prova ..................... 24

4.5.3.2. Determinação da Carga de Resistência à Compressão......... 25

4.5.4. Resistência à Tração na Flexão .................................................. 26

4.5.4.1. Moldagem e Preparação dos Corpos-de-prova ..................... 26

4.5.4.2. Determinação da Carga de Resistência à Tração na Flexão . 27

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 29

5.1. Caracterização do Agregado Miúdo ....................................................... 29

5.1.1. Distribuição Granulométrica ........................................................ 29

5.1.2. Massa Específica ........................................................................ 30

5.1.3. Teor de Umidade ........................................................................ 30

5.2. Caracterização do Cimento .................................................................... 31

5.2.1. Massa Específica ........................................................................ 31

5.3. Caracterização do Resíduo de Granito ................................................... 31

5.3.1. Massa Específica ........................................................................ 31

5.3.2. Distribuição Granulométrica ........................................................ 32

5.3.3. Composição Química e Mineralógica .......................................... 34

5.3.4. Índice de Atividade Pozolânica (IAP) .......................................... 35

vi

5.4. Caracterização da Matriz Cimentícia ...................................................... 36

5.4.1. Densidade da Massa no Estado Endurecido ............................... 36

5.4.2. Resistência à Compressão Axial ................................................. 37

5.4.3. Resistência à Tração na Flexão .................................................. 39

6. CONCLUSÃO ............................................................................................... 41

7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................ 42

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 43

9. ANEXOS ....................................................................................................... 46

vii

RESUMO

A reciclagem de resíduos sólidos tem sido tema freqüente nos últimos anos e por

esse motivo propõe-se como contribuição o reaproveitamento do resíduo de

granito de forma sustentável aplicado como adições a matrizes cimentícias. Os

resíduos gerados na indústria de rochas ornamentais, tanto na etapa de

desdobramento quanto na de acabamento, são pouco reaproveitados e

dispostos no meio ambiente de forma inadequada. O presente trabalho tem

como objetivo analisar o resíduo gerado na etapa de corte de blocos e chapas

(lama) de granito, bem como avaliar as propriedades mecânicas de uma matriz

produzida com substituições de parte do cimento Portland por esse resíduo.

Para tanto foram moldados corpos de prova de matrizes com diferentes

combinações de teores de substituição do cimento por resíduo de granito (10% e

20%), em volume, e tempo de ativação mecânica (12 e 24 horas), comparando-

se com a matriz referência. Para cada idade das matrizes (1, 3, 7 e 28 dias)

realizaram-se ensaios mecânicos, tais como, resistência à compressão uniaxial e

resistência a tração na flexão. Os resultados mostraram que o resíduo não

possui característica pozolânicas e que as resistências mecânicas ficaram

aquém da matriz referência.

Palavras Chave

Ativação Mecânica, Matriz Cimentícias, Reciclagem, Resíduo de Granito.

viii

ABSTRACT

The recycling of solid waste has been a frequent theme in recent years; therefore

it is suggested that granite wastes may also the used as additives in cementitious

matrices for sustainability purposes. . The residue generated in the industry of

ornamental rocks, both in the stage of unfolding and finishing, is inadequately

discharged into the environment. The present work has as objective to analyze

the residue generated in the stage of granite plate cut, as well as evaluating the

mechanical properties of a matrix produced with replacement of Portland cement

with this residue. Samples with different substitution levels of the Potland cement

with granite residue (10% and 20%) were prepared and the mechanical strength

(compressive and flexural strength) compared with a reference matrix without

substitution at 1, 3, 7 and 28 days. The results showed that the residue does not

have pozzolanic effect and the mechanical strength is significantly lower than that

of the reference matrix.

Keywords

Activation Mechanics, Cementitious Matrices Granite Recycling, Residue.

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 – Países Destinos das Exportações Brasileiras .................................................... 5

Figura 3.2 – Principais Núcleos de Reserva e Beneficiamento do ES. ................................... 6

Figura 3.3 – Lavra de Matacões. ........................................................................................... 7

Figura 3.4 – Lavra por bancadas. .......................................................................................... 8

Figura 3.5 – Lavra em fossa .................................................................................................. 9

Figura 3.6 – Lavra subterrânea. ............................................................................................. 9

Figura 3.7 – Tear de Multi-lâminas. ...................................................................................... 11

Figura 3.8 – Talha-bloco com Discos Diamantados. ............................................................ 12

Figura 3.9 – Corte com Fios Diamantados. .......................................................................... 12

Figura 3.10 – Processos de Desdobramento de Rochas Ornamentais. ............................... 13

Figura 3.11 – Tanque de Decantação de Resíduos. ............................................................ 14

Figura 4.1 – Ensaio de Massa Específica do Cimento. ........................................................ 16

Figura 4.2 – Ensaio de Massa Específica Areia. .................................................................. 18

Figura 4.3 – Resíduo de Granito Úmido. .............................................................................. 19

Figura 4.4 – Resíduo de Granito Seco. ................................................................................ 19

Figura 4.5 – Ativação Mecânica. .......................................................................................... 20

Figura 4.6 – Máquina de preparação da argamassa. ........................................................... 22

Figura 4.7 – Ensaio da densidade da massa no estado endurecido. ................................... 24

Figura 4.8 – Moldagem e Preparação CP`s para Ensaio de Compressão. .......................... 25

Figura 4.9 – Ensaio de resistência à compressão axial. ....................................................... 26

Figura 4.10 – Moldagem e Preparação CP`s para Ensaio de Tração na Flexão. ................. 27

Figura 4.11 – Ensaio de resistência à tração na flexão. ....................................................... 28

Figura 5.1 – Curva Granulométrica da Areia ........................................................................ 30

Figura 5.2 – Comparação Massa Específica da Areia, Cimento e Resíduos de Granito ...... 31

Figura 5.3 – Composição Granulométrica do RGN .............................................................. 32

Figura 5.4 – Composição Granulométrica do RGAM12 ....................................................... 33

Figura 5.5 – Composição Granulométrica do RGAM24 ....................................................... 33

Figura 5.6 – Índice de Atividade Pozolânica ........................................................................ 35

Figura 5.7 – Gráfico Comparativo da Densidade da Massa no Estado Endurecido ............. 36

Figura 5.8 – Gráfico Comparativo Referência x RGN (Compressão). .................................. 37

Figura 5.9 – Gráfico Comparativo Referência x RGAM12 (Compressão). ............................ 38

Figura 5.10 – Gráfico Comparativo Referência x RGAM24 (Compressão). .......................... 38

Figura 5.11 – Gráfico Comparativo Referência x RGN (Tração). ......................................... 39

x

Figura 5.12 – Gráfico Comparativo Referência x RGAM12 (Tração). ................................... 40

Figura 5.13 – Gráfico Comparativo Referência x RGAM24 (Tração). ................................... 40

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 – Componente do cimento Portland de alta resistência inicial ............................ 15

Tabela 5.1 – Porcentagem em massa retida acumulada da Amostra .................................. 29

Tabela 5.2 – Módulo de Finura, Dimensão Máx. e Mat. Pulverulento .................................. 29

Tabela 5.3 – Exigências Físicas Materiais Pozolânicos ....................................................... 32

Tabela 5.4 – Análise Química do Resíduo de Granito.......................................................... 34

Tabela 5.5 – Exigências Químicas Materiais Pozolânicos ................................................... 34

Tabela 5.6 – Resultados Resistência à Compressão Axial (IAP) ......................................... 35

Tabela 5.7 – Resultados Resistência à Compressão Axial .................................................. 37

Tabela 5.8 – Resultados Resistência à Tração na Flexão ................................................... 39

xii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ARI – Alta Resistência Inicial

BA – Bahia

CEFET-MG – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

CP – Cimento Portland

Cp – Corpo-de-prova

ES – Espírito Santo

IAP – Índice de Atividade Pozolânica

IFES – Instituto Federal do Espírito Santo

IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas

NBR – Norma Brasileira

NM – Norma Mercosul

MG – Minas Gerais

PROPEMM – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Metalúrgica e de Materiais

RCG – Resíduo de Corte de Granito

RECICLOS – Grupo de Pesquisa em Resíduos Sólidos Industriais CNPq

RGN – Resíduo de Granito In Natura

RGAM12 – Resíduo de Granito Ativado Mecanicamente por 12 horas

RGAM24 – Resíduo de Granito Ativado Mecanicamente por 24 horas

SEES-BA – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia

xiii

LISTA DE SÍMBOLOS E UNIDADES

ºC – graus celsius

cm – centímetro

cm³ – centímetro cúbico

dm³ – decímetro cúbico

g – grama

g / cm³ – grama por centímetro cúbico

kg – kilograma

kg / m³ – kilograma por metro cúbico

MPa – megapascal

MPa/s – megapascal por segundo

mm - milímetro

m³ - metro cúbico

N – newton

N/s – newton por segundo

% – percentual

ρ – densidade

γ – massa específica

1

1. INTRODUÇÃO

O ramo de rochas ornamentais tem características semelhantes à uma indústria

tradicional. Trata-se de uma atividade extrativa cujos traços mais relevantes são: o

processamento de recursos naturais; o baixo investimento tecnológico e a reduzida

exigência em termos de escala mínima de produção (SPÍNOLA; GUERREIRO;

BAZAN, 2004).

As rochas ornamentais e de revestimento, também chamadas pedras naturais,

rochas lapídeas e rochas dimensionais, do ponto de vista comercial, são

classificadas apenas em mármores e granitos. Estas categorias correspondem a

90% da produção mundial. Os demais tipos são as ardósias, quartzitos, pedra

sabão, serpentinitos, basaltos e conglomerados naturais (PEITER et al, 2001).

Apesar do grande potencial econômico da indústria de rochas ornamentais, esta

gera a cada ano toneladas de resíduos que são liberados no meio ambiente de

forma indiscriminada e prejudicial. Dentre estes resíduos produzidos, a “lama de

granito” que é proveniente da serragem e polimento de chapas, é depositada em

tanques de decantação ou rejeitada diretamente no meio ambiente. Menezes et al.

(2002) e Gonçalves et al. (2002) comprovam que esta lama pode ser reaproveitada

em materiais cerâmicos e de concreto de forma sustentável.

McDonough (2006) e a Comissão Mundial para o Ambiente e o Desenvolvimento

(1987) desenvolvimento sustentável definiram sustentabilidade como a qualidade de

satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das

gerações futuras para satisfazer as suas próprias.

No universo da construção civil o conceito de desenvolvimento sustentável está

intimamente ligado ao desenvolvimento de construções sustentáveis. Santo (2010)

afirma que a construção sustentável consiste num sistema construtivo que promove

alterações conscientes, de forma a atender a necessidades de edificação, habitação

e utilização, e ainda preservar o meio ambiente bem como os recursos naturais, a

fim de garantir a qualidade de vida para as gerações atuais e futuras.

2

1.1. Justificativa

Observa-se que o volume de resíduos inorgânicos gerados a cada ano vem

crescendo em todo mundo e apresenta um dos maiores problemas da sociedade

moderna. Tradicionalmente esses resíduos são descartados indiscriminadamente no

meio ambiente ou depositados em aterros. Todavia, alternativas de reciclagem e

reutilização devem ser sempre pensadas como as primeiras alternativas para o seu

gerenciamento. Portanto faz-se necessário realizar este estudo a fim de buscar

introduzi-los novamente no ciclo produtivo da construção civil.

3

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivos Gerais

Avaliar a viabilidade técnica da utilização do resíduo de corte de granito na

construção civil como substituição ao cimento em matrizes cimentícias.

2.2. Objetivos Específicos

São objetivos específicos deste trabalho:

Ativar mecanicamente o resíduo em um Moinho de Bolas;

Caracterizar química e fisicamente o resíduo;

Produzir matriz cimentícia com adição de resíduo processado em

substituição ao cimento.

Determinar as características mecânicas (resistência à compressão axial e

resistência à tração na flexão) da argamassa produzida.

4

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Rochas Ornamentais

As rochas ornamentais são basicamente subdivididas do ponto de vista comercial,

em granitos e mármores. Os granitos correspondem às rochas silicáticas, enquanto

os mármores englobam as rochas carbonáticas. Alguns outros tipos incluídos no

campo das rochas ornamentais são os quartzitos, serpentinitos, travertinos e

ardósias. (ABIROCHAS, 2010).

Segundo FILHO (2006), as rochas ornamentais são utilizadas como revestimento

interno e externo de paredes, pisos, pilares e outras formas de acabamento. Servem

também como matéria-prima para peças isoladas de estruturas, tampos e pés de

mesa, balcões, lápides e arte funerária em geral, além de edificações.

Segundo MONTANI (2005 apud FILHO, 2006), o mercado mundial de rochas

ornamentais e de revestimento tem alcançado taxas médias anuais de 7% de

aumento na produção. A indústria extrativa global de pedras naturais evoluiu do

nível de produção de 1,8 milhões de toneladas na década de 20 do século passado,

para 81,25 milhões de toneladas no ano de 2004, quando mármores, granitos e

outros tipos de rochas constituíram, respectivamente, 53,9%, 40,6%, 5,5% da

produção mineral mundial.

O mercado mundial de rochas ornamentais produz aproximadamente 55 milhões de

toneladas/ano e movimenta cerca de US$ 40 bilhões/ano em rochas brutas e

processadas. O Brasil está inserido neste contexto com uma produção média anual

de 5,2 milhões de toneladas, menos de 10% da produção mundial, e uma

movimentação de US$ 2,1 bilhões/ano, possuindo os Estados Unidos como seu

maior consumidor (Fig. 3.1). Mesmo com esses números aparentemente

expressivos, a participação do Brasil no mercado internacional de rochas

processadas é pequena em relação aos seus principais concorrentes, China e Índia.

No âmbito regional os Estados de Minas Gerais (MG), Espírito Santo (ES) e Bahia

(BA) correspondem a 80% da produção brasileira, com a liderança do Estado do

Espírito Santo (PEITER et al. 2001).

5

Figura 3.1 – Países Destinos das Exportações Brasileiras (ABIROCHAS, 2010)

Atividades produtivas de extração e beneficiamento estão presentes em grande

parte dos municípios capixabas, destacando-se um conjunto de municípios na região

noroeste e outro na região sul (Fig. 3.2), ABIROCHAS (2010).

De acordo com KASCHNER (2004), o Estado do Espírito Santo tem grande

importância no setor de rochas ornamentais, dado que 1.137 dos 1.500 teares

existentes no Brasil encontram-se neste Estado. Além disso, 900 foram nele

projetados, desenvolvidos e fabricados. O autor ainda afirma que este Estado

possuía menos de dez empresas exportadoras em 1996 e atualmente possui mais

de 250.

Como a competitividade no mercado de rochas ornamentais está intimamente ligada

à tecnologia, o investimento em pesquisa neste setor é de extrema importância para

o Brasil alcançar melhores posições no mercado internacional.

6

Figura 3.2 – Principais Núcleos de Reserva e Beneficiamento do ES (SEES – BA, 2010).

A extração das rochas ornamentais inicia-se com a realização de uma pesquisa de

solo, onde se levanta o potencial e qualidade das rochas, dentre outras

características. Esta etapa torna-se de fundamental importância para as etapas

subseqüentes e deve ser feita por profissionais qualificados, geralmente geólogos e

engenheiros de minas. Todo este estudo preliminar precisa ser baseado em critérios

técnicos, condicionantes geológicas (regionais e locais), estimativas de reservas e

constituintes físico-química da rocha que deliberam sobre a viabilidade da lavra, ou

concluem sobre a melhor forma de extração, evitando perdas e conseqüentemente

menores impactos. Para MATTA (2003), as lavras de rochas ornamentais são

geralmente executadas a céu aberto, mas existem extrações subterrâneas. Ainda de

7

acordo com o autor são dois os tipos de extração das rochas ornamentais: a lavra de

matacões e a lavra de maciços rochosos.

3.1.1. Lavra de Matacões

MATTA (2003) define matacões como corpos de rocha arredondados, que se

destacam do maciço rochoso devido ao intemperismo físico, químico e biológico ao

longo de grandes períodos na escala geológica. Todo esse processo é denominado

esfoliação esferoidal.

A lavra é realizada em várias frentes, geralmente próxima por motivos econômicos,

devendo os matações apresentar dimensões apropriadas e quantidades suficientes

que permitam o desdobramento de um número razoável de blocos. As dimensões

viáveis economicamente dos corpos precisam ser na ordem de dezenas de metros

cúbicos. No entanto, volumes de 6 ou 7m³ podem ser lavrados com lucro quando

são constituídos por material de alto valor. (MATTA, 2003).

Segundo SOUSA (2007) as atividades de extração envolvem a marcação de furos

para detonação, perfuração, colocação de explosivos, detonação e, posteriormente,

enquadramento dos blocos, utilizando-se processos de afeiçoamento manual

aproveitando as direções de clivagem naturais da rocha, como pode ser visto na Fig.

3.3.

Figura 3.3 – Lavra de Matacões (MATTA, 2003).

8

3.1.2. Lavra de Maciços Rochosos

Os maciços rochosos são grandes massas de rochas provenientes da

materialização do magma que se resfria durante os períodos geológicos e emergem

na superfície devido à erosão (MATTA, 2003).

Ainda segundo MATTA (2003), ao contrário dos matacões, a lavra nos maciços

precisa de uma maior aplicação de técnicas de extração. Os maciços rochosos

proporcionam mais segurança na produção de um material qualquer, pois são mais

acessíveis a um planejamento de extração e porque possuem um maior controle

quantitativo e qualitativo da produção.

Existem cinco formas de extrair rochas de um maciço rochoso (MATTA, 2003).

Esses métodos são:

• Lavra por bancadas (Fig. 3.4);

• Lavra por painéis verticais;

• Lavra por desmoronamento;

• Lavra em fossa ou poço (Fig. 3.5);

• Lavra subterrânea (Fig. 3.6).

Figura 3.4 – Lavra por bancadas (MATTA, 2003).

9

Figura 3.5 – Lavra em fossa (MATTA, 2003).

Figura 3.6 – Lavra subterrânea (MATTA, 2003).

Segundo FILHO (2006) e SOUSA (2007) o processo de beneficiamento de rochas

ornamentais é subseqüente ao da lavra e realizado através de duas etapas:

beneficiamento primário e secundário.

10

3.1.3. Beneficiamento Primário

Conhecido por desdobragem ou serragem, este beneficiamento corresponde ao

processo de corte dos blocos em chapas com espessuras variadas e próximas

daquelas destinada ao mercado consumidor. Representa o primeiro passo em

relação à agregação de valor ao material proveniente das pedreiras. (SOUSA,

2007).

FILHO (2006) define que para este primeiro beneficiamento são utilizadas três

tecnologias de corte: tear de lâminas, talha-bloco de discos diamantados e o fio

diamantado.

3.1.3.1. Tear de Lâminas

Segundo STELLIN Jr. (1998, apud GONÇALVES, 2000), a tecnologia do corte dos

blocos realizados com teares é a mais difundida devido à maior flexibilidade, elevada

produtividade, custo relativamente mais reduzido, além de uma boa relação

custo/benefício do investimento inicial.

Os teares são equipamentos vigorosos que possuem quatro colunas de sustentação

e um quadro que realiza movimentos pendulares. Esse quadro possui múltiplas

lâminas de aço carbono, dispostas longitudinalmente, umas paralelas as outras (Fig.

3.7). Coloca-se o bloco sob o quadro, e o movimento oscilatório faz o

processamento do corte. Para otimização do corte e resfriamento das lâminas o

bloco é molhado por uma polpa abrasiva cuja composição é água (como elemento

lubrificante), granalha de aço como um sistema abrasivo e cal para evitar a oxidação

(SOUSA, 2007).

11

Figura 3.7 – Tear de Multi-lâminas (FILHO, 2006).

3.1.3.2. Talha-bloco de Discos Diamantados

Segundo SOUSA (2007), nesses equipamentos o corte dos blocos é realizado por

discos diamantados, de diâmetros variáveis, com competência para cortes de

grandes profundidades. FILHO (2006) descreve esta máquina de desdobramento de

blocos com uma estrutura de sustentação por colunas metálicas/concreto que

suportam uma trave ou ponte, na qual estão instalados o mandril e o conjunto de

acionamento dos discos (Fig. 3.8).

A utilização desses equipamentos é recente e pouco difundida em relação aos

teares. São apropriados para determinados tipos de desdobramentos e sua

aplicação só foi possível devido ao avanço tecnológico de diamantes em

ferramentas de cortes e com a diminuição dos custos das máquinas diamantadas.

(FILHO, 2006).

Segundo CHIODI FILHO (1995, apud FILHO, 2006), os talha-blocos têm uma

produtividade 10 % maior que os teares, em média. O autor ainda frisa que os

blocos podem ser desdobrados em várias formas, devido a sua movimentação nos

mais variados ângulos, e por isso são mais versáteis que os teares.

12

Figura 3.8 – Talha-bloco com Discos Diamantados (FILHO, 2006).

3.1.3.3. Fios Diamantados

FILHO (2006) salienta que o funcionamento do equipamento de corte com fio

diamantado é bastante simples. Ele é constituído de um conjunto de polias

acionadas por um motor, o qual imprime uma velocidade e um tensionamento ao fio

diamantado (Fig. 3.9). KASCHNER (1996, apud FILHO, 2006) evidencia que essas

máquinas estão disponíveis no mercado e com seu uso corrente. Alguns fabricantes

já disponibilizaram, para a indústria de desdobramentos, exemplares que permitem o

corte programado em curvas e, portanto, a execução de cortes em forma e

desenhos antes inimagináveis.

Figura 3.9 – Corte com Fios Diamantados (FILHO, 2006).

13

3.1.4. Geração de Resíduos

Os processos de extração, serragem e acabamento são responsáveis por toda a

produção de resíduo gerado na industrialização de rochas ornamentais. A Fig. 3.10

demonstra todas as etapas do desdobramento, bem como todos os momentos em

que são gerados os resíduos. Tais resíduos são: os resíduos da extração, os

resíduos do processo de corte e serragem (RCG), e o resíduo da etapa de

beneficiamento.

Figura 3.10 – Processos de Desdobramento de Rochas Ornamentais (GONÇALVES, 2000).

Segundo SOUSA (2007) a lama abrasiva (água, granalha, cal e rocha moída) é o

principal resíduo produzido na etapa serragem de rochas ornamentais. O Estado do

Espírito Santo produz aproximadamente 4.000 toneladas de rejeitos por mês. A lama

abrasiva é acumulada em torno das serrarias nos tanques de decomposição (Fig.

3.11), a céu aberto, sem nenhum plano de prevenção contra os danos provocados a

natureza, bem como aos mananciais de rios.

14

Figura 3.11 – Tanque de Decantação de Resíduos (lama) (SOUSA, 2007).

O volume de resíduo gerado pelo beneficiamento de rochas ornamentais (mármores

e granitos) é bastante relevante. Contudo, oscilações nestes valores existem devido

às variações de demanda do mercado consumidor. O volume total do pó produzido

no processo de serragem é bastante significativo, capaz de gerar problemas de

transporte, estocagem, econômicos, de manutenção dos depósitos e ambiental

(GONÇALVES, 2000).

15

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Cimento

O cimento CPV - ARI é um “aglomerante hidráulico que atende as exigências de alta

resistência inicial, obtido pela moagem de clinquer Portland, constituído em sua

maior parte de silicatos de cálcio hidráulicos, ao qual se adiciona, durante a

operação, a quantidade necessária de uma ou mais formas de sulfato de cálcio”.

(ABNT NBR 5733/1991). Durante a moagem é permitido adicionar a esta mistura

materiais carbonáticos, em teores apresentados na Tab. 4.1 abaixo.

Tabela 4.1 – Componente do cimento Portland de alta resistência inicial

Componentes (% em massa)

Sigla Clínquer + sulfatos de cálcio

Material carbonático

CPV – ARI 100 – 95 0 – 5

O cimento utilizado no experimento foi o CPV – ARI em virtude da sua alta

resistência em baixas idades e também por possuir pequenas quantidades de

adição mineral.

4.2. Massa Específica

A massa específica do cimento foi determinada de acordo com a ABNT NBR NM

23/2000 que prescreve o método de determinação da massa específica do cimento

portland e outros materiais em pó, por meio do frasco de Le Chatelier (Fig. 4.1).

A norma especifica que o reagente a ser utilizado deve ser um líquido que não reaja

quimicamente com o material e que tenha densidade igual ou superior a 0,731 g/cm³

a 15°C, e inferior à dos materiais a serem ensaiados. Portanto, o líquido escolhido

para o ensaio foi o querosene que possui densidade igual a 0,8 g/cm³.

16

O ensaio consiste em determinar a massa específica conforme a expressão a

seguir.

γ � �

� �g cm³⁄ (4.1)

Onde:

γ = massa específica do material ensaiado em g/cm³;

m = massa do material ensaiado em gramas;

V = volume deslocado pela massa do material ensaiado (V2 – V1), em

centímetros cúbicos.

Figura 4.1 – Ensaio de Massa Específica do Cimento.

4.3. Areia

O agregado miúdo empregado na produção dos corpos de prova para análise das

propriedades mecânicas foi uma areia média disponível no mercado local (Praça

Belo Horizonte), que se apresenta de acordo com prescrições estabelecidas pela

normalização ABNT NBR 7211/2005. Para análise da atividade pozolânica do

resíduo de granito foi utilizada uma areia normatizada do IPT.

17

4.3.1. Composição Granulométrica

O ensaio de determinação da composição granulométrica do agregado miúdo,

utilizado na fabricação da argamassa, foi realizado de acordo com a ABNT NBR NM

248/2003.

A NBR prescreve como massa mínima, amostra de 300g para realização do ensaio.

Utilizou-se 500g da amostra de areia para o peneiramento. Estas foram secas em

estufa por 24 horas e logo depois esfriadas à temperatura ambiente. Após este

procedimento a amostra foi peneirada e posteriormente realizada a pesagem das

quantias retidas em cada peneira. Por determinação da mesma norma, esse ensaio

foi realizado duas vezes e o resultado final foi a média das duas determinações.

Obteve-se a dimensão máxima característica correspondente à abertura, em

milímetros, da malha da peneira da porcentagem retida acumulada imediatamente

inferior a 5% em massa. O módulo de finura foi obtido através da soma das

porcentagens retidas acumuladas, nas peneiras da série normal dividido por 100.

4.3.2. Massa Específica

A determinação da massa específica do agregado miúdo foi realizada conforme as

diretrizes da ABNT NBR 9776/1987, por meio da utilização do frasco de Chapman.

O ensaio tem o objetivo de determinar a massa específica da amostra de acordo

com a expressão abaixo.

γ ��

��� �g cm³⁄ (4.2)

Onde:

γ = Massa Específica do agregado miúdo expressa em g/cm3,

L = Leitura do frasco (volume ocupado por água - agregado miúdo).

Figura

4.3.3. Teor de Umidade

O ensaio para a determinação do teor de u

acordo com a ABNT NBR 9939/1987.

em seu estado seco ao ar e também

calculado através da expressão

Tu = Pu

Onde:

Pu = Peso Úmido

Ps = Peso Seco

4.4. Resíduo de Granito

Foi utilizado como adição um resíduo

Itapemirim, E.S., oriundo do processamento de blocos.

Tal resíduo foi colhido em pista de corte em que se processam apenas granito. A

lama apresenta-se com a

quando seca (Fig. 4.4). A amostra foi retirada após desdobramento de blocos de

Figura 4.2 – Ensaio de Massa Específica Areia.

Teor de Umidade

O ensaio para a determinação do teor de umidade da amostra

NBR 9939/1987. Conforme a norma, as amostras são pesadas

em seu estado seco ao ar e também secas em estufa a 105°C. O teor de

calculado através da expressão a seguir.

Tu = Pu – Ps x 100 (%) (4.3) Ps

Resíduo de Granito

Foi utilizado como adição um resíduo de granito proveniente de Cachoeiro de

oriundo do processamento de blocos.

resíduo foi colhido em pista de corte em que se processam apenas granito. A

com a coloração escura, quando úmida (Fig.

. A amostra foi retirada após desdobramento de blocos de

18

midade da amostra foi executado de

Conforme a norma, as amostras são pesadas

O teor de umidade é

de granito proveniente de Cachoeiro de

resíduo foi colhido em pista de corte em que se processam apenas granito. A

(Fig. 4.3) e mais clara

. A amostra foi retirada após desdobramento de blocos de

19

granito em teares de fio diamantado (corte não metálico), assim, se apresenta

ausente de granalha proveniente dos processos tradicionais de corte.

Esta amostra foi acondicionada em recipientes plásticos, identificados e lacrados em

sua origem. O transporte se deu para o laboratório multiusuário do Grupo de

Pesquisa RECICLOS, localizado no Centro Federal de Educação Tecnológica de

Minas Gerais (CEFET-MG).

Figura 4.3 – Resíduo de Granito Úmido.

Figura 4.4 – Resíduo de Granito Seco.

20

4.4.1. Ativação Mecânica

Após a secagem do material em estufa a 105°C, a moagem do material foi realizada

em um moinho de bolas cerâmico de diâmetro igual a 36cm e comprimento igual a

46cm, conforme a Fig. 4.5. A ativação mecânica se deu durante 12 e 24 horas.

Obtiveram-se, assim, amostras de Resíduo de Granito Ativado Mecanicamente

durante 12 horas (RGAM12) e 24 horas (RGAM24), respectivamente. Assim, as

substituições foram efetuadas com três tipos de materiais: Resíduo de Granito In

Natura (RGN), RGAM12 e RGAM24.

(a)

(b)

Figura 4.5 – Ativação Mecânica.

(a) Amostras Ativadas Mecanicamente (b) Moinho de Bolas

4.4.2. Análise Granulométrica

A análise granulométrica foi realizada com uso do equipamento Mastersizer 2000.

Inicialmente a amostra foi dispersa em 50ml de água deionizada e foi levada a

ultrassom em amplitude 30 por 4 minutos. Preencheu-se o compartimento de

amostra com água deionizada e o material foi adicionado gradualmente até atingir a

obscuração necessária para realização da medida. A dispersão foi mantida sob

agitação de 1750 rpm por 30 minutos. Os parâmetros utilizados nos cálculos foram

sensibilidade normal e partícula esférica. Para o cálculo das curvas de distribuição

granulométrica foi utilizada a Teoria de Fraunhofer, pois se trata de uma mistura de

índice de refração desconhecido. Por ser uma aproximação, essa teoria possui uma

grande limitação, pois para partículas muito pequenas, o resultado apresenta erro

significativo.

21

A análise de densidade foi realizada em um picnômetro a hélio (He) AccuPyc 1330

Pycnometer da Micrometics Intrument Corporation. A amostra foi seca em estufa a

60°C até peso constante. Na cubeta do picnômetro colocou-se volume suficiente

para encher aproximadamente 1/3 da capacidade do cadinho, equivalendo ao

volume calibrado, cujo peso foi determinado em balança analítica. Foram realizadas

15 purgas antes do início da leitura. O resultado obtido é decorrente da média de

cinco leituras. Este método foi executado nas amostras de RGN, RGAM12 e

RGAM24

4.4.3. Composição Química e Mineralógica

A composição química do resíduo de granito foi obtida por via úmida e a composição

mineralógica por difração de raios x (DRX), método do pó, conduzido pelo

equipamento Bruker-AXS D5005 (feixe paralelo de raios X, radiação Co Kα (35

kV/40 mA; velocidade do goniômetro de 0,02o 2θ por passo com tempo de contagem

de 1,0 segundo por passo e coletados de 5 a 80º 2θ). A interpretação qualitativa de

espectro foi efetuada por comparação com padrões contidos no banco de dados

PDF02 (ICDD, 1996) em software Bruker DiffracPlus. O ensaio foi realizado nos

laboratórios do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) através do Programa de

Pós-Graduação em Engenharia Metalúrgica e de Materiais (PROPEMM)

4.4.4. Massa Específica

A massa específica das três amostras (RGN, RGAM12 e RGAM24) foi determinada

de acordo com a ABNT NBR NM 23/2000. O método utilizado foi o mesmo descrito

para a determinação da massa específica do cimento.

4.4.5. Índice de Atividade Pozolânica

A determinação do Índice de Atividade Pozolânica (IAP) com cimento foi realizada

de acordo com ABNT NBR 5752/1992. O método consiste na produção de duas

argamassas distintas: (i) A, sem substituição do cimento, e (ii) argamassa B, com

substituição de 35% do volume absoluto do cimento. O índice de consistência

estabelecido é de 225±5 mm, conforme a ABNT NBR 7215/1996, e o número de

22

amostragem são de três corpos de prova cilíndricos (Cp`s). Neste trabalho foi

moldado quatro Cp`s para cada tipo de argamassa. Como a quantidade de amostras

a serem analisadas eram três, foram moldados um total de 16 Cp`s.

Após a moldagem dos Cp`s, estes foram colocadas em cura úmida durante 28 dias.

Foi feito, ainda, a ruptura à compressão dos Cp`s de acordo com as recomendações

da NBR 7215. O IAP é definido pela expressão abaixo.

IAP ����

��� x 100 �% (4.4)

Onde:

fcB = Resistência média, aos 28 dias, dos CP`s da argamassa B,

fcA = Resistência média, aos 28 dias, dos CP`s da argamassa A.

4.5. Matriz Cimentícia

4.5.1. Dosagem

De acordo com as prescrições da ABNT NBR 7215/1996, os corpos de prova da

matriz cimentícia foram confeccionados com o traço composto de uma parte de

cimento, três de areia, em massa, e com relação água/cimento de 0,48, determinada

segundo dosagens em atendimento ao espalhamento da argamassa obtida na mesa

de fluxo.

Figura 4.6 – Máquina de preparação da argamassa.

23

4.5.2. Densidade de Massa no Estado Endurecido

O ensaio de densidade de massa no estado endurecido foi realizado segundo

prescrições da ABNT NBR 13280/2005.

Para este ensaio foram usados três corpos de prova, secos a temperatura ambiente,

com dimensões 4cmx4cmx16cm e 28 dias de idade. As determinações das

dimensões foram adquiridas através de um paquímetro, de capacidade de 300 mm.

A altura, largura e do comprimento de cada corpo-de-prova foram registradas em

centímetros. Para cada CP, obtêm-se também suas respectivas massas.

O volume dos corpos-de-prova é determinado em centímetros cúbicos, a partir das

medidas da largura (L), da altura (H) e do comprimento (C) através da equação

apresentada a seguir.

V � L � H � C �cm³ (4.5)

Onde:

L = Largura, em centímetros;

H = Altura, em centímetros;

C = Comprimento, em centímetros.

E o valor da densidade de massa no estado endurecido é conhecido através da

seguinte equação.

!"á# �$

�� 1000 �Kg/m³ (4.6)

Onde:

M = massa Cp seco a temperatura ambiente (g);

V= volume (cm3).

24

(a)

(b)

(c)

Figura 4.7 – Ensaio da densidade da massa no estado endurecido.

(a) Medição do comprimento (b) Medição da largura (c) Medição da Massa.

4.5.3. Resistência à Compressão Axial

4.5.3.1. Moldagem e Preparação dos Corpos-de-prova

A confecção dos corpos-de-prova cilíndricos foi realizada segundo as prescrições da

ABNT NBR 7215/1996. A matriz foi preparada por meio de um misturador mecânico

e compactada manualmente nos moldes, preenchendo-os com quatro camadas

aproximadamente iguais, recebendo cada camada 30 golpes uniformes com um

soquete.

Os moldes que contêm os corpos-de-prova foram desmoldados com 24 horas,

identificados e imersos em um recipiente contendo água não corrente. Os CP`s

foram rompidos nas idades de 1, 3, 7 e 28 dias, sendo todos devidamente capeados

com uma mistura de enxofre (Fig. 4.8).

25

(a) (b)

(c)

(d)

Figura 4.8 – Moldagem e Preparação CP`s para Ensaio de Compressão.

(b) Moldes Cilíndricos (b) CP`s Desmoldados e Identificados (c) Processo de Cura (d)

Capeamento com Enxofre.

4.5.3.2. Determinação da Carga de Resistência à Compressão

O ensaio de resistência à compressão dos corpos-de-prova cilíndricos foi executado

conforme a ABNT NBR 7215/1996. O método compreende na determinação da

resistência à compressão de corpos-de-prova cilíndricos de 50 mm de diâmetro e

100 mm de altura. A velocidade do carregamento da máquina de ensaio foi

equivalente a 0,25±0,05 MPa/s. A Fig. 3.8 representa o corpo-de-prova na cápsula

de rompimento e pronta para ser ensaiada. Ao usar prensas para concreto em

corpos de prova de dimensões 5X10cm, corre-se o risco de romper o Cp por

cisalhamento, visto que a rótula do equipamento é proporcional aos corpos de prova

de 15X30 e 10X20cm. Para corrigir esse problema, emprega-se o dispositivo de

RILEM com rótula apropriada para o Cp de 5X10cm. Por isso, utilizou-se este

dispositivo para melhorar a transferência de carga do sistema ao Cp.

26

Figura 4.9 – Ensaio de resistência à compressão axial.

4.5.4. Resistência à Tração na Flexão

4.5.4.1. Moldagem e Preparação dos Corpos-de-prova

A confecção dos corpos-de-prova cilíndricos foi realizada seguindo as prescrições

da ABNT NBR 13279/2005. A moldagem dos corpos-de-prova foi feita em moldes de

dimensões 40 x 40 x 16 mm. O molde foi preso à mesa de adensamento e uma

quantidade da matriz introduzida diretamente em cada compartimento do molde.

Logo após, aplica-se 30 quedas na primeira e segunda camada, através da mesa de

adensamento rasando os corpos-de-prova em seguida. Os moldes que contêm os

corpos-de-prova foram desmoldados com 24 horas, identificados e imersos em um

recipiente contendo água não corrente. Os CP`s foram rompidos nas idades de 1, 3,

7 e 28 dias (Fig. 4.10)

27

(a)

(b)

(c)

Figura 4.10 – Moldagem e Preparação CP`s para Ensaio de Tração na Flexão.

(a) Molde Prismático (b) Moldagem CP`s (c) CP`s Desmoldados e Identificados.

4.5.4.2. Determinação da Carga de Resistência à Tração na Flexão

O ensaio de resistência à tração na flexão foi realizado segundo especificações da

ABNT NBR 13279/2005. Os corpos-de-prova foram posicionados nos dispositivos de

apoio do equipamento de ensaio que estão distantes entre si (100,0 ± 0,5) mm e a

carga foi aplicada centralizadamente entre os apoios, de modo que a face rasada

não entrou em contato com os dispositivos de apoio, nem com o dispositivo de

carga. Aplicou-se então uma carga de (50 ± 10) N/s até a ruptura do corpo-de-prova.

A resistência à tração na flexão é calculada de acordo com a equação a seguir.

'( �),�+, ·.

/ ³ �MPa (4.7)

Onde:

Rf = resistência à tração na flexão, em MPa;

28

Ff = carga aplicada verticalmente no centro do prisma, em N;

L = distância entre os suportes, em mm.

Figura 4.11 – Ensaio de resistência à tração na flexão.

APOIO APOIO

APLICAÇÃO DE CARGA

29

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Caracterização do Agregado Miúdo

5.1.1. Distribuição Granulométrica

Os resultados do ensaio de granulometria da amostra de areia foram obtidos de

acordo com a ABNT NBR NM 248/2003 e relacionam-se à média das duas amostras

analisadas, de acordo com as prescrições normativas.

As Tabelas 5.1 e 5.2 mostram a porcentagem média retida acumulada da areia, o

módulo de finura, a dimensão máxima do agregado e o teor de material pulverulento

presente na amostra. A Fig. 5.1 representa a distribuição da curva granulométrica.

Tabela 5.1 – Porcentagem em massa retida acumulada da Amostra

Peneira ABNT

(mm)

Porcentagem em massa retida acumulada, nas peneiras ABNT

Zona Ótima % Zona Utilizável % Areia %

9.5 0% 0% 0% 0% 0% 6.3 0% 0% 0% 7% 0% 4.8 0% 5% 0% 10% 0% 2.4 10% 20% 0% 25% 1% 1.2 20% 30% 5% 50% 9% 0.6 35% 55% 15% 70% 38% 0.3 65% 85% 50% 95% 74% 0.15 90% 95% 85% 100% 93%

Tabela 5.2 – Módulo de Finura, Dimensão Máx. e Mat. Pulverulento

Módulo Finura 2,15 Dimensão. Máxima (mm) 2,4 Material Pulverulento (%) 3,4

30

Figura 5.1 – Curva Granulométrica da Areia

A partir dos resultados pode-se concluir que a areia utilizada possui as prescrições

estabelecidas pela norma ABNT NBR 7211/2005. A curva granulométrica da

amostra está dentro da zona utilizável, seu módulo de finura está entre 1,55 e 2,20 e

percentual de materiais pulverulentos está abaixo de 5%.

5.1.2. Massa Específica

A massa específica da areia utilizada como agregado miúdo foi obtida de acordo

com a ABNT NBR 9776/1987. O resultado da massa específica foi 2,56 g/cm³, que é

a média de duas amostras analisadas, conforme prescrições normativas.

5.1.3. Teor de Umidade

Os resultados do ensaio para a determinação do teor de umidade das amostras

foram obtidos conforme a ABNT NBR 9939/1987. O resultado do teor de umidade foi

1,16% e relaciona-se à média de três amostras analisadas, conforme prescrições

normativas.

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0,1 1 10

Pas

san

te

Ret

ida

Diâmetro partículas (mm)

Zona ótima Zona utilizável Amostra

31

5.2. Caracterização do Cimento

5.2.1. Massa Específica

A massa específica da amostra do Cimento CPV-ARI foi obtida de acordo com a

ABNT NBR NM 23/2000. O resultado foi de 3,12 g/cm³, que é a média de duas

amostras analisadas, conforme prescrições normativas.

5.3. Caracterização do Resíduo de Granito

5.3.1. Massa Específica

O resultado da massa específica das amostras RGN, RGAM12, RGAM24 foram

2,63, 2,73 e 2,75 g/cm³, respectivamente. A Fig. 5.2 apresenta uma comparação

entre os resultados da massa específica da areia, do cimento e dos resíduos de

granito.

Figura 5.2 – Comparação Massa Específica da Areia, Cimento e Resíduos de Granito

2,65

3,12

2,632,73 2,75

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

Mas

sa E

spec

ífic

a (g

/cm

³)

Cimento RGN RGAM12 RGAM24Areia

32

Com base no gráfico percebe-se um aumento na massa específica do RGAM12 e

RGAM24, em relação ao resíduo natural, devido à ativação mecânica. Verifica-se

também que em relação aos tempos de ativação, 12 e 24 horas, não houve um

ganho significativo nas massas específicas.

5.3.2. Distribuição Granulométrica

De acordo com a norma ABNT NBR 12653/1992, os materiais pozolânicos podem

ser classificados em três classes: pozolanas naturais (N), cinza volante (C), outras

pozolanas (N).

As distribuições granulométricas das amostras de RGN, RGAM12 e RGAM 24 estão

apresentadas nas Fig. 5.3, 5.4 e 5.5 a seguir. As tabelas com os volumes de cada

dimensão dos grãos estão em anexo, para melhor visualização, no corpo deste

trabalho.

Tabela 5.3 – Exigências Físicas Materiais Pozolânicos

Exigências Físicas – NBR 12653

Propriedades Classe de Material pozolânico

N C E Material retido na peneira 45µm, % máx. 34 34 34

Adaptado da NBR 12653/1992

Figura 5.3 – Composição Granulométrica do RGN

0

20

40

60

80

100

120

0

1

2

3

4

5

6

7

0,01 0,1 1 10 100 1000 10000

VO

LUM

E A

CU

MU

LAD

O (

%)

VO

LUM

E (%

)

DIMENSÃO PARTÍCULAS (µm)

33

Figura 5.4 – Composição Granulométrica do RGAM12

Figura 5.5 – Composição Granulométrica do RGAM24

A distribuição granulométrica das amostras RGAM12 e do RGAM24 é bastante

parecida (o que está em concordância com os resultados de massa específica), mas

significativamente diferente do resíduo não ativado RGN. Através Tab. 5.3 verifica-

se que os três resíduos atendem aos requisitos da norma, o que implica uma

classificação potencial de materiais pozolânicos classe N.

0

20

40

60

80

100

120

0

1

2

3

4

5

6

7

0,01 0,1 1 10 100 1000 10000

VO

LUM

E A

CU

MU

LAD

O (

%)

VO

LUM

E (%

)

DIMENSÃO PARTÍCULAS (µm)

0

20

40

60

80

100

120

0

1

2

3

4

5

6

7

0,01 0,1 1 10 100 1000 10000

VO

LUM

E A

CU

MU

LAD

O (

%)

VO

LUM

E (%

)

DIMENSÃO PARTÍCULAS (µm)

34

5.3.3. Composição Química e Mineralógica

A análise química do resíduo de granito está apresentada na Tab. 5.4.

Tabela 5.4 – Análise Química do Resíduo de Granito

Análise Química

Composto Químico %

SiO2 67,14

Al2O3 14,92

K2O 5,18

Na2O 2,93

Fe2O3 4,40

CaO 1,91

TiO2 0,73

MgO 0,73

P.F 0,50

SiO2+ Al2O3+ Fe2O3 86,46

A amostra atendeu aos requisitos estabelecidos em norma quanto às exigências

químicas, pois o somatório das porcentagens de Si, Al e Fe estão acima de 70%

(Fig. 5.3). Isto sugere uma classificação do resíduo de granito como pozolanas

naturais (N).

Tabela 5.5 – Exigências Químicas Materiais Pozolânicos

Exigências Químicas – NBR 12653

Propriedades

Classe de Material pozolânico Amostra

N C E

SiO2+ Al2O3+ Fe2O3, % mín. 70 70 50 86,46

Perda ao fogo, % Max. 10,0 6,0 6,0 0,5

Adaptado da NBR 12653/1992

35

5.3.4. Índice de Atividade Pozolânica (IAP)

O índice de atividade pozolânica das três amostras de resíduo de granito foi

determinado de acordo com as prescrições da norma ABNT NBR 5752/1992. Os

resultados de resistência à compressão utilizados para o cálculo dos IAP’s estão

mostrados na Tabela 5.6.

Tabela 5.6 – Resultados Resistência à Compressão Axial (IAP)

Resistência Média à Compressão Axial (MPa)

Idade Rompimento

Referência RGN RGAM12 RGAM24

28 dias 34,62 24,51 23,45 25,26

Desvio Padrão 0,96 1,05 0,42 0,47

Quando se compara os resultados de resistência à compressão das amostras RGN,

RGAM12 e RGAM24 verifica-se que eles são praticamente iguais. Mas existe uma

diferença quando estes são comparados com a matriz referência.

Segundo a ABNT NBR 12653/1992, material pozolânico é aquele que possui o

índice de atividade pozolânica mínimo de 75%. De acordo com a Fig. 5.6 os

resultados demonstram que os resíduos de granito não podem ser considerados

pozolânicos.

Figura 5.6 – Índice de Atividade Pozolânica

70,80% 67,74%72,98%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Po

rcen

tag

em (

%)

RGN RGAM12 RGAM24

36

5.4. Caracterização da Matriz Cimentícia

5.4.1. Densidade da Massa no Estado Endurecido

Os resultados com relação densidade de massa no estado endurecido foram obtidos

através de ensaio de acordo com prescrições da ABNT NBR 13280/2005.

Os valores das densidades de cada traço estão apresentados na Fig. 5.7.

Figura 5.7 – Gráfico Comparativo da Densidade da Massa no Estado Endurecido

De um modo geral, a Fig. 5.7 mostra um crescimento de massa específica no estado

endurecido na medida em que os teores de substituição aumentam e também

dependente do tipo de materiais que foram usados como substituição (ativado por

12 horas ou 24 horas). Comparando os teores de substituição, RGN e RGAM24

possuem resultados semelhantes tanto para 10% quanto 20% de substituição. Já o

RGAM12 é a formulação com maior diferença em massa para teores de 10% e 20%

de resíduo de granito.

21382140 2142

2144

2154

21632166

2120

2125

2130

2135

2140

2145

2150

2155

2160

2165

2170

DEN

SID

AD

E (K

g/m

³)

RGN - 10% RGN - 20% RGAM1210%

RGAM1220%

REFERÊNCIA RGAM2420%

RGAM2410%

37

5.4.2. Resistência à Compressão Axial

O ensaio de resistência à compressão axial foi executado de acordo com a ABNT

NBR 7215/1996 e os resultados estão representados na Tab. 5.7.

Tabela 5.7 – Resultados Resistência à Compressão Axial

Resistência Média à Compressão Axial (MPa)

Idade Rompimento

Referência RGN 10%

RGN 20%

RGAM12 10%

RGAM12 20%

RGAM24 10%

RGAM24 20%

1 dia 28,61 23,22 19,91 21,51 21,39 23,65 18,87 3 dias 37,51 36,29 29,48 35,00 32,43 31,50 30,04 7 dias 40,28 38,62 30,82 38,43 36,12 36,27 34,97

28 dias 48,32 43,69 36,30 43,72 42,72 41,23 37,56

Ainda foram produzidos gráficos comparativos entre a matriz referência e as

matrizes com substituições. Os gráficos que estão apresentados nas figuras 5.8 a

5.10 representam as curvas de tendência durante o período de 1 a 28 dias das

matrizes.

De um modo geral, os resultados obtidos mostram que as matrizes com teores de

substituição obtiveram resultados de resistência menores quando comparados com

a matriz referência.

Figura 5.8 – Gráfico Comparativo Referência x RGN (Compressão).

R² = 0,98

R² = 0,96

R² = 0,95

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

50,00

0 5 10 15 20 25 30

Ten

são

(M

Pa)

Dias

Referência

RGN - 10%

RGN - 20%

38

Figura 5.9 – Gráfico Comparativo Referência x RGAM12 (Compressão).

Figura 5.10 – Gráfico Comparativo Referência x RGAM24 (Compressão).

As Fig. 5.8 e 5.10 mostram que, para as formulações contendo resíduo de granito

não ativado (RGN) e resíduo ativado por 24 horas (RGAM24), a resistência à

compressão diminui para uma maior substituição do cimento, durante todo o período

de 28 dias analisado. O mesmo ocorre para as formulações contendo o resíduo

ativado por 12 horas (RGAM12) (Fig. 5.9), porém as resistências são mais próximas

daquela da formulação de referência.

R² = 0,98

R² = 0,97

R² = 0,95

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

50,00

0 5 10 15 20 25 30

Ten

são

(M

Pa)

Dias

Referência

RGAM12 - 10%

RGAM12 - 20%

R² = 0,98

R² = 0,97

R² = 0,99

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

50,00

0 5 10 15 20 25 30

Ten

são

(M

Pa)

Dias

Referência

RGAM24 -

10%

39

5.4.3. Resistência à Tração na Flexão

A Tab. 5.8 apresenta os resultados do ensaio de resistência à tração na flexão

através das especificações da ABNT NBR 13279/2005. As Fig. 5.11 a 5.13

representam as curvas de tendência durante o período de 1 a 28 dias das matrizes.

Tabela 5.8 – Resultados Resistência à Tração na Flexão

Resistência Média à Compressão Axial (MPa)

Idade Rompimento

Referência RGN 10%

RGN 20%

RGAM12 10%

RGAM12 20%

RGAM24 10%

RGAM24 20%

1 dia 5,41 5,92 5,61 5,35 5,11 5,54 5,42 3 dias 5,90 6,18 6,35 5,64 5,99 5,81 6,15 7 dias 6,31 6,55 6,80 6,14 6,40 6,28 6,76

28 dias 7,16 7,35 7,34 6,45 7,39 6,69 7,76

Para as formulações contendo resíduo de granito sem ativação mecânica (RGN), as

resistências à tração na flexão foram superiores a resistência de referência durante

o período analisado, para os níveis de 10% e 20% de substituição (Fig 5.11). No

entanto, para as argamassas confeccionadas com resíduo ativado mecanicamente

por 12 ou 24 horas (RGAM12 e RGAM 24), a resistência à tração na flexão só foram

superiores a de referência quando o teor de substituição foi de 20%.

Figura 5.11 – Gráfico Comparativo Referência x RGN (Tração).

R² = 0,99

R² = 0,96

R² = 0,98

5,00

5,50

6,00

6,50

7,00

7,50

8,00

0 5 10 15 20 25 30

Ten

são

(M

Pa)

Dias

Referência

RGN - 10%

RGN - 20%

40

Figura 5.12 – Gráfico Comparativo Referência x RGAM12 (Tração).

Figura 5.13 – Gráfico Comparativo Referência x RGAM24 (Tração).

R² = 0,99

R² = 0,97

R² = 0,99

5,00

5,50

6,00

6,50

7,00

7,50

8,00

0 5 10 15 20 25 30

Ten

são

(M

Pa)

Dias

Referência

RGAM12 - 10%

RGAM12 - 20%

R² = 0,99

R² = 0,98

R² = 0,99

5,00

5,50

6,00

6,50

7,00

7,50

8,00

0 5 10 15 20 25 30

Ten

são

(M

Pa)

Dias

Referência

RGAM24 - 10%

RGAM24 - 20%

41

6. CONCLUSÃO

Os resultados obtidos neste trabalho permitem as seguintes conclusões:

- A substituição do cimento por resíduo de granito não representa solução

adequada de acordo com as técnicas e procedimentos estabelecidos nesta

pesquisa experimental, embora seja possível perceber algumas melhorias

pontuais nas características físicas e mecânicas das dosagens,

especificamente nos ensaios de resistência à tração na flexão.

- Os resultados de massa específica demonstram que não houve um

diferencial no que tange a tempo ativação mecânica (12 e 24 horas). Portanto,

pode-se concluir que as amostras de RGAM12 e RGAM24 são iguais

fisicamente.

- A ativação mecânica do resíduo de granito indicou que as moagens de 12 e

24 horas produziram materiais semelhantes em relação a granulometria, com

potencial pozolânico de classe N.

- Ainda que a composição química dos resíduos estudados tenha mostrado

que os quantitativos de SiO2, Al2O3 e Fe2O3, indicam um potencial pozolânico

de classe N.

- As matrizes cimentícias, com substituição de 10% e 20% do cimento por

RGN, RGAM12 e RGAM24 não apresentaram potencial pozolânico (70,8%;

67,7%;72,9% < 75%).

- A substituição do cimento por RGN, RGAM12 e RGAM24 produziu

resultados de resistência à compressão inferior ao valor de referência, em

todos os teores de substituição.

- Porém, a substituição de 20% do cimento Portland por RGN, RGAM12 ou

RGAM24 proporciona melhorias na resistência à tração na flexão quando

comparada com o valor de referêcia. O que não pode ser observado para o

teor de 10% de substituição do cimento, exceto para RGN.

De um modo geral, a utilização do resíduo de granito requer análises mais

específicas.

42

7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Dada a relevância que a exploração/beneficiamento de granito representa para

construção civil e para região sudeste, sugere-se:

- Experimentos para determinação do IAP a partir de métodos

termogravimétricos e potencial elétrico.

- Avaliar expansão devido a reação álcali-sílica.

- Produzir matrizes com agregado miúdo, agregado graúdo e lama, totalmente

oriundos do processo de corte (blocos e chapas) e polimento (chapas).

43

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE ROCHAS ORNAMENTAIS. Rochas

Ornamentais no século XXI. Disponível em: <http://www.abirochas.com.br/livro.php>.Acesso

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Determinação de atividade pozolânica com cimento Portland - Índice de atividade pozolânica

com cimento. Rio de Janeiro. 1992.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7211. Agregado para concreto

– especificação. Rio de Janeiro, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7215. Cimento Portland –

Determinação da Resistência á compressão. Rio de Janeiro. 1996

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9776. Agregados –

Determinação da massa específica de agregados miúdos por meio do frasco Chapman. Rio

de Janeiro, 1987.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9939. Agregados –

Determinação do teor de umidade total, por secagem. Rio de Janeiro, 1987.

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assentamento e revestimento de paredes e tetos – Determinação da resistência à

compressão – método de ensaio. Rio de Janeiro, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13280. Argamassa para

assentamento e revestimento de paredes e tetos - determinação da densidade de massa

aparente no estado endurecido. Rio de Janeiro, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12653. Materiais Pozolânicos.

Rio de Janeiro, 1992.

ASSOCIAÇÃO MERCOSUL DE NORMALIZAÇÃO. NBR NM 23. Cimento portland e outros

materiais em pó - Determinação da massa específica. 2000

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44

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Serradas de Granitos Ornamentais. Dissertação. (Mestrado em Geotecnia) – USP, São

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Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia de Minas. São Paulo, 1998.

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Ornamentais com Vistas a Uma Produção Mais Limpa: Aplicação em Cachoeiro de

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ornamentais/A%20INDUSTRIA%20DE%20ROCHAS%20ORNAMENTAIS.pdf> Acesso em:

29 de agosto de 2010.

46

9. ANEXOS

RGN

RGAM12

Size (µm)0.010

0.011

0.013

0.015

0.017

0.020

0.023

0.026

0.030

0.035

0.040

0.046

0.052

0.060

0.069

0.079

0.091

0.105

Volume In %

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

Size (µm)0.105

0.120

0.138

0.158

0.182

0.209

0.240

0.275

0.316

0.363

0.417

0.479

0.550

0.631

0.724

0.832

0.955

1.096

Volume In %

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.10

0.17

0.28

0.43

0.61

0.83

1.07

Size (µm)1.096

1.259

1.445

1.660

1.905

2.188

2.512

2.884

3.311

3.802

4.365

5.012

5.754

6.607

7.586

8.710

10.000

11.482

Volume In %

1.31

1.56

1.79

2.00

2.18

2.35

2.51

2.65

2.80

2.94

3.08

3.23

3.37

3.52

3.67

3.80

3.91

Size (µm)11.482

13.183

15.136

17.378

19.953

22.909

26.303

30.200

34.674

39.811

45.709

52.481

60.256

69.183

79.433

91.201

104.713

120.226

Volume In %

3.99

4.03

4.02

3.97

3.86

3.72

3.56

3.37

3.16

2.94

2.70

2.44

2.16

1.84

1.50

1.14

0.79

Size (µm)120.226

138.038

158.489

181.970

208.930

239.883

275.423

316.228

363.078

416.869

478.630

549.541

630.957

724.436

831.764

954.993

1096.478

1258.925

Volume In %

0.49

0.14

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

Size (µm)1258.925

1445.440

1659.587

1905.461

2187.762

2511.886

2884.032

3311.311

3801.894

4365.158

5011.872

5754.399

6606.934

7585.776

8709.636

10000.000

Volume In %

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

0.00

47

RGAM24