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VERSÃO PRELIMINAR PARA DISCUSSÃO - SETEMBRO/2003 Ministério das Cidades Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ÁGUA DTA A2 DTA - Documento Técnico de Apoio nº A2 INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

DTA A2 RA_PNCDA

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  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003

    Ministrio das Cidades Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental

    PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE AO DESPERDCIO DE GUA

    DTA A2

    DTA - Documento Tcnico de Apoio n A2 INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003

    MINISTRO DAS CIDADES Olvio Dutra

    SECRETRIA EXECUTIVA E MINISTRA ADJUNTA Ermnia Maricato

    SECRETRIO NACIONAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL Abelardo de O. Filho

    COORDENAO TCNICA DOS TRABALHOS Pela FUSP: Racine Tadeu Arajo Prado Pelo Ministrio das Cidades: Claudia Monique Frank Albuquerque

    ENTIDADES PARTICIPANTES DO PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE AO DESPERDCIO DE GUA-PNCDA PROTOCOLOS DE COOPERAO FIRMADOS COM A SECRETARIA NACIONAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL/ MC

    MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA Secretaria de Recursos Hdricos SRH Secretaria de Meio Ambiente SMA

    MINISTRIO DE MINAS E ENERGIA MME Eletrobrs/Programa de Combate ao Desperdcio de Energia Eltrica - PROCEL

    ABES Associao Brasileira de Engenharia Sanitria e Ambiental ABIMAQ Associao Brasileira da Indstria de Mquinas e Equipamentos ABNT/COBRACON Associao Brasileira de Normas Tcnicas/Comit Brasileiro da Construo Civil AESBE Associao das Empresas de Saneamento Bsico Estaduais ASFAMAS Associao Brasileira de Fabricantes de Materiais e Equipamentos para Saneamento ASSEMAE Associao Nacional dos Servios Municipais de Saneamento EPUSP Escola Politcnica da Universidade de So Paulo FUPAM Fundao para a Pesquisa Ambiental FUSP Fundao de Apoio Universidade de So Paulo INFURB-USP Ncleo de Pesquisa em Informaes Urbanas da Universidade de So Paulo IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo

    PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE AO DESPERDCIO DE GUA - PNCDA Esplanada dos Ministrios, Bloco A, sala 340 Braslia, DF - CEP 70.054-901 Fone: (61) 411 4914, Fax: (61) 411 4931

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 SUMRIO

    3

    PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE AO DESPERDCIO DE GUA PNCDA 4

    INTRODUO 8

    1. CARACTERIZAO FUNCIONAL DAS PERDAS E SUAS CAUSAS 10

    1.1 Avaliao das Perdas 11

    1.2 Perdas Fsicas 11

    1.2.1 Subdiviso do sistema de abastecimento de gua 12

    1.2.2 Origem e magnitude das perdas fsicas por subsistema 13

    1.2.3 Classificao das perdas fsicas 19

    1.2.4 CAUSAS DAS PERDAS FSICAS 21

    1.3 Perdas No Fsicas 25

    2. ESTUDOS NACIONAIS E ESTRANGEIROS SOBRE INDICADORES DE PERDAS 28

    2.1 Estudos da AGHTM 28

    2.2 Proposies Recentes da IWA 35

    2.3 Indicadores de Desempenho no Brasil 38

    2.4 Estudos da AESBE e ASSEMAE 41

    2.5 Tendncias Comuns na Determinao de Indicadores 43

    3. MONITORAMENTO OPERACIONAL E CONTROLE DE PERDAS 46

    3.1 Controle de Perdas e Dados Operacionais. Bases da Integrao 46

    3.2 Perfil Preliminar dos Sistemas de Informao em Servios de Saneamento no Brasil 50

    4.DIRETRIZES PARA O LEVANTAMENTO DE INFORMAES E CONSTRUO DE

    INDICADORES 55

    4.1 Consideraes Gerais 55

    4.2 Definio de Indicadores Bsicos 61

    4.2.1 Informaes-Chave 61

    4.2.2 Indicadores Bsicos de Desempenho 62

    4.2.3 Indicadores de controle e confiabilidade 65

    4.3 Definio de Indicadores Intermedirios e Avanados 68

    4.3.1 Indicadores especficos de perda fsica relacionados a condies operacionais 69

    4.3.2 Indicadores de desempenho hdrico do sistema 70

    4.4 Indicadores Avanados 72

    4.5 Melhorias Operacionais e Aumento de Confiabilidade dos Indicadores 75

    4.6 Quadro-Resumo 77

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 APRESENTAO

    4

    PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE AO DESPERDCIO DE GUA - PNCDA

    O PNCDA tem por objetivo geral promover o uso racional da gua de abastecimento pblico nas

    cidades brasileiras, em benefcio da sade pblica, do saneamento ambiental e da eficincia dos

    servios, propiciando a melhor produtividade dos ativos existentes e a postergao de parte dos

    investimentos para a ampliao dos sistemas. Tem por objetivos especficos definir e implementar um

    conjunto de aes e instrumentos tecnolgicos, normativos, econmicos e institucionais, concorrentes

    para uma efetiva economia dos volumes de gua demandados para consumo nas reas urbanas.

    O PNCDA encontra-se em sua Fase III. Na Fase I, em 1997, foram discutidos 16 DTAs, que refletiram

    a retomada de estudos abrangentes na rea. A Fase II do Programa, em 1998, incluiu a produo de

    mais 4 DTAs, sua publicao e a implantao de um sistema de acesso via Internet

    (www.pncda.gov.br). Os escopos das fases at agora definidas como objetos de convnio so

    esquematizados nas figuras 1 e 2, a seguir.

    Fig. 1 - PNCDA. Escopos da Fase I. 1997

    CONTEDOS DA PRIMEIRA FASEDocumentos Tcnicos de Apoio - DTAs

    A1 - Apresentao doPrograma

    C1 - Proced. Tecnolgicosp/ Controle de Perdas

    E1 - Caracteriz. / Monitor.Consumo Predial

    B3 - Med. RacionalizaoUso da gua - GrandesConsumidores

    D4 - Reduo de Perdase Trat. Lodo / ETAs

    (*) Depois consolidadosem DTA nico para CPs

    B2 - Subsdios s Camp.De Educao Pblica D3 - Micromedio

    F4* - Cd. Prtica (roteiro)Ramais Prediais

    B1 - Elementos de anliseeconmica (predial) D2 - Macromedio

    F3* - Cd. Prtica (roteiro)Instalaes AF / AQ

    A4 - Bibliografia anotada D1 - Controle de pressona redeF2 - Prod. PoupadoresSistemas Prediais

    A3 - Caracterizao daDemanda Urbana de gua

    C3 - Prioridades Relativas /Seqncias Implantao

    F1 - Tecn. PoupadorasSistemas Prediais

    A2 - Indic. de perdas nosSist. de Abastecimento

    C2 - Panorama dos Sist.no Pas

    E2 - Normaliz. / QualidadeSistemas Prediais

    Planejamento e gesto Gerenciamento da demanda

    Conservao nos sistemaspblicos de abastecimento

    Conservao nos sistemasprediais de gua

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 APRESENTAO

    5

    Fig. 2 - PNCDA. Escopos da Fase II. 1998 e 1999 Na Fase III do PNCDA, atravs de Convnio vigente entre o Ministrio das Cidades/ Secretaria

    nacional de Saneamento Ambiental e a Fusp (Fundao de Apoio Universidade de So Paulo),

    foram previstas atividades diversas, reviso e elaborao de DTAs, conforme a seguir:

    DTA A5 - Diretrizes e procedimentos para desenvolvimento dos Planos [regionais e locais] de Combate ao Desperdcio de gua (reviso).

    Aperfeioamento e alimentao da pgina do PNCDA na rede mundial de computadores. DTA D7 - Submedio em hidrmetros (elaborao). DTA F3 - Cdigo de Prtica de Projeto e Execuo de Sistemas Prediais de gua - Conservao de

    gua em Edifcios (elaborao).

    DTA F4 - Cdigo de Prtica de Projeto e Execuo de Ramais Prediais de gua em Polietileno (elaborao).

    DTA A2 - Indicadores de Perdas nos Sistemas de Abastecimento de gua (reviso).

    CONTEDOS DA PRIMEIRA FASEDocumentos Tcnicos de Apoio - DTAs

    CONTEDOS DA SEG. FASEPreviso para 1999

    Estrutura Institucional do PNCDA DTAs complementaresCurso / regionalde aperfeioamento

    workshop

    Curso / regionalde aperfeioamento

    workshopDTAs complementares

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 APRESENTAO

    6

    DTA A4 - Bibliografia Anotada (reviso). DTA C2 - Panorama dos Sistemas Pblicos de Abastecimento no Pas (reviso). DTA D2 - Macromedio (reviso). DTA D3 - Micromedio (reviso). DTA F2 - Produtos Economizadores nos Sistemas Prediais (reviso). DTA B6 - Estratgias de educao e comunicao (elaborao). No mbito deste projeto est

    prevista a realizao de cursos de capacitao em combate ao desperdcio de gua para uma

    clientela diversificada (operacional e gerencial) dos prestadores de servios de abastecimento de

    gua.

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003

    7

    DTA DOCUMENTO TCNICO DE APOIO A2

    INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    8

    INTRODUO

    ste DTA constitui uma reviso e atualizao do documento original editado em 1999 e tem como

    objeto o levantamento de informaes bsicas e a construo de indicadores aplicveis na

    avaliao dos servios de saneamento quanto sua eficincia no aproveitamento da gua. consenso

    entre os profissionais do Setor Saneamento no Brasil a necessidade de se trabalhar os conceitos de

    eficincia no uso da gua a partir de referncias e procedimentos comuns. Acima de tudo motivao

    principal da reviso deste texto est a busca de indicadores que permitam o cotejo da eficincia

    operacional de distintos sistemas independentemente de suas caractersticas fsicas, como o regime de

    presses, por exemplo.

    Neste DTA fica expressa a preocupao de associar cada indicador recomendado a partes

    especficas do sistema de abastecimento de gua, assim como de definir os requisitos de controle e

    confiabilidade necessrios validao de cada um deles.

    Inicialmente (Captulo 1) feita uma caracterizao funcional das perdas, com base nos

    conhecimentos tcnico, prtico e acadmico. muito enfatizada, nesse sentido, a desagregao

    funcional do sistema, separando-se claramente as ocorrncias que tm lugar na aduo da gua bruta

    (incluindo a captao), no tratamento, na reservao, na aduo de gua tratada e na distribuio

    (incluindo os ramais prediais). Ainda no Captulo 1 abordam-se de maneira integrada as ocorrncias

    atribuveis a falhas no planejamento e projeto, na construo, na operao, na manuteno e na

    expanso dos sistemas, reconhecendo-se que no se pode estabelecer limites rgidos entre essas

    etapas.

    No Captulo 2 so analisadas diferentes abordagens sobre indicadores de perdas, oriundas de

    entidades nacionais e estrangeiras envolvidas com a matria. Observa-se que todas elas atualmente

    questionam a utilizao de indicadores percentuais de perdas como nicas ou privilegiadas referncias

    de eficincia no uso da gua. So levantadas e discutidas as vrias imprecises associadas a cada tipo

    de indicador, mostrando-se que seu efeito cumulativo pode resultar em nmeros sem nenhum

    significado real quanto eficincia dos servios. Ao final do captulo so destacados os pontos de

    convergncia entre os diferentes critrios estudados.

    No Captulo 3 so relatados os resultados de levantamento feito em 39 servios de saneamento no

    Brasil sobre o estado da arte dos sistemas de informao operacional hoje disponveis. Essas

    informaes podem orientar a priorizao de aes de melhoria na capacidade de produo de

    informaes operacionais relevantes para o combate ao desperdcio de gua, em especial no que

    respeita construo de indicadores avanados.

    E

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    9

    No Captulo 4, so dispostas as diretrizes gerais para a construo de indicadores bsicos e

    intermedirios, os critrios de controle e confiabilidade aplicveis e os requisitos para a construo de

    indicadores avanados. A partir dos conceitos bsicos de perdas fsicas (reais) e no fsicas (aparentes),

    desenvolve-se uma srie de anlises com base na realidade dos servios no Brasil e dos indicadores

    correntes de eficincia. So discutidos diversos indicadores alternativos para perdas, e mostrados os

    requisitos bsicos que os sistemas de monitoramento e controle de oferta e demanda devem atender

    para que esses indicadores tenham validade.

    Finalmente, no Captulo 5, os indicadores so organizados em trs categorias: bsicos,

    intermedirios e avanados. So bsicos os indicadores percentuais de gua no faturada,

    reconhecendo-se - nesse nvel - a limitao relativa impossibilidade de apurao em separado das

    perdas fsicas (reais). No nvel intermedirio essa separao exigida e a partir dela se constroem

    indicadores de desempenho hdrico do sistema abrangendo todos os subsistemas, e indicadores

    especficos de perda fsica relacionados a condies operacionais. No nvel avanado so includos os

    indicadores e fatores de ponderao relativos presso na rede, reconhecendo-se ser falha a

    comparao entre servios que no pondere as diferenas referentes presso.

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA DOCUMENTO TCNICO DE APOIO NO A2

    10

    1. CARACTERIZAO FUNCIONAL DAS PERDAS E SUAS CAUSAS

    m sistemas pblicos de abastecimento, do ponto de vista operacional, as perdas de gua so

    consideradas correspondentes aos volumes no contabilizados. Esses englobam tanto as perdas

    fsicas (reais), que representam a parcela no consumida, como as perdas no fsicas (aparentes), que

    correspondem gua consumida e no registrada.

    As perdas fsicas originam-se de vazamentos no sistema, envolvendo a captao, a aduo de gua

    bruta, o tratamento, a reservao, a aduo de gua tratada e a distribuio, alm de procedimentos

    operacionais como lavagem de filtros e descargas na rede, quando estes provocam consumos

    superiores ao estritamente necessrio para operao.

    As perdas no fsicas originam-se de ligaes clandestinas ou no cadastradas, hidrmetros

    parados ou que submedem, fraudes em hidrmetros e outras. So tambm conhecidas como perdas

    de faturamento, uma vez que seu principal indicador a relao entre o volume disponibilizado e o

    volume faturado.

    A reduo das perdas fsicas permite diminuir os custos de produo - mediante reduo do

    consumo de energia, de produtos qumicos e outros - e utilizar as instalaes existentes para aumentar

    a oferta, sem expanso do sistema produtor.

    A reduo das perdas no fsicas permite aumentar a receita tarifria, melhorando a eficincia dos

    servios prestados e o desempenho financeiro do prestador de servios. Contribui indiretamente para a

    ampliao da oferta efetiva, uma vez que induz reduo de desperdcios por fora da aplicao da

    tarifa aos volumes efetivamente consumidos.

    O combate a perdas ou desperdcios implica, portanto, reduo do volume de gua no

    contabilizada, exigindo a adoo de medidas que permitam reduzir as perdas fsicas e no fsicas, e

    mant-las permanentemente em nvel adequado, considerando a viabilidade tcnico-econmica das

    aes de combate a perdas em relao ao processo operacional de todo o sistema.

    O desenvolvimento de medidas de natureza preventiva de controle de perdas nas fases de projeto e

    construo do sistema envolve a necessidade de passos iniciais de organizao anteriores operao.

    Aquelas medidas devem contemplar, dentre outras:

    a boa concepo do sistema de abastecimento de gua, considerando os dispositivos de controle operacional do processo;

    a qualidade adequada de instalaes das tubulaes, equipamentos e demais dispositivos utilizados;

    E

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    11

    a implantao dos mecanismos de controle operacional (registros, medidores e outros); a elaborao de cadastros; e a execuo de testes pr-operacionais de ajuste do sistema.

    1.1 Avaliao das Perdas

    A estimativa das perdas de gua em um sistema de abastecimento se d por meio da comparao

    entre o volume de gua transferido de um ponto do sistema e o volume de gua recebido em um ou

    mais pontos do sistema, situados na rea de influncia do ponto de transferncia.

    A identificao e separao das perdas fsicas de gua das no fsicas tecnicamente possvel

    mediante pesquisa de campo, utilizando a metodologia da anlise de histograma (registros contnuos)

    de consumo das vazes macromedidas. Nesse caso, a oferta noturna estabilizada durante a

    madrugada - abatendo-se os consumos noturnos contnuos por parte de determinados tipos de

    usurios do servio (fbricas, hospitais e outros) - representa, em sua quase totalidade, a perda fsica

    no perodo pesquisado, decorrente de vazamentos na rede ou ramais prediais. A perda no fsica ser

    a diferena entre a perda total de gua na distribuio - gua No Contabilizada - e a perda fsica

    levantada.

    Em sistemas de abastecimento de gua em que o ndice de micromedio aproxime-se de 100%,

    as ligaes clandestinas tenham pouca importncia e exista eficaz programao permanente de

    adequao e manuteno preventiva de hidrmetros, combate s fraudes nos micromedidores e

    ramais clandestinos, as perdas mensurveis tendem a refletir as perdas fsicas de gua.

    Em relao s perdas fsicas na rede distribuidora, nos ramais prediais registra-se a maior

    quantidade de ocorrncias (vazamentos). Isso nem sempre significa, porm, que esta seja a maior

    perda em termos de volume. As maiores perdas fsicas na distribuio, em volume, ocorrem por

    extravasamento de reservatrios ou em vazamentos nas adutoras de gua tratada e nas tubulaes da

    rede de distribuio.

    1.2 Perdas Fsicas

    Em um sistema de abastecimento de gua as perdas fsicas totais so as perdas de gua que

    ocorrem entre a captao de gua bruta e o cavalete do consumidor. Estas incluem as perdas na

    captao e aduo de gua bruta; no tratamento; nos reservatrios; nas adutoras, subadutoras de

    gua tratada e instalaes de recalque; e nas redes de distribuio e ramais prediais, at o cavalete.

    So constitudas pelos vazamentos, visveis ou no, nas tubulaes (recalques, adutoras,

    subadutoras, redes de distribuio e ramais prediais) e instalaes (estao de tratamento,

    reservatrios e elevatrias); pelas descargas excedentes para limpeza ou esvaziamento de redes e

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    12

    adutoras; pelos extravasamentos em reservatrios; e pelas perdas no tratamento para limpeza de

    floculadores e decantadores e lavagem de filtros, quando empregados volumes superiores ao

    estritamente necessrio para a correta operao do sistema.

    A reduo das perdas fsicas permite diminuir os custos de operao e manuteno do sistema, e

    otimizar a utilizao das instalaes existentes, propiciando o aumento da oferta de gua tratada sem

    que haja expanso do sistema produtor.

    1.2.1 Subdiviso do sistema de abastecimento de gua

    As causas e a magnitude das perdas, assim como a natureza das aes para seu controle, podem

    ser sensivelmente diferentes nos diversos componentes de um sistema de abastecimento de gua.

    desejvel que o controle de perdas seja feito por subsistema. Pode-se dividir o programa de controle

    nos seguintes subsistemas:

    Aduo de gua Bruta - compreende a captao e aduo de gua bruta; Tratamento - ETA ou unidade de tratamento simplificado; Reservao; Aduo de gua Tratada - consiste nas adutoras e subadutoras de gua tratada e instalaes

    de recalque; e

    Distribuio - consiste na rede de distribuio de gua tratada e ramais prediais. Essa subdiviso facilita o diagnstico das perdas no sistema de abastecimento e a orientao para

    aes preventivas e corretivas. Por exemplo, as perdas nas ETA ocorrem de forma concentrada e,

    mesmo que sejam pequenas percentualmente, em termos de vazo podem ser significativas, podendo

    propiciar retornos rpidos com simples melhorias operacionais ou reparos estruturais. No caso das

    perdas no subsistema de reservao, o mesmo fato pode ocorrer, implicando tambm em aes

    corretivas de carter localizado. J no caso da distribuio, que inclui os ramais prediais, as perdas,

    muitas vezes elevadas, esto dispersas.

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    13

    1.2.2 Origem e magnitude das perdas fsicas por subsistema

    As origens e magnitudes das perdas fsicas por subsistema podem ser representadas

    esquematicamente, conforme o quadro 1.1.

    Quadro 1.1 Perdas Fsicas por Subsistema: Origem e Magnitude

    SUBSISTEMA ORIGEM MAGNITUDE

    Aduo de gua Bruta

    Vazamentos nas tubulaes Limpeza do poo de suco*

    Varivel, funo do estado das tubulaes e da eficincia operacional

    FSI

    CAS

    Tratamento

    Vazamentos estruturais Lavagem de filtros* Descarga de lodo*

    Significativa, funo do estado das instalaes e da eficincia operacional

    PERD

    AS

    Reservao

    Vazamentos estruturais Extravasamentos Limpeza*

    Varivel, funo do estado das instalaes e da eficincia operacional

    Aduo de gua Tratada

    Vazamentos nas tubulaes Limpeza do poo de suco* Descargas

    Varivel, funo do estado das tubulaes e da eficincia operacional

    Distribuio

    Vazamentos na rede Vazamentos em ramais Descargas

    Significativa, funo do estado das tubulaes e principalmente das presses

    Nota:* Considera-se perdido apenas o volume excedente ao necessrio para operao.

    A) Perdas na captao/aduo de gua bruta

    As perdas fsicas na captao e na aduo de gua bruta correspondem gua utilizada para a

    limpeza geral, incluindo o poo de suco, sendo em geral pequena e funo das caractersticas

    hidrulicas do projeto e da qualidade da gua bruta.

    O componente que merece mais ateno so os vazamentos na aduo, funo do estado da

    tubulao e do material utilizado; sua idade; presso; adequada execuo da obra; elementos de

    proteo contra golpes e conseqentes rompimentos em casos de interrupo do fornecimento de

    energia.

    Trata-se de um componente crtico do sistema de abastecimento, merecendo especial ateno no

    que diz respeito manuteno sistemtica de carter preventivo. Ressalte-se que a manuteno

    preventiva, eltrica ou hidrulica, como o conserto da tubulao obstruda por incrustaes ou reparos

    de vazamentos, muitas vezes no feita ou adiada para se evitar o desgaste poltico junto

    populao, pois paradas no sistema produtor provocam interrupes no fornecimento de gua por

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    14

    muitas horas. Tal procedimento, no entanto, acaba comprometendo o comportamento do sistema,

    aumentando muitas vezes as perdas de carga e o consumo de energia, bem como as perdas e os

    riscos de interrupes mais demoradas por falhas e rompimentos.

    A magnitude das perdas na aduo de gua bruta varivel, funo do estado das instalaes e

    das prticas operacionais e de manuteno preventiva, sendo normalmente pouco expressivas no

    contexto geral, a no ser em adutoras de grande extenso e/ou deterioradas.

    B) Perdas no tratamento

    A principal caracterstica das perdas fsicas nas ETA que, mesmo que sejam percentualmente

    pequenas, em termos de vazo so significativas.

    Deve-se lembrar que parte das vazes retidas nas ETA so inerentes ao processo de tratamento,

    no sendo possvel elimin-las totalmente, mas sim reduzi-las at o ponto em que se eliminem os

    desperdcios.

    A recuperao da qualidade da gua de lavagem mediante tratamento de lodo benfica ao meio

    ambiente e indiretamente conservao da gua, mesmo que no haja reciclagem para

    abastecimento pblico. O lanamento de efluentes tratados representa, do ponto de vista dos recursos

    hdricos, uma ao conservacionista, no que diz respeito s disponibilidades de gua bruta no sistema

    hidrco.

    As perdas na ETA podem estar associadas ao processo ou a vazamentos.

    As perdas por vazamentos podem se dar, entre outros motivos, por falhas na estrutura (trincas), na

    impermeabilizao e na estanqueidade insuficiente de comportas.

    As perdas de processo correspondem as guas descartadas na lavagem e limpeza de floculadores,

    decantadores, filtros e nas descargas de lodo, em quantidade excedentes estritamente necessria

    para a correta operao da ETA.

    A magnitude das perdas significativa, podendo variar entre 2% e 10%, funo do estado das

    instalaes e da eficincia operacional.

    Assim sendo, melhorias operacionais ou reparos estruturais podem propiciar retornos rpidos em

    termos de reduo de perdas e de custos de produo.

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    15

    C) Perdas na reservao

    Podem ter origem em procedimentos operacionais, por exemplo, na limpeza programada de

    reservatrios; em operaes inadequadas, provocando extravasamentos; ou, ainda, em deficincias

    estruturais da obra, como trincas ou impermeabilizao mal-feita.

    No caso de extravasamentos, a introduo de alarmes ou controle automtico de nveis e vazes

    pode corrigir esse problema operacional.

    No caso de deficincias estruturais, a correo do problema passa pela avaliao econmica e de

    retorno do investimento.

    importante ressaltar que os problemas estruturais devem ser avaliados por especialistas que

    atestem a estabilidade da obra.

    A magnitude das perdas em reservatrios varivel, funo do estado das instalaes e da

    eficincia operacional, mas, em geral, tem pouca importncia no contexto geral do sistema.

    No entanto, sob o aspecto de recuperao de perdas, no se deve menosprez-las, devendo-se ter

    a perspectiva de que se trata de um trabalho permanente, no qual os resultados positivos so fruto da

    somatria de pequenos sucessos.

    D) Perdas na aduo de gua tratada

    So as perdas por vazamentos e rompimentos nas tubulaes das adutoras e subadutoras, que

    transportam vazes elevadas para serem distribudas pela rede de distribuio.

    Outra forma de perda fsica na aduo de gua tratada o caso das descargas, seja para esvaziar

    a tubulao para reparos, seja para melhorar a qualidade da gua. Nesses casos, apenas sero

    consideradas perdidas - em sentido estrito - as vazes excedentes ao necessrio para a correta

    operao do sistema.

    No caso de vazamentos, pelo fato de as vazes veiculadas serem elevadas, estes so geralmente

    localizados e prontamente reparados. Ressalte-se que se tais rompimentos no forem detectados e

    controlados em curto prazo, grandes danos materiais podem ocorrer, decorrentes do seu alto poder

    erosivo e destrutivo.

    A manuteno preventiva e a adoo de procedimentos operacionais e treinamento de pessoal

    para a realizao de manobras adequadas vital para que se evitem rompimentos causados por

    aumentos sbitos de presso, que podem ocorrer em cascata, refletindo-se por meio de mltiplos

    rompimentos, principalmente nas redes de distribuio.

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    16

    A falta de instalao ou manuteno de ventosas pode ser um importante fator que propicia a

    ocorrncia de transientes de presso e conseqente rompimento de adutoras, devendo merecer

    especial ateno.

    Em sistemas pressurizados por bombeamento, tambm deve-se prestar especial ateno

    instalao de elementos aliviadores de presses, em casos de paradas de funcionamento da bomba.

    A magnitude das perdas pode variar significativamente, funo do estado das tubulaes, das

    presses e da eficincia operacional.

    E) Perdas na distribuio

    So as perdas decorrentes de vazamentos na rede de distribuio e nos ramais prediais e de

    descargas.

    As perdas fsicas que ocorrem nas redes de distribuio, incluindo os ramais prediais, so muitas

    vezes elevadas, mas esto dispersas, fazendo com que as aes corretivas sejam complexas, onerosas

    e de retorno duvidoso, se no forem realizadas com critrios e controles tcnicos rgidos. Nesse

    sentido, necessrio que operaes de controle de perdas sejam precedidas por criteriosa anlise

    tcnica e econmica.

    Nesse caso tambm, se encaixam as perdas decorrentes de descargas para melhoria da qualidade

    da gua ou esvaziamento da tubulao para reparos.

    A magnitude das perdas ser tanto mais significativa quanto pior for o estado das tubulaes,

    principalmente nos casos de presses elevadas.

    As experincias de tcnicos do ramo indicam que a maior quantidade de ocorrncias de

    vazamentos est nos ramais prediais. Em termos de volume perdido, a maior incidncia nas

    tubulaes da rede distribuidora.

    As figuras 1.1 e 1.2 a seguir ilustram os pontos onde geralmente ocorrem vazamentos nas redes e

    ramais prediais, respectivamente.

    O uso de materiais adequados, associados execuo da obra com pessoal treinado e equipado

    com ferramentas compatveis com os materiais utilizados, incluindo a realizao de testes de

    estanqueidade, so pr-requisitos para a existncia de baixos nveis de perdas.

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    17

    Figura 1.1 Pontos Freqentes de Vazamentos em Redes de Distribuio (percentuais ilustrativos baseados em experincia da SANASA)

    Experincias em novas redes de distribuio executadas em loteamentos na cidade de Campinas,

    recebidas posteriormente pela SANASA, comprovaram o alto nvel de perdas nas redes submetidas a

    testes de estanqueidade, alm da dificuldade de se localizar e consertar os vazamentos aps as valas

    estarem fechadas e, muitas vezes, asfaltadas.

    Ressalte-se que geralmente o recebimento de obras em novos loteamentos feito sem que houvesse

    fiscalizao durante a construo. Tal fato decorre da cultura de parte do setor privado em executar

    obras a toque de caixa, simultaneamente fase de elaborao e aprovao do projeto, e h casos em

    que o projeto simplesmente inexiste.

    Esse fato, com certeza, se repete em todo o pas, onde novas redes so recebidas consciente ou

    inconscientemente pelos prestadores de servios, com altos nveis de perdas.

    A soluo para esse crculo vicioso adotar maior rigor na aprovao de projetos, e no controle e

    fiscalizao durante a fase de execuo da obra, estabelecendo critrios e procedimentos para

    recebimento de redes, incluindo testes de estanqueidade.

    Registros 0,2%

    Tubos rachados 2,3%

    Tubos perfurados 12,9%

    Tubos partidos 13,6%

    Hidrantes 1,7%

    Juntas 0,9 %

    Unio simples 1,1%

    Anis 1,1%

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    18

    Figura 1.2 Pontos Freqentes de Vazamentos em Ramais (percentuais ilustrativos baseados em experincia da SANASA)

    Para os sistemas j implantados, os aspectos considerados a seguir apontam para a priorizao da

    reduo de presses na rede de distribuio, para que haja reduo de perdas.

    As perdas por vazamentos na rede de distribuio, sejam decorrentes de falhas construtivas, defeitos

    em peas especiais e conexes, rupturas, materiais inadequados, etc., aproximam-se ao escoamento

    em orifcios e fendas.

    Para tubos metlicos em geral, a vazo perdida ( Q ) uma funo proporcional raiz quadrada

    da carga hidrulica ( H ), ou seja, Q = f ( H 1/2 ).

    Dessa forma, especial ateno deve ser dada ao controle de cargas hidrulicas na rede, pois sua

    simples reduo leva a substanciais redues nas perdas nos vazamentos existentes, alm de restringir

    o risco de novas rupturas.

    Ferrule defeituoso 0,8% Colar de tomada folgado 4,1%

    Rosca partida 19,2%

    Niple quebrado 0,4% Niple folgado 1,0%

    Rosca quebrada 7,3% Rosca defeituosa 2,1%

    Rosca folgada 24,7%

    Registro defeituoso 1,3% Tubo perfurado 13,9%

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    19

    A tabela 1.1 ilustra as redues de perdas que podem ser conseguidas por intermdio de diferentes

    percentuais de reduo de cargas na rede de distribuio.

    Tabela 1.1 Redues de Perdas Fsicas por Redues de Presses Q = f ( H)*

    Reduo da carga (%) Reduo da perda (%)

    20 10

    30 16

    40 23

    50 29

    60 37 Nota: * Para tubos de ferro fundido ou ao.

    Exemplificando, a instalao de uma vlvula redutora de presso, dimensionada para reduzir as

    cargas em 60% (por exemplo, de 100 mca para 40 mca), em um setor com perdas fsicas conhecidas

    de 50%, acarretar uma reduo de 37% nas perdas existentes, as quais passaro de 50% para

    31,5%, com uma reduo efetiva de 18,5%.

    Portanto, possvel quantificar previamente as redues de perdas esperadas por meio de redues

    de presses e, com isso, avaliar economicamente o retorno dos investimentos a realizar para atingir os

    objetivos.

    No caso de tubos plsticos, estudos estrangeiros recentes1 tm apontado para uma reduo ainda

    maior das perdas em funo da diminuio de presso. Admite-se, segundo tcnicos do setor, uma

    correlao linear entre presso e vazamento, em virtude da resilincia do material.

    Para maiores informaes sobre o tema relativo ao controle de presso na rede, recomenda-se

    consultar o DTA D1.

    1.2.3 Classificao das perdas fsicas

    As perdas fsicas, em sentido amplo, podem ser classificadas em perdas operacionais e vazamentos.

    No se considera perda operacional, em sentido estrito, o uso necessrio de gua para desinfeco e

    teste de estanqueidade de rede. As perdas so associadas s vazes excedentes ao uso til, inclusive

    operacional.

    A) Perdas operacionais

    As perdas operacionais, como o prprio nome diz, so associadas operao do sistema. Estas

    podem estar disfaradas sob a forma de usos teis no processo produtivo (como gua de lavagem de

    filtros) e nos procedimentos operacionais (como descargas para melhoria da qualidade da gua em

    1 Conforme palestra do professor Alan Lambert durante Encontro Tcnico sobre Controle Avanado de Perdas realizado na SEPURB, em

    janeiro de 1998.

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    20

    redes, e gua usada para limpeza de reservatrios), ou mostrarem-se na forma de falhas evidentes

    (como extravasamento de reservatrios).

    A importncia dessas perdas que podem ser significativas em termos volumtricos, e sua reduo,

    em alguns casos, envolve apenas mudanas de procedimentos e melhorias operacionais com

    pequenos ou nenhum investimento.

    A implementao de melhorias na operao e do controle operacional, associado ao treinamento

    de pessoal, instalao de alarmes ou automao, podem reduzir sensivelmente as perdas.

    Deve-se lembrar, ainda, que, de uma maneira geral, no existem manuais com regras e

    procedimentos operacionais claramente definidos nos servios de saneamento. Em geral, os

    procedimentos so empricos e subjetivos, e a responsabilidade da operao do sistema recai sobre

    poucas pessoas, com grande experincia no servio.

    Mesmo onde h procedimentos estabelecidos, por escrito ou no, nem sempre h o devido

    treinamento do pessoal de campo, necessrio para que se pratique o que foi planejado.

    Pode-se dizer, por exemplo, que muitos rompimentos que ocorrem na aduo e distribuio de

    gua tratada de um servio de saneamento so decorrentes de falhas operacionais dos prprios

    funcionrios dos setores de operao e manuteno.

    Manobras inadequadas so comuns, como o fechamento ou abertura de vlvulas sem controle de

    tempo, o enchimento ou esvaziamento de redes e adutoras sem controle de velocidades, etc.

    Estudos de simulao com modelos matemticos disponveis podem e devem ser mais explorados e

    utilizados pelos prestadores de servios para definio de regras e procedimentos operacionais, em

    situaes normais de escoamento ou em casos de transientes. A ausncia de um cadastro confivel

    no justifica a no utilizao desse recurso adicional.

    De nada adianta, no entanto, realizar esses estudos sem a participao da operao e sem o

    treinamento necessrio.

    Em que pesem todas essas deficincias apontadas, h que se valorizar o pessoal da operao, que

    recebe as redes e estruturas geralmente sem nenhuma recomendao ou relatrio com procedimentos

    operacionais. So pessoas de grande sensibilidade e capacidade, que geralmente acabam

    descobrindo, na prtica, o que fazer e como operar.

    Os projetos, mesmo no nvel dos subsistemas de aduo, carecem de simulaes da operao em

    condies normais e em transientes, incorporando regras e recomendaes ao operador, em

    linguagem acessvel. Novamente, no existe capacitao e treinamento compatvel.

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    21

    Essa barreira entre o plano e projeto e a operao precisa ser vencida a qualquer custo, por meio

    do estreitamento do relacionamento entre as reas e do treinamento de pessoal, sem o que a

    eficincia operacional do prestador de servios ficar sempre limitada.

    B) Perdas por vazamentos

    As perdas por vazamentos so decorrentes de rupturas em adutoras, subadutoras, redes e ramais

    prediais, falhas em conexes e peas especiais, trincas nas estruturas e falhas na impermeabilizao

    das ETA e reservatrios.

    Nos casos de vazamentos decorrentes de problemas estruturais, deve-se avaliar a magnitude das

    perdas para definio se vantajosa a interveno corretiva.

    Desde que os vazamentos estruturais no impliquem na segurana da obra, a deciso de repar-lo

    deve ser acompanhada de estimativa de custos para a soluo do problema, da avaliao das vazes

    perdidas e do tempo de retorno do investimento.

    No caso de vazamentos por rupturas em adutoras, a instalao de ventosas, cuidados operacionais

    e manuteno preventiva, podem reduzir o risco de acidentes, com conseqente reduo de perdas.

    1.2.4 Causas das perdas fsicas

    Como ficou evidenciado anteriormente, as perdas por vazamentos nas tubulaes so causadas por

    rompimentos ou falhas que tm origens mltiplas, as mais diversas e dispersas possveis.

    O quadro 1.2 a seguir apresenta as causas provveis de falhas e rupturas nas tubulaes em

    funo da fase de desenvolvimento do sistema de abastecimento.

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    22

    Quadro 1.2 Causas Provveis de Falhas e Rupturas em Tubulaes

    FASE DA FALHA CAUSA DA FALHA CAUSA DA RUPTURA Planejamento e Projeto

    subdimensionamento ausncia de ventosas clculo transientes regras de operao setorizao treinamento

    sobrepresso subpresso sub e sobrepresso sub e sobrepresso sobrepresso sub e sobrepresso

    Construo

    construtivas materiais peas equipamentos treinamento

    Operao

    enchimento esvaziamento manobras ausncia de regras treinamento

    sub e sobrepresso subpresso sub e sobrepresso sub e sobrepresso sub e sobrepresso

    Manuteno

    sem preveno mal-feita treinamento interao

    operao/usurio tempo de resposta

    Expanso sem projeto sem viso conjunta

    sub e sobrepresso sub e sobrepresso

    A) Planejamento e projeto

    Uma obra mal planejada, mal concebida e mal projetada obviamente ter problemas de

    performance durante sua vida til.

    A subestimativa das demandas, baseadas em projees populacionais ou utilizao de consumos

    per capita inadequados ir reduzir a vida til do sistema. Se o inverso ocorrer, est-se investindo

    mais recursos que o necessrio e as obras estaro superdimensionadas.

    O clculo de transientes nos sub-sistemas de aduo e a previso de uso de ventosas outro ponto

    crtico a ser considerado no dimensionamento, incluindo-se ainda, a necessidade de se instruir o

    operador quanto a procedimentos operacionais, por intermdio da elaborao de manuais de

    operao e treinamento de recursos humanos.

    Ressalte-se que essa prtica de desenvolver regras operacionais quando da elaborao de projetos

    e discuti-las com o pessoal de operao no usual no setor, o que traz dificuldades para os

    operadores quando do recebimento de novos sistemas.

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    23

    As incorrees ou ausncia de informaes disponveis nessa fase de desenvolvimento do sistema

    traro como decorrncia o aumento da possibilidade de ocorrerem sobre ou subpresses, tornando-o

    vulnervel a rompimentos no macro e micro-sistema de distribuio, e a conseqente perda de gua.

    B) Construo

    Uma boa construo depende de um bom projeto, para que se obtenham os resultados esperados.

    A fase de construo crtica. So milhares de conexes ou soldas, que se no executadas

    perfeitamente, tornam-se pontos vulnerveis de vazamentos.

    Na realidade, antes do incio da obra, vem a fase de inspeo do material a ser utilizado na

    construo.

    A qualidade, nesse caso, vital, e depende, desde a fase de especificao dos materiais no edital

    at a instalao, da inspeo do fornecedor, do transporte, e do armazenamento e manuseio

    adequado.

    O uso de ferramentas e equipamentos adequados durante a obra, alm do treinamento e

    credenciamento de pessoal operacional, outro aspecto ligado qualidade e longevidade da obra.

    A fiscalizao, nesses casos, fica facilitada, lembrando-se, no entanto, que no se pode prescindir

    nunca de testes de estanqueidade para o recebimento da obra.

    Os pontos mais relevantes a serem observados para a construo e recebimento de obras de

    saneamento esto citados no DTA C3.

    Deve-se lembrar, ainda, que, nessa fase, deve ser realizado o cadastro da obra, no qual as

    alteraes de campo devem ser incorporadas ao projeto, que deve ser tratado e guardado como um

    patrimnio do servio, sendo fonte fidedigna de informaes durante a vida til da obra.

    C) Operao, manuteno e expanso do sistema

    Conforme afirmado anteriormente, a boa operao e manuteno permite que o sistema de

    abastecimento atenda satisfatoriamente ao cliente ou consumidor.

    A boa operao reduz o risco de rompimentos e das conseqentes perdas, propiciando uma menor

    freqncia de interrupes e desabastecimentos de gua. Alm disso, permite o deslocamento de

    quadros do prestador de servios para que a manuteno preventiva possa ocorrer, em contraposio

    manuteno tipicamente corretiva.

    O desenvolvimento e registro de procedimentos e manuais de operao, j comentado, tambm

    uma prtica pouco comum no Setor Saneamento, em contraposio ao que ocorre em indstrias.

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    24

    Tal prtica traz como decorrncia uma operao geralmente subjetiva e pessoal, em que as

    decises so tomadas mais em funo da experincia adquirida por tentativas e exerccios prticos, do

    que em embasamento tcnico e conhecimento adquirido pelo estudo do sistema.

    Em funo dessas caractersticas, a qualidade e o controle operacional tendem a ser nivelados por

    baixo, e o desenvolvimento operacional e o treinamento so relegados a segundo plano.

    Por outro lado, h que se reconhecer que os sistemas de abastecimento em operao so

    geralmente muito diferentes daqueles planejados e construdos inicialmente.

    O crescimento acelerado e desordenado dos ncleos urbanos, principalmente nas dcadas de 70 e

    80, associado muitas vezes ao baixo nvel de atendimento da populao com servios de saneamento

    foraram os prestadores de servios a atenderem ao maior nmero de usurios possvel com obras

    improvisadas.

    Com isso, os sistemas de abastecimento de gua, se originalmente planejados, foram distorcidos e

    seu desconhecimento, incluindo-se a o cadastro de redes, levou prevalncia da improvisao e do

    empirismo na operao.

    Pode-se dizer, novamente, que essa caracterstica observada em quase todos os servios de

    saneamento do pas, por conta dessa exploso populacional e desordem urbana. A ausncia de

    setorizao, com mltiplas zonas de mistura, uma das conseqncias desse processo histrico.

    Contudo, se tal panorama no for alterado, a tendncia que cada vez mais o Setor Saneamento

    se afastar da tcnica e se apoiar no empirismo e improvisao.

    A reverso observada no ritmo de crescimento populacional no pas nos ltimos anos um ponto

    relevante para que mudanas de comportamento possam ocorrer no setor.

    Pode-se afirmar que as obras de saneamento que foram, esto sendo e sero construdas com

    projetos desenvolvidos at aproximadamente o incio da dcada de 90 esto superdimensionadas,

    salvo raras excees. A vida til das obras construdas nos ltimos dez anos ser, nesses termos, muito

    superior ao planejado.

    Como decorrncia, os investimentos em expanses devero ser menores, requerendo-se, contudo,

    aumentar a performance do sistema.

    Como muitas vezes os sistemas no so operados conforme as condies previstas nas fases de

    planejamento e projeto (devido a expanses e adaptaes no planejadas do sistema existente, ou,

    ainda, inexistncia de procedimentos operacionais documentados), os rompimentos e perdas fsicas

    podem ser causados por essas adaptaes ou manobras inadequadas.

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    25

    Assim, a manuteno preventiva de adutoras, peas especiais, instalao de ventosas e o

    desenvolvimento de procedimentos operacionais so essenciais para reduzir rompimentos e

    desperdcios.

    Os materiais e equipamentos utilizados e os procedimentos adotados na implementao de um

    sistema de abastecimento esto continuamente evoluindo, do ponto de vista tecnolgico.

    Portanto, a seleo de materiais e equipamentos, a inspeo, os procedimentos construtivos e a

    fiscalizao e o recebimento da obra tm um peso considervel sobre a qualidade do sistema e sua

    vida til, devendo ser valorizados para que as perdas sejam desprezveis em novos sistemas a

    implementar.

    Destaque-se aqui a exigncia de teste hidrosttico para recebimento de redes novas.

    A automao outro item relevante, podendo ser implementada gradual e setorialmente, reduzindo

    a possibilidade de manobras e operaes inadequadas praticadas pelos operadores.

    1.3 Perdas No Fsicas

    As perdas no fsicas correspondem aos volumes no faturados, ou seja, a gua que consumida

    pelo usurio e no faturada pelo servio.

    O quadro 1.3 sintetiza os principais itens causadores de perdas de faturamento, indicando

    qualitativamente suas magnitudes em funo das caractersticas do servio.

    Quadro 1.3 Perdas No Fsicas: Origem e Magnitude

    ORIGEM MAGNITUDE

    PE

    RD

    AS

    DE

    F

    AT

    UR

    AM

    EN

    TO

    Ligaes clandestinas/irregulares Ligaes no hidrometradas Hidrmetros parados Hidrmetros que submedem Ligaes inativas reabertas Erros de leitura Nmero de economias errado

    Podem ser significativas, dependendo de: procedimentos cadastrais e de faturamento, manuteno preventiva, adequao de hidrmetros e monitoramento do sistema

    As perdas no fsicas so normalmente expressivas e podem representar 50% ou mais do percentual

    de gua no faturada, dependendo de aspectos tcnicos como critrios de dimensionamento e

    manuteno preventiva de hidrmetros, e de procedimentos comerciais e de faturamento, que

    necessitam de um gerenciamento integrado.

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    26

    A grande dificuldade para o controle e reduo das perdas no fsicas, assim como no caso das

    perdas fsicas, reside exatamente na questo do gerenciamento integrado.

    freqente encontrar servios de saneamento que operam sob uma estrutura administrativa com

    alto grau de setorizao, na qual os objetivos e orientaes so prprios e acontecem de forma

    subjetiva e em funo da experincia e percepo de cada gerente do setor. A integrao, nesses

    casos, deficiente, casustica, e em funo de afinidades pessoais.

    Como a reduo de perdas requer ampla integrao, definio clara de objetivos e grande

    participao de todo o servio, muitos programas de controle no so bem-sucedidos ou tm os

    resultados positivos anulados em curto espao de tempo, se as transformaes forem de carter

    temporrio.

    A ttulo de ilustrar a distribuio de perdas em um sistema pblico de abastecimento, o quadro 1.4

    a seguir apresenta os resultados dos estudos conduzidos pela SABESP para a Regio Metropolitana de

    So Paulo.

    Trata-se de um estudo de grande envergadura, no qual procurou-se quantificar as perdas fsicas e

    de faturamento em todo o sistema metropolitano, informaes estas dificilmente quantificadas e

    disponveis.

    Verifica-se pelas estimativas dos valores encontrados que, em 1993, as perdas totais, que eram de

    40%, tinham origem nas perdas fsicas, quantificadas em 51% do total, e nas perda no fsicas,

    quantificadas em 49% do total.

    Quadro 1.4 Distribuio das Perdas na RMSP (SABESP, 1993)

    Tipo de perda Hiptese de trabalho (m3/s)

    Perdas ( % )

    Fsicas No Fsicas Totais

    Vazamentos 8,9 47,6 - 47,6

    Macromedio 1,0 - 5,3 5,3

    Micromedio 3,8 - 20,3 20,3

    Habitaes sub-normais 1,8 3,4 6,3 9,7

    Gesto comercial 3,2 - 17,1 17,1

    Total 18,7 51,0 49,0 100,0

    Ressalte-se, nesse estudo, a relevncia das perdas de faturamento, indicando que melhorias na

    gesto comercial e de manuteno preventiva de hidrmetros poderiam reduzi-las sensivelmente.

    Portanto, especial ateno deve ser dada, quanto s perdas de faturamento, ao cadastro de

    consumidores e sua permanente atualizao, bem como poltica de micromedio e manuteno

    preventiva de hidrmetros.

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    27

    O grande desafio a integrao dos setores tcnico, comercial (atendimento ao usurio) e de

    faturamento do servio de saneamento, envolvendo:

    o dimensionamento do hidrmetro e o acompanhamento de sua adequao aos consumos observados (geralmente no realizado);

    a leitura e emisso de contas, associada a uma poltica de cortes de inadimplentes (nem sempre existente); e

    a manuteno preventiva de hidrmetros, por intermdio do acompanhamento de sua performance no tempo, feito por anlises de consumo, de idade e dos volumes totais medidos

    (freqentemente no realizada).

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    28

    2. ESTUDOS NACIONAIS E ESTRANGEIROS SOBRE INDICADORES DE PERDAS

    s mtodos para levantamento de informaes e construo de indicadores recomendados no

    Captulo 4 decorrem da anlise de diferentes estudos, dentre os quais se destacam os aqui

    descritos.

    Da comparao entre os indicadores de possveis perdas nos sistemas analisados, observa-se que

    dependendo do critrio adotado, ocorrem mudanas importantes no ordenamento dos servios, no

    que respeita eficincia no uso da gua. De acordo com as tendncias mais recentes, consolidadas

    em publicao da IWA (International Water Association) Indicadores de Desempenho para Servios

    de Abastecimento de gua-, os indicadores percentuais, em geral, tm tido sua validade muito

    questionada.

    A avaliao de eficincia dos servios no uso da gua pode ser feita mediante uma multiplicidade

    de indicadores, sendo que o principal questionamento com respeito aos percentuais deve-se ao fato de

    que estes conferem uma aparncia de homogeneidade a servios que trabalham sob condies

    operacionais muito diferentes. Um dos trabalhos mais completos acerca da eficincia das redes de

    gua foi elaborado pela Association Gnrale des Hyginistes et Techniciens Municipaux - AGHTM2

    do qual se apresenta, a seguir, um resumo dos principais indicadores utilizados.

    2.1 Estudos da AGHTM

    So considerados, para fins de avaliao de eficincia dos servios, os seguintes conceitos de

    volumes:

    Produo 1. Volumes mobilizados - volumes resultantes da ao do homem para modificar as reservas

    naturais.

    2. Volumes captados - volumes subtrados do meio natural pelas obras relativas ao servio previsto

    para esse fim.

    3. Volumes de perda em aduo - volumes trocados com o meio externo nas obras de aduo.

    Podem ser perdas propriamente ditas (quando h vazamentos), ou acrscimos eventuais (perdas

    negativas), quando as obras de aduo recebem contribuies extras de vazes no perenes,

    em poca de chuva ou por percolao de aqferos subterrneos. Estes volumes so apenas

    detectveis quando h medio a montante das ETA.

    2 AGHTM - Rendement des rseaux deau potable. Dfinition des termes utiliss. Revue Techniques, Sciences, Mthodes, 4 Bis, 1990.

    O

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    29

    4. Volumes entrantes nas ETA - volumes medidos na entrada das ETA. So equivalentes aos

    volumes captados [2], sempre que as adutoras sejam estanques (ou que a captao se faa

    imediatamente a montante da ETA) e que no exista aporte de gua bruta de outras unidades.

    5. Volumes de operao das ETA - volumes necessrios operao das ETA e dispostos

    externamente (para lavagem de filtros, etc.). Esses volumes correspondem diferena entre

    volumes entrantes [4] e produzidos [6].

    6. Volumes produzidos - volumes de sada das ETA, para entrada nas redes de distribuio.

    Distribuio 7. Volumes importados - volumes de gua tratada provenientes de um servio externo (ao

    considerado) de gua. No se confundem com aportes externos de gua bruta a montante do

    tratamento. No Brasil designa-se a operao comercial relativa importao como compra de

    gua no atacado.

    8. Volumes exportados - volumes de gua tratada despachados a um servio externo ao

    considerado. Essa operao comercial designada, no Brasil, analogamente anterior, como

    venda de gua no atacado.

    9. Volumes disponibilizados para distribuio - soma algbrica dos volumes produzidos,

    importados e exportados.

    10. Volumes contabilizados (ou micromedidos) - soma das leituras de hidrmetros em ligaes

    medidas.

    11. Volumes de consumidores no medidos - volumes fornecidos sem medio a usurios

    conhecidos e autorizados. Corresponde, no Brasil, em linhas gerais, ao conceito de volumes

    estimados. No inclui os volumes de servio da rede [12].

    12. Volumes de servio da rede - volumes utilizados para operar a rede de distribuio. So

    volumes plenamente conhecidos pelo operador e destinam-se a manuteno de reservatrios,

    a sangrias na rede e outros usos intrnsecos operao do sistema.

    13. Volumes operacionais extraordinrios - volumes tambm destinados operao da rede;

    porm, tm carter incidental. Correspondem a extravases ocasionais em reservatrios, a

    comportas mal fechadas, etc. Por serem de carter incidental, no so plenamente conhecidos,

    mas so contabilizveis.

    14. Volumes desviados - volumes utilizados de forma fraudulenta.

    15. Volumes de vazamentos - volumes perdidos resultantes de falhas na estanqueidade das redes.

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    30

    16. Volumes mal contabilizados - volumes resultantes da impreciso ou do mau funcionamento dos

    medidores, das omisses e dos erros de avaliao e de leitura.

    17. Volumes de perdas na distribuio - soma algbrica dos volumes de vazamentos [15], dos

    operacionais extraordinrios [13], dos desviados [14] e dos mal contabilizados [16].

    18. Volumes utilizados - soma algbrica dos volumes contabilizados (micromedidos) [10], dos

    consumidos no medidos (estimados) [11], dos de servio da rede (operacionais) [12], dos

    desviados (fraudados) [14] e dos mal contabilizados [16]. Compreende parte das perdas de

    distribuio. Corresponde, em linhas gerais, ao conceito de volumes consumidos nos termos

    do SNIS.

    Conjunto do servio 19. Volumes totais aportados (ao servio) - soma de todos os volumes captados, mais os de gua

    bruta desviados de outros servios, mais os acrscimos eventuais de aduo (no conceito de

    perdas negativas [3] ) e mais os volumes importados (compra no atacado) [7]. Este indicador

    elemento bsico para o estabelecimento do balano hdrico de necessidades e disponibilidades

    do sistema.

    20. Volumes faturados - volumes faturados totais, incluindo consumos mnimos cobrados mediante

    tarefa fixa, volumes exportados faturados (venda no atacado) e quaisquer outras vazes vendidas.

    Esquematicamente, a distribuio dos volumes aqui caracterizados d-se conforme o diagrama do

    quadro 2.1, tambm adaptado do trabalho da AGHTM.

    A partir desses conceitos foi estabelecida uma srie de indicadores de rendimento dos servios (em

    relao ao aproveitamento da gua), descritos resumidamente a seguir.

    A. Rendimento primrio [R1] - percentual do volume medido [10] sobre volume disponibilizado

    para distribuio [9].

    100 x V medido [10]

    R1 = V disponibilizado para distribuio [9]

    B. Rendimento de volumes consumidos [R2] - o anterior, [R1], mais o percentual do volume fornecido

    a consumidores no medidos [11] sobre volume disponibilizado para distribuio [9].

    R2 = R1 + P1

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    31

    em que

    P1 =100 x V consumido no medido [11]

    V disponibilizado para distribuio [9]

    C. Rendimento lquido [R3] - o anterior, [R2], mais o percentual do volume de servio da rede [12]

    sobre volume disponibilizado para distribuio [9].

    R3 = R1 + P1 + P2

    em que

    P2 = 100 x V de servio da rede [12]

    V disponibilizado para distribuio [9]

    D. Rendimento hidrulico da rede [R4] - relao percentual entre soma dos volumes de gua bruta

    destinada a outros servios, dos volumes exportados [8], dos volumes de operao das ETA [5] e dos

    volumes utilizados [18] sobre volume total aportado [19].

    R4 = 100 x V gua bruta destinado a outro servio + V exportado[8] + V operao ETA [5] + V utilizado [18]

    V total aportado [19]

    E. Porcentagem das perdas na distribuio [PP] - volume de perdas na distribuio [17] sobre

    volume disponibilizado para distribuio [9]. Esta porcentagem o complemento do rendimento

    lquido [R3].

    PP = 100 x V perdas na distribuio [17]

    V disponibilizado para distribuio [9]

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    32

    QUADRO 2.1 DIAGRAMA ESQUEMTICO DE DISTRIBUIO DOS VOLUMES CARACTERIZADOS PELA AGHTM (1990).

    VOLUMES TOTAIS APORTADOS [19]

    VOLUMES CAPTADOS [2] gua bruta de terceiros

    gua bruta a terceiros

    Perdas aduo[3]

    Ganhos aduo [3]

    Volumes entrantes na ETA [4] Operao

    ETA [5] Volumes produzidos [6] Volumes importados

    [7] Volumes

    exportados [8] VOLUMES DISPONIBILIZADOS PARA DISTRIBUIO [9]

    [15] 13 16 14 11 12 Volumes micromedidos [10] 11.Volumes consumidos no medidos

    Volumes utilizados [18]

    12.Volumes de servio da rede 13.Volumes operac extraord Perda distribuio

    [17]

    14.Volumes desviados 15.Volumes de vazamentos Volumes

    contabilizados*

    16.Volumes mal contabilizados

    *) Conceito mais amplo que volumes no medidos [11] e mal contabilizados [16].

    F. Percentagem de volumes no consumidos [PNC] - volume disponibilizado para distribuio [9],

    menos volume medido [10], menos volume consumido no medido [11] sobre volume disponibilizado para distribuio [9].

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    33

    PNC = 100 x V disponibilizado para distribuio [9] - V medido [10] - V consumido no medido [11]

    V disponibilizado para distribuio [9]

    G. Porcentagem de vazamentos [PV] - volume de vazamentos [15] sobre volume disponibilizado

    para distribuio [9].

    PV = 100 x V vazamentos [15]

    V disponibilizado para distribuio [9]

    H. Razo financeira [RF] - volume faturado [20] sobre volume total aportado [19].

    RF = 100 x V faturado [20]

    V total aportado [19]

    I. ndice Linear de Perdas na Distribuio (ILP) - volume de perdas na distribuio [17] sobre

    extenso das redes, em base diria (m3/km.dia).

    ILP = V perdas na distribuio [17]

    L condutos de aduo + distribuio + ligao

    J. ndice Linear de Vazamentos (ILV) - volume de vazamentos [15] sobre extenso da rede, em base

    diria (m3/km.dia).

    ILV = V de vazamentos [15]

    L condutos de aduo + distribuio + ligao

    K. ndice Linear de Consumo Lquido [ILCL] - soma dos volumes medidos [10], de consumo no

    medido (estimado) [11] e de servio da rede [12], sobre extenso da rede, em base diria (m3/km.dia).

    ILCL = V medido [10] + V consumo no medido [11] + V de servio na rede [12]

    L condutos de aduo + distribuio + ligao

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    34

    L. ndice Superficial de Perdas [ISP] - volume de perdas na distribuio [17] sobre superfcie interna

    dos condutos, em base anual (m3/m2.ano).

    ISP = V perdas na distribuio [17]

    Superfcie interna dos condutos de aduo + distribuio + ligao

    M. ndice Linear de Reparos [ILR] - nmero anual de reparos sobre extenso da rede (ocorrncias/

    km.ano).

    ILR = Nmero anual de reparos

    L condutos de aduo + distribuio + ligao

    N. ndice Demogrfico de Consumo Lquido [IDCL] - relao entre a soma dos volumes medidos

    [10], estimados [11] e de servio da rede [12] e a populao recenseada, em base anual

    (m3/hab.ano).

    IDCL = V micromedido [10] + V estimado [11] + V servio da rede [12]

    Populao recenseada

    Observa-se que a maioria dos indicadores trabalhados no estudo citado (de [A] a [H]) do tipo

    relao percentual entre volumes. Mais do que o significado especfico de cada um deles importante

    destacar que a validao dessas relaes assenta-se em uma complementaridade de indicadores, que,

    juntos, formam um quadro abrangente dos servios. A formulao conduz a uma avaliao mltipla

    de relaes, e em nenhum momento atribui-se a uma delas isoladamente o atributo de sintetizar a

    eficincia do servio.

    A obteno dos dados primrios sobre os quais se estabelecem essas relaes pode envolver

    esforos de monitoramento distantes da realidade atual da maioria dos servios no Brasil. Por

    exemplo, a distino entre volumes mal contabilizados, no medidos (estimados) e no contabilizados,

    dificilmente seria detectvel com base nos dados operacionais correntemente apropriados pelos

    servios no Brasil. O monitoramento das perdas (ou ganhos) na captao e dos balanos de volumes

    entrantes na distribuio e respectivas destinaes especficas depende de macromedio e setorizao

    completas, o que tambm constitui meta ainda no satisfeita para a maioria dos servios.

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    35

    Estabelece-se, nesses termos, uma estreita relao entre a capacidade de se medir e o nvel de

    desenvolvimento operacional dos servios, chegando-se ao paradoxo de que os que seriam

    presumivelmente mais ineficientes so os mesmos sobre os quais se tm menos informaes objetivas.

    2.2 Proposies Recentes da IWA3

    No ano 2000 a IWA Iinternational Water Association trouxe a pblico um manual de melhores

    prticas para avaliao do desempenho de sistemas de abastecimento de gua denominado

    Performance Indicators for Water Supply Services com verso em portugus editada pelo LNEC

    Laboratrio Nacional de Engenharia Civil. Alm de estar tendo aceitao em diversos pases, h a

    recomendao da AWWA American Water Works Association para a sua utilizao, o que um

    indicativo de que as recomendaes da IWA devero ser de uso praticamente generalizado de ora em

    diante. A SABESP, por exemplo, tem feito aplicaes piloto dos indicadores recomendados.

    A proposio incorpora 133 indicadores de desempenho discriminados em seis grupos: indicadores

    de recursos hdricos (2), indicadores de recursos humanos (22), infra-estruturais (12), operacionais (36)

    de qualidade do servio (25) e econmico-financeiros (36).

    O produto desenvolvido pelo grupo de trabalho Indicadores de Desempenho da IWA teve como

    base a definio de questes fundamentais para a determinao dos indicadores propostos: os

    componentes do balano hdrico e a localizao dos pontos de medio de vazo (Figura 2.1 e

    Quadro 2.2) e as principais definies associadas.

    3 Alegre, H., Hirner, W., Baptista, J. M. e Parena, R. (2000). Performance Indicators for Water Supply Services. International Water

    Association IWA, Londres, Inglaterra, 162p.

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    36

    Figura 2.1 Componentes do Balano Hdrico e Pontos de Medio de Vazo

    Cap

    ta

    oC

    apta

    o

    Con

    sum

    o de

    pro

    cess

    o e

    perd

    as n

    o tra

    tam

    ento

    Trat

    amen

    toTr

    atam

    ento

    MM

    M

    M M M

    M

    M M M

    M

    Adu

    o

    Adu

    o

    Con

    sum

    o op

    erac

    iona

    l epe

    rdas

    na

    adu

    o

    Arm

    azen

    agem

    Arm

    azen

    agem

    Con

    sum

    o op

    erac

    iona

    l epe

    rdas

    na

    arm

    azen

    agem

    Medio nas zonas demedio e controlo

    M

    gu

    a tra

    tada

    impo

    rtada

    (**)

    M

    gu

    a tra

    tada

    exp

    orta

    da (*

    *)M

    gu

    a ca

    ptad

    a

    M

    gu

    a pr

    oduz

    ida

    M

    gu

    a fo

    rnec

    ida

    par

    a di

    strib

    ui

    o

    Ponto de controlo de caudalM

    M

    gu

    a br

    uta

    impo

    rtada

    (*)

    M

    gu

    a fo

    rnec

    ida

    ad

    uo

    M

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    a pa

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    ui

    o di

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    a

    M

    gu

    a fo

    rnec

    ida

    no tr

    atam

    ento

    (*) - a importao ou a exportao de gua bruta podem ocorrer em qualquer ponto a montante do tratamento(**) - a importao ou a exportao de gua tratata podem ocorrer em qualquer ponto a jusante do tratamento

    Tran

    spor

    te d

    e g

    ua b

    ruta

    Tran

    spor

    te d

    e g

    ua b

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    Con

    sum

    o op

    erac

    iona

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    s de

    gua

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    ta

    Con

    sum

    o op

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    l epe

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    o

    Dis

    tribu

    io

    Dis

    tribu

    io

    M

    gu

    a br

    uta

    expo

    rtada

    (*)

    As principais definies associadas a este balano so a seguir apresentadas:

    GUA CAPTADA: volume anual de gua obtida a partir de captaes de gua bruta para entrada em estaes

    de tratamento de gua (ou diretamente em sistemas de aduo e de distribuio).

    GUA BRUTA, IMPORTADA OU EXPORTADA: volume anual de gua bruta transferido de e para outros sistemas de

    aduo e distribuio (as transferncias podem ocorrer em qualquer ponto entre a captao e a

    estao de tratamento).

    GUA FORNECIDA AO TRATAMENTO: volume anual de gua bruta que aflui s instalaes de tratamento.

    GUA PRODUZIDA: volume anual de gua tratada que fornecida s condutas de aduo ou diretamente ao

    sistema de distribuio.

    GUA TRATADA, IMPORTADA OU EXPORTADA: volume anual de gua tratada transferido de e para o sistema (as

    transferncias podem ocorrer em qualquer ponto a jusante do tratamento).

    GUA FORNECIDA ADUO: volume anual de gua tratada afluente ao sistema de aduo.

    GUA FORNECIDA PARA DISTRIBUIO: volume anual de gua tratada fornecida ao sistema de distribuio.

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    37

    GUA FORNECIDA PARA DISTRIBUIO DIRETA: diferena entre a GUA FORNECIDA PARA DISTRIBUIO e a GUA

    TRATADA EXPORTADA (sempre que no seja possvel separar a aduo da distribuio, a gua fornecida

    para distribuio direta corresponde diferena entre a GUA FORNECIDA ADUO e a GUA TRATADA

    EXPORTADA).

    GUA ENTRADA NO SISTEMA: volume anual introduzido na parte do sistema de abastecimento de gua que

    objeto do clculo do balano hdrico.

    CONSUMO AUTORIZADO: volume anual de gua, medido ou no medido, fornecido a consumidores

    registrados, prpria entidade gestora e a outros que estejam implcita ou explicitamente autorizados

    a faz-lo para usos domsticos, comerciais e industriais. Inclui a GUA EXPORTADA.

    PERDAS DE GUA: diferena entre a GUA ENTRADA NO SISTEMA e o CONSUMO AUTORIZADO. As perdas de gua

    podem ser consideradas para todo o sistema, ou calculadas em relao a sub-sistemas como sejam

    a rede de gua no tratada, o sistema de aduo ou o de distribuio. Em cada caso as

    componentes do clculo so consideradas em conformidade com a situao. As PERDAS DE GUA

    dividem-se em PERDAS REAIS e PERDAS APARENTES.

    PERDAS REAIS: perdas fsicas de gua do sistema em presso, at ao contador do cliente. O volume anual de

    perdas atravs de todos os tipos de fissuras, rompimentos e extravasamentos depende da freqncia,

    da vazo e da durao mdia de cada vazamento.

    PERDAS APARENTES (OU NO FSICAS): contabiliza todos os tipos de imprecises associadas s medies da

    gua produzida e da gua consumida, e ainda o consumo no-autorizado (por furto ou uso ilcito).

    GUA NO FATURADA: diferena entre os totais anuais da GUA ENTRADA NO SISTEMA e do CONSUMO

    AUTORIZADO FATURADO. A GUA NO FATURADA inclui no s as PERDAS REAIS e APARENTES, mas tambm

    o CONSUMO AUTORIZADO NO FATURADO.

    No Quadro 2.2 est indicada a forma de clculo e apresentada a terminologia recomendada para

    o clculo do balano hdrico de uma ou mais partes de um sistema de abastecimento de gua.

    Algumas adequaes sero necessrias para a aplicao deste balano ao caso brasileiro visto no

    haver distino entre volumes consumidos e volumes faturados. No Brasil, na maioria dos casos, estes

    volumes so diferentes, particularmente nas faixas de menor consumo onde a tarifa mnima

    corresponde a um volume mnimo normalmente no consumido na ntegra.

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    38

    Quadro 2.2

    Componentes do Balano de guas

    A B C D E

    Consumo faturado medido (incluindo gua exportada)

    [m3/ano]

    Consumo autorizado faturado

    [m3/ano] Consumo faturado no medido

    [m3/ano]

    gua faturada

    [m3/ano]

    Consumo no faturado medido [m3/ano]

    [m3/ano]

    Consumo autorizado no

    faturado

    [m3/ano]

    Consumo no faturado no medido [m3/ano]

    Uso no autorizado [m3/ano]

    Perdas aparentes

    [m3/ano] Erros de medio [m3/ano]

    Perdas reais nas tubulaes de gua bruta e no tratamento

    (quando aplicvel) [m3/ano]

    Fugas nas tubulaes de aduo e/ou distribuio

    [m3/ano]

    Fugas e extravasamentos nos reservatrios de aduo e/ou

    distribuio [m3/ano]

    gua entrada

    no sistema

    [m3/ano]

    Perdas de gua

    [m3/ano] Perdas reais

    [m3/ano]

    Fugas nos ramais (a montante do ponto de medio)

    [m3/ano]

    gua no faturada (perdas comerciais)

    [m3/ano]

    2.3 Indicadores de Desempenho no Brasil

    Entre os indicadores trabalhados pela AGHTM (1990), os penltimos da srie (de [I] a [M]) referem-

    se a relaes fsicas entre volumes e rede. Atualmente, nos foros setoriais nacionais (ver seo 2.3) e

    internacionais, existe uma preferncia ntida destes com relao aos percentuais, considerando sua

    maior preciso na deteco direta de eficincia em diferentes condies de operao, sem a

    necessidade de valer-se de um nmero to grande de indicadores complementares. O indicador

    designado como ndice Linear de Perdas na Distribuio [ILP] no estudo da AGHTM corresponde

    basicamente ao conceito de perda fsica linear trabalhado pela IWA.

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    39

    A par daquele, os trabalhos da IWA indicam tambm ser oportuno se trabalhar com ndices de

    perda por economia abastecida, o que resultar em uma unidade de volume por economia, por dia.

    Dentro deste enfoque, a partir de dados do SNIS (2001), procedeu-se a uma ordenao de alguns

    servios brasileiros, com base em trs indicadores:

    volume no faturado sobre volume produzido, em percentual, no conceito de perda de faturamento;

    perda fsica por extenso de rede, em m3/km/dia, na hiptese de 50% das perdas totais (de faturamento) corresponderem a perdas fsicas; e

    perda fsica por economia, em m3/economia/dia, na mesma hiptese de relao perda fsica/perda total do caso anterior.

    Essas ordenaes so exibidas nos grficos que seguem.

    Grfico 1 (G1) Volume no Faturado sobre Volume Produzido (percentual) - dados de 2001

    0 10 20 30 40 50 60

    COSAMA/AM

    SANEPAR/PR

    SABESP/SP

    SANEAGO/GO

    SANESUL/MS

    EMBASA/BA

    COSANPA/PA

    CORSAN/RS

    COMPESA/PE

    CEDAE/RJ

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    40

    Grfico 2 (G2) Possvel Perda Fsica por Extenso de Rede (m3/km/dia) - dados de 2001

    0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220

    COSAMA/AM

    SANEAGO/GO

    SANEPAR/PR

    SANESUL/MS

    CORSAN/RS

    EMBASA/BA

    COSANPA/PA

    SABESP/SP

    COMPESA/PE

    CEDAE/RJ

    Grfico 3 (G3) Possvel Perda Fsica por Economia (m3/economia/dia) - dados de 2001

    0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

    COSAMA/AM

    SANEAGO/GO

    SANEPAR/PR

    EMBASA/BA

    CORSAN/RS

    SANESUL/MS

    SABESP/SP

    COMPESA/PE

    COSANPA/PA

    CEDAE/RJ

    As comparaes entre as trs ordenaes, em que pesem possveis imprecises decorrentes das

    hipteses assumidas, mostram que os critrios adotados resultam em diferenas na classificao de

    desempenho dos servios. Entre os dois grficos que representam indicadores fsicos (G2 e G3), as

    tendncias gerais so aproximadamente as mesmas, na medida em que um servio no sobe ou desce

    mais que um degrau na escala de ordenao. No entanto, quando comparados ao G1, observa-se

    diferena mais acentuada na ordenao, com reflexos sobre a suposta escala de eficincia.

    No escopo deste estudo no interessa questionar a eficincia de um ou outro dos servios

    analisados. Contudo, interessa destacar-se que as diferenas de critrios so marcantes e que os

    critrios representados nos grficos G2 e G3 levam em conta um maior nmero de variveis

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    41

    operacionais que o representado em G1, tendendo, portanto, a refletir com maior preciso a

    realidade.

    2.4 Estudos da AESBE e ASSEMAE

    A Associao das Empresas de Saneamento Bsico Estaduais - AESBE - e a Associao Nacional

    dos Servios Municipais de Saneamento - ASSEMAE - criaram, em setembro de 1997, um grupo de

    trabalho especfico, voltado discusso e ao desenvolvimento de alternativas para os indicadores de

    desempenho operacional e gerencial dos servios, com destaque para os indicadores de perdas.

    Referindo-se aos indicadores de perdas estabelecidos pela metodologia antiga4, aceita pelo setor

    no Brasil, ao longo da vigncia do PLANASA, os estudos levantam as seguintes observaes:

    grande parte das companhias estaduais e servios autnomos no dispe de macromedio nos seus sistemas produtores, obrigando a serem efetuadas estimativas imprecisas do volume

    produzido, por mtodos diversos;

    o volume micromedido apresenta inadequaes decorrentes da inexistncia de sistemticas de manuteno preventiva dos hidrmetros instalados, fato este que agrava a ocorrncia de sub-

    medies;

    extremamente diversificada a metodologia utilizada para determinao do volume consumido, em face dos critrios adotados para projeo do volume estimado. Alguns prestadores

    consideram apenas o volume estimado projetado para as ligaes no medidas, enquanto

    outros consideram, alm dessas ligaes, consumos operacionais e fornecimentos especiais;

    no h uniformidade entre os prestadores sobre o ponto de medio do volume produzido; e existe um certo consenso quanto confiabilidade dos dados de volume faturado, uma vez que

    os mesmos so oriundos dos sistemas comerciais e estes, na maioria dos prestadores, tm

    desempenho satisfatrio (AESBE/ASSEMAE, 1997)5.

    Os estudos partem, nesses termos, do reconhecimento de que os indicadores percentuais com base

    no volume produzido so falhos, a comear pelo prprio mtodo de deteco deste. Alm do j

    referido ponto de medio - no sentido de onde exatamente localizar os macromedidores na

    seqncia de produo -, o estudo aponta para problemas de impreciso dos medidores, de erros nas

    4 ndice de perdas de gua, definido mediante relao entre volume consumido e volume produzido; ndice de perda de faturamento,

    definido pela relao entre volume faturado e volume produzido.

    5 AESBE/ASSEMAE (1997) - Indicadores de perdas nas entidades prestadoras de servios pblicos de saneamento. Documento Preliminar.

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

    42

    estimativas de produo, e de simples inexistncia de medidores. Em pesquisa realizada sobre 39

    sistemas no Brasil (ver Captulo 3), constatou-se que uma proporo expressiva destes (36%) no conta

    com macromedio, ou a tem apenas parcialmente (41%).

    Os estudos AESBE/ASSEMAE, em grande parte incorporados ao Captulo 4 deste DTA, propunham

    preliminarmente a considerao dos ndices que se seguem:

    A. ndice de Perda de gua (gua No Contabilizada)

    IPA = Volume produzido - Volume utilizado x 100

    Volume produzido

    O VP (Volume produzido) o volume de gua tratada disponibilizada para consumo medido na

    sada das ETA ou unidades de tratamento simplificado, e o VU (Volume utilizado), a somatria dos

    volumes micromedido, estimado, recuperado (de ligaes clandestinas e fraudes), operacional

    (desinfeco, testes), e especiais (bombeiros, suprimento social, etc.).

    B. ndice de Perda de Faturamento (gua No Faturada)

    IPF = Volume produzido - Volume faturado x 100

    Volume produzido

    O VF (Volume faturado) corresponde ao volume de gua (medida, presumida, estimada,

    contratada, mnima ou informada) faturado.

    C. Indicadores operacionais complementares

    Perda de gua por Extenso de Rede

    IPR = Volume produzido - Volume utilizado

    Extenso de rede x Nmero de dias

    ndice de Perda de gua por Ligao

    IPL = Volume produzido - Volume utilizado

    Nmero total de ligaes x Nmero de dias

    ndice de Perdas na Produo

    IPP = Volume captado - Volume produzido x 100

    Volume captado

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    ndice de Macromedio de Distribuio

    IMD = Volume produzido macromedido x 100

    Volume produzido

    O Volume produzido macromedido aquele medido na sada das ETA por meio de

    macromedidores permanentes.

    ndice de Hidrometrao

    IH = No total de ligaes faturadas medidas x 100

    No total de ligaes faturadas

    Eficincia da Micromedio

    EM = No total de hidrmetros funcionando nos ramais prediais x 100

    No total de hidrmetros instalados nos ramais prediais

    ndice de Ligaes Inativas

    ILI = No total de ligaes de gua inativas x 100

    No total de ligaes de gua (ativas + inativas)

    Os estudos da AESBE/ASSEMAE convergem com os da AGHTM e da IWA no sentido de reconhecer

    que no apenas um indicador isolado que d conta de toda a complexidade das perdas nos

    sistemas pblicos de abastecimento. Reconhecem ser necessrio combinar indicadores percentuais

    com indicadores fsicos apurados por extenso de rede ou por economia, como base para qualquer

    comparao de desempenho.

    2.5 Tendncias Comuns na Determinao de Indicadores

    Os critrios de estimativa e contabilizao de perdas propostos pelas diferentes entidades citadas

    na seo anterior so convergentes em vrios aspectos. Dentre as diretrizes comuns destacam-se:

    a ntida separao entre perdas fsicas e no fsicas; a necessidade de se uniformizar os indicadores bsicos que do origem aos ndices, em

    especial - no caso brasileiro -, de contabilizao dos volumes produzidos;

    dentre as perdas fsicas, identificar claramente aquelas ocorrentes na captao/aduo, no tratamento, na distribuio e nas ligaes;

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

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    a necessidade de macromedio como condio bsica de contabilizao dos volumes disponibilizados para distribuio;

    a contabilizao em separado das perdas operacionais correspondentes aos volumes empregados para lavagem de filtros, desinfeco e teste das redes de distribuio;

    a existncia de uma parcela segura e controlada de consumo estimado no medido na composio dos volumes utilizados;

    a importncia de se distinguir diferentes condies de operao antes de proceder a comparaes de desempenho;

    a influncia das presses na rede sobre as perdas fsicas; a adoo de indicadores fsicos no percentuais, base de volumes perdidos por extenso de

    rede ou por ligao, como indicadores de eficincia operacional; e

    a influncia da densidade de utilizao da rede no desempenho operacional medido em perdas lineares.

    Da comparao entre os diferentes critrios e levando-se em conta as particularidades dos servios

    no Brasil, especial ateno deve ser dada para duas informaes que so mais freqentemente

    utilizados na composio dos indicadores de perdas: o volume produzido e o volume faturado.

    Segundo o SNIS, a designao genrica de volume produzido diz respeito quantidade de gua

    disponvel para consumo, medida diretamente na sada das ETA, na sada do sistema de captao, na

    inexistncia de ETA, e/ou estimada mediante pitometria ou registradores temporrios de vazo. Na

    redao do documento AESBE/ASSEMAE (1997), o volume produzido o volume de gua tratada

    disponibilizada para consumo na sada das ETA ou unidades de tratamento simplificado. Em ambos os

    casos, corresponde a um volume disponvel para consumo medido na sada da(s) unidade(s) de

    produo.

    O uso desse conceito de volume produzido na base da maioria dos indicadores de desempenho

    traz problemas para a contabilizao de perdas, tanto no subsistema de aduo de gua bruta quanto

    no subsistema de distribuio, conforme subdiviso do sistema de abastecimento de gua (subseo

    1.2.1). Na aduo de gua bruta porque no existe, segundo o conceito citado, uma considerao

    sistemtica das perdas naquele subsistema. Segundo aquele conceito, as contabilizaes na aduo

    de gua bruta apenas tm lugar quando da inexistncia de ETA, o que torna no uniformes os

    volumes considerados nos casos de diferentes sistemas, com ou sem tratamento. No que respeita

    distribuio, o conceito tambm falho, no sentido de que no contabiliza adequadamente os

  • VERSO PRELIMINAR PARA DISCUSSO - SETEMBRO/2003 DTA A2 - INDICADORES DE PERDAS NOS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA

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    volumes de gua tratada importados de outros sistemas (como no caso de municpios metropolitanos

    que apenas distribuem gua tratada importada de outro municpio).

    Tendo em vista superar estas falhas, considera-se mais adequado trabalhar-se com um conceito de

    volume disponibilizado para distribuio, independentemente da origem dos volumes ofertados,

    semelhana do proposto pela AGHTM no indicador de nmero [9] (seo 2.1). Este, conforme

    esquematizado no quadro 2.1, incorpora os volumes importados e exclui os exportados, o que d uma

    medida mais precisa do desempenho do subsistema de distribuio. Por outro lado, no so

    diferenciadas as vazes tratadas e no tratadas quando postas em distribuio, o que evita a

    assimetria na contabilizao de volumes produzidos em sistemas com e sem ETA ou unidades de

    tratamento simplificado.

    Quanto ao volume faturado, as distores tambm so grandes e no uniformes. De acordo com a

    definio constante do documento AESBE/ASSEMAE (1997), o volume faturado corresponde ao

    volume de gua (medida, presumida, estimada, contratada, mnima ou informada) faturado pelo

    sistema comercial do servio. exceo do volume de gua medida, com as devidas ressalvas sobre a

    preciso dos sistemas de medio, todas os demais constituem objeto de poltica comercial especfica

    de cada servio e no obedecem a qualquer norma geral que minimamente uniformize os critrios de

    contabilizao. Devido a essas polticas, em determinadas reas o volume faturado pode superar o

    volume efetivamente consumido (especialmente onde haja cobrana de volume consumido mnimo),

    distorcendo os indicadores mdios de presumvel eficincia do servio. Ou seja, um servio que