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ENTRE A EXPECTATIVA E A REALIDADE, HÁ UMA CRIANÇA, UM CASAL, VOCÊ! TATIANY SCHIAVINATO Da decisão aos preconceitos pelo caminho, saiba como se preparar para essa jornada

DU O Q? ^=? D P ED T I VD U E A ZCAMINHOS... · Os motivos que te levaram a adoção podem ser ... Adotar uma criança bem como ter um filho biológico é uma sucessão de desafios,

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C A M I N H O S P A R A U M A

A D O Ç Ã O C O N S C I E N T E

E N T R E A E X P E C T A T I V A E A R E A L I D A D E , H Á U M A C R I A N Ç A , U M C A S A L , V O C Ê !

T A T I A N Y S C H I A V I N A T O

D a d e c i s ã o a o s p r e c o n c e i t o s p e l o c a m i n h o ,s a i b a c o m o s e p r e p a r a r p a r a e s s a j o r n a d a

Sobre a autora

Tat iany Sch iav ina to é Ps i có loga C l í n i ca , Coach de car re i ra e mento ra de marke t i ng para ps i có logos .

E spec ia l i zanda pe lo Ins t i t u to Sedes Sap ien t iae em Terap ia fam i l i a r e de casa l ,a tua lmente a tende em seu consu l tó r i o adu l tos , casa i s e p r i nc ipa lmente demandas re lac ionadas à adoção , se ja na p reparação de p re tendentes , ps i co te rap ia , aux i l i o na adaptação e poss íve i s d i f i cu ldades com o pós adoção .

T raba lha com adoção desde 20 12 , fez pesqu i sa na á rea e fo i p s i có loga em um Ins t i t u to de adoção em São Pau lo .

Seu p ro je to Adoção em Pauta j á a judou cen tenas de pessoas com i n fo rmações , re f l exões , a tend imentos ps i co lóg icos p resenc ia i s e on l i ne , e é responsáve l pe la c r i ação do p r ime i ro cu r so on l i ne sobre adoção , que l eva o mesmo nome des te l i v ro .

E s te l i v ro d ig i ta l t raz re f l exões e o r i en tação para você que dese ja percor re r es se cam inho , de uma mane i ra consc ien te e saudáve l .

Aprove i te a j o rnada .

Caminhos para uma adoção

conscienteT.D. Schiavinato

Caminhos para uma adoção

conscienteT.D. Schiavinato

"Ao Noah que me ensina todos os dias sobre o

que é a maternindade, sobre limites e superação

e ao Theo, a luz que eu nunca imaginei ter na

vida"

Agradecimentos

Caminhos para uma adoção

conscienteT.D. Schiavinato

Agradeço minha mãe, por ter sempre acreditado em mim e em minhas potencializades. Ao meu pai por ter me ajudado mesmo quando não entendia ou não concordava com meus caminhos. Aos meus queridos amigos Flávia, Rosemeire, Edneide, Silmara, Leandro, Tatiane Abdalla, e Beatriz pela amizade, parcerias, por ouvirem e apoiarem meus sonhos com relação à psicologia. Agradeço à minha mestre Márcia Regina Da Silva, por ter me ensinado tanto da área e pela oportunidade de crescimento. Ao meu marido Bruno que sempre me apoiou e acreditou em minhas competências na psicologia e fora dela; Às minhas irmãs Lilian e Anny por me ensinarem tanto, e sempre. Sem vocês com certeza a vida seria mais chata. Ao meu primo, irmão Allan Dreger por sempre estar ao meu lado, mesmo que distante, vibrando pelas minhas vitórias. E por fim não poderia deixar de agradecer meu público, pessoas que confiam no meu trabalho, me seguem nas redes socias, me procuram em busca de orientação no consultório e acreditam junto comigo que se preparar psicologicamente para essa jornada é de extrema importância.

sobre o autorTat iany Sch iav ina to é Ps i có loga C l í n i ca e Coach de car re i ra . T raba lha com adoção desde 20 12 , com a tend imentos de c r i anças e adu l tos . Fez pesqu i sa na á rea e a lém da c l i n i ca , também t raba lha como ps i có loga em um Ins t i t u to de adoção em São Pau lo .

Aux i l i a p re tendentes à adoção a se p repararem para os d iver sos desaf i o s que encont ram pe lo cam inho e seu p ro je to adoção em pauta j á a judou cen tenas de pessoas com i n fo rmações , re f l exões , a tend imentos ps i co lóg icos p resenc ia i s e on l i ne .

E s te l i v ro d ig i ta l t rás ma i s re f l exões e o r i en tação para aque le que dese ja percor re r es se cam inho , de uma mane i ra consc ien te e saudáve l .

Aprove i te a j o rnada .

Caminhos para uma adoção

conscienteT.D. Schiavinato

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https://www.instagram.com/t atianyschiavinato/

https://www.facebook.com/Ta tianySchiavinato/

SUMÁRIO

Caminhos para uma adoção

consciente

1. A Decisão de adotar

2. O processo Burocrático

Como tudo começou....

e a ángustia da espera...

Filho a gente escolhe?

Vamos pensar sobre eles?

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T.D.SCHIAVINATO

3. A Escolha do Perfil  18

4. Os Medos pelo Caminho 

5. Preconceito e Superação

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28O caminho para um filnal Feliz

SUMÁRIO

C A P I T U L 0

U M

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Quando fo i que você parou e pensou : “Vou adotar uma c r iança?

Ta lvez esse pensamento não tenha v indo tão rap idamente . Ta lvez fo ra uma necess idade d ian te dos fa tos , ta lvez esse tenha s ido seu dese jo em grande par te da sua v ida , mas ta lvez você nunca pensou sobre i s so a té ver - se imposs ib i l i t ado de consegu i r aumentar a fam í l i a de fo rma na tu ra l . A dec i são de adotar uma c r iança/ado lescen te é uma e tapa ma i s impor tan tes desse p rocesso todo . É a par t i r da í que se i n i c i a o p rocesso burocrá t i co , a p reparação ps i cossoc ia l , a e spera e a ges tação s imbó l i ca .

Os mot ivos que te l evaram a adoção podem se r numerosos . É poss íve l que você possua f i l hos b io lóg icos e es tes es te jam c resc idos e você que i ra aumentar a fam í l i a e percebeu que esse f i l ho necessar iamente não p rec i sa v i r de você . Você pode a té sen t i r - se soz inho , e você sonhou em te r um, do i s ou a té t rês f i l hos , mas a v ida l evou para ou t ros cam inhos e quando se deu con ta , o b io lóg ico j á não te favorec ia ma i s . Ta lvez se ja ques tão de i n fe r t i l i dade de um dos parce i ros ou es te r i l i dade .

Há pessoas que dese jam s imp lesmente fazer o bem, t i rando uma c r iança da rua , do abr igo e que apenas quer adotar por car idade .

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1. A Decisão de Adotar

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"Adotar é acreditar que a história é mais forte que ahereditariedade, que o AMOR é mais forte que o destino"

Lidia Weber

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1. A Decisão de Adotar

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Contudo , par t i r para a f i l i ação adot iva somente por a l t ru í smo não é su f i c i en te para uma h i s tó r iade adoção de qua l idade . Mu i tas pesqu i sas mos t ram que se ja qua l fo r o seu mot ivo , o p r i nc ipa l e a base de todos e l e s deve se r quere r se r pa i , se r mãe .

A c r iança que é adotada por car idade possu i g randes p robab i l i dades de sen t i r - se g ra ta pe lo res to da v ida e tende a não poder v incu la r - se como f i l ho po i s mu i tas vezes são i ngra tos , desaf iam, ques t i onam. Como consegu i r se r você mesmo com seus defe i tos e qua l idades se é esperado gra t idão a todo momento?

Recebo mu i tos ped idos de a juda quando ex i s te um casa l e uma das par tes não dese ja tan to quanto o ou t ro adotar uma c r iança/ado lescen te . I s so e comum, e mu i tas vezes dese jado uma respos ta imed ia ta , como uma fó rmu la mág ica . O que fazer? Como fazer para e l e/e la que i ra? A verdade nua e c rua é que te r um f i l ho é uma dec i são mu i to impor tan te e quando ex i s te um casa l ambos necess i tam es ta r em comum acordo . Bem como em casamentos e f i l i ações b io lóg icas ocor rem mu i tos conf l i t o s quando uma das par tes não dese ja aque le f i l ho , ou não o dese jou . Separações , v íncu los enf raquec idos e abandono são consequênc ias poss íve i s para dec i sões que são tomadas de mane i ra p rec ip i tada .

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Adotar uma c r iança bem como te r um f i l ho b io lóg ico é uma sucessão de desaf i o s , mas dec id i r amar i ncond ic i ona lmente uma c r iança que não nasceu do seu ven t re , cu idar e es ta r d i spon íve l para c r i ação de v íncu los depende de mu i ta ce r teza desse dese jo de se r pa i ou mãe , para poder encarar os obs tácu los , f rus t rações , medos e p reconce i tos pe lo cam inho . Nada me lhor do que pensar a respe i to .

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1. A Decisão de Adotar

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C A P I T U L 0

D O I S

(...) É o tempo da travessia, e se não ousarmos fazê-lo, teremosficado,para sempre, à margem de nós mesmos.

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2. O processo burocrático

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Fernando Pessoa

“Porque tanta demora?

“Para que tantas entrevistas e cursos se ninguém precisa de curso quando engravida? “

“Com tantas crianças abandonadas, eles ficam enrolando para nos dar uma criança. ”

Essas frases e pensamentos são comuns ao deparar-se com a espera, processos burocráticos, avaliações e preparação para se adotar uma criança/adolescente. Mas então por quais motivos adotar uma criança ainda é tão burocrático?

A resposta para essa pergunta não é uma só e nem fácil de responder. Primeiro, vamos ao Bê-á-bá de como proceder quando há interesse em adotar uma criança?

Segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), os passos burocráticos da adoção são esses:

1). Eu quero – Você decidiu adotar. Procure a vara da Infância e Juventude do seu município e saiba quais documentos deve começar a juntar.

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2. O processo burocrático

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A idade mínima para se habilitar ao processo de adoção é 18 anos, independentemente do estado civil, desde que seja respeitada a diferença de 16 anos entre quem deseja adotar e a criança a ser acolhida. Os documentos que você deve providenciar são:

- Identidade - CPF - Certidão e casamento/nascimento - Comprovante de residência - Comprovante de rendimentos ou declaração equivalente - Atestado ou declaração medica de sanidade física e mental Certidões cível e criminal

2.) Dar entrada – Será necessária uma petição – preparada por um defensor público ou advogado particular – para dar início ao processo de inscrição para adoção (no cartório da vara da Infância). Só depois de aprovado, seu nome será habilitado a constar dos cadastros local e nacional de pretendentes à adoção.

3.) Curso e Avaliação – O curso de preparação psicossocial e jurídica para adoção é obrigatório na Primeira vara de Infância do DF, o curso tem duração de 2 meses, com aulas semanais. Após comprovada a participação no curso, o candidato é submetido a avaliação psicossocial com entrevistas e visita domiciliar feitas pela equipe técnica multiprofissional.

Algumas comarcas avaliam a situação socioeconômica e psicoemocional dos futuros pais adotivos apenas com as entrevistas e visitas. O resultado dessa avaliação será encaminhado ao Ministério Público e ao juiz da Vara e da Infância.

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2. O processo burocrático

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4.) Exigências – Pessoas solteiras, viúvas ou que vivem em união estável, no caso de casais homo afetivos ainda não está estabelecida em lei, mas alguns juízes já deram decisões favoráveis. 5.) Perfil – Durante a entrevista técnica, o pretendente descreverá o perfil da criança desejada. Sendo possível escolher sexo, faixa etária, estado de saúde, os irmãos etc. Quando a criança tem irmãos, a lei prevê que o grupo não seja separado.

6.) Certificado de Habilitação – A partir do laudo da equipe técnica da vara e do parecer emitido pelo Ministério Público, o juiz dará sua sentença. Com o pedido acolhido o nome do requerente será inserido nos cadastros, válidos por dois anos em território nacional.

7.) Aprovado – Automaticamente você estará na fila de adoção de seu estado e aguardará então o aparecimento de uma criança compatível com o perfil desejado e fixado durante a entrevista técnica, observada a cronologia da habilitação.

Caso seu nome não seja aprovado, busque saber os motivos. Sendo alguns: Estilo de vida incompatível com a criação de uma criança ou razões equivocadas (para aplacar a solidão; para superar a perda de um ente querido; superar crise conjugal etc.) estes podem inviabilizar uma adoção. No entanto, você pode adequar-se e iniciar o processo novamente.

8.) A criança – A Vara da Infância vai avisá-lo que existe uma criança com o perfil compatível ao indicado por você. O histórico de vida da criança é apresentado ao adotante, caso haja interesse, ambos serão apresentados. A criança também será entrevistada após o encontro e dirá se quer ou não continuar com o processo.

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2. O processo burocrático

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Durante esse estágio de convivência monitorado pela justiça e pela equipe técnica, é permitido visitar o abrigo onde a criança vive; dar pequenos passeios para que vocês se aproximem e venham a se conhecer melhor. Esqueça a ideia de visitar um abrigo e escolher a partir daquelas crianças o seu filho. Essa pratica não e usual para evitar que as crianças se sintam como objetos em exposição, sem contar que a maioria delas não está disponível para adoção.

9.) Conheça o futuro filho – Se o relacionamento for satisfatório, a criança e liberada e o pretendente ajuizara a ação de adoção. Ao entrar com o processo, o pretendente recebera a guarda provisória, que terá validade até a conclusão do processo. Nesse momento, a criança passa a morar com a família. A equipe técnica continua fazendo visitas periódicas e apresentara uma avaliação conclusiva.

10.) Uma nova Família – O Juiz profere a sentença de adoção e determina a lavratura do novo registro de nascimento, já com o sobrenome da nova família. Há a possibilidade também de trocar o primeiro nome da criança. Nesse momento, a criança passa a ter todos os direitos de um filho biológico.

Vimos que são muitas as etapas até a construção de uma nova família, mas será que é tão diferente assim de uma gestação biológica? Alguns pontos, como educar uma criança, o afeto necessário, a culpa materna que normalmente a mãe lida todos os dias, são fases e processos naturais de ter um filho. Outros pontos são muito peculiares para quem adota e para quem é adotado. Temores, angústias, certos medos que são singulares nesta jornada.

Mas voltando ao tempo de espera, vamos a alguns fatores e contextos que podem influenciar a essa decisão:

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2. O processo burocrático

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1. Nossa constituição federal Desde a promulgação da Constituição Federal, da Convenção sobre os direitos da Criança (decreto n 99.710, de 21.11.1990) e do Estatuto da Criança e do Adolescente a criança passou a ser considerada sujeito de direitos, e que necessitam de proteção integral. Assim, toda criança tem o direito de viver em família, com afeto, um lar que seja ele biológico ou adotivo. Contudo, nossa constituição preconiza que preferencialmente a criança deve ficar com sua família de origem, e caso se esgotem todas as possibilidades de tentativas para a mesma voltar para o seio familiar, ela deverá ser encaminhada para lar substituto.

Com essa liei, fica claro alguns pontos de demora, como a demora da destituição do poder familiar, e a recolocação da criança em outra família. A justiça irá tentar todas as alternativas para que a criança/adolescente possa voltar para a sua família de origem. Caso se esgotem todas as possibilidades é dado entrada na destituição do poder familiar e posteriormente na adoção.

Além disso, por um contexto social e histórico ainda se valoriza a qualquer custo os vínculos sanguíneos, como se esse fosse mais forte que o laco afetivo, o que faz com que inúmeras crianças fiquem por longos anos em instituições de acolhimento.

2. Perfil da criança O perfil desejado está sofrendo alterações no Brasil e por mais que o desejo da maioria ainda seja adotar uma menina, branca de até 3 anos, as adoções tardias vêm ganhando espaço, não só na mídia, como também no coração e na vida daqueles que planejam serem pais.

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2. O processo burocrático

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Mas é certo que quando olhamos os perfis desejados versus as características das crianças abrigadas algo “não bate”. A maioria das crianças que estão nos abrigos possuem irmãos, são pardas ou negras e possui algum tipo de doença ou deficiência. As pessoas que estão abertas para esse perfil ficam pouco tempo na fila, mas aqueles que sonham com um bebê branco, sem irmãos e sem doenças vão esperar e muito, e isso se deve há inúmeros fatores.

- A maioria dos bebês que vão para os abrigos são filhos de usuáriasde drogas e muitas vezes apresentam algum tipo de deficiência. Não são todos é claro, mas acontece e se o seu perfil for mais fechado, menores serão as possibilidades. - A maior parte das crianças que estão abrigadas, como vimos, possuem irmãos e são maiores de 3 anos de idade, e isso deve-se ao fato de que normalmente demora para descobrir maus tratos ou negligências para com as crianças, o que resulta nas mesmas irem para os abrigos com mais idade. Por isso a importância de estarmos atentos as nossas crianças, sejam elas parentes, filhos, vizinhos. A cada dia passando por violência e maus tratos, maiores são os danos físicos e psicológicos. - Vivemos infelizmente em um país corrupto, e a corrupção não acontece somente nos meios políticos, mas também nos trâmites deadoção. Ouvi relatos de compra e venda de bebês, de juízes facilitarem bebês para “conhecidos”, advogados extorquirem pessoas para conseguirem ter um tão sonhado recém-nascido. Todos esses fatores juntos fazem com que seja mais demorado a ado; ao de bebes e mais rápida a adoção de crianças maiores. Mas então porque precisamos fazer tantas avaliações mesmo para adotar crianças grandes? Já me perguntaram e talvez seja sua dúvida também.

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2. O processo burocrático

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Porque como vimos, há certas situações que são peculiares da filiação por adoção, e por ainda acontecerem tantas devoluções de crianças, como se fossem meros objetos, é preciso sim existir avaliações, preparação psicológica, acompanhamento e muita reflexão quanto a essa escolha, visto que uma escolha definitiva.

Além disso, não é incomum buscar pela adoção sem estarem completamente decididos, ou ainda um desejar profundamente, e ooutro ter muitas dúvidas. Pessoas querem adotar apenas para obter companhia pois sentem-se sozinhas e muitos outros casos que se não forem avaliados e observados de perto, podem resultar em fracassos e mais sofrimentos para uma criança.

3. Disponibilidade para visitar a criança em outros estados Algumas pessoas e casais colocam poucos Estados como opções para conhecer seu possível futuro filho/filha. Pela minha experiência vejo muitos casais inseguros ainda se “dariam conta “de sair correndo, deixando o trabalho e todo o resto para conhece-lo. Analise as suas possibilidades, pois quanto mais Estados tiver em seuperfil, mais chances você terá de encontrar uma criança com seu perfil.

C A P I T U L 0

T R Ê S

"Não é a genética que cria o vínculo entre pais e filhos. É o amor, asexperiências compartilhadas e o comprometimento"

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3. A Escolha do Perfil

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Filho a gente escolhe?

Filho é filho em qualquer lugar, vindo de qualquer jeito, mas para cada jeito de vir e para cada idade ou fase da vida há certos desafios. Um dos grandes desafios no caminho de uma adoção consciente é escolher o perfil da criança desejada, sem deixar se levar por comentários maldosos e preconceituosos de quem não sabe o que diz; sem querer apressar o passo para que as coisas caminhem mais rápido possível.

Escolher um perfil é difícil?

Com certeza, e também necessário visto que socialmente e culturalmente estamos preparados para receber o filho que nada se conhece, o filho que cresce aos nossos olhos e sabemos ou achamos que sabemos tudo sobre ele. Quando falamos de adoção, falamos de história, de passado, de abandono e rejeição sentida por quem ficou em um abrigo por anos talvez; de costumes e muitas vezes traumas.

Assim sendo, ao escolher o perfil lidamos com os limites, limites estes que são próprios de cada um. Ao me deparar com casais no consultório, é notório que cada um tem um medo diferente, um receio; alguns são mais abertos para idade, outros são mais flexíveis para doenças.

Gina K. Levinzon

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3. A Escolha do Perfil

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Por isso, nem sempre essa escolha é rápida, visto que o casal precisa estar totalmente de acordo com o perfil da criança, afinal a criança terá um pai e uma mãe, ou dois pais, duas mães. O importante aqui é a criança sentir-se segura, amada e confiar que esses pais nunca mais a deixarão passar por novo abandono. Quando se adota sozinho, também há medos, receios, com gênero, com histórico de drogas, com deficiências. Medo de não ser capaz, do biológico falar mais alto que o amor dado, medo de não conseguir educar uma criança mais velha. Para aqueles que querem um bebê um recém-nascido, a angustia é outra: como contar para a criança que ela é adotada, quanto tempo terá que esperar para realizar esse sonho entre tantos outros. Para amenizar essa angustia, converse com outros pretendentes a pais por adoção. Compartilhe experiências, conheça crianças adotivas, ouça historias felizes. Leia, estude, e o mais importante, conheça a si mesmo.

C A P I T U L 0

Q U A T R O

"O silêncio, sob a capa da preservação, deixa um halo de vulnerabilidadeque propicia insegurança, desconfiança e desilusão. Nas relações

interpessoais, não temos o direito de silenciar sobre as coisas que dizemrespeito à vida das pessoas com quem nos envolvemos."

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4. Os Medos Pelo Caminho

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Vamos pensar sobre eles?

Ter um filho sempre causa certa ansiedade, certo medo pois o desconhecido causa essa sensação. Durante o processo de adoção, ainda há alguns agravantes como o tempo de espera estendido, o receio de não ser amado como pai e mãe; medo da criança procurar a família biológica cedo ou tarde; medo do histórico e passado da criança assim como medo de educar uma criança que j[a tem uma história. Vamos ver alguns destes detalhadamente.

A espera. Esperar nunca é fácil, principalmente quando sabemos que existem muitas crianças sendo abandonadas e negligenciadas a todo momento. Mas como já dissemos anteriormente, a espera é influenciada por inúmeros fatores.

A questão aqui é saber lidar com ela. Mesmo que não haja barriga na espera para uma adoção, há uma gestação simbólica, dessa forma é possível aproveitar esse tempo para o autoconhecimento, para a preparação para montar por exemplo um álbum dessa gestação simbólica. Uma atividade que gosto muito de dar quando estou mediando um grupo de adoção, e até mesmo para meus alunos, é imaginar a criança já estando com você, em sua família, e fazer um desenho. O desenho será como você quiser, onde vocês quiserem. O importante aqui é sonhar, imaginar. Quer tentar? Depois você me conta como foi o exercício.

Luiz Schettini Filho

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4. Os Medos pelo Caminho

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Adaptação: a Adaptação é uma das dificuldades mais comuns após a adoção. Isso porque, tanto os pais, quanto a criança ou adolescente já estão acostumados com um estilo de vida, rotinas e pessoas diferentes no seu dia a dia. Porém, a adaptação pode ser uma dificuldade passageira. Isso porque, tanto a criança quanto os pais querem fazer com que aquela nova família dê certo, e por isso farão o possível para o sucesso na relação.

Testes: Por mais interesse que a criança tenha em ter uma família, é comum acontecerem muitas birras, manhas e desobediência, as vezes coisas graves. Ao enfrentar os novos pais, a criança testa seus novos pais o tempo todo. Testa seus limites seu amor e o verdadeiro desejo destes serem seus pais. Inconscientemente muitas crianças tentam abandonar esses novos pais para não serem abandonados mais uma vez.

Por isso, é importante saber impor autoridade e estabelecer limites, sem punições físicas ou ameaças de devolução. O limite pode ser colocado com afeto e com muito carinho, sempre reafirmando a diferença entre a criança e o comportamento dela. É aqui, nos testes, birras e malcriações que muitas vezes acontecem as devoluções, os conflitos maiores. Ao ver que a situação está piorando, procure ajuda, orientação de pais com um psicólogo (a) ele poderá te ajudar a superar essa fase tão difícil.

Curiosidade sobre a família biológica: Algumas crianças, principalmente quando estão chegando a uma certa idade e sabem que são adotadas, querem conhecer as suas origens, em busca de sua própria identidade. A busca por essa identidade, que é algo natural do ser humano, pode gerar curiosidade em saber mais sobre a sua família biológica.

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4. Os Medos pelo Caminho

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Nesse caso é importante que haja diálogo, sempre evitando mentir para a criança.

Momentos difíceis e conflitos podem ocorrer, mesmo depois de criado um bom vínculo com a criança. Mas a principal questão é como os pais irão lidar com essa situação. Os pais devem demonstrar amor, buscar preparação, conhecimentos e informações.

Também é indicado que, nessas dificuldades, busquem ajuda profissional, tanto para a criança ou adolescente, como para os pais. Passar por psicoterapia, terapias em grupo de pais adotivos, assim como grupos de apoio pós adoção também podem ajudar muito na troca de experiências.

C A P I T U L 0

C I N C O

"Para amar o filho, não é preciso conhecê-lo, no sentido de esquadrinharsua personalidade ou mapear seu caráter. Amamos, porque

estabeleceu-se desde o início o desejo e a disponibilidade de tê-lo (nãoimporta a forma) e querê-lo incondicionalmente."

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5. Preconceito e Superação

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Como lidar com o preconceito de parentes e familiares quando o assunto é adoção? O que dizer quando afirmarem que você é louco, louca por querer “criar alguém que você nem sabe de onde veio”. Frases como “cuidado hein, depois ele pode te matar “ou “nossa, você é corajosa “não são incomuns.

O que fazer para lidar com o preconceito se seu filho ou filha vierem com a cor de pele diferente de você? Ou tiver alguma deficiência, doença rara ou qualquer característica diferente da maioria das pessoas?

Vivemos em um mundo onde é muito difícil as pessoas entenderem que a diferença SOMA, agrega, é benéfica. Vivemos em um mundo onde é extremamente difícil aceitar o outro como ele é. Temos a tendência de querer colocar tudo em um padrão. Padrão de beleza, de comportamento, de procriação. Quer ver um exemplo?

Porque meninos não podem brincar de boneca? Por que meninos não podem usar rosa?

Por que as pessoas que desejam doar um filho são julgadas de más, sem coração? Por que homens devem se casar com mulheres e vice-versa? Simplesmente porque aprendemos a viver nesses padrões considerados aceitáveis, onde só existem dois lados.

Luiz Schettini Filho

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5. Preconceito e Superação

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E na adoção não é diferente. Espera-se que você se case, tenha dois filhos, isso porque aprendemos que um filho é pouco, três é demais. E se por acaso você não puder engravidar, aí sim... tudo bem adotar, um bebê bem parecido com você, como se a adoção fosse algo ruim, que deve ser escondido.

Mas te digo: NÃO PRECISA SER ASSIM!

Com certeza não precisa ser assim, porém ainda existem muitas pessoas maldosas, crianças que aprendem com seus próprios pais a não respeitarem as diferenças e limitações dos outros. Lembrando que TODOS nesse imenso universo temos limitações. Elas podem ser visíveis ou não!!! Pode ser um pé torto que é visível, a vista que não enxerga tão bem e um óculos fundo de garrafa, mas pode ser a limitação de comunicação, de não conseguir se relacionar bem. Pode ser a limitação de ter alergias a vários alimentos, limitações que só a pessoa vê, mais ninguém.E COMO LIDAR ENTÃO COM TODO ESSE PRECONCEITO?

Primeiramente é preciso estar muito seguro de sua escolha quanto á adoção, e ter a certeza de querer ser pai e mãe daquela criança. Se você tiver certeza que fez a escolha certa, que seu filho está diante de você passará então para ele (a) a segurança que ali é sua família, o ensinará a se defender de forma justa caso o preconceito apareça. O fortalecerá para que ele tenha seus próprios recursos para lidar com as situações adversas.

Não ter segredos com seu filho ou filha é um outro ponto que favorecerá essa relação de segurança e pertencimento. Mesmo quando a adoção acontece nos primeiros meses de vida, é preciso ter muito bem claro que a criança precisa, é um direito dela saber sobre a sua história.

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5. Preconceito e Superação

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Quando sua história permanece escondida, a criança, inconscientemente vai percebendo os segredos na família, sente que algo está errado com ela, com a família, mas não saber o que; sente como se a adoção fosse errada. Isso porque a criança é muito sensível e percebe tudo muito depressa.

E se a adoção é uma forma legitima de filiação, porque esconder? Por que ter vergonha ou medo dela? Como vimos, medos pelo caminho há inúmeros, desafios também, assim como qualquer outra filiação, mas com reflexão, preparação, orientação psicológica é sim POSSÍVEL trilhar um caminho saudável, consciente e feliz ao se adotar uma criança.