Upload
cristiane-patricio
View
381
Download
3
Embed Size (px)
Citation preview
1
MEDITAÇÕES: A DUREZA DA LEI NOS
DEIXA “SEM GRAÇA” – VOL II
2
Neli Cavalcante
Assessoria jurídica Especialista em Leis Cristãs
R. Aureliano Coutinho, 228 / 04
Embaré – Santos- Cep: 11.040- 240
Tel. 32314759- 91780437 E-mail: [email protected]
“e te restituirei os teus juízes, como eram dantes, e os teus
conselheiros, como no princípio, então serás chamada cidade
de justiça, cidade fiel”.1
1 Isaías 1:26.
3
Dedicatória:
À Deus, pois justiça e juízo são a base do Seu trono.
4
1. Prefácio
Querida (o) amiga (o), sedenta (o) e faminta (o) de JUSTIÇA
Deixo aqui para sua reflexão, de maneira simples, alguns retalhos
escritos, algumas sementes, para que germinem e dêem frutos ao
seu coração, certamente inconformado com a injustiça, com a
hipocrisia e o desamor. Seja cada uma dessas sementes, água de Deus para regar a sua alma.
Livres de cercas religiosas, encontramos Deus fora do status quo,
fora do padrão religioso estabelecido, que como revela o Apocalipse é uma verdadeira prisão e uma astuta armadilha anti-Cristo.
Encontramos o Poderoso fora dos dogmas, dos rituais vazios, a
exemplo de Martinho Lutero e tantos outros que ousaram questionar
o que está pré-estabelecido, como ensinou Kant, como denunciou Kierkegaard, e outros tantos filósofos, como também Sto Agostinho,
Aquino e outros, que explicaram a fé pela lógica, e aí descobrimos a
virtude, o que é santo e justo, e entendemos também o que falou
Sócrates: “Só sei que nada sei”. A exemplo de tantos mártires, nos
ocupamos em tornar os textos bíblicos populares, como é o propósito de Deus em oposição à religião, esta que é umas das maiores
desgraças da humanidade (se não for a maior), e que divide os
homens que Jesus veio para unir. É impressionante como este nome,
que é acima de todo o nome que se nomeia, provoca tempestades e escandaliza, pois veio testificar que as nossas obras são más.
Descobrimos enfim, de maneira maravilhosa, que este Jesus Bíblico,
que não pertence a nenhuma religião, mas ao que crê, este que
divide a humanidade em antes e depois, o Verbo que se fez carne, O Homem que habitou entre nós, é também Deus (o único), de
eternidade à eternidade. Jesus não é religião, mas a única
oportunidade para o relacionamento do homem com Deus. A sua
ressurreição foi o fato mais extraordinário da humanidade e é
fartamente comprovado pela história.
Eis o nosso fundamento, a nossa Fonte Primeira: “Pois ninguém pode
pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus
Cristo”.2
Há outro que tenha ressuscitado?
Observemos para tirar as nossas conclusões: A Bíblia tem 40 livros que foram escritos por 66 autores. Todos estes viveram em épocas
totalmente diferentes, eram pessoas de personalidade, cultura, idade,
sexo, nações diferentes totalmente uma da outra, porém falaram
sobre as mesmas coisas; uma coisa testifica da outra, se encaixa na
2 I aos Cor 3:11.
5
outra com uma exatidão espantosa. Qual o livro que demora séculos
para ser escrito? Qual livro é o best-seller do mundo? Qual livro que
termina de ser escrito hoje, sem estar já ultrapassado? Qual o livro
que fala com todos, nos quatro cantos do mundo da mesma maneira, que desperta o rico e o pobre, o sábio e o iletrado, sem fazer
acepções? Quais as leis que estão inseridas em todos os seguimentos
das sociedades, em todos os tempos? Se assim é, como poderia
alguém imaginar que estas são palavras de homem? “Pois os seus
atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente
vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as
coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis;”.3
Escrevemos sob o comando de Deus, que certa feita me deu uma
caneta e um livro de ouro (visões espirituais), me instruindo para
escrever as coisas divinas que Ele me inspiraria. Recomendo que
antes de se expor à leitura, o leitor peça a Deus que lhe revele ao espírito4 o que Ele quer dizer, já que os textos têm as Leis de Deus
como fundamento, pois a Bíblia não se interpreta, mas se recebe
revelação do Espírito Santo de Deus. E também não há segundo a
Bíblia5 interpretações sobre os textos, mas sim revelações, pois a Palavra se renova a cada dia. Coloco aqui um trecho de um livro de
Ellen White6 para somar ao que acabamos de falar:
(p.8) A Bíblia aponta a Deus como seu autor; no entanto, foi escrita por mãos humanas e, no variado estilo de seus diferentes livros,
apresenta as características dos diversos escritores. As verdades
reveladas são oferecidas por inspiração de Deus (“16 Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para
repreender, para corrigir, para instruir em justiça;7”); acham-
se, contudo, expressas em palavras de homens. O Ser Infinito, por
meio de Seu Santo Espírito, derramou luz no entendimento e coração de Seus servos. Deu sonhos e visões, símbolos e figuras; e aqueles a
3 Romanos 1:20.
4 Se o seu espírito ainda não está recriado, leia João I e vai entender que o que crê na obra da cruz de
Cristo, se torna filho depois da confissão dos lábios (Romanos 10:9,10) e o seu nome será escrito pelo dedo de Deus no Livro da Vida (Apocalipse 21:27). Peça então perdão pelos pecados, para quebrar as maldições sobre a sua vida, renuncie a todos os outros deuses (objetos de proteção ou de sorte, imagens, ídolos, filosofias), passe a crer no único Deus e tenha então a partir daí a comunicação direta com o Senhor dos Senhores através da recriação do seu espírito que foi morto no Jardim do Éden, onde se seu a separação entre o homem e o seu Criador. Será então este, o seu novo nascimento como filho de Deus, enfrentando a partir daí a pior guerra que alguém pode enfrentar que é contra o diabo (o príncipe deste mundo). Também, a sua velha natureza que vai continuar morando dentro de você junto com a outra que acabou de nascer, vai se opor a tudo o que vem de Deus, concordando também com o mundo e todos os seus atrativos e tentações. Se perseverar e resistir até o fim, será salvo. Não podemos deixar de frisar que Jesus passará a ser o seu advogado (Ele é invicto) e completará a sua força em cada batalha (vai completar, e não fazer o que compete a você fazer). Eu oro para que você aproveite esta extraordinária oportunidade que Jesus lhe deu, não se rendendo a nenhum suborno. O preço para o seu resgate foi caríssimo e indizível, assim como a promessa de Deus para sua vida. 5 II a Pedro 1:20,21. 6 Ellen G. White; Tradução: Hélio L. grellmann; Casa Publicadora Brasileira; Tatuí/SP; 7ª Ed. 7 II Timóteo 3:16
6
quem a verdade foi assim revelada concretizaram os pensamentos
em linguagem humana. Escritos em diferentes épocas, por homens
que diferiam amplamente em posição e ocupação, tanto quanto em capacitação mental e espiritual, os livros da Bíblia apresentam amplo
contraste quanto ao estilo, assim como diversidade no tocante à
natureza dos assuntos desvendados. Diferentes formas de expressão foram empregadas por distintos escritores; muitas vezes a mesma
verdade é apresentada de modo mais marcante por um escritor do
que por outro. À medida que várias escritores apresentam o mesmo
tema sob variados aspectos e relações, poderá parecer, ao leitor superficial, descuidado ou preconceituoso, que entre estes autores
existem discrepâncias ou contradições; ao mesmo tempo, porém, o
estudioso pensante e reverente. Com visão interior mais clara, discernirá aí a harmonia subjacente.
A Bíblia é a fonte primeira, é a bússola, o endereço de Deus, onde
está impressa a PALAVRA DE DEUS, que é o Verbo que se fez carne e habitou entre nós.8 Ele vai voltar para buscar os que creram: “Eu sou
o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, e que era, e que
há de vir, o Todo-Poderoso”.9 Seria bom que cada um colocasse em ordem os seus “documentos”
para estarem prontos para partir com Ele para eternidade a qualquer
momento. Para isso, basta crer que Ele (Jesus) é o único caminho
para se chegar a Deus, confessar isto com a boca,10 arrependido dos seus pecados e consciente que não é suficiente, mas dependente
deste que o criou (não deixe de observar que estamos falando do
Cristo Bíblico e não o das Igrejas): “Porque muitos virão em meu
nome, dizendo: Eu sou o Cristo; a muitos enganarão”.11
2. Oração:
Esta é a oração que Paulo fazia e que agora faremos por você: “17
Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos
dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; 18tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que
saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos; 19E qual a sobre excelente
grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a
operação da força do seu poder”. 12
E que a paz de Deus, que excede todo o entendimento possa reinar
em seu coração. Com amor, Neli.
8 João 1. 9 Apocalipse 1:8. 10
Romanos 10:8/13. 11
Mateus 24:5. 12 Efésios 1:17/19.
7
3. Monografia
Quero deixar aqui também, o resumo, o sumário, a introdução e a conclusão da minha monografia. São mais de 500 páginas depois de
bem resumida pelo orientador. Grifo aqui o sumário para que o leitor
possa ter uma visão geral do todo, e se sentir o desejo de lê-la na
íntegra, solicite, que terei prazer em atendê-lo. Assim o faço, primeiro pelo assunto que debato constantemente e quero sempre o
tornar público, e segundo porque neste resumo da minha trajetória
este texto monográfico é o motivo principal de Deus ter me enviado à
Faculdade de Direito.
3.a Título da Monografia
Conflitos Interpretativos Entre Direito Natural E Direito Posto Às Condutas Religiosas13
13 Monografia apresentada por Neli Cavalcante à banca examinadora da UNISANTOS
(Santos/SP), sob a orientação do Profº Ricardo Galvanese, e tendo como eExaminadora: Profª Miriam.
8
3.b Resumo
Conflitos Interpretativos entre Direito Natural e Direito Posto Relativo
às Condutas Religiosas, prioriza essencialmente analisar a relação
entre a objetividade das regras jurídicas e os imperativos de
consciência gerados naquele que fundamenta sua fé nos evangelhos de Jesus Cristo, tendo como fonte de direito principal a Palavra de
Deus. Como exemplo principal, a partir do qual se evidencia esta
problemática, foi utilizando o artigo 208 do Código Penal, analisando
o que realmente pode tipificar o ultraje a culto, sem ferir princípios
básicos da fé de um fiel. Tal análise revelou então as seguintes questões centrais: Quais as possibilidades juridicamente intrínsecas e
teologicamente extrínsecas deste artigo que tipificam a conduta de
ultraje a culto? Quais as conseqüências viabilizadas por este tipo
penal, dada à inobservância de suas particularidades intrínsecas e extrínsecas? Quais são as respostas para os conflitos interpretativos
entre a Lei natural, Divina, e o Direito Posto?
A pesquisa deste trabalho atesta não ser possível compreender de forma simplista as problemáticas supramencionadas, posto que
reclama regulamentação urgente na Lei Posta. O desenvolvimento
deste estudo visa, portanto, ampliar e reivindicar o direito do “fiel”
(às leis cristãs) que é intimidado pela lei humana no momento de
expressar sua fé e segui-la acima de tudo e de todos, conforme o mandamento das Leis Sagradas. Conclui que o fiel se encontra sem o
devido amparo jurídico, necessitando o judiciário de peritos nesta
área, bem como de uma legislação especial: “O Estatuto do Fiel”,
firmando-se, assim, para este jurisdicionado, a Justiça na sua exata medida.
9
3.c Sumário
INTRODUÇÃO.................................................................................15 O JULGAMENTO DE JESUS E DE PAULO...............................................29
O ENTRELAÇAMENTO DAS LEIS..........................................................39
1 –LIBERDADE DE EXPRESSÃO......................................................45
1.1 COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO......................................................48
1.2 ABUSO DE AUTORIDADE: LIBERDADE DE CULTO E LIBERDADE DE
CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA..............................................................52 1.3 LIBERDADE DE CULTO E LITÍGIO DE CRENTES X CRENTES NO
TRIBUNAL........................................................................................56
1.4 LIBERDADE DE EXPRESSÃO.........................................................56
II. MORAL E ÉTICA........................................................................58
2.1 OS AGENTES MORAIS.................................................................60
2.2 O CARÁTER SOCIAL DA MORAL....................................................61 2.3 A FUNÇÃO SOCIAL DA MORAL......................................................62
2.4 A ATITUDE ANTIÉTICA E ILEGALIDADE.........................................62
III. RELIGIÃO E LEI: Direito Natural e Direito Divino....................64
3.1 A VISÃO DE SANTO AGOSTINHO ................................................65
3.2 A VISÃO DE SÃO TOMAZ DE AQUINO...........................................69 3.3 A VISÃO DE HUGO GRÓCIO.........................................................74
3.4 A VISÃO DE THOMAS HOBBES......................................................75
3.5 A VISÃO DE JOHN LOCKE.............................................................76
3.6 A VISÃO DE BARUCH SPINOSA.....................................................76 3.7 A ISÃO DE SAMUEL PUFFENDORF..................................................77
3.8 A VISÃO DE GOTTFRIED WILHELM LEIBINIZ.................................78
3.9 A VISÃO DE IMMANUEL KANT.......................................................79 3.10 PAUL-MICHEL FOUCAULT/ FILÓSOFO FRANCÊS.............................80
3.11 A VISÃO DE SOREN AABYE KIERKEGAARD..................................83
IV – DIREITO DIVINO COMO DIREITO NATURAL E O DIREITO
POSTO............................................................................................85
4.1 A DUALIDADE DAS LEIS: A LEI DIVINA E A LEI DOS HOMENS...........85
4.2 A NECESSÁRIA INSPIRAÇÃO DIVINA NAS LEIS DOS HOMENS...........99 4.3 É POSSÍVEL, AO HOMEM, A JUSTIÇA IDEAL?................................100
V – O JUSTO LEGAL E O JUSTO NATURAL E A INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS.....................................................................106
5.1 A PERSPECTIVA CRISTÃ.............................................................106
5.2 A INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS...............................115 5.3 CONFLITOS INTERPRETATIVOS...................................................117
5.4 INFLUÊCIA DO DIREITO NATURAL NA APLICAÇÃO DA JUSTIÇA.......125
VI – DIREITO DIVINO, DIREITO POSTO E O ARTIGO 208 DO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO......................................................................129
6.1 O CASO DO TUPI PAULISTA........................................................139
6.2 O CÓDIGO CIVIL E AS IGREJAS..................................................154 6.3 O JUIZ, O FIEL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL................................177
6.4 A INTENÇÃO DO LEGISLADOR....................................................186
10
CONCLUSÃO.................................................................................190
O NOVO CÓDIGO CIVIL E AS IGREJAS..............................................201 PROPOSTAS DE MUDANÇAS PARA A LEGISLAÇÃO VIGENTE................202
JULGAMENTO PRÉVIO......................................................................203
A ARBITRAGEM...............................................................................205 INVOCA-SE JUSTIÇA........................................................................209
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS........................................................213
ANEXOS........................................................................................218 ANEXO Nº 1 (Jesus no Contrafluxo da história )..................................219
ANEXO Nº 2 (Desabafo)...................................................................232
ANEXO Nº 3 (Direito à comunicação/ Defesa fundamental) .................236 ANEXO Nº 4 (Temática Religiosa: 1º Tema: Liberdade de culto/ 2º Crentes
x crentes no Tribunal) .....................................................................241
ANEXO Nº 5 (Submissão nada bíblica) ..............................................245 ANEXO Nº 6 (Mestre invisível) .........................................................252
ANEXO Nº 7 (Bíblias na biblioteca) ...................................................257
ANEXO Nº 8 (Conflito dentro do próprio direito) .................................259
ANEXO Nº 9 (Adultério/ Crime: Violenta emoção ou torpe vingança?).....................................................................................274
ANEXO Nº 10 (Charlatanismo e a loucura do Evangelho).....................282
ANEXO Nº 11 (Casamento) ..............................................................286 ANEXO Nº 12 (Religião x Religião) ...................................................313
ANEXO Nº 13 (Estatutos Evangélicos)................................................316
ANEXO Nº 14 (O Poder Latente da Alma) ..........................................332 ANEXO Nº 15 (Escândalos no Judiciário)............................................335
ANEXO Nº 16 (Escândalos na Igreja) ................................................361
ANEXO Nº 17 (Judiciário e Direitos Humanos).....................................374
ANEXO Nº 18 (Causas da ruínas da igreja)........................................390 ANEXO Nº 19 (A Sociologia Jurídica no Brasil: O saber jurídico e os dilemas
dos anos 80 e 90) ...........................................................................397
ANEXO Nº 20 (Colapso da via judicial trabalhista)...............................405 ANEXO Nº 21 (Zelo) .......................................................................410
ANEXO Nº 22 (Igreja Evangélica) ....................................................416
ANEXO Nº 23 (Reflexão dos pensadores)...........................................421
11
3.d Introdução
Temos pedido a Deus que nos guie pela vereda direita, por amor do
Seu Nome, que nos é acima de todo o nome que se nomeia, pelos
séculos dos séculos, em relação a todas as coisas, incluindo este
trabalho. Seja tudo escrito para edificação e sob a proteção de Deus,
a exemplo do comando do Preâmbulo da nossa Constituição. Este é um assunto que nos queima no peito, como outros: divórcio,
adultério, aborto, frutos da desagregação familiar, porém, tudo isso,
a nosso ver, está diretamente relacionado à inoperância da Igreja de
Cristo, aos embusteiros que se sentam na “cadeira de Moisés”, que traduzem o caráter de Deus de forma torcida aos olhos dos homens,
os ensinando a serem cada vez mais a andarem distante da justiça:
“... têm aparência de piedade, mas negando-lhe o poder”.14
“Visto que não conheceram a justiça de Deus, e procuraram
estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram a que vem de Deus”.15
É muito fácil fazer cara de contrito e cumprir todos os rituais vazios,
porém o único documento eficaz serão “os frutos”: “Conhecereis
pelos frutos16”, e não por qualquer coisa outra que não sejam um
comportamento são, um coração puro, simples, que seja capaz de
amar o seu inimigo e orar por este que o persegue; que seja capaz
de suportar injustiças para que se implante o reino de Deus na terra,
para que os homens parem de sofrer sem saber porque estão sofrendo, de correr atrás de vento, de ilusão e de vaidades, porque
(...) ”tudo é vaidade”17, como disse o sábio Salomão.
Sabe-se, através das Escrituras Sagradas que a Igreja de Cristo é a que deve prestar contas a Deus, pois se Ele deu a terra aos filhos dos
homens18, estes a entregaram a satanás, e depois Jesus veio
resgatar esta terra entregando-a para a Igreja administrar até a sua
volta, é esta quem vai responder sobre o que acontece neste território ao seu dono quando aqui voltar. Porém, não é isto que
temos visto, mas sim o conchavo político da Igreja com o Estado,
perdendo-se assim a essência das leis cristãs nas mãos da “religião”
do status quo, desta que deveria refletir o caráter de Cristo, ao invés de estar “cedendo terras de possessão perpétua em troca de uma
falsa paz”, ou seja, agradando a este ou aquele com pensamentos
humanos, destruindo assim o único caminho, a única verdade e a
14 II a Timóteo 2:5 15 Romanos 10:3. 16
Mateus 7: 20 17
Eclesiastes 1: 2 18 Salmo 115:16.
12
única vida que pode dar ao homem a saída do caos em que está
mergulhado:
“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida e ninguém vai ao Pai senão por mim”.19
O Pastor Ricardo Gondin da Igreja Betesda em São Paulo, em seu texto “Jesus no Contrafluxo da História”, relata a sua experiência em
uma palestra em uma universidade, onde foi argüido com
questionamentos terríveis, ferinos, advindos de corações
endurecidos, cansados de suportar a hipocrisia e o “caos” dentro das
Igrejas Cristãs (texto na íntegra no anexo nº 1). Em outra ocasião, escreve o mesmo pastor, um desabafo: não mais pode suportar a
enfadonha mesmice de uma teologia sem nenhuma criatividade, nem
os estereótipos pentecostais, as manifestações emocionais, a falta de
vitalidade espiritual, a falta de beleza artística no meio do povo que se intitula cristão, as vaidades religiosas e tantas outras situações
dentro das igrejas do status quo (texto na íntegra no anexo nº2).
Faz-se aqui, dado a complexidade do assunto, também uma parceria com Francis Schaeffer, em seu livro “A morte da Razão”, onde o autor
fala da pregação sem conteúdo que tem sido oferecido nas igrejas
ditas cristãs, tão distante da essência do que Jesus disse. O termo é
usado hoje em dia como um emblema sem conteúdo a que se convida nossa geração a seguir. Mas não se lhe empresta sentido
racional, bíblico, através do qual se possa testá-lo e, dessa forma, a
palavra está sendo empregada para ensinar exatamente o oposto
daquilo que Jesus ensinou. Se não se entende que a relação básica
do homem é para cima, o homem tem que procurar descobri-la para baixo. Em resumo, diz o autor que o homem sempre busca algo mais,
que vai além da racionalidade e da vida natural, porque isto não o
completa e não responde aos seus questionamentos, e como as
igrejas têm pregado o evangelho sem vida, sem significado, e como os cristãos em sua maioria não vivem o que pregam e os que pregam
o fazem com uma distância enorme dos princípios divinos, pois os
resumem na pequenez e nas limitações humanas. Quase ninguém
assim encontra representantes de Deus para um escape. As igrejas são assim infestadas de pessoas vazias, assim como em cada esquina
nas ruas, e para preencher esse vazio procuram o “andar de cima”,
buscam experiências sobrenaturais, além da racionalidade, e é aí que
entram as drogas, o sexo pervertido e toda forma de vícios, assim
como também vários outros recursos, contanto que os levem a sentir aquilo que um evangelho inoperante jamais vai lhes proporcionar.
Fala o autor:
19
João 14: 6
13
O homem já morreu. Deus já morreu. A vida se tornou uma
existência sem significado, e o homem não passa de uma roda na
engrenagem. A única via de escape passa por um mundo fantástico
de experiências, drogas, absurdos, pornografia, uma “experiência final” elusiva e de loucura. Se esta mentalidade é a mentalidade do
século vinte, como aconteceu? E como podemos fazer com que a fé
cristã tenha sentido para o mundo de hoje? Dr. Schaeffer, Diretor da
Comunidad L’Abri na Suíça, mostra o histórico de como a arte e a filosofia têm sido o espelho do dualismo existente no pensamento
ocidental desde o tempo da Renascença. Hoje, este dualismo se
expressa no desespero quanto ao descobrir o racional, e no escape
para o mundo não racional que é o único que oferece alguma esperança. Esta tendência é vista na literatura, na arte e na música,
no teatro e no cinema, na televisão e na cultura popular.
As pessoas sofrem “(...) porque lhes faltam o conhecimento
daverdade”20; não de uma aparência, mas da verdade real. E o que
se tem visto nas igrejas senão o que Cristo falou? O fermento dos
fariseus, que é a hipocrisia, gerando seus filhos, os crimes
inomináveis da suposta Igreja de Cristo, onde se pode parecer, mas
nunca “ser”. A ordem é para que se seja uma deslumbrante “espuma”, esta que aparenta, porém, dificilmente alguém tem os
olhos abertos para perceber a astuta cilada do inimigo. O que limpa é
o sabão e não a espuma! A espuma leva a fama, e o sabão, como um
tipo de Cristo, não tem formosura, porém é o que resolve, é o que limpa, é o que salva.
Fala Ken Blue no seu Livro “Abuso Espiritual”21
Quando uma família disfuncional vê que não há espaço na igreja para
as imperfeições dela, acaba encobrindo-as. Todos exibem um riso e
agem com base na doutrina não-falada de que é melhor parecer do
que ser de fato uma família cristã. A dor permanece escondida e não-tratada, fazendo com que uma má situação fique ainda pior. (grifo
nosso).
Rick Joyner, autor de vários livros, profeta da atualidade comenta a
devastação da Igreja nos últimos dias, comparando-a à Guerra Civil
Americana que às vezes parecia que iria destruir a nação inteira. Fala
o Autor no livro “A Colheita“:22
Como foi que a igreja se afastou da verdadeira adoração?
Basicamente foi por adorar a Igreja do Senhor em lugar de adorar o
20
Oséias 4: 6 21
Blue, Ken.Tradução de Healin Spiritul Abuse; Abuso Espirutal, ABU ed;1ª ed; 2000; pág. 74,º3º.. 22
Joyner, Rich. “A Colheita”. RJ;2000;2ª ed; pág.90,§3º.
14
Senhor da Igreja. A igreja é uma “criatura”, ela foi criada. E foi criada
com um glorioso propósito, o de ser a habitação do Senhor, mas
temos decaído por darmos mais atenção à casa do Senhor do que a Ele. Esta é a raiz do espírito de sectarismo que tem dividido a igreja e
que tem pervertido a adoração. Adoramos o que domina o nosso
coração, e embora todos nós devamos ter a igreja no coração, isso nunca poderia exceder a devoção dada ao Senhor, pois assim
decairíamos da verdadeira adoração para a idolatria.
Homossexualismo é ter relações com parceiro do próprio sexo.
“Homossexualismo espiritual” é também o desejo de ter relações apenas com os da nossa própria espécie. O Senhor referiu-se a isso
como “homo-sectarismo”. Não se trata apenas de um jogo de
palavras – é uma condição extremamente séria da igreja. O sectarismo é centrado em si mesmo, busca seus próprios interesses e
sua autopreservação, e isso é o resultado de uma adoração a si
mesmo.
O Apóstolo Paulo disse que a pessoa pode conhecer em parte, ou
seja, que cada pessoa conhece uma parte, e a justa operação de
cada parte fará a estatura do varão perfeito. Dentro uma visão geral
das coisas, é maravilhoso ver a parte de cada um, porém sabe-se que cada um tem uma parte para executar, e no meio desta parte
que me cabe, está este trabalho. Não se pode deixar de admirar
todos os temas e o trabalho de cada um, porém, cada um tem que
cuidar da sua parte. Seria lastimável que alguém escrevesse algo só para cumprir o programa da faculdade, porque este não iria estar
inteiro no assunto, não seria honesto, mas um feito mecânico,
desprovido da unção. Realmente isto seria muito triste. Apesar do
tema aqui apresentado não ser comum, e ter havido muita dificuldade para conseguir a orientação necessária, é um tema muito
atual e premente, pois há uma lacuna na lei e isto precisa ser
denunciado, analisado, exposto, discutido, sob pena de a sociedade
continuar sofrendo os abusos e percalços que tem ocorrido através desta brecha.
O artigo 208 do Código Penal, tipifica a conduta de ultraje a culto: Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença
ou função religiosa; impedir ou perturbar Cerimônia ou prática de
culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto
religioso: Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada
de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência.
O que vem a ser um ultraje a culto? Para um pastor poderá ser
alguém levantar e opinar sobre o tema da pregação de maneira que
contrarie os seus pensamentos, mesmo que o aparte esteja plenamente respaldado pela Constituição do Reino de Deus. Para este
que está argüindo, questionando, argumentando, pode ser que o
15
ultraje seja exatamente o que está sendo dito na pregação
contrariando as Escrituras Sagradas. Formou-se o impasse. O “fiel”, o
membro, o associado como fala o Código Civil nos seus artigos 53 e
ss, que regulam as associações sem fins lucrativos, se quiser seguir o seu Estatuto Maior (A Bíblia), que foi legitimado pelo Estatuto da
Igreja registrado nos órgãos públicos, no qual de maneira unânime,
exemplificando aqui as Igrejas Evangélicas, reza que todas as suas
decisões terão que ser respaldadas pelos evangelhos de Cristo, terá que aborrecer-se a si mesmo e a quem precisar para que cumpra o
1º mandamento e mais importante: “Amar a Deus sobre todas as
coisas”23 (inclusive sobre os pastores, o Estado ou qualquer homem
na terra). (Grifo nosso)
Segundo as jurisprudências a respeito deste artigo, apesar de
estarmos cientes de que a grande maioria dos incidentes não estão
registradas, pois quem está sofrendo esta perseguição, normalmente é um cristão, e este, via de regra, sabe como resolver estas situações
sem chegar a extremos, outros porque se amedrontam e recuam,
pois a pressão e as ameaças são insanas e difíceis de suportar, ou
ainda porque, guiados pelo dedo de Deus, retrocedem e entregam
para Ele a causa: “É minha a vingança, eu retribuirei”24.
Como é fácil de prever, em vários pontos na Bíblia se podem
encontrar mandamentos exortando o fiel a não compartilhar do erro,
e o que é realmente fiel sabe que “(...) aquele que quiser seguir o
evangelho à risca enfrentará perseguições”25, e também tem
consciência que Jesus declarou: “Eu não vim trazer paz, mas a
espada!”26. E por esta e por outras razões este não hesitará em
enfrentar o “pelotão” se for preciso (parece exagero, mas é exatamente assim), pois sabe que se perder “aqui”, ganha “no alto”,
portanto não poderá recuar, com ordem e com decência, o que o
deve ser colocado. O conflito é grande, e a parte “mais fraca”, apesar
de espiritualmente nenhum cristão ser fraco, pois, como disse o
Apóstolo Paulo, “(...) o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza”27,
e em Joel: “Diga o fraco: Sou forte!”28), o fiel, é bastante oprimido e
por mais que isso possa parecer absurdo, ou talvez bastante notório,
corre até risco de morte. Há um domínio insano dos mercenários com
nome de pastores que “engordam” à custa das ovelhas, e estas ignoram seus direitos e deveres, pois não meditam dia e noite nas
Escrituras como manda a Lei Divina.
23
Mateus 22: 37 24
Romanos 12: 19 25
II Timóteo 3: 12 26
Mateus 10: 34 27
II Coríntios 12: 9 28
Joel 3: 10
16
Enfocando, no caso, um culto evangélico, o artigo penal dá margem a
que seja enquadrado qualquer pessoa que interrompa o culto por
qualquer motivo, e não serão possíveis aos magistrados, leigos nas
Leis Divinas, julgar com retidão e justiça o pleito que se lhe apresenta, exatamente porque esta matéria não lhe é afeta, mas aos
evangélicos, ou seja, a estes que professam a fé nas Escrituras
Sagradas e como já dito, confirmam isto nos seus Estatutos. Esta a
única religião que se respalda inteiramente nas Escrituras Sagradas, pois embora toda e qualquer religião sempre esteja de alguma
maneira se apoiando na Bíblia, via de regra, manuseiam um livro
interpretado pelos seus líderes ou fundadores. Tomando como
exemplo os católicos que seguem o Código Canônico; também os espiritualistas que seguem Evangelho segundo Alan Kardec; as
Testemunhas de Jeová que têm uma Bíblia diferenciada embora seja
impressionantemente sutil a diferença, etc.
O nome “evangélicos” tem origem como o foi no começo com a Igreja
Primitiva, onde os primeiros a serem chamados cristãos, assim foram
chamados porque eram parecidos com Cristo, falavam como ele,
amavam como Ele, agiam e eram também perseguidos, rejeitados,
desprezados, caluniados e crucificados como Ele, ou seja, como eles mesmos falavam: “Fomos julgados dignos de padecer injustamente
pelo evangelho”29. Eram evangélicos, ou seja, seguiam os
evangelhos de Cristo. Se os estatutos das Igrejas Evangélicas estão
respaldados nos evangelhos, e como reza o nosso Código Civil no seu artigo 57, nenhum membro poderá ser expulso sem que isto esteja
previsto no Estatuto da sua associação, não deveria absolutamente
ser nada fácil expulsar um fiel, até porque isto contraria totalmente o
amor que é o “cartão de visita” de qualquer cristão, porém (...) “Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que
qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus. E
isto vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a mim”.30
“Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se
dizem judeus, e não são, mas mentem: eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te
amo”.31
As Leis Cristãs ensinam sobre o direito e o dever da correção fraterna. Jesus expressa o seguinte pensamento:
“Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e
ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão;16 Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de
29
Atos 5: 41 30
João 16:2,3. 31 Apocalipse 3:9.
17
duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada.17
E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar
a igreja, considera-o como um gentio e publicano”.32
O que significa falar em segredo entre dois, depois com testemunhas
e depois com a comunidade, e se não adiantar, expulsar, desligar o
cidadão rebelde do reino de Deus (“... o que desligares na terra será
desligado no céu”33 - isto é muito pesado e muito grave – não é o
mesmo que se expulsar de um clube). Expulsar significa então que se
não houve o acordo, a partir das referências de fé, a pessoa será
expulsa para “outra praia”. Qual que é a “outra praia”? É o Direito Civil, Penal, ou seja, o Direito Positivo. Expulsar da comunidade hoje
é isto; todavia Jesus coloca que “antes de expulsar, deve-se corrigir
em segredo, conversar com mais um, chamar a comunidade”, e
sendo assim, pode-se, teologicamente, dar a devida relevância ao
ponto de vista das igrejas evangélicas (nesta identidade religiosa), ou seja, isto é um fato social.
Diz o Código Civil: Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa
causa, obedecido o disposto no estatuto; sendo este omisso, poderá
também ocorrer se for reconhecida a existência de motivos graves, em deliberação fundamentada, pela maioria absoluta dos presentes à
assembléia geral especialmente convocada para esse fim.
Parágrafo único. Da decisão do órgão que, de conformidade com o
estatuto, decretar a exclusão, caberá sempre recurso à assembléia geral. (grifos nossos)
Os estatutos destas comunidades são uma realidade sociológica e jurídica, e estão amparados nestes princípios, surgindo daí a
necessidade, quando surge um equívoco, de ir a uma 1ª instância, e
já se voltar para o Direito Positivo. Porém, na mesma proporção elas
também estão, e de uma forma anterior, sujeitas aos princípios dos seus estatutos, onde a Bíblia está incluída, e portanto legitimada pelo
direito positivo. Estas comunidades têm a fonte de Direito natural
como Direito fim, as Leis Divinas, intrínsecas, ou seja, elas têm que
esgotar esta fonte para passar para outra, que é o Direito Positivo.
Disse o Aposto Paulo, que já é uma vergonha haver contenda entre os irmãos, porém, se houver, que haja um julgamento interno tendo
como base a sua Lei. Um cristão não deveria cometer a torpeza de
levar seu irmão a litígio para ser julgado por leigos no assunto. Para
se cobrar dos fiéis, as Leis Sagradas são usadas cabalmente por estes líderes, porém, para defender o seu domínio, o seu lucro, usam o
Código humano, passando por cima das Leis Eternas a quem dizem
seguir. Infelizmente, normalmente são vitoriosos nos pleitos, pois
32 Mateus 18:15 a 17. 33
Mateus 16: 19
18
como já foi dito, os magistrados não têm elementos para entender a
“bandidagem”, a má-fé, o ardil, que está por trás de tudo isso.
Ocorre exatamente como Jesus falou, enquanto fazia um azorrague
no templo: “Transformaram a minha casa em esconderijo de
bandidos”.34
Como socorrer esse povo que está sem justiça e que o Estado não
alcança? Quem pode defendê-los, e de que maneira? Eles se arvoram a seguir o seu Estatuto, respaldado no seu Estatuto Maior e não
conseguem por isso a termo, não podem exercer o seu direito de
crença, de consciência, de expressão, como lhes é garantido pela Lei
Comando do país, onde por sinal, se faz tudo sob a proteção do próprio Deus que rege o seu Estatuto. O artigo 208 é uma “brecha”
muito grande aberta para que se cometa incontáveis arbitrariedades.
E os crimes na igreja assim se proliferam, pois esses líderes se
sentem bastante à vontade e com bastante espaço e respaldo na lei penal para continuarem a oprimir e a vilipendiar, e, sobretudo
emporcalhar sobremaneira os Evangelhos, ou seja, torcer
diabolicamente o caráter de Deus. Esta é a Babilônia, a religião, a
prostituta do Apocalipse, de onde Deus fala peremptoriamente: “Sai
dela, povo meu!”35.
Não haveria folhas suficientes para que se pudessem registrar todos
os crimes praticados em nome de Deus. São terrivelmente sutis e satânicos; tocam em algo sagrado que é a fé de pessoas que talvez
estejam na sua última oportunidade para crer e perseverar, para
encontrar descanso para suas almas cansadas e desesperançadas.
Depois de presenciarem toda espécie de “falcatruas”, e perceberem
como disse (novamente) o Apóstolo Paulo, que dentro, a corrupção é maior do que fora, elas irão para onde? Dentro dessas igrejas
acontecem milagres e curas, porém, isto não lhes tira o título de
mercenários, pois nem todos que vivem falando Senhor, Senhor, e
sendo instrumentos para Deus fazer milagres, herdarão o reino de Deus.36 O dom é de Deus, que tem misericórdia destes que O
procuram pensando encontrá-Lo em algo com aparência visível,
exterior, ou seja, nessas igrejas (como seria o normal). A igreja não
é a criadora, mas a criada: “Pois quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas
recebido? E, se o recebeste, porque te glorias, como se não o
houveras recebido?”.37
Porém, apesar das pessoas se prostrarem diante desses líderes,
perplexos, porque receberam uma grande graça, não percebem que
34
Lucas 19: 46 35
Apocalipse 18: 2 a 4 36
Mateus 7:21. 37 I aos Coríntios 4:7
19
está escrito, ou se sabem, “não lembram”, ou fingem não lembrar,
preferindo “negar Cristo”:
“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos
céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não
profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos
milagres? Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci.
Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade!”.38
Deus tem um compromisso com este que o busca com sinceridade, e
muitas vezes este instrumento, este líder, já se corrompeu, é um
joio, porém ainda não está no momento maduro para ser arrancado, para que não se vá com ele o trigo, que está junto. Não se pode
enganar, de Deus não se zomba; o que faz alguém herdar o reino de
Deus é os frutos, e jamais os dons que não são da pessoa, mas de
Deus. O poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza, e Sócrates sabia o que estava falando quando disse que sabia que nada sabia,
esvaziando-se do seu ego. Está escrito na Lei Sagrada que o juízo de
Deus começa primeiro na sua própria casa; quando o sim do cristão
for realmente sim, e o não for realmente não, as pessoas que ainda
não crêem não terão nenhuma dificuldade em entender e se converter dos seus maus caminhos. Se há o estatuto das crianças,
dos adolescentes, dos idosos e as torcidas já estão sendo tratadas de
maneira individualizada, porque não haveria o socorro também aos
fiéis, sendo estabelecido e regularizado o “O Estatuto do Fiel”, firmando-se assim o solicitado nas Escrituras Sagradas: “julgue-se
primeiramente nas suas próprias Leis”39?
Deveria evidentemente haver uma prévia, um julgamento preliminar, como é feito com os funcionários públicos, como na Prefeitura da
cidade Cubatão, no Estado de São Paulo, no direito trabalhista, e em
vários países, onde então os evangélicos seriam julgados primeiro
pelas suas Leis internas, ou seja, pelo seu Estatuto. Poderia ser usada a arbitragem, que um socorro para atender esses fiéis
vilipendiados na exata medida da sua desigualdade, da sua fé,
segundo o imperativo de suas consciências. E também, poderia se
convocar um perito, um árbitro nas Leis Cristãs, para dar ao juiz
subsídios para um julgamento justo. Deve-se meditar sobre o preâmbulo que está posto na Constituição Federal direcionando a
todos que se façam tudo sob a proteção de Deus, questiona-se qual
seria o objetivo de tal coisa estar escrita, se falar de Deus parece
muitas vezes às pessoas, um delírio, um subjetivismo exagerado, uma utopia, ou mesmo coisa de gente ignorante. Como se obedece a
isto na prática? Quando e como isto pode acontecer? Certamente a
38 Mateus 7:21 a 23. 39
João 18: 29 a 31
20
filosofia nos dará subsídios para se fazer à ligação entre o direito
natural e o direito posto: A Babilônia espiritual ainda está viva com
seu engodo, confundindo os eleitos, prometendo o que não pode dar
e afastando e confundindo os que buscam o Criador. “Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Fechais o reino
dos céus aos homens. Vós mesmos não entrais, nem deixais entrar aos que estão entrando. Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! Percorres o mar e a terra para fazer um prosélito, e
depois de o terdes feito, o tornais filho do inferno duas vezes
mais do que vós”.40
Sendo o homem limitado, evidentemente, a medida ideal de justiça, a
exata medida da desigualdade de cada um, só serão encontradas em algo ou alguém que esteja acima de todos os seres, acima da
natureza humana, e este algo superior é Deus e a sua Palavra, a sua
Lei, a Constituição do seu Reino. A Lei Divina existe anteriormente
aos comportamentos sociais (que são a base da lei humana), é perfeita, e pode nos conduzir à justiça ideal. A influência do
cristianismo no comportamento humano é visível, fundamental,
basilar. É como encontrarmos o nosso “diapasão”, o prumo social.
São vários exemplos de conflitos que surgem nos cultos, o abuso
espiritual que acontece nos “bastidores”, o carisma da pregação
encantando as pessoas (joio), atingindo a alma e não o espírito (o
trigo), com grandes efeitos imediatos, porém vazios quanto à
essência, como a chama que logo se apaga. Grande também é a influência do cristianismo em todas as áreas da sociedade e na lei
posta. Observa-se aqui esta avalanche de conflitos humanos em face
40 Mateus 23: 13,15.
21
de uma lei permeada de lacunas, advindas de corações endurecidos,
sobre os conflitos interpretativos entre o Direito Positivo e o Direito
Natural, sobre todas as conseqüências da “letra morta” em ambas as
leis, sobre o grande impasse que se forma do ponto de vista teológico, onde existem imperativos que vão repercutir na
consciência do fiel para que ele fale: “Ai de mim se não falar41”.
A proposta deste estudo prioriza essencialmente analisar a relação entre a objetividade das regras jurídicas, e imperativos de
consciência gerados naquele que fundamenta sua fé nos evangelhos
de Jesus Cristo e tem como fonte de direito principal a Palavra de
Deus. Como exemplo principal, a partir do qual se evidencia esta problemática, foi utilizando o artigo 208 do Código Penal, analisando
o que realmente pode tipificar o ultraje a culto, sem ferir princípios
básicos da fé de um fiel. Tal análise revelou então como questões
centrais as seguintes: Quais são, portanto, as possibilidades juridicamente intrínsecas e teologicamente extrínsecas deste artigo
que tipificam a conduta de ultraje a culto? Quais as conseqüências
viabilizadas por este tipo penal, dada a inobservância de suas
particularidades intrínsecas e extrínsecas? Quais são as respostas
para os conflitos interpretativos entre a Lei natural, Divina, e o Direito Posto?
O desenvolvimento deste estudo visa, portanto, ampliar, reivindicar o
direito do fiel (às leis cristãs) que é intimidado pela lei posta quando se encontra no momento de expressar sua fé e segui-la acima de
tudo e de todos, conforme o mandamento das Leis Sagradas: 1.
Amar a Deus sobre todas as coisas; 2. e ao próximo como a ti
mesmo. 42 O Evangelho de Mateus no seu capítulo 6, versículo 33 diz expressamente: ”Buscai primeiro o reino de Deus e a sua Justiça
(...)”43. Mesmo que para isso tenha que contrariar a opinião do
legislador, do líder, e até da sociedade. Até aonde vai a liberdade de
expressão diante da liberdade de culto? Até aonde pode ir a liberdade
a culto diante da livre expressão? Como se dão os conflitos interpretativos entre o direito natural e o direito posto, de acordo
com a conduta dos fiéis? Diante de um conflito, quais das
Constituições estes deverão seguir: a de Deus ou a dos homens?
A Constituição Federal, diz no seu artigo 5º, inciso II que ninguém
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei. O Livro de Atos dos Apóstolos no seu capítulo 4,
versículo 19, relata:
41
I Coríntios 9: 16 42
Mateus 22: 37 a 39 43
Lucas 12:31.
22
“Responderam, porém, Pedro e João: Julgai vós se é justo,
diante de Deus, obedecer antes a vós do que a Deus?”.
E continuando no capítulo 18, versículo 15:
“Mas, sendo Gálio procônsul da Acaia, levantaram-se os
judeus concordemente contra Paulo, e o levaram ao tribunal, dizendo: Este persuade os homens a servir a Deus contra a lei.
E, querendo Paulo abrir a boca, disse Gálio aos judeus: Se
houvesse, ó judeus, algum agravo ou crime enorme, com
razão vos sofreria, mas visto que a questão é de palavras,
de nomes e da vossa lei, disso cuidai vós mesmos. Eu não
quero ser juiz dessas coisas. E expulsou-os do Tribunal”.
Ora, estarão os fiéis, sendo atendidos na exata medida da sua
desigualdade? O julgamento de um fiel deverá, antes de ter-se
esgotado todo o seu Estatuto, ser baseado em leis diversas dos seus
costumes e crenças? Terá o fiel o direito de seguir as suas leis com liberdade e sem arbitrariedades? A Constituição Federal é exemplar na
garantia dos direitos fundamentais do ser humano:
CF, art. 5º, IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
CF, art. 5º, VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença.
CF, art. 5º, XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos
direitos e liberdades fundamentais;
Como deverão os magistrados julgar este fiel, na medida da JUSTIÇA,
estando totalmente alheios às suas leis, aos seus costumes e aos
fatos? Seria este um julgamento justo? Poderia uma africana, com o seu costume de busto de fora, ser aqui condenada por ato obsceno?
Seria justo isso? A intenção da mulher africana neste caso seria
porventura afrontar? Pode-se fazer o Direito, direito, observando só a
parte objetiva?
23
3.d.1 O Julgamento De Jesus e de Paulo
Tomemos como exemplo o julgamento mais terrível que já houve e jamais haverá: Jesus sendo acusado pelas criaturas que Ele mesmo
fez, enquanto Deus (“... sem Ele - o verbo que se fez carne e habitou
entre nós -, nada do que foi feito se fez ...44”). Aqui se vê o respeito,
o temor de Pilatos pela Lei daquele povo. O povo levava as causas
aos magistrados e os acusados eram julgados previamente pelas suas leis e costumes. A sociedade participava, e havia um consenso, como
vemos no relato do Livro de João a seguir:
“Então Pilatos saiu fora e disse-lhes: Que acusação trazeis contra este homem? Responderam, e disseram-lhe: Se este
não fosse malfeitor, não to entregaríamos. Disse-lhes, pois,
Pilatos: Levai-o vós, e julgai-o segundo a vossa lei. Disseram-lhe então os judeus: A nós não nos é lícito matar
pessoa alguma. Tornou, pois, a entrar Pilatos na
audiência, e chamou a Jesus, e disse-lhe: Tu és o Rei dos
Judeus? Pilatos respondeu: Porventura sou eu judeu? A tua
nação e os principais dos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste? Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade? E,
dizendo isto, tornou a ir ter com os judeus, e disse-lhes: Não
acho nele crime algum. Mas vós tendes por costume que
eu vos solte alguém pela páscoa. Quereis, pois, que vos solte o
Rei dos Judeus? Então todos tornaram a clamar, dizendo: Este
não, mas Barrabás. E Barrabás era um salteador”.45
“Então Pilatos saiu outra vez fora, e disse-lhes: Eis aqui vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele crime
algum. Saiu, pois, Jesus fora, levando a coroa de espinhos e
roupa de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis aqui o homem.
Vendo-o, pois, os principais dos sacerdotes e os servos,
clamaram, dizendo: Crucifica-o, crucifica-o. Disse-lhes
Pilatos: Tomai-o vós, e crucificai-o; porque eu nenhum
crime acho nele. Responderam-lhe os judeus: Nós temos
uma lei e, segundo a nossa lei, deve morrer, porque se fez
Filho de Deus. E entrou outra vez na audiência, e disse a
Jesus: De onde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta’.46
Também no Livro de Atos dos Apóstolos vemos, por diversas vezes o
Apóstolo Paulo em julgamento e poderemos tirar daí vários ensinamentos.
“Esse homem foi preso pelos judeus; e, estando já a ponto de
ser morto por eles, sobrevim eu com a soldadesca, e o livrei,
44
João 1:3 45
João 18:29 a 40. 46 João 19: 4 a 9.
24
informado de que era romano. E, querendo saber a causa por
que o acusavam, o levei ao seu conselho. E achei que o
acusavam de algumas questões da sua lei; mas que nenhum
crime havia nele digno de morte ou de prisão. E, sendo-me
notificado que os judeus haviam de armar ciladas a esse
homem, logo to enviei, mandando também aos acusadores que perante ti digam o que tiverem contra ele. Passa bem”.47
A lei dos judeus era respeitada, e estes eram protegidos pela lei dos
homens. Eles buscavam o socorro da lei comum, não sem antes ter havido um consenso, uma prévia entre eles.
“Temos achado que este homem é uma peste, e promotor de
sedições entre todos os judeus, por todo o mundo; e o principal defensor da seita dos nazarenos; o qual intentou
também profanar o templo; e nós o prendemos, e conforme
a nossa lei o quisemos julgar. Mas, sobrevindo o tribuno
Lísias, no-lo tirou de entre as mãos com grande violência, mandando aos seus acusadores que viessem a ti; e dele tu
mesmo, examinando-o, poderás entender tudo o de que o
acusamos. E também os judeus o acusavam, dizendo serem
estas coisas assim”.48
Havia a ampla defesa e o contraditório.
“Paulo, porém, fazendo-lhe o presidente sinal que falasse, respondeu: Porque sei que já vai para muitos anos que desta
nação és juiz, com tanto melhor ânimo respondo por mim.
Pois bem podes saber que não há mais de doze dias que subi a Jerusalém a adorar; e não me acharam no templo falando com
alguém, nem amotinando o povo nas sinagogas, nem na
cidade. Nem tampouco podem provar as coisas de que agora me acusam. Mas confesso-te isto que, conforme aquele
caminho que chamam seita, assim sirvo ao Deus de nossos
pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos profetas”.49
O julgamento era feito com ordem e com decência. A justiça humana
não tomava tudo para ela, mas reconhecia que antes do
compromisso com os homens eles teriam que ser julgados segundo o
compromisso com a sua lei, com a sua fé, com o seu Deus. “Ou digam estes mesmos, se acharam em mim alguma
iniqüidade, quando compareci perante o conselho, a não ser
estas palavras que, estando entre eles, clamei: Hoje sou julgado por vós acerca da ressurreição dos mortos. Então
Félix, havendo ouvido estas coisas, lhes pôs dilação, dizendo:
47
Atos 23: 27 a 30. 48
Atos 24:5 a 9. 49 Atos 24: 10 a 14.
25
Havendo-me informado melhor deste Caminho, quando o
tribuno Lísias tiver descido, então tomarei inteiro
conhecimento dos vossos negócios”.50
Paulo argumentava. Era acusado de trair o Deus que ele adorava e
servia com tanto zelo. Os seus próprios irmãos não entendiam a Lei e
estavam completamente errados. Paulo era absoluta minoria e estava completamente certo. Félix tomou o cuidado de se informar a
respeito do assunto em debate. É a Bíblia, o best-seller do mundo
ensinando sobre essas questões, esses conflitos entre a Lei posta e a
Lei Divina.
“Mas Paulo disse: Estou perante o tribunal de César, onde
convém que seja julgado; não fiz agravo algum aos judeus,
como tu muito bem sabes. Se fiz algum agravo, ou cometi alguma coisa digna de morte, não recuso morrer; mas, se
nada há das coisas de que estes me acusam, ninguém me
pode entregar a eles; apelo para César”.51
O Tribunal insistia na justiça:
“De sorte que, chegando eles aqui juntos, no dia seguinte, sem fazer dilação alguma, assentado no tribunal, mandei que
trouxessem o homem. Acerca do qual, estando presentes os
acusadores, nenhuma coisa apontaram daquelas que eu
suspeitava.Tinham, porém, contra ele algumas questões acerca da sua superstição, e de um tal Jesus, morto, que Paulo
afirmava viver”.52
Paulo era perseguido de morte como o seu Mestre:
“E Festo disse: Rei Agripa, e todos os senhores que estais
presentes conosco; aqui vedes um homem de quem toda a multidão dos judeus me tem falado, tanto em Jerusalém como
aqui, clamando que não convém que viva mais. Mas, achando
eu que nenhuma coisa digna de morte fizera, e apelando ele mesmo também para Augusto, tenho determinado enviar-lho.
Do qual não tenho coisa alguma certa que escreva ao meu
senhor, e por isso perante vós o trouxe, principalmente
perante ti, ó rei Agripa, para que, depois de interrogado, tenha alguma coisa que escrever. Porque me parece contra a razão
enviar um preso, e não notificar contra ele as acusações”.53
E o Tribunal não via nele crime algum:
50 Atos 24: 20,21. 51
Atos 25: 10,11. 52
Atos 25: 17 a 19. 53 Atos 25: 24 a 27.
26
“Perguntou Pilatos: Que é a verdade? Tendo dito isso, tornou
a ir ter com os judeus e lhes disse: Não acho nele crime
algum”.54
Paulo pedia o socorro para a lei comum:
“Depois Agripa disse a Paulo: É permitido que te defendas. Então Paulo, estendendo a mão em sua defesa, respondeu:
Tenho-me por feliz, ó rei Agripa, de que perante ti me haja
hoje de defender de todas as coisas de que sou acusado pelos judeus; mormente sabendo eu que tens conhecimento de
todos os costumes e questões que há entre os judeus; por isso
te rogo que me ouças com paciência”.55
Paulo dependia tremendamente de Deus, como dependerá qualquer
fiel que ousar levantar-se contra a mentira, crer na Verdade e não
negá-la.
“Por causa disto os judeus lançaram mão de mim no templo, e
procuraram matar-me. Mas, alcançando socorro de Deus,
ainda até ao dia de hoje permaneço dando testemunho tanto a pequenos como a grandes, não dizendo nada mais do que o
que os profetas e Moisés disseram que devia acontecer”.56
Podemos substituir o nome de Paulo por qualquer fiel à sua Lei e também invocar um Tribunal que dê as mesmas chances que Paulo
teve, pois este que é acusado por tantos e por uma liderança poderá
ser inocente e verdadeiramente, o fiel. E como poderão os
magistrados estar certos da justiça se não lhe são afetos, ou talvez sequer se importem em saber sobre questões religiosas, ou também,
quem sabe, talvez tenha alguma aversão a respeito desta ou daquela
religião? Tudo isso fragiliza, banaliza e desvia muito a justiça. A
abordagem do assunto deste trabalho não será partidária, pois assim seria a negação do próprio Estatuto, como alerta o Livro de Gálatas
no capítulo 5, versículos 19 a 21:
“Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria,
inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões,
heresias, facções, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias,
e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não
herdarão o reino de Deus”.
54
João 18:38. 55
Atos 26:1 a 3. 56 Atos 26:21 a 23.
27
Indaga-se sobre o fato de, nos momentos das programações
estabelecidas pelo pastor, ou no momento da oração, se o fiel poderia
se manifestar neste exato instante:
“Mas faça-se tudo com ordem e com decência”.57
“Mas o que é espiritual discerne todas as coisas...”. 58.
O direito de expressão é garantido, sem ultrapassar o direito e os
bons costumes, porém, se o fiel sabe que o pastor está orando por
um casamento adúltero, o que ele deverá fazer? Se acontece uma
solenidade em que um político está no púlpito em conchavo com o pastor, o que este fiel deverá fazer nesta hora? Como o fiel poderá
ser condenado sem uma ampla defesa e o contraditório para falar das
suas íntimas convicções, do seu imperativo de consciência? Quem
poderá saber que ele teria explicações para a sua conduta? Alguém que passou em um concurso público e hoje é juiz? Que elementos
teria o magistrado para entender tal controvérsia, se estes são
assuntos da lei deles? Onde estarão as garantias constitucionais
deste fiel? Como poderá este pastor dizer que não agiu de má-fé se este não poderá escusar-se de não saber das suas próprias leis?
Como poderá ele alegar que não sabia que o magistrado não é afeto
a estas questões e que muito provavelmente não vai entender as
razões do fiel, e mesmo que entendesse, como este magistrado poderá invalidar o tipo penal do artigo 208, se o fiel teve que, sob
pena de negar sua fé, “perturbar” o culto? Fala o Livro de João no
cap. 7, vers. 51:
“Condena a nossa lei alguém sem primeiro ouvi-lo para descobrir o que faz?”.
Não se pode esquecer também os princípios basilares da Constituição Federal: Nenhuma Lei Infra-Constitucional pode se opor a um
princípio Constitucional, ou seja, nenhuma lei pode desfazer qualquer
direito constitucional. Se é garantido ao “fiel” liberdade de
consciência, de crença, de expressão, de ampla defesa, do
contraditório, isto é o que ele deverá ter. O objetivo é perseguir a justiça, e deste tema falou Salomão em Provérbios 21: 3 :
“Fazer justiça e julgar com retidão é mais agradável ao
Senhor do que oferecer-lhe sacrifício”.
O que é julgar com justiça? Qual deverá ser o parâmetro para se ter
esta medida: a lei humana mutável e imperfeita ou a Lei imutável e
Eterna de Deus?
57
I aos Coríntios 14:40. 58 I aos Coríntios 12:15.
28
Disse Rui Barbosa em seu memorável, e quase divino discurso
“Oração aos Moços”59:
Tratar os desiguais com igualdade não é igualdade real, mas
desigualdade flagrante. Para que se possa alcançar a igualdade é
preciso tratar desigualmente aos desiguais na exata medida em que se desigualam.
E também, John Rawls em seu livro “Uma Teoria da Justiça”60 deixa
claro no seu contexto que esta tão sonhada justiça não está do lado de ninguém, mas dela mesma. Aquele que estiver mais perto dela
sairá sempre em vantagem. E todo aquele que crê, sabe o que reza o
Livro Sagrado no livro de Salmos 89:14: “Justiça e juízo são a base
do trono de Deus”.
Não há espaço aqui então para sectarismos ou fanatismos, ou para
cometer a torpeza de ganhar discussões, mas sim, há o objetivo de
se buscar a JUSTIÇA na sua exata medida, para saciar a fome e a sede dos fiéis. Fala Santo Agostinho que o homem legislando por
inspiração divina é uma visão cristã do direito natural. Em última
instância, na visão da filosofia cristã, o direito emanaria de Deus. A
norma teria sua origem na Lei Eterna, na lei de Deus, e só aí seria ela legítima. Qual a origem de todas as coisas? De onde veio o homem e
para onde vai? Quando o último da raça humana morrer, para onde
irão os seus bens? O primeiro homem recebeu o mundo de quem? A
dualidade das leis expressa a dualidade que há em todo ser humano criado à semelhança de Deus, que tem a essência de Deus
nele, mas a natureza humana o atrai para o pecado, para as coisas
vis. Paralela e terrivelmente, embora enfrentem os fiéis muitas vezes
o conflito dos princípios da Lei posta com os princípios das Leis
Divinas, em meio aos próprios cristãos este conflito parece ser ainda maior, quanto à aplicabilidade das Leis Sagradas:
“Geralmente se houve que há entre vós imoralidade, e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios....”.61
“Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração
para todas as nações? Mas vós a fizestes covil de ladrões”.62
O Mestre nos revela que a sua Igreja foi transformada pelos próprios
cristãos em esconderijo de bandidos. Segundo o Perfeito, a liderança
na Igreja cristã do “status quo”, exige de todos o que não faz, haja
59 http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/aosmocos.html 60 Rawls, John: tradução Almiro Pizetta e Lenita M. R. Esteves. Uma Teoria de Justiça. Martins Fontes. 1ª ed. São Paulo. 1997. 61 I aos Coríntios 5:1. 62 Marcos 1:17.
29
vista o azorrague surpreendente feito por Jesus no templo,
expulsando os cambistas com um chicote. Fica-se realmente perplexo
e maravilhado diante da explosão do Manso e Humilde Príncipe da
Paz, imagem que não se coaduna com aquela derrotada figura pregada em uma cruz, mas sim com a visão de João no Apocalipse,
quando ele caiu como morto ao contemplar o Seu resplendor:
“E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido
pelos peitos com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos
eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; e os seus pés, semelhantes a latão
reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a
sua voz como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois
fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força
resplandece. E eu, quando vi, caí a seus pés como morto; e ele
pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último; e o que vivo e fui morto, mas eis aqui
estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da
morte e do inferno”.63
Em Mateus 23, temos um registro do Fogo Consumidor, esta Faca
Afiada de Dois Gumes, que tem no outro lado o Amor:
“Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis,
observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade
com as suas obras, porque dizem e não fazem; pois atam
fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los;
e fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; ai
de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante
da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas
coisas, e não omitir aquelas. Condutores cegos! que coais um
mosquito e engolis um camelo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas
o interior está cheio de rapina e de iniqüidade. Fariseu cego!
limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo. Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados,
que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia. Assim
também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas
interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.
Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?”
63 Apocalipse 1:13 a 18.
30
Como ensina Juan Bautista Alberdi64, o preâmbulo deve sintetizar
sumariamente os grandes fins da Constituição, servindo de fonte
interpretativa para dissipar as obscuridades das questões práticas e
de rumo para a atividade política do governo. Não é nome, mas é um verdadeiro cartão de apresentação. No Preâmbulo da nossa
Constituição Federal, está posto que esta foi promulgada por todos os
brasileiros, sob a proteção de Deus. O sobrenatural de Deus está
então posto na Lei Maior? Todas as leis então deveriam estar recebendo esta influência e esta direção? Ou seria isto só uma figura
de retórica? A Lei então contém palavras inúteis? Ou é só neste caso
que assim é?
PREÂMBULO: Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em
Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a
proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL.
É para discutir sobre esses conflitos que este estudo se direciona. O
Direito natural pode ter o respaldo no Direito Positivo? O Direito
positivo pode legitimar o Direito Natural, que se expressa pelo Direito Divino? Esta monografia tenta buscar as identificações entre o Direito
positivo e o Direito Natural, colocando o Direito Natural como
expressão do Direito divino, buscar a justiça na exata medida do fiel.
O Código não atende a este jurisdicionado que sofre com a injustiça
de ser acusado de ultrajar o culto, embora esteja sendo apenas fiel à sua fé, a estas próprias Leis que estão sendo pregadas no culto.
Estes, respaldados pela Constituição Federal têm direito à liberdade
de expressão. Os dirigentes das Igrejas se defendem porque têm
também o mesmo direito. Há uma relação entre o imperativo de consciência deste fiel e a objetividade das regras jurídicas. Este fiel
está no culto, ouve algo contrário aos seus princípios de fé e é
impelido por sua consciência e pela sua Lei a falar, a não se omitir,
porém, ao manifestar-se ele estará qualificado, enquadrado no Código Penal, em ultraje a culto. A quem obedecer então? À fé, à
sua crença, ou à lei posta? Se ele fala, está enquadrado, se ele
cala, está em choque com Deus e sua consciência. Os
incidentes dentro da Igreja Cristã deverão ser julgados por que lei?
64
Moraes, Alexandre. Direito Constitucional. Editora Atlas. 12ª ed. São Paulo. 2002. p. 48, 49.
31
O Apóstolo Paulo adverte os cristãos da primitiva comunidade sobre
esta questão na sua 1ª Carta aos Coríntios, capítulo 6, versículo de 1
a 10:
“Ousa algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a
juízo perante os injustos, e não perante os santos? Não sabeis
vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as
coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os
anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes a esta vida,
pondes para julgá-los os que são de menos estima na igreja?
Para vos envergonhar o digo. Não há, pois, entre vós sábios,
nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos? Mas o irmão vai a juízo com o irmão, e isto perante infiéis. Na
verdade é já realmente uma falta entre vós, terdes demandas
uns contra os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o dano? Mas vós mesmos fazeis a
injustiça e fazeis o dano, e isto aos irmãos. Não sabeis que os
injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem
os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os
avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os
roubadores herdarão o reino de Deus”.
É preciso que se denuncie o opróbrio, sob pena da sociedade
continuar a sofrer danos irreparáveis. Aponta Livro de Malaquias no
capítulo 1, versículo 10:
“Oxalá houvesse entre vós alguém que fechasse as portas
para que não acendesse debalde o fogo no meu altar”.
No Livro de Isaías, capítulo 6, versículo 8, o homem recebe uma
convocação divina:
“Depois disso ouvi a vós do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me
aqui. Envia-me a mim”.
No mesmo livro, no capítulo 1, versículo 26, a Profecia proclama: “E te restituirei os teus juízes, como foram dantes; e os teus
conselheiros, como antigamente; e então te chamarão cidade
de justiça, cidade fiel. Sião será remida com juízo, e os que voltam para ela com justiça”.
32
3.d.2 O Entrelaçamento Das Leis
Quem vem primeiro, O Estado ou o indivíduo? O Estado existe por
causa da pessoa, ou vice-versa? Hitler, Stálin cuidaram bem do seu
Estado, sem sombra de dúvidas. O comunismo, embora tenha
tomado como base a proposta do cristianismo primitivo, sutilmente se enveredou pelo engano e se perdeu completamente, se tornando
uma das maiores desgraças da história. O que fazer então? Só resta
o anarquismo? Não haveria um ponto de equilíbrio? Por pregar coisas
estranhas ao contexto pré-estabelecido, morreu Sócrates, esmerou-
se sobremaneira Kierkgaard, consumiu-se Monier e tantos outros “loucos” que ousaram ir contra o sistema marcado e tiveram a
coragem para dizer que o mundo não era quadrado, mas redondo,
porque entenderam que tinham que fazer a sua parte, e esta não era
o que já havia sido posto antes deles existirem, ou seja, saíram da “tribo”, “cresceram e apareceram”, assumiram a “sua” personalidade,
pagaram o preço, alcançaram à maturidade, ousaram “ser”.
Certa feita, um juiz realmente de direito, relatou que um amigo seu, também juiz, ao verificar que não era competente para a causa,
perturbou-se, pois a sentença precisaria ser imediata para atender a
uma criança muito doente que provavelmente não resistiria se
esperasse o trâmite da burocracia do processo ser remetido à competência correta. Ele não tinha muito tempo para pensar e
seguindo então o convencimento imediato do seu coração, deu a
sentença, e ao compartilhar com seu íntimo amigo estava em paz
com a sua consciência, porém perturbado porque teve que ir contra a
lei posta que jurou honrar e afirmou com convicção: “Fiz o que era certo, embora estivesse errado!”. O seu amigo, também juiz, com
tantos anos honrados em sua brilhante carreira, emocionado,
comentou: “Fique tranqüilo, eu faria a mesma coisa”. Quem não
faria? Certamente muitos não fariam; e nesta hipótese, se a criança falecesse para que a lei fosse estabelecida, a lei então aqui esteve a
serviço de quem? Esta existe para servir ao homem, ou vice-versa?
Será que deste sacrifício em honra da lei, Deus se agradaria? Se a
33
defesa é ampla, ela não deve ir até o fim? Onde é o fim, na lei ou na
justiça?
Jesus é o Príncipe da Paz, e ao mesmo tempo afirma: “Eu não vim
trazer paz, mas espada”65, ou seja, A Paz que habitou entre nós veio
trazer confusão, colocar um contra o outro. Diz mesmo que é bom
que aconteça o debate para que a luz apareça e quiçá não
desapareça.66 Quem diria? Porém quando existirá a possibilidade do que é santo e digno confrontar o profano e indigno sem que haja uma
confusão tremenda, e “cabeças rolando”? O que se faz então? Em
nome de uma falsa paz, desiste-se de pregar o justo, de confrontar o
que não resolve? Quem dará a “cabeça a prêmio” por ousar discordar dos poderosos e sumidades, como sugere Kant, e como fez Sócrates
e tantos outros? Onde estão os defensores do povo, estes que não
aceitam suborno e não seguem “após o seu lucro”?
João Massena Melo, um desaparecido político e verdadeiro
combatente, tinha o corpo marcado por vergões (verdadeiras
medalhas), unhas arrancadas, feitos por algozes que lutavam contra
o salário mínimo que ele defendia, e tantas outras causas sociais.
Teve nove paradas cardíacas durante as torturas, mas mesmo assim não desistiu (“... dos quais o mundo não era digno ...”) 67”, diz as
escrituras. Deu, junto com tantos outros a sua vida pela sociedade e
recebeu de volta muitas chicotadas (como aconteceu e acontece com
muitos), descritas nos relatórios sangrentos feitos nas prisões, porém, estes, não desistiram de crer, de perseverar, de lutar, de
conquistar, de se indignar, de amar... estes são os verdadeiros
intercessores... homens “sem nome” , sem a glória e a recompensa
dos homens. Jesus diz que na mesma medida que se julga este será julgado. Alguém sabendo disso não se esforçará para julgar com
misericórdia, para defender o próximo (normalmente o próximo é
uma “mala de pedra sem alça”), para que depois possa receber
também, na mesma medida, misericórdia e defesa, por mais difícil
que seja, ou que pareça ser?
Justiça é o nome de Deus, que não se desvia para a esquerda e nem
para a direita, não faz “conchavos”, não “quebra galhos” de ninguém,
não é subornado jamais e a sua escola não é com “bala de festins”, mas é dentro da mais absoluta verdade, seja ela bonita ou feia, quem
quiser queira, quem não quiser não queira. Ele diz que se agrada que
alguém suporte injustiça para que a Palavra não seja defraudada, ou
seja, para que a honra da lei não seja quebrada:
65
Mateus 10: 34 66 I aos Coríntios 11:19. 67
Hebreus 11: 38
34
“Pois isso é agradável, que alguém, por causa da consciência
para com Deus, suporte tristezas, padecendo injustamente”.68
“Bem aventurados sois vós, quando vos injuriarem e
perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por
minha causa”.69
“Portanto, é necessário que lhes estejais sujeitos, não
somente por causa do castigo, mas também por causa da
consciência”.70
Porque a “cerca” de Deus no Velho Testamento parece tão cruel?
Porque os adúlteros eram apedrejados até a morte? Antes de pegar a
espada, deve-se pensar: Naquela época havia esta imensidão de crianças desajustadas com lares destruídos? A nova lei, ou seja, a
quebra desta terrível cerca trouxe benefícios para a humanidade? O
que é mais cruel: a família destruída, pessoas desviadas da moral,
crianças infelizes, ou um juízo severo para que a nossa carne rebelde e contradizente entenda e se converta? Como se fala com cego,
surdo e de fronte obstinada, para não falar nos execráveis? Haverá
uma eficaz aplicabilidade das leis, sem a conversão do coração dos
homens? Isto se parece com Kelsen? Um positivismo exacerbado? Porém é só o outro lado da mansidão da pomba, ou seja, o
necessário “Fogo Consumidor”, o ponto de equilíbrio da “Balança
Perfeita”. Esta Lei Eterna fala também que aquele que fez um pacto,
um acordo, mesmo com dano seu, deve cumprir,71 que seja o seu
“sim”, “sim”, e o seu “não”, “não”.72 Fala também que nos últimos dias os homens seriam infiéis nos contratos,73 e que também cada
um vai prestar contas da sua vida, separadamente, no dia do juízo;74
portanto, o pacto deve ser cumprido unilateralmente,
independentemente se o outro cumpriu ou não. Fala ainda, entre incontáveis coisas, sobre o juízo severo daquele que defrauda o
trabalhador nos seus direitos e salários, ou que atrasa este. Ai dele,
diz o Todo Poderoso:
“Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que
escrevem leis de opressão, para negarem justiça aos
pobres, para arrebatarem o direito aos aflitos do meu povo; a
fim de despojarem as viúvas e roubarem os órfãos!”.75
68
I Pedro 2:19. 69 Mateus 5:10. 70 Romanos 13:5. 71 Salmo 15:4. 72 Tiago 5:12. 73
Romanos 1:31. 74
Romanos 2:6. 75 Isaías 10:1,2.
35
“E Chegar-me-ei a vós outros para juízo; serei testemunha
veloz contra os feiticeiros, e contra os adúlteros, e contra os
que juram falsamente, e contra os que defraudam o salário do jornaleiro, e oprime a viúva e o órfão, e torcem o direito
do estrangeiro, e não me temem, diz o Senhor dos
Exércitos”.76
Quanto mais o homem se aproxima das Leis Divinas e se afina com a
Sua Justiça, mais está apto para achar o ponto de equilíbrio, para
distinguir o trigo do joio, que são tão iguais externamente, mas com
o conteúdo tão absolutamente oposto. Tem-se então que encontrar soluções muitas vezes “fora da lei”, para resolver o impasse dos
“Fernandinhos Beira-mar”, ou dos “Nicolaus”, que mesmo criminosos
continuam recebendo salários dos cofres públicos e com o seu cargo
intacto, esperando a burocracia e a lei resolver o que é fato e vergonhosamente notório. Seria insano esperar que um homem
simples, mediano, pudesse entender tal prática. Poderemos falar em
honra da lei? Que homem aceitaria, entenderia e apoiaria situação
tão estapafúrdia como esta? Evidentemente, os técnicos apoiariam,
os direitistas, os que fizeram do direito, fim em si mesmo, os que não são flexíveis como o bambu que sabe se curvar total e sabiamente no
momento da tempestade e que assiste depois, na calmaria, em pé, a
árvore frondosa e alta, que não soube se vergar e por isso está no
chão, quebrada, destruída. O que é certo e errado? Porque Salomão nos fala nas Escrituras (não qualquer escritura, mas as Sagradas):
“Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente
sábio; porque te destruirias a ti mesmo?”77
Em contrapartida vemos o Presidente Jânio Quadros, depois de
renunciar, jamais buscar o seu salário, acumulado em milhões para
espanto e preocupação dos homens da lei. O que fazer com todo este dinheiro, e com esta muda resposta, que cada vez fala mais alto na
consciência dos brasileiros? Fora totalmente e absolutamente a
rebeldia, mas façam-se tudo com ordem o com decência, e abomine-
se na mesma medida o maldito comodismo, o conformismo, a covardia, diz o bom senso, baseado nos princípios das Escrituras. O
que fazer com as leis que impedem que o Livro Sagrado entre em um
país, impedindo com isso a vida com Deus de um povo? Seria insano
o “contrabando” de Bíblias, ou insano a quebra espiritual de uma multidão que é feita à semelhança de Deus? O que é mais perverso,
o crime de ação ou o da omissão? Todas as leis do Velho Testamento,
Jesus resumiu em apenas duas: 1ª (a mais importante): “Amar a
Deus sobre todas as coisas, como todo o entendimento, com toda a
alma”; 2º: “... e ao próximo como a si mesmo”.78
76
Malaquias 3:5. 77
Eclesiastes 7: 16 78 Marcos 12:28-31.
36
Esta é a receita para se julgar um ser humano feito à semelhança de
Deus, feito por Ele, e para Ele. Certamente aí se encontrará o
discernimento para agir em um determinado momento especial, desprovidos de si mesmos, e atentando para a justiça que vem do
alto, que muitas vezes é contrária a tudo o que o homem vê,
entende, esta que no momento parece a este tão inadequada, e que
depois se encaixa e se adéqua, trazendo a paz, e uma multidão é beneficiada no efeito “ex nunc”. Quantos, depois disso, terão a
coragem de enfrentar e de “dar a cara p’ra bater”, baseados numa
atitude inusitada, e (...) porque não dizer (...) proibida. Quando o
código permite o julgamento por equidade ou princípios gerais do direito, quando assim se faz, porventura não se rompe aí o
paradigma do direito? O que é meio e o que é fim, o direito ou a
justiça? Para buscar respostas a estas questões decorrentes dos
conflitos interpretativos entre o direito natural e o direito posto relativos às condutas religiosas, o presente trabalho monográfico está
estruturado em seis capítulos, constituindo-se como um percurso, um
trajeto através do qual, pela “experiência cognitiva” dos conceitos,
como diz Miguel Reale, recolher elementos nocionais que possibilitem
a busca de respostas a tais questões.
No primeiro capítulo são evidenciados alguns conceitos referentes à
liberdade de expressão, uma vez que o direito fundamental está em
jogo no artigo 208 no Código Penal. No segundo aborda-se a moral e a ética e as suas influências no fiel que vive na sociedade comum, em
um pacto comum, que para ele não é prioridade, em confronto com
as Leis Divinas que segue por uma íntima convicção. No terceiro
discorre-se sobre o Direito Divino e o Direito Natural e a visão dos filósofos a respeito. No quarto a evidência é o Direito Divino como
Direito Natural relacionado com o Direito Posto; a necessidade da
inspiração divina nas Leis Humanas e a possibilidade da justiça ideal
na humanidade. O quinto capítulo trata do Justo Legal e o Justo
Natural e a interpretação das normas jurídicas com os seus inevitáveis conflitos; a perspectiva cristã; a influência das leis de
Cristo no cotidiano dos povos civilizados do planeta e a inovação do
Código Civil em relação às igrejas. E enfim, no sexto capítulo,
discorre-se sobre o Direito Divino, o Direito Posto e a problemática do artigo 208 do Código Penal Brasileiro em uma análise jurídica diante
do que foi fundamentado nos capítulos anteriores: o Código Civil, as
Igrejas e o Juiz, o fiel e a Constituição Federal.
37
3.e Conclusão
Conclui-se então que não será possível compreender de forma
simplista as divergências de consciência do fiel nas situações que são
colocadas no presente trabalho, que prioriza analisar a relação entre
a objetividade das normas jurídicas e imperativos de consciência
advindos daquele que fundamenta a sua fé nos Evangelhos de Jesus Cristo, que tem como fonte de direito principal as Leis Sagradas, a
qual segue, não por uma coerção, mas por uma íntima convicção,
com escolha livre e particular, com responsabilidade e com
maturidade. A problemática evidenciada foi exemplificada pelo artigo 208 do Código Penal Brasileiro, que tipifica a conduta de ultraje a
culto. Ocorre que, embora o tipo penal, grosso modo, de maneira
objetiva, enquadra o que está assistindo ao culto e não o que prega,
poderá ocorrer o caso concreto de maneira inversa, ou seja, os que ultrajam o culto são os que de alguma maneira desonram o Senhor
para quem é dirigido o culto, este a quem se está cultuando.
Portanto, embora a intenção do legislador tenha sido proteger o culto
de algum arruaceiro ou blasfemo, e o artigo, a exemplo de alguns julgados, tem sido eficaz para operar neste sentido, o tipo penal,
porém, se torna uma “faca de dois gumes” quando serve para
acobertar qualquer coisa que este pregador possa dizer, incluindo
toda sorte de blasfêmias, que pode vir por uma sutileza, por algum
desvio da revelação da Palavra, com ou sem má-fé, ou seja, com dolo ou com culpa. Convém colocar que incomoda o espírito saber que
alguém foi retirado pela polícia de dentro de um templo, pois,
normalmente, quando alguém vai à igreja, via de regra, de alguma
maneira está procurando a Deus, que jamais lançará fora o “pavio que fumega”.79
79 Isaías 42:3.
38
Toma-se como base as igrejas evangélicas, pois estas professam a
sua fé diretamente nos Evangelhos confirmando isto nos seus
estatutos internos, que unanimemente admitem uma cláusula
respaldando todas as suas decisões nos Evangelhos de Cristo. Relativo ao assunto Igreja Evangélica, segue para uma maior
elucidação, texto no anexo de nº 22, explanando o que significa ser
uma igreja evangélica, colocando a fundamentação Bíblica de que os
assuntos pertinentes às Leis Sagradas são “reveladas” aos “fiéis” e não interpretadas como comumente se diz, gerando aí infinitas
interpretações dos textos Bíblicos, e trazendo com isto muita
confusão.
Estes ditos estatutos quando aceitos pelo Estado, legitimam assim os
Evangelhos, tornando-os legalmente estabelecidos. Estabelecidos,
porém não reconhecidos e sequer mencionados. Formando-se o
impasse, os membros da igreja, hoje reconhecida pela sociedade como associações, que talvez pelos frutos que têm dado, se
enquadrem mais nesta condição, estes associados ou membros não
se detêm para examinar as suas leis, não a reconhecem como
suficiente, eficaz, porque talvez a vejam como uma mera poesia,80
como muitas vezes isto é declarado também em relação ao artigo 5º da Constituição pelos membros da sociedade brasileira. Ou seja, esta
membresia associada que se intitulam cristãos, mas que assim vê as
Leis Sagradas, não são os “fiéis”, mas meros religiosos. Estes vão ao
judiciário se valer de uma lei imperfeita, posto que seja humana, desfazendo assim os mandamentos da sua própria Lei, que ordena
que não se leve seu irmão à litígio, para serem julgados por leigos no
assunto, a exemplo do julgamento de Jesus e de Paulo, narrados no
tópico 1 da Introdução do presente trabalho, em que os que julgavam a questão apresentada pelos algozes religiosos repetiam
veementemente que não estavam afetos àquele assunto, pois isto era
uma questão interna que deveria ser julgado pela lei deles. Pilatos
disse que não havia como enquadrar Jesus, pois não via nele crime
algum. A sociedade brasileira está arraigada em um sofisma, que se atrela aos seus pensamentos e aos seus costumes de maneira
estabelecida e comum a todos, que é observar uma
inconstitucionalidade, como por exemplo, entre tantas, a que vemos
claramente no caso do salário mínimo, e fazer “vistas grossas” a isso e terminar aceitando o fato de que as garantias constitucionais do
indivíduo conquistadas em Assembléia Constituinte, não passam de
mera retórica e mera poesia. Isto é lamentável, insuportável e
inaceitável, data vênia.
O fato é que há uma classe de pessoas, no caso, os “fiéis” às Leis
Cristãs que estão absolutamente e injustamente sem nenhuma
defesa e sem o contraditório que lhes é cabido. E isto tem que ser
80 Ezequiel 33.
39
denunciado para que se feche esta brecha, para que se repare esta
injustiça que desvia o amplo socorro desses inocentes, que burla as
ordens constitucionais, que tem deixado livre a Barrabás e manietado
o “fiel”. Seguem os mercenários com todas as prerrogativas, livres, para abusar cada vez mais diante da ignorância da sociedade. Esses
não admitem que toquem no seu “reinado”, ousam tentar passar por
cima daquilo que é sagrado, como se Deus tivesse morrido como
disse Nietzsche, esses não entram no Reino de Deus por absoluta incompatibilidade com Este e impedem muitos de entrarem com o
diabólico engodo,81 esses entulham o judiciário com questões que
teriam que ser resolvidas primeiramente pelas suas próprias leis,
como rezam os seus próprios estatutos, e que exatamente por isso, porque sabem eles que por estas Leis Perfeitas não teriam o escape,
se valem então destes que ignoram estas Leis, e, que, portanto, não
estão aptos para julgarem os conflitos internos entre cristãos. Valem-
se eles então de artifícios e cobram do Estado que julgue a questão que foi tratada sob a égide das Leis Cristãs, e, portanto, não poderia
ser julgada por outras leis que não fossem estas. São os “cambistas”
dos quais bradou Jesus enquanto os expulsava do templo sagrado,82
os que fazem comércio até com alma de homens como denuncia o
Apocalipse.83 Fala Jesus no Evangelho de João, capítulo 2, versículo 14:
“Tirai daqui estas coisas! Como ousais transformar a casa de
meu Pai em mercado!”.
O advogado Manoel Soares Cutrim Filho, comentarista da Revista
Eclécia,84 assim como tantos outros, denuncia que as igrejas
funcionam como verdadeiras empresas comerciais, e que não mais será tolerada a exploração do comércio paralelo. Muitos têm sido
agredidos e oprimidos por esta liderança insana, verdadeiramente
enquadrada nos adjetivos usados por Jesus para qualificá-los, em
Mateus 23 como já foi citado. Eles têm agido livremente, autorizados pela sociedade também hipócrita e ignorante das suas origens, do
reino espiritual, do Deus que os criou. Dificilmente não se observa a
expressão de repúdio em qualquer pessoa que é argüida por estas
questões, ou seja, as pessoas sabem o que acontece “por trás dos panos” dentro das igrejas do “status quo”, mas fingem que não
sabem, não querem se envolver com esses assuntos, talvez porque
“estejam devendo”, a culpa os domina e também porque não
entenderam ainda que Jesus já pagou o preço da dívida e que se
crerem estarão livres desta culpa.
81 Mateus 23:13. 82
Mateus 2’1:12. 83 Apocalipse 18:13. 84
Revista nº 85; E-mail: [email protected].
40
O impasse se forma, a pregação contraria os Princípios Sagrados e o
“fiel”, este que vive na periferia e que o Estado não tem alcançado,
este que intercede pela raça humana, que segue as Leis Cristãs que
como bem falou o filósofo John Locke, não são particulares de qualquer religião, mas são o Direito Natural de toda a humanidade
(vide anexo nº6), este que cumpre apenas o que dita a sua honesta
consciência, que não foi “subornado”, que não troca “terras de
possessão perpétua” em troca de uma falsa paz, este que não vende o seu direito de primogenitura como o fez Esaú,85 este que tem sido
desprezado, humilhado, injustiçado e crucificado como o seu
Indizível e Inculpável Mestre, que tem tomado deste cálice amargo
que ninguém quer tomar, como já foi fundamentado nos capítulos do presente trabalho, este não poderá “ser educado” ou “fingir que não
vê”, mas ele se levantará na congregação, compungido por um
imperativo de consciência e denunciará o engano e a partir daí estará
enquadrado no artigo 208 do Código Penal Brasileiro, e só escapará se o pregador for também um “fiel”.
Como se pode ver, indubitavelmente, quem vai perceber o desvio,
sutil ou não, da pregação, será o “fiel” e ninguém mais. Não será o
magistrado, nem os presentes que freqüentam a igreja do status quo, não será o policial que for solicitado, não será o bem intencionado,
mas não será outro senão o que vive intimamente com o Deus que é
o Verbo, ou seja, a própria Bíblia. Este que convive pessoal,
voluntária e intimamente como um adorador deste que Ele sabe, que ele crê, ser o Criador de todas as coisas, inclusive dele mesmo. Este
que é um “embaixador” do reino de Deus na terra e, portanto não
está preso a nada deste mundo que segundo a Lei que segue, “... jaz
todo no maligno...”. Como já se demonstrou e foi fundamentado no decorrer do trabalho, este “fiel” vive aqui nesta terra unicamente
para implantar o Reino do seu Deus que fez com ele uma aliança de
sangue eterna, e, portanto, não é mais ele que vive no seu corpo,
mas Cristo vive nele:
“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu,mas
Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a
na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”.86
Este adorador sabe que as Santas Leis que segue não admitirá um
covarde ou um tímido,87 ou seja, um que não tenha decidido ainda a se esvaziar de si mesmo,88 a morrer para nascer de novo89 como filho
de Deus e ter assim o seu nome registrado no Livro da Vida, como
85 Livro de Gênesis, capítulo 25:31; Salmo 25:34; Hebreus 12:16. 86 Gálatas 2:20. 87
Apocalipse 21:8. 88
Filipenses 2:7 89 João 3:3.
41
ordena o Apocalipse.90 Este sabe que ao denunciar alguma fraude no
reino espiritual a guerra se instala espiritualmente e vai se manifestar
no reino físico de várias maneiras, através de homens e mulheres que
lutarão contra de maneira insana, assim como foi com aqueles que gritavam desvairadamente: “Crucifica-o, crucifica-o!”91, sem ter
absolutamente nenhum motivo para o fazer, deixando solto então a
Barrabás, o salteador (o homem) e deixando preso o inculpável e
inocente (o Fiel). Este sabe o que o espera e não se detém diante de nada e nem de ninguém porque sabe que O que o chamou para a luz,
o qualifica, o fortalece, o alimenta e o salva. Ele é tomado de amor
pelo seu Deus e pelo próximo, e não vacilará, mesmo com a pouca
força que têm os “Davis” de Deus diante de qualquer gigante, pois vai executar a ordem do Comando Sagrado, que segue, não em seu
nome, ou qualquer nome que se nomeia,92 mas em nome do Senhor
dos Exércitos, este que, segundo a sua fé, habitou entre os homens,
que é Deus, e que vai voltar para arrebatá-lo. Embora ele saiba do movimento contrário, não vai “deixar nada barato”, ou indigno, mas
vai enfrentar o “pelotão de fuzilamento” se preciso for falando e
denunciando a fraude e deixará o acerto de contas a cargo do único
que tem a competência para tal:
“Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira
de Deus, porque está escrito: Minha é a vingança, eu
retribuirei, diz o Senhor”.93
As Leis Humanas não têm, à priori, a intenção de se opor ao que é
bom e justo, antes, muito pelo contrário, os homens que são feitos à
semelhança deste Deus, que promulgaram a Constituição Brasileira sob a proteção deste mesmo Deus, querem o melhor para o povo.
Porém todos sabem que no meio destes, existem as “aves de rapina”
e os que, mesmo sem nenhuma intenção erram, e às vezes erram
muito, e, portanto, será preciso “guerrear” para que a justiça se
estabeleça: insistir, denunciar, demonstrar de todas as maneiras que forem possíveis a “lacuna” da lei, pois do contrário se estaria
praticando outro crime que é o da omissão. O que se vê comumente
nos dias atuais é o positivismo exacerbado, o direito sendo fim em si
mesmo, e não o meio para se conquistar a justiça, ou seja, com um fundo disciplinar muito saudável, porém, resvalando para o
“demasiadamente justo” como indica o brocado romano e a sabedoria
salomônica impresso no Livro de Eclesiastes, capítulo 7, versículo 16.
O justo então não se estabelece, porque passou do ponto de equilíbrio, que é paradigma do direito.
90 Capítulo 20:15. 91
João 19:15. 92
Efésios 1:21. 93 Romanos 12:19.
42
Enfim, é sabido de todos que o exemplo deveria partir exatamente da
igreja, que é a representante de Deus na terra, a noiva de Cristo,
segundo os Evangelhos, a quem Jesus deixou responsável para tomar
conta do “despedaçado” até que Ele volte, fato registrado no Evangelho de Lucas, capítulo 10, versículo 25 e seguintes. Fala o
citado acima advogado Manoel Soares Cutrim Filho, na mesma
revista: No final das contas, nenhuma lei secular vai garantir um
padrão de ética para os crentes. Estes é que devem dar o exemplo; acredita, por sua vez, o juiz Abner Apolinário, da Assembléia de Deus
de Recife, e completa: "Por exemplo, a mentira, exceto no caso de
falso testemunho, não tem importância jurídica; da mesma forma, as
relações sexuais entre adultos desimpedidos de casar, mas são contrárias à Bíblia, nossa regra de fé. Se seguirmos o que ela diz,
estaremos cumprindo a lei e dando o necessário testemunho". E é
bom que seja assim, já que a Bíblia exorta os filhos de Deus a agirem
de modo que os outros, vendo suas boas obras, glorifiquem ao Senhor.
Observa-se no Livro Sagrado,94 o exemplo dos Recabitas, um povo
fiel que estava sendo provado por Deus, que ao receberem a ordem
ou a sugestão das autoridades divinas para beberem vinho, assim não o fizeram, para não resvalarem no pacto firmado antes, pois
haviam recebido ordens do pai sobre a conduta que deveriam ter,
não só eles, mas também todos os seus descendentes. Os que lhes
falavam, eram reconhecidamente autoridades de Deus, porém, nem este fato os fez titubear para transgredir os votos que fizeram antes.
Há um princípio aqui. Deus usou este exemplo para falar sobre a
obediência que Ele espera dos Seus seguidores na terra e do quanto
esta tem sido adulterada pela conduta dos tais que deveria traduzir o Seu caráter no meio do povo. Fala o capítulo também sobre o juízo
divino sobre os desobedientes e o Seu galardão sobre os que
permanecem fiéis apesar dos percalços. As Leis Divinas enfatizam
muito sobre este assunto, de várias maneiras. Ora, fidelidade é o que
se espera dos que firmaram um pacto, como por exemplo, em um casamento, em que, na alegria, na tristeza, na vitória, na derrota, na
saúde, na doença, na riqueza ou na pobreza, os que fizeram uma
aliança, permanecem juntos. Assim como tem sido quebrado este
pacto no cotidiano dos homens como se este fato escabroso fosse lícito ou natural, e isto com a anuência dos códigos humanos,
trazendo então incontáveis danos a toda sociedade, da mesma
maneira não poderiam os que fizeram uma aliança eterna com Deus,
quebrá-la, sob pena de perderem a Promessa Divina, embora seja isso mesmo que se tem visto em profusão nos arraiais que se
intitulam cristãos.
94 Jeremias 35.
43
Paul Washer,95 um jovem cristão americano que tem pregado para
multidões, afirma que são poucos os salvos dentro desses templos.
Fala mesmo que a estrutura religiosa vigente tem mandado
mais gente para o inferno que todos os bordéis juntos. Ou seja, mesmo que as autoridades constituídas entre os homens ordenem a
um cristão para transgredir o Pacto Sagrado, este antes vai sofrer a
injustiça,96 não vai economizar a sua carne,97 vai submeter-se a
entrar para a “fornalha de fogo” se preciso for,98 mas não vai tocar na Soberania do seu Senhor e Salvador, pois, como é bem sabido, toda
a Lei de Deus é resumida em apenas duas, e a principal e mais
importante é exatamente esta: “Amar a Deus, sobre todas as
coisas”. Sabe o cristão entre tantas outras coisas que: “Nenhum soldado em serviço se embaraça com negócios desta
vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra”.99
Ou seja, como diz o Livro de Samuel, capítulo 15: de nada adiantará
sacrificar, orar ou praticar quaisquer rituais, se tudo isso não for
precedido da obediência. Deus é que é Deus e não os homens. De
maneira paralela se vê a notória corrupção tanto no judiciário quanto nas igrejas do status quo, para se opor ao que é de boa fama.
Enfatizamos que o Direito Positivo, legitimou o Direito Subjetivo na
Constituição de 1988, e, portanto, o Direito Natural, o Direito Divino,
pode e deve ser “pano de fundo” para qualquer julgamento, pois são a fonte primeira sem as quais não haveria a sabedoria no homem
para saber o que é ou não certo. O texto “Adendo a Apostila
Administração Eclesiástica”, de autoria do já citado autor Manoel
Soares Cutrim Filho, registra um pronunciamento católico, por
Gregório Vivanco Lopes: A lei positiva deve também orientar-se pelos usos e costumes
legítimos de cada povo e de cada época. Os esquimós, que vivem em meio às geleiras, necessariamente terão uma legislação diferente da
dos povos sujeitos aos calores tórridos da linha do Equador. E o
homem que outrora só usava para sua higiene pessoal a água dos
rios tem obrigações diferentes daquele que dispõe de água quente encanada dentro de casa. Mas a lei positiva, por ser uma lei humana,
deve respeitar e estar subordinada à Lei natural, de origem divina.
Segundo a lapidar frase de Santo Agostinho, "é justo que todas as coisas sejam ordenadíssimas". Por isso, a lei civil não pode contrariar
a Lei divina. Mais ainda: as leis inferiores devem favorecer a prática
das leis superiores — a lei civil deve facilitar a prática da Lei divina e,
na medida do possível, impedir a sua violação. Uma lei civil só é justa
95 Vide pregação, entre tantas do jovem pregador: “Pregação chocante”. Temos incluída em vários textos, entre eles: Os Protestos de hoje”, “A besta e suas marcas”, “O Oculto do ocultismo”, etc 96 I Pedro 2:19; I aos Coríntios 6:7. 97
João 12:25. 98
Daniel 3. 99 II a Timóteo 2:4.
44
enquanto deriva da Lei natural. Negar o Direito Natural é negar o
fundamento de toda a legislação positiva. Ora, o primeiro princípio da
Lei natural é que "o bem deve ser feito, e o mal evitado". Nesse sentido, o Código Civil brasileiro, em vários de seus artigos colide
com a Lei natural e a Lei divina, sendo altamente censuráveis tais
dispositivos, que deveriam por isso ser modificados.
O direito objetivo (“norma agendi”) nasceu para ser um instrumento
para se alcançar a JUSTIÇA. O homem tem a faculdade de lutar por
este direito que não o socorrerá se “dormir”. Esta luta em juízo, que se traduz pelo direito subjetivo (facultas agendi), e nascerá sempre
que alguém vai bater às portas do judiciário. O direito material ou
substancial vai então disciplinar as condutas, ou seja, vai dizer ao
indivíduo o que pode ou não fazer, enquanto o direito processual é o trilho por onde o direito material tem que passar, é a marcha
processual, o caminho que deve ser seguido. O Direito Moral é a
escolha do homem. E o direito natural? Este é anterior ao direito
posto, é a fonte. Muitas condutas que seriam naturais, como andar
nu se nasceu assim, como disse São Tomás de Aquino, foram retirados da normalidade pelas circunstâncias advindas da queda do
homem, como no caso em que Moisés teve que permitir o divórcio
pela dureza do coração do homem. Quando os religiosos hipócritas
tentaram o Mestre, perguntando por que não podiam se divorciar se Moisés havia permitido antes, Jesus explicou que Moisés não havia
instituído o divórcio, mas permitido momentaneamente, por causa da
dureza do coração deles, ou seja, Ele, o Senhor do senhores, permitiu
que Moisés, que era o advogado do povo nesta época, o promotor de justiça, usasse um direito totalmente alternativo e contrário aos seus
princípios. Hoje não se tem mais esta circunstância, pois Jesus já
ressuscitou e o Espírito de Deus está na terra capacitando quem
quiser crer, ou seja, as leis já estão escritas no coração do homem:
“Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a
casa de Israel, diz o Senhor; porei as minhas leis no seu
entendimento, e em seu coração as escreverei; e eu lhes
serei por Deus, e eles me serão por povo; e não ensinará cada um a seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo:
conhece o Senhor; porque todos me conhecerão, desde o
menor deles até ao maior”.100
Se o homem positivou: “não matarás”, é porque ele entendeu antes
que isso não se poderá fazer. E porque não se poderá fazer? Como o
homem ficou sabendo que não se pode matar? Quem ensinou isso para ele? O Direito Divino assim o instituiu sobrenaturalmente no
interior do homem, e quando isto está na sua essência, ele não mata.
Só o faz quando sai da sua natureza e entra no estado que Hobbes
descreveu: ele é um lobo que quer comer o outro lobo. Reclama-se:
100 Hebreus 8:10,11.
45
quem vem primeiro, o Estado ou o indivíduo? O direito existe para
servir ao homem ou este para servir ao direito? Quando o código
admite o julgamento por equidade, ou pelos princípios gerais do
direito, não se rompe aí o paradigma do direito?
Disse Santo Agostinho que no interior do homem está a verdade, em
concordância com as Escrituras Sagradas, e que a fé é uma
experiência interior, que Deus é anterior, é interior e exterior (foge dos dedos humanos). São Tomás de Aquino disse que tudo o que
reza o direito posto que vem contrariar o direito natural não é
legítimo, pois este é a expressão do direito divino. Disse também
Spinosa que a positividade vai muito além da norma, pois mesmo que esta ainda não esteja escrita, naturalmente já contém nela uma
essência de positivação e que estas vêm de Deus; não estão
positivadas, mas são básicas. Samuel Pufendorf exorta a que o
Direito se abra para a realidade que é a parte mais importante. Kant advertiu a que o homem reflita antes de obedecer a qualquer lei e
que as normas devem preservar a liberdade e a expressão pessoal de
cada um. Wilhelm Leibiniz contribui dizendo que o homem deve
escrever a própria história, usar o seu livre arbítrio sem se desviar
dos princípios divinos. Soren kierkgaard fez dura crítica ao cristianismo burguês defendendo que a essência do cristianismo é
remar contra a maré corrompida. É o filósofo da subjetividade e
adverte que o homem teoriza muito e esquece-se da realidade das
coisas, do valor subjetivo delas. Hugo Grócio afirma que o Direito Natural é baseado na natureza humana, não tendo relação com
religião alguma e que o pacto social deve ser respeitado para que a
nação possa progredir. Michael Foucault considera que ao
dessacramentar o pensamento, o homem se viu livre para dar sua opinião. Na verdade, o filósofo falava sob a ótica dos que
presenciaram os horrores que foram cometidos pelas Igrejas em
nome de Deus.
Conta o Livro de Daniel, que por inveja tramaram e conseguiram um interdito do Rei com o intuito de tentá-lo e destruí-lo:
“Todos os presidentes do reino, os capitães e príncipes,
conselheiros e governadores, concordaram em promulgar um edito real e confirmar a proibição que qualquer que, por
espaço de trinta dias, fizer uma petição a qualquer deus, ou a
qualquer homem, e não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões”.101
Porém, Daniel descumpriu a ordem do Rei e foi adorar o seu Deus
como costumava fazer, vindo daí a sanção do interdito do rei: Daniel teria que ir para a cova dos leões. Ele foi e não morreu, para espanto
101 Daniel 6:7.
46
dos incrédulos. Assim como Daniel, ontem, hoje e sempre os fiéis
serão livrados da boca dos leões. Entende-se que os que resistem à
fé, via de regra, acabam sempre se dobrando diante dos argumentos
lógicos e irrefutáveis dos gigantes pensadores quando estes provam a existência de Deus, e da mesma forma às evidências advindas dos
julgamentos dos Juízes do Rio Grande do Sul, que são qualificados
como inovadores, porque criam algo novo, re-novam, e como diria o
Professor Cremoneze: não ficam presos à dogmática, necessária ao desenvolvimento, mas que engessa, que embota a mente. Eles
perseguem a Justiça e a estabelecem estando ou não positivada ou
enquadrada a causa na legislação vigente, seja de maneira mais
simples ou pelo muito bailar nas leis. O Rei Davi, como guerreiro e justiceiro não cedia diante da pressão, não esmorecia na fé, “não
largava a mão do arado”,102 antes prosseguia para o alvo103 como o
Apóstolo Paulo e tantos outros heróis relatados na Bíblia, nos livros
da história e no cotidiano de hoje; homens dos quais, o mundo não é digno.104
A doutrina cristã trazida por Jesus veio introduzir novas dimensões à
questão da justiça. A justiça humana é identificada como uma
justiça transitória. A lei humana que condenou Cristo, o que foi feito com base na própria opinião dos homens do seu tempo, é a
justiça cega e incapaz de penetrar na divindade. A justiça humana é a
ilusão daqueles que não conseguem enxergar além dos limites
materiais e a Justiça Divina aponta para valores que rompem com o imediato. Nesse sentido, um dos preceitos da justiça é aquela que é
eterna. O fiel é aquele que se faz conduzir de acordo com esses
valores, muitos dos quais desconhecidos dos homens, rompendo com
atos cristalizados, desmistificando figuras alegóricas populares, desfazendo o que é falso, introduzindo novas práticas e novos
conceitos. Cristo, sobretudo por meio de suas parábolas,
diferenciando o justo do injusto veio semear a boa-nova. Tudo no
sentido de colher o joio, separando-o do trigo, o que será feito num
futuro apocalíptico, por meio do julgamento final. O sentimento cristão identifica o mal como uma doença, de modo a dispor-se a seu
tratamento, que não se faz pelo julgamento insidioso e precipitado,
mas pelo perdão, pelo esquecimento e pela boa ação em si, para
aguardar pacientemente a reforma do novo coração. Onde reside vingança, não reside uma máxima cristã. Esta é a doutrina segundo
a qual aquele que age por suas ações, será medido: ao justo, a
justiça, ao injusto, a injustiça.
102
Lucas 9:61. 103
Filipenses 3:14. 104 Hebreus 11:38.
47
“E eis que cedo venho; e o meu galardão está comigo,
para dar a cada um segundo a sua obra”.105
Assim, é deste conjunto que se deve extrair o que é devido e o que
não é devido, frente ao próximo, perante Deus. Todo entendimento,
todo raciocínio, toda moral e todo comportamento, que se digam
baseados nas leis de Cristo, devem pautar-se desses princípios, ou seja, devem se espelhar como um reflexo, no comportamento
daquele que morreu na cruz em nome de seus princípios, porque Ele
é “... o alfa e o Omega, o princípio e o fim”;106 o primeiro e o
derradeiro. Eis aí toda substância para arquitetura filosófica que
perdura por toda idade média, e todo este “compêndio” de conhecimento, toda esta maneira de enxergar, vai perdurar durante
toda a história. Poderá então haver a Justiça ideal para o homem?
Sim, poderá, se as leis postas estiverem respaldadas pelas leis
naturais e as leis divinas, que foram confeccionadas pelo Divino. O Justo Legal sai da pena do legislador e o Justo Natural vem então
validar esta lei. A lei divina aponta para valores que rompem com o
imediato, que é carnal, e o Direito Natural influencia a sua
interpretação. Evidencia-se também no presente trabalho os direitos fundamentais inseridos no artigo 5º da Constituição Federal, entre
eles a Liberdade de Expressão, que terá que ser conduzida pelas leis
morais e pela ética que vão repercutir na consciência do fiel. A moral
cumpre a sua função social que é muito parecida com a função social que o Direito tem. A pessoa poderá ser contaminada pelo coletivo ou
se pautar pelas suas convicções pessoais que foram geradas das suas
entranhas, com liberdade e responsabilidade. O Direito de Expressão
é nato do homem e o seu limite é a integridade do próximo. Sem o
direito a ela não haverá idéias expostas, não se poderá adquirir novos hábitos, reformular as idéias, ensinar, crescer, mudar de atitude, ou
seja, sem a expressão não haverá mundo e nem indivíduos.
Liberdade de culto e liberdade de consciência ou de crença o cidadão
as terá desde que não desrespeite a ordem, os bons costumes e não atinja Direitos indisponíveis. Observa-se aqui que há um despreparo,
não só judicial como policial, ou seja, não há uma legislação
específica e adequada para que o Estado possa solucionar a contento
os conflitos que estejam afetos a problemas religiosos.
Como se enfatiza, e como é notório em todas as Leis humanas,
exatamente por serem elas meramente humanas e nelas não estar
contida toda a justiça, precisará que o fio invisível do Direito Natural
e do Direito Divino venha completar, adequar, para que elas se ajustem com absoluta conformidade em cada caso concreto, que
nasce da multiforme e complexa natureza humana. E só isso. Não se
trata de anarquia ou rebeldia, mas da extrema necessidade que
105
Apocalipse 22:12. 106 Apocalipse 21:6.
48
assim se faça para que não haja a inconstitucionalidade no Justo
Legal e no Justo Natural. No caso em tela, esse “fiel” não está sendo
atendido nos seus direitos de ampla defesa e não tem tido a
oportunidade de um contraditório, pois sequer há peritos no judiciário para interceder e dar a ele a oportunidade de um confronto para
qualquer tipo de defesa. Ele simplesmente estará enquadrado no tipo
penal todas as vezes que uma liderança “cismar” de assim o fazer.
Haverá evidentemente quantas testemunhas forem necessárias, pois os súditos do Pastor “comem na sua mão”, servem à igreja e não
praticam o 1º mandamento, que é o mais importante: “Amar a Deus
sobre todas as coisas...” inclusive acima da igreja, do pastor, e
qualquer lei que se contraponha aos Princípios Sagrados. Não haverá chance para ele, pois ele “perturbou”, “ultrajou” o culto.
Culto a quem? Ao Deus dos Evangelhos? Que Evangelhos? O de
Cristo não comportará tal atitude: o de levar o seu irmão a litígio como comandou o Apóstolo Paulo na sua primeira Carta aos
Coríntios.107 Antes haverá o amor, o concerto, a tentativa a sós,
depois com testemunhas, depois com a igreja e se assim não
adiantar então este será tratado como publicado, ou seja, será levado
para outra “praia” que é o judiciário, como já foi fundamentado no presente trabalho. Evidentemente a Casa de Oração não deveria ser
um esconderijo de bandidos como Jesus afirmou que hoje é,
portanto, os bandidos deverão ser entregues à sociedade, ao
judiciário, para que eles acertem então, como é justo, as contas dos seus feitos com os bens indisponíveis. Mas mesmo estes, deverão ter
o direito à ampla defesa e ao contraditório, ou seja, ter uma chance
para arrependimento. Como já foi dito, a má-fé da liderança corrupta,
esta casta que foi o principal problema do Ministério de Jesus, ao invés das prostitutas ou bandidos, impera com folga, diante da
brecha que há neste artigo, diante de uma legislação tímida,
insuficiente e ineficiente, dado ao afastamento do homem do seu
Criador, do medo do juízo o que faz ficar longe das coisas divinas.
Não há legislação adequada, não existe ainda o “Estatuto do Fiel”, não há sequer ainda uma consciência quanto a toda esta
problemática que não deixa um desigual ser atendido na sua exata
medida. Isto é inconstitucional, e mesmo imoral. O fato é que não dá
mais para ficar preso a este artigo penal como se ele fosse o sacrossanto, pois alternativamente, depois de bailar pelo universo
jurídico, acharemos várias oportunidades como tem acontecido em
várias partes do mundo e no Brasil, onde são estabelecidas defesas
prévias, onde legislação específica se sobrepõe para assim atender com especialidade as demandas. Poderemos também nos valer da
Arbitragem, como foi exposto no capítulo 7.
107 Capítulo 6.
49
3.e.1 O Novo Código Civil e as igrejas
Um casal que vive em união estável (na Bíblia, fornicação) poderá
participar das decisões na Associação? O Código humano diz que sim
e a Bíblia diz que não, pois estes ainda não tomaram uma decisão a
respeito da sua fé. Devem sim, a qualquer tempo, serem aceitos
como amados, tratados e respeitados, até que reconheçam o reino e o ame acima de todas as coisas. Gilberto Garcia108, no seu livro “O
Novo Código Civil e as Igrejas”, menciona que estas deixam de ser
sociedades religiosas para se tornarem associações, e qualquer
estatuto de Igreja ensejará a intervenção de um advogado. Comenta o autor que o artigo 1723 do Código Civil reconhece a relação estável
como familiar, e, portanto, devem ser aceitos como se casados
fossem, e o artigo 1513 proíbe qualquer pessoa de direito público ou
privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família. Outra situação que se forma, conforme o autor é em relação ao artigo 55
que fala de direitos iguais a todos os associados. O menor poderá
votar? A Assembléia aí não poderia ser anulada, segundo os artigos
3º e 4º, 166 e 171 do CC, que proíbem a participação desses? Poderá
a garotada votar e decidir sobre convenções, e congresso deliberativo? O Código Civil diz que não, mas a Bíblia diz que sim.
Antes da “igualdade feminina” ser aclamada, as mulheres eram mais
protegidas pela lei em caso de separação, agora elas cada vez mais
pagam pensão aos homens, e estes cada vez mais conseguem na justiça escusar-se de cumprir com os seus compromissos.
108
GARCIA, Gilberto. O Novo Código Civil e as Igrejas. SP. Ed. Vida, 2003.
50
3.e.2 Propostas de mudanças para a legislação vigente
As leis internas desta Associação/Igreja, na verdade não teriam que
ser mais do que algumas anotações de ordem administrativa, locais, pois toda a regulamentação necessária para que as pessoas convivam
está absolutamente expresso nas Escrituras Sagradas. Se eles se
propõem a seguir esta fonte teológica que são os Evangelhos, a
fundamentar as suas atitudes, a vida que levam e tudo o que falam, segundo essas Leis, eles têm que se colocar a partir daí. O fiel sabe
que o único regimento que necessita será o Estatuto Sagrado. Se os
órgãos públicos aceitam e registram esses estatutos com a dita
cláusula (vide anexo nº13/ modelos de estatuto), os Evangelhos, as
Leis Cristãs já estão inseridas neste contexto, já estão legitimadas. É então um conflito “aparente”, pois tudo isso é muito simples de ser
equacionado. Assim, que sejam julgados pela lei específica deles,
como seria o óbvio não fosse o impropério humano. Quando se
esgotarem as tentativas para o conserto, aí sim o Direito Positivo será invocado. É visível então a necessidade urgente de uma
regulamentação, uma complementação nesta área, direcionando a
que se resolvam anteriormente, previamente, através das leis
internas das Associações, como ordena a Lei Sagrada que estes dizem seguir. O artigo 57 do Código Civil acende uma luz no final do
túnel e não se pode parar de caminhar nesta direção, até que se
consiga ver estabelecido secularmente com ordem e com decência,
este plenário invocado pelo Ap. Paulo em 1ª aos Coríntios, bem como
os juízes de Deus, novamente, como proclama Isaías 1. Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa
causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.
A sociedade não pode mais acobertar, passar de largo e conviver com
esta impunidade. Como já foi dito, a demora, a alienação das autoridades quanto a este assunto religião se dá pelo temor, pelo
medo, pela ignorância. Isto é inusitado, surpreendente, inadmissível
e inesperado, porém já acontece e não se pode mais aceitar a
inoperância da justiça. Os fiéis estão sem justiça, e o Estado lhes
deve isto, na sua exata medida. “Eu, a sabedoria, habito com a prudência, e acho o
conhecimento dos conselhos. Ouvi a instrução, e sede sábios, não a rejeiteis. Bem-aventurado o homem que me dá ouvidos,
velando às minhas portas cada dia, esperando às ombreiras da
minha entrada. Porque o que me achar, achará a vida, e
alcançará o favor do Senhor. Mas o que pecar contra mim violentará a sua própria alma; todos os que me odeiam amam
a morte”.109
109 Provérbios 8:12,33 a 36.
51
3.e.3 Julgamento Prévio
A necessidade de se economizar a máquina judiciária, estar atento ao
princípio da economia processual é cada vez crescente na pauta da Justiça. As soluções terão que brotar urgente das autoridades neste
sentido, pois a situação é caótica. Surge então uma variedade de
sugestões neste sentido, e entre esses projetos estão as prévias, os
processos administrativos, muitos dos quais solucionam, direcionam ou pelo menos tentam solucionar os conflitos antes das partes
baterem às portas do judiciário. Muitos são os projetos e os trabalhos
apresentados neste sentido, como já exposto no capítulo 6, como o
Conselho Nacional de Trânsito110 (Contran) padronizou e regulamentou o direito de defesa da pessoa multada. Quem dirige
agora ganhou o direito de fazer uma "defesa prévia" ou "defesa de
autuação", a cada vez que for informado pelo órgão gestor de
trânsito de que cometeu uma infração. O que se pretende com esta medida é dar amplo direito de defesa ao motorista, e a transparência
ao processo de aplicação de multas.
Observa-se o princípio da primazia da realidade efetivamente
considerado no Direito do Trabalho, e também o da celeridade processual e o da conciliação, tendo assim este ramo do direito,
servido de exemplo e de guia para outros ramos. Referente à Lei
11.343/06, a nova lei de drogas, registra-se que a defesa prévia ou
preliminar que oferece esta lei, é semelhante aquela existente no rito de responsabilidade do Funcionário Público e no rito de competência
dos Tribunais Superiores. Quando o funcionário é processado, antes
do juiz receber a denúncia, dado a relevância do cargo da pessoa
pública, ele tem direito a apresentar uma defesa objetivando o não recebimento da denúncia. Podemos denominar isto de um
“contraditório prévio”. Esta lei está prestigiando o princípio da ampla
defesa. Este é um dos poucos ritos em que se discute antes de se
instaurar a ação penal, isto é, ele concede uma chance a mais para o
réu. Esta defesa prévia serve para argüir eventuais exceções de suspeição e de impedimento, para argüir nulidades, e,
substancialmente, para abordar questões de mérito (documentos,
testemunhas, notificações) onde o acusado vai alegar que na
realidade não praticou o delito e que a denúncia é inepta, ou seja, que não há justa causa para o seu recebimento. Ela é a oportunidade
de dizer que o promotor está equivocado ao fazer tal acusação. Com
esta defesa prévia o juiz vai analisar se recebe ou não a denúncia, se
instaura ou não a ação penal.
110
Mais páginas de radiobras.gov.br.
52
Como se pode ver, o assunto é entusiasmante, confortante,
estimulante e muito presente. A história nos impulsiona a prosseguir,
a conquistar territórios. Percebe-se várias tentativas de avanço,
verdadeiras exceções diferenciando assim classe desigual, atendendo à sua desigualdade flagrante. Entende-se certamente que o direito
deve ser dado a cada um, e se há alguém que não o está alcançando
por uma lacuna na lei, prontamente esta grave falta deverá ser
restabelecida para que o ideal de JUSTIÇA se estabeleça. Há um ditado popular que diz que “pimenta nos olhos dos outros é refresco”.
É exatamente isto. A pimenta está ardendo nos olhos dos “fiéis” e
alguns ou alguém terá que denunciar isto e as autoridades
constituídas, que haverão de prestar contas do que lhes forem apresentados, sob pena de estarem descumprindo a sua função.
3.e.4 Arbitragem
Esta tendência atual se expressa também pela arbitragem, onde as
partes decidem de comum acordo encaminhar o julgamento para um
juiz leigo. Chegando as partes a um consenso, transcreve-se o dito, o
acordado, o qual será endossado por ambas as partes. Este
procedimento tem peso de petição inicial. As partes individualmente escolhem seus advogados e escolhem alguém que vai fazer a
arbitragem, e desta forma evitam-se os custos processuais. Neste
ano de 2006 esta maneira alternativa de se buscar a justiça está
completando 10 anos. Ela existia anteriormente no CPC de 1989, mas não funcionava, até porque não existia nada que obrigasse a se usar
esta Lei. O CPC de 1973 abriga este juízo arbitral, cujos artigos (1072
a 1102) foram revogados pela Lei Especial de nº 9.307/ 1996.
Percebe-se como saldo um interesse e um conhecimento maior em relação ao assunto. Caso o acordo não seja possível, passa-se então
o impasse ao Judiciário, assim como o foi no julgamento de Jesus e
de Paulo, como já foi descrito anteriormente, no capítulo 1 (3) deste
trabalho.
Os artigos 1º e 2º da Lei nº 9207 determinam que as pessoas
capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir
litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis, e que a
arbitragem poderá ser de direito ou de eqüidade, a critério das partes. Também poderão as partes escolher, livremente, as regras de
direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja
violação aos bons costumes e à ordem pública e também poderão as
partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas regras
internacionais de comércio. Em caso de discordância, como já foi dito,
parte-se para o Direito Positivo, e neste caso o juiz deverá se pautar
pelo resultado deste confronto, pela análise, pela ajuda de um perito no assunto, que será alguém insuspeito, ou seja, sem estar afeto à
qualquer religião, com frutos visíveis de observador da Lei Cristã.
53
Este será o juiz que Deus prometeu estabelecer nos últimos dias da
terra, como era a regra divina antes do povo pedir um rei, rejeitando
assim como já exposto, o Rei dos Reis no anexo de nº 18. Observa-
se, porém, que embora esta seja uma solução prática, coerente, rápida e inteligente, as partes aqui dificilmente entrariam em um
acordo quanto à escolha do árbitro, pois a liderança da igreja do
status quo, não quer qualquer tipo de acordo com o “fiel”. Esta
liderança mercenária se embrenha nos conchavos políticos e perdem assim a essência, o “fio da meada”, estando em absoluta oposição a
este que é movido por esta essência. Diz a Bíblia que estes fiéis
deveriam ser julgados primeiro pela lei deles, como deve ser, sem
sombra de dúvidas, se o objetivo for se fazer a justiça: “Mas, sendo Gálio procônsul da Acaia, levantaram-se os
judeus concordemente contra Paulo, e o levaram ao tribunal,
dizendo: Este persuade os homens a servir a Deus contra a lei. E, querendo Paulo abrir a boca, disse Gálio aos judeus: Se
houvesse, ó judeus, algum agravo ou crime enorme, com
razão vos sofreria, mas visto que a questão é de palavras, de nomes e da vossa lei, disso cuidai vós mesmos. Eu não quero
ser juiz dessas coisas. E expulsou-os do Tribunal”.111
3.e.5 Invoca-se justiça
Na exposição do presente trabalho, percebe-se que a liderança
mercenária tem estado impune e que os “fiéis” não estão sendo
atendidos na sua exata medida. Como se pode ver, a verdade dos fatos tem sido alterada, e o Estado não pode ficar alheio a esta
“falcatrua”, a esta bandidagem, a esse abuso de autoridade, de
poder, a este estelionato, a essa denunciação caluniosa, a este crime
contra o consumidor, a este crime de racismo, sob pena de estar descumprindo a sua função de dar a cada jurisdicionado a sua cota
de JUSTIÇA, contra tudo e contra todos. O Estado não poderá
continuar a consentir com esses mercenários, continuar recuando
como vem fazendo. Falava o Professor Cremoneze nas aulas de Direito Constitucional da UNISANTOS que é melhor correr o risco do
que não avançar, pois é sabendo que as pessoas têm medo do risco,
que as pessoas que dominam o mundo continuam dominando,
porque m um determinado momento eles não tiveram medo do risco.
É um conflito. A Igreja do status quo se adapta tranquilamente a estas situações, porém, o fiel, o que faz “confusão” não vai aceitar
suborno.112 Ele sabe a quem serve. É necessário que os homens re-
conheçam a simplicidade e voltem às veredas antigas:
“Assim diz o SENHOR: Ponde-vos nos caminhos, e vede, e
perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e
111
Atos 18:15. 112 Isaías 45:13.
54
andai por ele; e achareis descanso para as vossas almas; mas
eles dizem: Não andaremos nele”.113
Disse Albert Camus114, um autor francês, que o homem vive em um
vazio existencial muito grande. Isto se enquadra no que vivemos no
modelo atual, porque prioristicamente Deus respondia a todas as
questões, depois o homem veio a ser centro de tudo e resolvia tudo. Veio então o iluminismo e a razão para responder a tudo, começando
assim a era da tecnologia, onde o homem criou uma expectativa tão
grande em relação a estas descobertas que pensou que enfim seria
independente de Deus. Tudo ele iria poder, fazendo em paralelo com
o dito de Lúcifer enquanto era um Querubim da Guarda Real: “Subirei acima das mais altas nuvens; serei semelhante ao
Altíssimo”.115
As invenções, a tecnologia, o fariam voar alto. No entanto, esta
ciência foi usada para as guerras, e a sensação pós-guerra, é o vazio
total do sentido humano, da existência humana, pois aí nada tem
valor. Estes estão totalmente desrelativisados. Não se tem mais consciência do que é realmente um valor para sociedade. Hugo
Grócio, o filósofo, fala das guerras públicas travadas entre o coletivo,
as guerras privadas travadas entre os particulares, como
assassinatos, duelos, raptos e todas as formas de violências. Fala das guerras mistas entre os particulares e o Estado, como por exemplo os
conflitos religiosos. Tudo isso leva o homem à condição de pós-
guerra constante. Solucionar o problema das guerras é não só
discipliná-las quando ocorrem, mas, antes, remover as suas causas e impedir o seu advento, entender o motivo da determinada guerra e
tentar resolver a desavença de uma maneira justa. Precisa-se da
medicina preventiva antes da curativa, pois a que previne, conserva
sem deixar quebrar. O homem, por não querer pensar, é imediatista: quando sente dor na cabeça não pensa nas causas que a originaram
para erradicar o problema, que poderá ser indisciplina,
irresponsabilidade no comer, etc, mas vai buscar na farmácia algo
para retirar a dor momentânea e não procurar um meio para
erradicá-la. A medicina preventiva ensina a prevenir para não ter que remediar, ou seja, a ter uma vida regrada, disciplinada, para depois
de alguém nadar e nadar, não tenha muitas vezes que “morrer na
praia”, ou seja, ganhar, mas não levar. Paralelamente, as Leis Cristãs
ensinam ao homem a fazer tudo com ordem e com decência,116 a esmerar-se na disciplina, como nos alerta Paulo:
113 Jeremias 6:16. 114
Livro: O Estrangeiro; Camus, Albert; 26ª ed; Ed Record; Trad: Valerie Rumjanek (L’étranger); RJ/SP;2005. 115 Isaías 14:14. 116 I aos Coríntios 14:40.
55
“Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à submissão, para
que, depois de pregar a outros, eu mesmo não venha a ficar
reprovado”.117
Percebe-se então, que tudo o que está acontecendo na sociedade
atual é resultado de tudo o que vem acontecendo na história, é a
conseqüência, é o que o homem colhe da semeadura inconseqüente e impensada. O homem está vivendo esta fase sem sentido, sem
essência, sem conteúdo, sem saber o caminho que vai seguir. Prefere
então alienar-se, não pensar mais. Hobbes fala de uma lei fria, seca,
dura, necessária para normatizar pessoas frias, secas e duras, para
que um lobo não coma o outro. O que ele viu é real e este homem tem que saber colocar esta parte no cabresto:
“Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não
faço, mas o que aborreço isso faço”.118
“Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão (...)”.119
“Eu protesto que cada dia morro, gloriando-me em vós,
irmãos, por Cristo Jesus nosso Senhor”.120
“Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a
carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais
o que quereis”.121
A sociedade fala que é proibido proibir, conquista a sua liberdade e não sabe o que fazer com ela, pois esta implica em responsabilidade
que neste momento de caos não se quer pensar nela. O ECA, o
Código Penal inibe a responsabilidade dos pais corrigirem de maneira
mais efetiva, porém, cada vez mais as crianças e os adolescentes se perdem na rebeldia, no crime e na prostituição e os homens não se
perguntam se tem algo errado nisto. Eis o que a Bíblia fala sobre a
correção de uma criança:
“O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama,
desde cedo o castiga”.122
“Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele. A estultícia está ligada ao
coração da criança, mas a vara da correção a afugentará
dela”.123
117 I aos Coríntios 9: 27. 118 Romanos 7:15. 119 I aos Coríntios 9:27. 120 I aos Coríntios 15:31. 121
Gálatas 5:17. 122
Provérbios 13:24. 123 Provérbios 22:6,15.
56
“Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com
a vara, nem por isso morrerá”.124
“A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança
entregue a si mesma, envergonha a sua mãe. Castiga o
teu filho, e te dará descanso; e dará delícias à tua alma”.125
“Melhor é a criança pobre e sábia do que o rei velho e
insensato, que não se deixa mais admoestar”.126
Os jovens são capazes de ficar muitas horas escutando “músicas”,
apenas por um motivo: a fuga de pensar na existência humana. Qual
o seu intuito? Para que se faz uma faculdade de Direito? Para onde se
está indo? Essas perguntas, essenciais para serem respondidas, para que o ser humano adquira sua personalidade, sua moral, não são
feitas. Eles vivem em “tribos”, a tribo pensa por eles. Fazem tudo
igual. Pensar traz uma angústia muito grande, então fogem. É uma
fuga de pensar na vida. O homem pode e deve escrever a sua própria história, como disse Leibniz, porém sem se evadir dos princípios
Divinos. E muitas vezes poderão e deverão ultrapassar a lei humana
em todas as oportunidades em que ela ferir esses princípios, como o
exemplo que já foi citado em que os exemplares da Bíblia, que contêm a Palavra de Deus que não poderá ficar presa,127 e por isso
são transportadas a alguns países que proíbem a leitura do Livro
Sagrado, trabalho este, feito pelos “contrabandistas de Deus”, os
santos, os “fortes”, que embora sendo fracos, afirmam como o seu
Mestre em João 4, verso 34: “Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele
que me enviou, e realizar a sua obra.”
Não se pode esquecer que a humanidade está dividida entre antes e
depois de CRISTO, e que as Leis Cristãs estão inseridas em todos os
seguimentos da sociedade como já foi exposto (ver texto no anexo nº
6). Invoca-se então uma nova maneira de ver o direito, que seja efetivamente, direito, atendendo o necessitado na exata medida da
sua desigualdade. Embora seja devido o processo legal, não pode- se
ficar detido no direito posto, mas avançar na direção do justo, ou
seja, buscar na fonte moral, natural, Divina o necessário para completar esta tão almejada JUSTIÇA. Reza as palavras de Jesus em
Marcos 10, verso 27:
124 Provérbios 22:13. 125
Provérbios 29:15,17. 126
Eclesiastes 4:13. 127 II a Timóteo 2:9.
57
“Jesus, porém, olhando para eles, disse: Para os homens é
impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as
coisas são possíveis.”
Deve-se observar também uma questão muito complexa e de
embasamento teológico enfocado no filme “A Jornada”,128 onde o
autor, com muita pertinência enfoca que as Leis Morais foram ao longo dos anos dissociadas do seu autor. A fonte, a autoria da
idéia de que não se dever matar ou roubar ou mentir, etc, é Jesus
Cristo. Quando se ensina sobre estes fatos isoladamente, sem colocar
a origem dessas palavras, sem dizer de quem foi esta ordem, as pessoas terão a oportunidade de escolher a moral que quiser, ou
seja, roubar, mentir ou não. Porém, como se sabe, as pessoas são
absolutamente desiguais. Como ficaria então esta questão? Fala o
autor que a autoridade da autoria foi tirada, e aí se estabelece o caos. As pessoas perderam o temor da Divindade e constroem um
pensamento que é contrário às Leis Sagradas, onde cada um pode
herdar o Reino Divino com as suas boas obras invalidando totalmente
o sacrifício vicário de Cristo.
Registre-se aqui também o que enfoca Augusto Cury129 nos 5
volumes da série: “Análise da Inteligência de Cristo”130, onde o autor
fala que as pessoas sabem que a humanidade está dividida entre
antes e depois de Cristo, porém, não são todos que se interessam em saber quem é Ele. Fala o autor que é uma perda irreparável o fato de
nas escolas, nas faculdades não haver nos seus currículos a biografia
de Jesus, como há o de tantos. Seria natural e normal que Este,
sendo o homem mais importante que já houve na terra, já que divide a humanidade no meio, como é feito com os outros personagens da
história, estivesse no rol das biografias a que o os alunos têm acesso.
A vida de Jesus, os seus métodos, segundo o autor, coloca as nossas
pretensões psicológicas, psiquiátricas ainda na “idade da pedra”. Este autor pesquisa e ensina sobre a inteligência humana, educação e
muitas outras coisas (livros em mais de 60 países). Era ateu quando
observou esta lacuna e saiu em busca desta explicação. Encontrou
nos Evangelhos o único registro da história sobre a Sua vida, Sua
biografia. Estudou durante muitos anos e chegou à conclusão que é uma grande perda e uma grande incoerência a humanidade não se
informar mais sobre este homem, que não era só homem, mas
também Deus entre os homens. A humanidade de Jesus é registrada
de maneira ímpar por este autor. Importa muitíssimo que se saiba
128 Ano de produção: 2002/ País de origem: EUA / Gênero: Aventura /
Tempo de duração: 100’/ Censura: livre./ Comev. 129 Psiquiatra, pesquisador da psicologia e escritor.Professor do pós graduação, conferencista
em congressos nacionais e internacionais. 130 CURY, AUGUSTO. Análise da Inteligência de Cristo. RJ. Ed. Sextante 2006. 5 vol.
58
que enquanto encarnado Jesus não se valeu, em momento algum dos
Seus atributos divinos. Venceu como homem e quis deixar o exemplo
de que qualquer que fizer como Ele fez conseguirá o que Ele
conseguiu. Augusto Cury era ateu, mas não fechou a porta para o subjetivo, descobrindo então coisas maravilhosas, essenciais para a
sua existência e para o de tantos. É o que este trabalho espera
atingir: que as pessoas entendam que o subjetivo não anula o
objetivo, mas os dois convivem em harmonia, guardada a devida coerência, querendo os homens ou não.
É preciso então, como não é encoberto a ninguém, ressuscitar a
credibilidade da JUSTIÇA, tanto na religião como no judiciário. Invoca-se a posição dos “enviados”, dos pioneiros, destes que na
história tentaram, tentaram e muitas vezes não conseguiram, mas
mesmo assim deixaram uma marca esplendida de honestidade, uma
contribuição inestimável de hombridade e sensatez (“... dos quais o
mundo não era digno...” Hebreus 11:38). Eles não foram vencidos,
fizeram a sua parte. Muitos desses foram escarnecidos pela sua
aparente derrota, mas mesmo estes escarnecedores não puderam
deixar de admirá-los e invejá-los. No Livro primeiro de Samuel, a
Bíblia narra um episódio interessantíssimo, em que os anciãos, perplexos, questionando o porquê da derrota, ordenaram que fosse
trazida de Siló, a Arca da Aliança do Senhor (um símbolo da presença
de Deus), para que assim fossem libertos. Na batalha seguinte, os
filisteus se prepararam e o povo de Deus foi confiante, certos da vitória e grande foi a derrota (e nesta hora, quem não culpa Deus?):
“A estultícia do próprio homem arruína a sua vida, contudo o
seu coração se ira contra o Senhor”.131
Os filhos do sacerdote foram então mortos e ainda foi tomada a arca
de Deus. O texto anuncia que se o povo de Deus se faz execrável, a
sua única saída será o arrependimento, e através da cruz de Cristo será lavado do pecado e ficará livre, porém, o que a religião ensina é
exatamente o que esses sacerdotes fizeram, ou seja, que se
cumprirem o ritual (buscarem a arca), não precisarão deixar de ser
execráveis. A aparência é o que interessa, porém, de Deus não se zomba: cumprir todo o ritual, sem o arrependimento, é uma absoluta
perda de tempo. “Os filhos de Deus se fizeram execráveis
(exatamente como acontece hoje) e perderam a batalha diante dos
filisteus (exatamente como acontece hoje)”.132 Em Isaías, capítulo 1 está registrado o que sente Deus a respeito deste “corre-corre” na
igreja, deste ativismo, um engano maldito que prende o homem no
abominável:
131
Provérbios 19:3. 132 I Samuel 4.
59
“1 A visão de Isaías, filho de Amoz, que ele teve a respeito de
Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, e Ezequias,
reis de Judá. 2 Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra, porque falou o Senhor: Criei filhos, e os engrandeci, mas eles se
rebelaram contra mim. 3 O boi conhece o seu possuidor, e o
jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende. 4 Ah, nação
pecadora, povo carregado de iniqüidade, descendência de
malfeitores, filhos que praticam a corrupção! Deixaram o
Senhor, desprezaram o Santo de Israel, voltaram para trás. 5 Por que seríeis ainda castigados, que persistis na rebeldia?
Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. 6 Desde a
planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã; há só feridas, contusões e chagas vivas; não foram espremidas, nem atadas,
nem amolecidas com óleo. 7 O vosso país está assolado; as
vossas cidades abrasadas pelo fogo; a vossa terra os estranhos a devoram em vossa presença, e está devastada,
como por uma pilhagem de estrangeiros. 8 E a filha de Sião é
deixada como a cabana na vinha, como a choupana no pepinal,
como cidade sitiada. 9 Se o Senhor dos exércitos não nos deixara alguns sobreviventes, já como Sodoma seríamos,
e semelhantes a Gomorra. 10 Ouvi a palavra do Senhor,
governadores de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó
povo de Gomorra. 11 De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. Estou farto dos
holocaustos de carneiros, e da gordura de animais
cevados; e não me agrado do sangue de novilhos, nem de
cordeiros, nem de bodes. 12 Quando vindes para comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto,
que viésseis pisar os meus átrios? 13 Não continueis a
trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação. As
luas novas, os sábados, e a convocação de assembléias ... não posso suportar a iniqüidade e o ajuntamento
solene! 14 As vossas luas novas, e as vossas festas fixas,
a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou
cansado de as sofrer. 15 Quando estenderdes as vossas
mãos, esconderei de vós os meus olhos; e ainda que
multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei; porque as
vossas mãos estão cheias de sangue. 16 Lavai-vos, purificai-
vos; tirai de diante dos meus olhos a maldade dos vossos atos;
cessai de fazer o mal; 17 aprendei a fazer o bem; buscai a
justiça, acabai com a opressão, fazei justiça ao órfão,
defendei a causa da viúva. 18 Vinde, pois, e arrazoemos, diz
o Senhor: ainda que os vossos pecados são como a escarlata,
eles se tornarão brancos como a neve; ainda que são
vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a lã. 19 Se
quiserdes, e me ouvirdes, comereis o bem desta terra; 20
mas se recusardes, e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; pois a boca do Senhor o disse. 21 Como se fez
prostituta a cidade fiel! ela que estava cheia de retidão! A
60
justiça habitava nela, mas agora homicidas. 22 A tua prata
tornou-se em escória, o teu vinho se misturou com água. 23
Os teus príncipes são rebeldes, e companheiros de ladrões; cada um deles ama as peitas, e anda atrás de presentes; não
fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa da
viúva. 24 portanto diz o Senhor Deus dos exércitos, o Poderoso de Israel: Ah! livrar-me-ei dos meus adversários, e
vingar-me-ei dos meus inimigos. 25 Voltarei contra ti a minha
mão, e purificarei como com potassa a tua escória; e
tirar-te-ei toda impureza; 26 e te restituirei os teus juízes, como eram dantes, e os teus conselheiros, como
no princípio, então serás chamada cidade de justiça,
cidade fiel. 27 Sião será resgatada pela justiça, e os seus
convertidos, pela retidão. 28 Mas os transgressores e os pecadores serão juntamente destruídos; e os que deixarem o
Senhor serão consumidos. 29 Porque vos envergonhareis por
causa dos terebintos de que vos agradastes, e sereis
confundidos por causa dos jardins que escolhestes. 30 Pois sereis como um carvalho cujas folhas são murchas, e como um
jardim que não tem água. 31 E o forte se tornará em estopa, e
a sua obra em faísca; e ambos arderão juntamente, e não haverá quem os apague”.133
Aquele que sabe o bem que deve fazer e não o faz,134 colherá os
frutos amargos depois:
“Então Mordecai mandou que respondessem a Ester: Não
imagines que, por estares no palácio do rei, terás mais
sorte para escapar do que todos os outros judeus. Pois, se de todo te calares agora, de outra parte se
levantarão socorro e livramento para os judeus,
mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe
se não foi para tal tempo como este que chegaste ao reino?”.135
133
Isaías 1. 134
Tiago 4:17. 135 Ester 4:13,14.
61
4. Minha culpa
Seguindo o propósito desta meditação, que é meditar na Lei e na
Graça, usando entre outros argumentos e exemplos a minha própria vida, Vamos enfatizar aqui as marcas da dureza incrustada na
personalidade e como é necessário este quesito na vida de um
soldado de Cristo, onde está o joio e o trigo neste ingrediente.
Aprendamos um pouquinho mais sobre esta matéria antes de colocar como me vi na pele de um fariseu.
Nesta intenção colocamos dois títulos:
1. “Um açoite de Deus”
2. “Um Grande Mico”.
Que o Senhor que se chama Verdade venha nos curar e libertar, nos
dá o equilíbrio, que não é, nem antes e nem depois, mas na justa
medida. Quem pode nos falar deste divisor de águas? SÓ ELE.
“12 Quem pode discernir os próprios erros? Purifica-me tu
dos que me são ocultos”.136
Ele nos sonda e nos conhece...
“1 Senhor, tu me sondas, e me conheces. 2 Tu conheces o meu
sentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. 3 Esquadrinhas o meu andar, e o meu deitar, e
conheces todos os meus caminhos. 4 Sem que haja uma
palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces. 5
Tu me cercaste em volta, e puseste sobre mim a tua mão. 6 Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim; elevado é,
não o posso atingir. 7 Para onde me irei do teu Espírito, ou
para onde fugirei da tua presença? 8 Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás
136 Salmo 19:12.
62
também. 9 Se tomar as asas da alva, se habitar nas
extremidades do mar, 10 ainda ali a tua mão me guiará e a tua
destra me susterá. 11 Se eu disser: Ocultem-me as trevas; torne-se em noite a luz que me circunda; 12 nem ainda as
trevas são escuras para ti, mas a noite resplandece como o
dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa. 23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e
conhece os meus pensamentos; 24 vê se há em mim
algum caminho perverso, e guia-me pelo caminho
eterno”.137
Quando peço tal coisa para Deus sei que vou precisar da
misericórdia...
“1 Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a
multidão das tuas misericórdias. 2 Lava-me completamente
da minha iniqüidade, e purifica-me do meu pecado. 3 Pois (...)
e o meu pecado está sempre diante de mim. 4 Contra ti, contra ti somente, pequei, e fiz o que é mau diante dos teus olhos; de
sorte que és justificado em falares, e inculpável em julgares. 5
Eis que eu nasci em iniqüidade, e em pecado me concedeu
minha mãe. 6 Eis que desejas que a verdade esteja no
íntimo; faze-me, pois, conhecer a sabedoria no secreto da
minha alma. 7 Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo;
lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve. 8 Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que se regozijem os ossos que
esmagaste. 9 Esconde o teu rosto dos meus pecados, e apaga
todas as minhas iniqüidades. 10 Cria em mim, ó Deus, um
coração puro, e renova em mim um espírito estável. 11 Não
me lances fora da tua presença, e não retire de mim o teu
santo Espírito. 12 Restitui-me a alegria da tua salvação, e
sustém-me com um espírito voluntário. 13 Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e pecadores se converterão
a ti. 14 Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha
salvação, e a minha língua cantará alegremente a tua justiça.
15 Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca proclamará o teu louvor”.138
Ele ouve e perdoa o arrependido...
“1 Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada,
e cujo pecado é coberto. 2 Bem-aventurado o homem a
quem o Senhor não atribui a iniqüidade, e em cujo espírito não
há dolo. 8 Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; aconselhar-te-ei, tendo-te sob a minha vista. 9 Não
sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm
137
Salmo 139:1/12,23,24. 138 Salmo 51:1/13.
63
entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio; de outra
forma não se sujeitarão”.139
E este arrependido sabe que vai ser purificado, corrigido...
“9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para
nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”.140 “3 Considerai, pois aquele que suportou tal contradição dos
pecadores contra si mesmo, para que não vos canseis, desfalecendo em vossas almas. 4 Ainda não resististes até o
sangue, combatendo contra o pecado; 5 e já vos esquecestes
da exortação que vos admoesta como a filhos: Filho meu, não
desprezes a correção do Senhor, nem te desanimes quando por ele és repreendido; 6 pois o Senhor corrige
ao que ama, e açoita a todo o que recebe por filho. 7 É
para disciplina que sofreis; Deus vos trata como a filhos;
pois qual é o filho a quem o pai não corrija? 8 Mas, se estais sem disciplina, da qual todos se têm tornado participantes,
sois então bastardos, e não filhos. 9 Além disto, tivemos
nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e os
olhávamos com respeito; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, e viveremos? 10 Pois aqueles por pouco
tempo nos corrigiam como bem lhes parecia, mas este, para
nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade.
11 Na verdade, nenhuma correção parece no momento ser motivo de gozo, porém de tristeza; mas depois
produz um fruto pacífico de justiça nos que por ele têm
sido exercitados. 12 Portanto levantai as mãos cansadas, e
os joelhos vacilantes, 13 e fazei veredas direitas para os vossos pés, (...)”.141
139
Salmo 32:1,2,8,9. 140
I João 1. 141 Hebresus 12:3/13.
64
4.a Um Açoite de Deus
Fala o Todo Poderoso, como já vimos que Ele açoita o filho que ama.
Mas será que Deus faz isso?
“5 Saberás, pois, no teu coração que, como um homem corrige
a seu filho, assim te corrige o Senhor teu Deus”. 142
Quem pode suportar tal coisa?
“17 Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus corrige; não desprezes, pois, a correção do Todo-Poderoso”.143
Fiquei deveras espantada com a maldade de alguém que amassou a
porta do meu carro. Porque assim sucedeu? Prossegui com os meus afazeres e no dia seguinte de madrugada quando fui orar por muitos
motivos, percebi o Espírito de Deus me levar a lembrar de um fato
que aconteceu há pouco tempo atrás. Um amigo da minha filha ao
dar a ré na sua Blaser, derrubou duas motos em frente do nosso prédio. Ficou apavorado e fugiu, deixando minha filha de boca aberta
no portão, sem saber o que fazer. Fiquei sabendo do acontecido um
tempo depois, pois ela também, apreensiva com a situação, não me
falou nada. Orientei-a para falar com ele para reparar a situação, ao
que Ele se negou a fazê-lo; sugeri então para ela ir sozinha falar com a síndica (uma das proprietárias das motos). Ela assim fez; pediu
perdão relatando o fato, muito constrangida, ao que a boa mulher
respondeu que o seu dano foi mínimo e não tinha problema algum. A
outra moto, porém, segundo ela, sofreu um dano maior e os proprietários ficaram deveras, furiosos: amaldiçoaram e ameaçaram
muito, e por esta razão a gentil senhora aconselhou minha filha a
não falar mais nada para não criar mais confusão, pois eles eram
pessoas diferentes dela. Veio minha filha relatando o fato e eu fiquei um tanto perturbada, mas os muitos afazeres do cotidiano ...
“41 Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, estás ansiosa e
perturbada com muitas coisas; 42 entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte,
a qual não lhe será tirada”.144
... e também a fadiga emocional diante de muitas situações adversas, me fizeram acolher aquelas palavras que soaram aos meus ouvidos
como um escape. Não meditei profundamente em nada, mas agarrei
aquele “sábio” conselho e descansei.
142
Deuteronômio 8:5. 143
Jó 15:17. 144 Lucas 10: 41,42.
65
No entanto, o meu Pai, que me ama, e que não descansa e nem me
deixa descansar até que me venha colocar como objeto de louvor na
terra145, veio falar comigo de maneira direta, bem alto e em bom
tom, pois entendi tudo muito claro. Ora, se a porta do meu carro não estivesse amassada, se eu não tivesse sofrido o dano, como eu
poderia perceber a injustiça de eu ter deletado o caso da moto para
não ter problemas? Não percebi, mas coloquei a sujeira debaixo do
tapete, coloquei uma pedra em cima do assunto, e continuei a pregar, a falar, a ensinar e a esperar por justiça, como se tivesse,
naquele momento, autoridade para isso, com esta brecha aberta
dando então legalidade ao maligno para me oprimir. Se eu cedi este
lugar146, ele não perderia a chance, sim, pois se houver causa, a maldição encontrará pouso147. Deus seria justo se a Palavra d’Ele não
valesse? Como poderíamos confiar n’Ele se assim fosse? Eu sei que
errei e que deixei de aplicar a justiça para um dos lados. Os donos da
moto ficaram com o prejuízo. Que tipo de julgamento é este? Não importa se fossem até irmãos de Hitler ou coisa parecida, pois não é
minha e nem de ninguém a vingança, mas de Deus:
”19 Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira de Deus, porque está escrito: Minha é a vingança, eu
retribuirei, diz o Senhor”.148
Haveria alguém mais indicada para atestar a vingança de Deus neste caso se não eu que sofri o prejuízo? Fui eu quem derrubei a moto?
Não, mas sou uma autoridade e conheço as Leis de Deus, portando
Ele açoita mais. Falei então com os pais deste que ainda não se
comporta com maturidade, pois estava disposta a lutar de todas as formas para que a justiça fosse feita (Deus sabe como convencer a
pessoa do pecado, da justiça e do juízo),149 e com a graça de Deus a
mãe escutou e aceitou pagar.
145 Isaías 62:7. 146 Efésios 4:27. 147
Prov 26:2. 148
Romanos 12:19. 149 João 16:8.
66
Fiquei perplexa em todos os sentidos, e doída pelo dano em um carro
OK, mas o que prevalece na minha alma é a alegria de saber que
essas pessoas que ainda não conheço vão receber pelo prejuízo. Mas
como posso estar alegre, se a minha porta vai continuar torta por enquanto? Porque o que é mais relevante, é saber que Deus é
justo. Como é maravilhoso, mais uma vez entender isso, mesmo que
o açoite tenha sido dado em mim, pois isso quer dizer que eu tenho a
garantia de que se eu fosse uma das pessoas injustiçadas Deus iria agir comigo da mesma maneira. Isto é um descanso e uma alegria
sem fim.
Certa vez Deus me mostrou o sofrimento da mulher do meu pai (sou fruto de um adultério; minha mãe soube que ele era casado quando
estava grávida) e dos seus filhos, meus irmãos no caso. Conheci meu
pai com mais de trinta anos (minha mãe saiu da cidade, fugindo, sem
dizer para onde ia), pois haviam me informado que ele havia morrido em uma emboscada. Soube, porém, que estava vivo e Deus me deu
a graça de conhecê-lo e assim ser curada pela ausência dele na
minha vida e na minha certidão de nascimento. Recebi a cura total,
pois aquele homem foi o pai que qualquer pessoa desejaria ter,
durante os quinze dias que estive em sua companhia. Quando soube da sua morte tempos depois (Deus me preparou muito para isso), as
pessoas ficaram surpresas com a minha reação, (levaram uma
semana para ter coragem de me dar a notícia). Como se fosse um
relâmpago, veio ao meu espírito com muita clareza, que Deus amava mais ao meu pai do que eu, e, certamente fez tudo o que pode por
ele. Não questionei até hoje sobre nada. Eu tenho um pai, ou tive um
pai, e o amo ou amei, respeitei e honrei muito (Não conseguia vestir
uma blusa sem mangas perto dele). Sou grata a ele por tudo o que fez por mim. Se eu começasse a pensar talvez chegasse à conclusão
que ele não me fez nada ou só me fez mal, porém, esta possibilidade
de questionamento não existe, pois este assunto foi definitivamente
arquivado na minha alma. Eu apenas o vi uma única vez, mas foi o
suficiente para me sentir protegida e amada até hoje. Como já disse, Deus sabe como curar, como tratar dos seus filhos.
Tempos depois (no momento adequado) vivi uma situação terrível e
pude entender e sofrer o sofrimento daquela mulher e daquelas crianças tão humilhadas, traídas e vilipendiadas. Pensei que nunca
mais iria parar de chorar e de sofrer por vislumbrar aquele sofrimento
causado pelos meus pais (e por mim, mesmo sem o saber) àquelas
pessoas que me trataram com tanto amor. Naquele momento em que fui ver o meu pai, embora tivesse mais de trinta anos, eu,
emocionalmente, ainda era a criança abandonada (eu parei ali no
passado), e Deus, naquele momento tinha um único objetivo: a cura
do meu interior pela ausência do meu pai durante toda a minha vida. Eu não suportaria, não entenderia, não administraria e certamente
tudo se perderia se eu soubesse tudo de uma só vez, ou se alguém
67
me acusasse ou cobrasse alguma coisa naquele momento. Para tudo
tem o seu tempo certo. Aquele era o tempo de eu ser curada e
honrada e não o momento daquelas pessoas receberem o meu pedido
de perdão, embora merecessem tanto.
Tempos depois Ele trataria do resto, porque Ele é justo e fiel. Nem
neste momento em que estive no lugar daquela mulher e daquelas
crianças de uma maneira tão intensa, questionei sobre a vida dos meus pais; não há o que questionar, reclamar, pois não há feridas,
nem dor. Um passado terrível foi enterrado e desfeito pelo, poder e o
amor de Deus agindo em mim. Sim, é possível que, naqueles quinze
maravilhosos dias, Deus estivesse no corpo daquele homem para que eu o enxergasse de maneira tão espetacular; é possível que Deus
tenha tido um grande interesse em me dizer que meu pai era “10”,
pois a figura do pai fala do que é Deus para um filho. Não é
perfeitamente possível? Como dizia, eu sofri de uma maneira terrível, na minha própria pele, a vingança de Deus para aquela mulher, e
posso garantir que ela foi plenamente justiçada (embora já não
estivesse viva). Como posso saber? Ora, pois se foi na minha pele
que Deus a vingou:
“(...) porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que
visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta
geração daqueles que me odeiam. 6 e uso de misericórdia com milhares dos que me amam e guardam os meus
mandamentos”.150
Agora, mais uma vez, no caso das motos, tenho a oportunidade de observar a Justiça de Deus, e novamente fiquei prostrada,
maravilhada, e O adorei, diante de tão grande perfeição e zelo.
Entendi perfeitamente e sou testemunha do que diz o Salmo:
“Justiça e juízo são a base do trono de Deus”.151
Que grande prejuízo então foi aquele efêmero e enganoso
“descanso”!
150
Êxodo 20:5,6. 151 Salmo 89:14.
68
Deus tem me açoitado muitas vezes e tenho escrito alguns textos
para relatar estes fatos, pois acho importante passar também as
experiências negativas. É necessário desmistificar o fato de uma
autoridade ser tida como alguém que nunca erra e que não pode errar. Os que já leram a Bíblia ficam perplexos com o que Deus relata
sobre os Seus amados, os Seus fiéis. Nada fica escondido, mas os
seus erros e acertos estão escritos para nossa edificação e para
atestar, se é que seria preciso, o caráter de Deus. Toda autoridade foi instituída por Deus e está sujeita às mesmas paixões infames de
qualquer homem, infelizmente, pois não sobrou ninguém para Deus
poder usar que não estivesse nestas condições. É impressionante,
mas fácil de entender, que todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus152 e, portanto, Ele usa os que têm um coração
quebrantado, os que conhecem as suas grandes limitações, mas
estão a serviço do seu Senhor. Ele capacita os fracos, pequenos e
considerados desprezíveis como eu. O nome de Deus é Verdade e vemos impresso nos sessenta e seis Livros Sagrados todos os erros,
que não foram poucos, dos que serviram a Ele. E como esses erros
foram úteis ao aprendizado daquele que crê!
Para quem não tem fome e sede de justiça e está sujo, Ele fala:
“11 Quem é injusto, faça injustiça ainda e quem está sujo,
suje-se ainda;
... e para quem já aprendeu um pouco de justiça e santidade: ...
...e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo,
santifique-se ainda”.153
Não há como parar de aprender, pois a defasagem do homem e a
perfeição de Deus são imensuráveis. Se alguém aprendeu um pouco,
aprenda mais ainda. E por isso fala Sócrates: “Só sei que nada sei”. Fala também Paulo a mando de Deus que existem pessoas assim:
“7 sempre aprendendo, mas nunca podendo chegar ao pleno
conhecimento da verdade”.154
Qual a medida de Deus para os açoites?
“48 mas o que não a soube, e fez coisas que mereciam castigo, com poucos açoites será castigado.
152
Romanos 3:23. 153
Apocalipse 22:11. 154 II a Timóteo 3:7.
69
(Muitas vezes se fala que Deus não conta o tempo da ignorância, o
que é verdade, mas não neste contexto e nem neste nível, pois disse
Ele também que o homem sofre porque lhe faltou o conhecimento)
Daquele a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a
quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá”.155
Liberdade implica em responsabilidade. Se soube mais, vai ser
provado e tentado neste mesmo nível. Ora, seria melhor então não
aprender mais?! E como poderia alguém não aprender mais a cada
dia para saber conquistar a Terra Prometida? Deus nos dará
revelações, treinamento e a promessa de que não seremos tentados além das nossas forças.156 Disse também que o poder d’Ele se
aperfeiçoa na fraqueza157 e que é para o fraco dizer que é forte.158
Percebemos então que não dá para escapar de Deus e de nós mesmos. Lancemos então mão da Biblioteca Divina para nos valer:
“16 Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para
ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça”.159
Deus nos exorta a ter zelo para ensinar, para corrigir:
“25 corrigindo com mansidão os que resistem, na
esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento
para conhecerem plenamente a verdade, 26 e que se
desprendam dos laços do Diabo (por quem haviam sido
presos), para cumprirem a vontade de Deus”.160
Fala também ao que pratica impiedade para não tomar o Seu
Conserto na sua boca, pois isto é para santos, ou seja, para os separados para uso exclusivo de Deus, os quebrantados de coração,
os arrependidos. Aos que não querem ser corrigidos, e não sentem
falta de nada161, Ele fala:
“16 Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitares os meus
estatutos, e em tomares o meu pacto na tua boca, 17 visto
que aborreces a correção, e lanças as minhas palavras
para trás de ti”.
155 Lucas 12:48. 156 I aos Cor 10:13. 157 II aos Cor 12:9. 158 Joel 3:10. 159
II a Timóteo 3:16. 160
II a Timóteo 2:25,26. 161 Apocalipse 3:17.
70
Observemos o engano de tantos que entendem que Deus “deixou
para lá” o caso porque não viu “a casa não cair” na sua cabeça:
“21 Estas coisas tens feito, e eu me calei; pensavas que na verdade eu era como tu;
... ou seja, Deus viu tudo, escreveu tudo no seu Livro e só ficou
calado por algum tempo...
... mas eu te argüirei, e tudo te porei à vista. 22
Considerai, pois isto ...
... e não é para considerar?
...vós que vos esqueceis de Deus, para que eu não vos
despedace, sem que haja quem vos livre”.162
Observemos como age o insensato:
“5 O insensato despreza a correção do seu pai; mas o que
atende à admoestação prudentemente se haverá”.163
Quem será castigado?
“21 Decerto o homem mau não ficará sem castigo; porém
a descendência dos justos será livre”.164
O homem mau será castigado, porém, e o filho que o Pai ama, ficará
impune?
“11 Filho meu, não rejeites a disciplina do Senhor, nem te
enojes da sua repreensão; 12 porque o Senhor repreende
aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer
bem”.165
Porque?
“19 Homem de grande ira tem de sofrer o castigo; porque
se o livrares, terás de o fazer de novo. 20 Ouve o conselho,
e recebe a correção, para que sejas sábio nos teus últimos
dias”.166
Muitos, porém, não podem sequer ser corrigidos:
162 Salmo 50:17,21,22. 163 Prov 15:5. 164
Prov 11:21. 165
Prov 3:11,12. 166 Prov 19:19,20.
71
“30 Em vão castiguei os vossos filhos; eles não aceitaram
a correção; a vossa espada devorou os vossos profetas como
um leão destruidor”.167
“5 Por que seríeis ainda castigados, que persistis na
rebeldia? Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco”.168
Como já vimos, o Livro de Hebreus registra que o que não se sujeita
a este chicote santo é bastardo e não filho, e que o momento da correção parece impossível para a pessoa suportar, mas depois este
açoite trás para este, frutos excelentes. Quantas vezes por ano
deveremos repreender, exortar os nossos próximos?
Continua falando o Livro de Hebreus:
“12 Vede, irmãos, que nunca se ache em qualquer de vós um perverso coração de incredulidade, para se apartar do Deus
vivo; 13 antes exortai-vos uns aos outros TODOS OS
DIAS, durante o tempo que se chama Hoje, para que
nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado”.169
Quem não ama a Deus não vai obedecer a esta regra, pois isto dá
muito trabalho. Fala também para este que vai exortar, para antes,
vigiar, para que não entre em tentação e passe do ponto de
equilíbrio:
167
Jeremias 2:30. 168
Isaías 1:5. 169 Hebreus 3:12,13.
72
“1 Irmãos, se um homem chegar a ser surpreendido em algum
delito, vós que sois espirituais corrigi o tal com espírito de
mansidão; e olha por ti mesmo, para que também tu não sejas tentado”.170
E aqui está a pena para o que não exorta conforme o mandamento:
“13 Porque já lhe fiz saber que hei de julgar a sua casa para
sempre, por causa da iniqüidade de que ele bem sabia, pois
os seus filhos blasfemavam a Deus, se tornaram
execráveis e ele não os repreendeu”.171
Deus aconselha aos que resistem à repreensão:
“9 Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm
entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio; de outra
forma não se sujeitarão”.172
4.a.1 Augusto Cury173 fala sobre educação, disciplina,
correção:
“Os jovens sempre foram contestadores, sempre discordaram dos
erros dos adultos, sempre lutaram positivamente pelo que pensam. No entanto, nos dias de hoje isso é raro! Muitos deles amam o
sistema social criado pelos adultos, sistema que os transforma em
consumidores, que sufoca sua identidade e seus projetos. É a
geração que quer tudo rápido, pronto, sem elaborar, sem batalhas
para conquistar. É a geração que não sabe unir disciplina com
sonhos, que procura usar processos “mágicos” para lidar com suas
frustrações, que tem dificuldades em pensar antes de reagir. Muitos
jovens não têm proteção emocional. Alguns são derrotados por uma área do corpo que rejeitam, outros pelas roupas que não caem bem e
ainda outros pelas rejeições, ciúmes, medo de perda, timidez, provas
escolares, decepções. Você vai se surpreender ao perceber que os filhos brilhantes e os alunos fascinantes não são aqueles que são
sempre bem comportados, os que não falham, não choram ou não
tropeçam. Mas, aqueles que aprendem a desenvolver a consciência crítica, decidir seus caminhos, trabalhar seus erros, construir
tolerância. São os que constroem projetos de vida e lutam pela
concretização deles. E, acima de tudo, são os que dão uma nova
chance para si mesmo e para os outros quando fracassam.
170 Gálatas 6:1. 171
I a Samuel 3:13. 172
Salmo 32:9. 173 Planeta; “Filhos Brilhantes & Alunos Fascinantes”./ Academia de Inteligência/Sp/2007/Contracapa.
73
4.a.2 Uma pausa para oração
Que a graça de Deus possa abundar no coração de cada um que
estiver lendo este texto e que estes que sofreram o prejuízo e foram injustiçados, possam beber da alegria imensurável que é saber que
há um Deus Justo que olhou para eles e bateu o martelo de ouro.
Que a luz de Jejus penetre em seus corações e permaneça para
sempre, convencendo-os do pecado, da justiça e do juízo, para que assim possam se tornar filhos, terem o seus nomes escritos no Livro
da Vida e assim morarem eternamente com Deus. Que cada mãe e
cada pai encontre o ponto de equilíbrio para educar os seus filhos.
Que Deus abençoe esta boa senhora que soube encontrar neste momento ingredientes raros como o carinho e a gentileza. Que a
graça de Deus possa adentrar no coração deste que ainda não atingiu
a sua maturidade, para que seus pais possam ser honrados por isso.
Que todos os que cometeram erros possam receber a boa notícia de salvação, recuperação, e de perdão neste momento. Que Deus possa
me capacitar a cada dia a aprender a julgar com justiça, pois:
“3 Fazer justiça e julgar com retidão é mais aceitável ao Senhor do que oferecer-lhe sacrifício”.174
E de Deus será sempre toda a honra e toda a glória, no maravilhoso
nome de Jesus, amém.
174 Prov 21:3.
74
4.b Um Grande Mico
Assim como tantas outras, eu sou uma autoridade que Deus
estabeleceu na terra, pois sou mãe, professora, e fui separada para uso exclusivo de Deus:
“1 Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque
não há autoridade que não venha de Deus; e as que
existem foram ordenadas por Deus”.175
O que é a real autoridade? Certa vez uma mãe pediu para Jesus que
desse aos seus filhos uma posição de autoridade no reino de Deus, ao que o Mestre respondeu perplexo, entre outras coisas que eles não
sabiam do que estavam falando:
“25 Jesus, pois, chamou-os para junto de si e lhes disse:
Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e
os seus grandes exercem autoridades sobre eles.
É assim que funciona no presente sistema mundial, porém...
... 26 Não será assim entre vós;
No reino de Deus é tudo ao contrário; ou será que o que temos aqui é
bom, justo e Deus é quem está errado?
...antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande,
será esse o que vos sirva; 27 e qualquer que entre vós
quiser ser o primeiro, será vosso servo; 28 assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para
servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos”.176
Ou seja, quem quiser ter autoridade seja o que mais serve, pois a
justiça do homem sem ser filtrada e lavada no sangue de Jesus é
175
Romanos 13:1. 176 Mateus 20:20/28.
75
trapo de imundícia. Se não há um entendimento do que significa ter
autoridade será uma lástima para aquele que exerce e para o que se
submete a ela ...
“6 Pois todos nós somos como o imundo, e todas as nossas
justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos
como a folha, e as nossas iniqüidades, como o vento, nos arrebatam”.
... sim, pois a autoridade representa Deus, os Seus princípios e não
ela mesma, e por isso não pode ser desonrada.
“18 Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos vossos
senhores, não somente aos bons e moderados, mas também
aos maus. 19 Porque isto é agradável, que alguém, por causa
da consciência para com Deus, suporte tristezas, padecendo
injustamente. 20 Pois, que glória é essa, se, quando cometeis
pecado e sois por isso esbofeteados, sofreis com paciência? Mas se, quando fazeis o bem e sois afligidos, o sofreis com
paciência, isso é agradável a Deus. 21 Porque para isso fostes
chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós,
deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas”.177
E até onde os cristãos devem se submeter a esta autoridade terrena?
“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as
autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo
que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.
Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o
bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a
autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se
fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a
espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. É necessário que lhe estejais sujeitos, não
somente por causa do temor da punição, mas também por
dever de consciência. Por esse motivo, também pagais
tributos, porque são ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço. Pagai a todos o que lhes é
devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a
quem respeito, respeito; a quem honra, honra”.178
Ora, este Texto Sagrado não nos deixa alternativa senão OBEDECER,
mesmo a autoridade do governo, tão questionável, pois esta
hierarquia foi criada por Deus para estabelecer a ordem punir a
177
II Pedro 2. 178 Romanos 13:1-7.
76
transgressão e aplicar a justiça. Devemos então dar a “César” os
impostos e o respeito devidos,179 pois se assim não o fizemos
estaremos desrespeitando o próprio Deus, pois foi Ele quem colocou
ou estabeleceu o governo sobre nós. Nero era um homem maligno e era o governo de Roma, e mesmo assim, Paulo, a mando de Deus,
nos deixa escrito este mandamento.
Nesta revisão rápida sobre este tema, do qual temos um pouco mais no texto específico sobre o assunto, com o título “Autoridade”,
colocamos também o limite para esta obediência, que é, claro, a
soberania de Deus, o primeiro mandamento que nos exorta a dar a
Ele a primazia sobre todas as coisas.180 Negá-Lo: JAMAIS, nem que seja preciso se opor ao mundo inteiro ou cortar um membro do seu
corpo. É melhor entrar coxo do que não entrar.181 Esta é a única
possibilidade para desobedecer a uma autoridade: quando as leis
humanas se chocam com Leis divinas e Estas as fazem recuar por não estarem respaldadas, por não serem oriundas ou contradigam
das Leis de Deus. Fala-nos Deus:
“Trouxeram-nos, apresentando-os ao Sinédrio. E o sumo
sacerdote interrogou-os, dizendo: Expressamente vos ordenamos que não ensinásseis nesse nome; contudo,
enchestes Jerusalém de vossa doutrina; e quereis lançar sobre
nós o sangue desse homem. Então, Pedro e os demais
apóstolos afirmaram: Antes, importa obedecer a Deus do
que aos homens”.182
Observemos que os fiéis não se rebelaram por terem sido chicotados, mas antes se regozijaram por ter a oportunidade de violar uma lei
humana que não se firmou por não estar legitimada pelas Leis
divinas.
“40 Concordaram, pois, com ele, e tendo chamado os
apóstolos, açoitaram-nos e mandaram que não falassem em
nome de Jesus, e os soltaram. 41 Retiraram-se, pois da
presença do sinédrio, regozijando-se de terem sido julgados dignos de sofrer afronta pelo nome de Jesus. 42
E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam
de ensinar, e de anunciar a Jesus, o Cristo”.183
Já temos um tempo considerável em que meditamos sobre as Leis
Perfeitas. Fiz o curso de Direito e estudei durante cinco anos as leis
humanas e, depois disso a evidência desta perfeição ficou ainda
179 Mateus 22:21. 180 Mateus 22:37. 181
Mateus 18:8. 182
Atos 5:27-29. 183 Atos 5:40-42.
77
muito maior. É extraordinário perceber que os sessenta e seis livros
que compõem a Bíblia, escritos por quarenta autores diferentes, que
nasceram em épocas e países completamente diferentes, se ajustam
perfeitamente a tudo e a todos em todas as épocas, e que todos os artigos desta Constituição Sagrada, foram resumidas por Jesus em
apenas dois artigos. Isto porque Ele veio aprimorar a Lei, não mudar,
não facilitar, não modernizar, mas... aprimorar, melhorar, já que hoje
temos o Espírito Santo de Deus para ajudar o homem que Crê a cumprir esses justos mandamentos, o que antes não havia:
1. Colocar Deus acima de tudo e de todos
2. Não fazer com ninguém o que você não quer que faça com você.
Entendemos que a Lei divina e a lei humana concordam neste ponto:
quanto mais leis, menos moral tem o povo (a lei nasce dos conflitos existentes: mais conflitos é sintoma de menos moral) e quanto
menos leis, mais moral, mais então o povo será guiado pelos
princípios184. Hoje as leis se proliferam para atender a demanda de
conflitos inesgotáveis. O judiciário se entulha, e os códigos já saem
da gráfica, defasados. A moral e os bons costumes se esvaem nos últimos dias da terra. Jesus alerta:
“12 e, por se multiplicar a iniquidade, o amor de quase todos
esfriará. 13 Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo”.
Nos fala Rui Barbosa: “De tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver triunfar as nulidades,
de tento ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o
homem chega a cansar-se das virtudes, a rir-se da honra e a ter
vergonha de ser honesto”.
184
Há países cuja Constituição é bastante resumida e são guiados mais pelos princípios e pelos costumes. Este é o Direito Consuetudinário.
78
Os dias são maus, pois são os últimos, o amor de quase todos não
existe mais ou então está bem apagado,185 e o princípio satânico da
rebeldia se instala assolando a ordem e a decência. Portanto não é
nada fácil nesta hora perseverar até o fim. Isso é só para valentes. Não basta alguém querer muito, mas terá este que continuamente
estar meditando sobre as Justas Leis que nos alerta sobre o
comportamento que devemos ter a cada passo, cada idéia cada
pensamento, e mesmo assim, quantas vezes temos que descer, temos que nos arrepender, temos que voltar atrás e clamar pela
misericórdia de Deus. É o que estou fazendo agora. Sofrendo muito,
relato o grande mico que paguei, apesar de ser uma autoridade,
saber o que isto significa, ser um instrumento para Deus usar como Lhe aprouver, conhecer e estar continuamente apaixonada por estas
Leis Eternas, cujo nome é Verbo, O que se fez carne e habitou entre
nós (este Livro Sagrado é uma pessoa que é 100% Deus e 100%
homem, e o seu nome é acima de todo nome que se nomeia nos céus e na terra, pelos séculos e séculos: JESUS, a Palavra de Deus).
Quanto se toca neste nome, as pessoas normalmente já associam a
qualquer religião que usam este nome, porém existe o joio que é
aparentemente igual ao trigo, mas completamente diferente na essência, ou seja, este Cristo que é pregado nas religiões já não é
mais o Cristo Bíblico, a exemplo do que aconteceu na época de
Martinho Lutero:
“5 Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o
Cristo; a muitos enganarão". 186
“21 nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Ei-lo ali! pois o reino de Deus
está dentro de vós”.187
“14 E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz.188
Ou seja, é sempre bom lembrar que temos um texto escrito com o
título “Os protestos de hoje” onde tratamos e fundamentamos este assunto deveras vital. A apostasia da igreja é uma verdadeira
calamidade, mas nesta meditação, onde fundamentamos passo a
passo a questão, percebemos que, apesar dos pesares, a boa notícia
é que temos um Pastor que é Jesus e não outros,189 que Ele nos dá o escape, que Deus não habita em templos feitos por mãos de
homens190 os quais foram transformados em covil de ladrões,191 que
185 Mateus 24:12. 186 Mateus 24:5. 187 Lucas 17:21. 188
II aos Cor 11:14. 189
João 10:16. 190 Atos 17:24; Isaías 66:1,2; etc.
79
o Reino de Deus está dentro do que crê,192 que não existe um lugar
específico para se adorar193 e que poderia conter o Deus que fez os
céus e a terra,194 que Ele está onde dois ou três estiverem reunidos
em Seu nome,195 que desses templos fixos não sobrará pedra sobre pedra que não seja derrubada,196 como aconteceu com os outros
templos outrora construídos não pela vontade de Deus,197 que é hora
de depor os “Sauls” e entronizar a Raiz de Davi,198 e que Deus nos
enviará os juízes como eram antes.199 Como vemos, toda esta questão não é nada SIMPLÓRIA OU BANAL, mas como todas as
revelações de Deus clara e simples para se entender, tirando as
tradições humanas que são verdadeiras fortalezas formadas desde à
infância na mente das pessoas.200
Portanto quero que o leitor se desarme, pois não estou aqui a mando
de qualquer religião que seja, mas como alguém que tem como fonte
primeira, a Lei divina, que por sua vez está inserida em todos os seguimentos da sociedade,201 fora dos dogmas, das cercas da
Babilônia, lugar onde as pessoas querem o céu, mas não querem se
prostrar diante do Dono de todas as coisas, da qual Deus nos exorta
a sair, peremptoriamente, na Revelação do Apocalipse.202
191
Mateus 21:13. 192
Lucas 17:20,21. 193
João 4:19/24. 194
I de Crônicas 17; II de Samuel 7. 195
Mateus 18:20. 196 Mateus 24; II Crônicas 7. 197 II Samuel 7; II Crônicas 7, etc. 198 I Samuel 8, e SS. 199 Isaías 1:26. 200
II aos Cor 10. 201
Vice texto “O Mestre Invisível” no vol IV. 202 Cap 18.
80
Tenho sido treinada por Deus para denunciar a hipocrisia e todos os
crimes que acontecem dentro das igrejas do status quo, como
aconteceu no passado e continua acontecendo no presente. Venho
com a unção João Batista, a qual está derramada sobre os enviados de Deus neste momento em que a guerra se intensifica, pois Satanás
sabe que pouco tempo lhe resta.
“...irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos
justos, a fim de preparar para o Senhor um povo apercebido”.
Augusto Cury, psiquiatra, psicólogo, com livros publicados em mais
de 40 países, conferencista, diretor da Academia da Inteligência,
antes ateu, nos fala deste Jesus homem, sem nenhum ranço
teológico ou chavão religioso, graças a Deus. Depois de muitos anos
estudar a inteligência de Cristo e seus métodos, constata que nós estamos ainda na idade da pedra diante das propostas educadoras do
Mestre Invisível. É muito interessante, além de espetacular, ler o que
ele escreve exatamente por não ser um teólogo, mas um psicólogo,
que também observou que a humanidade está dividida entre antes e depois de Cristo, e, mesmo assim, pouco se sabe sobre a sua
biografia, personalidade e Seus métodos. Escreveu, entre tantos
livros interessantíssimos, cinco volumes sobre a análise da
inteligência de Cristo. Dirige um grande trabalho chamado “Inteligência Espiritual”, que ajuda as pessoas a procurarem Deus
fora da religião, que é um paralelo com o que eu faço. Gosto de fazer
parceria com ele e com outros nesta visão, pessoas que não estão
comprometidos com nenhuma religião, como eu, e que sabem observar o Mestre Inesquecível, admirá-lo e amá-lo como pessoa,
como homem extraordinário que foi (ou é), e não só como Deus. É de
se esperar o melhor vindo de Deus, mas de um homem é totalmente
inesperado. Ele foi inculpável, indizível, perfeito e foi por isso que
pode nos substituir e morrer a nossa morte, pois sendo Deus, ou usando os seus atributos de Deus, não poderia atuar na terra que Ele
mesmo deu aos filhos dos homens para administrar.203 Quando
terminar o tempo de arrendamento da terra, Ele vai voltar a tomar o
comando, e os que creram irão reinar com Ele eternamente.
Como dizia, meu coração tem estado pesaroso, bastante triste e
decepcionada comigo mesma, pois embora não seja uma ignorante
da justiça de Deus e da sua instrução quanto aos seus bons costumes me deixei levar pelas tentações, pelas tribulações pelas angústias do
furor da batalha e resvalei o meu pé, escorreguei feio. Fiquei
espantada com o desgaste, a fadiga emocional que se revelou na
minha alma. O deserto tem sido avassalador e muitas têm sido as
astutas ciladas para me fazerem escorregar. Percebi que estou
203 Salmo 115:16.
81
precisando urgente de “acampar os cavalos” e fazer uma revisão em
todos os detalhes, principalmente no grande desgaste que percebi em
mim, antes que as reservas acabem.
Estava eu procurando trocar um aparelho que veio com defeito e sem
querer entrei na loja errada. Eu já estava meio que precavida, pois
achei algo estranho no atendimento da loja onde eu havia comprado
o aparelho que era um presente para minha filha. Ela estava comigo (coitada) e então perguntei a um rapaz do balcão sobre a situação do
dito aparelho. Já estava meio que prevenida por conta do mau
atendimento e pela divergência entre o escrito na NF e na caixa do
aparelho. Junto a isso ele olha para mim e fala que o tal aparelho não foi comprado lá. Isto foi a gota d’água para mim e que transbordou
na alma deste rapaz. Eu não queria saber de mais nada, mas só
queria que ele desfalasse o que ele tinha dito, pois antes de qualquer
coisa, tínhamos que resolver este absurdo. Falei que se ele não retirasse imediatamente o que havia dito iria chamar a polícia
imediatamente ao que ele, dando risadas dizia: “A senhora só vai
passar vergonha e mais nada”. Já estava eu pensando que eu seria
mais uma vítima das falcatruas humanas que se proliferam a olhos
vistos de maneira vertiginosa. A risada dele me deixou mais furiosa ainda, e as pessoas observavam a louca cena. Ele chamou outro
rapaz e quando eu falei com este o que havia ocorrido ele
imediatamente repetiu o a mesma loucura: “Mas a senhora não
comprou mesmo aqui este aparelho! ... foi na loja aqui ao lado”.
Foi quando eu olhei e reconheci (horrorizada!!!) que era exatamente
como ele estava falando. Fiquei sucumbida naquele momento, pois já
estava farta de desprezo e agora mais essa: ele estava certo! Saí imediatamente sem atinar no que estava acontecendo, totalmente
fora do padrão da normalidade e de tudo o que já vivi ao lado deste
Deus que é meu Amigo, meu Pai e meu Tudo, e é Deus. Neguei a fé,
perdi o domínio próprio, o bom senso, a dignidade, a honra, a
decência, a inteligência, o amor, ou seja, fiquei numa situação igual ou pior a estas tantas pessoas que eu denuncio e que tenho ânsia de
vômitos como tinha Jesus quando as chamava de raça de víboras,
cobras venenosas, hipócritas, serpentes. Igual no sentido de que fui
uma péssima testemunha de Jesus naquele momento. Quem me via naquele instante de trevas certamente pensaria que eu era uma
desvairada e jamais um instrumento de Deus na terra. Perdi o
controle e me senti como o Rei Davi:
“11 Não detenhas para comigo, Senhor, a tua compaixão; a
tua benignidade e a tua fidelidade sempre me guardem. “12
Pois males sem número me têm rodeado; as minhas
iniqüidades me têm alcançado, de modo que não posso ver; são mais numerosas do que os cabelos da minha
82
cabeça, pelo que desfalece o meu coração. 13 Digna-te,
Senhor, livra-me; Senhor, apressa-te em meu auxílio”.204
Como é insuportável sentir o que sentiu Pedro e tantos outros que
negaram Jesus e depois perceberam o engano do seu coração
corrupto. O coração sangra de vergonha... é uma angústia e um
sabor de morte na alma. Eu não falei pouco para aquele coitado, a
cena não foi pequena, mas não foi só isso: eu saí dali como uma covarde, uma louca, pois não disse nada sobre o fato de eu ter
errado tanto, ter feito este rapaz escutar tanto. Dá para suportar? O
que eu poderia fazer agora? E não é só isso: eu estava ao lado da
minha filha, portanto perdendo toda a autoridade sobre ela neste momento, e destruindo a alegria dela sobre o presente que
compramos com muito sacrifício. Que desgraça e que grande mico!!!
Voltei lá e disse ainda fumegando: “Você estava certo, mas se não
fosse tão mal educado, nada disso teria acontecido!”.
Tudo errado outra vez... Fiz como Adão, que quando argüido por
Deus, depois de tentar se esconder com uma ridícula folha de
parreira, jogou a culpa em Eva, e por tabela, em Deus. E Eva também, por sua vez, jogou a culpa na serpente. É assim que
acontece, é assim que ensinei incontáveis vezes, e foi exatamente
assim que aconteceu comigo, infelizmente. Voltei lá oura vez, e a
porta estava fechada. O coitado deve ter ido se recompor um pouco,
em plena hora de comércio. A ficha foi caindo e tudo foi ficando pior e pior. Depois de um tempo comprei uma barrinha e voltei lá; estava
aberto agora. Ele estava atendendo outra pessoa e eu entrei no meio
sem pedir licença. Ele me pediu para esperar um pouco até que ele
terminasse de atender; mais uma vez perdi minha autoridade e tudo o mais que uma pessoa adulta e equilibrada deve ter. Olhei à volta e
fiquei observando se porventura estava ali alguém que tivera
assistido a terrível cena. Como gostaria que tudo isso estivesse
escrito em uma lousa para que eu pudesse apagar tudo com o apagador e depois passar um pano úmido; porém nada disse seria
possível. Tudo era real e eu teria que encarar.
Fiquei imaginando como seria a vida deste rapaz, quais seriam os
seus problemas... e como eu poderia agora falar com ele que há um Deus que tudo pode, e, com um treinamento diário, ele poderia
aprender a guerrear para conquistar a paz com Ele, as batalhas
terrenas, e ainda, depois, viver eternamente no Paraíso Divino, onde
não há pranto e nem dor. É para ele esta promessa, se ele crer, confessar isto com a sua boca205, jogar fora todos os outros deuses
em quem confiava, confessar os seus pecados206, pedir perdão e
204
Salmo 40:11/13. 205
Romanos 10:8/13. 206 I a João 1:9.
83
convidar Jesus entrar no seu coração e fazer morada207. Aí então, seu
nome seria escrito no Livro da Vida do Cordeiro e ele teria
conquistado tudo o que uma pessoa na terra necessita, ou seja, se
tornar filho de Deus, herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo208.
O Que fazer agora? Ele acabou o atendimento e eu pude segurar no
seu braço. Dei a barrinha e pedi perdão, dizendo que infelizmente eu
tinha feito tudo errado, ao que ele respondeu: “Isto acontece... já aconteceu comigo. A senhora estava em um dia ruim. Eu perdôo”.
Ora, pensei eu, um cristão não tem este dia ruim, pois está escrito:
“Este é o dia que o Senhor fez, nos alegremos e nos regozijemo-nos n’Ele”.209
Me sentia como se tivesse negado tudo de Cristo. E não foi assim? Eu
tenho horror até de repetir isso, mas foi. Quando se ensina a um filho tudo o que é reto e depois ele segue o caminho do erro, ou se faz
execrável, porventura ele não está negando tudo o que aprendeu e
desonrando, portanto, os seus pais? É pouco tudo isso? Não, pois no
decálogo, nestas leis que foram escritas pelo dedo de Deus e passado a Moisés para dá-las ao povo, de todas as dez, só uma tem uma
ressalva de morte que é exatamente:
“Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os
teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá”.210
Eis o que está escrito para aqueles que negam a fé:
“33 Mas qualquer que me negar diante dos homens, também
eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus”.211
Deus por acaso está blefando? Claro que não, pois é justo. Fala Deus que o que crê, não deverá ter medo de ninguém, nem do diabo, mas
só d’Ele, o único que tem poder para assinar a sentença. Porém, o
que me fez conseguir dar um passo depois disso e estar aqui
escrevendo, foi lembrar de Pedro que o negou terrivelmente e foi perdoado. E porque? Porque se arrependeu. E por que se
arrependeu? Por causa da ternura, da brandura, da misericórdia, do
indizível amor que o discípulo viu no olhar que recebeu do Mestre.
Mais adiante colocaremos um texto de W Nee (“E a Pedro”)em que
ele coloca este momento de Pedro de maneira ímpar.
207 Apocalipse 3:20. 208 João 1. 209
Salmo 118:24. 210
Êxodo 20:12. 211 Mateus 10:33.
84
Augusto Cury analisa Pedro de maneira espetacular212. Fala que
Pedro atropelava Jesus com freqüência, colocava-0 em situações
difíceis, mas suas reações eram carregadas de ingenuidade, e não de
maldade; o pescador aprendeu a amar, aprendeu a admitir a sua pequenez. Depois de ter negado Jesus para pessoas simples, mais
tarde falou sobre o seu erro e seu amor pelo seu Mestre para
multidões. Se ele não tivesse passado por este momento tão
difícil não teria tido a oportunidade de perceber e reeditar áreas doentias da sua personalidade. Jesus não apenas o
acolheu, mas acolheu a todas as pessoas que são controladas pelo
medo, que não conhecem seus limites, que nos momentos de tensão
reagem sem pensar. Quem não tem atitudes como a de Pedro? Quem é plenamente fiel à sua consciência em todos os momentos da sua
própria história? Quem não é escravo do medo quando está doente
ou correndo risco de morte? Quem não é tomado pela ansiedade
quando ofendido, ameaçado, pressionado? Quem não nega as próprias convicções diante das tempestades da vida? O autor grifa
que deve-se desconfiar das pessoas que não reconhecem as
suas fraquezas.
Judas e Pedro negaram Jesus e os dois erros foram grandes e graves, mas geraram dois destinos totalmente diferentes:
Ambos choraram intensamente, porém Pedro se perdoou, e Judas se
puniu. A dor de Pedro arejou a sua emoção, fê-lo compreender a sua fragilidade. A dor de Judas sufocou a sua emoção e tornou-o uma
pessoa indigna. Judas cortou relação com todos. Pedro não se isolou
diante da dor, mas teve a coragem de contar aos seus amigos o seu
erro.
Após o fato, Pedro foi preso várias vezes, mas nunca mais negou
Jesus. Ele aprendeu a ser grande por enxergar e admitir a sua
pequenez. As suas cartas atestam o seu aprendizado, pois revelam
um homem sensível, arguto e afável. Falou que Jesus vivia no secreto do seu ser. Assimilando as palavras do Mestre, afirmou que a
liderança, os que têm autoridade não devem controlar as pessoas,
nem ser gananciosos ou ansiosos, mesmo diante das turbulências da
existência. Era um pescador e como tal era rude, pois um pescador está acostumado a falar alto, pois vive em meio ao barulhos das
ondas e tempestades. O alto mar não admite boas maneiras como o
comer de garfo sentado em uma mesa, pois nada ficaria em ordem
diante do balanço do barco agitado pelas ondas. Eles são rudes nas atitudes, porém Pedro se tornou um homem poético. Nunca se soube
de alguém que tenha aprendido tanto com tão pouco.
212 Vol 5 do livro citado anteriormente; p.127 e SS.
85
Lembrei também que Jesus é o meu advogado e que também não
haveria nenhuma glória para Ele se eu me perdesse depois de tanto
trabalho que Ele teve para me ensinar todos esses anos. Mas mesmo
assim estava muito espantada, assustada, cheia de acusações e de condenações, pois o inimigo que eu denuncio a cada instante não
perde a oportunidade. A dor não passava e eu fiquei muito
angustiada, achando mesmo que estava desqualificada como
representante de Deus na terra, depois de tantos anos de batalha.
Alguns dias depois fui a uma concessionária e fiquei esperando o
atendimento que estava muito demorado. Não gosto de perder
tempo, mas tive que sentar um pouco e esperar mais e mais. Ao lado do banco estavam algumas revistas e eu não queria ler nada, mas só
queria ir embora o quanto antes, pois tinha muitas coisas ainda para
fazer. Quase sem pensar, eu já estava com a revista na mão e na
primeira folheada eu vi uma reportagem de Lya Luft213 com o título: “Ainda se caçam bruxas”. Li. Fiquei atônita e pedi para minha filha
tirar uma cópia desta página para mim. No minuto que eu acabei de
fazer isso eu fui imediatamente atendida. Este Deus é assim: Prático
e Objetivo, entre outras infinitas coisas mais. Neste texto que Deus
queria que eu lesse, a autora fala com outras palavras deste amor que esfriou em quase todos nestes últimos dias da terra; fala
também da inquisição, desta igreja apóstata a qual citamos, que está
sempre no status quo, assim como a igreja trigo está sempre na
periferia, nos estábulos, que abrigam pessoas sem formosura como Ele, o Mestre, que era também o mais desprezado e o mais caçado
homem da história.
Fala a autora, que, a exemplo do passado, temos hoje também os
caçadores que vociferam caçando bruxas, e na figura literária que ela
faz, no meio dessas bruxas más existem as bruxas boas. Estes que estavam (ou estão) caçando as “bruxas”, tinham, (ou têm) um
instinto animal e destrutivo, remanescente de Hitler, que atuava (ou
213 Escritora; reportagem da Revista Veja;Junho/08./ Ponto de Vista.
86
atua) naquela época verdadeiramente vergonhosa da Inquisição e
que opera hoje também levados pela paixão, levando muitos
inocentes nesta malha de ódio, onde deveria haver, na civilizada
democracia em que supostamente vivemos, a ordem, a decência, o temor, a civilidade, a dignidade entre pessoas dignas. Fala ela:
“Cair na armadilha do rancor primitivo e da atitude destrutiva, torna
a vida uma selva onde pessoas honradas... (como aquele moço que tanto agredi)... são impedidas de executar projetos positivos,
e as vezes tem sua vida injustamente aniquilada”.
Observemos o texto na íntegra para uma melhor reflexão:
4.b.1 Ainda se caçam bruxas214
"Cair na armadilha do rancor primitivo e da atitude destrutiva torna a vida uma selva onde pessoas honradas são impedidas de executar
projetos positivos, e às vezes têm sua vida injustamente aniquilada".
O motorista de táxi de um aeroporto deste Brasil xingava um político, acusado no rádio por ter-se encontrado ali mesmo, dias atrás, com
um suspeito de corrupção. "Viu só?", ele vociferava, "viu só?".
Cansada de aeroporto e do assunto – e porque logo antes alguém tinha me dito: "Olha aí o fulano, fotografado ao lado do sicrano, que
é suspeito de corrupção! Certamente ele também é..." –, fui curta e
direta: "Meu filho, se sua namorada conversar com uma moça
desonesta e disserem que por isso ela também é desonesta, você vai gostar?". Ele olhou sobre o ombro, meio espantado: "Sabe que a
senhora tem razão?". Comentei: "Chama-se a isso caça às bruxas".
Chegando ao meu destino, não tive tempo de explicar mais.
Na Idade Média, uma tropa de psicopatas autorizados caçava gente
com o entusiasmo com que se caçariam animais selvagens. O maior divertimento era julgar, esfolar vivo e queimar na fogueira, depois de
outros inimagináveis sofrimentos. Quem eram as vítimas da Igreja
daqueles tempos? Em geral mulheres simples, que lidavam com o
que hoje chamaríamos medicina alternativa – a sabedoria popular de suas antepassadas. Havia também os bruxos, os que diferiam da
doutrina religiosa ou da política dominante, contrariavam alguma
autoridade, ou, ainda, aqueles cujo vizinho não ia com sua cara. Relatos e atas oficiais desses processos públicos enchem milhares de
páginas da época, e nos dão vergonha de ser humanos. Eu, que em
dois livros infantis criei a simpática e marota Bruxa Boa Lilibeth, achava que neste mundo dito moderno nossa falta de limite estava só
na má-criação em casa e na escola, na inversão de público e privado,
no interesse pelas calcinhas de certas moças (ou na falta delas) e na
postura geral de desleixo que se espalha. Engano meu. Melhoramos, nos civilizamos, cortamos alguns preconceitos. A servidão, ao menos
concreta e legal, acabou. Servidões morais temos muitas. Uma delas
é esse impulso primitivo, das cavernas, de destruir, essa ferocidade
214 Lya Luft.
87
no julgar e sentenciar, essa vontade de que o outro se dê mal.
Parecemos doentes de ansiedade por ver alguém enxovalhado, por
baixo, sem remissão. Muito além da lei e da Justiça, queremos sangue – ainda que seja o sangue moral, o sangue da alma.
Sou quase fanática contra os crimes, incluindo a corrupção. Valorizo muitíssimo a lei. Quero o infrator julgado e severamente punido.
Apóio todas as justas ações da polícia para proteger a sociedade, isto
é, cada um de nós. Mas desgostam-me procedimentos que agridem
levianamente, interrogatórios em vez de diálogos, ataques de qualquer ângulo, a execução moral de inocentes na fogueira da
opinião pública, mais disposta a ver o mal em tudo. Por toda parte no
país, ao lado da Justiça e da lei que funcionam, esta parece ser a hora dos cantos escuros da psique humana e da democracia, lá onde
lei e Justiça não funcionam direito. Ainda bem que a maioria de nós
não é assim. Naquela mesma viagem, numa palestra, um grupo de jovens questionava a agressividade com que se tratam pessoas em
situações como as das mais variadas CPIs, desde o tempo do falecido
mensalão. Há interrogatórios violentos, alusões cruéis, ofensas
diretas; quebram-se todos os limites da decência em que deviam ocorrer dignamente perguntas e esclarecimentos entre homens
dignos. Os jovens tinham razão na sua perplexidade. Respondi que
bastava ler um pouco de história dos povos para ver que não há nada de novo entre nós. Às vezes, como grupos ou como sociedade,
adoecemos.
Não é generalizado, não é permanente: por isso podemos acreditar
em respeito no convívio público. Cair na armadilha do rancor
primitivo e da atitude destrutiva torna a vida uma selva onde pessoas
honradas são impedidas de executar projetos positivos, e às vezes têm sua vida injustamente aniquilada. É quando as bruxas boas
fogem nas suas vassouras, deixando-nos um mundo mais sombrio.
88
Ou seja, muitos, sem perceber são engolidos por este espírito, caem
nesta armadilha e vociferam como os caçadores do passado; “caçam
bruxas”. Muitos estão estressados e fartos da hipocrisia reinante e
não atentam, levados pelo impulso, que no meio dessas bruxas existem pessoas que fazem errado porque ignoram o Contexto e o
Texto Sagrado. Perdem então, estes guerreiros cansados, a
civilidade, a sensibilidade para a dignidade da pessoa humana, que a
nossa Constituição garante a cada homem. Se esses caçadores, embora guerreiros, nem um pouco omissos, preocupados com a
causa social, se estes não estivessem já infectados (“a seara é muito
grande e poucos os obreiros”),215 atentariam para o que fala as Leis
Sagradas e Imutáveis:
“1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e
não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o
címbalo que retine. 2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que
tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e
não tivesse amor, nada seria. 3 E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que
entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse
amor, nada disso me aproveitaria. 4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não
se ensoberbece, 5 não se porta inconvenientemente, não
busca os seus próprios interesses, não se irrita, não
suspeita mal; 6 não se regozija com a injustiça, mas se
regozija com a verdade;7 tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 8 O amor jamais acaba;”.216
Estes então resvalam os seus pés e acabam como Moisés, batendo
duas vezes na pedra e representando bem mal, O que o havia contratado, recebendo então uma correção, inesperada e terrível do
Grande e Soberano General.217
Há o fato também destes obreiros serem chamados e rotulados de bruxos, pelos verdadeiros bruxos, pois estes não agem no espírito da
“baciada”, não seguem tradições, mas Cristo. Recebem então as
perseguições, as acusações, o desprezo, o escárnio, a rejeição, assim
como o foi com o seu Mestre.218 Esses bruxos do status quo estão sempre atentos para colocar em descrédito as afirmações desses
enviados, buscando sempre uma maneira para acusá-los, e o diabo
com eles, evidentemente, como faziam insistentemente com Jesus,
durante todo o seu ministério. Quando se fala na apostasia desta
igreja legalmente estabelecida e já tão desacreditada por todos,
215 Mateus 9:37. 216
Iª aos Coríntios 13:1/8. 217
Números 20. 218 Mateus 10:25.
89
algumas pessoas infectadas (eunucos dos mercenários), falam não
ser isso possível, se valendo da aparência desses que se transformam
em anjos de luz,219 dos cultos, da Palavra pregada, dos milagres que
lá são feitos, etc., para afirmar que há um exagero, apesar da mídia, cotidianamente apontar os crimes hediondos que se cometem nesses
“Covis de Ladrões”,220 nome colocado por Jesus a estas que deveriam
ser chamadas de Casas de Orações para Todos os Povos”.
As bênçãos que acontecem no nome de Jesus são à parte, para
pessoas sinceras, as quais Jesus quer salvar, e sabemos também que
nem todos que falam: “Senhor, Senhor”, ou fazem milagres,
herdarão o Reino de Deus.221 Sobre as pregações, sabemos que o diabo conhece muito bem as Escrituras Sagradas, infelizmente, muito
mais que muitos que se dizem cristãos, pois estes preferem escutar
de “Reis” (o homem trocou no passado o Rei Invisível pelos reis
visíveis),222 ao invés de buscarem do Rei dos Reis; além disso, o diabo nunca fala uma mentira inteira, mas usa da sutileza que lhe é
peculiar, falando então grandes verdades, com apenas uma leve
“torcidinha”, para anular por completo estas verdades faladas.
Portanto, diante das suas acusações, silenciamos ou bradamos,
conforme a necessidade.223 A Bíblia se chama Verdade. Este é o nome do Senhor dos Senhores. Vemos na Bíblia, exposto, toda a
verdade sobre os filhos de Deus, sejam elas boas, más, ou
execráveis.
Não podemos esquecer também que há poucos obreiros para falar e
não se calar,224 não se deter, para caçar as bruxas apesar dos
espinhos que os cercam,225 mas, há de se atentar para o equilíbrio,
para o trigo que está no meio do joio. Há um texto escrito a mando de Deus, com o título “O Ponto de Equilíbrio” onde tratamos deste
assunto que não se esgota, pois ser uma pessoa equilibrada é chegar
no topo. Não existe uma fórmula pronta para se saber onde está este
ponto, mas o Espírito Santo de Deus nos dará, no momento propício,
e para aquele desigual, a Justiça esperada.
Eu tenho estudado com afinco esta matéria e sempre me espanto
com desequilíbrios da vida. Deus nos dá uma ordem:
219 II aos Cor 11:14/ Mat 24:24 220 Mateus 21:13. 221 Mateus 7:4, 22. 222 I a Samuel 8 e SS. 223
Prov 26:4,5. 224
Isaías 58. 225 Ezequiel 2,3.
90
“16 Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos;
portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como
as pombas”.226
Discorremos sobre esta matéria no texto citado e nos reportamos ao
assunto cotidianamente, como agora. Sabe-se que na época de
Aristóteles, falava-se muito em equilíbrio, que se pode traduzir em harmonia. Esse equilíbrio e esta harmonia eram derivativos diretos,
conseqüência direta do próprio equilíbrio da natureza. Os gregos
tinham uma noção muito grande de equilíbrio. Tudo o que eles
pensavam tinham uma marca registrada: a balança. Não a balança do Direito, mas a balança em si, o equilíbrio. O Direito natural do
grego, portanto, necessariamente advém do equilíbrio e será um
derivativo de harmonia. Ora, o que está em harmonia está em
equilíbrio, aquilo que está em harmonia, necessariamente é
equilibrado. No caso aqui, eu passei do ponto de equilíbrio. Errar, como já disse anteriormente, tantas vezes, para tantas pessoas, não
é um atestado de incapacidade, mas faz parte do estágio de
aprendizado. Se não fora esta constatação, como poderíamos ter
força para prosseguir? É horrível perceber que se passou do ponto. Falamos ou escondemos o assunto? Quando percebemos, porém, a
verdade, ou então nos conscientizamos que o pecado da omissão é
igual ao da ação, nos levantamos e falamos. Via de regra, temos que
ir e voltar muitas vezes, até que o ponto exato seja manifesto.
Com Deus é assim: temos a verdade posicional que é a que
recebemos no ato e instantaneamente d’Ele, e a experimental, que é
a concretização da posicional, onde se consegue através do “levantar e cair”, nas experiências do aprendizado. Percebi o perigo dentro de
mim, ou seja, quando se entra na terra prometida (quando alguém se
torna filho de Deus, ou quando se conquista algo pelo mover de
Deus), se tem a ilusão de pensar que tudo é paraíso e que toda dor
terminou, porém, isto é uma ilusão. A religião é quem prega isso, pois quando se entra na terra da promessa, que vem com a paz com
Deus, depois do espírito recriado, e com isso ter o seu nome escrito
no Livro da Vida,227 tem-se então que travar uma batalha com o
inferno que vem se opor.
Deus nos introduz em uma terra fértil, a pessoa passa então do reino
das trevas para o reino da luz:
“20 Porque o introduzirei na terra que, com juramento,
prometi a seus pais, terra que mana leite e mel; comerá,
fartar-se-á, e engordará; (...)”.228
226
Mateus 10:16. 227
Apoc 21:5. 228 Deuteronômio 31:20.
91
O que for esperto, ou no caso, obediente: adubará, tratará, regará,
semeará, cuidará desta terra para dela colher o leite e o mel
prometido. Esta terra não será habitada por gafanhotos, tímidos ou
covardes, pois estes não conquistam terras. A primeira coisa que se depara quando se transpõe esses portões são as “muralhas altas e
mal cheirosas de Jericó”. O que está dentro da terra que somos nós,
cheira mal e é uma alta muralha, muitas vezes formada desde a
infância229, ou seja, as nossas mazelas internas, o nosso profundo, as coisas escondidas dentro de nós que na maioria das vezes nem nós
mesmos sabemos, mas só Deus. Trava-se aí então uma tremenda
guerra que não é para qualquer um vencer: derrubar as muralhas
altas e mal cheirosas de Jericó (restaurar a nossa personalidade):
“13(...) uns quarenta mil homens em pé de guerra passaram
diante do Senhor para a batalha, às planícies de Jericó”.230
O chamado de Deus para a reconstrução do templo (o reino, o
templo, está dentro do que crê)231, é contínua. Deus dá esta
oportunidade ao homem, confiando nele. É muito triste quando
alguém perde esta chance e larga a mão do arado.232 O passado é para ser reescrito e reciclado com pensamentos embasados na mente
de Cristo para que as atitudes sejam mudadas pouco a pouco, ou as
vezes até muito rápido, dependendo da entrega de cada um. O
Senhor faz a proposta ao candidato a ser um vitorioso, ao que está sendo provado:
“4 E Elias lhe disse: Eliseu, fica-te aqui, porque o Senhor me
envia a Jericó. Ele, porém, disse: Vive o Senhor, e vive a tua
alma, que não te deixarei. E assim vieram a Jericó”.233
Elizeu não estava brincando, mas ele queria herdar o reino de Deus,
e por isso não ficou na facilidade, mas enfrentou tudo o que precisava enfrentar de maneira pronta como um soldado. Isto é espetacular,
pois não é só o sobrenatural que vai agir, como muitos pensam, mas
é uma proposta humana de coragem para enfrentar, se curvar, se
humilhar, se esvaziar de si e de tudo o que estiver ao seu alcance, e quando a força acabar, depois que a pessoa tirar a pedra, aí então
Deus fará o sobrenatural sem limites. Elizeu deixou tudo para trás e,
passo a passo foi subindo os degraus propostos e seguindo aquele
que lhe apresentou as maravilhas de Deus, este que Deus colocou à
sua frente para levá-lo à terra prometida234. Elias não obrigava Elizeu à segui-lo, como qualquer autoridade de Deus deveria fazer, mas ele
229 II aos Cor 10. 230 Josué 4:13. 231 Lucas 17:121. 232
Lucas 9:61. 233
II a Reis 2:4. 234 Êxodo 23:20.
92
decidiu chegar no topo, perseverar até o fim. Observa-se depois, que
ele fez mais milagres que Elias (ele pediu a Deus a porção dobrada de
Elias):
“10 Respondeu Elias: Coisa difícil pediste. (...)“.
Sim, pois, perseverar, suportar, tirar a pedra não depende do
sobrenatural de Deus, mas do que crê. Para Lázaro ser ressuscitado, alguém teve que remover uma pedra muito grande. Sem esta atitude
humana não poderia haver o milagre:
“39 Disse Jesus: Tirai a pedra.
Assim é até agora. Temos uma pedra para tirar que Deus não vai
tirar. Para haver uma personalidade restaurada terá que haver uma
batalha sangrenta no interior desta pessoa.
... Marta, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal,
porque está morto há quase quatro dias”.235
Porém, os argumentos são muitos para que a pessoa não faça a sua
parte que lhe parece impossível. Realmente será preciso crer, e muito
mais que isso, ser um adorador, para acreditar, que depois da
obediência, depois de remover esta pedra, depois do homem fazer a sua parte, o morto de quatro dias vai levantar da sepultura, ou seja,
o sobrenatural de Deus vai se manifestar: alguém vai sair das
drogas, do adultério, da mentira, do ódio, da falta de caráter, do
câncer, da AIDS: o impossível vai acontecer. Muitos param antes da perseverança alcançar a sua obra, antes de derrubar as muralhas
internas e mal cheirosas da personalidade.236 Temos um texto escrito
com o título “Tirai a pedra”, onde calcamos mais neste assunto.
“7 E foram cinqüenta homens dentre os filhos dos profetas, e
pararam defronte deles, de longe; e eles dois pararam
junto ao Jordão”.237
Ou seja, não prosseguiram como Elizeu, não entenderam, não
tiveram coragem, hombridade, caráter, raça, e não alcançaram o
tudo de Deus que só os valentes conseguem238, estes que se
humilham tantas vezes quanto for preciso no estágio de aprendizado:
“2 Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo o passardes
por várias provações, 3 sabendo que a aprovação da vossa fé
produz a perseverança; 4 e a perseverança tenha a sua
235 João 11:39. 236
Muralhas altas e mal cheirosas é a tradução da palavra Jericó. 237
II Reis 2:7. 238 Lucas 16:16.
93
obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, não
faltando em coisa alguma”.239
Nós, os seguidores do Cristo Bíblico (não o da igreja), seguimos uma
trilha de sangue neste mundo tenebroso, temos consciência deste
fato terrível, não nos enganamos com ilusões terrenas, com
passatempos pueris, pois nos sentimos impedidos moralmente de
andar curtindo, a exemplo dos povos antigos, que não escutaram Noé que incansavelmente falou àquele povo que gostava de curtir a vida,
sem se preocupar com a vida futura, nem com o que acontece à sua
volta, durante cento e vinte anos. Todos naquela época perderam a
oportunidade, sendo naufragados pelo dilúvio. Seria muito bom se todos, hoje, atentassem para isso e não seguissem o mesmo
exemplo, para que não escorreguem para o mesmo lugar que eles.
Diante dos fatos avassaladores, que têm colocado a raça humana em
total descrédito, atrás mesmo, muitas vezes, dos animais irracionais (vemos muitas pessoas preferirem, sem sombra de dúvidas a
companhia destes), diante deste quadro horrível descrita em
Timóteo, ficamos perplexos:
“1 Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos
penosos; 2 pois os homens serão amantes de si mesmos,
gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos,
desobedientes a seus pais, ingratos, ímpios, 3 sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis,
inimigos do bem, 4 traidores, atrevidos, orgulhosos, mais
amigos dos deleites do que amigos de Deus, 5 tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta-te também
desses. (...) 7 sempre aprendendo, mas nunca podendo chegar
ao pleno conhecimento da verdade. 8 E assim como Janes e
Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos
quanto à fé. 9 Não irão, porém, avante; porque a todos será
manifesta a sua insensatez, como também o foi a daqueles”.240
Em quem confiar? As pessoas que não têm as mentes passivas e que
não vivem na superfície da vida, precisam ter muito cuidado para não
se desequilibrarem. Quando olhamos os políticos, se não vigiarmos vamos cair neste quadro que fala o artigo, pois quase não
conseguimos crer que possa haver no meio deles alguém que não
seja corrupto. O Senador Magno Malta, um homem de Deus na
política, com frutos visíveis de honestidade, caráter e dignidade, certa vez falou que no meio político, há mais honestos que desonestos, e ai
de nós se assim não fosse, pois não sobraria nada. Queremos crer
que isso seja a realidade, embora a aparência nos fale ao contrário.
239
Tiago 1:2/4. 240 II a Timóteo 3:1/9.
94
Fazendo um paralelo, quando vemos as corrupções dentro do altar
sagrado de Deus se multiplicando, e quando se tem a incumbência de
Deus para denunciar este fato, socorrer os fiéis dos ardis dos
mercenários, constantemente se tem que lembrar que há dentro deste caos, sete mil que não se dobraram a Baal.241 Se não se tomar
cuidado, e se não houvesse um Pai com o nome de Zeloso, aonde
isso iria parar? Certamente na auto-tutela, na justiça própria, pois,
cansados de ver a injustiça, tendo fome e sede dela (e isto sem perceber, na maioria das vezes), muitas vezes queremos comer o pão
da mão do diabo, perdendo assim a oportunidade de ser servido
pelos anjos.242
O povo do nordeste, como é o meu caso, quando tem o seu espírito
recriado por Jesus, tem que travar uma batalha contra os espíritos de
justiceiros, de cangaceiros, de Lampiões, que pairam sobre este povo
sofrido e injustiçado. Fala o Senhor que não nos dará tentação além das nossas forças243 e que abrevia os dias maus, senão não sobraria
ninguém.244 Não correm este risco os que não estão famintos de
justiça. Estes não “esquentam”, portanto estão quase isentos de
sofrer este dano, mas os que estão inflamados, acesos, terão que
vigiar continuamente, para que não se endureçam no engano do pecado de fazer justiça com as próprias mãos. Jesus passou por tudo
isso e não se endureceu. Ele era extraordinário, é e será
eternamente.
Entendemos um pouco mais com este incidente horrível, uma
passagem que nos parece muito difícil de entender, que é o fato de
Moisés, sendo o homem mais manso que já houve na terra, tendo
sido um exemplo de intercessor, o mesmo que disse para que Deus salvasse o povo duro de coração, rebelde e obstinado, ou então
riscasse o seu nome junto com o dele do Livro da Vida, (É
pouco?!),245 este, símbolo da intercessão, em dado momento não
suportou e se irritou com aquele povo, representando então mal a
Deus, e com isso, sendo repreendido severamente pelo Senhor.
Jonas também não suportou a idéia de Deus dar chance àquele povo
que não sabia a diferença entre a mão esquerda e a direita e se
desviou da rota, desobedeceu a Deus, descendo então, para Társis, para o navio, para o porão, para o oceano e depois para o último
lugar que alguém poderia imaginar descer: para o ventre de um
peixe. Jonas foi reconhecido como o que servia ao Deus do céu, que
fez o mar e a terra. Como vemos ele não era qualquer um, mas
241 I a Reis 19:18. 242 Lucas 4. 243
I aos Cor 10:13. 244
Marcos 13:20. 245 Êxodo 32:32.
95
estava “doente” naquele momento. Mesmo doente ele sabia que era
a causa da tempestade que lhes sobrevinha, exortando os tripulantes
do navio a lançá-lo no mar para que cessasse a fúria deste. Depois de
muito relutar, foram obrigados a fazer isso. Jonas sofreu muito e foi ao fundo do poço, até que fosse então fazer o que Deus lhe tinha
ordenado: pregar àquele povo terrível. Observemos que não é nem
um pouco fácil o juízo de Deus para os desertores, para os que O
representam mal. Invocamos a Deus para que sejamos salvos!246
Deus me deu olhos e ouvidos para ver e escutar religiosos baratos,
mercenários que se sentam no lugar de Deus, agem em nome d’Ele,
destruindo a fé de uma multidão que passa por essas igrejas procurando o seu Criador. Chegaram no seu limite, porque têm fome
e sede de Justiça, e o que lá encontram é pior do que viram fora,
como fala Paulo na sua primeira carta aos Coríntios, e em outras
partes do Livro Sagrado. A obra, É FORA DA PORTA,247 como fazia o Mestre e fazem os Seus seguidores até hoje. É misturado com o povo
que um cristão vai fazer a diferença, amando cada um, sem estar
mais na sua condição, pois se estão fortalecidos pelo poder de Deus,
estão encapsulados, vacinados e poderão então resistir ao pecado
que os rodeia. Jesus ama o perdido, morreu por eles, e então se sentava com eles, comia e bebia com eles,248 SENDO PURO E
IMACULADO, e assim ordena a que seja feito pelos seus seguidores.
Nada de templo fixo. Alguém já teve notícias de que Ele ou Seus
discípulos fundaram alguma igreja. Não, a igreja que existia era MÓVEL e não fixa. Poderia estar sim, na casa de fulano ou beltrano,
mas era essencialmente móvel, e o que passar disso é tradição, é
religião.
Não é nada fácil falar sobre este assunto, por conta das barbaridades,
dos escândalos contínuos na mídia desta igreja apóstata ao longo da
história. É a constantinização249 moderna. Lembramos do filósofo
Kierkgaard, que falava, no mesmo espírito, coisas espetaculares.
Infelizmente a religião não apresenta homens como este, que entre tantos que a filosofia agasalha, foram instrumentos que Deus usou de
maneira espetacular. Esses homens ficam guardados em baús, e o
povo, comumente, não sabe nada sobre eles. Esta liderança corrupta
foi o problema do ministério de Jesus e não os ladrões, assassinos ou prostitutas, mas eles. Temos então que estar alertas para o
equilíbrio, para não levar na mesma rede de bruxos, junto com estes
joios, trigos de Deus (Valha-me Senhor!!). Meditamos sobre este
terrível incidente para entender como tudo isso concorreu para o meu
246 Romanos 10:13. 247 Hebreus 13:12. 248
Mateus 11:19. 249 Constantino era um político disfarçado de homem de Deus; se tornou cristão de fachada, deu a mão para a hipocrisia.
96
bem, o bem do Reino de Deus e do meu próximo, como afirma a
Bíblia Sagrada:
“28 E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados
segundo o seu propósito”.
A paz que excede o entendimento nos nossos corações, reflete o retrato de Jesus para aquele que nos olha. Gostaria muito de
encontrar este rapaz outra vez para que ele possa enxergar em mim
o amor de Deus por ele. Dentro da caçada que é a minha função,
extrapolei e trouxe dentro deste embrolho este rapaz e quantos outros que talvez não tenha percebido, por alguma sutileza, ou
porque foi em menor proporção. Não posso deixar de falar daquilo
que tenho visto e ouvido. Tenho que denunciar, sob pena de Deus
requerer de mim o sangue das pessoas que eu não falei:
“1 Clama em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como
a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão, e à
casa de Jacó os seus pecados”.250 E mais: “3 E disse-me ele: Filho do homem, eu te envio aos filhos de Israel, às nações
rebeldes que se rebelaram contra mim; eles e seus pais têm
transgredido contra mim até o dia de hoje. 4 E os filhos são de semblante duro e obstinados de coração. Eu te envio a
eles, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus. 5 E eles, quer
ouçam quer deixem de ouvir (porque eles são casa rebelde),
hão de saber que esteve no meio deles um profeta. 6 E tu, ó filho do homem, não os temas, nem temas as suas palavras;
ainda que estejam contigo sarças e espinhos, e tu habites
entre escorpiões; não temas as suas palavras, nem te assustes com os seus semblantes, ainda que são casa rebelde. 7 Mas tu
lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de
ouvir, pois são rebeldes. 8 Mas tu, ó filho do homem, ouve o
que te digo; não sejas rebelde como a casa rebelde; abre a tua boca, e come o que eu te dou”.251
E mais:
“7 Mas a casa de Israel não te quererá ouvir; pois eles não
me querem escutar a mim; porque toda a casa de Israel é de
fronte obstinada e dura de coração. 8 Eis que fiz duro o teu rosto contra os seus rostos, e dura a tua fronte contra a sua
fronte. 9 Fiz como esmeril a tua fronte, mais dura do que
a pederneira.
É por este motivo que acabo falando.
250
Isaías 58:1. 251 Ezequiel 2:3/8.
97
“Não os temas, pois, nem te assustes com os seus semblantes,
ainda que são casa rebelde””.252
E mais:
“17 Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de
Israel; quando ouvires uma palavra da minha boca, avisá-los-ás da minha parte. 18 Quando eu disser ao ímpio: Certamente
morrerás; se não o avisares, nem falares para avisar o ímpio
acerca do seu mau caminho, a fim de salvares a sua vida, aquele ímpio morrerá na sua iniqüidade; mas o seu sangue, da
tua mão o requererei”.253
Ou seja, embora não seja nada fácil, estou buscando o ponto de equilíbrio na minha função de anunciar em alta voz, sem deixar de
amar e respeitar quem quer que seja. Já fui exortada por falar
demais e por falar de menos:
“17 Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete
pecado”.254
Não tenho como pagar o sangue de ninguém e por isso falo, mesmo sabendo das conseqüências, pois a morte por um homem é efêmera
e a por Deus é eterna.
252
Ezequiel 3:7/9. 253
Ezequiel 3:17,18. 254 Tiago 4:17.
98
5. Fala Soren Aabye Kierkegaard (1813-1855)255
Observemos os pensamentos deste homem e nos perguntemos por
que o tal não é sequer conhecido no meio que se diz cristão.
Filósofo existencialista, que nos trouxe o famoso princípio: nós somos
uma invenção totalmente nossa. Kierk veio fazendo uma dura crítica
ao convencionalismo, ao superficialismo, ao conformismo, ao tradicionalismo religioso, já que o relacionamento com Deus se
expressa de maneira totalmente singular para cada um. Além disso,
essa experiência é tão pessoal, que é inevitavelmente profunda,
intensa e coerente, o que era o oposto da vida dos cristãos mornos e ricos. Esses, chamados de cristãos burgueses, viviam uma pseudo-
santidade diante da sociedade, se isolando como pessoas “espirituais
e santas”, sem se integrarem ao mundo como fazia Jesus que vivia
no meio dos perdidos. Eram na verdade hipócritas, vivendo segundo seus próprios interesses (eram a espuma). Kierk dizia que a fé cristã
é participativa, preocupada com aspectos sociais. Jesus contestou
tudo, foi tão radical que foi crucificado. Esse era o sentido do
cristianismo – remar contra maré, quando a maré for suja e
corrompida, desprezando e afogando em suas ondas os fracos e oprimidos.
Como filósofo existencialista que era, Kierk valorizava a construção
do ser, de maneira peculiar, pessoal. Ele questionava e criticava a tendência filosófica que antecede à sua, o racionalismo, considerando
que esta teorizava muito sobre as coisas, mas esquecia daquilo que
realmente tinha relevância para cada um. A pergunta de Kierk era:
será que não estamos teorizando muito sobre as coisas e nos esquecendo do real valor que elas têm, ou seja, o valor
subjetivo? Ele era o filósofo da subjetividade, que valorizava o
pessoal, a significação pessoal e a construção do ser a partir disso.
Uma pétala de rosa perdida dentro de um livro não tem seu valor na
química que a constitui ou na sua composição orgânica, seu valor está naquilo que ela representa, que envolve sentimentos, sensações,
momentos marcantes, lembranças. É o princípio da primazia da
realidade, é o que é relevante, ou seja, a subjetividade é o que
realmente importa. Fala o filósofo que o homem é um ser concreto e tudo o que vivencia e dá importância é concreto também. Ao invés de
falar sobre as verdades universais e ficar filosofando sobre elas, cada
indivíduo deve buscar a sua maneira de compreendê-la e vivenciá-la.
O enfoque é retirado da razão, o que importará de fato serão
as explicações das coisas que são relevantes para nossa
255
Idéias com origem em pesquisas no curso de Direito/ Unisantos/ Prof Ricardo Galvanese – Filosofia.
99
existência. O que importa realmente é o indivíduo na sua
condição existencial e não o sistema”.
O que importa realmente é o indivíduo na sua condição existencial e não o sistema.
5.a Pensamento de Kierkgaard256
Vale a pena filosofar um pouco mais através desta parceria e vamos
perceber um pouco mais a diferença entre a teoria e a prática, o
objetivo e o subjetivo, a espuma e o sabão, a essência e a aparência,
Cristo e religião ...
Até os dias de Kierkgaard, o pensamento filosófico se enfocava no
estudo da razão. De uma maneira ou de outra, a sistematização
global, o racionalismo moderno atingiam o seu ápice. Devido ao exagero e supervalorização da razão humana (e isso dado por Hegel,
Jant, etc.), surge uma reação ao pensamento e essa reação (tudo
isso não cheira bem) fica muita clara em Kierk e Nietchz. Enquanto o idealismo hegleliano e o racionalismo iluminista buscavam suas idéias
globais, Kierk chega propondo uma filosofia onde o que realmente
importa é o indivíduo, sua essência, sua singularidade e
não o sistema como representação é o indivíduo, sua
essência, sua singularidade e não o sistema como representação
esquemática da totalidade da realidade. Ao invés de buscar verdades
universais, e ficar filosofando sobre ela, cada indivíduo deveria buscar
a sua maneira de compreendê-la e vivenciá-la. Começa, então, um intenso movimento de auto-conscientização e auto-manifestação do
absoluto.
(...) O enfoque é retirado da razão humana, e para Kierk, o que
importará, de fato, será as explicações de coisas que sejam revelantes para nossa existência. O individual é que é real.
256 Texto extraído das aulas de filosofia/ Curso de Direito/ Unisantos/Sp/Prof Ricardo Galvanese.
100
(...) Esse é o pensador da subjetividade (o contrário de objetivo,
absoluto). Não importa o que seja de fato aquilo ou aquele, mas
somente a interpretação que se dá. É uma questão individual, pessoal e intransferível, irracionalista. Ex. da rosa no livro. O significado da
rosa é maior que a sua constituição orgânica.
(...) Nós somos uma invenção totalmente nossa.
(...) Somos um homem feito à semelhança de Deus. Somos seres o
tempo todo projetados para o futuro. Estamos o tempo todo escolhendo, sendo desafiados a escolher, e ao mesmo tempo não
tendo domínio sobre este futuro. Tudo o que eu faço (falar, fazer uma
faculdade), tudo me projeta para um futuro. Para viver projetado para este futuro, o elemento essencial será a fé. Jamais conseguirei
concluir nada se não puder crer no que não vejo. Nós não temos
futuro, mas escolhemos para o nosso futuro constantemente. A fé é o que nos move nessa direção. Caminhamos também para a
eternidade, por fé. É nesse sentido que a fé é o elemento
fundamental na relação que nós temos com a natureza, com os
outros e também com o absoluto, o Deus Emmanuel que significa Deus conosco, ou seja, aquilo que nós acreditamos ser fundamental
para nossas vidas. Kierk vem assim fazer uma dura crítica
ao convencionalismo, ao superficialismo, ao conformismo, ao tradicionalismo religioso, já que Deus e
relacionamento com Ele se expressa de maneira
totalmente singular para cada um, independente de
teologia. Além disso, essa experiência é tão pessoal, que
é inevitavelmente profunda, intensa e coerente, o que era o oposto da vi da dos cristãos mornos e ricos. Outra
crítica em relação ao burguês cristão (que eram os que
tinham viviam na teoria, mas não na prática) era o fato
de estes não serem integrados ao mundo. Se omitiam nem sua religiosidade e se isolavam da sociedade.
Leibnitz, dia que devemos escrever a nossa história, a
partir dos talentos que Deus nos deu, com o livre arbítrio
que temos, sem sair dos princípios do Criador. Kierk dizia que cristianismo da fé era participante. Jesus contestou
tudo, e foi tão radical que foi crucificado. Toda
importância e relevância da existência de Deus, mas não
de uma maneira abstrata, mas existencial, ligada às
opções pratica do dia a dia, uma experiência pessoal. Se o homem não dilacera interiormente, e não optar pelo
radical, não é o Deus de Kierkgaard.
A existência de Deus é abordada longe do enfoque racional. A superioridade da fé para que eu creia é incontestável. Fé é um ato de
vontade. Religião e razão são inconciliáveis. Fé é questão de
ousadia, crer do absurdo. A razão só obedece aquilo que já existe, não ousa. A busca da verdade emancipada da
concepção de Deus, pela filosofia especulativa (os racionais) é uma
101
tentativa do homem de ter uma independência de Deus, de pagar
suas contas pelos seus méritos, isolando e tornando vã, a cruz de
Cristo; (o mesmo princípio que fez Lúcifer cair), buscando o homem, portanto, a sua própria condenação. Somos simplesmente uma poeira
cósmica? Não é possível ser um poço cristão, ou cristão até certo
ponto (“crítica à igreja de domingo”). Só uma pessoa descompromissada com esquemas convencionais, faz
uma ruptura radical. A fé nos leva à árvore da vida e a
razão à árvore do conhecimento do bem e do mal
(vestígios de Roma). Kierk traz também a teoria dos 3 estágios,
que são possibilidades de organização da existência humana, para que possamos nos localizar, nos avaliar (em que estágio estamos) e
fazer a opção de passar de um para o outro, para uma realização
plena. Esta mudança não é automática, mas gradual, depende de uma opção de vida, de uma decisão, calçada na fé. Essa passagem
depende estritamente de nós. São eles:
1) O estético: O sujeito vive buscando o belo, o que dá
prazer, o momento. Nesse estágio sentimos medo e
vazios momentâneos, pois vivemos para satisfazer
desejos que são momentâneos e volúveis, além de passageiros, que não nos oferecem nada de concreto
para o futuro. Nesse estágio, o sujeito não é autônomo
plenamente, pois seu estado de ânimo depende das circunstâncias.
Somos aqui apenas um animal sofisticado? Será que eu sou só isso, só um cachorro que pensa? Vivem o Epicurismo, a busca do prazo e a
fuga da dor. Quem busca o prazer vive ansioso e a ansiedade reduz a
nossa liberdade e o auto-domínio. Seria a imagem de um sultão no meio de um bordel. O homem aqui não é dono mais do seu próprio
corpo; tenta desesperadamente ser, mas não o é nem da sua própria
vida nem da sua própria existência.
2) O ético: Agora o sujeito já se percebe como ser social, não
pensando somente em si, mas no sistema que o rodeia, é mais
racional, busca do que é bom para si e justo. Postura séria e estóica (estoicismo – aceita a dor e evita o prazer) da realidade. Nesse
estágio, o sujeito assume a responsabilidade por sua própria
102
existência, é autônomo e procura discernir o que é certo ou errado,
para praticar com zelo o que é seu dever. Ele de certa forma, cai
na ilusão de que é o criador de si mesmo, que é o dono do seu próprio destino, e aí este estágio se caracteriza,
pelo peso, de carregar nas costas, a ilusão de si mesmo.
Pela avidez do indivíduo avançar para a compreensão da
verdade, assume-se como responsável pela sua própria
existência. Ele não consegue vislumbrar um horizonte maior. É como você carregar um enorme baú ao longo de
um interminável deserto; está o tempo todo respondendo
pela sua própria vida, a partir das suas próprias forças.
Nasce aí a angústia, percebe os limites desta perspectiva, e abre então a oportunidade para uma
reestruturação; vai buscar a sua origem, percebe-se
insuficiente, buscando no criador a solução para sua
existência. Entrega-se então ao estágio religioso. Para passar,
superar esse estágio, percebemos que é ilusória a busca de
autonomia, experimentamos tédio, angústia e descobrimos que a
única saída é o próximo estágio).
3) O religioso: É o ápice, o predomínio da fé, do amor e da
compreensão de Deus. Postura de confiança em Deus e no seu amor
e poder. O sujeito reencontra a razão da sua existência (nascemos para a glória de Deus, o que atende sua ânsia mais profunda,
encontrado a raiz do seu eu, a sua essência verdadeira). Não é um
automatismo, um esquema ético religioso, eu tenho sempre
a opção da escolha: perder-se totalmente no estágio estético e parcialmente no estágio ético. No estágio ético eu não tenho ainda,
ou seja, eu não estou em sintonia com meu eu e sim com uma
imagem de absoluta autonomia que eu construo do meu próprio eu. Eu penso que sou Deus de mim mesmo. Isto não é real. O ser
humano não é Deus, é limitado.
(...) Kierkgaard, se revolta e fala: - Nós estamos acreditando
demais no poder da razão humana, que não está com
este cartaz todo, e além de tudo, ao adianta explicar
tudo, o que é fundamental é explicar algo que seja
relevante para a nossa existência.
(...) Kierkgaard desenvolve uma filosofia da existência, onde o
fundamental é a condição pessoa do sujeito existente => ex-sistência (voltado para fora), que está na origem de substância, que compõe o
elemento fundamental, o subjetivo, (...) ou seja, o homem é um ser
que está o tempo todo escolhendo, que está construindo o seu
futuro; é um ser projetado sobre o futuro, mas ao mesmo tempo não tem domínio sobre esse futuro, então está o tempo todo sendo
desafiado a escolher.
(...) A fé é o elemento fundamental, sem fé ele atrofia. A fé é o que
me move e a vocês a estarem aqui, crendo que daqui a cinco anos
103
estarão se formando em Direito. Só vou trabalhar, porque estou
acreditando que no começo do mês, vou receber o meu salário.
(...) Somos projetados ao futuro, pelo elemento fundamental da fé,
que dilata a compreensão do homem na perspectiva mais do futuro,
exatamente em função dessa necessidade humana. O homem vive. É neste sentido que a fé é o elemento fundamental na relação que nós
temos com a natureza; com os outros, nós também com a relação
que temos com o absoluto, ou seja, com aquilo que nós entendemos
que seja o fundamental para as nossas vidas. A fonte dos sentidos, por definição é Deus. É neste sentido que Kierkgaard coloca Deus
como elemento fundamental na construção de identidade da pessoa
humana. Só que não é o Deus abstrato do Kant, do Hegel, mas um Deus que é descoberto a partir desta condição
pessoal, condição de escolha, o Deus conosco, não o
resultado de uma abstração.
Kierkgaard vai fundamentar que esta relação com Deus é
fundamental e é uma condição pessoal que se dá quando
eu entendo ser um sentido absoluto para a minha vida.
Este é o papel determinante para a existência humana, e é exatamente por isso que não pode ser encarado como
mera religião. Se não dilacerar o homem.
Antes de colocar a minha experiência de quando estive na pele de um
fariseu ou de como fui transformada em um deles, mesmo abominando-os, coloco no capítulo seguinte algumas reflexões para
que possamos entender melhor o trâmite por que passa a mente
humana para chegar a tal. Queremos enfatizar um pouco mais o
aspecto dureza, esta que havia em João Batista, em Paulo, em Pedro, em tantos outros e no próprio Mestre, que é ingrediente necessário
para um soldado de Cristo e quando este quesito ultrapassa a medida
do equilíbrio e se torna joio. Queremos ou precisamos meditar um
pouco mais, para que possamos entender melhor o que significa Lei, Graça e o divisor de águas que separa o caráter do Deus Consumidor
do Deus de Amor, entranhado nos corações dos homens.
104
6. E a Pedro1
Enfatizamos neste tópico, conforme anunciamos anteriormente, o drama, a dor que inunda o coração daquele que nega a Cristo com as
suas atitudes. Sim, porque, verbalmente e conscientemente já é mais
difícil, mas, Deus nos fala que se conhece a árvore pelos frutos, e
isso, observamos, evidentemente, não só pelas palavras, mas
principalmente pelas ações, pela prática do cotidiano, que vem revelar o que está dentro do coração, do íntimo do homem. O que
creu abriga ainda dentro de si a pessoa velha, que vai lutar contra a
pessoa nova que nasceu dentro dele com unha e dentes,257 junto com
o diabo e o presente sistema mundial que jaz todo no maligno,258 para que este não faça a sua vontade que é a vontade do seu Pai.
Porém, junto com a tentação teremos sempre O ESCAPE,259 Deus nos
representa, Ele não nos deixa órfãos, nada nos separa do Seu grande
amor, e esta é a causa de não sermos consumidos apesar de tanto.260
“16 Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura,
uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos”.261
“34 Raça de víboras! como podeis vós falar coisas boas, sendo
maus? pois do que há em abundância no coração, disso fala a
boca”.262
“12 Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante
do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para
discernir os pensamentos e intenções do coração”.263
“15 Mas o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é discernido”.264
Ficamos deveras constrangidos depois de ler este texto de W Nee, assim tantos outros escritos por ele, pois aqui percebemos um pouco
mais da grandeza de Deus e da nossa pequenez.
Pedro, um dos discípulos de Jesus, cometera um grande pecado: o de negar o seu Senhor na noite em que Ele foi traído. Ele que afirmara
veementemente que não O negaria, não confessou o Senhor nem
1 Texto de Watchman Nee/ Editora Árvore da Vida; São Paulo. 257
Gàlatas 5. 258 I João 5:19. 259 I aos Cor 10:13. 260 Lamentações 3:22,23. 261 Mateus 7. 262
Mateus 12. 263
Hebreus 4. 264 I aos Cor 2.
105
mesmo diante de uma humilde criada. “certamente o Senhor não me
quer mais, falhei de maneira tão desastrosa, que não mereço voltar-
me para Ele”- deve ter pensado Pedro. Mas na manhã em que ressuscitou, o Senhor quis que alguns fossem dizer a seus discípulos
e a Pedro sobre a Sua ressurreição. “E a Pedro” – quão profundo é o
significado dessas palavras! Verifique você também se esta não é a
sua experiência: “Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro,
que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como
ele vos disse”.265
O Evangelho de Marcos registra que, após a ressurreição do Senhor,
um anjo disse a algumas mulheres para contarem aos discípulos do
Senhor e a Pedro o que acontecera. Oh! “E a Pedro”. Isso enche os olhos de lágrimas. Porque Ele não disse: “Dizei a Seus discípulos e a
João”. (João era o amado do Senhor), Porque não disse: ”Dizei a
Seus discípulos e a Tomé?” (Tomé duvidou da ressurreição do
Senhor). O anjo não mencionou os melhores discípulos, ou os mais necessitados, mas especificamente a Pedro. Porque isso? Havia algo
em Pedro que era tão diferente dos demais? Pedro cometera um
grande pecado três dias antes deste evento – tão grande pecado que impede o Senhor de confessá-lo diante dos anjos de Deus266. Pedro
não confessou o Senhor diante dos homens, nem mesmo diante de
uma humilde criada. Mas o Senhor queria que alguns fossem dizer a Seus discípulos e a Pedro sobre a sua ressurreição. “E a Pedro” –
quão grande é o significado dessas palavras!
Se alguns irmãos e irmãs tivessem tais experiências como as de Pedro, pensariam: “Oh! eu sou Pedro. Eu já caí. O que cometi não é
um pecado comum. Receio que nunca mais poderei me aproximar do
Senhor. Temo que o Senhor já me abandonou e, de agora em diante, toda vez que Ele tiver alguma tarefa importante nunca mais
encarregará a mim de fazê-la. Nunca mais serei capaz de ter
experiências especiais como aquela que tive com o Senhor no Monte da Transfiguração. Não mais poderei ser o companheiro do Senhor no
Jardim do Getsêmani. Quando confessei o meu desejo de morrer pelo
Senhor, Ele disse: “Antes que duas vezes cante o galo, tu me
negarás três vezes”. Naquele instante pensei que o Senhor tivesse me entendido mal. Quando Ele foi preso, cortei a orelha de um
homem com a espada, e pensei que podia amar o Senhor
corajosamente. Quem teria imaginado que até mesmo eu pudesse tropeçar! Não tropecei perante um grande sumo sacerdote, alguém
com grande autoridade; nem mesmo caí perante Pilatos que tinha
muito poder. Mas caí justamente diante de uma pergunta feita por uma criada! Neguei o Senhor uma vez, em seguida, mais uma vez e
finalmente até comecei a praguejar e a jurar para negar o Senhor”.
“Uma vez confessei que Ele era o Cristo e que Ele era o Filho de Deus. Eu Lhe disse: “Tu tens a vida eterna. A quem mais iremos
nós?”. Entretanto, justamente quando vi o Senhor prestes a ser
265 Marcos 16:7. 266 Lucas 12:9.
106
crucificado, caí. Cometi o maior pecado: negá-Lo. Embora eu tenho
chorado e me arrependido, não sei como o Senhor se sentiu a meu
respeito. naquele dia, quando eu O neguei, teria sido melhor se Ele não o soubesse. No entanto, exatamente quando eu O neguei, Ele se
virou e olhou para mim; isto indicava que Ele já o sabia! Que farei
agora? Nunca mais me atreverei a ir até Ele. Embora Ele me ame, não ouso me aproximar Dele, pois há um pecado que nos separa.
Provavelmente, nunca mais poderei me aproximar Dele”.
“Mas o Senhor ressuscitou. Algumas mulheres trouxeram a
mensagem e Ele clara e especificamente mencionou que dissessem-
na para mim. Oh, mesmo tendo negado o Senhor três vezes, Ele não
me abandonou! Ele não me odiou nem ficou furioso comigo. O que Seu coração deseja é a minha pessoa. Ele não mencionou ninguém
mais em particular. Somente a mim em especial, como se eu fosse o
único em Sua lembrança. ‘E a Pedro! E a Pedro!’ – esta é na verdade a música mais aprazível no mundo, a mais maravilhosa e
boa nova! Se o Senhor tivesse pedido para as mulheres que
dissessem apenas aos discípulos, teria pensado que alguém como eu não era digno de ser Seu discípulo, e teria deixado de sê-lo. Não teria
ousadia de ir vê-Lo. Mas o Senhor disse: “E a Pedro!” Isso mostrou-
me que Ele ainda me queria. Apesar de não ter forças pra ir vê-Lo, “E
a Pedro” encorajou-me a ir. A mensagem trazida pelas mulheres era verdadeira. O Senhor fez o anjo mencionar especificamente o meu
nome. Ele não me havia abandonado. Ainda posso achegar-me a Ele.
Levantar-me-ei e irei vê-Lo!”.
Oh!, este era um Pedro que caíra, um Pedro que pecara e um Pedro
que negara o Senhor; no entanto, o Senhor ainda o mencionou especificamente. Este é o evangelho! Irmão, você sabia que uma vez
que o Senhor o salvou, Ele o salvará ater o fim? Ainda que você
esteja desencorajado, o Senhor jamais está desencorajado. Apesar
de você pecar e se sentir desconcertado de voltar a Ele, do lado Dele, no entanto, não há qualquer razão para não voltar. Por que você
insiste em lembrar da sua falha, sendo que o Senhor já não se
importa com ela? O Senhor tirará o véu da sua face hoje, então não terá mais medo Dele, nem hesitará em se aproximar Dele.
É provável que Pedro ainda se lembrasse de que certa vez disse ao
Senhor: “Ainda que venhas a ser um tropeço para todos, nunca o serás para mim” (Mt 26:33). Pode ser que também se lembrasse que,
junto ao lago de Genesaré, quando vira a glória do Senhor, dissera:
107
“retira-te de mim, porque sou pecador” (Lc 5:8). Agora, porém,
conheceu a sua condição e como ousaria ver o Senhor? Era possível
que continuasse a se lembrar do pedido do Senhor: “Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo?”. Em seus ouvidos
possivelmente ainda permanecia o mandamento do Senhor: “Vigiai e
orai, para que não entreis em tentação” (Mt 26:40-41). De qualquer modo, a sua condição estava longe da exigência do Senhor.
Como ele ousaria ver o Senhor hoje? Todavia, ele foi ver o Senhor.
Por causa da palavra “e a Pedro” ele teve ousadia de ir vê-Lo. Irmão,
se você conhecesse a intenção da palavra “e a Pedro”, poderia ainda permanecer longe Dele e não se voltar a Ele? Se você conhecesse o
significado profundo da palavra “e a Pedro”, não haveria outra coisa
a fazer, senão aproximar-se do Senhor.
Qual livro entre os quatro Evangelhos registrou o evento dessa
forma? Somente o Evangelho de Marcos. Marcos era um jovem; ele seguiu a Pedro e aprendeu muito dele. Podemos dizer que o
Evangelho de Marcos foi ditado por Pedro e escrito pode Marcos. A
sentença “dizei a Seus discípulos e a Pedro”, foi especialmente
registrada por Pedro. Esta palavra pode não ser tão importante para outros, mas era extremamente importante no coração de Pedro.
Quando o Espírito Santo escreveu a Bíblia, Ele especialmente
mostrou-nos que as poucas palavras que precisam ser insignificantes para Mateus, Lucas e João, eram inesquecíveis e importantes para
Pedro, quem narrou o Evangelho de Marcos. “E a Pedro” tinha um
significado especial para ele. Em todo tempo, a recordação dessas palavras era doce. A palavra da graça é especialmente memorável
para aquele que a recebeu.
Irmãos e irmãs, quando nos lembramos do Senhor no partir do pão, há alguém cujo coração ainda está com medo de Deus? Ou há algum
pecado que separa você de Deus? Já choramos amargamente,
arrependemo-nos e confessamos aquilo que fizemos que não era digno do Senhor. Agora, hoje, ousamos dizer ao Senhor: “Senhor, eu
me achego a Ti?”. Apenas considere: Por amar você, Ele
voluntariamente foi à cruz; agora Ele deixaria de amá-lo apenas
porque você falhou, tropeçou e caiu? Teria o Seu amor, com que Ele amou você na cruz, então diminuído? Hoje é fácil para você não amá-
Lo, não se aproximar Dele nem voltar a Ele, mas é impossível para
Ele não amar você, esquecê-lo ou abandoná-lo. Três dias após a morte do Senhor, Pedro estava calado porque tropeçara, mas o
Senhor não o esqueceu. Assim, se você não tiver forças para ir diante
do Senhor, tenha apenas desejo de crer em Sua palavra. Ele poderá dar-lhe forças para ir até Ele. Se você tropeçou, Ele poderá levantá-
lo. Embora pareça que nunca mais poderá se aproximar do Senhor
novamente, se você puder, na fé, se lembrar da palavra “e a Pedro”,
você será capaz de se aproximar Dele. Quando queremos nos aproximar do Senhor, ainda que pareça haver uma grande distancia,
e sintamos que não temos forças para ir até Ele, devemos nos
lembrar da palavra “e a Pedro”. Era de Pedro, que tropeçara, que o Senhor se lembrou mais. Apesar de Pedro não ousar vir até o Senhor,
o coração do Senhor o atraiu, levando-o a não ousar esconder-se do
108
Senhor. Não entendamos mal o coração do Senhor hoje. Você ouviu a
voz dizendo: “e a Pedro”. Deve saber que o Senhor não o
abandonou. O Senhor tampouco abandonou você: “e a Pedro” também significa “e a você” – você que falhou como Pedro! Que
todos nós vejamos que tipo de coração o Senhor tem para que tipo
de coração o Senhor tem para conosco. Se vir o coração do Senhor, você nada fará senão correr para Ele!
Não poderemos deixar de amá-Lo. Se de um lado estão os religiosos
que se acham justos, de outro estão os “Pedros” que satanás acusa e que não suportam olhar para cima, pois sabem que não são dignos
de nada. Pedro falhou porque não conhecia os seus pecados ocultos,
mas ousou expressar o seu amor, ousou se atrever, foi provado e
depois aprovado.
E mais um pouco deste olhar bendito para todos nós...
6.a Olha pra mim267
Eu me humilharei/ Teu nome gritarei/ Como criança eu serei/ Mas,
olha pra mim/ Tuas vestes tocarei/ Na figueira subirei/ Aos teus pés
eu chorarei/ Mas, olha pra mim/ Olha pra mim/ Olha pra mim/ Olha pra mim/ Pois eu preciso do teu olhar/ Eu farei o que for preciso/
Para te ver/ Pois não posso deixar que sigas/Sem me perceber/ Não
importa a multidão/ Só eu sei do que eu preciso/ E eu preciso do teu olhar/ Do teu olhar, do teu olhar
Oração: Nosso coração sangra, se esvai de amor por Ti, Senhor e
Rei, Justo Juiz, bendito seja o teu nome de eternidade à eternidade, amém e amém...
267 Toque no altar.
109
7. Resumo da análise de Augusto Cury sobre a personalidade
do Apóstolo Paulo.268
Augusto Cury é um instrumento de Deus que não tem templo fixo como Jesus, não tem religião como seu Mestre. É psiquiatra,
psicólogo, com livros publicados em mais de 60 países, conferencista,
diretor da Academia da Inteligência, antes ateu, fala, depois de
muitos anos estudar a inteligência de Cristo e seus métodos, que nós estamos ainda na idade da pedra diante das propostas educadoras do
Mestre Invisível. É muito interessante, além de espetacular, ler o que
ele escreve sobre o Jesus Homem, pois não é um teólogo, mas um
psicólogo, que observou que a humanidade está dividida entre antes e depois de Cristo, sendo Este então a pessoa mais importante que
houve, e, mesmo assim, pouco se sabe ou se estuda nas escolas e
faculdades sobre Ele. Escreveu, entre tantos livros
interessantíssimos, cinco volumes sobre a Inteligência de Cristo. Hoje propaga seus dons pelo mundo e através dos seus escritos uma
multidão tem sido curada na sua alma. Ele é um estudioso da
inteligência do homem e fala dos métodos de Jesus Homem, ou seja,
dO Jesus Deus todos já sabem o que esperar, mas do Emmanuel, o
Deus conosco, dO que se tornou Homem e habitou entre nós, não conheço ninguém que fale d’Ele conta tanta paixão, sabedoria,
inteligência e que nos traga tanto material de cura e libertação
através do Mestre da Vida, Inesquecível, da Sensibilidade, do amor,
da Vida, e que a ciência tem se omitido em estudar, em pesquisar.
Dificilmente os leitores irão encontrar os seus livros em qualquer
livraria evangélica, que praticamente desconhecem o seu trabalho,
mas sim nas livrarias seculares ou em qualquer banca de jornal. Dificilmente também iremos ver este autor em entrevistas ou na
mídia, pois isso fere os seus princípios, ou o tira dos seus objetivos.
Ou seja, ele não apóia publicidade, assim como seu Mestre nunca
apoiou. É interessante saber que ele já recebeu dos seus amigos,
como presente, livros seus, pois não o conheciam como escritor, e tão consagrado pelo mundo. É uma pessoa realmente especial.
(...) Eu analisei a inteligência de Cristo criticando, duvidando e
investigando as quatro biografias de Jesus, os evangelhos, em várias versões. Estudei as intenções conscientes e inconscientes dos autores
das suas quatro biografias. (...) O primeiro resultado é que descobri
que o homem que dividiu a história não poderia ser fruto de uma ficção humana. Ele não cabe no imaginário humano. Ele andou e
respirou nesta terra. (...)269
268 O Mestre Inesquecível; Ed Sextante; SP; 2003; ps. 152 a 163. 269 O Mestre Inesquecível. 31ª ed. São Paulo: Academia da Inteligência, 2003, págs. 249 e
250.
110
Colocamos aqui algumas frases pinçadas do seu livro quando ele fala
da personalidade do Apóstolo Paulo. Não copiei ipsis litteris, ou nas
mesmas letras, mas, fiz um resumo de franses grifadas e pinçadas do
texto.
Fala o autor que Paulo foi o maior perseguidor dos cristãos, mas
também foi o que mais sofreu. Para defender a causa de Jesus, ele fez perante o Rei Ágripa o mais eloqüente descrição das
características doentias da sua própria personalidade, antes de Cristo.
Nunca houve alguém com tanta coragem para mostrar sua loucura
passada para revelar sua sanidade atual. Ele não se poupou. Falava que, embora em menor proporção, ele promovia uma limpeza
cultural, semelhante ao que o nazismo fez com os judeus.
Já houve um momento em que vivi este horror. Quando Deus me
mostrou o que estava dentro de mim, senti o gelo da morte eterna,
pois pensei que não poderia haver mais salvação para alguém que
estava mais preocupada com o “Estado” (no caso o Reino de Deus) do que com as pessoas, a exemplo de Stalin. Deus me chamou para
defender os perdidos como fez Moisés, e não Ele, o Indefensável. O
amor por Deus que era grande no meu coração foi desviado por uma
astuta cilada do diabo para o amor pela Lei, a exemplo dos Fariseus que eram no início, zelosos da lei, e depois transformaram-se em
carrascos religiosos para cobrar o cumprimento da lei e não para
amar os que não tinham forças. Foi muito difícil eu entender esta
complexidade, e me recuperar. Continuemos...
Violentou a consciência dessas pessoas produzindo transtornos
emocionais irreparáveis. Aprendeu com Jesus a não ter medo do seu
passado, aprendeu a arte da honestidade. O Novo Testamento descreve a vida desses homens que mudaram a face do mundo, cujos
feitos atravessaram gerações e influenciaram bilhões de pessoas,
mostrando seus grandes sucessos e seus mais eloqüentes erros e
fracassos. A desumanidade de Paulo supera a de Judas e a de Pedro e dos demais discípulos. Paulo foi o mais culto, o mais destruidor e o
que mais sofreu. Isto indica que a inteligência lógica, caracterizada
pelo acúmulo de informações não é suficiente para produzir as funções mais importantes da personalidade, como a capacidade de se
colocar no lugar dos outros, a tolerância, a afetividade, o
gerenciamento dos pensamento. Em muitas cartas ele deixa claro que nunca esqueceu as lágrimas dos cristãos que ele torturou. O amor
por Jesus apagou a sua culpa, mas não o seu passado. Fala o autor
que nunca é demais repetir que o passado não se deleta, mas se
reescreve. O homem tem que conviver com o seu passado mesmo que este tenha sido um deserto. O desafio é irrigar este deserto270,
tratar da sua acidez e aridez e transformá-lo num jardim, como Paulo
270
Israel que era um deserto, hoje tem um sistema de irrigação com alta tecnologia que o torna um excelente exportador de muitas flores e frutas, como a melancia sem caroço, por exemplo. Note-se que o maior importador de flores de Israel é a Alemanha (Deus zomba dos soberbos).
111
fez. O que jamais se deve fazer é isolar-se e ruminar a culpa como
Judas fez. Paulo antes considerava Jesus o maior dos hereges o qual
deveria ser abolido.
Lendo tudo isso creio que o homem deveria frear e repensar bastante
tantas teorias vazias, sem consistência e desprovida de inteligência.
Paulo freou e depois de pensar muito e ler as Escrituras se viu diante
de um dramático problema: O que fazer com as pessoas que
torturara? Como reparar o erro cometido contra os
inofensivos cristãos que espancara publicamente? Como
aliviar sua consciência dos gritos das mães e pais separados dos seus
filhos? O mundo de Paulo foi virado de cabeça para baixo.
Como elogiar para a liderança judaica aquele que ele sempre odiara? Como explicar uma mudança tão grande? Paulo teria que enfrentar o
que parecia impossível. Como Paulo tratou das matizes doentias da
sua memória? Como reeditou sua insensibilidade e agressividade?
Como trabalhou sua incapacidade de ouvir e de reagir sem pensar? Como reciclou o seu caráter preconceituoso e autoritário? Paulo
enfrentou centenas de situações dramáticas que fizeram vir à tona as
mais ocultas fragilidades. Paulo fala em suas cartas que o homem lidera o mundo exterior, mas não é um grande líder de si mesmo.
Quem consegue gerenciar a ansiedade? Quem consegue controlar
todos os pensamentos negativos? Em águas tranqüilas nos
mostramos excelentes timoneiros, mas em águas turbulentas perdemos o leme. Quantas vezes fomos coerentes em determinadas
situações e insensatos em outras? Todos temos limites, mais cedo ou
mais tarde nos surpreendemos com a nossa fragilidade. O que é renovar a mente? É reeditar o filme do consciente e do inconsciente,
reescrever os arquivos da colcha de retalhos da nossa memória.
Quando li este texto tive a impressão de que o havia escrito, tal a
semelhança com o dilema que vai na minha alma neste momento.
Ele desejava dizimar os seguidores do Nazareno porque queria purificar a sua religião, ou seja, era sincero e fiel com a causa que
acreditava piamente.
Exatamente, e creio que estas são as seqüelas do joio que veio junto com o trigo que Deus plantou em mim quando me enviou a estudar
com os comunistas, sobre caráter e honestidade. Eram pessoas
extraordinárias, pois davam as suas vidas pela causa social; tinham
seus corpos marcados por maçaricos (medalhas conquistadas, segundo eles, na luta pelo salário Mínimo, etc.); unhas arrancadas a
sangue frio, paradas cardíacas nas prisões por onde passaram depois
de serem torturados para delatar seus companheiros. Muitos foram
mortos e engrossam a lista vergonhosa dos desaparecidos políticos da época negra da ditadura. Eram excelentes pais de família,
honestos na vida particular e na vida pública, simples, sem nenhuma
ostentação ou ambição, fora a causa comunista. Exemplos de serem
112
humanos e escolhidos por Deus para me ensinar sobre esta matéria
que é imprescindível, para um seguidor de Cristo (note-se que Deus
não escolheu uma igreja para fazer em mim o alicerce de um
cristão). Porém, apesar de todo este trigo, o joio da incredulidade, a dureza vinda de Stalin veio junto, e só poderia ser retirado na
maturidade do trigo. Isto Deus tem feito. O joio vem sendo retirado
pouco a pouco, e neste momento ainda percebo estes vestígios
inconfundíveis de dureza que vem se opor frontalmente ao que Cristo Jesus tem me ensinado ao longo desses anos:
“Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”.271
“Valente não é o que conquista uma cidade, mas o que contém
o seu espírito”.272
“Seja mansa como a pomba e astuta como a cobra”.273
Sentia-se fraco muitas vezes, mas tomou consciência a partir dos
ensinamentos de Jesus que o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza. Desta forma tornou-se um sábio e dizia que a sabedoria do
mundo é loucura para Deus. Não a usava (Paulo era um dos homens
mais cultos da época). O poder de Deus se aperfeiçoa na fragilidade humana: esta era a bandeira com que Paulo enfrentava as tormentas
da vida. Deus não era então uma teoria distante, a milhares de anos
luz, mas o grande artesão da sua personalidade. Assim, o diamante bruto assumia formas de rara beleza. Por buscar a presença de Deus
em momentos quase insuportáveis, ele escrevia uma nova história.
Estamos longe talvez da sua agressividade, mas, mais longe ainda da
sua capacidade de amar. Paulo enfrentou perigo de todos os tipos, e em alguns momentos não tinha mais energia para continuar, era
melhor abandonar tudo, mas não desistia dos sonhos de Jesus. Paulo
fez a mais bela apologia do amor274.
Neste texto ele superou a sensibilidade dos poetas, a profundidade
dos filósofos e a serenidade dos pensadores. Fala o autor que
gostaria de escrever um livro só sobre os temas que Paulo descreveu, pois é um assunto inesgotável.
Deus me trouxe esta peça literária tão especial para enriquecer o tema que tento explicar a todos. Certamente não vou precisar
explicar muito mais o que vai dentro de mim, os conflitos, a
responsabilidade e também, acima de tudo, a obrigação de ter que
continuar, apesar dos pesares serem muito pesados. Que Deus me capacite a aceitar os desafios a seguir, a colocar nestas linhas o
testemunho do arrependimento, a importância de saber descer e
271 Mateus 11:29. 272
Prov 16:32. 273
Mateus 10:16. 274 1ª aos Coríntios 13.
113
perseverar, a consciência dos erros para reeditar os arquivos, a
gerenciar as mazelas que nos vem a tona, a entender que o poder de
Deus se aperfeiçoa na fraqueza e acima de tudo que possa aprender
a amar como Paulo. Ele disse:
“Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo”.275
Paulo, a mando de Deus, também ensina sobre a ira:
”26 Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa
ira”.276
Eu me irei e pequei. Ensina também que uma autoridade não pode
fazer o que ensina para o outro não fazer, em Romanos 2:
“1 Portanto, és inescusável, ó homem, qualquer que sejas, quando julgas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que
julgas a outro; pois tu que julgas, praticas o mesmo...
... quantas vezes fazemos isso!
“2 E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade,
contra os que tais coisas praticam. 3 E tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu,
escaparás ao juízo de Deus? “
... quantas vezes a autoridade de Deus se confunde, se ilude com a
sua condição e esquece que com Deus não há acepção de pessoas ...
“4 Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de
Deus te conduz ao arrependimento? “
...ou seja, ignorando que a misericórdia de Deus é absolutamente necessária a todos, começando pela autoridade delegada ...
“5 Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente,
entesouras ira para ti no dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus”
... a pessoa que julga sem misericórdia também será julgada sem
ela. “6 que retribuirá a cada um segundo as suas obras; 7 a saber:
a vida eterna aos que, com perseverança em favor o bem,
procuram glória, e honra e incorrupção; 8 mas ira e indignação aos que são contenciosos, e desobedientes à iniqüidade; 9
275
I aos Cor 11:1. 276 Efésios 4:26.
114
tribulação e angústia sobre a alma de todo homem que pratica
o mal, primeiramente do judeu, e também do grego “
... a todos: aos que crêem e aos que não crêem ...
“10 glória, porém, e honra e paz a todo aquele que pratica o
bem, primeiramente ao judeu, e também ao grego “
... todos que praticam o bem serão recompensados de alguma
maneira. Não estamos falando de salvação...
“11 pois para com Deus não há acepção de pessoas. 12 Porque
todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e
todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados
... o julgamento do que conhece a verdade é diferente do que não
conhece.
“13 Pois não são justos diante de Deus os que só ouvem a lei; mas serão justificados os que praticam a lei 14 (porque,
quando os gentios, que não têm lei, fazem por natureza as
coisas da lei, eles, embora não tendo lei, para si mesmos são lei. 15 pois mostram a obra da lei escrita em seus corações,
testificando juntamente a sua consciência e os seus
pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os), 16 no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por
Cristo Jesus, segundo o meu evangelho. 17 Mas se tu és
chamado judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus;
18 e conheces a sua vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído na lei; 19 e confias que és
guia dos cegos, luz dos que estão em trevas, 20
instruidor dos néscios, mestre de crianças, que tens na
lei a forma da ciência e da verdade; 21 tu, pois, que
ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que
pregas que não se deve furtar, furtas? 22 Tu, que dizes que
não se deve cometer adultério, adulteras? Tu, que abominas
os ídolos, roubas os templos? 23 Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? 24 Assim pois,
por vossa causa, o nome de Deus é blasfemado entre os
gentios, como está escrito”.
... quantas pessoas estão afastadas de Deus pelo péssimo testemunho dos que foram circuncidados no espírito, dos que
creram... e que não honraram este privilégio, e hoje são piores do
que antes pela legalidade que deram a satanás...
“25 Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se
guardares a lei; mas se tu és transgressor da lei, a tua
circuncisão tem-se tornado em incircuncisão”.
115
Não adiantará nada falar que é...mas esta pessoa terá que ser
mesmo...
“26 Se, pois, a incircuncisão guardar os preceitos da lei,
porventura a incircuncisão não será reputada como
circuncisão? 27 E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, julgará a ti, que com a letra e a circuncisão és
transgressor da lei. 28 Porque não é judeu o que o é
exteriormente, nem é circuncisão a que o é
exteriormente na carne. 29 Mas é judeu aquele que o é interiormente, e circuncisão é a do coração, no espírito, e
não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas
de Deus”.277
Exatamente!!! Porque na mesma medida que julgamos, assim
seremos julgados:
“1 Não julgueis, para que não sejais julgados. 2 Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida
com que medis vos medirão a vós. 3 E por que vês o
argueiro no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está
no teu olho? 4 Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? 5 Hipócrita!
tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar
o argueiro do olho do teu irmão”.278
Fala também para estar atento à tentação:
“1 Irmãos, se um homem chegar a ser surpreendido em algum
delito, vós que sois espirituais corrigi o tal com espírito de mansidão; e olha por ti mesmo, para que também tu não sejas
tentado”.279
Não vigiei e não olhei por mim mesmo e pelo nome do Senhor que
está sob meus ombros, e fui tentada. Quando alguém se afasta do
alvo, perdendo assim o “fio da meada”, volta para traz, perdendo
autoridade. Paulo alerta para ter cuidado com a velha natureza, pois quando a vida velha toma forma, surge o homem endurecido, que
não tem o Espírito Santo guiando libertando, salvando:
“14 Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou
carnal, vendido sob o pecado. 15 Pois o que faço, não o
entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que
aborreço, isso faço. 18 Porque eu sei que em mim, isto é, na
277
Romanos 2. 278
Matesus 7?1/5. 279 Gálatas 6:1.
116
minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o
bem está em mim, mas o efetuá-lo não está. 19 Pois não faço
o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico. 24
Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo
desta morte?
Só há um que pode livrar:
25 Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor!(...)”. 280
Eis o homem depois de Cristo, depois do arrependimento e do conserto:
”1 Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão
em Cristo Jesus. 2 Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo
Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte”.281
Fala Paulo quem é o capacitado a seguir o Cristo de Deus:
“26 Ora, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os
sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos. nem
muitos os nobres que são chamados. 27 Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios;
e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para
confundir as fortes; 28 e Deus escolheu as coisas ignóbeis
do mundo, e as desprezadas, e as que não são, para reduzir a
nada as que são; 29 para que nenhum mortal se glorie na
presença de Deus. 30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o
qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e
santificação, e redenção; 31 para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor”.282
No Senhor, e não em si mesmo! E mais:
9 e ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder
se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me
gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre
mim o poder de Cristo”.283
E continua Paulo nos ensinando:
“4 Porque, ainda que foi crucificado por fraqueza, vive contudo pelo poder de Deus. Pois nós também somos fracos nele, mas
viveremos com ele pelo poder de Deus para convosco”.284
280 Romanos 7:14,15,19,24. 281 Romanos 8:1,2. 282
I aos Cor 1:26/31. 283
II aos Cor 12:9. 284 II aos Cor 13:4.
117
Paulo fala também da receita para não se perder autoridade:
“31 Eu vos declaro, irmãos, pela glória que de vós tenho em
Cristo Jesus nosso Senhor, que morro todos os dias”.285 “27
Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à submissão, para
que, depois de pregar a outros, eu mesmo não venha a ficar reprovado”.286
Ensina que a autoridade é para construir e não para destruir:
“8 Pois, ainda que eu me glorie um tanto mais da nossa
autoridade, a qual o Senhor nos deu para edificação, e não
para vossa destruição, não me envergonharei”.287 “10
Portanto, escrevo estas coisas estando ausente, para que, quando estiver presente, não use de rigor, segundo a
autoridade que o Senhor me deu para edificação, e não para
destruição”.288
Fala o Apóstolo do seu Mestre:
“4 não olhe cada um somente para o que é seu, mas cada qual também para o que é dos outros. 5 Tende em vós aquele
sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6 o qual,
subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a
Deus coisa a que se devia aferrar, 7 mas esvaziou-se a si
mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se
semelhante aos homens; 8 e, achado na forma de homem,
humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a
morte, e morte de cruz. 9 Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome; 10
para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão
nos céus, e na terra, e debaixo da terra, 11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus
Pai”.289
285 I aos Cor 15:31. 286 I aos Cor 9:27. 287
II aos Cor 10:8. 288
II aos Cor 13:10. 289 Filipenses 2:4/11.
118
7.a Jesus se irava?
Isto é notório, embora muito pouco entendido ou crido. É importante
meditar nesta ira santa para encontrar o ponto de equilíbrio nesta
matéria, para que se possa ter uma idéia geral sobre o assunto e mais oportunidade de meditar sobre o tema:
“Então Jesus entrou no templo, expulsou todos os que ali
vendiam e compravam, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas; e disse-lhes: Está
escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós,
porém, a fazeis covil de salteadores, de ladrões”.290
E continua o Príncipe da Paz interpelando o maior problema do seu
ministério, a exemplo de hoje:
“Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque fechais
aos homens o reino dos céus; pois nem vós entrais, nem aos
que entrariam permitis entrar. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque percorreis o mar e a terra para fazer um
prosélito; e, depois de o terdes feito, o tornais duas vezes
mais filho do inferno do que vós. Ai de vós, escribas e
fariseus, hipócritas! porque sois semelhantes aos sepulcros
caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por
dentro estão cheios de ossos e de toda imundícia. Assim
também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas
por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.
Serpentes, raça de víboras! como escapareis da
condenação do inferno? Portanto, eis que eu vos envio
profetas, sábios e escribas: e a uns deles matareis e
crucificareis; e a outros os perseguireis de cidade em cidade”291
Ele advertiu, preveniu:
“Não penseis que eu vim trazer paz à terra. Não vim trazer
paz, mas a espada. Pois eu trazer dissensão.”292
290
Mat 21:12,13. 291
Versículos: 13,15,27,28,33,34. 292 Mateus 10:34,35.
119
A resposta de Jesus era repleta de amor por Pedro, o qual tinha
acabado de nomear líder da igreja, mas naquele momento Ele estava
amando Pedro de maneira diferente do que estamos acostumados a
entender:
“23 Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de
mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não
estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens”.293
Aproveitando então o incidente Ele aproveita para ensinar mais:
“24 Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer
vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e
siga-me; 25 pois, quem quiser salvar a sua vida por amor
de mim perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á. 26 Pois que aproveita ao homem se
ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? ou que dará
o homem em troca da sua vida?”294
Ou seja, se alguém quer ser um soldado de Cristo vai ter que se comportar como tal e jamais vai pensar em facilidades ou em ficar
durante a vida só “tomando refresco debaixo da árvore, balançando
em uma rede”. Economizar-se e acumular tesouros só para esta vida
é uma atitude muito longe da realidade cristã:
“4 Nenhum soldado em serviço se embaraça com negócios
desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a
guerra”.295
Não é assim que esperavam os religiosos que fosse o Messias, mas
tinham em mente um homem que viesse em grande pompa, e que
jamais nascesse em uma estrebaria ou entrasse em Jerusalém montado em um pequeno jumento, bastante desengonçado, porém...
“28 Ao concluir Jesus este discurso, as multidões se
maravilhavam da sua doutrina; 29 porque as ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas”296
... o Mestre falava com simplicidade e verdade e é isso que dá autoridade a um homem.
“Autoridade não é mandar, mas servir humildemente”.297
293 Mateus 16. 294
Mateus 16. 295
II a Timóteo 2:4. 296 Mateus 7:28,29.
120
7.b Quem é fraco e quem é forte?
O que fala Salomão sobre autoridade e ira? Ele chegou a mesma
conclusão que Paulo, pois tinham a mesma fonte de aprendizado:
“32 Melhor é o longânimo do que o valente; e o que domina o
seu espírito do que o que toma uma cidade”.298
Qual o perfil dos heróis da fé? O Livro de Hebreus fala destes:
“34 apagaram a força do fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram forças, tornaram-se poderosos na
guerra, puseram em fuga exércitos estrangeiros.299
Eles confirmam a tese. O forte terá que se tornar fraco para ser forte:
“9 Proclamai isto entre as nações: Preparai a guerra, suscitai
os valentes. Cheguem-se todos os homens de guerra, subam
eles todos. 10 Forjai espadas das relhas dos vossos arados, e
lanças das vossas podadeiras; diga o fraco: Eu sou forte”.300
297
Livro: Autoridade Espiritual/ W.Nee/ p.220. 298
Prov 16:32. 299
Hebreus 11:34. 300 Joel 2:9,10.
121
7.c Irai-vos, mas não pequeis
Vamos continuar a meditar neste tema, com muita parcimônia e
responsabilidade, para que Deus nos indique o ponto de equilíbrio, já
que esta não é uma matéria fácil, mas dificílima. Como já falamos,
não existe fórmula para se saber a medida exata do equilíbrio, mas o Autor da Vida, o Espírito Santo de Deus dará ao que crê e que O
buscar, a receita para ser uma pessoa equilibrada, no exato momento
do fato e com a pessoa em questão. Observamos também que a
Bíblia, que é o Verbo, a Palavra de Deus, ou seja, a pessoa de JESUS, o próprio Deus, chama-se também VERDADE, e portanto jamais vai
colocar nada debaixo do tapete, mas sim tudo em cima do telhado301.
O nome de Deus também é Luz e não terá comunhão alguma com trevas, coisa escusa ou oculta, e esta é a razão d’Ele não esconder
nada de nenhum dos seus seguidores, mas de maneira absoluta Deus
nos mostra as fragilidades de cada um:
“17 Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós, e
orou com fervor para que não chovesse, e por três anos e seis
meses não choveu sobre a terra”.302
Deus está falando que a autoridade que Ele instituiu é falha como
qualquer uma, mas mesmo assim deve ser respeitada para que a
ordem e a decência303 seja mantida, sob pena deste incorrer em
pecado de rebeldia que é igual ao pecado de feitiçaria.304 Mais uma
vez vamos ler Romanos 13:
“2 Por isso quem resiste à autoridade resiste à ordenação de
Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. 3 Porque os magistrados não são motivo de temor para os que
fazem o bem, mas para os que fazem o mal. Queres tu, pois,
301 Marcos 4:22. 302
Tiago 5:17. 303
I aos Cor 14:40. 304 I a Samuel 15:22,23.
122
não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor
dela”.305
A lei não constitui terror para a boa conduta, mas para a má.
“4 porquanto ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se
fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador em ira contra aquele que pratica
o mal. 5 Pelo que é necessário que lhe estejais sujeitos, não
somente por causa da ira, mas também por causa da
consciência. 6 Por esta razão também pagais tributo; porque
são ministros de Deus, para atenderem a isso mesmo. 7 Dai a
cada um o que lhe é devido: a quem tributo, tributo; a quem
imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra”.306
Deve-se respeito aos bons, é claro, mas também aos maus:
“18 Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos vossos
senhores, não somente aos bons e moderados, mas também
aos maus. 19 Porque isto é agradável, que alguém, por
causa da consciência para com Deus, suporte tristezas, padecendo injustamente. 20 Pois, que glória é essa, se,
quando cometeis pecado e sois por isso esbofeteados, sofreis
com paciência? Mas se, quando fazeis o bem e sois afligidos, o
sofreis com paciência, isso é agradável a Deus. 21 Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por
vós, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas.22
Ele não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano; 23 sendo injuriado, não injuriava, e quando padecia não
ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente”.307
305
Romanos 13. 306
Romanos 13: 2/7. 307 I a Pedro 2:18/23.
123
7.d Fala W. Nee
“É absolutamente impossível rejeitar a autoridade delegada e
continuar sujeito diretamente a Deus; rejeitar o primeiro é o mesmo que rejeitar o segundo. Só um louco tem prazer em
falar diante da autoridade delegada. “O sintoma daqueles que
desprezam a autoridade é a resposta pronta, isto é, a anunciação das
palavras rebeldes”. 308
Portanto, não se pode abrir mão do temor, reverência, respeito, e,
sobretudo, do amor. Como vimos, Deus nos fala que Ele se agrada
que se sofra a injustiça antes de desonrar uma autoridade que Ele
mesmo estabeleceu. Deve-se entregar a causa na mão d’Ele para que venha a harmonia. Assim como nas leis humanas é crime fazer
justiça com as próprias mãos, mesmo estando certo, nas Leis
Perfeitas também é assim.
“É d’Ele a vingança, Ele retribuirá”.309
Portanto, autoridade é um assunto muitíssimo sério sempre. Mais um
pouco de W Nee:
“Quanto mais rápido alguém se prostra, mas depressa o Senhor o
vinga”.310
“A autoridade e a auto defesa são incompatíveis. Aquele contra o qual
você se defende, torna-se seu juiz. Ele se coloca em posição mais alta quando você responde às suas críticas. Aquele que fala de si
mesmo está sob julgamento; portanto não tem autoridade. Sempre
que uma pessoa tenta se justificar, perde a sua
autoridade”.311
Vamos colocar adiante, um capítulo focalizando só este tema, que
percebemos está intimamente ligado ao tema central desta
meditação.
308 Livro: Autoridade Espiritual; W.Nee; os. 73,88. 309
Romanos 12:19. 310
Autoridade Espiritual/ W.Nee, p.212. 311 Idem, p. 161.
124
7.e Situações especiais
1. Elias se irou:
“23 Então subiu dali a Betel; e, subindo ele pelo caminho, uns
meninos saíram da cidade, e zombavam dele, dizendo: Sobe,
calvo; sobe, calvo! 24 E, virando-se ele para trás, os viu, e os amaldiçoou em nome do Senhor. Então duas ursas saíram do
bosque, e despedaçaram quarenta e dois daqueles meninos.
25 E dali foi para o monte Carmelo, de onde voltou para Samária”.312
2. Neemias também:
“25 Contendi com eles, e os amaldiçoei; espanquei alguns
deles e, arrancando-lhes os cabelos, os fiz jurar por Deus, e
lhes disse: Não darei vossas filhas a seus filhos, e não
tomareis suas filhas para vossos filhos, nem para vós mesmos. 26 Não pecou nisso Salomão, rei de Israel? Entre muitas
nações não havia rei semelhante a ele, e ele era amado de seu
Deus, e Deus o constituiu rei sobre todo o Israel. Contudo mesmo a ele as mulheres estrangeiras o fizeram pecar. 27 E
dar-vos-íamos nós ouvidos, para fazermos todo este grande
mal, esta infidelidade contra o nosso Deus, casando com
mulheres estrangeiras”.313
3. Aqui o Apóstolo Pedro:
“18 Quando Simão viu que pela imposição das mãos dos apóstolos se dava o Espírito Santo, ofereceu-lhes dinheiro, 19
dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele
sobre quem eu impuser as mãos, receba o Espírito Santo. 20
Mas disse-lhe Pedro: Vá tua prata contigo à perdição, pois
cuidaste adquirir com dinheiro o dom de Deus. 21 Tu não tens
parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é
reto diante de Deus. 22 Arrepende-te, pois, dessa tua maldade, e roga ao Senhor para que porventura te seja
perdoado o pensamento do teu coração; 23 pois vejo que
estás em fel de amargura, e em laços de iniqüidade. 24 Respondendo, porém, Simão, disse: Rogai vós por mim ao
Senhor, para que nada do que haveis dito venha sobre mim”.314
4. E o Apóstolo Paulo, cheio do Espírito Santo:
“6 Havendo atravessado a ilha toda até Pafos, acharam um
certo mago, falso profeta, judeu, chamado Bar-Jesus, 7 que estava com o procônsul Sérgio Paulo, homem sensato. Este
312
II a Reis 2:23/25. 313
Neemias 13:25/27. 314 Atos 8:18:24.
125
chamou a Barnabé e Saulo e mostrou desejo de ouvir a
palavra de Deus. 8 Mas resistia-lhes Elimas, o encantador
(porque assim se interpreta o seu nome), procurando desviar a fé do procônsul. 9 Todavia Saulo, também chamado Paulo,
cheio do Espírito Santo, fitando os olhos nele, 10 disse: ó
filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perverter os
caminhos retos do Senhor? 11 Agora eis a mão do Senhor
sobre ti, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo.
Imediatamente caiu sobre ele uma névoa e trevas e, andando à roda, procurava quem o guiasse pela mão. 12 Então o
procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhando-
se da doutrina do Senhor”. 315
5. Paulo, em outra situação:
“1 Geralmente se ouve que há entre vós imoralidade, imoralidade que nem mesmo entre os gentios se vê, a ponto
de haver quem vive com a mulher de seu pai. 2 E vós estais
inchados? e nem ao menos pranteastes para que fosse tirado
do vosso meio quem praticou esse mal? 3 Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no espírito, já
julguei, como se estivesse presente, aquele que cometeu este
ultraje. 4 Em nome de nosso Senhor Jesus, congregados vós e o meu espírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus, 5 seja
entregue a Satanás para destruição da carne, para que o
espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus. 6 Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a
massa toda? 7 Expurgai o fermento velho, para que sejais
massa nova, assim como sois sem fermento. Porque Cristo,
nossa páscoa, já foi sacrificado”.316
Há um júbilo no coração ao perceber que a atitude de Paulo deu certo
pois o tal foi salvo realmente:
“Ora, se alguém tem causado tristeza, não me tem contristado
a mim, mas em parte (para não ser por demais severo) a
todos vós. Basta a esse tal esta repreensão feita pela maioria. De maneira que, pelo contrário, deveis antes perdoar-lhe e
consolá-lo, para que ele não seja devorado por excessiva
tristeza. Pelo que vos rogo que confirmeis para com ele o
vosso amor”.317
Não podemos, é claro, sair por aí entregando ninguém a satanás sem
sofrer o dano depois. O equilíbrio aqui é ainda mais estreito e
especial. Observamos, por exemplo, que quando Deus entrega a
315
Atos 13:6/12. 316
I aos Cor 5:1/7. 317 II aos Cor 2:5/8.
126
pessoa às suas paixões infames318, ou um pai deixa que o filho
“quebre a cara” talvez estejam fazendo isso com propriedade.
Cremos que no caso a intenção de Paulo foi afastar o tal da
comunhão com o corpo de Cristo para que ele sentisse na pele a diferença entre um reino e outro e poder então tomar uma atitude de
escolha: ou quente ou frio, morno, jamais.319
Só nestes exemplos teremos material suficiente para nos intrigar, meditar, pensar...
“Tendo o Senhor passado perante Moisés, proclamou: Jeová,
Jeová, Deus misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade;”.320
A ira de Deus, embora seja avassaladora é bem tardia. Talvez por
isso as pessoas abusam tanto. Deus então, se ira?
“Ergue-te, Senhor, na tua ira;”.321
“Deus é um juiz justo, um Deus que sente indignação todos os dias”.322
Convenhamos que Deus tem motivo de sobra para se indignar:
“E Jesus, respondendo, disse: ó geração incrédula e perversa!
até quando estarei convosco? até quando vos sofrerei?...”.323
“Ó néscios, e tardios de coração para crer em tudo os que os profetas disseram!”.324 Fala Deus através de Salomão: “Até
quando, ó estúpidos, amareis a estupidez?325 Eis a sabedoria:
“Eu ouvi, Senhor, a tua fama, e temi; aviva, ó Senhor, a tua
obra no meio dos anos; faze que ela seja conhecida no meio
dos anos; na ira lembra-te da misericórdia”.326
Como se pode ver, a ira, a indignação de Deus é algo terrível. De
muitas maneiras, diversas vezes e em vários textos, pode-se meditar nas Escrituras Sagradas sobre o tema. Não de pode esquecer que:
“Deus é amor e fogo consumidor”.327
318
Romanos 1. 319
Apoc 3. 320
Êxodo 34:6. 321 Salmo 7:6. 322 Salmo 7:11. 323 Mateus 17:17. 324 Lucas 24:25. 325
Prov 1:22. 326
Habacuque 3:2. 327 Hebreus 12:29.
127
7.f Até onde obedecer?
Eis aqui uma situação em que uma esposa foi fiel à autoridade do
marido, porém colocando-o acima de Deus. Os dois foram condenados. Safira passou do ponto de equilíbrio:
“1 Mas um certo homem chamado Ananias, com Safira, sua
mulher, vendeu uma propriedade, 2 e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e levando a outra parte, a
depositou aos pés dos apóstolos. 3 Disse então Pedro:
Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço do
terreno?4 Enquanto o possuías, não era teu? e vendido, não
estava o preço em teu poder? Como, pois, formaste este
desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a
Deus. 5 E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E
grande temor veio sobre todos os que souberam disto. 6
Levantando-se os moços, cobriram-no e, transportando-o para fora, o sepultaram. 7 Depois de um intervalo de cerca de três
horas, entrou também sua mulher, não sabendo o que
havia acontecido. 8 E perguntou-lhe Pedro: Dize-me:
Vendestes por tanto aquele terreno? E ela respondeu: Sim, por
tanto. 9 Então Pedro lhe disse: Por que é que combinastes
entre vós provar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés
dos que sepultaram o teu marido, e te levarão também a ti. 10
Imediatamente ela caiu aos pés dele e expirou. E entrando os moços, acharam-na morta e, levando-a para fora, sepultaram-
na ao lado do marido. 11 Sobreveio grande temor a toda a
igreja e a todos os que ouviram estas coisas”.328
Quem é a autoridade máxima?
“Amar a Deus sobre todas as coisas...”.329
Fala Jesus a Pilatos:
“10 Disse-lhe, então, Pilatos: Não me respondes? não sabes que tenho autoridade para te soltar, e autoridade para te
crucificar”. 11 Respondeu-lhe Jesus: Nenhuma autoridade
terias sobre mim, se de cima não te fora dado; por isso
aquele que me entregou a ti, maior pecado tem”.330
Pedro ensina que sujeitar-se às autoridades é primordial:
328
Atos 5:1/11. 329
Mateus 22:37/40. 330 João 19:10.11.
128
“13 Sujeitai-vos a toda autoridade humana por amor do
Senhor, quer ao rei, como soberano”.331
E mais:
“10 especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em
imundas concupiscências, e desprezam toda autoridade.
Atrevidos, arrogantes, não receiam blasfemar das dignidade”.
332
Êxodo também registra esta matéria:
“20 Eis que eu envio um anjo (uma autoridade de Deus)
adiante de ti, para guardar-te pelo caminho, e conduzir-te ao
lugar que te tenho preparado. 21 Anda apercebido diante dele, e ouve a sua voz; não sejas rebelde contra ele, porque não
perdoará a tua rebeldia; pois nele está o meu nome”.333
7.g Quando se perde autoridade
Eli perde autoridade por causa dos filhos.334 Observemos o juízo
terrível para um pai que não tem autoridade. Evidentemente temos que evidenciar que nesta época ainda não havia o sacrifício de Cristo
e junto com isto o resgate de quem crer e se arrepender, a
intercessão valiosa do Salvador que faz sempre uma grande
diferença, em relação ampla defesa que vem d’Este que é o
Advogado Invicto. Até a Sua volta, Ele ainda não atua como o Juiz, mas como DEFENSOR, SALVADOR, QUE VEM DEFENDER O QUE ESTÁ
PERDIDO. Depois da Sua volta, descreve o Apocalipse que virá como
Juiz, e ai daquele que negligenciou a tão grande oportunidade de tê-
Lo como Advogado:
“47 E, se alguém ouvir as minhas palavras, e não as guardar,
eu não o julgo; pois eu vim, não para julgar o mundo, mas
para salvar o mundo. 48 Quem me rejeita, e não recebe as
minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho
pregado, essa o julgará no último dia”.335
Não vamos cair na tentação de achar que o Deus do Velho Testamente era sanguinário e o Deus do Novo é “bonzinho”, como
muitos por ignorância falam, pois escrito:
331 I a Pedro 2:13. 332 II a Pedro 2:10. 333
Êxodo 23:20/21; 334
Trecho do texto “O Ponto de Equilíbrio”. 335 João 12:46,47.
129
“Eu, o Senhor, não mudo”.336 “E disse o Senhor a Samuel: Eis
que vou fazer uma coisa em Israel, a qual todo o que ouvir lhe
tinirão ambos os ouvidos. Naquele mesmo dia suscitarei contra Eli tudo quanto tenho falado contra a sua casa,
começarei e acabarei. Porque eu já lhe fiz saber que julgarei a
sua casa para sempre, pela iniqüidade que ele bem conhecia, porque, fazendo-se os seus filhos execráveis, não os
repreendeu. Portanto, jurei à casa de Eli que nunca jamais
será expiada a sua iniqüidade, nem com sacrifício, nem com
oferta de alimentos.337
Será que é coisa fácil e banal, uma pessoa ensinar os filhos que são a
“herança do Senhor”338, ou levar esta responsabilidade
negligentemente? Vemos no texto abaixo, que Eli foi juiz de Israel por 40 anos e percebemos que ele “falava”, mas não tomava uma
atitude, não tinha frutos de querer resolver:
“12 Ora, os filhos de Eli eram homens ímpios; não conheciam ao Senhor”.339
“17 Era, pois, muito grande o pecado destes mancebos
perante o Senhor, porquanto os homens vieram a
desprezar a oferta do Senhor”.340
“22 Eli era já muito velho; e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel, e como se deitavam com as mulheres
que ministravam à porta da tenda da revelação. 23 E disse-
lhes: Por que fazeis tais coisas? pois ouço de todo este povo
os vossos malefícios. 24 Não, filhos meus, não é boa fama esta que ouço. Fazeis transgredir o povo do Senhor. 25 Se um
homem pecar contra outro, Deus o julgará; mas se um homem
pecar contra o Senhor, quem intercederá por ele? Todavia eles não ouviram a voz de seu pai, (...).”341
“28 E eu o escolhi dentre todas as tribos de Israel para ser o
meu sacerdote, para subir ao meu altar, para queimar o incenso, e para trazer o éfode perante mim; e dei à casa de
teu pai todas as ofertas queimadas dos filhos de Israel. 29 Por
que desprezais o meu sacrifício e a minha oferta, que
ordenei se fizessem na minha morada, e por que honras a teus filhos mais de que a mim, de modo a vos
engordardes do principal de todas as ofertas do meu
povo Israel? 30 Portanto, diz o Senhor Deus de Israel: Na
verdade eu tinha dito que a tua casa e a casa de teu pai
336 Malaquias 3:6. 337 I a Samuel 3:11/14. 338 Salmo 127:3. 339
I a Samuel 2:12. 340
I a Samuel 2:17. 341 I a Samuel 2:22/25.
130
andariam diante de mim perpetuamente. Mas agora o Senhor
diz: Longe de mim tal coisa, porque honrarei aos que me
honram, mas os que me desprezam serão desprezados. 31 Eis que vêm dias em que cortarei o teu braço e o braço da casa de
teu pai, para que não haja mais ancião algum em tua casa. 32
E tu, na angústia, olharás com inveja toda a prosperidade que hei de trazer sobre Israel; e não haverá por todos os dias
ancião algum em tua casa”.342
“13 Porque já lhe fiz saber que hei de julgar a sua casa para sempre, por causa da iniqüidade de que ele bem sabia, pois os
seus filhos blasfemavam a Deus, se tornaram execráveis, e
ele não os repreendeu. 14 Portanto, jurei à casa de Eli que
nunca jamais será expiada a sua iniqüidade, nem com
sacrifícios, nem com ofertas”.343
Isto é muito grande e terrível. Falei sobre estas passagens vezes sem conta para muitas pessoas, escrevi sobre o tema várias vezes, mas
nunca percebi que Deus estava falando antes comigo, depois para o
que me escutava. Um pai age como o Pai dos Pais, ou seja, corrige o
filho que ama, e suporta este momento de correção, sem “arregar”, sem afrouxar, sem dar lugar a sentimentos humanos que não levam
ninguém a sair do lugar, a subir degraus, mas muito ao contrário.
Quantos líderes passam por este conflito: ensinam para os filhos de
outros, mas no “seu momento” fica cego e não percebe que está
fazendo, o que ensina que não é para fazer. Por causa deste crime, Eli perdeu tudo, ou seja, não estamos falando de coisas ”baratas”. Ai
de nós se não fora a intercessão de Jesus!!!
É interessante e intrigante notar, que Deus falou que Eli foi condenado junto com seus filhos, porque eles se tornaram execráveis
e ele não os repreendeu; no entanto, no capítulo anterior344,
observamos que ele falava sim, aos filhos, embora eles não o
escutassem. O que entendemos então, depois do nos espantar e nos encher de temor, é que, falar não significa quase nada se as palavras
não vierem acompanhadas de uma atitude. Eu sempre fui uma
pessoa de muitas atitudes, mas, Deus me mostrou que muitas vezes
incorri neste erro de Eli, e não percebi de maneira alguma, no
momento. Quantas vezes coloquei minhas filhas na frente de Deus, sem jamais perceber a tragédia? Quantas vezes as socorri e ajudei
quando deveria deixar que elas resolvessem sozinhas o embrolho que
tinham feito, perdendo totalmente o ponto de equilíbrio na justiça a
ser aplicada? Quantas vezes ensinei sobre esta matéria, e, mesmo com o coração muito sincero, não percebi que estava fazendo
exatamente o mesmo que dizia que não era para fazer.
342
I a Samuel 2:28/32. 343
I a Samuel 3:13/14. 344 Cap 2:23.
131
Sem perceber, falava exatamente como Eli, dizendo a elas do
péssimo testemunho e do quanto estavam deixando “barato” diante
dos outros o evangelho que tanto aprenderam. Na verdade, na minha atitude permissiva, sem perceber, eu também estava transformando
a Casa de Deus que está em minha casa, em esconderijo de
malfeitores. Ah! Que coisa impressionante este fato, pois prego esta
matéria há muitos anos, e na verdade estava como o Rei Davi diante do profeta, quando exclamava com todos os seus pulmões o seu
repúdio por aquele homem que tinha cometido tal crime, sem se dar
conta de que era ele mesmo o criminoso. Cometeu um pecado
terrível, pelo qual pagou um preço alto, e no momento que foi argüido, não tendo ainda percebido que aquele homem execrável era
ele mesmo, deu ele mesmo a sua própria sentença:
“5 Então a ira de Davi se acendeu em grande maneira contra aquele homem; e disse a Natã: Vive o Senhor, que digno de
morte é o homem que fez isso. 6 Pela cordeira restituirá o
quádruplo, porque fez tal coisa, e não teve compaixão. 7 Então
disse Natã a Davi: Esse homem és tu (...)”.345
No momento de agir, como falei, eu não agia e nem pensava como
Jesus, o Mestre, quando sua mãe e seus irmãos, depois de saírem
para buscar as autoridades para prendê-lo dizendo que Ele estava louco, retornaram tempos depois e mandaram chamar o Mestre:
”46 Enquanto ele ainda falava às multidões, estavam do lado
de fora sua mãe e seus irmãos, procurando falar-lhe. 47 Disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, e
procuram falar contigo. 48 Ele, porém, respondeu ao que lhe
falava: Quem é minha mãe? e quem são meus irmãos? 49 E,
estendendo a mão para os seus discípulos disse: Eis aqui
minha mãe e meus irmãos. 50 Pois qualquer que fizer a
vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão,
irmã e mãe”.346
Há momentos então que os irmãos, os filhos, a mãe, o pai, ou seja, a
nossa família, não é mais a nossa família, pois não estão fazendo a
vontade de Deus. Não é isso o que o texto fala? Não nos enganemos,
pois de Deus não se zomba347:
“21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino
dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. 22 Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não
profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não
345
II a Samuel 12:5/7. 346
Mateus 12:46/50. 347 Salmo 2:4.
132
expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos
milagres”. ”11 Depois vieram também as outras virgens (as
pessoas que não levam as coisas de Deus a sério), e disseram:
Senhor, Senhor, abre-nos a porta”. “46 E por que me chamais:
Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos digo?”.348
Sim, há momentos em que em que dentro da família estão os piores inimigos:
“32 Portanto, todo aquele que me confessar diante dos
homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está
nos céus. 33 Mas qualquer que me negar diante dos homens,
também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus. 34
Não penseis que vim trazer paz à terra (Jesus é o Príncipe da
Paz); não vim trazer paz, mas espada. 35 Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe,
e a nora contra sua sogra; 36 e assim os inimigos do
homem serão os da sua própria casa. 37 Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem
ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de
mim. 38 E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim,
não é digno de mim. 39 Quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á”.349
Isto não é perfeito? Pode não ser para o homem que não está
acostumado com a retidão de Deus, mas, com certeza, isto é perfeito
e justo. Deus tem me mostrado o quanto é difícil lidar com esta situação. Davi perdeu o reinado por obra desumana e maldita do seu
filho. Quantas vezes isto acontece com as pessoas de Deus, pessoas
honradas. Perdem a sua função por causa do péssimo testemunho
dos seus filhos. O próprio Samuel tinha filhos pervertidos e isto fez com que os homens pedissem um rei e desprezassem o juiz Samuel
(o último juiz). Deus avisou que seria isto uma lástima e explicou
como seria a opressão dessa liderança humana, mas mesmo assim, o
homem cometeu o pecado de trocar o Rei dos Reis por um rei da terra. Pagamos o preço até hoje, 350mas temos a boa notícia que no
final dos tempos o Senhor irá estabelecer os juízes como eram
dantes. Consultar um juiz elimina toda a burocracia, vem abolir
também todos os títulos que hoje se vê cada vez mais profusos, e também, como se sabe, um juiz não é partidário, e, portanto, muito
mais fácil de se lidar, e muito menos subornável. Fala também que
haverá um só Pastor e um só rebanho, ou seja, está na hora de
depor Saul (que representa os reis mercenários, a desobediência) e
348 Mateus 7:21,22. 349 Mateus 10:32/39. 350 Vide o texto: “Os Protestos de Hoje”.
133
ungir Davi (entronizar novamente Jesus), como fala a música de
Fernandinho351:
Eu faço parte de um novo tempo/ Que está nascendo em minha nação/ Eu sou o fruto de uma semente/ Que foi plantada há muito
tempo atrás/ Por meus irmãos/ A geração de Samuel está se
levantando/ Em todo o lugar/ Geração que depõe Saul/ Geração que unge Davi/ Para um tempo de louvor/ A geração segundo o coração
de Deus, que está enchendo, invadindo a terra de profetas, profetas,
profetas... que cumprem os propósitos de Deus nesta terra.
Está na hora de tirar o Saul, não só do púlpito dos templos da
Babilônia, mas também este que mora dentro de nós E
também entronizar Jesus, a Raiz de Davi, nas nossas atitudes. Como dizia, o reinado de Israel, que representa o reinado de Deus na
terra tinha sofrido estupenda afronta, e o rei Davi, quando soube da
notícia que os seus guerreiros valorosos tinham resgatado a honra do
rei, pois Absalão, seu filho, estava fora do caminho, ele não se dava
conta de nada disso. Estava cego, como veremos nos textos a seguir. Assim ficam muitos pais, pois não é nem um pouco fácil discernir,
suportar esta situação, equilibradamente. As pessoas são
independentes na terra, pessoas únicas, e todas com o total livre
arbítrio para decidirem escolher o que quiserem para suas vidas, seja a morte ou a vida, o céu ou o inferno, Deus ou o diabo, quanto mais
se um dia vão decidir amar ou odiar, cuidar ou matar a paulada
enquanto dormem, os seus pais. Como já mencionamos, o único
artigo dos Dez Mandamentos que coloca a condição da pessoa morrer mais cedo se não o cumprir, é o de honrar pai e mãe. Porque isso?
Porque Deus é justo.
Se as pessoas são como são: independentes, e muitas vezes
terríveis, porque haveria então alguém, sabendo que no futuro poderia ser desrespeitada ou agredida, concordaria, consentiria, ou
“emprestaria” o seu corpo para gestar alguém, passaria a sua vida
cuidando deste alguém, limpando seu bumbum, ficando muitas vezes
sem dormir, pagando sua formação profissional? Para que tudo isso? Para nada? Muitos pais, depois de tanto, são internados em asilos,
depois de roubados, quando não são mortos. Porque alguém se
arriscaria a tanto? Porque ainda se ouve dizer que pai e mãe cria o
filho para o mundo e não para esperar nada dele? Deus não espera nada de nós? Quem já não ouviu falar da frase tão comum e tão
injusta: “Eu não pedi para nascer, vocês que se virem!”. Chegamos à
conclusão que o sentimento no coração de uma mãe e de um pai é
sobrenatural, ou seja, Deus coloca no coração de alguém este sentimento: o de gestar, cuidar, renunciar, para que outra pessoa
possa ter a vida. E é muito difícil, ou mesmo quase impossível
351 Ministério Avivamento.
134
suportar não se ter a retribuição do respeito, do zelo, do cuidado, do
carinho, da consideração, do amor, e muitas vezes do suprimento
material, pois o coração dos pais não são programados neste sentido.
O normal e natural é esperar pela retribuição dos filhos. Ou não? Ou vamos esperar e achar natural que um dia percebamos que os filhos
são cobras que criamos para nos morder? Claro que não! Vamos
deixar de tratá-los e de dar-lhes toda a honra, por não ter ainda visto
qual vai ser o futuro? Enquanto estamos cuidando deles, amando-os, vamos ficar fazendo a barganha? Todos sabem que isso nem sequer
passa pelo coração de um pai ou uma mãe (não estamos falando aqui
dos pais “doentes”), mas todos sabem também que os pais esperam,
evidentemente, serem reconhecidos. Por tudo isso, Deus, com justiça tem um juízo muito duro para os que desonram seus pais.
Como dizia, Davi estava cego, pois era um pai, e neste momento
deixou o Reino de Deus em segundo plano, como eu já fiz sem
perceber, mesmo ensinando a tantos que colocar o carro na frente
dos bois, vai impedir que este ande. Vem o mensageiro dar a boa
notícia para Davi:
“27 Disse mais a sentinela: O correr do primeiro parece ser o
correr de Aimaaz, filho de Zadoque. Então disse o rei: Este é homem de bem, e virá com boas novas”.352
Quais seriam as boas novas que o rei estava esperando? Certamente
que o seu reinado havia sido recuperado, conforme a vontade de Deus!)
“28 Gritou, pois, Aimaaz, e disse ao rei: Paz! E inclinou-se ao
rei com o rosto em terra, e disse: Bendito seja o Senhor teu
Deus, que entregou os homens que levantaram a mão
contra o rei meu senhor”. 353
352
II Samuel 18. 353 II Samuel 18.
135
E quem eram esses homens?
“29 Então perguntou o rei ... “354
(Ele perguntaria então sobre o Reino de Deus? Infelizmente não, mas
pelo filho, que era o mesmo impostor que o havia desonrado tanto, e
tramado por tanto tempo, com muita astúcia, roubar o seu reinado e
afrontar o Reino de Deus na terra!)
“... Vai bem o mancebo Absalão? Respondeu Aimaaz:
Quando Joabe me mandou a mim, o servo do rei, vi um grande
alvoroço; porem não sei o que era. 30 Disse-lhe o rei: Põe-te aqui ao lado. E ele se pôs ao lado, e esperou de pé. 31 Nisso
chegou o cuchita, e disse: Boas Novas para o rei meu
senhor. Pois que hoje o Senhor te vingou da mão de todos os que se levantaram contra ti”.
Quem tinha se levantado contra o rei? O seu filho, mas ele não queria
saber de nada disso...
“32 Então perguntou o rei ao cuchita”
Eis aqui a sua única preocupação no momento, ou seja, o Rei Davi, saiu fora das suas atribuições de Rei, e também da justiça, do juízo,
do equilíbrio...
“Vai bem o mancebo Absalão? Respondeu o cuchita: Sejam como aquele mancebo os inimigos do rei meu senhor, e
todos os que se levantam contra ti para te fazerem mal.
33 Pelo que o rei ficou muito comovido ...
... não porque o Reino de Deus tinha sido recuperado...
... e, subindo à sala que estava por cima da porta, pôs-se a
chorar; e andando, dizia assim: Meu filho Absalão, meu
filho, meu filho Absalão! quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho”.355
É isso! Que coisa impressionante é o amor de um pai e uma mãe!
Porém, o Mandamento reza, como é óbvio, que Deus e o Seu Reino, estejam em primeiro lugar, e não foi assim que o “homem segundo o
coração de Deus” agiu, não porque quisesse deliberadamente
afrontar a Deus, ou que desconhecesse os Seus atributos, mas
porque já estava fragilizado pelo pecado anterior e pelas conseqüências advindos deste, e então, a cegueira espiritual
prevaleceu. Não podemos deixar de frisar que esta é uma matéria 354
II Samuel 18. 355 II a Samuel 18.
136
que não é para qualquer um aprender, mas só os adoradores poderão
se aprimorar aqui, e não sem sofrer, assim como foi com Jesus.356
No capítulo seguinte podemos ver Davi, ininterruptamente pranteando seu filho, e sem enxergar mais nada. O povo se
entristeceu muito vendo o seu rei chorar e gritar em alta voz a
decepção, a dor por ver o seu filho morto. O capitão da guarda então
vem ao rei:
“5 Então entrou Joabe na casa onde estava o rei, e disse: Hoje
envergonhaste todos os teus servos, que livraram neste dia a
tua vida, a vida de teus filhos e filhas, e a vida de tuas mulheres e concubinas, 6 amando aos que te odeiam, e
odiando aos que te amam. Porque hoje dás a entender que
nada valem para ti nem chefes nem servos; pois agora entendo que se Absalão vivesse, e todos nós hoje fôssemos
mortos, ficarias bem contente. 7 Levanta-te, pois, agora; sai e
fala ao coração de teus servos. Porque pelo Senhor te juro que, se não saíres, nem um só homem ficará contigo esta
noite; e isso te será pior do que todo o mal que tem vindo
sobre ti desde a tua mocidade até agora. 8 Pelo que o rei
se levantou, e se sentou à porta ...357
Como vemos aqui, muitas vezes o que está em posição de autoridade
precisará ser exortado por alguém; isto é uma situação
especialíssima.
... e avisaram a todo o povo, dizendo: Eis que o rei está
sentado à porta. Então todo o povo veio apresentar-se diante
do rei. Ora, Israel havia fugido, cada um para a sua tenda. 9 Entrementes todo o povo, em todas as tribos de Israel, andava
altercando entre si, dizendo: O rei nos tirou das mãos de
nossos inimigos, e nos livrou das mãos dos filisteus; e agora
fugiu da terra por causa de Absalão.”.358
Vemos que o alerta serviu para despertar Davi do sono maligno e o
chamar à realidade.
Temos que registrar também o outro lado da moeda:
“21 Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não fiquem
desanimados”.359
Muitas vezes feri minhas filhas com as seqüelas do comunismo dentro
de mim, e passei da medida, pois, ensinava a Lei de Deus, porém, 356 Hebreus 5:8. 357
II Samuel 19. 358
II a Samuel 19:5/9. 359 Colossenses 3:21.
137
defendendo a Lei, a indefensável, e deixando “as perdidas” para
segundo plano. Teremos que tratar também deste assunto que é o
lado dos filhos que são também tantas vezes adulterados pelo
tratamento que receberam dos pais ou responsáveis. Esta foi outra situação que me deixou mais uma vez no chão. Como poderia eu me
levantar? Onde estaria agora toda a minha autoridade diante desta
imagem horrível que via no Espelho naquele momento? O Espelho é a
Palavra que vem nos mostrar a sujeira para que possamos nos lavar com esta Água Poderosa que é esta mesma Palavra. Acreditava
naquele momento também que não haveria mais solução para mim,
assim como foi com Eli. Gemia diante do meu Criador. Dizia a Ele que
eu era um violão totalmente danificado e que Ele teria que consertar. O que é um violão? É um instrumento como outro qualquer, nem
melhor e nem pior, mas um instrumento adequado para um
determinado momento e para determinadas pessoas. E agora? Ele é
quem prometeu e quem acreditou nisso e não eu. Eu falei realmente mais da conta, estava no chão e sem perspectivas, em um deserto,
não conseguia levantar os olhos, me sentia absolutamente ridícula,
uma fraude. No entanto, conjecturava eu, meu coração só queria
acertar, eu só queria agradar a este Pai que eu tanto amava e temia.
Neste momento não conseguia lembrar que Jesus é o Intercessor e
que Eli não teve esta mesma sorte. Esta é a grande diferença entre
aqueles que são defendidos pelo Mestre e aqueles que não têm esta
oportunidade de ter Jesus como Advogado de Defesa. Quando li este texto a seguir e tantos outros em que Augusto Cury360 analisa a
personalidade dos discípulos de Jesus, totalmente falhos, dando a
impressão que eram os mais inadequados do mundo, assim como eu,
vi uma luz no final do túnel. Eis aqui um retalho, um resumo, ora parafraseando, ora transcrevendo pequenas frases salteadas dentro
do texto de um capítulo, desta obra importantíssima, deste autor
importantíssimo para todos nós:
O verdadeiro discípulo não é o que erra menos, o mais
ético ou mais puro, mas aquele que ama. Jesus não
demonstrou qualquer preferência, mas amava as diferenças. O amor
nos faz iguais, apesar de todas as diferenças. A unanimidade é estúpida, pois a beleza reside em amar as diferenças, em não exigir
que os outros sejam iguais a nós para que possamos amá-los. Ele
amava tanto as pessoas que jamais as pressionava em segui-lo. Não impunha suas idéias, mas convidava a que pensassem nelas. O amor
respeita o livre arbítrio, a livre decisão. O amor torna um
homem livre, mesmo quando está encarcerado. As
sociedades precisam de pessoas que amem. Exigimos muito porque amamos pouco. Jesus não impediu que Pedro o negasse e que Judas
o traísse: os fracos controlam, os fortes libertam. Jesus se
apaixonou de tal forma pela humanidade que quis ser como nós,
360 Resumo: Volume 5 “O Mestre Inesquecível”; Ed Sextante;2006;RJ; ps.164 SS.
138
igual a mim e a você. A grandeza da sua personalidade
expôs as falhas da personalidade dos seus seguidores;
estes, depois de o conhecerem, passavam então a sonhar os seus mais belos sonhos, e as suas vidas se tornavam um jardim de
sonhos, mesmo diante dos pesadelos. A guerra hoje acontece dentro
do homem, que é escravo dos seus próprios pensamentos. Jesus
tinha tempo para jantar na casa dos amigos, contemplava as flores, as caminhadas, e para espanto de todos, ele parava uma multidão
inteira para dar atenção a um cego, a um mendigo ou às crianças. Os
que viviam à sombra da sociedade sentiram-se como príncipes ao conhecê-lo. Jamais a vida teve tanto valor.
Comecei de novo... valeu a pena ter amanhecido... como é
maravilhoso descobrir que há uma chance:
“5 Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a
vida. O choro pode durar uma noite; pela manhã, porém, vem o cântico de júbilo”.361
Quantas pessoas estão desesperançadas e por isso mesmo
transgridem cada vez mais, porque não descobriram ainda a Porta para a liberdade. Como é divino receber um copo de água fresca no
deserto:
“5 Os que semeiam em lágrimas, com cânticos de júbilo segarão. 6 Aquele que sai chorando, levando a semente para
semear, voltará com cânticos de júbilo, trazendo consigo os
seus molhos”.362
Moisés, como já citamos, também perdeu autoridade de maneira
terrível, embora afirme a Palavra que foi o homem mais manso sobre
a terra. Não suportou a tentação de um povo rebelde e
contradizente:
“7 E o Senhor disse a Moisés: Toma a vara, e ajunta a
congregação, tu e Arão, teu irmão, e falai à rocha perante os
seus olhos, que ela dê as suas águas. Assim lhes tirarás água da rocha, e darás a beber à congregação e aos seus animais. 9
Moisés, pois, tomou a vara de diante do senhor, como este lhe
ordenou. 10 Moisés e Arão reuniram a assembléia diante da
rocha, e Moisés disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes!
Porventura tiraremos água desta rocha para vós? 11
Então Moisés levantou a mão, e feriu a rocha duas vezes
com a sua vara, e saiu água copiosamente, e a congregação bebeu, e os seus animais. 12 Pelo que o
Senhor disse a Moisés e a Arão: Porquanto não me
crestes a mim, para me santificardes diante dos filhos de
361
Salmo 30:5. 362 Salmo 127:5,6.
139
Israel, por isso não introduzireis esta congregação na
terra que lhes dei”.363
Ele não representou a Deus como deveria, pois pensava com o ânimo de Jonas, contaminado pelas atitudes daquele povo. Eles eram mais
fracos na fé, e por isso mesmo Deus o colocou como intercessor
deles, para que no momento da Sua Ira Santa, ele pudesse estar
clamando por eles, para então Ele os poder livrar364, exatamente como aconteceu várias vezes antes. Moisés foi o mesmo que falou o
que seria impossível que alguém falasse, ou seja, ele deu a sua vida
eterna por estas pessoas duras de coração, rebeldes e de fronte
obstinada, dizendo para Deus que se Ele não os libertasse, e, antes, os condenasse, riscasse então o seu nome do Livro da Vida, junto
com o deles. Dizia para Deus que se eles não pudessem entrar, ele
também não entraria, antes ficaria com eles. Isto é o intercessor: ele
se coloca no lugar da pessoa, como se fosse a própria pessoa, quando esta pessoa não tem noção da sua precariedade. Fala Moisés,
o homem mais manso que houve sobre a terra, segundo Deus:
“32 Agora, pois, perdoa o seu pecado; ou se não, risca-me do teu livro, que tens escrito”.365
Moisés perdeu o ponto de equilíbrio quando bateu duas vezes na
rocha, e isto foi fatal para o seu final de ministério, pois ele não estava considerando os princípios de Deus como deveria. Perdeu a
autoridade então:
“28 Como a cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não pode conter o seu espírito”.366 “23 a mansidão,
o domínio próprio; contra estas coisas não há lei”.367 “2 que a
ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas moderados,
mostrando toda a mansidão para com todos os homens”.368 “12 Revestí-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de
coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão,
longanimidade”.369 “1 Ora nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós
mesmos”.370
Meu Deus, nos socorra e nos capacite a vivenciar a Tua justiça!
363
Números 20:7/12. 364 Isaías 59:16. 365 Êxodo 32:32. 366 Prov 25:28. 367 Gálatas 5:23. 368
Tito 3:2. 369
Colosensses 3:12. 370 Romanos 15:1.
140
7.h O arrependimento
Maravilhosa oportunidade temos então através do sangue inocente
vertido no Calvário:
“... e rasgou-se ao meio o véu do santuário...”371
Ou seja, não precisaremos mais de intermediários para entrar com
ousadia no santuário de Deus. Após ser lavados com o sangue de
Jesus teremos acesso ao Pai, pois o véu do templo se rasgou de alto
a baixo. Todos têm acesso, basta crer e estar arrependido. De que?
De qualquer coisa e do tamanho que for. Foi consumado a salvação de toda a humanidade na cruz do Cristo Redentor, o que nos
substituiu e morreu no nosso lugar (Barrabás, o assaltante ficou
livre). Foi então rasgado o escrito da dívida e através dos seus
méritos incontestáveis e indizíveis, podemos nos tornar inculpáveis como Ele. Quando alguém está na presença d’Ele e das suas
promessas, ou seja, quando o reino de Deus está em primeiro lugar
na vida de uma pessoa, esta percebe então o empenho de Deus em
lhe ensinar a tomar posse daquilo que Ele deu, sob pena de perder o seu quinhão: por timidez, covardia, ignorância, hipocrisia. E aí este
não tem escolha: terá que tirar forças da sua fraqueza e declarar que
é forte372, que pode todas as coisas n’Ele que lhe fortalece373, ou
seja, esmagar o “gafanhoto”, o “escravo” que precisa ser liberto e que está dentro do homem que ainda não entendeu a liberdade em
Cristo, tudo isso, se quiser ser considerado filho. Não se entende
Deus com a mente, mas com o coração. Confia-se n’Ele e faz-se o
que Ele manda, entendendo ou não no momento, porque Ele é Deus,
é o Pai, Mãe, Amigo, Conselheiro, Médico, Advogado, Tudo, e a única pessoa em quem se pode confiar.
7.i Precisamos aprender a ousar
Aqui está um momento de revolta, momento em que a hipocrisia não
tem mais lugar; é o momento do tudo ou nada, em que as gentilezas
e a religião ficaram muito longe. Se Deus é Deus, então, terá que se
apresentar:
“11 Qual é a minha força, para que eu espere? Ou qual é o
meu fim, para que me porte com paciência? 12 É a minha força
a força da pedra? Ou é de bronze a minha carne”.374
“Tem compaixão de mim, Senhor, porque sou fraco..375.
371 Lucas 23:45. 372 Joel 3:10. 373
Filipenses 4:13. 374
Jó 6:11,12. 375 Salmo 6:2.
141
“... sara-me, Senhor, porque os meus ossos estão
perturbados. Também a minha alma está muito perturbada;
mas tu, Senhor, até quando? Volta-te, Senhor, livra a minha
alma; salva-me por tua misericórdia. Pois na morte não há
lembrança de ti; no Seol quem te louvará? Estou cansado
do meu gemido; toda noite faço nadar em lágrimas a minha cama, inundo com elas o meu leito”.376
Davi chegou aqui, como ordena a Palavra em Isaías:
“Apresentai a vossa demanda, diz o Senhor; trazei as vossas
firmes razões, diz o Rei de Jacó”.377
... sem hipocrisias, mas da maneira como se apresenta um filho
diante do Pai: temeroso, mas confiante na justiça. E também como
ordena Hebreus:
“Tendo pois, irmãos, ousadia para entrarmos no santíssimo
lugar, pelo sangue de Jesus, pelo caminho que ele nos
inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua
carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemos-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de
fé; tendo o coração purificado da má consciência, e o corpo
lavado com água limpa, retenhamos inabalável a confissão da
nossa esperança, porque fiel é aquele que fez a promessa;”.378
Eis aqui Gideão, ousando, porque a gota transbordou. Observe-se
aqui como responde um homem valoroso, e como o anjo falou a
respeito da força de Gideão. Ele disse que era nesta força, ou seja, na força da sinceridade, da revolta, da confiança e não da hipocrisia,
que ele seria liberto e junto com ele o seu povo:
“12 Apareceu-lhe então o anjo do Senhor e lhe disse: O Senhor
é contigo, ó homem valoroso. 13 Gideão lhe respondeu: Ai,
senhor meu, se o Senhor é conosco, por que tudo nos
sobreveio? e onde estão todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do
Egito? Agora, porém, o Senhor nos desamparou, e nos
entregou na mão de Midiã. 14 Virou-se o Senhor para ele e lhe
disse: Vai nesta tua força, e livra a Israel da mão de Midiã; porventura não te envio eu”.379
376 Salmo 6:2/6. 377
Isaías 41:21. 378
Hebreus 10:19,23. 379 Juízes 6:12/14.
142
7.j Precisamos aprender a amar
Paulo aos Filipenses:
“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que
é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que
é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e
se há algum louvor, nisso pensai”.380
Paulo aos Coríntios:
“1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o
címbalo que retine. 2 E ainda que tivesse o dom de profecia,
e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que
tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e
não tivesse amor, nada seria. 3 E ainda que distribuísse todos
os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que
entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse
amor, nada disso me aproveitaria. 4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não
se ensoberbece, 5 não se porta inconvenientemente, não
busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; 6 não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a
verdade; 7 tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 8 O
amor jamais acaba381 ...”
Teremos então que aprender a repetir o que disse Sócrates: “Só sei
que nada sei”.
7.k Precisamos aprender a clamar e a esperar
“1 Esperei com paciência pelo Senhor, e ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor. 2 Também me tirou duma cova de
destruição, dum charco de lodo; pôs os meus pés sobre uma
rocha, firmou os meus passos. 3 Pôs na minha boca um cântico novo, um hino ao nosso Deus; muitos verão isso e
temerão, e confiarão no Senhor. 4 Bem-aventurado o homem
que faz do Senhor a sua confiança, e que não atenta para os soberbos nem para os apóstatas mentirosos. 5 Muitas são,
Senhor, Deus meu, as maravilhas que tens operado e os teus
pensamentos para conosco; ninguém há que se possa
comparar a ti; eu quisera anunciá-los, e manifestá-los, mas são mais do que se podem contar. 6 Sacrifício e oferta não
desejas; abriste-me os ouvidos; holocausto e oferta de
expiação pelo pecado não reclamaste. 7 Então disse eu: Eis aqui venho; no rolo do livro está escrito a meu respeito: 8
380
Filipenses 4:8. 381 I aos Cor 13:1/8.
143
Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei
está dentro do meu coração. 9 Tenho proclamado boas-novas
de justiça na grande congregação; eis que não retive os meus lábios; 10 Não ocultei dentro do meu coração a tua justiça;
apregoei a tua fidelidade e a tua salvação; não escondi da
grande congregação a tua benignidade e a tua verdade. 11 Não detenhas para comigo, Senhor a tua compaixão; a tua
benignidade e a tua fidelidade sempre me guardem. 12 Pois
males sem número me têm rodeado; as minhas iniqüidades
me têm alcançado, de modo que não posso ver; são mais numerosas do que os cabelos da minha cabeça, pelo que
desfalece o meu coração. 13 Digna-te, Senhor, livra-me;
Senhor, apressa-te em meu auxílio. 14 Sejam à uma envergonhados e confundidos os que buscam a minha vida
para destruí-la; tornem atrás e confundam-se os que me
desejam o mal. 15 Desolados sejam em razão da sua afronta os que me dizem: Ah! Ah! 16 Regozijem-se e alegrem-se em ti
todos os que te buscam. Digam continuamente os que amam a
tua salvação: Engrandecido seja o Senhor. 17 Eu, na verdade,
sou pobre e necessitado, mas o Senhor cuida de mim. Tu és o meu auxílio e o meu libertador; não te detenhas, ó Deus
meu”.382
7.l Precisamos aprender a obedecer
... a exemplo do Mestre dos Mestres:
“7 O qual nos dias da sua carne, tendo oferecido, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que podia livrar da
morte, e tendo sido ouvido por causa da sua reverência, 8
ainda que era Filho, aprendeu a obediência por meio daquilo
que sofreu; 9 e, tendo sido aperfeiçoado, veio a ser autor de eterna salvação para todos os que lhe obedecem”.383
382
Salmo 40. 383 Hebreus 5:7/9.
144
7.m Por que as pessoas parecem gostar de apanhar...384
Como já citamos, as nossas afirmações sobre a apostasia da igreja
são fortes, mas bíblicas. É um recado que vou colocar em um microfone maior no tempo certo, segundo o preparo de Deus. O texto
específico (Os protestos de hoje) trata mais apinhadamente do
assunto, mas vamos colocar aqui as palavras de Caio Fábio, um
homem de Deus, inteligente, que ainda está publicamente com algumas contas a acertar, mas que, sem sombra de dúvidas nos trás
um material excelente, como este que colocamos a seguir, que casa
com as nossas afirmações, faltando apenas a declaração de
extermínio do status quo, sem deixar pedra sobre pedra, para surgir uma nova visão da igreja de Cristo, conforme fundamentamos nos
nossos escritos.385
Como vale a pena a fé. Observe o leitor como o autor fala sobre as mesmas coisas sem que nunca tivéssemos nos encontrado. Desta
mesma forma a Bíblia foi escrita: ditada por Deus, e, digitada pelos
seus secretários na terra. Fonseca,
... querido amigo e amado irmão, a quem eu desejo muita paz, graça
e todo o bem. Muito obrigado pelo seu carinho e amor, e saiba que a recíproca é verdadeira! Aperta-me o coração de ver a crueldade que
se faz às pessoas, em nome de Jesus! Tal sentimento desemboca em
indignação, como uma força motriz, assim como Jesus arrasou com a feira dentro do templo. Até Jesus ficava com raiva desse povo!
Por que isso, Fonseca? Por que muitos fazem essas crueldades,
destroem vidas, enchem de sentimento de culpa, aprisionam,
amedrontam, fazem o outro se sentir um lixo, tudo em nome de Deus, como se Ele quisesse isso. E o pior: por que os que sofrem tais
coisas se deixam levar por elas, aceitam, aplaudem, defendem, para,
depois, serem “mortos” pelas mesmas. Ah, meu Deus! Dê visão aos que estão cegos e só apalpam onde a víbora pode morder e o urso
despedaçar! Abraços,
Alysson _______________________________________________________
Resposta do Fonseca:
Meu querido amigo Alysson.
Eu poderia tentar responder essa pergunta, que é a mesma pergunta
que eu faço para mim mesmo, sempre. Porém eu acho que o Caio Fábio saberia responder com mais propriedade do que eu, já que a
384
To: [email protected]/ Subject: Sobre a submissão das pessoas à tirania.../
Date: Fri, 28 Apr 2006 13:04:25/Caio Fábio/ Brasília.
385 Mateus 24:2.
145
quilometragem dele é maior do que a minha; e que nele eu descobri
alguém que ama ao próximo mais ainda do que eu julgava eu mesmo
amar; e que eu descobri nele alguém que ama mais a Jesus Cristo do que eu julgava eu mesmo amar. Darei, pois, a ele, ao Caio, a bênção
para nós dois de responder essa sua pergunta tão pertinente, que é a
mesma pergunta do meu coração. Seu amigo e amado irmão em Cristo.
Fonseca.
_______________________________________________________
Amadíssimos Alysson e Fonseca: irmãos, amigos e confiantes companheiros de jornada: toda Graça e toda Paz!
Poderíamos fazer uma longa, longa viagem, a fim de responder essa
questão; indo da psicologia à história dos povos; indo da construção pagã que se instalou na alma humana, pela queda e pelo pecado, até
aos surtos de magalomania que acomente aos tão inseguros, que
seguram tudo e todos; aos que de tão inseguros, se entregam a tudo e a todo aquele que os poupar de assumirem responsabilidades
próprias. Entretanto, como o tempo não dá, e nem é esta a ocasião –
sendo algo melhor para um papo com a moçada do “Caminho
Jovem”, como um todo; ou ainda, quem sabe, algo que fosse uma conversa de nós três, aqui em casa, comendo uma carninha -, me
limitarei a trazer as seguintes ilustrações retiradas da História Bíblica:
a escolha de um rei (Saul) e a construção de um Templo Fixo. Ambas as coisas ilustram bem esse espírito, já que a questão não é
universal, mas se volta para o que se faz em nome do Deus de Jesus;
ou em nome de Jesus mesmo.
1. A Escolha de Saul: Vocês lembram que Israel era um pouco
nômade e que deveria ser “hebreu” (caminhante), a fim de ser uma
luz para os povos. A dádiva da terra sobre a qual Abraão peregrinou nunca teria sido um problema se o coração deles não tivesse se
146
fixado naquela geografia como “santa”, o que neles gerou muito mais
arrogância do que louvor a Deus. No entanto, numa terra santa, a
para um povo santo, Deus não propunha um rei, mas apenas juízes generacionais. Ou seja: cada um servindo a sua própria geração.
Samuel foi o último daquela estação da jornada histórica deles.
Entretanto, mesmo tendo a Samuel que falava e julgava da parte de Deus com justiça, eles, olhando os outros povos, desejaram ter
também um rei. A resposta de Deus através de Samuel foi que, tendo
um rei, eles se tornariam escravos do próprio rei, sendo obrigados a
pagar impostos a ele; e, além disso, concedendo-lhe o melhor de tudo, incluindo as suas mulheres e virgens mais formosas. Também,
com tal escolha, eles fixaram uma dinastia real em Israel. Assim, a
palavra de Deus pelo profeta era que aquilo não era o ideal de Deus para eles. Como porém insistiram, Deus disse a Samuel: “Não é a ti
que eles estão rejeitando, mas a mim”; para que Deus não reinasse
sobre eles. Eles, todavia, optaram pela fixidez e não pela liberdade de serem conduzidos geração após geração por quem Deus mesmo
levantasse.
2. O Templo de Salomão e o de Herodes, o Grande: A segunda manifestação de troca do espírito hebreu (andarilho e leve) pela
fixidez de um projeto, aconteceu quando, além do rei, eles também
desejaram um Templo fixo. Aliás, foi Davi quem veio com tal proposta, sendo, todavia, “vetado” por Deus; ficando o projeto para
ser executado por Salomão, como uma espécie de “concessão”. Ora,
a própria história de Davi como rei é a história de uma tragédia humana. Tudo o que de ruim poderia ter acontecido a Davi não
aconteceu enquanto ele era um foragido do rei, mas sim quando ele
se fixou em Jerusalém como rei, chamando também o lugar de cidade
de Davi. Foi nesse período que tudo de mal lhe aconteceu. E o processo de sua sucessão foi marcado por mortes fratricidas e
muita disputa de poder. Sim, trata-se de algo feio. Entretanto,
a construção do Templo estabeleceu um centro fixo de poder para um povo que antes adorava a Deus numa tenda móvel e
sem nenhum papel estatal ou real. O Templo, todavia, virou
um Palácio Religioso, um lugar de Poder Político, e também de
arrecadação oficial de tudo o que dizia respeito a Deus. Era também a tal “casa de tesouro”, uma espécie de Receita
Federal. Alguns séculos depois Deus mesmo trouxe
Nabucodonozor a fim de destruir o lugar, não deixando dele praticamente nada em pé. Depois do exílio eles construíram outro
templo, mas já havia uma outra instituição exercendo também poder
de natureza política e religiosa: a sinagoga, nascida no exílio em Babilônia. Após o exílio, por mais de três séculos aquele povo esteve
sob o domínio de outras nações (Persas e Medos; Gregos; e depois os
Romanos). Então apareceu Herodes, o Grande, cerca de 60 anos
antes de Cristo, e construiu o Templo que existia nos dias de Jesus, o qual era uma das maravilhas do mundo antigo. Jesus, entretanto,
não apenas se insurgiu contra a fixidez perversa do lugar e de seus
líderes, mas também anunciou que o “lugar” que se deveria adorar não-era-um-lugar, mas uma dimensão no interior; pois os que o Pai
procura são adoradores que carregam o templo no coração. Além
147
disso, Jesus olhou para o Templo e disse que ali não ficaria pedra
sobre pedra que não fosse derrubada. O que veio a acontecer no ano
70 de nossa Era.
Assim, olhando apenas para esses dois acontecimentos de fixidez
religiosa, vemos que Deus se insurgiu contra tais iniciativas o tempo todo; sendo que por fim Ele anunciou que Seu Rei seria da
descendência de Davi, mas que seria Esperança dos gentios; ou seja:
para todos os povos; o que, em si, já implicava na não-fixação do
messiado de Jesus em qualquer que fosse a “geografia”. Já os Templos, a ambos Deus mesmo derrubou; e tudo com fortes
profecias, tanto as antigas, dos profetas (que viviam em permanente
estado de luta contra a fixidez real, bem como contra a fixação de “Deus” no templo), como também de vaticínios feitos por Jesus;
todos predições feitas com enorme veemência. Paulo, escrevendo aos
Gálatas, no capítulo 4, diz que a Jerusalém terrestre somente gerava para a escravidão; e, alegoricamente, diz que o espírito da fixidez
religiosa que ali se instalara era filho da alma da Escrava Hagar. Daí,
espiritualmente, gerar para a escravidão e para a amargura. Os
profetas especialmente Isaías, Jeremias e Ezequiel todos anunciavam a chegada do dia no qual o povo de Deus já não o serviria em
geografias e nem tampouco mediante as exterioridades da religião,
mas sim em razão de que a palavra de Deus se existencializaria neles, sendo gravada nos seus corações.
Ora, em II Coríntios 3 Paulo faz a comparação entre os espíritos da fixidez escravizante, e a liberdade que em Cristo se pode e deve ter a
fim de que a Graça de Deus não seja vã em nossas vidas. Nada foi
mais ofensivo à Paulo do que ver o povo chamado para a liberdade se
colocar outra vez sobre jugo de fixação escravizante, sob o “aio” da Lei; a qual, em Cristo, já havia sido morta e sepultada; não tendo
ressuscitado com Jesus ao terceiro dia. Daí ele mesmo, Paulo, dizer
em Romanos 7, que em razão de “Tal Feito” (Está Consumado), agora todos nós ficamos viúvos da Lei a fim de podermos contrair
“novas núpcias” na aliança eterna da Graça; e isto conforme as
profecias antigas, todas encarnadas em Jesus. Ora, o que se tem, a
fim de que não se prolongue muito essa reposta, é que há uma necessidade intrínseca e de natureza pagã em toda alma que não
se ponha sob a Graça de Deus. Paulo garante que somente com
consciência da Graça não se retrocede à Lei, como também, somente mediante ela, a Graça, não se descamba para a liberdade que
escraviza: a libertinagem. Assim, estamos diante de uma Síndrome
de duas faces: aquela que possui os que, pela insegurança que se casa com a perversidade, querem mandar, dirigir, governar, e
representar “Deus” na terra; ao mesmo tempo em que se tem o
povo; sim, o povo! – o qual, na maioria das vezes, diz desejar e amar
a liberdade, embora, de fato, a tema muito mais do que a escravidão. No primeiro caso o surto é uma Síndrome de Lúcifer. Afinal, foi na
Assembléia Celestial que o querubim da guarda surtou de
narcisismo. Foi a luz que não foi vista como tal na Luz de Deus, aquilo que inebriou e cegou até o arcanjo.
148
Assim, o lugar onde as maiores perversidades acontecem é
aquele onde se diz que Deus está. Sim, porque a fusão da idéia
de um Deus-de-lugar + a exaltação narcisística de Seus supostos “representantes”, produz o que de pior pode surgir na alma, que é
uma perversa síndrome de onipotência. E o pior é que ninguém que
se exponha a tal realidade jamais consegue escapar dela. Já aqueles que seguem e se submetem, seja pela ignorância ou seja pela
insegurança, preferem um “rei” tirano do que apenas serem
conduzidos pelo juízo de Deus em suas consciências e corações; por
mais que isto lhes seja a pior coisa desta vida. Isto porque o povo não quer liberdade mesmo. Não! Ninguém se engane! O povo
gosta de “rei”, de “senhores”, de “paipóstolos”, e de toda
sorte de figura de Page ou xamã que tire dele a responsabilidade de viver Deus em suas próprias consciências;
mas antes preferindo entregar a condução de suas existências
aos que se arvoram a representantes de Deus na terra. Daí, apesar da Palavra da Graça ser um chamado à liberdade em Cristo,
com o surgimento de uma consciência que cresça conforme o
Evangelho; e ainda com a liberdade de ver tudo como lícito, cabendo
agora ao homem usar a consciência a fim de ver o que convém ou não, e o que edifica ou não -, a maioria não quer isto; seja pelo vício
pagão da condução do pagé, do xamã ou da figura totêmica; ou seja
pela falta de vontade de andar com as próprias pernas; posto que liberdade é algo que não é fixo; mas que demanda sua
apropriação todos os dias; e sempre conforme a chamada
“renovação da mente”, de acordo com Paulo.
Desse modo, o Caminho Largo é justamente esse no qual vai tudo...
No contexto do Evangelho, segundo Jesus, os poucos que estavam
“acertando” o caminho estreito e que conduz a vida, não eram os da religiosidade fixa, dos quais os fariseus e outros daquela época,
serviam de perfeita e desgraça ilustração. Para Jesus o Caminho
Largo era feito de líderes religiosos que tiranizavam o povo; bem como era feito de todo aquele que não cria na “coisa única” que
importa, que é apenas seguir a Jesus no caminho da existência, à
semelhança de Abraão, que seguia sem saber para onde ia... Na
realidade o espírito pagão é prevalente dentro do cristianismo desde quase sempre. As lutas apostólicas do primeiro século todas se
concentravam na angustia em relação a essa atração pagã-existencial
que habita a todo coração que não encontrou a Deus como amor, e que não se deixou ser uma carta viva de mandamentos de amor,
inscritos no coração. Isto porque à semelhança de um rei-tótem e
também à semelhança de um lugar de adoração fixa e fetichizada, o coração humano em geral, e, sem escapatória a alma “cristã”
também -, troca qualquer risco de liberdade pelas cebolas do
Egito. A alma pagã prefere uma opressão conhecida do que a
liberdade aberta à vida e à surpresa do Novo em Deus”.
Desse modo, o que sempre se tem é um grupo de inseguros-surtados
sofrendo da fascinação da síndrome de Lúcifer; ou então, tem-se a multidão dos que trocam a própria-consciência-própria, pela tutela de
alguém que seja o responsável por conduzi-la a “Deus” por meio de
149
mecânicas rituais, morais, legais ou mágicas. Além disso, tal espírito
é carregado de justiça-própria, visto que procede da oferta de Caim,
e não chama do sangue simples trazido por Abel, apenas com fé. Por esta razão, quanto mais se oferecer mecânicas, campanhas,
sacrifícios, e grandes rigores e controles exercidos em nome de Deus,
mais gente haverá de se deixar levar por algo que não chama as vísceras da consciência para a luz do dia, mas que carrega em si a
promessa trará resultados se os ritos e despachos forem realizados.
Assim, os que lideram se tornam sádicos; e os que são liberados se
tornam masoquistas! Sim, sado-masoquismo é o espírito prevalente na religião, seja ela qual for; mas será tão mais desse modo quanto
mais a lei e o moralismo foram o caminho de auto-justificação. Afinal,
desse modo, os que lideram, orgasmam em si mesmos pela realidade do poder de controlar as almas humanas; e os controladores se
sentem seguros mediante a transferência de responsabilidades que
fazem, jogando sobre a religião e seus senhores a responsabilidade pela condução de sua vidas. Portanto, como não poderia de ser,
volta-se aos mesmos paradigmas do início: o rei reinará e o povo
pagará a conta de sua insegurança chamando-a de segurança e
fixidez. E mais que isto: também quanto mais pompa de horário marcado para a visita de Deus, mais gente ali se achegará; pois,
sendo a alma pagã, o que ela mais ambiciona é ter um “Deus” que
venha em horas marcadas; o que é idolatria de natureza invisível; porém igualmente feita de gesso e pau psicológicos.
Assim, meus amigos, podemos dizer que quanto mais dura a coisa for, e quanto mais exploração houver, mais gente haverá interessada
em fazer a transferência de responsabilidade para os líderes ou para
a “igreja”. Foi uma situação deste gênero que fez Paulo, escrevendo
aos Gálatas, no capítulo 5, dizer que gostaria que os legista-sado-masoquistas (e que tinham a fixação no rito da circuncisão), no ato
compulsivo de cortar o prepúcio dos outros, numa fimose religiosa –
acabassem por castrar a si mesmos! Portanto, podemos dizer que tudo aquilo que, em nome de “Deus”, oferece muitas e muitas
dificuldades, produz sempre interesse muito maior do que a oferta da
salvação gratuita e simples. Sim, à semelhança do general Naamã,
quase todos desejam uma boa mandinga, um movimento de mãos, um passe, uma oferenda, uma performance feita de gestos mágicos;
mas não desejam a simplicidade de uma palavra simples que salva e
cura. Assim, infelizmente, há os loucos que se orgasmam na tirania; e há os milhares de fracos e tolos, os quais preferem uma existência
sob controle dos outros (em nome de “Deus”), do que a simplicidade
da Palavra da Graça. Afinal, quanto mais difícil, mais a alma pagã pensa que agradará ao “Deus das dificuldades”. Vou parar por aqui
por ter que sair para dar conta de alguns deveres de casa, como
pegar a filha no trabalho, e coisas do gênero... Espero ter sido de
alguma utilidade, ainda que reconheça, conforme disse no início, que a complexidade do fenômeno não poderia ser esgotada com
simplismo destas minhas palavras. Um beijão pra vocês dois; e para
todos os amigos “do Caminho”.
Nele, e em nada mais... Caio .
150
8. A decisão da águia
Ou seja, a decisão não é para todos, mas ao que crê, ao que tem paciência, humildade, perseverança, firmeza de propósitos, não recua
em meio às adversidades, e não se conforma em viver no lugar
comum, mas quer voar alto, fazer violência contra a injustiça, contra
o mal que está dentro de si mesmo, completar a sua trajetória de
vida e terminar a sua eternidade no colo de Deus.
“12 E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos
céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto”.386
“32 Melhor é o longânimo do que o valente; e o que domina o
seu espírito do que o que toma uma cidade”.387
386
Mateus 11. 387 Prov 16.
151
9. Pedimos desculpas
Pedimos também desculpas pelo tempo não ter sido suficiente para
uma correção mais apurada do texto, como normalmente se faz com
qualquer escrito, antes de torná-lo público. Decidimos colocar nossos
textos à disposição de todos antes disto acontecer, pois julgamos que o mais importante aqui é a essência, e esta não pode esperar. Somos
gratos por qualquer ajuda neste sentido, e, se houver tempo, antes
do julgamento final, teremos prazer em nos apurar na correção, seja
de digitação ou mesmo ortográfica.
152
10. Fala Augusto Cury:388
O Amor é o fenômeno mais procurado da história e o menos
compreendido. Ele é procurado no poder, nos aplausos, na fortuna,
nos versos, na ciência, mas nada disso compra o sentido da vida,
muitos morrem sem poesia, solitários, pois o procuram de forma errada e nos lugares errados; acham que ele se esconde em grandes
coisas, sem se darem conta que ele está presente nas coisas mais
simples, diminutas, quase imperceptíveis, como no sorriso de uma criança, no beijo das mães, no consolo dos amigos, nas dádivas do
Criador. O Mestre da Vida queria formar pensadores que
conhecessem o alfabeto do amor. Acreditou no ser humano.
Acreditou no ser de todas as nossas falhas. Honrou pessoas sem honra e disse ‘Você pode’ aos paralíticos de corpo e inteligência.
Amou os que não o amaram. E doou-se a quem não merecia.
Se você sente que erra com freqüência, tem muitos conflitos e acha que não tem qualificação para brilhar afetiva e profissionalmente, não
desanime. Se estivesse morando próximo ao mar da Galiléia,
provavelmente seria um dos escolhidos para segui-lo. Jesus tinha um especial apreço pelas pessoas problemáticas. Quanto mais elas
tropeçam e davam trabalho, mais ele as apreciava e investia nelas. E,
por tudo isso, Jesus se tornou um Mestre Inesquecível”.
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. 17
Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por
ele”.
388 Augusto Cury, psiquiatra, psicólogo, com livros publicados em mais de 60 países,
conferencista, diretor da Academia da Inteligência, antes ateu, fala, depois de
muitos anos estudar a inteligência de Cristo e seus métodos, que nós estamos ainda na idade da pedra diante das propostas educadoras do Mestre Invisível. É muito interessante, além de espetacular, ler o que ele escreve sobre o Jesus Homem, pois não é um teólogo, mas um psicólogo que observou que a humanidade está dividida entre antes e depois de Cristo, portanto é a pessoa mais importante que houve, e, mesmo assim, pouco se sabe ou se estuda nas escolas e faculdades sobre Ele. Escreveu, entre tantos livros interessantíssimos, cinco volumes sobre a Inteligência de Cristo.
153
Índice do primeiro volume
1. Prefácio............................................................................... 4
2. Oração..................................................................................6 3. Quem poderá ser salvo?..........................................................7
4. A grande resposta................................................................15
5. Legalismo............................................................................30
5.a Gálatas 3: O Propósito da Lei...............................................30 5.b O legalismo – Escravismo Religioso.......................................31
6. Os amigos de Jó na cena do crime..........................................33
6.a Fugindo de Jezabel?............................................................39
6.b Foi Deus Quem Fez Você.....................................................47 7. A raiz do farisaísmo..............................................................57
7.a Fariseus............................................................................70
7.b Zelo..................................................................................72
8. Quebrando o joio de incredulidade..........................................78 8.a Amigo (oh Gloria)/ Lázaro....................................................85
8.b Terafins e correlatos..........................................................100
8.b.1 Cuidado com os "Terafins"..............................................100
8.b.2 Amuletos......................................................................102
9. O meu diploma...................................................................105 9.a Para quem está desanimado e desistiu de perseverar............112
9.a.1 Vencedores...................................................................112
9.a.2 Que mundo é este em que vivemos?................................116
9.a.3 A oração do Pai-Nosso, uma parada estratégica.................117 9.b.1 A maior homenagem (o meu diploma)..............................125
10. A decisão da águia............................................................129
11. Pedimos desculpas............................................................130
12. Fala Augusto Cury ............................................................131
Índice do segundo volume
1. Prefácio................................................................................4
2. Oração.................................................................................6 3. Monografia............................................................................7
3.a Título da Monografia.............................................................7
3.b Resumo..............................................................................8
3.c Sumário..............................................................................9 3.d Introdução.........................................................................11
3.d.1 O Julgamento De Jesus e de Paulo.....................................23
3.d.2 O Entrelaçamento Das Leis...............................................32
3.e Conclusão..........................................................................37 3.e.1 O Novo Código Civil e as igrejas........................................49
3.e.2 Propostas de mudanças para a legislação vigente...............50
3.e.3 Julgamento Prévio...........................................................51
3.e.4 Arbitragem.....................................................................52 3.e.5 Invoca-se justiça.............................................................53
4. Minha culpa.........................................................................61
154
4.a Um Açoite de Deus.............................................................64
4.a.1 Augusto Cury fala sobre educação, disciplina, correção........72
4.a.2 Uma pausa para oração....................................................73
4.b Um Grande Mico.................................................................74 4.b.1 Ainda se caçam bruxas.....................................................86
5. Fala Soren Aabye Kierkegaard (1813-1855).............................98
5.a Pensamento de Kierkgaard..................................................99
6. E a Pedro...........................................................................104 6.a Olha pra mim...................................................................108
7. Resumo da análise de Augusto Cury sobre a personalidade do
Apóstolo Paulo.......................................................................109
7.a Jesus, se irava?................................................................118 7.b Quem é fraco e quem é forte?............................................120
7.c Irai-vos e não pequeis.......................................................121
7.d Fala W. Nee.....................................................................123
7.e Situações especiais...........................................................124 7.f Até onde obedecer?...........................................................127
7.g Quando se perde autoridade...............................................128
7.h O arrependimento.............................................................140
7.i Precisamos aprender a ousar...............................................140
7.j Precisamos aprender a amar...............................................142 7.k Precisamos aprender a clamar e a esperar...........................142
7.l Precisamos aprender a obedecer..........................................143
7.m Por que as pessoas parecem gostar de apanhar...................144
8. A decisão da Águia..............................................................150 9. Pedimos desculpas..............................................................151
10. Fala Augusto Cury.............................................................152
Índice do terceiro volume
1. Prefácio4
2. Oração6
3. O amor, segundo augusto Cury................................................7
4. Se o sal se tornar insípido para nada mais serve.......................10 4. a Doze regras para tornar seu filho um delinqüente..................11
4.b Fala José Carlos Fragomeni..................................................15
4.c Fala Anilton SCar................................................................15
4.d Fala Gary Fisher.................................................................16 5. A unção de João Batista........................................................18
5.a Fala Augusto Cury sobre João Batista....................................24
6. Autoridade..........................................................................26
6.a Pegar no pé.......................................................................28 6.a.1 Até quando?...................................................................33
6.b Quem estará com autoridade para repreender?......................39
6.c O outro lado da moeda........................................................42
6.d Trechos do livro “Feridos em nome de Deus”..........................45 6.e Despertando a consciência...................................................51
6.f A medida da autoridade ......................................................53
155
6.g Explicando W. Nee..............................................................55
6.g 1Conhecendo um pouco de W. Nee.......................................55
6.g.2 Trechos do livro...............................................................55
6.g.2.a Os que servem.............................................................55 6.g.2.b Como é perigoso ignorar a autoridade!............................57
6.g.2.c Raciocínio, argumento, egolatria.....................................58
6.h A Macro e a Micro observação..............................................61
6.i Alguns exemplos onde a obediência à autoridade não será possível..................................................................................68
6.i.1 Sacudir o Jugo do Pescoço.................................................77
6.i.1.a Pensamentos sobre a justiça...........................................87
6.i.2 O abominável silêncio dos bons..........................................88 6.i.2.a O mau triunfa quando os bons não fazem nada..................89
7. Enfrentando os fariseus.........................................................92
8. Quando dirigi uma igreja e me tornei um fariseu.....................107
8.a Fui um fariseu..................................................................113 9. Os valentes de Deus...........................................................134
9.a A luta e a vitória de Jacó...................................................144
9.b Fala Augusto Cury um pouco mais sobre o Mestre Valente....144
10. A decisão da águia............................................................146
11. Pedimos desculpas............................................................147 12. Fala Augusto Cury.............................................................148
Com amor, Neli.