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POR QUE ESTADOS, MUNICíPIOS E CIDADES TêM QUE SE ADAPTAR àS MUDANçAS DO CLIMA? BR 2017 RELATÓRIO

e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

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Page 1: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

Situaccedilatildeo atual e tendecircnciaS da peSca marinha no braSile o papel doS SubSiacutedioS

2015

SumAacuteriobr

br

relatOacuterio

por que eStadoS municiacutepioS e cidadeS tecircm que Se adaptar agraveS mudanccedilaS do clima

2015

SumAacuteriobrbr

2017

relatOacuterio

diretor executivoMauriacutecio Voivodic

programa de mudanccedilas climaacuteticas e energiaAndreacute Costa Nahur (coordenador)Alessandra da Mota MathyasBruna Mello de CenccediloEduardo Valente CaninaEvelin Karine AmorimJuliana Marinho Pires de FreitasLiacutedia Maria Ferreira RodriguesMark William LutesRafael FerrazRenata CamargoRicardo Junqueira Fujii

autorSergio Margulis - Instituto Internacional para Sustentabilidade

revisatildeo teacutecnicaEduardo Valente Canina - WWF-BrasilJuliana Baladelli Ribeiro - Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio de Proteccedilatildeo agrave NaturezaSophia B N Picarelli - ICLEI Ameacuterica do Sul

revisatildeo de textoTalitha Paratela

projeto graacutefico e diagramaccedilatildeoEduardo Guimaratildees

Foto de capa Jardy Lopes Asscom Prefeitura de Tarauacaacute

Por que estados municiacutePios e cidades tecircm que se adaPtar agraves mudanccedilas do clima

Brasiacutelia-DFNovembro2017

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima2

copy Tacircnia R

ego Agecircncia B

rasil

3

sumAacuteriointroduccedilAtildeo 5

1 mudanccedila do clima estados e cidades brasileiras 7

2 Por que se adaPtar 9 21 Impactos esperados 9

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo 13

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima 15 41 Etapas de elaboraccedilatildeo do plano 15 42 Processo de preparaccedilatildeo 16 43 Conteuacutedo 17

5 bibliografia 20

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima4

copy Fernando Frazatildeo A

gecircncia Brasil

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 5

A mudanccedila do clima eacute um fenocircmeno real e crescente que tem impacto severo em todo o mundo tanto em zonas rurais quanto em centros urbanos Variaccedilotildees nas temperaturas no regime de chuvas e no escoamento de aacutegua dos rios satildeo exemplos de suas consequecircncias e afetam imediatamente as cidades a agricultura a produccedilatildeo de alimentos e a sociedade como um todo No meio urbano considerando que metade da populaccedilatildeo mundial vive em cidades a preocupaccedilatildeo com a adaptaccedilatildeo eacute prioritaacuteria

A Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC sigla em inglecircs) foi criada na Eco-92 com o objetivo de estabilizar as concentraccedilotildees de gases do efeito estufa na atmosfera em tempo de impedir um aumento comprometedor da temperatura na Terra Para viabilizar esse objetivo a convenccedilatildeo ressaltava a importacircncia de estabelecer metas de reduccedilatildeo de emissotildees de carbono (a chamada mitigaccedilatildeo) e de criar planos de contingecircncia aos efeitos adversos jaacute existentes da mudanccedila do clima (isto eacute a adaptaccedilatildeo)

Essas duas necessidades ndash mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo ndash foram reforccediladas no texto do Acordo de Paris principal pacto global de combate agrave mudanccedila do clima criado em dezembro de 2015 durante a 21ordf Conferecircncia das Partes (COP 21) da UNFCCC Ao assinaacute-lo um total de 197 paiacuteses se comprometeu a manter o aumento da temperatura meacutedia global bem abaixo de 2 degC em relaccedilatildeo aos niacuteveis preacute-industriais empreendendo esforccedilos extras para que natildeo ultrapasse 15 degC

No Brasil a Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima1 criada em 2009 visa promover a adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por intermeacutedio das trecircs esferas da Federaccedilatildeo com a participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo dos agentes econocircmicos e sociais interessados ou beneficiaacuterios Em 2015 essa poliacutetica foi fortalecida com o anuacutencio do governo brasileiro no acircmbito do Acordo de Paris das metas voluntaacuterias de reduccedilatildeo das emissotildees de gases do efeito estufa A adaptaccedilatildeo eacute categorizada no documento como medida fundamental para o paiacutes usando como referecircncia o Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA)2

Diante desse contexto esta publicaccedilatildeo busca trazer mais visibilidade para a agenda de adaptaccedilatildeo uma vez que a mitigaccedilatildeo vem sendo discutida haacute mais tempo Aqui se destacam os principais desafios para o planejamento municipal e estadual O modo de fazecirc-lo com um passo a passo para gestores aleacutem da intenccedilatildeo de envolver cidadatildeos eacute descrito no guia completo disponiacutevel neste link wwforgbrguiaadaptacao

1 Lei nordm 1218709 regulamentada pelo Decreto nordm 7390102 Criado pela Portaria Ministerial do Ministeacuterio do Meio Ambiente nordm 150 de 10 de maio de 2016

O documento propotildee accedilotildees estrateacutegias e diretrizes para a gestatildeo e diminuiccedilatildeo do risco climaacutetico do paiacutes diante dos efeitos adversos da mudanccedila do clima em suas dimensotildees social econocircmica e ambiental Disponiacutevel em httpwwwmmagovbrclimaadaptacaoplano-nacional-de-adaptacao

introduccedilAtildeo

copy P

edro Franccedila Agecircncia S

enado

Em 2013 o Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC) sistematizou dados e informaccedilotildees indicando que as diferentes regiotildees do Brasil jaacute apresentavam registros de mudanccedila em seu clima caracteriacutestico A previsatildeo eacute de que afetem os ecossistemas terrestres e aquaacuteticos do paiacutes de maneira natildeo uniforme O aquecimento da temperatura pode conduzir a um aumento na frequecircncia de eventos extremos em todo o territoacuterio nacional bem como a uma alteraccedilatildeo no regime das chuvas com maior ocorrecircncia de secas inundaccedilotildees alagamentos deslizamentos de encostas e em decorrecircncia disso deslocamentos populacionais das localidades afetadas Aleacutem disso traz consequecircncias negativas para sociedade ecossistemas e diferentes setores da economia

No Brasil mais de 80 das pessoas vivem em cidades poreacutem haacute grandes concentraccedilotildees em poucos locais e muitos vazios demograacuteficos o que faz com que inuacutemeros municiacutepios e cidades com baixa densidade populacional tenham seacuterios riscos climaacuteticos Enquanto quase 70 dos municiacutepios tecircm menos de 20 mil moradores e representam juntos apenas 15 de toda a populaccedilatildeo a soma de residentes das 41 cidades e regiotildees metropolitanas com mais de 500 mil habitantes eacute maior do que a metade da populaccedilatildeo

Em termos de compromissos poliacuteticos o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia ndash coalizatildeo internacional de prefeitos formada com o objetivo de reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa elevar a resiliecircncia agrave mudanccedila do clima e possibilitar o acompanhamento puacuteblico do progresso das cidades ndash atualmente tem 43 cidades comprometidas3 Aleacutem dessas outras 8 cidades jaacute tinham iniciativas climaacuteticas ateacute 2015 ou seja um total de 51 cidades (Margulis 2016) No acircmbito estadual agraves margens da COP 21 foi lanccedilada a RegionsAdapt - iniciativa global para governos estaduais adotarem accedilotildees concretas cooperarem e reportarem seus esforccedilos em adaptaccedilatildeo climaacutetica ndash da qual 9 estados brasileiros fazem parte ateacute o momento4

Essas disparidades criam uma categoria de cidades e municiacutepios (e possivelmente de estados) com pouca capacidade de entender o problema da mudanccedila do clima e planejar a adaptaccedilatildeo o que as deixam altamente vulneraacuteveis a impactos Assim em alguma medida isso passa a ser responsabilidade de governos estaduais eou do governo federal que deveratildeo interceder e ajudar de forma mais incisiva a elaborar planos ndash ou estrateacutegias preliminares ndash de adaptaccedilatildeo climaacutetica

3 Disponiacutevel em httpswwwcompactofmayorsorgcities4 Disponiacutevel em httpwwwnrg4sdorgclimate-changeregionsadapt

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 7

1 mudanccedila do clima estados e cidades brasileirascopy

Donatas D

abravolskas Shutterstock

em termos de comPromissos Poliacuteticos

51 cidades e 9 estados brasileiros fazem Parte de alguma iniciativa que Promove a adaPtaccedilAtildeo agrave

mudanccedila do clima

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima8

mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeoTanto a mitigaccedilatildeo quanto a adaptaccedilatildeo satildeo essenciais para diminuir os riscos da mudanccedila do clima sendo portanto estrateacutegias complementares A mitigaccedilatildeo visa reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa responsaacuteveis pelo aquecimento global o qual resulta por sua vez na mudanccedila do clima A adaptaccedilatildeo implica o ajuste dos sistemas naturais e humanos em resposta a uma nova realidade climaacutetica ou seja eacute uma necessidade

As accedilotildees de mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo estatildeo claramente ligadas e os governos tecircm que agir simultaneamente Deve-se avaliar se uma medida de mitigaccedilatildeo aumenta ou diminui a capacidade de adaptaccedilatildeo e se uma medida de adaptaccedilatildeo aumenta ou diminui as emissotildees Desse modo escolhas ldquoganha-ganhardquo nem sempre satildeo possiacuteveis e eacute necessaacuterio levar isso em consideraccedilatildeo em ambas as estrateacutegias

Portanto ressalta-se a importacircncia da elaboraccedilatildeo de planos climaacuteticos que considerem a mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo Diante do menor nuacutemero de debates em torno da adaptaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave mitigaccedilatildeo este relatoacuterio intenta mostrar a importacircncia do assunto nos planejamentos estaduais e municipais

Destacamos a recente publicaccedilatildeo do ICLEI Programa Cidades Sustentaacuteveis (2016) guia de accedilatildeo local pelo clima focada na agenda climaacutetica (mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo) Link httpwwwcidadessustentaveisorgbrarquivosICLEI_guia_cidades_sustentaveispdf

os imPactos climAacuteticos nAtildeo fazem distinccedilAtildeo

todos estamos inevitAacutevel e irreversivelmente

ameaccedilados

copy Fernando Frazatildeo A

gecircncia Brasil

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 9

as accedilotildees de mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeo estAtildeo

claramente ligadas e os governos tecircm que

agir simultaneamente

2 Por que se adaPtarA mudanccedila do clima eacute uma ameaccedila de longo prazo para paiacuteses e respectivas populaccedilotildees Seus efeitos comeccedilam a se manifestar de modo que as accedilotildees de combate devem ser iniciadas agora no presente Embora haja a percepccedilatildeo de que os paiacuteses ricos satildeo (mais) responsaacuteveis pelo problema e satildeo eles que tecircm capacidade de mitigaccedilatildeo em curto prazo os impactos climaacuteticos natildeo fazem distinccedilatildeo todos estamos inevitaacutevel e irreversivelmente ameaccedilados Tendo ou natildeo contribuiacutedo com o problema eacute certo que as consequecircncias vatildeo atingir todas as cidades os municiacutepios e os estados brasileiros bem como pessoas ricas e pobres

Alguns estados e cidades jaacute deram o primeiro passo lanccedilando iniciativas ndash seja de mitigaccedilatildeo seja de adaptaccedilatildeo Poreacutem essa temaacutetica ainda natildeo permeia da maneira necessaacuteria a agenda dos governos estaduais e municipais Mesmo quando conscientes do problema espera-se geralmente do poder puacuteblico federal eou estadual algum tipo de orientaccedilatildeo assistecircncia teacutecnica eou financiamento

21 imPactos esPeradosConforme a Figura 1 os principais impactos da mudanccedila do clima no Brasil ateacute o final do seacuteculo poderatildeo ser

bull O aquecimento natildeo apenas no Brasil mas em todo o continente considerando todos os cenaacuterios de emissatildeo em todas as estaccedilotildees do ano Os pontos maacuteximos de aquecimento seratildeo no Centro-Oeste brasileiro

bull A reduccedilatildeo de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo) na maior parte do paiacutes com diminuiccedilotildees mais extremas no Centro-Oeste e Sudeste

bull A diminuiccedilatildeo de chuvas na parte central do Brasil e o aumento no Sul durante o veratildeo recorrentes nas simulaccedilotildees No inverno a reduccedilatildeo se daacute na porccedilatildeo norte da Ameacuterica do Sul e na Ameacuterica Central com aumento no sudeste da Ameacuterica do Sul na regiatildeo proacutexima agrave costa

bull Maiores taxas de precipitaccedilatildeo no Centro-Sul do Brasil ateacute o final do seacuteculo bull Sinais mistos de mudanccedilas da precipitaccedilatildeo na regiatildeo entre o Sul e Sudeste bull Aumento dos intervalos de dias secos no Nordeste e queda na frequecircncia de dias uacutemidos

no Norte

copy P

edro Jayme dos S

antos Prefeitura de A

lfredo WagnerS

C

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima10

Figura 1 Resumo das projeccedilotildees climaacuteticas ateacute 2100 por regiatildeo brasileira

sumAacuterio de Projeccedilotildees ateacute 2100

cenaacuterio de mudanccedilas climaacuteticas projetadas para o brasilAumento de dias secos Diminuiccedilatildeo de geadas

Ondas de calor Aumento extremo de chuvas

Aumento de temperatura Reduccedilatildeo de chuvas

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 11

Fonte Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica (SAE) e Inpe (2014)

nortemudanccedilas no climabull Temperatura miacutenima e maacutexima de 3 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo reduccedilatildeo de ateacute 15 no oeste 35 no leste e ateacute

75 no litoral da regiatildeobull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas em todas as estaccedilotildeesbull Reduccedilatildeo das chuvas no inverno na parte norte da regiatildeo Nortebull Aumento dos extremos de chuva na Amazocircnia oeste e de dias

secos consecutivos na Amazocircnia leste bull Possibilidade de secas mais intensas e frequentes a partir de

2050

Possiacuteveis imPactosbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Risco de savanizaccedilatildeo da Amazocircniabull Efeitos no transporte da umidade atmosfeacuterica para o sudeste

da Ameacuterica do Sul

centro-oestemudanccedilas no climabull De 1 a 8 degC mais quente e chuvas intensas e irregulares mais

recorrentesbull Regiatildeo com o maior aquecimento da temperatura e a maior

reduccedilatildeo de chuvas em comparaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutesbull Reduccedilatildeo acentuada de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)

Possiacuteveis imPactosbull Aumento dos eventos extremos de chuva e de dias secos

consecutivosbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com

maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Aumento das ondas de calor o que pode afetar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

bull Impactos no Pantanal e Cerrado e mais riscos de incecircndios

nordestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 2 a 6 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 75 de reduccedilatildeo das chuvas no sertatildeo em um

cenaacuterio de emissotildees intensasbull As projeccedilotildees indicam uma diminuiccedilatildeo das chuvas em periacuteodo

de inverno no litoral leste da regiatildeo Nordeste onde costuma ocorrer inundaccedilatildeo e deslizamento

bull No veratildeo projeta-se um aumento das chuvas na parte nordeste da regiatildeo Nordeste

bull Aumento de dias secos consecutivos e da secura do arbull Aumento nas taxas de evaporaccedilatildeo de accediludes e reservatoacuteriosbull Possibilidade de secas mais intensas e frequentesbull Risco de aridizaccedilatildeo no semiaacuteridobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do mar

Possiacuteveis imPactosbull Risco de desertificaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo ambientalbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio

hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircnciabull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a

populaccedilatildeobull Impactos na sauacutede humana na migraccedilatildeo no turismo e na

geraccedilatildeo de empregosbull Possiacutevel reduccedilatildeo da recarga nos aquiacuteferos a partir de 2050

sudestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos a 100 metros de altitude

principalmente no veratildeo

Possiacuteveis imPactosbull Aumento da frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com mais

secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Escassez de alimentos elevando preccedilos e resultando em desabastecimento

bull Aumento das ondas de calor o que pode prejudicar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

sulmudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 35 de aumento meacutediobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do marbull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos no litoral a 100 metros de altitudebull Aumento dos extremos de chuvas e possiacuteveis ciclones

extratropicaisbull Aumento na frequecircncia das ondas de calor e de noites quentes

Possiacuteveis imPactosbull Impactos na sauacutede e casos de doenccedilas tropicais mais

recorrentesbull Produccedilatildeo de gratildeos e frutas comprometida pelas altas

temperaturas e chuvas intensas fora de eacutepocabull Alta no preccedilo dos alimentos- Aumento na frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Elevaccedilatildeo dos rios que pode afetar portos comeacutercio fluvial e

transportesbull Conflitos sociais ameaccedila agrave seguranccedila e saquesbull Impactos nos ecossistemas naturais (Araucaacuteria e campos

sulinos) e costeiros

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima12

Levando-se em consideraccedilatildeo que 80 da populaccedilatildeo brasileira vive em aacutereas urbanas as cidades ocupam um lugar central no desenvolvimento nacional tanto no niacutevel poliacutetico quanto no econocircmico cultural e social Por concentrarem o grande capital fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios estradas pontes metrocircs e elementos de infraestrutura que satildeo imoacuteveis elas estatildeo especialmente vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos ndash tempestades enchentes inundaccedilotildees ressacas ondas de calor surtos de vetores e doenccedilas etc Aleacutem disso cerca de 50 milhotildees de pessoas vivem em municiacutepios costeiros elevando a vulnerabilidade da populaccedilatildeo urbana em face das consequecircncias climaacuteticas (ACT 2013)

Algo pouco enfatizado no acircmbito desse assunto eacute o impacto direto e indireto em empresas A interrupccedilatildeo dos serviccedilos municipais ndash como sistemas de transporte e comunicaccedilatildeo devido a ruas inundadas escassez de energia e comprometimento no abastecimento de aacutegua por exemplo ndash lesa o bom funcionamento das empresas induacutestrias aleacutem de escolas hospitais e edifiacutecios puacuteblicos entre outros locais Desse jeito a cidades tornam-se menos competitivas porque natildeo estatildeo preparadas para lidar com eventos climaacuteticos extremos o que por sua vez pode levar a um menor nuacutemero de investimentos

Na aacuterea social a principal preocupaccedilatildeo eacute com os mais pobres Tanto no meio urbano quanto no rural pessoas de menor renda seratildeo afetadas de forma alarmante pela mudanccedila do clima A parcela menos abastada dos brasileiros tende a viver e trabalhar em locais mais expostos a riscos climaacuteticos sem infraestrutura para reduzi-los como casas e bairros em regiotildees vulneraacuteveis ndash e tambeacutem natildeo dispotildee de meios para tomar medidas defensivas imediatas Habitantes de baixa renda das zonas rurais tambeacutem seratildeo fortemente prejudicados uma vez que dependem da agricultura e dos ecossistemas isto eacute setores diretamente abalados pelo fenocircmeno A mudanccedila do clima eacute sem duacutevida alguma um problema socialmente regressivo ndash e isso vale natildeo apenas para os indiviacuteduos de uma mesma cidade mas entre estados e paiacuteses Os mais ricos (paiacuteses cidades e indiviacuteduos) estatildeo mais preparados para lidar com os impactos da mudanccedila do clima por dispor de infraestrutura e serviccedilos mais adequados e ter melhores condiccedilotildees de defesa e adaptaccedilatildeo (MARGULIS 2017)

as cidades concentram o grande caPital

fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios

estradas Pontes metrocircs e elementos de infraestrutura

que sAtildeo imoacuteveis e Portanto esPecialmente

vulnerAacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos

embora a mudanccedila do clima seja comumente

Percebida como uma questAtildeo global seu

imPacto tem carAacuteter regional influenciando

os meios de subsistecircncia locais e as atividades

econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave

sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos

copy A

ntonio Cruz A

gecircncia Brasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 13

a grande maioria dos governos de cidades municiacutePios e estados

brasileiros ainda nAtildeo abordou a mudanccedila

do clima

As consequecircncias da mudanccedila do clima se manifestam localmente Embora sejam comumente percebidas como uma questatildeo global seu impacto tem caraacuteter regional influenciando os meios de subsistecircncia locais e as atividades econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos Um problema mundial eacute traduzido em fenocircmenos locais em decorrecircncia de uma seacuterie de fatores relacionados ao meio ambiente agrave sociedade e agrave economia (SNOVER et al 2007)

A capacidade de lidar e se adaptar agrave mudanccedila do clima dependeraacute da gravidade e natureza do impacto em cada regiatildeo e vai variar entre populaccedilotildees setores econocircmicos e localidades Ningueacutem seraacute poupado nenhuma pessoa povo ou naccedilatildeo Portanto os indiviacuteduos as organizaccedilotildees e os governos teratildeo que identificar as melhores soluccedilotildees se quiserem ter ecircxito no enfrentamento e na adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima (ECA 2009) A adaptaccedilatildeo eacute necessaacuteria em todas as esferas da administraccedilatildeo puacuteblica mas seus principais benefiacutecios apareceratildeo em acircmbito local ndash uma diferenccedila fundamental da mitigaccedilatildeo cujas vantagens satildeo vistas globalmente

A grande maioria dos governos de cidades municiacutepios e estados brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima Embora alguns natildeo vejam ganhos imediatos em minimizar emissotildees (mitigaccedilatildeo) as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo do interesse direto do poder puacuteblico e da sociedade ndash trata-se de accedilotildees de desenvolvimento que aumentam a resiliecircncia agrave variabilidade climaacutetica Na verdade os governos subnacionais natildeo tecircm muita escolha e precisaratildeo se adaptar agraves inevitaacuteveis consequecircncias da mudanccedila do clima Eacute tambeacutem claro que quanto mais cedo isso comeccedilar mais barato seraacute tornar-se resiliente O niacutevel de esforccedilo de adaptaccedilatildeo necessaacuterio ao longo do tempo eacute uma questatildeo mais difiacutecil dependendo da gravidade do impacto esperado e de opccedilotildees e custos

Enquanto os patamares mais altos do governo podem e devem fornecer financiamento e apoio agrave adaptaccedilatildeo as administraccedilotildees local regional e estadual tecircm a responsabilidade de planejaacute-la e implementaacute-la de modo proativo ajustando suas estrateacutegias ao contexto especiacutefico em que se encontram (ACT 2013) O poder puacuteblico municipal estaacute mais proacuteximo da populaccedilatildeo e em parceria com organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado academia e sociedade responde pelo planejamento e estabelecimento de accedilotildees de adaptaccedilatildeo

Ateacute o momento o delineamento de como seraacute a adaptaccedilatildeo no Brasil tem sido feito de forma circunstancial com um apoio limitado do poder federal e fundamentalmente na prevenccedilatildeo e resposta a cataacutestrofes Uma vez que a maioria dos efeitos da mudanccedila do clima seraacute sentida nas alteraccedilotildees da frequecircncia ou intensidade de eventos extremos muitas vezes sua ocorrecircncia vai ser classificada como desastre Existe portanto um grande potencial de os riscos de desastres serem geridos como uma agenda integrada o que pode reduzi-los

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima14

Plano nacional de adaPtaccedilAtildeo (Pna)O PNA reconhece que ldquoa promoccedilatildeo da adaptaccedilatildeo no territoacuterio nacional eacute um processo complexo que envolve a atuaccedilatildeo conjunta de diversos setores e oacutergatildeos que atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da sociedade civilrdquo Ele recomenda aos oacutergatildeos setoriais e entes federativos e agrave sociedade em geral

bull Analisar as caracteriacutesticas demandas e vulnerabilidades dos diferentes setores e quando pertinente elaborar estrateacutegias de gestatildeo visando reduzir os riscos climaacuteticos

bull Integrar o gerenciamento dos riscos climaacuteticos aos processos de elaboraccedilatildeo e revisatildeo de instrumentos para o planejamento e a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas com base em conhecimentos teacutecnico cientiacutefico eou tradicional

bull Realizar a coleta e anaacutelise de evidecircncias de vulnerabilidade e riscos climaacuteticos de maneira sistemaacutetica e compatiacutevel com os sistemas de monitoramento e avaliaccedilatildeo existentes e propostos pelo plano garantindo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees em uma plataforma online

bull Sensibilizar atores sobre a agenda de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por meio da disseminaccedilatildeo de informaccedilotildees de capacitaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo e engajamento da sociedade e da ampliaccedilatildeo dos processos participativos

bull Aprimorar a interaccedilatildeo do poder puacuteblico com entidades setoriais da economia academia e sociedade civil e outros atores interessados estimulando o contiacutenuo desenvolvimento da estrateacutegia de adaptaccedilatildeo do paiacutes diante dos efeitos da mudanccedila do clima

o Pna reconhece que ldquoa PromoccedilAtildeo da adaPtaccedilAtildeo no territoacuterio nacional eacute

um Processo comPlexo que envolve a atuaccedilAtildeo

conjunta de diversos setores e oacutergAtildeos que

atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da

sociedade civilrdquo

copy M

arcelo Cam

argo Agecircncia B

rasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 15

41 etaPas de elaboraccedilAtildeo do Plano Inuacutemeras instituiccedilotildees internacionais criaram guias metodologias e arcabouccedilos para diferentes esferas de governo elaborarem seu plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima Boa parte dos trabalhos examinados nesta publicaccedilatildeo conteacutem os mesmos elementos essenciais havendo uma enorme coincidecircncia acerca do conteuacutedo e dos componentes considerados criacuteticos

Convergindo com a grande parte dos planos revisados a Figura 2 condensa as fases fundamentais do processo de elaboraccedilatildeo do plano em paralelo agrave organizaccedilatildeo de seus componentes teacutecnicos baacutesicos Os trecircs primeiros estaacutegios da construccedilatildeo do conteuacutedo teacutecnico (comuns a todos os guias analisados) estatildeo destacados na pequena caixa agrave direita e consistem no nuacutecleo central de um plano de adaptaccedilatildeo Em seguida explicaremos resumidamente cada uma das etapas

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima

Identificaccedilatildeo de estudos relevantes

Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano

Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia

Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades

Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos e aceitabilidade

Interface com outras secretarias governamentais

Transversalizaccedilatildeo das accedilotildees propostas em poliacuteticas

planos e projetos setoriais

Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback

Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento

Projeccedilotildees climaacuteticas

Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades ndash regiotildees

setores e populaccedilotildees

Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo

de vulnerabilidades

(a)(a)

42

(b)(b)

(c)(c)

(d)(d)

(e)(e)

(f)(f)

Processo de PreParaccedilAtildeo 43 conteuacutedo

Fonte Margulis (2017)

Figura 2 Etapas da elaboraccedilatildeo de um plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima ndash processo de preparaccedilatildeo e conteuacutedo

figura 2 condensa as fases fundamentais

do Processo de elaboraccedilAtildeo e

conteuacutedo do Plano

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

A

scom S

atildeo Paulo-S

P

BR

Selo FSc

2015

SumAacuteriobrreciclado

100ESTA PUBLICACcedilAtildeO FOI APOIADA POR

Page 2: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

diretor executivoMauriacutecio Voivodic

programa de mudanccedilas climaacuteticas e energiaAndreacute Costa Nahur (coordenador)Alessandra da Mota MathyasBruna Mello de CenccediloEduardo Valente CaninaEvelin Karine AmorimJuliana Marinho Pires de FreitasLiacutedia Maria Ferreira RodriguesMark William LutesRafael FerrazRenata CamargoRicardo Junqueira Fujii

autorSergio Margulis - Instituto Internacional para Sustentabilidade

revisatildeo teacutecnicaEduardo Valente Canina - WWF-BrasilJuliana Baladelli Ribeiro - Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio de Proteccedilatildeo agrave NaturezaSophia B N Picarelli - ICLEI Ameacuterica do Sul

revisatildeo de textoTalitha Paratela

projeto graacutefico e diagramaccedilatildeoEduardo Guimaratildees

Foto de capa Jardy Lopes Asscom Prefeitura de Tarauacaacute

Por que estados municiacutePios e cidades tecircm que se adaPtar agraves mudanccedilas do clima

Brasiacutelia-DFNovembro2017

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima2

copy Tacircnia R

ego Agecircncia B

rasil

3

sumAacuteriointroduccedilAtildeo 5

1 mudanccedila do clima estados e cidades brasileiras 7

2 Por que se adaPtar 9 21 Impactos esperados 9

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo 13

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima 15 41 Etapas de elaboraccedilatildeo do plano 15 42 Processo de preparaccedilatildeo 16 43 Conteuacutedo 17

5 bibliografia 20

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima4

copy Fernando Frazatildeo A

gecircncia Brasil

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 5

A mudanccedila do clima eacute um fenocircmeno real e crescente que tem impacto severo em todo o mundo tanto em zonas rurais quanto em centros urbanos Variaccedilotildees nas temperaturas no regime de chuvas e no escoamento de aacutegua dos rios satildeo exemplos de suas consequecircncias e afetam imediatamente as cidades a agricultura a produccedilatildeo de alimentos e a sociedade como um todo No meio urbano considerando que metade da populaccedilatildeo mundial vive em cidades a preocupaccedilatildeo com a adaptaccedilatildeo eacute prioritaacuteria

A Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC sigla em inglecircs) foi criada na Eco-92 com o objetivo de estabilizar as concentraccedilotildees de gases do efeito estufa na atmosfera em tempo de impedir um aumento comprometedor da temperatura na Terra Para viabilizar esse objetivo a convenccedilatildeo ressaltava a importacircncia de estabelecer metas de reduccedilatildeo de emissotildees de carbono (a chamada mitigaccedilatildeo) e de criar planos de contingecircncia aos efeitos adversos jaacute existentes da mudanccedila do clima (isto eacute a adaptaccedilatildeo)

Essas duas necessidades ndash mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo ndash foram reforccediladas no texto do Acordo de Paris principal pacto global de combate agrave mudanccedila do clima criado em dezembro de 2015 durante a 21ordf Conferecircncia das Partes (COP 21) da UNFCCC Ao assinaacute-lo um total de 197 paiacuteses se comprometeu a manter o aumento da temperatura meacutedia global bem abaixo de 2 degC em relaccedilatildeo aos niacuteveis preacute-industriais empreendendo esforccedilos extras para que natildeo ultrapasse 15 degC

No Brasil a Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima1 criada em 2009 visa promover a adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por intermeacutedio das trecircs esferas da Federaccedilatildeo com a participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo dos agentes econocircmicos e sociais interessados ou beneficiaacuterios Em 2015 essa poliacutetica foi fortalecida com o anuacutencio do governo brasileiro no acircmbito do Acordo de Paris das metas voluntaacuterias de reduccedilatildeo das emissotildees de gases do efeito estufa A adaptaccedilatildeo eacute categorizada no documento como medida fundamental para o paiacutes usando como referecircncia o Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA)2

Diante desse contexto esta publicaccedilatildeo busca trazer mais visibilidade para a agenda de adaptaccedilatildeo uma vez que a mitigaccedilatildeo vem sendo discutida haacute mais tempo Aqui se destacam os principais desafios para o planejamento municipal e estadual O modo de fazecirc-lo com um passo a passo para gestores aleacutem da intenccedilatildeo de envolver cidadatildeos eacute descrito no guia completo disponiacutevel neste link wwforgbrguiaadaptacao

1 Lei nordm 1218709 regulamentada pelo Decreto nordm 7390102 Criado pela Portaria Ministerial do Ministeacuterio do Meio Ambiente nordm 150 de 10 de maio de 2016

O documento propotildee accedilotildees estrateacutegias e diretrizes para a gestatildeo e diminuiccedilatildeo do risco climaacutetico do paiacutes diante dos efeitos adversos da mudanccedila do clima em suas dimensotildees social econocircmica e ambiental Disponiacutevel em httpwwwmmagovbrclimaadaptacaoplano-nacional-de-adaptacao

introduccedilAtildeo

copy P

edro Franccedila Agecircncia S

enado

Em 2013 o Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC) sistematizou dados e informaccedilotildees indicando que as diferentes regiotildees do Brasil jaacute apresentavam registros de mudanccedila em seu clima caracteriacutestico A previsatildeo eacute de que afetem os ecossistemas terrestres e aquaacuteticos do paiacutes de maneira natildeo uniforme O aquecimento da temperatura pode conduzir a um aumento na frequecircncia de eventos extremos em todo o territoacuterio nacional bem como a uma alteraccedilatildeo no regime das chuvas com maior ocorrecircncia de secas inundaccedilotildees alagamentos deslizamentos de encostas e em decorrecircncia disso deslocamentos populacionais das localidades afetadas Aleacutem disso traz consequecircncias negativas para sociedade ecossistemas e diferentes setores da economia

No Brasil mais de 80 das pessoas vivem em cidades poreacutem haacute grandes concentraccedilotildees em poucos locais e muitos vazios demograacuteficos o que faz com que inuacutemeros municiacutepios e cidades com baixa densidade populacional tenham seacuterios riscos climaacuteticos Enquanto quase 70 dos municiacutepios tecircm menos de 20 mil moradores e representam juntos apenas 15 de toda a populaccedilatildeo a soma de residentes das 41 cidades e regiotildees metropolitanas com mais de 500 mil habitantes eacute maior do que a metade da populaccedilatildeo

Em termos de compromissos poliacuteticos o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia ndash coalizatildeo internacional de prefeitos formada com o objetivo de reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa elevar a resiliecircncia agrave mudanccedila do clima e possibilitar o acompanhamento puacuteblico do progresso das cidades ndash atualmente tem 43 cidades comprometidas3 Aleacutem dessas outras 8 cidades jaacute tinham iniciativas climaacuteticas ateacute 2015 ou seja um total de 51 cidades (Margulis 2016) No acircmbito estadual agraves margens da COP 21 foi lanccedilada a RegionsAdapt - iniciativa global para governos estaduais adotarem accedilotildees concretas cooperarem e reportarem seus esforccedilos em adaptaccedilatildeo climaacutetica ndash da qual 9 estados brasileiros fazem parte ateacute o momento4

Essas disparidades criam uma categoria de cidades e municiacutepios (e possivelmente de estados) com pouca capacidade de entender o problema da mudanccedila do clima e planejar a adaptaccedilatildeo o que as deixam altamente vulneraacuteveis a impactos Assim em alguma medida isso passa a ser responsabilidade de governos estaduais eou do governo federal que deveratildeo interceder e ajudar de forma mais incisiva a elaborar planos ndash ou estrateacutegias preliminares ndash de adaptaccedilatildeo climaacutetica

3 Disponiacutevel em httpswwwcompactofmayorsorgcities4 Disponiacutevel em httpwwwnrg4sdorgclimate-changeregionsadapt

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 7

1 mudanccedila do clima estados e cidades brasileirascopy

Donatas D

abravolskas Shutterstock

em termos de comPromissos Poliacuteticos

51 cidades e 9 estados brasileiros fazem Parte de alguma iniciativa que Promove a adaPtaccedilAtildeo agrave

mudanccedila do clima

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima8

mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeoTanto a mitigaccedilatildeo quanto a adaptaccedilatildeo satildeo essenciais para diminuir os riscos da mudanccedila do clima sendo portanto estrateacutegias complementares A mitigaccedilatildeo visa reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa responsaacuteveis pelo aquecimento global o qual resulta por sua vez na mudanccedila do clima A adaptaccedilatildeo implica o ajuste dos sistemas naturais e humanos em resposta a uma nova realidade climaacutetica ou seja eacute uma necessidade

As accedilotildees de mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo estatildeo claramente ligadas e os governos tecircm que agir simultaneamente Deve-se avaliar se uma medida de mitigaccedilatildeo aumenta ou diminui a capacidade de adaptaccedilatildeo e se uma medida de adaptaccedilatildeo aumenta ou diminui as emissotildees Desse modo escolhas ldquoganha-ganhardquo nem sempre satildeo possiacuteveis e eacute necessaacuterio levar isso em consideraccedilatildeo em ambas as estrateacutegias

Portanto ressalta-se a importacircncia da elaboraccedilatildeo de planos climaacuteticos que considerem a mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo Diante do menor nuacutemero de debates em torno da adaptaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave mitigaccedilatildeo este relatoacuterio intenta mostrar a importacircncia do assunto nos planejamentos estaduais e municipais

Destacamos a recente publicaccedilatildeo do ICLEI Programa Cidades Sustentaacuteveis (2016) guia de accedilatildeo local pelo clima focada na agenda climaacutetica (mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo) Link httpwwwcidadessustentaveisorgbrarquivosICLEI_guia_cidades_sustentaveispdf

os imPactos climAacuteticos nAtildeo fazem distinccedilAtildeo

todos estamos inevitAacutevel e irreversivelmente

ameaccedilados

copy Fernando Frazatildeo A

gecircncia Brasil

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 9

as accedilotildees de mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeo estAtildeo

claramente ligadas e os governos tecircm que

agir simultaneamente

2 Por que se adaPtarA mudanccedila do clima eacute uma ameaccedila de longo prazo para paiacuteses e respectivas populaccedilotildees Seus efeitos comeccedilam a se manifestar de modo que as accedilotildees de combate devem ser iniciadas agora no presente Embora haja a percepccedilatildeo de que os paiacuteses ricos satildeo (mais) responsaacuteveis pelo problema e satildeo eles que tecircm capacidade de mitigaccedilatildeo em curto prazo os impactos climaacuteticos natildeo fazem distinccedilatildeo todos estamos inevitaacutevel e irreversivelmente ameaccedilados Tendo ou natildeo contribuiacutedo com o problema eacute certo que as consequecircncias vatildeo atingir todas as cidades os municiacutepios e os estados brasileiros bem como pessoas ricas e pobres

Alguns estados e cidades jaacute deram o primeiro passo lanccedilando iniciativas ndash seja de mitigaccedilatildeo seja de adaptaccedilatildeo Poreacutem essa temaacutetica ainda natildeo permeia da maneira necessaacuteria a agenda dos governos estaduais e municipais Mesmo quando conscientes do problema espera-se geralmente do poder puacuteblico federal eou estadual algum tipo de orientaccedilatildeo assistecircncia teacutecnica eou financiamento

21 imPactos esPeradosConforme a Figura 1 os principais impactos da mudanccedila do clima no Brasil ateacute o final do seacuteculo poderatildeo ser

bull O aquecimento natildeo apenas no Brasil mas em todo o continente considerando todos os cenaacuterios de emissatildeo em todas as estaccedilotildees do ano Os pontos maacuteximos de aquecimento seratildeo no Centro-Oeste brasileiro

bull A reduccedilatildeo de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo) na maior parte do paiacutes com diminuiccedilotildees mais extremas no Centro-Oeste e Sudeste

bull A diminuiccedilatildeo de chuvas na parte central do Brasil e o aumento no Sul durante o veratildeo recorrentes nas simulaccedilotildees No inverno a reduccedilatildeo se daacute na porccedilatildeo norte da Ameacuterica do Sul e na Ameacuterica Central com aumento no sudeste da Ameacuterica do Sul na regiatildeo proacutexima agrave costa

bull Maiores taxas de precipitaccedilatildeo no Centro-Sul do Brasil ateacute o final do seacuteculo bull Sinais mistos de mudanccedilas da precipitaccedilatildeo na regiatildeo entre o Sul e Sudeste bull Aumento dos intervalos de dias secos no Nordeste e queda na frequecircncia de dias uacutemidos

no Norte

copy P

edro Jayme dos S

antos Prefeitura de A

lfredo WagnerS

C

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima10

Figura 1 Resumo das projeccedilotildees climaacuteticas ateacute 2100 por regiatildeo brasileira

sumAacuterio de Projeccedilotildees ateacute 2100

cenaacuterio de mudanccedilas climaacuteticas projetadas para o brasilAumento de dias secos Diminuiccedilatildeo de geadas

Ondas de calor Aumento extremo de chuvas

Aumento de temperatura Reduccedilatildeo de chuvas

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 11

Fonte Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica (SAE) e Inpe (2014)

nortemudanccedilas no climabull Temperatura miacutenima e maacutexima de 3 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo reduccedilatildeo de ateacute 15 no oeste 35 no leste e ateacute

75 no litoral da regiatildeobull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas em todas as estaccedilotildeesbull Reduccedilatildeo das chuvas no inverno na parte norte da regiatildeo Nortebull Aumento dos extremos de chuva na Amazocircnia oeste e de dias

secos consecutivos na Amazocircnia leste bull Possibilidade de secas mais intensas e frequentes a partir de

2050

Possiacuteveis imPactosbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Risco de savanizaccedilatildeo da Amazocircniabull Efeitos no transporte da umidade atmosfeacuterica para o sudeste

da Ameacuterica do Sul

centro-oestemudanccedilas no climabull De 1 a 8 degC mais quente e chuvas intensas e irregulares mais

recorrentesbull Regiatildeo com o maior aquecimento da temperatura e a maior

reduccedilatildeo de chuvas em comparaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutesbull Reduccedilatildeo acentuada de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)

Possiacuteveis imPactosbull Aumento dos eventos extremos de chuva e de dias secos

consecutivosbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com

maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Aumento das ondas de calor o que pode afetar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

bull Impactos no Pantanal e Cerrado e mais riscos de incecircndios

nordestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 2 a 6 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 75 de reduccedilatildeo das chuvas no sertatildeo em um

cenaacuterio de emissotildees intensasbull As projeccedilotildees indicam uma diminuiccedilatildeo das chuvas em periacuteodo

de inverno no litoral leste da regiatildeo Nordeste onde costuma ocorrer inundaccedilatildeo e deslizamento

bull No veratildeo projeta-se um aumento das chuvas na parte nordeste da regiatildeo Nordeste

bull Aumento de dias secos consecutivos e da secura do arbull Aumento nas taxas de evaporaccedilatildeo de accediludes e reservatoacuteriosbull Possibilidade de secas mais intensas e frequentesbull Risco de aridizaccedilatildeo no semiaacuteridobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do mar

Possiacuteveis imPactosbull Risco de desertificaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo ambientalbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio

hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircnciabull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a

populaccedilatildeobull Impactos na sauacutede humana na migraccedilatildeo no turismo e na

geraccedilatildeo de empregosbull Possiacutevel reduccedilatildeo da recarga nos aquiacuteferos a partir de 2050

sudestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos a 100 metros de altitude

principalmente no veratildeo

Possiacuteveis imPactosbull Aumento da frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com mais

secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Escassez de alimentos elevando preccedilos e resultando em desabastecimento

bull Aumento das ondas de calor o que pode prejudicar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

sulmudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 35 de aumento meacutediobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do marbull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos no litoral a 100 metros de altitudebull Aumento dos extremos de chuvas e possiacuteveis ciclones

extratropicaisbull Aumento na frequecircncia das ondas de calor e de noites quentes

Possiacuteveis imPactosbull Impactos na sauacutede e casos de doenccedilas tropicais mais

recorrentesbull Produccedilatildeo de gratildeos e frutas comprometida pelas altas

temperaturas e chuvas intensas fora de eacutepocabull Alta no preccedilo dos alimentos- Aumento na frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Elevaccedilatildeo dos rios que pode afetar portos comeacutercio fluvial e

transportesbull Conflitos sociais ameaccedila agrave seguranccedila e saquesbull Impactos nos ecossistemas naturais (Araucaacuteria e campos

sulinos) e costeiros

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima12

Levando-se em consideraccedilatildeo que 80 da populaccedilatildeo brasileira vive em aacutereas urbanas as cidades ocupam um lugar central no desenvolvimento nacional tanto no niacutevel poliacutetico quanto no econocircmico cultural e social Por concentrarem o grande capital fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios estradas pontes metrocircs e elementos de infraestrutura que satildeo imoacuteveis elas estatildeo especialmente vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos ndash tempestades enchentes inundaccedilotildees ressacas ondas de calor surtos de vetores e doenccedilas etc Aleacutem disso cerca de 50 milhotildees de pessoas vivem em municiacutepios costeiros elevando a vulnerabilidade da populaccedilatildeo urbana em face das consequecircncias climaacuteticas (ACT 2013)

Algo pouco enfatizado no acircmbito desse assunto eacute o impacto direto e indireto em empresas A interrupccedilatildeo dos serviccedilos municipais ndash como sistemas de transporte e comunicaccedilatildeo devido a ruas inundadas escassez de energia e comprometimento no abastecimento de aacutegua por exemplo ndash lesa o bom funcionamento das empresas induacutestrias aleacutem de escolas hospitais e edifiacutecios puacuteblicos entre outros locais Desse jeito a cidades tornam-se menos competitivas porque natildeo estatildeo preparadas para lidar com eventos climaacuteticos extremos o que por sua vez pode levar a um menor nuacutemero de investimentos

Na aacuterea social a principal preocupaccedilatildeo eacute com os mais pobres Tanto no meio urbano quanto no rural pessoas de menor renda seratildeo afetadas de forma alarmante pela mudanccedila do clima A parcela menos abastada dos brasileiros tende a viver e trabalhar em locais mais expostos a riscos climaacuteticos sem infraestrutura para reduzi-los como casas e bairros em regiotildees vulneraacuteveis ndash e tambeacutem natildeo dispotildee de meios para tomar medidas defensivas imediatas Habitantes de baixa renda das zonas rurais tambeacutem seratildeo fortemente prejudicados uma vez que dependem da agricultura e dos ecossistemas isto eacute setores diretamente abalados pelo fenocircmeno A mudanccedila do clima eacute sem duacutevida alguma um problema socialmente regressivo ndash e isso vale natildeo apenas para os indiviacuteduos de uma mesma cidade mas entre estados e paiacuteses Os mais ricos (paiacuteses cidades e indiviacuteduos) estatildeo mais preparados para lidar com os impactos da mudanccedila do clima por dispor de infraestrutura e serviccedilos mais adequados e ter melhores condiccedilotildees de defesa e adaptaccedilatildeo (MARGULIS 2017)

as cidades concentram o grande caPital

fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios

estradas Pontes metrocircs e elementos de infraestrutura

que sAtildeo imoacuteveis e Portanto esPecialmente

vulnerAacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos

embora a mudanccedila do clima seja comumente

Percebida como uma questAtildeo global seu

imPacto tem carAacuteter regional influenciando

os meios de subsistecircncia locais e as atividades

econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave

sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos

copy A

ntonio Cruz A

gecircncia Brasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 13

a grande maioria dos governos de cidades municiacutePios e estados

brasileiros ainda nAtildeo abordou a mudanccedila

do clima

As consequecircncias da mudanccedila do clima se manifestam localmente Embora sejam comumente percebidas como uma questatildeo global seu impacto tem caraacuteter regional influenciando os meios de subsistecircncia locais e as atividades econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos Um problema mundial eacute traduzido em fenocircmenos locais em decorrecircncia de uma seacuterie de fatores relacionados ao meio ambiente agrave sociedade e agrave economia (SNOVER et al 2007)

A capacidade de lidar e se adaptar agrave mudanccedila do clima dependeraacute da gravidade e natureza do impacto em cada regiatildeo e vai variar entre populaccedilotildees setores econocircmicos e localidades Ningueacutem seraacute poupado nenhuma pessoa povo ou naccedilatildeo Portanto os indiviacuteduos as organizaccedilotildees e os governos teratildeo que identificar as melhores soluccedilotildees se quiserem ter ecircxito no enfrentamento e na adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima (ECA 2009) A adaptaccedilatildeo eacute necessaacuteria em todas as esferas da administraccedilatildeo puacuteblica mas seus principais benefiacutecios apareceratildeo em acircmbito local ndash uma diferenccedila fundamental da mitigaccedilatildeo cujas vantagens satildeo vistas globalmente

A grande maioria dos governos de cidades municiacutepios e estados brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima Embora alguns natildeo vejam ganhos imediatos em minimizar emissotildees (mitigaccedilatildeo) as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo do interesse direto do poder puacuteblico e da sociedade ndash trata-se de accedilotildees de desenvolvimento que aumentam a resiliecircncia agrave variabilidade climaacutetica Na verdade os governos subnacionais natildeo tecircm muita escolha e precisaratildeo se adaptar agraves inevitaacuteveis consequecircncias da mudanccedila do clima Eacute tambeacutem claro que quanto mais cedo isso comeccedilar mais barato seraacute tornar-se resiliente O niacutevel de esforccedilo de adaptaccedilatildeo necessaacuterio ao longo do tempo eacute uma questatildeo mais difiacutecil dependendo da gravidade do impacto esperado e de opccedilotildees e custos

Enquanto os patamares mais altos do governo podem e devem fornecer financiamento e apoio agrave adaptaccedilatildeo as administraccedilotildees local regional e estadual tecircm a responsabilidade de planejaacute-la e implementaacute-la de modo proativo ajustando suas estrateacutegias ao contexto especiacutefico em que se encontram (ACT 2013) O poder puacuteblico municipal estaacute mais proacuteximo da populaccedilatildeo e em parceria com organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado academia e sociedade responde pelo planejamento e estabelecimento de accedilotildees de adaptaccedilatildeo

Ateacute o momento o delineamento de como seraacute a adaptaccedilatildeo no Brasil tem sido feito de forma circunstancial com um apoio limitado do poder federal e fundamentalmente na prevenccedilatildeo e resposta a cataacutestrofes Uma vez que a maioria dos efeitos da mudanccedila do clima seraacute sentida nas alteraccedilotildees da frequecircncia ou intensidade de eventos extremos muitas vezes sua ocorrecircncia vai ser classificada como desastre Existe portanto um grande potencial de os riscos de desastres serem geridos como uma agenda integrada o que pode reduzi-los

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima14

Plano nacional de adaPtaccedilAtildeo (Pna)O PNA reconhece que ldquoa promoccedilatildeo da adaptaccedilatildeo no territoacuterio nacional eacute um processo complexo que envolve a atuaccedilatildeo conjunta de diversos setores e oacutergatildeos que atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da sociedade civilrdquo Ele recomenda aos oacutergatildeos setoriais e entes federativos e agrave sociedade em geral

bull Analisar as caracteriacutesticas demandas e vulnerabilidades dos diferentes setores e quando pertinente elaborar estrateacutegias de gestatildeo visando reduzir os riscos climaacuteticos

bull Integrar o gerenciamento dos riscos climaacuteticos aos processos de elaboraccedilatildeo e revisatildeo de instrumentos para o planejamento e a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas com base em conhecimentos teacutecnico cientiacutefico eou tradicional

bull Realizar a coleta e anaacutelise de evidecircncias de vulnerabilidade e riscos climaacuteticos de maneira sistemaacutetica e compatiacutevel com os sistemas de monitoramento e avaliaccedilatildeo existentes e propostos pelo plano garantindo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees em uma plataforma online

bull Sensibilizar atores sobre a agenda de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por meio da disseminaccedilatildeo de informaccedilotildees de capacitaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo e engajamento da sociedade e da ampliaccedilatildeo dos processos participativos

bull Aprimorar a interaccedilatildeo do poder puacuteblico com entidades setoriais da economia academia e sociedade civil e outros atores interessados estimulando o contiacutenuo desenvolvimento da estrateacutegia de adaptaccedilatildeo do paiacutes diante dos efeitos da mudanccedila do clima

o Pna reconhece que ldquoa PromoccedilAtildeo da adaPtaccedilAtildeo no territoacuterio nacional eacute

um Processo comPlexo que envolve a atuaccedilAtildeo

conjunta de diversos setores e oacutergAtildeos que

atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da

sociedade civilrdquo

copy M

arcelo Cam

argo Agecircncia B

rasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 15

41 etaPas de elaboraccedilAtildeo do Plano Inuacutemeras instituiccedilotildees internacionais criaram guias metodologias e arcabouccedilos para diferentes esferas de governo elaborarem seu plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima Boa parte dos trabalhos examinados nesta publicaccedilatildeo conteacutem os mesmos elementos essenciais havendo uma enorme coincidecircncia acerca do conteuacutedo e dos componentes considerados criacuteticos

Convergindo com a grande parte dos planos revisados a Figura 2 condensa as fases fundamentais do processo de elaboraccedilatildeo do plano em paralelo agrave organizaccedilatildeo de seus componentes teacutecnicos baacutesicos Os trecircs primeiros estaacutegios da construccedilatildeo do conteuacutedo teacutecnico (comuns a todos os guias analisados) estatildeo destacados na pequena caixa agrave direita e consistem no nuacutecleo central de um plano de adaptaccedilatildeo Em seguida explicaremos resumidamente cada uma das etapas

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima

Identificaccedilatildeo de estudos relevantes

Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano

Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia

Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades

Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos e aceitabilidade

Interface com outras secretarias governamentais

Transversalizaccedilatildeo das accedilotildees propostas em poliacuteticas

planos e projetos setoriais

Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback

Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento

Projeccedilotildees climaacuteticas

Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades ndash regiotildees

setores e populaccedilotildees

Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo

de vulnerabilidades

(a)(a)

42

(b)(b)

(c)(c)

(d)(d)

(e)(e)

(f)(f)

Processo de PreParaccedilAtildeo 43 conteuacutedo

Fonte Margulis (2017)

Figura 2 Etapas da elaboraccedilatildeo de um plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima ndash processo de preparaccedilatildeo e conteuacutedo

figura 2 condensa as fases fundamentais

do Processo de elaboraccedilAtildeo e

conteuacutedo do Plano

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

A

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atildeo Paulo-S

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Selo FSc

2015

SumAacuteriobrreciclado

100ESTA PUBLICACcedilAtildeO FOI APOIADA POR

Page 3: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

Por que estados municiacutePios e cidades tecircm que se adaPtar agraves mudanccedilas do clima

Brasiacutelia-DFNovembro2017

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima2

copy Tacircnia R

ego Agecircncia B

rasil

3

sumAacuteriointroduccedilAtildeo 5

1 mudanccedila do clima estados e cidades brasileiras 7

2 Por que se adaPtar 9 21 Impactos esperados 9

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo 13

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima 15 41 Etapas de elaboraccedilatildeo do plano 15 42 Processo de preparaccedilatildeo 16 43 Conteuacutedo 17

5 bibliografia 20

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima4

copy Fernando Frazatildeo A

gecircncia Brasil

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 5

A mudanccedila do clima eacute um fenocircmeno real e crescente que tem impacto severo em todo o mundo tanto em zonas rurais quanto em centros urbanos Variaccedilotildees nas temperaturas no regime de chuvas e no escoamento de aacutegua dos rios satildeo exemplos de suas consequecircncias e afetam imediatamente as cidades a agricultura a produccedilatildeo de alimentos e a sociedade como um todo No meio urbano considerando que metade da populaccedilatildeo mundial vive em cidades a preocupaccedilatildeo com a adaptaccedilatildeo eacute prioritaacuteria

A Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC sigla em inglecircs) foi criada na Eco-92 com o objetivo de estabilizar as concentraccedilotildees de gases do efeito estufa na atmosfera em tempo de impedir um aumento comprometedor da temperatura na Terra Para viabilizar esse objetivo a convenccedilatildeo ressaltava a importacircncia de estabelecer metas de reduccedilatildeo de emissotildees de carbono (a chamada mitigaccedilatildeo) e de criar planos de contingecircncia aos efeitos adversos jaacute existentes da mudanccedila do clima (isto eacute a adaptaccedilatildeo)

Essas duas necessidades ndash mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo ndash foram reforccediladas no texto do Acordo de Paris principal pacto global de combate agrave mudanccedila do clima criado em dezembro de 2015 durante a 21ordf Conferecircncia das Partes (COP 21) da UNFCCC Ao assinaacute-lo um total de 197 paiacuteses se comprometeu a manter o aumento da temperatura meacutedia global bem abaixo de 2 degC em relaccedilatildeo aos niacuteveis preacute-industriais empreendendo esforccedilos extras para que natildeo ultrapasse 15 degC

No Brasil a Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima1 criada em 2009 visa promover a adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por intermeacutedio das trecircs esferas da Federaccedilatildeo com a participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo dos agentes econocircmicos e sociais interessados ou beneficiaacuterios Em 2015 essa poliacutetica foi fortalecida com o anuacutencio do governo brasileiro no acircmbito do Acordo de Paris das metas voluntaacuterias de reduccedilatildeo das emissotildees de gases do efeito estufa A adaptaccedilatildeo eacute categorizada no documento como medida fundamental para o paiacutes usando como referecircncia o Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA)2

Diante desse contexto esta publicaccedilatildeo busca trazer mais visibilidade para a agenda de adaptaccedilatildeo uma vez que a mitigaccedilatildeo vem sendo discutida haacute mais tempo Aqui se destacam os principais desafios para o planejamento municipal e estadual O modo de fazecirc-lo com um passo a passo para gestores aleacutem da intenccedilatildeo de envolver cidadatildeos eacute descrito no guia completo disponiacutevel neste link wwforgbrguiaadaptacao

1 Lei nordm 1218709 regulamentada pelo Decreto nordm 7390102 Criado pela Portaria Ministerial do Ministeacuterio do Meio Ambiente nordm 150 de 10 de maio de 2016

O documento propotildee accedilotildees estrateacutegias e diretrizes para a gestatildeo e diminuiccedilatildeo do risco climaacutetico do paiacutes diante dos efeitos adversos da mudanccedila do clima em suas dimensotildees social econocircmica e ambiental Disponiacutevel em httpwwwmmagovbrclimaadaptacaoplano-nacional-de-adaptacao

introduccedilAtildeo

copy P

edro Franccedila Agecircncia S

enado

Em 2013 o Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC) sistematizou dados e informaccedilotildees indicando que as diferentes regiotildees do Brasil jaacute apresentavam registros de mudanccedila em seu clima caracteriacutestico A previsatildeo eacute de que afetem os ecossistemas terrestres e aquaacuteticos do paiacutes de maneira natildeo uniforme O aquecimento da temperatura pode conduzir a um aumento na frequecircncia de eventos extremos em todo o territoacuterio nacional bem como a uma alteraccedilatildeo no regime das chuvas com maior ocorrecircncia de secas inundaccedilotildees alagamentos deslizamentos de encostas e em decorrecircncia disso deslocamentos populacionais das localidades afetadas Aleacutem disso traz consequecircncias negativas para sociedade ecossistemas e diferentes setores da economia

No Brasil mais de 80 das pessoas vivem em cidades poreacutem haacute grandes concentraccedilotildees em poucos locais e muitos vazios demograacuteficos o que faz com que inuacutemeros municiacutepios e cidades com baixa densidade populacional tenham seacuterios riscos climaacuteticos Enquanto quase 70 dos municiacutepios tecircm menos de 20 mil moradores e representam juntos apenas 15 de toda a populaccedilatildeo a soma de residentes das 41 cidades e regiotildees metropolitanas com mais de 500 mil habitantes eacute maior do que a metade da populaccedilatildeo

Em termos de compromissos poliacuteticos o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia ndash coalizatildeo internacional de prefeitos formada com o objetivo de reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa elevar a resiliecircncia agrave mudanccedila do clima e possibilitar o acompanhamento puacuteblico do progresso das cidades ndash atualmente tem 43 cidades comprometidas3 Aleacutem dessas outras 8 cidades jaacute tinham iniciativas climaacuteticas ateacute 2015 ou seja um total de 51 cidades (Margulis 2016) No acircmbito estadual agraves margens da COP 21 foi lanccedilada a RegionsAdapt - iniciativa global para governos estaduais adotarem accedilotildees concretas cooperarem e reportarem seus esforccedilos em adaptaccedilatildeo climaacutetica ndash da qual 9 estados brasileiros fazem parte ateacute o momento4

Essas disparidades criam uma categoria de cidades e municiacutepios (e possivelmente de estados) com pouca capacidade de entender o problema da mudanccedila do clima e planejar a adaptaccedilatildeo o que as deixam altamente vulneraacuteveis a impactos Assim em alguma medida isso passa a ser responsabilidade de governos estaduais eou do governo federal que deveratildeo interceder e ajudar de forma mais incisiva a elaborar planos ndash ou estrateacutegias preliminares ndash de adaptaccedilatildeo climaacutetica

3 Disponiacutevel em httpswwwcompactofmayorsorgcities4 Disponiacutevel em httpwwwnrg4sdorgclimate-changeregionsadapt

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 7

1 mudanccedila do clima estados e cidades brasileirascopy

Donatas D

abravolskas Shutterstock

em termos de comPromissos Poliacuteticos

51 cidades e 9 estados brasileiros fazem Parte de alguma iniciativa que Promove a adaPtaccedilAtildeo agrave

mudanccedila do clima

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima8

mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeoTanto a mitigaccedilatildeo quanto a adaptaccedilatildeo satildeo essenciais para diminuir os riscos da mudanccedila do clima sendo portanto estrateacutegias complementares A mitigaccedilatildeo visa reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa responsaacuteveis pelo aquecimento global o qual resulta por sua vez na mudanccedila do clima A adaptaccedilatildeo implica o ajuste dos sistemas naturais e humanos em resposta a uma nova realidade climaacutetica ou seja eacute uma necessidade

As accedilotildees de mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo estatildeo claramente ligadas e os governos tecircm que agir simultaneamente Deve-se avaliar se uma medida de mitigaccedilatildeo aumenta ou diminui a capacidade de adaptaccedilatildeo e se uma medida de adaptaccedilatildeo aumenta ou diminui as emissotildees Desse modo escolhas ldquoganha-ganhardquo nem sempre satildeo possiacuteveis e eacute necessaacuterio levar isso em consideraccedilatildeo em ambas as estrateacutegias

Portanto ressalta-se a importacircncia da elaboraccedilatildeo de planos climaacuteticos que considerem a mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo Diante do menor nuacutemero de debates em torno da adaptaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave mitigaccedilatildeo este relatoacuterio intenta mostrar a importacircncia do assunto nos planejamentos estaduais e municipais

Destacamos a recente publicaccedilatildeo do ICLEI Programa Cidades Sustentaacuteveis (2016) guia de accedilatildeo local pelo clima focada na agenda climaacutetica (mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo) Link httpwwwcidadessustentaveisorgbrarquivosICLEI_guia_cidades_sustentaveispdf

os imPactos climAacuteticos nAtildeo fazem distinccedilAtildeo

todos estamos inevitAacutevel e irreversivelmente

ameaccedilados

copy Fernando Frazatildeo A

gecircncia Brasil

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 9

as accedilotildees de mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeo estAtildeo

claramente ligadas e os governos tecircm que

agir simultaneamente

2 Por que se adaPtarA mudanccedila do clima eacute uma ameaccedila de longo prazo para paiacuteses e respectivas populaccedilotildees Seus efeitos comeccedilam a se manifestar de modo que as accedilotildees de combate devem ser iniciadas agora no presente Embora haja a percepccedilatildeo de que os paiacuteses ricos satildeo (mais) responsaacuteveis pelo problema e satildeo eles que tecircm capacidade de mitigaccedilatildeo em curto prazo os impactos climaacuteticos natildeo fazem distinccedilatildeo todos estamos inevitaacutevel e irreversivelmente ameaccedilados Tendo ou natildeo contribuiacutedo com o problema eacute certo que as consequecircncias vatildeo atingir todas as cidades os municiacutepios e os estados brasileiros bem como pessoas ricas e pobres

Alguns estados e cidades jaacute deram o primeiro passo lanccedilando iniciativas ndash seja de mitigaccedilatildeo seja de adaptaccedilatildeo Poreacutem essa temaacutetica ainda natildeo permeia da maneira necessaacuteria a agenda dos governos estaduais e municipais Mesmo quando conscientes do problema espera-se geralmente do poder puacuteblico federal eou estadual algum tipo de orientaccedilatildeo assistecircncia teacutecnica eou financiamento

21 imPactos esPeradosConforme a Figura 1 os principais impactos da mudanccedila do clima no Brasil ateacute o final do seacuteculo poderatildeo ser

bull O aquecimento natildeo apenas no Brasil mas em todo o continente considerando todos os cenaacuterios de emissatildeo em todas as estaccedilotildees do ano Os pontos maacuteximos de aquecimento seratildeo no Centro-Oeste brasileiro

bull A reduccedilatildeo de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo) na maior parte do paiacutes com diminuiccedilotildees mais extremas no Centro-Oeste e Sudeste

bull A diminuiccedilatildeo de chuvas na parte central do Brasil e o aumento no Sul durante o veratildeo recorrentes nas simulaccedilotildees No inverno a reduccedilatildeo se daacute na porccedilatildeo norte da Ameacuterica do Sul e na Ameacuterica Central com aumento no sudeste da Ameacuterica do Sul na regiatildeo proacutexima agrave costa

bull Maiores taxas de precipitaccedilatildeo no Centro-Sul do Brasil ateacute o final do seacuteculo bull Sinais mistos de mudanccedilas da precipitaccedilatildeo na regiatildeo entre o Sul e Sudeste bull Aumento dos intervalos de dias secos no Nordeste e queda na frequecircncia de dias uacutemidos

no Norte

copy P

edro Jayme dos S

antos Prefeitura de A

lfredo WagnerS

C

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima10

Figura 1 Resumo das projeccedilotildees climaacuteticas ateacute 2100 por regiatildeo brasileira

sumAacuterio de Projeccedilotildees ateacute 2100

cenaacuterio de mudanccedilas climaacuteticas projetadas para o brasilAumento de dias secos Diminuiccedilatildeo de geadas

Ondas de calor Aumento extremo de chuvas

Aumento de temperatura Reduccedilatildeo de chuvas

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 11

Fonte Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica (SAE) e Inpe (2014)

nortemudanccedilas no climabull Temperatura miacutenima e maacutexima de 3 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo reduccedilatildeo de ateacute 15 no oeste 35 no leste e ateacute

75 no litoral da regiatildeobull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas em todas as estaccedilotildeesbull Reduccedilatildeo das chuvas no inverno na parte norte da regiatildeo Nortebull Aumento dos extremos de chuva na Amazocircnia oeste e de dias

secos consecutivos na Amazocircnia leste bull Possibilidade de secas mais intensas e frequentes a partir de

2050

Possiacuteveis imPactosbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Risco de savanizaccedilatildeo da Amazocircniabull Efeitos no transporte da umidade atmosfeacuterica para o sudeste

da Ameacuterica do Sul

centro-oestemudanccedilas no climabull De 1 a 8 degC mais quente e chuvas intensas e irregulares mais

recorrentesbull Regiatildeo com o maior aquecimento da temperatura e a maior

reduccedilatildeo de chuvas em comparaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutesbull Reduccedilatildeo acentuada de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)

Possiacuteveis imPactosbull Aumento dos eventos extremos de chuva e de dias secos

consecutivosbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com

maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Aumento das ondas de calor o que pode afetar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

bull Impactos no Pantanal e Cerrado e mais riscos de incecircndios

nordestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 2 a 6 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 75 de reduccedilatildeo das chuvas no sertatildeo em um

cenaacuterio de emissotildees intensasbull As projeccedilotildees indicam uma diminuiccedilatildeo das chuvas em periacuteodo

de inverno no litoral leste da regiatildeo Nordeste onde costuma ocorrer inundaccedilatildeo e deslizamento

bull No veratildeo projeta-se um aumento das chuvas na parte nordeste da regiatildeo Nordeste

bull Aumento de dias secos consecutivos e da secura do arbull Aumento nas taxas de evaporaccedilatildeo de accediludes e reservatoacuteriosbull Possibilidade de secas mais intensas e frequentesbull Risco de aridizaccedilatildeo no semiaacuteridobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do mar

Possiacuteveis imPactosbull Risco de desertificaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo ambientalbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio

hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircnciabull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a

populaccedilatildeobull Impactos na sauacutede humana na migraccedilatildeo no turismo e na

geraccedilatildeo de empregosbull Possiacutevel reduccedilatildeo da recarga nos aquiacuteferos a partir de 2050

sudestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos a 100 metros de altitude

principalmente no veratildeo

Possiacuteveis imPactosbull Aumento da frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com mais

secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Escassez de alimentos elevando preccedilos e resultando em desabastecimento

bull Aumento das ondas de calor o que pode prejudicar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

sulmudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 35 de aumento meacutediobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do marbull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos no litoral a 100 metros de altitudebull Aumento dos extremos de chuvas e possiacuteveis ciclones

extratropicaisbull Aumento na frequecircncia das ondas de calor e de noites quentes

Possiacuteveis imPactosbull Impactos na sauacutede e casos de doenccedilas tropicais mais

recorrentesbull Produccedilatildeo de gratildeos e frutas comprometida pelas altas

temperaturas e chuvas intensas fora de eacutepocabull Alta no preccedilo dos alimentos- Aumento na frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Elevaccedilatildeo dos rios que pode afetar portos comeacutercio fluvial e

transportesbull Conflitos sociais ameaccedila agrave seguranccedila e saquesbull Impactos nos ecossistemas naturais (Araucaacuteria e campos

sulinos) e costeiros

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima12

Levando-se em consideraccedilatildeo que 80 da populaccedilatildeo brasileira vive em aacutereas urbanas as cidades ocupam um lugar central no desenvolvimento nacional tanto no niacutevel poliacutetico quanto no econocircmico cultural e social Por concentrarem o grande capital fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios estradas pontes metrocircs e elementos de infraestrutura que satildeo imoacuteveis elas estatildeo especialmente vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos ndash tempestades enchentes inundaccedilotildees ressacas ondas de calor surtos de vetores e doenccedilas etc Aleacutem disso cerca de 50 milhotildees de pessoas vivem em municiacutepios costeiros elevando a vulnerabilidade da populaccedilatildeo urbana em face das consequecircncias climaacuteticas (ACT 2013)

Algo pouco enfatizado no acircmbito desse assunto eacute o impacto direto e indireto em empresas A interrupccedilatildeo dos serviccedilos municipais ndash como sistemas de transporte e comunicaccedilatildeo devido a ruas inundadas escassez de energia e comprometimento no abastecimento de aacutegua por exemplo ndash lesa o bom funcionamento das empresas induacutestrias aleacutem de escolas hospitais e edifiacutecios puacuteblicos entre outros locais Desse jeito a cidades tornam-se menos competitivas porque natildeo estatildeo preparadas para lidar com eventos climaacuteticos extremos o que por sua vez pode levar a um menor nuacutemero de investimentos

Na aacuterea social a principal preocupaccedilatildeo eacute com os mais pobres Tanto no meio urbano quanto no rural pessoas de menor renda seratildeo afetadas de forma alarmante pela mudanccedila do clima A parcela menos abastada dos brasileiros tende a viver e trabalhar em locais mais expostos a riscos climaacuteticos sem infraestrutura para reduzi-los como casas e bairros em regiotildees vulneraacuteveis ndash e tambeacutem natildeo dispotildee de meios para tomar medidas defensivas imediatas Habitantes de baixa renda das zonas rurais tambeacutem seratildeo fortemente prejudicados uma vez que dependem da agricultura e dos ecossistemas isto eacute setores diretamente abalados pelo fenocircmeno A mudanccedila do clima eacute sem duacutevida alguma um problema socialmente regressivo ndash e isso vale natildeo apenas para os indiviacuteduos de uma mesma cidade mas entre estados e paiacuteses Os mais ricos (paiacuteses cidades e indiviacuteduos) estatildeo mais preparados para lidar com os impactos da mudanccedila do clima por dispor de infraestrutura e serviccedilos mais adequados e ter melhores condiccedilotildees de defesa e adaptaccedilatildeo (MARGULIS 2017)

as cidades concentram o grande caPital

fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios

estradas Pontes metrocircs e elementos de infraestrutura

que sAtildeo imoacuteveis e Portanto esPecialmente

vulnerAacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos

embora a mudanccedila do clima seja comumente

Percebida como uma questAtildeo global seu

imPacto tem carAacuteter regional influenciando

os meios de subsistecircncia locais e as atividades

econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave

sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos

copy A

ntonio Cruz A

gecircncia Brasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 13

a grande maioria dos governos de cidades municiacutePios e estados

brasileiros ainda nAtildeo abordou a mudanccedila

do clima

As consequecircncias da mudanccedila do clima se manifestam localmente Embora sejam comumente percebidas como uma questatildeo global seu impacto tem caraacuteter regional influenciando os meios de subsistecircncia locais e as atividades econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos Um problema mundial eacute traduzido em fenocircmenos locais em decorrecircncia de uma seacuterie de fatores relacionados ao meio ambiente agrave sociedade e agrave economia (SNOVER et al 2007)

A capacidade de lidar e se adaptar agrave mudanccedila do clima dependeraacute da gravidade e natureza do impacto em cada regiatildeo e vai variar entre populaccedilotildees setores econocircmicos e localidades Ningueacutem seraacute poupado nenhuma pessoa povo ou naccedilatildeo Portanto os indiviacuteduos as organizaccedilotildees e os governos teratildeo que identificar as melhores soluccedilotildees se quiserem ter ecircxito no enfrentamento e na adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima (ECA 2009) A adaptaccedilatildeo eacute necessaacuteria em todas as esferas da administraccedilatildeo puacuteblica mas seus principais benefiacutecios apareceratildeo em acircmbito local ndash uma diferenccedila fundamental da mitigaccedilatildeo cujas vantagens satildeo vistas globalmente

A grande maioria dos governos de cidades municiacutepios e estados brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima Embora alguns natildeo vejam ganhos imediatos em minimizar emissotildees (mitigaccedilatildeo) as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo do interesse direto do poder puacuteblico e da sociedade ndash trata-se de accedilotildees de desenvolvimento que aumentam a resiliecircncia agrave variabilidade climaacutetica Na verdade os governos subnacionais natildeo tecircm muita escolha e precisaratildeo se adaptar agraves inevitaacuteveis consequecircncias da mudanccedila do clima Eacute tambeacutem claro que quanto mais cedo isso comeccedilar mais barato seraacute tornar-se resiliente O niacutevel de esforccedilo de adaptaccedilatildeo necessaacuterio ao longo do tempo eacute uma questatildeo mais difiacutecil dependendo da gravidade do impacto esperado e de opccedilotildees e custos

Enquanto os patamares mais altos do governo podem e devem fornecer financiamento e apoio agrave adaptaccedilatildeo as administraccedilotildees local regional e estadual tecircm a responsabilidade de planejaacute-la e implementaacute-la de modo proativo ajustando suas estrateacutegias ao contexto especiacutefico em que se encontram (ACT 2013) O poder puacuteblico municipal estaacute mais proacuteximo da populaccedilatildeo e em parceria com organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado academia e sociedade responde pelo planejamento e estabelecimento de accedilotildees de adaptaccedilatildeo

Ateacute o momento o delineamento de como seraacute a adaptaccedilatildeo no Brasil tem sido feito de forma circunstancial com um apoio limitado do poder federal e fundamentalmente na prevenccedilatildeo e resposta a cataacutestrofes Uma vez que a maioria dos efeitos da mudanccedila do clima seraacute sentida nas alteraccedilotildees da frequecircncia ou intensidade de eventos extremos muitas vezes sua ocorrecircncia vai ser classificada como desastre Existe portanto um grande potencial de os riscos de desastres serem geridos como uma agenda integrada o que pode reduzi-los

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima14

Plano nacional de adaPtaccedilAtildeo (Pna)O PNA reconhece que ldquoa promoccedilatildeo da adaptaccedilatildeo no territoacuterio nacional eacute um processo complexo que envolve a atuaccedilatildeo conjunta de diversos setores e oacutergatildeos que atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da sociedade civilrdquo Ele recomenda aos oacutergatildeos setoriais e entes federativos e agrave sociedade em geral

bull Analisar as caracteriacutesticas demandas e vulnerabilidades dos diferentes setores e quando pertinente elaborar estrateacutegias de gestatildeo visando reduzir os riscos climaacuteticos

bull Integrar o gerenciamento dos riscos climaacuteticos aos processos de elaboraccedilatildeo e revisatildeo de instrumentos para o planejamento e a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas com base em conhecimentos teacutecnico cientiacutefico eou tradicional

bull Realizar a coleta e anaacutelise de evidecircncias de vulnerabilidade e riscos climaacuteticos de maneira sistemaacutetica e compatiacutevel com os sistemas de monitoramento e avaliaccedilatildeo existentes e propostos pelo plano garantindo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees em uma plataforma online

bull Sensibilizar atores sobre a agenda de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por meio da disseminaccedilatildeo de informaccedilotildees de capacitaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo e engajamento da sociedade e da ampliaccedilatildeo dos processos participativos

bull Aprimorar a interaccedilatildeo do poder puacuteblico com entidades setoriais da economia academia e sociedade civil e outros atores interessados estimulando o contiacutenuo desenvolvimento da estrateacutegia de adaptaccedilatildeo do paiacutes diante dos efeitos da mudanccedila do clima

o Pna reconhece que ldquoa PromoccedilAtildeo da adaPtaccedilAtildeo no territoacuterio nacional eacute

um Processo comPlexo que envolve a atuaccedilAtildeo

conjunta de diversos setores e oacutergAtildeos que

atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da

sociedade civilrdquo

copy M

arcelo Cam

argo Agecircncia B

rasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 15

41 etaPas de elaboraccedilAtildeo do Plano Inuacutemeras instituiccedilotildees internacionais criaram guias metodologias e arcabouccedilos para diferentes esferas de governo elaborarem seu plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima Boa parte dos trabalhos examinados nesta publicaccedilatildeo conteacutem os mesmos elementos essenciais havendo uma enorme coincidecircncia acerca do conteuacutedo e dos componentes considerados criacuteticos

Convergindo com a grande parte dos planos revisados a Figura 2 condensa as fases fundamentais do processo de elaboraccedilatildeo do plano em paralelo agrave organizaccedilatildeo de seus componentes teacutecnicos baacutesicos Os trecircs primeiros estaacutegios da construccedilatildeo do conteuacutedo teacutecnico (comuns a todos os guias analisados) estatildeo destacados na pequena caixa agrave direita e consistem no nuacutecleo central de um plano de adaptaccedilatildeo Em seguida explicaremos resumidamente cada uma das etapas

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima

Identificaccedilatildeo de estudos relevantes

Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano

Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia

Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades

Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos e aceitabilidade

Interface com outras secretarias governamentais

Transversalizaccedilatildeo das accedilotildees propostas em poliacuteticas

planos e projetos setoriais

Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback

Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento

Projeccedilotildees climaacuteticas

Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades ndash regiotildees

setores e populaccedilotildees

Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo

de vulnerabilidades

(a)(a)

42

(b)(b)

(c)(c)

(d)(d)

(e)(e)

(f)(f)

Processo de PreParaccedilAtildeo 43 conteuacutedo

Fonte Margulis (2017)

Figura 2 Etapas da elaboraccedilatildeo de um plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima ndash processo de preparaccedilatildeo e conteuacutedo

figura 2 condensa as fases fundamentais

do Processo de elaboraccedilAtildeo e

conteuacutedo do Plano

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

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2015

SumAacuteriobrreciclado

100ESTA PUBLICACcedilAtildeO FOI APOIADA POR

Page 4: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima2

copy Tacircnia R

ego Agecircncia B

rasil

3

sumAacuteriointroduccedilAtildeo 5

1 mudanccedila do clima estados e cidades brasileiras 7

2 Por que se adaPtar 9 21 Impactos esperados 9

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo 13

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima 15 41 Etapas de elaboraccedilatildeo do plano 15 42 Processo de preparaccedilatildeo 16 43 Conteuacutedo 17

5 bibliografia 20

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima4

copy Fernando Frazatildeo A

gecircncia Brasil

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 5

A mudanccedila do clima eacute um fenocircmeno real e crescente que tem impacto severo em todo o mundo tanto em zonas rurais quanto em centros urbanos Variaccedilotildees nas temperaturas no regime de chuvas e no escoamento de aacutegua dos rios satildeo exemplos de suas consequecircncias e afetam imediatamente as cidades a agricultura a produccedilatildeo de alimentos e a sociedade como um todo No meio urbano considerando que metade da populaccedilatildeo mundial vive em cidades a preocupaccedilatildeo com a adaptaccedilatildeo eacute prioritaacuteria

A Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC sigla em inglecircs) foi criada na Eco-92 com o objetivo de estabilizar as concentraccedilotildees de gases do efeito estufa na atmosfera em tempo de impedir um aumento comprometedor da temperatura na Terra Para viabilizar esse objetivo a convenccedilatildeo ressaltava a importacircncia de estabelecer metas de reduccedilatildeo de emissotildees de carbono (a chamada mitigaccedilatildeo) e de criar planos de contingecircncia aos efeitos adversos jaacute existentes da mudanccedila do clima (isto eacute a adaptaccedilatildeo)

Essas duas necessidades ndash mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo ndash foram reforccediladas no texto do Acordo de Paris principal pacto global de combate agrave mudanccedila do clima criado em dezembro de 2015 durante a 21ordf Conferecircncia das Partes (COP 21) da UNFCCC Ao assinaacute-lo um total de 197 paiacuteses se comprometeu a manter o aumento da temperatura meacutedia global bem abaixo de 2 degC em relaccedilatildeo aos niacuteveis preacute-industriais empreendendo esforccedilos extras para que natildeo ultrapasse 15 degC

No Brasil a Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima1 criada em 2009 visa promover a adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por intermeacutedio das trecircs esferas da Federaccedilatildeo com a participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo dos agentes econocircmicos e sociais interessados ou beneficiaacuterios Em 2015 essa poliacutetica foi fortalecida com o anuacutencio do governo brasileiro no acircmbito do Acordo de Paris das metas voluntaacuterias de reduccedilatildeo das emissotildees de gases do efeito estufa A adaptaccedilatildeo eacute categorizada no documento como medida fundamental para o paiacutes usando como referecircncia o Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA)2

Diante desse contexto esta publicaccedilatildeo busca trazer mais visibilidade para a agenda de adaptaccedilatildeo uma vez que a mitigaccedilatildeo vem sendo discutida haacute mais tempo Aqui se destacam os principais desafios para o planejamento municipal e estadual O modo de fazecirc-lo com um passo a passo para gestores aleacutem da intenccedilatildeo de envolver cidadatildeos eacute descrito no guia completo disponiacutevel neste link wwforgbrguiaadaptacao

1 Lei nordm 1218709 regulamentada pelo Decreto nordm 7390102 Criado pela Portaria Ministerial do Ministeacuterio do Meio Ambiente nordm 150 de 10 de maio de 2016

O documento propotildee accedilotildees estrateacutegias e diretrizes para a gestatildeo e diminuiccedilatildeo do risco climaacutetico do paiacutes diante dos efeitos adversos da mudanccedila do clima em suas dimensotildees social econocircmica e ambiental Disponiacutevel em httpwwwmmagovbrclimaadaptacaoplano-nacional-de-adaptacao

introduccedilAtildeo

copy P

edro Franccedila Agecircncia S

enado

Em 2013 o Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC) sistematizou dados e informaccedilotildees indicando que as diferentes regiotildees do Brasil jaacute apresentavam registros de mudanccedila em seu clima caracteriacutestico A previsatildeo eacute de que afetem os ecossistemas terrestres e aquaacuteticos do paiacutes de maneira natildeo uniforme O aquecimento da temperatura pode conduzir a um aumento na frequecircncia de eventos extremos em todo o territoacuterio nacional bem como a uma alteraccedilatildeo no regime das chuvas com maior ocorrecircncia de secas inundaccedilotildees alagamentos deslizamentos de encostas e em decorrecircncia disso deslocamentos populacionais das localidades afetadas Aleacutem disso traz consequecircncias negativas para sociedade ecossistemas e diferentes setores da economia

No Brasil mais de 80 das pessoas vivem em cidades poreacutem haacute grandes concentraccedilotildees em poucos locais e muitos vazios demograacuteficos o que faz com que inuacutemeros municiacutepios e cidades com baixa densidade populacional tenham seacuterios riscos climaacuteticos Enquanto quase 70 dos municiacutepios tecircm menos de 20 mil moradores e representam juntos apenas 15 de toda a populaccedilatildeo a soma de residentes das 41 cidades e regiotildees metropolitanas com mais de 500 mil habitantes eacute maior do que a metade da populaccedilatildeo

Em termos de compromissos poliacuteticos o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia ndash coalizatildeo internacional de prefeitos formada com o objetivo de reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa elevar a resiliecircncia agrave mudanccedila do clima e possibilitar o acompanhamento puacuteblico do progresso das cidades ndash atualmente tem 43 cidades comprometidas3 Aleacutem dessas outras 8 cidades jaacute tinham iniciativas climaacuteticas ateacute 2015 ou seja um total de 51 cidades (Margulis 2016) No acircmbito estadual agraves margens da COP 21 foi lanccedilada a RegionsAdapt - iniciativa global para governos estaduais adotarem accedilotildees concretas cooperarem e reportarem seus esforccedilos em adaptaccedilatildeo climaacutetica ndash da qual 9 estados brasileiros fazem parte ateacute o momento4

Essas disparidades criam uma categoria de cidades e municiacutepios (e possivelmente de estados) com pouca capacidade de entender o problema da mudanccedila do clima e planejar a adaptaccedilatildeo o que as deixam altamente vulneraacuteveis a impactos Assim em alguma medida isso passa a ser responsabilidade de governos estaduais eou do governo federal que deveratildeo interceder e ajudar de forma mais incisiva a elaborar planos ndash ou estrateacutegias preliminares ndash de adaptaccedilatildeo climaacutetica

3 Disponiacutevel em httpswwwcompactofmayorsorgcities4 Disponiacutevel em httpwwwnrg4sdorgclimate-changeregionsadapt

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 7

1 mudanccedila do clima estados e cidades brasileirascopy

Donatas D

abravolskas Shutterstock

em termos de comPromissos Poliacuteticos

51 cidades e 9 estados brasileiros fazem Parte de alguma iniciativa que Promove a adaPtaccedilAtildeo agrave

mudanccedila do clima

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima8

mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeoTanto a mitigaccedilatildeo quanto a adaptaccedilatildeo satildeo essenciais para diminuir os riscos da mudanccedila do clima sendo portanto estrateacutegias complementares A mitigaccedilatildeo visa reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa responsaacuteveis pelo aquecimento global o qual resulta por sua vez na mudanccedila do clima A adaptaccedilatildeo implica o ajuste dos sistemas naturais e humanos em resposta a uma nova realidade climaacutetica ou seja eacute uma necessidade

As accedilotildees de mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo estatildeo claramente ligadas e os governos tecircm que agir simultaneamente Deve-se avaliar se uma medida de mitigaccedilatildeo aumenta ou diminui a capacidade de adaptaccedilatildeo e se uma medida de adaptaccedilatildeo aumenta ou diminui as emissotildees Desse modo escolhas ldquoganha-ganhardquo nem sempre satildeo possiacuteveis e eacute necessaacuterio levar isso em consideraccedilatildeo em ambas as estrateacutegias

Portanto ressalta-se a importacircncia da elaboraccedilatildeo de planos climaacuteticos que considerem a mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo Diante do menor nuacutemero de debates em torno da adaptaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave mitigaccedilatildeo este relatoacuterio intenta mostrar a importacircncia do assunto nos planejamentos estaduais e municipais

Destacamos a recente publicaccedilatildeo do ICLEI Programa Cidades Sustentaacuteveis (2016) guia de accedilatildeo local pelo clima focada na agenda climaacutetica (mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo) Link httpwwwcidadessustentaveisorgbrarquivosICLEI_guia_cidades_sustentaveispdf

os imPactos climAacuteticos nAtildeo fazem distinccedilAtildeo

todos estamos inevitAacutevel e irreversivelmente

ameaccedilados

copy Fernando Frazatildeo A

gecircncia Brasil

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 9

as accedilotildees de mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeo estAtildeo

claramente ligadas e os governos tecircm que

agir simultaneamente

2 Por que se adaPtarA mudanccedila do clima eacute uma ameaccedila de longo prazo para paiacuteses e respectivas populaccedilotildees Seus efeitos comeccedilam a se manifestar de modo que as accedilotildees de combate devem ser iniciadas agora no presente Embora haja a percepccedilatildeo de que os paiacuteses ricos satildeo (mais) responsaacuteveis pelo problema e satildeo eles que tecircm capacidade de mitigaccedilatildeo em curto prazo os impactos climaacuteticos natildeo fazem distinccedilatildeo todos estamos inevitaacutevel e irreversivelmente ameaccedilados Tendo ou natildeo contribuiacutedo com o problema eacute certo que as consequecircncias vatildeo atingir todas as cidades os municiacutepios e os estados brasileiros bem como pessoas ricas e pobres

Alguns estados e cidades jaacute deram o primeiro passo lanccedilando iniciativas ndash seja de mitigaccedilatildeo seja de adaptaccedilatildeo Poreacutem essa temaacutetica ainda natildeo permeia da maneira necessaacuteria a agenda dos governos estaduais e municipais Mesmo quando conscientes do problema espera-se geralmente do poder puacuteblico federal eou estadual algum tipo de orientaccedilatildeo assistecircncia teacutecnica eou financiamento

21 imPactos esPeradosConforme a Figura 1 os principais impactos da mudanccedila do clima no Brasil ateacute o final do seacuteculo poderatildeo ser

bull O aquecimento natildeo apenas no Brasil mas em todo o continente considerando todos os cenaacuterios de emissatildeo em todas as estaccedilotildees do ano Os pontos maacuteximos de aquecimento seratildeo no Centro-Oeste brasileiro

bull A reduccedilatildeo de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo) na maior parte do paiacutes com diminuiccedilotildees mais extremas no Centro-Oeste e Sudeste

bull A diminuiccedilatildeo de chuvas na parte central do Brasil e o aumento no Sul durante o veratildeo recorrentes nas simulaccedilotildees No inverno a reduccedilatildeo se daacute na porccedilatildeo norte da Ameacuterica do Sul e na Ameacuterica Central com aumento no sudeste da Ameacuterica do Sul na regiatildeo proacutexima agrave costa

bull Maiores taxas de precipitaccedilatildeo no Centro-Sul do Brasil ateacute o final do seacuteculo bull Sinais mistos de mudanccedilas da precipitaccedilatildeo na regiatildeo entre o Sul e Sudeste bull Aumento dos intervalos de dias secos no Nordeste e queda na frequecircncia de dias uacutemidos

no Norte

copy P

edro Jayme dos S

antos Prefeitura de A

lfredo WagnerS

C

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima10

Figura 1 Resumo das projeccedilotildees climaacuteticas ateacute 2100 por regiatildeo brasileira

sumAacuterio de Projeccedilotildees ateacute 2100

cenaacuterio de mudanccedilas climaacuteticas projetadas para o brasilAumento de dias secos Diminuiccedilatildeo de geadas

Ondas de calor Aumento extremo de chuvas

Aumento de temperatura Reduccedilatildeo de chuvas

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 11

Fonte Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica (SAE) e Inpe (2014)

nortemudanccedilas no climabull Temperatura miacutenima e maacutexima de 3 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo reduccedilatildeo de ateacute 15 no oeste 35 no leste e ateacute

75 no litoral da regiatildeobull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas em todas as estaccedilotildeesbull Reduccedilatildeo das chuvas no inverno na parte norte da regiatildeo Nortebull Aumento dos extremos de chuva na Amazocircnia oeste e de dias

secos consecutivos na Amazocircnia leste bull Possibilidade de secas mais intensas e frequentes a partir de

2050

Possiacuteveis imPactosbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Risco de savanizaccedilatildeo da Amazocircniabull Efeitos no transporte da umidade atmosfeacuterica para o sudeste

da Ameacuterica do Sul

centro-oestemudanccedilas no climabull De 1 a 8 degC mais quente e chuvas intensas e irregulares mais

recorrentesbull Regiatildeo com o maior aquecimento da temperatura e a maior

reduccedilatildeo de chuvas em comparaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutesbull Reduccedilatildeo acentuada de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)

Possiacuteveis imPactosbull Aumento dos eventos extremos de chuva e de dias secos

consecutivosbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com

maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Aumento das ondas de calor o que pode afetar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

bull Impactos no Pantanal e Cerrado e mais riscos de incecircndios

nordestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 2 a 6 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 75 de reduccedilatildeo das chuvas no sertatildeo em um

cenaacuterio de emissotildees intensasbull As projeccedilotildees indicam uma diminuiccedilatildeo das chuvas em periacuteodo

de inverno no litoral leste da regiatildeo Nordeste onde costuma ocorrer inundaccedilatildeo e deslizamento

bull No veratildeo projeta-se um aumento das chuvas na parte nordeste da regiatildeo Nordeste

bull Aumento de dias secos consecutivos e da secura do arbull Aumento nas taxas de evaporaccedilatildeo de accediludes e reservatoacuteriosbull Possibilidade de secas mais intensas e frequentesbull Risco de aridizaccedilatildeo no semiaacuteridobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do mar

Possiacuteveis imPactosbull Risco de desertificaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo ambientalbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio

hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircnciabull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a

populaccedilatildeobull Impactos na sauacutede humana na migraccedilatildeo no turismo e na

geraccedilatildeo de empregosbull Possiacutevel reduccedilatildeo da recarga nos aquiacuteferos a partir de 2050

sudestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos a 100 metros de altitude

principalmente no veratildeo

Possiacuteveis imPactosbull Aumento da frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com mais

secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Escassez de alimentos elevando preccedilos e resultando em desabastecimento

bull Aumento das ondas de calor o que pode prejudicar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

sulmudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 35 de aumento meacutediobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do marbull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos no litoral a 100 metros de altitudebull Aumento dos extremos de chuvas e possiacuteveis ciclones

extratropicaisbull Aumento na frequecircncia das ondas de calor e de noites quentes

Possiacuteveis imPactosbull Impactos na sauacutede e casos de doenccedilas tropicais mais

recorrentesbull Produccedilatildeo de gratildeos e frutas comprometida pelas altas

temperaturas e chuvas intensas fora de eacutepocabull Alta no preccedilo dos alimentos- Aumento na frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Elevaccedilatildeo dos rios que pode afetar portos comeacutercio fluvial e

transportesbull Conflitos sociais ameaccedila agrave seguranccedila e saquesbull Impactos nos ecossistemas naturais (Araucaacuteria e campos

sulinos) e costeiros

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima12

Levando-se em consideraccedilatildeo que 80 da populaccedilatildeo brasileira vive em aacutereas urbanas as cidades ocupam um lugar central no desenvolvimento nacional tanto no niacutevel poliacutetico quanto no econocircmico cultural e social Por concentrarem o grande capital fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios estradas pontes metrocircs e elementos de infraestrutura que satildeo imoacuteveis elas estatildeo especialmente vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos ndash tempestades enchentes inundaccedilotildees ressacas ondas de calor surtos de vetores e doenccedilas etc Aleacutem disso cerca de 50 milhotildees de pessoas vivem em municiacutepios costeiros elevando a vulnerabilidade da populaccedilatildeo urbana em face das consequecircncias climaacuteticas (ACT 2013)

Algo pouco enfatizado no acircmbito desse assunto eacute o impacto direto e indireto em empresas A interrupccedilatildeo dos serviccedilos municipais ndash como sistemas de transporte e comunicaccedilatildeo devido a ruas inundadas escassez de energia e comprometimento no abastecimento de aacutegua por exemplo ndash lesa o bom funcionamento das empresas induacutestrias aleacutem de escolas hospitais e edifiacutecios puacuteblicos entre outros locais Desse jeito a cidades tornam-se menos competitivas porque natildeo estatildeo preparadas para lidar com eventos climaacuteticos extremos o que por sua vez pode levar a um menor nuacutemero de investimentos

Na aacuterea social a principal preocupaccedilatildeo eacute com os mais pobres Tanto no meio urbano quanto no rural pessoas de menor renda seratildeo afetadas de forma alarmante pela mudanccedila do clima A parcela menos abastada dos brasileiros tende a viver e trabalhar em locais mais expostos a riscos climaacuteticos sem infraestrutura para reduzi-los como casas e bairros em regiotildees vulneraacuteveis ndash e tambeacutem natildeo dispotildee de meios para tomar medidas defensivas imediatas Habitantes de baixa renda das zonas rurais tambeacutem seratildeo fortemente prejudicados uma vez que dependem da agricultura e dos ecossistemas isto eacute setores diretamente abalados pelo fenocircmeno A mudanccedila do clima eacute sem duacutevida alguma um problema socialmente regressivo ndash e isso vale natildeo apenas para os indiviacuteduos de uma mesma cidade mas entre estados e paiacuteses Os mais ricos (paiacuteses cidades e indiviacuteduos) estatildeo mais preparados para lidar com os impactos da mudanccedila do clima por dispor de infraestrutura e serviccedilos mais adequados e ter melhores condiccedilotildees de defesa e adaptaccedilatildeo (MARGULIS 2017)

as cidades concentram o grande caPital

fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios

estradas Pontes metrocircs e elementos de infraestrutura

que sAtildeo imoacuteveis e Portanto esPecialmente

vulnerAacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos

embora a mudanccedila do clima seja comumente

Percebida como uma questAtildeo global seu

imPacto tem carAacuteter regional influenciando

os meios de subsistecircncia locais e as atividades

econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave

sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos

copy A

ntonio Cruz A

gecircncia Brasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 13

a grande maioria dos governos de cidades municiacutePios e estados

brasileiros ainda nAtildeo abordou a mudanccedila

do clima

As consequecircncias da mudanccedila do clima se manifestam localmente Embora sejam comumente percebidas como uma questatildeo global seu impacto tem caraacuteter regional influenciando os meios de subsistecircncia locais e as atividades econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos Um problema mundial eacute traduzido em fenocircmenos locais em decorrecircncia de uma seacuterie de fatores relacionados ao meio ambiente agrave sociedade e agrave economia (SNOVER et al 2007)

A capacidade de lidar e se adaptar agrave mudanccedila do clima dependeraacute da gravidade e natureza do impacto em cada regiatildeo e vai variar entre populaccedilotildees setores econocircmicos e localidades Ningueacutem seraacute poupado nenhuma pessoa povo ou naccedilatildeo Portanto os indiviacuteduos as organizaccedilotildees e os governos teratildeo que identificar as melhores soluccedilotildees se quiserem ter ecircxito no enfrentamento e na adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima (ECA 2009) A adaptaccedilatildeo eacute necessaacuteria em todas as esferas da administraccedilatildeo puacuteblica mas seus principais benefiacutecios apareceratildeo em acircmbito local ndash uma diferenccedila fundamental da mitigaccedilatildeo cujas vantagens satildeo vistas globalmente

A grande maioria dos governos de cidades municiacutepios e estados brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima Embora alguns natildeo vejam ganhos imediatos em minimizar emissotildees (mitigaccedilatildeo) as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo do interesse direto do poder puacuteblico e da sociedade ndash trata-se de accedilotildees de desenvolvimento que aumentam a resiliecircncia agrave variabilidade climaacutetica Na verdade os governos subnacionais natildeo tecircm muita escolha e precisaratildeo se adaptar agraves inevitaacuteveis consequecircncias da mudanccedila do clima Eacute tambeacutem claro que quanto mais cedo isso comeccedilar mais barato seraacute tornar-se resiliente O niacutevel de esforccedilo de adaptaccedilatildeo necessaacuterio ao longo do tempo eacute uma questatildeo mais difiacutecil dependendo da gravidade do impacto esperado e de opccedilotildees e custos

Enquanto os patamares mais altos do governo podem e devem fornecer financiamento e apoio agrave adaptaccedilatildeo as administraccedilotildees local regional e estadual tecircm a responsabilidade de planejaacute-la e implementaacute-la de modo proativo ajustando suas estrateacutegias ao contexto especiacutefico em que se encontram (ACT 2013) O poder puacuteblico municipal estaacute mais proacuteximo da populaccedilatildeo e em parceria com organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado academia e sociedade responde pelo planejamento e estabelecimento de accedilotildees de adaptaccedilatildeo

Ateacute o momento o delineamento de como seraacute a adaptaccedilatildeo no Brasil tem sido feito de forma circunstancial com um apoio limitado do poder federal e fundamentalmente na prevenccedilatildeo e resposta a cataacutestrofes Uma vez que a maioria dos efeitos da mudanccedila do clima seraacute sentida nas alteraccedilotildees da frequecircncia ou intensidade de eventos extremos muitas vezes sua ocorrecircncia vai ser classificada como desastre Existe portanto um grande potencial de os riscos de desastres serem geridos como uma agenda integrada o que pode reduzi-los

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima14

Plano nacional de adaPtaccedilAtildeo (Pna)O PNA reconhece que ldquoa promoccedilatildeo da adaptaccedilatildeo no territoacuterio nacional eacute um processo complexo que envolve a atuaccedilatildeo conjunta de diversos setores e oacutergatildeos que atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da sociedade civilrdquo Ele recomenda aos oacutergatildeos setoriais e entes federativos e agrave sociedade em geral

bull Analisar as caracteriacutesticas demandas e vulnerabilidades dos diferentes setores e quando pertinente elaborar estrateacutegias de gestatildeo visando reduzir os riscos climaacuteticos

bull Integrar o gerenciamento dos riscos climaacuteticos aos processos de elaboraccedilatildeo e revisatildeo de instrumentos para o planejamento e a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas com base em conhecimentos teacutecnico cientiacutefico eou tradicional

bull Realizar a coleta e anaacutelise de evidecircncias de vulnerabilidade e riscos climaacuteticos de maneira sistemaacutetica e compatiacutevel com os sistemas de monitoramento e avaliaccedilatildeo existentes e propostos pelo plano garantindo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees em uma plataforma online

bull Sensibilizar atores sobre a agenda de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por meio da disseminaccedilatildeo de informaccedilotildees de capacitaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo e engajamento da sociedade e da ampliaccedilatildeo dos processos participativos

bull Aprimorar a interaccedilatildeo do poder puacuteblico com entidades setoriais da economia academia e sociedade civil e outros atores interessados estimulando o contiacutenuo desenvolvimento da estrateacutegia de adaptaccedilatildeo do paiacutes diante dos efeitos da mudanccedila do clima

o Pna reconhece que ldquoa PromoccedilAtildeo da adaPtaccedilAtildeo no territoacuterio nacional eacute

um Processo comPlexo que envolve a atuaccedilAtildeo

conjunta de diversos setores e oacutergAtildeos que

atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da

sociedade civilrdquo

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arcelo Cam

argo Agecircncia B

rasil

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Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 15

41 etaPas de elaboraccedilAtildeo do Plano Inuacutemeras instituiccedilotildees internacionais criaram guias metodologias e arcabouccedilos para diferentes esferas de governo elaborarem seu plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima Boa parte dos trabalhos examinados nesta publicaccedilatildeo conteacutem os mesmos elementos essenciais havendo uma enorme coincidecircncia acerca do conteuacutedo e dos componentes considerados criacuteticos

Convergindo com a grande parte dos planos revisados a Figura 2 condensa as fases fundamentais do processo de elaboraccedilatildeo do plano em paralelo agrave organizaccedilatildeo de seus componentes teacutecnicos baacutesicos Os trecircs primeiros estaacutegios da construccedilatildeo do conteuacutedo teacutecnico (comuns a todos os guias analisados) estatildeo destacados na pequena caixa agrave direita e consistem no nuacutecleo central de um plano de adaptaccedilatildeo Em seguida explicaremos resumidamente cada uma das etapas

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima

Identificaccedilatildeo de estudos relevantes

Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano

Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia

Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades

Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos e aceitabilidade

Interface com outras secretarias governamentais

Transversalizaccedilatildeo das accedilotildees propostas em poliacuteticas

planos e projetos setoriais

Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback

Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento

Projeccedilotildees climaacuteticas

Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades ndash regiotildees

setores e populaccedilotildees

Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo

de vulnerabilidades

(a)(a)

42

(b)(b)

(c)(c)

(d)(d)

(e)(e)

(f)(f)

Processo de PreParaccedilAtildeo 43 conteuacutedo

Fonte Margulis (2017)

Figura 2 Etapas da elaboraccedilatildeo de um plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima ndash processo de preparaccedilatildeo e conteuacutedo

figura 2 condensa as fases fundamentais

do Processo de elaboraccedilAtildeo e

conteuacutedo do Plano

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

A

scom S

atildeo Paulo-S

P

BR

Selo FSc

2015

SumAacuteriobrreciclado

100ESTA PUBLICACcedilAtildeO FOI APOIADA POR

Page 5: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

3

sumAacuteriointroduccedilAtildeo 5

1 mudanccedila do clima estados e cidades brasileiras 7

2 Por que se adaPtar 9 21 Impactos esperados 9

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo 13

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima 15 41 Etapas de elaboraccedilatildeo do plano 15 42 Processo de preparaccedilatildeo 16 43 Conteuacutedo 17

5 bibliografia 20

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima4

copy Fernando Frazatildeo A

gecircncia Brasil

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 5

A mudanccedila do clima eacute um fenocircmeno real e crescente que tem impacto severo em todo o mundo tanto em zonas rurais quanto em centros urbanos Variaccedilotildees nas temperaturas no regime de chuvas e no escoamento de aacutegua dos rios satildeo exemplos de suas consequecircncias e afetam imediatamente as cidades a agricultura a produccedilatildeo de alimentos e a sociedade como um todo No meio urbano considerando que metade da populaccedilatildeo mundial vive em cidades a preocupaccedilatildeo com a adaptaccedilatildeo eacute prioritaacuteria

A Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC sigla em inglecircs) foi criada na Eco-92 com o objetivo de estabilizar as concentraccedilotildees de gases do efeito estufa na atmosfera em tempo de impedir um aumento comprometedor da temperatura na Terra Para viabilizar esse objetivo a convenccedilatildeo ressaltava a importacircncia de estabelecer metas de reduccedilatildeo de emissotildees de carbono (a chamada mitigaccedilatildeo) e de criar planos de contingecircncia aos efeitos adversos jaacute existentes da mudanccedila do clima (isto eacute a adaptaccedilatildeo)

Essas duas necessidades ndash mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo ndash foram reforccediladas no texto do Acordo de Paris principal pacto global de combate agrave mudanccedila do clima criado em dezembro de 2015 durante a 21ordf Conferecircncia das Partes (COP 21) da UNFCCC Ao assinaacute-lo um total de 197 paiacuteses se comprometeu a manter o aumento da temperatura meacutedia global bem abaixo de 2 degC em relaccedilatildeo aos niacuteveis preacute-industriais empreendendo esforccedilos extras para que natildeo ultrapasse 15 degC

No Brasil a Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima1 criada em 2009 visa promover a adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por intermeacutedio das trecircs esferas da Federaccedilatildeo com a participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo dos agentes econocircmicos e sociais interessados ou beneficiaacuterios Em 2015 essa poliacutetica foi fortalecida com o anuacutencio do governo brasileiro no acircmbito do Acordo de Paris das metas voluntaacuterias de reduccedilatildeo das emissotildees de gases do efeito estufa A adaptaccedilatildeo eacute categorizada no documento como medida fundamental para o paiacutes usando como referecircncia o Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA)2

Diante desse contexto esta publicaccedilatildeo busca trazer mais visibilidade para a agenda de adaptaccedilatildeo uma vez que a mitigaccedilatildeo vem sendo discutida haacute mais tempo Aqui se destacam os principais desafios para o planejamento municipal e estadual O modo de fazecirc-lo com um passo a passo para gestores aleacutem da intenccedilatildeo de envolver cidadatildeos eacute descrito no guia completo disponiacutevel neste link wwforgbrguiaadaptacao

1 Lei nordm 1218709 regulamentada pelo Decreto nordm 7390102 Criado pela Portaria Ministerial do Ministeacuterio do Meio Ambiente nordm 150 de 10 de maio de 2016

O documento propotildee accedilotildees estrateacutegias e diretrizes para a gestatildeo e diminuiccedilatildeo do risco climaacutetico do paiacutes diante dos efeitos adversos da mudanccedila do clima em suas dimensotildees social econocircmica e ambiental Disponiacutevel em httpwwwmmagovbrclimaadaptacaoplano-nacional-de-adaptacao

introduccedilAtildeo

copy P

edro Franccedila Agecircncia S

enado

Em 2013 o Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC) sistematizou dados e informaccedilotildees indicando que as diferentes regiotildees do Brasil jaacute apresentavam registros de mudanccedila em seu clima caracteriacutestico A previsatildeo eacute de que afetem os ecossistemas terrestres e aquaacuteticos do paiacutes de maneira natildeo uniforme O aquecimento da temperatura pode conduzir a um aumento na frequecircncia de eventos extremos em todo o territoacuterio nacional bem como a uma alteraccedilatildeo no regime das chuvas com maior ocorrecircncia de secas inundaccedilotildees alagamentos deslizamentos de encostas e em decorrecircncia disso deslocamentos populacionais das localidades afetadas Aleacutem disso traz consequecircncias negativas para sociedade ecossistemas e diferentes setores da economia

No Brasil mais de 80 das pessoas vivem em cidades poreacutem haacute grandes concentraccedilotildees em poucos locais e muitos vazios demograacuteficos o que faz com que inuacutemeros municiacutepios e cidades com baixa densidade populacional tenham seacuterios riscos climaacuteticos Enquanto quase 70 dos municiacutepios tecircm menos de 20 mil moradores e representam juntos apenas 15 de toda a populaccedilatildeo a soma de residentes das 41 cidades e regiotildees metropolitanas com mais de 500 mil habitantes eacute maior do que a metade da populaccedilatildeo

Em termos de compromissos poliacuteticos o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia ndash coalizatildeo internacional de prefeitos formada com o objetivo de reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa elevar a resiliecircncia agrave mudanccedila do clima e possibilitar o acompanhamento puacuteblico do progresso das cidades ndash atualmente tem 43 cidades comprometidas3 Aleacutem dessas outras 8 cidades jaacute tinham iniciativas climaacuteticas ateacute 2015 ou seja um total de 51 cidades (Margulis 2016) No acircmbito estadual agraves margens da COP 21 foi lanccedilada a RegionsAdapt - iniciativa global para governos estaduais adotarem accedilotildees concretas cooperarem e reportarem seus esforccedilos em adaptaccedilatildeo climaacutetica ndash da qual 9 estados brasileiros fazem parte ateacute o momento4

Essas disparidades criam uma categoria de cidades e municiacutepios (e possivelmente de estados) com pouca capacidade de entender o problema da mudanccedila do clima e planejar a adaptaccedilatildeo o que as deixam altamente vulneraacuteveis a impactos Assim em alguma medida isso passa a ser responsabilidade de governos estaduais eou do governo federal que deveratildeo interceder e ajudar de forma mais incisiva a elaborar planos ndash ou estrateacutegias preliminares ndash de adaptaccedilatildeo climaacutetica

3 Disponiacutevel em httpswwwcompactofmayorsorgcities4 Disponiacutevel em httpwwwnrg4sdorgclimate-changeregionsadapt

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 7

1 mudanccedila do clima estados e cidades brasileirascopy

Donatas D

abravolskas Shutterstock

em termos de comPromissos Poliacuteticos

51 cidades e 9 estados brasileiros fazem Parte de alguma iniciativa que Promove a adaPtaccedilAtildeo agrave

mudanccedila do clima

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima8

mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeoTanto a mitigaccedilatildeo quanto a adaptaccedilatildeo satildeo essenciais para diminuir os riscos da mudanccedila do clima sendo portanto estrateacutegias complementares A mitigaccedilatildeo visa reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa responsaacuteveis pelo aquecimento global o qual resulta por sua vez na mudanccedila do clima A adaptaccedilatildeo implica o ajuste dos sistemas naturais e humanos em resposta a uma nova realidade climaacutetica ou seja eacute uma necessidade

As accedilotildees de mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo estatildeo claramente ligadas e os governos tecircm que agir simultaneamente Deve-se avaliar se uma medida de mitigaccedilatildeo aumenta ou diminui a capacidade de adaptaccedilatildeo e se uma medida de adaptaccedilatildeo aumenta ou diminui as emissotildees Desse modo escolhas ldquoganha-ganhardquo nem sempre satildeo possiacuteveis e eacute necessaacuterio levar isso em consideraccedilatildeo em ambas as estrateacutegias

Portanto ressalta-se a importacircncia da elaboraccedilatildeo de planos climaacuteticos que considerem a mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo Diante do menor nuacutemero de debates em torno da adaptaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave mitigaccedilatildeo este relatoacuterio intenta mostrar a importacircncia do assunto nos planejamentos estaduais e municipais

Destacamos a recente publicaccedilatildeo do ICLEI Programa Cidades Sustentaacuteveis (2016) guia de accedilatildeo local pelo clima focada na agenda climaacutetica (mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo) Link httpwwwcidadessustentaveisorgbrarquivosICLEI_guia_cidades_sustentaveispdf

os imPactos climAacuteticos nAtildeo fazem distinccedilAtildeo

todos estamos inevitAacutevel e irreversivelmente

ameaccedilados

copy Fernando Frazatildeo A

gecircncia Brasil

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 9

as accedilotildees de mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeo estAtildeo

claramente ligadas e os governos tecircm que

agir simultaneamente

2 Por que se adaPtarA mudanccedila do clima eacute uma ameaccedila de longo prazo para paiacuteses e respectivas populaccedilotildees Seus efeitos comeccedilam a se manifestar de modo que as accedilotildees de combate devem ser iniciadas agora no presente Embora haja a percepccedilatildeo de que os paiacuteses ricos satildeo (mais) responsaacuteveis pelo problema e satildeo eles que tecircm capacidade de mitigaccedilatildeo em curto prazo os impactos climaacuteticos natildeo fazem distinccedilatildeo todos estamos inevitaacutevel e irreversivelmente ameaccedilados Tendo ou natildeo contribuiacutedo com o problema eacute certo que as consequecircncias vatildeo atingir todas as cidades os municiacutepios e os estados brasileiros bem como pessoas ricas e pobres

Alguns estados e cidades jaacute deram o primeiro passo lanccedilando iniciativas ndash seja de mitigaccedilatildeo seja de adaptaccedilatildeo Poreacutem essa temaacutetica ainda natildeo permeia da maneira necessaacuteria a agenda dos governos estaduais e municipais Mesmo quando conscientes do problema espera-se geralmente do poder puacuteblico federal eou estadual algum tipo de orientaccedilatildeo assistecircncia teacutecnica eou financiamento

21 imPactos esPeradosConforme a Figura 1 os principais impactos da mudanccedila do clima no Brasil ateacute o final do seacuteculo poderatildeo ser

bull O aquecimento natildeo apenas no Brasil mas em todo o continente considerando todos os cenaacuterios de emissatildeo em todas as estaccedilotildees do ano Os pontos maacuteximos de aquecimento seratildeo no Centro-Oeste brasileiro

bull A reduccedilatildeo de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo) na maior parte do paiacutes com diminuiccedilotildees mais extremas no Centro-Oeste e Sudeste

bull A diminuiccedilatildeo de chuvas na parte central do Brasil e o aumento no Sul durante o veratildeo recorrentes nas simulaccedilotildees No inverno a reduccedilatildeo se daacute na porccedilatildeo norte da Ameacuterica do Sul e na Ameacuterica Central com aumento no sudeste da Ameacuterica do Sul na regiatildeo proacutexima agrave costa

bull Maiores taxas de precipitaccedilatildeo no Centro-Sul do Brasil ateacute o final do seacuteculo bull Sinais mistos de mudanccedilas da precipitaccedilatildeo na regiatildeo entre o Sul e Sudeste bull Aumento dos intervalos de dias secos no Nordeste e queda na frequecircncia de dias uacutemidos

no Norte

copy P

edro Jayme dos S

antos Prefeitura de A

lfredo WagnerS

C

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima10

Figura 1 Resumo das projeccedilotildees climaacuteticas ateacute 2100 por regiatildeo brasileira

sumAacuterio de Projeccedilotildees ateacute 2100

cenaacuterio de mudanccedilas climaacuteticas projetadas para o brasilAumento de dias secos Diminuiccedilatildeo de geadas

Ondas de calor Aumento extremo de chuvas

Aumento de temperatura Reduccedilatildeo de chuvas

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 11

Fonte Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica (SAE) e Inpe (2014)

nortemudanccedilas no climabull Temperatura miacutenima e maacutexima de 3 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo reduccedilatildeo de ateacute 15 no oeste 35 no leste e ateacute

75 no litoral da regiatildeobull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas em todas as estaccedilotildeesbull Reduccedilatildeo das chuvas no inverno na parte norte da regiatildeo Nortebull Aumento dos extremos de chuva na Amazocircnia oeste e de dias

secos consecutivos na Amazocircnia leste bull Possibilidade de secas mais intensas e frequentes a partir de

2050

Possiacuteveis imPactosbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Risco de savanizaccedilatildeo da Amazocircniabull Efeitos no transporte da umidade atmosfeacuterica para o sudeste

da Ameacuterica do Sul

centro-oestemudanccedilas no climabull De 1 a 8 degC mais quente e chuvas intensas e irregulares mais

recorrentesbull Regiatildeo com o maior aquecimento da temperatura e a maior

reduccedilatildeo de chuvas em comparaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutesbull Reduccedilatildeo acentuada de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)

Possiacuteveis imPactosbull Aumento dos eventos extremos de chuva e de dias secos

consecutivosbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com

maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Aumento das ondas de calor o que pode afetar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

bull Impactos no Pantanal e Cerrado e mais riscos de incecircndios

nordestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 2 a 6 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 75 de reduccedilatildeo das chuvas no sertatildeo em um

cenaacuterio de emissotildees intensasbull As projeccedilotildees indicam uma diminuiccedilatildeo das chuvas em periacuteodo

de inverno no litoral leste da regiatildeo Nordeste onde costuma ocorrer inundaccedilatildeo e deslizamento

bull No veratildeo projeta-se um aumento das chuvas na parte nordeste da regiatildeo Nordeste

bull Aumento de dias secos consecutivos e da secura do arbull Aumento nas taxas de evaporaccedilatildeo de accediludes e reservatoacuteriosbull Possibilidade de secas mais intensas e frequentesbull Risco de aridizaccedilatildeo no semiaacuteridobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do mar

Possiacuteveis imPactosbull Risco de desertificaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo ambientalbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio

hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircnciabull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a

populaccedilatildeobull Impactos na sauacutede humana na migraccedilatildeo no turismo e na

geraccedilatildeo de empregosbull Possiacutevel reduccedilatildeo da recarga nos aquiacuteferos a partir de 2050

sudestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos a 100 metros de altitude

principalmente no veratildeo

Possiacuteveis imPactosbull Aumento da frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com mais

secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Escassez de alimentos elevando preccedilos e resultando em desabastecimento

bull Aumento das ondas de calor o que pode prejudicar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

sulmudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 35 de aumento meacutediobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do marbull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos no litoral a 100 metros de altitudebull Aumento dos extremos de chuvas e possiacuteveis ciclones

extratropicaisbull Aumento na frequecircncia das ondas de calor e de noites quentes

Possiacuteveis imPactosbull Impactos na sauacutede e casos de doenccedilas tropicais mais

recorrentesbull Produccedilatildeo de gratildeos e frutas comprometida pelas altas

temperaturas e chuvas intensas fora de eacutepocabull Alta no preccedilo dos alimentos- Aumento na frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Elevaccedilatildeo dos rios que pode afetar portos comeacutercio fluvial e

transportesbull Conflitos sociais ameaccedila agrave seguranccedila e saquesbull Impactos nos ecossistemas naturais (Araucaacuteria e campos

sulinos) e costeiros

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima12

Levando-se em consideraccedilatildeo que 80 da populaccedilatildeo brasileira vive em aacutereas urbanas as cidades ocupam um lugar central no desenvolvimento nacional tanto no niacutevel poliacutetico quanto no econocircmico cultural e social Por concentrarem o grande capital fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios estradas pontes metrocircs e elementos de infraestrutura que satildeo imoacuteveis elas estatildeo especialmente vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos ndash tempestades enchentes inundaccedilotildees ressacas ondas de calor surtos de vetores e doenccedilas etc Aleacutem disso cerca de 50 milhotildees de pessoas vivem em municiacutepios costeiros elevando a vulnerabilidade da populaccedilatildeo urbana em face das consequecircncias climaacuteticas (ACT 2013)

Algo pouco enfatizado no acircmbito desse assunto eacute o impacto direto e indireto em empresas A interrupccedilatildeo dos serviccedilos municipais ndash como sistemas de transporte e comunicaccedilatildeo devido a ruas inundadas escassez de energia e comprometimento no abastecimento de aacutegua por exemplo ndash lesa o bom funcionamento das empresas induacutestrias aleacutem de escolas hospitais e edifiacutecios puacuteblicos entre outros locais Desse jeito a cidades tornam-se menos competitivas porque natildeo estatildeo preparadas para lidar com eventos climaacuteticos extremos o que por sua vez pode levar a um menor nuacutemero de investimentos

Na aacuterea social a principal preocupaccedilatildeo eacute com os mais pobres Tanto no meio urbano quanto no rural pessoas de menor renda seratildeo afetadas de forma alarmante pela mudanccedila do clima A parcela menos abastada dos brasileiros tende a viver e trabalhar em locais mais expostos a riscos climaacuteticos sem infraestrutura para reduzi-los como casas e bairros em regiotildees vulneraacuteveis ndash e tambeacutem natildeo dispotildee de meios para tomar medidas defensivas imediatas Habitantes de baixa renda das zonas rurais tambeacutem seratildeo fortemente prejudicados uma vez que dependem da agricultura e dos ecossistemas isto eacute setores diretamente abalados pelo fenocircmeno A mudanccedila do clima eacute sem duacutevida alguma um problema socialmente regressivo ndash e isso vale natildeo apenas para os indiviacuteduos de uma mesma cidade mas entre estados e paiacuteses Os mais ricos (paiacuteses cidades e indiviacuteduos) estatildeo mais preparados para lidar com os impactos da mudanccedila do clima por dispor de infraestrutura e serviccedilos mais adequados e ter melhores condiccedilotildees de defesa e adaptaccedilatildeo (MARGULIS 2017)

as cidades concentram o grande caPital

fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios

estradas Pontes metrocircs e elementos de infraestrutura

que sAtildeo imoacuteveis e Portanto esPecialmente

vulnerAacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos

embora a mudanccedila do clima seja comumente

Percebida como uma questAtildeo global seu

imPacto tem carAacuteter regional influenciando

os meios de subsistecircncia locais e as atividades

econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave

sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos

copy A

ntonio Cruz A

gecircncia Brasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 13

a grande maioria dos governos de cidades municiacutePios e estados

brasileiros ainda nAtildeo abordou a mudanccedila

do clima

As consequecircncias da mudanccedila do clima se manifestam localmente Embora sejam comumente percebidas como uma questatildeo global seu impacto tem caraacuteter regional influenciando os meios de subsistecircncia locais e as atividades econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos Um problema mundial eacute traduzido em fenocircmenos locais em decorrecircncia de uma seacuterie de fatores relacionados ao meio ambiente agrave sociedade e agrave economia (SNOVER et al 2007)

A capacidade de lidar e se adaptar agrave mudanccedila do clima dependeraacute da gravidade e natureza do impacto em cada regiatildeo e vai variar entre populaccedilotildees setores econocircmicos e localidades Ningueacutem seraacute poupado nenhuma pessoa povo ou naccedilatildeo Portanto os indiviacuteduos as organizaccedilotildees e os governos teratildeo que identificar as melhores soluccedilotildees se quiserem ter ecircxito no enfrentamento e na adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima (ECA 2009) A adaptaccedilatildeo eacute necessaacuteria em todas as esferas da administraccedilatildeo puacuteblica mas seus principais benefiacutecios apareceratildeo em acircmbito local ndash uma diferenccedila fundamental da mitigaccedilatildeo cujas vantagens satildeo vistas globalmente

A grande maioria dos governos de cidades municiacutepios e estados brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima Embora alguns natildeo vejam ganhos imediatos em minimizar emissotildees (mitigaccedilatildeo) as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo do interesse direto do poder puacuteblico e da sociedade ndash trata-se de accedilotildees de desenvolvimento que aumentam a resiliecircncia agrave variabilidade climaacutetica Na verdade os governos subnacionais natildeo tecircm muita escolha e precisaratildeo se adaptar agraves inevitaacuteveis consequecircncias da mudanccedila do clima Eacute tambeacutem claro que quanto mais cedo isso comeccedilar mais barato seraacute tornar-se resiliente O niacutevel de esforccedilo de adaptaccedilatildeo necessaacuterio ao longo do tempo eacute uma questatildeo mais difiacutecil dependendo da gravidade do impacto esperado e de opccedilotildees e custos

Enquanto os patamares mais altos do governo podem e devem fornecer financiamento e apoio agrave adaptaccedilatildeo as administraccedilotildees local regional e estadual tecircm a responsabilidade de planejaacute-la e implementaacute-la de modo proativo ajustando suas estrateacutegias ao contexto especiacutefico em que se encontram (ACT 2013) O poder puacuteblico municipal estaacute mais proacuteximo da populaccedilatildeo e em parceria com organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado academia e sociedade responde pelo planejamento e estabelecimento de accedilotildees de adaptaccedilatildeo

Ateacute o momento o delineamento de como seraacute a adaptaccedilatildeo no Brasil tem sido feito de forma circunstancial com um apoio limitado do poder federal e fundamentalmente na prevenccedilatildeo e resposta a cataacutestrofes Uma vez que a maioria dos efeitos da mudanccedila do clima seraacute sentida nas alteraccedilotildees da frequecircncia ou intensidade de eventos extremos muitas vezes sua ocorrecircncia vai ser classificada como desastre Existe portanto um grande potencial de os riscos de desastres serem geridos como uma agenda integrada o que pode reduzi-los

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima14

Plano nacional de adaPtaccedilAtildeo (Pna)O PNA reconhece que ldquoa promoccedilatildeo da adaptaccedilatildeo no territoacuterio nacional eacute um processo complexo que envolve a atuaccedilatildeo conjunta de diversos setores e oacutergatildeos que atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da sociedade civilrdquo Ele recomenda aos oacutergatildeos setoriais e entes federativos e agrave sociedade em geral

bull Analisar as caracteriacutesticas demandas e vulnerabilidades dos diferentes setores e quando pertinente elaborar estrateacutegias de gestatildeo visando reduzir os riscos climaacuteticos

bull Integrar o gerenciamento dos riscos climaacuteticos aos processos de elaboraccedilatildeo e revisatildeo de instrumentos para o planejamento e a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas com base em conhecimentos teacutecnico cientiacutefico eou tradicional

bull Realizar a coleta e anaacutelise de evidecircncias de vulnerabilidade e riscos climaacuteticos de maneira sistemaacutetica e compatiacutevel com os sistemas de monitoramento e avaliaccedilatildeo existentes e propostos pelo plano garantindo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees em uma plataforma online

bull Sensibilizar atores sobre a agenda de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por meio da disseminaccedilatildeo de informaccedilotildees de capacitaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo e engajamento da sociedade e da ampliaccedilatildeo dos processos participativos

bull Aprimorar a interaccedilatildeo do poder puacuteblico com entidades setoriais da economia academia e sociedade civil e outros atores interessados estimulando o contiacutenuo desenvolvimento da estrateacutegia de adaptaccedilatildeo do paiacutes diante dos efeitos da mudanccedila do clima

o Pna reconhece que ldquoa PromoccedilAtildeo da adaPtaccedilAtildeo no territoacuterio nacional eacute

um Processo comPlexo que envolve a atuaccedilAtildeo

conjunta de diversos setores e oacutergAtildeos que

atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da

sociedade civilrdquo

copy M

arcelo Cam

argo Agecircncia B

rasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 15

41 etaPas de elaboraccedilAtildeo do Plano Inuacutemeras instituiccedilotildees internacionais criaram guias metodologias e arcabouccedilos para diferentes esferas de governo elaborarem seu plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima Boa parte dos trabalhos examinados nesta publicaccedilatildeo conteacutem os mesmos elementos essenciais havendo uma enorme coincidecircncia acerca do conteuacutedo e dos componentes considerados criacuteticos

Convergindo com a grande parte dos planos revisados a Figura 2 condensa as fases fundamentais do processo de elaboraccedilatildeo do plano em paralelo agrave organizaccedilatildeo de seus componentes teacutecnicos baacutesicos Os trecircs primeiros estaacutegios da construccedilatildeo do conteuacutedo teacutecnico (comuns a todos os guias analisados) estatildeo destacados na pequena caixa agrave direita e consistem no nuacutecleo central de um plano de adaptaccedilatildeo Em seguida explicaremos resumidamente cada uma das etapas

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima

Identificaccedilatildeo de estudos relevantes

Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano

Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia

Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades

Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos e aceitabilidade

Interface com outras secretarias governamentais

Transversalizaccedilatildeo das accedilotildees propostas em poliacuteticas

planos e projetos setoriais

Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback

Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento

Projeccedilotildees climaacuteticas

Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades ndash regiotildees

setores e populaccedilotildees

Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo

de vulnerabilidades

(a)(a)

42

(b)(b)

(c)(c)

(d)(d)

(e)(e)

(f)(f)

Processo de PreParaccedilAtildeo 43 conteuacutedo

Fonte Margulis (2017)

Figura 2 Etapas da elaboraccedilatildeo de um plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima ndash processo de preparaccedilatildeo e conteuacutedo

figura 2 condensa as fases fundamentais

do Processo de elaboraccedilAtildeo e

conteuacutedo do Plano

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

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atildeo Paulo-S

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2015

SumAacuteriobrreciclado

100ESTA PUBLICACcedilAtildeO FOI APOIADA POR

Page 6: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima4

copy Fernando Frazatildeo A

gecircncia Brasil

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 5

A mudanccedila do clima eacute um fenocircmeno real e crescente que tem impacto severo em todo o mundo tanto em zonas rurais quanto em centros urbanos Variaccedilotildees nas temperaturas no regime de chuvas e no escoamento de aacutegua dos rios satildeo exemplos de suas consequecircncias e afetam imediatamente as cidades a agricultura a produccedilatildeo de alimentos e a sociedade como um todo No meio urbano considerando que metade da populaccedilatildeo mundial vive em cidades a preocupaccedilatildeo com a adaptaccedilatildeo eacute prioritaacuteria

A Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC sigla em inglecircs) foi criada na Eco-92 com o objetivo de estabilizar as concentraccedilotildees de gases do efeito estufa na atmosfera em tempo de impedir um aumento comprometedor da temperatura na Terra Para viabilizar esse objetivo a convenccedilatildeo ressaltava a importacircncia de estabelecer metas de reduccedilatildeo de emissotildees de carbono (a chamada mitigaccedilatildeo) e de criar planos de contingecircncia aos efeitos adversos jaacute existentes da mudanccedila do clima (isto eacute a adaptaccedilatildeo)

Essas duas necessidades ndash mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo ndash foram reforccediladas no texto do Acordo de Paris principal pacto global de combate agrave mudanccedila do clima criado em dezembro de 2015 durante a 21ordf Conferecircncia das Partes (COP 21) da UNFCCC Ao assinaacute-lo um total de 197 paiacuteses se comprometeu a manter o aumento da temperatura meacutedia global bem abaixo de 2 degC em relaccedilatildeo aos niacuteveis preacute-industriais empreendendo esforccedilos extras para que natildeo ultrapasse 15 degC

No Brasil a Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima1 criada em 2009 visa promover a adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por intermeacutedio das trecircs esferas da Federaccedilatildeo com a participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo dos agentes econocircmicos e sociais interessados ou beneficiaacuterios Em 2015 essa poliacutetica foi fortalecida com o anuacutencio do governo brasileiro no acircmbito do Acordo de Paris das metas voluntaacuterias de reduccedilatildeo das emissotildees de gases do efeito estufa A adaptaccedilatildeo eacute categorizada no documento como medida fundamental para o paiacutes usando como referecircncia o Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA)2

Diante desse contexto esta publicaccedilatildeo busca trazer mais visibilidade para a agenda de adaptaccedilatildeo uma vez que a mitigaccedilatildeo vem sendo discutida haacute mais tempo Aqui se destacam os principais desafios para o planejamento municipal e estadual O modo de fazecirc-lo com um passo a passo para gestores aleacutem da intenccedilatildeo de envolver cidadatildeos eacute descrito no guia completo disponiacutevel neste link wwforgbrguiaadaptacao

1 Lei nordm 1218709 regulamentada pelo Decreto nordm 7390102 Criado pela Portaria Ministerial do Ministeacuterio do Meio Ambiente nordm 150 de 10 de maio de 2016

O documento propotildee accedilotildees estrateacutegias e diretrizes para a gestatildeo e diminuiccedilatildeo do risco climaacutetico do paiacutes diante dos efeitos adversos da mudanccedila do clima em suas dimensotildees social econocircmica e ambiental Disponiacutevel em httpwwwmmagovbrclimaadaptacaoplano-nacional-de-adaptacao

introduccedilAtildeo

copy P

edro Franccedila Agecircncia S

enado

Em 2013 o Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC) sistematizou dados e informaccedilotildees indicando que as diferentes regiotildees do Brasil jaacute apresentavam registros de mudanccedila em seu clima caracteriacutestico A previsatildeo eacute de que afetem os ecossistemas terrestres e aquaacuteticos do paiacutes de maneira natildeo uniforme O aquecimento da temperatura pode conduzir a um aumento na frequecircncia de eventos extremos em todo o territoacuterio nacional bem como a uma alteraccedilatildeo no regime das chuvas com maior ocorrecircncia de secas inundaccedilotildees alagamentos deslizamentos de encostas e em decorrecircncia disso deslocamentos populacionais das localidades afetadas Aleacutem disso traz consequecircncias negativas para sociedade ecossistemas e diferentes setores da economia

No Brasil mais de 80 das pessoas vivem em cidades poreacutem haacute grandes concentraccedilotildees em poucos locais e muitos vazios demograacuteficos o que faz com que inuacutemeros municiacutepios e cidades com baixa densidade populacional tenham seacuterios riscos climaacuteticos Enquanto quase 70 dos municiacutepios tecircm menos de 20 mil moradores e representam juntos apenas 15 de toda a populaccedilatildeo a soma de residentes das 41 cidades e regiotildees metropolitanas com mais de 500 mil habitantes eacute maior do que a metade da populaccedilatildeo

Em termos de compromissos poliacuteticos o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia ndash coalizatildeo internacional de prefeitos formada com o objetivo de reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa elevar a resiliecircncia agrave mudanccedila do clima e possibilitar o acompanhamento puacuteblico do progresso das cidades ndash atualmente tem 43 cidades comprometidas3 Aleacutem dessas outras 8 cidades jaacute tinham iniciativas climaacuteticas ateacute 2015 ou seja um total de 51 cidades (Margulis 2016) No acircmbito estadual agraves margens da COP 21 foi lanccedilada a RegionsAdapt - iniciativa global para governos estaduais adotarem accedilotildees concretas cooperarem e reportarem seus esforccedilos em adaptaccedilatildeo climaacutetica ndash da qual 9 estados brasileiros fazem parte ateacute o momento4

Essas disparidades criam uma categoria de cidades e municiacutepios (e possivelmente de estados) com pouca capacidade de entender o problema da mudanccedila do clima e planejar a adaptaccedilatildeo o que as deixam altamente vulneraacuteveis a impactos Assim em alguma medida isso passa a ser responsabilidade de governos estaduais eou do governo federal que deveratildeo interceder e ajudar de forma mais incisiva a elaborar planos ndash ou estrateacutegias preliminares ndash de adaptaccedilatildeo climaacutetica

3 Disponiacutevel em httpswwwcompactofmayorsorgcities4 Disponiacutevel em httpwwwnrg4sdorgclimate-changeregionsadapt

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 7

1 mudanccedila do clima estados e cidades brasileirascopy

Donatas D

abravolskas Shutterstock

em termos de comPromissos Poliacuteticos

51 cidades e 9 estados brasileiros fazem Parte de alguma iniciativa que Promove a adaPtaccedilAtildeo agrave

mudanccedila do clima

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima8

mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeoTanto a mitigaccedilatildeo quanto a adaptaccedilatildeo satildeo essenciais para diminuir os riscos da mudanccedila do clima sendo portanto estrateacutegias complementares A mitigaccedilatildeo visa reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa responsaacuteveis pelo aquecimento global o qual resulta por sua vez na mudanccedila do clima A adaptaccedilatildeo implica o ajuste dos sistemas naturais e humanos em resposta a uma nova realidade climaacutetica ou seja eacute uma necessidade

As accedilotildees de mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo estatildeo claramente ligadas e os governos tecircm que agir simultaneamente Deve-se avaliar se uma medida de mitigaccedilatildeo aumenta ou diminui a capacidade de adaptaccedilatildeo e se uma medida de adaptaccedilatildeo aumenta ou diminui as emissotildees Desse modo escolhas ldquoganha-ganhardquo nem sempre satildeo possiacuteveis e eacute necessaacuterio levar isso em consideraccedilatildeo em ambas as estrateacutegias

Portanto ressalta-se a importacircncia da elaboraccedilatildeo de planos climaacuteticos que considerem a mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo Diante do menor nuacutemero de debates em torno da adaptaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave mitigaccedilatildeo este relatoacuterio intenta mostrar a importacircncia do assunto nos planejamentos estaduais e municipais

Destacamos a recente publicaccedilatildeo do ICLEI Programa Cidades Sustentaacuteveis (2016) guia de accedilatildeo local pelo clima focada na agenda climaacutetica (mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo) Link httpwwwcidadessustentaveisorgbrarquivosICLEI_guia_cidades_sustentaveispdf

os imPactos climAacuteticos nAtildeo fazem distinccedilAtildeo

todos estamos inevitAacutevel e irreversivelmente

ameaccedilados

copy Fernando Frazatildeo A

gecircncia Brasil

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 9

as accedilotildees de mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeo estAtildeo

claramente ligadas e os governos tecircm que

agir simultaneamente

2 Por que se adaPtarA mudanccedila do clima eacute uma ameaccedila de longo prazo para paiacuteses e respectivas populaccedilotildees Seus efeitos comeccedilam a se manifestar de modo que as accedilotildees de combate devem ser iniciadas agora no presente Embora haja a percepccedilatildeo de que os paiacuteses ricos satildeo (mais) responsaacuteveis pelo problema e satildeo eles que tecircm capacidade de mitigaccedilatildeo em curto prazo os impactos climaacuteticos natildeo fazem distinccedilatildeo todos estamos inevitaacutevel e irreversivelmente ameaccedilados Tendo ou natildeo contribuiacutedo com o problema eacute certo que as consequecircncias vatildeo atingir todas as cidades os municiacutepios e os estados brasileiros bem como pessoas ricas e pobres

Alguns estados e cidades jaacute deram o primeiro passo lanccedilando iniciativas ndash seja de mitigaccedilatildeo seja de adaptaccedilatildeo Poreacutem essa temaacutetica ainda natildeo permeia da maneira necessaacuteria a agenda dos governos estaduais e municipais Mesmo quando conscientes do problema espera-se geralmente do poder puacuteblico federal eou estadual algum tipo de orientaccedilatildeo assistecircncia teacutecnica eou financiamento

21 imPactos esPeradosConforme a Figura 1 os principais impactos da mudanccedila do clima no Brasil ateacute o final do seacuteculo poderatildeo ser

bull O aquecimento natildeo apenas no Brasil mas em todo o continente considerando todos os cenaacuterios de emissatildeo em todas as estaccedilotildees do ano Os pontos maacuteximos de aquecimento seratildeo no Centro-Oeste brasileiro

bull A reduccedilatildeo de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo) na maior parte do paiacutes com diminuiccedilotildees mais extremas no Centro-Oeste e Sudeste

bull A diminuiccedilatildeo de chuvas na parte central do Brasil e o aumento no Sul durante o veratildeo recorrentes nas simulaccedilotildees No inverno a reduccedilatildeo se daacute na porccedilatildeo norte da Ameacuterica do Sul e na Ameacuterica Central com aumento no sudeste da Ameacuterica do Sul na regiatildeo proacutexima agrave costa

bull Maiores taxas de precipitaccedilatildeo no Centro-Sul do Brasil ateacute o final do seacuteculo bull Sinais mistos de mudanccedilas da precipitaccedilatildeo na regiatildeo entre o Sul e Sudeste bull Aumento dos intervalos de dias secos no Nordeste e queda na frequecircncia de dias uacutemidos

no Norte

copy P

edro Jayme dos S

antos Prefeitura de A

lfredo WagnerS

C

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima10

Figura 1 Resumo das projeccedilotildees climaacuteticas ateacute 2100 por regiatildeo brasileira

sumAacuterio de Projeccedilotildees ateacute 2100

cenaacuterio de mudanccedilas climaacuteticas projetadas para o brasilAumento de dias secos Diminuiccedilatildeo de geadas

Ondas de calor Aumento extremo de chuvas

Aumento de temperatura Reduccedilatildeo de chuvas

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 11

Fonte Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica (SAE) e Inpe (2014)

nortemudanccedilas no climabull Temperatura miacutenima e maacutexima de 3 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo reduccedilatildeo de ateacute 15 no oeste 35 no leste e ateacute

75 no litoral da regiatildeobull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas em todas as estaccedilotildeesbull Reduccedilatildeo das chuvas no inverno na parte norte da regiatildeo Nortebull Aumento dos extremos de chuva na Amazocircnia oeste e de dias

secos consecutivos na Amazocircnia leste bull Possibilidade de secas mais intensas e frequentes a partir de

2050

Possiacuteveis imPactosbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Risco de savanizaccedilatildeo da Amazocircniabull Efeitos no transporte da umidade atmosfeacuterica para o sudeste

da Ameacuterica do Sul

centro-oestemudanccedilas no climabull De 1 a 8 degC mais quente e chuvas intensas e irregulares mais

recorrentesbull Regiatildeo com o maior aquecimento da temperatura e a maior

reduccedilatildeo de chuvas em comparaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutesbull Reduccedilatildeo acentuada de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)

Possiacuteveis imPactosbull Aumento dos eventos extremos de chuva e de dias secos

consecutivosbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com

maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Aumento das ondas de calor o que pode afetar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

bull Impactos no Pantanal e Cerrado e mais riscos de incecircndios

nordestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 2 a 6 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 75 de reduccedilatildeo das chuvas no sertatildeo em um

cenaacuterio de emissotildees intensasbull As projeccedilotildees indicam uma diminuiccedilatildeo das chuvas em periacuteodo

de inverno no litoral leste da regiatildeo Nordeste onde costuma ocorrer inundaccedilatildeo e deslizamento

bull No veratildeo projeta-se um aumento das chuvas na parte nordeste da regiatildeo Nordeste

bull Aumento de dias secos consecutivos e da secura do arbull Aumento nas taxas de evaporaccedilatildeo de accediludes e reservatoacuteriosbull Possibilidade de secas mais intensas e frequentesbull Risco de aridizaccedilatildeo no semiaacuteridobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do mar

Possiacuteveis imPactosbull Risco de desertificaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo ambientalbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio

hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircnciabull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a

populaccedilatildeobull Impactos na sauacutede humana na migraccedilatildeo no turismo e na

geraccedilatildeo de empregosbull Possiacutevel reduccedilatildeo da recarga nos aquiacuteferos a partir de 2050

sudestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos a 100 metros de altitude

principalmente no veratildeo

Possiacuteveis imPactosbull Aumento da frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com mais

secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Escassez de alimentos elevando preccedilos e resultando em desabastecimento

bull Aumento das ondas de calor o que pode prejudicar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

sulmudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 35 de aumento meacutediobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do marbull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos no litoral a 100 metros de altitudebull Aumento dos extremos de chuvas e possiacuteveis ciclones

extratropicaisbull Aumento na frequecircncia das ondas de calor e de noites quentes

Possiacuteveis imPactosbull Impactos na sauacutede e casos de doenccedilas tropicais mais

recorrentesbull Produccedilatildeo de gratildeos e frutas comprometida pelas altas

temperaturas e chuvas intensas fora de eacutepocabull Alta no preccedilo dos alimentos- Aumento na frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Elevaccedilatildeo dos rios que pode afetar portos comeacutercio fluvial e

transportesbull Conflitos sociais ameaccedila agrave seguranccedila e saquesbull Impactos nos ecossistemas naturais (Araucaacuteria e campos

sulinos) e costeiros

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima12

Levando-se em consideraccedilatildeo que 80 da populaccedilatildeo brasileira vive em aacutereas urbanas as cidades ocupam um lugar central no desenvolvimento nacional tanto no niacutevel poliacutetico quanto no econocircmico cultural e social Por concentrarem o grande capital fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios estradas pontes metrocircs e elementos de infraestrutura que satildeo imoacuteveis elas estatildeo especialmente vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos ndash tempestades enchentes inundaccedilotildees ressacas ondas de calor surtos de vetores e doenccedilas etc Aleacutem disso cerca de 50 milhotildees de pessoas vivem em municiacutepios costeiros elevando a vulnerabilidade da populaccedilatildeo urbana em face das consequecircncias climaacuteticas (ACT 2013)

Algo pouco enfatizado no acircmbito desse assunto eacute o impacto direto e indireto em empresas A interrupccedilatildeo dos serviccedilos municipais ndash como sistemas de transporte e comunicaccedilatildeo devido a ruas inundadas escassez de energia e comprometimento no abastecimento de aacutegua por exemplo ndash lesa o bom funcionamento das empresas induacutestrias aleacutem de escolas hospitais e edifiacutecios puacuteblicos entre outros locais Desse jeito a cidades tornam-se menos competitivas porque natildeo estatildeo preparadas para lidar com eventos climaacuteticos extremos o que por sua vez pode levar a um menor nuacutemero de investimentos

Na aacuterea social a principal preocupaccedilatildeo eacute com os mais pobres Tanto no meio urbano quanto no rural pessoas de menor renda seratildeo afetadas de forma alarmante pela mudanccedila do clima A parcela menos abastada dos brasileiros tende a viver e trabalhar em locais mais expostos a riscos climaacuteticos sem infraestrutura para reduzi-los como casas e bairros em regiotildees vulneraacuteveis ndash e tambeacutem natildeo dispotildee de meios para tomar medidas defensivas imediatas Habitantes de baixa renda das zonas rurais tambeacutem seratildeo fortemente prejudicados uma vez que dependem da agricultura e dos ecossistemas isto eacute setores diretamente abalados pelo fenocircmeno A mudanccedila do clima eacute sem duacutevida alguma um problema socialmente regressivo ndash e isso vale natildeo apenas para os indiviacuteduos de uma mesma cidade mas entre estados e paiacuteses Os mais ricos (paiacuteses cidades e indiviacuteduos) estatildeo mais preparados para lidar com os impactos da mudanccedila do clima por dispor de infraestrutura e serviccedilos mais adequados e ter melhores condiccedilotildees de defesa e adaptaccedilatildeo (MARGULIS 2017)

as cidades concentram o grande caPital

fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios

estradas Pontes metrocircs e elementos de infraestrutura

que sAtildeo imoacuteveis e Portanto esPecialmente

vulnerAacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos

embora a mudanccedila do clima seja comumente

Percebida como uma questAtildeo global seu

imPacto tem carAacuteter regional influenciando

os meios de subsistecircncia locais e as atividades

econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave

sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos

copy A

ntonio Cruz A

gecircncia Brasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 13

a grande maioria dos governos de cidades municiacutePios e estados

brasileiros ainda nAtildeo abordou a mudanccedila

do clima

As consequecircncias da mudanccedila do clima se manifestam localmente Embora sejam comumente percebidas como uma questatildeo global seu impacto tem caraacuteter regional influenciando os meios de subsistecircncia locais e as atividades econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos Um problema mundial eacute traduzido em fenocircmenos locais em decorrecircncia de uma seacuterie de fatores relacionados ao meio ambiente agrave sociedade e agrave economia (SNOVER et al 2007)

A capacidade de lidar e se adaptar agrave mudanccedila do clima dependeraacute da gravidade e natureza do impacto em cada regiatildeo e vai variar entre populaccedilotildees setores econocircmicos e localidades Ningueacutem seraacute poupado nenhuma pessoa povo ou naccedilatildeo Portanto os indiviacuteduos as organizaccedilotildees e os governos teratildeo que identificar as melhores soluccedilotildees se quiserem ter ecircxito no enfrentamento e na adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima (ECA 2009) A adaptaccedilatildeo eacute necessaacuteria em todas as esferas da administraccedilatildeo puacuteblica mas seus principais benefiacutecios apareceratildeo em acircmbito local ndash uma diferenccedila fundamental da mitigaccedilatildeo cujas vantagens satildeo vistas globalmente

A grande maioria dos governos de cidades municiacutepios e estados brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima Embora alguns natildeo vejam ganhos imediatos em minimizar emissotildees (mitigaccedilatildeo) as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo do interesse direto do poder puacuteblico e da sociedade ndash trata-se de accedilotildees de desenvolvimento que aumentam a resiliecircncia agrave variabilidade climaacutetica Na verdade os governos subnacionais natildeo tecircm muita escolha e precisaratildeo se adaptar agraves inevitaacuteveis consequecircncias da mudanccedila do clima Eacute tambeacutem claro que quanto mais cedo isso comeccedilar mais barato seraacute tornar-se resiliente O niacutevel de esforccedilo de adaptaccedilatildeo necessaacuterio ao longo do tempo eacute uma questatildeo mais difiacutecil dependendo da gravidade do impacto esperado e de opccedilotildees e custos

Enquanto os patamares mais altos do governo podem e devem fornecer financiamento e apoio agrave adaptaccedilatildeo as administraccedilotildees local regional e estadual tecircm a responsabilidade de planejaacute-la e implementaacute-la de modo proativo ajustando suas estrateacutegias ao contexto especiacutefico em que se encontram (ACT 2013) O poder puacuteblico municipal estaacute mais proacuteximo da populaccedilatildeo e em parceria com organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado academia e sociedade responde pelo planejamento e estabelecimento de accedilotildees de adaptaccedilatildeo

Ateacute o momento o delineamento de como seraacute a adaptaccedilatildeo no Brasil tem sido feito de forma circunstancial com um apoio limitado do poder federal e fundamentalmente na prevenccedilatildeo e resposta a cataacutestrofes Uma vez que a maioria dos efeitos da mudanccedila do clima seraacute sentida nas alteraccedilotildees da frequecircncia ou intensidade de eventos extremos muitas vezes sua ocorrecircncia vai ser classificada como desastre Existe portanto um grande potencial de os riscos de desastres serem geridos como uma agenda integrada o que pode reduzi-los

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima14

Plano nacional de adaPtaccedilAtildeo (Pna)O PNA reconhece que ldquoa promoccedilatildeo da adaptaccedilatildeo no territoacuterio nacional eacute um processo complexo que envolve a atuaccedilatildeo conjunta de diversos setores e oacutergatildeos que atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da sociedade civilrdquo Ele recomenda aos oacutergatildeos setoriais e entes federativos e agrave sociedade em geral

bull Analisar as caracteriacutesticas demandas e vulnerabilidades dos diferentes setores e quando pertinente elaborar estrateacutegias de gestatildeo visando reduzir os riscos climaacuteticos

bull Integrar o gerenciamento dos riscos climaacuteticos aos processos de elaboraccedilatildeo e revisatildeo de instrumentos para o planejamento e a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas com base em conhecimentos teacutecnico cientiacutefico eou tradicional

bull Realizar a coleta e anaacutelise de evidecircncias de vulnerabilidade e riscos climaacuteticos de maneira sistemaacutetica e compatiacutevel com os sistemas de monitoramento e avaliaccedilatildeo existentes e propostos pelo plano garantindo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees em uma plataforma online

bull Sensibilizar atores sobre a agenda de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por meio da disseminaccedilatildeo de informaccedilotildees de capacitaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo e engajamento da sociedade e da ampliaccedilatildeo dos processos participativos

bull Aprimorar a interaccedilatildeo do poder puacuteblico com entidades setoriais da economia academia e sociedade civil e outros atores interessados estimulando o contiacutenuo desenvolvimento da estrateacutegia de adaptaccedilatildeo do paiacutes diante dos efeitos da mudanccedila do clima

o Pna reconhece que ldquoa PromoccedilAtildeo da adaPtaccedilAtildeo no territoacuterio nacional eacute

um Processo comPlexo que envolve a atuaccedilAtildeo

conjunta de diversos setores e oacutergAtildeos que

atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da

sociedade civilrdquo

copy M

arcelo Cam

argo Agecircncia B

rasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 15

41 etaPas de elaboraccedilAtildeo do Plano Inuacutemeras instituiccedilotildees internacionais criaram guias metodologias e arcabouccedilos para diferentes esferas de governo elaborarem seu plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima Boa parte dos trabalhos examinados nesta publicaccedilatildeo conteacutem os mesmos elementos essenciais havendo uma enorme coincidecircncia acerca do conteuacutedo e dos componentes considerados criacuteticos

Convergindo com a grande parte dos planos revisados a Figura 2 condensa as fases fundamentais do processo de elaboraccedilatildeo do plano em paralelo agrave organizaccedilatildeo de seus componentes teacutecnicos baacutesicos Os trecircs primeiros estaacutegios da construccedilatildeo do conteuacutedo teacutecnico (comuns a todos os guias analisados) estatildeo destacados na pequena caixa agrave direita e consistem no nuacutecleo central de um plano de adaptaccedilatildeo Em seguida explicaremos resumidamente cada uma das etapas

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima

Identificaccedilatildeo de estudos relevantes

Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano

Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia

Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades

Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos e aceitabilidade

Interface com outras secretarias governamentais

Transversalizaccedilatildeo das accedilotildees propostas em poliacuteticas

planos e projetos setoriais

Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback

Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento

Projeccedilotildees climaacuteticas

Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades ndash regiotildees

setores e populaccedilotildees

Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo

de vulnerabilidades

(a)(a)

42

(b)(b)

(c)(c)

(d)(d)

(e)(e)

(f)(f)

Processo de PreParaccedilAtildeo 43 conteuacutedo

Fonte Margulis (2017)

Figura 2 Etapas da elaboraccedilatildeo de um plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima ndash processo de preparaccedilatildeo e conteuacutedo

figura 2 condensa as fases fundamentais

do Processo de elaboraccedilAtildeo e

conteuacutedo do Plano

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

A

scom S

atildeo Paulo-S

P

BR

Selo FSc

2015

SumAacuteriobrreciclado

100ESTA PUBLICACcedilAtildeO FOI APOIADA POR

Page 7: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 5

A mudanccedila do clima eacute um fenocircmeno real e crescente que tem impacto severo em todo o mundo tanto em zonas rurais quanto em centros urbanos Variaccedilotildees nas temperaturas no regime de chuvas e no escoamento de aacutegua dos rios satildeo exemplos de suas consequecircncias e afetam imediatamente as cidades a agricultura a produccedilatildeo de alimentos e a sociedade como um todo No meio urbano considerando que metade da populaccedilatildeo mundial vive em cidades a preocupaccedilatildeo com a adaptaccedilatildeo eacute prioritaacuteria

A Convenccedilatildeo-Quadro das Naccedilotildees Unidas sobre Mudanccedila do Clima (UNFCCC sigla em inglecircs) foi criada na Eco-92 com o objetivo de estabilizar as concentraccedilotildees de gases do efeito estufa na atmosfera em tempo de impedir um aumento comprometedor da temperatura na Terra Para viabilizar esse objetivo a convenccedilatildeo ressaltava a importacircncia de estabelecer metas de reduccedilatildeo de emissotildees de carbono (a chamada mitigaccedilatildeo) e de criar planos de contingecircncia aos efeitos adversos jaacute existentes da mudanccedila do clima (isto eacute a adaptaccedilatildeo)

Essas duas necessidades ndash mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo ndash foram reforccediladas no texto do Acordo de Paris principal pacto global de combate agrave mudanccedila do clima criado em dezembro de 2015 durante a 21ordf Conferecircncia das Partes (COP 21) da UNFCCC Ao assinaacute-lo um total de 197 paiacuteses se comprometeu a manter o aumento da temperatura meacutedia global bem abaixo de 2 degC em relaccedilatildeo aos niacuteveis preacute-industriais empreendendo esforccedilos extras para que natildeo ultrapasse 15 degC

No Brasil a Poliacutetica Nacional sobre Mudanccedila do Clima1 criada em 2009 visa promover a adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por intermeacutedio das trecircs esferas da Federaccedilatildeo com a participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo dos agentes econocircmicos e sociais interessados ou beneficiaacuterios Em 2015 essa poliacutetica foi fortalecida com o anuacutencio do governo brasileiro no acircmbito do Acordo de Paris das metas voluntaacuterias de reduccedilatildeo das emissotildees de gases do efeito estufa A adaptaccedilatildeo eacute categorizada no documento como medida fundamental para o paiacutes usando como referecircncia o Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA)2

Diante desse contexto esta publicaccedilatildeo busca trazer mais visibilidade para a agenda de adaptaccedilatildeo uma vez que a mitigaccedilatildeo vem sendo discutida haacute mais tempo Aqui se destacam os principais desafios para o planejamento municipal e estadual O modo de fazecirc-lo com um passo a passo para gestores aleacutem da intenccedilatildeo de envolver cidadatildeos eacute descrito no guia completo disponiacutevel neste link wwforgbrguiaadaptacao

1 Lei nordm 1218709 regulamentada pelo Decreto nordm 7390102 Criado pela Portaria Ministerial do Ministeacuterio do Meio Ambiente nordm 150 de 10 de maio de 2016

O documento propotildee accedilotildees estrateacutegias e diretrizes para a gestatildeo e diminuiccedilatildeo do risco climaacutetico do paiacutes diante dos efeitos adversos da mudanccedila do clima em suas dimensotildees social econocircmica e ambiental Disponiacutevel em httpwwwmmagovbrclimaadaptacaoplano-nacional-de-adaptacao

introduccedilAtildeo

copy P

edro Franccedila Agecircncia S

enado

Em 2013 o Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC) sistematizou dados e informaccedilotildees indicando que as diferentes regiotildees do Brasil jaacute apresentavam registros de mudanccedila em seu clima caracteriacutestico A previsatildeo eacute de que afetem os ecossistemas terrestres e aquaacuteticos do paiacutes de maneira natildeo uniforme O aquecimento da temperatura pode conduzir a um aumento na frequecircncia de eventos extremos em todo o territoacuterio nacional bem como a uma alteraccedilatildeo no regime das chuvas com maior ocorrecircncia de secas inundaccedilotildees alagamentos deslizamentos de encostas e em decorrecircncia disso deslocamentos populacionais das localidades afetadas Aleacutem disso traz consequecircncias negativas para sociedade ecossistemas e diferentes setores da economia

No Brasil mais de 80 das pessoas vivem em cidades poreacutem haacute grandes concentraccedilotildees em poucos locais e muitos vazios demograacuteficos o que faz com que inuacutemeros municiacutepios e cidades com baixa densidade populacional tenham seacuterios riscos climaacuteticos Enquanto quase 70 dos municiacutepios tecircm menos de 20 mil moradores e representam juntos apenas 15 de toda a populaccedilatildeo a soma de residentes das 41 cidades e regiotildees metropolitanas com mais de 500 mil habitantes eacute maior do que a metade da populaccedilatildeo

Em termos de compromissos poliacuteticos o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia ndash coalizatildeo internacional de prefeitos formada com o objetivo de reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa elevar a resiliecircncia agrave mudanccedila do clima e possibilitar o acompanhamento puacuteblico do progresso das cidades ndash atualmente tem 43 cidades comprometidas3 Aleacutem dessas outras 8 cidades jaacute tinham iniciativas climaacuteticas ateacute 2015 ou seja um total de 51 cidades (Margulis 2016) No acircmbito estadual agraves margens da COP 21 foi lanccedilada a RegionsAdapt - iniciativa global para governos estaduais adotarem accedilotildees concretas cooperarem e reportarem seus esforccedilos em adaptaccedilatildeo climaacutetica ndash da qual 9 estados brasileiros fazem parte ateacute o momento4

Essas disparidades criam uma categoria de cidades e municiacutepios (e possivelmente de estados) com pouca capacidade de entender o problema da mudanccedila do clima e planejar a adaptaccedilatildeo o que as deixam altamente vulneraacuteveis a impactos Assim em alguma medida isso passa a ser responsabilidade de governos estaduais eou do governo federal que deveratildeo interceder e ajudar de forma mais incisiva a elaborar planos ndash ou estrateacutegias preliminares ndash de adaptaccedilatildeo climaacutetica

3 Disponiacutevel em httpswwwcompactofmayorsorgcities4 Disponiacutevel em httpwwwnrg4sdorgclimate-changeregionsadapt

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 7

1 mudanccedila do clima estados e cidades brasileirascopy

Donatas D

abravolskas Shutterstock

em termos de comPromissos Poliacuteticos

51 cidades e 9 estados brasileiros fazem Parte de alguma iniciativa que Promove a adaPtaccedilAtildeo agrave

mudanccedila do clima

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima8

mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeoTanto a mitigaccedilatildeo quanto a adaptaccedilatildeo satildeo essenciais para diminuir os riscos da mudanccedila do clima sendo portanto estrateacutegias complementares A mitigaccedilatildeo visa reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa responsaacuteveis pelo aquecimento global o qual resulta por sua vez na mudanccedila do clima A adaptaccedilatildeo implica o ajuste dos sistemas naturais e humanos em resposta a uma nova realidade climaacutetica ou seja eacute uma necessidade

As accedilotildees de mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo estatildeo claramente ligadas e os governos tecircm que agir simultaneamente Deve-se avaliar se uma medida de mitigaccedilatildeo aumenta ou diminui a capacidade de adaptaccedilatildeo e se uma medida de adaptaccedilatildeo aumenta ou diminui as emissotildees Desse modo escolhas ldquoganha-ganhardquo nem sempre satildeo possiacuteveis e eacute necessaacuterio levar isso em consideraccedilatildeo em ambas as estrateacutegias

Portanto ressalta-se a importacircncia da elaboraccedilatildeo de planos climaacuteticos que considerem a mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo Diante do menor nuacutemero de debates em torno da adaptaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave mitigaccedilatildeo este relatoacuterio intenta mostrar a importacircncia do assunto nos planejamentos estaduais e municipais

Destacamos a recente publicaccedilatildeo do ICLEI Programa Cidades Sustentaacuteveis (2016) guia de accedilatildeo local pelo clima focada na agenda climaacutetica (mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo) Link httpwwwcidadessustentaveisorgbrarquivosICLEI_guia_cidades_sustentaveispdf

os imPactos climAacuteticos nAtildeo fazem distinccedilAtildeo

todos estamos inevitAacutevel e irreversivelmente

ameaccedilados

copy Fernando Frazatildeo A

gecircncia Brasil

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 9

as accedilotildees de mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeo estAtildeo

claramente ligadas e os governos tecircm que

agir simultaneamente

2 Por que se adaPtarA mudanccedila do clima eacute uma ameaccedila de longo prazo para paiacuteses e respectivas populaccedilotildees Seus efeitos comeccedilam a se manifestar de modo que as accedilotildees de combate devem ser iniciadas agora no presente Embora haja a percepccedilatildeo de que os paiacuteses ricos satildeo (mais) responsaacuteveis pelo problema e satildeo eles que tecircm capacidade de mitigaccedilatildeo em curto prazo os impactos climaacuteticos natildeo fazem distinccedilatildeo todos estamos inevitaacutevel e irreversivelmente ameaccedilados Tendo ou natildeo contribuiacutedo com o problema eacute certo que as consequecircncias vatildeo atingir todas as cidades os municiacutepios e os estados brasileiros bem como pessoas ricas e pobres

Alguns estados e cidades jaacute deram o primeiro passo lanccedilando iniciativas ndash seja de mitigaccedilatildeo seja de adaptaccedilatildeo Poreacutem essa temaacutetica ainda natildeo permeia da maneira necessaacuteria a agenda dos governos estaduais e municipais Mesmo quando conscientes do problema espera-se geralmente do poder puacuteblico federal eou estadual algum tipo de orientaccedilatildeo assistecircncia teacutecnica eou financiamento

21 imPactos esPeradosConforme a Figura 1 os principais impactos da mudanccedila do clima no Brasil ateacute o final do seacuteculo poderatildeo ser

bull O aquecimento natildeo apenas no Brasil mas em todo o continente considerando todos os cenaacuterios de emissatildeo em todas as estaccedilotildees do ano Os pontos maacuteximos de aquecimento seratildeo no Centro-Oeste brasileiro

bull A reduccedilatildeo de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo) na maior parte do paiacutes com diminuiccedilotildees mais extremas no Centro-Oeste e Sudeste

bull A diminuiccedilatildeo de chuvas na parte central do Brasil e o aumento no Sul durante o veratildeo recorrentes nas simulaccedilotildees No inverno a reduccedilatildeo se daacute na porccedilatildeo norte da Ameacuterica do Sul e na Ameacuterica Central com aumento no sudeste da Ameacuterica do Sul na regiatildeo proacutexima agrave costa

bull Maiores taxas de precipitaccedilatildeo no Centro-Sul do Brasil ateacute o final do seacuteculo bull Sinais mistos de mudanccedilas da precipitaccedilatildeo na regiatildeo entre o Sul e Sudeste bull Aumento dos intervalos de dias secos no Nordeste e queda na frequecircncia de dias uacutemidos

no Norte

copy P

edro Jayme dos S

antos Prefeitura de A

lfredo WagnerS

C

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima10

Figura 1 Resumo das projeccedilotildees climaacuteticas ateacute 2100 por regiatildeo brasileira

sumAacuterio de Projeccedilotildees ateacute 2100

cenaacuterio de mudanccedilas climaacuteticas projetadas para o brasilAumento de dias secos Diminuiccedilatildeo de geadas

Ondas de calor Aumento extremo de chuvas

Aumento de temperatura Reduccedilatildeo de chuvas

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 11

Fonte Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica (SAE) e Inpe (2014)

nortemudanccedilas no climabull Temperatura miacutenima e maacutexima de 3 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo reduccedilatildeo de ateacute 15 no oeste 35 no leste e ateacute

75 no litoral da regiatildeobull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas em todas as estaccedilotildeesbull Reduccedilatildeo das chuvas no inverno na parte norte da regiatildeo Nortebull Aumento dos extremos de chuva na Amazocircnia oeste e de dias

secos consecutivos na Amazocircnia leste bull Possibilidade de secas mais intensas e frequentes a partir de

2050

Possiacuteveis imPactosbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Risco de savanizaccedilatildeo da Amazocircniabull Efeitos no transporte da umidade atmosfeacuterica para o sudeste

da Ameacuterica do Sul

centro-oestemudanccedilas no climabull De 1 a 8 degC mais quente e chuvas intensas e irregulares mais

recorrentesbull Regiatildeo com o maior aquecimento da temperatura e a maior

reduccedilatildeo de chuvas em comparaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutesbull Reduccedilatildeo acentuada de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)

Possiacuteveis imPactosbull Aumento dos eventos extremos de chuva e de dias secos

consecutivosbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com

maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Aumento das ondas de calor o que pode afetar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

bull Impactos no Pantanal e Cerrado e mais riscos de incecircndios

nordestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 2 a 6 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 75 de reduccedilatildeo das chuvas no sertatildeo em um

cenaacuterio de emissotildees intensasbull As projeccedilotildees indicam uma diminuiccedilatildeo das chuvas em periacuteodo

de inverno no litoral leste da regiatildeo Nordeste onde costuma ocorrer inundaccedilatildeo e deslizamento

bull No veratildeo projeta-se um aumento das chuvas na parte nordeste da regiatildeo Nordeste

bull Aumento de dias secos consecutivos e da secura do arbull Aumento nas taxas de evaporaccedilatildeo de accediludes e reservatoacuteriosbull Possibilidade de secas mais intensas e frequentesbull Risco de aridizaccedilatildeo no semiaacuteridobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do mar

Possiacuteveis imPactosbull Risco de desertificaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo ambientalbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio

hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircnciabull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a

populaccedilatildeobull Impactos na sauacutede humana na migraccedilatildeo no turismo e na

geraccedilatildeo de empregosbull Possiacutevel reduccedilatildeo da recarga nos aquiacuteferos a partir de 2050

sudestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos a 100 metros de altitude

principalmente no veratildeo

Possiacuteveis imPactosbull Aumento da frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com mais

secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Escassez de alimentos elevando preccedilos e resultando em desabastecimento

bull Aumento das ondas de calor o que pode prejudicar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

sulmudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 35 de aumento meacutediobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do marbull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos no litoral a 100 metros de altitudebull Aumento dos extremos de chuvas e possiacuteveis ciclones

extratropicaisbull Aumento na frequecircncia das ondas de calor e de noites quentes

Possiacuteveis imPactosbull Impactos na sauacutede e casos de doenccedilas tropicais mais

recorrentesbull Produccedilatildeo de gratildeos e frutas comprometida pelas altas

temperaturas e chuvas intensas fora de eacutepocabull Alta no preccedilo dos alimentos- Aumento na frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Elevaccedilatildeo dos rios que pode afetar portos comeacutercio fluvial e

transportesbull Conflitos sociais ameaccedila agrave seguranccedila e saquesbull Impactos nos ecossistemas naturais (Araucaacuteria e campos

sulinos) e costeiros

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima12

Levando-se em consideraccedilatildeo que 80 da populaccedilatildeo brasileira vive em aacutereas urbanas as cidades ocupam um lugar central no desenvolvimento nacional tanto no niacutevel poliacutetico quanto no econocircmico cultural e social Por concentrarem o grande capital fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios estradas pontes metrocircs e elementos de infraestrutura que satildeo imoacuteveis elas estatildeo especialmente vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos ndash tempestades enchentes inundaccedilotildees ressacas ondas de calor surtos de vetores e doenccedilas etc Aleacutem disso cerca de 50 milhotildees de pessoas vivem em municiacutepios costeiros elevando a vulnerabilidade da populaccedilatildeo urbana em face das consequecircncias climaacuteticas (ACT 2013)

Algo pouco enfatizado no acircmbito desse assunto eacute o impacto direto e indireto em empresas A interrupccedilatildeo dos serviccedilos municipais ndash como sistemas de transporte e comunicaccedilatildeo devido a ruas inundadas escassez de energia e comprometimento no abastecimento de aacutegua por exemplo ndash lesa o bom funcionamento das empresas induacutestrias aleacutem de escolas hospitais e edifiacutecios puacuteblicos entre outros locais Desse jeito a cidades tornam-se menos competitivas porque natildeo estatildeo preparadas para lidar com eventos climaacuteticos extremos o que por sua vez pode levar a um menor nuacutemero de investimentos

Na aacuterea social a principal preocupaccedilatildeo eacute com os mais pobres Tanto no meio urbano quanto no rural pessoas de menor renda seratildeo afetadas de forma alarmante pela mudanccedila do clima A parcela menos abastada dos brasileiros tende a viver e trabalhar em locais mais expostos a riscos climaacuteticos sem infraestrutura para reduzi-los como casas e bairros em regiotildees vulneraacuteveis ndash e tambeacutem natildeo dispotildee de meios para tomar medidas defensivas imediatas Habitantes de baixa renda das zonas rurais tambeacutem seratildeo fortemente prejudicados uma vez que dependem da agricultura e dos ecossistemas isto eacute setores diretamente abalados pelo fenocircmeno A mudanccedila do clima eacute sem duacutevida alguma um problema socialmente regressivo ndash e isso vale natildeo apenas para os indiviacuteduos de uma mesma cidade mas entre estados e paiacuteses Os mais ricos (paiacuteses cidades e indiviacuteduos) estatildeo mais preparados para lidar com os impactos da mudanccedila do clima por dispor de infraestrutura e serviccedilos mais adequados e ter melhores condiccedilotildees de defesa e adaptaccedilatildeo (MARGULIS 2017)

as cidades concentram o grande caPital

fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios

estradas Pontes metrocircs e elementos de infraestrutura

que sAtildeo imoacuteveis e Portanto esPecialmente

vulnerAacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos

embora a mudanccedila do clima seja comumente

Percebida como uma questAtildeo global seu

imPacto tem carAacuteter regional influenciando

os meios de subsistecircncia locais e as atividades

econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave

sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos

copy A

ntonio Cruz A

gecircncia Brasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 13

a grande maioria dos governos de cidades municiacutePios e estados

brasileiros ainda nAtildeo abordou a mudanccedila

do clima

As consequecircncias da mudanccedila do clima se manifestam localmente Embora sejam comumente percebidas como uma questatildeo global seu impacto tem caraacuteter regional influenciando os meios de subsistecircncia locais e as atividades econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos Um problema mundial eacute traduzido em fenocircmenos locais em decorrecircncia de uma seacuterie de fatores relacionados ao meio ambiente agrave sociedade e agrave economia (SNOVER et al 2007)

A capacidade de lidar e se adaptar agrave mudanccedila do clima dependeraacute da gravidade e natureza do impacto em cada regiatildeo e vai variar entre populaccedilotildees setores econocircmicos e localidades Ningueacutem seraacute poupado nenhuma pessoa povo ou naccedilatildeo Portanto os indiviacuteduos as organizaccedilotildees e os governos teratildeo que identificar as melhores soluccedilotildees se quiserem ter ecircxito no enfrentamento e na adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima (ECA 2009) A adaptaccedilatildeo eacute necessaacuteria em todas as esferas da administraccedilatildeo puacuteblica mas seus principais benefiacutecios apareceratildeo em acircmbito local ndash uma diferenccedila fundamental da mitigaccedilatildeo cujas vantagens satildeo vistas globalmente

A grande maioria dos governos de cidades municiacutepios e estados brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima Embora alguns natildeo vejam ganhos imediatos em minimizar emissotildees (mitigaccedilatildeo) as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo do interesse direto do poder puacuteblico e da sociedade ndash trata-se de accedilotildees de desenvolvimento que aumentam a resiliecircncia agrave variabilidade climaacutetica Na verdade os governos subnacionais natildeo tecircm muita escolha e precisaratildeo se adaptar agraves inevitaacuteveis consequecircncias da mudanccedila do clima Eacute tambeacutem claro que quanto mais cedo isso comeccedilar mais barato seraacute tornar-se resiliente O niacutevel de esforccedilo de adaptaccedilatildeo necessaacuterio ao longo do tempo eacute uma questatildeo mais difiacutecil dependendo da gravidade do impacto esperado e de opccedilotildees e custos

Enquanto os patamares mais altos do governo podem e devem fornecer financiamento e apoio agrave adaptaccedilatildeo as administraccedilotildees local regional e estadual tecircm a responsabilidade de planejaacute-la e implementaacute-la de modo proativo ajustando suas estrateacutegias ao contexto especiacutefico em que se encontram (ACT 2013) O poder puacuteblico municipal estaacute mais proacuteximo da populaccedilatildeo e em parceria com organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado academia e sociedade responde pelo planejamento e estabelecimento de accedilotildees de adaptaccedilatildeo

Ateacute o momento o delineamento de como seraacute a adaptaccedilatildeo no Brasil tem sido feito de forma circunstancial com um apoio limitado do poder federal e fundamentalmente na prevenccedilatildeo e resposta a cataacutestrofes Uma vez que a maioria dos efeitos da mudanccedila do clima seraacute sentida nas alteraccedilotildees da frequecircncia ou intensidade de eventos extremos muitas vezes sua ocorrecircncia vai ser classificada como desastre Existe portanto um grande potencial de os riscos de desastres serem geridos como uma agenda integrada o que pode reduzi-los

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima14

Plano nacional de adaPtaccedilAtildeo (Pna)O PNA reconhece que ldquoa promoccedilatildeo da adaptaccedilatildeo no territoacuterio nacional eacute um processo complexo que envolve a atuaccedilatildeo conjunta de diversos setores e oacutergatildeos que atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da sociedade civilrdquo Ele recomenda aos oacutergatildeos setoriais e entes federativos e agrave sociedade em geral

bull Analisar as caracteriacutesticas demandas e vulnerabilidades dos diferentes setores e quando pertinente elaborar estrateacutegias de gestatildeo visando reduzir os riscos climaacuteticos

bull Integrar o gerenciamento dos riscos climaacuteticos aos processos de elaboraccedilatildeo e revisatildeo de instrumentos para o planejamento e a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas com base em conhecimentos teacutecnico cientiacutefico eou tradicional

bull Realizar a coleta e anaacutelise de evidecircncias de vulnerabilidade e riscos climaacuteticos de maneira sistemaacutetica e compatiacutevel com os sistemas de monitoramento e avaliaccedilatildeo existentes e propostos pelo plano garantindo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees em uma plataforma online

bull Sensibilizar atores sobre a agenda de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por meio da disseminaccedilatildeo de informaccedilotildees de capacitaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo e engajamento da sociedade e da ampliaccedilatildeo dos processos participativos

bull Aprimorar a interaccedilatildeo do poder puacuteblico com entidades setoriais da economia academia e sociedade civil e outros atores interessados estimulando o contiacutenuo desenvolvimento da estrateacutegia de adaptaccedilatildeo do paiacutes diante dos efeitos da mudanccedila do clima

o Pna reconhece que ldquoa PromoccedilAtildeo da adaPtaccedilAtildeo no territoacuterio nacional eacute

um Processo comPlexo que envolve a atuaccedilAtildeo

conjunta de diversos setores e oacutergAtildeos que

atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da

sociedade civilrdquo

copy M

arcelo Cam

argo Agecircncia B

rasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 15

41 etaPas de elaboraccedilAtildeo do Plano Inuacutemeras instituiccedilotildees internacionais criaram guias metodologias e arcabouccedilos para diferentes esferas de governo elaborarem seu plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima Boa parte dos trabalhos examinados nesta publicaccedilatildeo conteacutem os mesmos elementos essenciais havendo uma enorme coincidecircncia acerca do conteuacutedo e dos componentes considerados criacuteticos

Convergindo com a grande parte dos planos revisados a Figura 2 condensa as fases fundamentais do processo de elaboraccedilatildeo do plano em paralelo agrave organizaccedilatildeo de seus componentes teacutecnicos baacutesicos Os trecircs primeiros estaacutegios da construccedilatildeo do conteuacutedo teacutecnico (comuns a todos os guias analisados) estatildeo destacados na pequena caixa agrave direita e consistem no nuacutecleo central de um plano de adaptaccedilatildeo Em seguida explicaremos resumidamente cada uma das etapas

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima

Identificaccedilatildeo de estudos relevantes

Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano

Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia

Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades

Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos e aceitabilidade

Interface com outras secretarias governamentais

Transversalizaccedilatildeo das accedilotildees propostas em poliacuteticas

planos e projetos setoriais

Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback

Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento

Projeccedilotildees climaacuteticas

Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades ndash regiotildees

setores e populaccedilotildees

Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo

de vulnerabilidades

(a)(a)

42

(b)(b)

(c)(c)

(d)(d)

(e)(e)

(f)(f)

Processo de PreParaccedilAtildeo 43 conteuacutedo

Fonte Margulis (2017)

Figura 2 Etapas da elaboraccedilatildeo de um plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima ndash processo de preparaccedilatildeo e conteuacutedo

figura 2 condensa as fases fundamentais

do Processo de elaboraccedilAtildeo e

conteuacutedo do Plano

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

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2015

SumAacuteriobrreciclado

100ESTA PUBLICACcedilAtildeO FOI APOIADA POR

Page 8: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

copy P

edro Franccedila Agecircncia S

enado

Em 2013 o Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC) sistematizou dados e informaccedilotildees indicando que as diferentes regiotildees do Brasil jaacute apresentavam registros de mudanccedila em seu clima caracteriacutestico A previsatildeo eacute de que afetem os ecossistemas terrestres e aquaacuteticos do paiacutes de maneira natildeo uniforme O aquecimento da temperatura pode conduzir a um aumento na frequecircncia de eventos extremos em todo o territoacuterio nacional bem como a uma alteraccedilatildeo no regime das chuvas com maior ocorrecircncia de secas inundaccedilotildees alagamentos deslizamentos de encostas e em decorrecircncia disso deslocamentos populacionais das localidades afetadas Aleacutem disso traz consequecircncias negativas para sociedade ecossistemas e diferentes setores da economia

No Brasil mais de 80 das pessoas vivem em cidades poreacutem haacute grandes concentraccedilotildees em poucos locais e muitos vazios demograacuteficos o que faz com que inuacutemeros municiacutepios e cidades com baixa densidade populacional tenham seacuterios riscos climaacuteticos Enquanto quase 70 dos municiacutepios tecircm menos de 20 mil moradores e representam juntos apenas 15 de toda a populaccedilatildeo a soma de residentes das 41 cidades e regiotildees metropolitanas com mais de 500 mil habitantes eacute maior do que a metade da populaccedilatildeo

Em termos de compromissos poliacuteticos o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia ndash coalizatildeo internacional de prefeitos formada com o objetivo de reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa elevar a resiliecircncia agrave mudanccedila do clima e possibilitar o acompanhamento puacuteblico do progresso das cidades ndash atualmente tem 43 cidades comprometidas3 Aleacutem dessas outras 8 cidades jaacute tinham iniciativas climaacuteticas ateacute 2015 ou seja um total de 51 cidades (Margulis 2016) No acircmbito estadual agraves margens da COP 21 foi lanccedilada a RegionsAdapt - iniciativa global para governos estaduais adotarem accedilotildees concretas cooperarem e reportarem seus esforccedilos em adaptaccedilatildeo climaacutetica ndash da qual 9 estados brasileiros fazem parte ateacute o momento4

Essas disparidades criam uma categoria de cidades e municiacutepios (e possivelmente de estados) com pouca capacidade de entender o problema da mudanccedila do clima e planejar a adaptaccedilatildeo o que as deixam altamente vulneraacuteveis a impactos Assim em alguma medida isso passa a ser responsabilidade de governos estaduais eou do governo federal que deveratildeo interceder e ajudar de forma mais incisiva a elaborar planos ndash ou estrateacutegias preliminares ndash de adaptaccedilatildeo climaacutetica

3 Disponiacutevel em httpswwwcompactofmayorsorgcities4 Disponiacutevel em httpwwwnrg4sdorgclimate-changeregionsadapt

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 7

1 mudanccedila do clima estados e cidades brasileirascopy

Donatas D

abravolskas Shutterstock

em termos de comPromissos Poliacuteticos

51 cidades e 9 estados brasileiros fazem Parte de alguma iniciativa que Promove a adaPtaccedilAtildeo agrave

mudanccedila do clima

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima8

mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeoTanto a mitigaccedilatildeo quanto a adaptaccedilatildeo satildeo essenciais para diminuir os riscos da mudanccedila do clima sendo portanto estrateacutegias complementares A mitigaccedilatildeo visa reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa responsaacuteveis pelo aquecimento global o qual resulta por sua vez na mudanccedila do clima A adaptaccedilatildeo implica o ajuste dos sistemas naturais e humanos em resposta a uma nova realidade climaacutetica ou seja eacute uma necessidade

As accedilotildees de mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo estatildeo claramente ligadas e os governos tecircm que agir simultaneamente Deve-se avaliar se uma medida de mitigaccedilatildeo aumenta ou diminui a capacidade de adaptaccedilatildeo e se uma medida de adaptaccedilatildeo aumenta ou diminui as emissotildees Desse modo escolhas ldquoganha-ganhardquo nem sempre satildeo possiacuteveis e eacute necessaacuterio levar isso em consideraccedilatildeo em ambas as estrateacutegias

Portanto ressalta-se a importacircncia da elaboraccedilatildeo de planos climaacuteticos que considerem a mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo Diante do menor nuacutemero de debates em torno da adaptaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave mitigaccedilatildeo este relatoacuterio intenta mostrar a importacircncia do assunto nos planejamentos estaduais e municipais

Destacamos a recente publicaccedilatildeo do ICLEI Programa Cidades Sustentaacuteveis (2016) guia de accedilatildeo local pelo clima focada na agenda climaacutetica (mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo) Link httpwwwcidadessustentaveisorgbrarquivosICLEI_guia_cidades_sustentaveispdf

os imPactos climAacuteticos nAtildeo fazem distinccedilAtildeo

todos estamos inevitAacutevel e irreversivelmente

ameaccedilados

copy Fernando Frazatildeo A

gecircncia Brasil

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 9

as accedilotildees de mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeo estAtildeo

claramente ligadas e os governos tecircm que

agir simultaneamente

2 Por que se adaPtarA mudanccedila do clima eacute uma ameaccedila de longo prazo para paiacuteses e respectivas populaccedilotildees Seus efeitos comeccedilam a se manifestar de modo que as accedilotildees de combate devem ser iniciadas agora no presente Embora haja a percepccedilatildeo de que os paiacuteses ricos satildeo (mais) responsaacuteveis pelo problema e satildeo eles que tecircm capacidade de mitigaccedilatildeo em curto prazo os impactos climaacuteticos natildeo fazem distinccedilatildeo todos estamos inevitaacutevel e irreversivelmente ameaccedilados Tendo ou natildeo contribuiacutedo com o problema eacute certo que as consequecircncias vatildeo atingir todas as cidades os municiacutepios e os estados brasileiros bem como pessoas ricas e pobres

Alguns estados e cidades jaacute deram o primeiro passo lanccedilando iniciativas ndash seja de mitigaccedilatildeo seja de adaptaccedilatildeo Poreacutem essa temaacutetica ainda natildeo permeia da maneira necessaacuteria a agenda dos governos estaduais e municipais Mesmo quando conscientes do problema espera-se geralmente do poder puacuteblico federal eou estadual algum tipo de orientaccedilatildeo assistecircncia teacutecnica eou financiamento

21 imPactos esPeradosConforme a Figura 1 os principais impactos da mudanccedila do clima no Brasil ateacute o final do seacuteculo poderatildeo ser

bull O aquecimento natildeo apenas no Brasil mas em todo o continente considerando todos os cenaacuterios de emissatildeo em todas as estaccedilotildees do ano Os pontos maacuteximos de aquecimento seratildeo no Centro-Oeste brasileiro

bull A reduccedilatildeo de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo) na maior parte do paiacutes com diminuiccedilotildees mais extremas no Centro-Oeste e Sudeste

bull A diminuiccedilatildeo de chuvas na parte central do Brasil e o aumento no Sul durante o veratildeo recorrentes nas simulaccedilotildees No inverno a reduccedilatildeo se daacute na porccedilatildeo norte da Ameacuterica do Sul e na Ameacuterica Central com aumento no sudeste da Ameacuterica do Sul na regiatildeo proacutexima agrave costa

bull Maiores taxas de precipitaccedilatildeo no Centro-Sul do Brasil ateacute o final do seacuteculo bull Sinais mistos de mudanccedilas da precipitaccedilatildeo na regiatildeo entre o Sul e Sudeste bull Aumento dos intervalos de dias secos no Nordeste e queda na frequecircncia de dias uacutemidos

no Norte

copy P

edro Jayme dos S

antos Prefeitura de A

lfredo WagnerS

C

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima10

Figura 1 Resumo das projeccedilotildees climaacuteticas ateacute 2100 por regiatildeo brasileira

sumAacuterio de Projeccedilotildees ateacute 2100

cenaacuterio de mudanccedilas climaacuteticas projetadas para o brasilAumento de dias secos Diminuiccedilatildeo de geadas

Ondas de calor Aumento extremo de chuvas

Aumento de temperatura Reduccedilatildeo de chuvas

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 11

Fonte Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica (SAE) e Inpe (2014)

nortemudanccedilas no climabull Temperatura miacutenima e maacutexima de 3 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo reduccedilatildeo de ateacute 15 no oeste 35 no leste e ateacute

75 no litoral da regiatildeobull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas em todas as estaccedilotildeesbull Reduccedilatildeo das chuvas no inverno na parte norte da regiatildeo Nortebull Aumento dos extremos de chuva na Amazocircnia oeste e de dias

secos consecutivos na Amazocircnia leste bull Possibilidade de secas mais intensas e frequentes a partir de

2050

Possiacuteveis imPactosbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Risco de savanizaccedilatildeo da Amazocircniabull Efeitos no transporte da umidade atmosfeacuterica para o sudeste

da Ameacuterica do Sul

centro-oestemudanccedilas no climabull De 1 a 8 degC mais quente e chuvas intensas e irregulares mais

recorrentesbull Regiatildeo com o maior aquecimento da temperatura e a maior

reduccedilatildeo de chuvas em comparaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutesbull Reduccedilatildeo acentuada de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)

Possiacuteveis imPactosbull Aumento dos eventos extremos de chuva e de dias secos

consecutivosbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com

maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Aumento das ondas de calor o que pode afetar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

bull Impactos no Pantanal e Cerrado e mais riscos de incecircndios

nordestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 2 a 6 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 75 de reduccedilatildeo das chuvas no sertatildeo em um

cenaacuterio de emissotildees intensasbull As projeccedilotildees indicam uma diminuiccedilatildeo das chuvas em periacuteodo

de inverno no litoral leste da regiatildeo Nordeste onde costuma ocorrer inundaccedilatildeo e deslizamento

bull No veratildeo projeta-se um aumento das chuvas na parte nordeste da regiatildeo Nordeste

bull Aumento de dias secos consecutivos e da secura do arbull Aumento nas taxas de evaporaccedilatildeo de accediludes e reservatoacuteriosbull Possibilidade de secas mais intensas e frequentesbull Risco de aridizaccedilatildeo no semiaacuteridobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do mar

Possiacuteveis imPactosbull Risco de desertificaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo ambientalbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio

hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircnciabull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a

populaccedilatildeobull Impactos na sauacutede humana na migraccedilatildeo no turismo e na

geraccedilatildeo de empregosbull Possiacutevel reduccedilatildeo da recarga nos aquiacuteferos a partir de 2050

sudestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos a 100 metros de altitude

principalmente no veratildeo

Possiacuteveis imPactosbull Aumento da frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com mais

secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Escassez de alimentos elevando preccedilos e resultando em desabastecimento

bull Aumento das ondas de calor o que pode prejudicar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

sulmudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 35 de aumento meacutediobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do marbull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos no litoral a 100 metros de altitudebull Aumento dos extremos de chuvas e possiacuteveis ciclones

extratropicaisbull Aumento na frequecircncia das ondas de calor e de noites quentes

Possiacuteveis imPactosbull Impactos na sauacutede e casos de doenccedilas tropicais mais

recorrentesbull Produccedilatildeo de gratildeos e frutas comprometida pelas altas

temperaturas e chuvas intensas fora de eacutepocabull Alta no preccedilo dos alimentos- Aumento na frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Elevaccedilatildeo dos rios que pode afetar portos comeacutercio fluvial e

transportesbull Conflitos sociais ameaccedila agrave seguranccedila e saquesbull Impactos nos ecossistemas naturais (Araucaacuteria e campos

sulinos) e costeiros

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima12

Levando-se em consideraccedilatildeo que 80 da populaccedilatildeo brasileira vive em aacutereas urbanas as cidades ocupam um lugar central no desenvolvimento nacional tanto no niacutevel poliacutetico quanto no econocircmico cultural e social Por concentrarem o grande capital fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios estradas pontes metrocircs e elementos de infraestrutura que satildeo imoacuteveis elas estatildeo especialmente vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos ndash tempestades enchentes inundaccedilotildees ressacas ondas de calor surtos de vetores e doenccedilas etc Aleacutem disso cerca de 50 milhotildees de pessoas vivem em municiacutepios costeiros elevando a vulnerabilidade da populaccedilatildeo urbana em face das consequecircncias climaacuteticas (ACT 2013)

Algo pouco enfatizado no acircmbito desse assunto eacute o impacto direto e indireto em empresas A interrupccedilatildeo dos serviccedilos municipais ndash como sistemas de transporte e comunicaccedilatildeo devido a ruas inundadas escassez de energia e comprometimento no abastecimento de aacutegua por exemplo ndash lesa o bom funcionamento das empresas induacutestrias aleacutem de escolas hospitais e edifiacutecios puacuteblicos entre outros locais Desse jeito a cidades tornam-se menos competitivas porque natildeo estatildeo preparadas para lidar com eventos climaacuteticos extremos o que por sua vez pode levar a um menor nuacutemero de investimentos

Na aacuterea social a principal preocupaccedilatildeo eacute com os mais pobres Tanto no meio urbano quanto no rural pessoas de menor renda seratildeo afetadas de forma alarmante pela mudanccedila do clima A parcela menos abastada dos brasileiros tende a viver e trabalhar em locais mais expostos a riscos climaacuteticos sem infraestrutura para reduzi-los como casas e bairros em regiotildees vulneraacuteveis ndash e tambeacutem natildeo dispotildee de meios para tomar medidas defensivas imediatas Habitantes de baixa renda das zonas rurais tambeacutem seratildeo fortemente prejudicados uma vez que dependem da agricultura e dos ecossistemas isto eacute setores diretamente abalados pelo fenocircmeno A mudanccedila do clima eacute sem duacutevida alguma um problema socialmente regressivo ndash e isso vale natildeo apenas para os indiviacuteduos de uma mesma cidade mas entre estados e paiacuteses Os mais ricos (paiacuteses cidades e indiviacuteduos) estatildeo mais preparados para lidar com os impactos da mudanccedila do clima por dispor de infraestrutura e serviccedilos mais adequados e ter melhores condiccedilotildees de defesa e adaptaccedilatildeo (MARGULIS 2017)

as cidades concentram o grande caPital

fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios

estradas Pontes metrocircs e elementos de infraestrutura

que sAtildeo imoacuteveis e Portanto esPecialmente

vulnerAacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos

embora a mudanccedila do clima seja comumente

Percebida como uma questAtildeo global seu

imPacto tem carAacuteter regional influenciando

os meios de subsistecircncia locais e as atividades

econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave

sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos

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ntonio Cruz A

gecircncia Brasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 13

a grande maioria dos governos de cidades municiacutePios e estados

brasileiros ainda nAtildeo abordou a mudanccedila

do clima

As consequecircncias da mudanccedila do clima se manifestam localmente Embora sejam comumente percebidas como uma questatildeo global seu impacto tem caraacuteter regional influenciando os meios de subsistecircncia locais e as atividades econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos Um problema mundial eacute traduzido em fenocircmenos locais em decorrecircncia de uma seacuterie de fatores relacionados ao meio ambiente agrave sociedade e agrave economia (SNOVER et al 2007)

A capacidade de lidar e se adaptar agrave mudanccedila do clima dependeraacute da gravidade e natureza do impacto em cada regiatildeo e vai variar entre populaccedilotildees setores econocircmicos e localidades Ningueacutem seraacute poupado nenhuma pessoa povo ou naccedilatildeo Portanto os indiviacuteduos as organizaccedilotildees e os governos teratildeo que identificar as melhores soluccedilotildees se quiserem ter ecircxito no enfrentamento e na adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima (ECA 2009) A adaptaccedilatildeo eacute necessaacuteria em todas as esferas da administraccedilatildeo puacuteblica mas seus principais benefiacutecios apareceratildeo em acircmbito local ndash uma diferenccedila fundamental da mitigaccedilatildeo cujas vantagens satildeo vistas globalmente

A grande maioria dos governos de cidades municiacutepios e estados brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima Embora alguns natildeo vejam ganhos imediatos em minimizar emissotildees (mitigaccedilatildeo) as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo do interesse direto do poder puacuteblico e da sociedade ndash trata-se de accedilotildees de desenvolvimento que aumentam a resiliecircncia agrave variabilidade climaacutetica Na verdade os governos subnacionais natildeo tecircm muita escolha e precisaratildeo se adaptar agraves inevitaacuteveis consequecircncias da mudanccedila do clima Eacute tambeacutem claro que quanto mais cedo isso comeccedilar mais barato seraacute tornar-se resiliente O niacutevel de esforccedilo de adaptaccedilatildeo necessaacuterio ao longo do tempo eacute uma questatildeo mais difiacutecil dependendo da gravidade do impacto esperado e de opccedilotildees e custos

Enquanto os patamares mais altos do governo podem e devem fornecer financiamento e apoio agrave adaptaccedilatildeo as administraccedilotildees local regional e estadual tecircm a responsabilidade de planejaacute-la e implementaacute-la de modo proativo ajustando suas estrateacutegias ao contexto especiacutefico em que se encontram (ACT 2013) O poder puacuteblico municipal estaacute mais proacuteximo da populaccedilatildeo e em parceria com organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado academia e sociedade responde pelo planejamento e estabelecimento de accedilotildees de adaptaccedilatildeo

Ateacute o momento o delineamento de como seraacute a adaptaccedilatildeo no Brasil tem sido feito de forma circunstancial com um apoio limitado do poder federal e fundamentalmente na prevenccedilatildeo e resposta a cataacutestrofes Uma vez que a maioria dos efeitos da mudanccedila do clima seraacute sentida nas alteraccedilotildees da frequecircncia ou intensidade de eventos extremos muitas vezes sua ocorrecircncia vai ser classificada como desastre Existe portanto um grande potencial de os riscos de desastres serem geridos como uma agenda integrada o que pode reduzi-los

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima14

Plano nacional de adaPtaccedilAtildeo (Pna)O PNA reconhece que ldquoa promoccedilatildeo da adaptaccedilatildeo no territoacuterio nacional eacute um processo complexo que envolve a atuaccedilatildeo conjunta de diversos setores e oacutergatildeos que atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da sociedade civilrdquo Ele recomenda aos oacutergatildeos setoriais e entes federativos e agrave sociedade em geral

bull Analisar as caracteriacutesticas demandas e vulnerabilidades dos diferentes setores e quando pertinente elaborar estrateacutegias de gestatildeo visando reduzir os riscos climaacuteticos

bull Integrar o gerenciamento dos riscos climaacuteticos aos processos de elaboraccedilatildeo e revisatildeo de instrumentos para o planejamento e a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas com base em conhecimentos teacutecnico cientiacutefico eou tradicional

bull Realizar a coleta e anaacutelise de evidecircncias de vulnerabilidade e riscos climaacuteticos de maneira sistemaacutetica e compatiacutevel com os sistemas de monitoramento e avaliaccedilatildeo existentes e propostos pelo plano garantindo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees em uma plataforma online

bull Sensibilizar atores sobre a agenda de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por meio da disseminaccedilatildeo de informaccedilotildees de capacitaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo e engajamento da sociedade e da ampliaccedilatildeo dos processos participativos

bull Aprimorar a interaccedilatildeo do poder puacuteblico com entidades setoriais da economia academia e sociedade civil e outros atores interessados estimulando o contiacutenuo desenvolvimento da estrateacutegia de adaptaccedilatildeo do paiacutes diante dos efeitos da mudanccedila do clima

o Pna reconhece que ldquoa PromoccedilAtildeo da adaPtaccedilAtildeo no territoacuterio nacional eacute

um Processo comPlexo que envolve a atuaccedilAtildeo

conjunta de diversos setores e oacutergAtildeos que

atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da

sociedade civilrdquo

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arcelo Cam

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Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 15

41 etaPas de elaboraccedilAtildeo do Plano Inuacutemeras instituiccedilotildees internacionais criaram guias metodologias e arcabouccedilos para diferentes esferas de governo elaborarem seu plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima Boa parte dos trabalhos examinados nesta publicaccedilatildeo conteacutem os mesmos elementos essenciais havendo uma enorme coincidecircncia acerca do conteuacutedo e dos componentes considerados criacuteticos

Convergindo com a grande parte dos planos revisados a Figura 2 condensa as fases fundamentais do processo de elaboraccedilatildeo do plano em paralelo agrave organizaccedilatildeo de seus componentes teacutecnicos baacutesicos Os trecircs primeiros estaacutegios da construccedilatildeo do conteuacutedo teacutecnico (comuns a todos os guias analisados) estatildeo destacados na pequena caixa agrave direita e consistem no nuacutecleo central de um plano de adaptaccedilatildeo Em seguida explicaremos resumidamente cada uma das etapas

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima

Identificaccedilatildeo de estudos relevantes

Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano

Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia

Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades

Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos e aceitabilidade

Interface com outras secretarias governamentais

Transversalizaccedilatildeo das accedilotildees propostas em poliacuteticas

planos e projetos setoriais

Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback

Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento

Projeccedilotildees climaacuteticas

Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades ndash regiotildees

setores e populaccedilotildees

Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo

de vulnerabilidades

(a)(a)

42

(b)(b)

(c)(c)

(d)(d)

(e)(e)

(f)(f)

Processo de PreParaccedilAtildeo 43 conteuacutedo

Fonte Margulis (2017)

Figura 2 Etapas da elaboraccedilatildeo de um plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima ndash processo de preparaccedilatildeo e conteuacutedo

figura 2 condensa as fases fundamentais

do Processo de elaboraccedilAtildeo e

conteuacutedo do Plano

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

A

scom S

atildeo Paulo-S

P

BR

Selo FSc

2015

SumAacuteriobrreciclado

100ESTA PUBLICACcedilAtildeO FOI APOIADA POR

Page 9: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

Em 2013 o Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas (PBMC) sistematizou dados e informaccedilotildees indicando que as diferentes regiotildees do Brasil jaacute apresentavam registros de mudanccedila em seu clima caracteriacutestico A previsatildeo eacute de que afetem os ecossistemas terrestres e aquaacuteticos do paiacutes de maneira natildeo uniforme O aquecimento da temperatura pode conduzir a um aumento na frequecircncia de eventos extremos em todo o territoacuterio nacional bem como a uma alteraccedilatildeo no regime das chuvas com maior ocorrecircncia de secas inundaccedilotildees alagamentos deslizamentos de encostas e em decorrecircncia disso deslocamentos populacionais das localidades afetadas Aleacutem disso traz consequecircncias negativas para sociedade ecossistemas e diferentes setores da economia

No Brasil mais de 80 das pessoas vivem em cidades poreacutem haacute grandes concentraccedilotildees em poucos locais e muitos vazios demograacuteficos o que faz com que inuacutemeros municiacutepios e cidades com baixa densidade populacional tenham seacuterios riscos climaacuteticos Enquanto quase 70 dos municiacutepios tecircm menos de 20 mil moradores e representam juntos apenas 15 de toda a populaccedilatildeo a soma de residentes das 41 cidades e regiotildees metropolitanas com mais de 500 mil habitantes eacute maior do que a metade da populaccedilatildeo

Em termos de compromissos poliacuteticos o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia ndash coalizatildeo internacional de prefeitos formada com o objetivo de reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa elevar a resiliecircncia agrave mudanccedila do clima e possibilitar o acompanhamento puacuteblico do progresso das cidades ndash atualmente tem 43 cidades comprometidas3 Aleacutem dessas outras 8 cidades jaacute tinham iniciativas climaacuteticas ateacute 2015 ou seja um total de 51 cidades (Margulis 2016) No acircmbito estadual agraves margens da COP 21 foi lanccedilada a RegionsAdapt - iniciativa global para governos estaduais adotarem accedilotildees concretas cooperarem e reportarem seus esforccedilos em adaptaccedilatildeo climaacutetica ndash da qual 9 estados brasileiros fazem parte ateacute o momento4

Essas disparidades criam uma categoria de cidades e municiacutepios (e possivelmente de estados) com pouca capacidade de entender o problema da mudanccedila do clima e planejar a adaptaccedilatildeo o que as deixam altamente vulneraacuteveis a impactos Assim em alguma medida isso passa a ser responsabilidade de governos estaduais eou do governo federal que deveratildeo interceder e ajudar de forma mais incisiva a elaborar planos ndash ou estrateacutegias preliminares ndash de adaptaccedilatildeo climaacutetica

3 Disponiacutevel em httpswwwcompactofmayorsorgcities4 Disponiacutevel em httpwwwnrg4sdorgclimate-changeregionsadapt

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 7

1 mudanccedila do clima estados e cidades brasileirascopy

Donatas D

abravolskas Shutterstock

em termos de comPromissos Poliacuteticos

51 cidades e 9 estados brasileiros fazem Parte de alguma iniciativa que Promove a adaPtaccedilAtildeo agrave

mudanccedila do clima

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima8

mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeoTanto a mitigaccedilatildeo quanto a adaptaccedilatildeo satildeo essenciais para diminuir os riscos da mudanccedila do clima sendo portanto estrateacutegias complementares A mitigaccedilatildeo visa reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa responsaacuteveis pelo aquecimento global o qual resulta por sua vez na mudanccedila do clima A adaptaccedilatildeo implica o ajuste dos sistemas naturais e humanos em resposta a uma nova realidade climaacutetica ou seja eacute uma necessidade

As accedilotildees de mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo estatildeo claramente ligadas e os governos tecircm que agir simultaneamente Deve-se avaliar se uma medida de mitigaccedilatildeo aumenta ou diminui a capacidade de adaptaccedilatildeo e se uma medida de adaptaccedilatildeo aumenta ou diminui as emissotildees Desse modo escolhas ldquoganha-ganhardquo nem sempre satildeo possiacuteveis e eacute necessaacuterio levar isso em consideraccedilatildeo em ambas as estrateacutegias

Portanto ressalta-se a importacircncia da elaboraccedilatildeo de planos climaacuteticos que considerem a mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo Diante do menor nuacutemero de debates em torno da adaptaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave mitigaccedilatildeo este relatoacuterio intenta mostrar a importacircncia do assunto nos planejamentos estaduais e municipais

Destacamos a recente publicaccedilatildeo do ICLEI Programa Cidades Sustentaacuteveis (2016) guia de accedilatildeo local pelo clima focada na agenda climaacutetica (mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo) Link httpwwwcidadessustentaveisorgbrarquivosICLEI_guia_cidades_sustentaveispdf

os imPactos climAacuteticos nAtildeo fazem distinccedilAtildeo

todos estamos inevitAacutevel e irreversivelmente

ameaccedilados

copy Fernando Frazatildeo A

gecircncia Brasil

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 9

as accedilotildees de mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeo estAtildeo

claramente ligadas e os governos tecircm que

agir simultaneamente

2 Por que se adaPtarA mudanccedila do clima eacute uma ameaccedila de longo prazo para paiacuteses e respectivas populaccedilotildees Seus efeitos comeccedilam a se manifestar de modo que as accedilotildees de combate devem ser iniciadas agora no presente Embora haja a percepccedilatildeo de que os paiacuteses ricos satildeo (mais) responsaacuteveis pelo problema e satildeo eles que tecircm capacidade de mitigaccedilatildeo em curto prazo os impactos climaacuteticos natildeo fazem distinccedilatildeo todos estamos inevitaacutevel e irreversivelmente ameaccedilados Tendo ou natildeo contribuiacutedo com o problema eacute certo que as consequecircncias vatildeo atingir todas as cidades os municiacutepios e os estados brasileiros bem como pessoas ricas e pobres

Alguns estados e cidades jaacute deram o primeiro passo lanccedilando iniciativas ndash seja de mitigaccedilatildeo seja de adaptaccedilatildeo Poreacutem essa temaacutetica ainda natildeo permeia da maneira necessaacuteria a agenda dos governos estaduais e municipais Mesmo quando conscientes do problema espera-se geralmente do poder puacuteblico federal eou estadual algum tipo de orientaccedilatildeo assistecircncia teacutecnica eou financiamento

21 imPactos esPeradosConforme a Figura 1 os principais impactos da mudanccedila do clima no Brasil ateacute o final do seacuteculo poderatildeo ser

bull O aquecimento natildeo apenas no Brasil mas em todo o continente considerando todos os cenaacuterios de emissatildeo em todas as estaccedilotildees do ano Os pontos maacuteximos de aquecimento seratildeo no Centro-Oeste brasileiro

bull A reduccedilatildeo de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo) na maior parte do paiacutes com diminuiccedilotildees mais extremas no Centro-Oeste e Sudeste

bull A diminuiccedilatildeo de chuvas na parte central do Brasil e o aumento no Sul durante o veratildeo recorrentes nas simulaccedilotildees No inverno a reduccedilatildeo se daacute na porccedilatildeo norte da Ameacuterica do Sul e na Ameacuterica Central com aumento no sudeste da Ameacuterica do Sul na regiatildeo proacutexima agrave costa

bull Maiores taxas de precipitaccedilatildeo no Centro-Sul do Brasil ateacute o final do seacuteculo bull Sinais mistos de mudanccedilas da precipitaccedilatildeo na regiatildeo entre o Sul e Sudeste bull Aumento dos intervalos de dias secos no Nordeste e queda na frequecircncia de dias uacutemidos

no Norte

copy P

edro Jayme dos S

antos Prefeitura de A

lfredo WagnerS

C

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima10

Figura 1 Resumo das projeccedilotildees climaacuteticas ateacute 2100 por regiatildeo brasileira

sumAacuterio de Projeccedilotildees ateacute 2100

cenaacuterio de mudanccedilas climaacuteticas projetadas para o brasilAumento de dias secos Diminuiccedilatildeo de geadas

Ondas de calor Aumento extremo de chuvas

Aumento de temperatura Reduccedilatildeo de chuvas

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 11

Fonte Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica (SAE) e Inpe (2014)

nortemudanccedilas no climabull Temperatura miacutenima e maacutexima de 3 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo reduccedilatildeo de ateacute 15 no oeste 35 no leste e ateacute

75 no litoral da regiatildeobull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas em todas as estaccedilotildeesbull Reduccedilatildeo das chuvas no inverno na parte norte da regiatildeo Nortebull Aumento dos extremos de chuva na Amazocircnia oeste e de dias

secos consecutivos na Amazocircnia leste bull Possibilidade de secas mais intensas e frequentes a partir de

2050

Possiacuteveis imPactosbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Risco de savanizaccedilatildeo da Amazocircniabull Efeitos no transporte da umidade atmosfeacuterica para o sudeste

da Ameacuterica do Sul

centro-oestemudanccedilas no climabull De 1 a 8 degC mais quente e chuvas intensas e irregulares mais

recorrentesbull Regiatildeo com o maior aquecimento da temperatura e a maior

reduccedilatildeo de chuvas em comparaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutesbull Reduccedilatildeo acentuada de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)

Possiacuteveis imPactosbull Aumento dos eventos extremos de chuva e de dias secos

consecutivosbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com

maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Aumento das ondas de calor o que pode afetar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

bull Impactos no Pantanal e Cerrado e mais riscos de incecircndios

nordestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 2 a 6 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 75 de reduccedilatildeo das chuvas no sertatildeo em um

cenaacuterio de emissotildees intensasbull As projeccedilotildees indicam uma diminuiccedilatildeo das chuvas em periacuteodo

de inverno no litoral leste da regiatildeo Nordeste onde costuma ocorrer inundaccedilatildeo e deslizamento

bull No veratildeo projeta-se um aumento das chuvas na parte nordeste da regiatildeo Nordeste

bull Aumento de dias secos consecutivos e da secura do arbull Aumento nas taxas de evaporaccedilatildeo de accediludes e reservatoacuteriosbull Possibilidade de secas mais intensas e frequentesbull Risco de aridizaccedilatildeo no semiaacuteridobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do mar

Possiacuteveis imPactosbull Risco de desertificaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo ambientalbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio

hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircnciabull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a

populaccedilatildeobull Impactos na sauacutede humana na migraccedilatildeo no turismo e na

geraccedilatildeo de empregosbull Possiacutevel reduccedilatildeo da recarga nos aquiacuteferos a partir de 2050

sudestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos a 100 metros de altitude

principalmente no veratildeo

Possiacuteveis imPactosbull Aumento da frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com mais

secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Escassez de alimentos elevando preccedilos e resultando em desabastecimento

bull Aumento das ondas de calor o que pode prejudicar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

sulmudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 35 de aumento meacutediobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do marbull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos no litoral a 100 metros de altitudebull Aumento dos extremos de chuvas e possiacuteveis ciclones

extratropicaisbull Aumento na frequecircncia das ondas de calor e de noites quentes

Possiacuteveis imPactosbull Impactos na sauacutede e casos de doenccedilas tropicais mais

recorrentesbull Produccedilatildeo de gratildeos e frutas comprometida pelas altas

temperaturas e chuvas intensas fora de eacutepocabull Alta no preccedilo dos alimentos- Aumento na frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Elevaccedilatildeo dos rios que pode afetar portos comeacutercio fluvial e

transportesbull Conflitos sociais ameaccedila agrave seguranccedila e saquesbull Impactos nos ecossistemas naturais (Araucaacuteria e campos

sulinos) e costeiros

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima12

Levando-se em consideraccedilatildeo que 80 da populaccedilatildeo brasileira vive em aacutereas urbanas as cidades ocupam um lugar central no desenvolvimento nacional tanto no niacutevel poliacutetico quanto no econocircmico cultural e social Por concentrarem o grande capital fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios estradas pontes metrocircs e elementos de infraestrutura que satildeo imoacuteveis elas estatildeo especialmente vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos ndash tempestades enchentes inundaccedilotildees ressacas ondas de calor surtos de vetores e doenccedilas etc Aleacutem disso cerca de 50 milhotildees de pessoas vivem em municiacutepios costeiros elevando a vulnerabilidade da populaccedilatildeo urbana em face das consequecircncias climaacuteticas (ACT 2013)

Algo pouco enfatizado no acircmbito desse assunto eacute o impacto direto e indireto em empresas A interrupccedilatildeo dos serviccedilos municipais ndash como sistemas de transporte e comunicaccedilatildeo devido a ruas inundadas escassez de energia e comprometimento no abastecimento de aacutegua por exemplo ndash lesa o bom funcionamento das empresas induacutestrias aleacutem de escolas hospitais e edifiacutecios puacuteblicos entre outros locais Desse jeito a cidades tornam-se menos competitivas porque natildeo estatildeo preparadas para lidar com eventos climaacuteticos extremos o que por sua vez pode levar a um menor nuacutemero de investimentos

Na aacuterea social a principal preocupaccedilatildeo eacute com os mais pobres Tanto no meio urbano quanto no rural pessoas de menor renda seratildeo afetadas de forma alarmante pela mudanccedila do clima A parcela menos abastada dos brasileiros tende a viver e trabalhar em locais mais expostos a riscos climaacuteticos sem infraestrutura para reduzi-los como casas e bairros em regiotildees vulneraacuteveis ndash e tambeacutem natildeo dispotildee de meios para tomar medidas defensivas imediatas Habitantes de baixa renda das zonas rurais tambeacutem seratildeo fortemente prejudicados uma vez que dependem da agricultura e dos ecossistemas isto eacute setores diretamente abalados pelo fenocircmeno A mudanccedila do clima eacute sem duacutevida alguma um problema socialmente regressivo ndash e isso vale natildeo apenas para os indiviacuteduos de uma mesma cidade mas entre estados e paiacuteses Os mais ricos (paiacuteses cidades e indiviacuteduos) estatildeo mais preparados para lidar com os impactos da mudanccedila do clima por dispor de infraestrutura e serviccedilos mais adequados e ter melhores condiccedilotildees de defesa e adaptaccedilatildeo (MARGULIS 2017)

as cidades concentram o grande caPital

fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios

estradas Pontes metrocircs e elementos de infraestrutura

que sAtildeo imoacuteveis e Portanto esPecialmente

vulnerAacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos

embora a mudanccedila do clima seja comumente

Percebida como uma questAtildeo global seu

imPacto tem carAacuteter regional influenciando

os meios de subsistecircncia locais e as atividades

econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave

sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos

copy A

ntonio Cruz A

gecircncia Brasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 13

a grande maioria dos governos de cidades municiacutePios e estados

brasileiros ainda nAtildeo abordou a mudanccedila

do clima

As consequecircncias da mudanccedila do clima se manifestam localmente Embora sejam comumente percebidas como uma questatildeo global seu impacto tem caraacuteter regional influenciando os meios de subsistecircncia locais e as atividades econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos Um problema mundial eacute traduzido em fenocircmenos locais em decorrecircncia de uma seacuterie de fatores relacionados ao meio ambiente agrave sociedade e agrave economia (SNOVER et al 2007)

A capacidade de lidar e se adaptar agrave mudanccedila do clima dependeraacute da gravidade e natureza do impacto em cada regiatildeo e vai variar entre populaccedilotildees setores econocircmicos e localidades Ningueacutem seraacute poupado nenhuma pessoa povo ou naccedilatildeo Portanto os indiviacuteduos as organizaccedilotildees e os governos teratildeo que identificar as melhores soluccedilotildees se quiserem ter ecircxito no enfrentamento e na adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima (ECA 2009) A adaptaccedilatildeo eacute necessaacuteria em todas as esferas da administraccedilatildeo puacuteblica mas seus principais benefiacutecios apareceratildeo em acircmbito local ndash uma diferenccedila fundamental da mitigaccedilatildeo cujas vantagens satildeo vistas globalmente

A grande maioria dos governos de cidades municiacutepios e estados brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima Embora alguns natildeo vejam ganhos imediatos em minimizar emissotildees (mitigaccedilatildeo) as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo do interesse direto do poder puacuteblico e da sociedade ndash trata-se de accedilotildees de desenvolvimento que aumentam a resiliecircncia agrave variabilidade climaacutetica Na verdade os governos subnacionais natildeo tecircm muita escolha e precisaratildeo se adaptar agraves inevitaacuteveis consequecircncias da mudanccedila do clima Eacute tambeacutem claro que quanto mais cedo isso comeccedilar mais barato seraacute tornar-se resiliente O niacutevel de esforccedilo de adaptaccedilatildeo necessaacuterio ao longo do tempo eacute uma questatildeo mais difiacutecil dependendo da gravidade do impacto esperado e de opccedilotildees e custos

Enquanto os patamares mais altos do governo podem e devem fornecer financiamento e apoio agrave adaptaccedilatildeo as administraccedilotildees local regional e estadual tecircm a responsabilidade de planejaacute-la e implementaacute-la de modo proativo ajustando suas estrateacutegias ao contexto especiacutefico em que se encontram (ACT 2013) O poder puacuteblico municipal estaacute mais proacuteximo da populaccedilatildeo e em parceria com organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado academia e sociedade responde pelo planejamento e estabelecimento de accedilotildees de adaptaccedilatildeo

Ateacute o momento o delineamento de como seraacute a adaptaccedilatildeo no Brasil tem sido feito de forma circunstancial com um apoio limitado do poder federal e fundamentalmente na prevenccedilatildeo e resposta a cataacutestrofes Uma vez que a maioria dos efeitos da mudanccedila do clima seraacute sentida nas alteraccedilotildees da frequecircncia ou intensidade de eventos extremos muitas vezes sua ocorrecircncia vai ser classificada como desastre Existe portanto um grande potencial de os riscos de desastres serem geridos como uma agenda integrada o que pode reduzi-los

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima14

Plano nacional de adaPtaccedilAtildeo (Pna)O PNA reconhece que ldquoa promoccedilatildeo da adaptaccedilatildeo no territoacuterio nacional eacute um processo complexo que envolve a atuaccedilatildeo conjunta de diversos setores e oacutergatildeos que atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da sociedade civilrdquo Ele recomenda aos oacutergatildeos setoriais e entes federativos e agrave sociedade em geral

bull Analisar as caracteriacutesticas demandas e vulnerabilidades dos diferentes setores e quando pertinente elaborar estrateacutegias de gestatildeo visando reduzir os riscos climaacuteticos

bull Integrar o gerenciamento dos riscos climaacuteticos aos processos de elaboraccedilatildeo e revisatildeo de instrumentos para o planejamento e a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas com base em conhecimentos teacutecnico cientiacutefico eou tradicional

bull Realizar a coleta e anaacutelise de evidecircncias de vulnerabilidade e riscos climaacuteticos de maneira sistemaacutetica e compatiacutevel com os sistemas de monitoramento e avaliaccedilatildeo existentes e propostos pelo plano garantindo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees em uma plataforma online

bull Sensibilizar atores sobre a agenda de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por meio da disseminaccedilatildeo de informaccedilotildees de capacitaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo e engajamento da sociedade e da ampliaccedilatildeo dos processos participativos

bull Aprimorar a interaccedilatildeo do poder puacuteblico com entidades setoriais da economia academia e sociedade civil e outros atores interessados estimulando o contiacutenuo desenvolvimento da estrateacutegia de adaptaccedilatildeo do paiacutes diante dos efeitos da mudanccedila do clima

o Pna reconhece que ldquoa PromoccedilAtildeo da adaPtaccedilAtildeo no territoacuterio nacional eacute

um Processo comPlexo que envolve a atuaccedilAtildeo

conjunta de diversos setores e oacutergAtildeos que

atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da

sociedade civilrdquo

copy M

arcelo Cam

argo Agecircncia B

rasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 15

41 etaPas de elaboraccedilAtildeo do Plano Inuacutemeras instituiccedilotildees internacionais criaram guias metodologias e arcabouccedilos para diferentes esferas de governo elaborarem seu plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima Boa parte dos trabalhos examinados nesta publicaccedilatildeo conteacutem os mesmos elementos essenciais havendo uma enorme coincidecircncia acerca do conteuacutedo e dos componentes considerados criacuteticos

Convergindo com a grande parte dos planos revisados a Figura 2 condensa as fases fundamentais do processo de elaboraccedilatildeo do plano em paralelo agrave organizaccedilatildeo de seus componentes teacutecnicos baacutesicos Os trecircs primeiros estaacutegios da construccedilatildeo do conteuacutedo teacutecnico (comuns a todos os guias analisados) estatildeo destacados na pequena caixa agrave direita e consistem no nuacutecleo central de um plano de adaptaccedilatildeo Em seguida explicaremos resumidamente cada uma das etapas

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima

Identificaccedilatildeo de estudos relevantes

Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano

Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia

Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades

Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos e aceitabilidade

Interface com outras secretarias governamentais

Transversalizaccedilatildeo das accedilotildees propostas em poliacuteticas

planos e projetos setoriais

Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback

Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento

Projeccedilotildees climaacuteticas

Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades ndash regiotildees

setores e populaccedilotildees

Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo

de vulnerabilidades

(a)(a)

42

(b)(b)

(c)(c)

(d)(d)

(e)(e)

(f)(f)

Processo de PreParaccedilAtildeo 43 conteuacutedo

Fonte Margulis (2017)

Figura 2 Etapas da elaboraccedilatildeo de um plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima ndash processo de preparaccedilatildeo e conteuacutedo

figura 2 condensa as fases fundamentais

do Processo de elaboraccedilAtildeo e

conteuacutedo do Plano

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

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Page 10: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima8

mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeoTanto a mitigaccedilatildeo quanto a adaptaccedilatildeo satildeo essenciais para diminuir os riscos da mudanccedila do clima sendo portanto estrateacutegias complementares A mitigaccedilatildeo visa reduzir as emissotildees de gases do efeito estufa responsaacuteveis pelo aquecimento global o qual resulta por sua vez na mudanccedila do clima A adaptaccedilatildeo implica o ajuste dos sistemas naturais e humanos em resposta a uma nova realidade climaacutetica ou seja eacute uma necessidade

As accedilotildees de mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo estatildeo claramente ligadas e os governos tecircm que agir simultaneamente Deve-se avaliar se uma medida de mitigaccedilatildeo aumenta ou diminui a capacidade de adaptaccedilatildeo e se uma medida de adaptaccedilatildeo aumenta ou diminui as emissotildees Desse modo escolhas ldquoganha-ganhardquo nem sempre satildeo possiacuteveis e eacute necessaacuterio levar isso em consideraccedilatildeo em ambas as estrateacutegias

Portanto ressalta-se a importacircncia da elaboraccedilatildeo de planos climaacuteticos que considerem a mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo Diante do menor nuacutemero de debates em torno da adaptaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave mitigaccedilatildeo este relatoacuterio intenta mostrar a importacircncia do assunto nos planejamentos estaduais e municipais

Destacamos a recente publicaccedilatildeo do ICLEI Programa Cidades Sustentaacuteveis (2016) guia de accedilatildeo local pelo clima focada na agenda climaacutetica (mitigaccedilatildeo e adaptaccedilatildeo) Link httpwwwcidadessustentaveisorgbrarquivosICLEI_guia_cidades_sustentaveispdf

os imPactos climAacuteticos nAtildeo fazem distinccedilAtildeo

todos estamos inevitAacutevel e irreversivelmente

ameaccedilados

copy Fernando Frazatildeo A

gecircncia Brasil

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 9

as accedilotildees de mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeo estAtildeo

claramente ligadas e os governos tecircm que

agir simultaneamente

2 Por que se adaPtarA mudanccedila do clima eacute uma ameaccedila de longo prazo para paiacuteses e respectivas populaccedilotildees Seus efeitos comeccedilam a se manifestar de modo que as accedilotildees de combate devem ser iniciadas agora no presente Embora haja a percepccedilatildeo de que os paiacuteses ricos satildeo (mais) responsaacuteveis pelo problema e satildeo eles que tecircm capacidade de mitigaccedilatildeo em curto prazo os impactos climaacuteticos natildeo fazem distinccedilatildeo todos estamos inevitaacutevel e irreversivelmente ameaccedilados Tendo ou natildeo contribuiacutedo com o problema eacute certo que as consequecircncias vatildeo atingir todas as cidades os municiacutepios e os estados brasileiros bem como pessoas ricas e pobres

Alguns estados e cidades jaacute deram o primeiro passo lanccedilando iniciativas ndash seja de mitigaccedilatildeo seja de adaptaccedilatildeo Poreacutem essa temaacutetica ainda natildeo permeia da maneira necessaacuteria a agenda dos governos estaduais e municipais Mesmo quando conscientes do problema espera-se geralmente do poder puacuteblico federal eou estadual algum tipo de orientaccedilatildeo assistecircncia teacutecnica eou financiamento

21 imPactos esPeradosConforme a Figura 1 os principais impactos da mudanccedila do clima no Brasil ateacute o final do seacuteculo poderatildeo ser

bull O aquecimento natildeo apenas no Brasil mas em todo o continente considerando todos os cenaacuterios de emissatildeo em todas as estaccedilotildees do ano Os pontos maacuteximos de aquecimento seratildeo no Centro-Oeste brasileiro

bull A reduccedilatildeo de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo) na maior parte do paiacutes com diminuiccedilotildees mais extremas no Centro-Oeste e Sudeste

bull A diminuiccedilatildeo de chuvas na parte central do Brasil e o aumento no Sul durante o veratildeo recorrentes nas simulaccedilotildees No inverno a reduccedilatildeo se daacute na porccedilatildeo norte da Ameacuterica do Sul e na Ameacuterica Central com aumento no sudeste da Ameacuterica do Sul na regiatildeo proacutexima agrave costa

bull Maiores taxas de precipitaccedilatildeo no Centro-Sul do Brasil ateacute o final do seacuteculo bull Sinais mistos de mudanccedilas da precipitaccedilatildeo na regiatildeo entre o Sul e Sudeste bull Aumento dos intervalos de dias secos no Nordeste e queda na frequecircncia de dias uacutemidos

no Norte

copy P

edro Jayme dos S

antos Prefeitura de A

lfredo WagnerS

C

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima10

Figura 1 Resumo das projeccedilotildees climaacuteticas ateacute 2100 por regiatildeo brasileira

sumAacuterio de Projeccedilotildees ateacute 2100

cenaacuterio de mudanccedilas climaacuteticas projetadas para o brasilAumento de dias secos Diminuiccedilatildeo de geadas

Ondas de calor Aumento extremo de chuvas

Aumento de temperatura Reduccedilatildeo de chuvas

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 11

Fonte Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica (SAE) e Inpe (2014)

nortemudanccedilas no climabull Temperatura miacutenima e maacutexima de 3 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo reduccedilatildeo de ateacute 15 no oeste 35 no leste e ateacute

75 no litoral da regiatildeobull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas em todas as estaccedilotildeesbull Reduccedilatildeo das chuvas no inverno na parte norte da regiatildeo Nortebull Aumento dos extremos de chuva na Amazocircnia oeste e de dias

secos consecutivos na Amazocircnia leste bull Possibilidade de secas mais intensas e frequentes a partir de

2050

Possiacuteveis imPactosbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Risco de savanizaccedilatildeo da Amazocircniabull Efeitos no transporte da umidade atmosfeacuterica para o sudeste

da Ameacuterica do Sul

centro-oestemudanccedilas no climabull De 1 a 8 degC mais quente e chuvas intensas e irregulares mais

recorrentesbull Regiatildeo com o maior aquecimento da temperatura e a maior

reduccedilatildeo de chuvas em comparaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutesbull Reduccedilatildeo acentuada de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)

Possiacuteveis imPactosbull Aumento dos eventos extremos de chuva e de dias secos

consecutivosbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com

maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Aumento das ondas de calor o que pode afetar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

bull Impactos no Pantanal e Cerrado e mais riscos de incecircndios

nordestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 2 a 6 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 75 de reduccedilatildeo das chuvas no sertatildeo em um

cenaacuterio de emissotildees intensasbull As projeccedilotildees indicam uma diminuiccedilatildeo das chuvas em periacuteodo

de inverno no litoral leste da regiatildeo Nordeste onde costuma ocorrer inundaccedilatildeo e deslizamento

bull No veratildeo projeta-se um aumento das chuvas na parte nordeste da regiatildeo Nordeste

bull Aumento de dias secos consecutivos e da secura do arbull Aumento nas taxas de evaporaccedilatildeo de accediludes e reservatoacuteriosbull Possibilidade de secas mais intensas e frequentesbull Risco de aridizaccedilatildeo no semiaacuteridobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do mar

Possiacuteveis imPactosbull Risco de desertificaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo ambientalbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio

hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircnciabull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a

populaccedilatildeobull Impactos na sauacutede humana na migraccedilatildeo no turismo e na

geraccedilatildeo de empregosbull Possiacutevel reduccedilatildeo da recarga nos aquiacuteferos a partir de 2050

sudestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos a 100 metros de altitude

principalmente no veratildeo

Possiacuteveis imPactosbull Aumento da frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com mais

secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Escassez de alimentos elevando preccedilos e resultando em desabastecimento

bull Aumento das ondas de calor o que pode prejudicar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

sulmudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 35 de aumento meacutediobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do marbull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos no litoral a 100 metros de altitudebull Aumento dos extremos de chuvas e possiacuteveis ciclones

extratropicaisbull Aumento na frequecircncia das ondas de calor e de noites quentes

Possiacuteveis imPactosbull Impactos na sauacutede e casos de doenccedilas tropicais mais

recorrentesbull Produccedilatildeo de gratildeos e frutas comprometida pelas altas

temperaturas e chuvas intensas fora de eacutepocabull Alta no preccedilo dos alimentos- Aumento na frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Elevaccedilatildeo dos rios que pode afetar portos comeacutercio fluvial e

transportesbull Conflitos sociais ameaccedila agrave seguranccedila e saquesbull Impactos nos ecossistemas naturais (Araucaacuteria e campos

sulinos) e costeiros

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima12

Levando-se em consideraccedilatildeo que 80 da populaccedilatildeo brasileira vive em aacutereas urbanas as cidades ocupam um lugar central no desenvolvimento nacional tanto no niacutevel poliacutetico quanto no econocircmico cultural e social Por concentrarem o grande capital fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios estradas pontes metrocircs e elementos de infraestrutura que satildeo imoacuteveis elas estatildeo especialmente vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos ndash tempestades enchentes inundaccedilotildees ressacas ondas de calor surtos de vetores e doenccedilas etc Aleacutem disso cerca de 50 milhotildees de pessoas vivem em municiacutepios costeiros elevando a vulnerabilidade da populaccedilatildeo urbana em face das consequecircncias climaacuteticas (ACT 2013)

Algo pouco enfatizado no acircmbito desse assunto eacute o impacto direto e indireto em empresas A interrupccedilatildeo dos serviccedilos municipais ndash como sistemas de transporte e comunicaccedilatildeo devido a ruas inundadas escassez de energia e comprometimento no abastecimento de aacutegua por exemplo ndash lesa o bom funcionamento das empresas induacutestrias aleacutem de escolas hospitais e edifiacutecios puacuteblicos entre outros locais Desse jeito a cidades tornam-se menos competitivas porque natildeo estatildeo preparadas para lidar com eventos climaacuteticos extremos o que por sua vez pode levar a um menor nuacutemero de investimentos

Na aacuterea social a principal preocupaccedilatildeo eacute com os mais pobres Tanto no meio urbano quanto no rural pessoas de menor renda seratildeo afetadas de forma alarmante pela mudanccedila do clima A parcela menos abastada dos brasileiros tende a viver e trabalhar em locais mais expostos a riscos climaacuteticos sem infraestrutura para reduzi-los como casas e bairros em regiotildees vulneraacuteveis ndash e tambeacutem natildeo dispotildee de meios para tomar medidas defensivas imediatas Habitantes de baixa renda das zonas rurais tambeacutem seratildeo fortemente prejudicados uma vez que dependem da agricultura e dos ecossistemas isto eacute setores diretamente abalados pelo fenocircmeno A mudanccedila do clima eacute sem duacutevida alguma um problema socialmente regressivo ndash e isso vale natildeo apenas para os indiviacuteduos de uma mesma cidade mas entre estados e paiacuteses Os mais ricos (paiacuteses cidades e indiviacuteduos) estatildeo mais preparados para lidar com os impactos da mudanccedila do clima por dispor de infraestrutura e serviccedilos mais adequados e ter melhores condiccedilotildees de defesa e adaptaccedilatildeo (MARGULIS 2017)

as cidades concentram o grande caPital

fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios

estradas Pontes metrocircs e elementos de infraestrutura

que sAtildeo imoacuteveis e Portanto esPecialmente

vulnerAacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos

embora a mudanccedila do clima seja comumente

Percebida como uma questAtildeo global seu

imPacto tem carAacuteter regional influenciando

os meios de subsistecircncia locais e as atividades

econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave

sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos

copy A

ntonio Cruz A

gecircncia Brasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 13

a grande maioria dos governos de cidades municiacutePios e estados

brasileiros ainda nAtildeo abordou a mudanccedila

do clima

As consequecircncias da mudanccedila do clima se manifestam localmente Embora sejam comumente percebidas como uma questatildeo global seu impacto tem caraacuteter regional influenciando os meios de subsistecircncia locais e as atividades econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos Um problema mundial eacute traduzido em fenocircmenos locais em decorrecircncia de uma seacuterie de fatores relacionados ao meio ambiente agrave sociedade e agrave economia (SNOVER et al 2007)

A capacidade de lidar e se adaptar agrave mudanccedila do clima dependeraacute da gravidade e natureza do impacto em cada regiatildeo e vai variar entre populaccedilotildees setores econocircmicos e localidades Ningueacutem seraacute poupado nenhuma pessoa povo ou naccedilatildeo Portanto os indiviacuteduos as organizaccedilotildees e os governos teratildeo que identificar as melhores soluccedilotildees se quiserem ter ecircxito no enfrentamento e na adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima (ECA 2009) A adaptaccedilatildeo eacute necessaacuteria em todas as esferas da administraccedilatildeo puacuteblica mas seus principais benefiacutecios apareceratildeo em acircmbito local ndash uma diferenccedila fundamental da mitigaccedilatildeo cujas vantagens satildeo vistas globalmente

A grande maioria dos governos de cidades municiacutepios e estados brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima Embora alguns natildeo vejam ganhos imediatos em minimizar emissotildees (mitigaccedilatildeo) as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo do interesse direto do poder puacuteblico e da sociedade ndash trata-se de accedilotildees de desenvolvimento que aumentam a resiliecircncia agrave variabilidade climaacutetica Na verdade os governos subnacionais natildeo tecircm muita escolha e precisaratildeo se adaptar agraves inevitaacuteveis consequecircncias da mudanccedila do clima Eacute tambeacutem claro que quanto mais cedo isso comeccedilar mais barato seraacute tornar-se resiliente O niacutevel de esforccedilo de adaptaccedilatildeo necessaacuterio ao longo do tempo eacute uma questatildeo mais difiacutecil dependendo da gravidade do impacto esperado e de opccedilotildees e custos

Enquanto os patamares mais altos do governo podem e devem fornecer financiamento e apoio agrave adaptaccedilatildeo as administraccedilotildees local regional e estadual tecircm a responsabilidade de planejaacute-la e implementaacute-la de modo proativo ajustando suas estrateacutegias ao contexto especiacutefico em que se encontram (ACT 2013) O poder puacuteblico municipal estaacute mais proacuteximo da populaccedilatildeo e em parceria com organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado academia e sociedade responde pelo planejamento e estabelecimento de accedilotildees de adaptaccedilatildeo

Ateacute o momento o delineamento de como seraacute a adaptaccedilatildeo no Brasil tem sido feito de forma circunstancial com um apoio limitado do poder federal e fundamentalmente na prevenccedilatildeo e resposta a cataacutestrofes Uma vez que a maioria dos efeitos da mudanccedila do clima seraacute sentida nas alteraccedilotildees da frequecircncia ou intensidade de eventos extremos muitas vezes sua ocorrecircncia vai ser classificada como desastre Existe portanto um grande potencial de os riscos de desastres serem geridos como uma agenda integrada o que pode reduzi-los

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima14

Plano nacional de adaPtaccedilAtildeo (Pna)O PNA reconhece que ldquoa promoccedilatildeo da adaptaccedilatildeo no territoacuterio nacional eacute um processo complexo que envolve a atuaccedilatildeo conjunta de diversos setores e oacutergatildeos que atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da sociedade civilrdquo Ele recomenda aos oacutergatildeos setoriais e entes federativos e agrave sociedade em geral

bull Analisar as caracteriacutesticas demandas e vulnerabilidades dos diferentes setores e quando pertinente elaborar estrateacutegias de gestatildeo visando reduzir os riscos climaacuteticos

bull Integrar o gerenciamento dos riscos climaacuteticos aos processos de elaboraccedilatildeo e revisatildeo de instrumentos para o planejamento e a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas com base em conhecimentos teacutecnico cientiacutefico eou tradicional

bull Realizar a coleta e anaacutelise de evidecircncias de vulnerabilidade e riscos climaacuteticos de maneira sistemaacutetica e compatiacutevel com os sistemas de monitoramento e avaliaccedilatildeo existentes e propostos pelo plano garantindo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees em uma plataforma online

bull Sensibilizar atores sobre a agenda de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por meio da disseminaccedilatildeo de informaccedilotildees de capacitaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo e engajamento da sociedade e da ampliaccedilatildeo dos processos participativos

bull Aprimorar a interaccedilatildeo do poder puacuteblico com entidades setoriais da economia academia e sociedade civil e outros atores interessados estimulando o contiacutenuo desenvolvimento da estrateacutegia de adaptaccedilatildeo do paiacutes diante dos efeitos da mudanccedila do clima

o Pna reconhece que ldquoa PromoccedilAtildeo da adaPtaccedilAtildeo no territoacuterio nacional eacute

um Processo comPlexo que envolve a atuaccedilAtildeo

conjunta de diversos setores e oacutergAtildeos que

atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da

sociedade civilrdquo

copy M

arcelo Cam

argo Agecircncia B

rasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 15

41 etaPas de elaboraccedilAtildeo do Plano Inuacutemeras instituiccedilotildees internacionais criaram guias metodologias e arcabouccedilos para diferentes esferas de governo elaborarem seu plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima Boa parte dos trabalhos examinados nesta publicaccedilatildeo conteacutem os mesmos elementos essenciais havendo uma enorme coincidecircncia acerca do conteuacutedo e dos componentes considerados criacuteticos

Convergindo com a grande parte dos planos revisados a Figura 2 condensa as fases fundamentais do processo de elaboraccedilatildeo do plano em paralelo agrave organizaccedilatildeo de seus componentes teacutecnicos baacutesicos Os trecircs primeiros estaacutegios da construccedilatildeo do conteuacutedo teacutecnico (comuns a todos os guias analisados) estatildeo destacados na pequena caixa agrave direita e consistem no nuacutecleo central de um plano de adaptaccedilatildeo Em seguida explicaremos resumidamente cada uma das etapas

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima

Identificaccedilatildeo de estudos relevantes

Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano

Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia

Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades

Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos e aceitabilidade

Interface com outras secretarias governamentais

Transversalizaccedilatildeo das accedilotildees propostas em poliacuteticas

planos e projetos setoriais

Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback

Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento

Projeccedilotildees climaacuteticas

Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades ndash regiotildees

setores e populaccedilotildees

Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo

de vulnerabilidades

(a)(a)

42

(b)(b)

(c)(c)

(d)(d)

(e)(e)

(f)(f)

Processo de PreParaccedilAtildeo 43 conteuacutedo

Fonte Margulis (2017)

Figura 2 Etapas da elaboraccedilatildeo de um plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima ndash processo de preparaccedilatildeo e conteuacutedo

figura 2 condensa as fases fundamentais

do Processo de elaboraccedilAtildeo e

conteuacutedo do Plano

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

A

scom S

atildeo Paulo-S

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BR

Selo FSc

2015

SumAacuteriobrreciclado

100ESTA PUBLICACcedilAtildeO FOI APOIADA POR

Page 11: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 9

as accedilotildees de mitigaccedilAtildeo e adaPtaccedilAtildeo estAtildeo

claramente ligadas e os governos tecircm que

agir simultaneamente

2 Por que se adaPtarA mudanccedila do clima eacute uma ameaccedila de longo prazo para paiacuteses e respectivas populaccedilotildees Seus efeitos comeccedilam a se manifestar de modo que as accedilotildees de combate devem ser iniciadas agora no presente Embora haja a percepccedilatildeo de que os paiacuteses ricos satildeo (mais) responsaacuteveis pelo problema e satildeo eles que tecircm capacidade de mitigaccedilatildeo em curto prazo os impactos climaacuteticos natildeo fazem distinccedilatildeo todos estamos inevitaacutevel e irreversivelmente ameaccedilados Tendo ou natildeo contribuiacutedo com o problema eacute certo que as consequecircncias vatildeo atingir todas as cidades os municiacutepios e os estados brasileiros bem como pessoas ricas e pobres

Alguns estados e cidades jaacute deram o primeiro passo lanccedilando iniciativas ndash seja de mitigaccedilatildeo seja de adaptaccedilatildeo Poreacutem essa temaacutetica ainda natildeo permeia da maneira necessaacuteria a agenda dos governos estaduais e municipais Mesmo quando conscientes do problema espera-se geralmente do poder puacuteblico federal eou estadual algum tipo de orientaccedilatildeo assistecircncia teacutecnica eou financiamento

21 imPactos esPeradosConforme a Figura 1 os principais impactos da mudanccedila do clima no Brasil ateacute o final do seacuteculo poderatildeo ser

bull O aquecimento natildeo apenas no Brasil mas em todo o continente considerando todos os cenaacuterios de emissatildeo em todas as estaccedilotildees do ano Os pontos maacuteximos de aquecimento seratildeo no Centro-Oeste brasileiro

bull A reduccedilatildeo de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo) na maior parte do paiacutes com diminuiccedilotildees mais extremas no Centro-Oeste e Sudeste

bull A diminuiccedilatildeo de chuvas na parte central do Brasil e o aumento no Sul durante o veratildeo recorrentes nas simulaccedilotildees No inverno a reduccedilatildeo se daacute na porccedilatildeo norte da Ameacuterica do Sul e na Ameacuterica Central com aumento no sudeste da Ameacuterica do Sul na regiatildeo proacutexima agrave costa

bull Maiores taxas de precipitaccedilatildeo no Centro-Sul do Brasil ateacute o final do seacuteculo bull Sinais mistos de mudanccedilas da precipitaccedilatildeo na regiatildeo entre o Sul e Sudeste bull Aumento dos intervalos de dias secos no Nordeste e queda na frequecircncia de dias uacutemidos

no Norte

copy P

edro Jayme dos S

antos Prefeitura de A

lfredo WagnerS

C

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima10

Figura 1 Resumo das projeccedilotildees climaacuteticas ateacute 2100 por regiatildeo brasileira

sumAacuterio de Projeccedilotildees ateacute 2100

cenaacuterio de mudanccedilas climaacuteticas projetadas para o brasilAumento de dias secos Diminuiccedilatildeo de geadas

Ondas de calor Aumento extremo de chuvas

Aumento de temperatura Reduccedilatildeo de chuvas

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 11

Fonte Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica (SAE) e Inpe (2014)

nortemudanccedilas no climabull Temperatura miacutenima e maacutexima de 3 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo reduccedilatildeo de ateacute 15 no oeste 35 no leste e ateacute

75 no litoral da regiatildeobull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas em todas as estaccedilotildeesbull Reduccedilatildeo das chuvas no inverno na parte norte da regiatildeo Nortebull Aumento dos extremos de chuva na Amazocircnia oeste e de dias

secos consecutivos na Amazocircnia leste bull Possibilidade de secas mais intensas e frequentes a partir de

2050

Possiacuteveis imPactosbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Risco de savanizaccedilatildeo da Amazocircniabull Efeitos no transporte da umidade atmosfeacuterica para o sudeste

da Ameacuterica do Sul

centro-oestemudanccedilas no climabull De 1 a 8 degC mais quente e chuvas intensas e irregulares mais

recorrentesbull Regiatildeo com o maior aquecimento da temperatura e a maior

reduccedilatildeo de chuvas em comparaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutesbull Reduccedilatildeo acentuada de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)

Possiacuteveis imPactosbull Aumento dos eventos extremos de chuva e de dias secos

consecutivosbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com

maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Aumento das ondas de calor o que pode afetar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

bull Impactos no Pantanal e Cerrado e mais riscos de incecircndios

nordestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 2 a 6 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 75 de reduccedilatildeo das chuvas no sertatildeo em um

cenaacuterio de emissotildees intensasbull As projeccedilotildees indicam uma diminuiccedilatildeo das chuvas em periacuteodo

de inverno no litoral leste da regiatildeo Nordeste onde costuma ocorrer inundaccedilatildeo e deslizamento

bull No veratildeo projeta-se um aumento das chuvas na parte nordeste da regiatildeo Nordeste

bull Aumento de dias secos consecutivos e da secura do arbull Aumento nas taxas de evaporaccedilatildeo de accediludes e reservatoacuteriosbull Possibilidade de secas mais intensas e frequentesbull Risco de aridizaccedilatildeo no semiaacuteridobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do mar

Possiacuteveis imPactosbull Risco de desertificaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo ambientalbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio

hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircnciabull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a

populaccedilatildeobull Impactos na sauacutede humana na migraccedilatildeo no turismo e na

geraccedilatildeo de empregosbull Possiacutevel reduccedilatildeo da recarga nos aquiacuteferos a partir de 2050

sudestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos a 100 metros de altitude

principalmente no veratildeo

Possiacuteveis imPactosbull Aumento da frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com mais

secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Escassez de alimentos elevando preccedilos e resultando em desabastecimento

bull Aumento das ondas de calor o que pode prejudicar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

sulmudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 35 de aumento meacutediobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do marbull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos no litoral a 100 metros de altitudebull Aumento dos extremos de chuvas e possiacuteveis ciclones

extratropicaisbull Aumento na frequecircncia das ondas de calor e de noites quentes

Possiacuteveis imPactosbull Impactos na sauacutede e casos de doenccedilas tropicais mais

recorrentesbull Produccedilatildeo de gratildeos e frutas comprometida pelas altas

temperaturas e chuvas intensas fora de eacutepocabull Alta no preccedilo dos alimentos- Aumento na frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Elevaccedilatildeo dos rios que pode afetar portos comeacutercio fluvial e

transportesbull Conflitos sociais ameaccedila agrave seguranccedila e saquesbull Impactos nos ecossistemas naturais (Araucaacuteria e campos

sulinos) e costeiros

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima12

Levando-se em consideraccedilatildeo que 80 da populaccedilatildeo brasileira vive em aacutereas urbanas as cidades ocupam um lugar central no desenvolvimento nacional tanto no niacutevel poliacutetico quanto no econocircmico cultural e social Por concentrarem o grande capital fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios estradas pontes metrocircs e elementos de infraestrutura que satildeo imoacuteveis elas estatildeo especialmente vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos ndash tempestades enchentes inundaccedilotildees ressacas ondas de calor surtos de vetores e doenccedilas etc Aleacutem disso cerca de 50 milhotildees de pessoas vivem em municiacutepios costeiros elevando a vulnerabilidade da populaccedilatildeo urbana em face das consequecircncias climaacuteticas (ACT 2013)

Algo pouco enfatizado no acircmbito desse assunto eacute o impacto direto e indireto em empresas A interrupccedilatildeo dos serviccedilos municipais ndash como sistemas de transporte e comunicaccedilatildeo devido a ruas inundadas escassez de energia e comprometimento no abastecimento de aacutegua por exemplo ndash lesa o bom funcionamento das empresas induacutestrias aleacutem de escolas hospitais e edifiacutecios puacuteblicos entre outros locais Desse jeito a cidades tornam-se menos competitivas porque natildeo estatildeo preparadas para lidar com eventos climaacuteticos extremos o que por sua vez pode levar a um menor nuacutemero de investimentos

Na aacuterea social a principal preocupaccedilatildeo eacute com os mais pobres Tanto no meio urbano quanto no rural pessoas de menor renda seratildeo afetadas de forma alarmante pela mudanccedila do clima A parcela menos abastada dos brasileiros tende a viver e trabalhar em locais mais expostos a riscos climaacuteticos sem infraestrutura para reduzi-los como casas e bairros em regiotildees vulneraacuteveis ndash e tambeacutem natildeo dispotildee de meios para tomar medidas defensivas imediatas Habitantes de baixa renda das zonas rurais tambeacutem seratildeo fortemente prejudicados uma vez que dependem da agricultura e dos ecossistemas isto eacute setores diretamente abalados pelo fenocircmeno A mudanccedila do clima eacute sem duacutevida alguma um problema socialmente regressivo ndash e isso vale natildeo apenas para os indiviacuteduos de uma mesma cidade mas entre estados e paiacuteses Os mais ricos (paiacuteses cidades e indiviacuteduos) estatildeo mais preparados para lidar com os impactos da mudanccedila do clima por dispor de infraestrutura e serviccedilos mais adequados e ter melhores condiccedilotildees de defesa e adaptaccedilatildeo (MARGULIS 2017)

as cidades concentram o grande caPital

fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios

estradas Pontes metrocircs e elementos de infraestrutura

que sAtildeo imoacuteveis e Portanto esPecialmente

vulnerAacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos

embora a mudanccedila do clima seja comumente

Percebida como uma questAtildeo global seu

imPacto tem carAacuteter regional influenciando

os meios de subsistecircncia locais e as atividades

econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave

sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos

copy A

ntonio Cruz A

gecircncia Brasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 13

a grande maioria dos governos de cidades municiacutePios e estados

brasileiros ainda nAtildeo abordou a mudanccedila

do clima

As consequecircncias da mudanccedila do clima se manifestam localmente Embora sejam comumente percebidas como uma questatildeo global seu impacto tem caraacuteter regional influenciando os meios de subsistecircncia locais e as atividades econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos Um problema mundial eacute traduzido em fenocircmenos locais em decorrecircncia de uma seacuterie de fatores relacionados ao meio ambiente agrave sociedade e agrave economia (SNOVER et al 2007)

A capacidade de lidar e se adaptar agrave mudanccedila do clima dependeraacute da gravidade e natureza do impacto em cada regiatildeo e vai variar entre populaccedilotildees setores econocircmicos e localidades Ningueacutem seraacute poupado nenhuma pessoa povo ou naccedilatildeo Portanto os indiviacuteduos as organizaccedilotildees e os governos teratildeo que identificar as melhores soluccedilotildees se quiserem ter ecircxito no enfrentamento e na adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima (ECA 2009) A adaptaccedilatildeo eacute necessaacuteria em todas as esferas da administraccedilatildeo puacuteblica mas seus principais benefiacutecios apareceratildeo em acircmbito local ndash uma diferenccedila fundamental da mitigaccedilatildeo cujas vantagens satildeo vistas globalmente

A grande maioria dos governos de cidades municiacutepios e estados brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima Embora alguns natildeo vejam ganhos imediatos em minimizar emissotildees (mitigaccedilatildeo) as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo do interesse direto do poder puacuteblico e da sociedade ndash trata-se de accedilotildees de desenvolvimento que aumentam a resiliecircncia agrave variabilidade climaacutetica Na verdade os governos subnacionais natildeo tecircm muita escolha e precisaratildeo se adaptar agraves inevitaacuteveis consequecircncias da mudanccedila do clima Eacute tambeacutem claro que quanto mais cedo isso comeccedilar mais barato seraacute tornar-se resiliente O niacutevel de esforccedilo de adaptaccedilatildeo necessaacuterio ao longo do tempo eacute uma questatildeo mais difiacutecil dependendo da gravidade do impacto esperado e de opccedilotildees e custos

Enquanto os patamares mais altos do governo podem e devem fornecer financiamento e apoio agrave adaptaccedilatildeo as administraccedilotildees local regional e estadual tecircm a responsabilidade de planejaacute-la e implementaacute-la de modo proativo ajustando suas estrateacutegias ao contexto especiacutefico em que se encontram (ACT 2013) O poder puacuteblico municipal estaacute mais proacuteximo da populaccedilatildeo e em parceria com organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado academia e sociedade responde pelo planejamento e estabelecimento de accedilotildees de adaptaccedilatildeo

Ateacute o momento o delineamento de como seraacute a adaptaccedilatildeo no Brasil tem sido feito de forma circunstancial com um apoio limitado do poder federal e fundamentalmente na prevenccedilatildeo e resposta a cataacutestrofes Uma vez que a maioria dos efeitos da mudanccedila do clima seraacute sentida nas alteraccedilotildees da frequecircncia ou intensidade de eventos extremos muitas vezes sua ocorrecircncia vai ser classificada como desastre Existe portanto um grande potencial de os riscos de desastres serem geridos como uma agenda integrada o que pode reduzi-los

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima14

Plano nacional de adaPtaccedilAtildeo (Pna)O PNA reconhece que ldquoa promoccedilatildeo da adaptaccedilatildeo no territoacuterio nacional eacute um processo complexo que envolve a atuaccedilatildeo conjunta de diversos setores e oacutergatildeos que atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da sociedade civilrdquo Ele recomenda aos oacutergatildeos setoriais e entes federativos e agrave sociedade em geral

bull Analisar as caracteriacutesticas demandas e vulnerabilidades dos diferentes setores e quando pertinente elaborar estrateacutegias de gestatildeo visando reduzir os riscos climaacuteticos

bull Integrar o gerenciamento dos riscos climaacuteticos aos processos de elaboraccedilatildeo e revisatildeo de instrumentos para o planejamento e a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas com base em conhecimentos teacutecnico cientiacutefico eou tradicional

bull Realizar a coleta e anaacutelise de evidecircncias de vulnerabilidade e riscos climaacuteticos de maneira sistemaacutetica e compatiacutevel com os sistemas de monitoramento e avaliaccedilatildeo existentes e propostos pelo plano garantindo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees em uma plataforma online

bull Sensibilizar atores sobre a agenda de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por meio da disseminaccedilatildeo de informaccedilotildees de capacitaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo e engajamento da sociedade e da ampliaccedilatildeo dos processos participativos

bull Aprimorar a interaccedilatildeo do poder puacuteblico com entidades setoriais da economia academia e sociedade civil e outros atores interessados estimulando o contiacutenuo desenvolvimento da estrateacutegia de adaptaccedilatildeo do paiacutes diante dos efeitos da mudanccedila do clima

o Pna reconhece que ldquoa PromoccedilAtildeo da adaPtaccedilAtildeo no territoacuterio nacional eacute

um Processo comPlexo que envolve a atuaccedilAtildeo

conjunta de diversos setores e oacutergAtildeos que

atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da

sociedade civilrdquo

copy M

arcelo Cam

argo Agecircncia B

rasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 15

41 etaPas de elaboraccedilAtildeo do Plano Inuacutemeras instituiccedilotildees internacionais criaram guias metodologias e arcabouccedilos para diferentes esferas de governo elaborarem seu plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima Boa parte dos trabalhos examinados nesta publicaccedilatildeo conteacutem os mesmos elementos essenciais havendo uma enorme coincidecircncia acerca do conteuacutedo e dos componentes considerados criacuteticos

Convergindo com a grande parte dos planos revisados a Figura 2 condensa as fases fundamentais do processo de elaboraccedilatildeo do plano em paralelo agrave organizaccedilatildeo de seus componentes teacutecnicos baacutesicos Os trecircs primeiros estaacutegios da construccedilatildeo do conteuacutedo teacutecnico (comuns a todos os guias analisados) estatildeo destacados na pequena caixa agrave direita e consistem no nuacutecleo central de um plano de adaptaccedilatildeo Em seguida explicaremos resumidamente cada uma das etapas

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima

Identificaccedilatildeo de estudos relevantes

Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano

Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia

Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades

Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos e aceitabilidade

Interface com outras secretarias governamentais

Transversalizaccedilatildeo das accedilotildees propostas em poliacuteticas

planos e projetos setoriais

Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback

Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento

Projeccedilotildees climaacuteticas

Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades ndash regiotildees

setores e populaccedilotildees

Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo

de vulnerabilidades

(a)(a)

42

(b)(b)

(c)(c)

(d)(d)

(e)(e)

(f)(f)

Processo de PreParaccedilAtildeo 43 conteuacutedo

Fonte Margulis (2017)

Figura 2 Etapas da elaboraccedilatildeo de um plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima ndash processo de preparaccedilatildeo e conteuacutedo

figura 2 condensa as fases fundamentais

do Processo de elaboraccedilAtildeo e

conteuacutedo do Plano

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

A

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atildeo Paulo-S

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Selo FSc

2015

SumAacuteriobrreciclado

100ESTA PUBLICACcedilAtildeO FOI APOIADA POR

Page 12: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima10

Figura 1 Resumo das projeccedilotildees climaacuteticas ateacute 2100 por regiatildeo brasileira

sumAacuterio de Projeccedilotildees ateacute 2100

cenaacuterio de mudanccedilas climaacuteticas projetadas para o brasilAumento de dias secos Diminuiccedilatildeo de geadas

Ondas de calor Aumento extremo de chuvas

Aumento de temperatura Reduccedilatildeo de chuvas

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 11

Fonte Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica (SAE) e Inpe (2014)

nortemudanccedilas no climabull Temperatura miacutenima e maacutexima de 3 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo reduccedilatildeo de ateacute 15 no oeste 35 no leste e ateacute

75 no litoral da regiatildeobull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas em todas as estaccedilotildeesbull Reduccedilatildeo das chuvas no inverno na parte norte da regiatildeo Nortebull Aumento dos extremos de chuva na Amazocircnia oeste e de dias

secos consecutivos na Amazocircnia leste bull Possibilidade de secas mais intensas e frequentes a partir de

2050

Possiacuteveis imPactosbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Risco de savanizaccedilatildeo da Amazocircniabull Efeitos no transporte da umidade atmosfeacuterica para o sudeste

da Ameacuterica do Sul

centro-oestemudanccedilas no climabull De 1 a 8 degC mais quente e chuvas intensas e irregulares mais

recorrentesbull Regiatildeo com o maior aquecimento da temperatura e a maior

reduccedilatildeo de chuvas em comparaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutesbull Reduccedilatildeo acentuada de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)

Possiacuteveis imPactosbull Aumento dos eventos extremos de chuva e de dias secos

consecutivosbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com

maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Aumento das ondas de calor o que pode afetar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

bull Impactos no Pantanal e Cerrado e mais riscos de incecircndios

nordestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 2 a 6 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 75 de reduccedilatildeo das chuvas no sertatildeo em um

cenaacuterio de emissotildees intensasbull As projeccedilotildees indicam uma diminuiccedilatildeo das chuvas em periacuteodo

de inverno no litoral leste da regiatildeo Nordeste onde costuma ocorrer inundaccedilatildeo e deslizamento

bull No veratildeo projeta-se um aumento das chuvas na parte nordeste da regiatildeo Nordeste

bull Aumento de dias secos consecutivos e da secura do arbull Aumento nas taxas de evaporaccedilatildeo de accediludes e reservatoacuteriosbull Possibilidade de secas mais intensas e frequentesbull Risco de aridizaccedilatildeo no semiaacuteridobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do mar

Possiacuteveis imPactosbull Risco de desertificaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo ambientalbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio

hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircnciabull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a

populaccedilatildeobull Impactos na sauacutede humana na migraccedilatildeo no turismo e na

geraccedilatildeo de empregosbull Possiacutevel reduccedilatildeo da recarga nos aquiacuteferos a partir de 2050

sudestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos a 100 metros de altitude

principalmente no veratildeo

Possiacuteveis imPactosbull Aumento da frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com mais

secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Escassez de alimentos elevando preccedilos e resultando em desabastecimento

bull Aumento das ondas de calor o que pode prejudicar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

sulmudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 35 de aumento meacutediobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do marbull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos no litoral a 100 metros de altitudebull Aumento dos extremos de chuvas e possiacuteveis ciclones

extratropicaisbull Aumento na frequecircncia das ondas de calor e de noites quentes

Possiacuteveis imPactosbull Impactos na sauacutede e casos de doenccedilas tropicais mais

recorrentesbull Produccedilatildeo de gratildeos e frutas comprometida pelas altas

temperaturas e chuvas intensas fora de eacutepocabull Alta no preccedilo dos alimentos- Aumento na frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Elevaccedilatildeo dos rios que pode afetar portos comeacutercio fluvial e

transportesbull Conflitos sociais ameaccedila agrave seguranccedila e saquesbull Impactos nos ecossistemas naturais (Araucaacuteria e campos

sulinos) e costeiros

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima12

Levando-se em consideraccedilatildeo que 80 da populaccedilatildeo brasileira vive em aacutereas urbanas as cidades ocupam um lugar central no desenvolvimento nacional tanto no niacutevel poliacutetico quanto no econocircmico cultural e social Por concentrarem o grande capital fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios estradas pontes metrocircs e elementos de infraestrutura que satildeo imoacuteveis elas estatildeo especialmente vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos ndash tempestades enchentes inundaccedilotildees ressacas ondas de calor surtos de vetores e doenccedilas etc Aleacutem disso cerca de 50 milhotildees de pessoas vivem em municiacutepios costeiros elevando a vulnerabilidade da populaccedilatildeo urbana em face das consequecircncias climaacuteticas (ACT 2013)

Algo pouco enfatizado no acircmbito desse assunto eacute o impacto direto e indireto em empresas A interrupccedilatildeo dos serviccedilos municipais ndash como sistemas de transporte e comunicaccedilatildeo devido a ruas inundadas escassez de energia e comprometimento no abastecimento de aacutegua por exemplo ndash lesa o bom funcionamento das empresas induacutestrias aleacutem de escolas hospitais e edifiacutecios puacuteblicos entre outros locais Desse jeito a cidades tornam-se menos competitivas porque natildeo estatildeo preparadas para lidar com eventos climaacuteticos extremos o que por sua vez pode levar a um menor nuacutemero de investimentos

Na aacuterea social a principal preocupaccedilatildeo eacute com os mais pobres Tanto no meio urbano quanto no rural pessoas de menor renda seratildeo afetadas de forma alarmante pela mudanccedila do clima A parcela menos abastada dos brasileiros tende a viver e trabalhar em locais mais expostos a riscos climaacuteticos sem infraestrutura para reduzi-los como casas e bairros em regiotildees vulneraacuteveis ndash e tambeacutem natildeo dispotildee de meios para tomar medidas defensivas imediatas Habitantes de baixa renda das zonas rurais tambeacutem seratildeo fortemente prejudicados uma vez que dependem da agricultura e dos ecossistemas isto eacute setores diretamente abalados pelo fenocircmeno A mudanccedila do clima eacute sem duacutevida alguma um problema socialmente regressivo ndash e isso vale natildeo apenas para os indiviacuteduos de uma mesma cidade mas entre estados e paiacuteses Os mais ricos (paiacuteses cidades e indiviacuteduos) estatildeo mais preparados para lidar com os impactos da mudanccedila do clima por dispor de infraestrutura e serviccedilos mais adequados e ter melhores condiccedilotildees de defesa e adaptaccedilatildeo (MARGULIS 2017)

as cidades concentram o grande caPital

fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios

estradas Pontes metrocircs e elementos de infraestrutura

que sAtildeo imoacuteveis e Portanto esPecialmente

vulnerAacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos

embora a mudanccedila do clima seja comumente

Percebida como uma questAtildeo global seu

imPacto tem carAacuteter regional influenciando

os meios de subsistecircncia locais e as atividades

econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave

sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos

copy A

ntonio Cruz A

gecircncia Brasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 13

a grande maioria dos governos de cidades municiacutePios e estados

brasileiros ainda nAtildeo abordou a mudanccedila

do clima

As consequecircncias da mudanccedila do clima se manifestam localmente Embora sejam comumente percebidas como uma questatildeo global seu impacto tem caraacuteter regional influenciando os meios de subsistecircncia locais e as atividades econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos Um problema mundial eacute traduzido em fenocircmenos locais em decorrecircncia de uma seacuterie de fatores relacionados ao meio ambiente agrave sociedade e agrave economia (SNOVER et al 2007)

A capacidade de lidar e se adaptar agrave mudanccedila do clima dependeraacute da gravidade e natureza do impacto em cada regiatildeo e vai variar entre populaccedilotildees setores econocircmicos e localidades Ningueacutem seraacute poupado nenhuma pessoa povo ou naccedilatildeo Portanto os indiviacuteduos as organizaccedilotildees e os governos teratildeo que identificar as melhores soluccedilotildees se quiserem ter ecircxito no enfrentamento e na adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima (ECA 2009) A adaptaccedilatildeo eacute necessaacuteria em todas as esferas da administraccedilatildeo puacuteblica mas seus principais benefiacutecios apareceratildeo em acircmbito local ndash uma diferenccedila fundamental da mitigaccedilatildeo cujas vantagens satildeo vistas globalmente

A grande maioria dos governos de cidades municiacutepios e estados brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima Embora alguns natildeo vejam ganhos imediatos em minimizar emissotildees (mitigaccedilatildeo) as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo do interesse direto do poder puacuteblico e da sociedade ndash trata-se de accedilotildees de desenvolvimento que aumentam a resiliecircncia agrave variabilidade climaacutetica Na verdade os governos subnacionais natildeo tecircm muita escolha e precisaratildeo se adaptar agraves inevitaacuteveis consequecircncias da mudanccedila do clima Eacute tambeacutem claro que quanto mais cedo isso comeccedilar mais barato seraacute tornar-se resiliente O niacutevel de esforccedilo de adaptaccedilatildeo necessaacuterio ao longo do tempo eacute uma questatildeo mais difiacutecil dependendo da gravidade do impacto esperado e de opccedilotildees e custos

Enquanto os patamares mais altos do governo podem e devem fornecer financiamento e apoio agrave adaptaccedilatildeo as administraccedilotildees local regional e estadual tecircm a responsabilidade de planejaacute-la e implementaacute-la de modo proativo ajustando suas estrateacutegias ao contexto especiacutefico em que se encontram (ACT 2013) O poder puacuteblico municipal estaacute mais proacuteximo da populaccedilatildeo e em parceria com organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado academia e sociedade responde pelo planejamento e estabelecimento de accedilotildees de adaptaccedilatildeo

Ateacute o momento o delineamento de como seraacute a adaptaccedilatildeo no Brasil tem sido feito de forma circunstancial com um apoio limitado do poder federal e fundamentalmente na prevenccedilatildeo e resposta a cataacutestrofes Uma vez que a maioria dos efeitos da mudanccedila do clima seraacute sentida nas alteraccedilotildees da frequecircncia ou intensidade de eventos extremos muitas vezes sua ocorrecircncia vai ser classificada como desastre Existe portanto um grande potencial de os riscos de desastres serem geridos como uma agenda integrada o que pode reduzi-los

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima14

Plano nacional de adaPtaccedilAtildeo (Pna)O PNA reconhece que ldquoa promoccedilatildeo da adaptaccedilatildeo no territoacuterio nacional eacute um processo complexo que envolve a atuaccedilatildeo conjunta de diversos setores e oacutergatildeos que atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da sociedade civilrdquo Ele recomenda aos oacutergatildeos setoriais e entes federativos e agrave sociedade em geral

bull Analisar as caracteriacutesticas demandas e vulnerabilidades dos diferentes setores e quando pertinente elaborar estrateacutegias de gestatildeo visando reduzir os riscos climaacuteticos

bull Integrar o gerenciamento dos riscos climaacuteticos aos processos de elaboraccedilatildeo e revisatildeo de instrumentos para o planejamento e a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas com base em conhecimentos teacutecnico cientiacutefico eou tradicional

bull Realizar a coleta e anaacutelise de evidecircncias de vulnerabilidade e riscos climaacuteticos de maneira sistemaacutetica e compatiacutevel com os sistemas de monitoramento e avaliaccedilatildeo existentes e propostos pelo plano garantindo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees em uma plataforma online

bull Sensibilizar atores sobre a agenda de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por meio da disseminaccedilatildeo de informaccedilotildees de capacitaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo e engajamento da sociedade e da ampliaccedilatildeo dos processos participativos

bull Aprimorar a interaccedilatildeo do poder puacuteblico com entidades setoriais da economia academia e sociedade civil e outros atores interessados estimulando o contiacutenuo desenvolvimento da estrateacutegia de adaptaccedilatildeo do paiacutes diante dos efeitos da mudanccedila do clima

o Pna reconhece que ldquoa PromoccedilAtildeo da adaPtaccedilAtildeo no territoacuterio nacional eacute

um Processo comPlexo que envolve a atuaccedilAtildeo

conjunta de diversos setores e oacutergAtildeos que

atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da

sociedade civilrdquo

copy M

arcelo Cam

argo Agecircncia B

rasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 15

41 etaPas de elaboraccedilAtildeo do Plano Inuacutemeras instituiccedilotildees internacionais criaram guias metodologias e arcabouccedilos para diferentes esferas de governo elaborarem seu plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima Boa parte dos trabalhos examinados nesta publicaccedilatildeo conteacutem os mesmos elementos essenciais havendo uma enorme coincidecircncia acerca do conteuacutedo e dos componentes considerados criacuteticos

Convergindo com a grande parte dos planos revisados a Figura 2 condensa as fases fundamentais do processo de elaboraccedilatildeo do plano em paralelo agrave organizaccedilatildeo de seus componentes teacutecnicos baacutesicos Os trecircs primeiros estaacutegios da construccedilatildeo do conteuacutedo teacutecnico (comuns a todos os guias analisados) estatildeo destacados na pequena caixa agrave direita e consistem no nuacutecleo central de um plano de adaptaccedilatildeo Em seguida explicaremos resumidamente cada uma das etapas

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima

Identificaccedilatildeo de estudos relevantes

Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano

Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia

Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades

Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos e aceitabilidade

Interface com outras secretarias governamentais

Transversalizaccedilatildeo das accedilotildees propostas em poliacuteticas

planos e projetos setoriais

Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback

Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento

Projeccedilotildees climaacuteticas

Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades ndash regiotildees

setores e populaccedilotildees

Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo

de vulnerabilidades

(a)(a)

42

(b)(b)

(c)(c)

(d)(d)

(e)(e)

(f)(f)

Processo de PreParaccedilAtildeo 43 conteuacutedo

Fonte Margulis (2017)

Figura 2 Etapas da elaboraccedilatildeo de um plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima ndash processo de preparaccedilatildeo e conteuacutedo

figura 2 condensa as fases fundamentais

do Processo de elaboraccedilAtildeo e

conteuacutedo do Plano

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

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2015

SumAacuteriobrreciclado

100ESTA PUBLICACcedilAtildeO FOI APOIADA POR

Page 13: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 11

Fonte Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica (SAE) e Inpe (2014)

nortemudanccedilas no climabull Temperatura miacutenima e maacutexima de 3 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo reduccedilatildeo de ateacute 15 no oeste 35 no leste e ateacute

75 no litoral da regiatildeobull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas em todas as estaccedilotildeesbull Reduccedilatildeo das chuvas no inverno na parte norte da regiatildeo Nortebull Aumento dos extremos de chuva na Amazocircnia oeste e de dias

secos consecutivos na Amazocircnia leste bull Possibilidade de secas mais intensas e frequentes a partir de

2050

Possiacuteveis imPactosbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Risco de savanizaccedilatildeo da Amazocircniabull Efeitos no transporte da umidade atmosfeacuterica para o sudeste

da Ameacuterica do Sul

centro-oestemudanccedilas no climabull De 1 a 8 degC mais quente e chuvas intensas e irregulares mais

recorrentesbull Regiatildeo com o maior aquecimento da temperatura e a maior

reduccedilatildeo de chuvas em comparaccedilatildeo agraves demais regiotildees do paiacutesbull Reduccedilatildeo acentuada de chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)

Possiacuteveis imPactosbull Aumento dos eventos extremos de chuva e de dias secos

consecutivosbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com

maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Aumento das ondas de calor o que pode afetar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

bull Impactos no Pantanal e Cerrado e mais riscos de incecircndios

nordestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 2 a 6 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 75 de reduccedilatildeo das chuvas no sertatildeo em um

cenaacuterio de emissotildees intensasbull As projeccedilotildees indicam uma diminuiccedilatildeo das chuvas em periacuteodo

de inverno no litoral leste da regiatildeo Nordeste onde costuma ocorrer inundaccedilatildeo e deslizamento

bull No veratildeo projeta-se um aumento das chuvas na parte nordeste da regiatildeo Nordeste

bull Aumento de dias secos consecutivos e da secura do arbull Aumento nas taxas de evaporaccedilatildeo de accediludes e reservatoacuteriosbull Possibilidade de secas mais intensas e frequentesbull Risco de aridizaccedilatildeo no semiaacuteridobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do mar

Possiacuteveis imPactosbull Risco de desertificaccedilatildeo e deterioraccedilatildeo ambientalbull Niacuteveis mais baixos dos rios afetando o transporte e a geraccedilatildeo

de energia hidreleacutetricabull Maior secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio

hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircnciabull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a

populaccedilatildeobull Impactos na sauacutede humana na migraccedilatildeo no turismo e na

geraccedilatildeo de empregosbull Possiacutevel reduccedilatildeo da recarga nos aquiacuteferos a partir de 2050

sudestemudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos a 100 metros de altitude

principalmente no veratildeo

Possiacuteveis imPactosbull Aumento da frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Altas taxas de evaporaccedilatildeo e dias secos consecutivos com mais

secura do ar e condiccedilotildees favoraacuteveis ao desequiliacutebrio hiacutedrico o que pode afetar a agricultura de subsistecircncia a pecuaacuteria e a agroinduacutestria

bull Escassez de alimentos elevando preccedilos e resultando em desabastecimento

bull Aumento das ondas de calor o que pode prejudicar a sauacutede e fazer crescer o consumo de energia hidreleacutetrica com riscos de desabastecimento

bull Impactos no fornecimento e na qualidade da aacutegua para a populaccedilatildeo

sulmudanccedilas no climabull Cenaacuterio pessimista de 1 a 8 degC mais quentebull Precipitaccedilatildeo ateacute 35 de aumento meacutediobull Possiacutevel elevaccedilatildeo do niacutevel do marbull Reduccedilatildeo acentuada das chuvas no periacuteodo chuvoso (veratildeo)bull Intensificaccedilatildeo dos ventos no litoral a 100 metros de altitudebull Aumento dos extremos de chuvas e possiacuteveis ciclones

extratropicaisbull Aumento na frequecircncia das ondas de calor e de noites quentes

Possiacuteveis imPactosbull Impactos na sauacutede e casos de doenccedilas tropicais mais

recorrentesbull Produccedilatildeo de gratildeos e frutas comprometida pelas altas

temperaturas e chuvas intensas fora de eacutepocabull Alta no preccedilo dos alimentos- Aumento na frequecircncia de enchentes urbanas e deslizamentos

de terra em aacutereas de encosta afetando moradoresbull Elevaccedilatildeo dos rios que pode afetar portos comeacutercio fluvial e

transportesbull Conflitos sociais ameaccedila agrave seguranccedila e saquesbull Impactos nos ecossistemas naturais (Araucaacuteria e campos

sulinos) e costeiros

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima12

Levando-se em consideraccedilatildeo que 80 da populaccedilatildeo brasileira vive em aacutereas urbanas as cidades ocupam um lugar central no desenvolvimento nacional tanto no niacutevel poliacutetico quanto no econocircmico cultural e social Por concentrarem o grande capital fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios estradas pontes metrocircs e elementos de infraestrutura que satildeo imoacuteveis elas estatildeo especialmente vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos ndash tempestades enchentes inundaccedilotildees ressacas ondas de calor surtos de vetores e doenccedilas etc Aleacutem disso cerca de 50 milhotildees de pessoas vivem em municiacutepios costeiros elevando a vulnerabilidade da populaccedilatildeo urbana em face das consequecircncias climaacuteticas (ACT 2013)

Algo pouco enfatizado no acircmbito desse assunto eacute o impacto direto e indireto em empresas A interrupccedilatildeo dos serviccedilos municipais ndash como sistemas de transporte e comunicaccedilatildeo devido a ruas inundadas escassez de energia e comprometimento no abastecimento de aacutegua por exemplo ndash lesa o bom funcionamento das empresas induacutestrias aleacutem de escolas hospitais e edifiacutecios puacuteblicos entre outros locais Desse jeito a cidades tornam-se menos competitivas porque natildeo estatildeo preparadas para lidar com eventos climaacuteticos extremos o que por sua vez pode levar a um menor nuacutemero de investimentos

Na aacuterea social a principal preocupaccedilatildeo eacute com os mais pobres Tanto no meio urbano quanto no rural pessoas de menor renda seratildeo afetadas de forma alarmante pela mudanccedila do clima A parcela menos abastada dos brasileiros tende a viver e trabalhar em locais mais expostos a riscos climaacuteticos sem infraestrutura para reduzi-los como casas e bairros em regiotildees vulneraacuteveis ndash e tambeacutem natildeo dispotildee de meios para tomar medidas defensivas imediatas Habitantes de baixa renda das zonas rurais tambeacutem seratildeo fortemente prejudicados uma vez que dependem da agricultura e dos ecossistemas isto eacute setores diretamente abalados pelo fenocircmeno A mudanccedila do clima eacute sem duacutevida alguma um problema socialmente regressivo ndash e isso vale natildeo apenas para os indiviacuteduos de uma mesma cidade mas entre estados e paiacuteses Os mais ricos (paiacuteses cidades e indiviacuteduos) estatildeo mais preparados para lidar com os impactos da mudanccedila do clima por dispor de infraestrutura e serviccedilos mais adequados e ter melhores condiccedilotildees de defesa e adaptaccedilatildeo (MARGULIS 2017)

as cidades concentram o grande caPital

fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios

estradas Pontes metrocircs e elementos de infraestrutura

que sAtildeo imoacuteveis e Portanto esPecialmente

vulnerAacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos

embora a mudanccedila do clima seja comumente

Percebida como uma questAtildeo global seu

imPacto tem carAacuteter regional influenciando

os meios de subsistecircncia locais e as atividades

econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave

sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos

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gecircncia Brasil

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Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 13

a grande maioria dos governos de cidades municiacutePios e estados

brasileiros ainda nAtildeo abordou a mudanccedila

do clima

As consequecircncias da mudanccedila do clima se manifestam localmente Embora sejam comumente percebidas como uma questatildeo global seu impacto tem caraacuteter regional influenciando os meios de subsistecircncia locais e as atividades econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos Um problema mundial eacute traduzido em fenocircmenos locais em decorrecircncia de uma seacuterie de fatores relacionados ao meio ambiente agrave sociedade e agrave economia (SNOVER et al 2007)

A capacidade de lidar e se adaptar agrave mudanccedila do clima dependeraacute da gravidade e natureza do impacto em cada regiatildeo e vai variar entre populaccedilotildees setores econocircmicos e localidades Ningueacutem seraacute poupado nenhuma pessoa povo ou naccedilatildeo Portanto os indiviacuteduos as organizaccedilotildees e os governos teratildeo que identificar as melhores soluccedilotildees se quiserem ter ecircxito no enfrentamento e na adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima (ECA 2009) A adaptaccedilatildeo eacute necessaacuteria em todas as esferas da administraccedilatildeo puacuteblica mas seus principais benefiacutecios apareceratildeo em acircmbito local ndash uma diferenccedila fundamental da mitigaccedilatildeo cujas vantagens satildeo vistas globalmente

A grande maioria dos governos de cidades municiacutepios e estados brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima Embora alguns natildeo vejam ganhos imediatos em minimizar emissotildees (mitigaccedilatildeo) as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo do interesse direto do poder puacuteblico e da sociedade ndash trata-se de accedilotildees de desenvolvimento que aumentam a resiliecircncia agrave variabilidade climaacutetica Na verdade os governos subnacionais natildeo tecircm muita escolha e precisaratildeo se adaptar agraves inevitaacuteveis consequecircncias da mudanccedila do clima Eacute tambeacutem claro que quanto mais cedo isso comeccedilar mais barato seraacute tornar-se resiliente O niacutevel de esforccedilo de adaptaccedilatildeo necessaacuterio ao longo do tempo eacute uma questatildeo mais difiacutecil dependendo da gravidade do impacto esperado e de opccedilotildees e custos

Enquanto os patamares mais altos do governo podem e devem fornecer financiamento e apoio agrave adaptaccedilatildeo as administraccedilotildees local regional e estadual tecircm a responsabilidade de planejaacute-la e implementaacute-la de modo proativo ajustando suas estrateacutegias ao contexto especiacutefico em que se encontram (ACT 2013) O poder puacuteblico municipal estaacute mais proacuteximo da populaccedilatildeo e em parceria com organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado academia e sociedade responde pelo planejamento e estabelecimento de accedilotildees de adaptaccedilatildeo

Ateacute o momento o delineamento de como seraacute a adaptaccedilatildeo no Brasil tem sido feito de forma circunstancial com um apoio limitado do poder federal e fundamentalmente na prevenccedilatildeo e resposta a cataacutestrofes Uma vez que a maioria dos efeitos da mudanccedila do clima seraacute sentida nas alteraccedilotildees da frequecircncia ou intensidade de eventos extremos muitas vezes sua ocorrecircncia vai ser classificada como desastre Existe portanto um grande potencial de os riscos de desastres serem geridos como uma agenda integrada o que pode reduzi-los

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima14

Plano nacional de adaPtaccedilAtildeo (Pna)O PNA reconhece que ldquoa promoccedilatildeo da adaptaccedilatildeo no territoacuterio nacional eacute um processo complexo que envolve a atuaccedilatildeo conjunta de diversos setores e oacutergatildeos que atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da sociedade civilrdquo Ele recomenda aos oacutergatildeos setoriais e entes federativos e agrave sociedade em geral

bull Analisar as caracteriacutesticas demandas e vulnerabilidades dos diferentes setores e quando pertinente elaborar estrateacutegias de gestatildeo visando reduzir os riscos climaacuteticos

bull Integrar o gerenciamento dos riscos climaacuteticos aos processos de elaboraccedilatildeo e revisatildeo de instrumentos para o planejamento e a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas com base em conhecimentos teacutecnico cientiacutefico eou tradicional

bull Realizar a coleta e anaacutelise de evidecircncias de vulnerabilidade e riscos climaacuteticos de maneira sistemaacutetica e compatiacutevel com os sistemas de monitoramento e avaliaccedilatildeo existentes e propostos pelo plano garantindo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees em uma plataforma online

bull Sensibilizar atores sobre a agenda de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por meio da disseminaccedilatildeo de informaccedilotildees de capacitaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo e engajamento da sociedade e da ampliaccedilatildeo dos processos participativos

bull Aprimorar a interaccedilatildeo do poder puacuteblico com entidades setoriais da economia academia e sociedade civil e outros atores interessados estimulando o contiacutenuo desenvolvimento da estrateacutegia de adaptaccedilatildeo do paiacutes diante dos efeitos da mudanccedila do clima

o Pna reconhece que ldquoa PromoccedilAtildeo da adaPtaccedilAtildeo no territoacuterio nacional eacute

um Processo comPlexo que envolve a atuaccedilAtildeo

conjunta de diversos setores e oacutergAtildeos que

atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da

sociedade civilrdquo

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argo Agecircncia B

rasil

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Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 15

41 etaPas de elaboraccedilAtildeo do Plano Inuacutemeras instituiccedilotildees internacionais criaram guias metodologias e arcabouccedilos para diferentes esferas de governo elaborarem seu plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima Boa parte dos trabalhos examinados nesta publicaccedilatildeo conteacutem os mesmos elementos essenciais havendo uma enorme coincidecircncia acerca do conteuacutedo e dos componentes considerados criacuteticos

Convergindo com a grande parte dos planos revisados a Figura 2 condensa as fases fundamentais do processo de elaboraccedilatildeo do plano em paralelo agrave organizaccedilatildeo de seus componentes teacutecnicos baacutesicos Os trecircs primeiros estaacutegios da construccedilatildeo do conteuacutedo teacutecnico (comuns a todos os guias analisados) estatildeo destacados na pequena caixa agrave direita e consistem no nuacutecleo central de um plano de adaptaccedilatildeo Em seguida explicaremos resumidamente cada uma das etapas

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima

Identificaccedilatildeo de estudos relevantes

Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano

Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia

Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades

Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos e aceitabilidade

Interface com outras secretarias governamentais

Transversalizaccedilatildeo das accedilotildees propostas em poliacuteticas

planos e projetos setoriais

Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback

Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento

Projeccedilotildees climaacuteticas

Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades ndash regiotildees

setores e populaccedilotildees

Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo

de vulnerabilidades

(a)(a)

42

(b)(b)

(c)(c)

(d)(d)

(e)(e)

(f)(f)

Processo de PreParaccedilAtildeo 43 conteuacutedo

Fonte Margulis (2017)

Figura 2 Etapas da elaboraccedilatildeo de um plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima ndash processo de preparaccedilatildeo e conteuacutedo

figura 2 condensa as fases fundamentais

do Processo de elaboraccedilAtildeo e

conteuacutedo do Plano

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

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2015

SumAacuteriobrreciclado

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Page 14: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima12

Levando-se em consideraccedilatildeo que 80 da populaccedilatildeo brasileira vive em aacutereas urbanas as cidades ocupam um lugar central no desenvolvimento nacional tanto no niacutevel poliacutetico quanto no econocircmico cultural e social Por concentrarem o grande capital fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios estradas pontes metrocircs e elementos de infraestrutura que satildeo imoacuteveis elas estatildeo especialmente vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos ndash tempestades enchentes inundaccedilotildees ressacas ondas de calor surtos de vetores e doenccedilas etc Aleacutem disso cerca de 50 milhotildees de pessoas vivem em municiacutepios costeiros elevando a vulnerabilidade da populaccedilatildeo urbana em face das consequecircncias climaacuteticas (ACT 2013)

Algo pouco enfatizado no acircmbito desse assunto eacute o impacto direto e indireto em empresas A interrupccedilatildeo dos serviccedilos municipais ndash como sistemas de transporte e comunicaccedilatildeo devido a ruas inundadas escassez de energia e comprometimento no abastecimento de aacutegua por exemplo ndash lesa o bom funcionamento das empresas induacutestrias aleacutem de escolas hospitais e edifiacutecios puacuteblicos entre outros locais Desse jeito a cidades tornam-se menos competitivas porque natildeo estatildeo preparadas para lidar com eventos climaacuteticos extremos o que por sua vez pode levar a um menor nuacutemero de investimentos

Na aacuterea social a principal preocupaccedilatildeo eacute com os mais pobres Tanto no meio urbano quanto no rural pessoas de menor renda seratildeo afetadas de forma alarmante pela mudanccedila do clima A parcela menos abastada dos brasileiros tende a viver e trabalhar em locais mais expostos a riscos climaacuteticos sem infraestrutura para reduzi-los como casas e bairros em regiotildees vulneraacuteveis ndash e tambeacutem natildeo dispotildee de meios para tomar medidas defensivas imediatas Habitantes de baixa renda das zonas rurais tambeacutem seratildeo fortemente prejudicados uma vez que dependem da agricultura e dos ecossistemas isto eacute setores diretamente abalados pelo fenocircmeno A mudanccedila do clima eacute sem duacutevida alguma um problema socialmente regressivo ndash e isso vale natildeo apenas para os indiviacuteduos de uma mesma cidade mas entre estados e paiacuteses Os mais ricos (paiacuteses cidades e indiviacuteduos) estatildeo mais preparados para lidar com os impactos da mudanccedila do clima por dispor de infraestrutura e serviccedilos mais adequados e ter melhores condiccedilotildees de defesa e adaptaccedilatildeo (MARGULIS 2017)

as cidades concentram o grande caPital

fiacutesico construiacutedo como edifiacutecios

estradas Pontes metrocircs e elementos de infraestrutura

que sAtildeo imoacuteveis e Portanto esPecialmente

vulnerAacuteveis agrave mudanccedila do clima e seus efeitos

embora a mudanccedila do clima seja comumente

Percebida como uma questAtildeo global seu

imPacto tem carAacuteter regional influenciando

os meios de subsistecircncia locais e as atividades

econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave

sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos

copy A

ntonio Cruz A

gecircncia Brasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 13

a grande maioria dos governos de cidades municiacutePios e estados

brasileiros ainda nAtildeo abordou a mudanccedila

do clima

As consequecircncias da mudanccedila do clima se manifestam localmente Embora sejam comumente percebidas como uma questatildeo global seu impacto tem caraacuteter regional influenciando os meios de subsistecircncia locais e as atividades econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos Um problema mundial eacute traduzido em fenocircmenos locais em decorrecircncia de uma seacuterie de fatores relacionados ao meio ambiente agrave sociedade e agrave economia (SNOVER et al 2007)

A capacidade de lidar e se adaptar agrave mudanccedila do clima dependeraacute da gravidade e natureza do impacto em cada regiatildeo e vai variar entre populaccedilotildees setores econocircmicos e localidades Ningueacutem seraacute poupado nenhuma pessoa povo ou naccedilatildeo Portanto os indiviacuteduos as organizaccedilotildees e os governos teratildeo que identificar as melhores soluccedilotildees se quiserem ter ecircxito no enfrentamento e na adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima (ECA 2009) A adaptaccedilatildeo eacute necessaacuteria em todas as esferas da administraccedilatildeo puacuteblica mas seus principais benefiacutecios apareceratildeo em acircmbito local ndash uma diferenccedila fundamental da mitigaccedilatildeo cujas vantagens satildeo vistas globalmente

A grande maioria dos governos de cidades municiacutepios e estados brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima Embora alguns natildeo vejam ganhos imediatos em minimizar emissotildees (mitigaccedilatildeo) as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo do interesse direto do poder puacuteblico e da sociedade ndash trata-se de accedilotildees de desenvolvimento que aumentam a resiliecircncia agrave variabilidade climaacutetica Na verdade os governos subnacionais natildeo tecircm muita escolha e precisaratildeo se adaptar agraves inevitaacuteveis consequecircncias da mudanccedila do clima Eacute tambeacutem claro que quanto mais cedo isso comeccedilar mais barato seraacute tornar-se resiliente O niacutevel de esforccedilo de adaptaccedilatildeo necessaacuterio ao longo do tempo eacute uma questatildeo mais difiacutecil dependendo da gravidade do impacto esperado e de opccedilotildees e custos

Enquanto os patamares mais altos do governo podem e devem fornecer financiamento e apoio agrave adaptaccedilatildeo as administraccedilotildees local regional e estadual tecircm a responsabilidade de planejaacute-la e implementaacute-la de modo proativo ajustando suas estrateacutegias ao contexto especiacutefico em que se encontram (ACT 2013) O poder puacuteblico municipal estaacute mais proacuteximo da populaccedilatildeo e em parceria com organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado academia e sociedade responde pelo planejamento e estabelecimento de accedilotildees de adaptaccedilatildeo

Ateacute o momento o delineamento de como seraacute a adaptaccedilatildeo no Brasil tem sido feito de forma circunstancial com um apoio limitado do poder federal e fundamentalmente na prevenccedilatildeo e resposta a cataacutestrofes Uma vez que a maioria dos efeitos da mudanccedila do clima seraacute sentida nas alteraccedilotildees da frequecircncia ou intensidade de eventos extremos muitas vezes sua ocorrecircncia vai ser classificada como desastre Existe portanto um grande potencial de os riscos de desastres serem geridos como uma agenda integrada o que pode reduzi-los

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima14

Plano nacional de adaPtaccedilAtildeo (Pna)O PNA reconhece que ldquoa promoccedilatildeo da adaptaccedilatildeo no territoacuterio nacional eacute um processo complexo que envolve a atuaccedilatildeo conjunta de diversos setores e oacutergatildeos que atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da sociedade civilrdquo Ele recomenda aos oacutergatildeos setoriais e entes federativos e agrave sociedade em geral

bull Analisar as caracteriacutesticas demandas e vulnerabilidades dos diferentes setores e quando pertinente elaborar estrateacutegias de gestatildeo visando reduzir os riscos climaacuteticos

bull Integrar o gerenciamento dos riscos climaacuteticos aos processos de elaboraccedilatildeo e revisatildeo de instrumentos para o planejamento e a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas com base em conhecimentos teacutecnico cientiacutefico eou tradicional

bull Realizar a coleta e anaacutelise de evidecircncias de vulnerabilidade e riscos climaacuteticos de maneira sistemaacutetica e compatiacutevel com os sistemas de monitoramento e avaliaccedilatildeo existentes e propostos pelo plano garantindo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees em uma plataforma online

bull Sensibilizar atores sobre a agenda de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por meio da disseminaccedilatildeo de informaccedilotildees de capacitaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo e engajamento da sociedade e da ampliaccedilatildeo dos processos participativos

bull Aprimorar a interaccedilatildeo do poder puacuteblico com entidades setoriais da economia academia e sociedade civil e outros atores interessados estimulando o contiacutenuo desenvolvimento da estrateacutegia de adaptaccedilatildeo do paiacutes diante dos efeitos da mudanccedila do clima

o Pna reconhece que ldquoa PromoccedilAtildeo da adaPtaccedilAtildeo no territoacuterio nacional eacute

um Processo comPlexo que envolve a atuaccedilAtildeo

conjunta de diversos setores e oacutergAtildeos que

atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da

sociedade civilrdquo

copy M

arcelo Cam

argo Agecircncia B

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Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 15

41 etaPas de elaboraccedilAtildeo do Plano Inuacutemeras instituiccedilotildees internacionais criaram guias metodologias e arcabouccedilos para diferentes esferas de governo elaborarem seu plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima Boa parte dos trabalhos examinados nesta publicaccedilatildeo conteacutem os mesmos elementos essenciais havendo uma enorme coincidecircncia acerca do conteuacutedo e dos componentes considerados criacuteticos

Convergindo com a grande parte dos planos revisados a Figura 2 condensa as fases fundamentais do processo de elaboraccedilatildeo do plano em paralelo agrave organizaccedilatildeo de seus componentes teacutecnicos baacutesicos Os trecircs primeiros estaacutegios da construccedilatildeo do conteuacutedo teacutecnico (comuns a todos os guias analisados) estatildeo destacados na pequena caixa agrave direita e consistem no nuacutecleo central de um plano de adaptaccedilatildeo Em seguida explicaremos resumidamente cada uma das etapas

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima

Identificaccedilatildeo de estudos relevantes

Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano

Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia

Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades

Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos e aceitabilidade

Interface com outras secretarias governamentais

Transversalizaccedilatildeo das accedilotildees propostas em poliacuteticas

planos e projetos setoriais

Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback

Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento

Projeccedilotildees climaacuteticas

Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades ndash regiotildees

setores e populaccedilotildees

Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo

de vulnerabilidades

(a)(a)

42

(b)(b)

(c)(c)

(d)(d)

(e)(e)

(f)(f)

Processo de PreParaccedilAtildeo 43 conteuacutedo

Fonte Margulis (2017)

Figura 2 Etapas da elaboraccedilatildeo de um plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima ndash processo de preparaccedilatildeo e conteuacutedo

figura 2 condensa as fases fundamentais

do Processo de elaboraccedilAtildeo e

conteuacutedo do Plano

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

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Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 13

a grande maioria dos governos de cidades municiacutePios e estados

brasileiros ainda nAtildeo abordou a mudanccedila

do clima

As consequecircncias da mudanccedila do clima se manifestam localmente Embora sejam comumente percebidas como uma questatildeo global seu impacto tem caraacuteter regional influenciando os meios de subsistecircncia locais e as atividades econocircmicas aleacutem de aumentar os riscos agrave sauacutede humana e a outros sistemas ambientais sociais e econocircmicos Um problema mundial eacute traduzido em fenocircmenos locais em decorrecircncia de uma seacuterie de fatores relacionados ao meio ambiente agrave sociedade e agrave economia (SNOVER et al 2007)

A capacidade de lidar e se adaptar agrave mudanccedila do clima dependeraacute da gravidade e natureza do impacto em cada regiatildeo e vai variar entre populaccedilotildees setores econocircmicos e localidades Ningueacutem seraacute poupado nenhuma pessoa povo ou naccedilatildeo Portanto os indiviacuteduos as organizaccedilotildees e os governos teratildeo que identificar as melhores soluccedilotildees se quiserem ter ecircxito no enfrentamento e na adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima (ECA 2009) A adaptaccedilatildeo eacute necessaacuteria em todas as esferas da administraccedilatildeo puacuteblica mas seus principais benefiacutecios apareceratildeo em acircmbito local ndash uma diferenccedila fundamental da mitigaccedilatildeo cujas vantagens satildeo vistas globalmente

A grande maioria dos governos de cidades municiacutepios e estados brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima Embora alguns natildeo vejam ganhos imediatos em minimizar emissotildees (mitigaccedilatildeo) as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo do interesse direto do poder puacuteblico e da sociedade ndash trata-se de accedilotildees de desenvolvimento que aumentam a resiliecircncia agrave variabilidade climaacutetica Na verdade os governos subnacionais natildeo tecircm muita escolha e precisaratildeo se adaptar agraves inevitaacuteveis consequecircncias da mudanccedila do clima Eacute tambeacutem claro que quanto mais cedo isso comeccedilar mais barato seraacute tornar-se resiliente O niacutevel de esforccedilo de adaptaccedilatildeo necessaacuterio ao longo do tempo eacute uma questatildeo mais difiacutecil dependendo da gravidade do impacto esperado e de opccedilotildees e custos

Enquanto os patamares mais altos do governo podem e devem fornecer financiamento e apoio agrave adaptaccedilatildeo as administraccedilotildees local regional e estadual tecircm a responsabilidade de planejaacute-la e implementaacute-la de modo proativo ajustando suas estrateacutegias ao contexto especiacutefico em que se encontram (ACT 2013) O poder puacuteblico municipal estaacute mais proacuteximo da populaccedilatildeo e em parceria com organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado academia e sociedade responde pelo planejamento e estabelecimento de accedilotildees de adaptaccedilatildeo

Ateacute o momento o delineamento de como seraacute a adaptaccedilatildeo no Brasil tem sido feito de forma circunstancial com um apoio limitado do poder federal e fundamentalmente na prevenccedilatildeo e resposta a cataacutestrofes Uma vez que a maioria dos efeitos da mudanccedila do clima seraacute sentida nas alteraccedilotildees da frequecircncia ou intensidade de eventos extremos muitas vezes sua ocorrecircncia vai ser classificada como desastre Existe portanto um grande potencial de os riscos de desastres serem geridos como uma agenda integrada o que pode reduzi-los

3 exPectativas de atuaccedilAtildeo das diferentes esferas de governo

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima14

Plano nacional de adaPtaccedilAtildeo (Pna)O PNA reconhece que ldquoa promoccedilatildeo da adaptaccedilatildeo no territoacuterio nacional eacute um processo complexo que envolve a atuaccedilatildeo conjunta de diversos setores e oacutergatildeos que atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da sociedade civilrdquo Ele recomenda aos oacutergatildeos setoriais e entes federativos e agrave sociedade em geral

bull Analisar as caracteriacutesticas demandas e vulnerabilidades dos diferentes setores e quando pertinente elaborar estrateacutegias de gestatildeo visando reduzir os riscos climaacuteticos

bull Integrar o gerenciamento dos riscos climaacuteticos aos processos de elaboraccedilatildeo e revisatildeo de instrumentos para o planejamento e a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas com base em conhecimentos teacutecnico cientiacutefico eou tradicional

bull Realizar a coleta e anaacutelise de evidecircncias de vulnerabilidade e riscos climaacuteticos de maneira sistemaacutetica e compatiacutevel com os sistemas de monitoramento e avaliaccedilatildeo existentes e propostos pelo plano garantindo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees em uma plataforma online

bull Sensibilizar atores sobre a agenda de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por meio da disseminaccedilatildeo de informaccedilotildees de capacitaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo e engajamento da sociedade e da ampliaccedilatildeo dos processos participativos

bull Aprimorar a interaccedilatildeo do poder puacuteblico com entidades setoriais da economia academia e sociedade civil e outros atores interessados estimulando o contiacutenuo desenvolvimento da estrateacutegia de adaptaccedilatildeo do paiacutes diante dos efeitos da mudanccedila do clima

o Pna reconhece que ldquoa PromoccedilAtildeo da adaPtaccedilAtildeo no territoacuterio nacional eacute

um Processo comPlexo que envolve a atuaccedilAtildeo

conjunta de diversos setores e oacutergAtildeos que

atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da

sociedade civilrdquo

copy M

arcelo Cam

argo Agecircncia B

rasil

imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 15

41 etaPas de elaboraccedilAtildeo do Plano Inuacutemeras instituiccedilotildees internacionais criaram guias metodologias e arcabouccedilos para diferentes esferas de governo elaborarem seu plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima Boa parte dos trabalhos examinados nesta publicaccedilatildeo conteacutem os mesmos elementos essenciais havendo uma enorme coincidecircncia acerca do conteuacutedo e dos componentes considerados criacuteticos

Convergindo com a grande parte dos planos revisados a Figura 2 condensa as fases fundamentais do processo de elaboraccedilatildeo do plano em paralelo agrave organizaccedilatildeo de seus componentes teacutecnicos baacutesicos Os trecircs primeiros estaacutegios da construccedilatildeo do conteuacutedo teacutecnico (comuns a todos os guias analisados) estatildeo destacados na pequena caixa agrave direita e consistem no nuacutecleo central de um plano de adaptaccedilatildeo Em seguida explicaremos resumidamente cada uma das etapas

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima

Identificaccedilatildeo de estudos relevantes

Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano

Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia

Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades

Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos e aceitabilidade

Interface com outras secretarias governamentais

Transversalizaccedilatildeo das accedilotildees propostas em poliacuteticas

planos e projetos setoriais

Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback

Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento

Projeccedilotildees climaacuteticas

Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades ndash regiotildees

setores e populaccedilotildees

Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo

de vulnerabilidades

(a)(a)

42

(b)(b)

(c)(c)

(d)(d)

(e)(e)

(f)(f)

Processo de PreParaccedilAtildeo 43 conteuacutedo

Fonte Margulis (2017)

Figura 2 Etapas da elaboraccedilatildeo de um plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima ndash processo de preparaccedilatildeo e conteuacutedo

figura 2 condensa as fases fundamentais

do Processo de elaboraccedilAtildeo e

conteuacutedo do Plano

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

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2015

SumAacuteriobrreciclado

100ESTA PUBLICACcedilAtildeO FOI APOIADA POR

Page 16: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima14

Plano nacional de adaPtaccedilAtildeo (Pna)O PNA reconhece que ldquoa promoccedilatildeo da adaptaccedilatildeo no territoacuterio nacional eacute um processo complexo que envolve a atuaccedilatildeo conjunta de diversos setores e oacutergatildeos que atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da sociedade civilrdquo Ele recomenda aos oacutergatildeos setoriais e entes federativos e agrave sociedade em geral

bull Analisar as caracteriacutesticas demandas e vulnerabilidades dos diferentes setores e quando pertinente elaborar estrateacutegias de gestatildeo visando reduzir os riscos climaacuteticos

bull Integrar o gerenciamento dos riscos climaacuteticos aos processos de elaboraccedilatildeo e revisatildeo de instrumentos para o planejamento e a gestatildeo de poliacuteticas puacuteblicas com base em conhecimentos teacutecnico cientiacutefico eou tradicional

bull Realizar a coleta e anaacutelise de evidecircncias de vulnerabilidade e riscos climaacuteticos de maneira sistemaacutetica e compatiacutevel com os sistemas de monitoramento e avaliaccedilatildeo existentes e propostos pelo plano garantindo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees em uma plataforma online

bull Sensibilizar atores sobre a agenda de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima por meio da disseminaccedilatildeo de informaccedilotildees de capacitaccedilatildeo mobilizaccedilatildeo e engajamento da sociedade e da ampliaccedilatildeo dos processos participativos

bull Aprimorar a interaccedilatildeo do poder puacuteblico com entidades setoriais da economia academia e sociedade civil e outros atores interessados estimulando o contiacutenuo desenvolvimento da estrateacutegia de adaptaccedilatildeo do paiacutes diante dos efeitos da mudanccedila do clima

o Pna reconhece que ldquoa PromoccedilAtildeo da adaPtaccedilAtildeo no territoacuterio nacional eacute

um Processo comPlexo que envolve a atuaccedilAtildeo

conjunta de diversos setores e oacutergAtildeos que

atuam nas trecircs esferas de governo aleacutem dos diferentes atores da

sociedade civilrdquo

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arcelo Cam

argo Agecircncia B

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imagem

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 15

41 etaPas de elaboraccedilAtildeo do Plano Inuacutemeras instituiccedilotildees internacionais criaram guias metodologias e arcabouccedilos para diferentes esferas de governo elaborarem seu plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima Boa parte dos trabalhos examinados nesta publicaccedilatildeo conteacutem os mesmos elementos essenciais havendo uma enorme coincidecircncia acerca do conteuacutedo e dos componentes considerados criacuteticos

Convergindo com a grande parte dos planos revisados a Figura 2 condensa as fases fundamentais do processo de elaboraccedilatildeo do plano em paralelo agrave organizaccedilatildeo de seus componentes teacutecnicos baacutesicos Os trecircs primeiros estaacutegios da construccedilatildeo do conteuacutedo teacutecnico (comuns a todos os guias analisados) estatildeo destacados na pequena caixa agrave direita e consistem no nuacutecleo central de um plano de adaptaccedilatildeo Em seguida explicaremos resumidamente cada uma das etapas

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima

Identificaccedilatildeo de estudos relevantes

Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano

Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia

Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades

Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos e aceitabilidade

Interface com outras secretarias governamentais

Transversalizaccedilatildeo das accedilotildees propostas em poliacuteticas

planos e projetos setoriais

Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback

Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento

Projeccedilotildees climaacuteticas

Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades ndash regiotildees

setores e populaccedilotildees

Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo

de vulnerabilidades

(a)(a)

42

(b)(b)

(c)(c)

(d)(d)

(e)(e)

(f)(f)

Processo de PreParaccedilAtildeo 43 conteuacutedo

Fonte Margulis (2017)

Figura 2 Etapas da elaboraccedilatildeo de um plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima ndash processo de preparaccedilatildeo e conteuacutedo

figura 2 condensa as fases fundamentais

do Processo de elaboraccedilAtildeo e

conteuacutedo do Plano

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

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atildeo Paulo-S

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Selo FSc

2015

SumAacuteriobrreciclado

100ESTA PUBLICACcedilAtildeO FOI APOIADA POR

Page 17: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 15

41 etaPas de elaboraccedilAtildeo do Plano Inuacutemeras instituiccedilotildees internacionais criaram guias metodologias e arcabouccedilos para diferentes esferas de governo elaborarem seu plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima Boa parte dos trabalhos examinados nesta publicaccedilatildeo conteacutem os mesmos elementos essenciais havendo uma enorme coincidecircncia acerca do conteuacutedo e dos componentes considerados criacuteticos

Convergindo com a grande parte dos planos revisados a Figura 2 condensa as fases fundamentais do processo de elaboraccedilatildeo do plano em paralelo agrave organizaccedilatildeo de seus componentes teacutecnicos baacutesicos Os trecircs primeiros estaacutegios da construccedilatildeo do conteuacutedo teacutecnico (comuns a todos os guias analisados) estatildeo destacados na pequena caixa agrave direita e consistem no nuacutecleo central de um plano de adaptaccedilatildeo Em seguida explicaremos resumidamente cada uma das etapas

4 guia metodoloacutegico e Plano de adaPtaccedilAtildeo agraves mudanccedilas do clima

Identificaccedilatildeo de estudos relevantes

Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano

Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia

Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades

Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos e aceitabilidade

Interface com outras secretarias governamentais

Transversalizaccedilatildeo das accedilotildees propostas em poliacuteticas

planos e projetos setoriais

Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback

Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento

Projeccedilotildees climaacuteticas

Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades ndash regiotildees

setores e populaccedilotildees

Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo

de vulnerabilidades

(a)(a)

42

(b)(b)

(c)(c)

(d)(d)

(e)(e)

(f)(f)

Processo de PreParaccedilAtildeo 43 conteuacutedo

Fonte Margulis (2017)

Figura 2 Etapas da elaboraccedilatildeo de um plano de adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima ndash processo de preparaccedilatildeo e conteuacutedo

figura 2 condensa as fases fundamentais

do Processo de elaboraccedilAtildeo e

conteuacutedo do Plano

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

A

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atildeo Paulo-S

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BR

Selo FSc

2015

SumAacuteriobrreciclado

100ESTA PUBLICACcedilAtildeO FOI APOIADA POR

Page 18: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima16

42 Processo de PreParaccedilAtildeo Com o objetivo de melhorar a qualidade teacutecnica bem como de garantir o engajamento de todos os agentes desde o comeccedilo a preparaccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ser participativa e acolher a maior e mais diversa gama de atores relevantes Eacute fundamental que a administraccedilatildeo puacuteblica firme alianccedilas com instituiccedilotildees de pesquisa organizaccedilotildees natildeo governamentais setor privado e especialistas interessados Haacute inuacutemeros guias e publicaccedilotildees sobre processos participativos no governo que podem contribuir com o plano Poreacutem eacute importante sempre ter em vista as condiccedilotildees locais especiacuteficas

O diagrama da Figura 2 descreve esta etapa As trecircs primeiras precedem ao iniacutecio do conteuacutedo teacutecnico pois envolvem o levantamento de informaccedilotildees e estudos aleacutem de consultas para definir o escopo e parcerias a fazer para depois definir os termos de referecircncia

a Identificaccedilatildeo de estudos relevantes mais que consolidar as informaccedilotildees disponibilizadas pelo proacuteprio governo ou por outras partes interessadas ndashincluindo oacutergatildeos teacutecnicos academia organizaccedilotildees natildeo governamentais e grupos da sociedade civil ndash a revisatildeo de dados e trabalhos evita avaliaccedilotildees desnecessaacuterias e otimiza o uso de recursos disponiacuteveis (UNFCCC 2012)

b Ampla consulta sobre o escopo e as parcerias a fazer para a elaboraccedilatildeo do plano deve ser realizada com a participaccedilatildeo dos diversos atores relevantes localmente Eacute necessaacuterio haver um intenso trabalho conjunto nas etapas iniciais do processo Ademais os agentes natildeo governamentais precisam participar ativamente da definiccedilatildeo do escopo dos esforccedilos desejaacuteveis para a adaptaccedilatildeo e assumir corresponsabilidade na elaboraccedilatildeo do plano

c Preparaccedilatildeo dos termos de referecircncia eacute a fase que determina o escopo de trabalho bem como os produtos esperados Eacute desejaacutevel que os termos sejam elaborados com o apoio de uma consultoria teacutecnica ou com a participaccedilatildeo intensa de atores interessados que tenham qualificaccedilatildeo teacutecnica para detalhar os estaacutegios de desenvolvimento do plano e seu conteuacutedo teacutecnico

d Consulta sobre alternativas de adaptaccedilatildeo e prioridades confrontam-se as medidas definidas conforme a realidade de cada regiatildeo Ningueacutem melhor do que os proacuteprios moradores e atores locais para propor soluccedilotildees efetivas e eficazes voltadas para a adaptaccedilatildeo

e Interface com outras secretarias governamentais o envolvimento de outras secretarias de governo na elaboraccedilatildeo do plano de adaptaccedilatildeo deve ocorrer desde o iniacutecio com o compartilhamento de informaccedilotildees ndash de modo a se beneficiar delas ndash e responsabilidades Esse engajamento tem que acontecer no mais alto niacutevel poliacutetico possiacutevel

f Implementaccedilatildeo monitoramento e feedback pode desempenhar um papel importante ao reforccedilar a eficaacutecia dos programas e projetos de desenvolvimento Assim aprende-se com o passado e identificam-se as melhores soluccedilotildees para o futuro

a PreParaccedilAtildeo do Plano de adaPtaccedilAtildeo deve ser

ParticiPativa e acolher a maior e

mais diversa gama de atores relevantes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

A

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atildeo Paulo-S

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Selo FSc

2015

SumAacuteriobrreciclado

100ESTA PUBLICACcedilAtildeO FOI APOIADA POR

Page 19: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 17

43 conteuacutedo a Projeccedilotildees climaacuteticas permitem avaliar as mudanccedilas nas condiccedilotildees climaacuteticas e

determinar as medidas de adaptaccedilatildeo mais cabiacuteveis No Brasil esse trabalho costuma ser feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que vem gerando dados em escalas de 20 por 20 km para todo o paiacutes e de 5 por 5 km para algumas aacutereas da regiatildeo sudeste5

b Identificaccedilatildeo de riscos e vulnerabilidades detalham quais setores econocircmicos populaccedilotildees ecossistemas e pontos de infraestrutura entre outras coisas estatildeo mais vulneraacuteveis agrave mudanccedila do clima acentuando os riscos jaacute existentes A Defesa Civil o Ministeacuterio do Meio Ambiente o Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilotildees o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) a Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades federais e estaduais tendem a ser boas fontes de informaccedilatildeo sobre eventos climaacuteticos eou eventos naturais frequentes

5 O Inpe tem uma seacuterie de plataformas de dados e aplicativos os quais permitem a obtenccedilatildeo de dados informaccedilotildees estudos e previsotildees sobre mudanccedila do clima A lista de variaacuteveis e iacutendices climaacuteticos pode ser encontrada em httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetavariaveispdf e httpftp1cptecinpebretamdlProjetosProjetaindicespdf

exemPlos de estudos disPoniacuteveisbull Anaacutelises dos impactos e vulnerabilidades agrave mudanccedila do clima nos setores ndash

agricultura biodiversidade cidades desastres naturais energias renovaacuteveis recursos hiacutedricos e sauacutede Ministeacuterio da Ciecircncia Tecnologia e Inovaccedilatildeo em parceria com a Rede CLIMA (MCTI 2016) Link httpsirenemctigovbrdocuments16866531706739Volume+2pdf29f793f9-ca31-45f8-b0af-c9d0838070de

bull Estudo sobre a vulnerabilidade dos municiacutepios brasileiros agrave seca e estiagem no contexto da mudanccedila do clima fruto de uma parceria entre Ministeacuterio do Meio Ambiente Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional e WWF-Brasil Link httpwwwwwforgbrestudoseca

bull Ferramenta para verificar o niacutevel de vulnerabilidade da populaccedilatildeo aos impactos da mudanccedila do clima em escala municipal Atualmente eacute aplicada em municiacutepios de seis estados Paranaacute Espiacuterito Santo Mato Grosso do Sul Pernambuco Maranhatildeo e Amazonas Foi desenvolvida em uma parceria entre o Ministeacuterio do Meio Ambiente a Fiocruz e o Ministeacuterio da Sauacutede Link httpprojetovulnerabilidadefiocruzbr

defesa civil ministeacuterios fundaccedilotildees e universidades tendem a ser boas fontes

de informaccedilAtildeo sobre eventos climAacuteticos eou

naturais frequentes

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

Quer saber mais Acesse a publicaccedilatildeo completa no site do WWF-Brasil wwforgbrguiaadaptacao

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

A

scom S

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2015

SumAacuteriobrreciclado

100ESTA PUBLICACcedilAtildeO FOI APOIADA POR

Page 20: e cidadeS têm que Se adaptar àS mudançaS do clima? · prefeitos, formada com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, elevar a resiliência à mudança do

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima18

c Medidas alternativas de adaptaccedilatildeo e diminuiccedilatildeo de vulnerabilidades em geral representam intervenccedilotildees fiacutesicas sejam elas relacionadas a poliacuteticas ou agrave organizaccedilatildeo de agentes Sempre satildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento e fazem parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc) com ldquoajustesrdquo para incorporar os objetivos climaacuteticos Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanccedilas Climaacuteticas (IPCC) satildeo exemplos de medidas de adaptaccedilatildeo

Estrutura fiacutesica

Adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas

Tecnologia Engenharia e aacutereas construiacutedas

Serviccedilos

bull Restauraccedilatildeo ecoloacutegica

bull Aumento da biodiversidade

bull Reflorestamentobull Conservaccedilatildeo

e replantio de manguezais

bull Corredores ecoloacutegicos

bull Gestatildeo adaptativa do uso do solo

bull Novas variedades de culturas agriacutecolas

bull Modificaccedilatildeo geneacutetica

bull Irrigaccedilatildeo eficiente bull Armazenamento de

aacutegua de chuva bull Instalaccedilotildees de

sistemas de alerta precoce

bull Insulamento de edifiacutecios

bull Paredes mariacutetimas e estruturas de proteccedilatildeo costeira

bull Diques de inundaccedilatildeo

bull Armazenamento de aacutegua

bull Melhoria na drenagem

bull Engordamento de praias

bull Coacutedigos de construccedilatildeo

bull Adaptaccedilatildeo de infraestrutura viaacuteria

bull Redes de seguranccedila e proteccedilatildeo social

bull Bancos de alimentos e distribuiccedilatildeo de excedentes alimentares

bull Programas de vacinaccedilatildeo e serviccedilos essenciais de sauacutede puacuteblica

Social

Educaccedilatildeo Informaccedilatildeo Comportamento

bull Sensibilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo do tema agrave educaccedilatildeo

bull Serviccedilos de extensatildeo bull Troca de conhecimento

local e tradicionalbull Comunicaccedilatildeo por meio da

miacutedia

bull Mapeamento de perigos e vulnerabilidades

bull Sistemas de alerta raacutepido e de resposta

bull Monitoramento sistemaacutetico e sensoriamento remoto

bull Planos de adaptaccedilatildeo baseados na comunidade

bull Alojamentobull Adaptaccedilatildeo de domiciacutelios e

planejamento de evacuaccedilatildeo bull Conservaccedilatildeo do solo e da

aacutegua bull Diversificaccedilatildeo dos meios de

subsistecircncia e de culturas agriacutecolas

Institucional

Economia Leis e regulaccedilotildees Poliacuteticas e programas de governo

bull Incentivos financeiros incluindo impostos e subsiacutedios

bull Tiacutetulos de cataacutestrofesbull Fundos rotativosbull Pagamento por serviccedilos

ambientaisbull Tarifas de aacuteguabull Fundos de contingecircncia

para desastres

bull Legislaccedilatildeo de zoneamento de terras

bull Padrotildees de construccedilatildeo bull Regulamentos e acordos

sobre aacuteguabull Definiccedilatildeo dos direitos de

propriedade e seguranccedila da posse de terra

bull Aacutereas protegidas

bull Planos de adaptaccedilatildeo locais e regionais abrangendo a mudanccedila do clima

bull Programas de melhoria urbana

bull Planejamento e preparaccedilatildeo em face de desastres naturais

bull Planos diretores de cidadesbull Manejo integrado de

recursos hiacutedricos e gestatildeo costeira

bull Manejo baseado em ecossistemas e adaptaccedilatildeo de base comunitaacuteria

medidas de adaPtaccedilAtildeo e diminuiccedilAtildeo da

vulnerabilidade em geral rePresentam intervenccedilotildees

fiacutesicas sejam elas relacionadas a Poliacuteticas ou

agrave organizaccedilAtildeo de agentes semPre sAtildeo accedilotildees comuns agrave agenda de desenvolvimento

e fazem Parte das iniciativas setoriais (infraestrutura agricultura urbana etc)

com ldquoajustesrdquo Para incorPorar os

objetivos climAacuteticos

Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima 19

adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

bull Este estudo da Fundaccedilatildeo Grupo Boticaacuterio com uma extensa revisatildeo sobre o tema httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182AbE_2015pdf

bull Esta anaacutelise do Ministeacuterio do Meio Ambiente sobre a AbE no PNA httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

em ecossistemas (abe) ou seja o uso de

serviccedilos ecossistecircmicos Para Possibilitar a

adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

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Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

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Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

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adaPtaccedilAtildeo baseada em ecossistemas (abe)O PNA destaca entre seus princiacutepios a adaptaccedilatildeo baseada em ecossistemas (AbE) ou seja o uso de serviccedilos ecossistecircmicos como estrateacutegia alternativa eou complementar a fim de possibilitar agrave sociedade adaptar-se aos impactos da mudanccedila do clima

As medidas de AbE incluem aacutereas protegidas restauraccedilatildeo de aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e reservas legais recomposiccedilatildeo de manguezais e encostas desmatadas etc No mais satildeo vantajosas por seus cobenefiacutecios que costumam ir aleacutem de vulnerabilidades especiacuteficas de um setor ou empreendimento e proporcionar ganhos mais amplos para a sociedade (MINISTEacuteRIO DO MEIO AMBIENTE 2015)

Para mais informaccedilotildees sobre a AbE acesse

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d Priorizaccedilatildeo ndash efetividade custos aceitabilidade eacute a etapa mais ausente dos planos de accedilotildees governamentais em geral e natildeo apenas de adaptaccedilatildeo o que dificulta um bom senso de accedilatildeo concreta Os criteacuterios privilegiam a boa gestatildeo puacuteblica na escolha de projetos independentemente da questatildeo climaacutetica como efetividade custo-benefiacutecio accedilotildees ldquosem arrependimentordquo (no-regret actions)6 custo-efetividade financeiro viabilidade social e factibilidade poliacutetica institucional e cultural (a versatildeo completa do estudo conteacutem mais detalhes)

e Transversalizaccedilatildeo (ldquomainstreamrdquo) das accedilotildees propostas em poliacuteticas planos e projetos setoriais as medidas de adaptaccedilatildeo satildeo transversais abarcando os setores urbano e de agricultura florestas energia infraestrutura recursos hiacutedricos regiotildees costeiras habitaccedilatildeo e sauacutede entre outros Assim a questatildeo climaacutetica tem que fazer parte completamente da agenda de cada um deles e natildeo ser apenas um capiacutetulo agrave parte Isso demanda o conhecimento de problemas a capacidade de coordenaccedilatildeo e a parceria entre secretarias que busquem por sua vez o comprometimento do governador eou prefeito

f Identificaccedilatildeo de lacunas na capacidade de planejamento do governo e implementaccedilatildeo de medidas de fortalecimento para que a adaptaccedilatildeo entre de fato na agenda do poder puacuteblico eacute preciso haver uma ampla disseminaccedilatildeo de dados sobre as ameaccedilas da mudanccedila do clima e a necessidade de adaptaccedilatildeo de diversos setores potencialmente em risco Quando a capacidade institucional for limitada a administraccedilatildeo poderaacute procurar suporte em outras esferas de governo (estadual e federal) e estabelecer parcerias com organizaccedilotildees natildeo governamentais academia doadores internacionais ou setor privado

6 Apresentam benefiacutecios econocircmicos eou sociais liacutequidos independentemente da adaptaccedilatildeo agrave mudanccedila do clima

o Pna destaca a adaPtaccedilAtildeo baseada

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adaPtaccedilAtildeo da sociedade aos imPactos da

mudanccedila do clima

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ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

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Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

5 bibliografia

Estados e cidades

80

A maioria Apenas

POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

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Por que estados municiacutepios e cidades tecircm que se adaptar agraves mudanccedilas do clima20

ACT (Adapting to Climate Change in Time) 2013 ldquoPlanning for Adaptation to Climate Change Guidelines for Municipalitiesrdquo LIFE program on Environmental Policy and Governance European Commission httpwwwactlifeeumedias306-guidelinesversionefinale20pdf

ECA (Economics of Climate Adaptation) 2009 ldquoShaping Climate-Resilient Development a Framework for Decision-makingrdquo ClimateWorks Foundation Global Environment Facility European Commission McKinsey amp Company The Rockefeller Foundation Standard Chartered Bank and Swiss Re 164 pp httpmediaswissrecomdocumentsrethinking_shaping_climate_resilent_development_enpdf

Margulis S 2017 ldquoVulnerabilidad y adaptacioacuten de las ciudades de Ameacuterica Latina al cambio climaacuteticordquo CEPAL (Comisioacuten Econoacutemica para Ameacuterica Latina y el Caribe) e EUROCLIMA Santiago de Chile LCTS201712 80p httpwwwcepalorgespublicaciones41041-vulnerabilidad-adaptacion-ciudades-america-latina-al-cambio-climatico

Margulis S Albuquerque L e Morais LM 2016 ldquoRumo a um Framework para Cidades e Mudanccedilas do Clima no Brasilrdquo Banco Mundial Relatoacuterio em anaacutelise interna do Banco Brasiacutelia 96 pp

Ministeacuterio do Meio Ambiente 2015 Relatoacuterio de Produto nordm 2 do Contrato 20140003-43 ndash BRA11001 Adaptaccedilatildeo com base em Ecossistemas no Plano Nacional de Adaptaccedilatildeo agrave Mudanccedila do Clima (PNA) Ronaldo Weigand Jr Brasiacutelia 47 pp httpwwwmmagovbrimagesarquivo80182Produto202pdf

PBMC 2013 Contribuiccedilatildeo do Grupo de Trabalho 2 ao Primeiro Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Nacional do Painel Brasileiro de Mudanccedilas Climaacuteticas Sumaacuterio Executivo do GT2 PBMC Rio de Janeiro Brasil 28 p httpwwwpbmccoppeufrjbrptpublicacoesrelatorios-pbmcitemimpacrtos-vulnerabilidade-e-adaptacaocategory_id=18

SAE (Secretaria de Assuntos Estrateacutegicos da Presidecircncia da Repuacuteblica) e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 2014 ldquoBrasil 2040 Sumaacuterio das Projeccedilotildees Climaacuteticas ateacute 2100rdquo Sumaacuterio Executivo

Snover AK Whitely L Binder J Lopez E Willmott J Kay D Howell and Simmonds J 2007 ldquoPreparing for Climate Change A Guidebook for Local Regional and State Governmentsrdquo Center for Science in the Earth System (The Climate Impacts Group) Joint Institute for the Study of the Atmosphere and Ocean University of Washington and King County Washington In association with and published by ICLEI Oakland CA httpwwwicleiusaorgaction--centerplanningadaptation--guidebook

UNFCCC ndash United Nations Framework Convention on Climate Change 2012 ldquoNational Adaptation Plans Technical guidelines for the national adaptation plan processrdquo ISBN 92-9219-102-0 150 pp

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Estados e cidades

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POR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMA

das pessoas vivem em cidades no Brasil

precisam se adaptar agraves mudanccedila climaacuteticas

dos entes federativos brasileiros ainda natildeo abordou a mudanccedila do clima 51 cidades e 9 estados brasileiros

pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

Por que estamos aqui

Para frear a degradaccedilatildeo do meio ambientee para construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza

wwforgbr

copy 1986 - Panda Symbol WWF ndash World Wide Fund For Nature (also known as World Wildlife Fund) reg ldquoWWFrdquo is a WWF Registered TrademarkWWF-Brasil SGCV LOTE 15 Ed Jade Office SN - LT 15 Salas 308 A 319 Zona Industrial Guaraacute Brasiacutelia-DF CEP71215650 - (55 +61) 3364-7400

bullPOR QUE ESTADOS MUNICIacutePIOS E CIDADES TEcircM QUE SE ADAPTAR AgraveS MUDANCcedilAS DO CLIMAWWFORGBR

A

scom S

atildeo Paulo-S

P

BR

Selo FSc

2015

SumAacuteriobrreciclado

100ESTA PUBLICACcedilAtildeO FOI APOIADA POR

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Estados e cidades

80

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pelo menos participam de iniciativa para adoccedilatildeo de accedilotildees em adaptaccedilatildeo

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