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0 CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO LUCIANO FREDERICO DE SOUZA ECOLOGICAL FOOTPRINT METHOD: Um estudo de caso no Município de Navegantes / SC DISSERTAÇÃO DE MESTRADO BIGUAÇU - SC 2011

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CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO

LUCIANO FREDERICO DE SOUZA

ECOLOGICAL FOOTPRINT METHOD: Um estudo de caso no Município de Navegantes / SC

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

BIGUAÇU - SC

2011

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LUCIANO FREDERICO DE SOUZA

ECOLOGICAL FOOTPRINT METHOD: Um estudo de caso no Município de Navegantes / SC

Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do título de Mestre, no Curso de Mestrado Acadêmico em Administração da Universidade do Vale do Itajaí, Campus Biguaçu. Orientadora: Profª. Dra. Elaine Ferreira

BIGUAÇU - SC

2011

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Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da

Universidade do Vale do Itajaí

S89e Souza,Luciano Frederico Ecological footprint method : um estudo de caso no município de Navegantes/SC [manuscrito] / Luciano Frederico de Souza. 2011. 165 f. : il., fots., grafs. Cópia de computador (Printout(s)) Dissertação (mestrado) – Universidade do Vale do Itajaí, 2011. “Orientadora: Profª Drª. Elaine Ferreira” Bibliografia. 1. Administração de empresas. 2. Sustentabilidade. 3. Indicadores ambientais. 4. Meio ambiente - Navegantes/SC. I. Título. CDU: 504.03

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LUCIANO FREDERICO DE SOUZA

ECOLOGICAL FOOTPRINT METHOD: Um estudo de caso no Município de Navegantes / SC

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em Administração e aprovada pelo Curso de Mestrado Acadêmico em Administração, da Universidade do Vale do Itajaí, em Biguaçu, SC.

Área de Concentração: Relações e Gestão Socioambientais e Interorganizacionais

Biguaçu - SC, 28 de Fevereiro de 2011.

______________________________ Prof. Dr. Carlos Ricardo Rossetto

UNIVALI - Biguaçu Coordenador do Programa

______________________________ Profª. Dra. Elaine Ferreira

UNIVALI - Biguaçu Orientadora

_______________________________ Profª. Dra. Adriana Marques Rossetto

UNIVALI - Biguaçu Avaliadora Interna

________________________________ Prof. Dr. Sérgio Luis Boeira

UFSC Avaliador Externo

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AGRADECIMENTOS

Aos professores e colegas, pela consideração, pelo respeito e pela amizade,

relações sinceras que cultivei no decorrer do curso de mestrado. E com os quais

obtive a oportunidade de discutir questões interessantes e para além dos limites da

Academia.

À Universidade, por intermédio da Coordenação e dos funcionários do curso

de Mestrado em Administração, que sempre foram profissionais e cordiais quando

solicitados em seus trabalhos.

À minha orientadora, professora Dra. Elaine Ferreira, que sempre me recebeu

de braços abertos e, com muita calma e motivação, conduziu-me nessa pesquisa.

Aos professores componentes da banca examinadora, pelas participações,

sugestões e críticas concedidas.

Minha eterna gratidão à minha família, pela amizade, pelo apoio e incentivo.

Obrigado pelo carinho especial em todos os momentos, pelos conselhos e pelas

discussões variadas.

E aos amigos, pelas palavras de incentivo e motivação.

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Cada dia a natureza produz o suficiente

para nossa carência. Se cada um tomasse o

que lhe fosse necessário, não havia

pobreza no mundo e ninguém morreria de

fome.

(Mahatma Gandhi)

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RESUMO

O estudo de caso realizado no município de Navegantes objetivou a pesquisa

voltada para o levantamento da realidade ambiental local, através da seleção e

classificação de indicadores socioambientais apropriados, utilizando o método

Ecological Footprint Method ou Método da Pegada Ecológica. Essa metodologia é

reconhecida mundialmente na realização de análises comparativas de indicadores

de sustentabilidade e está apta para a análise necessária no estudo das relações

entre a expansão socioeconômica, socioambiental e urbana. Toda a pesquisa foi

realizada no município de Navegantes, no litoral norte de Santa Catarina,

direcionada para a coleta e para a análise de indicadores de sustentabilidade

correlacionados ao território em estudo. O objetivo geral de trabalho foi determinar

os indicadores que podem ser utilizados para definir o grau de sustentabilidade do

município de Navegantes, aplicando o Ecological Footprint Method para os anos de

2005 e 2009, identificando e organizando os devidos indicadores necessários para o

cálculo da pegada ecológica. A pesquisa aplicada está configurada como

exploratório-descritiva, utilizando os dados quantitativos do ano de 2005 e do ano de

2009, consecutivamente. As informações de campo foram coletadas em órgãos

governamentais, institutos de pesquisa e em entidades privadas, tendo, como foco,

os dados referentes aos anos selecionados. O período escolhido é representativo no

desenvolvimento de Navegantes, demonstrado com o acelerado incremento

econômico entre estes dois anos pré-selecionados no estudo. Portanto, o

desenvolvimento da pesquisa e o resultado consequente da aplicação do método da

pegada ecológica na análise comparativa dos indicadores e índices de consumo e

de insumos, comparativamente analisados, foram quantificados com os indicadores

da pegada ecológica no município de Navegantes/SC.

Palavras-chave: Método da Pegada Ecológica, indicadores de sustentabilidade, Navegantes/SC.

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ABSTRACT

The aim of this case study in the municipality of Navegantes was a survey of the local

environmental situation, through the selection and classification of appropriate social

and environmental indicators, using the Ecological Footprint Method. This method is

recognized worldwide for use in conducting comparative analyses of sustainability

indicators, and is appropriate for analyzing the relationship between the socio-

economic, social, environmental and urban expansion. The study was conducted in

the town of Navegantes, on the north coast of Santa Catarina, focusing on the

collection and analysis of sustainability indicators related to the region under study.

The overall objective of the study was to determine indicators that can be used to

define the degree of sustainability of the municipality of Navegantes, using the

Ecological Footprint Method, for the years 2005 and 2009, identifying and organizing

the appropriate indicators needed to calculate the Ecological Footprint. The Applied

research is exploratory and descriptive, using quantitative data for 2005 and 2009,

consecutively. The field information was collected from government agencies,

research institutes and private entities, focusing on the data for the selected years.

The selected period is a representative one for the development of Navegantes, as

demonstrated by the rapid economic growth between these two years pre-selected

for the study. Therefore, based on the development of the research and the

consequent results of the application of the Ecological Footprint methods in the

comparative analysis of indicators and rates of consumption and inputs, analyzed

comparatively, the indicators of the Ecological Footprint were measured in the

municipality of Navegantes / SC.

Key words: Ecological Footprint, sustainability indicators, Navegantes/SC.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Pirâmide de informações. ........................................................................... 43

Figura 2: Modelo da dinâmica da Pegada Ecológica. ............................................... 64

Figura 3: Dimensão da Pegada Ecológica de Navegantes. ...................................... 68

Figura 4: Sistema de Abastecimento de Água de Navegantes/SC ........................... 87

Figura 5: Localização das unidades operacionais do Sistema de

Abastecimento de Água de Navegantes/SC ............................................................. 88

Figura 6: Trajeto do lixo entre transbordo e aterro sanitário ...................................... 96

Figura 7: Localização das ações de Manejo de Resíduos Sólidos ............................ 98

Gráfico 1: Tendência do aumento da Pegada Ecológica no planeta 1960 - 2003. .... 58

Gráfico 2: Projeção da tendência PE de 1951 a 2100. .............................................. 59

Gráfico 3: Pegada Ecológica por componente, 1961–2007. ................................... 102

Gráfico 4: População total de Navegantes no período 1980 a 2010. ...................... 112

Gráfico 5: Taxa de crescimento médio anual da população, segundo Brasil,

Santa Catarina e Navegantes no período 2000/2009. ............................................ 115

Gráfico 6: Projeção da população fixa e flutuante (IBGE, 2010, CELESC, 2010). .. 115

Gráfico 7: A Pegada Ecológica e a Biocapacidade Global ...................................... 134

Foto 1: Portonave, Navegantes, às margens do rio Itajaí-Açú, foto de 06 de

julho 2009, com vista de Itajaí ................................................................................. 105

Foto 2: Perímetro urbano de Navegantes às margens do rio Itajaí-Açu e,

ao fundo, o oceano Atlântico ................................................................................... 110

Foto 3: Posicionamento do Porto de Navegantes no Rio Itajaí-Açu, 2004 .............. 117

Foto 4: Posicionamento do Porto de Navegantes no Rio Itajaí-Açu, 2004 .............. 118

Foto 5: Posicionamento do Porto de Navegantes no Rio Itajaí-Açu, 2009 .............. 119

Mapa 1: Localização do município de Navegantes em Santa Catarina .................. 103

Mapa 2: Localização da área de estudo, Navegante/SC ........................................ 106

Mapa 3: Sistema Viário de Navegantes .................................................................. 109

Quadro 1: Principais elementos da degradação ambiental. ...................................... 30

Quadro 2: Classificação das ferramentas quanto à participação. ............................. 47

Quadro 3: Principais funções dos indicadores. ......................................................... 48

Quadro 4: Análise comparativa conjunta dos indicadores de sustentabilidade. ........ 50

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Quadro 5: Estrutura conceitual do modelo PER da OCDE. ...................................... 51

Quadro 6: Funções de indicadores, contexto de recuperação de ecossistema. ....... 52

Quadro 7: Equação do saldo ecológico. .................................................................... 65

Quadro 8: Principais etapas do cálculo Pegada Ecológica. ...................................... 78

Quadro 9: Principais Categorias de Itens de Consumo. Contudo, só alguns

dados de consumo foram utilizados, de acordo com a sua disponibilidade. ............. 79

Quadro 10: Cálculo Consumo Aparente. ................................................................... 80

Quadro 11: Equações do consumo e conversão da quantidade consumida ............. 81

Quadro 12: Indicador de água em função de índice estimado. ................................. 83

Quadro 13: Índice de coleta de esgoto em função do total de população. ................ 84

Quadro 14: Conversão do item energia elétrica. ..................................................... 125

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distribuição percentual dos domicílios com tratamento de esgoto ............ 84

Tabela 2: Número de ligações sem e com hidrômetros instalados por classe de

consumidor. ............................................................................................................... 89

Tabela 3: Volume mensal de água tratada ................................................................ 90

Faturado Navegantes/SC no ano de 2008. ............................................................... 90

Tabela 4: Perdas contabilizadas do SAA, Sistema de Abastecimento de Água de

Navegantes, em 2009. .............................................................................................. 91

Tabela 5: Tarifas de coleta de lixo praticadas pelo RECICLE do Município de

Navegantes /SC de acordo com o Decreto nº 1.337, de 23 de Dezembro de

2009 .......................................................................................................................... 97

Tabela 6: Situação geral de saneamento 2009 ......................................................... 98

Tabela 7: População urbana conforme dados do IBGE – 2010 .............................. 112

Tabela 8: Projeções de população fixa, flutuante e total (adotado uma taxa de

crescimento de 3% ao ano) – (IBGE, 2010, CELESC, 2010). ................................. 114

Tabela 9: Pegada Ecológica (ha) de Navegantes. .................................................. 121

Tabela 10: Consumidores e consumo de energia elétrica em Navegantes no

período de 2005. ..................................................................................................... 123

Tabela 11: Cálculo da Pegada Ecológica no item consumo de energia elétrica. .... 124

Tabela 12: Consumo de água no ano de 2005. ...................................................... 126

Tabela 13: Consumo de água no ano de 2009. ...................................................... 126

Tabela 14: Pegada Ecológica da população total de Navegantes referente ao

consumo de água nos anos de 2005 e 2009. ......................................................... 127

Tabela 15: Quantidade de resíduos sólidos recolhidos em 2005 e 2009. ............... 128

Tabela 16: Pegada Ecológica da população total de Navegantes referente

à geração de resíduos. ............................................................................................ 129

Tabela 17: Cálculo da Pegada Ecológica de Navegantes de 2005 e 2009, (ha)..... 131

Tabela 18: Cálculo da Pegada Ecológica de Navegantes de 2005 e 2009, (gha)... 132

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LISTA DE SIGLAS

APA – Área de Proteção Ambiental

ARIE – Área de Relevante Interesse Ecológico

BEM – Balanço Energético Nacional

CASAN – Companhia Catarinense de Águas e Saneamento

CELESC – Centrais Elétricas de Santa Catarina S/A

CIDASC – Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de

Santa Catarina

CIDES – Comissão Interministerial para o Desenvolvimento Sustentável

CNUMAD – Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e

Desenvolvimento

CO – Monóxido de carbono

COBIO – Coordenação Nacional de Biodiversidade

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CP – Centro de Pesquisa

DAE – Departamento de Água e Esgoto – Navegantes

DER – Departamento de Estradas e Rodagem

DIBAP – Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas

DIREC – Diretoria de Ecossistemas (do IBAMA)

EFM – Ecological Footprint Method

EFMT – Ecological Footprint Method Total

EIA – Estudo de Impacto Ambiental

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FATMA – Fundação do Meio Ambiente

FGV – Fundação Getulio Vargas

Gha – Global hectare

Gj – Gigajoules

GPS – Global Positioning System

Ha – Hectare(s)

IA – Índice Ambiental

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis

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IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS – Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

IDS – Índice de Desenvolvimento Social

IDSA – Índice de Desenvolvimento Social Ambiental

INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

INFRAERO – Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária

IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

IS – Índice de Sustentabilidade

OECD – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

ONG – Organização Não Governamental

ONU – Organização das Nações Unidas

OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

PE – Pegada Ecológica

PIB – Produto Interno Bruto

PM – Plano de Manejo

PMN – Prefeitura Municipal de Navegantes

PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

RIMA – Relatório de Impacto Ambiental

SDRI – Secretaria de Desenvolvimento Regional de Itajaí

SEMASA – Serviço Municipal de Água, Saneamento Básico e

Infraestrutura, Itajaí.

SIDS – Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável

UF – Unidade Federativa

UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

VA – Valor Adicionado

WCMC – World Conservation Monitoring Center

WWF – World Wildlife Fund (Fundo Mundial para a Natureza)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 15

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E FORMALIZAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA.. 18

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA................................................................................ 19

1.2.1 Objetivo geral.................................................................................................. 20

1.2.2 Objetivos específicos..................................................................................... 20

1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................................... 20

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................. 28

2.1 A SOCIEDADE E O MEIO AMBIENTE.................................................................28

2.1.1 Desenvolvimento das cidades e o ecossistema.......................................... 31

2.2 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL........................................................... 32

2.3 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE.......................................................... 39

2.4 FUNDAMENTOS E DESCRIÇÃO DO ECOLOGICAL FOOTPRINT

METHOD.................................................................................................................... 52

2.4.1 Ecological Footprint Method (Método da Pegada Ecológica)..................... 53

3 METODOLOGIA..................................................................................................... 69

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA................................................................... 70

3.2 COLETA DE DADOS........................................................................................... 74

3.3 A METODOLOGIA DO ECOLOGICAL FOOTPRINT APLICADA EM

NAVEGANTES........................................................................................................... 77

3.4 ETAPAS DO CÁLCULO DA PEGADA POR ITEM DE CONSUMO..................... 81

3.4.1 Item – Energia consumida.............................................................................. 82

3.4.2 Item – Água consumida.................................................................................. 82

3.4.3 Item – Resíduo produzido............................................................................... 91

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................................................ 99

4.1 CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DA REGIÃO DE ESTUDO............................ 103

4.2 POPULAÇÃO EM NAVEGANTES – 2005 E 2009............................................. 111

4.2.1 População Projetada em Navegantes.......................................................... 112

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4.3 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS......................................................... 115

5 ANÁLISE ECOLOGICAL FOOTPRINT METHOD............................................... 120

5.1 PEGADA ECOLÓGICA (HA) EM FUNÇÃO DA ÁREA DE NAVEGANTES –

2005 E 2009............................................................................................................. 120

5.2 PEGADA ECOLÓGICA (HA) POR ITEM DE CONSUMO DE NAVEGANTES –

2005 E 2009............................................................................................................. 122

5.3 ENERGIA ELÉTRICA – 2005 E 2009.................................................................122

5.3.1 Cálculo da Pegada Ecológica no item consumo de energia elétrica....... 124

5.3.2 Fator de conversão de unidades Sistema Internacional de

Unidades (SI)........................................................................................................... 125

5.4 ÁGUA ABASTECIDA – 2005 E 2009..................................................................125

5.4.1 Cálculo da Pegada Ecológica no item consumo de energia elétrica....... 127

5.5 QUANTIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS – 2005 E 2009................................. 128

5.5.1 Cálculo da PE da população residente referente à geração de

resíduos, nos anos de 2005 e 2009....................................................................... 129

5.6 A PEGADA ECOLÓGICA (HA) DE NAVEGANTES DE 2005 E 2009............... 131

5.7 CÁLCULO DA PEGADA ECOLÓGICA (GHA) DE NAVEGANTES DE 132

2005 E 2009............................................................................................................. 132

5.8 CÁLCULO DO SALDO ECOLÓGICO DE NAVEGANTES DE 2005 E 2009..... 133

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 135

6.1 LIMITAÇÕES...................................................................................................... 137

6.2 SUGESTÕES..................................................................................................... 138

7 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 140

ANEXOS.................................................................................................................. 146

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1 INTRODUÇÃO

A abordagem deste capítulo tem como propósito contextualizar o tema e

formular o problema a ser pesquisado. A formulação dos objetivos do estudo, tanto o

de ordem geral quanto os específicos, e a justificativa estão descritos e

referenciados ao tema proposto. A estrutura geral do trabalho é apresentada no

último item deste capítulo.

É nitidamente reconhecido que o desenvolvimento humano está associado ao

incremento financeiro e que o planejamento do uso da terra tem sido decidido

apenas com base nos fatores econômicos, ignorando-se que a sociedade humana

também depende do meio ambiente natural para a sua sobrevivência. Embora o

homem civilizado tenha se beneficiado dos conhecimentos adquiridos por séculos,

diminuiu a qualidade do ambiente dito urbanizado, que também classificamos como

cidades e que estão sendo deterioradas. Ou seja, suas características naturais de

pré-urbanização foram alteradas devido à poluição, ao crescimento desordenado,

aos ruídos, à falta de espaços públicos livres e de vegetação nativa. É possível

afirmar que os espaços ambientais naturais são desprezados em prol do

crescimento econômico e das necessidades privadas e particulares.

O município de Navegantes, cidade do estado de Santa Catarina e tema

deste estudo de caso, pode ser exemplificado como tantas outras cidades no Brasil,

vítimas do crescimento desproporcional à sua natural capacidade de absorção física

e ambiental.

Navegantes é considerada como uma cidade relativamente nova, fundada em

1962, e teve o seu desenvolvimento expressivo associado aos últimos anos.

Desenvolvimento esse percebido fisicamente e economicamente, com a implantação

de duas grandes multinacionais em seu território: o estaleiro Navship, inaugurado

em 2006 (segmento metal-mecânico), e a Portonave, inaugurada em 2007 (terminal

portuário).

Nos últimos cinco anos, o município de Navegantes, em especial no período

entre 2005 e 2009, obteve um salto econômico, em que os investimentos recentes

refletiram em uma arrecadação expressiva, percebida em especial nos investimentos

em infraestrutura, focados mais nos acessos rodoviários para as empresas recém-

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implantas, na infraestrutura em energia elétrica (subestação de energia) e, também,

em melhorias no saneamento básico.

O progresso do município também é evidenciado com o aumento da

população local e da efetiva procura de profissionais especializados pelas empresas

recém-instaladas. Esses profissionais, com formação específica, chegam para

atender à demanda local por profissionais, em especial, nas áreas naval e portuária,

não disponíveis na região, hoje imigrantes de outras regiões do Brasil.

O município de Navegantes é mais uma cidade do Brasil e do planeta inserida

no contexto moderno do desenvolvimento econômico desenfreado, inevitável e onde

o desenvolvimento humano “pega carona”. Desenvolvimento esse conflitante e

crescente durante o percurso do tempo. Assim, o homem vem realizando suas

ações em prol das suas necessidades evolutivas, mas todo esse desenvolvimento

está atrelado, realmente, às questões econômicas.

O desenvolvimento econômico é considerado a base para a melhoria da

qualidade de vida e é um processo inevitável e crescente, mas os reflexos para o

meio ambiente são realmente considerados? Deveriam ser considerados e até são

previstos em relatórios de impactos ambientais detalhadamente elaborados, pois

muitos estudos são realizados in loco. Entretanto, os resultados desses estudos

ambientais não se refletem em efetivas soluções, aplicáveis para evitar o dano

ambiental e a diminuição da degradação gradual, a qual que pode ser caracterizada

como sendo a pressão exercida pela antroposfera sobre a ecosfera, que é inevitável.

Ou seja, a pressão do sistema de vida do homem sobre o sistema evolutivo

ecossistema é conflitante (BELLEN, 2005).

Nesse sentido, não podemos esquecer que somos interagentes no

comportamento evolutivo da natureza e que a natureza é reagente à intervenção

humana sobre os recursos naturais. Portanto, os recursos naturais podem ser

conceituados como partes da natureza que podem ser aproveitadas (ou não) num

determinado momento e no qual estes recursos se convertem do estado de matéria

e de energia para a condição de recurso de consumo humano (BELLEN, 1996).

No Brasil, assim como em outros países denominados desenvolvidos ou em

desenvolvimento, as necessidades de recursos materiais e enérgicos são cruciais

para a manutenção do modelo econômico adotado e, também, para atender às

necessidades de ganhos de suas populações. Ganhos esses interpretados por

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Sachs como sendo ganhos de natureza não só material, mas também de cunho

afetivo e social (SACHS, 1986).

Podemos, também, compreender que o progresso das cidades é responsável

pelas degradações ambientais e pelos conflitos sociais, em esfera local, como o

relato deste estudo, tema foco da proposta de pesquisa desta dissertação. A

temática está voltada para a pesquisa de campo direcionada para o município de

Navegantes, na forma de estudo de caso.

O estudo é orientado para a área ambiental, através da análise de indicadores

ambientais de sustentabilidade, utilizando o método Ecological Footprint ou Método

da Pegada Ecológica, reconhecido mundialmente na realização de análises

comparativas de indicadores de sustentabilidade. Método este apto para a análise

necessária no estudo das relações entre a expansão socioeconômica e

socioambiental urbana.

Inicialmente, o estudo tem como foco estruturar e caracterizar a

contextualização dos temas correlatos à temática intitulada neste estudo de caso e

aos objetivos propostos, também descritos e explanados na formulação do

problema, na pergunta de pesquisa e nos objetivos (gerais e específicos), bem como

na justificativa do estudo.

A pesquisa foi realizada nos limites geofísicos do município de Navegantes,

no litoral norte de Santa Catarina, levantando um conjunto pré-selecionado de

indicadores de sustentabilidade e o grau de desenvolvimento sustentado do

município de Navegantes.

Para alcançar resultados consistentes e metodologicamente precisos, foi

aplicado o Ecological Footprint Method, Método da Pegada Ecológica. A aplicação

desse método engloba a análise dos indicadores e índices de consumo de insumos,

comparativamente a serem estudados, selecionados e quantificados. E, assim,

resultando na obtenção dos indicadores de sustentabilidade e da Pegada Ecológica

para o Município de Navegantes.

Para planificar as intenções acadêmicas deste trabalho, a linha norteadora do

estudo está voltada para a pesquisa dos indicadores socioeconômicos e de

sustentabilidade, que contribuirão para a compreensão ampla da pesquisa proposta.

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1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E FORMALIZAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA

O município de Navegantes está localizado no litoral norte de Santa

Catarina, com uma população estimada, em 2010, de 60.038 habitantes, com base

no censo demográfico de 2010 do IBGE. O município está em plena expansão

econômica decorrente de grandes investimentos em seu território, como o porto

Portonave e o estaleiro naval Navship, que incrementaram a movimentação

portuária com cargas de todo o sul do Brasil (IBGE, 2010).

Em 1962, o município conquistou sua emancipação política e administrativa e,

a partir desta data, iniciou efetivamente seu crescimento socioeconômico. Segundo

a Prefeitura Municipal de Navegantes, hoje é considerado um dos municípios mais

prósperos da região da Foz do Rio Itajaí (SDR ITAJAÍ, 2010).

Nos últimos 40 anos, a principal fonte econômica em Navegantes resumia-se

à indústria da pesca e do turismo, que ainda estava em fase de estruturação; a

pequena indústria naval também se destacava como fonte de renda direta da

população de cultura açoriana. Nos últimos cinco anos, a mudança do cenário

ambiental, social e econômico expandiu-se em função da implantação de grandes

empreendimentos empresariais no município de Navegantes. Investimentos que

geraram grandes impactos nas três áreas anteriormente citadas e na população

local inserida nesse contexto geocoorporativo (SDR ITAJAÍ, 2010).

As mudanças econômicas e sociais podem ser percebidas e avaliadas por

levantamentos de indicadores socioeconômicos feitos anualmente por órgãos

governamentais. Já os indicadores dos impactos ambientais não são plenamente

tabulados, por serem compilados de forma isolada e não interligados.

E assim caracterizando o problema de pesquisa, pode ser destacado: a falta

de conhecimento de estudo específico voltado à mudança desse cenário e a

necessidade de parâmetros mensuráveis e inter-relacionados na esfera ambiental,

social e econômica, que permitam averiguar o grau de sustentabilidade do

município. Esses parâmetros serão analisados com a utilização do Ecological

Footprint Method, porque ele revela o ambiente natural do município de Navegantes

afetado pelo crescimento econômico acelerado nos últimos anos, bem como os

impactos percebíveis na comunidade local.

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Portanto, com o problema contextualizado e justificado, esta pesquisa busca

responder à seguinte questão:

Quais são os indicadores de sustentabilidade ambiental que podem ser

utilizados para calcular a Pegada Ecológica no município de Navegante/SC nos

anos de 2005 e 2009?

Este problema contextualizado na pergunta foi o foco norteador do estudo e

das análises resultantes da tabulação dos indicadores de sustentabilidade do

município de Navegantes aplicando-se o Ecological Footprint Method.

Neste sentido, a metodologia da Pegada Ecológica, Ecological Footprint

Method, foi aplicada como ferramenta metodológica na pesquisa de dados e dos

indicadores socioambientais relacionados à realidade do município de Navegantes,

objeto deste estudo.

Os indicadores de sustentabilidade foram selecionados e classificados para

atender aos critérios metodológicos da Pegada Ecológica, que foram criteriosamente

aplicados em planilhas de cálculo. A seleção e a classificação de quais indicadores

fariam parte do cálculo da Pegada Ecológica de Navegantes se deu em função da

disponibilidade e da confiabilidade dos dados coletados em fontes fidedignas, como

entidades públicas estatais, institutos de pesquisas e organizações não

governamentais reconhecidas por sua idoneidade.

Aplicando-se os indicadores selecionados e devidamente classificados, foi

possível calcular a Pegada Ecológica do Município de Navegantes, no estado de

Santa Catarina, ou seja, permitiu-se esboçar o espaço que cada habitante de

Navegantes ocupa para manter seu modelo de consumo dos recursos naturais em

prol de sua sobrevivência.

Por fim, a devida seleção dos indicadores de sustentabilidade ambiental em

Navegantes possibilitou o cálculo da Pegada Ecológica e demonstrou os impactos

socioambientais em decorrência do desenvolvimento contínuo e desenfreado em

seu território.

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

Para orientar o estudo dos impactos ambientais no período de 2005 e 2009

em Navegantes e delimitar a abrangência deste trabalho, foram definidos os

seguintes objetivos:

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20

1.2.1 Objetivo geral

Determinar os indicadores que podem ser utilizados para definir o grau de

sustentabilidade do município de Navegantes aplicando o Ecological Footprint

Method para os anos de 2005 e 2009.

1.2.2 Objetivos específicos

Para o alcance do objetivo geral, foram delimitados os seguintes objetivos

específicos:

a) Identificar os indicadores necessários para o cálculo do Ecological

Footprint Method no município de Navegantes;

b) Calcular o Ecological Footprint anual com referência nos anos de 2005 e

2009;

c) Apresentar os indicadores que influenciaram o Ecological Footprint nos

anos de 2005 e 2009.

1.3 JUSTIFICATIVA

O estudo de nosso habitat, também representado geopoliticamente como

cidade, e a compreensão da dinâmica das atividades humanas sobre a cidade e

dela sobre o meio ambiente é primordial para o entendimento e para a mensuração

dos impactos sobre os recursos naturais.

A cidade de Navegantes, município do estado de Santa Catarina, é nova,

fundada em 1962 e teve o seu desenvolvimento expressivo associado aos últimos

cinco anos, depois do ano de 2005. É uma cidade litorânea, tendo como seus limites

geográficos principais o oceano Atlântico e o rio Itajaí-Açu. O desenvolvimento

acelerado depois de 2005 teve como marco a implantação de dois grandes

empreendimento, o estaleiro Navship, inaugurado em 2006, no segmento metal-

mecânico naval, e o Portonave, inaugurado em 2007, terminal portuário de

contêineres.

Nesses últimos cinco anos, em especial no período entre 2005 e 2009, o

município de Navegantes obteve um salto em seu desenvolvimento. O incremento

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econômico foi o mais saliente e primeiramente percebível, com os investimentos

feitos em infraestrutura na sede física, nos acessos rodoviários e na demanda de

energia elétrica.

Na esfera das políticas municipais, o incremento substancial na arrecadação

dos tributos econômicos é o mais percebível. O incremento desses investimentos na

economia local é focado, em especial nos acessos rodoviários para as empresas

recém-implantadas, na infraestrutura em energia elétrica (subestação de energia),

como também em melhorias no saneamento básico.

Os dois investimentos citados, Navship-2006 e Portonave-2007, é que

estimularam o crescimento da população local e a circulação de pessoas e de

recursos em dimensão não planejadas até o ano de 2005, ano este o marco

referencial do estudo. Por conseguinte, o ano de 2009 é o ano mais distanciado do

marco inicial de 2005 e de possível estudo para análise do progresso da cidade,

através de indicadores ambientais coletados nesses dois anos pontuais.

O progresso do município é evidenciado com aumento da população local e

da efetiva procura de profissionais especializados pelas empresas recém-instaladas.

Profissionais estes com formação específica para a necessidade local (profissionais

nas áreas naval e portuária), não disponíveis na região, que hoje imigram de outras

regiões do Brasil.

O desenvolvimento das cidades como ambiente urbano e a busca por uma

vida satisfatória para todos que ali habitam deveria ser a premissa norteadora no

desenvolvimento em harmonia com as condições ambientais locais. Entretanto, as

necessidades humanas não são claras e seguem a anseios próprios, focados em

interesses privados ligados, principalmente, ao retorno financeiro.

Em um curto espaço de tempo, algumas décadas, o Brasil agrícola se

transmutou em um Brasil urbano. A migração do interior para as cidades mais

urbanizadas é crescente. Sendo prudente e preventivo que a população das cidades

tenham claras as consequências eminentes da degradação e da exaustão de seus

finitos recursos locais, essas consequências ambientais e climáticas são diariamente

expostas na mídia e explicitadas em publicações variadas com razoável

fundamentação científica, que reportam de forma global muitos dos problemas

ambientais locais. Hoje, um dos principais desafios é interromper o processo de

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degradação ambiental nas cidades brasileiras, sobretudo nas metrópoles

(DOURADO, 1997).

Segundo Menezes (1996), a urbanização não é um mal em si, o problema a

ser equacionado se refere à questão de que, nos países em desenvolvimento, ela se

reflete em altos índices de pobreza, trazendo, como efeito colateral, a invasão e a

degradação de áreas ambientalmente mais frágeis, como mangues, várzeas, fundos

de vale e áreas de mananciais bem como a consequente especulação imobiliária

local.

Hoje, com os recursos de informática, os mapeamentos por satélites e a

disponibilidade de diversos dados climáticos e de indicadores de consumos

energéticos, é possível determinar com mais precisão o real impacto das populações

sobre o seu meio ambiente local.

Mesmo com todos os adventos tecnológicos de monitoramento ambiental, a

crescente e predatória exploração dos recursos naturais, a diminuição acelerada de

recursos animais e vegetais, a degradação do ambiente natural e a perda da

qualidade de vida são explícitas. O que nos leva a questionar os modelos de

desenvolvimento que o homem vem adotando nas últimas décadas. Assim sendo, é

necessário o repensar da sociedade, com a adequação de suas prioridades

humanas focando, também, o bem-estar das gerações futuras e da busca coletiva

por soluções para os problemas ambientais, para que não venham se concretizar

futuras catástrofes em um futuro não tão distante (LORENZUTTI, 2001).

Para que uma população de uma determinada cidade conheça o impacto de

sua presença e de seu modelo de vida, além do peso do consumo dos seus

recursos no espaço, é preciso investir no conhecimento de suas realidades locais.

Portanto, o meio ambiente e as questões ambientais não podem mais ser

desconsiderados de nossas realidades. Considerando os homens seres de

constante evolução, a consciência ambiental deve estar intrínseca às rotinas de vida

das populações inseridas nas grandes, médias e pequenas cidades. (LORENZUTTI,

2001).

O desenvolvimento das cidades é irreversível, isto é fato, mas tal evolução

não pode desconsiderar os impactos recentes verificados no meio ambiente. Hoje, a

capacidade regenerativa da natureza pode ser monitorada, acompanhada e

analisada através de variados indicadores, que mostram o consumo dos recursos

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naturais (matérias-primas e insumos) e também podem mensurar os rejeitos não

aproveitados, os quais, desprezados incorretamente, retornam ao ambiente como

alavancas para a destruição ambiental, constituindo-se em danos ambientais (ou

danos ecológicos). Logo, a degradação do meio ambiente, na ótica do dano

material, gera uma violação de direitos para todos na sociedade civil estabelecida

nas áreas afetadas ecologicamente ou ambientalmente (BESSA, 2000).

Bessa (2000) ressalta, também que o dano ambiental ou ecológico, surge da

violação a um direito juridicamente protegido e, assim, ferindo a garantia

constitucional que assegura à coletividade um meio ambiente ecologicamente

equilibrado. Contudo, para que exista a concretização de um dano, não basta que

certo comportamento altere negativamente ou prejudique o meio ambiente. Além

disso, é certo que já existe uma norma que proíbe determinada atividade ou protege

certo bem ambiental; assim, legalmente é reconhecido o dano ao meio ambiente ou

dano ambiental e/ou ecológico.

Danos esses estudados e relatados por muitos pesquisadores, repercutindo

na atenção das autoridades mundiais, que têm se conscientizado da gravidade da

degradação ambiental urbana no planeta. O empenho global agora é de se tentar

recuperar as áreas degradadas, de preservar os remanescentes naturais e de que

seja comum a inclusão de políticas ambientais nos programas estratégicos de todos

os governos (WWF, 2010).

No Brasil, o conceito e a descrição do dano ecológico perante a legislação

ficaram relativamente indefinidos. A constituição brasileira não explicita uma

definição clara para “dano ambiental”; já a Lei nº 6.938/81 (Lei de Política Nacional

do Meio Ambiente), que posteriormente veio a ser criada para focar sobre as

questões ambientais e sobre a degradação da qualidade ambiental e poluição,

explicita as questões de degradação ambiental no seu art. 3º como sendo: (BRASIL,

1981)

I - Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; II - Degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; III - Poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

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c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;

Fica evidenciado que a Lei nº 6.938/81 relaciona a poluição em relação à

degradação ambiental, destacando que a primeira é uma consequência da segunda,

portanto, resultado de qualquer atividade que afete de forma direta ou indireta o

meio ambiente (BRASIL, 1981).

Contudo, na visão de Bessa, (2000) o dano ambiental resulta também da

extinção de todos os componentes que, podem ser identificados isoladamente

(florestas, animais, ar, água etc.); esses elementos, em forma de bens, adquirem

uma particularidade jurídica derivada da integração ecológica e de seus elementos

separadamente, mas intrinsecamente relacionados.

E Bessa (2000, p. 214) esclarece, ainda, que:

[...] o dano ambiental, que é a poluição capaz de alterar a normalidade ambiental, e, até mesmo, o crime ambiental, que se caracteriza pela subjetividade e pelas lesões ambientais graves. A poluição e o dano ambiental são, consequentemente, resultados não desejados de atividades desejadas, caracterizando uma externalidade negativa.

Dessa forma, o desenvolvimento humano e a consequente expansão das

cidades nos levam a crer que a maioria das ações humanas vão sim desencadear

danos para o meio ambiente, e a questão pertinente, agora, é medir a grandeza

desses danos.

Na região do estudo, na Foz do Rio Itajaí em Navegantes, o incremento

industrial está em crescente desenvolvimento, notadamente nos últimos

levantamentos de dados socioeconômicos tabulados por órgãos governamentais. Os

dados levantados por órgãos do governo, como IBGE, FATMA e SDRI, Secretaria de

Desenvolvimento Regional de Vale da Foz do Itajaí, comprovam que o crescimento

se dá em todas as esferas. Os dados relativos e dados absolutos de censos

comprovam o aumento populacional, industrial e da especulação imobiliária

desenfreada, bem como o consequente aumento do consumo de insumos variados

e escassos na região, além do explosivo aumento reativo de dejetos humanos e

industriais, que, meramente caracterizados como lixo urbano e industrial, são

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sepultados em lixões municipais sem quaisquer tratamentos, explicitando

gravíssimos danos ambientais, já percebidos por toda a população local.

A população do município de Navegantes, os dirigentes governamentais e os

dirigentes de empresas privadas ali sediadas são tratadas, neste estudo, como

agentes das mudanças ambientais na cidade e no seu entorno, com reflexos nos

municípios próximos.

Em Navegantes, o desenvolvimento sustentado ainda não é pautado

plenamente nas esferas governamentais, e nem a comunidade tem um

entendimento correto da importância do conceito ambiental para a população

residente e para todos os fatores que melhoram a qualidade social, ambiental e

regional.

De acordo com Montibeller Filho (2004), o desenvolvimento sustentável (DS)

pode ser compreendido como a busca de eficácia econômica, social e ambiental,

que atende a todas as necessidades e a todos os anseios da população que

vivencia o momento e o local onde está inserida.

Para construção desta dissertação, partiu-se da hipótese de que, em

consequência dos investimentos feitos na cidade de Navegantes depois do ano de

2005, o consumo de insumos e de recursos naturais aumentaram consideravelmente

e que a Pegada Ecológica também sofreu um considerável aumento devido à

pressão exercida pelas grandes empresas ali instaladas posteriormente a 2005.

Esta pesquisa, depois de tabulados os índices de sustentabilidade,

demonstrará que os empreendimentos humanos exercem pressão sobre os recursos

naturais e que quaisquer tentativas de recuperação do meio ambiente degradado

serão apenas tentativas. Dessa maneira, o estudo utilizará o Método da Pegada

Ecológica para estabelecer um balanço ambiental para uma avaliação do grau de

sustentabilidade em diferentes níveis de abrangência do município de

Navegantes/SC.

Por se tratar de um estudo voltado para acontecimentos recentes e delimitado

ao território do município de Navegantes, o trabalho é inédito e indispensável para

orientação da administração local de órgãos públicos e privados, governantes e

empresários, em esfera municipal e estadual.

Os resultados pretendidos são relevantes na tomada de decisões de

dirigentes locais, por planificar detalhadamente a realidade socioambiental no local

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da pesquisa. E, assim, pode ser demonstrada, através de indicadores de

sustentabilidade, a capacidade do município de Navegantes de absorver outros

empreendimentos em seu território em consonância com um desenvolvimento

sustentável.

A contribuição deste estudo sobre a área de Administração a visa ampliar o

conhecimento e a compreensão das mudanças de cenários e variáveis ambientais,

sociais e econômicas no decorrer da implantação de investimentos empresariais, no

caso, o município de Navegantes.

Para ter mérito como fonte de referência em planejamento estratégico e em

projetos futuros, esses dados devem ser estudados isoladamente e com uma visão

holística (em conjunto, como um todo), focada em um objeto de análise

contemporânea, no caso, o estudo dos impactos ambientais pós-instalação de

grandes empreendimentos na região do Vale do Itajaí, precisamente no município de

Navegantes, no período de 2005 e 2009. Datas essas que também coincidem com o

início de funcionamento pleno dos dois maiores investimentos empresariais na

região em questão, o estaleiro Navship e o porto Portonave.

Portanto, os dados a serem levantados, analisados e estudados através da

aplicação de um método atual neste estudo de caso, o Ecological Footprint Method

(Método da Pegada Ecológica) são fundamentais para programas futuros de

investimentos e de planejamento ambiental na região. Investimentos esses que

devem estar em consonância com a real situação ambiental no município de

Navegantes e sua sustentabilidade.

A aplicação da metodologia da Pegada Ecológica como indicador de

sustentabilidade ecológica de Navegantes/SC tende a propiciar uma nova fonte de

referências no estudo do desenvolvimento do município. Os resultados obtidos nesta

pesquisa podem ser aplicados como referências a fim de demonstrar quais recursos

naturais são os mais explorados pela dinâmica do crescimento na esfera social,

ambiental e econômica. Os indicadores selecionados e analisados no estudo de

caso podem ser norteadores no desenvolvimento de políticas públicas direcionadas

para uma gestão planejada com conhecimento da realidade das limitações

ambientais do município.

Com uma abordagem própria e considerando-se as limitações de dados e de

informações, este estudo também vem contribuir com a disseminação do uso da

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metodologia da PE como indicador de sustentabilidade de municípios como no caso

de Navegantes, objeto nesta pesquisa.

Finalmente, ressalta-se a importância em se aplicar o estudo desta

dissertação na análise dos impactos do avanço da sociedade industrial e urbana

sobre o ambiente, utilizando uma metodologia reconhecida. Esta metodologia (PE)

é, hoje, tema central de debates teóricos sobre o crescimento e o desenvolvimento

industrial, de seus efeitos negativos na natureza e sobre os diferentes segmentos da

sociedade humana.

A pesquisa está dividida em cinco capítulos. O primeiro apresenta a

introdução ao trabalho e à contextualização da pesquisa, a formulação do problema

e a pergunta de pesquisa, os objetivos, bem como a justificativa da pesquisa. O

capítulo 2 apresenta a fundamentação teórica, que explora o estado da arte sobre os

principais tópicos que estão relacionados ao estudo. No capítulo 3, a metodologia

apresenta o método investigativo utilizado para elucidar as questões levantadas

nesta dissertação. O capítulo 4 refere-se à análise dos resultados. O capítulo 5

organiza os resultados, calcula o Ecological Footprint e esboça o saldo ecológico. O

capítulo 6 conclui o estudo com as considerações finais.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta pesquisa é realizada através de consulta à bibliografia sobre o tema

sustentabilidade, o Método da Pegada Ecológica e temas correlatos, necessários às

pesquisas de campo. Os conhecimentos e dados geoeconômicos e

socioeconômicos da região em enfoque são abordados na pesquisa, referendados

em bibliografias apropriadas, de âmbito nacional e internacional, sustentando as

pesquisas de campo no contexto do município de Navegantes, no Vale do Itajaí.

Fundamentos relacionados aos aspectos legais e às experiências bem–

sucedidas nesta área em outras localidades do Brasil e do Exterior, e que se

configuraram como uma alternativa para exemplificar o trabalho como modelos,

também foram contextualizadas

A pesquisa sobre as questões referentes ao tema deste estudo estabelece

neste estudo.

Nessa etapa, apresentam-se as opiniões de alguns dos principais autores

acerca das questões relacionadas à pesquisa sobre os indicadores de

sustentabilidade.um referencial teórico básico para a consolidação dos objetivos

propostos. Dentro desse contexto, são selecionados e discutidos tópicos

considerados fundamentais para os resultados desta pesquisa no ambiente

socioambiental e econômico contextualizados no município em questão.

2.1. A SOCIEDADE E O MEIO AMBIENTE.

O estudo sobre o meio ambiente tem gerado, nas últimas décadas,

discussões que envolvem todos os segmentos sociais. Neste contexto, a sociedade

(sociedade civil, organizações governamentais e não governamentais) não pode

mais desconsiderar a mútua relação entre a sociedade e o meio ambiente. O

levantamento das causas, das consequências e das soluções para os problemas

ambientais torna-se de vital importância para uma sociedade que pretende se

desenvolver em um espaço geofísico sustentável e saudável.

Percebe-se que o crescimento iminente e contínuo da população no planeta,

aliado a um consumo excessivo regido por uma economia neoliberal globalizada,

tem gerado grandes preocupações a todos que partilham do senso comum de que a

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sociedade e o meio ambiente estão em confronto direto. Confronto estes que

preocupam de forma mais consciente os ambientalistas, os sociólogos e os

ecologistas, dentre outros pensadores.

Pensadores do tema como Bellen (2005), dentre outros, colocam que o nosso

planeta está no limiar de sua capacidade de suporte e que seu capital natural e

humano vêm sofrendo continuamente profundas alterações, cujos impactos

socioambientais vão desde miséria, fome, desigualdades, violência e desemprego a

diversas reações da natureza que vivenciamos e que vêm castigando inúmeras

regiões do Brasil.

Podemos dizer que a Geografia, como ciência que estuda o espaço em

construção, é aquela que pode diagnosticar e monitorar os problemas ambientais

além de apontar alternativas que viabilizem o uso do geoespaço pela sociedade de

forma mais racional e integrada ao meio ambiente.

Essa inter-relação entre o espaço de construção da sociedade e o meio

ambiente é citada por renomados estudiosos sociais e ambientalistas, entre eles

Bellen (2005, p.19), que reafirma todos os anteriores relatos desses estudiosos. Ele

declara que existe uma interação direta do desenvolvimento das atividades humanas

e o meio ambiente, resultando em interação entre este e a sociedade.

De acordo com Jardim (2005, p. 192), é inevitável associar a ideia de

sustentabilidade ao termo manutenção e conservação dos meios ambientais, pois

“Isso exige avanços científicos e tecnológicos, que ampliem, permanentemente, a

capacidade de utilizar, recuperar e conservar esses recursos; bem como novos

conceitos de necessidades humanas para aliviar a pressão da sociedade sobre

eles”.

O interesse nessa dimensão é que, tanto a nível público como privado, a

satisfação das necessidades humanas não possam desprezar em parte o

crescimento econômico em prol somente do desenvolvimento sustentável. Essa

visão mais ambientalista descreve a forma para iniciar um entendimento de um

provável caos ambiental, que se molda ao atual modelo de crescimento econômico.

Porém, mantendo as condições essenciais para o real desenvolvimento do ser

humano por meio da igualdade e da liberdade frente à cidadania ambiental.

(JARDIM, 2005).

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Para Rattner (2001), as práticas de crescimento econômico convencionais

resultam em enormes custos sociais e ambientais, muitas vezes ocultos, que antes

costumam ser externalizados ou transferidos para toda a sociedade, com os ganhos

e benefícios do crescimento apropriados por uma minoria. Hoje, pressões para

remediar ou aliviar essa situação levam à diminuição da capacidade do Estado em

aumentar sua arrecadação por impostos e taxas de valores mais altos.

Bellen (2005, p. 19-20) esboça os principais elementos da degradação

ambiental entre o espaço sociedade e o meio ambiente no quadro 1, elaborado

originalmente por German Advisory Council of Global Changer:

Principais elementos da degradação ambiental

� Cultivo excessivo das terras marginais.

� Exploração excessiva dos ecossistemas naturais.

� Degradação ambiental decorrente do abandono de práticas de agricultura tradicional.

� Utilização não sustentável, pelos sistemas agroindustriais, do solo e dos corpos de água.

� Degradação ambiental decorrente do uso de recursos não renováveis.

� Degradação da natureza para fins recreacionais.

� Destruição ambiental em função do uso de armas e decorrente dos conflitos militares.

� Dano ambiental da paisagem natural a partir da introdução de projetos de grande escala.

� Degradação ambiental decorrente da introdução de métodos de agricultura inadequados

e/ou inapropriados.

� Indiferença aos padrões ambientais em função do rápido crescimento econômico.

� Degradação ambiental decorrente do crescimento urbano descontrolado.

� Destruição da paisagem natural em função da expansão não planejada da infraestrutura

urbana.

� Desastres ambientais antropogênicos com impactos ecológicos de longo prazo.

� Degradação ambiental que ocorre a partir da difusão contínua e em grande escala de

substâncias poluentes na biosfera.

� Degradação ambiental decorrente da disposição controlada e descontrolada de resíduos.

� Contaminação local de propriedades onde se localizam plantas industriais.

Quadro 1: Principais elementos da degradação ambiental. Fonte: Bellen (2005, p.19 -20).

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2.1.1 Desenvolvimento das cidades e o ecossistema

Vivenciando a realidade que nos rodeia, percebemos que as cidades já se

encontram com sua capacidade de desenvolvimento e de suporte de recursos

superados, configurando um quadro de degradação eminente e contínuo nos

ecossistemas locais. Com os estudos resultantes da aplicação da metodologia da

PE em diversas cidades e também pela medida da Pegada Ecológica do planeta,

fica evidenciado por balanços que, em médio prazo, precisaríamos de um planeta

maior para acomodar o nosso modelo atual de desenvolvimento social e econômico

em nossas cidades. Notadamente, nosso modelo de desenvolvimento é

insustentável para nossas cidades e para nosso planeta. Assim, é primordial se

pensar em um melhor modelo de desenvolvimento urbano, que seja sustentável,

adaptável ao uso racional dos recursos naturais de nossos ecossistemas locais e

planetários.

O desenvolvimento sustentável para as cidades é possível e realizável, mas é

sabido que grande parte das cidades brasileiras não possui uma infraestrutura

adequada, a ocupação urbana tem sido efetuada sem um planejamento, o que

acarreta diversos problemas sociais, econômicos e ambientais (FREITAS, 2003).

Todos os recursos inseridos nos ecossistemas, também denotados

tecnicamente de capital natural da terra, estão sendo ameaçados dia a dia, devido à

expansão agrícola, aos avanços de fronteiras econômicas, aos assentamentos

desordenados, aos desmatamentos e às especulações imobiliárias que, por falta de

projeto e planejamento de prevenção, acabam não remediando os danos. Portanto,

depois da destruição e da fragmentação de ecossistemas se concretizarem e com os

danos explícitos, é que a sociedade toma seus posicionamentos e busca tentativas

de recuperá-los..

O futuro existencial para toda a humanidade e para o nosso planeta é

nebuloso, enquanto não considerado o planejamento e o desenvolvimento das

cidades em prol da defesa dos ecossistemas e da restrição dos efeitos impactantes

para todo o meio ambiente. Comprovadamente, através dos inúmeros estudos sobre

as questões ambientais já realizados, sabe-se que os custos posteriores para se

inverter os problemas ambientais são tão elevados que ficará praticamente

impossível reverter todos os danos já causados ao ambiente agredido.

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2.2 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Desenvolver e sustentar um modelo de desenvolvimento em nosso planeta,

que atenda à necessidade da manutenção na vida sobre o globo terrestre, é a

questão a ser entendida e a ser equacionada em prol da qualidade de vida no

planeta e do próprio planeta.

O termo desenvolvimento sustentável vem sendo explorado e realimentado

em diversas conceituações voltadas ao entendimento da relação entre o meio

ambiente e os seres humanos. Entretanto, anterior ao discurso do desenvolvimento

sustentável, existe o conceito de desenvolvimento sob a ótica da dimensão

econômica, já compreendido no mundo atual. O desenvolvimento sustentável é,

assim, interagente ao desenvolvimento econômico (VEIGA, 2005).

Para Montibeller Filho (2004), a sustentabilidade pode ser definida como a

busca de eficácia econômica, social e ambiental, objetivando atender aos anseios e

às necessidades atuais de uma determinada população. A sustentabilidade é um

compromisso síncrono de um grupo de indivíduos em um determinado espaço

geofísico.

O termo sustentabilidade, de acordo com Bellen (2005), pode ter um

referencial conceitual amplo, assumindo, também, uma dimensão na esfera social,

como na discussão realizada pela World Conservation Union, em documento

publicado em 1980, intitulado World Conservation Strategy. Publicação essa que

evidencia a importância de estudos na relação entre meio ambiente e sociedade, ou

seja, para que o desenvolvimento seja sustentável, devem-se considerar aspectos

referentes às dimensões social e ecológica, buscando considerar, também, os

fatores econômicos, os recursos vivos e não vivos, como também as vantagens de

ações alternativas a curto e a longo prazo, para o elemento humano imerso nesse

cenário (BELLEN, 2005).

A preocupação com a preservação do meio ambiente, conjugada com a

melhoria das condições socioeconômicas da população, induziu o surgimento do

conceito de ecodesenvolvimento, depois substituído pelo de desenvolvimento

sustentável (MONTIBELLER, 2004).

Porém, o marco histórico inicial que impulsionou a preocupação mundial com

a questão ambiental e sobre a criação de modelos de desenvolvimento sustentável

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ocorreu na Suécia, numa Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente

Humano, no ano de 1972. A conferência reuniu, pela primeira vez, delegados de 113

países e pessoas de todos os lugares do mundo na Ópera de Estocolmo, para

discutir os problemas da degradação ambiental e as questões sobre o

desenvolvimento sustentável (FAJARDO, 2003).

Já no Brasil, segundo Montibeller Filho (2004), a data de 1990 é considerada

importante, por definir de forma mais clara a nova interpretação sobre a definição do

desenvolvimento sustentável em nosso território e no mundo. Nessa data, durante

os preparativos da Conferência das Nações Unidas na Rio-92 sobre o Meio

Ambiente, o desenvolvimento sustentável passou a ser visto como o paradigma do

movimento ambientalista e, de forma não isolada, foi reconhecido posteriormente, na

Rio-92, como uma nova maneira de se tratar as questões de proteção ambiental em

âmbito global.

O desenvolvimento sustentável é hoje visto como um novo conceito, na forma

de se ter uma visão sobre o todo e de se poder ampliar os ganhos sociais e

ambientais envoltos em contextos particulares e em suas similaridades e

complementaridades. Esses custos podem ser planificados em indicadores

numéricos, em forma de índices, demonstrando o desenvolvimento econômico e

revelando o crescimento econômico. Para Veiga (2005), o crescimento e o

desenvolvimento econômicos não podem ser tratados como sinônimos. Este autor

revela que, a partir dos anos 1960, foram surgindo evidências de que o crescimento

econômico ocorrido na década anterior, em países semi-industrializados, não se

refletiu em maior acesso em bens materiais e culturais pelas populações pobres nos

mesmos níveis dos países desenvolvidos.

Já na visão de Dias (2004), o atual modelo de desenvolvimento pode causar a

exclusão social e a miséria, por um lado, e consumismo e desperdício, por outro.

Esse modelo descrito pelo autor é dependente da demanda do consumo crescente

da população e consequente aumento da necessidade de todo o tipo de recursos

para atender a esse consumo. O autor esclarece, ainda, que tal crescimento do

consumo aumenta também a pressão sobre os recursos naturais, fato esse lógico,

porque o consumo exige uma demanda de produção que não está associada a

fatores que podem interferir na população. Nesse caso, entende-se que será

necessária uma maior procura de matérias-primas, de eletricidade, de combustível,

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bem como de maior área de solos férteis e de volume de água para atender às

necessidades de consumo humano. Neste sentido, cresce a degradação ambiental

em todas as formas, perdendo-se, então, a qualidade de vida (DIAS, 2004).

De acordo com Montibeller (2004), o estudo da dimensão da sustentabilidade

compreende, em seus componentes, a produção, respeitando os ciclos ecológicos

dos ecossistemas, a prudência no uso de recursos naturais não renováveis, a

prioridade à produção de biomassa e à industrialização de insumos naturais

renováveis, a redução da intensidade energética e o aumento da conservação da

energia, o uso de tecnologias e processos produtivos de baixos índices de resíduos

bem como aos cuidados ambientais.

Porém, em relação à dimensão da sustentabilidade econômica, esta se refere

aos componentes de fluxo permanente de investimentos públicos e privados, no

manejo eficiente e na recuperação dos recursos, na absorção pela empresa dos

custos ambientais e visa à endogenização. O termo endogenização, aqui, significa

tornar a evolução da sociedade e da economia um processo continuadamente

progressivo de bem-estar e de nível de vida, com crescentes níveis de equidade

social, assegurando os equilíbrios com a natureza e a exploração sustentada de

recursos, em beneficio dos cidadãos, através de mecanismos sociais que

assegurem estabilidade social e política (MONTIBELLER, 2004).

Segundo Goldstein (2007), a abordagem mais contemporânea, para o

entendimento do conceito de desenvolvimento sustentável, começou a se delinear,

não só para resolver os problemas ambientais, mas também para garantir o

prosseguimento do desenvolvimento tecnológico e o do crescimento econômico.

Conforme a autora, o germe da ideia surgiu na década de 1970, durante a Primeira

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada

na cidade de Estocolmo, dando origem ao Programa das Nações Unidas para o

Meio Ambiente (PNUMA). Nessa mesma época, havia um dilema sobre como

combater os problemas ambientais e recuperar o meio ambiente. A dimensão

político-democrática nas teorias de desenvolvimento sustentável e suas implicações

para a gestão local

Já para Frey (2001), em seu artigo, A dimensão político-democrática nas

teorias e no conceito sobre o desenvolvimento sustentável e suas implicações, na

gestão local do meio ambiente, são questionados os fundamentos capitalistas que

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exaltam o desenvolvimento econômico como gerador do desenvolvimento ilimitado.

Essa visão capitalista ignora a interdependência entre o ser humano e a natureza,

fatalmente ignorando a sua própria existência.

A dimensão político-democrática nas teorias de desenvolvimento sustentável

contempla o estudo da questão ambiental de forma multidimensional e, assim,

coloca o entendimento de todos os atores imersos nesse contexto ambiental. Com a

visão de que o desenvolvimento sustentável envolve a participação de toda a

sociedade em prol de uma cultura que a desperte para a preservação e

recuperação, esse é o caminho para um futuro melhor para todos.

Nesse cenário, o papel do Estado, com seu potencial democrático e sua

dimensão político-administrativa, de cunho coorporativo, norteados pela constituição

federal, os direitos e deveres a todos os cidadãos brasileiros, sem distinção, é

fundamental para a criação de modelos e de projetos de cunho social, os quais se

orientem primeiramente para um desenvolvimento sustentável.

Nesse sentido, com suas instituições de regulação e de planejamento e seus

instrumentos constitucionais, o Estado deveria garantir primeiro a prevalência do

bem comum, em detrimento do bem particular e/ou privado, no processo de

desenvolvimento que busca a abordagem ecológico-tecnocrata de planejamento,

mas não é assim que ocorre. O cenário político econômico no mundo, em especial

no Brasil, está disposto como um grande cassino financeiro, disponível ao interesse

de individualistas e capitalistas de plantão, que têm o poder econômico e político

para canalizar tudo a seu dispor.

Sendo assim, observa-se a manipulação das políticas de Estado, com

projetos caracterizados e maquiados como tendo cunho social e com a dimensão de

serem direcionados ao desenvolvimento sustentável. Como exemplo, cita-se a

transposição do rio São Francisco, que passou a ser vista como a única alternativa

de solução desse problema regional. Atualmente, existem dois cenários bem

definidos com relação a esse tema. O primeiro, o cenário do imediatismo,

caracterizado pela ânsia de fazer chegar água, a todo custo, nas torneiras da

população (pensamento muito comum na classe política), sem a preocupação com

as consequências impostas ao meio ambiente ao se adotar tal alternativa. Todavia, é

sabido que existe o interesse dos grandes latifundiários em manipularem esse

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imediatismo, não considerando os custos futuros ao meio ambiente e para a

população residente na bacia hidrográfica (GUIMARÃES, 1997).

Esse primeiro cenário diz respeito às questões de um Brasil envolto no

antagonismo do neoliberalismo, que promove o fator econômico em prejuízo ao bem

comum, convertendo a economia em um fim em si mesmo, voltada somente para os

interesses particulares e lucrativos. (FREY, 2001; GUIMARÃES, 1997).

O segundo cenário é o da ponderação, caracterizado por preocupações

sérias e constantes, planificadas em projetos quantificados, considerando todas as

questões qualitativas do mesmo enfoque técnico. Com relação ao exemplo dado

sobre o rio São Francisco, as limitações se referem às fontes hídricas e à condução

do processo de transposição dessa bacia hidrográfica. A transposição de um rio é

um exemplo, entre centenas de projetos ambiciosos, que estão em estudo ou em

fase de implantação, mas que não apresenta propósitos bem definidos ao interesse

coletivo, como também não atendem às questões de cunho ambiental. E, assim,

despretensiosamente, o desenvolvimento sustentável vai a reboque, por pressão de

ambientalistas e estudiosos. Esse segundo cenário reflete as questões do Brasil

ideal, como é discutido nos artigos que expõem o modelo ecológico-tecnocrata de

mercado (FREY, 2001; GUIMARÃES, 1997).

Portanto, podemos afirmar que é necessário defender as políticas públicas

que efetivamente atendam aos interesses coletivos em prol de uma sociedade

sustentável e onde todos podem perder se não mudarmos nossos conceitos e nossa

forma política e crítica de agir perante o modelo político social imposto pelo Estado,

em que crescimento econômico é predominantemente guiado pelo interesse privado

e de capitalistas individualistas. Esse Estado democrático é renovado a cada pleito

eleitoral, com os nossos votos.

Lozano (2006) complementa o relato de Frey (2001), no sentido de que a

busca convencional para melhorar a qualidade de vida, através do crescimento

econômico, do lucro e da maior produção enfatiza o individualismo, gerando um

desencontro entre o crescimento econômico e o capital social. Para atender a

nossas necessidades e a nossos interesses, a curto e a longo prazo, deve existir a

busca por um progresso e avanço maior em direção às sociedades sustentáveis.

Nossos esforços para alcançar a sustentabilidade devem procurar estabelecer um

equilíbrio dinâmico entre estes elementos, um equilíbrio que pode tomar a forma de

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um jogo no qual todos devem ganhar. E o elemento-chave requerido para alcançar

tal equilíbrio é a colaboração (LOZANO, 2006).

A diferença entre colaboração e cooperação e seus significados é muito sutil;

esses termos são, muitas vezes, empregados com o mesmo significado e, até

mesmo em dicionários de Língua Portuguesa, os verbos colaborar e cooperar estão

descritos como sinônimos. O conceito de colaboração aqui citado por Lozano (2006)

se refere à relação entre indivíduos que trabalham juntos e com um mesmo objetivo,

ainda que essas pessoas atuem individualmente.

Esses convencionais comportamentos individualistas, que percebemos em

toda a esfera socializada e democratizada, na busca de lucro e da riqueza

maximizada na acumulação, criaram o homo oeconomicus, como é também

caracterizado por Lozano (2006). É este o ser humano que despreza as questões

ambientais, sem apreço às questões sociais e ambientais, em prol dos seus

interesses particulares, e que hoje é o agente nos desequilíbrios sociais próprios

e/ou de outros. Estes desequilíbrios sociais só tendem a piorar a cada dia, ano,

década e século. Solicitando esforços imediatos, em prol do desenvolvimento

sustentável e, assim, procurando estabelecer um equilíbrio dinâmico entre todos os

elementos envolvidos, um dos elementos-chave na transição para uma sociedade

sustentável está na colaboração mútua (LOZANO, 2006).

Um bom exemplo regional de colaboração que citamos é a Pesca da Tainha

no litoral Sul do Brasil. A colaboração da comunidade não tem só o objetivo de puxar

a grande rede para a praia. Todos que colaboram são gratificados com o resultado

da pesca, e quem simplesmente puxa a rede visando ao ganho de alguns peixes é

apenas ajudante temporário, cooperando sem vínculos sociais. A verdadeira

colaboração está intrínseca na cultura da comunidade pesqueira. A rede é

cooperada, o barco é cooperado, mas o ato operacional da pesca é consequência

da colaboração mútua, assim, se der peixes, todos ganham.

Nesse exemplo, o papel individualista e ambicioso do homo economicus, ou o

homem econômico, fica exemplificado nos empresários e atravessadores, que

compram o pescado a custo ínfimo e o vendem os múltiplos do valor real. Este ser

ganancioso visa a seu ganho individual, em que só ele ganha e os outros perdem,

sem a colaboração mútua. Assim, com sustentação no algoritmo na teoria dos jogos,

a “colaboração” requer que todos os jogadores (atores, agentes e o meio), até os

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mais silenciosos, como o meio ambiente e as futuras gerações de plantas, animais e

seres humanos, tornem-se altamente envolvidos e aprendam com as experiências

de cada um na colaboração mútua (LOZANO, 2006).

Cavalcante (2002) contextualiza grande parte do que foi referenciado pelos

autores já citados e demonstra como a sustentabilidade pode ser alcançada em

comunidades, de forma participativa e interagente entre todos os participantes. As

pessoas, atores ou sujeitos ativos, titulados por diversos estudos das diversas áreas

das ciências políticas, sociais e ambientais querem ser ouvidos, querem participar de

todo evento, que, de uma forma ou outra, venha lhe trazer retorno. Um indivíduo só

se torna sujeito quando se percebe como tal e assume a posição de agente

transformador da própria realidade. O processo de subjetivação é a transformação

parcial do indivíduo em sujeito pode ser entendido, como o contrário da submissão

destes valores transcendentes, é ele que se torna o fundamento dos valores que

orientam a construção da realidade. E, assim, o entendimento dos conceitos

envolvido nas questões sobre sustentabilidade poderão ter mais sentido nas

realidades regionais (CAVALCANTE, 2002).

O desenvolvimento sustentável é um marco norteador para a criação de uma

sociedade consciente e para atitudes colaborativas e cooperativas entre indivíduos

que pretendam viver em um ambiente com mais qualidade. A interpretação ampliada

dos conceitos envolvendo o desenvolvimento sustentável e suas interações com o

desenvolvimento social se somam para o fortalecimento do capital humano,

condicionados a uma consciência voltada para a colaboração e para a confiança

entre as pessoas e, destas para as instituições, que deveriam fortalecer as redes

sociais e as causas ambientais. Portanto, para compreensão da necessidade de se

desenvolver uma consciência ambiental voltada para o desenvolvimento sustentável,

é necessário mudar nossas atitudes e atuar como agente da mudança, promovendo

o debate contínuo das questões ambientais, sempre no sentido colaborativo.

Sobre o impacto da degradação do meio ambiente, deve-se, também, atentar

para os diversos ângulos do desenvolvimento da sociedade e sua capacidade de se

sustentar sem causar impactos negativos ao meio ambiente onde está inserida ou é

dependente de seus recursos.

A agricultura tem gerado novas demandas por ambiente, assim como as

cidades, sempre em expansão, consomem recursos naturais e geram detritos em

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grande escala. Nesse contexto, caminha-se para a exaustão de variados recursos

naturais que hoje ainda estão disponíveis em relativa abundância (ETHOS, 2002).

O desenvolvimento sustentável deve ser um processo contínuo e evolutivo

que deve incrementar a economia, a melhoria da qualidade do ambiente e da

sociedade além de trazer consequências benéficas para gerações presentes e

futuras. No contexto do estudo de caso em Navegantes, os indicadores de

desenvolvimento sustentável servirão de parâmetros de análise para esboçar a real

situação ambiental local onde a comunidade se insere. Seguindo os princípios

estabelecidos por Dias (2004, p. 64), “o desenvolvimento sustentável é a forma mais

viável de sairmos da rota da miséria, exclusão social e econômica, consumismo,

desperdício e degradação ambiental em que a sociedade humana se encontra”.

Para Montibeller Filho (2004), um dos requisitos para garantir a

sustentabilidade no ponto de vista econômico é converter o esgotamento de um

recurso não renovável em outros ativos, possibilitando a devida mensuração física e

consequente valoração econômica desses esgotamentos.

Montibeller Filho (2004) descreve, como princípio no entendimento sobre a

sustentabilidade, a consideração não somente do capital natural, mas também do

capital produzido pelo homem. E destaca, ainda, que, em uma economia

sustentável, somente com a participação da reserva da renda nacional ou do nível

de poupança podem ser possíveis investimentos maiores ou, pelo menos, iguais à

soma da depreciação dos recursos naturais e do capital feitos pelo homem. Assim,

podemos compreender melhor, na perspectiva do autor, que, na base dos princípios

da sustentabilidade, estão a cooperação mútua entre todos e que a sustentabilidade

só coexiste quando a consciência coletiva entende e aceita seus princípios de

conservadorismo em prol do coletivo.

2.3 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE

Segundo o Instituto Ethos (2002), “A sustentabilidade só pode ser alcançada

por meio de um equilíbrio nas complexas relações atuais entre necessidades

econômicas, ambientais e sociais que não comprometa o desenvolvimento futuro”.

Desta forma, podemos entender que os indicadores de desenvolvimento são

instrumentos essenciais para guiar e subsidiar o acompanhamento e a avaliação de

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um progresso voltado ao futuro. Portanto, configuram-se como uma importante

ferramenta que possibilita compreender as transformações dos sistemas sociais

urbanos, tornando a informação acessível à sociedade e prevendo os rumos de

futuros projetos e planejamentos de questões relacionadas ao meio ambiente

(ETHOS, 2002).

O conceito de desenvolvimento sustentável só pode ser validado e

fundamentado de forma clara, quando embasado no estabelecimento de indicadores

relacionados a objetivos e metas que possam dar a medida do desempenho de um

procedimento local, ou em esfera nacional, no contexto de sua sustentabilidade.

Uma vez estabelecidas as metas, poder-se-á então, em qualquer altura, avaliar a

distância que separa o país/ região do fim em vista (BELLEN, 2005).

Assim sendo, para Belllen (2005), os indicadores são parâmetros pré-

selecionados e considerados isoladamente ou combinados entre si, sendo de

fundamental importância para refletir sobre determinadas condições dos sistemas

em análise, parametrizados aos dados originais mensuráveis por médias aritméticas

simples, medianas etc.

Para mensurar o grau de sustentabilidade, é fundamental que os tomadores

de decisão possuam acesso a indicadores confiáveis, que assimilem e repliquem as

informações relevantes e coerentes a respeito da sustentabilidade. Um bom

indicador também deve ser capaz de alertar para um problema antes que este se

agrave. Para tanto, deve-se atuar com proatividade, pois, assim, é concedido um

tempo mínimo para mudar a trajetória do problema que pode surgir (SATO, 2005).

Indicadores de múltipla dimensão são escolhidos, por especialistas das áreas,

como as mais promissoras e legitimadas atividades para o entendimento das

questões socioambientais, validados e reconhecidos por entidades governamentais

e organizações de âmbito internacional, entre elas a ONU, UNESCO, FAO, e ONGs

de defesa ambiental, como o Greenpeace e a WWF.

Bellen (2007), ao traçar um quadro sobre o estado da arte da mensuração do

desenvolvimento, buscou melhorar o conhecimento sobre os indicadores de

sustentabilidade, para que os tomadores de decisão e a sociedade civil utilizem

essas ferramentas de forma consciente. É sabido que existe um baixo nível de

consenso sobre o conceito de desenvolvimento sustentável, por isso, há a

necessidade de se desenvolver ferramentas que mensurem a sustentabilidade, de

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forma eficaz e eficientemente, que atenda à demanda por referenciais das reais

condições do desenvolvimento humano e da sustentabilidade dos modelos

adotados.

As conciliações entre a tendência do crescimento econômico e as

necessidades sociais se confrontam na contramão das carências dos recursos

escassos da natureza. Quando se fala em desenvolvimento sustentável, deve-se

levar em consideração um universo complexo de diferentes formas de enxergar o

mundo de amanhã, o futuro (WACKERNAGEL; REES, 1998).

Neste sentido, o termo sustentabilidade deve ser referenciado e estar

fundamentado através de indicadores numéricos, que proporcionem a mensuração

dos desgastes físico-ambientais e de seus reflexos para a sociedade humana, sendo

estes os desafios da construção do desenvolvimento sustentável: criar instrumentos

de mensuração capazes de prover informações que facilitem a avaliação do grau de

sustentabilidade das sociedades, monitorem as tendências de seu desenvolvimento

e auxiliem na definição de metas de melhoria, tudo referenciado em indicadores e

seus correlatos índices (BAKKES et al., 1994).

A mensuração dos efeitos do desenvolvimento humano sobre todos os

recursos naturais associados através da criação indicadores capazes de,

objetivamente, avaliar a sustentabilidade surgiu na Conferência Mundial sobre o

Meio Ambiente – Rio 92, conforme registrado no capítulo 40 da Agenda 21.

Dessa forma, para que o nível de sustentabilidade possa ser avaliado com

mais objetividade, tornou-se necessário elaborar indicadores que auxiliassem na

mensuração ou na avaliação das variáveis relacionadas aos aspectos ambientais

territoriais, econômicos, sociais, éticos e culturais de um determinado local. Esses

indicadores devem poder ser coletados e avaliados isoladamente e/ou em conjunto

na forma de índices, os quais, por sua vezes, devem poder ser representados

através da aglutinação e/ou com a correlação de vários indicadores representativos.

Sobre a relação e a diferenciação entre índice e indicador, pode-se dizer,

primeiramente, que um depende do outro, podendo representar um dado numérico

que permite a obtenção de informações sobre uma dada realidade, podendo ser um

dado individual ou um dado agregado de informações. Porém, um bom indicador

deve conter os seguintes atributos: simples de entender; quantificação estatística e

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lógica coerente; e, de forma eficiente, ter a objetividade de esboçar o estado do

fenômeno observado (MUELLER et al., 1997).

Para Shields et al. (2002), um índice é um dado mais aprimorado, que pode

revelar o estado de um sistema ou fenômeno, podendo ser construído para análise

de dados através da aglutinação de variáveis e de elementos com relacionamentos

estabelecidos.

O indicador e o índice têm nomenclatura similar somente em relação às suas

função, por serem meios para se alcançar o êxito na mensuração da

sustentabilidade; mas um índice até pode se transformar num componente de outro

índice. Para muitos pesquisadores, a diferença significativa está em que um índice

se destaca de um indicador por poder ter o seu valor agregado ao final de todo um

procedimento de cálculo no qual se utilizam, inclusive, indicadores como variáveis

que o compõem. Pode-se dizer, também, que um índice é simplesmente um

indicador melhor planificado e mais bem elaborado (KHANNA, 2000).

Para Hammond et al. (1995), os indicadores são informações que se originam

de dados primários analisados e que contrastam com o índice, que consiste em um

simples número formulado com a composição de dois ou mais valores, podendo ser

esses valores os próprios indicadores apropriadamente organizados.

Dessa forma, os indicadores e os índices com suas especificidades podem

ser representados de forma esquemática, através da “Pirâmide de Informações”

(Figura 1), na qual a base se refere aos dados brutos (dados primários); acima dela,

estão os dados derivados do monitoramento (dados analisados); em seguida, os

dados tabulados em forma de indicadores; e, por conseguinte, a representação mais

aprimorada dos índices. Ou seja, são dados mais aperfeiçoados, e cada nível

corresponde a um determinado adensamento das informações, que são

decrescentes em quantidade total (HAMMOND,1995).

A esquematização das relações entre índice e indicadores fica mais bem

explicada no desenho da Figura 1:

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Figura 1: Pirâmide de informações. Fonte: Hammond et al. (1995) in Bellen (2006, p. 44).

Portanto, um indicador e seus índices explanados são parâmetros escolhidos

e idealizados para reduzir uma grande quantidade de dados à sua forma mais

simples, retendo os significados essenciais para responder às questões de

demandas (BAKKES et al., 1994).

Os indicadores de sustentabilidade têm sido utilizados como forma de

melhorar a base de informações sobre o meio ambiente, auxiliar na elaboração de

políticas públicas, simplificar estudos e relatórios e assegurar a comparabilidade

entre diferentes regiões; porém também se deve considerar a falta de uma

normalização e regulamentação apropriada e legitimada em esfera planetária. Na

década de 1980, o Relatório de Brundtland (1987), conhecido inicialmente como

Nosso Futuro Comum e elaborado a partir da World Commission on Environment

and Development (WCED), fez referência a uma das definições mais conhecidas,

que afirma ser o desenvolvimento sustentável aquele que atende às necessidades

das gerações presentes, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras

atenderem às suas próprias necessidades. E, com a influência desse relatório,

iniciaram-se as tratativas de se criar um modelo de mensuração de indicadores de

sustentabilidade, de forma padronizada (BAKKES et al., 1994).

Bakkes et al. (1994) evidenciam que, apesar de inúmeros estudos com a

colaboração de muitos países, ainda não se aplica, na prática, um padrão de

indicadores e de nomenclaturas que especifique, de forma mais precisa e eficaz, as

necessidades das pesquisas de campo. Quando se tem a necessidade de estudar

as questões do desenvolvimento humano e a sustentabilidade no contexto

INDICADORES

ÍNDICE

DADOS ANALISADOS

DADOS PRIMÁRIOS

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planetário, esbarramos em inúmeras formas de tabulação de indicadores e de seus

índices associados.

Nesse mesmo texto de Bakkes et al. (1994), os indicadores são definidos

como instrumentos essenciais para guiar a ação e subsidiar o acompanhamento e a

avaliação do progresso alcançado rumo à sustentabilidade. Assim, podem reportar

fenômenos de curto, médio e longo prazos, além de viabilizar o acesso às

informações relevantes, geralmente retidas a pequenos grupos ou instituições,

podendo prover as necessidades de geração de novos dados a partir dos

indicadores, como no caso da formulação dos índices como o Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH), entre outros utilizados nas questões

socioambientais.

Desta forma, para que o desenvolvimento sustentável tenha referências

eficazes para estudo e para pesquisas de âmbito internacional, é imprescindível que

os indicadores e seus índices associados, cuja finalidade seja medir o

desenvolvimento sustentável, contemplem alguns aspectos fundamentais: devem

possuir abrangência espacial e, sobretudo, temporal, ou seja, devem ser aplicados

em um espaço numa determinada época e, ao mesmo tempo, possíveis de

contemplar outras localidades e permanecer nas gerações futuras com as mesmas

características (BAKKES et al., 1994).

Apesar de inúmeros estudos, percebe-se que o desenvolvimento sustentável

continua agregado às ambiguidades e às contradições, que são talvez as maiores

dificuldades para explicar quais os caminhos para alcançá-la. Ou seja, elas

dificultam o desprendimento do discurso teórico para a ação prática efetiva de modo

que se obtenham resultados para o pleno e almejado desenvolvimento sustentável

planetário.

Assim, devemos desenvolver uma atitude persistente no sentido de se adotar

e de se aplicar, em campo, indicadores reconhecidos em âmbito internacional e de

uso já reconhecidos e validados mundialmente; que mensurem o desenvolvimento

sustentável e que possam servir de base científica para a tomada de decisões em

todos os níveis, contribuindo ao estudo de uma sustentabilidade mais próxima da

realidade, alinhada com os novos modelos econômicos e sociais, para que estes

contemplem o meio ambiente e limitem a extração dos recursos naturais escassos

em dimensão planetária.

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O objetivo dos indicadores ambientais, em resumo, é de direcionar a ação.

Essa noção é fundamental, mas é somente implícita na maioria da literatura que

envolve as questões ambientais. Um indicador difere de outras informações

numéricas, pois ele é um elemento de um processo direcionador especifico, ou seja,

um processo de controle. Os indicadores ambientais são específicos ao processo do

qual fazem parte e, portanto, indicadores apropriados para uma função podem ser

totalmente desapropriados para outras; indicadores efetivos têm um formato que é

feito para um grupo específico, ou seja, não existe tal coisa como um conjunto

universal de indicadores ambientais para todas as questões ambientais envolvendo

a sustentabilidade (BAKKES et al. 1994).

Para avaliar a dinâmica de um sistema complexo, ambiente, organização,

território, a utilização de indicadores deve levar em conta os objetivos essenciais

para os quais ele foi concebido. A principio, um indicador pode ter como objetivos

(OCDE, 1994; HAMMOND et al, 1995):

a) definir ou monitorar a sustentabilidade de uma realidade;

b) facilitar o processo de tomada de decisão;

c) evidenciar, em tempo hábil, modificação significativa em um dado sistema;

d) caracterizar uma realidade, permitindo a regulação de sistemas integrados;

e) estabelecer restrições em função da determinação de padrões;

f) detectar os limites entre o colapso e a capacidade de manutenção de um

sistema;

g) tornar perceptíveis as tendências e as vulnerabilidades;

h) sistematizar a informação, simplificando a interpretação de fenômenos

complexos;

i) ajudar a identificar tendências e ações relevantes e avaliar o progresso ao

objetivo;

j) prever o status do sistema, alertando para possíveis condições de risco;

k) detectar distúrbios que exijam o replanejamento; e,

l) medir o progresso em direção à sustentabilidade.

Segundo Bellen (2005, p. 58), como ferramentas de avaliação, os sistemas de

indicadores são úteis para os tomadores de decisão e podem ser utilizados na

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46

função de planejamento. Existem, ainda, outras funções que os indicadores como

ferramentas cumprem, a saber:

a) a função analítica: as medidas ajudam a interpretar os dados dentro de um

sistema lógico;

b) a função de comunicação: a ferramenta ajuda os decisores e gestores a

entenderem o processo, estabelecerem metas e avaliarem a forma de

alcançá-las;

c) a função de aviso e mobilização: os indicadores possibilitam comunicar,

publicamente e de maneira fácil, as informações sobre o sistema e ajudam

a promover ações de intervenção que se façam necessárias;

d) a função de coordenação: a ferramenta deve agregar dados variados e de

diversas instituições. Deve ser viável em termos financeiros e de pessoal,

além de possibilitar à população participação e controle.

Já para Tunstall (1994), os indicadores têm como função principal:

a) avaliação de condições e tendências;

b) comparação entre lugares e situações;

c) avaliação de condições e tendências em relação às metas e aos objetivos;

d) provisão de informações de advertência;

e) antecipação das futuras condições e tendências.

Os indicadores também foram reunidos e descritos segundo o Modelo de

Classificação Tridimensional apresentado por Bakkes et al. (1994), que se modela

nos propósitos de uso dos indicadores, que são: avaliar as condições ambientais e

as tendências em escala nacional, regional ou global; comparar países e regiões;

elaborar prognósticos; fornecer informações preventivas; e avaliar as condições

existentes em relação às metas estabelecidas. Uma segunda classificação se baseia

no assunto ou num tema; e a terceira se baseia nas relações de causa e efeito,

como as estabelecidas no Modelo Pressão-Estado-Resposta (PER).

Bellen (2005) organiza, no quadro 2, a classificação dos métodos de análise

de indicadores quanto à participação, mais conhecidos e utilizados nos estudos

recentes como ferramentas de avaliação na análise do nível de sustentabilidade.

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47

Classificação das ferramentas quanto à participação

Top-down

Ferramenta

Abordagem top-down. Dados primários determinam a sustentabilidade sem interferência dos atores sociais. Especialistas determinam os coeficientes de conversão de matéria e energia em área apropriada. Abordagem mista. Índices fornecidos pelo método. Subíndices sugeridos pelo método. Indicadores sugeridos pelo método. Os pesos dos indicadores podem ser determinados pelos atores e especialistas. Sistema não prevê um método de participação dos atores sociais na seleção dos indicadores. Abordagem mista. Índices fornecidos pelo método. Subíndices sugeridos pelo método. Indicadores e subindicadores sugeridos pelo método Os pesos dos indicadores podem ser determinados pelos atores e especialistas. Sistema não prevê um método para seleção dos indicadores considerando especialistas e atores sociais.

Ecological

fottprint

method

Dashboard

of

sustainability

Barometer

of

Sustainability

Bottom-up

Quadro 2: Classificação das ferramentas quanto à participação.

Fonte: BELLEN, 2005, p.176.

Os indicadores de sustentabilidade e o conceito de espaço ambiental ou

espaço socioambiental, para Montibeller Filho (2004), não podem ser vistos

isoladamente e/ou isolados de suas relações externas. Também se deve considerar

o espaço ambiental como a área geográfica na qual uma economia se abastece de

recursos naturais do ambiente e, nele, deposita seus rejeitos.

Assim, uma variável, um parâmetro tem como objetivo, na sua representação

numérica, agregar e quantificar informações, de modo que a significância fique mais

aparente, seguindo a linha de pensamentos de diversos pesquisadores estudados

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por Bellen (2005, p. 42), que colocam as principais funções dos indicadores, como

segue no quadro abaixo:

Quadro 3: Principais funções dos indicadores.

Fonte: Bellen (2005, p. 43).

Bellen (2005) também verificou, em suas pesquisas sobre indicadores para a

análise da sustentabilidade, que existem inúmeras ferramentas ou sistemas que

buscam mensurar o grau de sustentabilidade do desenvolvimento, no entanto, são

pouco conhecidas suas características técnicas e práticas. Assim sendo, o autor

apresenta os três sistemas de indicadores de sustentabilidade mais reconhecidos

internacionalmente, selecionados pelos mais variados especialistas da área

ambiental, que lidam com o conceito de desenvolvimento sustentável: Método da

Pegada Ecológica (Ecological Footprint Method), Painel de Sustentabilidade

(Dashboard of Sustainability) e o Barômetro de Sustentabilidade (Barometer of

Sustainability).

O Ecological Footprint Method fundamenta-se em quantificar a área de um

ambiente ecológico necessário para a manutenção da vida de uma determinada

população ou sistema, que disponha a este o fornecimento de energia e recursos

naturais e que seja capaz de absorver os resíduos ou dejetos gerados neste espaço.

É uma metodologia que envolve apenas uma dimensão, a ecológica, para realizar os

cálculos necessários e que possui pouca influência nos tomadores de decisão

(BELLEN, 2005).

O Barometer of Sustainability possibilita, através de uma escala de

performances, a comparação de diferentes indicadores representativos do sistema,

permitindo uma visão geral do estado da sociedade e do meio ambiente. Os

As principais funções dos indicadores são:

• avaliação de condições e tendências;

• comparação entre lugares e situações;

• avaliação de condições e tendências em relação às metas e aos

objetivos;antecipar futuras condições e tendências.

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resultados são apresentados por índices, em uma escala que varia de uma base que

vai de 0 (zero) (ruim ou péssimo) a 100 (cem) pontos (bom ou ótimo). Utiliza duas

dimensões: ecológica e social. Possui menor impacto sobre o público-alvo (BELLEN,

2005).

O Dashboard of Sustainability é um índice que representa a sustentabilidade

de um sistema englobando a média de vários indicadores com pesos iguais,

catalogados em quatro categorias de desempenho: econômica, social, ecológica e

institucional. Possui uma forma de apresentação mais simples, quando comparada

com os demais indicadores, através de uma escala de cores que varia do vermelho-

escuro (resultado crítico), passando pelo amarelo (médio) até chegar ao verde-

escuro (resultado positivo). Dentre os modelos avaliados por Bellen (2005), este é o

único que considera quatro dimensões para estimar o índice de sustentabilidade,

além de ser visualmente atraente.

Bellen (2005) e outros pesquisadores realizaram pesquisas com objetivo de

conhecer os processos, ferramentas e metodologias de avaliação e mensuração da

sustentabilidade. Um desses estudos teve o intuito de verificar quais são as

ferramentas e/ou metodologias de avaliação da sustentabilidade mais lembradas;

entre as três, as mais recomendadas por especialistas, com maior grau de

intensidade, foram: em primeiro lugar, o Ecological Footprint Method, com 13,92%;

em sequência, o Dashboard of Sustainability, com 12,66%; e, no terceiro lugar, a

indicação para o Barometer of Sustainability, com 8,86% das recomendações

(BELLEN 2005, p. 97).

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O quadro 4 apresenta a análise comparativa conjunta dos indicadores de

sustentabilidade, segundo Bellen (2005, p. 190).

Categoria de análise Ecological Footprint Method

Dashboard of Sustainability

Barometer of Sustainability

1. Escopo Ecológico Ecológico Social Econômico Institucional

Ecológico Social

2. Esfera Global Continental Nacional Regional Local Individual Organizacional

Continental Nacional Regional Local Organizacional

Global Continental Nacional Regional Local

3. Dados Tipologia Agregação

Quantitativo Altamente agregado

Quantitativo Altamente agregado

Quantitativo Altamente agregado

4. Participação Abordagem Top-down

Abordagem Mista

Abordagem Mista

5. Interface Complexidade Apresentação Abertura Potencial educativo

Elevada Simples Reduzida ↔ Forte impacto sobre o público-alvo. Ênfase na dependência dos recursos naturais

Mediana Simples Recursos visuais Mediana ↑ Maior impacto sobre os tomadores de decisão. Representação visual

Mediana Simples Recursos visuais Mediana ↓ Maior impacto sobre os tomadores de decisão. Representação visual

Quadro 4: Análise comparativa conjunta dos indicadores de sustentabilidade.

Fonte: Bellen (2005, p. 190).

Por conseguinte, considerando o quadro acima, segundo Bellen (2005), deve-

se ter a consciência de quando se aplica determinados indicadores com os seus

associados índices de desenvolvimento sustentável, deve ser considerado que

podem existir ambiguidades de indicadores quando comparados aos indicadores

internacionais.

De acordo com a classificação de 1993 da Organização para a Cooperação e

o Desenvolvimento Econômico (OCDE), os indicadores ambientais podem ser

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sistematizados pelo Modelo Pressão-Estado-Resposta (PER), que assenta em três

grupos-chave de indicadores:

a) Indicadores de Pressão – caracterizam as pressões sobre os sistemas

ambientais, que podem ser traduzidas por indicadores de emissão de

contaminantes, de eficiência tecnológica, de intervenção no território e de

impacto ambiental;

b) Indicadores de Estado – reflete a qualidade do ambiente num dado

horizonte espaço/ tempo; são os indicadores de sensibilidade, de risco e de

qualidade ambiental;

c) Indicadores de Resposta – avaliam as respostas da sociedade às

alterações e às preocupações ambientais, bem como à adesão de

programas e/ou medidas em prol do ambiente; podem ser incluídos neste

grupo os indicadores de adesão social, de sensibilização e de atividades de

grupos sociais importantes (OECD, 1994).

Este modelo por Indicadores de Resposta está previsto pelo Sistema de

Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (SIDS) para aplicação em atividades

humanas que produzem emissões as quais podem afetar o estado do ambiente, o

que leva a sociedade a apresentar respostas a esses problemas (OECD, 1994).

No quadro 5, apresenta-se a estrutura conceitual do modelo PER da OCDE:

Quadro 5: Estrutura conceitual do modelo PER da OCDE.

Fonte: Gomes et. al. (2000, apud TOMASONI, 2006, p. 99).

PRESSÕES RESPOSTAS ESTADO

Informação

Recursos

Poluição Respostas Ambientais

Informação

Atividades

Humanas

ENERGIA

TRANSPORTES

INDÚSTRIA

AGRICULTURA

Ambiente

AR

ÁGUA

SOLO

RECURSOS

VIVOS

Agentes Econômicos e

Ambientais

ADMINISTRAÇÕES EMPRESAS

ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

CIDADÃOS

Respostas setoriais

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Bakkes et al. (1994) diferenciam, no quadro 6, os indicadores em relação à

sua função; no quadro exposto, o exemplo está relacionado à recuperação de

ecossistema.

FUNÇÕES DE INDICADORES NUM CONTEXTO DE RECUPERAÇÃO DO ECOSSISTEMA

Importância intrínseca ● Espécies econômicas ● Espécies ameaçadas ● Outros aspectos de importância direta para os humanos Indicador precoce de perigo ● Usar quando o objetivo é lento ou atrasado em resposta ou muito variável em tempo ou espaço. ● Atraso de tempo mínimo em resposta ao estresse (taxa de resposta rápida). ● Taxa de sinal-ruído baixa; discriminação baixa. ● Ferramenta de escaneamento; aceita falso positivo. Indicador de sensibilidade ● Usar quando o objetivo for relativamente insensível. ● Especificidade do stress.

● Taxa de sinal-ruído alta. ● Minimizar falsos positivos. Indicador de processo ● Monitorar outras coisas além da biota, em outras palavras, taxas de decomposição. ● Complementar indicadores estruturais. Indicador de sensitividade/vulnerabilidade do ecossistema ● Indicadores abióticos, como fluxo de água, etc.; capacidade de neutralização; fontes de sementes próximas.

Quadro 6: Funções de indicadores, contexto de recuperação de ecossistema.

Fonte: Bakkes et al. (1994, p. 6) traduzido e adaptado pelo autor.

2.4 FUNDAMENTOS E DESCRIÇÃO DO ECOLOGICAL FOOTPRINT METHOD

O Método da Pegada Ecológica (Ecological Footprint Method) é uma

ferramenta utilizada para estimar a demanda de recursos naturais em uma

determinada área e o consumo de recursos naturais de uma determinada população

ali situada. O Método da Pegada Ecológica (PE) pode calcular a área bioprodutiva

necessária para produzir todos os bens e serviços necessários à manutenção de

uma população (WACKERNAGEL; REES, 1996).

Podemos dizer que a popularidade mundial desse método é crescente e é

percebível na quantidade recente de estudos e artigos que sustentam os seus

estudos dessa metodologia. No Brasil, os estudos com a aplicação desse método se

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popularizam a cada aplicação da PE como ferramenta em estudos aplicados nas

cidades, em forma de estudo de caso.

A metodologia do Ecological Footprint Method, fundamentada por

Wackernagel e Rees (1996), é um modelo conceitual aplicado na contabilização dos

fluxos de matéria e energia existentes em um determinado local, município, região,

estado ou nação. Onde toda esta matéria e energia serão consumidas, localmente e

vinculadas ao uso de áreas de terra produtivas e água correspondente à demanda

do consumo local. Esclarecem, assim, que a análise desta ferramenta pode ser

aplicada em escalas: individual, familiar, regional, nacional e mundial, e, dessa

forma, a metodologia da Pegada Ecológica apresenta-se como uma ferramenta

elaborada com a finalidade de mensurar a sustentabilidade ambiental, focalizando

as preocupações globais, a destruição ecológica e as injustiças sociais em

determinadas áreas do planeta.

Na obra Sharing Nature´s Interest, os pesquisadores Chambers, Simmons e

Wackemagel (2000) colocam o Método da Pegada Ecológica, Ecological Footprint

Method, como uma ferramenta de grande robustez metodológica, podendo ser

aplicada como instrumento de cálculo e de análise, devendo ser aplicada de forma

completa, incluindo tanto a área de terra exigida, direta e indiretamente utilizada

para suprir o consumo de energia e recursos, como também deve ser considerada,

neste método, a área perdida ou suprimida de produção de biodiversidade em

função da contaminação, da erosão, da salinização e da urbanização.

2.4.1 Ecological Footprint Method (Método da Pegada Ecológica)

O Ecological Footprint Method, ou Método da Pegada Ecológica, tem seus

fundamentos conceituais relacionados com o conceito de capacidade de carga, que,

segundo Chambers et al (2000), pode ser entendida como sendo a capacidade da

Terra para sustentar a vida, representando a quantidade de hectares necessários

para sustentar a vida de cada pessoa no mundo, ou seja, é a quantidade de

hectares necessários para produzir o que uma pessoa consome por ano

(CHAMBERS, 2000).

Referenciado por diversos estudos de renomados pesquisadores sobre o

entendimento das questões ambientais e de seus desdobramentos para a sociedade

e para o ecossistema, o Método da Pegada Ecológica é reconhecido como uma

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ferramenta para a elaboração de planejamento sobre a sustentabilidade. Uma das

características percebidas nos estudos sobre as vantagens do uso da Pegada

Ecológica é o seu apelo intuitivo e didático.

A data exata do surgimento dessa metodologia é ainda discutida e não está

exatamente estabelecida; um marco referencial do uso prático comprovado está

documentado no ano de 1961, quando os cálculos da Pegada Ecológica começaram

a ser realizados pela Global Footprint Network, na época, feitos para demonstrar que

a população humana já usava 70% da capacidade produtiva anual da Terra. Em

dezembro de 1987, com a mesma metodologia da Pegada Ecológica aplicada, foi

comprovado o primeiro registro de um nível de consumo de recursos maior do que o

planeta é capaz de renovar no período de doze meses (Global Footprint Network,

2009).

Desde então, esse cálculo marca o dia do ano em que a humanidade já usou

todos os recursos que a natureza irá gerar no período de 12 meses – o chamado

Earth Overshoot Day, o Dia de Limite da Terra ou Dia da Ultrapassagem da Terra.

Esse dia de rompimento do limite tolerável da Terra é também conhecido como o Dia

D do Consumo e a data de esgotamento dos recursos terrestres acontece cada vez

mais cedo. Em 1995, esse limite se antecipou para o dia 21 de novembro, em 2007,

chegou à marca histórica de 6 de outubro e, em 2008, esse dia foi 23 de setembro.

Ou seja, a cada ano, o limite de esgotamento da Terra se exprime em um tempo

mais diminuto. Essa dedução de cálculo dos limites de esgotamento da Terra

realizados com a Metodologia da Pegada Ecológica vem sendo elaborada por

pesquisadores ligados o ONG (Global Footprint Network, 2009).

Outro marco referencial importante na denotação cientifica da Metodologia da

Pegada Ecológica está referenciada no último relatório Living Planet (Planeta Vivo),

de 2008, divulgado em outubro de 2008 pela organização internacional World Wide

Fund for Nature, WWF, (Fundo mundial para a vida selvagem e natureza). Esse

relatório, Living Planet de 2008, com base em cálculos realizados com a Metodologia

Pegada Ecológica, afirma que, a partir de 2030, a demanda por recursos naturais

será o dobro do que a Terra poderá oferecer, caso o modelo atual de consumo e

degradação ambiental não seja superado (WWF, 2009).

Em 1996, com o lançamento do livro Our Ecological Footprint, de autoria de

William Rees e Mathis Wackernagel, foi proposta a utilização de uma ferramenta

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para medir o desenvolvimento sustentável: o Ecological Footprint Method, traduzida

para o português como Pegada Ecológica. No decorrer das últimas décadas, a

metodologia PE está se firmando com um método prático e popular e de

reconhecimento mundial (WACKERNAGEL; REES, 1996).

Segundo Wackernagel e Rees (1996), esse método consiste em um indicador

de sustentabilidade, que mede o impacto da humanidade sobre a Terra, e um

indicador da pressão exercida sobre o ambiente, que permite estimar, de forma

equivalente, a área de terreno produtivo necessária para sustentar o nosso estilo de

vida.

Podemos comparar esse método a um balanço ambiental dos recursos

efetivamente consumidos de forma per capita no planeta, ou seja, o tamanho da

degradação em função da pegada no meio ambiente pelo homem, a Pegada

Ecológica (PE), mundialmente conhecida como Ecological Footprint Method.

A primeira definição da Pegada Ecológica (PE) relacionada ao estudo dos

danos ambientais de uma cidade foi explanada em estudos no ano de 1990, para

representar a degradação ambiental, de acordo com os estudos de Chambers et al.

(2000). No início dos estudos, que envolviam a abordagem da PE, o método foi

utilizado para confrontar os dados coletados de planilhas de indicadores de

sustentabilidade, que aparentemente não correspondiam a uma relação direta de

consumo per capita, de cada indivíduo e em determinado local no planeta

(CHAMBERS et al., 2000).

Para terem reconhecimento científico, as variáveis escolhidas para a

realização do cálculo devem seguir as recomendações da metodologia da PE,

referenciadas como variáveis que tenham legitimidade no estudo ambiental sobre o

desenvolvimento sustentável. Essas variáveis também deverão ser organizadas na

formação de grupos de indicadores funcionais, ou seja, aqueles que melhor

expressam as mudanças constantes e metabólicas do ecossistema urbano em

estudo. Como exemplos dessas variáveis, citam o aumento da população humana,

as alterações de uso de cobertura do solo e o consumo de insumo, isto é, variáveis

relacionadas e envolvidas com as alterações ambientais locais e globais (BELLEN,

2005).

Desta forma, os indicadores podem expressar um estado de uma realidade

social ou ambiental, mas não é a própria realidade que está submetida às

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intervenções associadas ao estudo de grupos de indicadores associados. Ainda

referindo-se aos indicadores, mas em especial focado na dimensão social, Januzzi

declara tautologicamente, ou seja, de forma redundante, que um indicador social é

apenas indicador numérico e alerta que se deve evitar uma prática que vai se

tornando hábito: substituir o conceito indicado “pela medida supostamente criada

para operacionalizado, sobretudo no caso de conceitos abstratos e complexos”

(JANUZZI, 2002, p. 55).

Dentre os muitos indicadores de sustentabilidade, a Pegada Ecológica tem se

tornado um dos mais utilizados e difundidos mundialmente. A Rede Global da

Pegada Ecológica, entidade criada para promover a economia sustentável ao dar a

conhecer a Pegada Ecológica como uma ferramenta que permite medir a

sustentabilidade, juntamente com os seus parceiros, coordena a pesquisa,

desenvolve normas metodológicas e fornece bases de recursos aos tomadores de

decisões com o objetivo de ajudar a economia humana a funcionar dentro dos limites

ecológicos. Este indicador tem sido adotado por inúmeras entidades e

pesquisadores, tais como o Relatório Planeta Vivo 2006, da World Wide Fund for

Nature, e o Relatório de 2007 do Fundo para a População das Nações Unidas.

Portanto, o Método da Pegada Ecológica, como já referenciado por outros

autores, fundamenta-se no conceito de capacidade de carga de uma determinada

área de terras em estudo, onde determinada atividade humana se faz presente,

reforçando, assim, a ideia de introduzir essa forma de estudo ambiental na

sociedade, não importando o perfil dessa sociedade agente no contexto ambiental

em estudo, como: classe de componentes como população, matéria-prima,

tecnologia utilizada e a área equivalente de terra e/ou água (BELLEN, 2005).

Parâmetros estes também condizentes ao estudo de Wackernagel e Rees

(1996), que contribuem no entendimento da PE, concordando com a definição

apresentada sobre a metodologia do Ecological Footprint, isto é, que esta área

equivalente, ou em dimensão equivalente, deve ser apropriada para um ecossistema

e assegurar a sobrevivência de uma determinada população ou sistema nele

presente. Para que o método represente a apropriação dessa população sobre a

capacidade de carga total de um específico sistema, o ecossistema deve ser

delimitado por convenção do estudo da PE (WACKERNAGEL; REES, 1996).

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57

A parametrização de dados e a escolha de indicadores devem ser focadas

por categorias do espaço ecológico a serem utilizadas no cálculo da Pegada

Ecológica e são divididas como: categorias de terrenos (terras de cultivo, pastagens,

oceanos, florestas, terras de energia, área para a proteção da biodiversidade e

espaço construído) e categorias de consumo (alimentação, habitação, transporte,

bens de consumo e serviços). Cada categoria de consumo é convertida numa área

de terreno, que, em princípio, pode ser categorizada por meio de fatores de

produtividade ou rendimento conforme a categoria do terreno a ser dividida

(BELLEN, 2005)

Bellen (2005) também salienta que as diversas áreas obtidas na

categorização por seu uso, não representam necessariamente os verdadeiros usos

do solo, mas, antes, são resultantes do uso teórico do cálculo da pegada. Ou seja,

segundo o autor, a terra pode ter múltiplos usos no decorrer de um período ou ser

utilizada para mais de uma atividade simultaneamente, por exemplo, as terras

destinadas à geração de energia também podem ser utilizadas como áreas para

proteção da biodiversidade ou áreas de florestas.

No Brasil, a Metodologia da Pegada Ecológica ainda têm seus estudos

referenciados em pesquisas relativamente recentes, com ênfase em pesquisas

aplicadas sobre determinadas cidades brasileiras, datadas da última década para a

presente data.

Mesmo o Brasil ainda não tendo uma base de dados consistente quando

comparado com outros países, que há décadas acumulam uma diversificada base

de dados provenientes de estudo envolvendo a Metodologia da Pegada Ecológica, a

Pegada brasileira já é estudada. Segundo o Living Planet Report de 2006, da Wold

Wide Fund for Nature, em 2003, foi reconhecida em esfera internacional a primeira

aplicação da Metodologia da Pegada Ecológica sobre o Brasil. Nesse relatório, feito

com dados do ano de 2003 e tabulados em 2006, o Brasil representava 383 milhões

de hectares globais, o que correspondia a uma pegada ecológica per capita de 2,1

hectares globais; como a biocapacidade existente dentro das fronteiras do território

brasileiro era de 9,9 hectares globais per capita, havia, desta forma, em 2003, uma

reserva ecológica de 7,8 hectares globais per capita (Living Planet Report, 2006).

Com esses dados de 2003, podemos ter um marco referencial da Pegada

brasileira perante as demais nações do mundo e, também, usar esses dados para

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comparações em áreas determinadas em nosso território em especial, no caso em

estudo, a Pegada de Navegantes, em Santa Catarina. O marco referencial desse

relatório sobre a Pegada do Brasil, quando comparada com a Pegada mundial,

representava, em 2003, 14,073 bilhões de hectares globais, correspondendo a uma

pegada ecológica per capita de 2,2 hectares globais; contudo, o limite superior da

biocapacidade global é de 1,8 hectares globais per capita, havendo, portanto, um

déficit ecológico de 0,4 hectares globais per capita. Esse déficit é mostrado no

gráfico 1, que ilustra a tendência do aumento da Pegada Ecológica no planeta:

Gráfico 1: Tendência do aumento da Pegada Ecológica no planeta 1960 - 2003. Fonte: Releitura do autor com base no Living Planet Report (2008).

Já o gráfico 2 esboça a tendência do aumento da Pegada Ecológica no

planeta, no período de 1951 a 2100, com projeções de cenários de tendência. O

cenário de referência moderado no gráfico é resultado do cálculo da Pegada

Ecológica global, mas, de acordo com o Relatório Planeta Vivo, esse cenário de

elevação tendenciosa pode ser atenuado com ações imediatas por parte de todas as

nações no planeta.

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59

Gráfico 2: Projeção da tendência PE de 1951 a 2100. Fonte: Relatório Planeta Vivo, (WWF, 2009).

Como podemos observar nos dois gráficos elaborados com dados tabulados

com a Metodologia da Pegada Ecológica, fica evidenciado o crescente aumento de

nossa Pegada sobre a Terra, ou seja, estamos consumindo cada vez mais os

limitados recursos naturais de nosso planeta.

A incorporação do conceito da metodologia da PE em estudos acadêmicos e

a sua aceitação por muitos pesquisadores e ambientalistas, como indicador de

sustentabilidade de cidades ou países, deve-se, em parte, à forma gráfica e simples

de demonstrar os efeitos danosos de nosso modelo atual de desenvolvimento

econômico por índices comparativos. Assim, a metodologia da PE pode ter a sua

aplicabilidade em variadas escalas: em dimensão organizacional, individual, familiar,

regional, nacional e mundial (BELLEN, 2005).

Segundo Bellen (2005), a metodologia da PE pode ser utilizada para medir,

em variadas grandezas e escalas, o cálculo dirigido à Pegada do planeta ou focada

na Pegada de um só indivíduo a ser representado. Indivíduo que, em seu cotidiano,

é um agente impactante num determinado ponto no planeta, caracterizado por suas

opções enquanto consumidor, pela forma de deslocamento, pela quantidade de

resíduos que ele produz e até pelo tipo de alimentação que consome, implicando no

uso de uma determinada porção de recursos naturais.

A metodologia da PE, utilizando-se de determinados indicadores,

independentemente das ambiguidades dos dados e com índices referenciados de

forma diferente e ponderados com pesos distintos, quando comparados com

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indicadores globais, ainda é um referencial metodológico reconhecido, pois mantém

as suas características fundamentais como metodologia focada na contabilização

dos fluxos de matéria e energia existentes em uma região, cidade, Estado ou País,

convertendo-os, de maneira equivalente, em áreas de terra ou em porção de águas

produtivas (WACKERNAGEL, REES, 1998).

Assim sendo, a Pegada Ecológica é focada no cálculo da capacidade de

carga de uma região, na qual a principal questão é determinar a área de terra

necessária para suprir as necessidades de uma determinada população sem trazer

prejuízo ao ecossistema local. Permite estabelecer objetivamente os impactos das

relações de dependência entre o ser humano e suas atividades sobre o consumo

dos recursos naturais necessários para necessidade local. Os resultados dessas

relações de consumo versus população local nos possibilitam estimar as áreas de

terras e/ou águas suficientes para sustentar e manter o modelo atual sustentável.

(DIAS, 2002).

Desta forma, podemos prever que toda atividade exercida pelo homem sobre

a Terra demanda recursos do ambiente natural e, mesmo no mínimo utilizados para

a sua sobrevivência, reflete-se na degradação para o meio ambiente e na redução

de seus recursos naturais. Ambiente esse formado por diversos tipos de terras e de

densidade populacional variada, mas no qual cada porção deveria ter a finalidade de

atender às necessidades mínimas da população ali locada. Essas áreas, de maneira

geral, podem ser classificadas como áreas de cultivo, de pasto e de floresta. Quanto

maior o consumo de recursos e a geração de resíduos sobre uma determinada área

de terra, maior será o tamanho da pegada para sustentar este modelo de consumo.

Assim, com uma demanda crescente por consumo dos insumos da terra, maior será

a demanda por área de terras para manter esse modelo de consumo extrapolado ao

limite natural da Terra (DIAS, 2002).

Portanto, calcular a área necessária para suprir a demanda de um

determinado arranjo populacional, presume em considerar não apenas o número de

indivíduos presentes, mas também a dinâmica existente no espaço estudado, ou

seja, o desenvolvimento de tecnologias aplicadas localmente, a importação e

exportação de insumos, a quantidade consumida, a eficiência dos meios de

produção e a administração dos recursos naturais. Assim, a metodologia de se medir

o impacto ambiental também se caracteriza por um indicador de sustentabilidade

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ecológica de cidades ou países. A metodologia pode ser aplicada em várias escalas:

organizacional, individual, familiar, regional, nacional ou mundial (BELLEN, 2005).

Para Andrade (2006), o cálculo da Pegada Ecológica deve considerar alguns

referenciais preliminares e, entre eles, destaca:

a) a PE deve refletir a demanda das atividades humanas, enquanto a

biocapacidade representa o quanto os recursos naturais têm capacidade

de suprir. Eles podem ser comparados entre si, pois a área que resulta de

cada um deles está em unidades de produtividade global, o que permite a

comparação. Exemplo: quando a área demandada por uma determinada

população excede a capacidade de suporte da biocapacidade, tem-se um

déficit ecológico;

b) a PE deve considerar somente uma função, denominada de função

primária. Porém, uma área não pode ser contabilizada duas vezes, ainda

que ofereça mais de um tipo de serviço às atividades humanas. Exemplo:

em uma dada área, existe a plantação de árvores, para fornecer madeira

para produção de papel ou de energia, e um córrego, que fornece água

para a agricultura para outra unidade de terra; assim, deve-se considerar

apenas a área correspondente à plantação de florestas; e a água fornecida

para a agricultura é considerada no cálculo da área correspondente ao

cultivo de alimentos;

c) As comparações entre regiões em escala nacional e internacional deverão

ser realizadas utilizando uma unidade padrão de medida, pois cada região

possui um nível de produtividade diferente em função das condições

climáticas ou tecnologias disponíveis;

d) Os dados referentes ao consumo da população deveram constar em

organizações nacionais ou internacionais. Alguns países contêm

informações mais detalhadas do que outros, a disponibilidade de dados

sobre produção e consumo colabora para o resultado de uma Pegada

Ecológica mais completa e menos distorcida da realidade. Para a

determinação da PE de cidades ou regiões menores, deve-se procurar

utilizar dados locais ou regionais, no intuito de estar o mais próximo

possível da realidade local;

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e) A quantidade de recursos biológicos apropriados para o uso humano está

diretamente relacionada ao montante de área de terra necessária para a

regeneração desses recursos e para a assimilação dos resíduos gerados.

Já Bellen (2005) descreve que o cálculo da área apropriada por determinada

população deve variar de acordo com o número de itens escolhidos e a

disponibilidade de dados sobre o consumo e que, de maneira geral, pode-se resumir

o cálculo da Pegada Ecológica em quatro etapas:

a) calcular a área total apropriada, multiplicando o resultado do consumo total

pelo tamanho da população;

b) determinar ou estimar a área apropriada per capita para cada um dos

principais itens de consumo, dividindo o consumo anual per capita pela

produtividade média anual;

c) calcular a média anual de itens de consumo de dados agregados, como o

consumo de energia e de alimentos, dividindo o consumo total pelo

tamanho da população;

d) calcular a área da Pegada Ecológica média por pessoa somando as áreas

do ecossistema apropriadas por cada item de consumo de bens ou

serviços.

Com essas duas descrições e considerações sobre a aplicação do cálculo da

Pegada Ecológica feitas por Andrade (2006) e por Bellen (2005), podemos entender

que muitos itens de consumo podem ser definidos pelo pesquisador, cabendo a ele

escolher aqueles com maior demanda e aqueles que possuem disponibilidade de

dados suficientes para a realização dos cálculos. Evidentemente, para a melhor

clareza e exatidão no cálculo, devem ser utilizados os principais itens de consumo

do local a ser estudado, ou seja, aqueles itens que formam a maior pressão sobre os

recursos naturais locais.

Detalhando mais o entendimento sobre aplicação da PE, Andrade (2006)

explica que podemos trabalhar com itens relativos ao consumo de insumos, de

energia e de matérias já escolhidos de forma agrupada, delimitados dentro de cinco

principais categorias, a saber: a) alimentação: vegetais e carnes (boi, aves, peixes,

entre outros itens da alimentação); b) habitação: área construída (casa,

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apartamentos, entre outros itens para habitação); c) transporte: público ou privado;

d) bens de consumo: papel, máquinas, roupas, entre outros; e) serviços: bancos,

hospedagens, restaurantes, aeroportos, entre outros. Desta forma, a PE, ou seja, a

biocapacidade total de uma região se dá pela soma de todas as suas áreas

bioprodutivas e, assim, podemos quantificar quanto o consumo humano está

exigindo dos recursos naturais e demonstrar a extensão em que o meio ambiente

natural está sendo usado e agredido.

Dias (2002) complementa que o Método Pegada Ecológica “permite

estabelecer de forma quantitativa um diagnóstico dos resultados das atividades

humanas desenvolvidas junto ao socioecossistema e os custos em termos de

apropriações de áreas naturais para manutenção do seu terrametabolismo”.

Segundo o autor, o socioecossistema se refere às cidades e às suas áreas

urbanizadas e/ou produtivas dispostas em áreas produtivas e com capacidade de se

regenerar do decorrer da evolução urbana local.

A dinâmica do espaço urbano inserido no espaço natural é demonstrada na

figura 2, adaptada de Wackernagel e Rees (1998), que ilustra também a dinâmica da

interação entre o ecossistema natural e o ecossistema humano (artificial). As áreas

construídas, urbanizadas e de produção humana impõem à pressão “a Pegada”

sobre o ambiente natural, através do consumo gradativo do local e na geração de

resíduos de toxidade variada e letal para biodiversidade local e do planeta.

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Figura 2: Modelo da dinâmica da Pegada Ecológica. Fonte: Adaptado de Wackernagel e Rees, 1998 (apud PARENTE, 2007)

Os itens de consumo a serem escolhidos para o cálculo da PE são definidos

pelo pesquisador, ao interpretar e selecionar aqueles com representatividade, que

exercem maior pressão sobre o meio ambiente, como também indicadores que

estejam disponibilizados no período de estudo para a efetivação dos cálculos,

demonstrem o efetivo impacto local.

Nesse sentido, Wackernagel & Rees (1998) agruparam, dentro de cinco

categorias principais, os itens de consumo e itens que demandam consumo de

materiais e energia, dispostas em:

a) alimentação: vegetais e carnes (boi, aves, peixes, entre outros);

b) habitação: área construída (casa, apartamentos, entre outros);

c) transporte: público ou privado, automóveis particulares, entre outros;

d) bens de consumo: energia elétrica, água, papel, máquinas, entre outros;

e) serviços: coleta de lixo, aeroportos, entre outros.

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Com esses detalhamentos sobre aplicação da PE e a sua efetiva aplicação,

podemos obter a dimensão da utilização dos recursos naturais e de seus resultantes

excessos na utilização desses recursos sobre além do que as áreas bioprodutivas

podem suprir. Sendo possível estimar se a Pegada Ecológica ultrapassa a

biocapacidade, o que caracteriza a sobrecarga ambiental local chamada de

overshoot, ou seja, a região em estudo tem déficit ecológico (ANDRADE, 2006).

Em forma de equação, podemos fazer a seguinte relação do estudo feita por

diversos pesquisadores e, em destaque, por Bellen (2005) e Andrade (2006), no

quadro 7:

Quadro 7: Equação do saldo ecológico. Fonte: Organizado pelo autor com base em Andrade (2006, p. 46).

Podemos perceber, com os resultados obtidos na equação dada, que o saldo

ecológico com sinal negativo (-) indica biocapacidade maior que a Pegada

Ecológica, a ausência de déficit ecológico e a existência uma reserva ecológica de

biocapacidade produtiva. E quando o resultado na equação tiver o sinal positivo (+),

indicará a presença de déficit ecológico no sistema ou saldo ecológico negativo.

Como a Terra possui uma superfície aproximada de 51 bilhões de hectares,

um só hectare equivale a dez mil metros quadrados, porém apenas 11,2 bilhões são

áreas bioprodutivas. Esse montante de 11,2 bilhões, equivalente a 22% da

superfície total do planeta é o que nos é disponibilizado para suprir as demandas

das atividades crescentes da população mundial. Essa área vital ao

desenvolvimento humano pode ser ordenada e exemplificada de acordo com

Chambers et al. (2000) e Wackernagel & Rees (1998), como:

Saldo Ecológico (gha) = Pegada Ecológica (gha) - Biocapacidade (gha)

(gha) global hectare, unidade de biocapacidade total de uma região;

envolve a somatória de todas as áreas bioprodutivas da região em estudo.

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a) Território de disponibilidade limitada: essas áreas não são

contabilizadas no cálculo da Pegada Ecológica.

� áreas de biodiversidade: compreendem as florestas virgens com função

de proteger a biodiversidade (espécies animais e vegetais) e assimilar

as emissões de gás carbônico.

� áreas não produtivas: são aquelas que não possuem capacidade

produtiva para atender à demanda humana, por exemplo, os desertos e

as geleiras.

b) Território construído: são os ambientes construídos para habitação,

comércio, indústria, infraestrutura, jardins, vias de transporte e

hidroelétricas. Significa o consumo de terras bioprodutivas por construções,

existindo, simultaneamente, uma perda de território bioprodutivo naquela

área.

c) Território de energia: território apropriado pela utilização de energia fóssil.

Essa área corresponde ao montante de área necessária para a absorção

de gás carbônico (CO2) emitido pelo consumo de energia fóssil (petróleo ou

carvão).

d) Território terrestre bioprodutivo:

� terras cultiváveis para agricultura;

� áreas de pastagens;

� florestas para corte de madeira.

e) Área marítima bioprodutiva: mesmo que os oceanos ocupem dois terços

da superfície da Terra, equivalentes a 36 bilhões de hectares, só 300 km,

aproximadamente, da faixa costeira é utilizada na pesca comercial, o que

evidencia que na costa marítima é onde existe maior bioprodutividade.

Assim, o resultado do montante consumido de cada item demonstrado e a ser

definido no cálculo da PE por uma determinada população versus a área disponível

e delimitada pelo estudo determina o tamanho da Pegada Ecológica local. Deve-se

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considerar que a capacidade bioprodutiva pode se diferenciar de região para região,

em virtude de condições típicas locais de clima, de geologia e do nível de

desenvolvimento tecnológico voltado para a produção da obtenção dos insumos

materiais, enérgicos e de cultivo. A biocapacidade total de uma região se dá pela

soma de todas as suas áreas bioprodutivas, de acordo com os autores estudados

Bellen (2005) e Andrade (2006).

A comparação entre a biocapacidade presente em uma determinada região e

os resultados obtidos da metodologia da Pegada Ecológica dessa região

determinam, em índices, o consumo da população local. Tais índices exprimem a

pressão da presença humana residente na região em estudo, ou seja, mede-se, de

forma equivalente e relativa, o quanto uma região está sendo exigida

ambientalmente (BELLEN, 2005).

Nesse sentido, podemos entender que a Pegada Ecológica apresenta uma

abrangência na escolhas de indicadores locais a serem utilizados no cálculo da PE e

que também possui limitações, pois a realização do cálculo deve englobar o máximo

de itens e de variáveis disponíveis, demandando, assim, a necessidade de uma

série de dados de consumo e produtividade, além de requerer cálculos para a

padronização dos resultados. Os pesquisadores do WWF, em seu trabalho intitulado

Holiday Footprinting: a pratical tool for responsible tourism, relatam que a ferramenta

descreve somente os impactos ambientais. Entretanto, o método pode ajudar a

sociedade a enxergar melhor o sistema onde ela opera e quais são as suas

principais restrições, orientando a política e monitorando o progresso, na busca

dasustentabilidade em todas as suas dimensões (WWF, 2010).

Outros estudiosos apontam a deficiência do método em mostrar a dinâmica

das condições de mudança, uma vez que a ferramenta retrata o estado atual de um

sistema. Mesmo assim, no uso de séries temporais, a Pegada Ecológica pode

revelar a dinâmica das mudanças presente no sistema. Um exemplo disso é a

publicação do relatório Living Planet Report 2006, que apresenta a Pegada

Ecológica de mais de cem países e demonstra a variação que o consumo de

recursos naturais sofreu desde a década de 60, a diferença na apropriação de terras

bioprodutivas entre as nações e quais os recursos mais demandados pelas

atividades humanas.

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BRASIL

De acordo com os estudos realizados e fundamentados nessa pesquisa,

aplicada na Região do Município de Navegantes em SC, a Metodologia da Pegada

Ecológica é uma ferramenta metodológica aplicável não só para determinar a

Pegada Ecológica local, mas também será útil como referência para outros estudos,

nos quais também se fez a utilização da PE. O desempenho ambiental local de

Navegantes poderá ser comparado relativamente a outros municípios do Estado de

Santa Catarina, como também a outros municípios do Brasil, estudados e a serem

estudados, com aplicação da metodologia da PE.

No desenho abaixo, figura 3, uma ilustração adaptada pelo autor dessa

pesquisa, que demonstra a dimensão comparativa dos resultados depois do cálculo

da Pegada Ecológica em Navegantes, em Santa Catarina e no Brasil.

Figura 3: Dimensão da Pegada Ecológica de Navegantes. Fonte: Esboçado pelo autor sobre mapas do IBGE, (2008).

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3 METODOLOGIA

Essa pesquisa possui um enfoque exploratório, utilizando o estudo de caso

único, com uma abordagem quantitativa, cujo objetivo geral é orientado no estudo na

análise dos impactos ambientais no ano de 2005 e 2009, em Navegantes. Na

análise descritiva, o estudo e a coleta de dados são focados no período

compreendido de janeiro a dezembro do ano de 2005 e o período de janeiro a

dezembro de 2009.

De acordo com Triviños (1987), os estudos exploratórios permitem ao

pesquisador aprimorar seus conhecimentos e suas experiências em função da

imersão no estudo de determinado problema em curso, partindo de pressuposta

hipótese e do aprofundamento no foco de uma realidade específica, fundamentação

apropriada, conhecimento planificado, confluindo ao planejamento da pesquisa

descritiva ou de tipo experimental.

Conforme apontam Gil (2002) e Lakatos (2002), a metodologia de pesquisa

descritiva é um tipo de pesquisa que objetiva a descrição das características de

determinada população e busca estudar as especificidades de um grupo

(distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade e indicadores

socioambientais). Assim sendo, a pesquisa descritiva se molda perfeitamente ao

objetivo deste trabalho, visto que é desenvolvida através da observação de um

problema envolvendo uma população e dados relacionados à região em foco no

estudo.

No sentido prático da pesquisa, optou-se por um estudo de caso

caracterizado por um aprofundamento dos temas correlacionados aos objetivos

específicos. A pesquisa foi direcionada para responder o problema formulado em

função do estudo de caso de Navegantes, considerando, também, os temas

correlatos ao objeto do estudo. Portanto, ao responder o problema geral formulado

pela pesquisa, o objeto de estudo, quanto ao aspecto dos procedimentos

metodológicos leva o pesquisador a perceber o fenômeno envolvido no estudo, com

melhor compreensão dentro de seu contexto, quando analisado numa perspectiva

integrada. Para tanto, o pesquisador vai a campo captar o fenômeno de estudo, para

que possa estabelecer os elementos componentes e as relações existentes entre

eles (GODOY, 1995).

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Para Chizzotti (1995), as pesquisas com enfoque em estudo de caso supõem

três fases: 1ª - exploratória: o caso em estudo deve ser uma referência significativa

para merecer a investigação; 2ª - delimitação do caso: que visa a reunir e a

organizar um conjunto comprovado e selecionado de informações. 3ª - a

organização e redação do relatório, que poderá ter um estilo narrativo, descritivo ou

analítico.

A investigação proposta, complementada nos procedimentos metodológicos,

foi delineada para:

a) sistematização da metodologia de cálculo utilizada pelos autores

Wachernagel e Rees (1996) e Bellen (2005);

b) descrição do estudo de caso no contexto metodológico do Método da

Pegada Ecológica, como também explaná-la de forma gráfica e lúdica com

gráfico simples;

c) coleta e análise dos dados em fontes governamentais e organizações não

governamentais (ONGs), todas de fidedigno conhecimento;

d) interpretação e comparação de dados obtidos nos estudos delimitados ao

estudo de caso na Região do Município de Navegantes e avaliar a

aplicação do Método da Pegada Ecológica.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa caracterizou-se como um estudo de natureza descritiva,

porque sua orientação metodológica está voltada para coletas de dados e de

informações sobre o objeto do estudo; as observações, os registros e as análises

são descritos sem a deturpação dos fatos correlacionados à pesquisa. Gil (1991)

complementa que as pesquisas de forma descritiva são as mais apropriadas aos

estudos sociais, porque mostram a capacidade de descrever fatos do cotidiano de

uma forma mais prática.

Com o foco do estudo dirigido para a questão ambiental na cidade de

Navegantes, a pesquisa definiu-se em forma descritiva, com exatidão dos

fenômenos da realidade local estudada, através da coleta seletiva de indicadores

apropriados ao estudo. Descrevendo as características quantitativas da população

local e estabelecendo relações entre os demais indicadores também relacionados à

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pesquisa, o trabalho se caracteriza pelo enfoque descritivo também por envolver o

uso de metodologias apropriadas de coleta e de análise dos dados organizados por

categorias. (GIL, 1991).

Segundo Gil (1991), a pesquisa também se caracteriza como exploratória por

explanar e detalhar o conhecimento envolvido no problema de estudo, com o

suporte de pesquisas bibliográficas relacionadas. A forma exploratória do estudo

proporcionou uma maior familiaridade com as informações estudadas na região e

sobre o local do estudo. Além disso, o trabalho motiva o surgimento de

questionamentos e de hipóteses sobre o problema estudado (SILVA e MENEZES,

2001).

Para Chizzotti (1995, p. 104), a pesquisa exploratória tem, como função geral,

“provocar o esclarecimento de uma situação para a tomada de consciência”. Assim

sendo, a pesquisa exploratória é um método norteador para o pesquisador

descrever, desenvolver e modificar conceitos e ideias, que vão corroborar a

formulação de novos conceitos, os quais, por sua vez, poderão servir de base em

futuros estudos.

Para Gil (1991), a pesquisa científica também pode ser classificada em quatro

fatores voltados ao estudo: quanto aos objetivos propostos, quanto à forma de

abordagem aplicada, quanto à natureza da pesquisa e quanto aos procedimentos

metodológicos adotados.

A pesquisa buscou o levantamento analítico de fatores multidisciplinares,

como índices geográficos, econômicos, sociais e ambientais, referenciados no

contexto pós-instalação de dois grandes referenciais de investimento, que

impactaram diretamente o desenvolvimento da região de pesquisa, o estaleiro

Navship e o porto Portonave.

Os dados de coleta em campo e os parâmetros socioeconômicos foram

fundamentados com dados econômicos, sociais e ambientais atualizados e que

estavam disponíveis nas bases de dados de organizações governamentais. Esses

dados foram obtidos, selecionados, analisados dos estudos e de censos de órgãos

como: 1IBGE, IBAMA, CASAN, CELESC, PMN (Prefeitura Municipal de

1 São pesquisados nos sites oficiais do IBGE, FATMA, IBAMA, CASAN, CELESC, PMN (Prefeitura Municipal de Navegantes), SDR-N (Secretária de Desenvolvimento Regional Navegantes), e outros órgãos que disponibilizam dados atualizados sobre a região de pesquisa.

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Navegantes), SDR-N (Secretária de Desenvolvimento Regional - Navegantes),

indicadores e índices norteados no município objeto da pesquisa.

O estudo proposto envolveu a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental

e a pesquisa in loco no município estudado. A pesquisa bibliográfica permite a busca

dos fundamentos conceituais, bem como é a base para a caracterização e

identificação das informações sobre indicadores pesquisados. Por outro lado, a

pesquisa documental dos dados socioeconômicos e ambientais foi validada por

documentos oficiais, relatórios ambientais de empresas e dados de órgãos oficiais

competentes.

A coleta de dados sobre os indicadores foi realizada na esfera administrativa

de órgãos ambientais, na Prefeitura Municipal de Navegantes e em outras entidades

governamentais inseridas no contexto em estudo.

A execução das pesquisas bibliográficas e documentais fundamenta-se na

consulta em fontes de dados das entidades governamentais e empresas inseridas

na pesquisa de campo e também na consulta de artigos em periódicos, em revistas

e fontes de estudo disponíveis na Internet, bem como em documentos

administrativos existentes no acervo público da prefeitura de Navegantes.

A pesquisa delimitou, como área de estudo, o município de Navegantes e

referencia os dados com os indicadores de sustentabilidade e índices de âmbito

regional, estadual e nacional.

A análise de dados coletados e selecionados, em decorrência da opção por

uma pesquisa norteada por uma metodologia específica, adota procedimentos

rigorosos para sua organização e interpretação. Durante todo o processo

investigativo e de análise de dados, o foco mais geral era o estabelecimento de

relações e dos seus significados, que permitiam a construção de interpretações e de

novas questões sobre o tema. Isto posto, organiza-se os dados obtidos em relatórios

que expressem o entendimento sobre o estudo deste caso. (Silva; Menezes, 2001).

No enfoque quantitativo, nos grupos de dados coletados e selecionados para

o estudo e de acordo com a metodologia da Pegada Ecológica, destacam-se: o

crescimento da população, as alterações de uso e de cobertura do solo, o consumo

de energia elétrica, água potável, indicadores esses ligados ao aumento da pressão

sobre os recursos naturais. A medida das alterações de uso e de cobertura do solo

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pela expansão física do município de Navegantes foi feita de forma empírica a partir

de imagens de satélites e de mapas da região em estudo.

Segundo Bastos et al. (2000, p. 29) “o elemento básico de uma boa

metodologia consiste em um plano detalhado de como alcançar o(s) objetivo(s),

respondendo às questões propostas”. Sugerem, para tal, identificar os seguintes

pontos na estruturação dos procedimentos metodológicos: população e amostra,

instrumento de medida, coleta de dados, tratamento e análise dos dados e

limitações do método. Essa sugestão foi acatada, passando-se ao estudo da

população e da amostra nas linhas seguintes.

A pesquisa se orientou na prospecção de indicadores de sustentabilidade que

possibilitassem uma plena análise da realidade local, organizados e classificados de

acordo com o método do Ecological Footprint Method. Esses dados, a posteriori,

tabulados com os indicadores do período de 2005 e do período de 2009, dados

referentes ao período de instalação e do pleno funcionamento dos dois maiores

investimentos empresariais da região.

Com as atuais tecnologias disponíveis na coleta de dados e disponibilizados

por diversos órgãos governamentais, como IBGE, IBAMA, CELESC, CASAN, entre

outros, a pesquisa de campo agrega mais variáveis e com maior precisão,

mostrando a necessidade de se estudar simultaneamente os dados sociais,

econômicos e ambientais inseridos no município de Navegantes. Isto posto, buscar-

se-á conclusões baseadas em conhecimentos multidisciplinares.

Dentro deste contexto, visando a contribuir para a formação de uma base de

conhecimento da situação ambiental no local de pesquisa é que se caracteriza o

cenário e objeto de estudo de caso nesta dissertação de mestrado.

Por se tratar de uma pesquisa de caso único, de natureza

predominantemente quantitativa, permitiu-se a utilização de vários métodos

exploratórios, como também contemplou-se o estudo e a aplicação de uma

metodologia reconhecida e apta para estudo de caso, o Ecological Footprint Method,

aplicado com ferramenta metodológica.

No contexto da pesquisa, a coleta de dados está orientada precisamente em

dois anos específicos, no período compreendido entre os 12 meses dos anos de

2005 e de 2009. A decisão de fazer a coleta em dois períodos de um ano visa a

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atender à metodologia do Ecological Footprint Method, a fim de se obter dois marcos

de referência para o cálculo da Pegada Ecológica da região em foco.

Os anos de 2005 e 2009 foram selecionados pelo pesquisador em função do

estudo em campo, que revelou esses dois períodos como as datas de implantação

de grandes empresas na região e das suas posteriores mudanças no cenário social,

econômico e ambiental no município.

Em relação à população e à amostra, o estudo se limitou a pesquisar os

indicadores relacionados ao município de Navegantes, que considerou apenas os

dados, as informações e as estatísticas disponibilizadas em órgãos governamentais

e privados e organizações não governamentais, atendendo, assim, ao pré-requisito

da metodologia aplicada e viabilizando o estudo de caso, com a melhor mensuração

dentro do possível, não desprezando a confiabilidade e a precisão dos dados

coletados.

Na aplicação do Método da Pegada Ecológica, Ecological Footprint Method,

não é definida a quantidade exata de indicadores necessários para o seu cálculo,

propõe-se a utilização de um número relativamente possível dentro da realidade do

cenário de estudo. No estudo em Navegantes, foi possível obter apenas cinco

categorias de indicadores: população estimada no ano de 2005 e no ano de 2009,

energia elétrica consumida no ano de 2005 e no ano de 2009, água consumida no

ano de 2005 e no ano de 2009, emissão de esgotos estimada no ano de 2005 e no

ano de 2009, quantidade de resíduos sólidos gerados no ano de 2005 e no ano de

2009. Além disso, por estimativa fotográfica por imagens de satélite, a medida

aproximada da evolução das áreas ocupadas no município de Navegantes é a

comprovação da taxa de crescimento urbanizado. Os demais indicadores previstos

para aplicação da metodologia, não foram comentados nesse estudo porque não

puderam ser coletados, pois não estavam documentados e nem possuíam histórico

em quaisquer fontes consultadas e pesquisadas.

3.2 COLETA DE DADOS

Todos os dados coletados e selecionados foram analisados com a ferramenta

metodológica da PE sobre os seguintes itens: censo da população, água consumida,

energia elétrica consumida e áreas bioprodutivas dispostas em Navegantes.

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Os critérios utilizados para a escolha dos indicadores empregados no método

da Pegada Ecológica, Ecological Footprint Method, foram os seguintes: a) ser

significativo em relação à sustentabilidade de Navegantes; b) ser relevante

politicamente; c) revelar tradução fiel e sintética da preocupação; d) permitir a

repetição das medições no tempo; e) permitir um enfoque integrado; f) apresentar

mensurabilidade de tempo, de custo necessário e de viabilidade para efetuar a

medida; g) ser de fácil interpretação; h) apresentar uma metodologia de medida bem

determinada e transparente; e, i) estar no grupo de indicadores reconhecidos por

diversas organizações governamentais e não governamentais (BELLEN, 2005).

Dessa forma, na realização desta pesquisa, nenhum indicador foi adicionado

de maneira aleatória, sem ser previsto no método utilizado, sendo retirados aqueles

que não se aplicam ao caso de Navegantes, ou que foram impossíveis de serem

obtidos de forma precisa e confiável para o estudo.

Os indicadores selecionados foram classificados conforme a disponibilidade

de acesso e de coleta nas fontes de pesquisa acessada. De todos os indicadores

propostos pelo método, apenas quatro referentes aos anos específicos de 2005 e

2009 foram coletados com precisão, possibilitando, assim, calcular a Pegada de

Navegantes, fato ocorrido em função da dificuldade de se encontrar os dados, como

já exposto anteriormente.

Os dados para os indicadores do município de Navegantes foram coletados e

verificados pessoalmente, de forma direta e indireta, segundo classificação de

Toledo e Ovalle (1985). De acordo com esse autor, a forma direta refere-se à

obtenção do dado diretamente da sua fonte, enquanto a indireta é a obtenção por

meio de inferências feitas a partir de elementos conseguidos de forma direta, mas

que precisam ser classificados para adequações à metodologia aplicada. Os dados

também podem ser classificados como diretos de coleta ocasional, por terem sido

colhidos de acordo com as disponibilidades ocasionais, e como indiretos por

avaliação, obtidos indiretamente a partir de dados confiáveis.

Ainda de acordo com Toledo e Ovalle (1985, p. 43), que definem coleta de

dados como “a obtenção, reunião e registro sistemático dos dados, com um objetivo

determinado”, a classificação dos dados pode ser feita em dados primários e dados

secundários. Os primários se relacionam aos dados publicados ou comunicados pela

própria pessoa que os tenha recolhido em fonte própria ou em campo; e os dados

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secundários são aqueles publicados ou comunicados por uma organização.

Podemos, assim, exemplificar os dados obtidos nas tabelas do Censo Demográfico,

que, neste caso, são classificados como dados primários.

Dessa forma, os indicadores para o município de Navegantes foram

consultados e obtidos de fontes primárias, como o IBGE, a CASAN, a CELESC, a

RECICLE, as Secretarias Estaduais e Regionais Ltda; e obtidos em fontes

secundárias por relatórios, sites oficiais da Internet de organizações governamentais

e não governamentais, mas reconhecidas academicamente, em nível mundial.

Quanto ao tempo para a coleta, não foram delimitados data ou período

específico, por serem dados referentes ao período de tempo recente, no qual a

coleta foi realizada na medida do possível acesso aos dados. Por Navegantes ser

uma cidade relativamente nova, devido às transições políticas, à implantação da

terceirização de alguns serviços na cidade, como também ao fato da prefeitura não

disponibilizar de um banco de dados atualizado e acessível, culminou em um retardo

na coleta de dados. Fato comprovado em visitas in loco e em diversos órgãos no

município de Navegantes e em Florianópolis, em sedes de empresas e de órgãos

governamentais de esfera estadual. Essas visitas comprovaram a dificuldade no

acesso a alguns dados, e até se confirmou a impossibilidade da coleta de alguns

dados solicitados ou de históricos referentes aos anos relacionados a esse estudo.

Para atender à necessidade da pesquisa por dados referentes à temática do

estudo de caso, foram consultados diversos órgãos públicos e entidades, algumas

delas, privadas. Os dados foram obtidos em visitas in loco em algumas entidades

localizadas em Navegantes e em Secretarias de Estado situadas em Florianópolis, e

também foi realizada a coleta de dados através do seus endereços eletrônicos e por

telefone, quando possível. Nas visitas in loco e por correspondência eletrônica, a

prospecção dos dados necessários foi realizada através de entrevista focada no

indicador correspondente a cada entidade consultada.

Entre as entidades consultadas, de diversas formas se destacam:

CASAN – Companhia Catarinense de Águas e Saneamento –

Departamento de Planejamento.

CELESC – Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A.

CIDASC – Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de

Santa Catarina.

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77

DAE – Departamento de Água e Esgoto - Navegantes

DEINFRA – Departamento Estadual de Infraestrutura.

DETRAN/SC – Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina.

EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural

de Santa Catarina.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

INFRAERO – Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária –

Aeroporto Internacional de Navegantes.

PMN – Prefeitura Municipal de Navegantes.

PORTONAVE – Portonave S/A. Terminais Portuários de Navegantes.

RECICLE – Recicle Catarinense de Resíduos Ltda. – Brusque e

Navegantes.

SDR-I – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional –

Itajaí.

3.3 A METODOLOGIA DO ECOLOGICAL FOOTPRINT APLICADA EM

NAVEGANTES

A metodologia da Pegada Ecológica é fundamentada com base no conceito

da mensurabilidade de carga em um território determinado, porém, de maneira

inversa ao conceito usual. Ou seja, nesse método, o cálculo principal é determinado

em função da área de terra necessária para suprir as necessidades de uma dada

população, sem prejuízo ao ecossistema local, e não a quantidade de pessoas que

determinada área admite sem prejudicar o meio ambiente natural. Dessa forma, a

determinação da pegada em Navegantes considerou todos os indicadores descritos

anteriormente, em um cenário temporal de dois anos pontuais, distanciados no

tempo a fim de se ter uma evolução nos indicadores (BELLEN, 2005).

A definição da área necessária para atender a um determinado sistema

populacional urbano implica em considerar não apenas o número de indivíduos

presentes, mas a dinâmica existente no território em estudo, isto é, o nível de

consumo, o desenvolvimento tecnológico, a importação e exportação de produtos, a

eliminação de espécies concorrentes, a eficiência da produção e a administração

dos recursos naturais. Essa ferramenta tem sido constantemente utilizada por

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pesquisadores e ambientalistas como um indicador de sustentabilidade ecológica de

cidades ou países. Porém, a metodologia pode ser aplicada em várias escalas,

organizacional, individual, familiar, regional, nacional ou mundial.

O cálculo da área conveniente para atender às necessidades de uma

determinada população varia de acordo com o número de itens escolhidos no estudo

e com a disponibilidade de dados sobre o consumo destes. De forma objetiva,

resume-se em quatro etapas o cálculo da Pegada Ecológica, conforme descreve van

Bellen (2005), exposto no quadro 8:

Principais etapas do cálculo Pegada Ecológica

1

Calcular a média anual de itens de consumo de dados agregados, por

exemplo, consumo de energia e de alimentos, dividindo o consumo total pelo

tamanho da população;

2

Determinar ou estimar a área apropriada per capita para cada um dos

principais itens de consumo, dividindo o consumo anual per capita pela

produtividade média anual;

3 Calcular a área da Pegada Ecológica média por pessoa, somando as áreas do

ecossistema apropriadas por cada item de consumo de bens ou de serviços;

4 Calcular a área total apropriada, multiplicando o resultado da etapa anterior

pelo tamanho da população.

Quadro 8: Principais etapas do cálculo Pegada Ecológica. Fonte: Bellen, 2005 e organizado pelo autor.

Sobre os itens de consumo, a coleta, a escolha e a seleção ficaram ao

encargo do pesquisador, em função de avaliação e de estudo em campo, dedicando

parte de sua pesquisa para criar critérios na escolha de indicadores com maior

demanda, isto é, que exercem maior pressão sobre o meio ambiente, e aqueles que

possuem disponibilidade de dados suficientes para a realização dos cálculos.

Em relação aos itens de consumo, podem-se somar, também, os

esclarecimentos feitos nos estudos de Wackernagel e Rees (1998), que organizaram

os itens de consumo dentro de cinco categorias principais, expostos no quadro 9:

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Categorias

principais Itens de consumo

a) Alimentação Vegetais e carnes (de boi, carneiro, aves, peixes);

b) Habitação Área construída (casa, apartamentos);

c) Transporte Público ou privado;

d) Bens de consumo Papel, máquinas, roupas, entre outros;

e) Serviços Bancos, hospedagens, restaurantes, aeroportos, entre outros.

Quadro 9: Principais Categorias de Itens de Consumo. Contudo, só alguns dados de consumo foram utilizados, de acordo com a sua disponibilidade.

Fonte: Wackernagel; Rees 1998 e organizado pelo autor.

A coleta e seleção por item de consumo a posteriori foram determinantes no

cálculo da Pegada Ecológica Local, que tem, como unidade de medida, o hectare

global (gha). Essa unidade corresponde a um hectare de espaço biologicamente

produtivo com a referência no hectare global, que representa a produtividade média

mundial. No hectare global, a produtividade não é referenciada em uma taxa de

produção de biomassa, como acontece nos indicadores de produtividade primária

líquida, que, nesse caso, descreve a habilidade inerente de suportar a produção

agrícola e, consequentemente, o sustento de uma população delimitada. A

produtividade em relação ao hectare global é uma grandeza que quantifica o

potencial de alcançar a produção agrícola máxima, a um nível específico

(WACKERNAGEL; REES, 1998).

Portanto, a aplicação do referencial em hectares globais na Pegada Ecológica

é de fundamental importância, no sentido de permitir a comparação das partes que

compõem o cálculo da Pegada e/ou da biocapacidade de diferentes países, os quais

têm aspectos próprios e características únicas em relação às áreas para cultivos,

pastagem, florestas e zonas de pesca. O método da pegada pode utilizar dois

fatores para converter cada uma das áreas biologicamente produtivas dos países, de

hectares (ha) a hectares globais (gha), que são, respectivamente, o fator de

equivalência e o fator de rendimento (WWF, 2010).

Os fatores de equivalência podem ser descritos como indicadores de

referência, que representam a produtividade potencial média global de um

determinado espaço bioprodutivo em relação à produtividade média global de todas

as áreas bioprodutivas contabilizadas. De acordo Monfreda et al. (2004), um espaço

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destinado especialmente ao cultivo é mais produtivo do que uma área de pastagem

e, logo, deve ter um fator de equivalência diferenciado, no caso, deve ser maior.

Já os fatores de rendimento expressam a intensidade da produtividade que

tem um território com uma determinada área, quando comparado com a média

global para a mesma categoria de uso, por exemplo, cultivo de cereais, pastagens,

florestas, etc. Esses fatores de rendimento locais devem ser comparados

seletivamente aos indicadores nacionais e estes, aos globais, disponibilizados pela

Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas – FAO –, para que

possam ser referenciais de estudos no desenvolvimento de políticas eficazes de uso

de solo e do desenvolvimento sustentável local (WWF, 2010).

Para o cálculo da Pegada Ecológica no que se refere ao consumo, método

este aplicado ao estudo de caso, é necessário considerar o fluxo de consumo,

produção e trocas que ocorre no local delimitado como objeto de estudo. Dessa

forma, considera-se a seguinte equação, já citada por Bellen (2005) exposta no

quadro 10:

Quadro 10: Cálculo Consumo Aparente.

Fonte: Bellen (2005).

De posse dos itens de consumo coletados e classificados, aplicando-se a

equação do consumo aparente, é possível obter-se uma avaliação do que ocorre em

termos de utilização dos recursos naturais locais, inclusive com o envolvimento de

dados da localidade em estudo, em termos dos recursos que importa de outros

locais e dos recursos que exporta para outros locais, estes também considerados no

cálculo de consumo. Este enfoque por componentes também pode ser indicado para

análises locais, regionais e de organizações (BELLEN, 2005).

A Pegada Ecológica como metodologia aplicada ao estudo dos impactos do

desenvolvimento das cidades foi descrita detalhadamente por Wackernagel e Rees

(1996). Com este escopo metodológico, é calculada a Pegada Ecológica usando

dados nacionais agregados (produção e produtividade) e dados referentes ao

comércio internacional (importações e exportações). Estes dados agregados podem

Consumo Aparente Local (=) Produção (+) Importação (-) Exportação

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representar a absorção e a demanda de recursos no território de estudo, mas as

demais informações sobre o uso final de cada um deles não se faz necessário. No

caso do estudo em Navegantes, as informações sobre a quantidade total consumida

no período determinado dos anos de 2005 e de 2009 foram prioritárias na coletas,

quando disponíveis.

Para o cálculo de conversão da quantidade consumida de cada item

selecionado em unidades de áreas, referente a um determinado período de estudo,

é necessário equacionar as variáveis conforme o tipo de item e de sua grandeza.

Com base em Wackernagel e Rees (1998), pode-se usar a sequência apresentada

no quadro a seguir.

Quadro 11: Equações do consumo e conversão da quantidade consumida Fonte: Wackernagel; Rees (1998) e organizado pelo autor.

3.4 ETAPAS DO CÁLCULO DA PEGADA POR ITEM DE CONSUMO

Para calcular a Pegada, foi necessário selecionar as categorias por item de

consumo, que foram analisadas considerando-se a sua representatividade para

projeção da Pegada Local. Entre os itens de consumo selecionados representativos

referentes aos anos de estudo de 2005 e de 2009, destacaram-se os itens: energia

elétrica consumida, água tratada consumida e a quantidade de resíduos sólidos

produzidos no território de Navegantes. E cada uma dessas categorias foram

classificadas e organizadas em tabelas de cálculo próprias para cada item de

CÁLCULO DE CONVERSÃO DA QUANTIDADE CONSUMIDA

Etapa

Consumo per capita anual = Quantidade consumida pela população (GJ/ano) População total

Etapa

Consumo per capita (GJ/per capita/ano) = Tot. hect. necessários per

capita/ano Fator de conversão ou produtividade média anual (GJ/ha/ano)

Fator de conversão ou produtividade anual (GJ/ha/ano) = GigaJoule por

hectares/ano. GigaJoule (GJ) = 1 MegaWatt (MWh)

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consumo, onde os valores anuais totais de cada item foram tabulados de acordo

com as conversões determinadas na metodologia da PE.

Para a determinação da Pegada Ecológica no estudo, também foram

considerados e classificados por categorias, os itens de consumo, mesmo quando

estes não tinham a geração ou a produção sediada no território do estudo, como no

caso do item de energia elétrica. Neste caso em especial, a fonte produtora ou

geradora de energia não está localizada no território da região em estudo, e sim em

usinas instaladas por todo o território brasileiro. Contudo, a análise desse item de

consumo pode quantificar a área equivalente, em Navegantes, necessária à

produção de energia suficiente para suprir a demanda de energia em seu domínio

territorial.

3.4.1 Item - Energia Consumida

Para o cálculo da PE referente ao consumo de energia elétrica, foi necessário

transformar os dados, disponibilizados em Kw/h para Gigajoules, referentes ao

período em estudo. Já a Pegada Ecológica é representada em hectares. No cálculo

do consumo de energia, foi aplicada a relação de que um hectare absorve a emissão

de CO2 proveniente do consumo de 100Gj de energia (WACKERNAGEL; REES,

1996).

Neste item de consumo, energia elétrica, a confiabilidade da fonte de coleta e

a precisão dos dados se destacaram, o que possibilitou a análise comparativa

referente ao período de 2005 e 2009.

3.4.2 Item – Água Consumida

Em relação à coleta e ao cálculo da pegada do consumo de água, foi

considerada, como parâmetro, toda água consumida no território do Município de

Navegantes em metros cúbicos totais por ano. O sistema de abastecimento de água

do município de Navegantes, desde dezembro de 2005, é operado pelo

Departamento de Água e Esgoto – DAE. Esse órgão público é subordinado à

Prefeitura Municipal de Navegantes, que atualmente é responsável pelo

fornecimento da água tratada para cerca de 94,40% da população. Antes de 2005,

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83

os serviços eram operados pela CASAN – Companhia Catarinense de Águas e

Saneamento (PMN, 2010).

O acesso à água tratada é um dos itens fundamentais para a melhoria das

condições de saúde e higiene de uma determinada população e, quando

confrontada com outros indicadores socioeconômicos e ambientais, incluindo outros

serviços de saneamento, saúde, educação e renda, pode ser considerado um

indicador importante de desenvolvimento sustentável (BELLEN, 2005).

Ao contrário da disponibilidade aos dados do consumo de energia elétrica,

que são precisos, acessíveis e que representam o fiel consumo de energia da

totalidade da população, o item consumo de água, quando não acessível em fontes

primárias, pode ser representado por estimativas. A água potável fornecida a uma

determinada população pode ser representada por um índice de abastecimento

reconhecido, que pode expressar a parcela da população com acesso adequado ao

abastecimento de água. Sendo este um indicador importante para a caracterização

básica da qualidade de vida da população, servindo de referencial para a avaliação

das políticas públicas de saneamento básico e ambiental (DAE, 2010).

O método de cálculo do indicador de água em função de índices (IBGE, 2010) é:

Quadro 12: Indicador de água em função de índice estimado. Fonte: DAE, 2010; IBGE, 2010.

O índice de coleta de esgoto em função do total de população refere-se a um

indicador muito importante, tanto para a caracterização básica da qualidade de vida

da população residente em um território quanto para servir de referencial para

avaliação das políticas públicas de saneamento básico e ambiental. (DAE, 2010).

Este indicador expressa, em percentuais, a relação entre o total de

população, urbana e rural, que dispõe de acesso adequado aos serviços de

esgotamento sanitário e o total da população urbana e rural.

IA =

População Urbana dos Municípios Atendida com Abastecimento de Água

População Urbana Atendida com Abastecimento de Água

(%)

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Quadro 13: Índice de coleta de esgoto em função do total de população. Fonte: DAE, 2010; IBGE, 2010.

Atualmente, grande parte da população residencial não é atendida pela rede

de esgoto do município de Navegantes, mas a grande parte das residências só

possui um tratamento individual dos esgotos sanitários por fossas cépticas e filtros

simples, como exposto na tabela 1:

Tabela 1: Distribuição percentual dos domicílios com tratamento de esgoto

Esgotamento Sanitário Coletivo x Esgotamento Sanitário Individual

Famílias Habitantes % Atendida

Tratamento Esgoto Coletivo 0 0 0,00%

Tratamento Esg. Individual

Fossa e filtro

11.101,00 41.073,7 86,54%

2005 2009

Fonte: DAE, 2010.

A tabela apresenta a distribuição percentual dos domicílios particulares

permanentes, por situação do domicílio e tipo de esgotamento sanitário no município

de Navegantes. Os dados foram pesquisados pelo autor no DAE, Departamento de

Água e Esgoto de Navegantes, e utilizados como base de referência para a escolha

dos indicadores a serem pesquisados.

O Sistema de Abastecimento de Água do município de Navegantes, desde

maio de 1975 até novembro de 2005 foi operado pela CASAN, (Companhia

Catarinense de Águas e Saneamentos).

Em maio de 2005, o contrato de concessão dos serviços foi denunciado pela

Prefeitura Municipal de Navegantes, pelo fato da Companhia Catarinense de Águas

ICE = Volume de Água Consumida – Volume de Água Tratada Exportada

(%) Volume de Esgoto Coletado

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85

e Saneamento, durante os 30 anos em que foi concessionária dos serviços de

saneamento do município não ter cumprido compromissos para implantação do

sistema de esgotos sanitários na sede do município. (DAE - Navegantes, 2010).

A efetivação do início da operação dos serviços pela Prefeitura Municipal

através do DAE – Departamento de Água e Esgotos – ocorreu apenas em novembro

de 2005, após decisão judicial; naquela oportunidade, a CASAN – Companhia

Catarinense de Águas e Saneamento – deixou a operação dos serviços,

oportunidade na qual sequer disponibilizou o cadastro técnico do sistema e das

redes de distribuição. Segundo informações do DAE, alguns equipamentos

existentes foram retirados e substituídos por outros, em péssimas condições de

conservação. A vizinha cidade de Itajaí tem os seus serviços de saneamento

operados pelo SEMASA – Serviço Municipal de Água, Saneamento Básico e

Infraestrutura – desde 2003, mas, anteriormente, os serviços de saneamento eram

operados pela CASAN – Companhia Catarinense de Águas e Saneamento –, desde

1973. Nesse caso, como no anterior, a renúncia do contrato se deu pelos mesmos

motivos. (DAE, 2010).

3.4.2.1 População abastecida

A população atualmente atendida pelo Sistema de Abastecimento de Água de

Navegantes é de, aproximadamente, 44.807 habitantes, o que corresponde a uma

cobertura de 94,4% em relação à população urbana de Navegantes, referente a

dados projetados pelo IBGE em 2009, conforme abaixo calculado:

a) Índice de ocupação domiciliar: 3,70. (Censo IBGE, 2009)

b) Número de economias residenciais: 12.110 unidades. (PMN, 2009)

c) População atual abastecida = 3,70 x 12.110 = 44.807 habitantes;

De acordo com a prefeitura municipal de Navegantes, a cobertura em água

tratada no município atinge um patamar aceitável, sendo, inclusive, superior à média

nacional, a qual é de 93%. (PMN, 2009)

Segundo os relatos dos responsáveis pelo Departamento de Águas e Esgoto

(DAE), do município de Navegantes, uma boa parte do sistema de abastecimento de

água do município de Navegantes é interligada ao do município vizinho de Itajaí. A

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86

outra parte da captação de água tratada, captada no território de Navegantes, é

realizada através de ponteiras, que produzem uma vazão de cerca de 10 l/seg. Em

razão desta pequena vazão de água, é que se justifica a integração com parte do

sistema produtor existente no município de Itajaí (Estação de Tratamento de Água

São Roque) (DAE - Navegantes, 2010).

Conforme as informações disponibilizadas pelo DAE, existem cerca de 225

km de redes de distribuição, que atendem 17.582 ligações de água, das quais

14,510 têm hidrômetros (82,52%). Ou seja, 17,48% das ligações do município de

Navegantes não são contabilizadas metricamente e tem os valores estimados por

projeções relativas.

Os principais pontos de captação de água com condições para tratamento

estão localizados nos mananciais do rio Itajaí-Mirim, localizado nos limites

geográficos sul com o município de Itajaí. As vazões mínimas no rio Itajaí-Mirim,

conforme estudos existentes, são de 7.275 Litros/segundo no período de verão e de

5.310 Litros/segundo no período de inverno.

De acordo com a regulamentação do regimento interno do DAE de

Navegantes, hoje vigente, a implantação dos serviços de infraestrutura de água nos

empreendimentos imobiliários de natureza particular é de responsabilidade dos

empreendedores. Esses empreendimentos devem levar em conta que, na região, há

predominância de solo arenoso, pouco argiloso, que evidencia as características de

pouca absorção das águas provenientes da chuva, dificultando, assim, a captação

de grande vazão de água por meio do subsolo.

O controle de vazão da água consumida pelo município, proveniente do rio

Itajaí-Mirim, é hoje realizado por medidores e registradores de vazão, instalados nas

adutoras de água tratada, após a travessia do rio. A leitura é registrada por

funcionário do DAE, em Navegantes, e acompanhado por funcionário da SEMASA

(Departamento de Serviço Municipal de Água, Saneamento Básico e de

Infraestrutura de Itajaí), ocasião na qual os medidores são devidamente

fotografados. (DAE-Navegantes, 2010).

A projeção de demanda de água no município referente ao consumo global é

estabelecido com base em critérios de cálculos reconhecidos por entidades como a

ONU e, no Brasil, o IBGE, que consideram, para efeito de projeção da água a ser

consumida, os seguintes dados:

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87

a) população abastecida = 100%;

b) per capita = 200 L/hab/dia

c) coeficiente de máxima diária: K1 = 1,20

d) q máx. diária: (População x 200 x 1,20 /86.400)

e) reservação necessária (m3) =1/3 do volume máximo diário = (Pop x 0,200 x

1,20/3)

De acordo com os estudos realizados a partir do ano de 1996, a pedido das

prefeituras da região do Vale do Itajaí, as vazões mínimas no rio Itajaí-Mirim, na

atual captação da SEMASA, conforme estudos existentes, são de 7.275 litros por

segundo, no período de verão, e, no período de inverno, de 5.310 litros por segundo.

Estes estudos comprovaram que a vazão, no verão, é 1,37 vezes maior que a vazão

média anual, assim sendo, a vazão em janeiro e fevereiro = 1,37 x 5.310 = 7.275 l/s.

O desenho sobre a imagem de satélite de Navegantes, figura 4, a seguir,

mostra a localização das unidades operacionais que compõem o Sistema de

Abastecimento de Água de Navegantes/SC, bem como identifica a área do município

atualmente atendida por essa infraestrutura.

Figura 4: Sistema de Abastecimento de Água de Navegantes/SC Fonte: DAE, 2010.

Abastecimento de Água

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88

O próximo desenho sobre a imagem de satélite de Navegantes, figura 5,

esboça a localização do sistema de abastecimento de água de Navegantes. O

sistema se estende por todo o território do município, mas com uma evidente

concentração nas áreas urbanizadas, o que comprova a tendência de consumo de

água por habitantes munícipes no perímetro urbano da cidade. Também fica

explícito, na imagem, a mesma concentração do consumo nas proximidades do

litoral, cuja região é ocupada por uma população considerada flutuante, pois, mesmo

sendo proprietários, não habitam as residências por muito tempo. Nessa mesma

região litorânea de Navegantes, ficam concentrados os hotéis, as pousadas e uma

grande parcela das residências alugadas para o veraneio.

Figura 5: Localização das unidades operacionais do Sistema de Abastecimento de Água de Navegantes/SC Fonte: DAR, 2010.

Unidades Operacionais Sistema de Águas

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89

Em 2009, o Sistema de Abastecimento de Água do Município de

Navegantes/SC atendia a 18.503 ligações prediais, das quais 14.516 (78,45%) eram

medidas, ou seja, possuíam hidrômetro. A tabela 2 demonstra como está o cenário

atual sobre o controle de consumo de água, em função dos medidores de consumo

do tipo hidrômetro, instalados por classe de consumidor, como segue:

Tabela 2. Número de ligações sem e com hidrômetros instalados por classe de

consumidor.

Descrição Residencial Comercial Industrial Poder

Públicos Total

Jan/2010 Jan/2010 Jan/2010 Jan/2010 Jan/2010

Número de ligações de

água sem hidrômetro

2463

14%

44

9%

1

1%

29

6%

2537

13%

Com hidrômetro 15675

86%

466

91%

90

99%

151

84%

16382

87%

TOTAL 18138 510 91 180 18919

Fonte: DAE, 2010.

Pode-se observar, na tabela 2, que, ainda em 2010, um grande percentual da

água consumida em Navegantes não é quantificada com precisão. Isto acontece em

função do tipo de contabilização do consumo de água, que é feito por estimativas

projetadas, normalizadas. Mas, conforme informações do Departamento de Águas

de Navegantes, a leitura total de água consumida é monitorada nas adutoras

principais, o que afere ao sistema de águas uma melhor precisão na quantificação

do total de água consumida.

O volume médio mensal de água tratada produzido no Sistema de

Abastecimento de Água de Navegantes/SC, no ano de 2009, foi de 155

litros/segundos.

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90

O volume médio mensal de água tratada faturado no Sistema de

Abastecimento de Água de Navegantes/SC, no período de fevereiro de 2009 a

janeiro de 2010, foi de 261.993,67m3/mês, como planificado mês a mês, na tabela 3:

Tabela 3: Volume Mensal de Água Tratada

Faturado Navegantes/SC no Ano de 2008.

Fonte: DAE, 2010.

Na tabela 4, planificada a seguir, um valor percentual considerável de perdas

nos sistemas de distribuição de águas de Navegantes é nitidamente percebível,

quando feito o cruzamento entre os valores micromedidos e os valores

macromedidos. Os valores micromedidos se referem à soma das leituras individuais

de consumo e totalizam os valores referentes aos hidrômetros, somados aos valores

estimados por projeções de consumo dos consumidores sem hidrômetros e aos

valores das perdas naturais do sistema. Já a macromedida está relacionada às

Mês

Volume Mensal de

Água Tratada

Faturado (m3/mês)

Consumo (m3)

Fevereiro 2009 263.031,01

Março 2009 252.545,00

Abril 2009 261.567,97

Maio 2009 256.783,01

Junho 2009 247.183,00

Julho 2009 253.771,00

Agosto 2009 253.823,00

Setembro 2009 262.919,00

Outubro 2009 253.976,01

Novembro 2009 265.952,03

Dezembro 2009 266.698,00

Janeiro 2010 305.675,01

Soma 3.143.924,04

Média Mensal 261.993,67

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91

medições das vazões mais elevadas, feitas in loco nas adutoras de captação, ou

também por medições realizadas nos grandes reservatórios distribuídos no território

do município.

Tabela 4: Perdas Contabilizadas do SAA, Sistema de Abastecimento de Água de

Navegantes, em 2009.

As perdas físicas de água

no SAA de

Navegantes/SC atingiram

o valor médio de 47,03%

no período de Abril/2009

a Abril/2010. MÊS/ANO

VOLUME

Micromedido

VOLUME

Macromedido

PERDAS =

(Macromedido -

(Micromedido + Media)/

Macromedido

Abril 2009 157.593,00 305.444,90 48,4054%

Maio 2009 151.036,00 282.307,00 46,4994%

Junho 2009 135.228,00 302.511,00 55,2982%

Julho 2009 142.056,00 281.964,70 49,6192%

Agosto 2009 140.927,00 287.787,30 51,0308%

Setembro 2009 158.488,00 288.491,70 45,0632%

Outubro 2009 147.019,00 277.873,40 47,0914%

Novembro 2009 167.976,00 321.449,00 47,7441%

Dezembro 2009 167.897,00 357.417,30 53,0249%

Janeiro 2010 233.321,00 359.460,90 35,0914%

Fevereiro/2010 185.806,00 308.996,50 39,8679%

Março/2010 174.206,00 354.496,50 50,8582%

Abril/2010 182.637,00 319.849,40 42,8991%

TOTAL 2.144.190,00 4.048.049,60 47,0315%

Fonte: DAE, 2010.

3.4.3 Item - Resíduo Produzido

Já o para o cálculo da pegada do resíduo, também caracterizado como lixo,

utilizou-se os dados fornecidos pela empresa RECICLE Ltda., terceirizada pela

Prefeitura Municipal de Navegantes. Dados estes relativos à coleta de lixo de todo o

município em estudo, referente ao descarte doméstico, industrial e hospitalar,

descritos em relatórios operacionais da empresa consultada. Os dados solicitados

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92

foram fornecidos em tabelas sucintas, expondo somente o valor total da coleta anual

(Tonelada/ano), descritas em momento posterior, na análise dos resultados no

capítulo 4 e na análise do Ecological Footprint Method no capítulo 5.

Em Navegantes, a coleta, além de atender à coletividade dos geradores de

resíduos comuns em domicílios de todo o território, é também realizada e

estruturada para a coleta de resíduos diferenciados, como no caso dos resíduos

hospitalares, resíduos sépticos, hospitalares, comerciais e entulhos. (PMN, 2010).

Os resíduos sólidos provenientes das residências são caracterizados como

resíduos mistos, originários de restos de alimentos, produtos deteriorados, plásticos,

metais, vidros, madeiras, entre outros. Para racionalizar a coleta destes materiais, a

cidade é mapeada por zonas de coletas, em rotas previamente definidas de acordo

com a demanda de cada tipo de resíduo a ser coletado. As coletas são realizadas

em dias alternados por uma equipe que é acompanhada com caminhões coletores.

A separação, na sua grande maioria, é feita com o acondicionamento da seguinte

forma:

a) Separação realizada pelos próprios geradores de resíduo, ainda em fase

de estudos e estimulada pela prefeitura municipal;

b) Acondicionamentos feitos em saco plástico e depositados geralmente

sobre as calçadas ou em lixeiras, refletindo a realidade de grande parte da

população local.

3.4.3.1 Coleta de Entulhos

O resíduo caracterizado como entulho é aquele proveniente de reformas de

casas, restos de construções, podas de árvores, limpezas de grandes áreas, leitos

de rios, etc. A coleta é realizada por caminhões do tipo poliguindaste de contêineres

de até quatro metros cúbicos de capacidade. Neste caso, a coleta recolhe o entulho,

separadamente da coleta de resíduos comuns domésticos, que é contabilizado por

contêineres, e não por tonelagem. O entulho é classificado como lixo tipo classe 3,

ou seja, material inerte. Sendo a quantidade de entulho contabilizada em números

de contêineres recolhidos, é feita uma equivalência de metros cúbicos para

toneladas, perdendo-se, neste cálculo, a precisão na quantificação do lixo gerado

em sua totalidade.

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93

3.4.3.2 Coleta de Resíduo Comercial

Este tipo resíduo é produzido por estabelecimentos comerciais e industriais e

têm, na sua composição, derivados de resíduos de processos industriais e feita de

plásticos, papelão, madeiras, retalhos de tecidos, sobras de metais, embalagens,

etc.

É transportado geralmente em caminhão do tipo poliguindaste, devidamente

coberto por lonas. Este tipo de resíduo, para ser classificado como resíduo ou lixo

comercial, deve ser inspecionado durante os transbordos, a fim de ser verificada a

presença de contaminações por substâncias químicas, é analisada, também, a

questão de sua reatividade química e de sua inflamabilidade.

3.4.3.3 Coleta de Resíduos Sépticos

Estes tipos de resíduos, de alto teor de contaminação biológica e

provenientes de limpezas de fossa, são transportados através de caminhões

projetados para tal fim, que realizam o transbordo até o sistema de tratamento que

consiste em módulos de leito de secagem. O líquido percolado, também denominado

chorume, volta para o sistema de tratamento do aterro em lagoas de estabilização, e

o material decantado é utilizado como fertilizante para a cobertura vegetal do aterro.

3.4.3.4 Coleta de Resíduo Hospitalar

Os resíduos hospitalares são aqueles descartados por hospitais, farmácias,

clínicas veterinárias (algodão, seringas, agulhas, restos de remédios, luvas,

curativos, sangue coagulado, órgãos e tecidos removidos, meios de cultura e

animais utilizados em testes, resina sintética, entre outros resíduos contaminados).

Devido a suas características biocontaminantes, merece um cuidado especial em

sua manipulação, acondicionamento e na disposição final no aterro sanitário isolado.

Entre os tipos de resíduos de saúde coletados, destacam-se:

a) biológicos: vacinas, filtros de gazes aspirados de áreas contaminadas ou

qualquer material contaminado por estes produtos: sangue e

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94

hemoderivados, bolsas de sangue, amostras para análise, soro e

subprodutos.

b) cirúrgicos anatomopatológicos (biópsia) e exsudatos (secreções): restos de

tecidos e órgãos, fios de sutura, materiais descartáveis com secreções.

c) assistência ao paciente: curativos, chumaços, esparadrapo, algodão,

gazes, drenos e todo material que entrar em contato direto com o paciente.

Para melhor controle na identificação dos contaminastes biológicos, todos

estes resíduos de serviços de saúde sépticos gerados nos estabelecimentos de

saúde do município são segregados e sinalizados em embalagens apropriadas na

fonte, sendo acondicionados, diretamente em sacos plásticos, aqueles identificados

como infectantes e, em recipientes de material rígido, aqueles identificados como

perfurocortantes.

3.4.3.5 Frequência de coleta dos resíduos sólidos

A coleta dos resíduos sólidos no município de Navegantes é feita por meio de

uma frota de caminhões coletores e compactadores com capacidade de 13 a 15m3,

que tem uma programação de coleta programada em dias alternados.

A frota de caminhões tem uma programação semanal voltada para a coleta de

resíduos sólidos de Navegantes que atente atualmente 100% da população urbana

e 79% da população rural, totalizando uma abrangência de 90% de população total

do município.

A coleta dos resíduos denominados comuns ocorre com a frequência de duas

vezes por semana e é de responsabilidade da empresa RECICLE, empresa

terceirizada, autorizada a realizar estes serviços pela Lei Municipal N° 1487, de

28/12/2001. Já a coleta dos resíduos de serviços de saúde sépticos é realizada com

frequência mensal de uma vez por mês, também realizada, atualmente, pela

empresa RECICLE, que presta estes serviços de coleta nos estabelecimentos

públicos e privados.

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95

3.4.3.6 Transbordo e destino final de resíduos de Navegantes

O destino final dos resíduos produzidos em Navegantes está localizado em

Brusque, onde se localiza um grande aterro sanitário. Em Navegantes, é realizada a

coleta e o transbordo de caminhões pequenos para caminhões de grande

capacidade de carga. O local de transbordo é um terreno situado na periferia do

município de Navegantes e também tem como finalidade servir como um depósito

temporário para alternar entre os caminhões de transporte de lixo de origem e

aqueles com destino em Brusque.

Os resíduos coletados no transbordo em Navegantes são transportados para

o aterro sanitário da empresa terceirizada, RECICLE, em Brusque, a qual conta com

um departamento de engenharia ambiental que cuida da operação e monitoramento

do aterro. Neste aterro, além de ser o destino final dos resíduos, também é

verificado o tipo e a classe do resíduo que abastece o aterro, bem como também são

controlados as suas condições de uso, a manutenção dos equipamentos e os

registros individuais de cada caminhão que passa pela balança. (DAE, 2010).

O trajeto de 45 km, utilizado para transportar o lixo entre transbordo de

Navegantes e aterro sanitário de Brusque, é realizado pelas rodovias da BR470 e

BR101, esboçado na figura 6:

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96

Figura 6: Trajeto do lixo entre transbordo e aterro sanitário Fonte: DAE, 2010.

3.4.3.7 Tarifas Praticadas na Coleta dos Resíduos de Navegantes

O custo geral sobre a coleta de resíduos em Navegantes não foi

disponibilizado, o que teria sido interessante para as avaliações finais da pesquisa

como parâmetro econômico em relação às obrigações do município com a questão

ambiental local. Para servir de referência de custo, entretanto, foi anexada uma

planilha disponibilizada pela prefeitura municipal, na qual podemos ter uma ideia

dos custos dos resíduos classificados por tipo e origem. As tarifas sobre a coleta de

resíduos são relacionadas ao contrato da empresa RECICLE com município de

Navegantes, os dados referem-se aos valores praticados nos últimos anos e são

demonstradas na tabela 5. Os valores estão dispostos em reais por tonelada

recolhida, a qual é classificada conforme o tipo e de acordo com o tipo de bairro de

origem do resíduo.

Transbordo e Aterro Sanitário

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Tabela 5: Tarifas de coleta de lixo praticadas pelo RECICLE no Município de

Navegantes/SC de acordo com o Decreto nº 1.337 de 23 de dezembro de 2009

Bairro Residencial Comercial

Mensal Anual Mensal Anual

Centro

Gravatá de Fora

São Domingos I

São Pedro

Meia Praia

Gravatá de Dentro

São Domingos II

Porto das Balsas

15,76 189,12 31,52 378,24

Jardim Paranaense

N.S das Graças

São Paulo

Machados

Volta Grande

Pedreiras

7,16 85,92 14,32 171,84

RESÍDUOS HOSPITALARES Mensal Anual

Coleta regular de Resíduos Hospitalares 6,06 72,72

Coleta, transporte, disposição final de farmácias, consultórios

odontológicos, clínicas médicas e veterinárias e outros resíduos da

área da saúde.

154,65 1.855,80

Coleta, transporte e disposição final dos resíduos de laboratórios. 272,95 3.275,40

Fonte: DAE, 2010.

Na figura 7, é esboçada, sobre uma foto de satélite, a localização do sistema

de coleta dos resíduos no território de Navegantes, podendo ser visualizado a

disposição do local de transbordo, situado à margem da BR70, periférica ao centro

urbano de Navegantes.

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Figura 7: Localização das ações de Manejo de Resíduos Sólidos Fonte: DAE, 2010.

A população atualmente atendida pelo sistema de coleta de resíduos de

Navegantes é de 46.209 habitantes, população esta estimada até o ano de 2009, o

que corresponde a uma cobertura de 97,36% em relação à população do município,

conforme abaixo calculado, na tabela 6:

Tabela 6: Situação Geral de Saneamento 2009

SITUAÇÃO GERAL DE SANEAMENTO (2009)

População TOTAL: 57.324 habitantes

Nº Famílias: 12814 famílias (82,8% da população) = 47464 habitantes

Famílias Habitantes % Atendida

Coleta de lixo 165.12,91 46209 97,36%

Fonte: IBGE e Ministério da Saúde 2009.

Resíduos Sólidos

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99

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Para a análise de dados, a metodologia da Pegada Ecológica que, de acordo

com Wackernagel e Rees (1996), pode ser organizada em três forças naturais, tendo

três dimensões no estudo dos dados coletados com enfoque nos recursos bióticos,

no balanço energético e/ou na categorização por espaços utilizados.

Na pesquisa aplicada na região do Município de Navegantes, o estudo de

campo baseou-se na coleta dos dados disponíveis sobre os indicadores

selecionados como os necessários para o cálculo da Pegada Ecológica,

considerando a dificuldade de acesso a alguns dados referentes aos anos

predeterminados nos objetivos de estudo.

No primeiro momento da pesquisa em campo, com os dados disponibilizados

e com a análise dos dados, o objetivo da pesquisa era identificar e determinar os

indicadores que, metodologicamente, pudessem ser utilizados para definir o grau de

sustentabilidade do Município de Navegantes, com o Ecological Footprint Method,

para os anos de 2005 e 2009.

Nesta fase da análise dos dados coletados e selecionados, a preocupação foi

na escolha mais adequada de dados, que estivessem de acordo com os objetivos da

pesquisa e delimitados com os objetivos específicos de identificar os indicadores

necessários para o cálculo da Pegada Ecológica anual com referência nos anos de

2005 e de 2009 e, a posteriori, demonstrar os principais fatores que influenciaram o

Ecological Footprint Method, nos anos de 2005 e de 2009.

Entre os indicadores analisados, destacaram-se os indicadores que revelaram

serem representativos em relação ao consumo, válidos para estimar a capacidade

de carga local. Os indicadores selecionados foram classificados conforme a

disponibilidade de acesso e de coleta nas fontes de pesquisa acessadas. De todos

os indicadores propostos pelo método, apenas quatro, referentes aos anos

específicos de 2005 e de 2009, foram coletados com precisão, possibilitando

calcular a Pegada de Navegantes, fato ocorrido em função da dificuldade de se

encontrar os dados, como já exposto anteriormente, para os anos adotados na

pesquisa.

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100

Entre os indicadores selecionados e classificados com precisão, destacaram-

se o consumo de energia elétrica, o consumo de água tratada e de água residuária e

a quantidade de resíduo gerado no município, contabilizados para os anos

estabelecidos no estudo.

Os critérios adotados para a escolha dos indicadores empregados no método

da Pegada Ecológica foram significativos em relação à sustentabilidade de

Navegantes, por sua relevância na tradução fiel e sintética da realidade, por permitir

repetir as medições no tempo e um enfoque integrado com sua mensurabilidade de

tempo e custo viável para efetuar a medida, como também por ser de fácil

interpretação, apresentando uma metodologia de medida determinada e

transparente, com indicadores reconhecidos por diversas organizações

governamentais e não governamentais (BELLEN, 2005).

A capacidade de carga é definida como o tamanho máximo de uma

população suportado pela área onde está disposta, sem que a sua produtividade

seja irremediavelmente comprometida. Na Metodologia da Pegada Ecológica, a

capacidade de carga pode ser espelhada na capacidade biológica ou na

biocapacidade, medida em hectares globais. Dessa forma, a biocapacidade de

Navegantes pode ser representada pela sua capacidade de produção biológica

local, expressa em hectares, e também pode ser comparada com a capacidade de

carga do planeta, através de fatores de equivalência, igualmente expressa em

hectares globais.

Nessa fase de análise, em relação à equivalência local e global, de acordo

com os conceitos embutidos no Ecological Footprint Method até aqui estudados,

foram identificadas as relações entre o consumo da população consumidora local

por item de consumo e a sua equivalência em hectares necessários à manutenção

desse modelo de consumo. Com os cálculos realizados por item de consumo em

tabelas apropriadas, as equivalências por unidade de consumo seguiram critérios

expostos na metodologia da PE (WACKERNAGEL; REES, 1996), enquanto a

biocapacidade foi determinada somente depois de todos os cálculos realizados.

Nessa análise, foi realizada a somatória de todos os cálculos da Pegada

dispostos nas tabelas de cada item de consumo, e a posteriori, foi determinada a

pegada total de Navegantes.

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101

De posse dos valores da Pegada Ecológica local calculada, correspondente à

área (ha) necessária para suprir a demanda de consumo da população de

Navegantes, comparou-se estes com os valores de nível global, equivalentes ao

consumo per capita mundial. Ou seja, compreende-se que a oferta de recursos da

natureza representa a capacidade biológica dos sistemas naturais do planeta ou a

biocapacidade de um determinado território, como citado na fundamentação deste

estudo.

Portanto, para estimar a biocapacidade, seria necessário considerar:

a) População do Brasil em 2005: 183.383,000 pessoas, projeção IBGE, 2010;

b) População do Brasil em 2009: 191.480.630 pessoas, projeção IBGE, 2010;

c) População do Brasil em 2010: 190.732.694 pessoas, censo IBGE, 2010;

d) População Mundial em 2005: 6,5 bilhões de pessoas, estimativa ONU,

2010;

e) População Mundial em 2009: 6.8 bilhões de pessoas, estimativa ONU,

2010;

f) População Mundial em 2010: 7 bilhões de pessoas, estimativa ONU, 2010;

g) População de Navegantes em 2005: 49.125 pessoas, projeção IBGE, 2010;

h) População de Navegantes em 2009: 57.324 pessoas, projeção IBGE, 2010;

i) População de Navegantes em 2010: 60.038 pessoas, censo IBGE, 2010;

j) Densidade Energética Global é referenciada em 3,1014 seJ/ha.ano ou

3,1010 seJ/m2. ano) (Footprint Works Network Orgs, 2010);

k) Área territorial total do município de Navegantes: 111,461 (km2) = 11.146

(ha);

l) Áreas de Biomas preservados, áreas de terras não produtivas, áreas de

terras ocupadas: itens que não foram disponibilizados em Navegantes, por

falta de dados por geoprocessamento.

Uma observação merece ser exposta nesse passo da análise: com base nos

dados coletados nas planilhas do IBGE (2010), referente à população projetada no

Brasil, percebe-se que, no ano de 2009, a projeção estimada foi maior que a

população medida no Censo de 2010, demonstrando, assim, que nem toda

estimativa ou projeção corresponde a uma plena representação da realidade.

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102

Com relação à determinação da Pegada Ecológica de Navegantes, a

população considerada no cálculo foi aquela estimada pelo IBGE nos anos de 2005

e 2009, porque seus valores foram considerados próximos à realidade, refletida no

Censo de 2010 realizado pelo IBGE.

Com o valor obtido no cálculo por item de consumo e dividindo-se esse valor

pela população total, podemos representar a biocapacidade disponível em hectares

globais per capita do sistema avaliado. Conforme o Relatório Planeta Vivo (2010), a

biocapacidade calculada por segmento de consumo, atualizada até o ano de 2007 é

expressa em (gha/pessoa) ou ha/hab., representada no gráfico 3.

O limite da capacidade do planeta é representado, no gráfico, pela linha

branca pontilhada, que, na escala, equivale a um planeta Terra, e é uma

representação aproximada, pois os dados têm base em projeções feitas em relação

à produtividade biológica do planeta, que varia anualmente em função do aumento

da população e do consequente consumo de alimento.

Gráfico 3: Pegada Ecológica por componente, 1961–2007. Fonte: Relatório Planeta Vivo, 2010; Global Footprint Network, 2010.

Também no gráfico é esboçado o segmento de consumo energético

hidroelétrico, que está associado ao item referente a áreas construídas e ao item

lenha combustível no componente florestal. (Global Footprint Network, 2010).

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103

4.1 CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DA REGIÃO DE ESTUDO

O Município de Navegantes é parte do território do estado de Santa Catarina,

(Mapa 1), ocupando atualmente uma área de 111,461 km2, equivalente a 11.146

ha2, extensão Norte-Sul de 35 km, Leste-Oeste de 20 km, com o marco zero

localizado na latitude de 25º 25’ 40” Sul e longitude 49º 16’ 23” Oeste (IBGE, 2009).

Mapa 1: Localização do município de Navegantes em Santa Catarina Fonte: Portonave, Navegantes, 2009.

A cidade tem uma parte de seu território margeada pelo Oceano Atlântico e

pelo Rio Itajaí-Açú. O município foi colonizado por açorianos, justificando-se assim o

seu desenvolvimento ligado à pesca e atividades relacionadas a ela, como o

desenvolvimento da indústria naval. Em um segundo momento, na história atual do

município, houve o incremento das indústrias navais de grande porte e a construção

do porto privado de Navegantes, hoje responsáveis pelo expressivo crescimento

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104

econômico da região. Com a inserção desses grandes investimentos no município, a

chegada de mão de obra especializada também contribuiu para atual diversidade

cultural encontrada em Navegantes (PMN, 2009).

O Município de Navegantes teve sua ocupação registrada, segundo os

historiadores, por João Dias Darzão, por volta dos anos de 1710, que veio de São

Francisco do Sul para se estabelecer na foz do rio Itajaí-Açú, frente à confluência do

Itajaí-Mirim, no lugar que antigamente se chamava Fundeadouro. Em 1715, Manuel

Gonçalves de Aguiar, percorrendo as costas catarinenses, a fim de fazer um

levantamento para a fundação de novas povoações, refere-se a João Dias como já

tendo abandonado as suas terras em virtude da pobreza da região, em especial, de

metais preciosos (PMN, 2009).

Já em 16 de setembro de 1906, os moradores estabelecidos na região de

Navegantes fizeram seus primeiros movimentos, com abaixo-assinados, para que a

municipalidade desse um nome exato ao arraial, que, até então, chamava-se “outro

lado”, isto é, outro lado do rio de Itajaí, ou povoado de Santo Amaro. Como o arraial,

nesta época, era habitado em sua maioria por navegantes e pescadores, o Conselho

Municipal de Itajaí deu o nome oficial ao arraial de Navegantes, em 17 de dezembro

de 1912 (PMN, 2009).

Contudo, a conquista da emancipação definitiva e a consolidação política e

administrativa como município se deu em 1962: Navegantes conquistou

definitivamente a sua emancipação. Da referida data em diante, a cidade de

Navegantes vem se consolidando como um dos municípios mais prósperos da foz

do Rio Itajaí-Açú. Nos últimos anos, a cidade ganha destaque nacional e

internacional em várias áreas econômicas e culturais, assim como a balneabilidade

de suas praias e a sua posição estratégica no litoral catarinense. Hoje, a indústria

pesqueira emprega mais de 60 por cento dos navegantinos. Atualmente, o

incremento da construção naval e portuária no município mudou expressivamente o

cenário econômico, social e conseqente inter-relações com o meio ambiente local

(PMN, 2009).

O município é integrante da mesorregião do Itajaí e possui as seguintes

características fisiográficas: o clima de Santa Catarina é classificado como

Mesotérmico Úmido, com excesso hídrico e precipitação com maior variação no

decorrer do ano. O litoral centro-norte do estado, no qual o município de Navegantes

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105

está inserido, possui uma precipitação média anual de 1.690mm e temperatura

média anual de 20,2ºC (IBGE, 2007).

A formação socioespacial da cidade se deu ancorada na pesca, por localizar-

se na margem do litoral do estado de Santa Catarina, com seus limites ao sul

voltados ao rio Itajaí-Açú; essa localização estratégica contribuiu para o

desenvolvimento da Indústria Pesqueira e da Indústria Naval (PMN, 2009). Como

segue ilustrado na foto 1:

Foto 1: Portonave, Navegantes, às margens do rio Itajaí-Açú, foto de 06 de julho 2009, com vista de Itajaí Fonte: Foto tirada pelo autor em 06 de julho de 2009.

Até 1962, Navegantes manteve-se atrelada, social e politicamente, a outros

municípios próximos (Itajaí, Blumenau e Florianópolis). Com a emancipação, as

autoridades políticas passaram a investir na construção da infraestrutura urbana e

social em Navegantes (PMN, 2009).

Referenciados nessa autonomia política e administrativa, ocorreram as

grandes mudanças do cenário geofísico da região e o consequente desrespeito ao

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106

meio natural da cidade. Para que houvesse a expansão socioespacial, os dirigentes

municipais deliberam em favor do crescimento pleno, sem considerar as mudanças

bruscas nas estruturas físicas naturais dos espaços da cidade. Destacando que,

aqui,compreende-se o espaço como uma construção social e produto das relações

que os homens mantêm entre si e com o seu meio, onde estabelecem determinadas

atividades e/ou fixam residência (SAQUET et al., 2004). O mapa 2 ilustra o cenário

geofísico de Navegantes e sua localização.

Mapa 2: Localização da área de estudo, Navegante/SC Fonte: Prefeitura Municipal de Navegantes, (PMN, 2009).

Observa-se, no mapa 2, que a cidade de Navegantes tem grande parte de

seu desenvolvimento confinado entre os limites do rio Itajaí-Açú e o oceano

Atlântico, configurando uma alta densidade demográfica em uma pequena porção da

cidade, que contrasta com o restante do município, que apresenta baixa densidade

demográfica. Dessa forma, a cidade pode ser entendida como uma expressão da

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107

simultaneidade das contradições do capitalismo nos conflitos engendrados sob o

invólucro da sua apropriação privada. Neste sentido, é reproduzida e valorizada em

parte dos lugares, pois “o processo social de produção é espacialmente seletivo”

(SANTOS, 1997, p. 41).

Notadamente, as crescentes ampliações das áreas urbanas nas cidades têm

contribuído para o crescimento de impactos ambientais negativos, e, em virtude de

determinados aspectos culturais, como o consumo de produtos industrializados e a

necessidade da água como recurso natural vital à vida, o consumo inevitável de

insumos energéticos como eletricidade, gás e derivados de petróleo influenciam na

qualidade ambiental local. Tais costumes e hábitos de consumo no uso da água e na

produção de resíduos pelo exacerbado consumo de bens materiais são

responsáveis por parte das alterações, impactos e danos ambientais.

Para Fernandez (2004), muitas das alterações ambientais podem ocorrer por

inumeráveis causas, algumas denominadas naturais e outras, em consequência das

intervenções antropológicas da população residente, são as consideradas não

naturais.

Hoje, a maioria das pessoas fixa suas residências em ambientes urbanos

e/ou periféricos aos centros urbanizados. Os dados apresentados pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2007) indicam que, no Brasil, mais de

80% das pessoas são moradores urbanos.

Para Odum (1988), pesquisador em temas voltados para a relação entre a

geografia e o meio ambiente, essa acelerada urbanização e o crescimento das

cidades, especialmente a partir de meados do século XX, estão promovendo

mudanças fisionômicas, não só localmente, como em esfera planetária, e mais do

que qualquer outra atividade humana.

Dessa forma, é possível observarmos que determinados impactos ambientais

estão se acirrando, motivado sim, entre outras coisas, pelo crescimento populacional

mundial. Ricklefs (1996) e Fernandez (2004) registraram projeções do crescimento

alarmantes a médio e longo prazo. Estimativas publicadas pelo IBGE (2007), em

maio de 2006, indicavam que a população mundial era de 6,8 bilhões de pessoas. A

ONU divulgou, no início de 2010, uma previsão para a população mundial de mais

de nove bilhões de seres humanos sobre o planeta em 2050.

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108

A maior parte desse crescimento populacional virá dos países em

desenvolvimento. Destes, segundo Fernandez (2004), aproximadamente 5 bilhões

vivem nos países pobres, com sua maioria em um crescente quadro de pobreza e

miséria, especialmente nos arredores das grandes cidades.

Para Viola (1987), só a reforma urbana atrelada à defesa ecológica

proporcionará uma cidade mais democrática, mais humana e respirável: a cidade é

do ser humano. Assim sendo, não teremos só uma cidade física organizada, mas

poderemos usufruir das vantagens de se morar em uma cidade ecologicamente

correta, onde os aluguéis e transportes poderão ser mais acessíveis, onde cada

família terá direito a um terreno em um ambiente urbano mais arborizado, mais

silencioso e alegre, menos verticalizado, menos agressivo e com menores índices de

poluição do ar.

No município de Navegantes, a sua área mais urbanizada é banhada a Leste,

pelo oceano Atlântico, e ao Sul, no limite com o município de Itajaí, pelo rio Itajaí-

Açu. Os bairros Gravatá e Meia Praia são divididos pelo Ribeirão das Pedras;

Ribeirão São Domingos é localizado na área centro-sul da cidade, que acompanha

os primeiros quilômetros da BR470. O rio Itajaí-Açu é a referência de divisa de

Navegantes ao sul da cidade com Itajaí; Ribeirão do Baú limita o território de

Navegantes a Oeste com o município de Ilhota; o rio Luiz Alves é o marco de divisa

de Navegantes e o município de Luiz Alves; e, a Leste, Navegantes é margeado

pelo oceano Atlântico (PMN, 2009).

Esses dados foram fornecidos pela Prefeitura Municipal de Navegantes e

estão disponíveis no IBGE; caracterizam a área do município de Navegantes e o seu

sistema viário. Nele, observa-se a nítida concentração da infraestrutura viária nas

margens do oceano Atlântico a leste e no limite sul do município com o Rio Itajaí-

Açu. Isso reflete a tendência histórica brasileira da distribuição da população estar

mais concentrada nas margens dos oceanos e rios em função da praticidade em

obter seus recursos em prol de sua subsidência.

Bem ao centro do perímetro urbano, também se localiza o aeroporto de

Navegantes, impactando ainda mais a biodiversidade da região, de margens

hídricas já mencionadas. A somatória dos pisos das pavimentações das rodovias, da

pista e do pátio de taxiamento do aeroporto local, corroboram a impermeabilização

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109

do solo nesta região urbanizada, além de servirem de canais artificiais de

contaminação de detritos em direção ao mar e ao rio.

No Mapa 3, é exposto o detalhamento do Sistema Viário de Navegantes:

Mapa 3: Sistema Viário de Navegantes Fonte: Prefeitura Municipal de Navegantes, (2009).

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110

Com a disponibilização, em parte, dos dados coletados do Censo 2010 do

Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) sobre os dados populacionais dos

municípios brasileiros, fica evidenciado o crescimento de muitas cidades no Brasil.

Em Santa Catarina, o município de Navegantes apresentou um aumento de 45,8%

em relação ao último censo demográfico, realizado em 2000. De acordo com os

relatórios do Censo 2010, Navegantes melhorou a sua posição em relação ao

número de habitantes, com 60.038 munícipes, a cidade elevou-se à posição de 20ª

(vigésima) cidade mais populosa no estado de Santa Catarina. No Censo de 2000, o

município de Navegantes tinha 52.638 de habitantes e era a 23ª (vigésima terceira)

cidade mais populosa no estado catarinense e a 539ª (quingentésima trigésima

nona) no Brasil. O maior município de Santa Catarina continua sendo Joinville, com

509.293 habitantes, e o menor, Santiago do Sul, com 1.465 Habitantes (IBGE,

2010), como segue ilustrado na foto 2:

Foto 2: Perímetro urbano de Navegantes às margens do rio Itajaí-Açu e, ao fundo, o oceano Atlântico Fonte: Foto tirada pelo autor em 22 de setembro de 2009.

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111

A economia do município é influenciada pela sua localização junto ao mar e

ao rio navegável do Itajaí-Açu, de modo que as indústrias de pescado se destacam.

Hoje, Navegantes é o terceiro maior centro pesqueiro da América Latina, o primeiro

do país; além disso, é sede de uma das maiores empresas brasileiras de pescado.

Aproximadamente 40 estaleiros, grandes e pequenos, estão sediados no município,

que já foi o segundo maior parque de construção naval do Brasil (PMN, 2009).

Uma parcela da população de Navegantes trabalha em Itajaí, município

extremante, deslocando-se através do Ferry Boat diariamente. Em seu território, está

instalado o segundo maior aeroporto catarinense, onde decolam mais de 20 voos

diários, ponto de conexões para todo o país e exterior, atendendo à demanda de

toda a região do Vale do Itajaí (PMN, 2009).

4.2 POPULAÇÃO EM NAVEGANTES – 2005 E 2009

A população residente estimada corresponde a 49.125 habitantes, em 2005, e

a população estimada em 2009 é de 57.324, de acordo com os dados disponíveis e

com os cálculos estimados em referência ao censo demográfico de 2000 e ao

recente censo de 2010 (IBGE, 2010).

Os dados referentes à população estimada foram coletados nos bancos de

dados do IBGE, que emprega uma metodologia de conciliação censitária combinada

com o Método das Componentes Demográficas, que podemos entender como sendo

uma ferramenta computacional com programas elaborados voltados a cálculos

demográficos. Dados estes com base na evolução da população em coerência com

os censos e contagens dos anos 1980, 1991, 1996, 2000, 2007 e com o censo de

2010. (IBGE, 2010).

A evolução das taxas de crescimento anual da população urbana do

Município de Navegantes, entre os anos de 1980 a 2010, é mostrada no gráfico 3, a

seguir.

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112

Gráfico 4: População total de Navegantes no período 1980 a 2010.

Fonte: Organizado pelo autor com base nos dados do IBGE, (2010).

A seguir, a tabela apresenta a evolução populacional do município de

Navegantes de 1980 a 2010, de acordo com as estimativas e as contagens dos

censos populacionais efetuados pelo IBGE. Em destaque, foram selecionados os

anos de 2005 e de 2009, focos do estudo de caso.

Tabela 7: População urbana conforme dados do IBGE – 2010.

Fonte: (IBGE, 2010)

4.2.1 População Projetada em Navegantes

A população projetada e flutuante é calculada através do consumo de energia

elétrica total de unidades consumidoras residenciais instaladas em Navegantes,

conforme dados da CELESC. Os dados referentes à população foram obtidos junto

Ano População Tipo Medida

1980 13.532 Censo

1991 23.662 Estimada

1996 32.363 Estimada

2000 39.317 Censo

2005 49.125 Estimada

2007 52.263 Estimada

2009 57.324 Estimada

2010 60.038 Censo

Notas: 1. Censos Demográficos 1980, 1991, 2000 e 2010; 2. Contagem Populacionais 1996 e 2007; 3. Estimativas Populacionais 2005 e 2007.

13.532

52.263

39.31749.125

32.36323.662

60.03857.324

1980 1991 1996 2000 2005 2007 2009 2010

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113

à CELESC e referenciados nos dados do IBGE, em relação ao número de unidades

consumidoras residenciais documentadas nos bancos de dados da concessionária

no Município de Navegantes. A metodologia do cálculo da população projetada pode

adotar tanto o consumo de água como o consumo de energia elétrica; no caso

estudado, os dados populacionais relacionados a Navegantes são referentes

somente ao consumo de energia elétrica local. Tendo-se a premissa de que o

consumo de energia elétrica sofre oscilação sazonal, diretamente proporcional ao

número de pessoas que ocupam o município, tanto sob a forma de residentes como

sob a forma de visitantes, é com este reflexo no consumo que se pode projetar a

população flutuante (IBGE, 2010; CELESC, 2010).

Adotando-se uma média de 3,32 habitantes por unidade residencial (média

estabelecida pelo IBGE), obteve-se a população urbana do município projetada para

os anos de 2010 a 2031.

Assim, a projeção de habitantes com a estimativa da população flutuante será

primordial para a projeção de cálculo no consumo de água e no cálculo da demanda

de esgoto gerado em Navegantes.

A seguir, a tabela 8 apresenta as projeções de população fixa, flutuante e

total, estimadas em cálculos fundamentados em censos e considerando população

fixa, população flutuante e população total, adotando uma taxa de crescimento de

3% ao ano, conforme o IBGE; com um fator de consumo de energia elétrica de 0,5

ao ano, é estimada a população flutuante (IBGE, 2010, CELESC, 2010).

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114

Tabela 8: Projeções de população fixa, flutuante e total (adotado uma taxa de

crescimento de 3% ao ano) – (IBGE, 2010, CELESC, 2010).

ANO POPULAÇÃO FIXA

(HAB)

POPULAÇÃO FLUTUANTE*

(HAB)

POPULAÇÃO TOTAL

(HAB)

2005 49.125 24.125 73.6875

2009 57.324 28.662 85.986

2010 59.776 29.888 89.664

2011 61.569 30.785 92.354

2012 63.416 31.708 95.125

2015 69.297 34.648 103.945

2016 71.376 35.688 107.064

2017 73.517 36.758 110.275

2020 80.334 40.167 120.501

2021 82.744 41.372 124.116

2022 85.226 42.613 127.839

2023 87.783 43.892 131.675

2024 90.417 45.208 135.625

2025 93.129 46.565 139.694

2026 95.923 47.961 143.884

2030 107.962 53.981 161.943

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da Celesc e do IBGE, 2010.

Crescimento da população total de Navegantes, no período 1980 a 2009,

comparadas com o crescimento populacional no Estado de Santa Catarina e no

Brasil. Fonte: IBGE, Diretoria de Estatística, Geografia e Cartografia.

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115

Gráfico 5: Taxa de crescimento médio anual da população, segundo Brasil, Santa Catarina e Navegantes no período 2000/2009.

Fonte: Organizado pelo autor com base nos dados do IBGE, 2010.

A partir dos dados do IBGE, no gráfico 6, são feitas as projeções da

população de Navegantes, através do método de projeção descrito anteriormente.

2030

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

180000

2028

2026

2024

2020

2018

2016

2014

2012

2010

População Fixa(Hab.)

População Total(Hab.)

População Flutuante(Hab.)

Gráfico 6: Projeção da população fixa e flutuante (IBGE, 2010, CELESC, 2010). Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da Celesc e do IBGE, 2010.

4.3 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Os dados coletados no estudo de caso no município de Navegantes foram

analisados com o Método da Pegada Ecológica, Ecological Footprint Method, e

4 .3 %

1 ,3 %1 .5 %

Santa Catarina Navegantes Brasil

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116

todos os dados selecionados foram aplicados à pesquisa, conforme a

disponibilidade e qualidade, de acordo com cada fonte pesquisada. Para cada

indicador representando um item de consumo estabelecido (energia, água, geração

de resíduos e numero de habitantes), foram selecionados os indicadores gerados

exclusivamente no período de 2005 e no período de 2009, fração temporal

apropriada para se alcançar um resultado significativo através do cálculo da Pegada

Ecológica.

Entretanto, alguns dos dados pesquisados em campo referentes ao consumo

de cada item não estavam disponibilizados e/ou, quando disponíveis, eram de fonte

duvidosas. Entre os dados não disponibilizados e a justificativa da sua não coleta

estão:

a) Combustíveis consumidos no ano de 2005 e 2009 (gasolina, álcool,

diesel e gás metano): item que deveria ter sido contabilizado em litros;

Justificativa: não existe um controle preciso das movimentações desses

itens na cidade, em função da região possuir dois portos separados, com

depósitos de cargas também locados em municípios separados (Itajaí e

Navegantes). Ainda pode ser citado que a cidade é cortada pela BR101,

via de intenso movimento de veículos de passeio e caminhões, fatos que

distorcem o real nível de consumo de combustíveis fósseis na região do

estudo.

b) Alimentos e derivados animais e vegetais: esses itens também não são

contabilizados e não possuem históricos de consumo;

Justificativa: Navegantes é considerada, em parte, cidade dormitório de

municípios próximos, como também em função de receber uma

população flutuante diária, em virtude da movimentação de carga e de

empregados em seu território; soma-se, ainda, a questão da população

flutuante de turistas nas férias de verão.

c) Ocupação territorial e áreas bioprodutivas: muitos dados relativos à

ocupação das terras de Navegantes não estão disponibilizados totalmente

ou não possuem histórico referente aos anos propostos no estudo. A área

territorial total do município, com precisão, foi obtida no IBGE e, portanto,

atende à necessidade do estudo;

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117

Justificativa: Navegantes não disponibiliza, até a presente data, um

estudo pleno por Geoprocessamento. Os dados obtidos com a Prefeitura

e com o IBGE, referentes às áreas bioprodutivas e sobre a ocupação de

seu território estão disponibilizados de forma parcial e não estão

atualizados.

Para ilustrar a evolução da ocupação na região no período do estudo, o autor

deste trabalho fez um levantamento fotográfico na região de estudo, com fotos de

imagens de satélite obtidas no Google Earth, software que disponibiliza o acesso às

imagens de toda a região de estudo.

Estando ciente que as imagens dispostas nesse software, Google Earth, são

disponibilizadas e atualizadas por períodos semestrais, as imagens de satélite de

Navegantes foram compiladas em datas distintas, como seguem identificadas.

Na primeira imagem, foto 3, feita antes da construção da Portonave, no ano

de 2004, é evidenciado o impacto da instalação deste porto privado às margens do

Rio Itajaí-Açu. Também é nítida a grande concentração urbana entre as margens do

oceano Atlântico e do rio Itajaí-Açu, e visível o local de instalação do porto, que

subtraiu uma relativa porção de área do municipio.

Foto 3: Posicionamento do Porto de Navegantes no Rio Itajaí-Açu, 2004 Fonte: Foto compilada pelo autor em 14 de julho de 2004, (Google Earth, 2004).

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118

Na imagem seguinte, foto 4, já na fase de instalação do porto, é possível

observar a noção da área ocupada de Navegantes às margens do rio Itajaí-Açu. No

local, é possível verificar, ainda, a existência de pequenas porções de vegetação

rasteira, típica do ambiente ribeirinho.

Foto 4: Posicionamento do Porto de Navegantes no Rio Itajaí-Açu, 2004 Fonte: Foto compilada pelo autor em 14 de julho de 2004, (Google Earth, 2004).

A próxima imagem, foto 5, mostra a vista geral do perímetro urbano de

Navegantes e Itajaí em 03 de agosto de 2009, data posterior à instalação do porto

em Navegantes. Na foto de satélite, já aparecem as alterações na biogeografia da

região, com a área ocupada pelo porto em contraste com as demais áreas

circunvizinhas.

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119

Foto 5: Posicionamento do Porto de Navegantes no Rio Itajaí-Açu, 2009 Fonte: Foto compilada pelo autor em 4 de agosto de 2009, (Google Earth, 2009).

As imagens dispostas em fotos referentes ao município em estudo, mesmo

não tendo uma boa definição e precisão e por serem datadas em períodos distintos,

ilustram as mudanças no cenário geofísico da região e revelam, no alto, a paisagem

urbana se sobrepondo ao ambiente natural.

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120

5 ANÁLISE ECOLOGICAL FOOTPRINT METHOD

A metodologia da Pegada Ecológica, utilizada para análise dos itens

coletados e classificados, consistiu-se, em linhas gerais, de acordo com os dados

disponibilizados nas etapas descritas anteriormente. Contudo, para cada item de

consumo, o cálculo da PE exigiu a utilização de fatores de conversão diferentes, em

função das unidades de medidas de cada item.

Para calcular a PE da população de Navegantes pelo método direto de

conversão de área por habitantes (hectares/habitante), inicialmente foi necessário

estimar a área apropriada para a produção dos principais itens de consumo na

região de estudo, como consumo de energia, consumo de água e a geração de

resíduos sólidos. Cada categoria de consumo foi convertida numa equivalente área

de terreno e por meio de fatores referentes a cada unidade de medida por item. A

seguir, foi contabilizado o total de habitantes sediados na região, nos anos de 2005

e de 2009, delimitados para a pesquisa. Posteriormente, foi calculado o total per

capita da Pegada Ecológica, em função do somatório dos itens de consumo

considerados válidos para o estudo.

5.1 PEGADA ECOLÓGICA (HA) EM FUNÇÃO DA ÁREA DE NAVEGANTES

2005 E 2009

Para a cidade de Navegantes, inicialmente foi calculada a quantidade de área

por habitante residente nos limites do município, dividindo a população (nº de

habitantes) pela área total (km²), convertidos em hectares (ha), o que resultou na

densidade do município (hab/km²), convertendo-se este valor (hab/km²) para

hectares (hab/ha) e, invertendo esta fração, tem-se a relação (ha/hab). Isto

representa a quantidade de hectares para cada habitante no município de

Navegantes. Contudo, este valor não corresponde, ainda, à Pegada Ecológica local,

pois a pegada significa a área necessária e disponível para consumo de

determinados itens de consumo de cada habitante, per capita, e, a posteriori, é

calculada a Pegada Total do município, em função da soma de todos os itens

consumidos, refletindo, assim, a capacidade de consumo ou revelando a dimensão

da biocapacidade local.

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121

Os valores dessa primeira fase na análise do Ecological Footprint Method

foram dispostos na tabela 9:

Tabela 9: Pegada Ecológica (ha) de Navegantes.

Pegada Ecológica (ha) em função da área de Navegantes 2005 e 2009

Área do município: 111,461 (km2) = 11.146 (ha)

Item de

consumo

2005 2009 Evolução

2005/2009

Área: 11.146 (ha) Área: 11.146 (ha) 0%

População: 49.125 (hab.) População: 57.324 (hab.) +16,69%

Densidade 441 (hab./Km2) Densidade 515 (hab./Km2) +16,76%

Densidade 4,41 (hab./ha) Densidade 5,15 (hab./ha) +16,76%

Pegada Ecológica (ha) da

População (1/(hab./ha))

Pegada Ecológica (ha) da

População (1/(hab./ha))

Total 0,22 (ha/hab.) 0,19 (ha/hab.) -13,63%

Fonte: Elaborado pelo autor com base na formulação de Bellen (2005).

Analisando-se a tabela 9, referente ao cálculo da Pegada Ecológica per capita

em função da área de terra (ha) disponibilizada no município de Navegantes,

percebe-se a discreta evolução na densidade demográfica local de 2005 para 2009,

que, mesmo com incremento de grandes investimentos na região e com a elevação

da empregabilidade local, o aumento da população foi relativamente pequeno. Mas

isto pode ser explicado em função do tamanho do território de 111,461 (km2), que é

considerada uma área de grande porte, quando comparado com outras cidades do

Brasil.

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122

Totalizando as relações entre área e habitantes, e convertidas as unidades de

área total (km²) para hectares (ha), obtiveram-se os valores de 0,22 (ha/hab.) em

2005 e de 0,19 (ha/hab.) em 2009. O que representa a quantidade de área

disponível para cada habitante em Navegantes, ou seja, em 2005, existiam mais

terras disponibilizadas que em 2009; neste intervalo de tempo, houve uma redução

de 13,63% da área per capita.

5.2 PEGADA ECOLÓGICA (HA) POR ITEM DE CONSUMO DE NAVEGANTES –

2005 E 2009

Como base nos estudos sobre o cálculo PE, sabemos que a biocapacidade

total de uma região é dada pela soma de todas as suas áreas bioprodutivas e que o

cálculo da Pegada Local, por território, no caso do estudo, o município de

Navegantes, deve ser realizado por comparação com dados estimados no modelo

do consumo global, por equivalência direta da Pegada Ecológica Global. Esta é uma

medida do total de hectares globais necessários para sustentar a população ali

sediada; podemos desconsiderar que esses hectares estejam dentro ou fora dos

limites territoriais dessa população em estudo, como no caso do item energia

elétrica, consumida localmente e produzida fora dos limites da região do estudo

(BELLEN, 2005).

Assim, considerando as limitações nas coletas de todos os dados referentes

aos itens de consumo, gerados, importados e/ou exportados, foi elaborado o cálculo

considerando o consumo líquido no território de estudo, ou seja, diminuindo os

hectares utilizados para exportação daqueles usados para importação e para a

produção local, com os dados selecionados de acordo com sua disponibilidade e

representatividade do consumo local.

Com base nessas premissas, os dados disponíveis foram ordenados nos

seguintes cálculos, dispostos item por item e acompanhados de seus respectivos

cálculos.

5.3 ENERGIA ELÉTRICA – 2005 E 2009

A energia elétrica fornecida na região da Foz do Itajaí, incluindo nesta o

município de Navegantes, fica ao encargo da CELESC, Central Elétrica de Santa

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123

Catarina S.A., empresa estatal do Estado de Santa Catarina. A tabela, a seguir,

apresenta o número de consumidores e o consumo de energia elétrica (em Kw) no

Município de Navegantes nos anos de 2005 e de 2009.

Tabela 10: Consumidores e consumo de energia elétrica em Navegantes no período

de 2005.

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados da Celesc. (CELESC, 2010).

Ano Classe Qtd. Consumidores Qtd. Consumo 2005

Residencial 19.468 2.900.267

Industrial 1.107 3.204.593

Comercial 997 752.312

Rural 205 86.452

Poder Público 85 65.179

Iluminação

Pública 1 292.424

Serviço Público 4 77.865

Consumo Próprio 1 893

Total em Navegantes 2005 21.858 Unidade Cons. 7.379.985 Kw/hr

Ano Classe Qtd. Consumidores Qtd. Consumo 2009

Residencial 21.576 3.808.927

Industrial 967 4.562.476

Comercial 1.252 4.280.460

Rural 202 91.277

Poder Público 91 74.323

Iluminação

Pública 1 322.215

Serviço Público 2 68.785

Consumo Próprio 1 1.365

Total em Navegantes 2009 24.092 Unidade Cons.

13.209.828 Kw/hr

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124

5.3.1 Cálculo da Pegada Ecológica no item consumo de energia elétrica

Tabela 11: Cálculo da Pegada Ecológica no item consumo de energia elétrica.

ANO

População

Residente

Consumo

em

Kw/hr

Consumo

em

Gigajoule

Pegada

Ecológica

(ha) da

População

Pegada

Ecológica

(ha)

Per capita

Pegada

Ecológica

(gha) da

População

Pegada

Ecológica

(gha) Per

capita

(a) (b) (c) (d) (e) (f) (g)

2005 49.125 7.379.985 26.5679 0,2656 0,000054 0,363872

7.49 10-8

0,0000000749

2009 57.324 13.209.828 47.5553 0,4755 0,000082 0,651435

1.13 10- 7

0,000000131

Evolução +16,69% + 78,99% + 78,99% + 78,99% + 51,81% +80,55% +74,89%

(h)

Fonte: Elaborado pelo autor conforme dados da CELESC, (CELESC, 2010).

Procedimento do cálculo da Pegada Ecológica no item de consumo de

energia elétrica, de acordo com os critérios adotados para a Metodologia da Pegada

Ecológica:

a) População residente estimadada nos anos de 2005 e 2009 (IBGE, 2010).

b) Consumo total nos anos de 2005 e 2009, de acordo com o relatório da

CELESC (2010).

c) A conversão de acordo (SI) do consumo e Kw/h para Gigajoules foi

realizada no site: www.unitconversion.org/energy/gigajoules-to-kilowatt-

hours-conversion.html. (Acesso em: 2010).

d) Considerando que 1 hectare absorve 100GJ de energia, calcula-se a PE

dividindo o total consumido por 100 (BELLEN, 2005).

e) Pegada Ecológica per capita = PE da população total dividida pela

população total. (BELLEN, 2005).

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125

f) PE da população em global hectare (gha) = multiplicação da PE em hectare

pelo fator de equivalência 1,37, referente à bioprodutividade global de terra

de energia (WWF, 2010).

g) Calcula-se a Pegada Ecológica per capita dividindo o consumo pela

população total, considerando o consumo per capita e, em seguida, divide-

se por 100 (BELLEN, 2005).

h) Nesta planilha, também foi calculado a evolução dos valores tabulados por

coluna, em percentual, referentes aos anos 2005 e 2009, estabelecidos

pelo estudo de caso.

5.3.2 Fator de conversão de unidades do Sistema Internacional de Unidades

(SI)

Joule J

(Gigajoule)

Unidade de

energia, trabalho,

quantidade de

calor.

Um joule (J) é o trabalho realizado por uma força de intensidade 1 newton, cujo ponto de aplicação se desloca

de 1 metro na direção da força. Joule (J) 1,0 = 277,7 x e-9 Kw/hr

1 Gigajoule = 277.777 777 78 Kw/hr

Watt

W

(Kw/hr)

Unidade de

potência elétrica

Um watt (W) é a potência que dá lugar a uma produção

de energia igual a 1 joule por segundo.

1 k/whr = 0,0036 Gigajoule.

Quadro 14: Conversão do item energia elétrica. Fonte: Organizado pelo autor conforme dados do INMETRO (INMETRO, 2010).

5.4 ÁGUA ABASTECIDA – 2005 E 2009

A água consumida até 2005 era medida pela CASAN, Companhia

Catarinense de Águas e Saneamento, e, a partir de 2009, a responsabilidade da

medição foi passada ao DAE, Departamento de água e Esgoto de Navegantes.

Sobre este item de consumo de água, foram realizadas duas coletas distintas,

a saber: as coletas referentes ao ano de 2005 foram feitas no banco de dados da

CASAN; e os dados de consumo referentes ao ano de 2009 foram coletados através

do DAE, Navegantes. Entretanto, devido à utilização da relação do IPCC, de que 1,0

hectare absorve 1,0 toneladas de CO2 por ano, foi necessário realizar duas

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126

conversões. De acordo com as relações apresentadas por Chambers et al. (2000), a

primeira correspondeu à conversão do consumo em m3 para megalitro, através da

relação em que 1.000,00 m3 é igual a 1,0 megalitro; a segunda consistiu na

transformação de megalitros para toneladas, através da relação na qual 1,0

megalitro emite 0,370 toneladas de CO2 para atmosfera. O que propiciou, desta

forma, o cálculo da PE anual referente ao consumo da população residente em

Navegantes nos anos de 2005 e 2009.

Na tabela 12, referente ao item de consumo de água no ano de 2005, estão

dispostos os valores disponibilizados por tipo de consumidor:

Tabela 12: Consumo de água no ano de 2005.

Fonte: Organizado pelo autor com base nos dados da CASAN, (CASAN, 2010). *Dados obtidos na CASAN, onde alguns dos dados de valores por classificação não foram disponibilizados, somente o total anual.

Tabela 13: Consumo de água no ano de 2009.

CONSUMO 2009

Tipo de Consumidor Volume Faturado em

Metros Cúbicos

Público 44.606,33

Industrial 71.015,63

Comercial 127.492,67

Residencial 2.612.985,45

Total Anual 2.856.100,08

Fonte: Organizado pelo autor com base nos dados do DAE. (DAE, 2010).

CONSUMO 2005

Tipo de Consumidor Volume Faturado em

Metros Cúbicos

Público X*

Industrial X*

Comercial X*

Residencial X*

Total Anual 1.702162,65

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127

5.4.1 Cálculo da Pegada Ecológica no item consumo de energia elétrica

Cálculo da PE da população residente referente ao consumo de água nos

anos de 2005 e 2009.

Tabela 14: Pegada Ecológica da População Total de Navegantes referente ao

consumo de água nos anos de 2005 e 2009.

Fonte: Elaborado pelo autor com base na formulação de Bellen (2005).

Procedimento do cálculo da Pegada Ecológica no item de consumo de água,

de acordo com os critérios adotados para a Metodologia da Pegada Ecológica:

a) População presente em Navegantes no período de 2005 e de 2009.

b) Consumo de água no período de 2005 e 2009.

c) Conversão de acordo com Chambers et al. (2000): 1 litro é igual a 0,001 m3

e 1 megalitro é igual a 1.000,00 m3. Converteu-se o total de água

consumido em metros cúbicos para megalitros, dividindo-o por 1.000,00.

d) De acordo com Chambers et al. (2000), o tratamento, o encanamento e a

distribuição de 1 megalitro de água às pessoas, emite 370kg de CO2 para a

atmosfera. Considerando que 370kg são iguais a 0,370 toneladas, define-

se o total de CO2 emitidos em toneladas.

Ano Pop.

Hab.

Cons.

de água

(m3)

Cons.

de água

Mega

litro

Total

de

CO2

emitidos

(t)

PE (ha)

da

populaçã

o

PE

per

capita

(ha)

PE (gha)

da

populaç

ão

PE

per

capita

(ha)

a b c d e f g h

2005

49.125 1.702.162,65 1.702,16 629,79 629,79 0,01282 862,81 0,017

2009

57.324 2.856.100,08 2.856,10 1.056,72 1.056,72 0,01843 1.447,70 0,025

Evolução

2005/2009

+

16,69%

+

67,79%

+

67,79%

+

67,78%

+

67,78%

+

43,75%

+

67,78%

+

47,05%

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128

e) Segundo o IPCC, 1 hectare absorve 1,0 t de CO2. Assim, obtém-se a

Pegada Ecológica dividindo a emissão total de CO2 por 1,0.

f ) PE per capita = PE da população dividido pela população.

g) Transformação da PE (ha) para PE (gha). Foi utilizado o Fator de

Equivalência 1,37, referente à produtividade da área de floresta.

h) Calcula-se a Pegada Ecológica per capita dividindo o consumo pela

população total, considerando o consumo per capita, e, em seguida, divide-

se por 100 (BELLEN, 2005).

i) Nesta planilha, também foi calculada a evolução dos valores tabulados por

coluna, em percentual, referentes aos anos de 2005 e 2009, determinados

pelo estudo.

5.5 QUANTIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS – 2005 E 2009

Tabela 15: Quantidade de resíduos sólidos recolhidos em 2005 e 2009.

Fonte: Elaborado pelo Autor com base na formulação de Bellen (2005). *Dados obtidos na empresa terceirizada Recicle e alguns dos dados mensais não foram disponibilizados, somente o total anual.

Períodos 2005

Toneladas / mês

2009

Toneladas / mês

Janeiro X* 1.656,84

Fevereiro X* 1.357,22

Março X* 1.367,31

Abril X* 1.260,92

Maio X* 1.254,77

Junho X* 1.259,27

Julho X* 1.297,58

Agosto X* 1.274,27

Setembro X* 1.409,33

Outubro X* 1.343,08

Novembro X* 1.336,29

Dezembro X* 1.696,03

Total / Ano 9.412,86 T 16.512,03 T

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129

5.5.1 Cálculo da PE da população residente referente à geração de resíduos,

nos anos de 2005 e 2009

Tabela 16: Pegada Ecológica da População Total de Navegantes referente à geração de resíduos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Ano População

Residente

Produção

Lixo

anual

(t)

Produção

Lixo

anual

(kg)

Emissão de

CO2

(kg)

Emissão

de CO2

(t)

Pegada

Ecológica

População

Emissão

CO2

(ha)

(a) (b) (c) (d) (e) (f)

2005 49.125 9.412 9.412.860 3.137.333,33 3.137,33 3.137,33

2009 57.324 16.512 16.512.030 5.504.010,00 5.504,01 5.504,01

Evolução

2005/2009

+

16,69%

+

82,83%

+

82,83%

+

75,44%

+

75,44%

+

75,44%

(m)

Ano

Pegada

Ecológica

(ha)

Per capita Emissão CO2

Pegada Ecológica

(ha) População CO2 e CH4

Pegada Ecológica (ha) Per capita

CO2 e CH4

PE (gha) População CO2 e CH4

PE (gha) per

capita CO2 e CH4

(g) (h) (i) (j) (l)

2005 0,0638 6.274,66 0,1277 8.596,28 0,1749

2009 0,0960 11.008,02 0,1920 15.080,98 0,2630

Evolução

2005/2009

+

50,47%

+

75,43%

+

50,35%

+

75.43%

+

50,37%

(m)

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130

Procedimento do cálculo da Pegada Ecológica no item referente à geração de

resíduos, de acordo com os critérios adotados para a Metodologia em questão:

a) População residente em Navegantes no período de 2005 e de 2009;

b) Somatório anual da geração de resíduos no período de 2005 e de 2009;

c) Geração de resíduos em quilos: multiplica-se a produção em toneladas por

1000;

d) Se 3 libras de lixo emitem 1 libra de CO2, e 1libra = 0,45Kg, então 1,35 0,45

Kg de CO2;

e) 1000kg equivalem a 1 tonelada;

f) Segundo o IPCC, 1 hectare de terra absorve 1,0 t de CO2, logo, é feita regra

de três entre emissão de CO2 da população total, multiplicado por 1,0 ha e

o resultado é dividido por 1,0 t de CO2;

g) PE per capita = divisão da PE total pela população;

h) Considerando-se que, para cada 1 kg de CO2, é gerado 1 kg de Metano

(CH4); Assim, apenas multiplica-se por 2 o total de terras requeridas;

i) PE per capita (CO2 e CH4) = divisão da PE total (CO2 e CH4) pela

população;

j) PE população em global hectare (gha) = multiplicação da PE em hectare

pelo fator de equivalência 1,37, referente à bioprodutividade global de terra

de energia;

k) Calcula-se a Pegada Ecológica per capita (CO2 e CH4) dividindo o consumo

pela população;

l) Nesta planilha, também foi calculada a evolução dos valores tabulados por

coluna, em percentual, referente aos anos de 2005 e de 2009,

estabelecidos no estudo de caso.

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131

5.6 A PEGADA ECOLÓGICA (HA) DE NAVEGANTES DE 2005 E DE 2009

Tabela 17: Cálculo da Pegada Ecológica de Navegantes de 2005 e de 2009 (ha).

Pegada Ecológica (ha) de Navegantes

2005 e 2009 Área do município: 111,461 (km2) = 11.146 (ha)

Item de consumo

2005 2009 Evolução 2005/2009

Área: 11.146 (ha) Área: 11.146 (ha) 0%

População: 49.125 (hab.) População: 57.324 (hab.) +16,69%

Densidade 441 (hab./Km2) Densidade 515 (hab./Km2) +16,76%

Pegada Ecológica (ha) da População

Pegada Ecológica (ha) da

População

Energia

Elétrica 0,2656 0,4755 +79,02%

Água

Tratada 629,79 1.056,72 +67,78%

Resíduos

Sólidos 3.137,33 5.504,01 +75,43%

PE Total 3.767,39 (ha) 6.561,206 (ha) +74,15%

PE/hab. 0,0766 (ha/hab.) 0,114 (ha/hab.) +48,82% Fonte: Elaborado pelo autor.

A Pegada Ecológica total de Navegantes, que foi de 3.767,39 (ha) em 2005 e

de 6.561,206 (ha) em 2009, resultado da soma das pegadas referentes a cada item

de consumo, revelando, nesses itens, que a PE local é elevada e a variação do ano

de 2005 para o ano de 2009 foi de 75.15%. Com aumento de 48,82% em relação à

evolução da PE/hab., o valor reflete o aumento diferenciado da população em

relação ao valor total da PE no período em estudo. Destaca-se, na Pegada, o item

resíduo sólido, que foi elevado em relação aos demais itens calculados.

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132

5.7 CÁLCULO DA PEGADA ECOLÓGICA (GHA) DE NAVEGANTES DE

2005 E DE 2009

Tabela 18: Cálculo da Pegada Ecológica de Navegantes de 2005 e de 2009 (gha).

Pegada Ecológica (gha) de Navegantes 2005 e 2009

Área do município: 111,461 (km2) = 11.146 (ha)

Item de consumo

2005 2009 Evolução 2005/2009

Área: 11.146 (ha) Área: 11.146 (ha) 0%

População: 49.125 (hab.) População: 57.324 (hab.) +16,69%

Densidade 441 (hab./Km2) Densidade 515 (hab./Km2) +16,76%

Pegada Ecológica (gha) da População

Pegada Ecológica (gha) da População

Energia

Elétrica 0,363872 0,651435 +79,02%

Água

Tratada 862,81 1.447,70 +67,78%

Resíduos

Sólidos 8.596,28 15.080,98 +75,43%

PE Total 9.459,454 (gha) 16.529,33 (gha) +74,73%

PE / hab. 0,192 (gha/hab.) 0,288 (gha/hab.) +49,90%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Em relação à Pegada Ecológica Total, em (gha), de Navegantes, os valores

se elevaram em função do cálculo de equivalência realizados com base no global

hectare. Os resultados calculados de 2005 refletiram uma Pegada de 16.529,33

(gha) em 2009, resultado da soma das pegadas referentes a cada item de consumo,

revelando-se, nesse item também, que a PE local é elevada e a variação do ano de

2005 para o ano de 2009 foi de 74.73%. O aumento de 49,90% em relação à

evolução da PE/hab. reflete também o aumento diferenciado da população em

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133

relação ao valor total da PE no período realizado no estudo. Neste item, o destaque

na Pegada também é referente ao item resíduo sólido, que se manteve elevado em

relação aos demais itens calculados.

5.8 CÁLCULO DO SALDO ECOLÓGICO DE NAVEGANTES DE 2005 E DE 2009

No caso do estudo em Navegantes, por não estarem disponibilizadas as

áreas equivalentes aos biomas existentes sobre o seu território, o cálculo do saldo

ecológico não pôde ser realizado.

Na tentativa de buscar uma ideia do nível de ocupação do território de estudo

comparativo, foi considerado que, aproximadamente, 40% de seu território estão

ocupados. Para tanto, essa estimativa foi realizada com base em levantamentos

feitos por cruzamento de dados via imposto territorial e com base em dados

topográficos locais (PMN, 2009).

Assim, a área desocupada em Navegantes ficou estimada em função da

subtração da área calculada como ocupada ou imprópria ao uso humano. A área do

município é de 111,461(km2), o que equivale a 11.146(ha) e 40% da área de

111,461(km2) corresponde a 44,584(km2) de terras ocupadas, ou, ainda, 40% de

11.146(ha) corresponde 4,458(ha) das mesmas terras ocupadas.

Dessa forma:

111,461 km2 – 44,584 km2 = 66,876 km2 de área útil bioprodutiva.

ou: 11.146 ha – 4,458 ha = 6,688 ha de área útil bioprodutiva estimada.

Navegantes, com os seus 111,461 km2 é um município relativamente

pequeno, o que influenciou diretamente no cálculo da Pegada Ecológica, como ficou

evidenciado no gráfico 7:

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134

Gráfico 7: A Pegada Ecológica e a Biocapacidade Global Fonte: Adaptado pelo autor com base no Relatório Planeta Vivo, 2010; Global Footprint Network, 2010; WWF, 2010.

2,1 hectares globais por pessoa é a média de área disponível no planeta de

modo a garantir a sustentabilidade da vida na Terra. Isto equivale a uma área pouco

maior do que dois campos de futebol. Entretanto, a média mundial já ultrapassou a

marca de 2,8 hectares globais, cerca de 30% a mais do que o que o planeta pode

suportar. (WWF, 2010)

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE –, o

Brasil, em 2010, possuía 190.732.694 de habitantes em uma área de

8.514.215,3 km², ou seja, uma densidade demográfica de 22,40 habitantes por

quilômetro quadrado.

Alguns exemplos da Densidade Demográfica: ÍNDIA = 343(hab./Km2)

CHINA = 138(hab./Km2) ÁFRICA = 35(hab./Km2)

EUA = 32(hab./Km2) 0,192 (gha/hab.) 2005

0,288 (gha/hab.) 2009

Pegada Ecológica Navegantes: PE = 1.48 (2009)

Pegada Ecológica de Navegantes (gha/hab.):

Pegada Ecológica Navegantes: PE = 0,84 (2005)

BRASIL = 0,2 (hab./ha) = 20 (hab./Km2) em 2005 Navegantes = 4,41 (hab./ha) = 441 (hab./Km2) 2005 e 5,15 (hab./ha) = 515 (hab./Km2) em 2009

Alguns exemplos de Pegada Ecológica: Índia 0.8 gha /pessoa Brasil 2.2 gha /pessoa Escócia 5.35 gha /pessoa EUA 9.7 gha /pessoa

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Metodologia da Pegada Ecológica demonstrou ser uma ferramenta prática

no estudo dos déficits ambientais para determinados locais. Pode ser utilizada tanto

para a determinação de um indicador de sustentabilidade como para a exposição da

qualidade de vida de uma população, como também para compor um modelo

educacional, isto é, para a demonstração lúdica da pegada do ser humano sobre o

planeta.

O estudo de caso revelou, em parte, o perfil socioambiental do município de

Navegantes, expondo algumas necessidades para as questões ambientais da região

do estudo.

O objetivo da pesquisa foi alcançado, tendo em vista que, durante a fase de

prospecção de dados, foram selecionados os indicadores mais apropriados para o

cálculo do Ecological Footprint Method, para os anos de 2005 e 2009, período

selecionado no estudo dirigido ao município de Navegantes.

A pesquisa realizada expôs os reflexos da ação dos habitantes navegantinos

sobre o meio ambiente local, ou seja, demonstrou os impactos ambientais das

atividades antrópicas em Navegantes. Os principais fatores que influenciaram na

Pegada Ecológica local foram relacionados ao volume de resíduos sólidos

produzidos no limites territoriais da cidade.

No período entre 2005 e 2009, escolhido na pesquisa, destaca-se a

implantação dos dois grandes empreendimentos na região, (Porto Portonave e o

Estaleiro Navship), que influenciaram nos indicadores de consumo e no aumento da

população em Navegantes, como também em função da emigração de profissionais

especializados para as necessidades emergentes.

Através das planilhas de cálculo da PE e com os dados planificados, também

foi possível fazer interpretações de outros fatores discrepantes em relação aos

indicadores coletados, entre eles, o item de consumo energia elétrica, que se firmou

como o dado mais preciso e coeso. Por ter sido originado por meio eletroeletrônico,

via instrumentos de leituras precisos, e por possuir histórico em planilhas

informatizadas, esse item de consumo é utilizado por diversos órgãos

governamentais, como o IBGE, como referencial em projeções de diversos

indicadores.

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136

O consumo de energia elétrica reflete a quantidade exata de domicílios, em

um determinado local, e também expressa, com exatidão, o aumento desse

consumo, indicando, assim, mudanças em relação ao desenvolvimento econômico

local.

Com base na afirmação anterior, observou-se, no desenvolvimento do estudo,

que alguns dos indicadores utilizados foram sim referenciados ao item consumo de

energia, entre eles, as projeções da população feitas pelo IBGE, nos períodos sem

censo. O item consumo de água é igualmente correlacionado ao consumo de

energia elétrica, quando da ausência de hidrômetro na residência ou empresa.

Esse mesmo item, consumo de energia, é utilizado também para expressar o

aumento sazonal da população, no período de verão, com o incremento dos

veranistas, por exemplo, ou seja, é um indicador da população flutuante no

município.

Isolando os contratempos operacionais da fase do estudo em campo,

efetivou-se o cálculo da Pegada Ecológica de Navegantes e considera-se baixa,

quando comparada com outras regiões.

A Pegada Ecológica total de Navegantes foi de 3.767,39 ha, em 2005, e de

6.561,206 há, em 2009, resultado da soma das pegadas referentes a cada item de

consumo e verificou-se que a PE em função do território é elevada e a variação, do

ano de 2005 para o ano de 2009, foi de 75,15%.

Enquanto a PE por habitante no município de Navegantes foi de 0,0766

ha/hab. no ano de 2005, a PE do ano de 2009 foi de 0,114 ha/hab., com uma

evolução de 48,82% em relação aos anos estudados. Nesta análise, destacou-se

que a PE sobre o indicador de consumo resíduo sólido foi a que apresentou maior

valor dentre as demais.

Esses valores são pequenos em relação à Pegada média mundial, que varia

de 1 a 12 ha/hab. De acordo com um estudo recente sobre a PE, realizado pela

organização não governamental World Wide Fund for Nature, demonstrou que cada

habitante sobre a Terra precisaria de 2,9 hectares por ano para manter seu estilo de

vida atual. Entretanto, o que acontece é que, hoje, cada ser humano tem, à sua

disposição, somente 1,6 hectares, referentes à capacidade do planeta. (WWF,

2009).

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137

Em relação à Pegada Ecológica total de Navegantes, os valores se elevaram

em função do cálculo de equivalência realizado com base no global hectare (gha).

Os resultados calculados, em 2005, resultaram em uma PE de 9.459,454 gha e,

para 2009, a PE foi de 16.529,33 gha, revelando-se, também nesse item, que a PE

global de Navegantes é elevada, apresentando uma variação de 74,73% do ano de

2005 para o ano de 2009. Nesse cálculo, o item resíduo sólido se manteve elevado

em relação aos demais itens calculados.

Sobre o valor da PE por habitante no município de Navegantes, o valor

calculado foi de 0,192 ha/hab. no ano de 2005 e de 0,288 ha/hab. no ano de 2009,

com uma evolução de 49,90% em relação aos anos estudados. Valores esses

também pequenos, quando comparados com a PE média mundial, que varia de 2 a

20 gha/hab.

Por fim, podemos afirmar que, mesmo na ausência de alguns indicadores no

cálculo, a ferramenta metodológica da Pegada Ecológica se revelou eficiente para

atender aos objetivos propostos nesse estudo, bem como no aprendizado com a

experimentação de um método novo e arrojado para os moldes acadêmicos, em

virtude de sua dimensão empírica.

6.1 LIMITAÇÕES

A primeira limitação do estudo realizado em Navegantes foi a dificuldade de

acesso aos dados referentes aos biomas do município, como a quantidade de terras

férteis, as áreas de floresta, entre outros, que são condicionados ao estudo geofísico

realizado por meio de processos computacionais sobre imagens de satélites,

denominado Geoprocessamento, indisponível na região do estudo.

Outro fato que limitou, em parte, os estudos de campo, refere-se à falta de

dados históricos de um passado recente. Os dados referentes ao ano de 2009 foram

obtidos com relativo fácil acesso, mas os dados referentes ao ano de 2005 ou anos

anteriores foram obtidos com grande dificuldade. Percebe-se que, em alguns órgãos

governamentais e de economia mista, há displicência em manter a continuidade

entre as políticas em bancos de dados, imprescindíveis para estudos futuros. Esse

fato foi evidenciado na divergência de dados, como a encontrada nas planilhas do

item 8.2.20 do anexo, relativos à população de Navegantes, disponíveis em websites

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oficiais, como o do IBGE e o do Ministério da Saúde, nos quais cada órgão projeta

um valor de população diferente para o mesmo período.

No desenvolvimento desse estudo, ficou nítida a falta de interesse por parte

de alguns empresários em disponibilizar dados referentes à temática do estudo e até

por parte de alguns órgãos governamentais, que mostraram resistência em revelar

dados sobre os valores de alguns indicadores. Entre eles, podem ser citados os

indicadores referentes ao consumo de combustíveis, que não é contabilizada por

nenhum órgão de governo da região, como também a quantidade de resíduos

industriais gerados na região, expressos em algumas planilhas, mas, quando em

posse do indicador, só foi possível dispor do valor bruto anual.

No caso do item água, referente ao ano de 2005, nesse período, ocorreu a

mudança de concessão nos serviços de fornecimento de água da empresa CASAN

para a empresa SEMASA, de Itajaí. Fato que se repetiu no item resíduos sólidos, em

que a empresa RECICLE, terceirizada pela prefeitura de Navegantes, disponibilizou

em parte, os dados solicitados.

O método da PE permite que o pesquisador utilize diferentes indicadores para

o cálculo de uma PE local. A padronização de alguns critérios de escolha dos

indicadores facilita o conhecimento da validade, ou não, de um determinado

indicador. E, assim, as limitações da metodologia aplicada nesse estudo, o

Ecological Footprint Method, Método da Pegada Ecológica, refere-se à padronização

da escolha e de aplicação de critérios comprovadamente reconhecidos. Entre os

critérios a serem padronizados, cita-se a forma correta de se validar um indicador de

sustentabilidade em relação à sua referência de origem.

6.2 SUGESTÕES

Com a intenção de corroborar este estudo sobre a PE no município de

Navegantes como referência em futuras pesquisas que envolvam a Metodologia da

Pegada Ecológica, estão relacionadas algumas sugestões surgidas durante o

período de estudo de caso, que seguem:

a) Adoção de tecnologias por Geoprocessamento em todos os municípios do

estado catarinense, para fins de coletas mais precisas. Consideração, no

cálculo da Pegada Ecológica, das áreas bioprodutivas marinhas, tendo em

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vista a existência de diversas regiões litorâneas localizadas em Santa

Catarina.

b) Análise de outros itens de consumo para o cálculo da Pegada Ecológica de

uma cidade, para a obtenção de um resultado mais completo acerca dos

impactos ambientais disponibilizados pelo sistema em estudo.

c) Utilização dos resultados da Pegada Ecológica como referência para

futuros estudos sobre as questões ambientais na região de Navegantes e

em seu entorno.

d) Aplicação da Pegada Ecológica como instrumento lúdico para a educação

ambiental de alunos residentes nas cidades estudadas.

e) Motivação para o estudo da metodologia em outros municípios de Santa

Catarina, em prol da formação de um acervo de dados sobre a Pegada

Ecológica de muitos municípios.

f) A respeito da possibilidade de se inferir, em trabalhos futuros, o incremento

de testemunhos de habitantes locais, através de questionários

semiestruturados sobre a percepção da população a respeito dos impactos

ambientais vividos por elas em seus municípios.

Esta pesquisa foi aplicada no Município de Navegantes, no estado de Santa

Catarina, sendo agora um referencial metodológico, inclusive para futuros trabalhos

nos quais se repitam a realização de pesquisas que apliquem a mesma metodologia,

com o enfoque nos demais municípios do estado. Possibilitando, assim, a formação

de acervo de dados sobre Pegada Ecológica e tendo a consciência de que o estudo

realizado no município de Navegantes é apenas um passo no caminho que levará

ao reconhecimento das questões de sustentabilidade em harmonia com a melhoria

da qualidade de vida para todos.

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ANEXO A

Dados Gerais do Município em estudo Navegantes:

A- Unidade Federativa:

Santa Catarina. Messoregião: Vale do Itajaí. Microrregião: Itajaí (Balneário Piçarras,

Ilhota, Itajaí, Luiz Alves e Penha). Distância da Capital do Estado: 92km.

B- Símbolos do Município de Navegantes:

Brasão Bandeira

Brasão e Bandeira do Município de Navegantes.

Fonte: PMN, 2009.

C- Fatores Psicossociais:

População: 57.324 hab. (IBGE, 2007)

Gentílico: Navegantino ou dengo-dengo.

Colonização: Açoriana

Fundação: 26 de agosto de 1962

Gentílico: Navegantino e dengo-dengo

Prefeito (a): Roberto Carlos de Souza (2009 – 2012)

Localização: 26° 53' 56" S 48° 39' 14" O 26° 53' 56" S 48° 39' 14" O

Unidade Federativa: Santa Catarina

Messoregião: Vale do Itajaí

Microrregião: Itajaí

Municípios limítrofes: Ilhota, Itajaí, Luiz Alves, Penha e Piçarras.

Distância até a capital: 90 km

Área 111,461 km²

Densidade 456,6 hab./km²

Altitude 12 m

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Clima subtropical

Fuso horário UTC-3

Indicadores econômico, sociais:

PIB per capita: R$ 11.306,00. (IBGE, 2007)

IDH: 0,774 médio. (PNUD,2000)

PIB: R$ 595.132 mil. (IBGE, 2007)

Área: 111,46 km2

Bioma: Mata Atlântica

D- Dados Geográficos:

Limites: Ao norte com Penha e Balneário Piçarras, ao oeste com Ilhota e Luiz Alves,

ao leste com Oceano Atlântico e Sul com Itajaí, separados territorialmente pelo largo

rio Itajaí-Açu.

Superfície: Área de 111,461km² com 456,6 habitantes/km².

Vegetação: Predominantemente Mata Atlântica Tropical

Climas e Condições Meteorológicas: Subtropical mesotérmico úmido com

oscilações entre 18ºC e 30ºC

Relevo:

Latitude: 26º53’56” sul

Longitude: 48º39’15” oeste

Altitude: 2 metros

Território predominantemente plano.

Hidrografia: O Município de Navegante ao norte, tem a sua divisa com o município

de Penha demarcada pelo Rio Gravatá. E o ascendente do Rio Gravatá, o Ribeirão

Guaporuma corta a região central do norte ao sul. Os bairros Gravatá e Meia Praia

são divididos pelo Ribeirão das Pedras. O Ribeirão São Domingos se localiza na

área centro sul da cidade que acompanha os primeiros quilômetros da BR 470. O

Rio Itajaí Açu é marco de divisa de Navegantes ao sul da cidade com Itajaí. O

Ribeirão do Baú finda território de Navegantes ao Oeste com a cidade de Ilhota. O

Rio Luiz Alves é o divisor de terras de Navegantes e Luiz Alves; e ao leste, o

município é banhado pelo Oceano Atlântico.

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Acessos: Ao norte pela Rodovia Ivo Silveira; a leste por mar; no sul pelo Rio Itajaí

Açú com a travessia por balsa com o Ferry Boat, e através do terminais portuários.

Ao oeste pelas Rodovias BR 101 e BR 470.

Bairros: Gravatá – Meia-Praia – Jardim Paraíso – Pedreiras; Centro (Incluí

Arredores do Aeroporto) – São Domingos e São Pedro; Nossa Senhora das Graças

– Jardim Paranaense - Machados (Incluí Arredores do Açude) – São Paulo; Porto

das Balsas – Volta Grande – Hugo de Almeida – Escalvados – Escalvadinhos –

Porto Escalvado.

Localidades: Escalvândia, Garuva, Garuvinha, Queimadas e Areia.

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ANEXO B

Dados sobre os insumos consumidos e indicadores relacionado ao Município

de Navegantes e Região em 2005 e 2009.

8.2.1 Desempenho dos indicadores do saneamento – 2005.

Valores absolutos, relativos e índices segundo a forma do abastecimento de água

dos domicílios.

baixobaixo

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informação de Atenção Básica, 2006.

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150

8.2.2 Índice segundo o abastecimento de água dos domicílios por rede pública,

2005.

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informação de Atenção Básica, 2006.

8.2.3 Densidade demográfica, 2006.

Fonte: IBGE - Censo Demográfico e Estimativa da População, 2006.

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151

6.3.4 Índice do desenvolvimento do saneamento, IDSAN, 2005.

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informação de Atenção Básica, 2006.

8.2.4 Produção agrícola, área colhida e rendimento médio das principais lavouras temporárias, 2000 - 2004.

• Arroz

Fonte: IBGE - Censo Demográfico e Estimativa da População, 2006.

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8.2.5 Área para construir, 1998 -2005.

Áreas para construir expedida pelo CREA/SC, segundo os municípios, 1998 - 2005.

Fonte: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agrônomia de Santa Catarina - CREA/SC,

2007.

8.2.6 Energia elétrica, Número de consumidores de energia elétrica da classe

industrial, 1998 - 2005.

Número de consumidores de energia elétrica da classe industrial - 1998-2005.

Fonte: Centrais Elétricas de Santa Catarina - CELESC, 2006.

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8.2.7 Consumo de energia elétrica da classe industrial, 1998 - 2005.

Fonte: Centrais Elétricas de Santa Catarina - CELESC, 2006.

8.2.8 Número de consumidores de energia elétrica da classe comercial, 1998 -

2005.

Fonte: Centrais Elétricas de Santa Catarina – CELESC, 2006.

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154

8.2.9 Consumo de energia elétrica da classe comercial, 1998 - 2005.

Fonte: Centrais Elétricas de Santa Catarina - CELESC, 2006.

8.2.10 Número de consumidores de energia elétrica da classe residencial, 1998

- 2005.

Fonte: Centrais Elétricas de Santa Catarina - CELESC, 2006.

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8.2.11 Consumo de energia elétrica da classe residencial, 1998 – 2005.

Fonte: Centrais Elétricas de Santa Catarina - CELESC, 2006.

8.2.12 Transporte, frota de veículos automotores por tipo, 2005.

Fonte: DETRAN/SC e DENATRAN, 2007.

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156

8.2.13 Trabalho, número de empregados segundo os setores econômicos,

2005.

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego, 2008.

8.2.14 Arrecadação de ICMS per capita a preços constantes, 2000 - 2005.

Fonte: Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina, 2006.

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157

8.2.15 Número de famílias, ligações de energia elétrica e condição de eficácia de ligações de energia elétrica, 2005.

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informação de Atenção Básica, 2006.

8.2.16 Valores absolutos, relativos e índices segundo o tipo de construção da casa, número de famílias, tipo de casa construída e condição de eficácia do tipo de casa construída com tijolo/adobe, parede de madeira e pedra/concreto, 2005.

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informação de Atenção Básica, 2006.

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158

8.2.17 Valores absolutos, relativos e índices segundo o destino dos dejetos

dos domicílios, número de famílias, destino dos dejetos dos domicílios e

condição de eficácia do destino dos dejetos para o esgoto e fossa, 2005.

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informação de Atenção Básica, 2006.

8.2.18 Valores absolutos, relativos e índices segundo o destino do lixo dos

domicílios, número de famílias, destino do lixo dos domicílios e condição de

eficácia do destino do lixo coletado, 2005.

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informação de Atenção Básica, 2006.

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159

8.2.19 Valores absolutos, relativos e índices segundo a forma do

abastecimento de água dos domicílios, número de famílias, forma de

abastecimento de água dos domicílios e índice de eficácia segundo o

abastecimento de água por rede pública, 2005.

Fonte: Ministério da Saúde, Sistema de Informação de Atenção Básica, (IBGE, 2010).

8.2.20 Balança comercial de Navegantes no período 2004-2008

Fonte: Ministério da Indústria e Comércio Exterior, Secretaria de Comércio Exterior. (SECEX. 2010).

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8.2.20 Imagens dos sites visitados com indicadores divergentes.

Fonte: (IBGE, 2010), (DATASUL,2010).

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8.2.21 Imagens dos sites visitados com indicadores indisponíveis.

Fonte: (IBGE,2010)

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162

8.2.22 Imagens dos sites visitados com indicadores indisponíveis.

Tabela 2365 - Número de municípios com serviço de coleta de lixo seletiva, Número estimado de residências e Quantidade de lixo coletado

Município = Navegantes - SC

Variável = Número de municípios com serviço de coleta seletiva (Unidades)

Ano = 2000

-

Nota: 1 - a variável Número de municípios inclui os que não declararam o número estimado de residências ou quantidade estimada de lixo. Fonte: IBGE - Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

Fonte: (IBGE,2010)

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8.2.23 Imagens dos sites visitados com indicadores indisponíveis.

Fonte: (PNUD, 2010).

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164

8.2.24 Consumidores e consumo de energia elétrica em Navegantes no período

de 2004 - 2008

Ano Nº de unidades consumidoras

Consumo Total (kW/h)

Média de Consumo Anual

Per Capita (kW/h)

2004 21.069 78.047.605 3.704,4 2005 21.868 86.478.952 3.954,6 2006 22.683 94.733.183 4.176,4 2007 23.868 108.724.322 4.555,2 2008 24.389 125.984.592 5.165,6

Evolução no período

2004/2008

15,8% 61,4% 39,4%

Fonte: Centrais Elétricas de Santa Catarina (CELESC, 2010).

8.2.25 Consumidores estratificados por classes de energia elétrica em

Navegantes no período de 2004 – 2008.

Fonte: Centrais Elétricas de Santa Catarina (CELESC, 2010)

Consumo

Próprio

Serviço

Público

luminação

Pública

Poderes

PúblicoslRuralComercialIndustrialResidencial

32,5%

21,9%

47,6%

42,4%

20,2%

14,5%10,1%

0,6%1,0%

0,8%

2,0%

1,2%

0,0%0,5%

0,4%

Navegantes Santa Catarina

0,0%

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165

Dados atualizados sobre a Pegada Ecológica e a Biocapacidade no Planeta e em algumas nações em destaque por continente. *Results from National Footprint Accounts 2010 edition, www.footprintnetwork.org. Extracted on October 13, 2010. Adaptado 20 de Nov./2010.

Fonte: (Footprintnetwork, 2010).

ECOLOGICAL FOOTPRINT AND BIOCAPACITY, 2007

ECOLOGICAL FOOTPRINT (global hectares per capita) BIOCAPACITY (global hectares per capita) Ecological

(Deficit) or

Reserve

Population

(million) Income Group

Ecological Footprint of

Consum

Cropland Footprint

Grazing Footprint

Forest Footprint

Fishing Ground

Footprint

Carbon Footprint

Built-up Land Total Biocapacity Cropland Grazing

Land Forest Fishing

Ground Built Land

World 6.671,6 - 2,7 0,59 0,21 0,29 0,11 1,44 0,06 1,8 0,59 0,23 0,74 0,16 0,06 (0,9) Africa 963,9 - 1,4 0,51 0,21 0,30 0,07 0,26 0,06 1,5 0,44 0,41 0,45 0,11 0,06 0,1 Angola 17,6 LM 1,0 0,36 0,08 0,13 0,22 0,16 0,05 3,0 0,24 1,70 0,75 0,26 0,05 2,0 Congo 3,6 LM 1,0 0,26 0,05 0,47 0,10 0,06 0,03 13,3 0,15 3,79 8,81 0,48 0,03 12,3 Asia 4.031,2 - 1,8 0,49 0,06 0,14 0,12 0,90 0,07 0,8 0,43 0,07 0,15 0,09 0,07 (1,0) China 1.336,6 LM 2,2 0,53 0,11 0,15 0,12 1,21 0,09 1,0 0,47 0,11 0,23 0,07 0,09 (1,2) India 1.164,7 LM 0,9 0,39 0,00 0,12 0,02 0,33 0,05 0,5 0,40 0,00 0,02 0,03 0,05 (0,4) Japan 127,4 HI 4,7 0,57 0,07 0,27 0,62 3,13 0,06 0,6 0,12 0,00 0,34 0,07 0,06 (4,1)

Europe 730,9 - 4,7 1,06 0,19 0,55 0,22 2,54 0,12 2,9 0,89 0,18 1,46 0,25 0,12 (1,8) Italy 59,3 HI 5,0 1,15 0,37 0,50 0,21 2,66 0,10 1,1 0,63 0,07 0,27 0,06 0,10 (3,8)

Russian 141,9 UM 4,4 0,89 0,10 0,53 0,13 2,72 0,03 5,7 0,89 0,35 4,29 0,19 0,03 1,3 Sweden 9,2 HI 5,9 1,00 0,24 1,53 0,27 2,73 0,11 9,7 0,74 0,04 6,46 2,40 0,11 3,9

Latin America 569,5 - 2,6 0,65 0,63 0,39 0,11 0,72 0,08 5,5 0,82 0,82 3,45 0,30 0,08 2,9 Argentin

a 39,5 UM 2,6 0,82 0,59 0,23 0,06 0,77 0,13 7,5 3,15 1,73 0,79 1,70 0,13 4,9

Brazil 190,1 UM 2,9 0,72 0,93 0,57 0,16 0,43 0,10 9,0 1,04 1,04 6,64 0,16 0,10 6,1 Cuba 11,2 UM 1,9 0,64 0,13 0,11 0,18 0,76 0,02 0,7 0,29 0,08 0,21 0,13 0,02 (1,1)

Mexico 107,5 UM 3,0 0,83 0,32 0,33 0,08 1,37 0,06 1,5 0,50 0,27 0,50 0,15 0,06 (1,5) USA,

Canada 341,6 - 7,9 1,06 0,15 1,09 0,10 5,42 0,07 4,9 1,68 0,25 2,21 0,72 0,07 (3,0)

Canada 32,9 HI 7,0 0,95 0,26 1,59 0,12 4,03 0,05 14,9 2,61 0,24 8,43 3,59 0,05 7,9 USA 308,7 HI 8,0 1,08 0,14 1,03 0,10 5,57 0,07 3,9 1,58 0,26 1,55 0,41 0,07 (4,1)

Australia 20,9 HI 6,8 0,64 1,78 1,12 0,16 3,11 0,02 14,7 1,74 6,49 2,65 3,81 0,02 7,9

165