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6 ECONOMIA DA BIODIVERSIDADE PARA A AGRICULTURA COlIso[acióll Vil/a/alie Utlry * INTROD ,iO Meio séc ul o de for ma ção co ntínua da Rede Int erna cional de Ban cos de Germop las ma das princi pais culturas a limen tares por me io dos pr o- gra mas de co leta e co n se rvação de ger moplasma formou um acervo da di ve rsidad e de cultivar es, co ntribui ção milenar da dom es ticação e do m elhorament o de pI:U1t<L S realizada pe l os agr icultores. Mudanças sig nifi- cati vas 11 0 sistema jurídico ins titucional c cie ntífi co qu e pautaram a forma - ção desses hanco s es t ão co ndu zindo ao es tabel ec im ent o de n ovas r egras na livr e c ir cula ção de ge l'ln op lasma -p at rim ônio da humanidade. As co l etas das pl:ulIa.'; alimentares e de se us par ent es s ilvestres toma- ra m como ref erência as p esquisas d os botâ nj cos so bre a ori ge m das cul- turas indi\ ;dua is e se u pr ocesso de d ivers ifi cação. A região de diversifi ca - ção não é necessariamente o lu ga r onde a c ultura se or ig in ou, segundo Hawkcs, que selecionou qu atro áreas prin c ipai s em qu e a agricultura se origino u, dez r egiões de diversificação da s plant(L 'i cultivadas c oito r e- giões sec und ária s. A se l eção dessas , ír eas aprimo ra o trabalho pioneiro do h otfm i co ru sso N ikolai Vavi lo v ( 1 887-1943), que n orteou as coletas a partir dos ce ntros de orige m. Foram co lclada s ainda as plantas qu e os agricultores cultivaram ao lon go da m, ti or parte da hi s tória da humanidade, isto é, variedade s de cuhunl,,) loca. is desen volv idas em sistem,l$ de agricultura tradjcional co m se l eção Ilat urdl e hum, ma adaptadas às co ndi ções ambientai s c às influ ên- P esquisadora da E mbrapa Rccu r sos Gen éticos c Biotecnologia. Parque Estação B ioló· ).:ica - I'qEB , Final Av. W3 Norte . C.P . 02 372, CEP: 70.84 9-970. Email : sol@ccnar gclI .emhrapa.br 101

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ECONOMIA DA BIODIVERSIDADE PARA A AGRICULTURA

COlIso[acióll Vil/a/alie Utlry *

INTROD UÇ,iO

Meio século de formação contínua da Rede Internacional de Bancos de Germoplasma das principais culturas alimentares por meio dos pro­gramas de coleta e conservação de germoplasma formou um acervo da diversidade de cultivares, co ntribui ção milenar da domesticação e do melhoramento de pI:U1t<LS realizada pelos agricultores. Mudanças signifi­cati vas 11 0 sistema jurídico institucional c científico que pautaram a forma­ção desses hancos estão conduzindo ao estabelecimento de novas regras na livre circulação de gel'lnoplasma - pat rimônio da humanidade.

As coletas das pl:ulIa.'; alimentares e de seus parentes silvestres toma­ram como referência as pesquisas dos botânjcos sobre a origem das cul­turas indi\;duais e seu processo de diversificação. A região de diversifica­ção não é necessariamente o lugar onde a cultura se originou, segundo Hawkcs, que selecionou quatro áreas principais em que a agricultura se originou, dez regiões de diversificação das plant(L'i cultivadas c oito re­giões secundárias. A seleção dessas ,íreas aprimora o trabalho pioneiro do hotfmico russo Nikolai Vavi lov (1887-1943), que norteou as coletas a partir dos centros de origem.

Foram colcladas ainda as plantas que os agricultores cultivaram ao longo da m,tior parte da história da humanidade, isto é, variedades de cuhunl,,) loca.is desenvolvidas em sistem,l$ de agricultura tradjcional com seleção Ilaturdl e hum,ma adaptadas às condições ambientais c às influên-

• Pesquisadora da Embrapa Rccursos Gen éticos c Biotecnologia. Parque Estação Bioló· ).:ica - I'qEB, Final Av. W3 Norte. C.P. 02372, CEP: 70.849-970. Email : sol@ccnargclI .emhrapa.br

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ConsolticiólI l'illtifillit: Utlr)'

cias humanas tendo sido espaLhadas pelos diferentes continentes, seguin­do o processo de desenvolvimento das populações humanas_ Tomamos o milbo como referência de l'Studo. As civilizações da América e suas cultu­ras de milho - de m,tis de 8 mil 'Ul OS - confundem-se. Ao acompanhar sua trajetória , resgata-se, além do germoplasma, nossa Pré-História. O ntilho, originado no México, apresenta na Meso-América a região de di­versidade_

Apenas no final do século XIX, com a formação dos conglomerados humanos e o processo de industrialização da era moderna é que os cien­Listas e os melhoristas começaram a aperfeiçoar as populações locais de forma deliberada e sistemlÍtica. Deste processo, resultou uma série de cultivares avançadas que culminarcull n :-L~ cultivares modernas de aho rendimento - freqüentemente deno mi11lltl;L~ cultivares de e1ile -, desen­volvidas pelos centros internacionais de melhoramento de plantas. ESS<L' cultivares são normalmente plantas anãs que requerem adubação artificial , mas que permitem plantios extensivos e intensivos de alta produtivjtbde. Esti­va dada a base e em pleno desenvoh1mcnto o que veio a denominar-se Revolução Verde, em pleno século XX, síntese de mais de sete milêni OS de evoLução da agricultura.

No entanto, 'I medida que a., cultivares de alto rendimento eram diflln­didas, substituíam as populações locais e os parentes silvestres que desa­pareciam frente à nOva tecnologia da mecanização, da fertilização, e da sanidade vegetal - herbicidas e pesticidas, As novas cultivares traziam consigo a vulnerabiUdade da unuorntidade genética que torna uma cultu­ra sensível a pragas e a doenças. Quando todos os agricultores cultivam lima mesma \'arieuadc, lIIml praga ou doença que ataca uma phmta rapi­damente estende-se por uma grande área. Foi o que oCOrreu com a "fer­rugem-do-colmo-do-tri go" el11 1953, CO I11 os cultivos de trigo duro nos Estados Unidos, a "Hermintosporíose" com o arroz em 1943, na Índia, com o "Helminthosporium" com o milho, nos Estados Unidos, em 1970, para não mencionar senão íL" grandes perdas ocorridas em função da uniformidade genética e colocar a questão central dessa investigação: Qual o /Jalor da diversidade genética paI'({ a agricultura? Como mensurá-lo? Qual o papel que os bancos de ger/lloplasma desempe­Ilbam IUI manulellçc70 desta diversidade? Se uliliza rmos os parflllletros econômicos de produtividade física, de análise custo-benefício de uma

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cultivar moderna ou de um híbrido de alto rendimento 11s-à-vis CUltil'drl'S tradicionais o resultado será inequívoco e é o que vem sendo adotado ultimamente. No entanto, na análise econômica, devem ser considerJ(hL< as exte rrl<~idades: o impacto sobre o meio ambiente, sobre a perda de diversidade, sobre a contaminação de águas e solos, sobre o nível de pragas e doenças. Novos métodos de análise econômica que contemplem esses entre outros '\Spectos ambient'us devem ser considerados.

Neste estudo, desenvolveremos '~gumas considerações teóricas e me­IOdológic,\S que estão sendo testadas e utilizadas não só para incorporar outros aspectos relevantes da análise econômica, mas ainda para integrar a 'U1á1ise interdisciplinar. E por que não começar a consolidar um novo ramo do conhecimento científico, a economia ecológica? Em 1989, este domínio da pesquisa recebeu reconhecimento internacion,~ , mediante o estabelecimento de uma sociedade internacional e uma publicação cien­tífica. 11 economia ecológica - junção dos dois termos - sugere um me­lhor gerenciamento das interações entre o homem c a nature7. ' , de modo a ,\Sseguntr o bem-estar tanto das próxim,\S gerações como das espécies.

Essa abordagem pressupõe limites ao crescimento fundamentados na escassez dos recursos natunus e de sua capacidade de suporte que são reais c não necessariamente super;íveis por meio do progresso tccnoló~i .

co. Isso significa que paralelamente aos mecanismos de ,~ocação e de distribuição estabelecidos na análise econômica, a economia ecológica acrescentaria o conceito de esc;~a para o volume físico de matéria e ener­gia que é absorvido e convertido nos processos entrópicos da expansão econômica. 11 escala sustentável adapta-se de forma gradativa às inova­ções tecnológicas, de manei ra que a capacidade de suporte não sofria altcraç;io através do tempo (Daly, 1992). A estimação dos limites do ecos­sistema e a valoração dos custos e benefícios ambient,us de caminhos ,~ternativos de desenvoil1mento re'luerem esforço interdisciplim,r e tmns­disciplinar para construir modelos e cenários de uma SOCiedade sustentá­vel: ·· Lógica, justiça ou ética podem influenciar os intelectuais, m:\S líderes populares ... são mOl1dos por medidas conl'enciomus de custos c bencrí­cios'· (King, 1994). 11 nós - cientistas e intelectu;us - cahe pensar a re:di­dade, propor novos caminhos, questionar.

E assim, iniciamos este estudo compreendendo o papel da diversidade genética como respostl aos desafios colocados pela agriculnlrl' intensiva

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G'onso{acióll Vil/afmie Udry

moderna. A agricultura só sobre\1verá em relação à rápida evolução de pragas e doenças se mantiver a variabilidade genética passada e presente da planta cultivada, seu /1001 genético. Essa é a matéria-prima dos melho­ristas, que apresenta um v:dor econômico, além de uma determinante ecológica. O espectro dos recursos genéticos em evolução contínua une as formas ancestrais silvestres COnt as variedades cultivadas modernas numa continuidade ecológica e histórica que une as espécies silvestres às domesticadas.

A demanda dos mc1horistas pode ser sintetizada em seis categorias: I. os parentes silvestres das plant:Ls cultivadas que mantêm-se como

produ lOS (b nalureZ4.t; 2. as variedades cultivadas em locais selecionados ao longo de incontá­

veis gerações; 3. as cultivares obsoletas, não utili l.adas na primeira época do melhora­

mento genético, mas que se encontram conservadas nas coleções de germoplasma;

4. as linhas e estirpes avançadas de melhoramento desenvo"idas pelos meUlOristas, incluindo cultivares lançadas e as que não foram sele­cionadas para comercialização;

5, as cultivares de elite de alta produti\idade, através do melhoramento genético convencional; e

6, as cultivares geneticamente modificadas - OGMs. Assim , a questão central não reside na utilidade e no uso dos recursos

genéticos que, corno ve rifi c~unos , são a matéria-prima dos melhoristas, sem a qual não há produto, ou seja, semente melhorada. A qucstão que se coloca é como garantir a manutenção da diversidade frente à expansão da agricultura moderna.

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IiVIIOl1l1t1l' bUKlit 'l'f'J.1t1l1tlt'

ALG UMAS QUESTÕES CENTRAIS

o QL1, É IlJODII'EIND.,m,?

Biodiversidade é o 10lal de gens, espécies e eCossi Slem 'L~ de uma re­gião. A riqueza da lida da Terra, hoje, é o produlo de cenlenas de milhõL'S de ,mos de hislória erululi" .. Ao longo do lempu. as cuhur'L' humanas emergiram e se adarlamm ao ambienle local , descobrindo, usando e aherando seus recursos biólicos. Mu ilas áreas que hoje parecem "n,"u­nus" trazem as marcas de milênios ue habitação humana, cultim de terras e colela de recursos. A domeslicação e a criação de variedades locais de cuhuras e de rebanhos lamhém moldaram a biodiversidade.

A biodiversidade pode ser dilidida em Irês calegorias hierar'luizad'L' -gens, espécies e ecossistcmas - que descrevem aspectos bcm diferentcs dos siSiCmas de lida e que os ciemislas agrupam de maneira diversas.

Di/lersidade Genética - Variação dos gens del1lro das espécies; cobre diferenles populações da mesma espécie - como no caso das milha­res de variedades Iradicionai s do arroz da Índia - ou a variação genélica del1lro de uma população. Alé recel1lemenle, as medidas de diversidade genélica eram aplinl!Ia.' principalmel1le a espécies c a populações domeSlicadas manlidas em zoológicos ou em jardins hOI:lIlicos, nUL" cada vez mais as técnicas estão sendo apUcadas üs espécies silvestres.

DillCrsidade de Espécies - Variedade de espécies del1lro de uma re~i ão :

pode ser medida de v.irias maneiras, e os cientist:L'\ ainda não estão de acordo sobre <Ju,d o melhor mélOdo. O número de espécics el11 uma região - a "riqueza" de suas espécies - é ul11a medida b'L<I:LnlC usada, I1l;L'i Otllra é mais precisa, a "diversidade t ~l'\ onôllli c:t" leva em COllla a eSlreila relação das espécies emre si. Por exemplo, ul11a ilha CO I11 duas espécies de pfL~saros e UI11 espécie de lagarto ICI11 l11,tiOl' diversidade taxonômica que outra com três espécies de p:íssa ros mas nenhuma de lagarto, Assim, mesmo que haja mais espécies de besouros na Terra do que tOU,l) :L'i Qtllras espécies junt;-L'i1 eles não innucm na diversidade de espécies porque são muito proximamente relacionados, Da IIl c:-;ma forma, h:I llluitO mais espécies vivendo na

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Conso/fleió" Vil/flJil1/e Ud()'

terra do que no mar, ma."i as espécies terrestres são mais intimmncnte relacionadas entre si do que as espécies marinln,; então, a diversi­dade é maior nos ecossistcmas marinhos do que possa sugerir uma contagem estreit;1 de espécies.

Diversidade de Ecossistel1/{~\' - mais difícil de medir do que a diversidade genética ou de espécies porque os "limites" das comunidades -associações de espécies - e os ecossistemas não estão bem defini ­dos. Todavia, desde que se use um conjunto de crilérios para definir comUJudades e ecossistemas, seu número e distribuição podem ser medidos. Até agora, tais esquemas têm sido aplicados principalmen­te em nível nacional e subnacional, embora já tenham sido feitas algumas classificações glob,tis n"tis grosseiras.

Além da (liversidade de ecossistemas, muitas outras expressões da bio­diversidade podem ser importantes. Entre elas figuram a relativa abun­dància de espécies, a distribuição de idade das populações, a estrutura das cOlllunidades de lima região, as variaçõcs na composição e estrutura das comunidades ao longo do tempo e até mesmo processos ecológicos como a prcdação , o parasitismo e o mutualislllo. Mas , gencricamente, para se atingir metas mais específicas de manejo e de políticas, é importan­te examinar não apenas a diversidade biológica mas a di versidade culnlral humana. Também deve ser considerada parte da biodiversidade, lal como a diversidade genética ou de espécies, ;~guns atributos d'l, culturas huma­nas - a exemplo do noma<tismos ou da rotação de culturas - represen­Iam "soluções" aos problemas de sobfCI1vência em delermimldos am ­bientes. E, como outros aspectos da biodiversidade, a diversidade cultural ajuda as pessoas a se adaptarem a novas condições. A diversidade culnlral manifesta-se pela diversidade de linguagem, de crenças reUgiosas, de prá­ticas de manejo da terra, na aJ1C , na música, na estrutura social , na scleção de cultivos agrícolas, na dieta e em todos os demais atributos que caracte­rizam uma sociedade humana.

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/;'col1omi" e biorlit'er,l'i(/wle

o QUE SE SABE SOBRE D1 SP07'J1I3 1L1DAtlE E PERDI\ DE BlOD1 VERSmADE?

A perda gl ob:~ da diversidade biológica tem sido descrita como decor­rente de dois fatores húsicos: I. Ao crescimento populacion:d - a população mundial dobrou oito

vezes, entre 11 Revolução Agrícola e a Revolução Industrial ; e a trans­formação de ú eas até agora inexploradas em terras para produção agrícola. Podemos mencionar :unda, como efeito da Revolução Ver­de c da glohalização dos mercados a especialização da produção em um número limitado de produtos com forte impacto sobre " biodi ­versidade (Swanson. 1994).

2. À tecnológica e poluentes agroindustriais que pressionam os mais diferentes babi/als que eSlão apresen"mdo saiu ração em sua capa­Cidade de supone.

A diversidade de espécies lem se mantido aproximadamenle eslahiliza­da - ou no l1l:íx imo em ritmo vagaroso de crescimento, pontuado por períodos de exti nção acelerada a cada dezena de milhões da ,mos. Segundo ;l'i divcrS,L'i tCOri;l"i da ciência ecológica, cada espécie é constituída de Illuitos org,mismos c de uma imensa qu,mtidade de informação genélica. A p,u1ir de eSlimativas sobre Ooreslas IropiGus - cujo habitai cobre 7% da supedície lerrestre - conlém mais de 50% l);lS espécies da biola nllllldj;~ - os esmdiosos lomam-na como pan[(ligma da crise ,m,bielll '~ em nível glob,~ c verifiGun o nível de perda da diversidade global do planet!, que a continuar no rilmo alual , segundo Ehrlich, equi" t1e ao efeilO de um inverno nuclear.

A diversidade de espécies de Oorestas lropic:us é desconhecida, m'L' estima-se que I km! contém centenas de árvores e muitos milhares de espécies de insetos. Estão , contudo, entre os sistemas mais frágeis c mais ameaçados, dada a superexploração deliberada dos recursos realizada devido a falores de pressão econômica.

Três quartos da bi odiversidade mlll,di;t1 eSlá siluada em p,úses cm desen­vo!\imenlo, enquanto a demanda e a tecnologia vêm, principalmentc, dos países industr iali zados. A utilidade da Imúoria das espécies descrilas ,unda é desconhecida, sem mencionar 10l);lS espécies a descobrir. Mesmo as­sim, o acesso :l recursos genéticos é o objeto de um dos mais sérios conOitos internacionais desta virada de século (Shiva, 1995, Fowler, 1995, Solagral , 1994, Cunningham 1986) .

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COII.lO/(/cfÔII Vil/ajilJie UdlJ'

Os países desenvolvidos pres>ionam, amC<lçando de sanções econômi­cas os países em desenvolvimenlo que não adolarem leis nacionais de palemes sobre produlos de hiolecnologia. O princípio de I,d lei é reconhe­cer o livre acesso intcrnacional a recursos genéticos, como "patrimônio comum da humanidade" e proleger o uso privado de suas aplicações. Maleri:d \;1'0 manipulado pode enlão ser palenlCado e scu .ICC»O limitado por franquias .

A Convenção da Biodivcrsidade, por Olllro lado, recomenda o acesso à tecnologia e compensações financeinL~ para os p,úses "fornecedores" de hiodiversidade.

\1 \"(

POR QCE \i\LO/L\R A 1lI0DIVER"iIDi\DE?

VaJorar a biodi\'crsidadc pennite medir a importância financcira das COI1SC+

qiiências de atividades econômicas sobre o meio ambiente, assim como dos bencfícios da biodiversidade para elas. geralmente não kvadas em considcração nas transaçücs de mercado (Barbier et alh, 1995).

O homem se criou na biodiversidade. Sempre usou a biodirersidade para alimentar-sc, vestir-se, fabricar utcnsilios, Sempre, de uma forma ou de outra, afetou o seu ambiente. No entanto, com a) colonizações "agríco­las" do século xvm, a Revolução Induslri,d do sécu lo XIX, a Revolução Verde, na segunda melade do século XX, c a recém-globalizada economia. o impacto do ser humano sobre a natureza cresceu c expandiu-se de rorma sem precedentes na história, Diversos autores estimaram lima per­da loud variando eOlre 4% e 9% da biodiversidade da Terra, em aproxima­damente 20 anos, comparando-a com as ext inções mass ivas da era Qualernária (Pcarce, 1995).

A economia de mercado não costuma levar em conta nem os bens comuns ou sociais, nem os insumos indiretos da natureza, nem o impacto a longo prazo e a longa disláncia dos empreendimenlos. Um hem privado pode ser valorizado Iivremenle, enquanlo a imporlância de bem sociais in depende de decisões individuais.

O valor da biodiversidade se refere tanlo a seu uso direlO co mo aos serviços indiretos, preslados pela nalureza às alividades humanas. Exisle na Iileratura várias classificações desses valores (Barbierel ({Iii ,

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HCOI/IIlllio t' hlodll'l.1)"/(lm /t'

1995, Millmcier ef alii, 1994, Pearcc, 1995, Pcarce ef alii. 1991 . IVri~llI.

1996) . , I . ..

o r:~or da diversidade genética é o que mais diretamente dcpende do grau dc dirersincaç:io da, formas de lida. Trata-se aqui de I'alores de uso dircto e de qUltSe-opç:io.

Todas :L'Ô plantl'Ô e animais respnns:ívcis pela : ~ill\ent;\\:ãn hUl1lana tt m origem CIlI p:lrcntes selvagens. A maioria dos principais ativos tIl}!' medi · camcnlOs modernos foram descohertos a partir de planta!') e de animais silrestres. Hoje. 90% da alimentaç:io hum:lOa depende apenas de seis cereais. de dois tuhérculos e de alguns animais domésticos (Barhier cf

alii, 1994) . O processo repetido de seleção. a indu stri :~i zação e a padronização da

agricultura prol'ocaram O dcsaparecimento de muitas va riedades cultil"J­das (Fowler. 1994) e empohreceram geneticamente :lS rariedades comcr­ci;~i zad :.L'Ô, tIcixando-:L'Ô llluitO suscetívcis a doença.s e a par:lsitas. AluaJ ­mente, \;rlualmenlc toda.s :l'Ô vari edades comerciais incorporalll lI1atcri ;~

Rcnético I1m'o, de cspécies silvestres próximas e variedades cultiv:tdas tradicionais, csscn ci:~Ill (' ntc para dc!'enmlvcr resistência contra pragas.

Por outro lado, l5 'X, dos produtos farmaccuticos atuais são da hora­dos a panir de pJanl:lS c micror~:U1ismos (Millmeier. 1994) . Isso mOstra a import;mcia c o valor da diversidade gcnéuC:l . Esse valor depende, princi­p:dmente, de três fatores: I. a infnrma,'ão sobre os rcolrsos; 1. sua disponihilidade cfeti ra: e 3. a tecnologia enrolrida.

·1 I , ..

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Conso/aC/oll Vi/ú"!lil1/e Udry

V,'LOR ECONÔMICO DA D1VERSIDAIJE GENÉTICA

AsI'ELTOS CO~CEITUAIS

Procuraremos responder algumas das pergumas que os economistas se fazem a respeilo da biodiversidade. O primeiro aspecto diz respeito à questão da biodiversidade constituir-se, em si, objeto de estudo da econo­mia. Como a ccononüa trata da alocação de recursos CSC:L';SOS, podemos falar em componentes da biodiversidade ou em recursos da biodiversida­de ou em serviços prestados pela ex.istência de biodivers idade. Assim, podemos mensurar quanto vale uma vespa que realiza o comrole biológi­co dos pulgões que di zimam os p!;U1tiOS de milho, mas não temos ainda como calcular o valor total das vespas de uma região determinada, quer pelo desconhecimento científico sobre a própria espécie como pelo des­conhecimento da relação de peso dessa vespa para mm1lltenção do seu iJabitat. Se dizimada, que impacto causará' Sabe-se que alguns orgalus­mos são determinantes para a manutenção dos habitais , enquanto ou­tros, se dizimados, causam pequeno impacto am biental . Ou seja, o conhe­cimento atual das ciências da vida está muito aquém da velocidade de uso que o homem está fazendo de seu patrimônio genético.

Outra questão que os economistas estão tenUmdo responder é: O cres­cimcnlo econômico é nocivo à biodjversidadc? Por que o economista pode optar, racionalmente, por esgotar recursos natunus C destruir ecos­sistemas? A resposta é simples, embora cnvolva vdrios aspectos inerentes ü economia. Ao utiliZlIf o cálculo de preferências intertemporais e taxas de desconto, envolve uma troca entre benefícios presentes e custos futuros que depende de como os últimos podem ser descontados em relação aos primeiros.

Na verdade, o :\10 de se sacrificar as oportunidades presentes de con­sumo para beneficiar gerações futuf'JS funciona como um bem coletivo. A conclusão é que, em um sistema de mercado descentralizado, as aloca­ções intertemporais serão desfavor.íveis para as gerações futunls. Na rea­lidade, a decisão envolve um critério ético inexistente na sociedade de consumo atual, o do bem-estar das gerações futuras. Outro aspecto djz respeito ao falO de que a maioria dos recursos natunus são bens coleti vos, portanto não existem direitos de propriedade bem definidos c os indiví-

no

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duos no s i~ tcma econômico não têm vantagens em conservar os recursos, mas sim, em utiliz.í·los. Além disso, h;í um enorme grau de incerteza qmm­to ils conseqüências futuras do esgotamento dc recursos. Ass im , os toma· dores de decisão, ao tratarem de bens eminentemente públicos, não têm parâmetros para an;ilises capazes de conduzir a medidas restrit iras do uso dos recursos naturais. Fishcr - em trabalho publicado em 1973 so· bre externalidades ambienutis e sua relação com a teoria do inrestimento público - já destacava que os riscos coletivos não podem ser partilhados, porque a apropriação do risco privado por 1II11a pessoa não reduz o risco d.l" demais. Nesse Gll\O encontra-se a hiodivcrsidade

Ou tro aspecto que ('nrolve a decisão econômi ca e que pode conduzir ;1 destruiç:io da hiodirersid:ulc cst,í nas diferentes concepções da vanta· gem compelilir:! de troca. Nor~a:! rd ( 198S) no texto ··Crescimento da economia ~Io bal de trOGLS e a perda de diversidade hio ló~i ca" faz uma análise, ao longo de todo o século XX, sohre a organizaç:io soci,d da produção, que passou de uma colcha de ret,dhos de regiões praticamente independentes para um a agricultura mundial ,dtamcnte homogênea e e5· pcciaüz'lda, contribuindo p;1ra a perda da hiodiversidade.

Parece difícil - sobretudo para os economistas e os agrônomos -compreender e apreender a di mensão histórica e antropológica anterior à rcvolução industrial cm <IUl' o Illundo podia !'Icr 'ÜilO como um mosaico de sistern;l" ecológicos c sociais em co·evolw):ão. AI ~lIns cielltistas agríco· las têm descoberto e valorizado os agrossistemas tradi cionais (Altieri e Letourneau , 1982; Chacon e Gliessman, 1982) e através deles começa a se conhecer um pouco mais :I din~ll1ica de cultivo c co-evolução com valores, crenças sobre a natureza, It'CllOlogias c organiz<l,:ão soci<~ de povos como os indígenas, por exemplo. que sohrevivem através do!' sécu· los, dos milêni os e são os respons,íveis diretos pela domesticação das principais plant:ts hoje cultivadas. Um fornecimento confi,írcJ de alimento era obtido pela dirersidade de cultivos distribuídos espacial e temporal· mente, de forma a assegurar sempre alimento. A.' sociedades tradicion,tis criaram ambientes dentro dos quais :.l"; planl:L"i c os microorganismos co­evoluiram sob pressões seleti vas difcrentes daquelas que ocorrem cm ambientes pouco utilizados peJos PO\'os. assc~urando a diversidade.

O dcscnvo"~mcnto recente, sustentado pela ecollo11li:l global das lro· ;1", bascia·se l1a especialização e os ganhos das IroGl" são centrais no

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CUI/salr/c/á" ViII({kllie Ctlr)'

modelo econômico neoclássico. A vamagem compar:ltiva das diferenças de produtilidade emre os povos justificam os g'U1hos do comércio e 'L' políticas de desenvohimenLO voltadas para a produção de cultivos que scjam cOlIJlIJodilies nos mcrcados illlernacionais. Por essa razãu, gran· des regiões antes coberlas por matas naLi vas s.:io dcvasl,ldas C incorpom· das ao processo produtivo pelo cultivo, quer de paslOs quer de uns pou­cos cultivos. Assim, os agricuJtores tradicionais adotaram as modernas tecnologias de sementes de alta produtividade, fertil izantes e pesti cidas -eliminando, 'l" im , muitas das diferença regionais para poder sobreviver neste sistcma econômico.

Isso traduz-se na não mcnsuração da perda de biodi versidade no pro­cesso: os economistas trabalham apenas com os f:uo res de produção móveis, isto é, trabalho humano, capital e terra, que podem deslocar-se entre Unhas de produção de maneira a otimizar o benefício para todos, em nível agregado. O processo parece estabilizador para a humanidade como um todo mas muda completamente em nível dos indivíduos, em lermos de quem raz o que, com que rCl'ramcntíL'i c cm que terras, sem considerar que os serviços ambientais não podem mudar livremente. Há, portanto, uma diferença substantiva entre o que é m'lximizllção dos bene­ucios econômicos propiciados pela l'(;onomia global de trocas e a nOI"J compreensão da dinâmica evolucionária em que as espécies co·evoluí· ram . 11 nova abordagem (Le\\;n, 1996) indica que os ecologistas não presu­mem que espécies predefinidas - pela economia globalizada - sejam sele­cionadas para nichos prcdefinjdos segundo inflll êncj ~L-; exógcnas de van­tagens comparativas para lodos. Como o /)abi/a! não é sequer considera­do na.;; am~ises ccOnÔ l11i C;:L~, está explicado o avassalador impacto dcstru· tivo, dado o ritmo e a quantidade de produção dos últimos 50 anos.

José Eli da Veiga, em "Valorização econômica dos elementos do meio íllllbielllc") apresenta import:mtes considerações c as correntes de pensa­mento de economia <llnbient:d. Afirma:

I~ crescente a opinião de que os problern:l'i :unbiclllais dC\'crn ser \istos COIUO meros defeitos na ; ~{)Cação de recursos. que poderhull ser conigidos através de ta.'(açõcs específicas. l ~es{ahclcccllll0·se a iguaJd1C.lc entre os custos privados da finlla e os custos que sua ali\idade innige à sociedade, \'oharia a haver coincid~ncia entre o ótimo individual c o ótimo coleLivo. Assim, a procura do lucro continuaria a ser a mclhor :~ a\'~Ulca do bem-tostar social c li lógica do merc:Klo pCI111aJ1f..'Cena s:.1 e salva.

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t:COllOfmll (' hlO(/I/'('f',\'üku/t'

P,lsset rejeita - seguindo algulls raros economistas, como Nicholas Georgescll-Ri egen ou Kenneth E. BOlllding - a idéia de que os problem'L' ambienctis possam ser assintilados a disfunções, ou a acidentes, e procu­ra destacar a existência de um conlli to entre as lógicas que asseguram respectivamente o desenvoh,mento econômico e a reprodução da biosfe­ra. Por isso propõe que o uso dos instrumentos analíticos baseados no mercado sejam consc,,'ados, mas nos estritos Iim,itcs de sua aptidão regu­ladora. Essa r:ipida apresentação comparati va das posturas de C,ti rncross e de P:L",et selw para ilustrar o problema que est:i relacionado a fIu:d ­qucr tentativa de contabili za~ão ambiental: a dificuldade da economia lidar com a questão dos "limites naturais". É preciso reconhecer que 'L' teorias econômicas tenderam a elll di~ la jlO longo dos 150 anos que sepa· raram Mahhlls das som hri 'L' prcvisões do CllIhc de Roma c qllc isso colo­ca-nos diante de lIm dilellla qlle deve ser, desde logo, expliciwdo: scr:i fIlIC a "Vôdori7.ação econômica dos elementos do meio ambicnte" pode ser obsefV'Jda COl1l0 mera adaptação das atll:tis técnicas dc avaliação c de contabilidade social , preocupações que só recentemente passaram a Icr m:tior import,mcia na formulação das políticas públicas? Em outras pala­vras, será que a problemática ambiental coloca em xeqlle :dgllm fllnda­mento da economia ali, ao contdrio, pode ser complementada para res· ponder ao " 11 0VO" desafio?

Dentro de lima llisrio estritamente ecom}lIliL'fI, li incorjJomçtin do,,' ;'l1/ltlC·

los ecológicos 110 jJrocesso produtivo t.lc\'<.' p:l,;sar pela quantiOcação dCSll'S

impactosr de rOml :! nC~a(iva ou posit ival 11:1 formaçào do valor dos hens obtiuos. Estl incorporação tem sido impossihilitada pelas limiwções da ciência CCOIlÔ'

mica, tllllu 110 que se rdcrc ;l cOllccirua(;ão de valor. qU:UlIlI à pcrspccliva do horizonte UI: tempo. Tod:L,) :L'i escolas econômicas res istem a rCCOnhl'Cl'r UI11

vaJor na natureza em Si.l' têm sjdo impotentes para administrar o longo prazo no <Iualns resultados do impacto ecológico se lIl:mirl'sta com darez:\ (Buarquc. 1990: 11 7) .

~ . , ,

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COllSoftlc.'tOl1 Villa/mie Uflry

DIFICUlDADES PARA APuaç.ÃO DA ANÁLISE ECONôMla AOS PROBI.EMAS AMBIENTAIS.

Aprimeira qUl'Slão a scr considerada é a do elevado grau de incerlel.a a respeilo das rel:lções de causa e efeito que podem est:tr associadas a certos ecossistemas. Qual O resultado efetivo de um desmatamento, no tocante ao 011'0 hidrográfico dc uma determinada bacia? Sabe-se que ele existe, mas não se sabe qual é a extensão da alteração provocada pela mudança no uso da terra.

Uma segunda categori:l de problemas surge quando se pensa em mu­danças dc modos de vida, em perdas de símbolos ou locais históricos e religiosos ou em destntição de patrimônio genético. Não é possível quan­tiOcar, em termos monetários esse tipo de mudanças.

TentalivtlS pioneiras foram fei~1S, segundo Naredo, por flotelling ( 1931) , Pigou (1935) e Coase ( 1960) . O primeiro procurou fixar preços aos recursos naturais exauríveis, com base nas preferências intergerações. O segundo procurou corrigir as imperfeições do mercado fazendo com que os custos privados :lSsumissem os custos sociais, por mcio de impostos e de subsídios. O tcrceiro propôs uma internalil.açâo das externai idades negativas mediante modificações do marco institucional .

Entretanto, o gl"dU de arbitrariedade e as limitações desses exercícios Icvaram pane dos econontist:lS empenluldos no estudo da problemática ambiental a abandonar

os pressupostos sobre os quais se articula a versão numérica correta do sistema econômico, para const11lir outros sistemas de representação mais aptos para registrdr as dotações de recursos naturais c ilustrar seu componamento. Assi$ti ~

mos, assim, sem :ulUnciá·lo, ao início de unul ruptura do monopólio que vinha exercendo de conectá-lo com a análise de outros sislemas ... (Naredo, t 987:70).

As "contas do patrimônio natural" começaram a ser montad:lS na No­ruega, em 1974, na França, em 1978, c, mais rccentemente, no Canadá. Na América Latina, um projeto denontinado "Inventarios Y cuclltas dcl Patrimonio Natund y Cultural" foi desenvolvido, entre 1988 e 1990, pela Unidade Conjunt:t CepalJPnuma de Desenvolvimento de Mcio Ambiente. Seu objetivo foi formular recomendações práticas e realistas que permitis­sem incitar os responsávcis governamentais a elaborarem programas de contas patrimoniais. Além de discutir os problemas concentuais intrínse­cos à idéia de uma valoração econômica, foram efctuados três estudos de

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ECOllomiíl e biodill(TSida(/t'

caso , COI11 Irês melodologias distinlas. Ao relalar as conclusões desse Ira­b,~ho na Revista de la Cepal (n' 4 1), Nicola GUgo enfaliza a nalureza complementar das abordagens "física" e "monelária". Mais do que isso: defende a abordagem física Como uma espécie de el'lpa preliminar.

É recomend:l"cl impulsionar, em primeiro lugar, um sislcma dc COnl:lS físicas. \ ... J Uma vcz clabof<l<las tL'\ conlas físicas , poder-se- ia estabelecer as cont:L';; econômicas do palrimônio natural (G ligo, 1990: 135).

Av;~iações bem diferenles aparecem no 1i\~0 de rearcc, Marbndya & Barbier ( 1989) IJllleprint for a green IVCOnOfll)', e no .\'lImey realizado por I'eski n & Luiz ( 1990) para o Banco Mundial . Depois de ponderarem as vantagens e ;L" desvantagens das abordagens fisiGI e monet~í.ria , Pearce e suas colegas acabam propondo que o governo britânico adote a segun­da. Acham que os recursos necessários para a impl'U1~lção de con ~LS mo­nel,'uias são menores e os resul~ldos mais claros. Já reskin & LuiZ conside­ram que a avaliação de cada abordagem só pode ser feila le'<U1do-se em conla os seus propósitos específicos. E eles, de falO, diferenciam-se bas­lanle em lennos de complexidade e abr:U1gência . No entanlo, apesar dessas diferenças, requerem pralicamente o mesmo volume de informações.

ASI'ECfOS TÉCNICOS

DE VALOR"Ç.~O ECOt\ÔMIC."

As técnicas de \',~ o ração podem ser separadas em dois grandes lipos: diretas e indirelt/S. As direlas - que mais lêm sido usadas pelos econo­l1li~tas ambientais - tentam chegar imediatamente a valores monetários mediante a busca de um mercado "substiIUlivo" , ou do apelo e meio experimelllal, iSIO é, de simulação de mercado. Já os procedimenlos indi­relos procuram medir preferências depois de lerem csl.1belecido alguma esti maliva mais precisa sobre o impaclo efelivo de uma delerminada "dose" de poluição. Exigem, ponanlo, um V'l,lo acúmulo de dados sobre deler­minados fenômenos, o que os loma, evidenlemel1le, pouco operacionais. As lentatil'lLS de eSlabelecer o exalo relacionamento entre níveis de polui ­ção e de mortalidade, por exemplo , requerem enorme quantidade de dados sobre as variáveis socio-econômicas e popul acionais envoh'd:l'. Não é possível , nos limites deste texto, descrever com precisão :L" técniCôl" de valoração, mas Ialvez seja úlil idenlificar as mais frcqüenlcs. As lécnicas

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Collso/acióll Wkiftl1ie Ud'J

diretas de valoração são, basicamente, três:

1. O apreçamento hedônico - betloll ic pricillg. Consiste no uso de técnicas estatísticas que permitem identificar até que ponto o diferen­cial entre ativos imobiliários se deve a uma diferença ambiental espe­cífica, bem como inferir o quanto as pessoas estariam dispostas a pagar pela melhoria da qualidade ambiental à qual se defronulm e o I'dlor social de tal benfeitoria. Uma boa ilustração são os estudos sobre os impactos da poluição - do ar e sonora - sobre os preços das residências reJ.!izados por Markand)"J ( 989).

2. O método da valoração contingencial - colltillgelll valuatioll melhotl (Cl1Il) . Consiste, basicamente, em perguntar às pessoas quanto elas estão di spost 'L~ a pagar por determinado benefício ambiental, ou quanto pretendem receber como compensação para abrirem mão de deterntinado proveito ambiental já auferido. Essa enquete pode ser feita por aplicação direta de question:Írios ou mediante outros expedientes em que os entrevistados são levados e reagir a vários estímulos, em condições laboratoriitis. Exemplo de uso dessa técnica foi () esnldo sobre uma eventual melhoria da (Iualidade da água da bacia do Monong:dlela, PennsylV'Jnia, no qual foi utilizada também, pam efeito de comparação, o TCM, "tmvel-cost method·'. Essa expe­riência está descrita no lil'ro Meflsurillg /Valer qu(/Iil)' bellefils, apud Pearce el alii (1989:74).

3. A abordagem do custo de percurso - Iravel-cosl melhotl (TCM) . Consiste na construção da curva de demanda de lazer para uma deterntinada categoria de domic~ios definida segundo característi­cas de renda, educação, etc. Mostrando-se como essa curva se des­loca com a melhoria das condições ambientais, pode-se deduzir qu,d será o benefício econômico.

As limitações dos artifícios acima descritos são evidentes. E elas têm pouco a ver com as óbvias dificuldades de obtenção dos dados e de cálculos. São, em verdade, conceituais.

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QI'.\t>l<O I

Rl'Iarú{) tias 1t;(lIicas di' mloraçrio lemufada:i. com m' rc,\p('clil 'o,\'

illdicat/rm.","uen'ssfÍrios e recursOs pass/Í 'eis de Sl'rem m/oradosjJellI.\' lIIesllltI.\-

'l'Ú"l lic:lS IItil i/:t !l a.~ pa ra ; ! \'alor:.":",, , 11" rÍ'l' lIr~,f'> til' usu dird ll . 1' I ,mI KlI1\' IIh'~ l~tnllllf,; , b:

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IUlI,nn.I< j, ,, 1'1\:1.1 111,1 1/,,\.11' d.· n: LIITSOS 11 .'

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L'q.II.lr;r '.I" ' · '

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() valor l'cunúmico do!" !'l'cursos :ulIhit'llI:tis n:i.o ~ã() gLTalllll'ntl' obser­d\'l'is no mercado por pn."os quc reflitam seu custo de oportunidade. Corno, então. identificar esse \'alor c(onôl1li(o '~ Relacionamos, a seguir, na integra, a rl'sposta a l'ssa questão a partir da síntesl' e da metodologia l'1Il 15 fun<;õcs detalhadas no ·· Manual para ,.alora\·ão econômica de recu r­sos :unhicntais" coordenado por Ron ;~do Sl'roa da Mota.

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Omso/acióll Vílltifmie Udry

QUADRO 2

Técnicas utilizadas para a valoração de recursos de uso indireto -funções ecológicas desempelllJ<UÚJs pelo ecossistema

81 . méuxlOli de valoração dOli (bnos causados' 6 • Método dos custos de substituição das a) estilOOtiv;1 do alcance e/oo da extensão dos

fu nções ambientais: bens protegidos por urna dada função do ecossistema~

b) custos de estruturas :u1ificiais que possam manter essas funções.

7 . Método do valor das mudanças na ,I) estimativas dos valores gerados pe las produti vidade: atividades econômicas existentes na região:

b) estilOOtivas das alter.lÇôcs nesses valores provocadas pela perda de un1.' dadll fun ç:lo ecológica desempenhada pelo ecossistema da regiãO.

B - MélodOli dos custos de restauração: a) extensão dos d:1P0Ii causados pela perda de (lidas funções ecológicas:

b) cuslOli de "reSL:IUr.lção" dessas funções . 9 . Métodos dos custos compensatórios. a) extensão os d:IPOS causados pe la perda de

82 - métcxlos de valorJcão dos danos ootenciais' 10 - Métodos das despesas preventivas:

11 • Métodos de prevenção dos danos causados :

dadas funçÕl!s ecológicas: b) valores u serem pagos pUrol se "compensar"

essas perdas.

a) valor dos bens e das propriedades protegid:ls pela existêndu de determinadas funções ecológicas desempenhadas pelos ecos.sistema~

b) custOli de manutenção das condições ambient;lis que usam essas funções.

12 - Métodos d05 preços hedÔnicOli (hedonic :1) dados sobre o grau de imllortânci;I, de pricing) iDferesse, de freqüência que indiquem a

propensão-a·pagar das pessoas iX1r.! a manutençào das funções ani)ient;us do ecossistcml ;

13· Métodos do valor de oporlUnidade:

14 - Mélodo dos custos de cli mi naç:lo:

b) numero de pessoas que esl;"Io dispostas ;I

lnanter essas funções do ecossistema. a) valor gcrddo pela existência de uma funç:.l0 em

relação a uma outra situação onde a mesma não exista.

a) valor mooelário de medidas que previnam a perda de dadas(s) funçào(õcs) ecológicas existentes.

Primeiro, devemos perceber que o valor econômico dos recursos am­bientais é derivado de todos os seus atributos e, segundo, que esses atri­butos podem estar ou não associados a um uso. Ou seja, o consumo de um recurso ambiental se realiza via uso e não-uso.

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Economia e lnodül('rsit!lIt/e

QUADRO 3

Técnicas UtiliZlllftlS para a valoração de recursos de lIiio-ulilizaçtio 0 11 de jJresen)(Jção - atributos do ecossistema

15 . Método do custo de oponunilLde: :I) estint.lli\'a dos cuSIOS de impklllenla{ão e oper.lCiona l i z;I~"ào de projetos econômicos ahemali\'os p:lssh'ns de serem dcsenvol\'idos na regi:lo:

b) \";ll01"l:s d ls n:ndas e/ou produlOS Gl.'rJdos por ess.:ls atividades: 2!.!

c) estilll;ll i\';ls !ló\f ;1 os \";llun:5 dos custos c tios imp;lClos soei;,i s c amhientais r.;;msados por eSI;IS ;Iti\"idades.

16 . 1\Utodo de valora{lo comigcocial :1)

(Conli1!c nt valuóllion Il1Cthod · CV M) e~lim;llh'a doI prollt'ns;jo-;I-p;lgar dos

habitanlcs e dos fn'(II\eIll:ldores da R'1!i:lo pe la preserv:lI;ão dos atribulOs dcSSt'

17 . Método do valor de ClpI,':lo:

ccossislema . h) c:sti nt.lIiva do núnlt'ro de pCSSO:IS tjlll'

fr('qUent:LIll I.' tlls quo.' gOSI;lri:l1ll dI.' contrihuir P:U;I que os mesmos sl.'jam l'fl,tivamt'nlt' conservados.

a) unil"idadc do n'ossis lt'1Hó1 c impnrt ;"J n<."ia \In n'lt'smo jXlrJ ;\ m.anutenção ou como suporte p;lról os t'Cossislenns ;Idj.lcenles:

h) possihilidadc ou não dc se rccupo:rar ou o ~rólU dt: irrt'versibilil1uJc sobre o ccossiSlt'l1t.1. tLld;1 a n :orrinci:a d(" alguns illllXlCIOS ou allcr.I~·~s provocados sobn: o ITlt'snlO.

Um bem é homogêneo quando seus atributos ou suas características que geram satisfação de consumo não se alteram. Outros bens são, na verdade, parte de classes de bens ou serviços compostos. Nesses casos, cada membro da classe apresenta atributos diferenciados, como, por exem­plo, automóveis, casas, viagens de lazer c, também, recursos ambientais. Logo, o preço de uma unidade j do bem X, P .. , pode ser definido por um

I . 1n

vetor de atributos ou características, a._ , tal que: • ( I)

No caso de um recurso ambiental, os fluxos de bens e serviços que são derivados do seu consumo, definem seus atributos.

Entre~lnto , existem também atributos de consumo associados à pró­pria existência do recurso ambiental , independentemente do fluxo atual e

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COl/so{aciúlI Vi'kl}Í'uie Ufir)'

futuro de bens e se"iços apropriados na forma de seu uso. Assim , é comum na titeratura desagregar o Valor Econômico do Recur­

so Ambiental em, v;~o r de uso (VU) e valor de não-uso (VNU). Valores de uso podem ser, por sua I'ez, desagregados em:

I . Valor de uso Direlo (VUO) - quando o indivíduo se utiliza at",~men­te de um recurso, por exemplo, na forma de extração, lisimção ou outra atividade de produção ou consumo direto;

2. Valor de Uso II/{Iirelo (VUI) - quando o beneficio atual do recursos deril'.t-se (h, funções ecossistêmica" corno, por exemplo, a proteção do solo e a estabilidade climática decorrente da prcsclwção das norestas;

) . Valor de OjJçtio (VO) - quando o indÍl{duo atribui v;~or em usos direto e inclireto que poderão ser optados em futuro próxi mo e cuja preservação pode ser ameaçada. Por exemplo, o benefício adlindo de fármacos desenvolvidos com base em propriedades medicinais, ;tinda não descobenas, de plantas de fl orl'Stas tropicais.

o valor de não· uso - ou valor passivo - representa v'a1or de existência (VE) <Iue está dissociado do uso - embora represente consumo ambien­t ;~ - e deriva-se de uma posição mon~ , cultural, ética ou altruística em relação aos direitos de existência de espécies não-humanas ou preserva­\ão dc OUlnl\) riquczas naumtis, mesmo que essa\) não representem uso at"'~ ou futu ro para [) indivíduo. Uma exprl'Ssão simples desse valor é a grande atração da opinião pública para o salvamento de animais em extin­ção em regiões remotas do Planeta, onde a maioria das pessoa, nunca visitarão ou terão qualquer beneffcio de uso.

m também controvérsia na literatura a respeito do ~or de existência representar o desejo do indÍl{duo de manter cenos recursos ambientais para que seus herdeiros, isto é, genlçõcs futuras usufruam usos diretos e indiretos - bequesl value. É uma questão conceitual considerar até que ponto um I';~ or assim defin ido está mais associado ao I"MOr de opção ou de existência. O qlle impona para o desafio da v;~oração é admitir qlle indivíd llos podem assinalar valores independentemente do uso que eles fazem hoje ou pretendem fazer amanhã.

Assim, lima expressão para VET está expressa, a seguir, na Tabela I. É de se oltservar, entrellti1to, que o tipo de uSO pode excluir olltro ti po

de uso do recursos ambient;~ . Por exemplo, o liSO de lima área para a

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ECONomia e biodilll:rsültule

TABElA I

I'tI/or Econômico Tolal- VEr

Recurso GellélicoAgrícola

Valor dl' Uso Direto Valor dl' Uso

Indireto

Nilo oso

Mrlhoramrnto Rr<Trath'o O~ Dh"rrsidadr Valor dr E:ti'itm(Q

Reçursos {:enélicos n;1

I . InvCllt:lrio

CoIeç50

I. E, siw

2. In situ

.l. Na fazenda

AV:lliação

4. A:;rotlÔlIl ica

5. <Xnética

Int .. 'Te,lnlbio

x

X

X

X

X

X

6. Sistema de Informação X

7. Restrição X

rré-n.elhoran.ento

[. Coocl usJode \';.ricdades n:llurai,

2. Linhas av~nçadas

Melhoramento :;enétieo

X

X

3. Centros intc:macionais X

4. Programas Naciooais X

5. Setor Privado X

• x X

X X X

X

X X X

X X X

X X X

X X

X

X

X

X

X

X

X

agricultura exclui o seu uso para a conservação da floresta que cobria esse mesmo solo. Assim , o primeiro passo na determinação do VET será identificar o conOito de uso. O segundo, será a determin:lção dos valores.

É enorme o gnlu de dificuldade para encontrar preços de mercado -adequados ou não - que rellitam os valores atribuídos aos recursos am ­bientais. Essa dificuldade é maior 'I medida que passamos dos v,dores de uso para os valores de não-uso. Os valores de li SO indireto apresentam maior dificuldade que os de uso direto. Conforme procuramos demons-

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Collso/aâÓ1/ Ví/ftifiuie Udry

trar até agora, a tarefa de valorar economicamente um recurso ambiental consiste em determinar a qualidade do bem-estar das pessoas em conse­qüência de mudanças na quantidade de bens e serviços ambientais, seja na apropriação por uso ou não.

Assim, os métodos de valoração ambiental corresponderJo a esse ob­jetivo à medida que forem capazes de captar essas distintas parcelas de valor econômico do recurso ,unbiental. Todavia, conforme será discutido a seguir, cada método apresentará Umilllções nessa cobertura de Vidores, a qual estará quase associada ao grau de sofisticação - metodológica e de base de dados - exigido, às hipóteses sobre o comportamento dos indiví­duos consumidores e aos efeitos do consumo ambiental em outros selO­res da economia.

Tendo em vista que I<d balanço será quase sempre pragmático e decidi­do de forma restri~1 , cabe ao anilista que ",.tIora expUcitar, COm exatidão, os limites dos IIdores estimados e o grau de ",.tIidade de suas mensurações para fim desejado. Conforme será discutido a seguir, a adoção de cada método dependerá do objetivo da valoração, da ltipóteses assumidas, da dispOltibilidade de dados e conhecimento da dinâmica ecológica do obje­to que está sendo valorado.

"Os métodos de y.tloração aqui anilisados são assim claSSificados: mé­todos da função de produção e métodos da função de demanda. Método da Função de Produção - Métodos da produtividade marginal e

de mercados de bens substitutos - reposição, gás defensivos ou cus­tos evitados e custo de controle. Se o recursos ,unbiental é um insumo ou um substituto de um bem ou serviço privado, esses métodos utili­zam-se de preços de mercado desse bem ou serviço priV'ddo para estimar o valor econôn!ico do recursos anlbiental. Assim, os benefí­cios ou custos ambienlltis das variações de disponibilidade desses recursos ambienlltis para a sociedade podem ser estimados. Com base nos preços desses recursos privados, geralmente admitindo que não se alterdOl perante essas variações, estima-se indiretunente os valores econônticos - preços-sombra - dos recursos anlbienlltis cuja V'Miação de disponibmdade está sendo anilisada. O benefício -ou custo - da variação da disponibilidade do recurso ambiental é dado pelo produto da quantidade variada do recurso vezes o seu valor econômico estimado. Por exemplo, a perda de nutrientes do

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liamomül L' hiodircrsidmle

solo causada por desmatamento pode afetar a produti\;dade agríco­la. Ou a redução do nível de sedimentação numa bacia, por conta de projeto de revegetação, pode :llmlentar a vida útil de uma hidrelétri­ca e sua produtividade.

Métodos da FUllçúo de DemOlida - Métodos de mercado de bens com­plementares - preços hedônicos e dos custos de viagem - e método da valoração contingente. Esses métodos assumem que a variação da disponibiüdade do recursos alllbient,d :dtera a disposição a pagar ou accitar dos agentes econômi cos em relação üquclc recurso ou seu bcm privado complcmentar. Assim, esses métodos estimam rurcta­mente os valores econômicos - preços-sombra - com base em fun­ções de demanda para L'Sses recursos deri" Jdas de ti . mercados de bens ou sef\;ços pri rados complementares ao re· curso ambiental, ou b. mercados hipotéticos construídos especificamente para o recurso ambiental em an:Uise. Ao se empregar fun ções de demanda, (1 método permite captar as medid:L' de disposição a pag:l r - ou :1 aceitar - dos indivíduos rela· ti'·' L' às ,,,ri ações de disponi bilidade do recurso amb ien~d . Com base nessas medid'L' , estimam-se as variações do nível de bem-estar pelo excesso de satisfação que o consumidor obtém '1uando paga um preço - ou nada paga - pelo recurso, abaixo do que e.,ttria disposto a pagar. Essa.' variações são chamadas de variações de excedente do consu midor diante das va ri ações de disponibilidade do recurso alllbienutl. O excedente do consumidor é, então, medido pela árC:1 abaixo da curva de demanda e acima da linh:1 de preço. Assim, O

benefício - ou custo - da variação de disponibilidade do recurso ambien~tI será dado pela variação do excedeu te do consumidor me· dida pela fun ção de demanda estimada para esse recurso. Por exem­plo, os ~lIstos de viagem que ~L"i pCSSOí.L'\ incorrem para visitar U111

parque nacion:tI podem determinar uma aproximação da disposi· ção a pagar os benefícios recrE~'Jci onais do parque. Essas medidas de disposição a pagar podem também ser identificadas em pesqu iS<1 que questiona - junto :1 amostra da população - valores de paga· mento de um imposto para investimentos ambientais na proteção da

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r:0fI,wlad611 l'iflajmie Iklr)'

biodiversidade. Identificando essas medidas de disposição a pagar, podemos construir as respectivas funções de dem'Ulda.

Os dois métodos podem, de acordo com suas hipóteses, estimar valo­res ambientais deril"Jdos de funções de produção ou de demanda com base na realidade econômica. Na medida em que esses v-.uores - custos ou benefícios - possam ocorrer ao longo de um período, então, será necessário identificar esses valores no tempo. Ou seja, identificar I~uores

resultantes não somente das condições atuais, mas também das condi­ções futuras. A prospecção das condições futuras poderá ser feiw com cemirios t~tcrnativos para minimizar seu alto grau de incerteza, De qual­quer forma , os valores terão de ser descontados no tempo, isto é, calcula­dos seus ví~o res presentes C, para tanto, há que se utiH zar lima ta'\í1 de desconto soci,1I que difere daquela obselVada no mercado del;do às suas imperfeições, embora possa afetar significativamente os resultados de uma análise de custo-benefício.

No contexto ambiental, a complexidade é ainda maior. O v,lIor dos recursos ambientais, por exemplo, devido lt sua possibilidade de esgota­mento, tende a crescer no tempo se admitirmos que seu uso alimenta com o crescimento econômico. Como estimar essa escassez futura e traduzi-Ia em valor monetário é questão complexa a exigir certo exercício de futurologia. Alguns especialistas sugerem o uso de taxas de desconto me­nores para os projetos nos qu~us se verificam benefícios ou custos am­bientais signific:Uivos ou adicionais dos investimentos necessários para elinunar o risco ambiental. Na análise metodológica a ser desenvoh; da nesta Pane I, considera-se que os custos e os beneficios ambientais serão adequadamente valorados c que cenários com valores distintos para taxa de desconto devem ser utilizados para av-.t1iar sua indeterminação.

MtrODOS DA F UNÇÃO DE PRODUÇÃO

Uma das técnicas de valoração mais simples e, portanto, longamente utilizada é o método da função de produção. Nesse método, observa-se o valor do recurso anlbiental por sua contribuição como insumo ou fator

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Economia e biodu'ersidfl(!e

na produção de um outro produto Z, isto é, o impacto do uso de E em uma ati\1dadc econômica.

Assim , estima-se a variação de produto de Z decorrente da variação da quantidade de bens c sen1ços ambient.tis do recurso ambicnt.d, e utiliza­do na produção de Z. Esse método é empregado sempre que é possível obter-se preços de mercado para a variação do produto Z ou de seus su bstitutos. Duas variantes gerais podem ser reconhecidas: método da produti\1dade marginal e método dos bens substitutos.

ti seguir discutiremos em separado a parte teórica dessas variantes. embora a parte da avaliaçflo de vieses e orientações seja apresentada em conjunto.

Pal1l entender melhor as prentissas dos métodos com base em função de produção, vamos elaborar em mais detalhes sua constituição amdítica. Suponha uma [unção de produção de Z, laI que o nível de produção de Z é dado pela seguinte expressão:

Z ; F(X, E) (3)

Onde X é um conjunto de insumos formado por bens e serviços priva­dos e E representa um bem ou serviço amhient<d gel1ldo por um recurso ambienw que é ut ili '"ldo gratuitamente, ou seja, $Cu preço de mercado p, é zero. Note que E representa, assim , um v;tlor de uso na produção de Z.

Sendo 1', e P, os preços de Z e X, a [unção do lucro (p) na produção de A seria:

1t ; P, Z- p, X-p"E ; p, F ex, E) - P" X (4)

o produtor ajusta assim a utilização de seu insumo de forma a maximi· zar (p) seu lucro. Assumindo que a variação de Z é marginal c, portanto. não .dtera seu preço, a v;lriação de lucro seria:

dp/dX; p, dF/dX - P ; O - , (5) c

dp/dE ; P, dF/dE (6)

Ou seja, a I"driação de lucro do usuário de E é igual ao preço de Z multiplicado pela variação de Z quando varia E.

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Omsolacióll VillaJáiie Udry

MtrODO DE PRODlnlVIDADE MARGINAL

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

o método da produtividade marginal assume que p., é conhecido e o valor econômico de E (VEE) seria:

VEE = p2 dF/dE

Observe que VEE, nesses casos, representa apenas valores de uso dire­tos ou indiretos relaÚvos a bens e serviços ambientais utilizados na produ­ção. Vale ressaltar que a estimativas das funções de produção F não é Irivial quando as relações tecnológicas são complexas.

Além do mais, as especificações de E em F são difíceis de serem capta­das diretamente na medida em que E corresponde geralmente a fllLXOS de bens ou serviços gerados por um rL'Curso ambiental que depende do seu nível de estoque ou de qualidade. Logo, se faz necessário especificamente, as funções de dano ambiental ou as funções dose-resposta (DR) onde:

E = DR (x, x, .... Q) (8) Onde x, é a V'Miável que, junto com o nível de estoque ou qualidade Q

do recurso, afetam o nível de E. Assim,

dEO = dDRldQ (9)

Essas funções DRs procuram relacionar a V'Jriação do nível de estoque ou qualidade - respectivamente, taxas de extração ou poluição - com O nível de danos físicos ambientais e, em seguida, identificar o efeito do dano físico - decréscimo de E - em certo nível de produção específico.

Um exemplo de DR está na relação do nível de poluição da água (Q) que afeta sua qualidade - E, que, por sua vez, afeta a produção pesqueira i. Outro exemplo é o nível de uso do solo (Q) que ;úeta a qualidade do solo (E) e, assim, afeta a produção agrícola (Z).

Deterntinada a DR, é possível então, estimar a varia,lo do dano em termos de variação no bem ou serviço ambiental que afeta a produção de um bem.

Funções de danos podem, contudo, apresentar mais dificuldades que

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EcmlOmia e biodiversitVule

as funções tecnológicas de produção à medida que as relações c.1usais em ecologia são ainda pouco conhecidas e de estimação bastante complexa. As relações ecológicas requerem estudos de campo mais sofisticados e a con­sideração de um número maior de variáveis. Questões como resiliência e capacidade assimilativa não permitem a determinação de formas funcio­nais simples para as DRs e suas respectivas funções de produção.

Dessa forma, antes de avaliar os viés estimativo dos métodos da pro­dutividade marginal , examinaremos os métodos que recorrcm a mer­cado de bens substitutos com procedimentos semelhantes ao da produtivida­de marginal.

MÉTODOS DE MERC<DO DE BENS SUBSTI1UTOS

Outros métodos que utilizam preços de mercado - e, na hipótese de variações marginais de quantidade de Z devido à variação de E - podem ser adotados com basc nos mercados de bens substitutos para Z e E. Esses métodos são importantes para os casos em que a variação'de Z, embora afetada por E, não oferece preços ohserváveis de mercado ou são de difícil mensuração. Casos típicos seriam aqueles que Z é tamhém um bem ou serviço ambiental consumido gratuitamente, ou as funções de produ­ção c/ou dose-resposta não estão disponíveis, ou , ainda, encerram lIm esforço de pesquisa incomensurável.

Um decréscimo do nível de qualidade da água Q das praias resldta em decréscimo de uma amenidade E que é um serviço :unbiental de recrea­ção, cuja cobrança pelo seu uso não existe ou é limitada.

Embora a provisão de E seja gratuita, a perda de sua qualidade ou escassez pode induzir ao uso de outros bens para realizar substituições de E. Ou seja, aumenta a demanda por substitutos perfeitos (S) de E. Substillllos perfeitos são aqueles em que o decréscimo de consumo de uma unidade pode ser compensado pelo uso de outro recurso por uma magnitude constante. Logo:

Z = F (X, E + S) ( 10)

Assim, para manter o produto de Z cons~tnte, uma unidade a menos de E será compensada por uma unidade a mais de S. Logo, a variação de E

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COllso/ar;ión V;1I(~f(ule Udr)'

será valorada pelo preço de S (P) observável no mercado. Essa substi tui­ção fad com que os usuários incorram em um cuSIO privado no consumo do bem substituto C = P. D E. Ao pensar em uma Brma como usuária de ., , E, existi rá na função de lucro um custo C que será igual ao valor da , produ tividade marginal de E. Dessa maneira, o custo C, reOeti ria o valor de uso pant fi rma deri\"Jdo do recurso E.

Da mesma fo rma, os indivíduos em suas funções de utiUdadc podem encontrar substitutos perfeitos para O produto 2 que consomem quando sua disponibilidade se al tera, devido a variação de E. Logo:

U (2 + S, Y" ... , Y.l (l I )

Onde U (Z + S, Y" ... , Y.) é denominada como fun ção de produção familiar e Y os bens da cesta de consumo familiar. No caso, U pode ser também expressa por uma fun ção de gastos - ou dispêndios - famiUar. Assim , reduzindo uma unidade de 2 de\1da a dE, o valor de uma unidade de Z será Pi Nesse caso:

VE . = p dU/dE f. ~ ( 12)

Portanto, existirá um C positivo na função de gastos dos intlivíduos , equivalente a p DZ. Note que esses métodos também admitem que varia-, ções de E ou Z não a1tenull preços dos seus substitutos c, port ullo, não induzem a variações do excedente do consumidor e produtor.

Assim , com base em mercados de bens substituídos podemos genera­lizar três métodos que são norm:dmente de f:ícjJ apUcação, como se segue:

Cus/o de reposiçtio - É quando o custo C representa os gastos incorri-, dos pelos usu:Ífios em bens substi tuídos para garantir O nível deseja­do de S ou E. Por exemplo: custos de reOorestamento em área des­matadas para garantir o nível de produção madeireira; custo de re­posição de fcrtiUzantcs em solos degr:tdados para gamntir um nível de produti \1dade agrícola; ou custos de construção de piscinas pú­bli cas para garantir as atividades de recreação b,~neári a quando as praias estão poluídas.

G(/stos defensivos Oll clls/as evitados - É quando C representa os gastos .<

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l:i:muJI}/lrl I' bi()(hn'r,wdtl{li'

que seriam incorridos pelos usuários de bens substitulUs para não aherar o produto de Z que depende de E. Por exemplo, os gastos com tnU,unento de água - compra dt, água tratub - que são n('n .. 'SS~iri os nO caso de poluição de mananciais; os gastos com medicamentos para remediar efeitos na saúde causados pela poluição: ou gastos de re­construção de ,í re,1S urbanas delido a cheias de rios causadas por excesso de sedimentação em linude da erosão do solo.

Cus/os de eOIl/role - O,mos ambientais poderiam ser também v,~orados pelos custos de controle que seri<un incorridos pelos lIsu,írios para evitar OI variação de E, Quanto, por exemplo, as empresas ou fam nias deveriam gastar em controle de esgolos para evitar a degradação dos recursos hídricos. Esses CLl SIOS poderiam scr considerados C0l110

in\'estimentos necessários para e\itar a redução do nírcl de csto<luC do capital natural. Esse método é mais empregado em cont~l" ;Im· hient,tis 'l",sociad'l,\ a contas nacionais, de forma a representar in"es· limemos necess:írios para compensar o con:iiUIllO de capital natural.

Note que a hipótese de :iiubstituição assume a existência de suhstitutos perfeitos que encerram a mesma função do recur:iiO <lmhient:ll. Essa po~·

~i bilid:ule . cntretan to. é difícil de ocorrer no mundo r(·:tI . Os hens c S('I'\'i­

ços privados ser.l0 substituídos :tpen~l'i por al~lIlllas característiC:ls dos hens c :iie rviço~ amhielllais. No caso de praias jloluídiL"', por exemplo, os v:~o res cstimados poderiam ser investimentos elll atividades l' lH piscinas públicas, ou gastos defensivos para e\itar doen\'as de veiculação hídrica, ou mesmo investimentos em at il;dades de controle da poluição. Em todos os C:L'iOS acima, a hipótese de substituição perfeita não se aplicaria.

Mesmo que isso sej a possível , s€' E som€'nte captura alguns hell!' e seniços anlbientais, então S também refletirá essas parceJ'L" Ou se ja, é muito difícil identificar um substituto perfeito de recursos ambientais, mesmo por investimentos sem reposição. Conseqüentemente, o LISO de mercados de bens suhstitutos pode induzir a suhestimações do ,,~or eco­nômico do recurso ambiental.

Outra variante do método de hens e sc n~ç()!' privados substitutos é o método do custo cle opOrtunidade. Esse método mensu ra as perdas de renda nas restrições da produção c consumo de hel1s c scniços privados dc\ido :IS ações para conservar ou para prc:iiel"var os recursos :1I11hicnlais.

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ColIso/tlâÓII l'illufillil! Udry

b se método simplesmente indica o custo econômico de oportunidade para manter o fluxo de E, isto é, a renda sacrificada pelos usu,írios para manter E no nível a""d. Por conseguinte, esse método é amplamente utili­zado para estimar a renda sacrificada em termos de atilidades econônu­cas restringidas pelas atividades de proteção ambient,d c, assim , permitir uma comparação desses custos de oportunidade COm os beneficios am­bientais numa análise de custo-bene[ício.

O método do custo de oportunidade não valora diretamente o recurso ambiental e sim o custo de oportunidade de mantê-lo. Por exemplo, n"o inundar uma área de floresla para geração de energia hidrelélrica signifi ­ca sacrificar a produç!io dessa energia ou criar uma resen'a biológica significa sacrificar a renda que poderia ser gerada por usos agrícolas nessa ~irea .

VI ÉS E.~T t~WIVO DOS M(-roUOS DE FlIliÇÃo DE P~ODUç.'O

o valor de E - quando é identificado como insumo, dado pela expres­são (7) - consegue apenas refl etir as variações de produção de Z quando E varia. Ou seja, apenm; capta os valores de uso direto e indireto que E oferece para a geração do fluxo de produção de Z. Assim, valores de opção c existência não podem ser capturados com esse método. Dessa forma , o método de produti'idade subestima o valor correto de E nos casos onde v;dores de opção e existência são posi ti vos.

Quando mercados de bens substitutos são utiüzados, a possibilidade de perfeita substituição determinará a cobertura das parcelas do '".dor de opção, embora o valor de existência não seja também captado uma vez que se admite substituição.

Se a variação de E ,dtera os preços p cp , então ocorrerão ajustes em 1. s

outros setores que resultarão em variações no excedente do consumidor de Z, e seus bens substitutos ou complementares, e também no excedente do produtos de quem utiliza X e seus bens substitutos ou complementares. Tais ajustes, em outros mercados, somente seriam passíveis de identi[jca­ção em modelos de equi~ôrio gend que requerem uma alta so[jsticação estaústica e de base de dados. Assim. existindo evidências de al terações significatil'<1S de preço, o método de produtividade determinará v;dores incorretos de E, em termos de v;\fiação de bem-estar, que poderão estar

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/;'c(I1lOlIIia (' hiodir'('fSit!"dt'

tanto subestimados como superestimados, dependendo da magnitude e sin:d das variações de excedente.

O preço de mercado de Z ou X pode não ser uma boa medida do custo de oportunidade de Z oU X, oU seja, o respecti vo preço de efi ciência. Portanto, o valor da produt i\idade marginal de E pode estar incorreto mesmo para captar v:dores de uso. Nesse caso, o \1és estimativo depende­rá do nível de distorção existente na formação do preço de Z ou X. A correção desse viés elimina o viés acima, mas permite uma estirn ~ui va mais correta do valor de uso.

Os métodos de preço de mercado de variações marginais analisados neste artigo aplicam-se, na maioria das vezes, de nUUleira muito simples. A utilização de preços de mercado garante uma medida mais objetiva do v,dor econômico do recurso ambiental para o público em geral . uma vez que representam v:dores reconhecidos no mercado. Talvez seja esse o motivo da maior uti lização desses métodos e também de sua predileção em meios profi ssionais que lidam com valoração ambiental. No entanto, as estimativas que oferecem não estão livres de restrições.

A limitação m:tis importante seria a não cobertura de valores de opção c existência. Todavi ~l , vale ressaltar que, em vários casos, a simples identi­ficação de ",dores de uso permite ao analista descartar ou ajustar decisões de investimento que gerem um uso nutis eOciente do recurso ambient:t1 em an:dise. Para tanto, há de se conhecer com precisão as relações ent re ati vidades econômicas c meio ambiente.

Mesmo quando as fu nções de produção e são bem estimadas, identi O­GIm-se \ieses estimativos importantes que apontam para a necessidade de se considerarem ajustes de mercado - al teração de preços e quantidades consumidas. Embora variações de preço e quantidade possam e deV'dm ser melhor captadas com modelos de equil íb rio geral - que avaliam os cfei tos intra-setoriais na economia devidos à alteração de pontos de equi­Lb rio em deterntinado mercado - , as cstimativas das variações de bem­estar dependerão da introdução de medidas de excedente do consumi­dor com base na disposição a pagar e a aceitar. Essa será a questão centn~ dos métodos apresentada a seguir.

Ass im , os métodos de fun ção de produção são ide,tis, principalmente para valorações de recursos genéticos, cuja disponibilidade, por serem importantes insumos da produção , afeta o nível do produto da economia.

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Con.'to/acióll lIil/aflui/: Udry

Embora o método da produtividade marginal ofereça indicadores mone­tários bastante objetivos e com base em preços observáveis de mercado, o analista deve ter cuidado para que as mensurações, aparentemente tri­viais, não se tornem enviesadas e vazias de conteúdo econômico. Para evitar tais situações, recomenda-se: 1. Analisar se o preço de mercado do bem - semente melhorada - , o

qual sendo utilizado para a valoração, reOete seu custo de oportuni­dade - preço-sombra. Caso não reflita, re-Jlizar os ajustes de forma a corrigir os preços.

2. Determinar o impacto, em termos de produção, devido à V'Miação da disponibilidade do recurso genético, para avaliar a hipótese de pre­ços inalterados, caso existam evidências sobre significantes alter-d­ções de produto que afetariam o nível de preço.

3. Avaliar, criteriosamente, a confiabilidade das funções de produção e de dano e da base de dados a ser utilizada. Evitar utilizar em um local as funções estimadas pa.-d um outro local, dado que as condições ambientais ou de oferta de recursos ambientais são quase sempre distintas. Note que cada função reflete a tecnologia local e sua base de recursos ambientais.

4. Oferecer uma dimensão clara e específica da parcialidade das esti­mativas dos "J1ores de uso estimados em relação a outros valores de uso e de não-uso que fazem parte de valor econônlico total, mas que não foram estimados.

5. Realizar, sempre que possível, análises de sensibilidade com parâ­metros que afetam os resultados.

MtrODos DE FUNÇÃO DE DEMANDA

Os métodos de função de produção analisam casos onde o recurso ambientaI está associado à produção de um recursos privado e geralmen­te assumem que as variações na oferta do recursos ambientaI não alteram os preços de mercado. Os métodos de função de demanda, por outro lado, admitem que a variação da disponibilidade do recurso E altera o nível de bem-estar das pessoas e, portanto, é possível identificar as medi­das de disposição a pagar - ou aceitar - das pessoas em relação a essas variações. Identificar a função de demanda D para E, o V'J1or econômico

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Ecol/omitl e biodil'r:r.çirfmli!

de uma variação de E seria dado pela variação do excedente do consumi ­dor (DEC), tal que:

Ip,

tiEC = tipd ( 13)

p,

onde P, e P, são as medidas de disposição a pagar - Ou aceitar - relativas à variação da disposição de E.

Dll;l~ variantes desse método podem ser gencraüzadas: métodos dos bens complementares - preços hedônicos e custo de \iagem - e método (lil valoração contingente.

M ÉToDOS DE MJ:RCADOS UE tm"lS r.OMPl.EME\iARES

Da mesma forma que mercados de bens c se"1ços privados substitutos a bens e semços ambientais podem oferecer medidas de v:~o r de uso dos recursos ambi entais quando representam a produção de um bem de demanda final que não tem preço obse" ".ível, também mercados de bens e semços pril",dos complementares a bens e sc" iços ambient:tis podem ser utili zados para mensuração do valor de LISO de um recurso ambient::~ .

Bens perfeitamente complementares são aqueles consulllidos em propor­ções constantes cntre si.

Dessa forma, uma antllisc que recorra aos mercados desses bens ou se"iços privados compl ementares pode gerar informações sobre a de­manda do bem ou se" iço ambiental relacionado. Um hem complementar perfei to ,t outro bem terá como valor zero se a demanda pelo outro bem for zero. Ou seja, existe uma função de utilidade onde X é um vetor de quantidade de bens privados e Q é o bem oU SC"1ÇO natural não mJorado no mercado complementar a X, na seguinte forma:

U = U(Q.x) ( 14)

Maximinizando U sujeito à rcsui (,.-:io orçamentária Y = I'X, permite que diver­sos pontos da demanda indi\.dllal de X, em X sejam identificados, tal que:

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(,(mso/ación l'illtdillil! UdrJ'

x. = x (P, Q, Y) , , ( 15)

Como Q inOuencia a demanda ordin,íria de X, ' então, estimando a demanda de XI para níveis de Q, é possível estimar indiretamente a deman­da de Q. Daí, medidas de variação do exceden te do cons umidor marshall ilUlas de variações de Q' pal'lt Q" podem ser estimadas como ,írea ent re 'lS ClII"as de demandas :"\(P, Q', Y) e X,(P, Q", Y)."

Essas transformações não são tril1,tis c, são apUcados a dois métodos com b'l,C nesses fundamentos teóricos, o de preços hedônicos e o méto­do ClISto viagem que não se aplic,ml 11<1 valoração econômica tios recur­sos genélicos.

REFERÊNC IAS BlBlIOGRÁFtCAS

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