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Aula 05 Curso: Economia e Finanças Públicas p/ CAGE/SEFAZ/RS Professores: Heber Carvalho, Jetro Coutinho

Economia e Finanʢ̤as Pʢ̼blicas - Aula 05

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  • Aula 05

    Curso: Economia e Finanas Pblicas p/ CAGE/SEFAZ/RSProfessores: Heber Carvalho, Jetro Coutinho

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    AULA 04 Eficincia econmica; bens pblicos e falhas no sistema de mercado. Introduo geral aos problemas

    econmicos: escassez e escolha; a curva de possibilidades de produo. Livre mercado; o papel do

    governo em uma economia em desenvolvimento. Objetivos, metas, abrangncia e definio. 2. Funes do Estado; evoluo das funes do Governo. A funo do bem-estar; polticas alocativas, distributivas e de

    estabilizao.

    SUMRIO RESUMIDO PGINA Problemas econmicos: escassez e escolha 02 Curva de possibilidades de produo 05 Eficincia Econmica 11 Falhas de Mercado 16 Papel do Governo 40 Funes do Governo 42 Questes comentadas 46 Lista de questes apresentadas na aula 74 Gabarito 88 Ol caros(as) amigos(as),

    Na aula de hoje, temos uma quantidade grande de pequenos assuntos. Nada complicado, prometemos ;-)

    Na verdade, essa aula era para ser bem pequena. No entanto, acabou ficando grande muito mais por conta da grande quantidade de exerccios do que pela quantidade de teoria. Alis, na prxima aula, isto tambm vai acontecer (a aula 06 tem mais de 100 pginas, mas s de 37 pginas de teoria). A maioria das pginas de questes comentadas. Elas ajudam muito no processo de memorizao do (enorme) contedo que vocs esto tendo que aprender neste curto espao de tempo de que dispomos at o dia da prova. Bem... vamos comear nossa aula!

    E a, todos prontos? Ento, aos estudos!

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    1. INTRODUO GERAL AOS PROBLEMAS ECONMICOS Vamos comear este tpico com a prpria definio de Economia. Nos livros de Economia, isto feito logo no primeiro captulo. Mas, aqui em nosso curso para o concurso da SEFAZ/RS, preferimos fazer apenas nesta aula 05. Vamos l ;-) Economia pode ser definida como a cincia social que estuda como as pessoas e a sociedade decidem empregar os recursos produtivos escassos, na produo de bens e servios, de modo a distribu-los entre as vrias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. Em primeiro lugar, preciso ressaltar que a Economia no uma cincia exata, mas sim uma cincia social, porque as cincias sociais estudam a organizao e o funcionamento da sociedade. Temos como exemplo de cincias sociais o Direito, a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia, etc. Todas elas estudam o funcionamento da sociedade a partir de um ponto de vista.

    A Economia se ocupa do comportamento humano e estuda como as pessoas e a sociedade se empenham na produo, troca e consumo de bens e servios. Assim, podemos entender, portanto, que a Economia tambm uma cincia social.

    Em segundo lugar, devemos ter a noo que os recursos produtivos

    (ou fatores de produo) so escassos. Quando falamos que eles so escassos, isto quer dizer que eles so limitados, ou finitos. Por outro lado, as necessidades humanas so ilimitadas, ou infinitas. Da, surge o conceito de escassez.

    Veja que a escassez decorre das necessidades humanas

    ilimitadas e, ao mesmo tempo, do fato de os recursos produtivos serem limitados. a que surge a Economia, como uma cincia que estuda a melhor forma de utilizar os recursos escassos a fim de satisfazer as necessidades humanas ilimitadas.

    necessrio no confundir escassez com pobreza. Pobreza significa

    possuir poucos bens. Escassez significa ter mais desejos ou necessidades do que bens para satisfaz-los, ainda que j possua muitos bens. Assim, o fenmeno da escassez est presente em qualquer sociedade, seja rica ou pobre. claro que em pases mais ricos, o problema da escassez ser menor que em pases mais pobres, mas, mesmo assim, a escassez continua sendo um problema, uma vez que os desejos por bens e servios ainda superam a quantidade de bens e servios produzidos pela sociedade. a natureza do ser humano, somos assim!

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    Depreende-se, portanto, que a Economia uma cincia social que tem por objeto de estudo a questo da escassez, que a preocupao bsica da Economia. Somente devido escassez de recursos em relao s ilimitadas necessidades humanas que se justifica a preocupao de utiliz-los da forma mais racional e eficiente possvel.

    Da escassez, por sua vez, decorre a necessidade da escolha. J

    que no se pode produzir tudo aquilo que as pessoas desejam, devem ser criados e estudados mecanismos que as auxiliem a decidir quais bens e servios sero produzidos e quais as necessidades sero atendidas. Veja, ento, que a necessidade da escolha s existe justamente em razo de haver escassez.

    2. QUESTES ECONMICAS FUNDAMENTAIS

    Conforme vimos no tpico passado, da limitao dos recursos produtivos e da infinidade de necessidades humanas, decorre o problema da escassez; e da escassez, deriva o problema da escolha.

    Isto , como os recursos so finitos, a sociedade deve decidir o que

    dever ser produzido, em qual quantidade, como e para quem ser produzido. Todas estas questes econmicas fundamentais relacionadas escolha surgem da escassez. Vejamos estas questes mais detalhadamente, apenas para clarificar:

    a) O que e quanto produzir?

    J que no se pode produzir a quantidade desejada pela sociedade dos mais diversos tipos de bens de servios, a sociedade deve escolher entre as vrias alternativas, quais bens e servios sero produzidos e em que quantidade. Devemos produzir mais automveis do que roupas? Mais roupas e menos alimentos? Quanto de roupas e quanto de alimentos? Trata-se do conceito relacionado eficincia alocativa.

    b) Como produzir? Em segundo lugar, a sociedade tem de decidir a maneira pela qual o conjunto de bens escolhido ser produzido. Normalmente, os bens podem ser obtidos mediante diferentes combinaes de recursos e tcnicas. Assim, deve-se optar pela tcnica que resulte no menor custo por unidade de produto a ser obtido. a eficincia produtiva.

    c) Para quem produzir?

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    Uma vez decidido que bens produzir e como produzi-los, a sociedade tem de tomar uma terceira deciso fundamental: quem vai receber esses bens e servios? Sabemos que a produo total de bens e servios dever ser distribuda entre os diferentes indivduos que compem a sociedade. De que maneira essa distribuio ocorrer? Ser que todos recebero a mesma quantidade de bens de servios? Ser que a distribuio de bens e servios ser feita segundo a contribuio de cada um produo? Ou segundo a necessidade de cada indivduo? a eficincia distributiva.

    2.1. Custo de oportunidade: abrindo mo de algo Embora j tenhamos visto este conceito em aulas anteriores (na aula sobre custo), interessante rev-lo, contextualizando-o dentro do problema da escassez x escolha.

    Acabamos de ver que a escassez a varivel que d o tom na

    economia. Em virtude dela, precisamos fazer escolhas. Genericamente falando, todos gostariam de ter dinheiro para comprar alimentos de boa qualidade, roupas, carros, assim como todos querem mais tempo para lazer, esporte, viagens, etc. Enfim, todos gostariam de ter uma riqueza maior, entretanto, os recursos de todos (pelo menos da maioria) so escassos, no sentido de estarem disponveis em quantidades limitadas. Canalizar nossos esforos para a obteno de uma quantidade maior de algo conflita com a possibilidade de obtermos mais de outras coisas. Podemos consumir mais lazer se sacrificarmos alguma renda (que poderia ser obtida durante o tempo em que nos dedicamos ao lazer). Podemos comprar mais roupas, desde que abramos mo de consumir um outro bem. Assim, ao escolher uma alternativa de consumo, somos levados, obrigatoriamente, a abrir mo de algo associado s outras alternativas. Por exemplo, ao decidir ler esta aula on-line, voc abriu mo de vrias outras coisas: estudar Contabilidade, consumir lazer, dormir, ganhar dinheiro (poderia estar trabalhando em vez de estudando), etc. Tudo que deixamos ou abrimos mo de fazer ao realizar uma escolha chamado de custo de oportunidade. s vezes, possvel mensurar o custo de oportunidade, outras vezes, no. Por exemplo, qual o custo de oportunidade deste curso de Economia para o concurso da SEFAZ/RS? o que voc deixou de ganhar ou abriu mo, se no o tivesse comprado. Neste caso, poderamos tranquilamente mensurar o custo de oportunidade como sendo de R$ 250,00.

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    Em outros casos, no to simples mensur-lo. Por exemplo,

    suponha que voc tenha largado o emprego h um ano para estudar para concursos. Qual o custo de oportunidade desta deciso? o que voc deixou de ganhar se estivesse trabalhando. Mas isto no to simples de se mensurar, pois, se estivesse trabalhando, tambm teria alguns gastos (transporte, roupas, cursos de profissionalizao) que deveriam entrar no clculo. Outro exemplo: qual o custo de oportunidade de se trabalhar o dia inteiro, sem dedicar nenhum tempo ao lazer? o prazer ou a utilidade que se deixa de desfrutar se fosse dedicado algum tempo ao lazer. Qual o custo de oportunidade de largar um emprego para fazer um mestrado? o que se deixou de ganhar se estivesse trabalhando (mais uma vez, o clculo deve levar em conta outras inmeras variveis: transporte, alimentao, etc).

    3. CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUO (CPP) Nota: pode tambm ser chamada de Fronteira de Possibilidades de Produo (FPP) ou, ainda, Curva de Transformao da Produo (CTP).

    A CPP uma ilustrao do problema da escassez e da escolha. Para

    mostrarmos como ela funciona, faremos a suposio que uma economia produz apenas dois bens: vesturio ou alimento. Adotaremos ainda 03 hipteses adicionais:

    Existncia de uma quantidade fixa de recursos produtivos: ou

    seja, a quantidade e a qualidade dos fatores de produo so mantidas fixas durante a anlise. Em outras palavras, podemos dizer que ao longo da CPP, em qualquer ponto, a quantidade e a qualidade de fatores de produo utilizada so as mesmas.

    Existncia de pleno emprego dos recursos: a economia opera

    com todos os recursos produtivos (fatores de produo) plenamente empregados e produzindo o maior nvel de produo possvel. Em outras palavras, ao longo da CPP, existe eficincia na produo.

    A tecnologia permanece constante: ao longo da CPP, o nvel de

    tecnologia permanece o mesmo. Na nossa economia que servir de exemplo (produz apenas

    alimentos e vesturio), a CPP mostrar as diversas combinaes de alimento e vesturio que podem ser produzidas com uma quantidade fixa de insumos1 (trabalho e capital, principalmente), mantendo-se a tecnologia constante. Guarde isto: ao longo da CPP, consideramos fixas as quantidades utilizadas de fatores de produo, bem como a tecnologia. !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!%#&())!+(,.)!/!01,(#)!#!+(23!/!4)5)!#!+(236!

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    Curva de Possibilidades de Produo (CPP)

    0A

    Produo de Vesturio

    E B

    V

    A C

    A

    D

    V

    A

    0V

    Produo de alimento

    A curva apresentada na figura 1 um exemplo de CPP. Veja:

    O ponto 0A representa um extremo no qual apenas se produz

    vesturio, ou seja, a economia emprega todos os fatores de produo apenas na produo de vesturio. O ponto 0V representa outro extremo no qual apenas se produz alimento, ou seja, todos os recursos so utilizados para produzir apenas alimento.

    Dentre as suposies da CPP, ns vimos que, ao longo da curva,

    temos pleno emprego dos recursos e os mesmos so utilizados eficientemente. Ou seja, temos eficincia na produo, desde que estejamos ao longo da CPP. Desta forma, para o nvel de tecnologia e quantidade de fatores de produo existentes, pontos no interior da CPP significam que os recursos no esto sendo utilizados de forma eficiente.

    Por exemplo, o ponto A representa uma alocao ineficiente e situa-

    se dentro da FPP. Por estar dentro da FPP, o ponto A indica que possvel aumentar a produo de bens (vesturio e alimentos) sem precisar aumentar a quantidade de fatores de produo utilizados no processo produtivo. Em outras palavras, o ponto A indica uma situao em que no h pleno emprego ou, em outras palavras, h capacidade ociosa ou subemprego dos recursos produtivos.

    O ponto E, por outro lado, representa um nvel de produo maior

    do que aquele que podemos atingir, dadas as quantidades de fatores de produo e nvel de tecnologia existentes, que so consideradas fixas por ocasio da CPP.

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    Os pontos B, C e D correspondem a trs pontos quaisquer da CPP. Ou seja, so pontos onde temos: eficincia na produo e pleno emprego de recursos. Alis, qualquer ponto ao longo da CPP indica que h pleno emprego de recursos.

    Observe que a CPP negativamente inclinada. Isto acontece

    porque, como as quantidades de fatores de produo so fixas, para se produzir mais de um bem, deve-se produzir menos de outro bem, indicando que h uma relao inversa entre as quantidades produzidas de um bem e do outro bem. Por exemplo, para produzirmos mais alimento, devemos produzir menos vesturio, e vice-versa.

    Veja tambm que a CPP, ao contrrio das curvas de indiferena e

    das isoquantas, cncava (curvada para dentro). Isto acontece porque a sua inclinao aumenta em magnitude medida que se produz mais alimento. Observe que a inclinao2 da CPP maior no ponto D do que no ponto C. Por sua vez, ela tambm ser maior no ponto 0V do que no ponto D. Para descrevermos esse fato, definimos a taxa marginal de transformao (TMgT) de vesturio por alimento como a prpria inclinao da CPP em cada um de seus pontos. Algebricamente, a TMgT definida como V/A.

    A taxa marginal de transformao indica o custo de oportunidade de

    se produzir mais de um bem. Em virtude disto, tambm podemos afirmar que a inclinao da CPP representa o custo de oportunidade da produo adicional (marginal) de um bem.

    Nota ! no confunda TMgST e TMgS com TMgT. Esta a inclinao da CPP, enquanto aquelas representam, respectivamente, as inclinaes da curva de indiferena e da isoquanta.

    Como a CPP cncava, a TMgT crescente medida que elevamos a produo de alimento na FPP. Outra decorrncia da concavidade da CPP a existncia de custos (marginais) de oportunidades crescentes.

    Quando deixamos de produzir, por exemplo, vesturio para produzir alimento, devemos deslocar os recursos produtivos (por exemplo: capital e trabalho) da produo de vesturio para a produo de alimento. Ou seja, temos que utilizar capital e trabalho que estavam sendo utilizados na produo de vesturio (lembre que, na CPP, o capital e o trabalho so fixos) para produzir, desta vez, alimentos.

    normal que, medida que se v transferindo os insumos da

    produo de um bem para a produo de outro bem, a eficincia do capital e do trabalho utilizados v diminuindo cada vez mais, de forma !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!7!8!4&94123!1!:;;(&15#4,#90057148910

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    que o custo adicional (custo marginal) para produzir o outro bem ser crescente. Por exemplo, no ponto 0A da curva, todo o capital e o trabalho esto sendo utilizados para produzir vesturio. medida que decidimos produzir mais alimento, obrigatoriamente, temos que deixar de produzir vesturio. Para isso, deslocamos os insumos (capital e trabalho) para a produo de alimentos, em vez de vesturio. Inicialmente, precisamos abrir mo de pouca produo de vesturio (V pequeno) para aumentar a produo de alimento (A grande). No entanto, medida que a produo deste ltimo vai aumentando e vamos deslocando mais insumos para produzi-lo, estes insumos vo perdendo a sua eficincia e temos que, cada vez mais, abrir mo de mais quantidade de vesturio produzido para produzir menos quantidade de alimento (no ponto D, temos V grande e A pequeno. Ou seja, perdeu-se bastante produo de vesturio para ganhar pouca produo de alimento).

    Em outras palavras, o custo (marginal) de oportunidade3 de

    produzir alimento vai crescendo; da, podemos dizer que a concavidade da CPP implica custos de oportunidades crescentes. Falando a mesma coisa de forma diferente: a concavidade da CPP tambm implica rendimentos decrescentes, pois os insumos da produo (capital e trabalho), medida que vo sendo alocados para produzir outros bens diferentes, vo perdendo eficincia ou reduzindo os seus rendimentos (ou seja, as alternativas de usos para os insumos so limitadas/escassas). Nota: estamos falando que os custos de oportunidade so crescentes em virtude dos rendimentos decrescentes, mas isto no guarda relao com a lei dos rendimentos marginais decrescentes aprendida na aula 02. A lei dos rendimentos marginais decrescentes decorre do estudo da produo no curto prazo, onde mantemos um fator de produo fixo e outro fator de produo varivel. Ao longo da CPP, pressuposto que a quantidade de todos os fatores de produo mantida fixa. Ou seja, a situao em que a CPP analisada (todos os fatores fixos) no permite introduzir a lei dos rendimentos marginais decrescentes (onde consideramos um fator fixo, e outro varivel). A concavidade da CPP a regra geral. Isto acontece porque os insumos da produo no so perfeitamente substituveis na produo das diferentes mercadorias. O custo de oportunidade crescente ou o rendimento decrescente porque, quando deslocamos capital e trabalho da produo de um bem para a produo de outro bem, estes recursos deslocados, que eram adequados e eficientes na produo de um bem, apresentam-se menos eficientes e menos adequados para produzir outro bem. Assim, por exemplo, no ponto B, os recursos de produo da !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!4! #),#! &1)19!#),.#))#5!19&1)!+1(1!1!+(23!#!.#),(6!

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    Produo de cerveja (C)

    Quando os insumos so perfeitamente substituveis, a CPP uma reta, a TMgT (!C/!P) constante. Os rendimentos e os

    custos de oportunidades, por sua vez, tambm so constantes.

    C

    P

    C

    P

    Produo de chopp (P)

    economia (capital e trabalho) j esto mais adaptados produo de vesturio do que produo de alimento. Quando os realocamos para a produo de alimentos, os trabalhadores (trabalho) e as mquinas (capital) apresentaro eficincia reduzida, j que eram acostumados e treinados para produzir vesturio e no para produzir alimento. Assim, h rendimentos decrescentes (ou custos de oportunidade crescentes) quando deslocamos costureiras (produo de vesturio) para produzir alimento, ou quando utilizamos aparelhos de tear (produo de vesturio) para produzir alimento. No entanto, pode haver casos em que os insumos da produo so perfeitamente substituveis na produo de duas mercadorias. Por exemplo, imagine os bens cerveja e chopp. Provavelmente, os trabalhadores (trabalho) e as mquinas (capital) utilizados na produo de um destes bens podero ser utilizados na produo de outro bem, de forma que no haja perda de rendimento, o que implica dizer que no teremos rendimentos decrescentes ou custos de oportunidade crescentes. Neste caso, em que os fatores de produo so perfeitamente substituveis, a TMgT, os rendimentos e os custos de oportunidades sero constantes ao longo da CPP, que ser uma reta em vez de uma curva. Veja a figura 2:

    3.1. Deslocamento da CPP Como o prprio nome sugere, a CPP diz as possibilidades (o mximo) que uma economia tem para produzir duas mercadorias, dado um estoque fixo de insumos (capital e trabalho) e uma tecnologia constante. No entanto, pode uma economia obter uma produo maior

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    destas duas mercadorias que esto na FPP? A resposta sim, possvel. Entretanto, para isso acontecer as possibilidades de produo tm que aumentar, e isso acontecer, resumidamente, se houver aumento da quantidade de fatores de produo ou melhoria tecnolgica.

    Seguem abaixo os principais motivos que levam a nossa CPP a se deslocar para a direita e para cima (neste caso, toda a CPP deslocada para cima), indicando que a fronteira de produo foi expandida:

    1) Um aumento nos investimentos: investir, em economia, significa

    adquirir bens de capital (mquinas, ferramentas, etc). Assim, uma economia que destina a maior parte de seus recursos para a compra de bens de investimento (=bens de capital), em vez de bens de consumo, ter maiores possibilidades de produo que outra economia que destina mais recursos para compra de bens de consumo. Isto acontece porque estes bens de investimento servem para aumentar a produo. Assim, pelo menos no longo prazo, a CPP de uma economia que adquire mais bens de capital estar mais alta e mais direita que a CPP de uma economia que deu mais importncia aos bens de consumo.

    2) Melhorias tecnolgicas expandem as possibilidades de

    produo: a tecnologia determina o mximo de produo fsica que se pode obter, a partir de um conjunto particular de fatores de produo. Uma nova tecnologia torna possvel a maior produo de bens e servios para a mesma base de recursos existentes, deslocando a CPP para cima e para a direita. Vale ressaltar que tecnologia no quer dizer somente invenes cientficas. Qualquer aprimoramento da tcnica significa melhoria tecnolgica. Por exemplo, Henry Ford no inventou o carro, nem descobriu um motor mais potente e barato. Ele simplesmente introduziu, de forma pioneira, o sistema de linha de montagem na produo. Assim, seus carros eram produzidos em maior quantidade e com menor custo. Veja que, neste caso, a mudana no jeito de se produzir o mesmo bem significou uma melhoria tecnolgica que, com certeza, expandiu a CPP para cima e para a direita.

    3) Melhorias no sistema legal: mudanas no sistema institucional tambm podem expandir a CPP. Por exemplo, um pas que tenha uma legislao do trabalho justa, tanto para o empregado quanto para o empregador, certamente incentiva a produo, deslocando a CPP para cima e para direita. Por outro lado, se o sistema institucional bagunado, no justo e incentiva a ineficincia (altos impostos, por exemplo), a CPP deslocada para baixo e para esquerda (retrao da CPP).

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    4) Aumento na quantidade disponvel de fatores de produo: pressuposto da CPP que a quantidade de fatores de produo (mo-de-obra, capital, matria-prima, terra, etc) fixa. Se houver aumento dos fatores de produo disponveis (por exemplo, um movimento imigratrio aumente a quantidade de mo-de-obra disponvel), haver expanso da CPP. Se houver reduo dos fatores de produo disponveis (por exemplo, uma catstrofe natural que destrua muitas instalaes ou cause muitas mortes), haver retrao da CPP. Ento, guarde o seguinte: Caso se reduza a produo de um bem para aumentar a produo

    de outro bem, haver to somente deslocamento ao longo da CPP, no haver deslocamento da FPP como um todo.

    Caso haja alterao da quantidade de fatores de produo ou da

    tecnologia, haver deslocamento da CPP como um todo. Acontecimentos que aumentam as possibilidades de produo faro a CPP deslocar para a direita e para cima. Por outro lado, acontecimentos que reduzem as possibilidades de produo deslocaro a CPP para baixo e para a esquerda.

    E a TMgT? Ela desloca a CPP? Ns vimos que a inclinao da FPP

    determinada pela TMgT (V/A). Se houver mudana na TMgT, nos rendimentos ou nos custos de oportunidade dos insumos, haver to somente mudana na inclinao da FPP, no haver deslocamento da FPP.

    Por fim, lembre-se de que, ao longo da CPP, temos eficincia na

    produo. Ou seja, para produzirmos mais de um bem, devemos, obrigatoriamente, produzir menos de outro bem. Isto indica que os nveis de produo ao longo da CPP indicam que os recursos j esto sendo plena e eficientemente utilizados; tanto verdade que, se quisermos aumentar a produo de um bem, devemos a reduzir a produo de outro. Ora, se isto verdade, porque os recursos so utilizados em sua capacidade mxima para nveis de produo ao longo da CPP. 4. EFICINCIA ECONMICA

    Passarei para vocs trs ticas ou ideias sob as quais podemos enxergar a eficincia econmica. So as seguintes ideias de eficincia econmica que veremos: timo de Pareto, maximizao dos excedentes, mercado de concorrncia perfeita. PS: na verdade, o estudo da Eficincia Econmica bem mais complexo do aquele que apresentarei aqui. No meu livro (Microeconomia Facilitada,

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    ed. Mtodo), o captulo de Eficincia Econmica possui mais de 30 pginas. No entanto, acredito que a Fundatec, neste concurso da SEFAZ/RS, no deve aprofundar no tema. Geralmente, quando as bancas querem aprofundar o tema Eficincia Econmica, elas especificam os itens adjacentes como: eficincia no consumo, eficincia na produo, fronteira de possibilidades de utilidades, caixa de Edgeworth, etc. Neste sentido, vou apresentar para vocs uma verso resumida da eficincia econmica, mas que deve ser mais que suficiente para atender ao item do edital. 4.1. timo de Pareto

    Quando um mercado opera de modo perfeito ou eficiente, temos uma situao chamada timo de Pareto4 (ou eficincia de Pareto, ou Pareto-eficiente, ou eficincia econmica, ou ainda eficincia alocativa).

    Em Economia, diz-se que uma alocao de recursos eficiente (timo de Pareto) quando no possvel melhorar a situao de algum sem piorar a de outra pessoa.

    Imagine uma economia com apenas dois consumidores (Teodsio e Tibrio) e alguma quantidade de apenas dois bens (10 litros de cerveja; e 10 litros de suco). Suponha que Teodsio, bomio que , atinge seu bem estar mximo (utilidade mxima) quando ele consome todos os 10 litros de cerveja. J Tibrio, da gerao sade, gosta mais de suco e atinge sua utilidade mxima quando consome todos os 10 litros de suco. Ento, podemos entender que esta economia estar em timo de Pareto quando Teodsio consumir 10 litros de cerveja e Tibrio consumir 10 litros de suco. Nesta situao, teremos eficincia econmica.

    Observe que, dadas as condies existentes (apenas dois consumidores e apenas dois bens: 10L de cerveja, 10L de suco), se estivermos em uma situao de timo de Pareto, ser impossvel melhorar a situao de um dos consumidores sem piorar a situao do outro consumidor.

    Por exemplo, se Teodsio der 1L de cerveja para Tibrio, este ltimo ficar melhor, pois, alm de 10L de suco, ter mais 1L de cerveja. No entanto, Teodsio ficar em situao pior, pois ter nesse momento apenas 9L de cerveja e no 10L, como tanto gostaria. exatamente essa a ideia do timo de Pareto: impossvel melhorar a situao de algum sem piorar a situao de outrem.

    Agora, imagine que Teodsio tenha 5L de cerveja e Tibrio tambm tenha apenas 5L de suco. Suponha que seja acrescentado ao consumo de cada um mais 1L de cerveja e suco, respectivamente (isso possvel, pois !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!5! 8! #+(#))3! ?! #5! 5#41=#5! 1! #&45),1! 90(#! ;1(#,! 7!

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    na nossa suposio inicial tnhamos disponveis nesta economia 10L de cerveja e 10L de suco). Aps o acrscimo de 1L de cerveja e suco, Teodsio e Tibrio ficaro, respectivamente, com 6L de cerveja e suco. Ou seja, os dois tero melhorado. Como foi possvel haver a melhora de ambos, ento, aquela situao preexistente (5L de cerveja e 5L suco para Teodsio e Tibrio, respectivamente) no pode ser um timo de Pareto, pois se o fosse, a melhora do bem-estar de um estaria condicionada, obrigatoriamente, piora do bem-estar do outro.

    A situao narrada no incio do pargrafo anterior chamada de melhoria de Pareto, cuja definio a seguinte: se pudermos encontrar uma forma de melhorar a situao de uma pessoa sem piorar a de nenhum outra, teremos uma melhoria de Pareto. Neste caso, a melhoria de Pareto significou uma melhora de bem-estar de algum sem implicar piora de bem-estar de outrem. Ou seja, do ponto de vista geral ou total, o bem estar melhorou. Por isso, a nomenclatura melhoria de Pareto. Por outro lado, quando estamos em um timo de Pareto, j estamos no mximo de bem-estar total, logo, impossvel melhorar a situao de algum sem piorar a de outrem.

    No confunda timo de Pareto com melhoria de Pareto. O primeiro significa uma situao de eficincia econmica, enquanto o segundo significa apenas uma situao de melhoria de bem-estar total, a partir de uma situao ineficiente economicamente.

    Observe que se uma alocao permite uma melhoria de Pareto, ento, ela ineficiente no sentido de Pareto. Por outro lado, se uma alocao no permite uma melhoria de Pareto, ento, ela eficiente no sentido de Pareto.

    Uma alocao ineficiente carrega em si a possibilidade de que h alguma forma de melhorar a situao de algum sem prejudicar ningum mais. E isto uma caracterstica indesejvel (o desejvel mesmo que estivssemos em um timo de Pareto, onde j atingimos o mximo bem-estar total, onde impossvel melhorar a situao de algum sem prejudicar outra pessoa).

    Tambm devemos ressaltar a interessante questo que envolve os conceitos de eficincia e equidade. Deve ficar bem claro na sua cabea que eficincia no implica obrigatoriamente equidade e vice-versa. Por exemplo, no nosso exemplo envolvendo Tibrio e Teodsio, temos uma situao em que a repartio do consumo dos dois bens no igualitria, mas, mesmo assim, pode ser eficiente economicamente. Assim, entenda que equidade no quer dizer

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    eficincia. Podemos ter equidade e eficincia juntas, mas isso no necessariamente uma regra.

    Dica estratgica: Equidade no implica eficincia, e vice-versa.

    At podemos ter equidade e eficincia juntas, mas isso no uma regra necessariamente vlida.

    4.2. Maximizao dos excedentes

    Na aula 01, j vimos o que so os excedentes do consumidor e produtor. Pois bem, uma maneira de enxergamos a eficincia econmica atravs destes excedentes. Veja a figura abaixo:

    Na figura acima, a situao de equilbrio de mercado, onde utiliza-se o preo (PE) decidido livremente pelas foras da oferta e da demanda, provoca uma situao tal em que os excedentes esto maximizados.

    Como o excedente do consumidor a rea abaixo da curva de demanda e o excedente do produtor a rea acima da curva de oferta, a situao acima, onde o mercado decide livremente o preo e quantidade, provoca uma situao de excedente total mximo. Isto tambm significa eficincia econmica.

    Se o governo impusesse um tributo, ou uma tarifa, haveria aumento de preos para os consumidores e reduo do preo lquido recebido pelo produtor. Tal fato provocaria, respectivamente, reduo dos

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    excedentes do consumidor e do produtor, de tal forma que a imposio deste tributo ou tarifa seria ineficiente do ponto de vista econmico.

    No estamos dizendo que a tributao seja ruim, pois um tributo necessrio, tendo em vista que o governo deve arrecadar recursos para investir em sade, educao, etc. Estamos apenas dizendo que seria ineficiente economicamente (apenas isso), pois os excedentes no estariam maximizados.

    Obs: no vou demonstrar graficamente como o tributo reduz o excedente total. Estaria fugindo do nosso foco pretendido (nesta aula), ok?! Apenas entenda que quando o mercado opera sobre as foras livres da demanda e da oferta, transacionando a mercadoria sobre o preo de equilbrio encontrado quando as curvas se encontram, teremos a uma situao de eficincia econmica, pois os excedentes esto maximizados.

    4.3. Mercado de concorrncia perfeita Pessoal, o mercado de concorrncia perfeita o nico5 que inequivocamente rene as condies necessrias para a ocorrncia do timo de Pareto.

    O nico mercado em que o preo da mercadoria decidido livremente atravs da interao das foras da demanda e da oferta o mercado competitivo (=concorrncia perfeita). Se voc voltar aos 05 exemplos mostrados nas pginas 20 a 23 da aula demo, por exemplo, ver que em todos aqueles exemplos eu falo que o mercado competitivo (concorrncia perfeita).

    Ento, pessoal, entenda o seguinte: quando temos essa situao em que trabalhamos com as curvas de demanda e oferta da forma como trabalhamos na aula demonstrativa; isto significa que este mercado de concorrncia perfeita. Como sabemos, esse mercado implica maximizao dos excedentes conforme vimos no item passado, 4.2. Ento, obrigatoriamente, podemos concluir qualquer mercado de concorrncia perfeita eficiente economicamente ( um timo de Pareto).

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    Dica estratgica: Mercados competitivos (concorrncia perfeita)

    so eficientes economicamente. Ou seja, so os nicos em que temos ocorrncia inequvoca da otimalidade de Pareto.

    5. FALHAS DE MERCADO No item 4, ns tivemos algumas noes de eficincia econmica. No final, no subitem 4.3, vimos que os mercados competitivos so inequivocamente eficientes economicamente. Tambm vimos que, quando temos aquela situao onde trabalhamos com a livre interao das curvas de demanda e oferta decidindo os preos de mercado, isto significa um mercado de concorrncia perfeita, pois so as foras de mercado (demanda e oferta) que, livremente, esto mensurando os preos e quantidades de equilbrio. Vamos relembrar o conceito de mercado competitivo ou concorrncia perfeita (visto na aula 04):

    i. Concorrncia perfeita: nmero infinito de produtores e consumidores, produto transacionado homogneo, no h barreiras entrada de firmas e consumidores, perfeita transparncia de informaes entre consumidores e vendedores, perfeita mobilidade de fatores de produo. Exemplo mais prximo: mercado agrcola.

    Portanto, podemos entender que existe uma condio essencial

    para a existncia de eficincia. Ela nos enfatiza que o mercado deve ser competitivo. Logo, para um mercado ser competitivo, devem ser assegurados os requisitos para que a competio vigore (requisitos da concorrncia perfeita). Por tudo o que foi exposto nas ltimas pginas, podemos depreender estes requisitos para que haja concorrncia perfeita e, consequentemente, haja tambm eficincia econmica:

    Ausncia de poder de mercado; Informaes completas; O preo de mercado aquele onde temos as curvas de demanda e

    oferta se encontrando, ou seja, a livre interao das foras de mercado que decide o preo e a quantidade do produto que est sendo transacionado por consumidores e produtores (o mecanismo de preo reflete de forma adequada as foras de mercado).

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    Em suma, os mercados iro falhar porque algum dos requisitos acima no est sendo atendido. A partir do no atendimento de algum dos requisitos, teremos uma situao que ensejar alguma ineficincia econmica, chamada de falha de mercado.

    Uma dos objetivos da regulao econmica justamente eliminar

    ou reduzir estas falhas de mercado, a fim de que este possa funcionar o mais prximo possvel de seu nvel eficiente.

    Podemos enumerar as seguintes falhas de mercado:

    a) Externalidades, b) Existncia de bens pblicos, c) Falhas de informao (ou assimetria de informaes), d) Mercados incompletos, e) Riscos pesados, f) Falhas na competio (poder de mercado) e g) Existncia de desemprego e inflao.

    As duas primeiras (A) e (B) so as mais tradicionais e importantes.

    Logicamente, so delas que falaremos mais a fundo. Comecemos pelas externalidades:

    5.1. EXTERNALIDADES Externalidades so os efeitos positivos ou negativos das nossas decises que recaem sobre outras pessoas. Quando decidimos por comprar ou produzir algum produto, geralmente comparamos os custos e benefcios de cada uma das alternativas que so apresentados a ns, mas, normalmente, no consideramos em sua totalidade os efeitos de tais aes sobre os outros ou seja, as externalidades ou os efeitos externos de nossas aes. Quando h alguma externalidade, o equilbrio de mercado deixa de ser eficiente.

    O fato de os efeitos das transaes no estarem refletidos nos preos faz com que os custos e os benefcios sociais (que a sociedade como um todo suporta) no sejam inteiramente suportados por aqueles que o produzem e o consomem. Em relao aos seus efeitos, existem dois tipos de externalidades: positivas e negativas.

    Externalidades positivas - As situaes nas quais esses efeitos implicam benefcios a outros indivduos ou firmas da economia so chamadas de externalidades positivas ou economias externas. Por exemplo, se um indivduo instala um equipamento de GNV (Gs Natural Veicular) em seu carro visando reduo de gastos com combustvel, ele

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    estar no s contribuindo para o seu bolso, como tambm estar contribuindo para toda a coletividade, ao poluir menos o ar. Neste caso, alm do benefcio privado, existe um benefcio social na atividade. Externalidades negativas - Por outro lado, as situaes nas quais as aes de um determinado agente da economia prejudicam os demais indivduos so chamadas de externalidades negativas ou deseconomias externas. Por exemplo, se um indivduo, no intuito de economizar dinheiro, no faz a reviso do motor de seu carro velho, apesar de ele estar contribuindo para o seu bolso, estar prejudicando a coletividade, ao poluir mais o ar. Outro exemplo comumente utilizado de externalidade negativa ocorre quando uma indstria joga dejetos qumicos na natureza, como forma de evitar os custos da reciclagem ou dos procedimentos adequados ao tratamento dos resduos da industrializao. Neste ltimo caso, a atividade provoca um custo social, e este custo no impacta o custo privado do agente causador do dano.

    Do ponto de vista tcnico, portanto, ocorre uma externalidade

    quando os custos sociais (CS) so diferentes dos custos privados (CP), ou quando os benefcios sociais (BS) so diferentes dos benefcios privados (BP).

    Os custos privados so representados pelos efeitos internos de uma ao econmica. Os efeitos internos das aes econmicas no escapam ao registro do preo e so, portanto, consideradas no clculo econmico dos agentes privados. Os custos sociais, por sua vez, so representados pela soma dos efeitos internos com os efeitos externos que escapam ao mecanismo de preos e no so considerados nos clculos do agente privado, quando este precifica determinado bem ou atividade econmica.

    Quando os custos sociais excedem os custos privados, configura-se uma externalidade negativa. Nestas circunstancias, haver uma tendncia de superoferta (produo maior que o ideal), porque parte dos custos de produo estar sendo absorvida por outros agentes que no o inicial. Uma medida alocativa (interveno do governo) adequada seria, por exemplo, a imposio de um tributo sobre a produo deste bem, com vistas a desencoraj-la. Outra medida vivel seria a aplicao de multas medida que as aes prejudiciais coletividade fossem detectadas.

    Tambm, muito comum o uso do termo marginal nesta anlise. Neste sentido, correto dizer o seguinte: ocorre uma externalidade negativa quando o custo marginal social excede o custo marginal privado.

    Os benefcios privados so representados basicamente pelos lucros auferidos pelo agente privado e no escapam ao mecanismo de

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    preos. O benefcio social, por sua vez, a soma dos efeitos internos com os externos que escapam ao mecanismo de preos.

    Quando os benefcios sociais superam os benefcios privados, temos uma externalidade positiva; os benefcios que o produtor concede sociedade so maiores que aqueles pelos quais estar sendo compensado via mercado. Desta forma, haver tendncia suboferta do bem ou servio (produo menor que o ideal). A medida alocativa para corrigir esta suboferta seria, digamos, a concesso de um subsdio firma/indivduo, de forma a encoraj-lo a aumentar a produo.

    Aqui, tambm, muito comum o uso do termo marginal nesta anlise. Neste sentido, correto dizer o seguinte: ocorre uma externalidade positiva quando o benefcio marginal social excede o benefcio marginal privado

    Nos trs exemplos citados dentro do quadro exposto no item, os benefcios e/ou custos privados divergem dos benefcios e/ou custos sociais. O sistema de mercados no tm como ajustar os preos a essas divergncias, visto que as externalidades no so mensuradas nos preos praticados. Isto quer dizer que o equilbrio competitivo do mercado no eficiente do ponto de vista econmico, uma vez que ocorre a falha de mercado.

    Deste modo, as responsabilidades na promoo dos ajustes so transferidas para o governo, que poder corrigir essas falhas mediante incentivos s externalidades positivas e desincentivos s externalidades negativas.

    Observe que essas situaes representam falhas de mercado, uma vez que, em mercados competitivos, as aes dos agentes devem estar refletidas no mecanismo de preos. Estes, por sua vez, so resultado da livre interao entre oferta e demanda. Se temos externalidades, h tendncia sub/super oferta/demanda, o que faz com que o mercado se afaste do resultado competitivo (concorrncia perfeita).

    Segue agora um quadro com um resumo sobre as situaes em que h externalidades negativas ou positivas:

    Situao Externalidade Medida interventiva/regulatria +

    exemplo

    BS=BP No h -

    CS=CP No h -

    BS>BP Positiva Incentivo externalidade (subsdio, incentivo fiscal).

    CS>CP Negativa Desincentivo externalidade (tributao mais elevada, multas, proibio).

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    No quadro acima, comparamos benefcios (sociais ou privados) com benefcios. Se BS>BP, h externalidade positiva. Se BSCP, h externalidade negativa. Se CS

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    pblicos, bancos das praas pblicas, banheiros pblicos de uso coletivo (banheiros de rodovirias, por exemplo). Agora, compare o estado de conservao destes bens com o estado de bens semelhantes, mas de propriedade privada (o telefone da sua casa, bancos colocados no interior de shoppings centers, banheiros de shoppings e escritrios, etc).

    Certamente, aps a comparao, a concluso ser de que os bens privados so muito mais bem cuidados que os bens sem dono. A razo para isso simples: as pessoas se preocupam com o que possuem e no se preocupam tanto com aquilo que no delas.

    Suponha que seja aprovada6 uma lei que torne os automveis propriedade pblica. Segundo esta lei, todos os automveis devem estar estacionados na rua com suas chaves no contato. Todas as pessoas tm o direito de dirigir qualquer automvel que quiserem. s chegar, ligar, e sair dirigindo! Agora, pergunte-se: quantos dias levaro para que a grande maioria de todos os carros no esteja funcionando da forma ideal, ou necessitando de conserto? Voc deve concordar conosco que, em pouco tempo, os carros iro apresentar problemas de funcionamento, certo?

    Por que todos os carros iro quebrar logo?

    simples! Porque eles no tm dono, e a ausncia de propriedade torna o conserto e a manuteno de um carro uma externalidade positiva, que em condies normais algo subofertado. Desta forma, se voc conserta um carro, beneficia a todos que possam dirigir o carro no futuro, mas VOC, individualmente, no receber todos os seus benefcios.

    A concluso que voc no tem qualquer incentivo para manter os carros em boas condies de funcionamento e todos os carros so utilizados em excesso, at o talo!

    Os direitos sobre a propriedade privada interiorizam custos e benefcios e levam um recurso a ser utilizado de modo eficiente economicamente. Desta forma, quando estes direitos esto bem definidos, quando se sabe quem dono do qu, h uma alocao eficiente de externalidades, e no h excesso de externalidades positivas e/ou negativas.

    De maneira recproca, a falta de direitos de propriedade leva ao aparecimento de externalidades, positivas e/ou negativas. Isso, por sua vez, leva a falhas na utilizao tima de recursos.

    Assim, uma empresa joga dejetos qumicos em um rio porque certamente ningum dono daquele rio. Se houvesse um segundo agente que fosse claramente o dono do rio, e este processasse a empresa poluidora, certamente, a ltima assumiria os gastos para no realizar a ao danosa ao meio ambiente.

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    Ningum tem qualquer incentivo em manter a gua dos nossos rios em boas condies de funcionamento. Ao contrrio, as empresas poluem os rios; alguns condomnios de alto padro, na ausncia de um sistema de saneamento, utilizam os rios como se fossem fossas, etc.

    Mas, por que os rios no so cuidados? A resposta que a ausncia de propriedade torna os cuidados de um rio uma externalidade positiva, em que os custos privados superam os custos sociais, ou em que os benefcios sociais superam os privados. Assim, praticar uma externalidade positiva exige certa dose de altrusmo (dar sem receber) ou implica custos que as pessoas no gostam ou no tm a possibilidade de arcar. Se os rios fossem de propriedade privada, eles seriam cuidados, de forma a reduzir essas externalidades.

    A ausncia de direitos de propriedade resulta naquilo que denominado tragdia dos comuns (ou tragdia de uso comum), que um exemplo no qual resulta uma externalidade.

    Na Inglaterra medieval, os fazendeiros podiam levar seus animais para pastar em terras comuns, que eram abertas a todos. Em consequncia, as terras comuns foram utilizadas em demasia e destrudas. Ainda que o benefcio social de manter as terras comuns bem conservadas fosse alto, o custo privado era mais alto que o custo social, o que no incentivava qualquer fazendeiro individual a cuidar da terra.

    b) custos de transao e o teorema de Coase

    Nos pargrafos precedentes, argumentamos que se os direitos de propriedade estiverem bem definidos, no h externalidades e a troca entre os agentes resulta numa alocao eficiente de recursos. Entretanto, em 1960, Ronaldo Coase desenvolveu um teorema fundamental, o teorema de Coase, o qual nos diz que o problema das externalidades tambm pode ser analisado sob um prisma diferente dos direitos de propriedade.

    Segundo Coase, a ausncia de externalidades s ocorrer se no houver custos de transao entre os agentes. Em outras palavras, mesmo com direitos de propriedade bem definidos, quando os custos de transao forem muito elevados, as externalidades podem ocorrer.

    A ideia original desenvolvida por Coase foi demonstrada com um exemplo de duas fazendas. A fazenda A cria gado, e o gado geralmente invade os campos da fazenda vizinha, a fazenda B, que tem uma plantao. O gado da fazenda A impe uma externalidade negativa ao pr em risco a colheita da fazenda B.

    Vejamos algumas formas de como este problema simples de externalidade pode ser resolvido. Se o proprietrio de A tiver o direito

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    de deixar seu gado invadir as terras de B, o proprietrio de B pagar ao proprietrio de A para construir uma cerca, quando o risco colheita de B exceder o custo da cerca. Se o custo da cerca exceder o risco s colheitas, no ser do interesse do proprietrio B pagar pela cerca, e o gado ir pastar. Em outras palavras, quando socialmente eficiente construir a cerca (o benefcio de constru-la compensa o custo), a cerca ser construda para eliminar a externalidade. Se no for socialmente eficiente, ela no ser construda.

    Agora, suponha que os direitos de propriedade sejam atribudos ao proprietrio B, de modo que A tenha que compensar B por qualquer risco. O proprietrio A construiria uma cerca, se o risco s colheitas de B excedesse o custo da cerca. Entretanto, se o custo da cerca fosse superior ao risco das colheitas, o proprietrio A compensaria o proprietrio B pelo risco e, novamente, o gado iria vagar livremente.

    Veja que, em qualquer caso, o resultado atingido socialmente timo, de modo que a cerca ser construda, quando seu custo for inferior ao risco da colheita (for socialmente eficiente), e no ser construda, quando a cerca custar mais que o risco (no ser construda se no for socialmente eficiente). Adicionalmente, percebe-se que esta concluso foi extrada independentemente de os direitos de propriedade estarem atribudos ao proprietrio da fazenda A ou B. Como observao final antes de derivarmos o teorema, interessante notar que este caso simples de barganha ou negociao entre dois proprietrios ocorre sem custos de transao para ambos.

    O Teorema de Coase afirma que, independentemente da forma pela qual os direitos de propriedade sejam alocados em funo da externalidade, a alocao de recursos ser eficiente quando as partes puderem barganhar entre si sem custo. Ou seja, quando no houver custos de transao (ou quando estes forem irrelevantes ou muito baixos), os agentes privados podem resolver por si ss o problema das externalidades e chegar a um acordo no qual todos fiquem numa situao melhor e o resultado, aps a negociao, seja a eficincia econmica.

    A enumerao original do Teorema sugere que a ausncia de custos a condio essencial para a eliminao das externalidades. No entanto, algumas bibliografias trazem tona a possibilidade de, em algumas situaes, a externalidade ser eliminada, desde que os custos sejam baixos. Assim, a existncia de custos suficientemente baixos (ou irrelevantes) tambm pode conduzir o mercado a uma situao eficiente (com a eliminao da externalidade).

    Vale ressaltar que o ponto principal do teorema de Coase aponta que os custos de transao devem ser muito baixos (ou no existirem) para a eliminao do problema de externalidades. Em outras palavras, a ausncia (ou irrelevncia) de custos de transao que permite a ocorrncia da barganha socialmente tima.

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    Por exemplo, considere um problema de externalidade envolvendo uma indstria que polui o ar medida que fabrica os seus produtos. Se a poluio prejudicar milhares de pessoas, ser muito difcil a barganha entre os dois lados dessa externalidade negativa (indstria x milhares de pessoas). Neste caso, h altos custos de transao envolvidos: as vtimas da externalidade negativa (milhares de pessoas) devem se organizar, e isso muito custoso. Ao mesmo tempo, se as partes no conhecerem os custos e benefcios da reduo da externalidade, ou se possurem percepes diferentes a respeito desses custos e benefcios, ento a barganha/negociao poder no ser socialmente tima, e no eliminar ou reduzir a externalidade.

    Em resumo, ento, o teorema de Coase mostra que, no havendo custos de transao (ou estes sendo muito baixos), os agentes privados podem negociar/barganhar e atingir alocaes eficientes, eliminando o problema das externalidades.

    Observa-se, portanto, que os custos de transao podem representar limites bastante relevantes para as solues privadas das externalidades.! Quando a negociao privada no funciona, o governo pode interferir, procurando resolver o problema por meio de polticas pblicas em prol da coletividade.

    5.1.2. Corrigindo as externalidades Vamos focar o texto deste tpico 5.1.2 no exemplo da empresa poluente (externalidade negativa). Acredito que um bom exemplo para desenvolvermos nossa argumentao. Supondo, ento, uma firma que emite poluentes, como o governo poderia proceder a fim de incentivar as empresas para que reduzissem seus nveis de emisses poluentes? Quais seriam as polticas pblicas e a regulamentao adequadas em tal situao? De forma geral, o governo poderia incentivar a reduo de emisses poluentes por meio de trs medidas:

    a) Fixao de um limite para a emisso de poluentes; b) Imposio de taxas sobre a emisso de poluentes; c) Emisso de licenas negociveis para poluir.

    Vejamos cada uma delas, separadamente: a) Limite para emisso de poluentes

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    Esta poltica pblica consiste no estabelecimento de um limite legal para poluir. Caso a empresa ultrapasse o limite estabelecido, ela pode sofrer multas pesadas ou outras penalidades (a interdio da empresa ou a suspenso das atividades por tempo determinado em lei). Funciona assim: at o limite legal, a empresa pode poluir vontade! No entanto, se ela aumentar a produo de tal modo que passe a ultrapassar o padro de emisso de poluentes estabelecido, ela ter que, necessariamente, reduzir a poluio, caso contrrio sofrer penalidades severas. Na hora de reduzir a poluio - para se enquadrar no limite estabelecido -, poder instalar equipamentos de reduo de poluio, ou poder ainda reduzir o seu nvel de produo. O estabelecimento de um limite para emisso de poluentes apresenta a vantagem de oferecer maior grau de certeza ao governo (e sociedade) a respeito dos nveis de emisses de poluentes que efetivamente sero obtidos com a poltica pblica. No entanto, apresentam maior incerteza em relao aos custos que sero despendidos pelas empresas, na tentativa de se adequar aos limites estabelecidos em lei. b) Taxas sobre a emisso de poluentes Uma taxa sobre a emisso de poluente um valor arrecadado sobre cada unidade de poluente emitido por uma empresa. Este tipo de taxa geralmente chamada de imposto de Pigou7 (ou imposto pigouviano), que um imposto implementado para corrigir os efeitos de uma externalidade negativa, como a poluio, por exemplo. Em alguns textos, a utilizao destas taxas sobre emisses de poluentes tambm chamada de princpio do poluidor pagador. O imposto de Pigou visa fazer com que o agente causador da externalidade negativa internalize o custo social da poluio a que deu origem. Em relao ao limite de emisses (visto no item a), as taxas oferecem um maior grau de certeza a respeito dos custos de reduo da poluio por parte das firmas. No entanto, deixam maior incerteza em relao aos nveis de reduo de emisso de poluentes que sero obtidos com a poltica pblica. Geralmente, as taxas apresentam algumas vantagens sobre a fixao de um padro de emisso. Em regra, os padres ou limites precisam ser fixados de modo igual para todas as empresas. J a taxa !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ! 45#! ?! #5! 5#41=#5! 1! #&45),1!#% ()+&?5!#)#4.9.#! ! +(+(! &4,! #!],#(4191#)6!

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    estimula fortemente as empresas a instalar novos equipamentos que permitam reduzir ainda mais os nveis de produo. No caso dos limites, at que se atinja o limite estabelecido, a firma no tem qualquer incentivo para reduzir a poluio. Tambm devemos ressaltar que o imposto de Pigou ainda arrecada receita para o governo, o que no ocorre no caso da imposio do limite de emisses. A preferncia pelas taxas ou pelos limites de emisso depende de uma srie de fatores, como o volume de informaes disponveis aos responsveis pela formulao das polticas pblicas, o custo para controlar as emisses e fiscalizar as firmas, bem como o custo de cobrana das taxas ou das multas. As estrutura de custos das firmas poluentes tambm influencia a escolha entre o imposto de Pigou e o padro de emisses. Em regra, teremos o seguinte:

    Se houver informaes incompletas (o regulador no conhece os custos e os benefcios da reduo da poluio), a imposio de limites ou padres oferece maior grau de certeza a respeito dos nveis de emisso de poluentes decorrentes da regulao. Por outro lado, haver incerteza em relao aos custos da reduo da poluio.

    Se o regulador possui informaes suficientemente relevantes, as

    taxas oferecem maior certeza a respeito dos custos da reduo. No entanto, haver alguma incerteza em relao aos nveis de reduo de emisso de poluentes obtidos com a poltica pblica.

    A preferncia entre as duas polticas vai depender das informaes disponveis e da estrutura de custos das empresas que sero reguladas. De todo modo, para a prova, podemos levar a ideia segundo a qual, havendo um bom nvel de informaes sobre os custos e benefcios da reduo da poluio, o regulador geralmente preferir a imposio da taxa, em vez do limite de emisso. Alguns pases, como os EUA, por exemplo, tm empregado os limites em vez de taxas para controlar as emisses de poluentes. Outros, como a Alemanha, tm utilizado as taxas. O melhor mtodo, como eu disse acima, vai depender de muitos fatores. Na aula 01, ns vimos que, em regra, os impostos so ineficientes economicamente porque causam peso morto no mercado sobre os quais incidem. No entanto, o imposto de Pigou no se enquadra nesta regra, uma vez que ele visa corrigir uma falha de mercado (externalidade). Ora, se ele visa corrigir uma falha, ento, na verdade, ele aproxima o mercado de um resultado mais eficiente. Desta forma, podemos entender que o

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    imposto de Pigou apresenta efeitos positivos sobre a eficincia econmica. Subsdio de Pigou Ns vimos que um imposto de Pigou aquela taxa utilizada para reduzir uma externalidade negativa. Neste caso, o governo cobra uma taxa porque ele quer desincentivar atividade causadora da poluio. Agora, imagine que uma empresa, em seu processo de produo, esteja sendo responsvel por externalidades positivas. Uma empresa de pesca, por exemplo, pode realizar aes de tratamento e limpeza da gua em um lago ou em um rio, a fim de melhorar a qualidade do seu pescado. Neste caso, teremos uma externalidade positiva, que deve ser incentivada pelo governo (ao contrrio da externalidade negativa). No caso da externalidade positiva, uma poltica pblica adequada o estabelecimento de subsdios ao agente causador da externalidade. Nesta situao, teremos um imposto Pigouviano negativo, ou simplesmente um subsdio de Pigou. Esse subsdio encorajar ainda mais o produtor da externalidade positiva em suas aes benficas para a sociedade. Assim como o imposto de Pigou, podemos concluir que o subsdio de Pigou tambm apresenta efeitos positivos sobre a eficincia do mercado. c) Emisso de licenas negociveis para poluir As licenas negociveis para poluir representam ttulos negociveis. Funciona assim: o governo distribui (vende) permisses para emitir poluentes. Cada empresa recebe um pouco de permisses, segundo critrios estabelecidos pelo governo. Cada permisso (ou licena) especifica com exatido a quantidade de poluentes que a empresa pode emitir. Assim, uma empresa s est autorizada a poluir at onde seu ttulo ou licena permitir. Essas licenas ou permisses so distribudas (vendidas) entre as empresas de tal maneira que se estabelea um nvel mximo de emisses de poluentes. Se uma empresa polui, mas no possui a licena, ser severamente multada. Igualmente, se a empresa polui acima do que sua licena permite, tambm ser severamente multada. Uma caracterstica interessante deste sistema de licenas que elas so negociveis (ou transferveis). Ou seja, uma empresa pode vender suas licenas a outra empresa, a um preo decidido livremente no mercado.

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    Assim, por exemplo, se uma empresa consegue reduzir seu nvel de poluentes, ela poder vender suas licenas (auferindo uma renda) para outra empresa que incapaz de reduzir suas emisses. Desta forma, cria-se um mercado para as externalidades. Se houver um nmero suficientemente grande de empresas e licenas, ser desenvolvido um mercado competitivo para essas permisses. A grande vantagem desta poltica pblica que o desenvolvimento deste mercado de licenas permite que o governo controle o nvel mximo de emisso de poluentes com um custo bem menor que aquele verificado no caso das taxas (imposto de Pigou) e do limite de emisses. 5.2. BENS PBLICOS

    Os bens pblicos so aqueles no rivais e no exclusivos (no excludentes).

    A no rivalidade o mesmo que dizer que o bem indivisvel ou no disputvel. Explicando melhor: o seu consumo por parte de um indivduo ou de um grupo social no prejudica o consumo do mesmo bem pelos demais integrantes da sociedade. Assim, o maior consumo de um bem pblico por parte de algum no significa reduo no consumo deste mesmo bem por parte de outra pessoa. Temos como exemplo a iluminao pblica, o asfaltamento das ruas, a organizao da justia, a segurana pblica e a defesa nacional, a poluio, o ar que respiramos, etc.

    A no rivalidade tambm significa que o custo marginal de prover o bem para um consumidor adicional nulo. Devido a esta relao entre a no rivalidade e o custo marginal nulo, at podemos dizer que um bem pblico no rival exatamente porque o custo marginal de produo zero. Ou seja, depois que o bem pblico produzido ou posto disposio da populao, no h custo adicional se houver aumento de seu consumo por parte da populao. Assim, depois que a iluminao de uma rua pblica terminada, no existe custo adicional para cada cidado adicional que desfrute desta iluminao. O mesmo vale para a segurana pblica, defesa nacional, pavimentao de estradas, o ar que respiramos, a cor8 azul do cu, etc.

    Ou seja, no h aumento de custo, se um consumidor adicional decidir utilizar o bem pblico. Por isso, o custo marginal de produo de um bem pblico nulo e isso decorre do atributo da no rivalidade.

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    J entendemos o que significa o atributo da no rivalidade. Agora, passemos ao atributo da no exclusividade:

    A no exclusividade refere-se impossibilidade de excluir as pessoas do consumo dos bens pblicos. difcil (ou at mesmo impossvel) impedir que um determinado indivduo usufrua de um bem pblico. Por exemplo, se o governo iluminar uma rua pblica, todos os moradores dessa rua (mais os que eventualmente passarem por l), sem que se possa distinguir um indivduo de outro, sero beneficiados pela disponibilizao deste bem pblico.

    Considere agora um bem privado: uma pea de roupa ou ingresso para o cinema, por exemplo. Para um consumidor comprar uma pea de roupa, ter que pagar por ela, caso contrrio estar excluda do seu consumo. O mesmo acontece em relao ao cinema. Para assistir ao filme, deve-se pagar pelo ticket, caso contrrio no conseguir passar pela roleta. Ao mesmo tempo, e at como decorrncia da excluso no consumo, ocorre a rivalidade. Ou seja, se algum compra uma roupa, outra pessoa no poder comprar esta mesma roupa. Alguns bens apresentam maior rivalidade no consumo que outros, o caso do ingresso de cinema, em que vrios consumidores podero adquirir o bem at certo limite de cadeiras no interior da sala de cinema. Mas, note que, mesmo nesse caso, haver rivalidade e excluso no consumo, pois o bem privado.

    Pois bem, a esta altura o leitor pode estar se perguntando por que o bem pblico referenciado como uma falha de mercado. Os bens pblicos (ou uma grande parte deles), diferentemente dos bens privados, so bancados por toda a coletividade, por meio dos impostos. A falha de mercado que existe na produo dos bens pblicos decorre do fato de que impossvel determinar o real benefcio que cada indivduo desfrutar do seu consumo, logo, invivel determinar de forma totalmente justa o preo (imposto) que cada um pagar. Por isso, a produo de bens pblicos uma falha de mercado.

    Assim, percebe-se que o mecanismo competitivo (da concorrncia perfeita) em que os preos definem as quantidades demandadas e ofertadas no mais funciona, pois possvel que terceiros usufruam o bem sem pagar por ele, da decorre a falha de mercado.

    Nota-se ento que o fato de no ser possvel individualizar o consumo permite que algumas pessoas desfrutem dos bens pblicos sem pagar. Essas pessoas so chamadas de free riders (os caronas). Alegando que no querem ou no precisam consumir o bem pblico, eles se negam a pagar, ainda que acabem usufruindo o benefcio dos bens pblicos.

    Deste modo, podemos afirmar que a presena de free riders est intimamente ligada ao problema da no exclusividade presente nos bens pblicos. Ressalta-se que a presena de caronas nos

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    mercados de bens privados (quase) impossvel, devido individualizao (excluso) existente nestes bens (privados).

    Explicado em linhas gerais por que a produo de bens pblicos considerada uma falha de mercado, cabe-nos agora fazer uma importante ressalva. Os bens de que tratamos at agora (segurana nacional, iluminao pblica, etc), na verdade, so os bens pblicos puros. Isto so os bens que so no rivais e tambm no exclusivos.

    Mas pode haver casos em que um bem somente no rival ou somente no exclusivo. Nestes casos, esses bens sero chamados de bens semi-pblicos (quase-pblico), que so bens que possuem apenas parte das caractersticas dos bens pblicos.

    H quem classifique estes bens semi-pblicos como bens meritrios. Seriam bens que apresentariam caractersticas de bens privados (divisibilidade, ou excluso, ou rivalidade), mas que, pela sua grande importncia, deveriam ser disponibilizados pelo setor pblico. Temos como exemplo o acesso educao e sade. Em ambos os casos, h no excluso no consumo (em teoria, todos tm direito ao acesso). Quanto rivalidade, podemos dizer que at que o limite de vagas seja alcanado (limite de vagas nas escolas e nos hospitais pblicos, no caso da educao e sade, respectivamente), no h rivalidade no consumo, pois no h diferena se entra um novo aluno na sala de aula ou um novo paciente no hospital (estamos supondo que o limite de vagas ainda no foi atingido). Depois de atingido o limite de vagas disponvel, existe a rivalidade. Como so bens com caractersticas de bens privados (rivalidade depois de atingido o limite de vagas) e bens pblicos (no rivalidade at certo ponto e no exclusividade), so denominados semi-pblicos ou meritrios.

    A nomenclatura bens meritrios tambm explicada pela questo meritria de o governo disponibilizar tais bens populao, tendo em vista se tratar de bens de grande utilidade para os cidados. No seria desejvel, do ponto de vista social, que algumas pessoas fossem excludas dos benefcios de seu consumo por no terem condies financeiras de pagar por eles.

    Neste mesmo sentido, a doutrina tambm utiliza o termo de bens demeritrios como sendo aqueles bens de consumo altamente desaconselhvel. Veja que, aqui, o termo demeritrios no tem nada a ver com os princpios da excluso ou rivalidade, mas apenas com o fato de seu consumo ser desaconselhvel pelo governo. Geralmente, sobre estes bens so cobrados elevados tributos (cigarros, bebidas alcolicas) ou eles so at mesmo proibidos de serem consumidos (drogas).

    Tambm devemos atentar que o conceito de bem pblico guarda relao com os atributos da no rivalidade e no exclusividade. O conceito no possui qualquer relao com o ente que produz o bem ou com a essencialidade do mesmo. Assim, o fato de tal bem ser produzido pelo governo no faz dele um bem pblico, assim

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    como o fato de tal bem ser produzido pela iniciativa privada no exclui a possibilidade de que esse bem seja classificado como bem pblico. O critrio, como alertamos, depende dos atributos da no rivalidade e no exclusividade e no de quem produz o bem.

    Entenda, portanto, que o que faz um bem ser pblico no o fato de ele ser produzido pelo governo, mas sim suas caractersticas de no rivalidade e no exclusividade. Assim, se uma empresa privada eventualmente for a responsvel pela segurana nacional de um pas, ainda assim, a segurana nacional um bem pblico, pois no rival e no excludente.

    5.3. PODER DE MERCADO A existncia de produtores e consumidores atomizados como suposto na concorrncia perfeita (todos so pequenos em relao ao mercado, de forma que qualquer um ser um tomador de preo do mercado) nem sempre possvel. Alis, esta caracterstica, que inerente aos mercados competitivos, no comum no mundo em que vivemos. O que h, em geral, so mercados no competitivos, como, por exemplo, o monoplio e o oligoplio. Essas estruturas de mercado fazem o nvel de produo ser menor e o preo ser maior9 que aquele verificado na concorrncia perfeita, o que certamente prejudica um grande nmero de consumidores em detrimento da maximizao de lucros de uma pequena parcela da sociedade. Nesse sentido, papel do governo limitar o poder de mercado das firmas, por meio da regulao de mercados. Ainda em relao ao poder de mercado, cabe ressaltar o caso do monoplio natural, que surge com o intuito de viabilizar a produo de determinado bem que tenha o custo fixo bastante elevado e apresente, ao mesmo tempo, retornos crescentes de escala. O monoplio natural um caso especial em que a estrutura de custos marginais e mdios da empresa declinante para a toda a faixa de produo. Ou seja, uma vez implantada a estrutura da empresa, o aumento de produo far sempre decrescer os custos marginais e mdios. Imagine a produo do bem energia eltrica. Para se montar uma firma que produza este bem, o custo fixo muito elevado. Uma grande quantidade de empresas operando neste setor implicaria um nvel de produo muito baixo para cada uma e, conseqentemente, custos de produo elevados. A existncia de somente uma empresa mais

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    eficiente e possibilita o fornecimento do bem a preos mais baixos, j que, neste caso, quanto maior a escala de produo, maior o retorno e menor o custo por unidade de produo (menor o custo mdio). Ainda assim, o monoplio natural no deixa de ser uma falha de mercado, necessitando, pois, da interveno do governo. Em virtude de estar sozinha no mercado, a empresa monopolista pode, a seu bel-prazer, buscar lucros exorbitantes por meio da cobrana de preos abusivos ao consumidor. Neste caso, o governo deve regular o mercado, a fim de evitar este problema. Uma forma de regular este tipo de mercado seria a imposio de um teto de preos, em que estes se aproximassem dos custos mdios10. No Brasil, ocorre a presena de monoplios naturais nos servios de energia eltrica, gs, gua e telefonia nas grandes cidades, por exemplo. 5.4. MERCADOS INCOMPLETOS s vezes um bem X pode ser demandado pela sociedade, o seu custo de produo pode estar abaixo do preo que os potenciais consumidores estariam dispostos a pagar e, mesmo assim, este bem pode simplesmente no ser produzido. Neste caso, temos um mercado incompleto (o bem X no ofertado, apesar de todas as condies favorveis e de existir demanda para o bem). Esta falha ocorre porque, mesmo que se trate de atividade tpica de mercado e tenha expectativa de lucros, nem sempre o setor privado est disposto a assumir riscos. Outra situao que pode impedir a produo a falta de recursos do setor privado, ao mesmo tempo em que os empresrios no conseguem financiar a atividade mediante a utilizao do sistema financeiro, pelo fato do governo no disponibilizar crditos de longo prazo para a atividade produtiva11. Alguns autores apontam ainda a instabilidade poltica como um fator a explicar a ocorrncia desta falha de mercado. Pases onde ocorrem muitas revolues, reviravoltas no poder ou no h garantia ao direito de propriedade ( comum o Estado se apropriar dos bens privados), comum a existncia de mercados incompletos.

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    Uma interveno alocativa a fim de evitar tal falha, seria a disponibilizao de crdito ao setor privado, ou ainda, a prpria produo do bem pelo setor pblico, atravs das empresas estatais. No incio da industrializao brasileira, o uso de empresas estatais foi a sada encontrada para produzir bens que no seriam produzidos pela iniciativa privada (telefonia, energia eltrica, gua, etc). 5.5. RISCOS PESADOS H algumas atividades que so demasiadamente arriscadas. Por exemplo, as empresas privadas poderiam no investir na tecnologia espacial, na energia atmica (como fonte de energia eltrica) ou na descoberta da cura da AIDS, porque tais investimentos seriam bastante elevados. Os custos das pesquisas e o tempo necessrio para colher os lucros poderiam ser altamente elevados. Alis, ainda haveria o risco das pesquisas no obterem xito (a cura da AIDS no ser descoberta, a energia atmica no ser desenvolvida, etc). Neste caso, os prejuzos seriam imensos. Assim, em virtude dos riscos pesados, necessria a interveno do governo para incentivar esses investimentos. Tal interveno poderia acontecer mediante contratos de pesquisa com empresas privadas, concesso de subsdios, iseno de impostos, doao de bens, etc. 5.6. INFORMAES ASSIMTRICAS Outra falha de mercado importante a informao imperfeita. A suposio da concorrncia perfeita a de que compradores e vendedores tenham a informao completa sobre os bens e servios que compram e vendem. Neste sentido, supe-se que os produtores conhecem todas as tecnologias de produo disponveis e que os consumidores conhecem todas as caractersticas possveis dos produtos que desejam comprar. Mas, na realidade, no bem assim que as coisas funcionam. muito comum, nas transaes econmicas, uma das partes deter informao no disponvel para a outra, tirando proveito dessa informao em detrimento dos resultados da transao. Uma pergunta que voc pode fazer a seguinte? Ok, uma das partes tem mais informao do que a outra, mas... e a, em que isso pode ser prejudicial? Em alguns casos, a perda de eficincia decorrente da assimetria de informao pequena. Por exemplo, imagine que voc vai a um restaurante e o garom lhe assegura que l naquele estabelecimento servido o melhor peixe de bacalhau da cidade. Entretanto, quando o prato chega, voc entende que aquilo no era verdade. Houve uma assimetria

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    de informao, pois o garom sabia como era a comida do restaurante e voc no sabia. Neste exemplo, voc, ingnuo, foi influenciado pela opinio do garom, que no caso era errada. Assim, a deciso econmica tomada foi embasada em informao imperfeita, o que ineficiente economicamente. Mas, neste exemplo, o problema de assimetria de informao ocorrido no chega a ser um grande problema, pois a perda de eficincia pequena. O mximo que acontecer ser voc no voltar mais quele estabelecimento.

    No entanto, imagine se uma empresa farmacutica vende um remdio que ela diz curar o cncer, mas, na verdade, o remdio faz pior-lo! Neste caso, a assimetria de informao existente um problema grave, bem mais grave que aquele visto no exemplo do restaurante. Assim, uma das mais importantes atribuies do governo identificar essas reas onde as deficincias de informao so economicamente significativas (setor financeiro, farmacutico, etc) e, ento, descobrir solues apropriadas.

    Vamos a outro exemplo. Imagine o mercado de carros usados.

    Neste, o vendedor detm informao privilegiada a respeito do carro que est tentando lhe vender. Neste caso, o comprador est em posio de desvantagem, pois a parte menos informada.

    O vendedor sabe o histrico do carro, os seus problemas, quem era o antigo dono, porque o carro est sendo posto venda, a verdadeira quilometragem do carro, etc. J o comprador no sabe nada e obrigado a confiar na palavra do vendedor, que, obviamente dir o seguinte sobre o veculo: que o carro teve nico dono, era carro de madame, nunca deu problema, as revises foram todas feitas em concessionria, o carro fil, oportunidade imperdvel, um bocado de gente j est querendo comprar, etc.

    Logo, percebe-se que h uma assimetria nas informaes, um agente da transao tem mais informaes que o outro. Isso, conforme sabemos, fere um dos pressupostos dos mercados competitivos, levando, portanto, a falhas de mercado.

    At o momento vimos somente exemplos onde o consumidor a

    pessoa com menos informaes, mas o inverso tambm pode ocorrer. No mercado de seguros, o seguro obrigado a confiar nas informaes que o consumidor passa (se tem o carro dorme em garagem fechada, a quilometragem rodada por ms, se utiliza o carro para trabalho, etc). Nos planos de sade, a empresa tambm obrigada a confiar nas informaes que o consumidor passa (especialmente, em relao s doenas preexistentes).

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    A informao assimtrica gera, nas relaes econmicas, a seleo

    adversa e o risco moral. 5.6.1. Seleo adversa (ou anti-seleo)

    A seleo adversa um problema pr-contratual. Imaginemos como primeiro exemplo o mercado de carros usados. Neste mercado, existe uma grande diferena no padro de carros. s vezes, temos dois carros com caractersticas bem semelhantes, produzidos pela mesma montadora, mesmo ano de fabricao, entretanto, mesmo assim, pode haver grandes diferenas na qualidade dos dois carros. Isso decorre obviamente do passado dos carros, tendo em vista que so usados.

    Neste caso, o vendedor tem as informaes privilegiadas, o lado

    com mais informaes. O resultado deste tipo de assimetria de informao que os consumidores ficam muito desconfiados em relao ao que os vendedores dizem sobre os carros. Alis, todos dizem as mesmas coisas (que j foram citadas aqui no texto).

    O maior problema que negcios de compra e venda de carros

    usados podem ser dificultados por causa desta assimetria de informaes. Por exemplo, a compra e a venda de carros usados em excelentes condies podem no sair porque o vendedor no consegue convencer o comprador de que seu carro no de m qualidade. Afinal, o discurso de venda sempre o mesmo... ento, quando ele realmente verdade, isso no acaba sendo percebido pelo consumidor. O resultado que, mesmo que o carro seja bom, o comprador vai querer pagar um valor de carro usado em ms condies.

    Ao mesmo tempo, se o comprador do carro no tem como saber a

    qualidade do carro, no h o que vendedor do carro bom possa dizer que o vendedor do carro ruim tambm no possa (rs!). Assim, se o vendedor cobrar um preo acima da mdia porque o carro usado bom, os carros bons podem no ser vendidos para os consumidores que lhe atribuem o maior valor, ou at mesmo podem ficar fora do mercado, ao no conseguirem se diferenciar dos carros ruins.

    Vem da o nome seleo adversa. Como existem carros ruins, os

    bons carros podem ficar fora do mercado ao no conseguirem se diferenciar daqueles.

    Agora, tomemos como exemplo o mercado de crdito, onde

    determinada firma (um banco ou uma financeira) deseja emprestar determinada quantia de dinheiro. Obviamente, os bancos gostariam de emprestar dinheiro somente aos bons pagadores, mas o problema que

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    quem vai ao banco em busca de emprstimos sabe mais do que o banco sobre a sua real possibilidade e disposio de honrar o emprstimo. Se o gerente do banco perguntar:

    Gerente: - Meu filho, voc vai pagar esse emprstimo? Bom pagador: - SIM! Fique tranquilo quanto a isto, meu gerente! Mau pagador: - SIM! Fique tranquilo quanto a isto, meu gerente!

    Ou seja, o bom e o mau pagador vo dizer a mesma coisa: que vo

    pagar o emprstimo. O resultado disso que os bons devedores (que pretendem e vo pagar o emprstimo) so os prejudicados. A existncia de maus devedores entre os bens devedores faz com que os bancos cobrem juros mais elevados de TODOS. Novamente, h um problema de seleo adversa: porque existem maus pagadores, os juros so mais altos, mas juros mais altos selecionam adversamente aqueles que j so mais propensos a dar o calote.

    Veja que o mago do problema o mesmo do mercado de

    automveis usados. Uma das partes, antes de fechar o negcio, tem menos informaes do que a outra; e isso distorce os preos cobrados pelos produtos, assim como as prprias quantidades transacionadas (compradas e vendidas). O resultado bem diferente daquilo que seria verificado em um mercado competitivo ou concorrencial. Da, temos essa falha de mercado, provocadora de ineficincia econmica.

    Uma interveno do governo no sentido de reduzir essa falha de

    mercado a adoo de cadastros, com as informaes dos consumidores. Por exemplo, em um cadastro positivo, teramos a relao de bons pagadores. Em um cadastro negativo, teramos a relao de maus pagadores. Quanto mais informaes o banco tiver sobre as pessoas (se elas sempre foram boas pagadoras, se j deram calote em outro lugar, etc), mais barato ser o emprstimo para os bons pagadores, e mais caro (ou difcil) ser o emprstimo para os maus pagadores. No caso do mercado de carros usados, se tivssemos a possibilidade de se avaliar com perfeio o estado dos carros, com certeza, os donos dos carros bons seriam beneficiados e poderiam cobrar preos mais elevados por seus carros.

    Este problema tambm acontece no mercado de seguros de

    carros (as firmas, por no conhecerem os compradores, aumentam o valor do prmio). Nos seguros de sade, tambm ocorre. As seguradoras de sade no conhecem detalhadamente a sade de seus contratantes (e futuros pacientes). O resultado que os saudveis (e que utilizaro pouco o plano de sade) pagaro pelos que esto com pior de sade. Veja que, nestes casos, acontece a mesma situao verificada no mercado de crdito: os bons pagam pelos maus!

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    Outro exemplo de seleo adversa, ou anti-seleo, acontece no mercado de seguros de sade, regulado pela ANS. comum determinadas pessoas sabendo que possuem problemas de sade procurarem os planos sade apenas q