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Edição 102

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Promessas adiadas

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Compartilhamento high techCom carros elétricos, Recife se equipara a cidades europeias em conceito de sustentabilidade e tecnologia

Projeto modifica Simples e prevê menos impostosAfif Domingues comemora 5 milhões de usuários no MEI e visita capitais para divulgar mudanças no Simples

SAÚDE

POLÍTICA EDUCAÇÃO

CAPA

ENTREVISTA

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ÍNDICE

SUSTENTABILIDADE

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Uma economia realistaJoaquim Levy expõe política econômica a governadores, pede apoio para reforma do ICMS e Ajuste Fiscal

20Solidariedade, sem efeito concretoEncontro de governadores de Natal avança em consensos sobre unificação do ICMS, mas esbarra em aprovação do Ajuste Fiscal para que sejam feitas liberações de investimentos

Mais pragmatismo, longe da ideologiaMaio sacramenta fusão do PSB e PPS e aproxima mais ainda partidos de oposição a Dilma

Nova ameaça mundialMinistério da saúde emite alerta no Brasil contra novo vírus letal

30ENEM reduzirá 20% dos gastosAlém de aumentar taxa de inscrição ENEM não enviará cartão pelo correio

Piteco no nordeste pré-históricoGraphic Novel: personagem de Maurício de Sousa é inserido no folclore brasileiro e em monumentos históricos do nordeste

A disputa por EstelitaLuta para revitalizar área do Cais José Estelita gera confronto entre construtoras e grupos sociais

Pela 1ª vez, Ceará leva Copa Nordeste Time alvinegro leva a maior competição regional ao vencer o Bahia por 2 a 1 com recorde de público pagante no Castelão

MOBILIDADE

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CULTURA

GERAL

ESPORTE

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Atraso de um anoObras de acesso do aeroporto de Natal já têm atraso de um ano e precisam desapropriar 10 terrenos para continuar

Cartas e E-mails

Plugado | Walter Santos

Gaudêncio Torquato

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COLUNAS

Próximo as dunas de Natal, os nove governadores nordestinos se encontra-ram no início de maio com os ministros Joaquim Levy, da Fazenda, e Manga-beira Unger, de Assuntos Estratégicos. Da reunião surgiram várias promessas do ministro para a região, e um pedido: apoio para aprovação do Ajuste Fiscal e para a medida que irá convalidar o ICMS, além de argumentos para uma unificação do imposto.

A NORDESTE esteve em Natal e acompanhou de perto a reunião, onde Levy explicou seu pensamento econômico e acenou para o Nordeste mais investimentos em infraestrutura, garantiu mais crédito e pediu um voto de confiança. Os governadores, segun-do Levy, deram o voto de confiança. E o ministro compartilhou o sonho de ver a região em melhores condições do que vive hoje.

O discurso de Levy é um alento, mas é preciso esperar para ver para onde sopram os ventos de Brasília nos próximos dias, para ter a dimensão se esses ventos são ou não favoráveis ao Nordeste.

Apesar de algumas dificuldades de se encontrar um consenso real entre os governadores, a reunião em Natal é estratégica. Primeiro porque lança mão de um apoio necessário neste momento à presidente Dilma Rousseff (PT) – e nesse quesito é interessante notar que os grandes veículos da mídia nacional têm dado pouco ou nenhum espaço aos movimentos dos governadores nordes-tinos com a presidenta Dilma.

Segundo, porque mostra que a equipe econômica e o pensamento do Governo Federal têm demonstrado que são sensíveis as reivindicações da região e admitem que o Nordeste tem

feito a sua parte na busca de equilíbrio fiscal – Levy citou especificamente o Piauí, mas há bons exemplos ainda na Paraíba e Pernambuco. Além dos bons exemplos, é notório que os estados estão cortando despesas com custeio, folha e, infelizmente, também em in-vestimentos.

A lei de responsabilidade fiscal é um dos motivos para que os governadores peçam ao ministro um lastro maior de crédito para poder fazer investimentos, afinal a grande maioria está no primei-ro ano de mandato e sabem que não causa boa impressão um governador que fez promessas em campanha, mas só tem notícias dolorosas para dar ao seu eleitorado.

Falando na urgência de boas notícias, na entrevista principal o ministro das Micro e Pequenas Empresas, Guilherme Afif Domingues, traz algumas novida-des auspiciosas para aqueles que dese-jam investir: a ampliação do Simples, com revisão da tabela. O imposto agora passa a abarcar novas categorias pro-fissionais. Há ainda a revisão da tabela do MEI, com projeto em tramitação no Congresso Nacional. Afif Domingues, comemora a marca de 5 milhões de adesões ao MEI (Micro Empreendedor Individual) que deve ser alcançado em junho e garante para julho a realização de uma das promessas de campanha da presidente Dilma Rousseff (PT): O empresário poderá abrir uma empresa em cinco dias e fechar em um dia.

EDITORIAL

Diretor Presidente Walter Santos Diretora Administrativa/Financeira Ana Carla Uchôa SantosDiretor Comercial Pablo Forlan SantosDiretor de Marketing Vinícius Paiva C. SantosLogística Yvana Lemos

COMERCIALGerente Comercial Marcos PauloAtendimento Comercial Jone Falcão

REPRESENTANTESPernambucoGil Sabino [email protected] - Fone: (81) 9739-6489

REDAÇÃOEditorPaulo Dantas

Repórter Antônio CavalcanteFabrícia Oliveira Direção de Arte e Editoração Eletrônica Luciano PereiraCapaVinícius Paiva C. Santos Projeto Visual Néctar Comunicação

ATENDIMENTO/ FINANCEIROSupervisora e Contas a Pagar Kelly Magna PimentaContas a Receber Milton CarvalhoContabilidade Big Consultoria

ASSINATURAS(83) 3041-3777Segunda a sexta, das 8 às 18 horaswww.revistanordeste.com.br/assinatura

CARTAS PARA REDAÇÃ[email protected]

PARA ANUNCIARLigue: (83) [email protected]

SEDE Pça. Dom Ulrico, 16 - Anexo - Centro - João Pessoa / PBCep 58010-740 / Tel/Fax: (83) 3041-3777ImpressãoGráfica JB - Av. Mons. Walfredo Leal, 681 - Tambiá - João Pessoa / PB - Fone: (83) 3015-7200CirculaçãoDPA Consultores Editorias [email protected] - Fone: (11) 3935 5524Distribuição FC Comercial

A Revista NORDESTE é editada pela Nordeste Comunicação, Editora e Serviços Ltda-MECNPJ: 19.658.268/0001-43

Ano 9 | Número 102 | Maio | 2015

NORDESTErevistanordeste.com.br

Reunião estratégica em Natal

Paulo DantasEditor da Revista NORDESTE

[email protected]

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Estar testemunhando nove anos da NORDESTE é sinal de que

o mercado brasileiro de fato mudou”

Edival PassosEx-superintendente do SEBRAE/Bahia

Salvador/BA

Gostaria que a Revista NOR-DESTE entrevistasse o músico

Zé Ramalho. Gostaria de saber dos projetos do artista. O paraibano deveria ser reconhecido como um dos gran-des expoentes da MPB, em patamar semelhante a gente como Gilberto Gil e Lenine, só para ficar nos nomes nordestinos”

Antônio de CastroMúsico

Natal/RN

Gostei muito da entrevista do presidente da FIESP. A indústria

precisa ser ouvida pelo governo. Se a economia continuar do jeito que está com arrocho no setor produtivo, a crise não será só de um ano. Para mim, Paulo Skaff um dos homens mais competentes e inteligentes do Brasil”

Cássio Elói de NazaréEconomista

São Paulo/SP

Aguardamos reportagem mais aprofundada sobre o caso Este-

lita, aqui em Recife”

Adjalmar FilgueirasRecife/PE

Já está na hora da Frente Parla-mentar do Nordeste estar mais

próxima da publicação, até porque tem atividade permanente no Con-gresso Nacional e a Revista tem o foco especifico do interesse dos diversos parlamentares”

Manoel Júnior Deputado Federal

Brasília/DF

CARTAS E E-MAILS

“Precisamos construir uma solução negociada para o caso Estelita porque, se é certo inexistir apoio a qualquer ato de brutalidade, se faz indispensável que o Governo municipal crie as condições de resolver de vez o problema”

Humberto CostaSenador Brasília/DF

REVISTA NORDESTE N.º 101

NORDESTE On-lineFacebook Revista NordesteTwitter @RevistaNordesteE-mail [email protected] www.revistanordeste.com.br

Nota da Redação: Sugestões de pauta ou matérias podem ser enviadas para o endereço eletrônico do editor: [email protected] Agradecemos a sua participação.

“A NORDESTE de fato tem alto padrão e está bem feita”

Luis TorresSecretário de Comunicação

do Estado da ParaibaJoão Pessoa/PB

A Revista bem que poderia inse-rir em sua pauta uma avaliação

e significado da UFPB para a história da Paraíba”

Margareth Diniz Reitora

João Pessoa/PB

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Entrevista

uilherme Afif Domingues é um político de longa data no cenário brasileiro,

hoje está no PSD. Ocupou várias pastas na administração de São Paulo, no município e no estado. Afif Domingues já foi vice-gover-nador de São Paulo e secretário do Emprego e Renda do estado. Foi deputado federal constituinte e um dos arquitetos do sistema Simples de tributação. Hoje ocupa como ministro a Secretaria da Micro e Pequena Empresa (SMPE). Com 71 anos completos (faz aniversário em setembro), garante que está saindo de cena. O ministro está visitando diversos estados brasileiros para discutir as demandas das Micro e Pequenas Empresas (MPEs) e apresentar o projeto de revisão das tabelas do Simples, o “Crescer Sem Medo” (PL 448). A ideia é percorrer 11 capitais para debater o projeto com deputados, senadores e representantes de diversas fede-rações, associações, sindicatos e demais entidades ligadas à micro

Por Walter [email protected]

PROJETO MODIFICA SIMPLES E PREVÊ MENOS IMPOSTOS

GUILHERME AFIF DOMINGUES / MINISTRO DA MICRO E PEQUENA EMPRESA

Ministro da Micro e Pequena Empresa, Afif Domingues, comemora 5 milhões de usuários no MEI e visita capitais para divulgar mudanças no Simples

G e pequena empresa. O projeto visa reduzir de 20 para 7 as tabelas do Simples e criar uma rampa suave de tributação para os pequenos em-preendedores. O ministro disse que a ideia é evitar o “efeito caranguejo” entre os empresários, comum hoje para que as empresas não caiam no alto crescimento da tributação. De acordo com o estudo elabora-do pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) quase 85% das empresas do Simples Nacional estão nas três primeiras faixas.Numa dessas viagens pelas capi-tais, em Curitiba, o ministro falou com a Revista NORDESTE com exclusividade. Na ocasião, Afif Do-mingues aproveitou para anunciar que ainda em junho, em Brasília, o governo lança o módulo de Regis-tro e Licenciamento de Empresas (RLE), que vai permitir a abertura de empresas com um prazo médio de cinco dias. A expectativa é que o programa atenda todo o País até o fim do ano. “Sabemos que 90% das atividades são de baixo risco.

As medidas do projeto dão condições ao pequeno empreendedor que hoje tem medo de crescer porque tem medo de pular de faixa. Tem medo de sair do Simples, porque quem sai do Simples cai no complicado. Porque o complicado mata a empresa, ela sofre de morte súbita, só por ter saído do Simples”

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Fotos: Elza Fiuza Agencia - Brasil

O cidadão vai responder a um questionário e se a empresa for de baixo risco, ele terá a licença para funcionar. Estamos resgatando a credibilidade na palavra do cidadão.Nós somos mais que complicados, isso acaba beirando o ridículo”, afirmou. Entre os dados apresentados pelo Ministério que apontam a froça das micro e pequenas empresas, estão números sobre a geração de empre-go. São elas que têm sustentado o emprego no Brasil nos últimos 10 anos, sendo responsáveis por 87,4% do saldo de geração líquida

de empregos no país contra 12,6% gerados pelas médias e grandes empresas. Só entre 2011 e 2014, o setor foi responsável pela geração de 4.963.357 vagas. Em 2005, as MPEs foram responsáveis por 1.2 milhão de novos empregos contra 259 mil das grandes e médias. Em 2010, o setor apresentou o maior índice de contratação com 2 milhões de vagas contra 617 mil das demais empresas. Nos três primeiros meses de 2015, mais 65.413 novos empregos foram criados pelas MPEs. Desta forma, com aprovação do projeto “Crescer

Sem Medo”, a intenção é dar mais incremento aos pequenos e médios empreendedores, já que o teto do Simples passará para R$ 7,2 mi-lhões no comércio e serviços e R$ 14,4 milhões nas indústrias.

Revista NORDESTE: Quais são as ações voltadas para as microempre-sas neste contexto de Ajuste Fiscal?

Guilherme Afif Domingues: São várias ações, entre elas o projeto de lei “Crescer sem Medo”, que está com urgência no Congresso. Deve entrar na pauta de votação logo após a votação do Ajuste Fiscal. As medidas do projeto dão condições ao pequeno empreendedor que hoje tem medo de crescer porque tem medo de pular de faixa. Tem medo de sair do Simples, porque quem sai do Simples cai no complicado. Por-que o complicado mata a empresa, ela sofre de morte súbita, só por ter saído do Simples. Daí o pavor e desejo de permanecer. As empresas têm medo de crescer. Mesmo dentro do Simples elas não querem pular de uma faixa para outra. Esse medo cria uma acumulação de empresas nas primeiras faixas. Ninguém quer sair de lá. Enquanto o empresário pode, ele abre empresa em nome de paren-tes e vai crescendo de lado. E acaba criando distorções e ao invés de ter um crescimento suave e constante, ele está condenado a ser pequeno. O Simples é o embrião do sonho da reforma tributária no nosso país. Nós precisamos descomplicar o complicado e simplificar o simples.

NORDESTE: O senhor garante, como ministro, que essa medida (o Ajuste Fiscal) que entrará em votação não afetará o microempresário

Afif Domingues: O problema é que afeta o ambiente econômico como um todo. Vai afetar. Só que a micro e pequena empresa é aquela que tem mais agilidade para encontrar os espaços. É aquela que tem mais 9

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agilidade de segurar o emprego, é aquela que tem melhor condições de distribuição de renda, porque ela não concentra capital. Portan-to, o antídoto da crise é uma po-lítica de apoio, que é esse “Cresça Sem Medo”.

NORDESTE: Como foi o crescimen-to da Micro e Pequena Empresa durante a gestão da presidenta Dilma Rousseff?

Afif Domingues: Primerio, a micro e pequena empresa no Brasil res-pondeu por um crescimento na arrecadação na Receita Federal e nos estados e municípios de 7,23% (entre 2013 e 2014). Enquanto a Receita em geral anunciou uma queda de arrecadação de 1,9%, a Micro e Pequena Empresa respon-deu por um acréscimo. Segundo. Geração de emprego, a Micro e Pequena Empresa nos quatro anos da presidente Dilma respondeu por 3,5 milhões de novas vagas. Ter-ceiro ponto, e muito importante, com a universalização do Simples aprovado no ano passado e que as Micro e Pequenas Empresas teriam prazo até 31 de janeiro para opta-rem pelo novo Simples, nós tive-mos mais de 502 mil empresas que aderiram ao novo sistema, ou seja mais de meio milhão de empresas querem entrar no Simples. É sinal que nós estamos no caminho certo. Imposto é assim, se você baixou o preço, você aumenta o consumo. Isso também vale para o imposto. Principalmente para a pequena empresa, na hora que você põe um imposto em que ela suporte pagar você vai ver que haverá uma formalização da economia de tal forma que ele saindo da infor-malidade aumenta a arrecadação. Vamos pegar o exemplo do MEI (Micro Empreendedor Individual) que eram todos na informalidade, hoje são quase 5 milhões pequenos empreendedores que passaram a contribuir, que antes não contribuí-am. Portanto, quando todos pagam menos o governo arrecada mais.

NORDESTE: Em julho o senhor deve anunciar também que uma empresa poderá ser aberta em apenas cinco dias, é isso?

Afif Domingues: Sim, é isso. Mas antes é bom lembrar que em feve-reiro o Brasil passou a poder fechar uma empresa na hora. Se diz que no Brasil abrir empresa é difícil, fechar é impossível. Então nós estamos dan-do prova que temos sim capacidade para desburocratizar. Em relação a abertura das empresas, nós conquis-tamos na lei uma coisa muito impor-tante, que é o registro único. Porque antes você tinha que ter inscrição na Receita, CNPJ, Inscrição Estadual, Municipal, no Meio Ambiente, na Vigilância Sanitária, no Corpo de Bombeiros. Isso acabou. Agora é número único, é o CNPJ. Cadastro único. Todos os entes públicos vão buscar esses dados nesse cadastro. Para não azucrinar o cidadão pedin-do uma informação que o estado já dispõe. Se ele já deu a informação uma vez porque eu tenho que pedir e repetir. Esse sistema começa a vigorar no processo de abertura de empresas a partir do mês de julho, mas a partir de fevereiro fechar empresa já é na hora.

NORDESTE: O senhor criou o im-postômetro e hoje está no Governo Federal, como é isso?

Afif Domingues: Eu estou nessa lida faz tempo. Quando eu lancei o impostômetro em 2005, queria dar a consciência ao cidadão de quanto ele é pagador de tributos, porque quando a gente fala da empresa que paga imposto... Na verdade a empresa não paga imposto, quem paga imposto é o consumidor final, ela transfere estes custos para o pre-ço do produto. Então o consumidor que é o grande pagador dos tributos, de toda esta parafernália tributária. A empresa compõe o custo do pro-duto e quem paga é quem consome. O consumidor precisa ter a consci-ência que ele é um “tex payer”, um pagador de impostos. Fui eu o autor

do artigo na Constituição que obriga a informar para o cidadão, e nós tra-balhamos em cima dessa lei e essa lei acabou sendo votada no Congresso Nacional e por coincidência sou eu como ministro da micro empresa que regulamentei... E agora tem o imposto na nota, ou seja, o cidadão saberá o imposto que ele está pa-gando. Mas é sempre necessária a mobilização da sociedade, por isso que a consciência do consumidor é grande aliada nossa nessa luta com a implantação da discriminação do imposto na nota fiscal, na hora que ele está comprando ele vai saber o quanto ele está pagando no produto 10

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e o quanto está pagando no imposto.

NORDESTE: A Constituinte trouxe mudanças relevantes para o Micro e Pequeno empreendedor, mas hoje há novas dificuldades?

Afif Domingues: O artigo 179 da Constituição diz que todos são iguais perante a Lei, menos as Micro e Pequena Empresas. Que devem ter um tratamento diferen-ciado. Os micros e os pequenos empresários têm o direito de serem tratados diferentemente, porque os desiguais precisam serem tratados desigualmente de acordo com as

suas desigualdades. Portanto, existe aí o Sistema Simples que simplificou a vida da Micro e Pequena Empresa, mas tem gente que quer complicar. Primeiro a substituição tributária que foi um artifício usado pelos governos dos estados para anular o benefício do Simples em cima do micro e pequeno empresário. Segundo, é a restrição de setores que não podiam entrar no Simples. Por que não podiam? Por que um representante comercial não podia? Um corretor de seguro não podia? Um contador podia. Era um sistema meio discricionário. Quando na ver-dade queríamos a universalização do

Simples e que ele se desse pelo corte: quem faturou até R$ 3,6 milhões é Simples. Tinha que estar dentro do Simples. Por exemplo, você que é um jornalista não podia ser Simples, tinha que pagar imposto de empresa grande. Resolvemos essa distorção e agora o jornalista também entra, é uma profissão, uma profissão até regulamentada, porque não ser Simples? Então todas as profissões regulamentadas, médico, enge-nheiro, fisioterapeuta, todos podem montar a sua empresinha Simples. Esse é o primeiro passo da mudança que nós estamos trazendo no Con-gresso Nacional. (A inclusão de

A micro e pequena empresa no Brasil respondeu

por um crescimento na arrecadação na Receita Federal e nos estados e

municípios de 7,23% (entre 2013 e 2014). Enquanto a Receita em geral anunciou

uma queda de arrecadação de 1,9%, a Micro e Pequena Empresa respondeu por um acréscimo. (...) Nos quatro

anos da presidente Dilma respondeu por 3,5 milhões

de novas vagas”

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143 novas categorias no Simples Nacional, aprovada pela Lei 147/14, surtiu efeito imediato nas adesões registradas em janeiro de 2015. Após o pedido de inclusão de 502 mil empresas ao modelo tributário, a Receita Federal divulgou que 319.882 pedidos foram deferidos, re-presentando um aumento de 156% em relação a 2014. Dos pedidos, 182.808 foram indeferidos, sendo 144.453 por irregularidades fiscais).

NORDESTE: Como está o MEI neste contexto?

Afif Domingues: O MEI tem sido um fenômeno extraordinário de crescimento. Estamos batendo aí quase um milhão por ano, era nos-sa meta. Porque tudo que você faz facilitando a vida, através da desbu-rocratização, simplificação, tem uma adesão muito grande na sociedade. O MEI é essa grande prova, vamos

ter uma festividade, no dia 13 de junho, que será uma comemoração da marca do 5 milhões de MEIs. E o MEI nós vamos ter que estudar uma mexida na tabela. Ela está em R$ 60 mil (teto máximo para emissão de notas fiscais por ano). O projeto fala em R$ 120 mil e vamos discutir agora no Congresso Nacional na sua tramitação. (A proposta do governo contempla a criação de uma faixa de transição para até R$ 120 mil de faturamento (mantidas as demais restrições). A contribuição, no novo formato, seria de 11% sobre o salário mínimo, mantidos R$ 1 de ICMS e R$ 5 de ISS).

NORDESTE: Politicamente como o seu partido está vendo esse cená-rio de diálogo do Congresso com o Governo?

Afif Domingues: Eu não estou aqui cumprindo com missão partidária,

eu estou cumprindo uma missão na-cional. Eu sou um ministro ligado à Presidência da República. Portanto, o meu papel é exatamente ajudar na criação do consenso. Hoje, as matérias que estão no Congresso Nacional são matérias de dissenso, de conflito. As micros e pequenas empresas são matérias de consenso! Portanto, você não pode misturar um debate sobre micro empresa neste ambiente de dissenso. E quero só afirmar que no ano passado nós aprovamos por unanimidade dentro do Congresso Nacional mais de 81 modificações no Simples... eu pre-sido um Ministério de união e não de separação

NORDESTE : O senhor está fora das disputas de futuro em São Paulo?

Afif Domingues: Sim, na minha ida-de eu já estou na compulsória. Nem a PEC da Bengala me ajuda.

O MEI tem sido um fenômeno extraordinário de crescimento. Estamos batendo aí quase um milhão por ano, era nossa meta. Porque tudo que você faz facilitando a vida, através da desburocratização, simplificação, tem uma adesão muito grande na sociedade”

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[email protected] Santos

Tudo pronto para a assinatura de acordo entre o Ministério Público e o Ministério da Justiça, através das Se-cretarias Nacionais de Consumidor e de Segurança Pública. Nos próximos dias os órgãos irão fazer a implantação em nível nacional, pela primeira vez, do Sistema Nacional de Informação de Acidente de Consumo. O Sistema será mais uma nova ferramenta de monitoramento e controle em favor dos consumidores.

De acordo com o diretor geral do Ministério Público/Paraíba/Procon, Glauberto Bezerra, o novo sistema terá a coordenação da advogada Ju-liana Brasileiro, cujo grupo de traba-lho em nível nacional será instalado em breve.

“Há a lgum tempo temos gerado diversas reuniões para aprimo-ramento das ações em favor do consumidor, portanto, a implantação deste sistema nacional de Informação de Acidente de Consumo se traduz em avanços que passam a ser implementados com a abrangência nacional”, explicou Glauberto Be-zerra.

Segundo observou, as principais representações do Ministério da Justiça vão estar presentes na consolidação do novo sistema.

Controle de acidente de consumo I

Controle de acidente de consumo II

Quando em Junho de 2013 uma multidão de brasileiros foi às ruas, a partir de São Paulo, exigir decência na vida pública nacional e mais qualidade nos serviços prestados à população – em particular da Mobi-lidade (transportes públicos), o Brasil passou a conviver com uma novidade sociológica, que foi tudo acontecer sem Centrais Sindicais, partidos ou personalidades à frente da revolta.

O movimento, a rigor, era contra todos os Governos e instituições, mas tudo caiu sobre os ombros da presidenta Dilma Rousseff.

Veio o tempo seguinte e a onda de denúncias da Operação Lava Jato fez o Brasil intuir que, depois do resultado apertado entre Dilma e Aécio, estava sendo inaugurado um novo tempo até com possibilidade de afastamento da presidenta reeleita. O

A elite refundou a CUT e outros movimentosalvo, na verdade, sob o comando da Justiça e do Ministério Público não era ir a fundo e apontar todos os cul-pados dos desvios da Petrobras, pois o interesse maior era (e é) acabar com o Partido dos Trabalhadores – este mesmo que promoveu as mais fortes reformas dos últimos tempos.

Como ficou desmascarado todo o Plano entre a Grande Mídia, parte do Judiciário e do MPF, além de setores da PF, fazendo trabalho seletivo pro-tegendo lideres da Oposição, eis que a sanha da Direita e dos conservadores acabou que ressuscitando a comba-lida CUT – Central Única dos Tra-balhadores e os demais Movimentos Sociais quando deram de bandeja o debate sobre Terceirização e Redução da Maioridade Penal.

Em síntese, as bandeiras perdidas pela CUT e Movimentos Sociais fo-

ram reestabelecidas e chegam neste 1º de Maio sinalizando para uma nova etapa no debate político nacio-nal podendo reverter a aprovação desses dois temas, da mesma forma que gerou novo tempo na relação da presidenta com a sociedade brasileira dando-se ao luxo de se pronunciar sobre o Dia do Trabalhador nas Re-des Sociais deixando de lado a opção pelas TVs tradicionais como o mais duro recado de que não se submeterá a golpismos construídos por quem usufrui de beneficio público, como é a concessão de exploração de rádio e TV.

Trocando em miúdos, a sabedoria popular brasileira mais a consolidada Democracia em nosso País dão de-monstração de que temos sobriedade e posição firme para corrigir rumos e distorções sem a opção do Golpe.

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Ajustes afetam PronatecComo os investimentos podem aquecer setor de Seguros

A possibilidade de num futuro próxi-mo, o Governo Federal vir a anunciar investimentos de bilhões em face das prováveis concessões de infraestrutura do governo tem criado alto expectativa nos setores de seguros e resseguros.

O segmento aposta nesta expectativa de investimentos em obras que efetiva-mente devem sair do papel no segundo semestre, mas há uma indagação por conta de que no passado boa parte dos

empreendimentos anunciados como, por exemplo, o trem de alta velocidade (TAV), não foram executados.

Com leilões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, a segunda fase do Programa de Investimento com Logís-tica (PIL) tende a movimentar bilhões em seguros de garantia (que garantem que uma obra seja concluída conforme previsto em contrato), de engenharia, riscos operacionais, transportes.

Não dá para ig-norar. De fato, o Programa Nacio-nal de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pro-natec) oferecerá mais de 1 milhão de vagas este ano, conforme informou o Ministério da Educação, mesmo assim, se comparado ao ano passado, quando foram oferecidas mais de 2,5 milhões de vagas, houve redução de cerca de 60%.

Como se sabe, o programa é um dos que sofrem com o corte de R$ 9,423 bilhões do Ministério da Educação (MEC). A pasta foi a terceira com maior corte no Orçamento da União deste ano.

O Pronatec foi criado em 2011 para expandir a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica no país.

A possibilidade do Brasil atrair o interesse de países como a China tem levado estudiosos do Nordeste, a partir do escritório Ceplan, da economista Tânia Barcelar e outros profissionais da área, a estudar todos os mercados, inclusive o marítimo, que deverá ter incrementos com o Canal do Panamá nos negócios nordestinos. Eles aferem, por exemplo, a concorrência que se terá com o novo Canal de Suez provavelmente a ser inau-gurado em agosto.

O Exército egípcio começou a traba-lhar há 10 meses no canal de 8 bilhões de dólares, paralelo ao histórico canal de 145 anos já existente e parte de um pla-nejamento mais amplo para impulsionar o comércio na rota mais rápida entre Eu-ropa e Ásia. O Canal de Suez é fonte vital de divisas para o Egito, particularmente desde o levante de 2011, que afastou turistas e investimentos estrangeiros.

Qual a participação dos produtos de grãos do Nordeste na projeção da safra no segundo semestre? É a pergunta que se faz diante dos ajustes para cima nas projeções para as colheitas de soja e milho. A Com-panhia Nacional de Abastecimento (Conab) resolveu elevar para 204,5 milhões de toneladas sua estimativa para a produção total de grãos no país na safra 2014/15, que está na reta final.

Se confirmado, o volume, recorde, será 5,6% superior ao registrado no ciclo 2013/14.

Em levantamento também divulgado recentemente, o Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatísticas (IBGE) elevou seu cálculo para 204,3 milhões de toneladas, 5,9% mais que no ciclo passado.Conforme a Conab, a colheita de soja, carro-chefe do agronegócio no país, será de 96 milhões de toneladas, 11,5% acima de 2013/14.

Mundo dos Negócios e o Brasil

Safra de grãos e o Nordeste

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Capa

Por Paulo [email protected]

Joaquim Levy expõe política econômica a governadores, pede apoio para reforma do

ICMS e Ajuste Fiscal, e garante: nordeste terá carteira de obras estruturantes

“UMA POLÍTICA REALISTA”

ministro Joaquim Levy é um homem culto, engenheiro com doutorado em economia

na prestigiosa Universidade de Chi-cago, a mais liberal das universidades americanas. Considerado um workaho-lic que defende suas convicções de forma veemente, mas também um ho-mem afável e de fala suave, tom baixo e humor insuspeito. O ministro é dono de uma altura que já foi alvo do humorista Luís Fernando Veríssimo – que disse que seria difícil chegar ao seu ouvido. Em Natal, o ministro argumentou que a política proposta não é complicada nem cheia de adornos econômicos: “É uma politica realista”.

O economista lembrou que o Go-

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Fotos: Divulgação

Joaquim Levy ao lado do governador do Rio Grande

do Norte, Robinson Faria

verno conseguiu proteger a economia brasileira através de uma série de polí-ticas anticíclicas, que foram adotadas também em outros países. Todavia, não é mais possível manter todo o volume de programas que foram criados duran-te essas políticas. Para ilustrar esse novo ambiente do Brasil, Levy lembrou que países que foram mais audaciosos nos seus ajustes fiscais conseguiram colher resultados mais rápidos. O ministro citou o caso da Inglaterra, que, segundo ele, conseguirá sair da crise mais rápido que outros países da Europa, graças a medidas fiscais adotadas.

O ministro explicou ainda que no Ajuste Fiscal três medidas são con-sideras essenciais para alavancar o

“Eu saio daqui muito mais confiante na nossa capacidade de consenso. Trazido com muita transparência por todos nós. Conversando, unidos por um objetivo comum de crescimento do Brasil e diminuição de disparidades regionais. Uma política que seja consistente com a política de ajuste fiscal, que evite sobressaltos a nossa economia. Não é uma politica complicada que tenha adornos econômicos, é uma politica realista e que tem envolvido um enorme compromisso da presidente Dilma e grande diálogo no Congresso. Eu recebi um grande voto de confiança de todos os governadores aqui, especialmente ao que tange a cer teza que o nordeste é esse lugar excepcional para se investir e se nós focarmos na infraestrutura vamos conseguir realizar esse sonho.

Tenho toda a cer teza que a parceria do Governo Federal dará a confiança essencial para nós avançarmos. E tenham a cer teza que o nosso objetivo é comum! Precisamos vencer a questão da convergência das alíquotas, tema que será definido no Senado Federal. Isso dará enorme alento aos investimentos em toda

a região e principalmente se ela for acompanhado de uma estratégia de projetos de infraestrutura com adequado financiamento e, no cur to prazo, uma discussão muito objetiva, imediata até, dos empréstimos que já foram em muitos casos desenhados, autorizados e, em alguns casos, quase contratados pelos diversos estados. Empréstimos que são fundamentais para a implementação das políticas dos seus governos neste ano e nos próximos dois, três, quatro anos. Essa seria a mensagem que eu gostaria de trazer aqui. O ajuste fiscal é essencial para retomarmos o crescimento e tem recebido o apoio, e está avançando no Congresso.

Seria fundamental inclusive no aspecto das políticas de contribuições sociais das empresas, para nós podermos manter essas políticas sociais na máquina, ampliar a capacidade de financiamento e investimento desse anos e dos próximos anos nessa região. Essa disposição nos ajudará a chegarmos a uma agenda comum e vitoriosa que destrave o investimento nessa região e mantenha o Nordeste como a região que mais cresce no Brasil”.

CONFIRA TRECHO DO DISCURSO DO MINISTRO

momento econômico, as MPs 664, 665 – as medidas alteram as regras do seguro-desemprego e da pensão por morte – e o projeto de Lei da Desone-ração da Folha de Pagamento. Segundo Levy, essas MPs são importantes por-que é preciso diminuir as subvenções que hoje o governo está dando para as empresas. O Tesouro perde hoje com essas subvenções cerca de R$ 25 bilhões. O corte ajudaria a economizar R$ 12 bilhões e esse dinheiro poderia ser transferido para o governo financiar projetos como o do Minha Casa, Minha Vida, que vem sofrendo com atrasos nos pagamentos.

Levy informou ainda que a ideia é que após o ajuste fiscal, o Nordeste

tenha um papel de destaque nos investimentos. Com este foco, Levy defendeu a unificação do ICMS. Para o ministro, uma alíquota única vai dar “alento” aos investimentos na região, principalmente se for acompanhada de projetos de infraestrutura e emprésti-mos para os estados, empreéstimos que “já foram, em muitos casos desenhados, autorizados e quase contratados pelos estados”.

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a estabilidade do país e a manutenção do emprego”, asseverou.

O ministro também explicou que deve começar “a atuar muito rapidamente” para atender os pleitos dos governado-

res. “Vamos ter conversas individuais com os governadores nas pró-

ximas semanas. E eu acho que vamos conseguir dar

encaminhamento para dar essa perspectiva que

é importante para to-dos nós que temos a responsabilidade do governo”.

REUNIÃO POSITIVA COM OS GOVERNADORESA reunião com os governadores foi

considerada por Levy como muita posi-tiva, que acrescentou ainda que os três estados (Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco) que não estavam con-cordando com unificação do ICMS, por temer perda de receita, se mostraram mais abertos ao diálogo. “Eles têm tido uma sinalização muito positiva. Têm dado apoio a essa discussão e evoluído muito na direção de um consenso.

Sobre as discussões que apontam que a reforma tributária e o Ajuste Fiscal pode diminuir o investimento e a ge-ração de emprego, Levy garantiu que a aprovação do ajuste deve destravar os investimentos na região. “Temos que trabalhar e encontrar caminhos para manter e ampliar o emprego. O Ajuste é essencial para manter a casa em ordem. A gente está criando as bases do crescimento. Por isso temos trabalhado tanto para conseguir votar no Congresso. Para a gente ter o equilí-brio fiscal e as receitas necessárias para manter os programas fundamentais para

CONFIRA TEMAS CITADOS DIRETAMENTE POR LEVY

MAIS CRÉDITOEm relação a obtenção de mais crédito Levy explicou que é preciso lidar com a questão respeitando a Lei de Responsabilidade Fiscal. “Certamente essa temática das operações de crédito deve ser enfrentada e a União vai enfrentá-la já. Porque nós temos que destravar as perspectivas de crescimento, especialmente num momento em que a economia está mais desacelerada”

MANUTENÇÃO DE INVESTIMENTOS“Eu acredito que o Governo continuará empenhado na manutenção dos programas do Nordeste, esses são programas que têm um retorno não só social, mas também econômico significativo. Um retorno de transformação da capacidade de competição internacional do Brasil. Então o governo continuará apoiando esses programas”

CONCESSÕES PARA INVESTIMENTOS O ministro afirmou que a presidente Dilma deverá renovar a política de concessões à iniciativa privada para construção de equipamentos e obras de infraestrutura, como o que foi feito para a Copa

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Respondendo sobre boatos que estaria articulando a mudança do Mi-nistro do Trabalho - o ministro Manoel Dias (PDT) tem mostrado sinais de descontentamentos com as medidas do Ajuste Fiscal que alteram as regras do seguro-desemprego e do auxílio por morte, além de criticar os juros eleva-dos. Ambas políticas adotadas por Levy. “Não estou articulando nada. Eu estou aqui ouvindo os governadores do Nor-deste, que trouxeram uma contribuição extraordinária para a gente dar mais segurança jurídica aos investimentos e

programas foram feitos numa outra situação econômica. Algumas empresas que exportavam, naquela época, tinham dificuldades, hoje estão numa situação favorável. Essas empresas exportadoras vão continuar tendo benefício. Aqui no Nordeste isso é bastante importante”, pontuou. O ministro negou também que o Programa Minha Casa, Minha Vida esteja sendo desmontado. “Pelo contrário, nós não estamos eliminando o programa, a gente está propondo ele num tamanho que permita o governo continuar a ter recursos para continuar a conduzi-lo, ter os recursos para fazer pagamentos sempre no horário e a tempo”.

Ao ser questionado diretamente se o programa de habitação dependeria da aprovação do Ajuste Fiscal pelo Congresso, Levy saiu-se: “Todas as atividades do governo dependem do ajuste fiscal. Depende de termos as receitas necessárias para poder pagar. A gente não pode gastar mais do que são nossas receitas. Nós precisamos ter essas receitas e é isso que vem sendo discutido no Congresso”.

ao crescimento do emprego”, garantiu. Ainda sobre o tema do desemprego, o

ministro argumentou que a retirada do benefício que concedia desoneração nas folhas de pagamento não deve aumen-tar o número de demissões, num mo-mento em que o mercado se encontra fragilizado. “Eu acredito que não. Esses

CARTEIRA DE INFRAESTRUTURAEstá sendo projetado pelo Ministério do Planejamento uma carteira de investimentos estruturantes para a região para os próximos anos, além do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). A ideia é alinhar os potenciais do nordeste para que os investidores saibam que podem encontrar na região condições favoráveis de investimentos. “Não só porque eles têm benefícios fiscais, mas porque aqui, além de uma força de trabalho cada vez mais capacitada, existe uma população de consumo com uma renda que vem crescendo mais rápido que o resto do Brasil, e também vamos ter mais infraestrutura. Nós vamos trabalhar para construir uma carteira de infraestrutura que se desenvolva ao longo deste governo, para que cada vez mais o nordeste esteja preparado para receber os investimentos de todo o setor privado nas mais diversas áreas. E isso inclui não só logística, mas energia eólica, solar e o petróleo

CONVALIDAÇÃO DO ICMS“Nós temos que ter a segurança fiscal proporcionada pelo ajuste. Mas também temos que desenhar a base para os próximos anos. Dar as indicações para que o setor privado tenha a segurança de tomar as suas decisões sabendo que o Brasil é um país com estabilidade fiscal, monetária, e uma democracia favorável”, alertou Levy. Para o ministro é muito importante que a discussão sobre a convalidação do ICMS seja realizada e reponha as regras do jogo. “Porque hoje essa indefinição é uma fonte de insegurança para o investidor. As empresas que já estão aqui têm medo de se ampliar. As que consideram vir para cá tem dúvidas se os benefícios que vão receber serão mantidos ou não pelo Supremo Tribunal Federal (STF)”

ALÍQUOTA ÚNICA DO ICMSA reforma “vai trazer mais independência em termos de recursos para os governadores poderem atender as demandas do funcionamento da máquina pública. Vai deixar mais o dinheiro do consumidor nordestino aqui e tenho certeza que também ajudará a atrair mais empresas. As empresas vão fazer as contas e olhando para os créditos interestaduais vão querer trazer mais etapas da sua cadeia de produção para o nordeste”

Fotos: Divulgação

Café da manhã dos governadores com Joaquim Levy antes do

encontro no Centro de Convenções

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Política

Por Paulo [email protected]

Reunidos com Ministro da Fazenda, governadores avançam em consenso sobre unificação do ICMS, mas esbarram em aprovação do Ajuste Fiscal para que sejam feitas liberações de investimentos

SOLIDARIEDADE,SEM EFEITO CONCRETO

Governadores e o ministro Joaquim Levy

chegam no Centro de Convenções de Natal

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Fotos: Divulgação

encontro de governadores de Natal, realizado no dia 8 de maio, teve um show à parte

com a presença dos ministros da Fa-zenda, Joaquim Levy, e do ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Un-ger. A falta sentida foi do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que mandou o vice, Carlos Brandão. O evento previsto para começar as 9h30 só foi iniciar duas horas e meia

mais tarde. Todos estavam reunidos o Hotel Ocean Mar. A ideia era chegar ao encontro já com uma carta esboçada. Ficou faltando consenso em alguns pontos centrais, como a manuten-ção dos investimentos em obras estruturantes como o Minha Casa, Minha Vida e a unificação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Em relação a manutenção dos investimentos, o gover-no quer primeiro passar o

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Ajuste Fiscal no Congresso Nacional e quer ajuda dos Nordestinos para isso. Os governadores aceitam apoiar o ajuste, mas cobram a manutenção dos investimentos. Assim, está crian-do o impasse. O ministro da Fazenda afirmou que primeiro é preciso ajustar o caixa para depois saber de quanto é possível dispor, apesar de garantir que a região tem um olhar diferenciado do Planalto. Em relação à unificação do ICMS falta consenso sobre a criação de um fundo de compensação e o tempo que será preciso para que a medida entre totalmente em vigor.

Entre as prioridades apontadas pelos governadores estão, como sempre, mais crédito para os estados, abastecimento de água, segurança hídrica, segurança pública, saúde e educação. Além disso, a manutenção das obras que já estão em andamento, em ferrovias, portos, aeroportos, energia elétrica e de co-municação, e ainda uma nova carteira de projetos para os três anos e meio de mandato futuro.

No entender do governador de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB), o que se pode esperar como resultado do evento é que os projetos que foram responsáveis pelo desenvolvimento do nordeste, não sejam parados. Barreto manda o recado: “Não podemos fazer o ajuste fiscal, tendo o Nordeste como moeda de pagamento. Já demos nossa cota de sacrifício”, assegura, lembran-do que a região cresceu muito a partir do governo de Lula e Dilma, e que políticas públicas que impulsionaram esse crescimento não podem ser inter-rompidas. “Todos os projetos (devem ser mantidos), mas principalmente o Minha Casa, Minha vida. São diversas demandas, mas o que não podemos abrir mão são das conquistas que o nordeste teve que contribuiu para o seu desenvolvimento”, ressaltou.

Wellington Dias (PT), governador do Piauí, esclareceu quais foram as garantias dadas pelo ministro durante o encontro. “Ele deu a garantia de liberar imediatamente os contratos que estão em andamento e estavam travados. Assegurou analisar novos contratos de financiamento, e uma carteira de pro-jetos combinados do setor público

WELLINGTON DIASGovernador do Piauí

“MAS QUEREMOS UM OUTRO INSTRUMENTO. CONQUISTAR AS EMPRESAS A PARTIR DE UM FUNDO PRÓPRIO DE INVESTIMENTOS E, JUNTO COM ELE, UMA CARTEIRA DE NOVOS INVESTIMENTO DO SETOR PÚBLICO E PRINCIPALMENTE DA UNIÃO”

JACKSON BARRETOGovernador de Sergipe

“NÃO PODEMOS FAZER O AJUSTE FISCAL, TENDO O NORDESTE COMO MOEDA DE PAGAMENTO. JÁ DEMOS NOSSA COTA DE SACRIFÍCIO”

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com o setor privado”, informou. Sobre a ques-tão de apoio ao Ajuste Fiscal que tramita no Con-gresso, Dias garante que os governadores querem apoiar, mas preferiu se referir ao projeto da con-validação do ICMS com a mudança de cobrança da origem para o destino, o que privilegia o nordeste. “Mas queremos um outro instrumento. Conquistar as empresas a partir de um fundo próprio de investimentos e, junto com ele, uma carteira de novos investimento do setor público e prin-cipalmente da União”.

Questionado se é pos-sível orquestrar uma ação conjunta entre Governo Federal e bancada dos deputa-dos no Congresso para aprovação do Ajuste, Dias garantiu que sim, e afirmou que a apro-vação de parte do ajuste (questões previdenci-árias) já foi fruto de tratativas nesse sentido. “Tivemos a primeira vitória fruto do entendimento. Queremos aprovar o Ajuste, estamos fazendo nós também os nossos ajustes. Agora precisamos de apoio do governo central. O nordeste quer ajudar o Brasil a destravar esse momento e crescer aceleradamente. Aliás, a situação do Brasil não é pior por conta de duas regiões, Centro-Oeste e Nordeste. O que nós queremos é que seja destravada a possibilidade do Nordeste usar a capacidade de tomador de recursos para fazer crescimento.”.

O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), corroborou com o entendimento de Dias e pediu um olhar diferenciado da União para a região. Coutinho revelou que os governado-res sinalizaram apoio a alíquota única do ICMS no país e a convalidação do imposto, desde que sejam criadas novas linhas de financiamento (nos bancos

públicos ou privados), se priorizem obras estratégicas em cada estado e seja criado um instrumento de diferencia-ção para o desenvolvimento regional. “Não adianta você tratar de uma forma igual os diferentes. Nós somos diferentes não porque nós queremos, mas porque todo o desenvolvimento do Brasil fez com que o Nordeste fosse tratado de uma forma menor. E nós pre-cisamos recuperar isso. Se crescermos o que vínhamos crescendo ao longo dos últimos 10 anos, mais do que o Brasil, levaríamos 30 anos para chegar a parti-cipação do sul no Produto Interno Bru-to do Brasil, portanto é muito tempo. É preciso acelerar isso, e essa aceleração não pode deixar brechas para que a haja vazios no processo de industrialização na região e é esse o ponto central que estamos discutindo com o ministro da Fazenda: Qual é o instrumento de

“NÃO ADIANTA VOCÊ TRATAR DE UMA FORMA IGUAL OS DIFERENTES. NÓS SOMOS DIFERENTES NÃO PORQUE NÓS QUEREMOS, MAS PORQUE TODO O DESENVOLVIMENTO DO BRASIL FEZ COM QUE O NORDESTE FOSSE TRATADO DE UMA FORMA MENOR”

RICARDO COUTINHOGovernador da Paraíba

“HÁ UMA CONVERGÊNCIA, NÓS SOMOS A FAVOR DE QUE HAJA REDUÇÃO DO ICMS, CONTANTO QUE HAJA MECANISMOS QUE DEEM SEGURANÇA E GARANTIA AOS ESTADOS NORDESTINOS”

CAMILO SANTANAGovernador do Ceará

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desenvolvimento regional que vamos ter, para que as empresas percebam que é bem melhor, ou permanecerem no Nordeste, ou novas empresas virem para a nossa região?”.

Os governadores Camilo Santana (PT/CE) e Rui Costa (PT/BA) também se mostraram dispostos a chegar a um consenso sobre a unificação do ICMS. “Há uma convergência, nós somos a favor de que haja redução do ICMS, contanto que haja mecanismos que deem segurança e garantia aos estados nordestinos”, pontuou Santana, que questionou como seriam esses fundos (um de compensação e outro de inves-timento) que seriam criados. “Como esse fundo vai funcionar? Esse fundo vai ter recursos, vai ter vinculação à receita da União? Temos várias expe-riências de criação de um fundo sem recursos. Nós sabemos que a política que o Nordeste adotou nos últimos anos, foi uma politica de incentivos fiscais para atrair investimentos. Essa é uma questão simples de ser resolvida, por exemplo, apesar do Nordeste ser a segunda região mais populosa, a maior parte dos recursos do BNDES não está nessa região. É preciso rediscutir isso”.

Para Rui Costa a questão do ICMS deve ser uma conversa, não um monó-logo. “É um diálogo que nós estamos tendo com todos os governadores do Nordeste, com o ministro e com o Governo Federal para, de uma vez por todas, resolver essa questão da chamada guerra fiscal e do futuro e do desenvolvimento do nordeste. (...) O que nós precisamos é destravar os investimentos e todo o potencial que existe no Nordeste, a exemplo de energia eólica, energia solar, portos, ae-roportos, petróleo. Ter uma proporção de investimentos dos recursos públicos para iniciativa privada equivalente a população do nordeste. A população do nordeste é 28% da do Brasil e ao longo da história do BNDES nunca se chegou nem perto disso. É isso que nós estamos buscando a solução. Nós vamos continuar o diálogo”.

Paulo Câmara afirma que é preciso ter mais segurança em relação a quanto tempo será necessário para colocar a unificação do ICMS em prática. Segun-do ele, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba estão conversando muito sobre o tema. “Nós sabemos que tem que ter reforma tributária e

resolver essa questão do ICMS. Agora a gente tem que ter uma clara condição de politica de desenvolvimento regio-nal”. No entender do governador, a guerra fiscal se instalou no Bra-sil pela ausência de uma politica de desenvolvi-mento regional. Assim, os estados tiveram que usar isenções do ICMS como mola propulsora. “O Nordeste cresceu muito nos últimos anos em virtude dessa polí-tica de atração de in-vestimentos a partir de concessão de isenção de incentivos via ICMS. Ter clareza numa politi-ca de desenvolvimento regional é fundamental para que os estados te-nham segurança”.

RUI COSTAGovernador da Bahia

“É UM DIÁLOGO QUE NÓS ESTAMOS TENDO COM TODOS OS GOVERNADORES DO NORDESTE, COM O MINISTRO E COM O GOVERNO FEDERAL PARA, DE UMA VEZ POR TODAS, RESOLVER ESSA QUESTÃO DA CHAMADA GUERRA FISCAL E DO FUTURO E DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE. O QUE NÓS PRECISAMOS É DESTRAVAR OS INVESTIMENTOS E TODO O POTENCIAL QUE EXISTE NO NORDESTE, A EXEMPLO DE ENERGIA EÓLICA, ENERGIA SOLAR, PORTOS, AEROPORTOS, PETRÓLEO”

Joaquim Levy recebeu voto de confiança durante encontro

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O encontro terminou, como sempre, com a elaboração de uma carta aberta com o pleito de todos os participantes. Entre os pontos acordados na carta dos governadores está a reafirmação do apoio ao Ajuste Fiscal, desde que ele não signifique o fim de investimentos na região ou o bloqueio de recursos essenciais ao desenvolvimento dos estados nordestinos.

Os governadores também apoiaram a convalidação do ICMS, que significa na prática manter as mesmas regras hoje já acordadas por empresas que se instalaram no Nordeste. “Isso gera um grande problema, porque se a decisão for negativa (não for aprovada a con-validação), todos os incentivos con-

PONTOS DO ACORDO NA CARTA NATAL

cedidos nos governos anteriores serão perdidos. Por isso precisamos ter uma solução no curto prazo que dê legalidade a tudo isso, e que permita que adiante o estado possa seguir crescendo”, defendeu o governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB).

Ainda em relação ao ICMS, os governadores afirmaram que apoiam uma unificação da alíquota – o Governo Federal quer baixar a alíquota para 4% - desde que seja criado um fundo de compensação para os estados. Atualmente, existem duas alíquotas interestaduais de ICMS: 7% (praticada pelos estados mais ricos) e 12% (pelos emergentes). A proposta

do Governo Federal é que os Estados unifiquem a alíquota em 4%, gradualmente, num período de oito anos.

Outro ponto bastante discuti-do e que teve destaque na carta foi a manutenção de investi-mentos e a ampliação ou não travamento do Governo Federal, para que os estados nordestinos possam contrair empréstimos. As federações querem assegurar a continuidade das operações de crédito, consideradas “fun-

RENAN FILHOGovernador de Alagoas

“PRECISAMOS TER UMA SOLUÇÃO NO CURTO PRAZO QUE DÊ LEGALIDADE A TUDO ISSO, E QUE PERMITA QUE ADIANTE O ESTADO POSSA SEGUIR CRESCENDO”

PAULO CÂMARA Governador de Pernambuco

“NO CASO DE PERNAMBUCO A GENTE TEM UMA PREOCUPAÇÃO MUITO GRANDE COM A GERAÇÃO DE EMPREGO. TEM MUITA GENTE QUE QUER INVESTIR EM PERNAMBUCO, EM SUAPE, MAS PRECISA DAS LIBERAÇÕES POR PARTE DO GOVERNO FEDERAL”

damentais para os estados tocarem projetos já planejados e os que estão à espera de recursos”, pontuou a Carta. O tema é caro aos governadores que têm promessas de campanha a serem implementadas.

Segundo o governador do Rio Gran-de do Norte, as operações de crédito são fundamentais para o desenvol-vimento dos estados. “Por exemplo, elas são necessárias para as obras de acesso ao aeroporto de São Gonçalo do Amarante. O ministro foi bastante compreensivo quanto a isso. Temos também a preocupação em não con-tingenciar as obras que dizem respeito a investimento a recursos hídricos,

Governadores se reúnem para confecção da Carta de Natal

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também fundamentais ao momento de seca do nosso estado”.

O ministro deve agendar um momen-to individual com cada governador para alcançar soluções a impasses pontuais e conseguir mais apoio ao Ajuste Fiscal. No entanto, o momento já contou com uma prévia ainda durante o almoço, depois de encerrada a primeira fase do evento. Contudo, deve ser agendada reunião no gabinete do ministro em Brasília após o dia 19 de maio.

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), saiu do evento acre-ditando que as questões dos estados estão mais ou menos encaminhadas e o encontro em particular com Levy iria resolver as pendências que faltavam. “Vamos fazer agendas individuais, para apresentar as peculiaridades de cada estado. No caso de Pernambuco a gente tem uma preocupação muito grande com a geração de emprego. Tem muita gente que quer investir em Pernambuco, em Suape, mas precisa das liberações por parte do Governo Federal. A liberação de créditos para cada estado é um dos pontos que o ministro quer discutir individualmente para ver realmente as peculiaridades de cada estado. Ele sabe muito bem que operações de crédito não se fazem do dia para a noite. Então o que a gente precisa na verdade é fazer um plane-jamento para que se possa iniciar as tratativas e a partir de 2016 ter uma condição de desembolso”, avalia.

Os governadores ainda aproveita-ram para reivindicar investimentos na infraestrutura e logística do Nordeste: rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Entre os programas apontados com recursos não liberados estava o Minha Casa, Minha Vida. A menção ao pro-grama foi explicitada na carta.

Jackson Barreto confirmou a dimi-nuição dos repasses. “Tem diminuído (o repasse) para alguns projetos, obras, convênios. Os recursos têm andado muito devagar, alguns com dificuldades de serem liberados. Mas a conversa que tivemos com o ministro teve um avanço muito grande. Não acho que vamos resolver tudo, mas acho que o encontro de Natal vai produzir efeitos positivos”, torce.

rasília foi o palco/cenário escolhido pelas cúpulas do PSB e PPS para sacramentar

na primeira quinzena de maio a fusão de dois partidos, que nasceram com ideais socialistas e comunistas mas, há tempo, têm se afastado desses dogmas. Na prática, ainda falta o referendo final dos Congressos dos dois partidos, programado para junho. Entretanto, já há decisão tomada de-les não irem para a base do Governo

Política

Fotos: Divulgação

Por Walter [email protected]

B

Maio sacramenta fusão do PSB e PPS ainda precisando de aval das bases. Ambos têm mais vínculos com PSDB na atualidade

MAIS PRAGMATISMO, LONGE DA IDEOLOGIA

Dilma porque, como consequências diversas, eles estão aliados do PSDB nacional.

Os presidentes Roberto Freire (PPS) e Carlos Siqueira (PSB) foram os porta-vozes da celebração do que ainda sofre resistência, a exemplo do que oferece o governador da Paraiba, Ricardo Coutinho (PSB), pois não entende como ideologicamente vão conviver os remanescentes dos dois partidos.

O presidente do PSB, Carlos Si-queira, voltou a dizer que a fusão ainda precisa ser referendada pela militância dos dois partidos no Con-gresso Nacional das agremiações que deve ser realizado em junho. No en-tanto, Siqueira acredita que a união entre PSB e PPS é a alternativa que a política brasileira precisa para fugir da bipolarização entre PT e PSDB.

Segundo ele, “o País está acima dos nossos partidos, das nossas vontades, e ele é o nosso compromisso principal. A fusão vai nos permitir uma reno-vação, vai nos agregar força política capaz de oferecer à sociedade uma alternativa diferente do que está hoje no corpo político aqui no Congresso e no país inteiro”.

TEMPO - A ideia é concretizar a

PPS, PV e Solidariedade em reunião com Aécio Neves (PSDB) e Agripino Maia (DEM). Parceria na oposição a Dilma

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fusão nos próximos dois meses. Após o congresso dos partidos, será definido o novo nome para a agremiação. No entan-to, nos bastidores, lideranças no PSB já afirmaram que não abrem mão de manter o nome e o número da legenda (40).

Juntos, PPS e PSB somam três governadores, 5.831 ve-readores, 588 prefeitos, 45 de-putados federais e sete senado-res. Há ainda a expectativa da chegada das senadoras Marta Suplicy, que pediu desfiliação do PT na última terça-feira (28), e Lucia Vânia (PSDB--GO), que está em negociação com o PSB.

O presidente do PPS, Roberto Freire, mantém o posicionamento de oposição e acredita que o fato do PSB ter sido alinhado com o governo até 2013 não inviabiliza o entendimento entre as legendas. Segundo ele, as diferenças serão respeitadas e há entendimento de que o partido resul-

Roberto Freire e Carlos Siqueira (ao centro), presença forte e articulação para marcar união dos partidos

tante da fusão não será da base aliada.“Se não tivesse isso [diferenças] nós

já seríamos um partido antes. Mas, nós temos um ponto em comum, nós construímos uma alternativa que foi uma peça importante na política bra-sileira. A candidatura, em 2014, de Eduardo Campos, e depois de Marina Silva, era tão contra o governo que no

segundo turno nós estávamos com a oposição”, argumentou Freire.

O objetivo inicial da fusão entre os dois partidos é ampliar a disputa eleitoral de 2016. PSB e PPS garan-tem que terão candidatos à prefeitura de quase todas as capitais brasileiras, entre elas, a de Marta Suplicy na cidade de São Paulo.

entre os Estados, de acordo com o princípio das densidades eleitorais. Não se adota um tipo de voto que possa traduzir, com maior fidelidade, as reivindicações das comunidades. Não se tomam medida para aperfeiçoar o perfil partidário, por meio de normas mais rigorosas para criação de partidos e formação de corpos doutrinários mais qualificados. Veja-se essa ridícula clausula de barreira: com um deputado e com um senador, qualquer partido funcionará, tendo direito a recursos partidários, tempo de rádio e TV etc. As campanhas eleitorais continuarão a seguir a modelagem da autoglorificação de perfis. A manipulação do eleitor ganhará reforço. E assim, a incultura política de imensos contingentes deverá ensejar a eleição de representantes desqualificados.

A modernização do país no campo político anda a passos de caranguejo: dois para frente, um para o lado, um para trás. Como mudar? Enfrentando o cerne do problema. A reforma fundamental, mãe de todas as reformas, deverá contemplar a base da sociedade, com o objetivo de colocar no mapa da cultura política as massas incultas e analfabetas. Trata-se, portanto, de reformar a educação básica. A escola pública está deteriorada. Milhões de brasileiros afastam-se do siste-ma educacional. Medidas paliativas, como as de combate à fome e à miséria, dentro de uma visão assistencialista, têm méritos no curto prazo para minorar o desespero que se alastra em algumas regiões. Mas não quebrarão os elos que prendem o país ao passado e que escancaram traços de uma sociedade agrária. Essa é a questão de fundo. A esperança é a de que a sociedade organizada, por meio de suas centenas de entidades, empurre seus movimentos para as ruas, fazendo pressão sobre os poderes centrais. 2015 é um ano propício para avanços.

Opinião

ostuma-se dizer que a crise do país é essencialmente de natureza política. Como a índole política do país é incompatível com um modelo racional de Esta-

do e uma gestão moderna de democracia, configura-se um quadro de crise permanente. Não se sai do impasse porque o Brasil não tem conseguido mudar sua fisionomia política. Em conseqüência, vive um prolongado ciclo de precária governabilidade, agravado pela tensão entre as instituições, pelo baixo crescimento do PIB, pela devastação financeira de Estados e Municípios e pela grandeza territorial, com suas marcantes diferenças sócio-econômicas e culturais.

A questão é: como cortar o nó que mantém o país numa situação de inércia e de manutenção de estruturas arcaicas? Que tipos de reformas se fazem necessárias para promover a dinâmica do país? As indicações para se obter um estágio de modernização, de maneira quase consensual, assinalam para as necessidades de reformas do sistema político-partidário--eleitoral, da estrutura do Estado com a respectiva redefinição de papéis e melhor divisão de competências entre os três po-deres, do sistema tributário-fiscal e da previdência, mudanças consideradas prioritárias para o redimensionamento do perfil institucional do país, aperfeiçoamento do sistema político e estabelecimento de uma burocracia mais qualificada e voltada para a eficácia.

Tais reformas, de alto impacto, definirão novos padrões de organização social e produtiva. No entanto, por mais bem feitas e planejadas, não conseguirão gerar resultados suficientes para alterar de modo profundo nossa fisionomia cultural. Por que? Por causa do alto grau de atraso de nossa cultura política. A reforma política, por exemplo, acaba se transformando em um exercício de prestidigitação. Veja-se o que acontece na Câmara. Os deputados tomam decisões em causa própria. Por 348 votos a favor e 110 contra, aprovam o mandato de 5 anos, a partir de 2022, para todos os cargos: presidente, governador, senadores e deputados. Prefeitos e vereadores já seriam atingidos nas eleições de 2016.

Ora, os senadores concordarão com a redução de seus mandatos de 8 anos. Jamais. A reforma da Câmara Alta deverá ser degolada pela Câmara baixa. E ficaremos, mais uma vez, a ver navios. Com o tempo, as reformas caem na vala da banalização, perdem vigor, criam anticorpos e, após determinado ciclo, geram vírus que as desfiguram quase por completo.

Por trás dessa questão, há outra: as cúpulas costumam promover reformas com a intenção de ajustá-las mais às suas necessidades do que às demandas sociais. Mais uma vez, o exemplo é esta reforma do sistema eleitoral. Vota-se sob a pressão das conveniências. Não se decidem sobre ideias que tratem de melhorar a representatividade dos agentes, qualificando quadros, redefinindo a proporcionalidade

As Reformas? Ora, tropeçam

CJornalista, professor titular da

USP, consultor político e de comunicação

Gaudêncio Torquato

Com o tempo, as reformas caem na vala da banalização, perdem vigor, criam anticorpos e, após determinado ciclo, geram vírus que as desfiguram”

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Educação

Enem 2015 traz mudanças para os estudantes. A pri-meira mudança é na taxa

de inscrição, que subiu. Nos últimos dez anos ela ficou tabelada em R$ 35 e, agora foi reajustada para R$ 63. Ficaram isentos da taxa os estudantes que encerraram o ensino médio na rede pública e os que apresentaram declaração de carência socioeconô-mica. Quem não for isento deverá pagar a taxa até o dia 10 de junho. O principal motivo do reajuste é que o governo pretende reduzir em 20% os gastos com o exame.

Por isso também, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) não vai mais enviar pelo correio o cartão de inscrição. O cartão ficará disponível na página do Enem na internet. Os locais de prova serão informados no

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Além de aumentar taxa de inscrição, Enem 2015 não enviará cartão pelo correio. Provas agora serão obrigatórias para quem cursou ensino médio antes de 2010 e quer adquirir FIES

20% NOS GASTOS

cartão de confirma-ção da ins-crição e será de responsabilidade do estudante fazer a veri-ficação. O edital do Enem informa que não será possível usar o mesmo e-mail para mais de uma inscrição. Por isso o candidato tem que anotar ou imprimir, e guar-dar, o número de inscrição e a senha. As inscrições começaram em maio e terminam dia 5 de junho. As provas vão ser nos dias 24 e 25 de outubro. O MEC (Ministério da Educação) espera que mais de 9 milhões de estudantes se inscrevam no exame deste ano.

Para esta edição do Enem, o MEC anunciou que será rigoroso com os es-tudantes isentos que não comparece-

rem para fazer o exame. Quem não apresentar uma justificativa para a ausência terá de pagar pela inscrição no exame se-guinte. O Ministério vai definir ainda quais serão as justificativas aceitas. O edital do Enem detalha como deve ser feita a solicitação de atendimento especializado às pessoas com deficiên-cias e de atendimento específico como o destinado a lactantes, sabatistas, idosos e pessoas em classe hospitalar.

ENEMREDUZIRÁ

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Foto: Divulgação

Seleção para universidades

As notas do Enem são usadas para selecionar os candidatos para as vagas

em universidades federais e outras instituições de ensino. As universidades

podem usar o Enem como único método de seleção, pelo Sistema de

Seleção Unificada (Sisu), ou fazer uma combinação entre as notas do Enem e

seu vestibular próprio. O Sisu já recebeu a adesão da maioria das

universidades e institutos federais do país

Programa Universidade para Todos (Prouni)

Para disputar uma bolsa de estudos do Prouni, que varia de 50% a 100% do curso

de uma instituição de ensino superior privada, o candidato precisa ter obtido nota

mínima de 400 pontos no Enem, entre outros requisitos. Desde 2004, quando foi criado, o Prouni já ofereceu, até o primeiro

semestre de 2014, mais de 1,4 milhão de bolsas de estudo em cursos

de graduação e sequenciais de formação específica

Financiamento estudantil (Fies)Estudantes que concluíram o ensino

médio a partir de 2010 e queriam solicitar o Fies devem ter feito Enem, caso contrário,

não poderão solicitar o benefício. Não há nota mínima obrigatória. A partir de 2016 a exigência

será estendida também aos professores da rede pública de ensino e aos estudantes que

concluíram o ensino médio antes de 2010. Pelo Fies é possível financiar os cursos de graduação bem avaliados junto ao MEC. A taxa de juros é

de 3,4% ao ano para todos os cursos. Ele pode ser solicitado pelo estudante

em qualquer etapa do curso e em qualquer mês

SOBRE AS PROVASO Enem é feito em dois dias de

provas e tem no total 180 questões de múltipla escolha e uma redação.

No primeiro dia, as provas serão de ciências da natureza e humanas, cada uma com 45

questões. No segundo dia, os candidatos serão avaliados em matemática e linguagens,

cada uma com 45 questões, e também terão de fazer uma redação. Também nesse segundo

dia é feita a prova de língua estrangeira, segundo a opção feita pelo participante no momento

da inscrição

Ciência sem FronteirasO programa de intercâmbio do

governo federal deverá oferecer até o final de 2015, 101 mil bolsas de estudo para

intercâmbios no exterior destinado a alunos de graduação e pós. A partir de 2013, o Enem, antes

usado de maneira classificatória no programa, passou a ser obrigatório aos alunos interessados nas bolsas de estudo da graduação-sanduíche.

Para participar, é preciso ter feito qualquer ediçãodo Enem a partir de 2009 e conseguido a média

mínima de 600 pontos. Os candidatos também são avaliados de acordo com

seu aproveitamento acadêmico nauniversidade

Certificação do ensino médio

Quem tem no mínimo 18 anos e não concluiu o ensino médio pode conseguir

a certificação por meio do Enem. A pontuação mínima necessária subiu de 400 para 450 pontos em cada uma das áreas

de conhecimento e 500 pontos na redação. Desde 2009, quando o Enem ganhou a

função de conferir o certificado, o número de candidatos que solicitaram

a certificação do ensino médio triplicou

Neste ano, serão mantidos os critérios de correção da redação. As provas com inserções inadequadas serão zeradas.

Os travestis e transexuais poderão usar o nome social durante a prova. A solicitação de uso do nome social deverá ser feita pela internet, após a inscrição. Antes, era preciso fazer a solicitação por telefone. Os participan-tes que desejarem esse atendimento deverão enviar cópia do documento comprobatório, pelo sistema de inscri-ção, entre 15 e 26 de junho.

A nota do exame pode ser usada para participar de programas como o Sisu (Sistema de Seleção Unifi-cada), o Prouni (Programa Uni-versidade para Todos) e o Sisutec (Sistema de Seleção Unificada do Ensino Técnico e Profissional). Ela também é pré-requisito para firmar contratos pelo Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), obter bolsas de intercâmbio pelo Programa Ciência sem Fronteiras e certificação do ensino médio.

PARA QUÊ SERVE O ENEM

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Saúde

Ministério da Saúde emite alerta no Brasil contra novo vírus letal que causa infecção respiratória e já foi registrado no Oriente Médio, Ásia, Europa e América do Norte

NOVAAMEAÇA MUNDIAL

MERSC-CoV (sigla em inglês para Síndrome Respi-ratória do Oriente Médio-

-Coronavírus) é a nova ameaça a saú-de mundial. A doença é caracterizada por sintomas como febre, tosse e falta de ar, podendo aparecer problemas digestivos, como diarreia. O vírus tem uma mortalidade alta, ficando entre 36% - segundo casos que acontece-ram na península arábica. Temendo o alastramento do vírus e a chegada dele no Brasil, o Ministério da Saúde já emitiu boletim técnico orientando a classe médica sobre os cuidados que devem ser tomados.

Enquanto isso, o surto tem se alas-trado pelo mundo. Desde o dia 20 de maio o vírus está causando mortes e pânico na Coreia do Sul, onde nove pessoas morreram e ao menos cem foram infectadas. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) a doença está sendo transmitida pelo contato entre as pessoas. Mais de 2,7 mil escolas sul-coreanas foram tempo-rariamente fechadas em meio ao temor de contaminação.

As infecções decorrem de um ho-

A mem de 68 anos que foi diagnosticado duas semanas após seu retorno de uma viagem ao Oriente Médio durante a qual visitou a Arábia Saudita, o princi-pal foco da doença. Outras 14 pessoas infectadas são seus parentes ou estive-ram em contato com ele. As autoridades também examinaram dezenas de pessoas que tiveram contato com o homem. Nos últimos dias o nú-mero de pessoas em isolamento ultrapassa 3 mil.

O vírus não é novo, já é conhecido há vá-rias décadas, desde os anos 60, associado a um resfriado comum e sintomas gastroin-testinais. Em 2002 foi detectado o primeiro coronavírus capaz de causar sintomas respi-ratórios graves e com potencial de dissemi-nação mundial (O 32

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Fotos: Divulgação

Sars). Em 2012 foi detectado um novo coronavirus na península arábica, especial-mente na Arabia saudita, com sintoma semelhantes (o Mers). A designação di-ferente, a príncipio aponta a localização onde ele foi inicialmente encontrado e apontam também algumas diferenças em relação a le-talidade do vírus.

A forma de contaminação ainda é incerta, mas é pro-vável que seja feita por via respiratória de pessoa para pessoa, acometendo prin-cipalmente em indivíduos que cuidam ou estão muito próximos de pessoas doentes. Ainda existe uma hipótese, segundo pesquisas feitas na península arábica, que o vírus esteja sendo transmiti-do a partir de dromedários. Pesquisadores conseguiram isolá-lo nesses animais. O vírus foi encontrado tam-bém em pessoas que lidam muito próximas dos bichos infectados.

Aulas suspensas na Coreia. Há suspeitas que o vírus tenha sido disseminado a partir dos dromedários 33

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MINISTÉRIO FAZ ALERTA NO BRASIL

“As doenças podem viajar. Houve caso do Mersc em vários países na Europa e na América do Norte e agora vemos esse maior surto fora da península arábica, ocorrendo na Coreia. Existe a possibi-lidade dele chegar ao Brasil, mas essa possibilidade é remota”, atesta o médico Gessé Reis Alves, coordenador do am-bulatório do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, de São Paulo.

O médico alerta que o vírus é muito difícil de controlar, por isso é importante que as pessoas que estão viajando para áreas onde há transmissã, e que apresen-tem os sintomas respiratórios da doença, busquem imediatamente um local de atendimento médico, comuniquem que têm esses sintomas e informem que estiveram em locais de risco, para que as autoridades de saúde possam produzir o isolamento necessário e o diagnóstico.

“Não existe um tratamento específico ou um remédio para combater o vírus. O tratamento é de suporte, se necessário ventilação mecânica, ou seja intubação, com administração de oxigênio por via artificial, mas o mais importante é que esse individuo seja isolado e os profissio-nais de saúde que lidarem possam fazer isso da forma mais segura possível, para evitar a contaminação até dentro do próprio hospital”, alerta Reis.

O médico lembra que o Ministério da Saúde lançou em 2014 um informe técnico para os profissionais de saúde definindo características da doença, apontando casos e como deve ser feito o fluxo de envio de amostras. “Já existe essa preocupação desde o ano passado. Mas certamente eu acho que é sempre importante que as pessoas estejam alertas e principalmente os profissio-nais de saúde sejam capazes de lembrar dessa possibilidade numa eventual circunstância de pessoas que estejam viajando”, frisa.

LENTIDÃO NO CONTROLE DA DOENÇA

Autoridades sul-coreanas foram criti-cadas por sua lentidão em identificar po-tenciais portadores após diagnosticar o primeiro infectado e por não ter evitado que um suspeito viajasse para a China.

Arábia Saudita é principal foco da Mers

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SINTOMAS

O homem de 44 anos, cujo pai era portador do vírus, não respeitou as recomendações de prudência das auto-ridades e decidiu viajar para a China na terça-feira. Na sexta-feira foi declarado contaminado.

De acordo com o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), foram registrados um total de 1.139 casos de infecção pelo MERS-CoV, 431 deles fatais, principalmente na Arábia Saudita.

O coronavírus MERS é considerado um parente mais mortal, mas menos contagioso do vírus que causa a síndro-me respiratória aguda grave (Sars), que em 2003 deixou 800 mortos em todo o mundo.

PESQUISAS PARA SABER ORIGEM

O especialistas ainda não sabem de

onde o vírus surgiu. Há suspeitas que pode ter sido o resultado de uma nova mutação de vírus já existente, ou uma infecção que tem se espalhado entre os animais e agora atingiu também os humanos.

Testes indicaram que o vírus Mers, ou uma descendência muita parecida, tem circula-do nos dromedários, transformando-os em transmissores em po-tencial da doença. O estudo foi publicado

na revista científica Lancet Infectious Diseases. Os cientistas dizem, por outro lado, que são necessárias mais pesquisas para confirmar as descobertas.

SEM TRATAMENTOO coronavírus causa infecções res-

piratórias em humanos e animais. Pacientes apresentam febre, tosse e problemas respiratórios. A partir daí o vírus pode causar pneumonia e, às vezes, falência dos rins. A maioria dos infectados até agora são homens mais velhos, geralmente com problemas de saúde pré-existentes.

Segundo especialistas, ainda não está claro por que algumas pessoas desenvolvem formas mais leves da doença. Não há, por enquanto, vacina ou tratamento para o vírus. A doença registra taxa de mortalidade de cerca de 35%, de acordo com a OMS.

CONTAMINAÇÃO NO MUNDOCasos foram confirmados em 25

países. Há relatos na Ásia, no Oriente Médio e na Europa. A maioria dos casos ocorreu na Arábia Saudita. Em maio deste ano, dois novos países en-traram na lista: China e Coreia do Sul.

A maior preocupação mundial, porém, é sobre o potencial que esse novo vírus terá para se espalhar por toda a parte. Por enquanto, a trans-missão de pessoa para pessoa ficou limitada a pequenos grupos. Não há nenhuma evidência até agora de que o vírus tenha a capacidade de se tornar pandêmico.

Febre

Dificuldade para respirar

Tosse

Diarreia e náusea

Descontaminação de metrôs para evitar que doença se alastre

Fotos: Divulgação

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primeiro sistema de compar-tilhamento de carros elétricos (car sharing) do Brasil está

funcionando na Capital de Pernam-buco, em Recife. A solução faz parte do projeto Porto Leve, e ao utilizar o compartilhamento, abre mais uma possibilidade de melhorar a mobilidade urbana da cidade, cada vez mais caó-tica. Desde dezembro,30 usuários pré--selecionados pelo Parque Tecnológico do Porto Digital passaram a testar as três unidades sustentáveis, no intuito de apontar possíveis adequações. O projeto prevê que no segundo semestre de 2015, após o período de testes, a solução estará disponível ao público.

O sistema de compartilhamento de rotas (as caronas) equipara a capital pernambucana a algumas cidades europeias e norte-americanas. A ideia

Sustentabilidade

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Com carros elétricos e sistema de compartilhamento de carona Recife se equipara a cidades europeias em conceito de sustentabilidade e tecnologia

COMPARTILHAMENTO

HIGH TECH

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Fotos: Divulgação

inicial era que qualquer pessoa, após o período de testes, poderia ir a uma das três estações espalhadas na região do Porto Digital, retirar o veículo e de-volvê-lo dentro de prazo determinado.

O sistema desenvolvido pelo Porto Digital é o único car sharing do mundo que funciona por meio de aplicativo para dispositivos móveis. O carro abre, fecha e o alarme é acionado via comandos disparados pelo usuário de seu smartphone. Quando for aberto ao público o usuário vai poder se ca-dastrar no sistema pelo seu celular e fazer uma assinatura mensal de R$ 30. Cada viagem tem um custo de R$ 20 por trajeto de meia hora - caso queira fazer a viagem sozinho.

A tecnologia utilizada é fornecida pela empresa pernambucana Serttel, incubada no Porto Digital e contrata-da pelo Parque Tecnológico. O carro funciona com limitação de velocidade (não ultrapassa 60 km/h) e a carga da bateria, cheia, permite uma autonomia de 120 quilômetros. Os carros são car-regados na garagem da Serttel.

Quando o compartilhamento de car-ros for aberto ao público estão previstas novas estações nas ruas, com sistemas de câmeras e totens de alimentação de energia. O Porto Leve acredita que com a consolidação da ideia, o poder público resolva expandi-la, como aconteceu com o aluguel de bicicletas que hoje já tem mais de 70 estações.

Detalhe do carro elétrico, tomada para carregar a bateria. Ao lado o compartilhamento de bicicletas

Carro elétrico foi apresentado à população em dezembro

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Para utilizar o sistema, o usuário precisa ter idade superior a 18 anos e possuir carteira de habilitação válida e cartão de crédito. Em seguida, deve baixar o aplicativo do Porto Leve e rea-lizar um cadastro prévio. O sistema vai exigir cadastramento e confirmação de dados pessoais e possibilitará a renova-ção automática através de autorização na modalidade cartão de crédito. O único plano de utilização será o mensal, no valor de R$ 30, além de uma taxa extra para cada corrida. Se o usuário não oferecer carona, essa taxa é de R$ 20. Se o motorista, no momento da reserva, optar por dar carona, o valor da viagem será rateado entre ele e o "caroneiro", que também deverá estar cadastrado no sistema. Em caso de ca-rona para outro usuário do aplicativo, o valor será dividido entre ambos. Se o motorista oferecer a carona e, mesmo

FÁCIL DE USAR E COM SUSTENTABILIDADE assim, nenhum interessado se mani-festar em 15 minutos de tolerância, também paga R$ 10. Ainda é preciso pagar uma taxa extra caso o motorista ultrapasse os 30 minutos permitidos para a utilização do veículo. Por cada minuto adicional é cobrado R$ 0,75.

Para solicitar o veículo, basta entrar no aplicativo do Porto Leve e escolher a opção do car sharing. Depois de completar a solicitação, o usuário tem a possibilidade de oferecer uma carona. Caso essa opção seja escolhida, um relógio indica os 15 minutos de espera pelo caroneiro. Esgotado o tempo, o chaveiro do veículo aparece para que o usuário desbloqueie a porta. "É como um carro automático. Não há marcha,

apenas freio e acelerador. Mas a principal diferen-ça é mesmo o silêncio. Por se tratar de um carro elétrico, parece que está desligado", conta Cidi-nha Gouveia, Gerente de Projetos do Porto Digital. Importados da China, os carros susten-táveis são inteiramen-te elétricos, equipados com ar-condicionado e

demoram seis horas para serem carre-gados. Quando totalmente carregado, pode rodar por até 120 quilômetros. O projeto teve custo total de R$ 500 mil, financiado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia e pela Serttel, que arcou com o investimento em pesquisa e de-senvolvimento. A expectativa do Porto Digital é que outras cidades possam replicar a ideia.

As estações estão localizadas uma no edifício que abriga o Núcleo de Gestão do Porto Digital (prédio do antigo Bandepe), no Bairro do Recife, e outra em frente ao Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R), também no Bairro do Recife. Já a terceira fica na Rua do Lima, no bairro de Santo Amaro. As estações são monitoradas à distância e cada veículo conta com um chip que se comunica com o sistema de controle, informando quando o carro é retirado. A princípio, neste ano, o sistema ganhará outras três novas estações de compartilhamento, na Prefeitura do Recife, Casa da Cultura e Praça do Derby.

ONDE ESTÃO AS ESTAÇÕES

Projeto é o único a prever

utilização a partir de

aplicativos de celulares

Carro elétrico nas ruas do bairro do Recife. Limite de velocidade de 60 Km

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Mobilidade

s obras de acesso ao aeroporto Governador Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante, no

Rio Grande do Norte, estão atrasadas em cerca de um ano. O aeroporto foi inaugurado em maio de 2014, pronto para a Copa do Mundo, mas as obras de acesso, a cargo do Departamento de Estradas e Rodagens (DER), ainda não foram concluídas. Dois acessos faltam ser construídos, o norte e o sul. Segundo o DER, boa parte das estruturas – via-dutos, duplicações e drenagens - ainda está por fazer.

No acesso Norte, na BR-406, sentido Natal/Ceará Mirim, a duplicação da ro-dovia ainda não foi concluída. Em um dos trechos, a área está com buracos e escava-da. Outro, de aproximadamente 2 km, já foi duplicado e asfaltado, mas, permanece interditado para o tráfego de veículos. As obras foram paralisadas porque o governo do estado esbarrou em 10 terrenos que pertencem a proprietários diferentes e que precisam ser desapropriados para que

A

Obras de acesso do aeroporto de Natal já têm atraso de um ano, devem aumentar de valor e precisam desapropriar 10 terrenos para continuar

deve garantir cerca de R$ 71 milhões para a conclusão do empreendimento. No entanto, segundo a Secretaria de Estado do Planejamento e das Finanças (Seplan), o trâmite para a liberação do crédito pode demorar até seis meses, o que resulta em uma indefinição por parte do Departamento de Estradas de Rodagens (DER) quanto à continuidade e conclusão dos acessos.

De acordo com o diretor do setor de Operações do DER, engenheiro Fran-cisco Maciel Pereira, a possibilidade de novos atrasos é real, devido a espera necessária para o financiamento da obra. No entanto, o governador Robinson Faria (PSD) já afirmou em recentes entrevistas que quer entregar os acessos até o fim deste ano.

General Jorge Fraxe, intenção era retomar

obras em abril

Aeroporto tem projeto de ampliação para torná-lo o sétimo maior do mundo

ATRASO DE UM ANO

os trabalhos possam continuar. O DER montou uma comissão para,

em parceria com a Empresa Industrial Técnica (EIT), responsável pela obra, mapear os lotes, identificar os proprie-tários e enviar laudos e documentação à Procuradoria-Geral do Estado a fim de fazer a desapropriação. Cerca de 30 procedimentos. Hoje os motoristas que precisam chegar ao Aeroporto têm que fazer um contorno na altura de um viaduto inacabado.

O acesso Sul, que passa pela BR-304 está ainda mais atrasado. O acesso tem 17 quilômetros de extensão, sen-tido Macaíba/São Gonçalo do Amarante e daí à BR 101. As obras não ultrapassaram o estágio de terraplenagem. Quando há chuvas a concentração de lama na via é alta e praticamente impossibilita o tráfego de veículos na região. Falta ainda a construção de uma ponte sobre o Rio

Guanduba e um viaduto. A previsão do diretor do DER, general Jorge Er-nesto Pinto Fraxe, seria retomar as obras em abril e concluí-las em 2016, mais isso não aconteceu.

A retomada dessas obras depende, princi-palmente, de emprés-timo solicitado pelo Governo do Estado ao Banco do Brasil, no valor de R$ 850 milhões e que 40

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Fotos: Divulgação / Tribuna do Norte

Em dias de chuva dirigir pela BR-406, na altura de São Gonçalo do Amaran-te, é mais perigoso, crateras se abrem e fica mais difícil manobrar. A iluminação é deficiente e a incidência de acidentes é semanal. Há pouca sinalização e os motoristas utilizam apenas uma pista simples para ir e outra para voltar.

Além das pistas molhadas e dos bura-cos, quem mora nos conjuntos habitacio-

n a i s d o s

RISCOS DE ACIDENTES PREOCUPAM

Atraso de obras gera caos no trânsito de Natal

bairros Jardins em São Gonçalo do Amarante, construído a margem das BRs, têm dificuldade para ter acesso a rodovia.

As dificuldades de tráfego geram engarrafamentos e dificultam a entrada aos conjuntos habitacionais.

Outro problema é a terraplenagem feita pelo DER. Segundo os moradores, quando chove, toda a lama utilizada para a duplicação que não foi concluí-da, escoa para as partes baixas da via e

cai na BR. O tráfego de carros, que já é difícil, fica impossível.

Os moradores procuraram o Depar-tamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e o DER diversas vezes para cuidar da área, mesmo com as obras paralisadas, mas, nunca ob-tiveram sucesso. A solução foi entrar em contato com a Prefeitura de São Gonçalo do Amarante, que tem feito os trabalhos de limpeza da pista, sempre que necessário.

Projetado para ser o maior aeroporto da América Latina e o sétimo maior do mundo, Aeroporto Internacional governador Aluízio Alves foi o primeiro terminal aeroportuário do Brasil a passar pelo processo de concessão. O consórcio Inframérica foi escolhido para construir e administrar o empreendimento pelos próximos 28 anos.

O aeroporto está 100% concluído, mais estão previstas ampliações com o tempo, segundo informações da Inframérica. A

construção custou R$ 480 milhões. A moderna estrutura do aeroporto conta com um terminal de passageiros com capacidade para receber 8 milhões de pessoas por ano. São 45 balcões de check-in e seis totens de autoatendimento. Foram instaladas quatro estruturas de raios-x em cada um dos acessos à sala de embarque. Seis fingers atendem até oito aviões simultaneamente. No dia 1º de Abril, a redução do ICMS sobre o querosene diminuiu no estado de 17% para 12% e os reflexos serão sentidos ao longo de 2015. Eles já se anteciparam com o pedido da Gol Linhas Aéreas para a ANAC de autorização para operar

voos semanais de Natal para Buenos Aires, a partir do segundo semestre. A expectativa é ver novas rotas nacionais ainda este ano e outras internacionais a partir de 2016.

MAIOR AEROPORTO DA AMÉRICA LATINA

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Esporte

Time alvinegro leva a maior competição regional ao vencer o Bahia por 2 a 1 com recorde de público pagante no Castelão

PELA 1ª VEZ, CEARÁ LEVA COPA NORDESTE

opa do Nordeste tem um novo campeão em seu rol de ven-cedores. O Ceará foi superior

ao Bahia e conseguiu levar o título do torneio com vitória por 2 a 1 em um Castelão com recorde de público do Brasil após a Copa do Mundo – o jogo de ida, em Salvador, foi 1 a 0 para os cea-renses. Vice-campeão em 2014, quando perdeu para o Sport , o time alvinegro foi campeão do torneio pela primeira vez na história. O time terminou o torneio com campanha sem derrotas: foram sete vitó-rias, cinco empates e nenhuma derrota. Foram 63.399 torcedores que compare-ceram à Arena Castelão, configurando recorde de público pagante no futebol brasileiro em 2015 e no estádio.

O clube é o primeiro time cearense a conquistar o torneio. Além da equipe, são campeões do torneio Vitória (5 vezes), Sport (3 vezes), Bahia (2 vezes), América-RN (1 vez) e Campinense (1 vez).

Foi uma vitória maiúscula sobre o Bahia, confirmando a campanha impecável da equipe do técnico Silas Pereira na Copa do Nordeste. A coesão e a consistência eram tamanhas que, se

C o ataque não acertava, a zaga resolvia. Os gols foram marcados pela dupla de beques Charles e Gilvan, em cruzamen-tos de Ricardinho. Um tento em cada etapa. Nem o gol de Maxi Biancchuchi foi capaz de desfazer a festa que coloriu de preto e branco o Castelão.

O decisivo duelo começou alucinante em Fortaleza, com boas chances para os dois lados. No entanto, os cearenses logo conseguiram tomar as rédeas do confronto e, para delírio do estádio lota-do, abriram o placar antes dos primeiros 15 minutos com o zagueiro Charles.

A etapa final teve um início muito se-melhante ao do primeiro tempo: correria e ataques dos dois lados. Também assim como nos 45 minutos anteriores, o Ce-ará conseguiu marcar primeiro. O 2 a 0 no placar segurou a empolgação baiana, que precisaria de três gols para reverter o resul-tado. Os baianos até fize-ram um g o l n a reta f i-nal, mas

Castelão lotado é ‘pintado de branco e preto’. Torcedores dão recorde de público no Brasil após a Copa.Acima a tradicional foto do time campeão

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Fotos: Divulgação

PELA 1ª VEZ, CEARÁ LEVA COPA NORDESTE

nada que alterasse o rumo do jogo.O domínio foi tão completo que, se

Magno Alves não resolvia, Ricardinho dava as cartas. O camisa 8, melhor jogador das finais, foi responsável pelas duas assistências que encontraram as cabeças de Charles e Gilvan, a dupla de zaga que se firmou na titularidade do Vovô (alcunha carinhosa dada ao time pelos torcedores).

Até o fim do jogo, quem mais parti-cipou foi a torcida cearense, que foi à loucura com o primeiro título do Ceará na competição que, de quebra, ainda dá uma vaga na Copa Sul-Americana. A equipe ainda está na final do Campe-onato Cearense: após perder o primeiro jogo por 2 a 1 para o Fortaleza, tem que vencer o próximo jogo para conquistar mais um torneio.

Agora os times deve focar nos Cam-peonato Brasileiro. Tanto Bahia, quanto Ceará passam a disputar a Série B do Campeonato Brasileiro.

COPA DO NORDESTEA Copa do Nordeste de Futebol (também conhecida como

Nordestão, Campeonato do Nordeste) é uma competição disputada entre equipes da Região Nordeste do Brasil.

Considerado um dos campeonatos regionais mais importantes do país, o Nordestão foi uma competição intermitente no calendário do futebol brasileiro em seus primeiros anos.

Organizada sob a alcunha de Copa Nordeste pela primeira vez em 1994, o torneio foi disputado continuamente entre 1997 e 2003, época em que passou a ser organizado pela Confederação Brasileira de Futebol. Teve quase todas suas edições canceladas entre 2004 a 2012, com exceção do campeonato 2010. Retornou novamente ao calendário do futebol brasileiro em 2013. Das 13 edições realizadas, houve seis clubes campeões. O Vitória é o maior vencedor do Nordestão, com 5 títulos, seguido do Sport Recife com 3 conquistas, do Bahia com 2 conquistas, e do América de Natal, Campinense (da Paraíba) e Ceará, com 1 conquista cada. A partir da edição de 2014, o campeão passou a garantir uma vaga na Copa Sul-Americana.

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O queijo é um dos alimentos manufaturados mais antigos de que se tem notícia. Seu consumo teve início há milhares de anos, antes de 10.000 a.C, quando povos nômades, principalmente da região da Mesopotâmia, realizavam longas viagens. O leite já fazia parte da alimentação habitual desses povos e era transportado em recipientes primitivos, feitos a partir do estômago de animais, como o carneiro. O leite ali acondicionado sofria ação do calor e das enzimas ainda pre-sentes no material do recipiente, o que resultava num alimento mais sólido, o leite coalhado. Iniciou-se assim uma nova forma de consumo do leite, que passou por diversas fases de aprimoramento ao longo da história e conquistou os mais variados povos ao redor do mundo.

Hoje o queijo é considerado um alimento essencial para quem bus-ca uma dieta ao mesmo tempo rica e saborosa, ou mesmo para quem procura se deliciar com algo apetitoso. O queijo tem inúmeros usos, como em sanduíches, pizzas, salpicando massas ou como base para inúmeras receitas, unindo sabor e textura a nutrientes importantes como proteínas de alta qualidade, vitaminas A, B2 e B12 e os minerais cálcio, fósforo, zinco e selênio.

Existem basicamente três tipos de queijos. Os queijos processados; os frescos, como o Minas Frescal, a Ricota e o Cottage, que estão prontos para comercialização logo após o término da produção; e os maturados, como Prato, Mussarela, Reino e Gorgonzola, que são cura-dos e precisam passar por um período de maturação que pode durar de semanas a meses antes de serem consumidos.

A maturação dos queijos pode ser considerada como um “ritual de envelhecimento”. A exemplo do que ocorre no desenvolvimento dos vinhos, os queijos ganham cor, sabor, aroma e texturas características de cada tipo. Durante esse período o queijo permanece em repouso em ambientes com temperatura e umidade controlados, enquanto ocor-rem diversos processos químicos, físicos, bioquímicos e microbiológicos que alteram sua composição, principalmente com relação aos macronutrientes.

Durante a maturação, a caseína - prote-ína encontrada no leite fresco -transforma--se em peptídeos e aminoácidos. Além de sua importância para os aspectos sensoriais dos quei-jos, os peptídeos exercem diferentes atividades biológicas: ajudando a controlar a pressão arterial e podendo ter efeito anti-inflamatório e fortalecer a imunidade.

Publieditorial

QUEIJOS FRESCOS OU MATURADOS SÃO ALIADOS DA BOA SAÚDE

Outro fenômeno que ocorre durante a maturação é que a lactose - açúcar naturalmente presente no leite – é gradativamente reduzida, degradada pelas bactérias envolvidas no processo de maturação, po-dendo chegar próximo de 0%, dependendo do tempo de maturação. E mais: a ação de micro-organismos escolhidos de acordo com o tipo a ser produzido promove a quebra das gorduras naturalmente presentes no queijo. Diversos estudos já mostraram que as gorduras, especial-mente as presentes nos queijos maturados, não estão relacionadas ao aumento do risco cardiovascular.

SEM LACTOSE CHEGA AO MERCADOCom tantas propriedades, os queijos são indispensáveis a uma

dieta rica e equilibrada. Mas uma parcela da população não podia se beneficiar de suas qualidades. São os portadores de intolerância à lactose, consumidores que têm deficiência da enzima lactase, responsável por “quebrar” a lactose para que ela possa ser absorvida pelo organismo. Como consequência, essas pessoas sofrem de diar-reia, flatulência, dores na barriga e inchaço no abdômen quando se alimentam de derivados do leite, como iogurtes, coalhadas e queijos.

Para os consumidores intolerantes à lactose, a Tirolez acaba de lançar uma linha completa com teor zero de lactose e ao mesmo tempo light, composta por: Mussarela, Prato, Minas Padrão, Minas Frescal e Cottage.

O queijo Reino Mantém apresentação tradicional com lata de aço redon-da (1,5 Kg) e a versão em lata cilíndrica (900 g)

NOS SUPERMERCADOS: O NOVO E O TRADICIONAL

Zero LactoseA linha sem lactose é composta por Mussarela, Prato, Minas Padrão, Minas Frescal e Cottage. Serão sete apresentações, pois os queijos Mussarela Light Zero Lactose e Prato Light Zero Lactose serão lançados em duas versões: “lanchinho” (500 gramas) e para fatiamento (3,6 Kg). Outra novidade é que o Minas Frescal Light Sem Lactose já será apresentado na nova embalagem abre-fácil (termoformada), mais prática, higiênica e com maior shelf life (de 22 para 24 dias).

O processo de fabricação dos queijos sem Lactose é muito similar ao dos queijos tradicionais, sendo que em determinada etapa da produção é adicionada uma enzima natural que quebra a lactose em dois outros tipos de açúcares (galactose e glicose) que são facilmente digeridos por portadores de intolerância. Esta diferença não é sentida nem na textura, nem no paladar dos queijos, de acordo com testes realizados pela Tirolez.

O MELHOR QUEIJO REINO DO BRASIL*A Tirolez está sempre apresentando inovações ao mercado, mas

sem abrir mão da tradição na arte de fazer queijos. Um dos maiores sucessos da marca é o queijo Reino, muito consumido no Nordeste, principalmente nas épocas de São João e Natal. De sabor acentuado e picante, o queijo Reino tem como principais características a cor amarelo-ovo, a casca vermelha, com massa dura e firme, além da embalagem em lata de aço, que é ideal para presentear a família e os amigos.

O queijo Reino foi introduzido no Brasil no século XIX pela corte portuguesa, originando o seu nome. A Tirolez possui duas apresenta-ções de queijo Reino, sendo a primeira na tradicional lata de aço re-donda (1,5 Kg). Inspirada no comportamento do consumidor, a Tirolez criou também uma versão em lata cilíndrica (900 g) que, após o con-sumo, pode ser utilizada para guardar pertences ou mantimentos. * O

Reino Tirolez foi eleito o melhor queijo Reino do Brasil no Concurso Nacional de Produtos Lácteos de Juiz de Fora.

Luta para revitalizar área do Cais José Estelita gera confronto entre construtoras e grupos

sociais. Obra que custaria R$ 1,1 bilhão precisa ser negociada e EFETIVADA

Geral

Cais José Estelita, a área no centro histórico de Recife, está no meio de uma disputa

acirrada e virou caso de polícia. Erguido pelos holandeses em 1630, às margens da Bacia do Pina, o declínio do cais teve início nos anos 70, quando a estação ferroviária que dava vida ao local foi demolida para dar lugar a um viaduto. Anos depois, os armazéns acabaram obsoletos, sobraram apenas carcaças de vagões.

Em 2008, um consórcio de constru-toras arrematou a área em um leilão por R$ 55 milhões. O consócio conseguiu na administração do prefeito João da Costa (PT), em 2012, aprovar a construção de 13 prédios residenciais e comerciais, com altura variando de 12 a 40 andares, no Cais José Estelita. As empresas pretendem injetar cerca de R$ 1,1 bilhão para erguer o complexo residencial e comercial, chamado Novo Recife.

Descontentes com a situação, es-tudantes, arquitetos, professores e advogados, entre outros membros

A DISPUTA POR ESTELITA

do grupo Direi-tos Urbanos – que milita na área de urbanismo desde 2002 – se uniram no movimento Ocupe Estelita – inspirado no "Oc-cupy Wall Street". A partir daí, muita água já rolou, com direito a ocupação da área do cais por ativistas contrários a construção da obra, intervenção da Polícia Militar que fez uma ação de reintegração de posse ser denunciada até pela Anistia Internacional.

O acirramento de interesses já levou à aprovação do Plano Específico do Cais José Estelita, Santa Rita e Cabanga pela Câmara Municipal de Recife em sessão noturna e a portas fechadas no início de maio. Daí pipocaram passeatas pelas ruas de Recife e ocupação por três dias da rua onde mora o atual prefeito Geraldo Júlio (PSB). Os atos têm sido convocados pelo Direitos Urbanos e

Movimento Ocupe Estelita abraça área tentando evitar demolição de prédios. Acima policiais cumprem ação de reintegração de posse

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CONHEÇA OS PROJETOSNOVO RECIFEResponsáveis: Consórcio Novo Recife (Moura Dubeux Engenharia, Queiroz Galvão, Ara Empreendimentos, GL Empreendimentos).Como será: 12 torres de até 40 andares no bairro de São José, no Centro, sendo duas empresariais, dois hotéis e oito residenciais.Custo aproximado: R$ 1,1 bilhãoDefesa: Pretende revitalizar a área ao criar parque, ciclovia, píer e ruas de acesso a outros bairros, além da restauração de uma igreja e galpões e da criação de 24 mil empregos. Também está prevista a demolição do viaduto próximo ao local.Críticas: Impacto visual em área histórica, aumento do tráfego, redução da ventilação e aumento de calor. Criação de ilha de riqueza sem integração com arredores pobres.

Movimento Ocupe Estelita, dois dos grupos contrários ao projeto imobiliá-rio. O Ocupe Estelita ganhou apoio de artistas como Ney Matogrosso, Lenine e Matheus Nachtergaele. O movimen-to tem mais de 30 mil seguidores no Facebook.

À medida que o tempo avança, o caldeirão só faz aumentar as compli-cações existentes em torno da obra. Cinco ações tramitam questionando o projeto imobiliário Novo Recife: uma ação civil pública do Ministério Público estadual, uma do Ministério Público federal e três ações populares. As ações populares pedem a nulidade do ato administrativo do então Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU), que aprovou a proposta imobiliária, no fim de 2012.

O Novo Recife afirma que o pro-jeto respeita os parâmetros legais do estado, do município e cumpre a lei.

Esboço do projeto Novo Recife a ser erguido no Cais de Estelita

Durante o processo de negociação ini-ciado no primeiro semestre de 2014, o grupo de cons-trutoras disse estar de acordo em fazer um redesenho do projeto.

Para complicar, em março de 2015, a área operacional do Pátio Ferroviá-rio das Cinco Pon-tas foi incluída na Lista do Patrimô-

nio Cultural Ferroviário Brasileiro. O pátio ferroviário fica vizinho ao local do Novo Recife.

Teoricamente, ambos os lados querem desenvolver áreas degradadas. O Novo Recife é anunciado como uma modifi-

PENSE RECIFEResponsáveis: Coletivo de arquitetos voluntários. Estudo preliminar de urbanistas descontentes com o Novo Recife.Como será: Oito prédios de até seis andares e desvio de avenida para criação de áreas verdes.Custo: Não informadoDefesa: Os prédios, com espaço maior entre eles, dariam mais ventilação à região. A área comercial e a retomada da linha férrea deixariam o projeto mais integrado ao entorno. Um projeto do tipo valoriza áreas de convívio e é mais coerente com a região.Críticas: É apenas um esboço com pouco peso para ser uma alternativa de fato.

cação urbana em uma área pobre, que trará benefícios generalizados.

As construtoras se defendem e garantem que o debate sobre a altura dos prédios está sendo exagerado e deixa de observar outros benefícios. "Tem muito desconhecimento. Quan-to mais verticalizado o projeto for, menos solo você usa. Numa lógica simplista, você consegue com um pré-dio de 40 andares dar mais espaço li-vre do que com quatro prédios de dez na mesma área. A lei diz que devemos destinar 35% do terreno para área de circulação pública. Vamos dar 45%", defende o porta-voz do empreendi-mento, engenheiro Eduardo Moura, garantindo que o projeto ajudará a região a se desenvolver.

Não resta dúvidas que o empre-endimento precisa ser negociado e a obra efetivada de uma vez. Apesar

do conflito, Recife pre-cisa da nova área para o convívio comum e cabe ao Poder Público fazer a mediação entre as partes.

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Graphic Novel: personagem de Maurício de Sousa é inserido no folclore brasileiro e em monumentos históricos do nordeste

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personagem Piteco, do car-tunista Maurício de Sousa, foi inserido no universo nor-

destino. A façanha é do quadrinista e artista plástico paraibano Shiko que idealizou Piteco na pré-história da região. Na história, Shiko deixar claro que Piteco é brasileiro. A história faz parte do quarto volume de uma série que reúne trabalhos autorais estrelados pelos personagens de Mauricio de Sousa – os anterio-res foram “Astronauta: Magnetar”, “Turma da Mônica: Laços” e “Chico Bento: Pavor Espaciar”, a coleção

NORDESTE PRÉ-HISTÓRICO

se chama Graphic MSP. O projeto é da Mauricio de Sousa Produções e foi lançado no final de 2013, ganhou re-percussão e críticas favoráveis e foi um dos responsáveis por fazer Shiko ganhar o Troféu Angelo Agostini de 2014, um dos maiores do país. Nesta edição a Revista NORDESTE resgata ‘Piteco: Ingá’ e promete para as edições futuras uma matéria mais am-pla sobre o quadrinista paraibano.

O texto de apre-

sentação da quarta capa é de Mike Deodato Jr, outro paraibano que tem vaga cativa na Marvel. Piteco que naturalmente tem suas histórias ambientadas na pré-história tem o graphic novel batizado de “Ingá”, com a seguinte descrição da história: “O povo de Lem se vê obrigado a migrar porque o rio próximo à aldeia secou. Mas o valente caçador Piteco decide não ir, pois precisa resgatar Thuga, que foi raptada pela tribo dos homens-tigre".

O artista optou por um tom realista para o personagem e a trama da histó-ria. Para os críticos, de todas as HQs que fazem parte da coleção Graphic MSP, nenhuma foi tão longe na criação de uma mitologia para os personagens de Mauricio de Sousa quanto Piteco - Ingá.

O trabalho do cartunista paraibano é considerado meticuloso. “Ele conse-guiu transformar o Piteco em um perso-nagem tipicamente brasileiro ao buscar

inspirações em sua própria origem nor-destina para contar a história do homem da idade da pedra”, pontuo o crítico André Sollitto, do site Omelete.

Os locais visi-tados pelo perso-nagem são reais: a Pedra do Ingá, um dos monumentos arqueológicos mais impor tante s do mundo, que fica na cidade de Ingá, Paraíba, conhecido

pelas inscrições rupestres de significado desconhecido. Não se sabe a origem nem a idade das inscrições, mas o álbum de Shiko vai situá-las na Idade da Pedra. O lugar tem uma aura mística que serviu de inspiração para gente como Zé Ramalho, no álbum de 1975, o disco Paêbirú, baseado nas lendas sobre a região.

Shiko também recheou o HQ com seres fantásticos do

Capa e desenhos internos de ‘Piteco:

Ingá’, história indicada para o

público adulto

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Artista plástico Shiko,exposições na França e na Itália 49

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O quadrinista e ilustrador paraiba-no Shiko nasceu Francisco José Sou-to Leite, em Patos, no interior da Para-íba. Mudou-se para João Pessoa aos 18 anos. Trabalhou no mercado publicitá-rio, estilizou o nome e passou a expor em feiras e exposi-ções, individuais e coletivas. Na área de quadrinhos, edita e publica a revista indie Marginal Zine, que ganhou cole-tânea pela Marca de Fantasia.

Foi eleito o melhor desenhista de 2014 pelo Troféu Angelo Agostini, um dos prêmios mais importantes dos quadri-nhos no País, que completou 30 anos no ano passado.

Shiko teve uma produção profícua no em 2014. Lançou dois álbuns elogiados: “O Azul Indiferente do Céu” (Marca de Fantasia) e “Piteco: Ingá” (Panini), am-bos na lista de melhores HQs da Revista O Grito!, especializada no gênero.

Em relação a Piteco, o quadrinista explica como foi escolhido para a his-tória: “Eles acharam que meu estilo combinava com o Piteco. Então, mandei um esboço do roteiro, e foi aprovado”.

Além de Piteco, ele par-ticipou de coletâneas da editora Marca de Fan-tasia. Uma delas, vol-tada para histórias com temática homossexual. O artista afirma que sua obra é permeada de uma presença urbana forte. “Tudo acaba me inspi-rando. Pessoas esperando trem, cultura pop, artis-tas de rua, tatuagem”.

Morando em Floren-ça, na Itália, Shiko diz

que a experiência no exterior vem me-xendo com sua percepção artística. “Esse tempo em que estou morando por lá está servindo para ver meu trabalho de outra maneira. Estou interessado em saber o que públicos de outros países acham do que faço. Acabo sendo influenciado pela cidade, me instigo a experimentar novas ideias”, diz. Ele passou a morar na cidade italiana para acompanhar sua esposa, que faz mestrado na cidade italiana. Mas, o plano desde o início é voltar a viver em João Pessoa. “Não aguentaria ficar aqui para sempre”. Mas, a estadia na Europa tem sido proveitosa para a carreira. Shiko tem aproveitado para fazer pequenas mostras em Lyon e no Salão do Livro de Paris, ambas na França, além de Florença.

folclore brasilei-ro. Estão lá o Curu-pira (ou Arapó-Pa-co, na versão de Shiko), o Boitatá (ou M-Buantan), o Anhanguera, o ser que assumia muitas formas e protegia os animais nas flo-restas, e o Cama-zotz, um morcego gigante da região dos Andes, todos devidamente reimaginados pelo qua-drinista. Cada tribo que aparece na HQ também ganhou uma identidade visual única: a tribo de Lem, o povo de Ur e os homens-tigre têm vestimentas, armas e até maneira de se mover específicas.

Essas bases não se sustentariam se a história fosse fraca. Seguindo a linha das Graphic MSP anteriores, Ingá parte de uma premissa básica: Piteco precisa resgatar Thuga, sequestrada pelos homens-tigre, enquanto seu povo faz uma jornada em busca de terras férteis. Acompanhado de Ogra e de Beleléu, o protagonista enfrenta diversos perigos até encontrar sua amada. A trama linear ajuda a valorizar as constantes cenas de ação e os encontros com seres mitológicos. E os desenhos de Shiko, coloridos com aquarela, dão vida a esse mundo fantástico de tribos inimigas. “Dá vontade de passar um bom tempo apenas curtindo as páginas, reparando nos detalhes das roupas e armas criadas pelo quadrinista, na maneira como ele usa as cores para dar o tom da história. Os extras no final do livro, com esboços, storyboards e diversas opções de capa, dão uma boa ideia do processo criativo de Shiko e enriquecem a experiência”, assevera Sollitto.

Ingá é a HQ mais adulta das quatro lançadas pela linha Graphic MSP. Há muitas cenas de pancadaria, com direito a sangue espirrando, olhos perfurados e homens esmagados. Shiko não poupa nas cenas de violência nem na sensua-lidade de Thuga e das outras persona-gens femininas, como M-Buantan. “O resultado é ótimo, mas a HQ é mais indicada para os leitores adultos (e os fãs mais antigos)”, avisa o crítico.

SHIKO, UM ARTISTA URBANO

Acima ilustração de Shiko para o livro ‘O Quinze’. Ao lado a riqueza de detalhes de ‘Ingá’

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