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Um Ano Novo requer hábitos e sentimentos novos Dom Levi preside missas de Natal em instituições Missa em ação de graças pelos 80 anos da Catedral pág. 3 pág. 2 pág. 7 T ARQUIDIOCESE PALAVRA DO ARCEBISPO FIQUE POR DENTRO Foto: AFP Mensagem do papa semanal Edição 189ª - 31 de dezembro de 2017 www.arquidiocesedegoiania.org.br Dia Mundial da PAZ págs. 4 a 6 Estimular o medo contra os migrantes é semear a violência EDICAO 189 DIAGRAMACAO.indd 1 27/12/2017 17:03:23

Edição 189ª - 31 de dezembro de 2017 www ... missas de Natal em instituições Missa em ação de graças pelos 80 anos da Catedral pág. 2 pág. ... jamais desistirá de nos mostrar

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Um Ano Novo requerhábitos e sentimentos

novos

Dom Levi presidemissas de Natal em

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80 anos da Catedralpág. 3pág. 2 pág. 7

T ARQUIDIOCESEPALAVRA DO ARCEBISPO FIQUE POR DENTRO

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Mensagem do papa

semanalEdição 189ª - 31 de dezembro de 2017 www.arquidiocesedegoiania.org.br

Dia Mundial da

PAZpágs. 4 a 6

Estimular o medo contraos migrantes é semear

a violência

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A cada ano que se inicia no-vas expectativas e metas são traçadas para os próxi-mos 12 meses. São elabora-

das grandes listas das iniciativas que se pretende tomar, visando à melho-ria do nosso índice de desenvolvi-mento humano (medido por padrões econômico-fi nanceiros, educacionais e culturais, entre outros aspectos) e do "índice de felicidade".

O problema é que, para tanto, é preciso superar traços de personalidade limitantes, o que não é fácil, por demandar o autoconhecimento, a identifi cação de nossas virtudes e erros no ano passado. E, muitas vezes, as pessoas não conseguem identifi car onde erraram, atribuindo a culpa dos resultados indesejados ou dos sonhos sepultados unicamente às pessoas de sua convivência.

E é aí que mora o perigo, ou seja, o risco de não conse-guirmos sair do lugar em que estávamos no ano passado, de terminar o ano que deveria ser novo, sem avançar em ne-nhum aspecto da vida. A repetição de maus pensamentos e maus hábitos impede o nosso desenvolvimento em todas as dimensões da vida, principalmente as de natureza profi ssio-nal, familiar e espiritual e também de saúde.

Um fato simples, que nossa Casa Comum ensina todos os dias, foi lembrado por Jesus em suas pregações e está re-gistrado em muitas passagens do Evangelho: para se obter boa colheita, é preciso plantar boas sementes. E também não há como plantar a semente de um fruto e esperar que nasça outro. Então, se em 2018 continuarmos a conduzir nossa vida como o fi zemos em 2017, sem mudar a rota que percorremos, fazendo tudo igual, é certo que não conseguiremos atingir as metas traçadas para uma vida nova, no Ano Novo.

A nosso favor, temos a misericórdia de Deus, que nos en-viou o Redentor, para mostrar que tão importante quanto abandonarmos os caminhos de tentação, que nos levam a reincidir no erro, é amar o próximo como a nós mesmos. E, ainda, perdoar aqueles que nos têm ofendido quantas vezes for necessário, para gozarmos da Paz de Cristo e levar a Sua Paz ao mundo.

É urgente uma educação para a paz. Em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, 1º de janeiro, o papa Francisco refl ete sobre o motivo de haver tantos migrantes e refugia-dos no mundo. Ele explica que, infelizmente, até agora não houve uma mudança, de forma que os confl itos armados e outras formas de violência continuam causando o desloca-mento de populações, dentro dos países ou fora deles.

No entanto, apesar de tudo, não deixemos que o mundo nos vença. A esperança é a identidade dos cristãos. Nosso Pai jamais desistirá de nos mostrar o caminho para o seu Reino de Amor. Façamos a nossa parte, trabalhando duro para pôr em prática mudanças internas e externas, e tudo será possí-vel. Assim nos ensina o Mestre.

Um feliz e abençoado 2018 para todos.

A paz de Cristo esteja com todos!

Dezembro de 2017 Arquid iocese de Go iânia

PALAVRA DO ARCEBISPO2 PALAVRA DO ARCEBISPO2 PALAVRA DO ARCEBISPO2

Arcebispo de Goiânia: Dom Washington CruzBispos Auxiliares: Dom Levi Bonatto e Dom Moacir Silva Arantes

Fotogra� a: Rudger RemígioTiragem: 25.000 exemplaresImpressão: Grá� ca Moura

Contatos: [email protected] Fone: (62) 3229-2683/2673

Coordenadora de Comunicação: Eliane Borges (GO 00575 JP)Consultor Teológico: Pe. Warlen MaxwellJornalista Responsável: Fúlvio Costa (MTB 8674/DF)Redação: Fúlvio CostaRevisão: Jane GrecoDiagramação: Carlos HenriqueColaboração: Marcos Paulo Mota (Estudante deJornalismo/PUC Goiás)

DOM WASHINGTON CRUZ, CPArcebispo Metropolitano de Goiânia

EditorialPara o 51º Dia Mundial da Paz, ce-

lebrado neste 1º de janeiro de 2018, o papa Francisco direciona a sua tradi-cional Mensagem aos migrantes e refu-giados – homens e mulheres, crianças e idosos, que tiveram de deixar seus la-res em busca de uma vida mais digna e promissora, longe da violência. Pela sua importância, o Encontro Semanal apresenta a mensagem em três páginas repletas de ilustrações, inclusive na capa desta edição, que nos lembram a tristeza que muitos povos estão sofren-do por serem obrigados a deixar seus países de origem. Leia também neste

QUE 2018 SEJAUM ANO FELIZ EREALMENTE NOVO

número, na seção Palavra do Arce-bispo, os votos de Dom Washington Cruz, para que 2018 seja de fato um Ano Novo em nossas vidas. Traze-mos também a cobertura das missas de Natal presididas pelo bispo auxi-liar, Dom Levi Bonatt o, em órgãos públicos e instituições privadas; e a missa solene em ação de graças pelos 80 anos da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora (Catedral), presidida pelo bispo auxiliar, Dom Moacir Silva Arantes.

Boa leitura!

Aconteceu

Após presidir no dia 23, na Cape-la do Seminário Santa Cruz, a última Lectio Divina em preparação ao Natal do Senhor, Dom Washington Cruz ce-lebrou a Missa de Natal, na Catedral Metropolitana, na noite do dia 24. “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!” (Lc 2,10-11).

Assim começou sua homilia o arce-bispo, que comentou o trecho do Evan-gelho de Lucas que discorre sobre o Nascimento de Jesus. “O caminho que nos conduz ao presépio é o mesmo. Na simplicidade de uma casa de peri-feria, entre uma mãe e um pai, cheios de amor e de fé, brilha a estrela maior, Jesus Cristo”, afi rmou, comentando a humildade em que veio o Filho de Deus feito homem.

Dom Washington nos fez lembrar que o Natal, para ser o Natal do Se-nhor, precisa ser vivido de modo simples para ser rico de amor. Ele manifestou, também, o desejo de que a comunidade cristã se volte sempre para a Luz, para seja, no cotidiano, sal da terra.

Ater-se à simplicidade, entretan-to, foi a mensagem daquela véspera de Natal. “Na humildade do presé-pio, Deus se fez menino. No menino despido de todas as coisas, o mundo contemplou um Deus à mercê dos homens. É um rosto de Deus feito ho-

Dom Washington Cruz presideMissas da Noite e do Dia de Natal

mem como nós, afeito aos nossos li-mites de espaço e tempo, de calor e frio, de fome e satisfação, de alegria e de choro. Mas é o rosto de um ho-mem, que é Deus”. Depois da mis-sa, dezenas de crianças presentes na Catedral caminharam em procissão com a imagem do Menino Jesus que depois foi colocada no presépio e in-censada pelo arcebispo.

Natal do SenhorNa Missa do Dia de Natal, Dom

Washington disse que o povo de Deus estava naquela celebração para ouvir o grito da alegria e para ver, com os pastores, que a “Luz bri-lha nas trevas”. Ele também pediu que vivamos muito além de qual-quer emoção passageira. “O Natal é mais do que a habitual troca de palavras vazias, ou de presentes, por mais bonitos que eles sejam”. Ele também refl etiu que “a simpli-cidade do presépio partilha a nossa difi culdade de viver, para nos dar a todos a grande esperança de que há algo que pode mudar, e que só ele poderá fazê-lo conosco de forma radical”. Por fi m, Dom Washington lembrou que a humanidade aspi-ra à alegria da paz e o Menino, na sua fragilidade, aparecerá diante de todos os povos, como Deus forte e Príncipe da paz.

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“É urgente uma educaçãopara a paz”

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Missas de Natal são celebradasem órgãos públicos e instituições privadas

Nos dias 18, 19 e 21 de de-zembro, Dom Levi Bo-natt o, bispo auxiliar da Arquidiocese de Goiâ-

nia, presidiu Missas de Natal no Tribunal de Justiça (TJ) e no Minis-tério Público do Estado de Goiás (MPGO), na Santa Casa de Miseri-córdia de Goiânia e também na Cai-xa Econômica Federal. Foram cele-brações também de ação de graças pelo ano de 2017 e com a intenção de pedir bênçãos para o Ano Novo.

Dom Levi disse, em suas ho-milias, que há diversas formas de presentear Jesus, no Natal. Uma delas é fazer uma boa confi ssão e exercitar a comunhão frutuosa

com o arrependimento dos nossos pecados e dos nossos egoísmos”. Ele também ressaltou o verdadei-ro sentido do Natal, que é o nasci-mento de Cristo.

O bispo auxiliar falou também da graça que é celebrar a Santa Missa em ambientes de trabalho. “Quan-do celebramos a missa no lugar de trabalho, devemos cultivar no cora-ção a intenção de sermos melhores em nossas atividades, com nossos colegas e também na nossa família; antigamente não se celebrava missa no local de trabalho por causa da perseguição que os cristãos sofriam, mas hoje temos a graça de rezar nes-ses ambientes”, explicou.

Dom Levi também contou a his-tória da salvação por meio do natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Quan-do Jesus nasceu, uma senhora toda enrugada, que mais parecia uma bruxa, com uma corcunda enorme, entregou um presente ao Menino. Depois de dar o presente, ela levan-tou-se rejuvenescida, bela e aliviada de um enorme peso que a puxava para o chão. A senhora deu ao Me-nino uma maçã com duas mordidas: uma pequena (boca de mulher), ou-tra maior (boca de homem). Trata-va-se de Eva, que por séculos guar-dou aquele presente, sinal do seu pecado. A lição, conforme relatou o bispo é muito clara: “que bom seria se imitássemos aquela mulher. Que bom seria se depositássemos ao lado desse Menino, que desde sempre – faz vinte séculos – nos espera, todas as maçãs dos nossos pecados”.

A celebração no Tribunal de Jus-tiça de Goiás (TJGO) contou com a presença do desembargador Gilber-to Marques Filho e do corregedor--geral da Justiça, desembargador Walter Carlos Lemes. Representou o governador Marconi Perillo, o se-cretário da Casa Civil, José Carlos Si-queira; e o Tribunal de Contas Muni-cípios (TCM), o seu presidente, con-selheiro Joaquim de Castro. Delintro Belo de Almeida Filho, juiz substitu-to em segundo grau e diácono per-manente da Paróquia São Francisco, de Anápolis, agradeceu a Dom Levi, pela presença, em nome de todos os servidores do Tribunal de Justiça.

Ao fi nal da celebração no Minis-

tério Público, o procurador-geral de Justiça, Benedito Torres Neto, além de agradecer a presença do bispo, fa-lou também sobre a experiência que ele viveu quando visitou a Basílica da Natividade, em Belém. “Foi mui-to emocionante para mim visitar e ver o lugar onde Jesus nasceu. Pude perceber a presença de Deus ali”.

Na Santa Casa de Misericórdia, a superintendente geral, Dra. Irani Ribeiro de Moura, agradeceu a pre-sença dos funcionários da entidade e pediu que cada um desse o melhor de si para que cada pessoa que pas-se por ali seja acolhida e saia com a melhor impressão da entidade.

O professor Joel Gonçalves Men-des, internado no hospital para fazer uma cirurgia de ponte de sa-fena, disse que a celebração foi um presente de Deus. “Estou internado para fazer uma cirurgia de risco e preciso muito de orações. Participar dessa missa me deu muita força”.

A superintendente da Caixa Eco-nômica Federal de Goiás, Marise Fernandes Araújo, afi rmou ser uma graça de Deus celebrar o Natal de Je-sus com a sua segunda família. Na ocasião, ela agradeceu a Dom Levi por ter aceitado o convite para presi-dir a Santa Missa, e expressou o de-sejo de que Nossa Senhora o acom-panhe sempre em seu ministério.

As celebrações no Tribunal de Justiça e no Ministério Público do Estado de Goiás fazem parte do calendário anual de atividades da União dos Juristas Católicos de Goiânia (UNIJUC).

Presente ao Menino JesusMissa no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás

Dom Levi preside missa de Natal, na SantaCasa de Misericórdia de Goiânia

Missa na Caixa Econômica Federal de Goiânia Dom Levi com membros da União dos JuristasCatólicos de Goiânia (UNIJUC)

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Paz a todas as pessoas e a todas as nações da terra! A paz, que os an-jos anunciam aos pastores na noite de Natal, é uma aspiração profun-da de todas as pessoas e de todos os povos, sobretudo de quantos pade-cem mais duramente pela sua falta. Dentre estes, que trago presente nos meus pensamentos e na minha oração, quero recordar de novo os mais de 250 milhões de migrantes no mundo, dos quais 22 milhões e meio são refugiados. Estes últimos, como afi rmou o meu amado pre-decessor Bento XVI, “são homens e mulheres, crianças, jovens e idosos que procuram um lugar onde viver em paz”. E, para o encontrar, mui-tos deles estão prontos a arriscar a vida numa viagem que se revela, em grande parte dos casos, longa e perigosa, a sujeitar-se a fadigas e sofrimentos, a enfrentar arames farpados e muros erguidos para os manter longe da meta.

Com espírito de misericórdia, abraçamos todos aqueles que fo-gem da guerra e da fome ou se veem constrangidos a deixar a própria terra por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental.

Estamos cientes de que não bas-ta abrir os nossos corações ao so-frimento dos outros. Há muito que fazer antes de os nossos irmãos e ir-mãs poderem voltar a viver em paz numa casa segura. Acolher o outro

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444 CAPA

Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de paz

requer um compromisso concreto, uma corrente de apoios e benefi cên-cia, uma atenção vigilante e abran-gente, a gestão responsável de novas situações complexas que às vezes se vêm juntar a outros problemas já existentes em grande número, bem como recursos que são sempre limi-

tados. Praticando a virtude da pru-dência, os governantes saberão aco-lher, promover, proteger e integrar, estabelecendo medidas práticas, “nos limites consentidos pelo bem da própria comunidade retamen-te entendido, [para] lhes favorecer a integração”. Os governantes têm

uma responsabilidade precisa para com as próprias comunidades, de-vendo assegurar os seus justos direi-tos e desenvolvimento harmônico, para não serem como o construtor insensato que fez mal os cálculos e não conseguiu completar a torre que começara a construir.

Na mensagem para idêntica ocor-rência no Grande Jubileu pelos 2 mil anos do anúncio de paz dos anjos em Belém, São João Paulo II incluiu o número crescente de refugiados entre os efeitos de “uma sequência infi nda e horrenda de guerras, con-fl itos, genocídios, “limpezas étnicas” que caracterizaram o século XX. E até agora, infelizmente, o novo sécu-lo não registrou uma verdadeira vi-ragem: os confl itos armados e as ou-tras formas de violência organizada continuam a provocar deslocações de populações no interior das fron-teiras nacionais e para além delas.

Todavia, as pessoas migram tam-bém por outras razões, sendo a pri-meira delas “o desejo de uma vida melhor, unido muitas vezes ao inten-to de deixar para trás o “desespero” de um futuro impossível de cons-truir”. As pessoas partem para se juntar à própria família, para encon-trar oportunidades de trabalho ou de instrução: quem não pode gozar des-ses direitos, não vive em paz. Além disso, como sublinhei na Encíclica Laudato si’, “é trágico o aumento de migrantes em fuga da miséria agra-vada pela degradação ambiental”.

A maioria migra seguindo um percurso legal, mas há quem tome outros caminhos, sobretudo por causa do desespero, quando a pá-tria não lhes oferece segurança nem

Por que há tantos refugiados e migrantes?

oportunidades, e todas as vias legais parecem impraticáveis, bloqueadas ou demasiado lentas.

Em muitos países de destino, ge-neralizou-se largamente uma retó-rica que enfatiza os riscos para a se-gurança nacional ou o peso do aco-lhimento dos recém-chegados, des-prezando assim a dignidade huma-

Votos de paz

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na que se deve reconhecer a todos, como fi lhos e fi lhas de Deus. Quem fomenta o medo contra os migran-tes, talvez com fi ns políticos, em vez de construir a paz, semeia violência, discriminação racial e xenofobia, que são fonte de grande preocupação para quantos têm a peito a tutela de todos os seres humanos.

Todos os elementos à disposição da comunidade internacional indi-cam que as migrações globais con-tinuarão a marcar o nosso futuro. Alguns consideram-nas uma amea-ça. Eu, pelo contrário, convido-vos a vê-las com um olhar repleto de confi ança, como oportunidade para construir um futuro de paz.

Papa Francisco lavando os pés de 12 refugiados na Missa da Ceiado Senhor, em 2016, na cidade de Castelnuovo di Porto, que

abriga os refugiados que chegam à Itália

Guerra Civil na Síria já matou mais de 250 mil pessoas e provocouo deslocamento de outras 5,5 milhões, o que corresponde

a um quinto da população do país

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CAPA

Dezembro de 2017Arquid iocese de Go iânia

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Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de pazA sabedoria da fé nutre esse olhar,

capaz de intuir que todos pertence-mos “a uma só família, migrantes e populações locais que os recebem, e todos têm o mesmo direito de usu-fruir dos bens da terra, cujo destino é universal, como ensina a doutri-na social da Igreja. Aqui encontram fundamento a solidariedade e a par-tilha”. Essas palavras propõem-nos a imagem da nova Jerusalém. O li-vro do profeta Isaías (cap. 60) e, em seguida, o Apocalipse (cap. 21) des-crevem-na como uma cidade com as portas sempre abertas, para deixar entrar gente de todas as nações, que a admira e enche de riquezas. A paz é o soberano que a guia, e a justiça o princípio que governa a convivência dentro dela.

Precisamos de lançar, também sobre a cidade onde vivemos, esse olhar contemplativo, “isto é, um olhar de fé que descubra Deus que habita nas suas casas, nas suas ruas, nas suas praças (...), promovendo a solidariedade, a fraternidade, o de-sejo de bem, de verdade, de justiça”, por outras palavras, realizando a promessa da paz.

Detendo-se sobre os migrantes e os refugiados, esse olhar saberá

descobrir que eles não chegam de mãos vazias: trazem uma baga-gem feita de coragem, capacidades, energias e aspirações, para além dos tesouros das suas culturas na-tivas, e deste modo enriquecem a vida das nações que os acolhem. Saberá vislumbrar também a cria-tividade, a tenacidade e o espírito de sacrifício de inúmeras pessoas, famílias e comunidades que, em todas as partes do mundo, abrem a

porta e o coração a migrantes e re-fugiados, inclusive onde não abun-dam os recursos.

Esse olhar contemplativo saberá, enfi m, guiar o discernimento dos responsáveis governamentais, de modo a impelir as políticas de aco-lhimento até ao máximo dos “limi-tes consentidos pelo bem da própria comunidade retamente entendido”, isto é, tomando em consideração as exigências de todos os membros da

única família humana e o bem de cada um deles.

Quem estiver animado por esse olhar será capaz de reconhecer os rebentos de paz que já estão a des-pontar e cuidará do seu crescimen-to. Transformará assim em canteiros de paz as nossas cidades, frequen-temente divididas e polarizadas por confl itos que se referem preci-samente à presença de migrantes e refugiados.

Oferecer a requerentes de asilo, refugiados, migrantes e vítimas de tráfi co humano uma possibilidade de encontrar aquela paz que andam à procura, exige uma estratégia que combine quatro ações: acolher, pro-teger, promover e integrar.

Quatro pedras miliárias para a ação

“Acolher” faz apelo à exigência de ampliar as possibilidades de en-trada legal, de não repelir refugia-dos e migrantes para lugares onde os aguardam perseguições e violên-cias, e de equilibrar a preocupação pela segurança nacional com a tute-

la dos direitos humanos fundamen-tais. Recorda-nos a Sagrada Escritu-ra: “Não vos esqueçais da hospitali-dade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos”.

“Proteger” lembra o dever de reconhecer e tutelar a dignidade in-violável daqueles que fogem dum perigo real em busca de asilo e segu-rança, de impedir a sua exploração. Penso de modo particular nas mu-lheres e nas crianças que se encon-tram em situações onde estão mais expostas aos riscos e aos abusos que chegam até ao ponto de as tornar escravas. Deus não discrimina: “O Senhor protege os que vivem em terra estranha e ampara o órfão e a viúva”.

“Promover” alude ao apoio para o desenvolvimento humano integral de migrantes e refugiados. Dentre os numerosos instrumentos que podem ajudar nessa tarefa, desejo sublinhar a importância de assegu-rar às crianças e aos jovens o acesso

a todos os níveis de instrução: des-se modo poderão não só cultivar e fazer frutifi car as suas capacidades, mas estarão em melhores condições também para ir ao encontro dos ou-tros, cultivando um espírito de diá-logo e não de fechamento ou de con-fl ito. A Bíblia ensina que Deus “ama o estrangeiro e dá-lhe pão e vestuá-rio”; daí a exortação: “Amarás o es-trangeiro, porque foste estrangeiro na terra do Egito”.

Por fi m, “integrar” signifi ca per-mitir que refugiados e migrantes participem plenamente na vida da sociedade que os acolhe, numa di-nâmica de mútuo enriquecimento e fecunda colaboração na promoção do desenvolvimento humano inte-gral das comunidades locais. “Por-tanto – como escreve São Paulo – já não sois estrangeiros nem imigran-tes, mas sois concidadãos dos santos e membros da casa de Deus”.

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Continua na pág. 6

Com olhar contemplativo

No campo de Moria, na ilha grega de Lesbos, o papa Francisco pedeaos refugiados que não percam a esperança. Abril de 2016

Papa Francisco visita campo de refugiados na RepúblicaCentro Africana. Novembro de 2015

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Dezembro de 2017 Arquid iocese de Go iânia

6 CAPA

Vaticano, 13 de novembro – Memória deSanta Francisca Xavier Cabrini, Padroeira

dos migrantes – de 2017

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Almejo do fundo do coração que seja este espírito a animar o proces-so que, no decurso de 2018, levará à defi nição e aprovação por parte das Nações Unidas de dois pactos glo-bais: um para migrações seguras, or-denadas e regulares; outro, referido aos refugiados. Enquanto acordos partilhados em nível global, esses pactos representarão um quadro de referência para propostas políticas e medidas práticas. Por isso, é impor-

Inspiram-nos as palavras de São João Paulo II: “Se o ‘sonho’ de um mundo em paz é partilhado por tantas pessoas, se se valoriza o contributo dos migrantes e dos re-fugiados, a humanidade pode tor-nar-se sempre mais família de to-dos e a nossa terra uma real “casa comum”. Ao longo da história, muitos acreditaram nesse ‘sonho’ e as suas realizações testemunham que não se trata duma utopia irre-alizável.

Entre eles, conta-se Santa Fran-cisca Xavier Cabrini, cujo cente-nário do nascimento para o Céu ocorre em 2017. Hoje, dia 13 de novembro, muitas comunidades eclesiais celebram a sua memória. Essa pequena grande mulher, que

Uma proposta para dois Pactos internacionais

Em prol danossa casacomum

tante que sejam inspirados por sen-timentos de compaixão, clarividên-cia e coragem, de modo a aproveitar todas as ocasiões para fazer avançar a construção da paz: só assim o ne-cessário realismo da política inter-nacional não se tornará uma capitu-lação ao cinismo e à globalização da indiferença.

De fato, o diálogo e a coordena-ção constituem uma necessidade e um dever próprio da comunidade

consagrou a sua vida a serviço dos migrantes tornando-se depois a sua Padroeira celeste, ensinou-nos como podemos acolher, proteger, promover e integrar estes nossos

internacional. Mais além das fron-teiras nacionais, é possível também que países menos ricos possam aco-lher um número maior de refugia-dos ou acolhê-los melhor, se a coo-peração internacional lhes disponi-bilizar os fundos necessários.

A Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do De-senvolvimento Humano Integral su-geriu 20 pontos de ação como pistas concretas para a implementação dos

irmãos e irmãs. Pela sua interces-são, que o Senhor nos conceda a todos fazer a experiência de que “o fruto da justiça é semeado em paz por aqueles que praticam a paz”.

supramencionados quatro verbos nas políticas públicas e também na conduta e ação das comunidades cristãs. Essas e outras contribuições pretendem expressar o interesse da Igreja Católica pelo processo que le-vará à adoção dos referidos pactos globais das Nações Unidas. Um tal interesse confi rma uma vez mais a solicitude pastoral que nasceu com a Igreja e tem continuado em muitas das suas obras até aos nossos dias.

“O Senhor confi a ao amor materno da Igreja cada ser humano forçado a deixar a sua pátria

à procura de um futuro melhor”.(Trecho da Mensagem do papa para o Dia Mundial do

Migrante e do Refugiado a ser celebrado nodia 14 de janeiro de 2018.)

Crianças sírias refugiadas no Brasil publicamlivros contando suas histórias e sonhos

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Dezembro de 2017Arquid iocese de Go iânia

7FIQUE POR DENTRO

Catedral Metropolitana80 anos semeando fé, amor e esperança

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aas. “Em tudo Deus se faz presente e sempre arranja um modo de tirar um bem até mesmo de um mal que nós provocamos. As igrejas constru-ídas também são sinais do amor de Deus”, disse o bispo. “Quando nós nos reunimos para agradecer os 80 anos da existência desta paróquia, entendemos que Deus olhou para uma porção deste povo e quis fazer dela um sinal. Quis fazer deste espa-ço um lugar do encontro com ele”, disse, referindo-se à Catedral.

A importância de uma paróquia, segundo o bispo, tem uma expli-cação muito simples: “Cada igreja, cada lugar sagrado, é uma realidade fi ncada neste mundo onde vivem os homens e, por meio dela, nós entra-mos para conhecer, experimentar e

A missa presidida pelo bis-po auxiliar de Goiânia, Dom Moacir Silva Aran-tes, na noite do dia 22 de

dezembro, selou as celebrações pe-los 80 anos de criação da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora e pelos 50 anos da Dedicação do templo, que começaram com as novenas, no mês de outubro. Foi uma noite fes-tiva que reuniu a comunidade para dar graças a Deus pela presença des-ta paróquia, a primeira de Goiânia, no centro da cidade.

Dom Moacir fez uma refl exão sobre o sentido da comunidade paroquial, destacando a bondade de Deus na vida de tantas pesso-

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ansiar pelo mundo de Deus que já começa aqui, mas não se esgota nes-ta realidade”. É ainda importante a presença da paróquia – continuou – “porque é daqui que se derramam, desde o altar, as bênçãos e as graças de Deus que nos nutrem para viver-mos lá fora, sem nos desviarmos de um propósito de felicidade”.

Dom Moacir fi nalizou ilustrando como é importante a consciência do valor de uma comunidade paroquial. “Três pedreiros trabalhavam em uma mesma construção. Questionados so-bre o que faziam, o primeiro respon-

deu que carregava pedras; o segundo que fazia uma construção; e o terceiro explicou que erguia uma grande Ca-tedral na qual as pessoas pudessem entrar para conhecer, aprender a amar e a servir a Deus que lhes dará um dia um lugar no céu. “Três pessoas fazem a mesma coisa, do mesmo modo, mas não com o mesmo entendimento. Isso vai nos ajudar a perceber que nós so-mos essas pedras vivas da nossa igre-ja. Enquanto essa compreensão em nós não amadurecer, nós não conse-guiremos fl orescer como Deus dese-ja”, concluiu.

Após a celebração, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Co-municações, por meio da diretoria regional dos Correios em Goiás, lançou o Selo comemorativo dos 80 anos de criação da paróquia, que foi obliterado por Dom Moacir; pelo pároco da Catedral, mons. Daniel Lagni; e pelos pa-roquianos: Nilda Rezende, Maria Aparecida Viana, Antônio Afonso Ferrei-ra e Zaqueu Araújo Silva.

Selo comemorativo

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Viemos do Oriente adorar o Rei

Dezembro de 2017 Arquid iocese de Go iânia

Siga os passos para a leitura orante:

8 LEITURA ORANTE

THIAGO MARTINS BORGES (SEMINARISTA)Seminário Interdiocesano São João Maria Vianney

Tendo celebrado a solenidade da Santa Mãe de Deus, vemos que, por meio de Maria, houve a gran-de manifestação de Cristo, o Rei

dos reis, à humanidade, cumprimento da promessa de Deus, que trouxe nova esperança e alegria aos povos. Que trou-xe uma nova forma de se alegrar, funda-mentada na paz e na unidade por meio da Palavra. Essa verdadeira felicidade só é encontrada em Cristo, e felizes foram os Magos, representantes dos povos pagãos, que fi zeram essa experiência de adorar o Messias. Mas, alegria deles não contagiou Herodes que “fi cou perturbado” (Mt 2,3).

A humanidade pagã tem consigo o novo Rei que nasceu e vive uma alegria espiritual e é chamada à fé, isto é, a se li-bertar das trevas, sendo iluminada pela nova luz e, por isso, já pode adorar o Cris-

to que “fez conhecer a salvação” (Sl 97,2). Agora, cabe a ela testemunhá-lo e, ao con-trário de Herodes, fazê-lo reinar em todas as nações.

Para muitas pessoas, o Messias já reve-lado ainda não chegou, mas para outras ainda não foi apresentado. Por isso, cabe a nós, fi lhos da Luz, que já o conhecemos, anunciá-lo para assim podermos partilhar com as outras pessoas essa mesma alegria que sentiram os Magos e sermos também iluminadores das nações.

ESPAÇO CULTURAL

Sugestão de leituraA presente publicação é uma das obras-primas de Joseph Ratzinger, o papa emérito Bento XVI. Trata-se de um volume especial que aborda a � gura e a mensagem de Jesus de Nazaré. No texto, o autor procura in-terpretar aquilo que Mateus e Lucas narram sobre a infância de Jesus, no início dos seus Evangelhos. Dividido em quatro capítulos e o epí-logo, o livro começa com o interrogatório de Pilatos a Jesus: “De onde és Tu?” (Jo 19,9) – a pergunta sobre a origem de Jesus, como questão, acerca do seu ser e da sua missão. E segue com a infância do Menino desde o anúncio do nascimento, passando pela adoração dos Magos e Jesus no Templo, aos 12 anos de idade. O próprio Ratzinger, no entan-to, deixa claro que a obra não poderá jamais dar-se por completo e que toda interpretação � ca aquém da grandeza do texto bíblico.

Autor: Joseph Ratzinger (Papa emérito Bento XVI)Onde encontrar: Internet e livrarias católicasValor estimado: R$ 36,00

Texto para oração: Mt 2,1-12 (página 1202 – Bíblia das Edições CNBB)

1. Procure um lugar tranquilo e agradável que favoreça a oração. Faça o sinal da Cruz e invoque o Espírito Santo.

2. Leia o texto bíblico quantas vezes for necessário, buscando saborear as palavras que mais lhe chamou atenção, identifi cando os elementos importantes.

3. Medite a Palavra de Deus: busque descobrir o que o texto diz. Que frase, palavra tocou o seu coração? O que o texto diz a você?

4. Reze com a Palavra de Deus: a meditação deve nos levar à oração. É o momento de responder a Deus com a oração. Converse com Deus.

5. Contemple a Palavra: é o momento que pertence a Deus, basta-nos apenas permanecer em silêncio dian-te da sua presença misteriosa. E deixar-se abandonar em Deus e deixá-lo agir. Adore ao Senhor.

6. Pergunte-se: o que Deus me propõe nesse texto? Qual caminho estou seguindo para viver a verdadei-ra alegria?

(Solenidade da Epifania – Ano B. Liturgia da Palavra: Is 60,1-6; Sl 71,1-2.7-8.10-11.12-13 (R/cf. 11); Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12)

‘‘Sentiram uma alegria muito grande’’ (Mt 2,10)

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