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C NT ENTREVISTA COM CLEDORVINO BELINI , PRESIDENTE DA ANFAVEA ANO XVIII NÚMERO 203 AGOSTO 2012 TRANSPORTE ATUAL EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT TRANSPORTE ATUAL Conferência da ONU deixa inúmeros desafios ambientais, entre eles a necessidade de se implantar o transporte sustentável Conferência da ONU deixa inúmeros desafios ambientais, entre eles a necessidade de se implantar o transporte sustentável Hora de agir Conferência da ONU deixa inúmeros desafios ambientais, entre eles a necessidade de se implantar o transporte sustentável

Edição 203

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Hora de agir: Conferência da ONU deixa inúmeros desafios ambientais, entre eles a necessidade de se implantar o transporte sustentável

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Page 1: Edição 203

CNT

ENTREVISTA COM CLEDORVINO BELINI, PRESIDENTE DA ANFAVEA

ANO XVIII NÚMERO 203AGOSTO 2012

T R A N S P O R T E A T U A L

EDIÇÃO INFORMATIVADA CNT

T R A N S P O R T E A T U A L

Conferência da ONU deixa inúmeros desafios ambientais, entre eles a necessidade de se implantar o transporte sustentável

Conferência da ONU deixa inúmeros desafios ambientais, entre eles a necessidade de se implantar o transporte sustentável

Hora de agirConferência da ONU deixa inúmeros desafios ambientais, entre eles a necessidade de se implantar o transporte sustentável

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CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 20124

REPORTAGEM DE CAPA

ANO XVIII | NÚMERO 203 | AGOSTO 2012

CNTT R A N S P O R T E A T U A L

CAPA Cynthia Castro

Cledorvino Belinianalisa a indústria de veículos

PÁGINA 8

ENTREVISTA

Evento debateu osdesafios do transporteno Norte do país

PÁGINA 44

TRANSPO AMAZÔNIA

Representantes de 18países se reuniramem Manaus

PÁGINA 48

ASSEMBLEIA CIT

CULTURA NO TREM

Transbaião leva asfestas juninas para o interior da Bahia

PÁGINA 52

MARINHEIRO-ESCRITOR • Conheça ahistória de Joilson Maia, o marinheiro de Una (BA) que já tem 14 livros publicados

PÁGINA 36

A importância do transporte sustentável foi tema de diversosdebates na Rio+20; durante 12 dias, a reportagem da revista CNTTransporte Atual acompanhou as discussões, paralelas e oficiais,da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável

Página 18

CONSELHO EDITORIALBernardino Rios PimBruno BatistaEtevaldo Dias Lucimar CoutinhoTereza PantojaVirgílio Coelho

EDITORA RESPONSÁVEL

Vanessa Amaral

[[email protected]]

EDITOR-EXECUTIVO

Americo Ventura

[[email protected]]

FALE COM A REDAÇÃO(61) 3315-7000 • [email protected] SAUS, quadra 1 - Bloco J - entradas 10 e 20 Edifício CNT • 10º andar CEP 70070-010 • Brasília (DF)

ESTA REVISTA PODE SER ACESSADA VIA INTERNET:www.cnt.org.br | www.sestsenat.org.br

ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:[email protected]

Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do

1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053.

Tiragem: 40 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT

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CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 2012 5

Terminal completa um ano com bons resultados

PÁGINA 62

PORTO ITAPOÁ

Alexandre Garcia 6

Duke 7

Mais Transporte 12

Boletins 72

Debate 78

Opinião 81

Cartas 82

SeçõesSEMINÁRIO

Novas regras da profissão demotorista em pauta

PÁGINA 66

SEST SENAT

Unidades sãoinauguradas no Ceará e no Maranhão

PÁGINA 70

AVIAÇÃO • Tendência mundial de fusão entre companhias aéreas reduz a concorrência dentro do país, mas garante serviços mais eficientes

PÁGINA 56Ao longo de quase duas décadas, o Prêmio CNT deJornalismo registrou os principais fatos que marcaram o setor de transporte e já distribuiu quase R$ 1 milhão emprêmios. Em reportagem especial, a Agência CNT deNotícias resgatou o histórico

do prêmio, conversou com os maiores vencedores – nove profissionais ganharammais de uma vez – e apurou algumas curiosidades sobre amaior premiação jornalísticado setor de transporte no país. Confira:http://www.cnt.org.br/paginas/Agencia_Noticia.aspx?n=8381

HISTÓRIA DO TRANSPORTE

O portal disponibiliza todas as ediçõesda revista CNT Transporte Atual

www.cnt.org.br

As inscrições para o 19º PrêmioCNT de Jornalismo estão abertasaté o dia 27 de agosto. No total, R$ 90 mil serão distribuídos aosvencedores das cinco categorias –Impresso, TV, Rádio, Internet e Fotografia - e do Prêmio Especialde Meio Ambiente e Transporte. ACNT preparou um site especialcom dados sobre o prêmio, respos-tas às dúvidas mais frequentes, re-gulamento, inscrições e notícias. Osite ainda tem seção sobre as edições anteriores com vídeos, galeria de fotos e lista dos trabalhos vencedores. Faça uma visita: www.cnt.org.br/premiocnt

PRÊMIO CNT DE JORNALISMO 2012

Programa Despoluir• Conheça os projetos• Acompanhe as notícias sobre

meio ambiente

Canal de Notícias• Textos, álbuns de fotos, boletins

de rádio e matérias em vídeosobre o setor de transporte no Brasil e no mundo

Escola do Transporte• Conferências, palestras e

seminários• Cursos de Aperfeiçoamento• Estudos e pesquisas• Biblioteca do Transporte

Sest Senat• Educação, Saúde, Lazer

e Cultura• Notícias das unidades• Conheça o programa de

Enfrentamento à ExploraçãoSexual de Crianças e Adolescentes

E MAIS

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rasília (Alô) - Segundo o Ministério doTurismo, o Brasil recebeu 5,5 milhões deestrangeiros no ano passado. A estatís-tica inclui turismo e negócios. Só paracomparar, a Torre Eiffel recebe 6 mi-lhões de visitantes por ano, e a Espanha

recebeu 56 milhões no ano passado. A Espanhatem 46 milhões de habitantes. Em proporção àpopulação, seria como se o Brasil recebesse240 milhões de turistas por ano! Chocante,não? Em belezas naturais, não perdemos para aEspanha. Perdemos em História, em monumen-tos, em museus. E perdemos em estradas. Jápercorri as estradas da Espanha três vezes.Sem perigos, sem pistas ruins, sempre com umrefúgio para admirar alguma beleza. Ver Gibral-tar do alto, por exemplo, com a África ao fundo.E também há boas opções aéreas e ferroviá-rias. Os aeroportos funcionam e num TGV entreMadri e Bilbao, porque atrasou 12 minutos, re-cebi de volta uns 30% do preço da passagem.

Conto essas historinhas para fazer pensar so-bre o imenso potencial que estamos desperdiçan-do. A maior parte dos nossos visitantes vem daArgentina e todos os anos temos notícias de mor-tes de argentinos em acidentes. No maravilhosoNordeste, de mar tépido e água de coco, uma vezpor outra se tem notícia de assaltos a ônibus queforam apanhar turistas no aeroporto. A propósito,os nossos aeroportos não são exatamente umportal de boas-vindas aos que estão habituadoscom serviços civilizados. No Rio, explodem buei-ros atingindo turistas, que são esfaqueados na

praia, onde a areia está cheia de lixo, e a água re-cebe esgoto. O barulho é o que mais choca. Empaís civilizado, o som da praia é o som do mar. Es-sas vítimas não voltam mais e aconselham osamigos a irem para outro lugar. E temos o turismosexual, que se concentra no litoral. Pode-se notar,de algum modo, a diferença de nível entre o turis-ta que frequenta certas praias e os que preferema Amazônia, o Pantanal e Foz do Iguaçu.

Agora imagine o quanto a Espanha faturacom 56 milhões de turistas. E pense no que es-tamos deixando de faturar. Num país deste ta-manho, temos que ter, em primeiro lugar, estru-tura de transportes. A palavra da moda, agora, éa Copa do Mundo, como se o campeonato fossea grande oportunidade para atrair visitantes. Eestamos esquecendo do óbvio, que a oportuni-dade está entre nós, todos os dias, e a cada diaque passa nós a perdemos. Portos, aeroportos,rodovias, ferrovias – tudo parece estar à esperado despertar do gigante adormecido.

A falta de segurança nas rodovias e a bagunçaem muitas cidades turísticas espantam até ospróprios brasileiros, que poderiam estimular o tu-rismo interno, como faz, por exemplo, a SerraGaúcha, e forjar uma boa base para atrair estran-geiros. Neste ano, quase meio milhão de brasilei-ros vão visitar a Espanha. Nas contas do BancoCentral, no ano passado, os turistas estrangeirosgastaram aqui 6,7 bilhões de dólares. E os brasi-leiros deixaram no exterior 21,2 bilhões de dólares– três vezes mais. Investir na infraestrutura detransporte é ganhar até no turismo.

B

“Portos, aeroportos, rodovias, ferrovias – tudo parece estar à espera do despertar do gigante adormecido”

Nas águas do desperdício

ALEXANDRE GARCIA

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CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 2012 7

Duke

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ENTREVISTA CLEDORVINO BELINI - PRESIDENTE DA ANFAVEA

Impactada pela redução davenda de veículos nos pri-meiros meses deste ano, aindústria automobilística

brasileira ainda aguarda os re-sultados das medidas de incen-tivo adotadas pelo governo fe-deral para recuperar as vendas,principalmente no segmento deveículos pesados.

De acordo com CledorvinoBelini, presidente da Anfavea(Associação Nacional dos Fabri-cantes de Veículos Automoto-res) e do Sinfavea (Sindicato Na-cional da Indústria de Tratores,Caminhões, Automóveis e Veícu-los Similares), se por um lado aredução das taxas e a expansãodos prazos do Procaminhoneiroe do PSI (Programa de Sustenta-ção do Investimento) ainda nãoforam suficientes para equili-brar o mercado de pesados, poroutro a redução do IPI (Impostosobre Produtos Industrializa-

dos) e do IOF (Imposto sobreOperações Financeiras) para osveículos leves fez com que amédia diária de emplacamentosem junho superasse as 17 milunidades. “Esperamos que até ofinal de agosto as medidas redu-zam os estoques e que, commaior força da economia no se-gundo semestre, o ritmo domercado possa ser retomado enormalizado o nível de produ-ção”, afirma.

Aos 60 anos, Belini é mestreem finanças pela USP (Universi-dade de São Paulo) e possui MBApelo programa FDC/Insead, umaparceria entre a Fundação DomCabral e a escola de negócioseuropeia. Ele foi diretor de com-pras da Fiat Automóveis, de 1987a 1993, e, a partir de 1994, foi di-retor-comercial e diretor-geralda empresa. Em fevereiro de2004, assumiu o cargo de presi-dente da Fiat Automóveis para a

América Latina e, no ano seguin-te, a presidência do grupo Fiatpara a América Latina. Desde2009, é membro do ConselhoExecutivo do Fiat Group, a maiselevada instância mundial decomando do grupo. O executivoainda integra o Conselho Supe-rior Estratégico da Fiesp (Fede-ração das Indústrias do Estadode São Paulo) e o InternationalAdvisory Board, da FundaçãoDom Cabral. Acompanhe a se-guir os principais trechos da en-trevista à revista CNT Trans-porte Atual.

Como está o mercado devenda de caminhões depois daimplantação da fase P7 doProconve em 1º de janeiro?

No período janeiro-maio fo-ram vendidos 59,6 mil cami-nhões, retração de 12,5% em rela-ção a igual período de 2011. Asquedas mais acentuadas estão

nos segmentos de caminhões se-mipesados (13%) e de pesados(21%). Temos que levar em contaduas considerações sobre essaqueda: em primeiro lugar, não épossível saber, com os dados dis-poníveis, quantos desses cami-nhões são P7 e quantos são P5,visto ainda ser possível a vendade caminhões produzidos até 31de dezembro do ano passado (é ochamado “estoque de passa-gem”). Portanto, o mais correto éesperar o comportamento a par-tir do segundo semestre, quandoestarão à venda exclusivamentecaminhões P7. Em segundo lugar,em 2011, foram vendidos 173 milcaminhões, 10% de acréscimo so-bre 2010, uma venda recorde. De-pois do pico de vendas, verifica-se redução de investimentos nosprimeiros cinco meses do ano. Hátambém o fator crédito. As medi-das de estímulo até o momentonão chegaram plenamente ao

“O que o país precisa é tornar-se competitivo, com mais eficiênciadesoneração da produção, carga tributária e eliminação do

Mercado em adPOR LIVIA CEREZOLI

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de sua infraestrutura, chamado custo Brasil”

mercado. Mas, para além dessemomento conjuntural do merca-do e da própria economia brasi-leira, espera-se que sejam reto-mados níveis de atividade econô-mica e, consequentemente, asperspectivas de movimentaçãode cargas e de expansão das fro-tas. Em médio e longo prazos, omercado de caminhões tem po-tencial, considerando-se que aeconomia estabilizada e em ex-pansão gerará mais investimen-tos em produção. O modal rodo-viário deverá continuar majoritá-rio nos próximos anos.

Em todo o Brasil, apenas4.200 postos estão venden-do o S-50. O combustívelmais limpo também tem umpreço mais elevado. Qual oimpacto disso na venda dosnovos caminhões?

A P7 foi adotada conforme a le-gislação ambiental do país, elevan-

do custos para todos os elos da ca-deia: fabricantes de veículos, for-necedores e distribuidores de com-bustível e transportadores. São ca-minhões com novas tecnologias,novo diesel e novo sistema de dis-tribuição. Todos esses atores en-frentam alguma dificuldade nestafase de transição. No que se refereespecificamente aos caminhões,promoveram-se melhorias tecnoló-gicas gerais nos veículos novos daetapa P7, reduzindo manutenção eaumentando ganhos de produtivi-dade em suas operações.

Em todo o mundo, surgemvárias alternativas de veículosmenos poluentes, como os hí-bridos e os elétricos. Devidoaos preços cobrados, no Brasilainda é baixíssimo o volume devenda desse tipo de veículo. Oque impede o país de partici-par desse novo mercado?

A viabilidade técnica e econô-

mica dos veículos elétricos aindaestá sendo testada no mundo. Háo problema dos elevados custosde produção e da baixa autono-mia operacional das baterias. Aintrodução dos veículos elétricosno Brasil deve depender, antes detudo, de marco legal que inclua aeletricidade na matriz energéticaveicular no país. Quando se pensaem veículo elétrico, deve-se pen-sar no desenvolvimento de todauma nova cadeia econômica, des-de a geração e distribuição deenergia para tal finalidade até aprodução. Veículo elétrico em lon-ga escala deve ser esperado combase em política de Estado.

Qual o planejamento dasmontadoras para a implanta-

ção de novas tecnologias emveículos leves e pesados queauxiliem na redução da emis-são de poluentes pelo setorde transporte? Existe um pra-zo para a implantação?

No caso das emissões veicu-lares, a legislação brasileira pa-ra os veículos leves e para os pe-sados já se equipara à legislaçãoeuropeia, por exemplo. No quese refere aos leves, um automó-vel produzido atualmente nopaís emite 28 vezes menos queum veículo fabricado no finaldos anos 80. Em outras palavras,seriam necessários 28 veículosatuais para gerar o mesmo nívelde emissões de um veículo dosanos 80. E quanto aos pesados, aP7 representa uma redução de

PEDRO DIAS/DIVULGAÇÃO

aptação

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96,3% das emissões de materialparticulado e de 87,3% de óxi-dos de nitrogênio em relação aum caminhão dos anos 80. Osveículos pesados iniciaram emjaneiro a nova etapa P7, com aadoção de novas tecnologias; osveículos leves do ciclo Otto en-tram em nova etapa (a L6) a par-tir de 2014, com limites mais ri-gorosos de emissões veiculares.

No Brasil, os preços dosveículos novos são significati-vamente maiores que os prati-cados em países vizinhos que,em alguns casos, nem pos-suem montadoras (como é ocaso do Paraguai). Qual a ex-plicação para isso e como re-verter esse cenário?

É preciso tomar cuidadoquando se comparam preços deveículos, país a país. Em primei-ro lugar, você tem os custos defabricação, que variam confor-me os custos das contribuiçõespara a produção, como salários,remunerações indiretas e dire-tas para o pessoal, custo do ca-pital, custos logísticos, tributa-ção, infraestrutura, publicidade,fretes, conteúdo tecnológico doproduto, sem falar na questãocambial e também nas tarifas deimportação. Em cada lugar, aeconomia capitalista da livre ini-ciativa, preservadas as margens,pratica os melhores preços, ten-do em conta custos, concorrên-cia e clientela. Produzir no Bra-

sil, hoje, é mais caro, conside-rando-se desde o custo das ma-térias-primas até os serviços fi-nais, além da elevada carga deimpostos diretos sobre a aquisi-ção de veículos para o consumi-dor - em média de 30% do pre-ço. Isso não é um problema so-mente para os automóveis. Tudopor aqui é mais caro para produ-zir e consumir, desde o Big Macaté qualquer produto ou serviçoadquirido. O que o país precisa étornar-se competitivo, com maiseficiência de sua infraestrutura,desoneração da produção, cargatributária e eliminação do cha-mado custo Brasil.

Para que a renovação dafrota seja realmente eficien-te, é preciso retirar de circu-lação os veículos antigos edar a destinação correta aeles. Por que esse tipo deprograma ainda não foi im-plantado no país e o que aAnfavea e as montadorastêm feito nesse sentido?

No caso dos veículos leves,sobretudo, ocorre uma renova-ção natural da frota pela dinâ-mica do mercado. Estima-seque a frota brasileira ativa deveículos leves seja da ordem de30 milhões, e parte dela commenos de 5 anos de uso (a ida-de média da frota de leves é de7 anos). Essa é uma tendênciaque se acentua com o aumentodas vendas de veículos novos e

o sucateamento de veículos ve-lhos. Temos um sério problemade veículos velhos na frota decaminhões. Calcula-se que na-da menos de 600 mil veículosde carga tenham idade médiasuperior a 20 anos, consumin-do mais, quebrando mais, pro-duzindo menos, poluindo maise mais inseguros. A renovaçãoda frota de caminhões é maisdo que necessária, com o suca-teamento do veículo velho, an-tieconômico, inseguro e queemite mais.

Qual estratégia deve serdesenvolvida pela Anfavea apartir de setembro para quenão haja desaquecimento do

PRODUÇÃO Indústria automotiva brasileira tem capacidade ins

“A indústria de caminhões

investe eprepara-se

para o futuro. A renovação da frota é um passo

necessário efundamental”

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permanente, a estratégia é dedi-car-se a continuar a produzir e avender, sempre em busca de no-vos produtos e novas tecnolo-gias e soluções, bem como comampla diversidade de produtos,tendo em conta os mais varia-dos usos e bolsos.

Qual a capacidade instala-da da indústria brasileira paraveículos leves e pesados?

A capacidade instalada é decerca de 4,5 milhões de veícu-los/ano. Todavia, em função dosinvestimentos anunciados pelosetor (mais de US$ 22 bilhõessomente para o período 2012-2015) e a construção de novasfábricas, a estimativa geral é de

que por volta de 2020 a indús-tria automobilística brasileirapossa ter capacidade instaladaem torno de 6 milhões de veícu-los/ano, com produtos aptos pa-ra o mercado interno e tambémpara exportação.

A indústria está prepara-da para uma possível implan-tação de um programa de re-novação de frota e o conse-quente crescimento da de-manda por veículos pesados?Qual seria o prazo ideal paraessa adequação?

Temos no Brasil a presençados maiores fabricantes de ca-minhões em nível mundial.Portanto, que venham osclientes porque a indústria es-tá e estará preparada paraatendê-los. Os produtos têmqualidade global, e estamosprontos para abastecer o mer-cado brasileiro de caminhões,o qual se situa entre os maio-res do mundo. A indústria decaminhões investe e prepara-se para o futuro. A renovaçãoda frota é um passo necessá-rio e fundamental.

O governo federal tem in-vestido em melhorias e am-pliação dos serviços de trans-porte público em várias cida-des do Brasil. Ao mesmo tem-po, o plano de incentivos eco-nômicos reduziu o IPI de veí-culos de passeio, incentivando

ainda mais o inchaço das viasurbanas. Qual avaliação a An-favea faz desse cenário?

Acreditamos que as duasmetas são conciliáveis e, maisdo que isso, ambas necessárias.Os países de economia madura(Estados Unidos, Japão e na Eu-ropa) têm taxas de motorizaçãoparticular bastante densas,com cerca de um veículo paracada um ou dois habitantes (noBrasil temos um veículo paracada 6,5 habitantes). E aquelespaíses contam com excelentestransportes públicos. Ou seja, ocidadão usa o transporte públi-co, que é eficiente, e utilizatambém seu veículo particular,quando é necessário ou para la-zer, roteiros especiais, em fun-ção da profissão e assim pordiante. É perfeitamente possí-vel conciliar o transporte públi-co e o veículo particular. Ambosintegram a economia do bem-estar social. O setor fabricantede veículos fornece tanto o veí-culo pessoal como os ônibus ecaminhões, e também veículospequenos de fim empresarial. Aquestão da mobilidade urbanadeve ser uma questão de todos:da indústria, com produtosavançados e adequados; do po-der público, com políticas públi-cas de infraestrutura, de trans-porte público e de planejamen-to urbano, e dos cidadãos, comrespeito à legislação de trânsi-to e cidadania. l

talada de 4,5 milhões de unidades/ano

IVECO/DIVULGAÇÃO

mercado, já que o prazo dosincentivos termina em 31 deagosto tanto para leves comopara pesados?

As estratégias são de cadafabricante, e não da Anfavea,que não tem escopo comercial.Acreditamos que as empresasvão continuar seus esforços devendas, visto que a dinâmicaocorre em qualquer situação demercado quando a concorrênciaé acirrada, como na área de veí-culos: se as vendas estão “fra-cas”, é preciso lutar pelos pou-cos compradores que continuamno mercado; se as vendas estãoem alta ou “fortes”, é preciso lu-tar para conquistar novos clien-tes. De modo que, em caráter

“A questão da mobilidadeurbana deve

ser umaquestão detodos: daindústria, do poderpúblico e

dos cidadãos”

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CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 201212

MAIS TRANSPORTE

A edição deste ano da Innotrans (FeiraInternacional de Tecnologia em Transportes)vai contar, pela segunda vez, com um estande coletivo de empresas brasileiras ligadas ao setor de transportes. O evento, que será realizado de 18 a 21 de setembro, em Berlim,Alemanha, terá 2.200 expositores de 45 países

reunidos em uma área de 150 mil metros quadrados. A estimativa da organização é de que circulem pelo evento mais de 106 mil visitantes de 110 países. O pavilhão do Brasil terá um estande com 112 metrosquadrados, subsidiado pelo Itamaraty, onde osempresários vão poder interagir e trocar experiências com os participantes da feira.

Innotrans 2012 A 18ª edição da Semana deTecnologia Metroferroviária, que acontece entre 11 a 14 desetembro, no Centro deConvenções Frei Caneca, em São Paulo, vai reunir entidades,empresas e órgãos públicosmunicipais, estaduais e federalpara discutir as novas tecnologiasno setor de transportes desenvolvidas no Brasil e no exterior. O evento também propõeo debate de estratégias de investimentos tanto para o

transporte de passageiros comopara o de cargas. Realizada pelaAeamesp (Associação dosEngenheiros e Arquitetos deMetrô), o encontro deste ano temcomo tema central “A contribuiçãodos trilhos para a mobilidade”.Paralelo à semana, será realizada aMetroferr, exposição de produtos e serviços metroferroviáriosque reúne o que há de mais moderno em termos de equipamentos, sistemas e serviçosna área metroferroviária.

Semana Metroferroviária

FILIAL Mais de 2.000 m2 de área construída

A Transportadora Americanaconta com nova filial noEspírito Santo. Instalada emViana, a aproximadamente 20 km de Vitória, a sede temmais de 2.000 m2 de área construída e vai centralizar asoperações locais da Talog(empresa de logística) e dafilial da transportadora. A transportadora responde porquase 12 mil despachos/mês na

filial de Vitória e tem boa parte de seu atendimento voltado aos segmentos de medicamentos, eletroeletrônicos, automotivo e têxtil. De acordo com aempresa, as novas instalaçõesoferecem amplo espaço paraarmazéns e escritório, melhorinfraestrutura e capacidade de atender com mais eficáciaos clientes da região.

Nova sede no Espírito Santo

TRANSPORTADORA AMERICANA/DIVULGAÇÃO

PRÊMIO CNT DE JORNALISMO

Inscrições estão abertas

Estão abertas as inscri-ções para o Prêmio CNTde Jornalismo 2012. Os

profissionais têm até o dia 27de agosto para garantir partici-pação na disputa. Podem con-correr fotografias e matériasjornalísticas veiculadas na im-prensa nacional, no período de6 de setembro de 2011 a 27 deagosto de 2012, em jornal, revis-ta, rádio, televisão e Internet.

O prêmio é um reconheci-mento e um incentivo à pro-dução de reportagens dequalidade que ressaltam aimportância do setor trans-portador no desenvolvimen-to econômico, social, políticoe cultural do país.

Em sua 19ª edição, o prêmiovai pagar um total de R$ 90 mil,sendo R$ 30 mil para a premia-ção principal e R$ 10 mil paraos primeiros lugares nas cate-gorias: Impresso, Fotografia,Televisão, Rádio, Internet, noPrêmio Especial de Meio Am-biente e Transporte. Todas asmatérias inscritas em qualqueruma das cinco categorias ouno prêmio especial devem tra-tar do tema transporte.

A íntegra do regulamen-to e a ficha de inscrição po-dem ser acessadas no sitewww.cnt.org.br/premiocnt.

Mais informações pelotelefone 0800 728 2891.

Page 13: Edição 203

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 2012 13

A Petrobras apresentou durante aRio+20 a tecnologia do etanol desegunda geração desenvolvidopela empresa. O biocombustívelabasteceu as 40 minivans que realizaram o transporte de participantes da conferência. A tecnologia aproveita o bagaçode cana como matéria-prima epermite ampliar a produção deetanol em 40% sem utilizar recursos adicionais da natureza.

A Petrobras já produziu 80 millitros de etanol de segunda geração em uma planta dedemonstração localizada nos EUA.A companhia tem como meta iniciar a produção em escalacomercial no Brasil em 2015. Oinvestimento no desenvolvimentoda tecnologia faz parte dos US$ 300 milhões previstos para pesquisas em biocombustíveisnos próximos anos.

Etanol de bagaço de cana

RECORDE

AKLM (Royal Dutch Airli-nes), companhia aéreaadministrada pela Air

France, realizou o voo maislongo movido a biocombustí-vel da história da aviação. Omarco foi registrado no dia 20de junho com o voo KL705, emum Boeing 777-200, que partiu

de Amsterdam, às 11h15 (horalocal) e chegou às 17h55 (ho-rário oficial de Brasília) noaeroporto do Galeão, no Riode Janeiro.

A aeronave é abastecidaparcialmente com combustívelsustentável feito de óleo de co-zinha usado. De acordo com a

KLM, o projeto vai permitir àscompanhias aéreas operar par-te de seus voos com biocom-bustível sustentável, estimu-lando o desenvolvimento deenergia limpa para o setor.

Segundo a companhia, obiocombustível utilizadoatende às mesmas especifi-

cações técnicas do combustí-vel fóssil tradicional, semque seja necessário realizarqualquer ajuste nos motoresou na infraestrutura dasaeronaves. A KLM foi a res-ponsável pelo primeiro voocomercial movido a biocom-bustível, em junho de 2011.

Maior voo com biodiesel

PROJETO Companhia estimula o desenvolvimento de energias limpas para o setor

KLM/DIVULGAÇÃO

AGÊNCIA PETROBRAS/DIVULGAÇÃO

EXPECTATIVA Produção comercial deve começar em 2015

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CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 201214

MAIS TRANSPORTE

Engenharia de infraestruturade transportes – uma integração multimodalAbordagem multimodal dos sistemasde transporte, baseada na engenharia de transportes.De: Lester A. Hoel, Nicholas J.Garber e Adel W. Sadek, Ed.Cengage Learning, 616 págs., R$ 121

Próxima Estação: Contos deTrem, Metrô e OutrosTransportes UrbanosReúne histórias com dramas, suspenses e romances de pessoasque usam o transporte público.Org. Rita Alves e Edson Rossatto,Ed. Andross, 114 págs., R$ 29

Transporte Marítimo - Cargas,Navios, Portos e Terminais Trata do transporte de carga geral,dos neogranéis, dos contêineres,dos granéis sólidos e líquidos, alémde navios de cruzeiros.De: Petrônio Sá Benevides, Ed.Aduaneiras, 240 págs., R$ 52

A Iveco entregou o primeiro blindado anfíbio Guarani ao Exército Brasileiro. O veículo faz parte dolote inicial da produção seriada da montadora, programada para os próximos 20 anos. O Guarani seráfeito na fábrica, ainda em construção, dentro do complexo industrial da Iveco em Sete Lagoas (MG).

Exército recebe Guarani

IVECO/DIVULGAÇÃO

Navalshore 2012 A nona edição da Navalshore– Feira e Conferência daIndústria Naval e Offshoreserá realizada de 1º a 3 deagosto, no Centro deConvenções SulAmérica, noRio de Janeiro. São mais de 11 mil metros quadrados de

área de exposição, reunindoas últimas novidades em produtos e serviços para aconstrução e o reparo naval,além de soluções para osetor de petróleo e gás. Oevento contará com mais de350 empresas expositoras

nacionais e internacionais de países, como Argentina,Japão, China, Espanha,Suécia, Coreia do Sul, EUA, Finlândia, Itália,Noruega, Canadá e Holanda. A expectativa éreceber 15 mil visitantes.

Page 15: Edição 203

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 2012 15

QUALIDADE DO AR 2012

Onze empresas partici-pantes do Despoluir -Programa Ambiental do

Transporte, desenvolvido pelaCNT desde 2007, receberam oPrêmio Fetram de Qualidadedo Ar 2012. A cerimônia acon-teceu no dia 14 de junho, emBelo Horizonte (MG).

As empresas homenagea-das desenvolvem projetosrelacionados com a melhoriada qualidade do ar e com ouso racional do combustível,monitorando suas emissõesde poluentes.

Foram premiadas empre-sas de várias cidades do Esta-do. De Belo Horizonte, recebe-ram o prêmio: Auto OmnibusFloramar Ltda., Auto OmnibusNova Suissa Ltda., ColetivosSão Lucas Ltda., Milênio Trans-portes Ltda., Urca Auto ÔnibusLtda., Viação Fênix Ltda., Via-ção Globo Ltda. De Varginha, apremiada foi a empresa deTransportes Santa TerezinhaLtda. A Univale TransportesLtda., de Coronel Fabriciano, aViação Pássaro Branco Ltda.,de Patos de Minas, e a ViaçãoPrincesa do Sul Ltda., de Pou-so Alegre, completam a rela-ção das premiadas.

Na cerimônia de entregado prêmio, o presidente daFetram (Federação das Em-presas de Transporte de Pas-sageiros no Estado de MinasGerais), Waldemar Araújo,

destacou a importância dasempresas participarem doDespoluir e se empenharemno cuidado com a frota. “Oprograma só traz benefíciospara as empresas. Quantomais aferições são feitas nafrota, melhor é o funciona-mento dos veículos e menoré a emissão de gases no meioambiente”, ressaltou ele.

Os critérios para a pre-miação são baseados nos re-sultados das aferições reali-zadas pela Fetram dentro doprograma Despoluir ao longodo ano. As empresas partici-pantes do programa já estãosendo avaliadas para a próxi-ma edição do Prêmio Fetram

de Qualidade do Ar, que serárealizado em junho de 2013.Neste ano, a federação alcan-çou o primeiro lugar no rela-tório da CNT (ConfederaçãoNacional dos Transportes),com o maior número de afe-rições realizadas nacional-mente. Em todo o país, maisde 700 mil aferições já foramrealizadas nos cinco anos deatuação do programa.

Rogério Bertolucci, presi-dente da Viação Princesa doSul Ltda., considera a pre-miação de extrema impor-tância porque valida todosos esforços que a equipe daempresa dedica à preserva-ção do meio ambiente.

“Quando aderimos a esseprojeto, tínhamos um ideal:alcançar uma maior solidezcom as nossas certificaçõese contribuir para mudar ocenário ambiental.”

Para o diretor-executivo daUnivale Transportes Ltda.,Luiz Mendes Peixoto, a pre-miação aumenta a responsa-bilidade em continuar a ado-tar boas práticas de manuten-ção e ser ambientalmenteresponsável. “O que objetiva-mos com o programa Despo-luir é a busca de eficiênciaenergética, além da contribui-ção com o meio ambiente,com menores índices de po-luição na atmosfera”, diz.

DESTAQUE Empresas foram homenageadas pela Fetram

Empresas são premiadas em Minas Gerais pela Fetram LILIAN MIRANDA

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CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 201216

MAIS TRANSPORTERENAULT/DIVULGAÇÃO

O Renault ZOE bateu o recordemundial ao percorrer amaior distância em 24 horaspara um veículo elétrico desérie. Foram 363 voltas realizadas no circuito doCentro Técnico de Aubevoye,

na França, atingindo umadistância de 1.618 quilômetros.A marca anterior era de 1.280 quilômetros. O carregador do veículo,chamado Caméléon, permiteque o Zoe seja recarregado

em qualquer tipo de tomada,aceitando todas as amperagens.Isso permite que o carro sebeneficie de uma recargarápida de 43 kw, recuperando80% de capacidade da bateria em menos de 30

minutos. De acordo com a Renault, o ZOE chega às concessionárias europeiasda marca no final deste ano. Os clientes já podem reservar o carro por meiodo site www.renault-ze.com.

Elétrico bate recorde

PREVISÃO Feira deste ano espera atrair 5.000 visitantes

A quinta edição da Taxi Point (Feira Brasileira dosFornecedores para o Setor de Táxi) será realizada nos dias 18 e 19 de agosto, no Centro de ExposiçõesImigrante, em São Paulo. De acordo com os organizadores, a feira

tem como objetivo a valorização da categoria por meio da divulgação de informações que interessem aos taxistas. A estimativa é reunir 70 expositores e receber cerca de 5.000 visitantes durante os dois dias do evento.

Taxi Point OSIRIS BERNARDINO/DIVULGAÇÃO

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CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 2012 17

Depois de 13 anos de espera, foiinaugurado, em junho, o primeirotrecho do Metrofor (Metrô deFortaleza). O intervalo tem 24,1 kmem via dupla, sendo 18 km desuperfície, 3,9 km subterrâneos e outros 2,2 km em elevados. Aobra teve investimento total deR$ 1,705 bilhão. A expectativa é de que o sistema atenda, pelomenos, 350 mil pessoas por diaem todo o percurso, que liga o

centro de Fortaleza aos municípiosde Pacatuba e Maracanaú, naregião metropolitana. O início da operação comercial do metrôestá previsto para o primeiro trimestre de 2013. Os testes serão feios até outubro desteano, quando a segunda parte da Linha Sul (que vai até a estaçãoChico da Silva, no centro da capital cearense) inicia a avaliação com passageiros.

Fortaleza inaugura metrô

A presidente Dilma Rousseffassinou decreto que cria a Etav (Empresa de TransporteFerroviário de Alta VelocidadeS.A). A companhia será responsável pela administraçãodo TAV, que vai ligar São Pauloao Rio de Janeiro. A Etav seráuma sociedade anônima com

capital inicial de R$ 50 milhõese ficará subordinada aoMinistério dos Transportes. De acordo com o decreto nº 7.755, que cria a novaempresa, a Procuradoria-Geralda Fazenda Nacional vai convocar assembleia para efetivar a constituição da Etav.

Empresa para o trem-bala

GOVERNO DO CEARÁ/DIVULGAÇÃO

TESTES Operação comercial apenas em 2013

Equipes iniciaram trabalhos

Dezessete equipes depesquisadores estão emcampo colhendo infor-

mações para a 16ª Pesquisa CNTde Rodovias. Este ano, aproxi-madamente 94,3 mil quilôme-tros de rodovias pavimentadasem todo o Brasil serão avalia-dos, um aumento de cerca de1.500 km em relação ao estudodo ano passado.

As equipes saíram simulta-neamente de 12 capitais (Brasí-lia, Belo Horizonte, Porto Ale-gre, Salvador, Curitiba, São Pau-lo, Rio de Janeiro, Campo Gran-de, Fortaleza, São Luís, RioBranco e Belém). Os pesquisa-dores coletarão informaçõessobre as condições das vias,com relação ao pavimento, à si-nalização e à geometria.

O levantamento é publicadopela CNT desde 1995 e tem co-mo objetivo percorrer 100% damalha rodoviária federal pavi-mentada pública e concessio-nada e os principais corredores

estaduais em que se verificaum grande fluxo de cargas e depassageiros.

Para o diretor da CNT, Bru-no Batista, o trabalho nesteano será ainda mais criterio-so. “A pesquisa compõe amaior série histórica de ava-liações rodoviárias do país.Nós conseguimos hoje ava-liar com muita precisão o es-tado das rodovias e essa éuma informação importantís-sima tanto para o planeja-mento dos transportadores,como também para a identifi-cação de locais críticos quemerecem intervenção rápidado governo”, afirma.

A segunda etapa da pes-quisa consiste na análise dosdados e na edição do mate-rial, considerado o mais com-pleto e criterioso levanta-mento sobre a conservaçãodas rodovias brasileiras. O es-tudo será publicado no se-gundo semestre deste ano.

AVALIAÇÃO Estudo teve início no final de junho

JÚLIO FERNANDES/CNT

PESQUISA CNT DE RODOVIAS

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AConferência das Na-ções Unidas sobre De-senvolvimento Susten-tável, a Rio+20, deixou

o desafio para governantes, em-presas privadas e sociedade ci-vil colocarem em prática medi-das que melhorem a qualidadede vida das pessoas e que con-tribuam para a preservação doplaneta. O documento final trou-xe frustrações, pois muitos es-peravam um comprometimentomaior dos países com metas eações para a sustentabilidade.

Mas, na avaliação de profissio-nais do setor de transporte e daárea ambiental, o fato não podeser desculpa para que cada umnão cumpra a sua parte.

O grande desafio é passar dodiscurso, explicitado no texto fi-nal “O Futuro que Queremos”, pa-ra a ação. “É trazer para a práti-ca das agendas locais o compro-misso expresso no documento daONU (Organização das NaçõesUnidas). Que os governos, em to-dos os níveis, implementem defato o que está escrito no texto”,

afirma o coordenador-executivoda Ilats (Iniciativa Latino-Ameri-cana para o Transporte Sustentá-vel), Luiz Antonio Cortez.

O documento reconhece quetransporte e mobilidade sãoessenciais para o desenvolvi-mento sustentável e podem re-forçar o crescimento econômi-co dos países.

“Reconhecemos a importânciada circulação eficiente de pessoase mercadorias e do acesso a siste-mas de transporte ambientalmen-te saudáveis, seguros e acessíveis,

como meios de melhorar a equi-dade social, a saúde, a adaptaçãodas cidades, as ligações urbanas erurais e a produtividade nas áreasrurais”, diz o documento.

Nesse sentido, o texto da ONUafirma apoiar “os sistemas detransporte multimodal, que sãoeficientes sob o ponto de vistaenergético, em particular siste-mas de transporte público, com-bustíveis e veículos não poluen-tes, assim como sistemas melho-res nas zonas rurais”. Conforme odocumento, há a necessidade de

desafioDepois da conferência no Rio de Janeiro, objetivo

agora é transformar discurso em ação; texto final daONU citou a importância do transporte sustentável

E O TRANSPORTE

POR CYNTHIA CASTRO DO RIO DE JANEIRO

Ode tornar real

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 201218

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se desenvolver uma integração naformulação das políticas para osserviços e sistemas de transporte,nos planos nacional, regional e lo-cal, com o objetivo de promover odesenvolvimento sustentável. E dehaver um apoio internacional apaíses em desenvolvimento.

Publicado nas seis línguas ofi-ciais da ONU (inglês, espanhol,francês, russo, chinês e árabe), otexto tem 59 páginas no espanhol.O tema transporte sustentávelaparece explicitamente em doisparágrafos, no capítulo que trata

do quadro de ações para diversasáreas temáticas. Mas para algunsque atuam na área, a importânciado transporte sustentável foi dei-xada de lado na maior parte da dis-cussão oficial entre os governan-tes, ganhando destaque principal-mente nas atividades paralelas.

Por outro lado, outros conside-ram um ganho muito importante ofato de haver uma citação explíci-ta sobre o tema no documento fi-nal. Também foi considerado co-mo positivo o anúncio feito por oi-to bancos multilaterais de investi-

FORTE DE COPACABANA Exposição Humanidade teve sala que abordou o transporte de passageiros e de cargas

APRENDIZADO O jornalista Carlos Eduardo e a filha Clara gostaram da parte sobre energia e biocombustíveis

FOTO

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CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 2012 19

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E O TRANSPORTE

mentos de US$ 175 bilhões em pro-jetos de transporte sustentável(leia na página 26).

“Consideramos que o trans-porte passou de uma posição depouco destaque para um dos te-mas principais no contexto dasustentabilidade. Esse valor a serinvestido é muito importante,mas é preciso agora deixar claroquais são os critérios de avalia-ção para a obtenção desse recur-so”, diz Luis Antonio Lindau, dire-tor-presidente da Embarq Brasil –uma organização que atua pelotransporte sustentável.

O coordenador-executivo daIlats considera que o fator maispositivo em relação aos recursosanunciados pelos bancos é a vin-culação a projetos que se refirama transporte sustentável. Os US$175 bilhões serão destinados napróxima década. Segundo Cortez,o valor anual, US$ 17,5 bilhões, éinferior ao investimento em trans-porte nos últimos anos. “Temosestimativas de que a média deempréstimos foi de US$ 30 bilhõespara transporte, de forma geral. Ogrande diferencial agora é que ovalor fica vinculado a ações sus-tentáveis”, afirma.

A coordenadora técnica daANTP (Associação Nacional deTransportes Públicos), Valeska Pe-res Pinto, avalia que o tema trans-porte foi tratado de forma margi-nal nas discussões oficiais da con-ferência, que envolveram os che-fes de Estado. Os debates mais re-levantes sobre o tema acontece-ram mesmo em eventos paralelos,

muitos promovidos por entidadesdo setor de transporte. Na avalia-ção de Valeska, as citações do do-cumento final são extremamentegenéricas. “As cidades ainda nãosão identificadas como o coraçãodo desenvolvimento sustentável”,considera Valeska.

Para o presidente da CNT edo Sest Senat, senador ClésioAndrade, é importante tomarmedidas eficientes para colocarem prática o transporte susten-tável. Ele cita o Despoluir – Pro-grama Ambiental do Transporte,

desenvolvido pela CNT e peloSest Senat desde 2007, comouma das ações importantes dosetor transportador com esseobjetivo.

"O Despoluir foi criado a partirda preocupação dos transporta-dores em intensificar as ações vol-tadas para a conservação do meioambiente. E os resultados alcança-dos desde então fortaleceram aideia de ampliação da nossa atua-ção e nos mostraram a necessida-de de agregar outros segmentosda sociedade na luta contra a po-

luição local e global”, diz ClésioAndrade. Segundo o presidente daCNT, “é importante que sejam de-finidas ações no Brasil e no mun-do em busca do transporte sus-tentável” (leia sobre o Despoluirnas páginas 22 e 23).

No último dia oficial da confe-rência, o secretário-geral da ONUpara a Rio+20, Sha Zukang, ressal-tou a necessidade de os governoscolocarem em prática os compro-missos e criticou a postura adota-da por muitos depois do encontroem Copenhague, em 2009. Ele foi

COMPROMISSO Secretário-geral da ONU para aRio+20, Sha Zukang (à dir.), cobrou ação dos países PARQUE DOS ATLETAS Local em

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 201220

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enfático ao dizer que o que real-mente fará a diferença são as ini-ciativas levadas à ação e afirmouque agora começa o desafio.

“O trabalho árduo começaagora. Prometer é fácil, mas paramanter a promessa é necessárioum esforço”, disse Zukang. “Vo-cês conhecem todos os compro-missos dos governos em Cope-nhague. Perguntem se eles hon-raram esses compromissos. Euacho que o que diferencia o com-promisso de uma boa intenção éa responsabilidade.”

De forma geral, o texto daRio+20 diz renovar o compromissodos países ao tomar medidas queintegrem aspectos econômicos,sociais e ambientais. Aponta que aerradicação da pobreza é o maiorproblema que atinge a humanida-de. A economia verde é indicadacomo um caminho importante pa-ra essa erradicação da pobreza epara o crescimento econômicosustentável, pois poderá aumen-tar a inclusão social e o bem-estarhumano, “criando oportunidadesde emprego e trabalho decentespara todos e mantendo ao mesmotempo o funcionamento saudáveldos ecossistemas”.

Na avaliação do coordenadorda campanha de clima e energiado Greenpeace, Pedro Torres, ao seabordar as ações necessárias paratornar real o transporte sustentá-vel é importante que os governosassumam a responsabilidade decriar meios para colocar em práti-ca as tecnologias sustentáveis, co-mo veículos elétricos, ônibus a hi-drogênio e inúmeras outras. “Atecnologia está aí. Os pesquisado-res já mostraram que é possível.Só falta mesmo o governo priori-zar os incentivos para que essastecnologias, que já existem, sejamviáveis. Para que possam ser fabri-cadas em escala industrial.”

Nas páginas a seguir co-nheça detalhes de temas so-bre transporte sustentáveltratados na Rio+20, nos even-tos paralelos e também naparte oficial

Documento Rio+20Veja alguns temas abordados:• Transporte sustentável• Erradicação da pobreza• Segurança alimentar e agricultura

sustentável• Água e saneamento• Energia• Turismo sustentável• Cidades e assentamentos humanos

sustentáveis• Saúde e população• Promoção de emprego pleno e produtivo• Oceanos e mares• Pequenos Estados insulares em

desenvolvimento• Países menos desenvolvidos• Países em desenvolvimento sem litoral• África• Iniciativas regionais• Redução do risco de desastres• Mudanças climáticas• Florestas• Biodiversidade• Desertificação• Degradação do solo e seca• Montanhas• Produtos químicos e resíduos• Consumo e produções sustentáveis• Mineração• Educação• Igualdade entre os sexos e

autonomia das mulheresfrente ao Riocentro concentrou estandes de países, Estados, universidade, entre outros

MOBILIZAÇÃO Cerca de 190 países participaram da conferência; documento final recebeu muitas críticas

FOTOS CYNTHIA CASTRO

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 2012 21

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E O TRANSPORTE

Durante toda a programaçãoda Conferência das NaçõesUnidas sobre o Desenvolvi-

mento Sustentável, a CNT e o SestSenat apresentaram o Despoluir –Programa Ambiental do Transporte,em um estande no Píer Mauá, na re-gião portuária do Rio de Janeiro.

Estudantes, profissionais dotransporte e diversos outros par-ticipantes da Rio+20 puderam co-nhecer mais sobre o programadesenvolvido desde 2007, quemobiliza o setor transportador,promovendo ações para reduzira poluição ambiental, melhorar aeficiência energética e a qualida-de dos combustíveis. O programatambém atua para incentivar agestão e a educação ambientalde todo o setor.

Um equipamento opacímetro,que mede o nível de fumaça pre-ta, e um veículo foram colocadosno estande, simbolizando umadas principais ações do Despo-luir: o projeto de Redução daEmissão de Poluentes pelos Veí-culos. Já foram feitas mais de700 mil avaliações de ônibus ecaminhões para incentivar a re-dução das emissões.

Os veículos que estão em con-formidade com as normas ambien-tais recebem o selo Despoluir. Amanutenção correta contribui paraa menor emissão de poluentes epara o menor gasto de combustível.

Além dos programas ambien-tais, muitos visitantes do estandetambém receberam informações

CNT e Sest Senat apresentam o programa Despoluirsobre outros projetos desenvolvi-dos pela CNT, pelo Sest Senat e pe-la Escola do Transporte. O taxistaLuciano Santos, 42, gostou de saberque pode participar do programaTaxista Nota 10, que oferece cursosgratuitos de inglês, de espanhol ede gestão, em parceria com o Se-brae (Serviço Brasileiro de Apoio àsMicro e Pequenas Empresas).

“Todo esse trabalho é muitointeressante. Já fiz cursos noSest Senat e quero fazer mais.Nessa discussão da sustentabili-dade, é muito importante saberque o setor de transporte estáfazendo algo, como o programaDespoluir”, disse Santos.

DespoluirAlguns projetos:• Redução da Emissão de Poluentes

pelos Veículos• Incentivo ao Uso de Energia Limpa pelo

Setor Transportador• Aprimoramento da Gestão Ambiental

nas Empresas, Garagens e Terminais de Transporte

• Caminhoneiro Amigo do Meio Ambiente

Algumas publicações:• A Adição do Biodiesel e a Qualidade

do Diesel no Brasil• Sondagem Ambiental do Transporte• A Fase P7 do Proconve e o Impacto

no Setor de Transporte• Procedimentos para a Preservação

da Qualidade do Óleo Diesel B• Impactos da Má Qualidade do Diesel

Brasileiro

PARTICIPAÇÃO Milhares de pessoas

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 201222

Nas unidades do Sest Senat es-palhadas por todo o Brasil, háuma preocupação constante

com o incentivo a práticas ambien-talmente adequadas. A proposta étransformar os motoristas de cami-nhão, ônibus ou táxi em vigilantes domeio ambiente e mostrar práticasimportantes, especialmente na áreade transporte.

O curso de Direção Econômica eSegura, por exemplo, ensina osmotoristas qual a forma adequadade dirigir para que, assim, gastemmenos combustível, emitam me-nos poluentes e provoquem menordesgaste de peças. Quem participa

de alguns outros treinamentos doSest Senat também poderáaprender sobre o funcionamentoe manutenção do veículo, gestãode pneus, condução correta deprodutos perigosos.

O Sest Senat oferece o cursoNoções de Meio Ambiente, gratui-to e online. Os objetivos são a di-vulgação da importância do papelde cada indivíduo para a preser-vação do meio ambiente, a identi-ficação de práticas prejudiciais eainda a divulgação de técnicas dereciclagem de lixo doméstico. Asunidades também implantaram acoleta seletiva do lixo.

Motoristas vigilantes do m

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Oprograma Despoluirtem trabalhado com di-versas medidas que

promovem a disseminação deinformações importantes quefavorecem o meio ambiente econtribuem para reduzir aemissão de poluentes. O in-centivo às tecnologias e ener-gias limpas ocorre por meioda publicação de documentosque orientam o setor trans-portador.

Na Rio+20, os participantestiveram acesso a publicaçõessobre “Os Impactos da MáQualidade do Óleo Diesel Bra-sileiro”, sobre “A Fase P7 do

Proconve e o Impacto no Setorde Transporte”, entre outras.Esses documentos podem serconsultados no site do progra-ma: www.cntdespoluir.org.br.Nesse endereço eletrônico,também são disponibilizadasdiariamente reportagens rele-vantes que abordam transpor-te e meio ambiente.

Também são desenvolvidosconstantemente na sede daCNT, em Brasília, semináriossobre temas essenciais, comologística reversa, reciclagemde veículos e renovação defrota. O Despoluir elaborouem 2009 o RenovAR (Plano

Nacional de Renovação deFrota de Caminhões), que foientregue ao governo federal.O plano alerta para a impor-tância de se renovar a frotade veículos pesados no país esugere as medidas necessá-rias. O Japão discutiu o temada reciclagem na Rio+20 (leiana página 27).

No mês de julho, o Despoluircompletou cinco anos, e napróxima edição da revista CNTTransporte Atual haverá umareportagem especial detalhan-do as ações do programa am-biental da Confederação Na-cional do Transporte.

CONSCIENTIZAÇÃO Despoluir e Sest Senat orientam setor transportador sobre práticas ambientais

Incentivo à energia limpa e menos poluição

passaram pelo estande no Píer Mauá

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 2012 23

FOTOS JUSSIARA COSTA

No projeto Caminhoneiro Amigodo Meio Ambiente, os motoristas sãoincentivados a serem vigilantes dequestões ambientais nas estradas,como, por exemplo, informando àsautoridades sobre alguma queimadaou outro problema. Entre as açõesambientais do Sest Senat, está a pro-dução de um curta-metragem, “Pró-ximo Retorno”, que conta a históriade um taxista e de um caminhoneiroque tomam as medidas corretas emrelação a um incêndio na beira da ro-dovia e ao encontro de um taman-duá na rua. Quem quiser conhecermais o trabalho do Sest Senat podeacessar o site www.sestsenat.org.br.

eio ambiente

“ O Despoluir foi criado a partir da preocupação dos transportadores em intensificar as açõesvoltadas para a conservação do meio ambienteSENADOR CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT E DO SEST SENAT

“ “

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E O TRANSPORTE

Modificamos a tração e fizemos uma proIsso significa que o ônibus está pro“

Do lado de fora, a impressão é de um veícu-lo mais moderno, construído com a preo-cupação da acessibilidade e pintado de

verde em referência ao meio ambiente. Mas nomomento em que o motorista liga o motor, qual-quer pessoa percebe que há muito mais do queisso no ônibus H2+2, produzido pela Coppe/UFRJ– Inst ituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Gradua-ção e Pesquisa de Engenharia, da UFRJ (Universi-dade Federal do Rio de Janeiro).

O ônibus híbrido a hidrogênio com tração elé-trica não faz barulho. O som mais marcante paraos passageiros é o do ar-condicionado. Paraquem está do lado de fora, praticamente não háruído. E, o mais importante, a emissão de poluen-tes é zero, conforme informam os idealizadores.Do cano de descarga, só sai vapor de água.

Essa nova versão foi lançada no Parque dosAtletas. O nome, H2+2, faz referência ao fato de oprimeiro modelo produzido pela Coppe ter sidofinalizado há dois anos e também ao nome daprópria Rio+20, que aconteceu 20 anos depois daconferência da ONU Rio-92.

Segundo o idealizador do projeto, o professortitular do Laboratório de Hidrogênio da Coppe,Paulo Emílio Valadão de Miranda, essa nova ver-são trouxe o aprimoramento da tecnologia e umresultado bem mais eficiente, além de ter havidoredução em torno de 40% no valor do custo defábrica. “Modificamos a tração e fizemos umaprodutização dos equipamentos, que eram arte-sanais. Isso significa que ele está pronto para serindustrializado e comercializado.”

Outro ganho importante ocorreu em relaçãoà autonomia. O primeiro podia trafegar até 300km, e o mais novo até 500 km. São três fontesde alimentação. A primeira com uma conexãoprévia à rede elétrica, que recarrega a bateria.A segunda é a pilha a combustível que utiliza hi-drogênio armazenado a bordo e oxigênio do ar,produzindo eletricidade a bordo. E a terceira,conforme explica o pesquisador, é a regenera-ção da energia cinética em energia elétrica, emprocessos de desaceleração e frenagem. Esseveículo híbrido a hidrogênio com tração elétricanão tem motor a combustão.

ACoppe/UFRJ irá construir o primeiro tremde levitação magnética do país, conhecidocomo Maglev-Cobra. Esse trem dispensa

rodas e não emite gases de efeito estufa nemruídos. Além disso, as obras de infraestrutura pa-ra o seu funcionamento são bem mais baratasdo que as obras para o metrô subterrâneo, con-forme afirmam os responsáveis pelo projeto.

O convênio entre a Coppe e o BNDES (Ban-co Nacional de Desenvolvimento Econômico eSocial), no valor de R$ 5,8 milhões, foi assina-do no Parque dos Atletas e permitirá a cons-trução desse primeiro trem no Brasil, que teráquatro módulos, com capacidade para trans-portar até 30 passageiros. Haverá uma linharegular de 200 metros entre os prédios doCentro de Tecnologia da Coppe.

Ônibus com emissão zero é lançado

Coppe vai construir

H2+2 Veículo é a segunda versão a hidrogênio produzida pela Coppe/UFRJ

MAGLEV Protótipo demonstrativo de

CYNTHIA CASTRO

PAULO EMÍLIO VALADÃO DE MIRANDA, PROFESSOR DA COPPE

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 201224

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dutização dos equipamentos, que eram artesanais. nto para ser industrializado e comercializado

O Maglev-Cobra utiliza técnica de levita-ção, empregando supercondutores e ímãs.Os supercondutores são refrigerados comnitrogênio líquido a uma temperatura nega-tiva de 196 graus Celsius. Um protótipo cha-mado funcional é utilizado hoje no labora-tório de testes e desliza por um trilho de 12metros, com oito passageiros. De acordocom a Coppe, o Maglev é movido a energiaelétrica e possui baixo consumo.

O professor Richard Stephan consideraque o trem pode representar uma alternati-va segura, eficiente e limpa de transporteurbano para uma cidade como o Rio de Ja-neiro. Uma possibilidade é fazer a ligaçãodo Aeroporto Internacional do Galeão aoSantos Dumont.

Em uma sala com pouca luz, com o baru-lho do mar e a projeção de imagensreais, os visitantes do estande da Coppe

no Parque dos Atletas puderam conhecer umpouco como é o funcionamento da primeirausina piloto de produção de energia elétricapor meio das ondas. Com tecnologia totalmen-te nacional, o projeto está sendo implantadopela Coppe no quebra-mar do porto de Pecém,em Fortaleza (CE).

A inauguração está prevista para acontecerainda neste ano. Inicialmente, a usina funcio-nará como um laboratório de estudos e irá ge-rar energia para consumo próprio. Os pesqui-sadores devem avaliar qual o custo de produ-ção e qual o volume produzido, entre outrosfatores importantes.

Os ventos constantes encontrados no

Ceará contribuem para a formação de ondasregulares, favorecendo assim a produção deenergia. Segundo a Coppe, o diferencial datecnologia brasileira é o uso de um sistemade alta pressão para movimentar a turbina eo gerador, um conceito desenvolvido e pa-tenteado pela Coppe.

O conjunto completo consiste em um flu-tuador e um braço mecânico que, movimenta-dos pelas ondas, acionam uma bomba parapressurizar a água doce e armazená-la numacumulador conectado a uma câmara hiperbá-rica. A pressão na câmara equivale à de colu-nas de água entre 200 metros e 400 metros dealtura. A água altamente pressurizada formaum jato que movimenta a turbina. Essa, porsua vez, aciona o gerador de energia elétrica,conforme a Coppe.

Sala mostra projeto de energia do mar

trem de levitação

ELETRICIDADE Usina piloto de energia a partir das ondas está sendo instalada no Ceará

trem que será construído a partir de convênio

CYNTHIA CASTRO

COPPE/DIVULGAÇÃO

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 2012 25

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E O TRANSPORTE

Vamos investir em infraestrutura viária e para pemenos poluidores e energia, ferrovias, vias hídri“

Aministra do Meio Ambiente, Izabella Teixei-ra, reconheceu que no debate do que é ne-cessário fazer para um transporte susten-

tável no país estão a necessidade de renovar afrota de veículos e a importância de se obter me-lhorias no transporte coletivo. Sem dar maioresdetalhes, a ministra citou esses dois temas navéspera da abertura da Rio+20. “Temos que pen-sar na opção de renovação de frota para veículosque poluam menos”, disse Izabella.

A CNT defende que o Brasil implante um progra-ma efetivo de renovação de frota e reciclagem, comfoco nos veículos de carga em final de vida útil.Atualmente, a frota geral de veículos do transportede carga tem, em média, 13,4 anos, conforme dadosdo RNTRC (Registro Nacional de TransportadoresRodoviários de Cargas). Se considerar a frota dos

motoristas autônomos, a idade sobe para 19,1 anos.Esses veículos antigos, com tecnologia ultrapassa-da, são muito mais poluentes.

IPIAo ser questionada sobre algumas medidas toma-

das pelo governo federal que favorecem o maior nú-mero de carros nas ruas, como a redução do IPI (Im-posto sobre Produtos Industrializados) para o setorautomotivo, Izabella negou que sejam contraditóriasem relação à sustentabilidade. Segundo a ministra,essas medidas foram tomadas para resolver um pro-blema em curto prazo e evitar o desemprego.

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Pa-triota, também falou da necessidade de ser criar con-dições seguras e acessíveis para melhorar a situaçãodos grandes centros urbanos do país.

Ministra destaca renovação de frota

O ito maiores bancos de desenvolvi-mento multilateral (MDBs, na siglaem inglês) prometeram durante a

Rio+20 investir US$ 175 bilhões em siste-mas de transporte sustentáveis nos paí-ses em desenvolvimento. Os compromis-sos do Banco Asiático de Desenvolvimen-to, do Banco Mundial e de outros seisMDBs foram firmados no início da confe-rência no Rio de Janeiro.

O vice-presidente do Banco Asiáticode Desenvolvimento, Bindu Lohani, disseque o recurso será destinado a diversasiniciativas em busca do transporte sus-tentável. “Vamos investir em infraestru-tura viária e para pedestres, ciclovias,veículos menos poluidores e energia,

Bancos prometem

ENTREVISTA Ministros Antonio Patriota e Izabella Teixeira comentaram sobre transporte

RIO MADEIRA Bancos devem investir também em hidrovias

CYNTHIA CASTRO

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destres, ciclovias, veículoscas, segurança nas estradas

BINDU LOHANI, VICE-PRESIDENTE DO BANCO ASIÁTICO DE DESENVOLVIMENTO

OJapão mostrou a importância de se desen-volver um sistema de reciclagem de veícu-los. O país é referência mundial no assunto,

e a taxa média de reciclagem por unidade é de95%. Em um veículo que pesa 1,1 tonelada, só nãosão recuperados 55 kg, que vão para o aterro. A Leide Reciclagem de Automóveis no Japão é de 2005.

O tema foi debatido no Pavilhão do Japão, noParque dos Atletas, e foi distribuído o livro “Re-ciclagem e Sustentabilidade na Indústria Auto-mobilística”.

Esse livro foi escrito pelo engenheiro aeronáu-tico Daniel E. Castro, doutor em engenharia de ma-teriais e professor do Cefet-MG (Centro Federal deEducação Tecnológica de Minas Gerais), e lançadoem março deste ano na sede da CNT, em Brasília.Um dos capítulos, sobre a situação dos veículos detransporte de cargas no Brasil e a necessidade da

reciclagem, tem como autor o engenheiro ViniciusLadeira, assessor governamental da CNT.

A discussão sobre o tema na Rio+20 foi promo-vida pela Jica (Agência de Cooperação Internacio-nal do Japão) – órgão do governo japonês respon-sável pela implementação da Assistência Oficialpara o Desenvolvimento. A Jica apoia medidas empaíses em desenvolvimento. Em março, a agênciaparticipou de um seminário sobre reciclagem deveículos e renovação de frota promovido na CNT.

O presidente da Fetranscarga (Federação doTransporte de Cargas do Estado do Rio de Janeiro),Eduardo Rebuzzi, destacou que o Japão é umexemplo para o Brasil em relação ao tema. “A frotaantiga do Brasil causa acidentes, polui, aumentaengarrafamentos. É preciso ter um plano sério nopaís para se criar incentivos para a renovação etambém investir na reciclagem.”

ferrovias, vias hídricas, segurança nasestradas”, afirmou Lohani.

A proposta é impulsionar o desenvolvi-mento econômico, proteger o ambiente ea saúde pública. “Esses compromissossem precedentes podem salvar centenasde milhares de vidas, limpando o ar nascidades, tornando as estradas mais segu-ras, reduzindo os congestionamentos ediminuindo o efeito nocivo dos transpor-tes nas alterações climáticas”, disse o di-retor-executivo do ONU-Habitat, JoanClos. Segundo ele, o objetivo dessa inicia-tiva dos bancos é criar uma maior efi-ciência no transporte de cargas e de pas-sageiros, estimulando o crescimento ur-bano e econômico sustentável.

US$ 175 bilhões

Japão discute reciclagem de veículos

INICIATIVA Japão é referência na reciclagem de veículos

VINICIUS LADEIRA

SINDFLUVIAL/DIVULGAÇÃO

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E O TRANSPORTE

Restrição ao carro e prioridade a pedestres

Pessoas e veículos dispu-tam o mesmo espaçonas grandes cidades. A

melhoria da mobilidade e aescolha sobre as intervençõesa serem implantadas devempassar necessariamente sobrea resposta à seguinte questão:qual a cidade que queremos?Para o consultor em estraté-gias urbanas e ex-prefeito deBogotá, na Colômbia, EnriquePeñalosa, “uma boa cidadenão é aquela onde os pobresandam de carro, mas simaquela onde até os mais ricos

usam o transporte público”.Ele participou do evento Me-gacidades 2012 – Transporte,Energia e DesenvolvimentoUrbano no Parque dos Atletas.

A qualidade de vida no diaa dia da população, segundoPeñalosa, depende muito dasmedidas para se dar menosespaço para o carro. “Temosque determinar que tipo de vi-da nos torna mais felizes. Pen-so que uma boa cidade éaquela que nos convida a es-tar ao ar livre, e não em shop-pings centers. Estar livre em

espaços públicos. É a cidadeque atende nossas necessida-des básicas e oferece outrascoisas. Tem um sistema efi-ciente para bicicletas. Nos dápossibilidade de caminhar.Sem poder andar, ficaríamosem uma gaiola”, definiu.

Na opinião do ex-prefeitode Bogotá, os veículos – se-jam eles mais sustentáveis ounão – prejudicam a qualidadede vida das pessoas, trazem oconflito, a briga pelo espaço.Ele comenta que as vias degrande velocidade funcionam

como espécies de cerca, blo-queiam as cidades, não dei-xam as pessoas passarem,“fazem mal ao ser humano”.Criar meios que incentivem ascaminhadas é essencial paraa melhoria da qualidade de vi-da, avaliou o ex-prefeito deBogotá.

“Precisamos pensar naspessoas, nas vias para os pe-destres. É fundamental havercalçadas nas cidades, priori-zar o uso de bicicletas. Ondenão há calçada, não há demo-cracia. Um secretário detransporte precisa pensarimediatamente em medidaspara se reduzir o uso do carro.Mas muitos pensam exata-mente o contrário. Definemmeios de aumentar o uso dosveículos”, comentou.

Peñalosa mostrou algunsexemplos que têm funciona-do em Bogotá, como ruasque priorizam os pedestres eo sistema de ônibus Transmi-lênio, com seus corredoresexclusivos, entre outras ini-ciativas. “O transporte emmassa, metrôs e BRTs aju-dam, mas não resolvem oscongestionamentos. Conges-tionamentos só serão resol-vidos com a restrição ao usodo carro”, concluiu.

CONGESTIONAMENTO Veículos particulares contribuem para aumentar gargalos no trânsito

C.ALVIM COSTA/FUTU RA PRESS

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Uma boa cidade não é aquela onde os pobres andam de carro, mas sim aquela onde até os mais ricos usam o transporte públicoENRIQUE PEÑALOSA, EX-PREFEITO DE BOGOTÁ

“ “

Investir no transporte sustentável- construindo estruturas viáriasde maior qualidade, retirando

carros das ruas, atraindo a popula-ção para a bicicleta e para andar a pé- é importante para se obter ganhosna saúde e na redução de acidentes.

“A infraestrutura adequadatraz vias mais seguras, com cru-zamentos mais seguros, calça-das, ciclovias. Tudo contribui pa-ra reduzir o número de mortos.Nos países mais pobres, os atro-pelamentos são mais comuns. Etemos agora a epidemia das mo-tos. É necessário tomar medidaspara reduzir a poluição das cida-des, que gera doenças”, disse ogerente da área de desenvolvi-mento sustentável da Opas (Or-ganização Pan-Americana daSaúde), Luiz Augusto Galvão.

Ele trabalha no escritório da OMS(Organização Mundial da Saúde), emWashington, nos Estados Unidos, e par-ticipou do evento paralelo à Rio+20, opainel Transporte Urbano SustentávelSalva Vidas. O evento foi promovidopela Embarq, uma organização detransporte sustentável, na sede da Fe-transpor (Federação das Empresas deTransportes de Passageiros do Estadodo Rio de Janeiro).

Galvão comentou que a soluçãodo transporte coletivo não é a mes-ma para todas as cidades e ressaltouque, se fôssemos falar em benefíciosconcretos para a saúde das pessoas,seria necessário implantar ciclovias.“O ideal mesmo era que todos nósandássemos de bicicleta. Faríamos

PEDALADA Uso de bicicleta deve estar inserido em projeto de transporte sustentável

Orelatório “O Custo do Insus-tentável” foi lançado pelaIlats (Iniciativa Latino-Ameri-

cana para o Transporte Sustentá-vel), durante o evento “TransporteSustentável nas Cidades do Futuro –Recomendações para a Rio+20”,promovido pela UITP (Associação In-ternacional de Transporte Público) epela Fetranspor (Federação das Em-presas de Transportes de Passagei-ros do Estado do Rio de Janeiro). AIlats - que reúne instituições e pro-fissionais do meio ambiente, do ur-banismo e do transporte – tambémcomeçou a atuar durante a Rio+20.

Em mais de 50 páginas, estão lis-tados diversos problemas causadospelo investimento inadequado emações que permitam maior mobili-dade e sustentabilidade. Segundo o

coordenador da Ilats, Luiz AntonioCortez Ferreira, o documento agre-ga informações de externalidadesdo transporte. Ele explica que sãoos custos transferidos para outraspessoas que não estão diretamenteenvolvidas com o setor.

“São os acidentes, os custos as-sociados a problemas de saúde de-vido à poluição. Temos estudoscomprovando que em São Paulomorrem mais pessoas a cada diaem consequência da poluição doque em números de acidentes”,disse Ferreira. O relatório traz nú-meros sobre as emissões de gasese aponta que “o desenvolvimentosustentável não será possível semuma rápida evolução para sistemasde transporte de alta eficiência ebaixo carbono”.

Ilats aponta prejuízosum exercício diário, que seria ótimotambém para a saúde mental. Em ci-dades como Amsterdã (Holanda), acentral do metrô é quase um edifício-garagem de bicicletas.”

Segundo o gerente da Opas,nas Américas, o trânsito respondepor aproxidamente 140 mil mortese 5 milhões de feridos por ano.Galvão comentou sobre a Décadade Ação para a Segurança Viária,estabelecida pela ONU (Organiza-ção das Nações Unidas), de 2011 a2020. “Foi definido um plano deações com cinco pilares. Se foraplicado, há uma estimativa deque será possível reduzir em 5 mi-lhões o número de mortes nomundo.” Os pilares são: gestão dasegurança no trânsito; infraestru-tura viária adequada; segurançaveicular; comportamento e segu-rança do usuário e atendimentopré e pós-hospitalar.

Sustentabilidade contribui para reduzir acidentesJUSSIARA COSTA

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E O TRANSPORTE

Oestudo “Segurança Viáriaem Corredores de Ônibus”foi apresentado durante

um evento paralelo à Rio+20, pe-la Embarq – organização quetrabalha pelo transporte sus-tentável. O documento mostraas diretrizes para integrar asegurança viária ao planeja-mento, projeto e operação desistemas BRT (Bus Rapid Tran-sit), corredores e faixas exclu-sivas de ônibus.

Segundo o diretor-presi-dente da Embarq Brasil, LuisAntonio Lindau, doutor emtransporte e especialista emmobilidade urbana, se for fei-ta uma auditoria de segurançaviária antes e durante a im-plantação do projeto, a expe-riência mundial mostra que aredução de acidentes podeser de 30% a 40%.

O Brasil vai passar por umgrande programa de implan-tação de BRTs nos próximosanos. É importante pensar emmedidas de engenharia paratornar os projetos mais segu-ros, ressalta Lindau. Traves-sia adequada de pedestres éuma das formas de se ofere-cer segurança. Faixas deBRTs no contrafluxo aumen-tam os riscos. “Nem todosBRTs vão salvar vidas. Paraque isso aconteça, é funda-mental pensar na implanta-ção de uma engenharia desegurança”, disse.

As diretrizes do estudo es-tão baseadas em resultadosde um projeto de pesquisaque avaliou segurança, ope-rações e acessibilidade emgrandes corredores de ônibuse sistemas BRT de várias ci-dades do mundo. Algumasconclusões principais sãoque os pedestres correspon-dem com a maioria das fatali-dades e que a segurança de-pende da concepção globalda via, e não apenas da infra-estrutura dos ônibus.

Os sistemas BRT com corre-dores centrais e estações fe-chadas são a opção mais segu-ra. Os tipos mais comuns de co-lisões de veículos ocorremquando carros fazem conver-sões proibidas à esquerda, atra-vessando os corredores e coli-dindo com ônibus que vêm emsentido contrário.

Conforme o estudo, o BRTMacrobús, em Guadalajara,no México, registrou reduçãode acidentes em 46%, emmédia. Em Bogotá, depois daimplantação do primeiro cor-redor Transmilênio, houveredução de 60% das mortesem uma avenida. Mas segun-do o estudo, o corredor deônibus da avenida CristianoMachado, em Belo Horizonte(MG), “continua sendo a viacom as maiores frequênciasde acidentes em toda a cida-de, apesar da presença de

MENOS RISCO Travessias corretas aumentam a segurança em sistema BRT

ALERTA Luis Antonio Lindau apresentou estudo da Embarq durante a Rio+20

Estudo da Embarq mostra diretriz de BRT seguro

CYNTHIA CASTRO

um corredor de ônibus emfaixas centrais”.

De qualquer forma, segundoLindau, esses problemas daCristiano Machado foram cons-tatados na versão passada decorredor exclusivo, que ainda

não era BRT. “Agora, a versãoBRT que está sendo implantada,com travessias de pedestres,vem com o objetivo de revertero quadro anterior.” O estudo po-de ser consultado no sitewww.embarqbrasil.org.

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EMBARQ/DIVULGAÇÃO

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Na segunda semana daRio+20, a revista CNTTransporte Atual e a

Agência CNT de Notícias foramconvidadas, com jornalistas es-trangeiros, a conhecer o BRT-Transoeste, que começou afuncionar no início de junho. Aprevisão é que o Rio de Janeiroimplante quatro sistemas deBRT (Bus Rapid Transit). Em2013, o Transcarioca; em 2014, oTransolímpica, e até 2016, oTransbrasil.

A viagem guiada foi em umtrecho curto. Saiu da estação Al-vorada, na Barra, e seguiu para oRecreio. Ao entrar nas modernasestações, já fica clara uma pri-meira diferença no conforto emrelação aos pontos de ônibus dosistema convencional.

Uma característica básicado BRT, o embarque em nível,oferece mais segurança e agi-lidade aos passageiros, quenão precisam subir e descerdegraus na hora de entrar noveículo. O pagamento anteci-pado da passagem contribuipara a rapidez no desloca-mento, e o corredor exclusivopermite o trânsito livre.

O diretor-presidente da Em-barq Brasil, Luis Antonio Lin-dau, comentou que o BRT doRio é um exemplo importantepara a melhoria da mobilidadeurbana. “É o início de uma no-va geração de BRT que trarágrandes benefícios.”

BRT TRANSOESTE Sistema começou a operar em junho e já leva mais agilidade a passageiros

Aredução de emissõesdecorrentes da implan-tação de BRT e também

dos BRS foram destacadas du-rante a Rio+20 pela Fetranspor(Federação das Empresas deTransportes de Passageiros doEstado do Rio de Janeiro). OsBRS são faixas exclusivas deônibus, mais simples do queos BRTs, que estão sendo im-plantadas no Rio de Janeiro.

“A cidade está sendo prepa-rada, e acredito que a implan-tação do BRS e do BRT serámuito positiva para a mobilida-de e para o meio ambiente”,

disse o presidente-executivoda Fetranspor, Lelis Marcos Tei-xeira. No BRS de Copacabana, ogerente de Operações da Mobi-lidade Urbana, Guilherme Wil-son, destaca que houve redu-ção de 15% a 20% no consumode combustível pelos veículosdo transporte de passageiros.

“Com a melhoria operacio-nal, o ônibus que levava umahora para passar no trajeto,agora gasta a metade do tem-po, carregando mais passagei-ros e com velocidade opera-cional maior. Com isso, diminuio consumo. Gasta-se muito

combustível quando fica an-dando e parando”, disse Gui-lherme Wilson.

No BRT Transoeste, que co-meçou a operar em junho, Gui-lherme Wilson diz que houveredução de 65% nas emissõesde poluentes locais. Entre osmotivos, estão a renovação dafrota que opera no BRT, commotores Euro 5, menos po-luentes; a redução total de veí-culos nas ruas, pois os ônibussão articulados, e o aumentoda velocidade média operacio-nal, o que contribui para a efi-ciência energética.

Fetranspor destaca ganho ambiental

Reportagem faz visita guiada ao Transoeste MARIANA GIL/EMBARQ BRASIL/DIVULGAÇÃO

A cidade está sendo preparada, e acredito que a implantação do BRS e do BRT será muito positivapara a mobilidade e para o meio ambiente

LELIS MARCOS TEIXEIRA, PRESIDENTE-EXECUTIVO DA FETRANSPOR

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E O TRANSPORTE

ORainbow Warrior (Guer-reiro Arco-Íris) – um ve-leiro híbrido alimenta-

do principalmente pela forçados ventos e energia solar –atraiu centenas de pessoasque passaram pelo Píer Mauá,durante os dias da Rio+20.Crianças e adultos ficaram ho-ras na fila para conhecer o in-terior da embarcação doGreenpeace, construída comfoco na sustentabilidade.

Com 58 metros de compri-mento e 52 metros de altura de

mastro, o navio tem pelo me-nos cinco características cha-madas de pontos verdes. O de-sign do casco foi desenvolvidopara permitir alta eficiência,economizando combustível epossibilitando uma velocidademaior. O mastro em formato daletra A também favorece a efi-ciência energética, de acordocom os membros da organiza-ção não governamental.

O navio permite um trata-mento especial do lixo orgâni-co e tem tanques de armazena-

mento de resíduos. Há um sis-tema especial de purificaçãoda água, e a tinta utilizada nocalado é especial e não tóxicapara não agredir os organis-mos do meio ambiente, confor-me explicou a voluntária emembro da tripulação ElissamaMenezes, do Estado da Bahia.

Há quatro formas possíveispara movimentar o navio: so-mente o uso das velas, velascom sistema elétrico, somenteelétrico e uso do óleo diesel.Mas, segundo a tripulação, na

maior parte do tempo, o navioutiliza somente as velas. Emcondições favoráveis de ven-to, a velocidade pode chegar acerca de 30 km/h. “Buscamosaproveitar o vento sempreque possível, diminuindo as-sim as emissões”, disse ocoordenador da campanha declima e energia do Greenpea-ce, Pedro Torres.

O Rainbow Warrior foi lança-do em outubro de 2011. Projeta-do por um engenheiro holan-dês e construído durante maisde um ano em Bremen, na Ale-manha, foi feito especialmentepara ser utilizado nas campa-nhas do Greenpeace. Nos pri-meiros meses após o lança-mento, o navio-veleiro fez umtour pela Europa e pelos Esta-dos Unidos. No Brasil, chegouprimeiro à Amazônia, depoisdesceu pela costa.

No Brasil, o Greenpeacecompleta duas décadas deatuação neste ano, juntamentecom a realização da Rio+20 –20 anos depois da conferênciada ONU sobre meio ambientena capital fluminense, em 1992.O mote da campanha 2012 noBrasil aborda dois temas prin-cipais: Desmatamento Zero eClima e Energia.

PREOCUPAÇÃO Novo navio do Greenpeace tem características para gastar menos combustível e tratar a água

Navio é construído com foco ambiental

JUSSIARA COSTA

Os pesquisadores já mostrarampriorizar os incentivos para que essas“PEDRO TORRES, DO GREENPEACE

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Hamburgo: cidade verde e porto revitalizado

Oprojeto de uma cidadeextremamente arboriza-da e que passa por um

processo de revitalização daárea portuária foi apresentadono Parque dos Atletas, no fórumMegacidades 2012 – Transporte,Energia e Desenvolvimento Ur-bano. O embaixador de Ham-burgo para o Rio de Janeiro,Rolf Bohnhof, mostrou um pou-co da proposta implantada nacidade no Norte da Alemanha.

Segundo ele, as medidas sãoum bom exemplo de como umacidade pode se modificar paralevar mais qualidade de vidapara a população. “O Hafen Cityengloba uma área que antes fa-zia parte do porto e se tornouuma das regiões mais moder-nas da cidade. São 157 hectares.É uma área muito usada paraoferecer cultura para a popula-ção, e não há indústria. Quandoa cidade começou a pensar emintegrar a região, que continhaindústrias e uma zona portuá-ria grande, foi necessário criarmeios para limpar esse espaçoe também pensar no futuro”,disse o embaixador.

Veio então a necessidadede implantar medidas quepermitiriam maior mobilida-de. Houve investimento empontos para acesso de bici-cletas e para integrar osmeios de transporte na áreaurbana. Segundo ele, “não énecessário percorrer gran-

JUSSIARA COSTA

DEBATE Fórum Megacidades 2012-Transporte, Energia e Desenvolvimento Urbano

PORTO DE HAMBURGO Região portuária de cidade alemã foi revitalizada

ISTOCKPHOTO

que é possível. Só falta mesmo o governo tecnologias, que já existem, sejam viáveis

des distâncias para se deslo-car e ter mobilidade. É possí-vel chegar de trem, de carro,de ônibus, com facilidade”. Ehá também um metrô de su-perfície. “Essa região está to-talmente integrada ao centromais antigo.”

Segundo o embaixador, oprojeto, que começou a serconcebido há duas décadas,ainda precisará de mais 15anos para ser totalmente im-plantado. Ele comentou que háuma preocupação constanteem deixar Hamburgo mais ver-de e agradável, com arboriza-ção intensa e investimento emtransporte.

Bohnhof disse que a cidadetem investido em tecnologia ehá dez anos desenvolve um

programa que coloca ônibus ahidrogênio nas ruas. Ele citoua instalação de prédios extre-mamente modernos e preocu-pados com a sustentabilidade.O embaixador destacou que

Hamburgo é um importante lo-cal de negócios do norte da Eu-ropa e fica a menos de duashoras e meia de viagem para oReino Unido, Escandinávia eleste europeu.

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E O TRANSPORTE

A ampliação do comércio com a China é infinita e pode crescer bastante,

como mostra essa questão dos aviõesMINISTRO DA FAZENDA, GUIDO MANTEGA

“ “

Embraer produzirá jatos executivos na China

Além das discussões am-bientais, a Rio+20 foipalco de realização de

acordos comerciais entre paí-ses. A Embraer irá produzirna China os jatos executivosLegacy 600 e 650 e deve au-mentar as exportações deaeronaves para o giganteasiático. A medida, anunciadapelo ministro da Fazenda,Guido Mantega, durante aconferência da ONU, está in-serida no Plano Decenal Es-tratégico de Colaboração en-tre Brasil e China, firmado pe-

la presidente Dilma Rousseffe pelo primeiro-ministro chi-nês, Wen Jiabao.

O plano reúne um conjun-to de iniciativas para a apro-ximação tecnológica, comer-cial e agrícola dos dois paí-ses. Também foram assina-dos na Rio+20 protocolos pa-ra o lançamento de satélitessino-brasileiros. Um delesestá previsto para ser lança-do neste ano, conforme o mi-nistro da Fazenda. E o outro,daqui a um ano. "São satéli-tes meteorológicos que pos-

sibilitam o desenvolvimentotecnológico aeroespacial aser compartilhado pelos doispaíses", explicou. Sem deta-lhar, Mantega citou que aChina quer implantar proje-tos automobilísticos no Bra-sil e investir na área de pe-tróleo e gás.

Outra cooperação, segun-do o ministro da Educação,Aloizio Mercadante, será parao programa Ciência sem Fron-teira. Também foi anunciada aabertura de vagas de inter-câmbio entre os dois países.

Será aberto no Brasil um cen-tro cultural para difundir acultura chinesa. Os dois mi-nistros brasileiros e outros 13chineses estiveram presentesdurante a oficialização des-sas parcerias.

"A ampliação do comérciocom a China é infinita e podecrescer bastante, como mos-tra essa questão dos aviões.O que é bom porque hoje ex-portamos principalmentecommodities e queremos ex-portar produtos manufatura-dos. Mas, mesmo ao falar dascommodities, apesar da crise,a China não diminuiu a impor-tação do Brasil", afirmouMantega. Ele lembrou que opaís asiático é o principalparceiro comercial do Brasil,com um comércio que repre-senta US$ 70 bilhões.

A Embraer informou que oacordo foi assinado com aAvic (Aviation Industry Corpo-ration of China) para a fabri-cação dos jatos, na cidade deHarbin, usando infraestrutura,recursos financeiros e mão deobra da joint venture HarbinEmbraer Aircraft Industry Co.,Ltd. (Heai), que iniciou as ope-rações em 2002. A entrega doprimeiro jato executivo deveser no final de 2013.

LEGACY 650 Jato executivo será produzido na cidade de Harbin

EMBRAER/DIVULGAÇÃO

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FOTOS CYNTHIA CASTRO

Conferência reuniu mais de 3.000 eventos

Mais de 40 mil pessoaspassaram pelo Riocentroentre os dias 13 e 22 de

junho, onde ficou concentrada aprogramação oficial da Rio+20.Também teve programação noParque dos Atletas, Píer Mauá,Aterro do Flamengo, Forte de Co-pacabana e outros locais. Forampelo menos 500 eventos oficiaise 3.000 não oficiais.

No Riocentro, estiveram pre-sentes delegações de 188 Esta-dos-Membros e três observado-res. A conferência reuniu maisde cem chefes de Estado e de

governo. Mais de 4.000 jornalis-tas foram credenciados e 5.000pessoas trabalharam no Riocen-tro diariamente. Somente o ser-viço de segurança teve 4.363profissionais.

As ruas do Rio de Janeiro setransformaram em palco de di-versas manifestações. Muitas naregião onde ficou a Cúpula dosPovos por Justiça Social e Am-biental - um evento organizadopela sociedade civil. A Rio+20marca os 20 anos da Conferênciadas Nações Unidas sobre MeioAmbiente e Desenvolvimento

(Rio 92 ou Eco 92). Segundo osrepresentantes da Cúpula dosPovos, “nessas duas décadas, afalta de ações para superar a in-justiça social e ambiental temfrustrado expectativas e desa-creditado a ONU”. A Cúpula con-sidera que “a pauta prevista pa-ra a Rio+20 oficial – a chamada‘economia verde’ e a institucio-nalidade global – é consideradacomo insatisfatória para lidarcom a crise do planeta”.

No último dia da conferên-cia, a presidente Dilma Rous-seff disse que o texto final da

Rio+20 é um ponto de partida.“Um documento de conferên-cia sobre o meio ambiente esobre desenvolvimento sus-tentável, biodiversidade, erra-dicação da pobreza é, necessa-riamente, um ponto de partida,porque é até onde as naçõeschegaram no seu conjunto.Agora, o que nós temos de exi-gir é que, a partir desse docu-mento, as nações avancem. Oque nós não podemos conce-ber é que alguém fique aquémdessa posição, além dessa po-sição todos devem ir.” l

CÚPULA DOS POVOS Índios participaram

RIOCENTRO Local concentrou programação oficial

IMPRENSA Mais de 4.000 jornalistas foram credenciados

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Areportagem da CNTTransporte Atualchegou a Una, naCosta do Cacau, lito-

ral sul da Bahia, com a missãode encontrar o marinheiro-es-critor Joilson Maia. Uma voltarápida pela pequena cidade depouco mais de 24 mil habitan-tes e já estávamos na casasimples, de paredes averme-lhadas e grades nas janelas.

A recepção foi carregada deentusiasmo por um homem fa-lante e cheio de histórias paracontar, mas um pouco tímido emalguns momentos. O objetivo eraconhecer a rotina desse pai defamília, marinheiro, trabalhador

do setor de transporte, escritor.Joilson é daquelas pessoas quefazem de tudo para realizar opróprio sonho. O dele? Permitirque as gerações futuras vivamem um mundo melhor. Clichê ounão, a verdade é que ele luta, emuito, para isso.

Há 19 anos, Joilson trabalhacomo marinheiro fazendo a tra-vessia de turistas e trabalhado-res do continente para o resortTransamérica, na ilha de Co-mandatuba. Tem habilitação daCapitania dos Portos da Bahiapara pilotar pequenas embar-cações que naveguem a até 30milhas náuticas da costa, oequivalente a 55,56 km.

Nascido na terra que inspi-rou Jorge Amado, Ilhéus, aindacriança foi viver em Colônia,uma região de Una povoadapor japoneses. O pai agricultorfoi trabalhar nas fazendas decacau, produto que naquelaépoca movimentava a econo-mia da região. O chamado ouronegro – o cacau era assim co-nhecido antes do petróleo –hoje já não enriquece tanto acidade. No final dos anos 1980,o ataque da praga “vassourade bruxa” destruiu os cacauei-ros da região e até hoje a recu-peração não foi completa.

Esse, inclusive, é o enredo de“Memórias Sofridas”, um dos 13

Marinheiro já tem 14 livros publicados. A maior parte deles trata da

importância da preservação ambientalPOR LIVIA CEREZOLI

DE UNA (BA)

Entre o mare a literatura

FOTOS LIVIA CEREZOLI/DIVULGAÇÃO

PERFIL

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ser desligada de uma montanha.A montanha negou seu pedido,mas depois de um espirro aca-bou transformando a porção deterra em pó. Quando caiu nomar, ela se transformou nova-mente em terra e passou a serchamada de Comandá-Tubá,dando origem à ilha de Coman-datuba, onde vocês trabalhamhoje”, foi a história que ele con-tou durante a travessia.

Com o propósito de ser umexemplo para as crianças acredi-tarem nos seus sonhos, o mari-nheiro-escritor utiliza a sua fol-ga semanal para desenvolverprojetos de leitura e contação dehistórias nas escolas públicas e

que dá para manter a casa bemequipada, mas sem luxos, ondevive com a mulher, Rute, e o filhoJúnior, de 13 anos, a inspiraçãopara muitas de suas histórias.“Quando ele nasceu, eu passavahoras contando as histórias queeu lia e outras que eu criava.”

Numa das travessias de Joil-son até a ilha de Comandatuba,na embarcação em que estavamos operários que trabalham naconstrução de um centro deconvenções no resort, o mari-nheiro assumiu a função de con-tador de história e, como já é depraxe na região, foi aplaudidopelos ouvintes. “Uma porção deterra improdutiva pediu para

que começaram a surgir aspróprias histórias.

A maioria delas é voltada pa-ra o público infantil e trata dequestões ambientais. Para ele, épossível mudar a forma como aspessoas se relacionam com omeio ambiente por meio da lei-tura. “Quero ensinar as criançasa lutarem por um mundo melhor,só que, para isso, elas precisamsaber qual é o papel delas aqui.Não podemos simplesmente sairconsumindo tudo sem ter o cui-dado com o lixo que produzimos,por exemplo.”

O marinheiro de 39 anos tra-balha oito horas por dia, temcarteira assinada e um salário

livros que Joilson já publicou.Contando as agonias reais demuitos moradores da Una du-rante uma época difícil, o autorconsegue ainda ensinar sobre apreservação ambiental ao incluirno livro a história de um garotoque foi morar no lixo.

Apaixonado por literatura,de família muito pobre e semconseguir comprar livros,quando criança, Joilson se vi-rava como podia. Na escola,emprestava os exemplares doscolegas e chegava a decorar ashistórias em um único dia paracontar aos dez irmãos em casa.“Eles sempre me esperavamansiosos”, diz. Foi depois disso

DEDICAÇÃO Nos dias de folga, Joilson Maia desenvolve projetos de incentivo à leitura nas escolas

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particulares da região de Ilhéus.“Quero ser para essas crianças oexemplo de alguém que acreditaem um sonho e vai em busca darealização dele.”

E na escola, depois de umasessão de histórias, dá para verpelo reconhecimento das crian-ças que o sonho de Joilson es-tá mesmo sendo realizado. He-loísa Almeida, de 6 anos, revelanos olhos que gostou do queouviu. Enquanto tenta explicara mensagem que aprendeu de-pois de ouvir a história do caça-dor é interrompida pelo colegaGuilherme Marques. “Eu apren-di que não devemos matar osanimais”, diz o garoto.

vidade é importante para desen-volver a criatividade e até a es-crita das crianças.”

O também professor CarlosMagno de Melo Ramos já utilizoualguns livros de Joilson em tra-balhos dentro e fora da sala deaula e, de acordo com ele, o fatode as histórias tratarem, além dapreservação ambiental, de ques-tões sociais da região de Una,desperta ainda mais o interessedos alunos e permite que elesconheçam mais o lugar onde vi-vem. “Temos uma grande defi-ciência em relação à leitura. Pre-cisamos incentivar nossos alu-nos a gostar dos livros, e o Joil-son tem contribuído para isso.”

Na sala cheia, gritos pedemque Joilson conte a sua histó-ria mais famosa: “O Menino e aGota-d’Água”, livro lançado em2010 que já virou filme e foidistribuído no estande da CNTe do Sest Senat durante aRio+20, Conferência das Na-ções Unidas sobre Desenvolvi-mento Sustentável, realizadaem junho, no Rio de Janeiro(leia mais na página 40).

“Aprendi muito com as histó-rias dele. Sei que a água é impor-tante e que não devemos des-perdiçá-la”, diz Letícia MatosCruz. Para a professora LucileideAlves Santos, esse retorno é oque mais vale. “Esse tipo de ati-

Inspirado pelo conterrâneoJorge Amado, por Lima Barreto,Euclides da Cunha, Odete de Bar-ros, entre tantos outros, o mari-nheiro-escritor prefere as ma-drugadas para escrever. Na roti-na dele, quando o relógio marca5h é o momento exato de come-çar a produzir os textos. Diaria-mente, são quase três horas dededicação. “Só mudo essa rotinaquando estou no revezamentonoturno no meu trabalho.”

Sem muito esforço, as ideiasfluem e os enredos vão sendomontados, algumas vezes basea-dos em fatos corriqueiros da ci-dade. Em outras, na imaginaçãofértil do escritor. “Tenho muitahistória na minha cabeça prontapara colocar no papel.”

A infância pobre nas fazendasde cacau e a falta de oportunidadede concluir a sonhada faculdadede direito – ele terminou o ensinomédio – não foram as maiores difi-culdades enfrentadas por Joilson.Segundo ele, o difícil mesmo foiconseguir publicar o primeiro livro(“Vida de Adolescente”, em 2002)e fazer com que as pessoas acre-ditassem na utilidade dele.

Dez anos depois, o desafiocontinua o mesmo a cada no-vo livro publicado, mas elenão desiste. “A história que euainda quero contar? É umahistória de superação, de su-cesso, de esperança, porqueeu acredito na vida.”

LIVROS PUBLICADOS

INFANTOJUVENIS“Vida de Adolescente” (2002)“Menino sem Face” (2003)“O Prazer de Viver na Ilha” (2004)“Memórias Sofridas” (2005)

INFANTIS“Pulga Mague e Formiga Thuí” (2006)“O Encanto” (2007)“O Espirro da Montanha” (2008)“A Ilha Encantada” (2008)“Um Dia e Meio de Reinado da FormigaThuí” (2009)“O Dia da Gota-d’Água” (2009)“O Retorno da Formiga Thuí” (2009)“O Jequitibá” (2009)“O Menino e a Gota-d'Água” (2010)“O Menino e a Gota-d'Água II” (2011)

FILMES“O Menino e a Gota-d’Água” “O Menino e a Gota-d’Água II”

Para adquirir os livrosEditora: Via Litterarum - (73) 4141-0748ou [email protected] o autor:[email protected] [email protected]@gmail.com

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CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 201240

Escritor baiano atrai atenção na Rio+20

De Una (BA), JoilsonMaia seguiu para o Riode Janeiro, onde par-

ticipou da Rio+20. No estan-de da CNT e do Sest Senatmontado no Píer Mauá, eledistribuiu e autografou o li-vro infantil “O Menino e aGota-d´Água” e chamou aatenção de quem passavapelo local. “Estou surpresocom todas as pessoas inte-ressadas na mensagem. Opessoal está encantado”,disse Joilson.

O livro narra o encontrodo menino Duca e uma go-ta que representa o res-

tante de água pura da Ter-ra. Ela pede ajuda para queas nascentes não sejampoluídas. Em um primeiromomento, Duca desconfiado pedido, mas depoisaceita o desafio.

Entre os visitantes do es-tande que se encantaramcom o livro, estão a profes-sora de biologia PolianaGuimarães, 28, e a amigaFernanda Ilária, 35. Elas sãocolegas de mestrado emciências ambientais. Nasci-das no sertão baiano, co-nhecem bem a falta que faza disponibilidade de água.

E, por isso, destacaram ain-da mais a importância do li-vro de Joilson para cons-cientizar as crianças.

“Estou levando algunsexemplares para distribuirpara os meus alunos. Lá ondemoro, em Malhada de Pedras(600 km de Salvador), vive-mos esse problema. Para la-var roupa e tomar banho, aágua é salobra e não é tãolimpa. Para beber, usamos aágua de caminhão-pipa. Émuito importante trabalharpela preservação desse re-curso”, diz Poliana.

No ano passado, Joilson

lançou “O Menino e a Gota-d’Água II”, que retrata a si-tuação do rio Cachoeira, emItabuna (BA). “Já estou pre-parando a sequência da sé-rie. Vou falar dos rios Tietê(SP) e São Francisco, quenasce em Minas Gerais eatravessa o Nordeste.”

Em maio , os dois livrossobre a água viraram umcurta-metragem de anima-ção, de 12 minutos. O filmeestá sendo distribuído emescolas públicas e institui-ções que trabalham com apreservação ambiental naregião de Ilhéus. l

POR CYNTHIA CASTRO E ÉRICA ABE

JUSSIARA COSTA

CONSCIENTIZAÇÃO Joilson Maia distribuiu livro infantil sobre a importância da água

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Cargas da Amazônia), a TranspoAmazônia contou com o apoio ins-titucional da CNT e reuniu especia-listas em logística e representan-tes de diversas áreas do setor detransporte do país que discutiramos desafios para a realização dotransporte em uma área tão com-plexa e carente de infraestrutura.

Preservar a navegabilida-de dos rios da bacia ama-zônica, planejando aconstrução de eclusas,

investir em infraestrutura rodo-viária, reduzindo assim o isola-mento da região Norte do país ealiar o desenvolvimento econômi-co com a preservação ambiental.Essas são as principais recomen-dações para desenvolver o trans-porte de cargas e de passageirosna região amazônica que constamna Carta de Manaus, documentoassinado por representantes dosetor de transporte durante a 1ªTranspo Amazônia – Feira e Con-gresso Internacional de Logística,realizada na capital do Amazonasentre os dias 26 e 28 de junho.

Ao todo, a Carta contém 16 pro-postas de melhorias em infraes-trutura e operações consideradasessenciais para a região. O docu-mento foi encaminhado ao gover-no federal e tem a pretensão deser a base para os investimentosfuturos no Norte do país.

Realizada pela Fetramaz (Fede-ração das Empresas de Logística,Transporte e Agenciamento de

A necessidade de integrar osdiversos modais, favorecendo otransporte na Amazônia, foi des-tacada pelo presidente da CNT edo Sest Senat, senador Clésio An-drade, durante a cerimônia deabertura do evento. “Saber utili-zar o potencial de cada sistema éo grande segredo para o desen-

volvimento da atividade. A multi-modalidade ainda é pouco utili-zada no país devido à falta de in-tegração, mas ela é fundamentalpara a manutenção e a expansãodo nosso crescimento econômi-co”, afirma ele.

Abrigando a maior parte da flo-resta amazônica, a região Norte

Evento em Manaus apresenta os principais desafios

Propostas

TRANSPO AMAZÔNIA

ABERTURA O presidente da

POR LIVIA CEREZOLI DE MANAUS (AM)

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ocupa quase 45% de todo o terri-tório nacional. São aproximada-mente 3,8 milhões de quilômetrosquadrados cortados por apenas17,9 mil quilômetros de rodoviaspavimentadas. As ferrovias sãopraticamente inexistentes, osaeroportos e os portos pouco es-truturados, e os quase 22 mil qui-

lômetros de rios navegáveis sãomal aproveitados.

“Nosso grande desafio aqui échegar o mais rápido com o me-nor custo possível, mas para issoprecisamos investir em infraes-trutura. Há muitos anos, o Brasilnão faz um plano de desenvolvi-mento hidroviário. Esse tipo de

transporte é um dos mais bara-tos, mais econômicos e mais sus-tentáveis do mundo”, afirma Ira-ni Bertolini, presidente da Fetra-maz e diretor-presidente daTransportes Bertolini, empresaque realiza o transporte rodoflu-vial de mercadorias entre as re-giões Sul, Sudeste e Norte.

De acordo com ele, o custo deabertura e de manutenção dos ca-nais fluviais chega a ser até 15%mais barato do que a construçãoou a manutenção de rodovias,mas é preciso ter planejamento. Aconstrução de usinas hidrelétricastem prejudicado a navegabilidadedos rios. “As eclusas devem fazer

enfrentados pelo transporte de cargas na região Norte do país

para crescer

VALMIR LIMA

Investimentos ainda são baixos

NECESSIDADE

A grande cobrança de em-presários, representantes dosetor de transporte e espe-cialistas em logística durantea 1ª Transpo Amazônia foi afalta de um plano de investi-mentos mais audacioso paraa região Norte.

O balanço de um ano doPAC 2, divulgado pelo gover-no federal em março, mostraque a previsão de investimen-tos em todos os sete Estadosdo Norte, entre 2011 e 2014, éde R$ 9,7 bilhões.

De acordo com Paulo Fleu-ry, diretor-presidente do Ilos,os valores previstos no PAC 2são insuficientes para suprirtodas as deficiências existen-tes. “Uma análise desses in-vestimentos realizados e pre-vistos mostra que a regiãonão foi beneficiada à alturade sua importância estratégi-ca para o Brasil”, afirma.

Pelo Plano CNT de Trans-porte e Logística, que teve

sua quarta edição lançada em2011, o investimento mínimonecessário em infraestruturade transportes na região é deR$ 55,5 bilhões em obras hi-droviárias, rodoviárias, aero-portuárias, ferroviárias e deintegração entre os Estadosque compõem a região e orestante do país.

Dos nove eixos estrutu-rantes propostos pelo pla-no, sete estão na regiãoNorte. O Pará é o Estadoque deveria receber omaior volume de investi-mentos. Ao todo são R$ 19,4bilhões, dos quais R$ 5,1 bi-lhões deveriam ser investi-dos na abertura de canaishidroviários. No Amazonas,o investimento mínimo pre-visto pelo Plano CNT deTransporte e Logística é deR$ 10,3 bilhões. A maior par-te, R$ 1,7 bilhão, tambémdeve ser aplicada em obrashidroviárias.

CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade, discursa na Transpo Amazônia

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primas para a fabricação de ci-mento utilizado na construção deusinas hidrelétricas pelas hidro-vias dos rios Madeira e Amazonas,entre Porto Velho e Santarém.

Mesmo considerando a impor-tância do modal rodoviário, oconsultor em logística e diretorda MB Consultoria, Marx Alexan-dre Correa Gabriel, acredita quehá outras prioridades na região.“Não sou contra a conclusão dasrodovias, mas em longo prazoelas não trarão benefícios para a

mo assim são necessários trêsdias para a travessia.

O sistema de balsas utilizadopela empresa permite o transpor-te do semirreboque fechado, sema necessidade de descarregar amercadoria, o que agiliza o proce-dimento. Quando as balsas che-gam ao porto de Belém, os cavalosmecânicos são engatados e a via-gem segue por meio de rodoviaspara o Sul e Sudeste do país.

A Bertolini também realiza otransporte de grãos e matérias-

a logística da Amazônia. A entregade produtos e o escoamento dasmercadorias produzidas na ZonaFranca de Manaus ganhariam maisagilidade”, afirma.

Atualmente, as cargas quechegam a Belém com destino aManaus levam até cinco dias pa-ra serem transportadas pelasbalsas carreteiras da Transpor-tes Bertolini lançadas diariamen-te no rio Amazonas. No sentidocontrário, devido à correnteza dorio, o tempo é menor, mas mes-

parte dos projetos de barragens e,além disso, é preciso investir emsinalização das nossas hidrovias”,diz Bertolini.

Na visão do executivo, tão es-sencial quanto os investimentosno transporte fluvial é a conclusãodas BR-319, BR-163 e BR-230 paraacabar com o isolamento princi-palmente da cidade de Manaus,onde só se chega de avião ou bar-co, partindo de outras regiões doBrasil. “Temos certeza que essasrodovias, se finalizadas, mudariam

BALSA Transporte hidroviário é o principal modal para

Escoar produção é desafio

ZONA FRANCA

Com faturamento de R$21,4 bilhões registrado nosquatro primeiros meses des-te ano, o PIM (Polo Industrialde Manaus) tem como princi-pal desafio a logística, queenvolve tanto o recebimentode insumos como a entregade produtos acabados.

“O Amazonas é o maior eo menor Estado do país aomesmo tempo. Com uma áreade 1,6 milhão de quilômetrosquadrados, toda a sua econo-mia é produzida em uma áreade pouco mais de 50 quilô-metros quadrados, cercadapor rios e com pouquíssimasrodovias. Por isso, discutir assoluções logísticas é tão im-portante para agregar com-petitividade ao país, reduzin-do as importações e gerandoempregos”, afirmou o supe-rintendente da Zona Francade Manaus, Thomaz Nogueira,durante a abertura da 1ªTranspo Amazônia.

De acordo em ele, os in-sumos utilizados na produ-ção no Polo Industrial che-

gam via Canal do Panamá,são levados até Belém e de-pois seguem para Manaus.Um trajeto longo e demora-do, todo realizado por meiode navios e balsas. Para No-gueira, o ideal seria que es-ses produtos chegassem porrotas mais curtas, via Equa-dor ou Peru, mas para isso épreciso investir em melho-rias na infraestrutura tantode rodovias como das hidro-vias da região.

Criada há 45 anos, a Zo-na Franca de Manaus temmais de 600 empresas ematuação que geram aproxi-madamente 120 mil empre-gos. Entre os principais pro-dutos produzidos estão mo-tocicletas, aparelhos de ar-condicionado, micro-ondase eletroeletrônicos, comotelevisores, receptor de si-nal de TV e telefone celular.A expectativa é que sejammovimentadas 3,7 milhõesde toneladas de produtoseste ano, um crescimentode 6% em relação a 2011.

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de Logística e Supply Chain), otransporte na Amazônia deve serpensado de forma ampla, e a utili-zação da multimodalidade podetrazer bons resultados, já que nemsempre é possível abrir estradasou construir ferrovias e pistas depouso devido às restrições am-bientais e ao isolamento do res-tante do país. “As péssimas condi-ções de conservação das rodoviase a falta de ferrovias tornam a re-gião altamente dependente da na-vegação fluvial, mas ainda exis-

região. Onde já existe o traçado,e se a legislação ambiental per-mitir, as rodovias devem ser fina-lizadas mais pelo desenvolvi-mento social que podem trazerdo que pelas vantagens logísti-cas. Precisamos ampliar a capa-cidade de movimentação de car-gas dos terminais portuários eaeroportuários”, destaca.

Integração modalDe acordo com Paulo Fleury, di-

retor-presidente do Ilos (Instituto

tem amplas possibilidades de au-mentar o uso dos rios por meio deinvestimentos que maximizem oaproveitamento da multimodali-dade na região.”

Como a economia da regiãotem uma diversidade de produ-tos que vão desde a produção deeletroeletrônicos e veículos deduas rodas na Zona Franca deManaus até a exploração de pe-tróleo em Coari (AM) e de miné-rio de ferro na serra dos Carajás(PA), passando pela agropecuá-

ria no Pará e em Rondônia, a uti-lização de diferentes modais po-de garantir até mesmo ganhosde produtividade e redução decustos, acredita Fleury.

Levantamento feito pelo Ilosmostra que cada toneladatransportada por 1.000 km emrodovias chega a custar R$ 104.Nas ferrovias, esse custo caipara R$ 62 e nas hidrovias, paraR$ 46. “A escolha do modal vaidepender do valor agregado decada produto.” l

a movimentação de cargas na região ANSEIO Região espera pela reinstalação de rodovias, como a BR-319, no Amazonas

TRANSPORTES BERTOLINI/DIVULGAÇÃO PESQUISA CNT DE RODOVIAS

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REUNIÃO DA CIT

Representantes do se-tor de transporte de 18países das três Améri-cas (Sul, Central e Nor-

te) estiveram reunidos para a17ª Assembleia da CIT (CâmaraInteramericana de Transportes),realizada entre os dias 27 e 28de junho, durante a 1ª TranspoAmazônia, em Manaus (AM), pa-ra discutir os principais desa-fios enfrentados pela atividadetransportadora no continente.

Temas recorrentes, como oroubo de cargas, a falta de in-

fraestrutura adequada e deprofissionais capacitados, afrota antiga, os altos impostospagos, a não integração dasfronteiras e a falta de uniformi-dade nos controles de peso enas medições que dificulta otransporte rodoviário de car-gas entre os países membrosda CIT, foram debatidos duran-te a assembleia.

Segundo Paulo Vicente Ca-leffi, secretário-geral da CITreeleito para o mandato 2012-2014, mesmo que existam parti-

cularidades, os desafios nos di-versos países são muito pareci-dos e pedem soluções compar-tilhadas, como é o caso da uni-ficação das fronteiras. “Reduziro excesso de burocracia nasnossas aduanas poderia au-mentar o fluxo de bens circu-lando na região das Américase, assim, movimentar aindamais a economia dos países”,afirma ele.

Um estudo apresentadopor Martin Rojas, vice-presi-dente de segurança e opera-

ção da ATA (Associação Ameri-cana de Caminhões), sugereque a integração das aduanasseja inicialmente realizada emcada um dos blocos econômi-cos existentes, como o Merco-sul (Mercado Comum do Sul,formado por Brasil, Paraguai,Uruguai, Argentina e Venezue-la), o Pacto Andino (Bolívia,Colômbia, Equador e Peru) ouo Nafta (Tratado Norte-Ameri-cano de Livre Comércio, queengloba Estados Unidos, Méxi-co e Canadá), para depois in-

O transportenas Américas

A insegurança e a falta de qualificação e de infraestrutura estiveram entre os principais assuntos

discutidos em assembleia realizada em Manaus POR LIVIA CEREZOLI

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CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 2012 49

um dos temas debatidos duran-te a assembleia da CIT. Assimcomo o Brasil, a maioria dospaíses enfrenta esse tipo deproblema e busca maneiras desolucioná-lo. No Equador, entrejaneiro e agosto de 2011, foramregistradas 432 denúncias e 159pessoas foram presas pelo en-volvimento nesse tipo de crime.

Segundo Edgar Mora, secre-tário do Equador na CIT, um sis-tema de controle por meio desatélite, implantado neste anopelo governo equatoriano em

parceria com as empresas pri-vadas, já permitiu a redução de10% no número de roubos decargas nas estradas do país. “Osistema integrado faz o rastrea-mento do caminhão, e a qual-quer desvio de rota a policia éacionada. O gerenciamento étodo feito pelo governo, e o úni-co custo para as empresas é aimplantação do sistema de GPSnos veículos”, explica Mora.

No Panamá, a grande preo-cupação é com a falta de mãode obra especializada. As gran-

des obras que estão sendo rea-lizadas, como a construção denovas eclusas no Canal do Pa-namá, intensificaram o proble-ma. Há pelo menos dois anos,empresas do setor de transpor-te estão com caminhões para-dos nos pátios. “Acredito que te-mos uma deficiência de pelomenos 1.500 motoristas nopaís”, diz Oscar Grenald, presi-dente da CIT Panamá.

De acordo com ele, diferen-temente do que acontece noBrasil, no Panamá não existe

tegrar todo o continente. “Es-sa seria uma ideia inicial parareduzir os atrasos causadosnas fronteiras devido à libera-ção das cargas. Mas é precisoter vontade e força políticapara isso acontecer. O trans-porte impulsiona a competiti-vidade, o progresso, o bem-es-tar econômico e a paz naAmérica Latina”, diz Rojas. Noentanto, ainda não há consen-so entre os países para quehaja essa integração.

O roubo de carga também foi

VALMIR LIMA

REUNIÃO Paulo Vicente Caleffi, reeleito secretário-geral da CIT, abre a 17ª Assembleia Geral da entidade

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falto. O restante são estradasprecárias que atravessam re-giões montanhosas, provocan-do uma alta nos custos dos fre-tes realizados no país. A trans-posição de alguns trechos sópode ser realizada em cami-nhões pequenos.

ONUNa assembleia ainda foi

apresentada a Carta de Ma-naus, documento divulgadona abertura da Transpo Ama-zônia e assinado por todas asentidades presentes no even-to, recomendando ações efe-tivas para permitir o desen-volvimento do transporte naregião amazônica. A carta foienviada à ONU (Organizaçãodas Nações Unidas) para re-forçar o pedido da CIT de seraceita como organização ob-servadora junto à UNCTAD(Conferência das Nações Uni-das para o Comércio e Desen-volvimento). Até o fechamen-to desta edição, a decisão so-bre o pedido não havia sidodivulgada.

“Já somos membros da OEA(Organização dos Estados Ame-ricanos) desde 2011 e queremosreforçar nossa atuação inte-grando a ONU. Nosso objetivo éser o interlocutor do transportecom todas essas organizações”,afirma Caleffi. l

nenhuma escola de formaçãoprofissional voltada para aatividade, e o sistema de habi-litação dificulta ainda mais acontratação de motoristas. NoPanamá, a licença para dirigircaminhões é obtida por eta-pas. O motorista primeiro de-ve saber dirigir veículo depasseio para depois subir decategoria conforme o tama-nho do veículo. “Para algunstipos de caminhões, são exigi-dos quase oito anos iniciais delicença”, explica Grenald.

Para tentar minimizar oproblema, representantes dosetor de transporte no Pana-má conseguiram suspender,

desde março deste ano, a le-gislação que determina as re-gras para a obtenção da licen-ça. Com isso, já foi possível co-locar mais mil novos motoris-tas no mercado, mas Grenalddiz que ainda é pouco. “Esta-mos trabalhando para que asuspensão se estenda por pelomenos mais três meses.”

No Brasil, o Sest Senat temtrabalhado, desde 1994, na ca-pacitação do setor. Ao todo,são mais de 20 cursos ofereci-dos em todas as unidades emfuncionamento no país. O pro-grama Formação de Novos Mo-toristas para o Mercado deTrabalho, lançado no ano pas-

sado pelo Sest Senat, vempreparando novos profissio-nais para o mercado.

A falta de infraestrutura foio terceiro tema debatido du-rante a assembleia. Para Vic-tor Marquina Mauny, presi-dente da CIT Peru, falta umaação efetiva dos governos, jáque esse é um assunto recor-rente em inúmeros países. “Oporto de Callao, o mais impor-tante do Peru, registrou cres-cimento de 17% no últimoano, mas a péssima qualidadede nossas rodovias pode frearesse índice”, diz ele.

Segundo Mauny, apenas 20%das rodovias peruanas têm as-

Câmara completa uma década de trabalhoCOMEMORAÇÃO

Os 10 anos de atuação daCIT também foram lembra-dos durante a realização da17ª edição da assembleia.Criada em junho de 2002pela CNT (Confederação Na-cional do Transporte) com oobjetivo de fortalecer otransporte realizado nasAméricas, a CIT vem promo-vendo a troca de experiên-cias entre seus paísesmembros.

Argentina, Bolívia, Brasil,Chile, Colômbia, Costa Rica,Equador, El Salvador, Guate-mala, Honduras, México, Ni-carágua, Panamá, Paraguai,Peru, República Dominica-na, Uruguai e Venezuela

têm representação na CIT.Os Estados Unidos partici-param das últimas reuniõescomo país observador.

Nelson Chavez Vallejo,presidente do CapítuloEquador da CIT, lembrouque esses 10 anos têm con-tribuído para a conquistade uma América integrada,sem ambições e interessesparticulares pelo menos naatividade transportadora.“Lutamos juntos pela segu-rança na atividade e pelaformação de nossos profis-sionais. Hoje, temos certezaque cumprimos nossa mis-são diante do crescimentoeconômico registrado em

nossos países membros noúltimo ano. Mantemos nos-so compromisso de seguirnesse caminho e comparti-lhar a nossa experiênciacom as próximas gera-ções”, afirmou ele.

Anualmente, a CIT reali-za duas assembleias geraiscom a participação dos paí-ses membros e convidados,além de desenvolver pro-gramas e cursos nacionaise internacionais de pós-graduação em logística etransporte, simpósios e se-minários para discutir eelaborar soluções que te-nham como objetivo a inte-gração regional.

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CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 201252

Oturismo ferroviáriobrasileiro vem con-quistando espaçocom iniciativas em

todo o país. O Transbaião, umdos projetos mais recentes dosegmento, atrai e encanta opúblico do interior baiano, le-vando a cultura junina paramunicípios cortados pela ma-lha da FCA (Ferrovia Centro-Atlântica) gratuitamente. Aconcessionária é parceira doempreendimento, que percorretrês regiões da Bahia, com pa-radas em 13 cidades por ano.

O projeto atingiu cerca de100 mil pessoas em seus doisanos de funcionamento. A FCA,

responsável pela administra-ção da ferrovia, revitalizou a li-nha férrea e doou duas loco-motivas e três carros de pas-sageiros para que o Transbaiãoentrasse em operação. A em-presa cede profissionais para otrem, que conta também comvoluntários.

O Transbaião percorre muni-cípios do Recôncavo Baiano, daRegião Metropolitana de Salva-dor e do litoral norte da Bahia,em um percurso total de 272km. O trem é composto, ao to-do, por oito vagões tematiza-dos e pode levar até 400 pes-soas por viagem.

Em sua segunda temporada,

o Transbaião, que trafega du-rante o mês de junho, prestouhomenagem ao centenário deLuiz Gonzaga, músico e compo-sitor nordestino, conhecido co-mo o Rei do Baião. Shows comparticipações de artistas quecantaram e conviveram comGonzagão, além de uma exposi-ção com peças pessoais do ar-tista, foram adicionadas às ati-vidades deste ano.

Concebido pelo deputado fe-deral Luiz Argôlo (PP-BA), o pro-jeto levou seis meses para serconcretizado. “Estou certo deque a realidade ferroviária daBahia pode ser bem melhor. OTransbaião foi idealizado exata-

mente para provocar essa refle-xão, com o intuito de elevar oturismo e as atividades lúdi-cas”, afirma o parlamentar. Ar-gôlo integra a Comissão de Via-ção da Câmara e a Frente Parla-mentar para Acompanhamentoda Construção da Fiol (Ferroviade Integração Oeste-Leste).

Para o deputado, a propostado trem vai além da promoçãodo turismo ferroviário. “O pro-jeto resgata o transporte depassageiros por trem, agregan-do cultura, diversão e lazer.”

O Transbaião une a músicatradicional das festas juninas,as iguarias da culinária baianae os atrativos turísticos das

Projeto conhecido como Transbaião percorre 272 kmlevando a cultura e a cidadania a municípios baianos

POR LETICIA SIMÕES

Isso aqui estábom demais

FERROVIA

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CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 2012 53

localidades à margem da es-trada de ferro.

Para Sávio Neves, presidenteda ABOTTC (Associação Brasilei-ra dos Operadores de Trens Tu-rísticos), um dos méritos da ini-ciativa é aliar o transporte fer-roviário à difusão da cultura lo-cal. “Essa soma fortalece o tu-rismo no interior baiano. Otrem impacta toda a região e oseu percurso emociona o via-jante. Quem viaja e o públicoque fica nas estações viven-ciam as atividades propostas.”

O projeto se viabiliza pormeio do apoio de empresasprivadas de vários segmentos.“Esses colaboradores acredi-

tam que o Transbaião é capazde fomentar a cultura e o po-tencial turístico da região on-de opera. Por isso, essas insti-tuições buscam reverter oaporte ao projeto em suas res-pectivas contrapartidas so-ciais”, diz Argôlo.

No trajeto do trem, o públi-co tem a oportunidade de verde perto as belezas de cida-des históricas, como São Félixe Cachoeira, que contam comum conjunto arquitetônico deprédios e monumentos tom-bados pelo Iphan (Instituto doPatrimônio Histórico e Artísti-co Nacional) e pela Unesco(Organização das Nações Uni-

das para Educação, Ciência eCultura).

Para quem passeia no Trans-baião pela Região Metropolita-na de Salvador, a atração é oPolo Industrial de Camaçari. Jáno litoral norte, a beleza daspraias e os redutos naturais en-cantam os viajantes.

Além do passeio, o trem tu-rístico oferece ao público apre-sentações de grupos folclóri-cos, feiras de artesanato, comi-das típicas, ações de saúde e ci-dadania, atendimento por meiodo SAC Móvel, onde a popula-ção recebe orientações sobrediversos serviços, uma bibliote-ca itinerante, promovida pelo

governo da Bahia, e o Cinemana Praça, com exibição de fil-mes em logradouros públicos.

A culinária baiana tambémse faz presente no Transbaião.A cada parada, e mesmo dentrodo trem, o público pode degus-tar os quitutes da gastronomialocal. A Abrasel-BA (AssociaçãoBrasileira de Bares e Restauran-tes – seccional Bahia) participado projeto mapeando a culiná-ria das cidades do itinerário,identificando pratos caracterís-ticos de cada local.

O objetivo é potencializar oroteiro gastronômico com a uti-lização de produtos regionaisprovenientes da agricultura fa-miliar dos municípios. A entida-de também fomenta a capacita-ção e o treinamento da mão deobra local para bares e restau-rantes das cidades que rece-bem o trem.

Neves, da ABOTTC, diz que oTransbaião está chamando aatenção dos governantes, de-monstrando que projetos se-melhantes são viáveis tantoeconomicamente como social-mente. “O segmento tem con-dições de ser mais bem explo-rado Brasil afora. Essas ideiaspodem transformar novamen-te o modal ferroviário em umaopção de transporte para a

FOTOS TRANSBAIÃO/DIVULGAÇÃO

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população local e para atrairturistas.”

De acordo com ele, existemoutros trens com operaçõessazonais no país, principal-mente no Nordeste. “Os ideali-zadores aproveitam a alta es-tação turística na região parapromover passeios ferroviá-rios entre os municípios, du-rante os finais de semana.”

Segundo o dirigente, hoje, osmais consolidados entre o pú-blico nordestino são o Trem doForró, que opera há dez anos, li-gando Recife a Cabo de SantoAgostinho, em Pernambuco, e oExpresso Forrozeiro, na Paraíba,que liga os municípios de Cam-pina Grande e Galante.

Argôlo destaca que o trans-porte ferroviário de passageirosainda é pouco explorado na Ba-hia. “O Transbaião quer incenti-var o transporte de passageiros,o turismo ferroviário e o desen-volvimento social e econômicoda população de cada uma dascidades por onde passa.”

Neves diz que o turismo fer-roviário tem crescido “vertigi-nosamente” no país. “Há cincoanos, tínhamos pouco mais dedez operações regulares noBrasil. Hoje, já são 32 trens eexistem mais de 30 pedidos deregularização de trens turísti-cos e culturais na ANTT (Agên-cia Nacional de TransportesTerrestres).”

Prefeitura de Lapa, ambos namalha operada da ALL; e nomunicípio de Rio Acima (MG),elaborado pela empresa GIFConsultoria e Projetos, o Tremdas Cachoeiras, na malha con-cedida à FCA. A ANTT não di-vulgou o cronograma para de-finir o destino dos projetos.

De acordo com dados daABOTTC, em 2011, foram mais de 3milhões de passageiros transpor-tados pelos trens turísticos bra-sileiros. “A estimativa é que maisde 6 milhões de passageiros uti-lizem os trens este ano”, diz Ne-ves. Segundo ele, para os próxi-mos dois anos, estão previstosinvestimentos de mais de R$ 200milhões no segmento. l

Por meio de sua assessoria,a ANTT afirma que, atualmente,cinco trechos estão sob análiseda autarquia, visando avaliar aviabilidade de se instalar trensturísticos. Dois deles estão noRio Grande do Sul, na malhaoperada pela ALL (América Lati-na Logística). O de Santa Mariafoi solicitado pela prefeitura. Jáo de Santana do Livramento, foisolicitado pela empresa Giorda-ni Turismo.

Também estão sob análiseo trecho da Estação Maylaskyà Estação Canguera, em SãoRoque (SP), pedido pela Pre-feitura da Estância Turísticade São Roque; o trecho Curiti-ba/Lapa (PR), solicitado pela

ALCANCE Projeto iniciado em junho do ano passado atingiu cerca de 100 mil pessoas em 13 cidades no Norte baiano

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AVIAÇÃO

As mudanças anunciadasna gestão e na estrutu-ra das principais com-panhias aéreas nacio-

nais alteraram a realidade domercado brasileiro de aviação.Segundo especialistas, as fusõesentre a TAM e a chilena LAN, dasdomésticas Azul e Trip e da aqui-sição da Webjet pela Gol seguemuma tendência mundial. Eles rati-ficam que as operações têm as-pectos positivos, como maior efi-ciência nos serviços prestados, enegativos, com a diminuição donúmero de companhias aéreasem operação, que resulta na re-dução de concorrência no setor.

O especialista em gestão e fi-nanças Francisco Vidal, professoradjunto do Departamento deCiências Administrativas da UFMG(Universidade Federal de MinasGerais), afirma que esse tipo denegócio entre empresas aéreasvisa a maior eficácia na utilizaçãodos ativos físicos e humanos dasorganizações envolvidas. “Ascompanhias também avaliam aquestão logística, a otimizaçãodas operações e a redução de

custos, priorizando a lucrativida-de e, não necessariamente, umamaior participação de mercado.”

De acordo com ele, entre asconsequências imediatas a se-rem sentidas pelos passageirosbrasileiros estão a redução donúmero de voos e o aumentodas tarifas. “Isso vai gerar me-

nos opções de horários. A me-lhoria da qualidade dos serviçosnão está assegurada com todasessas mudanças, pois as empre-sas estão muito mais preocupa-das com sua saúde financeiraem médio e longo prazos.”

Luiz Augusto Pacheco, especia-lista em finanças e gestor da Inva

Capital, empresa com atuação nomercado de finanças corporati-vas, concorda que o novo cenárioda aviação nacional pode ser pre-judicial para o consumidor. “Azul eTrip, por exemplo, têm voos regio-nais para rotas coincidentes. Acre-dito que as viagens para esses tre-chos sejam diminuídas. Além dis-

Painel deFusões e aquisições de empresas aéreas podem

POR LETICIA SIMÕES

NOVO GRUPO Maurício Amaro (TAM), Ignácio Cueto (LAN), Maria Cláudia Amaro (TAM

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sendo mais admissível que asempresas tragam benefícios aosconsumidores.

Ainda segundo a autarquia,caso seja verificada qualquerprática anticompetitiva, a Anacvai acionar os órgãos responsá-veis para coibi-las.

No que diz respeito à elimina-

ção de rotas e criação de novostrechos, a Anac ressalta que in-dependente de haver fusões, aliberdade de escolha de rotas(aeroportos atendidos) e de pre-ços (tarifas aéreas) está definidaem lei (nº 11.182/05). De acordocom a assessoria, a liberdade derotas possibilita que as empre-

sas se adaptem rapidamente aomercado e que a aprovação des-sas operações passa pelo crivodo Cade (Conselho Administrati-vo de Defesa Econômica), órgãoresponsável pela análise e apro-vação das fusões.

A Azul afirma que aindaaguarda a aprovação do Cadepara se manifestar sobre osplanos de negócio a serem ado-tados assim que a fusão com aTrip for autorizada pelo órgãoregulador.

Gianfranco Beting, diretor deComunicação e Marca da em-presa, diz que Azul e Trip vãoproporcionar mais força à avia-ção regional. “As duas compa-nhias atuam com o mesmo tipode aeronave, possuem culturase valores em comum e vão ofe-recer ainda mais conectividadeaos clientes.”

O executivo não comentou so-bre um possível aumento tarifá-rio. “Inicialmente, nada muda pa-ra os passageiros das duas com-panhias. Assim que houver a inte-gração, as vantagens da novamarca serão divulgadas.” Não háprevisão para efetivar a junçãoentre as empresas.

so, as companhias podem aumen-tar o valor das tarifas.”

Sobre possíveis aumentos ta-rifários, a Anac (Agência Nacio-nal de Aviação Civil), afirma, pormeio de sua assessoria, que con-sidera pouco provável que asnovas companhias apliquempráticas prejudiciais ao serviço,

incertezasmelhorar os serviços, mas reduzem a concorrência

GLADSTONE CAMPOS/REALPHOTOS/DIVULGAÇÃO

e Latam) e Enrique Cueto (LAN e Latan) durante anúncio de fusão das companhias aéreas brasileira e chilena

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CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 201258

operar em um cenário cada vezmais competitivo”, disse na oca-sião Enrique Cueto, gerente-exe-cutivo do Latam Airlines.

As companhias vão manterseus centros de operação ati-vos. A LAN permanece em San-tiago (Chile) e a TAM, em SãoPaulo. As empresas vão conti-nuar operando com suas mar-cas atuais. Segundo Cueto, asmudanças vão ser incorporadasgradualmente à medida que aintegração avançar.

O economista Josef Barat, es-

Depois de dois anos do anún-cio da fusão, TAM e LAN oficializa-ram a incorporação das compa-nhias. No dia 22 de junho, foi apre-sentado ao mercado o Latam Air-lines Group, que já surge comouma das dez maiores empresasdo setor em todo o mundo.

Segundo a assessoria, a novaholding vai oferecer, aproximada-mente, 150 destinos, em 22 países.O transporte de cargas será feitopara 169 destinos, em 27 países.

“A criação desse grupo vaipermitir que ele se posicione para

AQUISIÇÃO A

Proposta aguarda aprovaçãoPARTICIPAÇÃO ESTRANGEIRA

Há mais de um ano, o de-putado federal Carlos Eduar-do Cadoca (PSC-PE) apresen-tou um projeto de lei que pro-põe o aumento do capital ex-terno de 20% para 49% nascompanhias aéreas nacio-nais. O parlamentar incluiuuma emenda na medida pro-visória que criou a SAC (Se-cretaria de Aviação Civil).Mas, apesar de a secretariater sido efetivada em marçode 2011, o PL de Cadoca aindatramita no Congresso à espe-ra de aprovação.

De acordo com o atual Có-digo Brasileiro de Aviação, ascompanhias são obrigadas ater 80% do seu capital nasmãos de brasileiros. Na ten-tativa de apressar os trâmi-tes e conseguir voltar à cargados debates para a aceitaçãode seu parecer, o deputado,que é relator do Estatuto doEstrangeiro, incluiu o temano documento.

O estatuto deve tramitarem duas comissões ainda esteano. “Encontrei um ‘gancho’que trata da limitação de es-trangeiros em atividadesaeronáuticas no país. Foi nes-

se trecho que inseri a propos-ta para provocar a discussão,quando o regulamento for de-batido”, afirma Cadoca.

Ele diz que o aumento decapital estrangeiro nas empre-sas é uma aspiração antiga dosetor. “A atual porcentagem éum limitador e só traz prejuízopara o país. A participação ex-terna está presente em outrasáreas estratégicas da econo-mia, e o setor aéreo convivecom a falta de concorrência,que, com as fusões, tende a di-minuir ainda mais.”

Cadoca defende que a vin-da do capital estrangeiro é im-portante para impulsionar to-das as melhorias necessáriasao modal. “É preciso ampliar amalha interna e renovar o ser-viço prestado. Com os 49% departicipação externa, a con-corrência tende a aumentarcom a abertura da malha e,ainda, proporcionar a integra-ção da aviação regional nessaexpansão.”

O debate sobre a propostado deputado pernambucanodeve voltar à pauta no segundosemestre, quando o Congressoretorna de recesso.

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grande porte nas rotas regionais.Agora, tende a mudar.”

O presidente da Abetar (Asso-ciação Brasileira das Empresas deTransporte Aéreo Regional), Apos-tole Chryssafidis, destaca que oimpulso da aviação regional nãopassa apenas pelo processo defusão entre empresas. “Ainda queseja importante para o ganho deescala das companhias, é precisoexecutar investimentos nos aero-portos regionais, publicar medi-das regulatórias em sintonia como mercado e adotar uma postura

pecialista em transporte e logísti-ca, tem uma visão positiva sobreos novos negócios. Para ele, as in-corporações e fusões podem re-presentar avanços para compa-nhias e passageiros. “Reestrutu-rações que removam gargalosoperacionais e de gestão, em umsistema complexo como o daaviação civil, acabam por benefi-ciar os usuários.”

Ampliações de escala, aumen-tos de produtividade e inovaçõestecnológicas estão entre os pro-gressos apontados por Barat. “Es-

sas alianças podem contribuir deforma importante para a reduçãode custos e para uma maior atra-tividade do transporte aéreo.”

Ele afirma que a associaçãoentre Azul e Trip pode indicar umcaminho inovador para a aviaçãoregional. “Com a instituição do re-gime de liberdade de mercado eda remoção de obstáculos à en-trada de novas empresas, deixoude haver uma separação entre asoperações de âmbito nacional eregional. Isso resultou na compe-tição predatória das aeronaves de

menos agressiva aos investimen-tos privados.”

Mesmo com o país passandoa ter, basicamente, quatro gru-pos de empresas aéreas, com-postos por TAM, Gol, Azul eAvianca, o dirigente acredita quedificilmente novas empresassurjam no setor da aviação re-gional. “Com a formação dosgrupos econômicos, há umacriação de barreira natural à for-mação de novos competidores.”

Vidal afirma que a fusão entreAzul e Trip cria a maior empresabrasileira voltada para o mercadoregional. “Como as duas já vi-nham trabalhando em mercadoscom crescimento acelerado, espe-ra-se que haja ainda mais investi-mento e melhoria do padrão deserviço de bordo, horários maisapropriados à demanda dos con-sumidores do interior e umamaior proximidade com as neces-sidades do setor.”

O professor diz que, diante daspossibilidades de incremento, omodal não será prejudicado como fim da parceria firmada entreTAM e Trip para voos regionais,findada com as novas fusões.

Doutor em direito e economiapela universidade francesa deAix, Adyr da Silva, especialistaem aviação civil e gestão aero-portuária da UnB (Universidadede Brasília), ressalta que, a par-tir das associações, as compa-nhias aéreas vão utilizar melhorsuas respectivas frotas.

DANIEL CARNEIRO/DIVULGAÇÃO

compra da companhia Webjet foi anunciada pela Gol há um ano, mas processo ainda aguarda liberação do Cade

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cretaria de Aviação Civil), Wag-ner Bittencourt, declarou que onúmero de aeroportos com vooscomerciais deve chegar a 200,em todo o Brasil, até 2014. O nú-mero representa uma expansãode 55% da oferta de terminaisem todo o país.

A intenção da pasta, segundoBittencourt, é fazer com que 94%da população brasileira tenha umaeroporto com voos comerciais amenos de 100 km de distância desuas residências. Atualmente,79% dos cidadãos são cobertospela distância.

Chryssafidis afirma que o es-tudo levado à SAC pela Abetar

Contudo, Silva conjectura umcenário ruim para o passageiro,com diminuição do número devoos e de horários disponíveis.“Essas medidas resultam na re-dução da competitividade e vão‘frear’ o desenvolvimento aéreodo Brasil, caracterizado, até en-tão, pela inclusão de passagei-ros no setor.”

Segundo ele, a demanda depassageiros, que só aumentou aolongo dos anos, pode “desapare-cer”. “O mercado vai se tornarpouco competitivo, com tarifaselevadas. Vai haver uma exclusãosocial na aviação nacional”, diz.

O ministro-chefe da SAC (Se-

Aviação executiva é atraçãoNEGÓCIOS

Um dos maiores eventosda aviação chega com novi-dades em 2012. A 9ª edição daLabace (Latin American Busi-ness Aviation Conference andExhibition), considerada amaior do gênero na AméricaLatina, terá sua área amplia-da em 3.000 metros quadra-dos. A feira acontece de 15 a17 de agosto, no Aeroporto In-ternacional de Congonhas,em São Paulo.

A Labace reúne os maioresfabricantes mundiais de aero-naves executivas, empresasde manutenção, táxi aéreo ecomercialização de equipa-mentos voltados para a avia-ção executiva. A expectativapara este ano é gerar negó-cios da ordem de US$ 700 mi-lhões, com a presença de 190expositores e mais de 70 aero-naves, expostas na área está-tica da feira.

A organização espera rece-ber 16 mil visitantes. Na ediçãopassada, o evento contou comum público de mais de 15 milpessoas ao longo dos trêsdias, o que representou umaumento de 4% em relação aoano anterior.

Os dias de exposição fo-ram alterados. Este ano, a fei-ra acontece de quarta a sex-ta. Nas demais edições, os sá-

bados entravam no calendá-rio, a feira iniciava na quinta.“A mudança atende ao pedidodos expositores que queremmais tempo para receber po-tenciais compradores e par-ceiros do Brasil e do exterior.Os clientes preferem visitar afeira durante a semana”, afir-ma Eduardo Marson, presi-dente da Abag (AssociaçãoBrasileira de Aviação Geral),organizadora do evento.

Estão previstos works-hops e conferências, cominscrições prévias. Para par-ticipar da feira, os visitantesdevem realizar o cadastro nosite da Labace. Os ingressoscustam R$ 200. Estudantesde aviação têm entrada gra-tuita. Já estudantes de ou-tras áreas pagam meia-en-trada. A organização exige aapresentação de registro oudocumento que especifiqueo curso na bilheteria.

SERVIÇO9ª Labace (Latin AmericanBusiness Aviation Conferenceand Exhibition)De 15 a 17 de agosto, noAeroporto Internacional deCongonhas

EXPOSIÇÃO A 9ª edição da Labace vai apresentar as novidades do

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para a adequação de 175 aero-portos brasileiros mostra que asempresas aéreas têm intençãode criar novos voos e aumentaras suas operações.

Os investimentos foram avalia-dos em R$ 2,4 bilhões. “O setor deaviação regional está motivadocom o posicionamento da pasta,que tem trabalhado para viabili-zar os investimentos do Profaa(Programa Federal de Auxílio aosAeroportos) e os recursos que se-rão destinados ao Fundo Nacionalde Aviação Civil. O segmentoaguarda o início das ações.”

A Gol, por meio de sua asses-soria, afirma que a aquisição da

Webjet está ligada ao perfil dacompanhia, uma empresa de bai-xo custo e que possui frota co-mum ao padrão já utilizado pelaaérea. O anúncio da aquisição foidivulgado em julho do ano passa-do. A finalização do processo decompra também aguarda pelaaprovação do Cade. De acordocom a assessoria, as operaçõesseguem separadas.

A Gol diz que a aquisição foidecidida pela crença da compa-nhia no crescimento do mercadode aviação civil nos próximosanos. Em meados de março, a em-presa divulgou balanço financeiroque registrou prejuízo de mais de

R$ 700 milhões em 2011. A TAManunciou perdas no período daordem de R$ 335 milhões.

A crise afetou o quadro de fun-cionários da Gol. A partir de abril,a companhia iniciou uma série dedemissões de pilotos, copilotos ecomissários de bordo. A assesso-ria afirma que as empresas vãoter quadros condizentes comsuas necessidades operacionais evão estar preparadas para o cres-cimento da demanda.

Barat afirma que o setor aé-reo é uma atividade econômicaem que prevalecem a competi-ção e as mudanças tecnológi-cas. “Por isso ele é palco de uma

luta constante entre investi-mentos vultosos e custos opera-cionais que devem ser reduzi-dos por aumentos de produtivi-dade. Daí a busca permanentepor vantagens competitivas.”

Para Vidal, as novas estraté-gias são uma alternativa paraque as aéreas nacionais este-jam preparadas para os “sola-vancos” da economia mundial,“bastante instável desde 2008”.“É inevitável que o setor tenhagrandes players internacionais,atuando globalmente na avia-ção, e players regionais, quevão atuar em nichos de merca-dos específicos.” l

APOSTA Azul e Trip se unem focadas no desenvolvimento do mercado aéreo regionalsetor em Congonhas

EDSON KUMASAKA/DIVULGAÇÃO

AZUL/DIVULGAÇÃO

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Com um ano de operaçãocompletado em junho, oPorto Itapoá, terminalprivativo de uso misto lo-

calizado ao norte de Santa Catari-na, é destaque no meio logístico.Considerado um dos mais ágeis daAmérica Latina, seus equipamen-tos e sistemas, além dos treina-mentos realizados pelos colabora-dores, são apontados por dirigen-tes e pelas empresas que operamno porto como fatores determi-nantes para o sucesso. Com de-sempenho tecnológico destacado,Itapoá tornou-se rota imprescindí-

vel dos contêineres que trafegampelo continente.

A escolha do município deItapoá para sediar o empreendi-mento foi motivada pela locali-zação estratégica da cidade, naBaía da Babitonga. O lugar estána divisa do Paraná com SantaCatarina, dois importantes Esta-dos exportadores, com tradiçãoem operações portuárias.

A posição geográfica doporto, segundo José Vítor Ma-med, conselheiro da Abralog(Associação Brasileira de Lo-gística), foi fundamental para

atrair empresas e garantir aeficiência das operações. “Pa-raná e Santa Catarina concen-tram empresas importantes, degrande porte. Antes de Itapoá,essas companhias só contavamcom o porto de Itajaí para es-coar seus produtos. Além disso,Itapoá possui um acesso aqua-viário muito bom.”

De acordo com Mamed, a con-cepção do calado de Itapoá tam-bém foi fundamental para o êxitodo terminal. O porto tem caladonatural de 16 metros, com capaci-dade para navios Super-Post-Pa-

namax, embarcações que compor-tam mais de 6.000 contêineres.

Além da movimentação decontêineres de longo curso, o por-to também atua como um “hubport”, concentrando cargas de im-portação e exportação, permitin-do redistribuir, por cabotagem,mercadorias para outros portosdo Brasil e da América do Sul.

Itapoá investiu mais de R$ 90milhões em equipamentos esistemas provenientes, princi-palmente, da China, dos Esta-dos Unidos e da Europa. “A tec-nologia empregada nesses

Porto Itapoá, em Santa Catarina, completa 1 ano emoperação e já é considerado o mais ágil da América Latina

POR LETICIA SIMÕES

Eficiente etecnológico

AQUAVIÁRIO

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PORTO ITAPOÁ/DIVULGAÇÃO

aparelhos une o que há de maismoderno no segmento portuá-rio, proporcionando perfor-mance, economia de energiaelétrica e de óleo diesel e dimi-nuição do impacto ambiental”,afirma o diretor-superinten-dente Patrício Júnior.

De acordo com a direção doporto, enquanto a maioria dos ter-minais brasileiros atua com umamédia de 30 MPH (movimentospor hora), Itapoá manteve umamédia acima de 70 MPH, entre de-zembro de 2011 e fevereiro desteano. O terminal chegou a alcançar

índices acima de 130 MPH na ope-ração de alguns navios.

Júnior afirma que o projeto,desde sua elaboração, priorizou atecnologia que seria aplicada. “Oporto foi o primeiro a utilizar a úl-tima versão do Sistema Operacio-nal Navis–Sparcs N4. Esse softwa-re é o mais utilizado nas opera-ções portuárias do mundo. Essemódulo do N4 é o mais atualizado,desenvolvido exclusivamente paraas necessidades de Itapoá.”

De acordo com o dirigente, osistema exclusivo levou doisanos para ser concluído. Todo o

processo foi realizado antes doinício das operações. “A expe-riência já pode servir de refe-rência para outros terminaisdo continente, o que já ocorreem Rio Grande (RS) e no com-plexo de Santos. Por meio doN4, Itapoá conseguiu congre-gar todos os processos opera-cionais, desde a entrada docontêiner no terminal até o fa-turamento”, afirma.

Segundo Júnior, essa ampli-tude do sistema proporcionagrande facilidade para toda aoperação, além de possibilitar

dados estatísticos que refor-çam o planejamento comercialdo porto.

A BRF (Brasil Foods), empresacriada a partir da associação deduas gigantes nacionais do setoralimentício, com atuação nossegmentos de carnes (aves, suí-nos e bovinos), alimentos indus-trializados (margarinas e mas-sas) e lácteos, é uma das compa-nhias que exportam seus produ-tos pelo porto.

Viviana Garrido, gerente delogística da empresa, afirmaque Itapoá foi inserido na es-

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Os principais destinos da em-presa, a partir de Itapoá, são Ásia,Oriente Médio e Europa. Os navioslevam aves e suínos congelados.“A tecnologia aplicada em todosos sistemas do porto refletem naregularidade das operações, redu-zindo ao máximo o risco de perdase atrasos. Isso faz com que os cus-tos operacionais sejam reduzi-dos”, afirma Mayer.

O complexo tecnológico deItapoá conta com quatro portêi-neres com capacidade para fa-zer até 50 movimentos por ho-ra, o que corresponde ao ciclode pegar o contêiner no navio ecolocar sobre o caminhão, ouvice-versa. A lança do guindaste

tes de outros países.“Este ano, oplano é movimentar em Itapoá,cerca de 9% do volume de expor-tação da BRF. Com os investimen-tos do porto em infraestrutura naretroárea (terminais, armazéns), aempresa espera aumentar suaparticipação”, diz a gerente.

A Seara/Marfrig é mais um gru-po do setor alimentício que incluiuo Porto Itapoá em suas operações.“A garantia do embarque em umterminal moderno, com excelentecalado natural e barra aberta oano todo, levou a companhia aoporto. Itapoá é uma opção confiá-vel para as exportações”, diz Ra-miro Álvaro Mayer, gerente de lo-gística internacional da Seara.

tratégia de volumes da BRF,principalmente em virtude daprodutividade do terminal. “Aatracação, os carregamentos eos serviços (navios) com rotase “transit times” (tempo detrânsito) mais ágeis atendemas expectativas dos clientesno exterior.”

A BRF exporta alimentos, viaPorto Itapoá, para destinos, co-mo Europa, Oriente Médio, Ásia,Japão, África, América Central eCaribe. Segundo Viviana, o planoda empresa é direcionar paraItapoá cargas que proporcionemà companhia economia na ca-deia logística e que ofereçamserviços de qualidade aos clien-

PORTO ITAPOÁ/DIVULGAÇÃO

INVESTIMENTO Equipamentos e sistemas operacionais tiveram custo de R$ 90 milhões

RAIO X

Características• Capacidade para navios

Super-Post-Panamax • Profundidade natural de

16 metros no cais• 150 mil metros quadrados de pátio• 12 milhões de metros quadrados de

retroárea• Condições naturais para atracação

e evolução • Localização estratégica entre os

maiores produtores do país1.380 tomadas reefers (tomadas paraalimentar contêineres utilizados paraarmazenar cargas perecíveis)

• Sistema operacional Navis - Sparcs N4

InvestimentosAporte: R$ 500 milhões Obras civis: R$ 351 milhõesEquipamentos: R$ 88 milhões Edificações: R$ 26 milhões Tecnologia e sistemas: R$ 7 milhões

InfraestruturaObras de acesso/estradas:R$ 15 milhõesLinha de transmissão de energia:R$ 7 milhõesSubestação de alta tensão:R$ 6 milhões

Configuração atualCais: 630 metros de comprimento e 43 metros de larguraProfundidade natural: 16 metros no cais e 14,5 metros no canalBerços de atracação: dois para naviosPost-Panamax Ponte de acesso: 230 metrosÁrea de pátio (fase 1): 150 mil metrosquadradosGates de acesso: 6Tomadas reefers: 1.380Retroárea: 12 milhões de metros quadradosTotal de colaboradores: 500 funcionários, aproximadamente

Fonte: Porto Itapoá

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CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 2012 65

dos equipamentos faz o movi-mento do cais para o navio e donavio para o cais, projetando-sedo cais do porto até 50 metrossobre o navio.

Essa operação possibilitaembarcar cargas em naviosPost-Panamax, embarcações deúltima geração, mais compridase mais largas do que as queoperam habitualmente nos por-tos brasileiros.

Outro equipamento que faz adiferença nas operações são ostranstêineres. A direção de Ita-poá afirma que esses aparelhostêm inúmeras vantagens em re-lação às empilhadeiras, poisagilizam o processo de organi-

Todos os equipamentos utili-zados em Itapoá são dotados decoletores de dados. As opera-ções são controladas eletroni-camente, com mínima comuni-cação via voz. De acordo com adireção, o procedimento evita,entre outros contratempos, asdistrações dos operadores.

O sistema possibilita aindaque as operações de navios se-jam planejadas em ciclo duplo.Quando a situação dos contêi-neres a bordo permitir, as li-nhas dos navios, conhecidascomo “rows”, são descarrega-das e carregadas simultanea-mente, aumentando a produti-vidade do terminal.

O diretor de operações doporto, Márcio Guiot, diz que al-gumas das tecnologias empre-gadas em Itapoá são inéditasnas operações brasileiras. “Osistema do terminal calcula amelhor posição para um contêi-ner no momento em que ele ne-cessita ser movimentado. Issodestaca os espaços disponíveistanto nos pátios quanto nos na-vios e possibilita aumento naocupação dos slots de maneiraorganizada, evitando remoçõesdesnecessárias.”

Eclésio da Silva, presidentedo Sindasc (Sindicato dasAgências de Navegação Maríti-ma e Comissários de Despa-chos do Estado de Santa Cata-rina), afirma que as expectati-vas do setor em relação aoPorto Itapoá são as mais posi-tivas. “O terminal tende a am-pliar sua atuação. Futuramen-te, será possível efetuar car-gas de transbordo em Itapoáque hoje são executadas emBuenos Aires e Montevidéu.”

Para o dirigente, não há dú-vidas de que o porto veio paraincrementar a logística brasilei-ra. “Santa Catarina também ga-nhou com o surgimento de Ita-poá. O terminal é mais uma op-ção para os exportadores e im-portadores do Estado, princi-palmente os que estão instala-dos no norte catarinense”, de-clara Silva. l

zação das pilhas de contêine-res, diminuindo a quantidade deremoções para um carregamen-to. O equipamento também oti-miza a carga e a descarga doscaminhões.

Os transtêineres possuem GPS,o que permite que o plano de se-quenciamento de carga no pátioseja o mesmo do plano que serácarregado no navio.

O sistema tecnológico dispõetambém de uma ferramenta decontrole de operações que, pormeio de um código, determinaqual terminal deve efetuar o movi-mento, reduzindo a necessidadede os equipamentos transitaremsem contêineres pelo terminal.

Obras de ampliação devem ter início em 2013INVESTIMENTO

A administração do PortoItapoá estuda novos investi-mentos. O terminal tem capaci-dade para movimentar 500 milTEUs (unidade de carga refe-rente a contêineres). Com oprojeto de ampliação do cais de630 metros para 1.000 metros edo pátio de 150 mil metros qua-drados para 450 mil metrosquadrados, Itapoá vai podermovimentar até 2 milhões deTEUs por ano.

O diretor-superintendentedo porto, Patrício Júnior, afir-ma que o terminal pretendeiniciar sua ampliação a partirde 2013. “Os investimentos de-vem seguir no mesmo ritmoda primeira fase, próximos aR$ 500 milhões.”

Até março deste ano, oPorto Itapoá recebeu mais

de 210 navios, com movi-mentação de 90 mil contêi-neres e, aproximadamente24 mil transações realizadas.

Em dezembro de 2011, o por-to alcançou o melhor desempe-nho operacional entre os ter-minais portuários brasileirosque possuem até quatro por-têineres. A marca recorde deprodutividade por navio foide 136,07 MPH (movimentospor hora). Já a produtividadepor equipamento chegou a49,14 MPH.

Afora as tecnologias, Itapoávem, ao longo de sua recenteatuação, consolidando outrosprojetos que contribuem paraeficiência do porto. Em março,o terminal passou a ter acessopróprio, com a conclusão dotrecho de 27 quilômetros da SC-

415. A rodovia faz a ligação doterminal à BR-101, uma das prin-cipais estradas do país.

A linha de transmissão deenergia de 138 kV (quilovolts)foi totalmente ativada em feve-reiro. O investimento garantiuao porto o suprimento de ener-gia adequada para abastecer oempreendimento e toda a cida-de de Itapoá.

Segundo Júnior, as interven-ções não contemplam apenas oincremento na área de pátio,berços, sistemas e equipamen-tos, mas também no alinha-mento com exportadores, im-portadores, transportadoras earmadores. “É uma cadeia am-pla e complexa que vai se bene-ficiar com o potencial que Ita-poá tem para oferecer ao cená-rio logístico brasileiro.”

Page 66: Edição 203

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 201266

República em 30 de abril, com 19vetos ao texto original.

O evento, realizado pela CVT(Comissão de Viação e Trans-porte) da Câmara em parceriacom a NTC&Logística (Associa-ção Nacional do Transporte deCargas e Logística) e a Fenatac(Federação Interestadual dasEmpresas de Transporte deCargas), teve apoio institucio-nal da CNT (Confederação Na-cional do Transporte).

Alei nº 12.619, que regu-lamenta a profissãode motorista no Brasile entrou em vigor em

17 de junho, foi o tema principalda 12ª edição do Seminário Bra-sileiro do Transporte Rodoviáriode Cargas, realizado em 13 de ju-nho, no auditório Nereu Ramosda Câmara dos Deputados, emBrasília. A legislação, aprovadapelo Congresso Nacional, foisancionada pela Presidência da

Durante todo o dia foram de-batidos os principais pontos rela-cionados às alterações que asnovas regras trouxeram para oCTB (Código de Trânsito Brasilei-ro) e para a CLT (Consolidaçãodas Leis do Trabalho). A cerimô-nia de abertura contou com apresença do presidente da CNT edo Sest Senat, senador Clésio An-drade, de deputados federais,empresários do setor e represen-tantes dos trabalhadores.

O presidente da NTC&Logísti-ca, Flávio Benatti, afirmou que anova lei é uma grande conquis-ta depois de muitos anos de lu-ta e discussões entre empresá-rios e trabalhadores do setor. “Alegislação é moderna e prezapela segurança e pela saúdedos nossos trabalhadores. Ela énecessária para termos um paísgrande e digno.”

Entre os principais pontos dalei estão a definição da jornadade trabalho para motoristas con-tratados e do tempo de direçãopara os contratados e os autôno-mos. As novas regras valem paraprofissionais que atuam no trans-porte de escolares, de passagei-ros - em veículos com mais dedez lugares - e de cargas – emveículos com peso bruto totalacima de 4.536 kg.

As novas regras definem quemotoristas empregados devemcumprir jornada diária de traba-lho de 8 horas e intervalos dedescanso e refeição entre 30 mi-nutos e 2 horas. A jornada de tra-balho poderá ser elevada pelotempo necessário para sair deuma situação extraordinária e

Os principais pontos da legislação que regulamenta a atividade de motorista

foram apresentados em evento em BrasíliaPOR LIVIA CEREZOLI

Encontro discute nova lei

PROFISSÃO

Page 67: Edição 203

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 2012 67

chegar a um local seguro ou aodestino final da viagem.

Motoristas empregados ouautônomos não poderão dirigirpor mais de 4 horas ininterrup-tas, devendo observar intervalosmínimos de descanso definidospela resolução nº 405, publicadapelo Contran (Conselho Nacionalde Trânsito), em 14 de junho, no“Diário Oficial da União”. O prazopara cumprimento da regra é de45 dias após a publicação, perío-do no qual serão realizadas blit-ze educativas.

Para os motoristas do trans-porte de cargas, o intervalo obri-gatório de 30 minutos a cada 4horas de direção pode ser fra-cionado em até três intervalosde 10 minutos. Para os motoris-tas que trabalham no transportede passageiros, o fracionamentopode ser realizado em até seisperíodos de 5 minutos.

O próprio motorista profissio-nal é o responsável pelo contro-le do tempo de direção. A fiscali-zação será realizada pelo órgãode trânsito que responde pelavia onde ocorrer a abordagemdos motoristas.

O principal equipamento uti-

FOTOS JÚLIO FERNANDES/CNT

Page 68: Edição 203

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 201268

além da quilometragem percorri-da. “Quem decide sobre a docu-mentação a ser utilizada no con-trole do tempo de direção é oagente fiscalizador, que podecomparar os dados do tacógrafoe das anotações manuais realiza-das pelo motorista”, explicou eladurante o seminário.

A resolução do Contran prevêuma tolerância máxima de errode 2 minutos a cada 24 horas deregistro e de 10 minutos a cadasete dias. Quem descumprir a leiestá sujeito à multa por infração

lizado para a fiscalização será otacógrafo, mas os órgãos fisca-lizadores também poderão ana-lisar o diário de bordo, a pape-leta, a ficha de trabalho externo– fornecida pelo empregador –ou a ficha de trabalho do autô-nomo – o modelo foi publicadocom a resolução.

Segundo a advogada do Dena-tran (Departamento Nacional deTrânsito), Neila Ney, todos os da-dos deverão ser preenchidos, co-mo hora de saída e de chegada,local de origem e de destino,

OPÇÃO Motoristas utilizam os pátios dos postos de combustí

ABRANGÊNCIA

A lei é válida para todos os motoristas, autônomos ou empregados que

trabalham em rodovias e vias públicas urbanas

JORNADA DE TRABALHO

• Motoristas empregados devem cumprir jornada diária de trabalho de

8 horas, com no máximo, 4 horas de direção ininterrupta e intervalos de

descanso e refeição entre 30 minutos e 2 horas

• Viagem com mais de uma semana de duração tem descanso semanal

de 36 horas que poderá ser utilizado no retorno do motorista à base

ou matriz da empresa

• Motorista profissional que trabalha em regime de revezamento deve

ter repouso mínimo diário de 6 horas consecutivas fora do veículo, em

alojamento externo, ou na cabine, mas com o veículo parado

• A jornada de trabalho poderá ser elevada pelo tempo necessário

para sair de uma situação extraordinária e chegar a um local

seguro ou ao seu destino

• Caso aprovado em convenção ou acordo coletivo, poderá haver jornada de

trabalho de 12 horas por 36 horas de descanso, em razão de especificidade

ou sazonalidade

• Será considerado trabalho efetivo o tempo que o motorista estiver à

disposição do empregador, excluídos os intervalos para refeição,

repouso, espera e descanso

• As horas que excederem a jornada de trabalho, quando o motorista ficar

aguardando a carga e a descarga no embarcador ou destinatário, ou para

fiscalização de mercadoria em barreiras fiscais ou alfandegárias, serão

consideradas tempo de espera e indenizadas com base no

salário-hora normal, acrescido de 30%

• É proibida a remuneração do motorista em função da distância percorrida, do

tempo de viagem e/ou da natureza e quantidade de produtos transportados

ALTERAÇÕES NO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

• O motorista empregado ou autônomo não poderá dirigir por mais de

4 horas ininterruptas, devendo observar intervalos mínimos para descanso

• Dentro do período de 24 horas, deve haver um intervalo de no mínimo

11 horas, podendo ser fracionada em 9 horas mais 2 horas

• O início de uma viagem de mais de um dia só poderá ser feito após o

descanso de 11 horas. É considerado início de viagem, a partida logo

após carregamento do veículo

• O motorista é responsável pelo controle do tempo de direção. Sendo

que a forma desse controle ficará a critério da empresa transportadora

no caso do motorista empregado. O condutor que não o fizer poderá

ser autuado, com multa e retenção do veículo para que realize o

descanso obrigatoriamente

SAIBA MAIS SOBRE A REGULAMENTAÇÃO

Page 69: Edição 203

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 2012 69

der por prejuízo patrimonial de-corrente da ação de terceiros; re-ceber proteção do Estado contraações criminosas durante o exer-cício de suas funções; ter a jorna-da de trabalho e o tempo de dire-ção controlados de maneira fide-digna pelo empregador e seguroobrigatório para custear riscospessoais inerentes à atividade,pago pelo empregador, no valormínimo correspondente a dez ve-zes o piso salarial da categoriaou em valor superior fixado emconvenção ou acordo coletivo.

grave e retenção do veículo atéque o tempo de descanso obriga-tório seja cumprido.

Para o presidente da CNTTT(Confederação Nacional dos Tra-balhadores em Transportes Ter-restres), Omar José Gomes, omais importante agora é a aplica-ção real da nova legislação. “Es-peramos mais de 40 anos por is-so. Tínhamos profissionais sériostrabalhando em uma função nãoregulamentada. Depois de muitasdiscussões, acredito que a leiaprovada defende os interesses

tanto dos empresários como dostrabalhadores”, afirmou ele.

Além de determinar o tempode direção e de descanso, a lei nº12.619 determina os direitos e osdeveres a serem exigidos e cum-pridos pelos motoristas. São di-reitos: o acesso gratuito a pro-gramas de formação e aperfei-çoamento profissional; o acesso,por intermédio do SUS (SistemaÚnico de Saúde), a atendimentomédico, especialmente em rela-ção às doenças que mais os aco-metem na profissão; não respon-

Entre as obrigações a seremcumpridas pelos motoristas es-tão a atenção às condições desegurança do veículo; a condu-ção de forma prudente, obser-vando aos princípios de dire-ção defensiva; o cumprimentodo regulamento patronal sobretempos de direção e descanso;o zelo pela carga e pelo veícu-lo e a disponibilidade em sub-meter-se a testes e programasde controle de uso de droga ede bebida alcoólica exigido pe-lo empregador. l

veis para descansar durante a viagem

Ação judicial pode garantir pontos de paradaALTERNATIVA

O texto original da lei nº12.619, que regulamenta a pro-fissão de motorista no Brasil,previa a construção de pontosde parada a cada 200 km nasrodovias públicas e concedi-das de todo o país. Porém, osartigos 7, 8 e 10 foram vetadospela Presidência da Repúblicasob alegação de que a pro-posta acarretaria novas obri-gações aos concessionáriosde rodovias, podendo refletirno reajuste das tarifas cobra-das nos pedágios.

No entanto, o procura-dor do Ministério Públicodo Trabalho, Paulo DouglasAlmeida de Moraes, afir-mou, durante o 12º Seminá-rio Brasileiro do Transpor-te Rodoviário de Cargas,que o MP pode pedir judi-cialmente a implementa-ção de políticas públicas

que garantam a eficiênciada lei e, com isso, a cons-trução dos pontos de para-da nas rodovias.

Para Marco Aurélio Ribei-ro, diretor-executivo jurídi-co da NTC&Logística, o vetodemonstra uma insensibili-dade política. “É uma insen-satez obrigar o motorista aparar a cada quatro horas enão oferecer locais adequa-dos para isso. Vamos deixá-los aos leões, à margem deassaltos?”, disse ele duran-te o evento.

Ribeiro apresentou umcálculo simples que garan-tiria a construção dessespontos de parada nas rodo-vias do Brasil. De acordocom ele, se o pedágio so-fresse um pequeno reajustede R$ 0,10 já seria possívelimplantar pelo menos 76

pontos de parada nos15.365 km de rodovias con-cessionadas existentes hojeno país. Somente em 2011,1,48 bilhão de veículos pa-garam R$ 12,1 bilhões empedágios nessas rodovias.“O faturamento já é bastan-te alto e, além disso, todosos anos já pagamos um ar-redondamento de tarifa quevaria entre R$ 0,03 e R$0,04. Esse reajuste chega aser irrisório”, explica ele.

O assessor jurídico daCNTTT, Luís Festino, ressal-tou que o custo com aconstrução dos pontos deparada é infinitamente me-nor aos custos decorrentesdos acidentes de trânsitono país devido a jornadasexcessivas de trabalho.“Qual conta vale mais a pe-na pagar?”

Page 70: Edição 203

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 201270

OSest Senat entregounos dias 14 e 28 de ju-nho, mais duas unida-des aos trabalhadores

do setor de transporte. Inaugu-radas em Imperatriz (MA) e Crato(CE), as unidades vão ofereceraperfeiçoamento e atualizaçãoprofissional de qualidade, aten-dimentos na área de saúde ecompleta infraestrutura para aprática de esporte, lazer e ativi-dades culturais.

A inauguração em Imperatrizaconteceu no dia 14 de junho, narodovia BR-010, no Km 258, bairroSanta Rita. No dia 28 de junho, oSest Senat entregou a unidade deCrato, na avenida Padre Cícero, nº4.400, bairro São José.

De acordo com o presidenteda CNT e do Sest Senat, senadorClésio Andrade, a padronizaçãodas estruturas físicas e admi-nistrativas, aliada ao modelo degerenciamento, inovador noBrasil, no qual ocorre a centrali-zação orçamentária e a descen-tralização dos serviços opera-cionais, faz com que toda a redeSest Senat ganhe em eficiência,aumentando a qualidade dosserviços prestados.

“Com os nossos atendimen-tos, auxiliaremos a promoçãodo bem-estar social dos traba-lhadores de Imperatriz, Crato eregião, oferecendo mais saúde,maior qualificação profissional,esportes, cultura e lazer”, afir-

ma o presidente do ConselhoRegional Nordeste I do Sest Se-nat, David Lopes.

Com uma infraestruturacompleta para a realização decursos, as unidades possuem,cada uma, sete salas de aulas,um laboratório de informática eum auditório para mais de 140pessoas. Para atendimento naárea de saúde, possuem salasde fisioterapia, clínicas psicoló-gicas, consultórios oftalmológi-cos e odontológicos. As novasunidades têm capacidade pararealizar 1.800 atendimentosodontológicos e 1.500 atendi-mentos nas demais especialida-des na área de saúde.

O prefeito de Imperatriz, Se-

bastião Madeira, afirmou que achegada do Sest Senat é umgrande presente para a cidade,que completa 160 anos em 2012.“Estamos vivendo um momentode crescimento, com grandesempresas se instalando na cida-de, gerando um desenvolvimen-to ímpar. O município já é um im-portante eixo rodoviário e, aospoucos, também se transformaem eixo ferroviário. Esse com-plexo vai dar suporte para essecrescimento”, reforçou.

De acordo com o diretor daunidade de Imperatriz, JoséCláudio Ribeiro, a cidade estáem festa, pois a unidade do SestSenat veio não apenas aperfei-çoar a qualificação profissional

Imperatriz (MA) e Crato (CE) ganham unidades para o atendimento do trabalhador em transporte

POR KATIANE RIBEIRO E AERTON GUIMARÃES

SEST SENAT

CRATO David Lopes

Benefícios parao Nordeste

Page 71: Edição 203

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 2012 71

FOTOS EUDES SOUSA

(2º à esq.), presidente do Conselho Regional Nordeste I, participa da inauguração

IMPERATRIZ Cidade ganha unidade no ano em que festeja seu 160º aniversário

dos trabalhadores em transpor-te, mas também contribuir parauma melhor qualidade de vida,que, com certeza, irá refletir narealização de um bom trabalhono dia a dia desses profissionais.

Para o presidente da CâmaraMunicipal de Vereadores de Im-peratriz, Hamilton Miranda, aunidade vai dar mais conforto,lazer e, principalmente, qualifi-cação profissional para os tra-balhadores do transporte. “Oscursos daqui certamente vãoajudar a diminuir o número deacidentes em nossas rodovias e,também, os que envolvem mo-totaxistas, que representam umgrande número de profissionaisem nossa cidade”, pontuou.

“O transporte é uma ativi-dade fundamental para o de-senvolvimento de qualquereconomia, pois leva os insu-mos para a população e aspessoas para que possamproduzir. Imperatriz ganhauma unidade do Sest Senatpor sua grande relevância pa-ra o Estado e para toda essaregião. É um sonho do trans-portador”, afirmou o vice-pre-sidente da Cepimar (Federa-ção das Empresas de Trans-portes Rodoviários dos Esta-dos do Ceará, Piauí e Mara-nhão), Dimas Barreira.

Para as atividades de lazere esportivas, as unidades deCrato e Imperatriz mantêm,

cada uma, duas piscinas (se-miolímpica e infantil), parqueinfantil, quatro churrasquei-ras, duas quadras poliesporti-vas e dois campos de futebolsoçaite gramado.

De acordo com o diretor daunidade de Crato, KalamanAlencar Liberal, “a chegadadessa unidade do Sest Senat éuma grande conquista para to-da a população de Crato, queirá se beneficiar com atendi-mentos de qualidade na áreada saúde e de cursos, e aindausufruir de uma área admirávelde lazer e esportes”, afirma.

Para o prefeito de Crato, Sa-muel Araripe, a unidade é im-portante porque a cidade estálocalizada em uma região estra-tégica entre Crato e Juazeiro doNorte. Graças ao Sest Senat e osseus serviços oferecidos, a po-pulação da região do Cariri vaiter uma oportunidade ímpar dese qualificar e, consequente-mente, ganhar mais dinheiro emelhorar de vida.

Ligado à CNT (ConfederaçãoNacional do Transporte), oSest Senat, desde sua criação,em setembro de 1993, atua napreparação de mão de obrapara o setor transportador ena melhoria da qualidade devida de trabalhadores notransporte, oferecendo atendi-mentos em saúde, lazer, es-porte, recreação e cultura. l

Page 72: Edição 203

Estatístico, Econômico, Despoluir e Ambiental

Page 73: Edição 203

BOLETIM ESTATÍSTICO

RODOVIÁRIO

MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM

TIPO PAVIMENTADA NÃO PAVIMENTADA TOTAL

Federal 63.966 12.975 76.941Estadual Coincidente 17.073 5.234 22.307Estadual 106.548 113.451 219.999Municipal 26.827 1.234.918 1.261.745Total 214.414 1.366.578 1.580.992

MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KMAdminstrada por concessionárias privadas 15.365Administrada por operadoras estaduais 1.195

FROTA DE VEÍCULOSCaminhão 2.303.961Cavalo mecânico 467.101Reboque 888.839Semi-reboque 682.334Ônibus interestaduais 16.136Ônibus intermunicipais 40.000Ônibus fretamento 25.120Ônibus urbanos 105.000

Nº de Terminais Rodoviários 173

INFRAESTRUTURA - UNIDADES

Terminais de uso privativo misto 122

Portos 37

FROTA MERCANTE - UNIDADES

Embarcações de cabotagem e longo curso 152

HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA

Rede fluvial nacional 44.000Vias navegáveis 29.000Navegação comercial 13.000Embarcações próprias 1.148

AQUAVIÁRIO

FERROVIÁRIO

MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM

Total Nacional 30.051Total Concedida 28.614Concessionárias 11Malhas concedidas 12

MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KMALL do Brasil S.A. 11.738FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. 8.066MRS Logística S.A. 1.674Outras 7.136Total 28.614

MATERIAL RODANTE - UNIDADESVagões 100.924Locomotivas 3.045Carros (passageiros urbanos) 1.670

PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total 12.289Críticas 2.659

VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONALBrasil 25 km/h EUA 80 km/h

AEROVIÁRIO

AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais 32Domésticos 35Pequenos e aeródromos 2.498

AERONAVES REGISTRADAS NO BRASIL - UNIDADESTransporte regular, doméstico ou internacional 505 Transporte não regular: táxi aéreo 918Privado 5.749Outros 6.711Total 13.883

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS

MODAL MILHÕES (TKU) PARTICIPAÇÃO (%)

Rodoviário 485.625 61,1

Ferroviário 164.809 20,7

Aquaviário 108.000 13,6

Dutoviário 33.300 4,2

Aéreo 3.169 0,4

Total 794.903 100

Page 74: Edição 203

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 201274

BOLETIM ECONÔMICO

Investimentos em Transporte da União (dados atualizados junho/2012)

* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br

Autorizado Total PagoValor Pago do ExercícioObs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores

NECESSIDADE DE INVESTIMENTO DO SETOR DE TRANSPORTE BRASILEIRO: R$ 405,0 BILHÕES(PLANO CNT DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA 2011)

121086R

$ bi

lhõe

s

420

20181614

0,35

17,79

8

INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES*

Rodoviário Ferroviário Aquaviário Aéreo

0,017(0,5%)

Observações:

1 - Expectativa de crescimento do PIB para 2012

3 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até junho/2012

4 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até junho/2012 (US$ bilhões)

5 - Posição dezembro/2011 e junho/2012 em US$ bilhões

6 - Câmbio de fim de período 27/06/2012, média entre compra e venda.

Fontes: Receita Federal (maio/2012), COFF - Câmara dos Deputados (junho/2012), IBGE e

Focus - Relatório de Mercado 29/06/12), Banco Central do Brasil.

Investimentos em Transporte da União por Modal (total pago acumuldado - até junho/2012)

(R$ 3,58 bilhões)0,325(9,1%)

CONJUNTURA MACROECONÔMICA - JUNHO/2012

2011 acumuladoem 2012

últimos12 meses

expectativapara 2012

PIB (% cresc a.a.)1 2,7 0,2 1,9 2,1

Selic (% a.a.)2 11,00 8,50 7,50

IPCA (%)3 6,50 2,24 4,99 4,93

Balança Comercial4 29,79 2,95 27,54 19,20Reservas Internacionais5 352,01 372,98 -

Câmbio (R$/US$)6 1,87 2,05 2,04

0,229(6,4%)

3,22 3,58

Restos a Pagar Pagos

Arrecadação Acumulada CIDE

CIDE - A partir do Decreto nº 7.764 de 22.06.2012, as aliquotas da CIDE ficam reduzidas a zero. Os recursos da CIDE são destinados ao subsídio e transporte de combustíveis, projetos ambientais na indústria de combustíveis e investimentos em infraestrutura de transporte.Obs: Alteração da alíquota CIDE conforme decretos vigentes.

Investimento Pago Acumulado

54

36

R$

bilh

ões

18

0

2002 2003

20042005

20062007

20082009

2010 2011 2012

90

72

Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE

75,3

34,2

valores pagos em infraestrutura (CIDE)

não utilizado (CIDE) 57%43%

Obs: são considerados todos os recursos nãoinvestidos em infraestrutura de transporte.

* O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores.1 - Inclui investimentos realizados com recursos da CIDE arrecadados no exercício corrente e em anos anteriores.2 - Inclui investimentos realizados com recursos da CIDE arrecadados apenas no exercício corrente.

CIDE - 2012 (R$ Milhões)Arrecadação no mês maio/2012 395

Arrecadação no ano (2012) 2.083

Investimentos em transportes total pago* em 2012(com recursos de 2012 e de anos anteriores)1 920

Investimentos em transportes total pago* em 2012(apenas com recursos de 2012)2 903

CIDE não utilizada em transportes (2012) 1.180

Total Acumulado CIDE (desde 2002) 75.356

O Decreto nº 7.764 (junho de 2012) zerou a alíquota da CIDE. Não haverá arrecadação a partir dessa data.

3,011(84,0%)

Page 75: Edição 203

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 2012 75

BOLETIM DO DESPOLUIR

DESPOLUIR

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) lançou em 2007 o Programa Ambiental do Transporte - DESPOLUIR, com o objetivo de promover o engajamento de empresários, caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores em transporte e da sociedade na construção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.

PROJETOS

• Redução da emissão de poluentes pelos veículos

• Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador

• Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais

de transporte

• Cidadania para o meio ambiente

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES

Para participar do Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos,entre em contato com a Federação que atende o seu Estado.

NÚMEROS DE AFERIÇÕES ESTRUTURA

RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS

590.470ATÉ MAIO JUNHO

20122007 A 2011 TOTAL

Aprovação no período

89.667 13.821 693.958

87,50% 89,41 % 91,40% 87,83%

Federações participantes 20

Unidades de atendimento 68

Empresas atendidas 8.507

Caminhoneiros autônomos atendidos 9.865

Em Janeiro de 2012, entrou em vigor afase P7 do Programa de Controle de Po-luição do Ar por Veículos Automotores(Proconve) para veículos pesados. A Con-federação Nacional do Transporte (CNT)considera que este fato tem impactossignificativos no setor, uma vez que no-vos elementos fazem parte do dia a diado transportador rodoviário. Nessecontexto, a CNT elaborou a presente pu-blicação, com o objetivo de disseminarinformações importantes a respeito dotema. O trabalho apresenta ao setor asnovas tecnologias e as implicações dafase P7 em relação aos veículos, com-bustíveis e aos ganhos para o meio am-biente.

O governo brasileiro adotou o biodieselna matriz energética nacional, atravésda criação do Programa Nacional deProdução e Uso de Biodiesel e da apro-vação da Lei n. 11.097. Atualmente, todoo óleo diesel veicular comercializadoao consumidor final possui biodiesel.Essa mistura é denominada óleo dieselB e apresenta uma série de benefíciosambientais, estratégicos e qualitativos.O objetivo desta publicação é auxiliarna rotina operacional dos transporta-dores, apresentando subsídios para aefetiva adoção de procedimentos quegarantam a qualidade do óleo diesel B,trazendo benefícios ao transportadore, sobretudo, ao meio ambiente.

PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIRConheça abaixo duas das diversas publicações ambientais que estãodisponíveis para download no site do DESPOLUIR:

Carga

FETRANSPORTES

FETRABASE

FETCESP

FETRANCESC

FETRANSPAR

FETRANSUL

FETRACAN

FETCEMG

FENATAC

FETRANSCARGA

FETRAMAZ

FETRANSPORTES

FETRABASE

FETRANSPOR

FETRONOR

FETRAM

FEPASC

CEPIMAR

FETRAMAR

FETRANORTE

FETRASUL

FETERGS

ES

BA e SE

SP

SC

PR

RS

AL, CE, PB, PE, PI, RN e MA

MG

DF, TO, MS, MT e GO

RJ

AC, AM, RR, RO, AP e PA

ES

BA e SE

RJ

RN, PB, PE e AL

MG

SC e PR

CE, MA e PI

MS, MT e RO

AM, AC, PA, RR e AP

DF, GO, SP e TO

RS

27.2125-7643

71.3341-6238

11.2632-1010

48.3248-1104

41.3333-2900

51.3374-8080

81.3441-3614

31.3490-0330

61.3361-5295

21.3869-8073

92.2125-1009

27.2125-7643

71.3341-6238

21.3221-6300

84.3234-2493

31.3274-2727

41.3244-6844

85.3261-7066

65.3027-2978

92.3584-6504

62.3598-2677

51.3228-0622

Passageiros

FEDERAÇÃO UFs ATENDIDAS TELEFONESETOR

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

8

Page 76: Edição 203

CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 201276

EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE

SETOR CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Mudança no uso da terra 1.202,13 76,35Industrial* 140,05 8,90Transporte 136,15 8,65Geração de energia 48,45 3,07Outros setores 47,76 3,03Total 1.574,54 100,00

MODAL CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Rodoviário 123,17 90,46Aéreo 7,68 5,65Outros meios 5,29 3,88Total 136,15 100,00

EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL(EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA)

EMISSÕES DE CO2 POR SETOR

*Inclui processos industriais e uso de energia

BOLETIM AMBIEN TAL

NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - MAIO 2012

Corante

80%70%60%50%40%30%20%

Aspecto

Pt. Fulgor

Enxofre

Teor de BiodieselOutros

QUALIDADE DO ÓLEO DIESELTEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL (em ppm de s )*

Japão 10EUA 15Europa 10 a 50

Brasil 50**

CE: Fortaleza, Aquiraz, Horizonte, Caucaia, Itaitinga, Chorozinho, Maracanaú, Euzébio, Maranguape, Pacajus, Guaiúba, Pacatuba, São Gonçalo doAmarante, Pindoretama e Cascavel.PA: Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara do Pará, Benevides e Santa Isabel do Pará.PE: Recife, Abreu e Lima, Itapissuma, Araçoiaba, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Moreno, Camaragibe, Olinda, Igarassu,Paulista, Ipojuca, Itamaracá e São Lourenço da Mata.Frotas cativas de ônibus dos municípios: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Porto Alegre e São Paulo.RJ: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Nilópolis, Duque de Caxias, Niterói, Guapimirim, Nova Iguaçu, Itaboraí, Paracambi, Itaguaí, Queimados, Japeri, São Gonçalo, Magé, São João de Meriti, Mangaratiba, Seropédica, Maricá, Tanguá e Mesquita.SP: São Paulo, Americana, Mairiporã, Artur Nogueira, Mauá, Arujá, Mogi das Cruzes, Barueri, Mongaguá, Bertioga, Monte Mor, Biritibamirim, NovaOdessa, Caçapava, Osasco, Caieiras, Paulínia, Cajamar, Pedreira, Campinas, Peruíbe, Carapicuíba, Pindamonhangaba, Cosmópolis, Pirapora do BomJesus, Cotia, Poá, Cubatão, Praia Grande, Diadema, Ribeirão Pires, Embu, Rio Grande da Serra, Embuguaçu, Salesópolis, Engenheiro Coelho, SantaBárbara d’ Oeste, Ferraz de Vasconcelos, Santa Branca, Francisco Morato, Santa Isabel, Franco da Rocha, Santana de Parnaíba, Guararema, SantoAndré, Guarujá, Santo Antônio da Posse, Guarulhos, Santos, Holambra, São Bernardo do Campo, Hortolândia, São Caetano do Sul, Igaratá, SãoJosé dos Campos, Indaiatuba, São Lourenço da Serra, Itanhaém, São Vicente, Itapecerica da Serra, Sumaré, Itapevi, Suzano, Itaquaquecetuba,Taboão da Serra, Itatiba, Taubaté, Jacareí, Tremembé, Jaguariúna, Valinhos, Jandira, Vargem Grande Paulista, Juquitiba e Vinhedo.

10%0%

Automóveis Comerciais Leves (Otto) GNVMotocicletas CaminhõesPesados

Caminhõesmédios

Comerciais Leves(Diesel)

ÔnibusRodoviários

CaminhõesLeves

ÔnibusUrbanos

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%

NOxNMHcCOCH4

CO2

NOxCONMHcMP

CO2

AL AM

% N

C

AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO Brasil

3,61,4

6,77,4 8,8

0,94,3

0,01,6

5,32,6 3,4 3,6

AC9,2 16,2 0,0 0,3 1,3 0,9 1,7 6,7 0,2 3,6 1,4 7,1 2,1 7,4 8,8 0,9 1,8 2,6 4,3 0,0 9,1 1,6 5,3 2,6 3,4 0,0 3,60,07,3 14,2 0,0 0,5 1,2 0,0 2,4 1,4 0,2 3,7 0,7 4,8 1,5 8,9 6,9 0,6 1,7 2,2 2,7 0,0 5,6 2,0 4,5 12,6 3,2 4,2 3,20,0

Trimestre Anterior

Trimestre Atual

0,9 0,2 2,10,30,0

9,2

0,00

10

20

25

15

5 1,70,0

Percentual relativo ao número de não-conformidades encontradas no total de amostras coletadas. Cada amostra analisada pode conter uma ou mais não-conformidades.

1,3 2,6

9,17,1

1,8

ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - MAIO 2012

16,2

Diesel 44,76 44,29 49,23 51,78 17,07

Gasolina 25,17 25,40 29,84 35,45 12,53

Etanol 13,29 16,47 15,07 10,71 3,05

CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL

CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3)

CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)*

* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc)

Rodoviário 38,49 97% 34,46 97% 36,38 97%

Ferroviário 0,83 2% 1,08 3% 1,18 3%

Hidroviário 0,49 1% 0,14 0% 0,14 0%

Total 39,81 100% 35,68 100% 37,7 100%

2009VOLUMEMODAL % VOLUME % VOLUME %

2010 2011

4,7%

35,9%

1,3% 2,6%

42,7%

12,8%

* Em partes por milhão de S – ppm de S** Municípios com venda exclusiva de S-50*** Consultar a seção Legislação no Site do DESPOLUIR: www.cntdespoluir.org.br

Demais estados e cidades 500 ou 1800***

TIPO 2008 2009 2010 2011 2012

* Inclui veículos movidos a gasolina, etanol e GNV** Dados fornecidos pelo último Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários – MMA, 2011.

EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO OTTO* - 2009** EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO DIESEL - 2009**

(ABRIL)

Page 77: Edição 203

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8

EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE

POLUENTES PRINCIPAIS FONTES CARACTERÍSTICASEFEITOS

SAÚDE HUMANA1 MEIO AMBIENTE

Resultado do processo decombustão de fonte móveis2

e de fontes fixas industriais3.Gás incolor, inodoro e tóxico.

Diminui a capacidade do sangue em transportar oxigênio. Aspirado em grandesquantidades pode causar a morte.

Dióxido deCarbono

(CO2)

Resultado do processo decombustão de fonte móveis2

e de fontes fixas industriais3.Gás tóxico, sem cor e sem odor.

Provoca confusão mental, prejuízo dos reflexos, inconsciência, parada das funções cerebrais.

Metano(CH4)

Resultado do processo decombustão de fontes móveis2

e fixas3, atividades agrícolas e pecuárias, aterros sanitários e processos industriais4.

Gás tóxico, sem cor, sem odor.Quando adicionado a águatorna-se altamente explosivo.

Causa asfixia, parada cardíaca,inconsciência e até mesmo danosno sistema nervoso central, se inalado.

Compostosorgânicosvoláteis(COVs)

Resultado do processo decombustão de fonte móveis2

e processos industriais4.

Composto por uma grandevariedade de moléculas a basede carbono, como aldeídos,cetonas e outroshidrocarbonetos leves.

Causa irritação da membrana mucosa, conjuntivite, danos na pele e nos canaisrespiratórios. Em contato com a pele podedeixar a pele sensível e enrugada e quandoingeridos ou inalados em quantidades elevadas causam lesões no esôfago,traqueia, trato gastro-intestinal, vômitos,perda de consciência e desmaios.

Óxidos denitrogênio

(NOx)

Formado pela reação do óxido denitrogênio e do oxigênio reativopresentes na atmosfera e queima de biomassa e combustíveis fósseis.

O NO é um gás incolor, solúvel.O NO2 é um gás de cor acastanhada ou castanho avermelhada, de cheiro forte eirritante, muito tóxico. O N2O éum gás incolor, conhecidopopularmente como gás do riso.

O NO2 é irritante para os pulmões ediminui a resistência às infecçõesrespiratórias. A exposição continuada oufrequente a níveis elevados pode provocartendência para problemas respiratórios.

Causam o aquecimento global,por serem gases de efeito estufa.Causadores da chuva ácida5.

Ozônio(O3)

Formado pela quebra dasmoléculas dos hidrocarbonetos liberados por alguns poluentes,como combustão de gasolina ediesel. Sua formação éfavorecida pela incidência deluz solar e ausência de vento.

Gás azulado à temperaturaambiente, instável, altamentereativo e oxidante.

Provoca problemas respiratórios,irritação aos olhos, nariz e garganta.

Causa destruição e afeta odesenvolvimento de plantas eanimais, devido a sua naturezacorrosiva.

Dióxido de enxofre(SO2)

Resultado do processo decombustão de fontes móveis2

e processos industriais4.

Gás denso, incolor, não inflamávele altamente tóxico.

Provoca irritação e aumento naprodução de muco, desconforto narespiração e agravamento deproblemas respiratórios ecardiovasculares.

Causa o aquecimento global, porser um gás de efeito estufa.Causador da chuva ácida5, quedeteriora diversos materiais, acidifica corpos d'água e provocadestruição de florestas.

Materialparticulado

(MP)

Resultado da queimaincompleta de combustíveise de seus aditivos, deprocessos industriais e dodesgaste de pneus e freios.

1. Em 12 de junho de 2012, segundo o Comunicado nº 213, o Centro Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC, em inglês), que é uma agência da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou a fumaça do diesel comosubstância cancerígena (grupo 1), mesma categoria que se encontram o amianto, álcool e cigarro.

2. Fontes móveis: motores a gasolina, diesel, álcool ou GNV.3. Fontes fixas: Centrais elétricas e termoeléctricas, instalações de produção, incineradores, fornos industriais e domésticos, aparelhos de queima e fontes naturais como vulcões, incêndios florestais ou pântanos.4. Processos industriais: procedimentos envolvendo passos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala.5. Chuva ácida: a chuva ácida, também conhecida como deposição ácida, é provocada por emissões de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogênio (NOx) de usinas de energia, carros e fábricas. Os ácidos nítrico e sulfúrico

resultantes podem cair como deposições secas ou úmidas. A deposição úmida é a precipitação: chuva ácida, neve, granizo ou neblina. A deposição seca cai como particulados ácidos ou gases.

Conjunto de poluentes constituídode poeira, fumaça e todo tipo dematerial sólido e líquido que semantém suspenso. Possuemdiversos tamanhos emsuspensão na atmosfera. Otamanho das partículas estádiretamente associado ao seupotencial para causar problemasà saúde, quanto menores,maiores os efeitos provocados.

Incômodo e irritação no nariz egarganta são causados pelaspartículas mais grossas. Poeirasmais finas causam danos aoaparelho respiratório e carregamoutros poluentes para os alvéolospulmonares, provocando efeitoscrônicos como doençasrespiratórias, cardíacas e câncer.

Altera o pH, os níveis depigmentação e a fotossíntesedas plantas, devido a poeiradepositada nas folhas.

Causam o aquecimento global,por serem gases de efeito estufa.

Monóxido decarbono

(CO)

Page 78: Edição 203

OBrasil vem sendo perce-bido como grandeoportunidade de cresci-mento de empresas

provenientes de diversos paísesimersos em uma crise econômi-ca. O motivo dessa percepção es-tá no crescimento econômico dopaís e, consequentemente, nocrescimento da renda da popula-ção. Hoje, o Brasil é o sexto maiorPIB nominal do planeta, segundoo “The World Factbook/CIA”. Háainda uma expectativa de que setorne o quinto no final de 2012. Ocrescimento da renda reflete noíndice Gini, que, segundo o Cen-tro de Políticas Sociais da FGVpassou de 0,596, em 2001, para0,519, em janeiro de 2012, umaqueda de 12,9%. O Gini nos Esta-dos Unidos é de 0,469 e na Sué-cia, de 0,25.

De acordo com a FGV, a rendados 50% mais pobres no Brasilcresceu quase seis vezes (580%)mais rápido do que a renda dos10% mais ricos na década passa-da. As classes A, B e C somadassaíram de 49% da população totaldo Brasil, em 2003, para mais de62% das famílias, em 2012.

Crescimento da renda se tra-duz, entre outras coisas, no au-mento do consumo. De acordo

FERNANDO ARBACHE

com a Fenabrave, a frota de auto-móveis no Brasil, por exemplo,cresceu, em média, 10% nos últi-mos quatro anos. Porém, o au-mento da frota sem o investi-mento proporcional em infraes-trutura gerou aumento de con-gestionamentos acima da média,o que trouxe diversos problemasà população.

A falta de investimento eminfraestrutura vem reduzindo acapacidade de atendimento dosaeroportos brasileiros. Commais renda e oferta de crédito,houve uma migração das via-gens de ônibus para o avião. Onúmero de passageiros deu umsalto de 71 milhões, em 2003,para quase 180 milhões, em2011, crescimento de 154%.

A qualidade da infraestruturabrasileira vem piorando em rela-ção ao resto do mundo. O paíscaiu 20 posições no ranking glo-bal de competitividade do FórumEconômico Mundial, de 84º para104º lugar, em 2011. Já havia per-dido colocações em 2010 por cau-sa da lentidão do governo em im-plementar projetos de infraestru-tura. Segundo a LCA Consultores,em uma escala de um a sete emqualidade de infraestrutura, opaís teve nota 3,4, conceito esse

que está abaixo da média mun-dial, que é de 4,1.

Ao comparar a oferta de in-fraestrutura e a demanda porela, percebe-se uma equaçãoque pode fragilizar o crescimen-to do país. Quando a oferta exce-de à procura, seu preço tende acair, porém quando a procura ex-cede à oferta, os preços cres-cem. A escassez de oferta de in-fraestrutura gerou aumento decustos produtivos, de ineficiên-cia e, por fim, de inflação.

O Brasil tem, em sua memó-ria recente, o histórico dos pla-nos econômicos fracassados pa-ra debelar a inflação. A estabili-zação da moeda brasileira éuma conquista que tem comoconsequências o crescimento darenda e o enriquecimento da po-pulação.

A falta de investimento em infra-estrutura pode frear o crescimentoeconômico e levar o país a uma de-pressão em um espaço de tempomuito menor do que o necessáriopara o país alcançar seu statusatual. O investimento em infraestru-tura é urgente e crucial para o paíscontinuar na rota em que se encon-tra. Esse é um papel que cabe ao go-verno e às empresas implementar;e à população cobrar.

DEBATE Investir em infraestrutura é uma solução para enfrentar a crise?

FERNANDO ARBACHEProfessor de Logística do IDE/FGV(Instituto de DesenvolvimentoEducacional da Fundação Getúlio Vargas)

Investir em infraestrutura éurgente e crucial para o país

“A qualidade da infraestrutura brasileira vem piorando em relação ao resto do mundo e pode frear o crescimento econômico”

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Um processo infla-cionário é o piorinimigo de uma vi-são em longo pra-

zo. O Brasil viveu um pro-longado período imerso empreocupações de curtíssimoprazo, tendo como conse-quência um grande esvazia-mento das instituições e or-ganizações da administra-ção públicas dedicadas aoplanejamento e implanta-ção de projetos de infraes-trutura.

Com a estabilização eco-nômica que se seguiu a im-plantação do Plano Real e aconsolidação de um novo re-gime fiscal, este consagradona Lei de ResponsabilidadeFiscal, o país teve a oportu-nidade de aperfeiçoar, aindaque muito lentamente, umconjunto de instrumentosinstitucionais necessários àviabilização de investimen-tos em infraestrutura paraque o Brasil possa alcançaros padrões competitivosexigidos pela concorrênciainternacional.

Em parte, a revitalizaçãodos setores de infraestrutu-ra foi obtida por meio do

sões. Assim, ao agregar umavisão em longo prazo, con-trastante a mera busca pornovas obras, as concessio-nárias contribuem de formaativa para o desenvolvimen-to da infraestrutura do país.

Nesse sentido, cabe aopoder público buscar osmeios mais eficientes etransparentes de seleção epriorização de projetos, bemcomo escolher entre as al-ternativas de contração quevalorizem as parcerias emlongo prazo.

Não se pode negar a exis-tência de avanços institu-cionais, mas eles parecemser insuficientes para fazerfrente aos desafios do país.Na área de transportes se vêa retomada da inteligênciano planejamento, mas elanecessita ser urgentementeestendida a todo o ciclo devida da contratação de pro-jetos. Somente com a revita-lização de instituições dota-das de inteligência será pos-sível retirar a proeminênciaque os órgãos de controle(CGU) e fiscalização (TCU)têm ganhado nos processosde contratação.

FRANCISCO ANUATTI NETODoutor em Economia, professor daFearp/USP (Faculdade de Economia,Administração e Contabilidade deRibeirão Preto da Universidade de SP)

Revitalização passa peloprocesso de concessões

“No transporte se vê a retomada da inteligência no planejamento,mas ela necessita ser estendida a toda contratação de projetos”

processo de concessões aosetor privado dos serviçosde transportes rodoviário,ferroviário e de arrenda-mentos de terminais portuá-rios (devendo ser incluídostambém aqui os resultadosalcançados com as privati-zações em telefonia e eletri-cidade). A privatização per-mitiu o criar uma nova clas-se de empresas, comprome-tidas com a operação, manu-tenção e ampliação da infra-estrutura pública, com hori-zontes contratuais em longoprazo (de 20 a 30 anos).

Porém, essa nova indús-tria, que difere das organi-zações tradicionais focadasem engenharia e constru-ção, não substitui o estadoem suas funções de público,isto é, de planejamento epriorização de novos proje-tos. Mesmo assim essas con-cessionárias trouxeram umacontribuição efetiva. Alémde recuperar, manter e am-pliar os serviços, as conces-sionárias constituíram-senum novo tipo de agente so-cial que demanda oportuni-dades de expansão de seunegócio em novas conces-

FRANCISCO ANUATTI NETO

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CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 2012 81

CLÉSIO ANDRADEOPINIÃO

esde que fez sua opção pelo modal rodoviário,o Brasil tem seu abastecimento interno e oscaminhos do mercado internacional dependen-do da infraestrutura rodoviária, da qualidadelogística das empresas transportadoras e dacompetência profissional dos motoristas.O Brasil tem uma estrutura gigante de

transporte de cargas rodoviárias e um doscomponentes principais desse sistema é o mo-torista. Comprometidos para atender contra-tos de transporte que determinam prazos deentrega, muitas vezes exíguos, com produtosperecíveis ou perigosos, de seu desempenhoprofissional depende muito o dinamismo denossa economia. Um dos traços do perfil docaminhoneiro é a responsabilidade.

Em todas as suas diferenças como indivíduos,o que sintetiza o caráter do condutor de cami-nhões, poucos sabem, é uma vocação solidária efraterna, indicando sempre a forma mais segurade seguir a todos os que transitam nas estradasbrasileiras.

O trabalho diário do caminhoneiro é o respon-sável pelo abastecimento das cidades. Dos princi-pais centros urbanos às fronteiras, até as maisdistantes cidades de nosso continental país, per-correndo, pelo seu ofício, distâncias fabulosas. Nasua lida, enfrenta frequentemente a ausência dafamília, estradas sem conservação e muitas vezesinseguras, além dos riscos de acidentes.

Agentes do desenvolvimento nacional, os ca-minhoneiros experimentam atualmente uma im-portante transformação profissional que os dis-tinguem definitivamente das gerações passadas,porém sem que se mude o caráter humano e o es-pírito fraterno. As novas tecnologias das cabinesdos modernos caminhões vêm exigindo conheci-mentos básicos de informática, moldando umacategoria altamente especializada.

Para enfrentar com mais preparo as mudançase as adversidades da profissão, o Sest Senat ofe-rece diversos cursos tratando da condução segu-ra e econômica dos veículos, também sobre otransporte de cargas perigosas, perecíveis e fra-cionadas, tecnologias embarcadas, entre outrostantos. Nos cursos são incluídas noções de cida-dania, relações pessoais, meio ambiente, mecâni-ca e muito mais informações para o preparo dosprofissionais condutores.

Devemos gratidão aos caminhoneiros, por tu-do que realizam, porque são agentes decisivos noabastecimento e no crescimento deste país, por-que são companheiros nas longas jornadas pelasrodovias. Trafegam pelas estradas brasileiras mi-lhões de caminhões, conduzidos por profissionaisdignos e solidários. A eles, nossos agradecimen-tos e nosso compromisso em manter o Sest Senatcomo uma terceira casa, sempre pronta para re-cebê-los, considerando a residência e a boleia docaminhão como as primeiras.

D

Profissionais imprescindíveis

“Devemos gratidão aos caminhoneiros, por tudo que realizam, porquesão agentes decisivos no abastecimento e no crescimento deste país”

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CNT TRANSPORTE ATUAL AGOSTO 201282

DOS LEITORES

Escreva para CNT TRANSPORTE ATUALAs cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes

AEROPORTOS

Parabéns ao professor AndersonCorreia, do ITA, e à reportagemda revista CNT Transporte Atualpela entrevista sobre a falta deaeroportos no Brasil. Há anosconvivemos com esse problema,mas nossas autoridades não seimportam. Será que vamos esperar o caos aéreo acontecerdurante a Copa do Mundo de2014 para só depois tomar alguma atitude? Parece que sim,já que não temos mais tempopara resolver todos osproblemas. Enquanto isso, usuários continuam pagando caro por um serviço ruim.

Gerson Sant’annaSete Lagoas/MG

LEI SECA

Depois de quatro anos, é bastanteagradável saber que muitos motoristas entenderam a importância de não misturar álcool e direção. Por outro lado,percebemos que a fiscalizaçãonem sempre é eficiente, permitindo, portanto orelaxamento de muita gente. Soua favor de regras cada vez maisrígidas. Só assim teremos umpaís livre de acidentes e acabaremos com as mais de 38mil mortes anuais registradas no trânsito de nossas cidades.

Maria Luíza ParenteRegistro/SP

COMANDOS DE SAÚDE

Sou caminhoneiro há 15 anos ejá participei da ação realizadapelo Sest Senat e pela PRF. Acho importante esse trabalho porqueé uma forma de cuidarmos dasaúde. No dia a dia da estradanem sempre dá tempo de ir aomédico. Gostei das dicas de cuidados com a coluna publicadas na revista CNTTransporte Atual.

José Dalton AlmeidaBrasília/DF

SUGESTÃO DE REPORTAGEM

Gostaria de sugerir uma reportagem sobre a antiga Ferrovia do Aço, em MinasGerais. Trabalhei lá entre 1980 e1982 e tenho muita saudade daestação de Engenheiro Gutiérrezque já não existe mais. Ela facilitava bastante as nossas viagens. Meus avós e minhastias iam até Aparecida (SP) detrem. Tudo era bonito, comaqueles vagões que lembravamos trens dos filmes. europeus.

Benedito Adão QueirozBalsa Nova/PR

CARTAS PARA ESTA SEÇÃO

SAUS, quadra 1, bloco JEdifício CNT, entradas 10 e 20, 10º andar70070-010 - Brasília (DF)E-mail: [email protected]

Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes

CNTCONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE

PRESIDENTE Clésio Andrade

VICE-PRESIDENTES DA CNTTRANSPORTE DE CARGAS

Newton Jerônimo Gibson Duarte RodriguesTRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Meton Soares JúniorTRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Jacob Barata FilhoTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José Fioravanti

PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃOTRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Marco Antonio Gulin Otávio Vieira da Cunha Filho TRANSPORTE DE CARGAS

Flávio BenattiPedro José de Oliveira LopesTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José da Fonseca LopesEdgar Ferreira de Sousa

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO

Glen Gordon Findlay

Paulo Cabral Rebelo

TRANSPORTE FERROVIÁRIO

Rodrigo Vilaça

Júlio Fontana Neto

TRANSPORTE AÉREO

Urubatan Helou

José Afonso Assumpção

CONSELHO FISCAL (TITULARES)

David Lopes de Oliveira

Éder Dal’lago

Luiz Maldonado Marthos

José Hélio Fernandes

CONSELHO FISCAL (SUPLENTES)

Waldemar Araújo

André Luiz Zanin de Oliveira

José Veronez

Eduardo Ferreira Rebuzzi

DIRETORIA

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

Luiz Wagner Chieppe

Alfredo José Bezerra Leite

Lelis Marcos Teixeira

José Augusto Pinheiro

Victorino Aldo Saccol

José Severiano Chaves

Eudo Laranjeiras Costa

Antônio Carlos Melgaço Knitell

Eurico Galhardi

Francisco Saldanha Bezerra

Jerson Antonio Picoli

João Rezende Filho

Mário Martins

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Luiz Anselmo Trombini

Urubatan Helou

Irani Bertolini

Pedro José de Oliveira Lopes

Paulo Sérgio Ribeiro da Silva

Eduardo Ferreira Rebuzzi

Oswaldo Dias de Castro

Daniel Luís Carvalho

Augusto Emílio Dalçóquio

Geraldo Aguiar Brito Viana

Augusto Dalçóquio Neto

Euclides Haiss

Paulo Vicente Caleffi

Francisco Pelúcio

TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

Edgar Ferreira de Sousa

José Alexandrino Ferreira Neto

José Percides Rodrigues

Luiz Maldonado Marthos

Sandoval Geraldino dos Santos

Éder Dal’ Lago

André Luiz Costa

Diumar Deléo Cunha Bueno

Claudinei Natal Pelegrini

Getúlio Vargas de Moura Bratz

Nilton Noel da Rocha

Neirman Moreira da Silva

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Hernani Goulart Fortuna

Paulo Duarte Alecrim

André Luiz Zanin de Oliveira

Moacyr Bonelli

George Alberto Takahashi

José Carlos Ribeiro Gomes

Roberto Sffair

Luiz Ivan Janaú Barbosa

José Roque

Fernando Ferreira Becker

Raimundo Holanda Cavacante Filho

Jorge Afonso Quagliani Pereira

Alcy Hagge Cavalcante

Eclésio da Silva

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