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ténisportugal edição especial 2013 ano de ouro para port gal ENTREVISTAS .vasco mensurado .joana valle costa .antónio van grichen .joão sousa .frederico marques .donna vekic u

Edição Especial 2013

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Page 1: Edição Especial 2013

ténisportugaledição especial 2013

ano de ouro para

port gal

ENTREVISTAS.vasco mensurado.joana valle costa.antónio van grichen.joão sousa.frederico marques.donna vekic

u

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EDITORIAL

ANO DE OURO Quando, no início de dezembro, Frederico Marques nos confessou em entrevista gostar de um dia ver o Ténis Portugal em revista e nas bancas, eu estava longe de imaginar que tal (ou parte de) seria possível num período de tempo tão curto.

Online desde 2010, sempre procurámos fazer parte do mundo do ténis em Portugal e acompanhar todos os acontecimentos de forma o mais actualizada possível. Em vésperas de ‘entrarmos’ no nosso quarto ano de existência, decidimos então ser altura de nos expandirmos e começar por marcar presença no mundo das publicações online com o lançamento de uma edição especial sobre a temporada de 2013.

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DiretorGaspar Lança

RedatoresGaspar LançaJoão Pedro CastroMariana VergueiroCatarina Meira

FotografiaGaspar LançaChristopher LevyFernando CorreiaSamtateOladoVLet, Second Serve

Design GráficoGaspar Lança

Contactosfacebook/tenisportugaltwitter.com/[email protected]

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ÍNDICE

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5

10

SERENA WILLIAMS

TACA DAVIS

RAFAEL NADAL I

JOAO SOUSA

REIS E RAINHAS DE 20133

7

11

31

73

81

82

83

ANO DE OURO PARA PORTUGAL

PORTUGAL OPEN

ENTREVISTAS

OS MELHORES DE 2013

IN AND OUT

RANKINGS

READY, SET, PLAY!

VASCO MENSURADO JOANA VALLE COSTA

JOAO SOUSA

FREDERICO SILVADONNA VEKIC

FREDERICO MARQUESVAN GRICHEN

22

Page 4: Edição Especial 2013

REIS E RAINHAS DE 2013

@samtate

Majors’13 ÍNDICE

33

Page 5: Edição Especial 2013

Victoria Azarenka - © Ben Solomon

Novak Djokovic - © Ben Solomon

Vinci & Errani - © Ben Solomon

Bryan & Bryan - © Getty Images

Gajdosova & Ebden - © Ben Solomon

Serena Williams - © FFT

Rafael Nadal - © FFT

Makarova & Vesnina - © FFT

Bryan & Bryan - © FFT

Hradecka & Cermak - © FFT

Marion Bartoli - © Matthias Hangst

Andy Murray - © Jon Buckle

Shuai & Su-Wei - © Matthias Hangst

Bryan & Bryan - © Matthias Hangst

Mladenovic & Nestor - © Jon Buckle

Serena Williams - © Stan Honda

Rafael Nadal - © Yahoo

Hlavackova & Hradecka - © Yahoo

Stepanek & Paes - © Daron Cummings

Hlavackova & Mirnyi - © Yahoo

ÍNDICE

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por Gaspar LançaFotografia: samtate

O ténis não perdoa e, uma vez mais, tivemos direito a uma época repleta de surpresas. 2013 foi um ano de alegria para o ténis português, que pela primeira vez viu um jogador vencer um torneio de singulares num dos principais circuitos e integrar o top50 mundial. 2013 foi, por isso mesmo, um ano de festejos. Desde João Sousa em Kuala

Lumpur a Michelle Larcher de Brito em Londres, foram várias as vitórias que levaram o nome de Portugal o mais alto possível, com Maria João Koehler (primeira jogadora a disputar todos os quatro quadros principais de singulares de torneios do Grand Slam na mesma época), Gastão Elias, Rui Machado e Pedro Sousa a merecerem igualmente ser mencionados.2013 foi ano de oito jogadores se estrearem a vencer torneios de singulares no circuito masculino, onde o verdadeiro rei foi Rafael Nadal e Roger Federer a principal

desilusão. A época viria ainda a permitir aos britânicos celebrar a vitória de um tenista local em Wimbledon pela primeira vez em 77 anos, título que valeria ainda a Murray o reconhecimento de várias publicações a nível de ‘desportista britânico do ano’ e ‘personalidade do ano’. 2013 foi ano de ver Serena Williams dominar o circuito feminino, estabelecer um novo record a nível de prize money e deslizar na terra batida de Paris para voltar a ser rainha, foi também o ano de Simona Halep – que venceu os seus seis primeiros títulos de

singulares – e de Marion Bartoli, que surpreendeu o mundo ao conquistar o major britânico e ainda mais ao anunciar a sua retirada do ténis dias depois.Ao longo da última época celebraram-se centenas de conquistas, testemunharam-se regressos e ‘nascimentos’ memoráveis, viveu-se o ténis.

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por Gaspar LançaFotografia: samtate

O ténis não perdoa e, uma vez mais, tivemos direito a uma época repleta de surpresas. 2013 foi um ano de alegria para o ténis português, que pela primeira vez viu um jogador vencer um torneio de singulares num dos principais circuitos e integrar o top50 mundial. 2013 foi, por isso mesmo, um ano de festejos. Desde João Sousa em Kuala

Lumpur a Michelle Larcher de Brito em Londres, foram várias as vitórias que levaram o nome de Portugal o mais alto possível, com Maria João Koehler (primeira jogadora a disputar todos os quatro quadros principais de singulares de torneios do Grand Slam na mesma época), Gastão Elias, Rui Machado e Pedro Sousa a merecerem igualmente ser mencionados.2013 foi ano de oito jogadores se estrearem a vencer torneios de singulares no circuito masculino, onde o verdadeiro rei foi Rafael Nadal e Roger Federer a principal

desilusão. A época viria ainda a permitir aos britânicos celebrar a vitória de um tenista local em Wimbledon pela primeira vez em 77 anos, título que valeria ainda a Murray o reconhecimento de várias publicações a nível de ‘desportista britânico do ano’ e ‘personalidade do ano’. 2013 foi ano de ver Serena Williams dominar o circuito feminino, estabelecer um novo record a nível de prize money e deslizar na terra batida de Paris para voltar a ser rainha, foi também o ano de Simona Halep – que venceu os seus seis primeiros títulos de

singulares – e de Marion Bartoli, que surpreendeu o mundo ao conquistar o major britânico e ainda mais ao anunciar a sua retirada do ténis dias depois.Ao longo da última época celebraram-se centenas de conquistas, testemunharam-se regressos e ‘nascimentos’ memoráveis, viveu-se o ténis.

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Claramente favorita, a equipa das quinas apresentava-se em força num duelo surpreendentemente escalado para o CIF, em Lisboa, que anos depois voltava a acolher uma eliminatória da Taça Davis. O tempo característico de fevereiro prometia ameaçar e Pedro Cordeiro preferiu jogar pelo seguro, optando pelos campos cobertos de terra batida para receber o conjunto africano, estreante nestas eliminatórias. E assim se desenrolou a primeira de três eliminatórias do ano, com o público português a aderir, no geral, de forma positiva e a criar um bom ambiente.A República do Benim, modesta

desde a sua chegada a Portugal, nada tinha a perder, mas sim tudo a ganhar, razão pela qual se mostrou descontraída e entusiasmada por disputar o duelo com a selecção portuguesa desde o início. Em contrapartida, os comandados por Pedro Cordeiro tinham a obrigação de vencer e selar o apuramento para a segunda eliminatória, tarefa que foi consumada com sucesso ao cabo do segundo dia de competição.

Com João e Pedro Sousa a comandarem a equipa (no total, perderam apenas um set nos três encontros disputados), Alexis Klegou – o jogador mais experiente, que conta com base de treinos em território norte-americano – e Loic Didavi pouco ou nada puderam fazer para ‘salvar’ a sua selecção. No dia seguinte, e já sem qualquer ‘obrigação’, foi tempo de testemunhar o regresso de Rui Machado aos courts depois de um período de cinco meses de ausência (que fez com que descesse cerca de 200 lugares no ranking) e, também, a estreia de

André Gaspar Murta na selecção nacional. Os dois cumpriram, com sucesso, os seus encontros e, assim, Portugal fechou a eliminatória com um resultado de 5-0 a seu favor.

Com a passagem à segunda ronda da Zona Euro-Africana do Grupo II da Taça Davis, estava dado o primeiro de três passos muito importantes rumo ao regresso da equipa ao segundo grupo mais importante da competição.

por Gaspar LançaFotografias: Fernando Correia

Ainda o Australian Open estava presente nas mentes de todos os fãs de ténis e já a Taça Davis ‘invadia’ o circuito mundial. Sem tempo para descansar, eram poucos os principais atletas do mundo que se dedicavam às eliminatórias inaugurais dos grupos de maior destaque, mas havia outros duelos para se disputar. Um deles envolvia Portugal e a modesta República Popular do Benim.

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Claramente favorita, a equipa das quinas apresentava-se em força num duelo surpreendentemente escalado para o CIF, em Lisboa, que anos depois voltava a acolher uma eliminatória da Taça Davis. O tempo característico de fevereiro prometia ameaçar e Pedro Cordeiro preferiu jogar pelo seguro, optando pelos campos cobertos de terra batida para receber o conjunto africano, estreante nestas eliminatórias. E assim se desenrolou a primeira de três eliminatórias do ano, com o público português a aderir, no geral, de forma positiva e a criar um bom ambiente.A República do Benim, modesta

desde a sua chegada a Portugal, nada tinha a perder, mas sim tudo a ganhar, razão pela qual se mostrou descontraída e entusiasmada por disputar o duelo com a selecção portuguesa desde o início. Em contrapartida, os comandados por Pedro Cordeiro tinham a obrigação de vencer e selar o apuramento para a segunda eliminatória, tarefa que foi consumada com sucesso ao cabo do segundo dia de competição.

Com João e Pedro Sousa a comandarem a equipa (no total, perderam apenas um set nos três encontros disputados), Alexis Klegou – o jogador mais experiente, que conta com base de treinos em território norte-americano – e Loic Didavi pouco ou nada puderam fazer para ‘salvar’ a sua selecção. No dia seguinte, e já sem qualquer ‘obrigação’, foi tempo de testemunhar o regresso de Rui Machado aos courts depois de um período de cinco meses de ausência (que fez com que descesse cerca de 200 lugares no ranking) e, também, a estreia de

André Gaspar Murta na selecção nacional. Os dois cumpriram, com sucesso, os seus encontros e, assim, Portugal fechou a eliminatória com um resultado de 5-0 a seu favor.

Com a passagem à segunda ronda da Zona Euro-Africana do Grupo II da Taça Davis, estava dado o primeiro de três passos muito importantes rumo ao regresso da equipa ao segundo grupo mais importante da competição.

por Gaspar LançaFotografias: Fernando Correia

Ainda o Australian Open estava presente nas mentes de todos os fãs de ténis e já a Taça Davis ‘invadia’ o circuito mundial. Sem tempo para descansar, eram poucos os principais atletas do mundo que se dedicavam às eliminatórias inaugurais dos grupos de maior destaque, mas havia outros duelos para se disputar. Um deles envolvia Portugal e a modesta República Popular do Benim.

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última hora por João Sousa, que ficaria mesmo de fora da competição por dois meses. Em contrapartida, Frederico Gil dava continuidade ao seu envergonhado regresso à competição, voltando a entrar num court com a camisola de Portugal.A Lituânia, no entanto, era claramente a equipa mais desfalcada, dado que apenas viajara para Lisboa com um jogador ‘rankeado’ e sofria bastante com a ausência da sua principal figura, Ricardas Berankis.Se contra a República Popular do

Benim foram João e Pedro Sousa a escrever a história da eliminatória, frente à Lituânia as vitórias decisivas de Portugal estenderam-se a três atletas: Gastão Elias (vencedor do primeiro singular), Pedro Sousa (que venceu o segundo) e Rui Machado (que uniu forças com Elias para levar a melhor no encontro de pares).Com o apuramento já garantido, era então altura de dar oportunidade a dois jogadores que estavam ainda numa fase relativamente inicial dos seus regressos à competição depois de lesões: Frederico Gil e Rui Machado. Contra adversários claramente com menos armas, o sintrense e o algarvio não perderam qualquer set e cederam apenas um total de seis jogos.Duas vitórias em duas eliminatórias. Era assim que se resumia a campanha de Portugal na Taça Davis 2013 e restava apenas esperar por Setembro para saber se a equipa conseguiria regressar ao Grupo I da competição.

por Gaspar LançaFotografias: Fernando Correia

O sol de abril era já propício à realização de uma eliminatória completamente ao ar livre, com o Club International de Foot-Ball a ser, uma vez mais, o palco principal. Desta feita, era a Lituânia quem procurava meter-se no caminho de Portugal que, uma vez mais, não desiludiu.Com o bonito Court Central do clube lisbonense como fundo da eliminatória, a selecção nacional apresentava-se desfalcada de

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última hora por João Sousa, que ficaria mesmo de fora da competição por dois meses. Em contrapartida, Frederico Gil dava continuidade ao seu envergonhado regresso à competição, voltando a entrar num court com a camisola de Portugal.A Lituânia, no entanto, era claramente a equipa mais desfalcada, dado que apenas viajara para Lisboa com um jogador ‘rankeado’ e sofria bastante com a ausência da sua principal figura, Ricardas Berankis.Se contra a República Popular do

Benim foram João e Pedro Sousa a escrever a história da eliminatória, frente à Lituânia as vitórias decisivas de Portugal estenderam-se a três atletas: Gastão Elias (vencedor do primeiro singular), Pedro Sousa (que venceu o segundo) e Rui Machado (que uniu forças com Elias para levar a melhor no encontro de pares).Com o apuramento já garantido, era então altura de dar oportunidade a dois jogadores que estavam ainda numa fase relativamente inicial dos seus regressos à competição depois de lesões: Frederico Gil e Rui Machado. Contra adversários claramente com menos armas, o sintrense e o algarvio não perderam qualquer set e cederam apenas um total de seis jogos.Duas vitórias em duas eliminatórias. Era assim que se resumia a campanha de Portugal na Taça Davis 2013 e restava apenas esperar por Setembro para saber se a equipa conseguiria regressar ao Grupo I da competição.

por Gaspar LançaFotografias: Fernando Correia

O sol de abril era já propício à realização de uma eliminatória completamente ao ar livre, com o Club International de Foot-Ball a ser, uma vez mais, o palco principal. Desta feita, era a Lituânia quem procurava meter-se no caminho de Portugal que, uma vez mais, não desiludiu.Com o bonito Court Central do clube lisbonense como fundo da eliminatória, a selecção nacional apresentava-se desfalcada de

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Foram nove dias repletos de ténis ao mais alto nível, de sets recheados de grandes pontos e de muitos aplausos, mas o torneio não se resumo ao conjunto de cinco dias úteis e dois fins-de-semana nos quais os espectadores se deslocam ao Complexo de Ténis do Jamor. Muito se ‘discutiu’ antes da vigésima quarta edição do torneio, e foi na conferência de imprensa de apresentação que o director surpreendeu o mundo. “O Estoril Open morre ao fim de 23 anos”, começou por afirmar Lagos, que – e com razão - se auto-intitula de principal patrocinador de um torneio que ao longo dos anos

por Gaspar LançaFotografias: Gaspar Lança

Emoção, muita emoção. Assim se caracteriza mais uma edição do maior torneio de ténis disputado em Portugal, que primeiro ‘morreu’ e depois regressou aos circuitos profissionais. O Estoril Open passou a Portugal Open, o Court Central vestiu-se de vermelho e, uma vez mais, João Lagos e a sua equipa estavam prontos para proporcionar ao público português um grande espectáculo.

apenas teve uma cara em comum de edição para edição. Durou pouco, muito pouco, a vida de Portugal sem um torneio de ténis integrante dos principais circuitos: alguns segundos depois, João Lagos procedia à apresentação do Portugal Open. O formato mantinha-se, mudava o nome, a marca, a visibilidade e o reconhecimento.E porque o que todos querem ver num torneio são jogadores mediáticos, com grandes palmarés, já havia sido confirmada a presença de atletas como Juan Martin del Potro (bicampeão em título), Stanislas Wawrinka, Juan Monaco, Svetlana Kuznetsova, Marion Bartoli, Francesca Schiavone, entre muitos outros.No entanto, os últimos dias de preparação para o torneio deram grandes dores de cabeça a toda a organização: Del Potro, afectado por uma virose, e Monaco, devido a problemas pessoais, não viajariam para Portugal. A cerca de vinte e quatro horas do arranque de uma edição que prometia ser histórica, o torneio perdia duas das suas principais

figuras, dois dos jogadores que prometiam agitar as bancadas e, sobretudo, do bicampeão em título. Apesar de contar com outros jogadores de classe mundial, o quadro masculino ficava claramente desfalcado e, quando se pensava que o último convite seria para o vimaranense João Sousa, João Lagos ‘agarrou’ um jogador da elite mundial para fazer esquecer as ausências dos argentinos. David Ferrer, então número 4 mundial e futuro vice-campeão de Roland Garros, era o escolhido por Lagos, que após perder o sétimo classificado da hierarquia mundial colocava o quarto bem dentro do seu torneio.A escolha mostrou-se, pelo menos do panorama internacional e a nível de visibilidade, acertada, e Ferrer chegaria mesmo à final do torneio, onde apenas perderia para um sempre inspirado Stanislas Wawrinka – que confirmava no Jamor o bom momento de forma com que já se tinha apresentado em Melbourne Park e na América Latina, entre outros palcos.Foi ele o principal protagonista da

edição masculina do torneio, acompanhado por um modesto e empenhado Pablo Carreño-Busta, que fez as delícias dos espectadores presentes ao ultrapassar toda a fase de qualificação com o seu ténis elegante e eficaz para chegar às meias-finais. Tal como o suíço, também o espanhol viria a confirmar, em toda a temporada, que nada aconteceu por acaso: em novembro, viria mesmo a ser considerado pela ATP como o jogador com melhor evolução ao longo de toda a temporada.Se no quadro masculino tudo decorreu com relativa

normalidade (Carreño-Busta foi mesmo o grande outsider, mas o ténis apresentado nos primeiros dias colocou-o rapidamente na lista de jogadores com possibilidades de ir longe na terra batida portuguesa), no quadro WTA foram mais as surpresas do que as certezas confirmadas. Com a melhor entrylist de sempre – afinal, eram duas as ex-vencedoras (Svetlana Kuznetsova e Francesca Schiavone) de torneios do Grand Slam presentes, às quais se

juntava uma futura campeã (Marion Bartoli) e as sempre apreciadas pelo público Daniela Hantuchova, Anastasia Pavlyuchenkova, Julia Goerges e Laura Robson -, o quadro feminino apresentou-se difícil de prever e repleto de encontros surpreendentes e emocionantes.Bartoli e Cibulkova, as duas primeiras cabeças de série, ficaram pelo caminho na primeira eliminatória, à semelhança de Goerges e Robson; Schiavone perdeu na segunda ronda.

Eliminadas algumas das principais candidatas ao título, foram Carla Suarez Navarro (vice-campeã em 2012) e Anastasia Pavlyuchenkova quem garantiu o apuramento para a final, com a tenista russa a carimbar entusiasmantes vitórias nos quartos-de-final (derrotando Vesnina em três sets, naquele que foi um dos melhores encontros de todo o torneio) e nas meias-finais (com nova vitória em três parciais, agora perante Oprandi) para entrar balançada

para o derradeiro encontro e fazer a festa ao lado de Martina Hinguis, que marcou presença em Portugal na condição de treinadora.2013 foi, de facto, um grande ano para o Portugal Open, que como não poderia deixar de ser contou com vários representantes portugueses, dos quais se destaca Gastão Elias -o sucessor de João Sousa (lesionado até pouco antes do começo do torneio e sem ranking para entrar de forma directa no quadro principal) nos quartos-de-final da prova, que lhe valeram o aproximar do top100 mundial e o primeiro grande resultado em torneios ATP.Terminada mais uma edição, e numa época em que nos preparamos para celebrar a entrada noutro ano, é obrigatório referirmo-nos uma vez mais ao Portugal Open como um torneio de excelência organizado de forma merecedora de elogios a nível internacional.

Portugal open 2013mais uma edição de sucesso

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Foram nove dias repletos de ténis ao mais alto nível, de sets recheados de grandes pontos e de muitos aplausos, mas o torneio não se resumo ao conjunto de cinco dias úteis e dois fins-de-semana nos quais os espectadores se deslocam ao Complexo de Ténis do Jamor. Muito se ‘discutiu’ antes da vigésima quarta edição do torneio, e foi na conferência de imprensa de apresentação que o director surpreendeu o mundo. “O Estoril Open morre ao fim de 23 anos”, começou por afirmar Lagos, que – e com razão - se auto-intitula de principal patrocinador de um torneio que ao longo dos anos

por Gaspar LançaFotografias: Gaspar Lança

Emoção, muita emoção. Assim se caracteriza mais uma edição do maior torneio de ténis disputado em Portugal, que primeiro ‘morreu’ e depois regressou aos circuitos profissionais. O Estoril Open passou a Portugal Open, o Court Central vestiu-se de vermelho e, uma vez mais, João Lagos e a sua equipa estavam prontos para proporcionar ao público português um grande espectáculo.

apenas teve uma cara em comum de edição para edição. Durou pouco, muito pouco, a vida de Portugal sem um torneio de ténis integrante dos principais circuitos: alguns segundos depois, João Lagos procedia à apresentação do Portugal Open. O formato mantinha-se, mudava o nome, a marca, a visibilidade e o reconhecimento.E porque o que todos querem ver num torneio são jogadores mediáticos, com grandes palmarés, já havia sido confirmada a presença de atletas como Juan Martin del Potro (bicampeão em título), Stanislas Wawrinka, Juan Monaco, Svetlana Kuznetsova, Marion Bartoli, Francesca Schiavone, entre muitos outros.No entanto, os últimos dias de preparação para o torneio deram grandes dores de cabeça a toda a organização: Del Potro, afectado por uma virose, e Monaco, devido a problemas pessoais, não viajariam para Portugal. A cerca de vinte e quatro horas do arranque de uma edição que prometia ser histórica, o torneio perdia duas das suas principais

figuras, dois dos jogadores que prometiam agitar as bancadas e, sobretudo, do bicampeão em título. Apesar de contar com outros jogadores de classe mundial, o quadro masculino ficava claramente desfalcado e, quando se pensava que o último convite seria para o vimaranense João Sousa, João Lagos ‘agarrou’ um jogador da elite mundial para fazer esquecer as ausências dos argentinos. David Ferrer, então número 4 mundial e futuro vice-campeão de Roland Garros, era o escolhido por Lagos, que após perder o sétimo classificado da hierarquia mundial colocava o quarto bem dentro do seu torneio.A escolha mostrou-se, pelo menos do panorama internacional e a nível de visibilidade, acertada, e Ferrer chegaria mesmo à final do torneio, onde apenas perderia para um sempre inspirado Stanislas Wawrinka – que confirmava no Jamor o bom momento de forma com que já se tinha apresentado em Melbourne Park e na América Latina, entre outros palcos.Foi ele o principal protagonista da

edição masculina do torneio, acompanhado por um modesto e empenhado Pablo Carreño-Busta, que fez as delícias dos espectadores presentes ao ultrapassar toda a fase de qualificação com o seu ténis elegante e eficaz para chegar às meias-finais. Tal como o suíço, também o espanhol viria a confirmar, em toda a temporada, que nada aconteceu por acaso: em novembro, viria mesmo a ser considerado pela ATP como o jogador com melhor evolução ao longo de toda a temporada.Se no quadro masculino tudo decorreu com relativa

normalidade (Carreño-Busta foi mesmo o grande outsider, mas o ténis apresentado nos primeiros dias colocou-o rapidamente na lista de jogadores com possibilidades de ir longe na terra batida portuguesa), no quadro WTA foram mais as surpresas do que as certezas confirmadas. Com a melhor entrylist de sempre – afinal, eram duas as ex-vencedoras (Svetlana Kuznetsova e Francesca Schiavone) de torneios do Grand Slam presentes, às quais se

juntava uma futura campeã (Marion Bartoli) e as sempre apreciadas pelo público Daniela Hantuchova, Anastasia Pavlyuchenkova, Julia Goerges e Laura Robson -, o quadro feminino apresentou-se difícil de prever e repleto de encontros surpreendentes e emocionantes.Bartoli e Cibulkova, as duas primeiras cabeças de série, ficaram pelo caminho na primeira eliminatória, à semelhança de Goerges e Robson; Schiavone perdeu na segunda ronda.

Eliminadas algumas das principais candidatas ao título, foram Carla Suarez Navarro (vice-campeã em 2012) e Anastasia Pavlyuchenkova quem garantiu o apuramento para a final, com a tenista russa a carimbar entusiasmantes vitórias nos quartos-de-final (derrotando Vesnina em três sets, naquele que foi um dos melhores encontros de todo o torneio) e nas meias-finais (com nova vitória em três parciais, agora perante Oprandi) para entrar balançada

para o derradeiro encontro e fazer a festa ao lado de Martina Hinguis, que marcou presença em Portugal na condição de treinadora.2013 foi, de facto, um grande ano para o Portugal Open, que como não poderia deixar de ser contou com vários representantes portugueses, dos quais se destaca Gastão Elias -o sucessor de João Sousa (lesionado até pouco antes do começo do torneio e sem ranking para entrar de forma directa no quadro principal) nos quartos-de-final da prova, que lhe valeram o aproximar do top100 mundial e o primeiro grande resultado em torneios ATP.Terminada mais uma edição, e numa época em que nos preparamos para celebrar a entrada noutro ano, é obrigatório referirmo-nos uma vez mais ao Portugal Open como um torneio de excelência organizado de forma merecedora de elogios a nível internacional.

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Foram nove dias repletos de ténis ao mais alto nível, de sets recheados de grandes pontos e de muitos aplausos, mas o torneio não se resumo ao conjunto de cinco dias úteis e dois fins-de-semana nos quais os espectadores se deslocam ao Complexo de Ténis do Jamor. Muito se ‘discutiu’ antes da vigésima quarta edição do torneio, e foi na conferência de imprensa de apresentação que o director surpreendeu o mundo. “O Estoril Open morre ao fim de 23 anos”, começou por afirmar Lagos, que – e com razão - se auto-intitula de principal patrocinador de um torneio que ao longo dos anos

por Gaspar LançaFotografias: Gaspar Lança

Emoção, muita emoção. Assim se caracteriza mais uma edição do maior torneio de ténis disputado em Portugal, que primeiro ‘morreu’ e depois regressou aos circuitos profissionais. O Estoril Open passou a Portugal Open, o Court Central vestiu-se de vermelho e, uma vez mais, João Lagos e a sua equipa estavam prontos para proporcionar ao público português um grande espectáculo.

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apenas teve uma cara em comum de edição para edição. Durou pouco, muito pouco, a vida de Portugal sem um torneio de ténis integrante dos principais circuitos: alguns segundos depois, João Lagos procedia à apresentação do Portugal Open. O formato mantinha-se, mudava o nome, a marca, a visibilidade e o reconhecimento.E porque o que todos querem ver num torneio são jogadores mediáticos, com grandes palmarés, já havia sido confirmada a presença de atletas como Juan Martin del Potro (bicampeão em título), Stanislas Wawrinka, Juan Monaco, Svetlana Kuznetsova, Marion Bartoli, Francesca Schiavone, entre muitos outros.No entanto, os últimos dias de preparação para o torneio deram grandes dores de cabeça a toda a organização: Del Potro, afectado por uma virose, e Monaco, devido a problemas pessoais, não viajariam para Portugal. A cerca de vinte e quatro horas do arranque de uma edição que prometia ser histórica, o torneio perdia duas das suas principais

figuras, dois dos jogadores que prometiam agitar as bancadas e, sobretudo, do bicampeão em título. Apesar de contar com outros jogadores de classe mundial, o quadro masculino ficava claramente desfalcado e, quando se pensava que o último convite seria para o vimaranense João Sousa, João Lagos ‘agarrou’ um jogador da elite mundial para fazer esquecer as ausências dos argentinos. David Ferrer, então número 4 mundial e futuro vice-campeão de Roland Garros, era o escolhido por Lagos, que após perder o sétimo classificado da hierarquia mundial colocava o quarto bem dentro do seu torneio.A escolha mostrou-se, pelo menos do panorama internacional e a nível de visibilidade, acertada, e Ferrer chegaria mesmo à final do torneio, onde apenas perderia para um sempre inspirado Stanislas Wawrinka – que confirmava no Jamor o bom momento de forma com que já se tinha apresentado em Melbourne Park e na América Latina, entre outros palcos.Foi ele o principal protagonista da

edição masculina do torneio, acompanhado por um modesto e empenhado Pablo Carreño-Busta, que fez as delícias dos espectadores presentes ao ultrapassar toda a fase de qualificação com o seu ténis elegante e eficaz para chegar às meias-finais. Tal como o suíço, também o espanhol viria a confirmar, em toda a temporada, que nada aconteceu por acaso: em novembro, viria mesmo a ser considerado pela ATP como o jogador com melhor evolução ao longo de toda a temporada.Se no quadro masculino tudo decorreu com relativa

normalidade (Carreño-Busta foi mesmo o grande outsider, mas o ténis apresentado nos primeiros dias colocou-o rapidamente na lista de jogadores com possibilidades de ir longe na terra batida portuguesa), no quadro WTA foram mais as surpresas do que as certezas confirmadas. Com a melhor entrylist de sempre – afinal, eram duas as ex-vencedoras (Svetlana Kuznetsova e Francesca Schiavone) de torneios do Grand Slam presentes, às quais se

juntava uma futura campeã (Marion Bartoli) e as sempre apreciadas pelo público Daniela Hantuchova, Anastasia Pavlyuchenkova, Julia Goerges e Laura Robson -, o quadro feminino apresentou-se difícil de prever e repleto de encontros surpreendentes e emocionantes.Bartoli e Cibulkova, as duas primeiras cabeças de série, ficaram pelo caminho na primeira eliminatória, à semelhança de Goerges e Robson; Schiavone perdeu na segunda ronda.

Eliminadas algumas das principais candidatas ao título, foram Carla Suarez Navarro (vice-campeã em 2012) e Anastasia Pavlyuchenkova quem garantiu o apuramento para a final, com a tenista russa a carimbar entusiasmantes vitórias nos quartos-de-final (derrotando Vesnina em três sets, naquele que foi um dos melhores encontros de todo o torneio) e nas meias-finais (com nova vitória em três parciais, agora perante Oprandi) para entrar balançada

para o derradeiro encontro e fazer a festa ao lado de Martina Hinguis, que marcou presença em Portugal na condição de treinadora.2013 foi, de facto, um grande ano para o Portugal Open, que como não poderia deixar de ser contou com vários representantes portugueses, dos quais se destaca Gastão Elias -o sucessor de João Sousa (lesionado até pouco antes do começo do torneio e sem ranking para entrar de forma directa no quadro principal) nos quartos-de-final da prova, que lhe valeram o aproximar do top100 mundial e o primeiro grande resultado em torneios ATP.Terminada mais uma edição, e numa época em que nos preparamos para celebrar a entrada noutro ano, é obrigatório referirmo-nos uma vez mais ao Portugal Open como um torneio de excelência organizado de forma merecedora de elogios a nível internacional.

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Foram nove dias repletos de ténis ao mais alto nível, de sets recheados de grandes pontos e de muitos aplausos, mas o torneio não se resumo ao conjunto de cinco dias úteis e dois fins-de-semana nos quais os espectadores se deslocam ao Complexo de Ténis do Jamor. Muito se ‘discutiu’ antes da vigésima quarta edição do torneio, e foi na conferência de imprensa de apresentação que o director surpreendeu o mundo. “O Estoril Open morre ao fim de 23 anos”, começou por afirmar Lagos, que – e com razão - se auto-intitula de principal patrocinador de um torneio que ao longo dos anos

por Gaspar LançaFotografias: Gaspar Lança

Emoção, muita emoção. Assim se caracteriza mais uma edição do maior torneio de ténis disputado em Portugal, que primeiro ‘morreu’ e depois regressou aos circuitos profissionais. O Estoril Open passou a Portugal Open, o Court Central vestiu-se de vermelho e, uma vez mais, João Lagos e a sua equipa estavam prontos para proporcionar ao público português um grande espectáculo.

apenas teve uma cara em comum de edição para edição. Durou pouco, muito pouco, a vida de Portugal sem um torneio de ténis integrante dos principais circuitos: alguns segundos depois, João Lagos procedia à apresentação do Portugal Open. O formato mantinha-se, mudava o nome, a marca, a visibilidade e o reconhecimento.E porque o que todos querem ver num torneio são jogadores mediáticos, com grandes palmarés, já havia sido confirmada a presença de atletas como Juan Martin del Potro (bicampeão em título), Stanislas Wawrinka, Juan Monaco, Svetlana Kuznetsova, Marion Bartoli, Francesca Schiavone, entre muitos outros.No entanto, os últimos dias de preparação para o torneio deram grandes dores de cabeça a toda a organização: Del Potro, afectado por uma virose, e Monaco, devido a problemas pessoais, não viajariam para Portugal. A cerca de vinte e quatro horas do arranque de uma edição que prometia ser histórica, o torneio perdia duas das suas principais

figuras, dois dos jogadores que prometiam agitar as bancadas e, sobretudo, do bicampeão em título. Apesar de contar com outros jogadores de classe mundial, o quadro masculino ficava claramente desfalcado e, quando se pensava que o último convite seria para o vimaranense João Sousa, João Lagos ‘agarrou’ um jogador da elite mundial para fazer esquecer as ausências dos argentinos. David Ferrer, então número 4 mundial e futuro vice-campeão de Roland Garros, era o escolhido por Lagos, que após perder o sétimo classificado da hierarquia mundial colocava o quarto bem dentro do seu torneio.A escolha mostrou-se, pelo menos do panorama internacional e a nível de visibilidade, acertada, e Ferrer chegaria mesmo à final do torneio, onde apenas perderia para um sempre inspirado Stanislas Wawrinka – que confirmava no Jamor o bom momento de forma com que já se tinha apresentado em Melbourne Park e na América Latina, entre outros palcos.Foi ele o principal protagonista da

edição masculina do torneio, acompanhado por um modesto e empenhado Pablo Carreño-Busta, que fez as delícias dos espectadores presentes ao ultrapassar toda a fase de qualificação com o seu ténis elegante e eficaz para chegar às meias-finais. Tal como o suíço, também o espanhol viria a confirmar, em toda a temporada, que nada aconteceu por acaso: em novembro, viria mesmo a ser considerado pela ATP como o jogador com melhor evolução ao longo de toda a temporada.Se no quadro masculino tudo decorreu com relativa

normalidade (Carreño-Busta foi mesmo o grande outsider, mas o ténis apresentado nos primeiros dias colocou-o rapidamente na lista de jogadores com possibilidades de ir longe na terra batida portuguesa), no quadro WTA foram mais as surpresas do que as certezas confirmadas. Com a melhor entrylist de sempre – afinal, eram duas as ex-vencedoras (Svetlana Kuznetsova e Francesca Schiavone) de torneios do Grand Slam presentes, às quais se

juntava uma futura campeã (Marion Bartoli) e as sempre apreciadas pelo público Daniela Hantuchova, Anastasia Pavlyuchenkova, Julia Goerges e Laura Robson -, o quadro feminino apresentou-se difícil de prever e repleto de encontros surpreendentes e emocionantes.Bartoli e Cibulkova, as duas primeiras cabeças de série, ficaram pelo caminho na primeira eliminatória, à semelhança de Goerges e Robson; Schiavone perdeu na segunda ronda.

Eliminadas algumas das principais candidatas ao título, foram Carla Suarez Navarro (vice-campeã em 2012) e Anastasia Pavlyuchenkova quem garantiu o apuramento para a final, com a tenista russa a carimbar entusiasmantes vitórias nos quartos-de-final (derrotando Vesnina em três sets, naquele que foi um dos melhores encontros de todo o torneio) e nas meias-finais (com nova vitória em três parciais, agora perante Oprandi) para entrar balançada

para o derradeiro encontro e fazer a festa ao lado de Martina Hinguis, que marcou presença em Portugal na condição de treinadora.2013 foi, de facto, um grande ano para o Portugal Open, que como não poderia deixar de ser contou com vários representantes portugueses, dos quais se destaca Gastão Elias -o sucessor de João Sousa (lesionado até pouco antes do começo do torneio e sem ranking para entrar de forma directa no quadro principal) nos quartos-de-final da prova, que lhe valeram o aproximar do top100 mundial e o primeiro grande resultado em torneios ATP.Terminada mais uma edição, e numa época em que nos preparamos para celebrar a entrada noutro ano, é obrigatório referirmo-nos uma vez mais ao Portugal Open como um torneio de excelência organizado de forma merecedora de elogios a nível internacional.

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Foram nove dias repletos de ténis ao mais alto nível, de sets recheados de grandes pontos e de muitos aplausos, mas o torneio não se resumo ao conjunto de cinco dias úteis e dois fins-de-semana nos quais os espectadores se deslocam ao Complexo de Ténis do Jamor. Muito se ‘discutiu’ antes da vigésima quarta edição do torneio, e foi na conferência de imprensa de apresentação que o director surpreendeu o mundo. “O Estoril Open morre ao fim de 23 anos”, começou por afirmar Lagos, que – e com razão - se auto-intitula de principal patrocinador de um torneio que ao longo dos anos

por Gaspar LançaFotografias: Gaspar Lança

Emoção, muita emoção. Assim se caracteriza mais uma edição do maior torneio de ténis disputado em Portugal, que primeiro ‘morreu’ e depois regressou aos circuitos profissionais. O Estoril Open passou a Portugal Open, o Court Central vestiu-se de vermelho e, uma vez mais, João Lagos e a sua equipa estavam prontos para proporcionar ao público português um grande espectáculo.

apenas teve uma cara em comum de edição para edição. Durou pouco, muito pouco, a vida de Portugal sem um torneio de ténis integrante dos principais circuitos: alguns segundos depois, João Lagos procedia à apresentação do Portugal Open. O formato mantinha-se, mudava o nome, a marca, a visibilidade e o reconhecimento.E porque o que todos querem ver num torneio são jogadores mediáticos, com grandes palmarés, já havia sido confirmada a presença de atletas como Juan Martin del Potro (bicampeão em título), Stanislas Wawrinka, Juan Monaco, Svetlana Kuznetsova, Marion Bartoli, Francesca Schiavone, entre muitos outros.No entanto, os últimos dias de preparação para o torneio deram grandes dores de cabeça a toda a organização: Del Potro, afectado por uma virose, e Monaco, devido a problemas pessoais, não viajariam para Portugal. A cerca de vinte e quatro horas do arranque de uma edição que prometia ser histórica, o torneio perdia duas das suas principais

figuras, dois dos jogadores que prometiam agitar as bancadas e, sobretudo, do bicampeão em título. Apesar de contar com outros jogadores de classe mundial, o quadro masculino ficava claramente desfalcado e, quando se pensava que o último convite seria para o vimaranense João Sousa, João Lagos ‘agarrou’ um jogador da elite mundial para fazer esquecer as ausências dos argentinos. David Ferrer, então número 4 mundial e futuro vice-campeão de Roland Garros, era o escolhido por Lagos, que após perder o sétimo classificado da hierarquia mundial colocava o quarto bem dentro do seu torneio.A escolha mostrou-se, pelo menos do panorama internacional e a nível de visibilidade, acertada, e Ferrer chegaria mesmo à final do torneio, onde apenas perderia para um sempre inspirado Stanislas Wawrinka – que confirmava no Jamor o bom momento de forma com que já se tinha apresentado em Melbourne Park e na América Latina, entre outros palcos.Foi ele o principal protagonista da

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edição masculina do torneio, acompanhado por um modesto e empenhado Pablo Carreño-Busta, que fez as delícias dos espectadores presentes ao ultrapassar toda a fase de qualificação com o seu ténis elegante e eficaz para chegar às meias-finais. Tal como o suíço, também o espanhol viria a confirmar, em toda a temporada, que nada aconteceu por acaso: em novembro, viria mesmo a ser considerado pela ATP como o jogador com melhor evolução ao longo de toda a temporada.Se no quadro masculino tudo decorreu com relativa

normalidade (Carreño-Busta foi mesmo o grande outsider, mas o ténis apresentado nos primeiros dias colocou-o rapidamente na lista de jogadores com possibilidades de ir longe na terra batida portuguesa), no quadro WTA foram mais as surpresas do que as certezas confirmadas. Com a melhor entrylist de sempre – afinal, eram duas as ex-vencedoras (Svetlana Kuznetsova e Francesca Schiavone) de torneios do Grand Slam presentes, às quais se

juntava uma futura campeã (Marion Bartoli) e as sempre apreciadas pelo público Daniela Hantuchova, Anastasia Pavlyuchenkova, Julia Goerges e Laura Robson -, o quadro feminino apresentou-se difícil de prever e repleto de encontros surpreendentes e emocionantes.Bartoli e Cibulkova, as duas primeiras cabeças de série, ficaram pelo caminho na primeira eliminatória, à semelhança de Goerges e Robson; Schiavone perdeu na segunda ronda.

Eliminadas algumas das principais candidatas ao título, foram Carla Suarez Navarro (vice-campeã em 2012) e Anastasia Pavlyuchenkova quem garantiu o apuramento para a final, com a tenista russa a carimbar entusiasmantes vitórias nos quartos-de-final (derrotando Vesnina em três sets, naquele que foi um dos melhores encontros de todo o torneio) e nas meias-finais (com nova vitória em três parciais, agora perante Oprandi) para entrar balançada

para o derradeiro encontro e fazer a festa ao lado de Martina Hinguis, que marcou presença em Portugal na condição de treinadora.2013 foi, de facto, um grande ano para o Portugal Open, que como não poderia deixar de ser contou com vários representantes portugueses, dos quais se destaca Gastão Elias -o sucessor de João Sousa (lesionado até pouco antes do começo do torneio e sem ranking para entrar de forma directa no quadro principal) nos quartos-de-final da prova, que lhe valeram o aproximar do top100 mundial e o primeiro grande resultado em torneios ATP.Terminada mais uma edição, e numa época em que nos preparamos para celebrar a entrada noutro ano, é obrigatório referirmo-nos uma vez mais ao Portugal Open como um torneio de excelência organizado de forma merecedora de elogios a nível internacional.

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Foram nove dias repletos de ténis ao mais alto nível, de sets recheados de grandes pontos e de muitos aplausos, mas o torneio não se resumo ao conjunto de cinco dias úteis e dois fins-de-semana nos quais os espectadores se deslocam ao Complexo de Ténis do Jamor. Muito se ‘discutiu’ antes da vigésima quarta edição do torneio, e foi na conferência de imprensa de apresentação que o director surpreendeu o mundo. “O Estoril Open morre ao fim de 23 anos”, começou por afirmar Lagos, que – e com razão - se auto-intitula de principal patrocinador de um torneio que ao longo dos anos

por Gaspar LançaFotografias: Gaspar Lança

Emoção, muita emoção. Assim se caracteriza mais uma edição do maior torneio de ténis disputado em Portugal, que primeiro ‘morreu’ e depois regressou aos circuitos profissionais. O Estoril Open passou a Portugal Open, o Court Central vestiu-se de vermelho e, uma vez mais, João Lagos e a sua equipa estavam prontos para proporcionar ao público português um grande espectáculo.

apenas teve uma cara em comum de edição para edição. Durou pouco, muito pouco, a vida de Portugal sem um torneio de ténis integrante dos principais circuitos: alguns segundos depois, João Lagos procedia à apresentação do Portugal Open. O formato mantinha-se, mudava o nome, a marca, a visibilidade e o reconhecimento.E porque o que todos querem ver num torneio são jogadores mediáticos, com grandes palmarés, já havia sido confirmada a presença de atletas como Juan Martin del Potro (bicampeão em título), Stanislas Wawrinka, Juan Monaco, Svetlana Kuznetsova, Marion Bartoli, Francesca Schiavone, entre muitos outros.No entanto, os últimos dias de preparação para o torneio deram grandes dores de cabeça a toda a organização: Del Potro, afectado por uma virose, e Monaco, devido a problemas pessoais, não viajariam para Portugal. A cerca de vinte e quatro horas do arranque de uma edição que prometia ser histórica, o torneio perdia duas das suas principais

figuras, dois dos jogadores que prometiam agitar as bancadas e, sobretudo, do bicampeão em título. Apesar de contar com outros jogadores de classe mundial, o quadro masculino ficava claramente desfalcado e, quando se pensava que o último convite seria para o vimaranense João Sousa, João Lagos ‘agarrou’ um jogador da elite mundial para fazer esquecer as ausências dos argentinos. David Ferrer, então número 4 mundial e futuro vice-campeão de Roland Garros, era o escolhido por Lagos, que após perder o sétimo classificado da hierarquia mundial colocava o quarto bem dentro do seu torneio.A escolha mostrou-se, pelo menos do panorama internacional e a nível de visibilidade, acertada, e Ferrer chegaria mesmo à final do torneio, onde apenas perderia para um sempre inspirado Stanislas Wawrinka – que confirmava no Jamor o bom momento de forma com que já se tinha apresentado em Melbourne Park e na América Latina, entre outros palcos.Foi ele o principal protagonista da

edição masculina do torneio, acompanhado por um modesto e empenhado Pablo Carreño-Busta, que fez as delícias dos espectadores presentes ao ultrapassar toda a fase de qualificação com o seu ténis elegante e eficaz para chegar às meias-finais. Tal como o suíço, também o espanhol viria a confirmar, em toda a temporada, que nada aconteceu por acaso: em novembro, viria mesmo a ser considerado pela ATP como o jogador com melhor evolução ao longo de toda a temporada.Se no quadro masculino tudo decorreu com relativa

normalidade (Carreño-Busta foi mesmo o grande outsider, mas o ténis apresentado nos primeiros dias colocou-o rapidamente na lista de jogadores com possibilidades de ir longe na terra batida portuguesa), no quadro WTA foram mais as surpresas do que as certezas confirmadas. Com a melhor entrylist de sempre – afinal, eram duas as ex-vencedoras (Svetlana Kuznetsova e Francesca Schiavone) de torneios do Grand Slam presentes, às quais se

juntava uma futura campeã (Marion Bartoli) e as sempre apreciadas pelo público Daniela Hantuchova, Anastasia Pavlyuchenkova, Julia Goerges e Laura Robson -, o quadro feminino apresentou-se difícil de prever e repleto de encontros surpreendentes e emocionantes.Bartoli e Cibulkova, as duas primeiras cabeças de série, ficaram pelo caminho na primeira eliminatória, à semelhança de Goerges e Robson; Schiavone perdeu na segunda ronda.

Eliminadas algumas das principais candidatas ao título, foram Carla Suarez Navarro (vice-campeã em 2012) e Anastasia Pavlyuchenkova quem garantiu o apuramento para a final, com a tenista russa a carimbar entusiasmantes vitórias nos quartos-de-final (derrotando Vesnina em três sets, naquele que foi um dos melhores encontros de todo o torneio) e nas meias-finais (com nova vitória em três parciais, agora perante Oprandi) para entrar balançada

para o derradeiro encontro e fazer a festa ao lado de Martina Hinguis, que marcou presença em Portugal na condição de treinadora.2013 foi, de facto, um grande ano para o Portugal Open, que como não poderia deixar de ser contou com vários representantes portugueses, dos quais se destaca Gastão Elias -o sucessor de João Sousa (lesionado até pouco antes do começo do torneio e sem ranking para entrar de forma directa no quadro principal) nos quartos-de-final da prova, que lhe valeram o aproximar do top100 mundial e o primeiro grande resultado em torneios ATP.Terminada mais uma edição, e numa época em que nos preparamos para celebrar a entrada noutro ano, é obrigatório referirmo-nos uma vez mais ao Portugal Open como um torneio de excelência organizado de forma merecedora de elogios a nível internacional.

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bom plano, para não falar de excelentes jogadores estrangeiros.Talvez pelo conjugar destes factores, o público aderiu em massa, ainda mais pelo principal tenista da casa, João Sousa, se ter apresentado a um grande nível ao longo de toda a semana. Podemos, então, afirmar que o torneio acabou por ser um enorme sucesso, tanto a nível de organização e de tratamento aos jogadores (que deixaram rasgados elogios às [excelentes, diga-se] condições do Open Village Sports, recinto que acolheu o torneio), como ao nível de adesão da população. Não é no entanto possível falar do Guimarães Open sem falar de João Sousa. Foi neste torneio que a época do vimaranense deu uma volta de 180 graus; foi após este torneio que partiu para uma excelente segunda metade do ano. Mas nem tudo foi um mar de rosas: logo na primeira ronda, Sousa teve que salvar 3 match points perante Antoine Benneteau – irmão de Julien Benneteau, a

por João Pedro CastroFotografias: OladoV

O Guimarães Open marcou o regresso do circuito Challenger a Portugal e proporcionou aos jogadores portugueses a oportunidade de serem um dos principais destaques num torneio em ‘casa’, de escalão relevante a nível internacional. Não havia nenhum David Ferrer ou Stanislas Wawrinka, mas um grande João Sousa (que representava a cidade) e muitos mais portugueses que estiveram em

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de adesão da população. Não é no entanto possível falar do Guimarães Open sem falar de João Sousa. Foi neste torneio que a época do vimaranense deu uma volta de 180 graus; foi após este torneio que partiu para uma excelente segunda metade do ano. Mas nem tudo foi um mar de rosas: logo na primeira ronda, Sousa teve que salvar 3 match points perante Antoine Benneteau – irmão de Julien Benneteau, a quem viria a ganhar na final do ATP 250 de Kuala Lumpur. Ultrapassado o primeiro obstáculo, o vimaranense ganhou confiança e realizou uma excelente semana, acabando com um sabor especial ao conquistar o título em casa e eliminando jogadores cotados no circuito como Flavio Cipolla ou Marius Copil.A transição do circuito Future para o circuito Challenger é muito difícil nos tempos atuais e os portugueses sentem ainda mais dificuldades porque, à exceção desta competição, não existem mais torneios deste nível em Portugal. Contudo, foi possível

observarem-se jovens como Frederico Silva e João Domingues em ação, sendo que este último conseguiu mesmo a sua primeira vitória a este nível.Concluindo, o Guimarães Open foi mais um evento muito importante para a expansão do ténis em Portugal, sendo que cada vez mais jovens portugueses vêm em João Sousa uma referência e um exemplo a seguir. O torneio foi realizado em condições especiais – Guimarães foi a Cidade Europeia do Desporto em 2013 -, contando com o apoio da Câmara Municipal, mas o Open Village Sports está preparado para receber eventos desta dimensão e é essencial que a organização desta edição faça tudo o que está ao seu alcance para trazer o torneio de volta em 2014.

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por Gaspar LançaFotografias: Christopher Levy

Poder-se-ia dizer que foi uma época de sonho, mas aconteceu. João Sousa fez história em quadros principais de torneios do Grand Slam, deu mais uma volta ao globo terrestre e viu o seu nome em diversas páginas de jornais e noticiários um pouco por todo o mundo, tornando-se no

índice e f.t.

primeiro tenista português de sempre a conquistar um torneio profissional de singulares e a chegar ao top50 mundial.Para 2014, quer mais: "Terminar no top50 era fantástico, mas gosto sempre de evoluir subir mais lugares no ranking. O importante é ser um jogador melhor." E tem de querer mais, pois sem ambição tudo se perde e as qualidades do ténis de Sousa podem levá-lo a um outro patamar.

Com apenas vinte e quatro anos, o tenista vimaranense abriu as mais diversas portas à sua carreira ao longo da última temporada, apresentando-se ao mundo com excelentes campanhas um pouco por todo o mundo: primeiro na Austrália, depois em Paris, Furth, Londres, San Benedetto, Guimarães, Nova Iorque, São Petersburgo (onde atingiu as suas primeiras meias-finais) e, depois, em Kuala Lumpur, onde escreveu a página

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joão sousao histórico guerreiro

mais dourada da história do ténis português.Não à sombra, mas bem iluminado pelas Petronas Twin Towers (onde viria mesmo a posar ao lado do seu treinador e do troféu de campeão), João Sousa fechou uma semana de sonho com um triunfo perante o francês Julien Benneteau para se tornar no primeiro jogador português de sempre a vencer um título profissional de singulares (superando a final de Frederico Gil no Estoril Open, em 2010), tendo ainda contado com triunfos perante Jurgen Melzer e David Ferrer - naquela que é a sua melhor vitória de sempre, dado que o espanhol ocupava o terceiro posto do ranking mundial.RECEÇÃO EM PORTUGAL E IMPORTÂNCIA PARA O TÉNIS PORTUGUÊSDepois de tamanha vitória, o pupilo de Frederico Marques preparava-se para regressar a Portugal e aproveitar alguns dias

de descanso e momentos mais próximo da sua família, mas a calorosa (e inédita) receção no aeroporto serviu de amostra dos dias que se seguiam. O público português fez-se notar, ouvir; foi digno da bandeira a que se associa e fez jus à excelente vitória de João, que nos dias seguintes percorreu escritórios e estúdios.Tudo isto foi reflexo da grande importância da vitória para o ténis português, que pela primeira vez viu um jogador terminar um torneio profissional de máxima categoria sem qualquer derrota. Em declarações prestadas à SportTV no programa O Reverso da Medalha, Sousa não o disfarçou: "Senti que a vitória em Kuala Lumpur foi importante para o ténis português. Houve adeptos na Malásia que estiveram comigo em todos os encontros. Não estava nos meus planos a receção que tive. Foi gloriosa. É sempre ótimo quando

reconhecem o meu trabalho e senti que fiz muita gente feliz."MEDIATISMO E NOVAS PORTAS 'ABERTAS'Foi precisamente com a campanha em Kuala Lumpur que João Sousa fez com que o seu nome percorresse páginas e páginas de jornais, tanto impressos como online, e colocou o seu nome na ribalta, chegando mesmo a ser a principal notícia em destaque no site da Associação dos Tenistas Profissionais.

Além da presença nas mais diversas publicações um pouco por todo o mundo, o atleta português viu ainda ser oficializada uma ligação à Polaris Sports, empresa de Jorge Mendes que se dedica à gestão de carreiras de atletas de modalidades. O departamento do empresário português (que tem na sua posse contratos com Cristiano Ronaldo e José Mourinho, entre muitos outros, fica, então, a cargo da representação do vimaranense em termos de gestão de imagem, num acordo que lhe poderá valer novos contratos e diversas mais valias para os próximos meses.Um lugar ao pé dos mais fortes?Mas porque a temporada não se resumiu apenas ao título em Kuala Lumpur, é importante recordar que João Sousa se tornou ainda no primeiro jogador português de sempre a alcançar um lugar no top50 mundial (tem

como melhor classificação o 47º posto) e, ainda, no primeiro tenista nacional a terminar a época dentro do lote dos 50 primeiros (mais precisamente no 49º lugar).Porque a boa forma foi constante ao longo de toda a época, o número um nacional conseguiu disputar finais Challenger (venceu em Furth e Guimarães, foi vice-campeão em San Benedetto) e, ainda, disputar a segunda ronda do quadro principal do Australian Open e de Roland Garros e a terceira no US Open. Foi precisamente em dois destes palcos que defrontou dois jogadores da elite mundial (Andy Murray em Melbourne Park, Novak Djokovic em Flushing Meadows), pelo que se coloca a pergunta: terá João Sousa um lugar ao pé dos mais fortes?O talento está à vista e a força de vontade é igualmente evidente, pelo que apenas é necessário

continuar a evoluir para melhor ainda mais. É o próprio quem o reconhece, desejando voltar a repetir a experiência e reconhecendo ter como um dos sonhos vencer o Portugal Open: "Jogar em frente ao público português e vencer é um objetivo na minha mente."Feitas as contas e análises, resta-nos aguardar pelo começo da temporada de 2014 e assistir aos progressos de João Sousa.

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por Gaspar LançaFotografias: Christopher Levy

Poder-se-ia dizer que foi uma época de sonho, mas aconteceu. João Sousa fez história em quadros principais de torneios do Grand Slam, deu mais uma volta ao globo terrestre e viu o seu nome em diversas páginas de jornais e noticiários um pouco por todo o mundo, tornando-se no

índice e f.t.

primeiro tenista português de sempre a conquistar um torneio profissional de singulares e a chegar ao top50 mundial.Para 2014, quer mais: "Terminar no top50 era fantástico, mas gosto sempre de evoluir subir mais lugares no ranking. O importante é ser um jogador melhor." E tem de querer mais, pois sem ambição tudo se perde e as qualidades do ténis de Sousa podem levá-lo a um outro patamar.

Com apenas vinte e quatro anos, o tenista vimaranense abriu as mais diversas portas à sua carreira ao longo da última temporada, apresentando-se ao mundo com excelentes campanhas um pouco por todo o mundo: primeiro na Austrália, depois em Paris, Furth, Londres, San Benedetto, Guimarães, Nova Iorque, São Petersburgo (onde atingiu as suas primeiras meias-finais) e, depois, em Kuala Lumpur, onde escreveu a página

mais dourada da história do ténis português.Não à sombra, mas bem iluminado pelas Petronas Twin Towers (onde viria mesmo a posar ao lado do seu treinador e do troféu de campeão), João Sousa fechou uma semana de sonho com um triunfo perante o francês Julien Benneteau para se tornar no primeiro jogador português de sempre a vencer um título profissional de singulares (superando a final de Frederico Gil no Estoril Open, em 2010), tendo ainda contado com triunfos perante Jurgen Melzer e David Ferrer - naquela que é a sua melhor vitória de sempre, dado que o espanhol ocupava o terceiro posto do ranking mundial.RECEÇÃO EM PORTUGAL E IMPORTÂNCIA PARA O TÉNIS PORTUGUÊSDepois de tamanha vitória, o pupilo de Frederico Marques preparava-se para regressar a Portugal e aproveitar alguns dias

de descanso e momentos mais próximo da sua família, mas a calorosa (e inédita) receção no aeroporto serviu de amostra dos dias que se seguiam. O público português fez-se notar, ouvir; foi digno da bandeira a que se associa e fez jus à excelente vitória de João, que nos dias seguintes percorreu escritórios e estúdios.Tudo isto foi reflexo da grande importância da vitória para o ténis português, que pela primeira vez viu um jogador terminar um torneio profissional de máxima categoria sem qualquer derrota. Em declarações prestadas à SportTV no programa O Reverso da Medalha, Sousa não o disfarçou: "Senti que a vitória em Kuala Lumpur foi importante para o ténis português. Houve adeptos na Malásia que estiveram comigo em todos os encontros. Não estava nos meus planos a receção que tive. Foi gloriosa. É sempre ótimo quando

reconhecem o meu trabalho e senti que fiz muita gente feliz."MEDIATISMO E NOVAS PORTAS 'ABERTAS'Foi precisamente com a campanha em Kuala Lumpur que João Sousa fez com que o seu nome percorresse páginas e páginas de jornais, tanto impressos como online, e colocou o seu nome na ribalta, chegando mesmo a ser a principal notícia em destaque no site da Associação dos Tenistas Profissionais.

Além da presença nas mais diversas publicações um pouco por todo o mundo, o atleta português viu ainda ser oficializada uma ligação à Polaris Sports, empresa de Jorge Mendes que se dedica à gestão de carreiras de atletas de modalidades. O departamento do empresário português (que tem na sua posse contratos com Cristiano Ronaldo e José Mourinho, entre muitos outros, fica, então, a cargo da representação do vimaranense em termos de gestão de imagem, num acordo que lhe poderá valer novos contratos e diversas mais valias para os próximos meses.Um lugar ao pé dos mais fortes?Mas porque a temporada não se resumiu apenas ao título em Kuala Lumpur, é importante recordar que João Sousa se tornou ainda no primeiro jogador português de sempre a alcançar um lugar no top50 mundial (tem

como melhor classificação o 47º posto) e, ainda, no primeiro tenista nacional a terminar a época dentro do lote dos 50 primeiros (mais precisamente no 49º lugar).Porque a boa forma foi constante ao longo de toda a época, o número um nacional conseguiu disputar finais Challenger (venceu em Furth e Guimarães, foi vice-campeão em San Benedetto) e, ainda, disputar a segunda ronda do quadro principal do Australian Open e de Roland Garros e a terceira no US Open. Foi precisamente em dois destes palcos que defrontou dois jogadores da elite mundial (Andy Murray em Melbourne Park, Novak Djokovic em Flushing Meadows), pelo que se coloca a pergunta: terá João Sousa um lugar ao pé dos mais fortes?O talento está à vista e a força de vontade é igualmente evidente, pelo que apenas é necessário

continuar a evoluir para melhor ainda mais. É o próprio quem o reconhece, desejando voltar a repetir a experiência e reconhecendo ter como um dos sonhos vencer o Portugal Open: "Jogar em frente ao público português e vencer é um objetivo na minha mente."Feitas as contas e análises, resta-nos aguardar pelo começo da temporada de 2014 e assistir aos progressos de João Sousa.

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por Gaspar LançaFotografias: Christopher Levy

Poder-se-ia dizer que foi uma época de sonho, mas aconteceu. João Sousa fez história em quadros principais de torneios do Grand Slam, deu mais uma volta ao globo terrestre e viu o seu nome em diversas páginas de jornais e noticiários um pouco por todo o mundo, tornando-se no

primeiro tenista português de sempre a conquistar um torneio profissional de singulares e a chegar ao top50 mundial.Para 2014, quer mais: "Terminar no top50 era fantástico, mas gosto sempre de evoluir subir mais lugares no ranking. O importante é ser um jogador melhor." E tem de querer mais, pois sem ambição tudo se perde e as qualidades do ténis de Sousa podem levá-lo a um outro patamar.

Com apenas vinte e quatro anos, o tenista vimaranense abriu as mais diversas portas à sua carreira ao longo da última temporada, apresentando-se ao mundo com excelentes campanhas um pouco por todo o mundo: primeiro na Austrália, depois em Paris, Furth, Londres, San Benedetto, Guimarães, Nova Iorque, São Petersburgo (onde atingiu as suas primeiras meias-finais) e, depois, em Kuala Lumpur, onde escreveu a página

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mais dourada da história do ténis português.Não à sombra, mas bem iluminado pelas Petronas Twin Towers (onde viria mesmo a posar ao lado do seu treinador e do troféu de campeão), João Sousa fechou uma semana de sonho com um triunfo perante o francês Julien Benneteau para se tornar no primeiro jogador português de sempre a vencer um título profissional de singulares (superando a final de Frederico Gil no Estoril Open, em 2010), tendo ainda contado com triunfos perante Jurgen Melzer e David Ferrer - naquela que é a sua melhor vitória de sempre, dado que o espanhol ocupava o terceiro posto do ranking mundial.RECEÇÃO EM PORTUGAL E IMPORTÂNCIA PARA O TÉNIS PORTUGUÊSDepois de tamanha vitória, o pupilo de Frederico Marques preparava-se para regressar a Portugal e aproveitar alguns dias

de descanso e momentos mais próximo da sua família, mas a calorosa (e inédita) receção no aeroporto serviu de amostra dos dias que se seguiam. O público português fez-se notar, ouvir; foi digno da bandeira a que se associa e fez jus à excelente vitória de João, que nos dias seguintes percorreu escritórios e estúdios.Tudo isto foi reflexo da grande importância da vitória para o ténis português, que pela primeira vez viu um jogador terminar um torneio profissional de máxima categoria sem qualquer derrota. Em declarações prestadas à SportTV no programa O Reverso da Medalha, Sousa não o disfarçou: "Senti que a vitória em Kuala Lumpur foi importante para o ténis português. Houve adeptos na Malásia que estiveram comigo em todos os encontros. Não estava nos meus planos a receção que tive. Foi gloriosa. É sempre ótimo quando

reconhecem o meu trabalho e senti que fiz muita gente feliz."MEDIATISMO E NOVAS PORTAS 'ABERTAS'Foi precisamente com a campanha em Kuala Lumpur que João Sousa fez com que o seu nome percorresse páginas e páginas de jornais, tanto impressos como online, e colocou o seu nome na ribalta, chegando mesmo a ser a principal notícia em destaque no site da Associação dos Tenistas Profissionais.

Além da presença nas mais diversas publicações um pouco por todo o mundo, o atleta português viu ainda ser oficializada uma ligação à Polaris Sports, empresa de Jorge Mendes que se dedica à gestão de carreiras de atletas de modalidades. O departamento do empresário português (que tem na sua posse contratos com Cristiano Ronaldo e José Mourinho, entre muitos outros, fica, então, a cargo da representação do vimaranense em termos de gestão de imagem, num acordo que lhe poderá valer novos contratos e diversas mais valias para os próximos meses.Um lugar ao pé dos mais fortes?Mas porque a temporada não se resumiu apenas ao título em Kuala Lumpur, é importante recordar que João Sousa se tornou ainda no primeiro jogador português de sempre a alcançar um lugar no top50 mundial (tem

como melhor classificação o 47º posto) e, ainda, no primeiro tenista nacional a terminar a época dentro do lote dos 50 primeiros (mais precisamente no 49º lugar).Porque a boa forma foi constante ao longo de toda a época, o número um nacional conseguiu disputar finais Challenger (venceu em Furth e Guimarães, foi vice-campeão em San Benedetto) e, ainda, disputar a segunda ronda do quadro principal do Australian Open e de Roland Garros e a terceira no US Open. Foi precisamente em dois destes palcos que defrontou dois jogadores da elite mundial (Andy Murray em Melbourne Park, Novak Djokovic em Flushing Meadows), pelo que se coloca a pergunta: terá João Sousa um lugar ao pé dos mais fortes?O talento está à vista e a força de vontade é igualmente evidente, pelo que apenas é necessário

continuar a evoluir para melhor ainda mais. É o próprio quem o reconhece, desejando voltar a repetir a experiência e reconhecendo ter como um dos sonhos vencer o Portugal Open: "Jogar em frente ao público português e vencer é um objetivo na minha mente."Feitas as contas e análises, resta-nos aguardar pelo começo da temporada de 2014 e assistir aos progressos de João Sousa.

Majors’13CRÓNICAS

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Page 29: Edição Especial 2013

por Gaspar LançaFotografias: Christopher Levy

Poder-se-ia dizer que foi uma época de sonho, mas aconteceu. João Sousa fez história em quadros principais de torneios do Grand Slam, deu mais uma volta ao globo terrestre e viu o seu nome em diversas páginas de jornais e noticiários um pouco por todo o mundo, tornando-se no

primeiro tenista português de sempre a conquistar um torneio profissional de singulares e a chegar ao top50 mundial.Para 2014, quer mais: "Terminar no top50 era fantástico, mas gosto sempre de evoluir subir mais lugares no ranking. O importante é ser um jogador melhor." E tem de querer mais, pois sem ambição tudo se perde e as qualidades do ténis de Sousa podem levá-lo a um outro patamar.

Com apenas vinte e quatro anos, o tenista vimaranense abriu as mais diversas portas à sua carreira ao longo da última temporada, apresentando-se ao mundo com excelentes campanhas um pouco por todo o mundo: primeiro na Austrália, depois em Paris, Furth, Londres, San Benedetto, Guimarães, Nova Iorque, São Petersburgo (onde atingiu as suas primeiras meias-finais) e, depois, em Kuala Lumpur, onde escreveu a página

mais dourada da história do ténis português.Não à sombra, mas bem iluminado pelas Petronas Twin Towers (onde viria mesmo a posar ao lado do seu treinador e do troféu de campeão), João Sousa fechou uma semana de sonho com um triunfo perante o francês Julien Benneteau para se tornar no primeiro jogador português de sempre a vencer um título profissional de singulares (superando a final de Frederico Gil no Estoril Open, em 2010), tendo ainda contado com triunfos perante Jurgen Melzer e David Ferrer - naquela que é a sua melhor vitória de sempre, dado que o espanhol ocupava o terceiro posto do ranking mundial.RECEÇÃO EM PORTUGAL E IMPORTÂNCIA PARA O TÉNIS PORTUGUÊSDepois de tamanha vitória, o pupilo de Frederico Marques preparava-se para regressar a Portugal e aproveitar alguns dias

índice e f.t.

de descanso e momentos mais próximo da sua família, mas a calorosa (e inédita) receção no aeroporto serviu de amostra dos dias que se seguiam. O público português fez-se notar, ouvir; foi digno da bandeira a que se associa e fez jus à excelente vitória de João, que nos dias seguintes percorreu escritórios e estúdios.Tudo isto foi reflexo da grande importância da vitória para o ténis português, que pela primeira vez viu um jogador terminar um torneio profissional de máxima categoria sem qualquer derrota. Em declarações prestadas à SportTV no programa O Reverso da Medalha, Sousa não o disfarçou: "Senti que a vitória em Kuala Lumpur foi importante para o ténis português. Houve adeptos na Malásia que estiveram comigo em todos os encontros. Não estava nos meus planos a receção que tive. Foi gloriosa. É sempre ótimo quando

reconhecem o meu trabalho e senti que fiz muita gente feliz."MEDIATISMO E NOVAS PORTAS 'ABERTAS'Foi precisamente com a campanha em Kuala Lumpur que João Sousa fez com que o seu nome percorresse páginas e páginas de jornais, tanto impressos como online, e colocou o seu nome na ribalta, chegando mesmo a ser a principal notícia em destaque no site da Associação dos Tenistas Profissionais.

Além da presença nas mais diversas publicações um pouco por todo o mundo, o atleta português viu ainda ser oficializada uma ligação à Polaris Sports, empresa de Jorge Mendes que se dedica à gestão de carreiras de atletas de modalidades. O departamento do empresário português (que tem na sua posse contratos com Cristiano Ronaldo e José Mourinho, entre muitos outros, fica, então, a cargo da representação do vimaranense em termos de gestão de imagem, num acordo que lhe poderá valer novos contratos e diversas mais valias para os próximos meses.Um lugar ao pé dos mais fortes?Mas porque a temporada não se resumiu apenas ao título em Kuala Lumpur, é importante recordar que João Sousa se tornou ainda no primeiro jogador português de sempre a alcançar um lugar no top50 mundial (tem

como melhor classificação o 47º posto) e, ainda, no primeiro tenista nacional a terminar a época dentro do lote dos 50 primeiros (mais precisamente no 49º lugar).Porque a boa forma foi constante ao longo de toda a época, o número um nacional conseguiu disputar finais Challenger (venceu em Furth e Guimarães, foi vice-campeão em San Benedetto) e, ainda, disputar a segunda ronda do quadro principal do Australian Open e de Roland Garros e a terceira no US Open. Foi precisamente em dois destes palcos que defrontou dois jogadores da elite mundial (Andy Murray em Melbourne Park, Novak Djokovic em Flushing Meadows), pelo que se coloca a pergunta: terá João Sousa um lugar ao pé dos mais fortes?O talento está à vista e a força de vontade é igualmente evidente, pelo que apenas é necessário

continuar a evoluir para melhor ainda mais. É o próprio quem o reconhece, desejando voltar a repetir a experiência e reconhecendo ter como um dos sonhos vencer o Portugal Open: "Jogar em frente ao público português e vencer é um objetivo na minha mente."Feitas as contas e análises, resta-nos aguardar pelo começo da temporada de 2014 e assistir aos progressos de João Sousa.

CRÓNICAS

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Page 30: Edição Especial 2013

por Gaspar LançaFotografias: Christopher Levy

Poder-se-ia dizer que foi uma época de sonho, mas aconteceu. João Sousa fez história em quadros principais de torneios do Grand Slam, deu mais uma volta ao globo terrestre e viu o seu nome em diversas páginas de jornais e noticiários um pouco por todo o mundo, tornando-se no

primeiro tenista português de sempre a conquistar um torneio profissional de singulares e a chegar ao top50 mundial.Para 2014, quer mais: "Terminar no top50 era fantástico, mas gosto sempre de evoluir subir mais lugares no ranking. O importante é ser um jogador melhor." E tem de querer mais, pois sem ambição tudo se perde e as qualidades do ténis de Sousa podem levá-lo a um outro patamar.

Com apenas vinte e quatro anos, o tenista vimaranense abriu as mais diversas portas à sua carreira ao longo da última temporada, apresentando-se ao mundo com excelentes campanhas um pouco por todo o mundo: primeiro na Austrália, depois em Paris, Furth, Londres, San Benedetto, Guimarães, Nova Iorque, São Petersburgo (onde atingiu as suas primeiras meias-finais) e, depois, em Kuala Lumpur, onde escreveu a página

mais dourada da história do ténis português.Não à sombra, mas bem iluminado pelas Petronas Twin Towers (onde viria mesmo a posar ao lado do seu treinador e do troféu de campeão), João Sousa fechou uma semana de sonho com um triunfo perante o francês Julien Benneteau para se tornar no primeiro jogador português de sempre a vencer um título profissional de singulares (superando a final de Frederico Gil no Estoril Open, em 2010), tendo ainda contado com triunfos perante Jurgen Melzer e David Ferrer - naquela que é a sua melhor vitória de sempre, dado que o espanhol ocupava o terceiro posto do ranking mundial.RECEÇÃO EM PORTUGAL E IMPORTÂNCIA PARA O TÉNIS PORTUGUÊSDepois de tamanha vitória, o pupilo de Frederico Marques preparava-se para regressar a Portugal e aproveitar alguns dias

de descanso e momentos mais próximo da sua família, mas a calorosa (e inédita) receção no aeroporto serviu de amostra dos dias que se seguiam. O público português fez-se notar, ouvir; foi digno da bandeira a que se associa e fez jus à excelente vitória de João, que nos dias seguintes percorreu escritórios e estúdios.Tudo isto foi reflexo da grande importância da vitória para o ténis português, que pela primeira vez viu um jogador terminar um torneio profissional de máxima categoria sem qualquer derrota. Em declarações prestadas à SportTV no programa O Reverso da Medalha, Sousa não o disfarçou: "Senti que a vitória em Kuala Lumpur foi importante para o ténis português. Houve adeptos na Malásia que estiveram comigo em todos os encontros. Não estava nos meus planos a receção que tive. Foi gloriosa. É sempre ótimo quando

índice e f.t.

1

reconhecem o meu trabalho e senti que fiz muita gente feliz."MEDIATISMO E NOVAS PORTAS 'ABERTAS'Foi precisamente com a campanha em Kuala Lumpur que João Sousa fez com que o seu nome percorresse páginas e páginas de jornais, tanto impressos como online, e colocou o seu nome na ribalta, chegando mesmo a ser a principal notícia em destaque no site da Associação dos Tenistas Profissionais.

Além da presença nas mais diversas publicações um pouco por todo o mundo, o atleta português viu ainda ser oficializada uma ligação à Polaris Sports, empresa de Jorge Mendes que se dedica à gestão de carreiras de atletas de modalidades. O departamento do empresário português (que tem na sua posse contratos com Cristiano Ronaldo e José Mourinho, entre muitos outros, fica, então, a cargo da representação do vimaranense em termos de gestão de imagem, num acordo que lhe poderá valer novos contratos e diversas mais valias para os próximos meses.Um lugar ao pé dos mais fortes?Mas porque a temporada não se resumiu apenas ao título em Kuala Lumpur, é importante recordar que João Sousa se tornou ainda no primeiro jogador português de sempre a alcançar um lugar no top50 mundial (tem

como melhor classificação o 47º posto) e, ainda, no primeiro tenista nacional a terminar a época dentro do lote dos 50 primeiros (mais precisamente no 49º lugar).Porque a boa forma foi constante ao longo de toda a época, o número um nacional conseguiu disputar finais Challenger (venceu em Furth e Guimarães, foi vice-campeão em San Benedetto) e, ainda, disputar a segunda ronda do quadro principal do Australian Open e de Roland Garros e a terceira no US Open. Foi precisamente em dois destes palcos que defrontou dois jogadores da elite mundial (Andy Murray em Melbourne Park, Novak Djokovic em Flushing Meadows), pelo que se coloca a pergunta: terá João Sousa um lugar ao pé dos mais fortes?O talento está à vista e a força de vontade é igualmente evidente, pelo que apenas é necessário

continuar a evoluir para melhor ainda mais. É o próprio quem o reconhece, desejando voltar a repetir a experiência e reconhecendo ter como um dos sonhos vencer o Portugal Open: "Jogar em frente ao público português e vencer é um objetivo na minha mente."Feitas as contas e análises, resta-nos aguardar pelo começo da temporada de 2014 e assistir aos progressos de João Sousa.

Majors’13CRÓNICAS

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Page 31: Edição Especial 2013

por Gaspar LançaFotografias: Christopher Levy

Poder-se-ia dizer que foi uma época de sonho, mas aconteceu. João Sousa fez história em quadros principais de torneios do Grand Slam, deu mais uma volta ao globo terrestre e viu o seu nome em diversas páginas de jornais e noticiários um pouco por todo o mundo, tornando-se no

primeiro tenista português de sempre a conquistar um torneio profissional de singulares e a chegar ao top50 mundial.Para 2014, quer mais: "Terminar no top50 era fantástico, mas gosto sempre de evoluir subir mais lugares no ranking. O importante é ser um jogador melhor." E tem de querer mais, pois sem ambição tudo se perde e as qualidades do ténis de Sousa podem levá-lo a um outro patamar.

Com apenas vinte e quatro anos, o tenista vimaranense abriu as mais diversas portas à sua carreira ao longo da última temporada, apresentando-se ao mundo com excelentes campanhas um pouco por todo o mundo: primeiro na Austrália, depois em Paris, Furth, Londres, San Benedetto, Guimarães, Nova Iorque, São Petersburgo (onde atingiu as suas primeiras meias-finais) e, depois, em Kuala Lumpur, onde escreveu a página

vitória

mais dourada da história do ténis português.Não à sombra, mas bem iluminado pelas Petronas Twin Towers (onde viria mesmo a posar ao lado do seu treinador e do troféu de campeão), João Sousa fechou uma semana de sonho com um triunfo perante o francês Julien Benneteau para se tornar no primeiro jogador português de sempre a vencer um título profissional de singulares (superando a final de Frederico Gil no Estoril Open, em 2010), tendo ainda contado com triunfos perante Jurgen Melzer e David Ferrer - naquela que é a sua melhor vitória de sempre, dado que o espanhol ocupava o terceiro posto do ranking mundial.RECEÇÃO EM PORTUGAL E IMPORTÂNCIA PARA O TÉNIS PORTUGUÊSDepois de tamanha vitória, o pupilo de Frederico Marques preparava-se para regressar a Portugal e aproveitar alguns dias

de descanso e momentos mais próximo da sua família, mas a calorosa (e inédita) receção no aeroporto serviu de amostra dos dias que se seguiam. O público português fez-se notar, ouvir; foi digno da bandeira a que se associa e fez jus à excelente vitória de João, que nos dias seguintes percorreu escritórios e estúdios.Tudo isto foi reflexo da grande importância da vitória para o ténis português, que pela primeira vez viu um jogador terminar um torneio profissional de máxima categoria sem qualquer derrota. Em declarações prestadas à SportTV no programa O Reverso da Medalha, Sousa não o disfarçou: "Senti que a vitória em Kuala Lumpur foi importante para o ténis português. Houve adeptos na Malásia que estiveram comigo em todos os encontros. Não estava nos meus planos a receção que tive. Foi gloriosa. É sempre ótimo quando

reconhecem o meu trabalho e senti que fiz muita gente feliz."MEDIATISMO E NOVAS PORTAS 'ABERTAS'Foi precisamente com a campanha em Kuala Lumpur que João Sousa fez com que o seu nome percorresse páginas e páginas de jornais, tanto impressos como online, e colocou o seu nome na ribalta, chegando mesmo a ser a principal notícia em destaque no site da Associação dos Tenistas Profissionais.

Além da presença nas mais diversas publicações um pouco por todo o mundo, o atleta português viu ainda ser oficializada uma ligação à Polaris Sports, empresa de Jorge Mendes que se dedica à gestão de carreiras de atletas de modalidades. O departamento do empresário português (que tem na sua posse contratos com Cristiano Ronaldo e José Mourinho, entre muitos outros, fica, então, a cargo da representação do vimaranense em termos de gestão de imagem, num acordo que lhe poderá valer novos contratos e diversas mais valias para os próximos meses.Um lugar ao pé dos mais fortes?Mas porque a temporada não se resumiu apenas ao título em Kuala Lumpur, é importante recordar que João Sousa se tornou ainda no primeiro jogador português de sempre a alcançar um lugar no top50 mundial (tem

índice e f.t.

por Gaspar LançaFotografias: Christopher Levy

Haverá palco mais mítico para o ténis do que o All England Club? A resposta é fácil: não. Desta forma, também não poderia haver palco mais mítico para a maior vitória de sempre do ténis português do que, precisamente, Wimbledon. Foi perante um Court No.2 lotado e animado que Michelle Larcher de Brito brilhou novamente num grande torneio e escreveu uma das mais douradas páginas da história do ténis português. Poucos o esperavam, mas a jovem lisboeta conseguiu mesmo levar a melhor no duelo de potência com Maria Sharapova e

como melhor classificação o 47º posto) e, ainda, no primeiro tenista nacional a terminar a época dentro do lote dos 50 primeiros (mais precisamente no 49º lugar).Porque a boa forma foi constante ao longo de toda a época, o número um nacional conseguiu disputar finais Challenger (venceu em Furth e Guimarães, foi vice-campeão em San Benedetto) e, ainda, disputar a segunda ronda do quadro principal do Australian Open e de Roland Garros e a terceira no US Open. Foi precisamente em dois destes palcos que defrontou dois jogadores da elite mundial (Andy Murray em Melbourne Park, Novak Djokovic em Flushing Meadows), pelo que se coloca a pergunta: terá João Sousa um lugar ao pé dos mais fortes?O talento está à vista e a força de vontade é igualmente evidente, pelo que apenas é necessário

continuar a evoluir para melhor ainda mais. É o próprio quem o reconhece, desejando voltar a repetir a experiência e reconhecendo ter como um dos sonhos vencer o Portugal Open: "Jogar em frente ao público português e vencer é um objetivo na minha mente."Feitas as contas e análises, resta-nos aguardar pelo começo da temporada de 2014 e assistir aos progressos de João Sousa.

avançar à terceira ronda do major britânico, vencendo por 6-3 6-4.Pouco ou nada intimidada pela adversária, ex-número um mundial e vencedora dos quatro ‘Majors’, Larcher de Brito mostrou-se confiante num bom resultado desde o início ao disparar pancadas fortes e colocadas com relativa frequência.O momento era propício a uma surpresa (Federer e Nadal eram ‘apenas’ mais alguns dos jogadores a abandonar o torneio numa fase precoce) e assim foi.O desgaste físico causado pela disputa da fase de qualificação e da primeira ronda do quadro principal não apareceu, os nervos foram rapidamente superados e, acima de tudo, o ténis manteve-se em campo. Nada parou a portuguesa, que derrotou a então número três mundial ao cabo de apenas duas partidas para continuar viva em Wimbledon.

histórica

CRÓNICAS

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Page 32: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Jan’13Fotografias: Gaspar Lança

Vasco Mensurado sagrou-se Campeão Nacional Absoluto em 2012 e participou no quadro principal do US Open de júniores, mas em 2013 pretende dedicar-se única e exclusivamente a torneios seniores. O Ténis Portugal falou com o jogador português de apenas dezoito anos, que entre

índice e f.t.

outros assuntos abordados deixa ainda conselhos aos mais novos.

- As suas primeiras semanas de competição foram no circuito júnior mas, à medida que a temporada se desenvolveu, participou também em torneios sénior. Foi uma decisão previamente tomada ou decidiu já em 2012? Como se desenvolveu todo o processo de alternância entre os dois circuitos e com que objectivos

concretos?

Bem a decisão já tinha sido tomado previamente em 2011, mas com a lesão que no inicio do ano me impediu de jogar os primeiros meses de 2012 tive de alterar um pouco o calendário e os objectivos, dando mais importância ao circuito júnior com o intuito de jogar os Grand Slams neste circuito.

- Chegou a duas meias-finais em torneios juniores e ainda a dois quartos-de-final e terminou a temporada no 83º lugar. Estes resultados servem de rampa de lançamento para mais uma época no circuito júnior ou pretende focar-se a 100% no sénior e tentar somar mais vitórias?

Esses resultados foram importantes na minha carreira mas após o US Open de juniores dediquei me exclusivamente ao circuito sénior e assim continuarei neste ano 2013.

1

vasco mensurado- Isto porque, em torneios seniores, somou nove vitórias em dez eventos, um saldo bastante positivo. Qual é o seu objectivo a nível sénior para 2013?

Em 2013 os objectivos de inicio de ano são ganhar os primeiros pontos e a partir daí começar a subir no ranking ATP o mais rapidamente possível.

- Quanto à adaptação, sente que é mais difícil progredir enquanto jogador em Portugal, um país com poucos torneios de nível superior e onde, apesar da melhoria dos resultados internacionais, existe ainda claramente uma falta de apoio aos atletas de alta competição?

A falta de apoio é de facto uma grande dificuldade para os

jogadores em Portugal mas apesar de tudo ainda sinto que há condições para progredir no país.

- Fechou a temporada no circuito ITF com a vitória na fase de qualificação do US Open. Para si, chegar ao quadro principal de um torneio do Grand Slam era uma meta a atingir em 2012? Como viveu toda essa experiência?

Jogar um torneio do Grand Slam era uma meta a atingir em 2012 e foi bom para a minha evolução como jogador ter essa experiência.

- Simultaneamente, passava a primeira ronda do quadro principal de pares, com o belga Julien Cagnina, e apenas foi derrotado na segunda eliminatória por Kyle Edmund e Frederico Silva, futuros campeões da prova. Foi especial defrontar um compatriota, ainda que em pares, num torneio do Grand

Slam? O que ‘retira’ desta experiência?

É sempre especial jogar contra um compatriota e foi um jogo particularmente disputado. Acabámos por perder e só tenho de dar os parabéns ao Fred pelo bom torneio de pares que fez.

- De facto, somou vários triunfos na vertente de pares ao longo de todo o ano. Pretende continuar a apostar nesta variante nos próximos anos?

Sim, certamente continuarei a apostar na variante de pares nos próximos anos.

- Depois da fase positiva em Flushing Meadows, sagrou-se Campeão Nacional Absoluto de Singulares masculinos, num torneio em que derrotou os dois primeiros cabeças de série nas duas últimas rondas. Foi, na sua opinião, um passo importante na carreira, que lhe deu confiança para apostar no

circuito profissional?

Foi de facto um passo importante na minha carreira ter o titulo de Campeão Nacional Absoluto e certamente vai me dar mais confiança e motivação para a entrada no circuito profissional.

- Por último, gostaria de deixar algumas palavras para os jogadores mais novos, que possam ambicionar vencer, um dia, o Campeonato Nacional?

Para o jogadores mais novos poderia dizer que o mais importante é terem muita vontade, ambição e acima de tudo divertirem se ao practicarem o desporto de que mais gostam.

Majors’13ENTREVISTA

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Page 33: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Jan’13Fotografias: Gaspar Lança

Vasco Mensurado sagrou-se Campeão Nacional Absoluto em 2012 e participou no quadro principal do US Open de júniores, mas em 2013 pretende dedicar-se única e exclusivamente a torneios seniores. O Ténis Portugal falou com o jogador português de apenas dezoito anos, que entre

índice e f.t.

outros assuntos abordados deixa ainda conselhos aos mais novos.

- As suas primeiras semanas de competição foram no circuito júnior mas, à medida que a temporada se desenvolveu, participou também em torneios sénior. Foi uma decisão previamente tomada ou decidiu já em 2012? Como se desenvolveu todo o processo de alternância entre os dois circuitos e com que objectivos

concretos?

Bem a decisão já tinha sido tomado previamente em 2011, mas com a lesão que no inicio do ano me impediu de jogar os primeiros meses de 2012 tive de alterar um pouco o calendário e os objectivos, dando mais importância ao circuito júnior com o intuito de jogar os Grand Slams neste circuito.

- Chegou a duas meias-finais em torneios juniores e ainda a dois quartos-de-final e terminou a temporada no 83º lugar. Estes resultados servem de rampa de lançamento para mais uma época no circuito júnior ou pretende focar-se a 100% no sénior e tentar somar mais vitórias?

Esses resultados foram importantes na minha carreira mas após o US Open de juniores dediquei me exclusivamente ao circuito sénior e assim continuarei neste ano 2013.

- Isto porque, em torneios seniores, somou nove vitórias em dez eventos, um saldo bastante positivo. Qual é o seu objectivo a nível sénior para 2013?

Em 2013 os objectivos de inicio de ano são ganhar os primeiros pontos e a partir daí começar a subir no ranking ATP o mais rapidamente possível.

- Quanto à adaptação, sente que é mais difícil progredir enquanto jogador em Portugal, um país com poucos torneios de nível superior e onde, apesar da melhoria dos resultados internacionais, existe ainda claramente uma falta de apoio aos atletas de alta competição?

A falta de apoio é de facto uma grande dificuldade para os

jogadores em Portugal mas apesar de tudo ainda sinto que há condições para progredir no país.

- Fechou a temporada no circuito ITF com a vitória na fase de qualificação do US Open. Para si, chegar ao quadro principal de um torneio do Grand Slam era uma meta a atingir em 2012? Como viveu toda essa experiência?

Jogar um torneio do Grand Slam era uma meta a atingir em 2012 e foi bom para a minha evolução como jogador ter essa experiência.

- Simultaneamente, passava a primeira ronda do quadro principal de pares, com o belga Julien Cagnina, e apenas foi derrotado na segunda eliminatória por Kyle Edmund e Frederico Silva, futuros campeões da prova. Foi especial defrontar um compatriota, ainda que em pares, num torneio do Grand

Slam? O que ‘retira’ desta experiência?

É sempre especial jogar contra um compatriota e foi um jogo particularmente disputado. Acabámos por perder e só tenho de dar os parabéns ao Fred pelo bom torneio de pares que fez.

- De facto, somou vários triunfos na vertente de pares ao longo de todo o ano. Pretende continuar a apostar nesta variante nos próximos anos?

Sim, certamente continuarei a apostar na variante de pares nos próximos anos.

- Depois da fase positiva em Flushing Meadows, sagrou-se Campeão Nacional Absoluto de Singulares masculinos, num torneio em que derrotou os dois primeiros cabeças de série nas duas últimas rondas. Foi, na sua opinião, um passo importante na carreira, que lhe deu confiança para apostar no

circuito profissional?

Foi de facto um passo importante na minha carreira ter o titulo de Campeão Nacional Absoluto e certamente vai me dar mais confiança e motivação para a entrada no circuito profissional.

- Por último, gostaria de deixar algumas palavras para os jogadores mais novos, que possam ambicionar vencer, um dia, o Campeonato Nacional?

Para o jogadores mais novos poderia dizer que o mais importante é terem muita vontade, ambição e acima de tudo divertirem se ao practicarem o desporto de que mais gostam.

ENTREVISTA

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Page 34: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Jan’13Fotografias: Gaspar Lança

Vasco Mensurado sagrou-se Campeão Nacional Absoluto em 2012 e participou no quadro principal do US Open de júniores, mas em 2013 pretende dedicar-se única e exclusivamente a torneios seniores. O Ténis Portugal falou com o jogador português de apenas dezoito anos, que entre

outros assuntos abordados deixa ainda conselhos aos mais novos.

- As suas primeiras semanas de competição foram no circuito júnior mas, à medida que a temporada se desenvolveu, participou também em torneios sénior. Foi uma decisão previamente tomada ou decidiu já em 2012? Como se desenvolveu todo o processo de alternância entre os dois circuitos e com que objectivos

concretos?

Bem a decisão já tinha sido tomado previamente em 2011, mas com a lesão que no inicio do ano me impediu de jogar os primeiros meses de 2012 tive de alterar um pouco o calendário e os objectivos, dando mais importância ao circuito júnior com o intuito de jogar os Grand Slams neste circuito.

- Chegou a duas meias-finais em torneios juniores e ainda a dois quartos-de-final e terminou a temporada no 83º lugar. Estes resultados servem de rampa de lançamento para mais uma época no circuito júnior ou pretende focar-se a 100% no sénior e tentar somar mais vitórias?

Esses resultados foram importantes na minha carreira mas após o US Open de juniores dediquei me exclusivamente ao circuito sénior e assim continuarei neste ano 2013.

índice e f.t.

1

- Isto porque, em torneios seniores, somou nove vitórias em dez eventos, um saldo bastante positivo. Qual é o seu objectivo a nível sénior para 2013?

Em 2013 os objectivos de inicio de ano são ganhar os primeiros pontos e a partir daí começar a subir no ranking ATP o mais rapidamente possível.

- Quanto à adaptação, sente que é mais difícil progredir enquanto jogador em Portugal, um país com poucos torneios de nível superior e onde, apesar da melhoria dos resultados internacionais, existe ainda claramente uma falta de apoio aos atletas de alta competição?

A falta de apoio é de facto uma grande dificuldade para os

jogadores em Portugal mas apesar de tudo ainda sinto que há condições para progredir no país.

- Fechou a temporada no circuito ITF com a vitória na fase de qualificação do US Open. Para si, chegar ao quadro principal de um torneio do Grand Slam era uma meta a atingir em 2012? Como viveu toda essa experiência?

Jogar um torneio do Grand Slam era uma meta a atingir em 2012 e foi bom para a minha evolução como jogador ter essa experiência.

- Simultaneamente, passava a primeira ronda do quadro principal de pares, com o belga Julien Cagnina, e apenas foi derrotado na segunda eliminatória por Kyle Edmund e Frederico Silva, futuros campeões da prova. Foi especial defrontar um compatriota, ainda que em pares, num torneio do Grand

Slam? O que ‘retira’ desta experiência?

É sempre especial jogar contra um compatriota e foi um jogo particularmente disputado. Acabámos por perder e só tenho de dar os parabéns ao Fred pelo bom torneio de pares que fez.

- De facto, somou vários triunfos na vertente de pares ao longo de todo o ano. Pretende continuar a apostar nesta variante nos próximos anos?

Sim, certamente continuarei a apostar na variante de pares nos próximos anos.

- Depois da fase positiva em Flushing Meadows, sagrou-se Campeão Nacional Absoluto de Singulares masculinos, num torneio em que derrotou os dois primeiros cabeças de série nas duas últimas rondas. Foi, na sua opinião, um passo importante na carreira, que lhe deu confiança para apostar no

circuito profissional?

Foi de facto um passo importante na minha carreira ter o titulo de Campeão Nacional Absoluto e certamente vai me dar mais confiança e motivação para a entrada no circuito profissional.

- Por último, gostaria de deixar algumas palavras para os jogadores mais novos, que possam ambicionar vencer, um dia, o Campeonato Nacional?

Para o jogadores mais novos poderia dizer que o mais importante é terem muita vontade, ambição e acima de tudo divertirem se ao practicarem o desporto de que mais gostam.

Majors’13ENTREVISTA

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Page 35: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Jan’13Fotografias: Gaspar Lança

Vasco Mensurado sagrou-se Campeão Nacional Absoluto em 2012 e participou no quadro principal do US Open de júniores, mas em 2013 pretende dedicar-se única e exclusivamente a torneios seniores. O Ténis Portugal falou com o jogador português de apenas dezoito anos, que entre

outros assuntos abordados deixa ainda conselhos aos mais novos.

- As suas primeiras semanas de competição foram no circuito júnior mas, à medida que a temporada se desenvolveu, participou também em torneios sénior. Foi uma decisão previamente tomada ou decidiu já em 2012? Como se desenvolveu todo o processo de alternância entre os dois circuitos e com que objectivos

concretos?

Bem a decisão já tinha sido tomado previamente em 2011, mas com a lesão que no inicio do ano me impediu de jogar os primeiros meses de 2012 tive de alterar um pouco o calendário e os objectivos, dando mais importância ao circuito júnior com o intuito de jogar os Grand Slams neste circuito.

- Chegou a duas meias-finais em torneios juniores e ainda a dois quartos-de-final e terminou a temporada no 83º lugar. Estes resultados servem de rampa de lançamento para mais uma época no circuito júnior ou pretende focar-se a 100% no sénior e tentar somar mais vitórias?

Esses resultados foram importantes na minha carreira mas após o US Open de juniores dediquei me exclusivamente ao circuito sénior e assim continuarei neste ano 2013.

- Isto porque, em torneios seniores, somou nove vitórias em dez eventos, um saldo bastante positivo. Qual é o seu objectivo a nível sénior para 2013?

Em 2013 os objectivos de inicio de ano são ganhar os primeiros pontos e a partir daí começar a subir no ranking ATP o mais rapidamente possível.

índice e f.t.

- Quanto à adaptação, sente que é mais difícil progredir enquanto jogador em Portugal, um país com poucos torneios de nível superior e onde, apesar da melhoria dos resultados internacionais, existe ainda claramente uma falta de apoio aos atletas de alta competição?

A falta de apoio é de facto uma grande dificuldade para os

jogadores em Portugal mas apesar de tudo ainda sinto que há condições para progredir no país.

- Fechou a temporada no circuito ITF com a vitória na fase de qualificação do US Open. Para si, chegar ao quadro principal de um torneio do Grand Slam era uma meta a atingir em 2012? Como viveu toda essa experiência?

Jogar um torneio do Grand Slam era uma meta a atingir em 2012 e foi bom para a minha evolução como jogador ter essa experiência.

- Simultaneamente, passava a primeira ronda do quadro principal de pares, com o belga Julien Cagnina, e apenas foi derrotado na segunda eliminatória por Kyle Edmund e Frederico Silva, futuros campeões da prova. Foi especial defrontar um compatriota, ainda que em pares, num torneio do Grand

Slam? O que ‘retira’ desta experiência?

É sempre especial jogar contra um compatriota e foi um jogo particularmente disputado. Acabámos por perder e só tenho de dar os parabéns ao Fred pelo bom torneio de pares que fez.

- De facto, somou vários triunfos na vertente de pares ao longo de todo o ano. Pretende continuar a apostar nesta variante nos próximos anos?

Sim, certamente continuarei a apostar na variante de pares nos próximos anos.

- Depois da fase positiva em Flushing Meadows, sagrou-se Campeão Nacional Absoluto de Singulares masculinos, num torneio em que derrotou os dois primeiros cabeças de série nas duas últimas rondas. Foi, na sua opinião, um passo importante na carreira, que lhe deu confiança para apostar no

circuito profissional?

Foi de facto um passo importante na minha carreira ter o titulo de Campeão Nacional Absoluto e certamente vai me dar mais confiança e motivação para a entrada no circuito profissional.

- Por último, gostaria de deixar algumas palavras para os jogadores mais novos, que possam ambicionar vencer, um dia, o Campeonato Nacional?

Para o jogadores mais novos poderia dizer que o mais importante é terem muita vontade, ambição e acima de tudo divertirem se ao practicarem o desporto de que mais gostam.

ENTREVISTA

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Page 36: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Fev13Fotografias: Let, Second Serve & Divulgação

Joana Valle Costa revela, numa entrevista exclusiva ao Ténis Portugal, como foram os seus primeiros dias enquanto jogadora da selecção nacional portuguesa na Fed Cup. Vencedora de dois torneios ITF em 2012 (ao lado de Margarida Moura, com quem

índice e f.t.

atingiu uma outra final), a jogadora portuguesa fez os seus primeiros jogos com a camisola portuguesa em Eilat, Israel, e elaborou um balanço da sua participação e da de toda a equipa, partilhando ainda os seus objectivos para o resto da época.

- Fevereiro de 2013 marca a tua estreia numa convocatória da selecção nacional para a Fed Cup. Como digeriste todo o processo após saberes que

viajarias com a comitiva para Eilat?

Quando soube que tinha sido convocada para ir à FedCup fiquei mesmo muito feliz e orgulhosa de mim mesma, pois tinha concretizado um dos meus objectivos deste ano. É uma experiência diferente e é sempre um orgulho defender o nosso país, ainda por cima contra as melhores do mundo, sem dúvida que nunca esquecerei.

- A jornada em Israel começou com um jantar oficial onde marcaram presença todas as equipas. Consideras que tenha sido um momento de relaxamento, benéfico para esquecer um pouco os nervos?

Foi um momento não só de relaxamento, mas também de diversão. É sempre bom ter um momento destes, pois nestes torneios existem muitas emoções fortes em todas as equipas. Eu, sendo a roockie da equipa, tive de

1

joana valle costadiscursar e também dançar por isso foi um momento engraçado!

- De que maneira foram vividos os primeiros momentos com as restantes jogadoras enquanto representante da selecção?

Foi a minha primeira vez, claro que tive logo de me integrar na equipa. Mas estivemos sempre unidas e divertidas e com grande espírito de equipa!

- Convocada pela primeira vez, tiveste a oportunidade de te estreares no primeiro dia de competição (depois de uma jornada adiada pela chuva, no encontro de pares e ao lado da Margarida Moura. Foi importante para ti disputares o teu primeiro jogo ao lado de uma das habituais parceiras de pares?

Foi importante claro. Não só por ter jogado ao lado da Margarida, o que me deu certa confiança, mas também por ser a minha estreia. Apesar de termos perdido os 2 singulares antes, não deixou de ser importante.

- Sentiste que a experiência adquirida ao longo dos últimos anos (e em 2012, especialmente, com a conquista de dois torneios ITF, tendo ainda conseguido disputar uma outra final) foi importante na tua primeira prestação na Fed Cup?

É um facto importante, sem dúvida. É evidente que ainda preciso de ter muito mais rodagem e viver muito mais experiências destas e similares mas já foi uma grande ajuda.

- No dia seguinte voltaste novamente ao campo, desta feita ao lado da Michelle Larcher de Brito. As adversárias apresentaram-se a

um nível superior e confirmaram o favoritismo, mas conseguiste reter alguns aspectos positivos para o futuro? Na tua opinião, que experiências consideras ter adquirido por teres defrontado duas jogadoras do top50 mundial?

Sem dúvida alguma que foi um privilégio para mim ter jogado aquele par. Foi pena, mas elas foram superiores. Jogam há muito tempo juntas, e para nós foi

complicado impôr o nosso melhor ténis mas demos sempre o nosso melhor. Ter confrotado aquelas duas jogadoras foi, para mim, uma experiência que me permite continuar a a acreditar e lutar pela minha carreira. Ainda vou voltar a apanhar as duas, e talvez seja diferente! Ahah

- Fechaste a participação na Fed Cup com o teu primeiro jogo de singulares, no último dia. Em

Portugal apenas foi possível acompanhar os encontros a partir do LiveScore, pelo que nem sempre é possível fazer um balanço completo de um jogo. Que aspectos destacas dos teus embates de pares e singulares, quer negativos quer (e especialmente) positivos?

Estava muito nervosa, sendo a minha primeira participação em singulares na Fed Cup, cedi um pouco e não consegui impor o meu melhor ténis e isso fez com que ela subisse o seu nível e que ganhasse mais confiança. Aspectos positivos: senti que dei sempre o meu melhor a lutar pelo meu país. E pode ter sido uma derrota, mas uma vitória pessoal de ter jogado aquele singular, e estou pronta para melhorar o que fiz menos bem principalmente os nervos e a ansiedade de ser a primeira vez.

- A lesão da Maria João Koehler

forçou uma alteração nos objectivos de Portugal para a jornada em Israel, que passava originalmente por tentar alcançar o play-off de promoção. Com a permanência no Grupo I garantida para 2014, como foram as últimas horas com a selecção?

Sem dúvida que a Maria fez falta na equipa, mas com isso tivemos que ser todas muito mais fortes, para pelo menos manter a nossa posição e conseguimos. Foi importante para toda a equipa e

ficámos todas muito contentes porque para o ano lá estará Portugal novamente e queremos jogar o play-off de promoção ao Grupo Mundial II!

- Daqui a cerca de um ano Portugal volta à Fed Cup, para disputar novamente o Grupo I. Uma nova chamada à equipa passa pelos teus objectivos para os próximos doze meses?

Claro. Tenho um ano pela frente com outros objectivos para concretizar, mas farei de tudo para lá estar daqui a um ano e desta vez para melhor!

- Em 2010, o Grupo I foi disputado nos courts cobertos do Complexo de Ténis do Jamor, com as jogadoras portuguesas a receberem, assim, grande apoio do público, importante nestas competições. Portugal pode sonhar com um regresso da Fed Cup num futuro próximo? O que entendes ser necessário para que tal aconteça?

Portugal pode sonhar com um regresso, claro. Ter o apoio de um público português seria uma mais valia para nós. Acho que nós, portugueses, deveríamos apoiar muito mais o ténis em Portugal (masculino ou feminino, mas pessoalmente mais o ténis feminino) e tentar arranjar patrocínios para ajudar à concretização desse sonho.

- A nível pessoal, que expectativas tens para a época de 2013 (quer para os torneios de singulares quer para os de pares)?

Os meus principais objectivos em singulares são ganhar o último ponto que preciso para ter ranking e depois continuar a subir na tabela o máximo possível e, em pares, melhorar e subir o ranking que já tenho (717ª WTA).

Majors’13ENTREVISTA

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Page 37: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Fev13Fotografias: Let, Second Serve & Divulgação

Joana Valle Costa revela, numa entrevista exclusiva ao Ténis Portugal, como foram os seus primeiros dias enquanto jogadora da selecção nacional portuguesa na Fed Cup. Vencedora de dois torneios ITF em 2012 (ao lado de Margarida Moura, com quem

índice e f.t.

atingiu uma outra final), a jogadora portuguesa fez os seus primeiros jogos com a camisola portuguesa em Eilat, Israel, e elaborou um balanço da sua participação e da de toda a equipa, partilhando ainda os seus objectivos para o resto da época.

- Fevereiro de 2013 marca a tua estreia numa convocatória da selecção nacional para a Fed Cup. Como digeriste todo o processo após saberes que

viajarias com a comitiva para Eilat?

Quando soube que tinha sido convocada para ir à FedCup fiquei mesmo muito feliz e orgulhosa de mim mesma, pois tinha concretizado um dos meus objectivos deste ano. É uma experiência diferente e é sempre um orgulho defender o nosso país, ainda por cima contra as melhores do mundo, sem dúvida que nunca esquecerei.

- A jornada em Israel começou com um jantar oficial onde marcaram presença todas as equipas. Consideras que tenha sido um momento de relaxamento, benéfico para esquecer um pouco os nervos?

Foi um momento não só de relaxamento, mas também de diversão. É sempre bom ter um momento destes, pois nestes torneios existem muitas emoções fortes em todas as equipas. Eu, sendo a roockie da equipa, tive de

discursar e também dançar por isso foi um momento engraçado!

- De que maneira foram vividos os primeiros momentos com as restantes jogadoras enquanto representante da selecção?

Foi a minha primeira vez, claro que tive logo de me integrar na equipa. Mas estivemos sempre unidas e divertidas e com grande espírito de equipa!

- Convocada pela primeira vez, tiveste a oportunidade de te estreares no primeiro dia de competição (depois de uma jornada adiada pela chuva, no encontro de pares e ao lado da Margarida Moura. Foi importante para ti disputares o teu primeiro jogo ao lado de uma das habituais parceiras de pares?

Foi importante claro. Não só por ter jogado ao lado da Margarida, o que me deu certa confiança, mas também por ser a minha estreia. Apesar de termos perdido os 2 singulares antes, não deixou de ser importante.

- Sentiste que a experiência adquirida ao longo dos últimos anos (e em 2012, especialmente, com a conquista de dois torneios ITF, tendo ainda conseguido disputar uma outra final) foi importante na tua primeira prestação na Fed Cup?

É um facto importante, sem dúvida. É evidente que ainda preciso de ter muito mais rodagem e viver muito mais experiências destas e similares mas já foi uma grande ajuda.

- No dia seguinte voltaste novamente ao campo, desta feita ao lado da Michelle Larcher de Brito. As adversárias apresentaram-se a

um nível superior e confirmaram o favoritismo, mas conseguiste reter alguns aspectos positivos para o futuro? Na tua opinião, que experiências consideras ter adquirido por teres defrontado duas jogadoras do top50 mundial?

Sem dúvida alguma que foi um privilégio para mim ter jogado aquele par. Foi pena, mas elas foram superiores. Jogam há muito tempo juntas, e para nós foi

complicado impôr o nosso melhor ténis mas demos sempre o nosso melhor. Ter confrotado aquelas duas jogadoras foi, para mim, uma experiência que me permite continuar a a acreditar e lutar pela minha carreira. Ainda vou voltar a apanhar as duas, e talvez seja diferente! Ahah

- Fechaste a participação na Fed Cup com o teu primeiro jogo de singulares, no último dia. Em

Portugal apenas foi possível acompanhar os encontros a partir do LiveScore, pelo que nem sempre é possível fazer um balanço completo de um jogo. Que aspectos destacas dos teus embates de pares e singulares, quer negativos quer (e especialmente) positivos?

Estava muito nervosa, sendo a minha primeira participação em singulares na Fed Cup, cedi um pouco e não consegui impor o meu melhor ténis e isso fez com que ela subisse o seu nível e que ganhasse mais confiança. Aspectos positivos: senti que dei sempre o meu melhor a lutar pelo meu país. E pode ter sido uma derrota, mas uma vitória pessoal de ter jogado aquele singular, e estou pronta para melhorar o que fiz menos bem principalmente os nervos e a ansiedade de ser a primeira vez.

- A lesão da Maria João Koehler

forçou uma alteração nos objectivos de Portugal para a jornada em Israel, que passava originalmente por tentar alcançar o play-off de promoção. Com a permanência no Grupo I garantida para 2014, como foram as últimas horas com a selecção?

Sem dúvida que a Maria fez falta na equipa, mas com isso tivemos que ser todas muito mais fortes, para pelo menos manter a nossa posição e conseguimos. Foi importante para toda a equipa e

ficámos todas muito contentes porque para o ano lá estará Portugal novamente e queremos jogar o play-off de promoção ao Grupo Mundial II!

- Daqui a cerca de um ano Portugal volta à Fed Cup, para disputar novamente o Grupo I. Uma nova chamada à equipa passa pelos teus objectivos para os próximos doze meses?

Claro. Tenho um ano pela frente com outros objectivos para concretizar, mas farei de tudo para lá estar daqui a um ano e desta vez para melhor!

- Em 2010, o Grupo I foi disputado nos courts cobertos do Complexo de Ténis do Jamor, com as jogadoras portuguesas a receberem, assim, grande apoio do público, importante nestas competições. Portugal pode sonhar com um regresso da Fed Cup num futuro próximo? O que entendes ser necessário para que tal aconteça?

Portugal pode sonhar com um regresso, claro. Ter o apoio de um público português seria uma mais valia para nós. Acho que nós, portugueses, deveríamos apoiar muito mais o ténis em Portugal (masculino ou feminino, mas pessoalmente mais o ténis feminino) e tentar arranjar patrocínios para ajudar à concretização desse sonho.

- A nível pessoal, que expectativas tens para a época de 2013 (quer para os torneios de singulares quer para os de pares)?

Os meus principais objectivos em singulares são ganhar o último ponto que preciso para ter ranking e depois continuar a subir na tabela o máximo possível e, em pares, melhorar e subir o ranking que já tenho (717ª WTA).

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Page 38: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Fev13Fotografias: Let, Second Serve & Divulgação

Joana Valle Costa revela, numa entrevista exclusiva ao Ténis Portugal, como foram os seus primeiros dias enquanto jogadora da selecção nacional portuguesa na Fed Cup. Vencedora de dois torneios ITF em 2012 (ao lado de Margarida Moura, com quem

atingiu uma outra final), a jogadora portuguesa fez os seus primeiros jogos com a camisola portuguesa em Eilat, Israel, e elaborou um balanço da sua participação e da de toda a equipa, partilhando ainda os seus objectivos para o resto da época.

- Fevereiro de 2013 marca a tua estreia numa convocatória da selecção nacional para a Fed Cup. Como digeriste todo o processo após saberes que

viajarias com a comitiva para Eilat?

Quando soube que tinha sido convocada para ir à FedCup fiquei mesmo muito feliz e orgulhosa de mim mesma, pois tinha concretizado um dos meus objectivos deste ano. É uma experiência diferente e é sempre um orgulho defender o nosso país, ainda por cima contra as melhores do mundo, sem dúvida que nunca esquecerei.

- A jornada em Israel começou com um jantar oficial onde marcaram presença todas as equipas. Consideras que tenha sido um momento de relaxamento, benéfico para esquecer um pouco os nervos?

Foi um momento não só de relaxamento, mas também de diversão. É sempre bom ter um momento destes, pois nestes torneios existem muitas emoções fortes em todas as equipas. Eu, sendo a roockie da equipa, tive de

índice e f.t.

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discursar e também dançar por isso foi um momento engraçado!

- De que maneira foram vividos os primeiros momentos com as restantes jogadoras enquanto representante da selecção?

Foi a minha primeira vez, claro que tive logo de me integrar na equipa. Mas estivemos sempre unidas e divertidas e com grande espírito de equipa!

- Convocada pela primeira vez, tiveste a oportunidade de te estreares no primeiro dia de competição (depois de uma jornada adiada pela chuva, no encontro de pares e ao lado da Margarida Moura. Foi importante para ti disputares o teu primeiro jogo ao lado de uma das habituais parceiras de pares?

Foi importante claro. Não só por ter jogado ao lado da Margarida, o que me deu certa confiança, mas também por ser a minha estreia. Apesar de termos perdido os 2 singulares antes, não deixou de ser importante.

- Sentiste que a experiência adquirida ao longo dos últimos anos (e em 2012, especialmente, com a conquista de dois torneios ITF, tendo ainda conseguido disputar uma outra final) foi importante na tua primeira prestação na Fed Cup?

É um facto importante, sem dúvida. É evidente que ainda preciso de ter muito mais rodagem e viver muito mais experiências destas e similares mas já foi uma grande ajuda.

- No dia seguinte voltaste novamente ao campo, desta feita ao lado da Michelle Larcher de Brito. As adversárias apresentaram-se a

um nível superior e confirmaram o favoritismo, mas conseguiste reter alguns aspectos positivos para o futuro? Na tua opinião, que experiências consideras ter adquirido por teres defrontado duas jogadoras do top50 mundial?

Sem dúvida alguma que foi um privilégio para mim ter jogado aquele par. Foi pena, mas elas foram superiores. Jogam há muito tempo juntas, e para nós foi

complicado impôr o nosso melhor ténis mas demos sempre o nosso melhor. Ter confrotado aquelas duas jogadoras foi, para mim, uma experiência que me permite continuar a a acreditar e lutar pela minha carreira. Ainda vou voltar a apanhar as duas, e talvez seja diferente! Ahah

- Fechaste a participação na Fed Cup com o teu primeiro jogo de singulares, no último dia. Em

Portugal apenas foi possível acompanhar os encontros a partir do LiveScore, pelo que nem sempre é possível fazer um balanço completo de um jogo. Que aspectos destacas dos teus embates de pares e singulares, quer negativos quer (e especialmente) positivos?

Estava muito nervosa, sendo a minha primeira participação em singulares na Fed Cup, cedi um pouco e não consegui impor o meu melhor ténis e isso fez com que ela subisse o seu nível e que ganhasse mais confiança. Aspectos positivos: senti que dei sempre o meu melhor a lutar pelo meu país. E pode ter sido uma derrota, mas uma vitória pessoal de ter jogado aquele singular, e estou pronta para melhorar o que fiz menos bem principalmente os nervos e a ansiedade de ser a primeira vez.

- A lesão da Maria João Koehler

forçou uma alteração nos objectivos de Portugal para a jornada em Israel, que passava originalmente por tentar alcançar o play-off de promoção. Com a permanência no Grupo I garantida para 2014, como foram as últimas horas com a selecção?

Sem dúvida que a Maria fez falta na equipa, mas com isso tivemos que ser todas muito mais fortes, para pelo menos manter a nossa posição e conseguimos. Foi importante para toda a equipa e

ficámos todas muito contentes porque para o ano lá estará Portugal novamente e queremos jogar o play-off de promoção ao Grupo Mundial II!

- Daqui a cerca de um ano Portugal volta à Fed Cup, para disputar novamente o Grupo I. Uma nova chamada à equipa passa pelos teus objectivos para os próximos doze meses?

Claro. Tenho um ano pela frente com outros objectivos para concretizar, mas farei de tudo para lá estar daqui a um ano e desta vez para melhor!

- Em 2010, o Grupo I foi disputado nos courts cobertos do Complexo de Ténis do Jamor, com as jogadoras portuguesas a receberem, assim, grande apoio do público, importante nestas competições. Portugal pode sonhar com um regresso da Fed Cup num futuro próximo? O que entendes ser necessário para que tal aconteça?

Portugal pode sonhar com um regresso, claro. Ter o apoio de um público português seria uma mais valia para nós. Acho que nós, portugueses, deveríamos apoiar muito mais o ténis em Portugal (masculino ou feminino, mas pessoalmente mais o ténis feminino) e tentar arranjar patrocínios para ajudar à concretização desse sonho.

- A nível pessoal, que expectativas tens para a época de 2013 (quer para os torneios de singulares quer para os de pares)?

Os meus principais objectivos em singulares são ganhar o último ponto que preciso para ter ranking e depois continuar a subir na tabela o máximo possível e, em pares, melhorar e subir o ranking que já tenho (717ª WTA).

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Page 39: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Fev13Fotografias: Let, Second Serve & Divulgação

Joana Valle Costa revela, numa entrevista exclusiva ao Ténis Portugal, como foram os seus primeiros dias enquanto jogadora da selecção nacional portuguesa na Fed Cup. Vencedora de dois torneios ITF em 2012 (ao lado de Margarida Moura, com quem

atingiu uma outra final), a jogadora portuguesa fez os seus primeiros jogos com a camisola portuguesa em Eilat, Israel, e elaborou um balanço da sua participação e da de toda a equipa, partilhando ainda os seus objectivos para o resto da época.

- Fevereiro de 2013 marca a tua estreia numa convocatória da selecção nacional para a Fed Cup. Como digeriste todo o processo após saberes que

viajarias com a comitiva para Eilat?

Quando soube que tinha sido convocada para ir à FedCup fiquei mesmo muito feliz e orgulhosa de mim mesma, pois tinha concretizado um dos meus objectivos deste ano. É uma experiência diferente e é sempre um orgulho defender o nosso país, ainda por cima contra as melhores do mundo, sem dúvida que nunca esquecerei.

- A jornada em Israel começou com um jantar oficial onde marcaram presença todas as equipas. Consideras que tenha sido um momento de relaxamento, benéfico para esquecer um pouco os nervos?

Foi um momento não só de relaxamento, mas também de diversão. É sempre bom ter um momento destes, pois nestes torneios existem muitas emoções fortes em todas as equipas. Eu, sendo a roockie da equipa, tive de

discursar e também dançar por isso foi um momento engraçado!

- De que maneira foram vividos os primeiros momentos com as restantes jogadoras enquanto representante da selecção?

Foi a minha primeira vez, claro que tive logo de me integrar na equipa. Mas estivemos sempre unidas e divertidas e com grande espírito de equipa!

índice e f.t.

- Convocada pela primeira vez, tiveste a oportunidade de te estreares no primeiro dia de competição (depois de uma jornada adiada pela chuva, no encontro de pares e ao lado da Margarida Moura. Foi importante para ti disputares o teu primeiro jogo ao lado de uma das habituais parceiras de pares?

Foi importante claro. Não só por ter jogado ao lado da Margarida, o que me deu certa confiança, mas também por ser a minha estreia. Apesar de termos perdido os 2 singulares antes, não deixou de ser importante.

- Sentiste que a experiência adquirida ao longo dos últimos anos (e em 2012, especialmente, com a conquista de dois torneios ITF, tendo ainda conseguido disputar uma outra final) foi importante na tua primeira prestação na Fed Cup?

É um facto importante, sem dúvida. É evidente que ainda preciso de ter muito mais rodagem e viver muito mais experiências destas e similares mas já foi uma grande ajuda.

- No dia seguinte voltaste novamente ao campo, desta feita ao lado da Michelle Larcher de Brito. As adversárias apresentaram-se a

um nível superior e confirmaram o favoritismo, mas conseguiste reter alguns aspectos positivos para o futuro? Na tua opinião, que experiências consideras ter adquirido por teres defrontado duas jogadoras do top50 mundial?

Sem dúvida alguma que foi um privilégio para mim ter jogado aquele par. Foi pena, mas elas foram superiores. Jogam há muito tempo juntas, e para nós foi

complicado impôr o nosso melhor ténis mas demos sempre o nosso melhor. Ter confrotado aquelas duas jogadoras foi, para mim, uma experiência que me permite continuar a a acreditar e lutar pela minha carreira. Ainda vou voltar a apanhar as duas, e talvez seja diferente! Ahah

- Fechaste a participação na Fed Cup com o teu primeiro jogo de singulares, no último dia. Em

Portugal apenas foi possível acompanhar os encontros a partir do LiveScore, pelo que nem sempre é possível fazer um balanço completo de um jogo. Que aspectos destacas dos teus embates de pares e singulares, quer negativos quer (e especialmente) positivos?

Estava muito nervosa, sendo a minha primeira participação em singulares na Fed Cup, cedi um pouco e não consegui impor o meu melhor ténis e isso fez com que ela subisse o seu nível e que ganhasse mais confiança. Aspectos positivos: senti que dei sempre o meu melhor a lutar pelo meu país. E pode ter sido uma derrota, mas uma vitória pessoal de ter jogado aquele singular, e estou pronta para melhorar o que fiz menos bem principalmente os nervos e a ansiedade de ser a primeira vez.

- A lesão da Maria João Koehler

forçou uma alteração nos objectivos de Portugal para a jornada em Israel, que passava originalmente por tentar alcançar o play-off de promoção. Com a permanência no Grupo I garantida para 2014, como foram as últimas horas com a selecção?

Sem dúvida que a Maria fez falta na equipa, mas com isso tivemos que ser todas muito mais fortes, para pelo menos manter a nossa posição e conseguimos. Foi importante para toda a equipa e

ficámos todas muito contentes porque para o ano lá estará Portugal novamente e queremos jogar o play-off de promoção ao Grupo Mundial II!

- Daqui a cerca de um ano Portugal volta à Fed Cup, para disputar novamente o Grupo I. Uma nova chamada à equipa passa pelos teus objectivos para os próximos doze meses?

Claro. Tenho um ano pela frente com outros objectivos para concretizar, mas farei de tudo para lá estar daqui a um ano e desta vez para melhor!

- Em 2010, o Grupo I foi disputado nos courts cobertos do Complexo de Ténis do Jamor, com as jogadoras portuguesas a receberem, assim, grande apoio do público, importante nestas competições. Portugal pode sonhar com um regresso da Fed Cup num futuro próximo? O que entendes ser necessário para que tal aconteça?

Portugal pode sonhar com um regresso, claro. Ter o apoio de um público português seria uma mais valia para nós. Acho que nós, portugueses, deveríamos apoiar muito mais o ténis em Portugal (masculino ou feminino, mas pessoalmente mais o ténis feminino) e tentar arranjar patrocínios para ajudar à concretização desse sonho.

- A nível pessoal, que expectativas tens para a época de 2013 (quer para os torneios de singulares quer para os de pares)?

Os meus principais objectivos em singulares são ganhar o último ponto que preciso para ter ranking e depois continuar a subir na tabela o máximo possível e, em pares, melhorar e subir o ranking que já tenho (717ª WTA).

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Page 40: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Fev13Fotografias: Let, Second Serve & Divulgação

Joana Valle Costa revela, numa entrevista exclusiva ao Ténis Portugal, como foram os seus primeiros dias enquanto jogadora da selecção nacional portuguesa na Fed Cup. Vencedora de dois torneios ITF em 2012 (ao lado de Margarida Moura, com quem

atingiu uma outra final), a jogadora portuguesa fez os seus primeiros jogos com a camisola portuguesa em Eilat, Israel, e elaborou um balanço da sua participação e da de toda a equipa, partilhando ainda os seus objectivos para o resto da época.

- Fevereiro de 2013 marca a tua estreia numa convocatória da selecção nacional para a Fed Cup. Como digeriste todo o processo após saberes que

viajarias com a comitiva para Eilat?

Quando soube que tinha sido convocada para ir à FedCup fiquei mesmo muito feliz e orgulhosa de mim mesma, pois tinha concretizado um dos meus objectivos deste ano. É uma experiência diferente e é sempre um orgulho defender o nosso país, ainda por cima contra as melhores do mundo, sem dúvida que nunca esquecerei.

- A jornada em Israel começou com um jantar oficial onde marcaram presença todas as equipas. Consideras que tenha sido um momento de relaxamento, benéfico para esquecer um pouco os nervos?

Foi um momento não só de relaxamento, mas também de diversão. É sempre bom ter um momento destes, pois nestes torneios existem muitas emoções fortes em todas as equipas. Eu, sendo a roockie da equipa, tive de

discursar e também dançar por isso foi um momento engraçado!

- De que maneira foram vividos os primeiros momentos com as restantes jogadoras enquanto representante da selecção?

Foi a minha primeira vez, claro que tive logo de me integrar na equipa. Mas estivemos sempre unidas e divertidas e com grande espírito de equipa!

- Convocada pela primeira vez, tiveste a oportunidade de te estreares no primeiro dia de competição (depois de uma jornada adiada pela chuva, no encontro de pares e ao lado da Margarida Moura. Foi importante para ti disputares o teu primeiro jogo ao lado de uma das habituais parceiras de pares?

Foi importante claro. Não só por ter jogado ao lado da Margarida, o que me deu certa confiança, mas também por ser a minha estreia. Apesar de termos perdido os 2 singulares antes, não deixou de ser importante.

- Sentiste que a experiência adquirida ao longo dos últimos anos (e em 2012, especialmente, com a conquista de dois torneios ITF, tendo ainda conseguido disputar uma outra final) foi importante na tua primeira prestação na Fed Cup?

É um facto importante, sem dúvida. É evidente que ainda preciso de ter muito mais rodagem e viver muito mais experiências destas e similares mas já foi uma grande ajuda.

- No dia seguinte voltaste novamente ao campo, desta feita ao lado da Michelle Larcher de Brito. As adversárias apresentaram-se a

índice e f.t.

1

um nível superior e confirmaram o favoritismo, mas conseguiste reter alguns aspectos positivos para o futuro? Na tua opinião, que experiências consideras ter adquirido por teres defrontado duas jogadoras do top50 mundial?

Sem dúvida alguma que foi um privilégio para mim ter jogado aquele par. Foi pena, mas elas foram superiores. Jogam há muito tempo juntas, e para nós foi

complicado impôr o nosso melhor ténis mas demos sempre o nosso melhor. Ter confrotado aquelas duas jogadoras foi, para mim, uma experiência que me permite continuar a a acreditar e lutar pela minha carreira. Ainda vou voltar a apanhar as duas, e talvez seja diferente! Ahah

- Fechaste a participação na Fed Cup com o teu primeiro jogo de singulares, no último dia. Em

Portugal apenas foi possível acompanhar os encontros a partir do LiveScore, pelo que nem sempre é possível fazer um balanço completo de um jogo. Que aspectos destacas dos teus embates de pares e singulares, quer negativos quer (e especialmente) positivos?

Estava muito nervosa, sendo a minha primeira participação em singulares na Fed Cup, cedi um pouco e não consegui impor o meu melhor ténis e isso fez com que ela subisse o seu nível e que ganhasse mais confiança. Aspectos positivos: senti que dei sempre o meu melhor a lutar pelo meu país. E pode ter sido uma derrota, mas uma vitória pessoal de ter jogado aquele singular, e estou pronta para melhorar o que fiz menos bem principalmente os nervos e a ansiedade de ser a primeira vez.

- A lesão da Maria João Koehler

forçou uma alteração nos objectivos de Portugal para a jornada em Israel, que passava originalmente por tentar alcançar o play-off de promoção. Com a permanência no Grupo I garantida para 2014, como foram as últimas horas com a selecção?

Sem dúvida que a Maria fez falta na equipa, mas com isso tivemos que ser todas muito mais fortes, para pelo menos manter a nossa posição e conseguimos. Foi importante para toda a equipa e

ficámos todas muito contentes porque para o ano lá estará Portugal novamente e queremos jogar o play-off de promoção ao Grupo Mundial II!

- Daqui a cerca de um ano Portugal volta à Fed Cup, para disputar novamente o Grupo I. Uma nova chamada à equipa passa pelos teus objectivos para os próximos doze meses?

Claro. Tenho um ano pela frente com outros objectivos para concretizar, mas farei de tudo para lá estar daqui a um ano e desta vez para melhor!

- Em 2010, o Grupo I foi disputado nos courts cobertos do Complexo de Ténis do Jamor, com as jogadoras portuguesas a receberem, assim, grande apoio do público, importante nestas competições. Portugal pode sonhar com um regresso da Fed Cup num futuro próximo? O que entendes ser necessário para que tal aconteça?

Portugal pode sonhar com um regresso, claro. Ter o apoio de um público português seria uma mais valia para nós. Acho que nós, portugueses, deveríamos apoiar muito mais o ténis em Portugal (masculino ou feminino, mas pessoalmente mais o ténis feminino) e tentar arranjar patrocínios para ajudar à concretização desse sonho.

- A nível pessoal, que expectativas tens para a época de 2013 (quer para os torneios de singulares quer para os de pares)?

Os meus principais objectivos em singulares são ganhar o último ponto que preciso para ter ranking e depois continuar a subir na tabela o máximo possível e, em pares, melhorar e subir o ranking que já tenho (717ª WTA).

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Entrevista realizada em Fev13Fotografias: Let, Second Serve & Divulgação

Joana Valle Costa revela, numa entrevista exclusiva ao Ténis Portugal, como foram os seus primeiros dias enquanto jogadora da selecção nacional portuguesa na Fed Cup. Vencedora de dois torneios ITF em 2012 (ao lado de Margarida Moura, com quem

atingiu uma outra final), a jogadora portuguesa fez os seus primeiros jogos com a camisola portuguesa em Eilat, Israel, e elaborou um balanço da sua participação e da de toda a equipa, partilhando ainda os seus objectivos para o resto da época.

- Fevereiro de 2013 marca a tua estreia numa convocatória da selecção nacional para a Fed Cup. Como digeriste todo o processo após saberes que

viajarias com a comitiva para Eilat?

Quando soube que tinha sido convocada para ir à FedCup fiquei mesmo muito feliz e orgulhosa de mim mesma, pois tinha concretizado um dos meus objectivos deste ano. É uma experiência diferente e é sempre um orgulho defender o nosso país, ainda por cima contra as melhores do mundo, sem dúvida que nunca esquecerei.

- A jornada em Israel começou com um jantar oficial onde marcaram presença todas as equipas. Consideras que tenha sido um momento de relaxamento, benéfico para esquecer um pouco os nervos?

Foi um momento não só de relaxamento, mas também de diversão. É sempre bom ter um momento destes, pois nestes torneios existem muitas emoções fortes em todas as equipas. Eu, sendo a roockie da equipa, tive de

discursar e também dançar por isso foi um momento engraçado!

- De que maneira foram vividos os primeiros momentos com as restantes jogadoras enquanto representante da selecção?

Foi a minha primeira vez, claro que tive logo de me integrar na equipa. Mas estivemos sempre unidas e divertidas e com grande espírito de equipa!

índice e f.t.

- Convocada pela primeira vez, tiveste a oportunidade de te estreares no primeiro dia de competição (depois de uma jornada adiada pela chuva, no encontro de pares e ao lado da Margarida Moura. Foi importante para ti disputares o teu primeiro jogo ao lado de uma das habituais parceiras de pares?

Foi importante claro. Não só por ter jogado ao lado da Margarida, o que me deu certa confiança, mas também por ser a minha estreia. Apesar de termos perdido os 2 singulares antes, não deixou de ser importante.

- Sentiste que a experiência adquirida ao longo dos últimos anos (e em 2012, especialmente, com a conquista de dois torneios ITF, tendo ainda conseguido disputar uma outra final) foi importante na tua primeira prestação na Fed Cup?

É um facto importante, sem dúvida. É evidente que ainda preciso de ter muito mais rodagem e viver muito mais experiências destas e similares mas já foi uma grande ajuda.

- No dia seguinte voltaste novamente ao campo, desta feita ao lado da Michelle Larcher de Brito. As adversárias apresentaram-se a

um nível superior e confirmaram o favoritismo, mas conseguiste reter alguns aspectos positivos para o futuro? Na tua opinião, que experiências consideras ter adquirido por teres defrontado duas jogadoras do top50 mundial?

Sem dúvida alguma que foi um privilégio para mim ter jogado aquele par. Foi pena, mas elas foram superiores. Jogam há muito tempo juntas, e para nós foi

complicado impôr o nosso melhor ténis mas demos sempre o nosso melhor. Ter confrotado aquelas duas jogadoras foi, para mim, uma experiência que me permite continuar a a acreditar e lutar pela minha carreira. Ainda vou voltar a apanhar as duas, e talvez seja diferente! Ahah

- Fechaste a participação na Fed Cup com o teu primeiro jogo de singulares, no último dia. Em

Portugal apenas foi possível acompanhar os encontros a partir do LiveScore, pelo que nem sempre é possível fazer um balanço completo de um jogo. Que aspectos destacas dos teus embates de pares e singulares, quer negativos quer (e especialmente) positivos?

Estava muito nervosa, sendo a minha primeira participação em singulares na Fed Cup, cedi um pouco e não consegui impor o meu melhor ténis e isso fez com que ela subisse o seu nível e que ganhasse mais confiança. Aspectos positivos: senti que dei sempre o meu melhor a lutar pelo meu país. E pode ter sido uma derrota, mas uma vitória pessoal de ter jogado aquele singular, e estou pronta para melhorar o que fiz menos bem principalmente os nervos e a ansiedade de ser a primeira vez.

- A lesão da Maria João Koehler

forçou uma alteração nos objectivos de Portugal para a jornada em Israel, que passava originalmente por tentar alcançar o play-off de promoção. Com a permanência no Grupo I garantida para 2014, como foram as últimas horas com a selecção?

Sem dúvida que a Maria fez falta na equipa, mas com isso tivemos que ser todas muito mais fortes, para pelo menos manter a nossa posição e conseguimos. Foi importante para toda a equipa e

ficámos todas muito contentes porque para o ano lá estará Portugal novamente e queremos jogar o play-off de promoção ao Grupo Mundial II!

- Daqui a cerca de um ano Portugal volta à Fed Cup, para disputar novamente o Grupo I. Uma nova chamada à equipa passa pelos teus objectivos para os próximos doze meses?

Claro. Tenho um ano pela frente com outros objectivos para concretizar, mas farei de tudo para lá estar daqui a um ano e desta vez para melhor!

- Em 2010, o Grupo I foi disputado nos courts cobertos do Complexo de Ténis do Jamor, com as jogadoras portuguesas a receberem, assim, grande apoio do público, importante nestas competições. Portugal pode sonhar com um regresso da Fed Cup num futuro próximo? O que entendes ser necessário para que tal aconteça?

Portugal pode sonhar com um regresso, claro. Ter o apoio de um público português seria uma mais valia para nós. Acho que nós, portugueses, deveríamos apoiar muito mais o ténis em Portugal (masculino ou feminino, mas pessoalmente mais o ténis feminino) e tentar arranjar patrocínios para ajudar à concretização desse sonho.

- A nível pessoal, que expectativas tens para a época de 2013 (quer para os torneios de singulares quer para os de pares)?

Os meus principais objectivos em singulares são ganhar o último ponto que preciso para ter ranking e depois continuar a subir na tabela o máximo possível e, em pares, melhorar e subir o ranking que já tenho (717ª WTA).

ENTREVISTA

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Page 42: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Fev13Fotografias: Divulgação

António van Grichen é um dos melhores treinadores da actualidade e falou esta semana em exclusivo ao Ténis Portugal. Actualmente a treinar Jarmila Gajdosova, o técnico português relevou-nos como foi partilhar o court com Victoria Azarenka, Ana Ivanovic, Vera Zvonareva, Sorana

índice e f.t.

Cirstea e até Jennifer Capriati, quando tudo começou.

Taça Davis e Fed Cup foram outros dos temas abordados por van Grichen à conversa com a nossa equipa.

- Viajou muito cedo para os Estados Unidos da América, onde começou a entrar no mundo do ténis profissional. Que razões o levaram a atravessar o pacífico?

Decidi ir para os Estados Unidos da América porque estava a precisar de um novo desafio profissional. Queria, principalmente, viver experiências profissionais aliciantes e diferentes das que já tinha vivido em Portugal e Espanha, tanto como jogador como treinador.

Podia ter optado por Espanha mas como vivi durante vários anos no país e aprendi bastante com a metodologia e filosofia do ténis espanhol optei por ter ir para a Hopman Tennis Academy, em Tampa, Florida, para poder aprender o sistema de treino americano e conjuga-lo com o que já tinha aprendido em Portugal e Espanha para ser um treinador mais completo.

- Depois de trabalhar com jogadores que disputaram e venceram o Orange Bowl e o Eddie Herr começou a trabalhar com Jennifer Capriati, assumindo funções de parceiro

1

antónio van grichende treino. Que impacto tiveram estes tempo de experiência com a ex-número um mundial e vencedora de torneios do Grand Slam no começo da sua carreira ao mais alto nível enquanto treinador?

Foi muito interessante, tentei absorver ao máximo esta primeira experiência com uma jogadora profissional, principalmente por ser a Jennifer Capriati. Foi um

passo muito importante na minha carreira como treinador porque, apesar de ser unicamente o parceiro de treino da Jennifer, aprendi como poderia ser trabalhar com uma atleta no circuito profissional.

Esta foi uma das importantes etapas/passos de todo o meu percurso como treinador necessária para o meu desenvolvimento profissional e pessoal.

- Em 2005, e quando Victoria Azarenka tinha dezasseis anos e estava fora do top200 mundial, passou a ser treinador a tempo inteiro da bielorrussa. De que maneira começou a sua relação com a Azarenka? E quais eram os objectivos há oito anos atrás?

Comecei a minha relação profissional com a ‘Vika’ numa altura em que já não estava a trabalhar para a Hopman Tennis

Academy. Esta oportunidade surgiu através dos seus patrocinadores, que já me conheciam pessoalmente e também à minha metodologia e filosofia de trabalho. Nessa altura estava a ponderar outras opções (uma delas como hitting partner para a Justine Henin),mas decidi-me por trabalhar com a Vika como treinador a full-time porque, a meu ver, era um projecto a longo prazo (foram quase 5 anos) mais aliciante, ambicioso para a minha carreira como treinador.

Apesar de os resultados e ranking serem muito importantes, nos primeiros anos de trabalho os objectivos principais estivam mais ligados à parte técnica, táctica, física e mental da Victoria e não tanto no ranking e resultados. O mais importante era o desenvolvimento da Victoria como atleta e jogadora profissional de ténis, tendo sempre em consideração a transição do escalão júnior para profissional.

Este era um dos aspectos que tínhamos de ter em mente já que muitos jogadores do escalão júnior se perdem pelo caminho. Obviamente, tínhamos objectivos realistas e ambiciosos de ranking que se foram atingindo de ano para ano.

- Sob o seu comando, Azarenka chegou a uma final no Estoril Open e também ao seu primeiro grande título, conquistado em Miami, em 2009. Ao longo de todas essas épocas juntos, quais foram os aspectos que mais trabalharam?

É verdade, chegou à final do Estoril Open e teve vários match points. Antes do Estoril Open tinha jogado várias finais mas a inexperiência e imaturidade não permitiram que conquistasse o seu primeiro título em singulares mais cedo. Felizmente, isso aconteceu no início de 2009 onde conquistou o WTA de Brisbane, o de Memphis e, como referiram, o torneio de Miami (o "5º Grand

Slam"). Ao longo de todas essas épocas foram obviamente trabalhados muitos aspectos, quer técnicos, tácticos quer físicos. Tecnicamente foram trabalhadas quase todas as suas pancadas, dando maior atenção à direita, e tacticamente precisava de ter mais noção do próprio jogo: mudanças de direcção, de velocidade, padrões de jogo, transição do jogo defensivo para o ofensivo, reconhecer oportunidades, etc.

- Hoje, a bielorrussa é número um mundial e conta com duas vitórias no Australian Open. Como seu treinador até entrar no top10 teve certamente um papel importante neste percurso, pelo que gostaríamos que nos dissesse quais são os principais desafios a enfrentar como treinador de uma atleta de alta competição que ruma ao topo do ténis mundial.

Existem muitos desafios como treinador, mas neste caso, como comecei a trabalhar com a Vika muito nova (tinha quase 16 anos), o mais importante era tentar incutir muita disciplina de trabalho, mas principalmente muita humildade mantendo os pés bem assentes na terra.O sucesso no ténis está muito perto do insucesso, de um momento para outro tudo pode acontecer e para evitar este tipo de situações é preciso muito trabalho dia sim, dia sim e muita persistência e paciência para com o atleta. Para além do treino em campo existe também muito "treino" fora do campo, pois o desafio é também educar os jogadores a serem melhores pessoas,c om valores e um carácter forte.

- Além de ter trabalhado com Azarenka, conta ainda no seu currículo com trabalhos com Ana Ivanovic, Vera Zvonareva e

Sorana Cirstea, por períodos de tempo mais pequenos. Como são feitos os primeiros contactos com as jogadoras e, em todos estes casos, quais foram os aspectos que elas mais procuraram melhor sob o seu comando?

Os primeiros contactos são feitos através dos seus agentes, que me contactam com o interesse de eu trabalhar com os seus clientes.No caso da Vera Zvonareva, foi um trabalho que me deu enorme satisfação já que ela tinha vindo de uma operação ao tornozelo. O objectivo era que estivesse o mais preparada possível para o Australian Open e o resto da temporada, trabalhando em alguns aspectos do seu jogo - como a transição do jogo defensivo para atacante, mais potência nas pancadas de direita e esquerda e ser mais decisiva ao terminar os pontos. Foi um trabalho muito metódico de toda a equipa técnica e física que veio a dar óptimos resultados na temporada de 2010.

Em relação à Sorana, estava num momento de falta de confiança no seu jogo com várias derrotas em primeiras rondas; o trabalho foi curto mas durante esse período foi possível repor alguma dessa confiança com vitórias consecutivas em singulares e o título de pares no Estoril Open. Infelizmente tive de parar devido a uma lesão na cervical.

Com a Ana Ivanovic foi um período de trabalho muito curto, onde não deu para trabalhar nada específico no seu ténis e muito menos fisicamente.

- Zvonareva venceu o torneio de Pattaya enquanto era sua pupila e, já depois, alcançou as finais de Wimbledon e do US Open e terminou o ano como número dois mundial. Tal como com Azarenka, conseguiu preparar uma jogadora para chegar longe nos Grand Slams. Esta preparação é muito diferente daquela que se faz para os restantes torneios da

temporada? Ao longo da época falava com as jogadoras sobre os majors ou só quando os mesmos se aproximavam?

Normalmente a preparação é muito parecida aos restantes torneios, com apenas algumas excepções. Por exemplo: a semana que antecede um Grand Slam costuma ser dedicada ao descanso e aos treinos, já que depois se seguem duas semanas muito intensas, com vários compromissos dentro e fora do campo.A jogadora tem que estar muito bem fisicamente (e principalmente mentalmente) para competir ao mais alto nível durante duas semanas seguidas.

A planificação do calendário competitivo é feita para que estas jogadoras atinjam o pico de rendimento nos torneios mais importantes, ou seja, os Grand Slam e mais quatro ou cinco

torneios do calendário WTA. Essa planificação é feita por mim e pela jogadora durante a pré- temporada.

- Iniciou, em dezembro de 2012, trabalhos com a australiana Jarmila Gajdosova, que procura voltar ao lote das melhores jogadoras do mundo. Quais são os objectivos definidos com a sua jogadora para os próximos tempos?

Sim, é verdade, mas este trabalho com a Jarmila é feito através da Tennis Australia Federação Australiana de Ténis) onde assumo a função de Fed Cup Squad Coach - que consiste em ajudar as jogadoras que fazem parte da equipa da Fed Cup e também em assumir funções como consultor para os atletas juniores que fazem a transição para o circuito profissional com os seus respectivos treinadores. Estou com a Jarmila desde

Dezembro. Nos últimos dois anos caiu bastante no ranking (#190 WTA) devido a problemas pessoais, lesões, etc., pelo que o principal objectivo é tentar voltar a estar dentro do top100 e, quem sabe, dentro do top80 e incutir a confiança que perdeu principalmente no último ano.

- O Estoril Open passa pelos vossos planos para esta temporada?

O Estoril Open passa pelos nossos planos mas ainda não está confirmado no nosso calendário. Vai depender dos próximos meses.

- Ao longo da sua já extensa carreira treinou também algumas semanas com o Frederico Gil. Gostaria, um dia, de apostar mais no ténis masculino e, quem sabe, acompanhar um tenista português durante uma época completa no circuito ATP?

Sim, sem dúvida. Apostar no circuito masculino e treinar um jogador português pode vir a ser uma opção no futuro. Felizmente já surgiram algumas propostas para apostar no circuito masculino mas o timing não permitiu que acontecesse.

- Portugal venceu recentemente o Benin e está a duas vitórias de voltar ao Grupo I da Taça Davis, enquanto na Fed Cup assegurou mais uma vez a manutenção no Grupo. Como avalia as últimas prestações de Portugal nas duas competições e que análise faz à progressão do ténis português?

Portugal tem tido prestações bastante positivas na Taça Davis e Fed Cup. Eu diria que os melhores resultados têm aparecido na Taça Davis, devido à equipa masculina ser bastante mais experiente e sólida do que a feminina.O ténis masculino português tem evoluído bastante em Portugal e, a meu ver, está de boa saúde,

mas é necessário dar continuidade para que apareçam mais e melhores jogadores. No ténis feminino não vejo grandes evoluções e jovens que possam surgir. Para além da Maria João Koehler, que tem feito um percurso bastante interessante, infelizmente não vejo (por agora) grande evolução no ténis feminino em Portugal.

- Graças ao seu excelente trabalho já teve a oportunidade de trabalhar com vários atletas muito distintos. Imagina-se, algum dia, a mudar de rumo e ser o capitão da seleção nacional?

Sim, sem dúvida. Voltar a Portugal está nos meus planos, só não sei quando. Quem sabe como Capitão da Seleção Nacional ou consultor para a Federação. São hipóteses, mas que só aceitaria se fosse um projecto bem planeado e profissional.

Majors’13ENTREVISTA

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Page 43: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Fev13Fotografias: Divulgação

António van Grichen é um dos melhores treinadores da actualidade e falou esta semana em exclusivo ao Ténis Portugal. Actualmente a treinar Jarmila Gajdosova, o técnico português relevou-nos como foi partilhar o court com Victoria Azarenka, Ana Ivanovic, Vera Zvonareva, Sorana

índice e f.t.

Cirstea e até Jennifer Capriati, quando tudo começou.

Taça Davis e Fed Cup foram outros dos temas abordados por van Grichen à conversa com a nossa equipa.

- Viajou muito cedo para os Estados Unidos da América, onde começou a entrar no mundo do ténis profissional. Que razões o levaram a atravessar o pacífico?

Decidi ir para os Estados Unidos da América porque estava a precisar de um novo desafio profissional. Queria, principalmente, viver experiências profissionais aliciantes e diferentes das que já tinha vivido em Portugal e Espanha, tanto como jogador como treinador.

Podia ter optado por Espanha mas como vivi durante vários anos no país e aprendi bastante com a metodologia e filosofia do ténis espanhol optei por ter ir para a Hopman Tennis Academy, em Tampa, Florida, para poder aprender o sistema de treino americano e conjuga-lo com o que já tinha aprendido em Portugal e Espanha para ser um treinador mais completo.

- Depois de trabalhar com jogadores que disputaram e venceram o Orange Bowl e o Eddie Herr começou a trabalhar com Jennifer Capriati, assumindo funções de parceiro

de treino. Que impacto tiveram estes tempo de experiência com a ex-número um mundial e vencedora de torneios do Grand Slam no começo da sua carreira ao mais alto nível enquanto treinador?

Foi muito interessante, tentei absorver ao máximo esta primeira experiência com uma jogadora profissional, principalmente por ser a Jennifer Capriati. Foi um

passo muito importante na minha carreira como treinador porque, apesar de ser unicamente o parceiro de treino da Jennifer, aprendi como poderia ser trabalhar com uma atleta no circuito profissional.

Esta foi uma das importantes etapas/passos de todo o meu percurso como treinador necessária para o meu desenvolvimento profissional e pessoal.

- Em 2005, e quando Victoria Azarenka tinha dezasseis anos e estava fora do top200 mundial, passou a ser treinador a tempo inteiro da bielorrussa. De que maneira começou a sua relação com a Azarenka? E quais eram os objectivos há oito anos atrás?

Comecei a minha relação profissional com a ‘Vika’ numa altura em que já não estava a trabalhar para a Hopman Tennis

Academy. Esta oportunidade surgiu através dos seus patrocinadores, que já me conheciam pessoalmente e também à minha metodologia e filosofia de trabalho. Nessa altura estava a ponderar outras opções (uma delas como hitting partner para a Justine Henin),mas decidi-me por trabalhar com a Vika como treinador a full-time porque, a meu ver, era um projecto a longo prazo (foram quase 5 anos) mais aliciante, ambicioso para a minha carreira como treinador.

Apesar de os resultados e ranking serem muito importantes, nos primeiros anos de trabalho os objectivos principais estivam mais ligados à parte técnica, táctica, física e mental da Victoria e não tanto no ranking e resultados. O mais importante era o desenvolvimento da Victoria como atleta e jogadora profissional de ténis, tendo sempre em consideração a transição do escalão júnior para profissional.

Este era um dos aspectos que tínhamos de ter em mente já que muitos jogadores do escalão júnior se perdem pelo caminho. Obviamente, tínhamos objectivos realistas e ambiciosos de ranking que se foram atingindo de ano para ano.

- Sob o seu comando, Azarenka chegou a uma final no Estoril Open e também ao seu primeiro grande título, conquistado em Miami, em 2009. Ao longo de todas essas épocas juntos, quais foram os aspectos que mais trabalharam?

É verdade, chegou à final do Estoril Open e teve vários match points. Antes do Estoril Open tinha jogado várias finais mas a inexperiência e imaturidade não permitiram que conquistasse o seu primeiro título em singulares mais cedo. Felizmente, isso aconteceu no início de 2009 onde conquistou o WTA de Brisbane, o de Memphis e, como referiram, o torneio de Miami (o "5º Grand

Slam"). Ao longo de todas essas épocas foram obviamente trabalhados muitos aspectos, quer técnicos, tácticos quer físicos. Tecnicamente foram trabalhadas quase todas as suas pancadas, dando maior atenção à direita, e tacticamente precisava de ter mais noção do próprio jogo: mudanças de direcção, de velocidade, padrões de jogo, transição do jogo defensivo para o ofensivo, reconhecer oportunidades, etc.

- Hoje, a bielorrussa é número um mundial e conta com duas vitórias no Australian Open. Como seu treinador até entrar no top10 teve certamente um papel importante neste percurso, pelo que gostaríamos que nos dissesse quais são os principais desafios a enfrentar como treinador de uma atleta de alta competição que ruma ao topo do ténis mundial.

Existem muitos desafios como treinador, mas neste caso, como comecei a trabalhar com a Vika muito nova (tinha quase 16 anos), o mais importante era tentar incutir muita disciplina de trabalho, mas principalmente muita humildade mantendo os pés bem assentes na terra.O sucesso no ténis está muito perto do insucesso, de um momento para outro tudo pode acontecer e para evitar este tipo de situações é preciso muito trabalho dia sim, dia sim e muita persistência e paciência para com o atleta. Para além do treino em campo existe também muito "treino" fora do campo, pois o desafio é também educar os jogadores a serem melhores pessoas,c om valores e um carácter forte.

- Além de ter trabalhado com Azarenka, conta ainda no seu currículo com trabalhos com Ana Ivanovic, Vera Zvonareva e

Sorana Cirstea, por períodos de tempo mais pequenos. Como são feitos os primeiros contactos com as jogadoras e, em todos estes casos, quais foram os aspectos que elas mais procuraram melhor sob o seu comando?

Os primeiros contactos são feitos através dos seus agentes, que me contactam com o interesse de eu trabalhar com os seus clientes.No caso da Vera Zvonareva, foi um trabalho que me deu enorme satisfação já que ela tinha vindo de uma operação ao tornozelo. O objectivo era que estivesse o mais preparada possível para o Australian Open e o resto da temporada, trabalhando em alguns aspectos do seu jogo - como a transição do jogo defensivo para atacante, mais potência nas pancadas de direita e esquerda e ser mais decisiva ao terminar os pontos. Foi um trabalho muito metódico de toda a equipa técnica e física que veio a dar óptimos resultados na temporada de 2010.

Em relação à Sorana, estava num momento de falta de confiança no seu jogo com várias derrotas em primeiras rondas; o trabalho foi curto mas durante esse período foi possível repor alguma dessa confiança com vitórias consecutivas em singulares e o título de pares no Estoril Open. Infelizmente tive de parar devido a uma lesão na cervical.

Com a Ana Ivanovic foi um período de trabalho muito curto, onde não deu para trabalhar nada específico no seu ténis e muito menos fisicamente.

- Zvonareva venceu o torneio de Pattaya enquanto era sua pupila e, já depois, alcançou as finais de Wimbledon e do US Open e terminou o ano como número dois mundial. Tal como com Azarenka, conseguiu preparar uma jogadora para chegar longe nos Grand Slams. Esta preparação é muito diferente daquela que se faz para os restantes torneios da

temporada? Ao longo da época falava com as jogadoras sobre os majors ou só quando os mesmos se aproximavam?

Normalmente a preparação é muito parecida aos restantes torneios, com apenas algumas excepções. Por exemplo: a semana que antecede um Grand Slam costuma ser dedicada ao descanso e aos treinos, já que depois se seguem duas semanas muito intensas, com vários compromissos dentro e fora do campo.A jogadora tem que estar muito bem fisicamente (e principalmente mentalmente) para competir ao mais alto nível durante duas semanas seguidas.

A planificação do calendário competitivo é feita para que estas jogadoras atinjam o pico de rendimento nos torneios mais importantes, ou seja, os Grand Slam e mais quatro ou cinco

torneios do calendário WTA. Essa planificação é feita por mim e pela jogadora durante a pré- temporada.

- Iniciou, em dezembro de 2012, trabalhos com a australiana Jarmila Gajdosova, que procura voltar ao lote das melhores jogadoras do mundo. Quais são os objectivos definidos com a sua jogadora para os próximos tempos?

Sim, é verdade, mas este trabalho com a Jarmila é feito através da Tennis Australia Federação Australiana de Ténis) onde assumo a função de Fed Cup Squad Coach - que consiste em ajudar as jogadoras que fazem parte da equipa da Fed Cup e também em assumir funções como consultor para os atletas juniores que fazem a transição para o circuito profissional com os seus respectivos treinadores. Estou com a Jarmila desde

Dezembro. Nos últimos dois anos caiu bastante no ranking (#190 WTA) devido a problemas pessoais, lesões, etc., pelo que o principal objectivo é tentar voltar a estar dentro do top100 e, quem sabe, dentro do top80 e incutir a confiança que perdeu principalmente no último ano.

- O Estoril Open passa pelos vossos planos para esta temporada?

O Estoril Open passa pelos nossos planos mas ainda não está confirmado no nosso calendário. Vai depender dos próximos meses.

- Ao longo da sua já extensa carreira treinou também algumas semanas com o Frederico Gil. Gostaria, um dia, de apostar mais no ténis masculino e, quem sabe, acompanhar um tenista português durante uma época completa no circuito ATP?

Sim, sem dúvida. Apostar no circuito masculino e treinar um jogador português pode vir a ser uma opção no futuro. Felizmente já surgiram algumas propostas para apostar no circuito masculino mas o timing não permitiu que acontecesse.

- Portugal venceu recentemente o Benin e está a duas vitórias de voltar ao Grupo I da Taça Davis, enquanto na Fed Cup assegurou mais uma vez a manutenção no Grupo. Como avalia as últimas prestações de Portugal nas duas competições e que análise faz à progressão do ténis português?

Portugal tem tido prestações bastante positivas na Taça Davis e Fed Cup. Eu diria que os melhores resultados têm aparecido na Taça Davis, devido à equipa masculina ser bastante mais experiente e sólida do que a feminina.O ténis masculino português tem evoluído bastante em Portugal e, a meu ver, está de boa saúde,

mas é necessário dar continuidade para que apareçam mais e melhores jogadores. No ténis feminino não vejo grandes evoluções e jovens que possam surgir. Para além da Maria João Koehler, que tem feito um percurso bastante interessante, infelizmente não vejo (por agora) grande evolução no ténis feminino em Portugal.

- Graças ao seu excelente trabalho já teve a oportunidade de trabalhar com vários atletas muito distintos. Imagina-se, algum dia, a mudar de rumo e ser o capitão da seleção nacional?

Sim, sem dúvida. Voltar a Portugal está nos meus planos, só não sei quando. Quem sabe como Capitão da Seleção Nacional ou consultor para a Federação. São hipóteses, mas que só aceitaria se fosse um projecto bem planeado e profissional.

ENTREVISTA

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Page 44: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Fev13Fotografias: Divulgação

António van Grichen é um dos melhores treinadores da actualidade e falou esta semana em exclusivo ao Ténis Portugal. Actualmente a treinar Jarmila Gajdosova, o técnico português relevou-nos como foi partilhar o court com Victoria Azarenka, Ana Ivanovic, Vera Zvonareva, Sorana

Cirstea e até Jennifer Capriati, quando tudo começou.

Taça Davis e Fed Cup foram outros dos temas abordados por van Grichen à conversa com a nossa equipa.

- Viajou muito cedo para os Estados Unidos da América, onde começou a entrar no mundo do ténis profissional. Que razões o levaram a atravessar o pacífico?

Decidi ir para os Estados Unidos da América porque estava a precisar de um novo desafio profissional. Queria, principalmente, viver experiências profissionais aliciantes e diferentes das que já tinha vivido em Portugal e Espanha, tanto como jogador como treinador.

Podia ter optado por Espanha mas como vivi durante vários anos no país e aprendi bastante com a metodologia e filosofia do ténis espanhol optei por ter ir para a Hopman Tennis Academy, em Tampa, Florida, para poder aprender o sistema de treino americano e conjuga-lo com o que já tinha aprendido em Portugal e Espanha para ser um treinador mais completo.

- Depois de trabalhar com jogadores que disputaram e venceram o Orange Bowl e o Eddie Herr começou a trabalhar com Jennifer Capriati, assumindo funções de parceiro

índice e f.t.

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de treino. Que impacto tiveram estes tempo de experiência com a ex-número um mundial e vencedora de torneios do Grand Slam no começo da sua carreira ao mais alto nível enquanto treinador?

Foi muito interessante, tentei absorver ao máximo esta primeira experiência com uma jogadora profissional, principalmente por ser a Jennifer Capriati. Foi um

passo muito importante na minha carreira como treinador porque, apesar de ser unicamente o parceiro de treino da Jennifer, aprendi como poderia ser trabalhar com uma atleta no circuito profissional.

Esta foi uma das importantes etapas/passos de todo o meu percurso como treinador necessária para o meu desenvolvimento profissional e pessoal.

- Em 2005, e quando Victoria Azarenka tinha dezasseis anos e estava fora do top200 mundial, passou a ser treinador a tempo inteiro da bielorrussa. De que maneira começou a sua relação com a Azarenka? E quais eram os objectivos há oito anos atrás?

Comecei a minha relação profissional com a ‘Vika’ numa altura em que já não estava a trabalhar para a Hopman Tennis

Academy. Esta oportunidade surgiu através dos seus patrocinadores, que já me conheciam pessoalmente e também à minha metodologia e filosofia de trabalho. Nessa altura estava a ponderar outras opções (uma delas como hitting partner para a Justine Henin),mas decidi-me por trabalhar com a Vika como treinador a full-time porque, a meu ver, era um projecto a longo prazo (foram quase 5 anos) mais aliciante, ambicioso para a minha carreira como treinador.

Apesar de os resultados e ranking serem muito importantes, nos primeiros anos de trabalho os objectivos principais estivam mais ligados à parte técnica, táctica, física e mental da Victoria e não tanto no ranking e resultados. O mais importante era o desenvolvimento da Victoria como atleta e jogadora profissional de ténis, tendo sempre em consideração a transição do escalão júnior para profissional.

Este era um dos aspectos que tínhamos de ter em mente já que muitos jogadores do escalão júnior se perdem pelo caminho. Obviamente, tínhamos objectivos realistas e ambiciosos de ranking que se foram atingindo de ano para ano.

- Sob o seu comando, Azarenka chegou a uma final no Estoril Open e também ao seu primeiro grande título, conquistado em Miami, em 2009. Ao longo de todas essas épocas juntos, quais foram os aspectos que mais trabalharam?

É verdade, chegou à final do Estoril Open e teve vários match points. Antes do Estoril Open tinha jogado várias finais mas a inexperiência e imaturidade não permitiram que conquistasse o seu primeiro título em singulares mais cedo. Felizmente, isso aconteceu no início de 2009 onde conquistou o WTA de Brisbane, o de Memphis e, como referiram, o torneio de Miami (o "5º Grand

Slam"). Ao longo de todas essas épocas foram obviamente trabalhados muitos aspectos, quer técnicos, tácticos quer físicos. Tecnicamente foram trabalhadas quase todas as suas pancadas, dando maior atenção à direita, e tacticamente precisava de ter mais noção do próprio jogo: mudanças de direcção, de velocidade, padrões de jogo, transição do jogo defensivo para o ofensivo, reconhecer oportunidades, etc.

- Hoje, a bielorrussa é número um mundial e conta com duas vitórias no Australian Open. Como seu treinador até entrar no top10 teve certamente um papel importante neste percurso, pelo que gostaríamos que nos dissesse quais são os principais desafios a enfrentar como treinador de uma atleta de alta competição que ruma ao topo do ténis mundial.

Existem muitos desafios como treinador, mas neste caso, como comecei a trabalhar com a Vika muito nova (tinha quase 16 anos), o mais importante era tentar incutir muita disciplina de trabalho, mas principalmente muita humildade mantendo os pés bem assentes na terra.O sucesso no ténis está muito perto do insucesso, de um momento para outro tudo pode acontecer e para evitar este tipo de situações é preciso muito trabalho dia sim, dia sim e muita persistência e paciência para com o atleta. Para além do treino em campo existe também muito "treino" fora do campo, pois o desafio é também educar os jogadores a serem melhores pessoas,c om valores e um carácter forte.

- Além de ter trabalhado com Azarenka, conta ainda no seu currículo com trabalhos com Ana Ivanovic, Vera Zvonareva e

Sorana Cirstea, por períodos de tempo mais pequenos. Como são feitos os primeiros contactos com as jogadoras e, em todos estes casos, quais foram os aspectos que elas mais procuraram melhor sob o seu comando?

Os primeiros contactos são feitos através dos seus agentes, que me contactam com o interesse de eu trabalhar com os seus clientes.No caso da Vera Zvonareva, foi um trabalho que me deu enorme satisfação já que ela tinha vindo de uma operação ao tornozelo. O objectivo era que estivesse o mais preparada possível para o Australian Open e o resto da temporada, trabalhando em alguns aspectos do seu jogo - como a transição do jogo defensivo para atacante, mais potência nas pancadas de direita e esquerda e ser mais decisiva ao terminar os pontos. Foi um trabalho muito metódico de toda a equipa técnica e física que veio a dar óptimos resultados na temporada de 2010.

Em relação à Sorana, estava num momento de falta de confiança no seu jogo com várias derrotas em primeiras rondas; o trabalho foi curto mas durante esse período foi possível repor alguma dessa confiança com vitórias consecutivas em singulares e o título de pares no Estoril Open. Infelizmente tive de parar devido a uma lesão na cervical.

Com a Ana Ivanovic foi um período de trabalho muito curto, onde não deu para trabalhar nada específico no seu ténis e muito menos fisicamente.

- Zvonareva venceu o torneio de Pattaya enquanto era sua pupila e, já depois, alcançou as finais de Wimbledon e do US Open e terminou o ano como número dois mundial. Tal como com Azarenka, conseguiu preparar uma jogadora para chegar longe nos Grand Slams. Esta preparação é muito diferente daquela que se faz para os restantes torneios da

temporada? Ao longo da época falava com as jogadoras sobre os majors ou só quando os mesmos se aproximavam?

Normalmente a preparação é muito parecida aos restantes torneios, com apenas algumas excepções. Por exemplo: a semana que antecede um Grand Slam costuma ser dedicada ao descanso e aos treinos, já que depois se seguem duas semanas muito intensas, com vários compromissos dentro e fora do campo.A jogadora tem que estar muito bem fisicamente (e principalmente mentalmente) para competir ao mais alto nível durante duas semanas seguidas.

A planificação do calendário competitivo é feita para que estas jogadoras atinjam o pico de rendimento nos torneios mais importantes, ou seja, os Grand Slam e mais quatro ou cinco

torneios do calendário WTA. Essa planificação é feita por mim e pela jogadora durante a pré- temporada.

- Iniciou, em dezembro de 2012, trabalhos com a australiana Jarmila Gajdosova, que procura voltar ao lote das melhores jogadoras do mundo. Quais são os objectivos definidos com a sua jogadora para os próximos tempos?

Sim, é verdade, mas este trabalho com a Jarmila é feito através da Tennis Australia Federação Australiana de Ténis) onde assumo a função de Fed Cup Squad Coach - que consiste em ajudar as jogadoras que fazem parte da equipa da Fed Cup e também em assumir funções como consultor para os atletas juniores que fazem a transição para o circuito profissional com os seus respectivos treinadores. Estou com a Jarmila desde

Dezembro. Nos últimos dois anos caiu bastante no ranking (#190 WTA) devido a problemas pessoais, lesões, etc., pelo que o principal objectivo é tentar voltar a estar dentro do top100 e, quem sabe, dentro do top80 e incutir a confiança que perdeu principalmente no último ano.

- O Estoril Open passa pelos vossos planos para esta temporada?

O Estoril Open passa pelos nossos planos mas ainda não está confirmado no nosso calendário. Vai depender dos próximos meses.

- Ao longo da sua já extensa carreira treinou também algumas semanas com o Frederico Gil. Gostaria, um dia, de apostar mais no ténis masculino e, quem sabe, acompanhar um tenista português durante uma época completa no circuito ATP?

Sim, sem dúvida. Apostar no circuito masculino e treinar um jogador português pode vir a ser uma opção no futuro. Felizmente já surgiram algumas propostas para apostar no circuito masculino mas o timing não permitiu que acontecesse.

- Portugal venceu recentemente o Benin e está a duas vitórias de voltar ao Grupo I da Taça Davis, enquanto na Fed Cup assegurou mais uma vez a manutenção no Grupo. Como avalia as últimas prestações de Portugal nas duas competições e que análise faz à progressão do ténis português?

Portugal tem tido prestações bastante positivas na Taça Davis e Fed Cup. Eu diria que os melhores resultados têm aparecido na Taça Davis, devido à equipa masculina ser bastante mais experiente e sólida do que a feminina.O ténis masculino português tem evoluído bastante em Portugal e, a meu ver, está de boa saúde,

mas é necessário dar continuidade para que apareçam mais e melhores jogadores. No ténis feminino não vejo grandes evoluções e jovens que possam surgir. Para além da Maria João Koehler, que tem feito um percurso bastante interessante, infelizmente não vejo (por agora) grande evolução no ténis feminino em Portugal.

- Graças ao seu excelente trabalho já teve a oportunidade de trabalhar com vários atletas muito distintos. Imagina-se, algum dia, a mudar de rumo e ser o capitão da seleção nacional?

Sim, sem dúvida. Voltar a Portugal está nos meus planos, só não sei quando. Quem sabe como Capitão da Seleção Nacional ou consultor para a Federação. São hipóteses, mas que só aceitaria se fosse um projecto bem planeado e profissional.

Majors’13ENTREVISTA

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Page 45: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Fev13Fotografias: Divulgação

António van Grichen é um dos melhores treinadores da actualidade e falou esta semana em exclusivo ao Ténis Portugal. Actualmente a treinar Jarmila Gajdosova, o técnico português relevou-nos como foi partilhar o court com Victoria Azarenka, Ana Ivanovic, Vera Zvonareva, Sorana

Cirstea e até Jennifer Capriati, quando tudo começou.

Taça Davis e Fed Cup foram outros dos temas abordados por van Grichen à conversa com a nossa equipa.

- Viajou muito cedo para os Estados Unidos da América, onde começou a entrar no mundo do ténis profissional. Que razões o levaram a atravessar o pacífico?

Decidi ir para os Estados Unidos da América porque estava a precisar de um novo desafio profissional. Queria, principalmente, viver experiências profissionais aliciantes e diferentes das que já tinha vivido em Portugal e Espanha, tanto como jogador como treinador.

Podia ter optado por Espanha mas como vivi durante vários anos no país e aprendi bastante com a metodologia e filosofia do ténis espanhol optei por ter ir para a Hopman Tennis Academy, em Tampa, Florida, para poder aprender o sistema de treino americano e conjuga-lo com o que já tinha aprendido em Portugal e Espanha para ser um treinador mais completo.

- Depois de trabalhar com jogadores que disputaram e venceram o Orange Bowl e o Eddie Herr começou a trabalhar com Jennifer Capriati, assumindo funções de parceiro

de treino. Que impacto tiveram estes tempo de experiência com a ex-número um mundial e vencedora de torneios do Grand Slam no começo da sua carreira ao mais alto nível enquanto treinador?

Foi muito interessante, tentei absorver ao máximo esta primeira experiência com uma jogadora profissional, principalmente por ser a Jennifer Capriati. Foi um

índice e f.t.

passo muito importante na minha carreira como treinador porque, apesar de ser unicamente o parceiro de treino da Jennifer, aprendi como poderia ser trabalhar com uma atleta no circuito profissional.

Esta foi uma das importantes etapas/passos de todo o meu percurso como treinador necessária para o meu desenvolvimento profissional e pessoal.

- Em 2005, e quando Victoria Azarenka tinha dezasseis anos e estava fora do top200 mundial, passou a ser treinador a tempo inteiro da bielorrussa. De que maneira começou a sua relação com a Azarenka? E quais eram os objectivos há oito anos atrás?

Comecei a minha relação profissional com a ‘Vika’ numa altura em que já não estava a trabalhar para a Hopman Tennis

Academy. Esta oportunidade surgiu através dos seus patrocinadores, que já me conheciam pessoalmente e também à minha metodologia e filosofia de trabalho. Nessa altura estava a ponderar outras opções (uma delas como hitting partner para a Justine Henin),mas decidi-me por trabalhar com a Vika como treinador a full-time porque, a meu ver, era um projecto a longo prazo (foram quase 5 anos) mais aliciante, ambicioso para a minha carreira como treinador.

Apesar de os resultados e ranking serem muito importantes, nos primeiros anos de trabalho os objectivos principais estivam mais ligados à parte técnica, táctica, física e mental da Victoria e não tanto no ranking e resultados. O mais importante era o desenvolvimento da Victoria como atleta e jogadora profissional de ténis, tendo sempre em consideração a transição do escalão júnior para profissional.

Este era um dos aspectos que tínhamos de ter em mente já que muitos jogadores do escalão júnior se perdem pelo caminho. Obviamente, tínhamos objectivos realistas e ambiciosos de ranking que se foram atingindo de ano para ano.

- Sob o seu comando, Azarenka chegou a uma final no Estoril Open e também ao seu primeiro grande título, conquistado em Miami, em 2009. Ao longo de todas essas épocas juntos, quais foram os aspectos que mais trabalharam?

É verdade, chegou à final do Estoril Open e teve vários match points. Antes do Estoril Open tinha jogado várias finais mas a inexperiência e imaturidade não permitiram que conquistasse o seu primeiro título em singulares mais cedo. Felizmente, isso aconteceu no início de 2009 onde conquistou o WTA de Brisbane, o de Memphis e, como referiram, o torneio de Miami (o "5º Grand

Slam"). Ao longo de todas essas épocas foram obviamente trabalhados muitos aspectos, quer técnicos, tácticos quer físicos. Tecnicamente foram trabalhadas quase todas as suas pancadas, dando maior atenção à direita, e tacticamente precisava de ter mais noção do próprio jogo: mudanças de direcção, de velocidade, padrões de jogo, transição do jogo defensivo para o ofensivo, reconhecer oportunidades, etc.

- Hoje, a bielorrussa é número um mundial e conta com duas vitórias no Australian Open. Como seu treinador até entrar no top10 teve certamente um papel importante neste percurso, pelo que gostaríamos que nos dissesse quais são os principais desafios a enfrentar como treinador de uma atleta de alta competição que ruma ao topo do ténis mundial.

Existem muitos desafios como treinador, mas neste caso, como comecei a trabalhar com a Vika muito nova (tinha quase 16 anos), o mais importante era tentar incutir muita disciplina de trabalho, mas principalmente muita humildade mantendo os pés bem assentes na terra.O sucesso no ténis está muito perto do insucesso, de um momento para outro tudo pode acontecer e para evitar este tipo de situações é preciso muito trabalho dia sim, dia sim e muita persistência e paciência para com o atleta. Para além do treino em campo existe também muito "treino" fora do campo, pois o desafio é também educar os jogadores a serem melhores pessoas,c om valores e um carácter forte.

- Além de ter trabalhado com Azarenka, conta ainda no seu currículo com trabalhos com Ana Ivanovic, Vera Zvonareva e

Sorana Cirstea, por períodos de tempo mais pequenos. Como são feitos os primeiros contactos com as jogadoras e, em todos estes casos, quais foram os aspectos que elas mais procuraram melhor sob o seu comando?

Os primeiros contactos são feitos através dos seus agentes, que me contactam com o interesse de eu trabalhar com os seus clientes.No caso da Vera Zvonareva, foi um trabalho que me deu enorme satisfação já que ela tinha vindo de uma operação ao tornozelo. O objectivo era que estivesse o mais preparada possível para o Australian Open e o resto da temporada, trabalhando em alguns aspectos do seu jogo - como a transição do jogo defensivo para atacante, mais potência nas pancadas de direita e esquerda e ser mais decisiva ao terminar os pontos. Foi um trabalho muito metódico de toda a equipa técnica e física que veio a dar óptimos resultados na temporada de 2010.

Em relação à Sorana, estava num momento de falta de confiança no seu jogo com várias derrotas em primeiras rondas; o trabalho foi curto mas durante esse período foi possível repor alguma dessa confiança com vitórias consecutivas em singulares e o título de pares no Estoril Open. Infelizmente tive de parar devido a uma lesão na cervical.

Com a Ana Ivanovic foi um período de trabalho muito curto, onde não deu para trabalhar nada específico no seu ténis e muito menos fisicamente.

- Zvonareva venceu o torneio de Pattaya enquanto era sua pupila e, já depois, alcançou as finais de Wimbledon e do US Open e terminou o ano como número dois mundial. Tal como com Azarenka, conseguiu preparar uma jogadora para chegar longe nos Grand Slams. Esta preparação é muito diferente daquela que se faz para os restantes torneios da

temporada? Ao longo da época falava com as jogadoras sobre os majors ou só quando os mesmos se aproximavam?

Normalmente a preparação é muito parecida aos restantes torneios, com apenas algumas excepções. Por exemplo: a semana que antecede um Grand Slam costuma ser dedicada ao descanso e aos treinos, já que depois se seguem duas semanas muito intensas, com vários compromissos dentro e fora do campo.A jogadora tem que estar muito bem fisicamente (e principalmente mentalmente) para competir ao mais alto nível durante duas semanas seguidas.

A planificação do calendário competitivo é feita para que estas jogadoras atinjam o pico de rendimento nos torneios mais importantes, ou seja, os Grand Slam e mais quatro ou cinco

torneios do calendário WTA. Essa planificação é feita por mim e pela jogadora durante a pré- temporada.

- Iniciou, em dezembro de 2012, trabalhos com a australiana Jarmila Gajdosova, que procura voltar ao lote das melhores jogadoras do mundo. Quais são os objectivos definidos com a sua jogadora para os próximos tempos?

Sim, é verdade, mas este trabalho com a Jarmila é feito através da Tennis Australia Federação Australiana de Ténis) onde assumo a função de Fed Cup Squad Coach - que consiste em ajudar as jogadoras que fazem parte da equipa da Fed Cup e também em assumir funções como consultor para os atletas juniores que fazem a transição para o circuito profissional com os seus respectivos treinadores. Estou com a Jarmila desde

Dezembro. Nos últimos dois anos caiu bastante no ranking (#190 WTA) devido a problemas pessoais, lesões, etc., pelo que o principal objectivo é tentar voltar a estar dentro do top100 e, quem sabe, dentro do top80 e incutir a confiança que perdeu principalmente no último ano.

- O Estoril Open passa pelos vossos planos para esta temporada?

O Estoril Open passa pelos nossos planos mas ainda não está confirmado no nosso calendário. Vai depender dos próximos meses.

- Ao longo da sua já extensa carreira treinou também algumas semanas com o Frederico Gil. Gostaria, um dia, de apostar mais no ténis masculino e, quem sabe, acompanhar um tenista português durante uma época completa no circuito ATP?

Sim, sem dúvida. Apostar no circuito masculino e treinar um jogador português pode vir a ser uma opção no futuro. Felizmente já surgiram algumas propostas para apostar no circuito masculino mas o timing não permitiu que acontecesse.

- Portugal venceu recentemente o Benin e está a duas vitórias de voltar ao Grupo I da Taça Davis, enquanto na Fed Cup assegurou mais uma vez a manutenção no Grupo. Como avalia as últimas prestações de Portugal nas duas competições e que análise faz à progressão do ténis português?

Portugal tem tido prestações bastante positivas na Taça Davis e Fed Cup. Eu diria que os melhores resultados têm aparecido na Taça Davis, devido à equipa masculina ser bastante mais experiente e sólida do que a feminina.O ténis masculino português tem evoluído bastante em Portugal e, a meu ver, está de boa saúde,

mas é necessário dar continuidade para que apareçam mais e melhores jogadores. No ténis feminino não vejo grandes evoluções e jovens que possam surgir. Para além da Maria João Koehler, que tem feito um percurso bastante interessante, infelizmente não vejo (por agora) grande evolução no ténis feminino em Portugal.

- Graças ao seu excelente trabalho já teve a oportunidade de trabalhar com vários atletas muito distintos. Imagina-se, algum dia, a mudar de rumo e ser o capitão da seleção nacional?

Sim, sem dúvida. Voltar a Portugal está nos meus planos, só não sei quando. Quem sabe como Capitão da Seleção Nacional ou consultor para a Federação. São hipóteses, mas que só aceitaria se fosse um projecto bem planeado e profissional.

ENTREVISTA

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Page 46: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Fev13Fotografias: Divulgação

António van Grichen é um dos melhores treinadores da actualidade e falou esta semana em exclusivo ao Ténis Portugal. Actualmente a treinar Jarmila Gajdosova, o técnico português relevou-nos como foi partilhar o court com Victoria Azarenka, Ana Ivanovic, Vera Zvonareva, Sorana

Cirstea e até Jennifer Capriati, quando tudo começou.

Taça Davis e Fed Cup foram outros dos temas abordados por van Grichen à conversa com a nossa equipa.

- Viajou muito cedo para os Estados Unidos da América, onde começou a entrar no mundo do ténis profissional. Que razões o levaram a atravessar o pacífico?

Decidi ir para os Estados Unidos da América porque estava a precisar de um novo desafio profissional. Queria, principalmente, viver experiências profissionais aliciantes e diferentes das que já tinha vivido em Portugal e Espanha, tanto como jogador como treinador.

Podia ter optado por Espanha mas como vivi durante vários anos no país e aprendi bastante com a metodologia e filosofia do ténis espanhol optei por ter ir para a Hopman Tennis Academy, em Tampa, Florida, para poder aprender o sistema de treino americano e conjuga-lo com o que já tinha aprendido em Portugal e Espanha para ser um treinador mais completo.

- Depois de trabalhar com jogadores que disputaram e venceram o Orange Bowl e o Eddie Herr começou a trabalhar com Jennifer Capriati, assumindo funções de parceiro

de treino. Que impacto tiveram estes tempo de experiência com a ex-número um mundial e vencedora de torneios do Grand Slam no começo da sua carreira ao mais alto nível enquanto treinador?

Foi muito interessante, tentei absorver ao máximo esta primeira experiência com uma jogadora profissional, principalmente por ser a Jennifer Capriati. Foi um

passo muito importante na minha carreira como treinador porque, apesar de ser unicamente o parceiro de treino da Jennifer, aprendi como poderia ser trabalhar com uma atleta no circuito profissional.

Esta foi uma das importantes etapas/passos de todo o meu percurso como treinador necessária para o meu desenvolvimento profissional e pessoal.

- Em 2005, e quando Victoria Azarenka tinha dezasseis anos e estava fora do top200 mundial, passou a ser treinador a tempo inteiro da bielorrussa. De que maneira começou a sua relação com a Azarenka? E quais eram os objectivos há oito anos atrás?

Comecei a minha relação profissional com a ‘Vika’ numa altura em que já não estava a trabalhar para a Hopman Tennis

Academy. Esta oportunidade surgiu através dos seus patrocinadores, que já me conheciam pessoalmente e também à minha metodologia e filosofia de trabalho. Nessa altura estava a ponderar outras opções (uma delas como hitting partner para a Justine Henin),mas decidi-me por trabalhar com a Vika como treinador a full-time porque, a meu ver, era um projecto a longo prazo (foram quase 5 anos) mais aliciante, ambicioso para a minha carreira como treinador.

Apesar de os resultados e ranking serem muito importantes, nos primeiros anos de trabalho os objectivos principais estivam mais ligados à parte técnica, táctica, física e mental da Victoria e não tanto no ranking e resultados. O mais importante era o desenvolvimento da Victoria como atleta e jogadora profissional de ténis, tendo sempre em consideração a transição do escalão júnior para profissional.

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Este era um dos aspectos que tínhamos de ter em mente já que muitos jogadores do escalão júnior se perdem pelo caminho. Obviamente, tínhamos objectivos realistas e ambiciosos de ranking que se foram atingindo de ano para ano.

- Sob o seu comando, Azarenka chegou a uma final no Estoril Open e também ao seu primeiro grande título, conquistado em Miami, em 2009. Ao longo de todas essas épocas juntos, quais foram os aspectos que mais trabalharam?

É verdade, chegou à final do Estoril Open e teve vários match points. Antes do Estoril Open tinha jogado várias finais mas a inexperiência e imaturidade não permitiram que conquistasse o seu primeiro título em singulares mais cedo. Felizmente, isso aconteceu no início de 2009 onde conquistou o WTA de Brisbane, o de Memphis e, como referiram, o torneio de Miami (o "5º Grand

Slam"). Ao longo de todas essas épocas foram obviamente trabalhados muitos aspectos, quer técnicos, tácticos quer físicos. Tecnicamente foram trabalhadas quase todas as suas pancadas, dando maior atenção à direita, e tacticamente precisava de ter mais noção do próprio jogo: mudanças de direcção, de velocidade, padrões de jogo, transição do jogo defensivo para o ofensivo, reconhecer oportunidades, etc.

- Hoje, a bielorrussa é número um mundial e conta com duas vitórias no Australian Open. Como seu treinador até entrar no top10 teve certamente um papel importante neste percurso, pelo que gostaríamos que nos dissesse quais são os principais desafios a enfrentar como treinador de uma atleta de alta competição que ruma ao topo do ténis mundial.

Existem muitos desafios como treinador, mas neste caso, como comecei a trabalhar com a Vika muito nova (tinha quase 16 anos), o mais importante era tentar incutir muita disciplina de trabalho, mas principalmente muita humildade mantendo os pés bem assentes na terra.O sucesso no ténis está muito perto do insucesso, de um momento para outro tudo pode acontecer e para evitar este tipo de situações é preciso muito trabalho dia sim, dia sim e muita persistência e paciência para com o atleta. Para além do treino em campo existe também muito "treino" fora do campo, pois o desafio é também educar os jogadores a serem melhores pessoas,c om valores e um carácter forte.

- Além de ter trabalhado com Azarenka, conta ainda no seu currículo com trabalhos com Ana Ivanovic, Vera Zvonareva e

Sorana Cirstea, por períodos de tempo mais pequenos. Como são feitos os primeiros contactos com as jogadoras e, em todos estes casos, quais foram os aspectos que elas mais procuraram melhor sob o seu comando?

Os primeiros contactos são feitos através dos seus agentes, que me contactam com o interesse de eu trabalhar com os seus clientes.No caso da Vera Zvonareva, foi um trabalho que me deu enorme satisfação já que ela tinha vindo de uma operação ao tornozelo. O objectivo era que estivesse o mais preparada possível para o Australian Open e o resto da temporada, trabalhando em alguns aspectos do seu jogo - como a transição do jogo defensivo para atacante, mais potência nas pancadas de direita e esquerda e ser mais decisiva ao terminar os pontos. Foi um trabalho muito metódico de toda a equipa técnica e física que veio a dar óptimos resultados na temporada de 2010.

Em relação à Sorana, estava num momento de falta de confiança no seu jogo com várias derrotas em primeiras rondas; o trabalho foi curto mas durante esse período foi possível repor alguma dessa confiança com vitórias consecutivas em singulares e o título de pares no Estoril Open. Infelizmente tive de parar devido a uma lesão na cervical.

Com a Ana Ivanovic foi um período de trabalho muito curto, onde não deu para trabalhar nada específico no seu ténis e muito menos fisicamente.

- Zvonareva venceu o torneio de Pattaya enquanto era sua pupila e, já depois, alcançou as finais de Wimbledon e do US Open e terminou o ano como número dois mundial. Tal como com Azarenka, conseguiu preparar uma jogadora para chegar longe nos Grand Slams. Esta preparação é muito diferente daquela que se faz para os restantes torneios da

temporada? Ao longo da época falava com as jogadoras sobre os majors ou só quando os mesmos se aproximavam?

Normalmente a preparação é muito parecida aos restantes torneios, com apenas algumas excepções. Por exemplo: a semana que antecede um Grand Slam costuma ser dedicada ao descanso e aos treinos, já que depois se seguem duas semanas muito intensas, com vários compromissos dentro e fora do campo.A jogadora tem que estar muito bem fisicamente (e principalmente mentalmente) para competir ao mais alto nível durante duas semanas seguidas.

A planificação do calendário competitivo é feita para que estas jogadoras atinjam o pico de rendimento nos torneios mais importantes, ou seja, os Grand Slam e mais quatro ou cinco

torneios do calendário WTA. Essa planificação é feita por mim e pela jogadora durante a pré- temporada.

- Iniciou, em dezembro de 2012, trabalhos com a australiana Jarmila Gajdosova, que procura voltar ao lote das melhores jogadoras do mundo. Quais são os objectivos definidos com a sua jogadora para os próximos tempos?

Sim, é verdade, mas este trabalho com a Jarmila é feito através da Tennis Australia Federação Australiana de Ténis) onde assumo a função de Fed Cup Squad Coach - que consiste em ajudar as jogadoras que fazem parte da equipa da Fed Cup e também em assumir funções como consultor para os atletas juniores que fazem a transição para o circuito profissional com os seus respectivos treinadores. Estou com a Jarmila desde

Dezembro. Nos últimos dois anos caiu bastante no ranking (#190 WTA) devido a problemas pessoais, lesões, etc., pelo que o principal objectivo é tentar voltar a estar dentro do top100 e, quem sabe, dentro do top80 e incutir a confiança que perdeu principalmente no último ano.

- O Estoril Open passa pelos vossos planos para esta temporada?

O Estoril Open passa pelos nossos planos mas ainda não está confirmado no nosso calendário. Vai depender dos próximos meses.

- Ao longo da sua já extensa carreira treinou também algumas semanas com o Frederico Gil. Gostaria, um dia, de apostar mais no ténis masculino e, quem sabe, acompanhar um tenista português durante uma época completa no circuito ATP?

Sim, sem dúvida. Apostar no circuito masculino e treinar um jogador português pode vir a ser uma opção no futuro. Felizmente já surgiram algumas propostas para apostar no circuito masculino mas o timing não permitiu que acontecesse.

- Portugal venceu recentemente o Benin e está a duas vitórias de voltar ao Grupo I da Taça Davis, enquanto na Fed Cup assegurou mais uma vez a manutenção no Grupo. Como avalia as últimas prestações de Portugal nas duas competições e que análise faz à progressão do ténis português?

Portugal tem tido prestações bastante positivas na Taça Davis e Fed Cup. Eu diria que os melhores resultados têm aparecido na Taça Davis, devido à equipa masculina ser bastante mais experiente e sólida do que a feminina.O ténis masculino português tem evoluído bastante em Portugal e, a meu ver, está de boa saúde,

mas é necessário dar continuidade para que apareçam mais e melhores jogadores. No ténis feminino não vejo grandes evoluções e jovens que possam surgir. Para além da Maria João Koehler, que tem feito um percurso bastante interessante, infelizmente não vejo (por agora) grande evolução no ténis feminino em Portugal.

- Graças ao seu excelente trabalho já teve a oportunidade de trabalhar com vários atletas muito distintos. Imagina-se, algum dia, a mudar de rumo e ser o capitão da seleção nacional?

Sim, sem dúvida. Voltar a Portugal está nos meus planos, só não sei quando. Quem sabe como Capitão da Seleção Nacional ou consultor para a Federação. São hipóteses, mas que só aceitaria se fosse um projecto bem planeado e profissional.

Majors’13ENTREVISTA

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Page 47: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Fev13Fotografias: Divulgação

António van Grichen é um dos melhores treinadores da actualidade e falou esta semana em exclusivo ao Ténis Portugal. Actualmente a treinar Jarmila Gajdosova, o técnico português relevou-nos como foi partilhar o court com Victoria Azarenka, Ana Ivanovic, Vera Zvonareva, Sorana

Cirstea e até Jennifer Capriati, quando tudo começou.

Taça Davis e Fed Cup foram outros dos temas abordados por van Grichen à conversa com a nossa equipa.

- Viajou muito cedo para os Estados Unidos da América, onde começou a entrar no mundo do ténis profissional. Que razões o levaram a atravessar o pacífico?

Decidi ir para os Estados Unidos da América porque estava a precisar de um novo desafio profissional. Queria, principalmente, viver experiências profissionais aliciantes e diferentes das que já tinha vivido em Portugal e Espanha, tanto como jogador como treinador.

Podia ter optado por Espanha mas como vivi durante vários anos no país e aprendi bastante com a metodologia e filosofia do ténis espanhol optei por ter ir para a Hopman Tennis Academy, em Tampa, Florida, para poder aprender o sistema de treino americano e conjuga-lo com o que já tinha aprendido em Portugal e Espanha para ser um treinador mais completo.

- Depois de trabalhar com jogadores que disputaram e venceram o Orange Bowl e o Eddie Herr começou a trabalhar com Jennifer Capriati, assumindo funções de parceiro

de treino. Que impacto tiveram estes tempo de experiência com a ex-número um mundial e vencedora de torneios do Grand Slam no começo da sua carreira ao mais alto nível enquanto treinador?

Foi muito interessante, tentei absorver ao máximo esta primeira experiência com uma jogadora profissional, principalmente por ser a Jennifer Capriati. Foi um

índice e f.t.

passo muito importante na minha carreira como treinador porque, apesar de ser unicamente o parceiro de treino da Jennifer, aprendi como poderia ser trabalhar com uma atleta no circuito profissional.

Esta foi uma das importantes etapas/passos de todo o meu percurso como treinador necessária para o meu desenvolvimento profissional e pessoal.

- Em 2005, e quando Victoria Azarenka tinha dezasseis anos e estava fora do top200 mundial, passou a ser treinador a tempo inteiro da bielorrussa. De que maneira começou a sua relação com a Azarenka? E quais eram os objectivos há oito anos atrás?

Comecei a minha relação profissional com a ‘Vika’ numa altura em que já não estava a trabalhar para a Hopman Tennis

Academy. Esta oportunidade surgiu através dos seus patrocinadores, que já me conheciam pessoalmente e também à minha metodologia e filosofia de trabalho. Nessa altura estava a ponderar outras opções (uma delas como hitting partner para a Justine Henin),mas decidi-me por trabalhar com a Vika como treinador a full-time porque, a meu ver, era um projecto a longo prazo (foram quase 5 anos) mais aliciante, ambicioso para a minha carreira como treinador.

Apesar de os resultados e ranking serem muito importantes, nos primeiros anos de trabalho os objectivos principais estivam mais ligados à parte técnica, táctica, física e mental da Victoria e não tanto no ranking e resultados. O mais importante era o desenvolvimento da Victoria como atleta e jogadora profissional de ténis, tendo sempre em consideração a transição do escalão júnior para profissional.

Este era um dos aspectos que tínhamos de ter em mente já que muitos jogadores do escalão júnior se perdem pelo caminho. Obviamente, tínhamos objectivos realistas e ambiciosos de ranking que se foram atingindo de ano para ano.

- Sob o seu comando, Azarenka chegou a uma final no Estoril Open e também ao seu primeiro grande título, conquistado em Miami, em 2009. Ao longo de todas essas épocas juntos, quais foram os aspectos que mais trabalharam?

É verdade, chegou à final do Estoril Open e teve vários match points. Antes do Estoril Open tinha jogado várias finais mas a inexperiência e imaturidade não permitiram que conquistasse o seu primeiro título em singulares mais cedo. Felizmente, isso aconteceu no início de 2009 onde conquistou o WTA de Brisbane, o de Memphis e, como referiram, o torneio de Miami (o "5º Grand

Slam"). Ao longo de todas essas épocas foram obviamente trabalhados muitos aspectos, quer técnicos, tácticos quer físicos. Tecnicamente foram trabalhadas quase todas as suas pancadas, dando maior atenção à direita, e tacticamente precisava de ter mais noção do próprio jogo: mudanças de direcção, de velocidade, padrões de jogo, transição do jogo defensivo para o ofensivo, reconhecer oportunidades, etc.

- Hoje, a bielorrussa é número um mundial e conta com duas vitórias no Australian Open. Como seu treinador até entrar no top10 teve certamente um papel importante neste percurso, pelo que gostaríamos que nos dissesse quais são os principais desafios a enfrentar como treinador de uma atleta de alta competição que ruma ao topo do ténis mundial.

Existem muitos desafios como treinador, mas neste caso, como comecei a trabalhar com a Vika muito nova (tinha quase 16 anos), o mais importante era tentar incutir muita disciplina de trabalho, mas principalmente muita humildade mantendo os pés bem assentes na terra.O sucesso no ténis está muito perto do insucesso, de um momento para outro tudo pode acontecer e para evitar este tipo de situações é preciso muito trabalho dia sim, dia sim e muita persistência e paciência para com o atleta. Para além do treino em campo existe também muito "treino" fora do campo, pois o desafio é também educar os jogadores a serem melhores pessoas,c om valores e um carácter forte.

- Além de ter trabalhado com Azarenka, conta ainda no seu currículo com trabalhos com Ana Ivanovic, Vera Zvonareva e

Sorana Cirstea, por períodos de tempo mais pequenos. Como são feitos os primeiros contactos com as jogadoras e, em todos estes casos, quais foram os aspectos que elas mais procuraram melhor sob o seu comando?

Os primeiros contactos são feitos através dos seus agentes, que me contactam com o interesse de eu trabalhar com os seus clientes.No caso da Vera Zvonareva, foi um trabalho que me deu enorme satisfação já que ela tinha vindo de uma operação ao tornozelo. O objectivo era que estivesse o mais preparada possível para o Australian Open e o resto da temporada, trabalhando em alguns aspectos do seu jogo - como a transição do jogo defensivo para atacante, mais potência nas pancadas de direita e esquerda e ser mais decisiva ao terminar os pontos. Foi um trabalho muito metódico de toda a equipa técnica e física que veio a dar óptimos resultados na temporada de 2010.

Em relação à Sorana, estava num momento de falta de confiança no seu jogo com várias derrotas em primeiras rondas; o trabalho foi curto mas durante esse período foi possível repor alguma dessa confiança com vitórias consecutivas em singulares e o título de pares no Estoril Open. Infelizmente tive de parar devido a uma lesão na cervical.

Com a Ana Ivanovic foi um período de trabalho muito curto, onde não deu para trabalhar nada específico no seu ténis e muito menos fisicamente.

- Zvonareva venceu o torneio de Pattaya enquanto era sua pupila e, já depois, alcançou as finais de Wimbledon e do US Open e terminou o ano como número dois mundial. Tal como com Azarenka, conseguiu preparar uma jogadora para chegar longe nos Grand Slams. Esta preparação é muito diferente daquela que se faz para os restantes torneios da

temporada? Ao longo da época falava com as jogadoras sobre os majors ou só quando os mesmos se aproximavam?

Normalmente a preparação é muito parecida aos restantes torneios, com apenas algumas excepções. Por exemplo: a semana que antecede um Grand Slam costuma ser dedicada ao descanso e aos treinos, já que depois se seguem duas semanas muito intensas, com vários compromissos dentro e fora do campo.A jogadora tem que estar muito bem fisicamente (e principalmente mentalmente) para competir ao mais alto nível durante duas semanas seguidas.

A planificação do calendário competitivo é feita para que estas jogadoras atinjam o pico de rendimento nos torneios mais importantes, ou seja, os Grand Slam e mais quatro ou cinco

torneios do calendário WTA. Essa planificação é feita por mim e pela jogadora durante a pré- temporada.

- Iniciou, em dezembro de 2012, trabalhos com a australiana Jarmila Gajdosova, que procura voltar ao lote das melhores jogadoras do mundo. Quais são os objectivos definidos com a sua jogadora para os próximos tempos?

Sim, é verdade, mas este trabalho com a Jarmila é feito através da Tennis Australia Federação Australiana de Ténis) onde assumo a função de Fed Cup Squad Coach - que consiste em ajudar as jogadoras que fazem parte da equipa da Fed Cup e também em assumir funções como consultor para os atletas juniores que fazem a transição para o circuito profissional com os seus respectivos treinadores. Estou com a Jarmila desde

Dezembro. Nos últimos dois anos caiu bastante no ranking (#190 WTA) devido a problemas pessoais, lesões, etc., pelo que o principal objectivo é tentar voltar a estar dentro do top100 e, quem sabe, dentro do top80 e incutir a confiança que perdeu principalmente no último ano.

- O Estoril Open passa pelos vossos planos para esta temporada?

O Estoril Open passa pelos nossos planos mas ainda não está confirmado no nosso calendário. Vai depender dos próximos meses.

- Ao longo da sua já extensa carreira treinou também algumas semanas com o Frederico Gil. Gostaria, um dia, de apostar mais no ténis masculino e, quem sabe, acompanhar um tenista português durante uma época completa no circuito ATP?

Sim, sem dúvida. Apostar no circuito masculino e treinar um jogador português pode vir a ser uma opção no futuro. Felizmente já surgiram algumas propostas para apostar no circuito masculino mas o timing não permitiu que acontecesse.

- Portugal venceu recentemente o Benin e está a duas vitórias de voltar ao Grupo I da Taça Davis, enquanto na Fed Cup assegurou mais uma vez a manutenção no Grupo. Como avalia as últimas prestações de Portugal nas duas competições e que análise faz à progressão do ténis português?

Portugal tem tido prestações bastante positivas na Taça Davis e Fed Cup. Eu diria que os melhores resultados têm aparecido na Taça Davis, devido à equipa masculina ser bastante mais experiente e sólida do que a feminina.O ténis masculino português tem evoluído bastante em Portugal e, a meu ver, está de boa saúde,

mas é necessário dar continuidade para que apareçam mais e melhores jogadores. No ténis feminino não vejo grandes evoluções e jovens que possam surgir. Para além da Maria João Koehler, que tem feito um percurso bastante interessante, infelizmente não vejo (por agora) grande evolução no ténis feminino em Portugal.

- Graças ao seu excelente trabalho já teve a oportunidade de trabalhar com vários atletas muito distintos. Imagina-se, algum dia, a mudar de rumo e ser o capitão da seleção nacional?

Sim, sem dúvida. Voltar a Portugal está nos meus planos, só não sei quando. Quem sabe como Capitão da Seleção Nacional ou consultor para a Federação. São hipóteses, mas que só aceitaria se fosse um projecto bem planeado e profissional.

ENTREVISTA

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Page 48: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Fev13Fotografias: Divulgação

António van Grichen é um dos melhores treinadores da actualidade e falou esta semana em exclusivo ao Ténis Portugal. Actualmente a treinar Jarmila Gajdosova, o técnico português relevou-nos como foi partilhar o court com Victoria Azarenka, Ana Ivanovic, Vera Zvonareva, Sorana

Cirstea e até Jennifer Capriati, quando tudo começou.

Taça Davis e Fed Cup foram outros dos temas abordados por van Grichen à conversa com a nossa equipa.

- Viajou muito cedo para os Estados Unidos da América, onde começou a entrar no mundo do ténis profissional. Que razões o levaram a atravessar o pacífico?

Decidi ir para os Estados Unidos da América porque estava a precisar de um novo desafio profissional. Queria, principalmente, viver experiências profissionais aliciantes e diferentes das que já tinha vivido em Portugal e Espanha, tanto como jogador como treinador.

Podia ter optado por Espanha mas como vivi durante vários anos no país e aprendi bastante com a metodologia e filosofia do ténis espanhol optei por ter ir para a Hopman Tennis Academy, em Tampa, Florida, para poder aprender o sistema de treino americano e conjuga-lo com o que já tinha aprendido em Portugal e Espanha para ser um treinador mais completo.

- Depois de trabalhar com jogadores que disputaram e venceram o Orange Bowl e o Eddie Herr começou a trabalhar com Jennifer Capriati, assumindo funções de parceiro

de treino. Que impacto tiveram estes tempo de experiência com a ex-número um mundial e vencedora de torneios do Grand Slam no começo da sua carreira ao mais alto nível enquanto treinador?

Foi muito interessante, tentei absorver ao máximo esta primeira experiência com uma jogadora profissional, principalmente por ser a Jennifer Capriati. Foi um

passo muito importante na minha carreira como treinador porque, apesar de ser unicamente o parceiro de treino da Jennifer, aprendi como poderia ser trabalhar com uma atleta no circuito profissional.

Esta foi uma das importantes etapas/passos de todo o meu percurso como treinador necessária para o meu desenvolvimento profissional e pessoal.

- Em 2005, e quando Victoria Azarenka tinha dezasseis anos e estava fora do top200 mundial, passou a ser treinador a tempo inteiro da bielorrussa. De que maneira começou a sua relação com a Azarenka? E quais eram os objectivos há oito anos atrás?

Comecei a minha relação profissional com a ‘Vika’ numa altura em que já não estava a trabalhar para a Hopman Tennis

Academy. Esta oportunidade surgiu através dos seus patrocinadores, que já me conheciam pessoalmente e também à minha metodologia e filosofia de trabalho. Nessa altura estava a ponderar outras opções (uma delas como hitting partner para a Justine Henin),mas decidi-me por trabalhar com a Vika como treinador a full-time porque, a meu ver, era um projecto a longo prazo (foram quase 5 anos) mais aliciante, ambicioso para a minha carreira como treinador.

Apesar de os resultados e ranking serem muito importantes, nos primeiros anos de trabalho os objectivos principais estivam mais ligados à parte técnica, táctica, física e mental da Victoria e não tanto no ranking e resultados. O mais importante era o desenvolvimento da Victoria como atleta e jogadora profissional de ténis, tendo sempre em consideração a transição do escalão júnior para profissional.

índice e f.t.

1

Este era um dos aspectos que tínhamos de ter em mente já que muitos jogadores do escalão júnior se perdem pelo caminho. Obviamente, tínhamos objectivos realistas e ambiciosos de ranking que se foram atingindo de ano para ano.

- Sob o seu comando, Azarenka chegou a uma final no Estoril Open e também ao seu primeiro grande título, conquistado em Miami, em 2009. Ao longo de todas essas épocas juntos, quais foram os aspectos que mais trabalharam?

É verdade, chegou à final do Estoril Open e teve vários match points. Antes do Estoril Open tinha jogado várias finais mas a inexperiência e imaturidade não permitiram que conquistasse o seu primeiro título em singulares mais cedo. Felizmente, isso aconteceu no início de 2009 onde conquistou o WTA de Brisbane, o de Memphis e, como referiram, o torneio de Miami (o "5º Grand

Slam"). Ao longo de todas essas épocas foram obviamente trabalhados muitos aspectos, quer técnicos, tácticos quer físicos. Tecnicamente foram trabalhadas quase todas as suas pancadas, dando maior atenção à direita, e tacticamente precisava de ter mais noção do próprio jogo: mudanças de direcção, de velocidade, padrões de jogo, transição do jogo defensivo para o ofensivo, reconhecer oportunidades, etc.

- Hoje, a bielorrussa é número um mundial e conta com duas vitórias no Australian Open. Como seu treinador até entrar no top10 teve certamente um papel importante neste percurso, pelo que gostaríamos que nos dissesse quais são os principais desafios a enfrentar como treinador de uma atleta de alta competição que ruma ao topo do ténis mundial.

Existem muitos desafios como treinador, mas neste caso, como comecei a trabalhar com a Vika muito nova (tinha quase 16 anos), o mais importante era tentar incutir muita disciplina de trabalho, mas principalmente muita humildade mantendo os pés bem assentes na terra.O sucesso no ténis está muito perto do insucesso, de um momento para outro tudo pode acontecer e para evitar este tipo de situações é preciso muito trabalho dia sim, dia sim e muita persistência e paciência para com o atleta. Para além do treino em campo existe também muito "treino" fora do campo, pois o desafio é também educar os jogadores a serem melhores pessoas,c om valores e um carácter forte.

- Além de ter trabalhado com Azarenka, conta ainda no seu currículo com trabalhos com Ana Ivanovic, Vera Zvonareva e

Sorana Cirstea, por períodos de tempo mais pequenos. Como são feitos os primeiros contactos com as jogadoras e, em todos estes casos, quais foram os aspectos que elas mais procuraram melhor sob o seu comando?

Os primeiros contactos são feitos através dos seus agentes, que me contactam com o interesse de eu trabalhar com os seus clientes.No caso da Vera Zvonareva, foi um trabalho que me deu enorme satisfação já que ela tinha vindo de uma operação ao tornozelo. O objectivo era que estivesse o mais preparada possível para o Australian Open e o resto da temporada, trabalhando em alguns aspectos do seu jogo - como a transição do jogo defensivo para atacante, mais potência nas pancadas de direita e esquerda e ser mais decisiva ao terminar os pontos. Foi um trabalho muito metódico de toda a equipa técnica e física que veio a dar óptimos resultados na temporada de 2010.

Em relação à Sorana, estava num momento de falta de confiança no seu jogo com várias derrotas em primeiras rondas; o trabalho foi curto mas durante esse período foi possível repor alguma dessa confiança com vitórias consecutivas em singulares e o título de pares no Estoril Open. Infelizmente tive de parar devido a uma lesão na cervical.

Com a Ana Ivanovic foi um período de trabalho muito curto, onde não deu para trabalhar nada específico no seu ténis e muito menos fisicamente.

- Zvonareva venceu o torneio de Pattaya enquanto era sua pupila e, já depois, alcançou as finais de Wimbledon e do US Open e terminou o ano como número dois mundial. Tal como com Azarenka, conseguiu preparar uma jogadora para chegar longe nos Grand Slams. Esta preparação é muito diferente daquela que se faz para os restantes torneios da

temporada? Ao longo da época falava com as jogadoras sobre os majors ou só quando os mesmos se aproximavam?

Normalmente a preparação é muito parecida aos restantes torneios, com apenas algumas excepções. Por exemplo: a semana que antecede um Grand Slam costuma ser dedicada ao descanso e aos treinos, já que depois se seguem duas semanas muito intensas, com vários compromissos dentro e fora do campo.A jogadora tem que estar muito bem fisicamente (e principalmente mentalmente) para competir ao mais alto nível durante duas semanas seguidas.

A planificação do calendário competitivo é feita para que estas jogadoras atinjam o pico de rendimento nos torneios mais importantes, ou seja, os Grand Slam e mais quatro ou cinco

torneios do calendário WTA. Essa planificação é feita por mim e pela jogadora durante a pré- temporada.

- Iniciou, em dezembro de 2012, trabalhos com a australiana Jarmila Gajdosova, que procura voltar ao lote das melhores jogadoras do mundo. Quais são os objectivos definidos com a sua jogadora para os próximos tempos?

Sim, é verdade, mas este trabalho com a Jarmila é feito através da Tennis Australia Federação Australiana de Ténis) onde assumo a função de Fed Cup Squad Coach - que consiste em ajudar as jogadoras que fazem parte da equipa da Fed Cup e também em assumir funções como consultor para os atletas juniores que fazem a transição para o circuito profissional com os seus respectivos treinadores. Estou com a Jarmila desde

Dezembro. Nos últimos dois anos caiu bastante no ranking (#190 WTA) devido a problemas pessoais, lesões, etc., pelo que o principal objectivo é tentar voltar a estar dentro do top100 e, quem sabe, dentro do top80 e incutir a confiança que perdeu principalmente no último ano.

- O Estoril Open passa pelos vossos planos para esta temporada?

O Estoril Open passa pelos nossos planos mas ainda não está confirmado no nosso calendário. Vai depender dos próximos meses.

- Ao longo da sua já extensa carreira treinou também algumas semanas com o Frederico Gil. Gostaria, um dia, de apostar mais no ténis masculino e, quem sabe, acompanhar um tenista português durante uma época completa no circuito ATP?

Sim, sem dúvida. Apostar no circuito masculino e treinar um jogador português pode vir a ser uma opção no futuro. Felizmente já surgiram algumas propostas para apostar no circuito masculino mas o timing não permitiu que acontecesse.

- Portugal venceu recentemente o Benin e está a duas vitórias de voltar ao Grupo I da Taça Davis, enquanto na Fed Cup assegurou mais uma vez a manutenção no Grupo. Como avalia as últimas prestações de Portugal nas duas competições e que análise faz à progressão do ténis português?

Portugal tem tido prestações bastante positivas na Taça Davis e Fed Cup. Eu diria que os melhores resultados têm aparecido na Taça Davis, devido à equipa masculina ser bastante mais experiente e sólida do que a feminina.O ténis masculino português tem evoluído bastante em Portugal e, a meu ver, está de boa saúde,

mas é necessário dar continuidade para que apareçam mais e melhores jogadores. No ténis feminino não vejo grandes evoluções e jovens que possam surgir. Para além da Maria João Koehler, que tem feito um percurso bastante interessante, infelizmente não vejo (por agora) grande evolução no ténis feminino em Portugal.

- Graças ao seu excelente trabalho já teve a oportunidade de trabalhar com vários atletas muito distintos. Imagina-se, algum dia, a mudar de rumo e ser o capitão da seleção nacional?

Sim, sem dúvida. Voltar a Portugal está nos meus planos, só não sei quando. Quem sabe como Capitão da Seleção Nacional ou consultor para a Federação. São hipóteses, mas que só aceitaria se fosse um projecto bem planeado e profissional.

Majors’13ENTREVISTA

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Page 49: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Fev13Fotografias: Divulgação

António van Grichen é um dos melhores treinadores da actualidade e falou esta semana em exclusivo ao Ténis Portugal. Actualmente a treinar Jarmila Gajdosova, o técnico português relevou-nos como foi partilhar o court com Victoria Azarenka, Ana Ivanovic, Vera Zvonareva, Sorana

Cirstea e até Jennifer Capriati, quando tudo começou.

Taça Davis e Fed Cup foram outros dos temas abordados por van Grichen à conversa com a nossa equipa.

- Viajou muito cedo para os Estados Unidos da América, onde começou a entrar no mundo do ténis profissional. Que razões o levaram a atravessar o pacífico?

Decidi ir para os Estados Unidos da América porque estava a precisar de um novo desafio profissional. Queria, principalmente, viver experiências profissionais aliciantes e diferentes das que já tinha vivido em Portugal e Espanha, tanto como jogador como treinador.

Podia ter optado por Espanha mas como vivi durante vários anos no país e aprendi bastante com a metodologia e filosofia do ténis espanhol optei por ter ir para a Hopman Tennis Academy, em Tampa, Florida, para poder aprender o sistema de treino americano e conjuga-lo com o que já tinha aprendido em Portugal e Espanha para ser um treinador mais completo.

- Depois de trabalhar com jogadores que disputaram e venceram o Orange Bowl e o Eddie Herr começou a trabalhar com Jennifer Capriati, assumindo funções de parceiro

de treino. Que impacto tiveram estes tempo de experiência com a ex-número um mundial e vencedora de torneios do Grand Slam no começo da sua carreira ao mais alto nível enquanto treinador?

Foi muito interessante, tentei absorver ao máximo esta primeira experiência com uma jogadora profissional, principalmente por ser a Jennifer Capriati. Foi um

passo muito importante na minha carreira como treinador porque, apesar de ser unicamente o parceiro de treino da Jennifer, aprendi como poderia ser trabalhar com uma atleta no circuito profissional.

Esta foi uma das importantes etapas/passos de todo o meu percurso como treinador necessária para o meu desenvolvimento profissional e pessoal.

- Em 2005, e quando Victoria Azarenka tinha dezasseis anos e estava fora do top200 mundial, passou a ser treinador a tempo inteiro da bielorrussa. De que maneira começou a sua relação com a Azarenka? E quais eram os objectivos há oito anos atrás?

Comecei a minha relação profissional com a ‘Vika’ numa altura em que já não estava a trabalhar para a Hopman Tennis

Academy. Esta oportunidade surgiu através dos seus patrocinadores, que já me conheciam pessoalmente e também à minha metodologia e filosofia de trabalho. Nessa altura estava a ponderar outras opções (uma delas como hitting partner para a Justine Henin),mas decidi-me por trabalhar com a Vika como treinador a full-time porque, a meu ver, era um projecto a longo prazo (foram quase 5 anos) mais aliciante, ambicioso para a minha carreira como treinador.

Apesar de os resultados e ranking serem muito importantes, nos primeiros anos de trabalho os objectivos principais estivam mais ligados à parte técnica, táctica, física e mental da Victoria e não tanto no ranking e resultados. O mais importante era o desenvolvimento da Victoria como atleta e jogadora profissional de ténis, tendo sempre em consideração a transição do escalão júnior para profissional.

índice e f.t.

Este era um dos aspectos que tínhamos de ter em mente já que muitos jogadores do escalão júnior se perdem pelo caminho. Obviamente, tínhamos objectivos realistas e ambiciosos de ranking que se foram atingindo de ano para ano.

- Sob o seu comando, Azarenka chegou a uma final no Estoril Open e também ao seu primeiro grande título, conquistado em Miami, em 2009. Ao longo de todas essas épocas juntos, quais foram os aspectos que mais trabalharam?

É verdade, chegou à final do Estoril Open e teve vários match points. Antes do Estoril Open tinha jogado várias finais mas a inexperiência e imaturidade não permitiram que conquistasse o seu primeiro título em singulares mais cedo. Felizmente, isso aconteceu no início de 2009 onde conquistou o WTA de Brisbane, o de Memphis e, como referiram, o torneio de Miami (o "5º Grand

Slam"). Ao longo de todas essas épocas foram obviamente trabalhados muitos aspectos, quer técnicos, tácticos quer físicos. Tecnicamente foram trabalhadas quase todas as suas pancadas, dando maior atenção à direita, e tacticamente precisava de ter mais noção do próprio jogo: mudanças de direcção, de velocidade, padrões de jogo, transição do jogo defensivo para o ofensivo, reconhecer oportunidades, etc.

- Hoje, a bielorrussa é número um mundial e conta com duas vitórias no Australian Open. Como seu treinador até entrar no top10 teve certamente um papel importante neste percurso, pelo que gostaríamos que nos dissesse quais são os principais desafios a enfrentar como treinador de uma atleta de alta competição que ruma ao topo do ténis mundial.

Existem muitos desafios como treinador, mas neste caso, como comecei a trabalhar com a Vika muito nova (tinha quase 16 anos), o mais importante era tentar incutir muita disciplina de trabalho, mas principalmente muita humildade mantendo os pés bem assentes na terra.O sucesso no ténis está muito perto do insucesso, de um momento para outro tudo pode acontecer e para evitar este tipo de situações é preciso muito trabalho dia sim, dia sim e muita persistência e paciência para com o atleta. Para além do treino em campo existe também muito "treino" fora do campo, pois o desafio é também educar os jogadores a serem melhores pessoas,c om valores e um carácter forte.

- Além de ter trabalhado com Azarenka, conta ainda no seu currículo com trabalhos com Ana Ivanovic, Vera Zvonareva e

Sorana Cirstea, por períodos de tempo mais pequenos. Como são feitos os primeiros contactos com as jogadoras e, em todos estes casos, quais foram os aspectos que elas mais procuraram melhor sob o seu comando?

Os primeiros contactos são feitos através dos seus agentes, que me contactam com o interesse de eu trabalhar com os seus clientes.No caso da Vera Zvonareva, foi um trabalho que me deu enorme satisfação já que ela tinha vindo de uma operação ao tornozelo. O objectivo era que estivesse o mais preparada possível para o Australian Open e o resto da temporada, trabalhando em alguns aspectos do seu jogo - como a transição do jogo defensivo para atacante, mais potência nas pancadas de direita e esquerda e ser mais decisiva ao terminar os pontos. Foi um trabalho muito metódico de toda a equipa técnica e física que veio a dar óptimos resultados na temporada de 2010.

Em relação à Sorana, estava num momento de falta de confiança no seu jogo com várias derrotas em primeiras rondas; o trabalho foi curto mas durante esse período foi possível repor alguma dessa confiança com vitórias consecutivas em singulares e o título de pares no Estoril Open. Infelizmente tive de parar devido a uma lesão na cervical.

Com a Ana Ivanovic foi um período de trabalho muito curto, onde não deu para trabalhar nada específico no seu ténis e muito menos fisicamente.

- Zvonareva venceu o torneio de Pattaya enquanto era sua pupila e, já depois, alcançou as finais de Wimbledon e do US Open e terminou o ano como número dois mundial. Tal como com Azarenka, conseguiu preparar uma jogadora para chegar longe nos Grand Slams. Esta preparação é muito diferente daquela que se faz para os restantes torneios da

temporada? Ao longo da época falava com as jogadoras sobre os majors ou só quando os mesmos se aproximavam?

Normalmente a preparação é muito parecida aos restantes torneios, com apenas algumas excepções. Por exemplo: a semana que antecede um Grand Slam costuma ser dedicada ao descanso e aos treinos, já que depois se seguem duas semanas muito intensas, com vários compromissos dentro e fora do campo.A jogadora tem que estar muito bem fisicamente (e principalmente mentalmente) para competir ao mais alto nível durante duas semanas seguidas.

A planificação do calendário competitivo é feita para que estas jogadoras atinjam o pico de rendimento nos torneios mais importantes, ou seja, os Grand Slam e mais quatro ou cinco

torneios do calendário WTA. Essa planificação é feita por mim e pela jogadora durante a pré- temporada.

- Iniciou, em dezembro de 2012, trabalhos com a australiana Jarmila Gajdosova, que procura voltar ao lote das melhores jogadoras do mundo. Quais são os objectivos definidos com a sua jogadora para os próximos tempos?

Sim, é verdade, mas este trabalho com a Jarmila é feito através da Tennis Australia Federação Australiana de Ténis) onde assumo a função de Fed Cup Squad Coach - que consiste em ajudar as jogadoras que fazem parte da equipa da Fed Cup e também em assumir funções como consultor para os atletas juniores que fazem a transição para o circuito profissional com os seus respectivos treinadores. Estou com a Jarmila desde

Dezembro. Nos últimos dois anos caiu bastante no ranking (#190 WTA) devido a problemas pessoais, lesões, etc., pelo que o principal objectivo é tentar voltar a estar dentro do top100 e, quem sabe, dentro do top80 e incutir a confiança que perdeu principalmente no último ano.

- O Estoril Open passa pelos vossos planos para esta temporada?

O Estoril Open passa pelos nossos planos mas ainda não está confirmado no nosso calendário. Vai depender dos próximos meses.

- Ao longo da sua já extensa carreira treinou também algumas semanas com o Frederico Gil. Gostaria, um dia, de apostar mais no ténis masculino e, quem sabe, acompanhar um tenista português durante uma época completa no circuito ATP?

Sim, sem dúvida. Apostar no circuito masculino e treinar um jogador português pode vir a ser uma opção no futuro. Felizmente já surgiram algumas propostas para apostar no circuito masculino mas o timing não permitiu que acontecesse.

- Portugal venceu recentemente o Benin e está a duas vitórias de voltar ao Grupo I da Taça Davis, enquanto na Fed Cup assegurou mais uma vez a manutenção no Grupo. Como avalia as últimas prestações de Portugal nas duas competições e que análise faz à progressão do ténis português?

Portugal tem tido prestações bastante positivas na Taça Davis e Fed Cup. Eu diria que os melhores resultados têm aparecido na Taça Davis, devido à equipa masculina ser bastante mais experiente e sólida do que a feminina.O ténis masculino português tem evoluído bastante em Portugal e, a meu ver, está de boa saúde,

mas é necessário dar continuidade para que apareçam mais e melhores jogadores. No ténis feminino não vejo grandes evoluções e jovens que possam surgir. Para além da Maria João Koehler, que tem feito um percurso bastante interessante, infelizmente não vejo (por agora) grande evolução no ténis feminino em Portugal.

- Graças ao seu excelente trabalho já teve a oportunidade de trabalhar com vários atletas muito distintos. Imagina-se, algum dia, a mudar de rumo e ser o capitão da seleção nacional?

Sim, sem dúvida. Voltar a Portugal está nos meus planos, só não sei quando. Quem sabe como Capitão da Seleção Nacional ou consultor para a Federação. São hipóteses, mas que só aceitaria se fosse um projecto bem planeado e profissional.

ENTREVISTA

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Page 50: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Ago’13Fotografias: Christopher Levy & Divulgação

Nascido em Guimarães, João Sousa é o melhor tenista português da actualidade, ocupando o 96º posto no ranking mundial ATP e tendo como melhor registo pessoal a chegada ao 86º lugar, em março da presente temporada. Antes de iniciar a

índice e f.t.

disputa de dois torneios nos Estados Unidos da América, o atleta de vinte e quatro anos deu uma entrevista ao Ténis Portugal, onde comenta as suas vitórias em torneios do Grand Slam, no Guimarães Open, a participação no US Open e muito mais!

Actualmente com vinte e quatro anos, é um jogador do top100 mundial e já venceu encontros em quadros principais de dois torneios do Grand Slam. Como

avalia a sua temporada de 2013 até ao momento?

- Tem vindo a ser uma época positiva, de transição de torneios Challenger a torneios ATP. Nem sempre é fácil dar esse salto e manter-se nesse nível pelo que tenho vindo a trabalhar forte para conseguir cumprir esse objectivo!

2013 tem sido um ano de bater recordes e conseguiu inclusive ser número um português pela primeira vez na sua carreira. Sente um 'peso extra' agora que não tem qualquer compatriota à sua frente na tabela ATP? Fale-nos um pouco de como é ser o melhor representante do país na actualidade.

- É óbvio que ser o melhor português da actualidade é motivo de orgulho e satisfação. Penso que passa por um dos objectivos de qualquer jogador profissional e estou muito feliz por ter atingido tal feito! O ténis é um desporto

1

João sousa

individual e não compito com os meus colegas portugueses para ser o número 1 nacional, a não ser para ser melhor jogador e subir cada vez mais na tabela classificatória da ATP.

A sua temporada foi 'aberta' da melhor forma com a ultrapassagem da fase de qualificação em Sydney e, depois, com uma vitória no quadro principal do Australian Open, onde só perdeu para Andy Murray. Até que ponto considera ter sido importante para a sua carreira ultrapassar uma ronda de um quadro principal de um torneio do Grand Slam e defrontar um jogador como o britânico, então campeão em título do US Open e dos Jogos Olímpicos?

- Ter ultrapassado uma ronda num Grand Slam foi mais um objectivo da época bem conseguido. O Andy é um excelente jogador, um

dos melhores do mundo, e tem vindo a demonstra-lo há vários anos, pelo que foi uma excelente experiência poder defrontá-lo e aprendi muito com esse encontro! Senti o que é realmente preciso para se ser um dos melhores jogadores do mundo e tirei conclusões muito boas do jogo.

Meses mais tarde, somou mais uma vitória em torneios Major ao apurar-se para a segunda ronda do quadro principal de Roland Garros. Derrotou o sempre perigoso Go Soeda e

ainda 'arrancou' um set a Feliciano Lopez. Quão importante foi/é a sua experiência em Espanha quando joga em terra batida e, sobretudo, frente a jogadores espanhóis?

- Mais uma vez tive uma excelente prestação num torneio do Grand Slam, desta vez frente ao Go Soeda. Sabia que ele era um jogador muito perigoso mas era consciente de que neste tipo de superfície o meu jogo se adaptava melhor e tirei proveito

disso. Estou mais habituado a jogar em terra batida e como bem dizem a minha experiência de Espanha fez com que conseguisse aplicar o que me ensinaram durante anos e levar a melhor frente ao japonês. Contra o Feliciano, as coisas já foram um pouco diferentes, porque conhecemo-nos muito bem, treinamos muitas vezes juntos e ele conseguiu anular bem as minhas armas e acabou por vencer.

A sua ausência do Portugal Open foi vista pelos portugueses como uma grande surpresa e originou muito desagrado nos seguidores da modalidade em Portugal, que têm cada vez mais vindo a seguir ténis e os atletas nacionais. De que forma avalia este crescimento do ténis no nosso país e que importância tem sentir todo este interesse por parte dos seus

compatriotas?

É óptimo ver que as pessoas começam a gostar mais de ténis e assistir e a seguir os jogadores portugueses! Penso que neste momento temos a melhor geração até ao momento do ténis nacional, com vários jogadores no top300, e acho que é motivo de orgulho para o país. O Portugal Open é um evento que ajuda a modalidade a ser conhecida não só a nível nacional mas também

internacional e isso é sempre bom para todos.

Alternando entre torneios do circuito ATP e do circuito Challenger ATP, tem conseguido manter-se perto (e dentro) do lote dos 100 primeiros ao longo do ano. De que forma pretende gerir o seu calendário até ao final da época e quais são os objectivos para os próximos meses?

Como referi anteriormente, o objectivo principal de este ano passa por tentar manter-me no top jogando torneios de categoria superior. Vou apostar mais nos torneios ATP e vou dar o meu melhor para manter-me no topo.

Obviamente, a conquista do Challenger de Guimarães, perante os seus compatriotas e 'em casa', assume-se como um dos feitos mais memoráveis da sua carreira até ao momento. Como define toda esta experiência e que importância

considera ter não só para si mas também para o evento, estreante no calendário ATP? Acredita que será possível Portugal manter um ATP 250 em Lisboa e um Challenger em Guimarães?

O Guimarães Open 2013 ficará gravado na minha memória para sempre. Foi um torneio com muitas emoções e poder responder a todas as pessoas que me vieram apoiar durante essa semana com uma vitória foi excelente! Não podia ter acabado de uma maneira melhor! Penso que a organização ficou muito satisfeita com a forma como decorreu o torneio e quanto à continuidade do mesmo não me cabe a mim decidir mas, se assim for, seria muito bom para todos e para o nosso ténis.

Qual foi o seu primeiro pensamento após derrotar Marius Copil para vencer o torneio [de Guimarães – parciais de 6-3 6-0]?

Pensei em várias coisas ao mesmo tempo, mas não tinha sido uma semana fácil para mim e acho que as primeiras sensações que tive foram de alívio e alegria.

Qual considera ter sido o ponto alto da sua temporada até ao momento? E da carreira?

Não consigo identificar o ponto mais alto, porque quando se

ganha um é sempre muito bom, mas penso que o Guimarães Open foi muito especial para mim.

Com apenas vinte e quatro anos, tem ainda muitas épocas de ténis ao mais alto nível pela frente e, certamente, bastantes aspirações. Até onde deseja chegar e como se gostaria de ver daqui a quatro anos enquanto jogador?

Os meus objectivos de cada época passam sempre por ser melhor jogador e mais experiente! O ténis é um desporto em que a experiência conta muito e penso que se continuar a trabalhar posso melhorar ainda mais e, por consequência, subir no ranking! Daqui a quatro anos espero estar em boa forma, sem lesões e a jogar o que mais gosto...ténis!

O circuito Challenger é muitas vezes visto por inúmeros jogadores (dos quais se destacam, para nós, portugueses, os atletas lusitanos) como uma

oportunidade de angariar pontos para subir lugares no ranking e poder jogar torneios de nível superior. Posto isto, como foi visto o cancelamento do Challenger de Lisboa e quais são as expectativas do João e dos tenistas profissionais portugueses em relação à organização de torneios em Portugal?

A realização de eventos em solo nacional é bastante positiva para todos. Primeiro, porque servem

para divulgar a modalidade, e depois porque nós, atletas portugueses, não temos de viajar para o estrangeiro para disputar torneios de qualidade e que sejam pontuáveis para o ranking ATP.Não nos podemos esquecer de que o país está a atravessar uma crise e de que hoje em dia não é nada fácil angariar fundos para a realização dum evento destes! Por isso, temos de dar valor às pessoas que o conseguem fazer –

porque além de nos ajudarem a nós, portugueses, ajudam muitíssimo o ténis nacional.

Depois de ter vencido o Challenger de Guimarães, disputou apenas a fase de qualificação do ATP Masters 1000 de Cincinnati. De que forma tem preparado a sua participação no US Open? Quais têm sido os 'pontos-chave' que tem vindo a trabalhar ao longo das suas sessões de treino da última semana e como tem mantido o ritmo competitivo?

Precisava de descansar já que vinha de uma série longa de torneios sem parar! A transição de terra batida para piso rápido nem sempre é fácil mas felizmente sou um jogador que se adapta bem às condições e soube gerir bem a adaptação a Guimarães! A preparação passa por jogar um pouco mais baixo de pernas e

preparar de forma mais curta os movimentos, já que a bola vem mais rápida: também é importante apoiar-me num bom serviço. O ritmo competitivo aparece com os encontros disputados e esta semana vou disputar o ATP [250] Winston-Salem, que também é bom para ganhar ritmo de jogo.

A menos de duas semanas do começo do torneio, quais são as suas expectativas para o US Open, último torneio do Grand Slam da temporada?

As expectativas de qualquer jogador são sempre altas quando falamos de uma actuação num Grand Slam. Queremos sempre

conseguir uma boa prestação num torneio deste calibre e preparamo-nos da melhor maneira possível. Acredito que a minha preparação tem vindo a ser excelente e espero pode fazer um brilharete no último torneio do Grand Slam da temporada!

Maria João Koehler e Michelle Larcher de Brito serão as outras representantes portuguesas em NY e, semana após semana, é possível observar que existe cada vez mais intimidade entre os atletas portugueses, nomeadamente entre o João e a Maria João. Até que ponto é importante sentir o apoio de outros jogadores? Costumam trocar impressões

antes e após encontros, falar sobre o desporto, ou procuram relaxar e abstrair-se de tudo por alguns momentos quando estão no estrangeiro?

Dou-me bem com todos os jogadores portugueses do circuito e a Maria João é uma miúda de quem gosto muito! Fico feliz por ela estar presente num torneio tão importante, desejo-lhe o melhor evento possível e vou apoiá-la sempre que poder nos encontros do qualifying! Fora do court gostamos mais de relaxar e conversar sobre outras coisas... Vamos jantar todos juntos e o ambiente é óptimo quando nos reunimos!

Depois do US Open, a Taça Davis, e Pedro Cordeiro chamou-o uma vez mais à equipa. Como avalia as hipóteses de Portugal neste embate frente à Moldávia?

A Moldávia é uma equipa que tem vindo a surpreender positivamente e não é por acaso que está nesta fase da competição em luta connosco para subir ao Grupo I. Estamos cientes de que não vai ser uma tarefa fácil, uma vez que jogamos fora e que eles têm jogadores bastante perigosos. Temos consciência de que, apesar disso, somos favoritos e vamo-nos preparar da melhor forma para estar a 100% e dar tudo por tudo para que no próximo ano Portugal esteja no Grupo 1.

Além do João, estarão ainda presentes Gastão Elias, Pedro Sousa e Rui Machado, que completam o 'top4' de Portugal no ranking ATP. Considera ser um Portugal à máxima força este que se vai deslocar à Moldávia? Quais são, na sua opinião, os aspectos mais

fortes da nossa equipa e de que forma pretende a selecção nacional travar a equipa da casa? Já tiveram oportunidade de falar disso com o selecionador?

O Pedro [Cordeiro] tenta sempre ter a melhor equipa ao seu dispor quando se trata de jogar uma eliminatória e penso que a decisão de nos convocar aos quatro foi, a meu ver, acertada, já que somos os melhores da actualidade! Falta saber agora se todos nós estaremos em perfeitas condições para poder disputar a eliminatória. Se assim não for, temos outros jovens talentosos que seguramente estarão ao serviço do Pedro para integrar a equipa nacional.A concentração tem sempre lugar uma semana antes da eliminatória começar e é nessa altura que analisamos os nossos adversários e trabalhamos em conjunto para poder estar a 100%.

Por fim, pedimos-lhe que deixe

um comentário a todos os jovens portugueses que ambicionam tornar-se tenistas profissionais e a todos os leitores do Ténis Portugal.

A todos os jovens atletas e aos leitores do site Ténis Portugal, gostaria de dizer-lhes para praticarem a modalidade acima de tudo com diversão! Aos amadores, é uma óptima disciplina para fazer exercício e para perderem alguns ‘quilitos’, e aos jovens atletas que ambicionam tornar-se tenistas profissionais queria dizer para, acima de tudo, gostarem do que estão a fazer, não deixarem que ninguém crie o vosso caminho e para tentarem aprender com cada situação que vos aparece, acreditando sempre em vocês. Acima de tudo, divirtam-se!

Majors’13ENTREVISTA

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Page 51: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Ago’13Fotografias: Christopher Levy & Divulgação

Nascido em Guimarães, João Sousa é o melhor tenista português da actualidade, ocupando o 96º posto no ranking mundial ATP e tendo como melhor registo pessoal a chegada ao 86º lugar, em março da presente temporada. Antes de iniciar a

índice e f.t.

disputa de dois torneios nos Estados Unidos da América, o atleta de vinte e quatro anos deu uma entrevista ao Ténis Portugal, onde comenta as suas vitórias em torneios do Grand Slam, no Guimarães Open, a participação no US Open e muito mais!

Actualmente com vinte e quatro anos, é um jogador do top100 mundial e já venceu encontros em quadros principais de dois torneios do Grand Slam. Como

avalia a sua temporada de 2013 até ao momento?

- Tem vindo a ser uma época positiva, de transição de torneios Challenger a torneios ATP. Nem sempre é fácil dar esse salto e manter-se nesse nível pelo que tenho vindo a trabalhar forte para conseguir cumprir esse objectivo!

2013 tem sido um ano de bater recordes e conseguiu inclusive ser número um português pela primeira vez na sua carreira. Sente um 'peso extra' agora que não tem qualquer compatriota à sua frente na tabela ATP? Fale-nos um pouco de como é ser o melhor representante do país na actualidade.

- É óbvio que ser o melhor português da actualidade é motivo de orgulho e satisfação. Penso que passa por um dos objectivos de qualquer jogador profissional e estou muito feliz por ter atingido tal feito! O ténis é um desporto

individual e não compito com os meus colegas portugueses para ser o número 1 nacional, a não ser para ser melhor jogador e subir cada vez mais na tabela classificatória da ATP.

A sua temporada foi 'aberta' da melhor forma com a ultrapassagem da fase de qualificação em Sydney e, depois, com uma vitória no quadro principal do Australian Open, onde só perdeu para Andy Murray. Até que ponto considera ter sido importante para a sua carreira ultrapassar uma ronda de um quadro principal de um torneio do Grand Slam e defrontar um jogador como o britânico, então campeão em título do US Open e dos Jogos Olímpicos?

- Ter ultrapassado uma ronda num Grand Slam foi mais um objectivo da época bem conseguido. O Andy é um excelente jogador, um

dos melhores do mundo, e tem vindo a demonstra-lo há vários anos, pelo que foi uma excelente experiência poder defrontá-lo e aprendi muito com esse encontro! Senti o que é realmente preciso para se ser um dos melhores jogadores do mundo e tirei conclusões muito boas do jogo.

Meses mais tarde, somou mais uma vitória em torneios Major ao apurar-se para a segunda ronda do quadro principal de Roland Garros. Derrotou o sempre perigoso Go Soeda e

ainda 'arrancou' um set a Feliciano Lopez. Quão importante foi/é a sua experiência em Espanha quando joga em terra batida e, sobretudo, frente a jogadores espanhóis?

- Mais uma vez tive uma excelente prestação num torneio do Grand Slam, desta vez frente ao Go Soeda. Sabia que ele era um jogador muito perigoso mas era consciente de que neste tipo de superfície o meu jogo se adaptava melhor e tirei proveito

disso. Estou mais habituado a jogar em terra batida e como bem dizem a minha experiência de Espanha fez com que conseguisse aplicar o que me ensinaram durante anos e levar a melhor frente ao japonês. Contra o Feliciano, as coisas já foram um pouco diferentes, porque conhecemo-nos muito bem, treinamos muitas vezes juntos e ele conseguiu anular bem as minhas armas e acabou por vencer.

A sua ausência do Portugal Open foi vista pelos portugueses como uma grande surpresa e originou muito desagrado nos seguidores da modalidade em Portugal, que têm cada vez mais vindo a seguir ténis e os atletas nacionais. De que forma avalia este crescimento do ténis no nosso país e que importância tem sentir todo este interesse por parte dos seus

compatriotas?

É óptimo ver que as pessoas começam a gostar mais de ténis e assistir e a seguir os jogadores portugueses! Penso que neste momento temos a melhor geração até ao momento do ténis nacional, com vários jogadores no top300, e acho que é motivo de orgulho para o país. O Portugal Open é um evento que ajuda a modalidade a ser conhecida não só a nível nacional mas também

internacional e isso é sempre bom para todos.

Alternando entre torneios do circuito ATP e do circuito Challenger ATP, tem conseguido manter-se perto (e dentro) do lote dos 100 primeiros ao longo do ano. De que forma pretende gerir o seu calendário até ao final da época e quais são os objectivos para os próximos meses?

Como referi anteriormente, o objectivo principal de este ano passa por tentar manter-me no top jogando torneios de categoria superior. Vou apostar mais nos torneios ATP e vou dar o meu melhor para manter-me no topo.

Obviamente, a conquista do Challenger de Guimarães, perante os seus compatriotas e 'em casa', assume-se como um dos feitos mais memoráveis da sua carreira até ao momento. Como define toda esta experiência e que importância

considera ter não só para si mas também para o evento, estreante no calendário ATP? Acredita que será possível Portugal manter um ATP 250 em Lisboa e um Challenger em Guimarães?

O Guimarães Open 2013 ficará gravado na minha memória para sempre. Foi um torneio com muitas emoções e poder responder a todas as pessoas que me vieram apoiar durante essa semana com uma vitória foi excelente! Não podia ter acabado de uma maneira melhor! Penso que a organização ficou muito satisfeita com a forma como decorreu o torneio e quanto à continuidade do mesmo não me cabe a mim decidir mas, se assim for, seria muito bom para todos e para o nosso ténis.

Qual foi o seu primeiro pensamento após derrotar Marius Copil para vencer o torneio [de Guimarães – parciais de 6-3 6-0]?

Pensei em várias coisas ao mesmo tempo, mas não tinha sido uma semana fácil para mim e acho que as primeiras sensações que tive foram de alívio e alegria.

Qual considera ter sido o ponto alto da sua temporada até ao momento? E da carreira?

Não consigo identificar o ponto mais alto, porque quando se

ganha um é sempre muito bom, mas penso que o Guimarães Open foi muito especial para mim.

Com apenas vinte e quatro anos, tem ainda muitas épocas de ténis ao mais alto nível pela frente e, certamente, bastantes aspirações. Até onde deseja chegar e como se gostaria de ver daqui a quatro anos enquanto jogador?

Os meus objectivos de cada época passam sempre por ser melhor jogador e mais experiente! O ténis é um desporto em que a experiência conta muito e penso que se continuar a trabalhar posso melhorar ainda mais e, por consequência, subir no ranking! Daqui a quatro anos espero estar em boa forma, sem lesões e a jogar o que mais gosto...ténis!

O circuito Challenger é muitas vezes visto por inúmeros jogadores (dos quais se destacam, para nós, portugueses, os atletas lusitanos) como uma

oportunidade de angariar pontos para subir lugares no ranking e poder jogar torneios de nível superior. Posto isto, como foi visto o cancelamento do Challenger de Lisboa e quais são as expectativas do João e dos tenistas profissionais portugueses em relação à organização de torneios em Portugal?

A realização de eventos em solo nacional é bastante positiva para todos. Primeiro, porque servem

para divulgar a modalidade, e depois porque nós, atletas portugueses, não temos de viajar para o estrangeiro para disputar torneios de qualidade e que sejam pontuáveis para o ranking ATP.Não nos podemos esquecer de que o país está a atravessar uma crise e de que hoje em dia não é nada fácil angariar fundos para a realização dum evento destes! Por isso, temos de dar valor às pessoas que o conseguem fazer –

porque além de nos ajudarem a nós, portugueses, ajudam muitíssimo o ténis nacional.

Depois de ter vencido o Challenger de Guimarães, disputou apenas a fase de qualificação do ATP Masters 1000 de Cincinnati. De que forma tem preparado a sua participação no US Open? Quais têm sido os 'pontos-chave' que tem vindo a trabalhar ao longo das suas sessões de treino da última semana e como tem mantido o ritmo competitivo?

Precisava de descansar já que vinha de uma série longa de torneios sem parar! A transição de terra batida para piso rápido nem sempre é fácil mas felizmente sou um jogador que se adapta bem às condições e soube gerir bem a adaptação a Guimarães! A preparação passa por jogar um pouco mais baixo de pernas e

preparar de forma mais curta os movimentos, já que a bola vem mais rápida: também é importante apoiar-me num bom serviço. O ritmo competitivo aparece com os encontros disputados e esta semana vou disputar o ATP [250] Winston-Salem, que também é bom para ganhar ritmo de jogo.

A menos de duas semanas do começo do torneio, quais são as suas expectativas para o US Open, último torneio do Grand Slam da temporada?

As expectativas de qualquer jogador são sempre altas quando falamos de uma actuação num Grand Slam. Queremos sempre

conseguir uma boa prestação num torneio deste calibre e preparamo-nos da melhor maneira possível. Acredito que a minha preparação tem vindo a ser excelente e espero pode fazer um brilharete no último torneio do Grand Slam da temporada!

Maria João Koehler e Michelle Larcher de Brito serão as outras representantes portuguesas em NY e, semana após semana, é possível observar que existe cada vez mais intimidade entre os atletas portugueses, nomeadamente entre o João e a Maria João. Até que ponto é importante sentir o apoio de outros jogadores? Costumam trocar impressões

antes e após encontros, falar sobre o desporto, ou procuram relaxar e abstrair-se de tudo por alguns momentos quando estão no estrangeiro?

Dou-me bem com todos os jogadores portugueses do circuito e a Maria João é uma miúda de quem gosto muito! Fico feliz por ela estar presente num torneio tão importante, desejo-lhe o melhor evento possível e vou apoiá-la sempre que poder nos encontros do qualifying! Fora do court gostamos mais de relaxar e conversar sobre outras coisas... Vamos jantar todos juntos e o ambiente é óptimo quando nos reunimos!

Depois do US Open, a Taça Davis, e Pedro Cordeiro chamou-o uma vez mais à equipa. Como avalia as hipóteses de Portugal neste embate frente à Moldávia?

A Moldávia é uma equipa que tem vindo a surpreender positivamente e não é por acaso que está nesta fase da competição em luta connosco para subir ao Grupo I. Estamos cientes de que não vai ser uma tarefa fácil, uma vez que jogamos fora e que eles têm jogadores bastante perigosos. Temos consciência de que, apesar disso, somos favoritos e vamo-nos preparar da melhor forma para estar a 100% e dar tudo por tudo para que no próximo ano Portugal esteja no Grupo 1.

Além do João, estarão ainda presentes Gastão Elias, Pedro Sousa e Rui Machado, que completam o 'top4' de Portugal no ranking ATP. Considera ser um Portugal à máxima força este que se vai deslocar à Moldávia? Quais são, na sua opinião, os aspectos mais

fortes da nossa equipa e de que forma pretende a selecção nacional travar a equipa da casa? Já tiveram oportunidade de falar disso com o selecionador?

O Pedro [Cordeiro] tenta sempre ter a melhor equipa ao seu dispor quando se trata de jogar uma eliminatória e penso que a decisão de nos convocar aos quatro foi, a meu ver, acertada, já que somos os melhores da actualidade! Falta saber agora se todos nós estaremos em perfeitas condições para poder disputar a eliminatória. Se assim não for, temos outros jovens talentosos que seguramente estarão ao serviço do Pedro para integrar a equipa nacional.A concentração tem sempre lugar uma semana antes da eliminatória começar e é nessa altura que analisamos os nossos adversários e trabalhamos em conjunto para poder estar a 100%.

Por fim, pedimos-lhe que deixe

um comentário a todos os jovens portugueses que ambicionam tornar-se tenistas profissionais e a todos os leitores do Ténis Portugal.

A todos os jovens atletas e aos leitores do site Ténis Portugal, gostaria de dizer-lhes para praticarem a modalidade acima de tudo com diversão! Aos amadores, é uma óptima disciplina para fazer exercício e para perderem alguns ‘quilitos’, e aos jovens atletas que ambicionam tornar-se tenistas profissionais queria dizer para, acima de tudo, gostarem do que estão a fazer, não deixarem que ninguém crie o vosso caminho e para tentarem aprender com cada situação que vos aparece, acreditando sempre em vocês. Acima de tudo, divirtam-se!

ENTREVISTA

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Page 52: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Ago’13Fotografias: Christopher Levy & Divulgação

Nascido em Guimarães, João Sousa é o melhor tenista português da actualidade, ocupando o 96º posto no ranking mundial ATP e tendo como melhor registo pessoal a chegada ao 86º lugar, em março da presente temporada. Antes de iniciar a

disputa de dois torneios nos Estados Unidos da América, o atleta de vinte e quatro anos deu uma entrevista ao Ténis Portugal, onde comenta as suas vitórias em torneios do Grand Slam, no Guimarães Open, a participação no US Open e muito mais!

Actualmente com vinte e quatro anos, é um jogador do top100 mundial e já venceu encontros em quadros principais de dois torneios do Grand Slam. Como

avalia a sua temporada de 2013 até ao momento?

- Tem vindo a ser uma época positiva, de transição de torneios Challenger a torneios ATP. Nem sempre é fácil dar esse salto e manter-se nesse nível pelo que tenho vindo a trabalhar forte para conseguir cumprir esse objectivo!

2013 tem sido um ano de bater recordes e conseguiu inclusive ser número um português pela primeira vez na sua carreira. Sente um 'peso extra' agora que não tem qualquer compatriota à sua frente na tabela ATP? Fale-nos um pouco de como é ser o melhor representante do país na actualidade.

- É óbvio que ser o melhor português da actualidade é motivo de orgulho e satisfação. Penso que passa por um dos objectivos de qualquer jogador profissional e estou muito feliz por ter atingido tal feito! O ténis é um desporto

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individual e não compito com os meus colegas portugueses para ser o número 1 nacional, a não ser para ser melhor jogador e subir cada vez mais na tabela classificatória da ATP.

A sua temporada foi 'aberta' da melhor forma com a ultrapassagem da fase de qualificação em Sydney e, depois, com uma vitória no quadro principal do Australian Open, onde só perdeu para Andy Murray. Até que ponto considera ter sido importante para a sua carreira ultrapassar uma ronda de um quadro principal de um torneio do Grand Slam e defrontar um jogador como o britânico, então campeão em título do US Open e dos Jogos Olímpicos?

- Ter ultrapassado uma ronda num Grand Slam foi mais um objectivo da época bem conseguido. O Andy é um excelente jogador, um

dos melhores do mundo, e tem vindo a demonstra-lo há vários anos, pelo que foi uma excelente experiência poder defrontá-lo e aprendi muito com esse encontro! Senti o que é realmente preciso para se ser um dos melhores jogadores do mundo e tirei conclusões muito boas do jogo.

Meses mais tarde, somou mais uma vitória em torneios Major ao apurar-se para a segunda ronda do quadro principal de Roland Garros. Derrotou o sempre perigoso Go Soeda e

ainda 'arrancou' um set a Feliciano Lopez. Quão importante foi/é a sua experiência em Espanha quando joga em terra batida e, sobretudo, frente a jogadores espanhóis?

- Mais uma vez tive uma excelente prestação num torneio do Grand Slam, desta vez frente ao Go Soeda. Sabia que ele era um jogador muito perigoso mas era consciente de que neste tipo de superfície o meu jogo se adaptava melhor e tirei proveito

disso. Estou mais habituado a jogar em terra batida e como bem dizem a minha experiência de Espanha fez com que conseguisse aplicar o que me ensinaram durante anos e levar a melhor frente ao japonês. Contra o Feliciano, as coisas já foram um pouco diferentes, porque conhecemo-nos muito bem, treinamos muitas vezes juntos e ele conseguiu anular bem as minhas armas e acabou por vencer.

A sua ausência do Portugal Open foi vista pelos portugueses como uma grande surpresa e originou muito desagrado nos seguidores da modalidade em Portugal, que têm cada vez mais vindo a seguir ténis e os atletas nacionais. De que forma avalia este crescimento do ténis no nosso país e que importância tem sentir todo este interesse por parte dos seus

compatriotas?

É óptimo ver que as pessoas começam a gostar mais de ténis e assistir e a seguir os jogadores portugueses! Penso que neste momento temos a melhor geração até ao momento do ténis nacional, com vários jogadores no top300, e acho que é motivo de orgulho para o país. O Portugal Open é um evento que ajuda a modalidade a ser conhecida não só a nível nacional mas também

internacional e isso é sempre bom para todos.

Alternando entre torneios do circuito ATP e do circuito Challenger ATP, tem conseguido manter-se perto (e dentro) do lote dos 100 primeiros ao longo do ano. De que forma pretende gerir o seu calendário até ao final da época e quais são os objectivos para os próximos meses?

Como referi anteriormente, o objectivo principal de este ano passa por tentar manter-me no top jogando torneios de categoria superior. Vou apostar mais nos torneios ATP e vou dar o meu melhor para manter-me no topo.

Obviamente, a conquista do Challenger de Guimarães, perante os seus compatriotas e 'em casa', assume-se como um dos feitos mais memoráveis da sua carreira até ao momento. Como define toda esta experiência e que importância

considera ter não só para si mas também para o evento, estreante no calendário ATP? Acredita que será possível Portugal manter um ATP 250 em Lisboa e um Challenger em Guimarães?

O Guimarães Open 2013 ficará gravado na minha memória para sempre. Foi um torneio com muitas emoções e poder responder a todas as pessoas que me vieram apoiar durante essa semana com uma vitória foi excelente! Não podia ter acabado de uma maneira melhor! Penso que a organização ficou muito satisfeita com a forma como decorreu o torneio e quanto à continuidade do mesmo não me cabe a mim decidir mas, se assim for, seria muito bom para todos e para o nosso ténis.

Qual foi o seu primeiro pensamento após derrotar Marius Copil para vencer o torneio [de Guimarães – parciais de 6-3 6-0]?

Pensei em várias coisas ao mesmo tempo, mas não tinha sido uma semana fácil para mim e acho que as primeiras sensações que tive foram de alívio e alegria.

Qual considera ter sido o ponto alto da sua temporada até ao momento? E da carreira?

Não consigo identificar o ponto mais alto, porque quando se

ganha um é sempre muito bom, mas penso que o Guimarães Open foi muito especial para mim.

Com apenas vinte e quatro anos, tem ainda muitas épocas de ténis ao mais alto nível pela frente e, certamente, bastantes aspirações. Até onde deseja chegar e como se gostaria de ver daqui a quatro anos enquanto jogador?

Os meus objectivos de cada época passam sempre por ser melhor jogador e mais experiente! O ténis é um desporto em que a experiência conta muito e penso que se continuar a trabalhar posso melhorar ainda mais e, por consequência, subir no ranking! Daqui a quatro anos espero estar em boa forma, sem lesões e a jogar o que mais gosto...ténis!

O circuito Challenger é muitas vezes visto por inúmeros jogadores (dos quais se destacam, para nós, portugueses, os atletas lusitanos) como uma

oportunidade de angariar pontos para subir lugares no ranking e poder jogar torneios de nível superior. Posto isto, como foi visto o cancelamento do Challenger de Lisboa e quais são as expectativas do João e dos tenistas profissionais portugueses em relação à organização de torneios em Portugal?

A realização de eventos em solo nacional é bastante positiva para todos. Primeiro, porque servem

para divulgar a modalidade, e depois porque nós, atletas portugueses, não temos de viajar para o estrangeiro para disputar torneios de qualidade e que sejam pontuáveis para o ranking ATP.Não nos podemos esquecer de que o país está a atravessar uma crise e de que hoje em dia não é nada fácil angariar fundos para a realização dum evento destes! Por isso, temos de dar valor às pessoas que o conseguem fazer –

porque além de nos ajudarem a nós, portugueses, ajudam muitíssimo o ténis nacional.

Depois de ter vencido o Challenger de Guimarães, disputou apenas a fase de qualificação do ATP Masters 1000 de Cincinnati. De que forma tem preparado a sua participação no US Open? Quais têm sido os 'pontos-chave' que tem vindo a trabalhar ao longo das suas sessões de treino da última semana e como tem mantido o ritmo competitivo?

Precisava de descansar já que vinha de uma série longa de torneios sem parar! A transição de terra batida para piso rápido nem sempre é fácil mas felizmente sou um jogador que se adapta bem às condições e soube gerir bem a adaptação a Guimarães! A preparação passa por jogar um pouco mais baixo de pernas e

preparar de forma mais curta os movimentos, já que a bola vem mais rápida: também é importante apoiar-me num bom serviço. O ritmo competitivo aparece com os encontros disputados e esta semana vou disputar o ATP [250] Winston-Salem, que também é bom para ganhar ritmo de jogo.

A menos de duas semanas do começo do torneio, quais são as suas expectativas para o US Open, último torneio do Grand Slam da temporada?

As expectativas de qualquer jogador são sempre altas quando falamos de uma actuação num Grand Slam. Queremos sempre

conseguir uma boa prestação num torneio deste calibre e preparamo-nos da melhor maneira possível. Acredito que a minha preparação tem vindo a ser excelente e espero pode fazer um brilharete no último torneio do Grand Slam da temporada!

Maria João Koehler e Michelle Larcher de Brito serão as outras representantes portuguesas em NY e, semana após semana, é possível observar que existe cada vez mais intimidade entre os atletas portugueses, nomeadamente entre o João e a Maria João. Até que ponto é importante sentir o apoio de outros jogadores? Costumam trocar impressões

antes e após encontros, falar sobre o desporto, ou procuram relaxar e abstrair-se de tudo por alguns momentos quando estão no estrangeiro?

Dou-me bem com todos os jogadores portugueses do circuito e a Maria João é uma miúda de quem gosto muito! Fico feliz por ela estar presente num torneio tão importante, desejo-lhe o melhor evento possível e vou apoiá-la sempre que poder nos encontros do qualifying! Fora do court gostamos mais de relaxar e conversar sobre outras coisas... Vamos jantar todos juntos e o ambiente é óptimo quando nos reunimos!

Depois do US Open, a Taça Davis, e Pedro Cordeiro chamou-o uma vez mais à equipa. Como avalia as hipóteses de Portugal neste embate frente à Moldávia?

A Moldávia é uma equipa que tem vindo a surpreender positivamente e não é por acaso que está nesta fase da competição em luta connosco para subir ao Grupo I. Estamos cientes de que não vai ser uma tarefa fácil, uma vez que jogamos fora e que eles têm jogadores bastante perigosos. Temos consciência de que, apesar disso, somos favoritos e vamo-nos preparar da melhor forma para estar a 100% e dar tudo por tudo para que no próximo ano Portugal esteja no Grupo 1.

Além do João, estarão ainda presentes Gastão Elias, Pedro Sousa e Rui Machado, que completam o 'top4' de Portugal no ranking ATP. Considera ser um Portugal à máxima força este que se vai deslocar à Moldávia? Quais são, na sua opinião, os aspectos mais

fortes da nossa equipa e de que forma pretende a selecção nacional travar a equipa da casa? Já tiveram oportunidade de falar disso com o selecionador?

O Pedro [Cordeiro] tenta sempre ter a melhor equipa ao seu dispor quando se trata de jogar uma eliminatória e penso que a decisão de nos convocar aos quatro foi, a meu ver, acertada, já que somos os melhores da actualidade! Falta saber agora se todos nós estaremos em perfeitas condições para poder disputar a eliminatória. Se assim não for, temos outros jovens talentosos que seguramente estarão ao serviço do Pedro para integrar a equipa nacional.A concentração tem sempre lugar uma semana antes da eliminatória começar e é nessa altura que analisamos os nossos adversários e trabalhamos em conjunto para poder estar a 100%.

Por fim, pedimos-lhe que deixe

um comentário a todos os jovens portugueses que ambicionam tornar-se tenistas profissionais e a todos os leitores do Ténis Portugal.

A todos os jovens atletas e aos leitores do site Ténis Portugal, gostaria de dizer-lhes para praticarem a modalidade acima de tudo com diversão! Aos amadores, é uma óptima disciplina para fazer exercício e para perderem alguns ‘quilitos’, e aos jovens atletas que ambicionam tornar-se tenistas profissionais queria dizer para, acima de tudo, gostarem do que estão a fazer, não deixarem que ninguém crie o vosso caminho e para tentarem aprender com cada situação que vos aparece, acreditando sempre em vocês. Acima de tudo, divirtam-se!

Majors’13ENTREVISTA

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Page 53: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Ago’13Fotografias: Christopher Levy & Divulgação

Nascido em Guimarães, João Sousa é o melhor tenista português da actualidade, ocupando o 96º posto no ranking mundial ATP e tendo como melhor registo pessoal a chegada ao 86º lugar, em março da presente temporada. Antes de iniciar a

disputa de dois torneios nos Estados Unidos da América, o atleta de vinte e quatro anos deu uma entrevista ao Ténis Portugal, onde comenta as suas vitórias em torneios do Grand Slam, no Guimarães Open, a participação no US Open e muito mais!

Actualmente com vinte e quatro anos, é um jogador do top100 mundial e já venceu encontros em quadros principais de dois torneios do Grand Slam. Como

avalia a sua temporada de 2013 até ao momento?

- Tem vindo a ser uma época positiva, de transição de torneios Challenger a torneios ATP. Nem sempre é fácil dar esse salto e manter-se nesse nível pelo que tenho vindo a trabalhar forte para conseguir cumprir esse objectivo!

2013 tem sido um ano de bater recordes e conseguiu inclusive ser número um português pela primeira vez na sua carreira. Sente um 'peso extra' agora que não tem qualquer compatriota à sua frente na tabela ATP? Fale-nos um pouco de como é ser o melhor representante do país na actualidade.

- É óbvio que ser o melhor português da actualidade é motivo de orgulho e satisfação. Penso que passa por um dos objectivos de qualquer jogador profissional e estou muito feliz por ter atingido tal feito! O ténis é um desporto

índice e f.t.

individual e não compito com os meus colegas portugueses para ser o número 1 nacional, a não ser para ser melhor jogador e subir cada vez mais na tabela classificatória da ATP.

A sua temporada foi 'aberta' da melhor forma com a ultrapassagem da fase de qualificação em Sydney e, depois, com uma vitória no quadro principal do Australian Open, onde só perdeu para Andy Murray. Até que ponto considera ter sido importante para a sua carreira ultrapassar uma ronda de um quadro principal de um torneio do Grand Slam e defrontar um jogador como o britânico, então campeão em título do US Open e dos Jogos Olímpicos?

- Ter ultrapassado uma ronda num Grand Slam foi mais um objectivo da época bem conseguido. O Andy é um excelente jogador, um

dos melhores do mundo, e tem vindo a demonstra-lo há vários anos, pelo que foi uma excelente experiência poder defrontá-lo e aprendi muito com esse encontro! Senti o que é realmente preciso para se ser um dos melhores jogadores do mundo e tirei conclusões muito boas do jogo.

Meses mais tarde, somou mais uma vitória em torneios Major ao apurar-se para a segunda ronda do quadro principal de Roland Garros. Derrotou o sempre perigoso Go Soeda e

ainda 'arrancou' um set a Feliciano Lopez. Quão importante foi/é a sua experiência em Espanha quando joga em terra batida e, sobretudo, frente a jogadores espanhóis?

- Mais uma vez tive uma excelente prestação num torneio do Grand Slam, desta vez frente ao Go Soeda. Sabia que ele era um jogador muito perigoso mas era consciente de que neste tipo de superfície o meu jogo se adaptava melhor e tirei proveito

disso. Estou mais habituado a jogar em terra batida e como bem dizem a minha experiência de Espanha fez com que conseguisse aplicar o que me ensinaram durante anos e levar a melhor frente ao japonês. Contra o Feliciano, as coisas já foram um pouco diferentes, porque conhecemo-nos muito bem, treinamos muitas vezes juntos e ele conseguiu anular bem as minhas armas e acabou por vencer.

A sua ausência do Portugal Open foi vista pelos portugueses como uma grande surpresa e originou muito desagrado nos seguidores da modalidade em Portugal, que têm cada vez mais vindo a seguir ténis e os atletas nacionais. De que forma avalia este crescimento do ténis no nosso país e que importância tem sentir todo este interesse por parte dos seus

compatriotas?

É óptimo ver que as pessoas começam a gostar mais de ténis e assistir e a seguir os jogadores portugueses! Penso que neste momento temos a melhor geração até ao momento do ténis nacional, com vários jogadores no top300, e acho que é motivo de orgulho para o país. O Portugal Open é um evento que ajuda a modalidade a ser conhecida não só a nível nacional mas também

internacional e isso é sempre bom para todos.

Alternando entre torneios do circuito ATP e do circuito Challenger ATP, tem conseguido manter-se perto (e dentro) do lote dos 100 primeiros ao longo do ano. De que forma pretende gerir o seu calendário até ao final da época e quais são os objectivos para os próximos meses?

Como referi anteriormente, o objectivo principal de este ano passa por tentar manter-me no top jogando torneios de categoria superior. Vou apostar mais nos torneios ATP e vou dar o meu melhor para manter-me no topo.

Obviamente, a conquista do Challenger de Guimarães, perante os seus compatriotas e 'em casa', assume-se como um dos feitos mais memoráveis da sua carreira até ao momento. Como define toda esta experiência e que importância

considera ter não só para si mas também para o evento, estreante no calendário ATP? Acredita que será possível Portugal manter um ATP 250 em Lisboa e um Challenger em Guimarães?

O Guimarães Open 2013 ficará gravado na minha memória para sempre. Foi um torneio com muitas emoções e poder responder a todas as pessoas que me vieram apoiar durante essa semana com uma vitória foi excelente! Não podia ter acabado de uma maneira melhor! Penso que a organização ficou muito satisfeita com a forma como decorreu o torneio e quanto à continuidade do mesmo não me cabe a mim decidir mas, se assim for, seria muito bom para todos e para o nosso ténis.

Qual foi o seu primeiro pensamento após derrotar Marius Copil para vencer o torneio [de Guimarães – parciais de 6-3 6-0]?

Pensei em várias coisas ao mesmo tempo, mas não tinha sido uma semana fácil para mim e acho que as primeiras sensações que tive foram de alívio e alegria.

Qual considera ter sido o ponto alto da sua temporada até ao momento? E da carreira?

Não consigo identificar o ponto mais alto, porque quando se

ganha um é sempre muito bom, mas penso que o Guimarães Open foi muito especial para mim.

Com apenas vinte e quatro anos, tem ainda muitas épocas de ténis ao mais alto nível pela frente e, certamente, bastantes aspirações. Até onde deseja chegar e como se gostaria de ver daqui a quatro anos enquanto jogador?

Os meus objectivos de cada época passam sempre por ser melhor jogador e mais experiente! O ténis é um desporto em que a experiência conta muito e penso que se continuar a trabalhar posso melhorar ainda mais e, por consequência, subir no ranking! Daqui a quatro anos espero estar em boa forma, sem lesões e a jogar o que mais gosto...ténis!

O circuito Challenger é muitas vezes visto por inúmeros jogadores (dos quais se destacam, para nós, portugueses, os atletas lusitanos) como uma

oportunidade de angariar pontos para subir lugares no ranking e poder jogar torneios de nível superior. Posto isto, como foi visto o cancelamento do Challenger de Lisboa e quais são as expectativas do João e dos tenistas profissionais portugueses em relação à organização de torneios em Portugal?

A realização de eventos em solo nacional é bastante positiva para todos. Primeiro, porque servem

para divulgar a modalidade, e depois porque nós, atletas portugueses, não temos de viajar para o estrangeiro para disputar torneios de qualidade e que sejam pontuáveis para o ranking ATP.Não nos podemos esquecer de que o país está a atravessar uma crise e de que hoje em dia não é nada fácil angariar fundos para a realização dum evento destes! Por isso, temos de dar valor às pessoas que o conseguem fazer –

porque além de nos ajudarem a nós, portugueses, ajudam muitíssimo o ténis nacional.

Depois de ter vencido o Challenger de Guimarães, disputou apenas a fase de qualificação do ATP Masters 1000 de Cincinnati. De que forma tem preparado a sua participação no US Open? Quais têm sido os 'pontos-chave' que tem vindo a trabalhar ao longo das suas sessões de treino da última semana e como tem mantido o ritmo competitivo?

Precisava de descansar já que vinha de uma série longa de torneios sem parar! A transição de terra batida para piso rápido nem sempre é fácil mas felizmente sou um jogador que se adapta bem às condições e soube gerir bem a adaptação a Guimarães! A preparação passa por jogar um pouco mais baixo de pernas e

preparar de forma mais curta os movimentos, já que a bola vem mais rápida: também é importante apoiar-me num bom serviço. O ritmo competitivo aparece com os encontros disputados e esta semana vou disputar o ATP [250] Winston-Salem, que também é bom para ganhar ritmo de jogo.

A menos de duas semanas do começo do torneio, quais são as suas expectativas para o US Open, último torneio do Grand Slam da temporada?

As expectativas de qualquer jogador são sempre altas quando falamos de uma actuação num Grand Slam. Queremos sempre

conseguir uma boa prestação num torneio deste calibre e preparamo-nos da melhor maneira possível. Acredito que a minha preparação tem vindo a ser excelente e espero pode fazer um brilharete no último torneio do Grand Slam da temporada!

Maria João Koehler e Michelle Larcher de Brito serão as outras representantes portuguesas em NY e, semana após semana, é possível observar que existe cada vez mais intimidade entre os atletas portugueses, nomeadamente entre o João e a Maria João. Até que ponto é importante sentir o apoio de outros jogadores? Costumam trocar impressões

antes e após encontros, falar sobre o desporto, ou procuram relaxar e abstrair-se de tudo por alguns momentos quando estão no estrangeiro?

Dou-me bem com todos os jogadores portugueses do circuito e a Maria João é uma miúda de quem gosto muito! Fico feliz por ela estar presente num torneio tão importante, desejo-lhe o melhor evento possível e vou apoiá-la sempre que poder nos encontros do qualifying! Fora do court gostamos mais de relaxar e conversar sobre outras coisas... Vamos jantar todos juntos e o ambiente é óptimo quando nos reunimos!

Depois do US Open, a Taça Davis, e Pedro Cordeiro chamou-o uma vez mais à equipa. Como avalia as hipóteses de Portugal neste embate frente à Moldávia?

A Moldávia é uma equipa que tem vindo a surpreender positivamente e não é por acaso que está nesta fase da competição em luta connosco para subir ao Grupo I. Estamos cientes de que não vai ser uma tarefa fácil, uma vez que jogamos fora e que eles têm jogadores bastante perigosos. Temos consciência de que, apesar disso, somos favoritos e vamo-nos preparar da melhor forma para estar a 100% e dar tudo por tudo para que no próximo ano Portugal esteja no Grupo 1.

Além do João, estarão ainda presentes Gastão Elias, Pedro Sousa e Rui Machado, que completam o 'top4' de Portugal no ranking ATP. Considera ser um Portugal à máxima força este que se vai deslocar à Moldávia? Quais são, na sua opinião, os aspectos mais

fortes da nossa equipa e de que forma pretende a selecção nacional travar a equipa da casa? Já tiveram oportunidade de falar disso com o selecionador?

O Pedro [Cordeiro] tenta sempre ter a melhor equipa ao seu dispor quando se trata de jogar uma eliminatória e penso que a decisão de nos convocar aos quatro foi, a meu ver, acertada, já que somos os melhores da actualidade! Falta saber agora se todos nós estaremos em perfeitas condições para poder disputar a eliminatória. Se assim não for, temos outros jovens talentosos que seguramente estarão ao serviço do Pedro para integrar a equipa nacional.A concentração tem sempre lugar uma semana antes da eliminatória começar e é nessa altura que analisamos os nossos adversários e trabalhamos em conjunto para poder estar a 100%.

Por fim, pedimos-lhe que deixe

um comentário a todos os jovens portugueses que ambicionam tornar-se tenistas profissionais e a todos os leitores do Ténis Portugal.

A todos os jovens atletas e aos leitores do site Ténis Portugal, gostaria de dizer-lhes para praticarem a modalidade acima de tudo com diversão! Aos amadores, é uma óptima disciplina para fazer exercício e para perderem alguns ‘quilitos’, e aos jovens atletas que ambicionam tornar-se tenistas profissionais queria dizer para, acima de tudo, gostarem do que estão a fazer, não deixarem que ninguém crie o vosso caminho e para tentarem aprender com cada situação que vos aparece, acreditando sempre em vocês. Acima de tudo, divirtam-se!

ENTREVISTA

5252

Page 54: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Ago’13Fotografias: Christopher Levy & Divulgação

Nascido em Guimarães, João Sousa é o melhor tenista português da actualidade, ocupando o 96º posto no ranking mundial ATP e tendo como melhor registo pessoal a chegada ao 86º lugar, em março da presente temporada. Antes de iniciar a

disputa de dois torneios nos Estados Unidos da América, o atleta de vinte e quatro anos deu uma entrevista ao Ténis Portugal, onde comenta as suas vitórias em torneios do Grand Slam, no Guimarães Open, a participação no US Open e muito mais!

Actualmente com vinte e quatro anos, é um jogador do top100 mundial e já venceu encontros em quadros principais de dois torneios do Grand Slam. Como

avalia a sua temporada de 2013 até ao momento?

- Tem vindo a ser uma época positiva, de transição de torneios Challenger a torneios ATP. Nem sempre é fácil dar esse salto e manter-se nesse nível pelo que tenho vindo a trabalhar forte para conseguir cumprir esse objectivo!

2013 tem sido um ano de bater recordes e conseguiu inclusive ser número um português pela primeira vez na sua carreira. Sente um 'peso extra' agora que não tem qualquer compatriota à sua frente na tabela ATP? Fale-nos um pouco de como é ser o melhor representante do país na actualidade.

- É óbvio que ser o melhor português da actualidade é motivo de orgulho e satisfação. Penso que passa por um dos objectivos de qualquer jogador profissional e estou muito feliz por ter atingido tal feito! O ténis é um desporto

individual e não compito com os meus colegas portugueses para ser o número 1 nacional, a não ser para ser melhor jogador e subir cada vez mais na tabela classificatória da ATP.

A sua temporada foi 'aberta' da melhor forma com a ultrapassagem da fase de qualificação em Sydney e, depois, com uma vitória no quadro principal do Australian Open, onde só perdeu para Andy Murray. Até que ponto considera ter sido importante para a sua carreira ultrapassar uma ronda de um quadro principal de um torneio do Grand Slam e defrontar um jogador como o britânico, então campeão em título do US Open e dos Jogos Olímpicos?

- Ter ultrapassado uma ronda num Grand Slam foi mais um objectivo da época bem conseguido. O Andy é um excelente jogador, um

dos melhores do mundo, e tem vindo a demonstra-lo há vários anos, pelo que foi uma excelente experiência poder defrontá-lo e aprendi muito com esse encontro! Senti o que é realmente preciso para se ser um dos melhores jogadores do mundo e tirei conclusões muito boas do jogo.

Meses mais tarde, somou mais uma vitória em torneios Major ao apurar-se para a segunda ronda do quadro principal de Roland Garros. Derrotou o sempre perigoso Go Soeda e

índice e f.t.

1

ainda 'arrancou' um set a Feliciano Lopez. Quão importante foi/é a sua experiência em Espanha quando joga em terra batida e, sobretudo, frente a jogadores espanhóis?

- Mais uma vez tive uma excelente prestação num torneio do Grand Slam, desta vez frente ao Go Soeda. Sabia que ele era um jogador muito perigoso mas era consciente de que neste tipo de superfície o meu jogo se adaptava melhor e tirei proveito

disso. Estou mais habituado a jogar em terra batida e como bem dizem a minha experiência de Espanha fez com que conseguisse aplicar o que me ensinaram durante anos e levar a melhor frente ao japonês. Contra o Feliciano, as coisas já foram um pouco diferentes, porque conhecemo-nos muito bem, treinamos muitas vezes juntos e ele conseguiu anular bem as minhas armas e acabou por vencer.

A sua ausência do Portugal Open foi vista pelos portugueses como uma grande surpresa e originou muito desagrado nos seguidores da modalidade em Portugal, que têm cada vez mais vindo a seguir ténis e os atletas nacionais. De que forma avalia este crescimento do ténis no nosso país e que importância tem sentir todo este interesse por parte dos seus

compatriotas?

É óptimo ver que as pessoas começam a gostar mais de ténis e assistir e a seguir os jogadores portugueses! Penso que neste momento temos a melhor geração até ao momento do ténis nacional, com vários jogadores no top300, e acho que é motivo de orgulho para o país. O Portugal Open é um evento que ajuda a modalidade a ser conhecida não só a nível nacional mas também

internacional e isso é sempre bom para todos.

Alternando entre torneios do circuito ATP e do circuito Challenger ATP, tem conseguido manter-se perto (e dentro) do lote dos 100 primeiros ao longo do ano. De que forma pretende gerir o seu calendário até ao final da época e quais são os objectivos para os próximos meses?

Como referi anteriormente, o objectivo principal de este ano passa por tentar manter-me no top jogando torneios de categoria superior. Vou apostar mais nos torneios ATP e vou dar o meu melhor para manter-me no topo.

Obviamente, a conquista do Challenger de Guimarães, perante os seus compatriotas e 'em casa', assume-se como um dos feitos mais memoráveis da sua carreira até ao momento. Como define toda esta experiência e que importância

considera ter não só para si mas também para o evento, estreante no calendário ATP? Acredita que será possível Portugal manter um ATP 250 em Lisboa e um Challenger em Guimarães?

O Guimarães Open 2013 ficará gravado na minha memória para sempre. Foi um torneio com muitas emoções e poder responder a todas as pessoas que me vieram apoiar durante essa semana com uma vitória foi excelente! Não podia ter acabado de uma maneira melhor! Penso que a organização ficou muito satisfeita com a forma como decorreu o torneio e quanto à continuidade do mesmo não me cabe a mim decidir mas, se assim for, seria muito bom para todos e para o nosso ténis.

Qual foi o seu primeiro pensamento após derrotar Marius Copil para vencer o torneio [de Guimarães – parciais de 6-3 6-0]?

Pensei em várias coisas ao mesmo tempo, mas não tinha sido uma semana fácil para mim e acho que as primeiras sensações que tive foram de alívio e alegria.

Qual considera ter sido o ponto alto da sua temporada até ao momento? E da carreira?

Não consigo identificar o ponto mais alto, porque quando se

ganha um é sempre muito bom, mas penso que o Guimarães Open foi muito especial para mim.

Com apenas vinte e quatro anos, tem ainda muitas épocas de ténis ao mais alto nível pela frente e, certamente, bastantes aspirações. Até onde deseja chegar e como se gostaria de ver daqui a quatro anos enquanto jogador?

Os meus objectivos de cada época passam sempre por ser melhor jogador e mais experiente! O ténis é um desporto em que a experiência conta muito e penso que se continuar a trabalhar posso melhorar ainda mais e, por consequência, subir no ranking! Daqui a quatro anos espero estar em boa forma, sem lesões e a jogar o que mais gosto...ténis!

O circuito Challenger é muitas vezes visto por inúmeros jogadores (dos quais se destacam, para nós, portugueses, os atletas lusitanos) como uma

oportunidade de angariar pontos para subir lugares no ranking e poder jogar torneios de nível superior. Posto isto, como foi visto o cancelamento do Challenger de Lisboa e quais são as expectativas do João e dos tenistas profissionais portugueses em relação à organização de torneios em Portugal?

A realização de eventos em solo nacional é bastante positiva para todos. Primeiro, porque servem

para divulgar a modalidade, e depois porque nós, atletas portugueses, não temos de viajar para o estrangeiro para disputar torneios de qualidade e que sejam pontuáveis para o ranking ATP.Não nos podemos esquecer de que o país está a atravessar uma crise e de que hoje em dia não é nada fácil angariar fundos para a realização dum evento destes! Por isso, temos de dar valor às pessoas que o conseguem fazer –

porque além de nos ajudarem a nós, portugueses, ajudam muitíssimo o ténis nacional.

Depois de ter vencido o Challenger de Guimarães, disputou apenas a fase de qualificação do ATP Masters 1000 de Cincinnati. De que forma tem preparado a sua participação no US Open? Quais têm sido os 'pontos-chave' que tem vindo a trabalhar ao longo das suas sessões de treino da última semana e como tem mantido o ritmo competitivo?

Precisava de descansar já que vinha de uma série longa de torneios sem parar! A transição de terra batida para piso rápido nem sempre é fácil mas felizmente sou um jogador que se adapta bem às condições e soube gerir bem a adaptação a Guimarães! A preparação passa por jogar um pouco mais baixo de pernas e

preparar de forma mais curta os movimentos, já que a bola vem mais rápida: também é importante apoiar-me num bom serviço. O ritmo competitivo aparece com os encontros disputados e esta semana vou disputar o ATP [250] Winston-Salem, que também é bom para ganhar ritmo de jogo.

A menos de duas semanas do começo do torneio, quais são as suas expectativas para o US Open, último torneio do Grand Slam da temporada?

As expectativas de qualquer jogador são sempre altas quando falamos de uma actuação num Grand Slam. Queremos sempre

conseguir uma boa prestação num torneio deste calibre e preparamo-nos da melhor maneira possível. Acredito que a minha preparação tem vindo a ser excelente e espero pode fazer um brilharete no último torneio do Grand Slam da temporada!

Maria João Koehler e Michelle Larcher de Brito serão as outras representantes portuguesas em NY e, semana após semana, é possível observar que existe cada vez mais intimidade entre os atletas portugueses, nomeadamente entre o João e a Maria João. Até que ponto é importante sentir o apoio de outros jogadores? Costumam trocar impressões

antes e após encontros, falar sobre o desporto, ou procuram relaxar e abstrair-se de tudo por alguns momentos quando estão no estrangeiro?

Dou-me bem com todos os jogadores portugueses do circuito e a Maria João é uma miúda de quem gosto muito! Fico feliz por ela estar presente num torneio tão importante, desejo-lhe o melhor evento possível e vou apoiá-la sempre que poder nos encontros do qualifying! Fora do court gostamos mais de relaxar e conversar sobre outras coisas... Vamos jantar todos juntos e o ambiente é óptimo quando nos reunimos!

Depois do US Open, a Taça Davis, e Pedro Cordeiro chamou-o uma vez mais à equipa. Como avalia as hipóteses de Portugal neste embate frente à Moldávia?

A Moldávia é uma equipa que tem vindo a surpreender positivamente e não é por acaso que está nesta fase da competição em luta connosco para subir ao Grupo I. Estamos cientes de que não vai ser uma tarefa fácil, uma vez que jogamos fora e que eles têm jogadores bastante perigosos. Temos consciência de que, apesar disso, somos favoritos e vamo-nos preparar da melhor forma para estar a 100% e dar tudo por tudo para que no próximo ano Portugal esteja no Grupo 1.

Além do João, estarão ainda presentes Gastão Elias, Pedro Sousa e Rui Machado, que completam o 'top4' de Portugal no ranking ATP. Considera ser um Portugal à máxima força este que se vai deslocar à Moldávia? Quais são, na sua opinião, os aspectos mais

fortes da nossa equipa e de que forma pretende a selecção nacional travar a equipa da casa? Já tiveram oportunidade de falar disso com o selecionador?

O Pedro [Cordeiro] tenta sempre ter a melhor equipa ao seu dispor quando se trata de jogar uma eliminatória e penso que a decisão de nos convocar aos quatro foi, a meu ver, acertada, já que somos os melhores da actualidade! Falta saber agora se todos nós estaremos em perfeitas condições para poder disputar a eliminatória. Se assim não for, temos outros jovens talentosos que seguramente estarão ao serviço do Pedro para integrar a equipa nacional.A concentração tem sempre lugar uma semana antes da eliminatória começar e é nessa altura que analisamos os nossos adversários e trabalhamos em conjunto para poder estar a 100%.

Por fim, pedimos-lhe que deixe

um comentário a todos os jovens portugueses que ambicionam tornar-se tenistas profissionais e a todos os leitores do Ténis Portugal.

A todos os jovens atletas e aos leitores do site Ténis Portugal, gostaria de dizer-lhes para praticarem a modalidade acima de tudo com diversão! Aos amadores, é uma óptima disciplina para fazer exercício e para perderem alguns ‘quilitos’, e aos jovens atletas que ambicionam tornar-se tenistas profissionais queria dizer para, acima de tudo, gostarem do que estão a fazer, não deixarem que ninguém crie o vosso caminho e para tentarem aprender com cada situação que vos aparece, acreditando sempre em vocês. Acima de tudo, divirtam-se!

Majors’13ENTREVISTA

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Page 55: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Ago’13Fotografias: Christopher Levy & Divulgação

Nascido em Guimarães, João Sousa é o melhor tenista português da actualidade, ocupando o 96º posto no ranking mundial ATP e tendo como melhor registo pessoal a chegada ao 86º lugar, em março da presente temporada. Antes de iniciar a

disputa de dois torneios nos Estados Unidos da América, o atleta de vinte e quatro anos deu uma entrevista ao Ténis Portugal, onde comenta as suas vitórias em torneios do Grand Slam, no Guimarães Open, a participação no US Open e muito mais!

Actualmente com vinte e quatro anos, é um jogador do top100 mundial e já venceu encontros em quadros principais de dois torneios do Grand Slam. Como

avalia a sua temporada de 2013 até ao momento?

- Tem vindo a ser uma época positiva, de transição de torneios Challenger a torneios ATP. Nem sempre é fácil dar esse salto e manter-se nesse nível pelo que tenho vindo a trabalhar forte para conseguir cumprir esse objectivo!

2013 tem sido um ano de bater recordes e conseguiu inclusive ser número um português pela primeira vez na sua carreira. Sente um 'peso extra' agora que não tem qualquer compatriota à sua frente na tabela ATP? Fale-nos um pouco de como é ser o melhor representante do país na actualidade.

- É óbvio que ser o melhor português da actualidade é motivo de orgulho e satisfação. Penso que passa por um dos objectivos de qualquer jogador profissional e estou muito feliz por ter atingido tal feito! O ténis é um desporto

índice e f.t.

individual e não compito com os meus colegas portugueses para ser o número 1 nacional, a não ser para ser melhor jogador e subir cada vez mais na tabela classificatória da ATP.

A sua temporada foi 'aberta' da melhor forma com a ultrapassagem da fase de qualificação em Sydney e, depois, com uma vitória no quadro principal do Australian Open, onde só perdeu para Andy Murray. Até que ponto considera ter sido importante para a sua carreira ultrapassar uma ronda de um quadro principal de um torneio do Grand Slam e defrontar um jogador como o britânico, então campeão em título do US Open e dos Jogos Olímpicos?

- Ter ultrapassado uma ronda num Grand Slam foi mais um objectivo da época bem conseguido. O Andy é um excelente jogador, um

dos melhores do mundo, e tem vindo a demonstra-lo há vários anos, pelo que foi uma excelente experiência poder defrontá-lo e aprendi muito com esse encontro! Senti o que é realmente preciso para se ser um dos melhores jogadores do mundo e tirei conclusões muito boas do jogo.

Meses mais tarde, somou mais uma vitória em torneios Major ao apurar-se para a segunda ronda do quadro principal de Roland Garros. Derrotou o sempre perigoso Go Soeda e

ainda 'arrancou' um set a Feliciano Lopez. Quão importante foi/é a sua experiência em Espanha quando joga em terra batida e, sobretudo, frente a jogadores espanhóis?

- Mais uma vez tive uma excelente prestação num torneio do Grand Slam, desta vez frente ao Go Soeda. Sabia que ele era um jogador muito perigoso mas era consciente de que neste tipo de superfície o meu jogo se adaptava melhor e tirei proveito

disso. Estou mais habituado a jogar em terra batida e como bem dizem a minha experiência de Espanha fez com que conseguisse aplicar o que me ensinaram durante anos e levar a melhor frente ao japonês. Contra o Feliciano, as coisas já foram um pouco diferentes, porque conhecemo-nos muito bem, treinamos muitas vezes juntos e ele conseguiu anular bem as minhas armas e acabou por vencer.

A sua ausência do Portugal Open foi vista pelos portugueses como uma grande surpresa e originou muito desagrado nos seguidores da modalidade em Portugal, que têm cada vez mais vindo a seguir ténis e os atletas nacionais. De que forma avalia este crescimento do ténis no nosso país e que importância tem sentir todo este interesse por parte dos seus

compatriotas?

É óptimo ver que as pessoas começam a gostar mais de ténis e assistir e a seguir os jogadores portugueses! Penso que neste momento temos a melhor geração até ao momento do ténis nacional, com vários jogadores no top300, e acho que é motivo de orgulho para o país. O Portugal Open é um evento que ajuda a modalidade a ser conhecida não só a nível nacional mas também

internacional e isso é sempre bom para todos.

Alternando entre torneios do circuito ATP e do circuito Challenger ATP, tem conseguido manter-se perto (e dentro) do lote dos 100 primeiros ao longo do ano. De que forma pretende gerir o seu calendário até ao final da época e quais são os objectivos para os próximos meses?

Como referi anteriormente, o objectivo principal de este ano passa por tentar manter-me no top jogando torneios de categoria superior. Vou apostar mais nos torneios ATP e vou dar o meu melhor para manter-me no topo.

Obviamente, a conquista do Challenger de Guimarães, perante os seus compatriotas e 'em casa', assume-se como um dos feitos mais memoráveis da sua carreira até ao momento. Como define toda esta experiência e que importância

considera ter não só para si mas também para o evento, estreante no calendário ATP? Acredita que será possível Portugal manter um ATP 250 em Lisboa e um Challenger em Guimarães?

O Guimarães Open 2013 ficará gravado na minha memória para sempre. Foi um torneio com muitas emoções e poder responder a todas as pessoas que me vieram apoiar durante essa semana com uma vitória foi excelente! Não podia ter acabado de uma maneira melhor! Penso que a organização ficou muito satisfeita com a forma como decorreu o torneio e quanto à continuidade do mesmo não me cabe a mim decidir mas, se assim for, seria muito bom para todos e para o nosso ténis.

Qual foi o seu primeiro pensamento após derrotar Marius Copil para vencer o torneio [de Guimarães – parciais de 6-3 6-0]?

Pensei em várias coisas ao mesmo tempo, mas não tinha sido uma semana fácil para mim e acho que as primeiras sensações que tive foram de alívio e alegria.

Qual considera ter sido o ponto alto da sua temporada até ao momento? E da carreira?

Não consigo identificar o ponto mais alto, porque quando se

ganha um é sempre muito bom, mas penso que o Guimarães Open foi muito especial para mim.

Com apenas vinte e quatro anos, tem ainda muitas épocas de ténis ao mais alto nível pela frente e, certamente, bastantes aspirações. Até onde deseja chegar e como se gostaria de ver daqui a quatro anos enquanto jogador?

Os meus objectivos de cada época passam sempre por ser melhor jogador e mais experiente! O ténis é um desporto em que a experiência conta muito e penso que se continuar a trabalhar posso melhorar ainda mais e, por consequência, subir no ranking! Daqui a quatro anos espero estar em boa forma, sem lesões e a jogar o que mais gosto...ténis!

O circuito Challenger é muitas vezes visto por inúmeros jogadores (dos quais se destacam, para nós, portugueses, os atletas lusitanos) como uma

oportunidade de angariar pontos para subir lugares no ranking e poder jogar torneios de nível superior. Posto isto, como foi visto o cancelamento do Challenger de Lisboa e quais são as expectativas do João e dos tenistas profissionais portugueses em relação à organização de torneios em Portugal?

A realização de eventos em solo nacional é bastante positiva para todos. Primeiro, porque servem

para divulgar a modalidade, e depois porque nós, atletas portugueses, não temos de viajar para o estrangeiro para disputar torneios de qualidade e que sejam pontuáveis para o ranking ATP.Não nos podemos esquecer de que o país está a atravessar uma crise e de que hoje em dia não é nada fácil angariar fundos para a realização dum evento destes! Por isso, temos de dar valor às pessoas que o conseguem fazer –

porque além de nos ajudarem a nós, portugueses, ajudam muitíssimo o ténis nacional.

Depois de ter vencido o Challenger de Guimarães, disputou apenas a fase de qualificação do ATP Masters 1000 de Cincinnati. De que forma tem preparado a sua participação no US Open? Quais têm sido os 'pontos-chave' que tem vindo a trabalhar ao longo das suas sessões de treino da última semana e como tem mantido o ritmo competitivo?

Precisava de descansar já que vinha de uma série longa de torneios sem parar! A transição de terra batida para piso rápido nem sempre é fácil mas felizmente sou um jogador que se adapta bem às condições e soube gerir bem a adaptação a Guimarães! A preparação passa por jogar um pouco mais baixo de pernas e

preparar de forma mais curta os movimentos, já que a bola vem mais rápida: também é importante apoiar-me num bom serviço. O ritmo competitivo aparece com os encontros disputados e esta semana vou disputar o ATP [250] Winston-Salem, que também é bom para ganhar ritmo de jogo.

A menos de duas semanas do começo do torneio, quais são as suas expectativas para o US Open, último torneio do Grand Slam da temporada?

As expectativas de qualquer jogador são sempre altas quando falamos de uma actuação num Grand Slam. Queremos sempre

conseguir uma boa prestação num torneio deste calibre e preparamo-nos da melhor maneira possível. Acredito que a minha preparação tem vindo a ser excelente e espero pode fazer um brilharete no último torneio do Grand Slam da temporada!

Maria João Koehler e Michelle Larcher de Brito serão as outras representantes portuguesas em NY e, semana após semana, é possível observar que existe cada vez mais intimidade entre os atletas portugueses, nomeadamente entre o João e a Maria João. Até que ponto é importante sentir o apoio de outros jogadores? Costumam trocar impressões

antes e após encontros, falar sobre o desporto, ou procuram relaxar e abstrair-se de tudo por alguns momentos quando estão no estrangeiro?

Dou-me bem com todos os jogadores portugueses do circuito e a Maria João é uma miúda de quem gosto muito! Fico feliz por ela estar presente num torneio tão importante, desejo-lhe o melhor evento possível e vou apoiá-la sempre que poder nos encontros do qualifying! Fora do court gostamos mais de relaxar e conversar sobre outras coisas... Vamos jantar todos juntos e o ambiente é óptimo quando nos reunimos!

Depois do US Open, a Taça Davis, e Pedro Cordeiro chamou-o uma vez mais à equipa. Como avalia as hipóteses de Portugal neste embate frente à Moldávia?

A Moldávia é uma equipa que tem vindo a surpreender positivamente e não é por acaso que está nesta fase da competição em luta connosco para subir ao Grupo I. Estamos cientes de que não vai ser uma tarefa fácil, uma vez que jogamos fora e que eles têm jogadores bastante perigosos. Temos consciência de que, apesar disso, somos favoritos e vamo-nos preparar da melhor forma para estar a 100% e dar tudo por tudo para que no próximo ano Portugal esteja no Grupo 1.

Além do João, estarão ainda presentes Gastão Elias, Pedro Sousa e Rui Machado, que completam o 'top4' de Portugal no ranking ATP. Considera ser um Portugal à máxima força este que se vai deslocar à Moldávia? Quais são, na sua opinião, os aspectos mais

fortes da nossa equipa e de que forma pretende a selecção nacional travar a equipa da casa? Já tiveram oportunidade de falar disso com o selecionador?

O Pedro [Cordeiro] tenta sempre ter a melhor equipa ao seu dispor quando se trata de jogar uma eliminatória e penso que a decisão de nos convocar aos quatro foi, a meu ver, acertada, já que somos os melhores da actualidade! Falta saber agora se todos nós estaremos em perfeitas condições para poder disputar a eliminatória. Se assim não for, temos outros jovens talentosos que seguramente estarão ao serviço do Pedro para integrar a equipa nacional.A concentração tem sempre lugar uma semana antes da eliminatória começar e é nessa altura que analisamos os nossos adversários e trabalhamos em conjunto para poder estar a 100%.

Por fim, pedimos-lhe que deixe

um comentário a todos os jovens portugueses que ambicionam tornar-se tenistas profissionais e a todos os leitores do Ténis Portugal.

A todos os jovens atletas e aos leitores do site Ténis Portugal, gostaria de dizer-lhes para praticarem a modalidade acima de tudo com diversão! Aos amadores, é uma óptima disciplina para fazer exercício e para perderem alguns ‘quilitos’, e aos jovens atletas que ambicionam tornar-se tenistas profissionais queria dizer para, acima de tudo, gostarem do que estão a fazer, não deixarem que ninguém crie o vosso caminho e para tentarem aprender com cada situação que vos aparece, acreditando sempre em vocês. Acima de tudo, divirtam-se!

ENTREVISTA

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Page 56: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Ago’13Fotografias: Christopher Levy & Divulgação

Nascido em Guimarães, João Sousa é o melhor tenista português da actualidade, ocupando o 96º posto no ranking mundial ATP e tendo como melhor registo pessoal a chegada ao 86º lugar, em março da presente temporada. Antes de iniciar a

disputa de dois torneios nos Estados Unidos da América, o atleta de vinte e quatro anos deu uma entrevista ao Ténis Portugal, onde comenta as suas vitórias em torneios do Grand Slam, no Guimarães Open, a participação no US Open e muito mais!

Actualmente com vinte e quatro anos, é um jogador do top100 mundial e já venceu encontros em quadros principais de dois torneios do Grand Slam. Como

avalia a sua temporada de 2013 até ao momento?

- Tem vindo a ser uma época positiva, de transição de torneios Challenger a torneios ATP. Nem sempre é fácil dar esse salto e manter-se nesse nível pelo que tenho vindo a trabalhar forte para conseguir cumprir esse objectivo!

2013 tem sido um ano de bater recordes e conseguiu inclusive ser número um português pela primeira vez na sua carreira. Sente um 'peso extra' agora que não tem qualquer compatriota à sua frente na tabela ATP? Fale-nos um pouco de como é ser o melhor representante do país na actualidade.

- É óbvio que ser o melhor português da actualidade é motivo de orgulho e satisfação. Penso que passa por um dos objectivos de qualquer jogador profissional e estou muito feliz por ter atingido tal feito! O ténis é um desporto

individual e não compito com os meus colegas portugueses para ser o número 1 nacional, a não ser para ser melhor jogador e subir cada vez mais na tabela classificatória da ATP.

A sua temporada foi 'aberta' da melhor forma com a ultrapassagem da fase de qualificação em Sydney e, depois, com uma vitória no quadro principal do Australian Open, onde só perdeu para Andy Murray. Até que ponto considera ter sido importante para a sua carreira ultrapassar uma ronda de um quadro principal de um torneio do Grand Slam e defrontar um jogador como o britânico, então campeão em título do US Open e dos Jogos Olímpicos?

- Ter ultrapassado uma ronda num Grand Slam foi mais um objectivo da época bem conseguido. O Andy é um excelente jogador, um

dos melhores do mundo, e tem vindo a demonstra-lo há vários anos, pelo que foi uma excelente experiência poder defrontá-lo e aprendi muito com esse encontro! Senti o que é realmente preciso para se ser um dos melhores jogadores do mundo e tirei conclusões muito boas do jogo.

Meses mais tarde, somou mais uma vitória em torneios Major ao apurar-se para a segunda ronda do quadro principal de Roland Garros. Derrotou o sempre perigoso Go Soeda e

ainda 'arrancou' um set a Feliciano Lopez. Quão importante foi/é a sua experiência em Espanha quando joga em terra batida e, sobretudo, frente a jogadores espanhóis?

- Mais uma vez tive uma excelente prestação num torneio do Grand Slam, desta vez frente ao Go Soeda. Sabia que ele era um jogador muito perigoso mas era consciente de que neste tipo de superfície o meu jogo se adaptava melhor e tirei proveito

disso. Estou mais habituado a jogar em terra batida e como bem dizem a minha experiência de Espanha fez com que conseguisse aplicar o que me ensinaram durante anos e levar a melhor frente ao japonês. Contra o Feliciano, as coisas já foram um pouco diferentes, porque conhecemo-nos muito bem, treinamos muitas vezes juntos e ele conseguiu anular bem as minhas armas e acabou por vencer.

A sua ausência do Portugal Open foi vista pelos portugueses como uma grande surpresa e originou muito desagrado nos seguidores da modalidade em Portugal, que têm cada vez mais vindo a seguir ténis e os atletas nacionais. De que forma avalia este crescimento do ténis no nosso país e que importância tem sentir todo este interesse por parte dos seus

compatriotas?

É óptimo ver que as pessoas começam a gostar mais de ténis e assistir e a seguir os jogadores portugueses! Penso que neste momento temos a melhor geração até ao momento do ténis nacional, com vários jogadores no top300, e acho que é motivo de orgulho para o país. O Portugal Open é um evento que ajuda a modalidade a ser conhecida não só a nível nacional mas também

internacional e isso é sempre bom para todos.

Alternando entre torneios do circuito ATP e do circuito Challenger ATP, tem conseguido manter-se perto (e dentro) do lote dos 100 primeiros ao longo do ano. De que forma pretende gerir o seu calendário até ao final da época e quais são os objectivos para os próximos meses?

Como referi anteriormente, o objectivo principal de este ano passa por tentar manter-me no top jogando torneios de categoria superior. Vou apostar mais nos torneios ATP e vou dar o meu melhor para manter-me no topo.

Obviamente, a conquista do Challenger de Guimarães, perante os seus compatriotas e 'em casa', assume-se como um dos feitos mais memoráveis da sua carreira até ao momento. Como define toda esta experiência e que importância

índice e f.t.

1

considera ter não só para si mas também para o evento, estreante no calendário ATP? Acredita que será possível Portugal manter um ATP 250 em Lisboa e um Challenger em Guimarães?

O Guimarães Open 2013 ficará gravado na minha memória para sempre. Foi um torneio com muitas emoções e poder responder a todas as pessoas que me vieram apoiar durante essa semana com uma vitória foi excelente! Não podia ter acabado de uma maneira melhor! Penso que a organização ficou muito satisfeita com a forma como decorreu o torneio e quanto à continuidade do mesmo não me cabe a mim decidir mas, se assim for, seria muito bom para todos e para o nosso ténis.

Qual foi o seu primeiro pensamento após derrotar Marius Copil para vencer o torneio [de Guimarães – parciais de 6-3 6-0]?

Pensei em várias coisas ao mesmo tempo, mas não tinha sido uma semana fácil para mim e acho que as primeiras sensações que tive foram de alívio e alegria.

Qual considera ter sido o ponto alto da sua temporada até ao momento? E da carreira?

Não consigo identificar o ponto mais alto, porque quando se

ganha um é sempre muito bom, mas penso que o Guimarães Open foi muito especial para mim.

Com apenas vinte e quatro anos, tem ainda muitas épocas de ténis ao mais alto nível pela frente e, certamente, bastantes aspirações. Até onde deseja chegar e como se gostaria de ver daqui a quatro anos enquanto jogador?

Os meus objectivos de cada época passam sempre por ser melhor jogador e mais experiente! O ténis é um desporto em que a experiência conta muito e penso que se continuar a trabalhar posso melhorar ainda mais e, por consequência, subir no ranking! Daqui a quatro anos espero estar em boa forma, sem lesões e a jogar o que mais gosto...ténis!

O circuito Challenger é muitas vezes visto por inúmeros jogadores (dos quais se destacam, para nós, portugueses, os atletas lusitanos) como uma

oportunidade de angariar pontos para subir lugares no ranking e poder jogar torneios de nível superior. Posto isto, como foi visto o cancelamento do Challenger de Lisboa e quais são as expectativas do João e dos tenistas profissionais portugueses em relação à organização de torneios em Portugal?

A realização de eventos em solo nacional é bastante positiva para todos. Primeiro, porque servem

para divulgar a modalidade, e depois porque nós, atletas portugueses, não temos de viajar para o estrangeiro para disputar torneios de qualidade e que sejam pontuáveis para o ranking ATP.Não nos podemos esquecer de que o país está a atravessar uma crise e de que hoje em dia não é nada fácil angariar fundos para a realização dum evento destes! Por isso, temos de dar valor às pessoas que o conseguem fazer –

porque além de nos ajudarem a nós, portugueses, ajudam muitíssimo o ténis nacional.

Depois de ter vencido o Challenger de Guimarães, disputou apenas a fase de qualificação do ATP Masters 1000 de Cincinnati. De que forma tem preparado a sua participação no US Open? Quais têm sido os 'pontos-chave' que tem vindo a trabalhar ao longo das suas sessões de treino da última semana e como tem mantido o ritmo competitivo?

Precisava de descansar já que vinha de uma série longa de torneios sem parar! A transição de terra batida para piso rápido nem sempre é fácil mas felizmente sou um jogador que se adapta bem às condições e soube gerir bem a adaptação a Guimarães! A preparação passa por jogar um pouco mais baixo de pernas e

preparar de forma mais curta os movimentos, já que a bola vem mais rápida: também é importante apoiar-me num bom serviço. O ritmo competitivo aparece com os encontros disputados e esta semana vou disputar o ATP [250] Winston-Salem, que também é bom para ganhar ritmo de jogo.

A menos de duas semanas do começo do torneio, quais são as suas expectativas para o US Open, último torneio do Grand Slam da temporada?

As expectativas de qualquer jogador são sempre altas quando falamos de uma actuação num Grand Slam. Queremos sempre

conseguir uma boa prestação num torneio deste calibre e preparamo-nos da melhor maneira possível. Acredito que a minha preparação tem vindo a ser excelente e espero pode fazer um brilharete no último torneio do Grand Slam da temporada!

Maria João Koehler e Michelle Larcher de Brito serão as outras representantes portuguesas em NY e, semana após semana, é possível observar que existe cada vez mais intimidade entre os atletas portugueses, nomeadamente entre o João e a Maria João. Até que ponto é importante sentir o apoio de outros jogadores? Costumam trocar impressões

antes e após encontros, falar sobre o desporto, ou procuram relaxar e abstrair-se de tudo por alguns momentos quando estão no estrangeiro?

Dou-me bem com todos os jogadores portugueses do circuito e a Maria João é uma miúda de quem gosto muito! Fico feliz por ela estar presente num torneio tão importante, desejo-lhe o melhor evento possível e vou apoiá-la sempre que poder nos encontros do qualifying! Fora do court gostamos mais de relaxar e conversar sobre outras coisas... Vamos jantar todos juntos e o ambiente é óptimo quando nos reunimos!

Depois do US Open, a Taça Davis, e Pedro Cordeiro chamou-o uma vez mais à equipa. Como avalia as hipóteses de Portugal neste embate frente à Moldávia?

A Moldávia é uma equipa que tem vindo a surpreender positivamente e não é por acaso que está nesta fase da competição em luta connosco para subir ao Grupo I. Estamos cientes de que não vai ser uma tarefa fácil, uma vez que jogamos fora e que eles têm jogadores bastante perigosos. Temos consciência de que, apesar disso, somos favoritos e vamo-nos preparar da melhor forma para estar a 100% e dar tudo por tudo para que no próximo ano Portugal esteja no Grupo 1.

Além do João, estarão ainda presentes Gastão Elias, Pedro Sousa e Rui Machado, que completam o 'top4' de Portugal no ranking ATP. Considera ser um Portugal à máxima força este que se vai deslocar à Moldávia? Quais são, na sua opinião, os aspectos mais

fortes da nossa equipa e de que forma pretende a selecção nacional travar a equipa da casa? Já tiveram oportunidade de falar disso com o selecionador?

O Pedro [Cordeiro] tenta sempre ter a melhor equipa ao seu dispor quando se trata de jogar uma eliminatória e penso que a decisão de nos convocar aos quatro foi, a meu ver, acertada, já que somos os melhores da actualidade! Falta saber agora se todos nós estaremos em perfeitas condições para poder disputar a eliminatória. Se assim não for, temos outros jovens talentosos que seguramente estarão ao serviço do Pedro para integrar a equipa nacional.A concentração tem sempre lugar uma semana antes da eliminatória começar e é nessa altura que analisamos os nossos adversários e trabalhamos em conjunto para poder estar a 100%.

Por fim, pedimos-lhe que deixe

um comentário a todos os jovens portugueses que ambicionam tornar-se tenistas profissionais e a todos os leitores do Ténis Portugal.

A todos os jovens atletas e aos leitores do site Ténis Portugal, gostaria de dizer-lhes para praticarem a modalidade acima de tudo com diversão! Aos amadores, é uma óptima disciplina para fazer exercício e para perderem alguns ‘quilitos’, e aos jovens atletas que ambicionam tornar-se tenistas profissionais queria dizer para, acima de tudo, gostarem do que estão a fazer, não deixarem que ninguém crie o vosso caminho e para tentarem aprender com cada situação que vos aparece, acreditando sempre em vocês. Acima de tudo, divirtam-se!

Majors’13ENTREVISTA

5555

Page 57: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Ago’13Fotografias: Christopher Levy & Divulgação

Nascido em Guimarães, João Sousa é o melhor tenista português da actualidade, ocupando o 96º posto no ranking mundial ATP e tendo como melhor registo pessoal a chegada ao 86º lugar, em março da presente temporada. Antes de iniciar a

disputa de dois torneios nos Estados Unidos da América, o atleta de vinte e quatro anos deu uma entrevista ao Ténis Portugal, onde comenta as suas vitórias em torneios do Grand Slam, no Guimarães Open, a participação no US Open e muito mais!

Actualmente com vinte e quatro anos, é um jogador do top100 mundial e já venceu encontros em quadros principais de dois torneios do Grand Slam. Como

avalia a sua temporada de 2013 até ao momento?

- Tem vindo a ser uma época positiva, de transição de torneios Challenger a torneios ATP. Nem sempre é fácil dar esse salto e manter-se nesse nível pelo que tenho vindo a trabalhar forte para conseguir cumprir esse objectivo!

2013 tem sido um ano de bater recordes e conseguiu inclusive ser número um português pela primeira vez na sua carreira. Sente um 'peso extra' agora que não tem qualquer compatriota à sua frente na tabela ATP? Fale-nos um pouco de como é ser o melhor representante do país na actualidade.

- É óbvio que ser o melhor português da actualidade é motivo de orgulho e satisfação. Penso que passa por um dos objectivos de qualquer jogador profissional e estou muito feliz por ter atingido tal feito! O ténis é um desporto

individual e não compito com os meus colegas portugueses para ser o número 1 nacional, a não ser para ser melhor jogador e subir cada vez mais na tabela classificatória da ATP.

A sua temporada foi 'aberta' da melhor forma com a ultrapassagem da fase de qualificação em Sydney e, depois, com uma vitória no quadro principal do Australian Open, onde só perdeu para Andy Murray. Até que ponto considera ter sido importante para a sua carreira ultrapassar uma ronda de um quadro principal de um torneio do Grand Slam e defrontar um jogador como o britânico, então campeão em título do US Open e dos Jogos Olímpicos?

- Ter ultrapassado uma ronda num Grand Slam foi mais um objectivo da época bem conseguido. O Andy é um excelente jogador, um

dos melhores do mundo, e tem vindo a demonstra-lo há vários anos, pelo que foi uma excelente experiência poder defrontá-lo e aprendi muito com esse encontro! Senti o que é realmente preciso para se ser um dos melhores jogadores do mundo e tirei conclusões muito boas do jogo.

Meses mais tarde, somou mais uma vitória em torneios Major ao apurar-se para a segunda ronda do quadro principal de Roland Garros. Derrotou o sempre perigoso Go Soeda e

ainda 'arrancou' um set a Feliciano Lopez. Quão importante foi/é a sua experiência em Espanha quando joga em terra batida e, sobretudo, frente a jogadores espanhóis?

- Mais uma vez tive uma excelente prestação num torneio do Grand Slam, desta vez frente ao Go Soeda. Sabia que ele era um jogador muito perigoso mas era consciente de que neste tipo de superfície o meu jogo se adaptava melhor e tirei proveito

disso. Estou mais habituado a jogar em terra batida e como bem dizem a minha experiência de Espanha fez com que conseguisse aplicar o que me ensinaram durante anos e levar a melhor frente ao japonês. Contra o Feliciano, as coisas já foram um pouco diferentes, porque conhecemo-nos muito bem, treinamos muitas vezes juntos e ele conseguiu anular bem as minhas armas e acabou por vencer.

A sua ausência do Portugal Open foi vista pelos portugueses como uma grande surpresa e originou muito desagrado nos seguidores da modalidade em Portugal, que têm cada vez mais vindo a seguir ténis e os atletas nacionais. De que forma avalia este crescimento do ténis no nosso país e que importância tem sentir todo este interesse por parte dos seus

índice e f.t.

compatriotas?

É óptimo ver que as pessoas começam a gostar mais de ténis e assistir e a seguir os jogadores portugueses! Penso que neste momento temos a melhor geração até ao momento do ténis nacional, com vários jogadores no top300, e acho que é motivo de orgulho para o país. O Portugal Open é um evento que ajuda a modalidade a ser conhecida não só a nível nacional mas também

internacional e isso é sempre bom para todos.

Alternando entre torneios do circuito ATP e do circuito Challenger ATP, tem conseguido manter-se perto (e dentro) do lote dos 100 primeiros ao longo do ano. De que forma pretende gerir o seu calendário até ao final da época e quais são os objectivos para os próximos meses?

Como referi anteriormente, o objectivo principal de este ano passa por tentar manter-me no top jogando torneios de categoria superior. Vou apostar mais nos torneios ATP e vou dar o meu melhor para manter-me no topo.

Obviamente, a conquista do Challenger de Guimarães, perante os seus compatriotas e 'em casa', assume-se como um dos feitos mais memoráveis da sua carreira até ao momento. Como define toda esta experiência e que importância

considera ter não só para si mas também para o evento, estreante no calendário ATP? Acredita que será possível Portugal manter um ATP 250 em Lisboa e um Challenger em Guimarães?

O Guimarães Open 2013 ficará gravado na minha memória para sempre. Foi um torneio com muitas emoções e poder responder a todas as pessoas que me vieram apoiar durante essa semana com uma vitória foi excelente! Não podia ter acabado de uma maneira melhor! Penso que a organização ficou muito satisfeita com a forma como decorreu o torneio e quanto à continuidade do mesmo não me cabe a mim decidir mas, se assim for, seria muito bom para todos e para o nosso ténis.

Qual foi o seu primeiro pensamento após derrotar Marius Copil para vencer o torneio [de Guimarães – parciais de 6-3 6-0]?

Pensei em várias coisas ao mesmo tempo, mas não tinha sido uma semana fácil para mim e acho que as primeiras sensações que tive foram de alívio e alegria.

Qual considera ter sido o ponto alto da sua temporada até ao momento? E da carreira?

Não consigo identificar o ponto mais alto, porque quando se

ganha um é sempre muito bom, mas penso que o Guimarães Open foi muito especial para mim.

Com apenas vinte e quatro anos, tem ainda muitas épocas de ténis ao mais alto nível pela frente e, certamente, bastantes aspirações. Até onde deseja chegar e como se gostaria de ver daqui a quatro anos enquanto jogador?

Os meus objectivos de cada época passam sempre por ser melhor jogador e mais experiente! O ténis é um desporto em que a experiência conta muito e penso que se continuar a trabalhar posso melhorar ainda mais e, por consequência, subir no ranking! Daqui a quatro anos espero estar em boa forma, sem lesões e a jogar o que mais gosto...ténis!

O circuito Challenger é muitas vezes visto por inúmeros jogadores (dos quais se destacam, para nós, portugueses, os atletas lusitanos) como uma

oportunidade de angariar pontos para subir lugares no ranking e poder jogar torneios de nível superior. Posto isto, como foi visto o cancelamento do Challenger de Lisboa e quais são as expectativas do João e dos tenistas profissionais portugueses em relação à organização de torneios em Portugal?

A realização de eventos em solo nacional é bastante positiva para todos. Primeiro, porque servem

para divulgar a modalidade, e depois porque nós, atletas portugueses, não temos de viajar para o estrangeiro para disputar torneios de qualidade e que sejam pontuáveis para o ranking ATP.Não nos podemos esquecer de que o país está a atravessar uma crise e de que hoje em dia não é nada fácil angariar fundos para a realização dum evento destes! Por isso, temos de dar valor às pessoas que o conseguem fazer –

porque além de nos ajudarem a nós, portugueses, ajudam muitíssimo o ténis nacional.

Depois de ter vencido o Challenger de Guimarães, disputou apenas a fase de qualificação do ATP Masters 1000 de Cincinnati. De que forma tem preparado a sua participação no US Open? Quais têm sido os 'pontos-chave' que tem vindo a trabalhar ao longo das suas sessões de treino da última semana e como tem mantido o ritmo competitivo?

Precisava de descansar já que vinha de uma série longa de torneios sem parar! A transição de terra batida para piso rápido nem sempre é fácil mas felizmente sou um jogador que se adapta bem às condições e soube gerir bem a adaptação a Guimarães! A preparação passa por jogar um pouco mais baixo de pernas e

preparar de forma mais curta os movimentos, já que a bola vem mais rápida: também é importante apoiar-me num bom serviço. O ritmo competitivo aparece com os encontros disputados e esta semana vou disputar o ATP [250] Winston-Salem, que também é bom para ganhar ritmo de jogo.

A menos de duas semanas do começo do torneio, quais são as suas expectativas para o US Open, último torneio do Grand Slam da temporada?

As expectativas de qualquer jogador são sempre altas quando falamos de uma actuação num Grand Slam. Queremos sempre

conseguir uma boa prestação num torneio deste calibre e preparamo-nos da melhor maneira possível. Acredito que a minha preparação tem vindo a ser excelente e espero pode fazer um brilharete no último torneio do Grand Slam da temporada!

Maria João Koehler e Michelle Larcher de Brito serão as outras representantes portuguesas em NY e, semana após semana, é possível observar que existe cada vez mais intimidade entre os atletas portugueses, nomeadamente entre o João e a Maria João. Até que ponto é importante sentir o apoio de outros jogadores? Costumam trocar impressões

antes e após encontros, falar sobre o desporto, ou procuram relaxar e abstrair-se de tudo por alguns momentos quando estão no estrangeiro?

Dou-me bem com todos os jogadores portugueses do circuito e a Maria João é uma miúda de quem gosto muito! Fico feliz por ela estar presente num torneio tão importante, desejo-lhe o melhor evento possível e vou apoiá-la sempre que poder nos encontros do qualifying! Fora do court gostamos mais de relaxar e conversar sobre outras coisas... Vamos jantar todos juntos e o ambiente é óptimo quando nos reunimos!

Depois do US Open, a Taça Davis, e Pedro Cordeiro chamou-o uma vez mais à equipa. Como avalia as hipóteses de Portugal neste embate frente à Moldávia?

A Moldávia é uma equipa que tem vindo a surpreender positivamente e não é por acaso que está nesta fase da competição em luta connosco para subir ao Grupo I. Estamos cientes de que não vai ser uma tarefa fácil, uma vez que jogamos fora e que eles têm jogadores bastante perigosos. Temos consciência de que, apesar disso, somos favoritos e vamo-nos preparar da melhor forma para estar a 100% e dar tudo por tudo para que no próximo ano Portugal esteja no Grupo 1.

Além do João, estarão ainda presentes Gastão Elias, Pedro Sousa e Rui Machado, que completam o 'top4' de Portugal no ranking ATP. Considera ser um Portugal à máxima força este que se vai deslocar à Moldávia? Quais são, na sua opinião, os aspectos mais

fortes da nossa equipa e de que forma pretende a selecção nacional travar a equipa da casa? Já tiveram oportunidade de falar disso com o selecionador?

O Pedro [Cordeiro] tenta sempre ter a melhor equipa ao seu dispor quando se trata de jogar uma eliminatória e penso que a decisão de nos convocar aos quatro foi, a meu ver, acertada, já que somos os melhores da actualidade! Falta saber agora se todos nós estaremos em perfeitas condições para poder disputar a eliminatória. Se assim não for, temos outros jovens talentosos que seguramente estarão ao serviço do Pedro para integrar a equipa nacional.A concentração tem sempre lugar uma semana antes da eliminatória começar e é nessa altura que analisamos os nossos adversários e trabalhamos em conjunto para poder estar a 100%.

Por fim, pedimos-lhe que deixe

um comentário a todos os jovens portugueses que ambicionam tornar-se tenistas profissionais e a todos os leitores do Ténis Portugal.

A todos os jovens atletas e aos leitores do site Ténis Portugal, gostaria de dizer-lhes para praticarem a modalidade acima de tudo com diversão! Aos amadores, é uma óptima disciplina para fazer exercício e para perderem alguns ‘quilitos’, e aos jovens atletas que ambicionam tornar-se tenistas profissionais queria dizer para, acima de tudo, gostarem do que estão a fazer, não deixarem que ninguém crie o vosso caminho e para tentarem aprender com cada situação que vos aparece, acreditando sempre em vocês. Acima de tudo, divirtam-se!

ENTREVISTA

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Page 58: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Ago’13Fotografias: Christopher Levy & Divulgação

Nascido em Guimarães, João Sousa é o melhor tenista português da actualidade, ocupando o 96º posto no ranking mundial ATP e tendo como melhor registo pessoal a chegada ao 86º lugar, em março da presente temporada. Antes de iniciar a

disputa de dois torneios nos Estados Unidos da América, o atleta de vinte e quatro anos deu uma entrevista ao Ténis Portugal, onde comenta as suas vitórias em torneios do Grand Slam, no Guimarães Open, a participação no US Open e muito mais!

Actualmente com vinte e quatro anos, é um jogador do top100 mundial e já venceu encontros em quadros principais de dois torneios do Grand Slam. Como

avalia a sua temporada de 2013 até ao momento?

- Tem vindo a ser uma época positiva, de transição de torneios Challenger a torneios ATP. Nem sempre é fácil dar esse salto e manter-se nesse nível pelo que tenho vindo a trabalhar forte para conseguir cumprir esse objectivo!

2013 tem sido um ano de bater recordes e conseguiu inclusive ser número um português pela primeira vez na sua carreira. Sente um 'peso extra' agora que não tem qualquer compatriota à sua frente na tabela ATP? Fale-nos um pouco de como é ser o melhor representante do país na actualidade.

- É óbvio que ser o melhor português da actualidade é motivo de orgulho e satisfação. Penso que passa por um dos objectivos de qualquer jogador profissional e estou muito feliz por ter atingido tal feito! O ténis é um desporto

individual e não compito com os meus colegas portugueses para ser o número 1 nacional, a não ser para ser melhor jogador e subir cada vez mais na tabela classificatória da ATP.

A sua temporada foi 'aberta' da melhor forma com a ultrapassagem da fase de qualificação em Sydney e, depois, com uma vitória no quadro principal do Australian Open, onde só perdeu para Andy Murray. Até que ponto considera ter sido importante para a sua carreira ultrapassar uma ronda de um quadro principal de um torneio do Grand Slam e defrontar um jogador como o britânico, então campeão em título do US Open e dos Jogos Olímpicos?

- Ter ultrapassado uma ronda num Grand Slam foi mais um objectivo da época bem conseguido. O Andy é um excelente jogador, um

dos melhores do mundo, e tem vindo a demonstra-lo há vários anos, pelo que foi uma excelente experiência poder defrontá-lo e aprendi muito com esse encontro! Senti o que é realmente preciso para se ser um dos melhores jogadores do mundo e tirei conclusões muito boas do jogo.

Meses mais tarde, somou mais uma vitória em torneios Major ao apurar-se para a segunda ronda do quadro principal de Roland Garros. Derrotou o sempre perigoso Go Soeda e

ainda 'arrancou' um set a Feliciano Lopez. Quão importante foi/é a sua experiência em Espanha quando joga em terra batida e, sobretudo, frente a jogadores espanhóis?

- Mais uma vez tive uma excelente prestação num torneio do Grand Slam, desta vez frente ao Go Soeda. Sabia que ele era um jogador muito perigoso mas era consciente de que neste tipo de superfície o meu jogo se adaptava melhor e tirei proveito

disso. Estou mais habituado a jogar em terra batida e como bem dizem a minha experiência de Espanha fez com que conseguisse aplicar o que me ensinaram durante anos e levar a melhor frente ao japonês. Contra o Feliciano, as coisas já foram um pouco diferentes, porque conhecemo-nos muito bem, treinamos muitas vezes juntos e ele conseguiu anular bem as minhas armas e acabou por vencer.

A sua ausência do Portugal Open foi vista pelos portugueses como uma grande surpresa e originou muito desagrado nos seguidores da modalidade em Portugal, que têm cada vez mais vindo a seguir ténis e os atletas nacionais. De que forma avalia este crescimento do ténis no nosso país e que importância tem sentir todo este interesse por parte dos seus

compatriotas?

É óptimo ver que as pessoas começam a gostar mais de ténis e assistir e a seguir os jogadores portugueses! Penso que neste momento temos a melhor geração até ao momento do ténis nacional, com vários jogadores no top300, e acho que é motivo de orgulho para o país. O Portugal Open é um evento que ajuda a modalidade a ser conhecida não só a nível nacional mas também

internacional e isso é sempre bom para todos.

Alternando entre torneios do circuito ATP e do circuito Challenger ATP, tem conseguido manter-se perto (e dentro) do lote dos 100 primeiros ao longo do ano. De que forma pretende gerir o seu calendário até ao final da época e quais são os objectivos para os próximos meses?

Como referi anteriormente, o objectivo principal de este ano passa por tentar manter-me no top jogando torneios de categoria superior. Vou apostar mais nos torneios ATP e vou dar o meu melhor para manter-me no topo.

Obviamente, a conquista do Challenger de Guimarães, perante os seus compatriotas e 'em casa', assume-se como um dos feitos mais memoráveis da sua carreira até ao momento. Como define toda esta experiência e que importância

considera ter não só para si mas também para o evento, estreante no calendário ATP? Acredita que será possível Portugal manter um ATP 250 em Lisboa e um Challenger em Guimarães?

O Guimarães Open 2013 ficará gravado na minha memória para sempre. Foi um torneio com muitas emoções e poder responder a todas as pessoas que me vieram apoiar durante essa semana com uma vitória foi excelente! Não podia ter acabado de uma maneira melhor! Penso que a organização ficou muito satisfeita com a forma como decorreu o torneio e quanto à continuidade do mesmo não me cabe a mim decidir mas, se assim for, seria muito bom para todos e para o nosso ténis.

Qual foi o seu primeiro pensamento após derrotar Marius Copil para vencer o torneio [de Guimarães – parciais de 6-3 6-0]?

Pensei em várias coisas ao mesmo tempo, mas não tinha sido uma semana fácil para mim e acho que as primeiras sensações que tive foram de alívio e alegria.

Qual considera ter sido o ponto alto da sua temporada até ao momento? E da carreira?

Não consigo identificar o ponto mais alto, porque quando se

índice e f.t.

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ganha um é sempre muito bom, mas penso que o Guimarães Open foi muito especial para mim.

Com apenas vinte e quatro anos, tem ainda muitas épocas de ténis ao mais alto nível pela frente e, certamente, bastantes aspirações. Até onde deseja chegar e como se gostaria de ver daqui a quatro anos enquanto jogador?

Os meus objectivos de cada época passam sempre por ser melhor jogador e mais experiente! O ténis é um desporto em que a experiência conta muito e penso que se continuar a trabalhar posso melhorar ainda mais e, por consequência, subir no ranking! Daqui a quatro anos espero estar em boa forma, sem lesões e a jogar o que mais gosto...ténis!

O circuito Challenger é muitas vezes visto por inúmeros jogadores (dos quais se destacam, para nós, portugueses, os atletas lusitanos) como uma

oportunidade de angariar pontos para subir lugares no ranking e poder jogar torneios de nível superior. Posto isto, como foi visto o cancelamento do Challenger de Lisboa e quais são as expectativas do João e dos tenistas profissionais portugueses em relação à organização de torneios em Portugal?

A realização de eventos em solo nacional é bastante positiva para todos. Primeiro, porque servem

para divulgar a modalidade, e depois porque nós, atletas portugueses, não temos de viajar para o estrangeiro para disputar torneios de qualidade e que sejam pontuáveis para o ranking ATP.Não nos podemos esquecer de que o país está a atravessar uma crise e de que hoje em dia não é nada fácil angariar fundos para a realização dum evento destes! Por isso, temos de dar valor às pessoas que o conseguem fazer –

porque além de nos ajudarem a nós, portugueses, ajudam muitíssimo o ténis nacional.

Depois de ter vencido o Challenger de Guimarães, disputou apenas a fase de qualificação do ATP Masters 1000 de Cincinnati. De que forma tem preparado a sua participação no US Open? Quais têm sido os 'pontos-chave' que tem vindo a trabalhar ao longo das suas sessões de treino da última semana e como tem mantido o ritmo competitivo?

Precisava de descansar já que vinha de uma série longa de torneios sem parar! A transição de terra batida para piso rápido nem sempre é fácil mas felizmente sou um jogador que se adapta bem às condições e soube gerir bem a adaptação a Guimarães! A preparação passa por jogar um pouco mais baixo de pernas e

preparar de forma mais curta os movimentos, já que a bola vem mais rápida: também é importante apoiar-me num bom serviço. O ritmo competitivo aparece com os encontros disputados e esta semana vou disputar o ATP [250] Winston-Salem, que também é bom para ganhar ritmo de jogo.

A menos de duas semanas do começo do torneio, quais são as suas expectativas para o US Open, último torneio do Grand Slam da temporada?

As expectativas de qualquer jogador são sempre altas quando falamos de uma actuação num Grand Slam. Queremos sempre

conseguir uma boa prestação num torneio deste calibre e preparamo-nos da melhor maneira possível. Acredito que a minha preparação tem vindo a ser excelente e espero pode fazer um brilharete no último torneio do Grand Slam da temporada!

Maria João Koehler e Michelle Larcher de Brito serão as outras representantes portuguesas em NY e, semana após semana, é possível observar que existe cada vez mais intimidade entre os atletas portugueses, nomeadamente entre o João e a Maria João. Até que ponto é importante sentir o apoio de outros jogadores? Costumam trocar impressões

antes e após encontros, falar sobre o desporto, ou procuram relaxar e abstrair-se de tudo por alguns momentos quando estão no estrangeiro?

Dou-me bem com todos os jogadores portugueses do circuito e a Maria João é uma miúda de quem gosto muito! Fico feliz por ela estar presente num torneio tão importante, desejo-lhe o melhor evento possível e vou apoiá-la sempre que poder nos encontros do qualifying! Fora do court gostamos mais de relaxar e conversar sobre outras coisas... Vamos jantar todos juntos e o ambiente é óptimo quando nos reunimos!

Depois do US Open, a Taça Davis, e Pedro Cordeiro chamou-o uma vez mais à equipa. Como avalia as hipóteses de Portugal neste embate frente à Moldávia?

A Moldávia é uma equipa que tem vindo a surpreender positivamente e não é por acaso que está nesta fase da competição em luta connosco para subir ao Grupo I. Estamos cientes de que não vai ser uma tarefa fácil, uma vez que jogamos fora e que eles têm jogadores bastante perigosos. Temos consciência de que, apesar disso, somos favoritos e vamo-nos preparar da melhor forma para estar a 100% e dar tudo por tudo para que no próximo ano Portugal esteja no Grupo 1.

Além do João, estarão ainda presentes Gastão Elias, Pedro Sousa e Rui Machado, que completam o 'top4' de Portugal no ranking ATP. Considera ser um Portugal à máxima força este que se vai deslocar à Moldávia? Quais são, na sua opinião, os aspectos mais

fortes da nossa equipa e de que forma pretende a selecção nacional travar a equipa da casa? Já tiveram oportunidade de falar disso com o selecionador?

O Pedro [Cordeiro] tenta sempre ter a melhor equipa ao seu dispor quando se trata de jogar uma eliminatória e penso que a decisão de nos convocar aos quatro foi, a meu ver, acertada, já que somos os melhores da actualidade! Falta saber agora se todos nós estaremos em perfeitas condições para poder disputar a eliminatória. Se assim não for, temos outros jovens talentosos que seguramente estarão ao serviço do Pedro para integrar a equipa nacional.A concentração tem sempre lugar uma semana antes da eliminatória começar e é nessa altura que analisamos os nossos adversários e trabalhamos em conjunto para poder estar a 100%.

Por fim, pedimos-lhe que deixe

um comentário a todos os jovens portugueses que ambicionam tornar-se tenistas profissionais e a todos os leitores do Ténis Portugal.

A todos os jovens atletas e aos leitores do site Ténis Portugal, gostaria de dizer-lhes para praticarem a modalidade acima de tudo com diversão! Aos amadores, é uma óptima disciplina para fazer exercício e para perderem alguns ‘quilitos’, e aos jovens atletas que ambicionam tornar-se tenistas profissionais queria dizer para, acima de tudo, gostarem do que estão a fazer, não deixarem que ninguém crie o vosso caminho e para tentarem aprender com cada situação que vos aparece, acreditando sempre em vocês. Acima de tudo, divirtam-se!

Majors’13ENTREVISTA

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Page 59: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Ago’13Fotografias: Christopher Levy & Divulgação

Nascido em Guimarães, João Sousa é o melhor tenista português da actualidade, ocupando o 96º posto no ranking mundial ATP e tendo como melhor registo pessoal a chegada ao 86º lugar, em março da presente temporada. Antes de iniciar a

disputa de dois torneios nos Estados Unidos da América, o atleta de vinte e quatro anos deu uma entrevista ao Ténis Portugal, onde comenta as suas vitórias em torneios do Grand Slam, no Guimarães Open, a participação no US Open e muito mais!

Actualmente com vinte e quatro anos, é um jogador do top100 mundial e já venceu encontros em quadros principais de dois torneios do Grand Slam. Como

avalia a sua temporada de 2013 até ao momento?

- Tem vindo a ser uma época positiva, de transição de torneios Challenger a torneios ATP. Nem sempre é fácil dar esse salto e manter-se nesse nível pelo que tenho vindo a trabalhar forte para conseguir cumprir esse objectivo!

2013 tem sido um ano de bater recordes e conseguiu inclusive ser número um português pela primeira vez na sua carreira. Sente um 'peso extra' agora que não tem qualquer compatriota à sua frente na tabela ATP? Fale-nos um pouco de como é ser o melhor representante do país na actualidade.

- É óbvio que ser o melhor português da actualidade é motivo de orgulho e satisfação. Penso que passa por um dos objectivos de qualquer jogador profissional e estou muito feliz por ter atingido tal feito! O ténis é um desporto

individual e não compito com os meus colegas portugueses para ser o número 1 nacional, a não ser para ser melhor jogador e subir cada vez mais na tabela classificatória da ATP.

A sua temporada foi 'aberta' da melhor forma com a ultrapassagem da fase de qualificação em Sydney e, depois, com uma vitória no quadro principal do Australian Open, onde só perdeu para Andy Murray. Até que ponto considera ter sido importante para a sua carreira ultrapassar uma ronda de um quadro principal de um torneio do Grand Slam e defrontar um jogador como o britânico, então campeão em título do US Open e dos Jogos Olímpicos?

- Ter ultrapassado uma ronda num Grand Slam foi mais um objectivo da época bem conseguido. O Andy é um excelente jogador, um

dos melhores do mundo, e tem vindo a demonstra-lo há vários anos, pelo que foi uma excelente experiência poder defrontá-lo e aprendi muito com esse encontro! Senti o que é realmente preciso para se ser um dos melhores jogadores do mundo e tirei conclusões muito boas do jogo.

Meses mais tarde, somou mais uma vitória em torneios Major ao apurar-se para a segunda ronda do quadro principal de Roland Garros. Derrotou o sempre perigoso Go Soeda e

ainda 'arrancou' um set a Feliciano Lopez. Quão importante foi/é a sua experiência em Espanha quando joga em terra batida e, sobretudo, frente a jogadores espanhóis?

- Mais uma vez tive uma excelente prestação num torneio do Grand Slam, desta vez frente ao Go Soeda. Sabia que ele era um jogador muito perigoso mas era consciente de que neste tipo de superfície o meu jogo se adaptava melhor e tirei proveito

disso. Estou mais habituado a jogar em terra batida e como bem dizem a minha experiência de Espanha fez com que conseguisse aplicar o que me ensinaram durante anos e levar a melhor frente ao japonês. Contra o Feliciano, as coisas já foram um pouco diferentes, porque conhecemo-nos muito bem, treinamos muitas vezes juntos e ele conseguiu anular bem as minhas armas e acabou por vencer.

A sua ausência do Portugal Open foi vista pelos portugueses como uma grande surpresa e originou muito desagrado nos seguidores da modalidade em Portugal, que têm cada vez mais vindo a seguir ténis e os atletas nacionais. De que forma avalia este crescimento do ténis no nosso país e que importância tem sentir todo este interesse por parte dos seus

compatriotas?

É óptimo ver que as pessoas começam a gostar mais de ténis e assistir e a seguir os jogadores portugueses! Penso que neste momento temos a melhor geração até ao momento do ténis nacional, com vários jogadores no top300, e acho que é motivo de orgulho para o país. O Portugal Open é um evento que ajuda a modalidade a ser conhecida não só a nível nacional mas também

internacional e isso é sempre bom para todos.

Alternando entre torneios do circuito ATP e do circuito Challenger ATP, tem conseguido manter-se perto (e dentro) do lote dos 100 primeiros ao longo do ano. De que forma pretende gerir o seu calendário até ao final da época e quais são os objectivos para os próximos meses?

Como referi anteriormente, o objectivo principal de este ano passa por tentar manter-me no top jogando torneios de categoria superior. Vou apostar mais nos torneios ATP e vou dar o meu melhor para manter-me no topo.

Obviamente, a conquista do Challenger de Guimarães, perante os seus compatriotas e 'em casa', assume-se como um dos feitos mais memoráveis da sua carreira até ao momento. Como define toda esta experiência e que importância

considera ter não só para si mas também para o evento, estreante no calendário ATP? Acredita que será possível Portugal manter um ATP 250 em Lisboa e um Challenger em Guimarães?

O Guimarães Open 2013 ficará gravado na minha memória para sempre. Foi um torneio com muitas emoções e poder responder a todas as pessoas que me vieram apoiar durante essa semana com uma vitória foi excelente! Não podia ter acabado de uma maneira melhor! Penso que a organização ficou muito satisfeita com a forma como decorreu o torneio e quanto à continuidade do mesmo não me cabe a mim decidir mas, se assim for, seria muito bom para todos e para o nosso ténis.

Qual foi o seu primeiro pensamento após derrotar Marius Copil para vencer o torneio [de Guimarães – parciais de 6-3 6-0]?

Pensei em várias coisas ao mesmo tempo, mas não tinha sido uma semana fácil para mim e acho que as primeiras sensações que tive foram de alívio e alegria.

Qual considera ter sido o ponto alto da sua temporada até ao momento? E da carreira?

Não consigo identificar o ponto mais alto, porque quando se

ganha um é sempre muito bom, mas penso que o Guimarães Open foi muito especial para mim.

Com apenas vinte e quatro anos, tem ainda muitas épocas de ténis ao mais alto nível pela frente e, certamente, bastantes aspirações. Até onde deseja chegar e como se gostaria de ver daqui a quatro anos enquanto jogador?

Os meus objectivos de cada época passam sempre por ser melhor jogador e mais experiente! O ténis é um desporto em que a experiência conta muito e penso que se continuar a trabalhar posso melhorar ainda mais e, por consequência, subir no ranking! Daqui a quatro anos espero estar em boa forma, sem lesões e a jogar o que mais gosto...ténis!

O circuito Challenger é muitas vezes visto por inúmeros jogadores (dos quais se destacam, para nós, portugueses, os atletas lusitanos) como uma

oportunidade de angariar pontos para subir lugares no ranking e poder jogar torneios de nível superior. Posto isto, como foi visto o cancelamento do Challenger de Lisboa e quais são as expectativas do João e dos tenistas profissionais portugueses em relação à organização de torneios em Portugal?

A realização de eventos em solo nacional é bastante positiva para todos. Primeiro, porque servem

índice e f.t.

para divulgar a modalidade, e depois porque nós, atletas portugueses, não temos de viajar para o estrangeiro para disputar torneios de qualidade e que sejam pontuáveis para o ranking ATP.Não nos podemos esquecer de que o país está a atravessar uma crise e de que hoje em dia não é nada fácil angariar fundos para a realização dum evento destes! Por isso, temos de dar valor às pessoas que o conseguem fazer –

porque além de nos ajudarem a nós, portugueses, ajudam muitíssimo o ténis nacional.

Depois de ter vencido o Challenger de Guimarães, disputou apenas a fase de qualificação do ATP Masters 1000 de Cincinnati. De que forma tem preparado a sua participação no US Open? Quais têm sido os 'pontos-chave' que tem vindo a trabalhar ao longo das suas sessões de treino da última semana e como tem mantido o ritmo competitivo?

Precisava de descansar já que vinha de uma série longa de torneios sem parar! A transição de terra batida para piso rápido nem sempre é fácil mas felizmente sou um jogador que se adapta bem às condições e soube gerir bem a adaptação a Guimarães! A preparação passa por jogar um pouco mais baixo de pernas e

preparar de forma mais curta os movimentos, já que a bola vem mais rápida: também é importante apoiar-me num bom serviço. O ritmo competitivo aparece com os encontros disputados e esta semana vou disputar o ATP [250] Winston-Salem, que também é bom para ganhar ritmo de jogo.

A menos de duas semanas do começo do torneio, quais são as suas expectativas para o US Open, último torneio do Grand Slam da temporada?

As expectativas de qualquer jogador são sempre altas quando falamos de uma actuação num Grand Slam. Queremos sempre

conseguir uma boa prestação num torneio deste calibre e preparamo-nos da melhor maneira possível. Acredito que a minha preparação tem vindo a ser excelente e espero pode fazer um brilharete no último torneio do Grand Slam da temporada!

Maria João Koehler e Michelle Larcher de Brito serão as outras representantes portuguesas em NY e, semana após semana, é possível observar que existe cada vez mais intimidade entre os atletas portugueses, nomeadamente entre o João e a Maria João. Até que ponto é importante sentir o apoio de outros jogadores? Costumam trocar impressões

antes e após encontros, falar sobre o desporto, ou procuram relaxar e abstrair-se de tudo por alguns momentos quando estão no estrangeiro?

Dou-me bem com todos os jogadores portugueses do circuito e a Maria João é uma miúda de quem gosto muito! Fico feliz por ela estar presente num torneio tão importante, desejo-lhe o melhor evento possível e vou apoiá-la sempre que poder nos encontros do qualifying! Fora do court gostamos mais de relaxar e conversar sobre outras coisas... Vamos jantar todos juntos e o ambiente é óptimo quando nos reunimos!

Depois do US Open, a Taça Davis, e Pedro Cordeiro chamou-o uma vez mais à equipa. Como avalia as hipóteses de Portugal neste embate frente à Moldávia?

A Moldávia é uma equipa que tem vindo a surpreender positivamente e não é por acaso que está nesta fase da competição em luta connosco para subir ao Grupo I. Estamos cientes de que não vai ser uma tarefa fácil, uma vez que jogamos fora e que eles têm jogadores bastante perigosos. Temos consciência de que, apesar disso, somos favoritos e vamo-nos preparar da melhor forma para estar a 100% e dar tudo por tudo para que no próximo ano Portugal esteja no Grupo 1.

Além do João, estarão ainda presentes Gastão Elias, Pedro Sousa e Rui Machado, que completam o 'top4' de Portugal no ranking ATP. Considera ser um Portugal à máxima força este que se vai deslocar à Moldávia? Quais são, na sua opinião, os aspectos mais

fortes da nossa equipa e de que forma pretende a selecção nacional travar a equipa da casa? Já tiveram oportunidade de falar disso com o selecionador?

O Pedro [Cordeiro] tenta sempre ter a melhor equipa ao seu dispor quando se trata de jogar uma eliminatória e penso que a decisão de nos convocar aos quatro foi, a meu ver, acertada, já que somos os melhores da actualidade! Falta saber agora se todos nós estaremos em perfeitas condições para poder disputar a eliminatória. Se assim não for, temos outros jovens talentosos que seguramente estarão ao serviço do Pedro para integrar a equipa nacional.A concentração tem sempre lugar uma semana antes da eliminatória começar e é nessa altura que analisamos os nossos adversários e trabalhamos em conjunto para poder estar a 100%.

Por fim, pedimos-lhe que deixe

um comentário a todos os jovens portugueses que ambicionam tornar-se tenistas profissionais e a todos os leitores do Ténis Portugal.

A todos os jovens atletas e aos leitores do site Ténis Portugal, gostaria de dizer-lhes para praticarem a modalidade acima de tudo com diversão! Aos amadores, é uma óptima disciplina para fazer exercício e para perderem alguns ‘quilitos’, e aos jovens atletas que ambicionam tornar-se tenistas profissionais queria dizer para, acima de tudo, gostarem do que estão a fazer, não deixarem que ninguém crie o vosso caminho e para tentarem aprender com cada situação que vos aparece, acreditando sempre em vocês. Acima de tudo, divirtam-se!

ENTREVISTA

5858

Page 60: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Ago’13Fotografias: Christopher Levy & Divulgação

Nascido em Guimarães, João Sousa é o melhor tenista português da actualidade, ocupando o 96º posto no ranking mundial ATP e tendo como melhor registo pessoal a chegada ao 86º lugar, em março da presente temporada. Antes de iniciar a

disputa de dois torneios nos Estados Unidos da América, o atleta de vinte e quatro anos deu uma entrevista ao Ténis Portugal, onde comenta as suas vitórias em torneios do Grand Slam, no Guimarães Open, a participação no US Open e muito mais!

Actualmente com vinte e quatro anos, é um jogador do top100 mundial e já venceu encontros em quadros principais de dois torneios do Grand Slam. Como

avalia a sua temporada de 2013 até ao momento?

- Tem vindo a ser uma época positiva, de transição de torneios Challenger a torneios ATP. Nem sempre é fácil dar esse salto e manter-se nesse nível pelo que tenho vindo a trabalhar forte para conseguir cumprir esse objectivo!

2013 tem sido um ano de bater recordes e conseguiu inclusive ser número um português pela primeira vez na sua carreira. Sente um 'peso extra' agora que não tem qualquer compatriota à sua frente na tabela ATP? Fale-nos um pouco de como é ser o melhor representante do país na actualidade.

- É óbvio que ser o melhor português da actualidade é motivo de orgulho e satisfação. Penso que passa por um dos objectivos de qualquer jogador profissional e estou muito feliz por ter atingido tal feito! O ténis é um desporto

individual e não compito com os meus colegas portugueses para ser o número 1 nacional, a não ser para ser melhor jogador e subir cada vez mais na tabela classificatória da ATP.

A sua temporada foi 'aberta' da melhor forma com a ultrapassagem da fase de qualificação em Sydney e, depois, com uma vitória no quadro principal do Australian Open, onde só perdeu para Andy Murray. Até que ponto considera ter sido importante para a sua carreira ultrapassar uma ronda de um quadro principal de um torneio do Grand Slam e defrontar um jogador como o britânico, então campeão em título do US Open e dos Jogos Olímpicos?

- Ter ultrapassado uma ronda num Grand Slam foi mais um objectivo da época bem conseguido. O Andy é um excelente jogador, um

dos melhores do mundo, e tem vindo a demonstra-lo há vários anos, pelo que foi uma excelente experiência poder defrontá-lo e aprendi muito com esse encontro! Senti o que é realmente preciso para se ser um dos melhores jogadores do mundo e tirei conclusões muito boas do jogo.

Meses mais tarde, somou mais uma vitória em torneios Major ao apurar-se para a segunda ronda do quadro principal de Roland Garros. Derrotou o sempre perigoso Go Soeda e

índice e f.t.

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ainda 'arrancou' um set a Feliciano Lopez. Quão importante foi/é a sua experiência em Espanha quando joga em terra batida e, sobretudo, frente a jogadores espanhóis?

- Mais uma vez tive uma excelente prestação num torneio do Grand Slam, desta vez frente ao Go Soeda. Sabia que ele era um jogador muito perigoso mas era consciente de que neste tipo de superfície o meu jogo se adaptava melhor e tirei proveito

disso. Estou mais habituado a jogar em terra batida e como bem dizem a minha experiência de Espanha fez com que conseguisse aplicar o que me ensinaram durante anos e levar a melhor frente ao japonês. Contra o Feliciano, as coisas já foram um pouco diferentes, porque conhecemo-nos muito bem, treinamos muitas vezes juntos e ele conseguiu anular bem as minhas armas e acabou por vencer.

A sua ausência do Portugal Open foi vista pelos portugueses como uma grande surpresa e originou muito desagrado nos seguidores da modalidade em Portugal, que têm cada vez mais vindo a seguir ténis e os atletas nacionais. De que forma avalia este crescimento do ténis no nosso país e que importância tem sentir todo este interesse por parte dos seus

compatriotas?

É óptimo ver que as pessoas começam a gostar mais de ténis e assistir e a seguir os jogadores portugueses! Penso que neste momento temos a melhor geração até ao momento do ténis nacional, com vários jogadores no top300, e acho que é motivo de orgulho para o país. O Portugal Open é um evento que ajuda a modalidade a ser conhecida não só a nível nacional mas também

internacional e isso é sempre bom para todos.

Alternando entre torneios do circuito ATP e do circuito Challenger ATP, tem conseguido manter-se perto (e dentro) do lote dos 100 primeiros ao longo do ano. De que forma pretende gerir o seu calendário até ao final da época e quais são os objectivos para os próximos meses?

Como referi anteriormente, o objectivo principal de este ano passa por tentar manter-me no top jogando torneios de categoria superior. Vou apostar mais nos torneios ATP e vou dar o meu melhor para manter-me no topo.

Obviamente, a conquista do Challenger de Guimarães, perante os seus compatriotas e 'em casa', assume-se como um dos feitos mais memoráveis da sua carreira até ao momento. Como define toda esta experiência e que importância

considera ter não só para si mas também para o evento, estreante no calendário ATP? Acredita que será possível Portugal manter um ATP 250 em Lisboa e um Challenger em Guimarães?

O Guimarães Open 2013 ficará gravado na minha memória para sempre. Foi um torneio com muitas emoções e poder responder a todas as pessoas que me vieram apoiar durante essa semana com uma vitória foi excelente! Não podia ter acabado de uma maneira melhor! Penso que a organização ficou muito satisfeita com a forma como decorreu o torneio e quanto à continuidade do mesmo não me cabe a mim decidir mas, se assim for, seria muito bom para todos e para o nosso ténis.

Qual foi o seu primeiro pensamento após derrotar Marius Copil para vencer o torneio [de Guimarães – parciais de 6-3 6-0]?

Pensei em várias coisas ao mesmo tempo, mas não tinha sido uma semana fácil para mim e acho que as primeiras sensações que tive foram de alívio e alegria.

Qual considera ter sido o ponto alto da sua temporada até ao momento? E da carreira?

Não consigo identificar o ponto mais alto, porque quando se

ganha um é sempre muito bom, mas penso que o Guimarães Open foi muito especial para mim.

Com apenas vinte e quatro anos, tem ainda muitas épocas de ténis ao mais alto nível pela frente e, certamente, bastantes aspirações. Até onde deseja chegar e como se gostaria de ver daqui a quatro anos enquanto jogador?

Os meus objectivos de cada época passam sempre por ser melhor jogador e mais experiente! O ténis é um desporto em que a experiência conta muito e penso que se continuar a trabalhar posso melhorar ainda mais e, por consequência, subir no ranking! Daqui a quatro anos espero estar em boa forma, sem lesões e a jogar o que mais gosto...ténis!

O circuito Challenger é muitas vezes visto por inúmeros jogadores (dos quais se destacam, para nós, portugueses, os atletas lusitanos) como uma

oportunidade de angariar pontos para subir lugares no ranking e poder jogar torneios de nível superior. Posto isto, como foi visto o cancelamento do Challenger de Lisboa e quais são as expectativas do João e dos tenistas profissionais portugueses em relação à organização de torneios em Portugal?

A realização de eventos em solo nacional é bastante positiva para todos. Primeiro, porque servem

para divulgar a modalidade, e depois porque nós, atletas portugueses, não temos de viajar para o estrangeiro para disputar torneios de qualidade e que sejam pontuáveis para o ranking ATP.Não nos podemos esquecer de que o país está a atravessar uma crise e de que hoje em dia não é nada fácil angariar fundos para a realização dum evento destes! Por isso, temos de dar valor às pessoas que o conseguem fazer –

porque além de nos ajudarem a nós, portugueses, ajudam muitíssimo o ténis nacional.

Depois de ter vencido o Challenger de Guimarães, disputou apenas a fase de qualificação do ATP Masters 1000 de Cincinnati. De que forma tem preparado a sua participação no US Open? Quais têm sido os 'pontos-chave' que tem vindo a trabalhar ao longo das suas sessões de treino da última semana e como tem mantido o ritmo competitivo?

Precisava de descansar já que vinha de uma série longa de torneios sem parar! A transição de terra batida para piso rápido nem sempre é fácil mas felizmente sou um jogador que se adapta bem às condições e soube gerir bem a adaptação a Guimarães! A preparação passa por jogar um pouco mais baixo de pernas e

preparar de forma mais curta os movimentos, já que a bola vem mais rápida: também é importante apoiar-me num bom serviço. O ritmo competitivo aparece com os encontros disputados e esta semana vou disputar o ATP [250] Winston-Salem, que também é bom para ganhar ritmo de jogo.

A menos de duas semanas do começo do torneio, quais são as suas expectativas para o US Open, último torneio do Grand Slam da temporada?

As expectativas de qualquer jogador são sempre altas quando falamos de uma actuação num Grand Slam. Queremos sempre

conseguir uma boa prestação num torneio deste calibre e preparamo-nos da melhor maneira possível. Acredito que a minha preparação tem vindo a ser excelente e espero pode fazer um brilharete no último torneio do Grand Slam da temporada!

Maria João Koehler e Michelle Larcher de Brito serão as outras representantes portuguesas em NY e, semana após semana, é possível observar que existe cada vez mais intimidade entre os atletas portugueses, nomeadamente entre o João e a Maria João. Até que ponto é importante sentir o apoio de outros jogadores? Costumam trocar impressões

antes e após encontros, falar sobre o desporto, ou procuram relaxar e abstrair-se de tudo por alguns momentos quando estão no estrangeiro?

Dou-me bem com todos os jogadores portugueses do circuito e a Maria João é uma miúda de quem gosto muito! Fico feliz por ela estar presente num torneio tão importante, desejo-lhe o melhor evento possível e vou apoiá-la sempre que poder nos encontros do qualifying! Fora do court gostamos mais de relaxar e conversar sobre outras coisas... Vamos jantar todos juntos e o ambiente é óptimo quando nos reunimos!

Depois do US Open, a Taça Davis, e Pedro Cordeiro chamou-o uma vez mais à equipa. Como avalia as hipóteses de Portugal neste embate frente à Moldávia?

A Moldávia é uma equipa que tem vindo a surpreender positivamente e não é por acaso que está nesta fase da competição em luta connosco para subir ao Grupo I. Estamos cientes de que não vai ser uma tarefa fácil, uma vez que jogamos fora e que eles têm jogadores bastante perigosos. Temos consciência de que, apesar disso, somos favoritos e vamo-nos preparar da melhor forma para estar a 100% e dar tudo por tudo para que no próximo ano Portugal esteja no Grupo 1.

Além do João, estarão ainda presentes Gastão Elias, Pedro Sousa e Rui Machado, que completam o 'top4' de Portugal no ranking ATP. Considera ser um Portugal à máxima força este que se vai deslocar à Moldávia? Quais são, na sua opinião, os aspectos mais

fortes da nossa equipa e de que forma pretende a selecção nacional travar a equipa da casa? Já tiveram oportunidade de falar disso com o selecionador?

O Pedro [Cordeiro] tenta sempre ter a melhor equipa ao seu dispor quando se trata de jogar uma eliminatória e penso que a decisão de nos convocar aos quatro foi, a meu ver, acertada, já que somos os melhores da actualidade! Falta saber agora se todos nós estaremos em perfeitas condições para poder disputar a eliminatória. Se assim não for, temos outros jovens talentosos que seguramente estarão ao serviço do Pedro para integrar a equipa nacional.A concentração tem sempre lugar uma semana antes da eliminatória começar e é nessa altura que analisamos os nossos adversários e trabalhamos em conjunto para poder estar a 100%.

Por fim, pedimos-lhe que deixe

um comentário a todos os jovens portugueses que ambicionam tornar-se tenistas profissionais e a todos os leitores do Ténis Portugal.

A todos os jovens atletas e aos leitores do site Ténis Portugal, gostaria de dizer-lhes para praticarem a modalidade acima de tudo com diversão! Aos amadores, é uma óptima disciplina para fazer exercício e para perderem alguns ‘quilitos’, e aos jovens atletas que ambicionam tornar-se tenistas profissionais queria dizer para, acima de tudo, gostarem do que estão a fazer, não deixarem que ninguém crie o vosso caminho e para tentarem aprender com cada situação que vos aparece, acreditando sempre em vocês. Acima de tudo, divirtam-se!

Majors’13ENTREVISTA

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Page 61: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Ago’13Fotografias: Christopher Levy & Divulgação

Nascido em Guimarães, João Sousa é o melhor tenista português da actualidade, ocupando o 96º posto no ranking mundial ATP e tendo como melhor registo pessoal a chegada ao 86º lugar, em março da presente temporada. Antes de iniciar a

disputa de dois torneios nos Estados Unidos da América, o atleta de vinte e quatro anos deu uma entrevista ao Ténis Portugal, onde comenta as suas vitórias em torneios do Grand Slam, no Guimarães Open, a participação no US Open e muito mais!

Actualmente com vinte e quatro anos, é um jogador do top100 mundial e já venceu encontros em quadros principais de dois torneios do Grand Slam. Como

avalia a sua temporada de 2013 até ao momento?

- Tem vindo a ser uma época positiva, de transição de torneios Challenger a torneios ATP. Nem sempre é fácil dar esse salto e manter-se nesse nível pelo que tenho vindo a trabalhar forte para conseguir cumprir esse objectivo!

2013 tem sido um ano de bater recordes e conseguiu inclusive ser número um português pela primeira vez na sua carreira. Sente um 'peso extra' agora que não tem qualquer compatriota à sua frente na tabela ATP? Fale-nos um pouco de como é ser o melhor representante do país na actualidade.

- É óbvio que ser o melhor português da actualidade é motivo de orgulho e satisfação. Penso que passa por um dos objectivos de qualquer jogador profissional e estou muito feliz por ter atingido tal feito! O ténis é um desporto

individual e não compito com os meus colegas portugueses para ser o número 1 nacional, a não ser para ser melhor jogador e subir cada vez mais na tabela classificatória da ATP.

A sua temporada foi 'aberta' da melhor forma com a ultrapassagem da fase de qualificação em Sydney e, depois, com uma vitória no quadro principal do Australian Open, onde só perdeu para Andy Murray. Até que ponto considera ter sido importante para a sua carreira ultrapassar uma ronda de um quadro principal de um torneio do Grand Slam e defrontar um jogador como o britânico, então campeão em título do US Open e dos Jogos Olímpicos?

- Ter ultrapassado uma ronda num Grand Slam foi mais um objectivo da época bem conseguido. O Andy é um excelente jogador, um

dos melhores do mundo, e tem vindo a demonstra-lo há vários anos, pelo que foi uma excelente experiência poder defrontá-lo e aprendi muito com esse encontro! Senti o que é realmente preciso para se ser um dos melhores jogadores do mundo e tirei conclusões muito boas do jogo.

Meses mais tarde, somou mais uma vitória em torneios Major ao apurar-se para a segunda ronda do quadro principal de Roland Garros. Derrotou o sempre perigoso Go Soeda e

ainda 'arrancou' um set a Feliciano Lopez. Quão importante foi/é a sua experiência em Espanha quando joga em terra batida e, sobretudo, frente a jogadores espanhóis?

- Mais uma vez tive uma excelente prestação num torneio do Grand Slam, desta vez frente ao Go Soeda. Sabia que ele era um jogador muito perigoso mas era consciente de que neste tipo de superfície o meu jogo se adaptava melhor e tirei proveito

disso. Estou mais habituado a jogar em terra batida e como bem dizem a minha experiência de Espanha fez com que conseguisse aplicar o que me ensinaram durante anos e levar a melhor frente ao japonês. Contra o Feliciano, as coisas já foram um pouco diferentes, porque conhecemo-nos muito bem, treinamos muitas vezes juntos e ele conseguiu anular bem as minhas armas e acabou por vencer.

A sua ausência do Portugal Open foi vista pelos portugueses como uma grande surpresa e originou muito desagrado nos seguidores da modalidade em Portugal, que têm cada vez mais vindo a seguir ténis e os atletas nacionais. De que forma avalia este crescimento do ténis no nosso país e que importância tem sentir todo este interesse por parte dos seus

compatriotas?

É óptimo ver que as pessoas começam a gostar mais de ténis e assistir e a seguir os jogadores portugueses! Penso que neste momento temos a melhor geração até ao momento do ténis nacional, com vários jogadores no top300, e acho que é motivo de orgulho para o país. O Portugal Open é um evento que ajuda a modalidade a ser conhecida não só a nível nacional mas também

internacional e isso é sempre bom para todos.

Alternando entre torneios do circuito ATP e do circuito Challenger ATP, tem conseguido manter-se perto (e dentro) do lote dos 100 primeiros ao longo do ano. De que forma pretende gerir o seu calendário até ao final da época e quais são os objectivos para os próximos meses?

Como referi anteriormente, o objectivo principal de este ano passa por tentar manter-me no top jogando torneios de categoria superior. Vou apostar mais nos torneios ATP e vou dar o meu melhor para manter-me no topo.

Obviamente, a conquista do Challenger de Guimarães, perante os seus compatriotas e 'em casa', assume-se como um dos feitos mais memoráveis da sua carreira até ao momento. Como define toda esta experiência e que importância

considera ter não só para si mas também para o evento, estreante no calendário ATP? Acredita que será possível Portugal manter um ATP 250 em Lisboa e um Challenger em Guimarães?

O Guimarães Open 2013 ficará gravado na minha memória para sempre. Foi um torneio com muitas emoções e poder responder a todas as pessoas que me vieram apoiar durante essa semana com uma vitória foi excelente! Não podia ter acabado de uma maneira melhor! Penso que a organização ficou muito satisfeita com a forma como decorreu o torneio e quanto à continuidade do mesmo não me cabe a mim decidir mas, se assim for, seria muito bom para todos e para o nosso ténis.

Qual foi o seu primeiro pensamento após derrotar Marius Copil para vencer o torneio [de Guimarães – parciais de 6-3 6-0]?

Pensei em várias coisas ao mesmo tempo, mas não tinha sido uma semana fácil para mim e acho que as primeiras sensações que tive foram de alívio e alegria.

Qual considera ter sido o ponto alto da sua temporada até ao momento? E da carreira?

Não consigo identificar o ponto mais alto, porque quando se

ganha um é sempre muito bom, mas penso que o Guimarães Open foi muito especial para mim.

Com apenas vinte e quatro anos, tem ainda muitas épocas de ténis ao mais alto nível pela frente e, certamente, bastantes aspirações. Até onde deseja chegar e como se gostaria de ver daqui a quatro anos enquanto jogador?

Os meus objectivos de cada época passam sempre por ser melhor jogador e mais experiente! O ténis é um desporto em que a experiência conta muito e penso que se continuar a trabalhar posso melhorar ainda mais e, por consequência, subir no ranking! Daqui a quatro anos espero estar em boa forma, sem lesões e a jogar o que mais gosto...ténis!

O circuito Challenger é muitas vezes visto por inúmeros jogadores (dos quais se destacam, para nós, portugueses, os atletas lusitanos) como uma

oportunidade de angariar pontos para subir lugares no ranking e poder jogar torneios de nível superior. Posto isto, como foi visto o cancelamento do Challenger de Lisboa e quais são as expectativas do João e dos tenistas profissionais portugueses em relação à organização de torneios em Portugal?

A realização de eventos em solo nacional é bastante positiva para todos. Primeiro, porque servem

para divulgar a modalidade, e depois porque nós, atletas portugueses, não temos de viajar para o estrangeiro para disputar torneios de qualidade e que sejam pontuáveis para o ranking ATP.Não nos podemos esquecer de que o país está a atravessar uma crise e de que hoje em dia não é nada fácil angariar fundos para a realização dum evento destes! Por isso, temos de dar valor às pessoas que o conseguem fazer –

porque além de nos ajudarem a nós, portugueses, ajudam muitíssimo o ténis nacional.

Depois de ter vencido o Challenger de Guimarães, disputou apenas a fase de qualificação do ATP Masters 1000 de Cincinnati. De que forma tem preparado a sua participação no US Open? Quais têm sido os 'pontos-chave' que tem vindo a trabalhar ao longo das suas sessões de treino da última semana e como tem mantido o ritmo competitivo?

Precisava de descansar já que vinha de uma série longa de torneios sem parar! A transição de terra batida para piso rápido nem sempre é fácil mas felizmente sou um jogador que se adapta bem às condições e soube gerir bem a adaptação a Guimarães! A preparação passa por jogar um pouco mais baixo de pernas e

preparar de forma mais curta os movimentos, já que a bola vem mais rápida: também é importante apoiar-me num bom serviço. O ritmo competitivo aparece com os encontros disputados e esta semana vou disputar o ATP [250] Winston-Salem, que também é bom para ganhar ritmo de jogo.

A menos de duas semanas do começo do torneio, quais são as suas expectativas para o US Open, último torneio do Grand Slam da temporada?

As expectativas de qualquer jogador são sempre altas quando falamos de uma actuação num Grand Slam. Queremos sempre

conseguir uma boa prestação num torneio deste calibre e preparamo-nos da melhor maneira possível. Acredito que a minha preparação tem vindo a ser excelente e espero pode fazer um brilharete no último torneio do Grand Slam da temporada!

Maria João Koehler e Michelle Larcher de Brito serão as outras representantes portuguesas em NY e, semana após semana, é possível observar que existe cada vez mais intimidade entre os atletas portugueses, nomeadamente entre o João e a Maria João. Até que ponto é importante sentir o apoio de outros jogadores? Costumam trocar impressões

índice e f.t.

antes e após encontros, falar sobre o desporto, ou procuram relaxar e abstrair-se de tudo por alguns momentos quando estão no estrangeiro?

Dou-me bem com todos os jogadores portugueses do circuito e a Maria João é uma miúda de quem gosto muito! Fico feliz por ela estar presente num torneio tão importante, desejo-lhe o melhor evento possível e vou apoiá-la sempre que poder nos encontros do qualifying! Fora do court gostamos mais de relaxar e conversar sobre outras coisas... Vamos jantar todos juntos e o ambiente é óptimo quando nos reunimos!

Depois do US Open, a Taça Davis, e Pedro Cordeiro chamou-o uma vez mais à equipa. Como avalia as hipóteses de Portugal neste embate frente à Moldávia?

A Moldávia é uma equipa que tem vindo a surpreender positivamente e não é por acaso que está nesta fase da competição em luta connosco para subir ao Grupo I. Estamos cientes de que não vai ser uma tarefa fácil, uma vez que jogamos fora e que eles têm jogadores bastante perigosos. Temos consciência de que, apesar disso, somos favoritos e vamo-nos preparar da melhor forma para estar a 100% e dar tudo por tudo para que no próximo ano Portugal esteja no Grupo 1.

Além do João, estarão ainda presentes Gastão Elias, Pedro Sousa e Rui Machado, que completam o 'top4' de Portugal no ranking ATP. Considera ser um Portugal à máxima força este que se vai deslocar à Moldávia? Quais são, na sua opinião, os aspectos mais

fortes da nossa equipa e de que forma pretende a selecção nacional travar a equipa da casa? Já tiveram oportunidade de falar disso com o selecionador?

O Pedro [Cordeiro] tenta sempre ter a melhor equipa ao seu dispor quando se trata de jogar uma eliminatória e penso que a decisão de nos convocar aos quatro foi, a meu ver, acertada, já que somos os melhores da actualidade! Falta saber agora se todos nós estaremos em perfeitas condições para poder disputar a eliminatória. Se assim não for, temos outros jovens talentosos que seguramente estarão ao serviço do Pedro para integrar a equipa nacional.A concentração tem sempre lugar uma semana antes da eliminatória começar e é nessa altura que analisamos os nossos adversários e trabalhamos em conjunto para poder estar a 100%.

Por fim, pedimos-lhe que deixe

um comentário a todos os jovens portugueses que ambicionam tornar-se tenistas profissionais e a todos os leitores do Ténis Portugal.

A todos os jovens atletas e aos leitores do site Ténis Portugal, gostaria de dizer-lhes para praticarem a modalidade acima de tudo com diversão! Aos amadores, é uma óptima disciplina para fazer exercício e para perderem alguns ‘quilitos’, e aos jovens atletas que ambicionam tornar-se tenistas profissionais queria dizer para, acima de tudo, gostarem do que estão a fazer, não deixarem que ninguém crie o vosso caminho e para tentarem aprender com cada situação que vos aparece, acreditando sempre em vocês. Acima de tudo, divirtam-se!

ENTREVISTA

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Page 62: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Dez’13Fotografias: Divulgação

Com apenas vinte e sete anos, Frederico Marques já percorreu os quatro cantos do mundo e desde 2011 que exerce funções de treinador de João Sousa, melhor tenista português da actualidade e o primeiro a vencer um torneio de singulares da categoria ATP e a entrar e

índice e f.t.

terminar uma temporada no top50 mundial. Esta semana, o treinador lisbonense concedeu-nos uma entrevista onde recorda alguns dos momentos de 2013 e fala sobre a sua relação profissional com o tenista vimaranense, entre muitos outros aspectos.

Ao longo desta entrevista poderá, também, ficar a conhecer as expectativas da dupla para a próxima temporada e os primeiros torneios para os quais os dois pretendem viajar no início da época.

Foi em 2011 que tudo começou. Na altura, o Frederico tinha apenas vinte e cinco anos e o João estava fora do top200 mundial. Quais são as maiores diferenças entre os vossos primeiros momentos juntos enquanto treinador/jogador e agora, já depois de terem alcançado todo este sucesso?

A meu ver não existem muitas diferenças desde 2011 até aos

dias de hoje. Continuamos com a mesma ambição, amizade, respeito e profissionalismo de quando estávamos a competir a nível Future. Desde o primeiro dia em que começámos a trabalhar que acreditamos que podíamos estar entre os melhores do mundo com muito trabalho e humildade.

Dado que são ambos bastante novos, é justo dizer-se que têm vindo a aprender um com o outro? Se sim, qual o aspecto em que considera isto reflectir-se mais?

É óbvio que temos vindo a aprender um com o outro. Digamos que todos os treinadores aprendem com os jogadores e vice versa. Esta mentalidade aberta do treinador é muito importante, visto que o atleta é quem tem as verdadeiras sensações. A meu ver sempre se pode aprender e ensinar quando se quer melhorar.

Melbourne, Guimarães, Nova

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frederico

Iorque, Kuala Lumpur. Ao longo de uma temporada foram muitas as cidades em que teve razões para celebrar. De forma geral, que avaliação faz ao ano de 2013 ao lado de João Sousa?

O ano de 2013 foi, em termos gerais, um ano muito completo e ao mesmo tempo complicado: nos primeiros três meses, onde aprendemos muito a nível técnico e táctico, apenas jogámos torneios ATP e o nível era outro - já que vínhamos do circuito Challenger; nos três meses seguintes, aprendemos imenso a sofrer e superar algumas adversidades devido à lesão que [o João Sousa] teve no pé, porque não pudemos competir durante cerca de dois meses e foi a primeira vez que isso se sucedeu na carreira do João. Nos últimos seis meses foi um acelerar constante cheio de energia e confiança depois de tudo o que

passámos. Podem sempre tirar-se ilações positivas de todas as adversidades, foi o que fizémos e conseguimos acabar bem o ano.

2013 foi, claramente, o ano de maior sucesso para a dupla, mas em 2012 João Sousa já havia mostrado bom ténis em grande parte dos torneios que disputou (inclusive no Estoril Open). Quais considera terem sido os pontos que mais evoluíram de um ano para o outro e como foi feito esse trabalho?

A grande diferença de um ano para o outro foi a estabilidade emocional do João. Essa mesma estabilidade emocional fez com que ele pudesse trabalhar com mais tranquilidade nos treinos e competição. Digamos que o João do dia de hoje é um jogador muito mais completo e equilibrado.

Ao longo da época, o João

defrontou grandes jogadores (como o Andy Murray, o Novak Djokovic e o David Ferrer). De que forma considera que estes encontros o podem ajudar a evoluir, dado que o próprio afirmou que só ao defrontar o sérvio se apercebeu verdadeiramente do que é preciso para estar no topo?

A meu ver todos os encontros são importantes para analisar e com isso evoluir. Ao finalizar todos os jogos fazemos uma análise do jogo e assim podemos tirar algumas ilações. Mas também é óbvio que ao defrontar jogadores de ranking superior, como é o caso dos top10, vamos obter mais informação, visto que nos vão dificultar mais a tarefa e assim expor alguns pontos menos positivos.

Focamo-nos agora em Kuala Lumpur. Primeiro Harrison, depois Cuevas, Ferrer, Melzer, e , por fim, Benneteau. Não foi um percurso ‘qualquer’ e o João Sousa acabou por

conseguir fazer história e conquistar o seu primeiro troféu. Consegue descrever-nos as suas (vossas) emoções ao longo de toda a semana?

Foi, sem dúvida, uma semana especial, mas apenas especial quando acabou o torneio. Afrontámos o torneio com muita tranquilidade, os dias iam passando e só pensávamos em como utilizar as nossas armas no dia seguinte. Apenas pensávamos dia a dia e sem olhar para nomes nem pontos. Preocupámo-nos em comer e descansar bem e lutar imenso com a famosa estabilidade emocional.

De um ponto de vista mais nacional, como pensa estar a evoluir (se é que concorda com a afirmação) o ténis português? Até onde e como pode ‘avançar’ a modalidade no nosso país? Como treinador de um desportista que apostou no estrangeiro para evoluir, qual é a sua opinião em relação a este

assunto? É possível fazer-se carreira em Portugal?

Penso que o ténis em Portugal está no bom caminho, mas ainda nos falta algo de base e profissionalismo. Considero muito importante o tema educação ([ligação]escola-ténis) e é necessário estarem juntos desde o começo. Sempre tivémos jogadores a bom nível nas camadas jovens mas acabam por perder muitas horas de treinos e descanso sem essa ligação. Tem de existir uma maior flexibilidade, para se poder treinar e estudar com tranquilidade e também competir com essa tranquilidade. Ainda existe muito o “primeiro estudas, depois treinas e por último competes”… Neste processo perde-se muita melhoria que no futuro irá ser crucial.

Claro que se pode fazer carreira em Portugal, mas com algumas mudanças tudo seria mais fácil e

poderíamos ter mais jogadores seniores com a base correta. Com o exemplo do João Sousa, Rui Machado e Frederico Gil, que já tiveram alguns ingressos no mundo do ténis, eu penso que os pais dos atletas jovens também podem começar a ver o ténis como opção de futuro para os filhos e não só a carreira universitária.

Falando ainda de Portugal, qual é a sua opinião acerca das mais recentes movimentações na selecção nacional masculina? Gostaria de, um dia, vir a ocupar o cargo de seleccionador nacional?

Penso que a eleição foi a correta, visto que o Nuno Marques é uma pessoa com personalidade, carácter e com muita experiência dentro de campo dado que foi um grande jogador. O cargo de selecionador nacional está muito bem entregue e é um assunto que

não está neste momento no meu horizonte.

Com os olhos postos na próxima temporada, quais são os aspectos que tem trabalhado mais com o João ao longo desta pré-temporada? Como se tem desenvolvido todo o ‘processo’?

A pré-temporada do João foi dividida em três fases: a primeira contou com treinos de muito volume para ganhar alguma base perdida com o desgaste dos últimos meses de competição e melhorar o plano físico; na segunda, trabalhámos com o objectivo de ganhar alguma ‘explosividade’ nos seus golpes assim como alguns aspectos técnico e tácticos; por último, na terceira fase (pré-competição), que corresponde às duas últimas semanas, muitos jogos de treino, ou seja, treinar o mais parecido à competição.

Para 2014, quais são as grandes expectativas?

O que mais queremos para 2014 é continuar a evoluir como pessoas e jogador/treinador. Nunca falamos de números e rankings, pois não é algo que se possa controlar, mas gostaríamos de ver o nome do João nos 40 primeiros do ranking no final do ano.

E do calendário, já nos pode avançar alguns detalhes sobre as cidades para as quais planeiam viajar?

O calendário do João será: primeira semana do ano em Doha, Qatar (ATP250), segunda semana em Sydney, Austrália (ATP250) e, depois, o Australian Open. Após os torneios na Austrália, jogará a Taça Davis na Eslovénia e depois tudo indica que vai para a América do Sul, onde jogará em Viña del Mar, Chile (ATP250), Buenos Aires, Argentina (ATP 250), Rio de Janeiro, Brasil (ATP 500), Acapulco, México (ATP500), e Indian Wells e Miami, Estados Unidos da América (Masters

1000).

A todos aqueles que gostariam de seguir as suas pisadas, tem algum conselho que gostaria de deixar? Como e onde começar?

O importante não é onde se trabalha mas como se trabalha. Não é possível ter-se êxito se não se ama este desporto, porque os sacrifícios são muitos. ‘Ser humilde e aprender sempre alguma coisa todos os dias’, este é o meu lema de viver e eu vivo ténis.

Para terminar, qual é a sua opinião sobre o Ténis Portugal? Em que aspectos considera que devíamos evoluir mais?

Penso que fazem um excelente trabalho, adorava que estivessem nas bancas. Sou da opinião que uma revista entra mais pelos olhos e ajudaria mais a modalidade.

marques

Majors’13ENTREVISTA

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Page 63: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Dez’13Fotografias: Divulgação

Com apenas vinte e sete anos, Frederico Marques já percorreu os quatro cantos do mundo e desde 2011 que exerce funções de treinador de João Sousa, melhor tenista português da actualidade e o primeiro a vencer um torneio de singulares da categoria ATP e a entrar e

índice e f.t.

terminar uma temporada no top50 mundial. Esta semana, o treinador lisbonense concedeu-nos uma entrevista onde recorda alguns dos momentos de 2013 e fala sobre a sua relação profissional com o tenista vimaranense, entre muitos outros aspectos.

Ao longo desta entrevista poderá, também, ficar a conhecer as expectativas da dupla para a próxima temporada e os primeiros torneios para os quais os dois pretendem viajar no início da época.

Foi em 2011 que tudo começou. Na altura, o Frederico tinha apenas vinte e cinco anos e o João estava fora do top200 mundial. Quais são as maiores diferenças entre os vossos primeiros momentos juntos enquanto treinador/jogador e agora, já depois de terem alcançado todo este sucesso?

A meu ver não existem muitas diferenças desde 2011 até aos

dias de hoje. Continuamos com a mesma ambição, amizade, respeito e profissionalismo de quando estávamos a competir a nível Future. Desde o primeiro dia em que começámos a trabalhar que acreditamos que podíamos estar entre os melhores do mundo com muito trabalho e humildade.

Dado que são ambos bastante novos, é justo dizer-se que têm vindo a aprender um com o outro? Se sim, qual o aspecto em que considera isto reflectir-se mais?

É óbvio que temos vindo a aprender um com o outro. Digamos que todos os treinadores aprendem com os jogadores e vice versa. Esta mentalidade aberta do treinador é muito importante, visto que o atleta é quem tem as verdadeiras sensações. A meu ver sempre se pode aprender e ensinar quando se quer melhorar.

Melbourne, Guimarães, Nova

Iorque, Kuala Lumpur. Ao longo de uma temporada foram muitas as cidades em que teve razões para celebrar. De forma geral, que avaliação faz ao ano de 2013 ao lado de João Sousa?

O ano de 2013 foi, em termos gerais, um ano muito completo e ao mesmo tempo complicado: nos primeiros três meses, onde aprendemos muito a nível técnico e táctico, apenas jogámos torneios ATP e o nível era outro - já que vínhamos do circuito Challenger; nos três meses seguintes, aprendemos imenso a sofrer e superar algumas adversidades devido à lesão que [o João Sousa] teve no pé, porque não pudemos competir durante cerca de dois meses e foi a primeira vez que isso se sucedeu na carreira do João. Nos últimos seis meses foi um acelerar constante cheio de energia e confiança depois de tudo o que

passámos. Podem sempre tirar-se ilações positivas de todas as adversidades, foi o que fizémos e conseguimos acabar bem o ano.

2013 foi, claramente, o ano de maior sucesso para a dupla, mas em 2012 João Sousa já havia mostrado bom ténis em grande parte dos torneios que disputou (inclusive no Estoril Open). Quais considera terem sido os pontos que mais evoluíram de um ano para o outro e como foi feito esse trabalho?

A grande diferença de um ano para o outro foi a estabilidade emocional do João. Essa mesma estabilidade emocional fez com que ele pudesse trabalhar com mais tranquilidade nos treinos e competição. Digamos que o João do dia de hoje é um jogador muito mais completo e equilibrado.

Ao longo da época, o João

defrontou grandes jogadores (como o Andy Murray, o Novak Djokovic e o David Ferrer). De que forma considera que estes encontros o podem ajudar a evoluir, dado que o próprio afirmou que só ao defrontar o sérvio se apercebeu verdadeiramente do que é preciso para estar no topo?

A meu ver todos os encontros são importantes para analisar e com isso evoluir. Ao finalizar todos os jogos fazemos uma análise do jogo e assim podemos tirar algumas ilações. Mas também é óbvio que ao defrontar jogadores de ranking superior, como é o caso dos top10, vamos obter mais informação, visto que nos vão dificultar mais a tarefa e assim expor alguns pontos menos positivos.

Focamo-nos agora em Kuala Lumpur. Primeiro Harrison, depois Cuevas, Ferrer, Melzer, e , por fim, Benneteau. Não foi um percurso ‘qualquer’ e o João Sousa acabou por

conseguir fazer história e conquistar o seu primeiro troféu. Consegue descrever-nos as suas (vossas) emoções ao longo de toda a semana?

Foi, sem dúvida, uma semana especial, mas apenas especial quando acabou o torneio. Afrontámos o torneio com muita tranquilidade, os dias iam passando e só pensávamos em como utilizar as nossas armas no dia seguinte. Apenas pensávamos dia a dia e sem olhar para nomes nem pontos. Preocupámo-nos em comer e descansar bem e lutar imenso com a famosa estabilidade emocional.

De um ponto de vista mais nacional, como pensa estar a evoluir (se é que concorda com a afirmação) o ténis português? Até onde e como pode ‘avançar’ a modalidade no nosso país? Como treinador de um desportista que apostou no estrangeiro para evoluir, qual é a sua opinião em relação a este

assunto? É possível fazer-se carreira em Portugal?

Penso que o ténis em Portugal está no bom caminho, mas ainda nos falta algo de base e profissionalismo. Considero muito importante o tema educação ([ligação]escola-ténis) e é necessário estarem juntos desde o começo. Sempre tivémos jogadores a bom nível nas camadas jovens mas acabam por perder muitas horas de treinos e descanso sem essa ligação. Tem de existir uma maior flexibilidade, para se poder treinar e estudar com tranquilidade e também competir com essa tranquilidade. Ainda existe muito o “primeiro estudas, depois treinas e por último competes”… Neste processo perde-se muita melhoria que no futuro irá ser crucial.

Claro que se pode fazer carreira em Portugal, mas com algumas mudanças tudo seria mais fácil e

poderíamos ter mais jogadores seniores com a base correta. Com o exemplo do João Sousa, Rui Machado e Frederico Gil, que já tiveram alguns ingressos no mundo do ténis, eu penso que os pais dos atletas jovens também podem começar a ver o ténis como opção de futuro para os filhos e não só a carreira universitária.

Falando ainda de Portugal, qual é a sua opinião acerca das mais recentes movimentações na selecção nacional masculina? Gostaria de, um dia, vir a ocupar o cargo de seleccionador nacional?

Penso que a eleição foi a correta, visto que o Nuno Marques é uma pessoa com personalidade, carácter e com muita experiência dentro de campo dado que foi um grande jogador. O cargo de selecionador nacional está muito bem entregue e é um assunto que

não está neste momento no meu horizonte.

Com os olhos postos na próxima temporada, quais são os aspectos que tem trabalhado mais com o João ao longo desta pré-temporada? Como se tem desenvolvido todo o ‘processo’?

A pré-temporada do João foi dividida em três fases: a primeira contou com treinos de muito volume para ganhar alguma base perdida com o desgaste dos últimos meses de competição e melhorar o plano físico; na segunda, trabalhámos com o objectivo de ganhar alguma ‘explosividade’ nos seus golpes assim como alguns aspectos técnico e tácticos; por último, na terceira fase (pré-competição), que corresponde às duas últimas semanas, muitos jogos de treino, ou seja, treinar o mais parecido à competição.

Para 2014, quais são as grandes expectativas?

O que mais queremos para 2014 é continuar a evoluir como pessoas e jogador/treinador. Nunca falamos de números e rankings, pois não é algo que se possa controlar, mas gostaríamos de ver o nome do João nos 40 primeiros do ranking no final do ano.

E do calendário, já nos pode avançar alguns detalhes sobre as cidades para as quais planeiam viajar?

O calendário do João será: primeira semana do ano em Doha, Qatar (ATP250), segunda semana em Sydney, Austrália (ATP250) e, depois, o Australian Open. Após os torneios na Austrália, jogará a Taça Davis na Eslovénia e depois tudo indica que vai para a América do Sul, onde jogará em Viña del Mar, Chile (ATP250), Buenos Aires, Argentina (ATP 250), Rio de Janeiro, Brasil (ATP 500), Acapulco, México (ATP500), e Indian Wells e Miami, Estados Unidos da América (Masters

1000).

A todos aqueles que gostariam de seguir as suas pisadas, tem algum conselho que gostaria de deixar? Como e onde começar?

O importante não é onde se trabalha mas como se trabalha. Não é possível ter-se êxito se não se ama este desporto, porque os sacrifícios são muitos. ‘Ser humilde e aprender sempre alguma coisa todos os dias’, este é o meu lema de viver e eu vivo ténis.

Para terminar, qual é a sua opinião sobre o Ténis Portugal? Em que aspectos considera que devíamos evoluir mais?

Penso que fazem um excelente trabalho, adorava que estivessem nas bancas. Sou da opinião que uma revista entra mais pelos olhos e ajudaria mais a modalidade.

ENTREVISTA

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Page 64: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Dez’13Fotografias: Divulgação

Com apenas vinte e sete anos, Frederico Marques já percorreu os quatro cantos do mundo e desde 2011 que exerce funções de treinador de João Sousa, melhor tenista português da actualidade e o primeiro a vencer um torneio de singulares da categoria ATP e a entrar e

terminar uma temporada no top50 mundial. Esta semana, o treinador lisbonense concedeu-nos uma entrevista onde recorda alguns dos momentos de 2013 e fala sobre a sua relação profissional com o tenista vimaranense, entre muitos outros aspectos.

Ao longo desta entrevista poderá, também, ficar a conhecer as expectativas da dupla para a próxima temporada e os primeiros torneios para os quais os dois pretendem viajar no início da época.

Foi em 2011 que tudo começou. Na altura, o Frederico tinha apenas vinte e cinco anos e o João estava fora do top200 mundial. Quais são as maiores diferenças entre os vossos primeiros momentos juntos enquanto treinador/jogador e agora, já depois de terem alcançado todo este sucesso?

A meu ver não existem muitas diferenças desde 2011 até aos

dias de hoje. Continuamos com a mesma ambição, amizade, respeito e profissionalismo de quando estávamos a competir a nível Future. Desde o primeiro dia em que começámos a trabalhar que acreditamos que podíamos estar entre os melhores do mundo com muito trabalho e humildade.

Dado que são ambos bastante novos, é justo dizer-se que têm vindo a aprender um com o outro? Se sim, qual o aspecto em que considera isto reflectir-se mais?

É óbvio que temos vindo a aprender um com o outro. Digamos que todos os treinadores aprendem com os jogadores e vice versa. Esta mentalidade aberta do treinador é muito importante, visto que o atleta é quem tem as verdadeiras sensações. A meu ver sempre se pode aprender e ensinar quando se quer melhorar.

Melbourne, Guimarães, Nova

índice e f.t.

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Iorque, Kuala Lumpur. Ao longo de uma temporada foram muitas as cidades em que teve razões para celebrar. De forma geral, que avaliação faz ao ano de 2013 ao lado de João Sousa?

O ano de 2013 foi, em termos gerais, um ano muito completo e ao mesmo tempo complicado: nos primeiros três meses, onde aprendemos muito a nível técnico e táctico, apenas jogámos torneios ATP e o nível era outro - já que vínhamos do circuito Challenger; nos três meses seguintes, aprendemos imenso a sofrer e superar algumas adversidades devido à lesão que [o João Sousa] teve no pé, porque não pudemos competir durante cerca de dois meses e foi a primeira vez que isso se sucedeu na carreira do João. Nos últimos seis meses foi um acelerar constante cheio de energia e confiança depois de tudo o que

passámos. Podem sempre tirar-se ilações positivas de todas as adversidades, foi o que fizémos e conseguimos acabar bem o ano.

2013 foi, claramente, o ano de maior sucesso para a dupla, mas em 2012 João Sousa já havia mostrado bom ténis em grande parte dos torneios que disputou (inclusive no Estoril Open). Quais considera terem sido os pontos que mais evoluíram de um ano para o outro e como foi feito esse trabalho?

A grande diferença de um ano para o outro foi a estabilidade emocional do João. Essa mesma estabilidade emocional fez com que ele pudesse trabalhar com mais tranquilidade nos treinos e competição. Digamos que o João do dia de hoje é um jogador muito mais completo e equilibrado.

Ao longo da época, o João

defrontou grandes jogadores (como o Andy Murray, o Novak Djokovic e o David Ferrer). De que forma considera que estes encontros o podem ajudar a evoluir, dado que o próprio afirmou que só ao defrontar o sérvio se apercebeu verdadeiramente do que é preciso para estar no topo?

A meu ver todos os encontros são importantes para analisar e com isso evoluir. Ao finalizar todos os jogos fazemos uma análise do jogo e assim podemos tirar algumas ilações. Mas também é óbvio que ao defrontar jogadores de ranking superior, como é o caso dos top10, vamos obter mais informação, visto que nos vão dificultar mais a tarefa e assim expor alguns pontos menos positivos.

Focamo-nos agora em Kuala Lumpur. Primeiro Harrison, depois Cuevas, Ferrer, Melzer, e , por fim, Benneteau. Não foi um percurso ‘qualquer’ e o João Sousa acabou por

conseguir fazer história e conquistar o seu primeiro troféu. Consegue descrever-nos as suas (vossas) emoções ao longo de toda a semana?

Foi, sem dúvida, uma semana especial, mas apenas especial quando acabou o torneio. Afrontámos o torneio com muita tranquilidade, os dias iam passando e só pensávamos em como utilizar as nossas armas no dia seguinte. Apenas pensávamos dia a dia e sem olhar para nomes nem pontos. Preocupámo-nos em comer e descansar bem e lutar imenso com a famosa estabilidade emocional.

De um ponto de vista mais nacional, como pensa estar a evoluir (se é que concorda com a afirmação) o ténis português? Até onde e como pode ‘avançar’ a modalidade no nosso país? Como treinador de um desportista que apostou no estrangeiro para evoluir, qual é a sua opinião em relação a este

assunto? É possível fazer-se carreira em Portugal?

Penso que o ténis em Portugal está no bom caminho, mas ainda nos falta algo de base e profissionalismo. Considero muito importante o tema educação ([ligação]escola-ténis) e é necessário estarem juntos desde o começo. Sempre tivémos jogadores a bom nível nas camadas jovens mas acabam por perder muitas horas de treinos e descanso sem essa ligação. Tem de existir uma maior flexibilidade, para se poder treinar e estudar com tranquilidade e também competir com essa tranquilidade. Ainda existe muito o “primeiro estudas, depois treinas e por último competes”… Neste processo perde-se muita melhoria que no futuro irá ser crucial.

Claro que se pode fazer carreira em Portugal, mas com algumas mudanças tudo seria mais fácil e

poderíamos ter mais jogadores seniores com a base correta. Com o exemplo do João Sousa, Rui Machado e Frederico Gil, que já tiveram alguns ingressos no mundo do ténis, eu penso que os pais dos atletas jovens também podem começar a ver o ténis como opção de futuro para os filhos e não só a carreira universitária.

Falando ainda de Portugal, qual é a sua opinião acerca das mais recentes movimentações na selecção nacional masculina? Gostaria de, um dia, vir a ocupar o cargo de seleccionador nacional?

Penso que a eleição foi a correta, visto que o Nuno Marques é uma pessoa com personalidade, carácter e com muita experiência dentro de campo dado que foi um grande jogador. O cargo de selecionador nacional está muito bem entregue e é um assunto que

não está neste momento no meu horizonte.

Com os olhos postos na próxima temporada, quais são os aspectos que tem trabalhado mais com o João ao longo desta pré-temporada? Como se tem desenvolvido todo o ‘processo’?

A pré-temporada do João foi dividida em três fases: a primeira contou com treinos de muito volume para ganhar alguma base perdida com o desgaste dos últimos meses de competição e melhorar o plano físico; na segunda, trabalhámos com o objectivo de ganhar alguma ‘explosividade’ nos seus golpes assim como alguns aspectos técnico e tácticos; por último, na terceira fase (pré-competição), que corresponde às duas últimas semanas, muitos jogos de treino, ou seja, treinar o mais parecido à competição.

Para 2014, quais são as grandes expectativas?

O que mais queremos para 2014 é continuar a evoluir como pessoas e jogador/treinador. Nunca falamos de números e rankings, pois não é algo que se possa controlar, mas gostaríamos de ver o nome do João nos 40 primeiros do ranking no final do ano.

E do calendário, já nos pode avançar alguns detalhes sobre as cidades para as quais planeiam viajar?

O calendário do João será: primeira semana do ano em Doha, Qatar (ATP250), segunda semana em Sydney, Austrália (ATP250) e, depois, o Australian Open. Após os torneios na Austrália, jogará a Taça Davis na Eslovénia e depois tudo indica que vai para a América do Sul, onde jogará em Viña del Mar, Chile (ATP250), Buenos Aires, Argentina (ATP 250), Rio de Janeiro, Brasil (ATP 500), Acapulco, México (ATP500), e Indian Wells e Miami, Estados Unidos da América (Masters

1000).

A todos aqueles que gostariam de seguir as suas pisadas, tem algum conselho que gostaria de deixar? Como e onde começar?

O importante não é onde se trabalha mas como se trabalha. Não é possível ter-se êxito se não se ama este desporto, porque os sacrifícios são muitos. ‘Ser humilde e aprender sempre alguma coisa todos os dias’, este é o meu lema de viver e eu vivo ténis.

Para terminar, qual é a sua opinião sobre o Ténis Portugal? Em que aspectos considera que devíamos evoluir mais?

Penso que fazem um excelente trabalho, adorava que estivessem nas bancas. Sou da opinião que uma revista entra mais pelos olhos e ajudaria mais a modalidade.

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Page 65: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Dez’13Fotografias: Divulgação

Com apenas vinte e sete anos, Frederico Marques já percorreu os quatro cantos do mundo e desde 2011 que exerce funções de treinador de João Sousa, melhor tenista português da actualidade e o primeiro a vencer um torneio de singulares da categoria ATP e a entrar e

terminar uma temporada no top50 mundial. Esta semana, o treinador lisbonense concedeu-nos uma entrevista onde recorda alguns dos momentos de 2013 e fala sobre a sua relação profissional com o tenista vimaranense, entre muitos outros aspectos.

Ao longo desta entrevista poderá, também, ficar a conhecer as expectativas da dupla para a próxima temporada e os primeiros torneios para os quais os dois pretendem viajar no início da época.

Foi em 2011 que tudo começou. Na altura, o Frederico tinha apenas vinte e cinco anos e o João estava fora do top200 mundial. Quais são as maiores diferenças entre os vossos primeiros momentos juntos enquanto treinador/jogador e agora, já depois de terem alcançado todo este sucesso?

A meu ver não existem muitas diferenças desde 2011 até aos

dias de hoje. Continuamos com a mesma ambição, amizade, respeito e profissionalismo de quando estávamos a competir a nível Future. Desde o primeiro dia em que começámos a trabalhar que acreditamos que podíamos estar entre os melhores do mundo com muito trabalho e humildade.

Dado que são ambos bastante novos, é justo dizer-se que têm vindo a aprender um com o outro? Se sim, qual o aspecto em que considera isto reflectir-se mais?

É óbvio que temos vindo a aprender um com o outro. Digamos que todos os treinadores aprendem com os jogadores e vice versa. Esta mentalidade aberta do treinador é muito importante, visto que o atleta é quem tem as verdadeiras sensações. A meu ver sempre se pode aprender e ensinar quando se quer melhorar.

Melbourne, Guimarães, Nova

Iorque, Kuala Lumpur. Ao longo de uma temporada foram muitas as cidades em que teve razões para celebrar. De forma geral, que avaliação faz ao ano de 2013 ao lado de João Sousa?

O ano de 2013 foi, em termos gerais, um ano muito completo e ao mesmo tempo complicado: nos primeiros três meses, onde aprendemos muito a nível técnico e táctico, apenas jogámos torneios ATP e o nível era outro - já que vínhamos do circuito Challenger; nos três meses seguintes, aprendemos imenso a sofrer e superar algumas adversidades devido à lesão que [o João Sousa] teve no pé, porque não pudemos competir durante cerca de dois meses e foi a primeira vez que isso se sucedeu na carreira do João. Nos últimos seis meses foi um acelerar constante cheio de energia e confiança depois de tudo o que

índice e f.t.

passámos. Podem sempre tirar-se ilações positivas de todas as adversidades, foi o que fizémos e conseguimos acabar bem o ano.

2013 foi, claramente, o ano de maior sucesso para a dupla, mas em 2012 João Sousa já havia mostrado bom ténis em grande parte dos torneios que disputou (inclusive no Estoril Open). Quais considera terem sido os pontos que mais evoluíram de um ano para o outro e como foi feito esse trabalho?

A grande diferença de um ano para o outro foi a estabilidade emocional do João. Essa mesma estabilidade emocional fez com que ele pudesse trabalhar com mais tranquilidade nos treinos e competição. Digamos que o João do dia de hoje é um jogador muito mais completo e equilibrado.

Ao longo da época, o João

defrontou grandes jogadores (como o Andy Murray, o Novak Djokovic e o David Ferrer). De que forma considera que estes encontros o podem ajudar a evoluir, dado que o próprio afirmou que só ao defrontar o sérvio se apercebeu verdadeiramente do que é preciso para estar no topo?

A meu ver todos os encontros são importantes para analisar e com isso evoluir. Ao finalizar todos os jogos fazemos uma análise do jogo e assim podemos tirar algumas ilações. Mas também é óbvio que ao defrontar jogadores de ranking superior, como é o caso dos top10, vamos obter mais informação, visto que nos vão dificultar mais a tarefa e assim expor alguns pontos menos positivos.

Focamo-nos agora em Kuala Lumpur. Primeiro Harrison, depois Cuevas, Ferrer, Melzer, e , por fim, Benneteau. Não foi um percurso ‘qualquer’ e o João Sousa acabou por

conseguir fazer história e conquistar o seu primeiro troféu. Consegue descrever-nos as suas (vossas) emoções ao longo de toda a semana?

Foi, sem dúvida, uma semana especial, mas apenas especial quando acabou o torneio. Afrontámos o torneio com muita tranquilidade, os dias iam passando e só pensávamos em como utilizar as nossas armas no dia seguinte. Apenas pensávamos dia a dia e sem olhar para nomes nem pontos. Preocupámo-nos em comer e descansar bem e lutar imenso com a famosa estabilidade emocional.

De um ponto de vista mais nacional, como pensa estar a evoluir (se é que concorda com a afirmação) o ténis português? Até onde e como pode ‘avançar’ a modalidade no nosso país? Como treinador de um desportista que apostou no estrangeiro para evoluir, qual é a sua opinião em relação a este

assunto? É possível fazer-se carreira em Portugal?

Penso que o ténis em Portugal está no bom caminho, mas ainda nos falta algo de base e profissionalismo. Considero muito importante o tema educação ([ligação]escola-ténis) e é necessário estarem juntos desde o começo. Sempre tivémos jogadores a bom nível nas camadas jovens mas acabam por perder muitas horas de treinos e descanso sem essa ligação. Tem de existir uma maior flexibilidade, para se poder treinar e estudar com tranquilidade e também competir com essa tranquilidade. Ainda existe muito o “primeiro estudas, depois treinas e por último competes”… Neste processo perde-se muita melhoria que no futuro irá ser crucial.

Claro que se pode fazer carreira em Portugal, mas com algumas mudanças tudo seria mais fácil e

poderíamos ter mais jogadores seniores com a base correta. Com o exemplo do João Sousa, Rui Machado e Frederico Gil, que já tiveram alguns ingressos no mundo do ténis, eu penso que os pais dos atletas jovens também podem começar a ver o ténis como opção de futuro para os filhos e não só a carreira universitária.

Falando ainda de Portugal, qual é a sua opinião acerca das mais recentes movimentações na selecção nacional masculina? Gostaria de, um dia, vir a ocupar o cargo de seleccionador nacional?

Penso que a eleição foi a correta, visto que o Nuno Marques é uma pessoa com personalidade, carácter e com muita experiência dentro de campo dado que foi um grande jogador. O cargo de selecionador nacional está muito bem entregue e é um assunto que

não está neste momento no meu horizonte.

Com os olhos postos na próxima temporada, quais são os aspectos que tem trabalhado mais com o João ao longo desta pré-temporada? Como se tem desenvolvido todo o ‘processo’?

A pré-temporada do João foi dividida em três fases: a primeira contou com treinos de muito volume para ganhar alguma base perdida com o desgaste dos últimos meses de competição e melhorar o plano físico; na segunda, trabalhámos com o objectivo de ganhar alguma ‘explosividade’ nos seus golpes assim como alguns aspectos técnico e tácticos; por último, na terceira fase (pré-competição), que corresponde às duas últimas semanas, muitos jogos de treino, ou seja, treinar o mais parecido à competição.

Para 2014, quais são as grandes expectativas?

O que mais queremos para 2014 é continuar a evoluir como pessoas e jogador/treinador. Nunca falamos de números e rankings, pois não é algo que se possa controlar, mas gostaríamos de ver o nome do João nos 40 primeiros do ranking no final do ano.

E do calendário, já nos pode avançar alguns detalhes sobre as cidades para as quais planeiam viajar?

O calendário do João será: primeira semana do ano em Doha, Qatar (ATP250), segunda semana em Sydney, Austrália (ATP250) e, depois, o Australian Open. Após os torneios na Austrália, jogará a Taça Davis na Eslovénia e depois tudo indica que vai para a América do Sul, onde jogará em Viña del Mar, Chile (ATP250), Buenos Aires, Argentina (ATP 250), Rio de Janeiro, Brasil (ATP 500), Acapulco, México (ATP500), e Indian Wells e Miami, Estados Unidos da América (Masters

1000).

A todos aqueles que gostariam de seguir as suas pisadas, tem algum conselho que gostaria de deixar? Como e onde começar?

O importante não é onde se trabalha mas como se trabalha. Não é possível ter-se êxito se não se ama este desporto, porque os sacrifícios são muitos. ‘Ser humilde e aprender sempre alguma coisa todos os dias’, este é o meu lema de viver e eu vivo ténis.

Para terminar, qual é a sua opinião sobre o Ténis Portugal? Em que aspectos considera que devíamos evoluir mais?

Penso que fazem um excelente trabalho, adorava que estivessem nas bancas. Sou da opinião que uma revista entra mais pelos olhos e ajudaria mais a modalidade.

ENTREVISTA

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Page 66: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Dez’13Fotografias: Divulgação

Com apenas vinte e sete anos, Frederico Marques já percorreu os quatro cantos do mundo e desde 2011 que exerce funções de treinador de João Sousa, melhor tenista português da actualidade e o primeiro a vencer um torneio de singulares da categoria ATP e a entrar e

terminar uma temporada no top50 mundial. Esta semana, o treinador lisbonense concedeu-nos uma entrevista onde recorda alguns dos momentos de 2013 e fala sobre a sua relação profissional com o tenista vimaranense, entre muitos outros aspectos.

Ao longo desta entrevista poderá, também, ficar a conhecer as expectativas da dupla para a próxima temporada e os primeiros torneios para os quais os dois pretendem viajar no início da época.

Foi em 2011 que tudo começou. Na altura, o Frederico tinha apenas vinte e cinco anos e o João estava fora do top200 mundial. Quais são as maiores diferenças entre os vossos primeiros momentos juntos enquanto treinador/jogador e agora, já depois de terem alcançado todo este sucesso?

A meu ver não existem muitas diferenças desde 2011 até aos

dias de hoje. Continuamos com a mesma ambição, amizade, respeito e profissionalismo de quando estávamos a competir a nível Future. Desde o primeiro dia em que começámos a trabalhar que acreditamos que podíamos estar entre os melhores do mundo com muito trabalho e humildade.

Dado que são ambos bastante novos, é justo dizer-se que têm vindo a aprender um com o outro? Se sim, qual o aspecto em que considera isto reflectir-se mais?

É óbvio que temos vindo a aprender um com o outro. Digamos que todos os treinadores aprendem com os jogadores e vice versa. Esta mentalidade aberta do treinador é muito importante, visto que o atleta é quem tem as verdadeiras sensações. A meu ver sempre se pode aprender e ensinar quando se quer melhorar.

Melbourne, Guimarães, Nova

Iorque, Kuala Lumpur. Ao longo de uma temporada foram muitas as cidades em que teve razões para celebrar. De forma geral, que avaliação faz ao ano de 2013 ao lado de João Sousa?

O ano de 2013 foi, em termos gerais, um ano muito completo e ao mesmo tempo complicado: nos primeiros três meses, onde aprendemos muito a nível técnico e táctico, apenas jogámos torneios ATP e o nível era outro - já que vínhamos do circuito Challenger; nos três meses seguintes, aprendemos imenso a sofrer e superar algumas adversidades devido à lesão que [o João Sousa] teve no pé, porque não pudemos competir durante cerca de dois meses e foi a primeira vez que isso se sucedeu na carreira do João. Nos últimos seis meses foi um acelerar constante cheio de energia e confiança depois de tudo o que

passámos. Podem sempre tirar-se ilações positivas de todas as adversidades, foi o que fizémos e conseguimos acabar bem o ano.

2013 foi, claramente, o ano de maior sucesso para a dupla, mas em 2012 João Sousa já havia mostrado bom ténis em grande parte dos torneios que disputou (inclusive no Estoril Open). Quais considera terem sido os pontos que mais evoluíram de um ano para o outro e como foi feito esse trabalho?

A grande diferença de um ano para o outro foi a estabilidade emocional do João. Essa mesma estabilidade emocional fez com que ele pudesse trabalhar com mais tranquilidade nos treinos e competição. Digamos que o João do dia de hoje é um jogador muito mais completo e equilibrado.

Ao longo da época, o João

defrontou grandes jogadores (como o Andy Murray, o Novak Djokovic e o David Ferrer). De que forma considera que estes encontros o podem ajudar a evoluir, dado que o próprio afirmou que só ao defrontar o sérvio se apercebeu verdadeiramente do que é preciso para estar no topo?

A meu ver todos os encontros são importantes para analisar e com isso evoluir. Ao finalizar todos os jogos fazemos uma análise do jogo e assim podemos tirar algumas ilações. Mas também é óbvio que ao defrontar jogadores de ranking superior, como é o caso dos top10, vamos obter mais informação, visto que nos vão dificultar mais a tarefa e assim expor alguns pontos menos positivos.

Focamo-nos agora em Kuala Lumpur. Primeiro Harrison, depois Cuevas, Ferrer, Melzer, e , por fim, Benneteau. Não foi um percurso ‘qualquer’ e o João Sousa acabou por

índice e f.t.

1

conseguir fazer história e conquistar o seu primeiro troféu. Consegue descrever-nos as suas (vossas) emoções ao longo de toda a semana?

Foi, sem dúvida, uma semana especial, mas apenas especial quando acabou o torneio. Afrontámos o torneio com muita tranquilidade, os dias iam passando e só pensávamos em como utilizar as nossas armas no dia seguinte. Apenas pensávamos dia a dia e sem olhar para nomes nem pontos. Preocupámo-nos em comer e descansar bem e lutar imenso com a famosa estabilidade emocional.

De um ponto de vista mais nacional, como pensa estar a evoluir (se é que concorda com a afirmação) o ténis português? Até onde e como pode ‘avançar’ a modalidade no nosso país? Como treinador de um desportista que apostou no estrangeiro para evoluir, qual é a sua opinião em relação a este

assunto? É possível fazer-se carreira em Portugal?

Penso que o ténis em Portugal está no bom caminho, mas ainda nos falta algo de base e profissionalismo. Considero muito importante o tema educação ([ligação]escola-ténis) e é necessário estarem juntos desde o começo. Sempre tivémos jogadores a bom nível nas camadas jovens mas acabam por perder muitas horas de treinos e descanso sem essa ligação. Tem de existir uma maior flexibilidade, para se poder treinar e estudar com tranquilidade e também competir com essa tranquilidade. Ainda existe muito o “primeiro estudas, depois treinas e por último competes”… Neste processo perde-se muita melhoria que no futuro irá ser crucial.

Claro que se pode fazer carreira em Portugal, mas com algumas mudanças tudo seria mais fácil e

poderíamos ter mais jogadores seniores com a base correta. Com o exemplo do João Sousa, Rui Machado e Frederico Gil, que já tiveram alguns ingressos no mundo do ténis, eu penso que os pais dos atletas jovens também podem começar a ver o ténis como opção de futuro para os filhos e não só a carreira universitária.

Falando ainda de Portugal, qual é a sua opinião acerca das mais recentes movimentações na selecção nacional masculina? Gostaria de, um dia, vir a ocupar o cargo de seleccionador nacional?

Penso que a eleição foi a correta, visto que o Nuno Marques é uma pessoa com personalidade, carácter e com muita experiência dentro de campo dado que foi um grande jogador. O cargo de selecionador nacional está muito bem entregue e é um assunto que

não está neste momento no meu horizonte.

Com os olhos postos na próxima temporada, quais são os aspectos que tem trabalhado mais com o João ao longo desta pré-temporada? Como se tem desenvolvido todo o ‘processo’?

A pré-temporada do João foi dividida em três fases: a primeira contou com treinos de muito volume para ganhar alguma base perdida com o desgaste dos últimos meses de competição e melhorar o plano físico; na segunda, trabalhámos com o objectivo de ganhar alguma ‘explosividade’ nos seus golpes assim como alguns aspectos técnico e tácticos; por último, na terceira fase (pré-competição), que corresponde às duas últimas semanas, muitos jogos de treino, ou seja, treinar o mais parecido à competição.

Para 2014, quais são as grandes expectativas?

O que mais queremos para 2014 é continuar a evoluir como pessoas e jogador/treinador. Nunca falamos de números e rankings, pois não é algo que se possa controlar, mas gostaríamos de ver o nome do João nos 40 primeiros do ranking no final do ano.

E do calendário, já nos pode avançar alguns detalhes sobre as cidades para as quais planeiam viajar?

O calendário do João será: primeira semana do ano em Doha, Qatar (ATP250), segunda semana em Sydney, Austrália (ATP250) e, depois, o Australian Open. Após os torneios na Austrália, jogará a Taça Davis na Eslovénia e depois tudo indica que vai para a América do Sul, onde jogará em Viña del Mar, Chile (ATP250), Buenos Aires, Argentina (ATP 250), Rio de Janeiro, Brasil (ATP 500), Acapulco, México (ATP500), e Indian Wells e Miami, Estados Unidos da América (Masters

1000).

A todos aqueles que gostariam de seguir as suas pisadas, tem algum conselho que gostaria de deixar? Como e onde começar?

O importante não é onde se trabalha mas como se trabalha. Não é possível ter-se êxito se não se ama este desporto, porque os sacrifícios são muitos. ‘Ser humilde e aprender sempre alguma coisa todos os dias’, este é o meu lema de viver e eu vivo ténis.

Para terminar, qual é a sua opinião sobre o Ténis Portugal? Em que aspectos considera que devíamos evoluir mais?

Penso que fazem um excelente trabalho, adorava que estivessem nas bancas. Sou da opinião que uma revista entra mais pelos olhos e ajudaria mais a modalidade.

Majors’13ENTREVISTA

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Page 67: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Dez’13Fotografias: Divulgação

Com apenas vinte e sete anos, Frederico Marques já percorreu os quatro cantos do mundo e desde 2011 que exerce funções de treinador de João Sousa, melhor tenista português da actualidade e o primeiro a vencer um torneio de singulares da categoria ATP e a entrar e

terminar uma temporada no top50 mundial. Esta semana, o treinador lisbonense concedeu-nos uma entrevista onde recorda alguns dos momentos de 2013 e fala sobre a sua relação profissional com o tenista vimaranense, entre muitos outros aspectos.

Ao longo desta entrevista poderá, também, ficar a conhecer as expectativas da dupla para a próxima temporada e os primeiros torneios para os quais os dois pretendem viajar no início da época.

Foi em 2011 que tudo começou. Na altura, o Frederico tinha apenas vinte e cinco anos e o João estava fora do top200 mundial. Quais são as maiores diferenças entre os vossos primeiros momentos juntos enquanto treinador/jogador e agora, já depois de terem alcançado todo este sucesso?

A meu ver não existem muitas diferenças desde 2011 até aos

dias de hoje. Continuamos com a mesma ambição, amizade, respeito e profissionalismo de quando estávamos a competir a nível Future. Desde o primeiro dia em que começámos a trabalhar que acreditamos que podíamos estar entre os melhores do mundo com muito trabalho e humildade.

Dado que são ambos bastante novos, é justo dizer-se que têm vindo a aprender um com o outro? Se sim, qual o aspecto em que considera isto reflectir-se mais?

É óbvio que temos vindo a aprender um com o outro. Digamos que todos os treinadores aprendem com os jogadores e vice versa. Esta mentalidade aberta do treinador é muito importante, visto que o atleta é quem tem as verdadeiras sensações. A meu ver sempre se pode aprender e ensinar quando se quer melhorar.

Melbourne, Guimarães, Nova

Iorque, Kuala Lumpur. Ao longo de uma temporada foram muitas as cidades em que teve razões para celebrar. De forma geral, que avaliação faz ao ano de 2013 ao lado de João Sousa?

O ano de 2013 foi, em termos gerais, um ano muito completo e ao mesmo tempo complicado: nos primeiros três meses, onde aprendemos muito a nível técnico e táctico, apenas jogámos torneios ATP e o nível era outro - já que vínhamos do circuito Challenger; nos três meses seguintes, aprendemos imenso a sofrer e superar algumas adversidades devido à lesão que [o João Sousa] teve no pé, porque não pudemos competir durante cerca de dois meses e foi a primeira vez que isso se sucedeu na carreira do João. Nos últimos seis meses foi um acelerar constante cheio de energia e confiança depois de tudo o que

passámos. Podem sempre tirar-se ilações positivas de todas as adversidades, foi o que fizémos e conseguimos acabar bem o ano.

2013 foi, claramente, o ano de maior sucesso para a dupla, mas em 2012 João Sousa já havia mostrado bom ténis em grande parte dos torneios que disputou (inclusive no Estoril Open). Quais considera terem sido os pontos que mais evoluíram de um ano para o outro e como foi feito esse trabalho?

A grande diferença de um ano para o outro foi a estabilidade emocional do João. Essa mesma estabilidade emocional fez com que ele pudesse trabalhar com mais tranquilidade nos treinos e competição. Digamos que o João do dia de hoje é um jogador muito mais completo e equilibrado.

Ao longo da época, o João

defrontou grandes jogadores (como o Andy Murray, o Novak Djokovic e o David Ferrer). De que forma considera que estes encontros o podem ajudar a evoluir, dado que o próprio afirmou que só ao defrontar o sérvio se apercebeu verdadeiramente do que é preciso para estar no topo?

A meu ver todos os encontros são importantes para analisar e com isso evoluir. Ao finalizar todos os jogos fazemos uma análise do jogo e assim podemos tirar algumas ilações. Mas também é óbvio que ao defrontar jogadores de ranking superior, como é o caso dos top10, vamos obter mais informação, visto que nos vão dificultar mais a tarefa e assim expor alguns pontos menos positivos.

Focamo-nos agora em Kuala Lumpur. Primeiro Harrison, depois Cuevas, Ferrer, Melzer, e , por fim, Benneteau. Não foi um percurso ‘qualquer’ e o João Sousa acabou por

conseguir fazer história e conquistar o seu primeiro troféu. Consegue descrever-nos as suas (vossas) emoções ao longo de toda a semana?

Foi, sem dúvida, uma semana especial, mas apenas especial quando acabou o torneio. Afrontámos o torneio com muita tranquilidade, os dias iam passando e só pensávamos em como utilizar as nossas armas no dia seguinte. Apenas pensávamos dia a dia e sem olhar para nomes nem pontos. Preocupámo-nos em comer e descansar bem e lutar imenso com a famosa estabilidade emocional.

De um ponto de vista mais nacional, como pensa estar a evoluir (se é que concorda com a afirmação) o ténis português? Até onde e como pode ‘avançar’ a modalidade no nosso país? Como treinador de um desportista que apostou no estrangeiro para evoluir, qual é a sua opinião em relação a este

assunto? É possível fazer-se carreira em Portugal?

Penso que o ténis em Portugal está no bom caminho, mas ainda nos falta algo de base e profissionalismo. Considero muito importante o tema educação ([ligação]escola-ténis) e é necessário estarem juntos desde o começo. Sempre tivémos jogadores a bom nível nas camadas jovens mas acabam por perder muitas horas de treinos e descanso sem essa ligação. Tem de existir uma maior flexibilidade, para se poder treinar e estudar com tranquilidade e também competir com essa tranquilidade. Ainda existe muito o “primeiro estudas, depois treinas e por último competes”… Neste processo perde-se muita melhoria que no futuro irá ser crucial.

Claro que se pode fazer carreira em Portugal, mas com algumas mudanças tudo seria mais fácil e

índice e f.t.

poderíamos ter mais jogadores seniores com a base correta. Com o exemplo do João Sousa, Rui Machado e Frederico Gil, que já tiveram alguns ingressos no mundo do ténis, eu penso que os pais dos atletas jovens também podem começar a ver o ténis como opção de futuro para os filhos e não só a carreira universitária.

Falando ainda de Portugal, qual é a sua opinião acerca das mais recentes movimentações na selecção nacional masculina? Gostaria de, um dia, vir a ocupar o cargo de seleccionador nacional?

Penso que a eleição foi a correta, visto que o Nuno Marques é uma pessoa com personalidade, carácter e com muita experiência dentro de campo dado que foi um grande jogador. O cargo de selecionador nacional está muito bem entregue e é um assunto que

não está neste momento no meu horizonte.

Com os olhos postos na próxima temporada, quais são os aspectos que tem trabalhado mais com o João ao longo desta pré-temporada? Como se tem desenvolvido todo o ‘processo’?

A pré-temporada do João foi dividida em três fases: a primeira contou com treinos de muito volume para ganhar alguma base perdida com o desgaste dos últimos meses de competição e melhorar o plano físico; na segunda, trabalhámos com o objectivo de ganhar alguma ‘explosividade’ nos seus golpes assim como alguns aspectos técnico e tácticos; por último, na terceira fase (pré-competição), que corresponde às duas últimas semanas, muitos jogos de treino, ou seja, treinar o mais parecido à competição.

Para 2014, quais são as grandes expectativas?

O que mais queremos para 2014 é continuar a evoluir como pessoas e jogador/treinador. Nunca falamos de números e rankings, pois não é algo que se possa controlar, mas gostaríamos de ver o nome do João nos 40 primeiros do ranking no final do ano.

E do calendário, já nos pode avançar alguns detalhes sobre as cidades para as quais planeiam viajar?

O calendário do João será: primeira semana do ano em Doha, Qatar (ATP250), segunda semana em Sydney, Austrália (ATP250) e, depois, o Australian Open. Após os torneios na Austrália, jogará a Taça Davis na Eslovénia e depois tudo indica que vai para a América do Sul, onde jogará em Viña del Mar, Chile (ATP250), Buenos Aires, Argentina (ATP 250), Rio de Janeiro, Brasil (ATP 500), Acapulco, México (ATP500), e Indian Wells e Miami, Estados Unidos da América (Masters

1000).

A todos aqueles que gostariam de seguir as suas pisadas, tem algum conselho que gostaria de deixar? Como e onde começar?

O importante não é onde se trabalha mas como se trabalha. Não é possível ter-se êxito se não se ama este desporto, porque os sacrifícios são muitos. ‘Ser humilde e aprender sempre alguma coisa todos os dias’, este é o meu lema de viver e eu vivo ténis.

Para terminar, qual é a sua opinião sobre o Ténis Portugal? Em que aspectos considera que devíamos evoluir mais?

Penso que fazem um excelente trabalho, adorava que estivessem nas bancas. Sou da opinião que uma revista entra mais pelos olhos e ajudaria mais a modalidade.

ENTREVISTA

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Page 68: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Dez13Fotografias: Christopher Levy

Com apenas 17 anos de idade, terminaste pela primeira vez na carreira uma época no top100 mundial (#96) e tornaste-te na jogadora mais nova entre as melhores do circuito. Qual é a tua opinião sobre 2013, um ano em que chegaste pela primeira vez ao top100 após o Australian

índice e f.t.

Open e no qual disputaste a tua segunda final com apenas 16 anos?

- Foi um ano muito bom para mim e estou orgulhosa pelo que alcancei e pelo que evoluí enquanto jogadora. Como sempre, há alguns altos e baixos mas penso que no geral foi um excelente ano.

2013 foi, também, um ano em que fizeste a transição e

começaste a jogar no circuito WTA a tempo inteiro. Foi difícil? Quais são as principais diferenças entre torneios do circuito ITF e provas WTA?

- Toda a gente diz que o primeiro ano no circuito é o mais difícil e eu relaciono-me com essa afirmação. A temporada é muito longa e temos de estar sempre em boa forma e mantermo-nos positivos ao longo do ano inteiro. Nos torneios WTA os encontros são muito mais exigentes do que nos ITFs, pelo que é muito mais cansativo.

Apesar de ainda não teres celebrado os 18 anos, já contas com algumas finais ITF e WTA disputadas, pelo que és considerada uma das adolescentes mais bem sucedidas da actualidade. Normalmente, o que separa grandes jogadoras de campeãs é a ‘parte’ mental, como é que lidas com tantas emoções numa idade tão nova?

1

Donna Vekic

- Tenho uma grande equipa à minha volta que me ajuda com tudo, sem eles não estaria aqui. Eles também me ajudam a lidar com as emoções, sejam boas ou más. Penso que ainda tenho um grande caminho a percorrer para aprender a lidar da melhor forma com tudo o que se passa dentro do court, nunca é fácil não reagir mal quando se perde.

Com duas finais e alguns encontros disputados contra jogadoras de top na tua carreira, qual pensas ser o melhor momento que já viveste?

- Penso que os pontos altos da minha carreira são as finais que disputei em Tashkent e Birmingham. Espero vir a jogar muitas mais :).

Hoje em dia, o circuito WTA é dominado pela Serena Williams.

Sentes que ela coloca a fasquia muito alta? As restantes jogadoras sentem-se forçadas a trabalhar mais agora que o nível das jogadoras de topo é tão elevado?

- A Serena é a melhor e neste momento não há ninguém tão boa quanto ela. Eu sou muito competitiva como pessoa, portanto isso motiva-me muito para trabalhar mais e ser melhor.

Foste considerada uma das dez

jogadoras a observar na próxima época. Como é que lidas com a pressão dos meios de comunicação social e dos fãs que já te consideram uma das principais atletas da nova geração?

- É muito motivante e desafiador. Quero fazer o melhor que consigo e estou sempre a levar-me para além dos meus limites, é sempre

bom saber que seguem a minha carreira e que têm curiosidade em saber como me saí.

A nível técnico, quais são as tuas maiores armas e, por outro lado, quais são os aspectos que consideras ter de melhorar mais nos próximos anos?

- Penso que a minha direita e o meu serviço são as melhores pancadas. Tenho trabalhado muito a minha movimentação e o slice durante a pré-época e já consigo ver algumas melhorias quando jogo.

À semelhança de alguns jogadores de topo, vives e treinas no Mónaco. É importante para ti ter alguns jogadores como referência? Se sim, quem procuras ‘seguir’ mais?

- O Mónaco é um lugar extraordinário para se viver e treinar, tem as condições meteorológicas perfeitas para o ténis. Não tenho ninguém

específico como referência, todos os jogadores de topo, quer homens quer mulheres, são muito inspiradores.

Quando é que te apercebeste que querias ser uma jogadora de ténis profissional?

- Penso que assim que comecei a jogar, porque quero sempre ser a melhor em tudo o que faço!

Quais são os teus objectivos para 2014? - O meu objective principal é continuar a melhorar o meu jogo, os resultados surgirão naturalmente. A nível de ranking, diria acabar a época dentro do top50.

Quais vão ser os teus primeiros torneios em 2014? Há alguma hipótese de te vermos no Portugal Open na próxima época?

- Vou começar a época em Shenzen [China]. Já estive em Portugal algumas vezes e adorei,

portanto um dia espero jogar o torneio.

Ser número 1 mundial ou vencer um torneio do Grand Slam?

- Ser número 1

Courts de piso rápido, terra batida ou relva?

- Relva

Vencer a Fed Cup ou conquistar uma Medalha Olímpica?

- Medalha Olímpica

Cidade favorita?

- Londres

Torneio do Grand Slam favorito?

- Wimbledon

Majors’13ENTREVISTA

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Page 69: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Dez13Fotografias: Christopher Levy

Com apenas 17 anos de idade, terminaste pela primeira vez na carreira uma época no top100 mundial (#96) e tornaste-te na jogadora mais nova entre as melhores do circuito. Qual é a tua opinião sobre 2013, um ano em que chegaste pela primeira vez ao top100 após o Australian

índice e f.t.

Open e no qual disputaste a tua segunda final com apenas 16 anos?

- Foi um ano muito bom para mim e estou orgulhosa pelo que alcancei e pelo que evoluí enquanto jogadora. Como sempre, há alguns altos e baixos mas penso que no geral foi um excelente ano.

2013 foi, também, um ano em que fizeste a transição e

começaste a jogar no circuito WTA a tempo inteiro. Foi difícil? Quais são as principais diferenças entre torneios do circuito ITF e provas WTA?

- Toda a gente diz que o primeiro ano no circuito é o mais difícil e eu relaciono-me com essa afirmação. A temporada é muito longa e temos de estar sempre em boa forma e mantermo-nos positivos ao longo do ano inteiro. Nos torneios WTA os encontros são muito mais exigentes do que nos ITFs, pelo que é muito mais cansativo.

Apesar de ainda não teres celebrado os 18 anos, já contas com algumas finais ITF e WTA disputadas, pelo que és considerada uma das adolescentes mais bem sucedidas da actualidade. Normalmente, o que separa grandes jogadoras de campeãs é a ‘parte’ mental, como é que lidas com tantas emoções numa idade tão nova?

- Tenho uma grande equipa à minha volta que me ajuda com tudo, sem eles não estaria aqui. Eles também me ajudam a lidar com as emoções, sejam boas ou más. Penso que ainda tenho um grande caminho a percorrer para aprender a lidar da melhor forma com tudo o que se passa dentro do court, nunca é fácil não reagir mal quando se perde.

Com duas finais e alguns encontros disputados contra jogadoras de top na tua carreira, qual pensas ser o melhor momento que já viveste?

- Penso que os pontos altos da minha carreira são as finais que disputei em Tashkent e Birmingham. Espero vir a jogar muitas mais :).

Hoje em dia, o circuito WTA é dominado pela Serena Williams.

Sentes que ela coloca a fasquia muito alta? As restantes jogadoras sentem-se forçadas a trabalhar mais agora que o nível das jogadoras de topo é tão elevado?

- A Serena é a melhor e neste momento não há ninguém tão boa quanto ela. Eu sou muito competitiva como pessoa, portanto isso motiva-me muito para trabalhar mais e ser melhor.

Foste considerada uma das dez

jogadoras a observar na próxima época. Como é que lidas com a pressão dos meios de comunicação social e dos fãs que já te consideram uma das principais atletas da nova geração?

- É muito motivante e desafiador. Quero fazer o melhor que consigo e estou sempre a levar-me para além dos meus limites, é sempre

bom saber que seguem a minha carreira e que têm curiosidade em saber como me saí.

A nível técnico, quais são as tuas maiores armas e, por outro lado, quais são os aspectos que consideras ter de melhorar mais nos próximos anos?

- Penso que a minha direita e o meu serviço são as melhores pancadas. Tenho trabalhado muito a minha movimentação e o slice durante a pré-época e já consigo ver algumas melhorias quando jogo.

À semelhança de alguns jogadores de topo, vives e treinas no Mónaco. É importante para ti ter alguns jogadores como referência? Se sim, quem procuras ‘seguir’ mais?

- O Mónaco é um lugar extraordinário para se viver e treinar, tem as condições meteorológicas perfeitas para o ténis. Não tenho ninguém

específico como referência, todos os jogadores de topo, quer homens quer mulheres, são muito inspiradores.

Quando é que te apercebeste que querias ser uma jogadora de ténis profissional?

- Penso que assim que comecei a jogar, porque quero sempre ser a melhor em tudo o que faço!

Quais são os teus objectivos para 2014? - O meu objective principal é continuar a melhorar o meu jogo, os resultados surgirão naturalmente. A nível de ranking, diria acabar a época dentro do top50.

Quais vão ser os teus primeiros torneios em 2014? Há alguma hipótese de te vermos no Portugal Open na próxima época?

- Vou começar a época em Shenzen [China]. Já estive em Portugal algumas vezes e adorei,

portanto um dia espero jogar o torneio.

Ser número 1 mundial ou vencer um torneio do Grand Slam?

- Ser número 1

Courts de piso rápido, terra batida ou relva?

- Relva

Vencer a Fed Cup ou conquistar uma Medalha Olímpica?

- Medalha Olímpica

Cidade favorita?

- Londres

Torneio do Grand Slam favorito?

- Wimbledon

ENTREVISTA

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Page 70: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Dez13Fotografias: Christopher Levy

Com apenas 17 anos de idade, terminaste pela primeira vez na carreira uma época no top100 mundial (#96) e tornaste-te na jogadora mais nova entre as melhores do circuito. Qual é a tua opinião sobre 2013, um ano em que chegaste pela primeira vez ao top100 após o Australian

Open e no qual disputaste a tua segunda final com apenas 16 anos?

- Foi um ano muito bom para mim e estou orgulhosa pelo que alcancei e pelo que evoluí enquanto jogadora. Como sempre, há alguns altos e baixos mas penso que no geral foi um excelente ano.

2013 foi, também, um ano em que fizeste a transição e

começaste a jogar no circuito WTA a tempo inteiro. Foi difícil? Quais são as principais diferenças entre torneios do circuito ITF e provas WTA?

- Toda a gente diz que o primeiro ano no circuito é o mais difícil e eu relaciono-me com essa afirmação. A temporada é muito longa e temos de estar sempre em boa forma e mantermo-nos positivos ao longo do ano inteiro. Nos torneios WTA os encontros são muito mais exigentes do que nos ITFs, pelo que é muito mais cansativo.

Apesar de ainda não teres celebrado os 18 anos, já contas com algumas finais ITF e WTA disputadas, pelo que és considerada uma das adolescentes mais bem sucedidas da actualidade. Normalmente, o que separa grandes jogadoras de campeãs é a ‘parte’ mental, como é que lidas com tantas emoções numa idade tão nova?

índice e f.t.

1

- Tenho uma grande equipa à minha volta que me ajuda com tudo, sem eles não estaria aqui. Eles também me ajudam a lidar com as emoções, sejam boas ou más. Penso que ainda tenho um grande caminho a percorrer para aprender a lidar da melhor forma com tudo o que se passa dentro do court, nunca é fácil não reagir mal quando se perde.

Com duas finais e alguns encontros disputados contra jogadoras de top na tua carreira, qual pensas ser o melhor momento que já viveste?

- Penso que os pontos altos da minha carreira são as finais que disputei em Tashkent e Birmingham. Espero vir a jogar muitas mais :).

Hoje em dia, o circuito WTA é dominado pela Serena Williams.

Sentes que ela coloca a fasquia muito alta? As restantes jogadoras sentem-se forçadas a trabalhar mais agora que o nível das jogadoras de topo é tão elevado?

- A Serena é a melhor e neste momento não há ninguém tão boa quanto ela. Eu sou muito competitiva como pessoa, portanto isso motiva-me muito para trabalhar mais e ser melhor.

Foste considerada uma das dez

jogadoras a observar na próxima época. Como é que lidas com a pressão dos meios de comunicação social e dos fãs que já te consideram uma das principais atletas da nova geração?

- É muito motivante e desafiador. Quero fazer o melhor que consigo e estou sempre a levar-me para além dos meus limites, é sempre

bom saber que seguem a minha carreira e que têm curiosidade em saber como me saí.

A nível técnico, quais são as tuas maiores armas e, por outro lado, quais são os aspectos que consideras ter de melhorar mais nos próximos anos?

- Penso que a minha direita e o meu serviço são as melhores pancadas. Tenho trabalhado muito a minha movimentação e o slice durante a pré-época e já consigo ver algumas melhorias quando jogo.

À semelhança de alguns jogadores de topo, vives e treinas no Mónaco. É importante para ti ter alguns jogadores como referência? Se sim, quem procuras ‘seguir’ mais?

- O Mónaco é um lugar extraordinário para se viver e treinar, tem as condições meteorológicas perfeitas para o ténis. Não tenho ninguém

específico como referência, todos os jogadores de topo, quer homens quer mulheres, são muito inspiradores.

Quando é que te apercebeste que querias ser uma jogadora de ténis profissional?

- Penso que assim que comecei a jogar, porque quero sempre ser a melhor em tudo o que faço!

Quais são os teus objectivos para 2014? - O meu objective principal é continuar a melhorar o meu jogo, os resultados surgirão naturalmente. A nível de ranking, diria acabar a época dentro do top50.

Quais vão ser os teus primeiros torneios em 2014? Há alguma hipótese de te vermos no Portugal Open na próxima época?

- Vou começar a época em Shenzen [China]. Já estive em Portugal algumas vezes e adorei,

portanto um dia espero jogar o torneio.

Ser número 1 mundial ou vencer um torneio do Grand Slam?

- Ser número 1

Courts de piso rápido, terra batida ou relva?

- Relva

Vencer a Fed Cup ou conquistar uma Medalha Olímpica?

- Medalha Olímpica

Cidade favorita?

- Londres

Torneio do Grand Slam favorito?

- Wimbledon

Majors’13ENTREVISTA

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Page 71: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Dez13Fotografias: Christopher Levy

Com apenas 17 anos de idade, terminaste pela primeira vez na carreira uma época no top100 mundial (#96) e tornaste-te na jogadora mais nova entre as melhores do circuito. Qual é a tua opinião sobre 2013, um ano em que chegaste pela primeira vez ao top100 após o Australian

Open e no qual disputaste a tua segunda final com apenas 16 anos?

- Foi um ano muito bom para mim e estou orgulhosa pelo que alcancei e pelo que evoluí enquanto jogadora. Como sempre, há alguns altos e baixos mas penso que no geral foi um excelente ano.

2013 foi, também, um ano em que fizeste a transição e

começaste a jogar no circuito WTA a tempo inteiro. Foi difícil? Quais são as principais diferenças entre torneios do circuito ITF e provas WTA?

- Toda a gente diz que o primeiro ano no circuito é o mais difícil e eu relaciono-me com essa afirmação. A temporada é muito longa e temos de estar sempre em boa forma e mantermo-nos positivos ao longo do ano inteiro. Nos torneios WTA os encontros são muito mais exigentes do que nos ITFs, pelo que é muito mais cansativo.

Apesar de ainda não teres celebrado os 18 anos, já contas com algumas finais ITF e WTA disputadas, pelo que és considerada uma das adolescentes mais bem sucedidas da actualidade. Normalmente, o que separa grandes jogadoras de campeãs é a ‘parte’ mental, como é que lidas com tantas emoções numa idade tão nova?

índice e f.t.

- Tenho uma grande equipa à minha volta que me ajuda com tudo, sem eles não estaria aqui. Eles também me ajudam a lidar com as emoções, sejam boas ou más. Penso que ainda tenho um grande caminho a percorrer para aprender a lidar da melhor forma com tudo o que se passa dentro do court, nunca é fácil não reagir mal quando se perde.

Com duas finais e alguns encontros disputados contra jogadoras de top na tua carreira, qual pensas ser o melhor momento que já viveste?

- Penso que os pontos altos da minha carreira são as finais que disputei em Tashkent e Birmingham. Espero vir a jogar muitas mais :).

Hoje em dia, o circuito WTA é dominado pela Serena Williams.

Sentes que ela coloca a fasquia muito alta? As restantes jogadoras sentem-se forçadas a trabalhar mais agora que o nível das jogadoras de topo é tão elevado?

- A Serena é a melhor e neste momento não há ninguém tão boa quanto ela. Eu sou muito competitiva como pessoa, portanto isso motiva-me muito para trabalhar mais e ser melhor.

Foste considerada uma das dez

jogadoras a observar na próxima época. Como é que lidas com a pressão dos meios de comunicação social e dos fãs que já te consideram uma das principais atletas da nova geração?

- É muito motivante e desafiador. Quero fazer o melhor que consigo e estou sempre a levar-me para além dos meus limites, é sempre

bom saber que seguem a minha carreira e que têm curiosidade em saber como me saí.

A nível técnico, quais são as tuas maiores armas e, por outro lado, quais são os aspectos que consideras ter de melhorar mais nos próximos anos?

- Penso que a minha direita e o meu serviço são as melhores pancadas. Tenho trabalhado muito a minha movimentação e o slice durante a pré-época e já consigo ver algumas melhorias quando jogo.

À semelhança de alguns jogadores de topo, vives e treinas no Mónaco. É importante para ti ter alguns jogadores como referência? Se sim, quem procuras ‘seguir’ mais?

- O Mónaco é um lugar extraordinário para se viver e treinar, tem as condições meteorológicas perfeitas para o ténis. Não tenho ninguém

específico como referência, todos os jogadores de topo, quer homens quer mulheres, são muito inspiradores.

Quando é que te apercebeste que querias ser uma jogadora de ténis profissional?

- Penso que assim que comecei a jogar, porque quero sempre ser a melhor em tudo o que faço!

Quais são os teus objectivos para 2014? - O meu objective principal é continuar a melhorar o meu jogo, os resultados surgirão naturalmente. A nível de ranking, diria acabar a época dentro do top50.

Quais vão ser os teus primeiros torneios em 2014? Há alguma hipótese de te vermos no Portugal Open na próxima época?

- Vou começar a época em Shenzen [China]. Já estive em Portugal algumas vezes e adorei,

portanto um dia espero jogar o torneio.

Ser número 1 mundial ou vencer um torneio do Grand Slam?

- Ser número 1

Courts de piso rápido, terra batida ou relva?

- Relva

Vencer a Fed Cup ou conquistar uma Medalha Olímpica?

- Medalha Olímpica

Cidade favorita?

- Londres

Torneio do Grand Slam favorito?

- Wimbledon

ENTREVISTA

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Page 72: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Dez13Fotografias: Christopher Levy

Com apenas 17 anos de idade, terminaste pela primeira vez na carreira uma época no top100 mundial (#96) e tornaste-te na jogadora mais nova entre as melhores do circuito. Qual é a tua opinião sobre 2013, um ano em que chegaste pela primeira vez ao top100 após o Australian

Open e no qual disputaste a tua segunda final com apenas 16 anos?

- Foi um ano muito bom para mim e estou orgulhosa pelo que alcancei e pelo que evoluí enquanto jogadora. Como sempre, há alguns altos e baixos mas penso que no geral foi um excelente ano.

2013 foi, também, um ano em que fizeste a transição e

começaste a jogar no circuito WTA a tempo inteiro. Foi difícil? Quais são as principais diferenças entre torneios do circuito ITF e provas WTA?

- Toda a gente diz que o primeiro ano no circuito é o mais difícil e eu relaciono-me com essa afirmação. A temporada é muito longa e temos de estar sempre em boa forma e mantermo-nos positivos ao longo do ano inteiro. Nos torneios WTA os encontros são muito mais exigentes do que nos ITFs, pelo que é muito mais cansativo.

Apesar de ainda não teres celebrado os 18 anos, já contas com algumas finais ITF e WTA disputadas, pelo que és considerada uma das adolescentes mais bem sucedidas da actualidade. Normalmente, o que separa grandes jogadoras de campeãs é a ‘parte’ mental, como é que lidas com tantas emoções numa idade tão nova?

índice e f.t.

1

- Tenho uma grande equipa à minha volta que me ajuda com tudo, sem eles não estaria aqui. Eles também me ajudam a lidar com as emoções, sejam boas ou más. Penso que ainda tenho um grande caminho a percorrer para aprender a lidar da melhor forma com tudo o que se passa dentro do court, nunca é fácil não reagir mal quando se perde.

Com duas finais e alguns encontros disputados contra jogadoras de top na tua carreira, qual pensas ser o melhor momento que já viveste?

- Penso que os pontos altos da minha carreira são as finais que disputei em Tashkent e Birmingham. Espero vir a jogar muitas mais :).

Hoje em dia, o circuito WTA é dominado pela Serena Williams.

Sentes que ela coloca a fasquia muito alta? As restantes jogadoras sentem-se forçadas a trabalhar mais agora que o nível das jogadoras de topo é tão elevado?

- A Serena é a melhor e neste momento não há ninguém tão boa quanto ela. Eu sou muito competitiva como pessoa, portanto isso motiva-me muito para trabalhar mais e ser melhor.

Foste considerada uma das dez

jogadoras a observar na próxima época. Como é que lidas com a pressão dos meios de comunicação social e dos fãs que já te consideram uma das principais atletas da nova geração?

- É muito motivante e desafiador. Quero fazer o melhor que consigo e estou sempre a levar-me para além dos meus limites, é sempre

bom saber que seguem a minha carreira e que têm curiosidade em saber como me saí.

A nível técnico, quais são as tuas maiores armas e, por outro lado, quais são os aspectos que consideras ter de melhorar mais nos próximos anos?

- Penso que a minha direita e o meu serviço são as melhores pancadas. Tenho trabalhado muito a minha movimentação e o slice durante a pré-época e já consigo ver algumas melhorias quando jogo.

À semelhança de alguns jogadores de topo, vives e treinas no Mónaco. É importante para ti ter alguns jogadores como referência? Se sim, quem procuras ‘seguir’ mais?

- O Mónaco é um lugar extraordinário para se viver e treinar, tem as condições meteorológicas perfeitas para o ténis. Não tenho ninguém

específico como referência, todos os jogadores de topo, quer homens quer mulheres, são muito inspiradores.

Quando é que te apercebeste que querias ser uma jogadora de ténis profissional?

- Penso que assim que comecei a jogar, porque quero sempre ser a melhor em tudo o que faço!

Quais são os teus objectivos para 2014? - O meu objective principal é continuar a melhorar o meu jogo, os resultados surgirão naturalmente. A nível de ranking, diria acabar a época dentro do top50.

Quais vão ser os teus primeiros torneios em 2014? Há alguma hipótese de te vermos no Portugal Open na próxima época?

- Vou começar a época em Shenzen [China]. Já estive em Portugal algumas vezes e adorei,

portanto um dia espero jogar o torneio.

Ser número 1 mundial ou vencer um torneio do Grand Slam?

- Ser número 1

Courts de piso rápido, terra batida ou relva?

- Relva

Vencer a Fed Cup ou conquistar uma Medalha Olímpica?

- Medalha Olímpica

Cidade favorita?

- Londres

Torneio do Grand Slam favorito?

- Wimbledon

Majors’13ENTREVISTA

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Page 73: Edição Especial 2013

Entrevista realizada em Dez13Fotografias: Christopher Levy

Com apenas 17 anos de idade, terminaste pela primeira vez na carreira uma época no top100 mundial (#96) e tornaste-te na jogadora mais nova entre as melhores do circuito. Qual é a tua opinião sobre 2013, um ano em que chegaste pela primeira vez ao top100 após o Australian

Open e no qual disputaste a tua segunda final com apenas 16 anos?

- Foi um ano muito bom para mim e estou orgulhosa pelo que alcancei e pelo que evoluí enquanto jogadora. Como sempre, há alguns altos e baixos mas penso que no geral foi um excelente ano.

2013 foi, também, um ano em que fizeste a transição e

começaste a jogar no circuito WTA a tempo inteiro. Foi difícil? Quais são as principais diferenças entre torneios do circuito ITF e provas WTA?

- Toda a gente diz que o primeiro ano no circuito é o mais difícil e eu relaciono-me com essa afirmação. A temporada é muito longa e temos de estar sempre em boa forma e mantermo-nos positivos ao longo do ano inteiro. Nos torneios WTA os encontros são muito mais exigentes do que nos ITFs, pelo que é muito mais cansativo.

Apesar de ainda não teres celebrado os 18 anos, já contas com algumas finais ITF e WTA disputadas, pelo que és considerada uma das adolescentes mais bem sucedidas da actualidade. Normalmente, o que separa grandes jogadoras de campeãs é a ‘parte’ mental, como é que lidas com tantas emoções numa idade tão nova?

índice e f.t.

- Tenho uma grande equipa à minha volta que me ajuda com tudo, sem eles não estaria aqui. Eles também me ajudam a lidar com as emoções, sejam boas ou más. Penso que ainda tenho um grande caminho a percorrer para aprender a lidar da melhor forma com tudo o que se passa dentro do court, nunca é fácil não reagir mal quando se perde.

Com duas finais e alguns encontros disputados contra jogadoras de top na tua carreira, qual pensas ser o melhor momento que já viveste?

- Penso que os pontos altos da minha carreira são as finais que disputei em Tashkent e Birmingham. Espero vir a jogar muitas mais :).

Hoje em dia, o circuito WTA é dominado pela Serena Williams.

Sentes que ela coloca a fasquia muito alta? As restantes jogadoras sentem-se forçadas a trabalhar mais agora que o nível das jogadoras de topo é tão elevado?

- A Serena é a melhor e neste momento não há ninguém tão boa quanto ela. Eu sou muito competitiva como pessoa, portanto isso motiva-me muito para trabalhar mais e ser melhor.

Foste considerada uma das dez

jogadoras a observar na próxima época. Como é que lidas com a pressão dos meios de comunicação social e dos fãs que já te consideram uma das principais atletas da nova geração?

- É muito motivante e desafiador. Quero fazer o melhor que consigo e estou sempre a levar-me para além dos meus limites, é sempre

bom saber que seguem a minha carreira e que têm curiosidade em saber como me saí.

A nível técnico, quais são as tuas maiores armas e, por outro lado, quais são os aspectos que consideras ter de melhorar mais nos próximos anos?

- Penso que a minha direita e o meu serviço são as melhores pancadas. Tenho trabalhado muito a minha movimentação e o slice durante a pré-época e já consigo ver algumas melhorias quando jogo.

À semelhança de alguns jogadores de topo, vives e treinas no Mónaco. É importante para ti ter alguns jogadores como referência? Se sim, quem procuras ‘seguir’ mais?

- O Mónaco é um lugar extraordinário para se viver e treinar, tem as condições meteorológicas perfeitas para o ténis. Não tenho ninguém

específico como referência, todos os jogadores de topo, quer homens quer mulheres, são muito inspiradores.

Quando é que te apercebeste que querias ser uma jogadora de ténis profissional?

- Penso que assim que comecei a jogar, porque quero sempre ser a melhor em tudo o que faço!

Quais são os teus objectivos para 2014? - O meu objective principal é continuar a melhorar o meu jogo, os resultados surgirão naturalmente. A nível de ranking, diria acabar a época dentro do top50.

Quais vão ser os teus primeiros torneios em 2014? Há alguma hipótese de te vermos no Portugal Open na próxima época?

- Vou começar a época em Shenzen [China]. Já estive em Portugal algumas vezes e adorei,

portanto um dia espero jogar o torneio.

Ser número 1 mundial ou vencer um torneio do Grand Slam?

- Ser número 1

Courts de piso rápido, terra batida ou relva?

- Relva

Vencer a Fed Cup ou conquistar uma Medalha Olímpica?

- Medalha Olímpica

Cidade favorita?

- Londres

Torneio do Grand Slam favorito?

- Wimbledon

ENTREVISTA

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Page 74: Edição Especial 2013

por Catarina MeiraFotografias: Christopher Levy

Janeiro começou frio para Rafael Nadal. Afastado dos courts durante 7 meses, devido à sua sempre presente lesão no joelho (produto de uma tendinite crónica), os olhares mais atentos dos fãs descansavam no jovem maiorquino, antecipando o seu regresso na temporada de 2013.

índice e f.t.

Contudo, foi ainda em 2012 que Nadal anunciou a sua desistência de Doha e do Open da Austrália, devido a uma virose, voltando a semear duvidas no seio da comunidade tenística se, com vírus ou sem ele, a pausa se prolongaria eternamente e seria este o fim da sua carreira.Não foi. 2013 marcou não só o diferente calendário como, também, o regresso do melhor tenista espanhol de todos os tempos às origens, aos torneios que jogava quando procurava a

entrada no top50 e um lugar entre os grandes: os torneios da América latina, em que já não participava desde 2005.Foi após a derrota na final em Viña del Mar que Rafael Nadal, tal qual fénix, renasceu das cinzas. Decidido a dominar mais uma vez a terra batida, foi aqui que iniciou a sua temporada, numa jogada estratégica orquestrada pela sua equipa, sempre em foco com o bem estar dos joelhos do espanhol. Sendo ‘garra’ o seu nome do meio, Rafa volta em força e joga torneios em semanas seguidas, vencendo os consecutivos São Paulo e Acapulco antes de triunfar nos hard-courts de Indian Wells, derrotando Roger Federer, Tomas Berdych e Juan Martin del Potro. Após uma série de 46 triunfos consecutivos, foi parado na final de Monte-Carlo (torneio em que triunfara nos últimos oito anos) pelo sérvio Novak Djokovic. “5 finais seguidas! Acho que estou no bom caminho… Se me dissessem isto há quatro meses atrás, não acreditava”, confessava no seu inglês macarrónico. E foi com este espirito de luta que

1

RAFAEL NADAL Irei de 2013

venceu Barcelona pela oitava vez em nove anos, título a que rapidamente se juntaram os do Masters 1000 de Madrid e Roma. Estava consumada a subida ao quarto lugar do ranking. É com 6 troféus em 8 torneios que Nadal chega à cidade das luzes, onde se desenrola Roland Garros. Com os olhos postos na sua oitava final (e título) em nove anos em Paris, o espanhol deslizou sobre a terra quase de olhos fechados, com uma direita apurada e um serviço imbatível que lhe permitiu fechar todas as partidas em 3 sets, até mesmo a final contra o surpreendente David Ferrer, à excepção do temido (e épico) duelo com Novak Djokovic. Pareceu ‘canja’.A canja tornou-se, contudo, numa sopa da pedra em Wimbledon, quando Steve Darcis, número 135 no ranking, se prostrou como uma rocha no sapato de Nadal e o derrotou na primeira ronda do Major londrino. “Não quero falar do meu joelho, Darcis mereceu ganhar”, confessava Nadal,

despistando rumores de que a sua lesão estivesse de volta. “Este é um desporto de vitórias e não de derrotas. Ninguém se lembra das derrotas. Eu não me quero lembrar das derrotas”, dizia. A querer jogar para ganhar, voltou após umas breves férias de verão e venceu os Masters de Cincinnati e Montreal, subindo ao segundo lugar da tabela pouco antes do começo do Open dos Estados Unidos, já com a presença garantida no ATP World Tour Finals.Com mais uma campanha extremamente positiva e uma excelente vitória sobre Novak Djokovic, Nadal erguia, pela

segunda vez na sua carreira, o trofeu de campeão do Major americano, ascendendo à 3º posição de jogadores com o maior número de torneios do Grand Slams ganhos na carreira (13 – apenas superado por Federer e Sampras).Foi preciso de esperar pelo torneio de Beijing para ver Nadal ‘cair’ pela primeira vez num piso rápido em 2013, com o suspeito do costume, Novak Djokovic, a ser o responsável. A final do torneio chinês lançou um outro duelo da temporada, o do término da mesma na condição de número um mundial (posição que o maiorquino acabaria mesmo por

alcançar e garantir, terminando pela terceira vez na sua carreira uma época como líder do ranking). Pelo meio, regista-se, ainda assim, mais uma derrota para o sérvio, em plena final do ATP World Tour Finals.Decidido a visar mais títulos em épocas futuras, Rafael Nadal não pensa parar de batalhar tão cedo, lutando sempre por melhorar as suas pancadas com uma humildade única que o eleva a estatuto de campeão.

Majors’13 CRÓNICA

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Page 75: Edição Especial 2013

por Catarina MeiraFotografias: Christopher Levy

Janeiro começou frio para Rafael Nadal. Afastado dos courts durante 7 meses, devido à sua sempre presente lesão no joelho (produto de uma tendinite crónica), os olhares mais atentos dos fãs descansavam no jovem maiorquino, antecipando o seu regresso na temporada de 2013.

índice e f.t.

Contudo, foi ainda em 2012 que Nadal anunciou a sua desistência de Doha e do Open da Austrália, devido a uma virose, voltando a semear duvidas no seio da comunidade tenística se, com vírus ou sem ele, a pausa se prolongaria eternamente e seria este o fim da sua carreira.Não foi. 2013 marcou não só o diferente calendário como, também, o regresso do melhor tenista espanhol de todos os tempos às origens, aos torneios que jogava quando procurava a

entrada no top50 e um lugar entre os grandes: os torneios da América latina, em que já não participava desde 2005.Foi após a derrota na final em Viña del Mar que Rafael Nadal, tal qual fénix, renasceu das cinzas. Decidido a dominar mais uma vez a terra batida, foi aqui que iniciou a sua temporada, numa jogada estratégica orquestrada pela sua equipa, sempre em foco com o bem estar dos joelhos do espanhol. Sendo ‘garra’ o seu nome do meio, Rafa volta em força e joga torneios em semanas seguidas, vencendo os consecutivos São Paulo e Acapulco antes de triunfar nos hard-courts de Indian Wells, derrotando Roger Federer, Tomas Berdych e Juan Martin del Potro. Após uma série de 46 triunfos consecutivos, foi parado na final de Monte-Carlo (torneio em que triunfara nos últimos oito anos) pelo sérvio Novak Djokovic. “5 finais seguidas! Acho que estou no bom caminho… Se me dissessem isto há quatro meses atrás, não acreditava”, confessava no seu inglês macarrónico. E foi com este espirito de luta que

venceu Barcelona pela oitava vez em nove anos, título a que rapidamente se juntaram os do Masters 1000 de Madrid e Roma. Estava consumada a subida ao quarto lugar do ranking. É com 6 troféus em 8 torneios que Nadal chega à cidade das luzes, onde se desenrola Roland Garros. Com os olhos postos na sua oitava final (e título) em nove anos em Paris, o espanhol deslizou sobre a terra quase de olhos fechados, com uma direita apurada e um serviço imbatível que lhe permitiu fechar todas as partidas em 3 sets, até mesmo a final contra o surpreendente David Ferrer, à excepção do temido (e épico) duelo com Novak Djokovic. Pareceu ‘canja’.A canja tornou-se, contudo, numa sopa da pedra em Wimbledon, quando Steve Darcis, número 135 no ranking, se prostrou como uma rocha no sapato de Nadal e o derrotou na primeira ronda do Major londrino. “Não quero falar do meu joelho, Darcis mereceu ganhar”, confessava Nadal,

despistando rumores de que a sua lesão estivesse de volta. “Este é um desporto de vitórias e não de derrotas. Ninguém se lembra das derrotas. Eu não me quero lembrar das derrotas”, dizia. A querer jogar para ganhar, voltou após umas breves férias de verão e venceu os Masters de Cincinnati e Montreal, subindo ao segundo lugar da tabela pouco antes do começo do Open dos Estados Unidos, já com a presença garantida no ATP World Tour Finals.Com mais uma campanha extremamente positiva e uma excelente vitória sobre Novak Djokovic, Nadal erguia, pela

segunda vez na sua carreira, o trofeu de campeão do Major americano, ascendendo à 3º posição de jogadores com o maior número de torneios do Grand Slams ganhos na carreira (13 – apenas superado por Federer e Sampras).Foi preciso de esperar pelo torneio de Beijing para ver Nadal ‘cair’ pela primeira vez num piso rápido em 2013, com o suspeito do costume, Novak Djokovic, a ser o responsável. A final do torneio chinês lançou um outro duelo da temporada, o do término da mesma na condição de número um mundial (posição que o maiorquino acabaria mesmo por

alcançar e garantir, terminando pela terceira vez na sua carreira uma época como líder do ranking). Pelo meio, regista-se, ainda assim, mais uma derrota para o sérvio, em plena final do ATP World Tour Finals.Decidido a visar mais títulos em épocas futuras, Rafael Nadal não pensa parar de batalhar tão cedo, lutando sempre por melhorar as suas pancadas com uma humildade única que o eleva a estatuto de campeão.

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Page 76: Edição Especial 2013

por Catarina MeiraFotografias: Christopher Levy

Janeiro começou frio para Rafael Nadal. Afastado dos courts durante 7 meses, devido à sua sempre presente lesão no joelho (produto de uma tendinite crónica), os olhares mais atentos dos fãs descansavam no jovem maiorquino, antecipando o seu regresso na temporada de 2013.

Contudo, foi ainda em 2012 que Nadal anunciou a sua desistência de Doha e do Open da Austrália, devido a uma virose, voltando a semear duvidas no seio da comunidade tenística se, com vírus ou sem ele, a pausa se prolongaria eternamente e seria este o fim da sua carreira.Não foi. 2013 marcou não só o diferente calendário como, também, o regresso do melhor tenista espanhol de todos os tempos às origens, aos torneios que jogava quando procurava a

entrada no top50 e um lugar entre os grandes: os torneios da América latina, em que já não participava desde 2005.Foi após a derrota na final em Viña del Mar que Rafael Nadal, tal qual fénix, renasceu das cinzas. Decidido a dominar mais uma vez a terra batida, foi aqui que iniciou a sua temporada, numa jogada estratégica orquestrada pela sua equipa, sempre em foco com o bem estar dos joelhos do espanhol. Sendo ‘garra’ o seu nome do meio, Rafa volta em força e joga torneios em semanas seguidas, vencendo os consecutivos São Paulo e Acapulco antes de triunfar nos hard-courts de Indian Wells, derrotando Roger Federer, Tomas Berdych e Juan Martin del Potro. Após uma série de 46 triunfos consecutivos, foi parado na final de Monte-Carlo (torneio em que triunfara nos últimos oito anos) pelo sérvio Novak Djokovic. “5 finais seguidas! Acho que estou no bom caminho… Se me dissessem isto há quatro meses atrás, não acreditava”, confessava no seu inglês macarrónico. E foi com este espirito de luta que

índice e f.t.

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venceu Barcelona pela oitava vez em nove anos, título a que rapidamente se juntaram os do Masters 1000 de Madrid e Roma. Estava consumada a subida ao quarto lugar do ranking. É com 6 troféus em 8 torneios que Nadal chega à cidade das luzes, onde se desenrola Roland Garros. Com os olhos postos na sua oitava final (e título) em nove anos em Paris, o espanhol deslizou sobre a terra quase de olhos fechados, com uma direita apurada e um serviço imbatível que lhe permitiu fechar todas as partidas em 3 sets, até mesmo a final contra o surpreendente David Ferrer, à excepção do temido (e épico) duelo com Novak Djokovic. Pareceu ‘canja’.A canja tornou-se, contudo, numa sopa da pedra em Wimbledon, quando Steve Darcis, número 135 no ranking, se prostrou como uma rocha no sapato de Nadal e o derrotou na primeira ronda do Major londrino. “Não quero falar do meu joelho, Darcis mereceu ganhar”, confessava Nadal,

despistando rumores de que a sua lesão estivesse de volta. “Este é um desporto de vitórias e não de derrotas. Ninguém se lembra das derrotas. Eu não me quero lembrar das derrotas”, dizia. A querer jogar para ganhar, voltou após umas breves férias de verão e venceu os Masters de Cincinnati e Montreal, subindo ao segundo lugar da tabela pouco antes do começo do Open dos Estados Unidos, já com a presença garantida no ATP World Tour Finals.Com mais uma campanha extremamente positiva e uma excelente vitória sobre Novak Djokovic, Nadal erguia, pela

segunda vez na sua carreira, o trofeu de campeão do Major americano, ascendendo à 3º posição de jogadores com o maior número de torneios do Grand Slams ganhos na carreira (13 – apenas superado por Federer e Sampras).Foi preciso de esperar pelo torneio de Beijing para ver Nadal ‘cair’ pela primeira vez num piso rápido em 2013, com o suspeito do costume, Novak Djokovic, a ser o responsável. A final do torneio chinês lançou um outro duelo da temporada, o do término da mesma na condição de número um mundial (posição que o maiorquino acabaria mesmo por

alcançar e garantir, terminando pela terceira vez na sua carreira uma época como líder do ranking). Pelo meio, regista-se, ainda assim, mais uma derrota para o sérvio, em plena final do ATP World Tour Finals.Decidido a visar mais títulos em épocas futuras, Rafael Nadal não pensa parar de batalhar tão cedo, lutando sempre por melhorar as suas pancadas com uma humildade única que o eleva a estatuto de campeão.

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Page 77: Edição Especial 2013

por Catarina MeiraFotografias: Christopher Levy

Janeiro começou frio para Rafael Nadal. Afastado dos courts durante 7 meses, devido à sua sempre presente lesão no joelho (produto de uma tendinite crónica), os olhares mais atentos dos fãs descansavam no jovem maiorquino, antecipando o seu regresso na temporada de 2013.

Contudo, foi ainda em 2012 que Nadal anunciou a sua desistência de Doha e do Open da Austrália, devido a uma virose, voltando a semear duvidas no seio da comunidade tenística se, com vírus ou sem ele, a pausa se prolongaria eternamente e seria este o fim da sua carreira.Não foi. 2013 marcou não só o diferente calendário como, também, o regresso do melhor tenista espanhol de todos os tempos às origens, aos torneios que jogava quando procurava a

entrada no top50 e um lugar entre os grandes: os torneios da América latina, em que já não participava desde 2005.Foi após a derrota na final em Viña del Mar que Rafael Nadal, tal qual fénix, renasceu das cinzas. Decidido a dominar mais uma vez a terra batida, foi aqui que iniciou a sua temporada, numa jogada estratégica orquestrada pela sua equipa, sempre em foco com o bem estar dos joelhos do espanhol. Sendo ‘garra’ o seu nome do meio, Rafa volta em força e joga torneios em semanas seguidas, vencendo os consecutivos São Paulo e Acapulco antes de triunfar nos hard-courts de Indian Wells, derrotando Roger Federer, Tomas Berdych e Juan Martin del Potro. Após uma série de 46 triunfos consecutivos, foi parado na final de Monte-Carlo (torneio em que triunfara nos últimos oito anos) pelo sérvio Novak Djokovic. “5 finais seguidas! Acho que estou no bom caminho… Se me dissessem isto há quatro meses atrás, não acreditava”, confessava no seu inglês macarrónico. E foi com este espirito de luta que

índice e f.t.

venceu Barcelona pela oitava vez em nove anos, título a que rapidamente se juntaram os do Masters 1000 de Madrid e Roma. Estava consumada a subida ao quarto lugar do ranking. É com 6 troféus em 8 torneios que Nadal chega à cidade das luzes, onde se desenrola Roland Garros. Com os olhos postos na sua oitava final (e título) em nove anos em Paris, o espanhol deslizou sobre a terra quase de olhos fechados, com uma direita apurada e um serviço imbatível que lhe permitiu fechar todas as partidas em 3 sets, até mesmo a final contra o surpreendente David Ferrer, à excepção do temido (e épico) duelo com Novak Djokovic. Pareceu ‘canja’.A canja tornou-se, contudo, numa sopa da pedra em Wimbledon, quando Steve Darcis, número 135 no ranking, se prostrou como uma rocha no sapato de Nadal e o derrotou na primeira ronda do Major londrino. “Não quero falar do meu joelho, Darcis mereceu ganhar”, confessava Nadal,

despistando rumores de que a sua lesão estivesse de volta. “Este é um desporto de vitórias e não de derrotas. Ninguém se lembra das derrotas. Eu não me quero lembrar das derrotas”, dizia. A querer jogar para ganhar, voltou após umas breves férias de verão e venceu os Masters de Cincinnati e Montreal, subindo ao segundo lugar da tabela pouco antes do começo do Open dos Estados Unidos, já com a presença garantida no ATP World Tour Finals.Com mais uma campanha extremamente positiva e uma excelente vitória sobre Novak Djokovic, Nadal erguia, pela

segunda vez na sua carreira, o trofeu de campeão do Major americano, ascendendo à 3º posição de jogadores com o maior número de torneios do Grand Slams ganhos na carreira (13 – apenas superado por Federer e Sampras).Foi preciso de esperar pelo torneio de Beijing para ver Nadal ‘cair’ pela primeira vez num piso rápido em 2013, com o suspeito do costume, Novak Djokovic, a ser o responsável. A final do torneio chinês lançou um outro duelo da temporada, o do término da mesma na condição de número um mundial (posição que o maiorquino acabaria mesmo por

alcançar e garantir, terminando pela terceira vez na sua carreira uma época como líder do ranking). Pelo meio, regista-se, ainda assim, mais uma derrota para o sérvio, em plena final do ATP World Tour Finals.Decidido a visar mais títulos em épocas futuras, Rafael Nadal não pensa parar de batalhar tão cedo, lutando sempre por melhorar as suas pancadas com uma humildade única que o eleva a estatuto de campeão.

CRÓNICA

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por Mariana VergueiroFotografias: Christopher Levy

Depois de uma época de 2011 assombrada por doenças e lesões que a levaram a desistir de muitos torneios, 2012 marcou o regresso em pleno de Serena Williams ao circuito. Aos 31 anos de idade, a campeoníssima norte-americana conquistou sete títulos e terminou a temporada em terceiro lugar do

índice e f.t.

1

serena williamsuma campeã torna-se uma lenda

ranking WTA.Para uma lenda do ténis feminino, dentro do top100 mundial desde 1997, Williams conseguiu “voltar a surpreender” e provar que aos 32 anos consegue bater toda a concorrência e alinhar uma das melhores, senão a melhor, épocas da sua carreira.Mais de 12 milhões de dólares em prémios monetários, onze títulos, 34 vitórias consecutivas, 78 vitórias num total de 82 encontros disputados. Os resultados da norte-americana em 2013 falam

por si.Serena começou a temporada com um título em Brisbane, em seguida foi surpreendida no Open da Austrália pela sua jovem compatriota Sloane Stephens e perdeu na final de Doha para Victoria Azarenka. Foi depois deste último torneio, a 18 de fevereiro, que Williams ascendeu à primeira posição da hierarquia mundial, tornando-se na líder do ranking WTA mais velha de sempre.Em Miami, a mais nova das irmãs

Williams inicia uma série de triunfos apenas interrompida em Wimbledon. Pelo caminho, conquistou troféus em Miami, Charleston, Madrid, Roma e o segundo troféu da carreira em Roland Garros, o seu 16º título em Grand Slams (conseguindo assim o feito de conquistar por duas vezes os quatro Majors).No All England Club, a número 1 mundial entrava como principal

favorita à defesa do título. Contudo, Serena foi surpreendida na quarta ronda pela alemã Sabine Lisicki, que acabaria por perder na final para Marion Bartoli.Após a temporada de relva, Serena Williams foi o grande destaque do torneio de Bastad, na Suécia, onde voltou a brilhar sobre o pó de tijolo, arrecadando o sétimo título do ano. Daí, seguiu para solo norte-americano, onde, perante os seus compatriotas, voltou a brilhar na US Open Series: sagrou-se campeã em Toronto e em Cincinnati voltou a ceder na final perante Victoria Azarenka, sagrando-se campeã da Emirates Airline US Open Series 2013. Chegamos então a Flushing Meadows, todos os olhos postos em Serena, a favorita do público para, perante os seus compatriotas, levantar o troféu do Grand Slam norte-americano pela quinta vez na carreira. Na final, frente a Victoria Azarenka (uma reedição do encontro decisivo de 2012),

todas as emoções remetem a 1999, quando uma jovem norte-americana de 17 anos conquistou, perante o seu público, o seu primeiro título em Majors. Essa jovem era agora uma lenda do ténis mundial, do desporto em geral, e levantou, não o primeiro, mas o décimo sétimo troféu em Majors na sua carreira, e afirmava cada vez mais o seu domínio enquanto número 1 mundial.Ao completar os seus 32 anos no mês de Setembro, Serena Williams vivia um dos melhores anos da sua carreira, mas a série de vitórias iniciada no US Open iria continuar até ao fim da temporada.Depois de desistir de Tokyo, a tenista norte-americana sagrou-se campeã em Pequim e conquistou ainda os WTA Championships em Istambul, sem derrotas ao longo do evento.Com um recorde em prémios monetários, um recorde pessoal de 78 vitórias numa temporada e apenas 4 derrotas, Serena Williams terminou o ano como

líder indiscutível da hierarquia mundial e provou que aos 32 anos de idade é possível jogar ténis de alto nível.Com 57 títulos na carreira e 17 Majors, é nomeada a jogadora do ano de 2013 e também a atleta do ano nos Estados Unidos. Resta-nos esperar pelo início da nova temporada para voltar a ver Serena Williams em acção. Expectativas altas? Tão altas quanto o talento desta campeã.

Majors’13 CRÓNICA

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por Mariana VergueiroFotografias: Christopher Levy

Depois de uma época de 2011 assombrada por doenças e lesões que a levaram a desistir de muitos torneios, 2012 marcou o regresso em pleno de Serena Williams ao circuito. Aos 31 anos de idade, a campeoníssima norte-americana conquistou sete títulos e terminou a temporada em terceiro lugar do

índice e f.t.

ranking WTA.Para uma lenda do ténis feminino, dentro do top100 mundial desde 1997, Williams conseguiu “voltar a surpreender” e provar que aos 32 anos consegue bater toda a concorrência e alinhar uma das melhores, senão a melhor, épocas da sua carreira.Mais de 12 milhões de dólares em prémios monetários, onze títulos, 34 vitórias consecutivas, 78 vitórias num total de 82 encontros disputados. Os resultados da norte-americana em 2013 falam

por si.Serena começou a temporada com um título em Brisbane, em seguida foi surpreendida no Open da Austrália pela sua jovem compatriota Sloane Stephens e perdeu na final de Doha para Victoria Azarenka. Foi depois deste último torneio, a 18 de fevereiro, que Williams ascendeu à primeira posição da hierarquia mundial, tornando-se na líder do ranking WTA mais velha de sempre.Em Miami, a mais nova das irmãs

Williams inicia uma série de triunfos apenas interrompida em Wimbledon. Pelo caminho, conquistou troféus em Miami, Charleston, Madrid, Roma e o segundo troféu da carreira em Roland Garros, o seu 16º título em Grand Slams (conseguindo assim o feito de conquistar por duas vezes os quatro Majors).No All England Club, a número 1 mundial entrava como principal

favorita à defesa do título. Contudo, Serena foi surpreendida na quarta ronda pela alemã Sabine Lisicki, que acabaria por perder na final para Marion Bartoli.Após a temporada de relva, Serena Williams foi o grande destaque do torneio de Bastad, na Suécia, onde voltou a brilhar sobre o pó de tijolo, arrecadando o sétimo título do ano. Daí, seguiu para solo norte-americano, onde, perante os seus compatriotas, voltou a brilhar na US Open Series: sagrou-se campeã em Toronto e em Cincinnati voltou a ceder na final perante Victoria Azarenka, sagrando-se campeã da Emirates Airline US Open Series 2013. Chegamos então a Flushing Meadows, todos os olhos postos em Serena, a favorita do público para, perante os seus compatriotas, levantar o troféu do Grand Slam norte-americano pela quinta vez na carreira. Na final, frente a Victoria Azarenka (uma reedição do encontro decisivo de 2012),

todas as emoções remetem a 1999, quando uma jovem norte-americana de 17 anos conquistou, perante o seu público, o seu primeiro título em Majors. Essa jovem era agora uma lenda do ténis mundial, do desporto em geral, e levantou, não o primeiro, mas o décimo sétimo troféu em Majors na sua carreira, e afirmava cada vez mais o seu domínio enquanto número 1 mundial.Ao completar os seus 32 anos no mês de Setembro, Serena Williams vivia um dos melhores anos da sua carreira, mas a série de vitórias iniciada no US Open iria continuar até ao fim da temporada.Depois de desistir de Tokyo, a tenista norte-americana sagrou-se campeã em Pequim e conquistou ainda os WTA Championships em Istambul, sem derrotas ao longo do evento.Com um recorde em prémios monetários, um recorde pessoal de 78 vitórias numa temporada e apenas 4 derrotas, Serena Williams terminou o ano como

líder indiscutível da hierarquia mundial e provou que aos 32 anos de idade é possível jogar ténis de alto nível.Com 57 títulos na carreira e 17 Majors, é nomeada a jogadora do ano de 2013 e também a atleta do ano nos Estados Unidos. Resta-nos esperar pelo início da nova temporada para voltar a ver Serena Williams em acção. Expectativas altas? Tão altas quanto o talento desta campeã.

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Depois de uma época de 2011 assombrada por doenças e lesões que a levaram a desistir de muitos torneios, 2012 marcou o regresso em pleno de Serena Williams ao circuito. Aos 31 anos de idade, a campeoníssima norte-americana conquistou sete títulos e terminou a temporada em terceiro lugar do

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ranking WTA.Para uma lenda do ténis feminino, dentro do top100 mundial desde 1997, Williams conseguiu “voltar a surpreender” e provar que aos 32 anos consegue bater toda a concorrência e alinhar uma das melhores, senão a melhor, épocas da sua carreira.Mais de 12 milhões de dólares em prémios monetários, onze títulos, 34 vitórias consecutivas, 78 vitórias num total de 82 encontros disputados. Os resultados da norte-americana em 2013 falam

por si.Serena começou a temporada com um título em Brisbane, em seguida foi surpreendida no Open da Austrália pela sua jovem compatriota Sloane Stephens e perdeu na final de Doha para Victoria Azarenka. Foi depois deste último torneio, a 18 de fevereiro, que Williams ascendeu à primeira posição da hierarquia mundial, tornando-se na líder do ranking WTA mais velha de sempre.Em Miami, a mais nova das irmãs

Williams inicia uma série de triunfos apenas interrompida em Wimbledon. Pelo caminho, conquistou troféus em Miami, Charleston, Madrid, Roma e o segundo troféu da carreira em Roland Garros, o seu 16º título em Grand Slams (conseguindo assim o feito de conquistar por duas vezes os quatro Majors).No All England Club, a número 1 mundial entrava como principal

favorita à defesa do título. Contudo, Serena foi surpreendida na quarta ronda pela alemã Sabine Lisicki, que acabaria por perder na final para Marion Bartoli.Após a temporada de relva, Serena Williams foi o grande destaque do torneio de Bastad, na Suécia, onde voltou a brilhar sobre o pó de tijolo, arrecadando o sétimo título do ano. Daí, seguiu para solo norte-americano, onde, perante os seus compatriotas, voltou a brilhar na US Open Series: sagrou-se campeã em Toronto e em Cincinnati voltou a ceder na final perante Victoria Azarenka, sagrando-se campeã da Emirates Airline US Open Series 2013. Chegamos então a Flushing Meadows, todos os olhos postos em Serena, a favorita do público para, perante os seus compatriotas, levantar o troféu do Grand Slam norte-americano pela quinta vez na carreira. Na final, frente a Victoria Azarenka (uma reedição do encontro decisivo de 2012),

todas as emoções remetem a 1999, quando uma jovem norte-americana de 17 anos conquistou, perante o seu público, o seu primeiro título em Majors. Essa jovem era agora uma lenda do ténis mundial, do desporto em geral, e levantou, não o primeiro, mas o décimo sétimo troféu em Majors na sua carreira, e afirmava cada vez mais o seu domínio enquanto número 1 mundial.Ao completar os seus 32 anos no mês de Setembro, Serena Williams vivia um dos melhores anos da sua carreira, mas a série de vitórias iniciada no US Open iria continuar até ao fim da temporada.Depois de desistir de Tokyo, a tenista norte-americana sagrou-se campeã em Pequim e conquistou ainda os WTA Championships em Istambul, sem derrotas ao longo do evento.Com um recorde em prémios monetários, um recorde pessoal de 78 vitórias numa temporada e apenas 4 derrotas, Serena Williams terminou o ano como

líder indiscutível da hierarquia mundial e provou que aos 32 anos de idade é possível jogar ténis de alto nível.Com 57 títulos na carreira e 17 Majors, é nomeada a jogadora do ano de 2013 e também a atleta do ano nos Estados Unidos. Resta-nos esperar pelo início da nova temporada para voltar a ver Serena Williams em acção. Expectativas altas? Tão altas quanto o talento desta campeã.

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Depois de uma época de 2011 assombrada por doenças e lesões que a levaram a desistir de muitos torneios, 2012 marcou o regresso em pleno de Serena Williams ao circuito. Aos 31 anos de idade, a campeoníssima norte-americana conquistou sete títulos e terminou a temporada em terceiro lugar do

ranking WTA.Para uma lenda do ténis feminino, dentro do top100 mundial desde 1997, Williams conseguiu “voltar a surpreender” e provar que aos 32 anos consegue bater toda a concorrência e alinhar uma das melhores, senão a melhor, épocas da sua carreira.Mais de 12 milhões de dólares em prémios monetários, onze títulos, 34 vitórias consecutivas, 78 vitórias num total de 82 encontros disputados. Os resultados da norte-americana em 2013 falam

por si.Serena começou a temporada com um título em Brisbane, em seguida foi surpreendida no Open da Austrália pela sua jovem compatriota Sloane Stephens e perdeu na final de Doha para Victoria Azarenka. Foi depois deste último torneio, a 18 de fevereiro, que Williams ascendeu à primeira posição da hierarquia mundial, tornando-se na líder do ranking WTA mais velha de sempre.Em Miami, a mais nova das irmãs

Williams inicia uma série de triunfos apenas interrompida em Wimbledon. Pelo caminho, conquistou troféus em Miami, Charleston, Madrid, Roma e o segundo troféu da carreira em Roland Garros, o seu 16º título em Grand Slams (conseguindo assim o feito de conquistar por duas vezes os quatro Majors).No All England Club, a número 1 mundial entrava como principal

índice e f.t.

favorita à defesa do título. Contudo, Serena foi surpreendida na quarta ronda pela alemã Sabine Lisicki, que acabaria por perder na final para Marion Bartoli.Após a temporada de relva, Serena Williams foi o grande destaque do torneio de Bastad, na Suécia, onde voltou a brilhar sobre o pó de tijolo, arrecadando o sétimo título do ano. Daí, seguiu para solo norte-americano, onde, perante os seus compatriotas, voltou a brilhar na US Open Series: sagrou-se campeã em Toronto e em Cincinnati voltou a ceder na final perante Victoria Azarenka, sagrando-se campeã da Emirates Airline US Open Series 2013. Chegamos então a Flushing Meadows, todos os olhos postos em Serena, a favorita do público para, perante os seus compatriotas, levantar o troféu do Grand Slam norte-americano pela quinta vez na carreira. Na final, frente a Victoria Azarenka (uma reedição do encontro decisivo de 2012),

todas as emoções remetem a 1999, quando uma jovem norte-americana de 17 anos conquistou, perante o seu público, o seu primeiro título em Majors. Essa jovem era agora uma lenda do ténis mundial, do desporto em geral, e levantou, não o primeiro, mas o décimo sétimo troféu em Majors na sua carreira, e afirmava cada vez mais o seu domínio enquanto número 1 mundial.Ao completar os seus 32 anos no mês de Setembro, Serena Williams vivia um dos melhores anos da sua carreira, mas a série de vitórias iniciada no US Open iria continuar até ao fim da temporada.Depois de desistir de Tokyo, a tenista norte-americana sagrou-se campeã em Pequim e conquistou ainda os WTA Championships em Istambul, sem derrotas ao longo do evento.Com um recorde em prémios monetários, um recorde pessoal de 78 vitórias numa temporada e apenas 4 derrotas, Serena Williams terminou o ano como

líder indiscutível da hierarquia mundial e provou que aos 32 anos de idade é possível jogar ténis de alto nível.Com 57 títulos na carreira e 17 Majors, é nomeada a jogadora do ano de 2013 e também a atleta do ano nos Estados Unidos. Resta-nos esperar pelo início da nova temporada para voltar a ver Serena Williams em acção. Expectativas altas? Tão altas quanto o talento desta campeã.

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2013 foi emotivo, mas esteve longe de ser um ‘mar de rosas’ para toda a gente. Que o diga Roger Federer, que em 2012 havia conquistado mais um título em Wimbledon e regressado ao topo do ranking e que este ano chegou a ocupar o sétimo posto e apenas venceu um troféu, ou Maria Sharapova, que acabou por falhar os últimos quatro meses de competição devido a lesão. A nível nacional, também Frederico Gil teve longe do seu melhor, mas o sintrense mostra-se otimista no regresso e tem comunicado bastante com os seus seguidores

ao longo dos últimos tempos.Em forma estiveram, claramente, Rafael Nadal e Serena Williams, quase imparáveis, e Andy Murray (que quebrou a maldição ao vencer Wimbledon) assim como o histórico João Sousa, Maria João Koehler (que conseguiu disputar os quatro quadros principais em Majors), Michelle Larcher de Brito, autora de uma das grandes vitórias deste ano ao vencer Maria Sharapova, e Gastão Elias, quarto-finalista do Portugal Open.Merecem ainda destaque Pablo Carreño-Busta, Stanislas Wawrinka, David Ferrer (vice-campeão de Roland Garros) e, como não poderia deixar de ser, os irmãos Bryan.

IN AND OUT

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in and out

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1. Rafael Nadal - 13030 pontos2. Novak Djokovic - 122603. David Ferrer - 58004. Andy Murray - 57905. Juan Martin del Potro - 52556. Roger Federer - 42057. Tomas Berdych - 41808. Stanislas Wawrinka - 37309. Richard Gasquet - 330010. Jo-Wilfried Tsonga - 3065(...)49. João Sousa - 934175 . Gastão Elias - 302200. Pedro Sousa - 253263. Rui Machado - 178551. João Domingues - 58572. André Gaspar Murta - 55603. Frederico Silva - 45686. Leonardo Tavares - 33830. Frederico Gil - 19

1. Serena Williams - 132602. Victoria Azarenka - 80463. Li Na - 60454. Maria Sharapova - 58915. Agnieszka Radwanska - 58756. Petra Kvitova - 47757. Sara Errani - 44358. Jelena Jankovic - 41709. Angelique Kerber - 396510. Caroline Wozniacki - 3520(...)117. Michelle Brito - 569138. Maria João Koehler - 452459. Bárbara Luz - 78977. Joana Valle Costa - 121038. Ivone Álvaro - 101236. Inês Murta - 3

RANKINGS

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1

juntos, dão origem a alguns dos momentos mais marcantes da temporada.Uns apresentam-se nos torneios ‘secundários’, que se estendem desde Brisbane a Sydney, com passagens por Doha e Shenzhen, outros aproveitam para se manter resgatados até ao começo do primeiro Major da época. Mais tarde ou mais cedo, todos os tenistas estão em court e aí sim, regressa realmente o espírito tenístico. Mais uma vez, o calor marca os primeiros dias, semanas de competição, mas a ele alia-se o fantástico ambiente vivido nos torneios de arranque, ligeiramente ofuscados pelo Australian Open.

É aqui que todos têm a primeira oportunidade de mostrar melhorias e de corresponder às expectativas. Em Melbourne Park todos sonham com o mesmo: chegar ao último fim-de-semana e ter o troféu de campeão nas mãos. Mas apenas um o consegue em cada quadro e as listas de campeões intimidam. As bancadas apresentam-se quase sempre cheias, com destaque para a Rod Laver e Hisense Arenas, onde se testemunham excelentes batalhas que se prolongam por horas e apenas terminam ao cabo de cinco e longas partidas. O sol põe-se, os tenistas entram em court. Na Austrália, não há falta de luz natural que pare os atletas: estão programadas sessões nocturnas para todos os dias e o complexo dispõe de três courts com cobertura amovível (aos já referidos acrescenta-se a Margaret Court Arena, ativa a partir da edição de 2014).De jogos em cinco sets sem tie-break a encontros marcados por interrupções devido ao calor, aos quais não deixam de escapar as habituais exaltações de início

por Gaspar LançaFotografias: Divulgação

É em Brisbane que a temporada oficial de 2014 terá início e, como tal, é inevitável pensar-se em calor, sol, calções, vestidos e óculos e chapéus-de-sol. Pelo menos, que o digam os fãs de ténis australianos, sempre equipados a rigor para os primeiros encontros do ano. O bom tempo característico do continente oceânico alia-se à habitual nostalgia que antecipa o começo dos torneios oficiais e,

de época e, até, invasões de campo por parte de, imagine-se, esquilos. Tudo isto é parte integrante do grande pacote que é o Australian Open e onde estão também inseridos os primeiros torneios da época, que servem depois de rampa de lançamento para uma temporada que se adivinha muito emocionante.Organizar um torneio do Grand Slam não é tarefa fácil e muito menos quando este se realiza na parte inicial da temporada, mas as entidades australianas responsáveis fazem-no da melhor forma ao conseguir conjugar a ‘fome’ de ténis (com as condições características do país – onde os koalas, os kangurus e outros animais merecem toda a atenção dos jogadores durante a competição, assim como as já referidas altas temperaturas – e, também, com a necessidade da época ‘arrancar’ a um bom ritmo, correspondendo da melhor forma aos parâmetros estabelecidos por todos.

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juntos, dão origem a alguns dos momentos mais marcantes da temporada.Uns apresentam-se nos torneios ‘secundários’, que se estendem desde Brisbane a Sydney, com passagens por Doha e Shenzhen, outros aproveitam para se manter resgatados até ao começo do primeiro Major da época. Mais tarde ou mais cedo, todos os tenistas estão em court e aí sim, regressa realmente o espírito tenístico. Mais uma vez, o calor marca os primeiros dias, semanas de competição, mas a ele alia-se o fantástico ambiente vivido nos torneios de arranque, ligeiramente ofuscados pelo Australian Open.

É aqui que todos têm a primeira oportunidade de mostrar melhorias e de corresponder às expectativas. Em Melbourne Park todos sonham com o mesmo: chegar ao último fim-de-semana e ter o troféu de campeão nas mãos. Mas apenas um o consegue em cada quadro e as listas de campeões intimidam. As bancadas apresentam-se quase sempre cheias, com destaque para a Rod Laver e Hisense Arenas, onde se testemunham excelentes batalhas que se prolongam por horas e apenas terminam ao cabo de cinco e longas partidas. O sol põe-se, os tenistas entram em court. Na Austrália, não há falta de luz natural que pare os atletas: estão programadas sessões nocturnas para todos os dias e o complexo dispõe de três courts com cobertura amovível (aos já referidos acrescenta-se a Margaret Court Arena, ativa a partir da edição de 2014).De jogos em cinco sets sem tie-break a encontros marcados por interrupções devido ao calor, aos quais não deixam de escapar as habituais exaltações de início

por Gaspar LançaFotografias: Divulgação

É em Brisbane que a temporada oficial de 2014 terá início e, como tal, é inevitável pensar-se em calor, sol, calções, vestidos e óculos e chapéus-de-sol. Pelo menos, que o digam os fãs de ténis australianos, sempre equipados a rigor para os primeiros encontros do ano. O bom tempo característico do continente oceânico alia-se à habitual nostalgia que antecipa o começo dos torneios oficiais e,

de época e, até, invasões de campo por parte de, imagine-se, esquilos. Tudo isto é parte integrante do grande pacote que é o Australian Open e onde estão também inseridos os primeiros torneios da época, que servem depois de rampa de lançamento para uma temporada que se adivinha muito emocionante.Organizar um torneio do Grand Slam não é tarefa fácil e muito menos quando este se realiza na parte inicial da temporada, mas as entidades australianas responsáveis fazem-no da melhor forma ao conseguir conjugar a ‘fome’ de ténis (com as condições características do país – onde os koalas, os kangurus e outros animais merecem toda a atenção dos jogadores durante a competição, assim como as já referidas altas temperaturas – e, também, com a necessidade da época ‘arrancar’ a um bom ritmo, correspondendo da melhor forma aos parâmetros estabelecidos por todos.

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