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www.jornalcapital.jor.br | ANO 3 - N° 54 | CAPITAL EMPRESA JORNALÍSTICA LTDA | 3 A 9 DE MAIO DE 2011 | NAS BANCAS - RS 1,00 IPC teve variação de 0,95% PÁG. 4 Câmbio* Câmbio* (*) FECHAMENTO: 2 DE MAIO DE 2011 (*) FECHAMENTO: 2 DE MAIO DE 2011 MOEDAS COTADAS EM DOLAR (USA) MOEDAS COTADAS EM DOLAR (USA) Indicadores* Indicadores* Energia: Governo vai reduzir tributação A INFORMAÇÃO é do ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel, ao participar do Fórum Mundial Econômico para a América Latina, no Rio. Ele representou a presidente Dilma Rousseff e lembrou que ela tem familiaridade com a área de energia. PÁGINA 5 SCERJ/ROGÉRIO SANTANA ALBERTO ELLOBO Receita desarticula quadrilha que fraudava IR em Caxias Câmara de Caxias preenche vagas de vereadores presos Código Florestal Balança comercial tem superávit de US$ 1,8 bi NA CÂMARA federal há quase 12 anos, o proje- to de lei do novo Código Florestal está pronto para ser votado. A maioria dos líderes partidários e o pró- prio presidente da Câmara, Marco Maia são favoráveis à votação mesmo com di- vergências. PÁGINA 7 O GRUPO ATUAVA para obter restituições indevidas. As investigações contra um escritório de contabilidade na avenida Brigadeiro Lima e Silva, que resultaram na Operação Triplo S, duraram seis meses. A quadrilha enviou quase sete mil declarações desde 2009. Somente no último dia 27, foram 111 declarações enviadas pelo escritório. PÁGINA 3 A BALANÇA comercial brasileira fechou o mês de abril com superávit de US$ 1,863 bi- lhão (cerca de R$ 2,9 bilhões). O saldo foi divulgado nesta segunda-feira, dia 2, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Segundo o ministério, em cada um dos 19 dias úteis do mês, o país ex- portou, em média, US$ 98,1 milhões a mais do que importou. Essa média é 52,8 % maior do que a registrada em abril do ano passado (média por dia útil de US$ 64,2 milhões). Também é 32,6% superior ao resultado médio diário de março deste ano (US$ 74 milhões). Moeda Compra (R$) Venda (R$) Variação % Dolar Comercial 1,574 1,576 0,19 Dólar Paralelo 1,590 1,730 0,00 Dólar Turismo 1,520 1,680 0,59 (U$) (U$) % Coroa Dinamarca 5,028 5,032 0,11 Dólar Austrália 1,094 1,094 0,24 Dólar Canadá 0,950 0,951 0,65 Euro 1,482 1,482 0,10 Franco Suíça 0,865 0,865 0,12 Iene Japão 81,220 81,240 0,03 Libra Esterlina Inglaterra 1,664 1,665 0,34 Peso Chile 462,500 462,800 0,48 Peso Colômbia 1.771,500 1.779,500 0,22 Peso Livre Argentina 4,070 4,110 0,12 Peso MÉXICO 11,528 11,532 0,31 Peso Uruguai 18,750 18,950 0,00 Índice Valor Variação % Ibovespa 65.462,75 1,01 Dow Jones 12.807,36 0,02 Nasdaq 2.864,08 0,33 IBX 21.419,19 0,66 Merval 3.395,64 0,31 Poupança 03/05 0,548 Poupança Mês 02/05 0,635 TR 02/05 0,140 Juros Selic meta ao ano 12,00 Salário Mínimo (Federal) R$ 545,00 Salário Mínimo (RJ) R$ 581,88 PÁGINA 6

Edição nº 54

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Jornal Capital - Edição nº 54

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1CAPITAL3 a 9 de Maio de 2011

www.jornalcapital.jor.br | ANO 3 - N° 54 | CAPITAL EMPRESA JORNALÍSTICA LTDA | 3 A 9 DE MAIO DE 2011 | NAS BANCAS - RS 1,00

IPC teve variação de 0,95%

PÁG. 4

Câmbio*Câmbio*

(*) FECHAMENTO: 2 DE MAIO DE 2011(*) FECHAMENTO: 2 DE MAIO DE 2011

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Energia: Governo vai reduzir tributação

A INFORMAÇÃO é do ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel, ao participar do Fórum Mundial Econômico para a América Latina, no Rio. Ele representou a presidente Dilma Rousseff e lembrou que ela tem familiaridade com a área de energia. PÁGINA 5

SCER

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ALBERTO ELLOBO

Receita desarticula quadrilha que fraudava IR em Caxias

Câmara de Caxias preenche vagas de vereadores presos

Código Florestal

Balança comercial tem superávit de US$ 1,8 bi

NA CÂMARA federal há quase 12 anos, o proje-to de lei do novo Código Florestal está pronto para ser votado. A maioria dos líderes partidários e o pró-prio presidente da Câmara, Marco Maia são favoráveis à votação mesmo com di-vergências. PÁGINA 7

O GRUPO ATUAVA para obter restituições indevidas. As investigações contra um escritório de contabilidade na avenida Brigadeiro Lima e Silva, que resultaram na Operação Triplo S, duraram seis meses. A quadrilha enviou quase sete mil declarações desde 2009. Somente no último dia 27, foram 111 declarações enviadas pelo escritório. PÁGINA 3

A BALANÇA comercial brasileira fechou o mês de abril com superávit de US$ 1,863 bi-lhão (cerca de R$ 2,9 bilhões). O saldo foi divulgado nesta segunda-feira, dia 2, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Segundo o ministério, em cada um dos 19 dias úteis do mês, o país ex-portou, em média, US$ 98,1 milhões a mais do que importou. Essa média é 52,8 % maior do que a registrada em abril do ano passado (média por dia útil de US$ 64,2 milhões). Também é 32,6% superior ao resultado médio diário de março deste ano (US$ 74 milhões).

Moeda Compra (R$)

Venda(R$)

Variação %

Dolar Comercial 1,574 1,576 0,19Dólar Paralelo 1,590 1,730 0,00Dólar Turismo 1,520 1,680 0,59

(U$) (U$) %Coroa Dinamarca 5,028 5,032 0,11Dólar Austrália 1,094 1,094 0,24Dólar Canadá 0,950 0,951 0,65Euro 1,482 1,482 0,10Franco Suíça 0,865 0,865 0,12Iene Japão 81,220 81,240 0,03Libra Esterlina Inglaterra 1,664 1,665 0,34Peso Chile 462,500 462,800 0,48Peso Colômbia 1.771,500 1.779,500 0,22Peso Livre Argentina 4,070 4,110 0,12Peso MÉXICO 11,528 11,532 0,31Peso Uruguai 18,750 18,950 0,00

Índice Valor Variação %

Ibovespa 65.462,75 1,01Dow Jones 12.807,36 0,02Nasdaq 2.864,08 0,33IBX 21.419,19 0,66Merval 3.395,64 0,31

Poupança 03/05 0,548Poupança Mês 02/05 0,635TR 02/05 0,140

Juros Selic meta ao ano 12,00

Salário Mínimo (Federal) R$ 545,00Salário Mínimo (RJ) R$ 581,88 PÁGINA 6

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CAPITAL 3 a 9 de Maio de 201122

Construindo pontes

GEIZA ROCHA é jornalista e secretária-geral do Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro Jornalista Roberto Marinho. www.querodiscutiromeuestado.rj.gov.br

Rombo no FAT afetará as micro-empresas

CAPITAL EMPRESA JORNALÍSTICA Ltda - CNPJ 11.244.751/0001-70Av. Governador Leonel Brizola (antiga Presidente Kennedy)

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Paginação e Arte: Alberto Ellobo (21 9320-1379)

Colaboradores: Alberto Marques, Arthur Salomão, Karla Ferreira, Geiza Rocha, Samuel Maia e Roberto Daiub

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UM DOS MAIORES desafi os do século XXI é a cons-trução de uma governança que dê conta da diversidade de desafi os que surgem no momento em que se dese-nham as políticas públicas. Nossa estrutura federativa, em que os municípios acumulam a responsabilidade de cuidar do trânsito, do lixo, do ordenamento urbano, da educação básica, da saúde da família, da iluminação, e de tantos outros serviços essenciais, e são solidá-rios nas responsabilidades que cabem ao estado e ao governo federal, se não houver articulação pouco ou nada se avança.

E a articulação, não pode ser apenas vertical, ela passa pelo entendimento com os municípios limítrofes e com a região em que aquela cidade se localiza bem como com as diferentes pastas envolvidas no equacio-namento de determinado problema. O que interessa a todos nós, cidadãos, é a política pública que vai nos assistir em caso de contaminação e, mais do que isso, a que vai nos manter seguros da ameaça, a partir da eli-minação dos focos. Uma governança bem estruturada permite a transparência na divisão de responsabilidades e vai além ao possibilitar que as soluções sejam dese-nhadas em conjunto, reconhecendo os limites, sejam eles fi nanceiros ou técnicos, de cada um dos entes.

A gestão compartilhada só é efi caz se toda a cadeia está estruturada para dar conta de suas responsabilida-des. Se um dos elos falha, todos os demais sofrem com isso. Na Região Metropolitana do Rio, por exemplo, que concentra 75% da população do estado, esta neces-sidade de articulação - embora nem sempre exista - é identifi cada. Mas quando avançamos para o interior, tanto a iniciativa quanto a visão dela como solução se torna mais rarefeita. Mais do que nunca, o conceito de rede se torna essencial. Afi nal, como diz o poeta, é impossível ser feliz sozinho.

Ponto de ObservaçãoPonto de ObservaçãoALBERTO MARQUES

A NOTÍCIA NÃO poderia ser pior: um rombo esti-mado em R$ 2,8 bilhões no Fundo de Amparo ao Trabalhador - o badalado FAT - deixará a mingua de fi nanciamento em 2012 as micro e pequenas empre-sas. Esse financiamento, a juros menores do que o cobrado pela lucrativa rede bancária - aí incluídos o BB e a Caixa - era desti-nado à compra de equipa-mentos e capital de giro.

No caso da compra de máquinas, prioritariamente feita no mercado interno, há a geração de renda e emprego na indústria de máquinas, enquanto o ca-pital de giro se destina á reposição de estoques e pa-gamento de fornecedores, o que também concorre para a geração de emprego e renda. Assim, de uma só tacada, a decisão do Governo de suspender as operações do FAT no pró-ximo ano pegou os micro e pequenos empresários, responsáveis por milhares de empregos pois utilizam mão de obra de forma in-tensiva, afetará os planos desses empreendedores já este ano, pois terão de

rever seus planos de cres-cimento, as encomendas de novos equipamentos, o que irá afetar, por tabela, a industria de máquinas do País, que já sofrem a con-corrência predatória das empresas estrangeiras, que contam com juros baixos e fi nanciamentos a longo prazo para as suas vendas no exterior.

Enquanto o Governo Federal promete fi nancia-mentos a longo prazo e até participação minoritária no capital em grandes empre-sas, através dos fundos de pensão dos empregados das estatais, como PRE-VI, - grupos que já contam com o apoio de farto crédi-to por parte do BNDES, do BB, da CAIXAS, do BNB e do Banco da Amazônia - o micro e o pequeno empresários só contavam com o FAT para a expan-são dos seus negócios. O Governo vem utilizando recursos do Tesouro para injetar capital no BNDES, que fi nancia frigorífi cos e grandes construtoras ou compra carteiras de bancos em difi culdades, como re-centemente ocorreu com a participação da Caixa na

salvação do empresário Silvio Santos no escanda-loso caso do Banco PanA-mericano.

Outro exemplo de má direcionamento está na promessa de participa-ção, comR$ 20 bilhões, na construção do trem de alta velocidade eu ligaria o Rio a S. Paulo e a Campinas, concorrendo diretamente com as empresas aéreas e rodoviárias nessa impor-tante ligação. O mais grave é que, como não há um projeto pronto e acabado para um trem bala que será parador, com as estações intermediárias sendo in-dicadas por políticos com intenção de fazer média com seus eleitores.

Não podemos esque-cer que, nos primeiros quatro meses do ano, o Governo Federal pagou de dívidas deixadas por Lula nas obras do PAC, referentes a 2010, mais do que o próprio Lula investiu nessas obras, que seguem o padrão prefe-rido do Governo: com um rascunho do projeto, abre-se a licitação e, na hora da execução, des-cobrem que faltou muita

coisa, o que obriga aos famosos aditamentos de contrato. Nesse ponto, o Brasil não fi ca atrás de outros países no item im-proviso e desleixo no pa-gamento de fornecedores, como ocorreu num dos projetos da NASA. Um grande jornal americano comprovou que aquela agência do Governo pa-gara pelo tampo de uma privada mais de 10 vezes do preço cobrados na loja da esquina. E comprovou com nota fi scal.

Infelizmente, no Brasil ainda não se chegou a tanta sofisticação e o cidadão comum, desinformado, continua pagando impos-tos extorsivos por serviços de péssima qualidade, ou que não são oferecidos pelo Poder Público como Saúde, Educação, Sanea-mento Basco. Está faltan-do alguem com o espírito libertário de Tiradentes para comandar uma revolta contra a derrama patroci-nada por Brasília. Aliás, Tiradentes está tão por baixo que até miliciano re-cebe “Medalha de Mérito Tiradentes” da Assembléia Legislativa.

O PRIMEIRO DOS TRÊS navios do tipo bunker en-comendados pelo Programa de Modernização e Expan-são da Frota da Transpetro (Promef) começou a ser construído semana passada pelo estaleiro Superpesa, do Rio de Janeiro. O início das obras, celebrado com o corte da primeira chapa de aço, representa a estreia do Superpesa no Promef, que já mobiliza os estaleiros Ilha S.A (Eisa), Atlântico

Sul (EAS) e Mauá, e prevê a encomenda de 49 embar-cações. Os navios enco-mendados ao Superpesa te-rão como função abastecer outras embarcações e, por isso, são projetados com dispositivos para aumentar a capacidade de manobra e atracação lateral. Com 91,85 metros de compri-mento e calado de 4,5 me-tros, cada navio bunker terá capacidade para armazenar até 4 mil metros cúbicos de

óleo combustível e/ou óleo diesel.

Ao todo, serão utilizadas 3,6 mil toneladas de aço para a construção dos três navios. As duas primeiras embarcações serão lançadas ao mar em 2012 e a última, em 2013. O contrato com o estaleiro é de R$ 110,5 mi-lhões e, ao longo das obras, serão gerados 500 empregos diretos e dois mil indiretos. O programa de construção naval da Transpetro, um dos

principais projetos estrutu-rantes do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), já criou mais de 15 mil em-pregos diretos no país. Ao longo do Promef serão gera-dos 40 mil empregos diretos e 160 mil indiretos. Com o programa, a expectativa é de que a frota da Transpetro chegue a mais de 110 navios em 2014. Hoje, o Brasil já possui a quarta maior cartei-ra de encomenda de navios petroleiros do mundo.

Superpesa inicia construção de três navios do Promef

AS VENDAS NO vare-jo do setor de material de construção cresceram 6,5% em abril ante março. Na comparação com abril do ano passado, o aumento foi 3%, de acordo com a pesquisa mensal feita pela Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), em parceria com o instituto de pesquisas Ibope. O re-sultado de abril representa uma ligeira recuperação do setor, que vinha registrando percentuais baixos de cres-cimento das vendas desde o início do ano. Segundo o levantamento, os primeiros quatro meses do ano regis-tram crescimento de 2,5% na comparação com o mes-

mo período de 2010 e, nos últimos 12 meses, de 9,5%. O setor com melhor desem-penho foi o de argamassas, que cresceu 8,5%, seguido pela elevação de 6% do setor de cimento. Nenhum setor registrou queda nas vendas.

De acordo com o presidente da Anamaco, Cláudio Conz, as perspectivas para o setor continuam sendo positivas. “A desaceleração prevista para a economia, nos próxi-mos meses, não deverá afetar substancialmente as vendas de material de construção”.

A estimativa da entidade é fechar o ano com crescimento de 8,5% sobre as vendas de 2010, principalmente por causa do programa habitacio-nal do governo Minha Casa, Minha Vida e da segunda etapa do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).

Vendas de material de construção se recuperamBANCO DE IMAGENS

AS INSTITUIÇÕES fi-nanceiras estão obriga-das a informar, a partir de segunda- fe i ra (2) , o custo total do crédi-to tomado por micro e pequenas empresas. Se-gundo o Banco Central (BC), anteriormente, a obrigatoriedade de in-formar ao cliente o custo efetivo total (CET) se restringia às operações para pessoas físicas.

“A medida, a lém de reduzir a assimetria de informações para esse segmento de empresas, est imula a concorrên-cia entre as instituições financeiras”, diz o BC, em nota. Essa regra foi

de f in ida pe lo Conse-lho Monetário Nacional ( C M N ) n o d i a 3 0 d e setembro de 2010, mas só hoje entrou em vigor.

O Banco Central lem-bra que o CET é uma taxa que sintetiza todos os custos na concessão de crédito. Ele deve ser calculado considerando os fluxos referentes às liberações e aos paga-mentos previs tos , in-cluindo a taxa de juros a ser pactuada no con-trato, tr ibutos, tarifas e seguros, entre outras despesas cobradas do cliente.

Instituições têm que informar custo total de crédito a micro e pequenas

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33CAPITAL3 a 9 de Maio de 2011

Direito EmpresarialDireito EmpresarialARTHUR SALOMÃO*

Crhysler registra primeiro lucro desde sua quase falência

(*)ARTHUR SALOMÃO É ESPECIALISTA EM DIREITO EMPRESARIAL E RECUPERAÇÃO JUDICIAL.

Síndrome Metabólica

ROBERTO DAIUB ALEXANDRE é médico cardiologista concursado da Prefeitura de Duque de Caxias, médico-chefe do Centro de Terapia Intensiva do Hospital de Clínicas de Teresópolis (Unifeso) e médico plantonista da emergência do Hospital das Clínicas Mario Lioni, em Duque de Caxias

A AMEAÇA de fechamento do Restaurante Popular de Duque de Caxias, que fun-ciona próximo ao Shopping Center, volta a preocupar milhares de pessoas que o utilizam diariamente. Isso porque o local deve-rá abrigar a Faculdade de Educação da Baixada, vin-culada à UERJ e funciona precariamente em um CIEP no bairro Vila São Luiz, também no 1º distrito do município, informação que vem circulando na cidade há alguns dias e que não foi desmentida pelo governo do Estado. Inaugurado em dezembro de 2001 com o nome de Dom Helder Câmara, ele serve cerca de três mil refeições por dia. A maioria dos usuários é de idosos, trabalhadores de baixa renda, desempregados e moradores de rua, que almoçam a preço simbólico de R$ 1.

A noticia da instalação da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense no prédio do restaurante caiu como uma verdadeira

bomba na cidade. A pri-meira tentativa de fechar o Restaurante aconteceu em abril de 2009, quando deixou de funcionar por prazo indeterminado. Na época, a denúncia ganhou as páginas de jornais e blo-gs, e ganhou visibilidade até mesmo na página do ex-governador Anthony Garotinho, em cuja gestão foi lançado o programa dos Restaurantes Populares. O então administrador da unidade, Gilberto Borges, que ocupava o cargo há

cerca de três anos, ten-tou justifi car o fechamen-to alegando que o local passava obras, o que foi desmentido pelos usuá-rios entrevistados. Com a repercussão negativa, o governo acabou tendo de voltar atrás. O que acon-teceu, na verdade, é que o governador Sérgio Cabral não autorizara a renova-ção do contrato entre a Secretaria de Assistência Social com a empresa que gerenciava o restaurante.

O restaurante ocupa uma

área de 6.000 metros qua-drados, numa das entradas da Favela do Lixão, terreno cedido pela Prefeitura e que havia sido doado em 1967 pela empresa construtora do Shopping Center para que ali fosse construída, pela prefeitura, um terminal rodoviário destinado aos passageiros das linhas de ônibus que ligam o Centro do município a diversos bairros da Capital, além de Nilópolis, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Belford Roxo e Mangaratiba.

Estado pode fechar Restaurante Popular de Duque de Caxias

ALBERTO ELLOBO

HÁ EXATOS DOIS anos o presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, anunciava que a Crhys-ler iria pedir falência em virtude das dificuldades geradas pela crise eco-nômica mundial ocor-rida em 2009. Todavia, graças aos esforços dos governos canadense e americano que empres-taram US$ 4 b i lhões

à montadora, além da venda de 30% da empre-sa à FIAT, um plano de reestruturação foi dando fôlego a Crhysler.

Na última segunda-feira , a montadora anunciou lucro líquido de US$ 116 milhões e um aumento de 35% no volume de negó-cios no primeiro trimes-tre deste ano, a primeira alta da empresa desde

o início de 2009. Fo-ram comercializados 394 mil veículos com preços mais elevados, gerando um aumento de 18% nas vendas. O grupo também anunciou que almeja um lucro anual entre US$ 200 e US$ 500 milhões, com volume de negócios em aproximadamente US$ 55 bilhões.

E para FIAT, que tem

como grande interesse a expansão de seus negó-cios além da Europa, em acordo mais prematuro e mais barato do que se esperava, vai pagar US$ 1,27 bilhões por mais 16% da Crhysler, o que lhe dará 46% do capital da 3ª maior fabricante de veículos norte-americana, chegando próximo aos 51% almejados.

AO LONGO DO TEMPO, a urbanização trouxe gran-des benefícios à população, aumentando a expectativa de vida, a disponibilidade de alimentos e a melhora nos meios de transporte. Porém, esses benefícios acarretaram mudanças no estilo de vida, como o con-sumo elevado de gorduras, menor grau de atividade física, estresse e tabagismo. Essas mudanças, por sua vez, provocaram elevação da ocorrência de diabetes, hipertensão e obesidade fazendo das doenças cardio-vasculares a principal causa de morte no mundo.

A síndrome metabólica é um conjunto de anormali-dades que compreende a coexistência variável de obe-sidade, hipertensão arterial, aumento da quantidade de insulina na corrente sanguínea e elevação das taxas de triglicérides, levando ao aparecimento de doenças car-diovasculares e aumentando o risco de morte em até 2,5 vezes. Esta síndrome chega a ocorrer em mais de 40% dos adultos com mais de 60 anos sendo também relativamente comum, o acometimento de indivíduos entre 20 e 49 anos.

A predisposição genética, a alimentação inadequa-da e o sedentarismo estão entre os principais fatores que contribuem para o surgimento da síndrome, cuja prevenção é um desafio mundial contemporâneo com importante repercussão para a saúde. Destaca-se o aumento da ocorrência da obesidade em todo o Brasil e uma tendência, especialmente preocupante, em crianças em idade escolar, em adolescentes e nas camadas de mais baixa renda. A adoção precoce por toda a população de estilo de vida relacionado à manutenção da saúde, com dieta adequada e prática regular de atividade física, preferencialmente desde a infância, é o componente básico da prevenção.

A RECEITA FEDERAL de-sarticulou na manhã do dia 28 uma quadrilha acusada de fraudar declarações do Imposto de Renda da Pes-soa Física (IR) para obter restituições indevidas. As investigações, que resulta-ram na Operação Triplo S, duraram seis meses e de-tectaram indícios da fraude praticada por um escritório de contabilidade na avenida Brigadeiro Lima e Silva, bairro 25 de Agosto. Segun-

do a Receita, os fraudadores atraíam os contribuintes com promessas de restitui-ções elevadas ou exclusão da “malha fi na”. Eles infor-mavam na declaração de seus clientes despesas de-dutíveis que não ocorreram, obtendo, com essa prática, valores indevidos de resti-tuições. Em troca recebiam um percentual da restitui-ção, que variava em função do valor desta. Quanto mais alta a restituição, maior era

o percentual. Segundo a Receita, no es-

critório trabalhavam cinco pessoas que agiam juntas e serão investigadas pelo crime de formação de qua-drilha. Ainda segundo a Receita, a quadrilha enviou quase 7 mil declarações des-de 2009. Só na quarta-feira passada (27), o escritório teria enviado 111 declara-ções. Por causa da fraude, diversos clientes do escri-tório serão chamados para

serem fi scalizados e muitos poderão ter suas declara-ções bloqueadas até que possam ser analisadas pelos auditores. Se comprovada a fraude, os contribuintes deverão pagar os valores re-cebidos indevidamente com juros e multa de até 225% do valor devido e poderão responder criminalmente. As informações sobre os fraudadores e benefi ciários foram encaminhadas ao Ministério Público.

Receita desarticula quadrilha que fraudava IR em Caxias

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CAPITAL 3 a 9 de Maio de 201144

O VEREADOR DALMAR Lírio de Almeida, o Mazi-nho, presidente da Câmara de Duque de Caxias, con-cedeu entrevista ao Capital, na qual falou sobre vários assuntos e se queixou da “falta de espaço dentro do PSDB”. Disse não ter “nada contra o prefeito Zito”, ape-nas críticas no plano admi-nistrativo, classifi cando seu governo como “um desas-tre”. Afi rmou que, apesar de ser um político “diferente” dos demais pré-candidatos, é “a namorada mais desejada de todos os políticos, que me têm como vice-prefeito perfeito”. Reafirmou ter recebido convite do ministro Carlos Lupi para ingressar no PDT e se colocar como candidato à sucessão de Zito. Disse acreditar que a eleição será de dois turnos e vai para “o confronto de idéias”. “Temos que acabar com a estagnação pela qual a cidade vem passando há 20 anos”.

- Eu não tenho espaço político no PSDB. Não te-nho espaço político para exercer a minha atividade que é atividade política. Não tenho nada contra o prefeito Zito, não tenho nada contra o Danilo que hoje é o pre-sidente municipal, mas eu fui convidado pelo político Carlos Lupi para ingressar

no PDT e tenho a palavra do prefeito Zito de que não iria criar nenhum empecilho pra minha saída. Eu acredi-to nele. Agora, a vida vai seguindo, hoje eu sou pré-candidato de um projeto, eu tenho um projeto pra essa cidade - diz o vereador, fa-zendo questionamentos aos prefeitos que passaram pelo poder nos últimos 20 anos. “Qual foi o grande projeto de transporte? Nada. O que foi feito pelo servidor do município? Qual foi o plano de carreira criado? Nada. O que foi feito pela educação?

Nada. E esse nada envolve o prefeito Zito e o prefeito Washington Reis, são vinte anos de inoperância. O atual governo do Zito é um com-pleto desastre, é um desastre de investimento é um desas-tre de planejamento, é um desastre de gerenciamento, de gestão”.

E vai adiante: “Essa cida-de precisa de alguém que saiba gerenciar, que saiba articular toda a sociedade organizada pra que ela cresça. E é por isso que eu estou apresentando meu nome. Eu não vou criticar

ninguém, o que eu vou di-zer é: “Se vocês gostaram do governo Zito, votem no Zito, se vocês gostaram do governo Washington Reis, votem no Washington, mas se eles tiveram uma gestão de regular para baixo, dá uma chance a um caxiense que mora nessa cidade, que estudou nessa cidade, fez seu primeiro grau, segun-do grau e faculdade nessa cidade, que tem projetos, que está querendo mostrar alguma coisa diferente. E vou precisar também da experiência do Washington

Reis, do Zito. Eu não sou o dono da verdade e nunca vou ser. E é por isso que eu consigo conversar com o PT, com o pessoal de DEM, consigo conversar com o PC do B. A sociedade civil organizada de Duque de Caxias tem que participar - pede Mazinho.

Quanto ao episódio dos vereadores presos, disse que, na época, não se sabia a extensão das acusações. “Hoje é fácil julgar, mas na-quele momento eu acho que foi uma postura de isenção tanto com os vereadores que

tinham sido presos, tanto com a justiça e também com a opinião pública. Hoje eu faria diferente porque agora temos informação, mas na-quele momento não”.

- Há pouco tempo atrás, quando se falava de milícia, a população acreditava ser uma coisa boa, que acabava com a criminalidade. Só depois, com o tempo é que a opinião pública percebeu que era muito pior do que o tráfi co, porque começaram a extorquir pessoas de bem. Então é a sociedade que diz o que ela quer, qual o polí-tico que ela quer, como ela quer que o político se condu-za - observa o parlamentar. “Nasci aqui, cresci aqui, minha vida toda foi aqui. Eu vivo há cinqüenta anos o cotidiano dessa cidade, eu conheço bem a cidade. Não sou melhor nem pior que ninguém, sou diferente. Estarei apresentando meu nome em 2014 para que a população de Duque de Caxias decida. Vou con-tinuar morando aqui, vou continuar vivendo a política daqui, meus negócios são aqui, minha vida é aqui, e eu pretendo ainda fazer muito. O meu sonho é continuar fazendo o que eu estou fa-zendo, escrevendo o meu nome na história de Duque de Caxias”.

“Tenho projetos para acabar com a estagnação de Caxias”CMDC/AUDENIR DAMIÃO

O PREFEITO ANDERSON Cozzolino e o Secretário de Assistência Social Jor-ge Cosan inauguraram a Unidade de Acolhimento Institucional, localizada em Piabetá. A solenidade acon-teceu no próprio Abrigo, , localizado rua da Guia, s/nº, em Piabetá, na tarde do último dia 27. Estiveram presentes vários convida-dos, entre eles vereadores, empresários e coordenado-res, além da primeira dama Alessandra Dias, do juiz Adriano Binato, a promo-tora Fernanda Câmara, e o presidente do Conselho da

Criança e do Adolescente, Mário Jorge.

A Unidade de Acolhimento Futuro Feliz está equipada para receber crianças e ado-lescentes, com dormitórios masculinos e femininos, berçário, sala de leitura e de TV, amplo refeitório e ba-nheiro equipado para receber portadores de necessidades especiais. A unidade tam-bém conta com profi ssionais altamente qualificados en-tre educadores, cozinheira, psicóloga, assistente social dentre outros profi ssionais.

- Com essa inauguração estamos trilhando novos ca-

minhos na história de Magé e garantindo e respeitando os direitos das crianças e adolescentes - destacou o prefeito Anderson Cozzo-lino. Segundo a primeira dama Alessandra Dias, a unidade de acolhimento está cumprindo as expec-tativas, “dando um amparo psicológico para as crianças que perderam seus víncu-los familiares”. Durante a solenidade o Secretário de Assistência Social, Jor-ge Cosan, destacou que a inauguração da unidade “é um marco que gera com-promisso com os cidadãos

mageenses, pois, é mais um sonho realizado”.

O acolhimento institucio-nal está classifi cado na Polí-tica Nacional de Assistência Social como Proteção So-cial Especial de Alta Com-plexidade. “A Unidade de Acolhimento Institucional irá corrigir uma defasagem social e histórica, pois as crianças e os adolescentes que estão atualmente aco-lhidos no Abrigo Maria de Lourdes naquele mu-nicípio serão recambiados para Magé por se tratar de famílias originárias dessa cidade”, informou Cosan.

Prefeitura de Magé inaugura AbrigoMARCELO CUNHA

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A ALEGRIA, O ESPOR-TE, a saúde e a prestação de serviços marcaram a passagem do Dia do Trabalhador em Duque de Caxias no domingo, 1º de maio. O evento da Prefeitura, em parceria com uma emissora de rá-dio, atraiu 35 mil pessoas à Praça do Pacifi cador, no Centro, a várias atividades voltadas para todas as ida-des durante o dia. “Hoje é um dia de agradecimento. Nós, trabalhadores du-quecaxienses, merecemos comemorar esse dia pelo tanto que batalhamos. Este é um dia voltado para o entretenimento e se encerrará com a gran-de festa do trabalhador”, anunciou o prefeito José Camilo Zito.

O grande programa do domingo na cidade come-çou às 9h com o início do Passeio Ciclístico e das atividades em vários es-tandes na praça atendendo a população com a presta-

ção de diversos serviços, de massagem relaxante até a emissão gratuita da primeira carteira de trabalho. O evento durou até a meia-noite com o encerramento dos sho-ws de grandes nomes do samba e do funk no Teatro Municipal Raul Cortez em seu palco aberto para a praça. Foram sorteadas 20 bicicletas. Numa das barracas foram oferecidos diversos serviços.

O show no palco aberto do Teatro Raul Cortez co-meçou às 17h com a apre-sentação do bloco afro Imalê-Ife, de Duque de Caxias, e foi seguido pela apresentação da Escola de Samba Infantil Pimpolhos da Grande Rio. Estiveram presentes no palco MC Coruja e o grupo de dan-ça de rua Independente Street. A partir das 18h, rolou apresentação da ba-teria da Grande Rio e suas passistas. Depois foi a vez do grupo Imaginasamba.

Dia do Trabalhador reúne 35 mil pessoas em Caxias

O ÍNDICE DE PREÇOS ao Consumidor Sema-nal (IPC-S) calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Var-gas (FGV) apresentou var iação de 0,95% em

30 de abr i l . O resu l -t a d o f o i 0 , 1 5 p o n t o p e r c e n t u a l a c i m a d o regis t rado na divulga-ção anter ior. No acu-mulado do ano, o IPC-S registra alta de 3,46% e nos últimos 12 meses de

6,05%. O grupo alimen-tação voltou a apresentar aumento ao passar de 0,91% para 1,04%. Os destaque do grupo foram hortaliças e legumes que tiveram um aumento de 3,71% para 4,20%, pa-

nificados e biscoitos que passaram de -0,43% para -0,22%, laticínios regis-traram variação de 2,12% para 2,51% e carnes e peixes industrializados com aumento de 0,74% para 1,16%.

IPC-S registra alta de 0,95% na última semana de abril

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55CAPITAL3 a 9 de Maio de 2011

PRISCILLA RICARTE, jornalista, é correspondente do Capital em Brasília

Projeto em discussão na Câmara quer proibir início de jogos esportivos após as 21 horas

ESTÁ PARA SER votado na Comissão de Turismo e Desporto o Projeto de Lei 330/11, de autoria do deputado Hugo Leal (PSC-RJ). A proposta altera o Estatuto de Defesa do Torcedor (Lei 10.671/03), pois defi ne para no máximo às 21 horas o início de todos os jogos esportivos.

Proposições como esta já haviam sido apresen-tadas pelas Câmaras Legislativas de São Paulo e Belo Horizonte. Sendo que na primeira foi vetada pelo prefeito Gilberto Kassab, e em Minas Gerais continua em análise.

Hugo Leal argumenta que o projeto foi criado com base na insatisfação dos próprios torcedores, que reclamam principalmente da falta de transporte público para voltar para casa. “Entendo que o limite de 21 horas é razoável, pois implica em geral um horário para término dos jogos sufi ciente para que a maioria dos trabalhadores consiga voltar ainda no mesmo dia para suas residências”, destacou.

Além disso, segundo o autor, a preservação do descanso do trabalhador, a proteção do patrimônio público e privado, a paz nas ruas e a segurança das competições são razões fundamentais para a apro-vação da medida.

A matéria tramita em conjunto com o Projeto de Lei 6871/10, que determina que o horário máximo para o término de jogos de futebol - realizados em estádios com capacidade para mais de 10 mil torcedores - seja às 23h15. E se for aprovada por mais duas comissões (Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça) irá à sanção.

O MINISTRO DO De-senvolvimento, Fernando Pimentel, afirmou sexta-feira (29) que o governo está preparando uma serie de medidas para baratear o custo da energia no Brasil. Ele reconheceu que a ener-gia no país “é uma das mais caras do mundo”, mas disse que a questão não pode ser tratada “com leviandade” porque impacta a arrecada-ção. “Nossa energia é muito cara, uma das mais caras do mundo, se não for a mais cara. Boa parte desse custo se deve à tributação, e te-mos que reduzi-lo, mas não podemos fazer isso de uma hora para outra nem tratar o tema com leviandade, por-que ele impacta fortemente a arrecadação federal e dos estados”, disse Pimentel,

ao participar do Fórum Mundial Econômico para a América Latina, no Rio, ao lado dos governadores do Rio, Sérgio Cabral Filho, e de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Pimentel, que representou a presidente Dilma Rousseff no evento, lembrou que ela tem familiaridade com a área de energia e, por isso, compar-tilha das mesmas preocupa-ções. Ele não deu detalhes sobre quais serão as medidas. Perguntado pelos jornalistas se o escalonamento dos tri-butos no longo prazo poderia ser uma solução, o ministro limitou-se a responder que “é uma boa ideia”.

O elevado custo da energia é um dos principais obstá-culos para investimentos no Brasil, especialmente

nos setores eletrointensivos. Pimentel afi rmou ainda que os empresários enfrentam três questões “espinhosas”: infl ação, câmbio e problemas de infraestrutura. Apesar de a valorização do real ser uma das principais queixas de executivos presentes no Fórum, o ministro previu que “vamos sofrer mais um pouco com o câmbio”. Isso porque, segundo Pimentel, os países ricos ainda não conse-guiram superar a crise e, por isso, vêm adotando medidas expansionistas, como desva-lorização de suas moedas.

Cabral concordou com a opinião de Pimentel, mas ressalvou que a desoneração da energia elétrica precisa ser implementada por meio de um pacto federativo, para não prejudicar os estados.

“Eu acho uma ótima ideia. Precisamos fazer um grande pacto entre estados, municí-pios e governo federal, de uma forma que os estados não sejam prejudicados”. Da mesma forma, Geraldo Alckmin se mostrou favo-rável à revisão da estrutura dos tributos que incidem sobre o preço da energia, para baratear a produção na-cional. E fez um alerta: se a geração não aumentar, pode faltar energia para suportar o crescimento economico brasileiro. “Primeiro, é muito importante aumentar a oferta de energia. Pois o Brasil cres-cendo forte, ela não só pode fi car cara, como pode haver falta. Mas isso [a redução no custo de energia] deve ser discutido no bojo da reforma tributária”.

Governo prepara medidas para baratear energia

A REALIZAÇÃO da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 vai cau-sar um grande impacto eco-nômico, social e esportivo no Rio, no estado e no Brasil. Esta foi a síntese dos debates entre os integrantes da mesa redonda, liderada pelo ex-pri-meiro-ministro inglês Tony Blair, na manhã de sexta-feira (29), no Fórum Econômico Mundial da América Latina, em São Conrado, na Zona Sul do Rio. O tema do painel tratava dos desafios e dos legados que grandes eventos esportivos podem gerar nos

lugares onde se realizam. Os debatedores concluíram que, se apenas um desses eventos já é sufi ciente para deixar muitos legados, a or-ganização das duas principais competições esportivas do planeta num só país poten-cializa os benefícios.

O Brasil vai promover os dois eventos e, melhor ain-da, no espaço de apenas dois anos entre as competições. Antes, apenas o México sediou as duas competições com o mesmo intervalo de tempo: em 1968, as Olim-píadas e em 1970, a Copa,

quando a seleção brasileira conquistou o tricampeonato e a posse defi nitiva da Taça Jules Rimet.

O secretário de Fazenda, Renato Villela, representou o Governo do Estado na com-posição da mesa redonda, da qual também fi zeram parte o presidente da Nike, Charlie Denson, o presidente da Street Football Word, Juergen Gries-beck, e o executivo da empresa Burson-Marsteller Mark Penn. Blair foi o primeiro a falar no painel. No dia em que as aten-ções da Inglaterra estavam vol-tadas para o casamento entre

o príncipe William e a plebeia Kate Middleton, de cuja lista de convidados fora excluído, o ex-primeiro-ministro britânico cumpriu agenda no Fórum. Foi em seu governo que o Comitê Olímpico Britânico candidatou Londres para sediar as Olimpí-adas de 2012. O político, atu-almente, está ligado ao esporte dirigindo uma fundação que organiza cursos para profi ssio-nais de atividades esportivas básicas em seu país, além de cumprir com suas funções de representante da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Oriente Médio.

Legados e desafi os de eventos esportivos em debate

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CAPITAL 3 a 9 de Maio de 201166

Atualidade

OS VEREADORES Jo-aquim José dos Santos Alexandre, o Quinzé e Orlando José da Silva, tomaram posse na Câmara de Vereadores de Duque de Caxias, no último dia 25, assumindo a vaga de Chiquinho Grandão (Se-bastião Ferreira da Silva, do PTB) e Jonas É Nós (Jonas Gonçalves da Sil-va, do PPS), presos em 21 dezembro na “Operação Capa Preta” e afastados do cargo. Quinzé e Orlan-do Silva são os primeiros suplentes nas eleições de 2008 pelas coligações PP/PAN/PTN e PPS/PSDC/PTC. Ambos retornam ao Legislativo assumindo o 2º mandato.

O Ministério Públi-co do Estado do Rio de Janeiro deflagrou ação civi l dia 25 de abril, requerendo a per-da de função pública e indenização por dano moral coletivo, dentre outras sanções, em face dos vereadores “Jonas é Nós” e “Chiquinho Grandão”, que se en-contram no Presídio Fe-deral de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, acusados de envolvi-mento com uma milícia

investigada por cerca de 50 homicídios co-metidos desde 2007. A Ação Civil Pública por ato de improbidade ad-ministrativa, contra 34 réus, foi ajuizada pela 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Duque de Caxias e distribuída para a 3ª Vara Cível da Comarca de Duque de Caxias. Os dois vereadores estão no Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

A petição distribuída à Justiça descreve mi-nuciosamente a prática de desvios pelos quais

foram anteriormente de-nunciados pelo Procura-dor-Geral de Justiça, por intermédio da Subprocu-radoria-Geral de Justiça de Atribuição Originária Institucional e Judicial. Além dos vereadores, figuram como réus no processo criminal outros 32 integrantes do bando investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Orga-nizado (GAECO) e pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (DRACO-IE).

A Promotoria de Caxias requer liminarmente (para

efeito imediato) o afasta-mento dos réus de suas funções públicas e a que-bra de seus sigilos bancá-rio e fi scal. No julgamento do mérito, requer que sejam condenados a perda dos bens ou valores obti-dos ilicitamente; ressar-cimento integral do dano; suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos; pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público, além da reparação por dano moral coletivo, que poderá alcançar milhões de reais.

Câmara de Caxias preenche vagas de vereadores presosC

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O presidente Mazinho com Quinze (esquerda) e Orlando Silva

COMPUTADORES su-cateados, redes elétrica e hidráulica precárias, pa-redes descascadas e com infi ltrações, pisos quebra-dos, entre outros. Esses problemas ainda são uma realidade em algumas delegacias da Baixada Fluminense. Mas com o Programa Delegacia Le-gal, que visa reformar ou construir novas unidades, para dar um conforto ao cidadão e melhores con-dições de trabalho aos policiais com um mobi-liário padrão, moderno e funcional, a situação está prestes a mudar. Duas novas delegacias já estão sendo construídas, como a 52ª DP (Nova Iguaçu) e 53ª DP (Mesquita). Tam-bém há uma lista de dele-gacias que estão em obras e outras que ainda não foram iniciadas, como a 48ª DP (Seropédica), 51 ªDP (Paracambi), 55 ªDP (Queimados), 59 ªDP (Duque de Caxias), 60 ªDP (Campos Elíseos), 65ª DP (Magé) e 67ª DP (Guapimirim). As unida-des que já se transforma-ram em delegacias legais são a 50ª DP (Itaguaí), 54ª DP (Belford Roxo), 56ª DP (Comendador So-ares), 57ª DP (Nilópolis), 58ª DP (Posse), 61ª DP

(Xerém), 62ª DP (Imba-riê), 63ª DP (Japeri), 64ª DP (São João de Meriti) e 66ª DP (Piabetá). Atu-almente há mais de 120 Delegacias Legais prontas e funcionando. A idéia do Governo do Estado é en-tregar todas as delegacias que faltam até agosto.

O Programa Delegacia Legal foi concebido para modificar radicalmente a forma como a Polícia Civil vem desenvolvendo suas atividades através da transformação de todas as delegacias em Delegacias Legais. As modifi cações implantadas envolvem desde a divisão do espaço

físico até as rotinas da unidade policial internas. O projeto arquitetônico das Delegacias Legais foi criado para dar um con-forto ao cidadão e melho-res condições de trabalho aos policiais com um mo-biliário padrão, moderno e funcional. Além disso, a tecnologia implantada envolve o uso de softwa-res, computadores, im-pressoras, scanners, fotos digitalizadas, ligações em rede, ligações com outros bancos de dados, intranet e internet.

Para viabilizar o Pro-grama Delegacia Legal foi indispensável a re-

tirada dos presos em delegacias, que foram re-manejados para as onze casas de custódia im-plantadas nos governos anteriores (três no com-plexo penitenciário de Bangu, uma em Campos dos Goytacazes, duas em Bangu e uma em Ben-fica, município do Rio, e mais quatro em Magé, Japeri, Itaperuna e Volta Redonda. A conclusão do Programa Delegacia Legal utiliza recursos de um em-préstimo junto ao Banco Nacional de Desenvolvi-mento Econômico e So-cial (BNDES) no valor de R$ 157 milhões.

Delegacias Legais da Baixada estão em fase fi nal de obrasALBERTO ELLOBO

UM PÚBLICO de cer-ca de três mil pessoas passou pelo Teatro Mu-nicipal Raul Cortez para acompanhar o 1° Festi-val Nacional de Dança de Duque de Caxias, aberto no dia 26. Segun-do os organizadores, o evento reuniu aproxima-damente 800 bailarinos e dançarinos, totalizando 168 coreografi as nas três noites competitivas. A cerimônia de premiação, na noite de sábado (30), fez parte das comemora-ções do Dia da Baixada Fluminense e contou ainda com um evento de dança de rua na parte ex-terna do Centro Cultural Oscar Niemeyer, organi-zado pelo Grupo Urba-nus, com a presença de vários DJs, além de dois workshops e um palco aberto para apresenta-ções não competitivas.

Os eventos tiveram entrada franca e foram prestigiados pelo pre-feito José Camilo Zito e pela deputada federal Andreia Zito. Antes de serem anunciados os vencedores, o Secretário de Cultura e Turismo Gutemberg Cardoso, ao lado do idealizador do Festival e diretor da Companhia Municipal de Dança, Carlos Mut-talla, anunciou que o Festival de Dança passa, a partir de agora,a fazer parte do calendário per-manente da Secretaria, sob calorosos aplausos. Falou também sobre a importância do Dia da Baixada Fluminense e enfatizou o apoio do Pre-feito Zito às iniciativas

culturais desenvolvidas no município. Os dois, além do prefeito e a de-putada, foram homena-geados com placas pelo apoio ao Festival. VENCEDORES - Stu-dio de Dança Simone Rocha, Cia de Dois e Academia Luciana Bessa (Nova Iguaçu); Encanto Cigano (Copacabana, RJ); Cia de Dança Ana Carolina Paz (Jacare-paguá, RJ); Studio Ta-lento e Arte Escola de Dança (Madureira, RJ); Movimenthu’s Cia de Dança (Pavuna, RJ); Grupo Soul in Rua (Bel-ford Roxo); MA Studio de Dança (Mesquita); Academia Alledance, Instituto de Dança Pris-cila Ferraz, Núcleo de Dança e Artes Rejane Fatá, Studio de Dança Valéria Brito e Escorpi-ões de Rua (Nilópolis); Attitude Dance Com-pany (São Gonçalo); Grupo Meriti Urbano (São João de Meriti); Recicle e Dance, Acade-mia Sheyla Fitness, Cia de Dança Kátia de Paula, Projeto Etrês, Grupo Ja-guas, Raks Shark Grupo, Cia de Dança Mover e Grupo Ritmos Aca-demia Andrezza Cruz (Duque de Caxias) . Premiações especiais: Melhor bailarina: Ana Carolina Paz (Cia de Dança Ana Caro l i -na Paz (Jacarepaguá, RJ), Melhor bailari-no: Thalles Wellington (Inst i tuto de Dança Priscila Ferraz, Niló-polis), Melhor grupo: Movimenthus Cia de Dança (Pavuna).

Clarice Yoko, da MS Studio de Dança, venceu com a aplaudidíssima coreografi a contemporânea

“Pequena Espiã” na categoria juvenil

Festival Nacional de Dançaentra para o calendário

cultural de Duque de Caxias

SMCP/MARCIO LEANDRO

LANÇADO DIA 28 pela presidenta Dilma Rousseff, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Em-prego (Pronatec) terá um orçamento inicial de R$ 1 bilhão este ano. Desse total, R$ 700 milhões se-rão para o pagamento de

bolsas a alunos de ensino médio e trabalhadores em cursos técnicos ou profi ssionalizantes e R$ 300 milhões para a nova modalidade do Fundo de Financiamento Estudan-til (Fies) para a educação profi ssional.

Programa de bolsas para cursosprofi ssionalizantes terá R$ 1 bi

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77CAPITAL3 a 9 de Maio de 2011

Internacional

País

A INTERPOL, agência internacional de polícia, alertou que todos os seus países-membros reforcem medidas de segurança em razão da morte do líder e fundador da Al Qaeda, Osama Bin Laden. O go-verno norte-americano já havia emitido um alerta sobe o risco de violência “antiamericana” após o anúncio da morte do ex-tremista. Por meio de nota, os Estados Unidos esten-deram o alerta a todos os cidadãos em viagem ou que morem no exterior. Bin La-den foi morto domingo (1º) em uma operação norte-americana em uma cidade próxima de Islamabad, no Paquistão, na região de Ab-

bottabad. A morte do líder da Al Qaeda foi confi rmada pelo presidente Barack Obama às 23h35 (0h35 de segunda-feira no Brasil), em pronunciamento na TV.

Um dos homens mais procurados do mundo, o fundador e líder da Al Qa-eda, Osama Bin Laden, teve o corpo submetido a um ritual no mar, segundo a imprensa norte-americana. De acordo com o jornal New York Times e a agência de notícias Associated Press, a cerimônia seguiu os precei-tos muçulmanos de enterrar o corpo no mesmo dia da morte. As autoridades norte-americanas justificaram o enterro no mar informando que seria difícil encontrar um

país que aceitasse receber o corpo de um dos mais pro-curados líderes extremistas do mundo. As fontes não foram identifi cadas nas re-portagens.

Depois do anúncio de Obama, multidões foram às ruas em Washington e Nova York - cidades atin-gidas pelos ataques de 11 de setembro de 2001, no qual cerca de 3 mil pessoas morreram - para festejar a morte de Bin Laden. Além de ter sido o principal mentor dos atentados de 11 de setembro, Bin La-den é acusado de outros ataques, entre eles as ex-plosões em duas embaixa-das americanas no Leste da África em 1998.

Interpol alerta para reforço da segurança após morte de Bin Laden

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A COMISSÃO da Verda-de, proposta encaminhada ao Congresso Nacional durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visando a apurar os crimes cometi-dos no período da ditadura militar (1964-1985), deve ser aprovada ainda este ano. A expectativa é do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que usou um jargão militar para se referir ao tema: “Em busca da verdade, senta a pua. Há uma sen-sibilidade hoje dos lí-deres na Câmara [dos Deputados] em aprovar o projeto [da Comissão da Verdade] e acho que é muito importante que a sociedade brasileira tenha essa comissão, para saber a verdade daquele período triste da nossa história. Vamos aprová-la este ano, em um curto espaço de tempo”, previu.

Senta a pua, a expressão citada pelo ministro, tem suas origens da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). É o grito de guerra

do 1º Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira (FAB), que tem o sentido de cumprir a missão, com coragem e bravura. O ministro participou dia 30 da 49ª Caravana da Anistia, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, que julga processos de ex-perseguidos políticos e determina reparações fi -nanceiras às vítimas.

Cardoso discursou emo-cionado para os partici-pantes da caravana, que lotaram o histórico audi-tório da Associação Bra-sileira de Imprensa (ABI), palco das primeiras ma-nifestações contrárias ao regime militar e alvo de um atentado à bomba em suas instalações, em 1976, conforme lembrou o pre-sidente da entidade, jor-nalista Maurício Azedo.

Em nome do Estado brasileiro, o ministro pe-diu perdão às vítimas da ditadura. “Nós temos que reparar os danos que o Estado brasileiro fez no período da ditadura militar. Isso não implica só em uma indenização, mas também na reparação moral daqueles que foram atingidos. Cabe a mim pedir perdão em nome do Estado brasileiro.”

Ministro pede perdão a vítimas da ditaduraABR/RENATO ARAUJO

OS PROBLEMAS gera-dos pela construção de hidrelétricas em terras indígenas, o atraso na assinatura do Estatuto dos Povos Indígenas e a necessidade de imple-mentação do Conselho Nacional de Política Indigenista serão alguns dos temas discutidos durante o Acampamento Terra Livre, que reúne lideranças de todo o país. O acampamento foi aberto segunda-feira (2) e vai até quinta-feira (5) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Segundo o coordenador da Articulação dos Po-vos Indígenas da Região Sul, Cretã Kaingang, um dos líderes presentes ao evento, um dos princi-pais problemas para os índios que não vivem na Amazônia são as hidre-létricas de pequeno por-te, que acabam toman-do parte de suas terras, normalmente menores do que as do Norte do país. Às vezes, as terras até mesmo desaparecem com a inundação do lago da represa, disse Cretã Kaingang.

Para um não índio, a construção de uma hidre-létrica significa apenas que parte da terra será inundada. Para um índio, não. “Ali dentro estão os animais, a fl oresta, há todo um ciclo de cultura. Ali estão nossos antepas-sados. Na nossa região estão sendo instaladas hidrelétricas de pequeno porte que acabam com

a nossa terra, que já é pequena”, afirmou. De acordo com o líder Kain-gang, os índios são tam-bém marginalizados pelas autoridades que deveriam protegê-los. “Hoje temos que lutar para demarcar a nossa terra. O governo tem feito um discurso bonito fora do país, tem acatado parte das leis de direito internacional, mas, na hora que tem que cumpri-las, nosso país não o faz. As lideranças que têm lutado estão se tornando marginais e são consideradas invasoras. Só que a terra é nossa”, denunciou.

Ele também disse que os índios sofrem com a falta de moradia adequa-da. Segundo Kaingang, muitos dos índios de sua região vivem debaixo de lonas. “Na Amazônia, a maioria das terras está demarcada, mas nós, que estamos no Sul e no Nor-deste, estamos debaixo de lona, com fi lhos que se tornam adultos e continu-am debaixo dessa lona. O Estado tem faltado muito conosco”, declarou.

Marcos Aporinã, um dos coordenadores das Organizações Indíge-nas da Amazônia Bra-sileira, pediu agilidade na votação do Estatuto dos Povos Indígenas, que está desde 1991 em discussão no Congresso Nacional. “Até agora, porém, não há uma res-posta positiva que faça diferença para nossos povos.”

Índios discutem construção dehidrelétricas em suas terras

EM TRAMITAÇÃO na Câmara dos Deputados há quase 12 anos, o pro-jeto de lei do novo Có-digo Florestal deve ir à votação no plenário da Casa, possivelmente nesta terça-feira (3). A maioria dos líderes partidários e o próprio presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), são favoráveis à

votação mesmo persistin-do divergências em torno do relatório apresentando pelo deputado Aldo Rebe-lo (PCdoB-SP). Depois de diversas rodadas de nego-ciação com ministros, am-bientalistas, representan-tes dos produtores rurais e da comunidade científi ca, Rebelo prometeu divulgar amanhã (2) as alterações

feitas em seu relatório conforme as reivindica-ções dos diversos setores.

- Vamos continuar con-versando e nos aproxi-mando do acordo ideal que deverá ser anunciado na próxima segunda-feira”, disse Rebelo à Agência Brasil. Entre os pontos mais polêmicos que ainda não foram sanados, estão a obri-

gatoriedade da reserva legal na pequena propriedade de até quatro módulos fi scais e a redução do tamanho de área de preservação perma-nente (APP) em torno dos rios. “Teremos a possibili-dade de resolver, no acordo, o que for possível. E o que não for possível será decidido pelo plenário”, afi rmou Rebelo.

Novo Código Florestal deve ser votado esta semana

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CAPITAL 3 a 9 de Maio de 201188

O P R E S I D E N T E d a Empresa de Pesqu i sa Ene rgé t i ca , Maur i c io To l m a s q u i m , d e f e n -deu a possibilidade de construir usinas hidre-lé t r icas e com desen-volvimento econômico aliado à sustentabilida-de. “A hidrelétrica pode s e r u m e l e m e n t o d e desenvolvimento local e de preservação”, des-tacou Tolmasquim, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rá-dio Nacional . “ [Elas] geram energia barata e praticamente não emite gases do efeito estufa, que são os pr inc ipais gases causadores das mudanças climáticas”, completou.

To l m a s q u i m d e f e n -deu, porém, a obrigato-riedade de se manter as reservas naturais e de recuperar as matas ci-

liares como fundamen-ta l para a cons t rução d a s u s i n a s . S e g u n d o ele, o Brasi l é hoje o terceiro país em poten-cial hidrelétr ico a ser exp lo rado , f i c a a t r á s somente da China e da Rúss i a . Do po tenc i a l h id r e l é t r i co b r a s i l e i -r o , a p e n a s u m t e r ç o foi explorado. Apesar disso, Tolmasquim de-fende que o Brasil não deve deixar de investir e m e n e r g i a n u c l e a r , pois é preciso manter a competência tecnoló-gica. “Daqui 20 anos, o potencial hidrelétrico vai diminuir bastante”, d i s se . Pa ra e l e é im-portante também inves-tir em outros t ipos de energia, “o Brasil tem u m p o t e n c i a l g r a n d e em energia eólica, mas ela não irá substituir a hidrelétrica.”

Sobre as pessoas atin-gidas pelas construções e que precisam ser des-locadas, Tolmasquim in-forma que as hidrelétricas construídas atualmente têm reservatórios meno-res. “Podemos dar como exemplo a Usina de Três Gargantas na China, a maior usina do mundo deslocou um milhão de pessoas, a Usina de Belo Monte deslocará apenas 4 mil famílias”, afirmou. Ele explica ainda que grande parte das pessoas que serão atingida pela Belo Monte vivem em condições degradantes, em áreas que são inunda-das com frequência. “A usina dará a essas pesso-as moradias dignas, em casas de alvenaria, com rede de esgoto e trata-mento de água.”

“É possível construir hidrelétricas de maneira sustentável”BANCO DE IMAGENS