32
360 EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018 Carlos Brunetti Netto afirma que hospitais precisam se unir para sobreviverem FEHOESP vai lançar novo índice de inflação Saúde conectada Como serviços e pacientes têm lidado com a explosão de informações na internet

EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

360EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018

Carlos Brunetti Netto afirma que hospitais precisam se unir para sobreviverem

FEHOESP vai lançar novo índice de inflação

Saúde conectadaComo serviços e pacientes têm lidado com a explosão de informações na internet

Page 2: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

INFORMAÇÃORELEVANTE PERTO DE VOCÊ+2 Anos

Revista FEHOESP360

Page 3: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

Brun

o La

ria/C

riapi

cs

Nesta edição da Revista FEHOESP 360, apre-sentamos uma entrevista marcante com o neto de um dos fundadores do SINDHOSP, o médico Carlos Brunetti. Foi seu avô, Carlo Brunetti, ao lado de colegas de medicina e do empresariado, quem fundou o Sindicato, no século passado, em 1938. O estabelecimento que ele dirigia, Hospital de Caridade do Braz, foi um de nossos primeiros associados: na ficha de filiação, segundo os regis-tros históricos, consta a data de 30 de setembro de 1940. Assim, há pelo menos 78 anos, uma ins-tituição permanece sócia do SINDHOSP, contem-plando a atividade sindical e fazendo parte de uma história de inúmeras lutas e conquistas.

Este resgate só foi possível porque o Sindicato, com apoio da FEHOESP e de todos os seus Sin-dicatos filiados e do IEPAS, patrocinou um traba-lho de pesquisa histórica da saúde no Estado de São Paulo, sob a perspectiva da criação e atuação das instituições que representa. O resultado será apresentado durante o mês de setembro a toda a sociedade, por meio de um portal inédito. A ini-ciativa faz parte das comemorações dos 80 anos do SINDHOSP, completados em 2018.

Recontar esta história é, em certa medida, re-lembrar a criação de todo o sistema sindical pa-tronal brasileiro e reconhecer, de maneira justa, a participação de cada um dos agentes que ajuda-

ram a transformar a saúde do nosso país, travan-do lutas importantes para que pudéssemos atuar de maneira mais igualitária e com mais qualida-de. Afinal, foi a partir da criação do SINDHOSP que nasceram também a Federação Nacional dos Es-tabelecimentos de Serviços em Saúde (Fenaess), a própria FEHOESP, os seus outros cinco Sindica-tos filiados, o IEPAS, entre outras entidades repre-sentativas.

Além de nos causar imensa satisfação, esse mergulho no passado nos deixou uma lição ir-refutável: é preciso conhecer o que passou para olhar adiante. Mais ainda: é necessário preservar a memória, para que ela seja recontada às novas gerações e para que as lições aprendidas perma-neçam e se fortaleçam constantemente. A roda da história gira a todo momento e é nosso dever mantê-la em movimento.

Fazendo um paralelo com o Brasil, fica o alerta. Não será possível andar para frente se não sou-bermos o rumo que tomamos lá trás. Os erros e os acertos nos dão um norte para pensarmos como queremos o país de amanhã e onde dese-jaremos estar.

Yussif Ali Mere JrPresidente licenciado

Sem memórianão há futuro

INFORMAÇÃORELEVANTE PERTO DE VOCÊ+2 Anos

Revista FEHOESP360

Page 4: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

ÍNDICE 05

06

07

08

Como a explosão de informação na internet tem influenciado na relação

médico-paciente e nos negócios na saúde

CAPA 16

Aumento nos casos de IST assusta e prevenção ainda é solução

Resenha: Por que precisamos falar sobre a morte

José Carlos Barbério comenta sobre a importância da qualidade na saúde

24

10

09

26

28

12

Profissionais do setor opinam sobre a revista e o destaque do Portal FEHOESP360

Veja a agenda de cursos do IEPAS para setembro

Confira os principais eventos da saúde na seção de Notas

Boletim Econômico FEHOESP/Websetorial traz o desempenho do setor no 1º semestre do ano

Novo índice de inflação será lançado pela Federação

Envelhecimento populacional acelerado coloca em xeque estrutura e modelo assistencial

Carlos Brunetti Netto fala sobre evolução tecnológica, ética e os desafios dos hospitais

Page 5: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

PAINEL DO LEITOR

A exemplo do que já aconteceu no mês anterior, o destaque no portal www.fehoesp360.org.br desse mês tratou do projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo sobre a redução da jornada de trabalho de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem para 30 horas semanais.

Dessa vez, tiveram destaque duas notícias sobre o tema. Na primeira, representantes de entidades da saúde – incluindo o SINDHOSP e a FEHOESP – reuniram-se com o secretário adjun-to de Saúde do Estado, Antonio Rugolo, que tomou conheci-mento dos impactos que o PL traria ao sistema de saúde em caso de aprovação. Em outra notícia, as mesmas entidades re-presentativas entregaram ao governador de São Paulo, Márcio França, um ofício alertando para os riscos financeiros decorren-tes da proposta.

O portal destacou ainda o anúncio da criação de um grupo de trabalho na Federação para discutir a desospitalização nos serviços de saúde, definindo diretrizes e normatizações sobre o assunto.

ConfiávelA Revista FEHOESP 360 preenche uma lacuna com uma publica-ção de qualidade e fontes confiáveis. Matérias dos assuntos mais variados apuradas com o cuidado necessário que a área da saúde tanto exige.

De uma forma didática e simples, a revista consegue transitar entre assuntos sérios e complexos, até o trivial dos profissionais da área, com uma linguagem acessível a todos os públicos. Manter-se atualizado é de suma importância e ter um veículo que proporcio-ne notícias necessárias para a área é realmente um facilitador.

DANIEL ALAN COSTA, NATUROPATA E ESPECIALISTA EM BASES DE MEDICINA INTEGRATIVA DO HOSPITAL ALBERT EINSTEIN

PORTAL FEHOESP 360

Confira no Portal:

As principais notícias do setor

Informações jurídicas, contábil e tributária

Podcast

Informativo Notícias Jurídicas

Versão eletrônica da Revista FEHOESP 360

Acesse www.fehoesp360.org.br

DESTAQUE DO PORTAL

Errata:Diferentemente do que foi publicado na edição nº 23,

de agosto de 2018, na matéria “Na mira do eSocial”, a

explicação sobre o pagamento mensal de tributos é de

Massao Hashimoto. E, em relação à informação sobre

empresas que possuem colaboradores aposentados

por benefício especial, este é concedido ao trabalha-

dor que atua exposto ao agente nocivo, conforme

descrito na relação do Regulamento da Previdência

Social, e não pelo fato de receber adicionais de insalu-

bridade, periculosidade ou penosidade.

Page 6: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

Workshop LGBTI – como tratar o seu

cliente interno e externo

28 de setembro9h às 13h

Mogi das Cruzes

Implantação do Núcleo de Segurança do Paciente e notificação de incidentes

para a área da saúde

26 de setembro9h às 17h

Jundiaí

Excelência no atendimento para

atendentes, recepcionistas e telefonistas

25 de setembro9h às 17h

São José do Rio Preto

Workshop Gestão da qualidade

na melhoria dos resultados financeiros

21 de setembro9h às 11h30São Paulo

Workshop eSocial – principais pontos

de atenção na visão do RH e jurídico

25 de setembro9h às 12h

Bauru

#AgendaCompletawww.iepas.org.br

*As datas podem estar sujeitas a alterações

Os cinco passos eficazes para o bom

atendimento a clientes

19 de setembro9h às 17h

Ribeirão Preto

Workshop eSocial – principais pontos

de atenção na visão do RH e jurídico

24 de setembro9h às 12hAraçatuba

06

CURSOS & EVENTOS

#iepas

Excelência em atendimento – modelo

Disney de encantamento

22 de setembro9h às 17h

Santos

PGRSS – Gestão de resíduos na

área da saúde

19 de setembro9h às 17h

Presidente Prudente

Finanças e fluxo de caixa em instituições

de saúde

21 de setembro9h às 17hSorocaba

Page 7: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

Tecnologia e inovação são temas de debateO uso de inovações tecnológicas e a necessidade de de-

senvolver um olhar mais atento e humano para o pacien-te foram temas debatidos no dia 17 de

agosto, durante a terceira edição do Summit Saúde Brasil, realizado

pelo jornal O Estado de S.Paulo.A palestra magna foi feita

por Clay Johnston, primeiro reitor da Dell Medical School, da Universidade do Texas,

em Austin. A instituição teve

Para celebrar os seus 60 anos, o Hospital Santa Paula, asso-ciado ao SINDHOSP e dirigido por um dos diretores do Sin-dicato, George Schahin, realizou evento no Museu da Casa Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto.

O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da medicina, com curadoria da jornalista Cláudia Collucci, repórter especial de saúde do jornal Folha de S. Paulo.

Em sua infraestrutura, abriga 199 leitos, sendo 59 deles destinados à terapia intensiva. Além disso, dispõe de centro cirúrgico com nove salas de cirurgia e dez leitos para recu-peração anestésica. Realiza 9 mil procedimentos cirúrgicos, 14 mil internações e atende cerca de 100 mil pacientes no Pronto Atendimento.

Hospital Santa Paula completa 60 anos

a iniciativa de rever métodos tradicionais e buscar soluções inovadoras para oferecer um atendimento de qualidade aos pacientes com um olhar humanizado e a consciência de que a área da saúde vive uma crise não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo. "Estamos gastando cada vez mais com a saúde e, infelizmente, não estamos vendo mudanças acompanhando esses gastos."

Johnston defendeu também a maior interação com os pacientes, de modo que eles sejam mais observados e ou-vidos. "As pessoas não querem ser pacientes, mas pessoas. Não querem ter um plano de saúde, mas saúde."

O evento discutiu ainda como ter um sistema mais sus-tentável, eficiente e inovador, epidemias e regulamentações na era da saúde digital.

O aniversário marca também um importante ciclo de investimentos. Em 2018, o hospital aportou R$ 20 milhões para obras, infraes-trutura, tecnologia médica e aqui-sição de equipamentos.

Representando o SINDHOSP, estiveram o presidente em exercício, Luiz Fernando Ferrari Neto; o presidente licencia-do, Yussif Ali Mere Junior; o presidente do IEPAS, José Carlos Barbério; e o CEO das instituições, Marcelo Gratão.

NOTAS

07

Workshop discute custos e resultadosPromovido pela Associação Brasileira de Medicina Diag-nóstica (Abramed), em parceria com o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CDR) e a Associação Brasileira de Clínicas de Diagnóstico por Imagem (ABCDI), o workshop “Gestão de custos, resultados e suprimentos” apresentou, no dia 3 de agosto, estratégias para que institui-ções de saúde focadas em diagnóstico façam uma melhor gestão de seus fluxos. A meta é reduzir custos, otimizar pro-cessos e acabar com a ociosidade de seus equipamentos, ampliando os ganhos e a margem de lucro.

Criado com o objetivo de auxiliar os profissionais da área

na identificação de oportunidades, ações e ferramentas capazes de contribuir para a sustentabilidade de clínicas e serviços, o evento enfatizou a importância da busca pela eficiência em todos os processos, desde o agrupamento de procedimentos por modalidade até a aquisição de materiais e o relacionamen-to com fornecedores.

Evento enfatizou a importân-cia da busca pela eficiência

Yussif, Schahin e Ferrari na festa do Santa Paula

Div

ulga

ção

Clay Johnston, primeiro reitor da Universidade do Texas

Page 8: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

número de estabelecimentos de saúde no país aumen-tou 3% em junho de 2018, em relação a dezembro de 2017, totalizando 322.002 unidades. No Estado de São Paulo, o número de estabelecimentos de saúde cresceu 2,5% no pe-ríodo em questão, totalizando 77.762 unidades. Os preços dos serviços de saúde segundo o Índice Nacional de Preços

Desempenho geral do setor no 1º semestre 2018

ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Ge-ografia e Estatística (IBGE), tiveram um aumento de 5,3% no primeiro semestre de 2018, em relação ao mesmo período de 2017, crescimento muito superior ao verificado no índice geral (IPCA), de 2,6% para o período, impulsionado pela va-riação de 6,5% no reajuste dos planos de saúde.

O

BOLETIM ECONÔMICO

Edição nº 3/Agosto 2018 Dados de janeiro a junho de 2018

08

Por tipoBrasil São Paulo

Jun18 Jun18

Fontes Pagadoras

Beneficiários dos planos de assistência médica (ANS) 0,1% 0,1%

Número de beneficiários dos planos de assistência médica (ANS) 47,2 Milhões 17,2 Milhões

Hospitais, Clínicas e Laboratórios

Número de estabelecimentos (CNES) 3,0% 2,5%

Emprego do setor (Caged) 2,3% 2,3%

Preços

Serviços de saúde (IPCA-IBGE) 5,3% 5,5%

Tabela 1 - Desempenho geral do setor - Em variação % | Acumulado de janeiro a junho de 2018

Fonte: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil (CNES), ANS e IBGE | Elaboração Websetorial

*Variação referente à comparação do número de beneficiários em junho de 2018 em relação a dezembro de 2017

Page 9: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

camentos. “Também estamos detalhando gastos com nutri-ção dietética, manutenção e limpeza, que são importantes para o setor hospitalar”, detalha Romitelli.

A ideia é que, com o passar dos meses, o indicador se tor-ne ajustável para cada segmento. “A composição dos custos dos hospitais é diferente da realidade vivida pelas clínicas. O mesmo acontece com os laboratórios. Portanto, preten-demos que o índice se adapte a cada tipo de prestador, a fim de que balize de maneira fidedigna a real inflação das diferentes atividades”, explica o presidente em exercício do SINDHOSP, Luiz Fernando Ferrari Neto. Segundo ele, hoje o setor não possui uma referência de indicador de inflação voltada exclusivamente para os serviços em saúde. “Fala-se muito no VCMH [Variação de Custos Médico-Hospitalares], do Instituto de Ensino de Saúde Suplementar (IESS), mas ele é voltado para as despesas das operadoras de planos de saúde, que são tomadores de serviços”, compara.

Assim que lançado, o IISS será publicado mensalmente no Portal FEHOESP 360. Eventos de apresentação do novo índice e workshops explicativos sobre como utilizar a fer-ramenta serão realizados para todos os representados, em diversas regiões do Estado. Acompanhe e saiba mais em www.fehoesp360.org.br.

Ao longo do tempo, o perfil das despesas na área da saú-de sofreu profundas transformações. A medicina avançou, novos dispositivos e medicamentos foram criados, a popu-lação brasileira envelheceu, o acesso aos tratamentos au-mentou e os planos de saúde ganharam força de atuação no intermédio dos cuidados. Por esses motivos, a FEHOESP criou uma Câmara Técnica de Trabalho, reunindo especialis-tas internos e externos em composição de custos, para ela-borar o novo Índice de Inflação dos Serviços de Saúde (IISS). O antigo indicador, chamado Índice de Inflação na Saúde SINDHOSP, foi veiculado de janeiro de 1999 até abril de 2018, mensalmente.

Quem lidera o trabalho de reestruturação é o economis-ta e contador João Luís Romitelli, que possui especializa-ção em finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e atua como consultor na área há 23 anos. Segundo ele, o diferen-cial deste novo índice é que ele não será apenas uma média publicada mensalmente. “A ideia é que seja uma ferramenta que ajude os associados a compreender melhor a evolução dos seus custos." A previsão é que uma nota técnica seja di-vulgada até o fim deste ano, mostrando de maneira transpa-rente toda a composição do indicador, permitindo que cada representado calcule seu índice de maneira individual e o utilize na hora da negociação com as fontes pagadoras.

Os componentes mais relevantes do IISS serão o custo de salários e encargos sociais, além dos materiais e medi-

FINANÇAS

09

Antigo indicador, veiculado há quase duas décadas, está sendo reestruturado

FEHOESP irá lançar

novo índice de inflação

João Romitelli, economista, contador e especialista em finanças

POR ALINE MOURA

Page 10: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

GESTÃO

Nossa população idosa não só aumenta cada vez mais, como esse processo vem ocorren-do de maneira bastante acelerada. Isso é o que afirma o Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-tística (IBGE), que divulgou em julho deste ano a sua Projeção de População (Revisão 2018), traba-lho que estima demograficamente os padrões de crescimento da população brasileira, por sexo e idade, ano a ano, até 2060.

Considerando dados levantados junto às 27 unidades da Federação, o estudo afirma que, já no ano de 2039, o número de idosos com 65 anos ou mais será maior que o de crianças de até 14 anos, acelerando o processo de envelhecimento populacional. Em 2060, essa mesma faixa de ido-sos deve representar 25,5% da população – hoje, essa proporção é de 9,2% –, ou seja, um em cada quatro brasileiros terá 65 anos ou mais. Por ou-tro lado, os jovens com até 14 anos, que hoje re-presentam 21,9% da população, diminuirão para 14,7% em 2060.

Segundo o IBGE, contribui para esse fenôme-no a queda gradativa da taxa de fecundidade to-tal no país, que foi observada em todas as regiões brasileiras. Essa taxa, que em 2018 é de 1,77 filho por mulher, deverá diminuir em 2060 para 1,66. “O Brasil vem passando por esse processo de crescimento muito rapidamente, diferentemente dos países desenvolvidos, que passaram por esse movimento também, mas resolveram muitos pro-blemas antes, como saneamento básico e outras doenças, principalmente as infecciosas”, analisa Carlos André Uehara, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

Ter tido um tempo maior para lidar com o pro-cesso de envelhecimento também foi fundamen-tal para os países desenvolvidos estruturarem as mudanças necessárias, como destaca Renato Peixoto Veras, professor e diretor da Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). “Esse é um processo longo, que nos países ricos começou 70,

10

Os desafios da longevidade

Aumento acelerado da população idosa coloca em xeque a estrutura e o modelo assistencial no país

POR RICARDO BALEGO

Page 11: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

80 anos atrás. Só que os países de primeiro mun-do, na Europa, Japão e Estados Unidos, já tinham esses dois grupos etários, as crianças e os idosos, fora do mercado de trabalho. Eles têm um bom sistema educacional, então puderam, pouco a pouco, já que foi um crescimento muito lento, se organizar para cuidar dos seus idosos”, afirma.

Para o professor, são muitos os obstáculos que o Brasil ainda precisa superar diante dessa nova realidade. "Faltam dinheiro, profissionais de saú-de e consciência coletiva da sociedade que o en-velhecimento veio para ficar e é um grande desa-fio, quando não se está preparado para lidar com uma massa tão grande de pessoas envelhecidas.”

Modelo defasado

Se na projeção geral do país feita pelo IBGE a po-pulação com 65 anos ou mais ultrapassará a de crianças com menos de 15 anos em 2039, indivi-dualmente nos Estados das regiões Sul e Sudeste isso deve acontecer ainda antes. O Rio Grande do Sul, por exemplo, deverá ser o primeiro a sentir essa mudança já em 2029, enquanto São Paulo presenciará o fenômeno em 2035.

Na prática, isso representa uma série de de-safios que precisam ser solucionados em pouco tempo. E um dos principais acontece na saúde, já que a mudança do perfil demográfico da popula-ção também traz um novo perfil epidemiológico para as doenças. “A assistência hoje é muito fo-cada em doenças do século passado, agudas e infecciosas. Com o envelhecimento, os pacientes são portadores de doenças crônicas não trans-missíveis e dependem do cuidado continuado. Se antes a gente só curava as enfermidades, hoje a gente controla”, explica Uehara.

Nesse contexto, o papel dos sistemas e ser-viços de saúde também muda. “Antigamente, a preocupação do médico era saber se a pessoa tinha ou não doença, porque, se tivesse, preci-sava curar. Agora, como quase todos os idosos têm uma enfermidade, e quase todas elas não são curáveis, o papel do profissional de saúde é acompanhar e não deixar que a doença atrapa-lhe sua qualidade de vida. Há também uma nova lógica do cuidar, que não é um tratamento para a cura, mas um tratamento para a estabilização”, afirma Veras.

11

Se a longevidade é algo bom para a população, já que se vive mais, a manutenção desse novo modelo de assistência também deve implicar no aumento dos custos para o sistema. Nele, os portadores de doenças crônicas, como hipertensão arterial, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), e outras comuns na terceira idade con-vivem com esse quadro por muito mais tempo, muitas vezes por décadas. “Precisamos pensar em outro modelo de assistência, onde a gente mantenha o idoso ao máximo na sua casa ou na sua comunidade. Não é raro a gente ir em um hospital e ver lá um idoso que está internado há muito tempo, às vezes num leito de UTI”, pontua o presidente da SBGG, que também recomenda o investimento em instituições de longa permanên-cia e serviços para pacientes crônicos, com leitos de cuidados intermediários e que não precisem necessariamente de alta complexidade.

Além da questão estrutural, outro problema a ser resolvido é a falta de preparo dos próprios profissionais de saúde para lidar com a popula-ção idosa. Segundo Carlos Uehara, “nós não te-mos profissionais suficientes para atender essa demanda. Os técnicos e especialistas, em sua maioria, durante sua formação na graduação, não tiveram uma disciplina ou uma área de co-nhecimento para ensinar a verificar as peculia-ridades do cuidado ao idoso. A maior parte não teve em sua grade curricular esse conhecimento específico”.

Essa deficiência também é confirmada pelo professor Renato Veras. “O Brasil sempre foi visto como o país do futuro, da garotada, uma nação que jamais iria envelhecer. Com isso, nós temos poucos geria-tras, poucos profissionais voltados para essa área do envelhecimento. Por esse motivo, nosso de-safio é muito maior.”

Carlos Uehara, presidente da SBGG

Renato Veras, diretor da UnATI da UERJ

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Page 12: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

12

Para o médico Carlos Brunetti Netto,

herdeiro de um dos fundadores do SINDHOSP,

hospitais devem permanecer juntos

r ao trabalho no Hospital Santa Vir-gínia, na zona leste da cidade de São Paulo, para o médico Carlos Brunetti Netto é como chegar em casa. E isso não é apenas força de expressão. Ele é neto do fundador do hospital, o mé-dico italiano Carlo Brunetti, e filho de um dos mais longevos diretores clí-nicos que o estabelecimento já teve, Luiz Brunetti. Seus irmãos e seus filhos nasceram no Santa Virgínia e ele, que

também veio ao mundo no estabeleci-mento, já teve a oportunidade de fazer cirurgias em três pessoas que antes foram operadas por seu avô e depois por seu pai. “Desde criança eu vinha para o hospital, passava em visita de pacientes junto com meu pai nos fins de semana e queria fazer medicina desde pequeno por causa desse con-tato e pela admiração pela história do meu avô”, conta ele, que hoje tem uma

clínica nas dependências do hospital, administrado pelas freiras da Congre-gação das Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário.

O Santa Virgínia foi uma das insti-tuições que fizeram parte da fundação do SINDHOSP, em 1938. “Meu avô se aproximou de outros hospitais naque-le tempo para a troca de ideias. Eles queriam formas de fazer sempre o me-lhor e de desenvolver a tecnologia da

I

ENTREVISTA

União é condição para sobrevivência no mercado

POR ELENI TRINDADE

Page 13: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

13

época”, explica Brunetti Netto, que des-taca que “é importante continuar con-versando e atuar em conjunto para se fortalecer”. A história do hospital será contada no projeto batizado de Memó-ria Saúde, que terá um site com a linha do tempo do Sindicato em paralelo com a história da saúde do Estado de SP e do Brasil.

Formado pela Universidade de São Paulo (USP), em 1974, Carlos Brunetti Netto fez residência em cirurgia geral e do aparelho digestivo no Hospital das Clínicas de São Paulo, especialização na mesma área na Inglaterra e nos Es-tados Unidos, além de especializações em administração de empresas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e em marketing na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em sua opinião, após mais de 80 anos de história sindical, a união entre os hos-pitais é ainda mais relevante. “É muito importante que hospitais conversem mais entre si para se fortalecer e não concorrer um com o outro.” Confira:

FEHOESP 360: Como foi a participação do seu avô na fundação do SINDHOSP? Carlos Brunetti Netto: Meu avô se formou em Roma e era livre-docente

do Hospital Generali daquela cidade. Quando o governo italiano começou com as grandes imigrações para o Brasil, ele veio como representante da colônia para receber os imigran-tes. Ao perceber que faria a vida por aqui, pediu às primas que encontras-sem a esposa ideal para ele lá na Itá-lia. Seis meses depois viajou, casou- se com a escolhida e a trouxe para o Brasil. Aqui decidiu montar um am-bulatório e, com o tempo, percebeu que precisava de mais. Foi se apro-ximando de outros hospitais para a troca de ideias porque era muito bom em relacionamento. A proposta era en-contrar formas para melhorar o que faziam e desenvolver a tecnologia da época. Ajudou a fundar o SINDHOSP e, antes, a primeira faculdade de medici-na de São Paulo aqui no hospital, onde dava aulas e congregava as pessoas. O hospital universitário deu origem ao Hospital de Caridade do Braz, que, em 1947, foi doado para a congregação de origem italiana e mudou de nome, em 1959, para Hospital São José do Braz. Desde 2004 passou a ser chamado de Hospital Santa Virgínia quando Virgínia Centurione Bracelli, a fundadora da ir-mandade que administra o estabeleci-mento, foi canonizada.

No terceiro ano da faculdade criada pelo meu avô, Arnaldo Vieira de Carva-lho fundou a Faculdade de Medicina da USP. Não havia espaço para duas instituições de medicina na cidade e houve encrencas políticas, o que cul-minou no fim da faculdade criada por ele. Os alunos terminaram a formação em Salvador. Após essas desavenças, ele começou a se afastar da política e da entidade, mas sempre manteve um bom relacionamento com os hospitais, que se apoiavam e trocavam experiên-cias quando surgiam dificuldades.

360: Seu pai, Luiz Brunetti, que conce-deu entrevista ao Jornal do SINDHOSP na edição de agosto e setembro de 1982, deu continuidade à história da fa-mília na saúde. Como foi esse processo? CBN: Meu pai era cirurgião do aparelho digestivo formado na USP, onde fez re-sidência e depois passou a ser precep-tor dos residentes. Quando meu avô morreu, em 1960, ele optou por sair da universidade e cuidar da obra que o pai dele havia iniciado. Construiu a estrutura atual e não tem nenhum prédio do hospital que que não tenha sido ideia dele. Após me formar e me especializar, o que eu fiz foi ajudar meu pai, que era diretor clínico da institui-ção, a defender o que a gente chama de ideário da casa, de manter os princí-pios de ética, de moral e de qualidade profissional.

360: Sua atuação no Santa Virgínia, além de médico, foi como consultor nos rumos do estabelecimento? Como foi essa transição? CBN: Sim, fui consultor, mas de manei-ra informal por causa da proximidade e de toda a história da família. As irmãs cuidavam de tudo, mas confiavam no meu pai, que dirigia as coisas dentro

É um sonho

ter os hospitais

conversando mais

entre eles para se

fortalecer e

não concorrer

um com o outro"

Page 14: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

ENTREVISTA

seguimos liberação na alfândega, por-que ficava implícito que precisaríamos pagar algo por fora. Por uma questão moral e ética jamais fizemos e faríamos isso e ficamos um tempo sem o equi-pamento. Coincidentemente, nesse período, eu ainda estava como médico assistente no HC, quando operei a mãe de um presidente da República e ela fi-cou excelente. A espera pela liberação do tomógrafo já estava desesperadora e resolvi ligar para ele explicando a si-tuação. O aparelho estava parado na alfândega há quatro meses. Em uma semana o tomógrafo estava liberado.

360: Como é a sua relação com o hos-pital hoje? CBN: O atual Santa Virgínia sempre foi um hospital com características marcantes: técnica muito boa e muito caseiro e acolhedor, sendo esses, in-clusive, os motivos de meu avô doar para uma irmandade: ele confiava que as congregações duram mais e poderiam cuidar da obra por mui-to tempo. E, em meio a toda essa transição, mantivemos essa carac-terística que este hospital sempre teve de reconhecer a personalida-de, o nome e sobrenome de cada paciente, estabelecendo, de fato, uma relação. Sempre foi nosso dife-rencial. Cerca de 20 anos atrás, meu pai recebeu dois processos médicos por ser diretor clínico do hospital, e eram coisas que não estavam ao al-

cance dele corrigir porque, durante um tempo, o estabelecimento passou por ajustes e mudanças internas que não cabia a nós. Houve um impasse: ou ele de fato comandaria tudo ou sairia. Participei desse momento e argumen-tei que esses casos ficam atrelados ao nome do médico e do hospital e pode-riam até se estender a mim e a outros profissionais da família. Começamos a nos afastar da parte administrativa, mas ficamos à disposição porque te-mos muito carinho pela congregação e pela história.

360: Qual a importância de entida-des, como o SINDHOSP e a FEHOESP, para a representatividade dos esta-belecimentos de saúde? CBN: Acho ótimo, mas hoje existe um problema de as instituições se-rem engolidas por empresas mul-tinacionais. Em algum tempo não existiremos mais como hospitais. A maioria hoje é parte de uma rede. Possivelmente, daqui alguns anos, poucos grupos vão comandar todos os hospitais. E como o sindicato vai

lidar com uma rede grande? Vai ser uma encrenca, porque elas vão dar as cartas para os convênios. É um sonho ter os hospitais conversando mais en-tre eles para se fortalecer e não concor-rendo um com o outro.

da estrutura e não ganhava um centa-vo. Ele adorava tudo porque era a casa dele, o lugar que o pai havia fundado e eu absorvi esse comportamento a vida inteira. Eu sou chato e insisti porque era preciso mudar, não só aqui como em todos os hospitais, mas havia resis-tência. As irmãs mandavam em tudo, mas, como tínhamos essa ligação afe-tiva grande, conseguíamos transformar as coisas aos poucos, sem necessidade de litígio. Estava estudando, me atua-lizava e fazia residência, então fui tra-zendo as novidades necessárias para o hospital. Ajudava em coisas como, por exemplo, convencê-las a trocar seringas de vidro sempre usadas pe-las de plástico descartáveis. Auxiliei a implantar o primeiro sistema de informática para controle e envio de contas e a convencer um enfermei-ro antigo, com mais de 40 anos de trajetória aqui, a fazer procedimen-tos com luva da mesma forma que era padrão no hospital universitá-rio. Quando o Código de Defesa do Consumidor foi lançado, em 1990, entrando em vigor em 1991, fiz uma reunião, chamei as freiras e meu pai e expliquei que não se poderia traba-lhar amadoristicamente em nenhum aspecto. É lei? Cumpre-se a lei. Meu pai também precisou se adaptar aos novos tempos. Tentei convencê-lo a comprar ultrassom, porque até então ele achava que não dava certo, que os médicos não conseguiam entender os resultados. Foi tão difícil que eu tive que adquirir um portátil. Gastei US$ 8 mil das minhas economias e trouxe dois professores do Hospital das Clíni-cas para trabalhar. Assim foi com vários serviços essenciais para um hospital: laparoscopia, laboratório de análises, radiologia e até compra de bisturi elé-trico. Depois foi a vez do tomógrafo: ar-gumentei que não poderíamos ter um hospital de primeira linha sem o equi-pamento. Compramos, mas não con-

14

Aprendi que a

gente precisa ser

correto, honesto e

ético o tempo todo"

A parte mais impor-

tante do hospital é

a enfermagem

porque ela faz o

meio de campo

com o paciente"

Page 15: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

360: Qual o seu maior aprendizado com todo esse legado? CBN: Aprendi que a gente precisa ser correto, honesto e ético o tempo todo. Falo para meus filhos que sejam corre-tos e bons profissionais, ajudem os ou-tros, porque a gente passa a vida toda construindo um nome e pode perdê-lo em um segundo.

360: Quais são os maiores desafios para o hospital de hoje? CBN: É manter o contato pessoal com o paciente, porque estamos perdendo. Atendo em outros hospitais grandes, de ponta. Vejo a perda do contato da enfermagem com o doente, do médico com o paciente. Isso é perigoso. Costu-mo dizer que a parte mais importante do hospital é a enfermagem porque ela faz o meio de campo com o paciente. O médico pode ser fantástico, mas se você tiver um enfermeiro casca gros-sa, o paciente vai avaliar mal o aten-dimento do hospital. Outro risco que se corre é centralizar o andamento do atendimento nos sistemas informati-zados de hoje. Administrativamente é brilhante: consegue-se saber tudo o que acontece, do laboratório aos dados digitalizados, imagens e pron-tuários, que estão se modernizando. O problema mais frequente é a enfer-magem ficar sentada digitando no computador enquanto o médico fica esperando surgirem as infor-mações na tela. Demora-se de duas a três vezes mais para atender o paciente. Além disso, cada hospital tem um sistema diferente. Se o médico atende

15

em locais diferentes, precisa lem-brar da senha e das rotinas de cada lugar. Outro risco é quando o siste-ma trava. Quando isso acontece, o hospital para, como já aconteceu em um estabelecimento grande de São Paulo em um fim de semana. Tiveram que usar fichas de papel e foi uma catástrofe. Estou atento e me preocupo para não deixar cair a qualidade do relacionamento no Santa Virgínia, porque quando cai o padrão humano, se é apenas mais um hospital, e para se competir com outros estabelecimentos maiores é muito difícil.

Quando cai o

padrão humano,

se é apenas mais

um hospital, e para

se competir

com outros é

muito difícil"

Page 16: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da
Page 17: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

Q

17

Aliada virtualInternet melhora relação médico-paciente e

pode alavancar negócios na saúde

ue a medicina mudou muito nas últimas décadas não é nenhuma novidade, a questão é que os pa-cientes também mudaram. A ciência médica de antes, liberal e artesanal, agora é tecnológica. E os doentes, que no passado confiavam cegamen-te nos médicos, hoje chegam aos consultórios com informações e vocabulário antes restritos a esses profissionais, quando não apenas para pe-dir exames. Foi-se o tempo em que um paciente apenas ouvia as recomendações do clínico e, com o receituário em mãos, adquiria o medicamento.

Pesquisa realizada pelo portal de saúde Minha Vida em 2017 apontou que 95,4% dos entrevista-dos utilizavam a internet para se informar sobre saúde e bem-estar. Destes, 68% buscavam on-line informações sobre medicamentos, 45% procura-vam se informar sobre hospitais e 41% queriam conhecer na internet experiências de outros do-entes com o mesmo problema de saúde.

A responsável por essa transformação é a tec-nologia, principalmente o uso da internet. Acesso a sites com vastas – mas nem sempre verdadei- ras – informações sobre todas as doenças possí-veis passou a ser uma prática. A porta de entrada costuma ser o Google e, por meio dele, os pacien-tes navegam em áreas que vão desde sites espe-cializados a blogs, fóruns e grupos fechados nas redes sociais e tudo o mais que a rede mundial de computadores pode oferecer. Tudo isso tem revo-

POR REBECA SALGADO

lucionado a relação médico-paciente, e tem con-tribuído para que os doentes cheguem ao consul-tório mais afiados e com um conhecimento que lhes permite tirar melhor proveito do profissional, com perguntas mais objetivas e discussões sobre o tratamento receitado.

Mas os profissionais estão preparados para esta mudança? O que fazer quando um enfermo acredita que sabe tudo sobre sua doença? Que postura deve ter o médico em relação ao pacien-te que adota este perfil?

Para Irismar Reis de Oliveira, psiquiatra, pro-fessor e pesquisador da Universidade Federal da Bahia, a internet se torna uma aliada quando as pessoas a utilizam de forma adequada e pro-curam no médico confirmação ou não das in-formações encontradas. "A internet jamais deve substituir o profissional de saúde. O grande pro-blema é que, muitas vezes, o leigo tende a aceitar o que lê on-line sem nenhu-ma crítica e pode se encontrar diante de informações inexa-

Irismar de Oliveira, pesquisador da Universidade Federal da Bahia

Cont

exto

Ass

esso

ria

Page 18: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

CAPA

tas, quando não completamente equivocadas. Por outro lado, o fato de chegar ao consultório já atendido pelo ‘Dr. Google’ exige maior conhe-cimento do médico para esclarecer enganos ou complementar informações", destaca.

Recentemente, a discussão em torno da rela-ção médico-paciente e o poder interlocutor da internet ampliou-se com a divulgação de casos como a prisão do “Dr. Bumbum” – médico Denis Furtado que após um procedimento estético re-alizado fora do ambiente hospitalar levou uma paciente a morte –; os “antes e depois” de trata-mentos divulgados cada vez com maior frequên-cia nas redes sociais por profissionais de saúde; a automedicação; o mercado paralelo de venda de medicamentos; e os fóruns de discussão que vão desde indicações de procedimentos até o passo a passo de como cometer abortos em casa.

Outro fenômeno que traz preocupação é a geração chamada pelos profissionais do setor de cybercondríacos: aqueles que usam exclusi-vamente a internet para resolver seus problemas de saúde, como autodiagnóstico e automedica-ção. O psiquiatra Luís Guilherme Labinas chama a atenção para a pesquisa realizada, em 2018, pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ) – entidade de pesquisa e pós-graduação

na área farmacêutica –, que mostrou que 40,9% dos brasileiros fazem autodiagnóstico on-line e, desses, 63,84% têm formação superior. "Muitas pessoas baseiam-se apenas por aquilo que leem na internet e, até por falta de conhecimento, bus-cam e acreditam em efeitos colaterais que, mui-tas vezes, sequer tem a ver com sua doença ou com a medicação que tomam ou deve tomar. É claro que é bacana ouvir o relato de outros pa-cientes, mas somos indivíduos e cada um tem uma experiência diferente. Não necessariamente o que acontece e é receitado para mim é o melhor para você, por isso a necessidade de buscar o au-xílio médico correto”, alerta.

De mesma opinião, o secretário-geral da So-ciedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Dênis Calazans, explica que toda informação é benéfica para que o paciente tenha capacidade de compreensão, entendimento e decisão de se submeter a determinado trata-mento médico, independentemen-te da especialidade. “Ocorre que, atualmente, há um certo abuso tanto por parte de uma peque-

Dênis Calazans, secretário-geral da SBCP

18

Div

ulga

ção

Page 19: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

19

na parcela de médicos, que se vale das mídias sociais para lançar mentiras e ilusões, bem como de pacientes leigos, que creem neste tipo de pu-blicidade travestida de notícia. A internet não é norteadora de qualificação profissional, nem tampouco o número de ‘likes’ e ‘seguidores’ é um atestado de capacidade técnica de médicos.”

O Código de Ética Médica, aprovado por meio da resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) nº 1.931/2009, traz as regras fundamentais de controle e de garantias da profissão médica. Já a publicidade para o segmento está regula-mentada na resolução CFM nº 1.974/11, atualiza-da pela resolução CFM nº 2.126/15. Ela traz regras do que o médico pode ou não fazer na divulgação do seu trabalho.

Nesta medida, o conselho estabelece os parâ-metros que, se observados, inserem a prática pro-fissional num terreno saudável, onde predomina o respeito ao outro, evitando os abusos materia-lizados na promessa de resultados, na exposição desnecessária do ato médico e na quebra do si-gilo no tratamento de pacientes. “Entre outros pontos, a norma explica que as selfies não podem ser feitas em situações de trabalho e atendimento e orienta que, nas mídias sociais, como já havia sido determinado, continua vedado ao médico anunciar especialidade e/ou área de atuação não reconhecida, ou para a qual não esteja qualifica-do e registrado junto aos conselhos de medicina. A resolução também veda expressamente a pu-blicação de imagens do tipo ‘antes e depois’, de compromissos com êxito em um procedimento e a adjetivação excessiva (‘o melhor’, ‘o mais com-pleto’, ‘o único’, ‘o mais moderno’), tão naturais em ambiente de competição puramente comer-cial,” explica José Fernando Maia Vinagre, corre-gedor e conselheiro do CFM.

Ele alerta que o próprio paciente deve des-confiar de qualquer profissional que prometa milagres. “O conselho continua com o seu tra-balho de fiscalização, punindo o profissional desrespeitador das regras éticas. Seguimos ave-riguando denúncias veiculadas pela imprensa ou feitas diretamente na autarquia, e buscamos aprimorar a fiscalização nas redes sociais, porém, ainda enfrentamos dificuldades de controle, uma vez que este mundo é vasto e ágil.” Médicos que descumprem a norma estão sujeitos a penas que vão desde advertência até a cassação do registro, o que o impede de exercer a medicina no Estado onde atua.

José Fernando Vinagre, conselheiro do CFM

Div

ulga

ção

Page 20: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

CAPA

20

Marketing a seu favor

Foi pensando em como auxiliar o profissional no universo das redes sociais, que o médico Marcus Carvalho se especializou em marketing para as-sessorar os profissionais no desenvolvimento, potencialização e gestão de carreiras para o setor da saúde. Segundo ele, muito se investe na for-mação técnica, mas pouco em divulgação dos serviços após o término da faculdade de medici-na ou afins. “Vejo médicos que demoram, em mé-dia, de sete a dez anos para se formar, investem tempo e dinheiro em seus estudos, mas quando terminam a jornada acadêmica pecam por não saber se comunicar corretamente com o públi-co, seja por medo ou falta de conhecimento de caminhos que levem ao êxito nas mídias sociais”, explica Carvalho, que fundou a Sucesso Médico – plataforma de gestão de carreiras médicas, de clínicas e hospitais.

A comunicação correta na internet, segundo o especialista, é um trabalho de formiguinha, que gera engajamento, credibilidade e confiabilidade. Para ele, os investimentos em uma estrutura de carreira fazem com que os pacientes agreguem e entreguem valores ao médico. “As pessoas

querem encontrar tudo muito rápido, o compor-tamento do paciente mudou e o prestador de serviço não pode ficar para trás. Divulgar o conhe-cimento e as credenciais médicas é não somente promover o seu negócio em busca de lucros, mas, também, auxiliar a propagação de informações idôneas para a saúde como um todo, respeitando o código de ética imposto pelos conselhos profis-sionais e afirmando ao paciente que mesmo que ele procure sobre a sua doença na internet, o cara a cara com o médico continua sendo essencial.”

Em 2015, o Google e o Hospital Israelita Albert Einstein fecharam uma parceria para oferecer in-formações confiáveis a usuários que fazem bus-cas sobre a área da saúde por meio de quadros com dados sobre as doenças revisados pela ins-tituição. “Aproximadamente 1% das buscas no Google no mundo todo são relacionadas a enfermidades. A internet, de fato, está cheia de conteúdo, mas quando fa-lamos de doenças, nem sempre o que está nela reflete a realida-de. Buscamos um hospital de

Marcus Carvalho, fundador da Sucesso Médico

Div

ulga

ção

Page 21: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

21

referência como o Einstein para montar cards e carrosséis com metadados corretos”, explica, em nota, Berthier Ribeiro-Neto, diretor do Centro de Engenharia do Google na América Latina.

No ano passado, o projeto foi ampliado e pas-sou a incluir também os sintomas das doenças. Esta busca, atualmente, aparece somente em ce-lulares, uma vez que a maior parte das visitas é via mobile. O objetivo do buscador, segundo Ribeiro- Neto, é auxiliar a navegação e exploração entre as doenças relacionadas aos sintomas buscados, le-vando o paciente mais rapidamente a um encon-tro assertivo de seu especialista.

Fernanda Petreche, médica clínica geral da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e coordenadora da parceria, afirma que a iniciativa foi benéfica não somente para a po-pulação, mas, também, auxiliou e facilitou os pro-cessos dentro da instituição. “A maior parte das informações divulgadas junto ao Google vem de médicos que atuam diretamente no pronto aten-dimento do Einstein, e estão acostumados a lidar com todo tipo de questionamento do pacien-te. No entanto, a propagação desses dados fez com que as consultas ganhassem em segurança e agilidade, o que gera qualidade ao paciente e economia ao hospital por meio de tratamentos objetivos.”

Benefícios aos pacientesFelizmente, há mais iniciativas que também ex-ploram o lado bom da internet e sua agilidade. A pesquisa Termômetro de eHealth, realizada em 2017 pela Doctoralia – plataforma de conexão en-tre profissionais de saúde e pacientes –, apontou que 25% das pessoas procuram uma ligação dire-ta com médicos on-line para sanar suas dúvidas e marcar consultas, e que 60% a fazem por smart- phones. “O acesso à plataforma por dispositivos móveis desempenha um papel importante para essa facilidade”, diz Carlos Eduardo Lopes, coun-try manager da empresa no Brasil.

O portal permite ao médico informar os ho-rários disponíveis na agenda, os convênios que atende, endereço, telefone e e-mail. Já os pacien-tes têm acesso gratuito ao site e podem esclare-cer dúvidas com profissionais qualificados, fazer buscas segmentadas por espe-cialistas de acordo com as suas necessidades

Carlos Lopes, country manager da Doctoralia no Brasil

Div

ulga

ção

Page 22: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

e agendar consultas. “Mais do que um contato direto e personalizado com o paciente, o médico ou profissional de outra área da saúde também preza por sua reputação on-line e utiliza de meios tecnológicos para facilitar o dia a dia no consultó-rio. É uma via de mão dupla onde todos ganham. A melhor forma de desempenhar um papel edu-cativo nas redes é garantindo o acesso a infor-mações de confiança, validadas por profissionais sérios”, garante Lopes.

Tendo em vista esse comportamento, o uso da tecnologia deve ser explorado para trazer econo-mias e aprimorar o custo-benefício nas relações, como explica Marcus Gimenes, CEO do Consulta do Bem – aplicativo de marcação de consulta. “Ganhar destaque digital é fundamental para o profissional de saúde, o consultório médico, clí-nicas e laboratórios de pequeno e médio portes, pois isso traz retorno financeiro com a chegada de pacientes particulares sendo atendidos a pre-ço justo. Além disso, o fato de não gerar glosas nem outros entraves otimiza agendas, aumenta receitas e ainda cobre horários que estariam ocio-sos quando se oferecem alternativas ao plano de saúde e ao Sistema Único de Saúde (SUS).”

O alto fluxo de informações na internet cha-mou atenção dos órgãos reguladores. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), por exem-plo, passou a ter um olhar atencioso na participa-ção proativa de pacientes e usuários do sistema

de saúde em relação à tomada de decisões com seus médicos.

Em 2014, a ANS criou o projeto “Sua Saúde”, uma iniciativa focada na informação de quali-dade compartilhada entre médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde junto ao doente, em que um conjunto de orientações e perguntas importantes foram disponibilizadas on-line para que, durante a consulta, todas as dúvidas possam ser completamente sanadas.

O projeto nasceu da participação de represen-tantes de pacientes em fóruns constituídos pela agência e é inspirado em experiências como o slow medicine, o Talking to your Doctor (NIH/EUA), o programa NHS Choices e a iniciativa Connecting to patients and people who use services, ambos do governo do Reino Unido.

A ANS explica, em nota, que todas as ações foram pensadas para potencializar resultados be-néficos do tratamento e uma melhor evolução do paciente, além de melhorar a confiança no mé-dico. Como resultados, foram apontadas a fideli-zação do paciente ao profissional de saúde, a diminuição do risco de entendimento equi-vocado das prescrições e recomenda-ções e a maior satisfação do profissio-nal de saúde com sua prática clínica.

22

CAPA

Marcus Gimenes, CEO do aplicativo Consulta do Bem

Page 23: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

Soluções práticas

Além de fonte de consulta para os pacientes no dia a dia, a internet também vem sendo usada para solucionar problemas de ordem pública.

Foi de uma catástrofe ambiental que surgiu a descoberta de uma das mais inovadoras soluções tecnológicas para conflitos de saúde. Em 2017, a cidade de Marechal Deodoro, em Alagoas, sofreu com terríveis enchentes e a prefeitura estimou um grande impacto financeiro na saúde pública com aumento de casos de leptospirose, cólera e dengue.

Aparecia em cena a TNH Health, empresa de chatbots – conhecidos como assistentes virtu- ais –, que por meio de robôs monitorou, identifi-cou e confirmou em tempo recorde os locais mais passíveis de atenção. "Por vários canais, como, por exemplo, SMS, Facebook Messenger e Whats- App, disparamos mais de 30 mil mensagens aos munícipes e conseguimos acompanhar as áreas de risco. Assim foram identificados e tratados seis casos confirmados de leptospirose na cidade", conta Michael Kapps, CEO da empresa.

A prefeitura decidiu expandir o projeto para acompanhar gestantes e hipertensos. "Embora tenham sido tomadas outras medidas pela pre-feitura, a TNH compartilha a vitória com o municí-pio para redução da mortalidade infantil em 48%, em contrapartida do resto do país. Tem sido uma

maneira que empode-ra o time de saúde na tomada de decisão e di-namiza o fluxo de trabalho dos profissionais de saúde para priorizar pacientes de risco", conta Kapps.

A empresa também faz o acompanhamento de pacientes pós-alta operatória do Hospital Ale-mão Oswaldo Cruz. Segundo o executivo, o chat- bot tem auxiliado os profissionais de saúde por meio de métricas de monitoramento. Existe uma dificuldade em se aproximar dos pacientes para a avaliação de sinais de risco, como dor excessi-va, febre e inchaço, quando este já não está mais em poder do hospital. Porém, com os assistentes virtuais de saúde são fornecidas informações ao hospital à medida que perguntas são enviadas ao paciente sobre sua recuperação. A assistente pas-sa orientações e emite um alerta em tempo real para qualquer sinal de anormalidade. “Por um lado, o paciente se sente plenamente atendido e amparado, ainda que não esteja dentro do am-biente hospitalar. Por outro, o hospital ganha em simpatia e satisfação de seu cliente que continua sendo cuidado a distância”, finaliza.

23

Mike Kapps, CEO da TNH Health

Div

ulga

ção

TNH

Page 24: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

Os diferentes males causados por vírus, bactérias ou ou-tros microrganismos, transmitidos durante a relação sexual, que pareciam estar, pelo menos, sobre controle, voltaram a ser motivo de preocupação. Sífilis, gonorreia, clamídia e a aids são algumas das doenças que tiveram aumento de ca-sos no país e no mundo nos últimos anos. Este cenário levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a emitir um alerta recentemente sobre as infecções sexualmente transmissí-veis (IST) – que substitui a sigla DST (doenças sexualmente transmissíveis), cuja expressão implica em sintomas e sinais visíveis no organismo; a nova nomenclatura destaca a trans-missão de uma infecção mesmo sem sintomas.

Estima-se a ocorrência de mais de um milhão de casos de IST por dia, mundialmente, segundo a OMS, que informa que ocorrem, ao ano, aproximadamente, 357 milhões de no-vas infecções. Só a sífilis afeta um milhão de gestantes por ano em todo o mundo, levando a mais de 300 mil mortes fetais e neonatais e colocando em risco de morte prematura mais de 200 mil crianças.

No Brasil, o cenário estimado não é muito diferente. Da-dos do Ministério da Saúde (MS) mostram que foram noti-ficados 87.593 casos de sífilis adquirida em 2016, contra

Aumento no número de casos de IST assusta; prevenção ainda é a melhor solução

PREVENÇÃO

3.822 casos em 2010 – um aumento de 2.192% no número de casos. No Estado de São Paulo, o último levantamento da doença apontou que foram notificados, em 2016, 31.894 casos de sífilis. A maioria das ocorrências foram em homens, chegando a 61,2% do total de casos.

Em relação à aids, os dados divulgados pelo Unaids – programa das Nações Unidas que busca soluções e ajuda no combate à doença –, apontam que o total de novas in-fecções a cada ano no Brasil aumentou em 3% entre 2010 e 2016, em tendência contrária ao que registrou a média mun-dial. No planeta, nesse período, a taxa retraiu 11%.

Este aumento significativo vem deixando os especialistas preocupados até porque não se conhece com exatidão qual é a prevalência das IST no país, pelo fato de somente os ca-sos de sífilis adquirida, em gestantes e congênita, HIV e he-patite B serem notificados obrigatoriamente ao MS. “É difícil ter estatísticas gerais mais fidedignas. O desconhecimento das autoridades de saúde da prevalência dessas doenças está fazendo com que elas virem tabu. Ninguém mais toca no assunto e o pior é que com isso se minimiza o real ris-co de contágio”, alerta José Eleutério Júnior, presidente da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectoconta-

Sinal

de alerta

24

POR FABIANE DE SÁ

Page 25: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

giosas da Federação Brasileira das Associações de Ginecolo-gia e Obstetrícia (Febrasgo).

Os motivos para a formação deste cenário devem-se a uma soma de fatores, como o aumento da cobertura da atenção básica, que tem facilitado o acesso ao serviço de saúde, ao desabastecimento mundial da penicilina e pela maior prática de sexo sem proteção, entre outras.

A faixa etária de maior acometimento, no caso da sífilis, é entre os jovens de 20 a 24 anos, e um dos motivos seria que a camisinha não está no item de prioridades dos brasileiros. Para se ter uma ideia, uma pesquisa feita pelo MS, divulgada em 2017, mostrou que seis em cada dez jovens já deixaram de usar preservativo nas suas relações. Entre a população adulta, as estatísticas também são preocupantes. Cerca de 52% dos brasileiros afirmaram que nunca ou raramente usam a camisinha.

Ribeirão Preto e Serra Azul lideram o ranking das cidades na região com maior número de internações provocadas por doenças sexualmente transmissíveis. A cada 10 mil ha-bitantes, cerca de seis pessoas são internadas anualmente por IST. “Os números são considerados alarmantes, pois as IST são preveníveis e ainda há muitos jovens, adultos e ido-sos, de todas as classes sociais e opção sexual, que igno-ram o risco e acreditam que jamais serão vítimas de alguma dessas doenças”, comenta o médico Yussif Ali Mere Junior, presidente licenciado da FEHOESP.

Outra IST que vem preocupando autoridades de saúde do Brasil e do mundo é a gonorreia. Em julho de 2017, a OMS lançou um alerta para o fato de que a doença está se tor-nando cada vez mais difícil de tratar. No Brasil, ainda não pode ser considerada super-resistente, mas é preciso aten-ção. O mesmo vale para o HPV. Um levantamento feito pelo MS mostra que 54,6% da população entre 16 e 25 anos tem o papiloma vírus. Dessas, cerca de 38,4% apresentam alto risco de desenvolver câncer de colo de útero.

Geraldo Duarte, professor titular da Faculdade de Medici-na de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP-RP), explica que se não houver uma conscientização sobre o pe-rigo das IST pode acontecer de elas se tornarem doenças crônicas no futuro. "A infecção pelo HPV está ligada a evolu-

ção para o câncer de colo uterino e de outros sítios. Hepatite B

pode ocasionar cirrose e predispor ao câncer de

fígado. Doenças sim-

ples, como uretrites por gonococo e clamídia, podem levar a comprometimento da fertilidade do casal", alerta.

Informação e prevenção

É consenso na área da saúde de que a informação constan-te sobre prevenção, acesso a preservativos, medidas como seringas descartáveis para as populações mais vulneráveis e atendimento às pessoas reclusas em unidades prisionais são ações positivas que podem ser adotadas ou incentiva-das por gestores da administração pública, com o apoio da sociedade civil, para evitar um impacto ainda maior não só para o paciente e para o setor, mas para a economia como um todo.

E para mostrar a importância se discutir sobre as doenças sexualmente transmissíveis é que a Sociedade Brasileira de DST-Regional São Paulo (SBDST-SP) vai realizar a 9ª Jornada Paulista de DST, nos dias 28 e 29 de setembro, no Stream Palace Hotel, em Ribeirão Preto.

Segundo Elucir Gir, presidente da entidade e diretora da FEHOESP e do SINDHOSP, o evento, que contará com a pre-sença de renomados e experientes palestrantes, foi elabora-do para proporcionar aos profissionais das redes pública e privadas de saúde, assim como representantes da socieda-de civil organizada, como pessoas do grupo LGBTI (segmen-to populacional de maior vulnerabilidade), a atualização de conhecimentos no campo da assistência, prevenção e con-trole de IST. Entre os temas do evento estão a importância da atenção básica de saúde no controle das DST, a enferma-gem no contexto das infecções sexualmente transmissíveis, protocolo clínico e diretrizes terapêuticas das IST, vacina contra HPV e IST em pessoas vivendo com HIV. “É nosso papel apoiar tecnicamente os programas de saúde pública, promover e realizar eventos científicos locais e regionais, como congressos, jornadas, simpósios e reuniões científicas periódicas, além de participar, em parceria, na elaboração e execução de treinamentos institucionais com vista à ca-pacitação de profissionais, para o manejo adequado destes agravos, nos diferentes níveis de com-plexidade do sistema de saúde”, destaca Elucir.

Mais informações e inscri-ções para a 9ª Jornada Pau-lista de DST no site www.dstsaopaulo.com.br.

25

Elucir Gir, presidente da SBDST-SP e diretora da FEHOESP/SINDHOSP

Para Yussif, "o número de casos de IST é alarmante"

Brun

o La

ria/C

riapi

cs

Page 26: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

26

oucos temas representam um tabu tão grande na socieda-de e causam tanto desconforto quanto falar sobre a morte. A ideia de finitude da vida sempre foi negligenciada pelo ho-mem, que hoje encontra nos avanços da medicina e da tec-nologia, por exemplo, aliados na missão de retardar ao máxi-mo – mas não evitar – esse desfecho, que é inerente a todos.

Os arsenais terapêuticos, cada vez mais assertivos, estão ao alcance de uma medicina que privilegia primeiro a cura e depois o indivíduo, primeiro a doença e depois o doente. Isso é consequência também do nosso modelo assistencial, que parte sempre da premissa que as vidas precisam ser prolongadas a qualquer custo, quando, na verdade, o con-ceito deveria ser direcionado ao acolhimento do paciente e sua autonomia de decisão. Até porque prolongar a vida de forma desnecessária é, muitas vezes, proporcionar a um in-divíduo dor e sofrimento ainda maiores.

RESENHA

Precisamos falar

sobre a morte

Por tudo isso, o tema da morte desapareceu da cultura do cotidiano, o que também impede os indivíduos de contarem com repertórios simbólicos para enfrentar essas situações.

É nesse ambiente que se baseia o livro “Vida, morte e luto – Atualidades brasileiras”, organizado pela psicóloga e psicoterapeuta Karina Okajima Fukumitsu, que é profes-sora do curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie e doutoranda em Psicologia Escolar e do Desen-volvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP). A ideia de organizar a publicação, inclusive, veio após ela mesma ter sido confrontada com a proximidade da própria morte, por ocasião de uma rara doença inflamatória.

“Com o desenvolvimento do pensamento científico e da tecnologia, a morte tem sido cada vez mais combatida e es-camoteada, a ponto de muitas vezes encontrarmos pessoas em situação terminal que se sentem culpadas por seu ado-

P

Page 27: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

Vida, morte e luto – Atualidades brasileirasEditora: Summus EditorialPáginas: 280Preço: R$ 83,70 (eBook: R$ 53,20)

27

O capítulo sobre cuidados paliativos, também presen-te na obra, traz a definição para o tema feita em 2002 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), afirmando que tais cuidados constituem “uma abordagem para cuidar de so-frimento e promover a qualidade de vida de pacientes e fa-miliares que enfrentam doenças ameaçadoras. Procura-se primariamente a prevenção e o alívio de sintomas de sofri-mento físico, psíquico, social e espiritual, entendendo que a morte faz parte da vida sem, no entanto, antecipá-la nem mesmo adiá-la a qualquer custo”.

Essa abordagem paliativa, ao contrário do que muitos pensam, não se inicia somente no fim do processo, em ca-sos incuráveis e irreversíveis. Tais cuidados andam lado a lado com os cuidados curativos durante a evolução da do-ença, contribuindo para o controle de sintomas físicos, emo-cionais e/ou espirituais. Com isso, o foco deve ser no pacien-te e na preservação de sua dignidade, o que nem sempre acontece no ambiente hospitalar.

“Vida, morte e luto” aborda ainda outras questões neces-sárias ao entendimento da temática da morte, contribuindo para a reinserção da questão na cultura e a ampliação do repertório simbólico para melhor lidar com a questão. Sua leitura é, também, uma oportunidade de olharmos para o sofrimento humano com mais atenção e zelo, cientes de que toda vez que falamos sobre a morte, precisamos tam-bém falar sobre a vida. (Por Ricardo Balego)

ecimento e pela iminente possibilidade de morrer”, afirma no prefácio o psicanalista Gilberto Safra, professor do De-partamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da USP.

Reunindo 18 textos de diversos autores, a obra apresenta atual e relevante produção de pesquisadores voltados para a questão da morte, trazendo uma visão multidisciplinar que aponta os principais cuidados e o manejo em situa-ções-limite de adoecimento, suicídio e processo de luto.

Apesar de ser acessível a qualquer leigo e interessado pelo tema, o livro é direcionado especialmente a profis-sionais da área da saúde, que não por acaso convivem constantemente com a questão. Dessa forma, psicólogos, médicos, assistentes sociais, enfermeiros, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, entre outros, podem se atualizar sobre assuntos como morte e dignidade, educação para a morte, cuidados paliativos, perda e luto, suicídio e até cui-dados na divulgação dos eventos.

Autonomia e

foco na pessoa

O livro traz questões bastante atuais, como as relacionadas com o direito de escolha do paciente, tema tratado pela professora e psicóloga Maria Julia Kovács, para quem hoje há um “modo desumano de morrer, que não leva em conta valores e desejos do paciente”.

Seu texto estabelece as diferenças entre termos como eutanásia, ortotanásia, distanásia, suicídio assistido e cui-dados paliativos. Com destaque para a distanásia, que é prolongar, por meios artificiais, um quadro irreversí-vel, adiando o inevitável e mantendo, por vezes, uma situação de dor e sofrimento ao paciente, a autora afirma que a prática “reduz a vida humana à dimen-são biológica; a intervenção para prolongar somente índices fisiológicos é ferramenta de tortura”.

Lembra, ainda, da importância de o paciente registrar o desejo de como quer ser tratado por meio de uma diretiva antecipada de vontade (DAV), assegurando-lhe o direito de morrer sem sofrimentos desnecessários. “As DAVs são um poderoso instrumento na atualidade para combater a dista-násia, favorecendo a autonomia e o exercício da vontade de pacientes e de seus familiares.”

Em um capítulo mais dedicado à espiritualidade, a Monja Coen Roshi escreve em parceria com sua discípula, Monja Heishin, destacando o direito de conhecimento e escolha por parte do paciente. “No processo do fim da vida, conside-ro importante que a pessoa saiba que está terminando. É um ritual de passagem para quem vai e para quem fica”, justifica. D

ivul

gaçã

o

Page 28: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

Q

28

Daí a responsabilidade do trabalho conjunto da FEHOESP, do SINDHOSP e do IEPAS em atender aos anseios da coletividade de hospitais, clíni-cas e laboratórios, oferecendo os mais diversos cursos para trabalhadores dessas áreas. Ajudar esse contingente a se aperfeiçoar no mercado de trabalho é mais do que um objetivo, é contribuir para aprimorar seu desempenho e favorecer a instituição que os acolhe.

Em 2012, um estudo havia mostrado que hos-pitais de referência em São Paulo tinham em seus quadros cerca de 170 cargos e funções diferentes. Como resultado, gestores e empresários da saúde vêm convivendo, diariamente, com a falta de mão de obra qualificada e treinada. E as demandas do setor aumentam à medida que a população se torna mais informada e novas tecnologias são introduzidas.

Enxergar um universo mais amplo se faz neces-sário. Por exemplo: ter o diferencial de uma edu-cação continuada que contemple recursos huma-nos constantemente qualificados e treinados para atender à sociedade. Marchar ao ritmo acelerado

POR JOSÉ CARLOS BARBÉRIO

ARTIGO

uando o tema é saúde, a qualidade tem de estar em tudo. Nos profissionais e nas empresas. No atendimento e nos resultados. E tudo come-ça, é claro, pelas pessoas. Além dos médicos, evidentemente, estão os enfermeiros, farmacêu-ticos, nutricionistas, dentistas, fisioterapeutas, te-rapeutas ocupacionais, psicólogos, biomédicos, administradores hospitalares e outros que exer-cem cargos ou funções que o moderno hospital exige em áreas muito específicas. Neste setor, a força de trabalho se concentra em uma ocupação que não se esgota e cada vez mais se intensifica em termos de qualificação para atender ao mais sagrado objetivo da sociedade: a saúde dos indi-víduos e todo o universo da área.

Há de se lembrar, também, dos técnicos de nível médio, ressaltando os de radiologia, reabili-tação, segurança do trabalho e tantos outros que cabem nesse universo de atenção e cuidado à saúde. Por aí se pode sentir como os profissionais da área da saúde necessitam adaptar-se às novas exigências, principalmente reestruturar suas for-mações curriculares, nem sempre acompanha-das da modernidade que o setor necessita.

Com tamanho apuro técnico e importância para a vida dos cidadãos, não é demais lem-brar que a saúde representa 9,1% do PIB e gera mais de 4 milhões de empregos diretos no país.

As demandas do setor

aumentam à medida que

a população se torna

mais informada e

novas tecnologias

são introduzidas"

Qualidade: do profissional à empresa de saúde

Page 29: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

nização Nacional de Acreditação (ONA), que abriu caminho para a acreditação de clínicas de ser-viços de saúde, cujo processo busca a melhoria contínua da gestão, otimiza recursos e assegura melhores resultados assistenciais. É o que, na visão do cliente, se percebe como diferencial de mercado.

Para conseguir a certificação, os estabeleci-mentos têm que adotar uma série de protocolos de gestão de qualidade. Os interessados em parti-cipar do programa preenchem um formulário que é avaliado pela instituição acreditadora creden-ciada (IAC) para a seleção das empresas elegíveis ao Bússola. As instituições selecionadas recebem a visita de diagnóstico organizacional, realizada pela acreditadora credenciada parceira do pro-jeto. A partir desse resultado são definidos os te-mas que serão abordados na fase de capacitação. A última etapa é a visita de acreditação, que deve ser solicitada em até um ano após o término da capacitação.

O Bússola é considerado um sucesso, pois quase 30 clínicas já obtiveram a acreditação por meio do programa. E, agora, as empresas de home care e as clínicas de odontologia inte-ressadas também podem se inscrever no pro-grama, cujos detalhes estão no site do IEPAS (www.iepas.org.br).

Na saúde, os esforços para a qualidade são percebidos na satisfação dos pacientes e na sus-tentabilidade do negócio. É um investimento que faz a diferença.

*José Carlos Barbério é presidente do IEPAS

29

do presente é, certamente, estar preparado para o futuro. E, cada vez mais, o tempo se encurta. Por isso, desde 2012, o IEPAS o vem realizando cursos de interesse para seus associados, primordial-mente hospitais, clínicas e laboratórios.

Não por meras razões, o Instituto, em 2017, or-ganizou e realizou, aproximadamente, 170 cursos, workshops e eventos, ministrados por palestran-tes das mais diversas áreas. Foram treinamentos promovidos na sede do IEPAS, em São Paulo, e nas cidades do interior do Estado, onde estão localizados os escritórios regionais do SINDHOSP e os outros cinco Sindicatos filiados à Federação. Os temas dos cursos são variados e visam quali-ficar os profissionais das empresas de saúde para as atividades do setor. Os assuntos, no ano pas-sado, visando atender às necessidades apresen-tadas pela categoria, foram desde atendimento presencial telefônico e digital, auditoria em con-tas médicas, entendendo os códigos de glosas, estratégias de retenção e talentos até liderança assertiva, prevenção e controle de infecções, se-gurança do paciente, entre outros.

Também para atender à necessidade do mer-cado e das instituições associadas aos nossos Sindicatos, a partir deste ano o Instituto está ela-borando cursos in company. A ideia é adaptar os conteúdos dos treinamentos realizados na sede, em São Paulo, nas regionais e nos demais Sindica-tos no interior do Estado para serem trabalhados dentro das empresas de saúde (hospitais, clínicas e laboratórios), levando em conta a dificuldade dos gestores em dispor de seus colaboradores durante um período longo do dia de trabalho.

Na busca pela qualidade em tudo, o compro-misso do IEPAS, da Federação e seus Sindicatos não para na qualificação e capacitação do pesso-al que atua no setor. Estende-se a responsabilida-de, em conjunto com as empresas de saúde, de responder pela contínua excelência dos serviços prestados. E esse empenho pode ser recompen-sado de forma prática: a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), reconhecendo o esfor-ço da certificação dessas empresas, vem conce-dendo estímulos para que a acreditação seja um indicador de qualificação, como referência junto às operadoras.

Foi para isso que, em 2013, surgiu o Projeto Bússola, pela FEHOESP, em parceria com a Orga-

Marchar ao ritmo

acelerado do presente é,

certamente, estar

preparado para o futuro"

Page 30: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

CHARGE

A Revista FEHOESP 360 é uma publicação da FEHOESP, SINDHOSP,

SINDHOSPRU, SINDJUNDIAÍ, SINDMOGI-DASCRUZES, SINDRIBEIRÃO, SINDSUZANO e IEPAS

Tiragem: 14.000 exemplares

Periodicidade: mensal

Correspondência: Rua 24 de Maio, 208, 9º andar - República - São Paulo - SP - [email protected]

Coordenadora de Comunicação Aline Moura

Editora responsávelFabiane de Sá (MTB 27806)

RedaçãoEleni Trindade, Rebeca Salgado e Ricardo Balego

Projeto gráfico/diagramação - Thiago Alexandre

Fotografia - Leandro Godoi

Publicidade: [email protected]

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista.

Diretoria FEHOESP

Presidente em exercício - Marcelo Soares de Camargo

Presidente licenciado - Yussif Ali Mere Junior

2º Vice-Presidente - Roberto Muranaga

1º Diretor Secretário - Rodrigo de Frei-tas Nóbrega

2º Diretor Secretário - Luiz Augusto Te-nório de Siqueira

1º Diretor Tesoureiro - Luiz Fernando Ferrari Neto

2º Diretor Tesoureiro - Paulo Roberto Grimaldi Oliveira

Diretores Suplentes - Elucir Gir, Hugo Ale-xandre Zanchetta Buani, Carlos Eduardo Lich-tenberger, Armando de Domenico Junior, Lui-za Watanabe Dal Ben, Jorge Eid Filho e Michel Toufik Awad

Conselheiros Fiscais Efetivos - Antonio Car-los de Carvalho, Ricardo Nascimento Teixeira Mendes e João Paulo Bampa da Silveira

Conselheiros Fiscais Suplentes - Maria Helena Cerávolo Lemos, Fernando Henri-ques Pinto Júnior e Marcelo Rodrigo Apare- cido Netto

Doutor. . . Podemos pedir uma segunda opiniao ao dr. google?

˜s

Page 31: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da
Page 32: EDIÇÃO 24 • SETEMBRO DE 2018...Brasileira, no Jardim Paulistano, em 9 de agosto. O encontro apresentou a exposição “Uma História Para Contar”, abordando a evolução da

Promovemos encontros temáticos, por todo o Estado, com orientações nas áreas contábil, fiscal,

tributária e societária.

Saiba mais em www.iepas.org.br

WORKsHOPIN$truir

Entre em contato: (11) [email protected]