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1 Set/dez - 2008 Há 30 anos, não tínhamos a versatilidade dos computadores, a excelência técnica dos equipamentos gráficos, a eficiência dos Correios e as facilidades de outros recursos. Mesmo assim, em 3 de outubro de 1978 circulava o primeiro número de O ESPÍRITA. Não cabíamos de tanta alegria espiritual. Percorríamos as casas doutrinárias levando em mãos seus exemplares. Existiam poucos veículos de comunicação, especialmente na forma de revista, para atender a crescente demanda do Movimento. A qualidade dos textos, somada aos esforços iniciais, recebeu o apoio da espiritualidade superior, pelas vias mediúnicas do consagrado Divaldo Franco. O que nos levou a isso? O exemplo extraordinário dos que nos antecederam. Como o de Luiz Olímpio Teles de Menezes que, em condições extremamente adversas, lançava em 17 de setembro de 1865 o primeiro marco histórico no Brasil: “O Grupo Familiar do Espiritismo” e, em 8 de março de 1869, o jornal “Eco d’Além-Túmulo”, ambos em Salvador/Bahia. Somente 14 anos depois é que surgiria a revista “Reformador”, fundada em 21 de janeiro de 1883 por Augusto Elias da Silva, que seria posteriormente agregada à FEB, fundada em 1884. Em 1905, Cairbar Schutel criava o jornal “O Clarim” e, em colaboração com Luiz Carlos de Oliveira Borges, lançava em 1925 a “Revista Internacional do Espiritismo” no estado de São Paulo, na cidade de Matão. Em 1932, era a vez do Paraná ter o seu canal de divulgação com o jornal “Mundo Espírita” que, agora em 2008, completou 76 anos de atividades. Alguns outros sugiram. Todos com suas epopéias de lutas e conquistas. O primeiro editorial de O ESPÍRITA afirmava: “Pelo acanhado prisma humano, ser-nos-ia impossível identificar as raízes profundas desses luminosos acontecimentos” e lembrava: “Sem terra arroteada não há a vitória do plantio, que se manifesta na abundância do fruto.” Em sua capa grosseira de cartolina, azul e branca, O ESPÍRITA destacava, na página central, um artigo de autoria do espírito Bittencourt Sampaio, psicografado por Chico Xavier, em 1936, com título de “A Obra do Evangelho”. Em seu fecho, Bittencourt Sampaio faz grave advertência, dizendo: “convencei- vos de que a atualidade necessita do esforço comum de todos, à sombra da bandeira da tolerância de unificação, para que se dissemine a lição do Evangelho em todo o Planeta. Antes dos cérebros, faz-se mister iluminarem-se os corações. O Espiritismo marchará com o Cristo ou se desviará de suas finalidades sagradas. Ou os homens realizam o evangelho ou a sua civilização terá de desaparecer”. Só nos resta agradecer aos nossos milhares de leitores de todo o Brasil. Desejamos que outros jornais e revistas surjam para atender principalmente o interior do País, diante da carência que sabemos existir. Cada exemplar é remédio bendito para as chagas da alma, é luz nos caminhos tortuosos, é amparo para os debilitados na fé, enfim, é o pensamento do Cristo anunciando esperanças novas. Pensar diferente é patentear o egoísmo, típico dos que tudo têm, que dormem no conforto de suas posses esquecidos da ignorância espiritual que grassa no mundo provocando tantas dores e dramas. Primeira capa O ESPÍRITA HÁ 30 ANOS Editorial

Editorial O ESPÍRITA HÁ 30 ANOS · Chico Xavier, em 1936, com título ... 1- A obra da feliz parceria entre André Luiz e Chico Xavier, editada pela FEB, que superou, ... “Libertação”

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1Set/dez - 2008

Há 30 anos, não tínhamos a versatilidade doscomputadores, a excelência técnica dos equipamentos gráficos,a eficiência dos Correios e as facilidades de outros recursos.Mesmo assim, em 3 de outubro de 1978 circulava o primeironúmero de O ESPÍRITA.

Não cabíamos de tanta alegria espiritual. Percorríamosas casas doutrinárias levando em mãos seus exemplares.

Existiam poucos veículos de comunicação, especialmentena forma de revista, para atender a crescente demanda doMovimento.

A qualidade dos textos, somada aos esforços iniciais, recebeu o apoio daespiritualidade superior, pelas vias mediúnicas do consagrado Divaldo Franco.

O que nos levou a isso? O exemplo extraordinário dos que nos antecederam.Como o de Luiz Olímpio Teles de Menezes que, em condições extremamente adversas,lançava em 17 de setembro de 1865 o primeiro marco histórico no Brasil: “O GrupoFamiliar do Espiritismo” e, em 8 de março de 1869, o jornal “Eco d’Além-Túmulo”,ambos em Salvador/Bahia. Somente 14 anos depois é que surgiria a revista“Reformador”, fundada em 21 de janeiro de 1883 por Augusto Elias da Silva, queseria posteriormente agregada à FEB, fundada em 1884.

Em 1905, Cairbar Schutel criava o jornal “O Clarim” e, em colaboração comLuiz Carlos de Oliveira Borges, lançava em 1925 a “Revista Internacional doEspiritismo” no estado de São Paulo, na cidade de Matão. Em 1932, era a vez doParaná ter o seu canal de divulgação com o jornal “Mundo Espírita” que, agora em2008, completou 76 anos de atividades.

Alguns outros sugiram. Todos com suas epopéias de lutas e conquistas.O primeiro editorial de O ESPÍRITA afirmava: “Pelo acanhado prisma humano,

ser-nos-ia impossível identificar as raízes profundas desses luminosos acontecimentos”e lembrava: “Sem terra arroteada não há a vitória do plantio, que se manifesta naabundância do fruto.”

Em sua capa grosseira de cartolina, azul e branca, O ESPÍRITA destacava, napágina central, um artigo de autoria do espírito Bittencourt Sampaio, psicografado porChico Xavier, em 1936, com título de “A Obra do Evangelho”.

Em seu fecho, Bittencourt Sampaio faz grave advertência, dizendo: “convencei-vos de que a atualidade necessita do esforço comum de todos, à sombra da bandeirada tolerância de unificação, para que se dissemine a lição do Evangelho em todo oPlaneta. Antes dos cérebros, faz-se mister iluminarem-se os corações. O Espiritismomarchará com o Cristo ou se desviará de suas finalidades sagradas. Ou os homensrealizam o evangelho ou a sua civilização terá de desaparecer”.

Só nos resta agradecer aos nossos milhares de leitores de todo o Brasil.Desejamos que outros jornais e revistas surjam para atender principalmente o

interior do País, diante da carência que sabemos existir. Cada exemplar é remédiobendito para as chagas da alma, é luz nos caminhos tortuosos, é amparo para osdebilitados na fé, enfim, é o pensamento do Cristo anunciando esperanças novas.

Pensar diferente é patentear o egoísmo, típico dos que tudo têm, que dormemno conforto de suas posses esquecidos da ignorância espiritual que grassa no mundoprovocando tantas dores e dramas.

Primeira capa

O ESPÍRITA HÁ 30 ANOSEditorial

2 Set/dez - 2008

No empenho de provar aosnossos sábios que isso deEspiritismo, que os fazem rir, écoisa séria, é uma ciênciaabraçada pela Humanidade,desde a origem dos tempos, esustentada pelos mais ilustrespensadores de todos os séculose de todos os países, demos, emartigo nosso, o testemunho dosVedas, o mais antigo livro domundo.

O Bhagavad Gita oferce-nos os seguintes trechos:

“Tu choras por homens,que não precisam de lágrimas...porque a ninguém faltavamexistências e, jamais cessaremosde ser no futuro.”

“Como no corpo mortalsucedem-se a infância, amocidade e a velhice, assim aalma, perdido este, adquire outro,e o sábio não se abala.”

“Estes corpos, queperecem, revestem uma almaeterna, indestrutível, imutável.”

Pensamentos doutrinários X

Bezerra de Menezes

Trecho de artigo publicado no jornal O PAIZ,no Rio de Janeiro, a partir de 1886.

Imortalidade: Bhagavad Gita e Vedas“Como se largam vestidos

estragados para tomarem-senovos, assim a alma larga oscorpos gastos para tomar novoscorpos. Invisível, inefável,imutável; eis seus atributos, e, poisque assim a reconheceis, nãochoreis.”

E mais adiante diz:

Retrato pintado de Bezerra de Menezes

3Set/dez - 2008

“Tenho tido muitosnascimentos, Arjuna, e tutambém; mas eu conheço asminhas ao passo que tu nãoconheces as tuas existências”.

E ainda diz mais, falando dohomem de bem:

“Filho de Prita, nem aqui,nem aí na Terra o homem bompode aniquilar-se.”

“Ele sobe à mansão dospuros, vive aí por longos anos,depois vai renascer em umafamília de gente pura, ondecontinuará os piedosos exercíciospraticados em sua existênciapassada, esforçando-se semprepor sua perfeição.”

Eis aí, temos em poucaslinhas a consagração dosprincípios cardeais da ciênciaespírita!

A imortalidade da alma,indestrutível, invisível, imutável.

A pluralidade de existências,substituindo-se umas às outras, àmedida que o corpo dado parauma se gasta, como os vestidos.

E, finalmente, a razão dessasérie de existências: oaperfeiçoamento da alma.

O Bhagavad Gita ensina,portanto, que o homem,essencialmente perfectível, nãopara no limitado grau deprogresso alcançado numaexistência; mas tem, naeternidade, as existências que lheforem precisas para desenvolveraquela perfectibilidade.

Ele o afirma, quando diz: aninguém faltarão existências.

E porque não se suponhaque elas são dadas sem razãosuficiente. Explica categori-camente que é aquela razão: anecessidade de progredir.

Bhagavad Gita é um texto religioso hindu escrito emsânscrito. Relata o diálogo de Críxena com Arjuna empleno campo de batalha. No desenrolar da conversa sãocolocados pontos importantes da filosofia indiana.

Vedas são os 4 textos religiosos,escritos em sânscrito por volta de

1500 anos a.C., que formam a basedo extenso sistema de escrituras

sagradas do hinduísmo.

4 Set/dez - 2008

Vianna de CarvalhorespondeATUALIDADE DO PENSAMENTO ESPÍRITAMédium: Divaldo Pereira Franco

Pergunta:

Não nos parece próprio apresentar o Espiritismo como umaDoutrina que deve ser estudada nas universidades, fazendo parte doseu currículo pedagógico. Seria repetir o equívoco experimentado poroutras doutrinas que, no passado, tentaram impor os seus postulados,terminando pelo delírio da intolerância e do fanatismo.

O Espiritismo é uma ciência que deve ser estudada na EntidadeEspírita, onde se encontram presentes os instrumentos de aferição devalores que demonstram a excelência dos seus postulados. Examinadoem profundidade, abrem-se-lhe as belas facetas filosófica e religiosa,facultando a cada qual insculpir no íntimo as lições hauridas etransformando-o para melhor, de forma que a sociedade experimentea sua renovação moral.

As experiências mediúnicas podem ser realizadas em qualquerlugar onde predominem os valores nobres da investigação e da análise,conforme ocorreu no passado e ainda sucede no presente.

Sob esse aspecto, o meio universitário está preparado para receberas informações do Espiritismo.

O Espiritismo poderá e deverá ser estudado nas universidadescomo parte dos programas transversais, que objetivam complementaros cursos, aumentando a capacidade de discernimento dos alunos eabrindo-lhes mais amplos espaços culturais para o entendimento davida e das suas finalidades. Não, porém, como disciplina sujeita àavaliação curricular e à promoção dos educandos.

Em nossa forma de análise, somos de parecer que o ensino deveser sempre leigo, dando liberdade a cada estudante de examinar o quelhe aprouver e escolher o que lhe seja melhor, conforme ensinava oapóstolo Paulo (I Tess, 5:21) com outras palavras.

O meio universitário estaria preparado para receber oconhecimento do Espiritismo em seu currículo? É válida a proposta?

5Set/dez - 2008

O CONHECIMENTO ESPÍRITARogério Coelho - MG

Jesus declarou - sem tergiversações - em alto e bom som1: “Conhecereis aVerdade e a Verdade vos libertará”. Ele prometeu2, para mais tarde, o advento do“Consolador”, que viria ensinar todas as coisas necessárias à definitiva erradicaçãodas trevas da ignorância do coração humano, além de fazer lembrar tudo que Elehavia ensinado até então.

O amor e a instrução constituem, segundo o Espírito de Verdade, as cartasde alforria para todos nós, espíritos escravizados pelas sombras tenebrosas doegoísmo e da ignorância...

O Espiritismo nos ensina a encontrar a chave que abrirá a porta do nossocárcere de sombras: a caridade. Ninguém melhor do que Paulo, o apóstolo, paradesenvolver essa reflexão3: “Meus filhos, na máxima: ‘Fora da caridade não hásalvação’, estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no Céu; na Terra,porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no Céu, porque os que ahouverem praticado acharão graças diante do Senhor. Essa divisa é o facho celeste,a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-o para aTerra da Promissão. Ela brilha no Céu, como auréola santa, na fronte dos eleitos,e, na Terra, se acha gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: ‘Passai àdireita, benditos de meu Pai’. Reconhecê-los-eis pelo perfume de caridade queespalham em torno de si. Nada exprime com mais exatidão o pensamento de Jesus,nada resume tão bem os deveres do homem, como essa máxima de ordem divina.Não poderia o Espiritismo provar melhor a sua origem, do que a apresentandocomo regra, por isso que é um reflexo do mais puro Cristianismo. Levando-a porguia, nunca o homem se transviará. Dedicai-vos, assim, meus amigos, a perscrutar-lhe o sentido profundo e as conseqüências, a descobrir-lhe, por vós mesmos, todasas aplicações. Submetei todas as vossas ações ao governo da caridade e aconsciência vos responderá. Não só ela evitará que pratiqueis o mal, como tambémfará que pratiqueis o bem, porquanto uma virtude negativa não basta: é necessáriauma virtude ativa. Para fazer-se o bem, mister sempre se torna a ação da vontade;para se não praticar o mal, basta as mais das vezes a inércia e a despreocupação”.

Aduz ainda o notável Tapeceiro de Tarso: “Meus amigos, agradecei a Deuso haver permitido que pudésseis gozar a luz do Espiritismo. Não é que somente osque a possuem hajam de ser salvos; é que, ajudando-vos a compreender os ensinosdo Cristo, ela vos faz melhores cristãos. Esforçai-vos, pois, para que os vossosirmãos, observando-vos, sejam induzidos a reconhecer que o verdadeiro espírita everdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que todos quantos praticama caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam”.

O conhecimento espírita é, portanto, o grande alforriador das almas,libertando-as das teias constringentes da ignorância ancestral que tanto dano temcausado à Humanidade de todos os tempos.

1 - Jo, 8:32. / 2 - Jo, 14:16.3 - Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo - Cap. XV, item 10.

6 Set/dez - 2008

Verificação deconhecimentos doutrinários

Baseada na literatura espírita consagrada por Allan Kardec, Léon Denis, Bezerra deMenezes, Bittencourt Sampaio, Emmanuel, André Luiz, Humberto de Campos, Joanna

de Ângelis, Yvonne A. Pereira, Cairbar Schutel, Vianna de Carvalho entre outros.

Assinale a opção correta econfira o resultado na página 23:

1- A obra da feliz parceria entre André Luiz e Chico Xavier, editada pela FEB,que superou, em português, a incrível a marca de 1.500.000 exemplares é

“O Evangelho segundo o Espiritismo”.“Sexo e Destino”.“Nosso Lar”.“Libertação”.

2- Com o título inicial “Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo”, maistarde com o título modificado e definitivo de “O Evangelho segundo oEspiritismo”, essa obra basilar foi traduzida da 3.ª edição francesa, revista,corrigida e modificada pelo autor em 1866. O tradutor desta obra para oportuguês, que ainda hoje é publicada pela FEB foi

Elias Barbosa.Guillon Ribeiro.Salvador Gentile.André Moreil.

3- “Fatos Espíritas” é um dos livros científicos mais citadosno Espiritismo, onde um cientista e pesquisador descreve comminúcias as materializações do espírito Katie King e outrosfenômenos. Quem é o autor deste clássico editado pela FEB?

Charles RichetAlexandre AksakofCezar LombrosoWilliam Crookes

7Set/dez - 2008

4- O Livro “Vida e Sexo” foi ditado pelo Espírito

Emmanuel.André Luiz.Manuel Philomeno de Miranda.Joana de Ângelis.

5- Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, nos Prolegômenos, adota, pororientação dos Espíritos, um símbolo do trabalho do Criador, representandoo espírito, o perispírito e o corpo. Que símbolo usa Kardec?

Um ramo de trigoUma cepaUm farolUm raio de luz

6- Há uma corrente filosófica segundo a qual todos os corpos da natureza,todos os seres, todos os globos do universo seriam partes da divindade econstituiriam, pelo seu conjunto, a própria divindade, o que não confere comas afirmações espíritas, pois se assim o fosse Deus seria efeito e não a causa(“O Livro dos Espíritos”, cap. I, itens 14 e 15). Que filosofia traz essa afirmação?

Politeísmo Panteísmo Metempsicose Neoplatonismo

7- Os prefácios de todas as obras de André Luiz (autor espiritual) foram escritaspelo Espírito

Bezerra de Menezes.Emmanuel.Irmão X.Bittencourt Sampaio.

8- A pedido de sua mãe, Jesus realiza seu primeiromilagre durante um festejo de bodas, em Caná. Qualfoi o milagre registrado do Cristo?

Transforma água em vinhoMultiplica os pãesCura um paralíticoAbençoa as crianças

Humberto de Campos usouo pseudônimo de Irmão X

8 Set/dez - 2008

Não olvides que além da morte continuavivendo e lutando o espírito amado que partiu...

Tuas lágrimas são gotas de fel em sua taçade esperança.

Tuas aflições são espinhos a se lheimplantarem no coração.

Tua mágoa destrutiva é como neve deangústia a congelar-lhe os sonhos.

Tua tristeza é sombra a escurecer-lhe a nova senda.Por mais que a separação te lacere a alma sensível, levanta-te e segue

para frente, honrando-lhe a confiança com a fiel execução das tarefas que omundo te reservou.

Não vale a deserção do sofrimento, porque a fuga é sempre a dilataçãodo labirinto que nos arroja à invigilância, compelindo-nos a despender longotempo na recuperação do rumo certo.

Recorda que a lei de renovação atinge a todos e auxilia quem teantecedeu na grande viagem com o valor de tua renúncia e com a fortalezade tua fé, sem esmorecer no trabalho nosso invariável caminho para o triunfo.

Converte a dor em lição e a saudade em consolo porque, de outrosdomínios vibratórios, as afeições inesquecíveis te acompanham os passos,regozijando-se com as outras tuas vitórias solitárias, portas adentro de teumundo interior.

Todas as provas objetivam o aperfeiçoamento do aprendiz, porquanto,não passamos de meros aprendizes na Terra, amealhando o conhecimentoe a virtude, em gradativa e laboriosa ascensão para a Vida Eterna.

Deus, a Suprema Sabedoria e a Suprema Bondade, não criaria ainteligência e o amor, a beleza e a vida, para arremessá-las às trevas.

Repara em torno dos teus próprios passos. A cada noite no mundo,segue-se o esplendor do alvorecer.

O inverno áspero é sucedido pela primavera estuante de renascimentoe floração.

A lagarta, que hoje se arrasta no solo, amanhã librará em pleno espaçocom asas multicores de borboleta.

Nada perece.Tudo se transforma na direção infinita do bem.Compreendendo, desta forma, a verdade, entesourando-lhe as

bênçãos, aprendamos a encontrar na morte o grande portal da vida eestaremos incorporando, em nosso próprio espírito, a luz inextinguível daGloriosa Imortalidade.

Presença de Emmanuel / Chico XavierParentes mortos

9Set/dez - 2008 9Set/dez - 2008

Roma e Jerusalém, frustração degrandes sonhosPublicado no ano VII, número 43, dezembro/janeiro de 1986.

Os anais da história humana assinalam, comimpressionante clareza, os papéis preponderantes de duasgrandes cidades, capitais de duas raças extraordinárias,Jerusalém e Roma, à época de Jesus, como fatoresimprescindíveis à evolução da sociedade. Povos operosose cultos, tinham tudo para se constituírem formidáveis

centros de irradiação de progresso e de paz na moldagem do caráter daHumanidade, que poderiam evitar os dolorosos processos cármicos que ainda hojefazem sofrer milhões de criaturas. Mas deixaram-se corroer de orgulho efracassaram em suas grandes missões. Não faltaram advertências. O próprio Jesusvaticinou o fim de Jerusalém, como conseqüência de sua soberba, e Romaencontraria, na destruição de Estábias, Herculanum e Pompéia, o início do fim desuas glórias mundanas.

O Coliseu romano é bem um símbolo das concessões celestes em matériade edificações que, como tantas outras, foi utilizado para objetivos escusos,preludiando a corrosão de ideais, que Emmanuel, em “A Caminho da luz”, descreveucom uma beleza quase tétrica e incomparável: “O Império Romano, que poderia terlevado a efeito a fundação de um único Estado na superfície do mundo, em virtudeda maravilhosa unidade a que chegou, mercê do esforço e da proteção do Alto,desapareceu num mar de ruínas, depois das suas guerras, desvios e circos cheiosde feras e gladiadores”.

“O imenso organismo apodreceu nas chagas que lhe abriram a incúria e aimpiedade dos próprios filhos e, quando não foi mais possível o paliativo damisericórdia dos espíritos abnegados e compassivos, dada a galvanização dossentimentos gerais na mesa larga dos excessos e prazeres terrestres, a dor foichamada a restabelecer o fundamento da verdade nas almas.”

“Da orgulhosa cidade dos imperadores não restou senão pedras sobrepedras. Sob o látego da expiação e do sofrimento, os espíritos culpados trocaramde indumentárias para a evolução e para o resgate no cenário infinito da vida, e,enquanto muitos deles ainda choram nos padecimentos redentores, gemem, sobreas ruínas do Coliseu de Vespasiano, os ventos tristes e lamentosos da noite.”

A N O S

10 Set/dez - 200810 Set/dez - 2008

Morte ou desencarnação?Publicado no ano XXI, número 102, janeiro/abril de 1999

A morte é o fim da estrutura física, animal ou vegetal.A desencarnação significa o ato ou o efeito da separação docorpo e do espírito, o retorno da alma ao mundo espiritual.

Segundo o escritor francês Léon Denis,contemporâneo de Allan Kardec, no livro “O Problema do Ser,do Destino e da Dor”, o que chamamos morte é simplesmentea retomada da liberdade, enriquecida de valores espirituais.Uma mudança de estado, a destruição de uma forma frágil.

Quando ocorre a desencarnação, a matéria queformava o corpo se decompõe e vai formar outros organismos. O princípio vital esgota-se e retorna ao seio da natureza.

Nas obras espíritas, principalmente, e em outras obras que tratam do assunto,encontramos relatos comuns que identificam alguns fenômenos consideradosmarcantes, como os relacionados abaixo:1) REGRESSÃO DE MEMÓRIA: nos primeiros instantes da morte, como nacinematografia, imagens de momentos relevantes da existência retornam à consciência,afligindo ou alegrando, de acordo com a natureza, positiva ou negativa, dos atoscometidos.2) EMOÇÃO DA SURPRESA: muitos não sabem que desencarnaram, mormentequando a morte ocorre subitamente e, ao despertarem para a nova realidade, chocam-se ante o inusitado, gerando a emoção do desespero, pelo apego ao corpo físico e àsaudade que se instala.3) VISÕES ESPIRITUAIS: o moribundo começa a penetrar as dimensões daespiritualidade, percebendo vultos e fisionomias de parentes, amigos, benfeitores ouentidades perturbadas que se identificam com a linha de comportamento mantidadurante a vida.4) SONO REPARADOR: na proporção dos méritos, o desencarnante é magneticamenteadormecido logo após o transe da morte, para não perceber momentos desagradáveise descansar merecidamente.5) SEPARAÇÃO DOS LAÇOS FLUÍDICOS: a materialidade da vida provoca a criaçãode fluidos que se acumulam na estrutura físico-perispiritual, impõem a necessidadede passes próprios que vão lentamente desfazendo esses laços, algumas vezes, deforma dolorosa.6) MEDO: a insegurança promovida pelo desconhecimento e pelo despreparo causaum medo incontrolável que dificulta o processo de desencarnação.7) FORMA PERISPIRITUAL: o perispírito ou o corpo espiritual mantém a mesmaaparência do corpo físico em extinção.8) UMBRAL: um número assustador de desencarnados fica retido nas regiõesespirituais inferiores por força da indiferença com que viveram e pelos males quepraticaram, sem nada de construtivo terem feito em favor de seus semelhantes. OCatolicismo e o Protestantismo chamam essa região de inferno.

A única regra para se morrer bem é viver bem.

11Set/dez - 2008

“Procurai um homem que seja um harpista e acontecerá que,ao tocá-lo com sua mão, ficareis curado.” (Samuel, 16:16)

Desde a mais remota antiguidade a música tem sidousada como entretenimento e fator de cura dos mais variadosmales físicos e psicológicos. Na Grécia antiga, a mitologiaassociava o deus da medicina ao da música. Há registros detodos os gêneros. Na “Odisséia”, Ulisses parou de sangrarao meditar na música que ouvia. Tales de Mileto teria evitado

uma revolta popular tocando para o povo. Em Roma, Plínio - O Velho – à época doCristo, conhecia sons especiais para “acalmar” o baço. Na atualidade, as práticaspermanecem. Na Alemanha, os médicos estão usando cada vez mais a música. ErikBlock, médico sueco, afirma ter reduzido significativamente a morte de recém-nascidosao tocar para as parturientes as melodias de Mozart.

A musicoterapia é aplicada em larga escala, e obras de estudiosos sériospercorrem as livrarias do mundo inteiro. Uma das mais recentes, “As Energias Curativasda Música”, de Hal A. Lingerman, deve ser lida pelos que gostam do assunto. Temasligados à música são abordados tecnicamente e enriquecidos de dados. Música paraa vida diária, para o lar, para a família, música angelical, para Deus e para Cristo, sãosugeridas pelo autor.

Os mistérios da música são aprofundados e a música tem proposta para ofuturo, na sua concepção.

Lingerman diz que a música pode aumentar a vitalidade física, atenuar a fadiga,acalmar a ansiedade e as tensões, elevando os sentimentos. Ajuda a concentrar opensamento e estimula a criatividade, sensibilizando o ser humano. Expande aconsciência de Deus e os horizontes do entendimento espiritual.

Afirma que a música afeta o corpo físico e influencia a mente, devendo sercriteriosamente escolhida.

O conhecido pesquisador, em sua obra, dá orientações para uma seleçãoeficiente e associa compositores aos estados desejados da alma. Bach despertariaem nós o poder e a grandiosidade de Deus, Vivaldi induz à alegria e à cordialidade,Mendelssohn e Chopin são para gosto refinado. Ludwig van Beethoven é o titã dassinfonias universais, Händel é intérprete dos sons celestiais.

Sabe-se que George Frideric Händel ao compor “O Messias” declaroupublicamente ter visto a hoste dos anjos que o inundou com os “sons iluminados peloCristo”. Foi mais além, ao dizer que “mal conseguia mover a pena com rapidezsuficiente para transmitir o que estava ouvindo”. Segundo consta, não aceitavaremuneração pelas apresentações de “O Messias”. Destinava o lucro para obras decaridade.

Não são poucos os livros espíritas que falam da excelência das grandesmelodias e da missão dos grandes autores.

Na “Revista Espírita”, em vários números, Allan Kardec faz comentários sobrecompositores e composições clássicos que embelezam a vida e apaziguam a almahumana, com suas criações extraordinárias que varam e vararão os séculos.

Publicado no ano XVI, número 84, abril/junho de 1994.A música cura?

11Set/dez - 2008

12 Set/dez - 200812 Set/dez - 2008

Transfusão de energias psico-físicas, constitui-seo passe em terapêutica que envolve tríplice aspecto:espírito, perispírito e corpo — ensinada por Jesus elargamente usada no plano espiritual, como afirma o espíritoAndré Luiz.

A propósito, basta lembrar as curas efetuadas porJesus, às vezes com a simples imposição das mãos, noutras

ocasiões à distância ou ainda sentindo “sair de si uma virtude”, como no caso damulher hemorrissa. Instruindo os apóstolos para que fossem curar os enfermos,expulsar os demônios e ressuscitar os mortos — dando de graça o que de graçarecebessem — o passe instituiu-se como doutrina de amor legada por Jesus àHumanidade.

Não foi, todavia, sem aprendizado evangélico ou em vivência doutrináriaque os apóstolos alcançaram êxito em seus trabalhos. “Porque não pudemosexpulsar esse demônio”, foi a pergunta por eles endereçada ao Mestre, na cura domoço lunático, quando aprenderam que, além da fé conscientizada “esta casta deespíritos só se expulsa com a oração e o jejum”.

A Doutrina Espírita esclarece ainda que o alívio ou a cura de cada criaturaestão na razão direta, não somente da diminuição do débito espiritual, masespecialmente de sua reforma moral e espiritual. Seria desconhecer a lei de “causae efeito”, acreditar nos atos litúrgicos, nas convenções exorcistas ou nasgesticulações para a solução dos problemas que afligem o homem. Acima de tudo,ensina ser necessário buscar o Cristo, com o propósito indeclinável de não voltarao erro ou à prática do vício, por mais simples seja ele a exemplo do querecomendava o Batista, há dois mil anos, aos que o buscavam no Jordão.

Milagre — que seria derrogação das leis divinas — mediante simplesencenações ou ainda pela multiplicidade de orações, jamais existirá no roteiro decada criatura. Cultive-se, todavia, o passe com propósito de humildade, sabendo-se que os resultados, antes de tudo, pertencem a Jesus, dispenseiro de todas asbênçãos, O qual, de acordo com o mérito de cada um, envia sempre o auxíliodivino, por meio de seus prepostos espirituais, à criatura que O busca na vivênciasincera do bem e na prática da caridade.

De grande conveniência lembrar que somente quando o passista se revestede nobre propósito de auxiliar, bem como dos sentimentos que caracterizam ohomem de bem, de acordo com o que preceitua o Evangelho de Jesus, é quehaverá a cobertura da espiritualidade maior e a necessária assistência.

Finalmente, entendamos o passe na sua manifestação mais simples e maisautêntica, atentos ao preceito de Jesus de que “tudo o que o homem pedir pelaoração sincera, crede que obterá”.

O passePublicado no ano III, número 14, fevereiro/março de 1981.Autor: João J. Moutinho - Brasília/DF

13Set/dez - 2008 13Set/dez - 2008

A criança e vocêPublicado no ano II, número 11, agosto/setembro de 1980.Autor: José Carlos da Silva Silveira - Brasília/DF

Já pensou em sua responsabilidade perante acriança? Você que é espírita e bem informado acerca darealidade da vida extracorpórea e da interpenetração dosplanos material e espiritual, você que tem se detido algunsinstantes para meditar a respeito da contribuição que estádando na obra da educação? Você já se conscientizou deque a felicidade do mundo de amanhã depende do caminho

por onde seguir a criança de hoje?A criança é o espírito que volta às lides da vida física, cheio de débitos, de

compromissos e de esperança, necessitando de apoio para se soerguer do mal eatingir os altiplanos do bem. Precisa de você. O adulto é o sustentáculo da infância,o seu mestre, o responsável por sua evangelização. Pouco importa se você nãotem crianças sob sua tutela ou se as suas atividades profissionais se desenvolvemfora dos setores da educação. Seja qual for a sua posição na existência, terá semprediante dos olhos uma criança que lhe cumpre auxiliar, orientar e aproximar de Deus.Basta aproveitar as oportunidades que a vida lhe oferece.

Muitas vezes é difícil sair de nós mesmos, dos nossos problemas e aflições,para olhar em derredor e notar os carentes de atenção. Entretanto, o conhecimentodo Espiritismo nos ajuda a compreender que as nossas dificuldades serãosolucionadas à medida que suavizarmos os sofrimentos alheios. E isso se explica,porque a maior parte das nossas dores é fruto do egoísmo. Vivemos em funçãodele, sem nos preocuparmos com as necessidades do próximo. Ligados unicamenteà busca do bem-estar material, afligimo-nos pela presença constante da insatisfação,em virtude da transitoriedade das conquistas do mundo físico.

Desse modo, somente dirigindo as potencialidades da alma no sentido darealização do bem fora de nós é que fruiremos a verdadeira alegria de viver.

A criança é, talvez, de todas as criaturas, a que mais necessita do seu desvelo.Nela está germinando a semente da futura civilização, e você foi chamado pelo Paia trabalhar na construção de um mundo melhor, de paz e de fraternidade, cabendo-lhe envidar todos os esforços na execução dessa tarefa promissora.

Assim sendo, não convém retrair-mo-nos no pórtico dos deveres a cumprir.Todos podemos ajudar a infância a encontrar-se com Jesus. Basta estarmos atentosaos ensejos de semeadura, para lançar na mente infantil as idéias de amor e respeitoa Deus e a todo o Universo. Se você não sabe como fazê-lo, será útil estudaralguns princípios básicos já delineados pelas ciências da Terra, mas lembre-se deque, acima de tudo, está a sua capacidade de amar e o exemplo que você der doseu próprio esforço por edificar o Reino de Deus dentro de si.

O trabalho com a criança é terapia excelente para a solução da problemáticada alma e, se você se esforçar por realizá-lo, acabará por descobrir o verdadeirosentido da vida no amor, “que cobre a multidão dos pecados”.

14 Set/dez - 2008

Numa de suas crônicas, Humberto de Campos –espírito, conta que Kardec, fortemente preocupado com ofuturo da Humanidade, interpelava a si mesmo sobre ascausas dos desvios humanos. Naquele dia, em formidáveldesdobramento, luminosa entidade levou-o a uma densaregião da espiritualidade.

Cenas dantescas casavam-se aos gritos de loucuranaquele terrível cenário de desolação e dor. Perplexo,

mentalizou tiranos, prepotentes e guerreiros da história. Nomes temidos eramlembrados, em sua ânsia febricitante de identificar os infelizes inquilinos de tão macabraregião.

O protetor espiritual, cuja posição hierárquica na infinita escala de evoluçãofoge à nossa capacidade de compreensão, com extremada meiguice, explicou aoCodificador que as figuras por ele suscitadas foram mais ignorantes do que más e,muitas delas, no presente, já estavam prestando serviços ao Cristo; terminando porafirmar que as criaturas monstrualizadas sob a visão de ambos eram ex-sacerdotesde religiões diferentes que cometeram crimes iguais e que, através dos séculos,macularam as Leis de Deus e o Evangelho de Jesus com interesses personalistas,inescrupulosas vaidades, mercantilismo etc., semeando confusão naqueles a quemdeviam esclarecer sob a inspiração do Céu.

Tiveram tudo para engrandecer a religião: berço de ouro, pais generosos, cultura,saúde, mediunidade, franquias sociais e consciência da verdade, que foram por elestransformados em instrumentos de dissipação e abuso injustificáveis...

Entendendo que a crônica referida, psicografada por Chico Xavier, é um vivochamamento para espíritas e líderes espíritas, passamos a meditar, mais fortemente,na assertiva de André Luiz que diz que “a pureza doutrinária tem que ser mantida atodo custo”1, a considerar por que Emmanuel adverte que “se buscamos a DoutrinaEspírita não lhe devemos negar fidelidade”2 e, principalmente, sentir Jesus quandoasseverou “que todo que proferir uma palavra contra o Filho do homem, isso lhe seráperdoado; mas, para o que blasfemar contra o Espírito Santo, não haverá perdão”3.

Se esses ex-sacerdotes, sem Doutrina Espírita, foram lançados às “trevasexteriores onde há pranto e ranger de dentes”4 o que será de nós, modernos sacerdotesdo Cristo, com a Doutrina Espírita, se prevaricarmos em nossas obrigações depreservação da verdade e simplicidade doutrinárias? Só Deus o sabe.

Notas1 Conduta Espírita, capítulo XI, FEB.2 “Religião dos Espíritos”, psicografia Chico Xavier, FEB.3 Evangelho de Lucas, capítulo 12, versículo 10. “Não haverá perdão”, quer dizer sofrimentoprolongado que para o espírito inferior dá a sensação de permanência, e não castigo eterno comosupõem e ensinam os credos dogmáticos. “Espírito Santo” é o mesmo que Espírito de Verdade.4 Evangelho de Mateus, capítulo XXV, versículo 30.

Publicado no ano I, número 3 em 1979.Pureza doutrinária

14 Set/dez - 2008

15Set/dez - 2008

Após a proveitosa reunião espírita assistencial,encaminhamo-nos para o repouso no lar.

O tema da noite versara sobre os religiososimprodutivos, quando alguns companheiros comentaram aedificante lição Pequeno Apólogo, do livro “Caminho Espírita”.

Recolhendo-nos ao leito, nossa vista passacasualmente sobre um besouro estirado de costas no chão,remexendo as perninhas, na vã tentativa de recolocar-se de

pé. O fato teria passado despercebido não fosse, ao levantarmo-nos na manhãseguinte, vê-lo ainda no mesmo lugar, repetindo, extenuado, os inúteis esforços porvirar-se. A noite inteira não lhe fora suficiente para “entender” que não seria a indefinidarepetição dos mesmos gestos que o levaria a conseguir seu intento.

Então a “intuição” nos disse que coisa semelhante se dá com muitos religiososno mundo: qual ocorre ao infeliz coleóptero estirado, passam o tempo imobilizados ea gesticular em direção a um céu inacessível, sem disposição para colocarem-seespiritualmente de pé e caminharem ao encontro de seus irmãos que sofrem paralenirem-lhe as dores, como recomendou Jesus.

Na presunção de monopolizarem a verdade, oferecem, em fórmulas gastas,uma “salvação” simplória aos que se dispõem a engrossar-lhes as fileiras. Alguns vãoàs praças públicas apregoar a transeuntes apáticos as vantagens dessa salvaçãofacilitada. Os caídos das sarjetas, rentes a eles, nada lhes falam ao coração: estãoocupados em coisa mais importante: “salvar almas para Jesus”.

Aferrados à letra que mata, em detrimento do espírito que vivifica, não levamem conta o mandamento d’Aquele que recomendou: “amai-vos uns aos outros”;d’Aquele que situou em melhor posição espiritual o samaritano considerado herege,mas que pratica a caridade, do que o próprio sacerdote, indiferente ao sofrimento dos“caídos da estrada”.

Apegam-se a esta ou àquela frase de Paulo, interpretando-as tendenciosamentepara apregoar a salvação exclusivamente pela fé, e não atentam para asrecomendações do valoroso apóstolo dos gentios quando diz: “Ainda quando eu falassetodas as línguas dos homens e a dos próprios anjos, se eu não tiver caridade, sereicomo o bronze que soa ou um címbalo que retine...” (I Co, 13).

E quais os insetos de costas duras, em decúbito dorsal, a “noite” de umaencarnação inteira não lhes é, em muitos casos, o suficiente para perceberem o errode tal atitude, adotando e impingindo aos abúlicos pupilos que lhes acatam as diretrizes,concepções pueris de religião, onde os números são mais importantes que as vibraçõesdo amor fraterno.

Conquanto bem intencionados alguns, são estes, na verdade, os mais temíveisfalsos profetas, visto que, por suas atitudes, desacreditam a religião de um modogeral, tornando-a improdutiva como consolo e esclarecimento que devia ser.

A religião cujos templos são postos de socorro — material e espiritual — aosque padecem não precisa ir aos logradouros públicos em busca de almas para “salvar”,pois todos lhes conhecem o endereço, à semelhança das multidões que procuravama Jesus e a seus apóstolos, em busca de consolo, onde quer que estivessem...

O besouro deitadoPublicado no Ano II, número 10 em 1980.Autor: Lauro Carvalho - Brasília/DF

15Set/dez - 2008

16 Set/dez - 2008

Os benefícios gerados pelas Leis do Ventre-Livre(1871) e do Sexagenário (1885) não foram suficientes paraaplacar o drama dos negros em nosso país até o final dadécada de 80 do século passado. Doenças, espancamentos,abandono social, humilhações de todos os gêneros, impostosaos escravos, enxovalhavam a história do Brasil.

Em 1887, a nação vive uma grave crise institucional.Cerca de 720.000 escravos espalhados pelas fazendas e cidades, em condiçõessubumanas, emocionam o povo e as autoridades. Um decreto do marechal Deodoroda Fonseca, nesse mesmo ano, proíbe o exército de perseguir os fugitivos. AntônioBento organiza o grupo dos caifases, unindo em torno da bandeira da libertação:advogados, estudantes, jornalistas, negociantes, que colaboram na fuga dessesindigitados seres.

A espiritualidade superior, atenta aos graves perigos que poderiam levar a umaguerra civil, toma providências. O próprio Jesus, consoante afirmação de Humbertode Campos em “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, psicografia de ChicoXavier, edição FEB, convoca Ismael para a grande decisão: “Ismael, o sonho deliberdade de todos os cativos deverá concretizar-se agora, sem perda de tempo.Prepararás todos os corações a fim de que as nuvens sanguinolentas não manchemo solo abençoado da região do Cruzeiro”.

Por inspiração desse notável benfeitor, governador dos destinos espirituais denossa nação, o ministro João Alfredo, apesar de conservador, promove a votação dalei que poria término definitivamente à escravatura. A 13 de maio de 1888, a princesaIsabel a sanciona. À época, o Brasil possuía 13.500.000 habitantes que vibraram como acontecimento, mas os fazendeiros, prejudicados em seus interesses econômicos,engrossam a fileira do Partido Republicano que acabara de derrubar a monarquia,com a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889.

Como se pode observar, dois fatos marcantes e positivos enriqueceram a políticabrasileira, nascidos de um grande problema.

A princesa Isabel teve os pés beijados por José do Patrocínio que se arrastouno meio da multidão, de joelhos. Do alto dos prédios flores eram jogadas sobre acarruagem da princesa. Por intervenção dos espíritos, conseguia-se no Brasil libertaros escravos em paz, sem a destruição de vidas, enquanto que nos Estados Unidosda América milhões de criaturas se entredevoraram para atingir o mesmo objetivo.Tratamento diferenciado? Não. Lei do mérito.

Sabemos, no entanto, que a evolução dos costumes é lenta. A libertação foi obem maior, mas ficaram os preconceitos que ainda limitam a ação de nossos irmãosnegros.

A nós espíritas cabe a obrigação de lutarmos pacificamente para que a chagado racismo, do estigma do ódio, se apague para sempre da convivência social epossamos converter nosso Brasil na verdadeira pátria do Evangelho.

Publicado no ano IX, número 57, abril/maio de 1988.

A libertação dos escravosMarco de maioridade espiritual de nossa pátria

16 Set/dez - 2008

17Set/dez - 2008 17Set/dez - 2008

Amaro M. Silveira, homem de pouca cultura masde virtudes conhecidas, como sacerdote do lar era ocondutor seguro dos interesses familiares. Sabia ser pai,irmão e amigo dos frutos de sua carne.

Símbolo de dedicação fraternal, detinha a estimada comunidade em que vivia. Raros eram aqueles que nãoreconheciam a grandeza de sua alma. Era sempre visto

distribuindo pão e carinho, sem arroubos de afetação. Como precioso agente damatemática divina, multiplicava a alegria, dividia a dor, somava esforços e diminuíadificuldades.

Na sociedade espírita a que se filiara, era padrão de pontualidade,responsabilidade no trato das revelações doutrinárias e permanente bom ânimo.Jamais alguém lhe anotara a ausência sem motivos nas seções que freqüentava,ainda que o barro da rua lhe embaraçasse os passos e a borrasca desabasseameaçadora. Nas mais insignificantes tarefas sua fé resplendia.

Invariavelmente, à noite, saturado de paz infinita e debaixo de intensocansaço, punha-se a orar. Comovido, via-serodeado de esmeraldinas cintilações e choravaagradecido, alimentando o desejo de conhecer obenfeitor que o abraçava e que à feição de umguardião amoroso lhe tutelava os passos,amparando-o nas lutas diárias.

Por muitas vezes, durante anos, o fenômenose repetiu.

Cada vez mais feliz, Amaro não escondia odesejo sincero de beijar as mãos do venerávelamigo que lhe garantia a vitória no bem.

Até que um dia, a máquina incessante davida, por solicitação do tempo implacável,determinou o seu retorno ao luminoso país daverdade.

Após orar, como sempre fizera nasimplicidade de suas intenções, mentalizou apresença do companheiro celestial.

Não poderia esperar tamanha surpresa.Agora, liberto do fardo físico, verificava deslumbrado que o benfeitor era ele mesmo.As luzes que o rodeavam mais intensamente nos momentos culminantes da precevinham de sua própria constituição perispiritual. Eram a expressão real e sublimedo seu amor ao próximo. Era a auréola radiosa da sua humildade, que conquistarano serviço desinteressado com o Cristo.

Feliz enganoPublicado no ano IV, número 19, dezembro/janeiro de 1982Autora: Maria Abadia R. de Almeida - Castanhal/PA

A aura (imagem representativa)é resultante das emanaçõeseletromagnéticas do perispírito.Sua extensão, coloração equalidade dependem dascondições mentais e evolutivasde cada ser.

18 Set/dez - 2008

Frases que merecem

Seleção de frases publicadas em O ESPÍRITAao longo dos últimos 30 anos.

MEDITAÇÃO

“Meus caros, a surpresa dos espíritas, depoisdo túmulo, chega a ser incomensurável, porque

frequentemente mobilizamos os valores denossa fé com a pretensão de quem se julga

escolhido à frente do Senhor.”Cícero Pereira

“O trabalho afasta de nós três grandes males:o tédio, o vício e a necessidade.”Voltaire

“Um dos maiores obstáculos capazes deretardar a propagação da Doutrina Espírita é a

falta de unidade.”Allan Kardec

“O inferno tem o tamanho da rebeldiaespiritual de cada um, assim como o céu tem adimensão das consciências renovadas no bem.”Jerônimo Mendonça

19Set/dez - 2008

“Existem duas realidades absolutas no Universo:o amor e o trabalho.”Cora Coralina

“Evitar o fenômeno espírita, não prestar-lhe aatenção a que ele tem direito, é o mesmo que

desamparar a verdade.”Victor Hugo

“Mede-se a evolução da alma pelo número dealmas que ela influencia beneficamente”.

Cairbar Schutel

“Um bom arrependimento é a melhor medicinapara as enfermidades da alma.”Miguel de Cervantes

“Quando o homem começa a lutar contra simesmo, é sinal de que tem valor.”

Robert Browning

“A ciência sem a religião é paralítica, a religiãosem a ciência é cega.”Albert Einstein

20 Set/dez - 2008

Pergunta:

O ESPÍRITA respondeTribuna LIVRE

Resposta:Inicialmente, precisamos

separar os textos bíblicosinspirados pelos espíritos doSenhor, daqueles que, mesmosob inspiração, sofreraminterferência da mente humanae dos interesses da época. Éinegável que a Bíblia, compostade dois Testamentos, o Antigo eo Novo, é um repositório deverdades celestes. Mas há muitascoisas que não se aplicam mais,perderam absolutamente osentido, a razão de ser.

Isso, para não nosreferirmos aos fatoscontraditórios como o de Caimque, após matar Abel, foi para aTerra de Node, “ao oriente doÉden”, como consta em“Genesis” (4:8-16). Ali, emNode, Caim coabitou com suamulher e edificou uma cidade

Fui evangélica e o que eumais ouvia nas igrejas era que“a Bíblia é divina”, “a Bíblia éa palavra de Deus”, “a Bíbliaveio de Deus”, “o quecontrariar a Bíblia vem dodemônio”... Como o Espiritismoexplica essas afirmações?

com o nome de Enoque(“Genesis”, 4:17).

Como mostra o próprio“Genesis”, só existiam Adão,Eva e seus filhos Abel e Caim.Abel, estava morto. FicaramAdão, Eva e Caim. Fica apergunta: que terra de Node eraessa? De onde surgiu a esposade Caim? Como pôde Caimfundar uma cidade, sendo só ele,a esposa e o filho recém-nascido?

Conclui-se que Moisés, oautor do primeiro livro da Bíblia,usou símbolos para educar oshebreus, embora não corres-pondendo a fatos prováveis.

Sendo a Bíblia “divina”,como afirmam, ela deveria serracionalmente inquestionável, eter seus ensinamentos mantidosaté hoje, o que não ocorre.Vejamos “Deuteronômio” (13:1-15): manda apedrejar “falsosprofetas”, “politeístas”... Em queigreja isso ocorre? Que deuscruel é esse que mata seus filhosao invés de educá-los?Completamente diferente doDeus que o Cristo revelou.

Em “Números”, 4.° livrode Moisés no cap. 6, na chamadalei do nazireu, Deus proíbecomer uva secas ou frescas. Nãonos consta que os religiosos de

21Set/dez - 2008

hoje não consumam essa deliciosae inocente fruta.

Em “Êxodo”, no cap. 21,a lei acerca da violência mandamatar o dono de um boi“assassino”. Onde se aplica essasdeterminações em nossos dias?

O “Levítico” é detremendo preconceito contra amulher. No cap. 12 diz quequando nasce uma menina, a mãeé impura por 80 dias; quandomenino, a impureza é só de 40dias, a metade. Nãopode a mãe sequerfreqüentar igreja.Quem aplica, emnossos tempos,essa lei?

Há outrosabsurdos, comoexpulsar leprososde suas casas(“Números”, 5), impedir otrabalho aos sábados (“Levítico”,23), destruir as nações que selevantam contra os hebreus,quebrar seus templos e impedircasamentos com filhos de outrospaíses (“Deuteronômio”, 7). Nolivro de Josué, cap. 10, afirma-seque o Sol e a Lua pararam seusmovimentos para que os inimigosde Israel fossem mortos. Fatocientificamente impossível. No IIlivro de Samuel há descrições defatos nada divinos. Davi roubaBate-Seba, a esposa de seusoldado Urias, que é morto

propositalmente. Amnom, filhode Davi, estupra sua irmã e émorto por Absalão, seu outroirmão. Em I Reis, Salomãoaparece com 700 mulheres, 300amantes, tornou-se idólatra,politeísta, milionário, proprietáriode mansões e palácios, adornadosde ouro, pedras preciosas,madeiras raras... depois searrependeu, mas não foiexecutado como mandava a lei.A Bíblia manda matar aves

diversas, pombas erolas, para cultos(“Levítico”, 14).Não nos consta queisso esteja sendoobedecido nasigrejas da época emque vivemos.Acarreta prisão, emmuitos países, esse

tipo de prática. Neste mesmolivro, cap. 17, manda jogarsangue de boi, ou de carneiro, oude cabra sobre os altares doSenhor. Nesses dias, se dirigentesreligiosos fizerem isso, serãoconsiderados loucos, criminosos,cruéis.

Poderíamos relacionardezenas de discrepâncias como asanotadas acima, mas basta! Dápara ver que a Bíblia deve serestudada sem fanatismo para setirar dela o que não contraria oEvangelho de Jesus, sínteseverdadeira das Leis de Deus.

22 Set/dez - 2008

Na revista “Reformador” de outubro de 1979, na página 325, foi publicada umacomunicação do espírito Allan Kardec recebida no dia 14 de junho de 1979, no grupoIsmael da FEB, pelo médium Hernani T. de Sant’anna que reproduzimos na íntegra:

“Meus nobres e respeitáveis amigos! Como discípulo fiel, mas tão precárioquanto me impôs ser a condição humana, realizei o melhor que pude para o trabalhoque o Mestre me confiou. De regresso ao Mundo Espiritual, constatei que somente oessencial foi concluído. Antes, porém, que me pudesse abespinhar por isso, o DivinoAmigo me fez sentir, na generosidade de Sua sabedoria, que a semente lançada àterra era boa e daria os frutos desejados, no tempo certo e de acordo com o ProgramaSuperior, traçado nas Alturas. Cabia-me aceitar que ao trabalhador basta o seu trabalho;compreender que o tempo deve exercer em tudo, a sua quota de ação; perceber queera indispensável aguardar que se cumprissem, através das idades e dosacontecimentos, todos os itens previstos pela Sapiente Visão do Supremo Governadordos destinos de nosso planeta e de nossa Humanidade.

Não precisei angustiar-me, portanto, com as ocorrências que fizeram a históriados primeiros tempos de nossa Doutrina, na face do orbe, pois acompanhei, na posiçãodo operário sempre em serviço, o transplante da Árvore do Consolador para as plagasdo Brasil e os esforços apostolares aqui desenvolvidos para assegurar-lhe asobrevivência e o desenvolvimento.

Chegado o tempo de mais efetiva disseminação da Mensagem Espírita nomundo, era necessário, porém que tudo fosse revisto e consolidado; aplainadas, comtodo o cuidado, arestas e asperezas. Corrigidas algumas omissões; podados certosexcessos de interveniência humana; esclarecidas determinadas dúvidas de interpretação.

Fácil é de entender-se esse imperativo, desde que se tenha em vista que setrata agora de nova e verdadeira entrega do Paracleto a todos os povos da Terra.

Dado que entendestes, com a vossa lucidez espiritual e o vosso devotamento,essa requisição do Cristo que nos dirige, devo agora agradecer o vosso empenho e ovosso devotamento, assegurando-vos que tudo está pronto para que o êxito coroe odesdobramento dos tentames que terão de ser empreendidos, para que a luz alcancee clareie todos os vales e todos os planaltos do orbe.

O trabalho do Senhor a ninguém pertence, mas é de todos os que atendem aoSeu chamado, para a cooperação humilde e desinteressada, sincera e eficaz.

Nada, realmente, se constrói sem trabalho, sem solidariedade e sem tolerância;sem Deus, sem Cristo e sem Caridade.

Que, pois, o amor e o espírito de serviço sejam os vossosconselheiros permanentes em todas as situações, certos de queo Espiritismo é Jesus de volta, para consolo e redenção de todosos seres humanos.”

Nesta rara e belíssima mensagem, o amado Codificadorconsola e infunde, em nossos frágeis corações, humildade eesperança ancorados na luz inquestionável da razão. Que pos-samos, protegidos pelo Mestre Jesus, honrar a majestosa bên-ção do conhecimento espírita.

Uma mensagem de Kardec

23Set/dez - 2008

RespostasVerificação de conhecimentos doutrinários - Páginas 6 e 7

Paciência, a virtude esquecidaQ.1 - “Nosso Lar”.

Q.2 - Guillon Ribeiro.Q.3 - William Crookes

Q.4 - Emmanuel.Q.5 - Uma cepaQ.6 - PanteísmoQ.7 - Emmanuel.

Q.8 - Transforma água em vinho

A dinâmica da vida moderna favorece airritabilidade e a agressividade nas relaçõesinterpessoais. Grandes débitos espirituais têmsido adquiridos por pequenos motivos quegeram desavenças familiares, discussões embares ou no trânsito, que por vezes acabam empancadaria ou morte, levando os envolvidos a

vivenciar problemas que muitas vezes são indissolúveis em poucos anos.Diante deste quadro extremamente preocupante faz-se necessária adedicação de todos no desenvolvimento de uma virtude destacada porinúmeros autores espirituais respeitáveis: a paciência.

Em “A Vida Escreve”, psicografia de Chico Xavier, no capítulo 10,o espírito Hilário Silva, registra a belíssima resposta do Mestre Jesus aoser inquirido sobre a mais difícil aquisição na vida dos homens: “... o maisdifícil é ajudar em silêncio, amar sem crítica, dar sem pedir, entender semreclamar... A aquisição mais difícil para nós todos chama-se paciência”,afirma o cordeiro de Deus.

Emmanuel, em “O Consolador” na questão 254, nos diz que “averdadeira paciência é sempre uma exteriorização da alma que realizoumuito amor em si mesma, para dá-lo a outrem, na exemplificação... E,para que nos edifiquemos nessa claridade divina, faz-se mister educar avontade....”. No livro “Mãos Unidas”, cap. 31, o supracitado autor nosensina que “...o trabalho sem a paciência pode induzir ao desequilíbrio,tanto quanto a paciência sem trabalho pode favorecer a ociosidade”. Assim,fica claro que não basta apenas a paciência, precisamos ser ativos, atuantes,orientando as nossas ações para o trabalho produtivo.

Na condição de espíritos em processo de evolução, urge a educaçãodos sentimentos conduzindo a mente aos aspectos mais nobres da vida: ahumildade e a caridade. Portanto, o controle emocional, a ação no bem,aliados à resignação são os elementos primordiais para o alcance de umadas mais difíceis virtudes.

24 Set/dez - 2008

Curiosidades doutrináriasWillliam Crookes (foto) foi

considerado um dos mais notáveiscientistas do século XIX. Prêmio Nobelem 1907, pesquisoumaterializações em suaprópria casa. Desse esforçoresultaria o livro “FatosEspíritas”, patenteando averdade espírita. A eledevemos a descoberta dosraios catódicos, quepossibilitou as invenções daTV e do Raio-X, isolou o Tálio,elemento químico, entre outrasenormes contribuições para oprogresso humano. Desencarnou emLondres, em 1919, com 87 anos.“Fatos Espíritas” é editado pela FEB.

Yvonne A. Pereira, nasceu em24 de dezembro de 1900 edesencarnou em 9 de março de 1984,aos 83 anos de idade. Deixou-nos umacoleção de 12 obras preciosas. Foiuma das mais expressivas ededicadas médiuns em nosso País.Detentora de enorme consciênciadoutrinária, era extremamente fiel àCodificação. Jamais fez concessõesprejudiciais aos interesses doEspiritismo. Sua obra mais notável,verdadeiro clássico da nossa culturaé “Memórias de um Suicida”, recebidaem 1926, só foi publicada em 1955.Tantas revelações mereceram quasetrês décadas de cautela pela editorada FEB.

Em 12 de abril de 1912, o“Titanic” afundava, deixando 1513mortos. Em 1898, 14 anos antes, oescritor Morgan Robertson publicou

textos de uma novela intitulada “ONaufrágio do Titã”. Seria tambémabalroado por um iceberg, media 240

metros de comprimento (oTitanic tinha 250). O Titãpodia carregar até 3000pessoas, impensável naépoca. Era praticamente amesma capacidade daqueleque a imprensa inglesanoticiou quando saiu deSouthampton, sul da

Inglaterra: “Nem Deus afunda”. É umcaso inquestionável de premonição,profecia ou vidência no tempo.

O tráfico de entorpecentes, nomundo, deve chegar em 2008 a 1trilhão de dólares. O suficiente para,em 10 anos, construir todas asescolas e hospitais que o planetaprecisa e ainda sobraria paracombater doenças que matammilhões a cada ano. Segundo a revistaVEJA, em 30/11/2005, esse volumejá estava acima de 800 bilhões dedólares. A imprensa espírita deveriavoltar-se para o combate às drogas,como faz com o aborto e o suicídio.

Thomas Edison, o maisextraordinário inventor de todos ostempos, em carta ao presidente doCongresso de InvestigaçõesPsíquicas de Chicago, EUA, disse,cheio de fé em Deus e no futuro:“Temer a morte é ignorar a beleza eos esplendores do espaço infinito,cuja porta se abre à alma fatigada dasprovas terrestres, é tomar por sombraa luz mais brilhante, é esquecer quenada se perde e tudo se transforma”.

25Set/dez - 2008

Notícias comentadasSozinha na multidão

Kim Noble, 46 anos, é uma inglesa diagnosticada carregando 20personalidades dentro de si. Seu cérebro sofre da Desordem Dissociativa deIdentidade, a DDI. Antes foi diagnosticada com esquizofrenia, depressão,transtornos alimentares como bulimia e anorexia entre outras. Somente há 14anos teve seu diagnóstico “correto”. Cada personalidade é identificada comoalter ego. Eles não se comunicam diretamente, embora alguns álteres possuame-mail. As comunicações se dão por meio de sua filha e da médica. Dentreeles, apenas Bonnie aceita que sofre de um distúrbio. “Porém nenhuma reportaexperienciar as outras personalidades”, diz John Morton, pesquisador do Institutode Neurociências Cognitivas da Universidade College de Londres e um dosmédicos que diagnosticaram Kim. Mas Morton já observou essa co-existênciaem outros pacientes. “É um mistério, mas acredito que eles estão habituados,como prisioneiros se acostumam a viver entre estranhos, a uma situação quepara nós parece intolerável”, afirma. Em outra paciente, a americana KarenO’Hill, ele constatou que “cada álter tinha maneirismos, caligrafia, jeito de sesentar e tom de voz próprios, que se mantiveram iguais por anos. Nem umaótima atriz conseguiria fingir dessa maneira”, diz. (Boletim da Revista Galileu -15/11/2008).

Se os médicos se dispusessem a estudar sem preconceitos amediunidade, como tão bem Kardec abordou em “O Livro dos Médiuns”,constatariam que muitos dos casos que examinam não passam de manifestaçãomediúnica sem os cuidados e o conhecimento que a Doutrina Espírita oferece.Personalidades tão distintas entre si, mantendo durante anos os mesmospadrões característicos, não podem ser imputadas única e exclusivamente comooriundas do cérebro. O verdadeiro esclarecimento de várias DDI’s pode demorar,mas irá reconhecer fatalmente que outra mente é que se manifesta pelo paciente,ou como dizemos, pela mediunidade. Quando essa manifestação ocorre demodo desequilibrado e prejudicial está instalada a obsessão.

A maior máquina já construída pelo homemA máquina está enterrada sob a fronteira da Suíça com a França. Trata-

se do LHC (Large Hadron Collider), com 27 Km de perímetro, 8,6 Km de diâmetro,a 100 metros de profundidade, construído a um custo de 3 bilhões de Euros.Os ímãs que vão acelerar os prótons estão resfriados a -271,3ºC e impulsionarãoos prótons à velocidade de 99,9999991% da velocidade da luz. Cada próton noLHC dará 11.245 voltas por segundo. Dois feixes de prótons viajarão em sentidocontrário e, em algum momento, serão postos para colidir o que permitirá aobservação de partículas menores que serão geradas.

O desafio é testar o modelo padrão da teoria que divide “as partículaselementares em ‘férmions’ e ‘bósons’. Os férmions, por sua vez, dividem-se em

26 Set/dez - 2008

Notícias comentadas (continuação)

‘quarks’ e léptons. O bóson mais conhecido é o fóton (a partícula da luz e doeletromagnetismo), que não tem peso. Não existe teoria comprovada paraexplicar por que as massas são diferentes.

Um dos principais objetivos do LHC (foto) é tentar explicar a origem damassa das partículas elementares e encontrar outras dimensões do espaço.

Uma dessas experiências envolve a partículabóson de Higgs. Caso a teoria dos camposde Higgs estiver correta, ela será descobertapelo LHC. Procura-se também a existênciada super simetria . Experiências queinvestigam a massa e a fraqueza dagravidade serão um equipamento toroidal doLHC e CMS (“Solenóide de MúonCompacto”). Elas irão envolver

aproximadamente 2 mil físicos de 35 países e dois laboratórios autônomos —o JINR (Joint Institute for Nuclear Research) e o CERN (Conseil Européenpour la Recherche Nucléaire). (Folha OnLine -10/9/2088, extraída da Folha deSão Paulo e Wikpédia)

A questão da busca da unidade fundamental da matéria ocupa as mentesdesde a antiguidade remota. Demócrito, na Grécia, sistematizou o pensamentoe a teoria atomista (460 a.C. a 370 a.C.). De Demócrito até os dias atuais aciência avançou prodigiosamente.

A definição de matéria foi tema da questão 22, de “O Livro dos Espíritos”:“Define-se geralmente a matéria como sendo - o que tem extensão, o que écapaz de nos impressionar os sentidos, o que é impenetrável. São exatasestas definições?”. A resposta foi clara para a compreensão dos homens doSéculo XIX: “Do vosso ponto de vista, elas o são, porque não falais senão doque conheceis. Mas a matéria existe em estados que ignorais. Pode ser, porexemplo, tão etérea e sutil que nenhuma impressão vos cause aos sentidos.Contudo, é sempre matéria. Para vós, porém, não o seria.” Quando foi dito quesomente falamos do que conhecemos, e que a ciência é esse facho de luz queafasta a escuridão da ignorância, fica o clarão da esperança de que cada vezmais nos aproximamos em entendimento das Leis de Deus, tanto do mundonatural como do espiritual. Do átomo de Demócrito aos “quarks”, a mente viajouaos infinitésimos do interior dos átomos e se prepara para encontrar algo aindamenor, que seria o canal de passagem da energia para os diferentes tipos demassas, ou, no campo das partículas, daquelas que não têm massa paraaquelas que passam a ter. Entre o espírito e a matéria que conhecemos existemos elementos intermediários que a mente humana procura desvendar com oesforço empreendedor da ciência. O futuro é sempre promissor sob as vistasdo Senhor. Na natureza tudo é possível de se desvendar, o que importa é oque vamos fazer com o novo conhecimento.

27Set/dez - 2008

Carta ao atual e futuroASSINANTE MANTENEDOR

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28 Set/dez - 2008

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