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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA EDUARDO DALVANI SCHWAAB ANÁLISE E CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS EM ÁREA SOB A INFLUÊNCIA DE MINERAÇÃO DE CALCÁRIO Caçapava do Sul/RS 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

EDUARDO DALVANI SCHWAAB

ANÁLISE E CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS EM ÁREA SOB A

INFLUÊNCIA DE MINERAÇÃO DE CALCÁRIO

Caçapava do Sul/RS

2017

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EDUARDO DALVANI SCHWAAB

ANÁLISE E CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS EM ÁREA SOB A

INFLUÊNCIA DE MINERAÇÃO DE CALCÁRIO

Dissertação, apresentada ao Programa de Pós

Graduação Stricto Sensu em Tecnologia

Mineral da Universidade Federal do Pampa,

como requisito parcial pra obtenção do Título

de Mestre em Tecnologia Mineral.

Orientador: Prof. Dr. Pedro Daniel da Cunha

Kemerich

Caçapava do Sul

2017

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Ficha catalográfica elaborada automaticamente com os dados fornecidos pelo(a) autor(a) através do Módulo de

Biblioteca do Sistema GURI (Gestão Unificada de Recursos Institucionais) .

S398a Schwaab, Eduardo Dalvani

ANÁLISE E CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS EM

ÁREA SOB A INFLUÊNCIA DE MINERAÇÃO DE CALCÁRIO /

Eduardo Dalvani Schwaab.

71 p.

Dissertação(Mestrado)-- Universidade Federal do Pampa, MESTRADO

EM TECNOLOGIA MINERAL, 2017.

"Orientação: Pedro Daniel da Cunha Kemerich".

1. Mineração. 2. Qualidade da água. 3. Impactos ambientais . I. Título.

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RESUMO

A qualidade da água é muito variável e está diretamente relacionada ao solo por onde transita

ou esta armazenada. A atividade de mineração de calcário é uma das mais antigas que

existem, sendo responsável pela geração de grandes impactos ambientais locais, dentre os

quais se destaca a interferência direta nos recursos hídricos. O monitoramento e o

gerenciamento apresentam-se como importantes ferramentas de proteção, conservação e ações

mitigatórias dos recursos hídricos. Este estudo consiste na amostragem de águas superficiais

em área ocupada por mineração de calcário, objetivando a classificação em acordo com a

Resolução CONAMA nº 357/05, como também analisar se a atividade local gera influência

sob os cursos hídricos locais. Os pontos de monitoramento localizam-se no município de

Caçapava do Sul/RS. O estudo determinou parâmetros químicos, físicos e microbiológicos.

Com os resultados obtidos pôde-se enquadrar os Pontos de Monitoramento como de classes 2

e 3, entretanto não fora possível determinar se a atividade está influenciando na qualidade das

águas superficiais.

Palavras-chave: Água, CONAMA nº 357/05, mineração, calcário.

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ABSTRACT

The water quality is very variable and is directly related to the soil where it transits or is

stored. The limestone mining activity is one of the oldest that exists being responsible for

large local environmental impacts generation, among which the direct interference in water

resources can be affirmed. Monitoring and management are important tools to protection,

conservation and mitigating actions of the water resources. This study consists of surface

water sampling in an occupied area by limestone mining, seeking the classification according

the CONAMA Resolution 357/05, but also to analyze if the local activity generates influence

under local water courses. The monitoring points are located in Caçapava do Sul/RS city. The

study analyzed chemical, physical and microbiological parameters. With the results obtained

it was possible to fit the Monitoring Points as classes 2 and 3, however, it was not possible to

determine whether the activity is influencing the quality of surface waters.

Keywords: Water, CONAMA nº 357/05, mining, limestone.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – Principais depósitos minerais no Brasil. ______________________________ 16

FIGURA 2 - Distribuição geográfica das áreas outorgadas pelo DNPM. _______________ 19

FIGURA 3 – Cartograma do valor da produção mineral comercializada por município no RS

em 2014. _________________________________________________________________ 20

FIGURA 4 - Localização do município de Caçapava do Sul – RS. ____________________ 39

FIGURA 5 - Imagem aérea da empresa Dagoberto Barcellos S.A. ____________________ 41

FIGURA 6 - Imagem aérea da área de extração do calcário da empresa Dagoberto Barcellos

S.A. _____________________________________________________________________ 41

FIGURA 7 – Localização espacializada dos Pontos de Monitoramento. ________________ 43

FIGURA 8 - Médias dos resultados por PM – Cor ________________________________ 46

FIGURA 9 - Médias dos resultados por PM – Turbidez ____________________________ 47

FIGURA 10 - Médias dos resultados por PM - Ferro ______________________________ 48

FIGURA 11 - Médias dos resultados por PM - DBO ______________________________ 49

FIGURA 12 - Médias dos resultados por PM - OD ________________________________ 51

FIGURA 13 - Médias dos resultados por PM - pH ________________________________ 53

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Localização geográfica dos pontos de monitoramento. __________________ 43

TABELA 2 - Parâmetros analisados, unidades de medida e técnicas aplicadas. __________ 44

TABELA 3- Enquadramento dos Pontos de Monitoramento analisados conforme as classes

dispostas na Resolução CONAMA nº 357/2005. __________________________________ 57

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LISTA DE SIGLAS

ABAS - Associação Brasileira de Águas Subterrâneas

ABRACAL - Associação brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola

ABPC - Associação Brasileira dos Produtores de Cal

ANA - Agência Nacional das águas

CNRH - Conselho Nacional de Recursos Hídricos

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO - Demanda Química de Oxigênio

DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBRAM - Instituto Brasília Ambiental

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

GCC - Carbonato de cálcio natural

MMA - Ministério do Meio Ambiente

MO - Matéria Orgânica

MME - Ministério de Minas e Energia

OD - Oxigênio Dissolvido

PCC - Carbonato de cálcio precipitado

PIB - Produto interno bruto

pH - Potencial Hidrogeniônico

PM - Ponto de monitoramento

THM - Trihalometanos

UFSM - Universidade Federal de Santa Maria

UNIPAMPA - Universidade Federal do Pampa

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO _________________________________________________________ 11

2 OBJETIVOS ___________________________________________________________ 14

2.1 Objetivo Geral ________________________________________________________ 14

2.2 Objetivos Específicos ___________________________________________________ 14

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA __________________________________________ 15

3.1 Carbonato de cálcio ____________________________________________________ 16

3.2 Mineração de calcário no Brasil __________________________________________ 17

3.2 Mineração de calcário no Rio Grande do Sul _______________________________ 19

3.2 Aspectos tecnológicos da produção ________________________________________ 20

3.3 Principais usos do calcário _______________________________________________ 22

3.3.1 Uso do calcário na indústria do cimento ____________________________________ 22

3.3.2 Uso de calcário como cal virgem _________________________________________ 23

3.3.3 Uso de calcário na indústria de papel ______________________________________ 23

3.3.4 Uso do calcário na indústria de plásticos____________________________________ 23

3.3.5 Uso do calcário na indústria de tintas ______________________________________ 24

3.3.6 Uso do calcário na agricultura ____________________________________________ 24

3.3.7 Uso de calcário na alimentação de animais __________________________________ 24

3.3.8 Uso de calcário na indústria de vidros ______________________________________ 25

3.3.9 Uso do calcário na indústria cerâmica ______________________________________ 25

3.3.10 Uso de calcário na indústria metalúrgica ___________________________________ 25

3.3.11 Uso de calcário no tratamento de água ____________________________________ 26

3.4 Consumo da água no processo industrial da mineração _______________________ 26

3.5 Mineração e os aspectos ambientais _______________________________________ 27

3.5.1 Recursos hídricos e mineração ___________________________________________ 29

3.5.2 Parâmetros analíticos de avaliação de qualidade da água _______________________ 32

3.5.2.1 Parâmetros físicos ____________________________________________________ 32

3.5.2.2 Parâmetros químicos__________________________________________________ 34

3.5.2.3 Parâmetros biológicos_________________________________________________ 36

3.6 Leis ambientais pertinentes à mineração ___________________________________ 37

3.7 Resolução CONAMA nº 357/2005 _________________________________________ 37

4 METODOLOGIA _______________________________________________________ 39

4.1 Caracterização da área de estudo _________________________________________ 39

4.2 Caracterização da empresa mineradora ___________________________________ 40

4.2 Materiais e métodos ____________________________________________________ 41

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ___________________________________________ 45

5.1 Cor __________________________________________________________________ 45

5.2 Turbidez _____________________________________________________________ 46

5.3 Ferro ________________________________________________________________ 48

5.4 Matéria Orgânica (M.O.) e Demanda Bioquímica de Oxigênio (D.B.O.) _________ 49

5.5 Oxigênio Dissolvido (O.D.) _______________________________________________ 50

5.6 Coliformes totais e termotolerantes _______________________________________ 51

5.7 Potencial Hidrogeniônico (pH) e alcalinidade _______________________________ 52

5.8 Condutividade elétrica __________________________________________________ 54

5.9 Dureza, Cálcio e Magnésio _______________________________________________ 54

5.10 Resultados dos PM7 e PM8 _____________________________________________ 55

5.11 Resumo dos resultados por Ponto de Monitoramento _______________________ 56

6 CONCLUSÃO __________________________________________________________ 58

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO _________________________________________ 60

APÊNDICE A – Resultados das análises dos pontos de monitoramento ____________ 65

APÊNDICE B – Imagens dos Pontos de Monitoramentos. _______________________ 68

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1 INTRODUÇÃO

Utilizando dados simulados e divulgados pelo MMA juntamente com a ABAS e

Petrobrás (2007); se toda a água do planeta totalizasse 1.000 litros, teríamos 975 litros de água

salgada e apenas 25 litros de água doce. Mas, dos 25 litros de água doce 17,02 litros seriam

gelo, 0,225 litros estariam em pântanos e apareceriam como umidade do solo e ar, e 0,075

litros, ou 75 mililitros formariam os rios e lagos. Então, para cada 1.000 litros de água do

planeta, ou melhor, para cada 5.000 copos de água do planeta, aproximadamente 1/3 de um

copo de água (200 ml) representa os rios e lagos.

Sabe-se que vários fatores podem comprometer a qualidade das águas. O destino final

do esgoto doméstico e industrial em fossas e tanques sépticos, a disposição inadequada de

resíduos sólidos urbanos e industriais, postos de combustíveis e de lavagem, atividades de

mineração e a modernização da agricultura representam fontes de contaminação das águas por

bactérias e vírus patogênicos, parasitas e substâncias orgânicas e inorgânicas (SILVA e

ARAÚJO, 2003).

O monitoramento dos mananciais subsidiam as ações preventivas e proativas para

manutenção da qualidade e quantidade da água, gerenciamento da disponibilidade e garantia

ao atendimento das funções de uso social, econômico e ecológico, bem como para o

desencadeamento de ações mitigatórias, nos casos de poluição/contaminação. É ferramenta

essencial da gestão integrada dos recursos hídricos. Sendo assim, o monitoramento quali-

quantitativo é um dos instrumentos mais importantes de suporte a estratégias e políticas de

uso, proteção e conservação do recurso hídrico subterrâneo (MINDRISZ, 2006).

A mineração é uma das atividades mais antigas no mundo, sendo considerada como

referência de desenvolvimento econômico (LEITE et al., 2003). O incremento da atividade

agrícola e da construção civil no Brasil impele um equivalente aumento da indústria

cimenteira e de corretivos agrícolas o que, subsequentemente, expõe as áreas de ocorrência de

rochas carbonáticas de onde é extraída a matéria-prima para esses insumos: o calcário. A

extração do calcário vem tendo um aumento significativo no Brasil nos últimos tempos,

causando sérios problemas ambientais, (LEITE et al., 2003; BACCI et al., 2006).

A maior parte das minas de calcário no mundo é lavrada a céu aberto, nas chamadas

pedreiras. No Brasil, isso não é diferente. As principais etapas da lavra de calcário nessas

condições incluem: remoção do capeamento, perfuração, desmonte por explosivos, e

transporte até a usina de processamento (SILVA, 2008).

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No Brasil, o calcário é empregado, principalmente, como corretivo da acidez do solo.

O calcário agrícola representa mais de 21% do total do calcário produzido no país e é um

produto relativamente barato e de fácil aplicação. Por ter um baixo nível de exigência técnica,

o calcário agrícola não exige de seus fornecedores melhorias muito grandes nas suas

instalações e necessidade de gestão ambiental. No entanto, a prática de calagem dos solos

brasileiros é relativamente baixa, razão que levou o governo a incentivar o seu uso,

principalmente por meio de financiamentos oficiais (SILVA, 2008).

Na mineração e no beneficiamento do calcário não há significativo uso direto de água

de processo, portanto a demanda sobre os recursos hídricos é pouca, mas a preocupação se dá

especialmente em relação à possível degradação desses recursos na região da área de lavra,

por conta da grande movimentação de minério e estéril. Esse risco é relativo a possíveis

efeitos sobre a qualidade da água dos recursos hídricos, devido ao assoreamento ou à

suspensão de sólidos.

Além das águas superficiais, outro risco se refere aos aquíferos, comuns em áreas onde

ocorrem depósitos de calcário, por estarem sujeitos à gradual dissolução pelas águas que se

infiltram em suas camadas, abrindo fendas e caminhos para a circulação da água subterrânea.

Nesses casos, a operação de lavra, ou de outras atividades levadas a cabo nas proximidades,

pode implicar na contaminação mais fácil e rápida dos aquíferos, e maiores cuidados e

exigências técnicas se aplicam a essas operações (BLISS, HAVES e ORRIS, 2008).

Apesar dos usos benéficos do calcário agrícola, sua extração, como toda atividade

mineradora, gera impactos negativos ao meio ambiente, independente de qual seja o seu

destino, ao acabar com os afloramentos naturais de calcários e sua vegetação. A extração de

calcário pode ser prejudicial também para o ciclo local das águas, pois, os afloramentos de

calcário recolhem a água das chuvas, e a direciona aos corpos d’água superficiais e

subterrâneos, funcionando como uma caixa d´água natural e eficaz. Além disso, a extração de

calcário, inevitavelmente, desfaz as paisagens e destrói os sítios de interesse espeleológico,

arqueológico e indígena (SANTI e FILHO, 2004).

A Resolução CONAMA nº 357/2005 determina que a qualidade das águas esteja

associada ao uso pretendido. Dessa forma, a qualidade de um segmento de corpo d’água é

estabelecida de acordo com os usos preponderantes em um sistema de classes de qualidade. O

estabelecimento do grau de qualidade (classe) de um segmento de corpo de água, ao longo do

tempo, deve estar baseado em diagnósticos regionais, considerando-se dados

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socioeconômicos, uso do solo e usos pretendidos dos recursos hídricos, de modo a assegurar

seus usos preponderantes (CETESB, 2008).

Visto a importância da preservação dos recursos hídricos, os quais estão expostos a

uma série de poluentes e contaminantes, este trabalho objetivou avaliar a qualidade das águas

superficiais em diferentes pontos próximos a uma mineradora de calcário e das águas

acumuladas nas suas cavas, através da determinação de alguns parâmetros, além da

classificação dessas águas de acordo com a Resolução CONAMA nº 357/2005.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Realizar o diagnóstico da qualidade e classificação das águas presentes em área sob a

influência da mineração de calcário a partir da determinação de alguns parâmetros.

2.2 Objetivos Específicos

Dentre os principais objetivos específicos, destaca-se:

- Determinar parâmetros de: cor, turbidez, ferro, matéria orgânica, coliformes totais e

termotolerantes, oxigênio dissolvido, DBO, pH, condutividade elétrica, alcalinidade total,

dureza total, cálcio e magnésio;

- Comparar os resultados obtidos para cada parâmetro com a Resolução nº 357/05 do

CONAMA;

- Determinar se a atividade da mineração de calcário gera influência na qualidade da

água da área.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Em 1990 a população urbana já representava 76% dos habitantes do país, resultando

em transformações de paisagens e de territórios, com edificações destinadas a usos diversos e

a instalação de elementos de infraestrutura, e, consequentemente, consumo em grandes

quantidades dos recursos minerais (POLETTO, 2006). De acordo com o último censo

realizado pelo IBGE em 2010, a população urbana do país era de 84,36%, de um total de 190

milhões de habitantes.

Segundo Mooney e Ehrlich (1997), pode-se considerar que a origem da preocupação

com os recursos naturais iniciou com a publicação do livro Homem e Natureza, em 1864, pelo

autor George Marsh’s, onde ele afirma que os recursos naturais no mundo são infinitos.

Portanto, a humanidade é sustentada e desenvolvida através da disponibilidade dos recursos

naturais, e isso inclui os recursos minerais.

A história do Brasil, segundo Farias (2002), tem íntima relação com a busca e o

aproveitamento dos seus recursos minerais, que sempre contribuíram com importantes

insumos para a economia nacional, fazendo parte da ocupação territorial e da história

nacional, tornando a mineração um dos setores básicos da economia do país.

As substâncias minerais ou fósseis encontradas na superfície ou no interior da litosfera

podem ser agrupadas em metálicas, não metálicas e energéticas, sendo que seu

aproveitamento está relacionado a fatores como disponibilidade de tecnologias adequadas,

necessidades econômicas e decisões políticas (POLETTO, 2006). Um exemplo seria o uso de

minerais não metálicos na construção civil através da utilização de materiais como calcário,

granito, gnaisse, basalto, areia, argila e cascalho.

A mineração é caracterizada pela pesquisa e pela exploração dos recursos minerais de

interesse presentes no solo ou no subsolo, sendo, para isso, necessários um complexo de

atividades para a extração e para tratamento/beneficiamento do minério. O processo inicia-se

na lavra, onde se reúnem as atividades para a extração do mineral. Durante o decapeamento

da mina, são obtidos os resíduos denominados estéreis e, na abertura da cava, é extraído o

material de interesse, os quais, respectivamente, seguem para pilha de estéril e para

tratamento/beneficiamento. Com a retirada do material de interesse, a profundidade da cava

aumenta e o seu formato é alterado. (GONÇALVES, 2013).

Detentor de território com extensão continental e de notável diversidade geológica

propícia à existência de jazidas de vários minerais, nosso país, conquistou posição de destaque

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no cenário global, segundo o IBRAM (2015), atingindo no ano de 2014 o valor de US$ 40

bilhões, o que representou cerca de 5% do PIB Industrial do país. A Figura 1 mostra os

principais depósitos minerais no Brasil.

FIGURA 1 – Principais depósitos minerais no Brasil.

Fonte: IBRAM, 2015.

O IBRAM ainda divulgou, com base em dados da DNPM, que o número de empresas

mineradoras no país em 2013 era de 8.870, sendo que 2.065 companhias estavam localizadas

na região sul do país.

3.1 Carbonato de cálcio

O carbonato de cálcio é um mineral de ocorrência natural, que está presente em todo o

planeta e, frequentemente, em alta pureza, o que facilita seu processo de extração

(DALLAROSA, 2011). Segundo o mesmo autor este mineral é formado através da

composição óssea de animais depositados no solo e no fundo dos oceanos e rios, ao longo de

milhares de ano, sob pressão atmosférica constante.

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17

O principal constituinte mineralógico do calcário é a calcita (carbonato de cálcio –

CaCO3), podendo conter menores quantidades de carbonato de magnésio, sílica, argila e

outros (MME, 2009).

Este mineral também pode ser chamado por pedra de cal, mármore e giz, e possui

larga escala de aplicabilidade em diversas áreas industriais: cimento, papel, materiais

refratários, plásticos, borracha, tintas, adesivos, inseticidas, pesticidas, produtos alimentícios e

farmacêuticos, catalisadores, absorventes, dentitrícios, clarificantes, fertilizantes, gesso,

auxiliares de filtração, cosméticos, produtos químicos, detergentes e abrasivos, além de cargas

de enchimento para diversas finalidades (DALLAROSA, 2011).

O material calcítico é um mineral com características especiais, pois é inerte dentro de

uma vasta faixa de pH, além de possuir cor branca (DALLAROSA, 2011).

Conforme sua origem, os calcários podem ser classificados em metamórficos, onde

encontramos minerais como dolomita, silicatos de cálcio, grafite e mica, ou sedimentares,

onde é comum a presença de minerais como dolomita, quartzo, micas e argilominerais

(HOLANDA et. al, 1987 apud SILVA, 2008).

3.2 Mineração de calcário no Brasil

No Brasil, segundo Neri (2007), a distribuição geográfica das reservas de calcário é

bastante irregular, com grandes extensões na região central e litorânea e pequenos

afloramentos nas regiões do extremo sul e norte no país.

Segundo o MME (2009), a produção de calcário bruto e beneficiado se dá em quase

todos os estados brasileiros, sendo que a maior parte da produção se dá na forma de calcário

beneficiado (82%). Na visão mundial, as rochas carbonatadas mais comercializadas são o

calcário e o dolomito, porém o calcário é o que apresenta maior valor econômico.

A cal virgem também é um produto derivado de rochas calcárias e dolomíticas, e a cal

hidratada é formada pela adição de água à cal virgem formando, principalmente, o hidróxido

de cálcio (DNPM, 2016).

O Sumário Mineral de 2015 traz informações da Associação Brasileira dos Produtores

de Cal (ABPC), entidade que congrega 64% dos produtores de cal no país, as quais apontam

uma produção de 8,1 milhões de toneladas de cal no Brasil em 2014. No que se refere a

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estrutura de produção do mesmo ano, a cal virgem correspondeu a 76% e cal hidratada a 24%,

da produção nacional (DNMP, 2016).

Um fator relevante ocorreu em 10 de dezembro de 2013, quando a Lei Federal nº

12.890/2013 foi sancionada, a qual inclui os remineralizadores1 na lista de insumos destinados

à agricultura no Brasil. Com esta medida, os produtores de rocha britada vieram a expandir a

comercialização dos subprodutos de suas pedreiras.

A produção nacional de calcário agrícola em 2014 foi de 34.038.000 toneladas, com

um crescimento de 2,74% comparado ao ano anterior, e entre os principais estados produtores

o Rio Grande do Sul ficou em 6º lugar, com uma participação de 8,4% (DNPM, 2015).

Com relação ao consumo nacional, o DNPM (2015) alerta que o consumo de calcário

agrícola não acompanha a evolução do consumo de fertilizantes, os quais somente são

plenamente potencializados quando o solo recebe calagem adequada, o que não ocorre na

agricultura brasileira, pois segundo a Associação Brasileira de Produtores de Calcário

Agrícola - ABRACAL, para uma correção ideal do solo, o Brasil deveria produzir de 70 a 80

milhões de toneladas de calcário por ano.

Algumas iniciativas voltadas ao meio ambiente são desenvolvidas pela ABPC, como

por exemplo, o Programa Selo ABPC de Responsabilidade Socioambiental, cujo objetivo é

identificar as empresas nacionais produtora de cal comprovando seu alinhamento com os

princípios e práticas da sustentabilidade.

A produção de cimento também tem como um de seus principais insumos os calcários.

Segundo a DNPM (2015), o Brasil é o maior produtor da América Latina, com 71 Mt, o que

corresponde a 1,7% da produção mundial, e a região Sul do país foi responsável pela

produção de 14,6% da produção nacional em 2014.

Um projeto, voltado ao meio ambiente, relevante nessa área é do Conselho Mundial de

Desenvolvimento Sustentável, com iniciativa do Cimento Sustentável e da Agência

Internacional de Energia, onde lançaram o “Mapeamento Tecnológico do Cimento – Brasil”,

o qual visa mapear atuais e potenciais tecnologias que contribuam para a redução do consumo

de energia e das emissões de gases de efeito estufa pela indústria do cimento, atendendo a

viabilidade econômica e às políticas públicas relacionadas ao tema.

A Figura 2 apresenta a distribuição geográfica das áreas de mineração outorgadas pelo

DNMP. 1 Remineralizador é definido como “material de origem mineral que tenha sofrido apenas redução e classificação

de tamanho por processos mecânicos e que altere os índices de fertilidade do solo por meio de adição de macro e

micronutrientes para as plantas, bem como promova a melhoria das propriedades físicas ou físico-químicas ou da

atividade biológica do solo” (BRASIL, 2013).

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FIGURA 2 - Distribuição geográfica das áreas de mineração outorgadas pelo DNPM.

Fonte: DNPM, 2009, apud MME, 2011.

1.2 Mineração de calcário no Rio Grande do Sul

O DNMP traz no Anuário Mineral Estadual do Rio Grande do Sul (2016), tendo o ano

de 2014 como base, traz que o município de Caçapava do Sul, foi o que registrou a maior

quantidade comercializada de calcário do Estado, totalizando 3.620.890,14 toneladas.

Segundo Rangel et al. (2015), no estado do Rio Grande do Sul a mineração de calcário

é encontrada principalmente na região de Caçapava do Sul, sendo o município responsável

pela produção de mais de 85% do estado, com mais de 200 milhões de toneladas de calcário

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dolomítico no subsolo, com características que o colocam entre os de melhor qualidade do

estado.

A Figura 3 mostra o cartograma da produção mineral comercializada por município

em 2014, onde estão indicados os vinte municípios que registraram os maiores valores de

comercialização. Percebe-se que o município de Caçapava do Sul registrou um dos maiores

valores de produção mineral de comercialização, entre R$ 100.000.001,00 e 265.000.000,00.

FIGURA 3 – Cartograma do valor da produção mineral comercializada por município

no RS em 2014.

Fonte: DNPM, 2016.

3.2 Aspectos tecnológicos da produção

A extração do calcário pode ocorrer sob três tipos de localizações: subterrânea em

relevo plano e em encosta de vales e de morros. Segundo Neri (2007), a mina subterrânea em

superfície plana geralmente tem um baixo impacto ambiental, evitando a destruição de dolinas

e passagens de cavernas próximas à superfície, porém minas em encostas de montanhas e

encostas de vales são favorecidas devido à facilidade e baixo custo de exploração.

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A maior parte das minas de calcário, comumente chamadas de pedreiras, são lavradas

a céu aberto, principalmente pela redução nos custos (SAMPAIO e ALMEIDA, 2005).

Segundo o MME (2009), as principais etapas da lavra de calcário a céu aberto incluem:

Remoção do capeamento;

Perfuração;

Desmonte por explosivos; e

Transporte até a usina de processamento.

Para Sampaio e Almeida (2005) a remoção do capeamento é o elemento-chave no

custo da lavra a céu aberto.

A escala de produção é responsável pela viabilidade econômica de várias minas,

especialmente tendo em vista os produtos serem de valor agregado relativamente baixo, e a

seleção dos equipamentos variam com a particularidade de cada operação, capacidade de

operação e produção, tamanho e forma do depósito, distância do transporte, estimativa da vida

útil da mina, localização em relação aos centros urbanos e fatores socioeconômicos, valores

dos produtos, condições ambientais e de segurança associada as jazidas (MME, 2009;

SAMPAIO e ALMEIDA, 2005).

Os depósitos de calcário podem ocorrer em grandes extensões e apresentar espessura

de centenas de metros, com operação de minas de grande porte e longa vida útil. Além disso,

muitas minas produzem diversos produtos, e o minério produzido que não atende às

especificações para certos usos, ainda pode ser aproveitado para outros fins, como por

exemplo, utilização dos agregados para a construção civil (MME, 2009).

O tratamento das rochas carbonatadas a ser utilizado vai depender do uso e

especificações do produto final, por exemplo, a lavra seletiva, a catação manual, a britagem

em estágio unitário e o peneiramento são os métodos usuais para obtenção de produtos, cuja

utilização final não requer rígidos controle de especificações, como o calcário agrícola

(MME, 2009; SAMPAIO e ALMEIDA, 2005).

O processo de industrialização da CaCO3 – GCC (carbonato de cálcio natural),

consiste, basicamente, em retirar o mármore do solo, geralmente em blocos, para então ser

britado em 500 mm de diâmetro e, posteriormente, passar pelo processo de lavagem para

retirar a terra e pigmentos (DALLAROSA, 2011). Em seguida a pedra passa por outra

britagem que produz uma granumetria de 300 mm e, então, é encaminhada para a britagem

final onde adquire um diâmetro médio de 50 mm, ideal para alimentar os moinhos de rolos.

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Na faixa ultrafina a moagem geralmente é realizada em moinhos de rolos, porém há a

necessidade de vários estágios de classificação para obter a granulometria desejada

(DALLAROSA, 2011). O método de moagem a úmido, com moinhos de bolas, é mais

eficiente para obter granulometrias mais finas, contudo é um método mais complexo e tem a

vantagem de ser empregado numa variedade de matérias-primas (DALLAROSA, 2011).

Os mercados de papel, tinta, plásticos e borracha têm exigido produtos cada vez mais

finos, levando os grandes produtores de GCC a investirem em novos processos de moagem e

classificação (MME, 2009).

Após o material ter sido moído e classificado, ele é transferido através de moto

bombas aos tanques de armazenagem, com agitação constante para que não ocorra

sedimentação de material (DALLAROSA, 2011).

1.3 Principais usos do calcário

1.3.1 Uso do calcário na indústria do cimento

O cimento é feito a partir de uma mistura de calcário com argilas, numa proporção 4:1

ou mais, que posteriormente é moída e calcinada em fornos rotativos horizontais que atinges

temperaturas de até 1.450°C, originando um produto intermediário, denominado clinquer, ao

qual são adicionadas pequenas quantidades de gipsita, calcário e outros materiais, dependendo

da variedade do cimento a ser produzido (MME, 2009).

A produção de cimento representa a maior parte da demanda pelo calcário produzido

no Brasil, visto que para cada tonelada de cimento produzido, são necessários 884 kg de

calcário (MME, 2009; MME, 2015).

Dados do MME (2015) trazem quem o consumo aparente per capita do cimento

chegou a 353 kg/hab. no ano de 2014, sendo que o sul do país registrou o segundo maior

consumo per capita, ficando atrás da região centro-oeste do Brasil. No mesmo ano, o Brasil se

colocou na 6ª posição do ranking mundial, com participação de 2% na produção.

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1.3.2 Uso de calcário como cal virgem

Como já mencionado anteriormente, há dois tipos de cales: a cal virgem e a cal

hidratada, sendo esta última obtida através da adição de água a partir da primeira. Os cales são

constituídos, basicamente, de óxidos de cálcio ou de uma mistura destes com magnésio e

podem ser apresentados sob a forma de pedras ou moídas e ensacadas (MME, 2015).

Teoricamente, para cada tonelada de cal virgem, são necessárias 1,7 a 1,8 toneladas de

calcário a ser calcinado, porém, na prática as indústrias registram uma relação

aproximadamente de 2,0 toneladas de calcário para cada tonelada de cal virgem produzida

(MME, 2009; SAMPAIO e ALMEIDA, 2005).

Dados do MME (2015) trazem quem o consumo aparente per capita da cal chegou a

39,9 kg/hab. no ano de 2014, e que a participação do Brasil, na produção mundial foi de 2,3%,

ocupando a 5ª posição no cenário internacional. Além disso, as regiões sul e sudeste do país

responderam por 85% da produção de cal virgem e hidratada.

1.3.3 Uso de calcário na indústria de papel

Este setor consome cerca de 1,3 milhões de toneladas por ano de carbonato de cálcio

natural (GCC) em todo o mundo, numa granulometria que varia desde 4 até 0,5 µm (MME,

2009). Ainda assim, o carbonato de cálcio natural (PCC) é utilizado em maior escala como

carga na produção de papel, levando as unidades produtoras de PCC se instalarem nas

próprias fábricas de papel, eliminando a etapa de secagem do carbonato e utilizando o CO2

disponível na própria fábrica para produção do PCC (MME, 2009).

1.3.4 Uso do calcário na indústria de plásticos

Na indústria de plásticos, o GCC ou PCC são adicionados à composição dos plásticos

para melhorar suas propriedades físicas e as características de processabilidade (MEE, 2009).

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Sua adição na faixa de 15 a 30% em peso promove as propriedades físicas dos

produtos e permite aumentar o rendimento, pois sua condutividade térmica está cinco vezes

acima do polietileno ou polipropileno (SAMPAIO e ALMEIDA, 2005).

1.3.5 Uso do calcário na indústria de tintas

A indústria de tintas exige uma granulometria muito fina do produto mineral, devido à

necessidade de se formar leitos muito finos sobre a superfície pintada. Os carbonatos de cálcio

são extensivamente utilizados em tintas de automóveis, atuando como espaçador e redutor da

quantidade de TiO2 necessário à pintura e provedor das propriedades mecânicas dos vidros

(SAMPAIO e ALMEIDA, 2005).

1.3.6 Uso do calcário na agricultura

O calcário moído e seus produtos (cal virgem e hidratada, escória, etc) são aplicados

no solo para corrigir a acidez e promover o crescimento das plantas, sendo que sua aplicação é

recomendada alguns meses antes do plantio (SAMPAIO e ALMEIDA, 2005).

Além de auxiliar na correção do pH, segundo Sampaio e Almeida (2005), o calcário,

principalmente o dolomítico, proporciona dois nutrientes importantes para os solos, o cálcio e

o magnésio. Além disso, os autores colocam como recomendação que a taxa de aplicação

usual de calcário no solo deve incluir-se na faixa de 0,2 a 0,9 kg/m² de solo.

1.3.7 Uso de calcário na alimentação de animais

O calcário calcítico puro e moído é muito usado como fonte de cálcio no suplemento

alimentar de animais e aves, por exemplo, no gado de corte que demanda de 1,1 a 1,2% em

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peso de CaCO3 na composição alimentar, e para o frango de corte essa demanda cresce para

3%.

1.3.8 Uso de calcário na indústria de vidros

A dolomita e/ou aragonita ocupam o terceiro lugar como insumo básico na fabricação

de vidro, pois estes produtos podem ser usados como fonte de cal na composição soda-cal-

sílica, dependendo o vidro a ser fabricado (SAMPAIO e ALMEIDA, 2005). De acordo com

os mesmo autores a cal atua como material fundente sobre a areia de quartzo, aumentando a

insolubilidade e a resistência, além de reduzir a fragilidade do vidro.

1.3.9 Uso do calcário na indústria cerâmica

A aplicação do calcário, calcítico ou dolomítico, na composição das massas cerâmicas

fornece ao produto final uma redução nas expansões térmica e por umidade (SAMPAIO e

ALMEIDA, 2005).

1.3.10 Uso de calcário na indústria metalúrgica

O óxido de cálcio reage prontamente com impurezas, como aquelas que contêm

enxofre, reações estas, importantes nos processos pirometalúrgicos de altas temperaturas, de

modo que o objetivo do seu uso é escorificar as impurezas da carga, e diminuir a temperatura

de fusão da carga e a viscosidade da escória, facilitando o seu escoamento (SAMPAIO e

ALMEIDA, 2005).

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1.3.11 Uso de calcário no tratamento de água

No transporte da água para o abastecimento, é comum a formação de incrustações nas

tubulações decorrentes da existência dos compostos que tornam a água dura, agindo com mais

intensidade quando se trata de água quente.

Nestes casos, é necessária a remoção dos compostos que provocam a dureza da água e

a cal hidratada Ca(OH)2 é um dos reagentes mais usados para remoção dos íons cálcio e

magnésio da água, através de reações que precipitam os compostos de cálcio e magnésio,

impedindo sua disponibilidade na água e sua deposição como incrustações (SAMPAIO e

ALMEIDA, 2005).

1.4 Consumo da água no processo industrial da mineração

Na mineração e no beneficiamento do calcário não há uso significativo de água de

processo, porém a preocupação se dá em relação a possível degradação desses recursos na

região da área lavrada, por conta da grande movimentação de minério e estéril, podendo

causar efeitos sobre a qualidade da água dos recursos hídricos próximos, através do processo

de assoreamento ou pela presença de sólidos suspensos (MME, 2009).

Outro risco se refere aos aquíferos, comuns em áreas onde ocorrem depósitos de

calcário, por estarem sujeitos à gradual dissolução pelas águas que se infiltram em suas

camadas, provocando a abertura de fendas e caminhos para sua circulação, o que implica

numa fácil contaminação do lençol freático e dos aquíferos (MME, 2009).

Segundo Dallarosa (2011), no processo industrial do GCC a água compõe de 25 a 32%

de cada tonelada produzida, dependendo do tipo de produto fabricado, sendo que está presente

desde a moagem primária, quando da adição de pó do CaCO3, dispersante e da água industrial

com agitação constante, micronização das partículas através dos moinhos úmidos até a

expedição aos clientes pelos caminhões tanques.

Já para o processo industrial do PCC, o mesmo autor afirma que o consumo é muito

maior, pois a água compõe de 77 a 83% de cada tonelada produzida dependendo do tipo de

produto a ser fabricado.

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Tanto para um processo quanto para o outro a água, além de compor parte dos

produtos é a responsável pela fluidez dos mesmos por todo o sistema industrial

(DALLAROSA, 2011).

Convém lembrar que a água utilizada nos processos industriais está sujeita a critérios

de outorga, definidos pela ANA, criada através da Lei 9.984, de 17 de junho de 2000, pois a

outorga é definida como um dos instrumentos estabelecidos na Política Nacional dos

Recursos Hídricos (Lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997) (MEE, 2009).

1.5 Mineração e os aspectos ambientais

Segundo Araújo e Fernandes (2015), os quase 500 anos de mineração no território

brasileiro, deixaram grandes passivos ambientais, envolvendo milhares de minas e garimpos,

além de diversos tipos de conflitos socioambientais no território, envolvendo povos

tradicionais, além de conflitos decorrentes da oposição de interesses e da visão divergente

sobre o que é desenvolvimento.

No contexto de desenvolvimento global, a mineração possui, entre as atividades

diretamente relacionadas ao aproveitamento dos recursos naturais, um dos maiores potenciais

de contribuição para a dinamização de economias locais, haja vista a importância econômica e

social dos produtos minerais (NERI, 2007).

Também é considerada um dos setores básicos da economia do país, contribuindo de

forma decisiva para o bem estar e a melhoria da qualidade de vida das presentes e futuras

gerações, sendo fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade equânime, desde que

seja operada com responsabilidade social, estando sempre presentes os preceitos do

desenvolvimento sustentável (FARIAS, 2002).

Do ponto de vista social, existe uma preocupação muito grande da sociedade em

relação à questão ambiental devido à característica predatória dessa atividade econômica, pois

os minerais são recursos não renováveis, criando uma grande dificuldade das empresas em

harmonizar a atividade de mineração com o controle ambiental (BEZERRA, 2015).

A mesma autora relata que grande parte dos impactos ambientais causados pela

mineração do calcário se assemelha aos da mineração de outras substâncias minerais, em

particular as não metálicas.

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Segundo Farias (2002), os principais problemas oriundos da mineração no Brasil

podem ser englobados em quatro categorias: poluição da água, do ar, sonora e de subsidência

do terreno. Para Neri (2007), os impactos ambientais estão relacionados ao impacto visual e a

alteração da qualidade das águas superficiais e subterrâneas.

Além dos impactos na qualidade das águas superficiais e subterrâneas próximas a área

de mineração, deve-se levar em consideração o consumo energético, a emissão de CO2 e a

geração de resíduos minerais.

O consumo energético nas minas surge dos equipamentos que são movidos por

motores a diesel, já nas usinas de beneficiamento os equipamentos são movidos por motores

elétricos, portanto a demanda por energia é maior na área de mineração (MME, 2009). Para

isso, têm-se alguns avanços em relação à eficiência energética através de eventuais trocas de

equipamentos ou dos motores dos equipamentos existentes por versões mais eficientes.

Com relação às emissões na mineração, elas são principalmente devidas ao

funcionamento de equipamentos de extração e movimentação do minério, movido a óleo

diesel.

Na mineração existem dois tipos principais de resíduos gerados: os estéreis e os

rejeitos. O primeiro são os materiais escavados, gerados pelas atividades de extração no

decapeamento da mina, sem valor econômico e destino final definido, pois geralmente ficam

dispostos em pilhas; já os rejeitos são resultantes dos processos de beneficiamento à que são

submetidas as substâncias minerais (IPEA, 2012).

Dados do IPEA (2012) mostram que a quantidade de rejeitos gerados pela mineração

do calcário em 2005 foi de 9.058.000 toneladas e a quantidade projetada para o ano de 2017

seria de 14.953.000 toneladas.

Atualmente há inúmeras iniciativas de aproveitamento de rejeitos da mineração, como

finos de pedreiras e outros, que devem se multiplicar tanto por razões econômicas quanto por

razões ambientais (MME, 2009). Entretanto, por ser um produto com valor relativamente

baixo, a lavra de calcário não ocorre com elevados índices de remoção ou produção de estéril

e não há um valor específico da razão estéril/minério que venha a surgir como regra na

empresa ou que inviabilize a lavra (MME, 2009).

As principais fontes de degradação nas atividades de mineração são a disposição

inadequada de rejeitos decorrentes do processo de beneficiamento e a disposição de materiais

do estéril, ou inerte, não aproveitável, proveniente do decapeamento superficial da lavra

(IPEA, 2012).

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Ainda segundo IPEA (2012), no caso de estéril, o sistema de disposição deve

funcionar como uma estrutura projetada e implantada para acumular materiais, em caráter

temporário ou definitivo, dispostos de modo planejado e controlado em condições de

estabilidade geotécnica e protegidos de ações erosivas.

1.5.1 Recursos hídricos e mineração

Segundo Mendonça (2012) é notório que os empreendimentos minerários destacam-se,

dentre todos os outros setores, pela sua íntima interação com os recursos hídricos superficiais

e subterrâneos. As relações das atividades de lavra com a hidrosfera iniciam-se na fase de

desenvolvimento da mina e permanecem até seu fechamento, justificando a frequência com

que os parâmetros de qualidade da água são monitorados, até mesmo após o encerramento das

atividades da mineração (ANA, 2006; MENDONÇA, 2012).

A interferência da lavra nos recursos hídricos inicia-se a partir da abertura do

empreendimento, quando, devido às alterações morfológicas ocorridas no terreno, a drenagem

superficial pode ser modificada. Durante a lavra, a água a ser utilizada origina-se da captação

de cursos de água superficiais, de reservatórios de barragens ou da captação subterrânea. Na

maioria dos casos, a demanda por água, nesta fase do empreendimento, é bem menor que a

demanda voltada para o beneficiamento do minério. (ANA, 2006).

Conforme observado anteriormente, o processo de carstificação consiste na dissolução

de rochas pelas águas subterrâneas e superficiais com consequente formação de relevo

cárstico originando formações geomorfológicas como cavernas, dolinas, paredões, torres de

pedra, lapiás, uvalas, arco ou ponte de pedra, etc (NERI, 2007).

Segundo o mesmo autor, alterações em processos cársticos em decorrência de

alterações nas propriedades físico-químicas das águas subterrâneas podem ocorrer

principalmente por aceleração do processo de dissolução por aumento da acidez da água em

decorrência de drenagem ácida da mina mal executada, ou por infiltração de águas

provenientes de montante da mina e que, eventualmente, estejam contaminadas.

Drenagens ácidas de minas em aquíferos podem afetar seriamente a qualidade da água

por alteração química, em especial o potencial hidrogeniônico (pH). Como nesse ambiente de

mineração o processo de dissolução é intensificado pode ocorrer consequências como:

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redução de vazões em corpos d’água superficiais e subsidência e desenvolvimento de dolinas

(NERI, 2007).

Conforme Mendonça (2012), durante o processo de extração e beneficiamento, águas

proveniente da chuva, córregos e aquíferos, assim como as provenientes das operações e

setores da mina, são potencialmente passíveis de sofrerem alterações e causarem impactos nos

ecossistemas, já que na etapa de extração, por exemplo, os efluentes têm sua origem e

composição relacionadas ao escoamento superficial das águas pluviais que entram em contato

com o material rochoso e mobilizam os produtos da oxidação, redução e dissolução dos

minerais, incluindo ácidos, bases e metais; aos óleos e graxas que escorrem do maquinário e,

também, ao esgotamento sanitário das instalações de pessoal.

Para o mesmo autor, outros efeitos indesejáveis nas águas superficiais, são aqueles

relacionados aos fenômenos de erosão e transporte, pois quando ocorre a remoção da

cobertura vegetal as encostas e os solos ficam mais expostos, desagregando o material

deixando-o disponível para ser levado pelo escoamento superficial. Essa informação é

ratificada pela ANA (2006) a qual diz que a mineração a céu aberto oferece um caminho

direto à entrada das águas de chuva e escoamento superficial na cava criada pela lavra, mas

também das águas subterrâneas atingidas.

Nas circunstâncias em que se desenvolvem as atividades de mineração, sob o nível

freático com incidência também das águas superficiais, em maior ou menor intensidade,

produzem-se efeitos hidrológicos, ambientais e econômicos que impõem a gestão e o manejo

adequado dessas águas (ANA, 2006).

Em princípio, toda jazida mineral sob o nível piezométrico, para ser lavrada com os

métodos habituais, deve ter sua cava drenada e finalmente inundada quando cessar a

exploração, por isso, o método de lavra a ser utilizado é determinante nas afluências de águas

e nos processos de alteração hídrica, em quantidade e qualidade, sendo que entre os métodos

mais usuais estão a mineração a céu aberto e a subterrânea, em todas as suas variações (ANA,

2006).

Outros problemas hidrológicos nas atividades de mineração podem decorrer das pilhas

de minério e de estéril, das barragens de decantação de finos e de rejeitos, assim como dos

efluentes líquidos da mina ou das usinas de beneficiamento do minério (ANA, 2006).

As operações de mineração requerem a extração de material estéril não mineralizado

ou de baixo teor, e, como já mencionado, geram rejeitos de seu processo de beneficiamento

em volumes mais ou menos importantes, os quais são acumulados em pilhas de estéril e

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barragens ou pilhas de rejeito, podendo ainda ser utilizados como enchimento das cavidades

da mina. (ANA, 2006).

Todos esses resíduos sólidos e as próprias pilhas de minério, se não forem inertes,

serão transformados em fontes potenciais de contaminação hídrica, com a peculiaridade de

que seu efeito pode perdurar por longo tempo, depois de finalizadas as atividades da mina,

consequência que enfatiza a importância em reduzir ao máximo o acesso e a infiltração de

águas (de chuva ou de escoamento superficial) (ANA, 2006).

Segundo ANA (2006) o sucesso de uma operação em mineração depende, em grande

parte, da resolução adequada de suas interações com a água, caso contrário seria uma atitude

suicida. Por esse motivo é que as empresas de mineração mais conscientes planejam, desde a

fase de pesquisa até a de pós-fechamento, em abordar, com ferramentas apropriadas os

problemas que a água pode ocasionar, desenhando e implementando as medidas preventivas e

corretivas mais adequadas (ANA, 2006).

A preocupação com a qualidade ambiental em bacias hidrográficas associadas às

atividades de exploração mineral é atual e relevante, sendo que a melhor forma de assegurar

os usos múltiplos desse recurso é através de programas de monitoramento da qualidade das

águas e dos sedimentos em bacias hidrográficas, os quais servem como subsídios para o

planejamento das ações de manutenção da saúde dos mananciais e das populações que deles

se utilizam (MENDONÇA, 2012).

Quando a qualidade da água da mina é afetada, deve ser tratada de maneira eficaz para

minimizar o efeito contaminante, mas, antes de se chegar a essa circunstância, o mais

importante é evitar ou reduzir a contaminação, o que indica que as atividades de mineração

estão estreitamente relacionadas com os métodos de lavra, o aporte de águas (superficiais e

subterrâneas) e o tratamento destas (ANA, 2006).

Com um adequado planejamento, pode-se evitar ou, pelo menos, minimizar a

contaminação, e caso esta se produza, pode-se aplicar um tratamento corretivo. Na prevenção,

deve-se ressaltar que um aspecto importante a se ter sempre em conta é a maior redução

possível da entrada de águas (superficiais ou subterrâneas) na área de lavra (ANA, 2006).

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1.5.2 Parâmetros analíticos de avaliação de qualidade da água

A água, além de ser formada pelos elementos hidrogênio e oxigênio na proporção dois

pra um, ela também pode dissolver uma ampla variedade de substâncias, as quais a conferem

características peculiares. Alguns organismos presentes na água, naturalmente ou não,

também provocam alterações físicas e químicas na água, enquanto outros podem sofrer os

efeitos destas mesmas alterações.

Para caracterizar uma água são determinados diversos parâmetros, conhecidos como

indicadores de qualidade da água, podendo vir a apresentar valores conformes ou não

conformes estabelecidos para determinado uso.

A qualidade requerida está bem definida nas concentrações máximas permitidas para

determinadas substâncias, conforme especificado na Resolução do CONAMA nº 357, de 17

de março de 2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais

para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de

efluentes, e dá outras providências. Dentre alguns parâmetros dispostos na Resolução,

podemos citar: coliformes termotolerantes, O.D., turbidez, cor verdadeira, pH, ferro

dissolvido e D.B.O.

Além destes, existem outros parâmetros, que não são indicados na Resolução, mas que

também podem ser utilizados como indicadores de qualidade da água, como: condutividade

elétrica, alcalinidade total, dureza total, cálcio e magnésio.

Os parâmetros indicativos da qualidade da água são classificados em físicos, químicos

e biológicos.

1.5.2.1 Parâmetros físicos

Os parâmetros físicos fornecem indicações preliminares importantes para a

caracterização da qualidade química da água como, por exemplo, os níveis de sólidos em

suspensão (associados à turbidez) e as concentrações de sólidos dissolvidos (associados à

cor), os sólidos orgânicos (voláteis) e os sólidos minerais (fixos), os compostos que produzem

odor.

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i. Turbidez

A turbidez é um parâmetro caracterizado pela presença de partículas suspensas na

água com tamanho variando desde suspensões grosseiras aos coloides, de acordo com a

intensidade de turbulência da água (RICHTER e NETTO, 2007).

Ela demonstra também o grau de interferência com a passagem de luz através da água,

atribuindo uma aparência turva à mesma, por diminuir a penetração de luz, prejudica a

fotossíntese em corpos d’água (SPERLING, 2005). Além disso, podem provocar odor e sabor

a água, uma vez que transportam matéria orgânica absorvida (CAPANEMA, 2015).

Para Sperling (2005) turbidez natural de um curso d’água, é constituída por partículas

de rochas, de silte e argila, de algas e de outros microrganismos ou de origem antrópica como

efluentes domésticos, industriais e até mesmo pela erosão. Em relação à sua origem o mesmo

autor afirma que quando se trata de origem natural não demonstra inconvenientes sanitários,

exceto esteticamente, já a sua origem antrópica pode estar relacionada à presença de

compostos tóxicos e organismos patogênicos.

ii. Cor verdadeira

Segundo Kawota, Ribeiro e Telles (200-), a cor da água, normalmente, decorre da

presença de ácidos húmicos e tanino, originados da decomposição orgânica, mas também

pode ser devido a presença de íons metálicos dissolvidos, plâncton, macrófitas e despejos

industriais. Hoje, sabe-se da importância deste parâmetro, principalmente, se a desinfecção da

água para consumo humano for feita com cloro livre, pois a reação deste último com a matéria

orgânica pode levar a formação de trihalometanos (THM), produto considerado

potencialmente cancerígeno (SPERLING, 2005).

O material em suspensão, geralmente presente nas águas superficiais, gera a cor

aparente, resultado, em parte, da reflexão e dispersão da luz nas partículas em suspensão; após

a remoção desse material em suspensão por processo de centrifugação ou filtração, tem-se a

cor verdadeira, resultante da presença de partículas coloidais carregadas negativamente e

material dissolvido (KAWOTA, RIBEIRO & TELLES, 200-).

iii. Condutividade elétrica

A condutividade elétrica é determinada pela presença de substâncias dissolvidas que

se dissociam em íons pela temperatura e representa a capacidade da água transmitir corrente

elétrica. Ela fornece uma indicação da salinidade de uma solução ou, de forma aproximada,

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do grau de mineralização das águas e de sua capacidade em conduzir corrente elétrica. Em

águas naturais, pode-se esperar uma relação direta entre a condutividade e a concentração de

sólidos dissolvidos totais (FRITZSONS et al., 2009).

1.5.2.2 Parâmetros químicos

i. pH

O pH representa a concentração de íons H+ promovendo uma condição de acidez,

neutralidade ou alcalinidade na água. A faixa de pH é de 0 a 14. O constituinte responsável

pelo pH ocorre na forma de sólidos dissolvidos e de gases dissolvidos (SPERLING, 2005).

As águas dos rios apresentam uma solução de dióxido de carbono, ácido carbônico,

íons bicarbonatos, carbonatos e, dessa forma, constituem um sistema que resiste às mudanças

de pH. Os valores mais elevados de pH são encontrados, geralmente, em regiões nas quais o

balanço hídrico é negativo, onde os corpos de água são influenciados pela água do mar, que

recebem contribuições significativas de carbonatos e bicarbonatos, e em regiões cársticas

(FRITZSONS et al., 2009).

ii. Alcalinidade

A alcalinidade se refere a quantidade de íons na água que reagirão para neutralizar os

íons hidrogênio, onde seus principais constituintes são os bicarbonatos, os carbonatos e os

hidróxidos (SPERLING, 2005).

Águas alcalinas e com concentração elevada de cálcio e magnésio podem formar

crostas internas nas canalizações de distribuição de água, especialmente quando essas águas

são aquecidas (FRITZSONS et al., 2009).

iii. Dureza

A dureza abrange a concentração de cátions multimetálicos em solução, mais

especificamente os cátions bivalentes Ca2+ e Mg2+, que em condições de supersaturação

reagem com ânions na água formando precipitados (SPERLING, 2005). De acordo com o

mesmo autor, a dureza correspondente à alcalinidade é a dureza carbonato, enquanto que as

demais formas são caracterizadas como dureza não carbonato.

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iv. Oxigênio Dissolvido (OD)

Segundo Ritchter e Netto (2007) a determinação do teor de oxigênio dissolvido é um

dos ensaios mais importantes no controle de qualidade da água. A concentração de Oxigênio

Dissolvido (OD) na água pode oscilar muito e o seu equilíbrio é dependente da pressão

atmosférica e da temperatura.

Quando há baixa concentração de oxigênio dissolvido num determinado corpo hídrico

é sinal de que esta ocorrendo um processo de oxidação de substâncias que estão sendo ou

foram lançadas nele, ou seja, águas poluídas possuem tendência a ter as concentrações de OD

menores. O processo inverso acontece no caso de se tratar de águas limpas, pois as

concentrações de OD elevadas, atingindo níveis pouco abaixo da concentração de saturação,

ou seja, com grande disponibilidade de oxigênio na água (FUZINATTO, 2009).

v. Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)

Para Sperling (2005) DBO é a quantidade de oxigênio necessária para estabilizar

(oxidar) a matéria orgânica, através de processos bioquímicos de decomposição.

A DBO é o parâmetro fundamental para o controle da poluição das águas por matéria

orgânica. Nas águas naturais a DBO representa a demanda potencial de O2 dissolvido que

poderá ocorrer devido à estabilização dos compostos orgânicos biodegradáveis, o que poderá

trazer os níveis de oxigênio nas águas abaixo dos exigidos pelos peixes e demais organismos

que necessitam de oxigênio para sobreviver, levando-os à morte (SPERLING, 2005).

vi. Matéria Orgânica

Sperling (2005) diz que a matéria orgânica é a causadora principal do problema de

poluição das águas, que é o consumo de oxigênio dissolvido pelos microrganismos nos seus

processos metabólicos de utilização e estabilização da matéria orgânica. De acordo com o

autor os principais componentes orgânicos são os compostos de proteína, os carboidratos, a

gordura e os óleos, além da ureia, surfactantes, fenóis, pesticidas e outros em menor

quantidade.

vii. Ferro

O Ferro origina-se da dissolução de compostos de rochas e solos e, por ser um dos

elementos mais abundantes, é comumente encontrado nas águas naturais, superficiais e

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subterrâneas, apresentando-se nas formas insolúvel (Fe3+) e dissolvida (Fe2+) (LIBÂNIO,

2005).

Segundo o mesmo autor o ferro não apresenta inconveniente sanitário, mas de caráter

econômico, pois pode produzir manchas em roupas e aparelhos sanitários em concentrações

superiores a 0,3 mg/L e em maiores concentrações pode conferir sabor a água de consumo.

1.5.2.3 Parâmetros biológicos

i. Coliformes totais

Os organismos mais comumente utilizados para saber se há contaminação fecal no

corpo d’água são as bactérias do grupo coliforme, pois habitam normalmente o trato intestinal

dos animais de sangue quente, servindo, portanto, como indicadores da contaminação de uma

amostra de água por fezes (Sperling, 2005). De acordo com o mesmo autor, elas se

apresentam em grande quantidade nas fezes humanas, onde cada indivíduo elimina em média

de 109 a 1012 células por dia, podendo atingir de 1/3 a 1/5 do peso das fezes humanas, o que

leva a uma maior probabilidade de detecção destas bactérias após lançamento do esgoto em

curso de água.

Os coliformes totais constituem um grupo amplo de bactérias aeróbias ou anaeróbias

capazes de fermentar a lactose de 24 a 48 horas à temperatura de 35 a 37 °C. Porém, segundo

Sperling (2005), eles não devem ser utilizados como indicadores de contaminação fecal em

águas superficiais dada a sua possível incidência em solos e águas não contaminados.

ii. Coliformes termotolerantes

Os coliformes termotolerantes são as bactérias do grupo coliformes capazes de

fermentar a lactose em temperatura elevada de, aproximadamente 44,5°C, por um período de

24 horas, e engloba, predominantemente o gênero Escherichia coli e, em menor monta,

Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter (SPERLING, 2005). Posto isso, entende-se o motivo

pelo qual o genêro Escherichia coli é o mais utilizado nas análises microbiológicas.

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1.6 Leis ambientais pertinentes à mineração

No Brasil, a atividade de mineração é regulada pelo Decreto Lei nº 227, de 28/02/1967

e suas atualizações, mais conhecido como Código de Mineração. Mas, a mineração, de um

modo geral, está submetida a um conjunto de regulamentações, onde os três níveis de poder

estatal possuem atribuições com relação a mineração e o meio ambiente.

Em instância máxima, a nível federal, os órgãos que tem a responsabilidade de definir

as diretrizes, os objetivos e as regulamentações, bem como atuar na concessão, na fiscalização

e no cumprimento da legislação mineral e ambiental para o aproveitamento dos recursos

minerais são os seguintes: MMA, MME, Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação

Mineral, DNPM, Serviço Geológico do Brasil – CPRM, ANA, Conama, CNRH e Ibama.

Apesar da ampla gama de legislações, portarias, normas, resoluções, voltadas para a

atividade de mineração, Vieira (2011) verificou a falta de política pública nacional em que

esses recursos naturais se constituam numa base para o desenvolvimento social, ambiental e

econômico, tornando-se imprescindível a revisão da política pública da indústria mineradora,

e sua submissão a um amplo debate na sociedade a fim de compatibilizar os interesses de um

desenvolvimento sustentável.

1.7 Resolução CONAMA nº 357/2005

A Resolução CONAMA nº 357 de 2005 (BRASIL, 2005), “dispõe sobre a

classificação dos corpos de água e as diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem

como estabelece as condições e os padrões de lançamento de efluentes”. Além disso,

estabeleceu a Classificação das águas (doces, salinas e salobras) e, para cada uma delas, foram

estabelecidos limites e/ou condições em função de sua destinação final ou segundo seus usos

preponderantes.

Conforme a resolução, o enquadramento consiste “no estabelecimento de uma meta ou

objetivo de qualidade da água (Classe) a ser alcançado ou mantido em um curso d’água,

considerando os usos ao longo do tempo”.

O Artigo 4º da Resolução classifica as águas doces em:

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I - classe especial: águas destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção;

b) a preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e,

c) a preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral.

II - classe 1: águas que podem ser destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, apos tratamento simplificado;

b) a proteção das comunidades aquáticas;

c) a recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme

Resolução CONAMA nº 274, de 2000;

d) a irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes

ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e

e) a proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.

III - classe 2: águas que podem ser destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, apos tratamento convencional;

b) a proteção das comunidades aquáticas;

c) a recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme

Resolução CONAMA nº 274, de 2000;

d) a irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer,

com os quais o publico possa vir a ter contato direto; e

e) a aquicultura e a atividade de pesca.

IV - classe 3: águas que podem ser destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, apos tratamento convencional ou avançado;

b) a irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;

c) a pesca amadora;

d) a recreação de contato secundário; e

e) a dessedentação de animais.

V - classe 4: águas que podem ser destinadas:

a) a navegação; e

b) a harmonia paisagística.

Os artigos 14, 15, 16 e 17 da mesma Resolução, dispõem das condições e padrões de

qualidade de água que devem ser observados para cada classe.

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4 METODOLOGIA

O desenvolvimento deste trabalho envolveu as seguintes etapas: formulação da

hipótese, o delineamento dos objetivos, a revisão bibliográfica, a definição de metodologias

de amostragem e análise dos resultados obtidos e a apresentação dos resultados para discussão

e conclusão.

4.1 Caracterização da área de estudo

O estudo em questão desenvolveu-se no município de Caçapava do Sul-RS, localizado

na região centro-sul do Estado, na Serra do Sudeste, mais especificamente nas coordenadas

centrais de latitude 23°04’50” sul e uma longitude 45°43’37” oeste, há uma altitude de 450

metros (Figura 4).

FIGURA 4 - Localização do município de Caçapava do Sul – RS.

Fonte: Wikipédia, 2017.

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40

O município possui um território de 3.047.120 km², distante da capital, Porto Alegre,

260 km, sendo os principais acessos pela BR 290, BR 153, BR 392, RS 625 e RS 357

(PREFEITURA DE CAÇAPAVA DO SUL, 2017).

Segundo dados do IBGE (2017), a população estimada para o ano de 2016 foi de

34.644 habitantes. O clima do município é classificado como temperado e úmido, sem

período definido de secas (PREFEITURA DE CAÇAPAVA DO SUL, 2017).

Nascida de acampamento militar na metade do ano de 1770, Caçapava do Sul é um

dos municípios mais antigos do Rio Grande do Sul, situado na chamada Região da Campanha,

com extensas jazidas de minérios de cobre, cal e caulim (PREFEITURA DE CAÇAPAVA

DO SUL, 2017).

Em sua formação topográfica observam-se campos e serras imponentes, com terras

escuras e solo silicioso (PREFEITURA DE CAÇAPAVA DO SUL, 2017). Segundo Schimdt

et al. (2015), a cidade se desenvolveu sobre a Suíte Granítica homônima associada ao

Complexo Metamórfico Vacacaí, reconhecida como uma Província Mineral em virtude do

grande polo industrial na área de exploração e lavra de calcário.

A economia do município é basicamente sustentada pelos setores da Agricultura,

Pecuário e Mineração, sendo que a produção de calcário é responsável por mais de 80% do

que é produzido no Rio Grande do Sul (PREFEITURA DE CAÇAPAVA DO SUL, 2017).

4.2 Caracterização da empresa mineradora

Os Pontos de Monitoramento (PM) analisados para o desenvolvimento do trabalho

encontram-se na área da empresa Dagoberto Barcellos S.A. (Figuras 5 e 6).

Fundada em 1918, a empresa é uma das pioneiras na produção de cal para construção

e calcário agrícola, possuindo, em seu parque industrial, três fábricas de calcário com

capacidade de produção de mais de 1 milhão de toneladas/ano, além de uma moderna fábrica

de cal para construção com capacidade de produção anual de 160 mil toneladas, uma fábrica

de argamassa com capacidade de produção anual de 120 mil toneladas e uma fábrica de

fertilizantes de última geração (DAGOBERTO BARCELLOS, 2017). De acordo com a

mesma fonte, a empresa detém, atualmente, 70% do mercado gaúcho de cal e 30% do

mercado de calcário.

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FIGURA 5 - Imagem aérea da empresa Dagoberto Barcellos S.A.

Fonte: Site Dagoberto Barcellos.

FIGURA 6 - Imagem aérea da área de extração do calcário da empresa Dagoberto

Barcellos S.A.

Fonte: Site Dagoberto Barcellos.

4.2 Materiais e métodos

Denominou-se cada amostra como Ponto de Monitoramento (PM) seguida da

numeração, para assim utilizar-se essa nomenclatura como identificação dos pontos de coleta.

Para cada PM foram feitas 6 (seis) coletas, com exceção do aos PM7 e PM8 que tiveram

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somente uma coleta. No Apêndice B estão as imagens dos PMs e, a seguir, uma breve

descrição sobre a caracterização individual:

PM1 – uma cava desativada onde, aproximadamente, 80% dela está entulhada com

material rejeito. Atualmente, está sendo depositado em sua superfície um minério que

vai ser encaminhado para beneficiamento, ou seja, está servindo como local de

estoque. A água acumulada nessa cava (em uma área de 4000 m², aproximadamente) é

utilizada para umedecer as vias de circulação dentro da empresa, visando à

minimização do surgimento de poeira, e também no sistema produtivo.

PM2 – trata-se de uma bacia de decantação de uma cava em atividade onde a água

acumulada é bombeada para o Arroio do Salso;

PM3 – também se refere à bacia de decantação de uma cava em atividade com o

mesmo sistema de bombeamento e destino do PM2;

PM4 – este ponto também é uma bacia de decantação de uma cava com o mesmo

sistema dos PMs 2 e 3, porém a água chega ao Arroio apenas por gravidade, sem

necessidade do sistema de bombeamento;

PM5 – este ponto refere-se ao Arroio do Salso, o qual recebe as águas bombeadas das

três cavas citadas anteriormente e percorre a lateral da área da empresa;

PM6 – é o ponto do Arroio Mangueirão que percorre a outra lateral da empesa e não

recebe nenhuma contribuição das águas da empresa;

PM7 - Coleta Arroio Salso – trata-se de um ponto de coleta à jusante da empresa no

córrego Arroio Salso;

PM8 - Coleta Arroio Mangueirão – trata-se de um ponto de coleta à jusante da área da

empresa no córrego Arroio Mangueirão.

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FIGURA 7 – Localização espacializada dos Pontos de Monitoramento.

Legenda: sentido natural do curso d’água.

Fonte: Google Earth, 2017.

TABELA 1 – Localização geográfica dos pontos de monitoramento.

Ponto de Monitoramento LATITUDE LONGITUDE

PM1 30°32'35.98"S 53°25'8.00"O

PM2 30°32'31.00"S 53°24'32.57"O

PM3 30°32'49.21"S 53°25'28.63"O

PM4 30°33'26.51"S 53°25'28.00"O

PM5 30°33'4.09"S 53°25'36.73"O

PM6 30°32'24.00"S 53°25'38.09"O

PM7 30°33'1.89"S 53°24'45.18"O

PM8 30°32'8.21"S 53°25'15.12"O

Fonte: Do Autor, 2017.

Como em qualquer análise laboratorial, a coleta adequada das amostras é fundamental

para garantir representatividade e resultados confiáveis. É importante salientar que, devido às

constantes alterações ambientais, não existem amostras iguais; dessa forma, o planejamento

da coleta deve ser criterioso para fornecer quantidade de dados suficiente para a realização de

todos os testes requeridos.

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As coletas foram feitas com referências fornecidas pelo Standard Methods for Water

and Wastewater, o qual padroniza os procedimentos de coleta, armazenamento e transporte de

água para análises microbiológicas e físico-químicas de água e esgoto.

Para os parâmetros que não puderem seguir o Standard Methods, foram feitas a partir

da melhor metodologia que o laboratório pode fornecer. Na Tabela 2 estão descritos os

parâmetros analisados com suas respectivas técnicas metodológicas utilizadas.

Portanto, para a coleta das amostras dos PMs destinadas as análises microbiológicas

foram utilizados recipientes esterilizados com volume de 100 mL, e para as análises físico-

químicas foram utilizados recipientes escuros com boa vedação com capacidade de 1 litro.

Após as coletas, as amostras dos PMs foram encaminhadas para o Laboratório de

Química da UNIPAMPA (em prazo < 24horas), campus de Caçapava do Sul/RS, sendo

acondicionadas em uma geladeira com temperatura adequada até o momento de análise.

TABELA 2 - Parâmetros analisados, unidades de medida e técnicas aplicadas.

PARÂMETRO UNIDADE TÉCNICA

pH µS/cm pHmetro

Condutividade

elétrica CaCO3 mg/L Condutivímetro

Cor Hazen = mg/L Pt-Co ou U.C. Método colorimétrico

Turbidez N.T.U. ou U.T. Método nefelométrico

Ferro mg/L Fe Método colorimétrico do

tiocianato

Dureza total CaCO3 mg/L Titulação / Complexometria

Cálcio mg/L Método titulométrico

Magnésio mg/L Método titulométrico

Matéria orgânica mg/L O2 Método titulométrico

Coliformes totais (+) Presença; (-) Ausência Substrato enzimático

Coliformes

termotolerantes (+) Presença; (-) Ausência Substrato enzimático

Oxigênio dissolvido mg/L O2

Método iodométrico

(winkler)

DBO5,20 mg/L O2 -

Fonte: Do Autor, 2017.

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45

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

ANA (2006) aponta a dualidade com que a água se apresenta nas atividades de

mineração: absolutamente necessária para muitos processos e operações a serem

desenvolvidas, mas também elemento que origina problemas e implica custos adicionais

importantes.

De acordo com Fritzsons et al. (2009), a qualidade química, física e biológica das

águas fluviais apresenta grande variabilidade e, em ambientes completamente naturais, é

influenciada por fatores climáticos (temperatura, umidade, ventos e precipitação), pelos tipos

de rochas do substrato, pela vegetação e pela contribuição da água subterrânea e das águas

pluviais.

Os resultados de cada amostra e parâmetros analisados estão descritos no Apêndice A.

A fim de facilitar a interpretação, os resultados serão apresentados e discutidos

separadamente em subitens para cada parâmetro determinado. Devido ao fato dos PMs 7 e 8

terem sido coletados apenas uma amostra, optou-se por discutir estes resultados no item 5.10.

5.1 Cor

A Resolução CONAMA nº 357/2005 para águas doces de classe 1, define cor

verdadeira como: nível de cor natural do corpo de água em mg Pt/L, e para as classes 2 e 3

tolera-se para cor verdadeira o valor de até 75 mg/L.Pt (miligramas por litro de Platina), ou

então uC (unidades de cor).

Conforme Libânio (2005), a cor de uma amostra de água está associada ao grau de

redução de intensidade que a luz sofre ao atravessá-la (e esta redução dá-se por absorção de

parte da radiação eletromagnética), devido à presença de sólidos dissolvidos, principalmente

material em estado coloidal orgânico e inorgânico inferior a 1 µm, podendo também resultar

da presença de compostos de ferro e manganês ou do lançamento de diversos tipos de

resíduos industriais. Para águas naturais, em geral, a cor verdadeira apresenta-se variando

entre 0 a 200 uC (LIBÂNIO, 2005).

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FIGURA 8 - Médias dos resultados por PM – Cor

Fonte: Do Autor, 2017.

Nota-se na Figura 8, que os PMs 1, 2 e 3 apresentaram os menores valores em

Unidades de Cor (UC), tratam-se de bacias de decantação, e o inverso foi observado no PM5,

Arroio Salso, sendo assim, pode-se relacionar a velocidade de escoamento com os resultados

obtidos neste parâmetro.

O limite definido pela Resolução CONAMA nº 357/2005 para o parâmetro cor

verdadeira (classe 2 e 3) não foi ultrapassado por nenhum PM em nenhuma coleta realizada.

5.2 Turbidez

A turbidez da água é caracterizada pela matéria em suspensão, como argila, silte,

substâncias orgânicas finamente divididas, organismos microscópicos e outras substâncias

similares, que alteram a intensidade de penetração da luz através dos fenômenos de difusão e

absorção, dando a água aparência turva, esteticamente indesejável e potencialmente perigosa,

visto que o material em suspensão permite que eventuais microrganismos patogênicos possa

estar presentes dificultando o seu contato com o material desinfetante (KAWOTA, RIBEIRO

E TELLES, [200-]).

0,000 10,000 20,000 30,000 40,000 50,000 60,000 70,000 80,000

PM 1

PM 2

PM 3

PM 4

PM 5

PM 6

CONAMA Classes 2 e 3

PM 1 PM 2 PM 3 PM 4 PM 5 PM 6CONAMA

Classes 2 e 3

Cor (UC) 10,367 2,250 7,000 31,250 45,250 25,333 75,000

Média dos resultados por PM - Cor

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47

Segundo a Resolução CONAMA nº 357/2005, para águas doces de classe 1 permite-se

até 40 uT (unidades de turbidez) para o parâmetros turbidez. Conforme os resultados

encontrados, nenhum PM apresentou valor superior a este, sendo que o maior valor

encontrado foi de 24,1 uT para o PM5 (Arroio Salso).

A Figura 9 traz o gráfico com as médias dos resultados do parâmetro turbidez

encontradas para os diferentes PMs.

FIGURA 9 - Médias dos resultados por PM – Turbidez

Fonte: Do Autor, 2017.

Segundo Libânio (2005), a turbidez natural das águas superficiais está, geralmente,

compreendida na faixa de 3 a 500 uT, sendo que em lagos e represas a turbidez tende a ser

baixa.

Para Capanema (2015) é possível que esses materiais que conferem turbidez a água

sejam originários do solo (principalmente quando não há mata ciliar), de atividades de

mineração, de indústrias ou de esgoto doméstico lançado no manancial sem tratamento.

0,000 20,000 40,000 60,000 80,000 100,000 120,000

PM 1

PM 2

PM 3

PM 4

PM 5

PM 6

CONAMA CLASSE 1

CONAMA CLASSE 2 E 3

PM 1 PM 2 PM 3 PM 4 PM 5 PM 6CONAMA

CLASSE 1

CONAMA

CLASSE 2

E 3

Turbidez (UT) 5,345 2,233 2,992 6,940 7,733 4,872 40,000 100,000

Média dos resultados por PM - Turbidez

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48

5.3 Ferro

Conforme a Resolução CONAMA nº 357/2005, o valor máximo para águas de classes

1 e 2, é de 0,30 mg/L/Fe (miligramas por litro de Ferro).

Com exceção ao PM4, os demais PMs obtiveram em no mínimo uma amostra valores

superiores a 0,30 mg/LFe. Porém, se levando em consideração as médias dos resultados

obtidos (Figura 10) somente o PM5 ultrapassou o limite para classe 1 e 2, ficando como

classe 3.

FIGURA 10 - Médias dos resultados por PM - Ferro

Fonte: Do Autor, 2017.

Segundo Vistuba (2010), os elementos Ferro (Fe) e Manganês (Mn) conferem à água

um sabor amargo adstringente e coloração marrom-amarelada e turva, decorrente da oxidação

destes elementos, ocasionando sua precipitação. Estes elementos são encontrados

naturalmente em todas as águas, originados, principalmente, da dissolução de rochas.

0,000 1,000 2,000 3,000 4,000 5,000 6,000

PM 1

PM 2

PM 3

PM 4

PM 5

PM 6

CONAMA CLASSE 1 e 2

CONAMA CLASSE 3

PM 1 PM 2 PM 3 PM 4 PM 5 PM 6

CONAMA

CLASSE 1

e 2

CONAMA

CLASSE 3

Ferro (mg/Lfe) 0,210 0,212 0,200 0,042 0,305 0,197 0,300 5,000

Média dos resultados por PM - Ferro

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49

5.4 Matéria Orgânica (M.O.) e Demanda Bioquímica de Oxigênio (D.B.O.)

Para Sperling (1996), a presença de MO é uma das características primordiais, pois é a

responsável direta pela quantidade de oxigênio dissolvido consumido pelos microrganismos

nos seus processos metabólicos de utilização e estabilização da matéria orgânica, sendo este

um dos principais problemas de poluição das águas. A Resolução CONAMA nº 357/2005 não

estabelece valor máximo para matéria orgânica, entretanto encontra-se na literatura dados

analisados através de métodos indiretos de quantificação da matéria orgânica, ou de seu

potencial poluidor.

Nessa linha, o parâmetro mais utilizado é a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO),

a qual mede o consumo de oxigênio utilizado pelos microrganismos para oxidar a matéria

orgânica presente na amostra durante 5 dias à temperatura de 20 °C (CAPANEMA, 2015).

De acordo com Libânio (2005), a DBO indica a intensidade do consumo de oxigênio

necessário às bactérias na estabilização da matéria orgânica .

Para este parâmetro, a Resolução CONAMA nº 357/2005 estabelece como valor

máximo para águas de classe 1 até 3 mg/LO2 (miligramas por litro de oxigênio).

Conforme os resultados da Figura 11, relacionado às médias, e analisando os

resultados individualmente do Apêndice A, todos os PMs enquadram-se como águas de classe

1.

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50

FIGURA 11 - Médias dos resultados por PM - DBO

Fonte: Do Autor, 2017.

5.5 Oxigênio Dissolvido (O.D.)

Com base no exposto até o momento, salienta-se a importância do OD em quantidades

adequadas para realização das atividades dos organismos representantes da biota aquática.

Segundo Libânio (2005), o OD é reconhecidamente o parâmetro mais importante para

expressar a qualidade de um ambiente aquático, de modo que a concentração de OD à

saturação é diretamente proporcional à pressão atmosférica e indiretamente proporcional à

temperatura.

A Resolução CONAMA nº 357/2005 estabelece como padrão para águas de classe 1 o

valor não inferior a 6 mg/LO2 (miligramas por litro de oxigênio).

Das seis coletas realizadas, quatro coletas do PM3 apresentaram valor inferior ao

estabelecido pela legislação para classe 1. Esses resultados enquadram o PM3 como de classe

2, onde o valor de OD não pode ser inferior a 5 mg/LO2.

0,000 2,000 4,000 6,000 8,000 10,000 12,000

PM 1

PM 2

PM 3

PM 4

PM 5

PM 6

CONAMA CLASSE 1

CONAMA CLASSE 2

CONAMA CLASSE 3

PM 1 PM 2 PM 3 PM 4 PM 5 PM 6CONAMA

CLASSE 1

CONAMA

CLASSE 2

CONAMA

CLASSE 3

DBO (mg/LO2) 1,667 1,367 0,700 2,000 1,733 1,633 3,000 5,000 10,000

Média dos resultados por PM - DBO

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51

FIGURA 12 - Médias dos resultados por PM - OD

Fonte: Do Autor, 2017.

Para Libânio (2005) as variações nos teores de OD estão associadas aos processos

físicos, químicos e biológicos que ocorrem nos corpos d’água, sendo necessário para

manutenção da vida aquática aeróbia teores mínimos de 2 a 5 mg/L de OD. Ramos (2015) diz

que a diminuição do OD também pode estar relacionada com as perdas para a atmosfera ou

pelo processo de nitrificação e oxidação de íons metálicos como ferro (Fe3+) e manganês

(Mn2+) e teor de oxigênio atmosférico.

5.6 Coliformes totais e termotolerantes

A bactéria E. coli é classificada como uma bactéria do grupo termotolerante e que

apresenta a capacidade de continuar fermentando lactose com produção de gás, mesmo

quando incubada à temperatura de 44,5 a 45,5°C em um período de 24 horas (LIBÂNIO,

2010). Em virtude disso, é a mais utilizada nas análises microbiológicas para saber se há

contaminação fecal, visto que seu habitat primário é o trato intestinal do homem e animais de

0,000 2,000 4,000 6,000 8,000 10,000 12,000

PM 1

PM 2

PM 3

PM 4

PM 5

PM 6

CONAMA CLASSE 1 (x>6)

CONAMA CLASSE 2 (5<x<6)

CONAMA CLASSE 3 (4<x<5)

CONAMA CLASSE 4 (2<x<4)

PM 1 PM 2 PM 3 PM 4 PM 5 PM 6

CONAMA

CLASSE

1 (x>6)

CONAMA

CLASSE

2 (5<x<6)

CONAMA

CLASSE

3 (4<x<5)

CONAMA

CLASSE

4 (2<x<4)

OD (mg/LO2) 7,033 8,067 5,800 11,333 7,333 7,933 6,000 5,000 4,000 2,000

Média dos resultados por PM - OD

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52

sague quente (RAMOS, 2015). Além da E. coli, esse grupo engloba também o gênero, em

menor monta, Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter, as quais representam um percentual

variável entre 3 e 4% nas fezes humana e 3 a 8% nas fezes de animais (LIBÂNIO, 2005).

Já o termo coliformes totais congrega um grupo ainda mais amplo de bactérias

aeróbias ou anaeróbias também capazes de fermentar a lactose de 24 a 48 horas à temperatura

de 35 a 37°C (LIBÂNIO, 2005).

De acordo com a Resolução CONAMA nº 357/2005, para águas de classe 1 a presença

de coliforme termotolerantes deve seguir os padrões de qualidade de balneabilidade da

Resolução CONAMA nº 274/2000 para usos de recreação de contato primário, onde, por

exemplo, a água é considerada excelente quando em 80% ou mais de um conjunto de

amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local,

houver, no máximo, 250 coliformes termotolerantes ou 200 E. coli ou 25 enterecocos por 100

mililitros.

Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 200 coliformes

termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais, de pelo menos 6 amostras, coletadas

durante o período de um ano, com frequência bimestral.

O laboratório não detinha metodologia para quantificar os microrganismos, detectou-

se apenas a presença e ausência (positivo/negativo) nos PMs analisados. Os resultados

apontaram presença em todas as coletas realizadas, tanto para coliformes totais quanto para

coliformes tolerantes, com exceção da primeira coleta, onde os resultados para coliformes

termotolerantes foram negativos apenas para os PMs 1, 2, 4 e 5, conforme pode ser observado

no Apêndice A.

Sendo assim, este parâmetro não pode ser considerado para a classificação dos PMs.

5.7 Potencial Hidrogeniônico (pH) e alcalinidade

Segundo Libânio (2005) o (pH) consiste na concentração dos íons H+ nas águas e

representa a intensidade das condições ácidas ou alcalinas do ambiente aquático, de modo que

valores de pH inferiores a 7 indicam condições ácidas e valores superiores a 7 indicam

condições alcalinas da água natural. O mesmo autor diz que as águas naturais de superfície

apresentam pH variando de 6,0 a 8,5.

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53

De acordo com a Resolução CONAMA nº 357/2005 para todas as classes os valores

de pH (potencial hidrogeniônico) devem se concentrar entre 6,0 e 9,0. Conforme exposto no

Apêndice A, pode-se observar que na terceira e quarta coleta o PM1 apresentou resultados

minimamente acima do estabelecido pela Resolução, bem como o PM4 na sexta coleta.

Porém, analisando as médias dos resultados por PM (Figura 13), conclui-se que todos os PM

permaneceram no intervalo definido pela Resolução.

FIGURA 13 - Médias dos resultados por PM - pH

Fonte: Do Autor, 2017.

Posto isso, a alcalinidade das águas naturais traduz a capacidade de neutralizar ácidos

ou a capacidade de minimizar variações significativas de pH (tamponamento), constituindo-se

principalmente de bicarbonatos, quando o pH estiver entre 4,4 e 8,3, carbonatos e

bicarbonatos quando a faixa de pH for entre 8,3 e 9,4, e hidróxidos e carbonatos quando o pH

for maior que 9,4 (LIBÂNIO, 2005). O mesmo autor diz que águas naturais de origem

superficial no Brasil não apresentam alcalinidade inferior a 100 mg/L de CaCO3, sendo que

valores mais elevados podem estar associados aos processos de decomposição de matéria

orgânica, à atividade respiratória de microrganismos e ao lançamento de efluentes industriais.

Os valores encontrados para alcalinidade, como pode ser observado no Apêndice A,

foram bastante variados, o PM4 foi o que registrou o menor valor por média de 57,9 mg/L de

CaCO3 e , o PM2 com o maior valor (por média) de 322 mg/L de CaCO3.

7,000 7,200 7,400 7,600 7,800 8,000 8,200 8,400 8,600 8,800 9,000 9,200

PM 1

PM 2

PM 3

PM 4

PM 5

PM 6

CONAMA TODAS AS CLASSES (6<X<9)

PM 1 PM 2 PM 3 PM 4 PM 5 PM 6

CONAMA

TODAS AS

CLASSES

(6<X<9)

pH 8,388 8,318 8,245 7,950 7,922 7,745 9,000

Média dos resultados por PM - pH

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54

A Resolução CONAMA nº 357/2005 não estabelece valores limites para o parâmetro

alcalinidade.

No trabalho realizado por Fritzsons et al. (2009) o objetivo era de avaliar a

modificação do pH e da alcalinidade nas águas do rio Capivari entre 1986 e 2000 e verificar

se essa alteração estaria relacionada à expansão das áreas de mineração de calcário na bacia.

Os autores observaram que a alcalinidade e o pH apresentaram uma tendência igual, ou seja,

da elevação do valor médio da alcalinidade e da diminuição da concentração hidrogeniônica

(elevação do pH) no intervalo de tempo entre 1986 a 2000. Considerando que não existem

indústrias emissoras de efluentes, que a agricultura não é intensiva em toda a bacia e que não

existem criações nas margens dos rios, para os autores a atividade de mineração poderia ser a

causa das alterações, uma vez que os metadolomitos, quando extraídos das pedreiras, liberam

carbonato de cálcio e magnésio no ambiente, os quais seguramente tornam o pH da água mais

básico.

5.8 Condutividade elétrica

A condutividade elétrica indica a capacidade da água natural de transmitir a corrente

elétrica em função da presença de substâncias dissolvidas que se dissociam em ânions e

cátions, sendo, portanto, diretamente proporcional à concentração iônica (LIBÂNIO, 2005).

Os resultados das análises de condutividade elétrica mostraram-se elevados nas

primeiras coletas, isto pode ser justificado em função das coletas terem sido realizadas no

período chuvoso, onde há maior presença de sólidos dissolvidos.

De acordo com Libânio (2005) águas naturais apresentam comumente condutividade

elétrica inferior a 100 µS/cm (micro-siemens por centímetro), podendo atingir 1000 µS/cm

em corpos d’água receptores de elevadas cargas de efluentes domésticos e industriais.

A Resolução CONAMA nº 357/2005 não estabelece valores limites para o parâmetro

condutividade elétrica.

Os valores encontrados para condutividade elétrica, como pode ser observado no

Apêndice A, foram bastante variados, o PM2 foi o que registrou o maior valor médio, 539,8

µS/cm e o PM6 com o menor valor (por média), 160,5 µS/cm.

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55

5.9 Dureza, Cálcio e Magnésio

A dureza indica a concentração de cátions multivalentes em solução na água,

principalmente de cálcio e magnésio, e, em menor quantidade, alumínio, ferro, manganês e

estrôncio (LIBÂNIO, 2005).

De acordo com Sperling (2005), em termos de interpretação dos resultados de dureza

para tratamento e abastecimento público de água, a água pode ser classificada em:

Água mole: dureza < 50 mg/L CaCO3 (miligramas por litro de carbonato de

cálcio);

Dureza moderada: dureza entre 50 e 150 mg/L CaCO3;

Água dura: dureza entre 150 e 300 mg/L CaCO3;

Água muito dura: dureza > 300 mg/L CaCO3.

Com isso, podemos dizer que os PMs 3, 4, 5 e 6 apresentaram dureza moderada, o

PM1 como água dura, e o PM2 se enquadraram como água muito dura. A Resolução

CONAMA nº 357/2005 não estabelece valores limites para o parâmetro dureza.

De acordo com Libânio (2005) a maioria dos mananciais superficiais no Brasil

apresenta reduzida dureza, de modo que sua presença está frequentemente associada a

dissolução de rochas calcárias, ricas em cálcio e magnésio e, em menor monta, decorrente do

lançamento de efluentes industriais. Visto isso, atribui-se os altos valores de dureza

encontrado o fato das águas estarem presentes em área de mineração de calcário, em virtude

da dissolução dos íons cálcio e magnésio. Este fato também justifica os valores encontrados

para as análises de cálcio e magnésio, como pode ser observado no Apêndice A.

A Resolução CONAMA nº 357/2005 não estabelece valores limites para os

parâmetros de cálcio e magnésio.

5.10 Resultados dos PM7 e PM8

Já finalizado o período de monitoramento, fez-se a coleta destes pontos sem qualquer

intuito de utilização dos dados, apenas em nível de interesse. Porém depois de obtidos os

resultados, observou-se que tais PMs foram essenciais para complementar a discussão dos

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56

resultados como um todo. Não fora feito repetições de coleta, como também determinações de

cálcio e magnésio.

Em trabalho realizado por Silva et al. (2015), foi avaliado a qualidade das águas nas

proximidades das mineradoras de calcário no município de Caçapava do Sul-RS, através dos

parâmetros dureza total, alcalinidade, condutividade elétrica e pH. A dureza total ficou entre

24 mg/L CaCO3 e 243 mg/L CaCO3; o pH mostrou estar dentro dos limites, conforme

Resolução CONAMA nº 357/2005, exceto para duas amostras que apresentaram pH 10; a

alcalinidade total variou de 44 mg/L a 241 mg/L; e a condutividade elétrica ficou entre 97,5

µS/cm e 548 µS/cm.

Como apresentado nos resultados (Apêndice A), o PM7 enquadra-se como de classe 3,

e o PM8 como águas de classe 2 de acordo com a Resolução CONAMA nº 357/2005.

5.11 Resumo dos resultados por PM

PM1: se analisado individualmente os resultados por coleta, o PM se enquadra como

de classe 3 para a primeira coleta, pois o parâmetro Fe apresentou resultados

superiores aos limites das classes 1 e 2. Além disso, os resultados do pH na terceira e

quarta coletas foram superiores aos definidos na Resolução CONAMA nº 357/2005.

Contudo, as médias calculadas para este parâmetro, enquadram o PM como de classe

2;

PM2: se analisado individualmente os resultados por coleta, o PM se enquadra como

de classe 3 na terceira coleta, pois o parâmetro Fe apresentou resultados superiores aos

limites das classes 1 e 2. Contudo, as médias calculadas para este parâmetro,

enquadram o PM como de classe 2;

PM3: se analisado individualmente os resultados por coleta, o PM3 se enquadra como

de classe 3 na terceira coleta, pois o parâmetro Fe apresentou resultados superiores aos

limites das classes 1 e 2. Outro parâmetro que apresentou resultados alterados foi o

O.D. em quatro das seis coletas realizadas, de modo que a média desse parâmetro

enquadra o PM como classe 2.

PM4: o único parâmetro que apresentou alteração no valor superior ao da Resolução

CONAMA nº 357/2005, foi o pH na sexta coleta. A referida Resolução define o

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57

intervalo do pH entre 6 e 9 para todas as classes, o que deixaria este PM sem

classificação. Contudo, se analisando as médias dos resultados, o PM se enquadra

como de classe 2;

PM5: se analisado individualmente os resultados por coleta, o PM se enquadra como

água de classe 3 na primeira, segunda e terceira coletas, pois o parâmetro Fe

apresentou resultados superiores aos limites das classes 1 e 2. Esse fato, faz com que a

média dos valores para Fe enquadre este PM como classe 3;

PM6: se analisando individualmente os resultados por coleta, o PM se enquadra como

água de classe 3 na primeira e terceira coletas, pois o parâmetro Fe apresentou

resultados superiores aos limites das classes 1 e 2. Contudo, analisando as médias

calculadas o referido PM se enquadra como de classe 2;

PM7 - Arroio Salso: este PM enquadra-se como água de classe 3, pois o parâmetro Fe

apresentou resultado superior a 0,30 mg/LFe. Entretanto deve-se salientar que fora

feita somente uma amostragem e sem a totalidade dos parâmetros avaliados nos

demais;

PM8 - Arroio Mangueirão: este PM enquadra-se como água de classe 2, entretanto

deve-se salientar que fora feita somente uma amostragem e sem a totalidade dos

parâmetros avaliados nos demais;

Em resumo, segue abaixo (Tabela 3) o enquadramento para cada PM.

TABELA 3- Enquadramento dos Pontos de Monitoramento analisados conforme as classes

dispostas na Resolução CONAMA nº 357/2005.

Enquadramento dos PMs por parâmetro avaliado

Enquadramento

geral

Cor Turbidez Fe DBO OD pH

PM1 classe 2 classe 1 classe 1 e 2 classe 1 classe 1 Todas classes classe 2

PM2 classe 2 classe 1 classe 1 e 2 classe 1 classe 1 Todas classes classe 2

PM3 classe 2 classe 1 classe 1 e 2 classe 1 classe 2 Todas classes classe 2

PM4 classe 2 classe 1 classe 1 e 2 classe 1 classe 1 Todas classes classe 2

PM5 classe 2 classe 1 classe 3 classe 1 classe 1 Todas classes classe 3

PM6 classe 2 classe 1 classe 1 e 2 classe 1 classe 1 Todas classes classe 2

PM7 classe 2 classe 1 classe 3 classe 1 classe 1 Todas classes classe 3

PM8 classe 2 classe 1 classe 1 e 2 classe 1 classe 1 Todas classes classe 2

Fonte: Do Autor, 2017.

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58

6 CONCLUSÃO

O monitoramento da qualidade das águas é a principal medida na avaliação da

eficiência dos sistemas de controle ambiental implantados em empreendimentos. Além de

constituir um elemento fundamental na conservação do meio ambiente, deve ser realizado

durante as fases de implantação, operação e desativação do empreendimento.

De maneira geral, todos os PMs possuem características de boa qualidade, e, de acordo

com os resultados analisados, somente os PMs 5 e PM7, (Arroio Salso) ficaram enquadrados

com de classe 3. Com isto, não há como afirmarmos ou concluir que a atividade de mineração

de calcário está influenciando ou não na classificação (segundo Resolução CONAMA nº

357/05) deste Arroio, pois previamente a receber as águas das bacias de decantação, o Arroio

já detém uma qualidade inferior à aquela que está recebendo das bacias de decantação (PM 1,

2, 3 e 4).

Tais PMs (5 e 7), somente enquadraram-se como de classe 3 devido aos teores de

Ferro encontrado. Isso pode ser justificado pelo fato que o talvegue normal do Arroio passa

em diversas áreas ocupadas pela mineração em uma ampla extensão territorial, logo, estas

atividades geram a dissolução deste elemento nas águas.

Os PM6 e PM8 (Arroio Mangueirão), não foram amplamente debatidos tendo em vista

que este curso hídrico não recebe água das bacias de decantação da atividade, entretanto

foram classificados como de classe 2.

Ficou notável a importância da bacia de decantação da água extraída das cavas,

principalmente para os parâmetros de cor e turbidez.

Os parâmetros avaliados neste estudo e não presentes na Resolução CONAMA nº

357/05 (condutividade, dureza, cálcio, magnésio, matéria orgânica e coliformes totais e

termotolerantes), não apresentaram valores superiores ou distintos daqueles encontrados na

literatura consultada, por isso pode-se concluir que tais parâmetros não iriam alterar de modo

significativo a classificação de qualidade dos Pontos de Monitoramento avaliados.

Quando a determinação da influencia do despejo das águas oriundas dos locais de

mineração de calcário no curso hídrico naturais não pôde ser concluída, tendo em vista a falta

de dados e um maior número de coletas do PM7.

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59

Entretanto, por mais que não foram evidenciados impactos significativos sob as águas

superficiais da região ocupada pela mineração, é imprescindível a continuação dos

monitoramentos, visto que o empreendimento encontra-se ativo e em pleno funcionamento.

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60

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

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65

APÊNDICE A – Resultados das análises dos pontos de monitoramento

PM Cor

(UC)

Turbidez

(UT)

Ferro

(mg/L

Fe)

Matéria

Orgânica

(mg/L

O2)

Coliformes

totais

Coliformes

termotole-

rantes

OD

(mg/L

O2)

DBO5,20

(mg/L

O2)

pH

Condutivi-

dade

elétrica

µS/cm

Alcalinida-

de total

(CaCO3

mg/L)

Dureza

total

(CaCO3

mg/L)

Cálcio

(mg/L)

Magné-

sio

(mg/L)

COLETA 1 (Junho de 2016)

1 9,70 9,01 0,35 4,60 + - 6,80 1,20 8,30 281,00 198,00 158,00 59,30 1,92

2 2,80 1,42 0,26 5,80 + - 8,60 0,80 8,30 579,00 389,00 372,00 49,70 59,50

3 13,00 7,93 0,28 7,20 + + 6,40 0,40 8,53 280,00 151,00 156,00 28,80 14,40

4 21,00 4,98 0,02 5,40 + - 10,20 1,40 7,77 90,00 56,00 50,00 9,60 1,92

5 38,50 4,60 0,42 4,80 + - 7,60 1,60 8,32 278,00 129,00 146,00 34,50 20,16

6 13,00 3,05 0,38 5,40 + + 10,60 2,00 7,58 163,00 84,00 68,00 24,00 6,24

COLETA 2 (Julho de 2016)

1 10,00 8,16 0,09 5,00 + + 7,00 1,20 7,50 293,00 178,00 156,00 38,40 1,85

2 2,00 2,17 0,06 5,80 + + 9,20 1,20 7,77 584,00 381,00 450,00 52,90 45,60

3 2,00 1,94 0,11 5,80 + + 5,80 0,80 7,47 255,00 115,00 124,00 22,04 16,40

4 45,00 9,45 0,19 6,60 + + 10,20 1,60 6,56 90,60 45,00 26,00 9,61 2,26

5 65,00 24,10 0,53 9,60 + + 10,00 2,00 6,48 195,00 88,00 128,00 17,63 19,15

6 25,00 7,34 0,13 8,60 + + 8,80 1,80 7,09 151,00 69,00 48,00 17,03 8,40

COLETA 3 (Agosto de 2016)

1 8,00 6,30 0,21 4,20 + + 7,00 1,40 9,09 321,00 64,00 121,00 36,40 2,02

2 2,00 1,41 0,35 5,60 + + 9,20 1,20 8,75 475,00 139,00 313,00 42,70 51,56

3 2,00 1,98 0,33 8,80 + + 6,60 0,40 8,67 268,00 66,00 149,00 25,60 14,68

4 35,00 8,21 0,02 4,50 + + 11,60 2,80 8,77 293,00 62,00 141,00 9,60 1,86

5 45,00 10,70 0,38 11,40 + + 7,00 2,00 8,90 810,00 25,00 35,00 33,40 19,74

6 35,00 6,34 0,33 8,60 + + 8,80 2,00 8,02 122,10 24,00 55,00 26,40 7,60

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66

PM Cor

(UC)

Turbidez

(UT)

Ferro

(mg/L

Fe)

Matéria

Orgânica

(mg/L

O2)

Coliformes

totais

Coliformes

termotole-

rantes

OD

(mg/L

O2)

DBO5,20

(mg/L

O2)

pH

Condutivi-

dade

elétrica

µS/cm

Alcalinida-

de total

(CaCO3

mg/L)

Dureza

total

(CaCO3

mg/L)

Cálcio

(mg/L)

Magné-

sio

(mg/L)

COLETA 4 (Setembro de 2016)

1 12,00 2,80 0,22 4,60 + + 8,20 2,00 9,10 295,00 206,00 153,00 41,50 1,78

2 2,20 3,20 0,20 6,20 + + 8,00 1,60 8,54 567,00 416,00 415,00 52,90 69,48

3 9,50 2,00 0,15 7,00 + + 5,20 0,80 8,88 265,00 187,00 186,00 22,04 15,14

4 26,00 6,20 0,01 4,00 + + 12,00 2,00 8,12 302,00 59,00 46,00 9,61 1,98

5 32,50 2,60 0,21 3,80 + + 6,60 1,60 7,56 357,00 122,00 198,00 17,63 18,75

6 29,30 4,20 0,15 5,20 + + 6,40 1,40 7,98 156,00 95,00 72,00 17,03 8,90

COLETA 5 (Outubro de 2016)

1 10,50 2,60 0,15 5,20 + + 6,60 2,20 7,80 305,00 198,00 187,00 55,40 1,95

2 2,50 3,00 0,18 5,20 + + 6,00 1,80 8,15 498,00 299,00 401,00 44,80 58,74

3 11,00 2,10 0,15 6,20 + + 5,80 1,20 8,11 243,00 189,00 126,00 28,50 15,98

4 32,00 6,80 0,01 2,80 + + 11,80 1,80 7,46 241,00 67,00 98,00 9,80 1,79

5 54,00 2,20 0,01 3,60 + + 6,00 1,60 7,80 624,00 101,00 147,00 36,70 21,04

6 18,70 4,30 0,01 5,00 + + 6,40 1,40 7,85 192,00 75,00 59,00 26,10 7,40

COLETA 6 (Novembro de 2016)

1 12,00 3,20 0,24 5,00 + + 6,60 2,00 8,54 312,00 111,00 134,00 51,00 1,96

2 2,00 2,20 0,22 6,00 + + 7,40 1,60 8,40 536,00 308,00 487,00 59,40 70,40

3 4,50 2,00 0,18 7,20 + + 5,00 0,60 7,81 246,00 119,00 148,00 31,40 15,14

4 28,50 6,00 0,00 4,60 + + 12,20 2,40 9,02 276,00 56,00 96,00 8,96 1,87

5 36,50 2,20 0,28 3,60 + + 6,80 1,60 8,47 543,00 94,00 79,00 24,10 22,09

6 31,00 4,00 0,18 5,50 + + 6,60 1,20 7,95 179,00 67,00 66,00 31,50 8,60

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67

PM Cor

(UC)

Turbidez

(UT)

Ferro

(mg/L

Fe)

Matéria

Orgânica

(mg/L

O2)

Coliformes

totais

Coliformes

termotole-

rantes

OD

(mg/L

O2)

DBO5,20

(mg/L

O2)

pH

Condutivi-

dade

elétrica

µS/cm

Alcalinida-

de total

(CaCO3

mg/L)

Dureza

total

(CaCO3

mg/L)

Cálcio

(mg/L)

Magné-

sio

(mg/L)

COLETA Arroio Salso (Novembro de 2016)

7 10,00 8,06 0,38 5,20 + - 7,00 1,80 7,56 105,00 46,00 68 - -

COLETA Arroio Mangueirão (Novembro de 2016)

8 2,00 2,06 0,22 6,20 + + 9,00 1,20 7,47 82,00 42,00 71,00 - -

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68

APÊNDICE B – Imagens dos Pontos de Monitoramentos.

Ponto de monitoramento 1

Ponto de monitoramento 2

Ponto de monitoramento 3

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69

Ponto de monitoramento 4

Ponto de monitoramento 6

Ponto de monitoramento 5

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70

Ponto de monitoramento 7

Ponto de monitoramento 8