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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Por: Maria Elisabeth de Queiroz Andrade Coqueiro
Orientador: Prof. Marco Antônio Chaves
Rio de Janeiro, RJ, abril/ 2001
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE
Educação Ambiental
Por: Maria Elisabeth de Queiroz Andrade Coqueiro
Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Supervisão Escolar
Rio de Janeiro, RJ, abril/ 2001
Agradeço ao professor
Marco Antonio Chaves
pelo apoio e incentivo
dados durante o
processo de apresentação
da monografia.
Dedico este trabalho de
Pesquisa à minha filha
Bárbara Maria, que
compartilha dos ideais
de Educação, e, sem
a sua ajuda não seria
possível apresentar
esta monografia.
Sumário
1. Introdução-Pensando a Educação Ambiental 2. Capítulo I – A cronologia do Ambientalismo
3. Capítulo II – As principais tendências 4. Capítulo III – Ecossistemas
5. Capítulo IV – Biodiversidade 6. Capítulo V – A importância da água 7. Capítulo VI – O lixo 8. Conclusão
9. Anexos
10. Referências bibliográfica
INTRODUÇÃO
PENSANDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Seres humanos, quer sejam americanos, europeus, africanos,
asiáticos, vivem na mesma casa: a Terra. Ser uma das
configurações possíveis da vida, fazer parte de um todo maior, de
um sistema inter-relacionado em que, do ponto de vista da própria
natureza, ter tanta importância quanto a árvore que habita o quintal.
Cada ser, cada elemento, cada ínfimo átomo tem direito ao seu
ciclo de existência.
Essa é uma nova consciência, de que os humanos não são
os únicos a ter direitos sobre o planeta. O cão que passa na rua, o
jacaré que repousa ao sol, os pássaros que voam nos céus, os
peixes que nadam nos mares, os insetos, os microorganismos em
todas as suas múltiplas formas –todos têm suas funções e razões
de existir.
Mas seres humanos, diferentes das demais manifestações de
vida, intervêm no planeta de uma forma muito mais
profunda.Mudam os cursos dos rios, aterram os mares e lagoas,
destroem, florestas, explodem montanhas, cortam o solo, perfuram
a terra, exterminam animais, aprisionam outros e recentemente,
criam em laboratório seres programados para novas funções.
Fazem tudo isso com uma certa inconsciência do que faziam ou
,ainda, acreditando que faziam parceria com Deus e melhoravam
sua obra, progrediam.
E agora percebem alguns indícios de que não era bem
progresso o que estavam alcançando.O planeta começa a adoecer:
mudanças climáticas; poluição no ar, nas águas doces e salgadas,
na terra, nos alimentos; terras que são alagadas, submergindo a
geografia e a cultura da região. Parece que foi preciso sujar para
que percebessem que a postura no planeta era a de predadores da
própria vida.Uma nova consciência precisa se formar, uma nova
visão em relação à natureza é urgente.
Educar para a coexistência, educar para uma vida harmônica.
Esse estudo propõe a tratar o ambiente como um assunto que
engloba todas as vertentes da vida, a estudar a Terra como
unidade, sabendo ser necessário que as novas gerações existam e
ajam de maneira diferente das anteriores. Todos precisam, cada um
olhar em torno e fazer o que compete para a melhoria das
condições ambientais.
Para realizar estas aspirações, devem decidir viver com um
sentido de responsabilidade universal, identificando-se com toda a
comunidade terrestre bem como com a comunidade local. Ser, ao
mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no
qual a dimensão local e global estão ligadas.
Cada um compartilha da responsabilidade pelo presente e
pelo futuro, pelo bem-estar da família humana e de todo o mundo
dos seres vivos.
O espírito de solidariedade humana e de parentescos com
toda a vida é fortalecido quando se vive com reverência o mistério
da existência, com gratidão pelo dom da vida, e com humildade
considerando em relação ao lugar que ocupa o ser humano na
natureza.
Necessita-se com urgência de uma visão compartilhada de
valores básicos para proporcionar um fundamento ético à
comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança
afirma-se os seguintes princípios, todos independentes, visando um
modo de vida sustentável como critério comum, através dos quais a
conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos,
e instituições transnacionais será guiada e avaliada.
CAPITULO I
A CRONOLOGIA DO AMBIENTALISMO
Desde o Plano de Ação Mundial – Conferência de Estocolmo
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, 1972 – em que
se fez clara recomendação aos países que criassem programas
nacionais de educação ambiental, a sua crescente
institucionalização conta com a seguinte cronologia.
1973:criação, nos Estados Unidos, do World Directory of
Environmental Education Programs (Registro Mundial de
Programas de Educação Ambiental) contendo a descrição de 660
programas implementados por 70 países;
1975:Encontro Internacional de Belgrado patrocinado pela
UNESCO (The Belgrado Worshop on Environmental
Education).Este encontro atraiu especialista de 65 paises e traçou
os princípios básicos para um programa internacional de Educação
Ambiental em um documento chamado carta Belgrado; ao mesmo
tempo houve encontros regionais na Ásia, África, Países Árabes e
América Latina, formando pela primeira vez uma rede internacional
de informações sobre a matéria;
1977:Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação
Ambiental ,em Tbilisi, organizada pela UNESCO e pelo PNUMA
(Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).Esta
conferência precisa as definições e as propostas de educação
ambiental que até hoje não foram superadas;
1979:O Departamento de Ensino Médio do MEC, em parceria com a
CETESB (orgão técnico de São Paulo) publicam o documento
Ecologia – Uma proposta para o ensino de Primeiro e Segundo
Graus;
1980:Seminário Internacional sobre o Caráter Interdisciplinar da
Educação Ambiental, em Budapest (Hungria) organizado pela
Unesco;
1984: Resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio
Ambiente, criado em 1980), estabelecendo as diretrizes para as
ações de Educação Ambiental no Brasil;
1985:10º Aniversário do Programa Internacional de Educação
Ambiental da UNESCO/UNEP, apresentando um impressionante
resultado: 11 conferências e 66 missões técnicas para os 136
estados membros; execução de 37 projetos de pesquisa e 37
treinamentos nacionais; 10 seminários internacionais e regionais;
como resultado, 43 países já haviam introduzido oficialmente a
educação ambiental em seus planos educacionais , em suas
políticas e legislação.
1986: Foi ministrado o I Curso de Especialização em Educação
Ambiental, na Universidade Federal de Brasília/DF, patrocinado
pela CAPES/CNPq/PNUMA; a partir desta data, este curso foi
periodicamente ministrado em vários estados do País;
1987: O Conselho Federal de Educação do MEC (Ministério de
Educação aprovou o parecer 226/87 que determinou a inclusão da
Educação Ambiental na proposta curricular das escolas do primeiro
e segundo graus;
1988: Promulgada a Constituição Brasileira com um capítulo
dedicado ao meio ambiente saudável um direito de todo cidadão
brasileiro e determinado ao poder público a incumbência de
promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino ;
1989: Criado o IBAMA, principal agência de proteção ambiental do
País e também o Fundo Nacional de Meio Ambiente que passa a
apoiar uma série de projetos de Educação Ambiental em todo o
País , sobretudo de ONGs;
1990: A organização da Nações Unidas declarou 1990 como o Ano
Internacional do Meio Ambiente; lançamento do primeiro manual
latino americano de Educação Ambiental, pela CEAA (Conselho de
Educação de Adultos da América Latina),proporcionando o encontro
da tradição da educação popular “paulofreiriana” com a educação
ambiental;
1992: Realiza-se no Rio de Janeiro a II Conferência sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (UNCED) com a participação de 170
países .Foi a maior conferência global da ONU, em toda a história .
Esta conferência legou dois importantes documentos para a
Educação Ambiental – A Agenda 21, e o Tratado de Educação
Ambiental para a sociedades Sustentáveis e Responsabilidade
Global, produzido pelas Ongs reunidas em Fórum paralelo;
1994 a 1997: realização anual do Fórum Nacional de Educação
Ambiental , onde são apresentados trabalhos acadêmicos e
projetos desenvolvidos em todo o Brasil na educação formal e
informal . Este fórum pública regularmente seu anais, servindo de
referência para todos os profissionais da área ;
1997: Realização, em Brasília da I Conferência Brasileira de
Educação Ambiental, patrocinada pelos Ministérios da Educação e
Meio Ambiente; Realização da II Conferência Intergovernamental
sobre Educação Ambiental (Grécia)
CAPITULO II
AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
Classificar as práticas correntes de educação ambiental não é
tarefa fácil .São muitas e há um intenso experimentalismo neste
campo. Este experimentalismo é tolerado porque se trata de uma
educação de novo tipo,e o seus meios de desenvolvimento e
aplicação estão se fazendo no calor das práticas.
Fundamentalista ou holista, que vê a educação ambiental como
uma matriz para a educação em geral e que trabalha
prioritariamente para a mudança de valores . Esta corrente privilegia
as metodologias vivenciais e lúdicas e são pouco adaptáveis à
rigidez curricular do ensino formal;
Comportamentalista está mais atrelada à agenda pragmática do
ambientalismo, onde a informação cientifica (riscos ambientais e as
conseqüências das atividades humanas) se combina a
metodologias proativas de mudança comportamental. Esta corrente
visa construir a cidadania ecológica, promovendo ações coletivas à
melhoria da qualidade de vida.
Conservacionista, isto é, que trata principalmente da extinção da
fauna e da flora, e dos impactos da ação humana sobre a biosfera.
Nesta abordagem, comumente a linguagem é biologicista e a
ecologia, disciplina científica, é largamente utilizada.
Sócio ambiental, os conteúdos tratados dizem respeito à relação
homem-natureza e da necessidade de se instaurar um novo padrão
de desenvolvimento, de modo que os recursos naturais atualmente
existentes sejam assegurados para estas e as futuras gerações.
CAPITULO III
ECOSSISTEMAS
Há uma forma de perceber o planeta, de perceber uma
determinada região, uma lagoa, uma poça ou mesmo uma gota
como um ecossistema. Isso pode acontecer quando há inter-relação
ou interdependência entre espaço físico, elementos da natureza e
seres vivos dando uma característica de unidade, ou seja, se em
determinada área, independente de seu tamanho, os seres vivos
têm todos os fatores necessários para sua existência, reprodução e
morte, e que exista um equilíbrio dinâmico entre as populações.
Para melhor esclarecimento da definição de ecossistema, foi
baseado em Dajoz, 1973 onde, “Ecossistema é a unidade funcional
de base em ecologia, porque inclui ao mesmo tempo seres vivos e
o meio onde vivem, com todas as interações recíprocas entre o
meio e os organismos”.
Por exemplo, quando numa poça d’água seres microscópios
como algas, protozoários, bactérias e outros vivem em função da
claridade do sol, da chuva ou da umidade do ar, da temperatura,
etc., estando inter-relacionados e interagindo entre si, podemos
considerá-la como um ecossistema. Por fim, a Terra como um
conjunto é considerada um grande ecossistema.
Ecossistema do Brasil
O Brasil, como qualquer outro país, não possui recursos
naturais inesgotáveis. A Mata Atlântica, que já perdeu 93% a 95%
de sua área original, é o maior exemplo disso. Cobria mais de 1
milhão Km2 e hoje está reduzida a menos de 100 mil Km2 . Essa
ocupação predatória, que quase destruiu a Mata Atlântica, agora
avança sobre o Cerrado e a Amazônia.
A Amazônia é um ecossistema frágil, pois vive do seu próprio
material orgânico. Quando se interrompem os ciclos de matéria e
energia, como na retirada de árvores e outros seres vivos, coloca-
se em risco a existência da floresta. A menor imprudência pode
causar danos irreversíveis ao seu equilíbrio delicado.
Na Amazônia, vive e se reproduz mais de um terço das
espécies existentes no planeta.,apresenta um ambiente úmido e
chuvas abundantes. O rio Amazonas a maior bacia hidrográfica do
mundo que cobre um extensão aproximada de 6 milhões de km2
corta a região para desaguar no Oceano Atlântico, lançando no
mar, a cada segundo ,cerca de 175 milhões de litros de água Esse
número corresponde a 20% da vazão conjunta de todos os rios da
terra. É nessas águas que se encontra o maior peixe de água doce
do mundo: o pirarucu, que atinge até 2,5 metros.
Na Amazônia, um dos ecossistemas mais diversificados do
mundo, a preservação é particularmente importante. Mas a região é
também a terra dos índios, seringueiros, ribeirinhos e fazendeiros
que dependem dos recursos naturais para viver e que têm o direito
de usufruir dos recursos naturais, através do manejo sustentado.
CAPITULO IV
BIODIVERSIDADE
Conceito que designa a diversidade biológica existente entre
seres vivos-animais, vegetais e microorganismo. Ela está ligada à
diversidade genética existente entre indivíduos de diferentes
espécies, e também à diversidade de ecossistemas. Não há uma
avaliação precisa do número de espécies animais e vegetais
existente no planeta . As estimativas oscilam entre 5 milhões e 30
milhões, em sua grande maioria concentradas nos países tropicais.
Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza
(UICN), mais de 25% desse total corre o risco de extinção até a
metade do próximo século. Um dos principais fatores para o
desaparecimento das espécies é a degradação ambiental ,como a
poluição das águas e do ar, e a contaminação do meio ambiente
pela radioatividade, pelos agrotóxicos e pelos desmatamentos. A
UINC estima que cerca de 100 espécies vegetais e animais
desapareçam diariamente devido a esses fatores.
A diversidade biológica, ou biodiversidade, diz respeito ao
recurso global composto pela variedade e variabilidade de todas as
formas de vida na Terra, sejam elas de ocorrência natural, sejam
domesticadas por:
Processos naturais
A extinção de espécies acontece naturalmente desde o
surgimento da vida no planeta. Suas principais causas são as
modificações climáticas, como as desertificações, as glaciações e
as alterações da atmosfera decorrentes das atividades vulcânicas.
Interferência do homem
Nas últimas décadas, o homem vem destruindo habitats de
grande diversidade biológica, principalmente por causa da poluição
das águas do solo e do ar, do desmatamento, da caça e pesca
predatórias e da extração ilegal de espécies vegetais. Essas
mudanças estão acontecendo numa velocidade maior do que a
adaptação dos seres vivos. Dessa forma, eles não se ajustam às
novas condições de vida e desaparecem.
Biodiversidade em área de Mata Atlântica
A biodiversidade na Estação Veracruz, reserva de Mata
Atlântica, é uma das maiores do planeta . Os 6.080 hectares
constituem um dos principais remanescentes da Mata Atlântica no
Sul da Bahia. Esta é a principal conclusão dos estudos realizados
por pesquisadores do Instituto Iguaçu de Pesquisa e Preservação
Ambiental sobre animais vertebrados ameaçados de extinção, cujos
resultados foram publicados no final do ano passado. A reserva
abriga, pelo menos, 12 espécies de mamíferos, 11 de aves e uma
réptil incluídas na lista oficial do IBAMA de espécies ameaçadas.
Segundo Marcovam Porto, coordenador técnico do Instituto
Iguaçu, além dos vários animais ameaçados, a Estação Veracruz
abriga inúmeras espécies bioindicadoras (Organismos cuja
presença ou estado de saúde é usada como medida de mudanças
ambientais em uma determinada área) como certos papagaios ,
alguns pica-paus de grande porte, a anta e a paca. Como elas
desaparecem de áreas atingidas pela degradação ambiental ou
pressionadas por atividades de caça, sua presença indica alto grau
de preservação e de qualidade ambiental do Ecossistema.
DEPENDE DE NÓS
Sérgio Mendes
DEPENDE DE NÓS,
QUEM JÁ FOI OU AINDA É CRIANÇA,
QUE ACREDITA OU TEM ESPERANÇA,
QUEM FAZ TUDO PRA UM MUNDO MELHOR.
DEPENDE DE NÓS,
QUE O CIRCO ESTEJA ARMADO ,
QUE O PALHAÇO ESTEJA ENGRAÇADO,
QUE O RISO ESTEJA NO AR,
SEM QUE A GENTE PRECISE SONHAR ,
QUE OS VENTOS CANTEM NOS GALHOS,
QUE AS FOLHAS BEBAM O ORVALHO,
QUE O SOL DESCORTINE MAIS AS MANHÃS.
DEPENDE DE NÓS,
SE ESTE MUNDO AINDA TEM JEITO,
APESAR DO QUE O HOMEM TEM FEITO,
SE A VIDA SOBREVIVERÁ.
CAPÍTULO V
IMPORTÂNCIA DA ÁGUA
“... Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata
nela ou outra coisa de metal , ou ferro; nem lha vimos.
Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e
temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque
neste tempo d’agora assim os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa
que, querendo –a aproveitar dar-se-á nela tudo, por
causa das águas que tem!...” (trecho da carta de Pero
Vaz de Caminha)”.
Em 22 de março se comemora o Dia Internacional da Água.
Porém, infelizmente, não há muitos motivos para se comemorar. Os
números no Brasil e no mundo sobre recursos hídricos estão cada
vez mais alarmantes e as previsões mostram que a água será um
bem escasso num futuro não muito distante. Já se prevê que no
século XXI os grandes conflitos mundiais se darão, em função da
escassez e da falta de gerenciamento da água, o ouro do terceiro
milênio.
Misteriosa, santificadora, purificadora, essencial. Através dos
tempos, a água foi perdendo o caráter divino ressaltado na
mitologia e na religiosidade dos povos primitivos e assumindo uma
face utilitarista na civilização moderna. Cada vez mais desprezada,
desperdiçada e poluída, atingiu um nível perigoso para saúde
pública.
A abundância do elemento líquido causa uma falsa sensação
de recurso inesgotável. Pelas contas dos especialistas, 95,1%da
água do planeta é salgada, ou seja, imprópria para o consumo
humano direto. Dos 4,9% restantes, 97% estão nas geleiras, e
somente os 3% restantes estão aptos para o consumo em lagos,
nascentes e em lençóis subterrâneos. E a natureza ainda brinca
com o homem: a água potável está distribuída desequilibradamente
– sobra nas florestas e geleiras e falta nas proximidades dos
aglomerados humanos. As civilizações antigas sempre cresceram
na beira dos rios e dos mares numa forma de garantir o acesso a
um elemento de sobrevivência crucial.
Florestas inteiras foram destruídas na expansão das cidades,
comprometendo os mananciais, fontes de água potável. Resíduos
tóxicos das fábricas e esgotos domésticos contaminam rios e
mares, levando doenças aos usuários de água tratada das cidades
e aos consumidores de peixes.E o polêmico efeito estufa –super
aquecimento da Terra devido ao excesso de monóxido de carbono
na atmosfera – pode acarretar a catástrofe inversa da escassez de
água: o calor do planeta já está provocando um discreto, mas
perigoso derretimento da calota polar. As geleiras, responsáveis
pela maior concentração de água doce do mundo, pode inundar
grandes cidades litorâneas ao passarem do estado sólido para o
líquido.
A mudança de clima, gerada pelo efeito estufa interfere na
quantidade e qualidade de água potável. O aumento da temperatura
eleva os níveis de evaporação nos mananciais, e os derretimentos
das calotas polares misturam uma importante reserva de água doce
com o mar. “A água não é um fenômeno isolado da humanidade;
nós podemos interferir para melhor ou pior”, adverte o biólogo
Adriano Diogo.
Dessa forma, se o ser humano quer continuar a usar água
doce a seu bel-prazer terá de, com muita urgência, recuperar os
rios degradados, parar de erodir o solo e desmatar, usar
combustíveis fósseis, construir represas para gerar energia elétrica,
usar pesticidas e fertilizantes indiscriminadamente, minerar de
forma irracional, acumular lixo em locais inadequados e lançar
esgotos e detritos industriais nos rios.
Vivemos agora um período de escassez ainda não
generalizada, mas em níveis preocupantes. Não estamos a ponto
de gastar toda a água doce do planeta, mas pelo menos 20 países
que sofrem atualmente com a falta desse recurso. O Brasil detém
8% de toda a água superficial do planeta. A sua distribuição, porém,
é desigual. Na Amazônia encontra-se 80% do volume total da água
disponível e 20% se distribuem pelo resto do país para atender a
95% da população.
Para cuidarmos adequadamente da água são necessárias
ações diversificadas e que requerem múltiplas estratégicas de
implementação. Existem ações que exigem a participação de
órgãos governamentais, mas há outras que dependem de atitudes
pessoais, que se somam num esforço coletivo, fruto de uma ética
de responsabilidade solidária. Tais ações podem ser desenvolvidas
a partir de uma postura cidadã, de compromisso com a preservação
do meio ambiente visando a qualidade de vida.
Em 1991, governos de mais de 100 países articularam,
durante a Conferência Internacional sobre a Água e Meio Ambiente,
em Dublin, Irlanda, quatro diretrizes básicas:
A água doce é um recurso finito e vulnerável, essencial à vida,
ao desenvolvimento e ao meio ambiente;
O gerenciamento e desenvolvimento da água devem ser
baseados numa abordagem participativa, envolvendo usuários,
planejadores e políticos em todos os níveis;
A mulher desempenha um papel vital na provisão, no
gerenciamento e na defesa da água;
A água tem um valor econômico em todos os seus usos de
competência e deve ser reconhecida como um bem econômico.
PLANETA ÁGUA
Guilherme Arantes
Água que nasce na fonte serena do mundo
E que abre um profundo grotão.
Água que faz inocente riacho
E deságua na corrente do ribeirão.
Águas escuras dos rios
Que levam a fertilidade ao sertão.
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população.
Águas que caem das pedras
No véu das cascatas,
Ronco de trovão.
E depois dormem tranqüilas
No leito dos lagos, no leito dos lagos.
Água dos igarapés, onde Iara, mãe d’água,
É misteriosa canção.
Água que o sol evapora
Pro céu vai embora,
Virar nuvens de algodão.
Gotas de água da chuva,
Alegre arco-íris sobre a plantação
Gotas de água da chuva, tão tristes,
São lágrimas na inundação.
Águas que movem moinhos
São as mesmas águas que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra, pro fundo da terra.
Terra, planeta água.
CAPITULO VI
O LIXO
Historicamente, desde que os seres humanos começaram a
se agrupar e viver em cidades, sempre existiu a produção de
resíduos os quais eram essencialmente compostos por matéria
orgânica. Sua disposição desordenada e sem controle contribuiu de
forma marcante para o desenvolvimento das grandes epidemias
européias da Idade Média. Para debelá-las desenvolveram nesta
época os primeiros projetos de saneamento básico nas grandes
cidades como Paris, Bruxelas etc, bem como o hábito de dispor os
resíduos sólidos fora das chamadas áreas urbanas.
Com o avanço do processo de industrialização e extensão da
vida média dos seres humanos, houve um crescimento
demográfico, um aumento significativo da produção de resíduos ,
além da modificação das características dos mesmos, surgindo, na
década de 60, os plásticos diminuindo gradativamente nas
sociedades mais desenvolvidas a participação da matéria
orgânica, embora quanto mais desenvolvida a sociedade, mais
resíduos sólidos por habitante são por ela produzidos.
Em cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro a média de
lixo diário por habitante é próximo de 1kg. Enquanto nas grandes
cidades brasileiras o percentual de matéria orgânica é próximo aos
60%, em certas cidades do interior ele pode chegar a 80% , sendo
que a produção de resíduos média por habitante nestas cidades do
interior não chega a 0,5kg/dia/habitante.
À medida, que a população brasileira cresce, se organiza e
desorganiza, aumenta consideravelmente os problemas
ocasionados pela produção e disposição do lixo final.
Se cada cidadão, ao adquirir um novo produto, tivesse
consciência de sua responsabilidade com o resíduo produzido,
talvez ele pensasse duas vezes antes de comprar o produto e,
desde a compra, se preocuparia com a destinação do mesmo, seja
um casca de banana ou maçã, um livro ou uma revista, um vidro de
café, uma lata de leite ou de cerveja, um sapato velho,... ,Ele fez
uso da parte boa do produto, que seja responsável e cuide do
resíduo.
O bicho
Manuel Bandeira
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato
Não era um rato
O bicho, meu Deus, era um homem.
CONCLUSÃO
Acredita-se que para mudar algo, é preciso um conhecimento
do fenômeno que se quer mudar. A consciência do problema que
impede a qualidade de vida desejada é favorecida pelo
conhecimento da realidade, local e global do contexto em que tal
problema se situa.
Por sua vez cabe aos participantes do processo educativo
escolher o problema a ser resolvido. Fundamentalmente os
professores e alunos, mas de fato todos os envolvidos na unidade
escolar.
A Educação Ambiental propõe desenvolver o tema no sentido
de converter: a competição em cooperação, a visão do particular
em visão interdisciplinar, desperdício em otimização do uso,
irresponsabilidade social e ambiental em participação consciente do
cidadão que reconhece os seus direitos e deveres, exercitando
ambos para o seu bem e de todos sobre o Planeta Terra.
É preciso agir de forma comunitária, desenvolvendo projetos
que visam um olhar e uma maneira de viver nesse ambiente que é
tão bonito, tão poderoso, e tão frágil. Porque somos responsáveis
por aquilo que deixaremos para as gerações futuras e esse futuro
está próximo, pois já estamos no século XXI.
Bibliografia
- Educação Ambiental: habilidades de gestão-Rio de Janeiro: GEP/DIPRE, 1999
- SENAC e Educação Ambiental-N.1 ( 1992 )-Rio de Janeiro: Senac/DN 1992
- Revista Educação-nº221-setembro de 1999
- Informativo Instituto Ecológico Aqualung - nº30, março/abril de 2000
- Revista Banas Ambiental-nº4-fevereiro de 2000
- Cartilha de Educação Ambiental para os centos de referência do Movimento de Cidadania pelas Águas no Estado do Rio de Janeiro –Águas, Cidadania e Agenda 21 na Escola.
- PADUA, Suzana Machado et alli, ( orgs). Educação
Ambiental: caminhos trilhados no Brasil-Brasília,1997-IPÊ
- PEDRINI, Alexandre de Gusmão ( org ). Reflexões e práticas contemporâneas-Vozes,s.d.
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