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EDUCAÇÃO EAD

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  • 3RevistaDocncia do Ensino Superior

    GIZ- Diretoria de Inovao e Metodologias de EnsinoPr-Reitoria de GraduaoUniversidade Federal de Minas GeraisReitorJaime Arturo RamirezVice-reitoraSandra Regina Goulart AlmeidaPr-reitor de GraduaoRicardo TakahashiPr-reitoradjuntoWalmir Matos Caminhas Conselho Editorial Francys Silva ArajoGisele Nunes CalistoJoyce Siqueira de SouzaJulianeCorraMadalena Lopes NavesMariana Dutra de Carvalho LopesRafaela EstevesGodinho LealRaquel Menezes PachecoZulmira Medeiros

    Conselho Consultivo

    Aline Gabriele PereiraBianca Frana NonatoFrancys Siva ArajoGisele CalistoKarol AmorimLeonardo ZenhaMadalena NavesMariana Dutra de Carvalho Lopes Paulo MarianoRafaela EstevesRaquel AparecidaSoares Reis FrancoUrquiza Paulino

    ApoioPROGRAD

    DiagramaoLeonardo Augusto Fernandes dos Reis

    RevisoLlian de Oliveira ____________________________________________________________

    RevistaDocncia do Ensino Superior, -nmero especial- out. 2014-Belo Horizonte: Diretoria de Inovao e Metodologias de EnsinoGIZ- PROGRAD-UFMG, 2014

    On-line ISSN 2237-58641. Docncia no Ensino Superior. 2.Docncia. 3.Ensino Superior____________________________________________________________

    Projeto Grfico: Marcelo Reggiani

    Produo EditorialRevistaDocncia do Ensino Superior

    GIZ-PROGRAD-UFMG Diretoria de Inovao e Metodologias de EnsinoAv. Antnio Carlos, 6627 - 31270-901- Belo Horizonte - MGFone: (31) 3409-6451email: [email protected]

  • 4Editorial

    Este quarto volume da Revista Docncia do Ensino Superior com-partilha com o leitor o registro de uma das principais aes do GIZ den-tro da UFMG - a Formao em Docncia do Ensino Superior. Criada no contexto de implantao do Reuni, trata-se de uma formao pedaggica ofertada pelo GIZ, desde 2008, aos mestrandos, doutorandos e ps-douto-randos desta universidade. Em cada texto que compe este volume da Re-vista, diferentes aspectos so abordados. Diferentes olhares sobre um mes-mo tema nos do a oportunidade de pensar a formao de nossos (futuros) docentes.

    O primeiro texto, intitulado O Programa Reuni na UFMG: con-texto, adeso, implantao, criao do GIZ e suas aes formativas, de Ma-ria de Lourdes Coelho, uma contextualizao do momento de adeso da UFMG ao Reuni, bem como da criao do GIZ e das suas primeiras aes, dentre as quais, a Formao em Docncia do Ensino Superior. O segundo texto, tambm com o objetivo de melhor delinear o contexto, Encontros presenciais e ambiente virtual de aprendizagem na Formao em Docn-cia do Ensino Superior, de Zulmira Medeiros e Maria de Lourdes Coelho, apresenta o curso e sua estrutura, com a descrio das atividades dos encon-tros presenciais e do ambiente virtual.

    Em seguida, no texto A formao continuada em tutoria a partir da interao no ambiente virtual, de Igor Mendes, Jacqueline Laranjo e Francys Arajo, so analisados o perfil da equipe de tutores e o trabalho de tutoria, bem como a organizao da equipe por meio da sala dos tutores (online) e das reunies presenciais semanais de planejamento e avaliao. Complementando esse quadro de dados, o texto Os sujeitos e suas deman-das, de Zulmira Medeiros, sistematiza o quantitativo dos cursistas atendi-dos e traz um pouco do perfil dos que participaram da formao de 2008 a 2013.

    Numa abordagem mais relacionada ao processo formativo dess-es (futuros) docentes, outros dois textos vm em seguida. De dia aluno e de noite professor: a condio de alunos da ps-graduao, um texto de Amanda Brescia, Raquel Pacheco e Viviane Cabral, traz reflexes sobre o momento vivido pelos cursistas, alunos da ps-graduao vivenciando a transio entre o papel de aluno e o de professor um aluno se tornando docente, um docente que ainda aluno. Docentes em formao e as sig-nificaes produzidas em torno do Ensino Superior, de Francisco Martins, Mara Azevedo e Symaira Nonato, discute os significados atribudos pelos cursistas ao papel de professor na universidade e docncia no Ensino Su-perior.

  • 5 Os dois ltimos textos apontam alguns resultados alcanados nesse processo. As equipes didticas na UFMG e a formao de docentes do Ensino Superior, de Fabiana Bernardo, Liliane de Oliveira e Leandro de Paula, trata da proposta acerca das equipes didticas previstas pelo Reuni, bem como da composio dessas equipes na UFMG. Curso For-mao em Docncia do Ensino Superior: percepes, significados e con-tribuies para a prtica docente na perspectiva dos cursistas egressos, de Ariadia Ferreira e Renata Ribeiro, finaliza este volume trazendo os signifi-cados e as contribuies da formao para os cursistas egressos.

    muito gratificante para o GIZ ter essa oportunidade de registro e de socializao de uma ao que j est em seu stimo ano de realizao. Esperamos estar contribuindo com a comunidade acadmica no so-mente com a ao em si, mas tambm com a reflexo, com o fazer pensar sobre os sujeitos, o seu processo de formao pedaggica para a docncia do ensino superior e sobre o lugar que dado formao docente pelas polticas pblicas, pela instituio e pelas pessoas que a constituem.

    Boa leitura!

    Zulmira Medeiros.

  • 6O PROGRAMA REUNI NA UFMG: contexto, adeso, implantao, criao do GIZ e suas aes formativas

    The Reuni Program at UFMG: Context, Accession, Implementation, Creation of GIZ and its Training Actions

    Maria de Lourdes Coelho RESUMO

    Este trabalho relata e analisa como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apresentou a sua proposta de adeso ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturao e Expanso das Universidades Federais (Reuni), organizou a formao continua-da de seus docentes e inicial dos mestrandos e doutorandos para auxiliar nas atividades de ensino da graduao e compor as equi-pes didticas. Por fim, apresenta algumas consideraes, como a constatao de que a implantao do Reuni na UFMG, no perodo de 2008 a 2012, ocorreu com a superao das dificuldades previs-tas e a confirmao de que o GIZ tenha atendido s necessidades do momento, no que se refere ao compromisso assumido pela UFMG ao aderir ao Reuni, com aes inerentes s novas medidas de gesto pedaggico-administrativas e formao docente.

    Palavras-chave: Formao docente. Ensino superior. Programa Reuni.

    Pedagoga, Doutora em Educao, Pedagoga no GIZ/Prograd [email protected]

  • 7ABSTRACTThis paper reports and analyses the way the Federal University of Minas Gerais UFMG has submitted its accession propos-alto the Program Reuni (Program of Support to Federal Univer-sities Restructuring and Expansion Plans), has organized the continuing education of its lectures and the initial education of its masters and PhD students to assist in the undergraduate teaching activities and compose the didactic teams. Whereas the new expansion and restructuring framework has demanded new methodological and technological measures, the need arose to record the moment of changes within UFMG scenario, organized into the following topics which make this work: preceding events to Reuni and its development context; Reuni and its general guidelines; the process of implementing Reuni at UFMG; the accession proposal to Reuni developed by UFMG; the creation of GIZ - Undergraduation Practices De-velopment Network; and GIZ actions to meet the demands of Reuni. Finally, some considerations were presented such as the ascer-tainment that the implementation of Reuni at UFMG, from 2008 to 2012, has occurred overcoming the expected difficulties and the confirmation that GIZ has met the current needs re-garding the commitment undertaken by UFMG when accessing Reuni, with actions inherent to the new pedagogical-adminis-trative management and lectures training measures.

    Keywords: lectures training; undergraduation; Program Reuni.

  • 8INTRODUO

    A crescente demanda por profissionais capacitados e por medidas democrticas e equitativas fez surgir vrios movi-mentos nacionais e internacionais de ampliao do nmero de instituies educacionais em todos os nveis nas ltimas dca-das. Uma das consequncias disso foi a criao do Programa de Apoio a Planos de Reestruturao e Expanso das Universi-dades Federais (Reuni), por meio do Decreto n 6.096, de 24 de abril de 2007.

    Para a adeso ao Reuni, coube a cada uma das institu-ies a elaborao de propostas de crescimento do ensino de graduao, com o objetivo de elevar o nmero de aproximada-mente 12 para 18 alunos por docente e atingir um total de 90% de diplomas de graduao, em relao ao total de alunos in-gressantes no vestibular. O novo quadro de expanso e reestru-turao, alm do aumento numrico, prope novas medidas de gesto pedaggico-administrativas, como a contratao de pro-fessores e tcnico-administrativos, bem como o envolvimento dos estudantes de ps-graduao stricto sensu em atividades docentes na graduao, mediante o recebimento de bolsas, con-forme previsto pelo programa.

    A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), como uma das 54 instituies a aderir ao Reuni, apresentou a sua proposta de adeso e se organizou para preparar seus do-centes, bem como mestrandos e doutorandos para auxiliar nas atividades de ensino da graduao e compor as equipes didti-cas. Voltando-se especialmente para a formao continuada de seus professores, em especial dos novatos, vrias aes foram organizadas nesse sentido, como a oferta de cursos, oficinas e seminrios.

    Para bem entender o momento histrico da implan-tao do Reuni na UFMG, apresenta-se, a seguir, o contexto e os eventos que o precederam, bem como a criao do GIZ e suas aes, para a formao docente inicial dos ps-graduandos e continuada dos professores, do momento de sua implantao na UFMG, de 2008 at 2012.

  • 91 Eventos precedentes e contexto da criao do Reuni O Brasil encerrou o sculo XX com novos investimentos na educao e com o reconhecimento do elevado potencial das no-vas tecnologias de informao e comunicao para sua utilizao nas instituies educacionais. A insero dessas tecnologias em vrios setores de servios e produo da sociedade trouxe novos elementos para se repensar a educao como fator de incluso social, alm de provocar mudanas significativas nos programas educacionais em todos os nveis de ensino, numa escala global. Tudo indica ser o incio de uma nova era para a educao, com ampliao de acesso e de extenso territorial e temporal.

    Um marco importante na inaugurao dessa nova fase foi a realizao da Conferncia Mundial sobre a Educao para todos, realizada em Jomtien, na Tailndia, em 1993, promovida por algu-mas organizaes, como a Organizao das Naes Unidas para a Cincia, a Educao e a Cultura (Unesco). Essas organizaes recomendam a elaborao de programas educativos especiais, en-tre eles, o de formao de professores para o ensino superior, con-templando a proclamada necessidade do direito educao para todos (Unesco, 1993, citado por CARNOY; LEVIN, 2007).

    Na Europa, o ensino superior passava por modificaes trazidas pela Declarao de Bolonha, iniciada pela assinatura da Declarao de Sorbonne, em 1998, na qual os ministros da Ale-manha, Frana, Itlia e Reino Unido defenderam a coerncia e a compatibilizao entre os sistemas educativos europeus. A declarao, assinada em 1999 por ministros de 29 pases, estabele-cia a criao de um Espao Europeu de Ensino Superior at 2010, com objetivo de aumentar a competitividade do ensino superior europeu e promover a mobilidade e a empregabilidade na Europa. As mudanas propostas pela declarao tratam da reorientao pedaggicado ensino centrado no aluno e visam a uma apren-dizagem mais ativa, autnoma e prtica, baseada em aulas prticas de laboratrio e de campo, na resoluo de problemas, no estu-do de casos, no desenvolvimento de projetos e na aprendizagem a distncia (CAMPUS, 2009).

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    Na Amrica Latina e no Caribe, iniciativas semelhan-tes europeia tm ocorrido no sentido da ampliao de acesso ao ensino universitrio e da integrao dos povos latino-amer-icanos, como o caso da fundao da Universidade Federal da Integrao Latino-Americana (Unila), em 2007. O seu princi-pal objetivo promover o desenvolvimento e a integrao lati-no-americana, com nfase no Mercosul, por meio do conhec-imento humanstico, cientfico e tecnolgico e da cooperao solidria entre as universidades, organismos governamentais e internacionais (UNILA, 2011).

    Seguindo a tendncia mundial, o Brasil, por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An-sio Teixeira (Inep/MEC), elaborou o Plano Nacional de Edu-cao (PNE), ao instituir a dcada da educao. A elaborao desse plano iniciou-se um ano aps a promulgao da Lei n 9.394/96. Com durao prevista para dez anos, o PNE estabele-ceu metas para a educao nos seus diversos nveis e modali-dades, para todo o territrio nacional. A sua elaborao contou com a participao solidria de estados e municpios, a partir das recomendaes da Conferncia Mundial sobre a Educao para todos, ocorrida em Jomtien.

    Com a elaborao do PNE 2001-2010, inicia-se a dcada da educao. A meta para o ensino superior era elevar o nmero de jovens ingressos de 18 a 24 anos de aproximadamente 12% para 30%, at o fim dessa dcada, e atingir 40% da oferta de va-gas no ensino pblico (MEC, 2011). Antes mesmo de completar o prazo de vencimento do PNE, o MEC lana o Plano Decenal de Educao (PDE), em 24 de abril de 2007, com a meta da du-plicao de vagas at 2017 nas universidades federais.

  • 11

    Na busca de amenizar o dficit de matrculas no ensino superior, em 2004, o Governo Federal cria o Programa Universi-dade para Todos (ProUni), institucionalizado pela Lei n 11.096, em 13 de janeiro de 2005, e que tem como finalidade a concesso de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduao e sequenciais de formao especfica, em instituies privadas de educao superior (PROUNI, 2011).

    Voltado para a rede pblica de ensino superior e ben-eficiando-se das experincias anteriores, em 2005, foi criado o sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), lanado por meio do Edital MEC-SEED n. 01, de 20 de dezembro de 2005, e que culminou em uma poltica pblica nacional, tendo em vista pri-oritariamente a formao de professores para a educao bsica (BALMANT, 2006; UAB, 2011). At o segundo semestre de 2011, foram abertos aproximadamente 1.000 polos, com quase 800 mil vagas criadas em todo o territrio nacional (MEC, 2011).

    A culminncia dos esforos de ampliao do acesso ao ensino superior ocorre com a instituio do Reuni pelo Decre-to n 6.096, na mesma data de lanamento do PDE, ou seja, 24 de abril de 2007. O Reuni contou com a adeso de todas as 54 Universidades Federais, entre elas, a UFMG, mediante o financia-mento para a expanso do nmero de vagas e de cursos, pref-erencialmente no turno da noite, e com a utilizao das novas tecnologias de informao e comunicao (REUNI, 2009).

    O Reuni, ento, contempla o PDE, que, por sua vez, atende ao Programa de Acelerao do Crescimento (PAC), am-bos lanados em 2007, pelo Governo Luiz Incio Lula da Silva, que englobou um conjunto de polticas econmicas para estimu-lar o crescimento econmico do pas e considerou o investimento na educao uma meta de mdio prazo. Com o PDE, a meta do PAC dobrar o nmero de alunos no ensino superior em dez anos (MEC, 2011).

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    2 O Reuni e suas diretrizes gerais

    O Reuni apresenta metas quantitativas (como a ampliao do acesso s universidades pblicas federais com o aumento do nmero de matrculas e de cursos e abertura de concursos para docentes e tcnico-administrativos) e metas qualitativas (como a flexibilizao curricular, a renovao de prticas pedaggi-cas e o uso de tecnologias de apoio aprendizagem) para a expanso do ensino superior nas Instituies Federais de Ensino Superior (Ifes) (BRASIL, 2007), com as seguintes propostas:

    Expanso do nmero de vagas e de cursos; Reestruturao universitria; Flexibilizao e interdisciplinaridade; Diversificao das modalidades de graduao; Articulao da graduao com a ps-graduao; Interface da educao superior com a educao bsica.

    Ficou a cargo de cada Ifes, ao aderir ao programa, propor a sua organi-zao curricular e a diviso ou no em ciclos, assim como a articulao entre graduao e ps-graduao. O Reuni determina tambm que a preparao dos professores novatos e dos alunos de ps-graduao para atuar na docncia de-pende da organizao de cada Ifes.

    Como complementao ao decreto que instituiu o Reuni, foram publi-cadas, em 27 de junho do mesmo ano, as suas Diretrizes Gerais, tendo em vista orientar as instituies universitrias na elaborao de suas propostas de adeso ao programa, com o objetivo de dotar as universidades federais das condies necessrias para ampliao do acesso e permanncia na educao superior (MEC, 2011).

    Consta nas Diretrizes Gerais do Reuni (MEC, 2007, p. 5) que cada in-stituio, ao aderir ao programa, no deve se preocupar apenas em formar re-cursos humanos para o mundo do trabalho, mas tambm a formar cidados que possam contribuir para soluo de problemas cada vez mais complexos da vida pblica. Ao tratar especificamente da graduao, complementa:

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    A qualidade almejada para este nvel de ensino tende a se con-cretizar a partir da adeso dessas instituies ao programa e s suas diretrizes, com o consequente redesenho curricular dos seus cursos, valorizando a flexibilizao e a interdisciplinaridade, di-versificando as modalidades de graduao e articulando-as com a ps-graduao, alm do estabelecimento da necessria e inadivel interface da educao superior com a educao bsica orien-tao j consagrada na LDB/96 e referendada pelas Diretrizes cur-riculares Nacionais, definidas pelo CNE (MEC, 2007, p. 5).

    O referido texto das Diretrizes Gerais do Reuni inclui uma anlise sobre os modelos de formao acadmica e profissional exis-tentes at ento e a constatao de que esses modelos esto supera-dos, pois foram resultantes de reformas parciais e limitadas das dca-das de 60 e 70 do sculo passado. Para os elaboradores do texto das Diretrizes, a Reforma Universitria de 1968 incorporou currculos pouco flexveis e um distanciamento entre a graduao e a ps-grad-uao, que o Reuni prope integrar. A proposta , por meio do Re-uni, associar a expanso universitria reestruturao acadmica e curricular, a fim de consolidar e aperfeioar o sistema pblico de ed-ucao superior, com destaque para a reviso de currculos e projetos acadmicos, visando flexibilizar e melhorar a sua qualidade (MEC, 2007, p. 9).

    Quanto formao docente, essas Diretrizes indicam que a expanso e a reestruturao sejam feitas com garantias de quali-dade e que a oferta de formao e apoio pedaggico aos docentes da educao superior permitiam a utilizao de prticas pedaggicas modernas e o uso intensivo e inventivo de tecnologias de apoio aprendizagem (MEC, 2007, p. 10). A esse respeito, na justificativa do Reuni, consta que a utilizao da modalidade educacional a distn-cia, somada s atividades presenciais, recomendada como forma de democratizar as oportunidades e de diminuir as diferenas sociais (BRASIL, 2007). Diante dos prescritos, coube a cada Ifes elaborar a sua proposta de adeso, como feito pela UFMG, e conforme apresen-tado a seguir.

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    2.1 A Proposta de Adeso ao Reuni elaborada Na dcada que antecede a publicao do edital de lanamento do Reuni, houve movimentos com propostas de expanso e de reestruturao em algumas universidades federais do pas. No ano anterior, a Reitoria da UFMG, por sua vez, nomeou uma comisso, instituda pela Portaria n 075, de 18 de maio de 2006, com a finalidade de avaliar as alternativas existentes para a ampliao do nme-ro de vagas na graduao. Essa comisso elaborou um relatrio, com base no diagnstico da educao superior no Brasil e em Minas Gerais, em que so apre-sentadas as necessidades e possibilidades de expanso da UFMG. Esse relatrio visou subsidiar as discusses sobre esse tema entre os membros da comunidade universitria, para o encaminhamento de sugestes aos rgos responsveis pelas tomadas de deciso, como o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso (Cepe) e o Conselho Universitrio (UFMG-REUNI, 2010).

    Ao verificar o contedo desse relatrio, nota-se que vrias possibilidades de expanso apresentadas foram contempladas pela proposta do Reuni, como a ampliao moderada, com ocupao dos espaos ociosos no turno noturno, a formao de pessoal qualificado para a docncia, o uso de tecnologias e da mo-dalidade a distncia, e a expanso dentro e fora da sede (UFMG, 2010). Assim, o Reuni encontrou abertura na UFMG para a sua adeso.

    Uma vez que o MEC publicou o decreto j formatado, informando o que seria o Reuni, e com solicitao de projetos s universidades, o ento reitor Ronaldo Tadeu Pena indicou uma comisso constituda pelos professores Mauro Mendes Braga (pr-reitor de Graduao), Jos Nagib Cotrim rabe (pr-reitor de Planejamento), Ana Lcia Pimenta Starling (assessora especial para assuntos da rea de Sade da UFMG), Carmela Maria Polito Braga (pr-reitora adjunta de Graduao da UFMG), Cristina Miranda da Silva Arajo (assessora da Prograd), Maria do Carmo de Lacerda Peixoto (diretora de Avaliao Institucional), Ricar-do Valrio Fenati (professor da Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas, que prestava assessoria direta ao reitor) e Ricardo Hiroshi Caldeira Takahashi (pro-fessor residente do Instituto de Estudos Avanados Transdisciplinares IEAT). Essa comisso ficou encarregada de efetivamente redigir e encaminhar a propos-ta nos moldes que o MEC solicitava. Na Proposta de Adeso ao Reuni elaborada pela UFMG, acentua-se, entre as linhas gerais, a formao docente, nos seguintes termos:

    Adoo de metodologias de ensino mais aptas ao trabalho com turmas de tamanho variado. Estas metodologias deman-dam a formao de equipes didticas mistas, encarregadas das atividades curriculares, sob a liderana de professores e integradas por docentes, estudantes de ps-graduao e bol-sistas de ps-doutorado. Os estudantes de ps-graduao receberiam bolsas para se dedicarem integralmente a seus cursos e a atividades de ensino na universidade, limitadas a, no mximo, 8 horas/aulas semanais. Essa estratgia, a ser, paulatina e cuidadosamente, estendida universidade como um todo, reservaria tarefas distintas aos professores e aos estudantes de ps-graduao (UFMG-REUNI, 2010, p. 5)

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    Conforme explicitado na proposta, a expanso requer novas solues de natureza didtico-pedaggicas, organizao de equipes didticas constitudas por professores, bolsistas de ps-doutorado, de doutorado e mestrado, para auxiliar no en-sino de graduao, conduzidos por professores com maior ex-perincia. A formao das equipes didticas destaca-se como um relevante diferencial do proposto pela UFMG, pois contempla a desejvel integrao da graduao ps-graduao e possibilita a insero dos mestrandos e doutorandos na prtica do ensino superior, contribuindo para a sua preparao como docente, alm de pesquisador.

    Quanto expanso da ps-graduao, consta na referida proposta que esta j se encontrava em curso na instituio, com a ampliao da oferta de cursos de mestrado e de doutorado. A vantagem que, com o Reuni, amplia-se tambm o nmero de ps-graduandos com bolsas de estudo e com possibilidade de se prepararem para atuar no ensino superior, o que considerado uma contribuio adicional para a melhoria da qualidade dessa formao (UFMG-REUNI, 2010).

    A expanso da graduao e da ps-graduao foi plane-jada para que ocorresse uma similaridade, com previso de atin-gir, ao trmino de cinco anos, 8.500 estudantes de mestrado e de doutorado e 32.000 matriculados na graduao. Em 2007, havia aproximadamente 23.000 graduandos e 7.000 mestrandos e dou-torandos na UFMG. A expanso previa a criao de 2.101 vagas na graduao presencial, no perodo de 2008 a 2012, com, aprox-imadamente, dois teros desse total no turno noturno.

    Ao se considerar o ingresso dos novos alunos, a proposta da UFMG tambm previa um acrscimo de 13% do nmero de professores de dedicao exclusiva, por meio de concurso, com acrscimo de 406 novos professores com equivalncia a Dedi-cao Exclusiva (DE), assim distribudos: 50 em 2008, 100 em 2009, 148 em 2010 e 58 em 2011. De forma semelhante, as novas admisses do corpo tcnico-administrativo seguiriam em sinto-nia com o ingresso dos estudantes (UFMG-REUNI, 2010).

    ____________________________________ Equivalncia a DE - Disponvel em http://www.apufsc.ufsc.br/texto/920/. Acesso em 22 de Dez. de 2010.

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    Estmulo incorporao de atividades acadmicas de cunho mul-tidisciplinar, que permitam a aproximao de alunos vinculados a reas e cursos distintos. Postula-se, assim, um modelo de flex-ibilizao curricular racional no uso dos recursos humanos dis-ponveis, capaz de possibilitar um atendimento sempre mais qual-ificado e quantitativamente mais extensivo (UFMG-REUNI, 2010, p. 4)

    Para atender ao aumento de estudantes na Universidade, foi projetada a expanso das instalaes fsicas, como a construo de salas de aulas, laboratrios e am-bientes especiais de ensino, alm de contemplar a ampliao de espaos j exis-tentes e as reformas de outros, como o antigo Pavilho Central de Aulas (PCA), e a a construo de dois Centros de Atividades Didticas, de uso comum para toda a universidade, com salas de variados tamanhos, devidamente equipadas e adequadas para o emprego de novas metodologias de ensino (UFMG-REUNI, 2010, p. 11).

    Os Centros de Atividades Didticas (CAD), vinculados Pr-Reitoria de Gradu-ao (Prograd), e no a uma unidade acadmica, consistem em uma experincia indita na UFMG, pois so os primeiros prdios de salas de aulas no vinculados a uma unidade acadmica especfica, mas de uso compartilhado. Como prevista pelo Reuni e como consta nos princpios da proposta da UFMG, a estrutura fsica dos CAD sugere mudanas na estrutura pedaggica, assim expressas:

    Essa estruturao do espao fsico suscita uma reorganizao pedaggica, com adoo de metodologias que atendam a turmas de tamanhos variados, com aulas para aproximadamente 150 alunos, reunidos em auditrios, seguidas de agrupamentos com um nmero menor de alunos, acompanhados por estudantes de ps-graduao, que compem as equipes didticas, para o suporte s ativi-dades presenciais e a distncia.

    Ao tratar da necessidade de atualizao de tecnologias e metodologias de ensino-aprendizagem, a Proposta de Adeso apresenta um diagnstico da situ-ao daquele momento, com referncia a dois grupos de situaes distintas: as aulas prticas e as aulas tericas. Para as primeiras, foram associados modelos diversificados, como aulas experimentais em laboratrios ou em campo, para atender a especificidades de cada curso. Foram identificadas iniciativas que in-troduzem simulaes, por meio de recursos computacionais, que envolvem situ-aes complexas, no lugar do modelo de prticas com demonstraes didticas. Como previsto pelo Reuni, vislumbra-se a possibilidade de se aprimorar a in-fraestrutura para a manuteno das prticas de forma adequada aprendizagem almejada.

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    Para as disciplinas tericas, o diagnstico aponta como predomi-nante o modelo tradicional de ensino, com aulas expositivas, que tm o quadro (lousa) como nico recurso. O maior percentual de reteno dos alunos foi identificado nas disciplinas tericas que utilizam os moldes tradicionais de ensino, embora seus docentes sejam bem avaliados. Essa situao tende a se repetir e se agravar, pois muitos professores universitrios no tm a formao ped-aggica para o exerccio da profisso, suas prticas so baseadas nas dos seus antigos professores, ou nas formas mais fceis ou simplificadas de trabalho docente.

    Diante desse quadro, a proposta apresenta, como meta, a formao de equipes de docentes e estudantes de ps-graduao instaladas em todas as reas do conhecimento, at o trmino da implantao do programa Reuni (UFMG-REUNI, 2010). Como parte dessa meta, prev-se que todos os bolsistas de ps-grad-uao integrantes das equipes didticas, ao mesmo tempo que desenvolvem atividades de ensino na graduao, devero, no curso dessas atividades, ser tambm treinados para o exerccio das atividades de ensino superior (p. 31). Tais atividades, estando relacionadas s disciplinas tericas e prticas, visam preparao dos ps-graduandos para o ensino e o melhor atendimento aos graduandos, para o acompanhamento da elaborao de trabalhos e utilizao de materiais didticos complementares, com possi-bilidades de realizar a desejvel integrao da graduao com a ps-graduao.

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    2.2 O processo de implantao do Reuni na UFMG

    Aps a aprovao da Proposta de Adeso ao Reuni, o reitor Ronaldo Tadu Pena criou o cargo de coordenador geral do Programa na UFMG, que, por sua vez, constituiu sua equipe de implantao. Essa equipe ficou vinculada Prograd, pois o Reuni consiste, em especfico, em um programa de ampliao, de expanso e de reestruturao da graduao nas universidades. Essa equipe, com-posta pelos professores da comisso que elaborou a Proposta de Adeso ao Reuni e por outros que contriburam ao longo de perodos mais curtos, foi responsvel pela elaborao dos projetos pedaggicos de diversos cursos novos e dos cursos j existentes, que passaram a ser ofertados em turnos diferentes.

    Outra equipe formada para o acompanhamento dos projetos dos no-vos cursos foi coordenada por Cristina Miranda Silva Arajo, que fez parte da comisso inicial, devido sua experincia com a elaborao de projetos ped-aggicos no Setor Acadmico dessa instituio. Assim, formou-se uma comisso tcnica com oito pessoas que no faziam parte do quadro de servidores da UFMG e que se candidataram aos cargos, mediante edital de seleo publicado pela in-stituio.

    Uma das premissas da comisso de elaborao da Proposta de Adeso da UFMG ao Reuni foi de que, junto entrada de recursos para a contratao de professores e criao de condies materiais, deveria haver reservas para as renovaes pedaggicas, com um setor voltado para o desenvolvimento de met-odologias de ensino.

    Assim, formou-se o Ncleo de Tecnologias e Metodologias, com o objeti-vo de preparar os alunos de ps-graduao bolsistas e os professores, em especial os novatos efetivados, em funo da expanso a partir do Reuni. A equipe ped-aggica do ncleo foi composta inicialmente pela professora Juliane Corra, da Faculdade de Educao, na coordenao de quatro pedagogos: Leonardo Zenha Cordeiro (mestrando), Maria Jos Batista Pinto (contratada), Zulmira Medeiros (doutoranda) e Maria de Lourdes Coelho (doutoranda). O ncleo deu origem criao do GIZ, responsvel pelas aes da Diretoria de Inovao e Metodologias de Ensino, vinculada Prograd da UFMG, descritas na sequncia deste trabalho.

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    2.2.1 A criao do GIZ Rede de Desenvolvimen-to de Prticas de Ensino Superior

    No dia 25 de junho de 2009, a Pr-Reitoria de Graduao da UFMG realizou o seminrio de lanamento do GIZ Rede de Desenvolvimento de Prticas de Ensino Superior, com convite aberto para toda a comunidade universitria. O GIZ ampliou e deu um novo significado e abrangncia ao Ncleo de Tecnologias e Metodologias. Enquanto o ncleo estava vinculado Assessoria do Reuni, que tratou da documentao de adeso da UFMG ao Reuni e das aes iniciais de sua implantao, o GIZ foi criado para a atuao da Diretoria de Inovaes e Metodologias de En-sino, ligada Prograd. Assim, houve a busca de institucionalizar suas aes e ampliar sua abrangncia para todos os cursos: os que foram criados a partir do Reuni e os j existentes.

    No cartaz de divulgao consta a finalidade do GIZ como instncia criada pela Prograd e destinada ao aprimoramento das metodologias de ensino superior, utilizando novas tecnologias e possibilitando a reflexo contnua da prtica docente, seguido de uma breve descrio:

    Este trabalho ocorre por meio de Assessoria Pedaggica e Tecnolgica, junto aos cursos e disciplinas da Universidade, partin-do de uma investigao das demandas, dos contextos educativos e da interlocuo com os docentes envolvidos. As aes do GIZ priorizam a articulao institucional com outros setores da Uni-versidade de modo a promover a conexo de saberes j existentes e a formao de uma rede colaborativa de prticas de ensino (GIZ, 2009).

    Durante o referido seminrio, houve o pronunciamen-to do reitor Ronaldo Tadu Pena, da vice-reitora Helosa Maria Murgel Starling, do pr-reitor de Graduao Mauro Braga e da pr-reitora adjunta Carmela Braga. A apresentao do GIZ foi feita pela coordenadora Juliane Corra, do ento Ncleo de Tec-nologias e Metodologias. Na sequncia, houve a exposio das aes ocorridas at ento, pelos professores representantes das re-spectivas unidades, como: Instituto de Cincias Agrrias, Escola de Engenharia, Escola de Belas Artes, Instituto de Cincias Exa-tas, Escola de Enfermagem e pela equipe responsvel pelo plane-jamento e execuo do Curso Formao em Docncia do Ensino Superior, que estava em sua segunda oferta. Nos discursos dos palestrantes do referido seminrio, foi reafirmado que as aes do GIZ visam prtica, reflexo e consolidao dos saberes do-centes, vindo ao encontro da proposta do Reuni, como viabilizar o acesso, a permanncia e a concluso dos cursos pelos alunos.

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    Figura 1 - Logomarca do GIZ.Fonte: GIZ-UFMG, 2010.

    ____________________________________________________________________________ Descrio retirada dos slides de apresentao da logomarca do GIZ, elaborado pela equipe do Cedecom.

    H indcios de que os valores e conceitos estampados na logomarca estejam sendo reafirmados como no planejamento, pois, conforme constatado por Coelho (2012), o GIZ tem sido referncia para a comunidade universitria como um setor que realiza as metas da Diretoria de Inovao e Metodologias de Ensino da Prograd. Essa significao observada na demonstrao de con-fiana por aqueles que recorrem ao seu apoio (docentes e discentes dos cursos novos e dos antigos), na busca de recursos para os desafios do processo de ensino e aprendizagem no atual contexto.

    Rapidamente, o GIZ se reestruturou e ampliou suas aes e a abrangn-cia de atuao nas diversas unidades da UFMG. O nmero de seus integrantes chegou a mais de trs, no final de 2012, com sete funcionrios tcnico-ad-ministrativos do quadro permanente e sete contratados pela Fundep, cinco professores bolsistas de extenso (dois ativos e trs aposentados) e cerca de 30 bolsistas de graduao e de ps-graduao, distribudos em cinco equipes: For-mao Docente; Produo de Materiais Didticos; Alimentao do Repositrio de Objetos de Aprendizagem; Apoio para Utilizao da Plataforma Moodle e Portflio Digital. Outras equipes se formaram para outras atividades, como a elaborao da Revista Docncia do Ensino Superior. Algumas aes do GIZ, validadas em diversas unidades da UFMG, so apresentadas a seguir.

    A denominao Giz fez parte de um estudo em busca de uma identi-dade, no sendo uma sigla usual, mas uma comunicao de carter potico, como descrito no projeto elaborado pelo Centro de Comunicao (Cedecom/UFMG). Conforme a descrio da apresentao do estudo, o nome traz em si referncias do fazer que esteja ligado ao docente, que representa sua atuao em sala de aula. A potncia potica se aplica funcionalidade que o nome proporcio-na . Os conceitos encantamento pela profisso, mediao como prtica docen-te, professor como sujeito chave no processo, ampliao da ideia de tecnologia, integrao, movimento, vitalidade e simplicidade foram considerados na elab-orao da imagem visual do GIZ, assim representada:

  • 21________________________________ O Moodle a plataforma de ensino a distncia baseada em software livre e usada oficialmente pela UFMG. A equipe do Portflio Digital prepara os pen drives com materiais referentes a cada um dos cursos novos, distribui aos alunos novatos e acompanha a produo realizada pelos alunos juntamente com os professores, ao longo dos cursos de graduao.

    H indcios de que os valores e conceitos estampados na logomarca estejam sendo reafirmados como no planejamento, pois, conforme constatado por Coelho (2012), o GIZ tem sido referncia para a comunidade universitria como um setor que realiza as metas da Diretoria de Inovao e Metodologias de Ensino da Prograd. Essa significao observada na demonstrao de con-fiana por aqueles que recorrem ao seu apoio (docentes e discentes dos cursos novos e dos antigos), na busca de recursos para os desafios do processo de ensino e aprendizagem no atual contexto.

    Rapidamente, o GIZ se reestruturou e ampliou suas aes e a abrangn-cia de atuao nas diversas unidades da UFMG. O nmero de seus integrantes chegou a mais de trs, no final de 2012, com sete funcionrios tcnico-ad-ministrativos do quadro permanente e sete contratados pela Fundep, cinco professores bolsistas de extenso (dois ativos e trs aposentados) e cerca de 30 bolsistas de graduao e de ps-graduao, distribudos em cinco equipes: Formao Docente; Produo de Materiais Didticos; Alimentao do Re-positrio de Objetos de Aprendizagem; Apoio para Utilizao da Plataforma Moodle e Portflio Digital. Outras equipes se formaram para outras ativi-dades, como a elaborao da Revista Docncia do Ensino Superior. Algumas aes do GIZ, validadas em diversas unidades da UFMG, so apresentadas a seguir.

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    2.3 Aes do GIZ para atender demanda do Reuni Desde o primeiro semestre de 2008, o Ncleo de Tecnologias e Metodolo-gias iniciou o levantamento diagnstico dos cursos e das disciplinas com maior ndice de reprovao e evaso, bem como suas causas. Desse diagnstico, partiu-se para medidas propositivas, como o acompanhamento da implantao dos novos cursos, no que se referem organizao curricular, assessorias para elaborao de materiais didticos inovadores do ensino, a formao e preparao dos professores, mestrandos e doutorandos para a composio das equipes didticas, em conformi-dade com as diretrizes do Reuni.

    medida que esse trabalho foi se organizando, comeou a ocorrer deman-da dos cursos no Reuni, ou seja, dos j existentes na Universidade. Aos poucos e ainda no perodo de implantao do Reuni, o GIZ assumiu a responsabilidade pelos cursos da UFMG, em geral, no apenas pelos novos cursos criados a partir do Reuni. Com isso, houve aumento da demanda e discutiu-se a ideia de se criar um polo do GIZ em cada uma das unidades acadmicas, de maneira que os professores tivessem seu espao de apresentar e discutir suas propostas metodolgicas.

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    2.3.1Acompanhamento da implantao dos novos cursos e disciplinas

    Conforme mencionado anteriormente, uma das aes iniciais foi a investi-gao de algumas disciplinas com maior ndice de reprovao, como Clculo I, no In-stituto de Cincias Exatas (ICEx). Os integrantes da equipe mantiveram uma postura investigativa, caracterstica do GIZ, como a de trabalhar junto ao professor, ao levantar as dificuldades e as possibilidades de melhorias no ensino, e junto ao aluno, ao buscar conhecer as causas do abandono da disciplina ocorrido muitas vezes aps a primeira prova da disciplina.

    Os cursos contemplados com a assessoria do GIZ, ainda no ano de 2008, antes da formao das primeiras turmas, foram: Engenharia Ambiental e os quatro novos do Instituto de Cincias Agrrias (ICA) Administrao, Agronomia, Engenharia Flor-estal e Engenharia Agrcola e Ambiental , unidade acadmica da UFMG instalada em Montes Claros, com 240 novas vagas.

    Em paralelo, o Ncleo assessorou a implantao do Curso de Engenharia Am-biental, com disciplinas obrigatrias alocadas em diversos departamentos externos Escola de Engenharia, que ainda funcionava na regio central de Belo Horizonte, antes da mudana para o Cmpus Pampulha. Por meio da disciplina Trabalhos Temticos, objetivou-se articular teoria e prtica. A primeira ao executada pela equipe do n-cleo, junto equipe dos representantes da coordenao desse curso, foi a realizao de leitura e anlise do projeto para se conhecer o contexto e serem levantadas possibili-dades de situaes de aprendizagem requeridas pelo currculo. Durante o segundo se-mestre de 2008, foram realizadas reunies mensais das referidas equipes para contato, adeso e trabalho coletivo, que resultou nos seguintes produtos: criao da identidade visual do curso; planejamento da disciplina Trabalhos Temticos 1 e 2, articulado com a implementao do Portflio Digital Acadmico; produo de ambiente virtual para consolidao dos portflios dos alunos; produo de um caderno de estudos, que siste-matiza o eixo vertical do curso; e a ampliao do projeto da Bacia do Conhecimen-to. Ainda naquele semestre, foi ofertado o Curso Formao em Docncia do Ensino Superior para os alunos de mestrado e de doutorado de Engenharia Ambiental, que consistiu na turma piloto do curso.

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    Em 2009, dois novos cursos de graduao (Conservao e Restaurao de Bens Culturais Mveis, criado pela Escola de Belas Artes, e Gesto de Servios de Sade, ofertado pela Escola de Enfermagem), selecionados pela complexidade da proposta curricular, receberam a assessoria do GIZ para a sua implantao, em ateno solicitao dos seus coordenadores. A solicitao do primeiro surgiu dev-ido ao desafio de se planejar a disciplina Seminrios Avaliativos, como prev a orga-nizao curricular do curso. O segundo, ao perpassar as reas de conhecimento da Sade e das Cincias Sociais Aplicadas, com contedos dos cursos Administrao, Economia, Medicina, Enfermagem e Demografia, recebeu assessoria do GIZ, ini-ciada com a elaborao do mapa conceitual, que engloba as respectivas reas e as disciplinas de cada perodo.

    O curso Msica, incorporado UFMG desde a dcada de 1960, ampliou as suas habilitaes a partir do Reuni, ao acrescentar Educao Musical, Musicoterapia e Msica Popular. O trabalho de integrantes do GIZ, junto equipe de professores da Escola de Msica, consistiu na organizao administrativa e acadmica da unidade, por meio da construo do mapa conceitual e do dossi da proposta curricular j existente, com as novas habilitaes. Houve a implementao da Midiateca Virtual, com os materiais j existentes, e foram construdos outros projetos de elaborao de objetos de aprendizagem, tecnologicamente referenciados, que objetivassem favore-cer o processo de ensino-aprendizagem com base em critrios de qualidade e ex-celncia acadmica. O GIZ proporcionou assistncia pedaggica aos professores na organizao e elaborao de produo de softwares, CDs, DVDs, apostilas, web-pag-es, web-aulas e workshops a distncia, bem como a mediao da produo e insero de contedo didtico produzido por professores e alunos, com o auxlio de recursos tecnolgicos, como o Portflio Digital.

    Outras aes do GIZ foram o apoio a cursos existentes antes do Reuni e ao atendimento de demandas pontuais, como a da coordenao do Curso Terapia Ocu-pacional, que, durante o segundo semestre de 2009, solicitou ao GIZ a realizao de atividades formativas, a fim de preparar seu corpo docente para reformular a proposta do curso. De forma semelhante, o GIZ acompanhou a coordenao do Curso Odontologia na realizao da semana pedaggica, antes do incio das aulas do primeiro semestre de 2011, visando preparao de seus professores para aes coletivas e reflexivas no enfrentamento dos atuais desafios educacionais por eles de-tectados.

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    A disciplina Semiologia, ministrada pela Faculdade de Medicina, tambm recebeu a assessoria da equipe do GIZ, por se tratar de uma disciplina que atua como eixo estruturante e integrador de diversos cursos da rea de conhecimento Cin-cias da Sade, como Educao Fsica, Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia, Psicologia e Terapia Ocupacional. De forma semelhante, a disciplina Sociologia, ministrada pela Faculdade de Filosofia e Cincias Humanas (Fafich), ganhou ateno especial da equipe do GIZ, por fazer parte da formao bsica de vrios cursos da UFMG. Foram feitas algumas reunies na tentativa de se elaborar um plano de trabalho diagnstico e de aes, ao se considerar o aumento da demanda de alunos que passaram a curs-la, em decorrncia da expanso, porm a sua efetivao no foi contemplada.

    Outra ao do GIZ foi o apoio pedaggico e tecnolgico a disciplinas eletivas na modalidade a distncia, ofertadas desde o segundo semestre de 2010, com encon-tros peridicos durante os semestres. So elas: Iniciao ao Design, com 150 vagas; Introduo ao Universo da Msica, com 300 vagas; Fundamentos de Libras, com 500 vagas; e Eficincia Energtica nas Edificaes, com 300 vagas. Alguns participantes da equipe do GIZ fizeram o acompanhamento da edio dos ambientes virtuais e dos objetos de aprendizagem, de acordo com a especificidade das disciplinas, e deram assessoria pedaggica na consolidao das equipes pedaggicas.

    Fizeram parte das aes do GIZ os Cafs Pedaggicos realizados na Facul-dade de Direito. Tratam-se de reunies acompanhadas de lanches matinais, organi-zadas e dirigidas por representantes do GIZ em ateno solicitao de professores daquela escola, com discusses de temas pedaggicos, como avaliao e metodolo-gias de ensino. Alm disso, foram realizadas gravaes elaboradas e editadas em vdeo e pequenos cursos e oficinas preparatrios das equipes que se formaram no GIZ, medida da necessidade, sem que houvesse um registro sistematizado.

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    2.3.2 Participao e promoo de eventos Uma das aes previstas na proposta do Reuni-UFMG foi a realizao do I Seminrio: Novas Metodologias e Tecnologias no Ensino Superior, ocorrido no dia 21 de novembro de 2008, no auditrio da Reitoria, promovido pela Pr-Reitoria de Graduao. Esse seminrio teve como objetivo propiciar comunidade uni-versitria a discusso sobre as possibilidades do uso das tecnologias da informao e comunicao no contexto da sala de aula para a inovao no processo de ensi-no-aprendizagem. O reitor Ronaldo Tadu Pena fez a abertura do evento e passou a palavra para a professora Juliane Corra, coordenadora do Ncleo de Tecnolo-gias e Metodologias, apresentar as aes desenvolvidas pelo Reuni naquele ano e explanar sobre Inovaes tecnolgicas e novas tecnologias no ensino superior. Em sequncia, foram formados pequenos grupos para discutir o assunto, com de-staque para as necessidades de inovaes percebidas nas prticas docentes. Houve a participao de professores de diversas unidades da UFMG, especialmente coor-denadores dos novos cursos, alm de representantes de outros segmentos, com o total aproximado de 100 participantes.

    O seminrio de lanamento do GIZ, mencionado anteriormente, foi segui-do do 3 Seminrio Prticas de Ensino na Universidade, ainda em 2009, nos dias 12 e 13 de novembro, que deu incio discusso de temticas relativas s interaes dos sujeitos e saberes nas salas de aula da UFMG, com o objetivo de tratar da di-versidade dos sujeitos e refletir sobre as implicaes no acesso ao conhecimento. O evento prosseguiu com exposies orais denominadas Experincias docentes na UFMG: equipes didticas e uso de tecnologias para o ensino, com apresentaes de relatos de experincias desenvolvidas pelas equipes didticas com o apoio da equipe do GIZ.

    O 4 Seminrio: Diversidade Sociocultural e Acesso ao Conhecimento no Ensino Superior, realizado nos dias 16 e 17 de junho de 2010, deu continuidade ao ciclo de palestras sobre diversidade cultural e foram apresentados relatos de experincias de equipes didticas constitudas por professores e bolsistas GIZ/Pro-grad das reas de Cincias Sociais Aplicadas, Cincias Exatas e da Terra, Cincias Humanas, Letras e Artes e Cincias Biolgicas e Sade.

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    A partir de 2010, os seminrios do GIZ no seguiram o mesmo formato e se-quncia. Vrias aes foram reorganizadas e passaram a compor o Percurso Forma-tivo de Docentes do Ensino Superior, o evento de abertura denominado Docncia: Sucessos do Ofcio. Esse evento teve convite extensivo aos participantes do Curso Formao em Docncia do Ensino Superior e a toda a comunidade universitria, divulgado em faixas colocadas em pontos estratgicos do Cmpus Pampulha e em listas de e-mail dos diversos segmentos da UFMG. A ideia era resgatar experincias dos professores aposentados que foram convidados para palestrar sobre a docncia no ensino superior. O primeiro evento, realizado no incio do segundo semestre de 2010, contou com os relatos bem-humorados e as reflexes dos professores Beatriz Alvarenga lvares, Carlos Roberto Jamil Cury e Yara Tupinamb Gordilho Santos. Na abertura das atividades formativas do GIZ, do primeiro semestre de 2011, os professores Paulo Roberto Saturnino Figueiredo e Maria Antonieta Pereira apresen-taram seus relatos. Ambos os eventos realizaram-se no auditrio da Reitoria e con-taram com a presena de aproximadamente 150 espectadores em cada um deles.

    Ao longo das atividades realizadas desde 2008, como parte da programao dos seminrios ou separadamente, em atendimento s demandas, foram realizadas oficinas pedaggicas que priorizaram o uso das ferramentas tecnolgicas, princi-palmente do Moodle. No dia 5 de maro de 2010, teve incio o Ciclo de Oficinas de Uso e Aprimoramento de Metodologias e Tecnologias, destinado aos profes-sores da UFMG, que prosseguiu at o trmino do ms, no formato semipresencial, com objetivo de oferecer aos docentes a possibilidade de apropriao de elementos metodolgicos e tecnolgicos para aplicao em atividades de ensino presenciais e a distncia nos cursos de graduao. Nesse primeiro ciclo, ocorreram as oficinas Moodle e Dirio Eletrnico; Mapas conceituais; Tecnologias para o Aprendizado em Rede: aberto, conectado, social e Apresentaes Eletrnicas como Ferramenta de Comunicao. As oficinas pedaggicas foram realizadas no Cmpus Pampulha e em Montes Claros, com o deslocamento de integrantes da equipe de formao do GIZ para aquela cidade. Aproximadamente 80 professores se inscreveram para participar das oficinas.

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    A elaborao das oficinas contou com a participao dos professores Antnio Mendes Ribeiro e ngelo Guimares Moura, Departamento de Cincias da Computao (DCC) do Instituto de Cincias Exatas (ICEx) da UFMG, que j possuam experincias e estudos referentes ao uso pedaggico dos recursos computacionais. Esses professores passaram a integrar a equipe do GIZ, como bolsistas de extenso, para a realizao das oficinas e demais atividades da equipe de formao. Ao detectar a necessidade de ex-pandir as aes do GIZ, decidiu-se pela contratao de professores aposentados, espe-cialmente para assumir os postos de atendimento nas unidades acadmicas. A primeira professora aposentada a ser contratada foi a professora Maria Tereza Gonalves Diniz, em 2011, que inaugurou o espao do GIZ no ICEx, na mesma unidade em que exerceu sua profisso. Na ocasio, foram contratadas as professoras Urquiza Helena Meira Pauli-no e Madalena Martins Lopes Naves, que lecionavam nas Escolas de Medicina e de Cin-cia da Informao, respectivamente. Os professores Antnio Mendes Ribeiro e ngelo Guimares Moura mantiveram a contrao aps a aposentadoria.

    As ofertas das oficinas prosseguiram nos formatos presenciais, semipresenciais e totalmente a distncia, e passaram a ser ofertadas com outros cursos e percursos ofer-tados aos docentes, discentes e tcnico-administrativos, com as devidas adaptaes aos pblicos alvos. O nmero de oficinas cresceu medida que se somaram novos colabora-dores para a sua concepo e elaborao, sendo, ento, compostas por alguns egressos de cursos ofertados pelo GIZ.

    Em 2011, o GIZ participou do evento UFMG Conhecimento e Cultura, que en-globa a XV Semana de Graduao, com quatro aes: o Frum Docncia no Ensino Su-perior; lanamento da revista do GIZ; apresentao e premiao de portflios acadmi-cos e um workshop sobre portflios, mapas conceituais e currculo para a comunidade acadmica.

    O Frum Docncia no Ensino Superior foi realizado no dia 17 de outubro de 2011, no auditrio da Biblioteca Central, com 10 apresentaes orais das equipes ped-aggicas compostas por professores e ps-graduandos provenientes das Faculdades de Cincias Econmicas, Direito, Letras, Odontologia e de Medicina, das Escolas de Ar-quitetura, Msica, Engenharia e do Instituto de Cincias Agrrias. O evento refletiu os resultados do GIZ, no que se refere s inovaes que envolveram aspectos pedaggicos e tecnolgicos, a partir dos projetos e dos materiais didticos apresentados. Desses, alguns participaram do Curso Formao em Docncia do Ensino Superior e do Percurso For-mativo ofertado pelo GIZ.

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    O frum prosseguiu com a mesa-redonda Quebrando o silncio: a docncia na universidade, com a explanao dos professores Ricardo Hiroshi Caldeira Takahashi e Ricardo Valrio Fenati, que participaram da Comisso do Reuni na UFMG no mo-mento da adeso, e Juliane Correa, diretora de Inovao e Metodologias de Ensino. Destacada a necessidade de se pesquisar sobre as prticas docentes no ensino superi-or, o professor Takahashi exps dados que mostram que muitas publicaes sobre o assunto so provenientes da rea de Cincias Biolgicas e da Sade. As publicaes da rea da Educao referem-se mais s polticas do ensino superior do que s prticas de ensino.

    A criao da Revista Docncia do Ensino Superior, lanada durante o referido frum, teve como objetivo se constituir em um espao e frum de debates relacio-nados docncia no ensino superior no contexto das inovaes em metodologias e tecnologias de ensino (UFMG-GIZ, 2011).

    As apresentaes dos portflios didtico-acadmicos pelos alunos de gradu-ao, criados ao longo de sua trajetria acadmica, assim como os outros trabalhos apresentados durante a XV Semana de Graduao, foram avaliados e premiados por uma comisso de professores. A seleo dos portflios foi feita em duas etapas: a pri-meira, com cinco selecionados entre 24 inscritos, e a segunda, com a premiao de dois finalistas, um do Curso de Biblioteconomia e outro de Engenharia Florestal/ICA. As inscries, seleo e avaliao foram feitas da mesma forma que os demais trabalhos. Os portflios foram avaliados por duplas de professores pertencentes mesma rea de conhecimento do trabalho apresentado, devido s suas especificidades. Nessa primeira experincia com os portflios, foi enfatizada a amplitude do projeto, que abrange dif-erentes cursos criados a partir do Reuni.

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    2.3.3 Produo de material didtico A produo de materiais didticos foi prevista na proposta de adeso ao Reuni enviada ao MEC pela UFMG, como forma de fornecer melhores condies para o trabalho das equipes didticas constitudas de professores e bolsistas de mestrado e doutorado. A convocao das equipes para enviar a proposta foi feita por meio de edital da Prograd. No dia 5 de outubro de 2009 foi divulgado o primeiro edital e o segundo, no dia 16 de setembro de 2010, com capacidade de atendimento de, no mximo, 20 e 30 projetos, re-spectivamente, a serem desenvolvidos no primeiro semestre do ano seguinte publicao dos editais.

    Um dos objetivos que constou nos editais foi:

    Estimular a oferta de atividades acadmicas curriculares com o em-prego de metodologias de ensino que possam ser aplicadas no aten-dimento de grande nmero de estudantes preservando, ou, at mel-horando, a qualidade de ensino ministrado pela UFMG. Sero aceitas propostas que utilizem os modelos de Ensino Presencial, Semi-Pres-encial ou a Distncia (UFMG-GIZ, 2011).

    Em resposta convocao do Edital 1/2009, foram inscritos 37 pro-jetos, desses, 15 selecionados. Os demais foram classificados e um reprovado por no preencher plenamente os requisitos do edital, mas todos os propo-nentes foram contatados pela Diretoria de Inovao e Metodologias de Ensi-no para reunies individuais e orientaes para a implementao ou para os ajustes e a reapresentao das propostas.

    O edital de 2010 resultou em 46 inscritos, com 24 aprovados, dis-tribudos por rea de conhecimento. A relao entre inscritos e aprovados por rea de conhecimento ficou da seguinte forma: Humanas, Letras e Artes: 5/4 (cinco inscritos e quatro aprovados); Sociais Aplicadas: 6/6; Biolgicas e Sade: 15/7 e Exatas e da Terra: 20/7. Entre os projetos aprovados, trs aten-dem a diferentes reas do conhecimento e so desenvolvidos pelas seguintes unidades acadmicas: Instituto de Cincias Exatas, Faculdade de Letras e Es-cola de Enfermagem.

    Verificou-se que houve maior procura das reas de Exatas e da Terra e Biolgicas e Sade, embora com uma proporo menor de aprovao. Assim como no primeiro edital, todas as equipes foram convocadas para re-unio com a Diretoria de Inovao e Metodologias de Ensino para as devidas orientaes para a execuo ou reelaborao do projeto, em caso de interesse das equipes proponentes.

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    2.3.4 Cursos e percursos formativos No decorrer das atividades de 2008 citadas anteriormente, foram realizados o planejamento e a execuo da oferta piloto do Curso Formao em Docncia do Ensino Superior, com o objetivo de proporcionar a formao inicial dos alunos dos diversos cursos de ps-graduao stricto sensu da UFMG, em geral, e, em especial, bolsistas Capes/Reuni.

    A partir do primeiro semestre de 2009, o Curso Formao em Docncia do Ensi-no Superior foi ofertado para duas turmas com ps-graduandos das diversas reas de conhecimento, com atividades a distncia e presenciais, no Cmpus Pampulha, com participao tambm dos estudantes do ICA. A sua oferta prosseguiu semes-tralmente, com nmero crescente de participantes distribudos em turmas nos trs turnos, durante o perodo de implantao do Reuni.

    As atividades presenciais do curso em Montes Claros foram acompanhadas pelo pedagogo contratado Demerson Luiz Barbosa, que j fazia parte da equipe e que se mudou para a cidade de Montes Claros, especialmente para representar o GIZ e exercer as atividades em sintonia com os demais da equipe de formao. Em algumas atividades, como nas aulas inaugurais do curso e nos seminrios, ocorreu o deslocamento dos participantes do ICA para o Cmpus Pampulha. Em outros momentos, alguns integrantes do GIZ se deslocaram para o cmpus daquele In-stituto, para a oferta de oficinas e reunies pedaggicas, no esforo de se ter um trabalho de integrao entre os campi, na fase de implantao do Reuni.

    Durante o segundo semestre de 2010, o GIZ iniciou outro programa de formao, o Percurso Formativo de Docentes do Ensino Superior, com o objetivo de discutir os desafios da Educao Superior, identificar e promover as habilidades necessrias para que o docente amplie e consolide sua competncia didtica na docncia do Ensino Superior (EAD-UFMG, 2011). No formato semipresencial, o Percurso consistiu na oferta de uma programao de formao continuada para os professores da UFMG em geral, com 60 horas, sendo 10 presenciais e 50 no pres-enciais.

    A primeira oferta, ocorrida de outubro a dezembro de 2010, contou com 132 professores participantes e 91 concluintes. Na segunda oferta, realizada no decorrer do primeiro semestre de 2011, houve a participao de 99 professores, com 86 con-cluintes. Foram considerados concluintes todos os que elaboraram a atividade final, ou seja, um plano de ensino ou um relatrio de interveno pedaggica, a partir dos conhecimentos adquiridos no Percurso.

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    Em 2010, dos 132 professores participantes do Percurso, 63 eram novatos; e em 2011, dos 99 inscritos, apenas 26 eram iniciantes na docncia universitria. Deve-se res-saltar que em 2010 a UFMG possua pouco mais de 2.700 professores e foram preenchidas aproximadamente 200 vagas docentes criadas pelo Reuni (UFMG-REUNI, 2010). Nota-se que a participao dos novatos foi expressiva, levando-se tambm em considerao que no houve exigncia institucional de participao em programas de formao.

    Com incio da primeira oferta em setembro de 2011, o Percurso Formativo em Gesto Acadmica, em parceira do GIZ com a PRORH, teve como objetivo desenvolver e consolidar competncias necessrias para atuao nos colegiados e sees de ensino da UFMG, situando o sujeito no contexto do trabalho, oferecido para coordenadores, subco-ordenadores e secretrios dos Colegiados de Graduao e funcionrios da Seo de Ensino da Universidade (UFMG-PRORH, 2011). Estruturado na modalidade semipresencial, com carga horria de 120 horas (110 a distncia e 10 presenciais), distribudas em trs meses, esse Percurso prope trabalhar as seguintes temticas: cotidiano do Colegiado, Currculo e flexibilizao curricular, Avaliao institucional e de disciplina, UFMG Virtual, Planeja-mento Educacional, Tecnologia Educacional, Metodologias de ensino, Gesto de arquivos e Administrao de conflitos. Em sua primeira oferta, foram inscritos 150 participantes, sendo 42 coordenadores dos Colegiados de Graduao, 42 secretrios dos Colegiados, 54 funcionrios da Seo de Ensino e 12 outros envolvidos na administrao universitria.

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    3 Consideraes finais A implantao do Reuni na UFMG, ocorrida de 2008 a 2012, com o aumen-to da quantidade de prdios e de pessoas, mudou o cenrio da instituio. As difi-culdades previstas para esse primeiro momento foram peculiares da Universidade, como unidades que aumentaram os nmeros de cursos e de alunos muito alm da capacidade instalada, tendo sofrido problemas, como a falta de espao fsico. A contratao de docentes para o Reuni passou tambm por problemas inerentes s contrataes de professores em geral.

    Quanto ao espao fsico, o CAD I, com trs auditrios e 30 salas de aula, e o CAD II, com 45 salas de aula e um auditrio, foram inaugurados no perodo da implantao do Reuni na UFMG (UFMG-PROPLAN, 2011, p. 9), alm de algumas reformas e construes realizadas e iniciadas. Aumentaram-se os estacionamentos com controle de acessos para os servidores, devido ao crescimento significativo do fluxo de automveis no Cmpus Pampulha.

    No vestibular de 2008, realizou-se a primeira ampliao, constituda de 10 vagas no Curso de Engenharia Qumica e a oferta do Curso de Conservao e Restaurao de Bens Culturais Mveis, pela Escola de Belas Artes, com 30 vagas. No Relatrio de Gesto 2012, consta que foram cumpridas mais de 98,33% das 2.101 novas vagas propostas, como demonstrado a seguir:

    Tabela 1

    Novas vagas propostas pelo Reuni e efetivadas no vestibular da UFMG, no perodo de 2008 a 2012

    Vestibular2008200920102011 2012TOTALNovas vagas propostas4012617703002101Novas vagas efetivadas40130665040302066Total de vagas (cursos novos e an-

    tigos)

    47146020671067106.7406740

    FONTE: Relatrio de Gesto 2010 (UFMG, 2011) e Relatrio de Gesto 2012 (UFMG, 2014).

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    Verifica-se que o acrscimo de vagas na graduao foi de mais de 30%, dis-tribudos em 37 cursos, dos quais que 31 (83%) foram criados, e seis (17%) so cursos j existentes, mas que passaram a ser ofertados tambm no turno noturno. As novas vagas geradas pelo Reuni correspondem ao acrscimo de mais de 30% do total de vagas do vestibular da UFMG em 2012, ano previsto para a finalizao da implantao do Reuni. Enquanto ocorreu expanso numrica, o GIZ atuou no sentido de garantir a qualidade na reestruturao das prticas de ensino. Ao fazer o levantamento das aes promovidas pelo GIZ, percebe-se o crescimento quantitativo e qualitativo das ativi-dades. Nem todas, porm, foram registradas com preciso. Exemplo disso a impre-ciso do nmero de atendimentos individuais e de outras atividades preparatrias e paralelas s descritas, como as reunies didticas realizadas nas diversas unidades. Vrias dessas atividades tendem a se repetir, com as devidas adequaes de formatos e de temas, como seminrios, cursos e oficinas pedaggicas, bem como a participao do GIZ em eventos mais abrangentes, tal como a Semana do Conhecimento, realizada anualmente pela Universidade.

    Traduzindo em nmeros, no perodo de implantao do Reuni, de 2008 a 2012, foram realizados quatro seminrios, com a presena de aproximadamente 150 par-ticipantes em cada um, cinco ciclos de oficinas, um frum, um workshop, criao e publicao do primeiro volume de uma revista, dois editais com aprovao e acom-panhamento de aproximadamente 40 projetos de produo de materiais didticos, as-sessoria e acompanhamento pedaggico e tcnico na implantao de seis cursos novos, reestruturao curricular de trs cursos j existentes, de duas disciplinas presenciais e de trs a distncia, que abrangem mais de uma rea do conhecimento. Alm disso, 766 mestrandos e doutorandos participaram e aproximadamente 80% concluram o Curso Formao em Docncia do Ensino Superior e 231 professores efetivos participaram do Percurso Formativo, dos quais 177 o concluram.

    As aes do GIZ vieram ao encontro da necessidade de se preencher uma la-cuna existente na Universidade referente formao de professores por meio dos pro-gramas de ps-graduao. Consta no Art. 54 do Anteprojeto do Regimento Geral da UFMG que a pesquisa atividade bsica da Universidade, indissocivel do ensino, devendo ser estimulada a aplicao de seus resultados, porm a preparao para o en-sino, muitas vezes, no ocorria de forma sistematizada, e a formao do pesquisador privilegiada em detrimento da formao do professor.

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    pertinente considerar tambm que, diante das incertezas presentes no mundo global-izado, em elevada evoluo tecnolgica, e as consequentes transformaes nas formas de pro-duo, de informatizao, de comunicao e de servios, a profisso docente, assim como vrias outras, no poder seguir modelos preestabelecidos. necessrio buscar a formao constante, com ateno s necessidades mutantes da sociedade atual, tanto a brasileira quanto a internacio-nal, conforme as polticas mundiais propostas pelo FMI, BM, pela Unesco e outros organismos (BAUMAN, 1999).

    No contexto de expanso e reestruturao universitria decorrente do Reuni, as aes formativas do GIZ atendem tanto ao aumento significativo de cursos e de alunos quanto s ne-cessidades de formao demandadas, de forma inovadora, no emprego das tecnologias e metod-ologias de ensino. As mudanas ocorridas na UFMG a partir do Reuni condizem com as ideias defendidas por Santos (2004, p. 6), no que diz respeito aos princpios bsicos de uma reforma democrtica e emancipatria da universidade pblica, ou seja, de uma reforma que permita universidade pblica responder criativa e eficazmente aos desafios com que se defronta no lim-iar do sculo XXI.

    Assim, acredita-se que o GIZ tenha atendido s necessidades do momento de expanso e reestruturao universitria e cumprido o compromisso assumido pela UFMG ao aderir ao Reuni. Mesmo com a concluso do perodo de implantao do Reuni, de 2008 a 2012, rele-vante resaltar que se torna imprescindvel a permanncia do GIZ para oportunizar a formao continuada de seus docentes, considerando a necessidade de prticas inovadoras, com utilizao de recursos tecnolgicos para a comunicao e a aprendizagem coletiva, especialmente na grad-uao.

    Para os prximos anos, a expectativa de que o GIZ amplie sua rede cada vez mais e se torne, de fato, uma referncia de formao para todos os discentes e funcionrios docentes e tcnico-administrativos, vindo ao encontro dos projetos do novo reitorado. Dessa forma, es-pera-se que a UFMG prossiga seu caminho na consolidao de uma universidade inclusiva e democrtica, consoante com os anseios da sociedade contempornea.

  • 36

    REFERNCIASBALMANT, R O. M. O ano em que a UAB se tornou uma poltica pblica. Anurio Brasileiro de Educao Aberta e a Distncia ABRAED-2006. 16 dez. 2005. Disponvel em http://www.nead.ufma.br/arquivos/AnuarioABED2006.pdf. Acesso em 12 de Jun. de 2006.

    BAUMAN, Z. Globalizao: as consequncias humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

    BRASIL. Decreto 6.096 de 24 de abril de 2007. Institui o Programa de Apoio a Planos de reestruturao e Apoio e Expanso das Universidades Federais REUNI. Braslia: MEC, 2007.

    BRASIL. MEC. REUNI, Reestruturao e Expanso das Universidades Federais: Di-retrizes gerais. 23 de Jul. 2007. Disponvel em http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/diretrizesreuni.pdf. Acesso em 30 de nov. 2007.

    CAMPUS. Tratado de Bolonha. 12 de Set. De 1999. Disponvel em http://campus440.refreshmultimedia.com/tabid/274/Default.aspx, acesso em 23 de Jun. de 2009.

    CARNOY, M; LEVIN, H, M. A Educao e as teorias do Estado, In: CARNOY, M; LEVIN, H, M. Escola e trabalho no estado capitalista. Traduo de Llio Loureno de Oliveira. So Paulo: Cortez, 1993.CEAD. Centro de Educao a Distncia. Universi-dade Federal de Minas Gerais. http://www.cead.ufop.br/. Acesso em 12/11/2007.

    COELHO, Maria de Lourdes. (Tese) O processo de constituio da docncia universi-tria: o Reuni na UFMG. 16 de fev. 2012. Disponvel em http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUOS-8TYKDP/tese___coelho_maria_de_lourdes.pdf?sequence=1. Acesso em 12 de Jun. De 2012. 268 p

    EAD-UFMG. Giz Curso Formao em Docncia do Ensino Superior. Rede de Desen-volvimento de Prticas de Ensino Superior/PROGRAD. 28 de mar. de 2010. Disponvel em https://sureco.grude.ufmg.br/moodle16/course/view.php?id=46653. Acesso em 21 de Abr. De 2011.

    MEC. MEC lana livro que explica o PDE. 10 de out. 2007. Disponvel em http://www.contee.org.br/noticias/educacao/. Acesso em 22 de abr. de 2011.

  • 37

    PROUNI. Programa Universidade para Todos. 13 de jan. 2005. Disponvel em http://site-prouni.mec.gov.br. Acesso em 12 de nov. de 2011.

    REUNI-UFMG. Universidade Federal de Minas Gerais: REUNI. 5 de nov. 2009. Disponvel em http://www.ufmg.br/reuni/. Acesso em 22 de nov. 2009.

    SANTOS, B. S. Universidade no sculo XXI: para uma reforma democrtica e emanci-patria da Universidade. So Paulo: Cortez, 2004.

    UAB. Universidade de Aberta do Brasil. 28 de jun. 2010. Disponvel em http://uab.capes.gov.br. Acesso em 23 de Nov. de 2011.

    UFMG. Avaliao das possibilidades e alternativas para expanso da UFMG. 12 de jun. 2006. Disponvel em: http://www.ufmg.br/conheca/informes/av_pos_exp.html. Acesso em: 22 de dez. 2010.

    UFMG. Relatrio de Gesto 2010. 10 de fev. De 2011. Disponvel em http://www.ufmg.br/relatoriodegestao/. Acesso em 12 de Jun. de 2011a.

    UFMG-GIZ. Giz Digital: Notcias. Disponvel em http://giz.lcc.ufmg.br/giz09/index.php/NOTICIAS/%28offset%29/10. 29 de out. 2011. Acesso em 22 de Dez. de 2011.

    UFMG-PROPLAN. Relatrio de Gesto do Exerccio de 2010. 14 de fev. 2011. Disponvel em https://www2.ufmg.br/proplan/content/download/8378/62357/file/RELATORIODE-GESTAO20201020UFMG_V4.pdf. Acesso em 20 de dez. 2011.

    UFMG-PRORH. Estgio Probatrio Resoluo n. 30-A/99. 25 de set. 2011. Dis-ponvel em http://www.ufmg.br/prorh/cppd/legislacao/1estagio-probatorio-resolu-cao-n30-a99-cons-univ/. Acesso em 23 de Nov. de 2011.

    UFMG-REUNI. Reuni: o projeto final enviado. 14 de nov. 2007. Disponvel em http://www.ufmg.br/reuni/, acesso em 12 de Jun. 2010.

    UNILA. Universidade Federal de Integrao Latino-Americana. 10 de mar. 2010. Dis-ponvel em http://www.unila.edu.br/. Acesso em 22 de Mai de 2011.

  • 38

    ABSTRACT

    This paper reports and analyses the way the Federal University of Minas Gerais UFMG has submitted its accession proposal to the Program Reuni (Pro-gram of Support to Federal Universities Restructuring and Expansion Plans), has organized the continuing education of its lectures and the initial education of its masters and PhD students to assist in the undergraduate teaching activities and compose the didactic teams. Whereas the new expansion and restructuring framework has demanded new methodological and technological measures, the need arose to record the moment of changes within UFMG scenario, organized into the following topics which make this work: preceding events to Reuni and its development context; Reuni and its general guidelines; the process of implementing Reuni at UFMG; the accession proposal to Reuni developed by UFMG; the creation of GIZ - Undergraduation Practices Development Network; and GIZ actions to meet the demands of Reuni.

    Finally, some considerations were presented such as the ascertainment that the implementation of Reuni at UFMG, from 2008 to 2012, has occurred overcom-ing the expected difficulties and the confirmation that GIZ has met the current needs regarding the commitment undertaken by UFMG when accessing Reuni, with actions inherent to the new pedagogical-administrative management and lec-tures training measures.

    Keywords: lectures training; undergraduation; Program Reuni.

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    ENCONTROS PRESENCIAIS E AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM

    NA FORMAO EM DOCNCIA DO ENSINO SUPERIOR

    On-site Meetings and Virtual Learning Environment inUndergraduation Teaching Training

    Zulmira MedeirosMaria de Lourdes Coelho

    RESUMO

    Este texto apresenta, de forma predominantemente descritiva, a estrutura semipresencial da Formao em Docncia do En-sino Superiorofertada pelo Giz. caracterizada a organizao dos encontros presenciais e do ambiente virtual de aprendiza-gem, buscando considerar a articulao que se estabelece en-tre as atividades de uma e outra instncia. A experincia tem mostrado a importncia desse encadeamento entre as ativi-dades online e os momentos presenciais, bem como a formao didtico-tecnolgica que favorecida pela metodologia e pelos recursos utilizados. PALAVRAS-CHAVE: formao docente; semipresencial; ambiente virtual.

    Pedagoga, Doutora em Educao Pedagoga no GIZ/Prograd [email protected]

    Pedagoga, Doutora em Educao Pedagoga no GIZ/Prograd [email protected]

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    INTRODUO

    A adeso ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturao e Expanso das Universidades Federais (Reuni) colocou as Instituies Federais de Ensino Superior (Ifes) diante de metas quantitativas e qualitativas, que foram implementadas a partir de 2T008. Entre as metas qualitativas, estavam a aproximao entre a graduao e a ps-graduao e a utilizao de metodologias inovadoras, bem como o uso de tec-nologias digitais, no intuito de ampliar e aprimorar o ensino na graduao (BRASIL, 2007). Nesse contexto, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi criada a Diretoria de Inovaes e Metodologias no Ensino (Giz), vinculada Pr-Reitoria de Graduao (Prograd). Uma das aes desenvolvidas por essa diretoria a Formao em Docncia do Ensino Superior, ofertada semestralmente aos mestrandos, doutoran-dos e ps-doutorandos, bolsistas Capes-Reuni, j que tal modalidade de bolsa prev de quatro a oito horas semanais de dedicao a atividades de apoio didtico ao ensino na graduao. Assim, essa formao visa atender s demandas de preparao pedaggica dos ps-graduandos, para participarem das atividades de ensino na graduao. Neste texto apresentamos, num primeiro momento e de forma predominan-temente descritiva, a estrutura semipresencial da Formao, caracterizando a organi-zao dos encontros presenciais e a organizao do ambiente virtual de aprendizagem. Num segundo momento, trazemos algumas reflexes tericas, seguidas de dados rela-cionados avaliao dos participantes e algumas concluses.

  • 42

    A ESTRUTURA DA FORMAOCom carga horria de 60 horas, a Formao possui um encontro presencial a cada trs semanas, totalizando 20 horas presenciais distribudas em cinco encontros. As demais 40 horas so compostas por atividades individuais e coletivas realizadas a distncia, com o uso intenso do ambiente virtual de aprendizagem, a plataforma Moodle. O diagrama da Figura 1 ilustra essa organizao:

    Nota-se que, enquanto os encontros presenciais ocorrem em momentos especf-icos, previamente agendados, as atividades online ocorrem initerruptamente, j que o ambiente virtual fica disponvel o tempo todo. Estima-se que cada participante tenha de dedicar, em mdia, 10 horas de estudo individual e participao online entre um encon-tro e outro.

    Figure 1 Diagrama estrutural da formao

    ___________________ Diagrama estrutural utilizado na apresentao do curso Formao em Docncia do Ensino Superior, durante a Aula Inaugural do Curso.

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    Organizao curricular

    Ao planejarmos o currculo da Formao, buscamos abordar temticas didti-co-pedaggicas em torno da docncia no ensino superior, tratando de maneira objeti-va questes relevantes da prtica docente. Nesse sentido, elencamos os seguintes temas: docncia no ensino superior e a formao pedaggica do professor; concepes de ensino e aprendizagem; aspectos da prtica educativa: planejamento, estratgias de ensino, es-tratgias de avaliao, metodologias, tecnologias e recursos didticos. Com base em tais temticas, organizamos o currculo em Mdulos Didticos:

    Mdulo 1 Docncia no Ensino Superior; Mdulo 2 Concepes de ensino e aprendizagem; Mdulo 3 Planejamento do ensino; Mdulo 4 Avaliao da aprendizagem.

    Os encontros presenciais e as atividades online foram planejados em torno desses mdulos, incluindo tambm a discusso acerca da participao em educao a distncia (como uma fase de ambientao, antes da aula de abertura) e o uso de tecnologias na educao (como tema transversal que permeou todos os mdulos). Foram planejadas e desenvolvidas atividades pedaggicas diversas que buscassem contemplar uma abordagem contextualizada e significativa desses contedos, oferecendo aos cursistas subsdios teri-cos e metodolgicos e estimulando-os a desenvolverem atividades prticas e reflexivas so-bre cada tema abordado. As atividades presenciais e as atividades online foram planejadas contemplando a participao ativa de todos (alunos e tutores), tanto individual quanto coletivamente.

    O desenvolvimento dos mdulos no presencial e no virtual

    Cerca de 10 dias antes da aula de abertura, os participantes so inseridos na sala virtual para um perodo de ambientao. Nesse primeiro momento, so abertos um Frum de Apresentao, para os participantes se conhecerem; o Quadro de Avisos, com os pri-meiros

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    informes do curso;o Frum de Dvidas, onde podem ser postadas as dvidas sobre o Moodle e/ou sobre as atividades;e o frum Hora do Intervalo, como um espao livre. So publicados materiais e orientaes, como o Plano de Curso e um tutorial sobre a atualiz ao do perfil.

    Figure 2 - Tela das atividades iniciais

    Alm de ambientar os participantes na plataforma Moodle, esse mdulo in-trodutrio temcomo objetivo apresentar alguns elementos essenciais da educao a distncia, como o gerenciamento do tempo e da aprendizagem. Para isso, so pub-licados um texto, um vdeo e um frum relacionados administrao do tempo e participao em cursos a distncia.

    Nos mdulos 1 a 4,busca-se trabalhar os respectivostemas, de forma analtica e reflexiva, a partir de diferentes atividades realizadas no ambiente virtual e durante os encontros presenciais. A cada mdulo temtico, so abertos novos tpicos no ambiente virtual, com as orientaes de leitura bsica e complementar, atividades online, individuais e/ou coletivas, fruns de discusso, vdeos etc. acerca do tema em estudo. A organizao do ambiente virtual, portanto, reflete a prpria organizao curricular, em mdulos temticos (Docncia na Universidade; Concepes de ensi-no e aprendizagem; Planejamento do ensino; Avaliao da aprendizagem; Tecnolo-gias educacionais).

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    Figure 4 Telas dos mdulos temticos

    Os encontros presenciais ocorrem a cada trs semanas, em mdia, e os participantes so organizados em turmas, com horrios distintos (manh, tarde ou noite), sendo cada turma acompanhada por uma dupla ou trio de tutores. A abertura da Formao realizada com a aula inaugural, quando se apresentam a proposta curricular, o ambiente virtual e a equipe de tutores. A aula de abertura acontece em um momento nico, com todas as turmas e tutores juntos, normal-mente em auditrio.

    Durante a aula de abertura, inicia-se a discusso do tema do Mdulo I Docncia na Universidade. Para esse momento, contamos com palestras de professores convidados, que orientam suas falas para questes relacionadas sua formao para a docncia na universidade. Na oferta ocorrida no primeiro se-mestre de 2011, por exemplo, tivemos a presena de professores aposentados da UFMG, convidados para narrarem um pouco de suas vivncias docentes.Essa aula recebeu o nome de Sucessos do Ofcio.

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    Juntamente com a palestra de abertura, realizada uma tcnica de dinmica de grupo acerca das representaes sobre o professor universitrio. Divididos em grupos de seis a dezpessoas, os participantes elaboram cartazes com a representao do(a) pro-fessor(a) universitrio(a) e conversam sobre o tema, em torno das questes previamente elaboradas. Nas duas semanas seguintes, a discusso prossegue no frum no ambiente virtual, onde apresentado tambm o registro fotogrfico dos cartazes produzidos, que retratam as representaes sociais sobre o(a) professor(a) universitrio(a). O primeiro mdulo temtico visa proporcionar a reflexo sobre docncia no en-sino superior, com base nas experincias discentes e docentes daqueles que j se inicia-ram nas atividades de ensino na universidade e nas representaes que os participantes trazem sobre o professor ou a professora universitria. O mdulo Concepes de Ensino e Aprendizagemsugere discutir sobre os pressupostos terico-metodolgicos que fun-damentam as diferentes propostas de ensino e aprendizagem. Com os mdulos Planeja-mento do Ensino e Avaliao da Aprendizagem, os objetivos foram explicitar e organizar as prticas de planejamento e avaliao no contexto do ensino superior e da sala de aula. A Formao possui ainda como tema transversal a relao entre tecnologia e educao, cuja discusso perpassa todos os mdulos e foi realizada por meio dos tpicos iniciais dos fruns online, denominados Cafs Pedaggicos. Em cada mdulo, so disponibilizados no ambiente virtual materiais digitaliza-dos de referncia sobre o tema correspondente, como textos essenciais, complementares e vdeos relacionados ao assunto. Todos esses recursos compem a Midiateca, organiza-da no ltimo tpico do ambiente virtual, e cada um deles foram referendados nas ativi-dades correspondentes. Para cada encontro, programada uma tcnica de aquecimento do grupo, com objetivo de introduzir e desencadear a discusso do tema tratado no respectivo mdulo e promover a interao entre os participantes. Em seguida, so feitas atividades em gru-po, socializao das snteses, anlises, reflexes sobre os temas estudados, na busca de associ-los s experincias discentes vividas durante a graduao. Ao trmino de cada encontro, os participantes registram as suas avaliaes sobre o processo. O quadro a seguir apresenta, de forma sistematizada, a organizao dos mdulos em seus respectivos temas, objetivos, referenciais, atividades presenciais e atividades on-line.

  • Encontro / Tema / Objetivos Encontro presencial Atividades online Algumas Referncias

    Aula de abertura:Tema: A formao do docente do ensi-no superior

    Apresentar a proposta do curso, a equipe de tutores e o ambiente vir-tual do curso.

    Discutir sobre a formao, as carac-tersticas e a atuao do professor universitrio.

    Apresentao da proposta do curso e da equipe de tutores.

    Palestra de abertura com docente convi-dado.

    Realizao da tcnica de dinmica de grupo: Caricatura do professor do Ensino Superior.

    Apresentao do ambiente virtual do curso.

    Finalizao das atividades do perodo de ambientao.

    Frum sobre as representa-es em torno do professor universitrio.

    COELHO, Maria de Lourdes; DALBEN, A. I. L. F.As polticas de expanso do acesso ao Ensino Superior na consolidao das universidades no Brasil. In: 25 Simpsio Brasileiro e 2 Congresso Ibero-Americano de Poltica e Administrao da Educao, 2011, So Paulo. Publicao no site da ANPAE.

    BUARQUE, Cristovam.A refundao da universidade. Bras-lia, 2004.

    Segundo encontro:Tema: Docncia do ensino superior

    Discutir acerca da inovao metodol-gica na aula universitria.

    Tcnica de aquecimento: Domin Atividade em grupos discutindo-se a

    inovao presente em cada caso relatado no texto referncia.

    Socializao e exposio dialogada sobre a docncia no ensino superior.

    Frum Caf Pedaggico 1 (elemento desencadeador: vdeo Ajuda de Escritrio).

    VEIGA, I. P.; RESENDE, L. M. G.; FONSECA, M. Aula uni-versitria e inovao. In: VEIGA, I. P.; CASTANHO, M. E. L. M. (Org.).Pedagogia Universitria: a aula em foco. Campinas: Papirus, 2000. p. 161-191.

    Terceiro encontro:Tema: Concepes de ensino e apren-dizagem

    Conhecer os pressupostos terico-metodolgicos que fundamentam a prtica educativa.

    Refletir sobre o ato de ensinar e aprender, com base nas percepes iniciais e das leituras recomendadas.

    Tcnica de aquecimento: Andar confiante. Atividade em dupla: Ensinar e aprender. Tcnica de dinmica de grupo: Painel

    integrado Exposio dialgica e montagem do

    quadro com as tendncias pedaggicas na prtica escolar, com base nas leituras realizadas.

    Frum Caf Pedaggico 2 (elemento desencadea-dor: clip Anotherbrink in thewall).

    Wiki ou glossrio ativida-de coletiva sobre as tendn-cias pedaggicas.

    GIUSTA, A. S. Concepes do processo ensino-aprendizagem. In: GIUSTA, A. S.; FRANCO, I. M. (Org.). Educao a distn-cia: uma articulao entre a teoria e a prtica. Belo Horizonte: PUC Minas Virtual, 2003. p. 45-74.

    MIZUKAMI, Maria das Graas N.Ensino: as abordagens do processo. So Paulo: EPU, 1985.

    FONTANA, Roseli; CRUZ, Nazar. Psicologia e trabalho peda-ggico. So Paulo: Atual, 1997.

    Quarto encontro:Tema: Planejamento do ensino Conhecer as formas de planeja-

    mento de ensino e as etapas de sua elaborao.

    Tcnica de aquecimento: Um bicho dife-rente.

    Trabalho em grupo: Socializao e apre-ciao dos planos de curso elaborados individualmente e postados no ambiente virtual do curso, avaliao dos planos a partir da ficha distribuda com a descri-o de cada item.

    Frum Caf Pedaggico 3: (elemento desencadeador: vdeo Tecnologia ou Meto-dologia?).

    Postagem de um plano de curso.

    GIL, Antonio Carlos. Como planejar o ensino. In: GIL, Antonio Carlos. Didtica do ensino superior. So Paulo: Atlas, 2007. p. 94-108.

    Quinto encontro:Tema: Avaliao da aprendizagem

    Discutir acerca dos princpios da avaliao escolar.

    Diferenciar a avaliao tradicional e a avaliao formativa.

    Conhecer diferentes instrumentos de avaliao.

    Tcnica de aquecimento: 1, 2 e 3. Tcnica de dinmica de grupo: Avaliao

    classificatria e avaliao formativa. Encerramento da formao.

    Frum Caf Pedaggico 4 (elemento desencadeador: clip Estudo Errado)

    Avaliao final da Forma-o.

    PERRENOUD, Philippe. A avaliao entre duas lgicas. In: PERRENOUD, Philippe. Avaliao: da excelncia regulao das aprendizagens. Porto Alegre: Artmed, 1999. p. 9-23. MASETTO, Marcos Tarciso. Processo de avaliao e processo de aprendizagem. In: MASETTO, Marcos Tarciso. Competn-cia pedaggica do professor universitrio. So Paulo: Summus, 2003. p. 145-173.

    Quadro 1 - Organizao detalhada dos mdulos

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    Nas primeiras ofertas (2008 a 2011), a Formao contou com a con-struo, pelos participantes, de um memorial reflexivo sobre suas experincias como discentes no ensino superior. As orientaes para o memorial eram pub-licadas gradativamente pelos tutores, no ambiente virtual, de acordo com o tema do mdulo correspondente Mdulo1: relato sobre as vivncias educativas de um modo geral e, em especial, sobre como se deu a escolha profissional e a es-colha pela docncia; Mdulo 2: descrio de um(a) professor(a) marcante na graduao; Mdulo 3: descrio de uma aula marcante na graduao; e Mdulo 4: relatos de experincias de avaliao durante o ensino superior. Paralelamente elaborao do memorial, organizava-se o Crculo de Apoio Mtuo, uma es-tratgia utilizada para promover a interao entre os participantes ao longo da Formao. O Crculo era formado de acordo com a disposio alfabtica dos nomes dos participantes, seguindo a ordem: os dois primeiros da lista liam e co-mentavam o memorial dos dois seguintes, e assim sucessivamente. Por meio do Crculo, cada participante acompanhava as atividades realizadas por dois cole-gas, ao mesmo tempo que era acompanhado por outros dois. Assim, cada etapa do memorial era lida e comentada por dois colegas, alm dos tutores, que en-viavam mensagens individuais aos seus autores com os respectivos comentrios. O Memorial e o Crculo de Apoio Mtuo foram vistos pela equipe como uma forma de recuperar as vivncias discentes e docentes dos estudantes e, a partir delas, propor a reflexo, luz das contribuies dos textos tericos propostos.

    Nos segundo semestre de 2012 e primeiro semestre de 2013, paralela-mente Formao, os participantes puderam participar de oficinas, com todas as atividades a distncia. Os temas das oficinas foram: Planejamento, Metod-ologias, Avaliao, Mapas conceituais, Blogs, Moodle para tutores e Objetos de aprendizagem as trs primeiras como espaos de aprofundamento de temti-cas j abordadas na Formao, enquanto as demais estavam relacionadas ao uso dos respectivos recursos tecnolgicos no ensino superior.

    ________________________________Planejamento elaborado com orientaes da professora Maria de Lourdes Rocha de Lima e baseado em seu trabalho (LIMA, 2006).

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    ALGUMAS REFLEXES

    Ao tomarmos a Formao a partir do seu programa e de seus resultados, per-cebemos que ela se aproxima do modelo pedaggico-didtico descrito por Saviani (2009), pois privilegia a forma de ensinar, em detrimento do contedo a ser ensina-do. Este ltimo de competncia das reas de conhecimento dos cursos de origem dos ps-graduandos, visto que as turmas so compostas por estudantes provenien-tes de diversos programas de ps-graduao da UFMG.As questes metodolgicas esto coerentes com o que propem os atuais tericos da rea, como os estudos de Gil (2007; 2011) e de Pimenta e Anastasiou (2005), cuja nfase atribuda apren-dizagem. Por se considerar que o papel de professor de ajudar o aluno a aprender (GIL, 2007, p. 7), e no o de ensinar, ao se planejar a Formao, busca-se selecionar contedos significativos para os estudantes, com margem para a participao deles nas definies das tarefas e com utilizao de procedime