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EDUCAÇÃO ESPECIAL: em foco a Escola Especial · Educação Especial com um foco maior na Escola Especial mantida pela Associação ... Estabelece os rumos e os fundamentos da educação

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EDUCAÇÃO ESPECIAL: em foco a Escola Especial – APAE

Autora: Luzia Coelho dos Santos1

Orientadora: Leonor Dias Paini2

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo refletir sobre o papel que a Escola Especial, mantida pela entidade Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE, têm desenvolvido junto às crianças com necessidades educativas especiais. Metodologia: pesquisa qualitativa de caráter teórico-prático que se utilizou de instrumentos de pesquisa tais como: questionário e observação, bem como a realização de 8 encontros com 22 pessoas entre professores e toda a equipe escolar. Como resultados constata-se que: a) A Escola Especial é de fundamental importância para o atendimento educacional ao deficiente mental sendo que ao mesmo tempo a APAE enfrenta muitas dificuldades em manter essa escola; b) A inclusão educacional acontece com sucesso e principalmente com responsabilidade quando existem parcerias entre escola comum e escola especial, ambas com o mesmo objetivo: o desenvolvimento do aluno enquanto ser pensante e ativo; c) O trabalho da Escola Especial vem sendo valorizado dia a dia, podemos perceber isso pelas políticas públicas implantadas aqui no Estado do Paraná, um Estado que leva a sério o trabalho desenvolvido pela APAE, que dão condições de que a Escola funcione como realmente deve funcionar. Conclui-se que a Escolas Especiais - APAEs, constitui-se um apoio à inclusão com um Projeto Politico Pedagógico, uma Proposta Pedagógica Curricular e Regimento Interno que contemplem uma inclusão responsável e apoiada. Todavia, nem toda inclusão em escola regular é salutar, pois algumas vezes, altera a rotina da criança. A escola especial conquistou a sua relevância no atendimento as pessoas com necessidades especiais. Conta com uma equipe de professores habilitados e ainda com o apoio de equipe multidisciplinar que reforça o atendimento educacional. Palavras-chave: Escola Especial; APAE; Educação Especial.

1 Professora - Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional/PDE – São João do Caiuá– Pr.

2 Professora e Orientadora do Programa PDE – UEM Campus Maringá. Doutora em Educação.

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1 Introdução

O PDE-SEED/PR propiciou o desenvolvimento deste trabalho, centrado na

Educação Especial com um foco maior na Escola Especial mantida pela Associação

de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE e ao mesmo tempo proporcionar aos

professores uma oportunidade de reflexão sobre a inclusão escolar de alunos com

necessidades educacionais especiais, através de estudos e discussões sobre o

assunto, proporcionando uma visão geral da história da educação especial e das

políticas de educação especial no Brasil e no mundo. É o que diz o depoimento de

Dona Alda Moreira Estrázula, fundadora da APAE São Paulo: “... Tudo era para nós,

ainda, profundamente nebuloso. Pouco ou nada sabíamos de nossas reações

emocionais, de nossas fantasias, de quão pouco sabíamos lutar; primeiro contra

nossa própria desesperança e frustração, depois com os problemas em si, nosso elo

comum, o grave problema de deficiência mental...”.

Estamos vivendo um momento em que tanto se fala na inclusão escolar de

alunos com necessidades educacionais especiais, na rede regular de ensino e

sabemos que as leis são claras, quanto à obrigatoriedade em matricular todos os

alunos no ensino regular, independente de suas necessidades ou diferenças.

Sabemos que os desafios da temática da educação especial e funcionamento

das escolas especiais nos últimos anos, tem sido motivo de encontros, seminários e

de temas centrais em dissertações e teses. Segundo Paulo Freire: “O ser humano é,

naturalmente, um ser da intervenção no mundo à razão de que faz a História. Nela,

por isso mesmo, deve deixar suas marcas de sujeito e não pegadas de objeto.”

(FREIRE, 2000, p. 119.) O sentido da inclusão, como um processo inovador,

demonstra a necessidade de viabilizar a inclusão pela transformação geral das

Escolas Especiais, visando a atender aos princípios deste novo paradigma

educacional, tendo como ponto de partida a seguinte problemática: Como tem sido a

valorização do trabalho da Escola Especial - APAE diante da educação inclusiva

para as crianças com necessidades educativas especiais? Pensando desta forma, é

necessário que os sistemas de ensino se organizem para que além de assegurar

essas matrículas, assegurem também à permanência de todos os alunos nas

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escolas tanto na escola especial como na escola regular, sem perder de vista a

prática pedagógica e a qualidade do ensino.

Ao analisar o papel das APAEs no momento atual, através do resgate de

sua história, podemos compreender sua trajetória para traçar novos caminhos ou

redefini-los e assim, atender e cumprir nossa função diante do paradigma da

inclusão educacional. Afinal, para nós educadores das APAES é muito difícil lidar

com o preconceito existente em torno de nossa prática pedagógica, que diga-se

sempre foi permeada por pressupostos teóricos metodológicos e práticas que visam

o acesso e transmissão do conhecimento, a inclusão educacional, social e no mundo

do trabalho (digo isso, diante da minha realidade de trabalho).

Neste contexto, a Educação Especial tornou-se um sistema de suporte

permanente e efetivo para os alunos com deficiência mental, qualquer que seja ela,

permanente ou temporária, incluídos ou a serem incluídos, bem como para seus

professores. Hoje, a Educação Especial não é mais concebida como um sistema

educacional paralelo ou segregado, mas como um conjunto de recursos que

também a escola comum dispõe, ou necessita dispor para atender à diversidade de

seus alunos.

Sabemos que hoje, as APAEs contam com uma rede de apoio denominada

de equipe multiprofissional nas escolas formada por médicos psiquiatras e ou

neurologista, assistentes sociais, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais,

psicólogos e fonoaudiólogos que interagem em parceria com o coordenador

pedagógico que assessoram na capacitação e formação continuada de todos os

profissionais atuantes em escola especial, na busca de ações concretas que venha

de encontro ao Apoio à Inclusão, assegurando o acesso e a permanência dos

alunos nas escolas e visando o desenvolvimento de seu potencial, através do

atendimento especializado adequado às suas necessidades. Diante disso, a

Secretaria de Estado de Educação propõe a implementação de “[...] serviços de

caráter clínico-terapêutico, que objetivavam reabilitar aspectos anatômico-

fisiológicos das pessoas, de modo a torná-las o mais próximas da anormalidade

possível para então serem inseridas, integradas, ao convívio em sociedade

(PARANÁ, SEED/DEE 2006, p.23).

O objetivo principal desta proposta pedagógica de trabalho foi fazer uma

reflexão sobre a Educação Especial, tendo como foco principal o papel que as

Escolas Especiais, mantidas pelas entidades APAES, têm desenvolvido junto às

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crianças com necessidades educativas especiais. Preocupadas com um trabalho

centrado e fundamentado no pleno desenvolvimento do educando, onde visa uma

inclusão feita de forma gradativa, com responsabilidade afim de garantir qualidade

do ensino. Sabemos que receber um aluno com deficiência em sala de aula é um

desafio para os professores que têm dúvidas e questões sobre a sua capacidade

para vencer estes desafios. Diante desse momento de mudanças que estamos

vivendo, é necessário fazer uma leitura da realidade sob uma perspectiva mais

profunda buscando conhecimentos, pois nós como agentes da educação, apenas

reproduzimos realidades que nos são impostas e não construídas de acordo com a

nossa vivência. Assim sendo, questiona-se: A Escola Especial apresenta

importância para sua comunidade? O resgate do histórico da Educação Especial

observando as fases da educação especial (eliminação, segregação,

institucionalização, integração e inclusão) ajuda a compreender o momento que

estamos vivendo? É importante que professores e funcionários conheçam as

facilidades e dificuldades que as Escolas Especiais - APAEs enfrentam para manter

as escolas especiais em funcionamento? Como escola, as APAEs, devem funcionar

orientadas pelos mesmos documentos (Projeto Politico Pedagógico, Proposta

Pedagógica Curricular, Regimento Interno e o Plano de Trabalho Docente que

norteia o processo ensino aprendizagem) da escola regular?

Portanto, o artigo que se segue está divido em três momentos: primeiro,

evidenciamos as Políticas Públicas na Educação Especial do Brasil, destacando os

diferentes atendimentos às pessoas com deficiência, com início em 1854 e sua

caminhada até os dias de hoje. Continuando, destacamos a Educação Especial,

com um foco para o papel das Escolas Especiais mantidas pelas APAEs, diante do

processo de inclusão. Por fim, apresentamos os dados coletados e as discussões

realizadas com professores e funcionários que atuam nessa escola de educação

especial sobre a importância dessa escola para a comunidade e o processo de

inclusão educacional.

2 Políticas Públicas na Educação Especial do Brasil

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A parte legal que envolve a educação inclusiva brasileira ocorre desde 1824 quando

o Brasil era império sendo consagrado na Constituição direito à educação para todos

os Brasileiros, mantido nas Constituições de 1934, 1937 e 1946. Em 1948, a

Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela Assembléia Geral das

Nações Unidas, afirma o princípio da não discriminação e proclama o direito de toda

pessoa à educação. No Brasil, a educação especial começa a ter um cunho

educacional, mas mantendo características assistencialistas, organizada como

atendimento educacional especializado paralelo ao ensino comum, com a utilização

de terminologias e modalidades que levaram a criação de instituições

especializadas, escolas especiais e classes especiais, desenvolvendo diferentes

formas de atendimentos e práticas escolares para os alunos com deficiência.

Na década de 60, o atendimento educacional às pessoas com deficiência

passa ser fundamentada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei

4.024/61, que aponta o direito dos excepcionais à educação, preferencialmente

dentro do sistema geral de ensino.

Na década de 70, a Lei nº. 5.692/71 altera a LDBEN de 1961, estabelecendo

tratamento especial para os alunos com deficiências: físicas, mentais, os que se

encontram em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os

superdotados, mas não promove a organização de um sistema de ensino capaz de

atender as necessidades educacionais especiais reforçando o encaminhamento dos

alunos para as classes e escolas especiais. Em 1973, é criado no MEC, o Centro

Nacional de Educação Especial – CENESP, responsável pela gerência da educação

especial no Brasil, que passa a impulsionar ações educacionais voltadas às pessoas

com deficiência e às pessoas com Superdotação; configuradas por campanhas

assistenciais e com ações isoladas do Estado.

Tendo como um dos objetivos fundamentais da Constituição Federal de

1988 os de: “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,

idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art.3º inciso IV). Garantindo no

artigo 205, a educação como um direito de todos, garantindo o pleno

desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o

trabalho. No artigo 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de acesso e

permanência na escola”, como um dos princípios para o ensino e garante como

dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado,

preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208).

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As primeiras evidências do movimento da inclusão no setor educacional

podem ser identificadas na Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990),

que defende a universalização da educação e a satisfação das necessidades

básicas de aprendizagem de todas as pessoas, cobrando ações mundiais para isto.

No que se refere especificamente às pessoas com deficiência recomenda no item 5,

do artigo 3 que: As necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras

de deficiências requerem atenção especial. “É preciso tomar medidas que garantam

a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de

deficiência, como parte integrante do sistema educativo” (UNESCO, 2010b, p.4).

Para atender ao compromisso firmado na Declaração Mundial sobre

Educação para Todos (1990), em 1994 foi realizada a Conferência Mundial de

Educação Especial em Salamanca (Espanha) resultando na Declaração de

Salamanca (1994), documento que se constitui num marco histórico para a

educação inclusiva.

Em 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – nº. 9394/96

Estabelece os rumos e os fundamentos da educação brasileira e dá um enfoque

especial, através de capítulo próprio, com conceitos e abordagens sobre

atendimento, currículos, professores, profissionalização, instituições privadas sem

fins lucrativos que atuam no setor e ainda, apoio técnico e financeiro do poder

público. É uma nova visão de Educação Especial ligada à educação escolar e ao

ensino público. Ainda de acordo com a Lei de Diretrizes, o artigo 59, inciso I, II, III e

IV da lei 9.394/96 (Brasil, 1996) os sistemas de ensino assegurarão aos educando

com necessidades especiais tratamento diferenciado, ou seja:

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora (BRASIL, 1996).

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Vale destacar que em 2001 na Resolução CNE/CEB nº. 02, no seu artigo 5º,

oficializam que os educandos com Necessidades Educacionais Especiais são todos

aqueles que, durante o processo educacional apresentar:

I - dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de

desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades

curriculares, compreendidas em dois grupos; a) aquelas não vinculadas a

uma causa orgânica específicas; b) Aquelas relacionadas a condições,

disfunções, limitações ou deficiências. II – dificuldades de comunicação e

sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandando a utilização de

linguagens e códigos aplicáveis; III – altas habilidades/superdotação,

grande facilidade de aprendizagem que os levem a dominar rapidamente

conceitos, procedimento e atitudes (BRASIL, 1996).

As pessoas com deficiência são concebidas comumente, como aquelas que

não correspondem ao padrão de normalidade ditado pelos padrões sociais. Princípio

fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças devem aprender

juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou

diferenças que elas possam ter. Escolas inclusivas devem reconhecer e responder

às necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de

aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos, através de um

currículo apropriado, arranjo organizacional, estratégias de ensino, usa de recurso e

parceria com as comunidades (UNESCO, 1994, p.11).

De acordo com uma publicação feita por Romeu Kazumi SASSAKI (2009),

a Educação Especial no Brasil teve uma longa trajetória demonstrada na listagem

que se segue na ordem relacionada:

1854 – Problema Médico: Dom Pedro II funda o Imperial Instituto

dos Meninos Cegos no Rio de Janeiro e não há preocupação com a aprendizagem.

1948 – Escola para Todos: é assinada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que garante o direito de todas as pessoas à Educação.

1954 – Ensino Especial: é fundada a primeira Associação de Pais e amigos (APAE), na qual o ensino especial surge como opção para escola regular.

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1961 – LDB Inova: proclamada a lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional (LDB), a qual garante o direito da criança com deficiência à Educação, preferencialmente na escola regular.

1971 – Retrocesso Jurídico: foi estabelecida a Lei nº5692/71 que determina "tratamento especial" para crianças com deficiência.

1973 – Segregação: é criado o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP) que tem a perspectiva de integrar os alunos que acompanhar o ritmo de estudos, os demais estudantes se ingressariam na Educação Especial.

1988 – Avanço na Nova Carta: a Constituição estabelece a igualdade no acesso à escola. O Estado deve dar atendimento especializado, de preferência na rede regular.

1989 – Agora é Crime: aprovada a Lei nº7853/89 que criminaliza o preconceito. Esta lei só entrou em vigor apenas em 1999.

1990 – O Dever da Família; Direito Universal: o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece aos pais ou responsáveis a obrigatoriedade da matrícula dos filhos em rede pública.Com o Direito Universal, houve a Declaração Mundial de Educação para Todos reforça a Declaração Mundial dos Direitos Humanos e estabelece que todos devem ter acesso à Educação.

1994 – Influência Externa; Mesmo Ritmo: a Declaração de Salamanca define políticas, princípios e práticas da Educação Especial e influi nas políticas públicas da Educação. No Mesmo Ritmo, a Política Nacional de Educação Especial condiciona o acesso ao ensino regular àqueles que possuem condições de acompanhar "os alunos ditos normais".

1996 – LDB Muda Só Na Teoria: a Nova Lei atribui às redes de ensino o dever de assegurar currículo, métodos, recursos e organização para atender às necessidades dos educandos.

1999 – Decreto nº3298: é criada a Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, e define a Educação Especial como ensino complementar.

2001 – As Redes se Abrem; Direitos: a Resolução CNE/CEB2 divulga a criminalização da recusa em matricular crianças com deficiência, com isso aumentou o número de dessas crianças no ensino regular. Em relação aos direitos, o Brasil promulga a Convenção de Guatemala, que define como discriminação, com base na deficiência, o que impede o exercício dos direitos humanos.

2002 – Formação Docente; Libra Reconhecida; Braile em Classe: a Resolução CNE/CP1 define que o ensino superior deve preparar os professores na formação acadêmica para atender alunos com necessidades especiais. A Lei nº10436/02 reconhece a língua brasileira de sinais como meio de comunicação e expressão. Em relação ao Braile em Classe, houve a Portaria nº2278/02 que aprova normas para uso, o ensino, a produção e difusão do braile em todas as modalidades de Educação;

2003 – Inclusão se Difunde: O Ministério da Educação (MEC) cria o Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade, que forma professores para atuar na disseminação da Educação Inclusiva;

2004 – Diretrizes Gerais: o Ministério Público Federal reafirma o direito à escolarização de alunos com e sem deficiência no ensino regular;

2006 – Direitos Iguais: convenção aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) estabelece que as pessoas com deficiência tenham acesso ao ensino inclusivo;

2008 – Fim da Segregação; Curva Inversa; Confirmação: a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva define: todos devem estudar na escola comum. Já a Curva Inversa ocorreu devido ao fato, pela primeira vez, o número de crianças com deficiências matriculadas na escola regular ultrapassa a quantidade das que se encontram na escola especial. Em 2008, ocorreu a confirmação, pois o Brasil ratifica a convenção dos direitos das pessoas com deficiência, da ONU, fazendo da norma parte da legislação nacional.

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No Paraná a Resolução Nº.3600/2011-GS/SEED, nos seus artigos de 1

ao 4, resolve:

Art. 1.º Autorizar a alteração na denominação das Escolas de Educação Especial para Escolas de Educação Básica, na modalidade de Educação Especial, com oferta de Educação infantil, Ensino Fundamental – anos iniciais, Educação de Jovens e Adultos – Fase I, e Educação Profissional/Formação inicial, a partir do início do ano letivo de 2011. Art. 2.º Promover a educação nas Escolas de Educação Básica, na modalidade Educação Especial, com a participação em Políticas e Programas Públicos. Art 3.º Dar condições ao acesso, permanência na escola e atendimento educacional gratuito, na forma da Lei. Art. 4.º Atender aos padrões de qualidade definidos pelo órgão normativo do Sistema Estadual de Ensino.

Nesse sentido, pode-se concluir que no Brasil a Educação Especial, já

passou por várias reformas legislativas e políticas, mas ainda não foram

disponibilizadas verbas suficientes para a educação, principalmente para Educação

Inclusiva como ela é preconizada em lei. Não existe ainda, uma preparação de

educadores da Educação Especial e Inclusiva, isso se nota, pelo despreparo dos

mesmos para trabalhar com essas pessoas.

3 As APAES no Brasil

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE é um Movimento

que se destaca no país pelo seu pioneirismo na educação para portadores de

deficiência. Nascida no Rio de Janeiro, no dia 11 de dezembro de 1954. Foi criada

por um grupo, congregando pais, amigos, professores e médicos de excepcionais,

que unidos fundou a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais –

APAE Brasil.

Logo o Movimento se expandiu para outras capitais e depois para o interior

dos Estados. Hoje, é o maior movimento filantrópico do Brasil e do mundo, na sua

área de atuação. Houve uma explosão de criação de outras APAEs, o que logo

colaborou para a criação das Federações Estaduais, mesmo levando-se em conta

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as dificuldades de um país como nosso terrivelmente carente de recursos no campo

da Educação e mais ainda, na área de Educação Especial.

De acordo com o histórico das APAEs publicado no portal da Federação

Estadual das APAEs do Paraná, o movimento possui uma estrutura que está

dividida em quatro dimensões:

APAE do Município: são os pais e amigos que atuam no município em que a entidade se localiza, assegurando os direitos dos portadores de deficiência.

Coordenadoria Regional: todas as microrregiões do Brasil estão organizadas em delegacias regionais. A comunidade apaeana de cada região deve ter a programação dos eventos da sua localidade. O delegado regional é eleito pelas APAEs da microrregião.

Federação das APAEs do Estado: as APAEs estão organizadas em federações em cada estado. Estas entidades são responsáveis pelo trabalho de realização dos direitos dos portadores de deficiência em âmbito estadual; pelos contatos com determinados órgãos estaduais e pela promoção de eventos como olimpíadas, festivais e congressos. Cada delegado regional é eleito pelas APAEs e faz parte do Conselho de Administração.

Federação Nacional das APAEs: é a entidade responsável pelo direcionamento das atividades do movimento no contexto nacional e lidera a luta pelos direitos dos cidadãos com deficiência no País. Para tanto, estabelece contatos com os órgãos competentes e promove eventos nacionais necessários ao desenvolvimento das atividades da área.

4 A APAE em São João do Caiuá

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE de SÃO JOÃO

DO CAIUÁ foi fundada em 07 de dezembro de 1990, por um grupo de pessoas que

buscavam dar condições de escolaridade às pessoas portadoras de deficiências

domiciliadas em nosso município. Em 26 de abril de 1991, foi criada a Escola

Especial Raio de Sol e a mesma deu início as suas atividades escolares em outubro

de 1991, quando abriu as portas da escola para receber os alunos até então

matriculados. Através da Prefeitura Municipal conseguiu-se com a Secretaria de

Estado da Educação (SEED) a construção do prédio da escola e em abril de 1993,

inaugura-se a sede própria. Com as atuais mudanças, a entidade APAE teve que se

adaptar e atender as exigências da Secretaria de Estado de Educação e o primeiro

passo foi à alteração do nome da escola, pois “Raio de Sol” na visão deles era muito

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infantil pelo fato de atender crianças e adultos, sendo assim, após reunião de

diretoria com todos os funcionários foi escolhido e votado o novo nome: Escola São

João do Caiuá. A partir de janeiro de 2012, deixou de ser Escola de Educação

Especial Raio de Sol e passou a ser Escola “São João do Caiuá”- Educação Infantil

e Ensino Fundamental na Modalidade de Educação Especial.

Pela qualidade do atendimento e a conscientização da comunidade o

número de alunos vêm só aumentando. São pessoas que buscam o melhor para

seus filhos. Hoje, já com a nova nomenclatura, a Escola “São João do Caiuá”-

Educação Infantil e Ensino Fundamental na Modalidade de Educação Especial -

APAE, atende noventa e seis alunos que estão regularmente matriculados e

frequentando, sendo que, estão distribuídos nos seguintes atendimentos: Educação

Infantil Modalidade Especial de 0 a 3 anos: 09 alunos; Educação Infantil Modalidade

Especial de 4 a 5 anos: 15 alunos; Programa Atividades: 09 alunos; EJA FASE I –

Modalidade Especial: 25 alunos; Programa Educacional Educação Profissional

Formação: 15 alunos.

Para dar atendimento a esses alunos, a APAE conta com o seguinte quadro

de pessoal composto por: diretora, vice-diretora, duas secretárias, uma pedagoga,

duas fisioterapeutas, uma psicóloga, uma fonoaudióloga, uma terapeuta

ocupacional, uma assistente social, um psiquiatra, treze professoras sendo elas:

uma professora de artes e música, uma professora de educação física, duas

atendentes, um instrutor e três auxiliares de serviços gerais. Conta também com o

apoio do médico do Posto de Saúde Municipal, que ajuda a esclarecer o diagnóstico,

além de, uma clínica de fisioterapia, adquirida em parceria com o Rotary Club

Internacional, que dá atendimento aos alunos da Escola Especial e a todos da

comunidade que nos procuram, através de convênio com a Prefeitura Municipal.

5 Intervenção na Escola: ação junto aos professores e equipe escolar da Escola de

Educação Especial Raio de Sol, atual Escola São João do Caiuá

A intervenção pedagógica proposta, previa o trabalho de capacitação dos

professores e equipe escolar da Escola de Educação Especial Raio de Sol, escola

de origem, desta professora PDE. Foi um evento de capacitação vinculado à

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Instituição de Ensino Superior UEM, que monitorava o PDE na área de Educação

Especial na região de Maringá, sob a coordenação da Professora Orientadora

Leonor dias Paini. A capacitação atingiu mais de 80% dos profissionais da escola,

incluindo 15 professores e 7 funcionários da escola, sendo duas secretárias e cinco

auxiliares.

Estruturado sob a modalidade de Grupo de Estudos, o evento de

intervenção teve duração de 32 horas-atividades, sendo desenvolvidas atividades

acerca de cada tema nos encontro e que favorecessem as discussões. Todos

tiveram, assim, a oportunidade de refletir sobre o papel das APAEs como

mantenedora das Escolas Especiais, bem como, a importância dessas frente ao

processo de inclusão.

No dia dezenove de setembro de dois mil e onze, às dezessete horas, dei

início as atividades propostas para Curso de Implementação Pedagógica, na Escola

de Educação Especial Raio de Sol. Para dar início, fiz uma reapresentação do curso

dizendo como deveriam acontecer nossos encontros; seguindo, foi aplicado o

questionário inicial com as seguintes orientações: que fosse respondido

individualmente, no prazo de quarenta minutos. Para o desenvolvimento da dinâmica

pedi a colaboração de duas professoras. Estas auxiliaram na formação dos grupos

de voluntários com quatro integrantes; divididos os grupos, pedi as auxiliares que

colocassem vendas nos olhos do primeiro grupo – os cegos; no segundo grupo

vedamos a boca com fita, para representarem os surdos; no terceiro grupo

amarramos as mãos e pernas para representarem os paralisados cerebrais e

destes, uma teve também, os olhos vendados para representar um aluno bem

comprometido e o último grupo representou os deficientes mentais. Nesse momento,

apresentei ao grupo a mesa do café, dizendo que eles poderiam se servir, sendo

que os deficientes mentais deveriam servir aos cegos, os surdos iriam ajudar aos

deficientes físicos; não ficou determinado quem ajudaria quem, as duplas foram se

formando e nós ficamos observando e dando orientações quando necessário. Dado

um tempo para que cada participante vivesse a experiência de ser portador de uma

deficiência, retiramos as amarras e todos puderam terminar o seu café se servindo a

vontade. Ao terminarem, voltamos ao círculo para que cada participante

descrevessem a sua experiência. Iniciando, a professora Sandra que estava com os

olhos vendados, disse que antes de ter os olhos vendados, viu aquela mesa linda e

de repente se viu sendo servida sem ao menos terem lhe falado o que havia na

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mesa, ou lhe perguntado o que ela gostaria de comer, lhe serviram café e bolo e

foram colocando em sua boca sem lhe falar o que era e assim se sentiu agoniada e

impotente diante da situação. Confessando que teve bastante dificuldade em ser

privada da visão mesmo por curto espaço de tempo e sabendo que era de

"mentirinha", mas, tal trabalho a sensibilizou ajudando-a a compreender melhor as

necessidades de uma pessoa cega, principalmente na locomoção e na

aprendizagem. Ana Cristina que viveu o aluno mais comprometido relatou que ficou

mesmo paralisada, pois além de não poder se mover, ainda não podia ver, e que foi

muito difícil. Solange que serviu a Ana Cristina, disse que diante da situação,

começou a lembrar dos alunos, pois muitas vezes nossos alunos são servidos sem

sabermos se eles gostam de determinados alimentos, se estão realmente com

vontade de comer, às vezes, não nos preocupamos com esses detalhes. Os

participantes que representaram os surdos, disseram que foi bem difícil, pois não

conseguiam transmitir o que estavam pensando, nem mesmo perguntar o que o

outro queria, portanto se torna muito difícil se colocar no lugar do outro. Cleonice

disse que essa dinâmica foi bem interessante, pois nos leva a reflexão quanto as

nossas atitudes frente às pessoas com deficiências e até mesmo frente aos nossos

alunos. Para professores e profissionais da educação a informação, o debate, a luta

por criação e implementação de politicas públicas eficazes são imprescindíveis e a

interação em momentos assim, essencial na busca do conhecimento e da

transformação de realidades ou situações que não atendem a real função social da

escola. Portanto, vejo que esse foi um momento para refletirmos sobre nossas

ações quanto à amizade, companheirismo, dificuldades, emoções, valores e também

sobre nossa história de vida

Tivemos momentos para fazermos uma leitura e reflexão sobre documentos

como o PPP, PPC e RI, diante de cada tópico apresentado fomos discutindo sobre o

assunto e revendo como tudo acontece na escola em nosso dia a dia e até

descobrimos algumas coisas que já estão ultrapassadas, com isso, houve uma

maior participação do grupo nas reflexões. Relevante a colocação da professora

Solange: “Diante desse momento de inclusão e mudanças podemos dizer que a

grande maioria dos professores da educação básica ainda não estão preparados

para receber nossos alunos, pois um aluno com deficiência em sala de aula é um

desafio para os professores que têm dúvidas e questões sobre a sua capacidade

para vencer estes desafios, por isso, que nós como professores precisamos estar

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preparados e temos que acreditar que estamos no caminho certo para realizar uma

inclusão com responsabilidade”. Essa colocação nos faz lembrar o que diz Mantoan

(1988) “Toda criança precisa da escola para aprender e não para marcar passo ou

ser segregada em classes especiais e atendimentos à parte. A trajetória escolar não

pode ser comparada a um rio perigoso e ameaçador, em cujas águas os alunos

podem afundar. Mas há sistemas organizacionais de ensino que tornam esse

percurso muito difícil de ser vencido, uma verdadeira competição entre a correnteza

do rio e a força dos que querem se manter no seu curso principal”.

Em nossas discussões, fizemos um retrospecto do histórico das APAEs e da

Escola de Educação Especial Raio de Sol. Assim, podemos citar alguns números

relativos à inclusão de alunos que por aqui passaram. Muitos deles não renderam o

esperado, outros concluíram o Ensino Básico e poucos chegaram ao Ensino Médio.

Podemos citar alguns dados sobre inclusão no munícipio: entre os anos de 1995 até

o ano de 2006, tivemos 18 alunos com deficiência transferidos da APAE para a

Escola de Educação Básica, sendo que desses 06 não concluíram a Educação

Básica de 1ª a 4ª série e abandonaram a escola; 12 alunos frequentam Ensino

Básico de 5ª a 8ª série. Outros 05 alunos frequentam a EJA de 5ª a 8ª série e 05

alunos estão cursando o Ensino Médio.

Número de alunos com deficiência transferidos da APAE para o Ensino

Comum nos últimos anos: 2008: 08 alunos; 2009: 02 alunos; 2010: 04 alunos, num

total de 14 alunos.

Para finalizar as atividades nesse dia tivemos também o depoimento

presencial de uma mãe que nos relatou o seguinte sobre a inclusão escolar de seu

filho com paralisia cerebral:

Dando início a Sra. L. W, deu o seu depoimento: “Meu filho, D.W.O, quando

nasceu parecia tudo normal, aos poucos, conforme ele foi crescendo comecei a

perceber que alguma coisa não ia bem, percebi que ele apresentava algumas

dificuldades, demorou muito pra firmar a cabeça, para se sentar, para falar e

também para andar. A partir do momento que percebemos que o D.W.O., era uma

criança um pouco diferente em seu desenvolvimento, começamos a nos preocupar

em sempre fazer o melhor para que ele pudesse ser simplesmente uma criança feliz,

igual a todas as outras que conhecíamos e tão feliz quanto seu irmão mais velho. Na

família e pelos amigos, ele sempre foi bem recebido com tranquilidade e amor, o

que já era uma bênção, pois na maioria das vezes, a família é a primeira a ter

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dificuldades para aceitar uma criança que apresenta alguma dificuldade. E quando

ele já estava com um ano e oito meses, em uma consulta, a médica conversou

comigo e pediu para eu procurar a APAE, ele precisava de um acompanhamento e

de muito estímulo. No princípio, minha família foi contra, mas eu insisti e fiz a

matrícula dele na Escola Especial. No começo, mesmo matriculado eu trazia ele

apenas para a fisioterapia, depois com o tempo é que resolvi deixar ele frequentar

normalmente. Quando completou sete anos, eu como mãe decidi fazer uma tentativa

para que ele frequentasse o ensino regular, então foi matriculado na sala especial

para ver se, se adaptava. Após alguns meses a escola me chamou para conversar

sobre seu desenvolvimento, pois ele não estava rendendo nada, estava ficando

muito isolado e nem mesmo amizades tinha conseguido e olha que ele é bem

falante, e, assim sendo, me aconselharam a deixa-lo na escola especial mesmo. Ele

próprio não queria mais ir lá, vivia reclamando, dava pra perceber que ele estava

sendo excluído pelos colegas por não acompanhar os conteúdos. Foi onde optei por

trazê-lo de volta. Apesar de tudo ele é um menino carinhoso comigo, tem muitos

sonhos. É interessado, persistente e prestativo está sempre pronto para ajudar os

outros, gosta de aprender coisas novas. Para mim, como mãe, a Escola Especial é

um espaço abençoado por Deus. Existem e devem continuar a existir, só assim

nossos filhos terão garantidos os seus direitos. Às vezes como mãe, me pergunto,

se fiz a coisa certa, se ele é feliz com a vida que leva dentro de suas limitações. Só

tenho que agradecer a escola especial, pois caso eu não tivesse o apoio desta, tudo

teria sido muito mais complicado e certamente estaria procurando outros

profissionais técnicos e pedagógicos para dar o suporte necessário e auxiliar meu

filho em seu desenvolvimento. Hoje posso dizer que a minha criança especial

encontrou a sorte grande por conhecer pessoas especiais que deram bastante de

seu precioso tempo, de seu carinho e acima de tudo aceitaram as suas diferenças

como uma oportunidade de aprendizado”.

Sendo assim, ao falarmos sobre inclusão social, pontuamos a inclusão num

todo, ressaltando a inclusão na família, no trabalho, no esporte, na escola e até

sobre a questão do comércio que, às vezes com a colocação de produtos em suas

prateleiras exclui alguns consumidores. Vale lembrar, que existe o desafio da

educação brasileira de fazer valer o compromisso de implementação de uma política

inclusiva que tenha como prioridade o atendimento aos alunos com necessidades

especiais nas escolas de ensino regular, é também um desafio que precisa ser

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assumida por todos nós educadores, e para tanto, é necessário melhorar as

condições da escola e formar professores mais bem preparados, isso vem de

encontro com um documento da (UNESCO, 1994, p.11) onde diz: Princípio

fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças devem aprender

juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou

diferenças que elas possam ter. Escolas inclusivas devem reconhecer e responder

às necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de

aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade à todos através de um

currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recurso

e parceria com as comunidades [...]

Analisar os avanços da Educação Especial enriquece o trabalho cotidiano do

educador, já que o mesmo precisa conhecer a retrospectiva histórica e as efetivas

leis que nos levaram à inclusão de fato e de direito. Discutir este assunto não é

tarefa de hoje, porém ainda arduamente exige mobilização e ruptura à mesmice, ao

que às vezes parece estagnado, portanto a mudança nos traz "medo e temor".

Afinal, desde os primórdios as pessoas com deficiências eram excluídas da

sociedade, do convívio com os demais e principalmente do acesso à educação. A

inclusão social não é o processo que diga respeito somente à pessoa com

deficiência, mas sim, a todos os cidadãos. Não haverá inclusão da pessoa com

deficiência enquanto a sociedade não for inclusiva, ou seja, realmente democrática,

onde todos possam igualmente se manifestar nas diferentes instâncias de debate e

de tomada de decisões da sociedade, tendo disponível o suporte que for necessário

para viabilizar essa participação (ARANHA, 2001).

Ressalto ainda, que será necessário muito estudo para que possamos

compreender esta nova política inclusiva e verificar que a mesma é resultado de

todas as leis já discutidas em âmbito estadual, nacional e internacional. Fizemos

uma retomada da fundamentação teórica e histórica sobre as pessoas com

deficiências desde a antiguidade até os dias de hoje. Falamos dos extermínios, das

superstições, dos castigos e das superproteções. As fases da exclusão, segregação,

integração e finalmente a inclusão, discutimos também, alguns casos conhecidos e

de familiares mais antigos que não tiveram oportunidade de ir a uma escola. Como

diz Aranha (2001), não há modelos prontos, nem receitas em manuais. A sociedade

brasileira ainda precisa tornar sua prática consistente com seu discurso legal. Há

que buscar soluções para a convivência na diversidade que a caracteriza, enriquece,

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dá sentido e significado. Há que efetivamente favorecer a convivência e a

familiaridade com as pessoas com deficiência, derrubando as barreiras físicas,

sociais, psicológicas e instrumentais que as impede de circular no espaço comum.

O trabalho na Escola Especial vem sendo valorizado dia a dia, podemos

perceber isso, pelas políticas públicas implantadas aqui no Estado do Paraná, um

Estado que leva a sério o trabalho desenvolvido pelas APAEs, que dão condições de

que a Escola funcione como realmente deve funcionar. Valorizando o professor e

principalmente respeitando o aluno na sua especificidade, dando condições de um

amplo atendimento aos educandos que ali se encontram matriculados, seja ele qual

for. A inclusão foi um marco importante na história, mas acredito muito que cada

aluno precisa ser trabalhado onde melhor se desenvolva o seu potencial. Se ele é

especial necessita de um trabalho e atendimento especial, individualizado para que

possa desenvolver as suas potencialidades. E posteriormente ser encaminhado para

o ensino regular, mas o que preocupa são aqueles que sabemos não possuir

requisitos para uma inclusão de fato, os mais comprometidos, serão sempre nossos.

Fazendo um resgate do histórico da Escola de Educação Especial Raio de Sol,

desde sua criação, os processos para comprovar a sua existência e importância

apresentamos a história de vida de um aluno dessa escola.

O segundo questionário foi aplicado no dia 07 de novembro de 2011, pela

professora pesquisadora e os participantes foram orientados para que ouvissem a

leitura das questões para, em seguida responderem as questões, foi dado um tempo

para que respondessem. Ao analisar as respostas dadas aos questionários inicial e

final calculamos percentualmente, somente as respostas válidas. Os resultados

seguem abaixo:

Ao analisar questão de número 1, onde buscamos saber: Quem é a

Equipe/setor que organiza o ingresso do aluno com deficiência intelectual na Escola

Especializada – APAE? Verificou-se que no primeiro momento apenas 15

participantes tinham o conhecimento, já no segundo questionário podemos ver que

todos responderam que os responsáveis pelo ingresso do aluno são a equipe

técnica e pedagógica, ou seja, a equipe multiprofissional. O trabalho da equipe

multiprofissional implica em responsabilidade, motivação, comprometimento,

respeito aos colegas, porque o profissional realiza o seu trabalho voltado para o

grupo todo de forma que a equipe cresça principalmente na qualidade dos serviços

prestados. A equipe pode ser exemplificada como um corpo onde os membros

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devem funcionar integrados para o bom andamento de todo o processo escolar.

“Mais do que participar em atividades de inovação e mudança é necessário

encontrar sentidos através de entendimentos e vontades. É o reencontro com o

sentido de pertença quando ganha vulto a pergunta, quem sou eu? Mais do que ser

professor, médico, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social ou fonoaudiólogo, é

decisiva a atribuição de significados que cada um coloca na sua participação no

processo educativo” (GARCIA,1994, p.55).

Na questão de número dois ao serem questionadas sobre: Quais estruturas

a escola oferece para apoio aos alunos com deficiência intelectual matriculados?

Tivemos os seguintes resultados: 06 não responderam; 03 somente citaram

professores especializados e as demais citaram professores especializados, equipe

técnica, apoio pedagógico, ambiente adequado com rampas, corrimão e banheiros

adaptados. Já no questionamento final a visão geral mudou, pois, o resultado foi o

seguinte: que é necessário um conjunto de recursos: professores especializados,

equipe técnica, apoio pedagógico, ambiente adequado com rampas, corrimão e

banheiros adaptados, além de, um currículo adaptado. Esse resultado nos leva ao

que diz Mazzota (2005, p.11), define a Educação Especial como,[...] a modalidade

de ensino que se caracteriza por um conjunto de recursos e serviços educacionais

especiais organizados para apoiar, suplementar e, em alguns casos, substituir os

serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação formal dos

educandos que apresentem necessidades educacionais muito diferentes das da

maioria das crianças e jovens.

Na terceira questão buscamos saber sobre: A gestão democrática facilita a

Educação Inclusiva? Justifique. No questionário inicial obtivemos o seguinte

resultado: 10 não responderam; 05 responderam apenas sim e as demais (07)

responderam que sim, pois a participação de toda comunidade escolar no processo

de ensino aprendizagem vem enriquecer a educação inclusiva. Enquanto que no

questionário final os resultados foram bem diferentes: 02 não responderam; 01

apenas disse sim e as outras 19 responderam que sim, pois, uma gestão

democrática deve estar atenta a todos os acontecimentos no âmbito escolar para a

partir daí promover reuniões, seminários de discussão para trazer as ideias da

comunidade escolar e assim colocá-las em prática. Dessa forma os professores se

sentirão mais motivados, e terão espírito de equipe. O professor deve se sentir

responsável pela formação de cidadãos criativos, críticos e preparados para a

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sociedade. Para isso, ele precisa ser ouvido, tem que dar sua opinião na formulação

de projetos propostos pela direção, dando assim maior motivação para a realização

das atividades. Segundo LIBÂNEO (2004, p. 102)

A participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática da

escola, possibilitando o envolvimento de profissionais e usuários no processo de

tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. Além disso,

proporciona um melhor conhecimento dos objetivos e metas, estrutura e organização

e de sua dinâmica, das relações da escola com a comunidade, e favorece uma

aproximação.

A questão de número quatro trazia o seguinte questionamento: Como

educador, você tem se preocupado em oportunizar recursos e estratégias

metodológicas para que todos os seus alunos consigam mostrar os conhecimentos

adquiridos?

No primeiro questionário obtivemos os seguintes resultados: 06 não

responderam; 04 apenas disseram sim; 03 disseram que sim, pois como educadores

têm tentado enriquecer o aprendizado de seus alunos de acordo com suas

necessidades; 09 acreditam que existe uma preocupação constante do professor em

oportunizar ao aluno, diferentes metodologias e atividades para que estes se

desenvolvam com o maior número de habilidades possíveis. De acordo com os

dados coletados houve uma mudança de pensamento no decorrer do curso, visto

que, as respostas obtidas no segundo questionário foram bem claras: 01 não

recebeu, 01 apenas disse sim; 12 disseram que sim, pois, metodologias e atividades

diversificadas ajustadas ao nível de aprendizagem dos alunos ajudam os mesmos a

terem um melhor desenvolvimento e 08 acreditam que existe uma preocupação

constante do professor em oportunizar aos alunos, diferentes metodologias e

atividades para que estes se desenvolvam com o maior número de habilidades

possíveis, (mesma resposta do questionário inicial). A então chefe do Departamento

de Educação Especial e Inclusiva, MATISKEI, (2004), nos diz:

Entendemos que uma inclusão responsável requer a constante avaliação da qualidade dos serviços prestados, seja em escolas comuns, seja em escolas especiais. Acreditamos que os profissionais de ambos os contextos de ensino possuem experiência acumulada em suas áreas de atuação que devem ser mutuamente valorizadas. Dessa forma, estamos propondo um trabalho conjunto e interligado que se concretize interdisciplinarmente. Assim como a

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SEED/DEEIN (Secretária do Estado e da Educação do Paraná/Departamento de Educação Inclusiva), acreditamos que a inclusão responsável, gradual e assessorada, “respeita o direito constitucional da pessoal com necessidades educacionais especiais e de sua família, na escolha da forma de educação que melhor se ajuste às suas necessidades, circunstâncias e aspirações, promovendo, assim, um processo de inclusão responsável e cidadã”.

A quinta questão trazia o seguinte: Você acredita que mudar expressões

garante, necessariamente, a mudança de condutas frente à inclusão? Justifique. E

as respostas dadas foram: 06 não responderam; 02 responderam sim, mas não

justificaram; 04 disseram que não, pois mudanças ocorrem na prática, no dia a dia,

aí sim teremos uma inclusão de verdade; 05 responderam não, pois a nomenclatura

não muda em nada as ações; 04 responderam que não, porque muitas vezes se

escuta falar em inclusão de forma bonita e perfeita, mas na prática encontram-se

muitas barreiras como: profissionais despreparados e discriminação. 01 respondeu

não, pois a nomenclatura não muda em nada as ações, temos sim que incluir

nossos alunos com muita responsabilidade e respeito pelos mesmos e não inclui-los

apenas para dizer que estão numa escola regular, daí a importância das escolas

especiais. Aqui também houve mudanças na fala dos participantes: 01 respondeu

sim, mas não justificou; 09 disseram que mudar expressões não muda a conduta e

sim a forma de pensar e agir para que se efetive a inclusão; 03 responderam que é

necessário uma mudança de paradigmas, novos conceitos e posicionamento. 01

respondeu que não, pois de nada adianta mudar expressões se as atitudes não

mudarem. Porque se alunos especiais forem inclusos no Ensino Regular mal

estruturado e com professores despreparados e preconceituosos serão duplamente

excluídos da escola. 04 responderam que não, que a inclusão vai, além disso, é

necessária mudança de comportamento, de pensamento e atitude para

compreender e efetivar a inclusão. Sabemos que a educação não é um processo

que se desenvolva somente na escola, ela se inicia na família, passa pela escola e

se estende durante toda nossa vida. É através da educação que se constrói o ser

humano, aprendendo a se identificar como ser social capaz de contribuir para a

formação de um mundo melhor no qual ele está inserido. A educação só é possível

a partir do momento em que o homem consegue conviver, aprendendo e ensinando

aquilo que aprendeu e que vive. Recursos e métodos de ensino mais eficazes

proporcionaram às pessoas com deficiências maiores condições de adaptação

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social, superando, pelo menos em parte, suas dificuldades. Acompanhando a

tendência mundial da luta contra a marginalização das minorias, começou a se

consolidar em nosso país, no inicio da década de 80, a filosofia da Integração e

Normalização. A premissa básica era de que pessoas com deficiências têm o direito

de usufruir as condições de vida o mais comuns ou normais possíveis da sua

comunidade, participando das mesmas atividades sociais, educacionais e de lazer

que os demais (GLAT, 1989; 1995).

A questão seis procura-se saber: As políticas públicas, que têm sua

fundamentação filosófica diretamente ligada à Declaração de Salamanca, têm

possibilitado a inclusão dos alunos com deficiência mental, garantindo-lhes a

qualidade de ensino nas escolas comuns? E como ficam as escolas especiais?

Os resultados apontam: 05 não responderam; 02 responderam as escolas

especiais são vistas como secundárias; 01 respondeu que as escolas regulares não

têm condições de receber esses alunos; 05 responderam essa inclusão perfeita

ainda esta longe de acontecer, portanto, as Escolas Especiais devem continuam a

existir; 09 responderam que as escolas especiais têm realizado um ótimo trabalho e

que os alunos aí matriculados dificilmente acompanharão o trabalho realizado nas

escolas regulares daí acontecerá uma evasão e esses alunos ficarão sem

atendimento. No questionário final houve também mudanças de pensamento: 05

responderam que a inclusão está garantida por lei, mas, as escolas devem

possibilitar que haja qualidade no ensino especial dentro das escolas comuns; 08

disseram que vêm acontecendo, as escolas comuns estão se adaptando para

oferecer uma inclusão responsável, porém as escolas especiais são fundamentais

nesse processo; 04 responderam que a lei determina a permanência do aluno na

escola, mas não a qualidade do ensino ofertado, pois faltam profissionais

capacitados; 05 responderam que as escolas especiais têm realizado um ótimo

trabalho e que os alunos aí matriculados dificilmente acompanharão o trabalho

realizado nas escolas regulares daí acontecerá uma evasão e esses alunos ficarão

sem atendimento.

Com a Resolução CNE/CEB nº 2/2001 foi instituída as Diretrizes Nacionais

para a Educação Especial na Educação Básica. Esse documento caracteriza a

Educação Especial, também como modalidade de ensino. Representa um avanço na

perspectiva da universalização do ensino brasileiro, ratificando a obrigatoriedade da

matrícula de todos os alunos no ensino regular sob o discurso de inclusão. O art. 3º

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dessa resolução evidencia um atendimento educacional especializado pautado no

paradigma de suporte, como podemos conferir abaixo:

Art. 3º Por educação especial, modalidade da educação escolar, entende-se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica. (BRASIL, 2001b, p.1)

Esse documento tem por objetivo a inclusão escolar desse alunado com

necessidades educacionais especiais nas classes comuns do ensino regular com

atendimento especializado em turno inverso ao da classe comum. Por meio de

orientações ao sistema de ensino, busca garantir o atendimento de todas as

diferenças.

A última questão buscava resposta para: E você, o que pensa sobre a

função das escolas especiais na atualidade? Acha necessário que elas continuem a

existir? Qual a importância dessa escola para você?

No questionário inicial os 22 participantes responderam que são importantes e

que devem continuar a existir. Enquanto que no segundo, uma mudança geral de

pensamento e várias colocações de expressão:

O trabalho da Escola Especial vem sendo valorizado dia a dia, podemos

perceber isso pelas políticas públicas implantadas aqui no Estado do Paraná,

um Estado que leva a sério o trabalho desenvolvido pelas APAEs, que dão

condições de que a Escola funcione como realmente deve funcionar .

Valorizando o professor e principalmente respeitando o aluno na sua

especificidade, dando condições de um amplo atendimento aos educandos que

ali recebem atendimento, seja ele qual for.

Como professora, percebo que o trabalho desenvolvido pela APAE, nos últimos

anos, tem sido muito valorizado. Ficou para trás aquele tempo que APAE era

vista como lugar de assistencialismo, que os alunos frequentavam com intuito de

dar descanso para a família. Hoje ela é vista como escola, lugar onde se ensina

e os alunos aprendem e avançam.

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Atualmente as escolas especiais estão vivenciando um momento de grandes

expectativas e aguardam grandes mudanças já que agora passam a ser

mantidas pelo governo estadual.

As APAES estão virando escola regular na modalidade especial, e com isso,

precisamos buscar informações sobre essas mudanças, sempre visando

melhorar a qualidade de ensino para nossos alunos, como tentativa de garantir

seus direitos, orientando e informando todo o segmento da escola e em especial

a família.

Diante da Educação Inclusiva, tenho a visão que as escolas especiais estão

sendo reconhecidas e valorizadas, pois as mesmas vêm somar forças na

medida em que oferece atendimento especializado, com recursos e estratégias

diferenciadas que favoreçam o processo de escolarização dos alunos com

necessidades especiais, lutando sempre pela efetivação dos seus direitos.

A Escola Especial é de fundamental importância não só para o atendimento

educacional para os alunos, mas também para toda a comunidade, pois é

referência no atendimento ao deficiente mental.

As escolas especiais por muito tempo eram apenas depósito de problemas, ou

seja, local onde inseriam crianças deficientes, com distúrbios de comportamento

ou pior, doentes mentais.

Hoje, a Escola Especial tem como objetivo primordial o pleno desenvolvimento

do aluno preparando-o para a inclusão educacional, afinal, ninguém quer ser

diferente.

A escola especial apresenta um papel fundamental na minha comunidade, pois

oferece atendimento educacional individualizado às pessoas com deficiência

mental, possibilitando a elas educação de qualidade com profissionais

especializados, tanto no setor pedagógico como no clínico, tendo como objetivo

valorizar, respeitar e desenvolver as potencialidades do aluno, assim promover o

crescimento global do sujeito, tendo como meta a educação inclusiva.

A escola especial e de muita importância, pois é referência no atendimento a

crianças e adultos com deficiência mental. Conta com uma equipe de

professores habilitados e ainda com o apoio de equipe multidisciplinar composta

por fonoaudiólogo, assistente social, psicólogo, terapeuta ocupacional,

fisioterapeuta e psiquiatra. A escola desenvolve atividades culturais onde os

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alunos se apresentam demonstrando seus talentos, sejam eles na música,

dança ou teatro.

As escolas especiais são fundamentais na educação e auto - superação desses

alunos, pois trata os mesmos como indivíduos com potencial e trabalha de forma

individualizada, no sentido de utilizar diferentes metodologias adequadas a cada

um, diante de suas limitações.

Atender os portadores de deficiência mental é propiciar uma assistência aos que

dela necessitam. A APAE é uma forma de proporcionar educação, tratamento e

qualidade de vida aos deficientes e desempenha o trabalho objetivando emergir

habilidades e potencialidade promotoras de autonomia, garantindo a

independência, a sobrevivência e principalmente a cidadania de seus

educandos.

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6 Conclusão

Entre os professores participantes, todos afirmaram já ter participado de

cursos de capacitação para a atuação com alunos com necessidades educacionais

especiais através dos cursos de especialização em Educação Especial ou em

Educação Inclusiva e de eventos como palestras, congressos, encontros

especializados, dentre outras modalidades de formação. Por outro lado, os demais

funcionários identificaram-se como “leigos” no assunto e, embora trabalhando numa

escola especial, consideraram-se despreparados para atender alunos com

características especiais ou para atuar em salas de aula.

Questões como: funcionamento de uma escola especial, a história das

APAEs, a retomada da trajetória histórica da educação das pessoas com

necessidades especiais, percorrendo um caminho que vai desde a antiguidade até

os dias de hoje, foram discutidas nesses encontros, isso sem perder o foco do nosso

estudo que era o trabalho desenvolvido pela Escola Especial, mantida pela APAE.

A cada encontro do Grupo de Estudos a participação dos professores e da

equipe escolar foi avaliada, possibilitando, também, a autoavaliação das atividades

realizadas durante as discussões e, consequentemente, a ação da professora PDE

responsável pelo desenvolvimento do tema. Os resultados dessa intervenção foram

registrados em comentários apresentados pelos professores e funcionários

participantes com um aproveitamento muito bom dos participantes, indicando a

necessidade de realização de outros momentos como este, para efetivação da

formação continuada de professores e equipe escolar.

Conclui-se então, que devemos reconhecer que as Escolas Especiais – APAEs

tem um relevante papel diante da educação inclusiva podendo oferecer um ensino de

qualidade aos alunos que delas precisam, assumindo também um papel importante de

cunho político e social tão necessário para atender esta clientela. Mais ainda nesse

momento em que a Federação Estadual das APAEs com o empenho do Departamento de

Educação Especial e Inclusão Educacional da Secretaria de Estado de Educação -

SEED/PR conseguem a alteração na denominação das Escolas de Educação

Especial para Escolas de Educação Básica, na modalidade de Educação

Especial, com oferta de Educação infantil, Ensino Fundamental – anos iniciais,

Educação de Jovens e Adultos – Fase I, e Educação Profissional/Formação inicial.

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