Educação Étnico Racial por meio da Arte

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    1 Introduo

    Educao sinnimo de crescimento intelectual, pessoal, profissional e

    emocional. O pas em que vivemos s mudar por meio do conhecimento. O Brasil ecomposto por famlias mescladas de raas: brancos, negros e ndios. Como muitos

    brasileiros, sou negro, filho de me branca com pai negro. Sou natural de

    Braslia/Distrito Federal, capital do pas. Uma cidade planejada, pensada e

    organizada para ser habitada por todos os tipos de raas, gneros e por toda a

    diversidade brasileira.

    Por ser um cidado negro, j fui exposto a todos os tipos de pr-conceitos

    existentes. Certa vez, em um processo seletivo para trabalhar em uma grandeempresa, passei por todas as fases e no momento da contratao fui dispensado.

    Alguns dias depois descobri, por intermdio, funcionrio da mesma empresa, que

    no fui contratado por ser negro. A empresa no tinha nenhum funcionrio negro no

    seu quadro de pessoal. Foi o primeiro momento que vivi verdadeiramente o

    sentimento de racismo. Durante a infncia e adolescncia recebi alguns apelidos

    como chokito, criolo, nego, mas a inocncia nos resguarda desse sentimento de

    excluso.

    Sou formado em Artes Cnicas, um curso que aceita toda a diversidade. Na

    poca da graduao, pude viver vrios personagens grandiosos. Em um projeto, um

    aluno questionou minha posio pelo fato de ser negro. Na viso dele o protagonista

    precisava ser uma pessoa branca, de olhos verdes, cabelos louros. Depois de muita

    conversa, debate e discusso, a diretora de elenco decidiu que me manteria com

    personagem, independentemente da cor da minha pele. O que prevaleceu foi meu

    talento na arte da interpretao teatral.

    Na escola que eu trabalho, me vejo rodeado por pessoas das mais diversascrenas, cor da pele, opo sexual. A questo racial ainda muito forte nos dias de

    hoje. Pensando na raa, do total de 48 professores, somente trs so negros

    (incluindo eu). Temos pessoas de vrias crenas, catlicos, evanglicos, budistas,

    espritas, mrmons. Dentro desse universo importantssimo o respeito entre todos

    para o trabalho acontecer da melhor forma possvel.

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    A quantidade de professores negros na escola baixssima. Subtende-se

    que o negro no consegue passar no concurso para o cargo de professor, ao mesmo

    tempo em que no consegue se formar no curso de licenciatura, que no consegue

    terminar o ensino mdio ou fundamental. Esse pensamento errado porque todossomos capazes de conquistar tudo o que quisermos, basta apenas esforo,

    dedicao, empenho, e muita vontade de tornar o Brasil, um pas melhor para se

    viver. Essas questes envolvem muito mais do que simples aspectos da sociedade,

    elas requerem um estudo mais aprofundado sobre os reais direitos humanos, sua

    insero na educao, a fiscalizao dos direitos cerceados, e acima de tudo, a

    aplicao na vida diria da legislao que rege esses direitos.

    Esta pesquisa ser dividida em bibliogrfica e de campo. Primeiramentesero levantadas bibliografias pertinentes ao estudo da educao tnico racial no

    Brasil. Para tanto sero selecionados e pesquisados, livros, artigos, revistas,

    peridicos, entre outros. Foi realizado uma anlise sobre a I Gincana Afro-brasileira e

    Jogos Escolares e a aplicao de um questionrio para quarenta e dois estudantes

    do terceiro ano, turma D, turno matutino do Centro Educacional 104 do Recanto das

    Emas.

    2 EDUCAO PARA TODOS

    Quando pensamos em educao, de imediato visualizamos a escola,

    professores, alunos, livros didticos. Mas o que seria educao? Vrios pensadores

    discorreram sobre esse conceito. Luaize (2009, p. 2) afirma o termo educao como

    o ponto central das conversas era destacado por Plato, o que modificava o corpo e

    a alma. J mile Durkheim pensava na educao como o primeiro passo para

    caminhada da vida. Para Pestalozzi, educar o homem implica em encontrarrespostas para suprir nossas necessidades de questionamentos do futuro e da

    legislao que nos rege. Segundo o ICCP (1998, p, 31) se entende por educao o

    conjunto de influncias que exerce a sociedade sobre o indivduo. Isso implica que o

    ser humano se educa durante toda a vida e no por um perodo determinado, ela

    consiste, ante todo, em um fenmeno social historicamente condicionado e com um

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    marcado carter classista. Atravs da educao se garantir a transmisso de

    experincias de uma gerao outra.

    Para Martins (apud LUAIZA, 2009, p. 2) a educao um processo em que a

    sociedade age sobre o educando, buscando entreg-lo segundo seus padressociais, econmicos, polticos, e seus interesses. Por isso importante preparao

    para a vida como um todo e no desfragmentada. Destacamos, de acordo com

    Martins) as seguintes caractersticas da educao:

    fato histrico, pois se realiza no tempo; um processo que se preocupacom a formao do homem em sua plenitude; Busca a integrao dosmembros de uma sociedade ao modelo social vigente; Simultaneamente,busca a transformao da sociedade em benefcio de seus membros; um

    fenmeno cultural, pois transmite a cultura de um contexto de forma global;Direciona o educando para a autoconscincia; ao mesmo tempo,conservadora e inovadora

    Sobre educao poderamos utilizar o que enfatiza Faria (2000, p. 11),

    educar transmitir ideias, conhecimentos que atravs de uma prtica podem

    transformar ou conservar a realidade. A educao, portanto, mediao entre teoria

    e prtica. Para que as pessoas tenham seus direitos assegurados, preciso uma

    juno entre teoria e prtica para que a educao em e para os direitos humanos

    seja realmente aplicada e vivenciada, pois a Educao em Direitos Humanos (EDH), na atualidade, um dos mais importantes instrumentos dentro das formas de

    combate s violaes de direitos humanos, j que educa na tolerncia, na

    valorizao da dignidade e nos princpios democrticos (TAVARES, 2007, p. 487).

    Para isso importante que a formao do docente esteja de acordo com as

    necessidades atuais para se trabalhar com EDH em sala de aula e em todo o

    ambiente escolar.

    Para se estudar educao em e para os direitos humanos, precisamos

    introduzir o contexto histrico do conceito de direitos humanos, sua construo e

    principais ferramentas jurdicas e tericas planejadas para a proteo e garantia dos

    direitos.

    Os estudos e as discusses sobre direitos humanos so importantes namedida em que contribuem para afastar obstculos sua efetivao ou para

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    estimular sua defesa, o que s acontece quando, alm do interesse terico,h um efetivo compromisso com a prtica (DALLARI, 1998, p. 48).

    Ao evitar tornar-se um fator de excluso social, a educao pode ser um

    fator de coeso quando procura ter em conta a diversidade dos indivduos e dosgrupos humanos. Por isso o respeito pela diversidade e pela especificidade dos

    indivduos constitui, de fato, um princpio fundamental, que deve levar proscrio

    de qualquer forma de ensino estandardizado (DELORS, 1998, p. 6). Os sistemas

    educativos formais costumam podar as realizaes pessoais das crianas e

    adolescentes ao impor o mesmo modelo cultural e intelectual, sem se preocupar com

    a diversidade dos talentos individuais. Procuram cada vez no favorecer o

    desenvolvimento do conhecimento abstrato em detrimento de outras qualidades

    humanas como a imaginao, a aptido para comunicar, o gosto pela animao do

    trabalho em equipe, o sentido do belo, a dimenso espiritual ou a habilidade manual.

    Cada realidade influncia de forma positiva ou negativa na ampliao do processo de

    ensino e aprendizagem significativa.

    importante que os prprios sistemas educativos no conduzam o

    estudante a situaes de excluso. O princpio de competitividade, propcio em

    certos casos, ao desenvolvimento intelectual pode, de fato, ser deturpado e traduzir-

    se numa prtica excessivamente seletiva, baseada nos resultados escolares, onde osucesso e fracasso caminham lado a lado. Ento, o insucesso escolar aparece como

    irreversvel, originando frequentemente, marginalizao e excluso social.

    Percebemos a influncia dos quatro pilares da educao no processo de

    ensino e aprendizagem. Eles se subdividem em aprender a conhecer, aprender a

    fazer, aprender a conviver e aprender a ser.

    importante tornar em algo prazeroso o ato de compreender, descobrir e

    construir o conhecimento por meio do exerccio da memria e do pensamento. Este

    tipo de aprendizagem que visa no tanto a aquisio de um repertrio de saberes

    codificados, mas antes o domnio dos prprios instrumentos do conhecimento pode

    ser considerado, simultaneamente, como um meio e como uma finalidade da vida

    humana (DELORS, 1998, p. 6), meio esse que busca a compreenso e o

    aprendizado do mundo que nos rodeia. Aprender a fazer envolve uma srie de

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    tcnicas a serem trabalhadas, ela est mais ligada a questes da formao

    profissional. Talvez um dos maiores desafios da humanidade aprender a conviver

    juntos. Vivemos em um mundo cheio de violncia, obrigando-nos a questionar o

    progresso da humanidade. A utilizao intencional do espao escolar para influenciarno desenvolvimento criativo pressupe um trabalho em conjunto, entre educadores e

    escola com foco principal o aluno. Para isso a ao dos professores essencial para

    a ampliao do senso criativo, assim como toda caracterstica da escola como

    organizao e espao de busca por conhecimento e autoconhecimento.

    2.1 EDUCAO EM DIREITOS HUMANOS

    Quando estudamos sobre os direitos humanos precisamos refletir todas as

    condies e possibilidades de, antes de tudo, proteger os direitos diante das

    violaes que tornam as relaes humanas em algo banal.

    O conceito de direitos humanos varivel de acordo com a concepopoltico-ideolgica que se tenha e aponta trs grandes concepes parafundamentar filosoficamente os direitos da pessoa humana: a) concepesidealistas; b) concepes positivistas; c) concepes crtico-materialistas.De forma resumida, possvel afirmar que das concepes idealistas vem a

    ideia de que os direitos humanos so inerentes ao homem, ou nascem pelafora da natureza humana. Nas concepes positivistas os direitos humanosseriam um produto que emana da fora do Estado atravs do seu processode legitimao e reconhecimento legislativo, e no o produto ideal de umafora superior ao poder estatal, como Deus ou a razo humana. Por fim, asconcepes crtico-materialistas, bastante inspiradas nas obras de KarlMarx, se desenvolvem no sculo XIX com forte crtica ao pensamento liberalentendendo que os direitos humanos, como estavam enunciados nasdeclaraes de direitos e nas constituies dos sculos XVIII e XIX, nopassavam de expresso formal de um processo poltico-social e ideolgicorealizado pelas lutas sociais no momento da ascenso da burguesia aopoder poltico (DORNELLES, 2006, p.15).

    As primeiras declaraes sobre os direitos surgiram no sculo XVIII, umdesses documentos foi a Declarao de Direitos do Estado de Virgnia (EUA). Porm

    a que mais obteve destaque e repercusso mundial foi a Declarao dos Direitos do

    Homem e do Cidado, aprovada em 1789 pela Assembleia francesa. Notamos uma

    mudana no pensamento mundial aps as duas grandes guerras que dizimaram

    milhes de pessoas exemplificando uma das maiores violaes dos direitos

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    humanos. A criao da Organizao das Naes Humanas (ONU) foi pensada pelos

    principais lderes dos pases vencedores aps reconhecerem a importncia da

    proteo da pessoa diante de qualquer objetivo lucrativo que diminua a importncia e

    o valor da vida com dignidade. Assim nasceu a Declarao Universal dos DireitosHumanos, aprovada pela ONU em 10 de dezembro de 1948 como um conjunto de

    trinta artigos, nos quais esto indicados os Direitos fundamentais e suas exigncias e

    foi chamada de universal porque se dirige a toda a humanidade, devendo ser

    respeitada e aplicada por todos os pases e por todas as pessoas, em benefcio de

    todos os seres humanos, sem qualquer exceo(DALLARI, 1998, p. 72-73).

    Vemos essa preocupao na Declarao dos Direitos Humanos da seguinte

    forma:Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos osmembros da famlia humana e de seus direitos iguais e inalienveis ofundamento da liberdade, da justia e da paz no mundo, Considerando que odesprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atosbrbaros que ultrajaram a conscincia da Humanidade e que o advento deum mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crena eda liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamadocomo a mais alta aspirao do homem comum, Considerando essencial queos direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que ohomem no seja compelido, como ltimo recurso, rebelio contra tirania ea opresso, Considerando essencial promover o desenvolvimento derelaes amistosas entre as naes, Considerando que os povos das

    Naes Unidas reafirmaram, na Carta, sua f nos direitos humanosfundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade dedireitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progressosocial e melhores condies de vida em uma liberdade mais ampla,Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver,em cooperao com as Naes Unidas, o respeito universal aos direitoshumanos e liberdades fundamentais e a observncia desses direitos eliberdades, Considerando que uma compreenso comum desses direitos eliberdades da mais alta importncia para o pleno cumprimento dessecompromisso, A Assemblia Geral proclama A presente DeclaraoUniversal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido portodos os povos e todas as naes, com o objetivo de que cada indivduo ecada rgo da sociedade, tendo sempre em mente esta Declarao, se

    esforce, atravs do ensino e da educao, por promover o respeito a essesdireitos e liberdades, e, pela adoo de medidas progressivas de carternacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a suaobservncia universais e efetivos, tanto entre os povos dos prpriosEstados-Membros, quanto entre os povos dos territrios sob sua jurisdio(HUMPHEY, 1948).

    A intensificao da discusso em torno dos Direitos Humanos e de sua

    importncia para a humanidade em meados do sculo XX desenvolveu uma reflexo

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    mundial com consequncias em diversos pases. O Brasil um dos pases

    signatrios da poltica internacional de Direitos Humanos e acompanhou a dinmica

    global ao intensificar a discusso importante, principalmente no contexto da Ditadura

    Miliar.Como consequncia desse processo histrico, a gestao da EDH comea aacontecer na Amrica Latina na dcada de 1980, ganhando fora no Brasil apartir da dcada de 1990. As lutas travadas por movimentos populares(tnicos, de gnero, entre outros), alm de propiciarem a ampliao dosdireitos, encontram nos DH e na EDH um importante mecanismo decombate as mais diversas violncias, sejam elas simblicas ou fsicas. possvel perceber que, a partir da ltima dcada do sculo XX at os diasatuais, a EDH vem se tornando um referencial de considervel relevncia. cada vez mais notvel a insero desta temtica nas mais diversasinstncias, o crescimento do nmero de intelectuais que aderem a estaproposta e a intensificao deste debate, tanto no Estado, quanto na

    sociedade civil de maneira geral. Por ser uma temtica relativamente nova,mas pela proporo que vem tomando, a EDH mostra sua proeminncia eimportncia na atualidade (ADAMS, 2010, p. 27).

    Para se falar em direitos humanos importante considerar a noo de

    direitos do homem e seu prprio desenvolvimento na historicidade dos direitos

    propriamente ditos, encontrando-se desde a Antiguidade. Segundo Poole (2007,

    p.16), na tradio grega, alm da vasta contribuio do pensamento filosfico,

    traduzido em nomes como Aristteles e Plato (que abordavam questes relativas

    concepo de homem e suas capacidades inatas, entre outras), o estoicismo teve

    uma contribuio emblemtica. A escola estica foi fundada em Chipre, por Zeno

    de Ctio (335-263 a.C), e pregava a existncia de uma lei natural segundo a qual os

    seres humanos tinham em comum uma centelha de divindade, sendo que a terra e

    cosmos faziam parte de um sistema indissolvel. A rigor, o estoicismo propugnava a

    crena de direitos universais para todos. A tradio judaico-crist, por seu turno,

    tambm contribuiu grandemente para a concepo dos DH ao colocar que:

    [...] toda pessoa merece respeito, simplesmente pelo fato de ser humano[...], pois cada pessoa considerada divina [...] os ensinamentos de Cristoem favor dos fracos, dos coxos, dos enfermos, das vivas, dos rfos, dospobres e dos privados de direitos continuam a servir de modelo para muitosativistas de Direitos Humanos (POOLE, 2007, p. 24).

    Atualmente, os Direitos Humanos podem ser considerados como aqueles

    direitos fundamentais que o homem possui pelo fato de ser homem, por sua prpria

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    natureza humana, pela dignidade que a ela inerente. Os direitos humanos

    constituem prerrogativas bsicas do ser humano, construdas historicamente, que

    concretizam as exigncias da dignidade, da liberdade e da igualdade humanas

    (TAVARES, 2007, p. 493).So aqueles direitos considerados fundamentais a todosos seres humanos, sem quaisquer distines de sexo, nacionalidade, etnia, cor da

    pele, faixa etria, classe social, profisso, condio de sade fsica e mental, opinio

    poltica, religio, nvel de instruo e julgamento moral (BENEVIDES, 2007, p. 02)

    3 AS INFLUNCIAS NEGRAS NO BRASIL

    O Brasil um pas multicultural. impossvel dizer a seguinte frase: Somosum pas branco porque fomos colonizados pelos portugueses. Mais de 90% da

    populao originaria da mistura do branco com o negro. Mesmo com traos fsicos

    mais finos ou mais grosseiros. Lembro que nos primeiros anos de estudo eu era o

    nico negro da sala. Isso sempre gerou vrios apelidos maldosos. Com o passar dos

    anos, isso foi mudando. Nos anos finais do ensino fundamental estudei em uma

    escola em que a diretora, que declaradamente no gostava de negros, fazia de tudo

    para culpar esses indivduos por todos os problemas que aconteciam na escola.

    No me lembro de nada nos livros de historia que citavam o negro como ser

    humano, com direitos e deveres. Somente como escravos trazidos da frica e

    forados a servir os senhores brasileiros. No ensino mdio essa realidade mudou

    muito. Na universidade tambm. Mesmo com todas essas diferenas, tenho poucos

    amigos negros, nunca tive nenhum professor negro, nunca fui atendido por nenhum

    medico negro, tive uma chefa negra, mas que foi promovida e transferida para outra

    unidade. Atualmente, existem trs professores negros na escola que eu trabalho dois

    pedagogos e eu. E ainda hoje, nas reunies de pais, eu sou visto com maus olhospor muitos deles. Parece que no sou capacitado o suficiente. Assim que passei no

    concurso da Secretaria de Educao do DF e assumi nessa escola a diretora fez

    questo de ressaltar para os pais que eu fiquei na classificao 12 entre 6.000

    professores de artes.

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    De acordo com Amaral (2009, p. 162) o Brasil o pas da diversidade. Em

    inmeros aspectos de nosso cotidiano, convivemos com uma complexa

    heterogeneidade que se desdobra especialmente na diferenciao cultural.

    Confirmando isto, o Livro dos Temas Transversais para o Ensino FundamentalBrasileiro recomenda a temtica da Pluralidade Cultural, alertando que:

    [...] este tema prope uma concepo que busca explicitar a diversidadetnica e cultural que compe a sociedade brasileira, compreender suasrelaes, marcadas por desigualdades socioeconmicas e apontar astransformaes necessrias, oferecendo elementos para a compreenso deque valorizar as diferenas tnicas e culturais no significa aderir aosvalores do outro,mas respeit-la com expresso da diversidade, respeito que, em si, devido a todo ser humano, por sua dignidade intrnseca, semqualquer discriminao. (BRASIL, 1998, p. 121).

    Salum (2005) afirma que:

    A expresso "arte africana" pode parecer muito redutora, amalgamando,como monoltica, uma vasta produo tcnica, estilstica e ontolgica decentenas de sociedades, reinos e culturas da frica tradicional. Mas essamesma expresso que nos permite sempre lembrar que as artes dassociedades da frica foram, antes, rotuladas no singular, depois de teremsido chamadas de "arte primitiva" ou "selvagem". [...] Isso quer dizer que, aomesmo tempo que plural, trata-se de uma arte nica diante do mundo, masque foi minimizada diante das ideologias que se vm construindo desde orenascimento europeu, que culminaram na escravido nas Amricas e nacolonizao do continente africano, e que ameaam at hoje a aceitao dasdiferenas individuais e coletivas e do pluralismo cultural em todo o mundo.

    Durante muito tempo a inteligncia do negro foi questionada por muitos

    acadmicos e pesquisados de vrios pases como destaca Appiah:

    Antes do estabelecimento da raa como um conceito biolgico, figurasinfluentes manifestaram suas dvidas sobre a capacidade do negro deproduzir literatura. Mesmo no Iluminismo, que enfatizou a universalidade daRazo, Voltaire, na Frana, Hume, na Esccia, e Kant, na Alemanha, assim

    como Jefferson no Novo Mundo, negavam a capacidade literria daspessoas de ascendncia africana (2007: 84).

    Uma das razes para se investir nesse desenvolvimento da criatividade nos

    alunos pode ser pode ser vista pela tica do bem-estar emocional e

    consequentemente para a sade. Tudo isso ligado ao processo de aprendizagem. E

    uma rea de conhecimento importante para isso a arte. De acordo com Lara (2010,

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    p. 36) a sensibilidade de cada pessoa filtra o contedo de informao e estmulos

    que o mundo oferece por meio de um processo de percepo prprio que modifica e

    cria uma realidade individual especifica, assim o aluno desenvolve um conhecimento

    de si mesmo.A aprendizagem um elemento de grande importncia na educao do

    homem. Ele vive constantemente seu processo de ensino-aprendizagem, de maneira

    formal ou informal. Essa aprendizagem s se torna efetiva quando o aluno se

    envolve por inteiro: fsico, intelectual, emocional e socialmente. Uma aprendizagem

    considerada significativa quando ela repleta de sentido, envolvendo sentimentos e

    significados pessoais, ocorridos por meio de experincias. uma aprendizagem que

    provoca modificaes no comportamento humano. Esse conhecimento penetrante,o que provoca mudanas e agua uma reflexo em sua vida. Uma forma de adquirir

    essa aprendizagem significava atravs da linguagem artstica (cnicas, visuais,

    msica, dana e cinema). De acordo com Frana

    A Arte, pois, sendo criao humana, significao deste universo: homens emulheres, ao constru-la, utilizam-se tanto de elementos do universo natural,como de seu meio social. A arte pressupe um exerccio subjetivo humanono dilogo consigo e com a sua coletividade: ela fornece enquanto obrapossibilidade de acumulao de suas experincias (humanas) e de seu meio

    (FRANA, apud HERTENHA org. 2006, p. 115)

    Idealisticamente, a escola deveria ter um papel importante na formao

    integral do ser humano. A aprendizagem um elemento de grande importncia

    nessa formao. O homem vive constantemente aprendendo, de uma forma ou de

    outra. Essa aprendizagem s se torna efetiva quando o aluno se envolve por inteiro

    em todos os aspectos: fsicos, intelectuais, emocionais e sociais. De acordo com

    Clark (2006, p.p 24-25) Carl Rogers define a aprendizagem significante como aquela

    que envolve a pessoa por inteira do aprendiz (sentimentos, assim como intelecto) e mais duradoura e penetrante [...] visando aprendizagem pela pessoa inteira, que

    transcende e engloba as aprendizagens afetiva, cognitiva e psicomotora.

    Vivemos um processo de seleo em nossa mente todos os dias, buscamos

    aprender apenas aquilo que consideramos importante para a nossa vida. Tudo que

    foge aos nossos valores e que entendemos como desnecessrio no fica retido,

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    simplesmente esquecemos. Um exemplo claro dessa situao est nas vrias

    matrias que decoramos em nossa vida educacional apenas para fazer uma prova.

    Aps o teste o assunto que foi decorado vai aos poucos sendo esquecido em nossa

    memria por no ter uma aplicao no nosso cotidiano. Por isso uma educao queapenas pretenda transmitir significados que esto distantes da vida concreta dos

    alunos no produz significado algum. necessrio haver uma ligao com as

    experincias individuais de cada um.

    Um meio muito eficiente de se ampliar esse processo de aprendizagem

    significativa atravs das aulas de linguagens artsticas (cnicas, visuais, dana,

    msica e cinema). Segundo Duarte Jr. (2003, p. 65) pela arte somos levados a

    conhecer melhor nossas experincias e sentimentos, naquilo que escapam alinearidade da linguagem. A arte oferece uma maneira de despertar o indivduo para

    que entenda melhor o seu processo de sentir. Alm disso, a arte possibilita o seu

    desenvolvimento como individuo, a sua educao. De acordo com Susanne Langer,

    O treinamento artstico , portanto, a educao do sentimento, da mesmamaneira como nossa educao escolar em matrias fatuais e habilidadeslgicas, tais como o calculo matemtico ou a simples argumentao [...] aeducao do pensamento. Poucas pessoas percebem que a verdadeiraeducao da emoo no o condicionamento efetuado pela aprovao ou

    desaprovao social, mas o contato tcito, pessoal, iluminador, comsmbolos de sentimentos (LANGER, 1971, p. 90).

    A importncia da arte confirmada por pessoas do mundo inteiro. Um dos

    presidentes dos EUA, George W. Bush declarou numa carta para a National

    Humanities Month de 2002 que as artes melhoram nossas vidas, estimulam n ossa

    criatividade e nos permite expressar nossas emoes, pensamentos e aspiraes

    atravs de inmeras formas de expresso artstica (HAO, 2006, p. 28). Outra forma

    da arte influenciar a educao o desenvolvimento de competncias afetivas,

    sociais e emocionais. Exemplo a autoestima, motivao, apreciao esttica,

    cooperao, empatia e expresso criativa (CLARK, 2006, p.30). A arte no

    possibilita apenas um meio de acesso ao mundo dos sentimentos, mas tambm o

    seu desenvolvimento, a sua educao (DUARTE JUNIOR, 2003, p. 66).

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    De acordo com Martins (1998, p. 130) preciso abrir espao para que

    possa desvelar o que pensa, senti e sabe, ampliando sua percepo para uma

    compreenso de mundo mais rica e significativa isso porque conhecer:

    [...] no se resume em aprender coisas, se isto fosse entendido como iracrescentando uma coisa aprendida as outras, numa espcie de processoacumulativo semelhantes a juntar coisas num monto. A aprendizagem no um amontoado sucessivo de coisas que vo se reunindo. Ao contrrio,trata-se de uma rede ou teia de interaes neuronais extremamentecomplexas e dinmicas, que vo criando estados gerais qualitativamentenovos no crebro humano (idem, ibidem,p. 40).

    4 LEI N 10.639/2003

    inegvel que a escravido foi um processo muito marcante para a

    definio das caractersticas do mundo atual. A frica ainda o continente com os

    pases mais pobres do mundo, tantos anos depois da escravido. E, muitos dos

    pases que foram colonizados e viveram fortemente o regime escravocrata so

    pases subdesenvolvidos, como o caso do Brasil. Um aspecto que influenciou

    muito a configurao social e a organizao social brasileira o aspecto escravizar e

    ser escravizado.

    Desde a escravido at os dias de hoje, mais comum associar adiscriminao negativa a pessoas afro-brasileiras. Uma vez que osafricanos, independentemente de qual comunidade pertenciam foramobrigados a compor uma nica comunidade, considerada de segundacategoria: a dos escravizados. Mesmo com a abolio da escravatura, essagrande diversidade de comunidades continuou a ser vista como algohomogneo, o que facilitou a perpetuao de preconceitos e discriminaesem relao a todos eles (MARTINS, 2010, p. 10)

    O Brasil um pas onde o O multiculturalismo pode ser um contraponto

    perpetuao de dualismos como negro e branco, mulher e homem e assim pordiante, contribuindo para evitar que se perpetue justamente o que se combate: o

    preconceito contra o outro, percebido de forma congelada e estanque (ASSIS E

    CANEN, 2004, p.723). Durante vrios anos os direitos do negro foram violados. Para

    minimizar essa agresso importantssimo a construo da escola justa.

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    A Lei 10.639 introduziu a obrigatoriedade do estudo da Cultura e Histria

    Afro-Brasileira, trazendo contribuies para a melhoria nas relaes tnico-racial no

    cotidiano escolar. Todas as escolas pblicas e particulares da educao bsica

    devem incluir e ensinar aos alunos contedos relacionados histria e cultura afro-brasileiras. A obrigatoriedade, nos currculos do ensino fundamental e mdio, existe

    desde o incio da vigncia da Lei n 10.639, em 2003.

    Mesmo diante dessa obrigatoriedade, muitos alunos desconhecem a

    contribuio histrico-social dos descendentes africanos no pas. A legislao no foi

    pensada na sua integralidade para abarcar todos os professores e alunos. O que

    percebemos so aes isoladas de disseminao do movimento negro em

    universidades, com a criao de centros de convivncia negra.A Lei n 10.639/2003 acrescentou Lei de Diretrizes e Bases da Educao

    Nacional (LDB) dois artigos: 26-A e 79-B. O primeiro estabelece o ensino sobre

    cultura e histria afro-brasileiras e especifica que o ensino deve privilegiar o estudo

    da histria da frica e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra

    brasileira e o negro na formao da sociedade nacional. O mesmo artigo ainda

    determina que tais contedos devem ser ministrados dentro do currculo escolar, em

    especial nas reas de educao artstica, literatura e histria brasileiras. J o artigo

    79-B inclui no calendrio escolar o Dia Nacional da Conscincia Negra, comemorado

    em 20 de novembro.

    A cor da pele um dos primeiros aspectos que percebido na relao

    interpessoal, um fator que influi nas relaes tnico-raciais que so estabelecidas

    entre os estudantes na escola. Notamos, por meio de atitudes e aes realizadas

    pelos alunos, que o considerado normal o que mais se aproxima do ser branco.

    Tudo o que difere dessa caracterstica , consequentemente discriminado e excludo.

    Estes educandos esto sujeitos a um processo de estigmatizao que ocorre tantodentro como fora do ambiente escolar ou locais isolados. Mitos e esteretipos sobre

    o negro foram e continuam sendo disseminados nas escolas, isso somado aos

    demais, constitui em um dos fatores que influenciam para o fracasso escolar da

    criana de ascendncia africana, assim como afirma Munanga (2000, p. 235, 236):

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    Apesar da generalidade da excluso de todos os alunos pobres,independente de sexo, cor, religio, idade, etc., os resultados de todas aspesquisas srias realizadas no pas mostram que, mesmo nas escolas maisperifricas e marginalizadas do sistema da rede pblica, onde todos osalunos so pobres, quem leva a pior em termos de insucesso, fracasso,

    repetncia, abandono e evaso escolares o aluno de ascendncia negra,isto , os alunos negros e mestios. O que logicamente leva a crer que apobreza e a classe social no constituem as nicas explicaes doinsucesso escolar do aluno negro e a buscar outras fontes de explicao(MUNANGA, 2000, p.235-236).

    Muitos estudantes com caractersticas negras passam por um processo

    excludente ao serem rotulados como macacos, picol de asfalto, trabalho de

    preto (quando algo errado feito), s podia ser preto. Essas expresses

    pejorativas no ambiente escolar mostra a gravidade das ofensas sofridas e que

    interferem diretamente no processo de ensino e aprendizagem significativa. O papel

    do ensino de Histria sobre a cultura negra discutido em Xavier e Dorneles (2009),

    que apontam que o ensino de Histria,

    [...] pode contribuir para desnaturalizar o preconceito tnico-racial. Emespecial, as disciplinas escolares de histria, literatura, educao artstica egeografia, podem contribuir para os processos de compreenso do presentee dos diferentes projetos de sociedade. Para tanto, tais projetos podem edevem ser questionados nas aulas fundamentados na anlise das relaesde poder ligadas a configuraes polticas, econmicas e culturais mediadaspor diferentes grupos sociais ao longo do tempo (XAVIER e DORNELLES,2009, p. 579-581).

    necessrio ressaltar que a Lei 10.639/03 foi atualizada pela Lei 11.645 de

    maro de 2008, que incluiu, alm da histria e cultura afro-brasileira a cultura

    indgena com destaque para a composio da populao brasileira a partir desses

    dois grupos tnicos. Isso nos provoca reflexes sobre a formulao do material

    didtico e como estes contedos so ministrados na educao bsica.

    Historicamente, as conquistas no campo educacional comearam a surgir na

    dcada de 1990 por meio de movimentos de reivindicaes como a Marcha Zumbi

    dos Palmares, ocorrida em 1995 com a qual conquistaram, entre outras coisas, certa

    ateno dos rgos governamentais em relao aos materiais didticos direcionados

    aos sistemas pblicos de ensino, que em sua grande maioria mostravam a cultura

    negra e sua histria com conceitos de inferioridade racial e preconceito. Oliveira

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    (2009, p. 55) conceitua preconceito racial como uma concepo sem exame crtico,

    formada a priori, transmitida culturalmente de gerao em gerao. Caracteriza-se

    por ideias assumidas com propriedade, sem reflexo, sobre sua racionalidade e

    sobre a consequncia de aderir ou no a elas.

    4.1 ARTE AFRICANA

    Ao longo da histria brasileira, percebemos a dificuldade da aceitao da

    cultura negra influencia nosso contexto social, econmico ou cultural. Padres

    estticos so impostos pela sociedade, cercando o direito de insero da identidade

    negro-africana. No contexto mundial, a arte africana estava presente h muito tempo.

    Quanto produo africana poderamos acrescentar: sua presena j eraregistrada na Europa desde o sculo XV, quando um filho de AndrTiraqueau, protegido de Rabelais, rene em Paris uma coleo de objetosexticos, os fetiches noires. No sculo XVI so levadas peas em madeira,marfim e bronze de zonas banto, atual Angola, para a Europa. No sculoXVIII um musiclogo da corte de Brunswick reproduz peas em marfim emseu Theatmm Instnrmentorum. Ainda nesse mesmo perodo, so levadaspeas em ouro da Nigeria (como a mscara do Rei Ashanti Koffe KaIakalli) eoutras em bronze (SILVA, 1997, p. 45).

    Inicialmente, a arte africana trazida pelo negro utilizada pela igreja no

    perodo Colonial e Imperial. Se fossemos traar um breve esboo da presena da

    arte africana na trajetria brasileira poderamos destacar a arte barroca com sua

    matriz africana em anjos e madonas com traos negros. Silva (1997, p. 48) destaca

    que tais conhecimentos no so difundidos entre ns, nossa cultura omite essa

    herana. Tal conhecimento sobre a infinidade da riqueza cultural e esttica da

    sociedade africana poder contribuir para a diminuio ou eliminao de esteretipos

    e estigmatizao social que o negro sofre durante a histria da formao dasociedade brasileira. Nada justifica dizer que um grupo de pessoas superior a outro

    somente por causa da cor da pele.

    Nosso sistema educacional tem compactuado com a ideologia do

    embranquecimento com livros didticos e prticas pedaggicas que omitem ou

    camuflam as razes africanas, isso permite a disseminao de valores negativos

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    diante da cultura negra. O ensino da arte poderia fortalecer valores positivos da

    identidade cultural afro-brasileira. Por meio da arte e da cultura podemos

    compreender o que um povo est querendo dizer para o mundo.

    5 ESTUDO DE CASO: CENTRO EDUCACIONA 104RECANTO DAS EMAS/DF

    A pesquisa de campo foi realizada no ms de setembro de 2014, com alunos

    do terceiro ano do ensino mdio do Centro Educacional 104 do Recanto das

    Emas/DF (CEd. 104). A definio da escola se deu por ser o meu local de lotao

    como professor efetivo da Secretaria de Estado de Educao do DF. Estou nessaescola desde janeiro de 2014 at o presente momento. Atuo como professor de Artes

    Cnicas para as turmas do primeiro, segundo e terceiro ano do ensino mdio no

    turno matutino h um ano e seis meses (sou professor efetivo da Secretaria de

    Estado de Educao do Distrito Federal h trs anos). Foi realizado observaes,

    registros fotogrficos e a aplicao de um questionrio sobre a Lei 10.639/03 com

    quarente e dois estudantes do terceiro ano D, do turno matutino, no CEd. 104.

    A aplicao da Lei 10.639/03 no Centro Educacional 104 do Recanto das

    Emas/DF (CEd 104), teve incio no ano de 2014 com a incluso de atividades e

    provas culturais nos Jogos Interclasses. Para tal foi construdo pelo corpo docente da

    escola um edital que regesse a atividade pontuando as provas culturais com cunho

    na histria e cultura da frica (anexo A).

    A I Gincana Afro-brasileira e Jogos Interclasse do CEd 104 trata-se de umevento interdisciplinar cujo intuito maior a promoo do conhecimentoacerca de contedos relativos ao ensino da histria e cultura afro-brasileiras,com base na Lei 10.639/03, no estatuto da Igualdade Racial e nas diretrizes

    curriculares do Currculo em Movimento da SEDF, alm de instigar aintegrao entre os membros da comunidade escolar, por meio dos jogos edemais provas culturais, em um ambiente de descontrao, socializao esolidariedade [...] O tema da I Gincana Afro-brasileira e Jogos Interclasse doCEd 104ser Igualdade racial para a justia social(ANEXO A).

    A gincana foi iniciada com o sorteio dos pases africanos para cada turma,

    cujo objetivo era diminuir a distncia entre os estudantes e o continente africano.

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    Todas as turmas confeccionaram uniformes com representaes de cada

    nacionalidade. Alm das competies esportivas, inclumos a gincana cultural com

    provas realizadas nos cinco dias dos jogos interclasse simultaneamente, com as

    seguintes provas definidas em edital (ANEXO A) :

    6.2.1.Apresentao de canto (em ritmos afro-brasileiros)6.2.1.1. Cada equipe dever apresentar uma msica, com acompanhamentoinstrumental ou playback (podem ser convidados outros alunos ou pessoasde fora da escola apenas para os acompanhamentos instrumentais esomente podero ser utilizados violo, baixo e/ou percusso, excetobateria).6.2.2. Danas em ritmos afro (1s ano)6.2.2.1. Cada equipe dever apresentar uma dana afro-brasileira ouafricana, com acompanhamento de msica mecnica ou ao vivo (podem serconvidados outros alunos ou pessoas de fora da escola apenas para os

    acompanhamentos instrumentais).6.2.3. Charge6.2.3.1. Os alunos devero compor um mosaico e uma charge sobre o tema

    do evento.

    6.2.4.Mural fotogrfico e potico (2s anos)

    6.2.4.1. Os alunos devero compor um mural de fotografias e poesias

    compostas por eles mesmos sobre o tema do evento.

    6.2.5. Solidao Solidariedade em Ao

    6.2.5.1. Prova de carter contnuo, em que cada equipe dever apresentar

    um projeto de solidariedade em ao, com resultados sociais prticos e

    benficos para a comunidade (ANEXO A).

    De fato bastante interessante o aspecto cultural com ponto irradiador que

    uniu os estudantes para a criao das coreografias, dos ensaios de canto, no pensar

    do mosaico ou na criao do quadro fotogrfico e potico.

    FIGURA 1: Mural do palco central. FIGURA 2: Prova de Canto afro.FONTE: o autor,2014 FONTE: o autor,2014

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    FIGURA 2 - Prova de Teatro FIGURA 4 - Prova de Charge afro.FONTE: o autor, 2014. FONTE: o autor, 2014.

    FIGURA 5: Prova de dana afro. FIGURA 6: Beleza negra.FONTE: o autor,2014 FONTE: o autor,2014

    5.1 REFLEXOES SOBRE A GINCANA DO CENTRO EDUCACIONAL 104

    RECANTO DAS EMAS/DF

    A I Gincana Afro-Brasileira e Jogos Interclasse foi o primeiro passo para a

    construo do conhecimento e fortalecimento da importncia da incluso, de forma

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    contnua, do contedo sobre a histria e cultura africana nas disciplinas lecionadas

    para o ensino mdio. Esta atividade cultural aliada a esportiva originou-se com a

    intenso de mostrar conseguir o maior nmero de participantes pesquisando,

    refletindo, coletando informaes e aplicando isso nas provas pr-estabelecidas enas provas surpresas sobre histria e cultura africana. A unio das provas culturais

    com as provas esportivas obrigou os estudantes, inicialmente, a procurar

    informaes pertinentes aos temas propostos, pois a pontuao poderia definir a

    turma vencedora. O prmio oferecido pela escola a turma vencedora foi uma viagem

    de trs dias, com despesas pagas para Caldas Novas.

    Durante a semana de provas culturais e esportivas observamos que os

    estudantes se envolveram com todas as informaes do pas destinado para cadaturma. O que inicialmente foi pensado de forma tmida, ocupou lugar de grande

    destaque e preocupao no planejamento dos estudantes. Pensar no teatro como

    forma de incluso racial que permite o negro exercer todas as funes possveis na

    cadeia social e econmica, ensaiar uma msica que retratasse a essncia da cultura

    do pas utilizando o instrumento adequado, pesquisar o vesturio para a

    apresentao da beleza negra ou criar coreografias sobre danas afro-brasileiras

    despertou nos estudantes e nos professores uma reflexo para o desenvolvimento

    do pensamento crtico sobre a histria e cultura africana.

    Dois meses antes do incio da atividade, aplicamos um questionrio para

    quarenta e dois alunos do terceiro ano D do CEd 104 (Modelo do questionrio no

    Apndice) sobre a Lei 10.639/03. Somente um estudante tinha conhecimento da

    legislao, sua funo ou o que ela protege. A grande maioria desconhecia a

    existncia de uma legislao cuja finalidade fiscalizar para que nenhum direito do

    cidado afro-brasileiro e todo o conhecimento histrico e cultural sobre o negro no

    seja violado.Ainda podemos perceber que alguns estudantes pensam que no seja

    importante uma legislao voltada especificamente para a proteo da cultura negra.

    Esse pensamento ainda existe entre os estudantes e/ou professores devido falta

    de aes pedaggicas voltadas para o fortalecimento desse contedo. Alm disso, a

    quantidade de propostas educacionais sobre o negro quase que zero. E o fato dos

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    estudantes perceberem a existncia de informaes nos livros didticos no

    influencia de forma significativa o processo de ensino e aprendizagem.

    O fato mais importante de todo esse processo foi o reconhecimento dos

    estudantes sobre a necessidade da incluso da histria e cultura negra no currculoescolar, de forma contnua e no de como uma ao isolada e esquecida o resto do

    ano letivo.

    Pergunta Sim No

    1 1 40

    2 38 43 1 40

    4 5 37

    5 42 0

    6 42 0

    7 42 0

    8 42 0

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    6 CONSIDERAES FINAIS.

    A questo central da histria africana para o povo brasileiro a reflexo e a

    compreenso da magnitude de, como ela influenciou e continua influenciando a

    formao cultural da nossa sociedade. O trabalho discutiu a questo da importnciada educao para a formao do cidado. Somente por meio dela poderemos mudar

    a trajetria de milhares de cidados brasileiros estigmatizados como miserveis para

    pessoas com a vida digna, ou seja, com condies de autossuficincia, seja ela

    financeira, emocional e principalmente intelectual. A educao bsica, foco desta

    pesquisa, o segundo lar para as crianas e adolescentes, pois nela que eles

    ficam cinco horas por dia, cinco vezes por semana, de fevereiro a dezembro, dos 4

    anos aos 18 anos de idade. Convivemos muito mais com nossos colegas de sala doque com muitos familiares. importantssimo desenvolver um ambiente escolar

    acolhedor onde cada estudante consiga desenvolver suas potencialidades

    intelectuais com todo acompanhamento necessrio.

    Discutiu-se tambm neste texto a questo da educao voltada para os

    direitos humanos. Mas antes de se falar em direitos precisamos discutir os deveres

    de cada um de ns enquanto cidados e em como a violao desses direitos

    capaz de resultar em barbries e dor. Quando pensamos em proteo dos direitos

    humanos pensamos no aspecto mais importante da vida, necessrio a fiscalizao

    da lei para que os direitos no sejam violados. Desde muito tempo a humanidade

    percebeu a importncia da proteo de tais direitos e como isso influencia

    positivamente ou negativamente na formao da sociedade contempornea.

    Partindo dos direitos humanos chegamos ao negro, a frica. visvel que a

    vinda dos escravos para o Brasil trouxe, no somente mo obra, mas pessoas,

    cidados com conhecimento pessoal, histrico e cultural. inegvel pensar que aps

    a abolio o escravo sumiu da sociedade e apagou todos os seus rastros para asgeraes futuras. Todo o conhecimento que veio com este negro, escravo,

    humilhando, foi disseminado na sociedade brasileira em formao, antes e depois da

    Proclamao da Independncia. Podemos observar traos da sociedade africana na

    nossa msica, dana, teatro, artes visuais, literatura, e em vrias manifestaes

    artsticas brasileira, ou melhor, afro-brasileira. Por isso a importncia da criao de

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    uma legislao que protegesse esse conhecimento e permitisse as geraes futuras

    compreender o quanto devemos aos negros, inicialmente escravos, posteriormente

    participantes ativos da formao da sociedade brasileira. A Lei 10.639/03 protege os

    direitos da oferta desse conhecimento para todas as geraes de estudantes.Por fim foi narrada uma experincia acontecida em novembro de 2014. Esta

    experincia deu base para inmeras reflexes apresentadas no captulo 4 desta

    pesquisa. Demos concluir que o Centro Educacional 104 do Recanto das Emas/DF

    iniciou seu trabalho de incluso da histria e cultura africana no processo de ensino e

    aprendizagem, inicialmente, de forma muito pequena, mas com resultados

    grandiosos. Aps a I Gincana Afro-brasileira e Jogos Interclasse, os estudantes

    puderam iniciar sua reflexo pessoal sobre a importncia da compresso dessecontedo no cronograma do ano letivo, e no somente em um perodo curto.

    Percebemos o envolvimento dos estudantes em todas as atividades culturais

    referentes a frica. Todos tiveram que pesquisar muito sobre o pas determinado

    para cada turma. Buscaram o conhecimento para aplicar na pratica do processo de

    ensino e aprendizagem de forma significativa. A reflexo que permanece expandir

    essa atividade para o ano, e no fragment-la a semana da conscincia negra.

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    XAVIER, Maria do Carmo; DORNELLES, Ana Paula Lacerda. O debate parlamentarna tramitao da lei 10.639/2003: interrogando o papel da escola na construo daidentidade cultural e tnica no Brasil. EccosRevista Cientfica, Universidade Novede Julho Brasil. v. 11, n. 2, 2009.

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    Apndice

    Jailson Arajo Carvalho

    Questionrio aplicado com os estudantes do Centro Educacional 104 do Recanto das

    Emas/DF no ms de setembro de 2014.

    1Voc conhece a Lei 10.639/03? ( ) SIM ( ) NO

    2 importante uma legislao que proteja e fiscalize para que os direitos do negro

    no Brasil no sejam violados? ( ) SIM ( ) NO

    3 Existe algum trabalho sobre a importncia da histria e cultura africana na sua

    escola? ( ) SIM ( ) NO

    4 A histria e cultura africana um contedo contemplado durante o ano letivo

    pelos professores? ( ) SIM ( ) NO

    5 A histria e cultura africana um contedo contemplado em algum dos seus

    livros didticos? ( ) SIM ( ) NO6 Voc considera importante que a escola tire uma semana do ano letivo para

    tratar de assuntos sobre a Semana da Conscincia Negra? ( ) SIM ( ) NO

    7A maioria dos estudantes participam das atividades propostas para a Semana da

    Conscincia Negra? ( ) SIM ( ) NO

    8 Seria importante que assuntos relacionados a histria e cultura africana sejam

    estudados durante o ano letivo? ( ) SIM ( ) NO

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    Anexo A