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Raquel Zupardo R.A – 001200400544 - 8Semestre EDUCAÇÃO INCLUSIVA: uma abordagem possível Bragança Paulista 2007

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: uma abordagem possívellyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/1491.pdf · Educação Inclusiva, levantar as dificuldades dos docentes para a realização

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Raquel Zupardo

R.A – 001200400544 - 8◦ Semestre

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: uma abordagem possível

Bragança Paulista

2007

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Raquel Zupardo

R.A – 001200400544 - 8◦ Semestre

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: uma abordagem possível Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Pedagogia da Universidade São Francisco, sob a orientação da Prof ª. Dra. Maria de Fátima Guimarães Bueno, como exigência parcial para conclusão do curso de graduação.

Bragança Paulista 2007

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ZUPARDO, Raquel. Educação Inclusiva: uma abordagem possível. Monografia defendida e aprovada na Universidade São Francisco em 11 de dezembro de 2007 pela banca examinadora constituída pelos professores: _________________________________________________________________________ Profª. Drª. Maria de Fátima Guimarães Bueno USF - orientadora _________________________________________________________________________ Profª. Eliane de Souza Ramos USF - examinadora

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia

Aos meus pais: Leila e Wilson, pela

presença constante de perto e de longe.

À minha filha Isabela, que mesmo sem

entender os meus momentos de angústia, é

a razão da minha vida. Ao meu marido

Maurivandro, que soube entender todos od

momentos de ausência e colaborando em

cuidar da nossa filha.

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AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus, também

agradeço a minha orientadora Profª. Dra.

Maria de Fátima Guimarães Bueno, minha

avaliadora Profª. Eliane de Souza Ramos,

meus pais meu marido e minha filha pela

paciência e ajuda nas horas de sufoco.

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EPÍGRAFE

A escola não pode tudo, mas pode mais.

Pode acolher as diferenças. É possível fazer

uma pedagogia que não tenha medo da

estranheza, do diferente, do outro. A

aprendizagem é destoante e heterogenia.

Aprendemos coisas diferentes daquelas que

nos ensinam, em tempos distintos, (...) mas

a aprendizagem ocorre, sempre precisamos

de uma pedagogia que seja uma nova forma

de se relacionar com o conhecimento, com

os alunos, com os seus pais, com a

comunidade, com os fracassos (com o fim

deles), e que produza outros tipos humanos,

menos dóceis e disciplinados

(ABRAMOWICZ,1997).

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RESUMO

ZUPARDO, Raquel. Educação inclusiva: uma abordagem possível. 2007. Monografia (Licenciatura em Pedagogia) - Curso de Pedagogia da Unidade Acadêmica da Área de Ciências Jurídicas Humanas e Sociais da Universidade São Francisco, Bragança Paulista. Este trabalho apresenta como tema a: Inclusão escolar de crianças com deficiências. A opção por desenvolver esta pesquisa deve-se ao interesse suscitado por uma pesquisa de campo cujo o tema foi "Inclusão educacional: do ideal para o real", realizada pela turma que estava no ano de 2006, no 5° semestre do Curso de Pedagogia, na disciplina Metodologia e Pesquisa das Ciências da Educação, sob a orientação da docente Dra. Rita da Penha Campos Zenorini. As questões que nortearam a delimitação dos objetivos deste trabalho foram as seguintes: A escola está preparada para acolher o estudante com deficiência? E, os docentes foram e/ou são formados para acolher e educar estudantes com deficiência? Como esta formação poderia ser aprimorada? Os objetivos desta pesquisa foram estudar o que é Educação Inclusiva, os aspectos necessários para a Educação Inclusiva, levantar as dificuldades dos docentes para a realização da mesma e identificar alguns direitos das crianças com deficiência, por meio de uma revisão bibliográfica sobre a Educação Inclusiva. Nesta pesquisa, consideramos que é preciso entender que todos somos diferentes e que respeitar essas diferenças é condição básica para a prática inclusiva na sociedade, e, para que isto também ocorra na escola o docente precisa assumir a responsabilidade de ser o facilitador deste processo, buscando novos métodos para se atualizar, proporcionando oportunidade de aprendizagem para todos os seus estudantes, acredita-se que a escola não está totalmente preparada para um novo paradigma, pois o docente é um eterno aprendiz, neste sentido, é necessário formar os docentes para que examinem criticamente suas próprias práticas, à luz de conhecimentos detalhados das necessidades dos estudantes. Para atingir a inclusão, como conseqüência de um ensino de qualidade para todos, é necessário que a escola brasileira assuma um novo posicionamento, frente ao tema, para que o ensino se modernize e para que os docentes aperfeiçoem as suas práticas. A prática inclusiva é uma inovação que implica em atualização e reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas de nível básico. Ainda, sob tal perspectiva, consideramos que é um desafio para escola e educadores combater a exclusão educacional e promover a inclusão, para isso temos que estar abertos às mudanças, pois vivemos em um mundo em constante transformação.

Palavras chaves: INCLUSÃO, DOCENTES, FORMAÇÃO.

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SUMÁRIO RESUMO 6

INTRODUÇÃO 8

I - A TRAGETÓRIA DA INCLUSÃO AO LONGO DO TEMPO 13

II - FORMAÇÃO DOCENTE 17

III – ASPECTOS NECESSÁRIOS PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA 21

3.1 - A estrutura organizacional das escolas 21

3.2 - O ensino tradicional e suas limitações 21

3.3 - As atividades e os recursos didáticos-pedagógicos 21

CONSIDERAÇÕES FINAIS 28

REFERÊNCIAIS BIBLIOGRÁFICOS 29

BIBLIOGRAFIA DE APOIO 31

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho aborda a inclusão escolar de crianças com deficiência em escolas de

ensino regular, considerando-se:

A inclusão é uma inovação, pois provoca e exige da escola posicionamentos, podendo ser um motivo para o ensino se modernizar e aos docentes se aperfeiçoarem (DE LUCA, 2001)1.

A par de tal consideração, é preciso mudar a escola, priorizando o ensino, pois é nela onde

todos aprendem a cooperar, a dialogar, a ser solidários e criativos. Na escola os docentes,

administradores, funcionários e estudantes também exercitam o espírito crítico. A escola é o

caminho para uma verdadeira cidadania, por isso deve-se formar os docentes continuamente e

valorizá-los, pois são eles os responsáveis pela aprendizagem dos estudantes (MANTOAN,

2006).

Portanto, é preciso insistir que as escolas tradicionais não dão conta das mudanças

propostas na educação aberta às diferenças. Elas não foram criadas para atender a diversidade e

possuem uma estrutura rígida e seletiva, no que diz respeito aos estudantes que não preenchem

as expectativas centradas na instrução e na reprodução de conteúdos. Um projeto escolar

inclusivo implica em mudanças na proposta educacional dessa escola (STOBÄUS &

MOSQUERA, 2004).

De acordo com Abramowicz, (1997):

A escola não pode tudo, mas pode mais. Pode acolher as diferenças. É possível fazer uma pedagogia que não tenha medo da estranheza, do diferente, do outro. A aprendizagem é destoante e heterogênea. Aprendemos coisas diferentes daquelas que nos ensinam, em tempos distintos, [...] mas a aprendizagem ocorre, sempre. Precisamos de uma pedagogia que seja uma nova forma de se relacionar com o conhecimento, com os alunos, com os pais, com a comunidade, com os fracassos (com o fim deles ), e que produza outros tipos humanos, menos dóceis e disciplinados.2

1 DE LUCA, Renata. Labirintos da inclusão escolar. In: COLÓQUIO DO LEPSI IP/FE-USP, 3., 2001, São Paulo. Disponível em: http://www.proceedings.scielo.br/scielo. Acesso em: 06 de Jun. de 2006. 2 O impresso de origem desse texto não possui paginação.

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O desafio para os docentes trabalharem com o ensino diversificado é grande e muitos

deles não estão preparados. A formação inicial e contínua dos docentes é primordial para se

trabalhar em uma Escola Inclusiva. (STOBÄUS & MOSQUERA, 2004).

Os docentes não estão totalmente preparados para um novo paradigma, por isso devem

sempre buscar novos métodos para se atualizar de acordo com as novas realidades que

estamos nos deparando no sistema educacional.

As pessoas com deficiência são os educandos que apresentam algum tipo de deficiência

física, sensorial, intelectual ou múltipla, por isso eles necessitam de recursos especializados

para atingir a expectativa de se desenvolverem plenamente e minimizarem suas dificuldades.

(PAULA, 2004).

De acordo com Stobäus e Mosquera, (2004, p.58):

Ser deficiente ou diferente, não é, nem nunca foi sinônimo automático de limitação na adaptação, na aprendizagem ou na realização pessoal-social. A deficiência deverá ser pensada como mais uma luta do foro pessoal e emocional, do que um processo de discriminação social contra uma minoria estigmatizada. Estar incluído, portanto, é um direito básico e não qualquer coisa que se merece.

A deficiência física é alteração completa ou parcial de um mais segmentos do corpo

humano, acarretando o comprometimento da função física. Já a deficiência múltipla é a

associação de duas ou mais deficiências primárias (intelectual). A pessoa com deficiência

intelectual pode ser tanto a pessoa com inteligência múltipla acima da média [pessoas

superdotadas ou com altas habilidades e gênios] quanto a pessoa com inteligência lógico-

matemática abaixo da média.

Quanto a deficiência sensorial, esta divide-se em visual que é a perda parcial ou total da

visão e auditiva que é a perda parcial ou total da audição. Conforme Maciel (2000), os pais ou

responsáveis por filhos com deficiência precisam de orientação e apoio, pois são eles que

intermediarão a integração ou a inclusão de seus filhos junto à comunidade, assim cabe ao

docente ser compreensivo e sempre buscar informações para auxiliar a família.

De acordo com Sassaki (1997, p. 30-31)

A idéia de integração surgiu para derrubar a prática de exclusão social a que foram submetidas às pessoas deficientes por vários séculos. A exclusão ocorria em seu sentido total, ou seja, as pessoas portadoras de deficiências eram excluídas da sociedade para qualquer atividade porque antigamente elas eram consideradas inválidas, sem utilidade para a sociedade e incapazes para trabalhar, características estas atribuídas indistintamente a todos que tivessem alguma deficiência.

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A integração é um processo de inserção da pessoa com deficiência no ensino regular e

pode ser conceituada como um fenômeno complexo que vai muito além de colocar ou manter a

pessoa com deficiência em classes regulares. É parte do atendimento que atinge todos os

aspectos do processo educacional (PEREIRA, 1980).

Paula (2004, p.174) acrescenta que a prática da integração social ocorria e ainda ocorre de

três formas:

1. Pela inserção pura e simples daquelas pessoas com deficiências que conseguiram ou conseguem, por méritos pessoais e profissionais próprios, utilizar os espaços físicos e sociais, bem como seus programas e serviços, sem nenhuma modificação por parte da sociedade, ou seja, de escola comum, da empresa comum, do clube comum. 2. Pela inserção daquelas pessoas com deficiências que necessitavam ou necessitam alguma adaptação especifica no espaço físico comum ou no procedimento da atividade comum a fim de poderem, só então, estudar, trabalhar, enfim, conviver com pessoas não deficientes. 3. Pela inserção de pessoas com deficiência em ambientes separados dentro dos sistemas gerais. Por exemplo: classe especial numa escola comum, setor separado dentro de uma empresa comum.

A inclusão pode ser conceituada como o processo pelo qual a sociedade se adapta para

poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com deficiências e, simultaneamente

estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. A inclusão constitui, então, um

processo bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam, em parceria,

equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para

todos (SASSAKI,1997, p. 41).

De acordo com Beyer (2006, p. 88):

O desafio é construir e pôr em prática no ambiente escolar uma pedagogia que consiga ser comum ou válida para todos os alunos da classe escolar, porém capaz de atender aos alunos cujas situações pessoais e características de aprendizagem correspondentes requeiram uma pedagogia diferenciada. Tudo isso sem demarcações, preconceitos ou atitudes nutridoras dos indesejados estigmas. Ao contrário, pondo em andamento, na comunidade escolar, uma conscientização crescente dos direitos de cada um.

A inclusão, em qualquer perspectiva, significa mudanças de paradigmas. Essa

afirmativa significa que: estudar, entender e praticar a inclusão mexe com todos nós, pois

significa repensar concepções já enraizadas e envolvem um novo olhar sobre a sociedade, o

homem, a escola e o estudante (BAPTISTA, 2006).

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De acordo com Mantoan (1997, p. 145). A noção de inclusão não é incompatível com a integração, porém institui a inserção de uma forma mais radical, completa e sistemática. O vocabulário integração é abandonado, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que já foram anteriormente excluídos; a meta primordial da inclusão é a de não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo. As escolas inclusivas propõem um modo de se constituir o sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em virtude dessas necessidades. A inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apóia a todos: docentes, alunos, pessoal administrativo, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral.

A diferença entre inclusão e integração, embora ambas constituam formas de inserção de

crianças com deficiência, reside no seguinte aspecto, a prática da integração baseou-se no

modelo médico/clínico da deficiência. Neste modelo, os educandos com deficiência precisavam

modificar-se (habilitar-se, reabilitar-se para educar-se) para tornarem-se aptos aos padrões

aceitos na sociedade. Já a prática da inclusão, segue um modelo social, segundo o qual a tarefa

da sociedade consiste em modificar valores e práticas para torná-la capaz de acolher todas as

pessoas que apresentem alguma deficiência. Portanto, esta sociedade deverá conceber-se

enquanto uma sociedade de direitos para todos (PAULA, 2004).

Feita uma breve diferenciação entre a integração e a inclusão, pontuamos que optamos por

trabalhar com o princípio de inclusão por julgá-lo mais amplo.

As questões que nortearam a delimitação dos objetivos deste trabalho foram as seguintes:

A escola está preparada para acolher o estudante com deficiência? E, os docentes foram e/ou são

formados para acolher e educar estudantes com deficiência? Como esta formação poderia ser

aprimorada?

Sendo assim, a inclusão é uma possibilidade que se abre para o aprimoramento da

Educação Escolar e para o benefício de todos os estudantes, com e sem deficiência, pois

conviver com a diversidade humana enriquece e desenvolve a todos (MANTOAN, 2004). Logo

a:

... Educação inclusiva, significa assegurar a todos os estudantes, sem exceção, independentemente da sua origem sociocultural e da sua evolução psicobiológica, a igualdade de oportunidades educativas, para que, desse modo, possam usufruir de serviços educativos de qualidade, conjuntamente com outros apoios

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complementares, e possam beneficiar-se igualmente da sua integração em classes etariamente adequadas perto da sua residência, com o objetivo de serem preparados para uma vida futura, o mais independente e produtiva possível, como membros de pleno direito da sociedade, (STOBÄUS & MOSQUERA, 2004, p. 41).

A Educação Especial tem por objetivo o desenvolvimento de pessoas deficientes,

oferecendo referenciais teóricos e práticos compatíveis com a necessidade específica de cada

estudante (PAULA, 2004).

Então, o que diferencia a educação inclusiva da educação especial é que a educação

inclusiva tem como um dos objetivos a integração da criança com deficiência em uma sala de

aula do ensino regular e a educação especial, ao contrário, visa atender exclusivamente crianças

com diferentes deficiências na mesma sala e facilitar sua aprendizagem por meio de recursos

educacionais individualizados e com docentes especializados para tal. Sendo assim, neste

trabalho como foi pontuado, escolhemos refletir e discutir acerca do processo de aprendizagem

na perspectiva de educação inclusiva porque ela permite o convívio entre pessoas diferentes,

estimulando que as relações entre os estudantes sejam mais afetivas e cooperativas. Fato que

também estimula que o docente busque continuamente o seu aprimoramento profissional.

A opção por desenvolver uma pesquisa sobre educação inclusiva deve-se ao interesse

suscitado por uma pesquisa de campo cujo o tema foi "Inclusão educacional: do ideal para o

real", realizado pela turma que estava no ano de 2006, no 5° semestre do Curso de Pedagogia, na

disciplina Metodologia e pesquisa das ciências da educação, sob a orientação da docente Dra.

Rita da Penha Campos Zenorini.

Com o fito de apresentar e sistematizar nossa trajetória de pesquisa, dividimos este

trabalho em três capítulos distintos:

O primeiro focaliza a trajetória da inclusão ao longo do tempo, neste capítulo

apresentamos as transformações relativas a educação inclusiva e como as crianças com

deficiência eram tratadas no passado e como são tratadas hoje.

O segundo capítulo aborda a formação dos docentes, pontuando o papel do profissional da

educação inclusiva.

Por fim, o terceiro trata de aspectos necessários para a Educação Inclusiva, ressaltando os

parâmetros de uma educação inclusiva de qualidade.

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I - A TRAJETÓRIA DA INCLUSÃO AO LONGO DO TEMPO

Diferenças físicas e biológicas entre pessoas e grupos humanos podem gerar preconceitos

que as transfiguram, ou mesmo as constroem, como desigualdades. Como o caso de pessoas

negras, albinas, mulheres, pobres, índios, ciganos, religiões, homossexuais e transgêneros,

pessoas com transtornos mentais, pessoas com deficiências.

Portanto neste trabalho optei por trabalhar com pessoas com deficiência por julgá-la mais

ampla e por me identificar mais com esse termo.

É importante conhecer aspectos da história da educação, desde o início, abordando a

discriminação e segregação das pessoas com deficiências em diversos períodos históricos.

Por muito tempo, pessoas com deficiências, foram vistas sob enfoques bastante

diversificados, foram divinizadas, rejeitadas, sacrificadas, super protegidas e até mesmo objeto

de manifestação de piedade (STOBÄUS & MOSQUERA, 2004).

Até o século XVIII, na história da educação foi constatado que as deficiências

foram tratadas e abordadas na perspectiva do misticismo e do ocultismo, pois não havia uma

base científica para desenvolver noções realísticas (noções reais, da realidade) (MAZZOTTA,

2003).

A falta de conhecimento sobre as pessoas com deficiências, causava temor, isto propiciou

que estas pessoas fossem marginalizadas, algumas vezes ignoradas e noutras assassinadas.

De acordo com Correia apud Stobäus e Mosquera (1997, p.15):

A história assinala, desde a Idade Antiga, as políticas extremas de exclusão de crianças deficientes. Na antiga Grécia essas crianças eram abandonadas nas montanhas, em Roma foram atiradas nos rios. Os registros históricos comprovam que vem de longo tempo a resistência à aceitação social das pessoas com deficiência e demonstram como as suas vidas eram ameaçadas.

Na Idade Média, nos países europeus os deficientes eram associados à imagem do diabo e

aos atos de feitiçaria. Eles eram então perseguidos e mortos, pois faziam parte dos excluídos

(STOBÄUS & MOSQUERA, 2004).

A história da educação registra o atendimento à pessoas deficientes no mundo ocidental, a

partir de meados do século XVI, quando as pessoas ditas "anormais" saem das mãos da igreja e

passam ser objeto de estudo da medicina (FERREIRA apud STOBÄUS & MOSQUERA,

1994).De acordo com Jiménez apud Stobäus e Mosquera (1993, p.17):

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Ao final do século XVIII e início do século XIX, se inicia nos países escandinavos e na América do Norte o período da institucionalização especializada das pessoas com deficiências, e a partir daí surge a Educação Especial.

A par de tal contexto, a sociedade toma consciência da necessidade de atender as pessoas

com deficiência. Mas, este atendimento teve um caráter assistencial. As pessoas com deficiência

eram recolhidas em entidades assistenciais, com o fito de assim proteger a sociedade dos

"anormais" (JIMÉNEZ apud STOBÄUS & MOSQUERA, 2004).

Na Europa, foi onde ocorreram os primeiros movimentos pelo atendimento a pessoas com

deficiência, havendo mudanças na atitude dos grupos sociais, em medidas educacionais

(MAZZOTTA, 2003). Até o final do século XIX várias expressões eram usadas para referirem-

se ao atendimento educacional As pessoas com deficiência como: Pedagogia de Anormais,

Pedagogia Teratológica, Pedagogia Curativa ou Terapêutica, Pedagogia da Assistência Social,

Pedagogia Emendativa (MAZZOTTA, 2003).

De acordo com Mazzotta, (2003, p.17 e 18):

... a primeira obra impressa sobre a educação de deficientes teve autoria de Jean-Paul Bonet e foi editada na França em 1620 com o título Redação das Letras e Arte de Ensinar os Mudos a Falar. Constatou-se, também, que a primeira instituição especializada para a educação de "surdos-mudos” foi fundada pelo abade Charles M, Eppée em 1770, em Paris. O abade Eppée inventou o método dos sinais, destinado a completar o alfabeto manual, bem como a designar muitos objetos que não podem ser percebidos pelos sentidos.

O atendimento aos deficientes cegos teve como teórico fundamental Valentin Haüy, que

fundou o Instituto Nationale des Jeunes Aveugeles (Instituto Nacional dos Jovens Cegos), em

Paris, em 1784. Naquela época ele já usava letras em relevo para o ensino de cegos.

(MAZZOTTA, 2003).

Louis Braille, um estudante do Instituto Nacional dos Jovens Cegos, em Paris, fez uma

adaptação do código militar de comunicação noturna, para atender as necessidades dos cegos,

criado por um oficial do exército francês Barbier. Sua adaptação no início foi chamada de

sonografia e mais tarde de braile e até hoje é utilizada, pois não inventaram outro meio tão

eficiente quanto esse.

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A educação escolar para o deficiente mental, no mundo ocidental, ocorreu no século XX,

por meio de criações de programas escolares e pela abertura das instituições especializadas. Os

serviços especiais se ampliaram e se diversificaram e estudantes com deficiências, na época

chamados excepcionais, aparecem na escola (STOBÄUS & MOSQUERA, 2004).

No Brasil, no século XVII, surgem algumas iniciativas destinadas a educação de crianças

com deficiência mental. O atendimento escolar aos estudantes com deficiências no Brasil teve

início na década de cinqüenta do século XIX por D.Pedro II, por meio do Decreto Imperial n°

1.428, fundando na cidade do Rio de Janeiro, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos.

(MAZZOTTA, 2003).

Já, no século XX, na década de 70, ampliou-se a história da educação de deficientes por

meio de atendimento aos estudantes com deficiências e da criação de órgãos normativos federais

e estaduais. Criaram-se classes especiais, nessa fase tem início a categorização e classificação de

deficientes mentais, resultando a ampliação da famosa escala métrica de inteligência, os testes

de quociente intelectual (QI).

Segundo Cardoso apud Stobäus e Mosquera (2004, p.18):

A partir dos anos 80, surge a integração educativa como opção, defendendo-se que o ensino das crianças e jovens com dificuldades especiais deveria ser feito, pelo menos tanto quanto possível, no âmbito da escola regular.

Em 1988, a Constituição Federal já prescrevia o atendimento de deficientes em escolas

normais, para garantir a inclusão.

A inclusão escolar da pessoa deficiente é um tema de grande relevância e vem ganhando

espaço cada vez maior em debates e discussões que explicitam a necessidade da escola atender

às diferenças intrínsecas à condição humana.

Tem-se então, um importante momento da história da educação de pessoas cm deficiências

com a Conferência Mundial de Educação Especial em Salamanca - Espanha (1994) que reuniu

88 governos e 25 organizações internacionais que reafirmaram o compromisso com a Educação

para todos, reconhecendo a necessidade e urgência da promoção de educação para as crianças,

jovens e adultos com deficiências dentro do sistema regular de ensino. Desta conferência surgiu

um documento de referência, a Declaração de Salamanca (1994). Este documento defende

alguns pressupostos que muito podem contribuir para nossa reflexão acerca da inclusão nas

escolas.

Assim sendo, destacaremos a seguir - dentre muitos - alguns tópicos da Declaração de

Salamanca, por considerá-los ilustrativos de seu conteúdo e objetivos gerais (1994, p.22):

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- toda criança tem direito fundamental à educação e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem; - toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas; - sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades; - aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer tais necessidades; - escolas regulares, que possuam tal orientação inclusiva, constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias, criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional.

Privilegiamos estes tópicos porque eles ressaltam que a inclusão defende que todos somos

diferentes. A noção de igualdade pressupõe que todos temos capacidade de aprender. A

concepção de inclusão escolar, fortalecida pela Declaração de Salamanca, no entanto, não

resolve os problemas de marginalização dessas pessoas.

De acordo com Silveira (2006):

A inclusão escolar pressupõe mudanças físicas relacionadas a posturas frente às concepções que co-habitam na escola, sendo que um dos embates de maior significância é o que se refere à formação de docentes em níveis teóricos, práticos e pessoais, que, na maioria das vezes, se mostra bastante insólita para edificar práticas que realmente estimulem a autonomia, a criatividade e a ampliação das competências do aluno com deficiência múltipla.

A inclusão, como conseqüência de um ensino de qualidade para todos os estudantes,

provoca e exige da escola brasileira novos posicionamentos sendo um motivo a mais para que o

ensino se modernize e para que os docentes aperfeiçoem as suas práticas. É uma inovação que

implica num esforço de atualização e reestruturação das condições atuais da maioria de nossas

escolas de nível básico.

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II - FORMAÇÃO DOCENTE

Hoje no sistema educacional, a formação docente para inclusão é um dos maiores desafios

para combater a exclusão educacional e promover a inclusão.

Pois, o docente tem um papel fundamental dentro do sistema educacional inclusivo, o de

educar e de socializar as crianças na escola e para isso, devem adquirir habilidades para refletir

sobre as práticas de ensino em sala de aula, e trabalhar em colaboração com seus pares a fim de

ajudar na construção de abordagens inclusivas, a partir de que o estudante com deficiência tenha

as mesmas oportunidades de aprendizagem e participação na vida escolar e na comunidade.

Portanto, o docente tem a responsabilidade de educar tanto as crianças sem deficiência

como aquelas com deficiência e assegurar que o estudante deficiente seja um membro integrante

e valorizado na sala de aula (MANTOAN, 2006).

Nas escolas há uma minoria de docentes que já tem claro que a inclusão total é possível,

sendo que esses já tiveram experiências nesta área, outros buscam está certeza por meio de

cursos. Infelizmente, há os que não conseguem se libertar de preconceitos e não fazem uma

releitura de suas atuações. Por isso o apoio aos docentes é necessário para desmitificar esses

preconceitos (STOBÄUS & MOSQUERA, 2004).

De acordo com Stobäus e Mosquera (2004, p. 33):

Todos os alunos, sejam suas dificuldades e incapacidades reais ou circunstanciais, físicas, intelectuais ou sociais, têm a mesma necessidade de serem aceitos, compreendidos e respeitados em seus diferentes estilos e maneiras de aprender, quanto ao tempo, interesse e possibilidades de ampliar e de aprofundar conhecimentos, em qualquer nível escolar.

Algumas escolas possuem docentes especializados, estes acompanham os estudantes com

deficiência nas atividades de sala de aula, servindo de apoio. Essa alternativa é mais uma

barreira à inclusão, pois exclui, o que realmente deveria ocorrer e a capacitação de todos os

docentes para trabalhar com as diversidades que encontrarem, assim conseguindo atender a

todos os estudantes de maneira adequada a cada indivíduo sem que ocorra a exclusão

(STOBÄUS & MOSQUERA, 2004 ).

Segundo Stobäus e Mosquera ( 2004, p. 35 ):

Todo atendimento segregado, seja ele provisório ou definitivo, parcial ou integral, deriva do paradigma educacional em que se fundamenta a Educação Especial, ou seja, de um sistema organizacional que admite a

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exclusão, parcial ou total, do aluno deficiente e o trânsito deste do ensino regular para o especial ou vice-versa.

Na área da educação, os docentes têm como opções de formação: as habilitações dos

cursos de Pedagogia, os cursos de pós-graduação “lato sensu” e a formação continuada

oferecida pela rede de ensino (STOBÄUS & MOSQUERA, 2004).

Mas estas alternativas não se destinam a capacitar docentes para as diferenças.

O medo do novo, do desconhecido nos docentes tem origem na formação acadêmica que

não os habilitou para o trabalho com a diversidade. (PAULA, 2004)

Por isso, é necessário que o docente de ensino regular receba orientações e capacitação

continuada, pois do contrário não teremos sucesso, continuaremos a gerar sofrimento,

humilhação, falta de compreensão, rejeições, fortalecimento do preconceito etc. (PAULA,

2004).

Ensinar é a atividade principal de um docente, por isso deve ser compreendida como uma

arte que envolve aprendizagem contínua e um envolvimento de novos conhecimentos e

experiências educacionais, assim preparando o docente para resolver problemas.

O docente é um eterno aprendiz, neste sentido, é necessário: que os docentes examinem

criticamente suas próprias práticas, à luz de conhecimentos detalhados das necessidades dos

estudantes. Os docentes devem fazer isto por meio da investigação cotidiana da própria prática

pedagógica; é necessário incentivar os docentes a solucionar seus próprios problemas, para isso

eles também necessitam desenvolver um relacionamento saudável com outros membros da

comunidade escolar e, principalmente, com seus colegas e, em alguns casos, com especialistas.

Nesta parceria de apoio o docente solicita informações, orientações e assessoramento. Os

especialistas, por sua vez, devem apoiar a escola como um todo e os docentes diretamente, ao

invés de atuar como apoio ao estudante. A transformação das práticas docentes deve acontecer

no contexto de mudanças mais amplas da gestão escolar e da organização curricular, de modo

que a mudança educacional se apóie nestes fatores. O progresso em direção à inclusão deverá

ser visto como parte integrante de outras iniciativas internas e externas da escola, ou seja,

desenvolver uma escola inclusiva não significa iniciar mais um projeto educacional, mas

incorporar ao projeto político-pedagógico da escola o princípio da inclusão (DUK, CYNTHIA,

2006).

O sistema educacional inclusivo deve dar condições para o docente continuar a aprender,

ensinar e partilhar e a difundir amplamente a formação por meio dos cursos de extensão e pós-

graduação, dentro do contexto da política pública ( DUTRA & GRIBOSKI, 2006 ).

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A maioria dos docentes formou-se e continua se formando em uma perspectiva tradicional,

que se centra na transmissão de conhecimentos teóricos e fragmentados, assim tal formação não

tem relevância social para a escola e para os estudantes.

Os docentes ligados à Educação Especial, lutam por conservar seus privilégios, identidades

corporativas e o reconhecimento social, que adquiriram em todos esses anos. Não admitem que

sua formação se descaracterize, suas práticas sejam abaladas pela inclusão, temendo, perder seus

espaços. Com isso ficam cegos diante da inclusão (MANTOAN, 2006).

A formação e a preparação dos docentes devem ser por meio de ações de políticas

públicas, políticas educacionais, organizações de grupos de pessoas, ser de responsabilidade de

cada cidadão. (PAULA, 2004).

Portanto, compreendemos que o docente na atualidade não é mais um transmissor de

conhecimento e sim um construtor, sendo assim seu planejamento deverá respeitar e se adequar

a individualidade dos seus estudantes, para tanto ele precisa modificar algumas atividades e

estratégias de ensino. Para que isso ocorra, o docente precisa de apoio, tempo destinado,

capacitação e desejo de mudança. (PAULA, 2004).

No entanto, treinamentos pré-profissionais deveriam fornecer à todos os estudantes de

Pedagogia de ensino primário ou secundário orientações positivas frente à deficiência. Desta

forma, seria desenvolvido um entendimento daquilo que pode ser alcançado nas escolas por

meio dos serviços de apoio disponíveis. O conhecimento e habilidades requeridas dizem respeito

principalmente à boa prática de ensino e inclui a avaliação de deficiências, adaptação do

conteúdo curricular, utilização de tecnologias de assistência, individualização de procedimentos

de ensino no sentido de abarcar uma variedade maior de habilidades etc. Nas escolas práticas de

treinamento de docentes, atenção especial deveria ser dada à preparação de todos os docentes

para que exercitem sua autonomia e apliquem suas habilidades na adaptação do currículo e da

instrução no sentido de atender as deficiências dos estudantes, bem como no sentido de

colaborar com os especialistas e cooperar com os pais (PAULA, 2004).

O menor desafio reside na provisão de treinamento em serviço a todos os docentes,

levando-se em consideração as variedades e freqüentemente difíceis condições sob as quais eles

trabalham. Treinamento em serviço deveria, sempre que possível, ser desenvolvido ao nível da

escola e por meio de interação com treinadores e apoiado por técnicas de educação à distância e

outras técnicas autodidáticas (PAULA, 2004).

Treinamento especializado em educação para estudantes com deficiência que levasse às

qualificações profissionais deveria normalmente ser integrado ou procedido de treinamento e

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experiência como uma forma regular de educação de docentes para que a complementaridade e a

mobilidade sejam asseguradas.

O treinamento de docentes necessita ser (re) significado com a intenção de lhe habilitar a

trabalhar em ambientes diferentes e de assumir um papel-chave em programas de educação para

estudantes com deficiência. Uma abordagem não-categorizante que abarque todos os tipos de

deficiências deveria ser desenvolvida como núcleo comum e anterior à especialização em uma

ou mais áreas específicas de deficiência.

Universidades possuem um papel majoritário e de referência no sentido de aconselhamento

no processo de desenvolvimento da educação especial, especialmente no que diz respeito à

pesquisa, avaliação, preparação de formadores de docentes e desenvolvimento de programas e

materiais de treinamento. Redes de trabalho entre universidades e instituições de aprendizagem

superior em países desenvolvidos e em desenvolvimento deveriam ser promovidas. A lição entre

pesquisa e treinamento neste sentido é de grande significado também é muito importante o

envolvimento ativo de pessoas com deficiências em pesquisas e em treinamentos para que se

assegure que suas perspectivas sejam completamente levadas em considerações.

De acordo com Paula, (2004, p. 291):

O docente precisa ser reconhecido profissionalmente e para isso é prioritário estudar, estar preparado, atualizado, ver-se como importante dentro do processo ensino-aprendizagem, porque é o profissional dos demais profissionais (no sentido de formação ), e nada mais justo do que ser enxergado como tal. Prova disso é que "por vezes esquecemos - ou gostamos de esquecer - que o cuidado com o aluno e a escola inclui, necessariamente, o cuidado com o docente”.

Assim, o sistema educacional inclusivo deve dar oportunidades e condição para os

docentes continuarem a aprender, ensinar e partilhar por meio dos cursos de extensão e pós-

graduação, dentro do contexto da política pública (DUTRA & GRIBOSKI, 2006).

Mas para que ocorra uma transformação, o docente não pode mudar sem uma

transformação nas instituições em que trabalham.

Nosso desafio como profissionais da educação é combater a exclusão educacional e

trabalhar por uma escola inclusiva, com qualidade de ensino, para que isso ocorra devemos

sempre refletir sobre nossas práticas e buscar sempre estar atualizados.

Pois o docente deve ser agente de transformações e não apenas transmissor de

conhecimentos, cabendo-se aprimorar-se profissionalmente.

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III- ASPECTOS NECESSÁRIOS PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A educação inclusiva pressupõe mudanças significativas no cotidiano escolar, para que ela

aconteça é necessário introduzir modelos de atenção à diversidade nas estruturas da organização

escolar e revisar toda a organização das instituições educativas. (STOBÄUS & MOSQUERA,

2004, P.12).

Uma barreira que merece especial atenção no quadro de mudanças sugerido pelo ensino

inclusivo diz respeito à inadequação de métodos e técnicas do ensino tradicional, baseados na

transmissão de conhecimentos e na individualização das tarefas de aprendizagem. (STOBÄUS

& MOSQUERA, 2004, P.30). De acordo com Stobäus & Mosquera, 2004, são obstáculos para

uma Educação Inclusiva de qualidade:

3.1 A estrutura organizacional das escolas: um projeto escolar inclusivo implica

necessariamente mudanças em propostas educacionais e em organizações curriculares. Uma

proposta educacional que dá conta de uma concepção inclusiva reflete o que é próprio do meio

físico, social, cultural em que a escola se localiza.

A progressão no ensino nas escolas inclusivas não é serial, mas organizadas em ciclos de

formação/desenvolvimento, em que cada ciclo representa e engloba uma experiência coletiva de

ordem cultural, social afetiva e intelectual. A categoria usada para formar os agrupamentos é a

idade cronológica. Os ciclos permitem que os estudantes se movam de nível sem reprovação.

3.2 O ensino tradicional e suas limitações: para que as escolas se abram para as

diferenças tem que haver uma revolução no processo de ensino e de aprendizagem, pois tem que

haver o rompimento das fronteiras entre as disciplinas, a multiplicidade e integração de saberes,

a transversalidade das áreas curriculares e a autonomia intelectual do estudante.

Reações dos docentes: Uma das reações dos docentes é afirmar que não estão preparados

para trabalhar as diferenças nas salas de aula. Então o apoio imediato aos docentes é muito

importante, para resolver essas situações-problemas.

Conforme, Stobäus e Mosquera, (2004, p. 33 ):

Todos os alunos, sejam suas dificuldades e incapacidades reais ou circunstanciais, físicas, intelectuais ou sociais, têm a mesma necessidade de serem aceitos, compreendidos e respeitados em seus diferentes estilos e maneiras de aprender, quanto ao tempo, interesse e possibilidade de ampliar e de aprofundar conhecimentos, em qualquer nível escolar.

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3.3 As atividades e os recursos didático-pedagógico: é imprescindível que se ponham à

disposição de estudantes que têm necessidades específicas recursos como o sistema Braille para

cegos, conhecimentos da Língua de Sinais e tantos outros. Sejam quais forem as limitações do

estudante, adaptar currículos, facilitar tarefas e diminuir o alcance dos objetivos educacionais

concorrem para que rebaixemos o nível de nossas expectativas com relação à potencialidade do

estudante, para enfrentar uma tarefa mais complexa, diferente.

No sistema organizacional de ensino, como já dissemos no capítulo anterior, em todo o

mundo, vem sendo utilizados freqüentemente docentes para acompanhar o estudante com

deficiência nas atividades da sala de aula, para apoiar ou até mesmo para colocar esse estudante

no meio escolar. Para Stobäus e Mosquera, (2004, p. 35 ):

A nosso ver, essa alternativa constitui mais uma barreira à inclusão, pois é uma solução que exclui, que segrega e desqualifica o docente responsável pela turma e que o acomoda, não provocando mudanças na sua maneira de atuar, uma vez que as necessidades educativas do aluno com deficiência estão sendo supridas pelo docente especializado.

A avaliação do ensino e da aprendizagem: para que ocorra realmente um ensino para

todos, a avaliação do desempenho do estudante também tem que sofrer mudanças, sabemos que

isso é uma barreira difícil de mudar, pois a avaliação é um instrumento de poder da escola.

Na concepção inclusiva, a avaliação é realizada pelo percurso do estudante no decorrer de

um ciclo, temos que levar em conta o que cada um é capaz de fazer para ultrapassar suas

dificuldades, construir conhecimentos e participar da vida escolar (STOBÄUS & MOSQUERA,

2004).

Assim, cada estudante tem seu tempo de aprender, deixando de lado as notas e conceitos e

colocando em destaque o registro do aproveitamento de cada estudante ajudando o docente e

outros que viram. Docente e estudante se auto-avaliam, assim se ajudam no processo ensino-

aprendizagem.

Para implantar um ensino inclusivo de qualidade e o sucesso de todos os estudantes é

preciso valorizar alguns elementos no sistema escolar. Um dos passos necessários é estabelecer

uma filosofia da escola baseada nos princípios democráticos e igualitários da inclusão.

Um ensino inclusivo e de qualidade está voltado as necessidades gerais do estudante, para

assim alcançar sua totalidade, sua filosofia básica deve ser de uma educação:

Vinculada e importante para cada aluno, abrangendo pelo menos três esferas do desenvolvimento: (1) a acadêmica [...] (2) a social e emocional [...] e (3) a responsabilidade pessoal e coletiva e a cidadania [...] (National Association

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of State Boards of Education apud Stainback & Stainback, 1999, p. 70).

Segundo, Stainback e Stainback, (1999, p. 70):

Quaisquer discussões e planejamentos visando à reforma da escola devem incluir as pessoas que estarão diretamente envolvidas: alunos, pais, docentes, diretores, pessoal de apoio e membros da comunidade.

O segundo passo é proporcionar uma liderança forte, para que isso ocorra o diretor da

escola deve reconhecer suas responsabilidades de definir os objetivos da escola e de garantir a

tomada de decisões, por isso deve ser firme.

O papel do diretor ao garantir que a escola eduque com sucesso todos alunos é 1)proporcionar meios através dos quais os docentes possam aprender novas práticas educacionais, 2) encontrar maneiras de estabelecer relações pessoais entre todos os alunos da escola, 3) desenvolver com os docentees uma concepção de disciplina, que vigore em toda a escola, e 4) ajudar a escola como um todo a tornar-se acolhedora e manter-se como uma comunidade (SOLOMON, SCHAPS, WATSON & BATTISTICH apud STAINBACK & STAINBACK, 1999, p.72).

O terceiro passo é promover culturas no âmbito da escola e da turma que acolham,

apreciem e acomodem a diversidade. Por isso as escolas devem refletir sobre os valores

passados, se querem que a sociedade seja um lugar onde um grupo cada vez mais diversificado

de pessoas se relacionem, onde todos sejam valorizados, então devem proporcionar um

ambiente, onde as próprias estruturas, práticas de ensino e os currículos reflitam e

exemplifiquem esses valores.

Para que a escola se torne acolhedora, ela precisa ter como filosofia a igualdade e justiça

para todos. Para educar a criança como um todo, é preciso que o pessoal da escola cuide das

necessidades de aceitação, de inserção e de amizade, pois essas necessidades são pré condições

para a aprendizagem do estudante.

Segundo Stainback e Stainback, (1999, p. 74):

Para que a reforma das escolas obtenha sucesso, estas devem tornar-se claramente comunidades acolhedoras em que todos os alunos se sintam valorizados, seguros, conectados e apoiados. Se esta característica da comunidade for negligenciada ou se sua importância for subestimada, os alunos com necessidades especiais vão continuar a ser segregados e as escolas para todos os alunos não conseguirão atingir seus objetivos.

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O quarto passo é desenvolver Redes de Apoio, por causa da grande variedade de

estudantes com deficiências nas salas de aula, este apoio e necessário para os docentes e para os

estudantes que precisam de estímulos e de assistência.

Ainda para Stainbacke Stainback, (1999, p. 74)

Uma equipe de apoio é um grupo de pessoas que se reúnem para debater, resolver problemas e trocar idéias, métodos, técnicas e atividades para ajudar os docentes e/ou os alunos a conseguirem o apoio de que necessitam para serem bem-sucedidos em seus papéis. A equipe pode ser constituída de duas ou mais pessoas, tais como alunos, diretores, pais, docentes de classe, psicólogos, terapeutas e supervisores.

Na equipe é preciso incluir colegas de classes dos estudantes que necessitam de ajuda,

assim proporcionam-se situações amigáveis e de aceitação, pois todos os estudantes devem estar

envolvidos em ajudar uns aos outros, para que esse apoio não implique que os estudantes são

diferentes, de forma preconceituosa.

A maioria das escolas possui uma pessoa para atuar como facilitadora da inclusão,

assumindo várias responsabilidades como encorajando ou organizando equipes de suportes,

também ajudam essas equipes a utilizar estratégias para resolver problemas para atingir o

sucesso do apoio.

Este facilitador atua como um locador de recursos, envolvendo a localização de materiais e

equipamentos adequados, especialistas, consultores, especializados em determinadas áreas,

podendo também ajudar no recrutamento e na organização dos assistentes de turma.

A rede de apoio pode incluir vários tipos de equipes e outros sistemas de apoio que ajudem

a garantir o cumprimento da missão da escola, de efetivamente satisfazer às necessidades de

todos os estudantes (STAINBACK& STAINBACK,1999).

O quinto passo é usar processos deliberativos para garantir a responsabilidade,

estabelecendo processos contínuos para garantir o planejamento e a monituração eficientes,

efetivos e constantes para os estudantes.

Segundo, Schaffner & Buswell apud Stainback & Stainback , (1999, p. 76 ):

O ponto essencial é que as equipes responsáveis pelo planejamento e pelo apoio à implementação para diferentes alunos nas turmas de ensino regular em geral não operam de maneira funcional. A ineficiência resultante afeta gravemente o sucesso do aluno. Nesses casos, quando surgem problemas, o aluno torna-se um bode expiatório, e sua falta de sucesso é então usada como justificativa para

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que ele seja excluído da turma. Essas práticas prejudiciais demonstram uma inerente falta de conhecimento dos elementos-chaves necessários para a orientação de um apoio consistente ao aluno.

Os elementos para o sucesso envolvem: um planejamento deliberado contínuo; as equipes

devem se reunir regularmente para que o apoio ao estudante seja sistematizado; a equipe tem

que ser capacitada para enfrentar dificuldades que apareçam no meio do processo; é importante

focalizar as potencialidades dos estudantes; incluir pais e os estudantes como participantes do

apoio e ter um enfoque contínuo ao atendimento.

O sexto passo é desenvolver uma assistência técnica organizada e contínua que inclua:

funcionários especializados para atuarem como facilitadores; uma biblioteca acessível com

materiais atualizados, recursos em vídeo e áudio que enfoquem a reforma da escola e as práticas

de educação inclusiva recomendadas; um plano abrangente, condizente e contínuo de formação

em serviço; oportunidades para os docentes que apóiam os estudantes se reunirem para tratar de

questões comuns e ajudarem uns aos outros no desenvolvimento criativo de novas estratégias;

oportunidades para docentes novatos em práticas inclusivas visitarem outras escolas que tenham

implementado a educação inclusiva em conjunto com esforços de reforma da escola e

oportunidades para os docentes aumentarem suas habilidades, observando, conversando e

moldando suas práticas com colegas.

É essencial além do envolvimento de todos os funcionários da escola, a participação dos

pais, na elaboração dos objetivos da escola e como atingi-los.

O sétimo passo consiste em manter a flexibilidade, pois é necessário para construção de

uma escola de qualidade, que inclua todos os estudantes, com e sem deficiências.

De acordo com Biklen apud Stainback & Stainback (1999, p. 79 ):

De alguma maneira, os docentes prestes a integrar alunos com deficiências são análogos aos pais que acabaram de dar à luz uma criança com uma deficiência grave. São solicitados a realizar um ato de fé, a acreditar que o que estão prestes a realizar será bom para eles e para os alunos. Como os pais, eles podem vislumbrar uma situação essencialmente experimental e enevoada pela ansiedade. Mas, trabalhando em conjunto, por mais difícil que a experiência seja, as escolas têm a oportunidade de descobrir, assim como muitos pais, que o compromisso de trabalhar e relacionar-se com jovens com deficiência é tão bom para a pessoa deficiente quanto para seus parentes e amigos.

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As famílias que possuem pessoas com deficiências, mostram flexibilidade e capacidade de

reagir espontaneamente diante de quaisquer estratégias criadas para incluir seu filho em

atividades familiares.

Os pais tornam-se mestres persistentes, formulando perguntas desafiadoras,

experimentando coisas novas, assumindo riscos para descobrir o que funciona e fazendo o que

funciona, em vez de agirem da maneira pela qual a maioria age, segregando seus filhos.

(SCHAFFNER & BUSWELL apud STAINBACK & STAINBACK, 1999).

Portanto, os docentes devem desenvolver essas habilidades para assim responder os

desafios e apoiar estudantes com deficiências em atividades escolares.

O oitavo passo consiste em examinar e adotar abordagens de ensino efetivas, pois para

educar estudantes com diferentes desempenho é necessário que o docente usem várias

abordagens de ensino

É necessário que os docentes façam uma reavaliação das práticas de ensino, para

determinar se estas são a melhor maneira de promover a aprendizagem aos seus estudantes.

O problema de usar poucos métodos de ensino padronizados, é que todos os estudantes

possuem várias potencialidades, necessidades e estilos de aprendizagem, isso ocorre porque as

escolas adotam livros e apostilas sem pensar que irão trabalhar com estudantes diferentes, onde

cada um terá suas limitações e maneiras diferentes de aprender um mesmo conteúdo.

Segundo, Benjamin apud Stainback e Stainback (1999, p. 81 ):

Os líderes da reforma educacional declaram que educar os alunos para serem cidadãos produtivos do século XXI requer o uso de estratégias de ensino que promovam mais a aprendizagem ativa que a passiva, a cooperação em vez da competição e habilidades de pensamento crítico em vez de uma aprendizagem mecânica.

Para isso é necessário um ambiente escolar dinâmico, onde exista apoio mútuo e trabalho

compartilhado para criar estratégias que garantam o sucesso dos estudantes.

O nono passo consiste em comemorar os sucessos e aprender com os desafios.

A estrutura para renovação contínua, demonstra como as equipes de ensino podem manter

um enfoque contínuo e voltado para o sucesso, através:

1.comemorar os pequenos sucessos que você atinge. 2. pesquisar o que você está fazendo para gerar tais sucessos. 3. esclarecer contínua e detalhadamente seus objetivos específicos. 4. ajudar todas as partes e compreender os benefícios de atingir os objetivos.

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5. procurar continuamente o que você poderia Ter feito mais, melhor ou diferentemente para aproximar-se dos objetivos. (OAKLEY & KRUG apud STAINBACK & STAINBACK, 1999, p. 82)

De acordo com Fullan &Miles apud Stainback & Stainback ( 1999, p. 83 ):

Não basta atingir pontos isolados de sucesso. A reforma só será bem-sucedida se pudermos demonstrar que os pontos de sucesso são adicionados a novos procedimentos, estruturas e culturas de ensino que pressionam por uma melhoria contínua... O fracasso em institucionalizar uma inovação e transformá-la em estruturas e práticas normais da organização está subjacente ao desaparecimento de muitas reformas.

O décimo passo consiste em estar a par do processo de mudança, mas não permitir que ele

o paralise. Acredita-se que as mudanças ocorrem em pequenos passos e que quando acelerada as

pessoas as rejeitam. Os conselhos e os diretores escolares de todos os níveis devem

desempenhar um papel importante na produção da mudança, pois a falta de apoio administrativo

por parte das autoridades é a causa mais freqüente de fracasso na implementação da inclusão.

Portanto:

... incluir e garantir uma educação de qualidade para todos os alunos é uma questão de justiça social, que pode manter ou negar os valores professados como importantes pelas escolas, pelos distritos escolares e pela sociedade como um todo. (Fullan &Miles apud Stainback & Stainback, 1999, p.84).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Consideramos que alcançamos os objetivos deste trabalho que era pesquisar o que é

educação inclusiva; estudar aspectos necessários para a proposta inclusiva; levantar as

dificuldades dos professores para a realização da mesma e identificar alguns direitos das crianças

com deficiência, por meio de uma revisão bibliográfica sobre a educação inclusiva, a par das

questões que nortearam nossos procedimentos de pesquisa: A escola está preparada para acolher

o estudante com deficiência? E, os professores foram e/ou são formados para acolher e educar

estudantes com deficiência? Como esta formação poderia ser aprimorada?

Podemos perceber que a inclusão é um grande desafio proposto nos dias de hoje. Sabemos

que não será fácil, pois muito ainda tem que ser feito, por isso devemos dar um passo de cada

vez.

Um dos passos é conscientizar a sociedade que todos somos diferentes, e isso é o

interessante, pois nos proporciona crescer e aprender várias formas diferentes de saberes.

O desafio colocado aos docentes é grande e a maioria deles não está preparada para

trabalhar com o ensino diversificado, por isso a formação dos docentes e seu desenvolvimento

profissional são fundamentais.

Sabemos que para uma escola ser inclusiva, temos que contar com a participação

consciente e responsável de todos os profissionais da escola: gestores, docentes, familiares e

membros da comunidade na qual o estudante com deficiência vive.

Portanto, incluir e garantir uma educação de qualidade para todos os estudantes é uma

questão de justiça e igualdade social. A inclusão implica na reformulação de políticas

educacionais e de implementação de projetos educacionais inclusivo, sendo o maior desafio

estender a inclusão a um maior número de escolas, facilitando incluir todos os indivíduos em

uma sociedade na qual a diversidade está se tornando mais norma do que exceção.

Por isso é preciso refletir sobre a formação dos docentes, pois essa formação precisa

preparar o docente para a diversidade, para a inclusão, porque esta não pressupõe respostas

prontas, para atender a todas possíveis dificuldades na sala de aula, mas uma formação em que o

educador irá olhar seu estudante de uma outra dimensão, tendo respeito ás peculiaridades desse

estudante, entendendo e buscando o apoio necessário.

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Finalizando, cabe refletirmos sobre o que é ser igual ou diferente? Pois, se olharmos em

nossa volta, perceberemos que não existe ninguém igual, na natureza, no pensamento, nos

comportamentos, nas ações etc.

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SCHAFFNER, C. Beth; BUSWELL, Barbara. E. Dez Elementos Críticos para a Criação de

Comunidades de Ensino Inclusivo e Eficaz. In: STAINBACK, Susan; STAINBACK,

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STOBÄUS, C.D.; MOSQUEIRA, J. J. M.(Orgs). Educação Especial: em direção à

Educação Inclusiva. 2. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.

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BIBLIOGRAFIA DE APOIO

BEYER, H.Inclusão e avaliação na escola de alunos com necessidades educacionais

especiais. Porto Alegre: Editora Mediação, 2006, 2a edição.

BRASIL, Corde. Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades

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BRASIL, Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial. Brasília:

MEC/SEESP, 1996. Disponível em: www.planalto.gov.br/legislação.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

FREIRE, P. Pedagogia da Tolerância. São Paulo: Editora UNESP, 2004.

MANTOAN, M.T.E. Inclusão Escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo:

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Nome do(a) Estudante:__________________________________________R.A.__________ Professor(a) Orientador(a):___________________________________Nota Final:________ CRITÉRIOS PARA A AVALIAÇÃO DO TCC – Teóriico (02-11-06) VALOR ITEM PONTUAÇÃO I. INTRODUÇÃO – A introdução deve situar o leitor no contexto do tema pesquisado. O autor do trabalho deve colocar a pesquisa proposta no contexto da discussão acadêmica sobre o tema, indicando a lacuna no conhecimento anterior que buscará esclarecer, demonstrando assim que o que está planejando fazer é necessário e original1. Componentes da introdução: justificativa, problema, hipóteses (optativa) e objetivos2. 1) INTRODUÇÃO 1.1 JUSTIFICATIVA - Avaliar se: _ Indica os estudos que deram origem à pesquisa _ Indica a problemática que gerou a pesquisa _ Relata a importância do fenômeno estudado para a Educação – explicita contribuições teóricas e ou práticas 1.2 PROBLEMA Avaliar se o problema está: _ Claramente formulado, incluindo a definição de conceitos básicos. 1..3 OBJETIVOS Verificar se os objetivos são: _ Claramente formulados _ Coerentes com o tema pesquisado 1.4 Explicitação do conteúdo sintetizado de cada capítulo II DESENVOLVIMENTO. Esta é a parte do trabalho onde o autor desenvolve a sua pesquisa. Para os estudantes que optaram pela pesquisa bibliográfica, pode-se considerar uma seqüência de momentos sintetizados: leitura e tratamento bibliográfico, reflexão crítica, construção lógica do trabalho e redação final. 2) QUADRO TEÓRICO Verificar se a pertinência e qualidade da: _ Revisão Bibliográfica ou Estado da Arte _ Reflexão crítica; _ Construção lógica do trabalho (organização dos capítulos) III – CONCLUSÃO 3) CONSIDERAÇÕES FINAIS Avaliar se os resultados: _ Apresentam uma síntese das principais idéias discutidas e respondem ao problema definido; _ Apresentam interpretação pessoal e correlação com dados fornecidos por outros estudos mencionados no trabalho. Referências Bibliográficas ordenadas alfabeticamente, segundo o padrão ABNT. • Verificar se estão adequadas em termos de qualidade e atualidade; se há o privilégio de fontes primárias e se é pertinente ao problema. • Resumo • Apresentação do trabalho de acordo com os critérios definidos (ABNT) • Clareza na estruturação e redação do texto. 2,0 3,5 1,5 1,0 1,0 1,0 • Compromisso com a produção no decorrer do semestre letivo; • Comparecimento às orientações e busca de ajuda para a produção do TCC; • Respeito aos prazos estabelecidos no cronograma de atividades do TCC. 1 Lembrar a imagem de um funil – começar pelo problema mais amplo e ir tecendo a argumentação com base na análise das lacunas e dos pontos controvertidos na bibliografia pertinente ao tema, examinando aspectos cada vez mais relacionados a questão focalizada no trabalho, com o objetivo de demonstrar a necessidade de investigá-la. 2 É importante destacar que a ordem dessas etapas não é absolutamente rígida. Em muitos casos é possível simplificá-la ou modificá-la. Cabe ao pesquisador a decisão sobre o esquema a ser utilizado.

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Nome do(a) Estudante:__________________________________________R.A.__________ Professor(a) 2º Avaliador(a):___________________________________Nota Final:________ CRITÉRIOS PARA A AVALIAÇÃO DO TCC – Teóriico (02-11-06) VALOR ITEM PONTUAÇÃO I. INTRODUÇÃO – A introdução deve situar o leitor no contexto do tema pesquisado. O autor do trabalho deve colocar a pesquisa proposta no contexto da discussão acadêmica sobre o tema, indicando a lacuna no conhecimento anterior que buscará esclarecer, demonstrando assim que o que está planejando fazer é necessário e original1. Componentes da introdução: justificativa, problema, hipóteses (optativa) e objetivos2. 1) INTRODUÇÃO 1.1 JUSTIFICATIVA - Avaliar se: _ Indica os estudos que deram origem à pesquisa _ Indica a problemática que gerou a pesquisa _ Relata a importância do fenômeno estudado para a Educação – explicita contribuições teóricas e ou práticas 1.2 PROBLEMA Avaliar se o problema está: _ Claramente formulado, incluindo a definição de conceitos básicos. 1..3 OBJETIVOS Verificar se os objetivos são: _ Claramente formulados _ Coerentes com o tema pesquisado 1.4 Explicitação do conteúdo sintetizado de cada capítulo II DESENVOLVIMENTO. Esta é a parte do trabalho onde o autor desenvolve a sua pesquisa. Para os estudantes que optaram pela pesquisa bibliográfica, pode-se considerar uma seqüência de momentos sintetizados: leitura e tratamento bibliográfico, reflexão crítica, construção lógica do trabalho e redação final. 2) QUADRO TEÓRICO Verificar se a pertinência e qualidade da: _ Revisão Bibliográfica ou Estado da Arte _ Reflexão crítica; _ Construção lógica do trabalho (organização dos capítulos) III – CONCLUSÃO 3) CONSIDERAÇÕES FINAIS Avaliar se os resultados: _ Apresentam uma síntese das principais idéias discutidas e respondem ao problema definido; _ Apresentam interpretação pessoal e correlação com dados fornecidos por outros estudos mencionados no trabalho. Referências Bibliográficas ordenadas alfabeticamente, segundo o padrão ABNT.

Verificar se estão adequadas em termos de qualidade e atualidade; se há o privilégio de fontes primárias e se é pertinente ao problema. 2,0 4,0 2,0 1,0 1,0

Resumo Apresentação do trabalho de acordo com os critérios definidos (ABNT) Clareza na estruturação e redação do texto.

1 Lembrar a imagem de um funil – começar pelo problema mais amplo e ir tecendo a argumentação com base na análise das lacunas e dos pontos controvertidos na bibliografia pertinente ao tema, examinando aspectos cada vez mais relacionados a questão focalizada no trabalho, com o objetivo de demonstrar a necessidade de investigá-la. 2 É importante destacar que a ordem dessas etapas não é absolutamente rígida. Em muitos casos é possível simplificá-la ou modificá-la. Cabe ao pesquisador a decisão sobre o esquema a ser utilizado.

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