Upload
others
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
Iasmim Bezerra Soares
EDUCAÇÃO, INFÂNCIA E DESENHOS ANIMADOS
NATAL/RN
2017
Iasmim Bezerra Soares
EDUCAÇÃO, INFÂNCIA E DESENHOS ANIMADOS
Trabalho de conclusão de curso
apresentado ao Curso de Pedagogia da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte.
Orientadora: Profª. Drª. Alessandra
Cardozo de Freitas.
NATAL/RN
2017
Iasmim Bezerra Soares
EDUCAÇÃO, INFÂNCIA E DESENHOS ANIMADOS
Aprovado em
____/____/____
BANCA EXAMINADORA
Prfª Drª Alessandra Cardozo de Freitas
Prfª Ms. Kívia Pereira de Medeiros Faria
Profª Ms. Ana Raquel Severiano Silva
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela graça de me proporcionar força,
perseverança e sabedoria neste trajeto que por muitas vezes se apresentou
cansativo, difícil, mas que ao final me trouxe vivências e aprendizagens
ímpares em minha vida acadêmica.
Agradeço a minha mãe Marly e ao meu pai Luiz Antônio por acreditarem
em mim e por sempre me darem apoio em todos os momentos de minha vida.
Sou grata pelo apoio nos momentos mais difíceis deste trajeto acadêmico, por
contribuírem no possível e no impossível para que nada me faltasse.
Agradeço de coração à minha eterna dupla Laíze Carolina por estar ao
meu lado me dando apoio e confiança, lutando e comemorando cada conquista
alcançada durante todos esses anos da graduação. Mais do que colega de
turma, esta se tornou uma amiga pra vida inteira.
Ao meu noivo, futuro esposo Allyson Santos por ter sido meu ombro e
acalento nos momentos que mais precisei de seu apoio. Sou grata pelos
conselhos, incentivos e por doar um pouco de seus conhecimentos a fim de me
ajudar nesta jornada.
Agradeço a Profa. Dra. Alessandra Cardozo de Freitas por ter
disponibilizado seu tempo e seus conhecimentos neste trabalho. O estímulo
recebido foi de suma importância para que eu pudesse acreditar em meu
potencial.
A todos os professores que confirmaram o meu desejo de ser
educadora, compartilhando ensinamentos e dando-me a oportunidade de
concretizar um sonho.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, fonte
de inspiração, perseverança e força que
com todo seu amor transmitiram coragem
e incentivo em minha vida.
RESUMO
Esta monografia aborda o tema educação, infância e desenhos animados, com
o objetivo de investigar as preferências e os sentidos que as crianças atribuem
aos desenhos animados que assistem. A pesquisa consiste em um estudo
descritivo, de natureza qualitativa. Inicialmente foi realizado levantamento
bibliográfico sobre o tema e, em seguida, foi desenvolvida uma intervenção
com crianças da Educação Infantil, na faixa etária entre 4 e 5 anos de idade,
matriculadas em uma escola privada de Natal/RN. Como procedimentos de
coleta dos dados foi necessário a prática de conversa informal, individual e
coletiva, e a elaboração de desenhos como ponto de partida para a expressão,
por parte das crianças, de suas preferências e sentidos atribuídos aos
desenhos animados. Os dados revelam a presença marcante dos desenhos
animados no cotidiano das crianças. Dentre as suas preferências, estão os
desenhos animados mais contemporâneos, alguns de acesso em canal aberto,
outros em canal fechado. As preferências e os sentidos estão marcados pelas
relações de gênero, que incluem estereótipos sociais necessários de
problematização entre a criança e um adulto mediador.
Palavras- chave: Desenhos animados. Televisão. Ferramenta educativa.
Crianças.
SUMÁRIO
1. A RELAÇÃO DA CRIANÇA COM DESENHOS ANIMADOS: O ROTEIRO DE
NOSSA ANIMAÇÃO .................................................................................................................. 8
2. OS CAMINHOS DA PESQUISA: AS CENAS DO NOSSO STORYBOARD .......... 12
2.1. LEVANTAMENTO DE ESTUDOS SOBRE O TEMA .......................................... 12
2.2. A PRÁTICA DA INTERVENÇÃO ........................................................................... 15
2.2.1. Roda de Conversa Coletiva ............................................................................ 16
2.2.2. Produção de Desenhos Individuais ............................................................... 17
2.2.3. Conversa individual durante a produção de desenhos .............................. 17
3. PREFERÊNCIAS E SENTIDOS DAS CRIANÇAS EM RELAÇÃO AOS
DESENHOS ANIMANDOS: O DESENVOLVIMENTO DOS PERSONAGENS ............. 19
3.1. Os desenhos animados preferidos ........................................................................ 19
3.1.1. Barbie ( Barbie: Life In The Dreamhouse) .................................................... 20
3.1.2. Jake e os Piratas da Terra do Nunca ............................................................ 26
3.1.3. Titio Avô (Uncle Grandpa) ............................................................................... 30
3.1.4. Carros (Cars) ..................................................................................................... 32
3.1.5. As Tartarugas Ninja .......................................................................................... 35
3.1.6. Power Rangers ................................................................................................. 37
3.1.7. Patrulha Canina ................................................................................................ 40
3.2. Sentidos infantis atribuídos aos desenhos animados ......................................... 42
3.2.1. O que as crianças aprendem com os desenhos animados? ..................... 42
3.2.2. Personagens que mais apreciam................................................................... 45
3.2.3. Com quem compartilham a exibição dos desenhos animados ................. 47
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O DESFECHO DE NOSSO STORYBOARD ............ 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 51
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............................................. 53
8
1. A RELAÇÃO DA CRIANÇA COM DESENHOS ANIMADOS: O
ROTEIRO DE NOSSA ANIMAÇÃO
As mídias são caracterizadas como suportes de difusão de
informação, abrangendo o conjunto dos meios de comunicação de massa,
como o rádio, o cinema, a televisão, a imprensa, os satélites de comunicações,
os meios eletrônicos e telemáticos etc. Esses meios possuem grande força
social capaz de persuadir e manipular o interlocutor. Cada vez mais somos
bombardeados por diversas mídias, que tem por objetivo nos vender alguma
coisa: uma ideia um produto, um sonho, etc. Nesse processo, há o uso de
estratégias de marketing que buscam atingir o público alvo, sejam crianças,
adolescentes, adultos ou idosos.
As mídias fazem parte do cotidiano da população em diferentes
atividades, a exemplo do ato de assistir televisão, navegar na internet, e falar
ao celular. Não obstante, na esfera educacional, não podemos deixar de
considerar a influência das mídias na educação da infância, particularmente
nos processos de desenvolvimento e aprendizagem, haja vista que a maioria
das crianças faz uso frequente de computadores, celulares, TVs, tablets etc.
Dentre essas mídias, destacamos a relação da criança com a televisão como
tema de discussão deste trabalho monográfico. De modo mais específico,
abordamos as respostas de crianças de 4 anos de idade sobre os desenhos
animados por elas considerados favoritos.
O desenho animado é um gênero predominantemente dirigido ao
público infantil, que apresenta a fantasia como característica peculiar, aspecto
que o aproxima dos contos de fadas. Além da fantasia, podemos mencionar o
fato de as narrativas animadas recuperarem temas, personagens e cenários
próprios ao gênero conto de fada, embora não o substitua. Os desenhos
animados, em específico, exploram o diálogo constante entre o verbal, o visual
e o cenestésico. Fazem referencia ao universo infantil, mas também ao adulto,
problematizando temas/cenas que envolvem valores, atitudes e
conhecimentos, com potencial que pode favorecer a formação infantil.
De acordo com Pillar (2009, p. 11), no Brasil, nos anos 90, “houve
uma grande produção de desenhos animados para a televisão, os quais se
utilizam de uma visão estética diferenciada e discutem problemas atuais que
9
afligem as crianças”. Pensando mais na valorização dos desenhos nacionais,
nem sempre tivemos um leque tão grande de desenhos brasileiros como temos
hoje em dia e, mesmo assim, a maioria ainda passa em sua grande parte na
TV fechada.
Para Gomes (2008, p.03), o Brasil tem uma história considerável na
esfera da animação, começando com a influência dos cartunistas Raul
Pederneiras, em 1907, e depois, Álvaro Martins, que lançou Kaiser, a primeira
animação brasileira a ser exibida em cinemas, em 22 de janeiro de 1917.
Desde então, foram produzidos mais de 19 longas-metragens, centenas de
curtas e milhares de filmes publicitários voltados à animação. Segundo Cabral
(2005, p. 32),
Com pouco mais de 50 anos a TV brasileira vem desempenhando um papel cada vez mais fundamental na formação das crianças. Os primeiros desenhos envolvidos na televisão ainda em imagem preto e branco foram Pernalonga, Pica-pau, Mickey e Pato Donald. (...) Estes desenhos que foram os pioneiros na TV brasileira caracterizavam-se pela astúcia dos seus personagens. (...) Os desenhos japoneses no Brasil vêm entrando na telinha há muito tempo e começaram a serem exibidos no final da década de 60”.
De forma geral, os estudos sobre o tema criança e televisão afirmam
que os desenhos animados influenciam as crianças. Alguns desenhos
favorecem a interpretação do mundo pela criança, despertando-lhe a atenção e
a imaginação para diversos temas refletidos nas ações dos seus personagens,
em tempos e lugares distintos.
Aqui no Brasil tivemos um avanço significativo no que tange as
animações atuais. Antigamente havia um leque bem limitado de desenhos
animados, sobretudo na TV aberta, esta hoje em dia já traz em sua
programação muitos desenhos dos canais da TV fechada.
Muitos desenhos animados, produzidos nas últimas décadas, têm
enorme potencial educativo e exigem um olhar especial, sobretudo em sala de
aula. Somos conscientes do fato de que há animações que abordam conceitos
através de um diálogo extremamente didático, instrutivo e envolvente, a partir
de estratégias inovadoras que contribuem para a aquisição de competências e
habilidades.
10
Contudo, não descartamos a existência de desenhos animados que
pressupõem o olhar atento de responsáveis, tendo em vista aspectos que
precisam ser discutidos com a criança, de modo a evitar preconceitos ou
entendimentos equivocados que repercutem negativamente no
desenvolvimento e aprendizado infantil. Neste interim, pressupomos que ouvir
as crianças, participar de exibições de animações ao seu lado é um
procedimento necessário. É nesta direção que propusemos a elaboração desta
monografia, que tem por objetivo principal investigar a relação da criança
com desenhos animados. De modo mais específico, tem como propósitos:
evidenciar os desenhos que as crianças elegem como favoritos e os
sentidos por elas atribuídos aos desenhos animados.
Na abordagem desses objetivos, implementamos uma pesquisa de
natureza qualitativa (BOGDAN, BIKLEN, 1994), haja vista considerarmos como
essencial as interpretações dos sujeitos pesquisados, no seu contexto escolar
e a partir de procedimentos que fazem parte da sua rotina de atividades: como
o desenhar, escrever e oralizar suas ideias. Nesse sentido, realizamos uma
intervenção em campo, constituindo um corpus de dados composto por
registros de observação, transcrições de conversas, desenhos e escritas
elaboradas por crianças de educação infantil, de uma escola particular da
cidade do Natal/RN.
Na organização do texto do trabalho monográfico, buscamos
sistematizar o conteúdo escrito conforme as etapas iniciais da produção de um
desenho animado, que abrangem o desenvolvimento do roteiro, o storyboard e
os personagens.
Desenvolver o roteiro é descrever objetivamente cenas, sequências,
diálogos e indicações técnicas de nossas criações. Intencionamos atingir esse
propósito com o capítulo introdutório, intitulado A relação da criança com
desenhos animados: o roteiro de nossa animação.
Visualizar um filme através de um roteiro não constitui tarefa fácil,
mas é de grande importância para expressar a ideia da animação para o
leitor/telespectador. Em função dessa necessidade surgiu o storyboard, que é o
roteiro desenhado em quadros, semelhante aos quadrinhos, porém não
possuem balões de fala. Comparamos esse roteiro desenhado em quadros
com a apresentação da abordagem metodológica do estudo, focalizando as
11
etapas/cenas vividas que deram origem ao corpus de dados da investigação,
que compõe o segundo capítulo: Os caminhos da pesquisa: as cenas do
nosso storyboard.
Desenvolver personagens geralmente é muito divertido. Não
corresponde apenas a desenhar uma figura. Cada personagem possui sua
forma de ser, de acordo com sua personalidade. Existem vários tipos de
personalidades, como por exemplo, o fortão, bonitinho e a mocinha má. O
animador necessita conhecer bem a caracterização de seus personagens para
poder construí-los recorrendo as melhores formas possíveis. Associamos o
desenvolvimento dos personagens, marcado pela personalidade de cada um,
com os sentidos e as preferências relacionados pelas crianças aos desenhos
animados por elas selecionados como favoritos. Assim, compomos o último
capítulo do estudo, que é intitulado Preferências e sentidos das crianças em
relação aos desenhos animados: o desenvolvimento dos personagens.
12
2. OS CAMINHOS DA PESQUISA: AS CENAS DO NOSSO
STORYBOARD
Esta monografia compreendeu um estudo descritivo, de natureza
qualitativa e inclui pesquisa bibliográfica e intervenção. Para a realização deste
trabalho tivemos como sujeitos crianças de uma turma de estágio IV da
educação infantil (algumas instituições denominam por nível IV), composta por
15 alunos, na faixa etária de 4 a 5 anos de idade, sendo 8 meninas e 7
meninos, matriculados em uma escola privada da rede de ensino de Natal/RN.
Conforme mencionado, a pesquisa foi desenvolvida em dois grandes
momentos. O primeiro de levantamento de estudos sobre o tema e, o segundo,
destinado à intervenção em campo.
2.1. LEVANTAMENTO DE ESTUDOS SOBRE O TEMA
Para a realização desta monografia foi necessário um estudo de
caráter bibliográfico, no qual foi feito o levantamento de produções acadêmicas
relacionadas ao mesmo tema desta pesquisa, Nesse processo, alguns autores
chamaram maior atenção quanto às suas abordagens, dentre eles estão:
- Duarte, Leite e Migliora (2006), desenvolveram um artigo intitulado
Crianças e televisão: o que elas pensam sobre o que aprendem com a tevê*,
tiveram como objetivos centrais descrever e analisar as relações que as
crianças estabelecem com o que veem na televisão, além do propósito de
compreender o modo como elas lidam com os conteúdos presentes nos
programas de televisão. As autoras optaram por explorar as emissoras públicas
de televisão. A pergunta feita às crianças foi: “O que eu penso da tevê?” A
metodologia adotada foi por coleta de um material composto por cartas,
desenhos ou mensagens eletrônicas enviadas por crianças da Região Sudeste
e recebidos pelo grupo de pesquisa. Esta foi a principal fonte de dados da
pesquisa. Nas considerações finais, as autoras sugerem que as crianças não
13
têm duvidas quanto ao caráter educativo da televisão e que elas mesmas
podem julgar o que esta pode oferecer de atitudes boas e ruins.
- Fernandes (2003) trabalhou em duas escolas sendo uma particular
e outra publica. Seu trabalho foi promover uma oficina de interação com
crianças da 3ª série, sendo o registro feito em fitas de vídeo cassete. Ela
constatou que as crianças evoluem, deixando de assistir certos programas que
assistiam antes quando menores, provando, assim, uma significativa interação
dos desenhos animados com os valores culturais.
- Fernandes e Oswald (2005) elaboraram o artigo intitulado A
recepção dos desenhos animados da TV e as relações entre a criança e o
adulto: desencontros e encontros, que discute as relações entre adultos e
crianças na contemporaneidade, focalizando a recepção dos desenhos
animados. A orientação teórico-metodológica adotada foi a dos Estudos
Culturais Latino-Americanos. O estudo analisa os depoimentos de crianças na
faixa etária dos 9 e 10 anos de duas escolas, uma pública e uma privada. As
crianças entrevistadas expõem suas preferências no que diz respeito a assistir
desenhos animados sozinhas.
- Cabral (2005) apresenta em seu estudo monográfico uma análise
com relação aos desenhos animados, como estes exercem uma relação de
poder e uma fonte de atração como veículo de aprendizagem cultural social.
Na visão dos desenhos animados, a criança é vista com respeito. A autora
seguiu como referencial teórico a psicologia social, a psicanálise e a literatura
infantil. Seu objeto de estudo foram crianças dos 4 aos 10 anos.A autora
compara a criança ao personagem Ícaro da mitologia grega, ao que diz
respeito à um ser sonhador, inocente, curiosa e cheia de desejos tal qual o
personagem Ícaro.
- Silva Júnior e Trevisol (2009) desenvolveram um artigo que tem
como título Os desenhos animados como ferramenta pedagógica para o
desenvolvimento da moralidade, em que são abordadas as maneiras que
possibilitam levar a televisão para sala de aula a fim de fazer com que o aluno
desenvolva um olhar crítico sobre o que assiste. Os autores trabalharam com
14
coleta de dados, em que participavam os alunos e os professores. A proposta
foi apresentar o desenho animado chamado “Bob o construtor” e aplicar um
questionário para os alunos e para os professores. Os autores iniciaram suas
falas dando um breve contexto histórico sobre a televisão, de como esta foi
tomando grandes proporções na vida e no cotidiano dos telespectadores. A
abordagem metodológica deles foi composta por 63 alunos na faixa etária de 7
a 10anos, de escolas particulares e públicas (estaduais e municipais). Além
dos alunos, participaram também três professoras que atuavam nas séries
iniciais do ensino fundamental. Em suas considerações, os autores observam
que os professores e alunos manifestaram aprovação no que diz respeito a
utilização dos desenhos animados como mais um dos recursos pedagógicos a
ser usado como suporte para favorecer o processo de ensino. O desenho
serviu até como encadeamento na assimilação de conceitos já abordados em
sala de aula em virtude do suporte lúdico que os desenhos detêm.
Ao investigar estes autores e seus trabalhos sobre o tema, foi possível
identificar pontos em comum entre estes, pois ambos sentem a necessidade de
proporcionar e conduzir o entendimento da criança com aquilo que assiste,
fazendo com que elas se tornem telespectadores críticos, capazes de
interpretar de forma consciente àquilo que estão assistindo.
Outra aproximação entre estes trabalhos e o tema abordado nesta
monografia encontra-se na principal fonte de dados nas pesquisas, que em
comum tiveram como material de estudo as produções das crianças e os
diálogos estabelecidos entre elas e os pesquisadores.
A escolha por buscar levantamentos que tivessem como objeto de
estudo crianças de faixas etárias diferentes foi proposital, pois fica claro que
tanto uma criança de 4 anos de idade quanto uma de 10, têm capacidade e
podem desenvolver ao longo do tempo autonomia para compreenderem que o
desenho animado não serve apenas para passar tempo e entretê-las, como
também tem a função de ensinar, de transmitir uma mensagem e/ou de
informá-las sobre algo.
15
2.2. A PRÁTICA DA INTERVENÇÃO
Como afirmado anteriormente, a intervenção foi realizada com
crianças de educação infantil. Considerando a idade de nossos sujeitos,
tivemos o cuidado ético de entregar aos pais um termo de consentimento livre
e esclarecido (anexo) para estes autorizarem a participação de seus filhos
nesta pesquisa.
A intervenção foi realizada no ambiente escolar das crianças, sendo
estruturada em três etapas sucessivas, de modo a favorecer o discurso das
crianças sobre o tema em discussão. As etapas estão inter-relacionadas e
exploram diferentes técnicas e procedimentos.
Alguns princípios metodológicos foram considerados relevantes,
principalmente em função de estarmos lidando com crianças de educação
infantil e no seu contexto escolar.
As crianças foram abordadas em seu ambiente natural de
aprendizagem e dentro da rotina escolar, porém de forma estratégica para não
comprometer o horário destinado às atividades de rotina da turma. Foi
importante trabalhar o tema estando com as crianças na rotina de sala por
estas sentirem que o momento em que trabalhamos não se tratou de algo
atípico sem uma finalidade definida. Elas foram muito receptivas ao tema
abordado e na oportunidade ainda aprenderam novos conceitos, como por
exemplo, o que define um desenho animado educativo, o que é e qual é a
função dos personagens dos desenhos, etc.
A intervenção foi feita em duas sextas-feiras (18 de novembro de
2016 e 25 de novembro de 2016), a professora titular da turma sugeriu o dia
em questão por este ser o dia do brinquedo e por não interferir no cronograma
de aulas da turma. Nas sextas-feiras, no final do turno a professora permite que
as crianças brinquem com os brinquedos que elas trazem de casa. Para não
introduzir de maneira “solta” o assunto, usei como exemplo o próprio momento
de recreação da sexta-feira para que eles observassem os brinquedos que
trouxeram fazendo com que eles notassem que muitos brinquedos ali se
tratavam na verdade de personagens dos seus desenhos animados preferidos.
No dia 18/11 foi dado início a abordagem em forma de roda coletiva com
todos os alunos, essa roda teve duração de aproximadamente 30 minutos, esta
16
roda inicial contribuiu para que as crianças pudessem trabalhar a oralidade
com autonomia no grande grupo à medida que ouviam as opiniões dos demais
colegas. Em seguida as crianças foram chamadas uma a uma para produzirem
seus desenhos e realizar a conversa individual, enquanto isso, as demais
crianças da turma continuavam no momento de recreação do dia do brinquedo.
No dia 25/11 houve a continuidade da atividade para as demais
crianças que ainda não haviam feito suas produções, para estas crianças
individualmente, tive que relembrá-las sobre a aula anterior a fim de situar
sobre o que foi conversado na roda coletiva.
Esses dois momentos propostos para a realização da atividade foi
de grande relevância para que os alunos pudessem expressar de diferentes
formas seus pensamentos. O ato de fazer com que o aluno relate o que
desenhou exercita sua mente e sua capacidade narrativa como forma de
expressão.
2.2.1. Roda de Conversa Coletiva
Elegemos como objetivos da roda de conversa coletiva apresentar
para as crianças o tema do nosso estudo e estimulá-las a falar sobre ele, de
modo a identificar sentidos e experiências mais gerais da relação delas com os
desenhos animados. Considerando esses objetivos, recorremos aos seguintes
procedimentos:
- Em uma roda de conversa coletiva, foi dado início pela
pesquisadora a uma conversa sobre os desenhos animados. Tivemos o
cuidado de sempre manter a voz numa entonação que sugerisse curiosidade e
atenção às respostas das crianças, fazendo elas se sentirem instigadas para
dialogar sobre o tema. Algumas perguntas foram feitas para nortear as crianças
sobre o assunto, perguntando inicialmente: “Quem gosta de assistir desenhos
animados?” Esta pergunta inicial teria o intuito de estimular as crianças a
começarem a ilustrar seus pensamentos. Outros questionamentos foram feitos
e à medida que as crianças conversavam, surgiam mais perguntas a serem
feitas. Foi perguntado também sobre qual teria sido o desenho mais legal que
17
cada um já havia assistido. As crianças facilmente foram protagonizando o
curso da conversa e esta foi indo de encontro ao objetivo da pesquisa.
- Durante a conversa coletiva, mencionamos que existe um leque
enorme de desenhos animados leque enorme de desenhos animados e que,
dentre eles, existem desenhos que são legais de assistir, pois ensinam coisas
boas, a exemplo de atitudes saudáveis. Exemplos foram citados como a
Doutora Brinquedos, A Casa do Mickey Mouse, Barbie, etc.
2.2.2. Produção de Desenhos Individuais
Concluída a roda de conversa coletiva, as crianças foram solicitadas
a elaborar, individualmente, um desenho com o tema: o meu desenho animado
favorito. Objetivamos com essa atividade favorecer a expressão individual da
criança sobre o tema mediante a representação gráfica. Nessa direção,
implementamos os seguintes procedimentos:
- Organização das crianças nas mesas de trabalho para realizarem o
desenho.
- Distribuição de papéis ofício, lápis de cor e coleção hidrocor.
- Retomada do tema a ser representado através de fala dirigida a
todos.
- Observação das crianças durante a produção dos desenhos,
auxiliando aquelas que precisassem.
2.2.3. Conversa individual durante a produção de desenhos
A conversa individual durante a produção e ao término do desenho
foi realizada com objetivo de aprimorar o olhar do observador sobre a
representação desenvolvida pela criança, intensificando a expressão de
sentidos na articulação entre o verbal e o figurativo. Um procedimento axial
dessa etapa foi a proposição de perguntas, dentre as quais:
Qual seu desenho animado favorito?
18
Quando você está em casa, o que você mais assiste na TV?
Qual seu personagem preferido? Por quê?
Você acha que os personagens do seu desenho têm atitudes
interessantes? Por quê?
Aproveitamos o momento em que as crianças estavam desenhando
para fazer as perguntas. Tivemos o cuidado de deixa-las à vontade em suas
respostas, dando o tempo necessário e demonstrando atitude atenta e
reflexiva. Registramos essa e as demais etapas mediante o uso de gravador de
voz para proceder à transcrição dos dados.
A partir do desenvolvimento das etapas constitutivas da intervenção,
organizamos o corpus de dados da pesquisa, que é composto de transcrições
das conversas com as crianças (coletiva e individual), produções de desenhos
e registros de campo. Esses dados serão analisados considerando como
categorias principais as preferências e os sentidos atribuídos pelas crianças
aos desenhos animados.
19
3. PREFERÊNCIAS E SENTIDOS DAS CRIANÇAS EM RELAÇÃO AOS
DESENHOS ANIMANDOS: O DESENVOLVIMENTO DOS
PERSONAGENS
Neste capítulo do trabalho monográfico buscamos analisar as respostas
das crianças considerando como categorias de análise as preferências e os
sentidos atribuídos aos desenhos animados. Nesse sentido, recorremos à
transcrição das conversas, coletiva e individual, e a produção dos desenhos
desenvolvidos pelas crianças. Os nomes utilizados para referirmos a elas são
fictícios, procedimento adotado para preservar a identidade dos nossos
sujeitos.
3.1. Os desenhos animados preferidos
Após a conversa (individual e coletiva) com as crianças, foi possível
fazer o levantamento de seus desenhos animados preferidos. Dentre as dez
crianças entrevistadas, apresentamos o quadro dos desenhos animados
citados e a quantidade de indicações:
Considerando esse contexto, passaremos a apresentar os motivos
apresentados pelas crianças para essas indicações de desenhos animados.
Para tanto, organizamos a apresentação da seguinte forma: informações
Desenhos Animados Preferidos
Número de indicações
Barbie 3
Jake e os Piratas da Terra do Nunca 2
Titio Avô 1
Carros 1
As tartarugas Ninja 1
Power Rangers 1
Patrulha Canina 1
20
técnicas sobre o desenho animado; produções de desenhos elaborados pelas
crianças e transcrições de conversas individuais. Na relação entre essas três
fontes de dados, buscamos depreender a influência dos desenhos animados
na educação da infância.
3.1.1. Barbie ( Barbie: Life In The Dreamhouse)
Enredo: Produzido pela Mattel e tendo como país de origem os Estados
Unidos da América, a Barbie, que inicialmente era somente um brinquedo
infantil, passou a ter suas histórias em forma de filmes e desenho animado, nos
quais relatam os problemas e aventuras vividos por uma boneca jovem adulta e
seus principais amigos Cheasea, Teresa, Skipper, Raquelle e seu namorado
Ken. A série “Barbie: Life In The Dreamhouse” teve seu primeiro episódio
exibido no dia 20 de janeiro de 2012 e seu último episódio foi ao ar no dia 25
de setembro de 2015.
O desenho Barbie foi indicado três vezes pelas crianças Aline; Ingrid e
Janaina. Como a orientação foi produzir o desenho primeiro para, em seguida,
conversar individualmente com a pesquisadora, iremos valorizar essa gradação
de procedimentos para desenvolver as análises.
21
Desenho produzido por Aline (4 anos de idade) Produzido em: 18/11/16
Pesquisadora: O que você desenhou? Aline: Barbie. Pesquisadora: O que você aprende assistindo o desenho da Barbie? Aline: Fazer comida e limpar o banheiro. Pesquisadora: Qual personagem você mais gosta? Aline: A Stacie. Pesquisadora: Quem é Stacie? Aline: É a irmã dela. Pesquisadora: O que ela faz na história? Aline: Ela sempre sai com as amigas. Pesquisadora: Com quem você assiste esse desenho? Aline: Eu assisto sozinha.
Aline desenhou o que mais vê a personagem fazendo na série: passear
no shopping e fazer compras com as amigas (o shopping está representado
pela casinha rosa na parte inferior da folha). As bolinhas nas bochechas de
uma das bonecas do desenho representa a maquiagem da Barbie. Aline é uma
aluna muito vaidosa, sendo perceptível a sua identificação com a personagem
Barbie em muitos aspectos, por exemplo: em suas brincadeiras. Ela costuma
reunir um grupo de amigas para brincar de fazer de conta que estão indo ao
shopping.
Aline nos faz refletir sobre o aprendizado doméstico propiciado para a
criança a partir da exibição do desenho: “fazer comida e limpar o banheiro”.
São aprendizados domésticos que tem sua necessidade, porém questionamos
22
a relação desse aprendizado com a infância. Entendemos que a resposta de
Aline tem relação direta com o estereótipo da condição social feminina, uma
vez que esse conhecimento não é explorado no caso do namorado da Barbie.
O que chamamos atenção é para a reprodução de padrões de comportamento
que não consideram a diversidade de atribuições entre homem e mulher.
O desenho animado passa uma imagem de feminino ligado a atividades
domésticas e ao culto do belo, isto é, mulher bela e prendada. Questionar
esses valores é necessário tendo em vista a formação das crianças. Rael
(2003), ao analisar os desenhos infantis produzidos pela Walt Disney, aponta
que em muitas histórias o feminino e a afetividade se conectam naturalizando a
menina como sensível, doce e paciente. Percebemos incidência dessa relação
nas respostas de Aline, o que nos faz confirmar as reflexões de Sabat (2003,
p.153)
(...) Sujeitos consomem não só mercadorias como também valores que estabelecem como deve ser o corpo, como devemos nos vestir, quais comportamentos valorizar, isso tudo não somente através das marcas de gênero, como também de raça/etnia, classe, geração, para citar algumas.
Constatamos que são aspectos de natureza formativa que precisam ser
considerados na educação da infância. O que nossas crianças aprendem
quando assistem os desenhos animados? Com quem elas desenham? São
perguntas que abordamos nesses trabalhos e que atestam o quando as
crianças consomem valores e condutas, como afirma o autor supracitado.
Vejamos o desenho e respostas de Ingrid:
23
Ingrid (4 anos – produzido em: 25/11/16)
Pesquisadora: O que você mais gosta no desenho da Barbie?
Ingrid: Quando ela brinca com as amigas.
Pesquisadora: O que você aprender com a Barbie?
Ingrid: A ser colega de todo mundo.
Pesquisadora: Com quem você assiste?
Ingrid: Com minha irmã.
Ingrid desenhou a Barbie com uma de suas melhores amigas passeando
no que parece ser um jardim. No desenho a personagem protagoniza cenas
nas quais desenvolve atividades ao ar livre e, visivelmente, essas cenas
ganharam destaque na representação da aluna.
Na escola existe um dia da semana em que é permitido que os alunos
levem um brinquedo para escola, é o “dia do brinquedo”, e a aluna Ingrid, na
maioria das vezes, leva bonecas Barbie para brincar. Percebo que ela é uma
aluna tímida, mas quando está brincando com suas bonecas, ela cria diversas
24
situações nas quais provavelmente gostaria de protagonizar em suas vivências
pessoais.
A cor que predomina em seu desenho são os tons de rosa/lilás que é
uma característica marcante da personagem Barbie. As meninas de um modo
geral adoram essa cor e sempre há relutância dos meninos quando tem que
usar algum objeto cor de rosa, pois eles dizem que rosa é cor de menina.
Sobre esse aspecto é interessante o que diz
[...] se observarmos a publicidade de “brinquedos para os meninos”, notamos que ela traz a definição de como eles devem se comportar: as cores escolhidas para estampar a embalagem geralmente são mais fortes, os rostos ofensivos dos bonecos demonstram poder, ação e coragem, juntamente com mensagens que demarcam a quem o brinquedo é dirigido (ROVERI, ano, p. 2).
Empreendendo uma expansão da argumentação do autor, afirmamos
que, assim como a produção dos brinquedos, a produção de desenhos
animados também é influenciada pela relação de gênero na seleção de
comportamentos, atitudes e, sobretudo, cores através das quais são
representados os personagens.
Vejamos a produção de Janaina:
25
Janaína (4 anos – produzido em 18/11/16)
Pesquisadora: Por que você gosta da Barbie?
Janaína: Porque ela é bonita.
Pesquisadora: O que você aprendeu assistindo o desenho?
Janaína: A elogiar as pessoas.
Pesquisadora: Elogiar é uma atitude saudável?
Janaína: É sim!
Pesquisadora: Qual personagem você mais gosta?
Janaína: A Barbie.
Pesquisadora: Com quem você assiste?
Janaína: Com minha irmã e minha mãe.
A aluna escolheu a cor rosa como predominante, fez os cabelos longos
das personagens e como as outras crianças, desenhou a Barbie ao lado de
melhores amigas. As personagens estão na piscina que seria outro ambiente
muito comum na série.
Na instituição, como afirmado anteriormente, há uma preocupação com
a formação de “atitudes saudáveis”, entendidas como atitudes positivas à
convivência social. A escola também trabalha com livro que aborda atitudes
morais, como por exemplo: “Aprender a respeitar é muito bom”; “Elogiar é uma
atitude saudável”; “Saber respeitar os amigos é muito bom”; “Vamos desfrutar
da natureza?”. Provavelmente, a aluna ao afirmar que aprende ao assistir o
desenho da Barbie a elogia as pessoas, fez alusão a essa preocupação com as
atitudes que é recorrente no espaço escolar. Constatamos, portanto, o quanto
as escolhas e aprendizados da criança são de natureza multicultural, isto é,
elas expressam uma gama de elaborações provenientes de diferentes
contextos culturais: o midiático, o escolar, o familiar, etc. Correlacionando a
estes aspectos, vejamos a seguinte fala:
Ao longo do desenvolvimento das funções superiores - ou seja,
ao longo da internalização do processo de conhecimento - os
aspectos particulares da existência social humana refletem-se
na cognição humana: um indivíduo tem a capacidade de
expressar e compartilhar com os outros membros de seu grupo
social o entendimento que ele tem da experiência comum ao
grupo (VYGOTSKY, 1991, p.87).
26
O que pretendemos evidenciar com esta fala é que a aluna internalizou
um conteúdo dado em sala de aula e o inseriu dentro do contexto de seu
desenho animado favorito. Ela se apropriou do termo “atitudes saudáveis”, que
é um termo utilizado dentro do contexto da escola e criou associações dentro
da sua produção a partir deste conceito.
3.1.2. Jake e os Piratas da Terra do Nunca
Enredo: Criado por Roberts Gannaway, o desenho Jake e os Piratas na Terra
do Nunca teve seu primeiro episódio estreado em 14 de fevereiro de 2011 e
seu último episódio em 6 de novembro de 2016. O espetáculo gira em torno de
um grupo de jovens piratas como personagens centrais, estes vivem
aventuras se defendendo do Capitão Gancho na Terra do Nunca. São seus
personagens principais: Jake, Izzy, Cubby, Shully, Capitão Gancho, Sr. Smee,
Barriga, Magrão, Sereia Marina e o Crocodilo Tick Tack.
A seguir apresentamos o desenho e a conversa que estabelecemos com
Luana sobre o seu desenho animado favorito.
27
Luana (4 anos- produzido em: 18/11/16)
Pesquisadora: O que tem no seu desenho?
Luana: Eu desenhei os piratas no barco com uma bandeira e o mar tava forte,
fiz o baú do tesouro e a menina saiu pra buscar, mas não voltou.
Pesquisadora: Quem é a menina? Ela levou o tesouro?
Luana: Ela é amiga dos piratas, ela levou o tesouro pra longe e o pirata ficou
com raiva dela.
Pesquisadora: O que você mais gosta no desenho do Jake?
Luana: Gosto só do Jake.
Pesquisadora: O que você aprendeu vendo o desenho do Jake?
Luana: Aprendi que a menina devia devolver o tesouro ao pirata porque não é
saudável pegar sem pedir.
Pesquisadora: Com quem você assiste o desenho?
Luana: Eu assistia com minha mãe, mas ela foi pra outra casa.
Na elaboração do desenho, Luana foi atenta à muitos detalhes:
desenhou o navio e bandeira, o baú do tesouro, o mar e alguns personagens.
Seu desenho está bem contextualizado com as situações que aparecem na
série, contendo mocinhos e vilões que vivem um conflito em busca de algo.
28
Seus desenhos são sempre muito grandes, pigmentados e coloridos, ela
também sempre procura aproveitar todos os espaços do papel na hora de
desenhar, ela é muito caprichosa.
Ela não soube explicar quem era a menina no desenho, mas mostra seu
descontentamento por ela ter ido embora e ainda ter levado o tesouro do pirata,
a aluna associou o conflito presente na cena do desenho aos conceitos de
atitudes saudáveis abordados em sala de aula. Vejamos o que diz Postic
(1995) a respeito desta conduta:
O processo cognitivo que é imposto pelo professor está ligado
à estrutura da tarefa, à natureza da aprendizagem, aos tipos de
operações mentais a efectuar, para que estas sejam
apresentadas de uma maneira acessível ao aluno. O processo
de aprendizagem do aluno é individual. Cada um apreende as
situações propostas pelo professor com as suas próprias
características que provêm do seu próprio saber, dos seus
hábitos de pensar e de agir. Alguns adaptam-se mais
facilmente que outros ao processo proposto pelo professor.
(POSTIC, 1995, p. 16)
Ao sugerir aos alunos a tarefa de desenvolver um relato gráfico de seus
desenhos animados favoritos, as crianças tiveram a autonomia de trabalhar
seu processo cognitivo e o ato de pensar cada qual a sua maneira, no caso da
Luana, esta exercitou sua memória e se apropriou de conceitos trabalhados
nos conteúdos expostos em sala de aula para fazer um paralelo com a cena
retratada por ela em sua atividade, ou seja, Luana exemplificou o conceito de
atitude saudável à postura da personagem em pegar sem permissão um objeto
que não lhe pertencia.
A seguir, apresentamos as produções de Carol:
29
Carol (4 anos – produzido em: 25/11/16)
Pesquisadora: O que você aprendeu assistindo esse desenho?
Carol: Que tem um capitão do mal que quer pegar as coisas que não
pertencem a ele.
Pesquisadora: O que você aprendeu de legal?
Carol: Que não é bom pegar as coisas de outras pessoas.
Pesquisadora: Qual seu personagem favorito?
Carol: Essa menina que eu esqueci o nome (apontando para a sereia).
Pesquisadora: Com quem você assiste?
Carol: Com minha mãe e minha avó.
Carol ao falar sobre o seu desenho mencionou os nomes dos
personagens principais da série, representando-os graficamente com as suas
respectivas indumentárias (roupas, espadas e chapeis). Ela desenhou a única
pirata menina do grupo e o vilão Capitão Gancho (no canto à direita), desenhou
também uma personagem secundária, a sereia. Seus desenhos são sempre
muito caprichosos. A sua produção gráfica nos faz refletir sobre a construção
da memória e do ato de pensar em Vygotsky (1989) que a respeito disto afirma:
O conteúdo do ato de pensar na criança, quando da definição de tais conceitos, é determinado não tanto pela estrutura lógica do conceito em si, como o é pelas suas lembranças concretas. Quanto a seu caráter, ele é sincrético e reflete o fato de pensar da criança depender, antes de mais nada, de sua memória (VYGOTSKY, 1989, p. 37).
30
O que se pretende compreender é o fato de que para que a aluna
conseguisse lembrar de certas cenas e personagens ela precisou antes de
mais nada memorizar características marcantes em cada um, o desenho
animado contribui bastante no processo de memorização por este ser rico em
recursos atrativos, envolvendo imagem, cor, efeitos sonoros, efeitos gráficos e
conflitos interessantes vividos pelos personagens, tudo isso faz com que a
criança prenda sua atenção àquilo que está assistindo, tornando-as capazes de
descrever e narrar situações de forma minuciosa muitas vezes ricas em
detalhes.
3.1.3. Titio Avô (Uncle Grandpa)
Titio Avô é uma série de desenho animado Estadunidense, criada por
Peter “Pete” Browngardt. Trata-se de um desenho animado que fala
sobre um personagem de meia idade que ajuda as crianças a
resolverem seus problemas. Ele vive em um veículo de recreio (RV) e é
acompanhado por uma pochete falante chamada Pochetio, um
dinossauro antropomórfico chamado Sr. Gus, uma foto escultura de um
tigre chamada Tigresa Voadora Gigante Surreal e de uma fatia de pizza
chamada Steve Pizza. Quando eu perguntei como era esse desenho,
uma criança respondeu que ele falava sobre um homem engraçado e
cheio de ideias malucas; A série tem como personagens principais:
Pochetio, Tigresa Voadora Gigante Surreal, Steve Pizza, Sr. Gus, Amigo
Urso, Cachorro Gente Quente, Pequeno Milagre, o Menino Robô.
Leonardo selecionou entre os desenhos que assiste Titio Avô,
representando o personagem em seu desenho gráfico:
31
Leonardo (4 anos- produzido em: 18/11/16)
Pesquisadora: Como é esse desenho?
Leonardo: Muito animado.
Pesquisadora: O que você aprendeu com o desenho?
Leonardo: Sobre fazer perguntas.
Pesquisadora: Como assim fazer perguntas?
Leonardo: Ele faz perguntas e depois descobre as coisas.
Pesquisadora: Qual seu personagem preferido?
Leonardo: Titio Avô.
Pesquisadora: Por quê?
Leonardo: Porque ele faz caretas.
Pesquisadora: Com quem você assiste?
Leonardo: Com mamãe ou papai ou só.
Leonardo em sua fala retratou bem as características mais evidentes do
desenho, o personagem principal tem atitudes malucas e engraçadas. Em sua
atividade o aluno explicou que o Titio Avô estava sentado no sofá e, de fato,
em vários episódios da série esse personagem encontra-se sentado num sofá.
Leonardo sobre o Titio Avô: “Ele faz perguntas e depois descobre as
coisas.” A fala do aluno reflete bem o seu cotidiano, ele sempre foi muito
questionador, observador e curioso, este sempre foi muito desinibido e
32
desenvolve facilmente conversas paralelas, seja com os colegas ou até mesmo
com os adultos. É possível que sua preferência pelo personagem se justifique
pelo fato de o menino encontrar afinidades com a espontaneidade do Titio Avô.
Moura (1998) aponta que:
Todo conhecimento se produz a partir de uma curiosidade ou
de uma pergunta. Na sua base, está sempre a resposta a uma
pergunta, a uma curiosidade, a um desafio. Isso acontece
desde o conhecimento científico, desenvolvido nas teses de
mestrado e doutorado, até o conhecimento mais simples e
espontâneo. (...) Pode-se dizer que uma criança se desenvolve
à medida que satisfaz as suas curiosidades e passa a fazer
perguntas. (MOURA, 1998, p. 1)
O aluno sempre se sentiu a vontade para questionar sobre as coisas ao
seu redor nunca aceitando um “por que sim!” ou um “por que não!” como
resposta às suas dúvidas e tal qual como vimos no discurso de Moura,
Leonardo só se sente satisfeito quando sanadas todas as suas curiosidades.
A instituição na qual o aluno estuda sempre estimulou o ato de
questionar e investigar situações que os alunos vivem dentro e fora do contexto
escolar e muitos questionamentos feitos pelos próprios alunos se tornaram
projetos de pesquisa dentro da turma que originou a curiosidade.
3.1.4. Carros (Cars)
Carros é uma sequencia de três filmes desenvolvidos pela produtora Pixar
Animation Studios nos Estados Unidos da América, contando com a direção
de John Lasseter e com seu primeiro lançamento em 9 de junho de 2006. Os
33
filmes contam a história do Relâmpago McQueem, um carro de corrida muito
veloz que em sua jornada descobre novos amigos e aventuras. A série conta
com os seguintes personagens: Relâmpago McQueen, Mater, Finn McMissile,
Holley Shiftwell, Siddeley, Miles Axlerod, Grem, Acer.
Observemos o desenho e a conversa desenvolvidos com a criança:
Luiz (4 anos – produzido em: 25/11/16)
Pesquisadora: Por que você gosta desse desenho?
Luiz: Porque ele é um carro na minha cor preferida (se referindo ao Relâmpago
McQueen).
Pesquisadora: E qual sua cor preferida?
Luiz: vermelho.
Pesquisadora: O que você aprendeu de legal no desenho?
Luiz: Eu aprendi que ele corre muito.
Pesquisadora: O que mais você aprendeu?
Luiz: Ele é amigo dos outros e ajuda salvando e construindo os carros que se
destruíram.
Pesquisadora: Qual personagem você mais gosta?
Luiz: O McQueen.
Pesquisadora: Com quem você assiste?
Luiz: Com meu pai ou só.
34
Luiz afirmou ter desenhado o momento em que o McQueen estava
participando de uma corrida e ele conseguiu chegar em primeiro lugar, porque
ele sempre foi o campeão, seu discurso afirma uma característica comum entre
as crianças que seria o desejo de ser sempre o vencedor em competições.
Como dito, em seu desenho, Luiz fez alusão a um momento muito
comum na série, as cenas de competição entre os carros (observem os carros
competidores e a pista de corrida). Em tons de vermelho, o aluno representou o
seu personagem preferido, o McQueen, justificando a preferência em relação à
cor vermelha. Ele costuma pintar e desenhar com essa cor, não se sabe ao
certo o que justifica a fixação do aluno por esta cor, mas vejamos o que Freitas
(2007) nos fala a respeito:
Cores como o vermelho e o laranja, por exemplo, despertam
nas crianças a espontaneidade, efervescência e imaginação.
(...) Este fenômeno acontece devido às sensações afetivas que
essas cores transmitem. Além das já citadas, elas também
exprimem energia, ação, prazer, alegria, senso de humor e
euforia, provocando nas crianças o sonho de satisfação do
desejo. (FREITAS, 2007, p.17)
Pensando por este ângulo, a escolha pela cor do personagem Relâmpago
McQueen aparenta ser proposital para que as crianças voltem seu olhar para o
carro mais veloz do desenho, impulsionando nas crianças um misto de
entusiasmo, euforia e desejo para que o personagem seja o vencedor, o
melhor dos melhores!
35
3.1.5. As Tartarugas Ninja
As tartarugas Ninja é uma série de desenho produzida por Kevin Eastman e
Peter Laird pela produtora Mirage Studios. Sua primeira aparição foi em maio
de 1984.Trata-se de um grupo com 4 tartarugas antropomórficas a quem foi
lhes dado o nome de quatro artistas italianos do Renascimento e treinadas na
arte do ninjutsu por um rato sensei antropomórfico. Seus personagens
principais são: Leonardo (Leo), Donatello (Don ou Donie), Raphael (Raph),
Michelangelo (Mikey), April O’Neil, Casey Jones, Mestre Splinter, Destruidor,
Karai.
Em relação a esse desenho, temos a produção de Geovane:
Geovane (5 anos), desenho preferido: As Tartarugas Ninja
Geovane (5 anos – produzido em: 25/11/16)
36
Pesquisadora: Qual o personagem que você mais gosta neste desenho?
Geovane: Todos.
Pesquisadora: O que você aprendeu assistindo As Tartarugas Ninjas?
Geovane: Eles são tartarugas, mas não se escondem no casco.
Pesquisadora: Por que será que essas tartarugas não se escondem no casco?
Geovane: É porque elas são só um desenho mesmo.
Pesquisadora: O que elas fazem no desenho?
Geovane: Elas lutam.
Pesquisadora: O que você aprendeu de legal?
Geovane: Eles lutando.
Pesquisadora: Por que você acha isso legal?
Geovane: É que eles vencem sempre.
Pesquisadora: Com quem você assiste?
Geovane: Com meu pai e minha irmã.
Geovane representou muito bem as quatro tartarugas em seu desenho.
Ele sabia exatamente as cores de cada personagem e as suas indumentárias,
lembrando, inclusive, de suas faixas no rosto. Em sua fala, o sujeito expressou
o enredo do desenho, pois de fato o contexto da série baseia-se nas tartarugas
lutando para combater o mal e, no final, vencer.
Vale destacar que na escola campo de pesquisa, durante o ano letivo
em que foi desenvolvida a intervenção (2016), o tema integrador foi Respeito à
Biodiversidade Marinha. E no primeiro semestre, a turma de nossos sujeitos
estudou sobre os animais marinhos, inclusive sobre as tartarugas. Presumimos
que seja em função desse contexto que o aluno achou interessante o fato de
as tartarugas do desenho não se esconderem em seu casco, aspecto comum
deste tipo de animal. Contudo, a fala do aluno nos leva a perceber o seu
discernimento sobre o desenho animado como ficção em comparação com a
tartaruga enquanto animal, ou seja, o aluno já revela indícios diferenciação
entre ficção e realidade.
Outro momento interessante de sua fala foi quando Geovane disse que
acha legal as tartarugas lutarem porque elas vencem sempre. Possivelmente,
isso reflete uma expressão de desejo do aluno em querer sempre vencer,
expressão de aspecto característico de animações com heróis para meninos:
37
força, poder e vitória. Relacionado a este fato Barbosa e Gomes (2013)
afirmam:
A criança usa o adulto ou o herói como algo a ser alcançado ou
enfrentado, transgredindo situações que gostaria de enfrentar
ou se aproximar, mas que não pode por ainda ser criança. No
entanto, em sua imaginação e com o apoio do desenho
animado, ela pode fantasiar diferentes contextos com o seu
personagem preferido, transformando-o em uma espécie de
combustível para dar vigor às suas brincadeiras (BARBOSA e
GOMES, 2013, p. 338)
Em suas atividades no cotidiano da escola, Geovane demonstra atitudes de
competitividade entre ele e seus colegas, seja nas brincadeiras de luta ou até
mesmo em criar uma competição para ver quem termina a tarefa primeiro.
Provavelmente, enquanto assiste As Tartarugas Ninja, Geovane adentra no
enredo da animação à medida que envolve seus sentimentos no contexto do
desenho e exercita seu imaginário.
3.1.6. Power Rangers
Tendo como criadores Haim Saban e Shuki Levy, Os Power Rangers é uma
série estadunidense que teve como data de sua primeira transmissão em 28
de agosto de 1993. A série de TV mostra um grupo de heróis que se unem
para combater o crime, vestindo trajes iguais, porém de cores diferentes. Cada
temporada contava com personagens diferentes, sendo sempre os Rangers
Vermelho, Verde, Azul, Amarelo, Rosa e Preto como destaques.
38
Sobre esse desenho, temos as produções de Junior:
Junior (5 anos – produzido em: 25/11/16)
Pesquisadora: O que você mais gosta no desenho?
Junior: Gosto quando eles lutam e combatem o mal.
Pesquisadora: Que atitudes legais você aprendeu?
Junior: Que o bem sempre vence no final.
Pesquisadora: Qual o personagem que você mais gosta?
Junior: O ranger vermelho porque ele é o líder.
Pesquisadora: Com quem você assiste?
Junior: Só com o meu pai.
Junior desenhou uma cena recorrente na série, em que os Rangers
combatem o mal lutando, geralmente, na cidade, com prédios e casas ao redor.
O aluno desenhou os três Rangers que, em sua visão, ganham mais destaque
(Rangers Vermelho, Amarelo e Azul). O menino ainda descreveu em poucas
palavras o enredo que gira em torno da série: heróis lutando para combater o
mal, seguindo instruções de um líder (neste caso o Ranger Vermelho) e
vencendo no final.
39
O aluno brinca muito de luta na escola e sabemos que os desenhos tem
o poder de influenciar nas atitudes das crianças, muitas vezes Junior faz de
conta que é um vilão, enquanto dá o papel de mocinhos para os amigos.
Algumas de suas atitudes são bem agressivas. O aluno também costuma levar
armas de brinquedo ou, quando não leva, constrói armas com LEGO (peças de
plástico que se encaixam umas nas outras e que formam combinações
diferentes). São comportamentos que reproduzem relações de poder e
agressividade em nome do bem, típico da produção de brinquedos e desenhos
animados direcionados aos meninos.
Diante dessa particularidade é interessante observar o que dizem
Nunes, Figueiredo, Barba e Emmel (2013, p. 277):
[...] as crianças, assim como os adultos, organizam o seu
cotidiano a partir do engajamento em atividades comuns, como
o sono, atividades de vida diária, educação, cuidados com a
saúde e atividades sociais, lazer e brincar [...] Tais atividades, a
forma como cada criança aprende a processá-las, os
ambientes que frequenta, os tipos de relações que estabelece
com outras pessoas (adultos e outras crianças) ao
desempenhá-las, as habilidades que vai aperfeiçoando nesse
processo vão cunhando a personalidade impar de cada
criança, suas preferências pessoais, suas formas de ver o
mundo e, consequentemente, seu desenvolvimento.
Olhando mais especificamente para o lazer e o ato de brincar
mencionados pelos autores e relacionando-os ao aluno em questão é possível
notar que Júnior desenvolve sua brincadeira assumindo por sua preferência o
papel de vilão e atribuindo os demais papeis aos colegas em resposta das
relações que estabelecem uns com os outros. Como dito, sua personalidade
vai se constituindo através daquilo que recebe do meio no qual está inserido e,
neste caso, sua visão de mundo muitas vezes é influenciada pelas
programações que assiste na TV.
40
3.1.7. Patrulha Canina
Patrulha Canina
Produzida por Keith Chapman no Canadá no ano de 2013, PAW Patrol
(Patrulha Canina no Brasil) é uma série de ação e aventura estrelada por seis
filhotes heróicos, que são liderados por um menino de 10 anos de idade
chamado Ryder. Com uma mistura única de habilidades para resolver
problemas, veículos legais e muito bom humor canino, a PAW Patrol trabalha
em conjunto em missões arriscadas de resgate e para proteger a comunidade.
Seus personagens centrais são: Ryder, Marshall, Rubble, Chease, Rocky,
Zuma, Skye, Capitão Rodovalho, Everest, Tracker, Perfeita Goodway, Katie,
Alex Porter, François Rodovalho, Jake, Fazendeira Yumi, Fazendeiro Al, Sr.
Porter, Wally, Carlos.
Como último desenho, temos Patrulha Canina, apreciado por Higor:
41
Higor (4 anos – produzido em: 25/11/16)
Pesquisadora: O que você aprendeu assistindo o desenho?
Higor: Fazer muitos amigos e salvar quem quer ajuda.
Pesquisadora: Qual o personagem que você mais gosta?
Higor: O Shase.
Pesquisadora: Por que você gosta desse personagem?
Higor: Porque ele é azul e minha cor favorita é azul.
Pesquisadora: Com quem você costuma assistir?
Higor: Sozinho.
Higor desenhou os personagens que tem mais destaque na série e os
pintou com suas respectivas cores. O impacto deste desenho é muito forte em
Higor, que possui todos os personagens de brinquedo do desenho, inclusive
sua mochila é com o tema “Patrulha canina”. Em suas brincadeiras,
observamos que ele costuma brincar de faz de conta com alguns colegas e
imagina ser algum personagem do desenho (provavelmente o Shase). Sobre o
ato de brincar, Vergnhanini (2011) elucida que:
A brincadeira, portanto, é o verdadeiro impulso da criatividade.
Não existe adulto criativo sem criança que brinque. Dessa
forma, o brincar torna-se necessidade básica da criança, é
essencial para um bom desenvolvimento motor, social,
emocional e cognitivo. (VERGNHANINI, 2011, p.31)
42
Ilustrando este impulso de criatividade citado pelo autor, daremos como
exemplo as brincadeiras do aluno Higor, que mesmo quando brinca sozinho,
consegue estabelecer interações entre ele e seus personagens de brinquedo
do desenho Patrulha Canina. Brincar sozinho nunca foi problema para ele, este
prefere interagir com seus brinquedos a ter que participar das brincadeiras de
luta que seus colegas protagonizam.
Com relação aos traços dos seus desenhos é perceptível que o aluno
ainda não consegue se atentar aos detalhes dos personagens, como por
exemplo, neste desenho que ele retratou os cães, ainda não vemos
características marcantes do animal (orelhas, rabo, focinho, etc). Todos os
desenhos que Higor faz são neste formato, independente de serem animais ou
pessoas.
3.2. Sentidos infantis atribuídos aos desenhos animados
No intuito de refletir sobre os desenhos e as respostas das crianças na
conversa individual, de modo a desvelar possíveis sentidos sobre a relação
entre educação, criança e desenhos animados, retomamos as questões
centrais do estudo: O que as crianças aprendem ao assistir os desenhos
animados? Quais os seus personagens preferidos? Com quem assistem os
desenhos animados? Para cada uma dessas questões estruturamos um
quadro, cuja análise do conteúdo será nosso foco nesse tópico do trabalho
monográfico.
3.2.1. O que as crianças aprendem com os desenhos animados?
O quadro a seguir apresenta como conteúdo temático os aprendizados
que as crianças indicaram em relação à exibição dos seus desenhos
preferidos:
Sujeito aprendiz
Desenho Animado O que aprendem?
Aline Barbie Fazer comida e limpar banheiro.
Ingrid Barbie A ser colega de todo mundo
43
Janaina Barbie A elogiar as pessoas
Luana Jake e os Piratas da
Terra do Nunca
Aprendi que a menina devia devolver o tesouro ao pirata porque era dele primeiro.
Carol Jake e os Piratas da
Terra do Nunca
Que não é bom pegar as coisas de
outras pessoas.
Leonardo Titio Avô Sobre fazer perguntas [...] Ele faz
perguntas e depois descobre as
coisas.
Luiz Carros Eu aprendi que ele corre muito.
[...]
Ele é amigo dos outros e ajuda
salvando e construindo os carros
que se destruíram.
Geovane As tartarugas Ninja Eles são tartarugas, mas não se
escondem no casco. [...]É porque
elas são só um desenho mesmo.
[...] Eles lutando [...] É que eles
vencem sempre.
Junior Power Rangers Gosto quando eles lutam e
combatem o mal [...] Que o bem
sempre vence no final.
Higor Patrulha Canina Fazer muitas amizades e salvar
quem quer ajuda.
As cinco meninas do estudo se dividiram em dois desenhos (Barbie e
Jake e os Piratas da Terra do Nunca). Inicialmente, acreditávamos que o
desenho da Barbie seria o mais indicado por todas as meninas, pelo fato de
grande parte das meninas da turma consumir os produtos com essa marca,
como: mochilas, brinquedos, material escolar, etc. Com relação ao segundo
desenho – Jake e os Piratas da Terra do Nunca, constatamos que além do
desenho animado, existe um jogo online que algumas meninas costumam
recorrer em suas atividades livres.
Já os cinco meninos, elegeram desenhos e animações diferentes entre
si, porém, em sua maioria, abordam aspectos relacionados a estereótipos
masculinos: ação, aventura, força e poder. Todos os desenhos, com exceção
de Titio Avô, estão presentes no cotidiano dos alunos da turma, podendo ser
vistos em seus materiais escolares.
44
Num contexto geral, vemos que a turma elegeu como favoritos desenhos
animados e animações mais atuais que são ricos em formas gráficas modernas
e chamativas, notamos a partir disto o quão grande foi o avanço tecnológico e
atrelada a ele, estão presentes as estratégias de marketing que a cada dia que
passa se encontram mais apelativas para manter o telespectador sentado em
frente a tevê o máximo de tempo possível.
A turma, sobretudo os meninos, apesar da pouca idade, já vem
construindo uma opinião sobre desenhos animados que eles acreditam ser “de
meninas” e desenhos que são “de meninos”. Esta diferenciação também se faz
presente na hora de outras atividades, como as de colorir, em que os meninos
demonstram rejeição pela cor rosa.
As crianças da pesquisa também demonstram relacionar aquilo que
veem nos seus desenhos animados favoritos com as suas atitudes e
comportamentos diários, reproduzindo comportamentos, ações e até mesmo
falas. Silva Júnior e Trevisol (2009, p. 5046, 5047) afirmam que:
A criança é receptiva das mensagens veiculadas na TV, elas as recria de acordo com suas experiências, um processo de trocas de conhecimentos. Ela incorpora o que vê e ouve de maneira criativa, retirando o que possui algum sentido e/ou significado para ela, naquele momento.
Atentemo-nos para a seriedade desta fala, as crianças encontram-se
numa fase de pleno aprendizado, onde todos os dias aprendem coisas novas
seja na escola, em casa, na rua, em qualquer ambiente, agora vamos imaginar
a infinidade de coisas que passa na televisão e refletir sobre o que nossas
crianças estão aprendendo na posição de telespectador. Estas crianças não
são meros ouvintes, elas reproduzem constantemente aquilo que veem e que
acham engraçado, chamativo e apelativo aos seus olhos curiosos.
Ao permitir que a criança assista algo na TV, nós adultos e responsáveis
devemos sempre estar presente e se possível usar este veículo como
ferramenta educativa cabendo tal atitude tanto ao meio escolar quanto ao meio
familiar. O desenho animado é uma das programações que mais prendem a
atenção das crianças e por um grande espaço de tempo, infelizmente muitos
adultos usam a TV como uma espécie de “babá eletrônica” para manter suas
45
crianças entretidas por mais tempo, dessa maneira, aquela ferramenta que
poderia ser usada como ferramenta pedagógica, está servindo apenas como
passatempo para preencher um momento ocioso das crianças.
3.2.2. Personagens que mais apreciam
Sujeito
aprendiz
Desenho
Animado
Personagens
preferidos
Motivo
Aline Barbie Stacie Ela sempre sai com as amigas.
Ingrid Barbie - -
Janaina Barbie A Barbie. Ela é bonita.
Luana Jake e os Piratas
da Terra do
Nunca
Jake Aprendi que a menina devia
devolver o tesouro ao pirata
porque era dele primeiro.
Carol Jake e os Piratas
da Terra do
Nunca
Essa menina
que eu
esqueci o
nome.
-
Leonardo Titio Avô Titio Avô. Porque ele faz careta.
Luiz Carros O McQueen. Ele é um carro na minha cor
preferida.
Geovane As tartarugas
Ninja
Todos. É que eles vencem sempre.
Junior Power Rangers O ranger
vermelho
porque ele é o
líder.
[...] porque ele é o líder
Higor Patrulha Canina O Shase. Porque ele é azul e minha cor
favorita é azul.
As meninas que elegeram como favorita a personagem Barbie
provavelmente se identificaram com ela por esta ser feminina, bonita, por ser
uma espécie de líder (pelo fato de ser a personagem central da série) e por
vivenciar em seu dia a dia atitudes que as meninas gostariam de fazer, como
sair pra passear, comprar coisas, ter um namorado bonito, ter muitas amigas e
lógico, por ser popular.
Luana, que elegeu o Jake como seu personagem favorito
provavelmente se justifica pelo fato também deste ser o principal da série e por
46
ser o mocinho da história. A aluna gosta de vivenciar situações como as do
Jake, ela gosta de ter destaque nas brincadeiras que vivencia na escola com
seus amigos, ao contrário da aluna Carol que elegeu como personagem
favorito uma sereia, não é sempre que ela aparece na série, mas ela é mais
feminina e sensível se comparada ao personagem da pirata. A sereia usa
adereços delicados, tem o cabelo solto, uma flor no cabelo e tem uma grande
cauda verde, a aluna também possui características semelhantes, ela também
é muito delicada, tímida e doce com todos os colegas e professoras.
O aluno que elegeu o Titio Avô como personagem favorito justificou
que é pelo fato deste fazer caretas, característica que muito se assemelha ao
aluno, pois ele é uma criança muito agitada e gosta de fazer brincadeiras com
todos os seus colegas da turma. O personagem tem atitudes um tanto quanto
malucas e essa característica deve ter chamado a atenção do Leonardo, por
ele achar engraçado. Há nessa seleção do desenho animado o aspecto lúdico
e brincante que o personagem titio avô expressa. Não podemos esquecer que
o lúdico faz parte da infância. “Titio Avô é uma ‘entidade mágica’ que vaga por
aí ajudando as pessoas e seus conflitos internos. Ele é o ‘Titio Avô’ de todas as
pessoas do mundo” (MACHUCA, 2014).
Luiz citou o McQueen como personagem preferido talvez por este
ser na cor vermelha. É muito interessante a preferência que o aluno tem pela
cor vermelha, logo no início do ano a professor havia observado que ele
sempre mantinha o costume de colorir suas atividades tendo o vermelho como
cor predominante.
Geovane preferiu todas as tartarugas, talvez pelo fato de que não
tem uma tartaruga que exerça um papel forte como líder, todas são
personagens com grande destaque na série, ele justificou que seria pelo fato
delas sempre vencerem. Acredito que por ele criar expectativas de que o bem
sempre vai vencer o mal e por ter suas expectativas alcançadas, ele nota que
os personagens venceram em conjunto, um ajudando o outro e por este motivo
ele gosta de todas.
O aluno Junior deixa bem claro sua preferência pelo Ranger Vermelho
como favorito, ele é o líder, o que tem mais voz dentre os Rangers e isso
chama atenção do aluno que é uma criança que gosta de protagonizar
brincadeiras de aventura. O fato de ele ser um dos alunos mais altos da turma
47
o faz se sentir como o ditador das brincadeiras, sugerindo aos colegas do que
irão brincar e quase sempre se tratam de brincadeiras de luta.
Higor retrata mais um caso de eleger seu personagem preferido
relacionando à sua cor preferida. O Shase é um personagem que gosta de
ajudar quem precisa e na série ele e seus amigos protagonizam atitudes
positivas. O aluno gosta de situações de aventura, mas não participa muito das
brincadeiras de luta com os demais, talvez por ser um dos mais novos da sala
ele não se sinta tão a vontade com os maiores.
O que podemos notar na maioria dos casos é que claramente as
crianças elegeram como personagens favoritos àqueles que desenvolvem um
papel de maior destaque, sendo o personagem principal ou sendo o líder entre
os personagens principais. As mensagens que estes personagens transmitem
são reproduzidas pelas crianças em seu cotidiano tanto na escola com os
colegas e professores, como em casa no ambiente familiar.
3.2.3. Com quem compartilham a exibição dos desenhos animados
Sujeito
aprendiz
Desenho
Animado
Com quem assistem?
Aline Barbie Eu assisto sozinha.
Ingrid Barbie Com minha irmã.
Janaina Barbie Com minha irmã e minha mãe.
Luana Jake e os Piratas
da Terra do
Nunca
Eu assistia com minha mãe, mas ela foi pra
outra casa.
Carol Jake e os Piratas
da Terra do
Nunca
Com minha mãe e minha avó.
Leonardo Titio Avô Com mamãe ou papai ou só.
Luiz Carros Com meu pai ou só.
Geovane As tartarugas
Ninja
Com meu pai e minha irmã.
Junior Power Rangers Só com o meu pai.
Higor Patrulha Canina Sozinho.
A cultura midiática possui um papel de suma importância na
educação das crianças, esta é capaz de transmitir aprendizagens e valores
48
culturais relevantes ao desenvolvimento intelectual infantil, sobretudo nos dias
atuais onde ela se faz cada vez mais presente no cotidiano das crianças. Para
promover esse momento de aprendizagem se faz necessário a presença de um
mediador competente para conduzir e transmitir os ensinamentos que se
encontram, neste caso, nos desenhos animados.
Parte das crianças desta pesquisa respondeu que assistem a seus
desenhos animados favoritos ao lado de um adulto, outra parte respondeu que
assistem sozinhas ou com seu/sua irmã (no caso destas crianças, nenhuma
possui irmãos maiores de idade). Como já dito anteriormente, sabemos o quão
importante é a interação da criança com um par mais experiente, pois há um
leque enorme de opções no que se refere à programações na televisão. Sobre
essa participação de um responsável junto à criança, observamos a fala de
Fernandes e Oswaldo (2005):
As crianças constituem-se, a partir de suas preferências pelos
desenhos, em comunidades interpretativas, e cabe a nós poder
colocar nosso pé dentro dessa comunidade para poder
entender e construir com ela o sentido dos desenhos, para que
sejamos participantes desse espaço e não invasores
(FERNANDES e OSWALDO, 2005, p.38).
O que objetivamos transmitir a partir desta fala é que as crianças
interpretam sozinhas os desenhos que assistem. Cabe a nós, enquanto
educadores, a incumbência de adentrar no mundo delas, a fim de compreender
com sensibilidade o imaginário infantil, fazendo intervenções positivas ao invés
de participarmos como invasores e ditadores de comportamento, impondo
como elas devem ou não devem se portar perante àquilo que assistem.
49
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O DESFECHO DE NOSSO
STORYBOARD
O presente estudo reafirma um fato visível entre as crianças, estas passam
uma considerável parte de seu tempo em frente à televisão sendo
constantemente bombardeadas com uma série de informações a serem
processadas e internalizadas por elas.
Não podemos mais fechar os olhos perante a revolução tecnológica em
nossa sociedade, esta está promovendo um impacto muito grande e
significativo em nossas crianças que interfere diretamente no cotidiano de cada
uma.
Mesmo que a atividade de intervenção tenha ocorrido num espaço de
tempo relativamente curto, a aproximação que tivemos com os sujeitos da
pesquisa, bem como o contato com suas falas e obras, permitiram adentrar na
construção do imaginário de cada um. E por falar em imaginário, fica claro que
o ato de pensar das crianças, apesar de semelhantes, se apresentam de
formas peculiares quando expressados oral e graficamente.
Apesar do grande leque de desenhos animados educativos,
notamos neste estudo que grande parte dos meninos preferem desenhos
animados que incluam cenas de aventura, lutas, competições e artes marciais,
ricos em efeitos sonoros e imagens conflituosas e impactantes. Já as meninas,
em sua maioria, volta a sua atenção para desenhos que abordam temas do
universo feminino, com personagens delicados e com visuais atrativos dentro
de um mundo cor de rosa.
As crianças assumem uma postura perante aquilo que veem e a
medida que elas se identificam com uma animação em específico, elegendo-a
como preferida, elas começam a exercer um olhar mais minucioso às cenas e
aos personagens, buscando uma afinidade maior com um personagem em
particular (geralmente personagens principais) a fim de reproduzir atitudes
semelhantes e usá-las em seu meio social.
No contexto escolar, percebemos que não dá mais para o professor
não fazer uso das tecnologias em sala de aula. Entendemos que, ao planejar,
os professores poderiam traçar projetos que contemplem um espaço dedicado
50
para a abordagem dos desenhos animados e animações como ferramenta
pedagógica, a fim de ilustrar determinados conceitos presentes no currículo
escolar. Os desenhos passam então a representar uma ferramenta estratégica
capaz de auxiliar no processo de ensino e aprendizagem dos nossos
aprendizes.
51
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Raquel Firmino Magalhães; GOMES, Cleomar Ferreira. Os super-
heróis em ação – podem os desenhos animados sugerirem uma orientação
estética lúdico-agressiva? Revista Eletrônica de Educação. São Carlos, SP:
UFSCar, v. 7, no. 1, p. 326-346, mai. 2013. Disponível em
http://www.reveduc.ufscar.br.
BOGDAN, Roberto C.; BIKLEN, Sari Knopp. Investigação qualitativa em
educação. Tradução Maria João Alvarez, Sara Bahia dos Santos e Telmo
Mourinho Baptista. Porto: Porto Editora, 1994.
CABRAL, M. A. P. O Desenho Animado e a Criança como num Sonho de Ícaro.
2005. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
DUARTE, R. M.; LEITE, C. R. ; MIGLIORA, R. . Crianças e televisão: o que
elas pensam sobre o que aprendem com a tevê. Revista Brasileira de
Educação (Impresso), v. 11, p. 497-509, 2006.
FERNANDES, Adriana Hoffmann (2003): “As mediações na produção de
sentidos das crianças sobre os desenhos animados”. Dissertação (Mestrado
em educação) – Programa de Pós-graduação PUC-Rio, Rio de Janeiro. ana
hoffman.zip. 1 arquivo (2824 Kb). Adobe Acrobat.
FERNANDES, Adriana Hoffmann; OSWALD, Maria Luíza Bastos Magalhães. A
recepção dos desenhos animados da TV e as relações entre a criança e o
adulto: desencontros e encontros. Cad. CEDES, Campinas , v. 25, n. 65, p.
25-41, Apr. 2005 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
32622005000100003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 18/03/20017.
FREITAS, Ana Karina Miranda de. Psicodinâmica das cores em comunicação.
NUCOM, ano 4, no. 12, outubro-dezembro, 2007. Disponível em:
<http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Cor/psicodinamica_das_cores_em_comun
icacao.pdf >. Acesso em: 18/03/2017.
FURQUIM, Fernanda. Uma Breve História da Animação na TV. REVISTA TV
SÉRIES. Fev. 2010. Disponível em:
52
http://revistatvseries.blogspot.com.br/2010/02/uma-brevehistoria-da-animacao-
na-tv.html Acesso em: 22 de fevereiro de 2017.
GOMES, Andréia Prieto. História da animação brasileira. Universidade do
Estado do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 2008. Disponível em:
<http://www.cenacine.com.br/wpcontent/uploads/historia-da-animacao-
brasileira1.pdf>. Acesso em: 19 mar. 2017.
MACHUCA, Thiago. Titio Avô é mais um desenho surreal do CN! Acesso:
http://www.portallos.com.br/2014/01/27/titio-avo-e-mais-um-desenho-surreal-
do-cn/
MEDEIROS, Rosana Fachel de ; PILLAR, A. D. . A interação de linguagens no
desenho animado Bob Esponja: leitura, televisão e infância. In: XVII Salão de
Iniciação Científica da UFRGS, 2006, Porto Alegre. Resumos - XVIII Salão de
Iniciação Científica da UFRGS. Porto Alegre, 2006.
MOURA, A. – O papel da curiosidade e da pergunta na construção do
conhecimento – série – Formação Pedagógica 01- outubro 1998
NUNES, F.; FIGUEIREDO, M.; DELLA BARBA, P. C. S.; EMMEL, M. L. G.
Retratos do cotidiano de meninos de cinco e seis anos: a atividade de brincar.
Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 21, n. 2, p. 275-287, 2013.
POSTIC, Marcel. Para uma estratégia pedagógica do sucesso escolar.
Tradução Maria Isabel Lopes. Porto: Editora Porto, 1995. Colecção Ciências da
Educação. p 9-25
SILVA JÚNIOR, A. G.; TREVISOL, M. T. C. Os desenhos animados como
ferramenta pedagógica para o desenvolvimento da moralidade. IX Congresso
Nacional de Educação – EDUCERE; III Encontro Sul Brasileiro de
Psicopedagogia, 2009. Disponível em:
http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/3137_1761.pdf.
Acesso em: 5 de maio de 2017.
VERGNHANINI, Natália Silva, 1989- V587q Quero brincar: a brincadeira e o
desenvolvimento infantil / Natália Silva Vergnhanini. – Campinas, SP: [s.n.],
2011
VYGOTSKI, Lev Semenovitch. A formação social da mente. Psicologia, v. 153,
p. V631, 1989.
53
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE EDUCAÇÃO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você e seu (sua) filho (a) estão convidados a participarem como voluntários em
uma pesquisa. Após ser esclarecido sobre as informações a seguir, no caso de
permitir que seu filho participe da pesquisa e de fazer parte do estudo, assine
ao final deste documento na linha correspondente sua confirmação.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA
Título inicial do projeto: EDUCAÇÃO, INFÂNCIA E DESENHOS
ANIMADOS.
Pesquisador Responsável: Iasmim Bezerra Soares – Graduanda em
Pedagogia pela UFRN.
Contato: (84) 99818-2783
Esta monografia tem por objetivo, observar, descrever e analisar a
recepção das crianças a seus desenhos animados favoritos e as
relações que estas fazem com seu cotidiano.
A pesquisa envolverá:
Roda de conversa com as crianças em dois momentos e deverão acontecer em
sala de aula. No primeiro momento visando introduzir o conceito de desenho
animado educativo e em seguida obter dados relativos a seus desenhos
preferidos. No segundo momento, depois da sondagem coletiva, as crianças
serão abordadas individualmente. Ao final, será solicitado que a criança
represente em forma de desenho qual é seu desenho animado favorito.
Obs: A identidade do seu filho será preservada e este será referido por nome
fictício.
__________________________________
Iasmim Bezerra Soares
54
CONSENTIMENTO DE SUA PARTICIPAÇÃO E DE SEU(SUA)
FILHO(A) COMO SUJEITOS
Fui devidamente informado(a) e esclarecido(a) pela pesquisadora sobre
a pesquisa e os procedimentos nela envolvidos.
Eu, ____________________________________________________
( ) Autorizo
( )Não autorizo
A criança ________________________________________________, a
participar desta pesquisa.