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CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL CURSO DE DIREITO EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DA REABILITAÇÃO (ARTS 91 A 95 CP) DIREITO PENAL II

Efeitos Da Condenação e Da Reabilitação

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EFEITOS DA CONDENAO E DA REABILITAO

CENTRO UNIVERSITRIO GERALDO DI BIASE

FUNDAO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL

CURSO DE DIREITO

EFEITOS DA CONDENAO E DA REABILITAO (ARTS 91 A 95 CP)DIREITO PENAL IIVolta Redonda, 2009CENTRO UNIVERSITRIO GERALDO DI BIASE

FUNDAO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL

EFEITOS DA CONDENAO E DA REABILITAODIREITO PENAL IITrabalho elaborado por Vanessa Mattos, do 4 perodo do Curso de Direito, para a disciplina de Direito Penal II, sob a orientao do Professor(a) Andr Machado, como critrio de nota parcial do 2 bimestre.

Volta Redonda, 2009SUMRIO

Efeitos genricos da Condenao...........................................4

Efeitos especficos da condenao.........................................5

Efeitos da Reabilitao............................................................6

Revogao da reabilitao......................................................8

Bibliografia...............................................................................9Efeitos da condenao e da reabilitao (arts. 91 a 95 CP A sentena penal condenatria produz, como efeito principal, a imposio da sano penal ao condenado, ou, se inimputvel, a aplicao da medida de segurana. Contudo, produz, tambm, efeitos secundrios, de natureza penal e extrapenal.

Os efeitos penais secundrios encontram-se espalhados por diversos dispositivos no CP, no CPP e na Lei de Execuo Penal, tais como a revogao do sursis e do livramento condicional, a caracterizao da reincidncia no caso de cometimento de novo crime, a impossibilidade de benefcios em diversos crimes (art.155, 2, 171, 1), inscrio no rol dos culpados, etc.

Os efeitos extrapenais secundrios esto dispostos nos arts. 91 (efeitos genricos) e 92 (efeitos especficos) do CP.

Os efeitos genricos decorrem da prpria natureza da sentena condenatria, abrangem todos os crimes e no dependem de pronunciamento judicial (so automticos); j os efeitos especficos limitam-se a alguns crimes, dependendo de pronunciamento judicial a respeito, e no se confundem com as penas de interdio temporria de direitos, visto que estas so sanes penais, substituindo a pena privativa de liberdade pelo tempo de sua durao, enquanto aqueles so conseqncias reflexas do crime, permanentes e de natureza extrapenal.CONDENAOEfeitos Genricos (art. 91):

a) tornar certa a obrigao de indenizar o dano causado pelo crime: a sentena penal condenatria vale como ttulo executivo judicial (CPC, art. 584, II). Dispe o CPP, art. 63, que transitada em julgado a sentena condenatria, podero promover a execuo, no juzo cvel, para efeito de reparao do dano, o ofendido, seu representante legal e seus herdeiros. Assim, no juzo Cvel, no precisar o interessado obrigado a comprovar, autoria, materialidade e ilicitude. Pode a vtima partir diretamente para a execuo, que dever ser movida contra a pessoa que figura no ttulo, na sentena (em outras palavras, o Ru na ao criminal). O responsvel civil que no consta do ttulo (que no foi condenado no processo crime) no poder ser executado, sendo necessria uma ao de conhecimento anterior; se ela no quiser aguardar o desfecho da ao penal, pode ajuizar uma ao civil ex delicto, sendo que, por se tratar de obrigao de indenizar, transmite-se aos herdeiros do agente, at as foras da herana; de ver-se que uma sentena absolutria no impede a ao civil ex delicto, desde que no baseada em inexistncia do fato, negativa de autoria ou que o agente atuou sob o manto de uma excludente de ilicitude;

b) perda em favor da Unio, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-f: neste caso, o Estado visa evitar que instrumentos cujo fabrico, alienao, uso, porte ou deteno constitua fato ilcito fiquem na posse do condenado. Assim como efeito automtico da condenao, esses bens sero confiscados (e o lesado ou terceiro de boa f devero ter autorizao especial para poderem ficar com tais instrumentos ex: colecionador de armas de guerra). Neste caso, no so confiscados instrumentos que eventualmente foram utilizados para a prtica do delito, mas somente aqueles que, por sua natureza, tem destinao especfica criminosa ou aquelas cujo porte, por exemplo seja proibido dos produtos ou proveitos do crime, ressalvado o direito de lesado e terceiro de boa-f. Visa impedir que o agente tenha proveito com o crime. Deste modo tudo aquilo que o agente, direta ou indiretamente, tenha obtido em decorrncia da prtica do crime, dever ser, em princpio, restitudo ao lesado ou ao terceiro de boa-f, s se operando o confisco em favor da Unio do valor que vier a sobrar, ou quando inexistir lesado ou terceiro de boa-f.

Este confisco somente se aplica aos crimes e prescreve com a condenao, mas no suspenso com a concesso do sursis. A pena restritiva de direito de perdimento de bens, acrescida pela Lei 9.714/98 tem preferncia, pois se trata de pena, efeito principal da condenao.

Efeitos especficosOs efeitos especficos no so automticos, devendo ser motivadamente impostos na sentena. So efeitos especficos da condenao (art. 92 CP):

I) perda do cargo, funo pblica ou mandato eletivo: aplica-se aos crimes que o funcionrio pblico tenha cometido com violao de dever se a condenao:

quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violao de dever para com a Administrao Pblica.quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos nos demais casos (por qualquer outro crime; a perda refere-se apenas quele cargo/ funo/atividade em que houve o abuso, podendo o condenado ser investido em outro)II) incapacidade para o exerccio do ptrio poder, tutela, curatela, nos crimes dolosos, sujeitos pena de recluso, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado: tal incapacidade poder ser eliminada pela reabilitao, contudo esta somente atinge os outros filhos, tutelados ou curatelados, no se estendendo quele contra o qual o crime foi cometido;

III) inabilitao para dirigir veculo utilizado para a prtica de crime doloso: no se confunde com a proibio temporria aplicvel aos autores de crimes culposos de trnsito, que pena restritiva (art. 43, III, CP). Pode atingir inclusive quem no tenha habilitao; pode tal efeito ser eliminado com a reabilitao.

EFEITOS DA REABILITAO

Segundo Cezar Bitencourt, trata-se de medida de poltica criminal que objetiva restaurar a dignidade pessoal e facilitar a reintegrao do condenado comunidade, que j deu mostras de sua aptido para exercer livremente a sua cidadania. Declara-se judicialmente que esto cumpridas ou extintas as penas impostas ao sentenciado, garantindo o sigilo dos registros sobre o processo. tambm causa de suspenso condicional dos efeitos secundrios especficos da condenao.

Diz o pargrafo nico do art. 94 que, se a reabilitao for negada, poder ser requerida a qualquer tempo, desde que instrudo com novas provas dos requisitos necessrios.PRESSUPOSTOS E REQUISITOS NECESSRIOSOs pressupostos para que o pedido de reabilitao seja aceito so condenao irrecorrvel e decurso de tempo de dois anos a partir do dia em que foi extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execuo; nota-se que deve ser computado o perodo de prova do sursis e o do livramento condicional, se no sobrevier revogao (art. 94 CP, caput).

Ainda, so necessrios os requisitos previstos nos incisos do referido art. 94, quais sejam que o interessado tenha domiclio no pas durante o prazo acima referido; que tenha dado, durante esse perodo, demonstrao efetiva e constante de bom comportamento pblico e privado, no apenas durante os dois anos subseqentes extino ou cumprimento da pena, mas tambm durante todo o perodo que antecede a reabilitao; que tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de faz-lo, at o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renncia da vtima ou novao da dvida. Entende Mirabete que a prescrio civil da dvida tambm permite a reabilitao, mesmo sem a efetiva reparao do dano.

O juzo competente para conhecer do pedido de reabilitao o da condenao (art. 743, caput, CPP), e o recurso cabvel da deciso que concede ou denega o pedido a apelao, visto se tratar de deciso com fora de definitiva (art. 593, II, CPP), sendo caso tambm do recurso ex officio, previsto no art. 746, CPP.

EFEITOS DA REABILITAOA reabilitao no rescinde a condenao, no extingue os seus efeitos, mas apenas restaura alguns direitos, suspendendo alguns dos efeitos penais da condenao, que, a qualquer tempo, podero ser restabelecidos se a reabilitao for revogada.

So conseqncias da reabilitao: sigilo sobre os registros criminais do processo e da condenao e suspenso condicional de alguns dos efeitos da condenao.

Quanto primeira, deve-se notar que, segundo o art. 202 da LEP, ela obtida de forma imediata e automtica, no sendo necessrio esperar o prazo de dois anos para a reabilitao, e impede apenas a divulgao dos registros criminais, ressalvadas certas hipteses, no constituindo um cancelamento definitivo deles. As referidas hipteses em que pode haver quebra do sigilo so:

a) quando, concedido o sursis, as informaes forem requisitadas pelo MP ou pelo juiz para instruir processo criminal (art. 163, 2o, da LEP);

b) quando, cumprida ou extinta a pena, independente de reabilitao, as informaes forem para instruir processo pela prtica de nova infrao penal ou outros casos previstos em lei, como concurso pblico, fins eleitorais (art. 202 da LEP);

c) quando, concedida a reabilitao, as informaes forem requisitadas por juiz criminal (art. 748 da LEP). Assim, o sigilo obtido pela reabilitao mais amplo.

No que se refere segunda conseqncia, a reabilitao no atinge todos os efeitos da condenao, como os efeitos penais diretos, a reincidncia, a obrigao de indenizar e o confisco dos instrumentos e produtos do crime, mas apenas aqueles previstos no art. 92, CP, vedada a reintegrao na situao anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo.

REVOGAO DA REABILITAODe acordo com o art. 95, CP, a reabilitao ser revogada, de ofcio ou a requerimento do Ministrio Pblico, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por deciso definitiva, a pena que no seja a de multa. Lembra Cezar Bitencourt que, embora a lei fale em pena que no seja de multa, no ser possvel a condenao a pena restritiva de direitos, visto que a reincidncia impede a substituio por tal pena (art. 44, II). Revogada a reabilitao, os efeitos suspensos se restabelecem.

Bibliografia:

GRECO. Rogrio. Direito Penal Parte Geral, VOLUME I. Editora Impetus -2009 RJSite: Jus Navigandi.com.brSite: Wikipdia

MESSA. Ana Flvia. Editora: Fischer e Associados , 2006 SP