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ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA 1. INTRODUÇÃO Segundo David. Monique Abreu qualquer projeto que vise à ocupação do meio ambiente causará danos ao mesmo. Dessa forma devem-se buscar as melhores alternativas que conciliem desenvolvimento e meio ambiente, de forma que ocorram menores impactos negativos possíveis para o meio ambiente e conseqüentemente menores custos econômicos sociais. Dentre os instrumentos que contemplam isto está o Estudo de Impacto Ambiental, que deve preceder a instalação da obra ou atividade que tem potencial poder de causar significativa degradação no meio ambiente. Assim o estatuto da cidade insere uma preocupação com a questão ambiental e política urbana, de forma a instituir dois estudos visando assegurar a preservação do meio ambiente urbano: o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV). No estatuto da cidade art 37, define-se o EIV de forma a contemplar tantos os efeitos negativos quanto positivos da atividade sobre a qualidade de vida da população residente na área e seu entorno. O EIA deve ser apresentado por empreendimentos que impactem a flora, fauna, águas, o ar e a saúde humana. Dessa forma fica claro que ambos são necessários à implantação de um empreendimento na área urbana, sendo que um não substitui o outro e sim se completam. 1

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ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA

1. INTRODUÇÃO

Segundo David. Monique Abreu qualquer projeto que vise à ocupação do meio

ambiente causará danos ao mesmo. Dessa forma devem-se buscar as melhores

alternativas que conciliem desenvolvimento e meio ambiente, de forma que ocorram

menores impactos negativos possíveis para o meio ambiente e conseqüentemente

menores custos econômicos sociais. Dentre os instrumentos que contemplam isto está o

Estudo de Impacto Ambiental, que deve preceder a instalação da obra ou atividade que

tem potencial poder de causar significativa degradação no meio ambiente. Assim o

estatuto da cidade insere uma preocupação com a questão ambiental e política urbana,

de forma a instituir dois estudos visando assegurar a preservação do meio ambiente

urbano: o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV).

No estatuto da cidade art 37, define-se o EIV de forma a contemplar tantos os

efeitos negativos quanto positivos da atividade sobre a qualidade de vida da população

residente na área e seu entorno. O EIA deve ser apresentado por empreendimentos que

impactem a flora, fauna, águas, o ar e a saúde humana. Dessa forma fica claro que

ambos são necessários à implantação de um empreendimento na área urbana, sendo

que um não substitui o outro e sim se completam.

Qualquer tipo de empreendimento, que ocupe determinado lote urbano traz

conseqüências para o seu entorno. Dependendo do empreendimento, os efeitos podem

estar diretamente ou indiretamente ligados a vizinhança. A poluição sonora e o

desabrigo de muitas pessoas é um efeito direto, já a poluição de águas e do ar são

efeitos indiretos, já que a partir da poluição dos mesmos, muitas pessoas podem contrair

doenças.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO E OS IMPACTOS AMBIENTAIS.

O desenvolvimento das cidades, o aumento da população e das atividades

potencialmente impactantes vem ocorrendo há muitos anos. É evidente que tudo isso

causa grandes problemas ambientais, tais como uso e ocupação do solo, e sua

conseqüente impermeabilização, geração de efluentes, que, em sua maioria, não

recebem tratamento e vão direto para corpos d’água, diminuindo a qualidade destes e

disposição final do lixo de forma inadequada.

Fonte: www.ecodebate.com.brfotolixao2.jpg

Um ponto importante a ser considerado é a falta de planejamento urbano em

muitas das cidades brasileiras ao longo do tempo. Se este sempre estivesse presente,

muitos impactos seriam evitados.

Segundo Moraes (2007) mantendo-se os índices de crescimento e de

urbanização, o Brasil em 2020 possuirá 55 milhões de pessoas vivendo em favelas.

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Page 3: EIV...Pronto

Isso, além de problemas sociais, também promove sobrecarga urbana, e todos os já

citados, como poluição do ar, água e solo, visual e sonora, desmatamento etc.

Fonte: www.achetudoeregiao.com.brlixo_reciclegifspoluicao.jpg

Os elevados índices de urbanização e, inversamente, os baixos níveis de

urbanismo vêm criando situações insustentáveis para o Poder Público e a coletividade.

O inchaço doentio dos centros urbanos (aumento desregrado da população) não tem

encontrado o contrapeso das estruturas urbanas necessárias (moradia, trabalho,

transporte e lazer), gerando-se daí formas endêmicas de males urbanos. E – o que é

pior – o fascínio das cidades e a concentração populacional crescem sem o necessário

controle quantitativo e qualitativo desse crescimento (Edis Milaré, 2005, p. 717)

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Fonte: www.a23online.com/wp-content/uploads/2010/02/Screen-shot-2010-02-16-

a. 27.28.png

José Afonso da Silva (2006, p. 31) aponta que urbanismo objetiva a organização

dos espaços habitáveis visando à realização da qualidade de vida humana.

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2.2 A Constituição Federal e o Estatuto da Cidade

Tem-se sobre a política urbana na Constituição Federal de 1988:

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público

municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno

desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus

habitantes.

§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades

com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento

e de expansão urbana.

Portanto já se tinha a ideia de desenvolvimento sustentável e garantia da

qualidade de vida da população, além de estabelecer o plano diretor e a política de

desenvolvimento urbano.

Para regulamentar a Constituição Federal em 10 de julho 2001, com a Lei 10.257,

foi instituído o Estatuto da Cidade. Esta Lei regula o uso da propriedade urbana a favor

do bem social coletivo, bem como tem o condão de ordenar o pleno desenvolvimento da

cidade, garantindo o direito às cidades sustentáveis. (Pereira, 2007)

A Política Urbana estabelecida no Estatuto da Cidade busca a aplicação de

instrumentos que reduzam os males da urbanização, promovendo o urbanismo

necessário à qualidade de vida em nossas cidades. (Moraes, 2007).

Encontra-se na Lei 10.527:

Art. 36. Lei municipal definirá os empreendimentos e atividades privados ou

públicos em área urbana que dependerão de elaboração de Estudo Prévio de Impacto

de Vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou

funcionamento a cargo do Poder Público municipal.

Assim, estabelece-se o Estudo de Impacto de Vizinhança, como parte das

exigências da cidade para empreendimentos impactantes na obtenção de licenciamento.

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Page 6: EIV...Pronto

2.3 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL

A Resolução CONAMA N° 01 de 1986, no Artigo 1°, definiu impacto ambiental

como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio

ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades

humanas que, direta ou indiretamente afetam: a) a saúde, a segurança e o bem-estar da

população; b) as atividades sociais e econômicas; c) a biota; d) as condições estéticas e

sanitárias do meio ambiente; e) a qualidade dos recursos ambientais.

No Artigo 2° da mesma Resolução, explicita-se que o licenciamento de quaisquer

atividades modificadoras do meio ambiente dependerá de um estudo de impacto

ambiental a ser submetido ao órgão ambiental competente.

A partir da avaliação de impacto ambiental pode-se assegurar que se faça um

exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta (projeto, programa,

plano ou política) e de suas alternativas, e que os resultados sejam apresentados de

forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles

devidamente considerados.

Assim, os empreendimentos impactantes além do Estudo de Impactos de

Vizinhança, previsto no Estatuto da Cidade, devem fazer um Estudo de Impacto

Ambiental. Ambos os Estudos contribuem para o desenvolvimento sustentável das

cidades.

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3. ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA

3.1 DEFINIÇÃO

“O uso dos imóveis urbanos, hoje, não é tema a ser discutido somente entre

oproprietário de determinado lote ou empreendimento e o Poder Público. Isso ocorre,

pois, ainda que observados os dispositivos legais aplicáveis, o fato de interferir na

utilização ou ocupação de um determinado lote urbano pode produzir impactos sobre o

seu entorno e, conseqüentemente, causar reflexos diretos na vida e na dinâmica urbana

da vizinhança”. (Rocco; Rogério 2005 p. 1)

“Há que atentar, contudo, que o Estudo de Impacto de Vizinhança não venha

impedir a implantação de alguns empreendimentos de importância para o município. É

quase certo que cemitérios, aterros sanitários, terminais rodoviários e outros

empreendimentos fundamentais para qualquer cidade serão repudiados onde quer que

sejam instalados. O grande desafio no caso do Estudo de Impacto de Vizinhança,

portanto, é conseguir chegar a uma equação satisfatória entre os ônus e os benefícios

do empreendimento, visando a sua vizinhança imediata, sem deixar de considerar o

conjunto da cidade”. (Sampaio; Luciana, p. 26)

3.2 ASPECTOS A SEREM ANALISADOS PELO ESTUDO DE IMPACTO DE

VIZINHANÇA

EIV deve ser feito com bases em alguns aspectos que são importantíssimos para

a viabilidade do projeto. Previsto no artigo 37 da constituição:

3.2.1 ADENSAMENTO POPULACIONAL

“Um dos principais desafios no controle do uso e ocupação do solo passa por

estabelecer melhor equilíbrio da ocupação territorial, evitando vazios urbanos e a

periferização subutilizada (ou precária) dos serviços urbanos. Certamente o objeto de

análise do impacto de vizinhança se refere ao adensamento que gera sobrecarga à

infra-estrutura, mas também aos incômodos da maior animação urbana, com suas

movimentações e fluxos (quer por população provisória originária de atividades de

serviços ou comércios; quer por acréscimo de população permanente decorrente do uso

residencial)”. (MENEGASSI & OSORIO, 2002, apud Sampaio, 2005, p.24)

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Page 8: EIV...Pronto

Neste item vali ressaltar a capacidade de desenvolvimento da população no local,

o possível impacto que a instalação do empreendimento causará na atração de novas

pessoas para o mesmo.

Fonte: Seminário cresce Brasil: estudo de impacto de vizinhança

3.2.2 EQUIPAMENTOS URBANOS E COMUNITÁRIOS

“A avaliação do impacto do empreendimento deverá estudar a necessidade da

inclusão de equipamentos não existentes ou não previstos para o local, conforme

estipulado pela lei de zoneamento”. (Sampaio; Luaciana 2005, p. 24). Desta forma este

item confronta uma etapa do EIA, sendo este a compensação ambiental, onde Segundo

Elias é uma ação com forte apelo social voltada à compensação de comunidades direta

e indiretamente afetadas por empreendimento impactante.

Fonte: Seminário cresce Brasil: estudo de impacto de vizinhança

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3.2.3 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

O Estudo de Impacto de Vizinhança deve contemplar os aspectos inerentes ao

solo, como o desenvolvimento da atividade no mesmo, a forma como ela se dá a

ocupação do solo nos terrenos vizinhos.

Fonte: Seminário cresce Brasil: estudo de impacto de vizinhança

3.2.4 VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA

Segundo Sampaio (2005), o EIV deve deixar claro como se dará a valorização ou

desvalorização imobiliária da área ao seu entorno, bem como indicar as transformações

urbanísticas provocadas pelo empreendimento, que advém de conhecer as atividades

vizinhas, como: sua natureza, seu porte, seus fornecedores e sua clientela, com impacto

direto sobre o valor dos imóveis da vizinhança.

“Mais um importante aspecto da verificação do cumprimento da função social da

propriedade, a valorização imobiliária, especialmente a decorrente do investimento

público ou da sua regulação (capacidade construtiva), tem no impacto de vizinhança um

instrumento capaz de avaliar se investimento público e valorização privada estão em

conformidade com o princípio da redistribuição de renda urbana e do uso sócial”.

(MENEGASSI & OSORIO, 2002, apud, Sampaio, 2005, p.26).

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Fonte: Seminário cresce Brasil: estudo de impacto de vizinhança

3.2.5 GERAÇÃO DE TRÁFEGO E DEMANDA POR TRANSPORTE

PÚBLICO

È inevitável a geração de tráfego e demanda por transporte público,

posteriormente a instalação do empreendimento. Com isso, Segundo Sampaio (2005)

há de se considerar a reformulação viária necessária à adequação do tráfego e, em

conseqüência as possíveis desapropriações imobiliárias nas áreas lindeiras.

Além da geração de tráfego, haverá uma maior número de trabalhadores que

requer uma adequação do transporte públ e também da acessibilidade ao local, como o

melhoramento das vias, colocação de semáforos e sinalização em geral.

Fonte: Seminário cresce Brasil: estudo de impacto de vizinhança

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3.2.6 ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO

“Trata-se das condições de ventilação, insolação e luminosidade preexistentes no

local e das possíveis interferências causadas pelo empreendimento no microclima da

vizinhança, extrapolando o espaço privado do empreendimento e sua respectiva

construção”. (Sampaio; Luciana, 2005, p. 28).

A instalação do empreendimento pode comprometer a vizinhança, como o desvio

da corrente de ar que chegaria a tais casas e a intensidade da radiação solar que chega

nas edificações circunvizinhas. Esses parâmetros devem ser levados em conta, uma

vez que é um impacto gerado para a vizinhança.

Fonte: Seminário cresce Brasil: estudo de impacto de vizinhança

3.2.7  PAISAGEM URBANA E PATRIMÔNIO NATURAL E CULTURAL

“O EIV também deve contemplar a compatibilidade do empreendimento com a

paisagem urbana da vizinhança, por semelhança com as atividades humanas vizinhas

e/ou com a volumetria dos edifícios vizinhos. Deve demonstrar que a volumetria do

empreendimento não é impactante à paisagem urbana, à medida em que não interfere

na sua legibilidade nem se constitui num elemento obstaculizador da paisagem

descortinada, natural ou modificada”. (Sampaio;Luciana, 2005, p. 29)

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Cabe analisar a importância histórica das imediações da área tencionada para a

implantação do empreendimento e identificar conjuntos ou mesmo edificações isoladas

que, mesmo não detendo o tombamento, tenham agregado valor histórico e cultural.

Fonte: Seminário cresce Brasil: estudo de impacto de vizinhança

3.3 ANTECEDENTES

Apesar de não constar como lei municipal anteriormente, o estudo de impacto de

vizinhança era exercido na medida que se fazia valer por outras medidas como:

regulamentação de Pólos Geradores de Tráfegos e Estudos de Impactos Ambiental .

Segundo Cymbalista ( 2004, apud Sampaio 2005, p.43), abaixo pode-se visualizar

alguns exemplos onde o EIV eram indiretamente aplicado.

3.3.1 SHOPPING CENTER ARICANDUVA, SÃO PAULO-SP; INÍCIO DA

DÉCADA DE 1990

Partindo da premissa que a instalação de determinados empreendimentos gerem

um impacto na circulação de veículos da região, aumentando o tráfego, a Prefeitura

Municipal utilizou o instrumento de Pólo Geradores de tráfegos (PGT), onde vários

aspectos técnicos são levados em conta, como: numero de vagos nos estacionamentos

ou garagem dentro dos limites dos lotes, de forma que a circulação dos veículos seja

facilitada e não interfira no entorno do local. Na negociação, obteve uma série de

contrapartidas dos empreendedores, como a instalação de semáforos, a construção de

uma ponte e a duplicação de uma avenida.

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3.3.2 SHOPPING CENTER HIGIENÓPOLIS, SÃO PAULO-SP

Shopping instalado em um local com pessoas de alta renda e muito bem

organizadas, que prezavam pela qualidade de vida do bairro e o mantimento de dois

casarões situados no local onde seria construído o empreendimento, e reivindicavam o

impacto de tráfego que o shopping Center geraria. Obtendo do empreendedor certas

contrapartidas: relacionadas à qualidade paisagística (restrições a anúncios

publicitários, manutenção de áreas verdes próximas, restauração dos casarões, recuo

em relação às ruas), às características do próprio empreendimento (diminuição do

número de garagens e do tamanho do empreendimento), aos sistemas circulatórios

(automação da semaforização, garantia de prioridade aos pedestres, implementação de

linhas de microônibus de apoio ao público).

3.3.3 EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS COM ÁREA SUPERIOR A 2

MIL M2, PORTO ALEGRE-RS

Empreendimentos cuja área seja maior que 2 mil m² são obrigados a realizar um

estudo de viabilidade urbanística (EVU), de inteira responsabilidade do empreendedor,

devendo este entregá-lo à secretaria municipal de planejamento. O Estudo de

Viabilidade

Urbanística é feito antes da aprovação do empreendimento, e deve apresentar os

impactos do futuro empreendimento sob três aspectos: biológico, físico e

socioeconômico. O EVU chega posteriormente as mãos da comissão de análise

urbanística, que analisará e dará um parecer sobre quais aspectos à se melhorar ou

exigir contrapartidas do empreendedor.

Em uma negociação entre a Prefeitura e a rede de hipermercados Carrefour, que

pretendia instalar uma grande unidade no bairro Passo D’Areia, o município obteve

contrapartidas em diversas áreas: no sistema viário (criação de uma nova avenida); na

proteção ao pequeno agricultor (estabelecimento de uma cota dos produtos a serem

vendidos na loja, beneficiando a produção agrícola local); no pequeno comércio local

(aumento no número de lojas no interior do empreendimento para os comerciantes

locais); na reciclagem profissional (recursos para requalificação daqueles cujos negócios

seriam afetados pelo empreendimento e reserva de parte dos empregos na loja para

pessoas acima de 30 anos); nos equipamentos sociais (construção de uma creche); na

reciclagem de resíduos (o hipermercado responsabiliza-se pelo transporte dos materiais

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recicláveis para galpões de separação e do lixo orgânico para uma usina de

compostagem). No total, calcula-se que as negociações tenham resultado em cerca de

R$ 43 milhões de contrapartidas – revelando a capacidade dos grandes

empreendimentos de gerar recursos para ressarcir as cidades de seus impactos.

3.4 CIDADES COM O EIV REGULAMENTADO

Segundo Sampaio (2005) algumas cidade possuem o EIV regulamentado nas

suas leis municipais. São elas: São Paulo, Natal, Manaus, Porto Velho e Rio de Janeiro.

Essa cidades abrangem de forma diferentes os empreendimentos e as

características dos mesmos que deveram adotar o EIV.

3.4.1 SÃO PAULO

Segundo Sampaio (2005), a cidade de São Paulo conta com a regulamentação

deste instrumento desde 1994, quando foi instituído o Decreto nº. 34.713, que dispõe

sobre o Relatório de Impacto de Vizinhança- RIVI.

Art. 1º - São considerados como de significativo impacto ambiental, ou de infra-

estrutura urbana de projetos de iniciativa pública ou privada, referentes à implantação de

obras de empreendimento cujo uso e área de construção computável estejam

enquadrados nos seguintes parâmetros:

I. Industrial - igual ou superior a 20.000m² (vinte mil metros quadrados);

II. Institucional - igual ou superior a 40.000m² (quarenta mil metros

quadrados);

III. Serviços/Comércio - igual ou superior a 60.000m² (sessenta mil metros

quadrados);

IV. Residencial - igual ou superior a 80.000m² (oitenta mil metros

quadrados).

3.4.2 RIO DE JANEIRO

Segundo Sampaio (2005), o instrumento é tratado de forma mais rígida no Rio de

Janeiro, de forma que quando os empreendimentos não se ajustarem nos requisitos

para implantação do EIV, estes serão submetidos ao relatório de impacto ambiental

como instrumento simples de planejamento urbano, como o código de obras e

zoneamento industrial. A lei orgânica dispõe em seu art 445.

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Art. 445 - Qualquer projeto de edificação multifamiliar ou destinado a

empreendimentos industriais ou comerciais, de iniciativa privada ou pública,

encaminhado aos órgãos públicos, para apreciação e aprovação, será acompanhado de

relatório de impacto de vizinhança, contendo, no mínimo, os seguintes aspectos de

interferência da obra sobre:

I - o meio ambiente natural e construído;

II - a infra-estrutura urbana relativa à rede de água e esgoto, gás, telefonia e

energia elétrica;

III - o sistema viário;

IV - o nível de ruído, de qualidade do ar e qualidade visual;

V - as características sócio-culturais da comunidade.

Parágrafo único - Os órgãos públicos afetos a cada item que compõe o relatório

de impacto de vizinhança responsabilizar-se-ão pela veracidade das informações

contidas nos respectivos pareceres.

3.4.3 PORTO VELHO

Segundo Sampaio Luciana, em 2001, a Lei Complementar nº 138 instituiu o Código

Municipal de Meio Ambiente que, dentre outros assuntos, trata do EIV.

Art. 60. A autorização ambiental fica condicionada a apresentação do Relatório de

Impacto de Vizinhança – RIVI, nos seguintes casos:

I – empreendimentos para fins residenciais, com área construída computável maior

ou igual a 40.000 m2 (quarenta mil metros quadrados);

II – empreendimentos, públicos ou privados, destinados a outro uso, com área

superior a 20.000 m2 (vinte mil metros quadrados);

III – empreendimentos classificados como “Pólo Gerador de Tráfego” de acordo com

o Código de Obras e Edificações ou de Posturas do Município.

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Parágrafo único. A critério da SEMA, o RIVI poderá ser exigido de outros

empreendimentos não constantes deste artigo, visto que toda iniciativa, pública ou

privada, que interfira significativamente com o meio em que será inserida, deverá ser

submetida à apreciação ambiental desse órgão.

3.4.4 NATAL – RN

“A Lei Complementar nº 07, de 05 de agosto de 1994, que institui o Plano Diretor de

Natal-RN, trata, em seus artigos 35 a 38, dos empreendimentos de impacto e estabelece

o RIV (Relatório de Impacto de Vizinhança) como um dos estudos pertinentes. Vale

observar a responsabilidade do empreendedor em realizar obras ou adotar medidas no

sentido de atenuar, compensar ou neutralizar o impacto previsível” (Sampaio, 2005)

Art. 36 – São considerados Empreendimentos de Impacto:

I – os empreendimentos sujeitos à apresentação de RIMA – Relatório de Impacto do

Meio Ambiente, nos termos da legislação ambiental federal, estadual ou municipal em

vigor;

II – os empreendimentos sujeitos a licenciamento especial, nos termos dos arts. 31 e

33 da Lei 4.100 de 19 de junho de 1992;

III – aqueles com capacidade de reunião de mais de 300 pessoas simultaneamente;

IV – aqueles que ocupam mais de uma quadra ou quarteirão urbano;

V – qualquer empreendimento, exceto o uso residencial, cuja área construída

ultrapasse 2º (dois por cento) do estoque de área edificável prevista para o uso

pretendido, constante da Lei, para o bairro onde está localizado.

3.4.5 Manaus

É interessante que se observe no Plano Diretor de Manaus a sua minuciosidade.

Por não constar a metragem mínima balizadora, alguns itens podem ser questionados,

entendendo-se como atividades de impacto pouco significativo e, que, portanto, não

caberia EIV, como centros culturais e comerciais de reduzidas dimensões. Também

questiona-se a imposição do instrumento a equipamentos administrativos e de

segurança pública, por terem sua regulamentação por meio de outros instrumentos, que

não o EIV, como o zoneamento e o Código de Obras. (Sampaio;Luciana, 2005, p. 50).

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Page 17: EIV...Pronto

4. COMPLEMENTARIDADE DO EIA E EIV

Segundo Rocco 2008, o Estudo de Impacto de Vizinhança tem por finalidade

avaliar o impacto sobre o entorno do empreendimento, bem como sobre a cidade toda. A

Constituição Federal dispõe, nos termos do § 1º, do art. 24 que caberá a União

estabelecer as normas gerais, e cabe a cada município complementar as normas gerais

de forma a torná-la mais completas de acordo as características deles, da realidade que

os cerca e do nível de desenvolvimento. “Isto é, a norma geral determinou a

competência privativa para o Poder Público municipal dispor sobre sua exigência para

empreendimentos e atividades potencialmente causadores de significativa alteração da

ordem urbanística, excluindo a possibilidade de que o referido estudo seja exigido por

órgãos estaduais ou federais”. (Rocco;Rogério, 2005, p. 11)

Já o Estudo de Impacto ambiental pode ser analisado por qualquer órgão, no

âmbito estadual, federal ou municipal, como pode ser visto abaixo:

“O EIA será analisado, na maior parte das vezes, pelo órgão estadual do

SISNAMA, uma vez que a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente estabelece que a

licença ambiental é, em regra, atribuição do órgão estadual do SISNAMA. Nos casos de

empreendimento com impacto regional ou nacional, será analisado pelo órgão federal. O

EIV será - sempre - analisado por um órgão municipal.” (Araújo, 2003, apud Rocco,

2005, p. 11)

Um risco associado à inteira liberdade dada aos municípios de complementar a lei

federal está na formulação de leis conforme a vontade dos mesmos, podendo não

condizer com a realidade encontrada, ou mesmo restringindo a participação popular na

aprovação dos EIVs.

Mas os dois estudos também guardam similaridades, como Segundo Rocco

(2005) a principal delas é a viabilização da gestão democrática do desenvolvimento, com

a garantia da participação social nos processos de deliberação de outorga nos alvarás

de licença e autorização para atividades potencialmente causadoras de degradação.

Analisando os aspectos requeridos para o EIV já citado no presente trabalho e

áqueles requeridos pelo EIA, proferido pelo art 6º da constituição

Art. 6º- (...)

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I- o meio físico – o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos

minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime

hidrológico, as correntes

marinhas, as correntes atmosféricas;

II- o meio biológico e os ecossistemas naturais – a fauna e a flora, destacando as

espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e

ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente;

III- o meio sócio-econômico – o uso e ocupação do solo, os usos da água e a

sócioeconomia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais

da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos

ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.

Rocco (2005) respalda que , embora no estudo de impacto ambiental há uma

maior amplitude de itens a serem considerados, há uma identidades entre estes

aspectos no sentido que há uma evolução do conceito de meio ambiente natural para os

conceitos de meio ambiente cultural e construído, presentes na legislação mais recente.

Muitos do mecanismos utilizados para a e laboração do EIV forma tirados de

experiências da realização do EIA.

Ainda segundo Rocco 2005, as questões enfatizadas pelo Estudo de Impacto de

Vizinhança também podem ser entendidas como ambientais, uma vez que fazem

referência ao meio ambiente construído. Porém, elas apresentam, antes de tudo, uma

preocupação eminentemente urbanística, pautada nos princípios da função social da

cidade e da propriedade urbana. Por essa razão, o artigo 38 do Estatuto da Cidade

prevê que o Estudo de Impacto de Ambiental não supre o Estudo de Impacto de

Vizinhança.

Art. 38. A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação do estudo

prévio de impacto ambiental (EIA), requeridas nos termos da legislação ambiental.

Fato é que a elaboração de um estudo não substitui a necessidade de elaboração

e aprovação do outro. Não se trata de uma lacuna legal. Muito pelo contrário, o

mandamento é expresso na exigência da realização dos dois estudos, de acordo com as

exigências relacionadas para cada um dos institutos. Portanto, entendeu o legislador

que ambiente e vizinhança são dois conceitos distintos e que devem ter, para as

atividades que sobre eles exerçam algum tipo de alteração em sua condição original,

instrumentos distintos para a avaliação de seus impactos

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Page 19: EIV...Pronto

5. EXEMPLO DE ATUAÇÃO DO MPF FRENTE AO EIV.

No artigo de Luciana Sampaio (2005), pode-se se constatar dois exemplos de

atuação do Ministério Público Federal quanto ao cumprimento do EIV. O MPF possui

Câmara específica para assuntos atinentes a meio ambiente e patrimônio cultural, em

que os Membros contam com assessoria técnica para análise de estudos urbano-

ambientais, havendo, entre outros profissionais, arquitetos, engenheiros, geógrafos,

biólogos e antropólogos.

A título de exemplo, cabe citar a atuação do MPF quanto ao empreendimento

denominado Sapiens Parque, na cidade de Florianópolis. Trata-se de um megaprojeto

de implantação de um centro tecnológico em um terreno de 450 hectares, na região

norte da ilha de Florianópolis, localizado na vizinhança imediata de área de urbanização

consolidada, com impactos importantes sobre a malha urbana e as relações sociais

constituídas. Os empreendedores focalizaram aspectos preponderantemente

econômicos na decisão da implantação do projeto, sem avaliar corretamente os

impactos socioeconômicos decorrentes do empreendimento, em especial, a expansão

urbana acelerada na região e seu impacto na infra-estrutura existente.

As audiências públicas convocadas para apresentação do EIA-RIMA respectivo

evidenciou grande mobilização e capacidade de articulação da população atingida, que

reivindicava, dentre outros, estudo mais aprofundado das questões urbanas, em

especial da revisão do Plano Diretor para a região. O Ministério Público foi ao encontro

do anseio da população e técnicos do Instituto dos Arquitetos do Brasil-IAB, trazendo à

mesa de discussão as questões por eles abordadas. Da forma como foi apresentado, o

EIA/RIMA foi considerado insuficiente pelo Ministério Público, decisão que motivou

aplausos acalorados da audiência presente.

Outro exemplo de interesse, bastante recente, diz respeito à ACP movida pelo

MPF conjuntamente com o IPHAN, acerca de um empreendimento imobiliário na

vizinhança imediata do centro histórico de Tiradentes, em Minas Gerais. Trata-se de um

parcelamento de solo, de aproximadamente 30 hectares, para implantação de

condomínio residencial, destinado a clientela de alto poder aquisitivo. Além de

apresentar estrita ligação com o núcleo histórico tombado e ser de grande sensibilidade

ambiental, a área está inserida entre núcleos urbanos consolidados, de forma que se faz

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necessário maior estudo das relações infra-estruturais urbanas, antes de se concluir

pela sua viabilidade.

Apesar de ter recebido a aprovação da Prefeitura, o projeto não foi submetido ao

IPHAN nem aos órgãos ambientais competentes, tornando imprescindível a atuação do

MPF na questão, que determinou a elaboração de EIV para o empreendimento.

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6. CONCLUSÃO

Diante do trabalho desenvolvido conclui-se que o estudo de impacto de

vizinhança é um instrumento importantíssimo no que diz respeito a implementação de

uma política de controle de impacto gerado no âmbito urbanístico. Este instrumento

ainda se encontra incipiente no Brasil, mas algumas cidades já o adotam, seguindo as

características de cada local, o seu nível de desenvolvimento e o tipo de

empreendimento. O EIV nada mais é do que um complemento do EIA, uma vez que os

dois apresentam muitas similaridades, mas são instrumentos distintos em vários

aspectos, um deles é que o EIV abrange uma área mais local sendo regido por lei

municipal, já o EIA pode ser regido tanto no âmbito federal, municipal ou estadual.

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Page 22: EIV...Pronto

7. REFERÊNCIAS

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.Disponível em:

<http://www.miniweb.com.br/Geografia/artigos/hidrografia/isaac_ribeiro_de_moraes.pdf>

Acesso em 14/09/2011

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estudo prévio de impacto ambiental com instrumentos de defesa do meio ambiente

urbano, 2007 - disponível em: <http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/Ana

%20Paula%20Mendes%20Simoes%20Pereira.pdf> Acesso em 15/09/2011

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Editora Revista dos Tribunais, 2005.

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2006.

Disponível em : <www.a23online.com/wp-content/uploads/2010/02/Screen-shot-2010-02-

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21/09/2011.

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Disponível

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Disponível em : <http://www2.rio.rj.gov.br/pgm/leiorganica/leiorganica.html#t6c5s2sb2

>Acesso em: 18/09/2011

Lei complementar nº 138 , de 28 de dezembro de 2001. Porto Velho: 2001. Disponível

em: <http://www.mp.ro.gov.br/c/document_library/get_file?

p_l_id=49484&folderId=163530&name=DLFE-38441.pdf>. Acesso em: 18 set. 2011.

Decreto nº 36.613, de 06 de dezembro de 1996, São Paulo: 1996. Disponível em:

<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/habitacao/plantas_on_line/

legislacao/index.php?p=12597>. Acesso em: 19 set. 2011.

Diponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm> Acesso em

19/09/2011

SAMPAIO, Luciana. Estudo de impacto de vizinhança: sua pertinência e a delimitação

de sua abrangência em face de outros estudos ambientais. Brasília: 1996. 61 p.

Disponível em: <http://4ccr.pgr.mpf.gov.br/documentos-e-publicacoes/trabalhos-

cientificos/trabalhos-cientificos/Estudo_de_Impacto.pdf>. Acesso em: 20 set. 2011.

WILLEMAM, Cyntia da Silva Almeida. Estudo de impacto de vizinhança: um instrumento

para efetivação do direito fundamental ao meio ambiente equilibrado. Faculdade de

Direito de Campos: 2007. Disponível em:

<http://www.fdc.br/Arquivos/Mestrado/Revistas/Revista10/Discente/CyntiaWilleman.pdf>.

Acesso em: 19 set. 2011.

(Texto extraído, com autorização do autor, do livro: Rogério Rocco “Estudo de

Impacto de Vizinhança – instrumento de garantia do direito às cidades

sustentáveis”, Editora Lumen Juris, Rio de Janeiro, 2005). Disponível em:

<http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/spm/usu_doc/rogerioroccoeiv_-

_capitulo_a_parte.pdf> Acesso em: 23/09/2011

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Estudo de impacto de vizinhança. Seminário Cresce Brasil -Região Metropolitana da

Grande Florianópolis. Disponível em: http://docs.google.com/viewer?

a=v&q=cache:FHT02TGvGpEJ:www.fne.org.br/fne/index.php/fne/content/download/

2114/13934/file/ImpactoVizinhan

%25E7a.pdf+O+SOLO+URBANO+É+PALCO+DE+DIFERENTES+INTERESSES+POR+CLA

SSES,+ETINIAS,+RELIGIÕES,+ECONOMIAS,

+IDADES&hl=ptBR&gl=br&pid=bl&srcid=ADGEESgK9PQDaZa9IcOxjoagVKwh3tx2WTFq1q

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Acesso em 26/09/2011

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