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    RECOMENDAES SOBRE O EDITAL E PARA A COMISSO DE

    LICITAES

    Ivan Barbosa Rigolin

    I Este artigo, sem nenhuma pretenso de esgotar sequer

    esta matria, escrito para os iniciantes na espinhosa arte de elaborar editais de

    licitao, assim como para membros, atuais ou futuros, das comisses julgadoras de

    licitaes, em especial aqueles com pouca experincia nessa funo no menos

    intricada.

    Em um como em outro terreno nunca demais ventilar

    idias sobre a legislao e os perigos que sua aplicao sempre envolve, ou as

    armadilhas e as artimanhas que contm em nmero desanimador, e de que nenhum

    aplicador parece estar livre ou suficientemente protegido. O que se visa com estes

    lembretes reduzir aqueles riscos ao mnimo controlvel j que elimin-los de vez

    parece ser tarefa reservada a clarividente, profeta ou visionrio, os nicos capazes

    de vislumbrar as infinitas possibilidades que aquela legislao abre aos

    contestadores de carteirinha e aos criadores profissionais de problemas para a

    Administrao.

    Rene advertncias, que se julgam importantes, para os

    responsveis pela elaborao de editais e, no passo seguinte para os membros dascomisses de licitao, que tm de se ater ao que dispe cada edital, dele no

    podendo se esquivarmesmo que nele denotem ilegalidades ou irregularidadesque

    no consigam fazer a autoridade superior corrigir na situao mais desconfortvel

    que se iomagina. O edital a alma de toda a licitao, a sua lei interna como se

    afirma, e somente se pode esperar boa licitao de um edital correto e regular.

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    De um edital incorreto apenas se esperam impugnaes,

    denncias ao Tribunal de Contas e freqentes paralisaes com requisio do edital,

    paralisaes por liminares judiciais e outros contratempos. Definitivamente, no

    vale a pena um mau edital.

    Para se evitar que tais possveis ilegalidades e

    irregularidades maculem os editais, obrigando a Comisso a malabarismos sem

    conta quando no so suspensos pelo Tribunal de Contas retardando todo o

    procedimento - so estas recomendaes .

    Todo o enfoque dado, por fim, aos Municpios,porque, mais uma vez o proclamamos, so esses os nicos entes da federao para

    os quais se fala e se escreve com alguma eficcia, com resultados vista. Vale dizer:

    se alguma pessoa de direito pblico ouve, l e procura observar o ensinamento

    recebido, essa pessoa o Municpio. Tentar falar para o Estado ou para a Unio

    com honrosos momentos de exceo a registrar - tem sido algo como falar s pedras

    ou clamar no deserto, muito lamentavelmente.

    II Iniciando, o edital de licitao uma matria

    multidisciplinar. Deve ser elaborado com a participao de todos os setores

    interessados no objeto da futura licitao.

    Se o certame por exemplo for para a contratao de um

    servio de engenharia para uma Prefeitura, como um projeto, ento depois de

    autorizada a abertura do certame pelo Prefeito (ou pela autoridade competente,

    como um Secretrio), precisa participar o setor de engenharia, para descrever e

    informar tecnicamente sobre o objeto; o contador para dizer das disponibilidades

    financeiras, o advogado para dar a forma jurdica final ao edital; algum membro da

    comisso de licitaes para orientar sobre pontos que j ensejaram discusses ou

    impasses em licitaes anteriores, agora evitveis.

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    Se se tratar de compra de material de sade, participa da

    elaborao do edital algum do setor, ou da Secretaria, de sade para dizer

    tecnicamente do objeto; e tambm o contador; o advogado, algum membro da

    Comisso, cada qual com seu papel informativo.

    No se deve confiar a elaborao do edital a um s

    setor, ou a um s profissional, pela viso parcial ou unilateral que em geral cada

    profissional tem, com olhos apenas, ou muito majoritariamente, para a rea da sua

    especialidade.

    O edital ser o molde de comportamento da Comisso ato fim do certame, da a extrema importncia de que um advogado assegure a

    legalidade e a regularidade de todas as suas disposies.

    III A lei de licitaes (Lei n 8.666/93) est longe de ter

    redao clara ou perfeita, sendo que muitos dispositivos conflitam abertamente com

    outros. Muitas vezes preciso escolher uma regra entre diversos artigosconflitantes. Uma vez escolhida, deve ser seguida at o fim do edital e da licitao

    que segue, sem hesitao.

    Contra impugnaes ao edital deve ser sempre essa regra

    escolhida a resposta ao impugnante. Ou, em outras palavras, a resposta deve se

    basear naquela regra escolhida, da a Comisso precisar acreditar na regularidade

    do edital, o que facilitar imensamente o seu trabalho durante toda a realizao do

    certame e junto a quaisquer autoridades ou interessados.

    IV O vasto art. 40 da Lei n 8.666/93 deve ser seguido

    risca, tanto quanto possvel, para a elaborao do edital. Apenas pode ser

    desconsiderado quando a ordem ou a regra do artigo no se aplicar, materialmente

    ou tecnicamente, ao objeto licitado. Por exemplo, se a licitao para compra de

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    material ento no se aplica a parte do caput do art. 40 que manda indicar o regime

    de execuo (empreitada), porque compra no tem regime de execuo, que apenas

    obra ou serviotem.

    No se esquecerem, os autores, de fazer constar do edital

    todos os elementos constantes do caput do art. 40, sempre que cabveis ou

    existentes no caso em concreto.

    So eles: noprembulo (incio, abertura, frontispcio,

    fachada, geralmente em destaque do corpo do edital)o nmero de ordem em srie

    anual, preferentemente uma srie para cada modalidade (Convite n 1/2011, Conviten 2/2011; Tomada de preos n 1/ 2.011, Tomada de preos n 2/2.011, e assim por

    diante); identificao da entidade pblica e de sua unidade administrativa

    especfica, sempre que existente (Prefeitura de Jatob, Secretaria de Administrao);

    regime de execuo se for obra ou servio (ver art. 6, inc. VIII); tipo da licitao

    (ver art. 45, 1); legislao que rege o certame, sobretudo se existem outras leis

    alm da n 8.666/93; local, dia e hora para apresentao dos envelopes, com

    detalhe e preciso.

    V Observar a seguir, e com rigor, os incisos do art. 40:

    - inc. I descrever rapidamente o objeto, e remeter para a

    descrio detalhada nos anexos do edital. O corpo do edital no o melhor local

    para a descrio, e sim o(s) anexo(s), seja(m) quanto(s) for(em). No h limite de

    nmero nem de volume de cada qual deles;

    - inc. II indicarprazo e condies para a assinatura do

    contrato aps adjudicado o objeto ao vencedor definitivo da licitao. Pode ser uma

    data prefixada ou um nmero de dias. Indicar ainda o prazo de execuo e de

    entrega do objeto, devendo ser estimativo esse prazo no caso de obras, servios e

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    fornecimentos, e particularmente em obras deve ser bem maior que o cronograma

    de execuo.

    Assim, se o cronograma tiver de ser prorrogado por

    motivos de paralisaes do andamento, o contrato no precisar ser prorrogado com

    demorados e custosos aditivos, porque o prazo do contrato j comporta a

    prorrogao da execuo. Nunca fazer coincidir o prazo total do contrato com o

    cronograma de execuo, que deve ser bem menor que aquele.

    O prazo de entrega, conforme o objeto, pode se referir a

    entregas parciais ao longo da execuo, ou entrega total do objeto, Por vezes noexistem entregas parciais mas apenas a entrega total, ao fim da execuo do objeto.

    Se houver entregas parciais devem estar previstas no edital, ainda que se trate, por

    exemplo, de servios contnuos, que sejam entregues, medidos ou apenas postos

    disposio a cada ms. Cada ms completo representa uma entrega parcial nesse

    caso;

    - inc. III sanes pelo inadimplemento, ou

    descumprimento, das obrigaes, de parte a parte. O melhor momento para indicar

    as sanes a minuta do contato, no o edital, que entretanto pode cont-las. As

    sanes so as quatro do art. 87, divididas em dois grupos, sendo o primeiro grupo

    o das multas, e o segundo grupo o da advertncia, o da suspenso do direito de

    licitar e contratar com a entidade que licita e por fim o da declarao de

    inidoneidade para licitar e contratar com toda a administrao pblica brasileira.

    As multas so objetivas enquanto as outras sanes sode graduao inteiramente subjetiva pela Administrao. S se multa se e como

    previsto no edital, ou no contrato, mas ou a advertncia, ou a suspenso ou a

    declarao de idoneidade podem ser aplicadas em conjunto com a multa.

    Qualquer sano dever garantir ampla defesa e

    contraditrio para o contratado, acusado de alguma irregularidade, antes de ser

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    aplicada. E depois ainda caber recurso, na forma do art. 109 e o edital dever

    esclarecer todas estas regras;

    - incs. IV e V local onde poder ser adquirido o edital

    inteiro, ou apenas os projetos (bsico ou executivo). O edital deve dar o completo

    endereo e referncias desse local, que poder ser eletrnico, pela internet, o site da

    entidade licitadora, e nesse caso ser aberto a todo interessado, sem pagamento de

    qualquer preo. sempre preciso, entretanto, existir um edital impresso e assinado

    pela autoridade que o expedir, para consulta fsica pelos interessados;

    inc. VI documentos de habilitao. Um dos pontosprincipais da licitao, a recomendao evitar ao mximo todo exagero nestas

    exigncias. Documentao no o que interessa apurar e verificar em licitaes,

    mas apenas comparar propostas o que se procura. Como regra geral temos que

    quanto menos documentos o edital exigir, melhor ser a licitao. Dificilmente ser

    diferente.

    A documentao devera ser a mnima possvel, que

    apenas assegure Administrao que o proponente rene condies de contratar

    com o poder pblico, e isto significa principalmente habilitao tcnica (art. 30)

    o licitante provar que sabe executar o objeto, porque prova que j o executou ao

    menos uma vez -, e qualificao econmica (art. 31) pela qual o licitante

    demonstra que pode arcar com os custos da execuo do objeto antes de se iniciarem

    os recebimentos.

    Alm da documentao mnima sobre qualificaotcnica (art. 30) e qualificao econmica (art. 31), ainda mais imprescindvel que

    o edital exija a demonstrao de regularidade junto previdncia social (art. 29),

    referindo-se ao INSS e ao FGTS.

    proibido exigir-se CND (do INSS) ou CRF (da Caixa

    Econmica Federal) como prova daquela regularidade, pois existem outros modos

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    de se provar situao regular, todos os quais precisam ser aceitos pelo poder pblico.

    Aceitarem-se esses documentos naturalmente se pode, mas se exigir que sejam

    esses, nunca;

    - inc. VII critrio para julgamento. O art. 45 define os

    quatro tipos de licitao existentes (menor preo; melhor tcnica; tcnica e preo,

    e melhor lance ou oferta), e para cada qual define o critrio de julgamento,

    juntamente com o art. 46. Fica de fora o critrio de julgamento das licitaes do tipo

    maior lance ou oferta, que o de edital dever definir. Assim, o edital indicando o

    tipo de licitao j basta, pois que a lei j define o critrio. Nas licitaes de melhortcnica ou de tcnica e preo o edital deve indicar os fatores, os pesos e as

    ponderaes para cada caso, mas no o critrio;

    inc. VIII deve o edital indicar o local onde ser

    processada a licitao, o horrio de entrega e abertura dos envelopes, os endereos

    eletrnicos existentes, o CEP, o DDD, e toda informao que permita localizar a

    entidade que licita, at para que os pedidos de esclarecimentos possam ser

    corretamente endereados por escrito, e para que no seja acusada a Administrao

    de sonegar maliciosamente informaes a interessados em participar dos certames;

    inc. IX em caso de compras ou contrataes de bens ou

    servios de estrangeiros, as condies de negociao devero ser esclarecidas

    detalhadamente;

    - inc. X o critrio de aceitabilidade dever estar

    expresso, admitindo-se fixar o preo mximo, acima do qual a proposta serimediatamente desclassificada, e opreo bsico da Administrao, constante do seu

    oramento que anexo do edital. Nada alm disso se admite no edital;

    - inc. XI critrio de reajuste. Se o contrato puder durar

    mais que um ano a contar da data da proposta, ou ainda da data do anexo de

    oramento da Administrao se se preferir este momento (porque a lei, art. 40, inc.

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    XI, admite ambas as possibilidades) ento de boa tcnica fixar o ndice para

    reajuste, que poder ser qualquer um que reflita a corroso inflacionria,

    preferivelmente recaindo sobre ndices setoriais ou regionais. No obrigatrio fixar

    esse ndice, porm mais do que recomendvel;

    - inc. XIII limites para pagamento de instalao e

    mobilizao. Se o objeto exige instalao do contratado, isso tem um preo, e o

    edital deve estabelecer o limite percentual desse preo com relao ao valor total da

    proposta. Ultrapassado esse percentual, a proposta dever ser desclassificada;

    - inc. XIV condies de pagamento do contrato,prevendo: a) no ser paga prestao alguma alm de 30 dias aps o perodo de

    medio; b) atualizao financeira dos valores pagos depois de encerrada a data

    final da medio; c) penalizaes Administrao por atraso, edescontos do valor,

    em favor da Administrao, por antecipao de pagamentos, d) seguros e garantias,

    quando o edital os exigir;

    - inc. XV instrues locais e particulares de cada ente

    licitador sobre a interposio de recursos administrativos previstos no art. 109.

    Apenas o que no est na lei deve ser escrito, sem repetio do texto legal;

    - inc. XVI condies de recebimento do objeto, de

    acordo com os arts. 73 e 74 da lei, ou de outro modo que o edital especifique;

    - inc. XVII outras indicaes. Sempre existem novas

    orientaes que o edital deve fornecer, mesmo que a lei no as preveja, e este o

    fundamento para que o edital as contenha;

    VI Alm de atender aos incisos do art. 40, os autores

    do edital devem atentar para os seus pargrafos.

    O 1 manda que o edital impresso seja datado,

    rubricado em todas as folhas e assinado pela autoridade que o expedir, que poder

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    ser o presidente da comisso de licitao ou a autoridade superior, ou mesmo toda a

    comisso. Desse edital se extraem cpiaspara distribuio (ou venda pelo preo das

    cpias) aos interessados, ou ainda se o digitaliza para divulgao pelos meios

    eletrnicos.No pode haver edital apenas eletrnico.

    O 2, combinado com o art. 7 da lei, manda que o

    edital de obra ou servio contenha ao menos trs anexos: a) projeto bsico, ou

    descritivo, ou memorial, que descreva tecnicamente o objeto, em todas as mincias

    que julgar necessrio especificar, sem limite de volume ou mesmo de nmero de

    anexos ou sub-anexos; b) o oramento da Administrao, que ela obteve porpesquisas e levantamentos do mercado prprio do objeto, e c) minuta do contrato,

    que pode apenas remeter aos dados e s especificaes do edital, sem precisar repeti-

    lo inteiro, de modo que pode ser muitssimo mais curto que o edital.

    VII Convite.

    Os lembretes e as recomendaes at este ponto tiveramem vista editais de concorrnciae detomadas de preos.Quando entretanto se tratar

    de convite (ou carta-convite), algumas recomendaes adicionais precisam ser

    dadas.

    A lei estabelece que se aplicam ao convite as regras do

    art. 40 no que couber, sem especificar o qu. Assim, nunca se pode exigir o

    mesmo rigor do art. 40 nos convites, a primeira regra.

    O convite no deve ser publicado, porque remetido a

    pelo menos trs fornecedores do ramo, que so escolhidos e convidados, de modo

    que no tem sentido a publicao de uma pea que deve ser dirigida a fornecedores

    previamente selecionados, como se fosse um convite particular e pessoal que

    fazemos a algum que conhecemos. Por isso o art. 21 no exige que se publique o

    convite.

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    No mais, o convite se rege pelo art. 22, 3, 6 e 7, da

    lei de licitaes. Por esses dispositivos, temos:

    a) se no existirem trs fornecedores na regio, ou se,

    mesmo existindo e sendo convidados, no respondam e no se interessem em

    participar, entopodem ser convidados apenas dois, ou mesmo apenas um se s esse

    existir, e o convite pode prosseguir apenas com esse(s), devendo-se esclarecer esse

    fato no processo. Se se convidarem trs e apenas dois comparecerem, o convite tem

    de ser repetido, convidando-se tambm um quarto fornecedor. Por isso a

    recomendao a de se convidarem ao menos 5 (cinco) fornecedores se existiremna localidade, pois assim nunca se perder o convite mesmo que apenas um

    responda;

    b) a lei permite a quem for cadastrado no ramo do objeto

    e no for convidado exigir um convite. Nesse caso no se reabre o prazo apenas para

    este, mas este que entra no prazo previamente marcado para a abertura. A

    recomendao : se o ente que convida no tiver cadastro prprio de fornecedores,

    ento no se aplica esta regra (art. 22, 3) ao convite em causa, e quem no for

    convidado simplesmente no participa do certame;

    c) recomenda-se enfaticamente que o convite s exija um

    envelope, de propostas, e no contenha a fase de habilitao. Isto expressamente

    permitido pelo art. 32, 1, da lei, e facilita e agiliza enormemente o procedimento.

    Basta escrever no edital que o vencedor do convite para ser contratado precisar

    apresentar os documentos x,yez, sendo os indispensveis aqueles de regularidadejunto previdncia social (INSS e FGTS), e os demais dispensveis, ainda que

    possam ser exigidos dentro do limite dos arts. 28 a 31 da lei;

    d) reiterando pela sua importncia, no se publica

    convite, a uma porque a lei no manda publicar, e a duas porque um convite

    licitatrio funciona como um convite particular, que um cidado entrega a seus

    conhecidos, mas jamais publica. A publicao se dirige a um rol indeterminado de

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    pessoas, e no esse o propsito do convite, que dirigido a fornecedores do ramo,

    previamente conhecidos e por isso escolhidos.

    E esse mais um argumento para no se exigir

    habilitao em convites, sabendo-se que no se submete a habilitao quem se

    honra com um convite.

    VIII Recomendaes gerais e finais sobre elaborao

    do edital.

    No deve ser esquecido que onde o edital descreveu o

    contrato apenas remete a essa descrio, sem jamais precisar repeti-la inteira, por

    falta de lgica.

    O edital de obra e de serviose compe de ao menos trs

    anexos, e o que um e descreve o outro no repete, mas apenas remete ao que o

    anterior descreveu.

    O edital de compras precisa conter apenas um anexo, a

    minuta de contrato.

    Deve-se evitar ao mximo repetir os editais anteriores,

    digitados no computador e na memria eletrnica, nas novas licitaes que se

    realizem, sem os adaptar aos novos objetos licitados, e s condies que os cercam.

    Nada mais irritante que ler a lei inteira num edital de

    licitao, e por no o ler muitos licitantes freqentementepulamtrechos originais,no meio da lei transcrita, por no acreditar que existam em meio a de tantas

    repeties, e com isso deixam de atender o edital e so inabilitados ou

    desclassificados.

    O edital, na medida do possvel, deve ser o mais sinttico

    e objetivo possvel, errando quem imagina o inverso. Repeties, reiteraes,

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    prolixidades, exigncias documentais ou procedimentais que de nada servem apenas

    atrapalham a administrao, e criam problemas que jamais precisariam existir.

    Quanto habilitao (arts. 28 a 31), trata-se de um rol

    mximo, jamais obrigatrio, e por isso deve ser dosada a exigncia a cada edital,

    limitada apenas ao que efetiva e imediatamente interessa Administrao no

    momento, sem exageros ou redundncias.

    Complicar e ou encompridar editais sem necessidade

    confirmada a pior idia que algum servidor pode ter, e em princpio no pode

    gerar bons efeitos nem bons resultados para a Administrao. Desanimaimensamente quem l e desencoraja de antemo uma grande participao de

    interessados, que a meta da competio.

    IX Vistas as recomendaes sobre a elaborao do

    edital, passemos a algumas recomendaes e recomendaes aos membros das

    comisses de licitao.Antes de mais nada fundamental que todos os membros

    cuidem de sua formao e de seu aperfeioamento nesta traioeira funo, to

    espinhosa e repleta de armadilhas institucionais como a conduo de licitaes.

    Ningum se esquea de que ocorrem muitos casos de responsabilizao judicial

    dos membros das comisses, em aes que com freqncia so propostas, sobretudo

    pelo Ministrio Pblico.

    Se existe alguma maneira segura de os membros se

    resguardarem dessas tentativas de responsabilizao se instrurem, o melhor que

    possam, dos requisitos objetivos da profisso e da funo, de modo a conhecer os

    riscos e,com isso, manter segura distncia deles.

    A atividade da comisso deve ser o mais possvel

    vinculada vontade da lei e no discricionria, sendo que a melhor comisso de

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    licitao deveria ser uma mquina, um computador que, previamente programado

    com as regras da legislao, atuasse e julgasse sem subjetividades e sem hesitaes.

    Enquanto isso no possvel pela legislao que existe, nada mais adequado que os

    membros se informarem do modo mais amplo que lhes seja dado.

    A internet contribui imensamente com essa formao

    possvel, e o acesso a toda sorte de informaes e de conhecimentos jamais foi to

    aberto e fcil, bastando, antes de tudo, no ter preguia de cercar a informao. Os

    livros sobre licitao existem s centenas para ser lidos e no para adornar

    prateleiras. Os sites de Prefeituras, Cmaras, autarquias, fundaes, empresasestatais, e outras entidades pblicas de todo porte e natureza, existem aos milhares,

    contendo editais, contratos, anexos, instrues e orientaes as mais variadas,

    disposio de todos.

    Sites de legislao tambm existem em quantidade e de

    grande qualidade, como tambm os dejurisprudncia de todo nvel e especializao.

    Cursos, de formato e natureza a mais variada, tambm no faltam, muitos de grande

    qualidade. Congressos, simpsios, seminrios e conclaves de toda ordem e

    pretenso so sempre importantes, no mnimo, pelo intercmbioque permitem entre

    os participantes, sobretudo e por vezes o simples relato de experincias ensina

    mais que meses de cursos tericos regulares. Ferramentas para instruo dos

    interessados, portanto, existem, e se multiplicam a olhos vistos.

    Nada enfim substitui a curiosidade como ferramenta de

    aprendizado, e nada acaba ensinando tanto e to bem. Aprender com o erro dosoutros uma antiga e insubstituvel lio de sabedoria.

    X A lei de licitaes impe o rodzio dos membros da

    comisso, aps um ano de exerccio da funo. A corrente predominante entende

    que o rodzio no precisa ser de todos os membros a cada ano, podendo permanecer

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    um ou dois da formao anterior. Assim, recomendvel que o presidente seja

    substitudo periodicamente e no se eternize nessa funo, o que permitir aos

    demais membros assumirem a funo e se instrurem adequadamente para o seu

    exerccio. O presidente, como condutor principal dos certames, tem obrigao mais

    imediata de deter maior conhecimento das regras de licitao que os demais

    membros (art. 51, 4).

    A maioria dos membros da comisso decide, de modo

    que as decises no precisam ser unnimes. Assim, se um membro divergir dos

    demais e no quiser e ser eventualmente responsabilizado pela deciso da comisso,ento deve escrever seu voto divergente na ata da reunio da comisso (Lei n

    8.666/93, art. 51, 3).

    A responsabilidade dos membros deriva da sua m

    interprestao da lei, ou ento do descumprimento de alguma regra legal que pela

    clareza e objetividade no exija interpretao, e ainda de atos que escolha praticar,

    dentro dos que a lei lhe permite escolher. Assim, mais do que recomendvel existir

    ao menos um advogado na comisso, ou ento que um advogado acompanhe de

    perto todos os passos do trabalho da comisso, sobre os quais esta tenha alguma

    dvida.

    A comisso somente pode decidir com absoluta

    convico do que faz. Jamais pode chutar, e deliberar sem ter certeza absoluta do

    que faz. Para isso existe assessoria e consultoria, seja interna do rgo ou mesmo

    externa, contratada para essa funo.Nesse sentido a Administrao no deve ser mesquinha

    ou excessivamente controlada, pois que vale muito cada real pago a uma boa

    consultoria, que assegura acerto e tranqilidade aos membros da comisso e s

    autoridades superiores, do que esta atuar sem orientao precisa e correr o risco de

    aes judiciais ou de condenaes pelo Tribunal de Contas, geralmente muito graves

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    e com conseqncias desastrosas. Economizar em instruo e em educao quase

    sempre a pior economia dentre as que existam no planeta.

    Assim, dentre outros assuntos, deve-se gastar com

    advocacia preventiva para no se precisar gastar muito mais com advocacia

    corretiva, cujo resultado, alm de tudo, no seguro.

    XI Os convites podem ser julgados por um s servidor,

    designado para isso, ao invs de por toda uma comisso de licitao (Lei n

    8.666/03, art. 51, 1). Recomenda-se que seja o mais qualificado possvel, porque

    concentrar em si toda a responsabilidade pelo acerto do julgamento, correndo

    aqueles riscos de uma deciso mal informada. E que tenha toda a consultoria que a

    comisso teria.

    Os membros da comisso so em nmero mnimo de

    trs, podendo ser maior que isso. Recomenda-se que seja mpar o nmero, para

    evitar-se qualquer empate nas deliberaes, uma vez que o presidente no tem votode qualidade, mas de peso igual ao dos demais membros.

    Se a comisso for de trs a lei manda que ao menos dois

    sejam servidores dos quadros permanentes, o que significa o quadro dos estatutrios

    efetivos ou em comisso, e o dos empregados (CLT) permanentes ou de confiana.

    No pode haver mais de um tero de servidorestemporrios na comisso (o oposto

    de permanente temporrio, e mesmo os quadros em comisso so permanentes.

    Assim, os trs membros podem ser em comisso,e no importa o regime jurdico se

    estatutrio ou em comisso).

    A qualificao dos membros deve ser a melhor de que a

    Administrao possa dispor, at para pedir assessoramento de modo correto, e para

    compreender as respostas do assessoramento.

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    XII Pode haver comisses permanentes e comisses

    especiais de licitao. As permanentes tm funo por at um ano com os mesmos

    membros, e as especiais so designadas para uma licitao e se dissolvem aps

    encerrado o seu trabalho nessa licitao. Pode haver comisses permanentes e

    especiais num mesmo rgo pblico, porm cada licitao s pode ser julgada por

    uma comisso, seja permanente, seja especial.

    Por vezes existem comisses permanentes especializadas

    por objetos, por valores ou por outros fatores. Nada o impede, como nada impede

    que seja designada uma comisso especial em dado momento, mesmo que exista apermanente.

    Podem mudar os membros de uma comisso no meio da

    licitao em curso. Nada o impede, e o ato de designao da nova comisso deve ser

    juntado ao processo. Nada obriga que uma licitao se encerre com a comisso

    permanente integrada pelos mesmos membros da comisso inicial. Mas a comisso

    especial tem de comear e encerrar os trabalhos da licitao para a qual foi

    designada, e sem prazo para isso se dar. No se tem notcia de uma licitao que se

    inicie conduzida por uma comisso especial a acabe com uma permanente, nem do

    inverso.

    Em princpio o membro designado no se pode recusar a

    trabalhar na comisso, porque seria insubordinao. Apenas no poder ser

    designado se existir algum impedimento pessoal de que a lei de licitaes no

    cuidou. Em havendo algum srio impedimento a que algum servidor integre acomisso, ento que obtenha da autoridade que o designou, por via diplomtica

    de entendimento pessoal, e apenas assim, a sua excluso.

    XIII Os membros da licitao no perguntam aos

    licitantes se aceitam as suas deliberaes, ou sobre o que fazer. Deliberam, e se

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    algum licitante no concordar poder recorrer dentro da lei, sem possibilidade de

    influir na deciso da comisso.

    A comisso apenas pode consultar os licitantes sobre se

    abrem mo do direito de recurso quando pronunciam o julgamento da habilitao

    ou das propostas, para o fim de saber se podem praticar os atos seguintes do certame

    imediatamente, ou se devem aguardar eventuais recursos.

    Se decorrerem mais que 60 dias da apresentao das

    propostas a comisso no deve modificar o andamento dos trabalhos, porque

    licitao vencida no nem jamais foi licitao perdida.

    Prossiga os trabalhos normalmente, sem jamais pedir

    revalidao de propostas a ningum, at concluir seus trabalhos, iAo contratar, o

    vencedor automaticamente ter prorrogado a validade de sua proposta, sem ter de

    praticar qualquer outro ato, nem ele nem a comisso.

    XIV Nada ser mais justo que o membro da comisso,se precisa nela trabalhar sem prejuzo de todas as funes de seu cargo ou emprego,

    receber uma gratificao pela participao na comisso.

    Trata-se de um rgo de deliberao coletiva, e enseja o

    pagamento um jeton que deve estar previsto em lei (administrao direta) ou em

    ato competente (administrao indireta ou paraestatal).

    A designao dos membros da comisso deve ser, emboa tcnica, acompanhada pela designao de suplentes, que atuaro nas faltas e

    nos impedimentos dos membros titulares.

    E nada impede que um ano atuem os titulares e no outro

    seus suplentes como membros, formando-se um rodzio de apenas dois grupos de

    servidores.