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ELAINE DA ROSA BUENO
RIQUEZA E ABUNDÂNCIA DE AVES NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE
TAIAMÃ, CÁCERES, MATO GROSSO
Cuiabá-MT
UNIVERSIDADE DE CUIABÁ – UNIC
Faculdade de Ciências Biológicas
2013/2
ELAINE DA ROSA BUENO
RIQUEZA E ABUNDÂNCIA DE AVES NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE
TAIAMÃ, CÁCERES, MATO GROSSO
Trabalho de conclusão de Curso apresentado à
Faculdade de Ciências Biológicas da Universidade
de Cuiabá-UNIC, para obtenção do grau de
Licenciatura e Bacharelado em Ciência Biológicas,
orientado pelo Prof. MSc. Mahal Massavi
Evangelista e co orientado pela MSc Sara Miranda
Almeida.
Cuiabá-MT
UNIVERSIDADE DE CUIABÁ – UNIC
Faculdade de Ciências Biológicas
2013/2
CRÉDITOS INSTITUCIONAIS
UNIC
UNIVERSIDADE DE CUIABÁ
Reitor
RUI FAVA
Pró-Reitor Acadêmico
ANTÔNIO ALBERTO SCHOMMER
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Diretora
Prof.ª Drª MIRAMY MACEDO
PROFESSOR COORDENADOR DA DISCIPLINA DE TCC II
Agda Lemes dos Santos
Dedico este trabalho a todos que acreditaram em meu potencial, principalmente a minha
mãe Domingas que me apoiou e incentivou durante estes quatro anos de curso.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus, que me deu força e determinação para vencer esta
etapa da minha vida.
A minha mãe Domingas e a minha tia Ana, que sempre estiveram ao meu lado nos
momentos difíceis e alegres da minha vida, sempre me apoiando e incentivando a
alcançar meus objetivos com muita dedicação.
A meu amigo Erivelton, que sempre esteve presente me auxiliando nos trabalhos, nas
dificuldades enfrentadas durante o curso, pela paciência, compreensão e incentivo, por
acreditar no meu potencial.
Ao meu pai Valmir, minha irmã Elisangela, sobrinha Maria Eduarda e cunhado Arrison
pelo apoio ao longo do curso.
Ao Prof. Wilson Santos pela iniciativa e oportunidade de ofertar bolsas de estudos no
ensino superior aos jovens cuiabanos, acreditando em nosso potencial.
Aos meus colegas da faculdade em principal minhas amadas amigas Glaciele, Cléia,
Carla, Flávia e Taytyane pelo companheirismo e incentivo nestes quatro anos, sempre
contribuindo para a realização de excelentes trabalhos.
A todos colegas que ajudaram na coleta dos dados, em especial Franciele Valero,
Jéssica Rodrigues e Jociane Casasús, obrigada pela companhia e dedicação em campo.
À todos docentes do curso, em principal, Gislei, Jaime, Randal e Vera que sempre
mostraram muita dedicação e amor à profissão.
Ao meu Orientador Mahal Massavi Evangelista e Co-orientadora Sara Miranda de
Almeida pela dedicação e pelos conhecimentos transmitidos, que me incentivou a
realizar a presente pesquisa.
Ao ICMBio de Cáceres, em principal aos Analista Ambiental Selma, Tadeu e Daniel,
pela atenção, dedicação e apoio logístico durante a execução da pesquisa.
RESUMO
O Pantanal possui extraordinária concentração e abundância de vida selvagem. A
crescente quantidade de indivíduos existentes esta associado à variedade dos mosaicos
de habitats e as alternâncias cíclicas ocorrentes neste ecossistema. A avifauna da
Planície do Pantanal é bastante diversificada devido à influência exercida pelos quatro
biomas vizinhos: Cerrado, Chaco, Amazônia e Mata Atlântica. Observando as pesquisas
já realizadas na Planície do Pantanal, nota-se a existência de lacunas geográficas em
determinadas localidades, principalmente em períodos de cheia. Em grande parte não
foi satisfatoriamente amostrado de forma sistematizada, principalmente a região do Alto
Pantanal, o que sugere a necessidade de inventários mais detalhados. A pesquisa teve
como objetivo conhecer a riqueza e abundância de aves ocorrentes em duas
fitofisionomias da região do Alto Pantanal na área da Estação Ecológica de Taiamã,
localizada no município de Cáceres - Mato Grosso. Para a realização da pesquisa foram
utilizados dois métodos para a amostragem das aves, a captura com redes de neblinas e
censo por pontos. Foram registradas 157 espécies de aves, correspondente a 33,90% das
espécies registradas para a planície Pantaneira, estes foram distribuídos em 19 ordens e
38 famílias. Destes, 21 famílias (55,26%) são pertencentes à ordem dos Não-
Passeriformes, e 17 famílias (44,73%) pertencem à Ordem Passeriformes. Dentre as 157
espécies registradas uma se encontra ameaçada de extinção, no Brasil, a Penelope
ochrogaster. As famílias mais abundantes foram Tyrannidae com 31 espécies (19,74%),
e Thraupidae com 12 (7,64%) espécies. Dentre os Não-Passeriformes, os Psittacidae e
Trochilidae foram os melhores representados, cada uma com 9 espécies (5,73%),
seguida por Picidae com 8 espécies (5,09%). A fitofisionomia com maior abundância de
aves foi a Mata Ciliar não inundável ocorrendo 122 espécies, enquanto que a Mata
Ciliar inundável apresentou apenas 94 táxons. As espécies mais abundantes foram
Myiopsitta monachus (IPA = 7,83), Brotogeris chiriri (IPA = 6,44); Patagioenas
cayennensis (IPA = 5,61) e Ramphocelus carbo (IPA = 5,11). Por sua vez, as espécies
menos abundantes nessas áreas foram Hydropsalis albicollis, Aburria cujubi,
Chloroceryle americana, Coccycua minuta, Satrapa icterophrys, Myiophobus fasciatus,
Urubitinga urubitinga, Piculus chrysochloros, todas com valor de IPA igual a 0,06.
Quanto ao período sazonal, a estação seca, foi melhor representada com 104 táxons, e a
estação de cheia com 101, enquanto que a estação da vazante foi a que registrou menor
número de espécies, apenas 86. A diversidade de espécies no período de seca esta
associada ao inicio do período reprodutivo das aves, à chegada das espécies migratórias
e maior disponibilidade de alimentos. Outros fatores que contribuíram para a riqueza e
abundância das espécies foram à heterogeneidade e estrutura florestal, principalmente,
na mata não inundável. As riquezas ocorrentes na ESEC Taiamã tendem a aumentar
através de novos inventários, pois os resultados apresentados conferem apenas para duas
fitofisionomias: Mata Ciliar inundável e Mata Ciliar Não Inundável.
Palavras-chaves: Ornitofauna. Alto Pantanal. Florestas Ciliares.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Localização da Estação Ecológica de Taiamã em relação ao Estado de
Mato Grosso (A). Localização da Estação Ecológica de Taiamã em relação ao
munícipio de Cáceres (B)._______________________________________________14
Figura 02 – Caracterização da vegetação da Mata Ciliar Não-Inundável (A).
Composição Vegetativa da Mata Ciliar Inundável
(B)._________________________________________________________________16
Figura 03 – Montagem das redes de neblina (A). Redes de neblina abertas na
fitofisionomia Não Inundável (B)._________________________________________17
Figura 04 –Estimativa de Riqueza de espécies (Jackknife) em duas fitofisionomias da
Estação Ecológica de Taiamã, munícipio de Cáceres, Mato Grosso, no período de 2012
e 2013.______________________________________________________________23
Figura 05 - Pyrocephalus rubinus espécie registrada na mata não inundável (A).
Poecilotriccus latirostris a segunda espécie mais capturada da família Tyrannidae (B).
Todirostrum cinereum espécie registrada nas duas fitofisionomias (C). Pitangus
sulphuratus teve maior registro na mata inundável (D).________________________25
Figura 06 - Indivíduo fêmea da espécie Lanio cucullatus (A). Espécie Paroaria
capitata registrada durante as três estações (B). Thlypopsis sórdida espécie ocorrente na
estação seca e vazante, na MC – NI (C). Phaethornis pretrei indivíduo nectarívoro
ocorrente na MC – Nl (D)._______________________________________________26
Figura 07 - Riqueza de espécies nas duas fitofisionomias da Estação Ecológica de
Taiamã, Cáceres, Mato Grosso. ___________________________________________27
Figura 08 - Myiopsitta monachus espécie nidificando (A). Individuo macho da espécie
Ramphocelus carbo, uma das espécies mais abundantes na ESEC (B).____________30
Figura 09 - Valores de Índice Pontual de Abundância para as duas fitofisionomias
amostradas da Estação Ecológica de Taiamã, município de Cáceres, Mato Grosso, no
período de 2012 e 2013._________________________________________________30
Figura 10 - Tigrisoma lineatum jovem._____________________________________33
Figura 11 - Riqueza de espécies durante as três campanhas amostrada, na Estação
Ecológica de Taiamã, Cáceres, Mato Grosso, no período de 2012 a 2013.__________35
Figura 12 – Choca-barrada capturada na MC – NI (A). Donacobius atricapilla espécie
comum em brejos e ambientes aquáticos (B). Picumnus albosquamatus (C) e Trogon
curucui (D) registrados nas duas fitofisionomias da ESEC de Taiamã, no período de
2012 e 2013.__________________________________________________________37
Figura 13 - Stelgidopteryx ruficollis espécie abundante na mata não inundável (A).
Sporophila leucoptera espécie registrada na mata ciliar não inundável durante as três
estações amostradas (B). Indivíduo macho Sporophila lineola (C). _______________38
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Relação das espécies de aves registradas em duas fitofisionomias da
Estação Ecológica de Taiamã, Cáceres, Mato Grosso, no período de setembro (2012),
março e junho de 2013.__________________________________________________19
Tabela 02- Valores de IPA das espécies de aves mais abundantes registradas na Estação
Ecológica de Taiamã nos períodos de seca, cheia e vazante em cada ambiente
amostrado: MC – NI = mata ciliar não inundável; MC – I = mata ciliar inundável.
Município de Cáceres, Mato Grosso, no período de 2012 e 2013._________________31
Tabela 03 – Espécies de aves mais abundantes em dois ambientes na Estação Ecológica
de Taiamã: MC – NI = mata ciliar não inundável; MC – I = mata ciliar inundável.
Município de Cáceres, Mato Grosso, no período de 2012 e 2013. ________________32
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................12
2 – METODOLOGIA....................................................................................................14
2.1 Área de estudo...........................................................................................................14
2.2 Material e Métodos....................................................................................................17
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................19
3.1 Riqueza de espécies...................................................................................................19
3.2 Abundância de espécies.............................................................................................29
3.3 Comparação entre as estações estudadas...................................................................35
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................40
5- REFERÊNCIAS BIBILOGRÁFICAS....................................................................41
INTRODUÇÃO
O Pantanal é uma das maiores áreas alagáveis do planeta, ocupando 140.000
Km² das planícies da bacia do alto rio Paraguai, onde esta situado na porção oeste do
Brasil abrange parte do Estado de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estendendo-se
até a Bolívia e o Paraguai (ADAMÓLI 1981; Ab´SÁBER 2006; NUNES 2008). De
acordo com Junk & Da Silva (1996) os regimes cíclicos anuais de seca e cheia, são
responsáveis pelo estabelecimento da dinâmica do pulso de inundação no Pantanal,
regulamentando assim a manutenção e a distribuição das espécies ocorrentes neste
ecossistema.
Para Antas (2004) este regime cíclico é responsável pela biodiversidade
encontrada no Pantanal, sendo que no período de cheia, ocorre a dispersão de nutrientes
oriundos dos planaltos e serras circundantes, onde estes são distribuídos para toda
planície pantaneira, garantindo a manutenção e sobrevivência de inúmeras espécies de
animais e vegetais.
O Pantanal possui extraordinária concentração e abundância de vida selvagem.
A crescente quantidade de indivíduos existentes esta associado à variedade dos
mosaicos de habitats e as alternâncias cíclicas ocorrentes neste ecossistema. Em
pesquisas realizadas na região já foram registradas cerca de 124 espécies de mamíferos,
41 espécies de anfíbios, 177 de répteis, mais de 260 espécies de peixes e 423 espécies
de aves (HARRIS et al, 2005).
A avifauna da Planície do Pantanal é bastante diversificada devido à influência
exercida pelos quatro biomas vizinhos: Cerrado, Chaco, Amazônia e Mata Atlântica
(BROWN, 1986). Segundo Nunes (2011) o Pantanal brasileiro ocupa o quarto lugar no
ranking nacional de diversidade de aves.
A primeira pesquisa sobre a avifauna do Pantanal ocorreu em Cáceres e Caiçara,
em Mato Grosso, sendo realizada no início do século XIX, pelo pesquisador Johann
Natterer onde foram coletadas cerca de 150 espécies (TUBÉLIS & TÓMAS, 2002),
neste período era utilizado apenas o método de coleta de indivíduos. Os estudos
direcionados a avifauna despertaram mais atenção dos pesquisadores a partir de 1970,
através de métodos baseados em captura, observação direta e vocalização das aves.
Os primeiros registros ornitológicos e a produção de uma listagem de aves para
região do Pantanal foram realizados em 1984 por Weinberg, onde foram listadas 113
13
espécies de aves. Em estudos realizados por Brown (1986) foram constatadas 346
espécies de aves, enquanto que para Cintra & Yamashita (1990) foi apresentado 317
espécies para o Pantanal de Poconé, Mato Grosso. Foram totalizadas para todo o
Pantanal 698 espécies, apresentados por Dubs (1992). Em pesquisas mais recentes na
planície pantaneira foram listadas 463 espécies de aves por Tubélis & Tómas (2003).
Foram registradas por Nunes et al (2005) 272 espécies de aves no Pantanal da
Nhecolândia, em Mato Grosso do Sul, enquanto que Pivatto et al (2008) registrou 273
espécie para o Pantanal de Aquidauana, Mato Grosso do Sul, este número corresponde a
59% das aves revisadas por Tubélis & Tómas em 2003. Em estudos realizados por
Nunes et al (2008) foi relatado a ocorrência de mais de 570 espécies de aves na planície
do Pantanal. Para Nunes et al (2010) foram registradas 329 espécies ao longo da Estrada
Parque Pantanal na cidade de Corumbá, Mato Grosso do Sul.
Para região norte do Pantanal mato-grossense Signor & Pinho (2011)
registraram 163 espécies distribuídas em diferentes mosaicos vegetacionais, enquanto
que para esta mesma região Pinho & Marini (2012) registraram 215 espécies de aves
para quatro fitofisionomias florestais (Cordilheiras, matas de Carvoeiro, matas de
Cambará e matas de Landi).
Observando as pesquisas já realizadas na Planície do Pantanal, nota-se a
existência de lacunas geográficas em determinadas localidades. As pesquisas
desenvolvidas são provenientes de locais de fácil acesso, enquanto que as áreas de
difícil acesso, principalmente em períodos de cheia, em grande parte não foram
satisfatoriamente amostradas de forma sistematizada, principalmente para a região do
Alto Pantanal, na porção do município de Cáceres, o que sugere a necessidade de
inventários mais detalhados.
Portanto, verificando a escassez de estudos sobre a avifauna na região do Alto
Pantanal, este estudo teve como objetivo conhecer a riqueza e abundância de aves em
duas fitofisionomias na região do Alto Pantanal na Estação Ecológica de Taiamã,
munícipio de Cáceres - Mato Grosso.
14
2 METODOLOGIA
2.2 ÁREA DE ESTUDO
O presente estudo foi realizado na Estação Ecológica de Taiamã, localizada na
região da Bacia Alto Paraguai, no munícipio de Cáceres, Mato Grosso, entre as
coordenadas Lat. 16º 48’ 50’’ – 16º 56’ 46’’ S; e Long. 57º 42’ 56’’ – 57º 37’ 43’’ W.
A Estação Ecológica de Taiamã foi criada pelo decreto Federal nº 86.061 de 02 de julho
de 1981, e corresponde a uma área de ilha fluvial com área de 11.200 hectares, porém,
nos dias atuais esta área tende a se ampliar para 14.325 hectares através da incorporação
da ilha de Sararé, que também é Patrimônio da União (ICMBio, 2008).
A ilha de Taiamã é delimitada pelos Rios Paraguai, Bracinho e Formoso e possui
distância de aproximadamente 198 Km da cidade de Cáceres, como mostra as figuras
1A e 1B. O nome da Estação é uma homenagem à espécie Rynchops niger, uma gaivota
pescadora e migratória, conhecida popularmente como talha-mar (ICMBio, 2008).
Segundo Antas (2004) esta ave é muito abundante na região do pantanal no período da
seca, pois neste período pode ser visualizado nas praias devido seu período de
reprodução.
Figura 01- Localização da ESEC Taiamã em relação o estado de Mato Grosso (A). Localização da ESEC
Taiamã em relação ao munícipio de Cáceres (B).
Fonte: ICMBio, 2008
A B
15
Os campos inundáveis compõem em maior parte a paisagem da Estação Ecológica de
Taiamã. Porém, há uma grande variedade de ambientes aquáticos no interior da ESEC –
com lagoas permanentes e temporárias, lagoas de meandros e corixos – fortemente
influenciadas pela sazonalidade do regime hidrológico do rio Paraguai. Esta Unidade de
Conservação possui muitas lagoas e riachos, os quais servem como refúgio reprodutivo
e de desenvolvimento para muitas espécies de peixes e aves. Apresenta extensos
campos de gramíneas intercalados com elementos florestais de porte elevado e esguio,
formando pequenos blocos distribuídos nas ilhas. Outra característica vegetacional
importante é a mata ciliar composta junto aos Rios Bracinho, Paraguai e Formoso,
circundando as ilhas de Taiamã e Sararé (ICMBio, 2008).
Para a coleta de dados foram delimitadas duas áreas de amostragem, a floresta
não inundável e a floresta inundável. A área de floresta não inundável (043º 77’ 29” S –
813º 76’ 58” W) trata-se de uma mata ciliar típica com heterogeneidade ambiental
(FIGURA 2A). Para Magalhães (1998) a vegetação das matas ciliares é constituída por
plantas de grande e médio porte como, por exemplo, a espécie Triplaris americana
(pau-de-novato), e Vochysia divergens (cambará), sendo estes intercalados por arbustos
e com inúmeras espécies de lianas.
Segundo Pott et al (2009) os terrenos não inundáveis do Pantanal são
caracterizados por espécies arbóreas similares às do cerradão de solos melhores e
também pelo Bosque Seco Chiquitano boliviano. Já para Castrillon et al (2011) a
vegetação desta região é classificada como Floresta Estacional Semi - Decidual Aluvial,
que são encontradas margeando os rios da bacia do rio Paraguai, sendo conhecida como
mata de galeria, mata ciliar, riparia e florestas inundáveis.
Nesta área observam-se extratos arbóreos com a presença de espécies das
famílias de Leguminosae, Moraceae, Melinaceae, Elaeocarpaceae, Capparidaceae,
Anacardiaceae, entre outros, sendo que estas árvores podem alcançar até 18 metros de
altura. Já os arbustos ocorrentes na ilha são representantes das famílias Compositae,
Apocynaceae, Malpighiaceae, Melastomataceae entre outras, podendo chegar até 3
metros de altura (ICMBio, 2008).
A floresta inundável (044º 06’ 51” S - 813º 58’ 61” W) é caracterizada pela
formação florestal sempre verde, monotípica, localmente denominada de mata de
abobreiro (FIGURA 2B), caracterizado pela presença da espécie Erythrina fusca. Esta
espécie é típica em matas ciliares e pântanos possuem inflorescências de coloração
16
laranja, que ocorre durante os meses de maio a setembro (PARRINI & RAPOSO,
2010).
Essa formação é muito comum na região do Alto Pantanal, em especial na área
da ESEC Taiamã. Os abobreiros se condensam em ilhas florestais sazonalmente
inundáveis durante os meses de dezembro a junho. De acordo com o ICMBio (2008)
nessas áreas inundáveis os troncos de árvores e arbustos, ocasionalmente mortos, são
cobertos por trepadeiras das famílias Vitaceae, Passifloraceae, Convolculaceae, entre
outras. Em períodos de cheia o solo é coberto pelas águas do Rio Paraguai, tornando o
acesso muito difícil no interior da mata.
Figura 02 - Caracterização da vegetação da Mata Ciliar Não-Inundável (A). Composição Vegetativa da
Mata Ciliar Inundável (B).
Fonte: Elaine da Rosa Bueno, 2013
Mahal Massavi Evangelista, 2013
A B
17
2.2 MATERIAIS E MÉTODOS
Os dados foram coletados durante três campanhas correspondentes aos ciclos
hidrológicos do Pantanal, a primeira ocorreu em setembro de 2012 (estação seca), a
segunda no mês de março de 2013 (estação cheia) e a terceira no mês de junho de 2013
(final da vazante). A amostragem ocorreu durante dois dias consecutivos em cada
campanha.
As duas fitofisionomias foram amostradas através da captura com redes de
neblinas com malha 36 mm e 3,5 m de altura e 10 m de comprimento (FIGURA 3A).
Foram utilizadas 20 redes de neblina, que ficaram abertas por dois dias consecutivos, no
período das 06: 00 hs as 10: 00 hs (FIGURA 3B), totalizando 120 hs/rede.
Figura 03: Montagem das redes de neblina (A). Redes de neblina abertas na fitofisionomia não inundável
(B).
Fonte: Mahal Massavi Evangelista, 2013
Todas as espécies capturadas foram marcadas com anilhas coloridas e anilhas
metálicas (padrão CEMAVE). As anilhas coloridas são utilizadas para diferenciar os
indivíduos de uma área e outra, para marcar as campanhas da pesquisa e individualizar
as espécies, neste último caso, quando o animal pode ser recapturado em campanhas
futuras. Enquanto que as anilhas metálicas possuem uma sequência de números,
correspondente a pesquisa em execução.
Foram mensurados os dados biométricos das espécies anilhadas. Para a
realização da biometria foram utilizados paquímetros de alumínio (milímetros),
dinamômetro de mão de 10, 100 e 300 gramas. Foram retiradas as medidas da massa
A B
18
corpórea, comprimento da asa, bico, cauda e tarso, complementando com dados sobre a
presença ou ausência de placa de incubação, dimorfismo sexual, além de identificar a
cor da anilha colocada no indivíduo capturado.
Além das capturas em rede foi utilizado o método de amostragem censo por
ponto. Esta metodologia consiste na contagem de indivíduos de diferentes espécies,
através da amostragem por pontos sendo estimado o valor da abundância de cada
espécie a partir do número de contatos em cada ponto, e para obtenção dos valores de
Índice Pontual de abundância é necessário efetuar o cálculo onde se divide o número
total de contatos pelo número de pontos amostrados (VIELLIARD & SILVA 1990;
ALBUQUERQUE, 2001).
Nesta metodologia foram demarcados três pontos em cada área amostrada,
tendo distância de 100 metros entre cada ponto. Cada ponto foi amostrado por 15
minutos em cada campanha. Durante a amostragem era registradas todas as espécies
vistas e ouvidas em um raio de 50 metros, estas espécies eram contadas apenas uma vez
em cada ponto. As observações foram realizadas com auxílio de binóculos 8x42m, e
registradas através de fotografias. A sistemática das espécies seguiu Sick (1997),
incluindo as alterações propostas pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos
(CBRO, 2011).
A identificação das aves foi realizada com auxílio de guias de identificação,
principalmente, guias de Aves do Brasil ocorrentes no Pantanal e Cerrado. Quanto à
identificação das vocalizações foi realizado através de guias sonoros, das espécies
listadas para o Pantanal.
19
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Riqueza de espécies
Foram registradas 157 espécies de aves, distribuídas em 19 ordens e 38 famílias
(Tabela 01). Destes, 21 famílias (55,27%) são pertencentes à ordem dos Não-
Passeriformes, e 17 famílias (44,73%) pertencem à Ordem Passeriforme. Em estudo
realizado por Pinho (2005) foram registrados para o Pantanal de Pirizal, 215 espécies de
aves pelos dois métodos, sendo as famílias Tyrannidae e Emberezidae as melhores
representadas da Ordem Passeriformes, e Trochilidae, Accipitridae e Picidae as mais
registradas entre os Não-Passeriformes.
Tabela 01 - Relação das espécies de aves registradas em duas fitofisionomias da Estação Ecológica de
Taiamã, Cáceres, Mato Grosso, no período de setembro (2012), março e junho de 2013.
TÁXON NOME VULGAR ESTAÇÃO
MC- I MC-NI STATUS Seca Cheia Vazante
ANSERIFORMES
Anhimidae
Chauna torquata Tachã x x x R
GALLIFORMES
Cracidae
Ortalis canicollis aracuã-do-pantanal x x x x x R
Penelope ochrogaster jacu-de-barriga-castanha x x x RE
Aburria cujubi Cujubi x x R
Crax fasciolata mutum-de-penacho x x x R
SULIFORMES
Phalacrocoracidae
Phalacrocorax brasilianus Biguá x x R
Anhigidae
Anhinga anhinga Biguatinga x x R
PELECANIFORMES
Ardeidae
Tigrisoma lineatum socó-boi x x x R
Ardea alba garça-branca-grande x x R
CATHARTIFORMES
Cathartidae
Coragyps atratus
ACCIPITRIFORMES
urubu-de-cabeça-preta
x
x
R
Accipitridae
Rupornis magnirostris gavião-carijó x x x x x R
Busarellus nigricollis gavião-belo x x R
Urubitinga urubitinga gavião-preto x R
GRUIFORMES
Aramidae
Aramus guaraúna Carão x x R
Rallidae
Aramides cajanea saracura-três-potes x x R
CHARADRIIFORMES
Charadridae
Vanellus chilensis quero-quero x x x x R
COLUMBIFORMES
Columbidae
Columbina talpacoti rolinha-roxa x x x R
Columbina picui rolinha-picui x x R
Columbina squammata
fogo-apagou
x
x
x
R
20
TÁXON
NOME VULGAR
ESTAÇÃO
MC-I
MC-NI
STATUS
Seca
Cheia Vazante
Patagioenas cayennensis
pomba-galega
x
x x
x
x
R
Patagioenas picazuro Pombão x x x R
Leptotila verreuaxi juruti-pupu x x x x x R
Leptotila rufaxilla juruti-gemedeira x x x x x R
PSITTACIFORMES
Psittacidae
Myiopsitta monachus Caturrita x x x x x R
Brotogeris chiriri
periquito-de-encontro-
amarelo x x x x x R
Amazona aestiva papagaio-verdadeiro x x x x x R
Amazona amazônica curica x x x x x R
Diopsitacca nobilis maracanã-pequena x x x x R
Aratinga aurea periquito-rei x x R
Aratinga leucophtalma periquitão-maracanã x x x x R
Aratinga nenday periquito-de-cabeça-preta x x R
CUCULIFORMES
Cuculidae
Guira guira anu-branco x x x R
Piaya cayana alma-de-gato x x R
Coccycua minuta chicoã-pequeno x x x R
Crotophaga ani anu-preto x x x x R
Crotophaga major anu-coroca x x x R
STRIGIFORMES
Strigidae
Bubo virginianus Jacurutu x x R
Glaucidium brasilianum Caburé x x R
CAPRIMULGIFORMES
Caprimulgidae
Hydropsalis albicollis Bacurau x x R
Hydropsalis parvula bacurau-chintã x x R
APODIFORMES
Trochilidae
Amazilia fimbriata beija-flor-de-garganta-verde x x x R
Amazilia versicolor beija-flor-de-banda-branca x x R
Hylocharis chrysura beija-flor-dourado x x x x x R
Phaethornis pretrei rabo-branco-acanelado x x x R
Phaethornis subochraceus rabo-branco-de-barriga-fulva x x R
Thalurania furcata beija-flor-tesoura-verde x x x R
Phaethornis ruber rabo-branco-rubro x x x R
Glaucis hirsutus balança-rabo-de-bico-torto x x R
Polytmus guainumbi beija-flor-de-bico-curvo x x R
TROGONIFORMES
Trogonidae
Trogon curucui surucuá-de-barriga-vermelha x x x x R
CORACIIFORMES
Alcedinidae
Megaceryle torquata martim-pescador-grande x x x R
Chloroceryle inda martim-pescador-da-mata x x x R
Chloroceryle aenea Martinho x x x R
Chloroceryle americana martim-pescador-pequeno x x R
GALBULIFORMES
Galbulidae
Galbula ruficauda ariramba-de-cauda-ruiva x x x x x R
Bucconidae
Monasa nigrifrons chora-chuva-preto x x x R
PICIFORMES
Picidae
Picumnus albosquamatus pica-pau-anão-escamado x x x x R
Celeus lugubris pica-pau-loiro x x R
Campephilus melanoleucos pica-pau-de-topete-vermelho x x R
Veniliornis passerinus picapauzinho-anão x x x x R
21
TÁXON
NOME VULGAR
ESTAÇÃO
MC-I
MC-NI
STATUS
Seca
Cheia
Vazante
Colaptes melanochloros pica-pau-verde-barrado x x R
Melanerpes cruentatus benedito-de-testa-vermelha x x R
Piculus chrysochloros pica-pau-dourado-escuro x x R
Celeus flavus pica-pau-amarelo x x R
PASSERIFORMES
Thamnophilidae
Pyriglena leuconota papa-taoca x x R
Hypocnemoides maculicauda solta-asa x x R
Cercomacra melanaria chororó-do-pantanal x x x R
Herpsilochmus longirostris chorozinho-de-bico-comprido x x R
Taraba major choró-boi x x x R
Thamnophilus doliatus choca-barrada x x R
Dendrocolaptidae
Dendroplex picus arapaçu-de-bico-branco x x x R
Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde x x x x R
Lepidocolaptes angustirostris arapaçu-de-cerrado x x R
Furnariidae
Pseudoseisura unirufa
casaca-de-couro-de-crista-
cinza x x x x x R
Synallaxis albilora joão-do-pantanal x x x x R
Furnarius leucopus casaca-de-couro-amarelo x x x x R
Furnarius rufus joão-de-barro x x x x R
Phacellodomus ruber Graveteiro x x x R
Certhiaxis cinnamomeus Curutié x x R
Cotingoidae (Tytiridae)
Xenopsaris albinucha Tijerila x x R
Tyrannidae
Cnemotriccus fuscatus Guaracavuçu x x x x x
Poecilotriccus latirostris ferreirinho-de-cara-parda x x x x R
Machetornis rixosa suiriri-cavaleiro x x x x R
Megarynchus pitanguá Neinei x x x R
Pitangus sulfuratus bem-te-vi x x R
Myiozetetes cayanensis
bentevizinho-de-asa-
ferrugínea x x x R
Philohydor lictor bentevizinho-do-brejo x x x R
Todirostrum cinereum Reloginho x x x x x R
Hemitriccus margaritaceiventer sebinho-de-olho-de-ouro x x R
Tyrannus melancholicus suiriri x x x x x R
Tyrannus albogularis siriri-de-garganta-branca x x x R
Camptostoma obsoletum Risadinha x x x x x R
Elaenia flavogaster guaracava-de-barriga-amarela x x x x x R
Elaenia cristata
guaracava-de-topete-
uniforme x x x x R
Elaenia chiriquensis Chibum x x x x R
Myiopagis caniceps guaracava-cinzenta x x R
Myiopagis gaimardii maria-pechim x x x R
Myiarchus ferox maria-cavaleira x x x x x R
Myiarchus tyrannulus
maria-cavaleira-de-rabo-
enferrujado x x x x x R
Empidonomus varius Peitica x x x R
Griseotyrannus
aurantioatrocristatus peitica-de-chapéu-preto x x R
Sublegatus modestus guaracava-modesta x x R
Pyrocephalus rubinus Príncipe x x R
Knipolegus hudsoni maria-preta-do-sul x x VA (S)
Inezia inornata alegrinho-do-chaco x x x x VO
Legatus leucophaius bem-te-vi-pirata x x R
Serpophaga subcristata alegrinho x x R
Satrapa icterophrys suiriri-pequeno x x R
Myiophobus fasciatus Filipe x x R
Euscarthmus meloryphus Barulhento x x R
Vireonidae
Cyclarhis gujanensis Pitiguari x x x x x R
22
TÁXON
NOME VULGAR
ESTAÇÃO
MC-I
MC-NI
STATUS
Seca
Cheia
Vazante
Vireo olivaceus Juruviara
x
x
x
R
Hylophilus pectoralis vite-vite-de-cabeça-cinza x x x x R
Hirundinidae
Progne tapera andorinha-do-campo x x x R
Progne chalybea andorinha-doméstica-grande x x x R
Stelgidopteryx ruficollis andorinha-serradora x x x R
Troglodytidae
Cantorchilus leucotis
garrinchão-de-barriga-
vermelha x x x x x R
Pheugopedius genibarbis garrinchão-pai-avô x x x x x R
Campylorhynchus turdinus Catatau x x x x R
Donacobidae
Donacobius atricapilla Japacanim x x x x R
Polioptilidae
Polioptila dumicola balança-rabo-de-máscara x x R
Turdidae
Turdus rufiventris sabiá-laranjeira x x x R
Turdus amaurochalinus sabiá-poca x x x R
Turdus leucomelas sabiá-barranco x x R
Mimidae
Mimus saturninus sabiá-do-campo x x x R
Thraupidae
Ramphocelus carbo pipira-vermelha x x x x x R
Lanio penicillatus pipira-da-taoca x x x x x R
Lanio cucullatus tico-tico-rei x x x x R
Nemosia pileata saíra-de-chapéu-preto x x x x x R
Paroaria capitata Cavalaria x x x x R
Paroaria coronata Cardeal x x x x R
Dacnis cayana saí-azul x x R
Saltator coerulescens sabiá-gongá x x x x x R
Tangara sayaca sanhaçu-cinzento x x x x R
Tachyphonus rufus pipira-preta x x x x R
Conirostrum speciosum figuinha-de-rabo-castanho x x R
Thlypopsis sórdida saí-canário x x x R
Emberezidae
Volatinia jacarina Tiziu x x x R
Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro x x R
Sporophila collaris coleiro-do-brejo x x x R
Sporophila angolensis Curió x x x x R
Sporophila hypoxantha
caboclinho-de-barriga-
vermelha x x R
Sporophila leucoptera Chorão x x x x R
Sporophila caerulescens Coleirinho x x R
Sporophila lineola Bigodinho x x x R
Parulidae
Basileuterus flaveolus canário-do-mato x x x x R
Geothlypis aequinoctialis pia-cobra x x R
Parula pitiayumi Mariquita x x x R
Icteridae
Cacicus cela Xexéu x x x x x R
Procacicus solitarius iraúna-de-bico-branco x x x x x R
Icterus cayennensis Inhapim x x x x x R
Icterus croconotus joão-pinto x x x x x R
Molothrus oryzivorus iraúna-grande x x R
Molothrus bonariensis vira-bosta x x x R
Agelaioides badius asa-de-telha x x x R
Gnorimopsar chopi Graúna x x x R
Fringilidae
Euphonia chlorotica
fim-fim
x
x
x
x
R
MC – I: Mata Ciliar Inundável; MC – NI: Mata Ciliar Não Inundável.
23
STATUS: R (evidências de reprodução no país disponíveis); VO (visitante sazonal oriundo de áreas a
oeste do território brasileiro); VA (S) (vagante, espécie de ocorrência aparentemente irregular no Brasil,
migrante regular em países vizinhos, oriundo do sul); E (espécie endêmica do Brasil).
De acordo com a curva cumulativa (FIGURA 04) demonstra que a continuação
do inventário na área poderá aumentar o número de espécies, ou seja, a riqueza
observada nas duas fitofisionomias ainda difere da riqueza esperada.
Figura 04 - Estimativa de riqueza de espécies (Jackknife) em duas fitofisionomias da Estação Ecológica
de Taiamã, Cáceres, Mato Grosso, no período de 2012 e 2013.
A avifauna registrada para as duas fitofisionomias da ESEC de Taiamã
corresponde 33,90% de todas as espécies ocorrentes para a planície do Pantanal, de
acordo com a revisão realizada por Tubélis & Tómas (2003). As espécies registradas
por estes autores são baseadas em inventários e coletas realizadas no Pantanal.
Analisando as espécies registradas na ESEC, nota-se que todas elas são relativamente
comuns na planície.
Nunes & Tomas (2004) realizaram uma análise comparativa em relação a
avifauna listada para o Pantanal com as aves de sete biomas vizinhos, foram creditadas
à planície pantaneira um total de 462 espécies, sendo estes influenciados pelos seguintes
biomas: Cerrado, Mata Atlântica de Interior, Floresta Amazônica de transição, Floresta
Chiquitana e o Chaco.
24
Signor e Pinho (2010) registraram para a região de Pirizal 350 espécies ao longo
de quatro anos contínuos, a maioria das espécies ocorrentes no Pantanal é considerada
generalista de habitats, ou seja, ocupa mais de dois tipos de habitats.
Piratelli (1999) registrou 103 espécies no Cerrado de Mato Grosso do Sul, sendo
a família Tyrannidae a mais abundante, apresentando 24 espécies, ele atribui esta
significância, pelo fato destes explorarem mais ambientes, estando presentes em
quaisquer regiões.
Foram registrados 2.694 indivíduos através das duas metodologias. As famílias
mais abundantes foram Tyrannidae com 31 espécies (19,74%), e Thraupidae com 12
(7,64%) espécies. Dentre os Não-Passeriformes, os Psittacidae e Trochilidae foram os
melhores representados, cada uma com 9 espécies (5,73%), seguida por Picidae com 8
espécies (5,09%).
Dados semelhantes ao da ESEC Taiamã, foram registrados por Araújo et al
(2013) em um estudo no Centro de Endemismo Pernambuco, foram amostradas três
áreas florestais da Mata Atlântica, apresentando maior ocorrência das seguintes
famílias : Tyrannidae (20), Thraupidae (15), Trochilidae (10) e Thamnophilidae (9).
Este autor ressalta que a comunidade amostrada constituiu-se principalmente de
insetívoros e frugívoros, atribuindo este fator ao tamanho da área amostrada e sua
composição, tais como diversidade de micro habitats, presença de riachos, áreas
alagadas, topografia variada e um enclave junto ao Bioma Cerrado.
A família mais representativa foi Tyrannidae, esta ocorrência pode ser explicada
por Sick (1997) onde o autor confere aos Tyrannidae a maior família de aves no
hemisfério Ocidental, constituindo cerca de 18% das espécies de Passeriformes da
América do Sul. Para Curcino et al (2007) esta família é a única que está presente em
todos os estratos de vegetação, e possui maior representatividade nas proximidades do
dossel, local onde capturam insetos.
Dentre as espécies pertencentes à família Tyrannidae destacamos algumas
ocorrentes na ESEC Taiamã: Pyrocephalus rubinus (Boddaert, 1783) (FIGURA 5A),
Poecilotriccus latirostris (Pelzeln, 1868) (FIGURA 5B), Todirostrum cinereum
(Linnaeus, 1766) (FIGURA 5C) e Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) (FIGURA
5D).
25
Figura 05 - Pyrocephalus rubinus espécie registrada na mata não inundável (A). Poecilotriccus latirostris
a segunda espécie mais capturada da família Tyrannidae (B). Todirostrum cinereum espécie registrada
nas duas fitofisionomias(C). Pitangus sulphuratus teve maior registro na mata inundável (D).
Fonte: Elaine da Rosa Bueno, 2013
A segunda família mais representativa foi Thraupidae, estes tiveram maior
registro devido seu hábito alimentar, constituídos de frutos e insetos, sendo estes muito
abundantes nas duas fitofisionomias amostradas, principalmente no período de seca. Em
estudos realizados por Parrini & Pacheco (2011) as espécies mais visitantes em plantas
do gênero Miconia foram os Thraupídeos. Os autores atribuem às espécies da família
Thraupidae as mais importantes dispersoras de sementes.
Sick (1997) confere aos Thraupídeos as espécies com maior variedade de cores,
onde a beleza de suas plumagens apresentam tons berrantes podendo conter brilho
metálico ou opalescente. Dentre os Thraupídeos destacamos algumas espécies
ocorrentes na ESEC de Taiamã, Lanio cucullatus (FIGURA 6A), Paroaria capitata
(FIGURA 6B), Thlypopsis sórdida (FIGURA 6C).
A
D C
B
26
Dentre os Trochilidae, a espécie Phaethornis pretrei (FIGURA 6D) foi a que
registrou maior ocorrência. De acordo com Sick (1997) esta espécie é abundante no
leste e no centro do Brasil, vive em matas e jardins arborizados, além de nidificar em
proximidades de água corrente. O autor Machado (2009) considera esta espécie como
organizadora da guilda de polinizadores, visto que, estes indivíduos exploram maior
número de espécies ornitófilas, mais especializadas.
Figura 06 - Indivíduo fêmea da espécie Lanio cucullatus (A). Espécie Paroaria capitata registrada
durante as três estações (B). Thlypopsis sórdida espécie ocorrente na estação seca e vazante, na MC – NI
(C). Phaethornis pretrei indivíduo nectarívoro ocorrente na MC – Nl (D).
Fonte: Elaine da Rosa Bueno, 2013.
A fitofisionomia com maior riqueza de espécies foi a Mata Ciliar não inundável,
sendo registradas 122 espécies (77,70%). Enquanto que para Mata Ciliar inundável
registrou-se apenas 94 espécies, correspondente a 59,87% (FIGURA 07).
As matas ciliares são importantes para o grupo das aves, pois atuam como fonte
de recursos para estes indivíduos, sendo disponibilizados recursos alimentares em
abundância e micro habitats favoráveis, principalmente em períodos de seca
(ALBUQUERQUE, 2001).
A B
C D
27
Figura 07 - Riqueza de espécies nas duas fitofisionomias da Estação Ecológica de Taiamã, Cáceres, Mato
Grosso, no período de 2012 e 2013.
Em estudo realizado por Piratelli (1999) no Bioma Cerrado, a fitofisionomia
Mata Ciliar, foi a segunda área melhor amostrada, possuindo o dossel bem formado e
maior umidade, devido a proximidade com corpo d’água, resultando assim, em um local
importante para avifauna, oferecendo recursos alimentares, sítios de reprodução e micro
habitats diversificados.
No Pantanal de Pirizal em Nossa Senhora do Livramento, Signor & Pinho
(2011) registraram 163 espécies, em cinco tipos de vegetação (Landi, Cordilheiras,
Campos de Murundus, Campo limpo, e pasto cultivado). Enquanto que Cintra &
Yamashita (1990) estimaram a abundância de aves em nove habitats do Pantanal de
Poconé, Mato Grosso, foram registradas um total de 317 espécies, destas 147 ocorreram
na fitofisionomia mata ciliar. O autor descreve esta fitofisionomia como uma área de
formação vegetal, constituída principalmente por árvores altas, com trepadeiras e
epífitas, podendo ser alagada durante inundações e enchentes.
A Mata Ciliar não inundável amostrada na presente pesquisa é caracterizada por
uma área aberta, apresentando plantas de médio e grande porte, com sub-bosque denso,
além de arbustos e gramíneas intercaladas entre estas árvores, próximo do Rio Paraguai.
A abundância de aves nesta fitofisionomia esta associada a sua composição florística e a
forma de distribuição das mesmas.
28
Piratelli (1999) destaca que ambientes que possui sub-bosque denso, apresentam
substratos adequados para o desenvolvimento de insetos, sendo que este grupo constitui
a fonte alimentar de diversas espécies de aves. De acordo com Cunha (1990) a
diversidade florística em áreas secas é maior do que em áreas inundáveis. Para Ponce &
Cunha (1993) este fator ocorre devido à umidade do solo e a topografia em que as
espécies arbóreas se encontram.
Gimenes e Anjos (2003) salienta que o aumento da área também aumentaria a
diversidade de habitats, cada um acolhendo um conjunto de espécies associadas, o que
resultará no aumento de riqueza de espécies. Para este autor os diferentes padrões de
fisionomia influenciam na facilidade ou no sucesso das comunidades de aves, pois
oferece maior possibilidade de aperfeiçoar suas atividades fundamentais. Em estudo
realizado por Santos (2004) em fragmentos florestais, a baixa abundância de espécie
esta associada ao tamanho da área, neste caso, os pequenos fragmentos e a perda de
hábitat exerce forte influência na estrutura da comunidade de aves.
Existem espécies que necessitam de grandes áreas de vegetação para garantir a
sobrevivência de sua população, e em fragmentos pequenos não há tanta disponibilidade
de recursos básicos, tais como alimentos em quantidades suficientes e locais próprios
para construção de ninhos, o que pode levar a redução ou desaparecimento de tais
espécies (RAMBALDI & OLIVEIRA, 2003). Este autor ressalta que a fragmentação de
ambientes florestais tem mostrado grande impacto sobre a população de aves,
consequentemente, quanto menor a área florestal, maior será o isolamento das espécies,
resultando assim na perda significativa de espécies, principalmente os frugívoros que
necessitam de espécies vegetais zoocóricas.
Pequenas manchas florestais podem ser consideradas habitat impróprio para uma
gama de espécies, principalmente as de grande porte, assim o tamanho e arranjo
espacial dos fragmentos de habitats podem atuar como um filtro para espécies que
ocorrem nesta paisagem (YABE et al, 2010).
Foram observadas condições satisfatórias de conservação da flora local, sendo
registrado baixo impacto de atividades antrópicas, este fator também contribuiu para a
riqueza de espécies nas duas fitofisionomias amostradas. De acordo com Gimenes e
Anjos (2003) a composição florística e a estrutura da vegetação são fundamentais na
determinação da riqueza de aves, onde a complexidade estrutural da vegetação resultará
no crescimento de locais de forrageamento sobre os quais as espécies poderão
especializar-se e apresentar novas guildas.
29
Em pesquisas realizada por Silva et al (2007) apontam que o Pantanal apresenta
bastante conservado, existindo 88,46% de sua área ocupada por vegetação natural e
apenas 11,54% de sua área antrópica, sendo este último utilizada para práticas de
pecuária extensiva.
O Pantanal foi designado como Reserva da Biosfera e como Patrimônio Natural
da Humanidade, oferecendo oportunidade para a conservação da biodiversidade
existente neste ecossistema, sendo trabalhado juntamente com o desenvolvimento
sustentável (HARRIS et al, 2005).
A Estação Ecológica de Taiamã é uma área integralmente protegida, sendo
permitida a utilização para a execução de pesquisas científicas de caráter
conservacionista, o que contribui para a preservação de todas as fitofisionomias e seres
vivos que ali se encontram. Por se tratar de uma Unidade de Conservação esta área de
11.200 hectares, não sofre pressão antrópica, pois é proibida a visitação pública e
práticas de pesca dentro desta Unidade, este fator garante a manutenção da vida
selvagem e evita a perturbação de diversas espécies no interior da ESEC.
3.2 – Abundância de espécies
No método censo por pontos ocorreram 2421 contatos e registradas 149 espécies
de aves, representando 94,90% de todas as espécies registradas na ESEC Taiamã. No
geral, considerando os três períodos (seca, cheia e vazante) e as duas áreas amostradas
(mata ciliar não inundável e mata ciliar inundável), as espécies mais abundantes foram
Myiopsitta monachus (IPA = 7,83) (FIGURA 8A), Brotogeris chiriri (IPA = 6,44);
Patagioenas cayennensis (IPA = 5,61) e Ramphocelus carbo (IPA = 5,11) (FIGURA
8B). Por sua vez, as espécies menos abundantes nessas áreas foram Hydropsalis
albicollis, Aburria cujubi, Chloroceryle americana, Coccycua minuta, Satrapa
icterophrys, Myiophobus fasciatus, Urubitinga urubitinga, Piculus chrysochloros, todas
com valor de IPA igual a 0,06.
30
Figura 08 - Myiopsitta monachus espécie nidificando (A). Individuo macho da espécie Ramphocelus
carbo, uma das espécies mais abundantes na ESEC (B).
Fonte: Elaine da Rosa Bueno, 2013
Segundo Sick (1997) a espécie Ramphocelus carbo é a espécie mais abundante
na Amazônia, vive na beira da mata, no dossel das árvores e na vegetação ribeirinha,
apresenta fácil adaptação em áreas de cultivo. Esta é uma espécie adaptada à
multiplicidade de nichos ecológicos em ecossistemas florestais, por este fator, possui
maior abundância nas mais diferentes fitofisionomias.
Em relação à estimativa de Abundância, pode-se verificar que algumas espécies
são muito abundantes e a maioria das espécies pouco abundantes (FIGURA 09). Tal
padrão de distribuição da abundância de espécies é encontrado em vários estudos
realizados com aves tropicais (VIELLIARD et al. 2010; DONATELLI et al. 2007).
Figura 09 - Valores de Índice Pontual de Abundância para as duas fitofisionomias amostradas da Estação
Ecológica de Taiamã, município de Cáceres, Mato Grosso, no período de 2012 e 2013.
A B
31
Na tabela 02 são apresentados os valores de IPA das aves mais abundantes
ocorrentes nas duas fitofisionomias durante as estações amostradas. Nas estações seca,
cheia e vazante, respectivamente, as espécies mais abundante na Mata inundável foram
Brotogeris chiriri (11), Patagioenas cayennensis (11,33) e Myiopsitta monachus (7,33).
Para a Mata não inundável durante as estações seca, cheia e vazante, respectivamente,
foram abundantes as espécies Columbina talpacoti (17,66) e Myiopsitta monachus
(14,66 e 6,66).
Tabela 02- Valores de IPA das espécies de aves mais abundantes registradas na Estação Ecológica de
Taiamã nos períodos de seca, cheia e vazante em cada ambiente amostrado: MC – NI = mata ciliar não
inundável; MC – I = mata ciliar inundável. Município de Cáceres, Mato Grosso, no período de 2012 e
2013.
Seca
Espécies MC – NI Espécies MC – I
Columbina talpacoti 17,66 Brotogeris chiriri 11
Sporophila hypoxantha 14 Ramphocelus carbo 8
Molothrus bonariensis 13,66 Myiopsitta monachus 7
Agelaioides badius 11,66 Crotophaga ani 5,66
Myiopsitta monachus 11,33 Amazona aestiva 5,33
Cheia
Espécies MC – NI Espécies MC – I
Myiopsitta monachus 14,66 Patagioenas cayennensis 11,33
Aratinga leucophthalma 10 Brotogeris chiriri 7
Patagioenas cayennensis 9,33 Ramphocelus carbo 5
Brotogeris chiriri 8,66 Cacicus cela 4,66
Lanio cucullatus 7 Gnorimopsar chopi 4
Vazante
Espécies MC – NI Espécies MC - I
Myiopsitta monachus 6,66 Myiopsitta monachus 7,33
Stelgidopteryx ruficollis 6,66 Ramphocelus carbo 4
Aratinga leucophthalma 4,66 Ortalis canicollis 3,33
Ramphocelus carbo 4,66 Donacobius atricapilla 2,33
Campylorhynchus turdinus 3,33 Amazona aestiva 2
32
A espécie Brotogeris chiriri (Vieillot, 1818) foi a espécie mais abundante na
Mata Ciliar inundável, no período da seca, este fator ocorre devido a maior
disponibilidade de alimento obtido através das florações da espécie arbórea Erythrina
fusca, espécie muito abundante nesta fitofisionomia. Parrine & Raposo (2010) ressalta a
importância de espécies do gênero Erythrina como fonte alimentar para as aves do
Pantanal, principalmente durante a estação seca, onde algumas espécies apresentam
comportamentos favoráveis à polinização desta planta.
A abundância de psitacídeos e columbídeos pode ser explicada por Sick (1997)
onde o autor certifica que o Brasil é o país mais rico em Psittacidae, e em relação aos
Columbidae, este possui vasta distribuição no planeta e sua exploração em diversos
ambientes se dá pela sua dieta alimentar constituída por granívoros e frugívoros.
Na tabela 03 são apresentadas as espécies mais abundantes nas duas
fitofisionomias estudadas. As espécies que apresentaram maior abundância na Mata
Não inundável foram Myiopsitta monachus (10,89), Aratinga leucophthalma (7,33) e
Columbina talpacoti (7,00). Enquanto que para a Mata Ciliar inundável as espécies
mais registradas foram Brotogeris chiriri (6,00), Ramphocelus carbo (5,67) e
Patagioenas cayennensis (5,44).
Tabela 03 – Espécies de aves mais abundantes em dois ambientes na Estação Ecológica de Taiamã: MC –
NI = mata ciliar não inundável; MC – I = mata ciliar inundável. Município de Cáceres, Mato Grosso, no
período de 2012 e 2013.
Espécies MC – NI Espécies MC - I
Myiopsitta monachus 10.89 Brotogeris chiriri 6.00
Aratinga leucophthalma 7.33 Ramphocelus carbo 5.67
Columbina talpacoti 7.00 Patagioenas cayennensis 5.44
Brotogeris chiriri 6.89 Myiopsitta monachus 4.78
Molothrus bonariensis 6.67 Ortalis canicollis 3.11
Agelaioides badius 6.11 Amazona aestiva 3.11
Stelgidopteryx ruficollis 5.89 Crotophaga ani 3.00
Patagioenas cayennensis 5.78 Donacobius atricapilla 2.56
Lanio cuculatus 5.44 Amazona amazônica 2.00
Paroaria capitata 4.89 Campylorhynchus turdinus 1.78
33
A abundância de espécies esta associada aos diferentes tipos de cobertura
florestal nas áreas amostradas, ou seja, a heterogeneidade local. Como bem diz Conner
& Dickson (1997) a presença e abundância de aves em determinado habitat esta
relacionada com a estrutura vertical e o tipo da cobertura florestal.
Para o autor Figueira et al (2006) a abundância de espécies é determinado pela
capacidade de tolerar as diferentes condições ambientais e também a exploração de uma
gama de recursos, sendo as espécies residentes ecologicamente mais flexíveis na
capacidade de manter populações maiores.
A abundância de espécies estimada nesta pesquisa pode estar relacionada com a
diversidade de mosaicos vegetacionais ocorrentes na ESEC de Taiamã, como sugerido
por Castrillon et al (2011) em levantamentos de habitats ao longo do Rio Paraguai até a
ESEC de Taiamã, foi constatada maior diversidade, riqueza e abundância de vegetação
o que reflete na diversidade das espécies e nos padrões de distribuição.
O pulso de inundação do Rio Paraguai também deve ser considerado um fator
crucial para avifauna da ESEC, pois contribui para a manutenção da vida de diversas
espécies de aves, em especial, as aquáticas e migratórias, que utilizam o Pantanal para
nidificar (FIGURA 10) e também pela maior oferta de alimentos.
Figura 10: Tigrisoma lineatum jovem.
Fonte: Elaine da Rosa Bueno, 2013
11
34
Em estudo realizado por Cavarzere et al (2009) na Estação Ecológica dos
Caetetus (São Paulo) foi registrado 226 espécies através da metodologia de censo por
pontos, estas espécies foram distribuídas em 56 famílias e 20 ordens. Como sugere o
autor esta abundância de espécies ocorreu devido o tamanho da área estudada, onde
confere aos grandes fragmentos (acima de 1.000 ha) a capacidade de manter uma
riqueza significativamente maior de aves, quando comparados aos fragmentos menores.
Dentre as 157 espécies registradas na Estação Ecológica de Taiamã, uma espécie
(Penelope ochrogaster Pelzeln, 1870), consta no Livro Vermelho da Fauna Brasileira
Ameaçada de Extinção (2008).
A espécie Penelope ochrogaster, popularmente conhecida como jacu-de-barriga-
castanha, foi observada na Mata inundável, um indivíduo deslocando-se entre galhos da
vegetação desta fitofisionomia. De acordo com Machado et al (2008) esta espécie
encontra-se ameaçada na categoria Vulnerável, no Estado de Minas Gerais, porém, os
dados obtidos desta espécie consistem em maior número de indivíduos no Pantanal,
onde podem ser observadas em diversas formações florestais, tais como matas secas,
semidecídua, matas ciliares e Cambarazais.
Apesar, de manter uma população viável na planície Pantaneira, em outros
estados se encontra ameaçadas de extinção. Antas (2004) argumenta que esta espécie se
encontra ameaçada de extinção devido a caça e alteração do ambiente florestal, sendo
que apresenta comportamento arredio a qualquer sinal de perturbação.
Tómas et al (2004) registrou um total de 117 espécies ameaçadas na Planície do
Pantanal, dentre este total, foi registrada a Penelope ochrogaster esta foi observada no
habitat florestal. O autor justifica que o Pantanal sofre pouca interferência humana, e
por este motivo considera o último refúgio que abriga uma gama de espécies, entre elas
as que se encontra ameaçada de extinção.
Portanto, estudos mais sistêmicos sobre a comunidade de aves ocorrentes no
Pantanal, em especial, a área da ESEC de Taiamã, poderá elevar o número de espécies,
e contribuir com dados pertinentes sobre as espécies ameaçadas que residem ou passam
invernadas neste ecossistema. Estes inventários sobre avifauna poderão ser usados para
estabelecer práticas e manejos conservacionistas com as espécies registradas.
35
3.2 Comparação entre as estações estudadas
Quanto aos períodos estudados, na seca foram registradas 104 espécies, na cheia
101 espécies e na vazante, por sua vez, 86 espécies (FIGURA 11). Ou seja, não houve
diferença significativa entre os ciclos hidrológicos.
Figura 11 - Riqueza de espécies durante as três campanhas amostrada, na Estação Ecológica de Taiamã,
Cáceres, Mato Grosso, no período de 2012 a 2013.
Ao contrário dos resultados aqui apresentados em relação ao período de
sazonalidade do Pantanal, Pinho (2005) apontou que a estimativa de riqueza de espécies
manteve o mesmo padrão em quatro habitats estudados, sendo que os períodos de seca e
vazante foram os mais ricos em espécies.
Dados semelhantes ao da ESEC de Taiamã foram apresentados por Anjos &
Graf (1993) no Estado do Paraná, ao longo do ano estudado foi observado maior
número de táxons a partir do final do inverno (setembro) diminuindo no final da
primavera (dezembro) e reduzindo mais ainda no outono (maio), sendo este último o
mais pobre em números de espécies.
Em comparação com a presente pesquisa o mês de setembro apresentou maior
riqueza, enquanto que o mais pobre em táxons foi o mês de junho, porém esta diferença
não foi tão significativa. O autor acima relata que a baixa riqueza ocorrente entre os
36
meses de março a agosto se dá pela ausência das aves migratórias e também pelo
comportamento mais discreto das aves, quando não estão em período reprodutivo.
Algumas espécies de vertebrados são capazes de explorar uma ampla
distribuição geográfica, ocorrendo em toda região do Cerrado e em outros biomas
brasileiros, porém, estes indivíduos ocorrem em altas densidades em certos períodos
sazonais da região (ALHO et al, 2000).
As condições climáticas também exercem influência na presença e distribuição
de determinadas espécies de aves, podemos considerar o exemplo de Gimenes & Anjos
(2000), onde estudos realizados em fragmentos florestais em Londrina - PR foram
registrados 29 espécies nos meses mais quentes do ano (setembro a dezembro), onde a
temperatura estava entre 20 e 23ºC, enquanto os meses mais frios (junho e agosto)
foram registrados apenas 24 espécies.
Portanto, este aspecto também deve ser considerado para os dados obtidos na
ESEC de Taiamã, sendo apresentado maior registro na estação seca, 104 espécies. Por
sua vez, o clima local nos períodos de seca manteve-se sempre aberto, ensolarado, com
temperaturas altas, o que facilita o deslocamento, procura de alimentos, descansos em
galhos, e nidificação, ou seja, este período contribui para maior atividade de inúmeras
espécies de aves.
Dentre as espécies registradas no período de seca podemos destacar
Thamnophilus doliatus (Linnaeus, 1764) (FIGURA 12A) na Mata não inundável;
Donacobius atricapilla (Linnaeus, 1766) (FIGURA 12B) na Mata inundável. Entre as
espécies que ocorreram nas duas fitofisionomias destacamos Picumnus albosquamatus
(d'Orbigny, 1840) (FIGURA 12C) e Trogon curucui (Linnaeus, 1766) (FIGURA 12D).
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Figura 12 – Choca-barrada capturada na MC – NI (A). Donacobius atricapilla espécie comum em brejos
e ambientes aquáticos (B). Picumnus albosquamatus (C) e Trogon curucui (D) registrados nas duas
fitofisionomias da ESEC de Taiamã, no período de 2012 e 2013.
Fonte: Elaine da Rosa Bueno, 2013
Outro fator associado à diversidade de espécies no período de seca citado por
Gimenes & Anjos (2000) é o início do período reprodutivo das aves, que na maioria se
inicia no mês de setembro, então, ocorre maior atividade destes indivíduos, facilitando o
registro de várias espécies. Para Sick (1997) outro aspecto considerado para a riqueza de
aves neste período é a chegada de aves migratórias no Pantanal.
Dentre as 157 espécies registradas na ESEC Taiamã, 26 espécies são
migratórias. De acordo com a revisão de Nunes & Tómas (2004) foram listadas 133
espécies de aves migratórias na planície do Pantanal. Os dados da Taiamã conferem a
19,54% dos registros de Nunes & Tómas para as aves migratórias.
No Pantanal, os movimentos migratórios estão associados com a sazonalidade
ambiental, e as variações sazonais estão relacionadas com a riqueza e composição de
espécies (SIGNOR & PINHO, 2011).
C
B
D
A
38
Entre as espécies migratórias podemos citar a Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot,
1817), popularmente conhecida como andorinha-serradora (FIGURA 13A), Sporophila
leucoptera (Vieillot, 1817) (FIGURA 13B), Sporophila lineola (Linnaeus, 1758)
(FIGURA 13C), Pyrocephalus rubinus, Knipolegus hudsoni, Elaenia flavogaster,
Elaenia chiriquensis, Megarynchus pitanguá, Griseotyrannus aurantioatrocristatus,
Myiarchus swainsoni, Tyrannus melancholicus, Progne tapera, Turdus
amaurochalinus, Volatinia jacarina, Sporophila hypoxantha e Phalacrocorax
brasilianus (Gmelin, 1789).
Figura 13 - Stelgidopteryx ruficollis espécie abundante na mata não inundável (A). Sporophila leucoptera
espécie registrada na mata ciliar não inundável durante as três estações amostradas (B). Individuo macho
Sporophila lineola (C).
Fonte: Elaine da Rosa Bueno, 2013
De acordo com Antas (2004) a espécie Sporophila leucoptera tem ocorrência
ampla na RPPN SESC Pantanal, sendo registrada nas seguintes fitofisionomias:
Cerrado, Campo, Cerradão, Mata Seca e Cambarazal. Além de ocorrer em toda extensão
do Pantanal, também ocorre no Centro Oeste, parte do Nordeste e Sudeste.
A
C
B
39
Para Nunes & Tómas (2004) as alterações nos habitats da planície pantaneira
podem provocar impactos significativos às espécies migratórias, principalmente aquelas
que dependem de ambientes florestais, como ocorre com a maioria dos Passeriformes
(46,3% dos migrantes). Os autores ressaltam que os indivíduos mais prejudicados com
tais alterações florestais são os que se alimenta de sementes, principalmente, os
membros do gênero Sporophila.
40
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho possibilitou conhecer a riqueza e abundância de aves ocorrentes
em duas fitofisionomias da Estação Ecológica de Taiamã. Dentre o total registrado, uma
espécie esta atualmente ameaçada de extinção, a nível nacional, a espécie Penelope
ochrogaster. A diversidade de habitats existente no Pantanal contribui para a riqueza e
composição da avifauna local, serve de abrigo para inúmeras espécies de aves,
principalmente no período de seca (estação com maior riqueza de espécies), devido o
início do período reprodutivo de algumas espécies, a chegada de aves migratórias, a
maior oferta de alimento. Através destes resultados percebe-se que a diversidade de
espécies ocorrentes na ESEC Taiamã, tende a aumentar através de novos inventários. A
realização de pesquisas relacionadas às comunidades de aves neste ecossistema, em
especial na região do Alto Pantanal, é necessária para elaboração de propostas de
manejo tanto das espécies, como da complexidade de habitats existentes. Portanto, os
resultados obtidos podem contribuir para realização de futuras pesquisas nesta região,
bem como fornecer dados importantes acerca das espécies registradas, até mesmo
implantar medidas de conservação com as espécies atualmente ameaçadas.
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