20
Visitez Le Portugal jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français - jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français - jornal comunitário em Português Num. 40 • Ano / An 2• 10 de Outubro / 10 octobre 2015 Voir pag.13 « QUANDO A INJUSTIÇA SE TORNA LEI, A RESISTÊNCIA TORNA-SE UM DEVER» (Thomas Jefferson) Le cheval de Troie du niqab Stephen Harper devrait-il, s’il est réélu, soustraire de l’application de la Charte des droits et libertés son projet d’interdire ce vêtement lors de ces cérémonies ? par Chantal Hébert Zunera Ishaq a gagné à la Cour d’appel fédérale le droit de prêter le serment de citoyenneté le visage voilé. Les conservateurs sont prêts à contester cette décision en Cour suprême. (Photo : Patrick Doyle / La Presse Canadienne) Pour éviter, une fois pour toutes, que des musulmanes ne continuent d’avoir le droit de prêter le serment de citoyenneté en portant le niqab, Stephen Harper devrait-il, s’il est réélu, utiliser la disposition de dérogation et ainsi soustraire de l’application de la Charte des droits et libertés son projet d’interdire ce vêtement lors de ces cérémonies ? Bien des gens le croient, et ils ne sont pas tous conservateurs. En effet, il s’agit là d’une rare question sur laquelle bon nombre de progressistes, y compris bien des féministes, s’accordent avec les ténors de la droite canadienne. Sur la foi du droit à l’égalité des hommes et des femmes, le chef du Bloc québécois, Gilles Duceppe, réclame depuis des lustres que les niqabs soient bannis des cours de citoyenneté. Le ministre fédéral Jason Kenney, qui a entrepris une croisade en ce sens alors qu’il était responsable du dossier de l’immigration, estime pour sa part que le fait de ne pas prêter le serment de citoyenneté à visage découvert est une atteinte aux valeurs canadiennes. L’un comme l’autre sont convaincus que l’exigence de se découvrir pour prêter serment est une limite raisonnable à la liberté de religion garantie par la Charte. Ni l’un ni l’autre ne sont certains que la Cour suprême partage leur opinion. Et ce ne sont pas les jugements récents de la Cour fédérale invalidant une directive Eleições em Portugal = PSD 36,8% = PS 32,4% Entretanto... Meta do Governo só é cumprida com défice até 1,1% no 2.º semestre Lusa O Conselho de Finanças Públicas (CFP) alertou agora que o défice no último semestre do ano não poderá ser superior a 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB) para que a meta do Governo para 2015 seja cumprida. “O cumprimento da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada até Junho”, adverte a entidade liderada por Teodora Cardoso, num relatório divulgado sobre a evolução económica e orçamental até ao final do primeiro semestre deste ano. O CFP sublinha que “para atingir um défice ajustado de 2,8% do PIB em 2015 será necessário que o défice ascenda a 1,1% do PIB na segunda metade do ano, ou seja, inferior em 1,5 pontos percentuais do PIB (1.277 milhões de euros) ao verificado em idêntico período do ano transacto”. (...) E O Fundo Monetário Internacional (FMI) continua a não acreditar que Portugal consiga reduzir o défice abaixo dos 3% do PIB este ano, o que, a confirmar-se, manterá o país em défice excessivo, em conformidade com as regras europeias. Estimativa do Governo aponta para os 2,7% este ano. (...) CM 5 de Outubro de 2015 Curiosa geografia muito parecida com a de 5 de Outubro de 1143. (Em laranja) Data da fundação de Portugal. in Público

Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

Visitez Le Portugal

• jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français - jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français - jornal comunitário em Português •Num. 40 • Ano / An 2• 10 de Outubro / 10 octobre 2015

Voir pag.13

« QUANDO A INJUSTIÇA SE TORNA LEI, A RESISTÊNCIA TORNA-SE UM DEVER» (Thomas Jefferson)

Le cheval de Troie du niqabStephen Harper devrait-il, s’il est réélu, soustraire de l’application de la Charte des droits et libertés son projet d’interdire ce vêtement lors de ces cérémonies ?

par Chantal Hébert

Zunera Ishaq a gagné à la Cour d’appel fédérale le droit de prêter le serment de citoyenneté le visage voilé. Les conservateurs sont prêts à contester cette décision en Cour suprême.

(Photo : Patrick Doyle / La Presse Canadienne)

Pour éviter, une fois pour toutes, que des musulmanes ne continuent d’avoir le droit de prêter le serment de citoyenneté en portant le niqab, Stephen Harper devrait-il, s’il est réélu, utiliser la disposition de dérogation et ainsi soustraire de l’application de la Charte des droits et libertés son projet d’interdire ce vêtement lors de ces cérémonies ? Bien des gens le croient, et ils ne sont pas tous conservateurs.

En effet, il s’agit là d’une rare question sur laquelle bon nombre de progressistes, y compris bien des féministes, s’accordent avec les ténors de la droite canadienne.Sur la foi du droit à l’égalité des hommes et des femmes, le chef du Bloc québécois, Gilles Duceppe, réclame depuis des lustres que les niqabs soient bannis des cours de citoyenneté.

Le ministre fédéral Jason Kenney, qui a entrepris une croisade en ce sens alors qu’il était responsable du dossier de l’immigration, estime pour sa part que le fait de ne pas prêter le serment de citoyenneté à visage découvert est une atteinte aux valeurs canadiennes.

L’un comme l’autre sont convaincus que l’exigence de se découvrir pour prêter serment est une limite raisonnable à la liberté de religion garantie par la Charte. Ni l’un ni l’autre ne sont certains que la Cour suprême partage leur opinion. Et ce ne sont pas les jugements récents de la Cour fédérale invalidant une directive

Eleições em Portugal

= PSD 36,8%

= PS 32,4%

Entretanto...Meta do Governo só é cumprida com défice até 1,1% no 2.º semestre

LusaO Conselho de Finanças Públicas (CFP) alertou agora que o défice no último semestre do ano não poderá ser superior a 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB) para que a meta do Governo para 2015 seja cumprida. “O cumprimento da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada até Junho”, adverte a entidade liderada por Teodora Cardoso, num relatório divulgado sobre a evolução económica e orçamental até ao final do primeiro semestre deste ano. O CFP sublinha que “para atingir um défice ajustado de 2,8% do PIB em 2015 será necessário que o défice ascenda a 1,1% do PIB na segunda metade do ano, ou seja, inferior em 1,5 pontos percentuais do PIB (1.277 milhões de euros) ao verificado em idêntico período do ano transacto”. (...)

EO Fundo Monetário Internacional (FMI) continua a não acreditar que Portugal consiga reduzir o défice abaixo dos 3% do PIB este ano, o que, a confirmar-se, manterá o país em défice excessivo, em conformidade com as regras europeias.Estimativa do Governo aponta para os 2,7% este ano. (...) CM

5 de Outubro de 2015

Curiosa geografia muito parecida com a de 5 de Outubro de 1143. (Em laranja)Data da fundação de Portugal. in Público

Page 2: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

A Chuva e o Bom Tempo

2

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

ABC-portuscale. Bi-mensuel. Crédits:

Recueil d’auteurs identifiés et de / colectânea de autores identificados e de:Aicep; Santé Canada; Histoire du Canada; Internet et quelques inconnus.Compliation, coordination et montage: Raul Mesquita.www.abcportuscale.com / [email protected]

“A procura interna é um indicador decisivo no comportamento dos eleitores?”

Daniel Bessa

Numa economia tão pequena e tão aberta como a portuguesa, tentar fazer crescre a procura interna para fazer crescer a economia é um excelente contributo para o crescimento do PIB ... espanhol, ou alemão.

Procura interna é um conceito, construído no âmbito da macroeconomia. Respeita aos bens e serviços que uma população compra durante um ano. Engloba a compra de bens de consumo pelas famílias, e pelo Estado, e a compra de bens de investimento pelas famílias, pelo Estado e pelas empresas. Rondará, em Portugal, os 170 mil milhões de euros por ano. É satisfeita em cerca de 40% por importações (bens, portanto, que os dez milhões de portugueses compram mas não produzem); como exportamos um valor da mesma ordem de grandeza, acabamos por produzir também 170 mil milhões de euros por ano – valor do PIB.

O conceito parece-me demasiado abstracto para poder influenciar o comportamento, leia-se, o voto dos eleitores. Estes reagem mais, penso eu, a categorias mais empíricas, e mais próximas do seu quotidiano, como sejam o emprego (que têm ou não têm), o salário (que auferem ou não auferem), as pensões (que recebem ou não recebem), os preços dos bens e serviços (sobretudo quando sobem muito), os impostos que pagam (muitos ou poucos, sempre quando se dão conta). Tudo isto, não saindo da economia, e deixando de lado outras realidades como o poderão ser o funcionamento das escolas, dos hospitais, a segurança, etc., etc.

A questão da procura interna ganha, no entanto, relevância política porque se pode actuar sobre o crescimento económico (e, portanto, sobre o PIB, e o emprego, e o rendimento das pessoas), manipulando politicamente a procura interna. Ensina-se nas escolas (pelo menos nas que não são muito más) que esta manipulação faz tanto mais sentido, e se revela tanto mais eficaz, quanto mais fechada a economia. Funcionou melhor no passado do que no presente; funciona, hoje, melhor numa economia grande do que numa economia pequena.

Numa economia tão pequena e tão aberta como a portuguesa, tentar fazer crescer, hoje, a procura interna para fazer crescer a economia afigura-se-me um arcaísmo, e um erro; esvai-se em importações, sendo um excelente contributo para o crescimento do PIB... espanhol, ou alemão. É um daqueles “actos de ternura” contra os quais é necessária a coragem de lutar, tanto mais quanto mais suportados por dívida (como será necessariamente o caso). Há quem pense que rende votos; não sei, talvez... Em minha opinião, rende sobretudo resgates, como se os que já tivemos, precisamente pelas mesmas razões, não tivessem sido suficientes.

Eleições portuguesas

Entre a revolta e o medoEstava assente e escrito no céu de que a abstenção seria enorme. E foi.Passou dos 40%. E foi, sem surpresa, a maioria absoluta deste dia de eleições.

É extremamente elucidativo o mapa dos círculos eleitorais. Passando uma diagonal a partir de Castelo Branco em direcção a Setúbal, a parte a norte é PSD e em direcção ao sul é PS. Do mesmo modo, o Arquipélago dos Açores é Socialista, enquanto que a Madeira de João Jardim é sócial-democrata. Como compreender esta clivagem?

O Norte sempre foi mais conservador. O Sul, passando o adormecido Alentejo, chega a um Algarve superlotado de estrangeiros, pouco ou nada atingidos pela crise, pela austeridade europeia, que apenas procuram o prazer e a distinção. Ao preço da chuva. De algarvio, o Algarve guarda ainda as casas dos pescadores, porque as traineiras e redes de pesca são praticamente coisas do passado, objectos de museu, devido às quotas e outras exigências de uns quantos aperaltados senhores de um qualquer país nórdico. São eles e a máfia de banqueiros europeus que dirigem Portugal. Pergunto-me muitas vezes, a que servem estas agitações e espectáculos circenses onde se despendem milhões num simulacro eleitoral se, na realidade, os ditos governantes servem apenas para pôr em marcha as decisões europeias. E nem sempre, estas, estão no mesmo diapasão dos interesses portugueses. Por isso, pode dizer-se que nestas ditas eleições houve somente um vencedor: o abstencionismo.

Que se venda então o Palácio de S. Bento que a nada de positivo serve e dessa forma, corresponda-se às ganâncias de financeiros viciados pelo lucro.

A Europa enveredou há muito tempo já, no projecto conjunto do banco Goldman and Sachs e da Moody’s: a Nova Ordem Mundial. Esse diabólico plano de conquista da Europa visava a troca de dinheiro, de pessoas e de ideias de forma tão subtil, que impossível se tornaria diferenciar o interesse público do interesse do GS, que tinha entre os seus dirigentes e conselheiros, elementos destacados nos países visados, de forma a minarem os governos do interior. E isso aconteceu. O resto, são fantasias ao gosto de Angela Merkel, ela também com fortes ligações ao banco. Tal como vários consultores da União Europeia. E os países obedecem. Desde aí tem sido um descalabro que apenas os super convencidos, ou ingénuos úteis, como o Presidente, acreditam estar no bom caminho. Que não há outra solução. Nem mesmo o tal “patriotismo europeu”... tão ao gosto do execrável Mário Soares...

Perdemos soberania e independência. Somos um país de ficção.

Desta forma, instalaram-se no português comum dois sentimentos: a revolta e o medo.

Revolta pelas mentiras constantes com que Passos Coelho tem enganado o povo português. Pela miséria, os cortes frequentes nas parcas pensões, pela fome que acompanha as crianças nos bancos das escolas, pela incerteza, a desconfiança e desespero das famílias, pela austeridade mais implacável que a imposta pela máfia banqueira. E até, pelas “boas” notícias não confirmadas, saídas da Europa durante a campanha…

Veio depois o medo. Sub-repticiamente evocado por Cavaco Silva e Passos Coelho — a pedir uma maioria para poderem governar. Para poderem tranquilizar os credores, responsáveis agiotas com estratégias eficientes, que condicionam e manipulam a evolução política e económica em prejuízo das populações. As máscaras vão cair, o povo vai consciencializar-se que uma vez mais seguiu as boas falas, as boas (falsas) promessas. Os avisos programados. O medo da recessão. De mais impostos. De mais cortes. De mais reduções de serviços. Enfim. O árduo caminho não acabou. O asfalto está em remendos.

E agora?

Agora...

Lembro Fernando Pessoa: “ Não te acostumes com o que não te faz feliz, revolta-te quando julgares necessário!

Raul Mesquita

Page 3: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

3

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

Manuel do Nascimento / Paris

D. Pedro II, 23e roi de Portugal.4ème dynastie (Bragance).

D. Pedro II est né le 26 avril 1648, à Lisbonne. Fils de D. João IV et de Luisa de Gusmão, et frère du roi D. Afonso VI. Après que Rome eut annulé le mariage de D. Afonso VI avec Marie-Françoise de Savoie, le 24 mars 1668, elle se marie avec D. Pedro le 28 mars, frère du roi. Elle décède 27 décembre 1683, soit quatre mois après son premier mari, D. Afonso VI.

D. Pedro est devenu roi en 1683 à la mort de son frère le 12 septembre 1683. D. Pedro II, veuve depuis 1683, il se marie le 2 juillet 1687, par procuration avec Marie Sophie Isabelle de Neubourg (Bavière) et actuelle Allemagne. Marie Sophie Isabelle, sa deuxième épouse, arrive à Lisbonne le 12 août 1687. Marie Sophie Isabelle de Bavière, sœur de l’impératrice (1676-1705), puis impératrice douairière (1705-1720), reine consort de Bohême, de Germanie et de reine consort de Hongrie, archiduchesse consort d’Autriche (1676-1705), épouse de Léopold 1er de Habsbourg.

En 1693, Marie Sophie Isabelle de Bavière fonde pour les jésuites le collège de Beja. C’est encore cette même année, que Catarina de Bragança, veuve de Charles II d’Angleterre rentre au Portugal et s’installe au Palais de Bemposta à Lisbonne.

Entre 1678 et 1685, les échanges anglo-portugais montent en flèche, en ce qui concerne les vins portugais aux dépens des vins français victimes de l’embargo anglais. Le consul de France, à Lisbonne, proteste cet embargo au gouvernement portugais. De son côté D. Pedro II du Portugal, pour protéger le vignoble de Porto, interdit dès 1685, l’entrée dans le pays, des vins, des eaux-de-vie et des autres boissons venues de France. À partir de 1697, les vins portugais jouirent en Angleterre par rapport aux vins français d’une préférence douanière de plus 50%. Le 4 avril 1693, le pape Innocent XII autorise la vénération de l’image de l’infante Joana, (canonisation de Santa Joana de Portugal), fille du roi D. Afonso V de Portugal. Lors des cortes réunies en 1697, qui rassemblent les Trois États selon le modèle traditionnel portugais hérité au Moyen-Âge, elles jurent fidélité au prince héritier João. Les historiens voient là le déclin de ces Cortes, excellentes médiatrices entre le pouvoir et le peuple et les considèrent être l’absolutisme royal du type Louis XIV (France), qui gagne les rois portugais.

À la fin du XVIIè siècle (1699), près de 800 kg d’or arrivent au Portugal en provenance du Brésil. Cet or est divisé en cinq parties, dont un cinquième pour le trésor royal, et un cinquième pour l’église. Cette source extraordinaire de richesse pour le Portugal va aider considérablement au développement du Brésil et de Portugal. L’art baroque au Portugal lui doit beaucoup. Dans le cadre de la guerre de succession d’Espagne, D. Pedro II du Portugal et Louis XIV de France signent un traité de paix avec l’Espagne le 18 juin 1701. En ce début de l’année 1703, le Portugal signe un traité d’alliance avec l’Angleterre, et le Portugal est forcé d’adhérer à la grande alliance (succession d’Espagne), en faveur de l’archiduc Charles, reconnu comme roi d’Espagne sous le nom de Charles III, ce qu’alors, le 27 décembre 1703, est signé le fameux traité de Methuen (Sir Methuen), qui va lier ces deux pays (Portugal et Angleterre) sur le plan militaire et économique. L’or brésilien ouvre l’appétit des Anglais, ainsi comme le vin portugais.

Ce traité permet l’Angleterre d’exporter librement le textile vers le Portugal et en contrepartie le Portugal exporte le vin en Angleterre et dans leurs colonies anglaises. Selon certains chroniqueurs disent : ce traité et au-delà d’une alliance militaire et économique entre les pays, est surtout contre la France et l’Espagne. Les importations des vins portugais vers l’Angleterre et après le traité de Methuen ont augmenté de 690 tonneaux. En 1704, Philippe V d’Espagne déclare la guerre au Portugal, et quelques places portugaises tombent aux mains des forces franco-espagnoles, mais lorsque les forces anglaises débarquent au Portugal, les forces de Philippe V d’Espagne sont contraintes de se retirer. C’est ainsi qu’une grande partie de ses troupes du territoire portugais vers la Catalogne. Les relations diplomatiques entre la France et le Portugal sont rompues et le Portugal le fait rappeler au diplomate français Châteauneuf, ainsi que le retour à Lisbonne du diplomate et chroniqueur portugais, Cunha Brochado. Le 28 juin 1706, les Portugais, sous le commandement portugais, António Luis de Sousa (2è

Marquis de Minas) entre à Madrid et, sans aucun concours populaire, il fait proclamer Charles, sous le titre de Charles III d’Espagne. Philippe V, petit-fils fils de Louis XIV de France, se retire à Burgos. Belle revanche portugaise que d’occuper la capitale d’Espagne, et quelle humiliation pour les Madrilènes et les Castillans.

Le duc d’Orléans avait prévu une offensive contre le Portugal pour l’obliger à abandonner le combat, mais elle fut annulée par Philippe V pour y recouvrer en priorité les domaines de la couronne d’Aragon. Le roi D. Pedro II meurt le 9 décembre 1706. Son tombeau se trouve à l’église de São Vicente de Fora à Lisbonne. Lui succède son fils João, sous D. João V. 01 à D. Pedro IIà D. Marie Sophie Isabelle de Neubourgà Sir John Methuen par Adrien Carpentiersà Tratado de Mathuenà Drapeau de D. Pedro II, déjà utilisé sous D. Afonso VI, D. João IV, D. João ID. Manuel I, D. João III, D. Sebastião I

Page 4: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

4

Mais do mesmo?Manuel Loff

1. 13 anos a andar para trás, a reaprender a pobreza. Desde 2002 que vivemos em Portugal a mais longa regressão económico-social desde a II Guerra Mundial. Dentro deste ciclo, os últimos cinco anos (com Sócrates e, depois, Passos) ficarão na memória dos portugueses associados à pobreza/empobrecimento, à precarização/ansiedade, à emigração. Quiseram convencer-nos que estávamos (nós, não os bancos!) a viver “acima das nossas possibilidades” e que por isso havia que impor um estado de excepção que justificaria ignorar os compromissos com quem trabalha (corte nos salários) e com quem trabalhou (cortes nas pensões), ao mesmo tempo que o bom nome de Portugal nos obrigava a pagar uma dívida que não contraímos.

Mais de um milhão de desempregados. Desrespeito geral pelo valor do trabalho. Com um dos salários mínimos mais baixos da Europa, a proporção de trabalhadores portugueses a receberem-no quase duplicou entre 2011 (11,3%) e 2015 (19,6%). 25% das mulheres é o que recebe! Depois de meio século, desde os anos 50, a cortar lentamente a distância salarial do resto da Europa, Sócrates e Passos fizeram-nos retroceder quinze anos. Em 2008, o “custo total da mão-de-obra em Portugal” correspondia apenas a 47,8% da média da Zona Euro e a 43,7% da da Alemanha. Em 2013, esta proporção caíra para apenas 40,8% da média da Zona euro e 36,7% da da Alemanha. O aspirador de riqueza que se instalou no Ministério das Finanças, que tira dos pobres e da classe média para dar aos bancos (BPN, Privado, BES, …), sugou, entre 2010 e 2015, quase 7 mil milhões de euros das pensões, a que se juntam quase 9 mil milhões de “remunerações base” dos funcionários públicos (cálculos de E. Rosa, in www.eugeniorosa.com, 4.3, 11.6 e 10.8.2015). É a própria OCDE que assegura que “a pobreza cresceu de 17.9% para 24.7% entre 2009 e 2012”, aumentando “sobretudo entre a população em idade ativa, bem como entre as crianças e os jovens. Entre os menores de 17, quase um terço estava, em 2012, abaixo do [nível] de pobreza.” Para cúmulo, numa sociedade sujeita a este nível de stress social, a proporção de desempregados a receber subsídio tem diminuído consistentemente, ao mesmo tempo que “os 400 mil beneficiários do RSI em Janeiro de 2010 se reduziram quase para metade até Março de 2014, incluindo a perda do RSI para mais de 50 mil crianças e jovens.” Em síntese, “as reformas [introduzidas pelo Governo] tornaram os pobres mais pobres” (J. Arnold, C.F. Rodrigues, Reducing Inequality and Poverty in Portugal, OCDE, 17.8.2015).

Querem fazer-nos reaprender a inevitabilidade da pobreza, a sua bondade, porque nela se reaprende a trabalhar por menos, a fazer o que quase sempre os portugueses fizeram para procurar cumprir os seus sonhos: emigrar, desistir do país, chorar por ele à distância. Reaprender, ao contrário de 1974, que é inútil lutar contra a desigualdade porque ela é natural, porque corrigi-la só faz mal à economia, e o que cada um deveria fazer é safar-se por si.

Escuso de enumerar o que isto significa na vida da grande maioria: a ansiedade perante o futuro, a ruptura nas vidas afectivas (os casais em crise, os filhos/maridos/namorados que emigram à média de mais de cem mil ao ano), os velhos que morrem mais cedo, rodeados de abandono e de culpabilização de quem já não sabe como os ajudar. Medo. Desesperança.

2. Votar em regime de Protectorado. Desde 2002 que votamos (cada vez menos votamos...) em crise, sempre com o coração nas mãos, os nossos pais e os nossos avós receosos pelo seu futuro de aposentados, os nossos filhos e netos, e os nossos alunos, a fazerem-se à vida lá fora, muitos de nós próprios a vermos fugir o emprego, a ver avançar a precarização que desde há anos se nos diz ser a única forma de aprender a ser empreendedor (e obediente!) no trabalho. Mas nunca nos últimos 170 anos o Estado português (e, portanto, os eleitores que se suporia poderem decidir das suas políticas) se tinha encontrado tão sujeito a opções fundamentais de política económica e social que nós, enquanto comunidade, não controlamos democraticamente, mas de que depende quase tudo na nossa vida: salários, pensões, prestações sociais, tipo de contrato, direitos, impostos… Ao contrário do que diz Vasco Pulido Valente, nunca desde a intervenção militar estrangeira em 1847 - nem mesmo no Ultimato de 1890 ou no “resgate” do FMI de 1983-84 - se viveu uma situação na qual todas as decisões vinculativas do Estado português, desde um orçamento de Estado até ao valor do IMI ou de uma indemnização por despedimento, são tomadas por decisores estrangeiros, ou por eles são previamente autorizadas, isentos de qualquer controlo democrático. Sob a ditadura, tudo passava pelo próprio Salazar, desde a portaria de um subsecretário de Estado até à toalha da mesa de um banquete oficial; hoje tudo passa por não sei quantos obscuros funcionários do BCE ou da Comissão Europeia, que dizem ao Governo português como proceder na liberalização dos despedimentos ou nas restrições ao acesso ao RSI para “pôr esses preguiçosos a mexer de uma vez por todas!”...

3. Mais do mesmo? Se estamos há anos a passar todas as linhas vermelhas (orçamentos – todos! - contra a Constituição, incumprimento unilateral do

contrato social, retrocesso histórico sem precedentes), vamos voltar a ter mais do mesmo? PS-menos-austeridade-se-Bruxelas-deixar, depois de Passos-queremos-fazer-mais-do-que-a-troika..., e é tudo? Não aprendemos já com Sócrates depois de Durão e Santana? Hollande depois de Sarkozy? O PASOK depois da Nova Democracia? O bipartidarismo Dupond contra Dupont está em crise por toda a Europa. Afundam-se os (antigos) socialistas; à direita os racistas impõem os seus muros aos (antigos) democratas-cristãos e liberais, da Hungria à Polónia, da Escandinávia à França. Se é evidente que este magma de elogio da desigualdade e de racismo, esta versão europeia de Donald Trump, não passará sem resistência, parece ser na Europa do Sul (Grécia, Espanha, Portugal) que dessa resistência nascem alternativas políticas. Ou como se explica que, com a direita a perder uma maré de votos, o PS não descola da PAF (a sigla diz tudo)? Quem imagina que no ringue continua a haver apenas dois protagonistas deveria fazer bem as contas: 18%-20% dos eleitores continuam a votar à esquerda destes dois-parceiros-e-meio que têm partilhado o poder. Entre eles destaca-se o fortalecimento da CDU e um BE que desmente a declaração antecipada de morte que lhe quiseram fazer. Não lhes perguntem se só querem ser protesto. Prestem sim atenção à sua capacidade de representar a dignidade de quem resiste e de contribuir para mudar. Para acabar com isto.

Crise força saída de 485 mil portugueses Só no ano passado emigraram 135 mil cidadãos nacionais. Por João Saramago Pergunta CM Considera que a crise económica é a principal causa de emigração? SIM NÃO Portugal lidera a emigração entre os 34 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE).

Em 2013 saíram do nosso país 128 mil emigrantes, revela o relatório ‘Perspetivas das Migrações Internacionais - 2015’ publicado esta terça-feira. Tendo em conta a emigração registada desde 2011, e de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2011 partiram 101 mil, em 2012 mais 121 mil e em 2014 foi alcançado o valor mais elevado, com 135 mil. No total, nestes quatro anos emigraram 485 mil. São perto de meio milhão de portugueses, sendo que cerca de 60% permaneceram no estrangeiro por um período inferior a um ano.

De acordo com os dados da OCDE, os emigrantes portugueses de longa duração que foram viver para os países da organização entre 2011 e 2013 totalizaram 178 mil. Refere o relatório que há também uma fatia importante da emigração que teve por destino países fora da OCDE, como o Brasil, Angola ou a Venezuela. Portugal é o segundo país da Europa com mais população residente no estrangeiro em percentagem do número de habitantes do país, e o terceiro país se contabilizados os 34 estados-membros da organização. [ver infografia] Conheça os números da emigração

Em 2014, segundo a OCDE, 14% dos maiores de 15 anos e nascidos em Portugal residiam no estrangeiro. À frente de Portugal estão Irlanda, com 17,5%, e Nova Zelândia, com 14,1%. A OCDE estima em 2,3 milhões o total de emigrantes portugueses que vivem nos países que integram a organização. Destaca o relatório que há uma considerável emigração de profissionais de saúde, em particular enfermeiros. Segundo as contas da OCDE, em 2013, só no Reino Unido trabalhavam 1200 enfermeiros portugueses. No ano anterior eram 800, em 2011, fixavam-se nos 450 enfermeiros. É também referido que na Bélgica trabalhavam, em 2013, cerca de 200 enfermeiros. Avança ainda o relatório que portugueses altamente qualificados partem todos os anos para a Noruega.

Page 5: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

5

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

Rosa dos Ventos Rose des Vents

L’île de Porto Santo

Sur l’île de Porto Santo, vous trouverez un coin de sable doré et de ciel bleu, un endroit où tout se passe à un rythme calme, qui vous incite à la détente et à la décontraction.

Au coeur de l’océan Atlantique, l’île de Porto Santo de 11 km de long et 6 km de large a depuis longtemps reçu le surnom d’Île dorée, en raison de sa formidable grande plage de 9 km de sable fin et soyeux, baignée par des eaux d’un bleu turquoise. Le climat de Porto Santo, modéré pendant toute l’année et avec une température de l’eau qui varie entre 17º et 22º, fait que cette île garde ses charmes même pendant les mois d’hiver.

En 1418, les navigateurs portugais, João Gonçalves Zarco et Tristão Vaz Teixeira débarquèrent dans l’île de Porto Santo, la première découverte portugaise d’outre-mer. Ayant été déviés par des vents forts de leur route d’exploration de la côte occidentale de l’Afrique, cette île leur a servi de « port d’abri », ce que signifie son nom en portugais. En 1446, l’infant Henri nomma Bartolomeu Perestrelo gouverneur de l’île, qui la rendit célèbre : la fille de Perestrelo se maria avec Christophe Colomb, qui y séjourna quelque temps pour préparer son voyage de découverte de l’Amérique. De nos jours, vous pouvez visiter la maison du XVe siècle où Christophe Colomb aurait vécu. Située à Vila Baleira, elle abrite des portraits de Christophe Colomb, ainsi que des cartes avec les routes qu’il parcourut.

Praia de Porto Santo

Sur la côte Sud de l’île de Porto Santo, à 40 km au Nord Est de l’île principale de Madère, vous trouverez la seule plage de sable fin de l’archipel. Celle-ci s’étend sur 9 km.

Le sable fin et doré a fait la réputation de l’île, notamment du fait de ses propriétés thérapeutiques qui lui sont reconnues dans le traitement de problèmes orthopédiques et de circulation sanguine.

Et pour compléter le scénario idéal pour des vacances en bord de mer, le climat doux et ensoleillé toute l’année allié à une eau de mer tiède et limpide vous invitent à des baignades prolongées et à la pratique de sports nautiques variés.

Casa Colombo Museu do Porto SantoL’île de Porto Santo fut la première île que les Portugais rencontrèrent lors de leur voyage de reconnaissance réalisé sur ordre de l’Infant Henrique, en 1418. Toutefois, elle était déjà connue, car sa plus ancienne représentation cartographique apparaît dans l’Atlas Medici de 1370 environ, sous la désignation de «porto sco».

C’est en qualité de noble de la cour de l’Infant João que Bartolomeu Perestrelo doit avoir contribué pour se retrouver à la tête du processus d’occupation de l’île, légitimé par lettre de donation de capitainerie le 1er novembre 1446. C’est de sa relation avec Isabel de Moniz que naquit Filipa de Moniz, qui plus tard vint à s’unir à Christophe Colomb. Le mariage fut célébré à la fin de 1479, ou peut-être déjà en 1480. Et, en accord avec Frei Bartolomé de Las Casas, ils partirent vivre à Madère et Porto Santo. C’est là que, selon Frei Bartolomé de Las Casas, naquit en 1482 Diogo, le fils unique de leur mariage.

Diogo n’a jamais accompagné son père dans ses voyages aux Caraïbes. À la mort de Colomb, le 20 mai 1506, il reçut les titres, postes et privilèges établis dans les capitulations de la Sainte Foi du 17 avril 1492. Il mourut le 24 février 1523.

La Maison Colombo prétend constituer la structure siège d’un ensemble référentiel plus vaste pour l’identification de l’histoire de Porto Santo.

Porto Santo GolfeLe long de l’île paradisiaque de Porto Santo, le tracé du terrain a été étudié de façon à intégrer harmonieusement le paysage et à respecter les écosystèmes, en tirant partie des plantes autochtones et des nombreux lacs existants.

Spectaculaire par son paysage, exigeant sur son tracé et ample par ses dimensions, il s’agit d’un terrain capable d’attirer aussi bien les professionnels que les joueurs moins expérimentés, et il possède deux zones différentes.

Le parcours Sud se rapproche du style traditionnel des meilleurs terrains américains, avec plusieurs lacs et la plage en toile de fond. Il exige un jeu long et précis. L’abondance de lacs stratégiquement disposés est un test à la capacité de concentration du joueur.

Le parcours Nord est mis en valeur par de hautes falaises et possède les meilleurs ingrédients des «links» britanniques, avec des décors spectaculaires. Il offre au joueur un défi unique. Parmi les trous les plus marquants citons les trous 13, 14 et 15, situés le long de la falaise et qui permettent aux joueurs de contempler les magnifiques vues sur la mer et le pourtour du littoral.

Page 6: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

6

Brincar aos riquinhos para brincar aos pobrezinhos

por Henrique Raposo

Assunção Esteves é uma personagem no sentido plano e caricatural do termo.Nos romances, as Assunções surgem nos capítulos secundários para dar um colorido sociológico ou histórico ao cenário onde a personagem principal actua. Ora, a nossa Assunção Esteves representa o colorido cómico de um certo Portugal, o Portugal da comédia snob, do nariz empinado por questões de nascimento. Sim, é o Portugal que brinca aos pobrezinhos, mas também é o Portugal que quer brincar aos riquinhos. Assunção Esteves encaixa na segunda espécie. Julgo que aque-les que brincam aos pobrezinhos têm uma palavra gira para descrever esta segunda categoria: possidónios. Palavra giríssima, sei lá.

A segunda figura do estado recusa admitir que o seu pai era alfaiate. Aquilo que devia ser motivo de orgulho é motivo de vergonha.”http://expresso.sapo.pt/o-alvaro-e-a-assuncao” Como é evidentíssimo, a filha de um pobrezinho não pode chegar ao topo, é contranatura. Apesar da origem humilde, Assunção Esteves aceitou o ethos pseudo-aristocrático da “Lesboa” que se repete em todas as povoações portuguesas com mais de, vá, 10 habitantes. E a mutação não se ficou por aqui. Segundo uma peça da Sábado, a Presidenta tem aquela obsessão típica pelo luxo. Ele é roupa de alta-costura, ele é carteiras que custam 10% da sua reforma (valor da pensão: 7200 euros por 10 anos de trabalho), ele é um corrupio de assessores que trata como escravos coloniais, ele é gastos sumptuários: assim que chegou à Presidência da Assembleia, Assunção Esteves mudou a casa de banho do seu gabinete para não usar a mesma retrete do antecessor. Que magno problema viu Assunção Esteves no bumbum de Jaime Gama?

Os regimes mudam, mas este Portugal não morre. A comédia social parece que tem o dom da imortalidade. Tal como em 1950, ainda temos fidalgos a viver em bolhas sem qualquer contacto com a realidade. E, tal como em 1950, ainda temos fidalgos wannabe que querem à força brincar aos riquinhos para depois brincarem aos pobrezinhos. País giríssimo, sei lá.

In Expresso Set2014

Recordando

Dois «riquinhos»...sem «inconsequências»...

Não há crise para quem comenta«O império dos comentadores onde quem manda são os políticos» é o título de artigo de hoje no Público, que contém alguns números estonteantes.

Para começar este: «Se aos quatro canais generalistas se juntarem os canais de informação portugueses no cabo (RTP Informação, SIC Notícias e TVI24), é possível assistir a 69 horas de comentário político por semana. O equivalente a quase três dias completos em frente à televisão.» Que ninguém se queixe de falta de interesse das televisões pela política: mais do que isto só futebol!

Dos 97 comentadores com presença semanal na televisão, 60 são actuais ou ex-políticos. Sem espanto, em termos de número de comentadores, o primeiro lugar do pódio é ocupado pelo PSD, seguido pelo PS e pelo CDS. E embora o PCP tenha mais deputados na Assembleia da República do que o Bloco, este está quantitativamente melhor representado.

Mas os números de facto impressionantes, se verdadeiros, são alguns (poucos) que são divulgados quanto à maquia que estes senhores levam para casa. E se não me suscita qualquer aplauso o facto de José Sócrates ter querido falar pro bono na RTP, considero um verdadeiro escândalo que Marcelo Rebelo de Sousa ganhe 10.000 euros / mês (mais do que 20 salários mínimos por pouco mais de meia hora por semana a dizer umas lérias), Manuela Ferreira Leite metade disso e que Marques Mendes tenha preferido passar para a SIC por esta estação ter subido a parada da TVI que só lhe propunha 7.000. Claro que estamos a falar de estações privadas, em guerras de concorrência. Mas algo de muito estranho e esquizofrénico se passa num país quando o valor de mercado destes senhores é deste calibre. Estaremos em crise, mas comentá-la compensa e recompensa ? e de que maneira!

AINDA HÁ MAIS

Os programas desportivos (trio de ataque, o dia seguinte, prolongamento, contra golpe, etc ) têm comentadores que defendem interesses instalados e não fazem análises honestas e isentas.

A maioria dos comentadores estrategicamente colocados são medíocres, intelectualmente desonestos e incompetentes.

Pasme-se, auferem uma média de 1.250 euros por programa de uma hora, ou seja, 5.000 euros por mês

O pão que sobra à riqueza, distribuído pela razão, matava a fome à pobreza e ainda sobrava pão.

António Aleixo

1899-1949

Um povo educado sabe bem distinguir um discurso sério de uma verborreia demagógica.

Um povo ignorante desperdiça os seus recursos e empobrece.

Page 7: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

7

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

Les quatre raisons qui poussent les combattants à quitter l’État islamiqueDes chercheurs ont passé au peigne fin les récits de 58 individus qui, entre janvier 2014 et août 2015, ont quitté les rangs de l’EI. Voici ce qu’ils ont trouvé.

par Vincent Destouches

Photo: Tauseef Mustafa/AFP/Getty Images

Et si l’État islamique (EI) n’était pas cette utopie djihadiste que le groupe armé vend dans ses vidéos promotionnelles? Après avoir recueilli le témoignage d’un combattant britannique de l’EI désillusionné – «Nous avons vu les vidéos. Ils nous ont chauffés à blanc» –, le Centre international pour l’étude de la radicalisation (ICSR) a décidé de comprendre ce qui pousse des combattants à déserter.

Pour ce faire, elle a passé au peigne fin les récits des 58 individus (51 hommes et 7 femmes en provenance de 17 pays) qui, entre janvier 2014 et août 2015, ont quitté les rangs de l’EI avant de parler publiquement de leur défection. «Essentiellement, ils ont pensé que ce n’était pas le genre de djihad qu’ils voulaient mener», a expliqué Peter Neumann, le directeur de l’ICSR, à Vox.

Première découverte de l’ICSR: le rythme des désertions affichées publiquement augmente, puisque près d’un tiers des cas ont eu lieu durant les trois derniers mois d’observation. Mais la plus importante trouvaille de l’organisme est la suivante: les raisons derrière les multiples désertions peuvent être rassemblées en quatre catégories.

Les querelles internes

La critique la plus tenace de la part des déserteurs est l’importance qu’ont pris les combats contre d’autres rebelles sunnites. «De nombreux déserteurs ont expliqué que la lutte contre les autres groupes sunnites étaient immorale, contreproductive et religieusement illégitime», dit le rapport. Au lieu de faire du renversement du régime de Bachar al-Assad une priorité, déplorent les transfuges, l’EI perd son énergie avec ces querelles et avec son obsession quant à la présence supposée de traîtres et d’espions.

La brutalité envers les sunnites

Les atrocités, les assassinats d’innocents et le mauvais traitement systématique des villageois choquent même au sein des rangs de l’EI. Les témoignages des déserteurs s’arrêtent notamment sur des opérations militaires faisant peu de cas des dommages collatéraux et ayant mené à la mort de femmes et d’enfants. Cependant, tempère l’ICSR, ils ne se sont émus que de la brutalité envers les sunnites, censés être protégés, et non contre les minorités et ceux qui peuvent être vus comme des «infidèles». Ainsi, la brutalité ne semble pas être une «préoccupation universelle».

La corruption et autres comportements non-islamiques

Dans la majeure partie des cas, la corruption dont il est fait état renvoie au comportement de certains commandants, qui ont maltraité des combattants en plus de faire preuve de favoritisme. Les déserteurs syriens se sont notamment plaints des privilèges accordés aux combattants étrangers, sans que cela se justifie d’une quelconque manière dans la philosophie du groupe ou dans l’islam.

«Alors que beaucoup [de déserteurs] étaient prêts à tolérer les épreuves de la guerre, ils se sont retrouvés dans l’impossibilité d’accepter les cas d’injustice, d’inégalité et de racisme qui, selon eux, vont à l’encontre de tout ce que l’EI affirme représenter», indique le rapport. Dans Vox, Peter Neumann a notamment pris en exemple le cas d’un déserteur indien, qui s’était vu «forcé de récurer les toilettes en raison de sa couleur de peau».

La qualité de vie

Certains des déserteurs ont fait part de leur déception quant à leurs conditions de vie. Il y en a qui ont déchanté quand ils se sont aperçus que le luxe et les voitures promis ne viendraient jamais. Il y en a d’autres, notamment les Occidentaux, qui ont eu du mal à faire face aux pénuries d’électricité et de produits de base. Il y en a encore qui espéraient de l’action et de l’héroïsme et qui se sont plutôt vus confier des tâches «sans intérêt». Certains ont par ailleurs affirmé que les combattants étrangers étaient systématiquement «exploités» et utilisés comme de la chair à canon. Deux personnes ont même décidé de faire défection en apprenant que leurs commandants avaient planifié de les utiliser comme kamikazes. Avant de partir en mission ultime, ils avaient plutôt prévu de combattre et de profiter de leurs butins de guerre. «Beaucoup d’individus souhaitaient une sorte de “djihadisme gangster” – ils y sont allés dans l’espoir d’être Rambo», a analysé Peter Neumann.

En somme, selon le directeur de l’ICSR, «l’utopie est super, tant et aussi longtemps qu’elle n’existe pas dans la réalité. La démocratie, en théorie, est fantastique, mais la plupart d’entre nous qui vivons dans des démocraties savons qu’il y a beaucoup de défauts dans la pratique. L’EI a eu l’avantage, jusqu’à récemment, de ne pas avoir à montrer que ce qu’il promettait allait se matérialiser. Mais maintenant, les roues commencent à se détacher du véhicule: les gens commencent à voir que l’EI n’est pas aussi extraordinaire que promis. La réalité frappe.»

Si l’on ne peut présumer de la représentativité des critiques de ces déserteurs au sein des rangs de l’EI, l’ICSR croit que ces 58 personnes sont une fraction de ceux, déçus, qui sont prêts à fuir à leur tour et à raconter leur expérience.

Pour l’ICSR, ces témoignages publics revêtent une importance capitale: ils peuvent inciter des combattants à quitter le groupe ou empêcher des jeunes de le rejoindre. C’est pourquoi l’ICSR, dans ses recommandations, enjoint les gouvernements à protéger et à aider les déserteurs afin de les encourager à parler.

Air France

Le Parisien

Page 8: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

8

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

Université Paris Sorbonne CRIMIC

Colloque international

Femmes oubliées dans les arts et les lettres au Portugal

(XIXe-XX

e siècles)

15-16 octobre 2015

Université Paris-Sorbonne, 1 rue Victor Cousin, 75005 Paris, Salle des Actes (jeudi 15 octobre)

Fondation Calouste Gulbenkian, 39, bvd de la Tour-Maubourg, 75007 Paris (vendredi 16 octobre)

Colloque international

Femmes oubliées dans les arts et les lettres au Portugal

(XIXe-XX

e siècles)

Comité scientifique et organisation :

Maria Graciete Besse (Professeur - Université Paris-Sorbonne) Maria Araújo Silva (MCF - Université Paris-Sorbonne) Fernando Curopos (MCF - Université Paris-Sorbonne)

Ce colloque se propose de mettre sur le devant de la scène les femmes oubliées dans les arts et les lettres au Portugal tout en questionnant leur place dans le panorama artistique et littéraire des XIXe et XXe siècles.

Avec le soutien de : Université Paris-Sorbonne Ecole Doctorale IV CRIMIC (EA 2561) Fondation Calouste Gulbenkian

Page 9: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

9

PORTO CABRALLe soleil embouteillé

Voitures truquées: 2,1 millions de Audi aussi

(Photo Associated Press, Markus Schreiber)Agence France-Presse

FRANCFORT

Le constructeur de voitures Audi a annoncé lundi que 2,1 millions de ses véhicules avaient été équipés du logiciel truqueur pour fausser les résultats des tests antipollution mis en place par sa maison mère Volkswagen.

Environ 1,4 million de véhicules sont concernés en Europe de l’Ouest, dont 577.000 pour la seule Allemagne, et la fraude touche 13.000 voitures aux États-Unis, a confirmé un porte-parole d’Audi à l’AFP.

Les moteurs truqués touchent de nombreux modèles de la gamme: les berlines A1, A3, A4 et A6, la sportive TT et les 4x4 urbains Q3 et Q5.Volkswagen a fait scandale la semaine dernière en reconnaissant avoir équipé 11 millions de véhicules de plusieurs de ses marques dans le monde pour tricher aux contrôles antipollution.

Le scandale, pour lequel Volkswagen encourt 18 milliards de dollars (16 millions d’euros) d’amendes aux États-Unis, continue d’ailleurs de faire des vagues lundi. Car Volkswagen aurait été averti dès 2007 par l’équipementier Bosch de l’illégalité de son dispositif, selon de nouvelles révélations de la presse allemande ce week-end.

Après avoir perdu 34% la semaine dernière, l’action Volkswagen plongeait à nouveau lundi. Vers 10H30 GMT, le titre lâchait 5,87% à 101,00 euros.Les autorités allemandes ont exigé du constructeur automobile Volkswagen qu’il explique avant le 7 octobre comment il entend mettre aux normes environnementales nationales ses modèles diesel.

Vendredi, le géant mondial de l’automobile a nommé un nouveau patron, Matthias Müller, le chef de sa marque de voitures sportives Porsche, pour tenter de le sortir de cette crise.

Payer pour se faire roulerpar Brigitte Breton

Le Soleil

(Québec) Les consommateurs ont doublement raison d’être choqués et inquiets de la supercherie de Volkswagen. De un, ils ont été dupés par l’entreprise allemande qui leur a fait payer pour une voiture plus polluante qu’il n’y paraît. De deux, c’est une petite organisation non gouvernementale qui a d’abord découvert la fraude et non les organismes dont c’est la responsabilité. La confiance en prend un coup et des actions dissuasives doivent être posées pour éviter que d’autres constructeurs utilisent leur génie pour tromper les autorités et les clients.Certains ont le réflexe de minimiser la faute du géant automobile allemand parce qu’il n’y a personne, contrairement à ce qui s’est passé chez GM, qui a perdu la vie à cause de la manœuvre de Volkswagen. «[...] nos véhicules sont toujours aussi sécuritaires et ils offrent toujours un bon rendement», notait mercredi au Soleil un concessionnaire québécois. D’autres présument que d’autres constructeurs ont peut-être recours à des subterfuges mais n’ont pas encore été dévoilés.

Le comportement de Volkswagen est pourtant lourd de sens et de conséquences, pour lui, pour la fierté des Allemands, et pour toutes les entreprises œuvrant dans le secteur. Même si personne ne meurt (du moins directement) du fait qu’une voiture diesel émet 10 à 40 fois plus de CO2 que ce que prétendait le fabricant, les conséquences pour les responsables de la manigance doivent être significatives pour qu’aucune autre entreprise ne prenne le risque d’imiter le constructeur allemand. Il doit être clair que le désir de se hisser au sommet de l’industrie ne justifie pas tout.

Après avoir dit la veille qu’il était infiniment désolé d’avoir déçu la confiance de millions de personnes à travers le monde, le patron de Volkswagen, Martin Winterkorn, a démissionné mercredi. Il dit n’être coupable d’aucun manquement mais il prend néanmoins la responsabilité du scandale et affirme quitter sa fonction dans l’intérêt de l’entreprise.

Si la tricherie n’avait pas été décelée aux États-Unis, le grand patron aurait vu son mandat se prolonger jusqu’en 2018 cette semaine. L’histoire ne dit pas combien M. Winterkorn, le patron le mieux payé en Allemagne, touchera pour laisser sa place. Il y a pourtant là un premier message à transmettre. M. Winterkorn a certes contribué à mener Volkswagen au premier rang, mais le jour où on apprend que l’image de l’entreprise est ternie sous son règne et que celle-ci aura à dépenser des milliards de dollars pour regagner la confiance des consommateurs et dédommager ceux qu’elle a lésés, il serait malvenu de «récompenser» l’ex-patron.

Qui savait quoi à propos du logiciel trompeur et qui a pris la décision de l’installer dans les véhicules à moteur diesel de différents modèles? Il sera intéressant de voir la chaîne de décisions et de constater si certains ont sonné l’alarme et évalué le risque auquel s’exposait l’entreprise.

Les dirigeants de Volkswagen étaient-ils prêts à tout pour déloger Toyota et pour prendre la première place? Ont-ils conclu que les organismes chargés de surveiller leurs produits et leurs prétentions environnementales seraient incapables de déceler leur fourberie, que la création d’emplois et le souci de maintenir une activité économique lucrative justifiaient de ne pas être trop tatillons sur les normes environnementales?

Volkswagen a failli à la tâche mais ceux chargés de les surveiller aussi. C’est l’International Council on Clean Transportation, une organisation non gouvernementale postée aux États-Unis qui a alerté l’Agence américaine de prévention de l’environnement. Depuis, plusieurs pays ont déclenché des enquêtes. Un exercice qui leur permet de montrer au monde entier qu’on ne badine pas avec les questions environnementales.

O mágico fez um gesto e desapareceu a fome, fez outro e desapareceu a injustiça, fez um terceiro e desapareceram as guerras. O político fez um gesto e desapareceu o mágico.

Page 10: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

10

Putin emerge do seu isolamento como mediador inevitável para a paz na Síria

Por Félix Ribeiro

O Presidente da Rússia falou nas Nações Unidas pela primeira vez em dez anos. Qualquer solução para a Síria tem agora de passar por ele.

Morreram cerca de 240 mil pessoas na Síria desde o início da guerra. Alepo, na fotografia, está devastada. Karam al-Masri/AFP

Algumas promessas para um mundo melhor já foram feitas na ONU

Quando Vladimir Putin tomou o palco da Assembleia Geral das Nações Unidas na passada semana, não o fez como o pária da diplomacia internacional ou o agressor mais-ou-menos oculto do Leste da Europa, como até há pouco tempo era encarado pelos líderes ocidentais. O Presidente russo saiu do isolamento internacional em que foi posto depois da anexação da Crimeia e da sua intervenção na Ucrânia. É agora uma figura incontornável nos destinos da sangrenta guerra na Síria e uma peça fundamental para um seu fim. E será encarado como tal por um Ocidente que pouco fez e pouco sabe o que fazer para solucionar um conflito que matou à volta de 240 mil pessoas, fez quatro milhões de refugiados e seis milhões de deslocados internos.

A Rússia entrou com estrondo no palco da diplomacia internacional ao posicionar-se militarmente na Síria no início do mês. Para surpresa dos Estados Unidos e da Europa, o Kremlin começou a transformar a sua base aérea em Latakia, na costa do Mediterrâneo, e a preparar a “primeira fase” da sua intervenção na Síria, como escreve o Financial Times. Em poucas semanas, a Rússia enviou centenas de militares para apoiar Assad – em breve serão 2000 –, tem já dezenas de caças, tanques modernos e sistemas antiaéreos de última linha

Moscovo faz mais do que sair do isolamento ao enviar tropas para a Síria. Assume-se também como intermediário de poder na região, reforçando o papel do aliado Irão e colocando-se ao mesmo nível que os Estados Unidos. É algo que se torna evidente com a transformação do diálogo internacional que causou. Barack Obama, que quis isolar Putin desde a anexação da Crimeia e que desde então só teve um contacto telefónico com ele, aceitou encontrar-se com o líder russo nesta segunda-feira, em Nova Iorque. Os exércitos russo e norte-americano, também em silêncio desde 2014, retomaram contactos de forma a garantirem que não se enfrentam acidentalmente no espaço aéreo sírio.

Mas na Síria, é o Irão, e não a Rússia, quem mais sustenta militarmente o regime de Assad. Qualquer solução para o conflito teria de passar sempre por Teerão e a intervenção de Putin está a sublinhá-lo. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, tinha encontro marcado no domingo com os homólogos da Rússia e Irão especificamente para discutir a estratégia para a Síria. Um avanço importante, já que Washington afastou no passado a possibilidade de o Irão fazer parte de um fim negociado do conflito. Parece ser inevitável: no domingo, o Governo iraquiano anunciou a criação de um gabinete de guerra contra o Estado Islâmico coordenado por Bagdad, Moscovo e Teerão. Vão partilhar informações sobre os extremistas

Falhanço do Ocidente

Foi o Ocidente quem estendeu a passadeira para a iniciativa russa e iraniana. A resposta dos Estados Unidos e Europa à guerra na Síria tem sido, no melhor

dos casos, ineficaz. Os bombardeamentos da coligação ao Estado Islâmico na Síria e Iraque não conseguiram evitar alguns avanços do grupo extremista – sobre Palmira, por exemplo –, embora pareçam ter evitado uma expansão mais agressiva. As bombas ocidentais mataram à volta de 8000 jihadistas em pouco mais de um ano. Mas não sem consequências graves. Morreram entre 150 a 460 civis nestes bombardeamentos, segundo estimativas de grupos que monitorizam o conflito.

Só os curdos no Norte da Síria têm conseguido avanços importantes contra os jihadistas. Mas estes têm uma aliança tácita com a administração de Assad e estão mais interessados em preservar os seus projectos de autonomia do que participar num futuro político em Damasco. Os grupos rebeldes moderados que os Estados Unidos esperavam armar e treinar na Síria contra o Estado Islâmico são uma ilusão. Quem tem mais poder no terreno são os extremistas, que absorveram parte da oposição moderada.

A Divisão 30, nome dado ao primeiro grupo de rebeldes treinados e equipados pelos americanos a custo de 500 milhões de dólares, foi capturada ou transformada em rede jihadista. Há duas semanas havia apenas “quatro ou cinco” deles em combate na Síria, segundo admitiu o próprio Pentágono, embora já tenham entrado mais algumas dezenas de paramilitares no país desde então. Mas mesmo estes últimos sofreram um revés, na semana passada, ao terem de oferecer um quarto do seu armamento norte-americano à poderosa célula da Al-Qaeda na Síria, a Frente al-Nusra, a troco de não serem capturados.

A chegada de dezenas de milhares de refugiados sírios às costas europeias está a destruir a ilusão de que o mundo ocidental pode decidir o conflito sírio à distância. Mas nem por isso Washington se prepara para abandonar a linha de acção: no início do mês, o New York Times noticiava que estava em calha um novo plano de treino de rebeldes, em maior número, “melhor equipados e mais motivados”.

Escândalo da Volkswagen expõe hipocrisia alemã

A Alemanha foi dos maiores críticos de Portugal durante os nossos anos de crise, mas o escândalo que agora rebentou veio revelar um país onde a classe política e o mundo empresarial estão muito juntinhos, onde Berlim faz pressão junto de Bruxelas para levar a sua vontade avante, e onde a indústria aldraba para ser mais “competitiva”.

E ainda o António AleixoOs povos que se envaidecemPelo muito que querem serSão frutos bons que apodrecemMal começam a nascer

Mentiu com habilidadeFez quantas mentiras quisAgora fala verdadeNinguém crê no que ela diz

Vemos gente bem vestidaNo aspecto desassombradaSão tudo ilusões da vidaTudo é miséria dourada

Tem quase um palmo de bocaNão pode guardar segredosPorém a testa é que é poucaTem pouco mais de dois dedos

Page 11: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

11

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

Ce texte date de février 2015 mais par son actualité sa publication nous parait tout à fait appropriée.

Bienvenue dans le non-paysPar Mario Dumont

Zunera Ishaq a fait reconnaître par une cour fédérale son «droit» de prêter le serment de citoyenneté avec le visage recouvert par un niqab. Je n’ai pas rencontré une seule personne en accord avec ce jugement, ni entendu ou lu une seule opinion favorable. Et pourtant un tel verdict redéfinit le pays où nous vivons.

En fait, la question se pose: y a-t-il toujours un pays lorsque le gouvernement élu ne peut même plus établir quelques règles simples pour encadrer la cérémonie de citoyenneté? Immigrer dans un pays, j’espère que c’est plus que rejoindre un territoire en s’établissant à l’intérieur des frontières. Joindre un pays devrait signifier aussi rejoindre sa population dans un désir de vivre ensemble, de partager.

Au nom de la liberté

Une interprétation aussi extrême de la Charte des droits et libertés dépasse ll’intention initiale de protéger les minorités et d’éviter que des citoyens soient discriminés sur la base de leur handicap ou de leur ethnicité. On en est rendu à étirer à l’extrême la liberté de religion jusqu’à nier des consensus sociaux sur des valeurs fondamentales.

Se présenter à visage découvert pour une cérémonie publique importante comme le serment de citoyenneté, cela m’apparaissait comme une pratique évidente et saine du pays où nous habitons. Or cette évidence a été contestée au point où le ministre responsable a dû l’imposer par directive en 2011. Et maintenant, ça ne fait plus du tout partie du pays, puisqu’un tribunal a renversé la directive.

Au-delà de mon profond désaccord avec ce jugement, cette saga soulève une autre question. Pourquoi cette jeune femme veut-elle venir vivre ici? Elle tient au port du niqab plus que tout. Au point de refuser de montrer son visage aux personnes présentes à une cérémonie heureuse, qui s’apprêtent à l’accueillir dans son nouveau pays.

Il y a dans cette attitude un rejet total de la citoyenneté et des mœurs du pays d’accueil. Mais qui donc veut aller vivre dans un pays avec lequel il ne partage tellement rien que même la cérémonie de citoyenneté ne peut pas se tenir normalement?

Un pays sans colonne.

Il faut en déduire que la vision qu’on lui a inculquée du Canada est plutôt celle d’un pays où rien n’est solide. Pas de fondements, pas de valeurs communes, rien d’immuable. Tu n’aimes pas la cérémonie de serment d’accueil? Fais-la changer. Peut-on vraiment parler alors d’une personne qui arrive chez nous avec ll’idée de s’intégrer?

D’ailleurs, on a beau dire que les tribunaux sont là pour tout le monde, c’est quand même renversant qu’une personne qui ne détient même pas la citoyenneté s’adresse déjà aux cours canadiennes pour faire changer les règles du pays. Il faut que quelqu’un ait transmis à cette personne l’image d’un peuple de mollassons prêts à se laisser tout imposer.

En résumé, la Charte des droits de Trudeau visait à créer une terre de libertés. Elle est plutôt en train de livrer une terre de n’importe quoi, un non-pays.

Quand va-t-on se réveiller joualvert?

Plus de 700 morts dans une bousculade près de La MecqueAu moins 220 ambulances et quelque 4000 secouristes ont été mobilisés pour venir en aide aux victimes.

Associated PressLa Mecque, Arabie saoudite

Au moins 717 personnes ont été tuées et des centaines d’autres blessées jeudi quand une bousculade a éclaté près de la ville sainte de La Mecque, en Arabie saoudite, lors d’un pèlerinage musulman.

Il s’agit d’une des pires tragédies à frapper le pèlerinage du hajj.

Il s’agit également du deuxième accident mortel à survenir lors du hajj de cette année, ce qui remet en question les moyens mis en place pour assurer la sécurité des quelque deux millions de pèlerins qui convergent vers La Mecque chaque année. L’effondrement d’une grue avait fait plus d’une centaine de morts il y a deux semaines.

La tragédie s’est produite dans la vallée de Mina, à environ cinq kilomètres de la capitale saoudienne, dans des circonstances qui restent à être précisées. Les pèlerins avaient entrepris peu avant le rituel de lapidation qui consiste à jeter des pierres sur une grande stèle représentant Satan.

On retrouve aussi dans cette vallée quelque 160 000 tentes où les pèlerins passent la nuit pendant leur séjour. La bousculade a éclaté au moment où les fidèles se dirigeaient vers le pont Jamarat, une structure de plusieurs étages qui a justement été érigée pour faciliter la circulation des pèlerins et empêcher ce genre de tragédie, selon ce qu’ont révélé des responsables saoudiens.

Ces mêmes responsables ont fait état d’au moins 863 blessés.

Au moins 220 ambulances et quelque 4000 secouristes ont été mobilisés pour venir en aide aux victimes.

Des vidéos amateurs mis en ligne témoignent de l’horreur de la scène, avec des dizaines de corps piétinés qui gisent au sol parmi les fauteuils roulants écrasés et les bouteilles d’eau, sous un soleil de plomb.

Environ 100 000 membres des forces de l’ordre ont été déployés pour assurer la sécurité des fidèles pendant le pèlerinage de cinq jours.

Plusieurs bousculades meurtrières du genre se sont produites au fil des ans lors de ces pèlerinages annuels. Notamment, en 2006, 360 personnes sont mortes piétinées dans la vallée de Mina. La veille de ce drame, l’effondrement d’un immeuble près de la Grande Mosquée avait entraîné 73 personnes dans la mort.Deux ans plus tôt, en 2004, 244 pèlerins sont morts dans une bousculade. Une panique du genre avait tué 180 personnes en 1998.

Et en 1997, un incendie ayant éclaté dans un camp qui abritait des pèlerins a fait 340 morts et plus de 1500 blessés.

La vie ne vaut rien, mais rien ne vaut la vie

Page 12: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

12

Geopolítica

Opinião: Putin sai ganhando na Síria

[Imagem de satélite mostrando possível nova base da Rússia em território sírio. FONTE: CNN]

Por Ingo Mannteufel – chefe da redação russa e do Departamento Europa da DW

Não, a crise migratória na Europa não é motivo para a Rússia ter estacionado aviões de combate, helicópteros e outros equipamentos militares numa base recém-construída na Síria. Para o Kremlin, o afluxo de refugiados da Síria e de outros países do Oriente Médio não passa de um problema interno europeu.Mais ainda: na Rússia, por princípio, valores morais jamais fundamentam o pensamento político. Para Moscovo o que – supostamente – conta são os interesses geopolíticos objectivos dos diferentes Estados.

Assim, liberta do questionamento ético quanto a sua eventual co-responsabilidade na carnificina síria, a política russa nunca viu problema em apoiar o regime de Bashar al-Assad do ponto de vista diplomático e militar. Afinal, o líder sírio é o único parceiro que restou a Moscovo no Oriente Médio, e isso é tudo o que conta para as ambições políticas da Rússia.

No entanto, nas últimas semanas o Kremlin teve motivos para temer que Assad possa sair perdendo. O acordo com o Irão indica uma distensão na confrontação entre Washington e Teerão – o Irão, a rigor, é o parceiro mais importante de Assad. E a intervenção militar intensificada tanto dos Estados Unidos quanto da Turquia na Síria – embora voltada, em primeiro plano, contra o bando assassino do assim chamado “Estado Islâmico” (EI) – no fim das contas também representa uma ameaça para o que resta do regime de Assad.

Isso aparentemente levou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a optar pelo ataque como melhor forma de defesa. Na esteira da luta ocidental contra o EI, ele mandou construir nas últimas semanas uma base militar russa no litoral sírio, numa operação-relâmpago.

No seu tão aguardado discurso na Assembleia Geral da ONU, no fim de Setembro, Putin certamente apresentará essa base como a contribuição russa na luta contra o EI – embora ele provavelmente mantenha o apoio a Assad.

Caso os EUA e as demais potências ocidentais aceitem essa oferta, então o chefe de Estado terá alcançado a sua meta máxima: desse modo estaria rompido o isolamento internacional da Rússia, provocado pela anexação da península da Crimeia e a guerra no leste da Ucrânia.

O status do país como potência global estaria ratificado, ele encontrar-se-ia novamente em pé de igualdade com os EUA. Simultaneamente, o regime de Assad estaria inicialmente assegurado – facto igualmente interpretável como prova do poder russo.

Mesmo que os americanos não aceitem a formação de uma frente conjunta contra o EI – à custa de, pelo menos temporariamente, ser colocada de lado a questão do futuro político de Assad –, ainda assim Moscovo sairia fortificado da actual situação. Pois, de uma forma ou de outra, a Rússia estabeleceu, em carácter permanente, a sua própria base militar no estrategicamente importante litoral leste do Mediterrâneo. Mesmo que a Síria continue esfacelando-se em consequência da guerra civil, o distrito de Lataquia é uma boa escolha.

Não se trata apenas da região de onde vem a família Assad. Mais importante é o facto de essa zona costeira ser historicamente a área de assentamento dos xiitas alauitas. Depois da Primeira Guerra Mundial ela já foi a sede de um Estado alauita sob mandato francês, e seguramente voltaria a assumir esse papel, numa fase pós-Assad. Como retribuição pela base militar estrategicamente relevante, Moscovo poderia assumir o papel de potência protectora desse Estado alauita. A Rússia estaria estabelecida como protagonista permanente no Médio Oriente. Mesmo que só atinja essa meta (mínima), a política de Putin para a Síria já pode ser considerada um êxito total, do ponto de vista de Moscovo.

UC é pioneira na detecção do cancro da próstataUma nova molécula para a detecção do cancro da próstata, produzida por uma equipa de cientistas do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS), acaba de ser introduzida na prática clínica em Portugal.

O primeiro exame de Tomografia por Emissão de Positrões (PET/CT) com PSMA-Ga68, designação da nova molécula, já foi realizado em Coimbra.

A introdução deste radiofármaco no campo assistencial resulta do trabalho que vem sendo desenvolvido no ICNAS por uma equipa multidisciplinar desde há cerca de quatro anos, e «constitui um avanço significativo na avaliação desta doença ao possibilitar uma detecção mais precoce do cancro da próstata, sobretudo em situações de recidiva», afirma Miguel Castelo Branco, director do ICNAS.

Além de permitir uma avaliação do cancro da próstata muito mais eficaz, a utilização da nova molécula não terá um custo superior ao do actual radiofármaco disponível no mercado – a Fluorcolina - 18F.

O coordenador para a área clínica do ICNAS, João Pedroso de Lima, acredita que este novo exame reúne todas as condições para substituir o uso da Fluorcolina - 18F em Portugal. “A molécula produzida no ICNAS, já utilizada em alguns países europeus, é muito mais sensível, permitindo avaliar parâmetros impossíveis de identificar por outros métodos de diagnóstico e fornece informações essenciais para detectar precocemente, e localizar, oreaparecimento do tumor e a sua metastização».

Organismo Autónomo da Universidade de Coimbra (UC), O ICNAS dedica-se à investigação biomédica e à aplicação clínica de moléculas marcadas com substâncias radioactivas.

Ao longo dos últimos anos, o Instituto lidera, no país, a produção e utilização de múltiplas moléculas (radiofármacos) para a realização de estudos de Tomografia por Emissão de Positrões (PET/CT) em diversas situações clínicas, principalmente em Oncologia, Neurologia e Cardiologia.

CH

Miguel Castelo Branco salienta o avanço significativo na avaliação da doença

Page 13: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

Cont. de la page 1

13

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

ministérielle (de Jason Kenney) à ce sujet, ni même l’appel que veu lent interjeter les conservateurs en Cour suprême, qui vont les éclairer.

Car ce n’est pas au nom des droits de la plaignante musulmane que la Cour a statué contre la commande du gouvernement Harper, mais au nom des prérogatives des juges qui auraient été responsables de l’exécuter. Le règlement actuel prévoit en effet que ce sont ces juges qui ont la latitude de définir le code de conduite des cérémonies qu’ils président. Et qu’ils doivent exercer cette latitude de façon à faire autant de place que possible à la liberté de religion de ceux qui prêtent serment.

En matière de loi, une directive ministérielle n’a pas le même poids qu’un règlement. C’est sur la foi de ce conflit entre l’ordre du ministre et le texte du règlement que la Cour fédérale a maintenu le droit de porter le niqab lors des cérémonies d’assermentation.

Rien n’empêchait le gouvernement sortant de remédier à la situation en modifiant le règlement dans le sens de sa directive ou de faire adopter, comme le promettent les conservateurs s’ils sont réélus, une loi en bonne et due forme.

En plaçant d’emblée une telle loi sous la protection de la disposition de dérogation (« clause nonobstant ») de la Constitution, le gouvernement fédéral la blinderait contre toute contestation juridique en vertu de la Charte.

Mais attention : avant de prendre un raccourci, encore faut-il savoir où il mène.Ce serait la première fois depuis l’entrée en vigueur de la Charte que le parti au pouvoir à Ottawa suspendrait ainsi les libertés civiles d’un groupe de personnes — dans ce cas-ci, des femmes musulmanes.

Mais ce ne serait pas nécessairement la dernière.

Le gouvernement Harper a avalé de travers ses nombreux revers devant les tribunaux. Pourtant, loin de tenter d’éviter les collisions frontales avec les juges, il les a recherchées.

La partie de bras de fer qu’il a entamée avec la Cour fédérale au sujet du niqab est un cas d’espèce. Elle aurait pu, s’il l’avait voulu, être évitée.

Il y a une logique sous-jacente à la culture d’affrontement juridique du gouvernement Harper. Selon des penseurs identifiés au mouvement conservateur, à force de rebuffades devant les tribunaux, le gouvernement disposera d’un capital de sympathie suffisant dans l’opinion publique pour s’en prendre de front à la Charte des droits.

Ces penseurs estiment qu’une fois la glace brisée, de préférence sur un sujet qui fait consensus au-delà des cercles strictement conservateurs — comme le port du niqab —, la pratique pourra devenir plus courante.

De l’aide médicale à mourir aux centres d’injection super visée pour toxicomanes en passant par les droits syndicaux et la place des libertés civiles dans la lutte contre le terrorisme : la liste des sujets sur lesquels le gouvernement Harper pourrait trouver commode de se soustraire à la Charte est presque aussi longue que son programme législatif.

Feu vert environnemental à FerroQuébec pour une usine de silicium à Port-Cartier

Yves Desrosiers.

Une maquette de l’usine de silicium métal à la fine pointe de la technologie de FerroQuébec, qui sera construite sur le site de l’ancienne usine de pâtes et papiers d’ITT-Rayonier, fermée en 1979.

Le Soleil

(Port-Cartier) FerroQuébec obtiendra «au cours des prochaines semaines» les certificats d’autorisations environnementales nécessaires à la poursuite de son projet de construction d’une usine de silicium à Port-Cartier, évalué à 400 millions $.

Le ministère de l’Environnement aurait confirmé l’information lundi à la Ville de Port-Cartier et aux acteurs économiques de la municipalité, selon ce qu’a affirmé au Soleil le président de la Corporation de développement économique de Port-Cartier,

«Nous avons eu la confirmation qu’il n’y aurait pas d’audiences publiques du BAPE, a indiqué M. Desrosiers. Le certificat d’autorisation serait en préparation. (...) C’est une très bonne nouvelle, Ferro pourra continuer d’aller de l’avant dans son processus», a-t-il poursuivi.

Il y a deux semaines, les intervenants socio-économiques et la mairesse de Port-Cartier, Violaine Doyle, profitaient de la visite à Sept-Îles des ministres Robert Poëti et Jean D’Amour pour réclamer que le conseil des ministres adopte rapidement le décret d’autorisation environnementale au projet, qui fait largement consensus dans la région. L’implantation de l’usine de FerroQuébec créera 300 emplois à Port-Cartier.

Islam : nous vivons une authentique guerre de religion Il faut bien comprendre que si les armes pour se défendre de ce péril toujours plus grave comportent une dimension politique, policière, militaire, il est illusoire de croire que, par ces seuls moyens naturels, on édifiera un barrage vraiment efficace. L’islam est une foi, une conviction : on ne peut s’y opposer sur le long terme que par une autre foi, plus vraie et plus vive.

Nous sommes en présence de bien plus qu’une « guerre de civilisation » : nous vivons une authentique guerre de religion. Un responsable musulman a récemment proposé de confier des églises aux musulmans pour en faire des mosquées. Une légitime indignation a traversé notre pays, une pétition a recueilli des signatures prestigieuses. Mais le problème est réel : si des dizaines de milliers d’églises restent quasi inoccupées, comment imaginer que la tentation ne revienne pas, toujours plus forte, d’en faire profiter des foules de musulmans fervents, qui sont aussi des électeurs et des consommateurs ?

Dieu à dit : «Il faut partager ». Les riches auront la nourriture, les pauvres de l’appétit.

Page 14: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

14

PORTO CABRALLe soleil embouteillé

J Y M ARCHITECTUREServices & Plans D’Architecture

Résidentiel • Rénovation • Commercial • Multiplex

Jean-Yves Mesquita T.P.Technologue en ArchitectureCel. 514.972-9985 • @:[email protected] • www.jymarchitecture.com

4244 boul. St-Laurent, Montréal, Qc. H2W1Z3514-842-8077

Page 15: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

15

www.loecsen.com/travel/0-fr-67-3-16-cours-gratuit-portugais.html

Cours portugais gratuit – Apprendre le portugais ...www.loecsen.com/travel/0-fr-67-3-16-cours-gratuit-portugais.html

Apprendre à parler rapidement le portugais avec des cours gratuits en ligne. Méthode facile et ludique, avec mp3 et pdf à télécharger

fr: je parle portugais...et vous ?pt: eu falo português...e você ?

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

Portugalvisto por António Lobo Antunes

Agora sol na rua a fim de me melhorar a disposição, me reconciliar com a vida.Passa uma senhora de saco de compras: não estamos assim tão mal, ainda compramos coisas, que injusto tanta queixa, tanto lamento.Isto é internacional, meu caro, internacional e nós, estúpidos, culpamos logo osgovernos.

Quem nos dá este solzinho, quem é? E de graça. Eles a trabalharem para nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal agradecidos, protestamos.

Deixam de ser ministros e a sua vida um horror, suportado em estóico silêncio. Veja-se, por exemplo, o senhor Mexia, o senhor Dias Loureiro, o senhor Jorge Coelho, coitados. Não há um único que não esteja na franja da miséria. Um único. Mais aqueles rapazes generosos, que, não sendo ministros, deram o litro pelo País e só por orgulho não estendem a mão à caridade.

O senhor Rui Pedro Soares, os senhores Penedos pai e filho, que isto da bondade as vezes é hereditário, dúzias deles.

Tenham o sentido da realidade, portugueses, sejam gratos, sejam honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem. Uns sacrificados, uns Cristos, que pecado feio, a ingratidão.

O senhor Vale e Azevedo, outro santo, bem o exprimiu em Londres. O senhor Carlos Cruz, outro santo, bem o explicou em livros. E nós, por pura maldade, teimamos em não entender. Claro que há povos ainda piores do que o nosso: os islandeses, por exemplo, que se atrevem a meterem os beneméritos em tribunal.Pelo menos nesse ponto, vá lá, sobra-nos um resto de humanidade, de respeito.Um pozinho de consideração por almas eleitas, que Deus acolherá decerto, com especial ternura, na amplidão imensa do Seu seio. Já o estou a ver:

- Senta-te aqui ao meu lado ó Loureiro- Senta-te aqui ao meu lado ó Duarte Lima- Senta-te aqui ao meu lado ó Azevedo

que é o mínimo que se pode fazer por esses Padres Américos, pela nossa interminável lista de bem-aventurados, banqueiros, coitadinhos, gestores, que o céu lhes dê saúde e boa sorte e demais penitentes de coração puro, espíritos de eleição, seguidores escrupulosos do Evangelho. E com a bandeirinha nacional na lapela, os patriotas, e com a arraia miúda no coração. E melhoram-nos obrigando-nos a sacrifícios purificadores, aproximando-nos dos banquetes de bem-aventuranças da Eternidade.

As empresas fecham, os desempregados aumentam, os impostos crescem, penhoram casas, automóveis, o ar que respiramos e a maltosa incapaz de enxergar a capacidade purificadora destas medidas. Reformas ridículas, ordenados mínimos irrisórios, subsídios de cacaracá? Talvez. Mas passaremos sem dificuldade o buraco da agulha enquanto os Loureiros todos abdicam, por amor ao próximo, de uma Eternidade feliz. A transcendência deste acto dá-me vontade de ajoelhar à sua frente. Dá-me vontade? Ajoelho à sua frente indigno de lhes desapertar as correias dos sapatos.

Vale e Azevedo para os Jerónimos, já!

Loureiro para o Panteão já!Jorge Coelho para o Mosteiro de Alcobaça, já!Sócrates para a Torre de Belém, já! A Torre de Belém não, que é tão feia.Para a Batalha.Fora com o Soldado Desconhecido, o Gama, o Herculano, as criaturas de pacotilha com que os livros de História nos enganaram. Que o Dia de Camões passe a chamar-se Dia de Armando Vara. Haja sentido das proporções, haja espírito de medida, haja respeito.

Estátuas equestres para todos, veneração nacional. Esta mania tacanha de perseguir o senhor Oliveira e Costa: libertem-no. Esta pouca vergonha contra os poucos que estão presos, os quase nenhuns que estão presos como provou o senhor Vale e Azevedo, como provou o senhor Carlos Cruz, hedionda perseguição pessoal com fins inconfessáveis.

Admitam-no. E voltem a pôr o senhor Dias Loureiro no Conselho de Estado, de onde o obrigaram, por maldade e inveja, a sair.

Quero o senhor Mexia no Terreiro do Paço, no lugar do D. José que, aliás, era um pateta. Quero outro mártir qualquer, tanto faz, no lugar do Marquês de Pombal, esse tirano. Acabem com a pouca vergonha dos Sindicatos. Acabem com as manifestações, as greves, os protestos, por favor deixem de pecar.

Como pedia o doutor João das Regras, olhai, olhai bem, mas vede. E tereis mais fominha e, em consequência, mais Paraíso. Agradeçam este solzinho.

Agradeçam a Linha Branca.

Agradeçam a sopa e a peçazita de fruta do jantar.

Abaixo o Bem-Estar.

Vocês falam em crise mas as actrizes das telenovelas continuam a aumentar o peito: onde é que está a crise, então? Não gostam de olhar aquelas generosas abundâncias que uns violadores de sepulturas, com a alcunha de cirurgiões plásticos, vos oferecem ao olhinho guloso? Não comem carne mas podem comer lábios da grossura de bifes do lombo e transformar as caras das mulheres em tenebrosas máscaras de Carnaval.

Para isso já há dinheiro, não é? E vocês a queixarem-se sem vergonha, e vocês cartazes, cortejos, berros. Proíbam-se os lamentos injustos.Não se vendem livros? Mentira. O senhor Rodrigo dos Santos vende e, enquanto vender o nível da nossa cultura ultrapassa, sem dificuldade, a Academia Francesa.

Que queremos? Temos peitos, lábios, literatura e os ministros e os ex-ministros a tomarem conta disto.

Sinceramente, sejamos justos, a que mais se pode aspirar?

O resto são coisas insignificantes: desemprego, preços a dispararem, não haver com que pagar ao médico e à farmácia, ninharias. Como é que ainda sobram criaturas com a desfaçatez de protestarem? Da mesma forma que os processos importantes em tribunal a indignação há-de, fatalmente, de prescrever. E, magrinhos, magrinhos mas com peitos de litro e beijando-nos uns aos outros com os bifes das bocas seremos, como é nossa obrigação, felizes.

Page 16: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

16

O jovem empreendedor que aumentou o preço do Daraprim em 5000%

por Carlos Matos Gomes

There is no alternative (TINA) , a célebre frase de Margret Tatcher. Não haverá mesmo alternativa a esta “religião”?

Um medicamento, o Daraprim, considerado pela Organização Mundial de Saúde um dos medicamentos mais importantes no sistema de saúde por ser uma “arma” no combate a doenças como a malária, usado há 60 anos subiu 5000% desde que a sua autorização de fabrico foi comprada pela Turing Pharmaceuticals. O CEO e fundador desta empresa, Martin Shkreli, aumentou o medicamento de 12 para 665 euros e justificou o aumento dizendo que foi apenas uma decisão empresarial inteligente. Com o novo preço, e caso se mantenha a utilização atual, o The New York Times diz que as vendas poderão render milhões de dólares. Uma especialista em doenças infecciosas afirmou que alguns hospitais vão considerar o preço demasiado elevado para ter o medicamento em stock, o que poderá provocar atrasos nos tratamentos.

“Acho que o aumento de preço é um processo muito perigoso”, frisou, mas o empresário defende-se: “Esta decisão não é de uma empresa a tentar arrancar dinheiro aos doentes, isto somos nós a tentar manter um negócio”.

O jovem empresário, ou empreendedor está carregado de razão. Ele apenas segue os preceitos da religião oficial difundida e pregada nas madrassas do neoliberalismo, da escola de Chicago, como a que em Portugal funciona na Universidade Católica e tem como aiatola nacional João César das Neves. O grande profeta é Friedrich Hayek, Nobel da economia em 1974, de quem o jovem que comprou os direitos do Daraprim e lhe aumentou exponencialmente o preço é um fiel.

Algumas máximas de Hayek:

“As pessoas têm suas próprias escalas de valores para serem felizes. Se para alguém a felicidade não envolve ajudar os outros e pensar no próximo, por que seria isso mau? Se um indivíduo consegue prosperar e alcançar uma sensação de bem-estar preocupando-se apenas consigo, não violando o direito de ninguém e agindo dentro da lei, onde está o problema?”

O problema está, segundo Hayek, num sistema que obrigasse as pessoas a terem um comportamento benevolente e altruísta.

“Seria abominável, pois violaria a liberdade do cidadão de seguir o estilo de vida que quisesse. As pessoas não têm obrigações ou responsabilidades em relação às outras. A única obrigação do indivíduo é não violar o direito dos outros, e cumprir com os compromissos e responsabilidades que assumiu.”

“Deve ser permitido às pessoas esforçarem-se para alcançarem qualquer objectivo que julguem desejável.” Foi o que o empreendedor do Daraprim fez.

Em A Teoria dos Sentimentos Morais, Adam Smith ainda argumentou que:

“Por mais que um indivíduo seja tido como egoísta, há evidentemente alguns princípios que o tornam interessado no bem-estar de terceiros, e que fazem com que a felicidade deles sejam necessárias à sua própria.”

Isso foi há 300 anos. Em 1904, Max Weber ainda escrevia na «Ética Protestante e o espírito do capitalismo» que o espírito do capitalismo não é caracterizado pela busca desenfreada do prazer e pela busca do dinheiro por si mesmo.

«O espírito do capitalismo deve ser entendido como uma ética de vida, uma orientação na qual o indivíduo vê a dedicação ao trabalho e a busca metódica da riqueza como um dever moral.»

Com Hayek e com Milton Friedman o capitalismo deixa definitivamente de se apresentar com um espírito e, muito menos com uma ética.

Hayek, e os neoliberais na sua esteira, não fazem grande distinção entre individualismo e egoísmo. Para ele o individualismo não depende necessariamente da atitude egoísta perante os interesses alheios, nem depende do pressuposto de que o ser humano tem uma índole naturalmente egoísta, mas não é incompatível, nem eticamente censurável.

“Não tem grande importância se os objetivos de cada indivíduo visam

apenas as suas necessidades pessoais ou se incluem as dos seus amigos mais próximos, ou mesmo dos mais distantes - isto é, se ele é egoísta ou altruísta na acepção comum de ambas as palavras.”

O neoliberalismo, de que a compra dos direitos de produção de um medicamento e o aumento exponencial do preço, sem qualquer consideração de ordem moral, ou de responsabilidade social é um bom exemplo, é a primeira ideologia conhecida no pensamento ocidental (e julgo que em toda a humanidade) que assume como paradigma da felicidade humana o egoísmo, a ganância, a cupidez, a irresponsabilidade do individuo perante a sociedade, o corte com o passado e com a história.

Até ao presente todas as concepções do mundo eram baseadas no princípio da solidariedade: cada individuo nasce com uma herança civilizacional, está obrigado a respeitar os seus semelhantes e a natureza que os acolhe.

Para os neoliberais o homem é um ser criado por si mesmo que nada recebeu dos seus antepassados, nem deve aos seus semelhantes e nenhuma responsabilidade tem para o futuro. É uma piranha espontânea.

O jovem empreendedor que aumentou o preço do Daraprim, o dono da empresa que comprou a PT e declara que odeia pagar salários, os que precarizam as relações de trabalho, os que destroem serviços públicos e apoios sociais pertencem a esta família de irresponsáveis que tomaram conta do nosso mundo.

Nunca aconteceu nada de parecido na história, uma humanidade sem regras morais, sem respeito pelos outros seres, sejam seus semelhantes, sejam seres vivos que acompanham o homem no planeta.

Uma geração que despreza o passado e não respeita o futuro. Uma geração alarve que come tudo sem pensar no amanhã e destrói o que podia servir de semente, como fazem os bandos de mabecos, os macacos cão quando passam por um bananal.

O facto de ser esta a ideologia dominante na civilização ocidental explica a sua decadência.

Em Janeiro de 2014 diziam assim:

Morte aos reformados!Há um país onde a lei diz que todos são iguais, mas onde há uns menos iguais do que os outros. Estes ajudaram erguer o país, e muitos até foram à guerra em nome desse mesmo país. Mas agora são gente pacífica, de físico debilitado e cujas vozes não chegam ao céu. Não ameaçam ninguém, não paralisam o trabalho e já não cumprem os padrões de produtividade exigidos. Adoecem mais do que os outros, e são considerados um fardo para a sociedade pelo que custam em tratamentos. Não trabalham para pagar o que gastam, embora já antes tivessem trabalhado para pagar o que recebem.

O poder político desse país entende que vivem acima das suas possibilidades e que por isso são uma dor de cabeça. Acha mesmo que seria mais fácil governar se eles não existissem. Conclui assim pela sua inutilidade, que estão a mais, que são descartáveis. Não se importa de lhes dificultar o acesso à saúde, porque é indiferente que morram mais cedo. Talvez seja até preferível, porque morrendo mais cedo ajudam a melhorar o exercício orçamental.

Sendo alvos fáceis e dóceis, sem capacidade contestatária e sem instrumentos de pressão, nada custa retirar-lhes direitos e regalias antes julgados vitalícios. Sendo solidários e ajudando os familiares mais carenciados, não recebem em troca a solidariedade dos poderes públicos.

Pelo contrário, são os primeiros na linha de fogo, e quando o poder sente alguma aflição financeira é a eles, e muitas vezes só a eles, que começa por retirar as verbas necessárias. Mesmo que a suprema autoridade judicial se interponha, declarando ilegal tal prática, os governantes não se sentem na obrigação de acatar a restrição, antes a contornam e insistem no mesmo. E insistem retirando-lhes ainda mais verbas, e retirando a mais vítimas do que antes tinham feito.

Não dizem que aumentam o confisco, mas que estão a recalibrar. Dizem também que não é um imposto, quando tem toda a forma de um imposto – e um imposto agravado. Um imposto que se aplica apenas ao tal grupo, e não a todos os contribuintes do país. Esse grupo são os velhos, e o país, onde não há lugar para velhos, chama-se Portugal. É um país descalibrado, onde manda muita gente sem calibre.

O Escritor, Jornalista e meu Amigo Joaquim Vieira, dispensou-me amavelmente este seu Artigo

Por: Victor Neves.

Page 17: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

17

Démonstration de force de Harper à Québec

Lors du rassemblement à Quéebc, Stephen Harper a reconnu que plusieurs électeurs sont attirés par la « tentation du changement ». Mais il a présenté son parti comme le seul à pouvoir diriger le pays en période d’instabilité.

Photo Pascal Ratthe, Le SoleilMartin Croteau /La Presse

Au moment où le Nouveau Parti démocratique chute dans les sondages, Stephen Harper a fait une démonstration de force à Québec, mercredi soir(30). Un rassemblement de 600 personnes dans lequel il a présenté son parti comme le seul capable de bannir le niqab dans les cérémonies de citoyenneté.

Le premier ministre sortant a prononcé un discours presque entièrement en français, flanqué de 47 candidats québécois. Il n’a pas manqué de rappeler son opposition au port du niqab lors de la prestation du serment de citoyenneté.« Dans la clarté du jour et dans l’égalité, notre position là-dessus, qui est celle de la grande majorité des Québécois, c’est juste le gros bon sens », a martelé le chef conservateur.

M. Harper a promis de réintroduire une loi pour interdire le port du voile dans les cérémonies de citoyenneté. Son gouvernement avait déposé un projet de loi à cet effet lors du dernier jour de travaux parlementaires, en juin, mais l’initiative est morte avec le déclenchement des élections.

« Seul un gouvernement conservateur est capable de faire adopter une telle législation », a-t-il déclaré.

Il s’agissait du huitième passage de Stephen Harper au Québec depuis le déclenchement des élections. C’était aussi son troisième arrêt dans la Vieille Capitale, une région où la lutte se joue principalement entre le NPD et le PCC.Environ 650 personnes ont participé au rassemblement, selon un décompte fourni par le Parti conservateur.

M. Harper a reconnu que plusieurs électeurs sont attirés par la « tentation du changement ». Mais il a présenté son parti comme le seul à pouvoir diriger le pays en période d’instabilité.

Ignorant complètement le Bloc québécois, il a multiplié les attaques contre ses adversaires néo-démocrates et libéraux.

« Ne vous faites pas d›illusion, ces deux partis ne sont pas fraîchement tombés du ciel, a-t-il ironisé. Ils ont une histoire et elle est loin d’être rassurante. »

Il a reproché au Parti libéral d’avoir enregistré des «déficits incontrôlables » et, plus récemment, d’avoir été à l’origine d’un des « pires exemples de détournement des fonds publics de l›histoire moderne », une allusion au scandale des commandites.

« Le NPD, lui, a semé la désolation et le découragement dans presque toutes les provinces où il a formé un gouvernement, a ajouté M. Harper. En Colombie-Britannique, dans les provinces de l’Ouest, en Ontario, le NPD a laissé derrière lui des promesses en l’air, des économies ravagées, des promesses brisées. »

Sondages

La visite du chef conservateur survenait deux jours après la publication d’un sondage Abascus selon lequel le NPD a glissé au troisième rang dans les intentions de vote au pays. Même si le parti de Thomas Mulcair demeurait en tête au Québec, ses appuis avaient fondu de 47 % à 30 % dans la province depuis le 11 septembre.

La dégringolade du NPD a commencé après le refus de Thomas Mulcair de dénoncer une décision de la Cour d’appel fédérale dans la cause de Zunera Ishaq. Cette femme avait contesté avec succès une directive ministérielle interdisant le port du niqab pendant la prestation de serment. La Cour d’appel fédérale a refusé d’entendre l’appel du gouvernement conservateur.

Le chef libéral, Justin Trudeau, a adopté la même position que M. Mulcair.L’irruption du débat sur le niqab est considérée comme un tournant majeur dans la campagne de 78 jours.

Peine de 18 mois de prison pour Lise Thibault

Les procédures judiciaires durent depuis six ans et ne sont pas terminées. L’avocat de Mme Thibault a annoncé son intention de faire appel de la sentence.

PHOTO PCMartin Croteau / La Presse

L’ancienne lieutenante-gouverneure Lise Thibault est sortie menottée du palais de justice de Québec, hier, après avoir été condamnée à 18 mois de prison.

Elle devra également rembourser 300 000$ aux gouvernements du Canada et du Québec. Mme Thibault, 76 ans, n’a pas bronché lorsque le juge Carol St-Cyr a prononcé sa peine. Des constables spéciaux lui ont passé les menottes et et a été transportée sur-le-champ dans un établissement carcéral.

Le magistrat a fait valoir que plusieurs facteurs aggravants ont joué contre elle, notamment l’ampleur et la durée de la fraude, ainsi que les remords «mitigés» qu’elle a exprimés tout au long des procédures.

Mme Thibault avait le devoir de «conserver en tout temps l’intégrité et la stature morale qui inspirent à la population le respect des institutions politiques», a déclaré le juge. Elle a plutôt mis en place une «culture de la tromperie» pendant ses 10 années comme lieutenante-gouverneure.

«Elle avait un devoir de transparence, de prévoyance et de sagesse, a noté le juge St-Cyr en rendant sa décision. Or, la preuve révèle qu’il en fut tout autrement.»Une centaine de personnes se trouvaient dans la salle du palais de justice de Québec où Mme Thibault a entendu sa sentence.

Lise Thibault a occupé le poste de lieutenante-gouverneure de 1997 à 2007. Pendant cette période, elle a réclamé près de 430 000$ en dépenses qui n’avaient rien à voir avec ses fonctions officielles, selon l’évaluation de la poursuite. (...)

(Texte partiel)

Page 18: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

18

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

Homossexualidade” no Sínodo. Sim ou Não?

Nuno Serras PereiraNão saberei dizer se os meus leitores estarão recordados dos meus textos repudiando a introdução da “homossexualidade” no Sínodo sobre a família.

As razões eram, são várias. A primeira, é porque os “homossexuais” não existem; como aliás também não há “heterossexuais”. Estes dois termos foram introduzidos nos finais do século XIX, por psicólogos, e vulgarizaram-se nos anos 30 do século XX. Os termos não se referiam a nenhuma identidade da pessoa mas sim, os dois, a comportamentos considerados patológicos. O primeiro porque procurava na luxúria um somente o prazer sem possibilidade alguma de reprodução e o segundo porque procurava o mesmo deleite, que poderia gerar uma nova vida, fazendo o que lhe era possível para não procriar. Basta lembrar que Freud considerava uma perversão sexual o exercício genital que comportasse a exclusão propositada da procriação. Estes termos não se referiam pois a qualquer identidade ou orientação mas sim a comportamentos patológicos. De facto só existem homens e mulheres, alguns dos quais, uma minoria que anda pelos 2% da população, sentem atracção por pessoas do mesmo sexo tendo com elas comportamentos lascivos.

Sabemos, já a isso me referi em outros textos, como estes termos são apropriados e manipulados por gentes com interesses monetários e ideológicos para conseguirem os seus objectivos inconfessados. Isto que aqui digito não é nenhuma “teoria da conspiração” mas está larguissimamente documentada.A corrupção ideológico-sexual penetrou profundamente não só a política – os poderes legislativos, executivo e judicial -, mas também a comunicação social, o ensino e a Igreja católica.

Quem tiver presente os acontecimentos dos Sínodo de 2014 lembrar-se-á, com grande susto, do relevo que foi dado a este tema, na relação intermédia, quando houve um único bispo, dos quase trezentos que compunham a assembleia, que nele falou. Aliás, muita gente não percebe, como é que no texto final constam os números que a isso se referem uma vez que não foram aprovados pela maioria de dois terços requerida pela legislação sinodal. Para agravar a situação, continua a constar do Instrumento de Trabalho para o próximo Sínodo, também sobre a família, com início a 4 de Outubro.

Para quem tenha acompanhado as declarações vários de teólogos, Bispos, Cardeais e Conferências Episcopais é claríssima a tentativa obstinada de mudar a Doutrina da Igreja sobre o assunto.

Também não é possível deixar de estranhar que tantos outros assuntos, e bem mais vastos, com que a família se defronta tenham sido até agora pura e simplesmente ignorados ou desleixados. E como compreender que o Santo Padre nomeie para o Sínodo Bispos e teólogos que se opõem declarada e explicitamente à Revelação e ao Magistério da Igreja?

Sabereis que Bento XVI, antes de resignar, tinha disposto que o próximo Sínodo fosse sobre Antropologia e Bioética. Assuntos estes que de facto são os mais urgentes e importantes nos dias que correm, entre outras coisas porque deles depende em grandíssima parte o futuro da família, assim o alertou, entre outros, o Cardeal Angelo Scola – basta pensar nos problemas, por exemplo, que trazem consigo os vários tipos de reprodução artificial: de reduzir a pessoa a produto ou mercadoria, de identidade genética, de filiação, de paternidade e maternidade, de parentesco, etc. Sobre esta, a família, pela Graça de Deus, ao longo destes últimos 30 anos existe um riquíssimo Magistério, quer Papal quer Episcopal, para além de uma sobreabundante quantidade de estudos, testemunhos, teologias, práticas pastorais, etc., que ao que parece querem deitar ao lixo... Até parece uma vingança de jesuítas contra o Papa S. João Paulo II que teve de começar a meter na ordem um punhado deles que tinha tomado as rédeas da Companhia de Jesus. Dizer tudo doutrinalmente muito certo mas interpretá-lo de maneira que se contradiz o que o Magistério ensina ou advogar e promulgar disciplinas ou legislação que contradiz a Doutrina que verdadeira poderá ser, se alguns o acharem, muito jesuítico, mas Católico não o é seguramente.

O grande problema, nos dias que correm, não é o de acolhimento nas comunidades cristãs daqueles que se intitulam ou são designados como homossexuais. Eles já estão por todo o lado: Cardeais, Bispos, Padres, Catequistas, Acólitos, Sacristães, Professores de Teologia, Superiores e membros de Ordens Religiosas (há realidades destas prenhes dos ditos cujos), etc. Não só são acolhidos como em grande parte dominam vastos sectores eclesiais e, muitos deles, minam, combatem e pervertem a Verdade e tantas vezes os próprios cristãos, particularmente os jovens.

Nem se invoque uma pretensa dificuldade em concertar a condenação dos actos

Opinião

depravados com o respeito e o amor pela pessoa, tanto mais que isso não diz respeito somente a este tipo de pecados mas a tantos outros. Acresce que existe e deve continuar a existir uma diferença entre a pregação geral contra o mal e o acolhimento na confissão, ou mesmo tão só na conversação, pessoal. Por mais que possa pasmar os nossos contemporâneos a Misericórdia não nasceu com os jesuítas, nem com Kasper, nem com o Papa Francisco. Foi e será sempre uma constante na Igreja, embora a palavra não fosse tão repetida e distorcida como o é nos dias de hoje. Talvez a razão esteja em que o próprio Cristo não diz “Eu Sou a Misericórdia” mas sim “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, pois sem isto a misericórdia só poderá ser uma palavra falsificada que desvia a humanidade da Pessoa e da Redenção de Jeus Cristo.

Mas se o Sínodo se quer ocupar do assunto então faça-o como deve ser. Para isso poderá recorrer à abundantíssima literatura, e especialistas, de confiança que serão preciosos para ajudar a remediar a bagunça que se tem vivido. Sendo que o mais recente que conheço é o seguinte: Living the Truth in Love: Pastoral Approaches to Same Sex Attraction Paperback – August 30, 2015

by Janet E. Smith (Author, Editor), Fr. Paul Check (Author, Editor).

À Honra e Glória de Cristo. Ámen.

Octopus

Solidariedade muçulmana...

O que é que nós vimos na fotografia acima? Será um evento VIP, dado todas as tendas terem ar condicionado?

Não. Na realidade estamos na Arábia Saudita, num vasto complexo destinado a receber peregrinos.

A Arábia Saudita tem 100 000 tendas com ar condicionado que podem abrigar cerca de 3 milhões de pessoas.

Este local ocupa uma área de 20 km2 num vale em Mina.Estas tendas são apenas usadas durante os 5 dia da peregrinação do Hajj à cidade santa de Meca pelos muçulmanos.O resto do ano estão ... vazias.

As tendas têm 8 metros por 8 metros, foram instaladas nos anos 90 e incluem várias zonas de cozinha e sanitários. Todas têm ar condicionado.

Enquanto a Europa está a tentar acolher, a grande custo, milhares de “migrantes”, a Arábia Saudita que os poderia acolher, dado que por definição do Corão os refugiados Sírios são irmãos, não o faz.

O mesmo acontece em Portugal. A Igreja Católica mobiliza-se para fornecer alojamento, alimentação, empregos. Escolas e baptismos…

Os nossos artistas musicais, estão a preparar um ou mais concertos para ajuda aos migrantes.. O que é que têm feito pelos portugueses em dificuldades há mais de 4 anos?

Page 19: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

19

Verte et bien préservéeCosta Verde est la région des vallées verdoyantes, des vastes forêts et des vignes couleur pourpre qui couvrent les flancs des coteaux.

Cette région, si justement baptisée Costa Verde, offre une tranquillité et un enchantement inoubliables. Toute la région est imprégnée d’histoire car c’est ici que le royaume du Portugal est né, au début du XIle siècle.

Porto, (déjà traité ici) la deuxième ville la plus importante du pays se trouve sur la Côte Verte. La ville est desservie par un aéroport international qui peut ‘être la porte d’entrée pour accéder aux merveilles de la Costa Verde.

Partout dans cette région il y a des marques de civilisations anciennes: des dolmens, des traces de demeures de l’Age du Fer, des villes celtiques et romaines. Les châteaux tranquilles côtoient les églises majestueuses et les riches palais.

Le Parc National de Peneda-Gères est une réserve naturelle, véritable sanctuaire pour la faune et la flore rares. Quelques exemplaires de l’espèce des petits chevaux sauvages luso-galiciens y subsistent encore, en liberté. Au nord on trouve la magnifique ville fortifiée de Valença et la gracieuse ville de Ponte de Lima avec ses tours médiévales, ses maisons blanches et un très joli pont romain. Viana do Castelo est particulièrement célèbre pour les belles broderies et pour ses fêtes religieuses où les jeunes filles portent les costumes de la région et exhibent les joyaux de famille.

Tout proche, vers le sud, on retrouve Barcelos que l’on reconnait facilement à son artisanat avec le fameux coq en céramique coloriée. La région de Braga est très riche en lieux de culte avec plusieurs dizaines de chapelles et d’églises. Si vous vous hasardez à monter les longues marches baroques qui mènent au Sanctuaire de Bom Jesus, vous aurez la récompense d’y admirer un panorama spectaculaire. Pas bien loin, à Guimarães, se dresse l’impressionnant Château du Premier Roi du Portugal et le Palais des Ducs de Bragance, ainsi que le magnifique

Musée médiéval Alberto Sampaio. Si vous décidez de séjourner dans une des excellentes Pousadas ou dans les manoirs privés ouverts au public, vous aurez l’occasion de revivre une autre époque. On retrouve partout au Portugal ces demeures historiques ou bien d’anciens couvents ou des vieux châteaux, luxueusement récupérés pour le «tourisme chez l’habitant».

Sur la côte vous trouverez le port de pèche de Póvoa do Varzim, dont l’atmosphère montre le contraste qui existe entre les coutumes traditionnelles et la vie mondaine des hôtels modernes et du Casino.

Quelques kilomètres vous séparent de Vila do Conde et vous pouvez en profiter pour flâner sur le vieux chantier naval toujours actif et apprécier l’ambiance du quartier médiéval. Au sud de Porto, il faut absolument s’arrêter à Espinho et Amarante.

La Costa Verde est certainement une des régions où on peut encore oublier le temps, perdus dans la nature.

ICEP

Page 20: Eleições em Portugal - abcportuscale.com · da meta estabelecida para 2015 implica uma redução do défice na segunda metade do ano consideravelmente mais acentuada que a observada

jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français abc portuscale jornal comunitário em Português - journal communautaire en Français

20

PARTIDOS POLÍTICOS: UMA DAS PIORES INVENÇÕES DA CIÊNCIA POLÍTICA! (PARTE I) “ A divulgação da ideologia pelo ensino conduz sempre à instauração do sistema político correspondente. A Universidade do Estado é a Universidade Pombalina. Foi criada com uma ideologia, a do Iluminismo, da qual resultou o falso liberalismo do século passado. Ao Iluminismo sucedeu o Positivismo, comandado por Teófilo Braga, que deu origem ao liberalismo ignorante, corrupto, anti - clerical e anti - sindicalista da 1ª República. O Positivismo – como mostra H. Marcuse no livro “Razão e Revolução” – prepara mentalmente o Marxismo. Com efeito, a nossa Universidade substitui, nos anos quarenta, o Positivismo pelo Marxismo e o resultado foi a instauração do actual Socialismo.Orlando Vitorino – O processo das presidenciais de 86

Os Partidos Políticos (PP) existem hoje na nossa vida sem ninguém saber nada acerca deles; isto é quem os inventou, como surgiram e porquê, o seu historial, como funcionam, nada!

Não se sabe nada.

No entanto, são os partidos que, no mundo ocidental e tendencialmente no mundo inteiro, detêm – melhor dizendo, julga-se que detêm - as rédeas do poder e da governação.

Passou a ser assim, porque sim.

E já quase ninguém questiona coisa alguma.

No entanto a acção dos PP tem sido assaz perniciosa para a vida dos povos.E no caso de Portugal foram sempre um desastre, uma verdadeira catástrofe.E não há maneira de percebermos isto e mudarmos as coisas. Ou pelo menos tentar.

Para ilustrar o que dizemos, vamos republicar, à laia de introdução, um pequeno texto escrito em 27/9/10, intitulado “O Sistema Político e o Comportamento dos Partidos”.

“O público, como todos os soberanos, como os reis, os povos e as mulheres, não gosta que se lhes diga a verdade”.

Alexandre Dumas

“…O sistema político democrático – como é entendido no Ocidente e em Portugal – assume na sua doutrina, que os Partidos Políticos são “estruturantes” da Democracia. Ou seja sem PP não há Democracia. Não vamos hoje discutir este “entendimento”, mas observar o comportamento dos ditos partidos, um nome aliás, infeliz.

Devemos começar por fazer uma pergunta e responder-lhe: para que servem os PP, qual o seu objectivo primordial? Pois o objectivo número um – e ao qual todos os demais se subordinam – é tomar o Poder e mantê-lo.

Como o Poder – nas democracias – é legitimado pelo voto popular, segue-se que a maioria, senão a totalidade, do esforço de qualquer PP se resume a tentar convencer o eleitorado a votar no seu programa e nas suas figuras de proa.

Se os partidos existentes que se reclamam da doutrina marxista-leninista – que prevê a via revolucionária para a tomada do poder (na verdade qualquer via…) – se dedicam à subversão da sociedade ou do Estado e mantêm capacidades para serem usadas nesse âmbito, é assunto de especulação, normalmente à boca pequena, pois raramente estes temas são abordados nos liberalíssimos órgãos de comunicação social.

E, de facto, se o objectivo primeiro dos PP, não fosse conseguir o Poder, não se justificava a sua existência.

Manter o Poder é, a seguir, a tarefa fundamental, pois permite alargar a sua influência e distribuir lugares e prebendas pelos seus filiados (de que existe uma sofreguidão insaciável), condição sine qua non para garantir alguma lealdade canina nas hostes, sem o que despontarão “tendências”, “dissidências”, “alas críticas”, “renovadores”, etc., sempre efusiva e democraticamente saudadas, mas que constituem uma dor de cabeça que enjoa qualquer dirigente partidário, só de pensar nelas.

Ora quem está no Poder, não o quer abandonar e por isso fará tudo por lá se manter. A primeira coisa que faz é ocupar o maior número de lugares possível; depois tentar arranjar maneira de condicionar a comunicação social e arranjar uma parafernália enorme de propaganda e relações públicas; na sequência,

distribuem negócios pelos amigos, verdadeiros ou putativos - isto é fundamental para garantir apoios e aumentar os réditos do saco azul partidário; a seguir começam a mentir - leia-se Alexandre Dumas – até porque as pessoas, de um modo geral, gostam que se lhes minta (só aceitam a verdade em tempos de catástrofes extremas…).

O início das promessas começa aqui. Como é preciso garantir o voto, é só facilidades, mais direitos, mais obras, mais subsídios, quiçá a lua. Ninguém quer ouvir falar em sacrifícios, deveres, trabalho, disciplina, organização, hierarquia, restrições, etc.

A partir daqui a economia definha, os costumes relaxam-se, o crime aumenta, a corrupção instala-se. As crises internacionais e os “azares” que sempre acontecem agravam o descalabro.

Finalmente, como não sabem fazer mais nada senão isto – o sistema parece que não se regenera – começam a pedir dinheiro emprestado. A partir daqui está tudo estragado e é uma questão de tempo para ser o próprio regime a ser posto em causa.

Vejamos agora os partidos que estão na oposição. Como o objectivo é, recorda-se, chegar ao Poder, têm que ser contra (até por princípio!), o governo em funções, suportado por um ou mais partidos; têm que o desacreditar, apresentar soluções diferentes, etc.

Tal resume-se, por norma, numa política de bota abaixo e por se fazer demagogia, abusando das promessas. Quem tem meios para isso, provoca greves, cortes de estrada, manifestações nas ruas e campanhas de propaganda. Os mais fundamentalistas põem bombas.

Quando, após mais uma campanha eleitoral, longa, desgastante e cara (e com o uso e abuso, as pessoas já não as suportam!), a Oposição chega ao Poder, faz exactamente o que os anteriores fizeram com algumas “nuances” de circunstância, ou novidades de marketing.A seguir pede mais dinheiro emprestado.

Andamos nisto desde 1820, com um intervalo de 48 anos, e várias guerras civis, pelo meio.

Quando o dinheiro emprestado, normalmente usado no pagamento da dívida e não em investimento reprodutivo, atinge uma certa soma, o descalabro financeiro passa do endividamento na razão aritmética, para a geométrica e a seguir para o crescimento exponencial. Ora nenhum partido está em condições de inverter esta tendência não só porque é contra a lógica de funcionamento do sistema (como se pagariam as promessas?), como a oposição não permitiria. Só haveria “solução” se houvesse um amplo consenso partidário e aceitarem governar juntos.

Ora isso é, justamente aquilo que, novamente, a lógica do sistema mais repele, porque uma vez (por hipótese), isso conseguido, deixariam de ser necessários os partidos… Os tais que são estruturantes da Democracia.

Como casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão, e a forme é má conselheira, diz o povo, não o Dumas, podem os leitores facilmente ajuizar, onde é que tudo isto se arrisca a descambar, após uma palete de confusões e desgraças, que hão-de suceder no entretanto.

Pôr as barbas de molho talvez não fosse má ideia”.

Vamos hoje tentar aprofundar um pouco mais esta temática.

João José Brandão FerreiraOficial Piloto Aviador