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FERRAMENTA DE AUXÍLIO DIAGNÓSTICO PARA O TRATAMENTO DE ACIDENTES VASCULARES CEREBRAIS Elias Restum Antonio TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL. Aprovada por: ____________________________________________ Prof. Nelson Francisco Favilla Ebecken, D.Sc. ____________________________________________ Prof. Alexandre Gonçalves Evsukoff, D.Sc. ____________________________________________ Prof. Alair Augusto S. M. Damas dos Santos, D. Sc. ____________________________________________ Prof. Hélio José Corrêa Barbosa, D. Sc. ____________________________________________ Prof. Antonio Cesar Ferreira Guimarães, D. Sc. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL ABRIL DE 2008

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FERRAMENTA DE AUXÍLIO DIAGNÓSTICO PARA O TRATAMENTO

DE ACIDENTES VASCULARES CEREBRAIS

Elias Restum Antonio

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS

EM ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:

____________________________________________

Prof. Nelson Francisco Favilla Ebecken, D.Sc.

____________________________________________ Prof. Alexandre Gonçalves Evsukoff, D.Sc.

____________________________________________ Prof. Alair Augusto S. M. Damas dos Santos, D. Sc.

____________________________________________ Prof. Hélio José Corrêa Barbosa, D. Sc.

____________________________________________ Prof. Antonio Cesar Ferreira Guimarães, D. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

ABRIL DE 2008

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ANTONIO, ELIAS RESTUM

Ferramenta de Auxílio Diagnóstico para o

Tratamento de Acidentes Vasculares Cerebrais

[Rio de Janeiro] 2008

XIV, 128 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, D.Sc.,

Engenharia Civil, 2008)

Tese - Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPE

1. Radiologia

2. Redes Neurais

3. Interface

I. COPPE/UFRJ II. Título (série)

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iii

A Deus,

aos meus pais,

à minha esposa e

aos meus queridos filhos

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iv

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me confortar e me orientar em todos os instantes da vida, me dando

ainda a saúde e a determinação necessárias ao desenvolvimento desse trabalho.

Aos meus pais, pelo incentivo e contribuição na minha formação como pessoa e

como profissional.

A minha esposa Andréa pelo apoio, ajuda e paciência em todos os instantes.

Ao professor Nelson, por todo o conhecimento e incentivo transmitidos, bem

como pela confiança em mim depositada.

Ao meu amigo Vincenzo pela ajuda e incentivo.

A todos os professores, colegas e funcionários que, de alguma forma ajudaram

no desenvolvimento desse trabalho.

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Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (DSc.)

FERRAMENTA DE AUXÍLIO DIAGNÓSTICO PARA O TRATAMENTO

DE ACIDENTES VASCULARES CEREBRAIS

Elias Restum Antonio

Abril/2008

Orientador: Nelson Francisco Favilla Ebecken

Programa: Engenharia Civil

Perda súbita de movimentos e de fala não precedidas por cefaléia ou outros

sintomas de doenças evolutivas podem significar a ocorrência de AVC - Acidente

Vascular Cerebral. Relatos médicos revelaram que o tratamento clínico dos AVCs é

dependente do tipo de lesão ocorrida. No caso de lesões hemorrágicas o tratamento

clínico deverá se basear na administração de medicamentos com funções de inibir o

fluxo sanguíneo e priorizar a coagulação. Em contrapartida, se tratando de lesões

isquêmicas, o tratamento clínico emergencial deverá ser fundamentado no aumento do

fluxo sanguíneo com a administração de medicamentos anticoagulantes.

O principal objetivo deste trabalho é a aplicação de técnicas de inteligência

computacional e processamento de imagens na identificação de áreas hiperdensas e/ou

hipodensas anormais em exames de Tomografia Computadorizada de Crânio em

conjunto com a história clínica do paciente, para ajuda na decisão de procedimento

emergencial para o tratamento clínico de AVC.

As inovações propostas são a utilização da técnica de redes neurais com entradas

baseadas nas anamneses coletadas, em conjunto com as imagens dos exames, para

detecção da ocorrência de AVC hemorrágico ou isquêmico e a disponibilização de uma

ferramenta amigável para ajuda no processo de decisão do tratamento clínico.

Os objetivos deste trabalho foram alcançados. Foram obtidos valores de

sensibilidade e especificidade de 96% e 94%, respectivamente, que demonstraram o

bom desempenho do método e da ferramenta.

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Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Doctor of Science (DSc.)

A COMPUTER-AIDED DIAGNOSIS TOOL TO HELP THE

TREATMENT OF VASCULAR CEREBRAL ACCIDENTS

Elias Restum Antonio

April/2008

Advisor: Nelson Francisco Favilla Ebecken

Department: Civil Engineering

Sudden loss of movements and speak non preceded by headache or other

symptoms of evolutive diseases can indicate a Cerebral Vascular Accident – CVA.

Medical reports revealed that the treatment of CVAs is dependant of the type of the

lesion occurred. In case of hemorrhagic lesions, the clinical treatment must be based on

the administration of medicines with the goal of inhibiting blood flow and priorizing

coagulation. In the other hand, ischemic lesions require that the clinical treatment must

be established considering the increasing of blood flow with the administration of

anticoagulation medicines.

The main objective of this work is the use of computational intelligence and

image processing techniques in the identification of abnormal hyperdensive and/or

hypodensive areas in Computed Tomography exams of the Brain together with the

analysis of the patient’s clinical history, to help in the decision of the emergency

procedure of the CVA treatment.

The main innovations proposed in this work are the use of neural networks and

image processing with inputs based on the collected anamnesis and the images of the

exams, with the goal of detecting hemorrhagic or ischemic CVA and to make available

to physicians a tool suitable to help in the decision of the clinical treatment.

The targets of this work were reached. Sensitivity and specificity values were

96% and 94%, respectively, which showed the good performance of both the method

and the tool.

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vii

INDICE

1 INTRODUÇÃO ........................................................................ 1

1.1 OBJETIVOS.................................................................................................... 1

1.2 COMPOSIÇÃO DO TRABALHO ......................................................................... 2

2 SÍNDROME DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ........... .................... 3

2.1 ACIDENTES VASCULARES ENCEFÁLICOS........................................................ 3

2.1.1 Abordagem Inicial do Paciente com Possível AVC............................................4

2.1.2 Conceitos e Classificações ..................................................................................5

2.1.3 Como Identificar a Topografia da Lesão?.........................................................11

2.1.4 Como Identificar a Natureza da Lesão? ............................................................12

2.1.5 Como Identificar a Fase de Evolução da Doença?............................................12

2.1.6 Indicações da TC Cranioencefálica...................................................................13

2.2 DOENÇA VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICA..................................................14

2.2.1 TC do Infarto Cerebral ......................................................................................15

2.3 DOENÇA VASCULAR CEREBRAL HEMORRÁGICA............................................17

2.3.1 HSA – Hemorragia Subaracnóide.....................................................................18

2.3.2 HIP – Hemorragia Intraparenquimatosa ...........................................................19

2.3.3 HIV - Hemorragia Intraventricular ...................................................................20

2.3.4 Aneurisma .........................................................................................................20

3 DICOM .......................................................................24

3.1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................24

3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA..................................................................................25

3.3 CONSTITUIÇÃO DA NORMA ...........................................................................27

4 IMAGENS MÉDICAS .......................................................................30

4.1 ANÁLISE DE IMAGENS MÉDICAS ...................................................................30

4.2 IMAGENS MÉDICAS – RX E TC .....................................................................32

5 PROCESSAMENTO DE IMAGENS...............................................................35

5.1 LIMIARIZAÇÃO .............................................................................................36

5.2 MORFOLOGIA MATEMÁTICA .........................................................................37

5.3 MORFOLOGIA BINÁRIA .................................................................................38

5.3.1 Aspecto Digital .................................................................................................38

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5.3.2 Erosão Binária...................................................................................................39

5.3.3 Dilatação Binária...............................................................................................43

5.3.4 Erosão em escala de cinza.................................................................................46

5.3.5 Dilatação em escala de cinza.............................................................................47

5.3.6 Abertura ............................................................................................................47

5.3.7 Fechamento .......................................................................................................48

5.4 MEDIDAS DE TAMANHO ................................................................................51

5.5 VISUALIZAÇÃO 3D .......................................................................................52

6 CAD – COMPUTER-AIDED DIAGNOSIS.....................................................53

6.1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................53

6.2 VISÃO COMPUTACIONAL E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ...................................54

6.3 AUXÍLIO À DETECÇÃO..................................................................................57

6.4 AUXÍLIO AO DIAGNÓSTICO...........................................................................60

6.5 MEDIDAS DE DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS...........................................64

6.6 EXEMPLO DE CAD PARA CARACTERIZAÇÃO DE MICROCALCIFICAÇÕES EM

MAMOGRAFIA..........................................................................................................66

6.7 EXEMPLO DE CAD PARA ANÁLISE DE NÓDULO PULMONAR ...........................68

6.8 UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS E REDES NEURAIS

ARTIFICIAIS PARA CLASSIFICAÇÃO DE NÓDULOS EM MAMOGRAFIAS DIGITALIZADOS 70

6.9 RECUPERAÇÃO DE IMAGENS POR CONTEÚDO ATRAVÉS DE REGIÕES

DETERMINADAS AUTOMATICAMENTE PELA ENERGIA................................................71

6.10 EXTRAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS DE IMAGENS MÉDICAS BASEADAS NA

DISTRIBUIÇÃO DE COR NOS ESPAÇOS DE WAVELETS.................................................75

6.11 EXEMPLO DE CAD BASEADO EM DADOS CLÍNICOS .......................................77

7 METODOLOGIA .......................................................................83

7.1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................83

7.2 CONSTRUÇÃO DO BANCO DE DADOS.............................................................84

7.2.1 Busca de informações relevantes no Banco de Dados do RIS ..........................85

7.2.2 Imagens .............................................................................................................87

7.2.3 Anamnese..........................................................................................................89

7.3 PRE-PROCESSAMENTO..................................................................................92

7.3.1 Imagens .............................................................................................................92

7.3.2 Anamnese..........................................................................................................96

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xi

Índice de Figuras

Figura 2.1 - Imagem de TC característica de AVC Isquêmico ..................................... 16

Figura 2.2 - Imagem de TC característica de AVC Hemorrágico ................................. 18

Figura 2.3 - Vista inferior do cérebro e das artérias da base do cérebro........................ 21

Figura 2.4 - Representação esquemática do polígono de Willis, artérias do cérebro e

tronco cerebral .................................................................................................... 22

Figura 4.1 - Exemplo de escala de cinza...................................................................... 30

Figura 4.2 - Quadrados de densidades diferentes ......................................................... 30

Figura 4.3 - Inserção de área de baixa densidade ......................................................... 31

Figura 4.4 - Inserção de áreas de baixa e alta densidades.............................................31

Figura 4.5 - Radiografia convencional......................................................................... 32

Figura 4.6 - Atenuação resultante de raio-X de imagem heterogênea........................... 33

Figura 4.7 - Formação de uma imagem de Tomografia................................................ 34

Figura 5.1 – Imagem de um exame de Tomografia Computadorizada do Crânio ......... 36

Figura 5.2 – Imagem após filtro por densidade (limiarização) entre 60 e 80 UH.......... 36

Figura 5.3 – Representação do elemento estruturante.................................................. 38

Figura 5.4 – Outra representação do elemento estruturante.......................................... 39

Figura 5.5 – Elemento estruturante transposto............................................................. 39

Figura 5.6 – Representação do conjunto X .................................................................. 39

Figura 5.7 – Exemplo de erosão de um conjunto X pelo elemento estruturante B ........ 40

Figura 5.8 - Exemplo de erosão com X e B ................................................................. 40

Figura 5.9 - Pixel irrelevante resultante do conjunto erodido ....................................... 41

Figura 5.10 - Pixel relevante resultante do conjunto erodido........................................ 41

Figura 5.11 – Resultado da erosão............................................................................... 41

Figura 5.12 - Exemplo de erosão com X e B ............................................................... 41

Figura 5.13 - Pixel irrelevante resultante do conjunto erodido ..................................... 42

Figura 5.14 - Pixel relevante resultante do conjunto erodido........................................ 42

Figura 5.15 – Resultado da erosão............................................................................... 42

Figura 5.16 – Exemplo de erosão ................................................................................ 43

Figura 5.17 – Exemplo de erosão ................................................................................ 43

Figura 5.18 – Exemplo de dilatação de um conjunto X pelo elemento estruturante B .. 44

Figura 5.19 – Exemplo de dilatação com X e B........................................................... 44

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Figura 5.20 - Pixel irrelevante resultante do conjunto dilatado .................................... 44

Figura 5.21 - Pixel relevante resultante do conjunto dilatado....................................... 45

Figura 5.22 – Resultado da dilatação........................................................................... 45

Figura 5.23 – Exemplo de dilatação ............................................................................ 46

Figura 5.24 – Exemplos de elementos estruturantes.....................................................49

Figura 5.25 – Exemplos de elementos estruturantes.....................................................50

Figura 5.26 - Imagem após aplicação de filtro por erosão............................................ 50

Figura 5.27 - Imagem após aplicação de filtro por dilatação ........................................ 50

Figura 5.28 – Cabeçalho de um arquivo DICOM contendo, dentre outras informações, o

tamanho do pixel................................................................................................. 51

Figura 5.29 – Medições de distância realizadas em imagem DICOM .......................... 52

Figura 5.30 – Vistas frontal, superior e inferior na visualização 3D............................. 52

Figura 6.1 - Extração do parênquima pulmonar........................................................... 69

Figura 6.2 – Aplicação da transformada de wavelets sobre uma imagem ..................... 72

Figura 6.3 – Gráficos da energia ................................................................................. 73

Figura 6.4 - Decomposição wavelet 2D. Imagem original, primeiro e segundo nível de

decomposição...................................................................................................... 76

Figura 7.1 - Uso dos dados da anamnese em conjunto com os dados das imagens ....... 83

Figura 7.2 – Fluxo de separação das imagens dos exames ........................................... 87

Figura 7.3 – Imagens de um exame de Tomografia Computadorizada - AVC Isquêmico

............................................................................................................................ 88

Figura 7.4 – Imagens de um exame de Tomografia Computadorizada - AVC

Hemorrágico ....................................................................................................... 88

Figura 7.5 – Cabeçalho DICOM mostrando alteração do nome do paciente................. 89

Figura 7.6 – Ficha de Anamnese ................................................................................. 91

Figura 7.7 - AVC Hemorrágico................................................................................... 92

Figura 7.8 - AVC Isquêmico ....................................................................................... 92

Figura 7.9 - AVC Isquêmico e imagem pós filtragem.................................................. 93

Figura 7.10 - AVC Hemorrágico e imagem pós filtragem............................................ 93

Figura 7.11 - Erosão.................................................................................................... 94

Figura 7.12 - Dilatação................................................................................................ 94

Figura 7.13 – Exemplo da rede neural utilizada......................................................... 101

Figura 8.1 – Variação da taxa de erro em relação à quantidade de épocas para rede

neural Backpropagation com 7 neurônios na camada escondida ........................ 104

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Figura 8.2 – Gráfico comparativo das taxa de erro em relação à quantidade de neurônios

na camada escondida para rede neural ............................................................... 106

Figura 8.3 – Gráfico comparativo da taxa de erro em relação ao valor de saída da rede

neural ................................................................................................................ 107

Figura 8.4 – Variação da taxa de erro em relação à quantidade de épocas para rede

neural backpropagation com 7 neurônios na camada escondida ........................ 108

Figura 8.5 – Gráfico comparativo da taxa de erro em relação aos parâmetros utilizados

.......................................................................................................................... 109

Figura 8.6 – Gráfico comparativo da importância dos parâmetros clínicos e radiológicos

.......................................................................................................................... 110

Figura 8.7 – Gráfico comparativo da importância dos filtros morfológicos................ 112

Figura 9.1 – Diagrama do contexto do sistema CAD-BR........................................... 113

Figura 9.2 – Diagrama de Fluxo de Dados (DFD) do sistema CAD-BR..................... 114

Figura 9.3 – Diagrama de Transição de Estados (DTE) do sistema CAD-BR ............ 114

Figura 9.4 – Tela de abertura..................................................................................... 116

Figura 9.5 – Tela de seleção da pasta onde estão as imagens do exame ..................... 116

Figura 9.6 – Seleção do arquivo de anamnese: importação ou preenchimento manual117

Figura 9.7 – Tela de preenchimento da ficha de anamnese ........................................ 118

Figura 9.8 – Tela de resultado ................................................................................... 119

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Índice de Tabelas

Tabela 2.1 – Diagnóstico Clínico Diferencial entre DEVI e DEVH............................. 12

Tabela 2.2 – Regra dos 80/20...................................................................................... 13

Tabela 6.1 – Codificação das patologias...................................................................... 82

Tabela 6.2 – Registros utilizados como entrada da Rede Neural. ................................. 82

Tabela 7.1 – Exemplo de quantificação para uma TC de Crânio.................................. 95

Tabela 7.2 – Parâmetros Clínicos - Grupo Primário.....................................................96

Tabela 7.3 – Parâmetros Clínicos - Grupo Secundário................................................. 96

Tabela 7.4 – Codificação dos parâmetros clínicos ....................................................... 99

Tabela 7.5 - Registros da base de dados utilizados como entrada da rede neural ........ 100

Tabela 7.6 – Codificação das Patologias.................................................................... 100

Tabela 8.1 - Resultados dos testes com tamanho da camada intermediária da RN...... 105

Tabela 8.2 – Valores limite ....................................................................................... 105

Tabela 8.3 - Resultados dos testes da influência do valor de saída na rede neural ...... 107

Tabela 8.4 – Importância dos dados secundários da anamnese................................... 108

Tabela 8.5 – Importância dos parâmetros clínicos e radiológicos............................... 110

Tabela 8.6 – Importância dos filtros morfológicos.....................................................111

Tabela 9.1 – Exemplos de arquivos texto .................................................................. 117

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1 Introdução

1.1 Objetivos Este estudo tem por objetivo a identificação de áreas hiperdensas e/ou

hipodensas anormais em exames de Tomografia Computadorizada de Crânio em

conjunto com a história clínica do paciente, para ajuda na decisão de procedimento

emergencial para o tratamento clínico de AVC – Acidente Vascular Cerebral.

De importância relevante está a identificação do posicionamento / mapeamento

das regiões hiperdensas ou hipodensas na região intracraniana sugerindo a ocorrência de

Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs) Hemorrágicos ou Isquêmicos, respectivamente.

A associação da história clínica do paciente e o tipo de componente encontrado (alta ou

baixa densidade) são de fundamental importância para a descrição do achado.

Perda súbita de movimentos e de fala não precedidas por cefaléia ou outros

sintomas de doenças evolutivas podem significar a ocorrência de AVC - Acidente

Vascular Cerebral.

Relatos médicos revelaram que a tratamento clínico dos AVCs é dependente do

tipo de lesão ocorrida. No caso de lesões hemorrágicas o tratamento clínico deverá se

basear na administração de medicamentos com funções de inibir o fluxo sanguíneo e

priorizar a coagulação. Em contrapartida, se tratando de lesões isquêmicas, o tratamento

clínico emergencial deverá ser fundamentado no aumento do fluxo sanguíneo com a

administração de medicamentos anticoagulantes.

Em função do antagonismo existente entre os dois casos e de seus respectivos

tratamentos clínicos, faz-se necessária a realização de exame de diagnóstico por

imagens para definição da conduta médica.

Considerando-se a necessidade de interpretação das imagens resultantes do

referido exame (geralmente Tomografia Computadorizada – TC do Crânio), da urgência

na identificação do tipo de lesão e da possível indisponibilidade momentânea de médico

radiologista, torna-se de grande utilidade um sistema de suporte ao tratamento clínico

dos casos em questão.

Segundo TARR RW, os objetivos do estudo por imagens do encéfalo em

pacientes com sintomas compatíveis com síndrome de AVC são vários:

• Documentar a presença ou ausência de hemorragia. Esta informação é fundamental,

pois a anticoagulação é um tratamento padrão para acidentes vasculares cerebrais

isquêmicos trombóticos ou embólicos.

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2

• Determinar a localização e a extensão da lesão encefálica.

• Principalmente no estágio subagudo, excluir outras condições tais como massas

intra-axiais ou extra-axiais que podem imitar a síndrome de acidente vascular

cerebral.

1.2 Composição do Trabalho

Além do capítulo introdutório com os objetivos da pesquisa e conceitos básicos de

radiologia, esta proposta conta com outros oito capítulos e está dividida conforme se

segue:

Capítulo 2 – Este capítulo visa apresentar os principais aspectos relativos à

síndrome de acidente vascular cerebral.

Capítulo 3 – Descreve as principais características do protocolo DICOM, um

breve histórico e a constituição da norma.

Capítulo 4 – Apresenta conceitos sobre imagens médicas e a Tomografia

Computadorizada.

Capítulo 5 – Este capítulo tem por objetivo apresentar as técnicas de

processamento de imagens utilizadas neste trabalho.

Capítulo 6 – Descreve os principais objetivos de ferramentas CAD, bem como

apresenta estudos de casos na utilização da ferramenta e medidas de desempenho.

Capítulo 7 – Apresenta a metodologia que será empregada para o

desenvolvimento da ferramenta auxiliar para o tratamento de pacientes com suspeita de

acidente vascular cerebral.

Capítulo 8 – Descreve os testes e as discussões sobre a técnica proposta.

Capítulo 9 – Apresenta a ferramenta desenvolvida no trabalho.

Capítulo 10 – Apresenta a conclusão e sugestões de trabalhos futuros.

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3

2 Síndrome de Acidente Vascular Cerebral 2.1 Acidentes Vasculares Encefálicos

Os acidentes vasculares encefálicos, também conhecidos como acidentes

vasculares cerebrais ou pelas siglas AVE e AVC, são lesões vasculares que ocorrem no

interior do encéfalo e dividem-se basicamente em lesões isquêmicas e hemorrágicas. A

apresentação clínica dessas entidades é muito semelhante, pois apresentam início súbito

e são, geralmente, manifestas por déficit motor e sensorial de um lado do corpo,

associado à dificuldade de fala.

A importância da parte de imagem está essencialmente na detecção dessas lesões

e principalmente na diferenciação do evento isquêmico para o evento hemorrágico. O

principal método de diferenciação é a tomografia computadorizada que permite um

exame rápido, com boa capacidade de diferenciação entre eventos isquêmicos e

hemorrágicos, permitindo também fazer o diagnóstico de outras entidades que podem

simular os acidentes vasculares encefálicos como eventualmente tumores.

Segundo MODIC M T, em um estudo envolvendo 756 casos de AVC, 82%

tiveram origem tromboembólica1 (isquêmica) enquanto 18% tiveram origem

hemorrágica.

Os acidentes vasculares encefálicos, por serem eventos emergenciais, podem

ocorrer em situações e momentos onde o médico não está no momento da execução do

exame tomográfico, tornando-se, portanto, importante o desenvolvimento de um método

que permita a caracterização e principalmente diferenciação dos eventos isquêmicos e

hemorrágicos. Atualmente várias clínicas e hospitais mantém operante o serviço de

Tomografia Computadorizada ao longo do dia, porém não necessariamente têm um

médico em associação para execução e interpretação do laudo tomográfico.

Quanto ao aspecto de imagem, a lesão isquêmica se manifesta por áreas

hipodensas, ou seja, de menor densidade que o parênquima adjacente, e as lesões

hemorrágicas se apresentam com imagens hiperdensas, ou seja, de maior densidade que

o parênquima cerebral encefálico adjacente.

1 É denominada embolia ou embolismo a obstrução de um vaso (seja ele venoso, arterial ou linfático) pelo deslocamento de um êmbolo até o local da obstrução, que pode ser um coágulo (denominando-se então tromboembolia), tecido adiposo (embolia gordurosa), ar (embolia gasosa) ou um corpo estranho (como embolias iatrogênicas por pontas de cateter).

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A síndrome de acidente vascular cerebral pode ser definida como a ocorrência de

um déficit neurológico focal súbito, não convulsivo. É a doença neurológica com risco

de vida mais comum e é a terceira principal causa de morte nos Estados Unidos,

superada apenas pelo câncer e pela cardiopatia. A incidência anual de novos acidentes

vasculares cerebrais é de aproximadamente 500.000. Há múltiplas possíveis etiologias

da síndrome de acidente vascular cerebral. Para o objetivo deste estudo, as doenças são,

de maneira geral, classificadas como isquêmicas ou hemorrágicas.

Há cerca de três décadas o "rótulo diagnóstico" de AVC, especialmente o

hemorrágico, implicava para a maioria dos médicos uma situação altamente

desfavorável, da qual a saída inevitável era a morte ou seqüelas severas. Daquele tempo

aos dias de hoje, dois aspectos básicos contribuíram decisivamente para modificar a

referida situação: o primeiro deles é o melhor conhecimento da doença e a adequação de

métodos de tratamento (dentre os quais, destacam-se os estudos dos fatores de risco e a

imediata aplicação de profilaxia de AVC); o segundo aspecto refere-se à maior

possibilidade de difusão, entre os próprios médicos, do conhecimento médico.

De modo geral, pode-se dizer que o prognóstico de um doente com AVC

depende de três fatores básicos: condições prévias, gravidade do AVC e adequação do

tratamento empregado. É apenas neste último fator que se pode atuar quando se atende

um paciente com AVC instalado.

2.1.1 Abordagem Inicial do Paciente com Possível AVC

Usualmente o que sugere um AVC é a apresentação de um quadro agudo, no

qual o paciente encontra-se com depressão do estado de consciência e/ou déficits

motores. Deve-se, portanto, ter sempre em mente a possibilidade de diagnósticos

diferenciais, em alguns dos quais os pacientes podem ser tratados com melhores

resultados, e que a falta de tratamento adequado pode representar a diferença entre a

recuperação completa e a morte ou seqüelas graves.

Frente a um paciente com possível AVC, a rotina de atendimento é análoga à

adotada para um doente com depressão do estado de consciência:

• Se não há parada cardíaca (fato que requer medidas específicas como

massagem cardíaca, adrenalina etc.), a ventilação do doente deve ser mantida

adequadamente (mesmo que os parâmetros respiratórios sejam bons). O

rápido exame da cavidade orofaríngea deve ser feito e retirados possíveis

obstáculos mecânicos, como próteses dentárias móveis. Existem protocolos

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que sugerem que qualquer paciente com depressão de estado de consciência

abaixo de 8 ou 10 na Escala de Glasgow2 deve ser submetido à intubação

endotraqueal; a prática diária mostra que nem sempre se está habilitado para

tal procedimento (se assim for, pelo menos deve-se manter o paciente em

decúbito lateral para evitar aspiração de vômitos).

• Punciona-se uma veia periférica para colheita de exames (se for possível,

deve-se fazer avaliação da glicemia por glicosímetro) e administram-se 40ml

de glicose a 50%.

• Inicia-se tratamento para crise hipertensiva ou choque. Não se deve corrigir

hipertensão arterial, a menos que os níveis sejam acima de 200/l20mm de

Hg.

Esta rotina de conduta visa tratar dois tipos básicos de diagnósticos diferenciais

com o AVE: a hipoglicemia e as depressões de estado de consciência devidas a

depressores do sistema nervoso central.

Devem-se procurar sistematicamente sinais indicativos de trauma. Não é

suficiente uma inspeção da cabeça, sendo necessária a palpação do couro cabeludo à

procura de hematoma subgaleal. Hematoma intracraniano traumático pode simular

AVC.

A partir deste momento deve-se preocupar com dados de anamnese e com o

exame detalhado do enfermo, visando programar condutas específicas caso a caso. Na

maioria das vezes, uma anamnese bem conduzida identifica a instalação súbita não

traumática de sintomas de disfunção encefálica e sugere fortemente a hipótese de AVE.

2.1.2 Conceitos e Classificações

Na área médica, o nome AVC é habitualmente o mais utilizado. Entretanto, é

necessário enfatizar que "cérebro" é a designação de uma das partes do encéfalo, a qual

não inclui o tronco encefálico nem o cerebelo. Quando se utiliza o termo AVE,

excluem-se cerca de 20% dos casos que comprometem o tronco e/ou o cerebelo.

As designações "doença cerebrovascular", "acidente vascular cerebral", "icto

cerebral" e "apoplexia cerebral" são as que usualmente compreendem-se como

sinônimos. Os termos acidente, icto e apoplexia geralmente refletem a instalação

2 A Escala de Coma de Glasgow é uma escala neurológica que mostra uma forma confiável e objetiva de avaliar o estado de consciência de uma pessoa, de modo inicial ou na avaliação contínua. Seu valor também é utilizado no prognóstico do paciente.

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abrupta de um processo (apoplexia refere-se mais especificamente à paralisia e perda de

consciência causadas por hemorragia).

Outra restrição deve ser aplicada ao termo "derrame", freqüentemente utilizado

para dar informações aos pacientes e/ou familiares. Este termo significa extravasamento

e seria aplicável às hemorragias; se utilizado genericamente, poderiam ser excluídos

cerca de 80% dos casos de DEV, que são de natureza isquêmica. Prefere-se a utilização

de termos como "isquemia", "infarto", "trombose", "embolia", "hemorragia" ou

"hematoma".

Entende-se por DEV todas as alterações onde uma área encefálica é, transitória

ou definitivamente, afetada por isquemia e/ou sangramento, ou na qual um ou mais

vasos encefálicos são envolvidos num processo patológico.

Classificações que consideram a fase de evolução da DEV são mais úteis, pois

levam consigo as implicações terapêuticas com ênfase na profilaxia. São elas:

• Paciente assintomático de alto risco

• Icto transitório

• Pequeno icto

• Icto completo

• Icto em evolução

• Icto em regressão

• Seqüela

2.1.2.1 Icto Transitório (IT)

A situação clínica, sintomatologia de duração menor do que 24 horas, nos anos

1970 foi definida com o termo icto isquêmico transitório ou ataque isquêmico

transitório (AIT). Entretanto, desde então, inúmeros autores destacam que patogenias

não vasculares podem levar a tal sintomatologia; além disso, dados de Ressonância

Magnética (RM) têm demonstrado que pode haver área de infarto estabelecido. Estudos

recentes demonstram que a maioria dos pacientes com IT recupera-se em menos de uma

hora; média de 14 minutos para a circulação carotídea e de oito minutos para a

vertebrobasilar.

O IT é definido como um déficit neurológico de causa vascular, de duração

menor do que 24 horas. Em grande parte dos casos de IT, a disfunção é de natureza

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isquêmica e a patogenia baseia-se em fenômenos tromboembólicos. Os êmbolos

(usualmente plaquetários) que se originam de placas ulceradas têm sido

responsabilizados em muitos casos.

As placas ulceradas são mais freqüentes na artéria carótida, em especial na

região da bifurcação. Uma situação clínica rara é praticamente patognomônica de placa

ulcerada da artéria carótida; trata-se da cegueira monocular transitória, na qual os

êmbolos originam-se de fragmentação do trombo que se pode formar nesta placa e

promovem a obstrução da artéria oftálmica deste mesmo lado. Os êmbolos podem

originar-se, entretanto, em outras artérias e também a partir do coração.

Em outros casos o IT pode ser causado por fenômenos de "roubo", conseqüentes

à suboclusão de vasos extracranianos.

Outras situações que podem ocasionar IT são as compressões vasculares

extrínsecas. Assim é que a presença de costela cervical pode, por compressão da artéria

vertebral, causar tontura ou perda de consciência quando o indivíduo faz movimento de

rotação da cabeça.

É necessário lembrar novamente que o IT pode ser decorrente de fenômeno

hemorrágico, tanto em conseqüência de aneurismas ou malformações arteriovenosas

congênitas que se rompem no interior do parênquima encefálico quanto de hemorragia

por ruptura de aneurismas adquiridos (os de Charcot Bouchard da hipertensão arterial,

os micóticos), assim como por qualquer outra causa de hemorragia intraparenquimatosa

espontânea. Uma situação de diagnóstico clínico especialmente difícil ocorre quando o

icto isquêmico transitório decorre de embolia a partir de aneurisma parcialmente

trombosado ou de fenômeno de roubo em malformação arteriovenosa.

2.1.2.2 Pequeno Icto

Pequeno icto é a designação para uma situação na qual há recuperação funcional

completa. Ele deve ser separado conceitualmente do IT, pois na realidade tem causas

diferentes (as mesmas que podem ocasionar o icto completo) e também tem evolução

natural diferente: os pacientes que apresentaram IT (especialmente quando a duração foi

de menos de cinco minutos) têm risco maior de desenvolver icto completo do que os

que tiveram PI (especialmente os que apresentaram duração da sintomatologia acima de

três semanas).

A designação usualmente encontrada na língua inglesa, RIND (Reversible

Ischemic Neurologic Deficit), deve ser vista com restrições, pois a hemorragia pode ser

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causa de um PI. Neste sentido, acredita-se que a conceituação clínica de PI deve ser

mantida.

Do ponto de vista conceitual, desde que seja possível estabelecer com clareza a

natureza isquêmica da lesão, justifica-se utilizar os termos AIT e RIND; entretanto,

parece-nos importante manter a conceituação fundamentalmente clínica de IT e PI

quando os pacientes que apresentam um DEV não têm a possibilidade de utilizar o

recurso da RM, da TC e do líquido cefalorraquidiano (LCR).

2.1.2.3 Icto Completo (IC)

Icto completo é a denominação de um processo de disfunção encefálica de causa

vascular, cuja sintomatologia persiste por período superior a 24 horas e em cuja

recuperação exista algum grau de seqüela.

O IC pode ser isquêmico (DEVI) ou hemorrágico (DEVH).

O DEVI é, em última análise, decorrente de um infarto isquêmico pela obstrução

de um vaso; tal obstrução pode ser causada por trombose ou por embolia.

Os fatores subjacentes mais freqüentes no DEVI trombótico são a arteriosclerose

e a hipertensão arterial sistêmica. A causa potencialmente mais freqüente de DEVI por

embolia cardiogênica é a estenose mitral com fibrilação atrial; entretanto, êmbolos não

se originam necessariamente do coração, podendo ser decorrentes de fragmentos de

placas (ou de trombos que se formam em placas ulceradas) em artérias extracranianas

ou mesmo intracranianas.

Outras causas menos freqüentes de DEVI, como arterites (lues, outras doenças

infecciosas, lúpus, arterite temporal etc.) também devem ser lembradas.

As outras causas que não a aterosclerose e a hipertensão arterial devem ser

especialmente lembradas em pacientes jovens. Entre estas, destacam-se as desordens

cardíacas, as arterites, o uso de anticoncepcionais orais, alcoolismo, uso de drogas

ilícitas e a trombose traumática da carótida (esta última situação pode passar

despercebida à primeira vista; a trombose traumática pode ser imediata e, então, a

relação de causa e efeito torna-se clara; entretanto, um trauma pode causar uma lesão

endotelial e a partir daí uma trombose tardia, horas ou dias após o trauma).

O DEVH pode ser subdividido em hemorragia intraparenquimatosa (HIP) e

hemorragia subaracnóidea (HM).

A causa mais freqüente de HIP é a hipertensão arterial sistêmica (ruptura dos

microaneurismas de Charcot-Bouchard, que se formam em decorrência da hipertensão).

Outras causas são menos freqüentes, como aneurismas e malformações arteriovenosas

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congênitos, aneurismas micóticos, tumores cerebrais metastáticos ou primários,

tratamento com drogas anticoagulantes, discrasias sangüíneas, malformações

arteriovenosas críticas, abuso de álcool, uso de drogas ilícitas e angiopatia amilóide

cerebral primária familiar.

Nota-se que três quartos dos HIPs ocorrem nos gânglios da base. A quarta parte

restante é uniformemente distribuída entre a região subcortical dos lobos (com

predomínio da região temporal), o cerebelo (com evidente predomínio nos lobos

cerebelares em relação ao verme) e o tronco cerebral (no qual a ponte é a região onde

ocorre a maioria dos casos).

Embora a sintomatologia decorrente de um HIP numa determinada região varie,

especialmente em decorrência de tamanhos diversos, existem alguns aspectos que são

peculiares à localização da HIP.

Na HIP putaminal ocorre moderada depressão do estado de consciência,

hemiparesia completa contralateral à HIP, desvio ocular horizontal ipsilateral;

caracteristicamente, a estimulação dolorosa do hemicorpo parético provoca reação com

hipertonia flexora (decorticação) ou extensora (descerebração) no membro superior e

extensora no membro inferior.

Na HIP talâmica ocorre moderada/acentuada depressão do estado de consciência,

reação em descerebração contra ou bilateralmente, desvio ocular para baixo e pupilas

mióticas.

A HIP pontina acompanha-se de acentuada depressão do estado de consciência,

descerebração bilateral, miose puntiforme bilateral e oftalmoplegia extrínseca também

bilateral.

A hemorragia cerebelar pode acarretar a tríade de Ou, caracterizada por ataxia

cerebelar apendicular, paralisia facial periférica e paralisia de olhar conjugado lateral, os

três sinais ipsilaterais à HIP.

Em relação às HIPs da região subcortical dos lobos, apenas a da região occipital

pode proporcionar um quadro clínico altamente sugestivo: cefaléia súbita na região

órbito-frontal associada à hemianopsia contralateral.

Deve-se insistir que o padrão sintomatológico descrito para a HIP de cada região

citada não necessariamente ocorre; mas o encontro de tal sintomatologia num caso

suspeito de HIP é altamente sugestivo da localização citada.

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A causa mais freqüente de HM é a ruptura de aneurisma3 congênito; a segunda

causa é malformação arteriovenosa congênita. Com exceção da hipertensão arterial, as

outras causas apontadas para a HIP eventualmente podem ocasionar HM.

Os aneurismas congênitos apresentam-se predominantemente na região da base

do polígono de Willis. Uma das regiões mais freqüentes é na emergência da artéria

comunicante posterior da carótida (neste aspecto, um quadro de HM que se acompanha

de paralisia completa do terceiro nervo craniano sugere fortemente a topografia do

aneurisma). Menos freqüentes são os aneurismas da carótida, na porção intracavernosa

(aqui há também um quadro de HM associado à paralisia dos nervos cranianos III, IV,

VI e do primeiro ramo do V, que aponta para a topografia do aneurisma). Outras regiões

menos freqüentes de aneurismas são a da comunicante anterior, da divisão principal da

artéria cerebral média e, por último, o território arterial dependente das vertebrais e da

basilar.

O diagnóstico de HM é facilmente identificado quando se caracteriza na

anamnese a instalação abrupta, não traumática, de cefaléia.

2.1.2.4 Icto em Evolução (IE)

A sintomatologia de um paciente com DEV pode agravar-se, dependendo de dois

mecanismos básicos: aumento da área de infarto4 ou processo expansivo intracerebral

(seja ele HIP ou mesmo edema cerebral crescente). Deve-se, evidentemente, considerar

se os aspectos sistêmicos não foram determinantes na piora do quadro.

A trombose5 retrógrada é um dos mecanismos de aumento da área de infarto e

pode originar quadro de sintomatologia crescente.

A trombose progressiva ou em evolução (outro mecanismo de aumento da área

de infarto e geralmente localizada na artéria carótida, na cerebral média ou na basilar), a

HIP e o edema cerebral crescente geralmente ocasionam sintomatologia que piora de

maneira contínua e não escalonada, como na trombose retrógrada.

Um procedimento é tentar conduzi-lo pelas linhas horizontais, evitando-se as

oblíquas e especialmente as verticais. Isto implica impedir a evolução para a piora do

paciente com DEV. Pode-se, didaticamente, dividir esta fase em etapas diferentes, que

na realidade são imbricadas: identificar a topografia da lesão; identificar a natureza da

3 Um aneurisma é uma dilatação vascular de uma artéria. 4 Um infarto ou enfarte é definido como uma lesão tecidual isquêmica irreversível, isto é, devida à falta de oxigênio e nutrientes, geralmente associado a um defeito da perfusão sanguínea (oclusão do suprimento arterial ou da drenagem venosa). 5 Trombose é a formação de um trombo (coágulo de sangue) no interior de um vaso sangüíneo.

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lesão; identificar a tendência de evolução do doente (se para melhora ou para piora). A

partir daí, deve-se iniciar tratamento específico caso a caso.

2.1.3 Como Identificar a Topografia da Lesão?

A primeira preocupação topográfica é o reconhecimento da lesão como

supratentorial ou infratentorial (na fossa posterior, abaixo da tenda).

Nesse sentido, a avaliação do estado de consciência não contribui decisivamente,

pois um enfermo pode estar em coma tanto por uma lesão infra quanto por uma lesão

supratentorial. A avaliação das funções motoras é mais específica: na maioria das vezes,

uma hemiparesia6 completa (que envolve o membro superior, o inferior e o território

facial do mesmo lado) implica uma lesão supratentorial; já o encontro de hemiparesias

alternas (que envolvem os membros de um lado e um território craniano do outro lado)

indica uma lesão infratentorial.

Uma vez identificado o território como supratentorial, pode-se tentar estabelecer

se a lesão é capsular ou cortical. As hemiparesias capsulares costumam ser mais

intensas e proporcionadas (igual intensidade de déficit nos membros e na hemiface), ao

passo que as decorrentes de lesão cortical tendem a ser desproporcionadas. Além disso,

nas lesões corticais com déficits motores discretos ou moderados pode haver

comprometimento do estado de consciência, ao passo que nas lesões capsulares, com

déficit motor acentuado ou moderado, usualmente não há comprometimento de

consciência.

Na fossa posterior, é de interesse separar as lesões cerebelares das lesões do

tronco encefálico. Nas fases iniciais, as lesões cerebelares não provocam depressão do

estado de consciência (que poderá ocorrer quando esta lesão expandir-se para diante,

comprimindo o tronco); o encontro de ataxia apendicular cerebelar usualmente sugere a

topografia cerebelar. Nas lesões de tronco encefálico é mais freqüente a depressão do

estado de consciência; o encontro de disfunções de nervos cranianos distantes (no

sentido longitudinal) sugere fortemente lesão primária de tronco.

6 Hemiparesia é a paralisia parcial de um lado do corpo.

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A análise de outros estudos permite a utilização da chamada "a regra dos 80/20",

resumida na Tabela 2.2.

Tabela 2.2 – Regra dos 80/20

Supratentorial 80% Infratentorial 20%

Isquemia 80% Hemorragia 20%

Território carotídeo 80% Território vertebrobasilar 20%

Trombose 80% Embolia Cardiogênica 20%

Hemorragia intraparenquimatosa (HIP) 80% Hemorragia meníngea (HM) 20%

HIP nos gânglios da base 80% HIP nos outros locais 20%

HM no território carotídeo 80% HM no território vertebrobasilar 20%

Icto completo 80% Icto em evolução 20%

A abordagem do paciente com DEV pode, portanto, ser resumida em identificar

a topografia e a natureza da lesão e identificar a tendência de evolução do doente. A

partir daí, programa-se a conduta caso a caso.

2.1.6 Indicações da TC Cranioencefálica

A TC deve ser realizada em todos os pacientes com DEV na fase aguda. O

método é extremamente seguro e as complicações eventuais relacionam-se com a

possibilidade de reação de tipo alérgico ao contraste, que costuma ser facilmente

contornável. A TC é, inquestionavelmente, um exame de grande utilidade.

É necessário que seja realizado o exame sem e com contraste (o qual pode ser

iônico ou não iônico). A etapa com contraste pode demonstrar particularidades que não

são identificadas sem ele (como malformações arteriovenosas, aneurismas, suspeita de

tumores e outros focos menores de lesão não suspeitados, como pode ocorrer em

embolias múltiplas, vasculites, granulomas e metástases).

O exame em questão também se presta para o acompanhamento temporal da

lesão. Neste sentido, uma lesão isquêmica não identificada num primeiro exame pode

tornar-se evidente após alguns dias. Outra utilidade da TC seqüencial é a análise da

evolução do tamanho de uma HIP e da absorção que está ocorrendo. A análise

seqüencial também pode contribuir para identificar a progressão de compressão do

encéfalo e herniações.

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2.2 Doença Vascular Cerebral Isquêmica

A isquemia cerebral pode ser focal em conseqüência de doença arterial,

embolização, doença venosa, ou distúrbios hematológicos. A isquemia cerebral também

pode ser global, em conseqüência de diminuição do débito cardíaco, redução da

resistência periférica, ou distúrbios metabólicos. O espectro clínico de isquemia/infarto

cerebral inclui ataques isquêmicos transitórios (AIT), déficit neurológico isquêmico

reversível (DNIR), déficit neurológico isquêmico parcialmente reversível (DNIPR), e

acidente vascular cerebral. Os AIT são curtos episódios de disfunção neurológica que

comumente cessam em minutos, mas podem durar até 24 horas. Os DNIR são episódios

de disfunção neurológica que duram mais de 24 horas e cessam completamente em

vários dias. Um acidente vascular cerebral implica em um elemento de déficit

neurológico fixo.

A pressão de perfusão do encéfalo é a diferença entre a pressão intra-arterial

quando os vasos entram no espaço subaracnóide e a pressão nas veias de paredes finas

no espaço subaracnóide imediatamente antes de sua entrada nos seios venosos durais

mais rígidos. Em circunstâncias habituais, a vascularização cerebral possui a

surpreendente capacidade de auto-regulação. Isto é, na presença de alteração das

pressões de perfusão, o fluxo sangüíneo cerebral é mantido constante em virtude de

vasoconstrição ou vasodilatação cerebral. Nas circunstâncias fisiológicas habituais, o

fluxo sangüíneo cerebral permanece constante entre os limites da pressão de perfusão de

50 e 130 mm Hg. Além destes limites, os mecanismos autorreguladores são incapazes

de manter o fluxo sangüíneo cerebral constante, e o fluxo sanguíneo modifica-se com

alterações da pressão de perfusão. O fluxo sangüíneo cerebral normal para o córtex

encefálico é de aproximadamente 50 a 60ml/100g/minuto. Quando a pressão de

perfusão cerebral cai abaixo de níveis críticos, ocorre isquemia tecidual. A evolução de

um estado reversível de isquemia para um estado irreversível de infarto depende tanto

do grau de redução do fluxo sangüíneo quanto do período em que o tecido cerebral é

submetido a fluxo sangüíneo reduzido. Em geral, o limiar do fluxo sangüíneo cerebral

para atividade elétrica dos neurônios é de aproximadamente 18 m1/100 g/minuto.

A isquemia cerebral pode ser focal em conseqüência de doença arterial,

embolização, doença venosa, ou distúrbios hematológicos. Ela pode também ser global,

em conseqüência de diminuição do débito cardíaco, redução da resistência periférica ou

distúrbios metabólicos. O espectro clínico de isquemia/infarto cerebral inclui ataques

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isquêmicos transitórios (AIT), déficit neurológico isquêmico reversível (DNIR), déficit

neurológico isquêmico parcialmente reversível (DNIPR), e acidente vascular cerebral.

Os AIT são curtos episódios de disfunção neurológica que comumente cessam em

minutos, mas podem durar até 24 horas. Os DNIR são episódios de disfunção

neurológica que duram mais de 24 horas e cessam completamente em vários dias. Um

acidente vascular cerebral implica em um elemento de déficit neurológico fixo.

A aparência microscópica do infarto encefálico depende do momento do exame

após o ictus inicial. Nenhuma alteração é observada microscopicamente por até 6 horas

após o ictus. As alterações microscópicas iniciais consistem em tumefação das

mitocôndrias neuronais e vacuolação citoplasmática, o que leva a tumefação neuronal

generalizada. Após 24 a 48 horas, os neurônios tornam-se retraídos e picnóticos. Os

astrócitos e oligodendrócitos sofrem tumefação e fragmentação, e as bainhas de mielina

degeneram. No estágio subagudo, três zonas distintas tornam-se visíveis: a zona central

de necrose de coagulação demonstra perda de todos os tipos celulares; a zona reativa

(localizada na periferia da zona central) contém axonios tumefeitos, infiltrados

mononucleares e leucocíticos, e capilares em regeneração; e a zona marginal contém

astrócitos reativos, fibras astrogliais depositadas e coloração neuronal variável. No

estágio crônico, o material necrótico é reabsorvido por elementos da microglia e resta

uma cavidade. A cavidade é atravessada por elementos gliais e fibrovasculares.

2.2.1 TC do Infarto Cerebral

O aspecto do infarto cerebral a TC é mostrado na Figura 2.1 e reflete as

alterações patológicas previamente descritas e é, assim, tempo-dependente. Alterações

iniciais em imagens de TC sem contraste de infartos mesmo grandes freqüentemente são

discretas, e embora possam ser detectadas dentro de 6 a 8 horas após o ictus, podem não

ser evidentes até 24 horas após o ictus. Estes achados incluem ligeira hipodensidade,

efeito de massa mínimo (frequentemente observado como assimetria dos sulcos dos

hemisférios), e perda da distinção entre as densidades das substâncias cinzenta e branca.

Especificamente, a perda da faixa insular foi descrita como sendo um sinal precoce de

infarto agudo da artéria cerebral média. Estes achados iniciais em imagens de TC sem

contraste resultam do desenvolvimento de edema citotóxico. Ocasionalmente, cortes de

TC através da cisterna supra-selar demonstrarão uma artéria cerebral média hiperdensa,

indicativa de trombo dentro da artéria, na fase aguda. O sinal da artéria cerebral média

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hiperdensa é observado em cerca de 35% dos pacientes com sintomas de infarto agudo

da artéria cerebral média e pode prever um maior vo

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No estágio pós-ictus subagudo (10 a 21 dias), o edema e o efeito de massa do

infarto começam a desaparecer. Durante este estágio também há invasão de células da

microglia. A invasão de células da microglia, bem como o edema reduzido, pode tornar

a área de infarto isodensa em relação ao encéfalo normal em imagens de TC sem

contraste. Este fenômeno de isodensidade paradoxal é denominado “efeito

obscurecimento”.

No estágio pós-ictus crônico (> 21 dias) o edema desaparece completamente. As

células da microglia reabsorvem o tecido necrótico, e este tecido é substituído por

líquido extracelular, bem como por fibras gliais de união. A aparência à TC sem

contraste é de uma transparência bem definida, envolvendo tanto a córtex quanto a

substância branca. Há evidência de perda de volume com alargamento dos sulcos

adjacentes e dilatação ventricular ipsilateral. Pode haver faixa cortical fina residual na

região do infarto, representando neurônios preservados. Alguns neurônios em uma área

de infarto podem ser preservados devido ao desenvolvimento precoce de fluxo

sanguíneo colateral leptomeníngeo após o evento isquêmico. Além disso, determinadas

camadas (I, II e VI) provavelmente são menos susceptíveis à isquemia que outras.

Raramente, pode ser observada calcificação macroscópica no leito infartado.

Como afirmado previamente, o realce após a administração intravenosa de

material de contraste pode estar presente no estágio crônico, mas geralmente não está

presente por volta de 3 a 6 meses após o ictus.

2.3 Doença Vascular Cerebral Hemorrágica

A hemorragia intracraniana (HIC) não-traumática frequentemente apresenta-se

com uma alteração súbita da condição neurológica acompanhada por cefaléia. Imagens

de TC, como a da Figura 2.2, sem contraste são a modalidade de imagem inicial de

escolha para pacientes que se apresentam com achados sugestivos de HIC. A extrema

sensibilidade da TC a hemorragias agudas permite rápida identificação da hemorragia

bem como localização anatômica precisa. As causas mais comuns de HIC não-

traumática incluem aneurisma, malformação vascular, hipertensão, infarto hemorrágico,

hemorragia tumoral, trombose venosa, embolia séptica, abuso de drogas e vasculite.

Frequentemente, a distinção entre estas pode ser feita com base na história clínica e nos

achados em estudos de TC e RM. Além disso, a determinação da localização de

hemorragia subaracnóide (HSA), hemorragia intraventricular (HIV), hemorragia

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intraparenquimatosa (HIP), ou uma associação destas é importante na distinção da

etiologia do sangramento. Segundo OSBORN AG, a HIC é uma frequente indicação

para estudos neurorradiológicos de urgência.

Figura 2.2 - Imagem de TC característica de AVC Hemorrágico

2.3.1 HSA – Hemorragia Subaracnóide

A HSA geralmente é um evento agudo acompanhado por cefaléia intensa e

frequentemente seguido por perda da consciência. A TC sem contraste é a modalidade

de imagem de escolha para detectar HSA aguda. No estágio agudo, a HSA é visualizada

como aumento da densidade dentro dos sulcos, cisternas e fissuras do encéfalo. A

sensibilidade da TC sem contraste para detecção de HSA é de aproximadamente 90%

nas primeiras 24 horas após o ictus inicial e de 50% uma semana após o ictus inicia1. A

imagem de TC em janela e ajustes de nível intermediários entre o encéfalo e o osso

pode possibilitar a detecção de HSA sutil na interface encéfalo-osso. Mais de uma

semana após o ictus inicial, a TC é muito menos sensível para a detecção de HSA. Isso

é devido ao fato de que à medida que a hemoglobina é progressivamente decomposta, o

sangue torna-se cada vez mais isointenso em relação ao LCR. Na verdade, se for

visualizado aumento da densidade no espaço subaracnóide mais de uma semana após o

evento inicial, deve ser considerado um episódio de recidiva do sangramento. Mesmo

no estágio agudo, uma imagem de TC negativa sem contraste não exclui uma pequena

quantidade de HSA de origem intracraniana, ou HSA de origem raquiana. Portanto, se

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não houver contra-indicação, deve ser realizada uma punção lombar em um paciente

com suspeita de HSA no qual a imagem de TC sem contraste é negativa.

Embora vários estudos tenham relatado a capacidade de estudos de RM de

detectar HSA aguda, a RM é menos sensível que a TC na detecção de HSA no estágio

agudo. A sensibilidade da RM para a detecção de hemoderivados extravasados depende

da decomposição progressiva de hemoglobina. Os estudos de RM são relativamente

insensíveis para a detecção de HSA aguda porque a pressão parcial de oxigênio

relativamente maior no LCR retarda a conversão de oxi-hemoglobina em desoxi-

hemoglobina e metemoglobina. Esta conversão é essencial para alterar as velocidades

de relaxamento de prótons vizinhos, o que permite detecção de hemorragia em estudos

de RM. Embora os estudos de RM sejam relativamente insensíveis para HSA aguda,

esta técnica é extremamente sensível aos efeitos da HSA crônica. Isso é devido à

deposição subpial de hemossiderina no estágio crônico, o que resulta em siderose

superficial. A deposição subpial crônica de hemossiderina é visualizada como acentuada

hipointensidade revestindo a superfície parenquimatosa, sendo mais bem visualizada em

sequências em spin-eco ou gradiente-eco com TR longo/TE longo.

2.3.2 HIP – Hemorragia Intraparenquimatosa

Patologicamente, a HIP pode ser dividida em quatro estágios: aguda (l a 3 dias),

subaguda (4 a 8 dias), cápsula (9 a 13 dias), e organização (> 13 dias). O aspecto da HIP

à TC varia com o tempo e correlaciona-se com as alterações neuropatológicas descritas

previamente. Agudamente, imagens de TC sem contraste demonstram uma massa

hiperdensa bem marginada devido ao elevado conteúdo protéico de hemácias intactas.

Pode haver alguma baixa densidade no encéfalo adjacente devido à inflamação e edema

perivascular. À medida que ocorre lise dos eritrócitos e perda progressiva da

hemoglobina no estágio subagudo, o hematoma torna-se progressivamente isodenso em

relação ao parênquima encefálico. No estágio de organização inicial, o enchimento do

hematoma acelular com uma matriz vascularizada pode fazer com que o hematoma

torne-se novamente um pouco hiperdenso em comparação com as estruturas encefálicas.

Finalmente, uma área de encefalomácia é observada como uma área de baixa densidade

com efeito de massa negativo.

O realce do hematoma é observado pela primeira vez no estágio subagudo e está

relacionado à inflamação perivascular. O padrão de realce é inicialmente um anel

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completo ou quase completo ao redor da periferia do hematoma. No estágio de cápsula

e de organização inicial, a neovascularização em desenvolvimento contribui para o

padrão de realce anular. O anel de realce diminui gradualmente de diâmetro e torna-se

mais irregular e mais intenso. Finalmente o padrão anular de realce é substituído por um

padrão nodular em virtude de enchimento no centro do hematoma por

neovascularização em desenvolvimento.

O padrão de realce, principalmente o realce nodular de hemorragia não-

neoplásica, pode ser confundido com o padrão observado nas neoplasias hemorrágicas.

Tipicamente, há menor efeito de massa com uma hemorragia não-neoplásica que com

uma hemorragia tumoral no estado subagudo. Também, o volume de realce diminui

com o tempo com os HIP não-neoplásicos, ao contrário do volume de realce em

hemorragias neoplásicas, que pode aumentar com o tempo.

2.3.3 HIV - Hemorragia Intraventricular

Como na HSA, a HIV é visualizada em imagens de TC como áreas de

hiperdensidade dentro do sistema ventricular. Como o coágulo sanguíneo é mais pesado

que o LCR, tende a depositar-se abaixo dele. O sangue coagulado pode obstruir os

forames de saída do sistema ventricular, resultando em hidrocefalia.

Da mesma forma que a HSA, aqui há sensibilidade limitada da RM na detecção

de HIV aguda. Novamente, isso é devido à elevada pressão parcial de oxigênio dentro

do LCR comparada ao parênquima encefálico e à menor velocidade de decomposição

da hemoglobina.

2.3.4 Aneurisma

A causa mais comum de HSA não-traumática é a ruptura de aneurisma,

responsável por aproximadamente 70% a 80% dos casos. A incidência de ruptura de

aneurisma na América do Norte é de aproximadamente 28.000 por ano, e a mortalidade

nos primeiros 30 dias após a ruptura é de aproximadamente 50%. As estimativas da

prevalência de aneurismas não rompidos na população em geral, baseada em série de

necrópsia, variam entre 0,1% e 9,0%. A taxa de sangramento anual de aneurismas não-

rotos é de aproximadamente 3%. A taxa recidiva do sangramento de aneurismas rotos

não tratados é de aproximadamente 20% nas duas primeiras semanas.

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A Figura 2.3 ilustra a vista inferior do cérebro e das artérias da base do cérebro.

Os aneurismas intradurais originam-se mais comumente no local de ramificação arterial

proximal, na adjacência do círculo (ou polígono) de Willis7. As localizações mais

comuns do aneurisma são: a junção da artéria cerebral anterior com a artéria

comunicante anterior (30%), a junção da artéria carótida interna com a artéria

comunicante posterior (25%), a bifurcação/trifurcação da artéria cerebral média (15%),

e o final da artéria carótida interna ou junção das artérias carótida e oftálmica (15%).

Figura 2.3 - Vista inferior do cérebro e das artérias da base do cérebro

Aproximadamente 15% dos aneurismas originam-se no sistema vertebrobasilar,

mais comumente na terminação da artéria basilar ou na origem da artéria cerebelar

posterior inferior. Uma representação esquemática do polígono de Willis, artérias do

cérebro e tronco cerebral pode ser vista na Figura 2.4.

7 O polígono de Willis ou círculo de Willis (também chamado de círculo arterial cerebral ou círculo arterial de Willis) é um círculo de artérias que suprem o cérebro.

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Figura 2.4 - Representação esquemática do polígono de Willis, artérias do cérebro e tronco cerebral

Mais comumente, os aneurismas intracranianos são saculares e acredita-se que

possuam uma etiologia combinada congênita e do desenvolvimento, originando-se de

uma associação de fraqueza intrínseca da parede arterial e tensão hemodinâmica.

O papel das neuroimagens na avaliação do aneurisma inclui rastreamento da

população de alto risco ou suspeita, diagnóstico de HSA após ruptura, e detecção de

complicações de ruptura do aneurisma.

As imagens de TC podem rotineiramente detectar aneurismas maiores que 1 cm;

entretanto, a sensibilidade e a especificidade de imagens por TC na detecção de

pequenos aneurismas variam muito segundo os estudos realizados. Podem ser usadas

várias técnicas que otimizarão a capacidade da TC de detectar um aneurisma: injeção de

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contraste em bolo, seqüência de imagens dinâmica, cortes finos (1,5 a 2,0 mm) e espaço

mínimo entre os cortes (1,5 a 2,0 mm) através do círculo de Willis.

Em imagens de TC sem contraste, um aneurisma é tipicamente visualizado como

uma área arredondada de hiperdensidade muito próximo do círculo de Willis. Pode

haver calcificação. A calcificação é tipicamente curvilínea e periférica, mas pode

ocorrer mais centralmente dentro do trombo organizado. Se houver calcificação, é

importante definir a relação entre a calcificação e o colo do aneurisma. A calcificação

do colo cirúrgico pode ser uma contra-indicação ao grampeamento neurocirúrgico.

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3 DICOM

3.1 Introdução

Foi definido, em 1993, um padrão para transferência de imagens e informações

associadas, conhecido como DICOM 3.0 (“Digital Imaging and Communication in

Medicine”).

O DICOM é um padrão para comunicação e armazenamento de imagens médicas

e informações associadas, atualmente utilizado por quase todas as modalidades de

imagens médicas. O padrão DICOM contém uma arquitetura para troca de informações

entre modalidades e também definições de protocolos de comunicação que visa facilitar

o fluxo de imagens num hospital ou através de hospitais e também tornar compatíveis,

equipamentos distintos e de diferentes fabricantes.

Tendo como palavra-chave conectividade, o objetivo principal deste protocolo é

o aumento da qualidade dos serviços de diagnóstico por imagem, além da redução de

custos, seja de material ou pessoal através da troca de dados de imagens digitais e a

comunicação em rede entre produtos (equipamentos) de vários fabricantes. Este

protocolo contém formatos padronizados para dados de imagens digitais, operações de

usuários (mandar, receber, solicitar, imprimir, etc.) e um modelo comum para a

construção e a troca de informações. Usuários deste protocolo podem proporcionar

serviços de radiologia entre Hospitais e Clínicas e também através de regiões

geográficas, obter todas as vantagens dos recursos existentes e manter os custos baixos

através da compatibilidade dos equipamentos e sistemas atuais. Por exemplo, PC’s,

workstations, Tomógrafos Computadorizados, Ressonâncias Magnéticas, Equipamentos

de Ultrasonografia e Medicina Nuclear, Radiografia Computadorizada, Digitalizadores

de Filmes, Impressoras Laser, arquivos compartilhados, host computers e mainframes

fabricados por diferentes empresas e localizados num mesmo site ou em vários sites

podem se ‘falar’ através de uma rede de sistema aberto.

O padrão foi desenvolvido por um comitê de trabalho, formado por membros do

“American College of Radiology” (ACR) e da “National Electrical Manufactures

Association” (NEMA) que iniciou os trabalhos em 1983, o qual foi organizado com o

intuito de desenvolver um padrão para comunicação digital de informações e imagens.

O comitê publicou a primeira versão em 1985, que foi chamada de ACR-NEMA 300-

1985 ou (“ACR-NEMA Version 1.0”), e a segunda versão em 1988, chamada de ACR-

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NEMA 300- 1988 ou (“ACR-NEMA Version 2.0”). A terceira versão do padrão,

nomeada de DICOM 3.0, apresentada em 1993, quando foi substancialmente enfatizado

o conteúdo alterado, discutidos alguns problemas da primeira e da segunda versão e

criados novos processos, principalmente o protocolo de comunicação para rede (FRITZ,

1999).

O padrão hoje está essencialmente completo, apesar das mudanças que ainda

possam acontecer devido à evolução, pois ele é um padrão multi-partes, podendo ter

suas informações acrescidas quando necessário.

Como um padrão estável e desenvolvido, ele está sendo utilizado por diversas

empresas tecnológicas e produtoras de equipamentos de imagens médicas. O DICOM é

considerado adequado para o desenvolvimento e implantação de sistemas de radiologia

sem filme (“Filmless”).

O padrão DICOM diferencia-se dos outros formatos de imagens tais como

(JPEG8, TIFF9, GIF10 e outros), por permitir que as informações dos pacientes sejam

armazenadas juntamente com a imagem, mas de forma estruturada. Isto é, elas são

armazenadas contendo delimitadores, conhecidos como “ tags”, que identificam e

limitam as informações.

A grande vantagem dessa estrutura é permitir a leitura do arquivo e extração das

informações necessárias para uma comunicação direta, ou seja, gerenciar as imagens e

informações dos pacientes de forma coerente, mantendo sua integridade (NEMA, 2001).

3.2 Evolução histórica

A comissão ACR-NEMA (American College of Radiology – National Electrical

Manufacturers Association) nasceu em 1983, com a missão de desenvolver uma

interface entre equipamentos de imagens médicas (tais como tomografia

computadorizada, ressonância magnética, medicina nuclear e ultra-sons) e qualquer

outro dispositivo com que o utilizador quisesse se comunicar. Além das especificações

para a ligação do hardware, o padrão a ser desenvolvido deveria incluir um dicionário 8 Em informática, JPEG é a sigla de Joint Photographic Experts Group, tratando-se de um formato de compressão, aplicado em imagens digitais. 9 O TIFF (acrónimo para Tagged Image File Format) é um formato de arquivo raster (popularmente chamado de Bitmap, no Brasil) para imagens digitais. 10 GIF (Graphics Interchange Format, que se pode traduzir como "formato para intercâmbio de gráficos") é um formato de imagem de mapa de bits muito usado na world wide web, quer para imagens fixas, quer para animações.

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de elementos de dados, que possibilitasse a interpretação e a visualização corretas da

imagem.

A comissão examinou muitas interfaces normalizadas já existentes, mas

nenhuma demonstrou ser inteiramente satisfatória. No entanto, algumas dessas

interfaces sugeriram idéias bastante úteis. Por exemplo, a AAPM (American Association

of Physicists in Medicine) tinha desenvolvido um ano antes, um formato padrão para

gravar imagens em banda magnética. Este formato era constituído por um cabeçalho

(Header) contendo a descrição da imagem e pelos elementos de dados (tais como

“patient name”). O conceito de usar elementos de dados de tamanho variável,

identificados por uma tag ou key (o nome do elemento), foi adotado pela comissão por

parecer particularmente interessante.

Após dois anos de trabalho, a primeira versão do padrão - ACR-NEMA 300-

1985 (também chamada ACR-NEMA versão 1.0) - foi distribuída no encontro anual da

RSNA (Radiological Society of North America) e publicada pela NEMA. Como em

todas as primeiras versões, foram encontrados erros e sugeridos alguns melhoramentos.

A comissão ACR-NEMA criou o grupo de trabalho WG VI (Working Group VI), para

prosseguir a criação do padrão. Em 1988, foi publicado o ACR-NEMA 300-1988 (ou

ACR-NEMA versão 2.0). Este usou substancialmente a mesma especificação de

hardware da versão 1.0, mas adicionou novos elementos de dados e corrigiu vários erros

e inconsistências da versão anterior.

O problema foi que em 1988 muitos utilizadores queriam uma interface entre

dispositivos de imagem e uma rede. Apesar de ser possível tal empreendimento com a

versão 2.0, este padrão não contemplava as partes necessárias a uma comunicação

robusta através da rede. Por exemplo, podia-se enviar a um dispositivo da rede uma

mensagem que contivesse um cabeçalho de informação e uma imagem, mas não se

saberia necessariamente o que tal dispositivo faria com os dados. Uma vez que a versão

2.0 não tinha sido projetada para ligar equipamentos diretamente a uma rede, a

resolução destes problemas significaria fazer grandes alterações ao standard.

A comissão tinha desde o início adotado a idéia de que futuras versões do

standard ACR-NEMA, manteriam compatibilidade com as versões anteriores, o que

colocou algumas restrições ao WG VI. Numa decisão da maior importância para o

standard, foi estabelecido que fosse desenvolvida uma interface para suporte de rede, a

qual iria requerer mais do que a adição de ajustes à versão 2.0. Teria de ser feita a

reengenharia de todo o processo e o método adotado foi o da Metodologia Orientada a

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Objetos (Object Oriented Design).

Além disso, um exame cuidadoso dos tipos de serviços necessários para se

comunicar através de redes diferentes, mostrou que a definição de um serviço básico

permitiria à camada do topo do processo de comunicação (a camada de Aplicação), se

comunicar com diversos protocolos de rede - protocolos estes modelados como uma

série de camadas e por isso muitas vezes referidos por “pilhas”. A pilha existente na

versão 2.0, que definia uma ligação ponto-a-ponto, era um dos protocolos. Foram

escolhidos outros dois baseados na sua popularidade e futura expansão: o TCP/IP

(Transmission Control Protocol/Internet Protocol) e o ISO-OSI (International

Standards Organization Open Systems Interconnection). A filosofia básica de

concepção, consistia numa dada aplicação de imagem médica (fora do domínio do

standard), poder se comunicar sobre qualquer uma das pilhas com outro dispositivo

usando a mesma pilha. Com a adesão ao standard tornar-se-ia possível comutar as

pilhas de comunicação sem ter de reescrever os programas de aplicação.

Após três anos de trabalho, o grupo WG VI, com a ajuda de muitas sugestões

provenientes tanto da indústria como dos meios acadêmicos, completou o ACR-NEMA

DICOM também chamado DICOM 3.0.

3.3 Constituição da Norma

A especificação do standard DICOM 3.0 encontra-se dividida em várias partes.

Tal divisão permite que cada parte possa expandir-se individualmente sem haver

necessidade de reeditar todo o standard. Dentro das partes, as secções sujeitas às

adições ou modificações encontram-se em suplementos, reduzindo assim o esforço de

edição necessário quando da atualização das mesmas.

O DICOM 3.0 compreende 13 partes distintas e 35 suplementos. De forma a dar

uma idéia geral do conteúdo do standard, descreve-se resumidamente em que consiste

cada uma das 13 partes constituintes.

Parte 1 - Introduction and Overview

É o documento que proporciona uma visão geral sobre o standard. Descreve os

princípios usados na concepção deste, define muitos dos termos utilizados e faz uma

breve descrição das restantes partes que o constituem.

Parte 2 - Conformance

Nesta parte é apresentada a definição de “conformância” (Conformance) ao

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DICOM e é descrita a forma de consegui-la.

Parte 3 - Information Objects Definitions

Esta descreve como é que são definidos os objetos de informação (IODs),

definindo em seguida as classes de objetos de informação usadas no DICOM.

Parte 4 - Service Class Specifications

Contém as especificações das “Service Classes”. Os papéis (roles) de SCU e

SCP também são definidos nesta parte, sendo igualmente especificado o comportamento

esperado de cada um deles, em cada classe.

Parte 5 - Data Structure and Semantics

O processo de codificação dos dados na forma de mensagem para posterior

comunicação é especificado nesta parte. Pode dizer-se que a principal função da parte 5,

é a de definir a “linguagem” que dois dispositivos devem usar para comunicarem um

com o outro. São também definidos, o conjunto de caracteres usado (para texto), a

forma como uma imagem comprimida JPEG é codificada, a maneira como os elementos

de dados são estruturados e a sintaxe de transferência usada.

Parte 6 - Data Dictionary

Esta parte é a listagem completa de todos os elementos de dados, com a

indicação dos seus nomes numéricos (ou tags), dos seus nomes textuais, da sua

representação (texto, número em vírgula flutuante, etc.), se contêm um ou mais itens, e

quais os valores permitidos para aqueles elementos que só podem tomar certos valores.

Parte 7 - Message Exchange

Esta parte especifica as operações e o protocolo usados para trocar mensagens.

Estas operações são usadas para executar os serviços definidos pelas Service Classes

(Parte 4).

Parte 8 - Network Com. Support for Message Exchange

Define os serviços e protocolos usados para trocar mensagens (Parte 7)

diretamente em redes OSI e TCP/IP.

Parte 9 - Point-to-Point Com. Support for Message Exchange

Define os serviços e protocolos usados para trocar mensagens (Parte 7)

diretamente usando a interface DICOM de 50-pinos (obsoleto).

Parte 10 - Media Storage and File Format

Define os formatos lógicos para armazenar informação DICOM em vários meios

(Media).

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Parte 11 - Application Profiles

Define uma forma dos utilizadores e vendedores especificarem a seleção do meio

de armazenamento (Media) entre os existentes na Parte 12 e os objetos de informação

(Information Objects) entre os definidos na Parte 3.

Parte 12 - Formats and Physical Media for Data Interchange

Referencia as especificações da indústria para os meios físicos (Physical Media)

e para os sistemas de formatação de pasta desses meios (Media Formatting File

Systems). Inclui cinco tipos de meios (Media): CD-R 650 MByte, 5.25’’ MOD 650

MByte, 5.25’’ MOD 1.3 GByte, 3.25’’ MOD 128 MByte e 3.5’’ Floppy Disk.

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4 Imagens Médicas

4.1 Análise de Imagens Médicas

A análise de imagens (diagnóstico por imagem) pode ser considerada uma das

etapas mais importantes no processo de diagnóstico de doenças e deve ser efetuada

levando-se em consideração os aspectos densidade, forma, tamanho e localização.

Ao se analisar cada aspecto em separado, pode-se dizer que a densidade de um

tecido numa imagem corresponde às variações de tons que vão da cor branca à cor

preta, passando pelo cinza. A Figura 4.1mostra apenas 21 subdivisões desta escala.

Figura 4.1 - Exemplo de escala de cinza

A característica que geralmente sobressai quando se analisa uma imagem, é uma

diferença de densidades (tons). E é a partir da presença de tons distintos que pode-se

estabelecer o que é normal e o que é considerado anormal, e só então levar em

consideração a forma, o tamanho e a localização desta densidade discordante do padrão

normal, previamente estabelecido para cada caso a ser estudado.

Figura 4.2 - Quadrados de densidades diferentes

Ao se analisar a Figura 4.2 e definir que o quadrado da esquerda é representativo

de uma densidade normal, não nos resta outra possibilidade a não ser afirmar que o

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Figura 4.3 - Inserção de área de baixa densidade

De maneira análoga ao que pode ser visto na Figura 4.3, caso seja considerado

que o padrão normal é representado pela imagem da esquerda e, ao se analisar a imagem

da direita pode ser constatada a presença de uma área escura (baixa densidade) no canto

superior esquerdo, deve-se classificar esta última imagem como não normal ou, melhor

dizendo, anormal.

Figura 4.4 - Inserção de áreas de baixa e alta densidades

Analisando-se a Figura 4.4, aplicando-se o processo visto anteriormente, e

adotando-se como normal a existência de uma área de baixa densidade no canto

superior esquerdo da imagem da esquerda, a área de alta densidade (quadrado branco),

contida na imagem da direita, dá a esta imagem a qualidade de anormal.

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4.2 Imagens Médicas – RX e TC

A Figura 4.5 refere-se à Radiografia convencional. Nela pode-se ver que uma

fonte emite feixe de Raios-X em forma cônica, a qual é colimada para um determinado

tamanho, e esta emissão é chamada de radiação incidente.

Figura 4.5 - Radiografia convencional

Os Raios-X irradiam o paciente e sofrem atenuação da anatomia interna. A

radiação resultante, chamada de feixe transmitido, é então passada a uma película de

filme de Raios-X. A emulsão da superfície do filme irá expor de acordo com a

intensidade da radiação transmitida. A quantidade de exposição no filme considerada

em termos de densidade óptica evidencia uma representação qualitativa da atenuação

(redução da intensidade) do feixe.

Dentre algumas das vantagens da Radiografia convencional, estão um grande

campo de visão, excelente detalhamento ósseo, velocidade e baixo custo. No entanto, a

grande limitação está no fato de haver superposição de todas as estruturas anatômicas

no filme, a qual pode ocultar detalhes importantes, como estruturas que diferem

levemente em densidade, como tumores e o tecido que os envolve.

Outra dificuldade é que muitas áreas anatômicas são simplesmente inacessíveis

devido às estruturas ósseas que as envolvem.

A Figura 4.6 ilustra o resultado de se utilizar esta técnica num objeto de densidade

heterogênea, como o corpo de um paciente, no qual existem partes da anatomia interna

que apresentam densidades diferentes. Partindo do princípio que a imagem de um objeto

tridimensional (o paciente) será transformada numa representação bidimensional através

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do filme, grande parte da estrutura interna identificada por densidades diferentes

permanecerá desconhecida, o que quer dizer que mesmo que a radiação incidente sofra

graus diferentes de atenuação à medida que passa pelo objeto, a atenuação resultante ou

total pode parecer a mesma.

Figura 4.6 - Atenuação resultante de raio-X de imagem heterogênea

Derivada da palavra grega “tomo” que significa secção ou fatia e “graphy” que

significa escrever, a tomografia emprega os mesmos princípios básicos que a radiografia

convencional, com o objetivo de criar uma representação anatômica baseada na

quantidade de atenuação sofrida pela radiação incidente. O nome tomografia

computadorizada deve-se ao fato desta técnica ser altamente dependente de

computadores para realizar os cálculos matemáticos relativamente complexos referentes

às informações coletadas através da rotação de 360º do feixe de Raios-X ao redor do

paciente. É a compilação dos múltiplos ângulos de visão provenientes da rotação

completa que proporcionará dados necessários à reconstrução (série de cálculos) da

fatia, como mostrado na Figura 4.7, que será então mostrada num monitor e

posteriormente fotografada numa película de filme radiográfico.

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Figura 4.7 - Formação de uma imagem de Tomografia

A análise destas imagens das fatias extraídas do corpo humano por médicos

especialistas, gera pareceres com diagnósticos sobre os aspectos anatômicos inerentes à

região em estudo, na dependência de correlação clínica.

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5 Processamento de Imagens

A análise de imagens por computador é uma tecnologia de muita importância na

atualidade, pois auxilia o desenvolvimento de atividades humanas em áreas como:

medicina, geologia, meteorologia, astronomia, engenharia de produção, robótica,

arquitetura, artes e arqueologia, dentre outras.

As pesquisas em análise de imagens iniciaram–se no início da década de sessenta,

como parte das atividades do programa espacial americano, conduzido pela NASA11. O

objetivo original era melhorar a qualidade das imagens captadas pelas sondas espaciais.

Com o passar dos anos a tecnologia desenvolvida foi reaproveitada em outros campos e

apareceram novos problemas, que motivaram novas descobertas. Historicamente, a área

sofreu grande influência das universidades americanas e caracterizou–se pelo uso de

técnicas digitais de diversas naturezas: filtragem linear, reconhecimento estatístico de

padrões, gramáticas formais, redes neurais, inteligência artificial, etc.

Por volta do ano de 1964, na École Nationale Supérieure des Mines de Paris,

MATHERON G e SERRA J decidiram experimentar uma abordagem singular para

resolver problemas de analise de imagens: extrair informação de imagens a partir de

transformações de formas, realizadas através de dois operadores ou transformações

elementares, que eles denominaram dilatação e erosão.

Entre 1964 e 1968, MATHERON G e SERRA J, com a ajuda do engenheiro Jean

Claude Klein, transformaram a sua idéia em tecnologia, construindo o primeiro

analisador morfológico de imagens: o “Texture Analyser”, um computador com

hardware especializado para realizar, com eficiência, dilatações, erosões e operações

lógicas entre imagens binárias. Com esse instrumento muitos problemas práticos de

análise de imagens foram resolvidos, o que motivou a sua industrialização e provocou

um grande impulso das pesquisas em uma nova disciplina: a Morfologia Matemática

(MM).

Vários recursos podem ser adotados com o objetivo de extrair informações

relevantes da imagem e prepará-la para ser utilizada como dado de entrada de redes

neurais artificiais. Dentre eles podem ser citados a limiarização (threshold) e a abertura

e o fechamento. Estes dois últimos são combinações das técnicas de erosão e dilatação.

11 NASA - National Aeronautics and Space Administration é uma agência do governo dos Estados Unidos, responsável pelo seu programa espacial. A NASA foi criada em julho de 1958 pelo National Aeronautics and Space Act.

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5.1 Limiarização

As informações de valores de pixels em um arquivo DICOM proveniente de um

equipamento de Tomografia Computadorizada são valores de densidades, medidos em

Unidades Hounsfield e não valores de intensidade presentes em escala de cinza. Estes

valores de densidades são conhecidos para determinadas estruturas do corpo humano,

bem como os valores para o ar e para a água. Uma das grandes vantagens do uso dos

valores de densidade é que estes não estão sujeitos às variações na visualização, tais

como iluminação do ambiente e brilho e contraste do monitor.

A Figura 5.1 e a Figura 5.2 mostram a imagem original e a imagem resultante da

filtragem por densidade na faixa entre 60 e 80 UH (Unidades Hounsfield).

Figura 5.1 – Imagem de um exame de Tomografia Computadorizada do Crânio

Figura 5.2 – Imagem após filtro por densidade (limiarização) entre 60 e 80 UH

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Após a segmentação proporcionada pela aplicação de thresholding podem ser

utilizadas técnicas de Erosão e Dilatação para filtrar possíveis ruídos (pixels isolados).

5.2 Morfologia matemática

A palavra morfologia vem do grego e significa estudo (i.e. logia) das formas (i.e.

morphos).

A força da MM reside no fato de quantificar a intuição do pesquisador, analisando

a estrutura geométrica das imagens a partir de um conjunto perfeitamente definido e

conhecido - o Elemento Estruturante. Este vai interagir com cada entidade contida na

imagem em estudo, modificando a sua aparência, a sua forma, o seu tamanho

permitindo assim tirar algumas conclusões necessárias. A eficiência e também a

dificuldade da morfologia matemática reside na escolha da deformação certa para

transformar a intuição intelectual em aplicação prática.

Em resumo, sob um ponto de vista teórico, a MM estuda decomposições de

operadores (mapeamentos ou transformações) entre reticulados completos em termos de

quatro classes de operadores elementares: dilatações, erosões, anti–dilatações e anti–

erosões. Sob um ponto de vista prático, esta técnica tem aplicações em vários problemas

de análise de imagens, como restauração, segmentação, medidas, descrição simbólica e

detecção de silhueta, dentre outros.

De forma geral, existem dois tipos de morfologia matemática, a morfologia

binária que se aplica sobre imagens binárias e a morfologia cinza que se aplica sobre

imagens em níveis de cinza. Na morfologia binária, na vizinhança de cada pixel da

imagem original, é procurada uma configuração de pontos pretos e brancos. Quando a

configuração é encontrada, ao pixel correspondente da imagem resultante é dado o

rótulo “verdadeiro”; senão, o pixel resultante recebe o rótulo “falso”. Uma operação

morfológica binária é, portanto completamente determinada a partir da vizinhança

examinada ao redor do ponto central, da configuração de pontos pretos e brancos nessa

vizinhança e do algoritmo.

Na morfologia cinza, na vizinhança de cada pixel ou numa parte da vizinhança da

imagem original, é necessário conhecer o valor do pixel mais escuro MIN, o valor do

pixel mais claro MAX. O valor do pixel resultante corresponde a uma combinação

particular de MAX e MIN. O tamanho e a forma da vizinhança, as regiões de pesquisa

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de MIN e MAX e o algoritmo determinam completamente uma operação de morfologia

cinza.

5.3 Morfologia Binária

A morfologia matemática representa um ramo não linear das técnicas de

processamento de imagens. De forma geral, a análise de imagens necessita da extração

de parâmetros. Pode-se dizer que atrás de qualquer parâmetro, foi usada uma

transformação de imagens. Um bom exemplo disso é o cálculo da área de uma entidade

digital. Calcular a área consiste em verificar o número de pontos contidos nesta

entidade. Esta operação pode ser interpretada pela quantidade de vezes que um ponto

teste, percorrendo a imagem, encontra a entidade estudada.

5.3.1 Aspecto Digital

A partir de agora, B representa o elemento estruturante. Nas diferentes

transformações, Bx representa o elemento estruturante B centrado no pixel x. Em

função do contexto e por necessidade de simplificação, Bx poderá ser simplesmente

notado B. Um elemento estruturante é definido pelos pixels que o formam e que são

representados por (“·” e “ • ”), como mostrado na Figura 5.3.

Um pixel marcado “·” é um pixel inativo ou neutro, e quer dizer que ele não

interage com o conjunto X. O pixel “·”, simplesmente, aparecerá no elemento

estruturante para visualizar o seu aspecto geométrico. Um pixel marcado “• ” significa

um pixel ativo que tem um papel a desenvolver na interação com a imagem X.

Os pixels “• ” do elemento estruturante criam um subconjunto que vai agir com a

imagem X. O resultado dessa interação é colocado numa posição específica, a do ponto

central (PC) do elemento estruturante, na imagem no momento da ação. O símbolo “()”

representa este ponto central PC no elemento estruturante.

Figura 5.3 – Representação do elemento estruturante

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Na maioria dos exemplos a serem apresentados, o ponto central do elemento

estruturante corresponderá a seu centro físico. Neste caso, num objetivo de

simplificação, o símbolo “()” será omitido, como pode ser observado na Figura 5.4.

Figura 5.4 – Outra representação do elemento estruturante

Muitas vezes será necessário introduzir o elemento transposto

Figura 5.5 – Elemento estruturante transposto

Da mesma maneira, por ser binária, a imagem digital X contém dois tipos de

informação, o fundo (representado por “·”) e os pixels relevantes (representados por

“ • ”). Na forma digital, a imagem X é representada entre “[]” da seguinte forma:

Figura 5.6 – Representação do conjunto X

5.3.2 Erosão Binária

A erosão de um conjunto X pelo elemento estruturante B é:

{ }XBXxXeroBXero xB ⊂∈== :)( (Equação 5.1)

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Figura 5.7 – Exemplo de erosão de um conjunto X pelo elemento estruturante B

Segundo a definição, o elemento estruturante B deve deslizar na imagem X

(Figura 5.7). Por ser binária, X contém dois tipos de informação, o fundo (representado

por “·”) e os pixels relevantes (representados por “• ”). O significado da definição é que

o elemento estruturante Bx, posicionado e centrado no pixel x de X, tenta aparelhar-se

com a vizinhança de x. Entende-se que cada pixel relevante de Bx deve encontrar-se na

mesma posição na vizinhança de x. Caso seja verificado, o ponto central na imagem do

resultado será um pixel relevante. Caso contrário, ele será marcado como irrelevante. A

Figura 5.8 mostra um exemplo de erosão com X e B.

Figura 5.8 - Exemplo de erosão com X e B

Em cada posição x de X, deve ser posicionado B, virando assim Bx. Pode-se ver

imediatamente que nos pixels nas bordas de X, Bx está parcialmente fora. A aplicação

da definição não pode ser rigorosamente seguida. Este fato ocorrerá sempre, porque a

borda de uma imagem é por definição descontínua. Portanto, em todos os exemplos

citados as bordas serão ignoradas e as imagens X serão escolhidas de maneira a não

fazer aparecer pixels relevantes naquelas bordas.

No primeiro caso onde x é apontado com “[ ]” , Bx não se aparelha com a

vizinhança de x. Os pontos relevantes de B não coincidem com os pixels relevantes da

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vizinhança de x. Então, x não pertence ao resultado parcial do conjunto erodido, e vira

um pixel irrelevante, como na Figura 5.9.

Figura 5.9 - Pixel irrelevante resultante do conjunto erodido

No segundo caso, x apontado com [ ], Bx se aparelha com a vizinhança de x. Os

pontos relevantes de B coincidem com os pixels relevantes da vizinhança de x. Então, o

x pertence ao conjunto erodido, e vira um pixel relevante.

Figura 5.10 - Pixel relevante resultante do conjunto erodido

Como resultado final, tem-se:

Figura 5.11 – Resultado da erosão

O papel do ponto central PC do elemento estruturante é de definir a posição do

resultado de X com B. Seja o exemplo mostrado na Figura 5.12 parecido com o anterior

onde PC não é mais o centro de B.

Figura 5.12 - Exemplo de erosão com X e B

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No primeiro caso onde x é apontado com [ ], Bx não se aparelha com a vizinhança

de x. Então, o ponto x vira um pixel irrelevante.

Figura 5.13 - Pixel irrelevante resultante do conjunto erodido

No segundo caso, x apontado com [ ], Bx se aparelha com a vizinhança de x. Os

pontos relevantes de B coincidem com os pixels relevantes da vizinhança de x. Então x

pertence ao conjunto erodido e vira um pixel relevante.

Figura 5.14 - Pixel relevante resultante do conjunto erodido

Assim, tem-se como resultado final:

Figura 5.15 – Resultado da erosão

Pode-se constatar que o conjunto obtido no exemplo da Figura 5.15 é idêntico ao

obtido no exemplo da Figura 5.11. A única diferença ocorre na posição do resultado.

Mudar a posição do ponto central do elemento estruturante B gera uma translação do

resultado, porém incluindo um novo pixel relevante.

Pelos exemplos anteriores, pode ser constatado que a erosão modifica o conjunto

X. Este fica menor em todos os casos.

Na Figura 5.16 pode-se verificar um exemplo onde o elemento estruturante B é

maior que X. Pela definição, pode-se constatar que os três conjuntos não têm pontos

comuns, o que explica o desaparecimento do objeto erodido. De forma geral, pode-se

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afirmar que, o elemento estruturante faz desaparecer os conjuntos inferiores ao seu

tamanho.

Figura 5.16 – Exemplo de erosão

No exemplo da Figura 5.17 o conjunto X apresenta um furo. Pode-se constatar

que o furo no resultado é maior. De forma geral, pode-se afirmar que a erosão aumenta

os furos interiores aos conjuntos. Neste caso particular, por ter o tamanho de um pixel, o

conjunto erodido tem o furo do tamanho e forma do elemento estruturante.

Figura 5.17 – Exemplo de erosão

5.3.3 Dilatação Binária

A dilatação de um conjunto X por um por um elemento estruturante B é:

{ }0:)( ≠∩∈== XBXxXdilBXdil xB (Equação 5.2)

As duas operações de erosão e de dilatação são, portanto, duais e a interpretação

da dilatação é complementar da interpretação da erosão. O complemento da proposição

“Bx está incluído em X” é a proposta “a interseção de Bx e X não é vazia”.

Segundo a definição, o elemento estruturante B deve deslizar na imagem X. O

significado é que o elemento estruturante Bx, posicionado e centrado em cada pixel x de

X, verifica uma possível interseção com a vizinhança de x. Caso seja verdadeiro, o

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ponto central na imagem resultado será um pixel relevante “• ”. Caso contrário, ele será

marcado como irrelevante “·”, como pode ser visto na Figura 5.19.

Figura 5.18 – Exemplo de dilatação de um conjunto X pelo elemento estruturante B

Figura 5.19 – Exemplo de dilatação com X e B

B é posicionado em cada posição x de X, virando assim Bx. Pode-se ver

imediatamente que nos pixels nas bordas de X, os exemplos serão escolhidos de

maneira a não fazer aparecer pixels relevantes nas bordas para evitar ambigüidades

nelas.

No primeiro caso onde x é apontado com [ ], os pontos relevantes de Bx não tem

interseção com os pixels correspondentes na vizinhança de x. Então, na posição atual do

ponto central de Bx em X, é colocado um pixel irrelevante.

Figura 5.20 - Pixel irrelevante resultante do conjunto dilatado

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No segundo caso, onde x é apontando com [ ], Bx chega a ter pelo menos

interseção com os pixels correspondentes na vizinhança de x. Pelo menos um ponto

relevante de B coincide com um pixel relevante da vizinhança de x. Então o x pertence

ao conjunto dilatado e vira um pixel relevante.

Figura 5.21 - Pixel relevante resultante do conjunto dilatado

Como pode ser observado na Figura 5.22, a dilatação modifica o conjunto X. Este

fica maior em todos os casos.

Figura 5.22 – Resultado da dilatação

A Figura 5.23 mostra a dilatação em um conjunto que apresenta um furo irregular

inferior em tamanho ao elemento estruturante. Pela definição, utilizando um elemento

estruturante em cruz sem ponto médio, pode-se constatar que o elemento estruturante

preenche o furo. De forma geral, pode-se afirmar que a dilatação preenche todos os

furos que são inferiores ao elemento estruturante.

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Figura 5.23 – Exemplo de dilatação

5.3.4 Erosão em escala de cinza

O operador de erosão é definido como a combinação de dois conjuntos através

da subtração vetorial entre elementos dos mesmos, desde que o resultado continue

contido em um desses conjuntos.

Esses conjuntos são duas matrizes: uma pertencente à imagem original e a outra

ao elemento estruturante, que representa alguma característica de forma que se deseja

avaliar.

A erosão da imagem f para um dado pixel x é definida como o valor mínimo

(min) da imagem em uma janela definida pelo elemento estruturante B, estando a

origem de B na posição de x, ou seja:

[£B (f)](x) = min f (x + b) (Equação 5.3) b Є B

Onde b é um pixel pertencente ao elemento estruturante B.

O resultado dessa operação diz que a imagem resultante apresenta-se mais escura

que a imagem de entrada se todos os elementos de B forem positivos. Os detalhes claros

reduzidos na imagem são menores que o tamanho do elemento estruturante.

Algumas características presentes na erosão:

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• Dualidade ao operador de dilatação: Isto significa que complementando-se o

resultado do operador de dilatação/erosão sobre o complemento da imagem, obtém-se a

erosão/dilatação da mesma;

• Anti-Extensividade;

• Não-comutativa.

5.3.5 Dilatação em escala de cinza

O operador de dilatação é definido como a combinação de dois conjuntos através

de soma vetorial entre elementos dos mesmos. Esses conjuntos são representados pela

imagem sob análise e o elemento estruturante.

A definição está baseada na seleção do pixel de maior valor (max) em uma

vizinhança definida pelo formato do elemento estruturante, ou seja:

[£B (f)](x) = max f (x + b) (Equação 5.4) b Є B

Onde b é um pixel pertencente ao elemento estruturante B.

O resultado dessa operação diz que a imagem resultante apresenta-se mais clara

que a imagem de entrada se todos os elementos de B forem positivos. Os detalhes

escuros reduzidos na imagem dependem da forma e valores do elemento estruturante.

Algumas características presentes:

• Extensividade: Indica que a origem pertence ao elemento estruturante;

• Dualidade;

• Comutativa: Indica que: A ⊕ B = B ⊕ A

Aplicações alternadas da dilatação e da erosão levam à formação de duas novas

operações denominadas abertura e fechamento.

5.3.6 Abertura

É a combinação da operação de erosão seguida da dilatação em níveis de cinza,

utilizando o mesmo elemento estruturante.

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A filtragem de uma imagem por abertura está diretamente relacionada ao

elemento estruturante. O emprego de um determinado tamanho do elemento estruturante

influencia na imagem resultante:

• Tamanho inferior ao ruído (pontos indesejáveis na imagem), proporciona

durante a erosão a eliminação parcial do mesmo. Porém, será reconstruído na dilatação.

• Tamanho superior ao ruído presente na imagem sob análise é o mais adequado

para eliminação deste problema.

Algumas características da operação:

• Idempotência: garante a estabilidade dos resultados após a primeira aplicação do

operador, ou seja, a repetição do mesmo operador (por ex: abertura) sobre uma dada

imagem não produz novas modificações;

• Preservação da monotonicidade:

A1 ⊂ A2 ⇒ A1 • B ⊆ A2 • B (Equação 5.5)

• Anti-Extensividade: O resultado de uma abertura é um subconjunto da imagem

de entrada;

5.3.7 Fechamento

Baseia-se na dilatação da imagem f por um elemento estruturante B seguida da

operação de erosão do resultado por B.

A filtragem de uma imagem por fechamento está diretamente relacionada ao

elemento estruturante. O emprego de um determinado tamanho de B influencia na

imagem resultante:

• Tamanho inferior ao ruído (pontos indesejáveis na imagem), proporciona

durante a dilatação a eliminação parcial do mesmo. Porém, será reconstruído na erosão.

• Tamanho superior ao ruído presente na imagem sob análise é o mais adequado

para eliminação deste problema.

Algumas características do fechamento:

• Idempotência;

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• Extensividade: A imagem de entrada é um subconjunto do resultado de um

fechamento.

• Preservação da monotonicidade:

A1 ⊂ A2 ⇒ A1 • B ⊆ A2 • B (Equação 5.6)

Os filtros morfológicos são métodos não lineares da morfologia matemática

baseados em uma forma. Seu objetivo principal é corrigir a imagem completando

pequenos buracos e eliminando ruídos e regiões isoladas de poucos pixels. Eles

exploram as propriedades geométricas dos sinais. Para filtros morfológicos, as máscaras

são denominadas elementos estruturantes e apresentam valores 0 ou 1 na matriz que

correspondem ao pixel considerado. Os filtros morfológicos básicos são o filtro da

mediana, erosão e dilatação.

O filtro morfológico de erosão provoca efeitos de erosão das partes claras da

imagem (altos níveis de cinza), gerando imagens mais escuras. Ele é usado para afastar

grupos de pixel, que são menores que a máscara definida numa imagem binária ou em

tons de cinza.

O filtro morfológico de dilatação provoca efeitos de dilatação das partes escuras

da imagem (baixos níveis de cinza), gerando imagens mais claras. Ele é usado para

fechar "buracos", que são menores que a máscara definida numa imagem binária ou em

tons de cinza, mas também para expandir uma classe.

A Figura 5.24 e a Figura 5.25 mostram exemplos de elementos estruturantes

muito comuns.

Figura 5.24 – Exemplos de elementos estruturantes

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Linha

Cruz Disco

Quadrado

Figura 5.25 – Exemplos de elementos estruturantes

Exemplos de imagens resultantes de testes realizados são mostrados na Figura

5.26 e na Figura 5.27.

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5.4 Medidas de Tamanho

Em função do arquivo de imagem ser do tipo DICOM, medições lineares precisas

podem ser realizadas. No header (cabeçalho) de cada arquivo de imagem existe a

informação de tamanho do pixel em milímetros. Sendo assim, contando-se o número de

pixels são obtidas informações de distância precisas.

Figura 5.28 – Cabeçalho de um arquivo DICOM contendo, dentre outras informações, o tamanho do pixel

A informação de tamanho do pixel (pixel spacing) é dada em milímetros e está

contida na tag (0028,0030) do cabeçalho DICOM.

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Figura 5.29 – Medições de distância realizadas em imagem DICOM

5.5 Visualização 3D

Pelo fato de serem conhecidas as distâncias entre as imagens axiais e suas

espessuras em conjunto com medidas de área pode-se estimar o volume de estruturas ou

malformações, bem como permitir visualizações 3D.

Figura 5.30 – Vistas frontal, superior e inferior na visualização 3D

A Figura 5.30 mostra reconstruções 3D de um exame caracterizando AVC

Hemorrágico. A reconstrução foi realizada após o processo de filtragem por densidade.

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6 CAD – Computer-Aided Diagnosis

6.1 Introdução

Diagnóstico auxiliado por computador (Computer-Aided Diagnosis – CAD) pode

ser definido como um diagnóstico feito por um radiologista que utiliza o resultado de

análises quantitativas automatizadas de imagens radiográficas como uma “segunda

opinião” para a tomada de decisões diagnósticas. É importante ressaltar que o

computador é utilizado somente como uma ferramenta para obtenção de informação

adicional, sendo o diagnóstico final sempre feito pelo radiologista, o que diferencia

claramente o conceito básico de diagnóstico auxiliado por computador do conceito de

“diagnóstico automatizado”, que foi um conceito proposto e estudado nas décadas de 60

e 70.

A finalidade do CAD é melhorar a eficiência do diagnóstico, assim como a

consistência da interpretação da imagem radiológica, mediante o uso da resposta do

computador como referência. A resposta do computador pode ser útil, uma vez que o

diagnóstico do radiologista é baseado em avaliação subjetiva, estando sujeito a

variações intra e interpessoais, bem como perda de informação devido à natureza sutil

do achado radiológico, baixa qualidade da imagem, sobreposição de estruturas, fadiga

visual, distração ou baixa experiência.

Além disso, foi demonstrado que uma dupla leitura (por dois radiologistas) pode

aumentar a sensibilidade do diagnóstico. A proposta do CAD é funcionar como um

segundo especialista.

Basicamente, existem dois tipos de aplicações de sistemas CAD. Um é o auxílio à

detecção de lesões, a partir da localização de padrões anormais através da varredura da

imagem pelo computador (por exemplo, agrupamentos de microcalcificações em

imagens mamográficas ou nódulos pulmonares em imagens de tórax). O outro é o

auxílio ao diagnóstico, através da quantificação de características da imagem e sua

classificação como correspondendo a padrões normais ou anormais (por exemplo, a

associação da quantidade e forma das microcalcificações presentes em um agrupamento

com a malignidade ou não do tumor, ou a associação da textura dos pulmões com lesões

intersticiais em imagens de tórax).

Em geral, os sistemas CAD utilizam-se de técnicas provenientes de duas áreas do

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conhecimento: visão computacional, que envolve o processamento de imagem para

realce, segmentação e extração de atributos, e inteligência artificial, que inclui métodos

para seleção de atributos e reconhecimento de padrões.

Por ter base conceitual genérica e ampla, a idéia do CAD pode ser aplicada a

todas as modalidades de obtenção de imagem, incluindo radiografia convencional,

tomografia computadorizada, ressonância magnética, ultra-sonografia e medicina

nuclear. Pode-se, também, desenvolver esquemas de CAD para todos os tipos de exame

de todas as partes do corpo, como crânio, tórax, abdome, osso e sistema vascular, entre

outros. Porém, os principais objetos de pesquisa para o desenvolvimento de sistemas

CAD têm sido as áreas de mamografia, para a detecção precoce do câncer de mama;

tórax, para a detecção de nódulos pulmonares, lesões intersticiais e pneumotórax; e

angiografia, para a análise quantitativa de estenoses e de fluxo sanguíneo.

6.2 Visão Computacional e Inteligência Artificial

Visão computacional envolve a utilização de um computador para extração de

atributos de uma imagem em formato digital. De modo geral, os conceitos de visão

computacional utilizados em sistemas CAD podem ser divididos em duas etapas

principais.

A primeira é o processamento da imagem para realce e segmentação das lesões. A

segmentação é o processo que subdivide a imagem em suas partes ou objetos

constituintes e utiliza as propriedades básicas de descontinuidade dos níveis de cinza

para segmentação através de bordas, fronteiras e linhas, ou de similaridade destes para

separação de regiões que apresentem determinada característica em comum. Como

resultado da segmentação, obtém-se um conjunto de objetos que permitirá uma

descrição da imagem digitalizada por meio da quantificação de determinadas

propriedades.

Várias técnicas de processamento de imagens têm sido utilizadas para diferentes

tipos de lesões. Algumas das técnicas mais empregadas incluem filtragem baseada na

análise de Fourier, transformada “wavelet”, filtragem morfológica e técnicas de

imagem-diferença, entre outras. O método de “stretching”, ou linearização do

histograma, é um método simples, mas muito utilizado em processamento de imagens e

tem por objetivo aumentar o contraste da imagem. Este método pode ser aplicado à

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de delgadeza é uma relação entre a área da figura e o perímetro ao quadrado e fornece

uma noção de quanto a figura é arredondada (gorda) ou alongada (magra). Figuras mais

arredondadas terão razão de delgadeza próxima de 1 (1 é o valor máximo e será obtido

quando a figura for um círculo), e figuras com formas próximas a linhas terão razão de

delgadeza próxima de zero.

Além disso, a razão de delgadeza é adimensional, dependendo somente da forma

da figura e não da escala. A razão de aspecto é também uma medida do alongamento de

uma figura. A razão de aspecto de um retângulo é a razão do seu comprimento por sua

largura, de modo que uma razão de aspecto próxima de 1 indica um retângulo “gordo”.

Para estender este conceito a figuras arbitrárias, deve-se envolver a figura em um

retângulo e considerar que a razão de aspecto da figura será a mesma que a do retângulo

que a envolve. Pode-se notar que muitos resultados são possíveis, dependendo das

várias maneiras que se coloca o retângulo ao redor da figura. A definição mais simples

especifica que os lados do retângulo devem ser paralelos aos eixos coordenados do

plano da imagem. Outra maneira possível de se caracterizar um subconjunto de uma

imagem é especificar algumas de suas propriedades topológicas. Uma propriedade

topológica é uma propriedade invariante (insensível) às distorções “elásticas” do plano

imagem, ou seja, é uma propriedade que não será modificada por deformações do tipo

alongamento ou contração do plano imagem. São propriedades que não envolvem

noções de distância e nem propriedades que dependam dessas noções. As propriedades

topológicas geralmente utilizadas são o número de elementos conectados e o número de

“buracos” existentes na figura. Podem-se utilizar também combinações dessas

propriedades, como, por exemplo, o número de Euler (definido como o número de

elementos conectados menos o número de buracos).

De modo geral, as propriedades topológicas são utilizadas como auxílio para

outras formas de descrição. Normalmente, um problema para o qual uma descrição

topológica sozinha seja suficiente é bastante raro.

Uma definição genérica de textura poderia ser “a disposição ou características dos

elementos constituintes de alguma coisa, especialmente no que se refere à aparência

superficial ou à qualidade táctil”. Porém, no caso de imagens, uma definição mais

adequada poderia ser “uma característica representativa da distribuição espacial dos

níveis de cinza dos pixels de uma região”. Ou seja, um atributo de textura é um valor,

calculado a partir da imagem de um objeto, que quantifica algumas características da

variação dos níveis de cinza desse objeto.

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Normalmente, um atributo de textura é independente da posição, orientação,

tamanho, forma e brilho do objeto.

Após a extração de informação, os atributos quantificados são utilizados no

processo de classificação das estruturas presentes na imagem. Inteligência artificial

envolve o uso do computador para o processamento de dados, visando à distinção entre

padrões normais e anormais, a partir dos atributos extraídos das imagens.

As técnicas relacionadas a essa área do conhecimento incluem métodos para a

seleção de atributos, como os baseados na separabilidade entre as distribuições de

probabilidades das classes e algoritmos genéticos, e classificadores, como os baseados

em técnicas de análise discriminante, sistemas especialistas baseados em regras

específicas, métodos estatísticos e redes neurais artificiais.

6.3 Auxílio à Detecção

A detecção automatizada de lesões envolve a localização pelo computador de

regiões contendo padrões radiológicos suspeitos, porém com a classificação da lesão

sendo feita exclusivamente pelo radiologista. Sistemas para auxílio à detecção têm sido

desenvolvidos principalmente para imagens de tórax e de mama.

Estudos mostram que 30% a 50% dos casos de câncer de mama detectados por

meio de mamografia apresentam agrupamentos de microcalcificações associados. Além

disso, estudos demonstraram que 26% dos casos de câncer não-palpável de mama

apresentam nódulos associados na mamografia e 18% apresentam nódulos e

microcalcificações. Por isso, a maioria dos sistemas de auxílio ao diagnóstico em

mamografia é voltada para a detecção de nódulos e microcalcificações.

Desde 1987, pesquisadores da Universidade de Chicago, EUA, têm apresentado

uma metodologia para a detecção automatizada de microcalcificações em mamografias.

Esta metodologia inclui etapas de pré-processamento para realce das imagens, filtragem

para remoção de estruturas de fundo, segmentação das microcalcificações para extração

de atributos e o uso de redes neurais artificiais para redução do número de detecções

falso-positivas.

A detecção automatizada de nódulos em mamografias digitalizados é mais difícil

do que a detecção de microcalcificações, devido à similaridade de muitos nódulos com

o tecido parenquimatoso normal que os envolve. Segundo GIGER, provavelmente um

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dos primeiros estudos sobre a análise computadorizada de imagens mamográficas foi

apresentado em 1967 por WINSBERG et al., que descrevem um método

computadorizado para comparação de padrões de densidade em várias áreas de uma

mesma mama e entre as mamas direita e esquerda. O método foi aplicado em um

número pequeno de casos selecionados. Atualmente existem muitos trabalhos voltados

para a detecção de lesões espiculadas, assimetrias, aumentos de densidade, lesões

circunscritas e distorções de parênquima. Pesquisadores da Universidade de Chicago

têm trabalhado, também, no desenvolvimento de uma metodologia para a detecção de

nódulos em mamografias, a qual é baseada nas diferenças de simetria de arquitetura

entre as mamas esquerda e direita, com as assimetrias indicando possíveis nódulos. Em

um estudo prospectivo de 10.000 mamografias, realizado pelos pesquisadores da

Universidade de Chicago, empregando um sistema CAD como segunda opinião, o

computador indicou a presença de câncer cerca de um ano antes de este ser clinicamente

diagnosticado em aproximadamente 15% de todos os casos de câncer, e em 56% dos

casos foi detectado câncer em um estudo retrospectivo de mamografias considerados

clinicamente negativos. A taxa de falso-positivos foi de aproximadamente 1,3

agrupamento falso por imagem e 2,1 nódulos falsos por imagem.

Em junho de 1998, o Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos,

aprovou o ImageChecker M1000 (R2 Technology, Los Altos, Califórnia) como um

sistema de auxílio à detecção, para ser utilizado por radiologistas na rotina de leitura de

mamografias. Um amplo estudo, envolvendo a análise retrospectiva de 1.083 casos de

câncer e o acompanhamento prospectivo de 14.817 casos, foi realizado como parte dos

requisitos para a sua aprovação pelo FDA. Neste estudo, a sensibilidade alcançada foi

de 98,3% para a detecção de agrupamentos de microcalcificações e 72% para a detecção

de nódulos, com uma taxa de falso-positivo média de um (agrupamento ou nódulo) por

imagem. Segundo GIGER, em um estudo realizado na Universidade de Nijimen

(Holanda), utilizando o ImageChecker, não foi observada diferença entre uma dupla

leitura com dois radiologistas e uma dupla leitura utilizando o sistema de CAD.

Ao contrário da análise da mamografia, na qual existem basicamente duas

respostas possíveis, câncer ou não, a radiografia de tórax pode apresentar uma variedade

de patologias possíveis, cuja detecção é o objetivo de alguns sistemas de CAD. Estes

sistemas incluem métodos de processamento para realce de imagens, como subtração de

dupla energia e temporal, e esquemas para detecção automatizada de padrões suspeitos,

como nódulos, pneumotórax, cardiomegalia, assimetrias torácicas e lesões intersticiais.

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6.4 Auxílio ao Diagnóstico

Uma vez que uma lesão foi detectada, cabe ao radiologista sugerir e ao médico

assistente decidir o encaminhamento do caso, ou seja, se é necessária a realização de

algum outro exame ou de uma biópsia, por exemplo. Ou então, se um simples

acompanhamento é suficiente e, neste caso, qual deve ser o intervalo até o próximo

exame. Sistemas de análise computadorizada estão sendo desenvolvidos para auxiliar a

distinção entre lesões malignas e benignas e aumentar a sensibilidade e especificidade

do diagnóstico. Estes sistemas utilizam atributos extraídos e quantificados de forma

automatizada e também por radiologistas.

As vantagens da extração automatizada (pelo computador) são a objetividade e a

reprodutibilidade da medida dos atributos escolhidos. Por outro lado, os radiologistas

utilizam uma grande quantidade de atributos, os quais são extraídos e interpretados

simultânea e instantaneamente. É importante ressaltar que um dos objetivos dos

sistemas de auxílio à classificação é a redução do número de casos benignos

encaminhados para biópsia.

Porém, como o “custo” da perda de uma lesão maligna é muito maior que o de

uma classificação errônea de um caso benigno, os sistemas de auxílio ao diagnóstico

devem ser desenvolvidos com o propósito de aumentar a especificidade, porém sem

reduzir a sensibilidade. No que se refere ao câncer de mama, métodos de auxílio à

classificação estão sendo desenvolvidos para a caracterização de lesões a partir de

informações extraídas de imagens de mamografia, ultra-sonografia e de ressonância

magnética.

Vários pesquisadores têm utilizado a análise computadorizada de atributos

extraídos por inspeção visual para auxílio à tomada de decisão quanto ao

encaminhamento do tratamento do paciente. De modo geral, este tipo de análise utiliza

uma lista de atributos que devem ser avaliados e quantificados pelo radiologista em uma

escala preestabelecida, em conjunto com um método para composição destes valores

utilizando coeficientes otimizados. As respostas obtidas, em geral, apresentam a

probabilidade da presença de determinada condição (por exemplo, de uma lesão

previamente detectada ser maligna). GALE et al. apresentam um aumento de

especificidade de 67% para 88% entre o diagnóstico de câncer de mama feito sem

auxílio e com auxílio de um sistema computadorizado. Porém, houve redução na

sensibilidade de 87% para 79% com o sistema computadorizado. COOK e FOX relatam

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um aumento na precisão diagnóstica de médicos residentes, de 40% para 73%, e de

médicos radiologistas, de 70% para 73%, com a utilização de um sistema especialista

voltado para a diferenciação de 16 tipos de lesões de mama circunscritas, a partir da

identificação de achados radiológicos por inspeção visual. Pesquisadores da Duke

University, EUA, utilizaram as categorias do padrão BI-RADS (American College of

Radiology Breast Imaging Reporting and Data System) como entradas para redes

neurais artificiais, visando à distinção entre lesões benignas e malignas e à previsão da

potencialidade de invasão do câncer de mama. Os resultados mostraram o potencial do

uso dos padrões do BI-RADS no diagnóstico auxiliado por computador.

ASHIZAWA et al. apresentaram os resultados da utilização de uma rede neural

artificial para auxílio ao diagnóstico diferencial de lesões intersticiais de pulmão. A rede

neural foi projetada para distinguir entre 11 lesões intersticiais a partir de dez

parâmetros clínicos e 16 achados radiológicos obtidos por radiologistas especializados

em tórax. Foram utilizados 150 casos reais, 110 casos publicados e 110 casos

hipotéticos. O desempenho da rede foi avaliado por meio de curva ROC12 (“receiver

operating characteristic”), tendo sido obtida uma área sob a curva igual a 0,947 para os

casos clínicos. Foram obtidos valores de sensibilidade e especificidade em torno de

90%, considerando-se a resposta correta contida dentro dos dois maiores valores de

saída para as 11 patologias.

O desenvolvimento de métodos de auxílio à classificação, baseados na extração e

quantificação automatizada de atributos, exige que inicialmente sejam definidos quais

atributos são clinicamente significativos e depois estabelecidos os métodos para sua

extração e quantificação. Segundo GIGER, nos últimos cinco anos houve expressivo

aumento no número de trabalhos sobre desenvolvimento de métodos de classificação

automatizada de lesões em imagens mamográficas. De modo geral, um método

automatizado para classificação de microcalcificações agrupadas envolve a extração de

atributos que se correlacionam qualitativamente com a experiência dos radiologistas,

estimando a probabilidade de malignidade a partir da aparência das microcalcificações

existentes no agrupamento. O computador extrai automaticamente atributos

relacionados ao tamanho, forma, quantidade e distribuição espacial das

12 ROC - Característica de resposta do observador. Em sua forma mais simples, a tarefa de diagnosticar consiste na apresentação de imagens contendo ou não uma anormalidade associada, a um observador que deve responder se existe ou não uma anormalidade presente. Para a análise do desempenho em um teste de diagnóstico, a curva ROC plota a fração de verdadeiro-positivo (sensibilidade) contra a fração de falso-positivo (especificidade) para toda a faixa de resultados possíveis para o teste.

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microcalcificações, e um classificador (uma rede neural artificial, por exemplo) é

utilizado para combinar estes atributos e fornecer uma estimativa da probabilidade de

malignidade. Esta estimativa pode então ser utilizada pelos radiologistas como auxílio

na decisão se a lesão é maligna ou benigna. Resultados de estudos aplicados têm

mostrado melhorias estatisticamente significativas de desempenho quando os

radiologistas utilizam sistemas de auxílio computadorizado, em comparação com

situações em que estes sistemas não são empregados.

São relatados aumentos de sensibilidade, de 73% para 87%, e de especificidade,

de 32% para 40%. Resultados como estes indicam que o computador pode

potencialmente ser utilizado para auxiliar os radiologistas a decidirem quais mulheres

devem ser encaminhadas para biópsia, podendo reduzir o número de procedimentos

desnecessários.

No caso de nódulos, uma lesão maligna pode ser diferenciada de uma lesão

benigna, em virtude da sua aparência mais espiculada na imagem mamográfica e, de

modo geral, para a classificação deste tipo de lesão, o nódulo é primeiramente extraído

do fundo anatômico do mamografia utilizando-se alguma técnica de processamento de

imagem (como crescimento de região, por exemplo). Então, atributos de forma,

contorno, níveis de cinza e textura são extraídos e utilizados por um classificador para o

cálculo da probabilidade de malignidade associada.

Em trabalho realizado por pesquisadores da Universidade de Chicago, com um

sistema desenvolvido para a classificação de nódulos mamográficos a partir do seu grau

de espicularidade, foram obtidos, para a base de dados utilizada, sensibilidade de 100%

e valor preditivo positivo de 83% (12% acima do valor obtido por radiologistas

especializados em mamografia e 21% acima da média de outros radiologistas menos

experientes).

A ultra-sonografia de mama também é utilizado como importante auxiliar no

diagnóstico mamográfico, sendo tipicamente aplicado para avaliar lesões palpáveis e

mamograficamente detectadas quanto à sua natureza sólida ou cística. A acurácia do

ultra-som tem sido apontada como sendo de 96% a 100% no diagnóstico de lesões

císticas benignas. CHEN et al. relataram um método baseado em rede neural artificial

para auxílio ao diagnóstico diferencial de tumores sólidos de mama em imagens de

ultra-som. Foram avaliadas 140 imagens de nódulos sólidos de mama, sendo 52

correspondentes a tumores malignos e 88 a tumores benignos, todos confirmados por

biópsia. Atributos de textura foram extraídos, após a seleção manual da região de

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de radiografias de tórax. O experimento foi realizado utilizando-se uma base de dados

contendo 200 regiões de interesse (ROIs) extraídas de radiografias digitalizadas de

pacientes com lesões intersticiais de pulmão e pacientes com radiografias normais.

Nenhum pré-processamento foi realizado nas imagens. Os atributos calculados para

cada ROI foram utilizados como entrada em uma rede neural artificial. O desempenho

diagnóstico da rede foi bastante bom, alcançando sensibilidade de 90% e especificidade

de 84%, com uma área sob a curva ROC igual a 0,85. MCNITT-GRAY et al.

desenvolveram uma metodologia para caracterização de nódulos pulmonares solitários,

obtidos por exame de tomografia computadorizada de alta resolução, como sendo

benignos ou malignos, por meio da quantificação de atributos de tamanho, forma,

atenuação e textura.

Um estudo inicial, realizado com 31 pacientes com diagnósticos definitivos (14

benignos e 17 malignos) e utilizando dois atributos de textura considerados os mais

discriminantes (entropia e correlação), resultou em uma taxa de acerto na classificação

de 90,3%.

6.5 Medidas de Desempenho e Características

Existem vários índices de desempenho que podem ser utilizados na avaliação de

sistemas de auxílio ao diagnóstico. Uma medida possível e muito utilizada é a análise da

característica de resposta do observador (ROC), introduzida no contexto das imagens

médicas por SWETS e METZ. A análise por curva ROC é fundamentada na teoria de

detecção de sinal, tendo como base a idéia de que para qualquer sinal sempre existirá

um fundo ruidoso que varia aleatoriamente sobre um valor médio. Quando um estímulo

está presente, a atividade que ele cria no sistema de obtenção de imagem é adicionada

ao ruído existente naquele momento. Este ruído pode estar dentro do próprio sistema ou

fazer parte do padrão de entrada.

A tarefa do observador (ou sistema automático) é determinar se o nível de

atividade no sistema é devido apenas ao ruído ou resultado de um estímulo adicionado

ao ruído. Em sua forma mais simples, a tarefa de diagnosticar consiste na apresentação

de imagens contendo ou não uma anormalidade associada, a um observador que deve

responder se existe ou não uma anormalidade presente. Para a análise do desempenho

em um teste de diagnóstico, a curva ROC plota a fração de verdadeiro-positivo

(sensibilidade) contra a fração de falso-positivo (especificidade) para toda a faixa de

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resultados possíveis para o teste.

A análise por curva ROC baseia-se na premissa de que o processo de decisão do

observador pode ser modelado por uma variável randômica que se ajusta a um modelo

bi-normal. As funções de densidade de probabilidade desta variável para as duas

hipóteses (presença de anormalidade e ausência de anormalidade) são consideradas

normalmente distribuídas. A menos que as condições do teste sejam perfeitas, estas

distribuições se sobrepõem e um limiar de decisão (threshold) irá sempre envolver um

compromisso entre os resultados falso-positivos (não existe anormalidade, mas o

observador indica que existe) e falso-negativos (existe anormalidade, mas o observador

indica que não existe). Uma mudança no limiar irá causar mudanças na especificidade e

sensibilidade do teste.

Os observadores humanos, assim como os sistemas de auxílio ao diagnóstico,

operam em pontos ao longo da curva ROC. Os pontos de operação sobre a curva

(sensibilidade versus especificidade) mudam de acordo com os valores de custo

atribuídos aos resultados falso-positivos ou falso-negativos.

A medida mais comum extraída da curva ROC é a área sob a curva. A área sob a

curva ROC varia de 0,5 (comportamento aleatório) a 1,0 (discriminação perfeita), sendo

que quanto mais a curva se aproxima do canto esquerdo superior do gráfico melhor o

desempenho do teste.

Os parâmetros de aquisição da imagem digital, as características da base de dados

utilizada para treinamento e teste dos algoritmos, a comparação entre métodos e a

determinação da viabilidade de aplicação clínica são também características

fundamentais no processo de avaliação de sistemas de CAD. As imagens podem ser

obtidas diretamente em formato digital ou a partir da digitalização de filmes. Para a

digitalização de filmes, a qualidade da imagem original é fundamental, uma vez que

imagens de baixa qualidade irão afetar tanto a inspeção visual como o desempenho da

análise automatizada. O tamanho do pixel e o número de níveis de quantização também

irão afetar a resposta do sistema, uma vez que modificações nos valores de entrada irão

produzir saídas diferentes. É bastante difícil a comparação entre os vários métodos de

diagnóstico auxiliado por computador que estão sendo desenvolvidos, devido às

diferentes bases de dados utilizadas e os variados métodos de descrição dos resultados.

Algumas bases de dados estão sendo estruturadas para desenvolvimento e teste de

sistemas de CAD. A forma como a base de dados é utilizada irá também influenciar o

desenvolvimento e a apresentação de resultados do sistema. Por exemplo, um sistema

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computadorizado para auxílio na detecção de lesões de mama, treinado com projeções

médio-laterais oblíquas, irá fornecer resultados tendenciosos (terá um bias) se forem

utilizadas projeções crânio-caudais nos testes. Os resultados também serão tendenciosos

se, com uma base de dados limitada, os parâmetros do classificador forem determinados

usando-se os mesmos dados que foram empregados para a seleção dos atributos mais

discriminantes. Além disso, diferentes formas de medida irão causar variações nos

resultados obtidos. Por exemplo, se a sensibilidade do sistema é dada em função da

porcentagem de lesões detectadas por imagem ou por caso, ou então, se a porcentagem

de sobreposição entre a lesão real e a lesão detectada pelo computador é calculada

levando-se em consideração sua intersecção ou a intersecção dividida pela sua união.

6.6 Exemplo de CAD para Caracterização de Microcalcificações em Mamografia

O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mulheres devido à sua

alta freqüência de incidência e, sobretudo pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a

percepção de sexualidade e a própria imagem pessoal. Ele é relativamente raro antes dos

35 (trinta e cinco) anos de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce

rápida e progressivamente.

Um dos melhores e mais precisos métodos de diagnóstico de câncer de mama

ainda é através da mamografia (mamografia). YAMAGUCHI e PEREIRA utilizaram o

método de “Threshold” para binarizar a imagem, objetivando distinguir a cena

(background) dos objetos (microcalcificações). O método baseia-se na escolha de um

limiar utilizando o histograma13 de níveis de cinza que auxilia na escolha do limiar.

Para a distinção entre a cena e os objetos na imagem o método da segmentação foi

utilizado. A segmentação é um dos mais importantes elementos na análise automatizada

da imagem, pois é nessa fase que os objetos ou outras entidades de interesse são

extraídos de uma imagem para o processamento subseqüente, como descrições e

identificações.

Geralmente, os algoritmos de segmentação são baseados em uma ou duas

propriedades básicas de valores de níveis de cinza: descontinuidade e similaridade.

Neste projeto a opção foi pela segunda categoria que é baseada no “threshold”,

13 Um histograma é uma representação gráfica da distribuição de frequências de uma massa de medições, normalmente um gráfico de barras verticais.

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crescimento de região, divisão de região e “merge”.

Nas microcalcificações de bordas espiculadas foi observada a existência de várias

parábolas. Tendo como foco central a existência de muitas parábolas, foi desenvolvido

um método de detecção dessas parábolas na fronteira de cada microcalcificação. Os

métodos utilizados foram os de detectar os pontos de inflexão e os pontos em que a

fronteira muda de crescente para decrescente ou de decrescente para crescente. A partir

dos pontos de inflexão da imagem, foram feitas comparações entre a altura e a distância

entre dois pontos de inflexão sucessivos e identificados se a porção da imagem

observada possui formas espiculadas ou não. Depois de utilizar esse método para todos

os pontos de inflexão sucessivos da imagem, observa-se a quantidade de formas

espiculadas e não-espiculadas. Se as bordas apresentarem em sua maioria formas

espiculadas, a microcalcificação será considerada espicular. Desta forma determina-se

que uma microcalcificação é considerada espicular quando predominantemente suas

inflexões são espiculadas.

No caso da detecção de agrupamentos de microcalcificações em formação, o

método principal utilizado é a comparação do número de pixels da imagem. Se a

imagem de uma microcalcificação for cheia, formada por oito pixels ou menos e com

uma distância muito próxima de outras 6 (número pré-determinado) microcalcificações

também com oito pixels ou menos, determina-se que um agrupamento de

microcalcificações está em formação. Após a detecção de todas as pequenas

microcalcificações, demarcam-se as áreas em que se deveriam calcular as densidades.

Para a demarcação de tais áreas, foi utilizado o conceito de centro de massa para

localizar o ponto central da imagem. Quando encontrado um aglomerado, foi realizado

o calculo do centro da aglomeração para em seguida ser efetuado o cálculo da sua

densidade.

Utilizando estes métodos, desenvolveu-se um sistema que atendesse as

necessidades de detecção de bordas espiculadas e cálculo da densidade de agrupamentos

de microcalcificações em formação.

Através dos testes realizados com as imagens simuladas e as imagens reais

mamográficas YAMAGUCHI e PEREIRA concluíram que os métodos utilizados para a

detecção de microcalcificações de bordas espiculadas (tipo 4) e para a detecção e

cálculo da densidade de aglomerados de microcalcificações em formação (tipo 3)

tiveram porcentagens de acertos diferentes. Enquanto nas imagens simuladas foram

obtidas 100% de resultado correto, nas imagens mamográficas reais essa porcentagem

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feitos pelos médicos.

Para o desenvolvimento do sistema foi formada uma equipe com a participação de

médicos, radiologistas e cientistas da computação.

As imagens foram adquiridas em um tomógrafo Helicoidal GE pro Speed, sob as

seguintes condições: voltagem do tubo de 120 Kv, corrente do tubo de 100 mA,

tamanho da imagem de 512x512 pixels e intervalo de reconstrução de 2 mm. Na

imagem de TC adquirida, o ar aparece com intensidade média de –1000 Unidades

Hounsfield (UH) , os tecidos do pulmão na faixa de –910 UH a –500 UH, enquanto o

sangue, a parede torácica e os ossos, que são estruturas muito densas, estão acima de –

500 UH. As imagens foram quantizadas em 12 bits e armazenadas no formato DICOM.

Com o propósito de efetuar a segmentação automática de nódulos pulmonares, o

passo inicial, e de fundamental importância, é a segmentação do parênquima pulmonar.

Extraindo o parênquima pulmonar, restringe-se a área de segmentação, eliminando

estruturas que dificultam o processo, como vasos, brônquios, parede torácica e

mediastino.

A segmentação é baseada em seqüências de operações simples e tradicionais,

como segmentação com limiar global, abertura e fechamento, detecção de borda,

afinamento, código da cadeia e classificação das áreas das estruturas. O limiar global

tem por objetivo binarizar a imagem, extraindo o parênquima pulmonar. Os

procedimentos de fechamento e abertura eliminam pequenas estruturas contidas no

parênquima pulmonar (vasos, por exemplo) e preenchem algumas falhas na borda. A

detecção da borda e o afinamento têm, respectivamente, o objetivo de extrair a borda

das estruturas e afiná-la até a espessura de um pixel.

Figura 6.1 - Extração do parênquima pulmonar

O sistema disponibiliza dois outros recursos que auxiliam e possibilitam um maior

controle sobre a segmentação: a barreira e a borracha. A barreira é um cilindro colocado

em volta do nódulo pelo usuário, que tem por objetivo limitar a região de interesse e

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impedir que a segmentação por agregação de voxel invada outras estruturas do pulmão.

A borracha, por sua vez, é um recurso do sistema que possibilita ao médico apagar

estruturas indesejadas antes ou depois da segmentação, visando evitar e corrigir erros de

medição da evolução do nódulo.

As próximas etapas a serem implementadas e adicionadas ao sistema serão

segmentação automática dos nódulos, análise da evolução do nódulo baseada na sua

simetria, detecção de outras lesões, como enfisema pulmonar, visualização da árvore

brônquica e outros métodos de reconstrução 3D, como raycasting ou shear-warp. O

sistema está em fase experimental e encontra-se sob avaliação clínica, sendo os

resultados iniciais promissores.

6.8 Utilização da Análise de Componentes Principais e Redes Neurais Artificiais para a Classificação de Nódulos em Mamografias Digitalizados

SILVA AC, CARVALHO PCP e FRERE AF utilizaram a Análise de

Componentes Principais (PCA) para reduzir o número de atributos de textura e forma

dentro do processo de classificação de nódulos em mamografias digitalizados. Utilizou-

se um classificador de rede neural artificial com algoritmo de treinamento de

“backpropagation”. O processo completo envolveu quatro etapas: detecção, extração e

seleção de atributos, e classificação. Na etapa de detecção, as imagens foram

submetidas ao processo combinado das técnicas de segmentação de thresholding,

morfologia matemática e de crescimento de região.

Foram extraídos 28 atributos (14 de textura e 14 de forma). O melhor resultado

obtido foi para uma configuração de rede neural artificial com 3 camadas escondidas,

com unidades de entrada para os dez componentes principais, representando 96,70% da

variância total, apresentou média da taxa de acerto de 99,72%, taxa de especificidade de

99,51% e taxa de sensibilidade de 100,00%.

No processo de segmentação foram definidas manualmente as regiões de interesse

(ROI) com o auxílio de um especialista. Para a segmentação dos nódulos contidos nas

regiões de interesse, foram utilizadas técnicas que combinaram métodos de crescimento

de região (CHEN et al.), limiarização (CHAN et al.) e filtros morfológicos matemáticos.

Após a etapa de segmentação, foi realizada a extração de atributos de textura e

forma. Os atributos de textura foram calculados a partir das imagens das regiões de

interesse originais, pois de acordo com a metodologia proposta por HARALICK et al.,

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utilizam-se imagens em níveis de cinza. Os de forma foram calculados a partir das

regiões de interesse segmentadas, cujas imagens foram binarizadas.

Para definir o número de unidades da camada escondida e o número de amostras

de imagens, foi aplicada a regra apresentada por Timothy Masters. De acordo com o

autor, o número de amostras deve ser no mínimo igual ao dobro de (n+1)xm , onde n é

o número de entradas da rede (no nosso caso o número de atributos) e m é igual ao

número de unidades da camada escondida. A quantidade (n+1)xm determina o número

de parâmetros livres da rede neural.

Levando-se em conta o número de parâmetros livres da rede neural, foi aplicado o

método de análise de componentes principais para a reduzir o número de entradas

(atributos) a serem aplicados na entrada da rede, e variados o número de unidades da

camada intermediária de 3 até 7, dependendo do número de parâmetros livres

correspondentes.

A proporção e o valor acumulado mais significativos das variâncias dos 28

atributos (forma e textura) foram para os primeiros 7, 8, 9 e 10 coeficientes de

componentes principais. Os valores obtidos foram 91,68%, 93,66%, 95,53% e 96,70%,

respectivamente.

Para a classificação, foi adotado o método de redes neurais artificiais do tipo

multicamadas com algoritmo de treinamento por “backpropagation” (BPN). A função

de ativação escolhida foi a sigmóide logarítmica, com os valores de treinamento na

saída da rede fixados em 0,02 para a classe benigna e 0,98 para a classe maligna. O

número de camadas intermediárias ficou limitado devido ao número de parâmetros

livres e número de amostra de imagens. Os melhores resultados obtidos foram:

configuração com 10 coeficientes de PCA na entrada da rede, com 3 unidades

escondidas e resultados das médias das taxas de acerto, especificidade e sensibilidade

iguais a 99,72%, 99,51% e 100,00% respectivamente. A seguir, veio a configuração

com 9 coeficientes de PCA na entrada, com 3 unidades escondidas e médias das taxas

de acerto, especificidade e sensibilidade iguais a 99,72%, 99,84% e 99,56%

respectivamente.

6.9 Recuperação de Imagens por Conteúdo Através de Regiões Determinadas Automaticamente pela Energia

BORTOLOTTI LM e TRAINA AJM escreveram um artigo apresentando uma

técnica para a extração de características de imagens médicas, baseada na determinação

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automática dos Minimum Bouding Rectangles (MBRs) de regiões presentes na imagem,

e no processamento de suas textura. Tal técnica visa permitir mais rapidamente a

comparação entre imagens, bem como sua recuperação por conteúdo da base de dados.

Assim, dada uma imagem de consulta é possível realizar uma busca em um banco de

imagens, retornando as que mais se assemelham com a fornecida, tornando possível a

comparação com dados já existentes. Tal recurso auxilia o processo de ensino de

radiologia bem como na verificação e comparação de laudos e diagnósticos efetuados

sobre a imagem.

O método proposto de extração de características é divido em duas partes. Na

primeira parte, a imagem é processada e são determinadas regiões com maior área e

energia, sendo classificadas como mais significativas. Para isso uma seqüência de filtros

é aplicada sobre a imagem para redução de ruídos e eliminação de regiões pequenas e

pouco significativas. Na segunda, são extraídas características de textura das regiões

determinadas no passo anterior, utilizando-se para isso, medidas da matriz de co-

ocorrência.

Para a eliminação de ruídos e das estruturas pequenas é utilizada uma

transformada de wavelets. A transformada utilizada foi proposta por Daubechies que,

quando aplicada em uma imagem, gera uma miniatura (thumbnail) com tamanho igual a

25% da imagem original. O processamento efetuado na miniatura da imagem é muito

mais rápido, já que a miniatura possui apenas ¼ (um quarto) do tamanho da imagem

original e mantém as propriedades necessárias para a identificação das regiões de

interesse da imagem.

Figura 6.2 – Aplicação da transformada de wavelets sobre uma imagem

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O próximo passo do processo foi a aplicação de um filtro de detecção de bordas

sobre a imagem resultante da aplicação da transformada de wavelet. Para isso, foi

utilizado o filtro de Sobel, que compreende um conjunto de matrizes de convolução

capaz de detectar os gradientes da imagem (bordas) nas direções vertical e horizontal.

A determinação dos MBRs é realizada mediante a construção de gráficos de

energia para linhas e colunas da imagem resultante da aplicação do filtro de Sobel. A

energia de um conjunto de pixels é calculada somando-se as intensidades dos mesmos.

Para obter os gráficos de energia das linhas e colunas a imagem é percorrida e a energia

de cada linha e coluna é determinada.

Figura 6.3 – Gráficos da energia

Como os MBRs são determinados sobre a imagem original reduzida, é necessário

a transposição das coordenadas para a imagem de entrada para que as características de

textura sejam extraídas.

O passo final do processamento da imagem para a construção de seu vetor de

características consiste na extração de características de textura utilizando-se a matriz de

co-ocorrência. Para cada MBR pertencente ao conjunto de resposta, é calculada sua

matriz de co-ocorrência e são computadas medidas de entropia, que fornece um

indicador de suavidade da textura, e homogeneidade, que indica como os pixels de uma

região estão distribuídos em relação à sua intensidade (brilho), pois, devido às

características das texturas presentes nas imagens médicas, estas são as medidas que

melhor representam estes tipos de imagens.

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Após a análise completa da imagem, o vetor de características é construído com as

seguintes informações: o número de MBRs encontrados e por uma lista de medidas

extraídas de cada MBR. Esta lista é composta pela área e a energia total do MBR, e as

medidas de entropia e homogeneidade extraídas da matriz de co-ocorrência. Esta lista é

ordenada em ordem decrescente em relação à área, estabelecendo uma relação de ordem

no vetor de características e permitindo, assim, que imagens com diferentes números de

MBRs possam ser comparadas.

Para realização dos testes, foi utilizada uma base com 250 imagens médicas

divididas em cinco classes de diferentes tipos de exames radiológicos. Os testes foram

realizados por meio de consultas do tipo k-NN (k-Nearest Neighbor), que retornam os k

elementos mais próximos do dado de entrada. A comparação das imagens é feita

utilizando-se a função de distância Euclidiana, calculada sobre o vetor de características

de cada imagem pertencente à base. As distâncias calculadas são então ordenadas e o

conjunto resultado é criado.

Foram realizados testes sobre um conjunto variado de tipos de exames médicos, e

na maioria deles, os resultados obtidos foram satisfatórios, sendo que a maioria das

imagens retornadas como sendo mais similares, pertencia à mesma classe da imagem de

entrada.

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6.10 Extração de Características de Imagens Médicas Baseadas na Distribuição de Cor nos Espaços de Wavelets

CASTAÑÓN CAB e TRAINA AJM escreveram um artigo que apresenta uma

técnica de caracterização de imagens médicas, com a finalidade de facilitar o processo

de indexação das mesmas em estruturas multidimensionais. Uma abordagem para este

problema de caracterização consiste na geração de vetores de características baseadas

nas transformadas de wavelets, sendo que as características extraídas agrupam-se num

vetor que constituirá a identificação da imagem. Nesta proposta, o sistema extrai as

características mais relevantes da imagem, calcula a distância entre uma imagem de

consulta e aquelas que se encontram no banco de dados, e recupera as n imagens mais

similares. A abordagem apresentada baseia-se na aplicação dos filtros das wavelets de

Daubechies sobre características globais da imagem.

As transformadas de wavelets fornecem a representação tempo-freqüêcia de forma

simultânea, o que é de grande auxílio, pois em muitos casos é de interesse conhecer a

ocorrência de um componente espectral num determinado instante. Nesses casos pode

ser de muito interessante conhecer os intervalos de tempo onde estão esses componentes

espectrais de forma particular.

A análise de multi-resolução permite estudar um sinal ou uma função em distintas

escalas. O elemento central da análise de multi-resolução é uma função f(t), denominada

função escala, que tem a finalidade de representar um sinal em diferentes escalas. A

translação desta função resulta na “construção de blocos” da representação do sinal em

escalas distintas. Esta escala pode ser alterada por acréscimos de dilatações (stretching)

ou diminuída mediante contrações (squeezing).

A transformada de wavelet pode ser desenvolvida sobre um sinal

multidimensional simplesmente mediante aplicações sucessivas de transformações

unidimensionais através de todas as dimensões. Este processo é muito usado no

processamento de imagens.

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Figura 6.4 - Decomposição wavelet 2D. Imagem original, primeiro e segundo nível de decomposição.

Para gerar vetores de características aplicaram-se três níveis de decomposição

wavelet, gerando dez sub-espaços (um de baixa freqüência e nove de alta freqüência). O

sub-espaço de baixa freqüência corresponde à versão comprimida da imagem original.

Neste processo, os parâmetros extraídos de cada sub-espaço de alta freqüência foram

média, energia, entropia, gerando nove valores por cada tipo de característica.

A consulta por semelhança está baseada na similaridade semântica entre as

imagens, sendo que apenas imagens do mesmo tipo devem ser pesquisadas. Por

exemplo, dada uma imagem do cérebro, outras imagens deste órgão devem ser

recuperadas e exibidas como resposta. Para recuperar as imagens relacionadas, a busca é

realizada em duas etapas, na primeira gera-se o vetor de características constituído pela

media, energia e entropia de cada sub-banda. Na segunda etapa calcula-se a distância

Euclidiana entre cada uma das imagens do banco de dados e a imagem de consulta.

Assim as distâncias resultantes são ordenadas e as “n” menores distâncias são

recuperadas.

Para avaliar a utilidade da proposta, foi desenvolvido um protótipo capaz de

realizar consultas por similaridade em um banco de dados de imagens reais. O conjunto

corresponde a grupos de exames tomográficos com imagens consecutivas apresentando

pequenas alterações.

Os vetores de características foram gerados sobre bandas de alta freqüência

resultado da decomposição em três níveis. É interessante ressaltar que estes sub-espaços

gerados apresentam a propriedade de ortogonalidade entre eles, o qual permite a

existência de características não correlacionadas. Os testes do sistema desenvolvido

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mostraram que o desempenho de recuperação foi aceitável. Pode-se afirmar que o

presente trabalho apresenta o potencial das wavelets para caracterizar imagens. O

sistema pode ser melhorado com a adição de outras características que identifiquem

aspectos de textura e forma, sendo estes os seguintes passos no desenvolvimento de

trabalhos futuros.

6.11 Exemplo de CAD Baseado em Dados Clínicos

AMBROSIO PE desenvolveu um sistema computacional de apoio ao diagnóstico

de um grupo de patologias classificadas como lesões intersticiais pulmonares, com o

intuito principal de se verificar a validade da utilização da técnica de redes neurais

artificiais para esse fim.

O primeiro passo para o desenvolvimento da pesquisa foi definir quais as doenças

que seriam levantadas para o estudo. Como já comentado anteriormente, o número de

doenças que podem ser classificadas no grupo das lesões intersticiais pulmonares é

muito grande, englobando mais de 180 diferentes doenças. Para realizar a escolha de

quais seriam utilizadas como exemplo para o desenvolvimento do sistema, contou-se

com a ajuda de um médico especializado na área, através do qual, com base

principalmente na relevância clínica e dificuldade do diagnóstico diferencial, foram

selecionadas as patologias já descritas, sendo elas: blastomicose sul-americana, fibrose

pulmonar idiopática, tuberculose miliar, histoplasmose, sarcoidose, silicose,

esclerodermia, histiocitose e linfangite carcinomatosa.

Em seguida, também contando com a ajuda do especialista, foram levantados os

principais parâmetros a serem observados no exame clínico e radiológico que podem

auxiliar no diagnóstico diferencial, chegando-se aos seguintes:

a) parâmetros clínicos:

· idade do paciente;

· sexo;

· tempo de duração dos sintomas;

· constatação de estado febril;

· nível de imunidade;

· relato de doença maligna;

· paciente fumante;

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· relato de tratamentos com drogas;

· relato de exposição constante à poeira;

· relato de exposição constante a antígenos orgânicos.

b) Parâmetros radiológicos:

· grau de lesões apresentadas na área superior, nas metades esquerda e direita;

· grau de lesões apresentadas na área média, nas metades esquerda e direita;

· grau de lesões apresentadas na área inferior, nas metade esquerda e direita;

· apresentação de padrão proximal ou periférico;

· homogeneidade das lesões apresentadas;

· apresentação de padrão fino ou grosseiro;

· apresentação de nodularidade;

· apresentação de linhas septais;

· apresentação de pulmão em “favo de mel”;

· verificação de perda de volume pulmonar;

· apresentação de linfadenopatia;

· apresentação de efusão pleural;

· tamanho cardíaco alterado.

Para o levantamento dos casos clínicos, todos coletados no Hospital das Clínicas

da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP), primeiramente fora realizada

uma pesquisa nos arquivos do hospital para levantamento dos casos registrados com

diagnóstico para uma das patologias investigadas. Após esse levantamento, eliminou-se

todo registro em que não houvesse uma comprovação concreta do diagnóstico,

mantendo-se apenas os registros em que essa comprovação fosse possível de

verificação. Esses registros foram então levados novamente ao médico especializado, o

qual excluiu os que apresentavam a patologia como causa secundária. Finalmente, esse

conjunto de elementos, já bastante reduzido, foi levado para a análise, por um médico

radiologista, o qual realizou a quantificação dos parâmetros radiológicos e o

preenchimento do protocolo utilizado como entrada de dados para o sistema.

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Parâmetros Clínicos

Idade

Sexo (0=Masc.; 1=Fem.)

Duração dos Sintomas (0 – 12 meses)

Temperatura (0=Normal; 1=Febre)

Imunidade (0=Normal; 1=Suprimido)

Doença Maligna (0=Não; 1=Sim)

Fumante (0=Não; 1=Sim)

Tratamento com Drogas (0=Não; 1-Não tóxico; 2=Pouco tóxico; 3=Tóxico)

Exposição à Poeira (0=Não; 1=Sim)

Exposição a Antígenos Orgânicos (0=Não; 1=Sim)

Parâmetros Radiológicos

Campo Superior Esquerdo (0-5)

Campo Superior Direito (0-5)

Campo Médio Esquerdo (0-5)

Campo Médio Direito (0-5)

Campo Inferior Esquerdo (0-5)

Campo Inferior Direito (0-5)

Proximal/Periférico (0-5; 0=Proximal; 5=Periférico)

Homogeneidade (0-5)

Fino/Grosseiro (0-5; 0=Fino; 5=Grosseiro)

Nodularidade (0-5)

Linhas Septais (0-5)

Favo de Mel (0-5)

Perda de Volume Pulmonar (0-5)

Linfadenopatia (0-5)

Efusão Pleural (0-5)

Tamanho Cardíaco (1-5)

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Os dados caracterizados como parâmetros clínicos foram obtidos através do

prontuário do paciente, e quantificados da seguinte maneira:

a) Idade: idade do paciente, em anos;

b) Sexo: sexo do paciente, sendo o valor 0 para sexo masculino e valor 1 para

sexo feminino;

c) Duração dos sintomas: relatado pelo paciente, de 0 a 12 meses (relatos de mais

de doze meses foram fixados no valor 12);

d) Temperatura: observação de estado febril no momento do exame, sendo

classificado com o valor 0 para temperatura normal, e valor 1 para a constatação de

febre;

e) Imunidade: valor 0 para pacientes com imunidade normal e 1 para os

portadores de doenças do sistema imune;

f) Doença maligna: relatado pelo paciente, sendo o valor 1 para os pacientes

portadores de doença maligna e 0 caso contrário;

g) Fumante: relatado pelo paciente, sendo 0 para não fumantes e 1 para fumantes;

h) Tratamento com drogas: pacientes com tratamento por drogas tóxicas foram

classificados com o valor 3, pacientes tratados por drogas pouco tóxicas receberam o

valor 2, tratados com drogas não tóxicas valor 1, e pacientes que não receberam nenhum

tratamento por drogas classificados com o valor 0;

i) Exposição à poeira: pacientes que relataram exposição constante à poeira

receberam valor 1, caso contrário 0;

j) Exposição a antígenos orgânicos: também relatada pelo paciente, a exposição a

qualquer tipo de antígeno orgânico recebeu o valor 1, e valor 0 caso contrário.

Os parâmetros radiológicos foram quantificados pelo profissional especializado

com base na observação das imagens radiológicas catalogadas também no prontuário do

paciente. Essa quantificação foi realizada com valores inteiros no intervalo de 0 a 5 para

todos os campos, exceto o tamanho cardíaco (intervalo de 1 a 5), sendo dado o valor 0

para a ausência de lesão, e valores maiores para o nível (ou tamanho) da presença de

lesão (na análise do campo superior esquerdo da imagem, verificando-se ausência de

lesões nessa área, quantificou-se com o valor 0; por outro lado, verificando-se lesões

abrangendo toda a área, valor 5).

Nota-se que essa quantificação dos parâmetros radiológicos foi realizada de

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maneira muito subjetiva, cujos valores poderiam ser diferentes quando realizada a

análise por outro profissional. Mas isso é o que realmente ocorre na prática diária da

profissão.

Para o treinamento e testes do sistema, realizou-se o levantamento de dados no

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, conforme descrito

acima, no período de janeiro a dezembro de 2001, contando com o apoio de um

estudante de iniciação científica do curso de Ciências Médicas dessa instituição, onde se

o teve um total de 79 (setenta e nove) casos das patologias investigadas, assim

distribuídos: 21 casos de blastomicose sul-americana; 14 casos de histoplasmose; 11

casos de fibrose pulmonar idiopática; 10 casos de tuberculose miliar; 9 casos de

sarcoidose; 5 casos de esclerodermia; 4 casos de silicose; 3 casos de histiocitose X; e 2

casos de linfangite carcinomatosa.

O sistema computacional desenvolvido nesse trabalho baseou-se na técnica de

redes neurais artificiais do tipo perceptron multicamadas. A opção por esse tipo de rede

se deu pelo fato de o problema tratado ser basicamente uma classificação de amostras

em determinados padrões, sendo essa a principal aplicação dos perceptrons. Para o

treinamento da rede, utilizou-se o paradigma da aprendizagem supervisionada, através

do algoritmo de backpropagation.

De todas as configurações testadas, a que apresentou melhores resultados e,

portanto a escolhida, contém apenas uma camada oculta com 19 nós, promovendo a

conexão entre a camada de entrada e a de saída. A função de ativação dos elementos de

processamento utilizada foi a sigmóide do tipo logística, cujo parâmetro de inclinação

(D), também foi alvo de variação em diferentes testes, tendo sido testado com os valores

1, 2 e 4.

Cada um dos 79 registros dessa base (total de casos coletados) compõe-se de uma

cadeia de 35 valores numéricos, representando os 26 campos do protocolo de entrada,

mais 9 valores para representar a saída esperada (a patologia previamente diagnosticada

pelo especialista). A codificação numérica das patologias investigadas, para a

implementação computacional é mostrada na Tabela 6.1.

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Tabela 6.1 – Codificação das patologias.

Patologia Representação numérica

Linfangite carcinomatosa 0 0 0 0 0 0 0 0 1

Histiocitose 0 0 0 0 0 0 0 1 0

Esclerodermia 0 0 0 0 0 0 1 0 0

Silicose 0 0 0 0 0 1 0 0 0

Sarcoidose 0 0 0 0 1 0 0 0 0

Histoplasmose 0 0 0 1 0 0 0 0 0

Tuberculose miliar 0 0 1 0 0 0 0 0 0

Fibrose pulmonar idiopática 0 1 0 0 0 0 0 0 0

Blastomicose sul-americana 1 0 0 0 0 0 0 0 0

Um exemplo contendo alguns registros da base de dados utilizados como entrada

da rede na fase de treinamento é mostrado na Tabela 6.2.

Tabela 6.2 – Registros utilizados como entrada da Rede Neural.

52 0 3 0 0 1 1 0 0 0 1 2 2 3 2 3 1 1 2 1 2 2 2 2 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1

31 0 1 1 1 0 0 1 0 0 2 2 2 2 3 3 2 3 2 2 0 0 0 1 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0

23 0 4 1 1 0 0 1 0 0 2 2 3 2 3 2 1 3 2 3 0 0 0 1 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0

65 1 8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 3 3 2 2 2 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0

Estabeleceu-se, portanto, a configuração ideal da rede neural, para esse trabalho,

composta de 26 elementos na camada de entrada (os 26 elementos do protocolo de

entrada), 9 elementos na camada de saída (as 9 patologias a serem classificadas) e uma

camada oculta com 19 elementos, conectando a camada de entrada à de saída.

A saída do sistema apresenta todas as nove patologias possíveis, classificadas de

acordo com a probabilidade de ser a correta. Foram analisadas as situações em que o

sistema apresentou o resultado correto como primeira ou segunda opção da lista

classificada.

Um importante detalhe que se pôde observar durante o desenvolvimento do estudo

foi a grande subjetividade apresentada pelos médicos especialistas na análise e

quantificação dos parâmetros radiológicos para a elaboração do diagnóstico.

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7 Metodologia

7.1 Introdução

Este capítulo tem como objetivo descrever a metodologia que foi empregada no

desenvolvimento de uma ferramenta auxiliar na detecção de lesões hemorrágicas ou

isquêmicas, denominada CAD-BR. Os propósitos desta ferramenta são:

• Detectar áreas hiperdensas ou hipodensas em TC de crânio;

• Excluir potenciais ruídos oriundos da filtragem;

• Quantificar as áreas hiperdensas ou hipodensas;

• Permitir ao usuário a criação de sua base de dados de conhecimento. Este banco

de dados possibilitará a continuidade no desenvolvimento de novas ferramentas.

• Fornecer ao usuário uma interface bastante amigável.

O estudo tem como proposta inicial a elaboração de uma Rede Neural Artificial

utilizando o algoritmo de backpropagation com aprendizado supervisionado.

Nesta abordagem, os dados relativos à anamnese dos pacientes foram codificados

e apresentados à camada de entrada da Rede Neural em conjunto com os dados

extraídos das imagens.

Figura 7.1 - Uso dos dados da anamnese em conjunto com os dados das imagens

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Como mostrado na Figura 7.1, é no uso dos dados da anamnese em conjunto com

os dados extraídos das imagens que reside a principal inovação do método. Estudos

mostram o uso de dados de anamnese e imagens em Sistemas de Auxílio ao

Diagnóstico, mas sempre separadamente.

As imagens dos exames utilizadas como entradas da RNA foram validadas pelos

laudos armazenados no banco de dados de um RIS (Sistema de Informações em

Radiologia). Os laudos foram utilizados como “gold standard14” neste estudo.

Todas as imagens e laudos foram anonimizados, anteriormente à sua utilização,

para preservar a identidade dos pacientes.

Para o levantamento dos casos clínicos, todos coletados em uma Clínica de

Diagnóstico por Imagem no Rio de Janeiro, foi elaborada uma ficha de anamnese na

qual os pacientes ou seus acompanhantes deveriam responder a algumas questões

relevantes para a classificação das imagens.

Os parâmetros radiológicos foram quantificados pelo sistema CAD-BR com base

na análise das imagens radiológicas do paciente. Essa quantificação foi realizada com a

contagem dos valores dos pixels remanescentes após processos de filtragem por

densidade e aplicação de operadores morfológicos.

Um importante detalhe que se pôde observar durante o desenvolvimento do estudo

foi a utilização de valores concretos extraídos das imagens dos exames. Outros estudos,

no entanto, relataram grande subjetividade apresentada pelos médicos especialistas na

análise e quantificação dos parâmetros radiológicos para a elaboração do diagnóstico.

7.2 Construção do Banco de Dados

Para treinamento e teste dos sistemas propostos, estão disponíveis imagens de

exames de Tomografia Computadorizada de Crânio, seus respectivos laudos emitidos e

revisados por especialistas (radiologistas) e o questionário respondido por pacientes ou

seus acompanhantes. 14 Na medicina, um teste padrão ouro é um teste de diagnóstico ou uma avaliação tida como definitiva. Isto pode ser referenciado a um processo de doença ou critério pelo qual uma evidência científica é avaliada. Um teste padrão ouro ideal tem uma sensibilidade de 100%, ou poder estatístico de 100% (identifica todos os indivíduos com um processo de doença, não apresentando resultados falso-negativos). Um teste padrão ouro ideal também tem uma especificidade de 100%, não apresentando resultados falso-positivos. Na prática, não existem testes padrão ouro ideais. Como novos métodos diagnósticos são criados, o teste padrão ouro pode mudar ao longo do tempo. Por exemplo, para o diagnóstico de uma dissecção de aorta, o teste padrão ouro utilizado era a aortografia, que tinha uma sensibilidade de 83% e uma especificidade de 87%. Devido ao avanço da RM, a angioressonância passou a ser o teste padrão ouro para o caso citado, com uma sensibilidade de 95% e uma especificidade de 92%.

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85

7.2.1 Busca de informações relevantes no Banco de Dados do RIS Os laudos dos exames estão disponíveis no Banco de Dados do Sistema de

Gestão da Clínica – RIS15 onde foram realizados os exames. A extração dos laudos, bem

como a identificação dos exames normais e anormais é realizada através de comandos

SQL em um Banco de Dados Firebird16.

Para identificação dos exames que tiveram diagnóstico que apontavam para a

ocorrência da síndrome do AVC, foi necessária a realização de buscas no banco de

dados do RIS por palavras que pudessem caracterizar os eventos isquêmicos e

hemorrágicos.

Do contato com especialistas, pode-se observar que a descrição dos achados é

sempre identificada pela presença das palavras isquemia, isquêmico, isquêmica,

hemorragia, hemorrágico ou hemorrágica.

Face ao exposto, foram criados scripts SQL com o objetivo de identificar e

distinguir os números dos exames que poderiam caracterizar um AVC Isquêmico ou

Hemorrágico, além de extrair a data de nascimento e sexo dos respectivos pacientes.

As características necessárias para a busca por exames de AVC Isquêmico são:

• Ser uma Tomografia Computadorizada de Crânio;

• Ter sido realizado entre 01/01/2006 e 31/12/2007;

• Conter no corpo do laudo uma das palavras isquemia, isquêmico ou isquêmica e

seus plurais.

Um exemplo de laudo é mostrado a seguir:

“Foram realizados cortes axiais paralelos a linha órbito-meatal, com 3 mm de intervalo

entre os cortes na fossa posterior e 7 mm na região supra tentorial, sem contraste

iodado, que demonstraram:

- O parênquima dos lobos cerebrais apresenta valores de atenuação dentro dos padrões

normais.

- Núcleos da base, tálamos e regiões capsulares sem alterações.

- Hemisférios cerebelares de aspecto anatômico.

15 RIS – Radiology Information System tem por objetivo gerenciar todo o fluxo de informações em uma clínica de diagnósticos por imagem. Cadastro de pacientes, laudos e faturamento são alguns dos módulos que deve conter um sistema de gestão em radiologia. 16 Firebird - utiliza-se do padrão ANSI SQL-92 para prover a manipulação dos bancos de dados e algumas funções que complementam tal padrão, bem como a possibilidade de costumização.

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A linha grifada pode ser encontrada no banco de dados através da busca pela

palavra-chave “hemorrágico”.

7.2.2 Imagens

As imagens dos exames foram adquiridas em um Tomógrafo Computadorizado

marca General Electric, modelo High Speed. A matriz das imagens utilizadas neste

estudo é 512x512 pixels. As imagens estão disponíveis em formato DICOM e

armazenadas compactadas (sem perdas) em DVD-ROM. O arquivo de imagens conta

com aproximadamente 32.000 exames de Tomografia Computadorizada no período

selecionado, dos quais aproximadamente 9.000 são exames do Encéfalo.

Uma vez localizados os exames relevantes ao presente estudo, suas imagens

foram restauradas dos DVDs para o disco rígido da estação onde foi realizada a etapa de

pré-processamento. A Figura 7.2 ilustra o fluxo descrito acima.

Figura 7.2 – Fluxo de separação das imagens dos exames

Exemplos de imagens obtidas caracterizando AVC Isquêmico e Hemorrágico

são mostrados na Figura 7.3 e na Figura 7.4.

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Figura 7.3 – Imagens de um exame de Tomografia Computadorizada - AVC Isquêmico

Figura 7.4 – Imagens de um exame de Tomografia Computadorizada - AVC Hemorrágico

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Foi criada uma função com o objetivo de manter anônimas as imagens dos

exames. Isto foi realizado através da substituição do nome do paciente por um nome

fictício, como por exemplo, Paciente75. Para preservar a identidade dos pacientes, o

campo “Patient Name” foi alterado em cada imagem de cada estudo utilizado neste

trabalho, conforme mostrado na Figura 7.5.

Figura 7.5 – Cabeçalho DICOM mostrando alteração do nome do paciente

Como Parâmetro Radiológico, foi utilizada a quantidade de pixels remanescentes

após a aplicação de filtros e de técnicas de processamento de imagem, conforme

detalhado na seção 7.3.1.

7.2.3 Anamnese

Nesta etapa do estudo foi elaborado um questionário a ser preenchido pelo

paciente ou seu acompanhante (anamnese) o qual foi utilizado nas etapas de treinamento

e validação das redes neurais em conjunto com as imagens dos exames.

Contando com a ajuda de especialistas e de acordo com os estudos realizados,

levantaram-se os principais parâmetros clínicos a serem observados no exame clínico

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que podem auxiliar no diagnóstico diferencial, chegando-se aos seguintes:

• Idade do paciente;

• Sexo;

• Fumante;

• Vômito;

• Diabetes;

• Cefaléia;

• Tempo de cefaléia;

• Angina;

• Déficit motor;

• Pressão alta;

• Depressão do estado de consciência17.

Para a coleta destas informações, foi elaborada uma ficha contendo os

parâmetros clínicos acima citados. Esta ficha foi distribuída a todos os pacientes que

realizaram exames de Tomografia Computadorizada do Crânio e foi preenchida pelo

paciente ou seu acompanhante, com exceção da idade e do sexo do paciente que foram

coletados diretamente do banco de dados do RIS.

Estas fichas foram posteriormente digitadas e foi gerada uma planilha contendo

os números dos exames, a idade e o sexo dos pacientes e os valores anotados para cada

parâmetro clínico. O modelo de ficha utilizado é mostrado na Figura 7.6.

17 Foi utilizada a Escala de Coma de Glasgow para quantificação da depressão do estado de consciência. Ela compreende três testes: respostas de abertura ocular, fala e capacidade motora.

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Figura 7.6 – Ficha de Anamnese

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7.3 Pre-processamento

7.3.1 Imagens

Exemplos de imagens obtidas caracterizando AVC Hemorrágico e Isquêmico

são mostrados na

Figura 7.7 e na Figura 7.8.

Figura 7.7 - AVC Hemorrágico

Figura 7.8 - AVC Isquêmico

Foi realizada a filtragem por densidades das imagens dos exames. Lesões

hemorrágicas mostram-se hiperdensas (mais claras, com densidades entre 60 e 75

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Unidades Hounsfield - UH18), enquanto que lesões isquêmicas apresentam-se

hipodensas (mais escuras com densidades entre 15 e 20 UH).

Figura 7.9 - AVC Isquêmico e imagem pós filtragem

Figura 7.10 - AVC Hemorrágico e imagem pós filtragem

A Figura 7.9 e a Figura 7.10 mostram imagens axiais obtidas no exame de

Tomografia Computadorizada do Crânio com as respectivas imagens das lesões

extraídas pela filtragem de densidades.

Foi desenvolvido um mecanismo de duplo filtro, que realiza a busca por lesões

hemorrágicas e isquêmicas em todas as imagens dos exames. Este duplo filtro consiste

em uma filtragem buscando lesões hipodensas e outra buscando lesões hiperdensas.

18 UH - Escala onde –1000 é mais escuro, 0 é um cinza médio e +1000 (ou mais) é bem claro. Dessa forma quanto mais Rx o objeto absorver (mais denso, como o osso), mais claro ele é na imagem. A escala de cinza é formada por um grande espectro de representações de tonalidades entre branco, cinza e o preto.

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Feito isto, observou-se que as imagens resultantes da filtragem apresentavam

pixels isolados, não conectados à região da lesão e que não deveriam ser considerados

na quantificação. Face ao exposto, foi aplicada a operação morfológica de erosão, que

visa eliminar os pixels que não apresentem ligações com outros, podendo ser

considerados como ruídos. Foi utilizado um elemento estruturante em formato de

diamante com raio 2.

Figura 7.11 - Erosão

Como pode ser observado na Figura 7.11, o processo de erosão elimina ruídos

oriundos do processo de filtragem, mas também elimina pixels com pouca relação de

conexidade na região da lesão. Face ao exposto, faz-se necessária a utilização do

operador morfológico da dilatação, que visa restaurar os pixels retirados da região da

lesão sem, contudo, reinserir os ruídos na imagem, como mostrado na Figura 7.12.

Figura 7.12 - Dilatação

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normais, mas podendo fazer parte de um exame patológico. Foi considerada uma

imagem normal aquela que obteve valores de contagem inferiores a 20 pixels no

processo de quantificação. Estas imagens não foram consideradas para fins de

treinamento e validação, diminuindo a carga de processamento da rede neural.

7.3.2 Anamnese

Após estudos e consultas a especialistas, verificou-se que alguns parâmetros

clínicos mostravam-se mais relevantes que outros para a detecção de AVCs.

Sendo assim, decidiu-se por classificar os parâmetros clínicos nos grupos

primário e secundário, conforme a Tabela 7.2 e a Tabela 7.3. Foram realizados testes

para validar esta divisão, conforme descrito no capítulo 8.

Tabela 7.2 – Parâmetros Clínicos - Grupo Primário.

Primário

Idade do paciente

Sexo

Vômito

Cefaléia

Tempo de cefaléia

Déficit motor

Depressão do estado de consciência

Tabela 7.3 – Parâmetros Clínicos - Grupo Secundário.

Secundário

Fumante

Diabetes

Angina

Pressão alta

Foi verificado que em alguns casos ocorreu o não preenchimento de alguns

parâmetros clínicos contidos na anamnese.

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Os exames cujas anamneses não apresentavam respostas para qualquer um dos

parâmetros clínicos primários foram descartados, não sendo usados para a composição

do banco de dados.

Em contrapartida, para exames cujas anamneses apresentavam parâmetros

clínicos secundários com preenchimento incompleto, foi considerada a ausência de

preenchimento como uma resposta indefinida.

7.4 Codificação

Para a apresentação das informações na rede neural foi necessária a codificação

dos dados obtidos na etapa de pré-processamento. Dividiu-se a codificação em dois

grupos: imagens e anamnese.

7.4.1 Imagens

Os parâmetros radiológicos foram quantificados pelo sistema CAD-BR com base

na análise das imagens radiológicas dos pacientes. Essa quantificação foi realizada com

valores inteiros oriundos da contagem dos pixels remanescentes. Do processo de

quantificação dos pixels remanescentes foram obtidos valores variando de 0 a 10.000

aproximadamente. Com o objetivo de normalizar a contagem, os valores encontrados

foram divididos por 1.000, sendo o valor 0 para a ausência de lesão. Valores de

contagem superiores a 1.000 foram representados pelo valor 1, que é a codificação

máxima. Como exemplo, considerando uma lesão retangular hipotética que seja

quantificada por 1.000 pixels, agrupados em 20 linhas e 50 colunas, onde cada pixel

tenha lado igual a 0,5mm. A lesão terá as dimensões de 10mm por 25mm.

Conforme descrito anteriormente, foram gerados dois grupos com informações

dos pixels remanescentes: um grupo representando a quantificação dos pixels que

caracterizam uma lesão isquêmica e outro grupo representando lesões hemorrágicas.

Estes valores foram utilizados em separado, cada um representando uma entrada na rede

neural.

7.4.2 Anamnese

Os dados caracterizados como parâmetros clínicos foram obtidos através do

questionário respondido pelo paciente ou seu acompanhante, e quantificados da seguinte

maneira:

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a) Idade

• Pacientes com idade entre 0 e 20 anos receberam valor 0,25;

• Pacientes com idade entre 20 e 40 anos receberam valor 0,5;

• Pacientes com idade entre 40 e 60 anos receberam valor 0,75;

• Pacientes com idade superior a 60 anos receberam valor 1.

b) Sexo

• Pacientes do sexo masculino receberam valor 0,5;

• Pacientes do sexo feminino receberam valor 1.

c) Vômito

• Valor 0,5 para pacientes que não apresentaram episódio de vômito;

• Valor 1 para pacientes que apresentaram episódio de vômito.

d) Diabetes

• Valor 0,5 para pacientes com taxa de glicose normal;

• Valor 1 para pacientes com altas taxas de glicose.

e) Fumante

• Valor 0,5 para não fumantes;

• Valor 1 para fumantes.

f) Cefaléia

• Valor 0,5 para os pacientes que não sentiam dores de cabeça;

• Valor 1 para os pacientes que sentiam dores de cabeça.

g) Tempo de cefaléia:

• Pacientes que não sentiram dores de cabeça receberam valor 0;

• Pacientes que tiveram cefaléia nas últimas 24 horas receberam valor 0,25;

• Pacientes que tiveram cefaléia nas últimas 48 horas receberam valor 0,5.;

• Pacientes que tiveram cefaléia na última semana receberam valor 0,75;

• Pacientes que tiveram cefaléia no último mês receberam valor 1.

h) Angina:

• Pacientes que não relataram dor no peito receberam 0,5;

• Pacientes que relataram dor no peito receberam valor 1.

i) Déficit motor:

• Movimentos normais receberam o valor 0,5;

• A perda de movimento em qualquer membro do corpo recebeu o valor 1.

j) Pressão alta

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• Pacientes que relataram não sofrer de pressão alta receberam valor 0,5;

• Pacientes que relataram sofrer de pressão alta ou que apresentaram valores

altos recentemente medidos receberam valor 1.

l) Depressão do estado de consciência: Foi utilizada a Escala de Coma de

Glasgow. Ela compreende três testes: respostas de abertura ocular, fala e capacidade

motora. A soma dos três valores foi considerada. A Escala de Coma de Glasgow menor

possível é 3 (coma profundo) e o maior é 15 (pessoa desperta). Os valores encontrados

foram normalizados, sendo todos eles divididos por 15.

Os possíveis valores para codificação dos parâmetros clínicos são mostrados na

Tabela 7.4.

Tabela 7.4 – Codificação dos parâmetros clínicos

Parâmetro Clínico Possíveis Valores

Idade do paciente 0,25 0,5 0,75 1

Sexo 0,5 1

Fumante 0 0,5 1

Vômito 0,5 1

Diabetes 0 0,5 1

Cefaléia 0,5 1

Tempo de cefaléia 0 0,25 0,5 0,75 1

Angina 0 0,5 1

Déficit motor 0,5 1

Pressão alta 0 0,5 1

Depressão do estado de consciência 0 a 1

7.4.3 Conjunto de treinamento e testes

Do conjunto de dados coletados, elaborou-se a base computacional para o

treinamento do sistema. Cada um dos 780 registros dessa base (total de casos coletados)

compõe-se de uma cadeia de 13 valores numéricos, representando os 11 campos dos

parâmetros clínicos e os 2 campos da codificação dos parâmetros radiológicos (grupos

com informações de pixels remanescentes representando a quantificação dos pixels para

lesões isquêmicas e hemorrágicas). A codificação numérica das patologias investigadas,

para representar a saída esperada é mostrada na Tabela 7.6.

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Um exemplo contendo alguns registros da base de dados utilizados como entrada

da rede na fase de treinamento é mostrado na Tabela 7.5.

Tabela 7.5 - Registros da base de dados utilizados como entrada da rede neural

Entrada Codificação

A 1 1 0.5 0.5 1 0.5 0 0.5 0.5 1 0 0.03 0.01

B 1 1 0.5 1 0.5 1 1 0.5 1 1 0.9 0.17 0.94

C 1 1 1 1 0.5 1 0.5 1 0.5 0.5 0.8 0.67 0.10

D 1 0 0.5 1 0.5 1 0.75 1 0.5 1 1 0.71 0.67

7.5 Rede Neural

O sistema computacional desenvolvido nesse trabalho baseou-se na técnica de

redes neurais artificiais do tipo perceptron multicamadas. A opção por esse tipo de rede

se deu pelo fato de o problema tratado ser basicamente uma classificação de amostras

em determinados padrões, sendo essa a principal aplicação dos perceptrons. Para o

treinamento da rede, utilizou-se o paradigma da aprendizagem supervisionada, através

do algoritmo de backpropagation.

Para o treinamento da rede foi utilizado o programa Matlab. Os pesos oriundos do

processo de treinamento foram armazenados e utilizados posteriormente na ferramenta

desenvolvida.

Vários testes para diferentes configurações da rede foram realizados. Mantendo-se

sempre o mesmo número de elementos nas camadas de entrada e de saída, ou seja, 13

nós na camada de entrada (representando os 13 parâmetros do protocolo de entrada), e 2

nós na camada de saída (cada um representando um dos padrões de classificação).

Foi utilizada a Tabela 7.6 como valores alvo da rede neural.

Tabela 7.6 – Codificação das Patologias

Representação numérica Patologia

Neurônio 1 Neurônio 2

Exame Normal 0 0

AVC Hemorrágico 0 1

AVC Isquêmico 1 0

AVC Hemorrágico e Isquêmico 1 1

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Na maioria das publicações verificadas obteve-se, como sugestão, iniciar os

trabalhos com uma configuração de uma camada oculta com um pequeno número de

elementos e ir aumentando essa quantidade para se verificar as diferenças. Testou-se

uma série de variações quanto ao número de elementos ocultos. Partiu-se inicialmente

com uma configuração de apenas uma camada oculta composta de 2 elementos, e

aumentou-se gradativamente esse número até alcançar um bom desempenho, conforme

descrito no capítulo 8.

O número de camadas ocultas também é alvo de intensas pesquisas para se tentar

alcançar os valores mais adequados. Optou-se, nesse trabalho, em efetuar também testes

com duas camadas ocultas. Nesses testes, os índices encontrados ficaram abaixo dos

encontrados com apenas uma camada oculta, não justificando o aumento da

complexidade e do peso computacional da implementação.

Estabeleceu-se, portanto, a configuração ideal da rede neural, para esse trabalho,

composta de 13 elementos na camada de entrada (os 11 elementos dos parâmetros

clínicos e os 2 elementos dos parâmetros radiológicos), 2 elementos na camada de saída

(as 2 patologias a serem classificadas, podendo ocorrer simultaneamente) e uma camada

oculta com 7 elementos, conectando a camada de entrada à de saída, como mostrado na

Figura 7.13.

Figura 7.13 – Exemplo da rede neural utilizada

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8 Resultados e Discussão

Os testes foram realizados utilizando a base de dados criada para validação da

metodologia.

O sistema desenvolvido ao longo deste trabalho foi comparado com os laudos dos

exames de Tomografia Computadorizada de Crânio – gold standard.

Outro aspecto importante para esta etapa foi a escolha dos testes realizados. Neste

trabalho, além dos testes relativos à validação da técnica utilizada foram realizados os

seguintes testes com as seqüências de dados:

• Teste para escolha da melhor arquitetura da rede neural;

• Teste da importância dos dados da anamnese secundários;

Verificação da necessidade dos parâmetros clínicos secundários para a

solução do problema.

• Teste da importância da aplicação de filtros morfológicos;

• Teste da importância dos parâmetros radiológicos.

Todos os testes foram avaliados em relação ao percentual de acerto na base de

dados de treinamento e foram utilizadas as medidas de sensibilidade (Sn) e

especificidade (Sp) para a base de dados de validação. Usualmente, a sensibilidade e a

especificidade são definidas como:

FNTP

TPSn

+= (Equação 8.1)

FPTN

TNSp

+= (Equação 8.2)

Onde:

• TP (os verdadeiros positivos (true positives)) são os exames com AVC preditos

corretamente;

• TN (os verdadeiros negativos (true negatives)) são os exames normais preditos

corretamente;

• FP (os falsos positivos (false positives)) são os exames normais preditos como

AVC;

• FN (os falsos negativos (false negatives)) são os exames com AVC preditos

como normais.

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Pode-se dizer que Sn é a proporção de exames com AVC que são corretamente

preditos, e que Sp é a proporção de exames normais que são corretamente preditos.

Estas medidas são importantes para a avaliação da taxa de acerto da ferramenta.

8.1 Avaliação do modelo para detecção de AVCs

8.1.1 Seleção de dados

Para este estudo foram criadas bases de dados para treinamento e validação.

Foram utilizados os dados extraídos do RIS conforme descrito na seção 7.2.1. Dos

9.000 exames do encéfalo, s

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8.1.2 Testes para a escolha da melhor arquitetura de rede neural Os testes realizados para encontrar a melhor arquitetura foram:

• Tamanho da camada escondida

Busca da melhor quantidade de neurônios na camada escondida.

• Influência do valor de saída da rede neural

Avaliação da saída da rede neural como probabilidade de uma imagem ser

um AVC.

8.1.2.1 Tamanho da camada escondida

A taxa de aprendizado utilizada na rede backpropagation foi de 0,05 e o momento

foi de 0,7. A base de dados utilizada para estes testes continha todos os parâmetros

clínicos e radiológicos codificados.

Os resultados encontrados estão na Tabela 8.1, que mostra na primeira coluna o

tamanho da camada escondida testada, a seguir as informações da taxa de acerto na base

de dados de treinamento e generalização. A Figura 8.1 mostra a variação da taxa de erro

(erro médio quadrático) da melhor rede neural encontrada.

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Variação do Erro

0,75

0,8

0,85

0,9

0,95

1

2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Neurônios na camada intermediária

Err

o Sn

Sp

Figura 8.2 – Gráfico comparativo das taxa de erro em relação à quantidade de neurônios

na camada escondida para rede neural

Percebeu-se, experimentalmente, que a variação do tamanho da camada escondida

para este problema, a partir de certo ponto, piora a taxa de acerto da validação. Isto se

deve ao fato da rede neural estar se especializando nos dados de treinamento, perdendo

a sua capacidade de generalização.

O tempo de treinamento da melhor rede neural foi de 55 minutos num Pentium D

2.8GHz com 2 GBytes de memória RAM.

8.1.2.2 Testes da influência do valor de saída da rede neural

Para os testes da influência do valor de saída da rede neural nos resultados foi

escolhida uma rede neural com 7 neurônios na camada escondida, por ter sido a rede

neural que encontrou o melhor desempenho nos testes de tamanho da rede.

A taxa de aprendizado utilizada na rede backpropagation foi de 0,05 e o momento

foi de 0,7.

Os resultados encontrados estão na Tabela 8.3, que na primeira coluna mostra o

valor de saída dos dois neurônios e em seguida as informações de taxa de acerto na base

de treinamento, e sensibilidade e especificidade na base de validação.

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Tabela 8.3 - Resultados dos testes da influência do valor de saída na rede neural

Base de Dados

Treinamento

Base de Dados

Validação Camada de Saída

(%) Sn Sp

Saída <0,1 exame normal e >0,9 com AVC 98,8 0,94 0,90

Saída <0,2 exame normal e >0,8 com AVC 99,9 0,96 0,94

Saída <0,3 exame normal e >0,7 com AVC 92,6 0,89 0,86

Saída <0,4 exame normal e >0,6 com AVC 87,1 0,75 0,69

Influência do valor de saída na RN

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

Saída <0,1 examenormal e >0,9 com AVC

Saída <0,2 examenormal e >0,8 com AVC

Saída <0,3 examenormal e >0,7 com AVC

Saída <0,4 examenormal e >0,6 com AVC

Valores de saída

Err

o Sn

Sp

Figura 8.3 – Gráfico comparativo da taxa de erro em relação ao valor de saída da rede

neural

De acordo com os resultados encontrados, a variação do valor de saída

influencia os resultados gerando alguns falsos positivos e falsos negativos, como pode

ser visto na Figura 8.3.

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108

8.1.3 Teste da importância dos dados secundários da anamnese

Este teste tem como objetivo verificar a necessidade da existência dos parâmetros

clínicos secundários.

Para os testes da importância dos dados secundários da anamnese foi escolhida

uma rede neural com 7 neurônios na camada escondida, por ter sido a rede neural que

encontrou o melhor desempenho nos testes de tamanho da rede.

A Tabela 8.4 mostra na primeira coluna os testes realizados, e nas demais colunas

os resultados da taxa de acerto no banco de dados de treinamento, e a sensibilidade e a

especificidade para a base de validação.

Tabela 8.4 – Importância dos dados secundários da anamnese

Banco de Dados

Treinamento

Banco de Dados

Validação Parâmetros Utilizados

(%) Sn Sp

Parâmetros clínicos primários e pixels remanescentes 99,2 0,89 0,85

Parâmetros clínicos secundários e pixels remanescentes 98,7 0,77 0,74

Todos os parâmetros e pixels remanescentes 99,9 0,96 0,94

Variação da Taxa de Erro em relação a quantidade de épocas

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

1 40 79 118 157 196 235 274 313 352 391 430 469 508 547 586 625 664 703 742 781 820 859 898 937 976

Épocas

Err

o

Figura 8.4 – Variação da taxa de erro em relação à quantidade de épocas para rede

neural backpropagation com 7 neurônios na camada escondida

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109

A taxa de aprendizado utilizada na rede backpropagation foi de 0,05 e o momento

foi de 0,7. Foram consideradas imagens normais, imagens compatíveis com AVCs

Hemorrágicos e/ou Isquêmicos aquelas cujas saídas da rede neural apresentaram os

valores conforme mostrado na Tabela 8.2.

De acordo com a Figura 8.5, o uso de todos os parâmetros clínicos (primários e

secundários) em conjunto com os parâmetros radiológicos foi a que alcançou o melhor

desempenho. Percebe-se que a rede neural sem os parâmetros clínicos secundários

obteve um bom desempenho, mas inferior quando comparado à rede com todos os

parâmetros. A rede neural somente com os parâmetros clínicos secundários gerou um

desempenho bastante inferior às demais. Portanto, esta informação é bastante

importante para o desempenho ótimo da rede, desde que utilizada em conjunto com os

demais parâmetros.

Importância dos dados secundários da anamnese

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

Parâmetros clínicosprimários e pixelsremanescentes

Parâmetros clínicossecundários e pixels

remanescentes

Todos os parâmetros epixels remanescentes

Parâmetros

Err

o Sn

Sp

Figura 8.5 – Gráfico comparativo da taxa de erro em relação aos parâmetros utilizados

8.1.4 Teste da importância dos parâmetros clínicos e radiológicos

Este teste tem como objetivo verificar a necessidade da existência dos parâmetros

clínicos e radiológicos em conjunto.

Para os testes da importância dos parâmetros clínicos e radiológicos foi escolhida

uma rede neural com 7 neurônios na camada escondida, por ter sido a rede neural que

encontrou o melhor desempenho nos testes de tamanho da rede.

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110

A taxa de aprendizado utilizada na rede backpropagation foi de 0,05 e o momento

foi de 0,7. Foram consideradas imagens normais, imagens compatíveis com AVCs

Hemorrágicos e/ou Isquêmicos aquelas cujas saídas da rede neural apresentaram os

valores conforme mostrado na Tabela 8.2.

A Tabela 8.5 mostra na primeira coluna os testes realizados, e nas demais colunas

os resultados da taxa de acerto no banco de dados de treinamento, e sensibilidade e

especificidade para o banco de dados de validação.

Tabela 8.5 – Importância dos parâmetros clínicos e radiológicos

Banco de Dados

Treinamento

Banco de Dados

Validação Parâmetros Utilizados

(%) Sn Sp

Parâmetros clínicos 87,0 0,64 0,61

Parâmetros radiológicos 85,8 0,71 0,69

Parâmetros clínicos e radiológicos 99,9 0,96 0,94

De acordo com os resultados, a rede neural com os parâmetros combinados foi a

que alcançou o melhor desempenho. Percebe-se que a rede neural sem os parâmetros

clínicos ou radiológicos tem a sua taxa de erro aumentada, caracterizando a importância

desta informação para o desempenho da rede.

Parâmetros clínicos e radiológicos

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

Parâmetros clínicos Parâmetrosradiológicos

Parâmetros clínicose radiológicos

Parâmetros

Err

o Sn

Sp

Figura 8.6 – Gráfico comparativo da importância dos parâmetros clínicos e radiológicos

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111

8.1.5 Teste da importância dos filtros morfológicos

Este teste tem como objetivo verificar a necessidade da existência de filtros

morfológicos descritos na seção 8.3.1.

Para os testes da importância dos filtros morfológicos foi escolhida uma rede

neural com 7 neurônios na camada escondida, por ter sido a rede neural que encontrou o

melhor desempenho nos testes de tamanho da rede.

A taxa de aprendizado utilizada na rede backpropagation foi de 0,05 e o momento

foi de 0,7. Foram consideradas imagens normais, imagens compatíveis com AVCs

Hemorrágicos e/ou Isquêmicos aquelas cujas saídas da rede neural apresentaram os

valores conforme mostrado na Tabela 8.2.

A Tabela 8.6 mostra na primeira coluna o teste realizado, e nas demais colunas os

resultados da taxa de acerto no banco de dados de treinamento e validação.

Tabela 8.6 – Importância dos filtros morfológicos

Banco de Dados

Treinamento

Banco de Dados

Validação Filtros Utilizados

(%) Sn Sp

Utilizando somente filtragem por densidade 93,3 0,68 0,63

Utilizando filtragem e erosão 97,2 0,88 0,87

Utilizando filtragem, erosão e dilatação 99,9 0,96 0,94

De acordo com os resultados, percebe-se que somente a filtragem por densidade

não é suficiente para detecção de AVCs. Isto ocorre devido à existência de valores

dentro da faixa selecionada que não correspondem à lesão (ruído). Quando se utilizou

filtragem e erosão ocorreu uma melhora significativa no desempenho da técnica, isto

ocorreu devido à diminuição dos pixels remanescentes fora da região lesionada, o que se

mostrou bastante importante para o desempenho da rede. A generalização foi

incrementada com a utilização da dilatação. Esta operação diminuiu a influência do

ruído resistente ao processo de erosão sobre os pixels da região de interesse,

reconectando estes pixels das regiões lesionadas.

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Importância dos filtros morfológicos

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

Utilizando somentefiltragem pordensidade

Utilizando filtrageme erosão

Utilizando filtragem,erosão e dilatação

Filtros

Err

o Sn

Sp

Figura 8.7 – Gráfico comparativo da importância dos filtros morfológicos

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113

9 A Ferramenta

Este capítulo tem como objetivo descrever as técnicas utilizadas no

desenvolvimento da ferramenta de auxílio diagnóstico para o tratamento de AVC

(CAD-BR).

Estas técnicas serão descritas utilizando a metodologia de análise estruturada

moderna, descrita em YOURDON E.

Serão apresentados o diagrama do contexto, o diagrama de fluxo de dados e o

diagrama de transição de estados, além das explicações sobre o funcionamento da

ferramenta.

9.1 Diagrama do Contexto do Sistema CAD-BR

O diagrama do contexto tem como objetivo demonstrar a interface externa com o

sistema. Na ferramenta CAD-BR, o principal ator é o clínico. A Figura 9.1 mostra o

diagrama do contexto do sistema CAD-BR.

Figura 9.1 – Diagrama do contexto do sistema CAD-BR

9.2 Diagrama de Fluxo de Dados do Sistema CAD-BR

O diagrama de fluxo de dados (DFD) oferece uma visão orientada das funções

do sistema. O sistema CAD-BR possui, basicamente, a função de testar um conjunto

contendo parâmetros clínicos e radiológicos baseado num banco de dados de parâmetros

treinados. O banco de dados de parâmetros treinados é gerado no modo treinamento. A

Figura 9.2 mostra este diagrama.

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114

Figura 9.2 – Diagrama de Fluxo de Dados (DFD) do sistema CAD-BR

9.3 Diagrama de Transição de Estados do sistema CAD-BR

O diagrama de transição de estados (DTE) mostra o comportamento tempo-

dependente do sistema. A Figura 9.3 mostra os estados do sistema CAD-BR.

Figura 9.3 – Diagrama de Transição de Estados (DTE) do sistema CAD-BR

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115

9.4 Funcionamento do sistema CAD-BR

Nesta seção será explicado o funcionamento do sistema CAD-BR. Este sistema

foi dividido nos seguintes subsistemas:

• Pré-Processamento

Este subsistema realiza as funções de pré-processamento descritas

anteriormente. Além destas funções, o pré-processamento realiza a

adequação dos dados para entrada na rede neural de acordo com os

parâmetros clínicos e radiológicos selecionados no banco de dados do

CAD-BR.

• Rede Neural

Esta rede neural tem como objetivo aplicar a base de dados previamente

treinada selecionada sobre os parâmetros clínicos e radiológicos que estão

sendo analisados. O resultado desta etapa é a informação numérica da

ocorrência ou não de imagens patológicas no exame.

• Pós-Processamento

A tarefa desta etapa é realizar os ajustes necessários para a exibição das

informações geradas pela rede neural de modo a ser compreendida pelo

usuário.

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116

9.5 Telas do programa Após a inicialização o programa exibe a tela mostrada na Figura 9.4.

Figura 9.4 – Tela de abertura

Em seguida (Figura 9.5), deve ser indicado o caminho onde estão contidas as

imagens dos exames a serem analisadas. Normalmente, as pastas contendo as imagens

dos exames recebem como identificação o número do exame.

Figura 9.5 – Tela de seleção da pasta onde estão as imagens do exame

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117

A Figura 9.6 mostra onde pode ser realizada a opção por importar a ficha de

anamnese de um arquivo ou realizar o preenchimento manual.

Figura 9.6 – Seleção do arquivo de anamnese: importação ou preenchimento manual

Nesta tela pode ser feita a opção pela importação de um arquivo texto, gerado

automaticamente por um RIS, onde as informações contidas devem estar separadas por

ponto-e-vírgula. Alguns exemplos são mostrados na Tabela 9.1. A ordem destas

informações é a mesma da ficha de anamnese descrita na seção 7.2.3 e exibida na

Figura 7.6

Tabela 9.1 – Exemplos de arquivos texto

Formato do arquivo texto

70;m;não;sim;não;sim;<24h;não;não;não;não;alguns;não

58;f;não;não;não;sim;<semana;não;sim;não;todas;não;todos

85;f;não;não;sim;não;<24h;sim;sim;não;todas;alguns;todos

Caso haja a opção pelo preenchimento manual, a ficha em formato digital é

mostrada na Figura 9.7. Nesta tela devem ser preenchidos todos os parâmetros clínicos

conforme mostrado na seção 7.4.2.

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118

Figura 9.7 – Tela de preenchimento da ficha de anamnese

Após o preenchimento ou importação do arquivo de anamnese, inicia-se o

processamento do exame. Ao término é mostrada uma tela onde é indicada a presença

de lesões hemorrágicas ou isquêmicas e são listadas as imagens do exame que

apresentaram as patologias estudadas. Caso o sistema considere o exame como normal,

é mostrada a informação que não foram encontradas imagens que caracterizassem AVC.

A tela com o resultado é mostrada na Figura 9.8.

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Figura 9.8 – Tela de resultado

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120

10 Conclusão

Este trabalho tem como principal contribuição o desenvolvimento de uma nova

técnica no uso dos dados da anamnese em conjunto com os dados extraídos das imagens

combinada com redes neurais para a identificação de casos de AVC Hemorrágico ou

Isquêmico, e a ferramenta CAD-BR que utiliza esta metodologia. Estudos relatam o uso

de dados de anamnese e imagens em Sistemas de Auxílio ao Diagnóstico, mas sempre

separadamente.

Os objetivos deste trabalho foram alcançados, criando uma ferramenta amigável.

De acordo com os resultados encontrados, o sistema desenvolvido exibiu valores

satisfatórios, com taxas de acerto variando entre 80% e 98% para os parâmetros

treinados.

Pôde-se perceber que somente a filtragem por densidade não é suficiente para

detecção de AVCs. Isto ocorre devido à existência de valores dentro da faixa

selecionada que não correspondem à lesão (ruído). Quando se utilizou filtragem e

erosão ocorreu uma melhora significativa no desempenho da técnica, isto ocorreu

devido à diminuição dos pixels remanescentes fora da região lesionada, o que se

mostrou bastante importante para o desempenho da rede. A generalização foi

incrementada com a utilização da dilatação. Esta operação diminuiu a influência do

ruído resistente ao processo de erosão sobre os pixels da região de interesse,

reconectando estes pixels das regiões lesionadas.

De acordo com os resultados, o uso de todos os parâmetros clínicos (primários e

secundários) em conjunto com os parâmetros radiológicos foi a estratégia que alcançou

o melhor desempenho. Percebe-se que a rede neural sem os parâmetros clínicos

secundários obteve um bom desempenho, mas inferior quando comparado à rede com

todos os parâmetros. Portanto, esta informação é bastante importante para o

desempenho ótimo da rede.

Um importante detalhe que se pôde observar durante o desenvolvimento do estudo

foi a utilização de valores extraídos das imagens dos exames, quantificados como pixels

remanescentes do pré-processamento. Outros estudos, no entanto, relataram grande

subjetividade apresentada pelos médicos especialistas na análise e quantificação dos

parâmetros radiológicos para a elaboração do diagnóstico.

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As grandes vantagens e contribuições do sistema proposto são a facilidade na

manipulação da ferramenta e a boa taxa de acerto proporcionada.

A grande dificuldade no desenvolvimento deste traba

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122

Sugestões para trabalhos futuros

Pode-se sugerir, para o futuro, os seguintes trabalhos:

• aplicação de outras técnicas de processamento de imagens para o

acoplamento nesta ferramenta;

• desenvolvimento de ferramentas para a localização da lesão;

• desenvolvimento de ferramentas para a visualização 3D da lesão;

• adaptação dos parâmetros clínicos e radiológicos para a detecção de outras

patologias;

• aplicação de técnicas para descoberta da melhor rede neural em um menor

tempo;

• utilização de outros tipos de redes neurais para maximizar o desempenho

da ferramenta.

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