Elienai Cabral Comentario Biblico Efesios

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    Precisamos de seu auxlio para esta obra. Boa leitura!E-books Evanglicos

  • Elienai Cabral

    Comentrio

    BblicoEfsios

  • Todos os direitos reservados. Copyright 1983 para a lngua portuguesa da Casa Publicadora das Assemblias de Deus.

    Copidesque: Glucia Victer Reviso: Alexandre Coelho Capa e projeto grfico: Eduardo Souza Editorao: Rodrigo Fernandes

    234 Salvao, obedincia, conduta de vida Cabral, Elienai

    CABc Comentrio Bblico: Efsios .../ Elienai Cabral 3 Ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assemblias de Deus, 1999 p. 168 CM. 14X21

    ISBN 85-263-0244-2

    1. Salvao 2. Obedincia 3. Conduta de vida

    CDD 234

    Casa Publicadora das Assemblias de DeusCaixa Postal 33120001-970, Rio de Janeiro, RJ

    3 edio/1999

  • Sumrio

    Prefcio

    Introduo

    Palavra do Autor

    1- O Glorioso Propsito da Salvao

    2- A Unidade dos Crentes em Cristo

    3- A Conduta dos Crentes em Cristo

    4- A Conduta dos Crentes no Mundo

    5- A Conduta dos Crentes no Lar

    6- A Conduta dos Crentes no Trabalho

    7- A Conduta dos Crentes na Batalha Espiritual

  • PrefcioAcedi com alegria ao gentil pedido do meu irmo e amigo Elienai Cabral para

    escrever este prefcio. O motivo da minha alegria est, principalmente, na certeza de que esta obra cumprir uma abenoada misso entre os evanglicos de lngua portuguesa, to carentes desse tipo de literatura no seu prprio idioma.

    O pastor Elienai Cabral, neste importante comentrio Carta aos Efsios, cumpre zelosamente um dos aspectos mais duradouros do seu trplice ministrio de escritor, pregador e conferencista dos mais apreciados em todo o Brasil. Como autor de livros, basta salientar a excelente consagrao de seu primeiro lanamento pela CPAD, O Pregador Eficaz.

    Na elaborao dos comentrios de Carta aos Efsios, Elienai Cabral analisou os grandes temas dessa maravilhosa epstola paulina, abraando os mesmos princpios de fidelidade s doutrina que nortearam a vida do grande apstolo aos gentios. Nenhuma concesso foi feita, nem ao modernismo teolgico que elimina todas as gloriosas verdades escatolgicas da epstola, nem ao radicalismo farisaico de alguns, que no economiza aplau-sos doutrina da justificao pela f apenas para, hipocritamente, negar as boas obras exigidas pela mesma f. (Convm salientar que a verdadeira hermenutica jamais encontra quaisquer contradies entre Paulo e Tiago, pois enquanto este salienta na sua carta a justificao da f diante dos homens mediante as obras, aquele enfatiza a justificao do homem diante de Deus, o que somente pode ocorrer pela f. Portanto, tratam ambos os apstolos de assuntos inteiramente distintos. Comentando Efsios 2.10, Elienai Cabral registra: "Feitos novos, podemos agora andar num novo caminho e fazer as boas obras. O fazer boas obras independe da vontade do regenerado, porque parte de sua vida nova. Isto est em consonncia com o objetivo da nossa eleio, conforme est escrito: 'para sermos santos e irrepreensveis perante Ele', Ef 1.4".)

    O meu sincero desejo e a minha fervente orao no sentido de que os leitores desta obra sejam verdadeiramente conduzidos pelo Esprito Santo aos "lugares celestiais em Cristo Jesus" e ali permaneam arraigados e alicerados em amor, a fim de compreenderem, "com todos os santos, qual a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo o entendimento", para que sejam cheios de toda a plenitude de Deus. Estou certo de que esse mesmo ardente desejo de Paulo revelado aos cristos de feso constrangeu, tambm, o pastor Elienai Cabral a entregar-se dedicadamente difcil tarefa de preparar este valiosssimo livro, que tanto enriquece a Igreja e enaltece o glorioso nome de Jesus.

    Rio de Janeiro, maro de 1983 Abrao de Almeida

  • IntroduoA Carta aos Efsios j tem sido apresentada por vrios telogos e estudiosos do Novo

    Testamento como sendo a rainha das epstolas paulinas, tanto por sua beleza expressa quanto pela sublimidade espiritual na qual coloca o crente que a l.

    No havia uma circunstncia especfica nem qualquer controvrsia que provocasse a necessidade dessa carta. Ela abrangente e com sentido universal, porque se tem a impresso de que Paulo a escreveu para todas as igrejas locais que resultaram de seu trabalho missionrio. Como disse certo escritor, "ela tem uma qualidade quase meditativa".

    1. LUGARfeso era uma prspera cidade, perto de porto martimo na sia Menor. Era uma

    colnia romana na costa ocidental e constitua-se rota obrigatria de caravanas para o Oriente. De feso, partiam estradas que davam acesso s grandes cidades pertencentes quela provncia. A cidade estava situada a quatro quilmetros de distncia do mar Egeu, junto ao rio Caister, naquele tempo navegvel e com sada para o mar.

    Devido sua posio geogrfica, feso era ponto estratgico, no sentido religioso e territorial. Religiosamente, era uma cidade paga, e destacava-se nela a imagem do templo de Artemis, deusa tambm conhecida como "a grande Diana dos efsios". A vida cotidiana do povo era grandemente influenciada pela adorao desse dolo. A indstria e o comrcio, e mesmo o lazer popular, encontravam em Artemis sua grande inspirao.

    Geograficamente, feso tornou-se ponto estratgico tambm para o trabalho missionrio de Paulo na sia.

    Hoje, restam apenas runas daquela que chegou a ser uma grande metrpole e capital de provncia. Runas que ficaram como mostrurio, por exemplo, da Via Arcadiana, toda pavimentada de mrmore e com quinhentos metros de extenso; do teatro romano para 25 mil lugares; de um estdio para jogos; e do templo de Artemis, entre outros.

    2. DATANo h uma data especfica, mas provvel para o perodo em que foi escrita a carta.

    Talvez tenha sido entre 61 e 63 d.C, quando o apstolo estava preso em Roma; por isso, a carta considerada uma das "cartas da priso". No ano 64, ocorreu o incndio de Roma, e, provavelmente, na primavera de 63, Paulo foi liberto da priso.

    3. DESTINATRIOSA quem escreveu Paulo essa carta? Foi realmente aos efsios? Ou teria sido igreja

    de Laodicia, ou quem sabe de Colossos?Essa questo tem sido levantada atravs dos sculos pelos crticos. Entretanto, os

    exegetas modernos tm apresentado vrios problemas quanto destinao da epstola, com base num trecho do primeiro versculo (Ef 1.1) que diz: "aos que esto em feso" (grifo nosso). O ponto central que a expresso "em feso" no se encontra na maioria dos manuscritos mais antigos, ou seja, Paulo parece ter omitido a localizao geogrfica de seus destinatrios. Outra dificuldade apontada pelos crticos modernos so dois textos dentro da

  • epstola que do a idia de que Paulo tivesse tido pouca familiaridade com os efsios. O tom distante com que ele fala sobre ter "ouvido" acerca da f de seus leitores (1.15), e sobre o terem eles "ouvido" falar de seu ministrio (3.2), d a impresso de ter escrito para outra igreja.

    Seria Laodicia que a recebeu? Essa igreja tem sido apontada por estudiosos como possvel destinatria da carta, uma vez que certa tradio antiga a identifica como tal.

    Alguns eruditos sugerem que os copistas dos manuscritos originais suprimiram Laodicia por causa do que est escrito acerca dessa igreja em Apocalipse 3.14-22, e ainda que outros copistas teriam colocado feso no lugar por causa da relao ntima que Paulo tinha com esta igreja. Entretanto, no provvel que tenha havido qualquer alterao; a maior probabilidade seria a de que a carta tinha um cunho circular, isto , fora redigida para ser lida em vrias igrejas locais da sia Menor prximas a feso.

    Cremos que o problema em torno do destinatrio no afeta em nada o objetivo teolgico e doutrinrio da carta.

    4. AUTORIAOutro problema levantado, ainda que sem muito argumento, quanto autoria da

    carta. Um erudito norte-americano por nome E. J. Goodspeed apresentou a teoria de que o autor tenha sido algum cristo atuante e admirador do apstolo Paulo. Sugeriu ainda o nome de Onsimo, o escravo convertido na priso em Roma e que fora escravo de Filemom. Porm, no h nenhuma possibilidade de aceitao dessa idia. A objeo interna levantada quanto autoria paulina est na citao de algumas expresses que parecem no ser prprias de Paulo nem do seu estilo. Entretanto, as provas que afirmam a autoria paulina so mais fortes que as contra-argumentaes, pois a Epstola aos Efsios conta com forte e notvel confirmao histrica, no deixando dvida alguma sobre a sua autoria. Paulo foi, realmente, o autor dessa maravilhosa carta. Tquico, tambm ministro do Evangelho, foi o portador dessa e de outras cartas paulinas (Ef 6.21,22).

    O ministrio de Paulo em feso foi muito prspero. Por mais de dois anos (At 19.8,10) ele andou e pregou livremente naquela regio, aproveitando todas as oportunidades surgidas. Em feso ele fez um contato mais direto com o povo da cidade, mais que em qualquer outro lugar. Lucas, o mdico amado e autor de Atos dos Apstolos, observador criterioso que era, notou esse fato quando afirmou: "... todos os que habitavam na sia ouviram a palavra do Senhor Jesus, tanto judeus como gregos" (At 19.10). Escreveu mais sobre aquela regio, afirmando que a Palavra do Senhor crescia e prevalecia (At 19.20), e que o nmero dos que creram foi grande (At 19.26,27).

  • Palavra do AutorAo entrarmos nos portais da Carta aos Efsios, estaremos penetrando nas "regies

    celestiais", onde teremos uma viso dos propsitos divinos para a Igreja na face da terra de uma maneira deslumbrante.Neste singelo comentrio, no tivemos a pretenso de responder a todas as dvidas, nem de refutar pontos de vista divergentes sobre o texto da carta. Nosso desejo , sobretudo, glorificar o grande Salvador, nosso Senhor Jesus Cristo, e contribuir para a elucidao das partes mais importantes aos estudantes da Palavra de Deus.

    A Carta aos Efsios conta a fantstica histria da salvao no plano estabelecido antes da fundao do mundo. E a histria mais linda e maravilhosa que o Esprito Santo inspirou ao grande "apstolo das gentes", Paulo.

    Tal a sublimidade dessa histria, que temos a impresso de que samos da limitada dimenso humana e entramos na dimenso espiritual. E a esta que o apstolo Paulo denomina de "regies celestiais", nas quais podemos alcanar os pncaros e as profundezas da glria de nossa salvao. Para penetrar nas "regies celestiais" (1.3), preciso ter f, uma f transcendental, com olhos e mente espirituais.

    Para compreender essa maravilhosa prola neotestamentria, no preciso ser telogo. Basta submeter-se ao Esprito Santo atravs da meditao e da orao, no estudo da carta, e o prprio Esprito nos far adentrar os tesouros imensurveis encontrados nessa epstola paulina.

    Norman B. Harrison, em seu livro Efsios, O Evangelho das Regies Celestiais, pg. 6, escreveu o seguinte: "queles que se aproximarem da Carta aos Efsios na atitude de ceder humildemente necessidade da sabedoria celestial, da mente ativada pelo Esprito Santo, de olhos do corao iluminados (1.18), surgir, das pginas da epstola, para ser registrado na retina da alma, o retrato da vida mais extasiante que algum possa esperar ter sem ser, agora, transportado ao prprio Cu".

    Caro leitor, deixe-se transportar para as "regies celestiais" pelo Esprito Santo! Ento conhecer os mistrios gloriosos da salvao, somente revelados aos crentes em Cristo.

    Que este modesto trabalho conduza sua mente a descobertas maiores e mais profundas, escondidas na Carta aos Efsios e no apresentadas neste livro.

    Para a glria de Deus Pai, e de seu Filho, Jesus Cristo, esperamos que o Esprito Santo conduza a nossa mente ao corao da Carta aos Efsios.

  • 1O Glorioso Propsito da Salvao

    Esboo

    1. Saudao 1.1,21.1. Sua identificao pessoal v. 11.2. Sua identificao ministerial v. 11.3. Sua saudao aos destinatrios v. 11.4. O sentido da saudao crist v. 2

    2. Bnos espirituais em Cristo 1.32.1. A fonte das bnos v. 32.2. Bnos cristocntricas v. 32.3. A sublimidade das bnos espirituais v. 3

    3. Escolhidos pelo Pai 1.4-63.1. O sentido das palavras "eleger" e "escolher" v. 43.2. A questo do ato soberano de Deus v. 43.3. O destino dos crentes feito na eternidade v. 53.4. Escolhidos para filhos de Deus v. 53.5. Escolhidos por causa do Amado v. 6

    4. Remidos pelo Filho 1.7-124.1. Jesus, o Redentor v. 74.2. O fato da redeno v. 74.3. O efeito da redeno v. 84.4. A revelao do ministrio da redeno v. 94.5. A dispensao da redeno v. 104.6. A plenitude dos tempos da redeno v. 104.7. A grande bno da redeno v. 114.8. A predestinao no propsito da redeno v. 114.9. A soberania do conselho da vontade divina na redeno vv. 11,124.10. A promessa da redeno para judeus e gentios v. 12

    5. Selados com o Esprito Santo 1.13,145.1. O ministrio do Esprito Santo na redeno vv. 13,145.2. O selo da redeno v. 135.3. A identificao do selo como promessa v. J35.4. O penhor da redeno v. 14

    6. Primeira orao do apstolo Paulo 1.15-236.1. Dois aspectos da vida de orao de Paulo v. 166.2. A orao de intercesso pelos crentes de feso v. 166.3. Trs pedidos especiais na orao do apstolo vv. 17,186.4. Trs possibilidades expressas na orao v. 186.5. As riquezas espirituais encontradas atravs da orao v. 19

  • 6.6. Paulo exalta a Cristo na sua orao vv. 20-236.6.1. Cristo acima de todos os poderes espirituais v. 216.6.2. Cristo acima de todo o nome v. 216.6.3. Cristo acima de todas as coisas v. 226.6.4. Cristo como cabea da Igreja v. 226.6.5. Cristo como Senhor do seu corpo, a Igreja v. 236.6.6. Cristo, a plenitude do seu corpo, a Igreja v. 23

    7. Salvos pela graa 2.1-107.1. No passado, apresenta o que ramos vv. 1-37.1.1. ramos mortos em delitos e pecados v. 17.1.2. ramos andantes perdidos v. 27.1.3. Seguamos o curso deste mundo v. 27.1.4. Fazamos a vontade da carne v. 37.1.5. Fazamos a vontade dos pensamentos v. 37.1.6. ramos por natureza filhos da ira v. 37.2. No presente, apresenta o que somos agora vv. 4-67.2.1. Somos filhos da misericrdia de Deus v. 47.2.2. Fomos vivificados com Cristo v. 57.2.3. Temos uma nova cidadania nos lugares celestiais v. 67.2.4. Fomos colocados num plano espiritual elevado v. 67.3. No futuro, apresenta o que seremos depois 2.7 7.3.1. Demonstrao eterna da obra redentora v. 77.4. A manifestao da graa de Deus vv. 8-107.4.1. A fonte da salvao conquistada v. 87.4.2. O meio da salvao conquistada v. 97.4.3. O resultado da salvao conquistada v. 10

    1. SAUDAO 1.1,2

    Paulo sempre teve uma maneira peculiar de iniciar suas cartas sem fugir ao estilo da poca. A carta inicia com o nome do escritor, depois o do destinatrio e, finalmente, a saudao. Paulo toma o estilo convencional de seu tempo e o coloca num nvel mais elevado, porque seu tratamento para irmos na f.

    1.1. Sua identificao pessoal v. 1Ele comea, como de praxe na poca, com o primeiro nome, "Paulo", e, a seguir,

    apresenta os ttulos mais importantes, que lhe asseguram uma autoria apostlica. Aps iniciar com o nome, Paulo designa a si mesmo "servo de Jesus Cristo". Um ttulo que todos os verdadeiros cristos possuem, se realmente servem ao Senhor Jesus Cristo.

    1.2. Sua identificao ministerial v. 1Apstolo o ttulo que ele mais usa em referncia a si mesmo. O Novo Testamento

    apresenta trs significaes para esse ttulo:a) D a idia de um mensageiro (2 Co 8.23);b) Quando Paulo e Barnab so enviados pela igreja de Antioquia para pregar, o

    sentido da palavra "apstolo" toma o significado de enviado (At 14.4-14);

  • c) A significao de "apstolo" nessa carta a de embaixador de Cristo (2 Co 5.20).Em princpio, embaixador referia-se quase que exclusivamente aos 12 apstolos,

    nomeados e enviados por Jesus e feitos testemunhas oculares de sua ressurreio. Paulo no foi um dos 12, mas afirma convictamente ter sido enviado por Cristo e se denomina, em vrias de suas cartas, como "apstolo de Jesus Cristo" (Rm 1.1; 1 Co 1.1; 2 Co 1.1; Gl 1.1; Ef 1.1; 1 Tm 1.1; Tt 1.1). Paulo se diz apstolo de Jesus Cristo no s no sentido de pertencer a Ele, mas tambm no de ser enviado por Ele como embaixador a terras estrangeiras.

    1.3. Sua saudao aos destinatrios v. 1Aps apresentar-se, Paulo faz sua saudao aos "santos que esto em feso, e fiis

    em Cristo Jesus". A designao da palavra "santos" aos crentes freqente no Novo Testamento. Essa palavra aparece outras vezes nessa mesma carta com o sentido especial de "separados". Os santos so "os separados" para o servio de Deus. A palavra tem sentido ativo, isto , diz respeito aos crentes santificados e separados da vida do mundo.

    1.4. O sentido da saudao crist v. 2No verso 2 encontramos duas outras palavras muito usadas nas saudaes

    apostlicas, que so "graa e paz". No mesmo versculo est a procedncia dessa expresso: "da parte de Deus nosso Pai e da do Senhor Jesus Cristo". Os judeus usavam apenas a palavra shalom (paz), mas os cristos primitivos acrescentaram-lhe mais uma palavra graa, e passaram a se cumprimentar com "graa e paz", dando uma significao singular saudao crist. Graa expressa o favor soberano de Deus para os homens, como fonte de todas as bnos; paz, o ato reconciliador do homem com Deus por meio de Jesus Cristo. Graa e paz so ddivas, tanto do Pai como do Filho.

    2. BNOS ESPIRITUAIS EM CRISTO 1.3

    2.1. A fonte das bnos v. 3"Bendito o Deus e Pai". A palavra "bendito" tem um sentido exclusivo e singular,

    porque restringe-se a Deus. S Ele digno de ser bendito. Porm, os homens tornam-se benditos quando recebem as bnos da parte desse Deus bendito. O vocbulo indica que o crente pode usar palavras sobre Deus que evidenciem suas ddivas. O uso dessa expresso pelo apstolo no incio da carta surge como uma cano oferecida a Deus por suas grandes bnos. uma forma de louvor. Paulo estava cheio da graa divina ao escrever essa carta, por isso brotavam de seus lbios muito louvor e adorao. Por trs vezes, nos versos 6, 12 e 14 do mesmo captulo, o apstolo ensina que a finalidade de todas as coisas que Deus realiza para louvor de sua glria.

    "... o qual nos abenoou", ou como est noutra traduo, "o qual nos tem abenoado". A primeira verso, "nos abenoou", pretrito perfeito simples, situa no tempo passado uma ao completa e acabada; a segunda, "nos tem abenoado", pretrito perfeito composto, indica a ao repetida que continua, do passado at o presente. Tanto uma quanto outra apontam para uma fonte de onde jorram todas as bnos espirituais.

    2.2. Bnos cristocntricas v. 3"... com todas as bnos espirituais... em Cristo" outra forte expresso que nos

    revela serem cristocntricas todas as bnos recebidas. Todas partem dEle e se manifestam nos crentes. As palavras "em Cristo" indicam o relacionamento ntimo do crente com Jesus.

  • A expresso "bnos espirituais" nos faz entender que todas as bnos, quer materiais ou espirituais, procedem da mesma fonte Cristo. Muitas bnos so dadas na forma material, mas esto diretamente relacionadas com a nossa vida espiritual.

    2.3. A sublimidade das bnos espirituais V. 3"... nos lugares celestiais" uma expresso que denota a sublimidade da vida crist,

    ou seja, o nvel mais elevado no qual fomos colocados. Se somos espirituais, ainda que no corpo mortal, nossas vidas so espirituais. Estamos no mundo, mas no somos do mundo (Jo 17.14,15). Paulo chama a ateno para o fato de que, assim como Cristo est assentado destra do Pai nos lugares celestiais (v. 20), tambm ns, em Cristo, j estamos como que levantados deste mundo. uma posio "em Cristo" e um estado "em Cristo". Portanto, nossa vida neste mundo cristocntrica. Alguns intrpretes preferem "bens celestiais" em vez de "lugares celestiais". Entretanto, a colocao da palavra "lugares" indica uma posio espiritual elevada em que o crente regenerado posto: a partir do momento da regenerao, o crente se torna uma nova criatura (2 Co 5.17), vivendo numa nova dimenso espiritual "em Cristo Jesus".

    3. ESCOLHIDOS PELO PAI 1.4-6

    3.1. O sentido das palavras "eleger" e "escolher" v. 4Nessa passagem temos a participao do Pai celestial na nossa redeno, como o

    texto mesmo indica: "... nos elegeu nele antes da fundao do mundo". As palavras eleger e escolher tm o mesmo sentido. A forma do verbo escolher no grego est no passado, e o significado literal da expresso "nos elegeu (escolheu) nele" d uma idia mais forte, que : "escolheu-nos para si mesmo". Doutra forma, o Pai nos "elegeu em Cristo ("nele") para sermos seus.

    3.2. A questo do ato soberano de Deus v. 4H quanto tempo Ele nos escolheu? "... antes da fundao do mundo". O ato de

    escolher-nos antes de todas as coisas revela a prescincia de Deus. A questo da prescincia divina deu origem doutrina da predestinao absoluta. Algumas correntes de interpretao tm procurado defender o ato soberano de Deus como capaz de escolher a quem quer, como e quando quer. claro que o sentido da palavra "escolher" nos obriga a raciocinar, pois o sentido desse vocbulo implica separar uns e deixar outros. Por sua prescincia, Deus conhece os que ho de se salvar e os que se perdero. Porm, esse fato no d direito a ns, objetos ou no dessa eleio, de julgar ou delimitar a ao da soberania de Deus. Entendemos a vontade soberana de Deus para fazer e desfazer, salvar ou deixar de salvar, escolher ou no o que lhe apraz, mas no podemos aceitar a idia de que Deus possa, por causa de sua soberana vontade, rejeitar um pecador arrependido. A vontade soberana de Deus tem seu princpio na justia, e a escolha dos crentes feita segundo a obra expiatria de Cristo Jesus, seu Filho, que cumpriu a justia exigida para dar oportunidade a todos quantos o aceitam por Salvador e Senhor. Assim como a pregao do Evangelho engloba todas as criaturas na face da terra, tambm e global o alcance da vontade soberana de Deus na escolha dos salvos. Nossa f em Cristo e a aceitao de sua obra redentora so a base de nossa eleio. Assim como o povo de Israel foi escolhido em Abrao, os crentes neotestamentrios foram escolhidos em Cristo.

  • 3.3. O destino dos crentes feito na eternidade v. 5"E nos predestinou para filhos de adoo por Jesus Cristo". Esse versculo indica que

    o destino foi determinado antes. A palavra "predestinar" mostra que o destino dos eleitos foi feito na eternidade. A expresso "filhos de adoo por Jesus Cristo" apresenta a posio atual dos crentes. No passado ramos apenas criaturas de Deus, afastadas da sua comunho, mas pela f em Cristo (Gl 3.6) fomos recebidos como filhos e conquistamos a posio de filhos legtimos (Jo 1.12).

    3.4. Escolhidos para filhos de Deus v. 5Fomos feitos filhos de adoo "para si mesmo". Isso revela o passado e o presente

    dos crentes. Todos fomos feitos e criados para viver em comunho com Deus, como filhos de Deus (Gn 1.26; At 17.28). Pelo pecado, tal privilgio se perdeu, mas pela graa de Deus, em Cristo e atravs dEle, fomos restaurados filiao (Jo 1.12). Esse ato divino foi feito em Cristo segundo "o beneplcito de sua vontade", isto , a vontade soberana de Deus e o seu grande amor (Rm 5.8) promoveram essa eleio. Todos os que nascem de novo (Jo 3.3) nascem segundo o supremo propsito divino para viver e servir a Deus.

    3.5. Escolhidos por causa do Amado v. 6"Para louvor e glria da sua graa, pela qual nos fez agradveis a si no Amado", v. 6.

    Nesse versculo, a segurana de nossa aceitao como filhos de Deus est no Amado, que Cristo. Ele o Filho amado de Deus (Mt 3.17; 17.5), e em Colossenses 1.13 temos uma expresso paralela que afirma ser Jesus "o Filho do seu amor". A graa de Deus se manifestou a ns por causa do seu amado Filho Jesus!

    4. REMIDOS PELO FILHO 1.7-12

    4.1. Jesus, o Redentor v. 7A parte da redeno compete ao Filho de Deus, Jesus Cristo. Ele o nosso Redentor.

    Para entendermos este assunto devemos conhecer o sentido da palavra redeno, que significa comprar outra vez. Cristo pagou o preo de nossa redeno. Visto que Ele foi o preo dessa redeno, fomos libertados para Deus (Mt 20.28). O homem no pode redimir-se por outro meio que no seja a obra expiatria de Cristo. Ser redimido a necessidade bsica que o pecador tem da graa de Deus.

    4.2. O fato da redeno v. 7"... em quem temos a redeno". A redeno est ligada idia de sacrifcio com

    derramamento de sangue (Lv 17.11; Hb 9.22). A morte de Jesus com o derramamento do seu precioso sangue resultou na remisso de nossos pecados. O efeito da redeno a nossa justificao (Rm 5.1). Todos os pecados foram expiados pelo sangue de Cristo, como diz ainda o versculo: "... pelo seu sangue, a remisso das ofensas...". A remisso dos pecados foi um ato do amor grandioso de Deus, conforme registra a Escritura em continuao: "... segundo as riquezas da sua graa". O acesso s riquezas da graa de Deus precedido pela remisso dos pecados, que deve ter ao constante contra os pecados involuntrios que cometemos, pois se a pena do pecado foi apagada na cruz, temos agora de vigiar contra o poder do pecado que procura impedir nossa comunho verdadeira com Deus.

    4.3. O efeito da redeno v. 8"Que ele fez abundar para conosco". A abundncia das "riquezas da sua graa" (v. 7)

  • ter sua efetivao mediante o perdo dos pecados, "em toda a sabedoria e prudncia". O sentido dessa expresso indica o pleno conhecimento que todo crente deve ter de si mesmo, de sua salvao, de seu estado moral e de suas relaes com Cristo. A forma de vida que adotamos como crentes que determina a disposio de Deus para que abundemos nas "riquezas da sua graa". A bno da redeno no verso oito estritamente divina, sem nenhum mrito humano.

    4.4. A revelao do mistrio da redeno v. 9"Descobrindo-nos o mistrio da sua vontade". Qual ser esse mistrio? Qual o

    mistrio da sua vontade descoberto hoje? a salvao eterna em Cristo Jesus, revelada como o "mistrio da piedade" (1 Tm 3.16). Esse mistrio glorioso "se fez carne" na pessoa de Jesus Cristo (Jo 1.14).

    4.5. A dispensao da redeno v. 10"... dispensao da plenitude dos tempos". A palavra "dispensao" significa

    administrao. O Novo Testamento emprega essa palavra para referir-se s diferentes administraes das bnos de Deus. A Bblia fala de sete dispensaes, e cada uma eqivale a um perodo especial em que Deus administrou sua economia na terra. No grego, a palavra "dispensao" oikonomia e dela deriva a palavra "economia". No uso bblico, dispensao a administrao divina sobre todas as coisas criadas. O sentido literal a administrao dos assuntos de uma casa.

    4.6. A plenitude dos tempos da redeno v. 10"Plenitude dos tempos" uma expresso que indica o fim de uma poca ou de um

    perodo em que Cristo colocar cada coisa no seu lugar, e tudo quanto Deus planejou em Cristo, segundo o seu eterno propsito, alcanar completa realizao. Nos versculos anteriores, Cristo completou a obra que tinha que fazer em relao salvao da humanidade; completada toda a obra, Deus Pai reunir "em Cristo todas as coisas". A expresso "todas as coisas" inclui "tanto as que esto nos cus como as que esto na terra" (Cl 1.16-19) e devem ser reunidas em Cristo. TUDO deve ser renovado e restaurado em Cristo. O sentido da palavra "reunir" recapitular, ou somar em um, ou unir sob uma cabea. E o que Deus far! Um dia Deus juntar em Cristo todos os remidos pelo seu sangue. A redeno efetuada por Cristo inclui o cu e a terra, quando Ele restabelecer tudo para uma nova vida, um novo reino espiritual e eterno, em que os mpios e os demnios sero lanados fora da presena de Deus para sempre (Ap 21.8). A expresso "juntar todas as coisas em Cristo" no se limita apenas Igreja arrebatada, mas refere-se tambm a todo o universo. A parte final do versculo "tanto as que esto nos cus como as que esto na terra" inclui toda a criao. Homens e anjos, absolutamente tudo h de encontrar seu fim no grande vitorioso: JESUS (Cl 1.15,16).

    4.7. A grande bno da redeno v. 11"Nele, digo, em quem tambm fomos feitos herana". O direito herana

    alcanado, no por mera casualidade nem por mritos humanos, mas pela graa de Deus, pelo cumprimento do seu propsito, tornando-nos aptos para receber esta gloriosa bno "feitos herana" do Senhor. No Antigo Testamento o povo de Israel era a herana de Deus, mas perdeu esse direito por sua incredulidade. Em seu lugar, isto , em Cristo, fomos feitos herana sua. O texto indica que nos fez herana dEle, conquistada no Calvrio por Ele e para Ele. Agora somos co-herdeiros com Cristo da herana que Deus nos tem preparado na

  • eternidade, segundo o seu eterno propsito.

    4.8. A predestinao no propsito da redeno v. 11"... havendo sido predestinados conforme o propsito daquele que faz todas as

    coisas". A colocao da palavra "predestinao" nesse texto tem dado margem a uma interpretao errada sobre a questo da soberania de Deus. O fato da soberania de Deus incontestvel, mas o resultado proposto por muitos intrpretes injusto, pois torna este Deus, soberano em sua vontade, injusto e incoerente com sua prpria Palavra. Deus soberano e faz o que lhe apraz, mas Ele justo e imparcial, dando a todos os homens a mesma oportunidade. Entretanto, Deus conhece aqueles que lhe servem e os que no querem servi-lo. O significado da palavra "predestinar" estabelecer o destino antes. Deus estabeleceu o destino de todos os que aceitaram a Cristo como Senhor e Salvador para pertencerem herana divina. Em Romanos 8.28, a Escritura diz que somos "chamados por seu decreto". O destino dos crentes em Cristo est predestinado automaticamente para a salvao. O livre-arbtrio das pessoas indicar o seu destino escolhido. Na aceitao ou rejeio da obra de Cristo se cumprir a soberana vontade de Deus. Ele conhece cada ser humano, em todos os tempos, e no se esquece de nenhum detalhe. Conhece os milhes e milhes de coraes livres para decidirem sobre suas prprias vidas, e Ele sabe quais e quantas aceitaro sua vontade divina.

    4.9. A soberania do conselho da vontade divina na redeno vv. 11,12A gloriosa esperana dos crentes est no fato de que Deus fez tudo "segundo o

    conselho da sua vontade" (v. 11). Esse conselho indica a Trindade constituda do Pai, do Filho e do Esprito Santo decidindo o destino dos homens. As palavras "predestinados", "propsito", "conselho" e "vontade" esto em ntima relao e mostram claramente toda a soberania de Deus. O fim desse propsito divino revela-se no verso 12, quando diz que alcanamos essas bnos "para louvor da sua glria".

    4.10. A promessa da redeno para judeus e gentios v. 12As palavras finais do versculo dizem: "... ns, os que primeiro esperamos em

    Cristo". A quem Paulo est se referindo? Aos judeus, visto que ele mesmo era judeu. A colocao da frase indica o seu estado anterior quando desconhecia a Cristo. Paulo estabelece aqui o contraste entre os judeus e os gentios para mostrar que, tanto uns quanto outros, tm o mesmo direito de posse em Cristo. Por outro modo, Paulo designa os judeus ("ns") que esperavam a promessa da primeira vinda de Jesus (Is 53) quando diz: "... ns, os que primeiro esperamos". Depois, no verso 13, ele se dirige aos gentios convertidos ("vs") que tm recebido o "Esprito Santo da promessa". Portanto, judeus e gentios tm os mesmos direitos e privilgios em Cristo Jesus, nosso Senhor.

    5. SELADOS COM O ESPRITO SANTO 1.13,14

    O verso 13 diz literalmente: "... e, tendo nele tambm crido, fostes selados com o Esprito Santo da promessa". Aqui Paulo inclui tanto judeus como gentios na participao da promessa do Esprito Santo. A expresso inicial "tendo nele crido" refere-se naturalmente a Cristo, e o pronome "vs" indica os que haviam crido em Cristo. No versculo 12 Paulo usou o pronome "ns" para referir-se aos judeus, e no 13, o pronome "vs" para referir-se aos gentios participantes da mesma bno.

  • 5.1.0 ministrio do Esprito Santo na redeno w. 13,14Os dois versculos apresentam o ministrio do Esprito Santo revelando-nos que, sem

    a participao dEle para promover a f em Cristo (Jo 16.8-10), a salvao seria incompleta. O Pai a planejou, o Filho a providenciou e o Esprito Santo a aplicou. E a terceira pessoa da Trindade quem nos leva a nos apropriarmos dessa f em Cristo.

    5.2. O selo da redeno v. 13"... fostes selados". O ato de selar tem o significado de marcar alguma coisa.

    publicar o direito de posse sobre o objeto selado. Quando cremos em Jesus, o Esprito Santo procura assegurar seu direito de posse sobre ns, no importa a classe, raa ou lngua. Em Cristo tornamo-nos um s povo, tendo a mesma marca o Esprito Santo. Vrias so as razes pelas quais se usa um selo. Primeira, para certificar e confirmar como verdadeira alguma coisa. Segunda, para assinalar propriedade particular. Terceira, para assegurar direito de posse. O testemunho desse selo nos crentes se encontra em vrias passagens bblicas, como Romanos 5.5; 8.16 e 1 Joo 5.10.

    5.3. A identificao do selo como promessa v. 13"... com o Esprito Santo da promessa" uma expresso que indica a promessa divina

    feita tanto no Antigo como no Novo Testamento. A promessa da operao do Esprito Santo em ns, sobre ns, ao redor e dentro de ns explica o sentido do versculo 13. O fruto do Esprito (Gl 5.22) o resultado vibrante e visvel do selo do "Esprito Santo da promessa" nos crentes.

    5.4. O penhor da redeno v. 14"O qual o penhor da nossa herana". Outra vez fala do Esprito Santo. A palavra

    penhor tem o sentido de alguma coisa de valor dada para assegurar o direito de posse. A continuao do verso "para redeno da possesso de Deus" aclara o 13. Notemos que a possesso espiritual recproca, pois tanto nossa quanto de Deus. Temos posse do Esprito Santo, e essa possesso assegura o mesmo direito a Deus somos dEle! Nossa herana ampla, pois a temos em parte aqui na terra, como a temos no Cu, e o Esprito Santo em ns direito herana prometida no Cu.

    6. PRIMEIRA ORAO DO APSTOLO PAULO 1.15-23

    Nesses versculos, Paulo, com corao devoto, lembrando-se de seus leitores, orando e agradecendo a Deus por eles, numa demonstrao do seu esprito altrusta e intercessrio, ensina-nos uma grande lio. Nos versos 3 a 14 do mesmo captulo, nossa posio em Cristo assegurada pelas trs bnos principais que emanam de Deus: fomos eleitos em Cristo para sermos santos e irrepreensveis; fomos remidos pelo seu sangue; e fomos selados com o Esprito Santo at o dia em que corpo, alma e esprito sejam plenamente livres para o gozo eterno.

    Depois que Paulo mostrou essas trs bnos divinas, orou pelos efsios, impelido pelo grande amor que tinha para com aqueles irmos na f. Orou pelo crescimento espiritual da igreja e, no verso 16, disse ainda: "No cesso de dar graas a Deus por vs".

    6.1. Dois aspectos da vida de orao de Paulo v. 16Dois aspectos da vida de orao do apstolo so destacados no versculo 16. Em

  • primeiro lugar, sua constncia na orao e o contnuo apelo aos crentes para que orassem sem cessar (Rm 12.12; Ef 5.18; Cl 4.2; 1 Ts 5.17). O segundo aspecto de sua orao est no agradecimento. Ele ensinou igreja que a intercesso deve estar acompanhada de louvores ao Senhor (Ef 5.19; Fp 4.6; Cl 3.15-17; 4.2; 1 Ts 5.18).

    6.2. A orao de intercesso pelos crentes de feso v. 16A intercesso na orao eficaz em seus resultados e denota um esprito altrusta e

    desprendido de si mesmo. Paulo preocupava-se constantemente com o nvel espiritual dos crentes em feso, por isso, mesmo estando numa priso em Roma, intercedia por aqueles irmos.

    6.3. Trs pedidos especiais na orao do apstolo vv. 17,18A orao do "apstolo das gentes" teve trs pedidos especiais para os crentes da

    igreja em feso. Ele comea com as palavras [que Ele] vos d" (v. 17) e apresenta a seguir os trs pedidos. Primeiro, "o esprito de sabedoria". Segundo, "[o esprito] de revelao". Terceiro, que lhes fossem "iluminados os olhos do... entendimento".

    6.3.1. O primeiro pedido: "Para que... vos d... o esprito de sabedoria" (v. 17)A palavra "esprito" nesse versculo refere-se ao esprito humano, no a outro esprito

    (Rm 1.9; 2 Co 7.13; Ef 4.23; Cl 1.9). Entretanto, entendemos que o Esprito Santo quem opera no prprio esprito do crente. O pedido de Paulo para que Deus desse "o esprito de sabedoria e de revelao" refere-se experincia crist vivida pelos efsios, por isso desejava que tal experincia fosse fortalecida na f. Que sabedoria era essa? A sabedoria espiritual, a fim de que tivessem pleno conhecimento da verdade divina, e ainda uma viso clara e racional do significado da vida crist. "O esprito de sabedoria" dado pelo Esprito Santo que habita no interior do crente em Cristo e contrasta com a simples sabedoria humana. Ter o "esprito de sabedoria" ter conhecimento de Deus. E penetrar nos seus tesouros imensurveis. No captulo 12.8 da Primeira Carta aos Corntios, o apstolo Paulo, quando fala acerca dos dons do Esprito, apresenta, entre os demais dons, aquele que ele denomina de "dom de sabedoria". Sem dvida, quando ele ora em favor dos efsios, pede que Deus lhes d esse dom, que habilita o crente a saber viver uma vida crist vitoriosa, podendo distinguir todos os valores espirituais. Ter o "esprito de sabedoria" ter a ao do Esprito Santo aclarando os mistrios espirituais atravs da mente; ter luz sobre a glria do Cristo ressurreto; a capacitao para saber distinguir entre o bem e o mal; o poder para conhecer a Jesus Cristo na Bblia e, automaticamente, conhecer a Deus.

    6.3.2. O segundo pedido para que tenham "o esprito de revelao" (v. 17)O sentido da palavra "revelao" indica a importncia do pedido de Paulo em favor

    dos efsios. Revelao significa tirar o vu sobre alguma coisa obscura ou escondida. ter uma revelao espiritual, isto , uma viso espiritual dos valores espirituais. a viso que penetra no conhecimento de Deus. H um conhecimento inacessvel ao homem natural o conhecimento das coisas divinas: s pelo "esprito de revelao" ser possvel conhecer essas coisas. O "esprito de revelaco" dado pelo Esprito Santo. No significa uma nova revelao alm daquilo que j est revelado nas Escrituras, mas diz respeito a uma iluminao da parte do Esprito Santo no esprito do crente para que ele possa ver claro as verdades espirituais. No significa aquela iluminao natural e gradual que pode acontecer com o estudante da Palavra de Deus, mas importa num conhecimento pleno e profundo dos mistrios espirituais escondidos na Bblia Sagrada.

  • 6.3.3. O terceiro pedido nessa orao est no verso 18, que diz:"Tendo os olhos iluminados do vosso entendimento..." A sabedoria divina s poder

    ser vista por "olhos iluminados", que no so olhos naturais, mas "os olhos do vosso entendimento".

    6.4. Trs possibilidades expressas na orao v. 18A expresso "tendo os olhos iluminados do entendimento" fornece trs

    possibilidades:

    6.4.1. PrimeiraO entendimento iluminado, que nos possibilita compreender os motivos de nossa

    separao do mundo. Fomos salvos para servir a Deus aqui na terra e desfrutarmos a herana com Cristo na eternidade. Enquanto se est em trevas, todas as coisas espirituais so obscuras, mas quando Cristo entra em ns, o Esprito Santo desfaz as trevas e nos d uma nova viso, uma nova compreenso. E quando temos condies de, com o entendimento iluminado, notar a diferena entre o salvo e o perdido. Em algumas verses temos uma variante textual que, ao invs de "entendimento" aparece a palavra "corao", ou seja, "tendo iluminados os olhos do vosso corao". O texto correto encontrado em todos os manuscritos iniciais realmente "corao", cujo sentido pode ser tambm tomado por "entendimento". Certamente algum escriba, ao copiar o texto original, preferiu a segunda opo. A iluminao do corao, ou do entendimento, no a simples descoberta ou acuidade intelectual, mas a ao do Esprito Santo fazendo penetrar sua luz radiante sobre as grandes verdades divinas. Aquilo que a mente natural no pode perceber, a alma pode ter olhos que vejam, mediante o Esprito Santo.

    6.4.2. SegundaA capacidade de olhar para as riquezas de sua glria com olhos espirituais. Essa

    glria o reflexo do carter de Cristo revelado na obra expiatria e conhecida na sua glorificao. E a glria da herana que o Pai Celestial tem para ns (Jo 17.24).

    6.4.3. TerceiraTendo "os olhos iluminados" do nosso interior, poderemos ver a "suprema grandeza

    do seu poder" (v. 19). Ora, depois de termos uma viso da glria de Cristo e estarmos conscientizados de nossa vocao celestial, precisaremos ainda de poder. Essa experincia ocorre "segundo a operao da fora do seu poder" (v. 19). Que poder esse? Ele se manifesta pela vontade do Esprito Santo. a capacitao dada pelo Esprito para penetrarmos nas riquezas espirituais. Ningum jamais poder, por capacidade intelectual ou apenas por desejo prprio, penetrar nessas riquezas sem a obteno desse poder. Esse poder nos fornece a chave dos tesouros divinos. O poder que nos regenerou o mesmo que nos habilita a viver uma vida de vitria sobre o pecado.

    6.5. As riquezas espirituais encontradas atravs da orao v. 19No versculo 18 somos possibilitados a conhecer essas riquezas da sua glria. J o

    versculo 19 indica o conhecimento da "suprema grandeza do seu poder sobre ns". Paulo nos d a impresso de ter penetrado nas riquezas dos mistrios divinos e, ento, quando usa o vocbulo "suprema", nos leva para dentro desses mistrios gloriosos. A palavra "suprema", traduzida do grego huperballo, d o sentido literal de ultrapassar, ir alm, lanar

  • alm. Dentro do contexto bblico, a palavra fala daquilo que extraordinrio, ou fora de medida ou incomensuravel. Isso indica que "as riquezas da glria da sua herana" (v. 18) ou "a suprema grandeza do seu poder" so incomensurveis, isto , no se podem medir pelos clculos humanos. Tudo em Deus grandioso. Quando lemos o restante da passagem "os que cremos, segundo a operao da fora do seu poder" (v. 19) , entendemos, mais uma vez, que a nossa participao nas riquezas da sua glria e do seu poder s possvel mediante o ato divino em nosso favor. Esse poder, no grego dunamis, significa energia, fora, habilidade, mas no que se refere "fora do seu poder" deve ser interpretado como o impulso que leva algum a realizar determinado trabalho. E o Esprito Santo quem nos possibilita, isto , nos faz entrar ou nos torna capazes de conhecer as riquezas da glria de Cristo.

    6.6. Paulo exalta a Cristo na sua orao vv. 20-23Nos versos 20-23 temos a exaltao de Cristo sobre todas as coisas."Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos, e pondo-o sua direita nos

    cus" (v. 20). Esse versculo a continuao do 19. Ele mostra que o mesmo poder que tirou a Jesus Cristo do tmulo, ressuscitando-o dentre os mortos, o poder que levanta um pecador da morte espiritual e o coloca numa nova posio de comunho com Deus (Rm 8.11). O mesmo poder que abriu o mar Vermelho para que Israel passasse a seco (x 14.15-26) ressuscitou a Jesus dentre os mortos. Agora esse mesmo poder est nossa disposio, pois podemos us-lo em nossa experincia diria.

    6.6.7. Cristo acima de todos os poderes espirituais v. 21"Acima de todo o principado, e poder, e potestade e domnio". Esse trecho do verso

    21 indica a supremacia do poder de Deus sobre todas as foras espirituais. As designaes "principado, poder, potestade e domnio" falam de camadas angelicais puras, isto , que servem a Deus, bem como das camadas angelicais cadas (anjos cados), os quais, tanto no cu como na terra, e debaixo da terra, esto sob o poder de Deus (Fp 2.9-11; Cl 1.16-20). Todas essas foras esto sujeitas ao poder de Cristo, pois a Ele foi dado esse poder e autoridade (Mt 28.18; Ap 1.1,17,18).

    6.6.2. Cristo acima de todo nome v. 21"... e de todo nome que se nomeia, no s neste sculo, mas tambm no vindouro".

    Mais uma vez o poder implica a autoridade maior e um nome maior (Fp 2.9), que lhe foi dado acima de todo nome. As palavras "neste sculo e no vindouro" mostram que o seu poder tem ao presente, isto , no tempo e na eternidade.

    6.6.3. Cristo acima de todas as coisas v. 22"E sujeitou todas as coisas a seus ps". Tudo o que se move est sob o controle de

    Cristo. O prprio Pai colocou tudo sob seu domnio (Sl 8.7;1 Co 15.27). A expresso mostra que Cristo foi elevado a uma posio de poder absoluto. Sua autoridade, alm de absoluta, universal.

    6.6.4. Cristo como cabea da Igreja v. 22"... e sobre todas as coisas o constituiu cabea da igreja". Sua autoridade absoluta

    em relao Igreja. Cristo, o cabea da Igreja, e no o papa da igreja romana, quem ocupa essa posio. O corpo da Igreja no est separado da cabea. a cabea que comanda o corpo e seus membros em particular.

  • 6.6.5. Cristo como o Senhor do seu corpo, a Igreja v. 23"... que o seu corpo". O poder administrado por Cristo em favor da Igreja, que o

    seu corpo. Cada crente, devidamente ligado a esse corpo, recebe as bnos desse poder. E a unio vital e espiritual com Cristo que nos torna poderosos na vida crist. A complementao do verso diz: "... a plenitude daquele que cumpre tudo em todos". A plenitude de Cristo representa toda a sua vida atuando sobre todo o seu corpo. Cada crente (membro do corpo) dinamizado por essa plenitude que envolve toda a Igreja (todo o corpo). A Igreja a plenitude de Cristo, porm, Cristo quem a enche e a torna plena com a sua glria e a sua presena. No captulo 4.13 de Efsios, o crente convidado a crescer espiritualmente at que chegue " medida da estatura completa de Cristo". Em outras tradues, a expresso aparece assim: "at que cheguem estatura da sua plenitude".

    6.6.6. Cristo, a plenitude do seu corpo, a Igreja v. 23"... que cumpre tudo em todos". Nada do seu corpo fica fora do seu alcance. Cada

    membro, mesmo os aparentemente mais insignificantes, recebe poder da mesma fonte que os demais. Esse versculo mostra que Ele fiel e "cumpre tudo". Os que esto unidos a Ele por sua vida na Igreja podem ter a segurana de que recebero seu poder.

    7. SALVOS PELA GRAA 2.1-10

    A forma mais simples de entendermos esse texto dividi-lo em trs tempos: passado, presente futuro.

    7.1. No passado, apresenta o que ramos vv. 1-3

    7.1.1. ramos "mortos em delitos epecados" v. /Esse tipo de morte espiritual, isto , morte em relao a Deus. H tambm o tipo de

    morte espiritual para o pecado. Nesse segundo tipo de morte, a condenao no deixa de existir. A palavra delito indica um estado. A Bblia afirma que o homem pecador por natureza pecaminosa adquirida (Rm 5.11). No nascimento fsico, o homem vem ao mundo com essa natureza pecaminosa, mas para entrar no reino de Deus ele precisa nascer de novo (Jo 3.3-5). A idia de vida, na Bblia em geral, um estado de comunho com Deus; e a idia de morte um estado de separao de Deus. Ento, toda a raa humana, em Ado, depois da queda, espiritualmente morta. Em Cristo, o ltimo Ado, os homens so vivificado espiritualmente para terem comunho com Deus (1 Co 15.45-48)

    7.1.2. ramos andantes perdidos v. 2"... em que noutro tempo andastes". Esse versculo mostra como andvamos no

    passado sem Cristo. O verbo andar implica ao e movimento. Todos os nossos passos eram inseguros e tristes.

    7.1.3. Seguamos o curso deste mundo v. 2"... segundo o curso deste mundo". Estvamos condicionados a uma peregrinao

    sem destino certo. Estvamos sob o domnio do esprito do mundo e andvamos segundo a vida deste mundo, isto , nos conformvamos com a corrente da vida pecaminosa deste mundo. A expresso "segundo o curso deste mundo" aparece com um sentido mais claro em outras tradues, como "seguindo o esprito deste mundo". Esta segunda expresso nos d a

  • idia do mundo como inimigo de Deus, isto , no o mundo fsico, mas o mundo como sistema espiritual satnico. A palavra "mundo" no grego kosmos, que significa sistema de coisas, ou governo. Em relao ao mundo influenciado pelos poderes satnicos, caracteriza os homens inconversos sob o seu domnio. A palavra "curso" d o sentido de sistema no original grego. Por outro lado, quando lemos "segundo o curso deste mundo", o apstolo quer fazer-nos entender como sendo o conjunto de idias e de tendncias que marcam cada poca da histria do homem. Tambm a influncia do sculo sobre a vida dos homens representa "o mundo" em suas manifestaes prticas. Outro sentido da palavra "curso" carreira, ou seja, a manifestao do sistema satnico ("mundo") sobre a vida dos homens que seguem seu prprio caminho. A seqncia do verso 2 mostra a fora que impele a manifestao do mal, quando afirma que "o curso deste mundo [segue] segundo o prncipe das potestades do ar, do esprito que agora opera nos filhos da desobedincia". Logo, entendemos que existe um causador da manifestao do mal, e esse o diabo, identificado como "o prncipe das potestades do ar", e como "o esprito da desobedincia" operando nos homens inconversos (Cl 3.6). Sua misso a de subjugar os homens e insurgi-los contra Deus atravs da desobedincia, que uma forma de rebelio contra o Senhor e Criador do homem. Todas as formas contrrias ao "esprito da desobedincia" glorificam a Deus; por isso, Satans usa seus aliados (espritos cados) para impelirem as almas humanas satisfao da carne, com o fim de impedir que elas comunguem com Deus. A atuao do poder do pecado detida pelo poder da obra redentora de Cristo.

    7.1.4. Fazamos a vontade da carne v. 3O verso 3 apresenta o relato do homem carnal. As primeiras palavras, "entre os

    quais", indicam uma olhada retrospectiva do apstolo, identificando a si mesmo e aos outros judeus, agora crentes em Cristo, como participantes daquela situao. A colocao verbal no tempo passado "entre os quais todos ns tambm antes andvamos" mostra que os crentes, antes de crerem em Cristo, viviam como "filhos da desobedincia" e, sendo assim, no havia diferena alguma quanto ao estado do pecado, tanto para os judeus como para os gentios. Todos os filhos de Ado, em seu estado natural, so filhos da desobedincia, indicando logo a fonte do pecado no homem, ou seja, a causa pela qual vive no pecado.

    7.1.5. Fazamos a vontade dos pensamentos v. 3"... fazendo a vontade da carne e dos pensamentos" apresenta a razo por que

    andvamos "segundo o curso deste mundo". A fonte do mal dentro do pecador est em sua natureza pecaminosa. essa natureza pecaminosa que obriga ou subjuga a vontade do homem a obedecer s "inclinaes da carne". O termo "carne" aqui denota o ser moral do homem dominado pelo pecado. Os apetites da nossa carne (corpo) fsica, sob o domnio das concupiscncias, somente so satisfeitas mediante a busca e realizao desses desejos. A carne fsica inconsciente, e o que a torna pecaminosa e desequilibrada so os desejos da natureza pecaminosa dominante. O homem em seu estado natural vive segundo os desejos da carne. Esses desejos, alimentados no interior, transformam-se em vontade, e essa vontade, sob o domnio da natureza pecaminosa, torna-se "vontade da carne e dos pensamentos". O pecador no consegue dominar esses desejos da carne e dos pensamentos, seno pelo Esprito Santo e depois da obra de regenerao (Gl 5.16-18).

    7.1.6. "ramos por natureza filhos da ira" v. 3Vrios outros textos da Bblia fornecem a mesma idia que a expresso "filhos da

    ira" encerra: "filhos da desobedincia" (Ef 2.2); "filhos da morte" (2 Sm 12.5; SI 79.11; SI

  • 102); "filhos da perdio", ainda que este indique objetivamente o diabo (Jo 17.12; 2 Ts 2.3); "filhos do inferno" (Mt 23.15) etc. Todas essas expresses mostram a paternidade ou a origem do mal, que Satans. Por outro lado, "filhos da ira" so todos aqueles que, por seu pecado, esto sob a ira de Deus. A ira divina a santa indignao do Todo-Poderoso contra o pecado. Entretanto, deixam de ser "filhos da ira" os que se colocam debaixo do sangue expiador de Jesus Cristo. Uma pessoa crente que se deixa dominar pelas concupiscncias da carne obriga o Esprito de Deus a retirar-se do seu interior e, automaticamente, a ira de Deus se manifesta contra essa pessoa, por ter Deus sofrido um agravo sua santidade. A santidade de Deus se levanta como uma barreira contra a possibilidade do pecado. Podemos identificar essa barreira como sendo "a sua ira" (Rm 1.18). "ramos por natureza" assinala um estado natural, inato no pecador, que se expressa com caractersticas prprias e ativas. A natureza cada do homem sempre se ope s caractersticas benficas do seu primeiro estado antes da queda. Os estigmas do pecado aparecem to logo uma criana venha ao mundo, mesmo no tendo conhecimento do mundo que a rodeia. Enquanto estamos no mundo, haver sempre uma batalha dentro de nosso ser entre a carne e o esprito. Devemos manter as inclinaes da carne subjugadas ao esprito, para que, ao final da vida fsica, o esprito vena uma vez por todas a carne, e livre-se dela pela transformao do nosso corpo mortal em corpo espiritual (1 Co 15.51-57).

    7.2. No presente, apresenta o que somos agora vv. 4-6

    7.2.1. Somos filhos da misericrdia de Deus v. 4A expresso "Mas Deus, que riqussimo em misericrdia" nos d uma viso

    maravilhosa do novo estado espiritual daquele que aceitou a obra de Cristo em sua vida. Nesse versculo est em destaque a riqueza da misericrdia de Deus e a grandiosidade do seu amor.

    Nos versos 1-3 estudamos a triste condio de pecado da humanidade, mas agora, no verso 4, Deus entra em ao em favor dos que buscam a sua misericrdia: Ele interrompe a histria. Com as palavras iniciais do versculo "Mas Deus...", vemos a interveno divina em favor da humanidade. Ele resolve abrir os mananciais de sua misericrdia para os homens. A palavra "misericrdia" tem um significado bem mais rico do que aquele que comumente conhecemos. E uma palavra composta de duas outras do latim: miseri e cordis, que respectivamente significam miservel e corao. A interpretao que resulta da juno dessas duas palavras para formar "misericrdia" : "colocar um miservel no corao". Assim fez Deus atravs de Jesus Cristo. Deus amou o mundo miservel e o colocou no seu corao. A natureza divina de amor e justia. H um profundo desejo no corao de Deus de que todos os homens sejam salvos e restaurados, a fim de que o seu elevado propsito para a humanidade seja alcanado (Jo 3.16; 1 Jo 4.9). A manifestao da misericrdia divina para com o ser humano prova o seu grande amor e o desejo de que todos sejam recuperados.

    7.2.2. Fomos vivificados em Cristo v. 5"... estando ns ainda mortos em nossas ofensas, nos vivifcou juntamente com

    Cristo". Primeiro, o texto nos mostra a situao anterior, e depois, o meio pelo qual fomos alcanados. Literalmente traduzida, a expresso "nos vivifcou com Cristo", apresenta-se assim: "nos fez viver com Cristo", isto , nos fez viver segundo o mesmo poder que vivifcou a Jesus Cristo (Rm 6.4,7,8,11). Entendemos que, pela morte de Jesus, morremos com Ele para, em sua ressurreio, com Ele ressuscitarmos. Essa nossa ressurreio espi-ritual, pois indica a nova vida recebida. Pela cruz morremos para o pecado, e pela

  • ressurreio ganhamos nova vida em Cristo Jesus.

    7.2.3. Temos uma nova cidadania nos lugares celestiais v.6"... e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus". Que entendemos por

    "assentar nos lugares celestiais em Cristo"? A designao para "lugares celestiais", antes de tudo, indica a nova cidadania do cristo. Somos cidados do Cu (Fp 3.20), por isso mesmo, a vida espiritual em Cristo est num plano elevado, superior.

    7.2.4. Fomos colocados num plano espiritual elevado v.6"Lugares celestiais" indica o nvel fora deste mundo (sistema satnico) no qual

    somos colocados na condio de "novas criaturas" (2 Co 5.17). A contnua comunho do crente com Cristo lhe d, j nesta vida, uma posio celestial que alcanar sua plenitude na vinda do Senhor Jesus Cristo. Visto que estamos nEle (em Cristo), e sendo o seu corpo mstico, como regenerados podemos compreender o sentido dessa importante afirmao. Indica o terceiro estado de Cristo depois da sua morte. Primeiro, Ele morreu, e ns morremos com Ele; segundo, Ele ressuscitou gloriosamente, e ns ressuscitamos com Ele em novidade de vida; terceiro, Ele foi elevado ou exaltado s regies celestiais, na presena do Pai, e ns tambm fomos elevados com Ele, participando da sua glria nas "regies celestiais". Estamos assentados "nEle", isto , fazemos parte do seu corpo mstico e glorioso, que a Igreja. A grande lio desse novo estado de vida espiritual da Igreja nas "regies [lugares] celestiais" que o crente tem por obrigao estar acima do regime que governa este mundo. O seu sistema o de Cristo e, por isso mesmo, superior. O crente no deve se submeter ao sistema mundano, sobre o que Paulo aconselha: "E no vos conformeis com este mundo" (Rm 12.2). No conformar-se com este mundo significa no entrar na frma deste mundo, ou no curso deste mundo.

    7.3. O que seremos no futuro v. 7

    7.3.1. Demonstrao eterna da obra redentoraAs palavras do verso 7 anunciam a razo final da salvao. A expresso "para

    mostrar nos sculos vindouros" diz respeito ao futuro da Igreja. Ela ser a demonstrao eterna da graa de Deus, ou seja, o testemunho da manifestao de Deus e do seu poder sobre a terra. Aps o arrebatamento, a destruio do anticristo e priso do diabo, ser instaurado o reino milenar e o mundo ver a grandeza da Igreja.

    7.4. A manifestao da graa de Deus vv. 8-10

    7.4.1. A fonte da salvao conquistada v. 8"... pela graa sois salvos". Esse versculo indica a fonte da salvao a graa de

    Deus. A continuao do texto aponta o meio de alcance, que a f, quando diz: "sois salvos por meio da f". Uma das grandes finalidades da redeno a manifestao da graa de Deus. A f o instrumento para se obter a salvao. A graa de Deus foi manifesta na pessoa de Jesus, pois Ele conquistou essa salvao.

    7.4.2. O meio da salvao conquistada v. 9O verso 9 diz: "No por obras" se alcana a graa de Deus, enquanto o versculo

    anterior afirma que essa graa "dom de Deus". No se compra nem se vende, e independe de mrito humano. A salvao se recebe pelo ato da f, sem as obras da lei (Rm 3.20,28;

  • 4.1-5; Gl 2.16; 2 Tm 1.9; Tt 3.5).

    7.4.3. O resultado da salvao conquistada v. 10O verso 10 mostra o resultado da obra salvadora. "... somos feitura sua" significa que

    fomos feitos novas criaturas em Cristo Jesus (2 Co 5.17). No ato da criao, no den, Deus fez o homem sua imagem e semelhana. Com a queda e o pecado, essa feitura divina foi arruinada e essa imagem do divino no ser interior foi distorcida. Ento Deus, num ato de recriao do homem interior arruinado, fez uma nova criatura imagem do seu Filho Jesus (Gl 6.15; Ef 4.24; Cl 3.10).

    Refeitos, podemos agora andar num novo caminho e fazer as boas obras. O fazer boas obras independe da vontade do regenerado, porque parte de sua vida nova. Isso est em consonncia com o objetivo da nossa eleio, conforme est escrito: "... para sermos santos e irrepreensveis perante Ele" (Ef 1.4).

  • 2A Unidade dos Crentes em Cristo

    Esboo

    1. Judeus e gentios 2.11,121.1. A condio dos gentios sem Deus vv. 11,121.1.1. "Gentios na carne" v. 111.1.2. "Chamados incircunciso" v. 1 11.1.3. "Estveis sem Cristo" v. 121.1.4. "Separados da comunidade de Israel" v. 121.1.5. "Estranhos aos concertos da promessa" v. 121.1.6. "No tendo esperana" v. 12 1.1.7. "Sem Deus no mundo" v. 12

    2. Unidade no corpo de Cristo 2.13-182.1. Cristo feito paz e reconciliao vv. 14,152.2. Em Cristo, a verdadeira unidade vv. 15-172.2.1. A paz reconciliadora vv. 15-172.2.2. Dos dois um novo homem v. 152.2.3. O elo da reconciliao, a cruz v. 162.3. Em Cristo, acesso a Deus pelo Esprito Santo vv. 18,192.4. Em Cristo, as diferenas so desfeitas v. 19

    3. Unidade no edifcio de Deus 2.20-223.1. O fundamento dos apstolos v. 203.2. O fundamento dos profetas v. 203.3. O lugar de cada crente nesse edifcio v. 21

    4. O ministrio da unidade revelado 3.1-134.1. O ministrio oculto no Antigo Testamento vv. 3-54.2. O ministrio revelado no Novo Testamento 3.5,64.3. Paulo declara-se ministro dessa revelao v. 74.4. A revelao do mistrio das riquezas insondveis de Cristo v. 84.5. A dispensao do mistrio v. 94.6. O mistrio estava oculto em Deus v. 94.7. O mistrio revelado Igreja v. 104.8. O mistrio revelado aos anjos v. 104.9. O mistrio foi revelado conforme o propsito preestabelecido por Deus

    vv. 11-135. A segunda orao de Paulo 3.14-21

    5.1. A razo da orao do apstolo v. 145.2. A postura para a orao v. 145.3. Uma orao feita ao Pai vv. 14,155.4. A vida de plenitude pela orao vv. 16-21

  • 5.4.1. Que sejam corroborados com o poder do Esprito Santo v. 165.4.2. Para que Cristo habite em seu interior v. 175.4.3. Para que sejam arraigados e fundados em amor v. 175.4.4. Para uma compreenso perfeita v. 185.4.5. As dimenses do amor de Cristo v. 185.4.6. A resposta da orao dos apstolos vv. 20,21

    Na primeira parte (1.12.10), estudamos sobre as "bnos de Cristo outorgadas aos crentes", descrevendo sua situao moral e espiritual. Um outro aspecto da situao dos crentes em Cristo o aspecto scio-espiritual apresentado nos captulos 2.11 a 3.21. Deus une por seu Esprito e pela obra expiatria de Cristo todos os homens, de todas as raas, naes, lnguas, sem se preocupar com os antecedentes espirituais de cada um, sejam judeus, sejam gentios.

    O povo judeu sempre se destacou por sua peculiaridade religiosa e por seu absolutismo na crena monotesta girando em torno do nome de Jeov. O povo gentio, composto de todos os demais povos da terra, era considerado sem direito comunho com o Deus dos judeus por causa de seu politesmo e idolatria.

    Com o primeiro advento de Cristo, em que Ele fez-se carne como ns, todos os povos da terra foram alcanados atravs da sua obra expiatria. As diferenas religiosas, os costumes distintos entre ambos os povos (judeus e gentios) suscitaram grandes polmicas no seio da igreja no primeiro sculo da Era Crist. As polmicas envolviam privilgios e bnos, costumes e doutrinas. O Esprito Santo, ento, inspirou a Paulo, chamado apstolo dos gentios, para desfazer essas dificuldades, mostrando que Deus Pai, em Cristo Jesus, preferiu unir judeus e gentios, dando-lhes os mesmos privilgios e direitos espirituais. Para Deus no h diferenas, e na dispensao da graa, a Igreja o novo povo de Deus, cons-titudo de membros de ambos os povos, judeus e gentios.

    1. JUDEUS E GENTIOS 2.11,12

    1.1. A condio dos gentios sem Deus vv. 11,12Nesses dois versculos, Paulo contrasta a situao espiritual entre dois povos (Rm

    3.9,10,22). Ele mostra a condio dos gentios sem Deus (pagos), lembra aos gentios crentes a sua condio anterior nova vida e destaca sete aspectos da sua vida paga no passado:

    "Gentios na carne" v. 11 "Chamados incircunciso" v. 11 "Estveis sem Cristo" v. 12 "Separados da comunidade de Israel" v. 12 "Estranhos aos concertos da promessa" v. 12 "No tendo esperana" v. 12 "Sem Deus no mundo" v. 12Esse era o estado espiritual dos gentios antes de conhecerem o Evangelho. Para que

    no se esquecessem desse fato, Paulo os convidou a se recordarem de que em outros tempos eles no pertenciam ao povo de Deus.

    1.1.1. "Gentios na carne" v. 11Essa expresso se refere ao fato de eles no serem israelitas. Os efsios eram pagos,

    e a expresso "na carne" aqui se refere circunciso fsica que eles no tinham. Era o sinal

  • fsico atravs de cirurgia feita no membro viril de todo macho israelita, para distingui-lo como parte do povo de Deus (Gn 17.9-14). Entretanto, a circunciso era um sinal especificamente para os judeus e que os distinguia dos demais povos da terra.

    1.1.2. "Chamados incircunciso" v. 11Era um termo depreciativo usado pelos judeus contra os gentios. Paulo, delicada e

    claramente, os desaprova mostrando-lhes que a "circunciso feita pela mo dos homens" se torna v para receber a graa de Deus. Mostra-lhes que a verdadeira "circunciso" no feita por mos humanas, mas espirituais (Rm 2.25-29).

    1.1.3. "Estveis sem Cristo" v. 12Essa parte inicial do versculo 12 a continuao do verso 11, que mostra o estado

    anterior dos gentios em relao aos privilgios dos judeus e em relao ao prprio Cristo. Nos primrdios da igreja, os judeus cristos, ainda presos a determinadas tradies judaicas, queriam monopolizar seu direito sobre Cristo. Entretanto, o apstolo Paulo desfaz essa idia de exclusivismo dos judeus sobre o direito da bno da salvao.

    A traduo mais correta dessa frase no original grego "separados de Cristo", idia que facilita a compreenso da frase no seu contexto. Note-se que Paulo se preocupa em explicar o fato de que o privilgio de ter a Cristo no se restringe aos judeus, pois, embora os gentios no tivessem conhecimento anterior sobre "os concertos da promessa" em relao a Cristo, isto no dava nenhum privilgio aos judeus sobre a bno da salvao. Na verdade, o sentido mais amplo da expresso "estveis sem Cristo" refere-se aos no convertidos a Cristo. Porm, o propsito universal da misso de Cristo foi o de "pregar o evangelho a toda criatura" (Mc 16.15).

    1.1.4. "Separados da comunidade de Israel" v. 12Diz respeito ao passado dos gentios que nunca haviam tido o privilgio de estar sob a

    religio de Jeov. No Antigo Testamento, havia um pacto entre Deus e o povo de Israel de que fosse estabelecido um governo teocrtico, isto , um governo direto de Deus sobre o povo. Os que no eram judeus recebiam a designao de gentios (estrangeiros). Nos vrios pactos de Deus com Israel, os gentios no foram includos, por isso eram "estranhos aos concertos" (v. 12). A maioria dos concertos divinos com Israel visava o futuro Messias, o Salvador (Rm 9.4). Havia a promessa do Salvador que viria (primeiro advento), pelo qual Israel sempre esperou e ainda espera, porque no o reconheceu na sua primeira vinda. A essas promessas (concertos) os gentios "eram estranhos", isto , no se importavam nem queriam conhecer.

    1.1.5. "Estranhos aos concertos da promessa" v. 12A palavra "estranhos", no original grego, aparece como "estrangeiros". O sentido da

    frase indica que "os concertos" foram feitos entre Deus e Israel. Todo israelita sabia disso e ufanava-se desse privilgio de ser "o povo escolhido" dentre as naes. Existem alguns concertos conhecidos na Bblia, mas citaremos apenas dois principais: o concerto com Abrao e o concerto com Moiss. O sentido da frase "estranhos aos concertos" deve ser entendido levando-se em considerao o fato de que tanto o "concerto com Abrao" quanto o "concerto com Moiss" tiveram uma conotao irrestrita. Ainda que, de modo direto, "os concertos" refiram-se aos judeus, o alcance deles, de modo indireto, abrange os gentios. No "concerto com Abrao" a promessa diz que todas as naes seriam abenoadas (Gn 12.1-3). No "concerto com Moiss", as leis morais tm at hoje uma conotao universal (x 20). Os

  • gentios eram estranhos em relao promessa da vinda de Cristo em carne e desconheciam o privilgio de poderem participar das bnos advindas de Cristo como Salvador dos homens. Mas Israel, como nao, rejeitou a Cristo, o que propiciou a salvao dos gentios, dos quais Paulo se declara apstolo (Ef 3.1,2).

    1.1.6. "No tendo esperana" v. 12Essa expresso retrata o estado espiritual dos gentios antes de conhecerem a Cristo.

    Que esperana podiam ter eles, se havia "uma parede de separao" (Ef 2.14) entre esses dois povos? No tinham esperana porque desconheciam "a promessa".

    1.1.7. "Sem Deus no mundo" v. 12So palavras que retratam o estado espiritual dos gentios. Viviam no mundo de Deus,

    mas no o conheciam nem o tinham. As palavras "sem Deus" indicam a forma atesta em que viviam os gentios. Trs sentidos explicam essa forma de atesmo. Um no crer em Deus, isto , ser ateu; outro ser mpio ou pecador irreverente (Rm 1.28); e o outro sentido estar entregue aos mpetos do pecado, isto , fora da esfera da graa de Deus. Se em Romanos 1.19, Paulo declara que h um certo conhecimento de Deus em todo homem, parece contradizer-se com a idia do atesmo nesse verso 12. Entretanto, no h contradio alguma, pois o que Paulo quer destacar com a expresso "sem Deus no mundo", a cegueira espiritual em que viviam os pagos.

    A verdadeira circuncisoA grande lio do apstolo baseia-se na obra expiatria de Cristo que uniu judeus e

    gentios, formando um s povo, com uma s f, um s Senhor e uma s comunidade a Igreja. Esse ensino fortalecido na sua carta aos Gaiatas quando escreveu que "em Cristo Jesus nem a circunciso nem a incircunciso tm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura" (Gl 6.15).

    A verdadeira circunciso que marca e distingue o povo de Deus hoje no feita na carne, mas no corao (Dt 10.16). Paulo no menospreza o rito da circunciso entre os judeus, mas o que importa agora a circunciso espiritual, que implica abandono do pecado e obedincia a Cristo (Rm 2.25-29; Fp 3.2; Cl 2.11). No h diferena agora de raa ou lngua, porque em Cristo todos fomos feitos um s povo. Antes os privilgios eram restritos a Israel; hoje abrangem judeus e gentios, atravs da nova aliana feita no sangue de Jesus Cristo (1 Co 1.23,24; Hb 8.6).

    2. UNIDADE NO CORPO DE CRISTO 2.13-18Com a expresso "mas agora", o versculo 13 inicia mostrando o contraste da vida

    nova com a velha. Essas palavras indicam a posio presente dos crentes e, quando a continuao do verso diz "em Cristo Jesus", temos uma viso de nosso estado de perdio antes de conhecer a Cristo. um paralelo que o apstolo faz entre a velha vida (vv. 11,12) e a nova vida conquistada pela obra da redeno (v. 13).

    Notemos os contrastes: antes, "sem Cristo" e agora "em Cristo"; antes, separados e excludos, mas agora "chegastes perto" (v. 13); antes, separados "na carne", agora unidos "em um mesmo Esprito" (v. 18).

    O poder da unidade nesse novo pacto de Deus com o homem est no "sangue de Cristo", expresso no verso 13: "... vs que antes estveis longe, j pelo sangue de Cristo chegastes perto". Antes estvamos "longe", agora, "em Cristo", estamos "perto". A expresso "estveis longe" refere-se aos gentios que puderam aproximar-se de Deus pelo

  • poder do sangue de Cristo. No h mais barreira que impea nossa aproximao. Antes, por causa de nossos pecados, estvamos afastados, sem possibilidade de remisso pelo sistema sacrificial comum em Israel, mas Cristo se fez "Cordeiro de Deus" e, sendo sacrificado espontaneamente, vertendo seu sangue precioso no Calvrio, desfez as barreiras, removeu o pecado e nos uniu em si mesmo.

    2.1. Cristo feito paz e reconciliao vv. 14,15"Porque ele a nossa paz" (v. 14), ou seja, Ele foi o meio de reconciliao entre Deus

    e o homem. Ele cumpriu toda a lei, que no podamos cumprir, para nos justificar da condenao. A lei era um pacto de obras e exigia uma obedincia perfeita da parte do homem. A justificao perante Deus estava implcita na obedincia lei, mas o homem no podia cumpri-la. Jesus, ento, subjugou-se exigncia da lei e cumpriu-a por ns. Pelo seu sangue, nossa expiao foi feita. A justia divina no foi adiada, mas cumprida integralmente. Nossa paz com Deus foi restituda por Jesus (Rm 5.1).

    "Na sua carne desfez a inimizade" (v. 15). Que entendemos por "inimizade"? Essa inimizade tinha sentido social e religioso. Religiosamente, os judeus eram inimigos dos gentios porque estes eram pagos, isto , serviam a outros deuses. Socialmente, eram inimigos dos gentios porque no eram circuncidados. Entretanto, Paulo destacou a necessidade de quebrar essa inimizade, esse sentimento hostil e de animosidade, por um sentimento fraternal. O termo "inimizade" diz respeito tambm ao muro de separao existente entre ambos os povos, mas Jesus veio para destruir esse muro atravs da sua obra na cruz.

    "... a lei dos mandamentos que consistia em ordenanas" (v. 15) indica que a legislao mosaica foi abolida; no s a cerimonial, mas toda a lei, com todas as suas ordenanas. Cristo, pela "sua carne", desfez toda a condenao da lei, criando a "lei do esprito de vida" (Rm 8.2), que desfaria toda a inimizade e diferenas para unir todos quantos cressem em Cristo, formando um s povo, "em um corpo" (v. 16).

    2.2. Em Cristo, a verdadeira unidade vv. 15-17

    2.2.1. A paz. reconciliadora"Fazendo a paz" (v. 15), isto , promoveu a verdadeira unidade, no seu coipo, de

    ambos os povos judeus e gentios. No foi uma unidade exterior e mecnica, mas interior e espiritual. Fomos reconciliados com Deus "em um corpo" (v. 16). Cristo nos libertou da lei como pacto de obras pelo fato de Ele mesmo ter-se sujeitado a ela (Gl 4.5). Ele recebeu a pena da lei (Gl 3.13) em seu corpo (Rm 7.4; Cl 1.22) na cruz do Calvrio (Gl 2.14).

    2.2.2. "Dos dois, um novo homem" v. 75"... para criar em si mesmo dos dois um novo homem". A unidade espiritual dos dois

    povos (judeus e gentios) foi feita por Cristo "em si mesmo", isto , no seu corpo, criando uma nova humanidade. Deus trata a ambos os povos como um s indivduo. uma nova criao que s acontece com a obra regeneradora do Esprito Santo (Tt 3.5). A nova criao, ou seja, "o novo homem", aqui representado pelo povo de Deus (a Igreja), no pode ser tratado separadamente do seu contexto. O termo "novo homem" no pode ser interpretado isoladamente porque ele est devidamente preso pelo seu contexto espiritual, que fala da nova criao em Cristo, formando dos dois povos um s.

    2.2.3. O elo da reconciliao, a cruz v. 16

  • No verso 16, a cruz de Cristo serviu de elo de reconciliao e tambm de destruio. A cruz foi o m para a reconciliao dos homens com Deus (Rm 5.10; 2 Co 5.18-20; Cl 1.20), mas foi tambm o smbolo de morte e destruio das inimizades existentes entre Deus e o homem.

    No versculo 17 Paulo afirma que "ele [Jesus] evangelizou a paz" aos que estavam longe (os gentios), e aos que estavam perto (os judeus).

    2.3. Em Cristo, acesso a Deus pelo Esprito Santo v. 18"Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Esprito". A unidade

    espiritual de judeus e gentios em Cristo permite que tenham acesso ao Pai. Como? Vemos a Trindade em ao quando o Pai promove a unidade: o Filho a executa e o Esprito Santo a mantm.

    O Filho o mediador da nova aliana. E aquele que padeceu uma vez pelos pecados, isto , o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus (1 Pe 3.18). O Esprito Santo opera a obra regeneradora: Ele convence o homem dos seus pecados e aplica a obra remidora no homem. O Pai recebe o pecador remido. O mesmo Esprito que nos santifica o que unifica todos os crentes para terem acesso a Deus, o Pai. Assim como o esprito humano vivifica o homem, assim "o novo homem" em Cristo, a Igreja, vivificado pelo Esprito Santo.

    "Ambos temos acesso". Ambos os povos, judeus e gentios. em Cristo Jesus se inter-relacionam, isto , se ligam e se unem. Tm as mesmas vantagens e privilgios, e passam a ter a mesma posio comum no corpo de Cristo (1 Co 12.12). Ambos so um nele. O Esprito Santo quem nos introduz no corpo de Cristo, e assim temos acesso ao Pai atravs do corpo de seu Filho. Jesus declarou certa feita: "Ningum vem ao Pai seno por mim" (Jo 14.6). Essa declarao fortalece o fato de que por Jesus chegamos ao Pai.

    2.4. Em Cristo, as diferenas so desfeitas v. 19No verso 19 o apstolo apresenta o fruto da obra de Cristo: a unidade conquistada

    pela sua cruz. As diferenas so desfeitas. O poder unificador do Esprito opera atravs do sangue de Cristo e faz com que todos os crentes de todas as raas, lnguas e povos formem um s povo, uma s famlia, e os torna "concidados dos santos". Somos agora a famlia da f. Antes ramos estrangeiros, agora, em Cristo, formamos uma nova raa, uma nova famlia.

    3. UNIDADE NO EDIFCIO DE DEUS 2.20-22A leitura desse texto nos d a viso tipolgica muito bem apresentada pelo apstolo

    Paulo. Primeiro, ele usou a figura da famlia para mostrar a participao de judeus e gentios numa relao mais ntima com Deus. Agora, o mesmo apstolo usa a figura de um edifcio que ilustra o maravilhoso templo mstico de Deus, no qual todos os crentes so pedras vivas construdas e Cristo a pedra angular (SI 118.22; Mc 12.10; At 4.11; 1 Pe 2.7).

    3.1. O fundamento dos apstolos v. 20"Edificados sobre o fundamento dos apstolos e dos profetas". E possvel que,

    primeira vista, haja contradio com outra ilustrao do mesmo autor em 1 Corntios 3.11, onde se l que "ningum pode lanar outro fundamento alm do que foi posto, o qual Jesus Cristo". Entretanto, para resolver a suposta dificuldade, devemos estudar a figura do "fundamento" conforme o contexto da passagem que Paulo apresentou. H uma interpretao para 1 Corntios 3.11 e outra para Efsios 2.20, e nem por isso haver dificuldade para entender os dois textos. Se em 1 Corntios Paulo ilustra a Jesus como

  • fundamento, devemos ento procurar entender o sentido da palavra "fundamento", visto que em Efsios, Jesus a pedra de esquina. Entendemos, ento, que Cristo o fundamento sobre o qual os apstolos foram postos. Foram os Apstolos que aprenderam dEle diretamente e receberam a incumbncia de construir esse grande edifcio a Igreja. Sobre aquilo que aprenderam e experimentaram que somos construdos nesse edifcio, da a colocao do pensamento de Paulo "edificados sobre o fundamento dos apstolos e profetas". E qual o fundamento dos apstolos seno Jesus Cristo?!

    "Pedra de esquina" ou "pedra angular" denota, no verso 20, sua posio no edifcio. a partir dEle que esse edifcio levantado. Cristo a pedra de esquina.

    3.2. O fundamento dos profetas v. 20Qual o fundamento dos profetas? A que profetas Paulo se est referindo? Notemos

    que a ordem da frase "apstolos e profetas" nos indica claramente tratar-se dos profetas da Igreja, e no os do Antigo Testamento. Calvino e outros telogos do passado defendiam a idia de que esses profetas eram do Antigo Testamento. Outros intrpretes dizem que pela ordem das palavras "apstolos e profetas", o dom da profecia era uma caracterstica dos apstolos mesmo. Entretanto, entendemos que a ordem gramatical da frase coloca a palavra "profetas" em segundo lugar. A profecia foi e ainda um ministrio que acompanha o crescimento da Igreja (1 Co 14.1,3).

    3.3. O lugar de cada crente nesse edifcio v. 21"... no qual todo o edifcio bem ajustado". Essa expresso diz respeito aos crentes em

    Cristo, particularmente. Eles so edificados e colocados nesse edifcio. Cada qual tem o seu lugar e nEle encontra sua posio justa e correta.

    A continuao do verso diz: "cresce para templo santo no Senhor" e d a idia de um edifcio sendo construdo. Indica tambm uma obra progressiva e contnua. A figura empregada por Paulo aqui a de um construtor que ajusta pedra sobre pedra, adaptando cada qual a um lugar ou posio certa no edifcio.

    Esse edifcio tem duas formas abrangentes individual e geral. No aspecto individual, cada crente um edifcio, templo ou morada do Esprito Santo (1 Co 6.19). No aspecto geral, cada crente "pedra viva" edificada no edifcio de Deus, que a sua Igreja (1 Pe 2.5). A participao individual de cada crente na construo desse edifcio refere-se ao da igreja militante, que tem de crescer e progredir.

    "... juntamente sois edificados para morada de Deus em Esprito". A expresso "sois edificados juntamente" indica uma ao conjunta dos crentes. A construo da Igreja (espiritual) uma obra uniforme e harmnica realizada pelo Esprito Santo.

    4. O MISTRIO DA UNIDADE REVELADO 3.1-13Nos trs primeiros versculos, Paulo, mais uma vez, se identifica como "o prisioneiro

    de Jesus Cristo" para cumprir a misso de despenseiro da graa de Deus, ao qual foi revelado o mistrio da verdadeira unidade espiritual entre judeus e gentios.

    "Por esta causa" (v. 1) uma expresso referente a tudo quanto havia escrito sobre as riquezas das bnos de Deus em Cristo (cap. 1) e ao desenvolvimento que deu questo do propsito de Deus em Cristo (cap. 3), quando destaca a nova vida em Cristo, que rene judeus e gentios num s povo.

    "... eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo" (v. 1). Ao identificar-se dessa maneira, Paulo queria mostrar dois lados da mesma situao. No sentido real, ele estava preso em Roma. Por outro lado, essa priso lhe dava a oportunidade de tornar-se prisioneiro

  • de Cristo, pois ali poderia prestar-lhe um servio que talvez no fizesse melhor se estivesse fora da priso de Roma. Ento, a expresso "prisioneiro de Jesus Cristo" tem um sentido literal e outro metafrico. Ao invs de lamentar o fato de estar Preso, ele inverte o seu significado e torna sua priso uma forma de servir melhor ao Senhor. Como prisioneiro, sua epstola teria um efeito muito maior entre os crentes de feso.

    "... dispensao da graa de Deus" (v. 2). O significado literal da palavra "dispensao" administrao, portanto a frase fica melhor assim: "... tendes ouvido da administrao da graa de Deus a vs". Paulo se identifica aqui como um administrador dos bens espirituais dados aos gentios, por isso mesmo chamado "apstolo dos gentios (2 Tm 1.11). Como administrador ou despenseiro da graa de Deus, no significava que Paulo tivesse poder para salvar ou para dar a graa de Deus aos homens, mas ele agiria como um mordomo para distribuir e apresentar a graa e a salvao de Deus (2 Co 10.1; Gl 5.2,3; Cl 1.23).

    Alguns pontos de destaque na revelao desse mistrio:

    4.1. O mistrio oculto no Antigo Testamento vv. 3-5."Como me foi este mistrio manifestado pela revelao" (v. 3). Paulo faz questo de

    frisar o fato de que o Evangelho aos gentios lhe fora dado especialmente, para que eles (gentios) fossem incorporados aos privilgios do reino de Deus, tanto quanto os judeus. A fonte do ministrio de Paulo aos gentios est na sua experincia com Cristo no caminho de Damasco. Nessa experincia, Paulo viu Jesus e ouviu sua ordenao para o ministrio entre os gentios conforme est em Atos 9.15, que diz: "... este para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios e dos reis, e dos filhos de Israel". A viso de Cristo no s o converteu como mudou o rumo da sua vida. De apaixonado e fantico fariseu entre os judeus, tornou-se "o apstolo dos gentios" (At 9.15,16; Gl 1.15,16). A revelao inicial desse ministrio deu-se ali no caminho de Damasco e, posteriormente, essa viso tornou-se mais ampla. O grande mistrio oculto s foi conhecido dos gentios atravs de Paulo, a quem foi revelado. Ele tornou conhecido a todos os homens o propsito divino para com suas vidas e a maneira particular de Deus revelar-lhes o mistrio divino de salvao. No verso 9, as palavras "revelao" e "demonstrar" esto intimamente ligadas com a palavra "mistrio".

    Esse mistrio revelado em dois ngulos: a revelao de Cristo na sua forma glorificada, e a revelao da unio de judeus e gentios, formando um s povo e participando dos mesmos privilgios.

    A revelao do mistrio do Cristo glorifcado e a razo dessa glria so quatro destaques especiais: a) O mistrio do Cristo encarnado (1 Tm 3.16); b) O mistrio da Igreja como o corpo de Cristo (1 Co 12.27); c) O mistrio da presena de Cristo dentro de ns, morando em ns (Cl 1.27); d) O mistrio da Igreja como esposa de Cristo (Ef 5.32). Esses mistrios estavam ocultos na eternidade.

    4.2. O mistrio revelado no Novo Testamento vv. 5,6O grande mistrio que Paulo desejava revelar igreja em feso era a participao

    plena dos crentes gentios na salvao efetuada na cruz. A posio dos gentios no corpo de Cristo e a sua participao conjunta com os judeus veio de encontro a vrios conceitos errados sobre privilgios espirituais. A Igreja a unio de todos os crentes em Cristo, independente de raa, lngua ou nao. Ela a constituio divina formando um s povo, uma s f, um s Senhor (Ef 4.1-7), todos com os mesmos privilgios. A participao na filiao a Deus direito comum a todos quantos receberem a Cristo Jesus como Salvador

  • (Jo 1.12).Esse mistrio apresentado com um sentido amplo, e a participao dos gentios na

    nova ordem (a Igreja) de igualdade de posio e privilgios em relao aos judeus cristos. A ampliao dessa participao gentios-judeus compreendida pelo prefixo grego sun, que significa iguais, scios, participantes, juntos, isto , no mesmo nvel: nem inferior nem superior aos outros. Este prefixo sun eqivale ao prefixo "co", em portugus, quando Paulo afirma que os gentios so co-herdeiros, co-participantes e co-membros do corpo de Cristo, conforme est no versculo 6. A palavra "co-herdeiros" refere-se participao dos gentios e os judeus crentes em Cristo na Igreja. A preocupao do apstolo era desfazer um falso ensino no seio da igreja de feso. Alguns judeus afirmavam que nenhum gentio crente poderia participar da herana ou parte dela prometida a Israel, a no ser que o gentio se submetesse ao cumprimento de alguns ritos e cerimnias estritamente judaicas. Entretanto, a Paulo foi revelado que a graa de Deus para os gentios no exigia nenhum rito judaico, visto que esses ritos eram especificamente para os judeus e dos judeus. Em Cristo, os gentios tm direito a todas as bnos divinas com base apenas nos mritos de Cristo Jesus. Eles so participantes das promessas de Cristo e formam um s corpo espiritual com os judeus, cujo resultado nico a Igreja (1 Co 12.13; Ef 2.13). Os gentios foram feitos "povo de Deus", "gerao eleita", "nao santa" e "povo adquirido" juntamente com os judeus, tudo em Cristo Jesus (1 Pe 2.9).

    4.3. Paulo declara-se ministro dessa revelao v. 7As palavras "do qual" no verso 7 referem-se ao Evangelho que Paulo pregava e

    ensinava. O sentido da palavra "ministro" bem mais amplo. No original grego, a palavra empregada diakonos, que d a idia de um ofcio especfico (Fp 1.1; 1 Tm 3.8-12). J o verbo diakonein designa aquele que vive e trabalha num determinado servio. Implica mais um servio dinmico do que uma posio esttica. No caso aqui, a palavra que cabe melhor para designar aquele que serve a Cristo diakonia (2 Co 3.6; Cl 1.23; 1 Tm 4.6). O que Paulo queria que todos soubessem em feso era que ele tinha a funo de um servo investido da autoridade de Cristo. Como "ministro" dessa revelao, Paulo era apenas o instrumento do Esprito Santo.

    As palavras que do seqncia declarao de Paulo se referem a que ele "foi feito ministro... pelo dom da graa de Deus" (v. 7), e isso mostra a sinceridade e a humildade do apstolo das gentes. O ministrio recebido no lhe foi dado por mritos pessoais, "mas segundo o dom", em conseqncia de, e de acordo com "o dom da graa de Deus". Ainda o final do versculo 7 apresenta: "... que me foi dado segundo a operao do seu poder". Que poder esse? Que operao essa? A palavra "operao", no original grego, tem o significado de energia. Aclarando melhor a frase, a teramos nessa forma: "segundo a fora operante do seu poder". As palavras "fora", "energia" e "operao" indicam a fonte dessa operao, que "o poder de Deus" manifesto de forma concreta na vida do ministro dessa revelao.

    4.4. A revelao do mistrio das riquezas insondveis em Cristo v. 8No verso 8, Paulo usa um superlativo para poder dizer mais livremente das verdades

    reveladas. Ele diz: "A mim, o mnimo [o menor] de todos os santos", sendo que no original esse superlativo aparece ainda mais acentuado: "A mim, que sou o menor dos menores entre todos os santos". Sua afirmao no possui fingimento. A graa dos mistrios de Cristo era maior do que ele podia, humanamente, compreender. Paulo sabia quo insondvel penetrar nos arcanos divinos, a no ser que Deus os revele, como lhe havia feito. O grande mi