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Em Busca de um Modelo de Memória Aplicável à Audiação Notacional Ronaldo da Silva Universidade Estadual de Campinas Instituto de Artes [email protected] Ricardo Goldemberg Universidade Estadual de Campinas Instituto de Artes [email protected] Marcelo Gimenes Universidade Estadual de Campinas Núcleo Interdisciplinar de Comunica!o Sonora " NICS [email protected] Resumo A prática da audiação notacional por músicos profissionais tem-se mostrado uma ativid relevante no estudo da obra musical. Sob o ponto de vista da cognição musical, esta c fruto da atividade de memória, ue pode ser mel!or compreendida por meio de seus está funcionais" memória sensorial, memórias de curto e longo pra#o, e memória de trabal!o pesuisas ue estabelecem a capacidade da memória de curto pra#o %&'() em reter de * elementos de informação, estudos recentes sobre a memória de trabal!o visual %& ) tê sugerido ue a capacidade do arma#enamento de memória não di# respeito apenas a um nú fi o de elementos a serem levados / &'(, mas ue torna importante levar em conta a d e profundidade de informaç0es ue estes elementos tra#em. 1 presente artigo apresenta con!ecimento ue se tem a respeito da capacidade da memória de trabal!o visual e aval aplicabilidade frente / prática da audiação notacional, gerando uest0es ue serão in um estudo de nature#a emp2rica. Palavras-chave " audiação notacional, percepção musical, cognição musical Towards a Memory Model Applicable to Notational Audiation Abstract " !e practice of notational audiation b3 professional musicians is an importan t!e stud3 of music. 4rom t!e vie5point of music cognition, specificall3, t!is compete result of t!e activit3 of t!e memor3, 5!ic! can be best understood t!roug! its functi sensor3 memor3, s!ort and long-termmemor3, and 5or6ing memor3. 'onsidering investigat t!at establis!ed t!e capacit3 of t!e s!ort-term memor3 %S &) to retain *-+ pieces of recent studies on visual 5or6ing memor3 % 7&) !ave suggested t!at t!e capacit3 of mem storage is not 8ust about a fi ed number of elements but t!e diversit3 and dept! of contained in t!ese elements. !is paper presents 6no5ledge about t!e capacit3 of our 5or6ing memor3 and assesses its applicabilit3 to t!e practice of notational audiation uestions t!at 5ill be investigated in an empirical stud3. Keywords " notationalaudiation, music perception, music cognition 1. Introdução As pesuisas musicais ue abordam a uestão da memória muitas ve#es investi aspectos relacionados com a performance %9isboa, '!affin, : ;egos!, <=>=), a mem musical %Aiello : 7illiamon, <==<) e o processo de leitura / primeira vista com instrumento %Sloboda, >+?@). m aspecto menos discutido, ob8eto do presente arti respeito / leitura mental de uma partitura em ue, no entender de Sloboda%>+?@, ob8eto da percepção é visual e não auditivo.

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Em Busca de um Modelo de Memória aplicável à Audiação Notacional

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Em Busca de um Modelo de Memria Aplicvel Audiao NotacionalRonaldo da SilvaUniversidade Estadual de CampinasInstituto de [email protected] GoldembergUniversidade Estadual de CampinasInstituto de [email protected] GimenesUniversidade Estadual de CampinasNcleo Interdisciplinar de Comunicao Sonora - [email protected]

ResumoA prtica da audiao notacional por msicos profissionais tem-se mostrado uma atividade relevante no estudo da obra musical. Sob o ponto de vista da cognio musical, esta competncia fruto da atividade de memria, que pode ser melhor compreendida por meio de seus estgios funcionais: memria sensorial, memrias de curto e longo prazo, e memria de trabalho. Diante de pesquisas que estabelecem a capacidade da memria de curto prazo (MCP) em reter de 5 a 9 elementos de informao, estudos recentes sobre a memria de trabalho visual (MTV) tm sugerido que a capacidade do armazenamento de memria no diz respeito apenas a um nmero fixo de elementos a serem levados MCP, mas que torna importante levar em conta a diversidade e profundidade de informaes que estes elementos trazem. O presente artigo apresenta o conhecimento que se tem a respeito da capacidade da memria de trabalho visual e avalia sua aplicabilidade frente prtica da audiao notacional, gerando questes que sero investigadas em um estudo de natureza emprica.Palavras-chave: audiao notacional, percepo musical, cognio musical

Towards a Memory Model Applicable to Notational AudiationAbstract:The practice of notational audiation by professional musicians is an important activity in the study of music. From the viewpoint of music cognition, specifically, this competence is the result of the activity of the memory, which can be best understood through its functional stages: sensory memory, short and long-termmemory, and working memory. Considering investigations that established the capacity of the short-term memory (STM) to retain 5-9 pieces of information, recent studies on visual working memory (VWM) have suggested that the capacity of memory storage is not just about a fixed number of elements but the diversity and depth of the information contained in these elements. This paper presents knowledge about the capacity of our visual working memory and assesses its applicability to the practice of notational audiation, generating questions that will be investigated in an empirical study.Keywords: notationalaudiation, music perception, music cognition

1. IntroduoAs pesquisas musicais que abordam a questo da memria muitas vezes investigam aspectos relacionados com a performance (Lisboa, Chaffin, & Begosh, 2010), a memorizao musical (Aiello & Williamon, 2002) e o processo de leitura primeira vista com o uso do instrumento (Sloboda, 1984). Um aspecto menos discutido, objeto do presente artigo, diz respeito leitura mental de uma partitura em que, no entender de Sloboda(1984, p. 222), o objeto da percepo visual e no auditivo.Talvez a leitura mental da partitura sem fins de performance imediata possa ser considerada por alguns estudantes de msica como uma atividade sem sentido diante da urgncia de ouvi-la soar atravs do instrumento. H, pelo menos trs razes que apontam em sentido contrrio a essas afirmaes: uma emerge de pesquisas em neurocincia, outra da sade ocupacional e a ltima baseia-se na prtica do estudo do instrumento.No que diz respeito ao primeiro aspecto, Sacks (2007, p. 44) sugere que as imagens mentais deliberadas so claramente fundamentais para os msicos profissionais, afirmao esta sustentadaa partir das consideraes efetuadas por Robert Zatorre e por Alvaro Pascual-Leone. O primeiro, depois de realizar estudos utilizando tcnicas de neuroimagem, percebeu que imaginar msica [...] estimula o crtex motor, e, inversamente, imaginar a ao de tocar msica estimula o crtex auditivo (como citado em Sacks, 2007, p. 42). Alm disso, Pascual-Leone (como citado em Sacks, 2007, p. 43) sugere que:[...] a prtica mental por si s parece ser suficiente para promover a modulao de circuitos neurais envolvidos nas primeiras etapas do aprendizado de habilidades motoras. Essa modulao no s resulta em acentuada melhora na execuo, mas tambm parece deixar o indivduo em vantagem para aprender a habilidade com menos prtica fsica. A combinao da prtica fsica e mental leva a um aperfeioamento da execuo mais acentuado do que a prtica fsica sozinha. De acordo com o ponto de vista da neurocincia, a imaginao musical ativa as regies cerebrais responsveis por aes especficas e complementares prtica musical, sendo uma oportunidade de otimizao do tempo de estudo diante do instrumento. No tocante sade ocupacional, para Bortz(2011, p. 6), o treinamento mental, entre outros benefcios, mostra-se como uma ferramenta de economia de esforos, utilizado anteriormente por msicos brilhantes e por atletas [...] ferramenta esta que poderia evitar sofrimentos futuros. Os sofrimentos a que ela se refere so a distonia focal, um distrbio neurolgico que se caracteriza por movimentos involuntrios gerados pelo excesso de atividade muscular e estresse devido demanda e cobranas profissionais.A terceira razo que justifica o estudo mental da obra musicalrelaciona-se s oportunidades limitadas que o msico tem de estar diante do seu instrumento a fim de estud-lo. Silva (2010) destaca o relato de uma percussionista sinfnica que estudava mentalmente as obras a fim de agilizar o estudo; no era sempre que eu podia estar na frente de um tmpano, comenta a musicista. Por outro lado, o estudo mental contribuiria para a criao da interpretao pessoal ao passo que, caso o instrumentista v diretamente ao instrumento e se depare com suas limitaes tcnicas, esta seria prejudicada.Feitas estas consideraes iniciais acerca da prtica da leitura mental da partitura, procuramos localizar modelos tericos que expliquem o seu funcionamento sob o ponto de vista de processos cognitivos. A rigor, estudos experimentais sobre o funcionamento da memria visual no ato da leitura mental de uma partitura so praticamente inexistentes. Vale destacar, contudo, que o objetivo principal deste artigo levantar questes iniciais sobre um modelo de memriaaplicvel a audiao notacional, preocupando-se por esclarecer conceitos, revisar a bibliografia especfica, e revelar possvel caminho de pesquisa.2. A Audiao notacionalQuando se fala da leitura mental da partitura, sugere-se que a eficincia dessa ao esteja condicionada ao nvel de compreenso auditiva do contedo musical grafado. O pesquisador norte-americano Edwin Gordon, especialista em educao musical nas reas de Psicologia e Pedagogia Musical, desenvolveu um termo que carrega em si esse conceito: audiao notacional. Preocupado em desvendar os caminhos da aprendizagem musical, Gordon(2000) estabelece um paralelo entre o processo de aprendizagem da linguagem verbal com o aprendizado da msica. Segundo ele, haveria quatro vocabulrios que emergem no desenvolvimento natural de uma criana: de maneira geral, primeiro se ouve (audio), em seguida aprende-se a falar, aps desenvolve-se a leitura, e por fim a escrita. Como uma maneira ideal para que seja operada a aprendizagem musical, Gordon (2000) tambm nomeia quatro vocabulrios especficos: audiao, performance, leitura e escrita musical.De acordo com a teoria desenvolvida por Gordon, a linguagem (de maneira verbal) e a msica (de maneira sonora) so resultados da necessidade de comunicao. A fala e a performance so a maneira de se comunicar. E o que se comunica? O que est no pensamento (Silva, 2010, p. 30). Dessa forma a audiao para a msica o que o pensamento para a linguagem (Gordon, 1999, p. 42). O autor acrescenta:Se voc capaz de ouvir um som musical e de dar um significado sinttico ao que voc v na notao musical antes mesmo de voc toc-la, antes que algum a toque ou, antes mesmo de voc escrev-la, ento voc est procedendo a audiao notacional. (Gordon, 1999, p. 42)Dessa forma, o estudo mental da partitura implica no processo da audiao notacional, que por sua vez a emanao do pensamento musical inteligente do leitor (Goldemberg, 1995, p. 2), sendo que nesse caso os elementos musicais presentes na mente de quem audia so acionados por meio da percepo visual. Mas a percepo visual apenas uma fora catalizadora para despertar imagens sonoras que foram anteriormente armazenadas com o auxlio da percepo auditiva. A fim de compreender esse processo, importante analisar brevemente alguns aspectos sobre o funcionamento da memria.3. A memriaSegundo Baddeley, Eysencket al(2010, p. 9), a memria no um rgo nico como o corao ou o fgado, mas uma aliana de sistemas que trabalham juntos, permitindo-nos aprender com o passado e predizer o futuro. Para Davidoff(2001, p. 205), o termo memria, num sentido amplo, diz respeito a vrios processos e estruturas envolvidos no armazenamento e recuperao de experincias. De acordo com Sternberg(2008, p. 156), a realizao desse processo abrange mecanismos dinmicos associados com armazenagem, reteno e acesso informao sobre a experincia passada.Do ponto de vista estrutural, o processamento da memria realizado por inmeras partes do crebro. Segundo Miller(1956, p. 22), a regio medial temporal importante por formar, organizar, consolidar e recuperar a memria, reas do crtex so importantes para o armazenamento a longoprazo de conhecimento sobre fatos e eventos e como esse conhecimento usado em situaes cotidianas.3.1. Tipos de memriaBaddeley, Eysenck e Anderson (2010, p. 6) esclarecem que, para fins de compreenso do processo funcional, a memria pode ser classificada em diferentes tipos, como a memria sensorial, a memria de curtoprazo e a memria de longoprazo: ns distinguimos entre tipos de memrias como um meio de organizar e estruturar nosso conhecimento sobre a memria humana.3.1.1 Memria sensorialO ambiente externo pode gerar estmulos que ingressam conscincia via percepo ttil, olfativa, gustativa, auditiva (ecica) e visual (icnica). Todas elas possuem esquemas particulares de funcionamento, especialmente com respeito s estruturas de captao desses estmulos. No entanto, a brevidade da permanncia das informaes retidas por essas vias de acesso tm-se mostrado como caracterstica comum a todas elas. Por exemplo, segundo Snyder(2000), as informaes presentes na memria ecica podem se perder aps 3 a 5 segundos.3.1.2 Memria de curto prazoA memria de curto prazo (MCP) o segundo sistema da memria em que as informaes so temporariamente armazenadas(Kalat, 1999). De acordo com Davidoff(2001), seria o centro da conscincia. Snyder(2000) refere-se a ela como uma memria imediata, mas menos permanente, pois se as informaes no forem repetidas elas se perdem aps alguns segundos (mdia de 3 a 5 segundos).George A. Miller, psiclogo e pesquisador norte-americano, publicou em 1956 na revista PsychologyReviewo artigo intitulado The magicalnumberseven, plusorminustwo: some limitsonourcapacity for processinginformation em que,aps revisar inmeros trabalhos sobre as limitaes da memria humana em receber, processar e relembrar informaes, conclui seus apontamentos sugerindo que a memria imediata (MCP) possui uma capacidade de armazenagem de informaes de 7, mais ou menos dois elementos. Isto significa que alm da capacidade temporal da MCP, h uma limitao do nmero de informao que ela pode processar. Sternberg(2008, p. 164) explica que uma informao pode ser algo simples, como um dgito, ou algo mais complexo, como uma palavra. Mesmo sendo sequencias de dgitos ou combinaes de dgitos formando-se em palavras ou grupos numricos, somente seria possvel ret-los na MCP se somarem entre 5 a 9 itens ou blocos de informao (chunk).Conforme Miller (1956, p. 10) observou, uma vez que a extenso da memria apresenta um nmero fixo de blocos (chunks), podemos ampliar o nmero de dgitos de informao que eles contm simplesmente atravs da construo de blocos cada vez maiores, cada bloco contendo mais informaes do que antes. Este modelo terico proposto por Miller (1956) tem sido aplicado compreenso da MCP diante da manifestao musical. Snyder(2000, p. 31) ressaltou a grande complexidade do sistema auditivo em identificar fonemas, palavras, sentenas, melodias, ritmos e frases, mesmo sendo localizadas com frequncias e tempos diferentes. Se no fosse essa capacidade cognitiva de formar agrupamentos sonoros e estabelecer seus conjuntos de limites, ouviramos um som nico, sendo a soma da paisagem sonora de um determinado momento.Os limites dos agrupamentos meldicos, segundo Snyder(2000, p. 37) so estabelecidos pelas mudanas da distncia das alturas relativas (intervalo), direo do movimento, ou ambas, enquanto que os limites dos agrupamentos rtmicos so estabelecidos pelas mudanas no intervalo de tempo entre os eventos e os acentos.Os blocos de informaes armazenados pela MCP precisam continuamente ser reforados na conscincia, para que no caiam no abismo insondvel do esquecimento, nas palavras de James(1931). Dessa forma, a informao que no for perdida ser conduzida memria de longoprazo (MLP).3.1.3 Memria de longo prazoA memria de longoprazo indispensvel no dia-a-dia das pessoas. Nomes de ruas, compromissos, experincias vividas, conceitos, tudo o que lembramos ou lembraremos um dia est ou estar inserida na MLP. Os eventos que acontecem alm de 3 a 5 segundos no podem ser relacionados imediatamente, mas somente por meio de uma ao mental retrospectiva, isto , por meio da lembrana. Snyder(2000, p. 69) observa que nossa memria de longo prazo necessita ser inconsciente: se nela estivesse toda na nossa conscincia, no haveria espao para o presente.No entanto, se as informaes arquivadas na MLP no pudessem ser recuperadas e trazidas de volta conscincia, seriam como as que foram perdidas pela falta de reforo na MCP. Por isso, Sternberg(2008)compreende a memria de trabalho como um modelo integrador.3.1.4. Memria de trabalhoO termo memria de trabalho foi utilizado pela primeira vez por Richard Atkinson e Richard Shiffrin, em 1968, para sustentar o pressuposto da existncia de um sistema que visa manuteno temporria e a manipulao da informao com a utilidade de auxiliar na execuo de inmeras tarefas complexas(Baddeley et al., 2010). Snyder(2000, p. 48) estabelece a comparao: a memria de trabalho se distingue da memria de curto prazo na medida em que ela constitui-se de processos de ativao de inmeros nveis, incluindo o foco de conscincia, no somente armazenagem de curto prazo. Ele destaca, seguir, que a memria de curto prazo um dos componentes da memria de trabalho.3.2. Memria de trabalho visual (MTV) e a leitura mental da partituraDe acordo com pesquisas realizadas por George Alvarez (Universidade de Harvard), observou-se que a MCP, dentro da atuao da MTV no se refere apenas ao tempo e capacidade de armazenagem das informaes conforme sugerido por Luck e Vogel(1997). De acordo com Alvarez e Cavanagh(2004, p. 109) a variao no nmero de objetos que podem ser armazenados contradiz com qualquer modelo de memria visual de curto prazo que prope que a capacidade fixada apenas em termos de nmeros de objetos. As pesquisas de Alvarez e Cavanagh(2004),Bays, Catalao e Husain(2009), Fougnie, Asplund e Marois(2010), Brady, Konkleet al(2011), entre outros, trazem tona a complexidade dos estudos da atuao da memria de trabalho visual, do qual busca-se neste artigo a transposio para o ato da leitura mental da partitura musical. Segundo esse modelo de compreenso, a capacidade da memria de trabalho visual no mbito musical deve ser levada em conta no apenas pelos nmeros de blocos presentes simultaneamente, mas diante da diversidade e profundidade de informaes que estes trazem.Diante disso, importante investigar se os parmetros primrios, altura e ritmo (Snyder, 2000) poderiam manter uma boa resoluo na MTV quando so apresentados juntamente com certos parmetros secundrios, por exemplo: timbre, dinmica, andamento, articulao, letra. Em outras palavras, os parmetros secundrios no interferem na formao desses agrupamentos meldico-rtmicos, e estes no tem sua reteno diminuda, no foco da conscincia, caso apresentem muitos itens a serem considerados? 3.3. Discusso e concluses finaisEste artigo discute questes iniciais sobre a busca de um modelo aplicvel ao desempenho da memria visual de trabalho na leitura de partitura musical. V-se como uma possibilidade metodolgica adaptar a abordagem utilizadas porAlvarez e Cavanagh(2004), Bays, Catalao e Husain(2009), Fougnie, Asplund e Marois(2010), Brady, Konkle e Alvarez (2011) a um estudo quase-experimental no campo da msica, por meio de testes com msicos profissionais a serem convidados a audiarem diante do aparecimento de excertos musicais em etapas e nveis diferentes. Seguindo os modelos originais, pode-se tomar como uma opo de aplicao dos testes, a apresentao numa tela de computador de agrupamentos musicais que contenham apenas os dois parmetros primrios nomeados por Snyder(2000): a altura e o ritmo. A apresentao de cada agrupamento na tela do computador seguiria um espao de tempo entre preparo, estmulo e reteno da informao, finalizando com as respostas de questes dentro do perodo limite de reteno da memria de curto prazo (9s.). Aos poucos, os testes seriam aprofundados com a incluso de outros parmetros secundrios (Snyder, 2000), como dinmica e articulao, a fim de se verificar se a capacidade/qualidade de reteno da memria de trabalho visual diminuiria com o aumento de informaes.Tendo como norte tais consideraes, uma pesquisa nesta direo poder ampliar a compreenso sobre a capacidade e qualidade de reteno das informaes musicais durante o processo de audiao notacional em msicos profissionais e buscar uma nova perspectiva para o avano dos estudos nos campos da cognio e percepo musical.

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