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1 Nº 118 . Setembro de 2015 Associação Portuguesa de Horticultura ISSN - 1646 - 1290 Publicação Trimestral . Preço de venda: 5€ n.º 118 . setembro > novembro 2015 EM FOCO Estufas do futuro ENTREVISTA Gene Giacomelli Investigador da Universidade do Arizona

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1Nº 118 . Setembro de 2015

Associação Portuguesa de Horticultura

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EM FOCOEstufas do futuro

ENTREVISTA

Gene Giacomelli

Investigador da Universidade do Arizona

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7 de setembro de 2015 14:18:30

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3Nº 118 . Setembro de 2015

Editorial

Tudo, em toda a parte e sempre

Domingos AlmeidaPresidente da [email protected]

Uma Associação técnica e científica de van-guarda no fascinante mundo da Horticultura precisa de cultivar “tudo, em toda a parte e sempre”. Cultivar, esse étimo cuja evolução semântica começou no trabalho da horta, da vinha, do jardim, do pomar e do campo e se estendeu aos assuntos do espírito. Precisamos de uma APH que cultive e se cultive.

A trilogia das fitotecnias hortícolas - “tudo, em toda a parte e sempre” – é um mote for-te para a nossa Associação. Evoco a definição de Sertório do Monte Pereira que capta bem a especificidade das fitotecnias hortícolas no seu conjunto e adoto-a como mote para o nos-so trabalho na APH. Esta trilogia traduz uma atitude de mudança, alia a compreensão do espirito de lugar com a abrangência cosmo-polita, remete para a permanência através da adaptação. Adequar as condições naturais às preferências das culturas de alto valor estético ou comercial, revertendo a abordagem clássica da cultura do ager, é um estado de espírito que se aprende a exercitar na Horticultura.

Tudo: que todos os interessados nas diversas facetas da Horticultura – profissionais e ama-dores – encontrem na APH a sua comunidade de interesses e afetos pelo fascinante mundo da Horticultura.

Em toda a parte: intensificaremos o trabalho em Portugal e iniciaremos um trabalho siste-mático no espaço lusófono para chegar a to-dos os interessados. A APH deve continuar a trabalhar para acolher no seu seio os profissio-nais e os amadores das ciências e das técnicas que suportam os negócios e as atividades de lazer hortícola.

Sempre: numa altura em que a APH entra na sua quarta década projeta-se rejuvenescida para o futuro.

Para reforçar esta atitude com instrumentos, a nossa APH renovou e deu coerência a toda a sua comunicação institucional. A Revista foi redesenhada e a comunicação interna e exter-na através do correio eletrónico desenvolveu--se com flashes noticiosos, em articulação com um site com novas funcionalidades.

As culturas protegidas, tema de capa deste número da revista, proporcionam abundantes exemplos da forma de raciocinar em engenha-ria hortícola, permitindo, dentro das restrições económicas e financeira, exercitar “a arte de produzir tudo, em toda a parte e sempre”. Re-firo restrições económicas e financeiras e não técnicas: estas concebem-se e otimizam-se no espaço do possível, com competências em en-genharia hortícola.

Ao entrar na 4ª década de existência, a APH vê o seu âmbito a expandir-se com novos desa-fios identificados no início do nosso mandato: a horticultura urbana e horticultura social num contexto de globalização e mudanças sociais e naturais e o posicionamento da Horticultura na resposta a desafios aos grandes desafios so-cietais, incluindo os de saúde pública.

Este é um tempo de desafios que enfrentamos com o inspirador mote da Horticultura: “tudo, em toda a parte e sempre”.

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4 Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

Revista da APH (Associação Portuguesa de Horticultura)

Propriedade e edição:Associação Portuguesa de HorticulturaRua da Junqueira, 299, 1300-338 LisboaTel. +351 213 623 094

DiretorDomingos [email protected]

EditorLuís Filipe Goulã[email protected]

Editora ExecutivaNélia Silva+351 936 924 694Carteira Jornalista Profissional Nº [email protected]

Colaboraram nesta ediçãoAntónio Calado, Amílcar Duarte, Domingos Almeida, J.A. Passarinho, J. Miguel Costa, Mário Reis, M.E. Ferreira, M.G. Palha, Susana M.P. Carvalho.

DesignMusse Ecodesign [email protected]

ImpressãoSIG

PeriodicidadeTrimestral Dezembro / Abril / Julho / Setembro

Tiragem5.000 Exemplares

Preço capa: 5€ Isenta do Registo na ERC nos termos da alínea a) do n.º 1 do Artigo 12.º do Decre-to Regulamentar n.º 8/99, de 9 de Junho. ISSN: 1646-1290 | Dep. legal: 1566/92

Nota: O conteúdo dos artigos publica-dos é da inteira responsabilidade dos seus autores. Está proibida a reprodução dos conteúdos desta publicação sem au-torização prévia do proprietário.

Notícias

Eventos APH

IV Colóquio Nacional de Horticultura Biológica

Congresso Luso-Brasileiro de Horticultura

Em Foco - Inovação em Culturas Protegidas

Como serão as estufas do futuro?

«No futuro teremos plásticos a la carte», entrevista

Estebán Baeza, investigador do IFAPA

Oeste antecipa colheita de tomate com aquecimento

Primores do Oeste faz balanço positivo da cogeração

Vítor Jorge - Especialista em tomate

Nem tudo são rosas

Utilização da drenagem dos cultivos sem solo na rega

de outras culturas: a perversidade da legislação

Entrevista

Uma estufa na Lua, Gene Giacomelli, investigador

da Universidade do Arizona

Investigação & Experimentação

Robot português ajuda na gestão da vinha

Rosas perfeitas com menos custos energéticos

Sustentabilidade ambiental da horticultura protegida em Portugal

Academia Hortícola

Escola Fernando Barros Leal abre portas à comunidade

Espaço Sócios

Natupol - um modelo de eficácia e rentabilidade há 25 anos

Novos Sócios e Sócio Patrono Agenda

Fichatécnica

Sumário5

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O Anti-Botritis!

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Fungicida de contacto

Suspensão concentrada com 500 g/L ou 43,5% (p/p)

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5Nº 118 . Setembro de 2015

Notícias

APH renova imagem

A Revista da APH apresenta agora uma nova forma de comunicação mais moderna e apelativa, com reportagens e entrevistas de fundo, mas também com notícias e apontamentos breves. Tudo isto enquadrado por um layout renovado e atraente, que torna a leitura mais fluída, fácil e agradá-vel. Esta nova imagem estende-se a toda a Comunicação da APH. O nosso logótipo foi redesenha-do com novos elementos gráficos que explicam a abrangência da atividade da APH às diversas ciências hortícolas, mantendo, no entanto, a sua base de ligação à história da APH. A mudança é visível também no website www.aphorticultura.pt, reprogramado para uma versão de navegação mais intuitiva e acessível também via smartphone e tablet. Criamos ainda a Flash APH, uma news-letter quinzenal enviada por e-mail aos nossos sócios com atualidade do setor, que acompanha-mos a par e passo no website e Facebook da APH. Por fim, criámos um lema onde esperemos que os nossos sócios se revejam: InFormamos Horticultura.

Fichatécnica

O Anti-Botritis!

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apec

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Fungicida de contacto

Suspensão concentrada com 500 g/L ou 43,5% (p/p)

de iprodiona

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6 Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

Um consórcio europeu e norte-americano coordena-do por Jörg Becker, investigador principal no Instituto Gulbenkian de Ciência, recebeu financiamento de 2.6 milhões de euros por 3 anos para estudar a evolução da reprodução sexual das plantas. Este estudo irá pos-sibilitar a identificação de genes úteis para a indústria agrícola, com o objetivo de melhorar a reprodução de espécies de cultivo e aumentar a sua produtividade. “O nosso projeto irá fornecer a primeira análise exaustiva da evolução molecular da reprodução sexual das plan-tas e dar informações sobre as origens da fertilização em plantas com flor. Isto é fundamental para podermos desenvolver ferramentas para manipular a reprodução das plantas a nosso favor e melhorar a produtividade das culturas”, diz Jörg Becker. Usando diversas espécies como modelos de estudo, desde musgos até plantas com flor, os investigadores pretendem compreender as principais etapas na evolução da reprodução das plantas, incluindo os mecanismos ancestrais de desen-volvimento dos gâmetas e fertilização. Irão comparar a atividade de redes de genes em plantas terrestres primi-tivas, tais como musgos, com outras plantas importan-tes de cultura, como milho e tomate. O grupo do IGC irá focar os seus estudos no desenvolvimento de células de esperma do musgo Physcomitrella patens, e na forma como alterações que não estão escritas diretamente no DNA podem ser transmitidas mediante a fertilização.

O projeto é financiado pela ERA-CAPS, uma rede eu-ropeia dedicada a apoiar atividades de investigação no campo da Ciência das Plantas. Esta é a primeira vez que Portugal participa num projeto da ERA-CAPS, não só como parceiro mas também como coordenador.

Portugal lidera estudo sobre evolução da reprodução das plantas

Dieta Mediterrânica é tema de Conferência no Algarve

“Dieta Mediterrânica: Saúde, Bem-Estar e Tu-rismo” é o tema da I Conferência Internacional que se realiza na Universidade do Algarve, em Faro, de 17 a 19 de Março de 2016. O evento, coorganizado pela Associação Portuguesa da Horticultura, é uma iniciativa da Unesco, atra-vés da Chaire Unesco “Alimentations du Mon-de”, em colaboração com a Universidade do Algarve e o Institute Nationale de Recherche Agronomique, de Montpellier, em França. Par-ticipam ainda a autarquia de Tavira e a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, entre outras entidades.

A Conferência visa alertar para a importância da Dieta Mediterrânica enquanto estilo de vida saudável e que contribui para preservar a bio-diversidade. No seu âmbito serão divulgados trabalhos de investigação sobre temas como modelos alimentares, caracterização e qualida-de dos alimentos, nutrição e inovação.A Dieta Mediterrânica foi classificada Patrimó-nio Imaterial da Humanidade pela Unesco, em 2013, por iniciativa da autarquia de Tavira, em parceria com sete países do Mediterrâneo.

http://cieo15.wix.com/mediterranean-diet

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7Nº 118 . Setembro de 2015

Notícias

ERRATANo número 117 da Revista da APH a legenda da 2ª foto-grafia, na página 17, está incorreta. A referida fotografia retrata "Alguns elementos dos Corpos Sociais da APH - 1996/1998". Pelo lapso, a Revista da APH pede desculpa ao autor e leitores.

Novos temas no “Fugas”

Na secção de Jardinagem do suplemento “Fugas” do jornal “Público”, a APH reforça, uma vez mais, junto do grande público, a boa imagem e a impor-tância desempenhada pela Horticultura na socieda-de, desafiando os leitores a “aprender, fazendo”. Os novos artigos estão disponíveis no site da APH, em www.aphorticultura.pt, agora no separador Atuali-dade e na página do Facebook, em www.facebook.com/aphorticultura.

Entre Maio e Agosto, foram publicados artigos abordando temas variados: Uma laranja com sangue dentro?, por Amílcar Duarte;Mitos e verdades sobre o manjerico, por António Monteiro;Vamos germinar feijão-verde?, por Isabel Mourão;Hortas verticais, paredes com vida, por Luís Goulão;O tomate na minha horta, por João Moreira;Sol na eira, chuva no nabal?, por António Monteiro. Muito valorizado pelos leitores do “Público”, este espaço de divulgação tem um papel social, integra-dor de conhecimento, junto de um público diversifi-cado e com opinião. Boas leituras e boa jardinagem!

FUGAS | Público | Sábado 4 Julho 2015 | 31

Jardinagem

Vamos germinar feijão-verde?

A plantaO feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) é uma planta anual da família das Fa-báceas, com sistema radicular apru-mado, mas superfi cial. Os frutos são vagens, com sementes em forma de rim, de variados tamanhos e cores.

Os feijoeiros para a produção de grão têm um ciclo produtivo longo (quatro-cinco meses) e apenas uma colheita no fi nal do ciclo. As cultiva-res para a produção de feijão-verde têm um ciclo mais curto e a vanta-gem de permitirem que a colheita das vagens seja escalonada no tem-po, razões por que a produção de feijão-verde seja mais indicada para a horta caseira.

Os feijoeiros, tal como as ervilhei-ras, podem ser rasteiros ou de tre-par. Para a produção de feijão-verde, normalmente as cultivares são de trepar, sendo necessário um tutor. As vagens de feijão-verde podem ser planas ou redondas (sem fi o), de cor verde, amarela ou raiada como o fei-jão tipo ‘Riscadinho’.

Onde e como semear e plantar?O feijoeiro é uma cultura de Prima-vera-Verão, pelo que temperaturas entre os 20-25ºC são óptimas para o seu crescimento e desenvolvimento. Prefere solos de textura ligeira e com boa drenagem, pois é muito sensí-

Quem é que não teve a experiência de germinar feijão na escola? Um vasinho com estas plantas, colocado à janela, foi uma presença para muitos de nós. Provar o resultado desta sementeira é que provavelmente nunca aconteceu, o que é agora possível e uma belíssima tentação, bastando produzir feijão-verde no solo ou num vaso, em casa.

se as melhores) e o início da colhei-ta é mais cedo. A distância entre linhas deve ser de 50cm e a distân-cia entre plantas na linha de 25cm.

Antes da sementeira/plantação deve aplicar composto bem matu-rado. Num vaso pode misturar uma parte de composto para quatro par-tes de solo/substrato e, num cantei-ro, incorpore nos primeiros 20cm de solo três quilos de composto em cada metro quadrado. Como esta planta estará em crescimento mais de três meses, poderá ainda aplicar ainda um adubo orgânico.

Como cuidar?Os tutores necessários para esta cul-tura podem ser um fi o, uma rede de tutoragem (malha 20 x 20cm) ou canas. Num canteiro de 1,0m de largura, pode colocar duas linhas de plantas com, por exemplo, um ou dois fi os tutores por cada planta. Quando as plantas atingem a altura máxima do tutor, cerca de 1,2-1,5 m de altura, deve-se cortar a extremi-dade apical da planta (desponta), para evitar que cresça mais em altu-ra, desenvolvendo-se as vagens até essa altura.

Durante o crescimento, a rega pode ocorrer a cada três, quatro dias com uma quantidade de água sufi ciente para a capacidade de ar-mazenamento de água do solo/subs-trato. Quando a planta estiver na fase de abertura das fl ores, seguindo-se o crescimento das vagens, a rega deve ser mais frequente, de modo a man-ter o solo/substrato sempre húmido, sem nunca fi car encharcado.

Quando colher?A colheita do feijão-verde realiza-se quando as vagens tenras apresen-tam as sementes ainda muito pouco desenvolvidas, e tem início cerca de três a quatro meses após a sementei-ra, podendo ser efectuada ao longo do tempo, de Junho a Agosto.

Como vê, é muito fácil comer feijão-verde produzido por si e, em simultâneo, relembrar o ciclo de vida desta planta, cuja memória de infân-cia nos acompanha e ainda, acima de tudo, partilhar esta experiência com as crianças que tem perto de si.

Eng. Agrónoma e da Associação Portuguesa de Horticultura (APH)

Isabel de Maria Mourão

vel à asfi xia radicular. O pH ideal do solo deve situar-se entre 6,0-6,5. Se a cultura for realizada em vasos ou em canteiros em casa, é necessário pelo menos uma profundidade de 40cm de solo ou substrato.

Há diversas variedades de feijão-verde que podem ser adquiridas em lojas da especialidade, ou centros de jardinagem, mas atenção à forma como as sementes estão acondiciona-das e expostas, pois podem infl uen-ciar o poder germinativo da semente. A sementeira normalmente é feita directamente no local onde a planta se irá desenvolver, nos meses de Mar-ço e Abril. As sementes, após terem sido demolhadas 24 h, colocam-se à profundidade de 2-3cm. Devem-se colocar duas sementes em cada local, de modo a permitir a selecção da me-lhor planta, assim que estas iniciarem o seu crescimento. Até que ocorra a germinação, normalmente ao fi m de 6-12 dias, deve-se regar diariamente a superfície do solo. As plantas podem também ser semeadas num tabuleiro de alvéolos ou em vasos pequenos e transplantadas para o local defi niti-vo com três-quatro folhas verdadei-ras. Neste caso, a sementeira é feita dois a dois meses e meio antes do transplante, o qual deve acontecer na época indicada para a sementeira directa. Desta forma, produzem-se plantas bem formadas (escolhendo-

MIGUEL MADEIRA

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8 Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

Eventos APH

A Associação Portuguesa de Horticultura, em parceria com a Universidade do Algarve e a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, estão a organizar o IV Colóquio Nacional de Horticultura Biológica, que decorrerá de 17 a 19 de Março de 2016, na Universidade do Algarve, Campus de Gambelas, a cerca de 8 km da cidade de Faro.

O IV Colóquio Nacional de Horticultura Biológica tem como principal objetivo a apresentação e a divulgação dos últimos progressos técnico-cientí-ficos em diferentes áreas do conhecimento rela-cionadas com a horticultura biológica, nomeada-mente na produção, certificação e comercialização de produtos. Permitirá ainda debater ideias e pro-blemas do setor, envolvendo produtores, comer-ciantes, técnicos, investigadores e estudantes de todo o país, para além da participação de peritos internacionais.

O modo de produção biológico (MPB) tem vindo a crescer na União Europeia a uma taxa média anual de 8% em área e de 11,6% em mercado, nos últimos 10 anos, ultrapassando em 2012 os 20.000 milhões de euros em vendas. No mesmo ano, a AB ocupa-va em Portugal 226.425 hectares, distribuídos por 2.885 produtores, principalmente pelo Alentejo e Beira Interior e em Trás-os-Montes, com predomí-nio das pastagens e do olival. A área de hortofru-tícolas e de vinha é muito baixa, devido a maior dificuldade técnica e pela falta de experimentação e divulgação nestas culturas em AB em Portugal. É um potencial de produção e valorização agrícola que o país deve aproveitar.

A agricultura em MPB encontra-se num contexto difícil, com alterações legislativas a nível europeu mais restritivas e a premente necessidade de redu-zir custos de produção. É também indispensável

fomentar o aumento da produção (novos produ-tores) e aumentar o valor dos produtos agrícolas biológicos através do seu processamento local. A certificação rigorosa e credível é indispensável para manter a confiança dos consumidores.

Os anteriores colóquios nacionais dedicados a esta temática contaram com mais de 200 partici-pantes. O último realizou-se em Braga em 2011. A organização deste evento no Algarve justifica-se pela importância que a hortofruticultura tem na região e pelo facto de a Universidade do Algarve estar especialmente focada neste sector da agri-cultura. Além disso, o Algarve tem uma boa oferta hoteleira (nomeadamente em Faro, Loulé, Quar-teira, Vilamoura e Olhão), relativamente disponível nesta época do ano, o que facilita o alojamento dos participantes.

António Calado [email protected] Vice Presidente da Horticultura Herbácea da APH

Amilcar Duarte [email protected] Professor na FCT da Universidade de Algarve Secretário da Mesa da Assembleia Geral da APH

SABER MAIShttp://www.aphorticultura.pt/cnhb2016.html

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9Nº 118 . Setembro de 2015

Eventos APH

Realização17-19 Março 2016

Inscrições a partir de 15 Julho 2015

Envio de resumosaté 30 Novembro 2015

Aceitação dos resumosaté 15 de Dezembro 2015

Envio artigo/comunicação até 15 Janeiro 2016

Aceitação do artigo até 15 Fevereiro 2016

Datas

Áreas temáticas

Melhoramento e propagação de plantas

Fertilidade do solo e nutrição vegetal

Proteção de culturas

Pós-colheita e qualidade

Culturas hortícolas, aromáticas e medici-

nais

Fruticultura, olivicultura e viticultura

A certificação da produção biológica

Economia e comercialização de produtos

biológicos

Aspetos ecológicos da produção biológica

Tendências de produção e consumo de

produtos biológicosO consumo de produtos biológicos e a nu-trição

CONTATOST.+ 351 289 800 931 [email protected]ónio Calado [email protected]

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10 Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

I Congresso Luso-Brasileiro de Horticultura

A Associação Portuguesa de Horticultura

(APH), e a Associação Brasileira de Horticul-

tura, em parceria com o Instituto Superior de

Agronomia da Universidade de Lisboa e a Es-

cola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz

da Universidade de São Paulo estão a orga-

nizar o I Congresso Luso-Brasileiro de Horti-

cultura (CLBH2017) que decorrerá em Lisboa

em 2017.

O I Congresso Luso-Brasileiro de Horticultura

(CLBH2017) está sendo proposto como um

novo ciclo, com o intuito de criar um fórum

para todas as partes interessadas nos diferen-

tes ramos da horticultura do Brasil e de Por-

tugal.

Esta iniciativa poderá desempenhar um papel

chave na criação de um ambiente de encon-

tro atrativo para os países que compõem a

comunidade dos países de língua portuguesa

(CPLP). Espera-se conseguir tal objetivo esta-

belecendo diálogos participativos e através do

intercâmbio de conhecimentos e experiências

sobre os mais recentes avanços e inovações no

âmbito tecnológico e científico da Horticultura.

Este evento poderá servir como rampa de lan-

çamento para o estabelecimento de uma efec-

tiva cooperação tecnocientífica entre os países

da comunidade lusófona. Pretende-se que seja

viabilizada a criação de um ambiente de opor-

tunidades para o desenvolvimento pessoal e

profissional dos participantes nas áreas temá-

ticas incluídas no Congresso.

O Congresso será realizado a cada dois anos,

um ano no Brasil e no outro ano em Portugal,

contando ainda com o apoio de outras institui-

ções e empresas publicas e privadas de ambos

os países.

Áreas temáticas do CongressoO CLBH será formatado de modo a abranger

áreas temáticas de três domínios principais:

I. ciências e tecnologias hortícolas na lusofonia

(C&T);

II. negócios hortícolas no espaço lusobrasileiro

III. produção e consumo;

IV. outros temas a definir.

Haverá sessões sobre cada uma das áreas da

horticultura, nomeadamente na fruticultura e

negócio da fruta, viticultura e negócio do vi-

nho, olivicultura e negócio do azeite, horticul-

tura herbácea e hortaliças e horticultura orna-

mental.

No site do congresso, a criar num futuro próxi-

mo,irá estar disponível informação mais deta-

lhada sobre o evento.

A organização pretende que o evento tenha

a máxima qualidade. As Comissões a formar

pelos dois Países organizadores têm vindo a

empreender todos os esforços no sentido de

manter os custos de inscrição acessíveis a to-

dos os participantes.

Marcamos encontro em Lisboa.

António Calado

[email protected]

Vice Presidente da Horticultura Herbácea da

APH

Eventos APH

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11Nº 118 . Setembro de 2015

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calor

água

tran

spiração

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Em foco

Inovaçãoem culturasprotegidas

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12 Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

A Universidade de Évora recebeu, de 19 a 23 de Julho, técnicos e investigadores de todos os continentes no Greensys-Simpósio Internacional Novas Tecnologias e Gestão de Estufas, coorga-nizado pela Associação Portuguesa de Horticul-tura (APH). O evento, que se realiza de quatro em quatro anos, sob a égide da International Society of Horticulture Sciences (ISHS), é a mais impor-tante iniciativa técnico-científica internacional na área das culturas protegidas.

Fátima Batista, convener do Greensys, faz «um balanço extremamente positivo» do simpósio no qual participaram 268 investigadores, e explica a importância da produção em estufa na conjun-tura atual de alterações climáticas, diminuição da área de terras aráveis disponíveis e perante a necessidade de uma agricultura ambientalmen-te sustentável e geradora de alimentos seguros para o consumidor. «O caminho a percorrer para alimentar a crescente população mundial passa por intensificar a produção em estufa, que permi-te ter alimentos durante todo o ano e com uma produção superior à de ar livre», afirma a docen-te da Universidade de Évora, justificando a im-portância da realização do evento em solo luso: «existem em Portugal cerca de 3000 hectares de estufas e o nosso país tem claramente condições para que a produção em estufa aumente».

Como serão as estufas do futuro?Cheguei a Évora com esta pergunta em mente, ciente de que estariam reunidos no Greensys-Simpósio Internacional de Novas Tecnologias e Gestão de Estufas, os maiores especialistas mundiais da área. Aqui ficam algumas das tendências que vão marcar o futuro das culturas protegidas.

Prever para reagirOs modelos de previsão são uma ferramenta de diagnóstico útil na gestão agronómica das cultu-ras, quando combinados com dados recolhidos in loco. A empresa israelita Paskal Technologies apresentou um sistema de monitorização auto-mático e em tempo real (de 20 em 20 minutos) do peso dos cachos do tomate através de um sensor que permite relacionar a taxa de cresci-mento da planta com as condições ambientais (nível de radiação solar, velocidade e a direção do vento). Ao compreender estes processos o horticultor consegue reagir, implementando me-didas corretivas em determinados pontos da es-tufa onde o crescimento das plantas é menor. O sistema visa contribuir para a maior qualidade e uniformidade da cultura. O objetivo da empresa é criar um modelo de previsão da produtividade a 4 semanas.

Vindo de Shangai, na China, o investigador D. Guo da Universidade Jiao Tong apresentou um software que integra um modelo de previsão do preço da couve-chinesa produzida em estufa, construído a partir da análise dos preços médios mensais do produto, de Janeiro de 2010 a Maio de 2015. O intuito do trabalho é ajudar os agricul-tores locais a otimizar a planificação da produ-ção, melhorando o seu rendimento.

Em foco

Nélia [email protected]

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13Nº 118 . Setembro de 2015

«O caminho a percorrer para alimentar a crescente população mundial passa por intensificar a produção em estufa»Fátima Batista Área de estufas em Portugal

3000hectares

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14 Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

Uso eficiente dos recursos

No Irão, como em muitos outros países de cli-ma árido e semiárido, existe uma preocupa-ção crescente com o uso eficiente da água na agricultura, sobretudo porque neste país 92% da água potável é usada no setor primário. A programação da rega é crucial e levou investi-gadores da Universidade Tarbiat Modares, em Teerão, a aplicar modelos de crescimento de plantas de tomateiro, integrados com infor-mação captada por sensores de humidade no solo e câmaras térmicas (VIS) para medição da temperatura das plantas, na gestão da rega.

Produção sustentável

O uso de materiais e processos mais ecológi-cos é uma tendência crescente em todos os setores de atividade e a horticultura protegi-da não é exceção. Cito o exemplo do biochar, um material que investigadores canadianos da Laval University, no Quebec, estão a testar na correção e melhoria do solo em modo de pro-dução biológico de tomate. Os mesmos con-cluíram que este material aumenta a atividade do solo e a retenção mineral, levando a menor libertação de nitrogénio (azoto). O biochar é um tipo de carvão produzido a partir de bio-massa, que permite não só reduzir a presen-ça de dióxido de carbono na atmosfera, como também melhorar o solo e gerar energia limpa durante o seu fabrico. É usado pelos índios da Amazónia há milhares de anos como melhora-dor dos solos.

Poupança energética e renováveis

A escalada do preço dos combustíveis fósseis e a pressão dos consumidores com vista à di-minuição da pegada de carbono leva produto-res e investigadores a procurar formas de pou-par energia no aquecimento e arrefecimento das estufas, recorrendo à energia solar, a tetos inovadores, a malhas térmicas e a sistemas de cultivo fechados.

O projeto ZINEG (The Low Energy Greenhouse joint project), liderado pela Universidade Hum-boldt de Berlim visa diminuir o uso de com-bustíveis fósseis no aquecimento das estufas, reduzindo as emissões de CO2 para perto de zero. Financiado pelo Governo Federal alemão e envolvendo empresas privadas, o projeto in-cluiu a instalação de uma estufa de vidro de tipo holandês (Venlo), em Hannover, à qual fo-ram aplicadas diversas telas e filmes térmicos de camada múltipla. O aquecimento da estufa, dedicada à produção de plantas ornamentais em vaso, é realizado através de uma caldeira a biomassa (pelets de madeira) e com energia solar. Os investigadores estudam a transluci-dez, a transmissibilidade da radiação solar e o consumo energético. O projeto ZINEG venceu o prémio German Sustainability Award 2014 na área da investigação.

A Universidade de Patras, na Grécia, apresen-tou os resultados de um estudo que combina o uso de painéis fotovoltaicos no teto de uma estufa com iluminação artificial no período no-turno. Foram estudadas três modalidades de instalação: simples (as células dispostas em linhas paralelas ou em forma de tabuleiro de xadrez); com melhoria da reflectância da luz e a terceira modalidade em que os painéis se movem na direção do sol, da posição vertical até à paralela, tendo em vista a maximização do aproveitamento da luz solar e minimização do sombreamento no interior da estufa. Nas modalidades não móveis, os painéis solares são equipados com luzes LED e infraverme-lhas na parte anterior virada para o interior da estufa, com vista a aumentar a temperatura e luminosidade no interior da estufa no período noturno.

Em foco

O biochar é usado pelos índios da Amazónia há milhares de anos como melhorador de solos.

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Estebán Baeza

Esteban Baeza, investigador do IFAPA-Instituto de Investigación y Formación Agraria y Pesquera de la Junta de Andalucía, apresentou uma comunicação sobre “Estufas em zonas áridas e semiáridas” no simpósio Greensys. A Revista da APH conversou com o investigador espanhol sobre o controlo climático e a sua influência na qualidade da produção em estufa.

«No futuro teremos plásticos a la carte»

Nélia [email protected]

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16 Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

Produzir com custos reduzidos ou investir em tecnologia de ponta? Em Almeria, como em quase toda a região do Mediterrâneo, as estufas são de baixo custo, usando ventilação natural e malhas de sombreamento para arrefecimento no Verão e técnicas passivas (teto duplo, malhas térmicas, mangas de água) para aumentar a temperatura no Inverno. Creio que os horticultores devem incorporar tecnologia pouco a pouco, sem adotar modelos altamente tecnológicos de outras re-giões. Cada produtor deve avaliar quais os aspetos prioritários a melhorar no controlo climático das estufas, em função do ciclo da cultura e da forma como comercializa os produtos, incorporando equipamentos que demonstrem melhorar a produtividade, mantendo a rentabilidade da exploração.

Qual é o método de aquecimento mais indicado para as estufas da Península Ibérica?Depende da zona climática. Em zonas onde as temperaturas noturnas no Inverno condicionam o desenvolvimento das plantas e comprometem a qualidade e a pro-dutividade, a estratégia de aquecimento deve centrar-se em minimizar as perdas de produção, e não em maximizar a produção, porque o investimento necessário será provavelmente demasiado elevado para ser rentável. Os agricultores optam em geral por uma combinação de técnicas passivas (teto duplo, malhas térmicas, mangas de água) que permitem no seu conjunto aumentar 4º a 5º C no interior da estufa, man-tendo os valores técnicos para que a planta não pare o desenvolvimento. Nos casos em que optam por aquecimento, a biomassa é uma alternativa muito interessante aos combustíveis fósseis, porque é mais barata e é um recurso renovável.

O IFAPA desenvolveu um protótipo de estufas com teto amovível. Qual o objetivo?O projeto Biogreen (ver caixa) baseia-se no conceito de tetos amovíveis, usando um mecanismo mais simples e mais barato de enrolamento das telas. Permite trocar au-tomaticamente o plástico por uma tela anti-insetos ou uma tela de sombreamento, tanto no teto como nas laterais da estufa. Este tipo de estufa é interessante para produzir flores, plantas ornamentais e hortícolas, mas também permite antecipar a colheita e melhorar a qualidade em árvores de fruto (fruta de caroço e tropicais), cujo preço mais elevado justifique o custo da cobertura. Vamos avaliar se conseguimos alargar a produção até ao Verão em Almeria, combinando este tipo de abertura da estufa com técnicas suplementares de arrefecimento (malhas de sombreamento mó-veis, nebulização) e testaremos o protótipo em diferentes culturas.

Qual a importância da ventilação nas estufas?A ventilação é fundamental, trata-se do sistema mais simples e barato para arrefecer e controlar a humidade. A condensação excessiva de humidade no teto da estufa leva a uma perda da transmissão da luz no interior da estufa, tornando-se um fator limitante no Inverno, e contribui para o aparecimento de doenças nas plantas. Por outro lado, a ventilação é fundamental para renovar o ar da estufa, repondo o nível de CO2 necessário à fotossíntese das plantas, e também evita fenómenos de inversão térmica (ocorre quando a temperatura é mais baixa no interior do que no exterior na estufa) no período noturno. É igualmente importante ventilar as estufas após a apli-cação de produtos fitofarmacêuticos e quando são aquecidas por combustão direta, para evitar a fitotoxicidade das plantas. Por fim, a ventilação contribui para o conforto térmico dos trabalhadores.

Em sua opinião que outros fatores são essenciais no controlo das estufas para melhorar a produção?É essencial maximizar a transmissão de luz, e para isso há plásticos e outras telas com propriedades óticas que facilitam a entrada da radiação fotossintética e da luz difusa no interior da estufa, permitindo que a radiação penetre em todos os níveis da plan-ta. Isto é importante sobretudo em culturas de crescimento vertical. Está provado que mais difusão de luz leva a maior produtividade. Um aspeto muito importante na maximização da radiação fotossintética no Inverno é o grau inclinação do teto, que deve estar a 25º a 30º para as condições climáticas do Mediterrâneo. Quanto maior a inclinação, melhor a ventilação e a circulação do ar no interior da estufa, bem como a

«Os horticultores devem incorporar tecnologia pouco

a pouco, sem adotar modelos

altamente tecno-lógicos de outras

regiões»

«A Nanotecnolo-gia vai permitir

produzir o plásti-co à medida das necessidades de cada produtor»

Em foco

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recolha da condensação da humidade no teto, evitando queda de gotas sobre as plantas.

Falou na sua apresentação de “coberturas inteligentes”. Do que se trata?Temos o exemplo das telas refletoras de infra-vermelhos (NIR), que contribuem para baixar a temperatura no interior da estufa e para me-lhorar o controlo das pragas (embora possam afetar os abelhões). Há todo um universo a ex-plorar nesta área, no futuro teremos plásticos a la carte, a Nanotecnologia vai permitir pro-duzir o plástico à medida das necessidades de cada produtor.

E quanto à altura das estufas. Qual é a altura ideal na área Mediterrânica?Do ponto de vista do arrefecimento é impor-tante que as estufas cresçam em altura, em-bora haja um limite. Um estudo do INRA de-monstrou que a partir de 6 metros de caleira não há variação significativa da temperatura. A altura é importante para ventilar e acumular o ar quente na parte superior, baixando a tem-peratura junto às plantas.

Biogreen-estufa eficiente

O projeto Biogreen visa estabelecer um novo sistema de produção de hortícolas em estufa em climas áridos e semiáridos, que seja segu-ro, fiável e altamente eficiente no uso dos re-cursos naturais. A estufa do ensaio funciona em regime aberto (com máxima eficiência da ventilação natural) e regime semi-fechado, (o microclima é gerido através de aquecimento e arrefecimento a partir de fontes de energia renováveis), com vista a melhorar o poten-cial produtivo, mantendo elevados níveis de concentração de CO2. O sistema de controlo climático consiste em trocadores de calor ar--água de baixo custo e baixo consumo ener-gético, que trabalham por convecção/con-densação. Este sistema está a ser avaliado em dois períodos distintos: com humidade eleva-da e temperatura média e com temperatura elevada e baixa humidade.

O Biogreen é liderado pela Estación Experi-mental Cajamar Caja Rural “Las Palmerillas”, cofinanciado pela Agencia Idea, pelos fun-dos comunitários do FEDER e pela Cor-poración Tecnológica de Andalucía, com a participação de três empresas privadas do setor agroalimentar ( Prima-Ram, CIATESA e GOGARSA) e investigadores do IFAPA e da Universidad de Almería.

• Herbicida sistémico• Excelente eficácia em silvas, acácias e outras arbustivas• Selectivo para gramíneas• Baixa toxicidade para homem mamíferos, aves e abelhas• Não é residual e não se acumula no solo

ERRADICAAS SILVASSELECTIVOPARA GRAMÍNEAS

Soluções para um Mundo em Crescimento

® Marca da The Dow Chemical Company (“Dow”) ou de uma companhia subsidiária da Dow

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18 Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

A primeira campanha de tomate na região Oes-te inicia-se em Maio e prolonga-se até final de Junho, coincidindo com o termino da colheita no Sul de Espanha e o arranque no Centro e Norte da Europa, o que se reflete numa desva-lorização da remuneração do produto. Os hor-ticultores procuram há muito estratégias para antecipar o calendário de produção, sendo o aquecimento das estufas a alternativa mais viá-vel. «Fizemos um estudo de mercado dos pre-ços do tomate nos últimos 5 anos, durante o mês de Abril, e constatámos que a média foi de 0,805/kg. É uma questão de fazer contas e per-ceber se o investimento em aquecimento paga a diferença de preço que obtemos com a venda entre Abril e Maio», recorda Paulo Maria, geren-te da empresa Hortomaria.

Encontrado o parceiro para fornecer a tecnolo-gia de aquecimento – a empresa Agroturella -, o projeto do Centro Experimental de Climatiza-ção em Horticultura começou a ganhar forma e arrancou no final de 2014, com a montagem de uma caldeira alimentada a biomassa numa es-tufa de 5000 m2, onde foram instaladas plantas de tomate da variedade Bigran (porta-enxerto Multifort), em três datas distintas, e respetivas modalidades testemunha (plantas não aqueci-das, instaladas noutra estufa).

Várias dúvidas se colocavam: “Qual a data de plantação ideal para iniciar a colheita a 1 de Abril?” e também “Conseguiria a caldeira au-mentar a temperatura no interior da estufa de forma a antecipar a colheita em 30 dias?”

«Foi algo bastante ambicioso aquecer uma es-tufa de 5000 m2 com uma caldeira dimensiona-da para metade dessa área. Conseguimos pou-par 50% em combustível, além de eletricidade e mão-de-obra e reduzimos em 50% o investi-mento inicial do produtor. Apesar de o Inverno ter sido bastante frio, em alguns dias regista-ram-se 20C, o equipamento conseguiu manter a estufa a 10º a 12º», afirma Rui Vicente, sócio-ge-rente da Agroturella. Uma das estratégias para reduzir o custo do aquecimento foi o uso de um sistema de dissipação de calor localizado junto às plantas, através de mangas plásticas micro-perfuradas, que se sujeitam por vezes a tempe-raturas que excedem os 100°C.Encontrar o combustível ideal para aquecer a estufa obrigou a testes com dois tipos de bio-massa - caroço de azeitona (1205/tonelada) e bagaço de azeitona (675/tonelada). «Enquan-to trabalhámos com o caroço de azeitona esti-vemos sempre tranquilos, a humidade relativa dentro da estufa era mais baixa do que na mo-dalidade testemunha, mas quando passámos para o bagaço, a humidade passou para 100%, porque o bagaço tinha demasiada polpa. Aca-bámos por misturá-lo com o caroço para resol-ver o problema», lembra Rui Vicente.

O ensaio foi posto à prova por diversos obstá-culos, entre os quais um incidente com meta-me de sódio que ficou nas condutas de rega, afetando o arranque do desenvolvimento das plantas.

Em foco

Oeste antecipa colheita de tomate com aquecimento O aquecimento das estufas através de caldeiras alimentadas a biomassa é uma alternativa viável para antecipar o início da colheita do tomate na campanha de Primavera, melhorando a remuneração do produto. Os ensaios decorrem no Centro Experimental de Climatização em Horticultura, instalado na empresa Hortomaria, em Torres Vedras.

Nélia [email protected]

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0,80€/kg

5,620kg/planta

Preço médio do tomate no mês de Abril

Produtividade média na estufa aquecida

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Paulo Maria, sócio-gerente da Hortomaria (à dir.), e Rui Vicente, sócio-gerente da Agroturella, junto à caldeira de aquecimento

Mangas de 150 micros concentram calor junto às plantas. «Desperdiçámos 8 toneladas de plástico até chegar à composição química ideal das mangas. Este ano vamos fazer mais testes para aquecimento localizado em morango e mangerição em hidroponia, em Torres Novas, Ameais de Baixo e Tomar», Rui Vicente, Agroturella.

Balanço positivo

A colheita começou a 21 de Abril, bem mais tarde do que previsto, em-bora Paulo Maria conceda que pode-ria tê-la iniciado mais cedo se a área de produção fosse maior, mais frutos maduros teriam justificado a colhei-ta. «Se não fosse o problema do me-tame de sódio e a área fosse maior, nos primeiros dias de Abril estáva-mos a colher», afirma o horticultor.

Na estufa aquecida a produtividade média cifrou-se em 5,950 kg/planta, enquanto na modalidade testemu-nha a produtividade média atingiu os 5,475 kg/planta. A colheita do to-mate aquecido terminou no mês de Junho, 15 dias mais cedo do que a testemunha. Quanto ao preço médio conseguido no mês de Abril rondou os 0,80€/kg.

«Identificadas as condicionantes que afetaram a produção na estu-fa aquecida, o balanço é positivo. Comprovou-se a eficiência do equi-pamento; o consumo energético não foi ultrapassado face ao previsto e os preços de mercado coincidiram com o estimado. Vamos fazer nova-mente o ensaio em 2015-2016 com todas as correções identificadas: mudar o substrato; afastar a manga de aquecimento dos cachos de to-mate alguns centímetros; antecipar a plantação em cerca de uma semana e fazer apenas uma plantação para concentrar a colheita na data que consideramos correta», explica Pau-lo Maria.

O Centro Experimental de Climati-zação em Horticultura é um projeto a três anos e conta também com a participação da Associação Inter-profissional de Horticultura do Oes-te- AIHO (responsável pelos registos comparativos de crescimento das plantas), da empresa Litoral Regas (realiza o controlo de clima no inte-rior da estufa através de sistema de GSM), do Instituto Superior de Agro-nomia e da Universidade de Évora.

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Comparação consumo e custos combustível*

62.000kg caroço e pellets bagaço azeitona 5.800,00€

27.966 kg gás propano 29.364,00€**

34.589 litros gasóleo 32.859,00€**

*para produção térmica de 328.600kW (consumo total do ensaio). **Estimativa por Agroturella

A temperatura no interior da estufa é mo-nitorizada por 9 sondas, que transmitem informação para o telemóvel, permitindo acompanhar o ambiente da estufa em tempo real .

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22 Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

Em Junho de 2013 a Primores do Oeste e a Galp investiam 12 milhões de euros num sistema de cogeração de energia elétrica e energia térmi-ca para aquecimento de 25 hectares de estufas, em Palhagueiras, Torres Vedras, e venda simul-tânea de eletricidade à rede energética nacio-nal. Passados dois anos quisemos saber qual o balanço do investimento realizado por este que é um dos grupos hortícolas mais dinâmicos do panorama nacional.

«A cogeração é por si só rentável através da venda da eletricidade, mas além disso coloca-mos os produtos no mercado quando as outras empresas ainda não têm produção. Este ano, por exemplo, antecipámos o pepino mais de 2 meses e durante a primeira campanha do to-mate, quando os restantes produtores ainda estavam a colher, nós já estávamos na fase de crescimento das plantas de segunda campanha e voltámos ao mercado em Julho» explica Nuno Santos, administrador da Primores do Oeste, re-conhecendo que «conseguimos duas épocas de preços mais interessantes do que a média do mercado».

O aquecimento das estufas garante uma colhei-ta quase contínua no caso do tomate, à exceção do mês de Fevereiro, e melhora a homogenei-dade da coloração e a consistência dos frutos, que mantêm a qualidade e boa apresentação por mais tempo. Os efeitos também se fazem sentir na gestão da colheita: «fora da época de Verão podemos tentar amadurecer os frutos 3 ou 4 dias antes ou deixá-los mais 3 ou 4 dias na estufa, o que faz toda a diferença ao nível da gestão comercial», garante Nuno Santos.

O tomate cacho representa 40% da produção de tomate da Primores do Oeste, seguido do tomate redondo e do chucha. Em menor per-centagem as tipologias cherry, coração de boi e “saloio”, produzidas especificamente para o grupo Jerónimo Martins.

Adaptar o sistema produtivo à cogeração

Apesar das mais-valias facilmente identificadas, a cogeração é uma tecnologia de aquecimento ainda pouco conhecida e utilizada em Portugal e que necessita de maior mestria técnica. «A cogeração tem ajudado sobretudo a antecipar o início de produção da primeira campanha e a dilatar ligeiramente o calendário de produção tardia, mas ainda não permite fazer uma cultura de longa duração, descentralizando a produção de tomate do seu calendário tradicional», apon-ta Jorge Camilo, consultor técnico da Primores do Oeste, justificando: «falta conhecimento alia-do ao maneio interno das nossas estufas, que nada têm que ver com as estufas holandesas, nomeadamente na gestão da luz e das condi-ções de cultivo (…) temos mesmo práticas cul-turais tradicionais, como é o caso da pintura das estufas, que são antagónicas do aqueci-mento. Ao pintar o teto das estufas estamos a retirar a pouca luz que temos no seu interior», exemplifica, considerando que as condições de mercado nos últimos anos têm limitado inves-timentos que deveriam ter acompanhado a cogeração.

Em foco

Primores do Oeste faz balanço positivo da cogeraçãoA Primores do Oeste investiu 3,5 milhões de euros num sistema de cogeração de energia que lhe garante vantagem competitiva na venda dos produtos hortícolas em algumas épocas do ano. Adaptar esta tecnologia às condições edafoclimáticas e às técnicas de produção nacionais é o desafio que esta OP procura respondercom vista a tirar pleno partido do aquecimento.

Nélia [email protected]

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Como funciona a cogeração?

Os motores alimentados a gás natural produzem eletricidade, gerando energia térmica ou calor, e por sua vez são arrefecidos através de água que é armazenada num depósito ou usada diretamente no aquecimento das estufas. O sistema Priva faz a gestão integrada da cogeração, desde os motores (arranque, paragem, contagem, leituras) até à gestão do aquecimento e injeção de CO2 nas estufas.

«A cogeração é por si só rentável através da venda da eletricidade, mas além disso colocamos os produtos no mercado quando as outras empresas ainda não têm produção»

Nuno Santos, administrador

da Primores do Oeste

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24 Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

Gestão inteligente da fertirrigação

De um total de 44 hectares de estufas, 25 hec-tares são geridos através do sistema Priva, que integra a gestão do aquecimento e da fertirri-gação. Esta é uma das preocupações centrais da equipa técnica da Primores do Oeste, que monitoriza a rega por computador, validando o diagnóstico em locais escolhidos para amostra-gem por cada setor de rega. «Ajustamos a dre-nagem e a eletrocondutividade de entrada ao que definimos como ideal face à variedade em causa e às condições da estufa. A solução nu-tritiva é feita com base em análises periódicas à água da rega, de forma a obter uma fertilização homogénea das plantas», explica o responsável técnico do grupo.

Na Primores do Oeste nada se perde, tudo se transforma. Os milhares de litros de efluentes provenientes das estufas são armazenadas em charcas e reutilizados na rega das culturas de ar

livre. Desta forma não há desperdício de água nem de nutrientes. Na produção em solo usam sondas de medição dos níveis da água no solo, procurando fazer uma gestão mais inteligente da fertirrigação.

O grupo de empresas detido pela família San-tos está em fase de reequilíbrio financeiro, após um momento difícil, em que o investimento na parte produtiva coincidiu com a crise económi-co-financeira do país. «Tudo isto foi feito com um esforço imenso e nalguns casos não teve a sustentabilidade de financiamento bancário adaptada ao tipo de investimento, o que provo-cou desequilíbrios. Houve que reajustar e ree-quilibrar as empresas, que se encontram numa fase de relançamento», resume Jorge Camilo, em nome da administração. O futuro do grupo passa pela consolidação da produção, melhoria da componente técnica da produção e inova-ção no embalamento.

Estufa e central de co-geração de energia, calibrador de tomate e toma-te embalado. 8,8 megawatts

Capacidade de produção de energia da central de cogeração da Primores do Oeste

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25Nº 118 . Setembro de 2015

Em foco

Vítor Jorge construiu nos últimos anos uma das maiores explorações hortícolas do país e que é também um exemplo ao nível da tecnologia de produção. As suas estufas apresentam um pé direito elevado, com aberturas zenitais automá-ticas e estão equipadas com malhas térmicas que reduzem a temperatura nos raros picos de calor que ocorrem no Oeste, evitando também o congelamento das plantas em dias de baixas temperaturas.

O meio de suporte da cultura é um dos fatores cruciais na produção de tomate. A maior parte da área está plantada em sacos de substrato as-sentes em canais suspensos a alguns centímetros do solo. Com esta tecnologia melhora-se a venti-lação na parte inferior das plantas e otimizam-se as condições trabalho (quanto mais elevadas as plantas menor a penosidade das operações cul-turais). Por sua vez, os sacos estão isolados, pre-venindo o contato das raízes das plantas com a água de drenagem dos restantes sacos na mes-ma linha, o que diminui a incidência de infeções por fungos e evita que as plantas absorvam nu-trientes em excesso. «Não corremos o risco de haver plantas que estão beber a drenagem de outras plantas, com este sistema conseguimos uma cultura mais homogénea, melhorando a fi-tossanidade das plantas e frutos e a higiene da estufa», garante Vítor Jorge.

Quando questionado sobre qual é o «coração tecnológico» da sua exploração, Vítor Jorge ele-ge como prioritário o controlo e monitorização sistemática dos níveis de eletrocondutividade e pH nas soluções nutritivas, drenagem incluída, e nos substratos junto às raízes das plantas. Valo-res que correlaciona com a humidade relativa e a temperatura no interior das estufas para gerir diariamente a cultura. «A análise de todos estes indicadores permite-nos saber o que a planta

Vitor JorgeEspecialista em tomateO domínio técnico da cultura do tomate é um desafio constante para Vítor Jorge, horticultor de referência na região Oeste. Em Ponte de Rol, Torres Vedras, gere 22 hectares com recurso a tecnologia e à monitorização sistemática do ambiente das estufas, substratos e fertirrigação.

«Vítor Jorge firmou contrato com uma importante cadeia espanhola de supermercados para fornecimento de tomate.»

Entre a lã de rocha e a fibra de coco, o horticultor não aponta uma escolha acertada, mas lembra que a primeira, composta de um material inerte, exige acompanhamento mais rigoroso da fertirrigação, com análise e interpretação permanente dos dados.

Nélia [email protected]

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26 Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

está a consumir e em que condições se encon-tra», explica.

Localizado numa região de influência Atlântica e clima ameno, o Oeste apresenta ainda assim desafios técnicos: «o que nos penaliza verda-deiramente é alguma falta de temperatura num determinado período do Inverno, o vingamento dos frutos abaixo de 12ºC é impossível», afirma. O ciclo de produção do tomate é, por isso, inter-rompido entre Fevereiro e Abril.

A humidade no interior da estufa é um proble-ma constante no Oeste, sobretudo no período noturno, quando esta raramente desce dos 900. «Mesmo à noite deixamos a estufas abertas para evitar que no período da amanhã, no momento do ponto de orvalho, as folhas estejam molhadas. A condensação de humidade conjugada com o calor é propícia ao desenvolvimento de fungos e impede a boa fotossíntese das plantas. É neces-sário um equilíbrio entre a temperatura e a humi-dade», lembra Vítor Jorge.

Apoiado na tecnologia e na experiência acumu-lada ao longo de mais de 20 anos, o horticultor

orgulha-se dos níveis de produtividade alcança-dos, dando como exemplo os 20 kg/m2 em ciclo curto - plantação a 10 Fevereiro e colheita até 22 de Julho -, «o dobro do que é habitual no Oeste».

A especialização na cultura do tomate é a estra-tégia prosseguida por Vítor Jorge. De um total de 22 hectares em produção, 16 hectares são de-dicados ao tomate cacho, para colheita em rama ou solto, e 6 hectares ao tomate salada, colhido em pintão. Nas variedades de tomate salada, Ví-tor Jorge tem dado preferência às variedades da Enza Zaden (Amaral e Vinicius) e está testar ou-tras variedades de diversos obtentores, nomea-damente o Vimeiro, um novo tomate salada da Semillas Fitó. No tomate cacho é cliente das va-riedades Semillas Fitó.

Em jeito de conclusão Vítor Jorge deixa um apelo para que os horticultores sejam «mais exigentes com o nível de assistência técnica prestada pe-las empresas de fatores de produção, de modo a que a tecnologia se traduza efetivamente em melhoria da qualidade e produtividade da Horti-cultura portuguesa».

300mil kgcapacidade da câmara de frio 6 controlam a fertirrigação

de forma automática à distância através de PC ou de um dispositivo móvel

centrais

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Em foco

Nem tudo são rosasSérgio Alves nasceu no meio das rosas e faz delas um modo de vida. Aos 33 anos é proprietário de 1 hectare de estufas de vidro em Fajozes, Vila do Conde, onde produz rosas durante todo o ano, com recurso a aquecimento a gás natural e a iluminação artificial.

«Os meus pais eram produtores de flores, sobretudo de rosas, e eu ganhei-lhes o gosto. Tirei Engenharia Agronómica já com o intuito de seguir o negócio da família»

conta este jovem empreendedor, que se estabeleceu por conta e risco em 2011, com o apoio do PRODER num investimento de 1,3 milhões de euros.

Nélia [email protected]

O seu objetivo é produzir rosas de forma ininter-rupta durante todo o ano, o que o levou a insta-lar estufas de vidro aquecidas a gás natural. O principal benefício do vidro, por comparação às tradicionais estruturas de plástico, é a manuten-ção do calor e a melhor difusão da luminosidade no interior da estufa. «Mesmo não aquecendo consigo ter produção um pouco mais cedo do que numa estufa convencional. Por outro lado, acabam-se os problemas devido à aplicação do enxofre e diminui a incidência de botrytis, porque a humidade condensada no teto de vidro escor-re pelas paredes e não pinga sobre as flores, ao contrário do que acontece com o plástico», expli-ca Sérgio Alves.

Este sistema de produção garante uma produti-vidade média de 180 hastes/m2, superior à média nacional na cultura da rosa, que se estima em 150 hastes/m2. No entanto, os custos elevados do gás natural e da energia elétrica tornam o aque-cimento quase proibitivo. «Aqueci a estufa nos 3 primeiros anos, no segundo ano tive prejuízo mas insisti porque tenho 9 funcionários durante todo o ano e preciso de lhes pagar o ordenado.

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Este ano decidi não aquecer porque a relação custo-benefício não justifica», lamenta o jovem floricultor. Sem aquecimento a produção de ro-sas para nos meses de Janeiro, Fevereiro e Março, dando lugar às tulipas, lilium e antirrhinum.

Uma opção viável é aquecer a estufa apenas para antecipar o ciclo de produção da roseira, de modo a ter flores em quantidade para épocas festivas como a Páscoa, em que a procura e pre-ço das rosas são mais elevados. Para rentabilizar o investimento, Sérgio Alves vai aumentar a área dedicada a outras espécies de flores, nomeada-mente, lisianthus, vivaz, gerbera e crisântemos, que já produz na estufa da família. «Se não tives-se outro hectare em produção, neste momento não conseguiria amortizar o investimento», ga-rante Sérgio Alves, que é representante em Por-tugal da Schreurs, empresa hibridadora de rosas e gerberas.Para este floricultor o controlo de pragas é o maior desafio técnico na cultura da roseira. A fal-ta de produtos fitofarmacêuticos homologados eficazes no controlo das principais pragas da cultura (ácaros e tripes) levou-o a optar pela luta biológica com insetos auxiliares: «Estou a con-seguir controlar os ácaros, mas as tripes estão a aparecer e são difíceis de controlar» .

A rosa é eterna e não passa de moda. Os portu-gueses preferem as vermelhas, brancas, cremes e amarelas. A procura é marcada pela sazonali-dade e ditada por festas, romarias e procissões, sobretudo no Entre Douro e Minho.

A falta de luz é um fator limitante na produção de Inverno, o que levou Sérgio Alves a instalar

um sistema de iluminação artificial numa peque-na área da estufa (2500 m2).

«Seria rentável usar iluminação em toda a estufa se os custos de aquecimento fossem mais baixos», Sérgio Alves.

180rosas/m2

10anos

456hectares

7>10mil euros/mês

Produtividade média

Custo do aquecimento

Prazo de amortização do investimento

área estufas dedicada à floricultura em Portugal *

*Fonte: Floricultura e Plantas Ornamentais 2012, INE

As estruturas de vidro melhoram a difusão da luminosida-de no interior da estufa.

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Em foco

A solução drenada dos cultivos sem solo (CSS) pode ser empregue para fabricar nova solução nutritiva (SN) para a mesma ou outras culturas sem solo, mas a rega de culturas no solo é con-dicionada. Esta situação resulta de a drenagem dos CSS ser classificada como resíduo industrial (nº 5 do artº 3 do DL nº 236/98), por não po-der ser considerada água residual doméstica ou água pluvial. A sua classificação como resíduo industrial é uma penalização injustificada, pois entre uma água residual doméstica ou pluvial - o que quer que isto seja - e um resíduo industrial, há uma larga gama de variação de características e potencialidades da água. A classificação da drenagem dos CSS como resí-duo industrial obriga, para utilização na rega das culturas agrícolas e florestais, ao licenciamento pela DRA, o qual depende de dois pareceres fa-voráveis, um da DRAg, outro da DRS (nº 3 do artº 58 do DL nº 236/98), enquanto a sua utilização na rega de jardins públicos depende de autoriza-ção da DRA, mediante parecer favorável da auto-ridade de saúde competente (nº 4 do artº 58 do DL nº 236/98).

Em que consiste a drenagem dos CSS?

Que transformações ocorrem, desde que uma SN chega às plantas até que sai de um qualquer sistema de CSS, que a tornem um risco para os solos, o ambiente ou a saúde pública, quando comparado com uma SN especifica para fertirre-ga das culturas no solo? Os CSS podem ser de dois tipos principais: culti-vo hidropónico e cultivo em substrato, sendo a água e os nutrientes minerais fornecidos através de uma SN, de forma contínua ou intermitente. À priori, a drenagem não é, nociva para plantas, caso contrário teria criado problemas nas plantas por onde passou.

Utilização da drenagem dos cultivos sem solo na rega de outras culturas: a perversidade da legislação

A drenagem dos cultivos sem solo pode ser reutilizada para regar outras culturas sem solo, mas o seu uso é condicionado na rega de culturas no solo, criando um entrave à tão desejada maximização da eficiência de uso dos recursos, protecção do ambiente e sustentabilidade da agricultura.

Num sistema hidropónico, por exemplo, com SN em circulação (e.g.: NFT), o fornecimento da SN é contínuo, sendo a drenagem habitualmente re-ciclada na preparação de nova SN, e a solução em recirculação renovada periodicamente.

Nos CSS em substrato (e.g.: lã-de-rocha, perlite, fibra de coco), o fornecimento da SN é descon-tínuo, e em excesso relativamente à capacidade de retenção pelo substrato, o que origina alguma drenagem após cada rega. Este excesso contro-lado visa manter na rizosfera as condições ideais ao desenvolvimento das plantas: pH e teor de nutrientes mais próximos do valor óptimo, sufi-ciente oxigénio no meio e eliminar exsudados ra-diculares. Normalmente, a drenagem varia entre 20 a 40% do volume da SN fornecida na rega, mas pode ser superior, por incorrecto controlo do sistema ou se a água-doce disponível for de baixa qualidade. Naturalmente, procura-se man-ter a menor drenagem tecnicamente possível, o que depende principalmente da qualidade da água-doce, da cultura, das condições ambientais e do sistema de cultivo. Se a rega fosse constan-te, a composição química da drenagem seria se-melhante à da SN, mas isso não ocorre na prática, sendo a rega intermitente. Por isso, e em função da frequência e dotação da rega, a drenagem apresenta menor teor de nutrientes e de oxigé-nio, e maior teor dos elementos não absorvidos pela planta (e.g.: Cl, Na), os quais se encontra-vam presentes na água-doce disponível ou nos fertilizantes empregues. Pelas mesmas razões, ao aplicar-se ao solo uma solução de fertirrega convencional também os elementos químicos não absorvidos pelas plantas irão ficar no perfil do solo, pelo menos num primeiro momento.

Mário Reis [email protected] Auxiliar da Faculdade de Ciências Tecnologia da Universidade do Algarve

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De acordo com a espécie e a natureza físico--química do substrato, a drenagem pode ainda transportar algumas das partículas mais finas do substrato, e microrganismos entretanto aí esta-belecidos ou os seus propágulos.

Ao efectuar fertirrega no solo, isto é, ao regar com água enriquecida com fertilizantes, ocorre também a circulação da SN através da rizosfe-ra e igualmente, de acordo com a dotação e a frequência da rega, haverá lixiviação de sais no solo e/ou a sua acumulação à superfície. Os mi-crorganismos da rizosfera são igualmente pro-movidos por efeito da maior disponibilidade de nutrientes e humidade do solo, e a circulação da água irá promover também a sua disseminação através do perfil do solo. Aliás, no solo, é expectá-vel o desenvolvimento de populações maiores e mais diversificadas de microrganismos podendo até, se as condições edáficas foram (des)favorá-veis, estimular-se a expansão de populações de organismos fitopatogénicos, que provocam as chamadas “doenças de solo”.

Obviamente, num CSS aqueles organismos fito-patogénicos também podem ocorrer, mas como as condições ambientais na rizosfera são mais eficazmente controladas, esta probabilidade é menor, bem como o risco da sua expansão. Além disso, num CSS, efectuado normalmente em es-tufa, os problemas fitossanitários resultam sem-pre de uma contaminação a partir do exterior, risco este que se pode minimizar com medidas preventivas, mais difíceis de aplicar no cultivo ao ar livre no solo.

Nos CSS o meio de crescimento da raiz renova--se com frequência, com fácil aplicação de medi-das de desinfeção intercalares, enquanto que no solo os microrganismos fitopatogénicos podem aí permanecer por longos períodos, por vezes de dezenas de anos, sem possibilidade, prática ou legal, de erradicação. Assim, é muito mais prová-vel ser o solo o repositório daquelas doenças, do que um CSS contribuir para o aparecimento de doenças do solo. Acresce o facto de, no início da sua utilização, alguns substratos se apresentarem isentos de microrganismos devido ao processo de fabrico, a alta temperatura (e.g. perlite, vermi-culite ou lã-de-rocha) ou a apresentarem popula-ções dinâmicas de microrganismos antagonistas (e.g.: alguns compostos de resíduos orgânicos), que reduzem a diversidade e a dimensão das populações de microrganismos patogénicos na rizosfera.

Quanto a fitofarmacos e fertilizantes, podem-se usar os mesmos nos cultivos sem solo ou no solo, dependendo do conhecimento técnico e do cri-tério do agricultor. Acresce que, em CSS, por ra-zões técnicas, se empregam fertilizantes de mais elevada pureza química, com menos elementos indesejados.

Pelo exposto, numo solo regado com drenagem de CSS nada de diferente acontece na sua rizosfe-ra e no potencial de contaminação - do solo, águas ou risco para a saúde pública - relativamente à fertirrega convencional, de onde se conclui que a particular exigência legal em relação à utilização da drenagem dos CSS na rega do solo carece de suporte científico.

Um aspecto essencial na opção de usar a drena-gem de CSS na rega do solo - este sim - é o de que as culturas no solo estejam devidamente di-mensionadas para a receber, em função das suas necessidades hídricas e nutritivas, e tendo em con-ta o período em que a drenagem estará disponí-vel. A drenagem pode ser usada durante parte do ano na rega ao ar livre; durante todo o ano na rega em estufa; ou ser temporariamente armazenada até fazer falta para a rega. Justifica-se, por isso, a existência de um plano de rega com a drenagem dos CSS, que demonstre a capacidade para a usar em adequadas condições técnicas, nomeadamen-te, sem se promover apenas a saturação de uma pequena área para “gastar água” ou aplicando azoto em excesso. Contudo, deverá ser suficien-te submeter-se este plano à aprovação por uma única entidade, com conhecimentos agronómicos, sólidos.

A recuperação da drenagem de CSS e a sua apli-cação na rega é, assim, uma forma de recuperar os nutrientes e água que a constituem, racional, inte-ligente, ecológica e sustentável (aqui não apenas para usar palavras na moda...). Existem outras técnicas associadas à recuperação da drenagem, incluindo diferentes tipos de filtra-ção e desinfecção, de diferente natureza e nível tecnológico e custos, desde a clássica desinfecção por calor até à osmose inversa, passando por uma gama extensa de opções técnicas, com acção fí-sica, química e/ou biológica. Estas técnicas visam possibilitar o uso seguro da drenagem na prepara-ção de nova SN, tanto para a cultura que a origi-nou (sistema em ciclo fechado) como para outras culturas.

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1. Cultura sem solo com reutilização dos efluentes em estufa com controlo ambiental melhorado Fonte: Projecto AGRO 197, 2001/04

2. Final de linha de cultivo de tomate com recolha da drenagem Fonte: Projecto AGRO 197 - 2001-04

3. Final de linha de cultivo de gerbera com recolha da drenagem Fonte: Projecto AGRO 197 - 2001-04

4. Charca de recolha da drenagem de cultivos sem solo para posterior incorporação na fertirrega de citrinos Fonte: Projecto AGRO 197 - 2001-04

«Gandhi terá afirmado: um resíduo é um recurso no sitio errado. Nesta óptica pragmática, deve considerar–se a drenagem dos CSS não um resíduo mas um recurso, com a vantagem de até se poder encontrar no sitio certo, se as culturas a regar se situarem na mesma exploração agrícola ou próximo.»

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A legislação é incoerente

Porém, a legislação não se limita a considerar a drenagem dos CSS como um resíduo industrial, complicando a sua utilização agrícola. Vai mais além, não a qualificando como água de rega, pois nesta classificação incluem-se apenas “as águas destinada à fertirrigação mineral antes da apli-cação de fertilizantes” (nº 1 do artº 58 do DL nº 236/98). Também neste ponto, a legislação é in-coerente, porque tal como uma drenagem apre-senta nutrientes para as plantas, também uma água de rega (DL nº 236/98), pode apresentar teores elevados de nutrientes (e.g. Ca, Mg), não deixando por este facto de ser classificada como água de rega. Verifica-se assim uma estranha situação: uma água de rega a que se adicionam todos os fertili-zantes necessários para uma fertirrega não levan-ta problemas de utilização no solo, mas a recu-peração de água com fertilizante, depois de esta ter passado por um recipiente com substrato e plantas - ou apenas pelas suas raízes - e de se lhe juntar apenas algum complemento de fertilizante, passa a ser uma acção perigosa - para os solos, o ambiente e a saúde pública - que requer um licen-ciamento baseado em dois pareceres. É, no míni-mo, uma incongruência que deveria ser corrigida.

A legislação indica ainda que a água de rega não deve conter mais de 50 mg L-1 de azoto na forma nítrica (Anexo XVI do DL nº 236/98). Sucede que as soluções usadas na fertirrega são, por exigên-cia técnica, preparadas normalmente com quan-tidades superiores. Igualmente, no CSS rega-se com SN que podem conter 620 a 930 mg L-1 de azoto na forma nítrica (10 a 15 mmol de N-NO3-). Sendo assim, não se justifica, o VMR na qualifica-ção como água de rega, de 50 mg L-1 de NO3-. Além disso, no Anexo XVI, relativamente ao teor de nitratos, refere-se que: “concentrações eleva-das podem afectar a produção e a qualidade das culturas sensíveis”. Esta observação, aplicável aliás a muitos outros elementos químicos, pode gerar conflitos de interpretação por algum funcionário mais escrupuloso, e desconhecedor, que perante uma drenagem com, por exemplo, 100 ou 200 mg L-1 de nitratos julgue estar na presença de um pe-rigoso risco de poluição e entrave a sua utilização.

Usar, como água de rega, água com mais de 50 mg L-1 de azoto nítrico tem vantagens ambientais e económicas, pois reduz o consumo de fertilizan-tes azotados (o nutriente mais caro) e o teor de azoto nítrico na água dos aquíferos (por absorção pelas plantas).

Um resíduo é um recurso no sitio errado Gandhi terá afirmado: um resíduo é um recurso no sitio errado. Nesta óptica pragmática, deve considerar–se a drenagem dos CSS não um re-síduo mas um recurso, com a vantagem de até se poder encontrar no sitio certo, se as culturas a regar se situarem na mesma exploração agrí-cola ou próximo.

Regar com a drenagem de CSS é, por conse-guinte, uma das formas mais sustentáveis de recuperar a água e os nutrientes que a consti-tuem, independentemente do tipo de cultivo. Esta solução deveria ser estimulada, caso se pretenda verdadeiramente aplicar o espírito da política de resíduos da UE, a qual tem como objectivos: garantir a preservação dos recursos naturais e a minimização dos impactes negati-vos sobre a saúde pública e o ambiente con-templando, de modo integrado aspectos de planeamento, prevenção e gestão de resíduos. (1).

Recorre-se, até à banalização, aos termos am-biente e sustentabilidade para justificar novas exigências e obrigações, mas a legislação pro-duzida origina com excessiva frequência efei-tos contrários aos supostamente pretendidos, justificando o ditado popular: de boas inten-ções está o Inferno cheio.Menos leis, mas bem estudadas e com aplica-ção eficaz é essencial. Infelizmente, a opção inversa é mais rápida, barata, e oferece mais oportunidades... Legislar seguindo o politica-mente correcto, e não com base no conheci-mento científico adquirido, é contribuir para a ineficácia e ineficiência, que são recorrente-mente apontados como problemas estruturais da nossa sociedade. (1) Programa Operacional da Sustentabilidade e Efi-ciência no Uso de Recursos. 2014-2020. Disponível em https://poseur.portugal2020.pt/media/4076/po_seur_

texto-oficial-do-programa.pdf

O autor escreveu este artigo usando as regras anteriores

ao acordo ortográfico

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Entrevista

Uma estufa

Gene Giacomelli, investigador da Universidade do Arizona, nos EUA, é o mentor de uma estufa concebida para enviar numa missão espacial à Lua, garantindo vegetais frescos, água potável e oxigénio aos astronautas. Ficção científica ou realidade?

na

Gene Giacomelli

Nélia [email protected]

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Qual é a sua área de investigação no que respeita às culturas protegidas?Trabalho há muitos anos com estufas, ambientes controlados e hidroponia. O objetivo é melhorar o crescimento das plantas e ajustá-lo ao que preten-demos, controlando o ambiente dentro da estufa, à volta da planta e na zona radicular. No início estávamos focados na produção de alimentos em estufa, porque é um negócio viável na Europa, na Ásia, no Médio Oriente, mas nem tanto nos EUA.

Porque é que os EUA só mais recentemente apostaram na produção em estufa?Nos últimos 15 a 20 anos é que o negócio se tornou mais interessante e apenas nos últimos 5 anos é que a Sociedade norte-americana começou a procurar produtos hortícolas produzidos em estufas instaladas perto das cidades. Os consumidores querem saber de onde vêm os alimentos que consomem, sem pesticidas, há uma preocupação crescente com a qualidade e com a pegada de carbono dos alimentos (food miles). Por outro lado, há uma clara preferên-cia por produtos norte-americanos, o orgulho de consumir o que é nacional.

Em que regiões dos EUA crê que a horticultura em estufa poderá ter maior desenvolvimento? E com que tipo de culturas?No presente, o tomate é a cultura mais lucrativa, mas as alfaces, as folhas baby e micro estão a tornar-se muito populares, tal como o pepino ou o pimento doce. A minha equipa está a desenvolver uma variedade de morango para produção em estufa nos EUA. A tendência é produzir culturas de crescimen-to rápido, que permitem até 20 colheitas por ano (alfaces) ou culturas com produção sequencial (tomate, pimento, pepino). Existem estufas no sudoeste dos EUA – Califórnia, Arizona, Texas -, e estão a começar a desenvolver-se no Nordeste - Ohaio, New England -, logo abaixo do sul do Canadá, onde há uma área enorme de produção em estufa ( em Ontário). Muitas explorações hor-tícolas, por todo o país, instalaram túneis, de nível tecnológico reduzido, com baixos custos de produção, para antecipar a produção de ar livre algumas semanas. Surgiram cerca de 4.000 hectares destes túneis na última década.

Suponho que a sua investigação se direciona para produção em estufa com elevado nível tecnológico?Na realidade queremos tornar a tecnologia o mais barata possível, mas o nos-so principal objeto de estudo é a alta tecnologia, automatização, estufas con-troladas por computador, produção em hidroponia, com controlo absoluto da zona radicular das plantas, em localizações muito particulares. Nos últimos 9 anos trabalhámos, por exemplo, na South Poler Food Growth Chamber, uma câmara com 24 m2 para produção automática de produtos hortícolas em hidroponia (sistema NFT), à base de luz artificial, instalada dentro do edifício da Estação de Pesquisa Norte-americana na Antártida. É a única forma de abastecer os 75 trabalhadores e residentes da Estação com vegetais frescos nos 6 meses de Inverno, quando não é possível o transporte aéreo para a re-gião. Conseguimos produzir uma alface por dia para cada trabalhador.

A câmara - South Poler Food Growth Chamber – está totalmente auto-matizada?À exceção da sementeira, transplante e colheita. Como não há pragas nem doenças, essa parte não é uma preocupação. A minha equipa monitoriza e controla a produção desde o Orizona, através de uma câmara de filmar e de computador. Uma vez por semana damos aconselhamento aos residentes, que se tornaram excelentes horticultores! Começamos com apenas 10 cultu-ras – diferentes tipos de alfaces, espinafres, tomate e pepino – e hoje em dia já produzem 70 culturas em 24m2! Um terço do espaço da sala, dividido por um vidro, funciona como sala de estar, de onde os residentes contemplam as plantas. É uma forma de relaxamento proporcionado pelo verde e pelo aroma das plantas, nos longos meses de Inverno. Descobrimos que tem um forte efeito psicológico.

«A South Poler Food Growth

Chamber abastece 75 residentes que estão isolados do

mundo nos 6 meses de Inverno»

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«70 culturas em 24 m2»

South Pole Food Growth Chamber. Estufa em produção na Estação de Pesquisa Norte-americana na Antártida. Vista frontal através da parede de

vidro e portas de entrada.Foto: NSF, Office of Polar Programs

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msFale-nos do protótipo Lunar Greenhouse, um projeto

onde a sua equipa trabalha para a NASA…Há cerca de 7 anos que a NASA financia o estudo. É uma câmara com forma de cilindro com 5 m de comprimen-to por 2 m de diâmetro, tem 4 linhas de cada lado onde produzimos alface, tomate, feijão verde, morangos e man-jericão, em ambiente controlado, com luz artificial e em hidroponia. O objetivo é que a câmara seja pequena e re-sistente, de modo a ser enviada para a Lua, onde se abrirá e começará a produzir as plantas. Embora talvez nunca chegue à Lua, até porque os materiais usados na sua construção não foram os mais indicados, conseguimos demonstrar em laboratório que produz plantas de forma eficaz e monitorizamos toda a energia que utiliza e todos os alimentos que produz. A solução nutritiva que alimen-ta as plantas é 100% reciclada. Através da transpiração, as plantas produzem água limpa que pode ser aprovei-tada para beber, e fornecerem oxigénio. O nosso objeti-vo é conseguir que a câmara produza alimentos (1000 calorias/dia), água e oxigénio suficientes para manter um astronauta na Lua. Por enquanto, fomos bem sucedidos na quantidade necessária de água potável, conseguimos produzir metade do oxigénio necessário e ainda estamos a trabalhar no problema da comida fresca. O projeto é designado NASA’s Ralph Steckler Space Grant Prototype BLSS Lunar Greenhouse.

Vista exterior da Lunar Greenhouse

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Caitlyn Hall e Marianna Yanes cuidam das plantas na Lunar Greenhouse, a estufa destinada a aterrar na Lua

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O que aprendeu com estes projetos que possa aplicar na produção à escala comercial?Os recursos em água, energia e nutrientes estão a tornar-se escassos à escala global e precisam de ser usados de forma mais eficiente, porque a população mundial continua a aumentar. Em ambos os projetos, da Antártida e da Lua, concebemos os sistemas para reduzir o consumo de água, poupar energia e reciclar água e nutrientes. Pensamos na Lua, mas na Terra os agricultores vão ver-se confrontados com este problema no futuro. Por exemplo, todo o Sul dos EUA está a ser afe-tado por uma enorme seca e no próximo ano teremos que racionar o uso da água. Os nossos produtores de ar livre poderão ter que mudar para produção em estufa, no futuro. O Mundo ainda não sabe, mas este Simpósio - Greensys – é muito importante!

Tudo isso parece ficção científica, não?A área de solo disponível para a prática da Agricultura está a encolher. Há pessoas que querem trazer estes conceitos para a Agricultura Ur-bana, que significa a produção de vegetais em estufa dentro dos pré-dios, nos telhados dos prédios ou em lotes de terreno abandonados nas cidades.

A questão da automatização leva-nos a questionar o que fazer com a mão-de-obra. O que pensa deste problema?As pessoas não gostam de fazer trabalhos duros, próprios da atividade agrícola, o que desencadeou a mecanização e a automatização. Nas estufas ainda há muito trabalho manual e dificuldade em conseguir mão-de-obra qualificada e experiente. A formação é muito importante. Temo-nos dedicado a desenvolver equipamentos que facilitem a vida dos trabalhadores e tornem o trabalho mais eficiente (plataformas para trabalhar sentado; sistemas móveis de suporte das flores e orna-mentais que se deslocam até ao trabalhador; suportes para as mãos, etc). A nossa Universidade estimula os estudantes a aprender sobre a produção em estufa e a montar o seu próprio negócio.

«Os horticultores de ar livre poderão ter que mudar para

produção em estufa, no futuro.»

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Investigação& Experimentação

Robot português ajuda na gestão da vinha Um robot desenvolvido por investigadores portugueses,sócios da APH, vai ajudar os viticultores a estimar o vigor e a produtividade da vinha. Utilizando câmaras 3D, sensores NDVI e GPS, o veículo autónomo todo-o-terreno capta e analisa imagens das folhas e cachos e dá sugestões sobre operações culturais a realizar. Prevê-se que o Vinbot chegue ao mercado num prazo de 3 a 4 anos.

O modelo de negócio previsto para utilização comercial do Vinbot será a prestaçãode serviçosa cooperativas e grandes empresas vitivinicolas.

Nélia [email protected]

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O Instituto Superior de Agronomia (ISA) integra um projeto de investigação europeu intitulado “Autonomous cloud-computing vineyard robot to optimise yield management and wine qua-lity” – VINBOT -, que visa a criação de um veículo autónomo todo-o-terreno munido de sensores para captura de informação diversa (imagens, 3D, NDVI), com vista à obtenção de uma estima-tiva da produção e vigor da videira. A equipa do projeto esteve reunida, a 16 de Julho, na Tapada da Ajuda, em Lisboa, para uma reunião e apre-sentação pública do robot.

«Está a recolher imagens convencionais e ima-gens 3D com vista à estimativa da altura, espes-sura e porosidade da sebe e do nº e peso dos cachos. Com base nesta informação construímos algoritmos que nos dão uma ideia quer do mi-croclima da sebe na zona dos cachos, quer da quantidade de folhagem e de cachos, permitindo fazer um diagnóstico do equilíbrio folha/fruto da planta», explicava Carlos Lopes, um dos investi-gadores do ISA que participa no projeto, enquan-to seguia de perto o pequeno Robô na entrelinha da vinha. «Com base na informação colhida pelo robô pode-se fazer o diagnóstico das necessida-des de intervenções em verde, como por exem-plo a desponta, a desfolha e a monda de cachos. O Vinbot permitirá emitir recomendações sobre os talhões da vinha onde as intervenções de-vem ser realizadas e, quanto mais vezes passar no mesmo local, mais robusta será a informação recolhida», prossegue Carlos Lopes, que é sócio da APH.

O projeto, iniciado em 2014, está numa fase de validação, ou seja, de construção dos algoritmos de análise de imagens, que permitirão converter as imagens em informação prática para diagnós-tico da situação da vinha em termos de vigor e produção potenciais. Ao ISA cabe o trabalho de validação de campo da informação recolhida pelo robô. Os investigadores marcaram um con-junto de videiras, em duas vinhas da Tapada da

Ajuda, para acompanhamento da evolução do ci-clo biológico da videira, designadamente através do registo da área foliar, nº e comprimento dos sarmentos, nº de inflorescências e nº e peso dos cachos, da dimensão e espessura da sebe, entre outros parâmetros. A informação recolhida pelo olho humano é correlacionada com as imagens captadas pelo robô, com vista a validar e calibrar os algoritmos de análise de imagem. Após um primeiro ano (2014), em que analisaram as castas Viosinho e Trincadeira, o registo passou a incluir um total de 6 castas.

O Vinbot permitirá estimar o vigor e a produção da vinha, informação que ajudará o viticultor na tomada de decisão relativa ao ajustamento das operações em verde com os objetivos de produ-ção, «pois obviamente que não há receitas, por-que para um tipo de vinho pode-se querer mais produção e menos para outro ou, por exemplo, enquanto nas castas brancas devemos preferir uvas menos expostas ao sol, para preservar a aci-dez e os aromas, já as uvas tintas poderão estar mais expostas», clarifica o investigador.

O modelo de negócio previsto para utilização co-mercial do Vinbot será a prestação de serviços a cooperativas e grandes empresas vitivinícolas. «O Vinbot ajudará no levantamento de informa-ção das parcelas de vinha, permitindo coordenar a colheita e a definição de lotes de uvas para vini-ficação», explica o português Carlos Encarnação, responsável pelo projeto na empresa Ateknea. A empresa portuguesa Agri-Ciência ficará respon-sável pela prestação do serviço aos clientes finais.

Por parte da produção, a expectativa quanto ao potencial do robô é elevada: «Tentar fazer com que a vindima corra bem numa cooperativa é sempre difícil, a amostragem que se faz atual-mente nas vinhas é pouco fiável, há demasiadas amostras e a informação está dispersa. Com o Vinbot esperamos vir a ter uma radiografia com-pleta das vinhas e saber exatamente quando co-

Apresentação publicada do Vinbot nas vinhas do Instituto Superior da Agronomia, a 16 de Julho.

Esta ferramenta de viticultura de precisão permitirá aos viticultores avaliar o rendimento e abandonar as estimativas atuais baseadas na inspeção visual de pequenas amostras.

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Competências e características do VINBOT

Capta parâmetros vegetativos e reprodutivos da vinha, Pode deslocar-se a velocidades até 5 km/hÉ capaz de se deslocar em terrenos com declives até 45 ºÉ alimentado por bateria elétrica A plataforma pode suportar até 20 Kg de carga

PARA SABER MAIS: http://vinbot.eu/

Componentes do VINBOT

1 plataforma robótica: durável, móvel, com software open-source

Câmaras RGB para obter imagens de alta precisão da videira

3D “Range Finders” para navegação no campo e para obter a forma do coberto vegetal

1 sensor NDVI para estimar o vigor das plantas

1 pequeno computador para cálculo computacional básico e ligado a um módulo de comunicação

1 aplicação web baseada em com-putação na nuvem para processar imagens e criar mapas 3D

lher, selecionando as uvas por lotes», afirma Manuel Ra-malho, responsável técnico da Cooperativa Agrícola da Granja, um dos parceiros do projeto.

O robô poderá vir a incluir outro tipo de sensores para diagnóstico de doenças da vinha ou medição do estado hídrico das plantas, com vista à melhoria da gestão da rega. A próxima fase do projeto passa pela validação da fiabilidade do Vinbot em diversas regiões vitivinícolas a nível internacional. Num prazo de três anos e meio prevê--se que chegue comercialmente ao mercado. «Se conse-guirmos provar que esta tecnologia trás vantagens, creio que rapidamente se disseminará. Claro que terá de existir uma boa relação entre o custo da informação e as vanta-gens para o viticultor», reconhece Carlos Lopes. O custo atual de produção do protótipo do Vinbot é de 30.000 €.

O projeto Vinbot é coordenado pela Ateknea, empresa de engenharia sediada em Barcelona. Participam ainda as empresas Agri-Ciência (Portugal), Robotnik (Espanha), Assist (Roménia), além de associações de viticultores de Espanha, Itália e Portugal.

O robot aprende o percurso na vinha e reconhece-o de cada vez que regressa ao local

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40 Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

Investigação& Experimentação

A área de produção de rosas na Holanda, estima-da em 384 hectares, está a diminuir devido à con-corrência das rosas importadas de países extra--comunitários com baixos custos de produção. Os floricultores holandeses sabem qual caminho a percorrer para manter a atividade e reforçar a competitividade: investir na melhoria da qualida-de do produto e reduzir os custos de produção. A Universidade de Wageningen tem em curso um programa de investigação intitulado «A estufa como fonte de energia», que visa reduzir os gas-tos energéticos das estufas em 25%, sem afetar a qualidade da produção e a produtividade.

Uma equipa de investigadores, liderada por Arie de Gelder, iniciou há dois anos o estudo da pro-dução de rosas numa estufa altamente tecnoló-gica com vista a obter flores “perfeitas”, dirigidas a um segmento de mercado premium. Os obje-tivos do ensaio consistem em aumentar a altu-ra dos botões florais em 5 cm; obtendo hastes com uma configuração ideal de 75 cm/ 60 gr; aumentar a vida em jarra em 10 dias e manter a qualidade das flores constante ao longo do ano. Em simultâneo procuram reduzir o consumo de eletricidade, da energia gasta em aquecimento e na injeção de CO2 na estufa. O projeto conta com a colaboração de floricultores e consultores que aconselham semanalmente os investigadores na gestão da rega, nutrição, proteção e setpoints do clima no interior da estufa. Arie de Gelder apre-sentou os resultados do ensaio no simpósio in-ternacional Greensys, no final de Julho, em Évora.

Os investigadores afirmam ter conseguido pro-duzir rosas de qualidade homogénea e estável ao longo do ano, e destacam alguns pormenores essenciais na condução da cultura e na gestão do ambiente da estufa: arrefecimento da estufa no

Rosas perfeitas com menos custos energéticosComo obter rosas de excelente qualidade e constante ao longo do ano, reduzindo os custos energéticos? Investigadores holandeses testam estufa de alta tecnologia, com iluminação LED, lâmpadas HPS, ventilação forçada e arrefecimento. Os resultados foram revelados em Évora.

Verão; controlo da humidade; gestão do núme-ro de hastes por m2 e equilíbrio entre radiação e temperatura no interior da estufa.

Os gastos energéticos com aquecimento dimi-nuíram 30% e o consumo de CO2 baixou 50%, superando os objetivos, enquanto o consumo de eletricidade baixou 6%, aproximando-se do pretendido pelos investigadores. O ponto menos positivo do ensaio foi a diminuição da vida em jarra, em comparação com os 15,9 dias obtidos num sistema de produção convencional, as rosas do ensaio duraram menos dois dias (13,9 dias) no ensaio.

O ensaio

Variedade: Red Naomi!

Data plantação: Março 2013

Densidade plantação: 7.5 plantas/m2

Área da estufa : 1008 m2

Colheita: 2 vezes por dia

Corte das hastes: acima ou abaixo do

ponto de crescimento, dependendo

da altura e espessura da haste

Duração do ensaio: 2 anos

Nélia [email protected]

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41Nº 118 . Setembro de 2015

Investigação& Experimentação Uma estufa altamente

tecnológica

Assimilação variável da luz: 70, 140 ou 210 µmol.m-2.s-1

Iluminação LED 44 µmol.m-2.s-1 e lâmpadas HPS (lâmpadas de vapor de sódio em alta pressão)3 tipos de malhas:• De emissão de luz - XLS SL 99 • De sombreamento - Harmony 25 • Energéticas-XLS 10 Ultra Ventilação forçada por baixo das calhasArrefecimento 200 W.m-2 (no Verão)Paredes de vidro difuso Prismatic Sensores de temperatura, humidade, CO2 e PAR

Prática convencional

Objetivo ensaio

ResultadosAbril 2014 > Março 2015

Produção

Eletricidade

Aquecimento

Arrefecimento

CO2

27515

27315.1

#.m-2. ano-1

kg.m-2. ano-1

27515

410

HPS LED FAN

kWh.m-2. ano-1

5104135512

7951.325 911 MJ.m-2. ano-1

954 MJ.m-2. ano-1

70140 67 kg.m-2. ano-1

Rasgar parcialmente a folha da haste ajuda a promover a formação de botões florais

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42 Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

Sustentabilidade ambiental da horticultura protegida em Portugal

A horticultura protegida representa cerca de 4% da área das culturas hortícolas em Portugal, mas a tendência para a expansão da fileira mantém-se. Importa, no entanto, garantir maior sustentabilidade ambiental e económica para manter a competitividade do setor.

4%

J. Miguel Costa

[email protected]

M. Reis

[email protected]. Passarinho

[email protected]

M. G. Palha

[email protected]

Susana M.P. Carvalho

[email protected]

Domingos Almeida

[email protected]

M.E. Ferreira

[email protected]

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43Nº 118 . Setembro de 2015

Investigação& Experimentação

Horticultura protegida em expansãoA área de horticultura protegida (hortícolas, or-namentais e viveiros) tem vindo a aumentar em Portugal. Em 2000, existiam no continente 1162 ha (GPP, 2007), sendo que em 2007 o valor es-timado era de cerca de 2200 ha (INE, 2007). Presentemente a área estimada deverá ser de 3000 ha. O cultivo comercial em estufa iniciou-se no Algarve nos fins dos anos 60 do século passa-do, expandindo-se depois para Norte, mais junto à costa, de clima mais ameno, menos geadas e próxima dos grandes centros de consumo. As ex-plorações apresentam especificidades regionais. No Sul (Algarve) e Centro-Norte (Entre-Douro e Minho, Beira Litoral) dominam as pequenas e médias empresas, enquanto no Ribatejo e Oes-te e no Sudoeste Alentejano temos empresas de maior dimensão, focadas na exportação, muitas de capital estrangeiro.

Cerca de 75-85% da área protegida corresponde a túneis simples e múltiplos, com estruturas me-tálicas, enquanto 10-12% corresponde ainda a es-truturas de madeira e 2-3% a estufas com vidro. A área com culturas sem solo (cultivo hidropónico e em substrato) tem vindo a aumentar, acompa-nhando a modernização das estruturas e os re-centes investimentos no sector.

O impacte ambiental (e económico) da produção em estufaA horticultura protegida é um sistema intensivo de produção que se caracteriza por uma elevada produtividade e pelo uso mais eficiente de fato-res de produção (e.g. água, fertilizantes). Todavia, estes ganhos de eficiência só se verificarão em situações de boa gestão da estufa e dos cultivos. Além dos riscos inerentes à gestão deficiente dos cultivos e estufas, acrescenta-se o impacte visual das estruturas, bem como a produção de resíduos sólidos e de efluentes (Euphoros, 2013; Costa et al., 2014). Infelizmente, Portugal carece de informação estatística detalhada sobre o im-pacte ambiental (e económico) do setor, o que limita decisões e investimentos. Em especial há que ter conta as crescentes restrições ambientais impostas pela UE (ex. no uso de água, substratos, biocidas, energia, emissão de CO2, produção de resíduos) (EEA, 2015) e o facto de os consumido-res estarem mais informados e exigentes no que respeita a questões de saúde e ambiente.

Uso e proteção da água e do soloEm Portugal, tal como em outros países medi-terrânicos, 75-80% da água consumida é usada na agricultura. É um valor elevado que resulta da necessidade de rega durante um longo período do ano (5000 m3/ha ano, sem incluir perdas). Em horticultura protegida, em que se rega todo o ano, o volume gasto anualmente pode mesmo

duplicar (Leão & Morais, 2011). Todavia, como aci-ma referido, a eficiência de uso da água (kg de produto/L de água) é maior em estufa que nos cultivos ao ar livre, devido à maior produtividade, ao predomínio da rega gota-a-gota e às meno-res perdas por evapotranspiração (Stanghelli-ni, 1988). A água utilizada em cultura protegida varia entre cerca de 5818 m3/ha/ano para plan-tas ornamentais e flores e 11018 m3/ha/ano para hortícolas (Leão & Morais, 2011). Aliado ao uso intensivo de água e de fertilizantes em cultivos protegidos (em solo, ou em substrato com siste-ma aberto) estão os riscos de poluição de aquí-feros e solo por lixiviação de produtos químicos (Cerejeira et al., 2007; OCDE, 2008; Melo et al., 2012). Frequentes mobilizações e desinfeções do solo e regas e fertilizações desequilibradas dimi-nuem a fertilidade do solo, aumentam a lixiviação de nutrientes e desequilibram a microbiologia do solo. O cultivo em substrato e hidropónico per-mite ultrapassar os problemas do solo, mas exige preparação técnica e maior investimento. Poten-cia também maior eficiência no uso de água e de nutrientes, e no caso de sistemas de cultivo fechados os riscos de contaminação da água são minimizados. Os custos elevados e a exigência de know-how (Reis, 2014) são fatores limitantes para muitas das empresas de média e/ou peque-na dimensão.

A combinação frequente de elevadas temperatu-ras e humidades relativas em estufa, favorecem a ocorrência de doenças e obrigam a um con-trolo apertado com biocidas. A falta de limpeza no interior e exterior da estufa, o controlo am-biental deficiente (ex. reduzido arejamento) e a falta de monitorização das culturas aumentam as necessidades de intervenção e, consequente-mente, aumentam os riscos ambientais, pelo que a adoção de boas práticas de gestão é essencial. A adoção da luta biológica é também um aspeto a considerar.

Gestão e valorização de resíduos: um tema atualA gestão de resíduos sólidos, orgânicos e inorgâ-nicos é um tema atual que necessita de melhor caracterização em horticultura protegida, de for-ma a diminuir os riscos de poluição, proliferação de pragas e doenças, e garantir a valorização dos resíduos originados (e.g. produção de energia, reciclagem). Há falta de dados exatos para as quantidades produzidas de resíduos orgânicos no país. No entanto, é possível estimá-los, com base em dados de outros países/regiões medi-terrânicos onde se produzem em média cerca de 29 t/ha/ano (Cara & Rivera, 1998), podendo estes valores atingir 130-170 t/ha/ano (Boulard et al., 2011). Tal variação está relacionada com a espécie cultivada e o grau de intensificação cul-

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44 Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

tural. No caso do tomate produzido em túnel no norte de Portugal foram apontados valores de 37-50 t/ha, para produções de 14,5 kg/m2 (Santos et al., 2005). Quanto aos substratos usados, as quantidades produzidas podem variar entre 0,6-1,0 kg m2/ano (Cara & Rivera, 1998).

Estima-se em cerca de 2060 t os resíduos das co-berturas dos abrigos em Portugal, considerando o filme de polietileno (200 μm), substituído cada 3 anos e com uma área coberta de 14000 m2/ha. Aquele montante é consistente com os valores de 0,07 e 0,10 kg/m2/ano sugeridos para filmes plás-ticos (Cara & Rivera, 1998; Bergstrand, 2010).

A recolha de embalagens de fitofármacos repre-sentou um progresso considerável na gestão de resíduos agrícolas, mas a recolha e reciclagem de plásticos agrícolas (ex. filmes de cobertura do solo e abrigos) continua problemática (Valorfito, 2014). A recolha destes resíduos não está organizada, nem quantificada oficialmente. A reciclagem de substratos inorgânicos (e.g. lã de rocha, perlite) é também difícil e a sua incorporação direta no solo, apesar de barata, é negativa para o ambiente.

Legislação ambiental relevanteA legislação portuguesa em vigor sobre a prote-ção e preservação da água e do solo baseia-se no cumprimento de normas europeias, tais como as relativas aos nitratos e pesticidas (Diretiva 2006/118/EC, 2006), do que resultou a criação das chamadas Zonas Vulneráveis (Diretiva 91/676/EEC, 1991; Portaria 258/2003) e o estabelecimen-to de medidas de proteção das massas de água, de superfície e subterrânea (Diretiva Quadro de Água 2000/60/EC). Apesar da implementação

das Zonas Vulneráveis, há ainda zonas sensíveis, como a de Odemira, ainda não classificada (Por-taria 164/2010), o que aumenta o risco para o am-biente e reduz as obrigações dos atuais e futuros investidores/produtores em termos de instalações e proteção do ambiente, situação agravada pelo facto de os solos serem maioritariamente areno-sos e pela pouca profundidade do nível freático. Em 2015 foi implementada nova legislação para aumento da eficiência do uso de água através de boas práticas de rega (Portaria 136/2015), sendo o uso eficiente da água pelos agricultores uma das medidas de apoio do Programa de Desen-volvimento Rural do Continente - PDR 2020. Foi também implementada legislação para regular o uso da solução de drenagem dos sistemas de cul-tivo sem solo, sendo agora permitido o seu uso na rega de outras culturas sem solo, mas é necessária autorização específica para a rega de plantas em solo. Ao nível da UE, o objectivo é minimizar a pro-dução de resíduos (“Zero-Waste Program”) (EU, 2015), diminuir o consumo energético e as emis-sões de carbono (EU, 2011). O sector da horticul-tura protegida terá que acompanhar as políticas europeias para manter a sua competitividade em termos nacionais e internacionais.

Estratégias para o futuroA horticultura protegida representa 4,1% da área das culturas hortícolas em Portugal mas a tendên-cia para a expansão da fileira mantém-se (Costa et al., 2012). Importa no entanto garantir maior sus-tentabilidade ambiental e económica. A otimiza-ção da recolha e reciclagem de resíduos (sólidos, líquidos) favorecerá a sustentabilidade ambiental e a imagem da fileira. Há necessidade de políticas centrais e regionais, para se promover a formação

3 milhectares

2060toneladas

área horticultura protegida em Portugal

resíduos das coberturas dos abrigos em Portugal

11018m3/ha/ano

água utilizada em cultura protegida hortícolas

5818m3/ha/ano

água utilizada em cultura protegida plantas ornamentais e flores

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45Nº 118 . Setembro de 2015

e a modernização de infraestruturas e procedi-mentos. A monitorização eficaz de instalações e de procedimentos deverá ser otimizada para mini-mizar o impacte ambiental e conseguir ganhos de eficiência na fileira. Por último, será útil quantificar o efeito dos novos investimentos na sustentabili-dade ambiental/económica do setor. Com vista a uma caracterização detalhada da horticultura protegida em Portugal, tem vindo a ser desenvol-vido um estudo por uma equipa de investigadores de diversos institutos e universidades (ITQB-UNL, ISA-UL, INIAV, UAlg, UPorto), que se espera vir a ser útil para garantir uma maior sustentabilidade económica e ambiental do sector.

Bibliografia Bergstrand, K. 2010. Approaches for mitigating the environmental im-pact of greenhouse horticulture. Dissertation. Swedish University of Agricultural Sciences, Alnarp. ISBN 978-91-576-7538-5.Boulard, T., Brun, R., Raeppel, C., Lecompte, F., Hayer, F., Carmassi, G. & Gaollard, G. 2011. Environmental impact of greenhouse tomato produc-tion in France. Agronomy Sustainable Development 31:757-777.Cara, G.R. & Rivera, J.H. 1998. Residuos en la agricultura intensiva. El caso de Almería. Encuentro medioambiental Almeriense: En busca de soluciones. Almería, España 7 y 8 de Marzo. pp.128-132.Cerejeira, M.J., Batista, S. & Silva, E. 2007. Gestão de pesticidas na pro-tecção dos recursos hídricos. In: Veiga da Cunha, L. et al. (Eds) – Refle-xos da Água, Edição APRH, ISBN 978/972/99/9991/4/7, 128-129.Costa, J.M., Palha, M.G., Ferreira, M.E., Vargues, A. & Almeida, D.P. 2012. Protected cultivation in Portugal: an investment for the 21st century? Acta Hortic. 927:139-147.Costa, J.M., Reis, M., Passarinho, J.A., Palha, M.G., Carvalho, S.M.P. & Ferreira, M.E. 2014. Sustentabilidade sócio-ambiental da horticultura protegida em Portugal. In “VII Congreso Ibérico de Agroingenieria y Ciencias Hortícolas: Innovar y Producir para el Futuro” (F.G. UPM, ed), pp.1805-1810, Madrid.

EEA 2015. Resource efficiency and the low-carbon economy. http://www.eea.europa.eu/soer-2015/synthesis/report/4-resourceefficiencyEU 2011. A Roadmap for moving to a competitive low carbon economy in 2050. Communication from the Commission to the European Par-liament, The Council, The European Economic and Social Committee and The Committee of The Regions. A Roadmap for moving to a com-petitive low carbon economy in 2050. http://eur-lex.europa.eu/legal--content/EN/NOT/?uri=CELEX:52011DC0112EU commission 2015. Circular Economy Strategy Roadmap. http://ec.europa.eu/smart-regulation/impact/planned_ia/docs/2015_env_065_env+_032_circular_economy_en.pdfEuphoros consortium 2013. Efficient use of inputs in protected horti-culture. http://www.euphoros.wur.nl/UK/.INE 2007. Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas – 2007. Ins-tituto Nacional de estatística, Lisboa.Leão, P. & Morais, A. 2011. MECAR – Metodologia para a estimativa da água de rega em Portugal. O uso de água na agricultura, INE, 17-42.Melo, A., Pinto, E., Aguiar, A., Mansilha, C., Pinho, O. & Ferreira, I.M.O. 2012. Impact of intensive horticulture practices on groundwater con-tent of nitrates, sodium, potassium, and pesticides. Environ Monit As-sess 184 (7), 4539-4551.OCDE 2008. Desempenho Ambiental da Agricultura na OCDE desde 1990: Secção relativa a cada país – PORTUGAL http://www.oecd.org/dataoecd/33/44/40806471.pdf.Santos, F., Abreu, M.J. & Almeida, D.P.F. 2005. Exportação de nutrientes pela cultura do tomate em estufa não aquecida na região de Entre--Douro e Minho. Actas Portuguesas de Horticultura 7:462-469.Stanghellini, C. 1988. Microclimate and transpiration of greenhouse crops. Acta Horticulturae 229:405-414.Stanghellini, C., Kempkes, F.L.K. & Knies, P. 2003. Enhancing environ-mental quality in agricultural systems. Acta Hortic. 609:277-283.Valorfito 2014. Prémios Valor Fito. ver. Frutas Legumes e Flores. N. 150. Março 2014.

J. Miguel Costa LEM-ITQB, Universidade Nova de Lisboa, Oeiras LEAF, Instituto Superior de Agronomia, UTL, Tapada da Ajuda, Lisboa

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46 Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

AcademiaHortícola

O Curso de Produção Agrária, nas componen-tes Animal e Vegetal, marcou o início da oferta formativa da Escola Profissional Agrícola Fernan-do Barros Leal e ainda hoje é o mais procurado pelos cerca de 400 alunos que frequentam esta instituição de ensino. A oferta formativa para o ano letivo 2015/2016 compreende oito cursos de equivalência ao 9º e 12º anos e um curso pós-se-cundário.

Luís Carlos, diretor da Escola, reconhece que não é fácil cativar alunos para a área agrícola, apesar «da elevada taxa de empregabilidade» dos cursos ministrados. A multiplicidade de empresas do se-tor primário existentes na região, nomeadamen-te nas áreas da Horticultura e da Vitivinicultura, bem como de indústrias alimentares, asseguram estágios e empregam uma parte significativa dos alunos. Outros provêm de famílias com negócios na área agrícola e acabam por criar o próprio em-prego na área.

A vida da Escola decorre ao ritmo dos ciclos de produção das plantas e dos animais. Na estufa, no pomar e na vinha aprendem-se os princípios básicos da condução das culturas. Docentes e alunos cuidam de três hectares de vinha, produ-zem e engarrafam vinho da marca própria “Casal da Portela” (cerca de 30.000 litros por ano) na adega pedagógica. As uvas provêm ainda de ou-tras propriedades que a Escola detém na região Oeste, num total de perto de 50 hectares.

No canil, na vacaria pedagógica, no Centro Ve-terinário e no Centro Hípico cuida-se da alimen-tação, da saúde e do bem-estar dos animais. O Centro Hípico da Escola Profissional Agrícola Fer-nando Barros Leal está em funcionamento des-de Setembro de 2009, ministrando aulas de vol-

teio, iniciação, saltos de obstáculos, hipoterapia e paradressage, entre outras. As infraestruturas hípicas compreendem o picadeiro coberto, com tribuna e sistema de rega, o picadeiro descober-to, cavalariças com 15 boxes e o campo de obstá-culos, construído recentemente. As aulas, abertas ao exterior, são ministradas por um professor cre-denciado pela Federação Equestre Portuguesa (FEP) e contam com cerca de 70 praticantes. O Centro organiza também vários eventos hípicos nas suas instalações e em outros locais no país. «O Centro Hípico da Escola Agrícola tem tenta-do desmistificar a ideia de que a Equitação é um desporto para elites. Com efeito, todos podem ter acesso a aulas, independentemente de pos-suir ou não um cavalo», explica Luís Carlos.

De acordo com o seu Projeto Educativo, a Escola desenvolve uma forte vertente ambiental, perten-cendo à rede EcoEscolas. Outro aspeto definidor da Escola é a sua forte ligação com a comuni-dade, marcando presença em eventos regionais e sendo parceira em projetos promovidos por outras entidades. É o caso do Centro de Experi-mentação Syngenta, instalado na Escola Barros Leal há cerca de dois anos. «Esta parceria é muito proveitosa para a comunidade educativa, alunos e professores, e tem-se revelado também uma excelente oportunidade para receber os empre-sários da região na nossa Escola. Os equipamen-tos instalados, a experimentação realizada na cultura da vinha e a informação sobre Boas Prá-ticas na aplicação de produtos fitofarmacêuticos são um atrativo para quem nos visita. Há mesmo entidades formadoras externas que realizam cur-sos de Aplicador de Produtos Fitofarmacêuticos e nos solicitam uma visita ao Centro», reconhece o diretor da Escola.

Escola Fernando Barros Leal abre portas à comunidadeA Escola Profissional Agrícola Fernando Barros Leal beneficia de localização privilegiada numa região eminentemente agrícola, no concelho de Torres Vedras, desenvolvendo um projeto educativo virado para o exterior. A produção e venda de vinho na adega pedagógica, as aulas no Centro Hípico e o Centro Veterinário são exemplos da abertura à comunidade.

Nélia [email protected]

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47Nº 118 . Setembro de 2015

AcademiaHortícola Oferta formativa 2015/16

Cursos de Equivalência ao 9º e 12º anos:Curso de Produção AgráriaCursos Profissionais de Turismo Ambiental e Rural Técnico de Recursos Florestais e Ambientais,Cursos de Educação e Formação de Jovens (CEF)Cursos de Tratador/Desbastador de CavalosOperador de Manutenção e Campos de GolfeOperador/Sapador Florestal Operador de Máquinas Agrícolas Pós Secundário:Curso Cuidados Veterinários

Dia de campo no Centro de Experimentação Syngenta na Escola Fernando Barros Leal, realizado em Junho. Os princi-pais viticultores e técnicos das casas vitivinícolas da região Oeste passaram por três estações temáticas: a primeira sobre Proteção da Vinha, a segunda consistindo numa exposição e demonstração de tratores, máquinas de vindimar, alfaias de mobilização de solo e pulverizadores e a terceira dedicada à Calibração e Inspeção de Pulverizadores, com a colaboração dos técnicos do COTHN.

«Temos centenas de empresas que aco-lhem os nossos alunos nos estágios»Luís Carlos, Diretor da Escola Profissional Agrícola Fernando Barros Leal

386alunos (2014/2015)

5turmas de cursoscom equivalência ao 9º ano

12turmas de cursos com equivalência ao 12º ano

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Uma colmeia Natupol oferece um mínimo de oito semanas de polinização intensa

48 Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

Espaço sócios

Foi há 25 anos que os agricultores tiveram acesso às primeiras colmeias de abelhões desenhadas e comercializadas pela Koppert Biological Sys-tems. Desde então, a marca Natupol associou-se a valores de fiabilidade, rentabilidade e eficácia, e caracteriza-se por ser um produto vivo que in-corpora constante inovação. Por esta razão, ao longo de um quarto de século, não perdeu nada da filosofía que lhe deu origem: conseguir que o agricultor tenha menos uma preocupação.

O produtor que escolhe Natupol adquire mais do que simples abelhões. Natupol é um sistema de polinização completo e 100% natural, que não utiliza antibióticos nem produtos farmacêuticos. É composto por uma colmeia perfeitamente pen-sada para cobrir as necessidades do ninho e in-clui uma colónia de abelhões selecionados pela sua grande vitalidade. Tudo é completado por um serviço de aconselhamento técnico à medida, que permite optimizar o rendimento, e com uma avançada logística que garante a disponibilidade das colmeias muito perto do ponto onde vão ser utilizadas.

Após 25 anos no mercado, o balanço do Natupol não pode ser mais satisfatório. As colmeias, dese-nhadas em colaboração com produtores, centros de investigação e universidades, albergam no seu interior colónias mais duradouras, graças ao bom desenvolvimento do ninho, que gera continua-mente novos indivíduos. Isto leva a que as obrei-ras trabalhem sem interrupções para alimentar as larvas, até em situações adversas de clima e luz. O resultado é que uma colmeia Natupol oferece

um mínimo de oito semanas de polinização in-tensa e até 30% mais eficácia, o que se traduz numa melhoria da rentabilidade, porque são ne-cessárias menos colmeias por hectare para ter resultados óptimos.Outra marca de identidade da Natupol é que ao abrir as colmeias os abelhões começaram a reco-lher pólen de forma instantânea. Esta vantagem exclusiva é possível graças à investigação iniciada pela Koppert sobre um eficaz método de alimen-tação denominado Polfeed, que preserva a ópti-ma qualidade do ninho e da colónia. No interior de uma colmeia Natupol os abelhões alimentam--se exclusivamente de um composto nutritivo patenteado e que é muito menos atrativo do que o pólen. Quando se abre a colmeia, os abelhões preferem o pólen da cultura e procuram-no avi-damente. O segredo é a qualidadeUma boa colmeia não é a que simplesmente tem muitos abelhões. A qualidade e vitalidade das co-lónias de abelhões é uma das importantes van-tagens que diferenciam a Natupol e que contri-buem para o seu êxito há mais de duas décadas. Depois de anos de experiência, a Koppert otimi-za todos os fatores que intervêm na produção, transporte e distribução de cada colmeia Natu-pol. O alto nível de qualidade baseia-se na sábia combinação de uma rainha, produtiva e capaz de pôr muitos ovos, com uma colónia de abelhões estritamente selecionados, acondicionados em condições ótimas de arejamento e ventilação no interior de uma colmeia, que inclui soluções avan-çadas de engenharia. Além disto, cada colónia contém uma proporção de larvas, pupas e adultos sempre adaptada às necessidades de cada agricultor.Atualmente, a Koppert lidera o mercado interna-cional de luta biológica em culturas agrícolas e polinização natural. Em todo o mundo, Koppert é sinónimo de fiabilidade, inovação e qualidade. O nossa mais-valia é uma cultura limpa e segura para um futuro saudável e a nossa principal preo-cupação é a satisfação do cliente.

Natupol- um modelo de eficácia e rentabilidade há 25 anosO Natupol é o sistema de polinização natural da Koppert. A inovação, fruto da experiência no campo, converte estas colmeias nas mais fiáveis, mesmo em situações desfavoráveis.

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Espaço sócios

Nº 2056 José Cardoso Ferreira Coimbra

Nº 2057 Marco Dias Caparica

Nº 2058 Mª Helena Dias Soares Ferreiros . Amares

Nº 2059 Ana Santos Chorincas S. Domingos Rana

Nº 2060 Edalberto Santana Abitureiras . Santarém

Nº 2061 José Fernandes Caldeira Funchal

Nº 2062 Carolina da Silva Gama Pedrogão Grande

Nº 2063 Agroturella Porto

Nº 2064 João Antunes dos Santos A-dos-Cunhados

Nº2065 Carvalho Carlos Ecole Matupo, Moçambique

Nº 2066 Vilmorin Iberica Alicante, Espanha

Benvindos!Novos sócios APH

Sócios Patrono

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GAMA PORTA-ENXERTOS TOMATE

Gama única no mercado pela sua resistência intermédia a Phytophthora nicotianae var. Parasitica (Pp)

• Híbrido de vigor médio• Induz boa qualidade ao fruto• Alto desempenho em solos pobres• Boa precocidade• Boa compatibilidade

com variedades

• Boa adaptação para solos com Nemátodos

• Alto desempenho em solos pobres• Ampla gama de resistências

genéticas• Mantém o calibre ao longo do ciclo• Rápida entrada em produção na

Primavera

• Híbrido de vigor alto• Induz bom calibre ao fruto• Excelente comportamento

em solos problemáticos• Bom comportamento

com baixas temperaturas

INTERPRO SUPERPRO FORZAPRO

Vant

agem

HR: ToMV:0-2/Fol:0,1/For/Va:0/Vd:0 IR: Ma/Mi/Mj/Pl

SEED GENERATION

Vilmorin Ibérica s.a.C/ Joaquín Orozco nº 1703006 AlicanteTelf: 965927648

vilmorin.com50 Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

AgendaInternational Symposium on Growing Media, Composting and Substrate Analysis - SusGro2015

II International Symposium on Mycotoxins in Nuts and Dried Fruits

I Workshop Nacional de Fruteiras Nativas

III International Conference on Fresh-Cut Produce: Maintaining Quality and Safety

III Balkan Symposium on Fruit Growing

The 8th International Workshop on Anthocyanins

XI International Mango Symposium

IX International Symposium on Artichoke, Cardoon and their Wild Relatives

XXXVIII Argentinian National Congress on Horticulture

V International Symposium on Applications of Modelling as an Innovative Technology in the Horticultural Supply Chain

I International Symposium on Moringa

II World Congress on the Use of Biostimulants in Agriculture

66th Congress of the Chilean Society for Horticultural Science

I International Symposium on Quality Management of Organic Horticultural Produce

IX International Symposium on In Vitro Culture and Horticultural Breeding

International Symposium on Succulents and Other Ornamentals

XIV International Symposium on Processing Tomato - XII World Processing Tomato Congress

I International Symposium on Tropical and Subtropical Ornamentals

1st Algarve International Conference on Mediterranean Diet: Health, Wellbeing and Tourism

IV Colóquio Nacional de Horticultura Biológica

XI International Vaccinium Symposium

III International Symposium on Organic Greenhouse Horticulture

VIII Congresso Ibérico VI Congresso Ibero-AmericanoCiências do Frio

7>11 set Viena, Áustria

APH

8>12 set

9>10 set

13>18 set

16>18 set

28 set>2 out

16>18 set

29 set>2 out

5>8 out

11>14 out

15>18 nov

16>19 nov

17>20 nov

7>9 dez

201611>17 jan

24>27 jan

6>9 mar

7>9 mar

17>19 mar

17>19 mar

10>14 abr

11>14 abr

2015

APH

Abuja, Nigéria

Matola, Moçambique

Davis - CA, EUA

Belgrado, Sérvia

Montpellier, França

Darwin, Austrália

La Plata, Austrália

Buenos Aires, Argentina

Wageningen, Holanda

Manila, Filipinas

Florença, Itália

Valdivia, Chile

Ubon Ratcathani, Tailândia

Giza, Egito

Ambalavayal, Wayanad, Kerala, Índia

Santiago, Chile

Krabi, Tailândia

Faro, Portugal

Faro, Portugal

Orlando-PF, EUA

Izmir, Turquia

3>6 maiCoimbra, Portugal

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