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PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 MÁX.: 34 MÍN.: 25 TEMPO EM MANAUS FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ELENCO, CURUMIM E IMÓVEIS&DECOR. Escolha o sapato certo Pla teia Oito em cada dez habitantes do mundo irão sofrer de dores nas costas. Isso pode ser con- sequência da má postura, falta de exercícios físicos ou escolha errada dos sapatos. ANO XXVII – N.º 8.860 – DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ Elenco ERIBERTO VEM AÍ COM ‘JIM’ O ator Eriberto Leão vem a Ma- naus para apresentar o espetá- culo “Jim”, no Teatro Amazonas, musical que conta a história de Jim Morrison, líder da banda The Doors, morto em 1971. EM TEMPO DESPERTA OS VALORES DA TERRA O Grupo Raman Neves de Comunicação vai lançar em setembro proposta inédita para fazer frente à crise e resgatar os valores e a autoestima das pessoas do estado. O administrador do grupo, Sando Breval (foto), explica os objetivos da iniciativa. A ideia surge em um período em que o atual quadro da economia brasileira é pouco animador. Economia B3 MARCADOS PARA MORRER O medo mora na comunidade Portelinha, no muni- cípio de Iranduba, palco do conflito de terra que cul- minou com o assassinato da líder rural Dora Priante, sequestrada e morta com 12 tiros. O cenário é de uma vila fantasma (foto), com casas abandonadas e um silêncio sepulcral. FOTOS: RICARDO OLIVEIRA RICARDO OLIVEIRA Para a pesquisa, o céu é o limite Está cravada no coração da floresta amazônica a maior torre de pesquisas do mun- do, inaugurada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). A torre tem uma estrutura de 325 metros, o que equivale a um prédio de 80 andares, e fica a 150 quilômetros de Manaus. Dia a dia C8 O suplemento infantil resgata a figura de George Savalla Go- mes, intérprete do Carequinha, o mais famoso palhaço do Brasil. Foi o primeiro artista de circo a fazer sucesso na televisão. CURUMIM JOGO DECISIVO PARA SPORT E MENGO O jogo deste domingo na Arena PE entre Sport e Flamengo, pela Série A, é decisivo para os dois clubes. Bem mais para o time carioca, que foi eliminado da Copa do Brasil e tem apenas o Bra- sileirão para salvar 2015. Pódio E4 Cinco líderes da comunidade estão jurados de mor- te pelo suspeito de matar Dora, Ádson “Pinguelão”. O marido de Dora, Gerson Priante, e o militante Antônio Henrique Machado denunciaram que estão marcados para morrer. Caderno Dia a dia No meio da floresta, a torre vai monitorar o clima na região amazônica Gerson Priante e Antônio Henrique Machado denunciaram que estão ameaçados de morte DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO

EM TEMPO - 30 de agosto de 2015

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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PREÇO DESTA EDIÇÃO

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MÁX.: 34 MÍN.: 25TEMPO EM MANAUSFALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700

ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ELENCO, CURUMIM E IMÓVEIS&DECOR.

Escolha osapato certo

Plateia

Oito em cada dez habitantes do mundo irão sofrer de dores nas costas. Isso pode ser con-sequência da má postura, falta de exercícios físicos ou escolha errada dos sapatos.

ANO XXVII – N.º 8.860 – DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

Elenco

ERIBERTO VEMAÍ COM ‘JIM’

O ator Eriberto Leão vem a Ma-naus para apresentar o espetá-culo “Jim”, no Teatro Amazonas, musical que conta a história de Jim Morrison, líder da banda The Doors, morto em 1971.

EM TEMPO DESPERTA OS VALORES DA TERRAO Grupo Raman Neves de Comunicação vai lançar em setembro proposta inédita para fazer frente à crise e resgatar os valores

e a autoestima das pessoas do estado. O administrador do grupo, Sando Breval (foto), explica os objetivos da iniciativa. A ideia surge em um período em que o atual quadro da economia brasileira é pouco animador. Economia B3

MARCADOSPARA MORRER

O medo mora na comunidade Portelinha, no muni-cípio de Iranduba, palco do confl ito de terra que cul-minou com o assassinato da líder rural Dora Priante, sequestrada e morta com 12 tiros. O cenário é de uma vila fantasma (foto), com casas abandonadas e um silêncio sepulcral.

PARA MORRERPARA MORRERPARA MORRER

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Para a pesquisa, o céu é o limite

Está cravada no coração da fl oresta amazônica a maior torre de pesquisas do mun-do, inaugurada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). A torre tem uma estrutura de 325 metros, o que equivale a um prédio de 80 andares, e fi ca a 150 quilômetros de Manaus. Dia a dia C8

O suplemento infantil resgata a fi gura de George Savalla Go-mes, intérprete do Carequinha, o mais famoso palhaço do Brasil. Foi o primeiro artista de circo a fazer sucesso na televisão.

CURUMIM

JOGO DECISIVO PARA SPORT E MENGO

O jogo deste domingo na Arena PE entre Sport e Flamengo, pela Série A, é decisivo para os dois clubes. Bem mais para o time carioca, que foi eliminado da Copa do Brasil e tem apenas o Bra-sileirão para salvar 2015. Pódio E4

Cinco líderes da comunidade estão jurados de mor-te pelo suspeito de matar Dora, Ádson “Pinguelão”. O marido de Dora, Gerson Priante, e o militante Antônio Henrique Machado denunciaram que estão marcados para morrer. Caderno Dia a dia

No meio da fl oresta, a torre vai monitorar o clima na região amazônica

Gerson Priante e Antônio Henrique Machado denunciaram que estão ameaçados de morte

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A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Polícia prende suspeito de atentadoSão Paulo, SP - A polí-

cia tailandesa deteve neste sábado um suspeito de ter participado do atentado a bomba que no dia 17 de agos-to deixou 20 mortos em um templo hindu em Bancoc.

A prisão ocorreu por volta de 14h (horário lo-cal, 4h de Brasília) em uma blitz policial em um apartamento no noroeste da capital da Tailândia.

O suspeito foi identifi-cado como Adem Karadag, com idade entre 20 e 30 anos e portador de um passaporte turco.

No entanto, há a possibi-lidade de que ele seja um tailandês que tenta se passar por estrangeiro.

Foi a primeira prisão feita pelas autoridades relaciona-da com o ataque, que não foi reivindicado por nenhum grupo até o momento.

O suspeito “parece com aquele que estávamos pro-curando”, disse Prawut Tha-vornsiri, porta-voz da polícia

tailandesa. “Também foram encontrados muitos mate-riais que podem ser usa-dos para fabricar bombas”, disse Thavornsiri.

O ataque, realizado contra o templo Erawan, um dos maiores atrativos turísticos

do país e próximo de shoppin-gs e hotéis, deixou 20 mortos, sendo 14 deles estrangeiros, e mais de cem feridos.

A prisão do suspei-to encontrado neste sá-bado foi pedida após imagens de câmeras de

segurança o identificarem.A polícia suspeita que

mais de dez pessoas te-nham participado do ata-que, o maior ato terrorista já realizado no país.

O chefe da Polícia da Tailândia, Somyot Poom-panmoung, afirmou que, segundo as investigações, os responsáveis fazem parte de uma organização composta por estrangeiros e tailandeses.

Após a tragédia, que ocor-reu no coração comercial da capital, as autoridades afirmaram ser “imprová-vel” que o ataque tivesse sido realizado por grupos terroristas internacionais.

Alguns analistas apontam motivações políticas, colo-cando como suspeitos a in-surgência muçulmana do sul do país ou os Lobos Cinzen-tos, um grupo radical turco que teria promovido o ataque para se vingar da Tailândia por deportar membros da minoria turca para a China.

TAILÂNDIA

Atentado à bomba ocorreu em 17 de agosto e deixou, pelo menos, 20 mortos em templo

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BLITZA prisão ocorreu por volta de 14h (horário local, 4h de Brasília) em uma blitz policial em um apartamento no noroeste da capital da Tailândia. O suspeito foi identificado como Adem Karadag

Homem é morto a pauladas

Um homem ainda não identificado, de 1,70 metro de al-tura, foi encontrado morto a pauladas no beco Buriti, lo-calizado no bairro Monte das Olivei-ras, na Zona Norte de Manaus, duran-te a madrugada de ontem. Segundo os moradores, o crime teria ocorrido por volta das 3h30.

De acordo com in-formações da Polícia Civil, o homem apa-renta ter entre 36 a 40 anos de idade e teria sido agredido a pauladas no rosto e na nuca.

Conforme relatos de alguns moradores do local, o homem não era conhecido da área.

As informações dão conta de que a vítima estaria procurando uma festa e que cami-nhava carregan-do uma garrafa de bebida alcoólica.

“Achamos que ele veio de uma inva-são que fica próxima daqui, mas ninguém conhece ele”, co-menta uma mora-dora que não quis ser identificada.

O caso está sendo investiga-do pela Delegacia de Homicídios e Sequestros (DEHS).

POLÍCIA

Jamaica vence e conquista tetracampeonato no Mundial

São Paulo, SP - A Ja-maica conquistou ontem o tetracampeonato do re-vezamento 4 x 100 m no Mundial de Atletismo. Usain Bolt fechou a prova e en-cerrou sua participação na competição com a terceira medalha de ouro em Pequim, na China. A equipe norte-americana abriu melhor a prova, liderando com peque-na vantagem para a Jamai-ca. Na última passagem de bastão, porém, a equipe se atrapalhou e Bolt aproveitou para assumir a liderança e vencer com folga.

Para a festa da torcida no Ninho do Pássaro, a equipe chinesa terminou com a me-dalha de bronze.

Foi a terceira medalha de ouro de Bolt neste Mundial. O velocista venceu nos 100 m e nos 200 m rasos, derrotando seu principal rival, o norte-americano Justin Gatlin, nas duas provas.

Bolt, 29, chegou à China questionado por ter lidado

com lesão na perna e com-petido pouco e por ter tido marcas bem inferiores às de Gatlin. O atleta agora sai da competição fortalecido para a disputa nos Jogos Olímpicos do Rio-2016.

A festa jamaicana ficou completa com a dobradinha de ouro do revezamento. No feminino, a equipe conquistou o ouro com o tempo recor-de da competição, marcan-do 41s07. Os Estados Uni-dos ficaram com a prata e a equipe de Trinidad & Tobago ficou com o bronze.

ESPORTE

Com vitória de ontem, Usain Bolt fez “trinca de ouro”

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Vento chegou a derrubar uma árvore na rua Joaquim Sarmento, no centro de Manaus

Temporal destrói casas e compromete maternidadePor volta das 6h de ontem, bairros de Manaus sofreram prejuízos com a chuva e rajadas de vento de até 76 Km/h

O temporal que atin-giu Manaus nas primeiras horas de ontem causou es-

tragos em quase todas as zonas da cidade. Os ventos fortes destelharam casas e tombaram árvores. Além dis-so, muitos semáforos ficaram apagados e houve falta de energia elétrica desde as 6h em muitas localidades.

Em uma residência no con-domínio Joaquim Ribeiro, no Aleixo, Zona Centro-Sul, vá-rias telhas voaram, assustan-do os moradores. “A chuva alagou a casa e uma das te-

lhas caiu sobre o carro de um vizinho”, disse a aposentada Ana Alves, 65.

Já o funcionário público Nonato Santos, 46, informou que na rua Jataizinho, com acesso pela avenida Nathan Xavier, bairro Águas Claras, Zona Norte, um telhado intei-ro veio abaixo. “Foi na casa de um vizinho, que não es-tava no imóvel no momento do incidente. O telhado inteiro voou e caiu sobre um muro do outro lado da rua”.

Uma árvore caiu na rua Jo-aquim Sarmento, no Centro, interditando a área. De acor-do com a moradora Vanessa Thuany, 23, o tombamento

causou prejuízos, incluindo a queda de energia. “Por sorte, não passou nenhum carro ou pessoa na hora que a árvore tombou”, afirma.

Agentes da Secretaria Mu-nicipal de Infraestrutura (Se-minf) e do Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito (Manaustrans) fo-ram enviados ao local. A árvore, que tinha mais de 45 anos, foi retirada do local.

Já na rua São José, no bairro Nova Vitória, Zona Leste, uma residência foi totalmente des-telhada por conta da chuva e do vendaval, perdendo toda a fiação elétrica.

Segundo um dos moradores

da casa, Diogo dos Santos, 26, esta foi a primeira vez que isso aconteceu. “Todos os móveis e eletrodomésticos ficaram em condições impres-táveis. Não sei como vamos resolver isso”, conta.

Outros destelhamentos ocorreram nos bairros Cidade Nova, Zona Norte, Ouro Verde, Zumbi e São José, Zona Les-te. E tombamentos de árvo-res também foram registrados nas ruas Leovegildo Coelho, no Centro, Laço do Amor, no Jorge Teixeira, Anori, no bairro Nova Conquista, e Presidente Vargas, no Zumbi, todos na Zona Leste, além da rua 23, na Cidade Nova, na Zona Norte.

Segundo a Defesa Civil do Município, até as 9h, nove ocorrências por conta da chu-va já haviam sido registradas. Ninguém ficou ferido. Até o fechamento da edição, o órgão continuava a contabilizar os estragos e prestar apoio às famílias prejudicadas.

MaternidadeA direção do hospital e

maternidade Chapot Prevost, Zona Leste, informou que o temporal deslocou parte das telhas da unidade, causando infiltração no centro cirúrgico. A maternidade, por ser uma unidade de risco habitual, tem 75% dos seus partos normais

e não houve nenhum caso de necessidade cirúrgica ou que necessitasse de transferência para outra unidade. A direção disse que tomou todas as pro-vidências para restabelecer a normalidade dos serviços.

FenômenoSegundo dados divulgados

pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), a chuva co-meçou às 6h e gerou um volume pluviométrico “da ordem de 5 milímetros”. Além disso, os registros do órgão apontaram que a temperatura caiu de 27ºC para 22ºC e os ventos atingiram velocidade de 76 quilômetros por hora.

No bairro Nova Vitória, uma residência ficou totalmente destelhada após o vendaval

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RIVALIDADEA terceira medalha de ouro do velocis-ta Usain Bolt neste Mundial foi con-quistada ao vencer o principal rival, o norte-americano Jus-tin Gatlin, nas duas provas

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Page 3: EM TEMPO - 30 de agosto de 2015

MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015 A3Opinião

O Departamento de Trânsito (Detran) do Amazonas distribuiu um comunicado, neste fim de semana, sobre a “blitz permanente”, que está realizando desde o dia 24, quarta-feira. Os órgãos de segurança, no Amazonas, mais especificamente em Manaus, onde as ações ocorrem, têm mais visibilidade (não existem grandes jornais no interior do Estado) e são anunciados com essa ambientação de espetáculo.

Acuadas pelo clamor da sociedade que sofre, não apenas a sensação, mas a realidade física, presencial, da insegurança, as autoridades respondem com anúncios desse tipo espetaculoso, às vezes, informam que vão agir dia tal, às tantas horas, no bairro tal contra a bandidagem (os bandidos têm franco acesso à informação privilegiada, que chega de bandeja aonde quer que estejam).

Blitz era como se denominava cada ação-relâmpago e fulminante do exército nazista contra as forças aliadas; por serem relâmpago, não podiam ser permanentes. O Detran (e os órgãos municipais também) se estressaria muito menos e aos seus agentes se, simplesmente, mantivesse, permanentemente (aí, sim), uma fi scalização, como está dito em seu estatuto: para que serve o Detran? Para o que ele não está fazendo, tem sido a resposta correta da população de Manaus.

O trânsito já é uma questão de segurança (as ruas estão lotadas de veículos automotivos di-rigidos por infratores grandes e pequenos, que têm a certeza da impunidade) e de saúde pública (os hospitais estão lotados de gente que morre e é mutilada, com a igual certeza de que nunca será reparada). Não precisa anunciar: basta punir o vagabundo que abusa da velocidade, do som em altos decibéis, do álcool em postos de gasolina... E todo mundo saberá. Basta sair da zona de conforto... E do holofote. Não existe blitz permanente. A inércia, sim, é para sempre.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para o juiz gaúcho Dalmir Franklin de Oli-veira, que montou uma banda tendo como parceiros jovens que ele mesmo condenou por crimes como tráfi co, roubo e homicídio. A banda, chamada Liberdade, se apresenta no pátio do Case (Centro de Atendimento Socioeducativo) de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, onde os adolescentes estão internados, e em outros locais, sob escolta.

Juiz roqueiro

APLAUSOS VAIAS

Dois aliados

Aliás, outro trunfo de Josué – além da juventude – é o fato de que o governador José Melo, assim como Omar, já declarou seu apoio a Virgílio.

Os dois são aliados do presi-dente da Assembleia. Portanto, Neto está com a faca e o queijo na mão.

E por que não?

Mas existem aqueles pita-queiros de plantão que torcem pelo nome do deputado Sera-fi m Corrêa (PSB).

Sarafa, que já foi prefeito, tem todo o perfi l para tocar 2 anos na prefeitura, já que Arthur deve ser candidato a senador em 2018, na chapa de Omar para o governo.

Confi ança

Arthur precisa deixar em sua cadeira alguém em que pos-sa confi ar e que vai concluir, sem revanchismo ou “nhem nhem nhem”, seu projeto para Manaus.

Ó último vice que esco-lheu, Hissa Abraão (PPS), foi um desastre. Seis meses depois da eleição o pau já estava cantando.

O português é bom

Podem acusar Serafi m do que quiserem.

Mas ninguém pode negar que ele é um político sério, ético, honesto, integro, inteli-gente e entende de números como ninguém.

Quantos somos

O Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) estima que 3.938.336

pessoas estejam morando no Amazonas.

O dado foi divulgado nes-ta sexta-feira (28), no Diá-rio Ofi cial da União (DOU), juntamente com a estimativa da população brasileira. Pelos novos números, o país já conta com mais de 204 milhões de habitantes.

Quanto cresceu

Os dados são de julho de 2015.

Em 2014, o IBGE tinha es-timado que a população bra-sileira era de 202 milhões de habitantes.

Maior e menor

O Estado mais popu-loso é São Paulo, com 44.396.484 pessoas.

Já o menos habitado é Ro-raima, com 505,6 mil.

Braga no Sul

Ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, esteve pela primeira vez no Rio Grande do Sul, nesta sexta-feira (28), no almoço “Brasil de Ideias”.

O convite foi do Instituto Voto.

No Sheraton

O Pool Bar do Shera-ton Hotel foi palco de um encontro privado.

Lá, o ministro falou sobre as prioridades e os investimentos da pasta que comanda.

Mantega na CPI

O presidente da CPI, Marcos Rotta (PMDB-AM), poupou a convocação de Lula e de seu fi lho Lulinha.

Mas confi rmou a do ex-

ministro da Fazenda de Dilma Rousseff (PT), Guido Mantega.

Consenso

Segundo o presidente da CPI, Marcos Rotta (PMDB-AM), buscou-se um “consenso” en-tre os membros da comissão, antes do encaminhamento das convocações para o plenário.

Visibilidade lésbica

O Departamento de Pro-moção e Defesa de Direitos (DPDD) promoveu nesta sexta-feira (28) um debate sobre a visibilidade lésbica.

A discussão do tema “Que-brando Paradigmas, Cons-truindo Cidadania” contou com a presença da secretária da Sejusc, Graça Prola.

Ponto de partida Para a representante da

Associação Amazonense de Mulheres Independentes pela Livre Expressão Sexual, Se-bastiana Silva, o debate serviu como ponto de partida para buscar soluções, por meio de informação e conhecimento.

— Independente de condição sexual, somos cidadãs e temos direitos –, disse Sebastiana.

Identidade e cidadania

O encontro aconteceu em comemoração ao Dia da Visi-bilidade Lésbica, celebrado em 29 de agosto.

A data é comemorada desde 2003, para fortalecer a luta em relação ao respeito, a identi-dade de gênero e a cidadania do segmento.

Para os novos valores da conta de luz que estão chegando às casas dos amazonenses. Principalmente aqueles que foram pegos na tarifa vermelha. Os valores são absurdos e deverão provocar uma enxurrada de ações no Procon.

Conta de luz salgada

As eleições municipais de 2016 já estão na ordem do dia.E a pergunta que anda na cabeças, nas bocas e nos botecos é quem será

o candidato a vice-prefeito de Arthur Virgílio (PSDB).Muita gente aposta no nome do presidente da Assembleia Legislativa,

Josué Neto (PSD). O fi lho de Josué Filho sai na pole, porque é do partido de Omar Aziz, o maior cabo eleitoral de Virgílio.

Procura-se um vice

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A guerra-relâmpago do Detran

Ao Estado compete prover necessi-dades básicas dos cidadãos, precisa-mente aquelas que exigem elevados investimentos e que constituem con-dições necessárias para o desenvol-vimento social. A tríade fundamental é unanimemente declarada como Saúde, Educação e Segurança.

Outras se fazem seguir, como o garantir, pelo transporte coletivo, o direito ao deslocamento; os inves-timentos urbanísticos que assegu-rem uma boa qualidade à vida nas cidades; o fomento às atividades econômicas que produzem a riqueza nacional, pela indústria, pela agricul-tura e pela pecuária. Enfi m, devolver à sociedade, sob a forma de bens e de serviços, tudo o que dela fora re-tirado como impostos, tarifas, taxas e contribuições, pois o Estado não é gerador de riqueza, mas apenas o administrador de tudo o que a coletividade nacional lhe confi a e que, por fi m, constituirá o Erário.

Nesse Estado, ao seguir o mo-delo oferecido por Montesquieu, se conjugam os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, harmôni-cos e sinérgicos no empenho de possibilitar à nação e à sociedade o melhor dos mundos possíveis, e nesta ação não se admitirá que peque pelo excesso autoritário, pela fraqueza da insuficiência nem pelos desvios e distorções dos seus fins. Como o próprio ba-rão percebeu, qualquer das formas possíveis de governo poderá ser objeto de desfiguração e de avil-tamento e, no caso da democracia, costuma levar ao populismo.

Governa-se então, não pelo ho-nesto bem da sociedade, mas pela busca do agradar e do conquistar as simpatias e a adesão do povo, com vista a um ganho eleitoral. Como o populismo tende a se aproximar do paternalismo político, logo as ações de governo ganham a feição e o trejeito de superproteção, como

se as pessoas fossem incapazes e despreparadas para exercer as de-cisões e os comandos concernentes às suas próprias existências.

Na verdade, despreparado para a genuína ação política, o governo passa a projetar a sua insufi ciência sobre o povo, quando tenta imiscuir-se no que não lhe diria respeito, numa atitude que não educa nem contribui para o crescimento da consciência social. É como aquele pai que não libera, não estimula e nem permite que o fi lho cresça, pois, para tal, teria que conceder-lhe o ganho gradativo do autogoverno.

E, a partir de tal postura, passamos todos a viver num país em que não podemos adquirir uma garrafa de álcool, a não ser que venha diluído com 50% de água, pois supõe o governo que nenhum de nós terá a capacidade de cuidar do produto que comprou; as oportunas lojas de conveniência, disponíveis nas 24 horas do dia, não mais vão poder vender qualquer bebida alcoólica – para portar, pois o Estado supõe que somos todos irresponsáveis; o prefeito de São Paulo manifesta a intenção de proibir a venda de “foie gras”, em defesa da integridade dos gansos (com bois, frangos e demais não está preocupado); logo os restaurantes estarão proibidos de por saleiros às mesas porque o sal em excesso faz mal à saúde (já há garçons burlando a proibição, ao levar os saleiros pendurados aos pescoços); e segue adiante a in-sopitável fertilidade legislativa do Estado brasileiro, para o qual todos nós não passamos de cidadãos de segunda classe, incapazes de gover-nar nossas próprias vidas.

Bem se expressou o ministro Gilmar Mendes, quando disse que criminalizar o uso pessoal das dro-gas “ofende, de forma despropor-cional, o direito à vida privada e à autodeterminação”.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor executivo do Amazonas

EM TEMPO

Estado intervencionista

[email protected]

Governa-se então, não pelo honesto bem da so-ciedade, mas pela busca do agradar e do conquistar as simpatias e a adesão do povo, com vista a um ganho elei-toral. Como o populismo tende a se aproximar do paternalis-mo político, logo as ações de governo ganham a feição e o trejeito de su-perproteção”

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A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

FrasePainelVERA MAGALHÃES

O prazo maior para defesa não deve signifi car vida mais fácil para Dilma Rousseff no julgamento das contas do governo de 2014 pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Na avaliação dos ministros, as pedaladas apontadas no voto do relator Augusto Nardes poderiam ser atribuídas à equipe econômica do primeiro mandato. Mas as indicadas na segunda leva de irregularidades seriam de responsabilidade direta da presidente, segundo parecer prévio dos técnicos do órgão.

Calendário 1 Depois do recebi-mento das explicações do gover-no, previsto para 11 de setembro, haverá uma semana para a área técnica examiná-las e uma para o relator elaborar um novo voto.

Calendário 2 Depois disso, os demais integrantes da corte te-riam uma semana para analisar o relatório de Nardes. A data em discussão para o julgamento é 7 de outubro.

Quorum Com as novas datas, a composição do tribunal deve estar completa: o ministro Bruno Dantas, que estaria fora se o julga-mento fosse em setembro, volta para a última sessão do mês.

Entre amigos O vice-presi-dente Michel Temer participa de evento nesta segunda-feira em São Paulo ao lado de Nardes, que recomendou a rejeição das contas de Dilma, e do juiz Sergio Moro, que conduz a Lava Jato.

Calendas Ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) acre-ditam que o processo de cassação da chapa de Dilma e Temer deverá levar ao menos seis meses. O julgamento fi caria para 2016.

Batata quente Luciana Los-sio, que pediu vista do processo, disse a colegas que deve devol-vê-lo ao plenário em, no máximo, duas semanas.

Revisionismo Uma ala do PT defende a realização de um con-gresso extraordinário do partido ainda este ano, depois do realiza-do em junho, em Salvador.

Mea culpa O grupo –que inclui deputados do Rio Grande do Sul– defende que a sigla use o encontro para assumir erros e dizer que falhou no combate à corrupção.

Berlinda Essa ala também co-bra a expulsão de José Dirceu. A divulgação do laudo da Polícia Federal sobre a evolução patri-monial do ex-ministro, preso na Lava Lato, elevou a pressão.

Pixuleco A cúpula da CPI da Pe-trobras visitou Luís Roberto Bar-roso para tentar convencê-lo a liberar o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco para participar de acareação com João Vaccari Neto e Renato Duque durante a ida da comissão a Curitiba.

Atestado Os deputados leva-ram ao ministro três argumentos para derrubar o habeas corpus de Barusco, que alegou saúde frágil: sua defesa tinha concordado com a acareação, haverá médicos e é “irrazoável” que ele possa depor à Justiça, mas não à CPI.

Ideia fi xa A CPI vai insistir na convocação de Marcos Valério na próxima reunião deliberati-

va, em setembro. A oposição acha que, condenado a 37 anos e preso há dois, ele não tem “nada a perder”.

Time 1 Otto Alencar (PSD-BA), que foi vice do ministro Jaques Wagner (Defesa) no governo da Bahia, será o presidente da co-missão que o Senado instala na terça-feira para discutir a Agenda Brasil.

Time 2 A relatoria da comis-são especial fi cará com Blai-ro Maggi (MT), de saída do PR para o PMDB.

Ritmo de festa O PDT pro-mete um evento grande no início de setembro para a fi liação dos irmãos Gomes. Quer anunciar junto a chegada do prefeito de Fortaleza, Robero Cláudio (Pros), e de seis deputados federais.

Capa de revista A pré-can-didatura de João Doria Jr. a prefeito de São Paulo começa a atrair famosos para o partido. Ronnie Von diz estar disposto a se filiar à sigla para ajudar “o amigo João”.

Três em um Os tucanos Bru-no Covas, Ricardo Tripoli e José Aníbal, também pré-candidatos, discutem a possibilidade de se unir em torno de um único nome para as prévias, contra Doria e o vereador Andrea Matarazzo.

Intransferível

Contraponto

No jantar com o vice Michel Temer na quinta-feira, empresários reclamaram da alta carga tributária. Flávio Rocha, da Riachuelo, disse que o setor em que atua é “termômetro” do problema:–A prevalecer a alta de tributos, o varejo será o primeiro a sentir.Na sua vez de falar, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, usou uma metáfora para se referir ao assunto, provocando risos dos presentes:–O governo tributa tudo que se move. O ratinho passou, cobra uma fatia do queijo dele!

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Ratoeira tributária

Tiroteio

O DEPUTADO LÚCIO VIEIRA LIMA (PMDB-BA) sobre a presidente dizer que errou na avaliação da situação econômica durante a campanha eleitoral.

Quando escreveu o livro dos Provérbios, Salomão não imaginou que previa o futuro de Dilma. Ela está escrava de suas mentiras”

No último domingo do mês de agosto, a igreja homena-geia seus catequistas. Quem são eles? Homens e mulheres, em geral jovens, na sua maio-ria mulheres, que se dedicam a árdua, mas necessária e gra-tificante tarefa de transmitir as razões e os conteúdos da fé às novas gerações de fieis. Fa-zem isto voluntariamente, como consequência natural da própria experiência de ter encontrado Jesus na igreja.

Me impressiona sempre a de-dicação daqueles que perma-necem fieis apesar de todas as dificuldades e desafios dessa missão. O maior desafio é o de dar testemunho da própria fé, com uma vida coerente com os conteúdos que anunciam. Em tempos em que a sociedade envolvente não facilita a vivên-cia dos valores evangélicos, ser catequista muitas vezes exigirá de quem o é remar contra a corrente. Como as testemunhas marcam as nossas vidas! Para mim a catequista que me pre-parou para a primeira comunhão continua a ser uma referência de vida na fé.

Outro desafio é a fidelidade à palavra. Palavra que é Jesus, a palavra do Pai que se fez carne e habitou entre nós. O catequista anuncia uma pessoa com a qual deve ter intimidade na oração, e no estudo, orante das Sagradas Escrituras. Elas contêm a palavra e conhecê-la é conhecer o Cristo. Cateque-se não é simplesmente aula, mas uma iniciação mistagógica. O catequista tem a tarefa de conduzir seus catequisandos ao Mistério atualizado, celebrado e vivido na liturgia.

Hoje, percebe-se a urgência de uma verdadeira iniciação à vida

cristã. É preciso que a fé não seja somente adesão a verdades dou-trinais, ou uma forma de acessar o sagrado, ou pior ainda um entretenimento, mas que leve a conversão. Numa reunião sobre a intolerância religiosa que leva tantas vezes à violência alguém observou, que nas chamadas zonas vermelhas da cidade de Manaus pululam igrejas de todas as denominações. Sem chegar a conclusões precipitadas, pois estas precisariam ser basea-das em pesquisa cientifica, creio que se pode fazer uma primeira constatação, a religião aí vivida não está tendo incidência na vida das pessoas que continuam matando e morrendo nas mãos de traficantes que se tornaram os senhores da morte.

Mas o que dizer de cristãos que nos oferecem o espetáculo da corrupção, chegando a usar estruturas de igreja para roubar e desviar dinheiro público? A en-cíclica do papa sobre o cuidado da casa comum veio nos lembrar que a fé tem dimensões ecoló-gicas. É contraditório professar a fé num Deus criador e poluir o planeta produzindo lixo e degra-dando o meio ambiente.

A criação geme esperando a reve-lação dos fi lhos de Deus. É urgente que os que têm fé vivam de forma coerente. A iniciação a vida cristã é tarefa para toda a vida. Em cada etapa do existir vamos descobrin-do novas exigências, mas também podemos ir deslumbrando belezas antes desconhecidas. É bonito ver todo o esforço que se faz para que a catequese seja uma verdadeira iniciação a vida cristã. Muitos não entendem e preferem uma vivência eclesial que se resume a suprir algumas necessidades espirituais. Mas vale a pena trilhar caminhos novos cheios de esperança.

Dom Sérgio Eduardo [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropolitano de

Manaus

O catequista tem a tarefa de conduzir seus cate-quisandos ao Mistério atualizado, celebrado e vivido na liturgia. Hoje, per-cebe-se a urgência de uma verdadeira iniciação à vida cristã. É preciso que a fé não seja somen-te adesão a verdades doutrinais”

Catequistas

Olho da [email protected]

Sob o calor irado e sem piedade deste verão, os transeuntes veem toda a sua vida pas-sar diante dos olhos, como se diz que acontece, quando não há mais solução, faça chuva ou faça sol. Não se pode esperar que à sombra do muro aconteça um milagre (uma chuva descuidada, por exemplo, que nem toca no chão e já evaporou, tadinha). Então...

IONE MORENO

Acho que é um imposto justo, porque atinge aque-les que têm uma renda maior. E é aplicado à saúde, favorecendo quem tem renda menor. Acho que, num

momento de aperto fi scal, pode ser uma solução para resolver essa grave crise na saúde. Ainda mais se for uma proposta compartilhada com Estados e municí-

pios. Acho que tem chance, sim

Leonardo Picciani (RJ), líder do PMDB na Câmara, na contramão do pensam os principais caciques do partido, é favo-rável à recriação de um imposto sobre movimentação fi nanceira

para a área da saúde.

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MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015 A5Política

Não serão 2 anos para definir a personali-dade jurí-dica. São 2 anos para que a gen-te coloque o CBA nas condições adequadas para que de fato possa cumprir sua missão”

Na iminência de fe-char as portas e jo-gar pelo ralo mais de uma década de

pesquisas e desenvolvimen-to, o Centro de Biotecno-logia da Amazônia (CBA) ganhou um novo fôlego em julho deste ano: a instituição passará a ser administra-da pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), de forma que possa a conti-nuar desenvolvendo suas atividades de pesquisas e transformá-las em negócios. A parceria com o Inmetro foi firmado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), o qual o CBA é ligado.

Para falar sobre essas mu-danças e o por que aconte-ceram, o superintendente-adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Regional, interino, da Suframa, Emma-nuel Aguiar, conversou com o EM TEMPO sobre o CBA. Ele frisou que a Suframa apenas estava fechando uma lacuna, mas que agora foi necessá-rio buscar uma alternativa para que o Centro continue aberto e funcionando do jeito que precisa.

EM TEMPO - Por que essa parceria com o Inmetro?

Emmanuel Aguiar - Quan-do o CBA foi iniciado fundou-se uma Instituição chamada Bio Amazônia, qualificada pelo governo federal como organização social. A Bio Amazônia tinha duas finali-dades: tocar o Pro Amazônia e responder pela implemen-tação do CBA. Mas quando chegou a inauguração físi-ca do Centro de Biotecnolo-gia, no final do governo do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, foi iniciada a implementa-ção dos laboratórios. A Bio Amazônia era a responsável para tocar as atividades do centro, mas no meio do ca-minho houve um problema com a instituição, que foi desqualificada como Orga-nização Social e o governo federal entendeu que, com a saída da Bio Amazônia do processo, a Suframa deveria fazer isso, na expectativa que seria criada uma nova OS que viria fazer o papel da Bio Amazônia. Foram feitas várias tentativas. Em 2010 foi feito um estudo para a criação de uma organiza-ção, mas a proposta não foi aceita pelo governo federal. Daí para frente foram feitas várias tentativas. Nós pas-samos a ser cobrados cons-tantemente pelos órgãos

de controle, no sentido de que fosse dada uma posi-ção quanto a personalidade jurídica do CBA, até porque a Suframa não tem expertise (competência ou qualidade de especialista) na área de pesquisa e tecnológica.

EM TEMPO - Então a parceria foi a melhor de-cisão?

EA - Se não foi a melhor decisão, mas era o que tí-nhamos. Os órgãos de con-trole nos cobraram bastante a questão da personalida-de jurídica. Nós tínhamos que dar uma solução e o superintendente interino, o Gustavo Igrejas, foi buscar uma alternativa e conseguiu um prazo de seis meses. A partir daí começamos a bus-car essa alternativa, mas um fato curioso é que no prazo de seis meses, final de 2014 veio o período de transição, com mudanças de cargos e em 2015 veio um novo governo e essas mudanças impactaram muito para a gente que começou discutin-do com um grupo e terminou a discussão com outro. Não bastasse isso, teve a dificul-dade financeira, pois o ano de 2015 também foi um ano atípico e nós tivemos proble-mas sérios com limites, o que acabou refletindo na execu-ção desse convênio de seis meses que nos foi dado. A decisão do superintendente com o Mdic foi buscar uma alternativa rápida e eficiente e que pudesse trazer os re-sultados que nós e a socie-dade estávamos esperando. Foi quando o Mdic pensou em trazer o Inmetro para essa parceria. O Inmetro tem expertise e pode nos ajudar nessa gestão compartilha-da, no sentido de encon-trarmos a melhor alternativa para o CBA e fazer com que o centro de fato volte a cumprir a missão que a ele foi delegada.

EM TEMPO - E como vai funcionar essa gestão compartilhada?

EA - A Suframa não en-tregou o CBA ao Inmetro. Eu costumo dizer que a Suframa integrou ações com o Inme-tro, no sentido de dar uma nova gestão ao CBA, onde vamos unir o útil ao agradá-vel. Com essa gestão com-partilhada, a Suframa vai poder fazer benfeito o que ela sabe fazer e o Inmetro vai poder nos ajudar fazendo benfeito o que ele sabe fazer. A Suframa ficou com a parte de cuidar do centro, mantê-lo operando, assegurar que não faltem recursos, materiais e infraestrutura para que as

pesquisas e os laboratórios funcionem sem problemas, ou seja, para que o Inmetro com a sua expertise possa de-senvolver as pesquisas, tocar os projetos e os programas sem estar se preocupando com um ar-condicionado queimado ou com falta de energia. A Suframa vai dar todo esse suporte técnico para que o CBA possa funcio-nar plenamente. O Inmetro vai ficar com a parte dos programas e projetos. Já o Mdic vai ficar com a parte de acompanhar a execução do termo (Termo de Gestão Descentralizada), propondo ajustes quando necessário, bem como presidir o grupo de gestão do termo.

EM TEMPO - Com a ges-tão compartilhada, o CBA terá novo gás?

EA - Antes era só a Su-frama cuidando desse pro-cesso. Agora a parceria é o Mdic, a Suframa e o Inmetro. Hoje temos o nosso órgão central que é o ministério, junto com o CBA e o Inme-tro buscando uma alterna-tiva para o centro. Antes a coisa estava muito solta. Hoje existe o compromisso formal, assinado pelas ins-tituições, no sentido de dar uma solução para o CBA. Isso é gratificante e possi-bilitou que o CBA saísse do esquecimento. As pessoas achavam que o CBA era um “elefante branco”. Criou-se um descrédito que o CBA deixou de ser notícia e essa parceria trouxe o centro para o foco das discussões.

EM TEMPO - O senhor defende que a questão do CBA não envolve apenas a personalidade jurídica. O que mais envolve para que o centro funcione ple-namente?

EA - As pessoas precisam entender que não é apenas a personalidade jurídica. Já se passaram 10 anos. En-tão não basta apenas de-finirmos a personalidade jurídica do CBA, existem também algumas coisas a serem feitas como: ajustes nos equipamentos, ajus-tes nos laboratórios, ade-quação dos equipamentos, manutenção e aferição dos equipamentos, certificação de laboratórios. Uma série de atividades e serviços que são executados no CBA, que o Inmetro tem expertise que vai nos ajudar a solucionar esses problemas. Então, nós não estamos apenas preocu-pados com a personalidade jurídica do CBA. A persona-lidade jurídica é importante, mas existem outras coisas.

EM TEMPO - Serão ne-cessários 2 anos para definir a personalidade jurídica?

EA - Não. Não serão 2 anos para definir a personalidade jurídica. São 2 anos para que a gente coloque o CBA nas condições adequadas para que possa de fato, cumprir a sua missão. Não é só de-finir a personalidade jurídica, mas passados 10 anos, nós verificamos a questão dos laboratórios, existem novos a serem construídos, os pro-jetos antigos. Será que eles atendem o atual contexto? Essas coisas precisam ser revistas e nós da Suframa não temos a expertise para avaliar, mas o Inmetro tem com sua equipe para ana-lisar os projetos. E vamos adequar e modernizar o que precisa ser feito. Não é só o CBA ganhar a personalidade jurídica, mas ganhar com as condições adequadas a cum-prir as suas atividades.

EM TEMPO - Haverá um seminário para dis-cutir sobre o CBA. O que será debatido nesse en-contro?

EA - No seminário que vai acontecer aqui em Manaus, vamos discutir o CBA. Nes-se seminário virão membros da comissão de Ciência e Tecnologia do Senado, para participar e todos os atores serão convidados, como as universidades, instituições e a academia. Nesse seminário vamos discutir o que é melhor para o CBA e, por meio das propostas, vamos definir o que é melhor para o CBA, ser uma Organização Social de Interesse Público (Oscip), uma empresa privada ou uma Organização Social (OS).

EM TEMPO - Com mais de 10 anos de existência do CBA, o que podemos citar como conquistas do Centro?

EA - Temos algumas coisas interessantes. No entanto, não temos como relacionar pesquisas desenvolvidas pelo CBA, pois, o sigilo é uma exigência contratu-al imposto pelas empresas solicitantes. Além disso, com a implementação da ges-tão compartilhada, todas as pesquisas estão sob análi-se, para decidir quais são as com maior probabilidade de se tornarem produtos no mercado. As demais serão transferidas para outras instituições (como Ufam e Inpa). Enquanto durar este processo, por sugestão do Mdic, mesmo as pesquisas sem sigilo contratual deve-rão ser resguardadas.

Emmanuel AGUIAR

‘A SUFRAMA não entregou o CBA AO INMETRO’

Nós passamos a ser co-brados constantemente pelos órgãos de con-trole, no sentido de que fosse dada uma posição quanto a personalida-de jurídica do CBA, até porque a Suframa não tem expertise (compe-tência) na área de pes-quisa e tecnológica”

FOTOS: DIVULGAÇÃO

O Inmetro tem expertise e pode nos ajudar nessa gestão com-partilhada, no sentido de encontrarmos a melhor alternativa para o CBA e fazer com que o centro de fato volte a cumprir sua missão”

MOARA CABRAL

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A6 Política MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Câmara só aprova 1% de projetos apresenta-dos

Com quase sete meses do início do ano legislativo, o trabalho dos 513 deputados federais resultou na aprova-ção de apenas 83 leis, entre ordinárias e complementa-res este ano. O resultado é menos de 1% de todos os 8.334 projetos que foram apresentados só em 2015. De tudo que foi aprova-do, os parlamentares ain-da fi cam devendo: apenas 32 projetos que viraram lei tiveram origem na Câmara dos Deputados.

ExtratoO Poder Executivo e o

Senado tiveram 42 proje-tos de lei aprovados, 21 de cada. O Judiciário aprovou 8 e o Ministério Público da União, só um.

Parece piadaBoa parte das leis apro-

vadas, 18 delas, criam “Dias comemorativos” como o Dia Nacional do Milho, Dia da Poesia, Dia do humorista etc.

ClássicoDeputados não largam

o clássico “batismo de

pontes”: duas leis tratam disso; uma travessia em Santa Catarina, outra no Rio Grande do Sul.

O preçoApesar da baixa produ-

tividade, os parlamentares custam bem caro. Um de-putado pode custar até R$ 1.792.164,24 por mês ao contribuinte.

Ministra impõe ‘lei da mordaça’ na Agricultura

A ministra Kátia Abreu im-plantou a “lei da mordaça” no Ministério da Agricul-tura. Até parece que há o que esconder. Entrevistas, até de pessoal de segundo escalão, só se ela autorizar. A mordaça vale para se-minários, câmaras setoriais etc. Subordinados só dão entrevistas ao fi nal de um evento, por exemplo, após o repórter solicitá-la por es-crito, para que a ministra, tão centralizadora quanto inefi ciente, a autorize.

Silêncio burroA “lei da mordaça” impe-

diu dias atrás que o Minis-tério da Agricultura expli-casse melhor sua posição, após audiência pública na Câmara.

Tudo pelo cargoEx-crítica de Dilma, Ká-

tia Abreu desenvolveu tím-panos complacentes para ouvir suas broncas fre-quentes. Mas o importante é ser ministra.

Sombra do que foiKátia Abreu chega a

condicionar suas entrevis-tas à apresentação prévia das perguntas, por escri-to. Perdeu a confiança no próprio “taco”.

Ajuda aíO Psol, com a nanica

bancada de quatro depu-tados, vai na contramão de outros partidos oposi-tores de Eduardo Cunha, na Câmara. O líder do par-tido, Chico Alencar, tenta levar o afastamento de Cunha adiante.

AgendaA presidente Dilma Rous-

seff já decidiu quando vai começar a reforma minis-terial. Aos assessores mais próximos, diz que as mudan-ças na Esplanada devem se iniciar em outubro. Falta combinar com a Câmara.

Jogo...Depois de comer poeira

para o Senado, a Câmara resolver lançar uma ‘Agen-da Brasil’ para chamar de sua. São 26 pontos suge-ridos pela ala governista. Assinam a proposta 15 par-tidos, mas o PMDB ficou de fora.

...de espumaO presidente da Câmara,

Eduardo Cunha (PMDB-RJ), comentou a “Agenda Brasil” dos deputados governistas: disse que nem leu o que foi apresentado e que a casa “não vota agenda, vota projeto”.

Muito interessadosEnquanto Rodrigo Janot

era sabatinado no Senado, uma legião de deputados se formava no cafezinho da Câmara para acompanhar a atividade. O procurador-geral da República investi-ga muitos deles.

Sucesso instantâneoO PDT avalia lançar o

deputado Wéverton Rocha, provável substituto de Ma-noel Dias no Ministério do Trabalho, como candidato ao Senado na chapa do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), em 2018.

PODER SEM PUDOR

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

Promessas, promessas

www.claudiohumberto.com.br

Eu não posso opinar sobre o que eu não conheço”ELISEU PADILHA (AVIAÇÃO CIVIL) e o

renascimento da CPMF, o imposto sobre os cheques.

Em campanha para a prefeitu-ra de Campina Grande (PB), Se-verino Cabral, pai do ex-senador e embaixador Mil-ton Cabral, muito intuitivo, tinha uma equipe para fazer seus discursos e auxiliá-lo ao pé-de-ouvido nos palanques. Num comício, ele desandou a fazer promessas, até anunciou que, eleito, levaria para a cidade um grande empreendimento. Ao seu ouvido, baixinho, o ex-deputado Raimundo Asfora orientou:

- ...em convênio com a Sudene.E ele repassou para a multidão o que havia entendido:- ...e vou construir também um convento para a Sudene!

Tábua da salvaçãoO senador Humberto Cos-

ta (PT-PE), que não rece-beu ajuda do ex-presidente Lula quando foi candidato à prefeitura de Recife, apos-ta em desgaste do atu-al prefeito, Geraldo Júlio (PSB), para fortalecer o PT. O ex-prefeito João Paulo Lima (Sudene) deve ser o candidato petista.

CalculadoraRelator da CPI dos Fundos

de Pensão, Sérgio Souza (PMDB-PR), explica o moti-vo pela “lentidão” nos traba-lhos da comissão. “Envolve muito cálculo financeiro”, diz o ex-suplente de Gleisi Hoffmann (PT-PR).

Pensando bem……a afirmação de Lula

de que “se necessário” voltaria a ser candida-to em 2018 deveria ser, na verdade, “se a Polícia Federal deixar”.

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MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015 A7Política

BANCO DA AMAZONIA

Frentes ofuscam comissões da Assembleia e CâmaraDeputados e vereadores criam iniciativas parlamentares cujas atuações deveriam ser mais fortes nos grupos técnicos das casas

Da mesma forma que a Aleam, a Câmara também vem criando Frentes Par-lamentares com temas que poderiam ser aborda-dos dentro das comissões técnicas da casa. O Legis-lativo municipal possui 20 comissões permanentes.

Um exemplo é a Frente Parlamentar de Enfrenta-mento à Violência contra a Criança e Adolescente, cuja proposta está tra-mitando na Câmara. O objetivo da Frente, se-gundo a autora do proje-to, vereadora Professora Jacqueline (sem partido), é lutar pela proteção das crianças e adolescentes da cidade que estão sen-do cada vez mais vítimas da violência. Entretanto,

o mesmo tema é prerro-gativa da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, Adolescente e do Idoso da casa, cujo presidente é o vereador Joãozinho Miranda (PTN). Ele não foi encontrado pela reportagem para comentar o assunto.

Também conflitante no ramo de atuação é a Frente Parlamentar mis-ta de Enfrentamento e Defesa dos Direitos da Pessoa com DST/HIV e Aids, que aborda o mes-mo trabalho da Comis-são de Saúde da Câmara, que tem a competência de tratar de proposições relativas à saúde pública e também na educação relacionada à saúde.

CMM na mesma esteiraHENDERSON MARTINS

A Assembleia Legislativa do Estado (Aleam) tem em sua estrutura per-manente 23 comissões

técnicas que cuidam das mais diversas situações, desde fi nan-ças públicas, meio ambiente, obras e patrimônios, indústria e comércio, até turismo e em-preendedorismo. Mas, devido a uma pequena “brecha”, deixada por estas comissões e para suprir certas necessidades, os deputados acabam crian-do frentes parlamentares que atuam em problemáticas que estão inseridas dentro das res-ponsabilidades dessas mesmas comissões permanentes.

De acordo com a gerente de Assistência às Comissões Técnicas da Aleam, Marlias Teotônio, devido a algumas “omissões” de trabalhos das próprias comissões técnicas, os parlamentares acabam vendo a necessidade de criar essas frentes parlamentares.

“A meu ver, não existe nenhum tipo de confl ito no trabalho re-alizado pelas frentes parlamen-tares referente às comissões técnicas, pois as atribuições das comissões, geralmente não abordam especifi camente um determinado assunto, e foi dentro dessa ‘omissão’, que os deputados vi-

ram a necessidade de criar uma frente para trabalhar direto na causa do problema”, defendeu Marlias. Ela acrescentou que as comissões permanentes da casa executam uma atividade de maneira mais geral. “São tantos os assuntos, tantas de-mandas da sociedade que às vezes as comissões não tratam com o cuidado que deveriam ter essas demandas. Então, a frente se aprofunda nesses cuidados”, pontuou.

Conforme Marlias, a comis-são faz parte da estrutura do Parlamento como um colegia-do, um órgão de deliberação, com atribuições comuns e espe-cífi cas, voltada para seus temas ou público referencial. Ela cita como exemplo a Comissão de Segurança Pública que cuida de assuntos que envolvem a segurança no Estado e fazem um trabalho que engloba reu-niões, visitas técnicas, articula-ção com órgãos de segurança, entre outras.

A Frente Parlamentar Es-tadual de Apoio a Micro e

Pequenas Empresas e aos Empreendedores Individuais do Amazonas (Frempreei), que tem como presidente o deputado Adjuto Afonso (PP), tem os mesmos atributos e exerce a mesma responsabili-dade da Comissão de Turismo e Empreendedorismo e da Co-missão de Indústria, Comércio Exterior e Mercosul da casa, em incentivos e atividades envolvendo todas as modali-dades de empreendimentos.

Entretanto, Adjuto Afonso afi rma que as frentes englobam várias comissões e exercem um trabalho mais efi ciente e funcio-nal, haja vista que as comissões acabam fi cando restritas a atri-buições previstas no Regimento Interno da casa e, para ter essa fl exibilidade, acaba surgindo a necessidade da criação de fren-tes parlamentares.

“Eu posso, com uma frente composta por vários mem-bros, buscar recursos até do governo federal para determi-nado problema. Situação essa que uma comissão técnica não pode, devido ao regimento e as restrições. A frente é mais ampla e existe em todas as Assembleias. Há registro de casas legislativas que têm 200 frentes parlamentares”, disse o deputado.

O presidente da Comis-são de Indústria, Comércio Exterior e Mercosul da As-

sembleia, deputado estadual Serafi m Corrêa (PSB), explicou por telefone que as atividades desenvolvidas pelas comissões são técnicas e se manifestam nos projetos de lei e também faz sua parte política. “Já a Fren-te Parlamentar é totalmente

política, sem atividades técnicas”, disse.

Também com as mes-mas caracterís-ticas de uma

comissão é a Frente Par-lamentar em Defesa dos

Direitos da Pessoa com Defi ci-ência, que tem como presidente o deputado Sabá Reis (PR). A frente exerce as funções inse-ridas nos artigos da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da casa, que tem o objetivo de pro-mover a melhoria das condições da vida e ao combate à violação dos direitos humanos.

Marlias Teotônio explica que as composições das comis-sões permanentes são criadas por indicação dos partidos no início da legislatura parlamen-tar e fi cam compostas por um presidente, um vice-presiden-te, três titulares e três suplen-tes. Ela acrescentou que, além das 23 comissões, existe a Comissão de Ética, que fi ca de “stand by”, ou seja, que vai atuar se for necessário num eventual processo por quebra de decoro parlamentar, que pode culminar na cassação do mandato de um deputado.

“A comissão serve para exa-minar, analisar as proposições que dão entrada na mesa, e nenhum projeto, nenhuma pro-posição será discutida e votada no plenário sem emissão de parecer das comissões”, acres-centou Marlias.

Conforme a gerente de Assistência às Comissões, a frente é criada pelo ato da mesa e, geralmente, é criada quando não tem uma comissão permanente.

Mas, na visão do deputado Wanderley Dallas (PMDB), a criação de frentes que traba-lham com a mesma propositura e com a mesma temática é errônea. “Eu não concordo com essas frentes que trabalham o mesmo viés, que têm o mesmo trabalho que as comissões já têm. Eu nunca criei uma frente desse tipo e nem apoio a criação. Se já existe esse trabalho feito pelas comissões, não tem por que criar algo do tipo”, criticou.

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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Políticos do AM ignoram efeitos da Lava JatoSiglas como PT, PP, PMDB, PSDB e PTB são as mais atingidas com a investigação. Escândalo pode influenciar nas eleições de 2016

Não somente empreiteiros, doleiros e funcionários da Petrobras e de bancos, mas também políticos de vários partidos, principalmente da base de sustentação, estão envolvidos no esquema

A operação Lava Jato, investigação promovi-da pela Polícia Federal em parceria com o Mi-

nistério Público Federal (MPF), vem causando polêmica com o Congresso Nacional e o governo da presidente Dilma Rousseff (PT), envolvidos em denúncias graves de corrupção e desvios de dinheiro público. Péssimo para qualquer imagem, certo? No entanto, políticos do Ama-zonas não acreditam que esse escândalo vá prejudicar seus partidos nas eleições munici-pais de 2016. Boa parte dos partidos citados nos esquemas de corrupção trazidos à tona pela investigação são o PT, PP, PMDB, PSDB e PTB.

“Nós acreditamos que não existe partido culpado. O que existem são pessoas com desvio de conduta que a Justiça saberá julgar. Sendo assim, essas pessoas que saiam do partido, pois o par-tido é muito maior do que isso e é composto em sua maioria por pessoas idôneas”, de-fendeu a ex-deputada fede-ral Rebecca Garcia, do PP,

um dos partidos apontados como chave do esquema.

“Lamentamos que alguém do PT tenha algum envol-vimento. Não aceitamos a corrupção. Mas querem cri-minalizar o PT, poupando todos os partidos. Quase 28 partidos receberam recursos no ano passado das emprei-teiras investigadas na Lava Jato, mas apenas o tesoureiro do PT foi preso. Poucos são os políticos do PT acusados, comparado a outros partidos. Com certeza a imagem do PT fica prejudicada. Na eleição do ano que vem acredito que o PT deverá mostrar as boas administrações, projetos e programas que ajudaram a melhorar a vida da população e mostrar que no governo Lula e Dilma foram os que mais a Polícia Federal atuou no combate à corrupção, o que antes era abafado”, defen-deu o deputado estadual José Ricardo, do PT.

Ao ser questionado sobre seu partido que, em nível na-cional também teve três expo-entes vinculados ao esquema de corrupção na Petrobras que veio à tona na operação

Lava Jato, o PSDB, o deputa-do federal Arthur Bisneto se exaltou. “Acho essa pergun-ta até engraçada. O único envolvido nisso é o senador Antônio Anastasia (PSDB). E ele é alvo de uma denúncia ridícula. Disseram que viram uma pessoa parecida com ele em uma garagem. Que gover-nador iria até uma garagem para pegar dinheiro de um bandido? Dezenas de pessoas poderiam fazer isso para ele. É absurdo. Se a Lava a Jato vai influenciar nas eleições? Basta avaliar aprovação do PT. O meu partido é o maior incentivador da Lava a Jato”, respondeu o parlamentar.

Escândalo pode virar armaToda essa tranquilidade

não é justificada. “A operação Lava Jato encontra-se, ainda, em funcionamento e não é possível, no momento, prever todas as suas consequências para a política brasileira. Con-tudo, pode-se vislumbrar que as investigações ao trazerem à tona nome de políticos e de partidos políticos podem, sim, influenciar nas eleições. Um candidato, por exemplo,

a prefeito ou vereador de um município não gostaria de ter o seu nome veiculado junto ao nome de um político, ainda que com força regional, ci-tado na operação Lava Jato”, explica o sociólogo e pro-fessor da Universidade Pres-biteriana Mackenzie (SP), Rodrigo Prando.

O especialista afirma ainda que na hora da campanha, o tema será usado por oposi-tores. “Além disso, na disputa eleitoral candidatos ou par-tidos podem citar nominal-mente os envolvidos ou as siglas partidárias num jogo de desconstrução do adversário. Ao que tudo indica, de todos os partidos, o que mais vai sofrer nas próximas eleições é o PT e não necessariamente por ter mais nomes citados ou investigados. Há um desgas-te geral que se cola ao PT e, sobretudo, as suas principais referências hoje: Dilma e Lula. É bem provável que ao final das próximas eleições munici-pais, tenhamos uma diminui-ção do número de prefeituras ligadas ao PT, bem como de cadeiras nas Câmaras muni-cipais”, acrescentou.

O nome da operação Lava Jato surgiu por con-ta do uso de uma rede de postos de combustíveis e lava a jato de automóveis para movimentar recursos ilícitos pertencentes a uma das organizações crimino-sas inicialmente investi-gadas. Embora a inves-tigação tenha avançado para outras organizações criminosas, o nome inicial se consagrou.

A operação Lava Jato é a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve. Estima-se que o volume de recursos desviados dos cofres da Petrobras, maior estatal do país, esteja na casa de bilhões de reais. Soma-se a isso a expressão econômica e política dos suspeitos de participar do esquema de corrupção que envolve a companhia.

Nesse esquema, que dura

pelo menos 10 anos, gran-des empreiteiras organi-zadas em cartel pagavam propina para altos execu-tivos da estatal e outros agentes públicos. O valor da propina variava de 1% a 5% do montante total de contratos bilionários superfaturados. Esse su-borno era distribuído por meio de operadores finan-ceiros do esquema, incluin-do doleiros investigados na primeira etapa.

Origem do nome da investigação

DIVULGAÇÃO

ESQUEMAUm dos maiores escândalos de cor-rupção do Brasil, a operação Lava Jato descobriu tentáculos do esquema não só na Petrobras, mas em outros setores, como o de Energia

FRED SANTANA

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EconomiaCa

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[email protected], DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015 (92) 3090-1045Economia B2

Brasileiros criam cartão sem taxas

REPRODUÇÃO

Pequenos se reinventam para manter faturamentoAlém da busca pela inovação do case de produtos, as redes sociais somam as estratégias para manter as portas abertas

Num ambiente eco-nômico que preo-cupa os grandes negócios, as micro

e pequenas empresas (MPEs) também não estão imunes aos riscos da crise. Para sobreviver aos aumentos de impostos e dos custos, os pequenos empreendedores buscam se reinventar para seguir adiante e não fechar as postas.

Recente levantamento do sost ware de gestão on-line para micro e pequenas em-presas ContaAzul aponta de que 71% delas sentiram o impacto negativo da crise no primeiro semestre. A pesquisa que ouviu o total de 5.102 MPEs mostra que, apesar do momento ruim, há uma visão otimista por parte dos empre-endedores em relação à sequ-ência de 2015, com 68,5% dos entrevistados que acreditam em melhora no cenário até o fi nal do ano.

A microempresária Sabrina Maranhão, 30, sócia-proprie-tária da loja Mimo Fino, é uma das que mantêm um olhar de esperança sobre o ambiente econômico para um futuro não muito distante. Mas, hoje, para sobressair a queda no

movimento do comércio, ela e a sua sócia Daniele Rodri-gues, 30, buscam atualizar o estoque com peças novas e na releitura de produtos do passado para manter o volume de vendas.

Empreendimento que come-çou em dezembro de 2013,

com artigos para presentes, segundo Sabrina, precisou com o tempo diversifi car o negócio e em junho do ano passado encontrou, numa releitura da “cesta de café da manhã”, mais uma força para aumentar o faturamento. Faltava, no en-tanto, melhorar o movimento na loja instalada no Rio Center, localizado na rua 24 de Maio, Centro, Zona Sul.

A solução estava nas mãos delas. Com seus smartphones, Sabrina e Daniela partiram para a divulgação nas redes sociais. “De olho nas oportu-nidades nós aproveitamos a internet. Hoje, 90% das cestas criativas que nós atendemos são online, pelas redes Insta-gram, Facebook e principal-mente o WhatsApp”, conta a microempresária.

O trabalho na web, de acordo com Sabrina, é reforçado com o site (www.mimofi no.combr) e a taxa de entrega, na atual conjuntura, ela explica que não cobra sobre as compras acima de R$ 30 para bairros das zonas Sul, Centro-Sul, Oeste e Centro-Oeste.

E para vencer as difi cul-dades da localização da loja física, Sabrina diz que está nos planos, até o fi nal do mês de setembro, a mudança para um ambiente de uma rede de su-permercado, no bairro Ponta Negra, Zona Oeste. “Aqui [no Centro] nós perdemos cliente pela falta de estacionamento. Às vezes, até nós não conse-guimos estacionar. No super-mercado nós ganharemos es-paço e o movimento não para porque todo mundo precisa ir lá fazer as compras do dia-a-dia”, observa Sabrina.

FOTOS: RAIMUNDO VALENTIM

Nem todo mundo consegue essa dispo-nibilidade de sair de casa ou do trabalho para comprar pre-

sentes. A rede social facilita esse lado

Sabrina Maranhão,microempresária

Que “todo mundo precisa comer”, é certo. Mas, quase que imune à crise, o ramo de alimentação também sofre com a queda dos vizinhos. Há cinco meses que foi inaugura-da, a cafeteria Café com Leite, do shopping Show, conjunto Vieiralves, Zona Centro-Sul, nesse período viu as demais lojas do centro comercial fe-charem as suas portas e os cartazes de promoções se-rem substituídos por faixas de “aluga-se”.

Única sobrevivente do es-tabelecimento, a cafeteria mantém o atendimento (de segunda a sexta, das 7h às 11h e das 15h às 19h, e

aos sábados e domingos das 7h às 12h) a partir da rede de amigos das microempre-sárias Isabella Tamys, 26, e Daniz Camine, 29. Também blogueiras, elas buscaram nas suas redes conquistar a clientela. Enquanto os outros fechavam as portas, a estra-tégia on-line serviu para que mantivessem o negócio em funcionamento.

Um sonho que foi projeta-do num plano de negócios, segundo Tamys, as microem-presárias buscaram adequar a cafeteria dentro daquilo que elas sentiam falta nos outros estabelecimentos que fre-quentavam em Manaus. “Para

começar, nós adequamos o cardápio. Nas cafeterias que frequentávamos ou tinha a área fi tness ou não. E nós trou-xemos as duas opções para agregar amigas com gostos diferentes”, explica.

Conforme o plano de negó-cios, as sócias afi rmam que mantêm na programação a abertura de mais uma fran-quia na cidade, quanto a Café com Leite, da rua João Valério, inteirar um ano. “A alimen-tação sobrevive no mercado porque é necessária. E como somos brasileiras, nós não desistimos fácil. Acreditamos que vamos conseguir seguir adiante”, diz Daniz.

‘Todo mundo precisa comer’

O presidente da Associação Comer-cial do Amazonas (ACA), Ismael Bi-charra, avalia que os empresários do comércio vivem um momento de muita difi culda-de por conta do problema políti-co e econômico do país, prin-cipalmente por conta do a u m e n t o da inadim-p l ê n c i a , dos juros, da infl a-ção e do dólar. “A única coi-sa que caiu hoje foi o P r o d u t o I n t e r n o B r u t o (PIB) do país. O

que gera muita des-

conf iança

quanto a investimentos”, comenta.

Para completar as difi cul-dades, Bicharra aponta a in-clusão do Estado no progra-ma da bandeiras tarifárias da Eletrobras, com tarifas diferenciadas de energia, o que segundo ele, causou aumento de até 50% nas contas dos empresários e do consumidor comum. “A energia mais cara vai afe-tar os pequenos empreen-dimentos, que geralmente são familiares, e dependen-te muito do faturamento do dia”, explica.

De acordo com o presi-dente da ACA, as MPEs re-presentam hoje no Estado 95% do mercado comercial, que sofrerão muito caso não haja recuperação da economia. “Não estamos vendo luz no fi nal do túnel para que elas possam lutar e mais tarde se reerguerem. Se verifi car nos shoppings e centros comerciais da cidade nós veremos o nú-mero muito grande de lojas fechadas”, avalia.

Sem luz no fi m do túnel

A microempresária Sabrina diz que achou na internet uma ferramenta para melhorar as vendas

Daniz e Isabella apostaram no sonho da cafeteria e segue plano de expansão

EMERSON QUARESMA

O presidente da Associação Comer-cial do Amazonas (ACA), Ismael Bi-charra, avalia que os empresários do comércio vivem um momento de muita difi culda-de por conta do problema políti-co e econômico do país, prin-cipalmente por conta do a u m e n t o da inadim-p l ê n c i a , dos juros, da infl a-ção e do dólar. “A única coi-sa que caiu hoje foi o P r o d u t o I n t e r n o B r u t o (PIB) do país. O

que gera muita des-

conf iança

Sem luz no fi m do túnel

Daniz e Isabella apostaram no sonho da cafeteria e segue plano de expansão

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Startup cria crédito livre de taxas e da burocraciaTotalmente controlado por smartphones com sistemas Android e iOS, o cartão não cobra taxas, mas tem juros de 7,5%

Uma startup brasilei-ra chamada Nubank promete combater dois males financei-

ros de uma só vez, ao oferecer um cartão de crédito livre de taxas e da burocracia do setor. O cartão é totalmente controlado pelo smartphone por meio de um aplicativo para Android ou iOS. E é a única peça física que o usuário tem acesso. Todo o restante é feito de forma virtual.

A cada compra o usuário rece-be notificação, que passa para uma linha do tempo e já surge na descrição da próxima fatura. Os lançamentos podem ser orga-nizados com tags e emoticons, e dá para alterar o nome e a categoria do estabelecimento onde a compra foi realizada. Informações como IOF, taxa de câmbio e os parcelamentos também estão na fatura.

Se identificar compras que não fez, o usuário pode cance-lar o cartão com o App e, caso perca o aparelho, consegue blo-quear o cartão e aplicativo pela internet. A comunicação com a empresa pode ser feita por chat, e-mail ou telefone. Mas, 95% dos contatos têm sido realizados pelo chat.

A plataforma surgiu graças ao primeiro grande investimen-

to de risco do fundo Sequoia Capital no Brasil. Outros que apostaram na Nubank foram o Kaszek Ventures e o empre-endedor Nicolas Berggruen. No total foi colocado um montante de US$ 14,3 milhões (R$ 34,2 milhões) na startup.

“Passamos algumas semanas no Vale do Silício e todas as empresas perguntavam quem

já faz isso nos Estados Unidos, mas ninguém faz”, conta David Vélez, fundador e CEO da Nu-bank, ao site Olhar Digital.

Ele explica porque o pioneiris-mo não os motivou a apostar no mercado norte-americano. “A oportunidade no Brasil é muito mais interessante do que nos EUA”, avalia. “A experiência fi-nanceira de base no Brasil ainda precisa melhorar muito. Os ju-

ros de cartão de crédito estão entre os maiores do mundo, com uma taxa entre 10% e 12% por mês, o que não faz muito sentido para nós”, observa.

O cartão da Nubank não cobra taxas porque a empresa cortou o máximo de buro-cracia possível - incluindo os bancos -, mas tem juros, uma taxa média de 7,75%. “Tudo é feito pelo aplicativo. É um processo muito mais simplifi-cado”, afirma Vélez. “Não tem agência, papel, espera, é tudo pelo celular”, comenta.

Mas, a maior qualidade da novidade é também seu ponto fraco: a única marca conheci-da do cartão é a bandeira da Mastercard que vem impressa nele. Então, como fazer o con-sumidor confiar na plataforma? “Eu estou dando dinheiro. Fico com todo o risco do cliente. Ele pode pegar o cartão gastar e ir embora. É a Nubank que toma o risco”, argumenta o CEO.

“Somos uma marca nova no mercado. Tem pessoas que preferem ir aos grandes ban-cos, mas quem está entre 29 e 39 anos confia em platafor-mas digitais”, aponta. De olho nesse público, que representa cerca de metade da popula-ção, a Nubank acredita que não demorará a crescer.

DIVULGAÇ

ÃO

Plataforma nasceu a partir de um recurso de R$ 34,2 milhões, oriundo de fundos e investidores

FUTUROPor enquanto, a em-presa está totalmente focada no negócio do cartão de crédito, no entanto, ela diz enxer-gar mais oportunidades em função da experiên-cia que o brasileiro tem com as finanças

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

com a nossa terra e com a nossa gente’

‘Compromisso

O Amazonas está de hora marcada com o despertar de uma nova era em sua tra-

jetória de desenvolvimento. A partir de setembro deste ano, uma proposta inédita será lan-çada para vencer a crise e o pessimismo que atingem a sociedade e, consequente-mente, resgatar os valores e a autoestima das pessoas.

A novidade não poderia vir em momento mais oportuno. A proposta inovadora surge em um período em que o atual quadro da economia brasileira é pouco animador e indica um contexto de crise com inflação galopante, au-mento da taxa de desemprego, endividamento crescente da população, pessimismo entre o empresariado e queda no acesso ao crédito, entre outros sintomas. Ela vem também em um momento em que o Amazonas passa por uma turbulência econômica com a retração de sua principal mola propulsora de desen-volvimento: a indústria, cujo faturamento registrou queda de 8,42% no primeiro semes-tre deste ano.

Mesmo diante desse cená-rio de crise que assombra o país e de tanto pessimismo, o Grupo EM TEMPO faz um chamado para a sociedade para dar a volta por cima e vencer o medo e o pessimismo causados pelos desmandos na política e na economia do Bra-sil. Desta forma, a empresa se apresenta como um exemplo de transformação ao apostar na inovação para superar as barreiras e traçar um futuro promissor de sucesso.

Causa nobreO EM TEMPO já começou a

fazer sua parte por esta causa nobre. A empresa inovou ao criar uma proposta sustentá-

vel para mudar o paradigma operacional de todo o seu grupo formado pelos impres-sos Amazonas EM TEMPO e AGORA, a emissora TV EM TEMPO – retransmissora do SBT - o portal EM TEMPO Online e a rádio EM TEMPO. “Vamos buscar envolver nesse grande projeto toda a socie-dade, o governo, as empresas e os trabalhadores para que participem do norteamento de uma solução para vencer a crise e resgatar a autoestima ao elaborar uma nova visão da nossa terra e de nossa gente”, conta o membro do Conselho de Administração do Grupo EM TEMPO, Sandro Breval.

Segundo ele, entre os desa-fios está a modernização do parque gráfico, a implantação de um modelo moderno de gestão, o novo posicionamen-to dos produtos do EM TEMPO perante o mercado, a consoli-dação da logística de distribui-ção, a atualização tecnológica e o fortalecimento da relação com os colaboradores.

A empresa também se cre-denciará junto aos principais organismos de certificação, como o Ibope e o Instituto Verificador de Comunicação (IVC), com o intuito de atestar a audiência de seus veículos. “Essa medida propicia maior transparência e confiança para os leitores”, diz Breval.

SANDRO BREVAL SANTIAGO

Idade: 41 anos

Formação:Graduação em Administração pela Ufam Doutorando em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)Mestre em Engenharia de Produção pela UfamPós-graduação em Gerência Financeira e Empresarial pela Ufam Formação executiva internacional:Gestão Financeira e Investi-mentos pela Universidade de Chicago (EUA)Estratégia e Inovação de Negócios pela Universidade da Pensilvânia – Wharton School (EUA)Gestão Estratégica e Lide-rança empresarial – Insead (França)Formação de Líderes empre-sariais – Esade (Madrid) Cargo Atual:Membro do Conselho de Administração do Grupo EM TEMPO

Nós carregamos o nome Amazonas. Por este motivo, temos o compromisso com o desenvolvimento da nossa terra e de

nossa gente

Sandro Breval, administrador

A proposta do EM TEMPO é de envolver a sociedade em um grande debate para discutir o futuro que que-remos para o país e para o Amazonas.

De acordo com Sandro Breval, nos próximos me-ses, o EM TEMPO vai re-alizar uma série de ações com o intuito de chamar a população para discu-tir os grandes temas que impactam de forma mais profundo na sociedade.

“Será uma discussão sobre os grandes temas que vai ser realizada sob a égide do compromisso com o desenvolvimento da região”, destaca Breval, ao salientar que o debate será feito em torno de assuntos que vão desde a economia até a questão cultural.

AmazonasDentro desse projeto de

diálogo com a sociedade, o EM TEMPO vai propor a discussão sobre os desa-fios que o povo do Amazo-nas precisa enfrentar para superar os problemas e se manter no caminho do desenvolvimento.

Entre esses desafios que estão no rol de priorida-des estão assuntos como a mobilidade urbana, a integração regional, a logística, a educação, a empregabilidade e a pre-servação de nossas raízes amazônicas.

“Nós carregamos o nome Amazonas. Por este moti-vo, temos o compromisso com o desenvolvimento da nossa terra e de nossa gente”, afirma Breval.

Participação da sociedade

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Grupo EM TEMPO lança proposta inovadora para o desenvolvimento do Amazonas e de sua população

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

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B5EconomiaMANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Placas de ‘aluga-se’ dão o tom da crise no comércioCentros comerciais são os estabelecimentos da cidade que mais “amargam” a recessão econômica com lojas desocupadas

É crescente o número de placas e faixas de “aluga-se” ou “vende-se” em imóveis comer-

ciais da cidade, principalmen-te em centros de compras. O número de lojas que fecham as portas só aumenta num cenário de crise econômica, que afeta entre outros setores o comércio e por consequência o imobiliário.

A tendência negativa é cla-ramente percebida no con-junto Vieiralves, bairro Nossa Senhora das Graças, Zona Centro-Sul. Conhecida tra-dicionalmente pela potência comercial, a região perdeu sua força no mercado graças a bai-xa na procura por salas comer-ciais. Exemplo dessa queda é o Shopping Show, localizado na rua João Valério. Das seis salas disponíveis, apenas uma está alugada para a cafeteria Café com Leite.

Para o proprietário do esta-belecimento, Alípio Carvalho, mais conhecido com Show Man, o grande problema é o medo dos investidores dian-te da recessão do país. “A procura ainda existe. No úl-timo mês, apareceram cinco interessados, mas todos não aceitaram o valor. Deixei de

alugar porque o povo está com medo da crise. Ninguém está comprando ou alugando. Enquanto isso não mudar, vai ficar difícil”, avalia.

Carvalho culpa também o alto valor gasto em manu-tenção como vilão do valor elevado do aluguel. “Gasta-mos muito para manter o alto padrão das salas. Na hora de alugar, os clientes querem

sempre diminuir o preço que pedimos. A grande maioria já diminuiu pela metade o valor do aluguel, porém, ainda encontra dificuldade”, ressal-ta o proprietário, que diz já pensar na possibilidade de tirar as “luvas” dos contratos para facilitar no fechamento do negócio.

Outro centro comercial “en-feitado” de faixas de “aluga-

se” é o Dona Maria, também no bairro Nossa Senhora das Gra-ças. Há menos de três meses, uma academia de musculação, uma loja de suplementos e um consultório odontológico fe-charam as portas. Atualmen-te, apenas o Sindicato dos Propagandistas, Propaganda, Vendedores e Vendedores de Produtos Farmacêuticos do Estado do Amazonas (Sind-proam) mantêm-se no ponto.

MedoPara o corretor de imóveis,

Francisco Corrêa Junior, o grande problema realmente é o medo da classe empresa-rial de abrir novos negócios. Segundo o profissional, mui-tas pessoas deixaram para o futuro o tão sonhado desejo de abrir o próprio negócio.

Corrêa diz que a procura pelo aluguel está muito baixa e os valores seguem muito altos. Para ele, a situação complica com os limites de créditos bancários congelados. “Com o medo da crise, as pessoas não estão com interesse de arris-car para ser um empreendedor e sim, continuar nos seus em-pregos. Com isso o mercado fica mais fraco, e ficamos com muitos produtos nas pratelei-ras e o dinheiro acaba ficando parado”, explica

THIAGO FERNANDO

Proprietário de centro comercial vê a possibilidade de cortar a cobrança das “luvas” do condomínio

CAIXAJúnior observa que a dificuldade também está presente quando o assunto é compra direta com as imobili-árias por causa de mu-danças nas regras de financiamento da Caixa Econômica Federal

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Em momentos de dificul-dades, a criatividade e o estudo de mercado são cami-nhos para passar pela crise. Foi esse o caminho tomado pelos investidores do São Jorge Center, localizado no bairro São Jorge, Zona Oeste. Os empresários escolheram a localidade pelo movimento comercial da região, cercado de empreendimentos de ali-mentação e poucas opções de outros serviços.

A aposta deu certo. No cen-tro comercial, todas as salas estão ocupadas por negócios de ramos diversificados. Para o proprietário que não quis se identificar, o segredo do ne-gócio foi peneirar e escolher bem um ponto para qualquer cliente alugar.

“Ouvimos falar de uma crise, mas decidimos não participar dela. Buscamos alternativas para essa ten-dência do mercado. Esco-

lhemos uma variedade de serviços para montar o nosso centro comercial. Isso chama diferentes pessoas e acaba não marginalizan-do o local. Prezamos pela qualidade dos serviços ofe-recidos. Assim, mantemos o local sempre atrativo para todos”, explica o proprietá-rio. Ele avalia que um dos pontos diferenciais do cen-tro comercial é a oferta de vagas de estacionamento.

Poucas apostas que dão certoAté mesmo com redução do valor do aluguel, empreendimentos seguem desocupados

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B6 País MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Preso na Lava Jato está entre os mais ricos do paísMarcelo Odebrecht está em nono lugar na lista dos homens mais ricos do país, segundo divulgou a revista “Forbes”

Fortuna de Marcelo está avaliada em R$ 13,1 bilhões

A nova lista de bilio-nários feita pela re-vista “Forbes Brasil” não traz muita no-

vidade entre as personali-dades no topo neste ano. O diferencial é que um dos homens mais ricos do país está preso. Com uma for-tuna estimada em R$ 13,1 bilhões e considerado o 9° mais rico, Marcelo Odebre-cht ocupa uma das celas do Complexo Médico-Penal do Paraná, que fica em Pi-nhais, município da região metropolitana de Curitiba.

Ele faz parte da terceira geração da família que dá nome à empreiteira, a maior do país. Foi preso em 19 de junho, junto com outros dez executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, na 14ª fase da operação Lava Jato, que investigação desvios de dinheiro da Petrobras.

O empresário e engenheiro civil de 46 anos foi indiciado por corrupção, lavagem de ativos, fraude a licitações e crime contra a ordem eco-nômica. Os crimes foram supostamente praticados em contratos da Petrobras. Marcelo, que nasceu na Bahia, faz parte da terceira geração da família Odebrecht à frente da maior empreiteira do país. Ele é neto do pernambucano Norberto Odebrecht, que fun-dou a construtora, e filho de Emílio Alves Odebrecht.

O nono homem mais rico do Brasil começou a comandar a

empresa em 2008, após atuar por 16 anos como funcioná-rio da construtora. Antes de ser preso era o responsável pelos negócios de construção pesada petroquímica, açúcar, álcool, petróleo, gás, enge-nharia ambiental e empreen-dimentos imobiliários.

Após a prisão, por deter-minação do juiz Sérgio Moro, que conduz as ações penais da operação Lava Jato, Mar-

celo Odebrecht teve R$ 4,5 milhões bloqueados.

Na última quarta-feira (26), o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), no Rio Grande do Sul, negou pedido de habeas corpus solicitado pela defesa do presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, e manteve “na íntegra a decisão de primeiro grau” do juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da operação Lava Jato.

O advogado do empresá-rio, Antônio Nabor Areias Bu-lhões, sustenta que a prova

da participação do seu clien-te é frágil. “Inexistem fatos contemporâneos a amparar a necessidade de decreta-ção da prisão preventiva”, disse o defensor.

O argumento, porém, não foi aceito pelo desembarga-dor federal João Pedro Ge-bran Neto, relator do pro-cesso. “Por todas as razões já destacadas com relação à materialidade e aos indícios de autoria e, ainda, sendo ne-cessária a prisão preventiva e inviável a sua substituição por medidas alternativas, deve ser mantida na íntegra a decisão de primeiro grau”, escreveu na decisão.

Odebrecht e outras 12 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Fe-deral (MPF) no mês passado. Com o recebimento da de-núncia pela Justiça, a partir de agora eles são réus na ação penal que vai apurar os supostos crimes cometidos por eles, como organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva, lava-gem de dinheiro nacional e internacional.

Na ocasião, a Odebrecht in-formou que vai se pronunciar apenas no processo judicial. “O recebimento da denún-cia pela Justiça representa o marco zero do trabalho das defesas. Com isso, as manifestações das defesas se darão nos autos dos pro-cessos”, disse a empresa em comunicado.

DIVULGAÇÃO

FORTUNA Marcelo Odebrecht foi preso na quarta etapa da operação Lava Jato, em 19 de junho. Ele foi indiciado por corrup-ção, lavagem de ativos, fraudes a licitações e crime contra a ordem econômica

Para o MPF, a Odebrecht montou uma sofisticada rede de lavagem de di-nheiro. Com isso, a compa-nhia pôde pagar propinas a executivos da Petrobras para fechar contratos com a estatal.

As denúncias partiram de depoimentos de ex-funcio-nários da Petrobras, como o ex-diretor de Abasteci-mento, Paulo Roberto Cos-ta, que firmou um acordo de delação premiada com a Justiça e detalhou o funcio-

namento do esquema.A Odebrecht é uma entre

as várias empresas investi-gadas no âmbito da opera-ção Lava Jato, deflagrada em março de 2014 e que tem apurado desvios de dinheiro da Petrobras.

Esquema de lavagem de dinheiro

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B7MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015 País

Collor x

Janot:

o dia em que

a caça

tentou se

r caçador

Envolvido na Lava Jato, Fernando Collor quis “cantar de galo” durante sabatina com o novo procurador da República

Chefe do Ministério Público Fe-deral, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, este-ve do outro lado do balcão por

10 horas e 25 minutos na quarta-feira passada (26). Acostumado a investi-gar, foi inquirido. Na segunda reunião mais longa da história da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Janot foi sabatinado por cerca de 30 senadores, dos quais pelo menos 12 são seus investigados no Supremo Tribunal Federal (STF). A reunião só não foi maior que a sabatina do ministro da suprema

corte Edson Facchin, em maio, que durou 12 horas e 40 minutos.

Entre os inquisidores de Janot estava Fernando Collor (PTB-AL). Único senador já denunciado pela Procuradoria Geral da República

(PGR) por suposto envolvimento com os esquemas de corrupção da Petrobras, o ex-presidente protagonizou os momentos de

tensão da sabatina. De acusa-do a acusador, Collor repetiu a estratégia que usou con-tra Lula na campanha elei-

toral de 1989. Na época, o então candidato a

presidente manteve, em debate com Lula

na TV Globo, uma pasta sobre a mesa com supostos documentos que incri-minariam o petista. Nada bombástico saiu de lá. Mas a simulação de que poderia sacar uma arma fatal fez o petista suar.

Desta vez, o senador foi o primeiro a chegar à CCJ, sentou-se na primeira fi la da sala, de frente para o lugar a ser ocupado por seu algoz, e colocou nova-mente pasta sobre a mesa. Novamente, mexeu nos papeis em tom ameaçador. Mas não conseguiu extrair de Janot nada mais do que indignação.

Frente a frente com Janot, o ex-presi-dente o questionou sobre contratações feitas pela PGR sem licitação e o acu-sou de proteger um irmão procurado pela Interpol. Janot se irritou com a tentativa do senador de interromper suas respostas. O procurador fechou a cara e colocou o dedo em riste: “Vossa Excelência não me interrompa”.

O embate entre Collor e Janot foi o momento mais tenso da sabatina. Logo no início das respostas do pro-curador, Collor chegou a interrompê-lo e Janot retrucou, mostrando certa irritação.“Posso esclarecer, senador?”

Diante de nova intromissão do par-lamentar, Janot pediu a intervenção do presidente da comissão. “Quero ter assegurado meu direito de mani-festação”, reivindicou Janot. Diante do apelo, o presidente da CCJ, senador José Maranhão (PMDB-PB), pediu que Collor não interrompesse mais o pro-curador-geral.

Dentre as arguições, Collor acusou Janot de contratar uma empresa de comunicação sem licitação e disse que o procurador havia mentido ao afi rmar

a lisura de sua conduta ética. O senador citou um suposto período em que Janot teria advogado enquanto atuava como subprocurador da República e pergun-tou se isso era eticamente aceitável. Collor também perguntou se Janot usa como “estratégia” vazar informações de investigações para determinados veículos de comunicação. “Quem está dizendo isso não sou eu, não sou só eu”, disse.

Em sua resposta, Janot, afi rmou que os contratos com a empresa de comu-nicação Ofi cina da Palavra são legais e que essa empresa faz consultoria e media training para o Ministério Público Federal e para vários órgãos públicos.

Sobre os vazamentos, o procurador afi rmou que, à época da chamada Lista de Janot, não houve vazamento, mas es-peculações. “Sou discreto”, disse. Para ele, esses casos – que estãos sendo investigados – prejudicam a imagem dos que estão apontados nas delações premiadas.

Ao fi nal dos seus questionamentos, Collor se retirou da comissão, causando certo alvoroço entre os senadores que acompanhavam a sabatina.

Após passar pelo crivo do colegiado, o procurador teve seu nome aprovado, em plenário, por 59 votos a 12. Terá novo mandato de dois anos à frente da PGR. Essa foi a segunda vez que a presidente Dilma Rousseff pôde se sentir vitoriosa na semana. Além de conseguir fazer sua indicação passar pela peneira do Senado, ela mais uma vez teve prazo estendido em processo que pode lhe render abertura de pedido de impeachment.

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Mundo tem 47 milhões de pessoas com demênciaÍndice de pessoas que sofrem desse mal vem crescendo e números deverão ficar até três vezes maior até 2050

Imagine o seguinte cená-rio: alguém te oferece um copo de suco de laranja e, de repente, você não tem

mais ideia do que a expressão “suco de laranja” significa. A cada três segundos, uma pes-soa no mundo começa a apre-sentar sintomas como este, estreitamente relacionados à demência. Hoje, são 46,8 milhões de pessoas vivendo com o problema, das quais 1,2 milhão estão no Brasil. E a esti-mativa para os próximos anos é alarmante: em 2030, devem ser 74,7 milhões de pessoas com demência no mundo, e, em 2050, esse número passa-rá para 131,5 milhões. Os da-dos são do Relatório Mundial de Alzheimer, publicado ontem pela federação Alzheimer’s Di-sease International.

A projeção para os próxi-mos anos é feita a partir da rápida mudança ocorrida nos últimos tempos. De 2009 para cá, quase 12 milhões de novos casos surgiram. No Brasil, são cem mil a cada ano, dizem pesquisadores. “Geralmente, os sintomas aparecem depois dos 60 anos, mas o processo de demência começa cerca de três décadas antes. Como te-mos um numero excessivo de neurônios, não sentimos. Só

quando se chega ao limite é que se percebe”, diz Wagner Gattaz, presidente do Conselho Diretor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.

Demência é um termo geral para doenças que afetam o cé-rebro e as funções cognitivas. O mal de Alzheimer, que não tem cura, é a causa de 60% desses quadros. Em segundo lugar, vêm as doenças vasculares, provoca-

das por obesidade, diabetes e hipertensão, por exemplo. “Para tentar evitar o problema, é pre-ciso se alimentar bem, praticar exercícios, manter o peso ideal, controlar o estresse, beber com moderação e não fumar”, elenca o geriatra Rubens de Fraga Jr., conselheiro da Sociedade Brasi-leira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). “E, quanto maior o grau

de escolaridade, menor a chan-ce de desenvolver qualquer tipo de demência. O melhor exercício nem é fazer palavras cruzadas, mas ler, porque estimula muito mais o raciocínio e a fantasia”, enfatiza o médico.

O levantamento interna-cional destaca que 58% das pessoas com quadros de de-mência vivem em países em desenvolvimento ou pobres. A estimativa indica que, em 2050, esse índice chegará a 68%. A explicação vai ao en-contro do que sugere Fraga Jr.: nações com baixo índice de educação, menos acesso à saúde e menos infraestru-tura têm populações mais expostas às doenças que desencadeiam demência.

Ele também explica que o hormônio conhecido como vita-mina D, sintetizado pela pele a partir da exposição ao Sol, ajuda a manter a vitalidade dos neu-rônios. Quem quase não toma sol, portanto, tem mais chance de ter demência.

O relatório estima que o custo global do problema pode saltar para US$ 1 trilhão já em 2018 e, por isso, pede que os go-vernos criem políticas públicas para tornar o diagnóstico e os possíveis tratamentos mais efi-cientes e baratos.

DIVULGAÇ

ÃO

Estimativa é que até 2030, 74,7 milhões de pessoas sejam acometidas com a doença no mundo

ESTATÍSTICA Entre as 46,8 milhões de pessoas que vivem com o problema, quase 1,2 milhão estão no Brasil e até 2030, a estimativa é que o mundo deva ter até 74,7 milhões de pesso-as com a doença

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Dia a diaCade

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[email protected], DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015 (92) 3090-1041

Amazonas monitora o clima global

Dia a dia C8

RICARDO OLIVEIRA

Quem se atreve a sair de casa evita comentar a morte de Dora

FOTOS: RICARDO OLIVEIRA

Comunidade Portelinha virou sinônimo de insegurança, após a morte da líder comunitária Dora Priante

Aqui mora o medo

MÁRIO ADOLFO

Ninguém escanca-ra mais portas e janelas na comu-nidade Portelinha,

localizada na estrada de Serra Baixa, no município de Iranduba, a 25 quilôme-tros de Manaus. As pessoas apenas olham pelas frestas e preferem manter os portões trancados com correntes e cadeados. Esse clima de ten-são e medo se abateu sobre o lugar, desde o dia 13 de agosto, quando a líder comu-nitária Maria das Dores dos Santos Salvador Priante, a Dora Priante, foi encontrada morta com 12 tiros, depois de ter sido sequestrada de dentro da sua casa, na comu-nidade, na noite anterior.

Na vila onde antes crian-ças brincavam nas ruas, mulheres varriam terreiros e estendiam roupas nos va-rais e caseiros cuidavam da terra, o que se vê hoje são ruas desertas e um silêncio sepulcral. Por mais de uma uma hora, o carro com a equipe do EM TEMPO circu-lou pela comunidade, onde moram (ou moravam) 50 famílias, e apenas quatro pessoas foram encontradas: Uma menina que esperava o ônibus para ir à escola; uma moça que procurava uma área onde seu celu-

lar conectasse o sinal; o açougueiro que não vende

um quilo de carne há duas semanas e um caseiro, José Delfi no Filho, 52, o único que aceitou se identifi car e falar alguma coisa.

“Se é para falar alguma coisa, teria que falar a ver-dade. E a verdade ninguém pode falar, porque se falar morre “, diz o homem. As outras três pessoas con-fi rmam o que ele acaba de afi rmar. Mesmo diante da insistência do repórter, nin-guém quis comentar nada. Ninguém sabe de nada, nin-guém viu ou ouviu nada. O medo mora na Portelinha, onde algumas casas já fo-ram abandonadas devido ao estado de terror que se instalou na comunidade.

Bem antes da morte de “dona Dora”, casas che-garam a ser incendiadas para que seus proprietá-rios a abandonassem e pudessem ser negociadas por grileiros.

Mas Delfi no fala. Ele diz que as “autoridades” não tomaram nenhuma provi-dência diante das 18 ocor-rências que “dona Dora” fez na polícia, denunciando que estava ameaçada de morte e precisava de segurança.

“Agora está todo mundo correndo para saber quem matou, quem não matou.

Mas a polícia deve agir antes de acontecer e não depois que a vida foi tirada “, diz o trabalhador rural, que nun-ca frequentou um banco de escola, mas fala com a sa-bedoria dos que se indignam contra a omissão do poder público diante do abandono dos homens do campo.

O homem que está por trás desse estado de ter-ror que tem expulsado os moradores da Portelinha se chama Adson Dias da Silva, 38, o “Pinguelão”. Ele foi o primeiro presidente da As-sociação Comunitária Rural Portelinha, mas, depois de deixar o cargo passou a ven-der terras que não eram dele e a ameaçar os posseiros que já estavam na comunidade há mais de 20 anos.

No dia 10 de janeiro des-te ano, circulou um abaixo -assinado no assentamen-to, que o denunciava ten-tar intimidar os que lhe ousam contestar.

Quando a líder comunitá-ria Dora Priante assumiu a presidência, passou a denun-ciar o grileiro, fazendo de-núncias–crime e registrando Boletim de Ocorrência (BO) na delegacia de Iranduba. Ao mesmo tempo passou a colecionar recibos de vendas de terras por “Pinguelão”, que cobrava entre R$ 3 mil e R$ 15 mil por um lote.

Um ou outro morador se arriscar a circular pelas ruas da Portelinha

MÁRIO ADOLFO

Ninguém escanca-ra mais portas e janelas na comu-nidade Portelinha,

localizada na estrada de Serra Baixa, no município de Iranduba, a 25 quilôme-tros de Manaus. As pessoas apenas olham pelas frestas e preferem manter os portões trancados com correntes e cadeados. Esse clima de ten-são e medo se abateu sobre o lugar, desde o dia 13 de agosto, quando a líder comu-nitária Maria das Dores dos Santos Salvador Priante, a Dora Priante, foi encontrada

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C2 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

O sequestro acoonteceu porque ele e seus pistolei-ros de alu-guel queriam a pasta com a documen-tação que o incriminava. Como não conseguiram, arrastaram minha mu-lher para o carro”

Gerson Nascimento Priante, 64, aceita fa-lar sobre o assassinato de sua mulher, a líder

comunitária Dora Priante, mor-ta a tiros no dia 12 de agosto por grileiros no conflito de terra da comunidade rural Porteli-nha. Mas, para isso, ele faz uma exigência: a entrevista não poderá acontecer na sua casa – onde ele está recluso desde a morte da mulher –, em um bairro da periferia de Manaus, e muito menos no sítio Porteli-nha, abandonado após o crime. Os motivos são óbvios: Gerson Priante e mais cinco líderes da Associação Comunitária Rural Portelinha estão marca-dos para morrer. As ameaças estão partindo dos comparsas de Adson Dias, o ‘Pingue-lão’, principal suspeito de ser o mandante do assassinato de Dona Dora, que está preso na delegacia de Iranduba.

Priante é um ex-padre ca-puchinho que, nos anos 1990, quando militava na Pastoral da Terra, se apaixonou por Maria das Dores Santos Salvador, que conheceu no Alto Solimões. A ideologia, a luta e os sonhos por uma sociedade mais justa aproximou ainda mais os dois ativistas, que militavam em mo-vimentos populares. Não havia jeito, Priante largou a batina e se casou. A união durou 25 anos, até que os tiros dos gri-leiros interromperam a vida e a luta constante de “dona Dora”, que sonhava em transformar a comunidade ‘Portelinha’ num lugar bom de se viver.

EM TEMPO – Qual era o sonho de Dora Priante para a Portelinha?

Gerson Priante – Ela foi

eleita pela Associação Co-munitária Rural Portelinha para quatro anos e estava no final de seu mandato. Com muita luta, conseguiu máquina para fazer as ruas, trouxe o Luz Para Todos e estava instalando o abaste-cimento de água por meio do programa de poços artesia-nos pelo governo do Estado. Lutava muito, em meio à pressão exercida pelo ‘Pin-guelão’, que foi o primeiro presidente da comunidade e não respeitava a liderança de Dora. Mesmo depois de sair da associação conti-nuou vendendo terras que não eram dele.

EM TEMPO – Dora co-locou um cartaz na por-ta de sua casa dizendo que “Pinguelão” não tinha terras “para vender, doar ou negociar”. Esse foi o estopim do conflito?

GP – Sim, esse foi o estopim do conflito. “Pinguelão” nunca parou de vender terras, mes-mo tendo sido afastado da liderança. Desconhecia e pro-curava desmoralizar a nova diretoria eleita por eleição legítima. Tentava desquali-ficar a presidência da minha mulher, plantando informa-ções falsas em programa de televisão, como Exija os Seus Direitos, Canal Livre, etc. Ele não se conformava em perder a liderança.

EM TEMPO – Então “Pin-guelão” era um dos líderes da Portelinha?

GP – “Pinguelão” foi o pri-meiro líder da Portelinha, em torno de 2008. Até aí ele tinha o apoio e o respaldo popular da comunidade. An-tes, tudo era feito na base

do mutirão, da união de es-forços. Não havia interesse financeiro e todo o trabalho era feita à base de volun-tariado. Nessa época Dora chegou a ser secretária da associação. Mas depois,” Pinguelão” degenerou, pas-sou a vender terras que não eram dele. Se achava o dono da área de 15 hectares que deu origem à Associação Ru-ral Portelinha, que ele ajudou a fundar e depois desconhe-ceu, usando todos mecanis-mos mais escusos possíveis para negociar terras.

EM TEMPO – O senhor acha que existe algum gru-po de especulação imo-biliária por trás de “Pin-guelão”?

GP – Sem dúvida, tem sim gente mais poderosa por trás dele. Ele funciona como testa de ferro para transformar a “Portelinha” num balcão de negócios. Tem gente a ser-viço dele e ele está serviço de outros. Dora atrapalhava esse balcão de negócios, e tinha provas que o incrimi-nava. Por isso ele ou quem mais esteja com ele, decidiu que era preciso eliminá-la. “Pinguelão” é o suspeito número um da morte de minha esposa. Ajudado por Ronaldo Paula, que a im-prensa chamou de caseiro, que receberia a quantia de R$ 1.500 e uma motocicleta para entregar Dora. Ele con-fessou tudo, informando que “Pinguelão” foi o mandante. O sequestro aconteceu por-que ele e seus pistoleiros de aluguel queriam a pasta com a documentação que o incriminava. Como não con-seguiram, arrastaram minha mulher para o carro e des-carregaram todo o ódio que nutriam por ela.

EM TEMPO – No dia a dia, alguma vez Dora ma-nifestou seu temor diante das ameaças?

GP – Dava para notar que, nos últimos dias, ela estava vivendo uma situação muito tensa. Era visível. A gente notava que ela estava angus-tiada. Certa vez ela comen-tou comigo que estava com os dias contados, porque se confrontava verbalmente com “Pinguelão” e toda vez ele a ameaçava. Notei que a coisa estava mais tensa que nos meses anteriores, quando ela pegou a pasta de documentação e trouxe para Manaus. Parece que ela percebera que eles viriam buscá-la. Foi essa pasta que atraiu os assassinos até a nossa casa, na Portelinha. Eram denúncias–crime con-tra “Pinguelão”, Boletins de Ocorrência e recibos de ven-

das de terras assinadas por ele, em valores que variam de R$ 3 mil a R$ 5 mil. Além de documentos que incriminam autoridades que não deram a menor atenção para as denúncias que Dora vinha fazendo sobre ameaças de morte que vinha sofrendo.

EM TEMPO – O senhor pretende entregar essa pasta à Justiça?

GP – A gente ainda não conseguiu, sequer, selecio-nar essa avalanche de docu-mentos que o incrimina cada vez mais. Quando a gente conseguir entregar isso, a Justiça vai ter provas para deixa-lo mofar na cadeia por tanta desonestidade, falsifi-cação de documento e venda ilegal de terras, com cobertu-ra do próprio cartório que nós tentamos desmascarar.

EM TEMPO – Qual foi a última vez que o senhor viu Dora?

GP – Isso aconteceu no dia no dia 12, acho que até o dia 10 a gente teve um conta-to muito rápido. No dia em que eles a sequestraram eu estava dando aula na escola do Km 28 da rodovia Manoel Urbano (Manaus -Manaca-puru), quando os vizinhos chegaram correndo para me avisar. O sequestro acon-teceu no início da noite do dia 12. Dora tinha acabado de chegar de Manaus, e já estava na Portelinha em tor-no das 16h. Eles invadiram nossa casa entre as 18h e 18h30. Ela ficou desapareci-da a noite inteira. Por volta das 8h30 do dia seguinte, já circulavam notícias de que seu corpo havia sido encon-trado no ramal Santa Lúzia, Km 52 da AM-70. Dora foi morta com 12 tiros.

EM TEMPO – O senhor pretende retomar a luta contra os grileiros, na Por-telinha?

GP – Estou tentando me recompor. Foi um baque não só para mim, mas para toda a família. Vou deixar passar um tempo, pedir minha remoção para Manaus. Meus filhos não querem que eu retorne à Portelinha, porque corro risco de morte. Os vizinhos dizem que a emboscada era para mim e para Dora, eu escapei porque atrasei 15 minutos. Estamos com medo diante de tanta violência, é verdade, mas isso não sig-nifica que vou abandonar a comunidade e a luta da Dora Não vou entregar o ouro ao bandido depois de tanta luta, de tanto sacrifício da minha esposa. Se ele (Pinguelão) pensa que isso vai ficar as-sim, está enganado.

Gerson PRIANTE

‘Não vou abandonar A COMUNIDADE E a luta da Dora’

‘Pinguelão’ foi o primei-ro líder da Portelinha. Ele tinha todo o apoio e respaldo popular da comunidade. Antes tudo era feito na base do mutirão, da união dos esforços. Mas depois o ‘Pinguelão’ degenerou, passou a vender terras que não eram dele”

FOTOS: RICARDO OLIVEIRA

Ele (“Pingue-lão”) funcio-na com testa de ferro para transformar a Portelinha num balcão de negócios. Tem gente a serviço dele e ele está a serviço de outros. Dora atrapalhava esse balcão de negócios”

MÁRIO ADOLFO

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C3Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Medo leva moradores a abandonar a PortelinhaApós o assassinato de Dora Priante, casas foram abandonadas, deixando a comunidade com aspecto de lugar fantasma

Após o assassina-to da líder comu-nitária Maria das Dores dos Santos

Salvador Priante, popular-mente conhecida como Dora Priante, o sentimento e o clima entre os moradores da comunidade Portelinha, localizada no município de Iranduba - a 25 quilômetros de Manaus - ainda é de medo. Com ruas desertas, o atual cenário lembra as cidades do velho oeste norte-americano, mostradas nos filmes de bang-bang.

São poucos os moradores que se arriscam a abrir por-tas e janelas. É bem verdade que poucas famílias residem de maneira fixa no local – a maioria mora em Manaus e visita sua casa somente à noite ou nos finais de sema-na -, mas grande parte dos populares da região prefere ficar dentro de casa, tranca-da e sem se expor.

Incomodadas com a situ-ação, a alternativa encon-trada por algumas pessoas com propriedades e pedaços de terra foi deixar o local o mais rápido possível. Um grande número de casas está com placas de venda

penduradas em suas facha-das apenas com o telefone para contato em caso de interesse pelo imóvel.

“Ficou todo mundo assus-tado com o que houve, até porque havia muitas amea-ças aqui na área, de tomar o terreno, de repassar o lote para outro. Então ficou todo mundo muito assustado e

muita gente está querendo sair daqui. Botaram placa de venda nas casas, nos lotes para ir embora”, relata um morador da comunidade que preferiu não se identificar temendo represálias.

De acordo com ele, o assas-sinato da líder comunitária acabou motivando grande parte dos moradores a dei-xarem o local. “As pessoas se acalmaram, porque as

ameaças cessaram. Mas elas continuam assustadas, querendo sair daqui. Nós te-mos muito medo, até porque você fazer um investimento para depois ver alguém no seu lote é complicado”, ex-plica o morador, que ape-sar do ocorrido na Porte-linha, pretende continuar vivendo na comunidade.

PazAos 62 anos, um dos vizi-

nhos de Dora, que também preferiu não se identificar, se emocionou ao falar do ocorrido no local. Com lágri-mas nos olhos, ele disse que ainda não acredita no assas-sinato da colega e descarta deixar a Portelinha, lugar em que está estabelecido há mais de sete anos.

“Uma comunidade é de paz, é para ser paz, um servir ao outro. Comunidade é isso. O meu vizinho está com pro-blema, se eu puder ajudá-lo, claro que vou ajudar. É servir um ao outro, não para destruir um ao outro. Eu não sei por que, tem muita gente que está se mudando. Eu nunca pensei que fosse chegar a esse ponto. A nossa vida é mais importante que qualquer pedaço de terra”, ilustra o morador.

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Presença da polícia na comunidade não foi suficiente para deixar moradores tranquilos

ANDRÉ TOBIAS

SEGURANÇANo último dia 19, equi-pes das polícias Civil e Militar estiveram na comunidade Portelinha, para restabelecer a segurança no local. Na ocasião, alguns morado-res aproveitaram para retirar os seus pertences

Conforme informações de alguns amigos de Dora Priante, os capangas de “Pinguelão“ estariam com uma lista que continha nomes de pessoas ligadas à líder comunitária e que deveriam ser eliminadas. Contudo, o delegado do 31ª Delegacia Interativa de Iranduba, Paulo Mavignier, negou a existência da su-posta relação.

“Você nunca vai ver nin-guém lá. Só à noite ou fim de semana, porque ninguém mora lá. Aquilo é coisa de veraneio, pessoal vai para lá passar o final de sema-na. Se encontrar ali umas dez, 15 famílias é muito. Essa lista não existe, lista materializada não existe. Posso garantir”, descarta o delegado.

Conforme Mavignier, con-flito por terra não é algo incomum em Iranduba. Em um terreno próximo à Ci-

dade Universitária, algo semelhante foi registrado na delegacia do município, onde todos os procedimen-tos foram realizados e a disputa pelo pedaço de terra agora é na esfera judicial. “Hoje, a cidade é tomada por esse tipo de problema de terra por conta da especu-lação imobiliária. Esse não é um problema exclusivo da Portelinha, mas de diversas comunidades”, revela.

Há 1 ano e dois meses à frente da delegacia de Iran-duba, Mavignier mostrou a pilha de procedimentos registrados contra “Pingue-lão”. Os crimes envolvendo supostamente o mandan-te do assassinato de Dora Priante são os mais diversos: esbulho, danos, violação de domicílio, injúria e amea-ça.

“Nesse período que eu es-tou aqui, nós temos dois bo-letins de ocorrência da Dora

como vítima do “Pinguelão’: um de injúria e outro de ameaça. Todos esses pro-cedimentos foram tomados remetidos à Justiça. Mas a briga da Dora se estende há mais de 4 anos. No período que eu estou aqui tenho outras situações, outras reclamações. Eu tenho de ameaça a fulano, do Pingue-lão quebrar cerca de ciclano, passar o trator no terreno do outro”, informa.

DesabafoPara Paulos Mavignier,

a resolução dos conflitos fundiários não depende so-mente da atuação da polí-cia. Cobrado pela população para resolver os problemas na cidade de Iranduba, ele reclama da ausência dos de-mais órgãos responsáveis pelas terras do município quando as pessoas come-çam a se apropriar dos es-paços.

Lista com nomes é contestadaVários imóveis se encontram fechados ou postos à venda, na comunidade Portelinha

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Líder comunitário é vítima de três atentadosO autor de uma das investidas, segundo Antônio Henrique foi identificado e denunciado à polícia, mas nada foi feito

Escoltado por uma viatu-ra até um local previa-mente combinado para a entrevista, Antônio

Henrique Machado de Souza, 41, é professor de filosofia e mili-tante do Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM), e está marcado para morrer. O dia? A qualquer momento. Henrique é apenas um dos muitos líderes comunitários no Amazonas que sofrem, diariamente, tentativas de morte, ou vivem ameaçados por lutar pelos direitos à moradia e terras no Estado.

O “Professor”, como é chama-do, lidera a comunidade Nobre, localizada no bairro Santa Etel-vina, Zona Norte, com aproxima-damente 600 famílias. Henrique sobreviveu a três atentados nos últimos 2 anos. “Sofri três aten-tados de morte. O primeiro deles em dezembro de 2012, depois em 30 de março de 2013, e o último em 18 de abril de 2013. Neste eu pude identificar o autor, que é um delegado e a esposa dele”, informa.

Segundo Henrique, os aten-tados são motivados pelas de-núncias que ele fez contra o agressor, envolvido no acober-tamento de grileiros de terras naquela comunidade.

“Eu o denunciei 15 dias antes do atentado. Ele foi até a comu-nidade Nobre com um grileiro da área em questão, levando

um mandado de reintegração de terras vencido. Só foram eles dois, sem nenhum oficial de Jus-tiça. Mesmo se o documento estivesse valendo ele precisava estar na presença do oficial e queriam tirar a comunidade na marra. Então ele e o grileiro entraram com uma pá mecânica e mandaram derrubar as casas e atirar contra os moradores”,

denuncia o líder.Após a denúncia na Corre-

gedoria da Polícia, Henrique e seu filho sofreram um atentado. “Cravaram a minha casa de balas. Não respeitaram nem a inocência do meu filho, à época com 7 anos. Tive que sair da mi-nha casa. Hoje eu vivo escondido, não tenho mais a minha liber-dade. Não consigo passear com meu filho por aí. A gente perde a liberdade. Meu filho hoje tem crises de ansiedade”, revela.

Em um segundo atentado, Henrique foi atraído por um

telefonema pedindo que ele fosse até o quilômetro 26 da estrada AM-010 (Manaus – Ita-coatiara) onde deveria ministrar uma palestra. Porém, enquanto esperava a carona, homens en-capuzados começaram a correr atrás da vítima, que escapou pela segunda vez.

“Tenho vontade de abando-nar essa luta, mas dificilmente a gente consegue sair. Eu venho de um movimento dos sem-ter-ras. Então, o meu movimento e minha luta, não podem parar. Antes eu tinha a proteção da igreja, mas hoje não tenho mais, porque não sou mais semina-rista”, desabafa.

DoaçãoParte de uma área da comu-

nidade Nobre foi doada pelo então governador Eduardo Braga, por meio de um decre-to, o que acirrou a disputa de terras no local, por grileiros que se diziam donos do espa-ço. “De fato e de direito ela pertencia ao Estado. Existia um decreto de desapropria-ção de terras para aquelas áreas”, explica.

O MNLM afirma que a po-lítica nacional por habitação ainda não atende à demanda da população em Manaus e no restante do Brasil. “São pro-gramas viciados. São critérios errados, por apadrinhamen-tos, são concessões corrompi-das por propinas”, lamenta.

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Sem saber o que pode lhe acontecer a qualquer momento, Henrique segue na luta por moradia

STÊNIO URBANO

DISPUTAA comunidade Nobre possui, aproximadamen-te, 1 milhão de metros quadrados. Uma área foi doada à comunidade pelo então governador Eduardo Braga, com disputa de grileiros que se dizem donos do lugar

Delegado seria autor de uma das investidasDe acordo com a Polícia

Civil, em março de 2013 Hen-rique denunciou o delegado Joel de Almeida Faria, no 26º Distrito Integrado de Polícia (DIP), no bairro Santa Etelvi-na, formalizando um Boletim de Ocorrências (BO). A vítima denunciou a tentativa de ho-micídio que havia sofrido.

Ainda de acordo com a polícia, foi instaurado um processo pela Corregedoria Geral do Sistema de Segu-rança Pública com o número

241311037335, e o mesmo se encontra na Justiça.

Segundo a versão apre-sentada pelo delegado Joel de Almeida Faria à Justiça, Antônio Henrique era líder de um grupo que tentava invadir a comunidade Nobre. Na época, no dia 15 de março de 2013, Henrique ameaçou a vida de um homem identifi-cado apenas como “Antônio”, motivo pelo qual o delegado Joel sacou uma arma e fez disparos para o alto.

Em nota a Polícia Civil afirma ainda que o professor Antônio Henrique possui 36 processos envolvendo cri-mes como ameaça, lesão corporal, sequestro e cárce-re privado, invasão, coação do curso de processo, e per-turbação do sossego alheio, para citar alguns.

DesqualificaçãoAntônio Henrique nega os

crimes e diz ser vítima de tentativa de desqualificação

por parte do delegado e pessoas envolvidas em gri-lagens de terras. A vítima pede a abertura do inquérito contra os mandantes das três tentativas de homicí-dios das quais escapou.

Apesar das várias denún-cias e vários documentos anexados em processos, como fotos dos atentados e BOs contra o delegado Joel Farias, o mesmo segue atuando na Delegacia Geral de Polícia Civil.Casa de Henrique já foi apedrejada para intimidá-lo

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C5Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Descoberta de golpe leva morador a ser perseguidoAo tratar de detalhes burocráticos de três terrenos que havia adquirido, funcionário público descobriu reintegração de posse

Medo, desamparo e uma série de pro-cessos que correm em segredo de Justi-

ça fizeram com que Pedro (nome fictício) resolvesse esconder sua verdadeira identidade para re-latar o drama que tem vivido nos últimos anos. Ameaçado de morte por diversas vezes, incluindo uma na porta da pró-pria casa, Pedro também está marcado para morrer.

Um dos motivos pelos quais Pedro pediu sigilo à equipe de reportagem foi o fato de não aceitar participar do programa de proteção a testemunhas (Pro Vita) oferecido pelo Ministério Público do Estado (MPE/AM). “Não concordei. O Estado tem de garantir a minha segurança. Não sou bandido para ficar pre-so ou escondido”, desabafa.

O funcionário público conta que comprou três terrenos da imobiliária CE dos Santos, que se dizia dona do espaço, que deu lugar ao loteamento, posterior-mente batizado de comunidade Nobre, no bairro Santa Etelvina ao lado do residencial Viver Melhor, na Zona Norte. O pro-prietário do terreno que daria nome à empresa Celso Eugênio dos Santos é citado em vários processos no Tribunal de Justiça do Amazonas, por estelionato e

grilagem de terras.O golpe foi noticiado por di-

versos veículos de comunicação em 2012, quando a Justiça de-terminou a reintegração de pos-se do terreno, que oficialmente pertence ao Estado.

Na ocasião, ao tratar de de-talhes burocráticos da compra, Pedro acabou descobrindo os processos de reintegração de

posse da área correspondente ao loteamento. Em contato com a Secretaria Estadual de Política Fundiária, descobriu que o terreno pertencia, na verdade, ao Estado. E começou a alertar os demais moradores sobre o golpe no qual todos caíram. Foi aí que começaram seus problemas.

Um dos moradores mais atu-antes na apuração da fraude e na regularização do terreno, Pedro passou a sofrer amea-

ças de morte constantemente. Quanto mais militava pelos di-reitos dos moradores engana-dos, mais elas se intensificavam. O que ele não imaginava era que o perigo estava na própria comunidade.

“A pessoa que mais me ame-açava e prometeu me matar na frente da minha casa mo-rava na própria comunidade. Ele era um dos moradores que buscava seus direitos. Não sei o que aconteceu para ele mudar de lado. Não sei qual proposta fizeram a ele. Só sei que ele mudou completamente”, expli-ca. O agressor em questão é o delegado da Polícia Civil Joel de Almeida Farias.

Não é a primeira vez que o nome do policial foi ligado a esses crimes. Joel é acusado por outro morador de tentati-va de assassinato. O delegado teria descarregado uma pistola na porta de outro morador da comunidade. Apesar das denún-cias contra Joel, na Corregedoria Geral de Segurança Pública, o mesmo segue desenvolvendo as suas atividades policiais.

O MPE entrou com uma ação cívil-criminal após as denúncias. O processo contra os acusados está correndo em segredo de Justiça. Pedro afirma que foi justamente nesse momento que os crimes de pistolagem começaram.

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Parte do terreno da comunidade Nobre foi doado pelo Estado, o que resultou em conflitos

Pedro afirma que não falta-ram políticos no local fazendo promessas de melhorias es-truturais. Um atual senador da República pelo Amazonas, uma ex-deputada federal, além de um deputado estadu-al, eleito no ano passado para o cargo de deputado federal, foram alguns dos parlamen-tares que estiveram no local em época de eleição. Mas, após o pleito, as promessas ficaram ao vento.

O governador José Melo está a par da situação, ten-do inclusive determinado ao membro do Conselho da De-fensoria Pública do Estado, Carlos Alberto de Almeida Filho, que desse toda a as-sistência aos moradores na questão. No entanto, nada foi feito até o momento.

Vários donosNo meio de toda essa po-

lêmica, surgiram algumas situações bizarras. A mais

estranha de todas foi a li-beração de três mandados de reintegração de posse do mesmo local, a comunidade Nobre, para três pessoas di-ferentes, dadas pelo mesmo juiz Rosselberto Himenez ao longo dos últimos 2 anos.

Himenes é titular da 7ª Vara Cível e de Acidentes do Tra-balho.

Além dessas três pessoas, cujos nomes não foram di-vulgados, existem mais dois

alegando ter a propriedade do local em outros proces-sos judiciais.

Cobrança de IPTUOutra situação bizarra en-

volvendo o terreno é a cobran-ça de IPTU pela prefeitura. Mesmo sem asfaltamento, sem iluminação e sem pre-sença de serviços de segu-rança e saúde, o imposto é cobrado dos moradores da comunidade Nobre.

“Não tem infraestrutura nenhuma, mas muita gen-te paga IPTU. Reclamamos com a prefeitura, que ela cobra, mas não entra lá. Quando ameaçamos ir à mídia denunciar isso no co-meço deste ano, o prefeito pediu ao subsecretário da Seminf (Secretaria Munici-pal de Ifraestrutura , Elânio Gouvea para não fazermos manifestação que eles olha-riam por nós. E até agora, nada”, lamenta.

Poder público não se posiciona

Em 2013, parte da comunidade foi alvo de uma reintegração de posse autorizada pela Justiça

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COBRANÇAApesar da árera não apresentar uma in-fraestrutura de bairro tradicional, com água encanada, postes de energia, asfaltamento entre outras benes-ses, a prefeitura cobra IPTU dos moradores

FRED SANTANA

REINTEGRAÇÃOEm novembro de 2013, em torno de 1.200 invasores foram retirados de uma área ocupada irregularmen-te na comunidade No-bre, por meio de uma reintegração autoriza-da pela Justiça

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C6 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Na homília durante a missa de sétimo dia de Dora Priante, o bispo destacou a luta pela terra

Populares em protesto antes da missa de Dora Priante

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Poder público se esquiva de resolver o problemaExecutivo, Legislativo e Judiciário são cobrados por dom Sérgio Castriani a ajudar a resolver o problema que atinge o campo

O arcebispo metro-politano de Ma-naus, dom Sérgio Castriani, é cético

quando o tema é reforma agrária e perseguições no campo. Ele – que por forma-ção arquidiocesana é oriundo de comunidades do interior - teme que o assassinato da líder comunitária Maria das Dores Salvador Priante, no dia 12 deste mês, seja o primeiro de tantos outros assassinatos motivados por disputas por terras na comu-nidade Portelinha, localizada na zona rural do município de Iranduba. Para o líder da comunidade católica no Ama-zonas, infelizmente, muitos outros assassinatos podem ocorrer na região em virtude da disputa por terra.

“A terra tem um valor de mer-cado muito grande. Quem não quer terra? Além da terra para viver, para os pequenos agri-cultores e para a economia de subsistência há também aqueles que querem a terra para o mercado, para fazer capital, para investimentos e é aí que vem o conflito de interesse. E ali é um caso tí-pico de conflito de interesses.

A ponte rio Negro valorizou muito a terra lá e, embora não saiba dizer concretamen-te, em outros ramais também há esse problema. Agora, lá, a terra tem valor de mercado e é claro que aparecem os gran-des empresários, os donos, a prefeitura, o atravessador e o grileiro, que são figuras brasi-

leiras infelizmente”, avalia.Para dom Sérgio, mais do

que uma questão de polícia e de repressão por forças de segurança o problema da terra passa pelo Judiciário, Executivo e Legislativo, que se esquivam da responsa-bilidade de ajuizar o direito à terra e de forma indireta permitem que os conflitos se perpetuem e coloquem em risco a segurança e a vida

dos cidadãos no campo. Para ele, falta vontade em todas as esferas de poder para resol-ver o problema, uma vez que, guardadas as proporções, o “mercado do conflito por ter-ra” é tão lucrativo quanto o tráfico de drogas.

“É claro que em se tratando de um conflito de segurança pú-blica é preciso que a polícia aja, mas para evitar o conflito de-veria haver primeiro uma ação do Judiciário e do Ministério Público para resolver de quem é a terra. Não permitir que esses processos se arrastem inde-finidamente. Esses problemas ocorrem não apenas no campo, mas na terra urbana também. O Judiciário precisa ser mais ativo, bem como o Executivo deve colocar em prática um programa de reforma agrária e o Legislativo se comprometer com as leis necessárias para que a reforma agrária realmen-te ocorra”, aponta.

Somado a isso há ainda, na opinião do religioso, entraves causados pelo modelo vigen-te de titularidade existente no Brasil, onde não é preciso, necessariamente, que a terra seja produtiva para se manter sob a posse do mesmo dono indefinidamente gera conflitos e mortes.

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MICHELE GOUVÊA

Celebrante da missa de sétimo dia da líder comu-nitária em Iranduba, dom Sérgio diz que fez questão de estar junto à família de Dora por se tratar de uma pessoa de caminhada católica, por ser amigo do viúvo de Dora, o ex-capu-chinho Gerson Priante, por se tratar de um assassina-to brutal antecedido por sequestro com tortura e, sobretudo, porque não se pode não reagir a “esse tipo de coisa” que atinge os direitos humanos.

“Tudo o que aconteceu foi muito brutal. Nós temos que reagir a esse tipo de coisa, não podemos achar que isso é normal. Nenhu-ma violência é normal e esse tipo de assassinato, como o da dona Dora, atin-ge os direitos humanos. Foi muito além da pessoa dela, porque é uma forma de

intimidação, de execução e aí você elimina qualquer possibilidade de Justiça. Quando isso acontece é a lei do mais forte, daquele que intimida que prevalece e então se deixarmos que essa lei prevaleça caímos na barbárie, vira o crime organizado e isso é o fim da ordem social”, enfatiza.

E é neste sentido, de man-ter a ordem social, que a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Cáritas Arquidioce-sana, as Comunidades Ecle-siais de Base (CEBS), entre outras foram criadas e se mantêm ao longo dos anos.

Na avaliação do arce-bispo, o mal oriundo do conflito por terra precisa ser encarado com cora-gem, determinação e pru-dência, somente assim a violência fruto desse tipo de disputa pode começar a ser revertida.

Entidades lutam por direitos

VIÁVELHá 40 anos na Amazô-nia, dom Sérgio des-taca as reservas como um modelo de opção para minimizar os conflitos por terra, por haver toda uma orga-nização do Estado para cuidar delas

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C7Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Amazonas se transforma em um ‘faroeste caboclo’Coordenadora da CPT traça um quadro preocupante sobre o conflito de terras no Estado e a omissão do poder público

“Algumas regiões no interior do Amazonas es-tão voltando

aos tempos de velho oeste”. Essa é a triste e grave cons-tatação da coordenadora da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Amazonas, Maria Clara Ferreira, ao atender a reportagem de EM TEMPO. Em viagem ao município de Anori - localizado a 234 qui-lômetros de Manaus -, Maria revelou dados assustadores sobre o conflito de terras no Estado.

“Velho Oeste” é um termo que faz referência ao perío-do de povoamento da costa oeste norte-americana no final do século 19. Marcado pela violência, onde o porte de armas era livre e valia a lei do mais forte, o perío-do foi “glamourizado” como estilo cinematográfico em Hollywood.

No entanto, tal qual a re-alidade nos EUA não tinha nenhum glamour, no interior do Amazonas ela também não tem. Apenas para efeito estatístico, conforme dados da CPT nacional, em 2014 haviam sido 20 assassina-

tos no primeiro semestre. Em 2015 foram registra-

dos 23, sendo que desse total somente um não foi na Amazônia. Esta sema-na, Maria Clara divulgou a informação de que exis-tem 38 pessoas na lista de marcados para morrer no Amazonas.

Na verdade, esses são ape-

nas os poucos casos em que as vítimas procuram a polícia. “Poucas pessoas que sofrem ameaças de morte têm coragem de denunciar. O conflito de terras hoje no Amazonas é algo grave. A capital está enfrentando esse problema em diversos pontos”, afirma.

Mas, de acordo com a co-ordenadora da CPT, o pro-

blema já se alastrou pelo interior. “Acompanhamos os casos do Pau Rosa, o Úbe-re/Brasileirinho, o Iranduba. Além disso, também monito-ramos a situação de outros municípios como Presidente Figueiredo, onde agriculto-res tiveram suas casas quei-madas e terras tomadas. Ita-coatiara tem mais de 600 famílias em conflito. Lábrea se tornou um verdadeiro “ve-lho-oeste”. O Estado pede que as comunidades façam levantamentos. Fazemos e o governo ignora. O descaso é total”, reclama.

Dois pesos, duas medidasUm dos aspectos destaca-

dos pela coordenadora é a di-ferença de tratamento dado às famílias em comparação às grandes imobiliárias.

“Notamos que para o rico, tudo é mais rápido e simples, enquanto para os mais pobres, os pro-cessos nunca avançam. Basta observar a quanti-dade de terrenos cedidos a imobiliárias que já estão construindo em Iranduba. Agora observe quanto tem-po demora para a Justiça avaliar os processos dos moradores”, pondera.

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Conflitos em Iranduba, como o da comunidade Portelinha, estão sendo monitorados pela CPT

FRED SANTANA

AÇÃOUm comitê reunindo re-presentantes de várias entidades se reuniu nes-te sábado para traçar um plano de ação que irá acompanhar o de-senrolar do caso “Dora Priante”, além de outros conflitos por terra

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C8 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Estrutura de 325 metros erguida na RDS do Uatumã permitirá um maior conhecimento sobre a região e também sobre as mudanças climáticas globais

Torre Alta da Amazônia será termômetro do clima globalV

Com a expectativa de ser um marco nas pes-quisas e observação no monitoramento

climático do mundo, o Ob-servatório de Torre Alta da Amazônia (Atto, na sigla em inglês) foi inaugurado na úl-tima semana, após um ano de construção, prometendo ser um marco científico entre Bra-sil e Alemanha na pesquisa.

Erguida dentro da Reserva de Desenvolvimento Susten-tável RDS) do Uatumã, no município de São Sebastião do Uatumã, a gigantesca torre de 325 metros foi construí-da por meio de uma parceria entre o Instituto Max Planck de Química de Biogeoquímica, o Instituto Nacional de Pes-quisas da Amazônia (Inpa) e a Universidade do estado do Amazonas (UEA). O investi-mento do projeto foi da ordem de R$ 26 milhões, divididos em 50% entre os governos brasileiro e alemão.

Conforme os especialistas envolvidos no projeto, a torre permitirá a análise do clima que vem da floresta ama-zônica, além de reconhecer o papel da floresta na esta-bilização das concentrações dos gases de efeito estufa e seus efeitos nas mudanças climáticas globais, em um dos ecossistemas mais sensíveis do mundo.

O físico e professor da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Ataxo, chama a atenção para o fato de que a estrutura se encontra em um local onde não há in-terferência de centros ur-banos, e nada a 2 dois mil quilômetros de distância, desde o oceano Atlântico até o ponto mais alto da torre. “Nós observamos que era importante ter uma torre que pudésse-mos ter medidas mais completas e um alcan-ce além das torres que nós já tínhamos. Existe hoje no mundo uma variabilidade climá-tica muito grande e nós observamos que, uma hora a Amazô-nia tem secas fortes, outra hora temos enchentes recor-des. Então o clima apresenta uma variação natural, muito grande e é preciso enten-dê-lo”, garante o especialista.

De acordo com o pesquisa-dor alemão Christopher Po-hlker, do Instituto Max Planck, com a construção da torre acima de 80 metros acima da floresta, é possível monitorar os arredores da mesma. “Com a torre alta, nós poderemos monitorar uma área muito maior. Nós queremos investi-gar a ligação entre a biosfera, a floresta e a atmosfera. E a pergunta-chave de como elas se interagem. Como o ciclo hidrológico, a atmosfera e a floresta estão ligados? A se-gunda pergunta é: como isso está mudando? Se a poluição humana está transformando a qualidade da atmosfera e se também afeta o ciclo das águas”, questiona o Pohlker.

O reitor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Cleinaldo Costa, garante que a escolha do local – a torre foi construída longe da presença de qualquer interferência hu-mana -, de difícil acesso, pode

ser explicada pelas caracterís-ticas do local. “A primeira coisa a ser lavada em conta é que a torre foi construída dentro de uma reserva que, pelos próximos 20, 30, talvez 100 anos não deva sofre nenhu-ma interferência do homem. Segundo, é uma área com o ar muito puro, sem poluição. Terceiro, os ventos que vêm do mar, juntamente com outras correntes que vêm de outros continentes. Dá para se ter uma ideia da influência da Amazônia em outras zonas climáticas. Essas foram al-gumas das escolhas para o local”, destaca Costa.

Os dados coletados, de acordo com Divino Silvério, pesquisador do Inpa, que acompanha o desempe-nho das torres, têm como objetivo explicar como as mudanças no uso da terra (como o desmatamento) ou a degradação florestal (áreas queimadas) afetam o ecos-sistema.

A instalação de outra torre para os estudos do Inpa na Fazenda Tanguro e a cons-trução de uma imensa torre em pleno coração amazôni-co serão importantes ferra-mentas nas pesquisas sobre as mudanças climáticas. A torre Atto trará significantes avanços na compreensão do papel da floresta no aque-cimento regional e global e possivelmente identificará outros processos ainda em fases experimentais.

De acordo com Antônio

Manzi, pesquisador do Inpa e coordenador brasileiro do Atto, o projeto foi concebi-do como um laboratório de referência mundial para as interações entre as florestas tropicais e a atmosfera. “Os resultados obtidos fornece-rão um grande avanço na representação das florestas tropicais, em modelos de sistemas meteorológicos e da Terra para gerar previ-sões de tempo e cenários muito mais precisos sobre o clima”, explica.

Floresta e atmosfera interagem

STÊNIO URBANO

Era importante ter uma torre que pu-

déssemos ter medi-das mais completas e um alcance além das torres que nós

já temos

Paulo Artaxofísico

A ligação entre a biosfera, a floresta e a atmosfera será investigada a partir dos da-dos coletados pela Atto, na RDS Uatumã

Erguida em uma área que não apresenta nenhum tipo de interferência a Atto permitirá estudos sobre o clima que vem da floresta

FOTOS: RICARDO OLIVEIRA

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Eriberto Leão fala sobre ‘Jim’ ao EM TEMPO

DIVULGAÇÃO

A história e a saudade de casaAinda criança, Marcelo

começou a tocar violão, em seguida piano, guitarra e hoje já domina o baixo. “Tinha um violão em casa, e minha mãe falava que um dia ia me colocar na aula de violão. Um dia, cheguei em casa e vi uns amigos tocando na frente de casa e resolvi tentar”, lembra.

Após descobrir facilida-de em aprender a tocar os instrumentos, ele tomou gosto pela música e fez da empatia a profissão. “Já

me sinto em casa quando estou em São Paulo. Mas a saudade é grande. Hoje está mais fácil de ir e vir. A cada dois e três meses, passo uma semana em Ma-naus para matar a saúde da família”, afirma.

Apesar de sonhar com uma carreira longe de casa, ele cultiva a ideia de sem-pre voltar a Manaus para contribuir com a formação das novas gerações. “Penso muito em contribuir com a formação de novos músicos,

com o que tenho aprendido. Quando venho a Manaus dou aulas. Participei de um recital em uma escola com os alunos. Para mim, todo mundo está no mesmo bar-co. Manaus é uma terra de excelentes músicos, de pessoas com muita sensibi-lidade. Só faltam detalhes no acabamento do produto, mas, criação, composição e vontade há de sobra. O povo amazonense é muito criativo, as obras musicais são muito boas”, finaliza.

Além da oportunidade maior de intercâmbio nos mais distintos segmentos e artistas, Marcelo ob-serva na capital paulista uma possibilidade maior de conhecer as ferramen-tas de mercado para atin-gir o público desejado. “Na Souza Lima a gente conversa bastante so-bre questão do mercado musical, o “business” que sentia falta de conversar Manaus”, afi rma.

A partir das alternati-vas de mercado, o músico tem dividido o tempo entre os estudos e a aposta de tornar seu trabalho co-nhecido, com a criação de um canal no YouTube para divulgar produções indi-viduais e parcerias com amigos. “Resolvi investir em um canal. Já busquei o nicho que quero traba-lhar que será de “músicos improvisadores” e a partir daí tive a idéia buscar con-vidados, nomes de peso da música, dez guitarristas mais infl uentes”, elucida.

Segundo planejamento, a ideia é que o canal seja lançado já neste segundo semestre, possivelmente em outubro. A cada se-mana entrará na rede, uma nova apresentação, com legenda em inglês. “Quero produzir um ma-terial relevante. A ideia é que nosso trabalho chegue longe”, afi rma.

Cerca de R$ 6 mil já fo-ram desembolsados pelo músico na produção do canal. “Foi investido em material, câmera, pro-dutor, logística, edição, criação da marca. Tem muito detalhes”.

Ele se surpreendeu com o trabalho meticuloso dos produtores do setor musi-cal do sudeste, que inicia com um planejamento de qual público eles querem atingir e de que forma. “Eles tem uma preocupa-ção com o acabamento nos mínimos detalhes. Seja a capa do CD, revi-são de texto, equipamento, concepção e como vender o material produzido, que nicho eles querem alcan-çar. Eles produzem saben-do exatamente para quem querem vender”, analisa.

Oportunidade de crescimentoQuando a vocação

fala mais alto, há quem desafie as adversidades, e

escolha pagar o preço de tentar a vida longe de casa. Esta foi a decisão toma-da pelo guitarrista Marce-lo Figueiredo, 27, que há 4 anos deixou Manaus para estudar e tentar carreira em São Paulo.

Após ser aprovado em dois vestibulares e iniciar o curso de música nas uni-versidades públicas de Ma-naus, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Marcelo re-solveu tentar uma vaga em uma universidade paulista. “Já cursava em Manaus fa-culdade de música na Ufam e na UEA, mas não concluí nenhuma das duas. As fa-culdades daqui são voltadas para a música erudita, como sou guitarrista e foco na música popular, fui para São Paulo prestei prova de bolsa para a Faculdade Souza Lima e estou no fim do curso”, afirma o músico.

Em São Paulo, o rapaz conheceu nomes da Música Popular Brasileira (MPB) e instrumentistas que, apesar de não serem muito conhe-cidos pelo grande público, fizeram história ao lado de Elis Regina, Tom Jobim, en-tre outros; além de iniciar amizade com músicos ama-zonenses que arriscaram a experiência antes dele. “Nesta estada fiz amizade com Chico Pinheiro, Lupa Santiago, que é um “baita” professor, e Conrado Goes. O Sérgio Carvalho (também amazonense), que tocou 9 anos com o Djavan, e hoje toca no Teatro Mágico, é um irmãozão para mim. Temos uma troca de ideia muito boa. Fui muito bem recebido, não senti nenhuma espécie de preconceito”, diz.

No centro nervoso da mú-sica e do show business, ele salienta as oportunidades de aprendizado e novas experi-ências que São Paulo ofere-

Sobre estudos, shows e internet

Há 4 anos, Marcelo Figueiredo deixou a cidade para expandir habilidades e conhecimentos musicais em São Paulo. Agora, investe em um canal no YouTube

Perfeccionismo técnico atrai a atenção de Marcelo Figueiredo

IVE RYLO

ce. “Um dos motivos que me levaram a sair de Manaus foi a quantidade de opções que tenho. Moro perto do Ibira-puera, vejo shows tanto de artistas consagrados como Chico Buarque e artistas que

estão começando agora. Lá, vemos o processo na gêne-se, e como eles lidam com o ‘business’, de estar numa gravadora, em um grande estúdio. É muito legal este contato”, ressalta.

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

Um dos principais objetivos do artis-

ta amazonense é compartilhar

aprendizados

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D2 Plateia MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

Música, homenagem e solidariedadeO Mafê Rock & Cats, tributo

em homenagem à jornalista Maria Fernanda Souza, acon-tece hoje no Ton Biz, na ave-nida do Turismo, a partir das 17h. O ingresso para conferir o tributo será um quilo de ração

para gato ou cachorro.Maria Fernanda morreu em

junho de 2014 - vítima de um acidente doméstico.

Os alimentos arrecadados na portaria do Ton Biz no dia do evento serão destinados para

a ONG União Política Animal (UPA) e para o Grupo de Apoio Protetor dos Animais.

Um dos diferenciais da pro-gramação é a estreia da banda MF Tribute, criada especial-mente para homenageá-la.

MAFÊ

MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

. A fotógrafa Silvia Castro movimentou o Vieiralves, na quarta-feira a noite.

. Comemorava seu aniversário ao mes-mo tempo que apresentava exposição de fotos assinadas por elas no Franz Café.

. A noite, com pista comandada pelo DJ Sidney Almada, foi fervidíssima e concorrida com nomes do society. Festão!

>> Happy brithday

. A reitora da UFAM, Marcia Perales, me-rece aplausos de pé!

. As obras do Hospi-tal Universitário Getulio Vargas, estão se apro-ximando da conclusão.

. Trata-se de uma obra espe-radíssima com um belo pro-jeto de um hospital moderno com 13 andares.

>> Reta fi nal

>> Objeto de desejo

. Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 serão do Brasil e nada mais brasileiro do que as icônicas sandálias de bor-racha Havaianas.

. Para deixar todo mun-do confortável na hora da torcida e levar os Jo-gos para todos os cantos do planeta, o Comitê Rio 2016 apresenta sua linha de produtos com as Ha-vaianas. São três mode-los adultos e dois infantis inspirados nos esportes Olímpicos e Paralímpicos, nas paisagens do Rio de Janeiro e nos mascotes Vinicius e Tom.

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Fernando Coelho Jr.

A top fotógrafa Silvia Castro e o empresário Zeca Nascimento, na festa/exposição

que movimentou o Franz Café

Julio Verne e Helena

do Carmo Ribeiro

Luciana FellicoriMarcia Martins

e Selma Reis

Liza Melo

Silvia Castro, Rui Machado e Antonia Bentes

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D3PlateiaMANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Mestrandos em música falam sobre estudar foraElias Ferreira, da Orquestra de Violões, e Barbara Soares, da Amazonas Filarmônica, fazem mestrado em Portugal há 1 ano

Os amazonenses Elias Ferreira e Bar-bara Soares estão há 1 ano morando

em Portugal, onde estudam mestrado em seus respecti-vos instrumentos, Elias no violão e Barbara no violino. Os músicos estão na Escola Superior de Artes Aplica-das (Esart), que faz parte do Instituto Politécnico da cidade de Castelo Branco, distante 226 quilômetros de Lisboa. Na sexta-feira (14), Elias e Barbara desembarca-ram de volta a Manaus para passar as férias.

Ao EM TEMPO, eles conta-ram com detalhes a experi-ência de viver fora do país, com uma rotina de estudo bastante puxada.

EM TEMPO - Quais as di-ficuldades enfrentadas em morar em outro país?

Barbara Soares - Pelo me-nos a dificuldade que eu senti foi mais com o frio. Nenhum casaco daqui de Manaus dava certo, não esquentava. Além do calor de lá é tão forte quanto o daqui. Lá faz muito calor, uns 45º, e a gente torra. É muito seco. Manaus é quente, mas é úmida. Onde a gente

estava a única dificuldade é cidade pequena que estamos morando, Castelo Branco, 35 mil habitantes. Os ônibus fun-cionam ate as 19h, depois tem que andar a pé. E só passam de uma em uma hora.

Elias Ferreira - A gente não estranhou muito a cultura porque são bem similares. O que pega mais é o clima, porque é totalmente dife-rente do nosso. Sentimos dificul-dade de tocar no frio, pois os dedos realmente congelam muito, as notas come-çam a sair meio tortas, o dedo não obedece. A gente demorou um pouco para se acostumar com isso. Sofreu muito, uma coisa que eu não tinha passado ainda. Quando vai chegando o verão o humor muda, vamos começando a ficar mais alegres.

EM TEMPO - Como está o andamento dos estudos?

BS - A instituição lá é im-pecável, o sistema adminis-trativo é muito rápido, eles

não utilizam papel. É tudo por e-mail. Ela abre às 8h e fecha às 17h. O diretor está sempre lá, ele que abre a escola e ele que fecha. Nesse sentido, a faculdade entende as neces-sidades do músico.

EM TEMPO - Como é a rotina de vocês?

EF - A gente acaba estudan-do muito, a de-manda é gran-de. Nós temos facilidade para estudar, apro-veitar a estru-tura da escola e podemos fazer nossos horários. Como Portugal é muito interli-gado e é mui-to fácil viajar dentro do país, a gente acaba visitando ou-tras cidades vi-

zinhas. A gente consegue eco-nomizar um pouco porque é barato para viajar.

EM TEMPO - Quais os planos para depois de ter-minar o mestrado?

EF - Nosso plano é voltar para Manaus e poder retri-buir um pouco com nosso aprendizado, passar para os

alunos daqui e poder tocar também. A gente está fazen-do mestrado em performan-ce e a ideia é desenvolver um trabalho tanto na área educacional quanto na área de performance.

EM TEMPO - Tem defini-do o projeto final para o mestrado?

EF - Eu já vinha do meu trabalho final da graduação falando de um compositor paulista, que é o Pedro Ca-meron. Ele tem muitas obras feitas exclusivamente para violão que foram vencedo-ras de vários concursos na década de 1970 e ele tam-bém criou alguns métodos para violão. Apresentei mi-nha proposta para o meu professor lá de Portugal e ele gostou da ideia.

BS - Ainda estou um pouco indecisa sobre a tese de mes-trado, confesso. Mas está tendendo para uma peça que eu estou preparando agora, e vou tocar com a (Orques-tra) Filarmônica, dia 17 de setembro. Eu quero mostrar com essa peça o quanto é importante para o perfil do violino e o quanto o violinista tem que estudar as particula-ridades de cada trecho.

DIVULGAÇÃO

JOANDRES XAVIER

Barbara e Elias planejam desenvolver a área educacional

Nossos planos são voltados para vol-tar para Manaus e poder retribuir um pouco do nosso aprendizado aos

demais estudantes

Elias Ferreira, violonista

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D4 Plateia MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

‘Jim foi um artista que não sucumbiu à tentação do ego’Ao invés de simplesmente narrar uma biografia do

roqueiro Jim Morrison (1943-1971), o musical “Jim” tem como enfoque a produção poética do vocalista da banda norte-americana The Doors. “Considero

esse enfoque muito mais coerente com a vida e obra do ‘Rei Lagarto’”, afirma o ator Eriberto Leão, em entrevista por e-mail à reportagem.

Patrocinado pelo projeto cultural Vivo EnCena, o espe-táculo “Jim” ficou em cartaz durante 2 anos no Rio de Janeiro e conquistou o Prêmio APTR 2014 nas categorias Melhor Iluminação e Melhor Música. E nos dias 11, 12 e

13 de setembro estará em temporada no Teatro Amazonas, com produção local da Mode On Marketing e Eventos. O elenco participará ainda, após a sessão do dia 12, de um bate-papo da série “Encontros Vivo EnCena”.

No palco, sob a direção de Paulo de Moraes, Eriberto Leão interpreta um texto de Walter Daguerre e divide a cena com a atriz Renata Guida. Em “Jim”, Eriberto Leão é João Mota, um fã de Jim Morrison que não chegou a co-nhecer seu ídolo, mas pauta sua vida pelas ideias e ideais do cantor. Ao travar um conflito interno, João Mota busca um acerto de contas com Morrison e, a partir daí, o cantor

ganha voz no musical. O protagonista estabelece um diálo-go constante com Morrison e ainda com uma personagem que representa três presenças femininas: Pamela Morrison (mulher do cantor), a esposa de João e a Mãe Terra.

Além de atuar, Eriberto Leão canta ao vivo 11 clás-sicos do grupo The Doors, entre elas “Light my fire” e “The end”, com os músicos Antônio Van Ahn (tecla-do), Felipe Barão (guitarra) e Rorato (bateria). As im-pressões sobre Jim Morrison e a experiência de atuar no musical estão entre os assuntos da entrevista de Eriberto Leão ao EM TEMPO.

EM TEMPO – O espetáculo “Jim” tem mais a ver com a poesia do Jim Morrison do que com uma biogra-fi a do artista. Por que esse enfoque poético?

ERIBERTO LEÃO – Porque considero esse enfoque muito mais coerente com a vida e obra do “Rei Lagarto”, que acima de um ícone do rock, era um grande poeta. Tocamos dez músicas, que por si só, são mais biográ-fi cas que qualquer encenação mais convencional. A nossa singularidade reside nisso. E o sucesso que a peça faz, tan-to entre conhecedores, quanto entre os leigos sobre a obra do Jim Morrison, também. O teatro é o lugar ideal de desvendar a alma e devemos aproveitar isso. Uma concepção biográfi ca esvaziaria essa possibilidade e perderíamos um tempo muito precioso com superfi cialidades que era tudo que Jim não era. Concebemos um musical que Jim também gostaria de assistir se estivesse vivo.

EM TEMPO – A produção seria também uma forma de abordar até que ponto chega a infl uência de um artista sobre um admirador seu?

EL – Sim, completamente. Os artistas possuem uma res-ponsabilidade muito grande perante seus admiradores.

EM TEMPO – Você já se sentiu como o personagem João Mota em relação a al-guém que você admira?

EL – Até um certo ponto. Mas passei bem longe do estado onde o João Mota chegou. Creio que uma simbiose entre nossos mestres e nós se faz necessária. Mas com moderação, sempre.

EM TEMPO – Que carac-terísticas principais de Jim Morrison o João Mota con-segue absorver?

EL – O lado mais dionísiaco e desregrado. Tanto que a desco-berta do outro lado de Jim, que caminhava para o arquétipo de Apolo, é que leva nosso João para a compreensão de sua visão limitada de fã e para a

posterior redenção.

EM TEMPO – Quais são as suas impressões pessoais sobre Jim Morrison?

EL – Um grande pensador. Um poeta magistral que conse-guiu levar a contracultura ame-ricana a um patamar singular e importantíssimo. Ele já falava em ecologia, ele já profetizava o advento da música eletrônica e seus DJs e compreendia a importância da glândula pineal como uma porta que nos levaria a uma percepção revolucionária do mundo. Um homem com um QI acima da média que seguia Nietzsche fervorosamente. E principalmente, um artista que não sucumbiu à tentação do ego. Sua morte foi um acidente, ele já trilhava novos caminhos, deixando as drogas de lado e caminhando em direção à poesia suprahumana do seu preferido fi lósofo alemão.

EM TEMPO – Interpretar canções do grupo The Doors representou que tipo de de-safi o para você?

EL – Eu sou fã da banda desde os 17 anos, para mim a maior banda de todos os tem-pos. Então o desafi o foi gigan-te. Mas conseguimos vencer e levamos alguns importantes prêmios de teatro, inclusive, de melhor música.

EM TEMPO – Essa in-terpretação exige muito fi sicamente e psicologica-mente de você?

EL – Sim, muito. É quase impossível fazer uma sessão extra (risos).

EM TEMPO – O que esse espetáculo pretende transmitir sobre Jim Mor-rison ao público?

EL – Que somos jovens demais para sermos velhos, por isso precisamos en-xergar que o mundo pre-cisa e deve ser recriado e que temos esse poder nas mãos. Mas precisamos nos recriarmos antes. A mudança externa nasce primeiro, de dentro. O amor é a única revolução verdadeira.

LUIZ OTAVIO MARTINS

SERVIÇOJIM

Quando: Informações:

Quanto:

Informações:

Classifi cação

dias 11 e 12, às 20h, e domingo, às 19hTeatro Amazonas (largo São Sebastião, Centro)plateia, frisa e 1º e 2º pavimentos – R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada), 3º pavimento – R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada), à venda na bilheteria do teatro3232-1768 (Teatro Amazonas) e 3348-8434 (Mode On Marketing e Eventos)16 anos

O ator é fã do grupo The Doors desde os 17 anos e considera Jim Morrison “um poeta magistral”

Eriberto Leão interpreta um fã de Jim Morrison que pauta a própria vida nas ideias do roqueiro

FOTOS: HUMBERTO ARAÚJO/DIVULGAÇÃO

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Page 29: EM TEMPO - 30 de agosto de 2015

D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV TudoNa maiorMas olha o recadinho da

Marlene Mattos numa rede social:

“Você é produtor de TV? Tem experiência em lidar com vaidades? Quer traba-lhar com quem não vai ter nenhum problema em cha-mar sua atenção se você não fizer o trabalho direito? Quer?”. O escolhido irá para o programa da Monique Evans no canal “E+”.

Como é a vidaHoje já existe uma dis-

puta na Globo em torno do nome da Grazi Massafera, depois do seu desempenho em “Verdades Secretas”. A personagem Larissa fez com que ela mudasse a opinião de meio mundo, en-tre aqueles que duvidavam da sua capacidade.

Renovou O ator Paulo Gorgulho

acaba de renovar contrato por mais 3 anos. Ele tra-balha na emissora desde 2005(“Essas Mulheres”) e acabou de fazer o Anrão de “Os Dez Mandamentos”.

Mas já tem uma nova missão pela frente, a sé-rie “Conselho Tutelar”, no papel do juiz Brito.

Retomada As gravações da próxi-

ma temporada do “Tá no Ar”, com Marcius Melhem e Marcelo Adnet, serão iniciadas no dia 19 de outubro. Todo o elenco já foi avisado.

No ar, o humorístico só voltará a ser exibido em 2016.

Reforço O diretor Mário Meirelles,

que já trabalhou com a Xuxa na Globo e em outros pro-dutos da mesma emissora, passou a integrar a equipe do “Mais Você”.

A atração de Ana Ma-

ria Braga, como se sabe, sofreu algumas baixas na equipe, inclusive na própria direção.

IntervaloMuitos leitores querem

saber por que a Gabriela Duarte deu uma pausa na televisão.

A coluna consultou a Glo-bo e recebeu a seguinte informação: “Gabriela é nossa contratada e pediu liberação para morar um tempo em Nova York, nos Estados Unidos”. Pediu e foi atendida.

Bate – Rebate• Morando nos Estados

Unidos, Patrícia Maldonado não para...

• ...A ex-apresentadora da Band tem se dedicado a ins-titucionais e publicidade.

• Márcio Vito, do “Tá no Ar”, começou a fazer parti-cipações no “Zorra”.

• Nos dois primeiros programas, Xuxa ferveu no Twitter...

• ...Ela é mesmo um sucesso na redes sociais. Causa...

• ...No twitter, por exem-plo, Xuxa já atropelou o MasterChef.

• A ausência em uma emis-sora de TV de grande alcance abalou as estruturas do Val-demiro Santiago...

• ...Quase não se tem mais notícias dele ou de seus “mi-lagres”.

Glória Perez volta à faixa das 21h

Glória Perez, sem surpresas, teve a sinopse da sua próxima novela aprovada pela direção de Teledra-maturgia da Globo, leia-se Silvio de Abreu. Isso é uma coisa. A outra, é que a autora não deverá repe-tir a dobradinha feita com Mauro Mendonça Filho, como aconteceu na série “Dupla Identidade”. Tudo caminha para que esta sua próxima novela tenha Rogério Gomes, o Pa-pinha, como diretor responsável.

GLOBO/JOÃO JANUÁRIO

“A Regra do Jogo”, de João Ema-nuel Carneiro, seria a produção que marcaria um novo tempo na Globo. Desde o início vinha sendo preparada para exorcizar o fantasma do atraso de gravações, tão comum em novelas da casa, e fi nalmente virar esse jogo.

Só que alguma coisa saiu er-rada. O planejamento falhou. Segundo cálculos da equipe, a substituta de “Babilônia” deve-rá estrear com apenas 5 ca-pítulos fi nalizados. Sei não...Mas já tem cheiro de drama no ar. Isso não é bom...

Ficamos assim. Mas amanhã tem mais. Tchau!

C’est fi ni

MÁRIO ADOLFO

GILMAL

ELVIS

Há cerca de dois anos surgiu um projeto de lei na Câmara Municipal de Manaus em que se pretendia obrigar as livrarias a expor em suas vitrines e de forma destacada, obras de autores amazonenses. Embora saibamos que um dos pa-péis do Estado seja o de regular as práticas culturais - o Estado não regula a cultura, justamente por-que o Estado não pode amar, como nos disse Godard, mas aqui neste situação nos referimos às práticas que prescindem de alguma forma de apoio estatal - para torná-la um bem-comum (daí o papel do Legislativo em produzir leis que atendam a este requisito conforme exposto na Constituição Federal), até que ponto o Poder Público pode regular o mercado? Como obrigar livrarias de grande porte a dar destaques aos escritores, músicos e cineastas locais em detrimento de outros que sejam de seu apreço e imanentes à política da empresa e sua lógica de mercado?

Já existe no âmbito de muitas livrarias a exposição de artistas ditos “regionais” em gôndolas centrais e estantes em boa loca-lização. A propositura da época serviria apenas para regulamentar o fato, no entanto, outros fato-res incidem sobre a questão. O laissez-faire (o mercado é quem comanda) tem realizado práticas abusivas ao longo da história, como sabemos. Mas sabemos também que a intervenção do Estado na economia é algo recorrente e im-portante, em muitos casos, para a retomada do crescimento e evitar tragédias econômicas.

No entanto, inciativas do tipo tornam o perigo do regionalismo iminente. Não temos conhecimen-to de estantes com escritores nor-destinos, paulistas, acreanos ou mineiros em nenhum lugar do Bra-sil. São todos romancistas, poetas,

cineastas e contistas “brasileiros” encontrados ao lado dos demais escritores e artistas de outras na-turalidades e nacionalidades, sem níveis de diferenciação, ou seja, Milton Hatoum pode ser encontra-do ao lado de um Machado de Assis e Luiz Bacellar na mesma estante de um Vinícius de Moraes.

Além disto, as justifi cativas apre-sentadas à época não se susten-tam. Primeiro que a valorização do artista não se dá pela localização especial de gôndolas e estantes com nomes de artistas locais no interior de uma livraria. Às vezes, o livro pode estar em nossa casa, em nossa estante, em nossas bolsas e mochilas e não o lemos. Não há difi culdade de “acesso”. Há ausên-cia de estímulo. Mas este estímulo não é aquele que pega tudo na retranca, mas em massagear o espírito e treiná-lo para que os indivíduos possam escolher seus próprios fi ns em cultura – que é o objetivo de toda política cul-tural que quer ser política (com “P” maiúsculo”) e Cultural com o mínimo de inteligência, interesse, boa vontade e caráter. Em suma, o problema não é espacial. A valo-rização se dá através de políticas de incentivo que criem um vínculo entre o autor, a obra e o público de forma criativa e efi ciente.

Proposituras deste tipo devem ser discutidas e construídas em conjunto com os sujeitos da his-tória (empresário, livreiros e/ou entidades representativas da So-ciedade Civil envolvidas no assunto em questão), de modo que suas opiniões impliquem diretamente na melhor forma de valorização do artista. O Estado também deve cumprir seu papel, pautando-se por políticas públicas produzidas de modo conjunto e sem os melindres do mau humor político que insiste em nos assolar.

Márcio BrazE-mail: [email protected]

Márcio Brazator, diretor e

cientista social

Não temos conhecimen-to de estantes com escritores nordestinos, paulistas, acreanos ou mineiros em nenhum lugar do Brasil. São todos encontrados sem níveis de diferen-ciação”

O regionalismo ofi cial

Haja malhação Na última terça-feira, o

clube Caiçaras, no Rio de Janeiro, recebeu o evento “Prêmio Marketing Con-temporâneo”, da Associa-ção Brasileira de Marketing & Negócios, que escolheu os melhores cases e os profi ssionais de destaque no marketing brasileiro. Cerca de 500 profi ssionais de diferentes veículos mar-caram presença e muitos deles fi caram impressiona-dos com a Juju Salimeni, do “Legendários”, ou mais precisamente com as “per-nas turbinadas” da moça, uma das apresentadoras do evento.

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Page 30: EM TEMPO - 30 de agosto de 2015

D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Programação de TVSBT GLOBO

4H45 JORNAL DA SEMANA SBT6H BRASIL CAMINHONEIRO6H30 TURISMO & AVENTURA7H15 ACELERADOS8H CHAVES10H DOMINGO LEGAL14H ELIANA 18H RODA A RODA JEQUITI 18H45 SORTEIO DA TELESENA 19H PROGRAMA SILVIO SANTOS 23H CONEXÃO REPORTER 0H ARQUEIRO 1H NIKITA 2H GAROTO DE OURO 3H BIG BANG 3H30 IGREJA UNIVERSAL

RECORDBAND5H SANTO CULTO EM SEU LAR

5H30 DESENHOS BÍBLICOS

7H55 RECORD KIDS - SÉRIE: TODO

MUNDO ODEIA O CHRIS

10H DOMINGO SHOW

14H30 HORA DO FARO

18H30 DOMINGO ESPETACULAR

22H15 REPÓRTER EM AÇÃO

23H15 ROBERTO JUSTUS +

0H15 PROGRAMAÇÃO IURD

5H POWER RANGERS6H30 SANTA MISSA NO SEU LAR7H30 POWER RANGERS7H55 MASKAT NA TV8H55 GRAND SLAM DE VÔLEI DE PRAIA – OLSZTYN/POLÔNIA – AO VIVO10H10 QUAL É O DESAFIO11H25 VERDADE E VIDA11H45 PÉ NA ESTRADA12H05 POWER RANGERS13H BAND ESPORTE CLUBE14H GOL: O GRANDE MOMENTO DO FUTEBOL14H30 FUTEBOL 2015 – AO VIVO – CAMPEONATO BRASILEIRO – SPORT X FLAMENGO16H50 3º TEMPO – INCLUI FÓRMULA INDY – GP DE SONOMA/EUA – HIGHLI-GHTS19H SABE OU NÃO SABE20H SÓ RISOS21H15 PÂNICO NA BAND0H15 CANAL LIVRE1H15 COMO EU CONHECI SUA MÃE1H50 FILHOS DA ANARQUIA2H40 IGREJA UNIVERSAL

DIV

ULG

AÇÃO

4H49 SANTA MISSA

5H50 AMAZÔNIA RURAL

6H19 PEQUENAS EMPRESAS, GRANDES

NEGÓCIOS

6H55 GLOBO RURAL

7H55 ESPORTE ESPETACULAR – (XIX 1/2

MARATONA DO RIO DE JANEIRO / MUNDIAL

DE ATLETISMO)

12H ESQUENTA

13H10 TEMPERATURA MÁXIMA. FILME: AS

AVENTURAS DE TINTIN

15H FUTEBOL 2015: CAMPEONATO BRASI-

LEIRO – SPORT X FLAMENGO

17H DOMINGÃO DO FAUSTÃO

20H FANTÁSTICO

22H19 TOMARA QUE CAIA

23H20 DOMINGO MAIOR. FILME: OS ESPE-

CIALISTAS

1H16 SESSÃO DE GALA. FILME: AMÉLIA

3H08 MENTES CRIMINOSASManhã do SBT tem mais adrenalina com “Acelerados”, às 7h15FO

TOS:

DIV

ULG

AÇÃO

HoróscopoÁRIES - 21/3 a 19/4 A vigorosa conjunção que se dá hoje em seu signo simboliza momento de força máxima para suas motivações e desejos. Que estes sejam construtivos e respeitem os outros.

TOURO - 20/4 a 20/5 Momento de forte tensão interior. É preciso aprender a liberar energias aprisionadas. Liberá-las em direção a uma fl uência orde-nada, não como explosão e estrondo.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 Momento de forte impulso para seus sonhos e projetos. Idealizações ousadas podem ser colocadas em ação. Contudo, você tende a achar que suas ideias são as únicas válidas.

CÂNCER - 22/6 a 22/7As decisões e escolhas na profi ssão ganham impulso ousado e renovador, mas você pode se sentir no direito de conseguir tudo o que idealiza. Não force demais as situações.

LEÃO - 23/7 a 22/8A força de seus ideais e princípios morais tende a ordenar tudo à sua volta. Poderá parecer que só você está certo e sabe o que quer. Cuidado para assim não forçar demais.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 Você tende a impor sua vontade sobre situações em crise, mesmo que contribua para destruição desnecessária. É tempo de eliminação, mas veja até que ponto esta é útil.

LIBRA - 23/9 a 22/10 Momento de sentimentos poderosos e in-fl amados no relacionamento íntimo. Você tende a impor seu ritmo e vontade, como se fosse o melhor. É preciso respeitar a outra pessoa.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11Você tem agora muita energia para des-pender no trabalho. Organize-se para poder se dedicar ao que realmente vale a pena. Não desperdice energia em ações incom-pletas.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12As paixões se infl amam para muitos lados. O entusiasmo cresce e a vontade se torna infl exível. Evite queimar as pessoas queridas com a força excessiva dos sentimentos.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 É importante ter uma orientação própria, mas cuidado para não ser impositivo de-mais. Você passa a ser muito exigente com os familiares, impondo seus valores e sua vontade.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Sua mente está mais poderosa e capaz de apontar com força para aquilo que aponta. Mas atenção para a tendência a impor seus valores e ideias, e só ouvir a si mesmo.

PEIXES - 19/2 a 20/3É tempo de lutar por conquistas materiais. Você quer domínio total sobre bens e posses materiais. Por conta disso, tende a impor suas diretrizes e achar que só você tem razão.

CruzadinhasCinemaESTREIAS

Corrente do Mal: EUA. 14 anos. Algo apavorante está rondando os adolescentes de um subúrbio de Detroit. A bela Jay, 19, não parece perceber: ela aproveita o outono ao lado de sua irmã Kelly, de seus amigos de escola e de seu novo namorado, Hugh, com quem faz sexo pela primeira vez. Após o ato, porém, ela não consegue evitar a sensação de que alguém – ou algo – está seguindo todos os seus passos. À medida que a ameaça torna-se mais real, Jay e seus amigos descobrem que ela se tornou o principal alvo de uma força macabra e inexplicável. Cinemark 3 – 19h, 21h45 (dub/diariamente); Kinoplex 1 – 15h, 19h20 (dub/diariamente).

CONTINUAÇÃO

Exorcistas do Vaticano: EUA. 14 anos. Cinemark 8 – 16h20 (dub/diaria-mente), 21h (dub/exceto quarta-feira); Kinoplex 5 – 21h50 (dub/diariamen-te).

Linda de Morrer: BRA. 12 anos. Cinemark 2 – 13h10 (somente sá-bado e domingo), 15h30, 17h40, 19h50, 22h (diariamente), Cinemark 3 – 12h10 (somente sábado e do-mingo), 14h30, 16h40 (diariamente); Kinoplex 4 – 15h50, 17h40, 19h30, 21h20 (diariamente), 14h (somente sábado e domingo).

Missão Impossível – Nação Secreta. EUA. 14 anos. Cinemark 1 – 15h40, 18h30, 21h30 (dub/diariamente); Ki-noplex 3 – 15h40, 18h20, 21h (dub/diariamente).

O Pequeno Príncipe. EUA, FRA. Li-vre. Cinemark 5 – 12h40 (dub/somente sábado e domingo), 15h20, 18h10, 20h40 (dub/diariamente), 23h10 (dub/somente sábado); Kinoplex 5 – 17h20, 19h35 (3D/dub/diariamente).

Quarteto Fantástico. EUA. 12 anos. Cinemark 8 – 14h10, 18h40 (dub/dia-riamente); Kinoplex 5 – 15h10 (dub/diariamente).

Carrossel: BRA. Livre. Cinemark 4 – 14h, 16h10 (diariamente).

Os Intocáveis: BRA. Livre. Cinemark 8 – 11h30 (dub/somente domingo), 21h (dub/somente quarta-feira), 23h20 (dub/somente sábado).

Expresso do Amanhã: EUA. 16 anos. Em um mundo pós-apocalíptico, uma nova onda de gelo causada por um experimento sem sucesso quase exterminou a vida na Terra. Os sobreviventes vivem em um trem máquina chamada Snowpiercer que separa os passageiros por classes sociais, mas nem todos estão satisfeitos com essa divisão. Cinemrk 4 – 18h20, 21h15 (dub/diariamente).

Ted 2: EUA. 16 anos. Desta vez, o ursinho está ainda mais sarcástico. Cinemark 6 – 12h20 (dub/somente sábado e domingo), 15h, 18h, 20h50 (dub/diariamente), 23h30 (dub/somente sábado); Kinoplex 2 – 16h15, 18h40, 21h05 (dub/diariamente), 13h50 (dub/somente sábado e domingo).

Hitman – Agente 47: EUA. 16 anos. Um assassino de elite que foi geneticamente programado para ser uma máquina mortífera perfeita, e é conhecido apenas pelos dois últimos dígitos do código de barras tatuado em seu pescoço. Ele é o resultado de décadas de pesquisa – e 46 clones anteriores – dando a ele força, velocidade e inteligência nunca vista antes. Seu último alvo é uma mega corporação que planeja revelar o segredo do passado do Agente 47, criando um exército de assassinos cujo poder ultrapassa o seu próprio. Cinemark 7 – 12h50 (dub/somente sábado e domingo), 15h10, 17h50, 20h30 (dub/diariamente), 23h (dub/somente sábado); Kinoplex 1 – 17h10 (dub/diariamente), 21h30 (leg/diariamente), Kinoplex 3 – 13h30 (dub/diariamente).

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D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

Manazinhas, a onda é PERSONALIZAR! para um evento ter uma “cara” personalizar é preciso. Nesse momento você imprime seu estilo, o tema da festa, as surpresas que deixam os convidados maravilhados! tentando entender como tudo foi feito. Convites, embalagens, painéis em lona, backdrops, placas divertidas, papel de parede, almofadas, adesivos e uma infinidade de coisas podem ser personalizadas. O bom disso é deixar a imaginação fluir e viajar nas ideias. Aniversários, festas no geral e até a decoração da sua casa ganham com a personalização. Ás vezes temos uma ideia para um espaço de uma parede do quarto que queremos dar um tom oriental e não encontramos nada pronto, é só ir na MARICOTA’S crast que as meninas resolvem tudo pra você! Além de ter a gráfica EXPRESS que salva a sua pressa, elas te recebem sempre com muito entusiasmo tornando sua ideia a coisa mais simples de ser executada. ADORO gente entusiasmada! contagia né ? faz sonho virar realidade. O ambiente lá já te inspira, é muito co-lorido e festa é cor, alegria, celebração. Acho a personalização muito importante no mundo de hoje! É uma forma carinhosa de receber seus convidados e fazer com que se sintam únicos, mimados, exclusivos e importantes, e cá pra nós manazinhas, as festas aqui em Manaus são lindas, bem elaboradas com decoração de tirar o fôlego. Se atualize, PERSONALIZE!

PERSONALIZE

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D8 Plateia MANAUS, DOMINGO, 30 DE AGOSTO DE 2015

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