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EMERGÊNCIA, DESLOCAMENTOS, TESSITURAS E CONFIGURAÇÕES DO HOMO SPORTIVUS NA ATUALIDADE. Dnda Rose Méri Santos da Silva ESEF/UFPel PPGEC-UFRGS/FURG [email protected] Dra Méri Rosane Santos da Silva Universidade Federal do Rio Grande (IE/FURG) [email protected] RESUMO: O referido trabalho tem como objetivo problematizar uma concepção de homem conhecida no Brasil como Homo Sportivus. Modelo esse que se apresenta, na atualidade, como um tipo ideal de homem e resume em si os múltiplos preceitos produzidos enquanto necessários para uma vida social plena, adaptada e gerenciada, tendo no corpo seu ponto de apoio, seu local de síntese de atuação e de interesse. Tal produção acadêmica constitui-se na demonstração de uma parada provisória na minha tese de doutoramento e se faz tomando como referencial teórico os pensamentos de Michel Foucault, ressaltando também as contribuições do sociólogo alemão Norbert Elias. Palavras Chaves: Esporte. Homem. Subjetividade ABSTRACT: This work has as objective to problematize a conception of men known in Brazil as Homo Sportivus. This model is presented, nowadays, like an ideal type of man and resumes in itself the multiples precepts produced as necessaries for a full social life, adapted and managed, being the body its foothold, its local of actuation synthesis and of interest. Such academic production is constituted on the demonstration of a provisory stop in my doctoral thesis and is made having as theoretical referential Michel Foucalt‟s thoughts, also highlighting the contributions of the German sociologist Nobert Elias. Keyword: Sport. Man. Subjectivy RESUMEN: El trabajo que se propone debatir una concepción del hombre conocido en Brasil como Sportivus Homo. Modelo que se presenta hoy como un tipo ideal de hombre mismo y un resumen de los muchos preceptos producidos como necesarios para una vida social plena, adaptado y gestionado, con el cuerpo para apoyar su punto, su lugar de síntesis de los resultados y de interés. Tal es la producción académica en la demostración de una parada temporal en mi tesis doctoral y lo hace tomando como pensamientos teóricos de Michel Foucault, destacando también las contribuciones del sociólogo alemán Norbert Elias Palabras clave: Desporto. Hombre. Subjetividad

Emergência, Deslocamentos, Tessituras e Configurações Do Homo Sportivus Na Atualidade

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O referido trabalho tem como objetivo problematizar uma concepção de homem conhecida no Brasil como Homo Sportivus. Modelo esse que se apresenta, na atualidade, como um tipo ideal de homem e resume em si os múltiplos preceitos produzidos enquanto necessários para uma vida social plena, adaptada e gerenciada, tendo no corpo seu ponto de apoio, seu local de síntese de atuação e de interesse. Tal produção acadêmica constitui-se na demonstração de uma parada provisória na minha tese de doutoramento e se faz tomando como referencial teórico os pensamentos de Michel Foucault, ressaltando também as contribuições do sociólogo alemão Norbert Elias.

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  • EMERGNCIA, DESLOCAMENTOS, TESSITURAS E CONFIGURAES DO

    HOMO SPORTIVUS NA ATUALIDADE.

    Dnda Rose Mri Santos da Silva

    ESEF/UFPel

    PPGEC-UFRGS/FURG

    [email protected]

    Dra Mri Rosane Santos da Silva

    Universidade Federal do Rio Grande (IE/FURG)

    [email protected]

    RESUMO: O referido trabalho tem como objetivo problematizar uma concepo de homem conhecida no Brasil como Homo Sportivus. Modelo esse que se apresenta, na atualidade, como

    um tipo ideal de homem e resume em si os mltiplos preceitos produzidos enquanto necessrios

    para uma vida social plena, adaptada e gerenciada, tendo no corpo seu ponto de apoio, seu local

    de sntese de atuao e de interesse. Tal produo acadmica constitui-se na demonstrao de

    uma parada provisria na minha tese de doutoramento e se faz tomando como referencial

    terico os pensamentos de Michel Foucault, ressaltando tambm as contribuies do socilogo

    alemo Norbert Elias.

    Palavras Chaves: Esporte. Homem. Subjetividade

    ABSTRACT: This work has as objective to problematize a conception of men known in Brazil as Homo Sportivus. This model is presented, nowadays, like an ideal type of man and

    resumes in itself the multiples precepts produced as necessaries for a full social life, adapted and

    managed, being the body its foothold, its local of actuation synthesis and of interest. Such

    academic production is constituted on the demonstration of a provisory stop in my doctoral

    thesis and is made having as theoretical referential Michel Foucalts thoughts, also highlighting the contributions of the German sociologist Nobert Elias.

    Keyword: Sport. Man. Subjectivy

    RESUMEN: El trabajo que se propone debatir una concepcin del hombre conocido en

    Brasil como Sportivus Homo. Modelo que se presenta hoy como un tipo ideal de

    hombre mismo y un resumen de los muchos preceptos producidos como necesarios para

    una vida social plena, adaptado y gestionado, con el cuerpo para apoyar su punto, su

    lugar de sntesis de los resultados y de inters. Tal es la produccin acadmica en la

    demostracin de una parada temporal en mi tesis doctoral y lo hace tomando como

    pensamientos tericos de Michel Foucault, destacando tambin las contribuciones del

    socilogo alemn Norbert Elias

    Palabras clave: Desporto. Hombre. Subjetividad

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    A partir do final do sculo XX, se configurou no Brasil uma concepo de

    homem conhecida como Homo Sportivus. Inicialmente esse modelo se referia aquele

    sujeito que, sob qualquer pretexto ou propsito, incorporou a atividade fsica esportiva

    no seu modus vivendi. Os objetivos almejados poderiam ser os mais diversificados, tais como a busca de aptido fsica, a conscincia do valor das atividades fsicas na

    sade, a obteno de perfomances ou mesmo impulsionados pela moda (TUBINO,

    1984, p. 01).

    Mas, esse padro de ser humano, foi se modificando, passando a se instituir

    como uma norma, como uma referncia para um sujeito civilizado, ou seja, quele que

    assumiu o padro de hbitos e comportamentos a que a sociedade, em uma dada poca, procurou acostumar o indivduo (ELIAS, 2001, p. 90), sendo assim ele passou a se constituir, na atualidade como quele que projeta um homem no apenas novo, mas

    tambm superior, reunindo em si corpo e alma, esprito e natureza, bondade e fora; e correspondendo a uma criao e conjugao maravilhosas de componentes hericos e

    divinos com estatuto de exaltao e eternidade (BENTO, 2004, p.174).

    dentro desse contexto que o presente trabalho assume como objetivo

    problematizar a produo de um modelo de homem nomeado de Homo Sportivus,

    ressaltando que essa produo acadmica constitui-se na demonstrao de um momento,

    ou mesmo em uma parada provisria em minha tese de doutoramento em que proponho

    a operar uma ontologia do Homo Sportivus no Brasil.

    Inicialmente gostaria de destacar que a composio do presente texto faz-se

    em um movimento semelhante produo de um mosaico, elaborado a partir da juno

    e disposio de pequenos cacos ou peas, que produzem uma imagem singular. Sendo

    assim, faz-se importante elencar algumas tesselas segundo as quais essa paisagem vai se

    instituindo. Dentre elas, ressalto a constituio do sujeito, que aqui considero no como

    uma instncia natural nem pr-estabelecida, mas como uma construo no finita,

    aberta, absolutamente imbricada com as relaes estabelecidas com os outros, consigo

    mesmo, com o tempo e com o espao em que est inserido.

    Tomando como central essa questo de que a constituio dos sujeitos se faz

    segundo as relaes que se estabelecem com os outros e com o modo como se

    relacionam consigo mesmo, torna-se necessrio localizar e justificar a partir de qual

    campo terico este trabalho est sendo desenvolvido, pois no de uma maneira

    qualquer de entender o mundo, nem mesmo de uma concepo qualquer de pensamento

    que se est falando, ou que se tenha aqui a pretenso de assumir uma viso abrangente a

    todos em qualquer tempo e/ou lugar. Sendo assim, o presente artigo se comps

    utilizando-se de uma fundamentao terica pautada nos trabalhos de Michel Foucault,

    pois ele foi um pensador que muito se dedicou a estudar a subjetividade e os modos de

    subjetivao, enfim, a prpria constituio do sujeito. Para ele,

    existe atualmente e nisto que intervm a poltica em nossas sociedades um certo nmero de questes, de problemas, de feridas, de inquietaes, de

    angstias que so o verdadeiro motor da escolha que fao e dos alvos que

    procuro analisar, dos objetos que procuro analisar, e da maneira que tenho de

    analis-los. o que somos os conflitos, as tenses, as angstias que nos atravessam que finalmente, o solo, no ouso dizer slido, pois por definio ele minado, perigoso, o solo sobre o qual eu me desloco.

    (FOUCAULT, 2010, p. 303)

    deixando-me levar pelo movimento dos pensamentos foucaultianos,

    tentando viv-los como uma experincia prpria e buscando algumas contribuies em

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    Norbert Elias, que esse empreendimento analtico se faz, movido por uma inquietao,

    por uma curiosidade em olhar a constituio, no Brasil, desse conceito de homem

    caracterizado como Homo Sportivus, assim como seus efeitos na vida e no modo de

    viver da populao brasileira.

    Essa concepo de ser humano, o Homo Sportivus, apresenta-se na

    atualidade como um tipo ideal, que resume em si os mltiplos preceitos produzidos

    enquanto necessrios para uma vida social plena, adaptada e gerenciada, tendo o corpo

    como seu ponto de apoio, seu local de sntese de atuao e de interesse.

    O corpo humano deixa de ser apenas natureza primeira para se tornar um

    grande campo experimental dos desejos, das vises, das esperanas e

    expectativas mais elevadas e das fantasias mais prodigiosas. Isto , os

    exrcitos de conquistadores, impulsionados pela cincia, pela tecnologia e

    por outros instrumentos e corporaes de interesses em moda, focalizam a

    sua ateno no corpo e este deixa de ser tolerado como algo natural, fruto do

    destino e do acaso. Torna-se uma construo cultural. Em suma, a tentativa

    de manipular o corpo, de o tornar disponvel para os fins e desejos eleitos, faz

    parte de um projeto, estabelecido sobretudo pela modernidade. (BENTO,

    2007, p. 207)

    Minha preocupao, em relao constituio de um tipo ideal de homem,

    nomeado de Homo Sportivus,, no de descobrir coisas que esto ocultas, escondidas

    ou ainda no explicadas, nem mesmo de constatar uma verdade histrica ou ainda

    estabelecer um novo jogo de certo e errado, pois nada mais arrogante do que querer impor a lei aos outros (Foucault, 2010, p. 280).

    Trabalho no sentido de pensar o presente na irrupo dos acontecimentos,

    desnaturalizando as verdades que se efetivam em uma poca, visto que, os acontecimentos emergem num espao-tempo horizontal onde todas as razes se

    entrelaam numa trama frgil e intensa (VILELA, 2006 p. 125). Sendo assim, o que me move fazer a histria de um modo de pensar, de uma racionalidade, que atua em

    torno desse modelo de homem, visto que as verdades so desse mundo, ou seja, a

    constituio e a significao das coisas, da realidade, dos sujeitos no so algo dado, natural, mas esto diretamente ligadas com a forma como as vemos e pensamos, como

    as narramos, do olhar que lanamos sobre elas, assim como do momento histrico em

    que elas se compem.

    atravs do uso que fazemos das coisas, e o que dizemos, pensamos e

    sentimos acerca destes, como os representamos, que os damos significado.

    (...) Em parte damos significado s coisas atravs da forma como as

    representamos, as palavras que usamos, as histrias que contamos acerca

    destas coisas, as imagens que produzimos, as emoes que associamos s

    mesmas, as maneiras como as classificamos e conceituamos, os valores que

    lhes damos. (HALL, 1997, p. 02)

    Assumo, assim, uma noo de racionalidade, no como algo que gira em

    torno das necessidades ou capacidades humanas, mas como um jogo de tcnicas e

    estratgias, estabelecidas entre os sujeitos e suas prticas sociais, que produzem uma

    verdade, ou seja, fragmentos da realidade que induzem esses efeitos do real to especficos, que so aqueles da diviso do verdadeiro e do falso na maneira como os

    homens se dirigem, se governam, se conduzem eles prprios e os outros. (FOUCAULT, 2006, p. 346).

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    Faz-se necessrio destacar tambm que essas mltiplas formas de seleo e

    produo de verdades, de controle e de gerenciamento operados em uma determinada

    configurao social, atuam absolutamente imbricados com uma produo de poder, ou

    seja,

    temos antes que admitir que o poder produz saber (e no simplesmente

    favorecendo-o porque o serve ou aplicando-o porque til); que poder e

    saber esto diretamente implicados; que no h relaes de poder sem

    constituio correlata de um campo de saber, nem saber que no suponha e

    no constitua ao mesmo tempo relaes de poder. (FOUCAULT, 2007 p. 27).

    a partir dessa forma de conceber a questo de racionalidade e do poder,

    que se produz como potente, para essa produo acadmica, ressaltar tambm as

    contribuies do socilogo alemo Norbert Elias. O referido autor, ao longo de seus

    estudos, apresenta e analisa o que ocorreu durante os sculos para que distintos eventos

    fossem transformados socialmente, assim como indica que as mudanas ocorridas nos

    comportamentos individuais e as variaes na estrutura social esto absolutamente

    imbricadas e interdependentes.

    Em Elias encontramos uma concepo de poder como uma instncia

    relacional, no exterior ao indivduo, ou seja, segundo Tavares (2012 p. 100), a

    perspectiva eliasiana opera com o poder como fruto de relaes pessoais, no como um

    fato posto e situado que pode ser isolado como uma coisa qualquer, mas como algo

    relacional, que faz parte das inter-relaes humanas.

    Landini (2005, p. 05) acrescenta ainda que os princpios bsicos da

    sociologia eliasiana podem ser sintetizados por determinadas nfases, dentre elas, a

    concepo de que o sujeito social deve ser entendido a partir de suas figuraes, ou seja,

    atravs das redes formadas por seres humanos interdependentes com as mudanas

    assimtricas na balana de poder. Destaca-se tambm que essas figuraes esto

    constantemente em fluxos e so desenvolvidas em longo prazo, mas no so previsveis,

    assim como produzem sempre saberes especficos s suas diferentes manifestaes.

    Neste contexto que se fortalece a noo de que cada sociedade apresenta o

    que Foucault (2011, p.78) chama de regime de verdade, sua poltica geral de verdade,

    isto , os tipos de discursos que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros; os

    mecanismos e as instncias que permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos

    falsos, a maneira como se sanciona uns e outros; as tcnicas e os procedimentos que so

    valorizados para a obteno da verdade; o estatuto daqueles que tm o encargo de dizer

    o que funciona como verdadeiro.

    Sendo assim, a partir da aproximao desses dois pensadores que me

    proponho a pensar a histria dessas verdades ou, mais especificamente, da produo

    desse conceito de homo sportivus, que emerge no Brasil, envolto e imbricado com um

    contexto socialmente demarcado e historicamente localizado.

    Ressalto ainda que um conceito no pode ser concebido dentro de uma

    perspectiva unvoca, totalizante ou mesmo permanente, mas, isso sim, a partir de uma

    multiplicidade de componentes, inseridos em um espao e um tempo, ou seja, em um

    mundo possvel. Sendo assim, todo e qualquer conceito,

    sempre tem uma histria, embora a histria se desdobre em zigue-zague,

    embora cruze talvez outros problemas ou outros planos diferentes. Num

    conceito, h, no mais das vezes pedaos ou componentes vindos de outros

    conceitos, que respondiam a outros problemas e supunham outros planos.

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    No pode ser diferente, j que cada conceito opera um novo corte, assume

    novos contornos, deve ser reativado ou recortado (DELEUZE &

    GUATARRI, 2010, p.27).

    Falar de histria, nessa perspectiva, exige algumas especificaes quanto

    aos sentidos ou significados aos quais estou me reportando, ou seja, no se trata aqui de

    reescrever o passado em termos do presente, aceitando como dadas s categorias de

    anlises estabelecidas, mas preciso restituir o jogo das interaes que existem entre

    saberes e poderes especficos. Nessa acepo, ressaltar a historicidade dos fatos e das

    coisas uma tentativa de entendimento de como elas acontecem, como se apresentam

    na sua singularidade, buscando enxergar seus estratos constitutivos, suas camadas que

    se relacionam, se cruzam, se dizem, se enunciam e se constituem.

    Nesse mesmo sentido, Deleuze (1988, p. 58) afirma que Foucault espera da

    histria uma noo muito prpria, que esta determinao dos visveis e dos enunciveis em cada poca, ou seja, a maneira de dizer e a forma de ver, em cada perodo, que ultrapassa os comportamentos e as mentalidades, as ideias, tornando-as

    possveis. Ainda, segundo Deleuze, a Histria s responde por que Foucault soube inventar, sintonizando com as novas concepes dos historiadores, uma maneira

    propriamente filosfica de interrogar, maneira nova e que d nova vida Histria (ibid, p. 59).

    assim que emerge uma compreenso dos saberes histricos tomados no a

    partir de uma concepo contnua, linear e generalizante, mas, isso sim, enquanto

    acontecimentos locais, especficos, ou seja, o verdadeiro sentido histrico reconhece que ns vivemos sem referncias ou sem coordenadas originrias, em mirades de

    acontecimentos perdidos (FOUCAULT, 1996, p. 29).

    Dentro dessa perspectiva trabalharei em torno da histria dessa

    racionalidade da sociedade brasileira pautada no conceito do Homo Sportivus, tomado

    como um homem mltiplo, inacabado, em constante evoluo, que se transforma, se

    produz a si mesmo e aos outros, que capaz de pautar suas condutas por uma

    conscincia de princpios e regras em constante mutao, mas que passam a ser

    paulatinamente assumidas como naturais e necessrias a seus empreendimentos futuros,

    jamais finitos e de satisfao provisria.

    O homem desportivo expresso daquele modelo e conceito, da observncia

    e cumprimento de um mandamento que convida o homem a fazer-se a si

    prprio e sua individualidade atravs dos seus rendimentos. Nele mora uma

    nsia de transcendncia que exclui o deixar andar e o dar-se por contente e

    satisfeito com o estado alcanado e que o leva nas asas do desassossego para

    novos desafios e metas, para novos patamares, avanos, acrescentos e

    progressos (BENTO, 2002, p. 05).

    Como foi se produzindo esse conceito de homem na sociedade brasileira,

    quais as condies de possibilidades vivenciadas nos diferentes momentos histricos,

    que tornaram possvel sua existncia? Quais deslocamentos, quanto a sua concepo e

    abrangncia, foram se efetivando a partir de sua emergncia at seu momento atual?

    Esses so algumas das mltiplas indagaes a serem enfatizadas e que operam como

    agentes motores deste trabalho.

    Segundo Tubino (1984, p. 01), no sculo XX que diferentes

    caracterizaes de seres humanos vo se produzindo, como resultantes de uma

    diversidade de situaes e os respectivos engajamentos do ser humano com as

    circunstncias de cada momento histrico. Produz-se, assim, um mundo atulhado de

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    modelos, que passam por ns de modo fugidio, mas tambm marcam presena teimosa

    entre ns, permitindo-nos dizer que o nosso mundo so os nossos modelos (BENTO, 2004, p. 167).

    um mundo que se configura atravs de saberes e de poderes que se

    relacionam produzindo como efeitos sujeitos diversos, ou seja, modelos de homens que

    se constituem e atuam a partir de verdades e de padres sociais mutveis.

    Dentro desse contexto que a produo desse modelo de Homo Sportivus

    vem sendo constitudo, sendo que, de acordo com Bento (2004, p. 170), foi por volta de

    1793 que passa a vigorar o Homo Gymnasticus, para reabilitar a natureza corporal e para enfrentar a desarmonia de corpo e esprito ocasionada pelo negligenciamento do

    exerccio e esforo fsicos.

    Stella Maris Cornelis (2011, p.11) traz algumas contribuies significativas

    na caracterizao e surgimento desse modelo de homem, ao indicar que

    El homo gymnasticus fue diseado y esculpido con el objetivo de lograr

    cuerpos eficientes, obedientes, aplicados, vigorosos, aseados, patriotas, sanos

    y tiles. stas, entre la larga lista de caractersticas deseadas, se convirtieron

    en cualidades y metas a alcanzar. El ejercicio fsico fue el medio ms eficaz

    para lograrlas.

    J no final do sculo XIX surge um modelo do Homo Olympicus,

    apresentado pelo pedagogo Pierre de Coubertin e traduzido no axioma Citius, Altius,

    Fortius,1 que pretende ser um padro de inspirao para uma vida exemplar em toda a

    sua abrangncia, ou seja, neste

    modelo emerge nitidamente a apologia de um estilo de vida que enlace

    estreitamente o bem (tica) e o belo (esttica), que se obrigue ao respeito por

    si e pelos outros (fair-play), que cultive uma apurada conscincia de valores

    (moral) e que eleve a existncia ao plano qualitativo. O Homo Olympicus

    encerra portanto um ideal que no se atm a um domnio particular da

    existncia humana, como o caso do desporto; no, ele pretende ser um

    modelo de inspirao para uma vida exemplar em toda a sua abrangncia.

    Isto , ele contm uma certa pretenso de totalidade, que vai para alm do

    desporto, mas que neste deve encontrar uma concretizao modelar e

    evidente, capaz portanto de irradiar para outros domnios. Bento (2004, p.

    170)

    Institui-se assim uma referncia tida como um sujeito civilizado quele que

    assumiu o padro de hbitos e comportamentos a que a sociedade, em uma dada poca, procurou acostumar o indivduo (ELIAS, 1994, p. 90). Trata-se da produo de sujeitos especficos, com comportamentos e padres de condutas no constitudos

    naturalmente, mas produzidos como efeito da configurao social, pois, ainda segundo

    o mesmo autor, o homem ocidental nem sempre se comportou da maneira que estamos

    acostumados a considerar como tpica ou como sinal caracterstico do homem

    civilizado. Se um homem da atual sociedade civilizada ocidental fosse, de

    repente, transportado para uma poca remota de sua prpria sociedade, tal

    como o perodo medievo-feudal, descobriria nele muito do que julga

    "incivilizado" em outras sociedades modernas. Sua reao em pouco diferiria

    da que nele e despertada no presente pelo comportamento e pessoas que

    1 Considerado como lema olmpico "Citius, Altius, Fortius" significa "mais rpido, mais alto, mais forte".

    Criado em 1894 com o objetivo de incentivar os atletas a dar o seu melhor esforo e lutar para a sua

    melhor marca pessoal. (SOURAV, V. & ERIC, C.M., 2008)

  • 7

    vivem em sociedades feudais fora do Mundo Ocidental. Dependendo de sua

    situao e inclinaes, sentir-se-ia atrado pela vida mais desregrada, mais

    descontrada e aventurosa das classes superiores desta sociedade ou repelido

    pelos costumes "brbaros", pela pobreza e rudeza que nele encontraria. E

    como quer que entendesse sua prpria "civilizao, ele concluiria, da maneira a mais inequvoca, que a sociedade existente nesses tempos

    pretritos da histria ocidental no era "civilizada" (ELIAS, 1994, p. 16).

    Temos ento, um modelo de homem que passa a operar como efeito do

    momento histrico vivido, ou seja, segundo ngelo (s/d, p.03), o nascimento da revoluo industrial na Europa demandava uma economia das aes e do tempo; para

    tanto, era preciso uma disciplinarizao do corpo, no sentido de torn-lo dcil e apto ao

    sistema de produo. Tem-se, nesse perodo, uma potencializao de uma concepo de homem pautado no modelo de Homo Gymnasticus e Olympicus, em que se pode

    verificar a vivncia de uma srie de peculiaridades teis a esse sistema econmico de

    produo, que atuam no corpo-mquina: seu adestramento, o aumento das suas aptides, a extorso de suas foras (FOUCAULT, 2008, p. 514).

    uma forma de poder caracterizada como disciplinar em ao, enfatizando

    um modelo de homem individualizado em que o corpo passou a ser objeto de regras, de

    cdigos, de prticas, ou seja, de tcnicas de ginstica, clculo exato dos espaos e dos

    tempos, exigncias essas que produzem um corpo considerado como quele que se manipula, se modela, se treina, que obedece, responde, se torna hbil (FOUCAULT, 2005, p. 117), a antomo-poltica do corpo humano (ibid), que visa no somente um aumento da eficincia de seus resultados, mas tambm o controle, o disciplinamento dos

    indivduos. Ainda segundo o mesmo autor se a explorao econmica separa a fora e o

    produto do trabalho, a coero disciplinar estabelece no corpo o elo coercitivo entre

    uma aptido aumentada e uma dominao acentuada (p. 134).

    Reforando essa noo de gerenciamento e de controle social gostaria de

    evocar o indicado por Elias, principalmente em suas duas obras o Processo Civilizador e os Os estabelecidos e os outsiders, em que o autor ressalta a questo do autocontrole das condutas e sentimentos, propiciando que o indivduo internalizasse

    e automatizasse uma srie de regras de condutas. Temos, assim, em uma sociedade

    civilizada, o homo Gynasticus e Olympicus operando uma srie de condutas e de

    procedimentos em torno de uma concepo de homem correto, pacfico, democrtico e

    produtivo economicamente.

    Tubino (1984, p. 01) e Bento (2004, p. 173) evocam ainda o Homo Ludens

    como precursor do Homo Sportivus, que nasce no decorrer do sculo XX e que projeta

    um homem no apenas novo, mas tambm superior, reunindo em si corpo e alma, esprito e natureza, bondade e fora; e correspondendo a uma criao e conjugao

    maravilhosas de componentes heroicos e divinos com estatuto de exaltao e

    eternidade (BENTO, 2004, p.174).

    Mas, em todos esses deslocamentos de modelos de homens vividos ao longo

    dos ltimos sculos, percebe-se que eles se fazem a partir de uma concepo de esporte

    que assumiu, em tempos contemporneos, um valor de elemento base de uma razo

    governamental. Segundo Ehrenberg (2010 p.16), o esporte saiu dos estdios e ginsios; ele abandonou o contexto restrito das prticas e dos espetculos esportivos: um

    sistema de condutas de si que consiste em implicar o indivduo na formao de sua

    autonomia e de sua responsabilidade. Ainda, segundo o referido autor,

  • 8

    o valor referencial do esporte est a tal ponto dilatado que se transformou

    num lugar para falar de outra coisa. Colocando de outro modo (...) imagens

    de vida e modos de ao se difundem, se popularizam, adquire legitimidade

    por meio do esporte (p. 21).

    Dentro dessa perspectiva, gostaria de salientar que a prpria concepo de

    esporte deslocou-se de um espao determinado, de uma zona de estabilidade, de um

    conceito a partir do qual designava prticas especficas, para adentrar em um mundo que

    o concebe de uma maneira voltil, flexvel, ampla e abrangente.

    Trata-se de uma racionalidade governamental que gira em torno de um

    estilo de vida esportivizado, ou seja, uma srie de comportamentos, condutas, maneiras

    de pensar e de agir que fazem do homem moderno ajustado aos modos de vida da

    sociedade atual.

    Em uma dcada, o esporte est a tal ponto ancorado no cotidiano que ele no

    constitui apenas uma forma de lazer ou uma atividade corporal especfica

    pensada e organizada em vista de perfomances a se alcanar, mas a

    manifestao de uma relao generalizada com a existncia: empregado na

    qualidade de referente, de metfora ou de princpio de ao em registros cada

    vez mais vastos de nossa realidade contempornea, o esporte sai dos estdios

    e ginsios; ele abandonou o contexto restrito das prticas e dos espetculos

    esportivos: um sistema de condutas de si que consiste em implicar o

    indivduo na formao de sua autonomia e de sua responsabilidade.

    (EHRENBERG, 2010 p.18)

    O esporte moderno se produz enquanto um domnio, em uma rede composta

    de uma srie de enunciados2, de poderes e de subjetividades mltiplas que se

    relacionam, se produzem, se imbricam e se sustentam. Forma-se, assim, uma espcie de

    poliedro multifacetado, em que cada face se compe de uma diversidade de elementos e

    estratgias que demarcam um estilo de vida esportivizado, interpelando sob diferentes

    formas e aspectos os mais diversos ngulos e instncias sociais, tendo como efeito a

    efetivao de uma realidade, ou seja, a existncia de um Homo sportivus. Segundo

    Bento (2007), ele no , pois, um modelo qualquer de homem, ao lado de tantos outros; no, vai mais longe ao afirmar-se como instncia elaboradora de frmulas para

    inquietaes da vida situadas para alm dele.

    Trata-se no s da produo de um sujeito individualizado, mas tambm que

    influencia, produz e gerencia os outros, ou seja, evoca-se uma outra tecnologia de

    poder, que existe em funo da disciplinar, mas no a exclui, pois de outra ordem, tem

    outra superfcie de suporte e auxiliada por instrumentos totalmente diferentes. Sendo

    assim, ela embute, integra, modifica parcialmente o poder disciplinar e se dirige ao

    homem espcie, como parte de uma populao, afetada por processos de conjunto, de

    uma massa global e que so prprios da vida considerada por sua noo populacional e

    no mais direcionada somente aos indivduos isolados, ou seja, no se refere somente a

    uma antomo-poltica do corpo humano, mas a uma biopoltica da espcie humana. (FOUCAULT, 2005, p. 285).

    Foucault foi o pensador que utilizou pela primeira vez o termo biopoltica,

    em 1974, mas no foi ele seu inventor, pois sua origem se atribui ao sueco Rudolf

    Kyellen (CASTRO, 2005). Sendo assim, a biopoltica, operada em uma perspectiva

    foucaultiana, refere-se a todo um conjunto de aes, saberes e estratgias que se

    2 Enunciado ser considerado aqui como uma instncia que no em si mesmo uma unidade, mas sim

    uma funo que cruza um domnio de estruturas e de unidades possveis e que faz com que apaream, com contedos concretos, no tempo e no espao (FOUCAULT, 2008 p. 98)

  • 9

    efetivam sobre uma populao e que objetivam promover e potencializar a vida

    humana(ibid). Destaque-se aqui no a inveno de um termo, mas a nfase a uma nova dimenso analtica do ser humano, ou seja, a populao, entendida como uma massa

    global composta de inmeras cabeas, se no finita, pelo menos, necessariamente,

    mensurvel. Surge, assim, a compreenso de um novo corpo: um corpo mltiplo

    (FOUCAULT, 2005, p. 292), ou mesmo, um grande corpo vivo que necessita de uma

    srie de intervenes, de procedimentos no sentido de seu gerenciamento e de seu

    governamento3. Pode-se dizer, ento, que a biopoltica entra em ao de modo a

    garantir-lhes maior segurana, sobrevivncia, natalidade, longevidade, sade, felicidade etc. (VEIGA-NETO, 2006, p. 02).

    nesse contexto que o modelo do Homo Sportivus adquire status no sentido

    de ditar condutas e comportamentos de uma populao, ou seja, atua na perspectiva de

    produzir estilos de vidas. Como afirma Soares (2005, p.43), a noo de esporte, presente

    nos dias de hoje, pode ser considerada como

    um estado de esprito e a competio seu grande pano de fundo, sua grande

    novidade no que diz respeito aos costumes. Este estado de esprito ou mesmo

    este estilo de vida esportivo alia performance a consumo, e os campees

    esportivos surgem na cena social, hoje, como smbolos de excelncia. (...)

    Trao visvel das contemporneas sociedades de massa, o apelo ao corpo ,

    ele mesmo, revelador de um olhar sobre esse reduto ainda rebelde, ainda

    misterioso, ainda factvel. A verso atltica e esportiva do mundo, dos

    corpos e das relaes humanas, seu apelo constante e insistente de

    ultrapassagem de limites, possui referncia direta ao status que a competio

    esportiva conquistou. Seu contedo hoje expressa princpios de ao e no

    apenas um conjunto de prticas corporais especficas.

    Vemos, pois, na configurao desse modelo de Homo Sportivus, uma

    possibilidade de ligao entre a antomo-poltica do corpo e uma biopoltica da

    populao, sendo que atravs delas faz-se a operacionalizao de dois conjuntos de

    mecanismos de poder, um disciplinar e o outro regulamentador, que permitem a um s

    tempo atuar na ordem disciplinar do corpo e nos acontecimentos aleatrios de uma

    multiplicidade biolgica, ou seja, no sentido de produzir, de potencializar e, enfim, de

    fazer viver uma populao.

    Evoco novamente o convite a dialogar com Foucault e Elias para transitar

    por esses deslocamentos na concepo de homem, que vo se demarcando na histria

    moderna, potencializados pelas diferentes formas que o mundo passa a ser pensado em

    sua multiplicidade e complexidade, ou seja, pela maneira que em uma conjuntura

    especfica os sujeitos agem e se constituem movidos por determinadas verdades e em

    outra poca, em diferente contexto produzem distintos efeitos.

    Trata-se da produo de sujeitos relacionados com os regimes de verdades,

    assim como movidos por desejos diversos como de serem belos, aptos, saudveis,

    noes essas que se deslocam e que passam por metamorfoses constantes, ou seja, se

    modificam e se movem absolutamente imbricadas com as configuraes sociais de seus

    tempos.

    3 Nessa perspectiva terica governamento se reporta s artes de governar. Estas artes incluem, em sua

    mxima extenso, o estudo do governo de si (tica), o governo dos outros (as formas polticas da

    governamentalidade) e as relaes entre o governo de si e o do governo dos outros. (CASTRO, 2009, p. 193)

  • 10

    O corpo humano deixa de ser apenas natureza primeira para se tornar um

    grande campo experimental dos desejos, das vises, das esperanas e

    expectativas mais elevadas e das fantasias mais prodigiosas. Isto , os

    exrcitos de conquistadores, impulsionados pela cincia, pela tecnologia e

    por outros instrumentos e corporaes de interesses em moda, focalizam a

    sua ateno no corpo e este deixa de ser tolerado como algo natural, fruto do

    destino e do acaso. Torna-se uma construo cultural. Em suma, a tentativa

    de manipular o corpo, de o tornar disponvel para os fins e desejos eleitos, faz

    parte de um projeto, estabelecido sobretudo pela modernidade. (BENTO,

    2007)

    ENFIM .....

    Este trabalho procurou estabelecer um dilogo entre esses dois autores,

    Foucault e Elias, no no sentido de comparar, confrontar, nem mesmo de comprovar

    seus pensamentos, mas, isso sim, para utiliz-los no sentido de compreender nosso

    presente e seus elementos constituintes, sendo que, mais especificamente a prpria

    constituio dos sujeitos no como fruto de uma existncia universal, natural, mas como

    parte de uma trama, de uma configurao histrica e social.

    Sendo assim, ao problematizar a constituio de um conceito de homem, o

    Homo Sportivus, percebe-se que tal noo est absolutamente imbricada com os regimes

    de verdades de seus tempos, produzindo e sendo produzidos por uma racionalidade

    governamental, que, por sua vez, tambm opera em consonncia e interpendente das

    configuraes sociais.

    Dentro desta perspectiva, destaco que em todas essas diversificadas

    concepes de homem, uma temtica faz-se sempre presente, que a nfase a questo

    da vida, em suas diversas manifestaes e configuraes.

    A questo por que o comportamento e as emoes dos homens mudam , na

    realidade, a mesma pergunta por que mudam suas formas de vida. Na

    sociedade medieval, desenvolveram-se formas de vida e o indivduo era

    obrigado a viver dentro delas como cavaleiro, arteso, ou servo da gleba. Em

    sociedades posteriores, diferentes oportunidades diferentes formas de vida

    surgiram, s quais o indivduo tinha que se adaptar. (ELIAS, 2011 p. 194).

    Toma-se, assim, uma noo de vida, no a partir de uma cincia especfica,

    biolgica, sociolgica, econmica ou mesmo em outra dimenso, seja ela qual for, pois,

    segundo Portocarrero (2006, p. 161), Foucault nos adverte que:

    no h nada mais tirnico e fatal que colocar a vida sob o signo de uma

    cincia ou de uma ideologia, ou melhor, de uma exigncia de verdade, onde o

    papel do saber no apenas produo de verdade, mas o exerccio de poder.

    Para ele, nas sociedades capitalistas, o poder negativo e repressivo, mas tem

    uma eficcia produtiva, uma positividade que necessita ser conhecida: a da

    gesto da vida dos indivduos e das sociedades, para a qual produz uma srie

    de saberes especficos, capazes de auxiliar, como dissemos, na funo de

    tornar os indivduos dceis, do ponto de vista poltico, e produtivos, do ponto

    de vista econmico.

    Percebe-se que essa concepo de Homo Sportivus no uma noo esttica,

    imutvel, ela foi se produzindo e sofrendo deslocamentos quanto a sua abrangncia e

    concepo, mas sempre com uma nfase muito presente que a questo da vida, a ser

    produzida e gerenciada, ou seja, absolutamente imbricados em uma arte de governar que

    tambm foi se modificando ao longo dos sculos.

  • 11

    Para finalizar, gostaria de evocar novamente a figura de um mosaico, para

    destacar que as noes aqui pontuadas configuram-se como algumas das muitas

    imagens possveis a partir das tesselas utilizadas. Estes so alguns dos aspectos

    possveis, mas muitos outros horizontes sero buscados, muitos outros caminhos sero

    percorridos, assim como muitos outros desvios sero adentrados.

    REFERNCIAS

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  • 12

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    Rose Mri Santos da Silva

    Rua Casemiro de Abreu, 361 Areal Pelotas (RS)

    e-mail: [email protected]

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