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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL EMPREGO DAS TÉCNICAS DE PCR E VIDAS ® NA DETERMINAÇÃO DA Escherichia coli O157:H7 EM QUEIJOS MINAS FRESCAL EM FEIRAS LIVRES E ESTABELECIMENTOS SOB INSPEÇÃO FEDERAL Rosangela Nunes Carvalho Orientador: Prof. Dr. Antonio Nonato Oliveira GOIÂNIA 2009

EMPREGO DAS TÉCNICAS DE PCR E VIDAS NA Escherichia … · profissionais do Centro de Pesquisa em Alimentos da Escola de Veterinária, Neuza Dias, Euza Dias, Nelma Nunes, Lorena,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

EMPREGO DAS TÉCNICAS DE PCR E VIDAS® NA DETERMINAÇÃO DA Escherichia coli O157:H7 EM QUEIJOS

MINAS FRESCAL EM FEIRAS LIVRES E ESTABELECIMENTOS SOB INSPEÇÃO FEDERAL

Rosangela Nunes Carvalho

Orientador: Prof. Dr. Antonio Nonato Oliveira

GOIÂNIA 2009

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

EMPREGO DAS TÉCNICAS DE PCR E VIDAS® NA DETERMINAÇÃO DA Escherichia coli O157:H7 EM QUEIJOS

MINAS FRESCAL EM FEIRAS LIVRES E ESTABELECIMENTOS SOB INSPEÇÃO FEDERAL

Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre em Ciência Animal junto à Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás Área de Concentração: Higiene e Tecnologia de Alimentos Linha de Pesquisa: Ciência e Tecnologia de Alimentos Orientador: Prof. Dr. Antonio Nonato Oliveira Comitê de Orientação: Profª. Drª. Iolanda Aparecida Nunes Prof. Dr. Jaison Pereira de Oliveira

GOIÂNIA 2009

ii

iii

DEDICATÓRIA

Dedico a meus pais, João e Divina que são o alicerce da minha vida. À Sandra, que sempre foi muito mais que uma amiga e a principal incentivadora deste trabalho. Sempre e fielmente a DEUS, por me fortalecer diante das dificuldades.

iv

AGRADECIMENTOS

À Deus por ter me fortalecido e sustentado.

Ao meu orientador Dr. Antonio Nonato Oliveira, pela orientação,

incentivo e pelas sugestões que contribuíram para o aprimoramento deste

trabalho.

Ao professor Dr. Albenones José de Mesquita, pelo qual tenho grande

admiração, agradeço os ensinamentos, paciência e confiança dispensadas.

À Sandra Queiroz Porto de Mesquita pelo incentivo, companheirismo e

apoio constante em todos os momentos. Sua amizade para mim tem um valor

enorme. À minha querida mestra e amiga professora Drª. Cíntia Silva Minafra e

Rezende, tenho seu entusiasmo e sua capacidade profissional como exemplo.

Ao professor Dr. Jaison Pereira Oliveira pelo auxílio durante a análise

estatística do trabalho.

À Camila Silveira de Melo e Wilson Ricardo, pela amizade,

companheirismo e total apoio durante o mestrado. Ao Wesdras e Adriano P. Q. de

Mesquita, pela disposição em auxiliar durante o experimento. A todos os

profissionais do Centro de Pesquisa em Alimentos da Escola de Veterinária,

Neuza Dias, Euza Dias, Nelma Nunes, Lorena, Amanda, Marcos, Adair, Laila,

Mirela, Ane e Jaqueline pelo apoio durante as análises.

As minhas amigas Marcele Louise Tadaeike, Giselle N. Moreira, Maria

Magaly e Aline Aparecida Ribeiro que sempre estiveram ao meu lado.

Agradecer a todos que ajudaram a construir esta dissertação não é

tarefa fácil. O maior perigo que se coloca para a redação dos agradecimentos não

é decidir quem incluir, mas decidir quem não mencionar. Então, a meus amigos

que, de uma forma ou de outra, contribuíram com sua amizade e estiveram

presentes me aconselhando e incentivando com carinho e dedicação, gostaria de

expressar minha profunda gratidão.

Agradeço a minha família que é o grande alicerce da minha vida.

A esses todo meu carinho.

v

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 3

2.1 Escherichia coli ................................................................................................ 4

2.2 Escherichia coli produtora de toxina Shiga (STEC).......................................... 6

2.3 Mecanismo de patogenicidade......................................................................... 7

2.4 Reservatório ..................................................................................................... 9

2.5 Alimentos envolvidos...................................................................................... 10

2.6 Queijo Minas Frescal...................................................................................... 12

2.6 Detecção de E. coli O157:H7 pela reação em cadeia da polimerase............. 15

2.7 Detecção de E. coli O157:H7 pelo kit comercial VIDAS ECO O157®............. 16

3 OBJETIVOS ...................................................................................................... 18

3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 18

3.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 18

4 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 19

4.1 Fonte de amostras, local de execução das análises e definição dos ensaios 19

4.2 Amostragem................................................................................................... 20

4.3 Detecção de Escherichia coli O157:H7 .......................................................... 22

4.3.1 VIDAS ECO O157® ..................................................................................... 22

4.3.2 Técnica da reação em cadeia da polimerase – PCR .................................. 26

4.3.2.1 Processamento das amostras e extração de DNA genômico .................. 26

4.3.2.2 Primers utilizados nas reações e condições de amplificação................... 27

4.4 NMP de Coliformes Termotolerantes ............................................................. 28

4.5 NMP de Escherichia coli................................................................................. 29

4.6 Análise estatística .......................................................................................... 30

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................... 31

5.1 Detecção de Escherichia coli O157:H7 por meio do kit VIDAS ECO O157®.. 31

5.2 Detecção de Escherichia coli O157:H7 por meio da PCR.............................. 34

5.3 Comparação entre os resultados obtidos com a utilização do kit comercial

VIDAS ECO O157® e a técnica de PCR segundo a origem do queijo Minas

Frescal ................................................................................................................. 41

vi

5.4 Comparação da ocorrência de E.coli O157:H7 entre amostras oriundas de

feiras e amostras fabricadas em estabelecimentos sob Inspeção Federal segundo

a técnica empregada............................................................................................ 44

5.4 Determinação do NMP de Coliformes Termotolerantes ................................. 45

5.4 Determinação do NMP de Escherichia coli .................................................... 48

7 CONCLUSÕES ................................................................................................. 51

8 REFERÊNCIAS................................................................................................. 52

vii

LISTA DE FIGURAS Figura 1 Representação esquemática dos ensaios analíticos realizados

20

Figura 2 Mapa da região metropolitana de Goiânia

21

Figura 3 Cones e barretes 23

Figura 4 Detecção dos antígenos de E.coli O157 por meio do kit VIDAS ECO O157®

23

Figura 5 Equipamento VIDAS®

24

Figura 6 Colônias sorbitol negativo em ágar SMAC-CT

25

Figura 7 Colônias com crescimento característico em CHROMagar O157®

26

Figura 8 UFCs típicas de E.coli em ágar EMB

30

Figura 9 Eletroforese em gel de agarose a 2% de produtos de E.coli O157:H7 em amostras de queijo Minas Frescal, com o par RfbR/RfbR (292pb)

37

Figura 10 Eletroforese em gel de agarose a 2% de produtos de E.coli O157:H7 em amostras de queijo Minas Frescal, com o par FliC-a/FliC-b (247pb)

38

Figura 11 Resultados obtidos segundo os primers utilizados e as fontes de detecção

39

Figura 12 Distribuição de E.coli O157:H7 e E.coli O157 não H7 em queijos Minas Frescal segundo a origem por meio da técnica de PCR

39

Figura 13 Ocorrência de E.coli O157:H7 em queijos Minas Frescal segundo a fonte e o método de detecção utilizado

41

Figura 14 Porcentagem de amostras de queijo Minas Frescal em acordo e desacordo com a legislação (BRASIL, 2001) em relação ao NMP de coliformes Termotolerantes

47

Figura 15 Porcentagem de amostras de queijo Minas Frescal segundo a origem com resultados de NMP menores e maiores que 3,0 NMP/g (limite de detecção da técnica na diluição inicial utilizada)

50

viii

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Resultados para E.coli O157 obtidos no equipamento VIDAS®

para as amostras de queijo Minas Frescal segundo as fontes de detecção. Goiânia – GO, 2009

31

Tabela 2 Distribuição de Escherichia coli O157:H7 em amostras de queijo Minas Frescal segundo as fontes, detectadas por meio do kit comercial VIDAS ECO O157®, isoladas e confirmadas por bioquímica e sorologia. Goiânia – GO, 2009

32

Tabela 3 Detecção de Escherichia coli O157:H7 em queijo Minas Frescal segundo as fontes de detecção e os pares de primers utilizados para amplificação. Goiânia-GO, 2007

36

Tabela 4 Distribuição de Escherichia coli O157:H7 em amostras de queijo Minas Frescal segundo as fontes, detectadas por meio da técnica de PCR. Goiânia – GO, 2009

39

Tabela 5 Comparação entre a freqüência de E.coli O157:H7 em amostras de queijo Minas Frescal oriundas de feiras livres segundo o método de detecção, por meio do teste de χ²,Goiânia – GO, 2009

42

Tabela 6 Comparação entre a freqüência de E.coli O157:H7 em amostras de queijo Minas Frescal independente da origem segundo o método de detecção, por meio do teste de χ²,Goiânia – GO, 2009

42

Tabela 7 Comparação entre a freqüência de E.coli O157 em amostras de queijo Minas Frescal independente da origem segundo o equipamento VIDAS® e o primer Rfb, por meio do teste de χ²,Goiânia – GO, 2009

43

Tabela 8 Comparação entre a freqüência de E.coli O157:H7 em amostras de queijo Minas Frescal segundo a fonte e o método de detecção, por meio do teste de χ²,Goiânia – GO, 2009

44

Tabela 9 Comparação dos resultados de NMP de Coliformes Termotolerantes da amostras de queijo Minas Frescal segundo a origem e em relação ao microbiológico vigente (BRASIL, 2002), por meio do teste de χ², Goiânia – GO, 2009

45

Tabela 10 Comparação entre médias do NMP de Coliformes Termotolerantes em queijos Minas Frescal segundo a fonte de detecção por meio do teste t de Student, Goiânia-GO, 2009

46

ix

Tabela 11 Distribuição de freqüência do NMP de Coliformes Termotolerantes segundo a fonte de detecção, colhidas no município de Goiânia -GO,2009

47

Tabela 12 Comparação entre médias do NMP de Escherichia coli em queijos Minas Frescal segundo a fonte de detecção por meio do teste t de Student, Goiânia- GO, 2009

49

x

LISTA DE QUADROS Quadro 1 Primers utilizados neste estudo

27

Quadro 2 Condições de amplificação dos primers usados no estudo

28

xi

LISTA DE ABREVIATURAS

A/E Attaching/effacing

APHA American Public Health Association CH Colite hemorrágica

DAEC E.coli de aderência difusa

EAEC E.coli enteroagregativa

EHEC E.coli enterohemorrágica

EIEC E.coli enteroinvasiva

EPEC E.coli enteropatogênica

ETEC E.coli enterotoxigência

IF Inspeção federal

NMP Número mais provável

PCR Reação em cadeia da polimerase

SUH Síndrome urêmica hemolítica

STEC E.coli produtora de toxina Shiga

Stx Toxina Shiga

VTEC E.coli produtora de verotoxina

xii

RESUMO

Escherichia coli O157:H7 é um sorotipo de E.coli pertencente ao grupo STEC - E.coli produtora de toxina Shiga - que tem sido incriminado em surtos de toxinfecção alimentar bem como em casos esporádicos de colite hemorrágica e síndrome urêmica hemolítica em vários países. No Brasil não há dados sobre possíveis surtos causados por E. coli O157:H7, mas este patógeno vem sendo frequentemente encontrado em fezes bovinas. Tendo-se em vista a suscetibilidade do queijo Minas Frescal à contaminação por E.coli O157:H7 e que o leite é um dos alimentos mais envolvidos em surtos, objetivou com o presente trabalho determinar a ocorrência deste microrganismo em queijos Minas Frescal, além de comparar as técnicas de reação em cadeia da polimerase (PCR) e teste VIDAS ECO O157®(bioMérieux, Lyon, France) na detecção do patógeno. Para tanto, analisou-se 30 amostras oriundas de feiras livres de Goiânia e 30 de estabelecimentos sob Inspeção Federal localizados em Goiás e que comercializam seus produtos em supermercados de Goiânia. Também foram determinados o Número Mais Provável (NMP) de Coliformes Termotolerantes e NMP de E. coli nestas amostras. Nas amostras oriundas de feiras livres detectou-se E.coli O157:H7 em 6,67% e 23,33% quando utilizou-se o VIDAS ECO O157®

e PCR, respectivamente. Nas amostras provenientes de estabelecimentos sob Inspeção Federal o microrganismo não foi detectado. Não houve diferença significativa (p>0,05) entre VIDAS ECO O157® e PCR na detecção do patógeno em amostras oriundas de feiras livres e estabelecimentos sob Inspeção Federal. Não observou-se diferença significativa (p> 0,05) entre amostras oriundas de feiras livres e indústrias sob Inspeção Federal quando utilizou-se o VIDAS ECO O157® na detecção de E.coli O157:H7. Quando empregou-se a técnica de PCR, constatou-se diferença (p< 0,05) entre as origens das amostras. Em 86,67% das amostras oriundas de feiras livres detectou-se a presença de Coliformes Termotolerantes acima do nível estabelecido pela legislação enquanto que, nas amostras provenientes de estabelecimentos sob Inspeção Federal esse percentual foi de 10%. As amostras de queijo Minas Frescal provenientes de feiras livres revelaram-se mais contaminadas por E.coli do que as oriundas de estabelecimentos sob Inspeção Federal e comercializadas em supermercados.

Palavras-chave: queijo Minas Frescal, STEC, PCR, VIDAS ECO O157®.

xiii

ABSTRACT

Escherichia coli O157:H7 is a serotype that belongs to Shiga toxin-producing Escherichia coli group and it has been incriminated in outbreaks of food poisoning and also as cause of sporadic cases of hemorrhagic colitis and hemolytic uremic syndrome in many countries. In Brazil, there is no data available about outbreaks caused by E. coli O157:H7, but this pathogen has been found often in cattle feces. Taking into consideration the high susceptibility of Minas Frescal cheese to the contamination by E. coli O157:H7 and also considering that milk is frequently associated with outbreaks, the aim of this research was to determinate the occurrence of the pathogen in Minas Frescal cheese, and also to compare techniques for this bacterium detection, such as PCR (Polymerase Chain Reaction) and VIDAS ECO O157® (bioMérieux, Lyon, France) test. Thirty cheese samples were collected from open-air markets in Goiânia and thirty samples were collected from establishments under Federal Inspection located in Goiás that trade their products in supermarkets in Goiânia. The MPN (More probable number) of Thermo-tolerant Coliforms and MPN of E. coli were also determined from the samples. From those samples collected in open air markets, E. coli O157:H7 was detected in 6,67% and 23,33% when the technique used was VIDAS ECO O157®

and PCR, respectively. From those samples collected in establishments under Federal Inspection, the bacterium was not detected. There was no significant difference (p>0,05) between VIDAS ECO O157® and PCR for pathogen detection in samples from open air market and establishments under Federal Inspection. No significant difference (p> 0,05) was observed in samples collected from open air market and industries under Federal Inspection when VIDAS ECO O157® was used to E.coli O157:H7 detection. When PCR technique was applied, there was significant difference (p< 0,05) between samples’ origin. In 86,67% of samples collected from open air markets, Thermo-tolerant Coliforms were detected over the level established in Brazilian legislation, but in samples collected from industries under Federal Inspection, this value was 10%. The Minas Frescal cheese samples collected from open air market were more contaminated by E.coli than those collected from establishments under Federal Inspection and commercialized in supermarkets.

Key-word: Minas Frescal cheese, STEC, PCR, VIDAS ECO O157®

1 INTRODUÇÃO

A segurança alimentar tem sido tema de vários estudos e debates,

devido principalmente à gravidade e ao aumento do número de doenças

veiculadas por alimentos. As indústrias, órgãos regulamentadores e sistemas de

vigilância sanitária têm lançado mão de ferramentas de gerenciamento, tais como

Boas Práticas de Fabricação (BPF) e Análise de Perigos e Pontos Críticos de

Controle (APPCC), objetivando a produção de alimentos seguros. A utilização

adequada destes métodos garante a diminuição nos riscos de contaminação dos

alimentos por microrganismos patogênicos.

As doenças veiculadas por alimentos são de grande importância para a

saúde pública por causa dos problemas e prejuízos que trazem para a saúde dos

consumidores. Escherichia coli O157:H7 foi reconhecida como um importante

patógeno vinculado a doenças alimentares a partir de 1983 devido a um surto

ocorrido pela ingestão de hambúrgueres mal cozidos em um restaurante fast-food

nos Estados Unidos da América (EUA), desde então tem sido relatado diversos

surtos de toxinfecção alimentar provocados por este patógeno em vários países

do mundo.

Segundo MEAD et al. (1999), estima-se que aproximadamente 73.000

casos de enfermidades de origem alimentar ocasionados por E.coli O157:H7

ocorrem nos Estados Unidos a cada ano e, desses 61 são fatais. Mais

recentemente, FRENZEM et al. (2005) estimaram que pelo menos 2000

americanos são hospitalizados e cerca de 60 morrem em decorrência de

infecções provocadas por E.coli O157:H7. Isto justifica o fato da E.coli O157:H7

ser objeto de numerosos estudos, pois trata-se do sorotipo mais freqüentemente

envolvido em casos de síndrome urêmica hemolítica (SUH), doença grave e

muitas vezes fatal. No Brasil, ainda não existe registro de surto de doença de

origem alimentar provocado pela E.coli O157:H7, embora este sorotipo já tenha

sido isolado de caso de doença e fezes de bovinos.

A carne bovina moída é o alimento mais frequentemente envolvido em

surtos provocados por E.coli O157:H7, em seguida o leite e seus derivados são

considerados importantes vias de veiculação. Após um surto de toxinfecção

alimentar causado pela E.coli O157:H7 associado ao consumo de queijo fresco

2

nos EUA, a presença deste microrganismo neste produto adquiriu considerável

importância.

No Brasil, o queijo Minas Frescal é um produto que tem ampla aceitação

comercial e faz parte do hábito alimentar de grande parte da população. Segundo

BRASIL (2004), foram produzidos 28,8 toneladas de queijo Minas Frescal durante

o ano de 2004 no Brasil. Por ser um produto fresco é suscetível à alteração

microbiológica e sendo o leite a principal matéria prima de fabricação e um dos

alimentos frequentemente envolvidos em surtos, torna-se relevante a pesquisa de

E.coli O157:H7 neste produto. Além disso, apesar da legislação brasileira

determinar o uso de leite pasteurizado na sua fabricação ainda existe a prática de

produzir queijos com leite cru em nosso país. Aliado a isso, tem-se o fato do

tratogastrointestinal dos bovinos ser o principal reservatório deste patógeno, que

já foi detectado no rebanho nacional.

Considerando o exposto, relevância do tema, a expressiva quantidade de

queijo Minas Frescal comercializado em feiras livres de Goiânia-GO, bem como

em supermercados, propôs-se o presente estudo que tem como objetivo maior

determinar a ocorrência de E.coli O157:H7 em queijos Minas Frescal

comercializados em Goiânia. Também foram determinados o Número Mais

Provável (NMP) de Coliformes Termotolerantes e NMP de E. coli nestas

amostras.

3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

De acordo com a Portaria n° 146, de 07 de março de 1996 do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 1996), “queijo é o

produto fresco ou maturado obtido por separação parcial do soro de leite ou leite

reconstituído ou de soros lácteos, coagulados, com ou sem adição de aditivo”.

Ainda segundo esta Portaria, queijo fresco é o produto pronto para consumo logo

após sua fabricação.

O queijo Minas Frescal, considerado o único genuinamente nacional, é

um produto de grande aceitação no mercado, de elaboração simples e alto

rendimento de fabricação, o que atrai o interesse de indústrias de pequeno, médio

e grande porte (BRIGIDO et al., 2004). No ano 2004, o Minas Frescal ocupou a

quarta posição na produção brasileira de queijos sob Inspeção Federal, com 28,8

toneladas (BRASIL, 2004). No Brasil, atualmente, não estão disponíveis dados

oficiais sobre a produção de queijos, o que segundo, a Associação das Indústrias

de Queijo (ABIQ, 2006), entidade representativa dos fabricantes nacionais, deve-

se à configuração do mercado produtor, onde proliferam centenas de micro

laticínios que atuam regionalmente e muitas vezes fora do âmbito do Serviço de

Inspeção Federal.

A contaminação dos queijos Minas Frescal vem assumindo

considerável importância no aspecto da saúde pública, sendo considerada pela

Vigilância Sanitária um problema emergente que exige maior atenção por parte

dos órgãos oficiais, principalmente no que concerne ao controle higiênico-

sanitário do produto (BRIGIDO et al., 2004).

Estudos realizados no Brasil revelam, de maneira repetitiva, um quadro

desfavorável da qualidade microbiológica do queijo Minas Frescal. Nesse sentido,

vários trabalhos têm reportado a ocorrência de elevados índices de contaminação

e a presença de bactérias patogênicas nesse tipo de queijo, destacando-se a

Escherichia coli (ARAÚJO et al., 1997; SILVA et al., 2001; ARAÚJO et al., 2002;

CAMPOS et al., 2006; SALOTTI et al., 2006; PANETO et al., 2007).

4

2.1 Escherichia coli

O gênero Escherichia compreende as espécies E. coli, E. fergusonii, E.

hermannii, E. vulneris e E. blattae sendo a primeira a de maior importância em

saúde pública (TRABULSI & ALTERTHUM, 2005). A E. coli é um bastonete

Gram-negativo, anaeróbio facultativo da família Enterobactereaceae (ANGELES,

2002). Foi isolada pela primeira vez em 1885 das fezes de crianças com diarréia

por um bacteriologista alemão, Dr. Theodor Escherich (HUTTEN & MORAES,

2000). Não apresenta termorresistência, sendo destruída a 60°C, em poucos

segundos, mas é capaz de resistir por longo tempo em temperaturas de

refrigeração. O pH próximo do neutro propicia condições ótimas para seu

desenvolvimento, a multiplicação pode ocorrer abaixo dos 4,4 desde que os

demais fatores intrínsecos e extrínsecos sejam ótimos. A atividade de água

mínima exigida para seu desenvolvimento é de 0,95 (GERMANO & GERMANO,

2003).

A Escherichia coli é encontrada normalmente no intestino dos animais

e homem, suprimindo bactérias nocivas e participando da síntese de algumas

vitaminas como as do complexo B e vitamina K (MARGALL et al., 1997). Esta

estreita associação com as fezes do homem e dos animais representa a base do

teste para verificação da contaminação fecal da água e dos alimentos, tão usado

em saúde pública, por meio das análises de Número Mais Provável (NMP) de

Coliformes Termotolerantes e NMP de E. coli (TRABULSI & ALTHERTUM, 2005).

A maioria das cepas são inócuas e não causam doenças, no entanto,

existem algumas linhagens de Escherichia coli que são patogênicas ao homem e

estão associadas a doenças de origem alimentar (BETTS, 2000; ANGELES,

2002). Essas cepas ocuparam o segundo lugar, no período de 1993 a 1997, entre

os principais agentes de doenças de origem alimentar nos Estados Unidos, onde

responderam por 7,4% dos surtos e 28,3% das mortes provocadas por bactérias

naquele país (OLSEN et al., 2000).

A tipificação sorológica da Escherichia coli baseia-se na determinação

do tipo de antígeno. São eles o antígeno somático (O), relacionado com

polissacarídeos da membrana externa; antígeno flagelar (H), com proteínas dos

flagelos e o capsular (K), a polissacarídeos capsulares. De acordo com ANGELES

5

(2002), existem 176 antígenos somáticos O, 112 flagelares H e 60 capsulares K.

O antígeno O é responsável pelo sorogrupo e a determinação do antígeno

somático e flagelar (O:H) pelo sorotipo ao qual pertence o microrganismo.

A tipagem sorológica tem sido amplamente utilizada para caracterizar a

Escherichia coli. Porém, uma vez que os fatores de virulência estão mais

diretamente associados com a patogenicidade do que os antígenos de superfície,

apenas a sorologia não é adequada para caracterizar cepas de E.coli como

patogênicas. A identificação das cepas patogênicas de E.coli baseia-se,

sobretudo na presença de genes de virulência associados a cada categoria do

enteropatógeno (MENG et al., 2001).

Segundo ANGELES (2002), dentre as cepas de Escherichia coli

capazes de provocar doenças em indivíduos humanos, existem atualmente seis

classes que, de acordo com seu mecanismo de patogenicidade e fatores de

virulência, foram agrupadas em: E. coli enterotoxigênica (ETEC), E. coli

enteropatogênica (EPEC), E. coli enterohemorrágica (EHEC), E.coli

enteroagregativa (EAEC), E.coli enteroinvasiva (EIEC), E.coli de aderência difusa

(DAEC). Linhagens pertencentes a cada categoria utilizam diferentes estratégias

para provocar infecção, conseqüência da versatilidade de seu genoma que é

conferida principalmente por suas configurações genéticas: plasmídeos de

virulência e ilhas de patogenicidade, além da presença de bacteriófagos. Dentre o

grupo das diarreogênicas destaca-se a E. coli enterohemorrágica (EHEC), capaz

de causar desde diarréia não complicada a colite hemorrágica, e doenças

potencialmente fatais como síndrome urêmica hemolítica (PATON & PATON,

1998).

O grupo das E.coli enterohemorrágicas (EHEC) também chamadas de

E.coli produtora de toxina Shiga (STEC) ou E.coli produtora de verotoxina (VTEC)

tornou-se um dos mais importantes patógenos humanos devido ao seu potencial

zoonótico emergente (BEUTIN, 2006). No presente trabalho, será adotada a

expressão E.coli produtora de toxina Shiga (STEC) por ser a mais comumente

utilizada pelos pesquisadores.

No contexto da segurança alimentar, particularmente, os surtos por

EIEC, ETEC e STEC, são os melhores documentados. Os surtos por STEC têm

ocorrido com maior freqüência nos EUA, Canadá, Reino Unido e Japão.

6

GERMANO & GERMANO (2003), afirmaram que até o início da atual década, em

particular no Brasil, ainda não houve nenhum registro de casos de STEC.

2.2 Escherichia coli produtora de toxina Shiga (STEC)

As cepas de Escherichia coli produtoras de toxina Shiga (STEC) foram

descritas pela primeira vez em 1977, sendo reconhecidas como causadoras de

doenças em humanos e animais em 1983. A patogenicidade das cepas de STEC

parece estar associada a uma série de fatores, incluindo a produção de várias

citotoxinas, coletivamente chamadas de toxinas Shiga (Stx), similares à toxina

produzida pela bactéria Shigella dysenteriae (HUSSEIN & SAKUMA, 2005;

BEUTIN, 2006; CHAHED et al., 2006). O termo toxina Shiga é sinônimo de

verotoxina, nome que deriva da observação de que a toxina de Shiga é tóxica

para células Vero, e esta também é a origem do termo VTEC (E. coli produtora de

verotoxina), ainda usado por alguns autores como sinônimo de EHEC e STEC

(LAW, 2000).

As STEC são reconhecidas como um importante grupo de patógenos

emergentes e tornaram-se um grande desafio à saúde pública, pois possuem um

alto grau de infectividade para os seres humanos, mesmo presente em baixo

número no alimento ingerido - 10 UFC de acordo com o Food and Drugs

Administration (FDA, 2001) - são capazes de provocar infecção. O aumento

gradativo da ocorrência de surtos alimentares causados por STEC em todo o

mundo tem mostrado a importância da obtenção de informações sobre a

epidemiologia dessa bactéria e de seus reservatórios. Neste sentido, o principal

reservatório de STEC são os bovinos, que as elimina por meio das fezes. Estas

bactérias de maneira direta ou indireta podem atingir a cadeia alimentar dos seres

humanos causando graves doenças (KARMALI, 1989; YOON & HOVDE, 2008).

O grupo STEC tem mais de 400 sorotipos que produzem toxinas,

porém, de acordo com KARMALI et al. (2009), o sorotipo O157:H7 predomina,

sendo o mais frequentemente associado a surtos de colite hemorrágica e

síndrome urêmica hemolítica. O CDC (Center for Disease Control and Prevention)

estima que a cada ano pelo menos 2.000 americanos são hospitalizados e cerca

7

de 60 morrem em decorrência de infecções provocadas por E.coli O157:H7,

gerando um custo anual de 405 milhões, que incluem 370 milhões de dólares por

mortes prematuras, 60 milhões com assistência médica e 5 milhões por perda de

produtividade (FRENZEM et al., 2005). No entanto, existem outros sorogrupos de

STEC, não O157, que têm sido incriminados em surtos de toxinfecção alimentar.

Os principais e mais frequentemente associados a doenças são: O23, O91, O103,

O111, O118 e O121 (HUSSEIN & SAKUMA, 2005).

As linhagens produtoras de toxinas Shiga (Stx) do sorogrupo O157 são

clones em origem e, fenotípica e genotipicamente muito semelhantes. Sendo que,

o principal sorotipo produtor de Stx isolado é o O157:H7, embora o sorotipo

O157:H-, e variações não móveis sejam ocasionalmente isoladas (LAW, 2000).

As principais características que diferenciam E. coli O157:H7 das

demais cepas de E. coli são: o crescimento ínfimo ou nulo a 44°C; a incapacidade

de utilizar o sorbitol e produzir a enzima β-glicuronidase (MARGALL et al., 1997;

ANGELES, 2002). Por estas características biológicas e químicas, não são

detectadas nas análises de Coliformes Termotolerantes pelo método do Número

Mais Provável (NMP), que utiliza a fermentação da lactose a 44,5°C como

característica confirmativa, nem nas análises diretas de E. coli utilizando

substratos para a enzima β-glicuronidase (SILVA et al., 2003).

2.3 Mecanismo de patogenicidade

O mecanismo de patogenicidade das STEC é complexo e envolve

vários fatores de virulência. Apesar disso, a patogênese das infecções por STEC,

e em especial a E.coli O157:H7, pode ser dividida nas seguinte etapas:

sobrevivência no ambiente ácido do estômago, adesão à mucosa e colonização

do cólon, produção e absorção das toxinas e lesão vascular (YOON & HOVDE,

2008; KARMALI et al., 2009).

As STEC são dotadas de um sistema de regulação que lhes permite

adaptar-se e sobreviver no ambiente ácido do estômago (LAW, 2000). Graças a

8

esta capacidade de adaptação, é relativamente pequeno o número de bactérias

necessárias para causar uma infecção (FDA, 2001).

Ultrapassada a barreira gástrica, as STEC sobreviventes atingem o

intestino grosso, onde aderem à mucosa. Foi relatada uma relação direta entre a

presença do gene eae e a capacidade da STEC em causar doenças nos seres

humanos. Este gene eae codifica uma proteína externa da membrana,

denominada intimina. O processo de adesão é mediado por esta proteína que

interage com a proteína tirosina translocada para a superfície do enterócito. Da

interação intimina /tirosina resulta a lesão A/E (attaching and effacing) citado por

MENG et al., (2001). A lesão A/E caracteriza-se por uma estreita ligação entre a

membrana do enterócito e a parede bacteriana, o que desencadeia alterações no

citoesqueleto celular com consequente perda das microvilosidades dos

enterócitos, o que por si só já é suficiente para causar diarréia (LAW, 2000;

TRABULSI & ALTERTHUM, 2005; YOON & HOVDE, 2008; KARMALI et al.,

2009).

Após a adesão à mucosa do intestino, o microrganismo prolifera,

coloniza o cólon e produz toxinas. A produção da toxina Shiga é característica

comum a todas as STEC (PATON & PATON, 1998). Em vez de toxina, deve-se

reportar toxinas Shiga porque existem pelo menos duas toxinas Shiga conhecidas

como Stx1 e Stx2, sendo a última subdividida em quatro variedades (Stx2b,

Stx2c, Stx2d e Stx2e). A toxina Stx1 é imunologicamente idêntica à toxina da S.

dysenteriae e a Stx2 somente relacionada (MENG et al., 2001). A maioria das

E.coli O157:H7 isoladas produzem somente a Stx2; ocasionalmente são

produzidas Stx1 e Stx2, e raramente são encontrados isolados que produzam

somente Stx1 (GRIFFIN & TAUXE, 1991).

As células endoteliais são primariamente atingidas, sendo as renais as

que possuem um maior número de receptores para as toxinas desta bactéria

(HUTTEN & MORAES, 2000). Tanto a perda de sangue pelas fezes como a

insuficiência renal da síndrome urêmica hemolítica decorrem da ação de Stx

sobre o endotélio vascular. No cólon, deve ocorrer o rompimento de vasos e nos

rins ocorre obstrução dos vasos do glomérulo, o que leva a insuficiência renal

(TRABULSI & ALTERTHUM, 2005).

9

2.4 Reservatório

A espécie bovina constitui-se no reservatório mais importante de

Escherichia coli produtora de toxina Shiga (STEC) e a maioria dos surtos de

infecções humanas causadas por estas bactérias deve-se ao consumo de carne

bovina mal cozida, leite de vaca não pasteurizado e de águas de abastecimento e

recreação contaminadas pelo conteúdo intestinal desses animais (HUSSEIN &

SAKUMA, 2005; SANDRINI et al., 2007). Diversos autores em diferentes países

têm isolado sorotipos patogênicos de STEC a partir de fezes de bovinos

saudáveis (HANCOCK et al., 1997; CERQUEIRA et al., 1999, MOREIRA et al.,

2003; HUSSEIN & SAKUMA, 2005; SANDRINI et al., 2007; STELLA et al., 2008).

A STEC está presente tanto no intestino do gado de corte como no

gado leiteiro e a excreção é mais comum em períodos quentes. A ocorrência é

maior em animais jovens e o agente pode permanecer viável no meio ambiente

por até dois anos (HANCOCK et al.,1997).

Em revisão feita sobre a ocorrência de STEC em bovinos, HUSSEIN &

SAKUMA (2005), estimaram que 0,2 a 48,8% das fezes de bovinos estejam

contaminadas com E.coli O157:H7. Estimativas mais elevadas são consideradas

(0,4 a 74%) quando a frequência de outros sorotipos de STEC em bovinos é

avaliada. Nos Estados Unidos, o sorotipo O157: H7 foi encontrado em 63% dos

confinamentos investigados em 13 estados americanos (HANCOCK et al., 1997).

Estudos realizados no Brasil têm encontrado uma alta ocorrência de

STEC em amostras de fezes de bovinos (CERQUEIRA et al., 1999; MOREIRA et

al., 2003; VETTORATO et al., 2003; IRINO et al., 2005; SALES et al., 2006;

FARAH et al., 2007; SANDRINI et al., 2007; TIMM et al., 2007; STELLA et al.,

2008). CERQUEIRA et al. (1999) avaliaram 197 amostras fecais de rebanhos

bovinos do Estado do Rio de Janeiro, e verificaram a ocorrência de STEC em

71% das amostras. Em gado leiteiro, a freqüência de isolamento foi de 82% e em

gado de corte, 53%. Desses isolados, três (1,5%) foram identificados como E.coli

O157:H7, sendo este provavelmente o primeiro trabalho a relatar o isolamento

deste sorotipo no Brasil.

Em pesquisa realizada no sul do Brasil, MOREIRA et al. (2003)

observaram a ocorrência de STEC em 57 (95%) das 60 fazendas investigadas, e

10

em 119 (49%) das 243 vacas. Embora constatando-se como alta a frequência de

cepas produtoras de Stx, não houve isolamento do sorotipo O157:H7. Em estudo

posterior, IRINO et al. (2005) detectaram a presença de STEC em 25,5% das

amostras de fezes de bovinos oriundas de fazendas no estado de São Paulo,

sendo que E.coli O157:H7 foi encontrada em 0,65% dos animais.

SANDRINI et al. (2007) investigaram a produção de toxinas Shiga em

1.127 isolados de Escherichia coli feitos a partir de 243 bovinos de leite, de água

de consumo humano e animal e de amostras de leite de 60 propriedades da bacia

leiteira de Pelotas com objetivo de determinar a prevalência e E.coli produtora de

toxina Shiga. Esses autores detectaram STEC em 48% dos animais e em 95%

das propriedades examinadas, sendo que o sorogrupo O157 foi encontrado em

1,2% dos animais. STELLA et al. (2008) identificaram o sorogrupo O157 em 0,9%

(4/430) das amostras de fezes de bovinos leiteiros provenientes da região de

Ribeirão Preto em São Paulo, tendo sido confirmada a presença do sorotipo

O157:H7 em 0,45% (2/430) das amostras.

Permanece incerta a participação da E.coli O157:H7 na ocorrência de

doença humana no Brasil. Por outro lado o grande rebanho bovino nacional, a

importação de animais para uso em melhoramento genético - de países com

ocorrência do sorotipo O157:H7 - assim como o hábito de consumo de carne, leite

e derivados de origem bovina sem tratamento térmico adequado, associada à

comercialização de produtos sem fiscalização sanitária, a globalização do

comércio de alimentos, ou mesmo a inexistência de uma programa específico de

vigilância sanitária na importação de alimentos, são fatores que contribuem para o

favorecimento da manutenção de animais infectados e o desencadeamento de

doença humana por E. coli O157:H7 no país (RIBEIRO et al., 1999).

2.5 Alimentos envolvidos

A carne bovina moída (hambúrguer) é a maior responsável pela

ocorrência de surtos de Escherichia coli O157:H7 (KARMALI, 1989; KARMALI et

al., 2009). Em seguida os produtos lácteos, como os leites crus e queijos, são

considerados importantes veículos. Do mesmo modo, sucos de frutas não

11

pasteurizados e produtos de origem vegetal consumidos crus, também constituem

relevante perigo em saúde pública (BETTS, 2000).

A contaminação de carcaças ocorre provavelmente durante o abate por

meio do contato com fezes e pele dos animais contaminados. Além disso, a

deposição de fezes dos animais no solo pode contaminar águas superficiais e

pelo fato do microrganismo se manter por longo período no esterco (HANCOCK et

al., 1997), pode contaminar os vegetais através da adubação. A manipulação

inadequada dos alimentos pode promover a contaminação cruzada como também

a transmissão pessoa a pessoa, sempre pela via fecal-oral (HUTTEN & MORAES,

2000).

É importante ressaltar que no Brasil não houve nenhum registro de

casos de surtos de doenças de origem alimentar provocado por STEC

(GERMANO & GERMANO, 2003). Entretanto, algumas pesquisas realizadas no

país vêm demonstrando a possibilidade de surgimento da doença. RIOS (2005)

detectou a presença da E.coli O157:H7 em 9 (11,25%) das 80 amostras

analisadas de meias-carcaças bovinas provenientes de dois frigoríficos de

Goiânia. CERQUEIRA et al. (1997) avaliaram a ocorrência de E. coli, capazes de

provocar diarréia, em carne crua bovina no Rio de Janeiro. Esses autores

obtiveram 42 cepas positivas isoladas de 34 (32,4%) amostras dentre 105

examinadas. Apesar de não ter sido isolado o sorotipo O157:H7, 21 (50,0%) eram

produtoras de toxina Shiga (STEC), enquanto as demais foram classificadas

como ETEC ou EPEC.

Surtos associados ao consumo de leite cru têm sido bem

documentados por vários autores (CLARKE et al., 1989; ANON, 1994), embora

segundo DE BUYSER et al. (2001) seja difícil estimar a proporção de doenças

veiculadas por leite e derivados devido às limitações dos sistemas de vigilância.

Desde a ocorrência de um surto de doença de origem alimentar

causada por Escherichia coli O157:H7 associada com o consumo de queijo fresco

(DURCH et al., 2000), a presença deste microrganismo neste derivado lácteo

tornou-se ponto de discussão. Segundo QUINTO & CEPEDA (1997) o leite

destinado à produção dos queijos pode estar contaminado com este

microrganismo devido aos procedimentos inadequados de ordenha que culminam

na contaminação do leite.

12

O leite utilizado na fabricação dos queijos deve ser obtido com a

máxima higiene e mantido em baixa temperatura, desde a ordenha até o seu

beneficiamento, visando garantir as características físicas, químicas e nutricionais

(BONFOH et al., 2003). A composição do leite, sua microbiota natural, a

contaminação pós-pasteurização, o processamento e manipulação, os

equipamentos, a temperatura de estocagem e o transporte inadequados podem

resultar em altos níveis de microrganismos patogênicos em queijos (ARAÚJO et

al., 2002).

Segundo MENG et al. (1998) o consumo de carne mal cozida e leite

cru foi considerado a principal causa de infecções causadas por E.coli O157:H7

em humanos. Como já foi dito o trato intestinal dos bovinos é reconhecidamente

um reservatório de E. coli O157:H7 e por conseguinte, as fezes contém os

microrganismos que podem contaminar o leite durante a ordenha. Isso explica a

origem da contaminação em um surto de E. coli O157:H7 em 1998 no oeste

central de Wisconsin (nos EUA), onde queijos frescos foram implicados como a

fonte da infecção (DURCH et al., 2000).

2.6 Queijo Minas Frescal

O queijo Minas Frescal é um alimento nutritivo e de baixo custo, sendo

muito popular entre os consumidores no Brasil. É preparado com leite integral

apresentando uma umidade de 43% e vida de prateleira de 10 a 14 dias

(GONZALEZ et al., 2000). Apresenta grande suscetibilidade a contaminações

microbianas, que podem ocorrer a partir do leite utilizado como matéria prima, ou

por contaminações cruzadas durante ou após o processamento. As

contaminações aliadas às alterações decorrentes podem, em poucos dias, tornar

o queijo inaceitável ou até mesmo impróprio para o consumo (ROCHA et al.,

2006).

Ressalta-se que, mesmo não sendo permitido, ainda é produzido a

partir de leite cru sendo um problema para a saúde dos consumidores, pois

constitui importante veículo para inúmeros agentes etiológicos de enfermidades

13

zoonóticas, entre eles a Escherichia coli (ARAÚJO et al., 2002; SHOUTEN et al.,

2004).

Há relatos confirmando que os queijos Minas Frescal comercializados

no Brasil são amplamente contaminados. ARAÚJO et al. (1997) observaram que

100% das amostras de queijo Minas Frescal obtidas em supermercados e

padarias localizadas na cidade do Rio de Janeiro, revelaram a presença de

Coliformes Termotolerantes em níveis acima dos tolerados. Das 21 marcas de

queijo Minas Frescal analisadas pelo INMETRO (2006) e comercializadas em

cinco Estados do país, cinco (23,81%) foram reprovadas por apresentarem

contaminação por Coliformes Termotolerantes acima dos valores tolerados pela

legislação.

Em outro estudo realizado na cidade do Rio de Janeiro, ARAÚJO et al.

(2002) verificaram que 95,5% das amostras de queijo Minas Frescal analisadas

apresentavam um alto nível de Coliformes Termotolerantes. SALOTTI et al.

(2006) analisaram 60 amostras de queijo Minas Frescal, por meio da

determinação do Número Mais Provável (NMP) de Coliformes Termotolerantes,

sendo 30 de produção artesanal e, 30 de produção industrial fiscalizadas pelo

Serviço de Inspeção Federal (SIF). Apresentaram-se em desacordo com o

estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 83,4% das

amostras artesanais e 66,7% das amostras fiscalizadas pelo SIF.

Com o objetivo de avaliar a qualidade higiênico sanitária do queijo

Minas Frescal produzido artesanalmente e comercializado em Cuiabá – MT,

LOGUERCIO & ALEIXO (2001) analisaram 30 amostras e verificaram que 93,33%

apresentaram resultados em desacordo com o padrão vigente para a análise de

NMP de Coliformes Termotolerantes.

CAMPOS et al. (2006) detectaram a presença de Escherichia coli em

70,8 % (17/24) das amostras de queijo Minas Frescal fabricados em um laticínio

no estado de Goiás. Os autores constataram que as condições higiênico-

sanitárias do produto testado não foram satisfatórias, podendo apresentar perigo

à saúde dos consumidores em razão de sua larga comercialização no Estado.

Segundo ROCHA et al. (2006) a sobrevivência de microrganismos

patogênicos, entre eles a E. coli, durante todo o processamento e

armazenamento do queijo Minas Frescal deve ser considerada, devido à

14

possibilidade de contaminação da matéria prima, das superfícies em contato

direto ou indireto com o produto durante o processamento e ao fato da

multiplicação microbiana ser inevitável durante esse período. SAAD et al. (2001)

verificaram que E.coli O157:H7 pode sobreviver em queijo Minas Frescal, devido

as características intrínsecas deste produto que o torna favorável ao crescimento

deste patógeno. Desse modo, este tipo de queijo assume considerável

importância em saúde pública, dadas as suas condições peculiares de produção,

exigindo maior atenção por parte dos órgãos oficiais de fiscalização e

regulamentação, principalmente, no que concerne ao controle higiênico sanitário

(GERMANO & GERMANO, 2003).

STEPHAN et al. (2008) analisaram por meio da técnica de reação em

cadeia da polimerase (PCR) 432 queijos frescais fabricados com leite cru na

Suíça, no ano de 2006, e 364 em 2007. Esses autores encontraram uma

prevalência de 3,7 % no ano 2006 e 6,3% em 2007, embora não tenha sido

encontrada nenhum isolado de E.coli O157:H7. Esses resultados sugerem que

este tipo de queijo pode ser um veículo em potencial de STEC, e por

conseqüência, do sorotipo O157:H7 para humanos.

Escherichia coli O157:H7 foi detectada em 7,84% das amostras de

queijo fresco provenientes de Lima, no Peru (MORA et al., 2007) e em 4% dos

queijos fabricados a partir de leite cru na Turquia (ÖKSÜZ et al., 2003). No

entanto, ZAGO et al. (2007) não observaram a ocorrência de E.coli O157:H7 em

amostras de queijo fresco produzido com leite cru na Itália.

Surtos associados à STEC ainda não foram confirmados em nosso

país, no entanto, existem relatos de alta prevalência de STEC em bovinos

saudáveis (CERQUEIRA et al., 1999; IRINO et al., 2005, SANDRINI et al., 2007;

STELLA e al., 2008). Além disso, PANETO et al. (2007) ao estudarem 50 queijos

Minas Frescal elaborados com leite não pasteurizado obtidos em supermercados

da região Centro Oeste do Brasil, encontraram Escherichia coli em 96% e, destas,

6% pertenciam ao grupo STEC. Apesar de não ter sido isolado o sorotipo

O157:H7, os autores sugerem que o queijo Minas Frescal pode ser veículo de

transmissão de STEC e por conseqüência de E.coli O157:H7.

No estado de São Paulo, um estudo vem sendo conduzido pelo Centro

de Vigilância Epidemiológica (CVE/SES-SP, 2007) para conhecer a situação do

15

patógeno e da síndrome, além de estabelecer pontos de referência para a

implantação de um sistema adequado de vigilância e prevenção. No entanto,

atualmente, ainda não existem dados sistematizados sobre a ocorrência de E. coli

O157:H7 e síndrome urêmica hemolítica no país. Embora este sorotipo já tenha

sido isolado de processos de doença, nunca foi relacionado a um grande número

de casos (IRINO et al., 2002), apesar de em países vizinhos como Argentina,

Chile e Uruguai as infecções por E.coli O157:H7 e outras STEC sejam

relativamente freqüentes (MITTELSTAEDT & CARVALHO, 2006) . Esta diferença

pode estar relacionada a uma proteção imunológica causada pelas infecções por

outro grupo de E.coli patogênica, as EPEC (E.coli enteropatogênica), que são

bastante freqüentes no Brasil e também têm a capacidade de ocasionar a lesão

A/E (BEUTIN, 2006; PALMEIRA et al., 2005).

2.6 Detecção de E. coli O157:H7 pela reação em cadeia da polimerase

A tecnologia da reação em cadeia da polimerase (PCR) foi

desenvolvida por Kary Mullis e colaboradores em 1986. Desde então, tem

provocado um grande impacto na biologia molecular, devido à sua enorme

sensibilidade e especificidade para amplificar pequena quantidade de DNA em

milhões de cópias para detecção, sequenciamento, clonagem e diagnóstico,

dentre outros (HUSSEIN & SAKUMA, 2005).

A PCR é um dos principais métodos moleculares utilizados para

detecção de E.coli O157:H7 e tem sido utilizada por diversos autores na detecção

deste patógeno (ÖKSÜZ et al., 2003; IRINO et al., 2005; PANETO et al., 2007;

STEPHAN et al., 2008). Esta técnica apresenta como vantagens a especificidade

e sensibilidade bem como a rapidez na sua execução (PATON & PATON, 1998).

Por outro lado apresenta como desvantagem a presença de inibidores da reação

presentes na própria amostra e a facilidade de contaminação durante o processo

(WANG, 1997; FREITAS et al., 2006). Além disso, a sequência a ser escolhida

para o iniciador (primer) deve conter uma região bastante conservada para que

não ocorra a diminuição na eficiência do anelamento. Variações da PCR como

PCR multiplex, PCR em Tempo Real também são utilizados. A maioria destas

16

técnicas é usada para determinar a presença de microrganismos na amostra sem

a necessidade do isolamento do microrganismo (PATON & PATON, 1998;

FARAH, 2000).

Visando a detecção de Escherichia coli O157:H7 por meio da técnica

de PCR, foram selecionados quatro pares de primers para detecção dos genes

rfbE e fliC que estão envolvidos na biossíntese dos antígenos, somático O157 e

flagelar H7.

ABDULMAWJOOD et al. (2003) desenharam um par de primers

específico para detecção de E.coli O157, chamado Gi-O157, o qual foi testado em

um estudo colaborativo incluindo 12 laboratórios internacionais. Tratou-se de uma

parte do maior projeto europeu sobre diagnóstico por PCR, onde foi desenvolvido

e validado por meio de teste interlaboratorial a amplificação de uma seqüência do

gene rfbE O157. O par de primers testado mostrou alta seletividade para a

confirmação do sorotipo O157 em cultura pura do microrganismo.

HU et al. (1999) também desenharam um par de primers específico

para o antígeno O157 denominado Rfb envolvido na biossíntese do antígeno

O157, O111, O9 e O101 (n° de acesso ao GenBank: S83460, U13629, D43637 e

X59852, respectivamente). Esses antígenos foram analisados e comparados

usando o Genetics Computer Group (GCG versão 9.1), obtendo-se duas

seqüências de primers (RbfF e RfbR) específicas para o gene O157.

Para amplificar seqüências específicas do antígeno H7 foi escolhido o

par de iniciadores desenhado por WANG et al. (2002). Este par anela nas

posições 1068-1088 e 1314-1294 da seqüência fliC que codifica o antígeno H7 da

E.coli (n° de acesso ao GenBank: AF228488), e obtém um produto de PCR de

247 pb.

2.7 Detecção de E. coli O157:H7 pelo kit comercial VIDAS ECO O157®

Muitos pesquisadores utilizam a PCR como método de diagnóstico, no

entanto no presente estudo, além desta metodologia foi empregado o kit

comercial VIDAS ECO O157®. Trata-se de um teste imunoenzimático, que

17

permite a detecção de antígenos de E.coli O157 pelo método ELFA (Enzyme

Linked Fluorescent Assay) utilizando o sistema automatizado VIDAS® (FRANÇA,

1998).

É um método rápido e útil para detecção de E.coli O157 em amostras

de alimentos, pois emite resultado dentro de 24 horas após o início da análise.

Além disso, permite a análise de uma grande quantidade de amostras devido à

simplicidade do método (HAMADA et al., 2002).

HUCKER et al. (2006) avaliaram a eficácia do sistema de imunoensaio

automatizado VIDAS® para a detecção de Escherichia coli O157:H7 em leite. Os

resultados obtidos por esses autores revelaram que o mini-VIDAS ECO O157® foi

superior ao método convencional, com sensibilidade, especificidade e acurácia de

100%, 97,9% e 99,3%, respectivamente. Em trabalho semelhante, VERNOZY-

ROZAND et al. (1998) constataram que o método VIDAS® foi superior ao

tradicional.

Por outro lado, TUTENEL et al. (2003) concluíram que o VIDAS ECO

O157® apresentou baixa especificidade, pois apenas 27 (6%) das 451 amostras

de carne positivas no equipamento VIDAS® foram confirmadas pelo método

tradicional de isolamento e identificação.

18

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

• Verificar a ocorrência de Escherichia coli O157:H7 em queijos Minas

Frescal produzidos artesanalmente e em estabelecimentos de leite e

derivados sob Inspeção Federal em Goiás, e comercializados

respectivamente em feiras livres e supermercados de Goiânia.

3.2 Objetivos específicos

• Determinar a ocorrência de E. coli O157:H7 em amostras de queijo Minas

Frescal por meio das técnicas de reação em cadeia da polimerase (PCR)

e kit VIDAS ECO O157® (bioMérieux, Lyon, France).

• Comparar os resultados obtidos pelo emprego do método de identificação

de E. coli O157:H7, VIDAS ECO O157® (bioMérieux, Lyon, France) e

PCR.

• Comparar a ocorrência de E. coli O157:H7 entre queijos Minas Frescal

comercializados em feiras-livres e queijos Minas Frescal fabricados em

estabelecimentos sob Inspeção Federal.

• Comparar os resultados da determinação do Número Mais Provável - NMP

de Coliformes Termotolerantes e Escherichia coli em queijos Minas Frescal

comercializados em feiras livres e em queijos Minas Frescal fabricados em

estabelecimentos sob Inspeção Federal.

19

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Fonte de amostras, local de execução das análises e definição dos ensaios

Para a realização do experimento foram colhidas amostras de queijo

Minas Frescal produzidos artesanalmente e comercializados em feiras livres de

Goiânia-GO e em estabelecimentos sob Inspeção Federal localizados em Goiás e

comercializados em supermercados de Goiânia-GO. As análises foram realizadas

nos laboratórios de Microbiologia de Alimentos e Água e Biologia Molecular do

Centro de Pesquisa em Alimentos da Escola de Veterinária da Universidade

Federal de Goiás.

Para tanto, foram realizados os seguintes ensaios analíticos definidos

abaixo e representados na Figura 1:

a) Pesquisa de Escherichia coli O157:H7 por meio do teste VIDAS ECO O157®

(bioMérieux, Lyon, France).

b) Pesquisa de Escherichia coli O157:H7 por meio da técnica de PCR.

c) NMP de Coliformes Termotolerantes (APHA, 2001).

d) NMP de Escherichia coli (APHA, 2001).

20

VIDAS

positivo negativo

IsolamentoBioquímica e

Sorologia

Ausência de E.coli O157:H7

Queijo

Enriquecimento primário

Enriquecimento seletivo

Antisoro H7

Presença de E.coli O157:H7

Ausência de E.coli O157:H7

Primer para detecção do antígeno O157

PCR

Se - ► Ausência de E.coli O 157

Se + ► Presença de E.coli O 157

Primer para detecção do antígeno H7

Se + ► Presença de E.coli O 157: H7

Se - ► Presença de E.coli O 157 não H7

NMP de Coliformes Termotolerantes

NMP de E.coli

Diluição

Se + para anti-soro O157

positivo negativo

Presença de E.coli O157 não H7

Se - para anti-soro O157

VIDAS

positivo negativo

IsolamentoBioquímica e

Sorologia

Ausência de E.coli O157:H7

Queijo

Enriquecimento primário

Enriquecimento seletivo

Antisoro H7

Presença de E.coli O157:H7

Ausência de E.coli O157:H7

Primer para detecção do antígeno O157

PCR

Se - ► Ausência de E.coli O 157

Se + ► Presença de E.coli O 157

Primer para detecção do antígeno H7

Se + ► Presença de E.coli O 157: H7

Se - ► Presença de E.coli O 157 não H7

Primer para detecção do antígeno O157

PCR

Se - ► Ausência de E.coli O 157

Se + ► Presença de E.coli O 157

Primer para detecção do antígeno H7

Se + ► Presença de E.coli O 157: H7

Se - ► Presença de E.coli O 157 não H7

Se + ► Presença de E.coli O 157

Primer para detecção do antígeno H7

Se + ► Presença de E.coli O 157: H7

Se - ► Presença de E.coli O 157 não H7

NMP de Coliformes Termotolerantes

NMP de E.coli

Diluição

NMP de Coliformes Termotolerantes

NMP de E.coli

Diluição

Se + para anti-soro O157

positivo negativo

Presença de E.coli O157 não H7

Se - para anti-soro O157

FIGURA 1- Representação esquemática dos ensaios analíticos realizados

4.2 Amostragem

No período de janeiro a março de 2009 foram colhidas 30 amostras de

queijos Minas Frescal oriundas de 30 feiras livres do município de Goiânia/GO.

Segundo listagem obtida na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico,

existem 68 feiras livres diurnas em Goiânia. Feiras noturnas não foram

consideradas na realização deste estudo por privilegiarem o comércio de roupas e

artesanato. Das 68 feiras livres existentes durante a realização do experimento

foram sorteadas 30 sendo que, de cada, foi sorteada uma banca para colheita de

amostra, perfazendo um total de 30 amostras. Freqüentemente um mesmo

feirante participa de mais de uma feira durante a semana, por isso durante a

colheita tomou-se o cuidado de não colher amostras do mesmo feirante ou

21

mesmo produtor de queijo. A distribuição de feiras sorteadas no município de

Goiânia pode ser visualizada na Figura 2.

FIGURA 2 – Mapa da região metropolitana de Goiânia Os números correspondem aproximadamente à localização das feiras livres onde a amostragem foi realizada.

Legenda: 01. Vila Nova, 02. St. Criméia Oeste, 03. St. Sul, 04. Conjunto Itatiaia, 05. St. Fama, 06. St. Bueno, 07. Jd.

América, 08. Conjunto Vera Cruz II, 09. Vila Pedroso, 10. Vila Novo Horizonte, 11. Parque Santa Rita, 12. Parque das

Laranjeiras, 13. Jd. Guanabara, 14. Jd. Balneário Meia Ponte, 15. Parque Industrial João Vaz, 16. St. Urias Magalhães, 17.

St. Petro Ludovico, 18. Vila União, 19. Jd. Nova Esperança, 20. Jd. Liberdade, 21. Jardim Lageado, 22. Vila Abajá, 23. St.

Oeste, 24. Conjunto Riviera, 25. Bairro Capuava, 26. St. Sudoeste, 27. St. Aeroporto, 28. Bairro Goiá, 29. Parque

Amazonas, 30. Jd. Novo Mundo

Fonte: Lista Telefônica de Goiânia e Região Metropolitana – Assinantes Comerciais e Classificados. Plublicar do Brasil

Listas Telefônicas Ltda, 2008 – com modificações.

22

Durante este mesmo período foram colhidas 30 amostras de queijo

Minas Frescal provenientes de estabelecimentos sob Inspeção Federal, de

maneira que o número de amostras colhidas de cada fabricante fosse

proporcional à quantidade de queijos produzidos pelo estabelecimento durante o

ano de 2007, dado obtido junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento. Durante a realização do experimento existiam 10

estabelecimentos sob Inspeção Federal produtores de queijo Minas Frescal no

Estado de Goiás que comercializavam seus produtos em supermercados de

Goiânia. Para este estudo foram colhidas amostras de todos os estabelecimentos

produtores deste tipo de queijo, sendo que a coleta realizada em supermercados

da capital.

As amostras de queijo foram colhidas em suas embalagens originais,

nas quais o produto encontrava-se pronto para comercialização. Uma vez

colhidas, foram acondicionadas em caixas isotérmicas contendo gelo e

transportadas até o laboratório onde foram processadas num período máximo de

24 horas.

4.3 Detecção de Escherichia coli O157:H7

Visando determinar a ocorrência de E.coli O157:H7 em queijos Minas

Frescal utilizou-se o kit comercial VIDAS ECO O157® e a técnica da reação em

cadeia da polimerase (PCR) para a detecção do microrganismo.

4.3.1 VIDAS ECO O157®

O kit VIDAS ECO O 157® (bioMérieux, Lyon, France) é composto pelos

cones e barretes (Figura 3) além de dois calibradores, um controle positivo e um

controle negativo. O cone é utilizado como fase sólida no qual encontram-se

adsorvidos os anticorpos anti-E.coli O157, que irão fixar-se aos antígenos, se

presentes nas amostras previamente encubadas em caldo de enriquecimento. Os

23

elementos não fixados são eliminados por lavagem. Em seguida, anticorpos

conjugados com uma enzima são aspirados automaticamente do barrete pelo

equipamento e inseridos no cone, fixando-se aos antígenos de E.coli O157 que

estão presos aos anticorpos da parede do cone. Por fim, é aspirado também do

barrete um substrato o qual é inserido no cone e degradado pela enzima

conjugada com anticorpo formando um produto cuja fluorescência emitida é

medida pelo equipamento (GRIF et al., 1998), Figura 4.

FIGURA 3 - Cone e barrete Fonte: bioMérieux (2009)

FIGURA 4 – Detecção dos antígenos de E.coli O157 por meio do Kit VIDAS ECO O157®

Fonte: bioMérieux (2009)

ConeCone

Organismo Organismo alvoalvo

AMOSTRA LAVAGEM CONJUGADO SUBSTRATO

E

E

E

E

E E

E

E

E

E

370 n

m450 nm

REAREAÇÇÃO IMUNOLÃO IMUNOLÓÓGICAGICA REAREAÇÇÃO ENZIMÃO ENZIMÁÁTICATICA- 7-1

ConeCone

Organismo Organismo alvoalvo

AMOSTRA LAVAGEM CONJUGADO SUBSTRATO

E

E

E

E

E

E

E EEE

EE

EE EE

E

E

E

E

E

E

E

E

370 n

m450 nm

REAREAÇÇÃO IMUNOLÃO IMUNOLÓÓGICAGICA REAREAÇÇÃO ENZIMÃO ENZIMÁÁTICATICA- 7-1

Barrete

Cone

Barrete

Cone

24

Os procedimentos de análise foram conduzidos em acordo com as

instruções descritas pelo fabricante do kit VIDAS ECO O 157® (bioMérieux, Lyon,

France). Neste experimento foi utilizado o protocolo geral para produtos

alimentares validado pela AFNOR (N° BIO-12/8-07/00).

Inicialmente, 25 gramas da amostra foram homogeneizados em 225

mL de caldo Tripcase Soja modificado (Difco, USA) suplementado com solução

aquosa de Acriflavina-HCl (concentração final de 10 mg/L) e incubados durante 6

a 7 h a 41°C. Em seguida, transferiu-se 1 mL do caldo de pré-enriquecimento

para 9 mL de caldo Mac Conkey (Difco, USA) com Cefixima (concentração final

de 0,05 mg/L) e Telurito de Potássio (concentração final de 2,5 mg/L) incubado-o

por 18 h a 36°C. Após incubação, transferiu-se 2 mL deste caldo para um tubo de

ensaio com tampa de rosca que foi aquecido a 100°C durante 15 minutos. O

caldo restante foi conservado entre 2°C-8°C para a confirmação no caso de

resultados positivos.

Foram colocados 0,5 mL da amostra aquecida no primeiro poço da

barrete. Em seguida, foram introduzidos a barrete e o cone no equipamento

VIDAS® (Figura 5). Todas as etapas foram realizadas automaticamente pelo

módulo analítico VIDAS®. Terminado o teste, o sistema informatizado do

equipamento forneceu o resultado como positivo ou negativo. No caso dos

resultados positivos iniciou-se a confirmação por meio do plaqueamento em ágar

Mac ConKey Sorbitol (Difco, USA) suplementado com Cefixima e Telurito de

Potássio (SMAC-CT), na concentração final de de 0,05mg e 2,5 mg/L,

respectivamente; a partir do caldo Mac Conkey com Cefixima e Telurito de

Potássio, conservado entre 2°C – 8°C.

FIGURA 5 – Equipamento VIDAS® Fonte: arquivo pessoal (2009)

25

Foram selecionadas 40 unidades formadoras de colônias (UFCs)

suspeitas de E.coli O157:H7, sorbitol negativo, que apresentaram-se incolores no

ágar SMAC-CT (Figura 6). Devido às dificuldades encontradas no isolamento de

colônias sorbitol negativas com perfil bioquímico característico, procedeu-se o

plaqueamento em ágar cromogênico CHROMagar O157® (Figura 7), que contém

substratos cromogênicos e assim permite a identificação presuntiva da E.coli

O157:H7 e diferenciação de outros microrganismos presentes, como citado por

CHURCH et al. (2007). As UFCs típicas foram repicadas em ágar Tríplice açúcar

ferro - TSI, sendo que, aquelas que apresentaram crescimento compatível - base

e bisel amarelos com produção de gás e sem produção de H2S - foram

submetidas à caracterização bioquímica. Considerou-se prova positiva para E.

coli O157:H7 quando a leitura apresentou os seguintes resultados: indol,

vermelho de metila, lisina e ornitina positivos; Voges Proskauer - VP, citrato de

Simmons e sorbitol negativos. Os isolados com perfil bioquímico característicos

foram submetidos à sorologia por meio da utilização dos anti-soros O157 e H7.

Como controle positivo foi utilizada a cepa de referência adquirida junto

à coleção do Laboratório de Materiais de Referência do Instituto Nacional de

Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) da Fundação Oswaldo Cruz,

Escherichia coli (EHEC) O157:H7 INCQS 00171.

FIGURA 6 - Colônias sorbitol negativo em ágar SMAC-CT

Fonte: arquivo pessoal (2009)

Colônias sorbitol negativo

26

FIGURA 7 – Colônias com crescimento característico de E.coli O157 em CHROMagar O157®

Fonte: arquivo pessoal (2009)

4.3.2 Técnica da reação em cadeia da polimerase – PCR

4.3.2.1 Processamento das amostras e extração de DNA genômico

Inicialmente, 25 gramas da amostra foram homogeneizados com 225

mL de caldo Tripcase Soja modificado suplementado com solução aquosa de

Acriflavina-HCl (concentração final de 10 mg/L) e incubados durante 6 a 7 h a

41°C. Em seguida, transferiu-se 1 mL do caldo de pré-enriquecimento para 9 mL

de caldo Mac Conkey com Cefixima e Telurito de Potássio (concentração final de

0,05mg e 2,5 mg/L, respectivamente), incubando-o por 18 h a 35°-37°C. Após

incubação, uma alíquota de 1,5 mL do caldo foi centrifugado a 10.000 rpm/10 min.

Descartou-se o sobrenadante e o sedimento foi ressuspendido em 500 µL de

tampão Tris-EDTA (TE, 10Mm Tris, 1mM EDTA, pH 8,0). A extração do DNA

genômico foi realizada de acordo com o protocolo do High Pure PCR templante

preparation Kit (Roche®, Mannhein, Germany).

Para avaliar a qualidade e determinar a concentração do DNA extraído,

5 µL de solução de DNA foram submetidos à eletroforese submarina em gel de

agarose 0,8% em tampão TBE 0,5X (Tris-Borato-EDTA, pH 8,0) a 100V/45min.

Como padrão de massa molecular para DNA foi utilizado 4 µL de Low DNA Mass

27

Ladder (Invitrogen®, Brazil), que após eletroforese resultou em fragmentos de DNA

contendo 200ηg, 120ηg, 80ηg, 40ηg, 20ηg e 10ηg. Os géis de agarose foram

corados em solução aquosa de Gel Red Nucleic Acid Get Stain 10.000X

(Uniscience®, Brazil), e fotografados em fotodocumentardor digital Gel Doc XR

(Bio-Rad®, USA).

A concentração de DNA foi estimada por comparação visual com os

fragmentos de Low DNA Mass Ladder (Invitrogen®, Brazil). Uma vez determinada

a concentração de DNA em solução, esta foi diluída para 100ηg/5µL e estocada a

-20°C.

4.3.2.2 Primers utilizados nas reações e condições de amplificação

Foram utilizados os primers Gi-O157, Rfb e FliC para detecção de

Escherichia coli O157:H7 (Quadro 1) sendo que os primers Gi-O157

(ABDULMAWJOOD et al., 2003) e Rfb (HU et al., 1999) são complementares à

região do gene rfbE envolvida na biossíntese do antígeno somático O157 e o

primer FliC (WANG et al., 2002) complementar à região do gene fliC que codifica

o antígeno flagelar H7.

QUADRO 1 – Primers utilizados neste estudo

Gene Primer Sequência de bases (5’-3’) Amplicon (pb) Autor rfbEo157

Gi-O157-I

Gi-O157-II

CGA GTA CAT TGG CAT CGT G

ATT GCG CTG AAG CCT TTG

484 ABDULMAWJOOD et

al., 2003

rfbEo157 RfbF

RfbR

GTG TCC ATT TAT ACG GAC ATC CAT G

CCT ATA ACG TCA TGC CAA TAT TGC C

292 HU et al., 1999

fliCH7 FliC-a

FliC-b

TCA CAT CGC AAA AGC AAC TCC

GTC GGC AAC GTT AGT GAT ACC

247 WANG et al., 2002

A mistura de PCR (50µL) usada continha 0,2 µL de cada primer (100

pmol/µL), 5 µL de dNTP (100 mmol, Invitrogen, Brazil), 5 µl de tampão 10X

(Invitrogen, Brazil), 0,125 µL de solução de MgCl2 (1M, Invitrogen, Brazil), 0,234

µL de Taq polimerase (5U/ µL, Invitrogen, Brazil), 34,242 µL de água ultra-pura e

5 µL do DNA extraído.

28

A etapa de amplificação foi realizada em termociclador PTC-100

(Programmable Thermal Controler – MJ Research®, USA) seguindo as condições

descritas no Quadro 2.

QUADRO 2- Condições de amplificação dos primers usados no estudo

Referência ABDULMAWJOOD et al., 2003 HU et al., 1999 WANG et al., 2002

Amplicon 484 pb 282 pb 247 pb

Desnaturação inicial 93°C/3 min 94°C/5 min 95°C/8 min

Ciclos 30 35 30

Desnaturação 93°C/15 s 94°C/30 s 95°C/30s

Anelamento 60°C/15 s 59°C/60 s 58°C/30s

Extensão 72°C/30 s 72°C/60 s 72°C/30s

Extensão final 72°C/5 minutos 94°C/5 min 72°C/7 min

Os produtos de amplificação foram submetidos à eletroferese

submarina em gel de agarose a 2% e tampão TBE 0,5X, pH 8,0, com corrida a

100V/75 min. Os géis foram corados em solução aquosa de Gel Red Nucleic Acid

Get Stain 10.000X (Uniscience®, Brazil) e os resultados visualizados e

fotografados em fotodocumentardor digital Gel Doc XR (Bio-Rad®, USA).

Como controle negativo de reagentes foi utilizada a mistura de reação

adotada para cada par, com substituição do DNA por água ultra-pura. Como

controle positivo utilizou-se uma cepa de referência adquirida junto à coleção do

Laboratório de Materiais de Referência do Instituto Nacional de Controle de

Qualidade em Saúde (INCQS) da Fundação Oswaldo Cruz, Escherichia coli

(EHEC) O157:H7 INCQS 00171. Utilizou-se como padrão de peso molecular o

100pb DNA Ladder (Invitrogen®, Brazil).

4.4 NMP de Coliformes Termotolerantes

A determinação do NMP de Coliformes Termotolerantes por grama

(NMP/g) de amostra foi conduzida em acordo com APHA (2001). Inicialmente,

29

foram selecionadas três diluições decimais adequadas da amostra e transferidos

1 mL para tubos contendo 10 mL de caldo Lauril Sulfato de Sódio com tubos de

Durhan invertidos (fase presuntiva). Após incubação a 35 ± 1°C durante 48h, dos

tubos positivos que apresentaram produção de gás e turvação do caldo, foi

transferida uma alíquota de 10 µL para tubo contendo caldo EC com tubo de

Durham invertido que, em seguida, foram incubados em banho maria a 44,5 ±

0,2°C durante 48 horas (fase confirmativa).

Foram considerados positivos na fase confirmativa os tubos que

apresentaram turvação do caldo e presença de gás, visualizado por meio da

constatação de bolhas no interior dos tubos de Durhan. O resultado foi expresso

em Número Mais Provável calculado com auxílio da tabela de McCrade com base

no número de tubos positivos em cada uma das três diluições.

4.5 NMP de Escherichia coli

A análise de NMP de Escherichia coli foi realizada conforme a

metodologia preconizada por APHA (2001). Dos tubos contendo caldo EC e que

foram positivos na fase confirmativa da determinação de Coliformes

Termotolerantes, foi retirada uma alíquota de 1µL e realizado o plaqueamento em

ágar EMB (eosin methylene blue). Após incubação a 35°C durante 24 - 48 horas,

as placas foram avaliadas e, quando presentes, foram transferidas três UFCs

típicas (roxas com brilho verde metálico, Figura 8) e três atípicas (roxas sem

brilho verde metálico) para tubo contendo ágar TSI. Depois de incubados 35 ±

1°C por 18 – 24 h, aqueles que apresentaram crescimento característico de E.coli

(base e bisel amarelos com produção de gás e sem produção de H2S) foram

submetidos às provas bioquímicas de indol, VM, VP e critrato de Simmons. As

UFCs que apresentaram perfil ++ - - ou - + - - foram consideradas positivas para

presença de E. coli. O resultado foi expresso em NMP calculado com o auxílio da

tabela de McCrade com base no número de tubos positivos.

30

FIGURA 8 – UFCs típicas de E.coli em ágar EMB

Fonte: arquivo pessoal (2009)

4.6 Análise estatística

A análise dos dados referentes à detecção e distribuição de E.coli

O157:H7 foi realizada com base na análise descritiva com distribuição de

freqüência, além do teste qui-quadrado (χ²) e o teste t para a comparação dos

resultados (SAMPAIO et al., 1998).

31

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Detecção de Escherichia coli O157:H7 por meio do kit VIDAS ECO O157® Na Tabela 1 são apresentados os resultados obtidos no equipamento

VIDAS® para as amostras de queijo Minas Frescal segundo as fontes de

detecção. Para as amostras provenientes de feiras livres, do total de amostras

analisadas, 25/30 (83,33%) foram positivas para Escherichia coli O157 e 5/30

(16,67%) negativas. Nas amostras oriundas de estabelecimentos sob Inspeção

Federal (IF), 20/30 (66,67%) foram positivas e 10/30 (33,33%) negativas.

TABELA 1 – Resultados para Escherichia coli O157 obtidos no equipamento

VIDAS® para as amostras de queijo Minas Frescal segundo as fontes de

detecção. Goiânia – GO, 2009.

Escherichia coli O157 – equipamento VIDAS® (+) (-)

Fontes

N° % N° % Feira livre 25/30 83,33 5/30 16,67 Estabelecimentos sob IF 20/30 66,67 10/30 33,33 Total 45/60 75 15/60 25

(+) resultado positivo ao VIDAS®. (-) resultado negativo ao VIDAS®. N°: resultado obtido/amostras analisadas.

É importante ressaltar que o equipamento VIDAS® detecta por meio do

uso do kit comercial VIDAS ECO O157®, a presença ou ausência de E.coli O157

através de uma reação antígeno-anticorpo. Entretanto, para que esse resultado

seja confirmado é necessário o isolamento do microrganismo. Assim, das 45/60

(75%) amostras positivas no equipamento VIDAS®, isolou-se o microrganismo em

apenas 2/60 (3,33%), a confirmação de E.coli O157:H7 foi realizada por meio de

provas bioquímicas e sorológicas conforme descrito no item 4.3.1 .

A Tabela 2 apresenta a distribuição de E.coli O157:H7 - resultados

confirmados - em queijos Minas Frescal segundo as fontes, detectados por meio

do kit comercial VIDAS ECO O157®. Os isolados confirmados como E.coli

O157:H7 eram provenientes de feiras livres de Goiânia.

32

TABELA 2 – Distribuição de E. coli O157:H7 em amostras de queijo Minas Frescal

segundo as fontes, detectadas por meio do kit comercial VIDAS ECO O157®,

isoladas e confirmadas por bioquímica e sorologia. Goiânia – GO, 2009.

Escherichia coli O157:H7 (+) (-)

Fontes

N° % N° % Feiras livres 2/30 6,67 28/30 93,33

Estabelecimento sob IF 0/30 0 30/30 100 Total 2/60 3,33 58/60 96,67

(+) resultado positivo ao VIDAS®. (-) resultado negativo ao VIDAS®. N°: resultado obtido/amostras analisadas.

Observa-se por meio da análise dos resultados (Tabelas 1 e 2) que o

equipamento detectou a presença do microrganismo em um número elevado de

amostras 45/60 (75%). Apesar disso, o resultado final para E.coli O157:H7 foi

relativamente baixo (3,33%) se comparado ao resultado emitido pelo

equipamento, pois, isolou-se o microrganismo em apenas duas amostras. Vale

destacar que, durante o experimento, fez-se o plaqueamento em ágar CT-SMAC

no mínimo 4 vezes e testou-se de cada placa 10 UFCs sugestivas tendo-se um

total de 40 isolados, sendo que destes nenhum foi confirmado com sendo E.coli

O157:H7.

Diante da dificuldade em isolar o microrganismo em ágar CT-SMAC

procedeu-se então ao plaqueamento em ágar cromogênico CHROMagar O157®.

Nesse ágar conseguiu-se isolar o microrganismo em apenas duas amostras.

Acredita-se que a dificuldade no isolamento do microrganismo possa ser

decorrente da presença de células mortas e/ou injuriadas do microrganismo,

presença do patógeno em número muito pequeno no alimento, ou ainda, da

interferência da microbiota endógena do leite.

Essa mesma dificuldade em isolar a Escherichia coli O157:H7 foi

também encontrada por TUTENEL et al. (2003) que concluíram que o VIDAS

ECO O157® apresentou baixa especificidade, pois apenas 27 (6%) das 451

amostras de carne positivas no equipamento VIDAS® foram confirmadas pelo

método tradicional de isolamento e identificação.

33

Analisando os resultados apresentados na Tabela 2 nota-se que a

Escherichia coli O157: H7 foi isolada em 2/30 (6,67%) das amostras oriundas de

feiras livres, não tendo sido isolada em amostras provenientes de

estabelecimento sob Inspeção Federal. A ocorrência do patógeno em amostras

de queijo Minas Frescal oriundas de feiras livres pode ser explicada, em parte,

pela baixa qualidade dos queijos produzidos de forma artesanal e não submetidos

à fiscalização. Esses queijos, geralmente são produzidos com leite cru que é um

dos alimentos frequentemente envolvidos em surtos de toxinfecção

alimentar causados por E.coli O157:H7 (CLARKE et al., 1989; ANON, 1994;

BETTS, 2000) em países da América do Norte e Europa. Vale ressaltar que, o

tratogastrointestinal dos bovinos é o principal reservatório do microrganismo que

pode contaminar o leite durante os procedimentos de ordenha (HUSSEIN &

SAKUMA, 2005). No Brasil, alguns autores já detectaram a presença deste

patógeno no rebanho nacional (CERQUEIRA et al., 1999; IRINO et al., 2005;

SANDRINI et al., 2007) o que pode explicar a presença do patógeno nas

amostras analisadas.

No Brasil não existem estudos focados na detecção desse

microrganismo por meio do kit VIDAS ECO O157®, entretanto alguns trabalhos

internacionais utilizaram este método. BONARDI et al. (2000) pesquisaram a

ocorrência de E.coli O157:H7 por meio do VIDAS ECO O157® em 40 amostras de

leite cru e 40 amostras de creme de leite não pasteurizado oriundas de nove

fábricas localizadas na Província de Parma (norte da Itália), não tendo sido

detectado o microrganismo. Com vistas determinar a ocorrência de E.coli

O157:H7 em leite cru na Hungária, HUCHER et al. (2006) analisaram 250

amostras por meio do uso do VIDAS ECO O157® e obtiveram um (0,4%)

resultado positivo que posteriormente foi confirmado.

A ocorrência de E.coli O157:H7 determinada pelo sistema VIDAS® foi

de 6,67% em amostras oriundas de feiras livres. Esse resultado é corroborado

pelos de STEPHAN et al. (2008). Esses autores detectaram a presença do

patógeno em 3,7% das amostras de queijos frescos analisadas em 2006 e em

6,3% das examinadas em 2007 na Suíça. Se assemelham aos de MORA et al.

(2007) que constataram a presença de E.coli O157:H7 em 7,84% das amostras

de queijos fabricados com leite cru em Lima, Peru e aos de ÖKSÜZ et al. (2003)

34

que detectaram esse patógeno em 4% das amostras de queijo analisadas na

Turquia.

No Brasil, PANETO et al. (2007) analisaram 50 amostras de queijo

Minas Frescal produzidos com leite cru, oriundos de supermercados de Araguaína

- Tocantins e verificaram a presença de STEC em 6% das amostras. Apesar de

não ter sido isolado o sorotipo O157:H7 esses resultados sugerem que este

produto pode ser veículo de transmissão deste patógeno, o que foi confirmado no

presente estudo.

Em relação às amostras oriundas de estabelecimentos sob Inspeção

Federal, o kit VIDAS ECO O157® não confirmou a presença do microrganismo em

nenhuma amostra. Esses resultados concordam com os obtidos por ZAGO et al.

(2008) na Itália e PANETO et al. (2007) no Brasil quando determinaram a

ocorrência de E.coli O157:H7 em queijos frescos. Observa-se que nas amostras

provenientes de estabelecimentos sob Inspeção Federal, provavelmente, a

pasteurização foi efetiva, pois apesar do equipamento VIDAS® ter detectado E.coli

O157 na amostra analisada, não foi possível isolar o microrganismo o que sugere

a presença de células mortas e/ou injuriadas do microrganismo.

5.2 Detecção de Escherichia coli O157:H7 por meio de PCR Para a detecção de E. coli O157:H7 foram utilizados os pares de

iniciadores ou primers Gi-O157-I e Gi-O157-II (ABDULMAWJOOD et al., 2003) e

RfbF e RfbR (HU et al., 1999) na detecção do antígeno somático O157 e o par

FliC-a e FliC-b (WANG et al., 2002) na detecção do antígeno flagelar H7.

Ao analisar os pares de primers utilizados na detecção do antígeno

somático O157 no GenBank, verifica-se que estes podem detectar além de E.coli

O157:H7, a Escherichia fergusonni O157, segundo trabalho publicado por FAGAN

et al. (2006). No referido trabalho os autores isolaram uma bactéria em carcaça

bovina que apresenta reação positiva com anticorpos de E.coli O157, que foi

identificada com sendo E. fergusonni. Então os autores fizeram o sequenciamento

do gene que codifica o antígeno somático O157 deste isolado e verificaram que o

mesmo possui alta identidade com o da E.coli O157 sugerindo que houve

35

transferência genética do antígeno O entre E.coli O157:H7 e E. fergusonni. Este

foi o primeiro e até o momento o único relato de isolamento de E.fergusonni

contendo o antígeno O da E. coli O157. FAGAN et al. (2006) concluíram que as

implicações para a indústria da carne e laboratórios que utilizam a detecção do

antígeno O157 para a pesquisa de E.coli O157:H7 são mínimas, pois só um

isolado até a data de publicação do artigo havia sido encontrado. No entanto, este

resultado revela a capacidade de transferência de genes de virulência entre

diferentes espécies de Escherichia o que pode provocar o aparecimento de

isolados de Escherichia com um maior potencial para causar doenças em

humanos. Por se tratar de um caso isolado tem-se, portanto que os pares de

primers Gi-O157 e Rfb são específicos na detecção de E.coli O157:H7.

Na Tabela 3 estão distribuídos os dados relativos à detecção de E. coli

O157:H7 segundo os pares de primers utilizados na PCR.

36

TABELA 3 - Detecção de Escherichia coli O157:H7 em queijo Minas Frescal segundo as fontes de detecção e os pares de

primers utilizados para amplificação. Goiânia-GO, 2007.

Par RfbF/RfbR Par GiO157-I/GiO157-II Par FliC-a/FliC-b

(+) (-) (+) (-) (+) (-)

FONTES

N° % N° % N° % N° % N° % N° %

Feiras livres 21/30 70 9/30 30 0/30 0 30/30 100 7/30 23,33 23/30 76,67

Estabelecimentos sob IF 15/30 50 15/30 50 0/30 0 30/30 100 0/30 0 30/30 100

Total 36/60 60 24/60 40 0/60 0 60/60 100 7/60 11,67 53/60 88,3

RfbF/RfbR: detecta o antígeno O157 da E.coli O157:H7. GiO157-I/GiO157-II: detecta o antígeno O157 da E.coli O157:H7. FliC-a/FliC-b: detecta o antígeno H7 da E.coli

O157:H7.

(+) resultado positivo ao PCR. (-) resultado negativo ao PCR. N°: resultado obtido/amostras analisadas.

37

Das amostras de queijo Minas Frescal provenientes de feiras livres,

21/30 (70%) foram positivas e 9/30 (30%) negativas ao par de primers RfbF/RfbR,

enquanto 30/30 (100%) das amostras de queijo Minas Frescal foram negativas ao

par GiO157-I/GiO157-II. Das amostras de queijo Minas Frescal oriundas de

estabelecimentos sob Inspeção Federal, 15/30 (50%) foram positivas e 15/30

(50%) negativas quando se utilizou o par de primers RfbF/RfbR, enquanto 30/30

(100%) das amostras de queijo Minas Frescal foram negativas ao par GiO157-

I/GiO157-II.

As Figuras 9 e 10 referem-se à eletroferese em gel de agarose a 2% de

produtos de amplificação detectados com os pares de primers RfbF/RfbR e FliC-

a/FliC-b, respectivamente. O par RfbF/RfbR apresenta maior eficiência na

detecção de E.coli O157, enquanto que com o par GiO157-I/GiO157-II não

detectou o patógeno em nenhuma amostra. Isto pode ser explicado, em parte,

pelo fato de o par de primers desenhado por ABDULMAWJOOD et al. (2003) ter

sido testado apenas em cultura pura. Por outro lado, o par elaborado por HU et al.

(1999) se mostrou eficiente na detecção do microrganismo em fezes de bovinos,

ou seja, cultura mista. Vale lembrar, que a extração de DNA das amostras de

queijo Minas Frescal analisadas no presente estudo foi realizada a partir do caldo

CT-SMAC tratando-se, portanto de uma cultura mista.

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16

292 pb 292 pb

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16

292 pb 292 pb

FIGURA 9 – Eletroforese em gel de agarose a 2% de produtos de E.coli O157:H7

em amostras de queijo Minas Frescal, com o par RfbR/RfbR (292pb) Canaletas 01 e 16 padrão de peso molecular (100 pb DNA Ladder); 15 controle positivo (INCQS 00171); 02 a

05, 07, 08, 10, 12 e 13 amostras positivas para o par RfbF/RfbR; 14 controle negativo; 06,09 e 11 amostras

negativas para o RfbF/RfbR.

38

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16

247 pb 247 pb

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16

247 pb 247 pb

FIGURA 10 – Eletroforese em gel de agarose a 2% de produtos de E.coli

O157:H7 em amostras de queijo Minas Frescal, com o par FliC-a/FliC-b (247pb) Canaletas 01 e 16 padrão de peso molecular (100 pb DNA Ladder); 15 controle positivo (INCQS

00171); 03, 04, 05, 07 e 09 amostras positivas para o par FliC-a/FliC-b; 14 controle negativo; 02,

06, 08 e 10 a 13 amostras negativas para o par FliC-a/FliC-b.

Essa diferença de detecção do antígeno somático O157 pelos pares de

primers em amostras de queijo Minas Frescal pode ser explicada, em parte, pela

diferença de sensibilidade dos mesmos, ou seja, o par Rfb-F/Rfb-R mostrou-se

mais sensível à concentração e degradação do DNA extraído para amplificação.

Desta forma, justifica-se a associação de mais de um par de primers na detecção

de um mesmo gene alvo.

Com relação ao par FliC-a e FliC-b observa-se que 7/30 (23,33%) das

amostras oriundas de feiras livres são positivas enquanto que as amostras

provenientes de estabelecimentos sob Inspeção Federal 30/30 (100%) são

negativas.

A Figura 11 apresenta os resultados encontrados segundo o uso dos

primers e a origem do queijo Minas Frescal, e a Figura 12, mostra os resultados

finais de detecção de E.coli O157:H7 pela técnica de PCR. Na Tabela 4 estão

contidos os dados relativos à distribuição percentual de E.coli O157:H7 em

queijos Minas Frescal segundo as fontes, detectadas por meio da técnica de

PCR.

39

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Rfb Gi-O157 FliC

Feira livre Estabelecimento com SIF

FIGURA 11 – Resultados obtidos segundo os primers utilizados e as fontes de

detecção

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%

E.coli O157:H7 E.coli O157 não H7

Feira livre Estabelecimento com SIF

FIGURA 12- Distribuição de E.coli O157:H7 e E.coli O157 não H7 em queijos

Minas Frescal segundo a origem por meio da técnica de PCR.

TABELA 4 – Distribuição de Escherichia coli O157:H7 em amostras de queijo

Minas Frescal segundo as fontes, detectadas por meio da técnica de PCR.

Goiânia – GO, 2009

Escherichia coli O157:H7 - PCR (+) (-)

Fontes

N° % N° % Feiras livres 7/30 23,33 23/30 76,67

Estabelecimento sob IF 0/30 0 30/30 100 Total 7/60 11,67 53/60 88,33

(+) resultado positivo ao PCR. (-) resultado negativo ai PCR. N°: resultado obtido/amostras analisadas.

40

Nota-se que a ocorrência de E.coli O157:H7 obtida por meio da técnica

de PCR foi de 23,33% (7/30) em queijo Minas Frescal provenientes de feiras

livres e 0% (0/30) em queijos oriundos de estabelecimentos sob Inspeção Federal

(Tabela 4). Além disso, observa-se na Figura 12 a presença de E.coli O157 não

H7 em 46,67% (14/30) das amostras oriundas de feiras e em 50% (15/15) das

amostras fabricadas por estabelecimentos sob Inspeção Federal.

Ao avaliar a presença de E.coli O157:H7 detectada por meio da técnica

de PCR em amostras oriundas de feiras livres, observa-se uma ocorrência

relativamente maior quando comparada com a encontrada por outros autores.

STEPHAN et al. (2008) detectaram a presença deste patógeno em 3,7% das

amostras de queijo frescos analisadas em 2006 e em 6,3% das amostras

examinadas em 2007 na Suíça. Em estudo anterior, MORA et al. (2007)

verificaram a presença de E.coli O157:H7 em 7,84% das amostras de queijos

fabricados a partir de leite cru em Lima, Peru e ÖKSÜZ et al. (2003) em 4% das

amostras analisada na Turquia.

Em relação às amostras oriundas de estabelecimentos sob Inspeção

Federal, a técnica de PCR não detectou a presença do microrganismo em

nenhuma delas. Esse resultado concorda com os obtidos por ZAGO et al. (2008)

na Itália e PANETO et al. (2007) no Brasil.

Assim como nos resultados obtidos pelo kit VIDAS ECO O 157 tem-se

a presença de E.coli O157:H7 em queijos oriundos de feiras livres e a ausência

em amostras provenientes de estabelecimentos sob Inspeção Federal. A

ausência em amostras submetidas à fiscalização deve-se provavelmente a

pasteurização do leite e às Boas Práticas de Fabricação exigidas pelo órgão

fiscalizador. No entanto, nas amostras de feiras livres onde a fiscalização durante

a produção e comercialização não ocorre observa-se a presença do

microrganismo segundo a técnica de PCR num percentual de 23,33%. É

importante ressaltar, que o PCR das amostras analisadas foi realizado a partir de

uma cultura mista e que ao fazer o plaqueamento em ágar seletivo destas

amostras isolou-se o microrganismo em duas amostras. Vale lembrar, que tanto

a análise por meio do kit VIDAS ECO O 157® quanto por PCR foram realizadas a

partir do mesmo caldo.

41

5.3 Comparação entre os resultados obtidos pelo kit comercial VIDAS ECO O157® e a técnica de PCR segundo a origem do queijo Minas Frescal A Figura 13 apresenta a ocorrência de E.coli O157:H7 em queijos

Minas Frescal comercializados em feiras livres e em queijos fabricados em

estabelecimentos sob Inspeção Federal, segundo o método de detecção. Em

feiras livres verifica-se uma freqüência de 6,67% quando se utiliza o teste VIDAS

ECO O157® e 23,33% quando o PCR. Nas amostras provenientes de

estabelecimentos sob Inspeção Federal a ocorrência é de zero percentual para as

duas técnicas usadas.

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

Feira Estabelecimento com SIF

VIDAS ECO O157® PCR

FIGURA 13 – Ocorrência de E.coli O157:H7 em queijos Minas Frescal segundo a

fonte e o método de detecção utilizado.

Ao comparar as técnicas empregadas na determinação da ocorrência

do patógeno em amostras oriundas de estabelecimentos sob Inspeção Federal

observa-se que não há diferença entre os resultados obtidos pelo kit VIDAS ECO

O157® e a técnica de PCR, já que ambas apresentaram percentual zero de

detecção. Na análise dos resultados encontrados para os queijos oriundos de

feiras livres utilizou-se o teste de χ² (Tabela 5). Como χ²calculado foi menor que o

χ²tabelado (χ²tabelado = 3,84 e GL= 1), observa-se que não há diferença significativa

(p>0,05) entre VIDAS ECO O157® e PCR na detecção de E.coli O157:H7 nas

amostras oriundas de feiras.

42

TABELA 5 – Comparação entre a freqüência de E.coli O157:H7 em amostras de

queijo Minas Frescal oriundas de feiras livres segundo o método de detecção, por

meio do teste de χ²,Goiânia – GO, 2009.

E.coli O157:H7 – Feira livre Técnica positivo negativo Total

VIDAS ECO O157® 2 (4,5) 28 (25,5) 30 PCR 7 (4,5) 23 (25,5) 30 Total 9 51 60

Teste χ² p

3,267974 0,070645

Ao aplicar o teste de χ² sem considerar a origem do queijo (Tabela 6),

nota-se que também não há diferença significativa na ocorrência do patógeno

quanto ao método de detecção utilizado.

TABELA 6 – Comparação entre a freqüência de E.coli O157:H7 em amostras de

queijo Minas Frescal independente da origem segundo o método de detecção, por

meio do teste de χ²,Goiânia – GO, 2009.

E.coli O157:H7 Técnica positivo negativo Total

VIDAS ECO O157® 2 (4,5) 58 (55,5) 60 PCR 7 (4,5) 53 (55,5) 60 Total 9 111 120

Teste χ² p

3,003003 0,08311

Ao avaliar os resultados da análise de NMP de Coliformes

Termotolerantes dos queijos provenientes de feiras livres (Tabela 11), percebe-se

que provavelmente esses queijos foram fabricados com leite cru devido aos altos

resultados encontrados. Logo, a presença de E.coli O157:H7 neste produto pode-

se ser explicada pela prática, ainda que não permitida pela legislação vigente, de

se fabricar queijos a partir de leite não pasteurizado, principalmente quando

consideradas as características de pequenas propriedades quanto ao sistema de

produção e ação da fiscalização.

43

Entretanto foi constatada a presença de E.coli O157 não H7 tanto nas

amostras oriundas de feiras quanto nas de indústrias sob Inspeção Federal pela

técnica de PCR. Ao utilizar o kit VIDAS ECO O157® também detectou-se a

presença de E.coli O157 sem, no entanto, ter-se isolado o microrganismo em boa

parte (43/60) das amostras analisadas.

Ao aplicar o teste de χ² para comparar os resultados obtidos pelo

equipamento VIDAS® e os encontrados ao utilizar o par de primers Rfb (Tabela 7)

verifica-se que não há diferença significativa (p> 0,05) entre os resultados. Esta

constatação sugere que tanto o equipamento VIDAS®, que detecta o

microrganismo através de reação antígeno-anticorpo, quanto o PCR, detectaram

células mortas ou células presentes em número muito pequeno, já que não foi

possível isolar o microrganismo na maioria da amostras. Isto pode ser explicado,

em parte, pelo fato de que nas amostras oriundas de feiras, provavelmente os

isolados de E.coli O157 detectados pelas duas técnicas estavam presentes em

pequeno número, devido à microbiota competidora presente no leite. Já nas

amostras provenientes das indústrias sob Inspeção Federal possivelmente,

estariam injuriados e/ou mortos devido ao tratamento térmico aplicado ao leite.

TABELA 7 – Comparação entre a freqüência de E.coli O157 em amostras de

queijo Minas Frescal independente da origem segundo o equipamento VIDAS® e

o primer Rfb, por meio do teste de χ²,Goiânia – GO, 2009.

E.coli O157 Técnica positivo negativo Total

VIDAS® - resultados do equipamento 45 (40,5) 15 (19,5) 60

PCR – resultados do primer Rfb 36 (40,5) 24 (19,5) 60 Total 81 23 120

Teste χ² p

3,076923 0,0794

44

5.4 Comparação da ocorrência de E.coli O157:H7 entre amostras oriundas de feiras livres e amostras fabricadas em estabelecimentos sob Inspeção Federal segundo a técnica empregada

Para comparar a ocorrência de E.coli O157:H7 entre amostras oriundas

de feiras livres e amostras oriundas de indústrias sob Inspeção Federal, segundo

a técnica de detecção empregada, aplicou-se o teste de qui-quadrado (χ²)

conforme mostrado na Tabela 8. Observa-se que não há diferença significativa

(p> 0,05) entre amostras de feiras livres e indústrias sob Inspeção Federal quando

se utiliza o teste VIDAS ECO O157®. Quando emprega-se a técnica de PCR,

constata-se que há diferença (p< 0,05) entre as origens das amostras.

TABELA 8 – Comparação entre a freqüência de E.coli O157:H7 em amostras de

queijo Minas Frescal segundo a fonte e o método de detecção, por meio do teste

de χ²,Goiânia – GO, 2009.

E.coli O157:H7 – VIDAS ECO O157® Fonte positivo negativo Total

Feira livre 2 (1) 28 (26,5) 30 Estabelecimentos sob IF 0 (1) 30 (26,5) 30

Total 2 53 60 Teste χ²

p 2,0690 0,1105

E.coli O157:H7- PCR

Fonte positivo negativo Total Feira livre 7 (3,5) 23 (26,5) 30

Estabelecimentos sob IF 0 (3,5) 30 (26,5) 30 Total 7 53 60

Teste χ² p

7,9245 0,0049

45

5.4 Determinação do NMP de Coliformes Termotolerantes A Tabela 9 apresenta os resultados da análise de comparação da

qualidade bacteriológica das amostras de queijos Minas Frescal oriundos de

feiras livres de Goiânia e amostras provenientes de indústrias sob Inspeção

Federal de Goiás e comercializados em supermercados de Goiânia em relação ao

padrão microbiológico estabelecido pela ANVISA (BRASIL, 2001), segundo o

modelo do teste qui-quadrado (χ²).

TABELA 9 – Comparação dos resultados de NMP de Coliformes Termotolerantes

das amostras de queijo Minas Frescal segundo a origem e em relação ao

microbiológico vigente (BRASIL, 2002), por meio do teste de χ², Goiânia – GO,

2009.

NMP de Coliformes Termotolerantes Origem ≤ 500 NMP/g > 500 NMP/g Total

Feira livre 4 (15,5) 26 (14,5) 30 Estabelecimento sob IF 27 (15,5) 3 (14,5) 30

Total 31 29 60 Teste χ²

p 35,31

< 0,0001

Ao analisar os resultados de NMP de Coliformes Termotolerantes

(Tabela 9) verifica-se que existe diferença significativa (p < 0,05), entre as

amostras quanto à origem, pois χ²calculado(35,31) foi maior que χ² tabelado (3,84).

Além disso, nota-se que os queijos Minas Frescal oriundos de feiras livres

apresentam-se mais contaminados (resultados > 500 NMP/g) que os queijos

provenientes de estabelecimentos sob Inspeção Federal. Com o intuito de

confirmar o resultado do teste de qui-quadrado de que existe diferença

significativa entre amostras quanto à origem, aplicou-se o teste de t de Student

(Tabela 10). Para a aplicação do teste de t os dados foram transformados em

logaritmo na base 10 para atender aos pressupostos da análise estatística de

homogeneidade dos resultados, pois as amostras apresentaram valores que

variavam de 3 a 11.000. Por meio do teste de t confirmou-se o resultado obtido

46

pelo qui-quadrado de que existe diferença significativa entre as amostras quanto à

origem (p<0,01) e, pela análise das médias, que os queijos oriundos de feiras

livres apresentam-se mais contaminados.

TABELA 10 - Comparação entre médias do NMP de Coliformes Termotolerantes

em queijos Minas Frescal segundo a fonte de detecção por meio do teste t de

Student, Goiânia- GO, 2009.

Teste – t: duas amostras presumindo variâncias equivalentes Variável 1 – Feira livre Variável 2 - SIF

Média 3,6261 0,7335 Variância 0,7164 0,6122

Observações 30 30 Stat t 13,7453

P(T≤ t) bi-caudal > 0,0001 t crítico bi-caudal 2,0017

≤ = menor ou igual. A Tabela 11 apresenta a distribuição de freqüência do Número Mais

Provável (NMP/g) de Coliformes Termotolerantes das amostras de queijo Minas

Frescal produzidos artesanalmente e em estabelecimentos sob Inspeção Federal

em relação ao padrão microbiológico vigente. Das 30 amostras de queijos

artesanais comercializados em feiras livres de Goiânia, quatro (13,33%)

apresentam-se em acordo com o padrão estabelecido pela legislação e 26

(86,67%) em desacordo. Por outro lado, dos 30 queijos fabricados por

estabelecimentos sob Inspeção Federal e comercializados em supermercados de

Goiânia, 27 (90%) encontram-se em acordo com o padrão e três (10%) em

desacordo. A Figura 14 mostra o percentual de amostras que se encontram em

acordo e em desacordo com os padrões estabelecidos pela ANVISA, conforme

Resolução –RDC n° 12, de 02 de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001).

47

TABELA 11 – Distribuição de freqüência do NMP de Coliformes Termotolerantes

segundo a fonte de detecção, colhidas no município de Goiânia -GO,2009.

NMP/g de Coliformes Termotolerantes

Amostras artesanais – Feiras livres

Amostras inspecionadas- Supermercados

n % n % ≤ 5,0 x 102 4 13,33 27 90 > 5,0 x 102 26 86,67 3 10

Total 30 30 N = n° de amostras no intervalo. ≤ = menor ou igual. > = maior que

0102030405060708090

% d

e am

ostra

s

queijo artesanal queijo inspecionado

Amostras em desacordo Amostra em acordo

FIGURA 14 – Porcentagem de amostras de queijo Minas Frescal em acordo e

desacordo com a legislação (BRASIL, 2001) em relação ao NMP de Coliformes

Termotolerantes

Em trabalho semelhante, SALOTTI et al. (2006) analisaram 30

amostras de queijos Minas Frescal produzidos artesanalmente e 30 amostras de

queijos inspecionados pelo serviço federal. Os resultados de que 83,3% dos

queijos produzidos artesanalmente estavam em desacordo com a legislação e

16,6% em acordo são semelhantes aos encontrados no presente estudo. Em

relação aos queijos inspecionados pelo Serviço Federal, verificaram percentuais

bem superiores aos encontrados no presente estudo, sendo que 66,7% das

amostras apresentaram-se em desacordo com o padrão para o produto.

No que se refere ao queijo produzido artesanalmente, os resultados

encontrados no presente estudo são corroborados por LOGUERCIO & ALEIXO

48

(2001) que ao avaliarem a qualidade microbiológica do queijo Minas Frescal

artesanal comercializado em Cuiabá, verificaram 93,33% das amostras em

desacordo com a legislação vigente.

ARAÚJO et al. (1997) reportaram que 100% das amostras de queijo

Minas Frescal obtidas em supermercados e padarias da cidade do Rio de Janeiro,

continham Coliformes Termotolerantes em níveis acima dos tolerados. Esses

resultados são bem superiores aos encontrados no presente trabalho, no qual

apenas 10% das amostras fiscalizadas pelo Serviço Federal estão em desacordo

com a legislação.

Observa-se na Tabela 11 que um número elevado de amostras (26/30)

de queijos produzidos artesanalmente e comercializados em feiras-livres estão

em desacordo com os padrões estabelecidos pela legislação. O grupo dos

Coliformes Termotolerantes, cujo habitat geralmente é o trato intestinal do homem

e animais indica contaminação de origem ambiental e fecal do produto

(KORNACHI & JOHNSON, 2001). Por outro lado, o número de amostras

inspecionadas em desacordo com o padrão foi bem inferior (3/10), evidenciando

que as Boas Práticas de Fabricação exigidas pelo Serviço Inspeção Federal

constitui uma importante ferramenta para se garantir a produção de alimentos

seguros.

Da análise dos dados do presente estudo depreende-se que as Boas

Práticas de Fabricação durante a produção contribuem sobremaneira para a

obtenção de baixos níveis de NMP Coliformes Termotolerantes, como pode ser

observado na Figura 14. Entretanto, observa-se que 10% das amostras estão em

desacordo com o padrão indicando a necessidade de se intensificar a fiscalização

para garantir a execução das boas práticas, diminuindo o risco de contaminação

dos queijos e preservando a saúde do consumidor.

5.4 Determinação do NMP de Escherichia coli Relativamente ao NMP de E.coli, observa-se na Tabela 12 uma

diferença significativa (p<0,0001) entre os valores médios das amostras de queijo

Minas Frescal, quanto à origem. O valor médio de NMP de E.coli dos queijos

49

oriundos de feiras livres e produzidos artesanalmente é maior que a média

apresentada pelas amostras provenientes de estabelecimentos sob Inspeção

Federal, revelando que os queijos comercializados em feiras apresentam o

patógeno em um número maior de amostras.

TABELA 12 - Comparação entre médias do NMP de Escherichia coli em queijos

Minas Frescal segundo a fonte de detecção por meio do teste t de Student,

Goiânia-GO, 2009.

Teste-t: duas amostras presumindo variâncias diferentes Variável 1- Feira livre Variável 2- SIF

Média 2,1777 0,6641 Variância 1,4794 0,4253

Observações 30 30 Stat t 6,0069

P(T<=t) bi-caudal < 0,0001 t crítico bi-caudal 2,0154

A legislação brasileira não estabelece padrões microbiológicos para a

análise de NMP de Escherichia coli em queijos Minas Frescal, entretanto a

presença deste patógeno em número elevado no alimento indica contaminação

de origem fecal, condições higiênicas insatisfatórias de produção e perigo para

saúde dos consumidores já que diversas linhagens de E.coli são

comprovadamente patogênicas para os homens e animais. Essa contaminação,

além de identificar as más condições higiênicas do produto, indica, também, a

possibilidade de veiculação pelo alimento de patógenos pertencentes aos grupos

EPEC, ETEC, EIEC, EAEC, STEC e em especial E.coli O157:H7, como está

comprovado no presente trabalho.

Na Figura 15 são apresentados os percentuais de amostras com

resultados de NMP de Escherichia coli inferiores e superiores a 3,0 NMP/g.

Observa-se que 10% (3/30) dos queijos comercializados em feiras livres

apresentam resultados inferiores a 3,0 NMP/g e 90% superiores. Enquanto os

queijos comercializados em supermercados, inspecionados pelo Serviço Federal,

apresentam resultados de 90% (27/30) das amostras inferiores a 3,0 NMP/g e

10% (3/30) superiores a 3,0 NMP/g.

50

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

queijo artesanal queijo inspecionado

<3,0 NMP de E.coli>3,0 NMP de E.coli

FIGURA 15 – Porcentagem de amostras de queijo Minas Frescal segundo a

origem com resultados de NMP menores e maiores que 3,0 NMP/g (limite de

detecção da técnica na diluição inicial utilizada).

Em relação aos queijos comercializados em feiras livres, produção

artesanal, o resultado encontrado no presente estudo assemelha-se ao obtido por

PANETO et al. (2007) que encontraram 96% das amostras de queijos Minas

Frescal elaborados com leite cru contaminadas por E.coli. No que se refere aos

queijos produzidos por indústrias sob fiscalização federal, o resultado obtido é

bem inferior ao encontrado por CAMPOS et al. (2006) que reportaram a presença

de E.coli em 70,8% das amostras de queijos fabricadas em um laticínio do estado

de Goiás.

Verifica-se no presente trabalho que as amostras oriundas de feiras

livres apresentaram maiores índices de contaminação que as de

estabelecimentos sob Inspeção Federal. Tal constatação evidencia a importância

da fiscalização sobre a produção de alimentos, haja vista que as amostras

provenientes de indústrias sob fiscalização apresentaram índices bem inferiores

de contaminação e, o perigo de se consumir produtos fabricados artesanalmente.

O elevado percentual de amostras de queijo Minas Frescal de feiras livres

contaminadas por E. coli é preocupante, devido ao risco potencial de causar

enfermidades e ainda a possibilidade da presença de outros enteropatógenos.

51

7 CONCLUSÕES Em função dos resultados obtidos conclui-se que:

• A ocorrência de E.coli O157:H7 em amostras de queijo Minas Frescal de feiras

livres é de 6,67% e 23,3% , respectivamente quando o kit VIDAS ECO O157®

e a PCR são empregados como métodos de diagnóstico. E, de zero

percentual em estabelecimentos sob Inspeção Federal em ambos os métodos.

• Na comparação dos resultados obtidos pelos métodos de identificação de

Escherichia coli O157:H7, VIDAS ECO O157® e PCR revelaram-se similares

independentemente da origem da amostras.

• Amostras de queijo Minas Frescal provenientes de feiras livres e de

estabelecimentos sob Inspeção Federal, ao teste VIDAS ECO O157®, são

similares, mas diferem quando a técnica de diagnóstico empregada é a PCR.

• Coliformes Termotolerantes acima do nível estabelecido pela legislação

vigente estão presentes em percentual elevado (86,67%) das amostras de

queijo Minas Frescal oriundos de feiras livres e baixo percentual (10%) em

amostras de estabelecimentos sob Inspeção Federal.

• As amostras de queijo Minas Frescal provenientes de feiras livres revelaram-

se mais contaminadas por E.coli do que as oriundas de estabelecimentos sob

Inspeção Federal e comercializadas em supermercados.

Comentário:

É necessária maior atenção das autoridades sanitárias no que se refere à

autorização de produção e comercialização do queijo Minas Frescal, uma vez

que, contaminados por E.coli O157:H7 podem causar sérios problemas à saúde

dos consumidores.

52

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