EMPRESAS PARTICIPANTES DO ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE

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  • 7/28/2019 EMPRESAS PARTICIPANTES DO NDICE DE SUSTENTABILIDADE

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    FACULDADE DE ECONOMIA E FINANAS IBMECPROGRAMA DE PS-GRADUAO E PESQUISA EM

    ADMINISTRAO E ECONOMIA

    DDIISSSSEERRTTAAOO DDEE MMEESSTTRRAADDOOPPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAOO

    EMPRESAS PARTICIPANTES DO NDICEDE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL E

    SEUS DESEMPENHOS FINANCEIROS:

    UMA ANLISE NOS MERCADOSBRASILEIRO E NORTE-AMERICANO

    SSAANNDDRROO GGOOMMEESS LLUUZZ

    OORRIIEENNTTAADDOORR:: PPRROOFF.. DDRR.. RRAAIIMMUUNNDDOO NNOONNAATTOO SSOOUUZZAA DDAASSIILLVVAA

    Rio de Janeiro, 30 de abril de 2009

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    EMPRESAS PARTICIPANTES DO NDICE DE SUSTENTABILIDADEEMPRESARIAL E SEUS DESEMPENHOS FINANCEIROS: UMA ANLISE NOS

    MERCADOS BRASILEIRO E NORTE-AMERICANO

    SANDRO GOMES LUZ

    Dissertao apresentada ao curso deMestrado Profissionalizante emAdministrao como requisito parcial paraobteno do Grau de Mestre emAdministrao.rea de Concentrao: AdministraoGeral

    ORIENTADOR: PROF. DR. RAIMUNDO NONATO SOUZA DA SILVA

    Rio de Janeiro, 30 de abril de 2009.

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    EMPRESAS PARTICIPANTES DO NDICE DE SUSTENTABILIDADEEMPRESARIAL E SEUS DESEMPENHOS FINANCEIROS: UMA ANLISE NOS

    MERCADOS BRASILEIRO E NORTE-AMERICANO

    SANDRO GOMES LUZ

    Dissertao apresentada ao curso deMestrado Profissionalizante emAdministrao como requisito parcial paraobteno do Grau de Mestre emAdministrao.rea de Concentrao: Administrao

    Geral

    Avaliao:

    BANCA EXAMINADORA:

    _____________________________________________________

    Professor DR. RAIMUNDO NONATO SOUZA DA SILVA (Orientador)Instituio: Ibmec-RJ

    _____________________________________________________

    Professor DR. DANIEL DOMINGUES DOS SANTOS (Co-orientador)Instituio: Ibmec-RJ

    _____________________________________________________

    Professor DR. FERNANDO NASCIMENTO DE OLIVEIRAInstituio: Ibmec-RJ

    _____________________________________________________

    Professor DR. PAULO SRGIO COELHOInstituio: Investcred Unibanco

    Rio de Janeiro, 30 de abril de 2009.

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    FICHA CATALOGRFICA

    658.408L979 Luz, Sandro Gomes.Empresas participantes do ndice de sustentabilidade empresariale seus desempenhos financeiros: uma anlise nos mercadosbrasileiro e norte-americano / Sandro Gomes Luz - Rio de Janeiro:Faculdades Ibmec, 2009.

    Dissertao de Mestrado Profissionalizante apresentada aoPrograma de Ps-Graduao em Administrao das FaculdadesIbmec, como requisito parcial necessrio para a obteno do ttulode Mestre em Administrao.

    rea de concentrao: Administrao geral.

    1. Administrao de empresas Aspectos ambientais e sociais.2. Empresas - ndice de sustentabilidade. 3. Empresas Responsabilidade social e ambiental.

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    DEDICO

    minha esposa, Mnica, e ao meu filho, Gustavo, peloamor, pela pacincia, pelo carinho, pela amizade e peloapoio incondicional nessa jornada.

    Aos meus pais, Luz e Incia, que so a minha inspirao eexemplo de vida.

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    AGRADECIMENTOS

    Ao meu orientador, Prof. Dr. Raimundo Nonato Souza da Silva, pelo incentivo e por estar

    sempre acessvel e disposto a ajudar nos momentos de maiores dificuldades.

    Ao Professor Dr. Daniel Santos, que em suas aulas e fora dela, foi de fundamental

    importncia nesse trabalho.

    Aos Professores Dr. Fernando Nascimento de Oliveira e Dr. Paulo Srgio Coelho, por

    aceitarem participar da banca, contribuindo com crticas e sugestes.

    Aos demais professores, funcionrios e alunos do Ibmec-RJ, pelos ensinamentos transmitidos

    e por tornar agradvel a convivncia ao longo do curso.

    A minha famlia e amigos, pelo apoio, amizade e torcida.

    Aos colegas de trabalho que de uma forma ou de outra me ajudaram nessa jornada, bem como

    ao BNDES por ter possibilitado a realizao desse sonho.

    Agradeo a Deus por ter me dado foras e sabedoria para conquistar mais esse objetivo.

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    RESUMO

    Este trabalho investiga o impacto sobre os preos das aes e dos ADRs das empresas que

    entraram ou que saram do ndice de Sustentabilidade Empresarial ISE, no mercado

    acionrio brasileiro e norte-americano e nos preges prximos a data de divulgao da

    carteira do ndice. O ISE considerado referncia de boas prticas de sustentabilidade e

    responsabilidade social corporativa no Brasil. Para isso, utilizou-se da metodologia de estudo

    de eventos em uma anlise comparativa dos retornos antes e depois do anncio e da regresso

    multivariada com dados em painel em uma anlise agregada que incluiu tambm empresas

    no pertencentes ao ISE. De acordo com os resultados observados nesse trabalho e ressalvado

    que as concluses se limitam amostra observada, conclui-se que: i) as aes das empresas

    que entraram para o ISE se valorizaram, assim como as que saram do ndice se

    desvalorizaram, nos preges prximos ao anncio da carteira; ii) a valorizao na entrada ou a

    desvalorizao na sada foi maior no mercado norte-americano; iii) a valorizao obtida na

    entrada menor que a desvalorizao recebida na sada; iv) o impacto sobre o preo das aes

    foi observado mais rapidamente no mercado norte-americano que no mercado brasileiro; e v)

    das empresas sustentveis, as pertencentes ao setor de commodities apresentaram o menor

    retorno em relao s empresas dos demais setores.

    Palavras Chave: ndice de Sustentabilidade Empresarial, Sustentabilidade e Responsabilidade

    Social Corporativa.

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    ABSTRACT

    This study investigates whether the shares market value of companies negotiated on the

    Brazilian and North-American capital markets are positively influenced by the fact of being

    included or excluded of the ndice de Sustentabilidade Empresarial ISE list. In Brazil, the

    ISE is considered as a reference to identify the companies that apply good sustainability

    practices and corporate social responsibility. For this purpose, the methodology which has

    been used was the study of events, seeking to compare the results of a company before and

    after the press release of its inclusion or exclusion of the ISE list.Additionally, it also has

    been used a multiple regression model with data panel for a sample that included companies

    listed in the ISE and invited companies that didnt formed the index. In accordance with the

    results observed in this project and considering that the reached conclusions refers only to

    the selected sample, in resume, the conclusions were as follows: i) on the trades occurred next

    to the announcement of the ISE list the shares of the companies which were included in the

    list presented an increase on its market value meanwhile the shares of the excluded

    companies presented a decrease; ii) the effects on the market value of the shares were higher

    on the North American capital market; iii) the increase on the shares market value after the

    inclusion on the ISE list was lower than the decrease observed after the company was

    excluded; iv) these effects over the shares market value were first observed on the North

    American capital market; and v) among the sustainable companies considered on the ISE list

    the ones which act on the commodities sector presented a lower increase on its value in

    comparison to the other companies.

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    Key Words: Corporate Sustainability Index, Sustainability and Social Corporate

    Responsibility.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Triple Bottom Line ou Trip da sustentabilidade.....................................................7

    Figura 2 Estrutura de Avaliao do questionrio ..................................................................15Figura 3 Tipos de estudos sobre relacionamento entre DSA e DF........................................19Figura 4 Etapas para o desenvolvimento de um Estudo de Evento.......................................27Figura 5 Linha do Tempo do Estudo de Evento para os anos de 2005, 2006 e 2007............33Figura 6 Tteste e Tcrtico das empresas que entraram e saram do ISE Janela Evento -530 ...36Figura 7 Tteste e Tcrtico das empresas que entraram para o ISE Janela Evento -530............38Figura 8 Tteste e Tcrtico das empresas que entraram para o ISE Janela Evento -54..............39Figura 9 Distribuio entre os setores das aes pertencentes ao ISE e no pertencentes ao

    ISE ....................................................................................................................................45Figura 10 Distribuio entre os setores dos ADRs em pertencentes ao ISE e no

    pertencentes ao ISE ..........................................................................................................48

    Figura 11 Retorno mdio acumulado das aes pertencentes ou no ao ISE........................52

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Tipologia para o Relacionamento entre DSA e DFC .............................................19

    Tabela 2 Janelas de evento ....................................................................................................28Tabela 3 Empresas e ttulos que entraram ou saram do ISE ................................................30Tabela 4 Empresas e ttulos com aes e ADRs negociados ................................................31Tabela 5 Variveis utilizadas no estudo ................................................................................41Tabela 6 Estatsticas descritivas das variveis ......................................................................44Tabela 7 Nmero de aes, retorno dirio mdio e desvio padro por setor ........................46Tabela 8 Estatsticas descritivas das variveis NYSE e NASDAQ....................................47Tabela 9 Nmero de aes, retorno dirio mdio e desvio padro por setor NYSE e

    NASDAQ .........................................................................................................................49Tabela 10 Resultado da anlise de regresso em painel modelo base................................53Tabela 11 Resultado da anlise de regresso em painel modelo com interaes...............54

    Tabela 12 Comparao entre os resultados das bolsas do EUA e Brasil modelo base ......56Tabela 13 Comparao entre os resultados das bolsas do EUA e Brasil modelo completo..........................................................................................................................................57

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    LISTA DE ABREVIATURAS

    ABRAPP Associao Brasileira das Entidades de Previdncia ComplementarADR American Depositary Receipt

    ANBID Associao Nacional dos Bancos de Investimento

    APIMEC Associao dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de

    Capitais

    BOVESPA Bolsa de Valores de So Paulo

    CES-FGV Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundao Getlio Vargas

    DF Desempenho Financeiro

    DJSI Dow Jones Sustainability Index

    DJIA Dow Jones Industrial Average

    DSA Desempenho Scio-ambiental

    FTSE Financial Times Stock Exchange

    GC Governana Corporativa

    HEM Hiptese da Eficincia de Mercado

    IBGC Instituto Brasileiro de Governana Corporativa

    IBOVESPA ndice Bovespa

    IBrX ndice Brasil

    IDH ndice de Desenvolvimento Humano

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    IGC ndice de Governana Corporativa da Bovespa

    ISE ndice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa

    ISR Investimentos Socialmente Responsveis

    MMA Ministrio do Meio Ambiente

    NASDAQ National Association of Securities Dealers Automated Quotations

    NYSE New York Stock Exchange

    ONG Organizaes No-governamentais

    PNUMA Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente

    RSC Responsabilidade Social Corporativa

    TBL Triple Bottom Line

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    SUMRIO

    1 INTRODUO.....................................................................................................11.1 SITUAO PROBLEMA......................................................................................................................1

    1.2 OBJETIVO..............................................................................................................................................2

    1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVNCIA ......................................................... ........................................... 4

    1.4 DELIMITAO................................................... ........................................................... ....................... 4

    2 REFERENCIAL TERICO ..................................................................................6

    2.1 SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL E TEMAS RELACIONADOS ....................................... 62.1.1 Sustentabilidade Empresarial e Responsabilidade Social Corporativa.................................... ............. 62.1.2 Teoria dos shareholders e teoria dos stakeholders........................................................ ..................... 10

    2.2 GOVERNANA CORPORATIVA.....................................................................................................12

    2.3 NDICES DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL.................................................................. 132.3.1 O ndice de sustentabilidade empresarial - ISE ................................................... ............................... 14

    2.4 HIPTESE DE EFICINCIA DE MERCADO ........................................................... ..................... 18

    2.5 RELACIONAMENTO ENTRE DESEMPENHO SOCIAL E DESEMPENHO FINANCEIRO.. 182.5.1 Resultados empricos na literatura............ ........................................................... ............................... 21

    3 METODOLOGIA................................................................................................25

    3.1 METODOLOGIA DO ESTUDO DE EVENTOS ......................................................... ..................... 263.1.1 Definio do evento............................................ ........................................................... ..................... 273.1.2 Critrio de seleo ........................................................ ........................................................... ........... 283.1.3 Retornos normais e anormais ........................................................... .................................................. 323.1.4 Procedimento de estimao .................................................... ........................................................... . 333.1.5 Procedimento de teste........... ............................................................ .................................................. 34

    3.2 RESULTADO DO ESTUDO DE EVENTO ........................................................ ............................... 353.2.1 Resultado das aes negociadas na BOVESPA .................................................. ............................... 353.2.2 Comparao entre os resultados das empresas que entraram para o ISE na BOVESPA e NYSE...... 37

    3.3 METODOLOGIA DA REGRESSO MULTIVARIADA COM DADOS EM PAINEL.... ........... 39

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    3.3.1 Universo e amostra ....................................................... ........................................................... ........... 393.3.2 Definio das variveis e coleta de dados ........................................................... ............................... 413.3.3 Modelo ..................................................... ........................................................... ............................... 49

    3.4 RESULTADO DA REGRESSO MULTIVARIADA COM DADOS EM PAINEL ..................... 513.4.1 Resultados da amostra das aes negociadas na Bolsa de So Paulo.................. ............................... 513.4.2 Resultados da amostra dos ADRs negociados na Bolsa de Nova Iorque e NASDAQ ....................... 56

    3.5 LIMITAES.......................................................................................................................................59

    4 CONCLUSO....................................................................................................60

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.........................................................................65

    APNDICE A CARTEIRA DO ISE AO LONGO DOS ANOS. ...............................71

    APNDICE B ESTIMADORES DO MODELO DE MERCADO UTILIZADOS PARAO CLCULO DO RETORNO NORMAL.. .................................................................72

    APNDICE C ESTATSTICAS SOBRE OS RETORNOS ANORMAIS.................76

    APNDICE D SETORES PERTENCENTES A AMOSTRA E CLASSIFICAODAS VARIVEIS BINRIAS POR SETORES, CONFORME CATEGORIZAOSETORIAL CRIADA PELA ECONOMTICA.........................................................80

    APNDICE E EMPRESAS PERTENCENTES AMOSTRA DADOS EMPAINEL .....................................................................................................................81

    APNDICE F RESULTADO DA ANLISE DE REGRESSO EM PAINEL AES NEGOCIADAS NA BOVESPA COM E SEM PETROBRAS E VALE.........83

    APNDICE G RESULTADO DA ANLISE DE REGRESSO EM PAINEL COMPARAO ENTRE OS ADRS NEGOCIADOS NA NYSE E NASDAQ E ASAES NEGOCIADAS NA BOVESPA....................................................................85

    ANEXO A FRMULAS APRESENTADAS PELO ECONOMTICA...................87

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    1 INTRODUO

    1.1 SITUAO PROBLEMA

    crescente a preocupao da sociedade com a urgncia de se buscar um equilbrio entre

    desenvolvimento econmico, meio ambiente e justia social. Nessa conjuntura, coloca-se em

    questo o papel das empresas no contexto humano e social, dando fora a alternativas

    conceituais administrativas mais amplas e que ressaltem a importncia estratgica de atender

    aos interesses dos principais stakeholders, ou seja, das partes interessadas que afetam ou so

    afetadas pelo alcance dos objetivos da empresa (FREEMAN, 1984).

    Os mercados financeiros, por sua vez, atentos a essa preocupao e buscando atender a

    demanda de uma parcela crescente dos investidores, tm criado ndices e fundos cujo pr-

    requisito para participao da empresa ter uma atuao diferenciada em termos de

    sustentabilidade empresarial. Esse tipo de investimento conhecido como investimentos

    socialmente responsveis ISR. Seus investidores esto interessados nesse tipo de ativo, por

    comprometimento pessoal, ou porque acreditam que essas empresas geram valor para o

    acionista no longo prazo, pois esto mais preparadas para enfrentar riscos econmicos, sociais

    e ambientais (BOVESPA, 2008).

    A demanda por investimentos socialmente responsveis veio se fortalecendo ao longo dos

    anos e j amplamente atendida por vrios instrumentos financeiros no mercado

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    internacional, sendo o principal deles o ndice Dow Jones de Sustentabilidade (em inglsDow

    Jones Sustainable Index DJSI), lanado em setembro de 1999 (BOVESPA, 2008). No

    Brasil, o Banco Real ABN AMRO criou em novembro de 2001 o Fundo Ethical que segundo

    informao de seu site marcou o ineditismo de um fundo de aes com caractersticas de

    investimentos socialmente responsveis no mercado acionrio brasileiro (BANCO REAL,

    2008). Esse fundo composto por empresas de capital aberto no Brasil que adotam prticas

    de responsabilidade social e sustentabilidade.

    Inspirada nessas experincias, a Bolsa de Valores de So Paulo Bovespa, em conjunto com

    outras entidades, criou, em 2005, o ndice de Sustentabilidade Empresarial ISE, um ndice

    composto somente por aes de empresas brasileiras de capital aberto que se destacam em

    responsabilidade social e sustentabilidade (BOVESPA, 2008).

    1.2 OBJETIVO

    Esta pesquisa tem como objetivo principal verificar se aps o anncio da entrada ou da sada

    de uma empresa na carteira do ISE houve retorno anormal positivo ou negativo,

    respectivamente, no mercado de capitais brasileiro. Adicionalmente, busca-se verificar esse

    mesmo efeito no mercado de capitais norte-americano em comparao com o mercado

    brasileiro.

    A expectativa de mudana nos preos se baseia nas teorias, amplamente aceitas, de que o

    preo atual de uma ao obtido atravs do valor esperado de seus fluxos de caixa futuros,

    descontados por uma taxa que reflita o seu custo de capital (BREALEY e MYERS, 2003) e na

    Hiptese da Eficincia de Mercado semi-forte HEM, na qual a cotao de uma ao reflete

    as informaes disponveis a respeito da firma que a emitiu.

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    Assim, espera-se que a nova informao de que uma empresa atua de forma sustentvel ir

    se refletir no seu preo, aumentando-o, conforme a teoria dos stakeholders. Esse aumento

    seria fruto da expectativa de que uma gesto voltada, tambm, para os demais interessados na

    empresa causaria reduo de eventuais passivos ambientais e melhora de sua imagem

    corporativa. Com isso, no longo prazo o seu fluxo de caixa seria maior e a taxa de retorno

    exigida menor.

    Considera-se, para efeito dessa pesquisa, que a participao da empresa no ndice um

    indicador de boas prticas de sustentabilidade empresarial (uma espcie de selo de

    qualidade), independente de a empresa j adotar essas prticas antes mesmo de sua incluso

    na carteira do ISE. Ressalte-se que todas as empresas que participam do ISE so consideradas

    igualmente sustentveis, no havendo entre elas uma escala das mais sustentveis ou menos

    sustentveis.

    Para atingir ao objetivo foi utilizada a metodologia de estudo de eventos, que busca verificar a

    existncia de retornos anormais aps a ocorrncia de um determinado evento, que para efeito

    desse trabalho ser a divulgao da carteira do ISE.

    Complementarmente, foi comparado o desempenho financeiro das empresas que entraram

    para o ISE com as demais empresas convidadas a participar, mas no selecionadas. Para isso,

    foi utilizado regresso multivariada com dados em painel, com os retornos das aes sendo

    explicados pelo retorno do ndice de mercado, controlando se a ao faz parte ou no do ISE

    dentro de janelas de evento.

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    1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVNCIA

    Apesar da presso da sociedade e da tendncia de uma gesto de empresas que incorpore a

    questo da sustentabilidade e da responsabilidade social, h, ainda, controvrsia a respeito do

    impacto sobre o desempenho financeiro dessas empresas. A confirmao quantitativa da

    existncia de uma relao positiva entre desempenho scio-ambiental e o desempenho

    financeiro das empresas brasileiras poder servir como incentivo adoo de prticas

    sustentveis por parte das demais empresas.

    Dessa forma, trabalhos que abordem o tema desempenho scio-ambiental versus desempenho

    financeiro so importantes para enriquecer o debate sobre a questo do papel e da

    responsabilidade das empresas perante a sociedade e o meio-ambiente.

    1.4 DELIMITAO

    A pesquisa ocorreu ao longo do ano de 2008 e 2009, e teve como delimitao as empresas

    brasileiras com aes negociadas na bolsa de So Paulo e, em uma sub-amostra, as empresas

    brasileiras com ADRs negociados na bolsa de Nova Iorque e na bolsa NASDAQ, nos anos de

    2005 a 2008. Essa delimitao foi necessria para observar a reao do mercado acionrio

    brasileiro e norte-americano, ao anncio da entrada ou da sada das empresas brasileiras no

    ISE.

    A pesquisa no tem em seu escopo o intuito de validar se as empresas pertencentes ao ISE so

    efetivamente sustentveis e nem de construir um indicador que aponte nveis diferentes de

    sustentabilidade entre as empresas. Uma vez no ISE, considera-se a empresa sustentvel.

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    Esta dissertao composta, alm desse captulo introdutrio, de mais quatro captulos. O

    segundo captulo traz uma breve reviso da literatura a respeito dos temas sustentabilidade

    empresarial, responsabilidade social corporativa, teoria dos stakeholders e shareholders e o

    ndice de sustentabilidade empresarial. O terceiro captulo apresenta a descrio da

    metodologia utilizada, bem como das variveis, amostras e os principais resultados

    encontrados. No quarto e ltimo captulo so apresentadas as concluses.

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    2 REFERENCIAL TERICO

    2.1 SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL E TEMAS RELACIONADOS

    2.1.1 Sustentabilidade Empresarial e Responsabilidade Social Corporativa

    O rpido crescimento demogrfico, somado ao consumo sem parcimnia dos recursos

    naturais do planeta, a degradao do meio ambiente e a persistncia da pobreza, da injustia e

    da violncia em grande parte da humanidade, exige da sociedade aes corretivas ao modelo

    de crescimento econmico. Diante dessa constatao, surge a ideia do desenvolvimento

    sustentvel, buscando conciliar o desenvolvimento econmico preservao ambiental e,

    ainda, ao fim da pobreza no mundo (KRAEMER, 2003).

    A definio de desenvolvimento sustentvel existe desde a dcada de 70, mas, segundo

    Morimoto, Ash e Hope (2005), tornou-se mais conhecida a partir de 1987, quando a Comisso

    Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento publicou o Relatrio Brundtland. Esse

    relatrio teve como foco alertar para a urgncia de no se esgotar os recursos naturais e

    degradar o meio ambiente, definindo desenvolvimento sustentvel como: o desenvolvimento

    que permite que as geraes atuais atendam as suas necessidades, sem comprometer a

    capacidade das geraes futuras atenderem s delas.

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    A sustentabilidade tambm deve ser entendida pelo bem estar que os recursos naturais podem

    oferecer, tanto na dimenso intra, quanto, inter-temporal. Ou seja, os consumidores dos

    recursos naturais devem pagar pelo custo da degradao, compensando, assim, os usurios

    excludos do bem-estar associado a esses benefcios (intra-temporal), e as geraes futuras

    devem ter acesso aos mesmos recursos naturais e qualidade de vida que temos hoje (inter-

    temporal) (SOLOW, 2000).

    At ento, as empresas tinham como paradigma o foco no lucro (gerao de valor para os

    acionistas), mas com o conceito de desenvolvimento sustentvel as corporaes passam a

    incorporar ao seu objetivo os componentes: proteo ao meio-ambiente e igualdade social. Ao

    conjunto dessas trs dimenses chamado Triple Bottom Line, tambm conhecido como

    Trip da sustentabilidadeou People Planet Profit(LEMME, 2005).

    Figura 1 Triple Bottom Line ou Trip da sustentabilidade

    Fonte: http://semanademeioambiente.blogspot.com/2008/03/triple-bottom-line-ou-trip-da.html

    Outra mudana importante para se atingir o desenvolvimento sustentvel, segundo Payne e

    Raiborn (2001), o horizonte de anlise por parte do investidor que passa a ser de longo

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    prazo ao invs de curto prazo. Para Andrade (1997) e Tenrio (2004), o desenvolvimento

    sustentvel deve tambm equilibrar o crescimento econmico com o desenvolvimento do IDH

    aumentando a qualidade de vida das pessoas, de forma distribuda social e setorialmente e

    evitando custos significativos e no-compensveis para as geraes futuras.

    Vale destacar nesse ponto, a diferena entre sustentabilidade empresarial e responsabilidade

    social corporativa (RSC), que se relacionam e so frequentemente confundidos. O primeiro

    a incluso de critrios sociais e ambientais no processo decisrio da empresa, alm do

    econmico. J o segundo a predisposio da empresa em assumir a responsabilidade pelos

    impactos causados na sociedade (CALDELLI e PARMIGIANI, 2004).

    Van Marrewijk (2003) acredita ser importante reconhecer as diferenas entre os termos,

    mesmo admitindo que muitos autores os considerem sinnimos. No passado, o termo

    sustentabilidade estava ligado a aspectos ambientais apenas, enquanto a responsabilidade

    social referia-se a questes sociais. Segundo o autor, a sustentabilidade teria o foco sobre

    conflitos de interesse e estaria relacionada criao de valor, a gesto ambiental e do capital

    humano, do sistema de produo limpo, por exemplo. J a RSC se concentraria sobre o

    relacionamento entre pessoas e organizaes, incluindo aspectos como transparncia, dilogo

    com grupos de interesse e a apresentao dos resultados em sustentabilidade.

    A definio moderna para RSC, segundo Carroll (1999), data de 1953 com a publicao do

    livro Responsabilidade Social dos Homens de Negcios, escrito por Howard R. Bowen. Em

    seu livro, Bowen (apud CARROLL, 1999) questiona quais responsabilidades para com a

    sociedade se espera dos homens de negcios. O autor definiu responsabilidade social como a

    obrigao dos homens de negcios de adotar diretrizes, decises e linhas de aes desejveis

    no mbito dos objetivos e valores de nossa sociedade.

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    As ltimas dcadas foram marcadas pelo crescimento do nmero de estudos sobre a RSC.

    Segundo Freeman (1984), os movimentos sociais ocorridos nas dcadas de 60 e 70 sobre meio

    ambiente, direitos das mulheres, direitos civis e contra as guerras, tambm serviram para

    repensar o papel das empresas na sociedade.

    Adicionalmente, a RSC deve buscar solues para problemas relacionados discriminao

    racial e s minorias, a tica, a filantropia corporativa, ao bem-estar da comunidade e s

    necessidades dos stakeholders (SHRIVASTAVA, 1995). Contudo, Wood (1991) entende que

    filantropia ou desenvolvimento de comunidades no est no mbito da RSC, a no ser em

    pases em desenvolvimento, onde esses aspectos ganham importncia. A autora remete a ideia

    de que as empresas existem dentro de um contexto social e no como um sistema autnomo

    independente.

    Atualmente, o conceito de responsabilidade social ganhou fora como estratgia de negcios

    capaz de aumentar as vantagens competitivas para as empresas que as adota. Destacam-se:

    ganho de imagem, melhor relacionamento com o governo, fidelidade dos clientes, marca e

    produtos mais conhecidos, maior disposio de fornecedores em realizar parcerias e maior

    apoio, motivao, lealdade e desempenho dos seus funcionrios e parceiros (MELO NETO e

    FROES, 1999).

    Collins e Porras (1998) pesquisaram 18 empresas excepcionais e desmistificaram o mito, de

    que o principal objetivo das empresas mais bem sucedidas maximizar os lucros. Ao

    contrrio, descobriram que gerar lucro, para as empresas visionrias apenas mais um

    objetivo, e no o principal, de um conjunto de outros como: ideologia central, valores

    essenciais e noo de propsito.

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    Neste contexto, a nova concepo de empresa, chamada de empresa cidad, surge de forma

    mais pragmtica e menos ideolgica. Essa empresa mantm seu carter essencial de geradora

    de riqueza, sem a atribuio de funes sociais alheias a seu funcionamento, porm passa a

    faz-lo de forma socialmente responsvel, o que implicaria em adicionar s suas obrigaes

    de fazer, as obrigaes de deixar de fazer aes como: poluir o meio ambiente, empregar

    mo-de-obra infantil, encobrir informaes nocivas sobre seus produtos, etc (ALVES, 2001).

    2.1.2 Teoria dos shareholders e teoria dos stakeholders

    A teoria dos shareholders ou teoria da maximizao da riqueza dos acionistas tem suas razes

    tericas ligadas economia e finanas. Muitas vezes se confundindo com o prprio

    capitalismo a teoria dos shareholders tem a seu favor o fato de ter passado pelo teste do

    tempo, tendo sobrevivido ao longo dos ltimos 150 anos e mostrando-se at aqui, eficiente

    (SUNDARAM e INKPEN, 2001). Jensen (2001) afirma que a teoria dos shareholders se

    baseia na ideia de que os gestores devem ter como objetivo maximizar o valor da empresas,

    devendo tomar decises e ser avaliado por cumprir essa meta de forma clara e lgica.

    A teoria dos shareholders se justificaria pelo fato de serem os acionistas os stakeholders que

    correm mais risco e possuem menos direitos legais em relao empresa. Por exemplo, na

    distribuio dos resultados gerados pela empresa os acionistas so os ltimos a receberem os

    recursos gerados e se houver. Alm disso, normalmente a maioria dos grupos interessados na

    empresa, exceto os acionistas, tem seus direitos garantidos por contratos explcitos ou

    implcitos (STERNBERG, 1999). Ademais, ao maximizar o valor da empresa todos os demais

    stakeholders so beneficiados pelo seu sucesso (SUNDARAM e INKPEN, 2001).

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    Por outro lado, o movimento mundial em busca do resgate da tica, solidariedade e confiana

    fez com que diversos agentes, como: ONGs, sociedade civil, governos, seguradoras,

    investidores, financiadores, consumidores e mdia, passassem a cobrar das empresas uma

    atuao que levasse em conta os impactos no seu entorno. Essa presso sobre os processos e

    produtos das empresas acaba por gerar um conflito de vises e valores distintos: curto versus

    longo prazo, maximizao do lucro versus razo social, competio versus cooperao,

    reativo versus pr-ativo, sustentabilidade econmica versus sustentabilidade ambiental

    (ZAGO e DE PAULA, 2007).

    De maneira geral, esses conflitos de vises se apiam nas chamadas Teoria dos

    Stakeholders e Teoria dos Shareholders. A ideia inicial do termo stakeholders era designar

    todos os grupos sem os quais a empresa deixaria de existir. Uma vez identificados esses

    grupos os administradores deveriam estabelecer objetivos apoiados por eles (FREEMAN e

    MACVEA, 2000).

    Atualmente, a definio mais utilizada para stakeholders de qualquer grupo ou indivduo

    que afeta ou afetado pelos objetivos da empresa (FREEMAN, 1984).

    Segundo a teoria dos stakeholders os administradores devem formular e implantar processos

    que satisfaam todos os grupos que tenham interesses na empresa, sendo a sua principal tarefa

    gerenciar e integrar os relacionamentos e os interesses desses stakeholders, de modo a

    assegurar o sucesso da empresa em longo prazo (FREEMAN e MCVEA, 2000).

    A principal crtica teoria dos stakeholders a falta de um objetivo nico e claro (JENSEN,

    2001; STERNBERG, 1999; SUNDARAM e INKPEN, 2001). A existncia de mltiplos

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    objetivos gerados pela necessidade de atender aos vrios stakeholders abre espao para que os

    gestores atendam a seus prprios interesses e no a dos acionistas (JENSEN, 2001).

    Outra crtica teoria dos stakeholders est na dificuldade de implantao, tendo em vista a

    dificuldade em identificar quem so os stakeholders da empresa, qual o seu grau de

    importncia, quais os seus objetivos e necessidades, e como concili-los (FREEMAN e

    MCVEA, 2000).

    2.2 GOVERNANA CORPORATIVA

    Conforme Ricart, Rodriguez e Snchez (2004), a literatura sobre sistema de governana

    corporativa seguiu quatro principais perspectivas: teoria da agncia, legal, dependncia de

    recursos e classe hegemnica. A origem dessas quatro abordagens est ligada s seguintes

    teorias, respectivamente: econmica e financeira, legal, das organizaes e sociolgica, sendo

    a teoria da agncia a abordagem dominante.

    Sob a perspectiva da teoria da agncia a governana corporativa tenta resolver o problema

    entre agente e principal, sendo o primeiro a pessoa que age e o segundo a pessoa afetada pela

    ao. Segundo Silveira (2002), no ambiente de negcios esse problema ganhou importncia

    com a evoluo das empresas, quando sua gesto passou a ser exercida por administradoresprofissionais (agentes) e no mais por seus proprietrios (principal). A partir dessa separao

    agrava-se a assimetria de informaes e o conflito de interesses entre agente e principal,

    resultando no conflito de agncia. Desta forma, ainda segundo o autor, GC um conjunto de

    mecanismos internos e externos que visam harmonizar a relao entre gestores e acionistas,

    dada a separao entre controle e propriedade.

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    Conforme Aguilera e Jackson (2003), a teoria da agncia v a organizao moderna como um

    conjunto de contratos entre o principal e o agente. Os autores entendem que essa perspectiva

    embora tenha contribudo em muitos aspectos na gesto do conflito entre os administradores e

    os acionistas, a teoria da agncia ignorou importantes relacionamentos entre os demais

    stakeholders e as empresas. O conflito entre o agente e os stakeholders foi definido por Jones

    e Hill (1992) como stakeholders agency e busca chamar a ateno dos administradores para

    serem agentes de todos os principais stakeholders da empresa e no apenas dos shareholders.

    Dentro da perspectiva moderna da stakeholdersagency a cartilha da CVM (2002) define GC

    como: o conjunto de prticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma

    companhia ao proteger todas as partes interessadas, tais como: investidores, empregados e

    credores; facilitando o acesso ao capital.

    De acordo com o Cdigo das Melhores Prticas de Governana Corporativa, emitido pelo

    InstitutoBrasileiro de Governana Corporativa:

    Governana corporativa o sistema peloqual, as sociedades so dirigidas e

    monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre Acionistas/Cotistas,

    Conselho de Administrao, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho

    Fiscal. As boas prticas de governana corporativa tm a finalidade de

    aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir

    para a sua perenidade IBGC (2002).

    2.3 NDICES DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

    As empresas socialmente responsveis, sustentveis e rentveis, so denominadas

    investimentos socialmente responsveis ISR. Os investidores interessados em investir

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    seus recursos nessas empresas acreditam que elas geram valor no longo prazo e demandam

    cada vez mais esses tipos de produtos dos mercados financeiros (BOVESPA, 2008).

    Para a seleo das aes/empresas que representam ISR e que faro parte dos ndices de

    sustentabilidade existem, segundo Barbosa (2007), duas principais tcnicas de avaliao

    conhecidas como: screening e the best of class. Na primeira, de antemo determinados setores

    empresariais considerados prejudiciais so excludos do universo elegvel para compor o

    ndice. So exemplos os setores de cigarros, armas, bebidas alcolicas e jogos de azar. Na

    tcnica the best of class as melhores empresas em termos de sustentabilidade empresarial de

    cada setor so eleitas para compor o ndice.

    Dessa forma, os investidores buscam atravs dos ndices de sustentabilidade identificar as

    empresas com maior grau de sustentabilidade.

    2.3.1 O ndice de sustentabilidade empresarial - ISE

    Para atender aos investidores interessados em ISR, a Bovespa em conjunto com vrias

    instituies: ABRAPP, ANBID, APIMEC, IBGC, IFC, Instituto ETHOS (suspenso do

    Conselho Deliberativo no perodo 2008/2009), MMA e PNUMA, criaram, em 30 de

    novembro de 2005, um ndice que fosse referncia de investimentos socialmente responsveisno Brasil, o ISE ndice de Sustentabilidade Empresarial (BOVESPA, 2008). A Bovespa

    preside o Conselho Deliberativo do ISE, que conta tambm com a participao das

    instituies mencionadas anteriormente.

    O critrio para seleo das empresas participantes do ISE foi definido pelo Centro de Estudos

    de Sustentabilidade da Fundao Getlio Vargas CES-FGV, contratado pelo Conselho do

    ISE, e se baseia no conceito do Triple-Bottom-Line TBL, representado na Figura 1. O

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    TBL envolve a avaliao de elementos ambientais, sociais e econmico-financeiros de forma

    integrada. A esse conceito foram acrescentados tambm indicadores que avaliam a natureza

    do produto, as prticas de governana corporativa adotada, e caractersticas gerais

    (BOVESPA, 2008).

    Figura 2 Estrutura de Avaliao do questionrioFonte: BOVESPA (2008)

    pr-requisito para participao no ISE, a ao ser uma das 150 mais negociadas da Bolsa e

    ter sido negociada em pelo menos 50% dos preges dos ltimos doze meses anteriores

    formao da carteira. No podem participar do ISE companhias que estejam sob regime de

    recuperao judicial, processo falimentar, situao especial, ou ainda que tenham sofrido ou

    estejam sob prolongado perodo de suspenso de negociao (BOVESPA, 2008).

    A seleo das empresas para compor o ndice teve incio em 2005 e refeita anualmente

    atravs do envio s empresas pr-selecionadas (150 aes mais lquidas) de questionrio de

    avaliao. O questionrio tem sido aperfeioado a cada ano e apresenta para cada dimenso

    quatro conjuntos de critrios, quais sejam: 1) polticas (indicadores de comprometimento); 2)

    gesto (indicadores de programas, metas e acompanhamento); 3) desempenho; e 4)

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    cumprimento legal. Na dimenso ambiental as empresas respondem a um mesmo questionrio

    sendo a ponderao diferenciada para as empresas consideradas de alto impacto e de

    impacto moderado, a exceo para as empresas do setor financeiro que respondem a um

    questionrio diferenciado.

    O preenchimento do questionrio voluntrio e uma vez respondido, a sua anlise feita

    atravs da ferramenta estatstica conhecida como anlise de clusters, que identifica

    companhias com desempenhos similares e aponta grupos com melhor desempenho geral,

    sendo estes os que faro parte da carteira final do ISE, respeitando o limite mximo de 40

    empresas (BOVESPA, 2008).

    Desta forma, o ISE busca refletir o retorno de uma carteira composta dos ISR do mercado de

    capitais brasileiro, servindo como referncia de desempenho dessas empresas e atendendo a

    demanda dos investidores ao funcionar como um selo de qualidade para empresas

    socialmente responsveis e sustentveis. Adicionalmente, pretende estimular as demais

    empresas a utilizarem boas prticas de responsabilidade social e sustentabilidade (BOVESPA,

    2008).

    Desde a sua criao a carteira do ISE foi revista trs vezes, nos anos de 2006, 2007 e 2008.

    Nessas ocasies a carteira foi refeita, o que resultou na entrada de novas empresas ou na sada

    de empresas antigas no ndice. O Apndice A apresenta a composio da carteira do ISE,

    destacando as empresas que entraram e saram do ISE ao longo de sua existncia.

    Constata-se que o ano de 2006 foi o que apresentou o maior nmero de empresas (34) e o ano

    de 2005 o menor nmero (28). Aps 2006, o nmero de empresas do ISE vem caindo tendo

    atingido o total de 30 na carteira de 2008 (vlida de 1/12/2008 a 30/11/2009). As carteiras de

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    2007 e 2008 apresentaram o maior nmero de empresas saindo do ISE, nove e oito,

    respectivamente.

    Outra informao importante que se pode obter ao analisar o Apndice A o fato de a grande

    maioria das empresas ISE serem tambm integrantes de nveis diferenciados de governana

    corporativa da Bovespa.

    A sada do ndice poder ocorrer, alm da reviso anual, tambm, se a empresa emissora

    entrar em regime de recuperao judicial, falncia, retirada de parcela significativa de aes

    do mercado, ou se ocorrer acontecimento que altere significativamente seus nveis de

    sustentabilidade e responsabilidade social.

    As razes pelas quais as empresas deixaram de fazer parte do ISE no so divulgadas. Sendo

    assim, supe-se que, exceto pelas razes citadas anteriormente ou por motivo decancelamento do registro na bolsa, o motivo para que as empresas listadas tenham sado do

    ISE seja o fato delas terem deixado de ser referncia de sustentabilidade em seu setor de

    atuao. Vale destacar tambm que algumas empresas retornaram para o ISE no ano

    subsequente ao que saram, como por exemplo: CESP, Eletrobrs, Unibanco e WEG.

    Barbosa (2007) constatou que a carteira do ISE no perodo 2005/2006 apresentou uma forte

    participao de empresas do setor finanas e seguros, o que comum na comparao com os

    ndices internacionais referncia em ISR, como: o DJSI e o FTSE4Good. O autor sugere que o

    grande nmero de empresas do setor de energia pode ser fruto da regulao a que esse setor

    est sujeito.

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    2.4 HIPTESE DE EFICINCIA DE MERCADO

    A hiptese ou teoria da eficincia de mercado est relacionada com a capacidade dos analistas

    financeiros de processar e refletir instantaneamente nos preos dos ttulos o fluxo de

    informao existente no mercado (BRITO, 1977. apudCAMARGOS e BARBOSA 2003). De

    acordo com o grau de desenvolvimento em que se encontra o mercado de capitais, a

    velocidade e a acurcia com que as informaes so refletidas nos preos muda, sendo a

    classificao mais aceita de eficincia de mercado a que prev trs formas: fraca, semi-forte e

    forte (ROBERTS 1967; FAMA 1970 e 1991; apudCAMARGOS e BARBOSA, 2003).

    A HEM, na sua forma fraca, indica que o mercado incorpora completamente as informaes

    sobre os preos passados dos ttulos. Na forma semi-forte os preos refletem no apenas os

    preos passados, como tambm todas as informaes disponveis publicamente. Quando os

    preos refletem todas as informaes existentes no mercado (histricas, pblicas e privadas),

    indica a forma forte da HEM (CAMARGOS e BARBOSA, 2003).

    2.5 RELACIONAMENTO ENTRE DESEMPENHO SOCIAL E DESEMPENHOFINANCEIRO

    Os trabalhos acadmicos que investigam o relacionamento entre desempenho scio-ambiental

    (DSA) e desempenho financeiro (DF) seguem duas categorias principais: estudos tericos eestudos empricos (IONESCU-SOMERS, SALZMANN e STEGER, 2005).

    Os estudos tericos buscam explicar a sequncia causal e a direo do relacionamento entre

    os desempenhos scio-ambiental e financeiro, propondo hipteses que posteriormente

    podero ser testadas pelos estudos empricos. Preston e OBannon (1997) apresentam o

    arcabouo terico para o entendimento do relacionamento entre o desempenho scio-

    ambiental e financeiro, apresentado na Tabela 1.

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    Positivo Negativo

    DSA ----> DFHiptese do Impacto

    SocialHiptese doTrade-off

    DF ----> DSA Hiptese dos RecursosExcedentes Hiptese doOportunismo

    DSA DF Sinergia Positiva Sinergia Negativa

    Direo do RelacionamentoSequnciaCausal

    Tabela 1 Tipologia para o Relacionamento entre DSA e DFC

    Fonte: Preston e OBannon, 1997

    Os estudos empricos, por sua vez, so divididos em instrumentais e descritivos. Os estudos

    descritivos buscam investigar como na prtica as empresas e seus gestores lidam com a

    incorporao da sustentabilidade em seus negcios. J os estudos instrumentais se subdividem

    em: quantitativo e qualitativo (IONESCU-SOMERS, SALZMANN e STEGER, 2005). A

    Figura 3 apresenta esquema com as subdivises entre os tipos de estudos relacionados com

    DSA e DF.

    EstudosEmpricos

    EstudosInstrumentais

    EstudosDescritivos

    EstudosQuantitativo

    EstudosQualitativo

    Comparao de Carteiras

    Estudo de Eventos

    Anlises MultivariadasEstudos

    Empricos

    EstudosInstrumentais

    EstudosDescritivos

    EstudosQuantitativo

    EstudosQualitativo

    Comparao de Carteiras

    Estudo de Eventos

    Anlises Multivariadas

    Figura 3 Tipos de estudos sobre relacionamento entre DSA e DFFonte: Ionescu-Somers, Salzmann e Steger, 2005

    Conforme visto na Figura 3, os estudos quantitativos podem ser subdivididos em (WAGNER,

    2001):

    (1) Comparao entre Carteiras ou Portflios: comparao do desempenho financeiro entre

    portflios formados por investimentos socialmente responsveis e ndices benchmark;

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    (2) Estudo de Eventos: anlise da influncia de eventos scio-ambientais sobre o retorno das

    aes das empresas de capital aberto; e

    (3) Regresses Multivariada ou Mltiplas: anlise da relao entre desempenho scio-

    ambiental e financeiro atravs de regresses mltiplas.

    Neste trabalho sero utilizadas as metodologias de estudo de eventos e de regresses

    mltiplas.

    As formas utilizadas para medir o desempenho scio-ambiental so variadas e obtidas das

    mais diversas fontes, desde a utilizao de questionrios prprios e jornais, at bases de

    rgos governamentais e outras instituies (ALBERTON, 2003).

    Quanto ao desempenho financeiro, normalmente so utilizados dois tipos de medidas: as

    econmico-financeiras e/ou as baseadas nos retornos/risco das aes. Sobre os dois tipos

    recaem crticas, no existindo consenso quanto s medidas mais apropriadas a serem usadas.

    Apesar disso, os dois tipos de medidas so usadas largamente nos estudos empricos para

    medir o desempenho financeiro, existindo trabalhos que utilizam at os dois tipos

    (ALBERTON, 2003).

    Nesta dissertao ser considerada como medida para o desempenho scio-ambiental a

    participao da empresa no ISE. J o desempenho financeiro ser medido atravs do retorno

    das aes baseado em seus preos de fechamento dirios negociados na bolsa de valores.

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    2.5.1 Resultados empricos na literatura

    Os resultados empricos obtidos na literatura ainda no confirmam a direo e o sinal da

    relao entre desempenho scio-ambiental e desempenho financeiro das empresas. Quanto

    direo, Preston e OBannon (1997) encontraram que tanto o desempenho financeiro

    influencia o desempenho social como o contrrio, em um relacionamento sinrgico. McGuire,

    McGuire, Sundgren e Schneeweis (1988), utilizando anlise de correlao e regresso antes-

    ps e defasadas entre desempenho ambiental e desempenho financeiro, concluram que o

    desempenho financeiro influencia a responsabilidade social, mais do que o contrrio.

    Em favor de uma relao positiva estudos mostraram que: i) os custos com um alto nvel de

    RSC e sustentabilidade so mais do que compensados pelos benefcios na moral dos

    empregados e produtividade (SOLOMAN e HANSEN, 1985); ii) DSA positivamente

    relacionada com o DF (COCHRAN e WOOD, 1984; CAPON, FARLEY e HOENIG, 1990;

    PAVA e KRAUSZ, 1996; e PRESTON e OBANNON, 1997); iii) sinergia positiva entre

    desempenho financeiro e um bom relacionamento com os stakeholders (STANWICK e

    STANWICK, 1998); e iv) mudanas no DSA positivamente associado com o crescimento

    das vendas e retorno sobre as vendas (RUF et al, 2001). De acordo com a maioria dos artigos

    apresentados (exceto PAVA e KRAUSZ, 1996), a escolha por um bom desempenho em

    responsabilidade social corporativa pode ser benfica para as vendas ou valor adicionado por

    trabalhador, mas no necessariamente em termos de valor para os acionistas (BECCHETTI,

    CICIRETTI e HASAN, 2007).

    Pelo lado negativo, contriburam: Freedman e Jaggi (1982), Ingram e Frazier (1983) e

    Waddock e Graves (1997).

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    J McWilliams e Siegel (2000), Anderson e Frankle (1980), Freedman e Jaggi (1986) e

    Aupperle, Caroll e Hatfield (1985), apresentaram resultados no-conclusivos.

    Trabalhos mais recentes introduziram refinamentos importantes na metodologia emprica

    anteriormente adotada, apresentando significativos achados. Barnea e Rubin (2005)

    mostraram que a deciso de investir em RSC no agrega valor para o acionista controlador,

    interpretando esta descoberta como a hiptese do overinvestment. Bauer, Koedijk e Otten

    (2002) compararam fundos de investimentos com estratgias ticas com fundos de

    investimentos tradicionais encontrando um mix de resultados, sem um fundo prevalecer sobre

    o outro, mas observando um processo de aprendizado com a melhora gradual do desempenho

    financeiro de fundos ticos.

    Investigando a reao do mercado a entrada ou sada das empresas do ndice Social Domini

    400, no perodo de 1990 a 2004, atravs de um estudo de evento, Becchetti, Ciciretti, Hasan

    (2007) encontraram um efeito negativo significativo sobre o retorno anormal aps o anncio

    da sada do ndice, permanecendo esse efeito mesmo aps a incluso de controles referentes a

    choques econmicos e sazonalidade do mercado das aes.

    Em um estudo de meta-anlise investigando os trabalhos publicados no perodo de 1998 a

    2007, Pavie (2008) encontrou relaes positivas entre desempenho scio-ambiental e

    desempenho financeiro.

    Zago e De Paula (2007) encontraram resultado nulo para a relao entre DSA e DF para as

    empresas pertencentes ao DJSI no anos de 2005 e 2006.

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    23

    No Brasil, as pesquisas empricas tambm apresentam resultados dspares ora encontrando

    relao entre o desempenho scio-ambiental e financeiro, ora no encontrando. Contudo, na

    maioria das vezes quando encontrado a relao, a direo do relacionamento positiva. Ou

    seja, maior DSA gera maior DF e vice versa.

    Borba (2005) analisando o perodo entre 2000 e 2002, atravs de regresses entre as variveis

    scio-ambientais e financeiras, no encontrou relao estatisticamente significativa entre DSA

    e DF, sendo inconclusivo o resultado do trabalho, apesar de por diversas vezes ocorrer relao

    positiva entre os dois.

    Investigando se um maior nvel de sustentabilidade gera um melhor desempenho financeiro

    medido pelo preo das aes brasileiras, Costa (2007) atravs de um estudo de eventos e, de

    forma complementar, da anlise da relao entre retorno e risco, da evoluo do ISE sobre os

    ndices de mercado (IBOVESPA e IBRX) e de regresses, encontrou que: i) existe um

    deslocamento positivo do ISE quando comparado aos demais ndices de mercado; ii) os

    retornos anormais positivos no so significativos; iii) no foi identificada correlao negativa

    entre desempenho financeiro e adoo de prticas de sustentabilidade, indicando que no h

    perda de valor; iv) o ISE muito concentrado e influenciado por instituies financeiras e, ao

    se retirar as aes dos bancos da sua composio, os resultados obtidos no so superiores aos

    de mercado; e v) as anlises de regresso demonstraram que o evento de participao no

    ISE no foi percebido pelo mercado como um diferencial para as companhias.

    Machado e Machado (2008) verificaram no haver evidncias estatisticamente significantes

    de que a entrada das empresas no ISE tenha provocado alteraes nos preos das aes. Os

    autores, no entanto, advertem que esse resultado pode significar tambm, com base na

  • 7/28/2019 EMPRESAS PARTICIPANTES DO NDICE DE SUSTENTABILIDADE

    39/103

    24

    hiptese do mercado eficiente, que o mercado j tivesse precificado nas aes as informaes

    referentes ao desempenho scio-ambiental das empresas.

    Nossa, Cezar e Nossa (2008), com base na anlise de regresses entre indicadores scio-

    ambientais criados com base nos Balanos Sociais das empresas e o retorno anormal das

    aes, verificaram no haver relao entre o retorno anormal das empresas e o seu

    desempenho scio-ambiental.

    Na comparao dos retornos do ISE e do Ibovespa, do IBrx e do IGC, Rezende et al (2007),

    chegaram concluso de que o retorno do ISE semelhante aos retornos dos outros ndices

    de aes.

    A reao do mercado brasileiro a notcias positivas e negativas relacionadas a eventos

    ambientais, encontrou resultados significativos estatisticamente para eventos negativos, masno para eventos positivos, indicando que o mercado penaliza notcias ambientais ruins e

    indiferente para as notcias boas (BRITO, 2005).

    Tambm utilizando estudo de eventos, Botelho (2006) concluiu que o mercado brasileiro

    reage precificando positivamente as aes das empresas em caso de migrao para nveis de

    governana e negativamente a greve ou ameaa de greve.

  • 7/28/2019 EMPRESAS PARTICIPANTES DO NDICE DE SUSTENTABILIDADE

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    25

    3 METODOLOGIA

    Esse trabalho caracteriza-se como quantitativo-descritivo, conforme Cooper e Schindler

    (2003). Investiga-se a hiptese de que o mercado acredita que prticas empresariais

    sustentveis levam a um melhor desempenho financeiro, ou seja, se aps o anncio da entrada

    ou da sada da empresa para a carteira do ISE h retorno anormal positivo ou negativo,

    respectivamente. Adicionalmente, busca-se verificar esse mesmo efeito no mercado de

    capitais norte-americano em comparao com o mercado brasileiro.

    Para efeito desse trabalho, o anncio da entrada no ndice ser considerado como um

    indicador de boas prticas de sustentabilidade empresarial, independente de as empresas

    adotarem essas prticas antes mesmo de sua incluso na carteira do ISE. Ressalte-se que todas

    as empresas que participam do ISE so consideradas igualmente sustentveis, no havendo

    entre elas uma escala das mais sustentveis ou menos sustentveis.

    Na Seo 3.1, ser utilizada a metodologia de estudo de eventos para verificar se o anncio da

    entrada ou da sada do ISE se refletem sobre os preos das aes, no perodo em torno da

    divulgao da carteira do ISE. J na Seo 3.3, para atingir o mesmo objetivo, ser utilizado

    como metodologia a regresso multivariada com dados em painel. Em que pese buscar atingir

    o mesmo objetivo as diferenas entre as metodologias permitem abordagens diferentes e

    complementares.

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    26

    No estudo de evento se compara o retorno de cada ao antes do evento de entrada ou de

    sada do ISE com o seu retorno depois, de forma individualizada. Como ser explicado

    posteriormente, devido ao anncio da carteira do ndice ocorrer em uma mesma data, a

    metodologia no permite agregar os resultados em um grupo de aes, mas somente ao longo

    do tempo por ao.

    Na regresso multivariada, por sua vez, a comparao pode envolver um nmero maior de

    empresas, pois incluiu na amostra no s as empresas selecionadas para o ISE, mas tambm

    as empresas convidadas a responder o questionrio de avaliao de sustentabilidade, mas que

    no fizeram parte da carteira final. Ademais, nessa metodologia pode-se agregar os resultados

    para o conjunto das empresas estudadas, bem como controlar por outras variveis como setor

    e ano.

    3.1 METODOLOGIA DO ESTUDO DE EVENTOS

    A metodologia utilizada para avaliar o impacto nos preos das aes aps o anncio de sua

    entrada ou sada da carteira do ISE ser o estudo de eventos. Essa metodologia considera que

    os efeitos de um evento possam rapidamente refletir-se nos preos das aes, uma vez que os

    agentes econmicos so racionais e a hiptese de que os mercados operam sobre a tica da

    eficincia semi-forte vlida.

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    42/103

    27

    A pesquisa seguiu as etapas descritas por Campbell, Lo e Mackinlay (1997) e est

    representada pela Figura 4:

    Figura 4 Etapas para o desenvolvimento de um Estudo de Evento

    Fonte: Camargos e Barbosa (2003)

    A abordagem geral em estudos de evento calcular a relao entre o retorno da empresa e o

    retorno de mercado em perodo de tempo anterior ao da ocorrncia do evento. Um modelo de

    precificao de ativos usado para gerar o retorno previsto ou normal para cada empresa

    baseado no desempenho do mercado. Se o mercado recebe nova e inesperada informao

    sobre uma empresa, o preo da ao da companhia pode mover-se positiva ou negativamente

    dependendo do teor e da importncia da informao. A diferena entre o retorno normal

    previsto pelo modelo de precificao empregado e o retorno efetivo da empresa em um

    determinado dia (ou perodo), ou seja, o erro do previsto em relao ao ocorrido, usado

    como uma medida do retorno anormal (de excesso de retorno ou de retorno extraordinrio)

    atribudo liberao da informao nova sobre a empresa.

    3.1.1 Definio do evento

    O evento de interesse a divulgao da carteira do ISE, sendo as datas zero os dias 30 de

    novembro de 2005, 2006 e 2007, quando se tornaram pblicas a carteira do ISE em sua

    primeira, segunda e terceira verso. Considera-se que a notcia da entrada para o ISE uma

    boa notcia e da sada uma m notcia. Trabalha-se com cinco tamanhos de janela de

    evento diferentes, variando o seu tamanho entre 10 e 36 preges, conforme apresentado na

    Tabela 2. A janela de evento o perodo sobre o qual os retornos envolvidos sero

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    28

    examinados e a sua definio envolve certo grau de subjetividade e arbitrariedade, razo pela

    qual se optou pela utilizao de vrias janelas diferentes (CAMARGOS e BARBOSA, 2003).

    Janela de Evento (JE) 530 = 5 preges antes e 30 preges depois da data zero

    Janela de Evento (JE) 130 = 1 prego antes e 30 preges depois da data zero

    Janela de Evento (JE) 030 = data zero e 30 preges posteriores

    Janela de Evento (JE) 54 = 5 preges antes e 4 preges depois da data zeroJanela de Evento (JE) 010 = data zero e 10 preges posteriores

    Tabela 2 Janelas de evento

    Fonte: Elaborao prpria

    A janela de evento no deve ser muito extensa para no incluir outros eventos que enviesem

    os resultados, e nem ser muito curta, para no correr o risco de deixar de capturar as

    anomalias nos preos. Algumas janelas de evento incluram preges anteriores data zero,

    com o objetivo de identificar indcios de ocorrncia do uso de informaes privilegiadas

    (insider information). A Figura 5 representa as janelas de eventos.

    Acredita-se que as empresas que investem em responsabilidade social e sustentabilidade

    esperam ser reconhecidas por isso, razo pela qual almejam fazer parte da carteira do ISE. No

    entanto, a escolha das empresas para o ISE, conforme apresentado na Seo 2.3.1, depende da

    avaliao do Conselho do ISE, no sendo, por isso, um evento totalmente exgeno. Alm

    disso, no estudo de evento a varivel que explica o retorno da ao, conforme serapresentado adiante, o retorno do mercado e no o fato de pertencer ou no ao ISE.

    3.1.2 Critrio de seleo

    Dados

    Os dados referentes aos preos de fechamento dirios das aes no mercado a vista e em

    moeda original foram obtidos atravs do sistema de informaes Economtica (fonte

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    29

    secundria de dados) ex post facto. Os preos utilizados foram coletados j ajustados por

    proventos de forma a no refletir acontecimentos que causem descontinuidade nos preos das

    aes, como por exemplo: dividendos, grupamento, desdobramento, etc. No Anexo A

    apresentam-se as frmulas utilizadas para os ajustes, conforme documentao do sistema

    Economtica.

    Este estudo utilizou para o clculo do retorno das aes a forma logartmica de capitalizao

    contnua, que garante uma distribuio simtrica dos retornos, mais prxima distribuio

    normal, que constitui um dos pressupostos dos testes estatsticos paramtricos.

    =

    1,

    ,, ln

    ti

    ti

    tiP

    PR (1)

    Onde:Ri,t

    o log do retorno da ao i no perodo t, Pi,t

    o preo da ao i em t e Pi,t-1

    o preo da ao em t-1.

    Amostra

    O tipo de amostragem utilizado foi o mtodo no-probabilstico, em que a amostra no

    obtida por meios que envolvem o acaso. Considerou-se como critrio de seleo a ao

    pertencer carteira do ISE em seu lanamento em 1/12/2005 ou ter passado ou deixado de

    fazer parte do ISE em 1/12/2006 e 1/12/2007, quando iniciou a segunda e terceira verso da

    carteira, respectivamente.

    Desta forma, a amostra no-aleatria incluiu 42 empresas diferentes (50 ttulos), sendo trs

    (CESP, Eletrobrs e WEG) consideradas trs vezes (quando entraram em 2005, quando

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    saram em 2006 e quando retornaram em 2007). Outras nove empresas foram analisadas duas

    vezes (quando entraram em 2005 ou 2006 e quando saram em 2007).

    2005ENTROU ENTROU SAIU ENTROU SAIU

    1 ACESITA ACES4(PN) X2 AES TIET GETI4(PN) X3 ALL AMERICA ALLL11(UNIT) X X4 ARACRUZ ARCZ6(PNB) X5 ARCELOR BR ARCE3(ON) X6 BANCO DO BRASIL BBAS3(ON) X7 BRADESCO BBDC3(ON) BBDC4(PN) X8 BRASKEM BRKM5(PNA) X9 CCR RODOVIAS CCRO3(ON) X

    10 CELESC CLSC6(PNB) X X11 CEMIG CMIG3(ON) CMIG4(PN) X12 CESP CESP5(PNA) X X X (ON)13 COELCE COCE5(PNA) X14 COPEL CPLE3(ON) CPLE6(PNB) X15 COPESUL CPSL3(ON) X X16 CPFL ENERGIA CPFE3(ON) X17 DASA DASA3(ON) X18 ELETROBRAS ELET3(ON) ELET6(PNB) X X X19 ELETROPAULO ELPL5(PNA) X20 EMBRAER EMBR3(ON) EMBR4(PN) X21 ENERGIAS BR ENBR3(ON) X22 GERDAU GGBR3(ON) GGBR4(PN) X23 GERDAU MET GOAU3(ON) GOAU4(PN) X

    24 GOL GOLL4(PN) X X25 IOCHP-MAXION MYPK4(PN) X26 ITAU ITAU4(PN) X27 ITAUSA ITSA4(PN) X X28 LIGHT LIGT3(ON) X29 LOCALIZA RENT3(ON) X X30 NATURA NATU3(ON) X31 PERDIGAO PRGA4(PN) X32 PETROBRAS PETR3(ON) PETR4(PN) X33 SABESP SBSP3(ON) X34 SADIA SDIA4(PN) X35 SUZANO PAPEL SUZB5(PNA) X36 SUZANO PETR SZPQ4(PN) X37 TAM TAMM4(PN) X X

    38 TRACTEBEL TBLE3(ON) X39 ULTRAPAR UGPA4(PN) X X40 UNIBANCO UBBR11(UNIT) X X41 VCP VCPA4(PN) X

    EMPRESAS20072006

    AES

    Tabela 3 Empresas e ttulos que entraram ou saram do ISE

    Fonte Elaborao prpria

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    31

    Uma segunda amostra foi selecionada acrescentando como critrio a empresa ter ADR

    negociados na bolsa de Nova Iorque nas datas em que suas aes passaram a fazer parte do

    ISE na bolsa de So Paulo. Essa nova amostra somou 18 empresas e 19 ttulos.

    2005 2006 2007ENTROU ENTROU ENTROU

    1 ARACRUZ ARCZ6(PNB) ARA(PNB) X2 BRADESCO BBDC4(PN) BBD (PN) X3 BRASKEM BRKM5(PNA) BAK(PNA) X4 CEMIG CMIG4(PN) CEMIG(PN) X5 COPEL CPLE6(PNB) ELP(PNA) X6 CPFL ENERGI CPFE3(ON) CPL(ON) X7 EMBRAER EMBR4(PN) ERJ-old(PN) X8 GERDAU GGBR4(PN) GGB(PN) X

    9 GOL GOLL4(PN) GOL(PN) X10 ITAU ITAU4(PN) ITU(PN) X11 PERDIGAO PRGA4(PN) PDA-old(PN) X12 PETROBRAS PETR3(ON) PBR(ON)

    PETR4(PN) PBR.A(PN)13 SABESP SBSP3(ON) SBS(ON) X14 SADIA SDIA4(PN) DAS(PN) X15 TAM TAMM4(PN) TAM(PN) X16 ULTRAPAR UGPA4(PN) UGP(PN) X17 UNIBANCO UBBR11(UNIT) UBB(UNIT) X18 VCP VCPA4(PN) VCP(PN) X

    X

    EMPRESASA ES

    (BOVESPA)A ES(NYSE)

    Tabela 4 Empresas e ttulos com aes e ADRs negociados

    Fonte Elaborao prpria

    Os ADRs so ttulos, emitidos por bancos norte-americanos, representativos de aes,

    ordinrias ou preferenciais, ou direitos sobre aes, de empresas no-americanas emitidos e

    negociados no mercado de capitais dos Estados Unidos. As empresas que realizam a dupla

    listagem, ou seja, negociam as suas aes na bolsa de seu pas e nos EUA atravs dos ADRs,

    esperam ter como benefcios a promoo da liquidez de suas aes, a melhora no desempenho

    dos preos, a pulverizao da base de acionistas e a captao de recursos com custos

    inferiores. Existem quatro nveis de ADRs, que se diferenciam quanto ao modo de

    negociao, a captao de novos recursos ou no e em relao s exigncias tanto de

    transparncia quanto a adequao s normas norte-americanas (CARMARGOS, GOMES e

    BARBOSA, 2003).

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    32

    3.1.3 Retornos normais e anormais

    Avalia-se o impacto nos preos das aes atravs da ocorrncia de retornos anormais

    significativos na janela de evento. O retorno anormal calculado subtraindo do retorno real

    (observado ex post), o retorno normal ou estimado caso no ocorresse o evento estudado.

    Dessa forma, o retorno anormal de uma dada ao i em uma dada data de evento t dado pela

    frmula:

    )R( mtititit RERRA = (2)

    Onde: RAit, Rit e E(RitRmt) so, respectivamente, retorno anormal, retorno real e retorno

    normal da ao i, no perodo t, com base nas informaes do ndice de mercadoRm, conforme

    o modelo de gerao do retorno normal chamado por Mackinlay (1997) de Modelo de

    Retorno Ajustado ao Risco e ao Mercado (Modelo de Mercado).

    O Modelo de Mercado ou Modelo de ndice nico um dos modelos estatsticos que

    relacionam linearmente o retorno da ao carteira de mercado, que nesse estudo ser

    representado pelo Ibovespa para o mercado brasileiro e pelo Dow Jones Industrial Average -

    DJIA para o mercado norte-americano. Sendo assim, a frmula utilizada para o clculo do

    retorno normal :

    mtiimtit RRRE )|( += (3)

    i e i so parmetros individuais estimados atravs dos mnimos quadrados ordinrios antes

    da janela de evento.

    O perodo utilizado para estimar o retorno normal chamado de janela de estimao, que

    segundo Campbell, Lo e Mackinlay (1997), deve ser de no mnimo 120 dias. Neste estudo,

    utilizou-se para a janela de estimao os 120 preges anteriores a janela de evento. Nos dias

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    33

    em que no ocorreram negociaes e, portanto, no houve preo, foram mantidas as cotaes

    do dia anterior da ao. Vale ressaltar que esses foram poucos tendo em vista que as aes

    pertencentes amostra esto entre as 150 mais negociadas da Bovespa, que um dos critrios

    para participao no ISE. No Apndice B so apresentados os estimadores do modelo.

    Considerando as frmulas (2) e (3) teremos o clculo dos retornos anormais da seguinte

    forma:

    ( )mtititit RRERRA |=

    ou

    +=

    mtii

    itit RRRA (4)

    3.1.4 Procedimento de estimao

    Os retornos anormais foram calculados na janela de evento. A janela de estimao contendo

    os retornos logartmicos de 120 preges foi utilizada para o clculo do retorno normal.

    T0 T1 T2

    3ou5/jun

    22ou23/nov

    13ou15/jan

    30/nov

    DATA

    EVENTO

    0

    JANELA DE ESTIMAO L1 JANELA DE EVENTO L2

    Figura 5 Linha do Tempo do Estudo de Evento para os anos de 2005, 2006 e 2007

    Fonte: Elaborao prpria com base em Campbell, Lo e Mackinlay (1997)

    Onde:

    t = 0 a data do evento;

    t = T0 +1 at t = T1 a janela de estimao e L1 = T1 T0, a sua extenso; e

    t = T1 +1 at t = T2 a janela de evento e L2 = T2 T1, a sua extenso.

  • 7/28/2019 EMPRESAS PARTICIPANTES DO NDICE DE SUSTENTABILIDADE

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    34

    3.1.5 Procedimento de teste

    A divulgao da carteira do ISE ocorre para um conjunto de empresas simultaneamente, o que

    caracteriza a ocorrncia de clustering, ou seja, sobreposio da janela de evento entre os

    ttulos da amostra. A ocorrncia de clustering invalida a premissa de que os retornos anormais

    dos ttulos no sejam correlacionados. Dessa forma, conforme Campbell, Lo e Mackinlay

    (1997), os retornos anormais no puderam ser agregados entre as empresas, mas apenas no

    tempo para cada ao/ADR.

    Sob a hiptese de independncia entre os retornos na janela de evento e de que a mdia dos

    retornos anormais tem distribuio normal, temos a mdia dos retornos anormais para uma

    empresa i como:

    =

    ==

    2

    2

    2

    2

    1

    2

    1

    ,0~ LNL

    RA

    RA

    t

    tt it

    t

    tt it

    i

    (5)

    Onde:RAit o retorno anormal da ao i, no perodo t;L2 o tamanho da janela de eventos e

    2it a varincia dos resduos da regresso estimada para RA da ao i, no perodo t.

    Dessa forma, esse trabalho busca verificar se houve retorno anormal positivo aps o anncio

    da entrada da empresa no ISE. Para isso, formularam-se as seguintes hipteses:

    Hnula :___

    RA E 0;

    Halternativa :___

    RA E > 0.

    Em oposio, para verificar se houve retorno anormal negativo aps o anncio da sada da

    empresa do ISE, formularam-se mais as seguintes hipteses:

    Hnula :___

    RA S 0;

    Halternativa :___

    RA S < 0.

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    35

    Vale destacar que as hipteses foram escolhidas de forma que a sua rejeio resulte em uma

    menor probabilidade de ocorrncia de um erro tipo I, que surge quando rejeitamos a hiptese

    nula quando essa verdadeira. Dessa forma, para testar a significncia estatstica dos

    resultados obtidos utilizou-se o teste t de student, obtido atravs da frmula a seguir.

    12

    ___

    )(

    =

    L

    S

    RAt

    RA

    i

    iteste (6)

    Onde: iRA

    ___

    o retorno anormal mdio de cada ao; SRA o desvio padro amostral dos

    retornos anormais; e L2 o tamanho em nmero de preges da janela de eventos utilizada.

    A hiptese nula ser rejeitada se o t teste para cada ao estudada for maior que o tcrtico, para os

    ttulos das empresas que entraram para o ISE ou se o t teste para cada ao estudada for menor

    que o tcrtico, para os ttulos das empresas que saram do ISE. Sero considerados como nveis

    de significncia 10%, 5% e 1% para os testes.

    3.2 RESULTADO DO ESTUDO DE EVENTO

    3.2.1 Resultado das aes negociadas na BOVESPA

    Os retornos anormais obtidos foram agregados por ao, inicialmente, dentro da janela de

    evento base, que englobou os 36 preges em torno da data da divulgao da carteira do ISE

    (comeando no quinto prego anterior a divulgao, at o 30 prego posterior). A Figura 6 a

    seguir apresenta os tteste calculados para as empresas que entraram no ISE ao longo dos trs

    anos, conforme mencionado na Seo 3.1.5. O Apndice C apresenta os resultados em todas

    as janelas propostas na Tabela 2.

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    36

    T teste das Empresas que ENTRARAM no ISE

    (3,0)

    (2,0)

    (1,0)

    -

    1,0

    2,0

    3,0

    0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

    Aes das Empresas

    T

    stude

    nt

    T teste Tcrtico 5%

    T cr ti co 1% T cr t ico 10 %

    T teste das Empresas que SARAM do ISE

    (2,5)

    (2,0)

    (1,5)

    (1,0)

    (0,5)

    -

    0,5

    1,0

    1,5

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

    Aes das Empresas

    Ts

    tuden

    t

    T teste Tcrtico 5%

    T cr t ic o 1 % T cr t ico 10%

    Figura 6 Tteste e Tcrtico das empresas que entraram e saram do ISE Janela Evento -530

    Fonte: Elaborao prpria.

    A um nvel de significncia de 5%, verifica-se que das empresas que entraram para o ISE,apenas a Iochpe (MYPK4) em 2005, a Gerdau (GGBR4) em 2006 e a CESP (CESP5) em

    2007, apresentaram retornos anormais mdios positivos significativos estatisticamente na

    janela de evento base (JE-530). Com 10% de nvel de significncia mais quatro aes passam

    a ter seus retornos anormais mdios significativos, quais sejam: em 2005 CEMIG (CMIG3 e

    CMIG4) e EMBRAER (EMBR3) e em 2006 COELCE (COCE5). Nas demais aes

    pertencentes amostra os tteste no foram maiores que o tcrtico, razo pela qual no se pode

    rejeitar a hiptese nula de que o retorno anormal mdio das empresas que entraram para o ISE

    sejam menores ou iguais zero.

    Observa-se, ainda, que os retornos anormais mdios das empresas que entraram para o ISE,

    alm de no significativos estatisticamente, apresentaram-se negativos (37%) para muitas

    empresas, quando se esperava conforme a teoria dos stakeholders que ao entrar para o ISE as

    aes apresentassem retorno anormal positivo.

    Para as empresas que pertenciam ao ISE e em algum momento deixaram de fazer parte da

    carteira foi encontrado apenas uma ao com retorno anormal mdio negativo significativo

    estatisticamente dentro da janela de evento base (JE-530) e a um nvel de significncia de

  • 7/28/2019 EMPRESAS PARTICIPANTES DO NDICE DE SUSTENTABILIDADE

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    37

    10%. Vale ressaltar, tambm, que a maioria das 13 aes de empresas que saram do ISE

    (62%) apresentaram retorno anormal mdio positivo, quando se esperava o contrrio.

    Verificou-se, tambm, a significncia estatstica dos retornos anormais mdios nas diferentes

    janelas de evento apresentadas na Tabela 2. No houve mudana importante nos resultados

    obtidos para a amostra das empresas que entraram para o ISE. No entanto, para o perodo de

    11 preges - iniciando em 0 at 10, os retornos anormais mdios da Eletrobrs, ALL e Tam,

    pertencentes amostra das empresas que saram do ISE, apresentaram-se estatisticamente

    significativos, ao nvel de significncia de 1% para a primeira e 5% para as demais. Esses

    resultados so apresentados no Apndice C.

    3.2.2 Comparao entre os resultados das empresas que entraram para o ISE naBOVESPA e NYSE

    Nesta seo so analisados, alm dos retornos anormais mdios das aes negociadas naBolsa de So Paulo, os retornos anormais mdios de seus ADRs negociados na bolsa de

    Nova Iorque. Essa anlise permitir verificar se houve diferena no desempenho financeiro

    das aes negociadas nos diferentes mercados financeiros.

    A Figura 7 apresenta os tteste calculados para as empresas que entraram no ISE ao longo dos

    trs anos, calculados considerando os retornos anormais agregados por ao na janela de

    evento base (JE -530). O Apndice C apresenta todos os resultados em detalhes comentados

    nesta seo.

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    Tcrtico - BOVESPA - Janela -5 a 30d

    (1,5)

    (1,0)

    (0,5)

    -

    0,5

    1,0

    1,5

    2,0

    2,5

    3,0

    0 5 10 15 20

    Aes das Empresas

    T teste T crtico 5%

    T crtic o 10% T crtic o 1%

    Tcrtico - NYSE - Janela -5 a 30d

    (1,5)

    (1,0)

    (0,5)

    -

    0,5

    1,0

    1,5

    2,0

    2,5

    3,0

    0 5 10 15 20

    Aes das Empresas

    T teste T crtico 5%T cr ti co 10% T cr ti co 1%

    Figura 7 Tteste e Tcrtico das empresas que entraram para o ISE Janela Evento -530

    Fonte: Elaborao prpria.

    Verifica-se que das empresas que entraram para o ISE, apenas trs aes negociadas naBovespa (Gerdau a 5%, Cemig e Petrobras PN a 10%) apresentaram retorno anormal mdio

    positivo significativo estatisticamente, na janela de evento. Dos ADRs negociados na NYSE

    nenhum apresentou tteste maiores que o tcrtico, fazendo com que no pudesse ser rejeitada a

    hiptese nula.

    Ainda na Figura 7, observa-se atravs dos tteste que os retornos anormais mdios das empresas

    no foram todos positivos como se esperava, ainda que no significativos estatisticamente.

    Apresentaram retorno anormal mdio negativo 32% das aes negociadas na Bovespa e 42%

    dos ADRs negociados na NYSE.

    Adicionalmente, verificou-se a significncia estatstica dos retornos anormais mdios nasdiferentes janelas de eventos. A Figura 8 apresenta os testes na janela de evento JE-54 (10

    preges).

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    Tcrtico - BOVESPA - Janela -5 a 4d

    (3,5)

    (2,5)

    (1,5)

    (0,5)

    0,5

    1,5

    2,5

    3,5

    0 5 10 15 20

    Aes das Empresas

    T teste T crtico 5%

    T crtic o 10% T crtico 1%

    Tcrtico - NYSE - Janela -5 a 4d

    (3,5)

    (2,5)

    (1,5)

    (0,5)

    0,5

    1,5

    2,5

    3,5

    0 5 10 15 20

    Aes das Empresas

    T teste T crtico 5%T crt ic o 10% T cr ti co 1%

    Figura 8 Tteste e Tcrtico das empresas que entraram para o ISE Janela Evento -54.

    Fonte: Elaborao prpria.

    No se verificou mudana relevante nos resultados apresentados para o mercado acionrio

    brasileiro. No entanto, no mercado norte-americano seis dos 19 ADRs passaram a apresentar

    retorno anormal mdio significativo estatisticamente. Alm disso, apenas 16% dos ADRs

    apresentaram retorno anormal mdio negativo, contra 42% na janela de evento anterior.

    3.3 METODOLOGIA DA REGRESSO MULTIVARIADA COM DADOS EM PAINEL

    3.3.1 Universo e amostra

    O universo da pesquisa compreende as empresas do tipo sociedades annimas de capital

    aberto negociado na Bovespa. Na tentativa de tornar o painel balanceado a amostra foi

    composta apenas por empresas convidadas a responder o questionrio de avaliao do ISE em

    todos os anos de 2005 a 2007, independente de terem passado a fazer parte ou no do ISE.Assim, a amostra contou com 80 aes de 77 empresas apresentadas no Apndice E.

    O Apndice E apresenta tambm as empresas pertencentes sub-amostra das empresas

    convidadas a responder o questionrio do ISE e que tem ADRs negociados nas bolsas de

    Nova Iorque e NASDAQ. Essa amostra composta por 29 ADRs de 27 empresas.

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    Na dimenso tempo, trabalhou-se com os 100 preges anteriores a 30/11/2005 (criao do

    ISE) e os 100 preges posteriores a 30/11/2007. Dessa forma, a amostra abrangeu o perodo

    de 7/7/2005 a 2/5/2008, o que correspondeu a 695 preges, que multiplicado pelas 80 aes,

    resultou no nmero total de 55.600 observaes. Vale mencionar que a definio do perodo

    acima ocorreu de forma arbitrria, tendo apenas como cuidado no incluir o segundo semestre

    de 2008, dado a volatilidade observada nos mercados de capitais nesse perodo, causada pela

    crise financeira mundial.

    Na anlise do mercado norte-americano, a dimenso tempo tambm considerou 100 preges

    antes de 30/11/2005 e 100 preges depois de 30/11/2007. Assim, o perodo abrangeu

    11/7/2005 a 25/4/2008, correspondendo a 704 preges, que multiplicado pelos 29 ADRs

    resultou em 20.416 observaes. A diferena entre o nmero de preges da amostra brasileira

    (695) e da amostra norte-americana (704) devido diferena no nmero de dias teis entre o

    calendrio brasileiro e norte-americano.

    Conforme mencionado na Seo 2.3.1, um dos pr-requisitos para ser convidado a participar

    do ISE ser uma das 150 aes mais negociadas. Por essa razo, as 80 aes pertencentes

    amostra foram negociadas na grande maioria dos preges, ocorrendo falta de negociao em

    apenas 508 preges, que corresponderam a 0,9% do total de observaes. Por no se acreditar

    que a falta dessas observaes v afetar o resultado do trabalho optou-se por no apresentar

    retornos para esses preges.

    Na amostra dos ADRs o nmero de retornos faltantes foi ainda menor, apenas sete, que

    corresponde a apenas 0,03% do total de observaes. Essa maior liquidez era de se esperar

    uma vez que o mercado de capital norte-americano mais lquido que o brasileiro.

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    41

    3.3.2 Definio das variveis e coleta de dados

    As variveis utilizadas no estudo so apresentadas na Tabela 5:

    VARIVEL DESCRIO

    L_ret_acao logartmo do retorno dirio das aes ou dos ADRs;

    L_ret_IBOV/DJIA logartmo do retorno dirio do Ibovespa/DJIA (representando o retorno do mercado);

    liq ndice de liquidez dirio da ao;

    jee530, jee130,jee030, jee54 ejee010

    varivel binria que recebe o valor 1 quando a ao ou ADR ENTROU para o ISE em qualquerdos anos de 2005 a 2007 e estiver dentro das janelas de eventos descritas na Tabela 3 (jee530,

    jee130, jee030, jee54 e jee010). Nos demais dias recebe o valor zero;

    jes530, jes130,jes030, jes54 ejes010

    varivel binria que recebe o valor 1 quando a ao ou ADR SAIU do ISE em qualquer dos anosde 2005 a 2007 e estiver dentro das janelas de eventos descritas na Tabela 3 (jes530, jes130,

    jes030, jes54 e jes010). Nos demais dias recebe o valor zero;

    jees530, jees130,jees030, jees54 ejees010

    varivel que recebe o valor 1 quando a ao ou ADR ENTROU no ISE, valor -1 quando a aoou ADR SAIU do ISE e 0 quando no mudou de status, durante o perodo das janelas deeventos descritas na Tabela 3 (jees530, jees130, jees030, jees54 e jees010);

    dfin varivel binria que recebe o valor 1 se a ao pertencer a empresas do setor financeiro e deseguros e zero nos demais setores;

    dener varivel binria que recebe o valor 1 se a ao pertencer a empresas do setor de energia e zeronos demais setores;

    dcomod varivel binria que recebe o valor 1 se a ao pertencer a empresas do setor de commodities ezero nos demais setores;

    d_2005, d_2006,d_2007 e d_2008

    varivel binria que recebe o valor 1 de acordo com o ano em que ocorre o prego da Bovespa ezero nos demais anos;

    jeesxfin varivel resultante da interao da varivel janela de evento (jees) com a varivel dfin;

    jeesxener varivel resultante da interao da varivel janela de evento (jees) com a varivel dener;

    jeesxcomod varivel resultante da interao da varivel janela de evento (jees) e da varivel dcomod;

    jeesx2005 varivel resultante da interao da varivel janela de evento (jees) com a varivel d_2005;jeesx2006 varivel resultante da interao da varivel janela de evento (jees) com a varivel d_2006;

    jeesx2007 varivel resultante da interao da varivel janela de evento (jees) com a varivel d_2007;

    jeesx2008 varivel resultante da interao da varivel janela de evento (jees) com a varivel d_2008.

    Tabela 5 Variveis utilizadas no estudo

    Fonte Elaborao prpria

    Assim como no estudo de eventos, os retornos, tanto das aes e ADRs, quanto do Ibovespa e

    do DJIA, foram calculados na forma logartmica com base nos preos de fechamento dirios e

    obtidos atravs do sistema de informaes Economtica, ajustados por