Data de submissão: 02/03/2020. Data de aprovação: 28/07/2020.

ENFERBRADEN: Experiência na construção de aplicativo para prevenção e tratamento de lesões por pressãoENFERBRADEN: Experience in building an application for the prevention and treatment of pressure injuries

ENFERBRADEN: Experiencia en la construcción de una aplicación para la prevención y el tratamiento de lesiones por presión

Júlia Larissa de Souza Silva1* , Helena Vitória Silva Pinheiro1 , Júlia Buonafina da Silva1 , Maurizene Rodrigues Silva1 , Izabely Vitória Félix de Lima1 , Laryssa Rodrigues Alves da Silva1 , Fernando Ramos Gonçalves1

1 Universidade de Pernambuco, Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças - Recife - Pernambuco - Brasil

ResumoObjetivo: Relatar a experiência da construção de um aplicativo para prevenção e tratamento de LPP em pacientes de UTI. Método: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, realizado por discentes de enfermagem da Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças da Universidade de Pernambuco (FENSG/UPE), Recife-PE, Brasil. Resultados: Reiterando a proposta de unir inovação tecnológica e saúde, o ENFERBRADEN foi desenvolvido em uma lógica sequencial, obedecendo uma linha de prioridades que fornece ao usuário alternativas de cadastramento do paciente, sugestões para prevenção e tratamento das LPP, pontuação de acordo com a escala de Braden, alarme que sinaliza a mudança de decúbito e verificação da existência de lesões na sistematização do tratamento. Considerações finais: A experiência vivenciada pelas discentes favoreceu o aprofundamento na temática, e construção de uma ferramenta que otimiza a utilização dos recursos, reduz custos para o serviço e promove o atendimento com qualidade.Descritores: Lesão por pressão; Tecnologia educacional; Cuidados de Enfermagem; Aplicativos Móveis.

AbstractObjective: To report the experience of building an application for the prevention and treatment of PPL in ICU patients. Method: This is a descriptive study, an experience report, carried out by nursing students at the Nursing School Nossa Senhora das Graças at the University of Pernambuco (FENSG/UPE), Recife-PE, Brazil. Results: Reiterating the proposal to combine technological innovation and health, ENFERBRADEN was developed in a sequential logic, obeying a line of priorities that provides the user with alternatives for patient registration, suggestions for the prevention and treatment of PPL, scoring according to the scale Bradens, alarm that signals the change of decubitus and verification of the existence of lesions in the treatment systematization. Final considerations: The experience lived by the students favored the deepening of the theme, and the construction of a tool that optimizes the use of resources, reduces costs for the service and promotes quality service.Descriptors: Pressure Ulcer; Educational Technology; Nursing Care; Mobile Applications.

ResumenObjetivo: Informar sobre la experiencia de crear una aplicación para la prevención y el tratamiento de PPL en pacientes de la UCI. Método: Este es un estudio descriptivo, un informe de experiencia, realizado por estudiantes de enfermería de la Escuela de Enfermería Nossa Senhora das Graças de la UniversidaddePernambuco (FENSG/UPE), Recife-PE, Brasil. Resultados: Reiterando la propuesta de combinar innovación tecnológica y salud, ENFERBRADENse desarrolló en una lógica secuencial, obedeciendo a una línea de prioridades que brinda al usuario alternativas para el registro de pacientes, sugerencias para la prevención y tratamiento dePPL, puntuación según la escala AlarmadeBraden, que señala el cambio de decúbito y la verificación de la existencia de lesiones en la sistematización del tratamiento. Consideracionesfinales: La experiencia vivida por los estudiantes favoreció la profundización del tema y la construcción de una herramienta que optimiza el uso de los recursos, reduce los costos del servicio y promueve un servicio decalidad.Descriptores: Úlcera por Presión; Tecnología Educacional; Atención de Enfermería; Aplicaciones Móviles.

Como citar este artigo: Silva JLS, Pinheiro HVS, Silva JB, Silva MR, Lima IVF, Silva LRA, Gonçalves FR. ENFERBRADEN: Experiência na construção de aplicativo para prevenção e tratamento de lesões por pressão. Rev. Enferm. Digit. Cuid. Promoção Saúde. 2021:1-7. DOI:https://doi.org/10.5935/2446-5682.20210005

RELATO DE EXPERIÊNCIADOI: 10.5935/2446-5682.20210005

* Correspondência para:Júlia Larissa de Souza SilvaE-mail: souzajulialarissa@gmail.com

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INTRODUÇÃO

A unidade de terapia intensiva (UTI) é um ambiente destinado ao atendimento e à recuperação de pacientes graves que requerem assistência e monitorização contínua das funções vitais(1). Um dos papéis fundamentais da Enfermagem no espaço de UTI é acompanhar a permanência dos pacientes durante sua completa internação, com atenção primordial na avaliação do risco de desenvolvimento de lesão por pressão (LPP), assim como sua prevenção e tratamento(2).

Conceitua-se as LPP como lesões localizadas na pele e/ou tecidos subjacentes, decorrentes de pressão sustentada ou da combinação de uma pressão ao cisalhamento. Apresentam-se em pele íntegra ou como ferida aberta e surgem, geralmente, sobre proeminências ósseas, podendo ainda estar relacionadas ao uso de equipamentos médicos ou outros dispositivos de assistência à saúde(3).

O surgimento e o desenvolvimento dessas lesões é multifatorial, podendo ocorrer, dessa forma, pela gravidade do quadro clínico dos indivíduos, frequentes procedimentos terapêuticos, longos períodos de internações, imobilidade física no leito e consequente perda de massa muscular(4). Soma-se ainda as patologias de base e os fatores de risco predisponentes apresentados pelos pacientes(2).

Devido à sua natureza recorrente e incapacitante, as LPP repercutem significativamente na qualidade de vida dos pacientes, familiares e no sistema de saúde. Sua presença é associada a elevados índices de morbimortalidade, aumento do tempo de internação e elevados custos hospitalares(3).

Dessa forma, nos protocolos de prevenção de LPP é indicado o emprego de escalas avaliativas e/ou preditivas. Dentre elas está a escala de Braden (EB), que tem por finalidade mensurar os riscos para o desenvolvimento de LPP, auxiliando no planejamento de medidas adotadas e aplicadas pela enfermagem que podem resultar na diminuição do período de internação e ônus hospitalares(2).

Preconizam-se para a prevenção das LPP medidas simples e eficientes, como a mudança de decúbito, proteção de saliências ósseas e manutenção da higiene do paciente(5). No caso de danos tissulares pré-existentes, o tratamento das LPP consiste no desbridamento dos tecidos desvitalizados e limpeza, a fim de promover a proliferação do tecido de granulação e minimizar o risco de infecção(2).

Portanto, diante do desafio representado pelas LPP, e com vista a uma assistência realmente eficaz, é essencial acompanhar as mudanças no campo da

enfermagem, em que se pode utilizar as tecnologias em diferentes contextos, tanto assistencial quanto educacional(6). Diante desta situação, o emprego da tecnologia em saúde pode se tornar um aliado na promoção da inovação e facilitador no desempenho das atribuições da equipe de Enfermagem(7).

As tecnologias relacionadas à saúde na prática da enfermagem consistem em um conceito de produto e processo. Como produto, estão a informatização, as informações e artefatos e, como processo, encontram-se os recursos relativos ao ensino e à aprendizagem do indivíduo(6). Segundo Merhy, as tecnologias podem ser divididas em três níveis: leve, quando constituem relações para implementar o cuidado; leve-dura, quando se utiliza de saberes estruturados para construir conhecimento; dura, quando há uso de normas, equipamentos e instrumentos tecnológicos(8). Neste caso, o protótipo desenvolvido pelas discentes enquadra-se no âmbito de tecnologia dura.

Destarte, a proposta de desenvolvimento de um aplicativo móvel que foca na prevenção e tratamento das LPP auxilia na prática assistencial do enfermeiro de modo a favorecer a continuidade da assistência(4,9), além de permitir o acesso e a sistematização das informações de forma segura e acessível. Assim, os benefícios do uso do protótipo consistem em possibilitar a qualificação da prestação do cuidado às LPP com vistas à redução e/ou eliminação de danos aos pacientes nos serviços de saúde(10), conforme estabelecido pelo protocolo de Segurança do Paciente(11).

Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo relatar a experiência da construção de um aplicativo para prevenção e tratamento de LPP em pacientes de UTI.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, realizado por discentes de enfermagem da Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças da Universidade de Pernambuco (FENSG/UPE), Recife-PE, Brasil. Diante das aulas de Informatização em Saúde do Módulo VII - Dimensão do cuidar V - Saúde do Adulto e Idoso, no primeiro semestre de 2019, houve a experiência de construir um protótipo de aplicativo com o intuito de auxiliar na prevenção e tratamento de LPP de pacientes hospitalizados em UTI.

No processo de ideação do aplicativo foi utilizado o Design Thinking (DT), uma inovadora metodologia através de pensamentos construtivos e positivos(12), a fim de responder a pergunta-problema: “Por que acontecem lesões por pressão e como fazer para prevenir e tratá- las?”. O método do DT é sustentado por três pilares (empatia, colaboração e experimentação)

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e tem o ser humano como o centro do processo. Este é dividido em 5 etapas: Empatia, Definição, Ideação, Prototipação e Teste. O processo ocorre desde a exploração e o solucionamento do problema até a elaboração e a avaliação do protótipo(12).

Foi realizada uma busca bibliográfica para o embasamento teórico, somado às vivências das discentes em campos de prática para eleger os cuidados mais utilizados no tratamento das lesões com o intuito de incluí-los no aplicativo, permitindo o registro destes cuidados realizados pela enfermagem.

Como a proposta foi unir inovação tecnológica e saúde, o protótipo do aplicativo foi desenvolvido em uma lógica sequencial, a qual obedece uma linha de prioridades que fornece ao usuário alternativas de cadastramento do paciente, pontuação de acordo com a escala de Braden, verificação da existência de lesões para a sistematização do tratamento bem como evolução de enfermagem, sugestões para a prevenção e tratamento das LPP e alarme que auxilia o lembrete da mudança de decúbito, contendo todas as opções selecionadas pelo profissional no protótipo.

Objetivando a sua utilização em ambiente de UTI, a ferramenta foi idealizada e estruturada de modo a permitir o registro dos pacientes hospitalizados e o acompanhamento adequado necessário para evitar e tratar danos tissulares. Na construção do aplicativo foi utilizada a plataforma online Thunkable®(13) e para a elaboração da arte da marca do protótipo, o relógio, foi utilizado o Autodesk SketchBook®.

A arte do aplicativo foi desenvolvida para ressaltar a importância da mudança de decúbito. Para isso, a equipe uniu o símbolo do relógio à imagem de curativos adesivos, a fim de reforçar que uma das medidas para a prevenção da LPP é a movimentação do paciente no leito. A cor laranja escolhida para o ícone foi inspirada na 6ª meta (reduzir o risco de quedas e lesão por pressão) do Protocolo de Segurança do Paciente(11).

Através da junção das palavras Enfermagem e Braden surgiu o nome do aplicativo: ENFERBRADEN. No intuito de despertar no usuário a semelhança com o ambiente da UTI, o design e as cores escolhidas para o protótipo foram azul, preto e branco. As telas desenvolvidas foram elaboradas com o propósito de serem funcionais, claras e objetivas, a fim de facilitar sua utilização pelos profissionais de enfermagem.

A construção do protótipo ocorreu de forma sistematizada, tela por tela, utilizando os elementos disponibilizados na plataforma, como os botões, caixas de texto, listas, legendas e caixas de seleção. O Thunkable® disponibiliza tutoriais que demonstram a funcionalidade do programa e modos de uso, no qual estes foram utilizados para a construção do protótipo.

Durante o processo de construção, as telas foram programadas e testadas individualmente e descobriu-se como interligá-las através da programação. Na medida em que uma etapa era concluída, iniciava-se uma outra tela e retomava-se o processo perenemente quando não se obtinha o resultado esperado pela equipe.

A programação foi realizada em computador, enquanto as testagens das funcionalidades das telas foram realizadas em smartphone. Essa plataforma limita seu uso em smartphones com sistema operacional Android®, no qual os dados foram salvos no aparelho através do Tiny Db, um recurso disponível no Thunkable®. Este processo de desenvolvimento do constructo oportunizou o conhecimento da linguagem de programação antes desconhecida pelas discentes.

RESULTADOS

A partir da busca bibliográfica, foi verificada a existência de protocolos e escalas para a prevenção e tratamento das LPP, sendo a escala de Braden a mais comumente utilizada. Esta apresenta-se como uma escala numérica, a qual traz consigo a classificação de risco para o surgimento das lesões(14).

Na tela inicial, o profissional tem acesso à lista de pacientes registrados, desfruta-se também da opção de “dar alta” ou realizar um novo cadastro ao clicar no botão “+” (Figura 1.a). Ao escolher o botão “+” o profissional migra para a 2ª tela (Figura 1.b). Nesta, pode-se efetuar um novo registro adicionando outro paciente à lista. Essa tela contém espaço para preenchimento do nome do paciente e prontuário e a opção de salvar as informações. Essa ferramenta auxilia no armazenamento dos dados do paciente no aplicativo garantindo uma busca mais célere na primeira tela. Por meio desse registro, o prontuário do paciente se torna visível nas demais telas.

Na 3ª tela (Figura 1.c), o profissional realiza a admissão do paciente preenchendo o histórico de comorbidades, elegendo possíveis riscos para o surgimento das LPP. Os antecedentes pessoais podem ser selecionados junto ao estado atual do paciente e os dispositivos em uso.

A 4ª tela (Figura 2.a) dispõe a escala de Braden para mensurar o risco do paciente. Assinalando-se as opções disponíveis, o aplicativo calcula no final o escore obtido, surgindo posteriormente o botão “ok”, que, ao clicar, o profissional é encaminhado à 5ª tela (Figura 2.b). Esta contém a imagem do corpo humano em posição anatômica nas faces anterior e posterior. Com esse recurso, o usuário tem a opção de demarcar as partes que possam vir a apresentar lesão (cor verde), bem como as áreas já injuriadas (cor amarela). Caso o usuário clique nas duas opções ao

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mesmo tempo e selecione alguma região no corpo, o protótipo orienta a selecionar apenas uma opção.

Após a demarcação das áreas, o profissional tem acesso aos níveis de acometimento da pele para as lesões já existentes, que variam do estágio I até IV. Na 6ª tela (Figura 2.c) há uma breve explicação referente ao que se encontra em cada estágio da lesão.

Para garantir o acompanhamento das intervenções, a 7ª tela (Figura 3.a) apresenta as opções de “tirar foto” e “adicionar foto”. Na mesma, o usuário ainda contém a possibilidade de escolher as coberturas apropriadas para utilizar na prevenção e/ou tratamento.

A última tela (Figura 3.b e 3.c) possui o recurso do alarme, este tem por propósito auxiliar o profissional a programar a mudança de decúbito do paciente, sendo recomendado que tal processo seja feito a cada duas horas, como disposto na maioria dos protocolos e a critério de ilustração, desperta-se a cada 10 segundos.

Por apresentar algumas limitações na plataforma Thunkable®, determinados comandos durante a ideação do aplicativo não puderam ser executados. Uma das limitações está relacionada ao pequeno espaço de armazenamento do banco de dados, que não consegue comportar as informações do aplicativo. Também pode ser destacado que o mesmo não permite a marcação de mais de uma zona de ferida, sendo impossível fazer o registro de mais de uma lesão.

Outra dificuldade é o alarme, este pode ser ativado, entretanto, o dispositivo tocará a cada duas horas sem identificar qual paciente deve mudar de decúbito. Somando-se a isso, o aplicativo não consegue trazer os dados dos pacientes que foram salvos, não foi possível alcançar uma programação efetiva para organizar a enorme quantidade de informações salvas em uma única tela.

Figura 1. Telas inicial (a), cadastramento (b) e admissão do paciente (c). Recife-PE, Brasil, 2020. Fonte: Acervo pessoal.

Figura 2. Telas escala de Braden (a), demarcação das áreas (b) e estágio das lesões (c). Recife- PE, Brasil, 2020. Fonte: Acervo pessoal.

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Por outro lado, o cadastro do paciente foi um êxito, sendo possível resgatar uma lista de pacientes cadastrados. As limitações apresentadas nesta plataforma no decorrer da elaboração protótipo dificultaram o processo criativo, dada a complexidade de sua execução.

DISCUSSÃO

As LPP se configuram como injurias resultantes do aumento da pressão sobre os tecidos moles em locais de proeminências ósseas. Apresentam elevada incidência e prevalência em pacientes internados em ambientes hospitalares. A ocorrência desse dano prolonga o tempo de internação do paciente e consequentemente culmina no retardo de sua recuperação, afetando a dinâmica assistencial e gerando ônus ao sistema de saúde(15). Dessa forma, a identificação dos pacientes que estão em risco para o desenvolvimento das LPP é primordial. Para isso, utiliza- se escalas de avaliação de risco, bem como medidas preventivas personalizadas para o planejamento e a implementação de ações pela equipe de saúde(16).

Nesse contexto, dentre as escalas validadas para mensuração de risco de desenvolvimento de LPP, a mais comumente utilizada é a escala de Braden. Seu uso possibilita ao prestador do cuidado conhecer as fragilidades do paciente, bem como fornecer subsídios para intervenções precoces(17).

Esse instrumento é muito difundido nos serviços de saúde e no ambiente de UTI de forma preventiva. A escala de Braden analisa seis fatores principais no paciente: percepção sensorial, umidade, atividade, mobilidade, nutrição e fricção e cisalhamento. Cada fator soma uma pontuação, variando entre os escores 6 e 23. Quanto maior for a pontuação, menor é o risco que o paciente tem de desenvolver LPP(18).

Nessa perspectiva, para sua utilização no protótipo, a escala sofreu adaptações para o meio digital, com vistas a trazer facilidade e praticidade de uso para o profissional de saúde. Essa adaptação fornece ao prestador do cuidado um acompanhamento diferenciado do paciente em que as informações cadastradas permanecem salvas, conduzindo ao plano de cuidados e alerta para a movimentação do paciente(4).

A prevenção de eventos adversos, como a lesão por pressão, é um dos propósitos das ações de segurança do paciente. Portanto, importa promover a mobilização e interesse por adquirir conhecimento de métodos para analisar risco com o objetivo de garantir qualidade na assistência e evitar agravos à saúde. A mudança de decúbito é uma das atividades preventivas realizadas pelos profissionais de saúde em pacientes com risco de desenvolver LPP, assim como sua utilização na redução de danos em indivíduos já acometidos(19).

Nesse contexto, o protocolo de Segurança do Paciente aborda em sua 6º meta a prevenção de lesões por pressão e o risco de quedas, que estão presentes principalmente em pacientes acamados e/ou com problemas na deambulação(11). A cor do relógio utilizada no aplicativo faz menção à coloração laranja desta meta.

O ícone foi desenvolvido pela equipe exclusivamente para o protótipo e tem por finalidade alertar o profissional a realizar a mudança de decúbito do paciente dentro de um intervalo de tempo adequado(20).

A palavra tecnologia é empregada e utilizada em diversos ambientes, como na enfermagem e tem o intuito de melhorar o cuidado executado pelo profissional. Nesse contexto, os conceitos de tecnologias leve, leve-dura e dura atuam na esfera da enfermagem a fim de proporcionar benefícios ao binômio profissional-paciente(6).

Figura 3. Telas cuidados de enfermagem (a), alarme (b) e alarme ativado (c). Recife-PE, Brasil, 2020. Fonte: Acervo pessoal.

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Nesta mesma esfera, tem-se: a tecnologia leve definida pelas relações humanas do cuidado, acolhimento e interação; a leve-dura caracterizada pelo usufruto de conhecimentos estruturados, como em massagens e banho de imersão e por último, a dura em que se destaca tecnologias utilizadas para o desenvolvimento de softwares para saúde. Ressalta-se ainda que a modalidade tecnológica utilizada no protótipo foi a dura(6).

Para fins didáticos, o uso da tecnologia auxilia o processo de aprendizagem, favorecendo ao estudante e profissionais de saúde uma nova modalidade de execução da assistência. Essa forma inovadora de ensino propicia a formação profissional mais qualificada e humanizada para o mercado de trabalho(21,22). Com isso, o desenvolvimento de metodologias ativas desperta o interesse na implementação de instrumentos que favoreçam a educação permanente dos estudantes e profissionais de saúde.

O aplicativo, em sua essência, trabalha em prol das boas práticas em saúde, visando a garantia de uma melhor assistência, propiciando a redução de danos e riscos à saúde. A união da tecnologia com a saúde visa despertar no estudante de graduação um maior interesse pela produção científica, o que favorece uma prática baseada em evidências, o despertar do senso crítico e ações pautadas na segurança do paciente, de forma a propiciar efetividade e eficiência na atenção nos diversos cenários de atuação do cuidar(23).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da experiência vivida pelas discentes de enfermagem na idealização, design e construção do protótipo de aplicativo ENFERBRADEN, pôde-se aprofundar a temática “Lesões por Pressão”, suas formas de origem, estadiamento e tratamento, bem como o processo de trabalho da enfermagem destinado à prevenção e tratamento das LPP em pacientes hospitalizados, buscando, dessa maneira, a associação de tal laboração à inovação tecnológica em saúde.

Dessa forma, o processo de construção da ferramenta além de ser considerada uma metodologia ativa e revolucionária de ensino-aprendizagem adotada pela instituição de origem das discentes, promoveu também uma nova maneira de se pensar em saúde. Soma-se ainda os diversos benefícios abarcados pelo protótipo, tais como: promoção da melhora do cuidado, otimização da utilização dos recursos e do processo de trabalho da enfermagem, redução de custos para o serviço de saúde e promoção do atendimento com qualidade, contribuindo como um facilitador da assistência em saúde.

Visto que a sociedade atual está emergida na era digital e do acesso à informação, utilizar tais meios em prol da assistência à saúde torna-se extremamente necessário nesse cenário. Frisa-se, por fim, que o desenvolvimento do ENFERBRADEN contemplou a primeira fase deste projeto e as fases subsequentes serão realizadas com o propósito de se avaliar a funcionalidade do constructo, através do sistema de validação em ambiente hospitalar.

COLABORAÇÃO DOS AUTORES

Conceitualização, Metodologia, Redação - Preparação do original, Redação - Revisão e Edição, Software: Júlia Larissa de Souza Silva, Helena Vitória Silva Pinheiro, Júlia Buonafina da Silva, Maurizene Rodrigues Silva, Izabely Vitória Félix de Lima, Laryssa Rodrigues Alves da SilvaGerenciamento do Projeto, Redação: Revisão e Edição, Supervisão - Fernando Ramos Gonçalves

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