37
Esther Guimarães Cardoso ENGORDA DE BOVINO CONFINAMEN li '..- r- 1 '-, -• ... \.' - -I ,ü: -' I ,... .. . •.. L

Engorda de Bovinos Em Confinamento

Embed Size (px)

DESCRIPTION

1996 - Livro Embrapa - Engorda de Bovinos Em Confinamento Aspetos Gerais

Citation preview

  • Esther Guimares Cardoso

    ENGORDA DE BOVINO CONFINA MEN li

    '..- ~ r- 1'-, - ... r~" \.'

    - -I ,: -' I ,... ~~. ~.,_ ..

    . 4r,,-~ .. L

  • ENGORDA DE BOVINOS EM CONFINAMENTO

    (Aspectos gerais)

    Esther Guimares Cardoso

    Campo Grande, MS 1996

  • SUMRIO

    RESUMO .... ........ ...... ... .................... .... .... .. ... .. .. ................ ... .. .. ....... .... 7

    ABSTRACT ........ .. ... .. .. .. ...... .... .... ............... .... ....... ............. ........ .. .. .... 7

    1 INTRODUAo ..... ...... .... ... ...... .... ................ .. .. .. .... ... ........ .. ........ .... 8

    2 O SISTEMA DE ENGORDA EM CONFINAMENTO .... ... ... .......... ... 9

    3 LOCALlZAAO E INFRA-ESTRUTURA ...... ... ....... .... .. ...... .. .......... 10

    4 OS ANIMAIS ... ..... ... .... ...................................... .......................... 16

    4.1 Tipos e caracterlsticas ................ .... .. .. ........... ....... .............. ... ... 16

    4.2 Manejo dos animais .... .. .. ... .. ...... ..... .... .. ...... .............. .... ......... ... 20

    5 OS ALIMENTOS ... ..... .. .... .......... ...... .. ... .. ..... ....... ................ ........... 21

    5.1 Manejo da alimentaao ....... .. .. ... .. ... ....... .. ............... .. ............... . 28

    6 PROBLEMAS NO CONFINAMENTO DO GADO DE CORTE ....... 29

    7 CONTROLE E GERENCiAMENTO .............................. .. .... .. .......... 33

    8 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ...... .... ... .. .................... .. ................ 34

  • ENGORDA DE BOVINOS EM CONFINAMENTO

    (Aspectos gerais) Esther Guimares Cardoso 1

    RESUMO - Este trabalho aborda de forma sucinta os diversos aspectos envolvidos na terminao de bovinos em confinamento. Trata da localizao e infra-estrutura necessrias; fala dos tipos de animais que podem ser utilizados, fazendo referncia relao entre porte da raa e tempo necessrio para engorda; descreve as categorias de alimentos e as regras gerais do manejo da alimentao. Por fim, refere-se aos problemas que podem ocorrer durante o confinamento e chama a ateno sobre a necessidade do controle e gerenciamento eficaz para a melhoria do negcio.

    ABSTRACT - This paper resume various aspects of beef cattle feedlot practice. Its refers to feedlot localization and facilities; beef cattle type that can be used, connecting frame size and fattening time; describe feed classes and general rules of feeding management. Also refers to feedlot problems like diseases and disfunctions and claim for the need of efficient business control.

    'Enga.-Agra., M.Sc., CREA N 42670/D-Visto 672/MS, EMBRAPA-Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte (CNPGC), Caixa Postal 154, CEP 79002-970 Campo Grande, MS.

  • 8

    1 INTRODUO

    chamado de "confinamento" o sistema de criao de bovinos em que lotes de animais so encerrados em piquetes ou currais com rea restrita, e onde os alimentos e gua necessrios so fornecidos em cochos.

    Assim sendo, o sistema de confinamento pode ser aplicado a todas as categorias do rebanho. Contudo, o confinamento mais propriamente utilizado para a terminao de bovinos, que a fase da produo que imediatamente antecede o abate do animal, ou seja, envolve o acabamento da carcaa que ser comercializada. A qualidade do produto (bovino) produzido no confinamento assim dependente das outras fases da produo. Bons produtos de confinamento so animais sadios, fortes, com ossatura robusta, bom desenvolvimento muscular (quantidade de carne) e gordura suficiente para dar sabor carne e proporcionar boa cobertura da carcaa.

    A produo de animais terminados em confinamento pode ser feita por proprietrios de rebanhos ou por produtores comerciais. Produtores ou confinadores comerciais so aqueles que recebem animais de proprietrios de rebanhos, produzem ou adquirem alimentos, tm instalaes e, engordam os animais recebidos de terceiros em sistema de parceria na produo, aluguel de instalaes e vrios outros sistemas de contrato.

    O confinamento de bovinos por proprietrios de rebanhos ou fazendeiros traz consigo as seguintes vantagens:

    ~ aumento da eficincia produtiva do rebanho, por meio da reduo na idade de abate e melhor aproveitamento do animal produzido e capital investido nas fases anteriores (cria-recria) ;

  • 9

    ~ uso do gado como mercado para alimentos e subprodutos da propriedade;

    ~ uso da forragem excedente de vero e liberao de reas de pastagens para outras categorias durante o per iodo de confinamento;

    ~ uso mais eficiente de mo-de-obra, maquinrios e insumos; e

    ~ flexibilidade de produo (se os preos no forem compensadores, pode optar por no confinar) .

    No Brasil, o confinamento , como regra , conduzido durante a poca seca do ano, ou seja, durante o perodo de entressafra da produo de carne. Os animais so comercializados no pico da entressafra quando ento tendem a alcanar melhores preos.

    2 O SISTEMA DE ENGORDA EM CONFINAMENTO

    Podem ser alimentados em confinamento bezerros desmamados (recria-engorda), novilhos e novilhas em recria, bois magros, garrotes e vacas boiadeiras (de descarte). A recria-engorda em confinamento pode produzir um animal jovem e acabado, dito "novilho precoce". Vacas boiadeiras, em boa condio e bom estado sanitrio, respondem bem engorda em confinamento, pois so animais adultos com baixa exigncia nutricional relativamente a outras categorias. Contudo, mais freqente a utilizao de novilhos recriados para a engorda em confinamento. O importante que, aps o confinamento, os animais apresentem condies de abate, uma vez que no recomendvel que animais confinados retornem s pastagens.

  • 10

    A terminao em confinamento depende de: ~ fonte de animais para terminao; ~ fonte de alimentos; e ~ preos e mercado para o gado confinado.

    A partir disso, podem ser enumeradas como condies bsicas para a adoo do sistema de engorda em confinamento, o que segue:

    ~ disponibilidade de alimentos em quantidade e propores adequadas ; ~ disponibilidade de animais com potencial para ganho de

    peso; e ~ gerncia (planejamento e controle) .

    Qualquer uma dessas condies quando no atendida provocar prejuzos ao produtor.

    3 LOCALIZAO E INFRA-ESTRUTURA

    Uma vez que grande parte dos custos da engorda em confinamento referente alimentao, importante que o confinamento esteja localizado em rea ou regio onde esta seja disponvel com fartura, especialmente quando o proprietrio depende da aquisio de alimentos. A facilidade para aquisio e venda de animais outro fator a ser considerado na escolha do local para o confinamento.

    Dentro da propriedade rural, a rea para a instalao da engorda confinada deve ser retirada, evitando reas vizinhas a rodovias ou com grande movimentao. Isto evita contaminaes, furtos e estresse nos animais. Fontes de gua farta e limpa e de energia eltrica tambm devem ser consideradas na escolha do local.

  • I I

    Na confeco do projeto para locao do confinamento recomendvel que as instalaes sejam planejadas de forma ampla e global. A construo ou implementao poder ser feita em mdulos ou etapas, mas interessante que desde o incio sejam previstas todas as reas e eventualmente possveis ampliaes futuras, em qualquer dos setores. reas muito planas e declives em excesso devem ser evitados, assim como a proximidade a crregos e rios (que podem ser contaminados com dejetos do confinamento) e reas com ventos canalizados, pois, no caso de haver vilas ou cidades prximas, seus habitantes podero ser molestados pelo odor dos animais e das fezes.

    O projeto global para o confinamento deve incluir um centro de manejo dos animais, rea para produo e preparo dos alimentos, rea para os currais de engorda, e instalaes de gerncia. Em toda a rea, especialmente na dos currais de engorda e rea de plantio, o projeto deve prever estruturas para coleta de fezes e urina (canais de drenagem, tanques de sedimentao etc.) e estruturas de conservao do solo e da gua (curvas de nvel, terraos etc.), importantes para o manejo e conservao das reas de produo e para o controle da poluio.

    O centro de manejo destina-se recepo e preparo dos animais que entr~ro no confinamento. Deve ter curral com brete, balana e apartador; piquetes de espera e pousio com gua e piquetes-enfermaria. Servir ainda para vacinaes, pesagens intermedirias e final e embarque do gado para abate.

    A rea de alimentao inclui as reas para produo de alimentos (milho, capineiras, lavouras etc.), de armazenamento e conservao (armazns para sacaria, fenis, silos graneleiros e forrageiros), de preparo dos alimentos (galpo para misturador, moedor, picador e

  • e , i!

    ~

    . I ' .J:)

    ~ ~ ~ l.JJ;, JI!/Ii ~ m; ;! O t

    Q) .D CU

    ~ -Q) ()

    , E CU " 8 CU

    , '" "O ., ....

    O Ol C Q) Q)

    "O CU ....

    ....

    ~ () Q)

    "O O c. E Q) X

    o UJ " li u

    T"""

    (9 LI..

    " ... -..J .. o -c ..

    E ~

    --"! ::li

    -l; Z o-

    " c

    -" Il.

  • 13

    balana) e depsito para mquinas e equipamentos (tratores, carretas etc.).

    As instalaes de gerncia compreendem um escritrio e seus equipamentos como telefone/rdio , computador, arquivos etc. onde ficam catalogadas as fichas de controle de compra, venda e produo de insumos e animais, dados de desempenho dos lotes confinados, consumo de alimentos e combustveis, utilizao de mo-de-obra etc. Pode incluir ainda uma pequena farmcia que conter as vacinas necessrias, os produtos de rotina no manejo sanitrio dos animais, e alguns medicamentos e instrumental estratgico para combate imediato a alguma ocorrncia extraordinria (intoxicaes, empanzinamento etc.).

    As instalaes anteriormente descritas, se j existentes na propriedade, devem ser aproveitadas no projeto global desde que tenham capacidade suficiente para atender nova atividade incorporada e tenham localizao adequada.

    Cada um dos currais ou piquetes de engorda deve ter rea suficiente para conter o nmero de cabeas desejado em um lote. O tamanho dos lotes ser ditado pelo nmero total de cabeas que se planeja confinar, pela facilidade ou dificuldade em se obter animais homogneos e pela facilidade ou dificuldade de se obter determinado nmero de animais numa mesma ocasio. Se o confinador o prprio fazendeiro, que faz a cria e recria dos animais, os lotes podero ter tantas cabeas quantos forem os animais possveis de entrar no confinamento num mesmo dia (por exemplo: um lote com os animais desmamados em fevereiro e outro para os desmamados em maio, um lote para os animais cruzados, outro para os de raa pura etc.). O importante ter em cada curral ou piquete um grupo

  • 14

    homogneo de animais , pois isto favorece o desempenho, permite o uso de raes mais apropriadas quele lote particular, possibilita melhor controle da produo e assim tambm melhor eficincia do processo. Com base nos dados colhidos sobre cada lote ser possvel aprimorar o processo de planejamento para os anos seguintes.

    O confinamento conduzido durante a poca seca do ano pode requerer 10 a 12 m2/cab . O piso poder ser de cho batido com uma declividade mnima de 3%. Em regies mais chuvosas e, portanto, mais sujeitas formao de lama nos currais (a lama muito prejudicial ao desempenho dos animais), a rea por cabea e a declividade devero ser maiores (at 50 m2/cab e 8% de declividade). Neste caso, ainda podero ser feitas caladas ao longo dos cochos, com 1,8 a 3,0 m de largura (cascalho, concreto etc.) ou mesmo telhado sobre os cochos (p direito com 3,0 metros). As Fig . 1 e 2 ilustram tipos de curral de engorda.

    As cercas divisrias devem ter no mnimo 1,8 m de altura e podem ser feitas de arame liso, cordoalha, tbuas e outros. Na parte frontal do piquete ficam os cochos de alimentos e, no lado oposto, as porteiras que se comunicam com o corredor de servio ou circulao (corredores de passagem do gado para entrada e sada dos piquetes) . frente dos cochos estar localizado o corredor de alimentao, por onde passaro os veculos para distribuio dos alimentos. Os esteios de cerca e coberturas devem ficar do lado interno do curral e no no corredor de alimentao para no atrapalhar a distribuio dos alimentos.

    Os cochos de alimentos podem ser construdos de diferentes materiais como tambores, manilhas, madeira etc., desde que possam conter o volume de alimentos (volumoso) que sero oferecidos aos animais. Podero ser colocados at a uma altura mxima de 40 cm do solo (do fundo do

  • op

    o DE

    PO

    R CO

    RRED

    OR

    TEIR

    AS

    F\II~A

    --

    I DE

    SE

    Rvi

    O

    --

    o"

    I ~,-t.l

    ~,.

    ~._.\:t

    _.l. l

    \ _----~

    -~ 1 \

    \, l

    O~ .

    -\ ~

    ~-Po

    q'TA

    O

    1 111

    , , 11

    r:

    CA"''

    '_ET

    ':' 0.

    60"

    .

    .

    .

    .

    .

    , .

    25.00

    m

    3j c.'

    ff\ 3.

    001:

    \ 3/

    Cm

    25.0

    0",

    rO

    SS')

    2,0"

    :::-'"

    Z::>

    O",

    -.. r

    0,,0

    CO

    (I-O

    O

    ,'jO

    m

    X 0

    ,4

    0",

    OP

    o) PA

    RA F

    OSSA

    CEN

    TRAc

    Font

    e:

    Puri

    na N

    utri

    men

    tol

    LIda

    . ( T

    endl

    ncia

    ...

    199

    1).

    ada

    ptad

    o pe

    la a

    uto

    ra.

    FIG

    . 2. E

    xem

    plo

    de c

    urr

    al d

    e e

    ngo

    rda

    sem

    i-cob

    erto

    .

  • 16

    cocho ao solo). O importante que tenham 70 cm disponveis/cabea, permitindo que todos os animais possam se alimentar ao mesmo tempo. Assim, para um lote de 90 animais, por exemplo, sero necessrios 63 metros de cocho.

    Os bebedouros devero ter capacidade para fornecer 50 litros de gua/cab/dia. Os cochos para sal mineralizado devero ser localizados longe dos bebedouros, para evitar aglomerao de animais. Quatro metros de cocho para sal so suficientes para 100 animais. Sero cobertos ou no, dependendo das condies climticas na regio do confinamento.

    Sem existir um padro definido, as instalaes devero ser funcionais e prticas, de modo a facilitar o manejo dos animais e abastecimento e limpeza de cochos e, principalmente, devero ser simples, pois a sofisticao no traz retorno economlCO, podendo comprometer a rentabilidade do processo.

    4 OS ANIMAIS

    4.1 Tipos e caracteristicas

    Para a engorda em confinamento devem ser utilizados animais sadios, de bom desenvolvimento e potencial de ganho em peso.

    O ganho em peso pode se dar por acrscimo de tecido sseo, massa muscular ou gordura. Cada tipo de tecido formado demanda maior ou menor quantidade de determinado nutriente, e cada um dos tecidos tem uma particular taxa de crescimento, assim sendo, a participao de cada tecido no ganho varivel.

  • 17

    A composlao do ganho em peso influenciada pela idade e peso vivo do animal, pelo sexo, pela estrutura corporal e pela taxa de ganho. Idade e peso vivo, em animais bem criados, dentro de uma mesma raa, usualmente esto associados.

    Animais mais jovens so mais eficientes quanto converso alimentar (kg de alimentos/kg de ganho em peso), pois o ganho se d principalmente pelo crescimento da massa muscular, que um tecido com teor de gua relativamente elevado. Ao contrrio, animais mais pesados ou mais erados demandam comparativamente maior quantidade de alimento/kg de ganho, pois estaro sintetizando gordura a taxas mais elevadas (Fig . 3) .

    o "U u Q) -o

    "U o ."

    Q) Cl.

    msculo / /

    / I

    / " / " /gordura I

    /' " / "

    / " / ' /' " /' ,,'

    " " ,,' ossos

    " _#

    .,-

    Peso vivo

    FIG. 3. Crescimento dos tecidos em relao ao peso vivo. Fonte: Berg & Walters citados por Taylor (1984) .

  • 18

    o sexo tambm influencia a composio do ganho em peso e a composio da carcaa. Animais de sexos diferentes chegaro ao ponto de abate (mesmo grau de acabamento da carcaa) em pesos ou idades diferentes. Fmeas atingem o ponto de abate mais cedo e mais leves que os machos castrados que, por sua vez, estaro acabados mais cedo e mais leves que machos inteiros (Fig . 4). Este conhecimento permite um melhor planejamento da produo (tipo de alimentao, tempo de confinamento e poca de comercializao)

    o ~

    ' 0 ' o

    ~ E o

    .J::. c: o O> ::::I o g '> o Cf) Q) a.

    E Q) o

    .J::. c: o

  • 19

    Modernamente, em sistemas eficientes de engorda em confinamento, a estrutura corporal dos animais tambm deve ser levada em conta, especialmente quando considerado o emprego crescente do cruzamento industrial para a produo intensiva de carne. Animais com estrutura corporal grande ganham peso mais rapidamente comparativamente a animais de raas pequenas, mas demoram mais tempo para atingir o peso prprio para abate. So considerados animais de estrutura corporal mdia aqueles com peso vivo de abate entre 450 e 520 kg para machos e 400 e 475 kg para fmeas. Animais ou raas de estrutura corporal grande atingem grau da acabamento em pesos superiores a 520 kg para machos e 475 kg para fmeas (Fig . 5). Assim sendo, animais de estrutura corporal mdia, por exemplo, se deixados engordar at que atinjam pesos elevados, equivalente ao peso de abate de bovinos de estrutura corporal grande, tero carcaas com excesso de gordura, o que a deprecia da mesma forma que a pouca gordura.

    A taxa de ganho em peso tem influncia sobre a composio do ganho, pois medida que aumenta o ganho, aumenta a quantidade de gordura depositada na carcaa. Uma maior taxa de ganho requer maior quantidade de alimento, mas, por outro lado, quando so mantidas altas taxas de ganho no confinamento, proporcionalmente utilizada menor quantidade de alimento para mantena do organismo. O investimento (alimento) feito na mantena dos animais no traz retorno econmico, salvo quando a valorizao do peso da arroba do boi gordo for superior ao custo da mantena mais o custo do capital empregado.

  • o ....

    o - o ' ' Q) E o .c c: g. B o > > o I/)

    & ~ o

    ..c c: o t!)

    E3 Gordura fJ Msculo O Ossos

    I 400

    20 .,

    " I ~~.20..-~--=:} I .

    I . I

    I estrutura grande

    I . ,

    estrutura mdia I

    estrutura pequeno

    I I I I I I I

    I I I

    500

    Peso (kgl

    590

    FIG. 5. Relao entre estrutura corporal e peso e composio de carcaa. Fonte: Taylor (1984).

    4.2 Manejo dos animais o manejo dos animais para ou no confinamento

    deve ser feito sempre com calma, de forma a evitar o estresse e acidentes. A observao sobre a aparncia e comportamento dos animais dever ser constante, pois qualquer mudana que haja nestes fatores poder ser indicativo de algum problema. Animais doentes ou problemticos devem ser imediatamente apartados para

  • 21

    tratamento. S devero retornar ao confinamento (ao mesmo lote de origem) aps plena recuperao .

    Se o tamanho do lote depende da disponibilidade de animais homogneos quanto a sexo, grau de sangue, estrutura corporal e grau de acabamento, recomendvel tambm que os lotes no excedam 100 cabeas/piquete . Uma regra til que o tamanho do lote seja compatvel com a capacidade de carga dos caminhes de transporte. Por exemplo, se um caminho puder transportar 18 bois acabados, um lote poder ter 36, 54, 72 ou 90 cabeas correspondendo a dois, trs, quatro ou cinco caminhes. Com isto, terminado o perodo de confinamento, ser possvel vender todo o lote, sem que fique um ou mais animais para trs. Durante o perodo de confinamento no recomendvel a troca ou mistura de lotes, nem a colocao de novos animais em lotes j formados.

    Antes de entrar no confinamento, os animais devero ser vacinados contra aftosa e vermifugados e, se for o caso, tratados tambm contra ectoparasitos como bernes e carrapatos .

    As vacinaes, as operaes de pesagem, de embarque e transporte dos animais devem ser feitas sempre de maneira cuidadosa, para que no ocorram edemas ou machucaduras que venham a prejudicar o aproveitamento ou qualidade da carne, especialmente a dos cortes nobres do traseiro.

    5 OS ALIMENTOS

    Dietas para bovinos em confinamento incluem alimentos volumosos, concentrados e suplementos. So

  • .., ..,

    alimentos volumosos aqueles que possuem teor de fibra bruta superior a 18% na matria seca, como o caso dos capins verdes , silagens, fenos, palhadas etc. Alimentos concentrados so aqueles com menos de 18% de fibra bruta na matria seca e podem ser classificados como proticos (quando tm mais de 20% de protena na matria seca), como o caso das tortas de algodo, de soja etc., ou energticos (com menos de 20% de protena na matria seca) como o milho, triguilho, farelo de arroz etc .

    Os alimentos so usualmente descritos ou classificados com base na matria seca, de forma apoderem ser comparados quanto as suas caractersticas nutricionais, custo de nutrientes etc. A matria seca (MS) a frao do alimento excluda a umidade natural deste. Assim, por exemplo, uma partida de milho em gro que tenha 13% de umidade natural tem, por diferena, 87% de matria seca. O teor de umidade entre alimentos muito varivel (cerca de 75% para gramneas frescas, por exemplo, at 10% para tortas ou fenos) . Na matria seca que esto contidos os nutrientes: carboidratos, protenas, minerais etc. Uma vez que a poro nutritiva de um alimento est contida na matria seca e que a capacidade de consumo dos alimentos pelos animais est relacionada, tambm, matria seca, todo clculo relativo alimentao (balanceamento de raes, custo de aquisio e transporte de alimentos etc.) deve ser feito com base na matria seca (ou seja, convertido para equivalncia a 100% de matria seca).

    Rao a quantidade total de alimento que um animal ingere em 24 horas, e rao balanceada aquela que contm nutrientes em quantidade e propores adequadas para atender s exigncias orgnicas dos animais.

    Usualmente, as raes so compostas por ali-mentos volumosos e concentrados. O balanceamento das

  • 23

    raes determinar a relao volumoso:concentrado neces-sria para cada tipo de animal e taxa de ganho em peso.

    Maiores taxas de ganho em peso requerem maior concentrao energtica da rao. Alimentos muito ricos em carboidratos estruturais ou fibras, como o caso das gramneas, por exemplo, tm menor concentrao energtica (de 7 a 9 MJ de energia metabolizvel/kg de MS) comparativamente queles com alto teor de carboidratos no estruturais, como o gro de milho (cerca de 13 MJ de energia metabolizvel/kg de MS) ou torta de soja (cerca de 12 MJ de energia metabolizvel/kg de MS), por exemplo. A eficincia de utilizao de nutrientes da rao para o ganho em peso depende da concentrao energtica da rao, ou seja, da relao volumoso:concentrado (Tabela 1). Raes com baixa concentrao energtica (8 MJ de energia metabolizvel/kg de MS, base de volumosos exclusivamente) so utilizadas com uma eficincia de 30% para o ganho em peso, ao contrrio de raes de alta concentrao energtica (12 MJ de energia metabolizvel/kg de MS, ou relao volumoso:concentrado de 80:20, por exemplo) que podem ser utilizadas com uma eficincia de 45% para o ganho em peso.

    O balanceamento de raes, alm da energia, deve levar em conta a protena. No balanceamento da protena deve ser considerada a protena necessana aos microorganismos do rmen e aquela necessria ao bovino. Modernamente, o conceito de protena digestvel (PO) para o balanceamento de raes foi substitudo pelos conceitos de protena degradvel no rmen (POR) e protena no degradvel no rmen (PNOR) ou protena digestvel no intestino, ou ainda pelo conceito de protena metabolizvel. Minerais e vitaminas so acrescentados s raes, em propores suficientes para atender s exigncias orgnicas

  • 24

    dos bovinos. Raes podem ainda incluir aditivos como tamponantes, ionforos, palatabilizantes etc. TABELA 1. Eficincia da utilizao da energia metabolizvel (EM) para

    manuteno e ganho em peso (National Research Council , 1984).

    Concentrao da EM

    MJ/kg' (M) 8,4 9,2

    10,0 10,9 11,7 12,5 13,4

    Relao aproximada volumoso:

    concentrado2

    100:0 83:17 67 :33 50:50 33:67 17:83

    0:100 'Originalmente dado em Mcal.

    Eficincia de utilizao da EM

    manuteno ganho em peso 57,6 29,6 60,8 34,6 63,3 38,5 65,1 '41 ,S 66,6 43,9 67,7 45,8 68,6 47,3

    2Assumindo que um alimento volumoso de boa qualidade contm 8,4 MJ/kg e que uma mistura de concentrados contm 13,4 EM/kg .

    As eXlgencias nutricionais para bovinos em confinamento variam segundo o sexo, a estrutura corporal, o peso vivo e a taxa de ganho em peso esperada, e assim a formulao de raes deve levar em conta estes fatores para o balanceamento. As exigncias nutricionais dos bovinos e a composio em princpios nutritivos dos alimentos podem ser obtidas em tabelas especficas. A composio bsica de alguns alimentos mais comumente usados na engorda confinada, pode ser vista na Tabela 2. As Tabelas 3 e 4 ilustram as exigncias em energia e protena de novilhos de diferentes tamanhos corporais e para trs taxas de ganho de peso. No caso de alimentos no convencionais, ser necessrio proceder a anlises laboratoriais do mesmo para conhecimento dos teores de seus princpios nutrjtjvos.

  • TABE

    LA 2

    . Te

    or d

    e m

    at

    ria s

    eca

    (MS)

    , en

    erg

    ia m

    eta

    boliz

    vel

    (EM)

    , pro

    ten

    a br

    uta

    (PB)

    e d

    egra

    dabi

    lidad

    e da

    pro

    ten

    a n

    o r

    men

    (%) d

    e a

    lgun

    s a

    limen

    tos.

    Teor

    md

    io d

    e Co

    m b

    ase

    em

    100

    % d

    e M

    S m

    at

    ria s

    eca

    En

    ergi

    a Pr

    ote

    na b

    ruta

    (%

    MS)

    m

    eta

    boliz

    vel

    1 Te

    or

    Deg r

    ada

    bilid

    ade

    MJ

    de E

    M/k

    g M

    S (%

    PB)1

    da

    PB

    no r

    men

    (%)2

    Sila

    gem

    de

    milh

    o 27

    9,

    9 8,

    0 57

    ,9

    Cana

    -de-

    ac

    ar

    23

    9,1

    4,3

    41,0

    Fa

    relo

    de

    soja

    89

    12,3

    50

    ,5

    66,6

    F a

    relo

    de

    alg

    odao

    91

    11

    ,5

    45,7

    49

    ,0

    Soja

    cru

    a

    90

    14,3

    42

    ,0

    79,3

    Fa

    relo

    de

    arr

    oz

    inte

    gral

    91

    9,

    9 14

    ,8

    75,6

    Fa

    relo

    de

    arr

    oz

    91

    9,0

    15,4

    61

    ,7

    dese

    ngor

    dura

    do

    Fare

    lo d

    e tri

    go

    90

    12,2

    17

    ,0

    74,5

    Fu

    b d

    e m

    ilho

    88

    13,6

    10

    ,5

    43,4

    M

    ilho

    desi

    nteg

    rado

    co

    m

    8,9

    11,6

    8,

    7 40

    ,4

    palh

    a e

    sa

    bugo

    (MDP

    S)

    Farin

    ha d

    e ca

    rne

    e o

    sso

    s 94

    9,

    9 53

    ,4

    37,8

    Fa

    rinha

    de

    peix

    e 92

    11

    ,0

    66,6

    26

    ,3

    Cam

    a de

    gal

    inhe

    iro

    79

    8,2

    20,2

    5 64

    ,7

    'Bas

    eado

    em

    Cam

    pos

    (1995

    ). 2F

    onte:

    Val

    adar

    es F

    ilho

    (1990

    ).

  • TABE

    LA 3

    . Ex

    ign

    cias

    nu

    trici

    onai

    s em

    en

    erg

    ia m

    eta

    boliz

    vel

    (MJ/d

    ia) d

    e novil

    hos

    de r

    ara

    s de

    gra

    nde,

    md

    io e

    peq

    ueno

    por

    te, c

    on

    side

    rand

    o a c

    on

    cen

    tra

    o e

    ne

    rgt

    ica d

    a ra

    o

    (M) .

    M

    (MJ E

    MI

    kg M

    S)

    9

    Peso

    R

    aas

    gra

    ndes

    R

    aas

    md

    iasL

    R

    aas

    peq

    uena

    s3

    vivo

    ganh

    o em

    kg

    PV/d

    ia

    ganh

    o em

    kg

    PV/d

    ia

    ganh

    o em

    kg

    PV/d

    ia

    (kg)

    O

    0,5

    1,0

    1,5

    O

    0,5

    1,0

    1,5

    O

    0,5

    1,0

    1,5

    200

    27

    37

    53

    27

    39

    59

    27

    42

    66

    300

    36

    49

    68

    36

    52

    76

    36

    54

    85

    400

    44

    62

    83

    44

    63

    92

    51

    65

    108

    500

    51

    69

    96

    51

    73

    107

    58

    76

    119

    --------------------------------------------------------------

    200

    26

    35

    47

    65

    26

    36

    51

    76

    26

    38

    56

    89

    300

    34

    45

    61

    84

    34

    48

    67

    97

    34

    50

    73

    112

    11

    400

    42

    55

    74

    101

    42

    58

    80

    117

    42

    60

    88

    135

    500

    48

    64

    86

    117

    48

    67

    94

    135

    48

    70

    10

    21

    56

    60

    0 55

    72

    97

    13

    2 55

    76

    10

    6 15

    2 55

    79

    11

    5 17

    6 'A

    dapt

    ado

    de A

    gricu

    ltura

    l Res

    earc

    h Co

    uncil

    (198

    0).

    2So

    tam

    bm

    exi

    gnc

    ias

    nu

    trici

    onai

    s de

    no

    vilh

    as d

    e ra

    as

    de g

    rand

    e po

    rte.

    3 So

    tam

    bm

    exi

    gnc

    ias

    nu

    trici

    onai

    s de

    no

    vilh

    as d

    e ra

    as

    de m

    dio

    por

    te.

  • TABE

    LA 4

    .

    Exig

    ncia

    s nutri

    cion

    ais

    (g/dia

    ) em

    pr

    ote

    na d

    egra

    dve

    l no

    r

    men

    (P

    OR)

    e

    prot

    ena

    nao

    de

    grad

    vel

    no

    rm

    en (P

    NOR)

    par

    a nov

    ilhos

    de

    raa

    s de

    gra

    nde,

    md

    io e

    peq

    ueno

    por

    te,

    consid

    eran

    do a

    co

    nce

    ntra

    o

    energ

    tica

    da

    ra

    o (M

    )'.

    M

    (MJ E

    MI

    kg M

    S)

    9

    Peso

    Fo

    rma

    Raa

    s gr

    ande

    s Ra

    as

    md

    ias2

    Raa

    s peq

    uena

    s"J

    vivo

    de

    ga

    nho

    em k

    g ga

    nho

    em k

    g ga

    nho

    em k

    g (kg

    ) pr

    ote

    na

    PV/d

    ia PV

    ldia

    PV

    ldia

    O

    0,

    5 1,

    0 1,

    5 O

    0,

    5 1,

    0 1,

    5 O

    0,

    5 1,

    0 1,

    5 20

    0 PO

    R 21

    0 29

    0 41

    5 21

    0 31

    0 46

    0 21

    0 32

    5 40

    5 PN

    OR

    15

    60

    300

    POR

    280

    380

    535

    280

    400

    595

    280

    425

    665

    400

    POR

    340

    465

    645

    340

    485

    720

    340

    515

    800

    500

    POR

    395

    540

    750

    395

    565

    835

    395

    595

    930

    -----------------------------------------------------------

    200

    POR

    200

    270

    365

    510

    200

    285

    400

    595

    200

    295

    440

    690

    11

    300

    400

    500

    600

    PNOR

    35

    95

    10

    0 10

    40

    PO

    R 26

    5 35

    5 47

    5 65

    5 26

    5 37

    0 52

    0 75

    5 PN

    OR

    5 PO

    R 32

    5 43

    0 57

    5 79

    0 PO

    R 38

    0 50

    0 66

    5 91

    5 PO

    R 43

    0 56

    5 75

    5 10

    35

    325

    450

    630

    910

    380

    525

    730

    1055

    43

    0 59

    0 82

    5 11

    90

    'Ada

    ptad

    o de

    Agr

    icultu

    ral R

    esea

    rch

    Coun

    cil (1

    980).

    2S

    o ta

    mb

    m e

    xig

    ncia

    s pr

    oti

    cas

    de n

    ovi

    lhas

    de

    raa

    s de

    gra

    nde

    porte

    .

    3 So

    tam

    bm

    exi

    gnc

    ias

    prot

    ica

    s de

    no

    vilh

    as d

    e ra

    as

    de p

    orte

    md

    io.

    265

    385

    325

    470

    380

    545

    430

    620

    565

    875

    685

    1055

    79

    5 12

    20

    900

    1370

  • 28

    5.1 Manejo da alimentao A escolha dos alimentos para composio da dieta

    dos animais em confinamento deve ser feita, em primeiro lugar, pela qualidade geral dos mesmos, ou seja, nunca devem ser utilizados alimentos mofados, rancificados ou com qualquer outro indcio de deteriorao, sob pena de comprometimento do lote de animais em conseqncia de distrbios metablicos e intoxicaes e tambm pela condio insalubre de trabalho para os tratadores.

    Alguns alimentos, por uma ou outra razo, tm um limite para utilizao. Por exemplo, o resduo da pr-limpeza do gro de soja, que chega a ter 16% de protena bruta na MS no deve ser includo nas raes em proporo superior a 25% da MS, pois, acima disto, causar diarria e timpanismo. Como regra, para o caso de alimentos no usuais, o limite de emprego no dever ultrapassar a 20% da rao total.

    A rao dos bovinos em confinamento dever ser servida em duas ou trs pores dirias. O mnimo permissvel so duas refeies dirias, espaadas convenientemente (por exemplo, s 8 e s 17 horas). O horrio de fornecimento outro fator de importncia no manejo da alimentao, e no deve ser alterado durante todo o perodo do confinamento.

    Para evitar distrbios digestivos e estresse dos animais, nos cochos deve haver sempre alimento disposio. Usualmente o alimento volumoso que fica disponvel vontade no cocho, sendo o concentrado fornecido em quantidade controlada nos horrios de refeio. Diariamente os cochos devem ser limpos, antes da primeira refeio do dia, para evitar que resduos fermentados ou apodrecidos sejam consumidos pelos animais.

  • 29

    muito importante que os animais sejam adaptados gradativamente dieta do confinamento, especialmente aqueles mantidos anteriormente exclusivamente em pastagens. A no adaptao dieta tem sido responsvel por distrbios como acidose e timpanismo nos confinamentos. Os alimentos novos da dieta devem ser includos rao em propores crescentes at atingirem a proporo final da rao balanceada a ser usada. Dependendo da dieta, so necessrios de 15 a 30 dias para que o animal se adapte dieta e o consumo de alimentos se estabilize.

    No desejvel que durante a engorda em confinamento seja alterada a composio da rao. Em caso de necessidade de mudana de algum dos componentes da rao, esta dever ser feita tambm de forma gradual, de maneira a permitir que a populao microbiana do rmen se adapte nova dieta.

    de grande importncia ainda que a gua fornecida aos animais seja de boa qualidade e esteja sempre disponvel.

    6 PROBLEMAS NO CONFINAMENTO DO GADO DE CORTE

    Levando-se em conta que o gado proveniente de confinamentos corresponde a uma pequena parte (cerca de 6%) do total do gado abatido, no Brasil, os problemas que venham a acontecer durante o confinamento iro afetar sobretudo ao prprio produtor.

    Podem ser considerados como problemas no/do confinamento do gado de corte aqueles fatores ou condies

  • 30

    que contribuem para o insucesso ou diminuio do rendimento da atividade.

    Os fatores que levam diminuio do desempenho animal e/ou que comprometem a produtividade ou lucratividade do sistema podem ser subdivididos em: a) fatores que afetam os animais individualmente e, b) fatores que afetam o lote de animais. No primeiro caso esto includos os distrbios metablicos, doenas e intoxicaes. Os prejuzos dependem da intensidade de ocorrncia destes e do nmero de animais acometidos. Em geral este prejuzo facilmente visualizado e contabilizado, pois o(s) animal(is) doente(s) se destaca(m) dos demais. No segundo caso, os prejuzos so de difcil avaliao ou visualizao pelo produtor, pois o efeito negativo uniformemente distribuido entre os animais. So derivados de fatores ou condies que impedem que a eficincia mxima seja obtida (ou seja, no h perda concreta, mas deixa-se de ganhar).

    Dentre os problemas que podem afetar os animais no confinamento, est a acidose, caracterizada pelo aumento do cido ltico no rmen, geralmente em conseqncia do consumo excessivo de alimentos ricos em carboidratos facilmente fermentesciveis (do concentrado da rao). Inicialmente o animal perde o apetite mas, com a evoluo da acidose, pode ocorrer a morte do bovino. A acidose tende a ocorrer quando no h introduo gradual da rao ou quando h aumento na quantidade consumida de gros em decorrncia de uma mudana climtica, por exemplo. Silagens de baixa qualidade ou gua contaminada tambm podem causar acidose. Para controle da acidose pode-se reduzir temporariamente o fornecimento do concentrado e fornecer bicarbonato de sdio juntamente com a rao. Alguns ionforos tambm auxiliam na preveno da acidose.

  • 31

    o timpanismo tambm pode acometer bovinos em confinamento. Alguns alimentos (como leguminosas, resduo da pr-limpeza do gro de soja. entre outros) podem favorecer seu aparecimento. O timpanismo pode ainda ocorrer quando a freqncia de alimentao no adequada ou h alternncia de super e subfornecimento de concentrados, especialmente os finamente modos (pode haver evoluo at o aparecimento de paraqueratose). No timpanismo em que formada espuma (usualmente ligado ao uso de leguminosas) o fornecimento de leo (de soja, por exemplo) pode amenizar a distenso do rmen, entretanto, no timpanismo associado ingesto de gros, o leo pode contribuir para o agravamento do quadro clnico. Em casos graves chega a ser necessrio interveno mecnica para expulso dos gases do rmen. H no mercado remdios que auxiliam no tratamento do timpanismo e interessante t-los sempre disponvel na farmcia.

    Quando mal utilizada, a uria pode provocar . intoxicao nos bovinos. A princpio, os animais mostram

    sintomas de desequilbrio (animal "tonto") podendo evoluir rapidamente at morte. Para prevenir esse quadro, a uria deve ser fornecida acompanhada de carboidratos prontamente fermentveis, em quantidades balanceadas, e introduzida na rao de forma gradual. Para acudir animais intoxicados recomendado forar a ingesto de gua, preferencialmente gelada, e vinagre. Outras doenas, causadas por vrus (ex.: papilomatose, diarrias), bactrias (ex .: enterotoxemia, tuberculose), fungos, protozorios e outros vermes (ex.: cisticercose, helmintoses) e artrpodos (ex.: sarna) tambm podem ocorrer. Contudo, so de baixa ocorrncia quando o manejo sanitrio do rebanho bem conduzido.

  • 32

    H ainda doenas como a reticulite e a bursite traumticas . A primeira pode se desenvolver aps a ingesto acidental de pedaos de arame, pregos ou materiais semelhantes que venham a perfurar o retculo. A segunda mais comumente conseqncia do uso de arame ou barra no flexveis, colocados frente dos cochos para impedir a entrada dos animais nos mesmos. Montas e brigas entre animais, se freqentes, podem trazer prejuzo tanto para os animais dominados (leses) quanto para os dominantes (gasto energtico superior) . As causas para estes comportamentos anormais no esto bem definidas. H casos em que preciso retirar animais do lote para amenizar o problema.

    Quaisquer dos problemas anteriormente citados podem ser evitados quando os princpios bsicos de alimentao e manejo de animais em confinamento so respeitados.

    Dentre os problemas que afetam o desempenho dos animais em conjunto, impedindo que o rendimento seja maximizado, podem ser citados: presena de lama nos currais, comprimento de cocho insuficiente, uso de alimentos de baixa palatabilidade (ex.: farinha de carne) em proporo relativamente alta, picagem do capim verde a ser fornecido com muita antecedncia hora da refeio (esquenta e fermenta, perdendo paladar) . Animais sem boa conformao ssea e muscular, lotes com animais de porte, condio ou idade diferentes, excessiva movimentao dos animais, constante presena de pessoas estranhas, alterao dos horrios e forma de fornecimento de alimentos, seguramente so fatores que comprometem o rendimento da engorda.

  • 33

    7 CONTROLE E GERENCIAMENTO

    Obviamente, o planejamento inicial a tfase para a implantao e desenvolvimento da engorda em confinamento. No planejamento inicial importante que sejam considerados aspectos relativos infra-estrutura (instalaes, energia eltrica, fonte de gua, estradas) mercado (tipo e preo de animais a serem comprados e vendidos), mo-de-obra (pees de campo, assessoria ou consultoria tcnica especfica), meio ambiente (localizao de reas de plantio, direo dos ventos, presena de crregos ou vilas prximos etc.) e atividades essenciais (preparo de culturas forrageiras, conservao de forragem, aqulslao de alimentos, suplementos, animais, medicamentos etc.).

    Estudadas as vrias alternativas possveis e suas melhores combinaes, definido o plano de ao a ser implementado.

    Contudo, o acompanhamento e controle constante da atividade essencial para o progresso do empreendimento. O acompanhamento implica na observao diria do andamento da atividade (comportamento dos animais, dos horrios e quantidade de alimentos fornecidos, do desempenho e habilidades da mo-de-obra, do funcionamento de mquinas e implementos etc.). O controle, alm da parte derivada do acompanhamento, deve incluir anotaes e registros prprios de custos e receitas (aquisio de animais, alimentos e medicamentos, de fretes, de mo-de-obra, preparo de reas e colheita de forragens, venda dos animais, de esterco etc.) e de informaes (procedncia e peso vivo inicial dos animais; incio e trmino do perodo de engorda; tratos sanitrios feitos, frigorfico comprador etc.).

  • 34

    o acompanhamento deve prover informaes suficientes para indicar e embasar necessidades de ajuste no transcorrer de um perodo de engorda. O controle servir de base para a avaliao do negcio ou do plano escolhido como um todo, de forma a permitir seu aprimoramento ou indicar modificaes para as engordas seguintes. S ser possvel progresso no empreendimento se a gerncia do processo for to eficaz quanto as atividades intermedirias, como escolha do animal e balanceamento de raes , por exemplo.

    8 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

    AGRICUL TURAL ANO FOOD RESEARCH COUNCIL'S TECHNICAL COMMITIEE (England). Energy and protein requirements of ruminants . Cambridge : CABI, 1995. 159p.

    AGRICUL TURAL RESEARCH COUNCIL (Londres, Inglaterra). The nutrient requirements of ruminant livestock. Farnham Royal : CAB, 1980. 351p.

    CAMPOS, J. Tabelas para clculo de raes. Viosa: UFV, 1995. 64p.

    CARDOSO, E.G. Princpios da nutrio e eXlgencias nutricionais de bovinos de corte. In: CURSO DE ATUALIZAO EM NUTRiO DE BOVINOS DE CORTE, 1., 1991 , Campo Grande. Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 1991. 44p.

  • 35

    CRAIG, JV. Domestic animal behaviour: causes and implications for animal care and management. New Jersey : Prentice-Hall, 1981.

    DYER, I.A.; O'MARY, C.C. The feedlot. Philadelphia : Lea & Febiger, 1974. 224p.

    GARCIA TRUJILLO, R.O. CCERES. Nuevos sistemas para expressar el valor nutritivo de los alimentos y el requerimiento y racionamento de los ruminantes. Matanzas : Estacin Experimental de Pastos y Forrages "Indio Hatuey", 1984. 44p.

    JENSEN, R. ; MACKEY, D.R. Diseases of feedlot cattle. 2.ed . Philadelphia: Lea & Febiger, 1974. 377p.

    NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Subcomittee on Beef Cattle Nutrition (Washington, DC). Nutrient requirements of beef cattle. 6.ed .rev. Washington : National Academy Press, 1984. 90p. (Nutrient Requirements of Domestic Animais) .

    PEIXOTO, A.M. O confinamento de bois. 2.ed. Rio de Janeiro : Globo, 1988. 171p.

    RODRIGUEZ, N.M. Importncia da degradabilidade da protena no rmen para formulao de raes para ruminantes. Cadernos Tcnicos da Escola de Veterinria da UFMG, n.1, p.27-45, 1986.

    SCHOR, H. As variaes de preos na definio da poca ideal de confinamento de bovinos. Londrina : IAPAR, 1985. 25p. (Circular IAPAR, 44).

  • 36

    SIMPSIO SOBRE PRODUO ANIMAL, 5., 1987, Piracicaba. Anais ... Piracicaba : FEALQ, 1987. 146p.

    TAYLOR, R.E. Beef production and the beef industry: A beef producer's perspective. Minneapolis : Burgess Publishing Company, 1984. 595p.

    TCNICAS ideais de confinamento . Jornal "O Corte" So , Paulo, n.12, p.10-12, 1991.

    VALADARES FILHO, S. de C.; SILVA, J.F.C. da; LEO, M.; CASTRO. A.C .G.; VALADARES, R.F.D. Degradabilidade "in situ" da protena bruta de vrios alimentos em vacas em lactao. In : REUNIO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 27., 1990, Campinas. Anais .. . Campinas : SBZ, 1990. p.60. Resumo.

  • Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte

    Ministrio da Agricultura e do Abastecimento Rodovia BR 262 , Km 4 - Caixa Postal 154

    Telefone (067) 763-1030 Fax (067) 763-2245 79002-970 Campo Grande, MS